"A Ordem" - Julho 1954

Transcrição

"A Ordem" - Julho 1954
"-
T'
AORDEM
JUTHO
D. ESTEVAO BETTENCOURT, O.S.B,
SALVAEAO FORA DA IGREJA? / PE. TE6FANES
BARROS - PRIMEIRO DE MAIO / ABIB NETO - ORAEAO
DE FORMATURA / D, MARCOS BARBOSA
DIALOGO DOS
QUA'IRO ELEMENTOS / DOCUMENTOS PONTIFiCIOS:
Discu.so de Pescoado Santo IJadre / JOAO CAMILO DE OLI_
VEIRA TORRES
O MOSTEIRO DE SAO BENTO / CARTAS DE ONTEM E DE HOJE: Uma carta de Eric ci / REGISTRO: S. Pio X - II Conrer6nciados Bispos da provincia de
Beio Horizonte - P6scoados surdos-mudos- Centro D. Vital _
Pla os de asitaqao comunista Campos de corcentraceo ,o
1954
voL. Ln
Bua M€xico, ?il -
N.o I
2,o andar -
Ciira Poltal 449 -
BIO
JUTHO
D. ESTEVAO BETTENCOURT, O.S.B. - SAI.
VAQAO FORA DA IGREJA? / PF..TEOFANES
BARROS _ PRIMEIRO
DE MAIO / ABTB NETO - ORAqAO
DE FORMATURA
D.
MARCOS BARBOSA - DIALOGO DOS
/
ELEMENTOS
QUA'IRO
/ DOCUMENTOS
PONTIFICIOS:
Discurso de P6scoa do Santo padre / JOAO CAMILO DE OLI_
VEIRA TORRES - O MOSTEIRO
DE SAO BENTO / CARTAS DE ONTEM E DE HOJE: IJma carta de Eric Gill / RE_
GISTRO: S. Pio X - II Confer6ncia dos Bispos da provincia d.e
Belo Horizogrfg - P6scoa dos surdos-mudos - Centro D. Vital _
Planos de agitagSo comunista Campos de concentraeao no
paraiso sovi6tico.
1954
vor,.Ln
Bua M6xico,71 -
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2.o andar -
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DR. HELIO
SILVA
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A NEDASAO NAO DEYOLVE OR,IGINAIS R,ECEBIDOS
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condicionodores po rlateis. insfo logdes centro is
vol,. LII
Julho de 1954
D. ESl EVAO BETTENCOURT, O.S3. PE. 1E6FANES BARROS AISIB NETO -
N.o 1
SalvagS,ofora da Igreja? .. ..
Primeiro de Maio
OraqS,ode formatura
D. MARCOS BARBOSA -
6
20
26
Di6logo dos quatro elemenios
32
Documentos pontilicios :
Discurso de PSscoa do Santo Padre .
JOAO CAMILO DE OLWEIRA TORRES -
erd"ff-Ai,r%
. ND{STRTA- COMfRCIO
ENGEI{HANT^
Umo orgonizog6o de l6cnicor
crpeciolizodot no conforlo o no bcm'crror.
Ruo Worhington
Luir,'gl
1.. - 2." - 3.. pov. - TGl.22_{925
-..,,,.'
43
O Mosteiro de 56o Benio ..
46
. . . . .. .. ..
43
S. Pio X - II ConJer6ncia dos Bispos da Provincia, de Belo Horizonte - P6scoa dolssurdos-mudos - Centro D. Vital - Planos de agitar;E,ocomr.rnista - Campos de concentrag6o no paraiso sovi6tico ..
62
Cffilq,s d.e onten e d.e hoje:
Uma carta de Eric Gill . .
Registro:
A ORDEM
REVISTA MENSAL
F'UNDADA EM 1921
VOL. LII
Julho a Dezembrode 1954
Fundador
qKSON DE ETGI'EIR,EDO
Dlretor
ALCEU AMOROSO LIMA
Redator-Chefe Ficdatores-secretirlos _
Gerente -
GUSTAVO CORQAO
ALFREDO LltcE
GLIIDSTONE CHA\TES DE MELO
AtltpDEO FERRARIO
\ij,T rr". i-. li1.ss,r rwwir'
| -,f.
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!"':rTtrynwtr!:ifix.ltf,tt'r Yti,"i:ltlri'itf iV;irl4!.|''Ijry!i.!:f;
O ew6no &tpoilevel ainda n6o toi itwentado
peloe lromens. Mas Tfuadenfes nos ensina,
em sua
mod6stia, que n6o devemos nos resr'{nar a isso. pa_
Qou com a vida, o que n6o 6 wna ligdo estimulante.
Mas, se apesar disso 4.nda hoje 6lembrado, e me$
mo cttltuado, isfo nos conso.la: ndo sabemos ganha
a luta, mas n6o desrsfimos de continuA-Ia. Seria
melhot dizet, sem 6nfase: de contimtat o
i6fto.
CARLOS
DRUMMOND
DE
ANDRADE
JULITO, 19tl
Salvagio
fora
da lgreia?
O'S'B'
D. ESTEVAO BETTENCOURT,
da Amdrlca do Norte'
Recentemente, nos Estados Untdos
do "Centro 56'o Bento" levano Pe. Leonardo Feeneye membros
bem a certa preocupaQS'o
taram uma questlo ot" corresponde
poderS'o salvar tantos e tantos
Gos nossos tempos: bo*o se
f6 dentro da IgreJa
homens que n6o professam a verdadeira
denegavam qualquer espeCat6lica? Os citados debatentes lhes
provocou uma oportuna declararanqa de felicidade eterna' Isto
prodOste documento fEz que
OUo-d" Santa 56. A importi'ncia
curassemosexporabaixoasuadoutrina,elucidando-apelo
autorizados da Antiguidade
recurso aos te6logos cat6licos mais
e da nossa 6Poca.
dos adultos que morrarn
Consideraremos, pois, a salvag6o
d vistvel Igreja de Cristo na
sem bd,tismo,isto e' sem pertencer
os lndivlduos humanos
terra (*). Por "adultos" entend'eremos
s6o plenamente
que, ten,lo atingido a idade do discernlmento'
portanto' fora do amblto
iesponseveis por seus atos' Ficar6o'
alienados' A respelto da salvatlo nosso estudo os mentalmente
te6ricas' Com
gdo dOstes,n6,o se movem grandes dificuldades
eleito:
nunca tenha chega1) o adulto que' por defici0ncia flsica'
doagozardesuasfaculdadesmentais,6peloste6logossimplesDeus prove i sua
nrente equiparado a uma crianga irresponsdvel;
(1);
salvaglo como A,de um Pequenino
O
{.)
!eparado.
caso
das
crlaDga6
que
mortem
8em
batlsmo
portulB
ttatamento
em
2) o adulto que, ap6s certa idade, perca por completo o
uso da razd.o, cal abaixo da linha da responsabilidade moral;
obt6m a sorte eterna que merega em virtude do seu fltimo ato
ldctdo;
3) quanto Aqueles que t€m a responsabilidade diminulda
pela mol6stia, s6o por Deus Julgados na medida, vari6,vel, em
que possam responder por cada um de seus atos. Sdmente o
Senhor, que perscruta as consci€ncias, sabe discernii o valor
moral dessasag6es.
Voltemos, pois, nossa atengS,opara a sorte dos indivlduos
respons6veisque falegam sem o sacramento do batismo.
$ 1. VIAS MANIFESTAS E VIAS OCI'LTAS
A. A saltsagd,opelo Cristo manllestado
A via normal que encaminha o homem ao fim ultimo que
Deus lhe destinou, A,bem-aventuranga sobrenatural, 6 o sacramento do batisrno (batismo de 6gua). A fidelidade ir vida sacra:nental constitui a antecipaglo da vida celeste.
' Todavia desde a antiguldade se reconhecem dois outros
rneiosque podem eventualmente suprir o sacramento do batismo:
1) o martlrio (batismo de sangue), ou seja, a entrega da
pr6pria vida em testemunho da f€. Tal ato sup6e, no grau mais
intenso de que seja capaz o individuo, amor de Deus e 6dio ao
merogoa s6,o os fetoa que, por um motlvo
qualquer,
morlem
no selo materno
do
que oa que chegam B naacer; reduzindo
as proporg6e8,
dlga-se que a metade
doa
fndlvlduoo
humanos
mor?e llo selo mat€rno.
Dentre
oa que nascem, conslderem-se
os que morrem
antea d& ldade da raz6o e 06 que, mesmo chegando
d ldade de
permanecem
Bdullos,
lrrespon86vels,
nunc&
atlnglndo
o ueo de suas faculdades
mentals. Cooclul-se ent6,o que, de fato, perto do6 dols terqos dos lndividuos
humBnoB morrem
por sua sorte eterna. Cl.
sem poder optar consclente e Ilvremente
J. B. du Petlt-BorDand,
"Slmples note6 aur Ie questlon du nombre des 6lus", em
"Etudes Franclscalnes"
1906; A. Michel, Elus (nombre
de
des), em "Dlctionnalre
Tbeologle catbollque"
M.
PErls 1939, 2374A titulo
de llustraqa,o conflrmatlva,
de 1946,
note-se que na Su6cla, a partir
o mortlcltllo
de crlanclnhas
no selo matelno 6 oficlalmente
reconhecldo e autorlzado pelo GovCrno. Para lsto, basta que a respectlva genltola
apre8ente "v6lidos"
motlvos clc oidem m6dlca, eugenica,social
deb!lidade
ou humanltd,rla;
"presumida
de Es,tde por parte da gestante"
par&
que
o Estado autorlze
e
tazeo
suficlente
Je
e pBtrocine o morlicinlo
De 1946 a 1953
da prole por lnterveng6o
de um m6dlco
contavam-se
45.000 de66es mortlclnlos
"legalB", sendo a m6dle de 6.000 por ano.
E. ao lsdo dCBtes, quaDtoa ser6o os casos clBndestinoa, para 06 qLrals o Goverrro
n6,o ter6 dado 6 previa autorlzageo?!
^"'l:Lff"t'"%ie"r"ie?"fr"":rSl'"?"'"ft:h'X!i"i!:"ff;",'iJ#""""f.:"'KgJJ$itl
rlata.
6-
carlaa eapanto,
qeouz-8e
do segulnte
modo:
(
A oR'DEIv[
8
sacrificlo de
pecado. E' assim a mais perfeita imitagdo do
apta a passar lmeCristo. Por isto purifica a alma, tornando-a
sempre considerado
diatamente d. vis6o de Deus' O martirio foi
primeira figura de Santo
o ideal da perfeiglo' e o mdrtir foi a
vcnerada na hist6ria da lgreja;
em voto) ' v62) o d'eseiodo batismo (batismo de desejo ou
como tal (2)'
lido caso seja impossivel a recepgdodo sacramento
do baHouve dfvidas na tradig6o a respeito da sufici€ncia
nao a quetismo de desejo.Alguns autores, antigos e medievais'
para a purificagaO
rlir,ni reconhecer, exigindo 6gua ou sangue
(pag6os
<la alma; julgavam que nem mesmo os catecrlmenos
c€u' caso
que se preparavam para o batismo) entravam no
(3)'
morressem antes d'e receber o sacramento
a sentenqa
Todavia tamb6m em 6poca antiga se faz ouvlr
atais larga:
antes
Em 392 o Imperador Valentintano II fOra assassinado
oragao
sua
Em
batismo'
do
de ter podido receber o sacramento
exprimia:
{rlnebre, o bispo S. Ambr6sio (t 39?) assim se
que eu estava para gerar para o Evangelho'
"Quanto a mlm, perdi aqu€le
aflitos por
giuen
d"" pediu" ' Sei quanto estais
Ele, por6m, ,rao p"ra.il
que temos em
\[as
dizei-me:
batismo'
d'o
;a; i;. ote recelioo os miJterios
mani; o desejo? Ora, em tempos passados6le
horso poder sen6o a v;;;de
lt6lia e declarou o seu
na
endrar
de
antei
-L-rli"rr
de,.r-i"i"i"ao
festou o clesejo
por mim- Foi principalrnente por isto Que
intento de se iazer rogo
6le ent6'o.a giaga que deseiou' que pediu?
pensou
-Sem em crramar-m":M;;;;;"i
(4) '
drivida, pois que a pediu, recebeu-a"
por outros PaA sentenga de S. Ambr6sio, compartilhada
a boa vontade
dres, se implantou entre os teOlogosmedievais:
posslvel a
que
seia
ri6,o
ou o desejo do batismo 6 eticaz, desde
--ft
e implicito' como
r€cente qlstlngue-se^-en-tre,ileseio explicito
Nt;"ologla
s e v e r 6 & d l a n t e r r , , , " o ' " i l i ] r " I o i p i i m e t r oo sconbecl-ento"exitictlo
s e c u t o J d a l e i e j a ' p o r dde
e scllsto
e j o s a l(donde
vlflco
iti"upoe
entcndla-ge o deseJo
"*pr-i"iiol
(sec. 5), De ecclesla8ticls dogmatibus 4l;
da Vlda de s' Mertlnho rerti;-o
646' "pGOol"
o Sto'. Doutor n6'o
-paiece
;lcula,r e bem 'liscutlcla;
ter retraiado no flm
,r" o
uatrimo de deselo; cf' I''-Hofmann'
Lr-.o "uutiiio'
que EeJa'
rrtuencn"n lsro' +oo' como..quer de deselo'
r autoriaaiOe--ei'prot Oo batlemo
o 29. 5l
tttLHO, 1954
recepgao do sacramento. O conceito mesmo de justiga divina
perecia exigir tal proposigS,o:o Senhor n6o pode relegar para
o castigo eterno uma alma que Lhe esteja unida, nutrindo em si
f€ c amor a Deus, mas a quem nd,o6 dado cumprir tudo que em
;ua fidelidade ela desejaria (5).
Hoje em dia os te6logos n6o p6em mais em dfvida a eficScia do batismo de desejo. Dublanchy formula a doutrina cdt6lica nos seguintes tCrmos:
"Desde que a contriq6o ou a caridade perfeita, acompanhada do ddsejo
cie receber o batismo, exista realmente num catecfmeno adulto, a sua alma
d imediatamente Justificada, mesmo antes da recepqd,o do sacramento. Por
conseguinte, se 6sse adulLo, sem culpa pr6pria, f6r de fato privado do sacra'
mento..., obter6, n6o obstante, a recompensa eterna em vir[ude da graga
tantificance e).istente em sua alma" (6).
B. A saloagd,opelo Cyisto desconhecido
A doutrina de que o mero desejo do batismo, em certas circunstdncias, tem valor salvifico, deixa margem a uma quest6o
ulterior, assazcomplexa.
Com efeito, pergunta-se: Para a salvagS,o,
requer-se o desejo
expllcito do sacramento ou bastar6. talvez o desejo itnplicito?
Em outros t€rmos: o desejo salvifico, para ser concebido,exigirri
no individuo o conhecimento pr6vio do batismo, ou poder-se-6
(5) Para ilustrar
o modo de pensar da teologia medieval, v6,o aqui leferldag
a6 respostaa que o Papa fnoconclo III (t 1216) deu a dols bispos que b lnterrogarem a respeito de acontecimentos
contemporaneoB.
