ele não é prefeito,

Transcrição

ele não é prefeito,
Alfredo Júlio,
ano 5 número 37 Dezembro 2010
R$ 8,50
Saúde - 255 mil brasileiros não sabem que têm o vírus da AIDS
reitor da UFU
Ele não é prefeito,
mas tem nas mãos poder maior
que a maioria dos prefeitos do país:
ele administra a Universidade Federal de Uberlândia
Cadê os “caras-pintadas”?
Editorial
Por onde andam os “caras-pintadas”, aqueles que, em 1992, saíram
às ruas para gritar pelo impeachment do presidente Collor? Por
onde andam vozes como a de Chico Buarque, que um dia cantou:
- Pai, afasta de mim esse cálice... (em que fez um trocadilho com
“Cale-se”), erguendo a voz contra as injustiças da ditadura? A meu
ver os caras-pintadas envelheceram e o Chico... Ah! O Chico...
Quanto aos “caras-pintadas”, para algumas pessoas aquela turma
foi apenas uma pequena parcela da população adolescente, usada
como “massa-de-manobra” para um golpe que tirou Collor do
poder. Mas, se assim foi, cadê os manipuladores que estavam por
detrás daqueles jovens estudantes?
Acredito que aqueles jovens envelheceram e os novos, os de
hoje, parecem não dar a mínima para o que acontece no país. E
quanto aos tais manipuladores, podem até estar por aí usufruindo
daquilo contra o quê brigavam.
Incrível ostracismo, pois motivos para gritar e brigar são o que
não faltam.
Só para citar alguns, além de dinheiro em cueca e mensalões,
de uns poucos anos para cá houve denúncias de corrupção na
Prefeitura de Santo André (administrada por Celso Daniel, morto
em 2002 por motivos não esclarecidos), o caso dos bingos (2004) e
dos Correios (2005), o esquema do Plano Safra Legal, o do Banco
do Brasil, a suposta doação de dólares de Cuba para a campanha
de Lula, o escândalo dos fundos de pensão e a quebra do sigilo
bancário do caseiro Francenildo, que levou à renúncia do então
ministro da Fazenda, Antônio Palocci (PT-SP), e etc..
E a oposição, que tentou enfraquecer os aliados do atual governo,
acabou acusada de receber caixa 2, (recursos não declarados aos
órgãos de fiscalização), o que representa crime de sonegação fiscal
e lavagem de dinheiro. Como exemplo, temos o senador mineiro
Eduardo Azeredo, do PSDB, que é acusado de receber dinheiro
de Marcos Valério e acusa seu coordenador de campanha, Marcos
Mourão, de ser o responsável por tal recebimento.
Há ainda vários políticos com pedidos de cassação, mas apenas
José Dirceu e Roberto Jefferson perderam seus mandatos e
ficaram inelegíveis por 10 anos.
Se tudo isso não são ou não foram motivos para brigar e gritar,
que se relembre um estudo feito em 2007 pela Organização
Transparência Brasil, provando serem os parlamentares
brasileiros os mais caros do mundo. O resultado foi de causar
espanto se comparado a alguns países mais ricos que o Brasil.
Segundo aquele estudo, considerando-se salários e outros
estipêndios (como verbas “indenizatórias”, dinheiro para viagens
e outros), um senador brasileiro, por exemplo, custa em termos
reais mais de três vezes o que custa um senador chileno para
o contribuinte daquele país e 8,4 vezes o que pesa um senador
francês no bolso do cidadão ao qual serve. Por sua vez, cada
deputado brasileiro custa para o cidadão duas vezes mais do que
seu correspondente norte-americano, 5,5 vezes mais do que um
alemão, seis vezes mais que um francês e 6,5 vezes mais do que
um britânico. Pior ainda é que tais custos se repetem em cascata
pelas assembleias legislativas país afora.
Mas, agora, ainda não satisfeitos, em dezembro os nossos
congressistas brasileiros aprovaram um escabroso aumento de
61,8% para os próprios salários e mais para os do presidente
e dos ministros de Estado, o que gerou um efeito cascata de
crescimento com similar magnitude por todos os estados do país,
consolidando os vencimentos dos políticos brasileiros no topo
dos maiores do mundo. Portanto, cada congressista brasileiro
receberá, ao ano, US$ 204 mil. Segundo levantamento realizado
pelo jornal Folha de S. Paulo, esse valor é mais alto que o recebido
pelos parlamentares da União Europeia e de mais 16 países
pesquisados pela Folha, incluindo os do G8 (EUA, Japão, Reino
Unido, França, Alemanha, Itália, Canadá e Rússia). O estudo
revela ainda que a desigualdade entre a renda de deputados
e senadores e a da média da população brasileira é de quase
vinte vezes, uma das maiores do mundo. Os salários anuais dos
parlamentares na Itália e Japão são de cerca de US$ 185 mil. Mas
na Itália os congressistas ganham 5,5 vezes mais que a renda per
capita. No Japão a diferença é de 4,4.
Nota: O resultado recente do Programa Internacional de
Avaliação de Alunos (PISA) mostrou o Brasil na 54ª posição entre
63 países pesquisados, sendo que apenas nove apresentaram
índice de aprendizado inferior. Na saúde, a menina Stephanie
Teixeira recebeu vaselina em lugar de soro em hospital particular,
localizado na maior e mais rica cidade do país. Ainda naquela
mesma cidade, o menino Luiz Otávio chegou a um hospital
público municipal para operar de fimose e saiu de lá com três
diferentes cirurgias, menos a que deveria ter sido feita. Retiraram
dele até as amígdalas. Quanto à segurança pública, nem é preciso
falar, ou é?
E o que fazem os políticos? Aqueles que são os mais caros do mundo?
Ah! Ia até me esquecendo do Chico – o Buarque. Agora a irmã
dele virou ministra da Dilma e ele já não canta mais a sua revolta
contra as injustiças que aí estão. Ele mesmo, o próprio Chico,
há muito virou figurinha carimbada nos palanques do Lula e de
outros políticos mais, muitos dos quais acabam de votar esse
absurdo aumento de mais de 60% nos próprios salários.
Depois disso tudo, ainda tento encontrar ânimo para desejar a
todos os leitores da MERCADO Boas Festas de fim de ano.
Evaldo Pighini
Editor
Índice
Dezembro 2010
24Capa
Com população em torno de 25
mil pessoas e orçamento anual
próximo a R$ 800 milhões, superior
ao de muitas cidades brasileiras, a
Universidade Federal de Uberlândia
está entre as 15 mais do país. E cabe
ao reitor Alfredo Júlio administrar
tudo isso
14Entrevista
32Economia
42Marketing
Alexandre Herchcovitch, nome
ilustre da moda no Brasil e de fama
internacional, esteve em Uberlândia para o “6º Fórum de Moda com
Ideias”. Num descontraído bate-papo com a MERCADO, ele falou de si,
de criação, da moda, de coisas e tal
“O Brasil corre risco de
desindustrialização em 2011”. Essa
afirmação é do presidente do Sistema
FIEMG, Olavo Machado Jr., durante
apresentação do “Balanço da Economia
Brasileira e Mineira em 2010 e
Perspectivas para 2011” em BH
Estudos mostram a urgência de
uma nova visão. Cerca de 70% dos
investimentos de uma empresa
são em marketing e fazer os acionistas gastarem isso tudo sem ter
como mostrar resultados concretos
tornou-se um problema
37
54Saúde
Problema à vista. Segundo dados
do boletim epidemiológico do
Ministério da Saúde (MS) divulgado
no início do mês, 630 mil brasileiros
estão com HIV no Brasil e o pior é
que mais de 40% não sabem que
foram infectados
60Veículos
A montadora alemã Audi está
de novo presente na cidade com
a inauguração da Audi Center
Uberlândia. Um investimento que
percebe o Triângulo Mineiro como
território em franca expansão para o
segmento de automóveis de luxo
68Turismo
Quando se chega ao balneário, não
se sabe exatamente para onde olhar:
se para a praia metálica, dourada
na areia e verde na água, ou para o
outro lado da avenida por onde se
erguem imponentes mansões. Esse
lugar é Punta del Este
Canal Livre 8
Artigo 10
Conversa 12
Franchising 22
Investimentos 24
Negócios 34
Educação 36
Internet 40
Pub Editorial 44
Evento 46
50 Gestão
84 Bazar
88 Culinária
90 Dica de Leitura
92 Literatura
94 Profissões em filme
96 Sustentabilidade
98 Ponto de vista
100 Causos empresariais
102 Geral
canal
livre
Indignação
Quero usar este espaço para tornar pública a minha INDIGNAÇÃO pelo PÉSSIMO exemplo dado pelos “representantes do povo (será mesmo??) no CONGRESSO NACIONAL”.
Eles, que na “SURDINA” e sem nenhum escrúpulo, e em
detrimento de INÚMEROS outros projetos de relevância e
alcance social - como a reforma política e tributária -, na
“contramão” do MUNDO que preocupado tenta é cortar
gastos, votaram em tempo recorde um aumento “abusivo”
de seus PRÓPRIOS salários.
PIOR, a medida desencadeará AUTOMATICAMENTE um
aumento em “cascata” para TODO o Legislativo e Executivo brasileiros: deputados e vereadores, governadores,
prefeitos, etc., na MESMA PROPORÇÃO!
Onde estão as AUTORIDADES? Vão assistir a isso inertes? E
nós, cidadãos mortais?... Quando e como vamos “protestar?
Vamos salvar a “PÁTRIA AMADA”!
Fica aqui a reflexão!
Ricardo da Cunha Borges
Advogado - OAB/MG
Casa própria
Cora Caparelli
Até que enfim um veículo de comunicação resolveu dar
destaque, mais que merecido, a uma das pessoas que
mais contribuiu para a música e cultura da cidade de
Uberlândia. Falo da “dona” Cora Caparelli, mulher que
tive o prazer de conhecer de perto, além de poder desfrutar de parte de seu grande “legado” ao povo da cidade
e da região: o nosso conservatório de música. Fica aqui,
portanto, o meu reconhecimento à revista MERCADO
pela brilhante entrevista feita com essa grande artista e
incentivadora musical.
Joana Fidélis de Oliveira
Secretária Executiva
AVC
Quero elogiar a matéria sobre habitação: “Cuidados na
compra da casa própria”, publicada na última edição desta
revista. A reportagem, que contém as explicações de um
“expert” sobre o assunto, é de grande valia para pessoas
que, como eu, pensam em adquirir um dia a tão sonhada
casa própria. Parabéns ao editor!
Oportuna a matéria publicada na edição de novembro que
alerta sobre a ignorância de muitas pessoas quanto aos
sintomas de um derrame, ou Acidente Vascular Cerebral
(AVC), como queiram. Cabe salientar que não somente
o AVC, mas também várias outras doenças ou “ataques”
mandam “literalmente” um recado avisando que vão chegar. Para quem não leu, vale a pena ler a reportagem.
Francisco Petrônio Neto
Captador de imóveis
Suzana Arantes
Estudante de Jornalismo
Utilidade Pública
Som alto
Conforme comunicado recebido do Oficial do Cartório
de Registro Civil de Uberlândia, Sr. Feliciano de Oliveira
Junior, cumpre-nos comunicar que, a partir da última
semana do mês de janeiro de 2011, o referido cartório,
que hoje se encontra na Rua Felisberto Carrejo, 740,
Centro, atende-rá em novo endereço, ou seja, na
Av. Vasconcelos Costa, 141, B. Martins, esquina
com a R. José Andraus.
Para uma melhor localização, o Cartório de Registro Civil
estará próximo ao Banco do Brasil, à Faculdade ESAMC e
à Escola Estadual Dr. Duarte Pimentel.
Sei da mobilização de alguns promotores públicos de
Uberlândia para acabar com o abuso de certos “maleducados” que andam por aí com o som de seus carros
acima de qualquer limite tolerável. Um ato de verdadeira contravenção, que fere o direito de nós, cidadãos, de
viver em paz. Além de mal tratar nossos ouvidos, esses
infratores ainda provocam o disparo de alarmes de muitos
carros, obrigando, por muitas vezes, os seus donos a sair
correndo para desligá-los. Até quando isso vai continuar
acontecendo? Eu, como cidadão, quero o meu direito à
paz respeitado.
Atenciosamente,
Werciley S. Junior
Assessoria de Comunicação Institucional - TJMG
Unidade Fórum Abelardo Penna - Comarca Uberlândia
Arlindo Figueira Nunes
Estudante de Direito
Mercado Dezembro 2010 ∞ 8
MArtigo
POR Márcio Peppe*
D
Os dilemas
da economia
epois de viverem pelo menos duas décadas conhecidas como “perdidas” para o crescimento
da economia - os anos 1980 e 1990 -, os brasileiros têm se acostumado a aproveitar um período
mais prolongado de expansão econômica. Agora em 2010, por exemplo, a expectativa dos especialistas é a
de que o PIB nacional cresça por volta de 7,5%.
Esse quadro de crescimento constante vem sendo ressaltado
diante das demonstrações de que o governo da presidente eleita, Dilma Rousseff, adotará uma postura desenvolvimentista.
Porém, o cenário atual de nossa economia e as notícias
que nos chegam diariamente de problemas enfrentados por
países europeus têm causado preocupações em relação à
inflação em nosso país e a uma eventual contração do mercado mundial.
Indicadores de inflação divulgados recentemente têm demonstrado que os preços ganham fôlego nos últimos meses.
As previsões de especialistas sobre esse movimento vêm
avançando semana a semana. É dado como certo que o IPCA,
índice que mede a inflação oficial do país, ficará em 2010 acima do centro da meta de 4,5%. Estima-se que a alta acumulada
no ano se aproxime dos 6%. Para 2011, que tem a mesma meta,
a inflação estimada é de pouco mais de 5%.
Diante desses movimentos, o Banco Central e o Conselho
Monetário Nacional anunciaram medidas preventivas - como
o aumento do depósito compulsório exigido dos bancos - que
irão retirar R$ 61 bilhões da economia nacional e tendem a
restringir o crédito oferecido às pessoas e empresas. O objetivo é desestimular o consumo, que está aquecido, e desacelerar o avanço da economia. Tais movimentos prometem, no
médio prazo, reduzir o ritmo de evolução da inflação.
Paralelamente, é possível que o Comitê de Política Monetária do Banco Central venha a aumentar em breve a taxa básica
de juros da economia. As estimativas apontam para uma Selic
de 12,25% ao final de 2011.
O controle da inflação é uma das grandes conquistas da
economia brasileira desde 1994, quando foi lançado o Plano
Real pelo governo do presidente Itamar Franco. Nos últimos
oito anos, ao longo dos dois mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Banco Central, sob a presidência de Henrique Meirelles, adotou postura conservadora para manter a
inflação sempre dentro das metas estabelecidas.
A grande questão é que a alta dos juros e a restrição ao crédito são, justamente, medidas que se destinam a restringir o
consumo e o investimento produtivo. Isso se reflete em menor
crescimento para a economia do país. Além disso, juros altos
(o Brasil tem atualmente uma das mais altas taxas de juros do
mundo) atraem investimentos estrangeiros de curto prazo, o
que estimula a sobrevalorização do real ante o dólar, prejudicando as exportações brasileiras e estimulando importações.
Um fator interessante a ser destacado é que o Brasil vive
uma situação singular em relação à economia mundial. Enquanto o Banco Central Europeu manteve recentemente em
apenas 1% ao ano a taxa básica de juros nos países que compõem o bloco, até para estimular o consumo local, o governo
brasileiro pode vir a aumentar a já elevada Selic para controlar a inflação a partir da contenção das compras.
A alta de preços responde a um mandamento básico da
economia: a lei da oferta e da procura. Como nosso mercado
interno está aquecido, estimulado pelo aumento da renda, melhora na oferta do emprego e crédito facilitado, o consumo de
bens e serviços está em alta. Em razão de a oferta não crescer
no mesmo ritmo da procura, os preços avançam, empurrando
para cima a inflação. Vale notar que a redução na oferta de
recursos para o crédito tem o poder de arrefecer o ânimo dos
consumidores, pois os juros cobrados nessas operações serão
mais altos, mas os investimentos produtivos - que têm o potencial de ampliar a oferta e melhorar a relação de equilíbrio
do mercado - também acabam desestimulados.
É evidente que a prudência adotada pela equipe econômica do governo brasileiro é justificável e necessária neste momento de turbulências e de dúvidas sobre o comportamento
da economia internacional e local. Infelizmente, o vigor de
nosso crescimento deve ser contido já nos primeiros meses
do ano inaugural do governo Dilma Rousseff. Ciência não exata, a economia nos exige conviver com dilemas desse tipo. B
*Márcio Peppe é sócio-diretor de Auditoria e responsável pela área de Outsourcing da BDO no Brasil
Mercado Dezembro 2010 ∞ 10
CONVERSA
DEMERCADO
Caro leitor,
Peço sua permissão para falar sobre assuntos
hospitalares. Nada sobre infecções, cirurgias ou
doenças, mas sobre investimentos hospitalares.
Percebam que abordo esse assunto em meio a um
momento de crise na saúde pela qual passa o município de Uberlândia. Coincidência mais que oportuna.
Assim, diante disso, exponho os fatores mais importantes que culminam em tal situação.
Uberlândia é uma cidade singular em vários aspectos, nada diferente no assunto saúde. Conflui
para o município a esperança de cura de habitantes
de várias cidades do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, Sul de Goiás e até de um pedaço do Noroeste
de São Paulo. Atrai pacientes do Norte de Minas e
até do Nordeste brasileiro, chamados por seus familiares que já se instalaram em nossa cidade e não
poderiam deixar de prestar apoio a mães ou pais doentes que residem em suas cidades de origem. Um
detalhe: utilizando a verba que deveria ser apenas
dos munícipes de Uberlândia.
Não bastando essa desproporção, Uberlândia tem
quase o dobro de ocorrências registradas na Promotoria Estadual na área da saúde comparada com Belo
Horizonte, contando com um quarto da população
da capital do estado. Isso significa que a população
reivindica saúde a todo custo, exigindo seus direitos
justa ou injustamente (pagando ou não impostos), já
que o SUS é um plano universal em sua concepção.
Soma-se a isso a ideia de complexidade a qualquer preço, ou seja, menos do médico e mais dos
exames - mais do “Dr. Google” e menos do médico que se graduou na faculdade e possui educação
formal. Construiu-se uma interface entre o paciente e o médico: exames. Para uma fatia razoável da
população, o diagnóstico advém do sangue, urina,
radiografia, ressonância magnética - entre vários
outros exames - e não do cérebro (do médico que
raciocina). Isso custa dinheiro, muito dinheiro.
Mercado Dezembro 2010 ∞ 12
Aliado a esses fatores, o envelhecimento da população enseja a ocorrência de mais doenças. Quanto
mais o indivíduo vive, naturalmente maior a chance de adoecer e de necessitar de médicos, exames
e hospitais.
Percebam que esta análise envolve tanto a rede
pública quanto a particular. A pública pelo motivo
óbvio de alocação de recursos insuficientes do SUS
para todos que o procuram - como já citado, o assunto referente a munícipes de outras cidades ou
regiões. E a rede particular pelo fato de depender
largamente dos convênios oferecidos pelas Operadoras de Saúde. Estas que, aliás, se veem em uma
encruzilhada, já que cada vez mais são obrigadas a
oferecer novos exames, procedimentos e especialidades multidisciplinares pela Agência Nacional de
Saúde (ANS), mas com uma dificuldade extrema de
repassar os custos, já que seus usuários, com todo
o direito, encontram dificuldades para arcar com
planos mais convidativos para conforto próprio e de
suas famílias.
Considerando, então, que 90% ou mais do movimento financeiro dos hospitais em nossa cidade
são provenientes de pacientes conveniados, os investimentos em instalações, equipamentos de alta
tecnologia e recursos humanos não podem parar, já
que devem ser proporcionais a pacientes-clientes
que desejam o retorno de seus investimentos em
planos de saúde.
Agora, chegamos finalmente à questão investimento em saúde propriamente dita.
Existe uma máxima envolvendo essa questão, que
é a seguinte: “Saúde não tem preço, mas medicina
tem”. E o preço é alto. Tecnologias de evolução galopante; necessidade maior de colaboradores por
leito do que a de um hotel, por exemplo; salários que
incluem insalubridade e periculosidade em vários
setores; exigências cada vez maiores dos Conselhos
(Enfermagem, Nutrição); e tributos que devoram as
entranhas de instituições de saúde com a mesma voracidade com que a qualquer outra empresa idônea.
Então, como investir, crescer, melhorar, ampliar
em um cenário de pouca elasticidade financeira?
Os pacientes conveniados e particulares querem
- e merecem - instalações cada vez melhores, mais
seguras, mais silenciosas, mais confortáveis. Mas
também querem - e é legítimo querer - planos cada
vez menos caros. Os planos, por sua vez, pressionados pelos usuários e pela ANS, quando não também
pelo judiciário, precisam de uma válvula de escape
por onde possam escoar suas necessidades de redução de custos. Assim, sobra para os hospitais (esta
discussão não inclui os médicos e clínicas, que isso
fique bem claro). Aí, em consequência, negociações
duras, manutenção de taxas de diárias e de utilização de equipamentos sem aumento por longo tempo,
além de preços de medicações, são o alvo. Questão
de sobrevivência!
Equação complicada:
- usuários que contestam os preços cobrados pelos convênios ou pelos hospitais (quando não possuem convênio);
- os mesmo usuários reivindicando mais e melhores instalações, mais e melhor tecnologia;
- convênios obrigados a ampliar o rol de procedimentos;
- os mesmos convênios sem poder aumentar as
mensalidades proporcionalmente ao que devem
cobrir;
- hospitais necessitando de ampliação e melhora;
- os mesmos hospitais recebendo os mesmos valores de há algum tempo (não nos esqueçamos da
inadimplência);
- e liminares judiciais expedidas por juízes pressionados por situações de risco iminente de morte
e insuficiência de leitos do SUS.
E a conta não fecha. Nem teria como fechar, isso
em qualquer lugar do mundo, assim como não fecha
em Uberlândia.
O encaminhamento da discussão deve ser no sen-
tido de melhor entendimento da população quanto a
real necessidade de exames e procedimentos; uma
ANS que perceba as consequências de todas as mudanças que vêm provocando nos últimos anos dentro das Operadoras de Saúde; um judiciário também
perceptivo das consequências de internações compulsórias; Operadoras de Saúde que compreendam a
importância da parceria com os hospitais, no sentido estritamente comercial da palavra, sem qualquer
embaraço ético entre as partes.
Com isso tudo, e apesar disso tudo - agora falando em nome da instituição à qual estou inserido -, o
Hospital Santa Clara tem investido no crescimento e
melhoria de suas instalações.
Só este ano foram gastos R$ 750 mil na inauguração de seu centro de imagem: o Santa Clara Imagem.
Felizmente, o resultado foi tão positivo que estamos
sendo obrigados a ampliar o serviço, com um terceiro aparelho de ultrassonografia e um segundo
aparelho de raios-X. Tem ainda a ampliação da UTI
Adulto, que agora se apresenta oferecendo o maior
número de leitos da cidade: 20, o que foi possível
graças a um investimento de R$ 600 mil.
Tem mais. Para janeiro de 2011, está previsto o
início das obras de ampliação de leitos de internação, com mais 30 a 50 novas unidades (dependendo
da necessidade de leitos no quarto) a serem construídas em área própria ao lado do Hospital, na Av.
João Pinheiro.
O segredo? Não existe segredo. Existe o nome
de um hospital sólido e uma administração tão
direcionada quanto austera: com colaboradores,
médicos e gestores que compõem uma equipe vitoriosa. B
Luiz Henrique Guerreiro Vidigal
é clínico geral, diretor administrativo do Hospital
Santa Clara e também diretor administrativo da Med
Care Assistência Domiciliar
13 ∞ Mercado Dezembro 2010
MEntrevista
Moda, coisas e tal... Em foco:
Alexandre Herchcovitch
POR Natália Nascimento (Prog. Aprimoramento Profissional)
Qual apaixonado por moda ainda não conhece a história de Alexandre Herchcovitch ou, no mínimo, já não
ouviu falar dele? Para quem ainda não, esse paulistano é
um dos nomes mais ilustres do mundo da moda no Brasil. Conhecido também internacionalmente, Herchcovitch já desfilou em cidades como New York, Londres, Paris, além do SPFW e Fashion Rio. Trabalhou na Ellus e
na Zoomp, foi diretor de estilo da Cori, tem sua própria
marca (Herchcovitch) e ainda é diretor de criação dos
cursos de Design de Moda (estilismo e modelagem) do
Senac de São Paulo.
Foi por influência de sua mãe, dona de uma microempresa de lingeries, que esse renomado estilista brasileiro
decidiu colocar seus dotes “artísticos” em prática. Mas
nada aconteceu de uma hora para outra. Antes, ele fez fotografia por dois anos, mas sem deixar a moda de lado,
pois ainda achava tempo para acatar encomendas de amigos e desenhar roupas para sua mãe. Quando concluiu
o ensino médio, como ainda não havia escolas de moda,
Alexandre optou por estudar Artes Plásticas na Fundação
Armando Álvares Penteado (FAAP), mas logo percebeu
que sua vocação não era exatamente produzir arte e, sim,
fazer uso dela. Diante disso, quando surgiu a oportunidade, ele se transferiu para a Faculdade Santa Marcelina
(FASM), onde fez Curso de Desenho de Moda até 1993.
Desde o início de sua carreira, o estilista Alexandre
Herchcovitch sempre se destacou pela inovação, tanto
na criação da moda que vai para as passarelas nacionais
e internacionais como também na extensão desse trabalho. Sua assinatura está presente nos mais diversos
produtos, além de roupas, também em roupa de cama,
louça e até band-aid - só para citar alguns.
