Revista 93.cdr
Transcrição
Revista 93.cdr
Química Têxtil ANO XXXI DEZ 2008 A A T CC Corporate Member Membro Titular ISSN 0102-8235 Vencedores viajarão em janeiro de 2009 rumo à Espanha e apostam que voltarão ao Brasil com uma nova visão do mundo têxtil. Conheça os vencedores do II Prêmio ABQCT de Estímulo ao Estudo. 39 Site: www.abqct.com.br e-mail: [email protected] Patrocinadores do concurso. Tecnologia Laboratório Tecnologia Fibras Tecnologia Tingimento Tecnologia Corantes Tecnologia Preparação ÓRGÃO OFICIAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE QUÍMICOS E COLORISTAS TÊXTEIS Editorial 2008 chega a seu fim. Relembrando o fim do econômica mundial se agravou, as bolsas e o câmbio ano de 2007, nosso mercado estava cheio de se descontrolaram, o mercado estacionou, o ano finexpectativas para 2008, visto antecipadamente dou e a chuva o sul alagou. com um ano promissor. Logo no início do ano as expectativas se frus- Agora vamos retomar ao otimismo para o próximo ano. traram, mas não a ponto de derrubar o otimismo, afinal era apenas o início. “..... logo após o carnaval vai melhorar....” Boas Festas! Passou o carnaval, que neste ano foi mais cedo e mais uma frustração ocorreu, mas o otimis- Evaldo Turqueti mo continuou. “.... a partir de março ou abril vai de- Presidente colar...” E seguiu-se mais uma frustração, mas mesmo assim o otimismo continuava. Lá fora a crise já estava instalada, aqui apenas uma “marola”. “.... segundo semestre será bom, teremos as olimpíadas e os feriados serão todos em fins de semana....” Agosto chegou, as olimpíadas passaram e em setembro para ajudar, a crise Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. 03 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE QUÍMICOS E COLORISTAS TÊXTEIS Membro Titular FLAQT AATCC Corporate Member Site: www.abqct.com.br e-mail: [email protected] CORRESPONDÊNCIA “É de muita importância, todo boletim on-line recebido, pois sempre passo para todo os setores, parabéns por todas informações que vocês nos trazem e nos fazem participar de alguma forma no mercado.” Ademir Rissatti - Doutex ( Tinturaria ) --Para receber semanalmente o boletim on-line ABQCT, envie um e-mail solicitando o seu cadastramento através do e-mail [email protected] SUMÁRIO Editorial................................................................................................................................ 03 Comportamento tintorial de substratos de poliamida 6 Termofixados a diferentes temperaturas ( J. Maillo, D. Cayuela, G. Sanchis e J. Gacén) .................................................................... 06 Reativo ou tina? Vantagens e desvantagens no tingimento de fios de algodão 100% acondicionados em bobinas cruzadas. ( Jorge Marcos Rosa) ............................................................................................................12 Estudo comparativo das características ambientais das principais Fibras Têxteis ( Fernando Barros de Vasconcelos) ...................................................................................... 30 Fixação Covalente de Corantes Reativos em Algodão sob Condições Neutras ( David M. Lewis, Peter J. Broadbent, e Loan T. T. Vo, University of Leeds.) ...................44 Produtos Têxteis Ultra-hidrofóbicos: Abordagem do “Efeito Lótus” (Karthik Ramaratnam, Swaminatha K. Iyer,Mark K. Kinnan, George Chumanov, Phil Brown, and Igor Luzinov, )..........................................................60 Extração de corantes dispersos presentes em efluentes têxteis por microemulsão (Leocádia Terezinha Cordeiro Beltrame, Beth Aluana Tavares de Araújo Oliveira, Tereza Neuma de Castro Dantas, Osvaldo Chiavone Filho, Samuel Alves Oliveira.)...........72 II Prêmio ABQCT de Estímulo ao Estudo Resultado................................................................................................................................78 Entrevista com Renato Loch..................................................................................................79 Entrevista com Vitor Brizido................ ................................................................................ 80 Entrevista Especial com Camila S.Flor ............................................................................... 81 Produtos e Serviços ............................................................................................................. 82 04 Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. DIRETORIA NACIONAL Presidente: Evaldo Turqueti Vice- Presidente: Lourival Santos Flor 1º Secretário: Walter José Mota 2º Secretário: Clélia Elioni Ferreira de Carvalho 1º Tesoureiro: Adir Grahl 2º Tesoureiro: João Lino Gonçalves Diretor Técnico: Humberto Sabino da Silva Núcleo Rio De Janeiro Coordenador: Francisco José Fontes Vice-Coordenador: Francisco Romano Pereira Secretária: Ricardo Gomes Fernandes Tesoureiro: Emanuel de Andrade Santana Suplente: Antonio Wilson Coelho Núcleo Rio Grande do Sul Coordenador: Clóvis Franco Eli Vice-Coordenador: Eugênio José Witriw Secretária: Maria Julieta E. Biermann Tesoureiro: José Ariberto Jaeger Suplente: João Alfredo Bloedow Núcleo Nordeste Coordenador: Clélia Elioni Ferreira de Carvalho Vice- Coordenador: Silvagner Adolpho Veríssimo Tesoureiro: Francisco Paiva Costa Secretário: Milton Glavina Suplente: Manuel Augusto Vieira Núcleo Santa Catarina Coordenador Geral: João Vergilio Dias Vice-coordenador: Carlos Udelson Zagolin Secretário: Andre Luis Klein Da Silva Tesoureiro: Sergio Da Costa Vieira Suplente: Walter Alvaro Da Silva Junior Suplente: Henrique Jose Elisio Núcleo de Americana Coordenador: João José Gobbo Vice-coordenador: Durval B. F. Costa Secretári:o Izaias Ezipati Tesoureiro: Edmilson J. Vasconcelos Suplente: José Antonio M. Lima Suplente: Irani Monteiro CORPO REVISOR Esta edição da Revista Química Têxtil contou com uma equipe técnica para revisar os artigos aqui publicados. A equipe é formada pelos seguintes profissionais: Alessandro Ialongo Humberto Sabino Evaldo Turqueti Paulo Schlickmann Junior Bluma Elisabete K. Chaves José Antonio Marconi Felipe G. Menezes Walter Della Costa Os autores devem enviar seus artigos para publicação com, pelo menos, 3 meses de antecedência. EXPEDIENTE Química Têxtil é uma publicação da Associação Brasileira de Químicos e Coloristas Têxteis. Os artigos aqui publicados são de inteira responsabilidade dos seus autores. ISSN 0102-8235 Periodicidade: Trimestral (mar./jun./set./dez.) Distribuição: mala-direta: associados da ABQCT, Indústrias Têxteis, tinturarias e entidades filiadas à FLAQT e AATCC. Circulação: São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, Rio G. do Sul, Ceará e Paraná. Régia Comunicação e Design Jornalista Responsável: Caroline Bitencourt Mtb 02462/SC E-mail: [email protected] www.regiacomunicacao.com - FoneFax: (11) 4330.5624 Colaboradores: Kelson dos Santos Araújo e Márcio Dantas Impressão: Ipsis Gráfica ABQCT Administração e Depto. Comercial: C.G.C: 48.769.327/0001-59 - Inscr. Est.isento Praça Flor de Linho, 44 - Alphaville 06453-000 - Barueri, SP Tel: (11) 4195.4931 FAX: (11) 4191.9774 e-mail: [email protected] Tecnologia Preparação Comportamento tintorial de substratos de poliamida 6 Termofixados a diferentes temperaturas Autoras: J. Maillo, D. Cayuela, G. Sanchis e J. Gacén Universidade Politécnica da Catalunha Espanha Tradução: Agostinho S. Pacheco ABQCT Revisão Técnica: Paulo Schlickmann Junior. terminais podem variar com a temperatura de termofixação, RESUMO Neste trabalho foram efetuados tingimentos e que, este conteúdo influi notavelmente na cristalinidade separados e competitivos em três sistemas tintoriais dos substratos termofixados, acharam também interessante diferentes de substratos de poliamida 6 termofixados a proceder a sua determinação para tentar relacioná-los com o diferentes temperaturas (160 - 190ºC). Foi estudada a comportamento tintorial dos substratos termofixados a absorção de corante em função da temperatura de diferentes temperaturas. termofixação. Foi também efetuada a determinação do conteúdo de grupos amino-terminais, da entalpia de 2. PARTE EXPERIMENTAL fusão e da densidade dos diferentes substratos. 2.1.- Material Palavras chave: poliamida 6, tingimento competitivo, Foi utilizado um tecido de poliamida 6 e nylon 6, (tingimento com todas as amostras no mesmo banho), preparado com fio contínuo de 44 dtex/10 fil (A), termo- cristalinidade, absorção de corante. fixado a 160, 170, 180 e 190ºC ( A.1, A.2, A.3 e A.4). Antes de proceder a sua caracterização e aos tingimentos com os diferentes corantes, estes substratos foram lavados 1. INTRODUÇÃO As empresas produtoras de fibras poliamida 6 com uma solução de 1 g/l de Sandozina NIA, relação de controlam o comportamento tintorial de seus produtos banho 1/60, a 40ºC durante 30 minutos, após o que foram utilizando determinados corantes. Alguns dos utilizados efetuadas sucessivas lavagens com água fria, morna e com essa finalidade são o corante ácido C.I. Acid fria. Finalmente deixou-se escorrer o banho das amostras e Violet, o corante disperso C.I. Disperse Blue 7 e uma estas foram secas em temperatura ambiente. tricromia de corantes metalizados formada com um 2.2. Caracterização corante amarelo, um vermelho e um terceiro corante 2.2.1.