.- a) Um judeu em artigo de morte, tendo em sua companhia
Judeus apenas,
atira.r?-se
pronunciando
A 6gua,
as palavras
cta f6rmula,
bailsmal.
eue dlzer de
tal "batlsmo?"
perguntava
o bispo de Metz.
O Papa respondeu
que n6o podta, ser conslderado
v6ltdo, porquanto
Crtsto,
em Mt 28, 19, sup6e e exlge que suJeito e mlnlstro
do batlsmo sejam pessoas dlTersas uma da outra. Todavla acrescentava que, "se tal homem
tlvesse morrldo
Iogo a segulr (ao mergulho),
(eterna),
terla passado sbm demora para a pdtria
em ltrtude,
slm, da sua f€ no sacramento, n6o, por6m, por efelto do sacramento
da f6".
que nao
-- b) - A prop6sito de um Eocerdote que acabara de morrer, verlflcara-se
f-6!a vAlidamente
betlzado. eue pensai da sorte de tal alma? lnterrogava
b btepo
de Cremona.
InocCnclo III respondia:
"Sem hesitar asEeveramos que pelo fato de ter (tal
sacerdote) perseverado na f6 da Santa Madre Igreja e ne coDfts66o do nome de
Crtsto, foi purlflcado
do pecado original e possula ben-aventuranga
da petria cereste". E, em apoio da sentenga, citava testemunhos
de S. Ambr6sio e S. Agostlnho.
a eflc6- Estas duas declaraqoes de Inoc€nclo III, que sanclonam eloquentemente
cl& do battsmo
de deseJo, foran
de
tnserid.as-na
coleg6o de L;ls ou Decretals
Greg6rlo I:< (i 1241).
(6) Charlt6, em "Dtctionnaiie
II 2. Parts f939, 223?.
de Th6ologle catholique"
-9
8-
;;b;:|IEI
-
A ORDEM
JLLHO,
1954
l1
10
se dizer que
d'o batisrno' de sorte a
ahrgar o conceito de d'eseio
m&s
'54s141nsnlo'
tenha ouvido falar do
um lndividuo Que nunca
e'
possui o voto do batismo'
conscihncia'
sua
a
conlorrne
t*a,
a vida eterna?
em virtude d€ste, consegue
debate vai proposto abaixo:
Eis o problema delicado cujo
exceg6esat6 a Idade Moderna'
1. Os te6logos' com poucas
santificadora ao voto explicito
s6 quiseram reconhecer utita"it
podem alcangar salvaimplica oue
rto bal,lsmo. Esta posigao
16 qualquer (ordinS'ria ou
quem chegue' por uma via
pages
96o a,quelesa
do Evangetho' Ora em terras
estraordin6,ria), a p"gJSa"
no caso de muitos indivlduos'
tal exig€ncia deixa de se preencher
Tal
da bem-aventuranga celeste'
o que significa a sua exclusdo
e
(t
1560)
de Melquior Cano' O'P'
€ a doutrina' por exemplo'
Estio (t 1613).
Ltl"lti#,*te
.t pt*uuu
interessantepor mostrar
o voto explicito do bat'i'smo'
por6m' a descobertado Novo Mundo
A partir do s6culo XVI'
japag5'osvivem e morrem sem
qu"
muitos
Oe
verificagao
e a
rrrais entrar em contato com um mlssion6rlo, deram impulso- e
opinides mais largas.
o Concilio de Trento Cfees-fSeg) ainda n6,o fazla dtsttngao
entre voto explicito e implicito do batismo:
"A purificagS,o, depo,is de promulgado o Evangelho, n6o se pode obter
sem a 6gua da regenerag6o oa o ilesejo desta, como estd escrito: "Se algu6m
nao renascer da ri,gua e do Espirito Santo, n6o pode,r4 entrar no reino de
Deus" (Jo 3, 5) (8) .
Na teologia postridentina, apesar de algumas vozes contr6rias, foi-se reconhecendo cada vez mais o valor salvlflco do
voto implicito, doutrina que hoje em dia n6o sofre contestagdo.
2. Um passoadiante.
Admitida a eficdcia do desejo impllcito, fica-nos a pergunta:
Em que circunstAncias €le de fato se verifica?
N6o h6 drlvida, frequentes (principalmente em terras pag6s)
s6,o os casos de pessoas que passam a vida inteira sem ouvir
nem ler uma fnica palavra a respeito de Cristo e de sua Igreja.
Outros ha (mormente em terras civilizadas) que ouvem ou l6em,
sim, algo da mensagem do Evangelho, mas esta lhes 6 proposta
irnperfeitamente, destituida dos chamados "crit6rios de credibi[dade", ou seJa,dos sinais que a fazem aparecer digna de f€;
em consequOncia,um exame atento da doutrina de Jesus n6o
se lhes apresenta como dever de conscidncia, o Evangelho n6.o
lhes suscita problema religioso, de sorte que quem o rejeita,
f.iodemesmo, de boa f6, julgar estar repelindo o 6rro.
E' nessescasos,sem dtvida, que se verifica o "desejo implittito" como via de salvagS,oeterna.
E de que modo se verifica?
Os te6logos ensinam que as diversas propostg6esda fe crist6
se compendiam em dois artigos, os quais contGm impllcitamente
todos os dados da RevelagS.o.Tais artigos sd,o:
(8)
Dz ?96.
-11
A OR,DEM
12
1) Deus existe e
a cada homem a mere2) 6 o Juiz Supremo que asslnala
a
cida recompensa.
Mais brevemente: 1) exist6ncia e 2) provid6ncla salvifica
de Deus.
Professar, pois, €stes dois artigos serd,possuir o minimo de
f6 com o qual, na impossibilidade de se obter ulterior instrug6o
religiosa (9), se pode agradar a Deus e chegar at6 Ele. Fleclprocamente, sem assentimento a essas duas proposigOesnd,o pode
haver acessoa Deus nem salvag6oeterna (10).
Pois bem, embora Deus nem sempre proporcione ao homem
o conhecimento plena do Evangelho, nul'nca,deixa de o colocar
d,iante d,asd,uasd,itasuerdades.Sim; a todo individuo que chega
i, idade do discernimento, o Senhor, por uma iluminagdo interna,
robrenatural, d6 a conhecer que Deus existe e exerce uma provid€ncia salvifica, recompensando a criatura qUe lhe seia fiel
(11). Nenhum homem, pois, 6 deixado em estado de ignorAncia
a respeito das verdades estritamente necessS,riasi, salvac6o.
Mais alnda: iuntamente com a luz sobrenatural, Deus comunica d criatura um auxilio correspondente (graga sobrenatural), a fim de que possa abragar os rudimentos da fd assim
manifestados.
Desiarte o individuo, Iogo no inicio de sua vida consclente
e deliberada, 6 inelutivelmente solicitado a optar por olJ eontra
l)eus, por ot cantra uma orientagdo religiosa de sua conduta.
Caso dO assentimento is duas referidas verdades,correspondendo d graga, esta opg5,olhe merece a justificagS'oe a consequente
JIILHO,
1954
13
heranga dos filhos de Deus ou visao Ueatifica (12)..
Tal jovem
possui entSo o voto, n6o explicito, mas
impllcito, do batismo;
a sua aquiesc€nciai'icial e simples imprica prontidS,o
a
a fazer
tudo que €le saiba, ou venha a saber, ser preceituado
por
Deus;
implica, pois, o desejo e o pedido
do batismo, caso este ,ne se;a
manifestado. paralelamente, a rejeigio dos
dois artigos frimor_
diais da f6 implica o desprdzo de um dom
sobrenaturai e, por
conseguinte, a condenaqEona linha sobrenatural
(para o in_
ferno).
Destas iddias se segue que nenhum
adulto, embora ignore
a Revelag',o crist' como tal, permanece
fora da esfera do Cristianismo ou do sobrenaturar; ainda que
n60 lhe sejam notificados o c6u, o inferno e os meios crist'os
de salvagd,o,6 solicitad,o
a optar impllcitamente por ou contra
as duas proposigOesfunda_
vnentais da verdadeira religi60: Deus
existe e prov6 d, salvagS,o
crost'.omens.N5,o h6,, pois, um limbo (bem_aventuranga
mera_
mente natural) para adultos mentalmente
sadios, pois nenhum
destes 6 deixado na ignordncib
absoruta que caracteriza as
criancinhas; todo e qualquer homem
respons6velencaminha_se,
aqui na terra, para o c6u ou para
o inferno (13).
(12) O assentlmento
graga sobrenatuta_is
tff;*ffi *iufixffi*'::\lx*:llej#i"';8"*i{"",'"r,*ly-"":i
uma
6, 8im,
procluzldo
em
v
f".*",,iH;":
$,Tf&i'l';
li,*.,.:.rjii"%,11T?;,H""ox
,$;{;,i"r2"#lth,,i"',tT
'ttl*}*u'ffi
ffi;ra-ta$hT'*$;tr*iutx
n pai;roclnada_p9l Ch._Joumet,
L,EgU6e
ti,"ffi'r"'y;,,r,u*"?;ff:L"r;iy";??g:
os doze altlgoB
(9) EstA claro que Deu8, tendo revelado ao gCnero humano
que o bomem os conlreqa
que se encontram
no simbolo de f6, exige normalmente
enginam os te61ogos, quando
i prcfesse, para se salvar. 56 a titulo extraordlnario,
D-eus n6o julga Decessario prover e, evar]gellzagE,o de tal ou tal lndividuo'
o ir6prio
tairn6rn n6o pede niais ao que a fe nas dua-s ditas proposlg6es.
6 o texto de Hebr 11' 6: depols de aflrmar
desta doutrlna
(10) O fundamento
que
neo 6e pode agradar a Deus", o Ap6stolo acrescent&: "Quem ge aproxl"'sem fe
daqueles que O procuram".
ria de Deus deve crel que beus existc e 6 Remlnerador
(isto €, para quem,
que eventualmente
Els ai os dols artigos de f6 fundc-rnentals,
se tornam suflcientes e' salvaqeo'
o Evangelho)
6em culpa pr6prla,-lgnora
( 11)
As manelres
como
se d6 ests
illrminaqA'o,, 6er5'o propostas
pouco
abal;:o'
-13
A oRDEM
14
decorre nova quest6'o'
3. Do Que acaba de ser proposto
d' idade da razlo' Deus
Dizia-se que a todo homem chegado
estritamente necesrevela sobrenaturalmente as duas verdades
da op95'oentre vida e morte
s^rias i sa1va95,o;coloca-o diante
t6o importante intereternas. Como, por€m, se h6' de conceber
venqdo de Deus no intimo da criatura?
Jf,deantemao6licitoconjecturarqueassumaformassecretas e mrlltiPlas.
agentes inlermedi6rios
Com efeito, o Senhor pode utilizar
um escrito ou
conversa'
(ou pessoasou seres inanimados; uma
no iovem
nog6es
duas
as
lrma figura, por exemplo) para suscitar
que se desPerta Para a vida'
raro - apenas ilumiMas tambEm pode - e isto n6'o serS'
que' por sua vez' se verifica
riar interiormente a intelig6ncia; o
de duas maneiras:
jovem os dois conceitos
1) ou Deus prop6e ao espirito do
de modo que a
eomo tais ("Deus existe" e "6 Flemunerador")'
si' H6 ent6o uma intuigd'o
lntelig€ncia os atinia diretamente em
sobrenaturaldasduasverdad.es,independentedealgumensinamento humano; '
de revelaglo ainda
2) ou o Senhor se serve de um tipo
moral todo jovem 6' em
mais simples: no inicio de sua vida
por ou contra algum bem
dada ocasiS,o(1a), solicitado a optar
respeito aos obietos
fiumano tronesto (obediOnciai' autoridade'
do imperativo:
diante
entS'o
de outrem, passatempolicito); vO-se
o caso das massas populares
que
vlveram
6ob a 6gide
da
Babllonie'
de
Atenas'
(entreoE
?3H"8:u"
(r4) Esta4."9'.9"Tleo?ol3t".'"o.'"?1ti3fl,",*Tfi1'."r?S,?""8
c(
? e io'anos
L4-
dc ldade),
.ttrLEo, 1954
15
,,Eaze o bem, evita o mal". Ora, se o individuo escolhe
o bem,
lnesmo sem pensar em Deus ou no seu tltimo fim, €le, em ver_
dade, est6 optando pelo Bem absoluto, sem o qual nenhum bem
criado subsiste, est6.inconscientemente optando por Deus, Fim
rlltimo da vida humana. Se nessa ocasiao em que escolhe o bem,
lhe fosse dado saber que Deus existe e remunera a quem O pro_
eura, afirmaria estas duas verdades; no momento da opg6o pelo
bem, d6,-lhes um assentimento apenas prd.tico, uiaid,o, ainda nd,o
lormulado. Esta opg6o pr6,tica, por6m, embora muito sum6ria,
.i6 6 suficiente para produzir os mesmos frutos que a aceitagio
refletida e direta das duas nog6es elementares da f6; nela est6
contido igualmente o voto (tmplicito) do batismo; 6, pois, salvifica (15). Em outros tormos: desejar o bem na vida pratica 6
deseJarimplicitamente o cristo, e desejar o cristo Jd,6, no individuo, obra e dom do sarvador; 6, portanto, o inicio da salvag6o.
' N6o h6 drivida de que a primeira e t6,o fr6gil
adesao a Deus pode, o
deve, ser corroborada no. deco*er dos tempos. eara co.rsegui-lq
t--poru*
que o jovem, nos seus atds
proceda segundo a consciencir,
_subsequentes,
abragando o que ve'ha a^conhecer cornci preceito do Bem e
evitanao o que
perceba ser contr6,rio a €ste. A perseveringa po
que Deus lhe revele um pouco mais da Verdaoe,
n:,ente. da plena mensagem do Evangt
<iade il consci€ncia mantida inc6lumJ
arrependimento sincero a1rcs as falta
bem aventuranga sobrenatural ao cons
tenha professado explicitamenie a f6 c
Estas ideias levam d, importante conclusd,ode que est6,o
na
via de salvagio muitos e muitos homens que
em absoluto n6o
t6m ligaglo visivel com a Igreja: pag6os, herejes (luteranos,
calvinistas,metodistas.. ., espiritas), cismd,ticos(gregos,
russos,
demais orientais autoc6falos), cidaddos que
vivem sob propaganda e pressd,oanticatdlicas, concidadd,os
nossos aos quais a
mensagem do Evangelho nunca tenha sido proposta
de modo a
sri:il*1q:3,1::3"'J""T"ryJ"iF5i!'l{&ffi"#,TAiE"'Jji.TSr
est6 em sell pod.-er,com o auiiro qa graga atual po8ta ii#i
d, cua_
"3",XFl-^^to3^9_que
iJiilYrli
buma
5?1%r'iri'ilTo1 ,?"* n6o denesaa sracaoanitttcaute';.-bi
-15
j
/
1, t:r.i
A ORDEM
lur,rro rssi
t7
suscitar nCles o "problema religioso" ou um .,caso de consciOn_
eia", pessoassimples que nd,o falam de Deus, mas que sio in_
capazesde algum deslize moral; todos 6stes,caso estejam real_
mente de boa f6, procurando atender fielmente aos ditames d.a
consciOncia,fazem parte de uma s6 comunhd,ojunto com aqueles
que professam explicitamente a religido cat6lica; s6o membros
invisiveis da "Igreja, fora da qual n6,o h6 salvagd,o',;s6o mem_
bros da Igreja, sem que 6les mesmos o saibam e sem que Esta
t1,opouco o saiba (16).
