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ADIR DE SÁ NETO MICROORGANISMOS INDESEJÁVEIS EM SILAGEM DE CANA-DE-AÇÚCAR CURITIBA 2009 1 ADIR DE SÁ NETO MICROORGANISMOS INDESEJÁVEIS EM SILAGEM DE CANA-DE-AÇÚCAR Monografia apresentada para conclusão do Curso de Zootecnia da Universidade Federal do Paraná. Orientador: Prof. Dr. Luiz Gustavo Nussio Supervisor: Prof. Dr. Paulo Rossi Júnior CURITIBA 2009 2 AGRADECIMENTOS À Deus, que me deu forças para que nunca desistisse. Aos meus pais, Orlando e Nadia, pelo exemplo que são pra mim, por todas dificuldades por eles passadas tornando possível minha formação, minha eterna gratidão. As minhas irmãs, Priscila e Patricia, pelo constante e incansável apoio. À Universidade Federal do Paraná pela estrutura concedida nesses anos de aprendizado. Aos meus parceiros, os “Ratos 04”, Samuel, Daniel, Diego, Juliano, André, Galo e meus amigos Ivaneo, Tigrinho, e à minha amiga, Dayana. Ao professor João Ricardo Dittrich, que foi essencial na minha formação, sendo não apenas um professor, mas sim um mestre, amigo e companheiro. Ao professor Paulo Rossi Júnior, pela amizade e confiança, por todos ensinamentos e oportunidades concedidas. Ao Prof. Dr. Luiz Gustavo Nussio pelo exemplo profissional e pela oportunidade de estágio. À todos integrantes QCF. Aos meus amigos e moradores da República Lar dos Velhinhos os companheiros Rafael (K-neco), Rafael (Potter) e Saimon, que não só dividimos nossa casa mas compartilhamos angustias, emoções e conquistas. À todos aqueles que de alguma forma desejaram que este momento se concretizasse. MUITO OBRIGADO 3 b átuxÜ tÑÜxÇwxÅÉá vÉÅ Éá ÅxáàÜxá x Ä|äÜÉáA T átuxwÉÜ|t? áx tÑÜxÇwx vÉÅ t ä|wt x vÉÅ Éá {âÅ|ÄwxáA VÉÜt VÉÜtÄ|Çt 4 SUMÁRIO RESUMO ................................................................................................................... v 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 6 2. OBJETIVOS .......................................................................................................... 8 2.1 Objetivo Geral ................................................................................................... 8 2.2 Objetivo Especifico ............................................................................................ 8 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 9 3.1 Cana-de-açúcar ................................................................................................ 9 3.2 Silagem de cana-de-açúcar .............................................................................. 9 3.3 Microorganismos indesejáveis ........................................................................ 11 3.3.1 Gênero Clostridium ................................................................................... 11 3.3.1.1 Medidas Preventivas ......................................................................... 13 3.3.2 Enterobactérias ........................................................................................ 13 3.3.3 Listeria ...................................................................................................... 14 3.4 Aditivos Químicos ........................................................................................... 14 3.5 Aditivos Microbianos ....................................................................................... 17 3.6 Desempenho Animal ....................................................................................... 18 4. METODOLOGIA ................................................................................................. 19 4.1 Local de Estágio ............................................................................................. 19 4.2 Atividades Desenvolvidas ............................................................................... 19 4.2.1 Método para Determinação do Tamanho Médio de Partículas ................ 19 4.2.2 Visita técnica à Fazenda Agrindus ........................................................... 20 4.2.3 Visita à Agroleite ...................................................................................... 21 4.2.4 Simpósio Sobre Manejo da Pastagem ..................................................... 21 4.2.5 17º Siicusp ............................................................................................... 21 4.2.6 Disciplina: Qualidade e Conservação de Alimentos Volumosos para Ruminantes ...................................................................................................... 22 4.2.7 Simpósio Internacional sobre Qualidade e Conservação de Forragens .. 23 4.2.7.1 Organização de visitas técnicas ........................................................... 23 4.2.8 Determinação da matéria seca em Tolueno ............................................ 25 4.2.9 Experimento Científico ............................................................................. 27 5. DISCUSSÃO ....................................................................................................... 30 6. CONCLUSÕES ................................................................................................... 31 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 32 ANEXOS................................................................................................................... 39 5 RESUMO A silagem de cana-de-açúcar vem sendo uma alternativa crescente nas fazendas brasileiras como fonte de fibra e energia. A cana apresenta ótima produtividade, período de colheita coincidindo com o período seco e baixo custo de matéria seca produzida. O presente estudo tem por objetivo apresentar informações sobre a qualidade higiênica de silagem de cana-de-açúcar, como também medidas preventivas. Apesar de apresentar características favoráveis ao processo fermentativo como adequado teor de matéria seca, disponibilidade de carboidratos solúveis e poder tampão desejável, na cana-de-açúcar habitam leveduras epifíticas, que mesmo em condições de anaerobiose e baixo pH, consomem os carboidratos solúveis, metabolizando-os por meio da fermentação alcoólica, gerando perdas de matéria seca e produção de etanol. Devido a isso, a utilização de aditivos durante a ensilagem é indispensável. A inevitável contaminação da forragem com o solo provoca o aparecimento de clostrídios na silagem, esses são capazes de fermentar açúcares, ácidos orgânicos e proteínas, produzindo ácido butírico e aminas. Listeria é causadora de listeriose, uma doença que afeta animais e o homem causando gastrenterites, meningites, encefalites, septicemia, mastites e abortos O crescimento de enterobactérias durante a ensilagem é indesejável, pois, competem com as bactérias ácido lácticas pelos açúcares disponíveis, podendo também degradar proteína. Esta degradação de proteína não só causa redução no valor nutricional, mas também conduz à produção de aminas e ácidos graxos ramificados, apresentando efeito negativo na palatabilidade da silagem. 