- Determinação dos grupos amino-terminais Os grupos amino-terminais foram determinados castanho. Os autores acharam interessante estudar o comportamento tintorial de substratos de poliamida 6 Rossback (1). termofixados a diferentes temperaturas quando são 2.2.2.- Entalpia de fusão tintos separados e competitivamente com estes três sistemas tintoriais. Sabendo-se que o conteúdo de grupos amino- 06 segundo o método da ninhidrina desenvolvido por Knott e Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. A entalpia de fusão foi determinada por calorimetria diferencial de varredura, usando um equipamento Perkin Elmer DSC-7. Os termogramas correspondentes foram Tecnologia Preparação obtidos iniciando a uma temperatura de 50ºC e algodão com duas bolas de aço inoxidável para facilitar a terminando a 300ºC, aquecendo a uma velocidade de agitação. 20ºC/min. Como o gás de purga foi empregado o 2 O banho de tingimento continha 0,5% de corante nitrogênio com uma pressão de 2 kg/cm (2). A partir dos sobre o peso do material, exceto nos tingimentos com o termogramas obtidos foram calculados os valores da corante disperso, 1 g/l de sulfato de amônio. A relação de entalpia de fusão. banho foi de 1/30 e o pH foi ajustado a 6. Na tricromia de Dado que nas fibras de poliamida 6 coexistem metalizados a concentração de corante era de 0,011% de diferentes formas polimórficas, o valor da entalpia de amarelo, 0,09% de vermelho e 0,24% de castanho, sempre fusão foi considerado como um índice da cristalinidade sobre o peso do material. do correspondente substrato. 2.2.3. Determinação da densidade A densidade foi medida em uma coluna de gradiente Os tingimentos foram iniciados a 40ºC, aqueceu-se até 100ºC em 30 minutos, essa temperatura foi mantida durante 50 minutos e o banho foi resfriado até 60ºC em 20 de densidades (Davenport). Pelas razões já assinaladas minutos. ao tratar da calorimetria diferencial, o valor da 2.4.- Extração do corante densidade de cada substrato foi considerado como um A extração do corante foi realizada em um aparelho índice de sua cristalinidade (3). Soxhlet com uma mistura de piridina/água (1/1, v/v) sobre 2.3.Tingimento 0,5 gramas de substrato tinto. Os substratos foram Cada substrato, separadamente ou em tingimento competitivo, foi tinto com: A) um corante aniônico (C. I. Acid Violet 48) submetidos a sucessivas extrações (umas 6 a 8) até que a amostra ficasse totalmente descolorida e então o volume foi nivelado para 100 ml. Uma parte desse extrato foi (Clariant) centrifugada em um tubo de ensaio para depositar no fundo b) do tubo todo o possível resíduo de fibra que pudesse um corante disperso (C. I. Disperse Blue 7) oferecer obstáculo à medição das absorbâncias. Por último, (Ciba) c) uma tricromia de corantes metalizados (Amarelo Lanaset 2R, Vermelho Lanaset G e Castanho foram medidas as densidades óticas na longitude ou longitudes de onda de máxima absorção. Lanaset B) (Ciba). 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES Estes corantes foram aconselhados por diferentes A Tabela 1 contem os valores dos grupos amino- produtoras de poliamida 6, por serem os que elas terminais, a entalpia de fusão e a densidade dos substratos utilizam para controlar o comportamento tintorial de sua original e termofixados. Nela se pode observar que a produção. termofixação produz um ligeiro aumento do conteúdo de Os tingimentos foram realizados em um equi- grupos amino-terminais sobretudo quando se termofixa pamento Linitest. Nos tingimentos competitivos, com na temperatura de 160ºC. Os substratos termofixados nas todos os substratos presentes no mesmo banho de demais temperaturas apresentam valores similares aos tingimento, cada um dos quais introduzidos indivi- do material não termofixado. dualmente em um pequeno saquinho de malha de Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. 07 Tecnologia Preparação Figura 2. Absorção de corante em tingimentos separados em função da temperatura de termofixação Temperatura de fixação 160 170 180 190 Grupos amino-terminais (meq/kg) 28,3 32,3 30,6 28,0 29,2 Entalpia de fusão (J/g) 68,9 75,4 77,2 82,4 84,4 Densidade (kg/m3 ) 1137 1147 1148 1151 1152 A entalpia de fusão e a densidade aumentam linearmente com a temperatura, com excelentes Absorção de corante (g/kg fibra) Tabela 1 Temperatura de Termofixação (ºC) coeficientes de correlação linear, segundo se pode Temperatura de Termofixação (ºC) Figura 3. Absorção de corante em tingimentos competitivos em função da temperatura de termofixação. Absorção de corante (g/kg fibra) Densidade (kg/m3 ) apreciar na Figura 1. Temperatura de Termofixação (ºC) Entalpia de fusão (J/g) Tabela 2. Absorção de corante em tingimentos separados dos substratos termofixados a diferentes temperaturas Temperatura de Absorção de corante (g/kg fibra) termofixação C. I. Violeta ácido 48 Tricromia metalizados 160 170 180 190 Temperatura de Termofixação (ºC) Os valores da absorção de corante em tingimentos separados e em tingimentos competitivos estão indicados nas Tabelas 2 e 3 e representados graficamente nas Figuras 2 e 3. 08 Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. 4,51 4,55 4,58 4,69 3,30 3,41 3,28 3,44 C. I. Azul disperso 7 4,29 4,25 4,22 4,23 Tabela 3. Absorção de corante em tingimentos competitivos dos substratos termofixados e diferentes temperaturas. Temperatura de Absorção de corante (g/kg fibra) termofixação C. I. Violeta ácido 48 Tricromia metalizados 160 170 180 190 3,63 3,95 4,49 5,06 2,96 2,68 3,05 3,45 C. I. Azul disperso 7 4,41 3,96 3,48 3,73 Tecnologia Preparação Quando se trata das tinturas individuais, a absorção na absorção dos corantes empregados. do corante aniônico parece aumentar ligeiramente com No caso do corante aniônico, na medida em que a temperatura de termofixação, mas com diferenças aumentam a temperatura de termofixação e a cristalinidade máximas de 3.1 unidades percentuais. Por sua parte, a se produz, também, um aumento da absorção de corante. absorção da tricromia parece passar por um mínimo no Este aumento não pode ser atribuído a um aumento do substrato termofixado a 170ºC, com diferenças entre os número de grupos amino-terminais, conforme pode ser valores extremos da ordem de 5%, muito superior a observado na Tabela 1. Assim, tendo em conta que em aquelas admitidas atualmente (2,5-3%). A influência da igualdade de circunstâncias um aumento da cristalinidade temperatura de termofixação nos substratos tintos deveria conduzir a uma menor absorção de corante, parece separadamente com o corante disperso é mínima, posto lógico pensar que outros aspectos da estrutura fina que a diferença entre valores extremos é de somente atuariam em sentido contrário, de modo que, predomi- 0,7%. nando sobre os efeitos da cristalinidade, ocasionariam um A influência da temperatura de termofixação na aumento da absorção de corante ao aumentar a temperatura absorção de corante nos tingimentos competitivos é de termofixação. Estes outros aspectos poderiam ser um muito importante posto que as diferenças entre valores aumento da desorientação do material das regiões amorfas extremos são de 39% no tingimento com o corante e/ou um aumento do tamanho dos poros ou ocos ao aniônico, de 29% quando se tinge com uma tricromia e aumentar a temperatura de termofixação, que favoreceriam de 27% no tingimento com o corante disperso um aumento da absorção de corante. empregado. A evolução da absorção em função da Quando se trata do tingimento competitivo com a temperatura de termofixação (Figura 3) depende muito mistura de três corantes, o substrato termofixado a 170ºC do sistema tintorial empregado. Quando se tinge com o se apresenta menos tinto do que o termofixado a 160ºC, o corante ácido, a absorção de corante aumenta quase que significaria um predomínio da influência da cristali- linearmente com a temperatura de termofixação. nidade (menor absorção) sobre a influência da desorien- Quando se trata de tricromia, a absorção de corante passa tação (maior absorção). Na Figura 3 podemos apreciar que por um mínimo no substrato termofixado a 170ºC, ao a partir de 170ºC é este último efeito que predomina, passo que no tingimento com corante disperso, o mínimo com o resultado de que a 170ºC se apresenta o mínimo de se apresenta no substrato termofixado a 180ºC. absorção (4, 5). Do que foi mencionado acima, podemos deduzir que Algo similar ocorre com o corante disperso, mas com a o aumento da cristalinidade (densidade, entalpia de particularidade de que neste caso o mínimo de absorção se fusão) que acontece na medida em que aumenta a apresenta a 180ºC em lugar de 170ºC. temperatura de termofixação, apenas influi na absorção dos corantes empregados nos tingimentos separados realizados nas condições tintoriais aplicadas. Quanto aos tingimentos competitivos, sucede que a presença simultânea de substratos de diferentes estruturas finas influi muito e de diferentes maneiras 10 Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. 