Nesta entrevista concedida durante visita a Uberlândia, em novembro, para participar do “6º Fórum de
Moda com Ideias”, Herchcovitch falou de si, de criação,
da moda, de coisas e tal.
Mercado: Como surge a ideia de uma coleção? Onde
você busca inspiração para desenhar seus modelos?
A inspiração e toda a minha motivação vêm um pouco
do próprio histórico da minha marca, de tudo aquilo que
eu já fiz, e, às vezes, acabo refazendo coisas que fiz no
passado, mas não explorei a fundo. Vem também de novas propostas, de novos desafios que encontro por aí e de
novos temas que acabo introduzindo em minhas coleções
e que fazem com que eu mostre sempre uma novidade.
Mercado: O que mais te dá prazer no processo
de criação?
Eu continuo gostando da construção da roupa. Então hoje, o meu contato com a costura e a modelagem é
um pouco menor do que há alguns anos atrás por pura
falta de tempo, e, também, por eu me dedicar a outros
assuntos. Tenho uma equipe que trabalha em costura e
modelagem, mas continuo no que acredito ser o mais
importante para se ter uma coleção coerente: a correção da roupa. Eu presencio as provas de roupas da coleção, para que no final do processo elas fiquem perfeitas,
como imaginei.
Mercado: O que não pode faltar na sua coleção?
Isso é bastante relativo. Existem algumas características da marca que a gente persegue e repete sempre.
Acho que a alfaiataria é um ponto superforte, tanto feminina quanto masculina; é algo que realmente, dentro de
uma coleção e de uma confecção, é o mais difícil de se
fazer. Então, considero a alfaiataria uma característica
da marca. E estampas, cores... Daí por diante, depende
do momento.
Mercado: Você é eclético quando o assunto é
criação. Já apresentou diversas criações diferentes, sofás, isqueiros, louças, band-aids, etc. Como
é esse processo?
No caso dos isqueiros, fiz uma linha com a Bic alguns
anos atrás; e a linha de band-aids criei com a Johnson &
Johnson. Foram trabalhos esporádicos que tiveram duração específica dentro das lojas, um número limitado
de vendas. São maneiras diferentes de usarmos nossa
criatividade sem ser exatamente fazendo roupas. Obviamente existem diferenças no processo de criação,
há limitações. Quando você vai criar um isqueiro, por
exemplo, você tem aquela função, acender com seu próprio jeito, então o trabalho acaba sendo um pouco mais
suave. Todos têm seu formato, então a criação ficou
limitada em cima disso. Já quando crio a minha linha
prêt-à-porter ou a jeans wear, tenho muito menos limitações do que em relação a outros produtos que já são
previamente formatados.
Mercado: Como você lida com a alternância de
temas em seus desfiles, ou seja, partir de uma determinada coleção e, seis meses depois, estar apresentado outra totalmente diferente?
A cada seis meses você tem que criar novos produtos,
e hoje, as minhas coleções têm em torno de 200 itens,
fora todos os produtos licenciados que dão mais 500
itens por ano. É por isso que falo que a profissão é cruel.
Você tem que inovar a cada coleção, não mostrando algo
totalmente novo, mas uma nova maneira de enxergar o
que a marca já é, permanecendo com sua personalidade,
o DNA da marca. E se eu apresentar a mesma coisa e trabalhar em cima do mesmo tema, fatalmente as roupas
ficarão parecidas. Então, o fato de escolher novos temas
e trabalhar novas ideias me ajuda a criar novidades.
Mercado: A caveira é a sua marca e também
uma imagem que quase sempre aparece nas suas
coleções. Qual é a mensagem por trás disso?
Porque escolheu uma caveira para ser sua “marca registrada”? Existe alguma relação entre isso
e aquela sua coleção de 2004, inspirada no “Zé
do Caixão”?
Na verdade a caveira é um símbolo de que eu gosto
desde criança, coleciono caveiras de brinquedo. Tenho
memória de gostar de assuntos ligados à caveira, ao terror e tudo mais. A primeira peça que fiz e comercializei
foi uma camiseta branca estampada de caveira. Acabou
que essa camiseta existe até hoje, é um item que existe
há quase 20 anos. Então acho que acabou sendo uma
marca. Hoje, não mais marca registrada, ela se tornou
só um ícone que as pessoas têm na cabeça, pois a utilizamos de uma maneira muito sutil, não em grande escala,
aparecendo às vezes em coleções, porém quase sempre
não na passarela. Mas é claro como esse universo é instigante para mim, e eu gosto. Por isso acabo me aproximando de assuntos que são parecidos, como o Zé do
Caixão, como uma coleção de inverno que fiz há um ano
atrás, em que os modelos foram pintados com crânio na
cabeça. Isso acaba aparecendo, de uma maneira ou de
outra, em coleções.
Mercado: Saindo do Brasil, como foi levar o seu
trabalho, a sua marca, para passarelas do exterior,
para outro tipo de mercado? Foi um desafio?
Todo novo trabalho e nova realidade é um desafio. A
15 ∞ Mercado Dezembro 2010
MEntrevista
Na verdade, percebemos que as minhas criações podiam
ser consumidas por qualquer pessoa e não só por pessoas do Brasil. Então, iniciamos um processo de internacionalização da marca em 1996, quando começamos a
vender nos Estados Unidos e na Inglaterra; e, em 1998,
decidimos desfilar fora do Brasil. Começamos desfilando em Londres, depois Paris e, agora, há nove coleções
desfilamos em Nova Iorque.
Mercado: Quem olha para o mundo da moda pensa logo em glamour... Mas, e nos bastidores, também há glamour?
O trabalho não combina com essa palavra, glamour.
O meu mundo, pelo menos, é 100% do tempo voltado
ao trabalho, à rigidez, à coerência, e o tal do glamour
eu nem sei o que é. Então, na verdade, existe aquela
imagem da passarela em que as mulheres estão bonitas,
os homens também, e isso é muito ligado à estética e à
beleza. Assim, quando as pessoas falam do glamour da
moda, penso que elas estão falando de estética e beleza.
Mas é um ramo e um mundo como qualquer outro. É
uma indústria que requer muito trabalho, que é muito
mais complexa de se fazer funcionar do que uma de parafusos, por exemplo, porque nessa você tem uma matéria-prima, uma matriz e nunca precisa mudar a forma. O
parafuso é aquilo para o resto da vida. Agora roupas, de
seis em seis meses temos que criar uma coleção nova,
que vá seduzir o cliente para que ele volte novamente à
loja. Então é um mundo muito cruel.
Mercado: Pra quem está começando no ramo da
moda, especificamente como estilista, que conselhos você daria e quais oportunidades essa pessoa
deve buscar?
É bom observar que não existe somente a carreira de
estilista. Existem outras profissões dentro do Mercado
de moda. Primeiro, entender se é exatamente aquilo que
a pessoa tem como vocação e se é aquilo que a pessoa
quer fazer dentro da área de moda, levando em conta as
diversas outras profissões que existem dentro dessa área.
Assim que detectar aquilo que realmente quer, fazer uma
pesquisa particular. Acho que quem quer ser estilista, trabalhar com roupa, mesmo que não vá costurar e modelar
Mercado Dezembro 2010 ∞ 16
a vida inteira, tem que aprender a construir a roupa, para
que na hora de pedir algo para a sua modelista, para a
sua costureira, possa falar de igual para igual. Porque, se
ela te fizer uma pergunta, você tem que saber responder
claramente dizendo o que quer. Então é fundamental que
entenda de construção, modelagem e costura.
Mercado: Para quem o tem como exemplo, para
ser um estilista completo é preciso de uma formação acadêmica?
Acho que precisa de uma formação acadêmica sim,
mas só essa formação acadêmica ou só o autodidatismo
não funcionam. Na verdade, se você é autodidata você
está perdendo alguma coisa que a faculdade pode te dar,
e se você fizer só faculdade e não fizer uma pesquisa
particular sobre aquilo que você gosta e fizer o seu próprio repertório, você também não vai conseguir nada
tendo somente a formação acadêmica. As duas coisas
se completam. Mas, sem dúvida, a formação acadêmica
no Brasil está cada vez mais forte. Por exemplo, quando
me formei, em 1993, nenhum professor tinha vindo da
área de moda, porque não existia ninguém formado ainda. E, hoje, os professores das faculdades de moda são
formados no assunto, com mestrado e doutorado e tudo
mais em moda.
Mercado: Como é criar e gerir o próprio negócio?
Na verdade a gestão do meu negócio não é feita por
mim. É feita por uma equipe do grupo Imbrand, que
comprou minha marca. Então, hoje sou só o diretor de
criação da marca, a gestão fica por conta de um outro
grupo de pessoas.
Mercado: O seu livro “Alexandre Herchcovitch:
cartas a um jovem estilista. A moda como profissão”, traz a seguinte citação: “Vender moda muito
além do mero vender roupas, ou seja, vender um
estilo de vida”. O que você quer dizer com isso?
Quis dizer que quando as pessoas estão comprando
roupa elas estão comprando muito além de uma peça que
vai cobrir o corpo, ou abrigar do frio, cobrir alguma necessidade. Na verdade, as pessoas estão comprando uma
expressão, estão comprando uma roupa através da qual
elas vão se expressar para as outras pessoas e mostrar
o seu modo de vida a partir dela. Foi isso que quis dizer.
Mercado: Falando mais sobre você, como surgiu
o seu interesse pela moda?
Falando um pouco do meu histórico, comecei a gostar de moda, ou pelo menos a entender que era aquilo
que iria fazer dali pra frente quando era uma criança,
um pré-adolescente. Eu ficava observando a minha mãe
costurar em casa roupas para ela, além de costurar, modelar, cortar e mexer com tecido. E eu ficava fascinado
com o poder que ela tinha de transformar um tecido em
uma escultura, em uma roupa, em algo que era tridimensional. Então, pedi para ela me ensinar a costurar e a A
MEntrevista
fazer tudo aquilo que eu a via fazendo. E foi aí que começou a minha paixão
por roupa e por moda.
Mercado: Além dela, outras pessoas te inspiraram?
Na verdade, quando eu comecei a fazer roupas, a minha preocupação não era que estilo a minha roupa iria ter, eu nem imaginava que teria
uma marca. A minha preocupação era aprender a construir a roupa. Era
aprender tudo aquilo que via a minha mãe fazendo. Muito mais tarde foi
que vim a aperfeiçoar o meu estilo, até chegar hoje ao que é o estilo Alexandre Herchcovitch. Então, durante esse tempo todo, recebi influência
de tudo o que você pode imaginar. E ainda recebo, porque trabalho de
uma maneira muito livre, muito aberta, então observo muitas coisas que
acontecem no mundo, e tudo pode acabar influenciando meu trabalho.
Mercado: Qual foi o seu primeiro contato com o trabalho nesse setor?
Em uma confecção de lingerie que minha mãe abriu; comecei a trabalhar
com ela nessa confecção informalmente, pois eu ainda era um adolescente... Estudava. Tive um contato muito próximo com materiais de lingerie,
rendas, e todo esse universo do underwear que, hoje, em alguns dos meus
trabalhos, isso aparece, essa influência aparece.
Mercado: Teve algum momento muito difícil ao longo de sua carreira em que você tenha considerado desistir da moda?
Na verdade, nada é fácil. Acho que as únicas armas que eu sempre tive foram a coragem, a cara de pau mesmo, ao enfrentar todo mundo com aquilo
que eu pensava, com aquilo que eu penso, e colocar a minha personalidade
nas minhas criações. Então, a partir do momento em que tudo aquilo que
eu faço é uma verdade, porque corresponde exatamente àquilo que gosto,
àquilo que eu sou, as portas se abrem e tudo fica relativamente mais fácil de
acontecer. Minha família é uma família de classe média normal. Eu sempre
tive ajuda dos meus pais desde o começo dentro de casa. A primeira máquina de costura que tive, quem me deu de presente foi meu pai, então eu sempre tive muito apoio dentro da minha casa. E nunca sofri rejeição quanto à
minha escolha, a escolha da minha profissão. Então, isso já me deu força
para continuar a fazer tudo que faço até hoje. Eu nunca pensei em desistir.
Em vez de pensar em desistir, eu penso sempre em fazer mais coisas.
Mercado: Para finalizar, quem é Alexandre Herchcovitch? Como
você se autodefine?
Uma pessoa como outra qualquer, que conseguiu através do trabalho
se realizar. B
MFranchising&Negócios
A conversão do
aprendizado
“É graça divina começar bem.
Graça maior é persistir na caminhada certa.
Mas a graça das graças é não desistir nunca!”
Dom Hélder Câmara
POR Carlos Ruben Pinto*
O empresário que tem hoje um negócio consolidado sabe
o trabalho que teve para conquistar o mercado e posicionar
a sua marca. E, ao pensar no franchising como um canal de
distribuição, seguramente sabe que também terá pela frente
muito trabalho. Nesse momento, podem surgir tanto rejeições
como aceitações, e ambas vindas de um conjunto de pensamentos e sentimentos. Alguns expressam seus sentimentos
com certa facilidade, outros nem tanto.
Tomando por base os pensamentos e sentimentos que os
conduzem às decisões, lembro-me de um grande professor de
matemática que certa vez me ensinou uma sábia lição de que
nunca esqueci. Disse-me ele que era importante saber dirigir
os pensamentos, pois o pensamento gera sentimento, e o sentimento gera comportamento. Partindo desse ponto, pergunto-me: quais são as referências que um empresário, potencial
franqueador, utiliza para se decidir ou não pelo franchising
como canal de distribuição? Sabendo que os pensamentos
geram sentimentos e esses os comportamentos, e que alguns
pensamentos aproximam e outros afastam o empresário do
franchising, parece-me razoável questionar o sistema para auxiliar na reflexão.
O sucesso dentro de uma rede
começa fora. O maior trabalho é o de
dedicar-se a conhecer os candidatos
à franquia, seu modo de pensar e
agir, seu comportamento social
Qual deverá ser a função do franchising na empresa? O que
ele busca resolver? O que irá determinar o sucesso de um projeto de franchising dentro de uma empresa? O sucesso dentro
de uma rede começa fora. O maior trabalho é o de dedicar-se a
conhecer os candidatos à franquia, seu modo de pensar e agir,
seu comportamento social. Lembrem-se, entre pensamento
e comportamento tem sentimentos. Portanto, é da qualidade
das interações iniciais, da avaliação da “mente comum”, dos
sentimentos entre franqueador e franqueado que nasce a franquia bem-sucedida.
Toda entrevista com um candidato a franqueado está sujeita a uma infinidade de interpretações e dificilmente uma
boa relação de longo prazo será construída com uma ou duas
entrevistas. Será necessário ter um pouco mais de paciência,
cada uma das partes tem seu tempo de análise e decisão. Enquanto isso, o franqueador terá mesmo que avaliar o nível socioeconômico do candidato e o candidato terá que avaliar a
viabilidade do negócio. Enquanto as partes se analisam mutuamente, utilizam-se do tempo de maturação do relacionamento
que faz parte do processo e assim a concessão da franquia vai
amadurecendo.
O que significa um sistema de franquias confiável? As franquias confiáveis apresentam viabilidade econômico-financeira
no médio prazo, um projeto de formatação bem estruturado,
e contam com franqueadores e franqueados honestos e talentosos. Quando incluo na confiabilidade do sistema a figura do
franqueado, é porque penso que, quando necessário, deve-se
excluir da rede os franqueados ruins. Uma rede não pode ter
sua credibilidade arranhada.
As franquias confiáveis apresentam
viabilidade econômico-financeira
no médio prazo, um projeto de
formatação bem estruturado, e
contam com franqueadores e
franqueados honestos e talentosos
Quais os rumos que um projeto de franquia deve dar ao negócio? Hoje muitos dos potenciais franqueadores utilizam as
histórias e experiências dos outros como referência para decidirem se o franchising é ou não um bom canal de distribuição.
Mas, como disse o professor Ram Charam, de Harvard: “o que
conta mesmo é a conversão do aprendizado em prática”. Dessa forma, o ideal é fazer uma leitura do seu segmento de atuação, do mercado e olhar o negócio como um todo. Se o principal objetivo de sua empresa com o franchising for crescer, não
faça dele o seu único canal de vendas, porém trabalhe para
fazê-lo crescer ano a ano. Promova o crescimento orgânico da
empresa, aproveite os recursos que ela tem e melhore sempre
a produção e os serviços aos clientes. Envolva os candidatos
no processo de concessão, eles querem saber se a franquia trará ganhos. Separe sempre uma verba para o crescimento via
franchising. Invista no desenvolvimento da imagem, na seriedade do sistema e no posicionamento da marca. B
* Carlos Ruben Pinto é administrador de empresas, consultor de varejo e franquias [email protected] - www.guiadofranchising.com.br/mds
Mercado Dezembro 2010 ∞ 20
MInvestimentos&etc.
Saltando os
quebra-molas!
POR Antonio Leite de Oliveira Neto *
É
possível ficar rico investindo seu dinheiro em
ações? Não, essa não é
mais uma situação de filme americano em que as
pessoas alcançam a riqueza aplicando em ações, mas sim uma pergunta
que passa pela cabeça de muita gente
que está atrás de boas oportunidades
para fazer o seu dinheiro render cada
vez mais e, assim, garantir um futuro
de maior conforto e sem dependência financeira de outras pessoas.
Diante dessa pergunta, ao abrirmos a janela de casa, passamos a
observar o cenário macroeconômico de quem sonha alcançar um
equilíbrio, porém encontra grande
dificuldade em realizar esse sonho.
Crise mundial financeira de 2008,
bancos em colapso, falta de crédito,
desemprego e recessão em muitos
países, crise na Grécia, crise na Irlanda, guerra entre as Coréias, o mundo
tentando se reajustar e mudanças
políticas no Brasil são apenas alguns
fatos que vêm moldando o atual cenário de incertezas que vivemos.
Diante disso, voltamos à pergunta
inicial: é possível ficar rico investindo em ações? Se formos analisar a
evolução da Bovespa nesse período,
ela já foi considerada o pior investimento de 2008, o melhor investimento de 2009 e um investimento mediano em 2010, o que mostra que os investimentos de curto prazo na bolsa
não fazem muito sentido, porém, se
pegarmos a evolução de Bovespa
desde a década de 1960 até os dias
Mercado Dezembro 2010 ∞ 22
atuais, conseguimos responder nossa pergunta do início, pois, aí sim, a
Bolsa já formou algumas riquezas.
Porém, no curto prazo é preciso
fazer uma gestão mais ativa de nossa
carteira de ações, e em cenários de
total incerteza como o que estamos
vivendo agora, o mais prudente a fazer é entrar em operações mais conservadoras que nos dão maior segurança, protegem nosso capital e limitam as perdas caso o mercado venha
a perder força gradativamente.
Existem diversas estratégias
conservadoras no mercado de
ações que se encaixam no cenário
citado no parágrafo anterior. Seu
assessor de investimentos já deve
ter comentado sobre essas operações, que são: Financiamento com
Opções, Cruzamento de Médias Móveis, Compra com Capital Protegido e a estratégia de “Long & Short”,
que iremos especificar um pouco
mais aqui neste artigo.
Os analistas de mercado observaram que ações do mesmo setor,
embora tenham seus preços diferenciados, geralmente costumam
ter a mesma variação, formando
uma relação constante de preços
entre elas, porém, em certo momento do mercado, essas ações que
possuem preços diferentes, mas
variações de preços constantes, geram uma distorçam nessa relação
de preços, alterando essa variação
(gráfico a seguir).
Ao observar essa relação distorcida, os analistas detectaram uma
oportunidade que acabou sendo
chamada de “Long & Short” (Comprado & Vendido), que consiste em
uma operação casada - simultânea -,
na qual um investidor mantém uma
posição vendida em uma ação e
comprada em outra - com financeiro
perto de zero -, no intuito de obter
um residual financeiro da operação
quando liquidá-la.
Ficou difícil? Então vamos a um
exemplo prático, para entendermos
melhor como a coisa funciona. Para
isso, vamos usar como exemplo
a TAM PN (TAMM4) e a GOL PN
(GOLL4), duas empresas do setor
aéreo brasileiro que, historicamente, têm valores diferentes, porém geralmente seguem uma relação constante entre elas.
A partir do momento em que essa
relação é distorcida, como no nosso
exemplo, as ações de TAMM4 subirão 5% e as de GOLL4 cairão 5%, portanto, a tendência natural do preço
desses ativos é voltar para a variação e relação histórica entre eles,
e é aí que os analistas identificam
a oportunidade que chamamos de
Long & Short.
No nosso exemplo, para que a
relação histórica volte a vigorar, há
duas possibilidades. A TAMM4, que
havia subido 5%, deve cair, mantendo assim a relação entre as ações, ou
a GOLL4, que havia caído, deve subir
para manter essa proporção. Seguindo esse raciocínio e nossa estratégia
de Long & Short, deveríamos comprar GOLL4 e vender TAMM4, acreditando que o ajuste entre esses dois
ativos deve ocorrer e assim garantir
o sucesso da operação.
A estratégia de Long & Short é excelente para momentos de incerteza, entrando nos dois lados do mercado, tanto na compra como na venda, deixando você um pouco mais
protegido em um mercado instável,
afinal, se a Bolsa cair, você perde
na ação comprada (GOLL4) e ganha
na ação vendida (TAMM4), mas em
caso de a Bolsa subir, você inverte
sua relação ganho/perda.
Embora isso seja uma boa estratégia de proteção, não é a única...
Nos próximos artigos citaremos outras estratégias.
Portanto, acho que chegamos a
uma resposta para a pergunta do início deste texto: realmente é possível
adquirir independência financeira
investindo no mercado de capitais.
Em longo prazo, isso tem grande
probabilidade de acontecer, mas só
será possível com uma gestão eficiente de nossa carteira de ações e
bons conhecimentos de estratégias
de proteção que nos ajudem nos
momentos de incerteza do mercado,
da forma como acontece agora. Por
exemplo, entrar em uma operação
de Long & Short. B
MCapa
Uma cidade
chamada UFU
POR Margareth Castro FOTOS Milton Santos
Com orçamento superior ao de muitas cidades do
Triângulo Mineiro, de Minas e do Brasil, a Universidade
Federal de Uberlândia está entre as 15 mais do ensino
superior do país
Entrada principal de um dos vários campi da UFU, o Campus Santa Mônica
C
om um orçamento de
aproximadamente R$
800 milhões - valor de
2010 - e uma população estimada em 25
mil pessoas, entre estudantes e servidores, a Universidade Federal de
Uberlândia (UFU) pode ser comparada a muitas cidades brasileiras. Na
região do Triângulo Mineiro e Alto
Paranaíba, por exemplo, TupaciguaMercado Dezembro 2010 ∞ 24
ra, Estrela do Sul, Monte Alegre de
Minas e Campina Verde possuem
menos habitantes e investimentos
muito inferiores ao que contempla
a verba orçamentária anual da UFU.
Outro bom exemplo do tamanho
do orçamento dessa Universidade
uberlandense pode ser medido num
comparativo com o do município de
Uberaba, que para 2011 é de R$ 860
milhões (aprovado pela Câmara de
Vereadores no dia 9 de dezembro),
ou seja, apenas R$ 60 milhões mais
que o da UFU deste ano que se encerra. Outra comparação relevante
pode ser feita entre os orçamentos
da UFU e o do próprio município
onde está sediada: Uberlândia, cujo
valor “reestimado” para 2009 foi de
aproximadamente R$ 910 milhões,
portanto, também números muito
próximos. Essas comparações ser-
vem de parâmetro para dimensionar
a grandeza da Universidade Federal
de Uberlândia (UFU) e, por que não,
equiparar a sua administração à de
uma cidade.
Há ainda outros números da
Universidade Federal de Uberlândia que impressionam e que expõem bem a grandeza da instituição. Abrangendo uma área total
de 22.421.609.99 metros quadrados
em terrenos, a UFU tem 221.094,59
metros quadrados de área construída, dividida em quatro campi
(Santa Mônica, Umuarama, Educação Física e Pontal, em Ituiutaba).
Com apenas 40 anos de existência
- foi federalizada em 1976 -, já está
entre a 13ª e 14ª das 56 universidades do país, não só em termos de
tamanho, sendo considerada de
porte médio, mas, principalmente, pela qualidade dos cursos e da
assistência. Em termos de abrangência, a UFU possui intercâmbio
com mais de 100 universidades no
Brasil e no mundo.
Assim como uma cidade, a UFU
também possui uma administração
subdividida, semelhante ao que
ocorre nos governos municipais
que, no caso da Universidade, englobando reitoria, pró-reitoria, colegiados, prefeitura, coordenação
de cursos e outros. De acordo com
o reitor da Universidade Federal
de Uberlândia, Alfredo Júlio Fernandes Neto, é uma administração
colegiada. Ele explica que os recursos são oriundos dos governos
federal - maior parte -, estadual
e também municipal, especificamente no Hospital de Clínicas, que
Vista parcial dos três campi da UFU, em Uberlândia:
Santa Mônica, Umuarama e Educação Física
atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Alfredo Júlio norteia a UFU de
uma maneira objetiva e simples,
mas com a propriedade de quem conhece, e bem, a instituição que administra. “A UFU é uma instituição
de educação e aprendizagem. Sabemos que a Universidade não ensina,
mas os alunos que aprendem e nós
temos que ser facilitadores e motivadores dessa aprendizagem”, ressaltou. Segundo ele, a UFU não é a
Universidade Federal
de Uberlândia, mas a
Universidade Federal
em Uberlândia. A
A UFU em números
Campi:
Faculdades:
Institutos:
Bibliotecas:
Laboratórios:
Hospitais:
Fazendas Experimentais:
Restaurantes Universitários:
Anfiteatros:
Emissora TV:
Emissora Rádio:
Imprensa:
Incubadora:
Reserva Ecológica:
Centros de Convivência:
4
17
11
5
384
4
4
4
15
1
1
1
1
1
2
O reitor Alfredo Júlio Neto tem sob a sua
administração um orçamento de mais de R$ 800
milhões (valor de 2010), maior que muitas cidades
brasileiras, quase o mesmo de uma cidade como
Uberaba (para 2011 é de R$ 860 milhões), com
seus quase 300 mil habitantes, por exemplo
25 ∞ Mercado Dezembro 2010
MCapa
Economia
O orçamento milionário da Universidade Federal de Uberlândia
faz muito bem para a economia de
Uberlândia e também da região.