6 1 INTRODUÇÃO A produção animal de bovinos à pasto consistui-se em um sistema de exploração de custo reduzido. Todavia, a estacionalidade de produção de pastagens também é marcante e, em muitos casos, revela-se como o ponto crítico da produção e exploração animal constante ao longo do ano. Com isso, há a necessidade do uso de estratégias de suplementação de fontes de forragem no período de escassez. Dentre as fontes de forragens suplementares disponíveis destaca-se a cana-de-açúcar como uma dessas possibilidades. Esta espécie forrageira tem grande importância no setor pecuário das nações tropicais, tendo o Brasil como berço de difusão de tecnologia. A ampla difusão desta cultura para regiões onde a pecuária predominava, aliado às características de interesse para produção animal como, elevada produtividade, baixo custo por tonelada de matéria seca produzida, elevada produção de nutrientes digestíveis totais e maturidade fisiológica durante a escassez de forragem, transformou o conceito desta forrageira com deficiências em proteínas e minerais, restrita apenas para animais de baixo potencial produtivo, para a denominação de forrageira fornecedora de fibra e energia para ruminantes. Tradicionalmente, a cana-de-açúcar é utilizada in natura, sendo colhida fresca e picada diariamente para alimentação animal, despendendo tempo e mãode-obra, bem como, tornando-se prática inviável para grandes rebanhos. Assim, como forma de concentrar a mão-de-obra em curto espaço de tempo, juntamente com a oportunidade da colheita da forrageira ser durante o período seco do ano e em seu melhor estádio vegetativo, a opção pela ensilagem da cana-de-açúcar ganhou destaque no cenário nacional. Apesar de apresentar características favoráveis ao processo fermentativo como adequado teor de matéria seca, disponibilidade de carboidratos solúveis e baixo poder tampão, na cana-de-açúcar ensilada habitam leveduras epifíticas, que mesmo em condições de anaerobiose e baixo pH, consomem os carboidratos solúveis presentes, metabolizando-os por meio da fermentação 7 alcoólica, gerando perdas de matéria seca e produção de etanol. Dessa forma, o grande desafio da comunidade científica foi e continua sendo, identificar aditivos capazes de controlar a população microbiana indesejável em silagens de cana-deaçúcar. O uso de aditivos químicos durante a ensilagem da cana-de-açúcar é um dos seguimentos mais estudados nos últimos anos, tendo destaque a utilização da uréia, do benzoato de sódio e do hidróxido de sódio. Recentemente, inseriu-se dentro dessa classe a utilização do óxido de cálcio e do carbonato de cálcio, os quais vêm mostrando resultados satisfatórios e promissores, além de maior segurança na manipulação humana. 8 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral O presente trabalho teve por objetivo apresentar informações sobre a silagem de cana-de-açúcar. 2.2 Objetivo Especifico Apresentar informações sobre microorganismos indesejáveis e diferentes aditivos em silagem de cana de açúcar. 9 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 Cana-de-açúcar A capacidade da cana-de-açúcar em manter seu valor nutritivo durante longo período de tempo, sendo coincidente com o período de escassez de forragem, permite que em pequenas e médias propriedades, a forragem seja colhida diariamente. Esse manejo de cortes é tradicional e de amplo conhecimento dos pecuaristas, exigindo disciplina diária para garantir forragem de qualidade adequada aos animais. Porém, em um manejo industrial de canaviais, há exigências de cortes simultâneos de talhões para aumentar a eficiência dos tratos culturais. Além disso, pode-se destacar dificuldades na realização de cortes diários quando ocorrem chuvas, além da perda de valor nutritivo durante o verão, quando os teores de açúcares são menores. Ainda, canaviais que tenham sido submetidos à queima ou sofrido geadas fortes também precisam ser utilizados rapidamente de forma a evitar o comprometimento de seu uso posterior como consequência de alteração de seu valor nutricional (Pedroso, 2003). Desta forma, a ensilagem da cana-de-açúcar apresenta-se como proposta para minimizar tais problemas, permitindo a colheita de grandes áreas em curto espaço de tempo e na época em que a cultura forrageira apresenta valor nutritivo máximo. Isso coincide com o período mais propício aos trabalhos no campo, ou seja, a época seca. 3.2 Silagem de cana-de-açúcar A ensilagem da cana-de-açúcar vem surgindo como solução operacional, sem a devida preocupação com as perdas de valor nutritivo e o custo energético que representa essa decisão (Nussio et al., 2003). Estudos incipientes sobre a ensilagem da cana-de-açúcar realizados na década de 70 em países da América Central, constataram de forma geral que as perdas de qualidade da silagem em 10 relação à cana-de-açúcar fresca são altas (Preston et al., 1976; Silvestre et al., 1976; Alvarez et al., 1977). Na silagem de cana-de-açúcar apenas a produção de ácido lático não representa eficiência de conservação, pois as leveduras são capazes de assimilar este ácido e produzir etanol (Walker, 1998; Bernardes, 2003). O ácido acético que na maioria das vezes é um produto indesejável nas silagens, constitui-se em um controlador da ação de leveduras (Moon, 1983). Esse efeito pode ser observado nas fases fermentativas e no pós-abertura (Ranjit & Kung Jr. 2000). Para a maioria das espécies de leveduras encontradas nas silagens, o pH adequado para o desenvolvimento encontra-se entre 3,5 e 6,5. Para que haja inibição do desenvolvimento destes microorganismos pelos ácidos fracos das silagens, em condições anaeróbias, há necessidade de que haja exaustão das reservas de carboidratos da forragem. O mecanismo de neutralização dos ácidos pelas células exige o transporte ativo de prótons para fora da membrana citoplasmática, com gasto de energia (ATP), que na ausência de oxigênio deve ser suprida pela fermentação de açúcares (McDonald et al., 1991). Desta forma, em silagens de cana-de-açúcar ocorre intensa produção de etanol porque a população de leveduras é considerável (da ordem de 106 UFC/g de forragem fresca) (Alli et al., 1983). Segundo Rooke & Hatfield (2003) a rota metabólica predominante das leveduras é a piruvato descarboxilase acetaldeído e subseqüente redução do acetaldeído a etanol. Segundo McDonald et al. (1991) essa rota fermentativa infere em perdas de 48,9% de matéria seca e 0,2% de energia. No entanto, há de se considerar que nem todo etanol produzido vai estar presente na silagem no momento da alimentação dos animais. Pedroso (2003) mostra a evolução temporal do etanol durante a ensilagem da cana-de-açúcar, observa-se que a partir do 45º dia de ensilagem até o 180º houve redução dos teores de etanol, devido à taxa de volatilização desse ser maior que a síntese nesse período. Dois pontos são 11 fundamentais nessa observação: primeiro: o teor de etanol avaliado é momentâneo, não sendo indicativo da verdadeira produção desse composto durante a fermentação; segundo: as perdas energéticas durante a ensilagem da cana-deaçúcar podem ser maiores que 0,2%, pois essa não leva em consideração a volatilização do mesmo. Vale ressaltar ainda, que segundo Schmidt et al. (2004) o etanol residual provoca rejeição de consumo pelo animal, principalmente na fase inicial, logo após o fornecimento da silagem, pois com o decorrer do tempo de exposição ao ar das silagens no cocho o etanol é volatilizado. Entretanto, Nussio & Schmidt (2004) revisando artigos sobre o efeito do etanol no metabolismo animal, consideraram que o mesmo tem valor energético para o ruminante, visto que ele pode ser absorvido pela parede ruminal ou ser convertido no rúmen a ácidos graxos voláteis, principalmente ao ácido acético. No entanto, Lehninger (1982),afirma que o etanol absorvido no rúmen interfere negativamente na gliconeogênese, devido à competição metabólica no fígado do ruminante. Não obstante as perdas de açúcares solúveis e produção de etanol, outros efeitos negativos são observados na ensilagem da cana-de-açúcar sem aditivos. Evangelista et al. (2003) observaram aumento de 20 unidades percentuais no teor de FDN da silagem de cana-de-açúcar com 50 dias de fermentação e incremento na concentração de FDA de 28,4 para 49,1 % com 88 dias de fermentação. O mesmo efeito de concentração das frações fibrosas foi observado no estudo de Bernardes et al. (2002) que estudaram o efeito da queima associada à inclusão de MDPS a ensilagem da cana-de-açúcar. Constatou-se aumento da população de leveduras e do teor de etanol com a queima da cana-de-açúcar. De maneira geral os estudos em relação à ensilagem da cana-de-açúcar concluem que a silagem confeccionada sem aditivo controlador da população de leveduras apresenta grandes perdas de matéria seca e carboidratos solúveis devido à extensa produção de etanol. 