4. CONCLUSÕES Nas condições experimentais próprias deste estudo, podemos concluir que: * O conteúdo de grupos amino-terminais apenas varia ao aumentar a temperatura de termofixação. Tecnologia Preparação * A entalpia de fusão e a densidade dos substratos 5. BIBLIOGRAFIA termofixados, ambos os parâmetros relacionados com a cristalinidade, aumenta linearmente com a temperatura de termofixação. * Os substratos tintos em tingimentos separados 1. Knott, J. y V. Rossback, Die Angewandte Makromolekulare Chemie, Vol. 86, No.1, pp 203-213 (1980). apresentam diferenças de absorção, não grande, que 2. Cayuela, D. y J. Gacén, Journal of Thermal dependem do sistema tintorial aplicado. No caso do Analysis, 41, No.6, pp 1599-1605 June corante disperso a diferença é de somente 0,7%, imperceptível para o olho humano. (1994). * A influência da temperatura de termofixação é 3. Illera, K.H. y Haberkon, H., muito maior nos tingimentos competitivos. Concreta- Makromolekulare Chemie, Nº 146, p. 267 mente, as diferenças entre os valores extremos de (1971). absorção oscilam entre 27 e 39%. * Sobretudo nos tingimentos competitivos, a 4. Mark, Textile Chemist and Colourist, pp. evolução da absorção de corante em função da 42-49. Enero (1972). temperatura de termofixação depende muito do siste- 5. Okamoto, Chemiefasern/Textileindustrie, ma tintorial utilizado. É provável que nele influa o tamanho molecular dos corantes empregados. 31, Nº 84, p. 30 (1979). Tecnologia Laboratório Reativo ou tina? Vantagens e desvantagens no tingimento de fios de algodão 100% acondicionados em bobinas cruzadas. Autor: Jorge Marcos Rosa Professor da Escola Técnica Senai Francisco Matarazzo Revisão Técnica: Alessandro Ialongo RESUMO Cinza, Lilás e Terra ficam, respectivamente, 107%, 17,5% e Este trabalho estudou e comparou dois processos de 5,5% mais caras. tingimento de fios de algodão com Corantes Reativos do tipo MCT (Monoclorotriazina) e Corantes à tina, OBJETIVO onde foram abordados os tópicos: Resistência dos fios O principal objetivo deste trabalho foi comparar duas (ASTM 2256/02), antes e depois dos tingimentos; classes de corantes utilizados no tingimento de fios de Consumo de água; Efluentes; Tempo de Processo; algodão 100% acondicionados em bobinas cruzadas. Para Custos Opera-cionais; Solidezes ao Alvejamento tanto foram selecionadas, aleatoriamente, três cores Posterior com Peróxido de Hidrogênio, Alvejamento contidas no “Caderno Inspirações e Tendências para com Hipoclorito de Sódio (NBR 10186), Fricção (NBR Design de Moda: Outono-Inverno 2008”: ISO 105-X12), Lavagem Caseira e Lavagem Comercial (NBR ISO 105-C06:2006-A1S). Cinza TP 144203; Lilás TP 192630 e Terra TP 181346. Foi comprovado que os processos de tingimento não alteram a resistência do fio. Os corantes à tina são INTRODUÇÃO mais caros, porém, tingem em menor tempo, possuem Algodão melhor resistência aos tratamentos úmidos contendo Segundo MORRISON & BOYD (1990), o algodão é alvejantes, geram menor carga de sais, possuem menor constituído quase que exclusivamente por celulose (Figura consumo de água por quilo de tecido; 72 dm.kg-1 con- 01). É insolúvel em água e não tem sabor; é um hidrato 3 tra 112 dm .kg-1 dos corantes reativos; e seu efluente é de carbono não redutor. 3 floculado com menor quantidade de insumos. Os A celulose (C6H10O5)n é um polissacarídeo de alto peso molecular, aproximadamente corantes reativos também propiciam bons 10000 g.mol-1, com baixa resistência a ácidos fortes, índices de solidezes, principalmente na solidez à entretanto, resiste bem aos ácidos fracos e também aos fricção, e também são mais baratos. No tempo de álcalis em geral. processo, o Corante à Tina (2:30h) leva vantagem de 95 A celulose quando seca possui caráter neutro, entretanto, minutos em relação ao Corante Reativo (3:45h). Se em meio aquoso, seus grupos hidroxila se dissociam formos levar em consideração um dia de trabalho (24h), deixando-a com caráter aniônico. SALEM (1999) relata por ter o processo 1,6 vezes mais longo que o Corante à que esta ionização aumenta com o aumento da alcalinidade -3 Tina, o Corante Reativo leva desvantagem. Suas cores do banho. A concentração de íons g.dm de [Celulose-O]- 12 Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. Tecnologia Laboratório aumenta em dez vezes para cada aumento de uma Figura 03. Distribuição de cargas em anéis heterocíclicos contendo nitrogênio (SHORE 2002) unidade de pH entre 7 e 11. Figura 01. Estrutura química da celulose (LEWIN & PEARCE, 1985). +0,133 N -0,072 OH OH H OH OH H O OH H H OH H OH OH H H O H O OH H H OH N +0,23 -0,20 +0,202 O O H HO encontrada nesse anel (Figura 03). H N -0,178 OH O O N Pirimidina Triazina OH OH - O Grupo hidroxila ionizado Reação por Substituição Nucleofílica É a reação que ocorre entre os corantes de sistemas do tipo halogenoheterocíclicos e a celulose ou água (hidróli- Corantes Reativos se). Estes tipos de anéis também são, em parte, responsáveis Possuem esse nome por reagirem quimicamente com pela substantividade desses tipos de corante. Após a a fibra em pH alcalino, através de ligações covalentes. ativação do átomo de halogênio, ocorre a fuga nucleófila e, Existem várias classes de corantes reativos. A classe em seguida, a reação. estudada neste trabalho retrata corantes do tipo MCT. Segundo MARCOS ROSA (2004), e como já observado Em uma escala decrescente de reatividade, os corantes anteriormente, a celulose se ioniza em meio alcalino, deste tipo ocupam a segunda colocação. Seu grupo tornando um substrato que se pode definir como sendo o reativo pertence a classe dos halogenoheterocíclicos, ou reagente nucleófilo por causa de sua carga negativa e, no seja, um átomo de halogênio, nesse caso o cloro, ligado a corante, o anel triazínico irá ativar o grupo de fuga um anel de triazina (Figura 02). nucleófila (Cl), tornando-se o reagente eletrófilo. Figura 02. Átomo de cloro ligado a um anel triazínico (SHORE 2002) Os átomos de Cl que se desprendem dos anéis triazínicos irão se juntar aos prótons oriundos da ionização da celulose e formarão ácido clorídrico, que será neutralizado pelo álcali N N contido no banho. Na Figura 04, exemplo de estrutura de um corante do tipo MCT, na Figura 05 a reação com a N Cl Dentre os anéis heterocíclicos contendo nitrogênio, o celulose e na Figura 06 a reação com a água. Figura 04. C.I. Reactive Red 3 (COLOUR INDEX) Cl anel de triazina é o que possui três átomos eletronegativos em local ideal para promover a necessária N N ativação do átomo de cloro, no caso do MCT, que encontra-se ligado ao átomo de carbono adjacente H SO3Na H O N N (SHORE, 2002). Cálculos de distribuição de carga de vários anéis heterocíclicos demonstram que a maior é H N N NaO3H S 14 Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. N SO3Na Tecnologia Laboratório A principal característica destes corantes é a existência Figura 05. Esquema de reação corante-celulose Corante Corante N - N Cl N - Cl + O - Ce lu los e N O - C elulose N O – C elulose + HCl HN HN HN solúvel em água e possuir afinidade com a fibra, precisa N N N de, pelo menos, um grupo cetônico (C=O), o qual para ser Corante N sofrer um processo de redução transformando-se em um leuco derivado sódico (C-ONa), conforme demonstrado na Figura 08. Após aplicado o corante é novamente oxidado, Figura 06. Esquema de reação corante-água (hidrólise) transformando-se insolúvel em água dentro da fibra, o que propicia altíssimos índices de solidez aos tratamentos Corante Corante Corante - N N N Cl N OH N N Cl N OH Figura 08. Esquema de oxi-redução de um corante à tina (ZOLLINGER, 1991) N - Cl + HO HN úmidos e agentes de intemperismo. H N HN HN H O H H H H H H H O +H -H OH H H H H H H H H Derivado da antraquinona OH + Na - Na H H H H H H Leuco derivado ONa H ONa H Leuco derivado de sódio Tratamento posterior Tem como finalidade retirar o corante hidrolisado, Segundo ZOLLINGER (1991), de todos os corantes bem como resíduos de álcali e eletrólito que estão na para fibras celulósicas, os corantes à tina são os corantes superfície da fibra. Geralmente lava-se com dois a três que possuem os maiores índices de solidezes à luz e aos enxágües a frio, com duração de 5 minutos cada, seguido tratamentos úmidos. Apesar de suas excelentes qualidades, de uma lavagem acima de 80ºC durante 10 minutos praticamente nenhum corante à tina com nova estrutura foi com adição de 1,0 g.dm-3 de detergente ou dispersante, desenvolvido nas duas últimas décadas. Na Figura 09, exemplo da estrutura de um corante à tina. mais um enxágüe à frio. Figura 09. C.I. Vat Red 13 (COLOUR INDEX) Corantes À Tina São corantes derivados do Antraceno-9,10-diona (Figura 07), insolúveis em sua forma comercial, oxidada, necessitando serem reduzidos para posterior aplicação. O Et N N Seu principal campo de aplicação são em fibras celulósicas e para tornar sua aplicação viável temos que reduzir o corante, fornecendo um átomo de sódio à sua N N Et O molécula, em presença de água mole. Figura 07. Antraceno-9.10-diona, mais conhecido por antraquinona H O Após a aplicação, os corantes são oxidados dentro da fibra, sendo convertidos em sua forma original insolúvel. Daí os bons níveis de solidez aos tratamentos úmidos. O H H H H H redutor mais utilizado é o Ditionito de Sódio (Na2S2O4) em meio alcalino sendo Hidróxido de Sódio (NaOH) o álcali H O H Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. 