Além dos empregos gerados, a instituição possui mais de 20 mil alunos (graduação e pós-graduação),
sendo que 80% são oriundos de
outras cidades e estados, que vêm
para Uberlândia estudar, trabalhar
e viver. No município, essas pessoas gastam com moradia, saúde, alimentação, transporte e no comércio
em geral.
Por outro lado, a maior parte do
orçamento da UFU é aplicada em
pessoal. Só a folha de pagamento
mensal é superior a R$ 45 milhões,
dinheiro que ajuda e muito na movimentação da economia local. “É
difícil imaginar o que seria de Uberlândia hoje sem a Universidade. É
todo esse contingente movimentando a economia, promovendo arte e
cultura na cidade”, ressalta o reitor
Alfredo Júlio.
Porém, o maior investimento é
feito na área de ensino, como salas
de aula, equipamentos, infraestrutura (água, energia e telefone) e ainda
no apoio estudantil para os alunos
de baixa renda, por meio das bolsas
moradia, transporte e alimentação e
ainda na saúde dos estudantes.
Na distribuição dos recursos, o
curso de Medicina é o mais oneroso
para a UFU. Segundo o reitor, o investimento se faz necessário por causa do Hospital de Clínicas. Segundo
ele, se a estrutura fosse apenas para
formar os alunos, ou seja, realmente
funcionasse como um hospital escola, ele seria a metade do que é hoje,
com 200 leitos. “No entanto, nosso
hospital não é mais só para formar
médicos, já que a própria faculdade
de Medicina tem três cursos (Medicina, Enfermagem e Nutrição), mas
toda a área de saúde. Além do quê,
o nosso hospital é o único hospital
SUS da região e que, portanto, desempenha papel de atenção à saúde
e extrapola a função fundamental e
isso aumenta a necessidade de investimentos”, explica.
O Hospital de Clínicas da UFU e o único hospital público de referência para média
e alta complexidade da região, prestando atendimento para uma população
de quase três milhões de pessoas de 86 municípios do Triângulo Mineiro, Alto
Paranaíba, Centro Oeste e Sul Goiano. Com 503 leitos e 3.385 funcionários, o
hospital realiza por dia uma média de 2.650 atendimentos, sendo o maior hospital
prestador de serviço pelo Sistema Único de Saúde (SUS) de Minas Gerais
Mercado Dezembro 2010 ∞ 26
Parcerias: empresas buscam na UFU mão de obra qualificada
Laboratório da estatal Petrobras, uma das empresas parceiras da UFU
As parcerias firmadas com empresas e órgãos federais ajudam
a preparar a mão de obra para o
mercado e a fomentar as pesquisas. De acordo com o reitor da
Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Alfredo Júlio Neto, as
oportunidades de parcerias vêm
por meio dos órgãos de fomento
à pesquisa, como o Caps, CNPq
e Finep, que publicam editais de
pesquisas em determinadas áreas.
Segundo ele, as empresas públicas e privadas sabem que nas universidades estão as inteligências
e encontrar mão de obra (pesquisadores) é mais fácil.
Uma das parcerias da Universidade é com a Petrobras. A empresa possui na UFU o Laboratório de
Tecnologia em Atrito e Desgaste
(LTAD), voltado para o desenvolvimento de soluções tecnológicas para a área de petróleo e gás.
Entre as atividades realizadas no
novo laboratório, que pertence ao
conjunto de laboratórios da Facul-
dade de Engenharia Mecânica, estão a avaliação de corrosão/erosão
em componentes utilizados na exploração e produção de petróleo e
o desenvolvimento de tecnologias
e equipamentos para avaliação de
propriedades mecânicas in situ. A
Além da Petrobras, a UFU
também tem parceria com a
Embraer para desenvolver projetos
de pesquisa. Também é voltada
para o curso de Engenharia
27 ∞ Mercado Dezembro 2010
MCapa
“Aqui na UFU já são dois laboratórios da Petrobras. A empresa
constrói e entrega aos nossos pesquisadores para que eles desenvolvam suas pesquisas”, disse o reitor,
Alfredo Júlio. Além da Petrobras, a
UFU também tem parceria com a
Embraer para desenvolver projetos de pesquisa. Também é voltada
para o curso de Engenharia.
O reitor conta que a UFU está
com um projeto de parceria em andamento com a Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Segundo ele, o processo está bem
adiantado, mas com as mudanças
de direção, foi preciso retomar as
negociações do começo. A ideia é
fazer a certificação de vários produtos que estão no mercado. “Temos condições, em Uberlândia, de
testar vários medicamentos e também na área de sementes. A Agronomia tem expertise para avaliar
sementes, fertilizantes. Na área
odontológica, podemos avaliar os
implantes”, adiantou.
A Agência Intelecto é a responsável pelo acompanhamento e divulgação do processo de criação
dos produtos e do contato com os
empreendedores. Segundo Alfredo
Júlio, essa é uma forma de divulgar o trabalho. O reitor diz que na
área de eletrônica há vários produtos sendo desenvolvidos e um
deles é o projeto Guarda Costas.
“É um projeto de segurança eletrônica que está sendo desenvolvido
na Universidade com o apoio da
Finep, com financiamento de R$ 5
milhões e uma empresa da cidade,
que coincidentemente é uma empresa de ex-alunos da Universidade”, contou.
Expansão: UFU ultrapassa
os limites de Uberlândia
Incubadoras
“Nosso sonho é cada dia fortalecer mais as incubadoras. Na Universidade são produzidas muitas
pesquisas e teses, e elas têm gerado poucos produtos na prática”,
disse Alfredo Júlio.
Na UFU, alguns projetos já
saíram da incubadora, viraram
produtos e já estão no mercado.
Os pesquisadores acompanham
a evolução do processo, que vira
patente e royalties. “Queremos
acabar com a timidez e melhorar
a relação universidade/empresa. O
papel da Universidade é pesquisar,
e da indústria é produzir”, reforçou o reitor.
Números da Educação
Mais de 20 mil alunos
1,2 mil mestrandos
518 doutorandos
1,5 mil produções científicas
em 2010
Mercado Dezembro 2010 ∞ 28
Obras do Campus Pontal da UFU. Esse campus, que
por enquanto funciona em instalações terceirizadas,
foi inaugurado em 2007, na cidade de Ituitaba-MG, a
130 km de Uberlândia
Levar a Universidade Federal
de Uberlândia (UFU) a outros
municípios da região e para além
das fronteiras da cidade é um
fato marcante para o reitor Alfredo Júlio Neto. Ele conta que
a cidade teve três momentos que
marcaram sua história: a instalação de cursos superiores, como
Direito e Ciências Econômicas;
a criação do Distrito Industrial;
e a captação da água de Sucupira. “Esses fatos definiram o que
Uberlândia é hoje. E avaliando a
população local, percebe-se que
a maioria é de fora e veio por
causa da Universidade”, disse.
Segundo o reitor, as cidades
de onde vieram essas pessoas,
especificamente alunos, perderam suas inteligências. “Nada
mais justo hoje do que a Universidade, por meio de um desses
fatores que determinaram o desenvolvimento de Uberlândia,
devolver a essas cidades vizinhas
a oportunidade de serem grandes
cidades. Com a Universidade em
Ituiutaba, Patos de Minas e Monte Carmelo, os jovens não vão
mais deixar suas cidades para
levar conhecimento, desenvolvimento e empreendedorismo para
outros municípios”, explicou.
“Nada mais justo hoje do que a UFU, por meio de um desses fatores que
determinaram o desenvolvimento de Uberlândia, devolver a essas cidades vizinhas
a oportunidade de serem grandes cidades”, diz o reitor
Campus Pontal - O Campus do
Pontal, em Ituiutaba, no Pontal do
Triângulo Mineiro, foi inaugurado
em 2007. No início eram nove cursos e agora já são 11, nas áreas de
Humanas e de Engenharia voltados
para a licenciatura.
A inauguração do Campus deve
ocorrer entre março e abril do ano
que vem. Atualmente, a Universidade funciona em uma área alugada.
Campos Patos de Minas e
Monte Carmelo - A primeira
fase do primeiro vestibular dos
campi de Patos de Minas e de
Monte Carmelo aconteceu agora
em dezembro e a segunda fase
será realizada em janeiro. Cada
cidade oferece três cursos, sendo
em Patos: Engenharia Elétrica,
Engenharia de Alimentos e Biotecnologia, e em Monte Carmelo:
Agronomia, Sistema de Informação e Engenharia de Agrimensura
e Cartográfica.
De acordo com o reitor da
UFU, a demanda pelos cursos
oferecidos foi muito grande. “Há
cursos com mais de 12 candidatos/vaga. A média/vaga em Monte
Carmelo foi de 7.99 candidatos/
vaga e 8.78 em Patos de Minas.
Os campi funcionam em prédios das prefeituras, mas a UFU já
tem as áreas para construção de
instalações próprias. Alfredo Júlio diz que as obras devem iniciar
ainda no primeiro semestre. O investimento será de R$ 12 milhões
só para a construção, sem contar
a aquisição de equipamentos.
Campus do Glória - O Campus
do Glória será o maior da UFU, com
3 milhões de metros quadrados (seis
vezes maior do que os três atuais campi juntos: Santa Mônica, Umuarama
e Educação Física) e as obras devem
começar já no início de 2011. A verba
liberada pelo Ministério da Educação
(MEC) é de R$ 16 milhões. A
Estrutura dos campi
Santa Mônica:
140 salas e
9 anfiteatros
Umuarama:
60 salas e
5 anfiteatros
Educação
Física:
9 salas e
1 anfiteatro
Pontal:
36 salas
29 ∞ Mercado Dezembro 2010
MCapa
Vista aérea (áreas delineadas) de onde será construído o Campus do Glória,
que agregará à Universidade Federal de Uberlândia mais 3 milhões de metros
quadrados: obras têm previsão para começar no início de 2011
O primeiro curso a ser instalado será o de Engenharia Aeronáutica, em 2012. A
fazenda do Glória foi doada para a UFU em 1973. A área para a construção de
quatro blocos será em um descampado na BR-365, no final da avenida João Naves
de Ávila, à direita, após cruzamento com a BR-050.
Mercado Dezembro 2010 ∞ 30
Ensino a Distância (EAD) - O
Ensino a Distância da Universidade
Federal de Uberlândia (EAD/UFU)
já conta com mais de seis mil alunos.
São oferecidos mais de 10 cursos de
graduação e pós-graduação. Para o
reitor Alfredo Júlio Neto, a EAD é a
oportunidade de realizar sonhos e
certificar competências.
Benefícios: obras que
não param
Além do que já foi mencionado, a
Universidade Federal de Uberlândia
(UFU) é um verdadeiro canteiro de
obras. Por todos os campi percebem-se obras sendo executadas. No
Umuarama, por exemplo, ao retornarem às aulas, os alunos encontrarão um novo Restaurante Universitário (RU), em um prédio próximo a
biblioteca. O local está sendo reformado e é uma necessidade antiga,
já que os estudantes hoje utilizam o
restaurante do Hospital de Clínicas.
Outra novidade para o próximo
ano é a construção de uma moradia estudantil, que será dividida em
dois prédios, em um terreno de 1.960
metros quadrados. Serão 176 apartamentos duplos para 152 estudantes,
entre eles oito com necessidades
especiais. O prédio está em construção no bairro Tibery, na rua Venezuela, e deve ficar pronto até meados de 2011. Os apartamentos terão
três quartos e serão entregues aos
alunos com toda a infraestrutura.
A moradia estudantil servirá de
hospedagem para alunos que atenderem certas exigências, como baixa renda. Eles deverão estar inscritos em um dos programas sociais
do governo federal. Segundo o reitor, as normas serão elaboradas no
início do próximo ano, juntamente
com os alunos e representantes dos
diretórios. “Estamos atendendo
reivindicações antigas que a Universidade tinha e não eram resolvidas,” ressaltou. B
Perfil do Reitor da
Universidade Federal de
Uberlândia (UFU)
Nome:
Alfredo Júlio Fernandes Neto
Naturalidade:
Uberlândia (MG)
Estado civil:
casado e pai de dois filhos
Formação:
Odontologia (UFU)
Pós-graduação: mestrado na
USP de Bauru e doutorado
na USP de Ribeirão Preto
Trabalhos: Coordenador
do curso de Odontologia por
cinco mandatos, diretor da
faculdade de Odontologia
por dois mandatos, chefe do
gabinete do reitor por duas
vezes e várias vezes chefe
de departamento. Hoje é um
dos pesquisadores da pós-
Obras preliminares da Moradia Estudantil que
encontra-se em construção no bairro Tibery, em
lotes próprios da UFU, que possui ainda vários
outros terrenos em diversos bairros como reservas
para futuras ampliações
graduação de Odontologia
da UFU
Mandato:
4 anos (2008/2012)
31 ∞ Mercado Dezembro 2010
MEconomia
FIEMG divulga
Balanço da Economia
DA Redação
A
pesar de alguns problemas no horizonte;
como a questão cambial, a política fiscal, e
as altas taxas tributárias, as perspectivas para 2011 são
otimistas, assim como a expectativa dos empresários mineiros. Em
linhas gerais, essa foi a conclusão
Mercado Dezembro 2010 ∞ 32
do Balanço da Economia Brasileira
e Mineira em 2010 e Perspectivas
para 2011, apresentado dia 17 na
sede da Federação das Indústrias
do Estado de Minas Gerais (FIEMG) em Belo Horizonte. O estudo
foi apresentado pelos diretores
da instituição, Olavo Machado Jr.
(presidente), Guilherme Velloso
Leão (gerente de Economia) e Lincoln Gonçalves Fernandes (presidente do Conselho de Política
Econômica Industrial). “O quadro é
otimista, mas é preciso estar alerta
para evitar o risco de desindustrialização e manter a competitividade
dos produtos brasileiros”, analisou
o presidente Olavo Machado Jr.
análise, o gerente de Economia avaliou que o ano de 2010 foi excelente
para a economia brasileira. Após uma
queda de 0,6% em 2009, o PIB nacional deve alcançar um crescimento de
7,6% neste ano, um recorde histórico.
O grande impulso para a recuperação
veio da indústria. De janeiro a setembro, o setor cresceu 13,1%, comparado a igual período em 2009. Para
2011, porém, o crescimento deve ser
menor, ressalva Velloso Leão, cerca
de 4,5%. Os motivos são a base de
comparação com 2010, a possível elevação da taxa de juros, a contenção
do crédito e a questão cambial. “O
consumo das famílias foi um forte fator de crescimento. Os empresários
também contribuíram, mantendo os
investimentos a partir de uma visão
de longo prazo”, disse.
O presidente do Sistema
FIEMG, Olavo Machado Jr.
Em sua análise, o gerente de
economia, Velloso Leão, falou sobre o cenário externo, que considera ainda bastante instável. Nos
Estados Unidos, disse ele, houve
melhora no consumo, mas o crédito está fraco e não há sinal de
retomada dos investimentos. Na
Europa, a economia apresenta
um quadro de estagnação, o que
a faz ser vista como o maior risco no panorama internacional,
principalmente considerando-se a
situação de recessão e fragilidade
fiscal de alguns países (Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha). O Japão demonstrou uma recuperação
considerada surpreendente (3%),
mas está perdendo dinamismo. “A
economia está sendo puxada pelos
BRICs. A China cresceu 10,5%; a
Índia, 9,7%; o Brasil, 7% e a Rússia,
4%”. Mas EUA, União Europeia e
Japão respondem por 60% do PIB
mundial. Se esses países apresentam crescimento reduzido, não podemos esperar grandes saltos em
2011”, ponderou.
Dando prosseguimento em sua
O gerente de
Economia da FIEMG,
Guilherme Velloso
Leão, demonstra
preocupação com as
políticas fiscais que
serão adotadas no
próximo governo, cujos
gastos aumentaram
muito nos últimos anos
Segundo ele, outro ponto preocupante são as políticas fiscais
que serão adotadas no próximo
governo, cujos gastos aumentaram muito nos últimos anos.
Houve um crescimento de 26%
na comparação de janeiro a outubro de 2011 com igual período
de 2010. É um número muito alto
para um país que precisa da poupança externa e de reduzir gastos,
avalia o presidente do Conselho
de Política Econômica Industrial
da FIEMG. “O Brasil tem focado
muito na política monetária e não
na fiscal. País que gasta muito e
tem que buscar capital lá fora está
se fragilizando. Isso pode gerar
riscos sérios para a indústria brasileira”, alertou.
Se a economia brasileira vai
bem, a mineira vai melhor. Em
2010, o PIB da economia mineira
encerra o ano com um crescimento de 8,8%. Da mesma forma que a
nacional, o setor que mais contribuiu para o desenvolvimento do
estado foi o industrial. Apresentou um crescimento de 19,5% no
segundo trimestre deste ano. As
exportações também são um retrato deste bom ano. No período
de janeiro a outubro de 2010, as
exportações brasileiras cresceram 29,7% contra 56,2% das vendas externas de Minas em relação
ao mesmo período de 2009.
Quanto à indústria mineira,
a produção física do estado registrou acréscimo de 16,9% no
acumulado do ano até outubro.
As projeções são para que Minas
termine este ano com aumento
de 12,1% na produção física e, em
2011, tenha um acréscimo de 6,1%.
O setor de máquinas e equipamentos mostrou a maior variação positiva (52,73%), o que confirmou
a recuperação da economia e a
retomada dos investimentos. O
emprego na indústria de transformação também confirma o bom
momento. De janeiro a outubro, o
emprego no setor expandiu 10,6%,
enquanto na indústria brasileira o
acréscimo foi de 5,4%. B
33 ∞ Mercado Dezembro 2010
MNegócios
Franquia ou
licenciamento de
marcas: em qual
investir?
DA Redação
Especialista explica as diferenças entre os
dois sistemas de negócios
P
ara quem está pensando em investir em um
negócio e não sabe a diferença entre o sistema
de franchising e o de
licenciamento de marcas, a advogada e especialista no assunto, Ana
Carolina Conte de Carvalho Dias, revela os cuidados que se deve ter na
escolha do novo empreendimento.
Segundo a advogada, o contrato de
franquia estabelece uma série de direitos e obrigações entre as partes.
O franqueador, por exemplo, deve
entregar ao franqueado um negócio
formatado e que pode ser distribuído na forma de rede ou sistema de
negócios. “No contrato de franquia
são obrigatórias as transferências de
tecnologia e know how sobre produção, comercialização e distribuição de produtos ou serviços, assim
como assistência técnica exercida
pela franqueadora ao franqueado”,
afirma a especialista. Ela acrescenta que entre as práticas assistenciais
obrigatórias da franqueadora estão
as de supervisão de rede, orientação, treinamento, auxílio na análise
e escolha do ponto onde será instalada a unidade, além dos padrões
arquitetônicos nas instalações, entre outros. Por outro lado, de acor-
Mercado Dezembro 2010 ∞ 34
do com a legislação, os
contratos de representação
de marcas são classificados em: licenciamento de uso de marca ou
cessão de direito de uso de marca;
licenciamento de exploração de patente ou contrato de cessão de exploração de patente; fornecimento
de tecnologia ou de transferência de
tecnologia; de assistência técnica; e
contratos de franquia.
Do ponto de vista contratual,
Ana Carolina, que é advogada do
escritório Gaudêncio, McNaughton & Prado Advogados, alerta
que o contrato de franquia é autônomo e bilateral (envolve duas
partes). “Trata-se de um contrato
misto, do tipo complexo. O franqueador está incumbido de não
só conceder licença para o uso da
marca ao franqueado, mas também de prestar uma série de obrigações que, apesar de serem de
natureza diversa, são conjugadas
em uma unidade contratual”, salienta. Para ela, não há como separar essas obrigações, as duas partes fundidas em um contrato de
franquia perdem totalmente sua
individualidade, deixando de ser
autônomas, sob pena de desnaturação do contrato. “O franqueado
Ana Carolina é advogada
do Escritório Gaudêncio,
McNaughton & Prado
Advogados, especializado
em serviços de
advocacia e consultoria
tributária
não presta serviços ao franqueador ou vice-versa. Franquia não é
serviço. É cessão de direitos. A supervisão de rede, orientação, treinamento do franqueado e de seus
funcionários e escolha de ponto
é obrigação de meio para a realização da franquia e não serviço”,
esclarece a advogada.
Franquia não é serviço.
É cessão de direitos.
O licenciamento é um
processo amparado por
lei, pelo qual o detentor
de uma marca autoriza ou
cede o direito de seu uso
por determinado período
de tempo em troca de um
pagamento definido entre
as partes, os chamados
royalties
A supervisão de rede,
orientação, treinamento
do franqueado e de seus
funcionários e escolha
de ponto é obrigação de
meio para a realização da
franquia e não serviço
Já no contrato de licenciamento de marca, segundo ela, o
licenciador tem apenas a obrigação de ceder o uso da marca e
não existem obrigações como as
do contrato de franquia. Não há
transferência de tecnologia, mas
sim a obrigação de permitir que o
licenciado utilize sua marca, que
deve estar protegida pelos direitos de propriedade intelectual.
O licenciamento é um processo amparado por lei, pelo qual o
detentor de uma marca autoriza
ou cede o direito de seu uso por
determinado período de tempo
em troca de um pagamento definido entre as partes, os chamados royalties. A marca cedida
deve estar registrada no Instituto
Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) e o contrato de licenciamento deve ser averbado
no mesmo órgão, sob risco de
causar sérios problemas à marca
licenciada (a averbação no INPI
autoriza a dedutibilidade fiscal
das importâncias pagas a título
de royalties pelos direitos de propriedade industrial).
Como não há obrigações como as
do contrato de franquia, o contrato
de licenciamento é bem mais flexível, tanto para o licenciador quanto
para o licenciado. Quem comprar
os direitos pode contar com autonomia administrativa e liberdade de
gestão, no entanto, deve obedecer
a um padrão de qualidade exigido
pelo licenciador. “Um contrato de
licenciamento não pode determinar
preços, decoração e layout do local,
entre outros - o licenciado é livre
para trabalhar como quiser, desde
que respeite as regras contratuais
para preservar a marca”, observa
Ana Carolina.
Para finalizar e diante das diferenças entre os dois tipos de negócios,
a advogada conclui que a escolha
entre um contrato de franquia e um
contrato de licenciamento de marca
deve então ser feita levando-se em
conta a finalidade do negócio e as
necessidades das partes contratantes. “Se a cessão do direito de uso
da marca, para ser efetiva, necessitar de transferência de tecnologia
e treinamento de pessoal, não há
como fugir do contrato de franquia;
mas, se o uso da marca for algo
que prescinde disso, o instrumento
mais indicado para se efetivar a cessão do direito de uso de tal marca
é o contrato de licenciamento de
marca, que tem como objeto exclusivo a mera cessão”, analisa Ana
Carolina. Diante disso, ela finaliza
dizendo que a escolha vai depender
do caso concreto e da análise detalhada das finalidades pretendidas
pelas partes contratantes. B
MEducação
Trabalho de crianças
da periferia ganha as
telas em Uberlândia
POR Michele Borges (Ciclo) FOTOS Ricardo Borges
O lançamento “Crônicas Animadas 2010” leva
ao cinema 360 alunos de escolas da periferia de
Uberlândia, que foram assistir ao trabalho feito pelos
próprios colegas
Q
ue tal um cineminha?
Para muitos um “sim”
a essa pergunta pode
ser fácil e comum,
mas para outros não.
Foi o que aconteceu - para alguns
pela primeira vez - para cerca de 360
alunos de escolas públicas da periferia de Uberlândia que lotaram uma
sala de cinema para assistirem ao
lançamento do livro e do DVD “Crônicas Animadas Edição 2010”. O
mais interessante é que o filme exibido - animações digitais - foi obra de
alguns dos próprios alunos presentes, que são participantes do projeto
social “Crônicas Animadas: arte e
tecnologia na escola”. O fato acon-
teceu no final de novembro e para
tanto foram necessários nove ônibus, que saíram lotados das escolas
municipais Professora Stella Saraiva Peano, Odilon Custódio Pereira,
Professora Olga Del Fávero, Bairro
Shopping Park e Algar Transforma
até os cinemas, no Center Shopping,
local da exibição.
Da escola para o cinema: alunos vão ao cinema assistir ao próprio trabalho
Mercado Dezembro 2010 ∞ 36
logo se envolvem e revelam que têm
muita criatividade e histórias pra
contar”, disse o cartunista Fernando
Duarte, instrutor da oficina de animação, ao comentar o que mais lhe
chama a atenção no projeto.
Outro aspecto relevante para Fernando é o fato de o seu envolvimento acabar contribuindo para elevar o
nível de desempenho escolar do aluno. “Conhecemos histórias de alunos
que melhoraram o seu desempenho e
ainda o comportamento, mesmo que
isso não seja o principal objetivo do
Crônicas Animadas”, avaliou.
Sala lotada para assistir à apresentação do Crônicas
Animadas 2010
O projeto “Crônicas Animadas:
arte e tecnologia na escola” acontece desde 2006 e atende alunos do 6º
ao 9º ano das escolas da Rede Municipal de Ensino Fundamental, numa
iniciativa do Sesc/MG de Uberlândia
em parceria com a Secretaria Municipal de Educação/Cemepe/ Núcleo
de Tecnologia e Educação e apoio
do Instituto Algar. Tudo por meio da
Lei Municipal de Incentivo à Cultura
de Uberlândia e da Lei Estadual de
Incentivo à Cultura de Minas Gerais.