12 3.3 Microorganismos indesejáveis 3.3.1 Gênero Clostridium São bactérias definidas como bastonetes anaeróbia, gram-positiva, formadoras de esporos, são capazes de fermentar açúcares, ácidos orgânicos e proteínas, produzindo ácido butírico e aminas (Ross et al., 1990). Sua ocorrência em silagens é conseqüência da inevitável contaminação da forragem com o solo. Segundo Muck (1988), o pH na qual a atividade dos clostrídios cessa está na dependência da atividade da água. Isto está ligado ao fato de que os clostrídios são sensíveis ao aumento da pressão osmótica (Jobim e Gonçalves, 2003). Em silagens são encontrados principalmente 10 espécies de Clostridium, que são divididos em dois grupos: os sacarolíticos que fermentam açúcares (por exemplo, Clostridium butyricum e Clostridium tyrobutyricum), e aqueles que fermentam proteínas e açúcares (por exemplo de Clostridium sporogenes e Clostridium perfringens). Também existem clostrídios proteolíticos, que fermentam exclusivamente proteínas, mas são raramente encontrados em silagens (Pahlow et al., 2003). . Tabela 1. Principais espécies de clostrídios isoladas em silagens Espécies Silagem Clostridium tyrobutyricum 51 Clostridium sporogenes 13 Clostridium butyricum 12 Clostridium bifermentans 14 Clostridium acetobutyricum 9 Clostridium Perfringens 0 Clostridium paraputrificum 5 FONTE: Adaptado de Pauly, (2009) 13 Na fermentação clostrídica, além da produção de ácido butírico que é fraco para a conservação da silagem, há grandes perdas de energia durante o processo fermentativo (mais de 20%) em relação à fermentação lática (McDonald et al., 1981), e ainda ocorre a produção de aminas biogênicas como cadaverina, putrecina, glucosamina, histamina e tiramina, e a combinação dessas aminas podem causar uma diminuição do consumo voluntário de matéria seca dos animais. Segundo Lindgren & Dobrogosz (1990) citado por Bravo Martins (2004), esporos de Clostridium spp podem ser veiculados pela silagem, contaminando o leite durante a ordenha provocando desvios nas fermentações dos queijos. Isto se deve ao fato de que os esporos de clostrídios podem sobreviver à passagem pelo trato alimentar da vaca leiteira. A espécie Clostridium tyrobutyricum é a espécie mais relevante para a indústria de laticínios, pois pode degradar o ácido láctico à ácido butírico, H2O e CO2. Esta fermentação ácido butírica é responsável por produção de gás significativa, causando o defeito denominado "estufamento tardio" em queijos duros e semiduros como emmental, gouda e parmesão além de um odor rançoso e sabor característico (Klijn et al., 1995). Devido a isso vários laticínios europeus penalizam o preço pago aos produtores pela presença de esporos de clostrídios no leite. Há regiões na Itália onde se veta a utilização de silagem para a alimentação de rebanhos de vacas leiteiras (Borreani, relato pessoal). 3.3.1.1 Medidas preventivas Com esses danos e consequentes prejuízos causados pela fermentação clostrídica em silagens, é de grande importância a tomada de ações preventivas. Segundo Pauly (2009), como principais medidas profiláticas temos: -Evitar contaminação da forragem com terra, fezes, animais ou silagem deteriorada. -Para forragens com alta umidade, utilizar a técnica do préemurchecimento, pois com isso aumentará o teor de MS diminuindo a atividade de água e inibindo o crescimento de clostrídios. 14 -Utilização de aditivos que inibam o crescimento, como benzoato ou nitratos. -Impedir o crescimento de leveduras e fungos, embora esses microorganismos se desenvolvam apenas em ambiente aeróbio com o seu crescimento e utilização do oxigênio para metabolizar o ácido lático criam-se nichos de ambiente anaeróbio e com alto pH, favorecendo o crescimento de clostrídios. 3.3.2 Enterobactérias As enterobactérias são bactérias gram-negativas anaeróbias facultativas pertencentes à família Enterobacteriaceae. São encontradas no trato digestório dos animais e também em adubos orgânicos, terra e forragens. O crescimento de enterobactérias durante a ensilagem é indesejável, pois, competem com as bactérias ácido lácticas pelos açúcares disponíveis, podendo também degradar proteína. Esta degradação de proteína não só causa redução no valor nutricional, mas também conduz à produção de aminas e ácidos graxos ramificados, apresentando efeito negativo na palatabilidade da silagem. As principais espécies predominantes em gramíneas frescas são Erwinia herbicola e Rahnella aquitelis. Após a ensilagem, há a predominância de Hafnia alvei e no início da fermentação, onde há a redução do pH, há a predominância de Escherichia coli e Serratia fonticola (Ostling e Lindgren, 1995). Bactérias gram-negativas possuem uma endotoxina (Lípidio UM) em sua membrana externa. Quando digeridas essa endotoxina é liberada no rúmen do animal e absorvidas pelas membranas da mucosa. Segundo Haubro Andersen (2003), citado por Pauly (2009) a concentração de endotoxina aumenta quando é adicionado concentrado na ração dos ruminantes, devido a isso deve ser feita uma adaptação gradativa. Animais saudáveis apresentam baixa susceptibilidade a essa endotoxina. A toxicidade do endotoxina poderia ser determinada então principalmente pelo estado de saúde do animal em lugar das propriedades da endotoxina. 15 3.3.3 Listeria As bactérias gram-positivas aeróbias ou anaeróbias facultativas, são conhecidas seis espécies de Listeria, mas apenas L. monocytogenes é causadora de listeriose. Listeriose é uma doença que afeta animais e o homem causando gastrenterites, meningites, encefalites, septicemia, mastites e abortos (McDonald et al., 1991). L. monocytogenes é anaeróbia facultativa, tolerante a baixa atividade de água, baixas temperaturas e pH superiores a 4,5. Com a baixa compactação da silagem ou danificação do filme plástico há entrada de oxigênio, e com isso o crescimento de organismos anaeróbios facultativos que degradam o ácido lático consumindo oxigênio e aumentando o pH, criando assim um ambiente propicio para o crescimento de listeria ou clostrídios. Devido a isso boas técnicas de ensilagem são importantes para a inibição do seu crescimento. 3.4 Aditivos químicos Conforme mencionado por Santos (2007), os aditivos químicos podem ser classificados de acordo com o modo de ação ou sua função em subgrupos como: agentes alcalinizantes ou hidrolíticos, aditivos nutrientes e aditivos conservantes, estes podem ser ácidos ou sais. Uma vez usados, esses aditivos podem interferir na dinâmica fermentativa, afetando diretamente o pH final da silagem, alterando a pressão osmótica, assim, por consequência, inibindo o desenvolvimento de determinados grupos de microrganismos, ou ainda, uma terceira atuação, modificando a composição bromatológica do alimento. Além disso, segundo o autor, alguns aditivos podem atuar em vários eventos simultaneamente, alterando ainda mais o padrão fermentativo, sendo que alguns aditivos possuem em sua composição química, elementos capazes de alterar a ingestão de MS dos animais e/ou adicionar nutrientes às silagens. Conforme descrito por Santos (2007), dentro do subgrupo dos aditivos químicos alcalinizantes ou hidrolíticos destacam-se os hidróxidos, os óxidos básicos e os carbonatos, sendo os mais utilizados: hidróxido de sódio ou soda cáustica (NaOH), hidróxido de potássio (KOH), hidróxido de amônio (NH4OH), 16 hidróxido de cálcio ou cal hidratada [Ca (OH)2], carbonato de cálcio ou calcário (CaCO3) e óxido de cálcio ou cal virgem (CaO). Dentre os agentes alcalinizantes utilizados na ensilagem da cana-deaçúcar, vários experimentos foram conduzidos utilizando-se o hidróxido de sódio, comumente conhecido como soda cáustica. A soda cáustica é um agente alcalino forte, com comprovada ação sobre a fibra de volumosos (Berger et al., 1994), inclusive cana-de-açúcar (Ezequiel et al., 2003). Contudo, os riscos de toxicidade e o elevado custo dificultam o uso desse produto. O uso da cal virgem surgiu na tentativa de substituir, em alguns casos, o hidróxido de sódio. Os estudos com esse aditivo sugerem silagens apresentando perdas reduzidas de MS, com parte do valor nutritivo da cana-de-açúcar in natura preservada (Santos, 2007). Diante disso, vários estudos vêm avaliando diferentes doses de óxido de cálcio como aditivo para silagem de cana-de-açúcar. Avaliando doses