E' claro que esta afirmagio n6o justifica a proposigEot6.o
leviana quanto propalad.a: ,,TOdasas religiOes sd,oboas; qual_
quer delas 6 capaz de salvar o homem,'. NEo h6, drivida de que
uma falsa religi6o pode salvar o homem, caso 6ste nela perse_
vere, julgando aderir A, Verdade e cumprir assim um dever de
consci0ncia. Desde o momento, por6m, em que lhe surjam dri_
vidas sobre a autenticidade de suas crengas, tal individuo, em
eonsciencia, ter6, obrigagdo de inquirir a Verdade, ia n6o lhe
bastar6 ser adepto de uma religido "qualquer". caso encontre
a Luz da mente, a conscidncia consequentementelhe ditard que
a abrace, ou seja, que se converta ao Catolicismo; caso, por6m,
lid,o chegue il evidoncia apesar de sinceros esforgos, alcangard
a salvagS,oeterna aderindo iquilo que julgue ser Verdade.
Tal 6 o ensinamento que ainda recentemente, no caso d.e
Feeney e do Centro Sd,oBento, a Santa 56 inculcava contra ten_
- .(16) -.ve-se, pors' que at€ hoje 6 velido e rna,baldvel o axroma do8 prlmerros
Padres: "Fora da Igrela, n6,o h6 Batvaq6o". Esta m6xim;, de"Id;;;n;;-eili!ilarA",
de nodo nenhum faz coincidrr o numero cros Justog com o d.oa memtroJ-iGivete
da lgreja Cat6lice.
Hoje em dla, com razeo, tende-se a rejeitar a nomenclatura ..Corpo,, e ,,Alma,,
para deslg-nar respectiva,me:rte os.memblos vr'rvels e os membros
tn_
9.1.
Igl"J?
visiveis da mesma.
Alrna e corpo sAo inseparevels. como oue c@stenslvog eniie sf;
por- lsto,
lsto' quem pertence A
d Igreja
rgreja portence a alma e corpo
corp-o da Igreja,
tgreja,
persendo J perpor6m, em certos casos manifesta,
tin€lcia,
em outros latente]
que,
E'
de
crer
nas
seltas
hereilcas
e
clsmaticas,
a
massa
povo,
pouco lns_
do
_E'
t.-rurqa,
ida, Eegue
segue ae
de boe
ooe re
fe seus pastores religrosos,
retigiosos, e
nao se propoe
e.n6o
proo6e^ o problema
oa
da
iriuieria
verdadeira
verqaqerra re[gr&o
religi6o".
-EinEre
Entre os estudlosos
mais laclr
estudiosos e
6 mars
facil surglrem
dtvidal
duvldas
sour" a
s6bre
u
autentlcidade
de sua selta, dlividas
que naturalmente
tiram
a boa fe: tooooro
todavia
Nelvrnann podia afirmar
que vivera muitos anos como erudlto
t"oio-go-1.gt'ir".o,
6em Jamals ter concebido.-a minlma_hesfta96o
s6bre s veracldad_e ae-i""-r%rrgrao.
Diz-se que_ a quase totalidade
que n6,o ae ocupanr da
dos hereles e cism6ticos
IgreJa Cat6lica, est6 de boa f6.
16-
Todavia,,.. para q:_"-.3]fl6T possa
obter a,salvagao eterna,
quer sempre que seja atualmente,-iniirp*rd"
nao se re_
como membro, mas
e nec6s6rio, ao rnenos,que lhe u.t":,
,riia-J?"or"rgeja
aesfjo e ooto.
s,er.
sempre
expricto,como6leo 6 nos
'.fl
di;t'el-JtLT#efr
ar#?,'*"1"Ht$"rr1mt"ti'"
il:fr
a*.fflri.rLii."thTl,il'^"*9*1"i'
formar sua vontade com a vonf.arta .ra n^,,^
Ieviln algu6m a qu6"er
"on_
'eff
ff :tH;fl1f ,t?Dogm'rica..Aress*::Ttdi+_1"*i:;?:;3'ffi
eapaPioxrr aos2edejunJroae
Pontificeo
rs+iiA.i5:ii}+
frfi irffii
A OR^DEM
18
salvaqeodoshomens,ofundamentoea'raizdet6dajw
t i f ifilhos
caqS'o
mela
Deus"
dc; s e
dos
6 impo5sivel agradar a Deus e chegal ao cons6rcio
(Dz 801) (17).
rVIfIo'
L95/4
19
llre pertenga vlslvelmente, mas certamente lhe pertence invisl_
vclmente (20).
(18)'
E'de notar que, na alocuqaode Pio IX acima citada
os
o Sumo Pontifice frisa bem a dificuldade de se estabelecerem
para
h0
n5'o
individuos;
nos
r.imitesda boa f6 e da culpabilidade,
todos os temistp um critdrio universal, aplicS'velaos lromens de
pos e t6das as regi6es,mas o julgamento exato das consci€ncias
a Pio IX
e obra de Deus s6. De resto, j6' os te6logos anteriores
de
autores
(t
e
os
161?)
f.az\ama mesma advert€ncia:.Suarez
num
que'
rnesmo
Salamanca (s6c. 18) ' por exemplo, iulgavam
pocie haver
pais onde a f6 cat6lica 6 professada sem oposiQlo'
lrerejesouinfi€isqueestejamforadetOdainfluOnciadoCatolia veracicismo e, por conseguinte,neo concebam drlvida sObre
Cadede sua seita (19).
poderia
Perspectivas muito confortadoras estas' ' ' Nem se
veio
conceber que a verdade fOsseoutra' Com efeito' se Cristo
(cf. Jo 3,17)' a
sn mundo para salvar e nlo para condenar
exist6nciadalgrejavisiveldeCristonS'opoderiasermotivode
para a maioria do g6nero humano, que talvez n6o
ctrndenaQs,o
(1?)
Carta
dtvulgacta
soz_is.'O d;i"-"oto'ror
Ec-cleslastical
Amerlcan
Reviev'"'
127
t19521
em "The
tJi'iua,i^-Juu-ii"o,poi orae- da santa 96, em Betembro
de 1952.
alude o Santo Oficlo:
(18) Ers a passagem a que -'iJai'a-J
roapost6llc-a'
o." te -gy",. fora da Igrelr
"E' preclso constde"ar"co'i"o
que os que
esta 6-a-arCa Unlca da 6alvaQ6o e
pode
ser
mana, nlngu6m
pereceid'o pelo dlltivlo"'
entrado, "ufuo;-qtu
;;;;;;-ti;dtem'
(19)
De flde
dlsp'
XVII'
Il
n'
l"jt:rx n' e'
tn"Jro"dr"ti"-iogloatlcus tr' xVu oisp
Suarez,
6' 9'10'13; SalmaDtlcen6es'
"*r!?31
Em margo de 1994,a .,RevlstB Eclesias'ca
Brasllelra,, pubttcava s segulnte
CursuE
-19
18-
\r:
lt.ll ::
'
' lulJro'
$se
I
de pensar, que vlr6 allvlar muito o mals oneroso, o rriais dtfictl
trabalho da esp6cie,que 6 - dlzem, e n6o sel se por ironia pensante. E poderemos ter, at6 mesmo, trlbunal,s mec6,nicos,
como os descritos por Giovanni Papinnl, num dos seus riltimos
Primeiro de Maio (*)
llrnos. Mas, contlnuemos.
A Ci€ncia progride. Torna oada vez mais confortdvel a vida
PE. TEOFANES BARROS
do Ifomem s0bre a Terra. O Homem Moderno pode aUmentar
Assistente eclesidstico da Federaglo dos
seu corpo com as mais esquisitas iguarias, beber os mais geneCirculos OPerdrios de Alagoas
rosos llcores, ouvir as mais belas produg6es mtsicais, apreciar as
malores maravilhas do mundo, correr, em pouco tempo, toda a
Mais uma vez se festeja o Dla do Trabalho' Mais uma vez se
superflcle da Terra. Pode subir ao Emplre State, de New York,
para se
g, Torre Eiffel, de Paris, e maravilhar-se ante a magnific€ncia
soltam foguetes. Mais uma vez se reune o operariado,
NacioEconomia
da
alicerce
o
Nag6,o,
da
que
esteio
6
o
€le
dizer
das obras que construiu. Se lhe parece fugir a vida, pode recorpara
para
iludi-lo'
mais
palavras
bonitas,
rer aos prodtgios da CiCncia Mddica, ingerir umas tantas vitanai, e outras tantas
,Jerse se conseguetorn6-lo menos consciente de seu sofrimento'
minas, recorrer a modernlssimos hospitais, recuperando a boa
F ' e s t a s e m a i s f e s t a s : e s p o u q u e m o s g i r f l n d o l a s , s o l t e m o s f o - vlda e o conforto, tudo isto sem multo esforgo,sem grandes trabalhos. Jh cogita o nosso bipede implume de voar at6 ao pla_
gos de artificio. Comedemus et bibamus' Comamos e bebamos'
neta
Marte, ou mai,s al6m, para arrebatar os segr€dosdo siten_
pois morreremos amanhl!
Audfvida'
resta
nlo
closo Universo. E', ou n6,o6 prodigio isto, meus senhores?E', ou
Primeiro de Maio. Dia significativo,
n6o 6 aurora promissora, de tintas esfusiantes,a fascinar, a en_
rora?Crepfsculo?-Hemomentoshist6ricosindecisos.Nosso
cantar a inteligOncia humana?
fil6sofo, Jackson de Figueiredo, j6 ventilou o assunto. um diltl,
Aurora? Ou, taLvez, crepfsculo? Virei eu, agora, no meio
vioemquenS,osesabeseosolvainascer,ousevir6'noitetedo festim continuo em que vive o Homem Moderno, estragar
nebrosa. Assim 6 €ste Primeiro de Maio, neste Brasil t60 sofretudo, falando em creprisculo?Mas, meus amigos, v6s me convi_
dor, t6o angdstiado, neste mundo dilacerado por duas tremendastes para falar aqui porque querieis ouvir verdades,e n6,o pa_
das conflagrag6ese ainda nao livre de uma terceira tempestade
lavrdrio balofo. N6o adianta f.azet ret6rica. E, mesmo que o quiatomica e de hidrogenio, infinitamente pior que todas as temque
sesse'
diflcilmente o faria, pois teria de escapar ao meu feitio.
pestades
J6 Passaram.
mundo
no
que
se
viu
Nunca
parecer
stm'
Sdmente
gost<j Oe dizer verdades, mesmo importunas, duras,
Poder6
Aurora?
cru€is, - o essencial 6 que sejam verdades.
tanto progresso cientifico. o homem-rei pode gloriar-se de ter
realizado maravilhas. os espaQosdesaparecem.Gigantescas aeMeu Chefe Supremo teve a ousadia de dizer tantas verdades
palawa
A
de
dlSt&ncla.
no95,o
a
Morre
c6us.
os
cruzam
lnconvenientes
ronaves
que morreu crucificado.
Voltemos ao assunto.
humanatransp6eespagos.Erguem-seprddioscapazesdearranhar os c6us.E'tudo maravilha. Por toda parte surgem indtlsEste dihiculo parece mais creprisculo.
trias e novas indtstrlas. Fabrlca-se tudo. Talvez n6'o demore a
Todo €sseconforto de que vos falei, t6das essasmaravilhas
construgao do homem slnt6tico. Talvez chegue c6do a maquina
do mund,o moderno s6o privildgio de pequenos grupos.
De seres
humanos mais espertos, aquinhoados
(*) Discurso Pronunciado na 6ed.e do Clrculo OperArlo de Macel6' Alagoas.
n6,o se Justifica porque,
20-
-2L
-il
A OR,DEM
por
,u* m€rito' A grande maioria' talvez oitenta
n""--J;;;r"
pior
que
e
6
E
o
diferente'
cento Oa humanidade, vive de modo
nada'
geralmente
profuntlamente paradoxal: os que t€m tudo
possuemsflo' iustamente' os
ou quase nada fazem; os que nada
moureiam'
que mais se esforgam' os que mais duramente
coitados!
Pobres
Alimentag6,o? - Proteinas? Vitaminas?
as vitaminas conPelo menos entre n6s, s6 lhes s6o ministradas
apelidados de "satidas no sururu, na farinha s6ci, e no siri, i6
td'o falado saldrio
e
tal
o
que
d5'
l6,rio minimo", pois s6 6 para
maravilhocampo
oficial. Vivem subalimentados, sem energias'
doenqas' R'em6dios?
so, enfim, de tOda e qualquer esp6cie de
de pau' pois outra
TCm de recorrer ir, medicina do cha de raiz
catres imundos' visin5,o the 6 accessivel.Conforto? Vivem em
pela chuva, por tudo
tados constantemente pelo frio navalhante,
maior' lhe vai emazat
por
um
quanto 6 desconforto. E quando,
tem de refugiar-se
bo.u ,r* pedago da casa, aguaceiro abaixo'
esperar que a coisa
na parte por ventura deixada inc6lume' a
Teria sido melhor quc
melhore. E que longa espera!' ' ' Filhos?
poupa-los do sofrimento de
n5,o lhes tivesse dado Deus, para
vO-losmorrerdefome!Culturaartistica?Culturaintelectual?
fale de tais coiTeatro? Cinema? RAdio? - Que ningu6m lhes
gr6,-finos' que gastam
sas. s6,o blasf€mias. Tudo € s6 para os
nos dias de hoje
nisto, rios de dinheiro' como se nlo houvesse
resolvidos'
serem
a
problemas
tantos milhares de cruciantes
quando
aindeu'
lhes
que
Deus
Transporte? - As duas pernas
Passeios?
Excurs6es?
da n6,o combalid'as pela fome' Viagens?
poderS'o
ir' vez por oucoragem
tiverem
quiserem
e
Coitados! Se
de Bebedouro a Cotra, de Jaragua ao Trapiche d'a Barra' ou
Paris? - Sabern'
York?
New
queiro Seco, de canoa, p'ra variar'
falar' sem
que existem, muito longe, bem longe' e delas ouvem
desprovidas'
express6es
compreenderem direito, como se f6ssem
totalmente, de sentido.
g€nero humaSao estas as condig6esda grande maioria do
no, da quase totalidade do povo brasileiro'
que
Em estatistica realizada hd' pouco no Recife verificou-se
pernamdentre um milh6o de habitantes, que i6 tem a Capital
t2-
II'LHO,
1954
23
bucana, apenas cinquenta mil pessoasvivem um padrdo de vlda
normal. Noventa e cinco por cento dos recifenses est60 despro_
vidos do essencial A, vida!