O projeto, segundo a diretora do
Sesc de Uberlândia, Roseane Cence
Lopes, já atendeu 300 alunos e 100
professores de 14 escolas municipais de Uberlândia. “Queremos atender todas as 60 escolas existentes na
cidade”, informou Roseane.
Nesta edição 2010 do Crônicas
Animadas, 60 alunos estiveram
envolvidos participando durante
meses de oficinas de literatura, desenho, interpretação de voz, gravações de áudio e animação digital. “O
nosso maior objetivo é desenvolver
o gosto desses alunos pela leitura
através da criação de textos e desenhos”, afirmou a diretora.
Maria Isabel,
professora de
Português em uma
das escolas envolvidas
no projeto, demonstra
entusiasmo com os
resultados
O cartunista Fernando
Duarte conversa com
aluno envolvido no
projeto
“O Crônicas Animadas trabalha
com crianças que têm pouco acesso
a formas de expressão. No começo,
elas ficam tímidas, distantes, mas
A professora de Língua Portuguesa, Maria Isabel Vieira e Silva, da
escola Odilon Custódio Pereira, ratificou a ideia de Fernando. “Quando eles têm a oportunidade de se
expressar de forma diferente do que
estão acostumados no cotidiano, a
motivação e o empenho são maiores”, disse. A
37 ∞ Mercado Dezembro 2010
MEducação
Os estudantes Joaquim Eurípedes
e Lauriene Marques, os dois com 12
anos, foram os responsáveis pela
animação “Eleições 2010” - trabalho
desenvolvido no projeto. Eles afirmaram que ir para a escola ficou mais
interessante depois da chegada do
projeto. “Assistir ao nosso desenho
no cinema é mais legal ainda”, acrescentaram. A ideia de levá-los até o
cinema é uma estratégia dos realizadores para a valorização do trabalho
e elevação da autoestima dos alunos.
Os alunos Lauriene
Marques e Joaquim
Eurípedes, para quem
assistir ao seu trabalho
na telona é o máximo
Segundo Roseane Lopes, é importante medir a evolução do projeto
Crônicas Animadas também pela
sua atuação junto a professores
de português, literatura, artes e informática das escolas atendidas, a
quem são oferecidas atividades de
formação. “A educação é um dos pilares em que se sustentam as ações
que o Sesc promove em todo o país.
Em Uberlândia, a entidade realiza
diversas atividades ao longo do ano
com o objetivo de oferecer às crianças acesso à cidadania”, relatou.
Prêmio - Para o aluno que participou do projeto Crônicas Animadas
e deseja continuar se aperfeiçoando
na arte da animação digital, como é
o caso de Joaquim Eurípedes, a escola Veg oferece bolsa para cursos
de informática realizados no próprio
Sesc. “O que queremos com tudo
isso é que essas crianças, que têm
talento, tenham também oportunidades”, finalizou o coordenador de
projetos culturais e educacionais do
Sesc de Uberlândia, Rafael Tannús.
Após a exibição das animações
no cinema, cada aluno participante
do projeto levou para casa um livro
e um DVD do Crônicas Animadas
Edição 2010. Agora, o Sesc vai encaminhas outros 500 livros a bibliotecas escolares da cidade e de outras
regiões de Minas Gerais. As animações podem ser vistas no site www.
cronicasanimadas.com.br. B
A diretora do Sesc de
Uberlândia, Roseane
Lopes, durante entrega
do material - livro/DVD
- a uma aluna
Já a estudante do 5º ano da escola Stella Saraiva Peano, Fernanda
Costa Lira, 10 anos, não participou
diretamente do projeto, mas teve a
oportunidade de ir ao cinema ver o
resultado do trabalho dos colegas.
Fernanda nunca havia estado em
uma sala de cinema e relatou sua
emoção: “Passei o sábado ansiosa,
só desejava que o domingo chegasse
logo. Hoje é um dia especial”, disse.
A equipe que está à frente do projeto Crônicas
Animadas
Fernanda Costa Lira (e) com a colega Katielly Martins
Morais: o trabalho dos colegas propiciou à Fernanda a
primeira oportunidade de ir a um cinema
MInternet
A importância
do website para
um negócio
POR Amanda Célio (Ares)
Ao contrário do que muitos pensam, é preciso cautela e
orientação na hora de decidir investir nessa ferramenta
E
stá na moda montar
blogs e atacar de redes
sociais como Twitter,
Orkut, Facebook, etc.,
quando a intenção é a
divulgação de produtos, serviços,
enfim, de um negócio. Estar dentro e
fazer parte dessa nova tendência digital é importante, sim, mas não tanto quando o assunto é crescer e se
relacionar bem com os clientes. Para
fins como esses, a melhor ferramenta ainda é o bom e “velho” site (ou
saite, sítio, website, sítio eletrônico).
Um site bem feito ainda tem o granMercado Dezembro 2010 ∞ 40
de poder de alavancar e propagar
uma empresa ou negócio. Os resultados de investir na criação dessa ferramenta da web são maiores do que
ainda muitos imaginam. Atualmente,
ter uma empresa e não ter um site é
praticamente como não ter um telefone fixo.
Mesmo para quem já tem o site no
ar, é fundamental que a presença digital seja aperfeiçoada constantemente,
pois o fato de simplesmente “estar”
na rede não significa que uma empresa oferece o que deveria. A qualidade,
o conteúdo e os serviços oferecidos
são decisivos para os usuários.
Para se ter ideia, quando a internet
começou a se popularizar, empresas
de vários setores começaram a desenvolver sites institucionais para
atender a uma nova demanda imposta
pelos consumidores. Nesse contexto,
muitas ficaram com a falsa sensação
de que o problema havia sito resolvido: “Pronto, estamos na internet!”. Só
que várias empresas foram impulsionadas mais pelo movimento da concorrência do que por uma visão estratégica de mercado no que se refere ao
desenvolvimento de sites.
Foto: Arquivo
Lucas Carneiro,
diretor da Webnet,
afirma que um bom
site pode traduzir
a atenção que a
empresa dá ao cliente
Foto: Arquivo
Para o diretor da Webnet, empresa de soluções tecnológicas em
Uberlândia, Lucas Carneiro, um
bom site pode traduzir a atenção que
a empresa dá ao cliente. “Um site
bem elaborado transmite maior profissionalismo por parte da empresa
e ajuda no bom atendimento. Recursos como chat online e localização
da empresa apontada pelo Google
Maps pode ser um agente facilitador
para o cliente que ainda não conhece a loja física, dando maior segurança ao comprador e
credibilidade ao estabelecimento”, explica
o empresário.
Segundo
Lucas,
não fazer parte desse
investimento
pode
ser arriscado, aliás, o
site é como um cartão
de visita online. Um
representante comercial com um péssimo
cartão de visita, sem
folders e sem persuasão dificilmente vai
conseguir vender. O
site precisa de apelo
visual, modernidade, de preferência ser localizado no Google, conter telefones e atendimento de fácil
acesso. Esses itens são de extrema
importância para elaborar um marketing com estratégia e foco nos
resultados.
No ar há mais de 10 anos, o site
do Colégio Nacional de Uberlândia
serve de exemplo para mostrar que
investir nessa ideia pode render
bons frutos. De acordo com o analista de marketing da instituição, Renato Bertolini, tanto para os alunos
quanto para os professores, o site
do colégio é um mediador de ideias
e opiniões. “Nesses mais de 10 anos
de site na web, tentamos melhorar e
inovar sempre a cada ano, atentos
aos alunos e à nossa equipe. O site é
uma ferramenta indispensável para
a divulgação de eventos, notícias,
projetos que o colégio desenvolve
e, principalmente, na cobertura de
vestibulares e divulgação da lista de
aprovados”, afirma Bertolini. Outra
explicação do analista de marketing
é que, especialmente neste ano, em
que o Nacional completou 25 anos, o
site foi de grande importância e precisão para que os alunos e ex-alunos
efetuassem seus cadastros para a
grande festa de celebração.
Não tem quem não quer
Hoje já existem várias ferramentas gratuitas para se construir um
site. Portanto, não existe desculpa
para quem ainda não investiu nessa
ferramenta de comunicação. Atu-
almente, cerca de 70 milhões de
brasileiros já estão conectados à
internet e, em meio a esse mundo
hiperconectado, a empresa que não
tem um site simplesmente está perdendo oportunidades e, com isso,
dando espaço para a concorrência
se fortalecer.
Porém, na hora de fazer um site, o
mais aconselhável ainda é procurar
o apoio de quem entende do assunto. É o que alerta o especialista em
Rede Social Bruno Figueredo. Para
ele, ter profissionais envolvidos na
construção de um projeto faz muita diferença. “É preciso cuidado na
hora de botar um site no ar. Uma
empresa especializada pode oferecer com profissionalismo um bom
layout e a correta disposição das
informações”, explica Bruno. “Só
de pensar na concorrência, tenho
certeza de que o empresário vai levantar da cadeira para agilizar o site
da sua empresa, ou criar e melhorar
e assim fazer bons negócios, que é o
que eu desejo”, completa Bruno.
O certo é que estabelecer um relacionamento por meio da internet
é fundamental, inclusive com atendimento online e notícias que agreguem valor à empresa na hora em
que o consumidor “clicar” na sua
porta. Um bom site é uma excelente
ferramenta de trabalho, quando usado de maneira correta e acompanhado por um gerenciador qualificado.
Não é modismo, é necessidade, uma
tecnologia que não pode ser desperdiçada. Com certeza, quem souber
usá-la vai colher bons resultados. B
Bruno Figueredo: “É
preciso cuidado na
hora de botar um site
no ar. Uma empresa
especializada
pode oferecer com
profissionalismo
um bom layout e a
correta disposição das
informações”
41 ∞ Mercado Dezembro 2010
MMarketing
Mudanças
à vista na gestão
de marketing
DO Mundo do Marketing
N
os últimos
dois
anos,
e m presas do mundo inteiro
tiveram que repensar suas
estratégias quando viram seus
patrimônios correrem riscos com
a crise financeira. Em momentos
de dificuldade, a pressão em cima
Estudos mostram a urgência
de uma nova visão
dos gestores aumentou e o marketing de alguns setores prejudicados
foi essencial para a sobrevivência
de alguns e a decadência de outros. Mas a dúvida que ficou para
muitos acionistas que temeram por
seus investimentos foi: “Que resultados efetivos essas ações trouxeram ou ainda podem trazer?”.
Além da cobrança em momentos
de crise, a tendência, mesmo em
tempos de bonança, é que a pressão pela apresentação de resultados
concretos aumente. “Cerca de 70%
dos investimentos de uma empresa
são em marketing. Fazer os acionistas gastarem isso tudo sem ter como
mostrar resultados concretos se tornou um problema”, afirma Daniel
Domeneghetti, CEO da DOM Strategy Partners, responsável pelo estudo
“Marketing: o fim da desgovernança.
Cerca de 70% dos investimentos de uma
empresa são em marketing. Fazer os acionistas
gastarem isso tudo sem ter como mostrar resultados
concretos se tornou um problema
Mercado Dezembro 2010 ∞ 42
Apurar o aumento de participação
no mercado e a valorização da marca ainda é difícil e pode levar anos,
o que vai contra os desejos imediatistas, principalmente em épocas de
problemas financeiros, em que não
há tempo há perder. “Os gestores devem pensar em meios para transformar o intangível em tangível, em resultados e em dinheiro para, aí sim,
justificar os altos investimentos que
são destinados para esses projetos”,
explica Domeneghetti.
Um desses padrões é o investimento em publicidade na televisão.
“Toda marca gasta milhões para ter
seus produtos na TV, mas o investimento altíssimo feito para estar
nessas mídias nem sempre justifica
o resultado, que muitas vezes nem
é possível de ser medido”, explica o
CEO da Dom. O problema não é que
a TV não é um meio eficaz, mas foi
o consumidor que mudou, e não é
mais tão suscetível ao que lhe é “entregue” pela telinha.
Curto X longo prazo
Six steps
Em momentos em que resultados
devem ser imediatos, pesquisas para
inovações, ações institucionais e
que cuidam da imagem da empresa
a longo prazo acabam sendo deixadas de lado e dão lugar a ações promocionais. Promoções são ótimas
ferramentas para alavancar vendas,
apresentar produtos e mostrar resultados, mas, por outro lado, esses
frutos são perecíveis e não garantem
durabilidade para a marca. Nesse
caso, as empresas acabam cuidando
de um lado da moeda e deixam o outro de lado.
“Hoje os diretores de marketing
estão focando no curto prazo, o que
é essencial, mas não suficiente. A solução para algumas empresas seria
ter dois orçamentos, para estratégias
pensadas para momentos diferentes”, afirma Daniel. Repensar a verba
é essencial para qualquer mudança
em gestão. No caso do marketing
isso significa também mudar padrões
que são seguidos a esmo há décadas,
sem preocupação de verificar se eles
realmente dão resultados.
Um estudo norte-americano divulgado pela Dom indica que apenas
6% dos consumidores daquele país
dão credibilidade aos comerciais que
veem na televisão. Culpa das empresas? Não. A grande “vilã” da situação
é a internet, mais especificamente as
redes sociais, já que a mesma pesquisa mostra que essa credibilidade
aumenta para 41% quando a marca é
citada em um post de um amigo em
uma dessas novas mídias.
A internet já vem mudando o
cenário das ações de marketing há
algum tempo, embora muitas vezes
as empresas não pareçam preparadas para isso. “O canal virtual é cada
vez mais importante, mas mesmo as
lojas que possuem endereço na web
ainda preferem investir no físico,
porque hoje ele é o principal. Mas
daqui a alguns anos não será mais; e
quem se preparou para isso?”, argumenta Daniel Domeneghetti.
Para estar bem posicionado nessas redes, o estudo da DOM indica
seis pilares que devem ser adotados
pelas empresas para alcançarem a
tão almejada reputação
perante os consumidores
e o reconhecimento dos
“O canal virtual é cada
vez mais importante,
mas mesmo as lojas
que possuem endereço
na web ainda preferem
investir no físico”
acionistas: Network, Influence, Knowledge, Experience, Personal e Reputation. Os itens estão interligados
em um processo de “step by step”.
Sem network não há influência, sem
influência não há como promover
conhecimentos nem experiências
sobre a sua marca. Sem conhecer
os consumidores também é impossível personalizar o seu produto,
adequando-o às necessidades deles.
Caso esse processo todo seja
bem feito, aí sim, a boa reputação
virá. “O que acontece hoje é que
as empresas já partem logo para o
“personal”, sem se preocuparem
com os passos anteriores, que são
essenciais para a concretização do
bom marketing em qualquer lugar”,
completa Daniel Domeneghetti. B
Daniel Domeneghetti, CEO da DOM Strategy
Partners: “Toda marca gasta milhões para
ter seus produtos na TV, mas o investimento
altíssimo feito para estar nessas mídias nem
sempre justifica o resultado, que muitas vezes
nem é possível de ser medido”
MPub Editorial
s
e
t
n
a
n
r
e
v
rta aos go
Carta Abe
Falta gestão no Sistema
Público de Saúde
A Saúde no Brasil não
precisa de uma nova CPMF,
mas sim de eficiência na
Gestão de seus Processos e
do Financiamento
A
saúde pública brasileira
sofre em função de duas
questões muito claras: o
financiamento
insuficiente e a ineficiência na
gestão e nos gastos, passando por diversos gargalos e que vão desde modelos inadequados até fatos vinculados
com a corrupção. Lembro que a saúde
é um direito constitucional de todo cidadão, e que o SUS em suas diretrizes
básicas, com ênfase na Integralidade
e Universalidade, é um dos sistemas
mais avançados do mundo, apesar do
insistente uso político e da histórica
falta de critérios para um financiamento e gestão mais abrangentes.
Portanto, um sistema público de
saúde para ser eficaz necessita de
recursos financeiros adequados,
combate à corrupção, adoção de
Mercado Dezembro 2010 ∞ 44
modelos de atenção apropriados,
eficiência na gestão e nos gastos e,
sobretudo, um abrangente processo
de educação pública em saúde. Assim, faz saber-se que:
Dos Recursos Financeiros
- Deverão estar depositados no Fundo Municipal de Saúde (todos os
recursos: Federal, Estadual e Municipal) - Quem manda no jogo é quem
tem os recursos na mão;
- Não se pode gastar grandes quantias com medicamentos (representam em torno de 15% do total de
recursos gastos) e ou com exames;
- O dinheiro da Saúde não pode financiar condicionantes e ou determinantes (merenda escolar, saneamento,
vacina febre aftosa bovina, etc.);
- Os recursos vinculados ou carimbados (101 espécies) são grandes
entraves, já que ‘’amarram’’ os referidos recursos às ações nem sempre prioritárias para os municípios.
O ideal seria descentralizar tanto
os repasses quanto o gerenciamento - o que é prioridade para um município pode não ser para outro e
vice-versa;
- A alocação de recursos tinha que
estar vinculada ao quociente populacional do município.
Nesse sentido, é primordial a regulamentação, pelo Congresso Nacional,
da Emenda 29, http://www.receita.
fazenda.gov.br/legislacao/Emendas/
emenda0292000.htm. Assine o manifesto de apoio: http://conselho.saude.
gov.br/webec29/index.html.
Da Corrupção
- Combatê-la em todos os sentidos, inclusive envolvendo o Ministério Público;
- Delegar responsabilidades e competências para quem de fato têm condições de exercê-las;
- Divulgar todas as compras e pagamentos, se possível mensalmente.
Publicados em D.O;
- Pagar, por exemplo, órteses e próteses diretamente aos hospitais e não
aos fornecedores.
Da Gestão, Mudanças no Modelo
e Eficiência nos Gastos
- Investir em atenção primária, que
não é o mesmo que atenção básica;
- Definir competências;
- Planejar cuidadosamente todas as
ações, usando para isto a Epidemiologia;
- Trabalhar com protocolos de condutas bem elaborados (medicamentos,
exames, especializações) - “desmedicalizar, desexaminar e desospitalizar”;
- Compartilhar a resolução de problemas (muitos acidentes de trânsito =
DETRAN, SETTRAN ; Falta de Limpeza Urbana = Sec. Serv. Urbanos);
- Divulgação sistemática / “propaganda” de todas as ações realizadas;
- Padronizar materiais, medicamentos e equipamentos, etc.;
- Instituir planos de manutenção
corretiva e preventiva de aparelhos
e equipamentos;
- Investir em treinamento do pessoal que
opera estes aparelhos e equipamentos;
- Reduzir todos os tipos de despesas;
- Concentrar, em um só local, o máximo possível de serviços (ambulatório, emergência, esterilização, unidades de atendimento intermediário).
O modelo de PSF vigente no Brasil
- desconcentra e dispersa muito, tanto em recursos humanos como em
materiais: fatos que oneram muito
o sistema público de saúde - alguns
pensam que sou contrário ao PSF, o
que não é verdade. Tão somente sou
um crítico do atual modelo de gestão
adotado para o Programa;
- Estabelecer um processo de Educação permanente: Da população; Da
sociedade civil; Dos usuários; Dos
meios de comunicação; e Das autori-
dades de um modo geral (Executivo Legislativo e Judiciário);
- Investir na valorização dos Recursos Humanos envolvidos
- Humanizar o atendimento;
- Fortalecer o Controle Público: Institucional; Social.
Nesta oportunidade, quero deixar
para a reflexão de vocês quais são
os desafios de uma cidade polo e referência para uma região que abriga
quase 3 milhões de habitantes, por
exemplo, Uberlândia = 650 mil habitantes e certamente um espelho para
outras nas mesmas condições:
- A defasagem no Teto para a Média e
a Alta complexidade;
- O déficit de leitos credenciados
para o SUS;
- O elevado percentual do orçamento
municipal aplicado em saúde;
- O papel e posição de Uberlândia como cidade polo e referência
para o atendimento em Média e
Alta Complexidade;
- O baixo percentual do orçamento
municipal de grande parte dos municípios do Triângulo Mineiro, Alto
Paranaíba e, inclusive, adjacências
de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Não é minha pretensão ensinar
ou doutrinar sobre a matéria, até
porque não tenho competência para
tal, mas simplesmente para despertar em todos a consciência de nossas responsabilidades e papéis em
prol de um sistema público de saúde
de acesso universal, integral, equânime e equilibrado - visão de quem
atua há 23 anos também no setor público de saúde. B
Atenciosamente,
Leonel Ricardo de Andrade
Médico Pediatra e Médico de Trabalho
[email protected]
Uberlândia - MG
45 ∞ Mercado Dezembro 2010
MEvento
Destaque dos troféus entregues aos melhores do setor Oeste de
Uberlândia em 2010
TOP 50 termina
em noite de gala
POR Ademir Reis FOTOS José Lemes
N
oite de gala e muito
glamour. Essa é a melhor definição para
descrever a noite de
entrega do Prêmio
TOP 50, que reuniu centenas de convidados, personalidades e, claro, os
premiados de 2010 no dia 26 de novembro no Egypt Hall, em Uberlândia. O TOP 50 é outorgado a empresas e empresários do Setor Oeste de
Uberlândia que mais se destacaram
durante o ano no desenvolvimento da
cidade. A promoção é do jornal Gazeta de Uberlândia e da rádio Líder FM.
“O que começou como evento que
Mercado Dezembro 2010 ∞ 46
marcaria os 30 anos do bairro Luizote de Freitas se transformou numa
escolha de empresas e personalidades que contribuíram para o desenvolvimento não só do setor Oeste
da cidade, mas de toda Uberlândia”,
explica o jornalista Gregório José,
diretor da Gazeta de Uberlândia. A
escolha dos melhores de 2010 foi feita por uma comissão formada pelo
próprio Gregório, o também jornalista Ricardo Cunha e ainda radialistas da rádio parceira no evento.
Solenidade - De acordo com Gregório José, além da escolha de um
local para a realização do evento - o
Egypt Hall - que estivesse à altura da
grandiosidade da premiação, outro
destaque importante no TOP 50 edição 2010 foram as personalidades
presentes à mesa principal que procederam à entrega do prêmio. Entre
essas pessoas estavam o diretor da
TV Cidadania, Renato Cury; o delegado da Adesg Uberlândia, Eduardo
Luiz da Mata; o presidente da Fundação Maçônica Manoel dos Santos,
Luismar Alves de Oliveira; o representante do 36º BIMtz, Major Vladimir; o editor chefe da revista Mercado, Evaldo Pighini; entre outros.
Salão do Egypt Hall, onde aconteceu a entrega do TOP 50 2010
O jornalista da Gazeta de Uberlândia fez questão de destacar ainda
outras pessoas e empresas importantes para sucesso do evento, são
elas: Simone Zanatta, responsável
pela decoração; Marly Festas, que
assinou o Buffet, e a apresentadora
do Programa Receita de Sucesso,
Cláudia Tronconi que, junto ao próprio Gregório, foram responsáveis
pelo cerimonial. A animação da festa ficou por conta do VJ Flávio Pacheco e da Banda Nova York.
Outras parcerias que merecem
destaque são Iphigeny Kosmetic,
Band Triângulo, Fenix Signs, Egypt
Hall, Cannes Segurança, Ares Comunicação e da assessora de Eventos,
Gleyber Guerra.
Em pronunciamento durante
Nilse Martins
(Gazeta) e a
representante da
Concept - Centro de
Reprodução Humana
(homenageado)
Jackson Sanzoni
(Líder FM) e a
representante
da Dra. Ellen
Guilherme de Souza
(homenageada)
o evento, a diretora da Gazeta de
Uberlândia, Nilse Martins, e o diretor da Líder FM, Jackson Sanzoni,
explicaram que essa foi apenas a
primeira edição do TOP 50 envolvendo tais parcerias e que, graças ao
sucesso alcançado, já há planos para
o futuro de ampliação do prêmio, a
fim de homenagear outros setores
da cidade. A
Evaldo Pighini
(revista Mercado) e
o representante do
Extra Hipermercado
de Uberlândia
(homenageado)
47 ∞ Mercado Dezembro 2010
MEvento
Confira a lista dos homenageados no TOP 50 2010
entidades, empresas e personalidades
36º BIMtz
Líder Negócios Imobiliários
Acessórios Industriais Náuticos
Liro Chef
Agrofazenda - Produtos Agropecuários
Liro Point
Automais Multimarcas de Veículos
Luís Humberto P. Lara
Cartão Real Saúde - Conv. Médico
Madeiranit - Máquinas e Equipamentos
Casa Grande Materiais de Construção
Madrecor - Hospital e Maternidade
Cavallini Decor - Cortinas e Persianas
Menos Fio Depilação Minas
CFC Volante - Centro de Formação
Minas Tubos e Conexões Duratek
Chamativa Camisetas
Moinho Sete Irmãos Moto Mais
Cia da Terra Agronegócios
Paulo César do Santos Silva
Cidwan Marcas e Patentes
Paulo Sergio Mirzeian - Churrasquim Fotógrafo
Clic Doméstica - Agência de Empregos
Pneus Visa
Concept - Centro de Reprodução Humana
Politriz - Produtos de Limpeza
Conex
Portalfino
Costa Morais Comércio
Portoro - Pisos e Acabamentos
COT - Centro Oncológico do Triângulo
Proteger - Saúde Ocupacional
COT Radiologia
Reikol - Calçados e Bolsas
CTO - Centro Tratamento Odontológico
Rep. Cel. Carlos Andrade A. Leite
Despachante Naval
Revenda de Motos Mundo Glamour
Dr. Eduardo Luiz da Mata Gonçalves
Revendedora de Pneus
Dra. Thais Moreira Alves
Roupas Femininas Ourocenter
Dra. Ellen Guilherme de Souza
Salão de Festas e Eventos
Dra. Viviane Espíndula Vieira
Serval - Móveis para Escritório
Empada dos Deuses
SP Cartuchos
Espaço G Móveis e Objetos
Telhas de Concreto Egypt Hall
Extra Hipermercado de Uberlândia
Terno e Cia. - Roupas Masculinas
Faces Estúdio de Beleza
Totaline - Springer Carrier
Farmácia de Manipulação Exata
Udiinvest - Crédito Pessoal
Hotel Clube Resorts
Uniessa - Faculdade de Marketing
Interasat - Educação
Viva Centro de Emagrecimento e Estética
Iso Prime Vistorias
W Com Negócios Inteligentes
João R.G. Neto - Bairro Planalto
Walkmed - Produtos e Serviços Médicos Representação
Mercado Dezembro 2010 ∞ 48
MGestão
Mercado mineiro ganha nova
ferramenta para gestão de
folha de pagamento online
DA Redação
Grupo Employer investe R$10 milhões na criação da Webfopag
para as melhores práticas de Recursos Humanos em sistema web
O
Grupo Employer, empresa brasileira que atua no
mercado de Recursos
Humanos desde 1986,
acaba de lançar a versão
final da Webfopag, software de gestão
de folha de pagamento, cujo principal
diferencial está em sua facilidade de
uso. Para o mercado de Minas Gerais,
o sistema foi projetado para responder
a rigorosos padrões legais, otimizar o
trabalho do analista de RH e ainda
Mercado Dezembro 2010 ∞ 50
oferecer respostas práticas e instantâneas, como matriz de funções, alertas
para prazos e normas sindicais.