de cal virgem, Domingues et al. (2007) verificaram quedas progressivas nos teores de FDN na medida em que a dose passou de nula até chegar ao máximo de 2% da MV. Com relação ao teor de FDA, a diminuição dessa fração deu-se em doses superiores a 1% da MV. Balieiro Neto et al. (2007) testaram a cal virgem na ensilagem da canade-açúcar em quatro doses (0% ou controle; 0,5; 1,0 e 2,0% da MV) e verificaram que a dose de 1,0% foi capaz de aumentar a digestibilidade, reduzir os constituintes da parede celular, manter teores de FDN e hemicelulose após abertura do silo, promover maior estabilidade da composição química e melhor qualidade da silagem após a abertura, tanto aos três, como aos seis e aos nove dias de ensaio de estabilidade aeróbia. O teor de FDN foi de 63,34% MS na silagem controle, passou para 58,53% na silagem de cana-de-açúcar aditivada com 1,0% da cal virgem e chegou a valores de 49,47% MS na silagem de cana-de-açúcar que apresentou adição de 2,0% de óxido de cálcio. No teor de FDA a diferença da silagem controle foi determinada somente na dose mais elevada. Mari (2008) trabalhando com óxido de cálcio e calcário calcítico na ensilagem de cana-de-açúcar encontrou maiores valores de pH (maior que 3,91) 17 nos tratamento contendo CaO em solução aquosa ou seca quando comparados aos tratamentos controle e contendo L. Buchneri, sendo os maiores valores encontrados nos tratamentos aditivados com CaO na forma seca ou na associação com L. Buchneri . Segundo esse autor a silagem aditivada de cal virgem, seja ela exclusiva ou associada ao L. buchneri, sendo o aditivo químico aplicado à seco ou em solução aquosa, apresentou maior teor de ácido butírico, variando entre 3,29 e 5,05% MS em relação ao tratamento controle que encontrou valore de 0,70%MS. Esse é um indicativo da presença de clostrídios. Segundo Miranda (2006), o uso de aditivos capazes de aumentar o pH, ao longo de períodos prolongados de ensilagem, pode induzir a ocorrência de fermentação clostrídica da cana. Em experimento comparando a adição de CaO com uréia e controle químico, Miranda (2006) encontrou valores de pH das silagens com óxido de cálcio foi mais alto em todos os dias de abertura dos silos, acentuando-se aos 77 dias de ensilagem. Não houve qualquer efeito da associação entre aditivos químicos e microbiológicos sobre os valores de pH ao longo do tempo. O aumento acentuado do pH no 77º dia se explica pela alta incidência de silagens “anormais” neste dia de abertura dos silos (55,6%). Nas silagens anormais, toda a massa ensilada tinha uma coloração que variou entre as tonalidades marron-escura e preta. A ocorrência de silagens anormais apenas no tempo mais longo de ensilagem, o odor não típico de silagem de cana e o pH acima de 4,8, sugerem a ocorrência de fermentação clostrídica (McDonald et al., 1991). O pH das 17 silagens anormais nos tratamentos de cal foi 6,63 ± 1,17 (média ± desvio padrão), variando de 4,81 a 8,54. No mesmo sentido Amaral, (2007) em experimento testando diferentes aditivos químicos encontrou valores de pH superior no tratamento contendo 1% de óxido de cálcio (4,0) quando comparado aos tratamentos contendo 1% de calcário (3,6) e controle (3,4) esses maiores valores de pH encontrados nos tratamentos com aditivos alcalinizantes pode ser explicado pelo poder tamponante exercido por esses, uma vez que esses aditivos geram cargas aniônicas capazes de neutralizar os íons hidrogênio oriundos dos ácidos orgânicos produzidos durante a fermentação. No mesmo experimento foram encontrados altos níveis de ácido 18 butírico (3,1% MS) quando utilizou cal virgem comparado com o tratamento controle (0,2 % MS) e com a adição de calcário (0,4% MS). Esses maiores valores de pH e ácido butírico nas silagens tratadas com cal virgem a 1% podem ser explicados pelo maior poder tamponante, o qual permitiu desenvolvimento de clostrídios. 3.5 Aditivos microbianos Os inoculantes comerciais contêm, normalmente, linhagens de bactérias homofermentativas produtoras de ácido lático exclusivo como: Lactobacillus plantarum, Pediococcus acidilactici, Streptococus faecium, Enterococcus faecium e Lactococcus lactis. Diversas pesquisas têm mostrado elevação no teor de ácido lático nas silagens de cana-de-açúcar quando nestas à adição de bactérias homoláticas, o que provavelmente possa ser responsável pelo aumento da produção de etanol das silagens, uma vez que grande número de gêneros de leveduras utilizam o ácido lático como substrato fermentativo, principalmente em condições aeróbias (McDonald et al. 1991). A adição de bactérias homofermentativas em silagem de cana-de-açúcar gera maiores perdas de energia e maior produção de etanol. Pedroso et al. (2002) encontraram produções três vezes superiores (3,06 vs. 9,81% MS) de etanol quando a cana-de-açúcar foi inoculada com bactéria produtora de ácido lático (BAL), à base de L. plantarum quando comparada à silagem controle. Além disso, a recuperação de MS foi a menor (77,0%) entre os tratamentos testados Segundo McDonald et al. (1991), o uso de bactérias produtoras de ácido lático durante o processo de ensilagem, pode acelerar a queda do pH, reduzir o pH final, aumentar os teores de ácido lático, diminuir a produção de efluente e a perda de MS no silo, com conseqüente melhora no desempenho de animais alimentados com essa silagem. Essa acentuada e rápida acidificação causada pela atividade de bactérias ácido láticas é de grande interesse quando utilizamos aditivos alcalinizantes, visto que esses causam um tamponamento gerando maior tempo para a acidificação da massa de forragem para a inibição do crescimento de clostrídios, pois estes são susceptíveis a pH baixo. Outra forma de controle destes 19 microorganismos é o aumento do teor de MS do material, visto que são sensíveis à baixa umidade. 3.6 Desempenho animal Existem poucos resultados na literatura referentes à avaliação de consumo e desempenho de animais alimentados com silagem de cana-de-açúcar. Pedroso et al. (2006) avaliaram o desempenho de novilhas holandesas alimentadas com rações contendo silagens de cana-de-açúcar confeccionadas sem aditivos (controle) ou com aditivos químicos (uréia 0,5% na MV ou benzoato de sódio 0,1% MV) ou microbiano (L. buchneri 3,6x105 UFC/g MV). Esses autores verificaram taxas de ganho de peso médio diário 32 e 21% superiores à dieta controle, para as silagens de cana tratadas com L. buchneri e benzoato de sódio, respectivamente. A conversão alimentar para esses tratamentos seguiu tendência semelhante. Em recente trabalho, Schmidt et al. (2006) avaliaram o desempenho de novilhas da raça Bonsmara alimentadas com rações contendo silagens de cana-deaçúcar de duas variedades (IAC86-2480 e SP81-3250), aditivadas com óxido de cálcio. Os autores não verificaram efeito sobre o consumo e as taxas de ganho de peso dos animais, com valores médios de 8,4 kg MS/dia e 1,35 kg/dia. No mesmo sentido Amaral (2007) não observou efeito da silagem aditivada com CaO sobre o consumo de MS, em cabras lactantes ou ovelhas. Da mesma forma, Mari (2008) não observou efeito da adição de cal na ensilagem sobre o consumo de MS por bovinos de corte. Ainda, a ração contendo 1% de CaO proporcionou menor ganho de peso (0,97kg/dia) que a ração contendo a silagem controle (1,16 kg/dia). 20 4 METODOLOGIA 4.1 Local do estágio O estágio obrigatório supervisionado foi realizado na Universidade de São Paulo, campus Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” no Departamento de Zootecnia. O estágio foi desenvolvido no período de 21 de julho a 13 de novembro de 2009, no Grupo de Qualidade e Conservação de Forragem (QCF) sob orientação do Professor Dr. Luiz Gustavo Nussio e tendo como supervisor o Professor Dr. Paulo Rossi Júnior. O Departamento de Zootecnia da ESALQ é formado por 18 docentes os quais são responsáveis por lecionar de 3 disciplinas essenciais e 21 disciplinas optativas no curso de Engenharia Agronômica e 3 disciplinas no curso de Ciências Biológicas. O Departamento também possui o Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal e Pastagens nos níveis de mestrado e doutorado. Os docentes contribuem com a transferência de tecnologia ao setor produtivo por meio de cursos de extensão, treinamentos e simpósios. O grupo de Qualidade e Conservação de Forragem é formado por 15 alunos, sendo eles seis estagiários de graduação, um de conclusão de curso, três alunos de mestrado, quatro alunos de doutorado e uma aluna de pós doutorado. 