E para quem, e para que apelar?
Os Governos?pensam noventa e cinco por cento nos pr6prios
interesses e cinco por cento nos do povo. SEo uns engraqados.
Escorcham do povo os impostos, gastam milh6es em asneiras,
em obras suntuosas,de pura fachada, nada realizando em
crefinitivo para solucionar a situagd,o.Negociatas, cambalachos,
es_
cdndalos,se sucedem.S5,ogrupelhos famintos, de fome
canina,
a quem nada sacia, que nunca se acham suficientemente
fartos,
que vivem roubando e sonhando roubar, cadavezmais,
do dinheiro do povo, iludindo-o, aproveitando_seindecentemente
de sua
boa f€.
os Legisrativoss6o verdadeiras tristezas. Tvazem nas
almas
bem intencionadas um verdadeiro desengano,uma verdadeira
d.ecepg60quanto aosm6ritos da Democracia.Vio para 160s.que
t6m
mais garganta, os mais espertos.Consomem fortunas
dos cofres
do Pais e nada produzem cte ritil e efieiente. A infernar politica,
a maldita politica, tudo absorve.E o povo pagando caro para
€s_
ses gaiatos discutirem, uns com outros, trocarem paravr6es,
sem
nenhum resultado prdtico.
Os Executivos,na sua grande maioria, s6o compostosde ho_
mens de grupos, que querem aproveitar os poucos anos que
de_
moram guindados ao poder para beneficio pr6prio e dos seus.
ltr
surgem nomeag6esem massa, dos afilhados, d.osprotelidos
in capazes,de rapazinhos fracassadose de mocinhas engragadas,
que enchem as repartig6es ptblicas, para sangue_sugarem
os dinheiros priblicos. Assim, 6ssedinheiro n6o sobra para nada.
sim,
t6m razio. Todo dinheiro 6 pouco, para saciar a fome que lhe r6i
lis entranhas.
o JudiciArio rs v6zesjurga com crit6rio. v6zes outras nao t.m
altura morar para srtuar-se acima de interessesporiticos. E assinr
vai a coisa,de derrocadaem derrocada.para onde, n6o sabemos.
E', ou n6,o6, sinal de creprisculo?
- E crepfscu.lobem ameagador.
_23
JULIIO,
Oragio
ABIB
NETO
Discurso proferido a 7 d'e TnarQoultirno, pelo A'' como
orad'or oliciul d'a Turma d'e Licenciundos da Faculd'ad.e d,e Filosolia, CiAncias e Letras de S' Bento'
Uniuersid'ud'e Catolica d'e Sd'o Paulo'
FaAntes de comegar a minha oragflo, os Licenciarrdos da
prestam,
Bento,
sa.o
de
Letras
e
culd.ade de Filosofia, ciencias
pela minha voz, sinceras homenagens ao Autor de todo ser' aos
autores d.e nossa exist€ncia e aos autores de nossa formaglo'
pela sacomo gratidS.o de criaturas, de filhos e de discipulos'
votlsfacS,o de virmos realizado um ideal e concretizada uma
caQao.
proE'com saudade que lembramos o nome do renomado
quem pedimos
fessol, dt'. .{m€rico Brasiliense de Moura, para
Domine!"
ao Senhor: "reqlt'ient' aeternam d'ona ei,
Pego emprestado, a Paulo Setubal, o capitulo sexto do CONFITEOR, para dele transcrever um trecho em homenagem ao
que' por
distante, quiqd desapareciclo professor ou professOra
primeirc, nos iniciou nas letras pAtrias '
'". .. Preciso lalar aqui d'utn hometn rico' Dum homern rico'
tco. Pot'que, amigo, nd,o sei se aoc| sabe, na minha terra hd
mi''
t;trs1arftesho?nens ricos. Mas Aste E o h'omem rnais rico da
g
e
n
t
e
d
i
sabe sso'
ith,a terra. Da minha terra s6, ndo..' Pouca
ttm huIvlutto pouca gente. Como sab|-b? Ele i u'm sitnples'
pri'meu
o
primd'ria'
Foi
escola
nilrle. utn apagad.o professor d'e
26-
21
o nome do seu
Cada um de nos pronuncie mentalmente
a Deus a
encomende-lhe
e
primeiro professor ou professOra
alma, se fOr morto '
sagrada de saVolto-me, agora' para a pessoa duplamente
Turma' de dom Clndido Padim'
cerdote e de paraninfo de nossa
Beneditina' na Paulic6ia'
ilustre ornamento da Ordem
de formatura
nteir'> prolessor. Chanl'aDd,-se.. ."
1954
tl6sochamamosdoclaustro,n6sinterrompemos-lhearetestemunha' como Paraninfo
ciraglo do Oficio, para servir de
dcsLjcenciandosdaFaculdadedeFilosofia,Ci€nciaseLetras
.lesaoBento,peranteomesmoDeusdosclaustros,dosaltares
l6bios ptonunciaram'
e rlos Livros, dum juramento que nossos
de Deus: s6 em o nome
oLle riossa consci€ncia selou com o sigito
do $cnhor se hd de jurar'
N6socltamamos,domCs'ndidoPadim'paraqueV'Rvma'
e se cumpra'' de pleno'
d0 ir, CiOncia o testemunho da Sabedoria
Cat6lica de Sio
o distico do brasS,o da Pontificia Universidade
,,SAPIENTIA ET AVGEBITVR SCIENTIA,,.
PaUIO:
nossa formaQS'o
Colegasl Eis-nos chegados ao t6rmo de
magist6rio secundArio
como professOres que ingressarlo no
nossa colaQlo
para, cumprindo as palavras juramentadas de
costumes'
pelos
bons
e
pelo
ensino
de grau, educar a mocidade
a maque
atualiza
O professor deve ser a causa eficiente
tdria educ6.vel que 6 a nat:ueza humana'
Aquino' estS'
A natureza humana, ensina Santo Tom6s de
ao de perfeiqio'
no estado de imperfeigdo, que deve ser levado
flz do hoCriador
o
Esposando o pensamento de Rayneri'
os meios
sociedade
mem apenas um esb6go' para que achasse na
de aperfeigoar-se.
oserhrrmano6perfectivelemsuavldafisica,psiquicae
moral .
processo de desenPortanto, justifica-se plenamente um
'
volvimento progressivo da natureza do homem
6 o de
perfectibilidade
sua
de
que
desprende
se
O corol6,rio
sua educabilidade.
(liv' IV' 12) que a arte
Escreveu Arist6teles na POLfTICA
apenas iniciou '
e a educaq6,o completam o que a natureza
2a
A onDtM
A imperfelg60 n60 erradica da essencrado homem.
o ho_
mem, como essOnclan6,o 6 lmperfeito. E' imutd,vel. Nem
au_
merria nem decresce.
Na ordem da Crlagio o homem e as colsas seo imperfeltas,
n6,o no sentido de mal feitas por ignorincia ou impot€ncia
do
Artlfice, por6m no da exist€ncta; mas t€m em si
elementos su_
flciontes para atingir a perfeigdo. Se o n6o conseguem
6 per
accidens.
Foi a hist6rla, ent6,o,que nos legou o conhecimento
da per_
fectibilidacle do homem.
Na hist6ria do homem houve um tnico que fol
criado em
estado de natureza perfeita: Adflo. E, o Doutor
da Igreja que
o explica: devra ser n60 s6 0 pai mas o educador
do genero
humano.
A imperfeigio inicial da natureza humana 6 tambdm
um
dado da filosofia da educag5o. Firmado no prlnctplo: ,.o
ho_
mem nd,o 6 no comEgotudo aquilo que d.eveser,,, _
o Doutor
Angdlico estabeleceua sua antropologia.
Desenvolve-sedal um ramo do saber humano, culo
obJeto
formal 6 estudar, aprofundar e justificar os verd.adeiros
varores da educaqd,ona ordem histdrico_experimental: pedagogia.
a
Pordm, nas condig6esatuais da humanidade, o homem
nEo
6 tido apenas como ser hist6rico e existenclal: 6 0utrossim
ser
i:ristdo. Nasce, vive e aperfeigoa_se,vem a ser o que
6, sob as
leis e as influOncias d,o cristianlsm,o.
Qual 6 d finalidade da educag6o,?
A educagEon6o pretende inserir essOnciaou natureza
no
Itomem, ou criar-lha. Desenvolve t6,o s6 e explicita o que
n6le
estd implicito e latente.
Trilhando o pensamento do Doutor da Igreja: ,,ornne gene_
t'qtum prius est imperlecturn quarn perficiatur,, (f q.gg, art.
l),
todo ser gerado 6 lmperfeito antes de se aperfeigoar, _ o
ho_
mem n6o possul, de inicio, capacidadeatual para agir.
Compete i educagd.oatualizar-lhe os valores latentes e pro_
plciar-lhe o usufruto d€les.
2g-
|
JI'LEO,
1954
Bastarla o sistema nervoso para colh0r os obJetos externos. Mas, o uso raclonal, a escolha lrtellgente da potOncia,ntro
o di a natureza, s6 por s6, provOm da sua atualizag6o pela educag6o.
A moralidade 6 lel gravada em a natureza humana, no
entanto, requerem-se reflexSo e madureza para a sua aplica96o aos casos particulares e concretos. Imp6e-se a necessidade
do mestre e do guia espiritual - tradigSo clAssica da humanldade - para dar ao homem, n6,o mais o livre arbitrio, mas
a constante e continua consciOnciado bem, e do ntal. Pelo livre
arbltrio, 6 coment6,riode Sto. Tomd,sde Aquino, "pode o homem
tornar-se lilho da perdigd,o".
Mas a educagio n6.o 6 feita para curar a corrupgdo humana. A necessidadede educaglo independe da queda original.
Os descendentesde Ad6o e Eva somos imperfeitos, nd,o por
causa do pecado original, mas por sermos sEtes gerados, como
ensina a sabedoria do Aquinatense. N6o foi a queda original
que condicionou a educagS,o,
antes a corrupgSo 6 efeito de falta
de educagS,o,embora o pecado e suas consequ€nciasfizessem
qlre a educagio tomasse novas rumos.
Para completar o esbOgodo homem integral cumple situ6-lo no plano sobrenatural, ao tempo que no filos6fico e hlst6rico-experimental.
Citando Tertuliano, Deus tem em nfmero e em quantidade
verciad.esque n6o pertencem d, ciOncia dos homens. O homem
fr;r elevado i, participaQ6odestas verdades.Esta elevaglo repO-lo
no plano das realidades sobrenaturals.
O cristS,otem uma segunda vida. E' o homem que nasceu
ie noco. E' o homem zoao Paulino.
Essa e outra vida lhe n6o 6 dada, i manelra da eternldade,
"tota simul ac perfecta", duma vez e inteira, mas obedecea um
sistema de aperfeiqoamento que abrange os melos da F6, da
Graga e dos Sacramentos.
N6o se creia, todavia, que o homem sobrenaturalizado 6 o
hornem do otimismo romintico de Flousseau.Mesmo reintegra-29
30
A oRDEM
do na participagio da vida de Deus, permanece sujeito ao
dese_
quilorio das faculdades e d, desarmonia afetivo-sensitiva.
A educagS,o
cabe lev'ar i perfeigdo o homem tod,o:,,in quanturn horno est', diz Sto. Tomds de Aquino.
Aperfeigoa-lhe a estrutura fisica e a atividade
fisiolOgica.
Adapta a alma i aquisig6o de experiOncia pela sua
uni6o com
a rnateria. Acaba-lhe a racionalidade e consuma-lhe
a liberdade.
Leva o interecto ao conhecimento da verdacle
e a veraade
dard ao homem o conceito objetivo e finalistico
das coisas,
assirn como compord a trama de sua vida pessoal
e social.
Do modo por que o intelecto tende d, verdade,
a vontade
uem tendencia naturar ao Bem. Mas ambas
as tendencias, inatas
e sernelhantes,s6s por sds, n6o disp.em d satisfag'o
cabal das
pot€rrcias.
compete i educag60dar assim i interig6ncia que d, vontade
o h6,bito de colher a Verdad.e e o Bem. E' ao que se chama
uirtud,e.
H6 uma condig1o ,,sine qu,a,non', pata levar a cabo a obra
edueativa: a autoridade. De direito e de fato inerente
ao
educador.
O educador ou 6 agente natural ou substituto na ag5o edu_
cativa. O agente natural da educagd,o6 a Familia a quem con_
cerne a autoridade inata de exerc6_la.
Histdricamente a Famflia reconheceu a autoridade do Estado em mat€ria de educagEoe tanto uma como outro nio nega_
ram ir rgreja o direito, a miss60 e o dever de intervir na educag60.
Nas culturas antigas, tanto do oriente como d,o ocidente,
foram os mestres substitutos tegais dos deuses e dos pais,
na
educagS,oda mocidade.
Atualmente a educagd,oquaseque se cifra em instruir os arunos. O Anjo das Escolas,cuja festa litfrgica solenizamoshoJe,
dtinos as tr€s facetas da educaglo: ,,instru,ctionem,gubernationetn,
tlisci,plinam".
30t
'UIJIO,
1954
A instrugdo que, como diria Clapardde, 6 o mobiliamento do
esrirlto "rneublage de I'esprit" 6 dada na aula pelos professores
e peios livros.
C govdrno 6 a direg6o da vida, 6 a educagflocomo forma da
vontade que dispOeo educando ao govOrno moral de sua vida.
C fundamento d€ste gov6rno prov6m da autoridade moral do
professor, alicergada na virtude.
A educagd,o6, pois, disciplina: ordenagS,oda atividade do
;rito agir procedente duma norma observada na vida prdtica.
Colegas! Demos ao Brasil u'a mocidade instruida, moralizada (que 6 o mesmo que religiosa) e disciplinada e a nossa Pdtria
ser6 o "lte.bitat" do Direito e da F6.
rurJlo, 1954
o ANJO DO LrNHO
E Deus viu que aquilo era bom!"
Di6logo
dos quatro
elementos
o ANJO DO LENHO
D. MARCOS BARBOSA
(Entram
,
dors anjos de alvas trtnicas, trazendo
um d6les,
ewolada, Ionga e estreita toalha
de linho que colocam no
centto da mesa, tetanpular e
comptida, tal como se taz
na Sexfa_Feita_Maiot . )
.
Bom, n6o para 6le, que n6o precisava de teto;
Bom, n6o para 6le, que n6o precisava de pano;
Mas bom, muito bom,
6timo para o seu filho:
O homem,
Que n6o lhe saia da mente. ..
o ANJO DO LrNHO
Coloquemos, irm6q o linho s6bre
o lenho.
O linho branco como as vestes ang6licas
S6bre o lenho negro como a face
humana. . .
o ANJO DO LrNHO
Que fariamos n6s, os anjos, dessas criaturas materiais,
$en6o apenas reg6-las, govern6-las
Para o servigo do homem?!
o ANJO DO LENHO
Coloquemos, irm6o, o linho s6bre
o lenho.