Com duas filiais no estado, em Uberlândia e Belo Horizonte, o grupo planeja
agregar o sistema da Webfopag a seus
clientes em recrutamento e seleção de
mão de obra terceirizada, efetiva e temporária. O gerente da filial de Uberlândia, Marcos de Jesus, ressalta que as empresas mineiras buscam por novas tecnologias que conciliem eficiência e eficá-
cia nas práticas de Recursos Humanos.
“Temos um grande desafio pela frente
para mostrar que atividades antes burocráticas e manuais podem ser redirecionadas ao sistema web. Nesse sentido,
temos a nosso favor a tecnologia aplicada na Webfopag, que também permite o
fácil acesso por diferentes canais como
notebook, iPhone e celular, e o acompanhamento em tempo real das ações de
folha de pagamento pela empresa e pelo
funcionário”, afirma o gerente.
Marcos de Jesus, da filial Employer de
Uberlândia
A filial de Uberlândia possui forte
atuação na gestão regional de mão de
obra temporária, CLT, recrutamento e seleção e processos de folha de pagamento. Neste ano, foram registradas cerca de
580 contratações, incluindo reposições.
Para 2011, Marcos de Jesus conta que
espera manter o crescimento deste ano
no segmento de recrutamento e seleção
e acompanhar a estratégia de comercialização da Webfopag em todo o Brasil.
“Nossa meta é chegar a 400 mil pessoas
cadastradas em nossa base, distribuídas
em 200 centros de serviços, que são agrupamentos de empresas em associações,
escritórios de contabilidade e sindicatos
que comercializam e distribuem o uso do
sistema. Percebemos que o mercado de
Recursos Humanos, em todo o Brasil,
tem a intenção de se modernizar e, nesse
sentido, vemos um grande potencial de
mercado”, afirma o gerente.
Ao todo, já foram investidos R$ 10
milhões na criação do sistema, incluindo
pesquisas de mercado com profissionais
da área, desenvolvimento de tecnologias,
plano de divulgação e infraestrutura. O
projeto de criação da Webfopag envolveu uma equipe multidisciplinar do grupo com especialistas em tecnologia, legislação trabalhista e recursos humanos.
Foram mais de 60 mil horas de trabalho
para desenvolvimento de layout intuitivo
e acessível a qualquer usuário, além da
programação do sistema de cálculos e
simulações online.
Quanto à tecnologia, a Webfopag apresenta como grande diferencial a operação
100% web, sem necessidade de instalações morosas, compra de licenças, atualizações ou outras despesas com TI. Além
disso, o armazenamento online das informações assegura e permite o crescimento
do quadro de funcionários, tirando a preocupação da área de TI com a capacidade
física do sistema. Por operar sob o conceito de Cloud Computing, interligada a dife-
rentes bancos de dados, o sistema garante
mobilidade ao usuário que pode acessá-lo
por diversas mídias, como celular, iPhone,
laptop ou computador. Outro benefício
do produto está na atualização constante e automática de tabelas e referenciais
legais, confirmação de endereços e documentos que estejam de acordo com todas
as leis vigentes de Recursos Humanos.
O Grupo Employer possui faturamento de R$ 100 milhões e conta com
250 colaboradores efetivos e mais 10
mil temporários. Com matriz localizada em Curitiba e 56 filiais em todo o
país, a empresa está por trás de marcas que atendem a toda a cadeia de
Recursos Humanos, desde a terceirização e gestão de mão de obra até processos de folha de pagamento. O departamento de Recursos Humanos das
empresas, no geral, está sobrecarregado pelas burocracias da área. “Nossa
intenção com a Webfopag é agilizar os
processos de gestão de folha de pagamento, reduzindo o número de falhas
humanas e liberando o profissional de
RH para a gestão de pessoas”, ressalta o diretor de Desenvolvimento da
Webfopag, Marcelo Silva. O executivo
ressalta que o sucesso está sendo comprovado por alguns clientes do Grupo
Employer, que já utilizam a Webfopag,
como Monsanto, Coamo, Klabin, Dow,
Lar e Syngenta. B
51 ∞ Mercado Dezembro 2010
MSaúde
255 mil brasileiros não sabem
que têm o vírus da AIDS
DA Agência Brasil
630 mil brasileiros estão com HIV no Brasil, sendo que mais de 40%
não sabem que foram infectados
C
erca de 630 mil brasileiros vivem com vírus da
AIDS - o HIV - em todo o
país, desses, 255 mil não
sabem que foram infectados. Outra informação dá conta de
que o número de testes de HIV distribuídos pelo Sistema Único de Saúde
(SUS) passou de 3,3 milhões, em 2005,
para 8,9 milhões em 2009, mesmo ano
em que o índice de testagem para HIV
foi de 38,4%l. Os dados constam no
boletim epidemiológico do Ministério
da Saúde (MS), divulgado no dia 1º de
dezembro, data em que se comemora
o Dia Mundial de Luta Contra a AIDS.
Ainda segundo o boletim, a maioria dos brasileiros com HIV em 2009
é formada por brancos (47,7%). Em
seguida, estão os negros (46,8%), os
amarelos (0,5%) e os indígenas (0,3%).
O restante, 4,7% do total de pacientes
não declararam raça ou cor. Entre
Mercado Dezembro 2010 ∞ 54
os casos registrados no ano passado
(20.832), a maior proporção de infecções está entre brasileiros que têm
entre oito e 11 anos de estudo (30%).
Em 1999, a incidência era maior entre aqueles com menos escolaridade:
29,5% dos casos foram verificados entre pessoas com até três anos de estudo. Já entre as mulheres infectadas, a
média é de quatro a sete de anos de estudo e, entre os homens, de oito a 11.
Novas infecções aumentaram para
38,5 mil em 2009
Outra informação divulgada pelo
MS é que o número de novas infecções
por HIV no Brasil passou de 37.465, em
2008, para 38.538, no ano passado. Porém, o próprio ministério não considera esse crescimento preocupante, porque resulta do aumento de testagens
em todo o país.
O boletim epidemiológico aponta
ainda que 11.839 pessoas com HIV morreram em 2009, praticamente o mesmo
número registrado em 2008 (11.815).
Desde os anos 80, mais de 229 mil pessoas morreram em decorrência da doença.
Atraso no diagnóstico é o desafio
Foto: Reprodução
Entre os desafios do combate à aids
no Brasil, está o atraso no diagnóstico
da doença. Para o presidente do Fórum
de Organizações Não Governamentais
(ONGs) Aids do estado de São Paulo,
Rodrigo de Souza Pinheiro, ainda faltam informações e campanhas nesse
sentido.
Segundo Pinheiro, o Estado cumpre
seu papel de certa forma, mas ainda há
muitos desafios. “Um deles é a questão
do diagnóstico tardio, muitas pessoas
ainda demoram para ser diagnosticadas, então acho que deveríamos ter
mais campanhas, mais serviços que
pudessem atender e conscientizar a
população a fazer o teste de HIV”, afirma. “Outro grande desafio no Brasil é
a inclusão de pessoas soropositivas na
sociedade. O preconceito com as pessoas que convivem com HIV/aids é muito grande. Uma das questões que temos
trabalhado é para que realmente venha
a diminuir essa questão do preconceito
e da discriminação”, diz.
De acordo com ele, é importante
que as pessoas tenham mais informações sobre a transmissão do vírus HIV.
Outra atitude que o Fórum ONGs AIDS
está tomando é tentar aprovar na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei
6.124/2005 que criminaliza a discriminação de pessoas que vivem com o
HIV. “A questão da prevenção também
Rodrigo Pinheiro,
presidente do Fórum
ONGs Aids, ainda existem
muitos desafios a ser
vencidos, um deles, é o
diagnóstico tardio do HIV
é um grande desafio, principalmente
para as populações mais vulneráveis,
e o Estado deixa a desejar nesse sentido. Se a gente analisar, no Brasil temos
falhado muito na questão do acesso,
tanto das pessoas que vivem com o
HIV, quanto das demais que precisam
do serviço de saúde. Isso é um grande
desafio para o governo que está assumindo. É necessário também facilitar
acesso aos preservativos e aos testes.
Em alguns estados, principalmente do
Norte e Nordeste, isso ainda é muito
complicado, e é onde a epidemia tem
mostrado um nível de crescimento”,
alerta Pinheiro.
Portadores do HIV contam como
encaram a doença
Para marcar o Dia Mundial de Luta
Contra a Aids, pessoas que vivem com
o vírus HIV relataram suas experiências.
Nas conversas, elas contam como encaram a doença, a relação com a família e
os amigos e a questão do preconceito.
É o caso da estudante Nelma Borges,
17 anos, que vive com a doença desde
que nasceu, transmitida pela mãe durante a gravidez. Ela diz que a Aids não a
assusta, mas que nem sempre foi assim.
“Quando criança, era difícil. Para mim, a
vida tinha acabado. A partir do momento em que aprendi a entender o que era,
como era, comecei a ver a vida de forma
mais tranquila”, diz a jovem, moradora
do Distrito Federal (DF). A
Quando criança,
era difícil. Para
mim, a vida tinha
acabado. A partir
do momento em
que aprendi a
entender o que
era, como era,
comecei a ver
a vida de forma
mais tranquila
(Nelma Borges, 17 anos, que
contraiu AIDS ainda no ventre
da própria mãe)
Nelma conta que lidou com o preconceito na escola e nas relações
pessoais. “As pessoas que andavam
comigo tinham bastante [preconceito]. Alguns namoradinhos também.
Na escola, convivi com um colega
que tinha. Quanto à família, não sofri
nenhuma discriminação. Os amigos
de verdade nunca deixaram de conviver comigo por conta disso”.
Assim como Nelma, CF (*), 18
anos, também contraiu o vírus por
transmissão vertical (de mãe para
filho). Aos 13 anos, descobriu a doença. Por decisão da família adotiva, ele
revelou sua sorologia positiva apenas
a pessoas próximas. Morador também do Distrito Federal, CF admite
que não enfrentou o preconceito,
porém conhece quem já passou pela
situação. “Eu nunca sofri, mas sei
de pessoas que tiveram de mudar de
escola”, conta. Sobre o futuro, disse
que os projetos de vida continuam os
mesmos e que a aids é apenas “ um
detalhe a mais para ter cuidado”.
Mercado Dezembro 2010 ∞ 56
Foto: Renato Araújo/Abr
MSaúde
O servidor público aposentado Edson dos Santos,
de Santo André (SP), diz que apoio familiar e dos
amigos é importante para lidar com a Aids e impedir
o preconceito
Aos 43 anos, o servidor público
aposentado Edson dos Santos, de
Santo André (SP), fala com tranquilidade sobre a doença com a qual convive desde 1997. A descoberta foi
por acaso, quando fez exame para
detectar uma tuberculose. “O médico ficou sem graça de me dar o resultado. Eu mesmo falei que nem era
preciso pedir uma segunda amostra.
Não tive a sensação de que iria morrer”, diz Edson, que contraiu a doença pelo sexo sem preservativo.
Como agente administrativo,
Edson exerceu a função até 2006,
quando foi obrigado a se aposentar
devido à saúde debilitada - teve seis
tuberculoses e ficou em coma cerebral. Atualmente, é ativista do Movimento de Prevenção à Tuberculose
e da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids.
Para ele, o apoio familiar e dos amigos foi importante para lidar com a doença e impedir que fosse vítima de qualquer tipo de preconceito. “Quando falei
para minha mãe que tinha aids, ela disse
que eu não era o primeiro e nem o último. Nunca permiti que fizessem isso comigo (preconceito). Temos que encarar
e mostrar que estamos vivendo”, relata.
Sudeste concentra mais da metade dos casos
O país registrou, de 1980 a junho
de 2010, 592.914 casos de infecção por
HIV. A maior concentração está na
Região Sudeste, com 344.150 (58%).
Em seguida, vêm o Sul, com 115.598
(19,5%); o Nordeste, com 74.364
(12,5%); o Centro-Oeste, com 34.057
(5,7%); e o Norte, com 24.745 (4,2%).
A Região Sul, entretanto, registra a maior taxa de incidência do
país, com 32,4 casos em cada 100
mil habitantes, seguida pelo Sudeste (20,4), Norte (20,1), Centro-Oeste
(18) e Nordeste (com 13,9).
Esses dados também fazem parte
do boletim epidemiológico divulgado
no dia 1º pelo Ministério da Saúde.
Casos entre homens superam os
de mulheres, mas diferença é cai
O número de casos de Aids no Brasil é maior entre os homens. De 1980
até junho de 2010, foram registradas
385.815 infecções (65,1%) de pessoas do sexo masculino contra 207.080
(34,9%) entre as do sexo feminino.
Entretanto, o Ministério da Saúde já A
MSaúde
A proporção de
mulheres infectadas
para cada homem
com a doença
passou de 6, em
1989, para 1,6, no
ano passado
dia a dia dos jovens soropositivos e
é cada vez mais intenso. “Para um
jovem é complicado viver com o
HIV. A sociedade e o Estado como
um todo não compreendem isso.
Controlamos a carga viral dos
nossos meninos, mas infelizmente não zeramos o preconceito das
pessoas, seja nas cidades, com os
professores, vizinhos. Diariamente
presenciamos histórias impressionantes”, destaca.
fala em uma feminização da epidemia
no país, já que a diferença entre homens e mulheres é cada vez menor.
De acordo com o boletim do MS,
a proporção de mulheres infectadas
para cada homem com a doença passou de 6, em 1989, para 1,6, no ano
passado. A taxa de incidência entre
as pessoas do sexo masculino chegou
a 25 casos em cada 100 mil habitantes
contra 15,5 entre as mulheres.
Em ambos os sexos, a incidência
é maior na faixa etária dos 30 aos 49
anos. No caso dos homens, os casos
aumentam a partir dos 40 anos e, no
das mulheres, a partir dos 30 anos.
No ano passado, a taxa de incidência de Aids em mulheres com 50 anos
ou mais dobrou em relação a 1999,
passando de 5,7 casos em cada 100
mil habitantes para 12,3 casos.
Vicky Tavares é presidente da
organização não governamental
(ONG) Vida Positiva, localizada
em Taguatinga, cidade do Distrito
Federal. Há oito anos, ela cuida de
crianças e jovens que têm o vírus.
No grupo, há sete adolescentes na
faixa de 13 a 17 anos de idade. Para
ela, o preconceito está presente no
Mercado Dezembro 2010 ∞ 58
Foto: Elza Fiúza/Abr
(* Nome fictício para preservar a
identidade do entrevistado) B
Vick Tavares, presidente da ONG Vida Positiva,
que recebe crianças e adolescentes portadores
do vírus HIV, mostra a “Farofa da Vovó Vicky”, que
lançou para ajudar na complementação da renda da
instituição
MVeículos
Showroom da nova
concessionária Audi em
Uberlândia, na Av. João
Naves de Ávila, bairro
Santa Mônica
Uberlândia tem
concessionária Audi
POR Jorge Alexandre Araújo
S
er a marca líder de vendas de veículos Premium no mundo é o objetivo da Audi. Para tanto, o Brasil é um mercado tido como fundamental na estratégia de ação da montadora alemã,
que agora mira o Triângulo Mineiro
como território em franca expansão
para o segmento de automóveis de
luxo. De olho na garagem dos endinheirados de Uberlândia e região, a
Mercado Dezembro 2010 ∞ 60
Audi está novamente instalada na cidade com a recém-inaugurada Audi
Center Uberlândia, a 24ª concessionária da marca no país.
Paulo Kakinoff, presidente da Audi
Brasil, participou da festa de inauguração da loja que está localizada na
Av. João Naves de Avila, 3.333. “Uberlândia é um dos polos que mais cresce
economicamente no Brasil. Para se
ter uma ideia, algumas capitais ainda
não contam com uma concessionária
Audi e Uberlândia tem”, comparou.
Kakinoff detalhou as razões para o investimento na cidade. “Poucas pessoas devem saber, mas Uberlândia compra mais veículos do segmento de
luxo que várias capitais. Temos uma
concentração grande de habitantes
com condições para adquirir o estado
da arte em automóveis. O brasileiro é
apaixonado por automóveis, mas ao
que os números nos indicam, o uberlandense é mais apaixonado ainda”.
Paulo Kakinoff,
presidente da Audi
Brasil
Sérgio Maia, Presidente do Grupo Saga, compartilha da opinião de
Kakinoff. “A Saga chegou há três
anos a Uberlândia com a marca
Volkswagen. Nesse período, a Saga
Autominas cresceu 150%. Depois assumimos a concessionária Citroën,
que tem demonstrado ótimos resultados. Isso mostra a pujança do mercado. E essa força começa a aparecer também no segmento Premium.
O mercado da cidade está crescendo
em todos os segmentos, tanto que
no próximo ano teremos mais uma
concessionária Volkswagen, que
será instalada na Avenida Getúlio
Vargas”, adianta.
Sérgio Maia,
presidente do Grupo
Saga, empresa à
qual pertence a Audi
Center Uberlândia
Para garantir o atendimento e a
manutenção dos veículos, a empresa
contará com oficina autorizada. Por
enquanto, serão dois boxes destinados a equipe técnica, mas em breve
o número deverá passar para seis.
“Toda nossa equipe teve treinamento técnico e nossos mecânicos estão
participando de um treinamento em
São Paulo, exclusivamente para a
manutenção do A8”, explica Rosângela Marques, gerente comercial da
Audi Center Uberlândia.
A gerente comercial
Rosângela Marques
Ampliar o portfólio é garantir
mais vendas
O Brasil é o mercado com o maior
percentual de crescimento onde a
Audi atua. O acumulado das vendas em 11 meses deste ano é 60%
superior a igual período de 2010. A
China, o segundo melhor resultado
em expansão, tem 58%. É claro que
o mercado chinês é muito maior que
o brasileiro, mas esses números demonstram o potencial brasileiro. E
para manter o crescimento, a marca aumenta o número de veículos
comercializados no Brasil. Entre as
novidades que chegam por aqui estão o superesportivo Audi R8 V10, o
A8 e o A1. B
O compacto A1 da Audi
está entre os modelos
da montadora alemã que
podem ser encontrados
na Audi Center
Uberlândia
61 ∞ Mercado Dezembro 2010
MVeículos
Land Rover apresenta
edição limitada
Freelander 2 Sport 2011
DA Redação
Mercado Dezembro 2010 ∞ 62
A
Land Rover acaba de
apresentar hoje, durante o Salão do Automóvel de Bologna,
na Itália, o Freelander
2 Sport Limited Edition, uma série
limitada a 900 unidades de um de
seus veículos de maior sucesso em
vendas em todo o mundo.
A série exclusiva traz consigo
o espaço e a praticidade do Freelander 2, com um interior atualizado e design exterior com linhas mais esportivas e estilosas.
Por fora, o veículo ganhou
novos detalhes, como o sofisticado acabamento preto da
grade dianteira e das saídas de
ar laterais, um pacote exterior
que inclui um visual mais limpo da parte dianteira e três diferentes opções de cores para
a carroceria, que pode vir em
branco, preto ou no exclusivo
Vermelho Firenze, cor nunca antes disponibilizada pela
Land Rover. A
MVeículos
Para empurrar um veículo tão diferenciado como este, um motor de
3.2 litros i6 a gasolina consegue combinar alta potência e performance
com eficiência, proporcionada pelo
comando variável de válvulas e pelo
sistema CPS - Cam Profile Switching,
que aumenta ou reduz a abertura das
válvulas de acordo com as rotações
do motor, para uma melhor eficiência
no consumo. O propulsor desenvolve
233 cavalos de potência e torque de
317 Nm, indo da imobilidade às 60 milhas por hora em apenas 8.4 segundos
e aos 200 km/h de velocidade final.
O motor i6 foi desenvolvido pela
equipe de engenheiros da Land Rover
Um aerofólio traseiro também
equipa a série especial Freelander 2
Sport Limited Edition, juntamente
com exclusivas rodas de 19 polegadas, além de maçanetas e espelhos
retrovisores nas cores da carroceria,
que realçam o aspecto esportivo e dinâmico dessa série limitada.
Já o interior do veículo está disponível com bancos em couro em duas
cores, sendo a tonalidade preta predominante, com detalhes em marfim
ou em tons avermelhados. O painel
ganhou acabamento em Piano Black
que chega juntamente com tapetes
pretos com detalhes em marfim ou
em tons de vermelho, assim como os
bancos. O conjunto de detalhes que
formam o acabamento interno dessa
série limitada realça a esportividade e
a exclusividade do veículo.
para suportar as condições mais extremas possíveis, como a incidência
de lama, poeira e água, bem como
funcionamento em ângulos agudos de
operação. Tais características dão ao
Freelander 2 todas as credenciais possíveis para uma confortável e desafiadora direção em condições off road.
Atualmente, o Freelander 2 é o
veículo mais vendido da Land Rover
em todo o mundo, com mais de 215
mil unidades comercializadas desde
seu lançamento, em 2006. No Brasil,
o modelo representa cerca de 50%
do total de vendas da marca até outubro deste ano.
O Land Rover Freelander 2 Sport Limited Edition
Série especial e limitada a 900 unidades, das quais 300 estão destinadas ao mercado brasileiro
Design exterior e acabamento interno exclusivos
Disponível em três diferentes opções de cores externas: Branco Fuji, Preto e o inédito Vermelho Firenze
Duas opções de acabamento interno que trazem o impressionante contraste do banco em
couro preto com detalhes em couro nas tonalidades marfim ou avermelhado
Alta performance e eficiência com o motor de 3.2 litros i6 a gasolina
Disponível à venda em todo o Brasil a partir do primeiro trimestre de 2011
Preço ainda não definido B
MVeículos
Sonho de Consumo
N
ova linha 2011 da
F-150 Harley-Davidson: um sonho de
todos, mas uma realidade que não é para
qualquer mortal.
A edição limitada da picape vem
com motor V8 6.2 litros de 411 cavalos de potência, que já equipa
a versão SVT Raptor da F-150. O
novo propulsor substitui o 5.4 litros de 320 cavalos de potência da
versão anterior.
Além de aumentar o ronco do
Mercado Dezembro 2010 ∞ 66
motor, a Ford acrescentou na linha
2011 do modelo novos grafismos no
painel, principalmente no quadro de
instrumentos, que traz novos grafismos e um display de LCD de 4,2
polegadas, entre o velocímetro e o
conta-giros, com informações sobre
o consumo de combustível e os ângulos de inclinação.
A nova F-150 Harley-Davidson
ganha ainda o sistema de navegação
controlado por voz.
E como o preço ainda não foi divulgado, qualquer um pode sonhar com ela! B
MTurismo
O essencial de
Punta del Este
POR Evaldo Pighini com Agência
Mercado Dezembro 2010 ∞ 68
Quando se chega ao balneário, não se sabe
exatamente para onde olhar: se para a praia metálica,
dourada na areia e verde na água, ou para o outro lado
da avenida por onde se erguem imponentes mansões
Nem só de Brasil, Argentina e Chile vive o turismo
do cone sul. É cada vez maior o número de pessoas,
principalmente brasileiros, que descobre Punta del
Este, no Uruguai. O lugar, que se destaca tanto pelas
belezas naturais quanto pelo luxo e pela badalação,
tem sido cada vez mais procurado como destino tu-
rístico devido a inúmeras vantagens: distância curta,
pacotes atraentes, facilidade da língua. Tem ainda a
mudança de ares que em Punta são litorâneos, com
praias fluviais - o no rio da Prata - o e oceânicas - no
Atlântico. Não é à toa que, no verão, a cidade de 10
mil habitantes chega a receber até 300 mil turistas. A
69 ∞ Mercado Dezembro 2010
MTurismo
Punta del Este,
uma cidade pequena
com estrutura de metrópole
Todo o fascínio que Punta del Este - balneário dentro do município de Maldonado - exerce em algumas pessoas é muito justificável. Para quem se
enquadra na categoria de “simples mortais”, isto
é, não tem milhões de dólares na conta bancária,
visitar Punta é como passar alguns dias fora da
realidade. Principalmente no período de alta temporada (entre os meses de dezembro e março), há
uma grande concentração de limusines e pessoas
(entre as quais artistas, políticos e grandes empresários) que circulam naturalmente ostentando carrões e roupas de marca de diferentes grifes internacionais. Todo esse público faz o balneário ficar
conhecido por sediar festas milionárias, por seus
movimentados bares à beira da praia, restaurantes sofisticados, hotéis cinco estrelas e cassinos.