15 Tecnologia Laboratório mais utilizado. Outros redutores também podem ser intensidade da cor. utilizados como, por exemplo, o Formaldeídosulfoxilato Alguns especialistas também recomendam, após o de Sódio (CHOCH2SO2Na) ou o Dióxido de Tiouréia transbordo, um enxágüe a frio durante 5 minutos em um (H2CSO2NH2), Figura 10. Este último merece atenção banho contendo 0,5 cm3.dm-3 de NaOH 38º Bé e 0,5 g.dm-3 especial. de Na2S2O4. Em soluções alcalinas é convertido em Sulfinato de Formamidina (H2NCSO2NH) e seu efeito Na etapa de oxidação, o corante volta a sua forma redutor é mais forte do que o do Ditionito, podendo original, tornando-se novamente insolúvel em água. Isto acarretar em sobre-redução, fenômeno que altera a matiz ocorre com o corante já no interior da fibra e por esta razão de alguns corantes, principalmente os azuis. se explica a sua grande solidez aos tratamentos úmidos. Figura 10. Reação de decomposição do Dióxido de Tiouréia (ZOLLINGER, 1991) São várias as formas de oxidação, podendo ser com ar O O OH- S atmosférico ou com outros oxidantes tais como Hipoclorito de Sódio (NaClO) ou Peróxido de Hidrogênio (H2O2), O - O S sendo o Peróxido o mais utilizado. Nota-se que a reação é inversa à reação de redução, ou seja, o corante passa a ser H2N NH2 H2N NH um leuco derivado ácido e, posteriormente, volta à sua forma cetônica original. O pH do banho de oxidação deve Como regra geral, consideramos que 0,6 kg de estar entre 7 e 8, pois acima desta faixa corre-se o risco de Na2S2O4 necessita de 0,67 l de NaOH 38º Bé para sua não haver uma oxidação completa e abaixo desta pode decomposição. A velocidade de decomposição varia de ocorrer a formação de compostos leuco derivados ácidos, acordo com o equipamento, temperatura, maior ou causando baixos índices de solidez à fricção. Um dos menor quantidade de ar junto ao tingimento. Já a fatores que incidem na escolha dos produtos utilizados na quantidade de NaOH depende da estrutura química do oxidação é o tipo de corante com o qual se está trabalhando. corante. O corante à tina em sua forma leuco derivada Podemos ter acesso a este tipo de informação consultando o de sódio tinge as fibras celulósicas por adsorção pelas catálogo do fabricante. zonas amorfas, difusão e, em seguida, une-se à fibra Um ensaboamento também é necessário e é processado por Ligações de Hidrogênio e Forças de Van Der em temperatura não inferior a 80ºC, em presença de Waals, comportamento igual ao dos corantes diretos. 1,0 cm3.dm-3 de detergente ou dispersante. Durante esta etapa o corante superficial é removido e o corante no Tratamento Posterior Durante o processo de lavagem é recomendável que interior das fibras sofre um rearranjo. Após o ensaboamento o tingimento atinge a tonalidade final. haja uma troca lenta de água. Soltar o banho e encher a 16 máquina com água fria logo em seguida pode resultar MATERIAIS E MÉTODOS na formação de pigmento insolúvel na superfície da Matéria Prima e Corantes fibra, o que causaria diminuição nos índices de solidez à - C.I. Vat Brown 03 fricção. O melhor, caso haja possibilidade, é lavar por - C.I. Vat Red 15 transbordo. O tempo de lavagem varia de acordo com a - C.I. Vat Violet 09 Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. Tecnologia Laboratório - C.I. Vat Red 13 3,0 cm3.dm-3 de NaOH 50ºBé; - Cinza 5607 (Mix) 2,0 g.dm-3 de Metassilicato de Sódio (Na2O.SiO2.5H2O); - C.I. Reactive Yellow 84 1,0 g.dm-3 de Detergente não-iônico; - C.I. Reactive Red 141 1,0 g.dm-3 de Seqüestrante de Fe. - C.I. Reactive Blue 134 Relação de Banho 1:10; 30 min a 80ºC; lavar em água - Fio 10/1 Ne 100% CO, bobinas com D = 0,8 g.cm-3 corrente por 10 min. Equipamentos - HT Alt-1 Mathis; - Datacolor SF-600; Processos de Tingimento Todos os tingimentos, Reativo e à Tina, foram - Turbo UPL-2 Bertuso; realizados com RB = 1:16. - Cartela Pantone; Corantes Reativos - Preparação para todas as cores. - Instron 4505; - pHmetro Quimis - Pipeta eletrônica BOECO 5000; ºC 80 - Balança analítica Gehaka AG 200; - Washtest Mathis; - Termômetro Hanna HI 9063 50 D E - Secador de A.F B05 RF Systems - Conicaleira MatchConner II Murata 25 A B C 5 5 5 Normas e Procedimentos utilizados para a realização dos ensaios a) Resistência a tração: 15 20 10 ASTM-2256/02. 1,0 g.dm-3 de Umectante/Detergente (A) b) Lavagem Normal: 1,0 g.dm-3 de Seqüestrante/Dispersante (A) NBR ISO 105-C06:2006 - A1S. c) Alvejamento com NaClO: NBR 10186 Moderado. d) Fricção: 3 5 15 min -3 3,0 cm .dm de H2O2 200 vol. (B) 2,0 cm3.dm-3 de NaOH 50ºBé (C) 1,0 g.dm-3 de Na2O.SiO2.5H2O (A) NBR ISO 105-X12 0,72 cm3.dm-3 de H2SO4 98% (D) e) Lavagem Caseira: 0,10 g.dm-3 de Enzima Catalase (E) Corantes Reativos Neutralização da Preparação Procedimento igual ao da norma descrita acima, A etapa de neutralização consiste em baixar o pH para a substituindo o Detergente Padrão por Sabão em Pó faixa de 4,5-6,0 e a temperatura para 50ºC. Em seguida, Comercial. adiciona-se a catalase no intuito de decompor o residual de F) Alvejamento com H2O2: 3 -3 6,0 cm .dm de H2O2 200 vol.; 18 Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. H2O2, avaliado posteriormente por gotejamento de uma solução de Tetracloreto de Titânio (TiCl4). Avalia-se Tecnologia Laboratório também a reumectação através do gotejamento de uma neutralização descrita em VOGEL (1992), obtivemos o valor experimental de 0,72 cm3.dm-3 de H2SO4 98%. Após a solução 1:1000 de C.I. Direct Blue 86. Para neutralização foi utilizado o Ácido Sulfúrico adição do ácido, o pH obtido foi de 5,6 a 48ºC. (H2SO4 conc.) em vez de Ácido Acético (CH3COOH). A neutralização do NaOH com CH3COOH gera Acetato Corantes Reativos - Tingimento de Sódio (CH3COONa), conforme reação: O O + H3C Na OH H3C OH + H2O ONa ºC 80 C Por sua vez, a mistura Acético/Acetato, gera uma solução tampão que pode impedir uma neutralização 25 igualizada em toda a bobina. A B A quantidade de H2SO4 à ser utilizada pode ser 10 15 20 20 calculada estequiometricamente através da equação TP 144203 Cinza balanceada: 0,5 g.dm-3 de Seqüestrante/Dispersante (A) H2SO4 + 2NaOH Na2SO4 + 2H2O 0,030% Reactive Yellow 84 (A) Levando em consideração que é necessário 1 mol de 0,012% Reactive Red 141 (A) H2SO4 para a neutralização de 2 mols de NaOH, chega-se 0,110% Reactive Blue 134 (A) -3 ao valor de 2,04 cm3.dm-3 de H2SO4 98%, com densidade 20,0 g.dm de NaCl (B) -3 D = 1,84 g.cm-3 para a neutralização de 2,0 cm3.dm-3 de 10,0 g.dm de Na2CO3 (C) NaOH 50ºBé, densidade D = 1,53 g.cm-3. No entanto, há TP 192630 Lilás fatores que influenciam neste valor como a temperatura, 0,5 g.dm-3 de Seqüestrante/Dispersante (A) por exemplo. Segundo SHORE (2002), há também um 0,32% Reactive Yellow 84 (A) consumo de NaOH pela celulose gerando álcalicelulose 2,40% Reactive Red 141 (A) que, em contato com água, sofre hidrólise formando 0,60% Reactive Blue 134 (A) álcalicelulose hidratada, conforme a Figura 11. 70,0 g.dm-3 de NaCl (B) 20,0 g.dm-3 de Na2CO3 (C) Figura 11. Formação de álcalicelulose hidratada (SHORE, 2002) TP 181346 Terra 0,5 g.dm-3 de Seqüestrante/Dispersante (A) 2,40% Reactive Yellow 84 (A) 1,20% Reactive Red 141 (A) 0,33% Reactive Blue 134 (A) 70,0 g.dm-3 de NaCl (B) Por meio do auxílio de análise titrimétrica de 20,0 g.dm-3 de Na2CO3 © 20 Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. 60 min Tecnologia Laboratório Corantes Reativos - Tratamento Posterior para todas 12,0 cm3.dm-3 de NaOH 38ºBé (A) as cores. 1,60% Vat Red 13 (B) 0,40% Vat Violet 09 (B) ºC 80 4,0 g.dm-3 de Na2S2O4 (C) TP 181346 Terra 1,0 g.dm-3 de Umectante/Detergente (A) 1,0 g.dm-3 de Seqüestrante/Dispersante (A) 12,0 cm3.dm-3 de NaOH 38ºBé (A) 2,00% Vat Brown 03 (B) 25 D E 2,40% Vat Red 15 (B) 5,0 g.dm-3 de Na2S2O4 (C) 5 5 3 15 10 5 5 min OBS: Transbordo com vazão de 2,20 dm3.min-1, o que -3 0,10 cm .dm de H2SO4 (D) equivale a dois enxágües a frio. 0,50 g.dm-3 de Seqüestrante/Dispersante (E) Corantes À Tina Tingimento para todas as cores ºC 60 C1 C2 C3 C4 A Corantes À Tina Tratamento Posterior para todas as cores. ºC 80 Lavar por transbordo por 15 minutos 25 10,0 g.dm-3 de NaCl (C) 50 25 5 F G H B 5 15 5 5 5 30 min D E TP 144203 Cinza 1,0 g.dm-3 de Umectante/Detergente (A) 5 5 5 10 5 15 5 5 15 min 1,0 g.dm-3 de Seqüestrante/Dispersante (A) 6,0 cm3.dm-3 de NaOH 38ºBé (A) 0,50 cm3.dm-3 de NaOH 38ºBé (D) 0,16% Cinza 5607 (B) 0,50 g.dm-3 de Na2S2O4 (D) 3,0 g.dm-3 de Na2S2O4 (C) 0,50 g.dm-3 de Na2CO3 (E) TP 192630 Lilás 2,00 cm3.dm-3 de H2O2 200 vol. (E) 1,0 g.dm-3 de Umectante/Detergente (A) 0,50 g.dm-3 de Seqüestrante/Dispersante (F) 1,0 g.dm-3 de Seqüestrante/Dispersante (A) 2,00 cm3.dm-3 de H2O2 200 vol. (F) Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. 21 Tecnologia Laboratório 0,50 g.dm-3 de Na2O.SiO2.5H2O (F) Nomes 0,50 g.dm-3 de Umectante/Detergente (F) 0,10 cm3.dm-3 de H2SO4 98% - pH 5,8 (G) 0,10 g.dm-3 de Enzima Catalase (H) Comportamento Tintorial e Efluente A Tabela 01 retrata uma curva de esgotamento variando de 55% até 95% para posterior comparação de coloração final dos efluentes. Nomes Tabela 01. Dados teóricos para montagem do espectro de esgotamento 1 Figura 13. Curvas Teóricas dos tingimentos Cinza, Lilás e Terra Reativo Nomes As Figuras 12 e 13 demonstram a curva teórica de esgotamento dos tingimentos. Figura 12. Curvas Teóricas dos tingimentos Cinza, Lilás e Terra À Tina Nomes Nomes 22 Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. Tecnologia Laboratório Nomes Também para comparação dos efluentes, foi coletado o banho total do tingimento, ou seja, os banhos de preparação, tingimento e tratamento posterior. Após coletados e armazenados, os efluentes foram tratados pelo processo físico-químico com Coagulante (Solução 10%) e Polímero Aniônico (Solução 0,01%), nas quantidades de 2,0 g.dm-3 e 3,0 g.dm-3, respectivamente, com correção do pH para 6,0 utilizando Na2CO3 (Solução 5%). RESULTADOS E DISCUSSÕES Tingimento a) Comparação entre os tingimentos com Corantes Reativos e à Tina. As cores efetuadas com os corantes reativos foram adotadas como sendo o padrão. As cores ficaram bem próximas umas das outras. Os desvios, tanto nos eixos de cromaticidade (a e b) quanto no eixo da luminosidade (L), não ultrapassaram 2 pontos. A preocupação maior era a de não haver remontas, para que a simulação fosse a mais próxima possível entre as duas classes de corantes. b) Rendimento Tintóreo Todos os tingimentos tiveram um rendimento bem próximo dos 90%, entretanto, os reativos obtiveram um rendimento ligeiramente melhor do que os corantes à tina, conforme observado nas Figuras 14 e 15. Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. 23 Tecnologia Laboratório Figura 14. Comparação entre os banhos finais, a água de reuso da Escola SENAI “Francisco Matarazzo” e o esgotamento teórico de 90%. Figura 15. Banhos finais dos tingimentos reativos e tina, comparados individualmente por cor. 24 Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. Tecnologia Laboratório Resistência e Solidez da Cor apresentaram pH 11,2 (Reativos Lilas), a) Carga de Ruptura e Alongamento Terra), 10,5 (À Tina Lilás) e 10,4 (À Tina Terra). Após 11,4 (Reativo tratamento nas mesmas condições, o efluentes apresentaram as características demonstradas nas Figuras 16 e 17. Figura 16. Curvas de reflectância dos efluentes após mesmas condições de tratamento. Não houve alteração significativa nos índices de resistência dos fios. Inusitadamente, houve um aumento na resistência do fio tinto em relação ao fio crú, em todas as cores. Foi efetuada uma reprova no fio crú para Figura 17. Efluentes e Tina, nas cores lilás e terra, após tratamento físico-químico. verificar a possibilidade de erro, sendo que a diferença entre a prova e a reprova foi de apenas 0,03 cN.Tex-1. b) Fricção, Lavagens Caseira e Normal, Alvejamentos com H2O2 e NaClO, Alteração (A) e Transferência (T). Os dois corantes apresentaram bom comportamento Em um outro estudo, ABRAHÃO e SILVA (2002) diante de tratamentos úmidos, entretanto, os corantes à também compararam efluentes dos dois corantes, compa- Tina levam ligeira desvantagem nos ensaios de fricção e ração esta descrita na Tabela 02, onde percebe-se que os vantagem nos tratamentos posteriores efetuados com efluentes de tingimento com corantes reativos possuem alvejantes, um comportamento tido como normal, já que não só maiores valores de cor, bem como, maior índice de isso ocorre devido ao fato desses corantes serem SDT (Sólidos Dissolvidos Totais). insolúveis em água no estado oxidado. Efluentes Efluente Final das cores Lilás e Terra Após coletados e armazenados, os efluentes Tabela 02. Características dos efluentes de tingimento (ABRAHÃO e SILVA, 2002) Corante Reativo (Batelada) À Tina Cor DBO COT SST SDT pH (ADMI) (mg.dm-3) (mg.dm-3) (mg.dm-3) (mg.dm-3) 3900 1900 100 290 150 270 30 40 12500 3950 Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. 11,2 11,8 25 Tecnologia Laboratório Custos e Consumo de Água Os dados relativos aos custos de produção estão descritos na Tabela 03. Reativo. No tempo de processo, o Corante à Tina (2:30h) leva vantagem de 95 minutos em relação ao Corante Reativo (3:45h). Se formos levar em consideração um dia de Tabela 03. Comparação dos custos de produção entre os corantes. OBS 1: Cotação do dólar em 24/07/2008, US$ 1,00 = R$ 1,57 trabalho (24h), por ter o processo 1,6 vezes mais longo que o Corante à Tina, o Corante Reativo leva desvantagem. Suas cores Cinza, Lilás e Terra ficam, respectivamente, 107%, 17,5% e 5,5% mais caras. OBS 2: Adotado massa do lote em 100 kg com relação de banho 1:16 O consumo de água por quilograma de fio foi de Racionalização de recursos ambientais e produtividade 112 dm3 para os tingimentos reativos contra 72 dm3 para são palavras-chave nos dias de hoje. A redução de custos os tingimentos à tina. nos processos, sem detrimento da qualidade, tem sido uma No preço/kg, o Cinza Reativo ficou 23,12% mais 26 CONCLUSÃO busca árdua . caro do que o Cinza à Tina. As cores Lilás e Terra À Tina Ficou evidente que não podemos focar nossas aten- ficaram 35,9% e 53%, respectivamente, mais caras do ções aos preços de um produto em si. Nesse estudo fica que as mesmas cores desenvolvidas com Corante comprovado que, diferenças de até 10 vezes no preço de Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. Tecnologia Laboratório um corante para o outro, não impactam com a mesma magnitude no custo final. Outros fatos relevantes são o consumo de água, cada vez mais escassa, o custo do tratamento do efluente gerado pelo corante e o tempo que se gasta para produzir. Não existem corantes caros ou baratos, bons ou ruins. Quando desenvolvemos uma cor, existe muito para ser observado, não basta simplesmente tingir. Saber a finalidade do artigo, por exemplo, é fundamental. Também é preciso garantir a qualidade do substrato e ainda prever o consumo de água, o efluente que será gerado, estar atento aos níveis de solidezes exigidos pelo cliente, além de produzir no menor tempo e com a melhor qualidade possível. Têxtil, nº67, jan., 2002. LEWIN, M.; PEARCE, E.M.: “Fiber Chemistry”. In: Handbook of Fiber Science and Technology. New York; Marcel Dekker INC.; Vol.4, 1985 MARCOS ROSA, J.: “Corantes Reativos: estudo comparativo entre as classes VS, VS+MCT, DFCP e MFT”. In: Anais. XXI Congresso Nacional de Técnicos Têxteis; II Sientex e 7º Fenatêxtil, Natal, 2004. MORRISON, R. & BOYD, R.: Química O rg â n i c a . L i s b o a , F u n d a ç ã o C a l o u s t e Agradecimentos Agradeço à Escola SENAI “Francisco Matarazzo”, ao Diretor Sr. Fernando, Coordenadores Sr. Paulo e Sra. Lilian, Francisco e Fátima (LET), Ana Maria Gulbenkian, Trad. Silva, M.A., 1990. SALEM, V.: Apostila do Curso de Tingimento Têxtil. Vol. 2, Golden Química do Brasil, 1999. (Biblioteca), Leandro (ETE), Docentes Walmir SHORE, J. (Ed.): “Chemistry of Reactive Custódio, José Luiz, Edson Pessoa, Benedito Batista, Dyes”. In: Colorants and Auxiliares: Organic Renato Lobo e todos que contribuíram direta e Chemistry and Applications Properties. 2.ed., indiretamente para a realização deste trabalho. Dados do autor E-mail: [email protected] Técnico Têxtil, Bacharel e Licenciado em Química, Especialista em Engª e Ciência de Materiais, Mestrando em Engª Química. Técnico de Ensino da Escola SENAI “Francisco Matarazzo”, leciona as Disciplinas de Ensaios Têxteis, Processos Produtivos Têxteis I, II e III. Perkin House: Society of Dyes and Colourists, Vol.1, 2002. VOGEL, A.I., Química Analítica Qualitativa. 5a Edição, Ed. Mestre Jou, São Paulo, 1992. ZOLLINGER, H: Color Chemistry: Syntheses, Properties and Applications of Organic Dyes and Pigments. New York, VCH Publishers, Inc, 2nd Edition, 1991. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS www.folha.com.br, acessado em 24/07/2008, ABRAHãO, A.J. e SILVA, G.A.: Influência 15:19. de alguns contaminantes na toxicidade aguda www.fiesp.com.br/publicacoes/economia.as de efluentes na indústria têxtil. In: Química px, acessado em 24/07/2008, 15:55. 28 Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. Tecnologia Fibras Estudo comparativo das características ambientais das principais Fibras Têxteis Autor: Fernando Barros de Vasconcelos Professor do Curso de Engenharia Têxtil do Centro Universitário da FEI Consultor de empresas Revisão Técnica: Bluma Elisabete Koiffman Chaves INTRODUÇÃO * Meio ambiente A cadeia têxtil é responsável por parte dos impactos 2. Consumo de energia e eficiência energética: ambientais que atingem nosso planeta. Dentro deste * Consumo de energia contexto muito se tem falado sobre fibras têxteis que são 3. Utilização de recursos mais ou menos poluentes, mais ou menos sustentáveis, * Matéria-prima renovável muitas vezes sem o conhecimento pleno desse con- * Consumo de água texto. 4. Gerenciamento do final de vida A análise desse estudo procura mostrar os impactos * Reúso ambientais mais importantes das principais fibras e uma * Biodegradabilidade avaliação gráfica qualitativa desses impactos. * Reciclagem * Gráfico de avaliação qualitativa de impactos Fibras analisadas: Cada um dos aspectos ambientais analisados foram As fibras foram escolhidas em função de sua colocados num eixo do gráfico e receberam uma importância no mercado têxtil e são divididas conforme avaliação de impacto (alto, médio e baixo). Foi efetuado um seguem: 1. Fibras Naturais gráfico para cada uma das fibras analisadas. A figura abaixo exemplifica a construção dos gráficos. Quanto Algodão maior for a área preenchida do gráfico maior o impacto Lã geral provocado pela fibra. 2. Fibras Artificiais Viscose Saúde Viscose (Bambu) Liocel / Tencel Reciclagem Meio ambiente MÉDIO IMPACTO 3. Fibras Sintéticas BAIXO IMPACTO Poliamida (Nylon) Poliéster ALTO IMPACTO Consumo de energia Biodegradabilidade Principais aspectos ambientais a serem analisados: 1. Impacto para a saúde pública e meio ambiente: * Saúde 30 Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. Durabilidade Fonte de matéria-prima Consumo de água Tecnologia Fibras ALGODÃO para as máquinas 1. Saúde principalmente, nos processos de manutenção: lavagem, * Problemas de saúde causados por pesticidas e secagem e passagem a ferro. inseticidas. É responsável por 24% do consumo de * As principais razões são: necessidade de lavagem mais inseticidas e 11% do de pesticidas no mundo embora intensa, maior tempo de secagem em função da maior utilize 2,4% da área total cultivada. absorção de água, * Bicinose (disfunção pulmonar causada pela aspiração grandes perdas no processo de produção, notadamente na crônica de fibrilas de algodão). Fiação (15 a 20%), menor vida útil do produto final. 