Uma criatura s6bre a outra criatura.
o ANJO DO LrNHO
Ambas tiradas por Deus do mesmo
nada
No mesmo dia,
O terceiro dia.
o ANJO DO LENHO
"Que a terra faga brotar (disse Deus) rerva,
ervas e 6rvoreg
Com frutos e sementes. , .
32-
o ANJO
DO LENHO
E a terra deu a 6rvore,
A 6rvore, o lenho,
E o lenho, seus frutos:
'Obergoeoesquife,
Amesaeaarca,
f) barco e a casa. ..
6 6rvore nobre entre t6das as criaturas,
56 tu 6s digna de carregar o homem que acaba de nascer,
56 tu 6s digna de transportar o explorador que parte para outro
IP6rto'
56 tu 6s digna de guardar o frltimo sono do anciSo que anseia por
[outra infAncia.
-33
*'=*---
.
A ORDEM
34
Tu 6s o leito onde a vida se transmite,
Tu 6s a mesa onde a vida se nutre,
O barco onde a vida viaj4
O esquife onde a vida morre. ..
O pr6prio Deus, 6 lenho, te quis na mangedoura,
Te quis na barca de Pedro,
Te quis na mesa da ceia,
Te quis nd cruz. . .
o ANJO DO LrNHO
Quis-te, enfim, no altar,
Que 6 bergo, barco, e cttJz, e mesa!
o ANJO
DO LENHO
56 rija, 6 6rvore, para suportar o p6so do homem;
membrost
Mas doce, doce, irm6 6rvore, para n5o magoar os seus
O dorso que em ti se deita'
Os bragos que em ti se aPoiamt
Os ombros que te carregam. . .
(56 agora desentola a toalha, para os dois lados, indo as
pontas at6 o chilo, continuando visivel, pot€m, a fuento
da mesa, )
o ANJO DO LINHO
Mas s6bre ti, irm6o lenho,
O irmSo linho se estende como veste'
Brotado da terra como tu,
Trabalhado pela m6o do homem como tu'
Misturado, como tu, I hist6ria dos homens e dos deuses'
J6 que um dos deuses se f6z homem!
34-
JULI{o,
1954
O ANJO
DO LENHO
E quis Precisar,
Tudo o mais desPrezado,
Do lenho e do linho:
''Acli6-1o-eis u-a mangedoura, envolto em panos!"
o ANJO DO LINHO
Encarnagdo'
6 lenho e linho, testemunhos da
Do primeiro e do riltimo instante'
e nos pobres panost
Presentes no pau do pres6pio
velhas velas'
No arcabougo do barco e nas
toalha'
Na mesa da ceia e na eterna
sud6rio ' ' '
imperecivel
no
e
Na cruz cruel
que vestes os catectmenos'
Bendito sejas, irm6o linho'
e os padres
E os neo-comungantes, e os noivost
(E algumas v6zes, os cad6veret"');
e os bailarinos
Que vestes os atletas
cad6veres);
os
(E muitas v6zes,
Os Poetas e os reis
'
(E semPre, sempre' os cad6veres)
v.:, a
,'s' : .
- lengol' lengo e ligadura'
Faze-te leve, linho,
Para pensar o ferido,
Enxugar o Pranto'
Envolver o corPo '
Nlorto ou vivo, do homem;
I'[orto e vivo, de Deus!
o ANJO DO LENHO
Eis o lenho. ..
._35
36
A OR.DEIVT
o ANJO DO LrNHO
JULIIO.
19#
o ANJO DO LINHO
...e o linho,
V6s sois legitimos, lenho e linho,
Mas v6s ndo bastais
Fara o legado,
A liturgia do Senhor.
o ANJO DO LENHO
A mesa. . .
f,)uas coisas, s6 elas essenciais,suplantam a vossa gl6ria:
OpSoeovinho!
o ANJO DO LrNHO
...
e a toalha,
o ANJO DO LENr{O
o ANJO DO LENHO
E O DO LrNHO
Para a Pdscoa que o senhor desejou
ardentemente comer com os
Ihomens.
o ANJO
DO LENHO
N5o s6 aquela noitg
Mas sempre,
At6 que venha,
6 trigo brotado como o lenho e como o linho,
6 trigo triturado,
IVIoido,
Seja pelos dentes das feras,
Seja pela vida dura de cada dia.
o ANJO DO LrNHO
6 trigo trabalhado pelo homem e tornado plo'
Sinal do corpo fisico e do corpo mistico do Senhor,
Tu 6s, na missa, o seu corpo vivo!
Que volte. . .
o ANJO DO LrNHO
E espera, para-voltarr
eue o tltimo
o ANJO DO LENHO.
tenha comido!
o ANJO DO LENHO
6 mesa eternamente posta, banquete
eternamente servido;
V6s nAo sois, apesar de tudo, 6 lenho
e linhq indispens6veis para
[a P6scoat
pois muitas v6zes
a missa foi celebrada na pris6o,
No ch6o,
Ou no peito de um m6rtir!
38-
homens'
Qrre outro anjo nos traga pois em ofert6rio o p6o dos
O p5o que se f.az de rePente
Corpo de Deus,
S6breolenhoeolinho.
(Entta o tereho Anio, ttazendo na palma da mdc um
p6o comum, tedondo, que vai depositat quase ao centto
da toalha. )
-31
A ORDEM
JUIJIO,
o ANJO DO PAO
Mas ndo s6 de p6o vive o homem.
N6o s6 de plo vive 6le para a nova vida,
Que se alimenta - s6bre o lenho e o linho -
a,
39
1954
o ANJO DO PAO
E aqui est6 o irm6o vinho
o ANJO DO LENHO
da ctuz e da ceia. ..
o ANJO DO LENHO
S6bre o lenho,
Eis a comida verdadeira, onde a verdadeira bebida?
o ANJO DO LTTYHO
o ANJO DO LrNHO
S6bre o linho.
Eis o p6o que 6 o sinal, o simbolo do corpo, o corpo!
Onde o que seja sinal e simbolo do sangug o sangue?
o ANJO DO PAO
Pois 6 preciso que esteja presente n6o apenas o Senhor,
I\{as o seu pr6prio sacrificiq
Que esteja presente a figura de sua morte,
Corpo e sangue,
P6o e vinho separados!
(Aparcce o quatto Anjo, ttazendo um
simples, que coloca ao lado do p6o. )
c61ice, muito
o ANJO DO VrNHO
.
-,.1v1@
Ao lado do p6o!
Eis o que 6 preciso para ag6o de gragas,
Para a mem6ria da Paix6o e da P6scoa
E da admir6vel Ascens6o.
Eis o que 6 preciso para a Eucaristia,
An(rncio da morte,
Frenfincio da Parusia!
Eis os quatro elementos do sacrificio,
Sendo dois indispens6veis,
Aqu6les que usou outrora Melquisedec,
O rei da Paz. . .
o ANJO DO VrNHO
Eis que ao p6o se junta
(E d6le se separa!)
O vinho que alegra o coraEdo do homem. . .
Jorrou das uvas calcadas,
Embriagou No6,
Confortou as chagas do homem que descia de
Jerusal6m a Jeric6,
Alegrou as bodas, as belas bodas de Can6...
38-
o ANJO
DO LENHO
Mas algo falta ainda ao p5o e ao vinho,
Gutro elemento essencial,
o ANJO DO LINHO
Sem o qual n6o sdo intteis
apenas o lenho e o linho,
-39
i
A ORDTM
JULHO, 1954
o ANJO DO PAO
Mas o pr6prio pdq
o ANJO DO VrNHO
IJm poder que n6o foi dado aos anjos!
o Ar{Jo Do vrNHo
O pr6prio vinhq
,
TODOS OS ANJOS
Vamos pois em busca,
o ANJO DO PAO E O DO VrNHO
O pr6prio sacriflciol
o ANJO DO LINHO
Anjo
do lenho,
o ArvJo Do LENHO .
Um outrq estranho elemerrtq
o ANJO DO LENHO
Anjo do linho,
- o ArYJO DO PAO
Mais fAcil de corromper-se que o paq
o ANJO DO VTTYHO
Anjo do pio,
o ANJO DO PAO
o ANJO DO VrNHO
Mais f6cil de eorromper-se que o vinho. ..
Anjo do vinho,
TODOS OS ANJOS
o ANJO DO LENHO
Do homem!
Fr6gil elemento,
o ANJO DO PAO
o ArYJO DO LrNHO
'Muito
abaixo dos anjos colocado,
o ANJO DO PAO
(;'
t
Mas ao qual foi dado
40-
f)aquele que recebeu o poder de dizer s6bre as esp6cies
O Fiat da Virgern,
o ArYJO DO VrNHO
A OR,DEM
o ANJO DO LENHO
Sdbre o lenho,
o ANJO DO LINHO
Documentoa pontificios
S6bre o linho,
.
ANJO DO PAO E DO VrNHO
O pr6prio corpo de Deus!
(Saem os Anjor em procissdo, em busca do sacerdote,
enquanto se ouye, ao lonpe, alEum hino eucaristico.)
DISCURSO DE PASCOA DO SANTO PADRE
18 DE ABR,IL DE 1954
Do mesmo modo que os discipulos de Cristo exultaram, ao
verem, na tarde da prlmeira P6,scoa,voltar ao meio d6les o Mestre ressuscitado e vencedor da morte; assim v6s, diletos filhos e
filhas, abris os vossoscorag6esil alegria d6ste dia solene, e acoiheis confiantes a saudagS,ode paz que N6s, Vigdrio na terra do
divino Fledentor, renovamos em seu nome i Igreja e i familia
humana. "Gavisi sunt discipuli, viso Domino. Dixit ergo eis iterum: Pax vobis" (Jo. 20, 20-21). "Os discipulos encheram-se de
alegria vendo o Senhor. E Jesus disse-lhes de novo: A paz seja
convosco!"
Ao darmos humildes gragas i divina clemdncia por Nos ter
concedido o inestimdvel dom de celebrarmos convosco esta sagrada festividade, nd,o queremos deixar de manifestar-vos a
Nossa paternal gratidS,o pelo filial afeto e devotas preces, com
que viestes confortar o Nossoespirito nas recentes afliq6es.
6 quanto desejariamos que sObretodos os homens se derraurassea alegria da Pdscoa crist6., de modo que a Igreja pudesse
cantar na plenitude da sua extens6.o: "fn resurrectione tua,
Christe, coeli et terra latentut" (Breu. Rom. Dorn. in Albis, ad
Laudes). "Na tua ressurreigS,o,6 Cristo, alegrem-se os ceus e a
terra!" Mas se nos c6us tudo 6 paz e alegria, bem diferente 6 a
realidade na terra. Aqui, em lugar da serena alegria, cuio segrOdo ja foi revelad.opor Cristo, aumentam de ano para ano a 6nsia
e o sobressalto dos povos, com o temor dum terceiro conflito
-43
-,f
mffry
I
44
A ORDEM
iilundial e dum tremendo dia de amanha,, posto d merre de novas
arrmas destruidoras de inaudita viol€ncia.
Armas capazes de provocar ..em todo o nosso planeta uma
perigosa catS,strofe" (Acta Ap. Sedis, 1948,p6g. ?b) _ corno j6
tivemos ocasi6o de dizer e recear em fevereiro de 1g43_ e de
u:lusar o exterminio total de toda a vida animal e vegetal e de
r"Odasas obras humanas em regides
sempre mais vastas; armas
c$pazes hoje, com is6topos artificiais radioativos de longa vida
m6dia, de contaminar de maneira duradoura a atmosfera, a
l,erra, e at6 os oceanos,mesmo bastante longe das zonas diretarrrente atingidas e contaminad.as pelas explosoes nucleares.
Apresenta-se pois, diante dos olhos do mundo aterrado, a pre_
vis5,ode destruig6esgigantescas,de extensosterrit6rios tornados
inabitAveis e n6,o utilizd,veis para o homem, al6m das consequ€ncias biol6gicas que podem produzir-se, -quer pelas mudangas
produzidas em germes e micro-organislnos, quer pelo incerto
resultado que um prolongado estimulo radioativo pode ter em
organismos superiores, inclusive no homem, e nas suas descend€neias. A prop6sito disto, n6o queremos deixar de aludir ao
perigo que, para as futuras gerag6es,poderia fepresentar a in_
terveng6o mut6gena, que se pode obter ou talvez se tenha j6,
obtido com novos meios, para desvrar do naturar desenvorvirrlento o patrimonio dos fatores heredit6,rios do homem; falarnos d6le, mesmo porque entre tals desvios provivelmente n6o
faltam ou n6,ofaltariam aquelas mudangas patogEnicas,que s6o
a causa das doengastransmissiveis e das monstruosidades.
Da Nossa parte, esforgando-Nossem descansopor que, metiiante acordos internacionais - salvo sempre o principio da
lcgitima defesa (cfr. entretarfto Acta A. Sedis,lg53,p6g. 749-749)
- possa ser eficazmente proscrita e afastada a guerra atOmica,
l;iol6gica e quimica (ibid., pdg. 749), perguntamos: At6 quando
quererS,oos homens subtrair-se ao fulgor salutar da Ressurrei95,o,e esperar segurangados lampejos mortiferos dos novos engenhos de guerra? At6 quando opord,o6les os seus d.esigniosde
6dio e de morte aos preceitos do
e i,s promessasd.e vid.a,
trazidas pelo Salvador divino? Qu
se compenetrard,oos go4-
JI'LIIO,
l
1954
rernantes das nagOesde que a paz ni"o pode consistir em exasperantes e dispendiosas relagdes de terror mfltuo, mas no principio
cristS,oda caridade universal, e particularmente na justiga vo_
luntiriamente praticada, e nS,o,extorquida,na confianga inspi_
raoa, mais que pretendida? euando serd,que os s6bios do mundo
orientario as descobertas maravilhosas das fOrgas profundas
da matdria tnicamente para fins de paz, de modo que fornega
a atividade'humana energia a baixo custo, para n6o s6 atenuar
a pentria, corrigir a desigualdade na distribuig1o geogrifica
das fontes dos bens e do trabalho, mas tambdm oferecer novos
recursos d, medicina e d agricultura, dando aos povos novas
rontes de prosperidade e bem-estar?
I
l
Entretanto; ao passo que a angtstia parece tornar-se mais
pungente, eis que se difunde no suave fulgor da p6,scoa,desabro_
chada €ste ano sob o sol virginal de Maria, o doce sorriso da
lrl6e de Jesus e Mde nossa, tamb6m ela gloriosa ao lado do seu
Filho. E assim, esta MEe amorosissima estende hoje o manto da
srra inefdvel ternura, dum modo especial, s0bre aqueles que
'rivem na escurid6o e na dor.