Nas ruas, principalmente do bairro de Beverly Hills,
também chama atenção a grande quantidade de
mansões. Construídas em diferentes estilos, as casas gigantescas recebem nomes próprios e são, em
sua maioria, desprovidas de muros e grades. Por
incrível que pareça, apesar da aparente falta de segurança, os assaltos às propriedades são raros.
Beverly Hills,
bairro de Punta del Este:
só mansões
Punta é ainda uma boa alternativa para quem não
quer ou não pode gastar muito. É só esperar a época do calor passar. No inverno, por exemplo, a temperatura média é de 13ºC e Punta ganha outra cara,
tão charmosa quanto, porém a cidade fica mais vazia. Então, o aluguel de um apartamento cotado a
US$ 1.500 mensais no verão pode ser ocupado por
US$ 200.
Nesse período, os passeios também são bem dife-
rentes, embora a clássica caminhada pela orla para
ver o pôr-do-sol faça parte do programa em qualquer época do ano. Os bares que servem drinques
gelados no porto dão lugar às casas de chá em fazendas nos arredores, e os barcos que movimentam as águas na época de alta temporada (entre
os meses de dezembro e março) não são apenas
os turísticos, são de milionários a passeio. E a noite
tem cassino. A
Na orla de Punta,
o pôr-do-sol faz parte
de qualquer programa
MTurismo
Enfim, Punta Del Este é um bom destino o ano todo.
Atrações para isso não faltam.
Turismo - À primeira vista, quem chega a Punta
Del Este pode até se confundir; pensar que aquilo
é mar. E se for pelo outro lado, achar que é rio. Isso
no de balneários sofisticados do Mediterrâneo que,
durante a alta temporada, entra em ebulição e a
sua população de cerca de 10 mil habitantes se vê,
feliz, multiplicada em até 30 vezes mais pessoas,
num constante ir e vir, dia e noite, entre baladas
e sonecas despretensiosas na areia, sempre na
Onde as águas do Rio da Prata
e do Oceano Atlântico
se encontram
porque é nessa península que as águas do Prata
e do Atlântico se encontram e onde, literalmente,
o vento “faz a curva” - garantindo o esvoaçar de
cabelo tipicamente hollywoodiano das personalidades que costumam frequentar o lugar, ávidas por
férias e negócios quentes, muito quentes.
Punta até pode ser considerada a queridinha dos
descolados da América do Sul. Mas não somente.
Há quem aposte no lugar como um substituto digMercado Dezembro 2010 ∞ 72
maior segurança. No lugar é possível mostrar a riqueza sem medo. E, por esse motivo, é a favorita
dos que gostam mesmo de aparecer.
Mas, como dito, não é preciso ser milionário para
desfrutar de uma boa temporada em Punta, pois,
justiça seja feita, lá nada é tão caro assim. Os pacotes cabem no bolso também de pobres mortais e,
mesmo que por um dia, garantem o brilho de qualquer um, como se todos ali fossem cheios da grana.
O Conrad Cassino
é visita obrigatória para
quem vai a Punta del Este
Punta del Este não seria Punta del Este sem o luxuoso cassino que se impõe majestosamente sobre
a avenida à beira-mar. O Conrad é visita obrigatória
principalmente para brasileiros, que são vetados de
apostar em jogos de azar em solo “verde-amarelo”.
São mais de 450 slots e 60 mesas de jogos, e estrutura para realizar confraternizações e shows de
artistas consagrados. Se você optar por se hospedar
lá, tanto melhor: poderá aproveitar o sol na sua piscina incrível, relaxar no spa ou provar o gostinho da
sofisticação em um de seus charmosos restaurantes.
O ateliê de Carlos Paez Vilaró começou com uma pequena construção na desolada Punta Ballena, cuja paisagem impressionou o artista. A ideia cresceu e, hoje, a
Casapueblo - uma das principais atrações turísticas de
Punta del Este - desenha parte da encosta sobre o mar,
abrigando diversas obras do artista, loja e café. Além de
oferecer um ambiente muito agradável e uma vista privilegiada do mar, é responsável por um verdadeiro espetáculo: os visitantes são convidados a assistir ao pôrdo-sol enquanto escutam o poema feito especialmente
para o entardecer. Delicado, romântico, inesquecível. A
Casapueblo
é uma das principais
atrações turísticas
MTurismo
Mão do Afogado
(Praia Brava):
cartão postal de Punta
O cartão-postal de Punta del Este é a obra do escultor chileno Mario Irarrazabal: “La Mano”. São dedos
saindo da areia, cujo significado seria a “presença
do homem surgindo na natureza”. É o local para
tirar a melhor foto das suas férias, aproveitando o
movimento e a brincadeira das crianças ao redor.
Faz parte do conjunto de oito esculturas do “Paseo
de Las Américas”
O Porto é mais um
cartão-postal do lugar
Esqueça a ideia de confusão: o porto segue a tendência chique de Punta del Este, sendo um ótimo
programa para pelo menos uma manhã. Você primeiro vai se encantar com a quantidade de albatrozes sobrevoando os iates, fazendo companhia para
os pescadores e, o mais divertido, descansando
sobre as costas de algum lobo-marinho. Afinal, é
neste lugar cheio de comida que eles se agrupam e,
por que não dizer (?), interagem com os turistas. Se
estiver no pique, pode pagar por um passeio de barco e ir até uma de suas ilhas. Ou petiscar algo com
gostinho de mar em um de seus restaurantes. A
Ponte Leonel Vieira,
por onde vale a pena passar
MTurismo
Mãos para cima, se você for o passageiro. É preciso
sentir o friozinho na barriga pelo menos uma vez
durante a sua visita a Punta del Este, passando por
essa ponte ondulada em formato de “M” que diverte as pessoas sobre a foz do Arroio de Maldonado
desde 1965.
Depois de passear pelas ruas e avistar as incríveis
mansões dos milionários no bairro Beverly Hills,
você pode parar no Museo Ralli, que possui uma
das mais importantes coleções de arte figurativa
contemporânea latino-americana do mundo. Criada em 1987, a casa abriga também salas especiais
dedicadas a artistas como Miró, Dalí e Chagall. Entrada franca.
o Museo Ralli Curupay e Los Arachanes
tem uma das mais importantes coleções
de arte figurativa contemporânea
latino-americana do mundo
Vida noturna em Punta Del Este
O brasileiro que for a Punta deve se desligar do horário do Brasil. No balneário acorda-se às 14h e dormese às 7h. A noite começa bem depois da meia-noite.
Na alta temporada os bares são invadidos durante
a madrugada por pessoas literalmente douradas de
sol, corpos à mostra e, muita, muita energia.
Para quem quer fazer compras
A festa com a qual o
Conrad Punta del Este Resort & Casino
abriu a temporada 2010
Punta del Este estimula o consumo, mas não é preciso ser milionário para fazer compras por lá. O lugar
preza pela extravagância, e as grifes sabem disso. É
possível encontrar Versace, Luis Vuitton e Yves Saint
Laurent neste pequeno balneário chique. Mas se você
não é propriamente um milionário que passa o A
MTurismo
verão espalhando purpurina por onde passa, é capaz
de encontrar verdadeiras pechinchas em algumas
de suas muitas lojinhas espalhadas pela Avenida
Gorlero - a principal do centrinho comercial.
A Av. Gorlero
é destino certo para quem
quer ir às compras em Punta
Se a ideia é levar para casa lembrancinhas com a
cara de Punta, acostume-se com os artigos de couro
e chimarrões, bem ao estilo gaúcho, ou pequenas
caixinhas de madeira pintadas com símbolos locais:
sol e sorte. E pequenos chaveiros de cartas, dados,
slots e artefatos de cassinos. Onde encontrar além
de lojinhas de artesanato? Na feirinha da Praça Artigas, que abre aos finais de semana às 10h e se estende até bem tarde em alta temporada.
Mercado Dezembro 2010 ∞ 78
Praias de Punta del Este
Milhares de turistas
lotam as praias de
Punta todos os anos
Quem escolher Punta Del Este como destino de férias pode ter a certeza de que vai encontrar excelentes praias. A começar pela Playa Brava (Costa
Brava), famosa pelos “dedinhos” que saem da areia
pedregosa (a escultura “La Mano”, símbolo de Punta del Este); essa praia é uma das mais concorridas
do balneário, contando com boa infraestrutura - estacionamento, serviço de praia e sombrinhas. Tem
boas ondas para o surfe e, portanto, é um pouco
perigosa para o banho.
Ao contrário, a Playa Mansa (Costa Mansa), como
o próprio nome já diz, é um belo local para levar
a família: é uma baía de águas calmas. “De tombo” perto de el Chileno, torna-se mais rasa a medida que chega perto do Porto. Outra boa opção
é a Playa Montoya (Costa Brava). Muito disputada
pelos banhistas, essa praia extensa de areias grossas também agrada os surfistas. Lá são realizados
campeonatos do esporte.
Outro destino certo para quem quer praia em Punta
é a Playa Bikini (Costa Brava), que fica depois da
Barra e é a mais famosa entre os descolados. Lugar
de encontro de famosos, essa praia abriga quem
quer ver e ser visto. Como uma pequena baía, tem
suas águas protegidas naturalmente, permitindo
banhos relativamente seguros. Oferece programações culturais e atividades esportivas na alta temporada (foto).
Outras duas boas opções, ambas na Costa Brava,
são a Playa de Los Ingleses - as areias douradas
que embelezam essa praia são finas e convidam ao
relaxamento. Entretanto, o turista deve ficar atento, porque suas águas, praticamente na borda da
península, podem ser perigosas - e a El Emir - a
segunda praia da Costa Brava, faz referência ao
Emir Emin Arslan, um dos primeiros “turistas” a se
apaixonar por Punta e a construir uma casa de veraneio neste ponto. As águas são mais agitadas e
boas para o surfe.
Atrações também para as crianças
Apesar de atrair “grandinhos” com suas intermináveis baladas, Punta del Este também oferece atrações para os pequenos. O Museo del Mar (La Barra),
embora privado e pequeno, possui uma interessante coleção de objetos do mar que diverte e educa. Os pequenos vão adorar aprender sobre a vida
marinha observando estrelas do mar, tartarugas,
esqueletos de baleia e diferentes fósseis perfeitamente classificados para guiar papais e crianças.
Fica aberto das 16 às 21h. A
Playa Bikini
MTurismo
O Museo del Mar
é uma boa atração
para crianças
Outra opção é o Zoo Parque Medina. Essa atração
está a caminho do Morro Eguzquiza, a 15 km da Barra. Uma boa sugestão é levar as crianças para sentir
o friozinho na barriga atravessando a Puente Leonel
Vieira. Esquente os ânimos e vá até o zoológico de
Punta del Este. Lá se encontram espécies nativas e
outros animais, principalmente africanos. Embora o
lugar seja pequeno, é um programa bacana para se
fazer em família. Vale até um piquenique.
Tem ainda o Parque El Jagüel, onde as crianças, principalmente as mais novas, vão querer passar o dia
todo, pois o lugar é repleto de brinquedos feitos em
madeira ou fibra.
Onde ficar e o que comer
Existem boas opções para quem quer se hospedar
com conforto e comer bem em Punta del Este. Para
quem busca por luxo neste balneário de chiques e
famosos, há muitas opções de hospedagens sofisticadíssimas que atraem visitantes endinheirados.
Para extravagância, vista para o mar e jogos de azar
(ou sorte), opte pelo Conrad Casino, que possui uma
megaestrutura para famílias, conta inclusive com espaço infantil, monitores, spa e diversas áreas de lazer. O Jean Clevers também oferece uma estada especialmente charmosa em meio a jardins elegantes.
O AWA é um hotel boutique que preza pela estética
minimalista e sofisticada.
Mercado Dezembro 2010 ∞ 80
O Jean Clevers, além do Conrad,
figura entre as mais sofisticadas
opções de hospedagem no balneário
Entre os moderados, Punta possui uma grande variedade de hotéis e redes que permitem uma estada econômica. Você pode optar pelo Days inn,
Hotel Amsterdam ou Hotel Champagne.
Mas, se a questão é econômica, tem a opção de se
hospedar em um albergue, que permite diversão e
ainda economia de muito dinheiro. Para ver as opções disponíveis, entre no site Hotel Bookers.
Gastronomia - Quando o assunto é alimentação, há opções para todos os bolsos e gostos.
Mas, já que você está em Punta, por que não
aproveitar e experimentar os melhores restaurantes do balneário?
Como sugestões, uma boa alternativa entre os populares está o Blue Cheese, queridinho do porto
de Punta, que mudou e virou Beef Eaters. Entre os
requintados tem o St. Tropez, que fica dentro do
Conrad e é especializado em cozinha italiana. Em
se tratando de charme, o turista pode optar por bistrôs delicadamente pensados para agradar os finos
paladares, como o Life Bistrô. Agora, quem quer exclusividade, uma opção fresquinha é o Butiá (Rota
10, km 186,5), na região de José Ignácio. Dentro do
hotel boutique Casa Suaya, é comandado pelo chef
Clo Dimet, e se diferencia pela cozinha de produto,
que prioriza ingredientes da região: cordeiro, coelho, pato, peixes e frutos do mar servidos em receitas mediterrâneas. Destaque para os camarões ao
forno com manteiga de pistache.
O Blue Cheese
é um bom lugar
para se comer
Para completar, é Impossível ir a Punta del Este e
não provar a “Parrillada” (churrasco tradicional), o
peixe típico da região - a brótola, ou os deliciosos
doces caseiros de doce de leite. A viagem também
pede que se prove o vinho da uva Tannat - ícone da
região -, embora tenha sido trazida da França.
Pelos arredores de Punta del Este
Tem ainda a Ilha dos Lobos, onde se percebe uma
das maiores concentrações de lobos-marinhos do
mundo, o que proporciona diversão aos turistas
durante passeios de barco. A Ilha dos Lobos quase não tem vegetação, resumindo-se a um farol (o
maior da América do Sul) e muitas pedras e, claro,
muitos “lobinhos”. Outra atração é a baía de José
Ignácio. A menos de meia hora do centro de Punta
del Este, ela consegue permanecer despretensiosa
- resguardando os ares de “vila de pescadores” -,
mesmo depois de se tornar reduto de celebridades.
Você pode se sentar em algum canto da praia, observar o mar calmo ou se encantar com os telhados
coloridos de suas casas.
Por fim, tem a Ilha Gorriti - a famosa Ilha de Caras fica no Uruguai -, que fica a poucos minutos
de barco do Porto. Durante a alta temporada ferve
oferecendo aos convidados “chiques-e-famosos”
uma estrutura toda especial: há inclusive wi-fi na
área “VIP”. Fora de temporada, é um pedaço de terra com pinheiros, areia e mar. Bom negócio para
quem quer refletir ou tomar um sol com privacidade total no “parador” da Playa Honda (tão disputada
no verão e tão deserta fora da temporada).
Mas Punta del Este não é só Punta Del Este. A região possui muitas atrações próximas que podem
ser alcançadas por terra ou mar e que vale a pena
conhecer.
Maldonado é uma delas. A capital do Departamento
(estado) de Maldonado é hoje praticamente uma extensão de Punta del Este que conseguiu preservar as
suas características coloniais. Oferece aos visitantes
a oportunidade de observar construções singulares,
como a Catedral de San Fernando de Maldonado, o
Cuartel de Dragones e a Torre del Vigia.
A Playa Honda,
na Ilha Gorriti
Como chegar a Punta del Este
Maldonado,
com sua
belíssima baía
O Aeroporto de Sauce fica a apenas 25 quilômetros
de Punta del Este, recebendo voos diários de São
Paulo pela GOL e Pluna. O visitante também pode
chegar ao Aeroporto Internacional de Carrasco, em
Montevidéu, a 140 quilômetros de Punta, e pegar
um ônibus (há guichês para venda de passagens no
próprio aeroporto) até o terminal da Avenida Gorlero, centrinho do balneário. A
81 ∞ Mercado Dezembro 2010
MTurismo
A Pluna tem uma parceria com a empresa COT para
oferecer aos clientes o serviço de translado a partir
de Montevidéu. Basta trocar o cartão de embarque
provisório pelo bilhete de ida e volta na loja localizada no saguão de desembarque do Aeroporto Internacional de Carrasco. Depois, é só relaxar com
a vista até Punta del Este. Telefone: (042 48-6810).
Para ver os horários dos ônibus, visite o site da COT.
A empresa COPSA permite que o cliente faça a reserva da passagem pela internet.
É possível também chegar a Punta del Este de táxi o peso uruguaio é teoricamente desvalorizado frente
ao real, mas a maioria dos comerciantes e serviços
oferecidos “cobram uma pequena taxa” para aceitar
moeda brasileira. Mesmo assim, gasta-se praticamente o mesmo valor que pegando um táxi em São Paulo.
Já os aventureiros que pretendem encarar a estrada até Punta del Este devem seguir pela BR 116
ou pela BR101. De Montevidéu é necessário seguir
pela Ruta Interbalneária. B
O Aeroporto Internacional
de Carrasco, em Montevidéu,
a 140 quilômetros de Punta
Informações extras que podem ajudar na viagem
Moeda
Peso uruguaio. Entretanto, em todos os lugares são aceitos o dólar, o
real e o euro.
Idioma
Espanhol, mas a maioria das pessoas, se não fala, ao menos entende
bem o português.
Horários comerciais
Bancos: de segunda a sexta, das 9 às 18h; comércio: na alta temporada muitos estabelecimentos comerciais funcionam até meia-noite. De
modo geral, Punta del Este gosta de acordar tarde nas férias.
Saúde
Nenhuma vacina é compulsória.
Cremes hidratantes
Irritações, alergias e acne cosmética.
Mais informações
Ministério do Turismo do Uruguay, Maldonado Turismo, PuntadelEste.
com e VivaPunta.com.
Mercado Dezembro 2010 ∞ 82
MBazar
Akakia lança Morango Silvestre:
sua nova fragrância
Quatro novos produtos compõem a linha artística,
inspirada no movimento artístico Pop Art
que exigem novidades e estão sempre
antenadas com novos conceitos, artes e estilos.
Produtos
A Akakia Cosméticos acaba de lançar a fragrância Morango Silvestre,
que chega para compor a linha artística da marca. Criada para atender a
todas as necessidades diárias das mulheres na higiene, renovação, hidratação e perfume, a linha é composta por
sabonete líquido, esfoliante, loção hidratante e body splash. Inspirada no
movimento Pop Art, as fragrâncias
exóticas e diferenciadas fazem sucesso entre mulheres contemporâneas,
Sabonete líquido - contém
em sua fórmula ingredientes que
previnem o ressecamento da pele,
deixando-a mais macia e com toque
sedoso. Esfoliante hidratante corporal - as partículas esfoliantes e
as esferas de cera ajudam a massagear e remover as impurezas e células mortas da pele. Contém óleo de
amêndoas doces e vitamina E, que
possuem propriedades hidratantes,
nutritivas e condicionantes. Loção
hidratante corporal - Com Vitamina
E, que hidrata a pele, o produto de
textura leve promove a manutenção
de uma pele macia e aveludada, sem
deixá-la oleosa. Body Splash - bastante utilizado quando as mulheres
precisam sentir-se renovadas, o produto ajuda a manter a sensação de
frescor e bem-estar por todo o dia.
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Biomarine
O dermocosmético pode ser usado após o sol
ou mesmo sem exposição solar, garantindo um
bronzeado uniforme e saudável, sem aspecto
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de dermocosméticos que traz em
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Mercado Dezembro 2010 ∞ 84
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equipamentos atendem às necessidades dos consumidores que
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and Play alimentado via USB que
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Além de ter velocidade de 5400
rotações por minuto, o Safe Info
possui memória buffer de 8MB. É
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O Safe Info acompanha um
cabo USB e estojo especial para
acondicionamento e transporte
do aparelho.
Base para notebook
que faz bem à saúde
O Notepad Comfort pode ser usado em casa, na cama, no sofá, no
aeroporto e no avião
Sabe aquelas coisas que a maioria
das pessoas não conhece ou nem sabe
que existe, mas quando encontram não
conseguem mais viver sem? A Zagg
está lançando o Notepad Comfort, que
é um grande exemplo disso. Essa base
para notebook possui até uma bandeja
retrátil com função de Mouse Pad para
a utilização do aparelho em todos os
lugares: em casa, na cama, no sofá, no
aeroporto, no avião, etc.
No quesito saúde o uso da base
também é uma ótima escolha, porque
protege o colo do calor gerado pelo
notebook. Para os homens, o calor
do notebook sobre o colo pode ser
prejudicial. A proximidade do aparelho com a genitália pode desencadear problemas de fertilidade. Em outro caso, e neste serve também para
mulheres e crianças, a exposição do
calor do notebook sobre as pernas
por um longo tempo pode causar
sensibilidade na pele.
Outro destaque da base Notepad
Comfort é a sua mobilidade e produtividade. É desenhado para ser usado
por canhotos ou destros e pode ser
carregado facilmente na pasta ou mochila para qualquer lugar. O modelo é
feito de material emborrachado e evita que o notebook escorregue.
Para conferir esse e outros lançamentos da marca Zagg, acesse:
www.zaggline.com.br.
85 ∞ Mercado Dezembro 2010
MBazar
Playstation Move
chega ao mercado
A Sony Brasil está iniciando a comercialização do Kit Move ao preço
sugerido de R$ 799. O produto deve
chegar às lojas a qualquer momento.
O produto oficial Sony Brasil possui
manual e embalagem em português,
bem como a certificação ANATEL,
obrigatória nesse caso.
O kit vem com o controle PlayStation Move, a câmera PlayStation Eye,
o jogo Sports Champion e uma demonstração de outros jogos para esta
plataforma.
O PlayStation Move oferece uma experiência de jogo única e em alta definição baseada nos movimentos dos
usuários, grande tendência do mercado de entretenimento. Visite o site
www.sonystyle.com.br.
Papete Nekkol
preço sugerido: R$199,00
Papete River Dog
preço sugerido: R$199,00
Papete Trairay
preço sugerido: R$199,00
Timberland lança sandálias para
a coleção Alto Verão 2011
Para a temporada de muito calor, marca aposta nas famosas sandálias
outdoor, que surgem repaginadas
A Timberland, primeira marca a
trazer as clássicas sandálias outdoor para o Brasil, lança novas versões
para a coleção Alto Verão 2011.
Nos modelos masculinos e femininos, a Nekkol e Trailray possuem
diversas tecnologias que ajudam em
atividades ao ar livre e também no
Mercado Dezembro 2010 ∞ 86
dia a dia, como palmilha anatômica
em EVA, três pontos de ajuste em
velcro e forração interna de neoprene para dar maior conforto aos pés.
Apenas para os homens, o modelo River Dog se diferencia pelo cabedal confeccionado em couro sintético que não retém água; A Mount
River, no modelo feminino, pode ser
usada tanto na água como na terra
e possui cabedal confeccionado em
nylon, o que dá leveza ao produto.
Todos as papetes têm solado em
borracha com tecnologia BSFP, o que
aumenta a segurança e performance
em terrenos acidentados ou molhados.
MCulinária
Aprenda a receita
de Sushi Califórnia
A receita desta edição da MERCADO vem do restaurante japonês
Wakai Sushi, localizado no bairro
Consolação, em São Paulo, que
ensina aos amantes da culinária japonesa a saudável receita de Sushi
Califórnia. Para quem não gosta de
peixe cru, esta é a melhor opção
de sushi, já que substitui o ingrediente por kani, manga e pepino.
Juntos, esses alimentos proporcionam uma combinação perfeita,
além de serem extremamente saborosos e leves.
Abaixo, confira o passo a
passo do prato elaborado pelo
chef e sócio do restaurante, Leandro Sousa.
Sushi Califórnia
Ingredientes:
• 100 gramas de arroz para sushi
• 50 gramas de kani
• 01 alga marinha
• 50 gramas de manga
• 50 gramas de pepino
• 15 gramas de gergelim torrado
Modo de preparo:
• Primeiro cozinhe o arroz numa
panela apropriada para gohan
sem tempero. Depois, coloque
o arroz num recipiente grande e
espalhe-o. Em seguida, adicione
um pouco do tempero para sushi,
mexa o arroz e deixe esfriar. Pegue uma esteira de fazer sushi e
abra uma alga marinha. Coloque
arroz em cima da alga marinha,
adicione dois pedaços de manga
em cubos, dois kanis, um pouco
de pepino em cubos e salpique
com gergelim. Depois, enrole e
corte-o em oito pedaços iguais.
Rendimento: 8 porções
Tempo de preparo: 35 minutos
Calorias: 114
Chef responsável: Luiz Flores - restaurante Wakai Sushi
Serviço: O restaurante Wakai Sushi fica na Rua Fernando de Albuquerque, 166 - Consolação, em São Paulo (SP)
Reservas: (11) 3237-0563 - www.sushiwakai.com.br
Mercado Dezembro 2010 ∞ 88
MDica de Leitura
“Cérebro lado esquerdo
lado direito”
DA Redação
Livro ajuda o leitor a identificar seus pontos fortes e a
desenvolver os mais fracos, potencializando o raciocínio,
a capacidade criativa e o equilíbrio mental
É
cada vez mais comum
ouvirmos
neurocientistas explicarem que
o cérebro possui dois
hemisférios, o esquerdo
e o direito. O primeiro seria dominante no pensamento analítico e
racional, enquanto o segundo seria
particularmente responsável pela
percepção visual e espacial e pelas atividades criativas. Pesquisas
indicam que o ato de pensar envolve muitas partes do cérebro que
trabalham simultaneamente. Para
Mercado Dezembro 2010 ∞ 90
atingirmos o nosso melhor desempenho, temos que usar toda a nossa
massa cinzenta.