2. Meio ambiente 4. Utilização de recursos: matéria -prima renovável * Contaminação do solo, da água e da fauna local por * Biobased: A princípio utiliza matéria-prima renovável. pesticidas, inseticidas e fertilizantes (esse último causa a Porém, a degradação do solo e dos lençóis de água pode eutroficação das águas). comprometer a sua renovação. Utiliza 2,4% da área * Degradação da terra causada por salinização e erosão. cultivada no mundo. 3. Consumo de energia 5. Utilização de recursos: consumo de água * Considerada toda sua vida útil, os produtos de algodão * Água para irrigação: de 7000 a 29000 litros por kg de apresentam no total maior consumo de energia que os fibra segundo o local de plantio. No Brasil não se utiliza sintéticos. irrigação. * Os maiores consumos estão focados no combustível * Água para os processos de beneficiamento e acabamento. agrícolas e tratores, na fiação e, necessidade de passagem a ferro, Revista Química Têxtil n 92/Setembro 2008. 31 Tecnologia Fibras 6. Durabilidade: possibilidade de reúso maior absorção de água, necessidade de passagem a ferro, * Média durabilidade perdas no processo de produção, notadamente na fiação, 7. Biodegradabilidade menor vida útil do produto final. * Biodegradável 4. Utilização de recursos: matéria-prima renovável 8. Reciclagem * Biobased: Utiliza matéria-prima renovável. * Pode ser reciclado, mas o pequeno comprimento das 5. Utilização de recursos: consumo de água fibras dificulta o processo. * Água para criação das ovelhas e lavagem da lã: * Os resíduos da fiação são reaproveitados para os fios 150 l/kg. grossos e barbantes. * Água para os processos de beneficiamento e acaba- 9. Resumo Qualitativo de Impacto Ambiental: Algodão mento. 6. Durabilidade: possibilidade de reúso Saúde Pesticidas/Inseticidas Bicinose * Média durabilidade. Meio Ambiente Pesticidas/ Inseticidas Fertilizantes Degradação do solo Reciclagem 7. Biodegradabilidade * Biodegradável. 8. Reciclagem Energia Desperdícios Lavagem/secagem Biodegradável * Facilidade de reciclagem em outros têxteis como feltros e nãotecidos. Matéria-prima renovável Baixa durabilidade 9. Resumo Qualitativo de Impacto Ambiental: Lã Água 7000 a 2900 l/kg Saúde Pesticidas/Inseticidas Reciclagem feltros, tapetes cobertores LÃ Meio Ambiente Pesticidas/ Inseticidas metano NH4 Efluentes lavagem 1. Saúde * Problemas de saúde causados por inseticidas. Energia Desperdícios Lavagem/secagem Biodegradável 2. Meio ambiente * Contaminação do solo, da água e da fauna local por inseticidas. Matéria-prima renovável Baixa durabilidade Consumo de Água 150 l/kg * Emissões de gás metano (NH4) pelas ovelhas. * Efluentes do processo de lavagem da lã contendo resíduos de inseticidas, detergentes e graxa. VISCOSE 3. Consumo de energia 1. Saúde * Apesar de não existirem muitos dados disponíveis, * Problemas relacionados ao manuseio e contato com a apresenta consumo de energia inferior ao algodão mas soda cáustica e com o ácido sulfúrico. superior aos sintéticos. * Emissões internas de CS2 – Sulfeto de Carbono (com largo * As principais razões são: necessidade de lavagem mais intensa, maior tempo de secagem em função da 32 Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. espectro de efeitos nocivos à saúde) 2. Meio ambiente Tecnologia Fibras * Emissões para a atmosfera de CS2 – Sulfeto de Carbono VISCOSE (BAMBU) (alto efeito tóxico crônico) e H2S – Gás Sulfidríco (muito 1. Saúde alto efeito tóxico agudo). * Problemas relacionados ao manuseio e contato com a soda 3. Consumo de energia cáustica e com o ácido sulfúrico. * Apresenta alto consumo de energia em função de: * Emissões internas de CS2 – Sulfeto de Carbono (com largo alto consumo para produção da fibra, alta absorção de espectro de efeitos nocivos à saúde). água, necessidade de passagem a ferro e baixa 2. Meio ambiente durabilidade. * Emissões para a atmosfera de CS2 – Sulfeto de Carbono 4. Utilização de recursos: matéria-prima renovável (alto efeito tóxico crônico) e H2S – Gás Sulfidríco (muito * Biobased: Utiliza polpa de madeira ou línter de alto efeito tóxico agudo). algodão. No primeiro caso é renovável embora em 3. Consumo de energia largas escalas o consumo pode se tornar maior do que * Apresenta alto consumo de energia em função de: alto permite o ciclo de reflorestamento. No segundo, tem os consumo para produção da fibra, alta absorção de água, mesmos impactos do plantio de algodão. necessidade de passagem a ferro e baixa durabilidade. 5. Utilização de recursos: consumo de água 4. Utilização de recursos: matéria-prima renovável * Água para a produção da fibra: 640 l/kg. * Biobased, com as seguintes características: *Água para os processos de beneficiamento e acaba- 1. Bambu cresce naturalmente sem necessidade de mento. pesticidas ou fertilizantes; 6. Durabilidade: possibilidade de reúso 2. Necessita de menor uso de máquinas para plantio; * Baixa durabilidade 3. A plantação de bambu recupera o solo e evita erosão; 7. Biodegradabilidade 4. A plantação de bambu é grande fonte de fotossíntese; * Biodegradável 5. Utilização de recursos: consumo de água. 8. Reciclagem * Água para produção da fibra: 640 l/kg; * Dificuldade de reciclagem em função do pequeno * Água para os processos de beneficiamento e acabamento; comprimento das fibras, baixa coesão e baixa resis- 6. Durabilidade: possibilidade de reúso tência. * Baixa durabilidade 9. Resumo Qualitativo de Impacto Ambiental: 7. Biodegradabilidade Viscose * Biodegradável Saúde Sulfeto de carbono Soda cáustica ácido sulfúrico 8. Reciclagem * Dificuldade de reciclagem em função do pequeno Meio Ambiente Sulfeto de carbono (CS2) Gás sulfídrico (H2S) Reciclagem poucas opções comprimento das fibras, baixa coesão e baixa resistência. 9. Resumo Qualitativo de Impacto Ambiental: Viscose Energia produção da fibra Desperdícios Lavagem/secagem Biodegradável Matéria-prima renovável Baixa durabilidade Consumo de Água 640 l/kg 34 Saúde Sulfeto de carbono Soda cáustica ácido sulfúrico (Bambu) Meio Ambiente Sulfeto de carbono (CS2) Gás sulfídrico (H2S) Reciclagem poucas opções Energia produção da fibra Desperdícios Lavagem/secagem Biodegradável Matéria-prima renovável Baixa durabilidade Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. Consumo de Água 640 l/kg Tecnologia Fibras LIOCEL / TENCEL POLIAMIDA (NYLON) 1. Saúde 1. Saúde * Utiliza como solvente N-methylmorpholine-N-oxide * Nada expressivo relatado na literatura. que não é tóxico e 99,5% é recuperado e reutilizado no 2. Meio ambiente processo. * Emissões para a atmosfera de N2O – Óxido Nitroso que 2. Meio ambiente atua no efeito estufa. * Potencialmente sem emissões tóxicas para água ou * Emissões para a atmosfera de NOx que atuam na aci- atmosfera. dificação da atmosfera. 3. Consumo de energia 3. Consumo de energia * Apresenta alto consumo de energia em função de: alto * Apesar do maior consumo de energia para produção da consumo para produção da fibra, alta absorção de água, fibra (em comparação com as fibras naturais) isso é necessidade de passagem a ferro e baixa durabili- compensado ao longo da vida do artigo por: menor dade. desperdício na cadeia, possibilidade de produtos mais 4. Utilização de recursos: matéria-prima renovável leves, maior durabilidade e maior facilidade de manutenção * Biobased: Utiliza polpa de madeira ou linter de (lavagem mais fácil, secagem mais rápida e não necessita algodão. No primeiro caso é renovável embora em largas passagem a ferro). escalas o consumo pode se tornar maior do que permite o 4. Utilização de recursos: matéria-prima renovável ciclo de reflorestamento. No segundo tem os mesmos * Petrobased: Utiliza como matérias-primas básicas: impactos do plantio de algodão. petróleo e o gás natural, não renováveis. 5. Utilização de recursos: consumo de água * As fibras sintéticas juntamente com os plásticos são * Água para produção da fibra: 640 l/kg responsáveis por 5% do consumo na cadeia petroquímica. * Água para os processos de beneficiamento e aca- 5. Utilização de recursos: consumo de água bamento. * Água para produção da fibra: 700 l/kg. 6. Durabilidade: possibilidade de reúso * Água para os processos de beneficiamento e acabamento. * Baixa durabilidade Saúde Solvente não tóxico 7. Biodegradabilidade * Biodegradável 8. Reciclagem * Dificuldade de reciclagem em Meio Ambiente Processo pouco poluente alto índice de reutilização de solvente (99,5%) Reciclagem poucas opções função do pequeno comprimento das fibras, baixa coesão Energia produção da fibra Desperdícios Lavagem/secagem Biodegradável e baixa resistência. 9. Resumo Qualitativo de Impacto Ambiental: Liocel / Tencel Matéria-prima renovável Baixa durabilidade Consumo de Água 600 l/kg Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. 35 Tecnologia Fibras 6. Durabilidade: possibilidade de reúso não necessita passagem a ferro). * Alta durabilidade. 4. Utilização de recursos: matéria-prima renovável 7. Biodegradabilidade * Petrobased: Utiliza como matérias-primas básicas * Não é biodegradável. petróleo e gás natural, não renováveis. 8. Reciclagem * As fibras sintéticas juntamente com os plásticos são * Possibilidade de reciclagem para plásticos de enge- responsáveis por 5% do consumo na cadeia petroquímica. nharia. 