6 Maria, que neste dia refulges com mais viva luz, s0 tu o
simbolo e a fonte da reconciliagao dos homens entre si e com
Jesus,seu Redentor e Senhor. Aumenta a f6 daquelesque te in_
vocam. Faz que brilhe aos seus olhos a esperanga dos bens im_
pcreclveis, essa redengao dos corpos e das almas, objeto dos
seus ardentes desejos, cuJas primicias contemplam em Jesus e
em ti. Ajuda-os a levar o pOsodo humilde e tantas v0zes duro
trabalho de cada dia, e conforta-os com a confianga da eterna
e perfeita Pdscoa da grande familia humana na casa do pai,
nos esplendores do ceu. Assim seja.
(Segd.od.e Ltngua portugu€sa -
Rd,(tio Vaticana)
I
1
I
I
1
JULHO, 1954
O Mosteiro
de S5.o Bento
JOAO CAMILO DE OLIVEIdA TORRES
O que torna o Rio de Janeiro uma cidade singular, uma
verdadeira capital, isto 6, cabega de nag6o, 6 a sua multiplicidade de aspectos,a sua valentia em dominarsituag6es que seriam funestas numa cidade comum. E' extraordin6riamente
grande a resistdncia do Rio em face de certas situag6es que
seriam desastrosaspara qualquer outra cidade. O Rio est5,,na
eategoria das cidades imperiais, isto €, sede de imp6rios, universais, superando certos particularismos regionais, categoria a
que pertence Paris, o exemplo tipico no mundo moderno. Confo;me o Ongulo que adotarmos, o Rio 6 uma cidade modernissirna, de luxo e divers6es,habitada por uma populagdo si,barita
e lfbrica. . . Mas, se f6r outro o dngulo, o Rio 6 uma cidade
muito antiga, cheia de ruinas majestosas,de trechos hist6ricos,
e na qual temos o passado vivo e atuante. Ou, ent6o, 6 uma
ci<lacievelha, feia, mal-cheirosa.
Do ponto de vista religioso, a primeira impressS,o,para o
domina. Desde as macumbas
mineiro, 6 chocante; a superstiQS,o
n'o€certas maneiras muito singulares de frequ€ncia a igrejas ou
certas devog6esexercidas com um "habitus" antes migico que
religioso, vemos coisas de arrepiar os cabelos a um cristlo mediano. Mas, se nos aprofundarmos, descobriremos que, afinal,
o Rio € a capital religiosa do Brasil e n6s outros n6,o passamos
de cat6licos... medianos.
Citarei uma das grandes alegrias de minha recente viagem
eo Flio: uma visita ao Mosteiro de S5,oBento, cuja importincia
na atualidade brasileira ninguEm ignora. L5, fui com o meu
nte com outros rapazes e
sobrinho Luis Felipe, eu€, junta
grupo
que se reune para a
alguns senhores, participa de um
46-
missa dos s6,bados,algo de extraordini,riamente belo e protundo.
Entregue aos cuidados do renovador da poesia religiosa no Brasil,
Dom Marcos Barbosa, mergulhei num mundo de belezaarilstlca,
pessadovivo e autenticidade religiosa. Qorredores,capelas,salas,
escadas,p6tios, sepulturas, altares, obras de talha e de pintura,
6rg6.osque ressoavam como se fossem a voz das pedras antlgas,
reliquias livros e revistas, velhos alfarr6bios ilegiveis,broctruras
recentese figuras serenasde monges deslizandosuavemente...
i{o fim de algum tempo, percebi que estava al6m das dimensoes
Irabituais, d, soleira dos espagose das estruturas de um outro
mundo.
De fato, podia chegar i janela do refeitdrio e ver o mar'
e n6le, logo em baixo, a IIha das cobras, com a refer€ncia inevltd,vel aos Bispos perseguidos.Mas, de qualquer modo, sentia que
estava no Reino da Graga, num mundo em que os valores terrenos e as gl6rias mundanas perdiam todo o ar de falsa grandeza
e onde estas coisas de que habituatmente fazemos o obietivo de
uossas vidas passam d categoria de meio, de acidente'
Tudooquecostumamosdenominar..valoresdoespirito',,
mas s6o valores meramente humanos, morre d,porta do Mosteiro
nossa
e 16 dentro renascem gloriosos, de puros instrumentos de
labora"'
et
vaidade 16.se tran'smudam em formas de orag5,o."ora
oraqS'o
diz o lema beneditino. Mas o trabalho, no CaSo'6 uma
feita com a existOncia.
Mnitas pessoasestranham que jovens de talento sacrifiquem
o futuro, para ir viver entre as espessasparedes de um mosteiro'
i\tas, se considerarmoso pouco fruto que, humanamente falando'
tudo
iel,iramos de nossostrabalhos e canseiras' veremos que de
a dia'
i.sto,afinal, conseguimosapenas o essencialpara viver dia
um
veremos que n6o sacrificam os monges um futuro, e sim
que
monges'
Estes
presente repetido, de trabalhos e canseiras'
levam para o Mosteiro os talentos que' na vida civil, lhes dariam
jornais' realirnsejo de brilhar nos suplementos dominicais de
rando uma obra que n6o tem o futuro de uma semana' estS'o'
A ORDEM
geralmente, trabalhando por um futuro mais positiVo, humananrente falando.
HA um exemplo que gosto de citar, da eficiOncia puramente
humana do monge com relagS,oao t€cnico e ao homem ,,din6mico" moderno, que 6 o de Mendel. Estava o monge Greg6rio
I\f.endel na paz de seu mosteiro do Tirol, a cultivar ervilhas rio
jardim. Depois de umas experiOnciasaparentemente sem sentido
pr6,tico, escreveuum artigo para certa revista de botinica. Tornou-se abade do Mosteiro e esqueceu-sedas ervilhas. Muitos
anos depois de sua morte, um outro pesquisador descobriu o famoso artigo. E ent6o verificou-se que Greg6rio Mendel, com as
suas ervilhas, era o fundador de uma ciOncia nova, a Gen6tica,
que revolucionou t6da a biologia, inclusive em suas aplicagOes
prS,ticas,na agricultura e na pecudria. ..
Isto, humanamente falando. Mas acontcce que, na realidade,
a vida autdnticamente sobrenatural em que vivem os monges
significa uma revolugdo completa e total, a vinda do Reino de
Deus. Trata-se de um velho casar6o colonial, habitado por homens plfcidos e tranquilos, mas que constitui um potencial de
energia verdadeiramente nuclear - pois 6 o nrlcleo de todos os
nricleos de energia -, mai,s e:rplosivo que uma f6brica de bombas at0micas.
, (Du'O Didrlo" de Belo Horlzonte, Z4-2-I|S4).
Cartas
de ontem
e de hoje
AMA CARTA DE ERIC GILI.
Efic GiII, escritot cat6lico inSl6s,6 rcIativamente pouco cottl:5'.
cido no Brasil . Distin$uiu-se como pensadot, artista e sobrefudo
como pessoa humana, que se tevela toftemente na sua correspond6ncia, mosttando sua individualidade marcante, seu pensamenfo e
sua cultuta.
Defendeu seu ponto de vista (socialista-cristflo) brilhantemente,
em diversos peil6dicos ingi/6ses, e em "Money and Moral!', "Wotk
and Propertt'' e "Sacted and Secula?' - c,fulasde valor incalculAvel
abotdando o ptoblema econ6mico e o da
o bastante atuais justiga social.
Vemo-\o aqui, em tom ditercnte, criticando um attipo do "Sun
BathinP Revied':
Senhor:
Nio creio que seja salutar, para a causa que defende, a afirmag5o de que a oposig6o cat6lica, que lhe 6 feita, seja sdmente preconceito e pudicicia.
desaparecer num
A Igreja Cat6lica, provAvelmente, n6o d
em boas relaE6es
frrturo pr6ximo. Seria melhor politica "mante
ero da Primavera'
com o inimigo"; pois artigos como o de seu
reputagAo, definiassinado pelo Sr. C. E. M. Joad, manchar6
tivamente, nos circulos de responsabilidade'
pela
O Sr. Joad 6 um fil6sofo profissional, e como tal devia'
ignoe
preconceitos
pr6pria natureza da profissSo, ser superior aos
rAncias mais comuns e infantis. Por esta raz,6o s5o tanto rnais
surpreendentes os enganos do seu artigo. Ridiculariza os "editos"
papais, s6bre os bragos e joelhos expostos nas igrejas, e compara esta
"curteza de vis6o" com o esclarecido comportarnento
8-
das centenas
_-49
50
A ORDEM
de russos "deitados nas margens do rio Dnieper, em l(iev, sob a
aESo dos raios solaresr sem uma pega de roupa"'
Deixemos de lado a jocosa comparagao do Sr ' Joad, imaginando que o Papa seja grande acionista de uma f6brica de tecidos
e.m Mil5o, e que a depress6o do mercado de roupas 6 a ver<ladeira
razAo do descontentamento papal; mas n5o podemos deixar passat
a sufl,Qestiolalsi e supressio veri contida na sua analogia de que:
o que 6 pr6prio para a praia 6 pr6prio para o comparecimento nas
igrejas.
Isto 6 um grande absurdo. Se o Sr. Joad tivesse uma vaga
icl6ia do que seja o culto, n6o ousaria comparaf banho de sol com
ir d igreja, o que, no sentido cat6lico, n5o 6 a mesma coisa que as
para se
"paradas de igreja" realizadas em Brighton. Ir d igreja
mostrar (e competir com os outros) este em desacordo com a principal raz6o pela qual se vai i igreja.
E por que falar em mulheres? Os homens tamb6m s6o
atraentes. Se comegassem a se mostfaf, pela exposigSo ile braEos
e pernas, ou roupas bonitas, haveria o mesmo protesto da parte do
elero, que nAo se refere apenas i "beleza femininatt, como pensa
o Sr. Joad. Acontece que' nos tempos atuais, as mulheres 6 que
sdo os pav6es.
N6o posso imaginar que o Sr.,Joad seja daqueles que gostariam de abolir, inteiramente, o uso das roupas. Provdvelmente,
concorda comigo e com a maioria das pessoas' em que as roupas
t6m uso e ocasiSo apropriadas. sem drivida alguma aprecia belas
roupas, como qualquer pessoa, e deve concordar que sua satisfaESo
nao 6 inteiramente irracional . O problema 6portanto o seguinte:
para tal ou qual ocasido?
Quais as roupas boas, e que roupas servem
Considerados o lugar e a ocasi6o, nenhuma roupa 6 apropriada
para banho de sol, nadar e posar nas escolas de arte ' "Shortst' e
camisas sem mangas sefvem para andarr correfr remaf, tnontar e
todos os g6neros de jogos ao ar livre' Agora, que roupas servirSo
para a audiancia, o teatro, e a igreja? lt pena que as mulheres
pensem que teatro seja lugar para se mostrar, e parece que h6
alguma relaE6o entre 6ste comportamento e a frivolidade geral das
60-
JIIITIO,
1954
51
pegas modernas. O pirblico para o qual s6o feitas 6 indiferente,
e
poucas mulheres realmente se interessa- p:t elas. por outfo lado,
a preocupas6o do autor 6 a bilheterial e, afinal, que poderA Lazer?
muitos padres sejam por demais pudicos. Ali6s, ndo seriam os
irnicos, pois a pudicicia 6 mais caracteristicamente um vicio comrun
nos puritanos protestantes. Ali6s, n6o 6 prim6ria e fundamentalrnente uma questSo de pudicicia, mas de bom senso. E t5o desrazo6vel transformar a igreja em ocasido para que as pessoas se
mostrem, como seria tomar banho de sol como desculpa para
exibicionismo.
O Sr. Joad demonstra grande ignorAncia quanto ir natureza
da dec6ncia. N6o desejo esclarec6-lo, mas sdmente convid6-lo a
"A volta i filosofia", No seu recente livro, com 6ste titulo, lamenta
a decad6ncia do pensamento humano. As observag5esque f6z s6bre
a Igreja sdo um lament6vel exemplo desta decad6ncia'
-i]I
3n
JULHO, 1954
t
Registro
S. PIO X - No dia 29 de maio riltimo, o Santo Padre Pio XII
rianonizou em Roma, Pio X, um de seus maiores predecesso:
res, e que foi o papa da comunhdo frequente, da primeira comunhS,o precoce, da restauragS,o da mrisica sacra e da piedade
litrirgica em geral. N6o nos esquegamos ainda ter sido Ole o papa
da luta contra o modernismo teol6gico.
No dia da canonizagdo de S. Pio X fronunciou o atual supremo pontifice a seguinte alocugdo:
Esta hora de esplGndidotriunfo, que Deus, exaltador dos humil'
des, preparou com antecipagS,o,para culminar a ascensS,omaravilhosa Ge seu fiel servo Pio X ir, suprema gl6ria dos altares, enche nossa
alma de contentamento, do qual, vener6veis irmdos e amados filhos,
participais t6o abundantemente com vossa presenga. Damos, pois,
ardentes gragas d divina bondade, por haver-nos concedido o viver
€ste acontecimento extraordin6rio, tanto mais quanto que, pela prlmeira vez na hist6ria da Igreia, a formal canonizagio de um Papa
6 proclamada por quem teve, outrora, o privil6gio de estar a seu servigo na Curia Romana.
Fausto e memor6vel 6 6ste dia n6o s6 para n6s, que o contamos
entre os mais felizes de nosso Pontificado, ao qual, por outra parte,
a Provid€ncia havia reservado tantas dores e preocupagOes'como
tamb6m para a Igreja inteira, que, reunida espiritualmente em tdrno
de n6s, exulta em unissono com uma imensa emogio religiosa.
O nome t6o querido de Pio X atravessa,neste radioso entardecer,
de um extremo a outro tdda a terra, pronunciado com os acentos mais
diversos, e despertando pensamentos de celestial bondade, fortes impulsos de f6, de pureza, de piedade eucaristica, como testemunho perene da fecunda presenga de Cristo em sua Igreja. Com generosa ai.r
exaltar a seu servo, Deus atesta a Santidade eminente, pela qual'
mals ainda que por seu cargo supremo, Pio X foi durante sua vida o
ilustre campe6o da Igreja, e, por isso, 6 hoje o Santo dado pela Provid(incia A, nossa 6poca.
Por isso, desejamos que encareis precisamente deste ponto de
vista a gigantesca e doce figura, do Santo Pontifice, para que' quan52-
53
do as sombras da noite cairem s6bre esta jornada memor6vel
e se
hajam apagado as vozes do imenso Hosana, o rito solene
au .-rru
nonizag60 permanega como uma b6ng60 em vossasalmas e
"a_
ta_
bua de salvagdo para o mundo.
"o*o
o programa de seu pontificado o anunciou 6le mesmo,solenemen_
te, com sua primeira Enclclica, de 4 de outubro,de 1903,onde decla_
rava ser seu fnico prop6sito levar "Omnia in Christo (Eph. 1, 10), isto
ri, voltar a levar t6da a unidade em Cristo. Por6m, qual 6 o caminho
que nos franqueia o acesso a Jesus bristo? Perguntava-se Cfe,-oitrando com amor as almas transviaclas e vacilantes de seu tempo.
A resposta, v6lida ontem como hoje, e nos s6culosvindouros. 6 a
Igreja. Dai sua solicitude, mantida sem cessar, cada vez mais apta e
maie disposta ftara levar os homens para Jesus Cristo.