4.2 Atividades desenvolvidas 4.2.1 Método para Determinação do Tamanho Médio de Partículas Em geral, os estudos sobre a redução do tamanho de partícula no processo de conservação de forragens concentram-se em dois pontos importantes: na melhoria da qualidade de fermentação da silagem, ocasionada pela adequada compactação; e aumento de perdas por efluentes em silagens provenientes de plantas colhidas com a umidade original. Dessa forma a redução do tamanho de partícula de forragem pode ser uma alternativa para melhorar a qualidade da fermentação da silagem, por 21 promover redução da fermentação butírica, maior compactação e queda mais rápida do pH. Durante o estágio foram realizadas varias avaliações do tamanho médio de partículas, para a determinação foi utilizado a adaptação do sistema Penn State Particle Size Separator. O sistema original foi proposto pela equipe do prof. Lammers em 1996, na universidade da Pensilvânia, e é composto por um conjunto de duas peneiras com orifícios de 19 e 8 mm e um fundo fechado, que quando agitados sistematicamente as partículas segregam nas diferentes peneiras formando três estratos, o primeiro com partículas maiores de 19mm, o segundo com partículas entre 19 e 8mm e o fundo com partículas menores que 8mm. Essa metodologia foi aceita e empregada nos EUA e outros países por muito tempo, avaliando principalmente silagens de milho. Devido a realidade brasileira de implementos e forrageiras utilizadas na alimentação animal, verificou se uma dificuldade na determinação do TMP proveniente da grande retenção na primeira peneira do conjunto. Diante desta dificuldade o grupo de Qualidade e Conservação de Forragens propôs a utilização de uma peneira superior aquela de 19mm com orifícios de 38mm, este diâmetro foi baseado na exploração do banco de dados obtido com o método convencional. 4.2.2 Visita técnica à Fazenda Agrindus No dia 27 de julho de 2009 foi feita uma visita técnica à Fazenda Agrindus, localizada no município de Descalvado no estado de São Paulo. A principal atividade é a pecuária leiteira, mas também têm citricultura e lavoura de soja como atividades paralelas. A fazenda possui um rebanho de 3.000 animais, sendo 1.400 vacas em lactação, 300 vacas secas e 1.300 animais em crescimento. Para uma produção anual de 15 milhões de litros de leite são utilizados 500 ha, tendo assim uma produtividade de 30.000 L/ha.ano. As vacas são mantidas em regime de free-stall e recebem como fonte de volumoso, silagem de milho e tífton, durante o inverno o tífton é substituído por aveia ou milheto. Como fontes de 22 concentrado são utilizados principalmente subprodutos como: polpa cítrica, refinazil e caroço de algodão e também milho e farelo de soja. São feitas três ordenhas diárias com duração de sete horas cada e uma hora para lavagem de todo o equipamento, ou seja, 24 horas em funcionamento. Toda a produção de leite e destinada para o laticínio da própria fazenda, empacotando leite tipo A e produzindo iogurte de diferentes sabores. 4.2.2 Visita à Agroleite No dia 14 de agosto foi feita uma visita à Agroleite que ocorreu em Castro no estado do Paraná. O Agroleite é referência nacional da cadeia produtiva do leite, abrangendo desde a produção primária até a distribuição com exposições das raças holandesa, jersey, simental, girolanda, pardo-suíça e guzerá. Durante a exposição ocorreu o primeiro seminário internacional Nutron Agroleite com palestras de especialistas em nutrição animal da Inglaterra e dos Estados Unidos. A fundação ABC, promoveu o concurso de silagem com os principais produtores e fornecedores de insumos da região, onde foi apresentada a palestra técnica sobre produção e perspectivas da produção de silagem de milho na região. 4.2.3 Simpósio Sobre Manejo da Pastagem Durante os dias 8 a 10 de setembro de 2009, ocorreu no campus da ESALQ o 25° Simpósio sobre Manejo da Pastagem com tema: Intensificação de sistemas de produção animal em pasto onde se discutiu aspectos relativos ao aumento da produção e produtividade de sistemas de produção animal em pasto por meio da colheita eficiente da forragem produzida e uso racional de insumos e tecnologias. Procurou-se demonstrar a possibilidade de intensificação do processo produtivo sem, necessariamente, grandes investimentos em aquisição de insumos, máquinas e equipamentos. Nesse contexto, enfatizou-se o conhecimento de como a planta cresce e suas necessidades de manejo como forma de planejar e definir ações relacionadas com o rebanho, insumos e fertilizantes, irrigação, alimentos 23 concentrados e volumosos suplementares, entre outras. Dessa maneira, o simpósio contou com 12 apresentações de pesquisadores de diferentes instituições espalhadas pelo Brasil, num total de 12 horas, os quais discutiram estratégias de manejo flexíveis, que respeitem o ritmo de crescimento da planta forrageira no ambiente em que vegeta. 4.2.4 Siicusp 2009 Durante os dias 12 e 13 de novembro, aconteceu na cidade de Pirassununga a 17ª edição do Simpósio Internacional de Iniciação Científica (Siicusp), Evento de Iniciação Cientifica da Universidade de São Paulo, nesse evento apresentei um resumo como autor principal e participei de dois resumos como colaborador (ANEXOS 2 e 3). O resumo apresentado tem como título: “Estratégias de proteção do filme plástico utilizado no processo de vedação do silo e seus efeitos durante o período de pós abertura” (ANEXO 1). 4.2.5 Disciplina de Qualidade e Conservação de Alimentos Volumosos para Ruminantes Participei como aluno ouvinte da disciplina Qualidade e Conservação de Alimentos Volumosos para Ruminantes, ministrada pelo Prof. Luiz Gustavo Nussio. Durante o curso foi discutida a influência da estacionalidade de produção forrageira como fator determinante na obtenção de elevados índices de produtividade em sistemas de produção animal. A importância e a dependência da obtenção de qualidade em alimentos volumosos suplementares como forma de atingir ao atendimento de requerimentos animais manejados de forma eficiente e tecnificada. Aspectos relacionados à produção de culturas forrageiras ou a utilização de recursos volumosos foram enfocados sob a perspectiva agronômica e nutricional na produção animal intensificada. Alguns processos específicos de conservação de forragens foram alvo de estudo no decorrer do curso, bem como a introdução a conceitos de modelagem de variáveis e coeficientes técnicos 24 envolvidos em programas de informática relativos à diagnose de problemas e planejamento a produção de volumosos de elevada qualidade. Durante o curso foram realizadas cinco aulas práticas com o objetivo de exemplificar métodos para avaliação de silagens, foram elas: -Determinação da densidade em silos tipo bag e teor de matéria seca da silagem; -Confecção de silos experimentais para avaliação de perdas fermentativas; -Determinação do tamanho médio de partículas de silagens; -Determinação de pH em silagens -Avaliação de perdas fermentativas em silos experimentais. 