Para ajudar o leitor a melhorar
sua capacidade mental, a Ediouro/
Coquetel anuncia o lançamento no
Brasil do livro “Cérebro lado esquerdo lado direito, do britânico Charles
Phillips. A publicação, do mesmo autor da série “How to think”, vai ajudar
as pessoas a identificar seus pontos
fortes e a desenvolver os mais fracos,
melhorando seu desempenho nas
atividades cotidianas e expandindo
o raciocínio junto com a criatividade.
“Cérebro lado esquerdo lado direito” oferece 50 exercícios - metade para cada lado especificamente.
Para escolher qual parte do cérebro
deve ser mais exercitada, a publicação traz um teste que mostra ao leitor o lado que ele mais utiliza. Quem
precisa desenvolver o lado esquerdo
irá praticar jogos que testam o olhar
para os detalhes e a lógica e que dão
ênfase às habilidades numéricas e
de linguagem. Já para ativar o lado
direito, o leitor encontrará exercícios que desenvolvem sua consciência espacial e visual, bem como a
habilidade de pensar criativamente.
As respostas estão no final do livro.
“Este livro possibilita um equilíbrio dos pensamentos, potencializando o raciocínio e a capacidade criativa das pessoas. É uma ferramenta
importante, que vai ao encontro das
necessidades dos estudantes e profissionais que desejam o autodesenvolvimento como forma de se destacar
nos estudos e na carreira”, afirma
Henrique Ramos, diretor editorial
das Revistas Coquetel/Ediouro.
“Cérebro lado esquerdo lado direito” chega às bancas e livrarias
ao preço de R$ 12,90. A publicação
também pode ser adquirida pelo site
Coquetel (www.coquetel.com.br).
Ficha técnica:
Livro: “Cérebro lado esquerdo lado
direito”
Nº páginas: 144
Formato: 13,5 x 20,5cm
Preço: R$ 12,90
MColunaLiteratura
Da necessidade
dos palhaços, dos
bobos da corte e
dos “tiriricas”
POR Kenia Maria
O
palhaço Tiririca foi o
deputado federal mais
votado no Brasil nas
eleições de 2010. Mais
de 1,3 milhão de pessoas o elegeram para representar o
povo por quatro anos no Congresso
Nacional. Muita gente se assustou,
ficou indignada, vociferou: Um palhaço? Um bobo da corte? Um fanfarrão? Onde vamos parar?
Ora, tais acontecimentos são fruto da grandeza da democracia em
que todos podem experimentar o
gostinho e os dissabores do poder.
Do fabricante de sapatos ao engraxate, do grande latifundiário ao
boia-fria, do industrial ao torneiro
mecânico, todos, sem exceção, podem legislar, propor e revogar leis.
Assim, nesse espaço democrático,
felizmente não só o rei tem o direito de sentar-se no trono, o bobo da
corte também.
Impossível falar de Tiririca e não
nos lembrarmos dos palhaços que
fizeram a nossa alegria no período
da infância. Todos queriam ir ao circo para gargalhar com as molecagens e piruetas desse burlesco personagem. Onde já se viu um circo
que não tenha essa figura com seus
sapatos compridos, roupas de bolinhas coloridas, um nariz redondo
avermelhado, uma peruca exuberante? Quando minha mãe estava de
Mercado Dezembro 2010 ∞ 92
saco cheio do choro
e das brigas de meus
irmãos, lá íamos nós
para o circo aliviar as
tensões, rir um pouco, dar uma trégua
nas labutas familiares.
Os circos, nas pequeninas cidades do interior,
com seus palhaços atrevidos, representam um
oásis em meio ao tédio e
à secura cultural de nossa terra.
Mais tarde, na adolescência, quando conheci as
peças teatrais de Shakespeare, o que mais me encantou foram os clows ou
os bobos da corte. Shakespeare fez de seu teatro um espaço
democrático, multicultural e polifônico. Em suas peças ouve-se de
forma equilibrada tanto as vozes
dos reis e dos poderosos como as
dos simples soldados, dos mercadores, das prostitutas, dos casais
burgueses apaixonados e, claro, o
discurso debochado
e gaiato do palhaço,
do bufão. É, minha
gente, Shakespeare,
sabia das coisas... Não
é por acaso que é considerado um dos mais
importantes escritores
do mundo ocidental.
Mas, às vezes, eu me
pergunto. Por qual motivo
Shakespeare fazia tanta
questão de colocar em quase todas
as suas peças teatrais um truão, um
bobo da corte? Para o estudioso
Bakhtin, em seu clássico livro inti-
“Shakespeare fez
de seu teatro um
espaço democrático,
multicultural e
polifônico”
tulado A cultura popular na Idade
Média e no Renascimento, o bobo
é a figura carnavalizada, aquele que
desmistifica o tom sério, o que burla
o que é oficial, aquele que tem coragem de dizer aquilo que ninguém
ousa, é aquele que vence pelo riso.
Lembrei-me agora da excelente
tragédia Rei Lear. Um belo dia, o rei,
certo de que já estava velho e precisava curtir melhor a vida sem grandes sobressaltos, resolve dividir seu
reino entre suas três filhas. Como
a filha mais jovem, Cordélia, não
declara amor incondicional ao pai,
é punida, ficando sem sua parte na
herança. O trono é assim repartido
entre as outras filhas, Goneril e Regane. Depois disso, o rei passa a ser
odiado e menosprezado pelas duas
mais velhas. Triste e desesperado,
Lear não compreende bem o porquê
dessa hostilidade das filhas. Lear é
então alertado pelo seu Bobo de que
ele agora não era mais rei, não era
mais nada, nada tinha e suas filhas
não suportavam sua pobreza. Durante toda a peça, o Bobo é talvez o
único personagem que, mesmo com
suas piruetas e frases disparatadas,
mantém-se lúcido e coerente, alertando o rei de que sua atitude de di-
vidir prematuramente o reino, além
de ter excluído Cordélia da herança,
foi uma atitude despropositada.
Sabemos que o bobo é o único
personagem que pode dizer toda a
verdade ao rei, por mais cruel que
esta seja, e nem por isso o bufão
será degolado. Os bobos são parentes espirituais dos loucos, dos poetas e das crianças. Eles têm licença
poética para debochar da autoridade e tirar a máscara do poder.
Uma das falas mais interessantes
do Bobo de Lear é aquela em que ele
diz que queria saber mentir, que já
estava cansado de dizer as verdades
e nunca ser levado a sério.
Tiririca trocou o chapéu de guizos por uma peruca loira e gritou
que “pior do que tá não fica”, depois
trocou o picadeiro da televisão pelo
ar condicionado de Brasília. Tomara que ele nunca seja censurado
por seus protetores, um bobo não
pode nunca ser silenciado. O papel
do bobo é o de denunciar, o de escancarar as tramoias e a corrupção.
Desejo que Tiririca, tal qual o Bobo
de Lear, ou aquela criança da fábula
de Christian Andersen, nunca seja
proibido de gritar: “o rei está nu, o
rei está nu.”
A literatura e as artes estão repletas desse personagem corajoso e
carnavalizado. Para quem quiser se
divertir e também refletir um pouco
mais sobre a importância do riso e
do deboche dos bobos a ajudar-nos
a entender um pouco mais sobre
nossa complicada condição humana
e sobre nossa complexa sociedade,
sugiro as seguintes obras artísticas:
a tragédia Rei Lear, de Shakespeare;
a comédia Guerras do Alecrim e da
Mangerona, de Antônio José da Silva; o romance O bobo, de Alexandre
Herculano; a ópera Rigolleto, de
Verdi; o filme O bobo da corte; e o
documentário Hotxuá - o palhaço
sagrado, de Letícia Sabatela. B
Em Rei Lear, de Shakespeare, o Bobo é talvez
o único personagem que, mesmo com suas
piruetas e frases disparatadas, mantém-se lúcido
e coerente
Kenia Maria de Almeida Pereira - doutora em Literatura Brasileira pela Unesp/São José do Rio Preto-SP e professora colaboradora
do Mestrado em Teoria Literária da Universidade Federal de Uberlândia-MG. Autora de artigos científicos e livros sobre literatura brasileira,
dentre eles, Machado de Assis: outras faces, publicado pela editora Aspecttus ([email protected])
93 ∞ Mercado Dezembro 2010
MProfissões em Filme
A Origem
O melhor filme de 2010 já está nas locadoras.
Um filme complexo e inteligente!
POR Kelson Venâncio
Este mês a Mercado fala de um filme que para nós do Cinema e Vídeo foi
sem dúvida a melhor produção deste
ano e que acaba de chegar às locadoras. E, nesse caso, em DVD ou Bluray
é até melhor de assistir que no cinema,
já que em casa podemos voltar e assistir às partes que não foram compreendidas na primeira vez. Nas telonas
isso não é possível e muita gente saiu
frustrada da sala de projeção por não
ter compreendido bem a história.
Começo a crítica de “A Origem” dizendo algo que talvez resuma os diversos sentimentos do público: é um dos
melhores e mais complicados roteiros
que eu já vi em toda a minha vida. Se
você prestar muita, mas muita atenção
mesmo, e entender toda a complexa
história escrita e dirigida magistralmente por Christopher Nolan (de Batman - O Cavaleiro das Trevas), com
certeza vai amar o filme e colocá-lo no
topo de sua lista de melhores de todos
os tempos. Mas se você não conseguir
manter-se atento e não entender o que
se passa na tela, pode odiar o que está
assistindo. E ainda tem quem, como
um amigo me contou, assiste ao filme e
acha ótimo mesmo sem entender absolutamente nada! Portanto, se você ainda não viu, prepare-se para não piscar
ou roube o controle remoto do cinema
para pausar quando não entender!
“A Origem” é baseado na história
de Dom Cobb, um experiente ladrão,
capaz de penetrar no íntimo e infinito
universo dos sonhos e, assim, roubar
valiosos segredos dos subconscientes das pessoas enquanto elas estão
Mercado Dezembro 2010 ∞ 94
dormindo. A rara habilidade de Cobb
torna-o um invejável jogador neste
universo de espionagem, ao mesmo
tempo em que o transforma em um
fugitivo internacional e lhe custa tudo
o que ama. Mas a vida de Cobb muda
quando ele recebe uma proposta para
que, ao invés de roubar uma ideia, coloque uma na mente de um dos personagens que vai mudar o futuro das
pessoas que o cercam.
Christopher Nolan faz de “A Origem”
um filme tão bom ou até melhor que o
excelente Batman - The Dark Knight.
Já comentei parte de seu roteiro nas
primeiras linhas de minha análise, mas
me aprofundo. Inventar um mundo em
que as pessoas entram em sonhos para
roubar ideias? Até aí tudo bem. Mas um
sonho dentro de outro sonho que vem
de outro sonho sonhado na realidade,
aí já é demais! E é claro que se você ainda não viu o filme, não entendeu nada
que eu disse nessa frase. Mas continuando... Tudo se encaixa apesar dessas
“camadas” de sonhos. Com isso você
acaba vendo até quatro filmes diferentes com os mesmos personagens e um
único objetivo.
E se pra mim é difícil escrever essa crítica pela complexidade do filme, imagine pra
você que não o viu e a está lendo agora?
Mas vamos falar de outros pontos
positivos menos difíceis de entender.
Para começar, os efeitos especiais são
ótimos e colocados na medida certa,
como se realmente estivéssemos sonhando. Sabe aquele susto enorme
que levamos quando a gente sonha
que está caindo da cama e que nos faz
acordar imediatamente com o coração
disparado? Pois é, esse é o famoso
“chute” denominado no filme e que é
mostrado através desses efeitos. Mundos diferentes sonhados por pessoas
diferentes ganham vida e parecem bem
reais no filme. O uso do slow motion é
outro acerto da direção. As cenas em
que o personagem Cobb explica à novata arquiteta Ariadne como as coisas
funcionam nessa rede de sonhos são
de deixar o espectador boquiaberto.
O mesmo acontece na parte em que,
nos corredores de um hotel, acontece
uma luta emocionante que começa no
chão, passa pelas paredes, vai para o
teto e volta ao chão novamente. Tudo
roda porque aquilo é um sonho de alguém que está dormindo em uma van
que está capotando.
Além de ter escrito essa história
maluca e fascinante, Nolan dirige “A
Origem” como um veterano da Sétima
Arte, apesar de ser dono de uma carreira de apenas 12 anos em longas e de
ter somente sete filmes (todos a que
assisti muito bons) no currículo. Mas
não podemos nos esquecer do elenco.
As interpretações de todos os atores
são boas, por menores que sejam na
projeção. Também pudera: Leonardo DiCaprio, Ken Watanabe, Joseph
Gordon-Levitt, Cillian Murphy, Marion
Cotillard, Tom Hardy, Ellen Page e Michael Caine. Só tem fera!
Não leia o que vem a seguir se não
ainda viu o filme
Mas, depois de todo o desenrolar
em 148 minutos de exibição, “A Origem” ainda nos deixa cheios de perguntas sem respostas no fim. O que
aconteceu no sonho em que Saito voltou à realidade após ser convencido
por Cobb? Subentende-se que ele teria
pegado a arma e se suicidado naquele
mundo fictício para acordar na vida
real. Mas e o “Gran Finale”? Finalmente Cobb volta pra casa, é recebido por
seu pai e revê seus filhos. Mas antes
coloca sobre a mesa um pequeno peão
girando. Se ele cair é a vida real, mas
se continuar rodando, o filme todo não
passa de um sonho. E adivinhe o que
acontece? A imagem é cortada sem sabermos o que ocorre com o peão!
É perfeito!!!
Ficha Técnica
Resumo: Don Cobb (Leonardo DiCaprio) é especialista em invadir
a mente das pessoas e, com isso,
rouba segredos do subconsciente
delas, especialmente durante o
sono, quando a mente está mais
vulnerável. As habilidades singulares de Cobb fazem com que ele
seja cobiçado pelo mundo da espionagem e acabe se tornando um
fugitivo. Como uma chance para
se redimir, Cobb terá de, em vez
de roubar pensamentos, implantálos. Seria um crime perfeito, mas
nenhum planejamento pode preparar a equipe para enfrentar o
perigoso inimigo que parece adi-
vinhar seus movimentos. Apenas
Cobb é capaz de saber o que está
por vir.
Diretor: Christopher Nolan
Elenco: Leonardo DiCaprio, Marion Cotillard, Ellen Page, Cillian
Murphy, Joseph Gordon-Levitt,
Ken Watanabe, Michael Caine,
Tom Berenger
Produção: Christopher Nolan,
Emma Thomas
Roteiro: Christopher Nolan
Fotografia: Wally Pfister
Duração: 148 min.
País: EUA/ Reino Unido/2010
Gênero: ação
Classificação: 14 anos B
Nota 10
Kelson Venâncio - jornalista e diretor do Cinema e Vídeo
www.cinemaevideo.com.br
95 ∞ Mercado Dezembro 2010
MSustentabilidade
Banco Mundial apoiará ações de
reparo à natureza
O Banco Mundial lançou um programa global cujo objetivo é ajudar os
países a incluir os custos da destruição da natureza nas contas públicas. A
base de orientação do novo programa
é o estudo denominado A Economia
dos Ecossistemas e Biodiversidade.
A proposta é ajudar os governos
a incluir as revelações do estudo
em suas políticas. Pela pesquisa,
das Nações Unidas, os cálculos indicam que a degradação do mundo
natural causa prejuízos à economia
global de US$ 2 bilhões a US$ 5 bilhões por ano.
O presidente da instituição, Robert Zoellick, disse que a destruição
ambiental é causada em parte porque os governos não contabilizam
o valor da natureza. O programa
foi anunciado durante a Convenção
da Organização das Nações Unidas
sobre Diversidade Biológica em Nagoya, no Japão. As informações são
da BBC Brasil.
O projeto piloto envolve dez países, entre eles a Índia e a Colômbia.
“Sabemos que o bem-estar do homem
depende de ecossistemas e da biodiversidade”, disse Zoellick. “Também
sabemos que eles são degradados de
forma alarmante”, acrescentou.
“Uma das causas é o nosso fracasso em avaliar propriamente os
ecossistemas e tudo o que fazem por
nós - e a solução, portanto, está em
contabilizar os serviços [oferecidos
pelo] ecossistema quando os países
fazem políticas”, afirmou.
Mercado Dezembro 2010 ∞ 96
Para o ministro do Meio Ambiente
da Noruega, Erik Solheim, reavaliar
a natureza a partir desses critérios
obriga a uma mudança de postura
das empresas. “Nós precisamos sair
de uma situação em que os benefícios dos serviços do ecossistema
são privatizados enquanto os custos
são socializados”, disse Solheim.
Ele afirmou ainda que os custos
totais do impacto negativo sobre os
ecossistemas devem ser cobertos
pelos que recebem os benefícios de
sua destruição.
ponsabilidade pelos cuidados com
o meio ambiente e questões sociais
e 9% afirmam que os consumidores
não têm responsabilidade alguma
sobre isso.
Nesta relação aparecem, em
primeiro lugar, os países ricos,
seguidos por organizações internacionais, governo brasileiro,
empresas multinacionais, ONGs e
empresas brasileiras.
Brasil tem apenas 5% de
consumidores conscientes
A segunda planta de manufatura
reversa (reciclagem) de geladeiras
do país inaugurada nesta quartafeira (15), no município de Careaçú
(MG). O equipamento da empresa
Revert Brasil é totalmente automatizado e terá capacidade para processar até 450 mil unidades por ano, o
que equivale a cerca de 1.500 geladeiras por dia.
O CFC é um dos principais responsáveis pela redução da camada
de ozônio, que protege a terra do excesso de raios ultravioletas capazes
de causar doenças como o câncer de
pele. Além disso, esse gás contribui
para o aquecimento global.
De acordo com a coordenadora
de Proteção da Camada de Ozônio
do MMA, Magna Luduvice, existe
hoje no país um passivo de 10 milhões de refrigeradores que poderão
ser processados por meio dessa tecnologia inédita no Brasil.
A eficiência de processamento do
equipamento permite retirar mais de
99% dos gases CFCs existentes no
refrigerador, tanto no sistema de refrigeração (CFC-12) quanto na espuma de isolamento (CFC-11). Estimase uma redução na emissão de três
toneladas de CO2 equivalentes por
refrigerador, ou seja, 1,35 milhão de
toneladas de CO2 equivalentes deixarão de ser lançados na atmosfera,
por ano. O equipamento também
conseguirá separar, com mais de
95% de pureza, os demais materiais
que compõem o refrigerador, tais
como: poliuretano, plástico, ferro,
cobre e alumínio.
Com a implantação dessa planta,
O Instituto Akatu fez uma pesquisa sobre o consumo consciente e
constatou que apenas 5% dos brasileiros fazem compras considerando
as práticas sustentáveis.
A pesquisa ouviu 800 mulheres e
homens, com idade igual ou superior a 16 anos, de todas as classes
sociais e regiões geográficas do país.
Os consumidores premiam empresas mais responsáveis e punem
as menos responsáveis. Eles repudiam a propaganda enganosa e o
tema que mais conta pontos positivos são as relações de trabalho: 80%
dos consumidores apontam o desenvolvimento de alguma ação ligada
à dimensão “Direito das Relações
de Trabalho” como importante para
que uma empresa seja considerada
socialmente responsável.
Nove em cada dez consumidores
acreditam que as empresas devem
desenvolver ações além das que
estão estabelecidas na legislação
e a maior parte (59% do total) tem
alta expectativa quanto ao papel a
ser desenvolvido pelas empresas.
Somente 2% deles aceitam a liberdade de as empresas não cumprirem totalmente a legislação. Quase
metade (44%) não acredita no que é
divulgado pelas empresas.
Os brasileiros também colocam
os consumidores na penúltima posição de responsabilidade pelas questões ambientais e sociais. Apenas
um em cada três brasileiros afirma
que os consumidores têm muita res-
Equipamento vai eliminar
CFC de geladeiras
os refrigeradores antigos, com mais
de dez anos, substituídos nos projetos de eficiência energética pelas
distribuidoras de energia elétrica
poderão ter as substâncias nocivas
à camada de ozônio e ao clima recolhidas e destinadas adequadamente.
Incentivo fiscal em prol dos
recicláveis
O Plenário da Câmara aprovou os
artigos do projeto de lei do Senado
para a Medida Provisória 499/10,
que concede um crédito presumido
de Imposto sobre Produtos Industrializados às empresas que usarem
artigos recicláveis adquiridos diretamente de cooperativas de catadores
como matérias-primas na fabricação
dos seus produtos. B
Este espaço se reserva a notícias e/ou projetos socioambientais. O conteúdo aqui publicado é de responsabilidade do CINTAP, através do Eco Instituto INDERC, mas está aberto também para outras pessoas,
empresas ou instituições que queiram divulgar assuntos pertinentes ao seu propósito. Informações com
Daniela Dias, gerente de Projetos do Eco Instituto INDERC, através do telefone 34 3230 5200 ou do e-mail
[email protected]. Acesse: www.inderc.org.br e siga: www.twitter.com/cintap2010 - www.twitter.
com/ecoinstituto
MPonto de Vista
Os impostos
no Brasil
Segundo dados de um relatório apresentado em setembro pela Receita Federal, referentes à arrecadação tributária brasileira em 2009, o índice continua alto, mesmo com a desoneração do setor produtivo no período da crise
financeira, o que gerou uma redução de 2,61% no recolhimento de impostos
durante o ano analisado. Segundo a Receita, o valor pago em impostos no
ano passado foi equivalente a 33,58% do PIB nacional, porcentagem maior
que em economias desenvolvidas, como Suíça (29,4%), Canadá (32,2%) e Estados Unidos (26,9%). Por outro lado, a
qualidade de vida do brasileiro, apesar da leve melhora registrada nos últimos anos, ainda é comparável à de países
como Cazaquistão, Albânia e Dominica. Para esse comparativo, foram levados em conta dados da Organização para a
Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), atualizados em 2008.
Outro levantamento, “Carga Tributária no Mundo - Um comparativo Brasil X Brics”, este realizado pelo escritório
de advocacia Machado-Meyer e apresentado no seminário Reforma Tributária Possível na Câmara Americana de Comércio (Amcham), confirma o Brasil como o país que tem a maior carga tributária entre os Brics (grupo formado por
Brasil, Rússia, Índia e China). O total de impostos, tributos e contribuições recolhidos no país é de 34% do Produto
Interno Bruto (PIB). Na Rússia, a carga é de 23% do PIB, na China é de 20% e, na Índia, país cuja estrutura tributária é
mais parecida com a brasileira, o total da arrecadação corresponde a 12,1% do PIB.
O que se percebe, e não há como contestar, é que no Brasil tem impostos demais, mas se gasta muito mal o dinheiro
arrecadado. A tributação brasileira parece padecer, principalmente, de falta de coordenação. Os governos federal,
estaduais e municipais têm poderes para criar e cobrar tributos, entre impostos, contribuições e taxas, porém, o problema é que cada um exerce seus poderes de acordo com interesses e necessidades próprios, sem considerar o efeito
no sistema tributário e na sociedade como um todo.
Diante disso, e de muitos outros problemas que estão relacionados à pesada carga tributária brasileira, o que
pensam os integrantes do G7 sobre os impostos no Brasil e o que poderia ser revisto nas esferas federal, estadual e
municipal? Com a palavra, o G7...
(*) A ONG G7 - Grupo dos Sete - é formada por sete das mais representativas instituições sociais ativas na região do
Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. São elas: ACIUB - Associação Comercial e Industrial de Uberlândia, CDL - Câmara
de Dirigentes Lojistas de Uberlândia, Conselho de Veneráveis do Triângulo, FIEMG Regional Vale do Paranaíba/CINTAP Centro Industrial e Integração de Negócios do Triângulo, OAB/MG 13ª Subseccional de Uberlândia, SRU - Sindicato Rural
de Uberlândia e SMU - Sociedade Médica de Uberlândia.
É urgente no Brasil que aconteça
a reforma tributária. As taxas, contribuições e impostos somam 84 tributos. Com isso chegamos a pagar
quase 40% do PIB.
Precisamos simplificar e minimizar essa carga, que retira de todos
os produtores nacionais a competitividade do Brasil no mundo.
Mercado Dezembro 2010 ∞ 98
O Brasil precisa buscar uma
forma inteligente de continuar a
crescer sem sacrificar o empresariado com essas cargas tributárias
sobre-humanas, que refletem em
toda a cadeia produtiva e na sociedade brasileira.
Se temos em comum o desejo
de gerar emprego e renda, de desenvolver e crescer e somos nós
a gerar as receitas, não faz sentido
tributar por tributar.
Saímos de um sistema em que
empresários, na luta pela sobrevi-
vência, possuíam um modelo que
não era 100% faturado, o famoso
caixa 2, ao que éramos e somos
contrários; mas hoje em sua quase
totalidade isso não mais existe, e
sim uma guerra fiscal que, na surdina, vai levando empresas para fora
de nosso estado, pois sobreviver,
muitas vezes, significa mudar!
Obs: A partir desta edição
quem responde pela Aciub nesse
“Ponto de Vista” é o novo presidente da associação, o empresário Rogério Neri.
Continuação
O Brasil a cada ano bate seus próprios recordes na arrecadação de impostos. De acordo com o Instituto Brasileiro
de Planejamento Tributário (IBPT), órgão que acompanha a apuração-impostômetro - chegaremos à casa dos R$200
bilhões em 2010.
Diante desse cenário, com certeza o
empresariado brasileiro não terá competitividade para continuar penetrando em
mercados em que outros países, com menor carga tributária, estão presentes.
Por isso se faz necessário uma urgente reforma tributária neste país. O
congresso Nacional, a partir de 2011,
deverá ter como principal tarefa, dentre outras, essa missão.