5. Utilização de recursos: consumo de água * Os resíduos da fiação de poliamida são utilizados na * Água para produção da fibra: 20 l/kg. produção de fibras e plásticos. * Água para os processos de beneficiamento e acaba- 9. Resumo Qualitativo de Impacto Ambiental: Poliamida mento. (Nylon) 6. Durabilidade: possibilidade de reúso. * Alta durabilidade. Saúde pouca toxidade 7. Biodegradabilidade Meio Ambiente emissões de NOx) e N2O) Reciclagem plásticos fibras * Não é biodegradável. 8. Reciclagem * Possibilidade de reciclagem para os plásticos. Energia produção da fibra Não- Biodegradável * Os resíduos da fiação de poliéster são utilizados na produção de fibras e plásticos. Matéria-prima Petróleo e gás Alta durabilidade 9. Resumo Qualitativo de Impacto Ambiental: Poliéster Consumo de Água 700 l/kg Saúde pouca toxidade POLIÉSTER 1. Saúde * Nada expressivo relatado na literatura. 2. Meio ambiente * Emissões para a atmosfera de VOC (compostos Meio Ambiente emissões de VOC Reciclagem plásticos fibras Energia produção da fibra Não- Biodegradável orgânicos voláteis). * Emissões de efluentes contendo Antimônio. 3. Consumo de energia * Apesar do maior consumo de energia para produção da fibra (em comparação com as fibras naturais) isso é Matéria-prima Petróleo e gás Alta durabilidade Água 20 l/kg compensado ao longo da vida do artigo por: menor desperdício na cadeia, possibilidade de produtos mais leves, maior durabilidade e maior facilidade de manutenção (lavagem mais fácil, secagem mais rápida e Dias 36 Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. Tecnologia Fibras COMPARATIVO QUALITATIVO DAS PRINCIPAIS FIBRAS Algodão Lã Saúde Saúde Meio Ambiente Reciclagem Biodegradabilidade Consumo de Energia Durabilidade Fonte de Matéria-prima Meio Ambiente Reciclagem Biodegradabilidade Consumo de Energia Durabilidade Fonte de Matéria-prima Consumo de água Consumo de água Liocell/Tencel Viscose Saúde Saúde Reciclagem Meio Ambiente Meio Ambiente Reciclagem Biodegradabilidade Consumo de Energia Durabilidade Consumo de Energia Biodegradabilidade Fonte de Matéria-prima Fonte de Matéria-prima Durabilidade Consumo de água Consumo de água Poliéster Poliamida Saúde Meio Ambiente Reciclagem Consumo de Energia Biodegradabilidade Durabilidade Fonte de Matéria-prima Consumo de água 38 Saúde Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. Meio Ambiente Reciclagem Biodegradabilidade Consumo de Energia Durabilidade Fonte de Matéria-prima Consumo de água Tecnologia Fibras Conclusão uma “fibra ecológica”, seu ganho está basicamente nas Toda atividade humana tem, em maior ou menor melhores características ambientais de cultura do bambu escala, seus impactos no meio ambiente e, obviamente, em relação às outras fontes de matéria-prima para a não é diferente com as fibras têxteis. Cada uma das fibras produção de Viscose (eucalipto e linter de algodão). No analisadas tem características e propriedades próprias mais, está sujeita que definem mercados específicos nas quais são comum, principalmente se produzida na Ásia e Leste utilizadas e por isso mesmo todas são produzidas e Europeu. aos mesmos impactos da Viscose utilizadas. Portanto, não se trata aqui de escolher a fibra As fibras sintéticas, das quais destacamos o poliéster e a menos impactante para substituir as demais, nem de poliamida, têm contra si, principalmente, o fato de serem abdicar daquelas de maior impacto, mas sim de nos produzidas a partir de petróleo, e portanto, de fonte não conscientizarmos dos problemas gerados por cada uma renovável. Suas principais emissões poluentes, VOC’s no delas e buscar soluções que se não os eliminem, pelo caso do poliéster e de compostos nitrosos no caso da menos os minimizem. poliamida, vem sendo minimizados através da utilização No caso das fibras naturais, como Algodão e Lã, o de sistemas de filtragem. foco principal está na produção de fibras orgânicas, ou Outro ponto focal dos sintéticos, está no consumo de seja, sem o uso de pesticidas, herbicidas, desfoliantes ou energia, porém na verdade, esse é um problema da cadeia adubos sintéticos afim de minimizar, o que se caracteriza têxtil como um todo. Vários estudos mostram que em hoje, como sendo um dos maiores impactos ambientais comparação com outras fibras, principalmente naturais, de toda a cadeia têxtil. A produção de Algodão orgânico se considerarmos toda a vida útil de um produto têxtil até ainda é muito pequena (1 a 2% da produção mundial de seu descarte final, os sintéticos consomem mais energia na algodão), além de ser mais cara, menos produtiva e de fase inicial da produção da fibra, enquanto as fibras naturais menor qualidade, pois, a plantação acaba ficando sujeita consomem mais na fase de uso e manutenção, o que na às pragas. No entanto, ainda deve evoluir nos próximos soma total acaba sendo favorável ao sintético numa anos. proporção que depende da durabilidade do produto e do As fibras artificiais, exceção feita ao Lyocel / Tencel, tipo de lavagem e secagem utilizado. Dados do Centro de tem seu principal problema nas emissões de CS2 e H2S Pesquisas de Energia Elétrica do Grupo Eletrobrás que exigem instalações de sistemas de filtragem mostram que 11% de toda energia elétrica consumida nas caríssimos, como os utilizados em algumas fábricas na residências no Brasil são utilizados em máquinas de lavar, Europa e EUA. Como boa parte da produção de Viscose secadoras e ferro elétrico. se deslocou para os países em desenvolvimento (Índia, Finalmente, quanto ao gerenciamento do final de vida China, Leste Europeu e mesmo Brasil) e não há nessas de produtos têxteis, as principais entidades de pesquisa no regiões o mesmo nível de regulamentação ambiental, mundo são unânimes em colocar a seguinte ordem elas continuam sendo potencialmente muito poluen- preferêncial de destinação final: Reúso, Reciclagem, tes. Incineração para geração de energia e, em último caso, No caso específico da Viscose, feita a partir do Bambu, que tem sido muito comentada como sendo disposição em aterros sanitários. De fato, o reúso cumpre uma função social importante Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. 39 Tecnologia Fibras considerando a quantidade de pessoas carentes no concentrations of H2S and CS2 in ambient air. Water, air and soil pollution, 13: mundo, notadamente em países pobres e em desenvol- 439-446,1980 Crump, E.L., Beach, R. H, Van Houtven, G.L.,Buckley, M.C. and Depro, vimento, como o próprio Brasil. A reciclagem vem em segundo lugar, pois, permite prescindir da quantidade de matéria-prima substituída B.M., Economic Analysis of Air Pollution Regulations: Miscellaneous Cellulose Manufacturing Industry, U.S. Environmental Protection Agency Office of Air Quality Planning and Standards - Innovative Strategies and Economics pelo volume reciclado e, conseqüentemente, de seu Group (ISEG), USA, 2000 consumo de recursos e respectivo impacto ambiental. Dahllöf, L., LCA Methodology Issues for Textile Products, Technical A incineração em usinas para a produção de energia report no 2004:8, Environmental Systems Analysis - Chalmers University of Technology, Göteborg, 2004 é a terceira opção, sobretudo para as regiões cuja matriz energética é muito dependente de energia térmica, embora sua queima gere CO2, como de resto toda Decisão da Comissão das Comunidades Europeias c(2002) 1844, Jornal Oficial das Comunidades Européias, 1133/29, Lisboa, 2002 Eco-label Criteria for Textile Products, Phase 2, A Report for the Danish Environmental Protection Agency, 1993, p161 energia produzida pela queima de combustíveis. A disposição em aterros para biodegradação aparece como última opção, devido à falta de espaço (sobretudo Fonte,R., Edallo, A. and Candura, S.M., Cerebellar Atrophy as a Delayed Manifestation of Chronic Carbon Disulfide Poisoning, Case Report, Industrial Health, 41, pg. 43–47, 2003 Franklin Associates Ltd. Resource and Environmental Profile Analysis of na Europa e Japão), emissões de NH4 durante o processo a manmade Apparel product (Woman’s knit polyester blouse), American Fiber de decomposição e, principalmente, por ser a opção Manufacturers Ass. USA, 1993 que traz menos benefícios quando comparada com as demais. Desse forma, ser biodegradável não é, atualmente, uma característica ambiental muito importante para Grasser C., Salerno R., Kiefer & Partners AG. The impact of cotton on freshwater resources and ecosystems - A preliminary synthesis, Fact report from WWF, World Wide Fund For Nature, Switzerland, 1999 Haider Riyaz & Armin Reller. Eco-Efficiency of the Cotton Production, Paper from the 3rd International Conference on Organic Textiles, 7 – 9 August, 2002, materiais têxteis, ao contrário do que ocorre com outros Düsseldorf, Germany, 2002 Kalliala, E.M. & Nousiainen, P., Life Cycle tipos de produtos como, por exemplo, embalagens e Assessment: Environmental Profile of Cotton and Polyester-Cotton Fabrics, detergentes. Autex Research Journal, n°1, 1999 Kooistra, K. & Thermorshuizen, A., The sustainability of cotton Consequences for man and environment, Science Shop Wageningen UR, Referências Bibliográficas Allwood, J.M., Laursen, S.E., Rodríguez, C.M. and Bocken, M.N.P., Laursen, S.E., Hansen, J., Knudsen, H.H., Wenzel, H., Larsen, H.F. And Well Dressed? The present and future sustainability of clothing and Kristensen, F.M., EDIPTEX: Environmental assessment