' Para 6ste fim, concedeu a audaz emprOsade renovar
o corpo de
leis eclesi6sticas,para conferir assim ao inteiro organismo da Igreja
um funcionamento mais regular e maior seguranga e agilidade de
movimento, segundo o requeria nosso mundo externo, langado para
um dinarnismo e uma complexidade cada dia maiores. E'muito certo
que esta emp-r0saanimada pelo mesmo "arduum sane munus", estava
em consondncia com seu sentido eminentemente pr6tico e com seu
car6ter vigoroso. Coni;udo, n6.o parece que a s6 considerag6o de seu
temperamento possa dar a explicagS.oriltima da dificil emprdsa. A
profunda fonte da f6 pessoal,naquela persuas6o intima que a realidade de Deus, por 6le sentida em uma incessante comunhS,ode vida,
6 ir, origem e a base de tdda ordem, de t6da justiga, de todo direito
no rnundo. Onde estdl Deus, ali reina aordem, a justiga e o direito.
Que instituig6o, portanto, devia maniTestar mais eminentemente
esta fecunda relac,d,oentre Deus e o direito, senSo a Igreja, corpo
mistico do proprio Cristo? Deus bendisse a obra do Santo Pontlfice,
de modo que o C6digo de Direito Can6nico continuar6 sendo semprc
o grande monumento de seu Pontificado, e a 6le se poderS.considerar
cofiro o santo providencial do tempo presente.
Oxal6r que 6ste espirito de justiqa e de direito, de que foi Pio X,
para o mundo contempoldneo, testemunha e mod6lo penetre nas salas de confer6nciasdos Estados... onde se discutem problemas gravissimos da familia humana, para afastar para sempre o temor de
espantosos cataclismos e assegurar aos povos uma era duradoura e
feliz de tranquilidade e de paz.
Pio X tamb6m se revelou campedo invicto da Igreja e Santo
Providencial de nossos tempos, no segundo empreendimento que caracterizou sua obra e que, por seus eplsridios ds vdzes dram6',ti:cs, €
inestimS,vel: a unidade interna da Igreia em seu fundamento intimo:
a t6. J€t desde a infdncia, a Providdncia Divina havia preparado seu
-53
54
A ORDEM
eleito em uma humilde familia, fundada sdbre a autoridade, os s6os
costumes e a pr6pria f6, escrupurosamente vivida. Sem drivida, qualquer outro Pontifice, em virtude da graga de estado, teria combatido
e rechagado aqudles assaltos contra o fundamento da Igreja. Contudo, ha que reconhecer que a lucidez e fiimeza, com que Pio X dirigiu
a luta vitoriosa contra os erros do modernismo, atestam em que grad
ardia em seu corag6o de santo a virtude da f6. Solicitou trnicamente
que a grei confiada a seus desvelosconservasseintacta a heranga de
Deus. O. grande Pontifice n5,o conheceu debilidade ante quaisquer
dignitdrios ou pessoas de autoridade, nem titubeios ante doutrinas
falsas, por mais que atraentes, dentro ou fora da lgreia. Nem temor
algum de procurar-se ofensas contra sua pessoa,ou injusto desconhecimento da pureza de suas inteng6es.
Teve clara conscidncia de que lutava pela mais santa das causas, a causa de Deus e das almas. Literalmente se verificaram n6le as
palavras do Senhor a 56o Pedro: "Roguei por ti, a fim de que tua f6
nd,o perega e tu confirmes a teus irmd,os" (Luc. 22, 32). A promessa
e o mandato de Cristo suscitaram uma vez mais na rocha indefectivel de um vigdrio Seu a t€mpera ind6mita do atleta. E' iusto que a
Igreja, ao decretar-lhe hoje a gl6ria suprema, no mesmo lugar onde
desde h6 s6culos resplandece sem ofuscar-se nunca a de 56,o Pedro,
unindo a ambos em uma mesma apoteose,entOea Pio X um canto de
reconhecimento e invoque ao mesmo tempo sua intercessio, para que
afaste dela outras batalhas semelhantes. A conservagSoda uni6,o intima entre a f.6 e a ci6ncia, que foi prdpriamente a quest6o ent6o debatida, 6 um bem t6o grande para a humanidade inteira, que tamb6m a importdncia desse segundo empreendimento do Santo Pontifice vai muito al6m do mundo cat6lico.
Doutrina qual a do modernismo, que separa, opondo-se-lhes a fd
e a cidncia em sua origem e em seu obieto, opera nestes dois campos vitais uma cisd,ot6o delet6ria, "que pouco mais 6 a morte". Viram-se prirticamente seus efeitos: no s6culo que corre, o homem, dlvidido no profundo de seu s6r, e contudo iludido ainda com o possuir
sua unidade por uma frdgil apar6ncia de harmonia e felicidade, baseadas em um progresso puramente terreno, viu quebrar-se esta unidade sob o p€so de uma realidade bem diversa.
.
Piu X, com olhar perscrutador, viu o aproximar-se desta catastrofe espiritual do mundo moderno, esta amarga decepgS,o,especialmente nos meios cultos. Teve a intuigSo de que uma f6 aparente, isto
6, uma f6 que n6o se funde na revelag6o divina, send,oque tenha raizes em um terreno puramente humano, para muitos se dissolveril
em ateismo. Entreviu igualmente o destino fatal de uma ci€ncia que,
contra a natureza, e com volunt6ria limitag6o, fechava o passo para a
5.t -
JULHO, 1954
verdade e o bem absolutos, deixando assim o homem sem Deus,
ante
a obscuridade invencivel em que restaria apenas uma posigdo de
angustia ou de arrogdncia.
o santo contrapOsa tanto mal a rinica possivel e verdadeira sarvageo: a verdade cat6lica, biblica, da f6, aceita como ,,rasonabile
obsequium" (Rom. 12, 1) para Deus e sua revelagd,o;coord.enandode
tal
maneira fd e ci6ncia, aquela como sobrenatural extensao e confirma96o desta, e esta como caminho que reva d,primeira, restituiu ao cristianismo a unidade e a paz do espirito, que sd,o prdmios imprescritiveis de vida.
dade d plena luz, isto 6, os crentes, quanto para com os que a buscam
sinceramente. Aos demais, sua firmeza contra o erro talvez que seja
como pedra de escdndalo; em realidade, n6o 6 outra coisa sen6o um
supremo servigo de caridade, feito por um santo, como chefe da rgreja, d, humanidade inteira.
A santidade' que se revera como fonte de inspiragdo e guia dos
empreendimentos de pio X j6 recordados, brirha ainda mais diretamente nos fatos quotidianos de sua mesma pessoa. Executou em si
vem a um representante do sumo e Eterno sacerdote, Jesus cristo,
o qual deixou d, Igreja, como perene recordagao, a perp6tua renova_
96o do sacrificio da cruz na santa Missa, at6 o dia em que venha
para o Juizo Final (1 cor. rr,24-26), e que com 6ste sacramento cla
Eucaristia se deu a si mesmo como alimento das almas: .,euem come
€ste p6o, viverd eternamente?', (Ip. 6, b9).
sacerdote antes de tudo, no minist6rio eucaristico, ei;saqur o retrato mais fiel do santo pio X. No servir como sacerdote ao Mistdrio
da Eucaristia e no cumprir o preceito do senhor ,,F.azeiisto em minha
memoria" (Luc 22, 19), compendia-se toda sua vida. Desde o dia de
sua ordenag6o sacerdotal at6 sua morte como pontifice, nio conheceu orrtro caminho possivel para chegar ao amor her6ico de Deus e
a generosa correspondencia com o Redentor do Mundo, o qual, por
rneio da Eucaristia, "derramou as riquezas de seu divino amor entre
os lromens" (Conc. Trid. Sess.XIII, Cap. 2).
-bb
A ORDEIVI
uma das manifestag6es mais expressivas de sua consciencia sacerdotal foi sua ardente solicitude por renovar a dignidade do culto
eespecialmente,porvencerospreconceitosdeumaprS,ticadesvlait
da. Promoveu resolutamente a frequencia, mesmo di6ria, dos fi6is
em
mlssa do Senhor, e conduziu a ela, sem vacilar, os meninos como
bragos para oferece-los ao abrago do Deus escondidonos altares. Eclodiu assim uma nova primavera de vida eucaristica para a Esposa de
JULHO, 1954
5?
a ser' graQasir tua intercesesgotaram tua vida apost6lica cheguem
gloria de Nosso Senhor Jesus Cristo'
sao, umu feliz realidade, para
quecomoPaiecomoEspiritoSantoviveereinapeloss6culosdos
s6culos. Assim seja.
PR'OVINCIA DE BELO
il CONF'ER,ENCIA DOS BISPOS DA
na parte refereniIORiZONTE - Transcrevemos as conclus6es'
da Provincia EclesiS'ste i familia, da II Conferencia dos Bispos
reunida em Guaxup€ de
tica de Belo Horizonte, Minas Gerais,
dos Ieitores para a
atengao
a
22 a24 de abril Oltimo' Chamamos
do salS'riopara
a
extensS'o
c-actma conclusao e, em especial,
familia aos trabalhadores em geral'
com Cristo em Deus".
mern descobree reconhece realmente seu passado,seu presente e seu
tul,uro, como unidade em cristo (cfr. conc. Trid, I. c.). consciente
desta solidariedade com cristo e com seus irmaos e fortalecido P1p
ela. cada um dos membros de ambas as sociedades,a terrena e a
sobrenatural, estar6 em conrJig6esde receber do altar a vida interi,ol
ponto de
de dignidade e virtude pessoal,vida que no presente estS a
ser esmagada pela tecnificag6o e pela organizageo excessiva de t6da
a existOncia,tanto do trabalho como tamb6m do descanso'
Sim 6 Santo Pio X, gl6ria do sacerdote, esplendor e ornamento
do povo crist6o. Tu, em quem a humanidade parecia irmanar-se com
a gtandeza, a austeridade com a mansuetude, a singela piedade com
a profunda doutrina. Tu, 6 Pontifice da Eucaristia e do catecismo'
OJ t6 inteera e da imp6vida inteireza, volta teus olhos para a Santa
Igreja, a quem tanto amaste e 2rqual consagrasteo melhor dos tesouros que, m6o pr6diga, depositara em tua alma a divina bondade'
obt6rn para ela a incolumidade e a constincia, em meio das dificulrlades e perseguig6esde nossos tempos. Mant6m esta pobre humanidade, de cujas dores tanto participaste e que acabaram por deter as
Faz com que ndste mundo agitado
palpitag6es de teu grande coraQd,o.
iriunte aquela paz que deve ser harmonia entre as naq6es, ac6rdo
fraterno e sincera colaboragao entre as classessociais, amor e caridade entre os homens, a fim de que, desta sorte, as aspirag6es que
"Defesa da Familia"'
1) Necessidade da criag6o da secqS'ode
e diOcesanosde
nacionais
dentro da organizaQdodos Departamentos
Moral'
defesa da F6 e da
a consci€ncia cat6lica'
D Seu encargo essencial ser6 alertar
aplaudir' quando o lar
ou
familia
a
p"'igo
contra
quando surgir um
cristEo fOr Protegido.
farniliares' notadamente a
3) Aplausos e b6nqdos b's associag6es
.,confederagS"o
das Familias
,,Associag6odos pais dL Familia,' I a
Crist6s".
a vigilAncia' ao formar
D FLecomendaq6o'cat6licaque redobre
-
66-
DT
A ORDEM
9) Elaborag6o de um plano de defesa paroquial, de defesa dr
familia, atrav6s do apostolado familiar, em cruzadas de oraq6o, hora,s santas, tergos em familia, etc.
10) Iniciativa de car6ter social: a) Amparo aos menores abandonados; b) Amparo d m6e solteira, virivas e espdsas abandonadas;
c) Campanha de advertdncia contra o empr6go de m6todos anticoncepcionistas; d) Fundaglo de cursos para noivas, cursos s6bre o
matrimdnio, constituigdo da familia e educagdo dos filhos; e) Necessidade do sal6rio-familia, destinado de modo especial aos trabalhadores do campo.
11) Esclarecimentos aos que desejam resolver os seus problemas lntimos, por pessoas de comprovada idoneidade. Homens para
orientar homens e senhoras para orientar senhoras.
72) Veemente apdlo aos col6gios cat6licos para que se d6 um
cuidado especial e prS,tico ao problema da formagio dos alunos para
a vida, por meio de palestras familiares aos alunos e pais de alunos e
pela associag6ode ex-alunos. Deve ser funilada a JEC em todos os
col6gios.
13) Os col6gios cat6licos cuidem de obter uma organizag6o econ6mica, para aceitar o maior nfmero de alunos pobres, evitando o
perigo de que 6stes sejam encaminhados a col6gios acat6licos.
14) Atrav6s da Ag5,o Cat6lica recomendar maior unidade de
ag6o, atuando cristS,mente nos ambientes familiares, na indristria,
t&
no com6rcio, no campo.
15) Recontrecimento de que a ignord,ncia religiosa constitui fator prepcind.ere"nte
na apostasia das massas, corrupgeo dos costumes
e infiltrag6o de seitas e heresias.
PASCOA DOS SIIRDOS-MUDOS - Este ano a comunhlo
pascoal dos alunos do Instituto de Surdos-Mudos, no Rio de Janeiro, realizou-se em missa celebrada pelo pe: Vicente penido
Burnier, da Diocese de Juiz de Fora, Minas Gerais, vindo especialmente para o ato. Tratando-se de um sacerdote surdo, que
s6 conseguiu ordenar-se mediante licenga especial da Santa 56,
a p6scoa deste ano do Instituto n5,o poderia oeixar de causar
certa sensag6,o.Eis como a imprensa di6ria do Rio (,,Tribuna dll,
fmprensa" de 4 de junho riltimo) noticiou pela pena de Newton
CarLos, a ocorr€ncia:
58-
JULHO, 1954
59
meA presenga do padre Vicente na p6scoa dos surdos-mudos'
atinSinormal
vida
i6
para
uma
ninos e meninas que se preparam
pregou tudo
da por 6le, constituiu fator de confianqa. No serm6o, 6le
para dizer
uquilo qo" teve: pacidncia e f6r9a de vontade' E ali estava
6 lenda nos corredores do Instituto.
Antes de entrar para o seminS,rio, o menino Vicente Burnier estudou durante dez anos, aprendendo a falar e a ler os l6bios. seu
mestre foi saul Borges carneiro, antigo professor do Instituto.
Aintenq6odomeninodeent6o,erajustamentepreparar-separa
seguir a sua vocagio religiosa. Animava-o o exemplo de um padre
franc6s. morto em 192?,tamb6m surdo-mudo, que obteve permissao
para ordenar-se depois de aprender a. falar, n6o s6 a sua lingua'
como o latim. Venceu, com muita luta e alguma espera'
Hoje,Pe.Burnier6professornopr6priosemin6rioondecomegou'
em Juiz de Fora. Ele e o franc6s, j6, morto, sa,oos dois fnicos casos
de surdos-mudos que se fizeram padres.