Existe a previsão de que o Impostômetro, que inclui impostos federais,
estaduais e municipais, chegue a R$ 1,2
trilhão - R$ 200 bilhões a mais do que em
2009. Um recorde que confirma a carga
tributária brasileira como uma das mais
elevadas do mundo.
No “pacotão” de impostos cobrados
no país, citando alguns, temos, em nível federal, IR (Imposto de Renda), IPI
(Imposto sobre Produtos Industrializados); IOF (Imposto sobre Operações
Financeiras) e ITR (Imposto Territorial
Rural). Já nos estados, temos o ICMS
(Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e o IPVA (Imposto sobre
Propriedade de Veículos Automotores),
e, em nível municipal, o IPTU (Imposto
sobre a Propriedade Predial e Territorial
Urbana), o ITBI (Imposto sobre Transmissão Inter Vivos de Bens e Imóveis e
de Direitos Reais a eles relativos) e o ISS
(Impostos Sobre Serviços).
Se Imposto é definido como um tributo
com contraprestação em serviço público
de competência do ente que o recolhe, na
prática isso não acontece no Brasil. Em
nosso país, do que se arrecada, os governos federal, estaduais e municipais devolvem muito menos do que deveriam à população. Arrecada-se muito e gasta-se mal.
Há muito tempo a nossa legislação
tributária tem se mostrado cada vez mais
complexa e ineficiente. Existe uma estatística de que quem ganha até um salário
mínimo paga o dobro de quem ganha acima de 30 salários mínimos, sendo uma
tributação injusta, pois o mais pobre tam-
bém paga imposto sobre a renda.
Portanto, deveria haver uma simplificação de impostos no Brasil e, consequentemente, uma redução da carga
tributária. Por isso, a solução mais viável é a reforma tributária já que, além
de proporcionar mais justiça social,
permitiria que o Brasil desse um salto
de competitividade e crescesse mais.
Juntos, a desoneração de investimento,
diminuição da carga tributária sobre a
folha de salário, a unificação do ICMS
sobre o mesmo produto, entre outros,
poderiam impedir até a concorrência
desleal de alguns estados. Porém, enquanto não ocorre a tão sonhada reforma tributária, defendo que as prefeituras e o nosso estado de Minas Gerais
encontrem caminhos, desonerando as
empresas com seus impostos acima citados para atraírem novas corporações
e investimentos.
A reforma tributária no Brasil é
questão de urgência, pois vivemos em
pleno século vinte e um, mas com uma
cultura do século dezoito, em que os
impostos eram arrecadados com fulcro
apenas e tão somente para a manutenção do Estado e, entenda-se aqui, como
manutenção de sua estrutura física e de
pessoal, sem se preocupar com as necessidades sociais.
Hodiernamente, leis, como a de
responsabilidade fiscal, vêm fechando
o cerco para que os administradores
públicos destinem a arrecadação ao
seu legítimo dono, qual seja, o povo,
bem como gastem apenas a verba que
efetivamente possuem.
Contudo, a máquina administrativa continua extremamente onerosa
e ineficaz, gastando de maneira descompassada e desorganizada, fazendo com que o desperdício de dinheiro
público seja lamentavelmente marca
deste tempo.
É preciso, portanto, que uma nova cul-
tura seja estabelecida e incorporada por
todos nós, desonerando ao máximo a máquina administrativa e por consequência
a carga tributária. É preciso que o poder
público se profissionalize minimizando
gastos desnecessários, o que fatalmente
conduzirá os administradores probos e
de cultura atual, com foco no desenvolvimento social, a propor e aprovar reduções de impostos no nosso país.
De toda sorte, entendo que acima de
tudo é preciso CORAGEM para romper
com as regalias Imperiais que ainda permeiam os palácios públicos.
A sociedade brasileira já está acostumada a ouvir notícias
diárias sobre saúde.
Muitos temas são abordados, entretanto, não
vemos com frequência notícias sobre o
custo de manutenção da atividade médica,
principalmente no que diz respeito ao aten-
dimento no consultório, e a carga tributária incidente sobre a prática médica.
O médico tem o dever de atender seus
pacientes com qualidade, conhecimento
e ética. Para tanto, tem que, no mínimo,
manter seu consultório custeando despesas com espaço físico, infraestrutura,
funcionários, submeter-se às exigências
da Vigilância Sanitária e, ainda, pagar os
impostos ao governo. Por outro lado, tem
que participar de congressos, simpósios e
se atualizar nas mais modernas técnicas
médicas para continuar no “mercado”.
Tudo isso com uma remuneração indigna. A preocupação das autoridades
está sempre voltada ao paciente, aos planos de saúde, mas nessa conjuntura descrita, e o médico, como fica? B
99 ∞ Mercado Dezembro 2010
MCausosEmpesariais
A festa de
fim de ano
(Conhecendo pessoas)
POR Nege Calil*
E
sta quem me contou
foi Marlene, uma das
profissionais que mais
respeito no mercado.
Recém-contratada, foi
de imediato convidada para a festa
de fim de ano da empresa. Participar
de tais festas exige preparo emocional, pois, equivocadamente, líderes
e profissionais de RH acreditam que
estas têm o poder de integrar a equipe. Na verdade, se a equipe está integrada, esses eventos selam o bom
relacionamento. Caso contrário,
Mercado Dezembro 2010 ∞ 100
tudo não passa de comportamentos politicamente corretos.
Minha amiga percebeu que foi
convidada mais por cortesia que
por real espírito natalino. Ainda
era uma estranha no grupo e o
fato de estar desacompanhada
alimentou seus sentimentos de
desconforto com a situação. A
festa seria na casa do diretor e os
convidados eram uma mescla de
familiares dele com pouco mais
de uma dúzia de funcionários
acompanhados de seus respectivos cônjuges. Estava ciente, ainda, de que seu nome não estaria
no amigo secreto, pois chegara
à empresa após o sorteio. Em
suma, poderia ter inventado uma
desculpa qualquer, ficar em sua
zona de conforto e não enfrentar
a situação. Teimosa como ela só,
fez tudo ao contrário: aceitou o
convite.
Com um sorriso estampado no
rosto, foi cordialmente atendida
pelo anfitrião tão logo tirou o dedo
da campainha:
- Nossa, chegou cedo!
- Não havíamos combinado meiodia? - respondeu Marlene, querendo
cavar um buraco no chão envergonhada com sua pontualidade.
- Fique à vontade. Você não se importa que eu te deixe só para cuidar
dos comes e bebes, né?
Durante os 15 minutos mais longos de sua vida, olhou para os muros
do quintal, acompanhada de uma bebida qualquer e dos sorrisos esporádicos da babá de uma menina mimada, que até hoje não descobriu quem
era. Chegaram os primeiros convidados. “Que alívio”, pensou. Tratava-se de um casal de amigos do dono
da casa que, até hoje, Marlene não
entendeu porque haviam se casado.
Ele saiu por um motivo qualquer e
Marlene insistiu em acompanhá-la:
- Detesto Natal! - disse a mulher,
antes mesmo de dizer o nome.
- Por quê? - perguntou Marlene por
educação, pois na verdade não estava
interessada em sua conversa depressiva.
Curioso como muitos se entristecem com o Natal. Acredito que isto
ocorra porque os verdadeiros motivos desse ritual exigem de nós uma
predisposição a abrirmos o coração e
repensarmos valores e modo de vida.
A moça respondeu, em meio a lágrimas contidas, os porquês de sua
tristeza. Referiu-se a uma festa típica ocorrida há anos em que teve um
problema específico.
- Você ainda vive aquela festa e
deixou de aproveitar muitas outras
que a sucederam, inclusive esta.
Tem certeza de que vale a pena? respondeu Marlene, tirando inspiração sabe-se Deus de onde.
A tal moça sorriu e agradeceu.
Marlene soube depois que ela a elogiou, pois havia salvado o Natal dela.
Minha amiga não fez nada, apenas
não alimentou a autopiedade daquela criatura. Incrível como os melhores presentes são os que menos esperamos. No dia a dia das empresas,
pequenas atitudes como essa são
as que mais causam impacto. Mais
importante que grandes eventos motivacionais, muitas vezes luxuosos
e com gurus caríssimos, cuidar do
bem-estar diário dos colaboradores
é o que de fato faz a diferença.
Outros convidados preencheram a
festa. Marlene foi apresentada a muitos e, ao contrário do que imaginou,
pôde aproveitar algumas conversas.
Riu, refletiu, trocou ideias e conhecimentos. Claro que outros tipos estranhos também surgiram, mas ela
atesta que aprendeu muito com eles.
Uma senhora, leitora assídua de pelo simples fato de não criarmos
revistas de fofoca, provocou-a. In- oportunidades de redes de relaciosistia em querer conversar sobre a namento e de ouvirmos a todos.
Marlene já se sentia parte da festa
vida dos artistas. Marlene mal acompanhava as novelas, que dirá saber quando começou a reparar na dequem fica com quem na vida real. E coração. Os enfeites eram muitos,
a tal senhora parecia um quindim parecia mais carnaval. Aos seus
falando, numa alusão ao seu bioti- ouvidos chegava uma música que
po associado à vestimenta, mono- em nada lembrava as tradicionais
cromaticamente amarela. Enquanto canções natalinas. Fizeram o amigo
respondia com monossílabos, Mar- secreto, abraços cheios de ternura
lene se distraiu observando seus se misturaram a outros meramenexagerados colares e brincos. Antes te sociais. Confidenciou-me, mais
que a confundisse com a árvore de tarde, que chegou a sentir o clima
Natal, e na tentativa de se livrar da de fraternidade no ambiente, o que
interlocutora, resolveu arriscar um propiciou o alívio de problemas que
foram deixados para trás.
palpite leviano:
- A maioria de nossos artistas
Mesmo ela, costumeiramente
sai do anonimato para a vida pú- desatenta, observou o quanto esblica em questão de ses momentos trazem indicadores
dias. E não é fácil lidar interessantes acerca de relacionacom a fama.
mentos. Conseguiu se divertir, sem
Surpresa,
Marlene deixar de se emocionar diante de perecebeu uma aula de quenas alegrias proporcionadas por
sociologia artística. En- uma brincadeira simples formatada
goliu seu preconceito pela troca de presentes. Por trás dajunto com um pedaço queles pequenos gestos, havia um
de peru. Incrível como desejo real, mesmo que contido e
alguns estereótipos nos não expresso, de que todos se harimpedem de reconhe- monizassem.
cermos talentos. Aquela
Já a caminho de casa, ainda solisenhora se mostrou uma tária, Marlene percebeu o quanto sogrande comunicóloga, mos semelhantes em nossas carênconhecedora de aspec- cias e que nossa integração depende
tos do comportamento de pequenos gestos. Emocionada,
social que explicariam calada, mas com pensamento firme,
muitas dúvidas de executivos. No desejou sinceramente que todos
cotidiano das empresas, não é inco- aqueles viventes que brevemente
mum criarmos paradigmas acerca passaram por sua vida tivessem redos profissionais, impedindo-os de almente um feliz Natal! B
se expressarem.
Quanto capital
Nege Calil
intelectual fica é consultor e especialista em gestão de pessoas
desperdiçado, [email protected]
101 ∞ Mercado Dezembro 2010
MGeral
Dicas para grandes conquistas em 2011
Especialistas apontam 11 ações importantes que podem
resultar em vitórias no próximo ano
DA Redação
Durante os dias que antecedem a chegada do
Ano Novo é comum as pessoas enumerarem uma
série de promessas e expectativas para o ano que
se inicia. Para que essas ações se realizem, entretanto, é preciso muito foco, atenção e disposição
na hora de traçar as metas e, principalmente, batalhar por suas realizações. Especialistas de diversas
áreas apontam onze ações importantes que podem
resultar em grandes conquistas no ano de 2011
para você e para sua empresa.
1º Cuidado na hora de planejar suas dietas
e promessas para emagrecer. Para a médica Andréa Quidute Sampaio, especialista em nutrologia
do Instituto Paulistano de Neurocirurgia e Cirurgia
da Coluna Vertebral, “Quando as pessoas decidem
emagrecer acabam fazendo da forma incorreta, cortando da alimentação itens indispensáveis para o
equilíbrio do corpo. O mesmo acontece com quem
deseja se alimentar melhor e, por conta própria, defini o ‘próprio cardápio’, que, muitas vezes, está inadequado para seu estilo de vida”.
2º Empreender, já pensou nisso? Batista Gigliotti, presidente da Fran Systems, consultoria em
desenvolvimento de negócios e de franquias, ressalta que é preciso cautela na hora de direcionar seus
investimentos quando o assunto é empreender, ou,
então, entrar no mundo do franchising. “Não se pode
ficar deslumbrado pelo bom momento econômico do
setor. Cada perfil é diferente e o retorno dos investimentos pode variar muito. Uma orientação profissional pode te auxiliar a evitar riscos desnecessários”.
3º Não tenha medo de errar: Tatsumi Roberto Ebina, sócio-fundador da Muttare, consultoria de
gestão, destaca que “em muitas empresas, o que ini-
be o profissional é o medo de errar. Essa sensação
prejudica as organizações. Pensem: por que será que
as pessoas têm medo de errar? Grandes empresas,
referências em seus segmentos, como Google e Dell,
fornecem aos seus colaboradores poder de decisão
e autonomia de trabalho, motivando-os ainda mais
na busca de resultados expressivos às empresas”.
4º Invista na marca da sua empresa: a maioria dos profissionais não entende a importância de
administrar sua marca como parte da empresa. Hélio Moreira, diretor da NewGrowing Design & Branding, agência especializada em design de marcas,
identidade visual e estratégias de branding, destaca
cinco dicas para você construir uma marca forte e
tornar-se conhecido: faça um plano de negócio consistente, com o maior número de informações da
concorrência, ponto comercial e público-alvo; faça
um planejamento prévio de comunicação com esse
público e mercado-alvo; quebre paradigmas; contrate um profissional para ajudá-lo a criar uma identidade para o seu negócio. Pois, não existe negócio
sem identidade; crie uma marca alinhada ao seu
planejamento; utilize as ferramentas certas de marketing. É fundamental criar uma comunicação com
o seu público, um website consistente, um material
impresso para divulgação com conteúdo correto, assim conseguirá atrair clientes fiéis ao seu trabalho.
5º Cuide da sua coluna e conquiste o equilíbrio do corpo. Segundo Vinícius Paciulo, fisioterapeuta do Instituto RV, “o tratamento não cirúrgico
de Reequilíbrio da Coluna Vertebral (RCV) tem sucesso em aproximadamente 80% dos casos com
melhora total do quadro de dor. Realizamos movimentos combinados para verificar a limitação funcional, não somente a dor, mas também a funciona-
Chamadas interurbanas da Embratel
ficam 0,65% mais caras
DA Redação
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)
autorizou reajuste de 0,6596% para as ligações de longa distância nacionais (DDD) da operadora Embratel. O
valor das tarifas varia conforme o horário da chamada
e a distância entre as localidades.
Segundo a Anatel, o reajuste levou em conta o ÍnMercado Dezembro 2010 ∞ 102
dice de Serviços de Telecomunicações (IST) de junho
de 2009 a julho de 2010, de 4,5644%, além do Fator X
médio de 2009/2010, de 3,7326%. O Fator X é um índice calculado com base na produtividade das concessionárias e determina a redução que deve ser aplicada
ao cálculo do reajuste tarifário.
lidade dos movimentos”.
6º Já pensou em atividade física inusitada?
A Fechando o Gol, academia de goleiros, prepara esportistas com a técnica e metodologia do seu fundador: Zetti. Rodrigo Rocha, coordenador da academia,
esclarece os procedimentos: “Analisamos cada aluno, a idade, a estatura e a possibilidade de desenvolvimento e aprimoramento das técnicas. Quando
o aluno chega à academia consideramos todos os
pontos positivos para ser um goleiro e quais ainda
deverão ser desenvolvidos com os treinamentos.
Sempre obtivemos ótimos resultados com os adultos e com as crianças matriculadas”.
7º Seja diferente. Personalize seus produtos.
Você sabia que há possibilidade de planejar todas as
esquadrias do seu imóvel com o seu jeito? A Epros,
empresa especializada em esquadrias de alumínio
personalizadas, pode realizar o seu sonho. Cesar Augusto Martos, diretor comercial, esclarece: “Nossos
colaboradores estão prontos para atender cada projeto. Seja uma janela individual da casa de campo ou
uma obra grande para construtoras. Estamos aptos
a confeccionar o material que o cliente necessita”.
8º Invista em sua carreira e de forma planejada: Para quem almeja um salto na carreira ou
ampliar os conhecimentos, os cursos de idiomas
são sempre os mais procurados, seja o inglês, o espanhol e até o mandarim. Segundo Ho Mien Mien,
sócia e diretora da Outliers, os interessados em
aprender ou aprimorar um outro idioma devem considerar alguns pontos para obter a fluência neste,
como, por exemplo, quantas horas por dia/semana
terão disponíveis para realizar o curso, os valores
que serão investidos e a possibilidade de realizar
uma viagem internacional.
9º Mobilidade e dinamismo para as empresas: Após o uso em grande escala da internet em
PCs, os dispositivos móveis, smartphones e pockets,
irão contribuir muito nos próximos anos para as áreas
de vendas e comerciais das empresas. Marcos Paulo
Amorim, diretor da Blink Systems, afirma que estes
dispositivos munidos de internet aumentarão consideravelmente os lucros das organizações. “Quem consegue realizar alguma atividade, sem antes consultar
a internet? Ela se tornou estratégica para as empresas e para as pessoas. Já os dispositivos móveis, com
acesso à internet, vieram para contribuir com as vendas, com as negociações e com várias outras áreas e
consequentemente melhorar os resultados”.
10º Invista em um imóvel que lhe traga
qualidade de vida: As dificuldades recorrentes
das grandes cidades, poluição, trânsito e outros,
levam-nos sempre a pensar em buscar mais qualidade de vida. Para tanto, empresas já idealizam
projetos de loteamentos no interior de São Paulo,
que contemplam a natureza, áreas de lazer, quadras
poliesportivas e outros equipamentos que garantem
ao morador tranquilidade e segurança, como explica
Alexandre Cardoso, diretor da Apoena Imóveis, “para
oferecer isto, saímos do conceito imobiliário de hoje,
a padronização, e buscamos em regiões, como o
Vale do Paraíba, terrenos que possibilitassem um
maior aproveitamento do espaço e para oferecer
uma estrutura que atenda aos mais exigentes padrões e traga conforto e segurança, aliando natureza
e tecnologia”.
11º Comunicação interna? Invista em seus
colaboradores. Para Meriellin Albuquerque, diretora de planejamento da agência Ato Z Comunicação,
investir em programas de motivação e integração da
equipe é um caminho para o sucesso. “O primeiro
passo que realizamos em cada empresa que pretendemos desenvolver uma ação de comunicação e de
premiação é a pesquisa para identificar os principais
valores dos colaboradores, as necessidades, entre outros aspectos. Podemos mostrar que independente do
tamanho da empresa é possível investir em pessoas
e fazer a diferença na vida delas e de suas famílias”.
MGeral
Lula gastou quase R$ 10 bi em
publicidade em 8 anos
DO Contas Abertas
Se propaganda é a alma do negócio, não à toa o presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerrará o mandato
com uma aprovação popular recorde de 83%, segundo
pesquisa do Instituto Datafolha. Em oito anos de mandato, Lula gastou pouco mais de R$ 9,3 bilhões dos cofres
públicos no intuito de manter a sociedade informada
sobre os atos de governo - em valores corrigidos pela
inflação. Um balanço preliminar da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), divulgado nesta segunda quinzena de dezembro, informa
aplicações de R$ 1,1 bilhão em publicidade neste ano,
apenas até o início de dezembro, uma média diária de
R$ 3 milhões. A cifra refere-se a todos os ministérios, autarquias, fundações, empresas estatais e sociedades de
economia mista.
A mídia mais procurada pelos órgãos públicos federais foi, mais uma vez, a televisão, que respondeu por R$
707,2 milhões, ou 64% de todos os anúncios feitos neste
ano. A publicidade nos jornais obteve investimentos de
R$ 100,1 milhões, o que representa 9% dos gastos com
propaganda. Bem próximo, os anúncios em rádios chegaram a quase R$ 100 milhões.
As revistas foram responsáveis por R$ 83 milhões. A
Internet e os outdoors receberam anúncios de R$ 36,6
milhões e R$ 5,8 milhões, respectivamente. Já a publicidade governamental em cinema, mobiliário urbano, carro de som, telas digitais em shopping, elevadores, supermercados e aeroportos respondeu por R$ 68,4 milhões,
ou 6% do total investido no período.
Na comparação entre os governos dos presidentes
Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, a
atual gestão sai ligeiramente na frente. Entre 2000 e 2002,
FHC aplicou R$ 3,1 bilhões em publicidade, uma média de
pouco mais de R$ 1 bilhão por ano. Já o presidente Lula,
que dispensou R$ 9,3 bilhões durante oito anos, teve média anual de gastos estimada em quase R$ 1,2 bilhão.
O cientista político e professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em São Paulo, Fernando
Azevedo, ressalta que um dos princípios que rege as
democracias modernas é a transparência e a prestação
de contas do governo perante o cidadão. Neste sentido,
portanto, a publicidade seria um instrumento de transparência governamental. Por outro lado, Azevedo não descarta a possibilidade de autopromoção de autoridades
públicas. “A tendência é que os governos ampliem seus
investimentos nessa área porque a divulgação governamental beneficia o partido ou a coalizão partidária que
controla o governo”, avalia.
MGeral
Mega-aumento dos parlamentares não vinculou os Três Poderes
DO Contas Abertas
Com o pretexto de equiparar os salários aos ministros do
Supremo Tribunal Federal (STF), teto do funcionalismo público, deputados e senadores se uniram na última quarta-feira
para elevar seus subsídios mensais a R$ 26,7 mil, um aumento de quase 62%. Mas, ao contrário do que se imagina, embora o valor seja o mesmo para os Três Poderes, os salários
reajustados não serão equiparados aos dos ministros do STF.
Para que isso ocorresse, seria necessária a edição de uma
emenda constitucional. Desta forma, a igualdade entre os salários dos parlamentares, presidente e vice-presidente da República, ministros de Estado e ministros do Supremo durará
por apenas algum tempo, já que tramita no Congresso Nacional, desde agosto, um projeto que pretende elevar o subsídio
das demais autoridades do Judiciário para quase R$ 30,7 mil.
Caso o Congresso não aprove o projeto de lei que reajusta em 14,79% os subsídios pagos aos magistrados até
a próxima semana, o presidente da Associação dos Juízes
Federais do Brasil (Ajufe), Gabriel Wedy, garante recorrer
ao STF. “É um absurdo e um desrespeito aprovar reajuste
de membros do Executivo e do Legislativo, sendo que há
uma proposta de reposição da inflação do teto sem ser
apreciada no Congresso. O Congresso violou a Constituição porque está expresso que a inflação deve ser reposta
todos os anos pelo Congresso, que não cumpriu sua obrigação de legislar”, afirma.
Um mandato de injunção deverá ser ajuizado no STF
logo no início do próximo ano, abrindo a possibilidade de
que o próprio Supremo conceda o reajuste salarial. “Com
a ação, o Congresso Nacional será notificado da mora em
legislar. E, se o Supremo julgar pertinente, poderá editar
uma norma para o caso concreto, repondo, assim, a inflação sem a intervenção do Congresso”, esclarece.
CEF lança cartão para pagamento de aluguel sem precisar de fiador
A Caixa Econômica Federal
lançou este mês em São Paulo
o Cartão Aluguel Caixa. O produto será usado por clientes
do cartão de crédito para o
pagamento de aluguel, sem
a necessidade de fiador ou
garantia adicional. A comercialização do produto em âmbito nacional está prevista para
fevereiro de 2011, após fase de piloto em São Paulo.
Segundo a Caixa, o processo de locação, com o uso do
Cartão Aluguel, será realizado em uma das imobiliárias credenciadas pelo banco, após a assinatura do contrato de alu-
expediente
Diretor
Eduardo J. L. Nascimento
[email protected]
Conselho Gestor
Eduardo J. L. Nascimento, Evaldo Pighini,
Fernando Martini
Conselho Editorial
Paulo Sérgio Ferreira, Janaina Depiné, Analu
Guimarães, Dr. Joemilson Donizetti Lopes,
Marconi Silva Santos, Pedro Lacerda, Marcelo
Prado, Dalira Lúcia C. Maradei Carneiro
Editor Chefe e Jornalista Responsável
Evaldo Pighini - MG 06320 JP
[email protected]
Mercado Dezembro 2010 ∞ 106
guel pelo inquilino. A Caixa irá garantir à imobiliária o recebimento de até 12 parcelas de aluguéis não pagos.
O Cartão Aluguel Caixa será oferecido nas bandeiras MasterCard e Visa, na variante internacional, para pessoas físicas,
locatárias de imóveis residenciais. O cliente terá o limite-aluguel, que será utilizado exclusivamente para pagamento da
locação do imóvel, e o limite rotativo, destinado ao pagamento de compras em estabelecimentos comerciais, como um
cartão de crédito convencional.
De acordo com a Caixa, o cartão será comercializado nas
imobiliárias credenciadas e na rede de agências do banco
em todo o país. Ainda nesta semana, a instituição inicia o cadastramento de imobiliárias.
Reportagens Evaldo Pighini, Isabella Peixoto, Margareth Castro, Fabiana Barcelos, Laura Pimenta,
Rosiane Magalhães, Talita Nakamuta, Alitéia Milagre, Renata Tavares, Núbia Mota Programa de
Aprimoramento Profissional Natália Nascimento Revisão Lúcia Amaral Fotografia Mauro Marques
(exceto as creditadas) Colaboradora Márcia Amaral Diretor Comercial Fernando Martini - comercial@
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