4.2.6 Simpósio Internacional sobre Qualidade e Conservação de Forragens Nos dias 26 a 30 de outubro foi realizado na cidade de São Pedro com organização do grupo de Qualidade e Conservação de Forragens o Simpósio Internacional sobre Qualidade e Conservação de Forragens com os seguintes temas: -Avaliação de aditivos microbianos na estabilidade aeróbia de silagens -Avaliação de aditivos químicos na estabilidade aeróbia de silagens -Métodos de detecção de patógenos em silagens -Métodos de detecção de patógenos nos produtos finais da cadeia produtiva (leite,carne e derivados) -Potencial da cultura e implicações na nutrição de ruminantes; -Avanços metodológicos aplicáveis em estudos de silagens; -Manejo de confecção de silos otimizando os processos de colheita, abastecimento e vedação; -Fatores de risco associados ao aspecto sanitário de silagens 25 O evento teve abertura no dia 26 de outubro com os minicursos que buscaram o treinamento metodológico, envolvendo os seguintes temas: Aditivos microbianos e químicos e detecção de patógenos em silagens. Na seqüência, a partir do dia 28/10 até 30/10 ocorreu o Simpósio Internacional com os temas propostos distribuídos nos seguintes módulos: Módulo 1: Potencial da cultura e implicações na nutrição de ruminantes Módulo 2: Avanços metodológicos aplicáveis em estudos de silagens Módulo 3: Manejo de confecção de silos otimizando os processos de colheita, abastecimento e vedação Módulo 4: Fatores de risco associados ao aspecto sanitário de silagens 4.2.6.1 Organização de visitas técnicas Durante o simpósio fui responsável pela organização e condução de duas visitas técnicas: Fazenda Montreal: Localizada no município de São Pedro com área de 121 ha e exploração de genética de animais da raça Brahman. A fazenda faz transferência de embriões, devido a isso possui um rebanho de vacas mestiças Jersey para receptoras além do gado puro Brahman, parte criado à pasto recebendo suplementação diária de cana-de-açúcar e parte mantido em cocheiras individuais. A visita foi constituída de 12 estações divididas da seguinte maneira: Estação 1) Receptoras com aproximadamente 5 meses de parição; Estação 2) Receptoras prenhes; Estação 3) Receptoras com aproximadamente 30 dias de parição; Estação 4) Doadoras destinadas à coletas para fecundação in vitro (FIV) e transferência de embriões (TE); Estação 5) Matrizes em descanso; Estação 6) Novilhas prenhes; Estação 7) Novilhas PO em fase de reprodução (monta natural); 26 Estação 8) Bezerras desmamadas (futuras matriz com idades entre 8 a 12 meses de idade); Estação 9) Machos desmamados (futuros touros com idades entre 8 a 12 meses de idade); Estação 10) Tourinhos destinados à monta natural; Estação 11) Exposição de animais de pista. Fazenda Santa Maria do Ribeirão da Ponta do Meio: Localizada no município de São Pedro com area total de 1.050 ha, sendo 750 ha aproveitáveis, 230 ha arrendados para o plantio de cana-de-açúcar para a usina. Os demais 440 ha são constituídos basicamente de Brachiaria brizanta. Tem como exploração a pecuária de corte extensiva com ênfase na cria de bezerros. Tem como base do plantel uma vacada Nelore e faz o acasalamento com touros Nelore PO. A fazenda possui 600 vacas e no ano passado produziu 450 bezerros. De toda a produção 15% das fêmeas são destinadas para a reposição das matrizes. Após o nascimento todos os bezerros têm o umbigo tratado com iodo. Após completarem 10 dias eles são levados até o curral onde as fêmeas são mochadas e recebem marcação através de ferro candente com mês e ano de nascimento, o mês na perna dianteiro e o ano na traseira. Os machos recebem Ivomec e apenas marcação de mês com ferro candente. Durante o período de amamentação os bezerros não recebem nenhum tipo de suplementação energético-protéica, apenas a suplementação mineral, mesma das vacas. Nos dias que antecedem a desmama os bezerros recebem no cocho cana fresca picada adicionada de uréia e concentrado protéico. A fazenda adota a estação de monta de 4 meses, tem início no mês de outubro e término no final de janeiro, com monta natural e uma relação de 25 touros para cada fêmea em reprodução. Com essa estação definida e uma desmama de sete meses os bezerros são desmamados de janeiro a maio. A visita foi dividida em cinco estações: Estação 1) Cana-de-açúcar: Canavial no terceiro corte; 27 Estação 2) Maternidade : Lote de vacas recém paridas com idade entre 3 e 5 ano e lote de novilhas recém paridas; Estação 3) Desmama: Lote de fêmeas com cerca de um ano de idade que são usadas para reposição das matrizes que serão descartadas; Estação 4) Touros: Lote dos touros, animais utilizados durante a estação de monta; Estação 5) Sede: Na sede foi apresentado o mapa da fazenda localizando as estações visitadas anteriormente 4.2.4 Determinação da matéria seca em Tolueno Normalmente, o teor de matéria seca de alimentos é determinado em estufa de ventilação forçada, onde a amostra é aquecida, sendo a perda de peso considerada água e o resíduo considerado matéria seca. Este método, entretanto, não é acurado para determinar o teor de matéria seca de amostras que contém substâncias voláteis outras que não a água. Sabe-se que as silagens contem grande quantidade de substâncias voláteis que podem ser perdidas durante o processo de secagem. Diante disso, Perkins (1943) realizou um experimento para comparar o método tradicional (secagem em estufa a 100ºC) com um método novo, naquela época, de determinação volumétrica do conteúdo de água em amostras de plantas e silagens. O método é baseado na destilação da amostra com excesso de solvente volátil, o tolueno (ponto de ebulição 110ºC). A água da amostra é vaporizada e o vapor carreado para um condensador de refluxo em mistura com o vapor de tolueno. Na condensação, as fases líquidas se separam completa e imediatamente e são coletadas em um Dean-Stark (Figura 1). Com a maior densidade da água, o tolueno retorna automaticamente para o frasco de destilação. Ao final da destilação, a água é transferida para um tubo graduado de menor calibre e a leitura realizada com maior precisão. 28 Figura 1. Equipamento para destilação com tolueno. 1: Aquecedor; 2: Balão; 3: Dean-Stark; 4: Condensador. Fonte: Adaptado de Dewar e McDonald (1961) Em experimento sobe determinação do teor de matéria seca de silagens por destilação com tolueno, McDonald e Dewar, estudaram a natureza da fração volatilizada durante a destilação. A volatilidade média do ácido acético foi 87,9% e do ácido butírico 89,4%. Em todas as amostras, o ácido lático também foi detectado no destilado, com a volatilidade variando de 1,4 a 16,4%. Perdas de nitrogênio ocorreram principalmente nas silagens com pH mais alto. Fatores de correção para o conteúdo de matéria seca foram sugeridos pelos autores e variaram de 1,98 a 8,80 (McDonald e Dewar, 1960). Miranda (2006), estudando perdas de matéria seca em silagens de cana-de-açúcar, observou que o teor de matéria seca determinado em estufa a 100ºC foi, em média, 80% do valor obtido por destilação com tolueno. Logo, aproximadamente 20% da matéria seca das silagens de canade-açúcar compunha-se de substâncias voláteis. 29 4.2.5 Experimento Científico Avaliação de qualidade e perdas em silagem de cana-de-açúcar adicionadas de oxido de cálcio. Desenvolvi experimento para a avaliação da adição de cal virgem em diferentes doses para controlar perdas energéticas e avaliar a qualidade de silagens de cana de açúcar. O corte e a ensilagem da cana-de-açúcar foi realizado quando esta apresentava 12 meses de crescimento vegetativo. O valor do grau Brix da forrageira foi determinado utilizando-se um refratômetro de campo (marca TOKYO® modelo 032), como medida de auxílio para colher a planta em seu ponto de maturação (21,1° Brix). A variedade utilizada foi a IAC 93 - 3046, sendo colhida manualmente e picada posteriormente em máquina estacionária, regulada para corte com tamanho médio de partículas entre 5 a 10 mm. Como silos experimentais foram utilizados baldes plásticos com capacidade de 20 L e tampas próprias à vedação e adaptadas com válvulas do tipo Bunsen, para que seja possível o escape de gases e a avaliação das perdas gasosas durante a fermentação. Durante a ensilagem, os silos foram abastecidos em camadas de 10-15 cm e compactados por pisoteio humano até atingir densidade média de 500 kg/m3. No fundo de cada balde foram colocados dois quilos de areia seca, separados da massa de forragem por tela fina de plástico e camada de tecido fino de algodão, com vista à avaliação quantitativa de efluentes. No centro geométrico dos baldes foram acondicionados sensores de temperatura associados à sistema informatizado e eletrônico de aquisição de dados (dataloggers Chiplog EMPAC), programados para a tomada de temperatura da massa em intervalos constantes de 4 horas. Com base nos dados de temperatura gerados pelos dataloggers, calculou-se a diferença entre a temperatura dos baldes e a temperatura do ambiente. Após o enchimento, os silos foram fechados com as tampas apropriadas e pesados. Após a pesagem as tampas foram vedadas com fita plástica auto-adesiva, para impedimento da entrada de ar. 30 O experimento foi composto de cinco tratamentos com quatro repetições, totalizando 20 unidades experimentais. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado. Os tratamentos utilizados são descritos a seguir: CT – silagem de cana-de-açúcar sem aditivo, adicionada de água para correção do teor de MS; T1 – silagem de cana-de-açúcar aditivada, no momento da ensilagem, com 1% de CaO, adicionada de água; T2 - silagem de cana-de-açúcar aditivada, no momento da ensilagem, com 2% de CaO, adicionada de água; T3 – silagem de cana-de-açúcar aditivada, no momento da ensilagem, com 3% de CaO, adicionada de água; T4 – silagem de cana-de-açúcar aditivada, no momento da ensilagem, com 4% de CaO, adicionada de água. No momento da ensilagem a forragem foi amostrada e fragmentada em duas sub-amostras. A primeira sub-amostra foi pesada e levada à estufa de ventilação forçada a 55 ºC por 72 horas. Após este período foram pesadas novamente, moídas até as partículas atingirem menos de um milímetro e armazenadas em recipientes de plástico. A partir das amostras secas foram determinadas as concentrações de matéria seca. Com as amostras secas e moídas serão determinadas a concentração de matéria mineral conforme Campos et al. (2004) e a concentração de proteína bruta segundo os métodos descritos por Wiles et al. (1998), por meio da combustão das amostras segundo o método de Dumas, utilizando auto-analisador de nitrogênio, marca LECO modelo FP-528. As concentrações de fibra em detergente neutro e fibra em detergente ácido serão realizadas com base no método seqüencial proposto pela ANKON FIBER ANALYSER e descrito por Holden (1999), assim como a digestibilidade verdadeira in vitro da matéria seca. 31 A segunda sub-amostra foi congelada e será destinada para obtenção dos extratos diluídos em água destilada que serão utilizados na determinação do pH, conforme Kung Jr. et al. (1984). Para determinação do poder tampão da forragem, o extrato aquoso gerado será processado conforme o protocolo proposto por Playne e McDonald (1966). Para a mensuração da acidez titulável será utilizada a técnica descrita por Silva e Queiroz (2004) que consiste na titulação de NaOH 0,1 N, até atingir o pH 7,0. Decorridos 48 dias de armazenamento, os silos foram abertos e coletada uma amostra e dividida em cinco sub-amostras. A primeira sub-amostra foi utilizada na determinação da concentração de MS e das análises químicas, conforme foi descrito anteriormente. A segunda sub-amostra será destinada para determinação do pH e acidez titulável conforme descrito anteriormente. A partir da terceira subamostra será obtido o extrato aquoso para analises e determinação do teor de etanol por meio de leitura em um auto-analisador YSI 2700 Select® (Biochemistry Analyser, Yellow Spring, OH, EUA) calibrado com soluções padronizadas de etanol (2g/L), Por espectofotometria, serão lidos os teores de carboidratos solúveis (Dubois et al., 1956) e ácido lático (Pryce, 1969) em espectofotômetro Jenway-6405 UV/VIS. Para análise dos ácidos graxos voláteis (C2, C3 e C4) seguiu-se a metodologia descrita por Campos; Nussio e Nussio (2004). A leitura será realizada em cromatrógrafo líquido gasoso, CLG (Hewlett Packard® 5890,series II), equipado com braço mecânico HP Integrator 3396, série II (Hewlett Packard Company®). A quinta sub-amostra foi destinada para a determinação da estabilidade aeróbia, onde 4 kg de silagem foram colocados sem compactação em baldes de plástico sem tampa, os quais foram mantidos em ambiente protegido, sob temperatura constante em câmara climática, com dispositivo programado para manter a temperatura média de 23°C, com 1 °C de variação tolerada, por um período de 10 dias. No centro geométrico dos baldes foram acondicionados sensores de temperatura associados à sistema informatizado e eletrônico de aquisição de dados (dataloggers Chiplog EMPAC), programados para a tomada de temperatura da massa em intervalos constantes de 2 horas. Com base nos dados 32 de temperatura gerados pelos dataloggers, calcular-se-á a diferença entre a temperatura dos baldes e a temperatura do ambiente. Os baldes foram pesados diariamente e foram tomadas amostras nos dias 0 (zero), 5 (cinco) e 10 (dez), congeladas para posterior cálculo da RMS e determinação do pH. As determinações da RMS na estabilidade serão obtidas pela equação utilizada na RMS no armazenamento 5 DISCUSSÃO Muitos dos microorganismos indesejáveis mencionados podem ser diminuídos ou até inibidos em silagem utilizando boas práticas na ensilagem. Essas medidas de boas praticas devem ser observadas na fazenda durante a ensilagem. Devemos evitar a contaminação da massa a ser ensilada com terra, adubo e animais, pois muitos microrganismos então presentes nesses ambientes. Visando uma boa fermentação a forragem utilizada deve conter níveis ideais de carboidratos solúveis, problema não identificado em cana de açúcar, pois apresenta altos níveis de sacarose e frutose. Esses carboidratos solúveis serão utilizados na fermentação pelas bactérias homoláticas e heteroláticas e os seus produtos inibem o crescimento de microorganismos indesejáveis. A colheita da forragem deve ser feita visando um tamanho médio de partícula que garanta uma boa compactação sem comprometer a efetividade da fibra. Compactando o material a uma densidade de cerca de 240 kg de MS/m3 garantimos uma baixa concentração de oxigênio e assim uma boa fermentação. Para que durante a fase de estabilização seja mantida a qualidade da silagem devemos manter sempre um ambiente aeróbio no interior do silo, consertando imediatamente qualquer dano ocorrido no filme utilizado para a vedação. Durante o fornecimento de silagem para os animais devemos obedecer taxas de avanços diários de no mínimo 15cm para silo trincheira e 30cm para silo 33 bag. A aplicação de aditivos, deve ser considerada na escolha do aditivo o tipo de bactérias presentes. 34 6 CONCLUSÕES Conclui se com esse trabalho que a silagem de cana de açúcar é uma ótima fonte de volumoso para bovinos e que boas práticas durante a ensilagem são essenciais para uma silagem de qualidade. 35 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALLI, I; BAKER, B.E.; GARCIA, G. Studies on the fermentation of chopped sugarcane. Animal Feed Science and Technology, Amsterdam, v.7, p.411-417, 1982. ADESOGAN, A.T. Silage pathogenicity and implications for the ruminant production chain 2009. Proceedings International Symposium on Forage Quality and Conservation. São Pedro 2009. AMARAL, R.C. do. Avaliação de aditivos químicos sobre as perdas e valor alimentício das silagens de cana-de-açúcar para ovinos. 2007. 165 p. Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2007. 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American Society of Agronomy, Crop Science Society of America, and Soil Science Society of America, Madison 40 ANEXOS 41 Estratégias de proteção do filme plástico utilizado no processo de vedação do silo e seus efeitos durante o período de pós abertura Adir de Sá Neto, Bruna C. Queiroz, Luciana T. Tatit, Edward H. C. Garcia, Rafael C. Amaral, Luiz G. Nussio Departamento de Zootecnia, ESALQ, USP 1. Objetivos O presente estudo teve como objetivo avaliar a estabilidade aeróbia da silagem de milho com diferentes estratégias de vedação. 