Vicente Burnier entrou pala o Semindrio Menor, de Juiz de Fora,
depois de aprender a falar e a ler os l5,bios'Em 41, foi para o Semineiio Maior, de Mariana, onde estudou filosofia e teologia durante
cinco anos. Estava pronto para a ordenageo, mas era preciso autorizag6o especial do PaPa.
Por tr€s anos, sem tirar a batina de seminarista, e apesar de
Juiz
conselhos em contr6rio, trabalhou na secretaria do bispado de
deFora,aguardandooportunidadeparafalarpessoalmentecomo
Papa. Para isto, e para advogar o seu caso com os cardeais, aprende:r
o italiano. o latim, lingua litrirgica, j6 sabia'
A oportunidade veio com o Ano Santo, em 1950, quando foi a
de
Roma como secretario de d. Justino Jos6 Santana, b.ispo de Juiz
animador
seu
Fora,
Permanente.
de
O padre Vicente Burnier, secular, ordenou-se em setembro
Santo
1951,na Catedral de Juiz de Fora, por autorizagl'o especial do
Oficio, referend.ada pelo Papa. Antes, houve uma hist6ria'
-59
:l
60
A ORDEM
sacramentos e do santo oficio, vicente Burnier disse em latim t0das
as palavras da consagrag6o.
A decisdo do Santo Oficio foi referendada pelo papa, transformando-se em autorizag6o especial.
Ontem, em altar elevado, no gin6sio de basquetebol,o padre Vl_
cente Burnier rezou missa para os alunos do rnstituto de
surdosMudos. confessou 96 d6res,sendo ?g meninos e rg meninas..Tamb6m
comungaram alunas do curso normal do Instituto, que se preparam
para a educag6o de surdos-mudos.
No sermd.o,falando por sinais, "porque muitos, devido d dist0ncia, n6o conseguiriam ler os seus r6bios", pediu fdrga de vontade
e
pacidncia, compreensd,opara com os professores e d.edicaqd,o
nos es_
tudos. Prometeu rezar por todos.
AjUdou-o, na missa, o professor Adriano pinto. Es,cavapresente
o padre Francisco, coadjutor da par6quia.
CENTRO D. VITAL _ prosseguindo em seu programa de confe_
rdncias reuniu o centro seus s6cios nos dias 1g e 2g de maio 4
e e rI
dl junho riltimo para ouvirem respectivamente o pe. M. M. philipon,
ilustre te6logo e mestre dominicano de espirituaridade que farou
s6bre
problemas modernos de sua especialidade; o Dr. paulo Dias
da costa
que discorreu s6bre aspectos politicos e sociais da medicina;
o pe.
Fernando Avila, da companhia de Jesus, s6bre os probremas conrenporaneos das migrag6es; e o sr. Jos6 Artur Rios, sobre
a reforma
agr6r'ia.
PLANOS DE AGITAQAO COMUNISTA _ Foi pr€sa em Campinas, no rnOs de maio tltimo, uma ativista do ,antigo p.
C. 8.,
em cujo poder apreendeu a poricia planos e diretivas de agitagiu
para os prrSximos meses e, em particular, para as
eleig6es de outubro. Eis como foram €les resumidos pela imprensa do Rio:
cumentagdo, chegou a Policia a, conclusdo de que o partido est6 tentando voltar a legalidade, atravds da conquista de cadeiras no parlamento e de movimentos de massa, ou por interm6dio da ADB (Arian-
r'J
',
61
JULITO, 1954
tato da "irltima reuni6o do Pretrabalhos que devem ser desen"
s e reclama, sobretudo, a96o mais
la ADB. O relato qont6m, ainda,
: os C. R. (Oomit6 R'egional), C' Z'
strital), C. EmP' (Comit€ de EmB. (OrganizagS,ode Base)' Quanietivo seria o de absorver as camo, inclusive, na indicag6o de canI levar as massas trabalhadoras
o C. C. (Comit6 Central) '
ierente d" a95.odo C' h' de CamPiI o "Plano de educaqS'oPara abril'
ugemda escola Para cursos de emistos seis cursos, com inicio a ? de
l0 alunos", procedentes de diversas
que inclui-cidades de Minas' conforme
cidaciesda C' R. de Campinas'
apreendido' o roteiro alude aos "profeso mapa da regiS,o,tt*Ue*
que fue
Nice ivlendes (6ste seria um homem
sores dlsponiveis"
"estudtl
a
estudo"'
de
giu quando a "Nice" toi ptttul aos "circulos
empresa
de
cursos
Tais
a "p'"putug^;o Oo Partido"'
individual"
s6o
" acrediia esielam funcionando em todo o Brasil
que a Policia
tdm inicio ds 5'30 horas' encerrigorosos e intensivos' Os irabalhos
ptq""ttos intervalos para refeig6es-e descanso
rando-se irs 22,30,
"o*
agentes no trabalho de conspirae t€m a finalidade A"-'Lpltt"iSoar
te*utteio de armas de fogo"' H6' v6rios
g5,o,agitaqao, propueutJu
casObre
"o
"
versa
9
ntimero
O tema
mas para as aulas Jo'
ti"""o''
tema ntimero 10 aparece com o
r5,ier <ia revoiuqao brasileira" e o
coment6'rios
imediato"' 6ste' ap6s
tulo "Nosso oU:"tiuo iu"damental
da
e econ6mica' aborda a questio
politica
nacional,
sOLrrea situagao
:
revolugdo, apreciando seus vdrrios
para desencade6-lo'Diz, textualm
putu * conquista do regime derr
mocr6rticod'e iibertagS'onacional'
meros sc uvrru!'vrv
rio. E' necess6rio,por6m, que todos-esses
revolugS'o"'
a
meio principal e decisivo:
proo programa de rr3st31- e
AI6m do material para os cursos'
a
referindo-se
mais de 30 documentos'
paganda, foram tptt"iJioot
aos
refer6ncia
faz
d6les
Um
do partido'
aspectos diversos o" ti""O"
de classe e
uot sindicatos e associag6es
ativiJtJs
l""io
ao,
trabalhos
d
do parbido.quanto ""*l1il3,:olitica' com
outros tratam o"" Ji.tJ",
dos documentos' apreendidos
quantioJie";-;;"t;;
Diante oa
policiais conclara' sh6'rs' 6 que as autoridades
a jovem que se dt;;;
-61
60-
A OR.DEM
sideram a sua priseo como uma
das mais importantes j6 efetuadas
pelo setor politico_social nOstes
riltimos anos.
CAMPOS DE CONCENTRASAO
NO PARAISO SOVIETICO _
O "Correio da Manhd,,', do Rio,
iniciou em maio riltimo a publi_
caglo de um estudo de Roger
N. Baldwin sObre os campos
cle
concentraQS'o e trabarhos forgados
no paraiso sovietico. Abrindo
a s6rie saiu um prefacio de Adolf
A. Berre Jr., antigo Embaixad.or
dos Estados Unidos da Am€rica
do Norte no Brasil, onde at6 hoje
s6o lembradas as suas profundhs
convica6es democr'ticas e sua
sincera amizade pelo nosso pais.
Eis o que disse Mr. Berle:
JULrrO, 1954
63
permlvind.os dos paises que ficam por trds da Cortina de Ferro'
forgados
tem-nos at6 mesmo situar, no mapa' os campos de trabalhos
muidentro dos paises sat6lites e ligar a exist6ncia d6ssescampos a
comunisgovernos
pelos
anunciados
importantei
tos melhoramentos
tas como sendo suas realizag6es, naqueles paises cativos' Torna-se
O presente esturi.o6_o primeiro
e, acredito, o fnico aut.ntico rela_
to do sistema de trabarho-u."ruuo
-gooirnoa pero gov.rno sovi6tico
dentro de seus territ6rios, u puro."rt"i"r".ioo
.o*unistas dos paises
agora cativos do regime sovi6tico.
MJrece a ateng60 oe tooos os que
se interessam pelo problema ao
co*urir*o
munalial.
os apologistas do comunismo inicialmente
justificavam os cam:oria de que os mesmos eram ape_
revolucion6rio. Mas o periodo
cri_
lue poderia desculpar aquela esp6_
, admite como sendo coisa descul_
:erag6o.O sistema comunista atual
comunista, um instrumento cornbinr
e de operagi,o econdmica. Tamb6m
pr€miosdapoliciasecreta.Eexistemtamb6mvantagensterroristas
o
L eanhar com o maltrato das pobres vitimas - nada a colh6r com
humano.
tratamento
ns dos meios empregados nos sis_
Kremlin, para manter a vida eco_
)em como para defender a posse
,
O mundo acreditava,
nossos tempos, que a escraviddo huma_em
na, como meio de produgdo,
jd. havia sido abandonada para
sempre
pelas na'6es civilizadas,
h6 mais ,r. u*
o fato horriver 6, no
entanto' que tar sistema foi ressuscitado'em
"e.uro.
nossos tempos, e de uma
forma nova e mais cruel ainda.
A prova existente ante os nossos
olhos p6e isto fora de qualquer
dtivida. os dados e informag6".
;;; ;lil",
a nosso conhecimento,
62-
fianga razodvel
Temosemnossasms,osasleisd6ssespaises'autorizandootraba"O Plano EsIho forgado, e temos documentos capturados, tais como
-63
A ORDEM
Agentes da "A Ordem" nos Estados
a Economia Nacional da URSS
ein
)rnar_se priblico, mas que caiu
em
rra e, mais tarde, veio ter is
m5os
sso ocasional a documentos e regu_
peito aos campos sovi6ticos
em cer_
rdamento.filme s0bre o qual pode_
MINAS
BELO
GERAIS
IIOBIZONTE - Juvenlualo Fcrillnln& crt6uco
n.o 1.0{? (oltos alo Clnenla S' Ltris)
Ruo DsDlllto s&nto'
JUIZDEFOBA_I)I.cosarxavleIBoBloE-IlunsomDa|o,464-aDL10t
PAIIADEMINAS_JoE6.leollvelroMo|o-RunA||elesEBloYos'll4
UBERABA_Ne||eEl|oBll|z|ara-RuaCoronclManue|Borges'86
Esses documentos podem ser postos
em companhia do testemu_
nho prestado por um nfmero
consiaer'vet de homens e mulheres
PARA
BELEM
-
OrlaDdo Costo -
Av'
l{szor6'
429
PERNAMBUCO
RECIFDe0LI*DA_A66oc|sqflodoBoalrnprensa_Bua.loRtochue|o'105
RIO
como um varioso resultado paralero
d€sse estudo, o sr. Bardwi'
esbogou a dificurdade que os riueraJnorte-americanos
encontraram
para dar cr.dito d' realidade
da ditadura russa. Atribui isso
ao fato
de que os liberais norte_americano
russos e esperavam,desesperadame
afirmag6es seriarn realizadas com
I
muitos norte-americanos, inicialmr
tefror puro e simples da policia na
_os norte-americanos achavam que
acontecido com a potitica
suilros inte.'acionais muitas
"o.rrurris
v6zesacredirr*
q.,, L""ioi"ir?#rr.rrr,
enquanto que os profissionais
carmamente e "imparciarmente julgarn
as coisas pelo que os governos fazem.
O sr. Baldwi",
.uu g'.lurr.u_
de de not6vel liberal rl6o_comunirtu,
"*
u.tuU"frce o problema
de maneira correta.
"Niio 6 0 preconceito poritico, por6m
o fato simples e inegS,vel,
o que nos faz condenar-um dos
aspecto.smais destacados da teoria
estatal comunista, o trabalho fo.gaOs;,.-'Isto 6 uma lig',o para liberais L pur"
conservadorestamb6m. Nao
nascem figos de espinheiros.
o bem-estar dos povos nao 6 construido
na imposigdo sistem6tica da
agonia e aa Aleraoagio da alma huma_
na' o progresso social n60 6
construioo soure a cruerdade organizad.a.
A paz neo resurta da guerra
de crassessempre acesa. E a ]iberdada
nao pode ser baseada na escravidao
humana.
',/
DO NORTE
GRANDE
NATAL
crindldo de Ollvelro Fllho -
-
av' ncoooro' 169
SAO PAULO
- Bua' 'lo Te8ouro 3s/35
sAo PAULo - Ltvrarto Trlengulo
CAI|PINAS - Ntlo ale Toledo - Calxa Poslnl' 585
SER GI PE
-
ARACAJIT
Antdnlo Fogun'les
Cosla -
Celxo Poslel'
!30
*d.*
LUGARES ONDE SE VENDEM
NUMEROS AVULSOS
FEDER.AL:
..ACltR' - Bua llt6xlco'98-B
LMABIA
- Eus ouYl'lor' 110
LTVBABTA JOStr olrriPro
DISTR,ITO
LUIIIEN
CERISTI
-
]llo8l€lro
S[o Benlo
PERNAMBUCO:
nECIFE
-
LlTrsrla
Edttoro Nftclollnl -
Rua rln Impcrotrlz'
43
SAO PAULO:
SAO PAULO - LlYratls Ttl0nguto- nue do Tcsouro'38/86
')
A sair em julho e ag6sto:
?HOMAS GILBY, O.P., Casamcttio e Moral
TULTON SHEEN, Filosofia da Religi6o
:'e. LEONEL FIiANiA, S.J., A Formaqdo <ia Personaliclade
(6ste riltimo volume das "Obras Complctas" teve que ser
acrescentado, devido d, grande Iartura dc niaterial existent'i
no acdrvo literdrio do Pe. Franca).
,{LCEU AMOROSO LIMA, A Realidade Amelicana
.{TLCEUAMOROSO LIMA, Est6tica Literdria:
(nova ediceo em um volume).
O
Critico
Literilio
VAN DER, MAER, WALCHEREN, Deus e os Hcmens
ABBE COURTOIS, A Vida de Cristo (trad. por Marina Telles de
Menezes).
Livros AGIR sempre atuais:
CrS
SHEEN, O Problema da Liberdade (4.8 ed.)
I,IIDOVIC GIRAUD, A Procura do Senhor
GER,TR,TTDEV. LE FORT, A MUIhCT ETCTNA
^fiIitTOINE DE SAINT-EXI'PERY, O Pequeno Frincipe (ilustr.) .. ..
CARNEIRO, Catolicismo, Revolugao e Rea96o
NIARINHO, Vamos Representar? (para colegios e educadores) ...'"
"
KOTTIEN, Problemas sociais da atualidade
tAN DOREN, O que i a literatura americana
ALCEU AMOROSO LIMA, MeditagSo s6bre o mundo interior .. '.. '
'
IniciagSo ao Cinema
CIIARTIER-DESPLANQIIES,
Pcdldor i llvnrta
40 0c
25'00
35'OO
60'00
30'0C
35'00
25,0J
25,0x
30'00
35'00
de rua prefcr6ncia ou I
6,.",,rNIR frroo
lur Brru[o GoBrcs' lti
CElxr PoBtsl, C0l0
Tel.: !4-t300
860 Prrto. 8. P.
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o 5t.ltEt
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