2. Material e Métodos Foram utilizados como silos experimentais caixas d’água de 500 L. Foram testadas três estratégias de vedação com filme de polietileno da cor preta e com espessura de 200 µm: Controle – sem cobertura; Bagaço - cobertura 2 com bagaço de cana (10 kg/m ) e Terra cobertura com terra (30 kg/m²). O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com cinco repetições, totalizando 15 unidades experimentais. Após 95 dias os silos foram abertos e amostras de 4 kg da camada superior (25 cm), foram colocadas em baldes na presença de oxigênio à temperatura ambiente por um período de 10 dias (240 horas). A temperatura da silagem foi mensurada em intervalos de 4 horas com auxílio de dataloggers. Calculou-se a diferença entre a temperatura dos baldes e a temperatura do ambiente. Nas horas zero, 120 e 240 foram colhidas amostras para a determinação do pH. Os dados foram analisados pelo programa SAS, por meio do procedimento Mixed e as médias comparadas pelo teste de Tukey (P<0,05). 3. Resultados O primeiro pico de temperatura da silagem controle (24 horas) surgiu antecipadamente aos picos dos tratamentos com bagaço (56 horas) ou terra (104 horas). Provavelmente no momento da abertura dos silos, o tratamento controle deveria apresentar maior população de fungos e leveduras [1] em função da maior difusão de oxigênio permitida pela lona utilizada. Dessa forma, a maior quantidade de microorganismos deterioradores, no período pós-abertura, permitiria a antecipação do início da deterioração da silagem (Figura 1). Outra possibilidade para explicar o aumento tardio da temperatura nos tratamentos bagaço e terra poderia estar relacionada com a pressão exercida sobre o silo pela cobertura, impedindo o influxo de oxigênio para a massa de silagem. Não houve diferença entre os tratamentos para os valores de pH (P>0,05) apresentando valor médio de 3,87. Com relação ao tempo de aerobiose todos os tratamentos apresentaram elevação nos valores de pH a partir de 120 horas (6,42), sendo que este não diferiu (P>0,05) do tempo de 240 horas (7,40). Possivelmente, a elevação dos valores de pH estaria relacionada ao consumo de compostos originados da fermentação, os quais serviriam de substratos para o desenvolvimento de microrganismos aeróbios, os quais refletiram sua atividade com potencial elevação da temperatura das silagens. 4. Conclusão A cobertura da lona com bagaço de cana ou terra foi efetiva em atrasar o início da deterioração aeróbia em silagem de milho. 5. Referência Bibliográfica [1] McDONALD, P.; et al. The biochemistry of silage. 2ª ed. Merlow: Publications,1991. 340p. Chalcomb Influência nos parâmetros ruminais em bovinos de corte com base na frequência do fornecimento de ração total Ana Vitória Afonso de Toledo1, Adir de Sá Neto2, Guilherme Fonseca1, Janaína Rosolem Lima3, Sergio Gil de Toledo Filho3, Luiz Gustavo Nussio4 1 Aluno de graduação em Engenharia Agronômica, USP/ ESALQ, Piracicaba/ SP. Aluno de graduação em Zootecnia, UFPR, Curitiba/ PR 3 Aluno de pós-graduação em Ciência Animal e Pastagens, USP/ ESALQ, Piracicaba/ SP. 4 Depto. de Zootecnia, USP/ESALQ, Piracicaba/ SP. 2 1.Objetivos Objetivou-se com este trabalho avaliar a freqüência do fornecimento de ração total nos parâmetros do pH e da pressão parcial de H2 no ambiente ruminal. 2. Material e métodos Foram utilizados seis bovinos castrados da raça Nelore providos de cânula ruminal, com idade média de 3,5 anos e peso vivo médio de 621 kg. A dieta foi composta por 50% de silagem de milho e 50% de alimento concentrado constituído por milho moído, uréia, minerais e calcário calcítico. Os animais foram submetidos a dois tratamentos: T1- ração ofertada às 8:00 hrs; T2- ração ofertada às 8:00 e às 18:00 hrs. As coletas de fluido ruminal foram realizadas de duas em duas horas durante 24 hrs. Foi analisado o pH e a pressão parcial de H2 do conteúdo ruminal, sendo essa variável calculada de acordo com a equação proposta por Julien et al. (2009). 3. Resultados e discussão Não houve diferença (P=0.56) no CMS para os tratamentos envolvendo a freqüência ofertada uma vez e duas vezes ao dia (9,84 e 9,56 kg/dia, respectivamente). Entretanto, houve diferença no pH ruminal (P<0,01) e na pressão parcial de H2, (P<0,01) entre os tratamentos T1 e T2 em função do tempo pós alimentação (Figuras 1 e 2). Figura 1 - Efeito do pH ruminal em função do tempo pós alimentação. P < 0.01 para a interação entre freqüência do fornecimento da ração total e tempo. Figura 2 - Efeito da pressão parcial de H2 em função do tempo pós alimentação. P < 0.01 para a interação entre freqüência do fornecimento da ração total e tempo. 4. Conclusões A freqüência de alimentação em dietas para bovinos, mesmo não alterando o consumo voluntário, altera o ambiente ruminal. 5. Referências Bibliográficas Marden, J.P.; Ungerfeld, E. Kohn, R.A. et al. From redox potential field measurement to its bioenergetic meaning in the rumen. Journal of Animal Science, v. 87, E-Suppl. 2, 2009. Estabilidade aeróbia de silagem de milho ou ração completa tratadas com ácido lático ou etanol Felipe N. Lima, Mariana O. Silva, Adir de Sá Neto, João L. P. Daniel, Luiz G. Nussio Departamento de Zootecnia USP/ESALQ, Piracicaba-SP A colheita das plantas de milho foi realizada quando estas apresentaram 30-35% de matéria seca. O material foi picado e armazenado em silo tipo bag com 1,5 m de diâmetro, sem uso de aditivos, por 89 dias. Após a abertura, amostras de silagem foram obtidas para realização do ensaio. Foram gerados seis tratamentos por combinação fatorial 2x3, sendo os fatores: alimento (forragem ou ração completa) e aditivo (água - controle, etanol ou ácido lático). Imediatamente após o descarregamento do silo, os compostos foram aspergidos na silagem para prover 20 kcal de etanol ou de ácido lático por quilograma de MS de silagem, resultando na adição de x g de etanol e y g de ácido lático por ton MS . O teor de MS das silagens foi ajustado por adição de água. As rações completas foram obtidas pela mistura de silagens e concentrados (40% da MS). Aproximadamente 3 kg das silagens tratadas ou das rações completas foram alocados em baldes de plástico, que foram posicionados próximo aos cochos dos animais, em duplicata. Foram realizadas coletas em três períodos distintos, com intervalo de 14 dias, totalizando 36 baldes. Tomou-se o cuidado de não compactar a massa, ao introduzi-la nos baldes. As temperaturas foram mensuradas a cada 30 minutos com o auxílio de data loggers, inseridos no centro geométrico da massa. Também foram programados dois data loggers para registrar a temperatura do ambiente. As diferenças entre as temperaturas das amostras e do ambiente foram calculadas para cada ponto de amostragem. A temperatura acumulada em 24 horas foi obtida pelo somatório das diferenças entre as temperaturas 3. Resultados O tempo para quebra de estabilidade (9,6 h) foi similar entre os tratamentos (P>0,15). A temperatura acumulada em 24 h foi menor para as silagens e rações adicionadas de ácido lático. O etanol não afetou a estabilidade aeróbia das silagens e das rações (Figura 1). C) 2. Material e métodos 250 o O trabalho objetivou verificar a estabilidade aeróbia, durante o tempo de permanência no cocho, de silagens de milho e de rações completas adicionadas de ácido lático ou etanol. da massa e do ambiente. A quebra de estabilidade foi considerada quando a temperatura da massa ultrapassou a o temperatura ambiente em 2 C [1]. Os dados foram analisados pelo procedimento Mixed do pacote de análises estatísticas SAS. Temperatura acumulada em 24 h ( 1. Objetivo a a 200 150 b 100 50 0 Controle Etanol Ác lático Figura 1: Temperatura acumulada em 24 h (TukeyKramer, P<0,10) Provavelmente, o ácido lático reduziu a deterioração aeróbia da silagem via abaixamento de pH e inibição de leveduras [1], devido a alta dose utilizada (5%). 4. Conclusões Quando adicionado em alta concentração, o ácido lático favoreceu a estabilidade da silagem de milho no cocho. 5. Referências bibliográficas [1] Kung Jr, L. Microbial and chemical additives for silage - effects on fermentation and animal response. In: WORKSHOP SOBRE MILHO PARA SILAGEM, 2000, Piracicaba. Anais....Piracicaba: Fealq, v.2, p.53, 2000.
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