of textiles, Danish textiles in the United Kingdom, Environmental protection agency, Working report n° 24, 2007 University of Cambridge Institute for Manufacturing, Cambridge - Laursen, S.E., Hansen, J., Bagh, J., Jensen, O.E. and Werther, I., UK, 2006 Blackmore J. & L. Clark. The Disposal of Sheep Dip Waste – Environmental Assessment of Textiles. Life Cycle Screening of Textiles Effects on Water Containing Cotton, Wool, Viscose, Polyester or Acrylic Fibres. Copenhagen: Quality, National Rivers Authority (NRA), R&D Report 11, Bristol. UK, 1994 Blackburn, R. S., Biodegradable and Sustainable fibres, Woodhead Publishing Limited & The Textile Institute, Cambridge, England, 2005 BTTG, Report 4: Textile Mass Balance and Product Life Cycles. British Textile Technology Group. Manchester, Leeds, 1999 Brunekreef, B. & Harssema, H., Viscose odors in ambient air: a study of the relationship between the detectability of viscose odors and 40 Report 223, Wageningen University, 2006 Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. Danish Environmental Protection Agency, Denmark, 1997 SMART© Sustainable Textile - Standard 2.0, MTS - The Institute for Market Transformation Sustainability, 2004 Sustainable product development – Textiles, Centre for Design at RMIT, Melbourne, 2001 Van Winkle, T., Edeleanu, J., Prosser, E.A. and Walker, C.A., Cotton versus Polyester, American Scientist, vol. 66 ,1979 WHO. Carbon disulfide. Environmental Health Criteria 10. World Health Organization, Geneva, Switzerland, 1979 Tecnologia Tingimento Fixação Covalente de Corantes Reativos em Algodão sob Condições Neutras Autores: David M. Lewis, Peter J. Broadbent, eLoan T. T. Vo, University of Leeds Este estudo foi apresentado na AATCC's International Conference & Exhibition (IC&E) em Atlanta, Ga, EUA. Originally published in AATCC review magazine Vol.8.No.1 January 2008,reprinted with permission from AATCC, www.aatcc.org, copyright holder Revisão Técnica: Evaldo Turqueti, Humberto Sabino, Walter Della Costa Tradução: Tatiana Pricevicius Resumo · Passo 1: tingir para alcançar um equilíbrio de O atual processo de tingimento reativo em algodão montagem (exaustão do corante) na presença de um sal requer a adição de álcali em separado. Os fundamentos como cloreto de sódio ou sulfato de sódio. da dissociação da hidroxila da celulose foram estudados · Passo 2: a ligação covalente fibra-corante (fixação) de acordo com a temperatura e o sistema de tampão. ocorre com a adição de álcali. Estes corantes reativos testados podem ser fixados no No processo de tingimento sob condições neutras, o algodão em condições neutras na presença de um tempo todo pode ser vantajoso, uma vez que o tintureiro tampão. As vantagens do novo sistema são a pode evitar interrupções do processo (por exemplo, simplicidade de operação, uma vez que o banho é fazendo adições de álcali) e a alta hidrólise de corante ajustado em pH 7 - 7,5 com um tampão, aquecendo a reativo seria reduzida devido à enorme redução na uma temperatura pré-determinada e mantendo-a por concentração do ânion de hidroxila (HO-) nucleófilo. Um uma hora; níveis de igualização comparável aos estudo dos princípios fundamentais relacionados à melhores valores de fixação do processo tradicional dissociação de grupos de hidroxila de celulose em altas baseado na fixação com álcali; e um sistema que temperaturas leva a uma metodologia adequada para oferece a possibilidade de tingir misturas de algo- alcançar este objetivo. O banho é ajustado com o tampão a dão/ lã. um pH 7,0 - 7,5 e aquecido até a temperatura apro- Termos-chave: algodão, fixação, condições neutras, priada para que a ligação de fibra-corante (fixação) ocorra. corantes reativos. Desta forma, os valores de fixação equivalentes ou melhores que os processos convencionais, podem ser A classe mais popular de corantes para tingi- alcançados juntamente com excelentes níveis de mento de algodão é a de corantes reativos. As razões igualização. para isso incluem tonalidades brilhantes, ampla gama Em 1983, Nippon Kayaku comercializou corantes de cores, procedimentos de aplicação flexível e reativos de ácido nicotínico quaternizado baseado em propriedades completas de cores sólidas dos tingi- triazina para tingir sob condições neutras como a linha mentos resultantes. Kayacelon React. Estes corantes foram aplicados em um No atual processo com alta relação de banho, os pH 7,5 a 100°C por uma hora, ou a 130°C para obter cores corantes são comumente aplicados em dois passos escuras, diferentes: 44 Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. 1,2 Croft, ET al., demonstrou que outras aminas terciárias como di-aza-bicyclo-octan (DABCO) podem ser Tecnologia Tingimento usadas para tingimento em condições neutras e apli3 cadas em algodão á fervura. Lewis indicou que, quanto Ka Cell - OH + H2O - Cell-O + H3O + Eq. 1 maior a quantidade de catiônico eletrófilo presente nos Ka é a constante dissociação do ácido conjugado corantes de triazina quaternária, maior a possibilidade Cell-OH. Ka é calculado de acordo com as concentra- de uma aproximação com o reativo nucleófilo da ções de equilíbrio das várias espécies iônicas, como - celulose aniônica (Cell-O ) na fibra, fazendo com que um nível maior de fixação neutra comparável a corantes halo-s-triazina aplicados sob as mesmas condições.4 mostrado na Eq.2. Ka = [ Cell-O-] [H3O+] [Cell - OH] Eq. 2 Quanto maior o valor de Ka, maior a força do ácido; Até onde o autor está ciente, não houve um esforço obviamente, a força do ácido dos grupos hidroxi-celulose conjunto em expandir o princípio da fixação neutra para é baixa (de acordo com Neale, 5 o Ka para Cell-OH é o algodão não modificado e a todos os tipos de corantes 1.84 x 10-14 a 25°C). A facilidade da dissociação do ácido é reativos. Por causa da físico-química do sistema água- geralmente expressada com seu valor de pKa, que é o - celulose, há uma concentração muito baixa de Cell-O , logaritmo negativo de seu valor Ka quanto menor o valor a não ser que o pH seja aumentado, geralmente dentro de pKa , mais forte o ácido. da faixa 10.5-12.0. A equação dissociação é mostrada na Eq. 1. que rege esta No meio da dissociação, onde [ Cell-OH ] = [ Cell-O- ], o valor pKa é igual ao pH e, assim, a acidimetria de pH é um Tecnologia Tingimento método conveniente para obter valores de pKa de vários Experimentos ácidos em meio aquoso. Materiais A medida da dissociação de Cell-OH é clara- Um tecido 100% algodão, alvejado (156g/m2) de mente afetada pelo pH do meio aquoso de acordo Whalleys (Bradford, UK) foi usado. Foram estudados com a Eq. 3. diversos corantes reativos de diferentes empresas + - + Cell-O M + H2O Eq. 3 Cell - OH + M OH + M é um cátion de metal adequado - geralmente produtos químicos foram de laboratórios, como fornecido + por Aldrich Chemicals (UK). Na . A Eq. 3 mostra porque os processos clássicos de corantes reativos dependem de adições de álcali para aumentar a concentração de grupos nucleofílicos - Cell-O . Aumentos de temperatura podem, em princípio, alcançar o aumento mesmo resultado uma vez que o da temperatura de 25°C para 100°C pode baixar os valores de pKa dos ácidos conjugados em até duas unidades (por exemplo, aumentando em 100 x a concentração de Cell-O- ).5 Neste caso, a ionização resulta na formação de moléculas Cell-O-H3O+. A dissociação de ácidos também é afetada pela força iônica, assim, um aumento na concentração de sal aumentará a dissociação de prótons do resíduo de hidroxi-celulose do algodão. Todos os corantes reativos de algodão no mercado, com exceção dos corantes Kayacelon React ou corantes contendo resíduos livres de vinilsulfônico, têm grupos residuais os quais terão um comportamento de ácidos fortes quando um próton for retirado da zona reativa da Cell-OH. O grupo restante de ácido nicotínico nos corantes Kayacelon React não irão baixar o pH local desta zona, uma vez que, de um aminoácido, pode agir como um tampão. Garantindo que não haja queda de pH do meio aquoso / fibra interna é possível permitir a fixação do corante da fibra sob condições neutras. Tingimento e estamparia na presença de concentrações moderadas a altas de tampão e em temperaturas altas de até 100°C onde foram, conseqüentemente, estudadas. 46 disponíveis no mercado (Tabela I). Todos os outros Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. Tecnologia Tingimento Métodos de Aplicação Amostras de tecido foram tingidas em diferentes temperaturas em compartimentos selados de aço inoxidável de 100cm3 alojados em uma máquina de tingimento em um laboratório Mathis. Os banhos de tingimento foram feitos com 2% (em massa de tecido) dos corantes selecionados e diferentes concentrações de auxiliares selecionados em diversos valores de baixa relação de Banho (LR= Low Ratio, em inglês). Para tingimento convencional, as receitas de tingimento são mostradas na Tabela II, com os perfis de tempo/ temperatura para C.I. Vermelho Reativo I. 184 mostrado na figura 1; C.I. Vermelho Reativo 270, C.I Azul Reativo 263, C.I. Azul Reativo 269 e C.I. Amarelo Reativo 208 na figura 2; e C.I. Preto Reativo 5 na figura 3. Para o método de tingimento neutro proposto, o perfil tempo/ temperatura usado em todos os corantes neste estudo é mostrado na figura 4. No final do tingimento, os tecidos tingidos foram espremidos para que o excedente de corante líquido retornasse ao banho de corante. O banho de corante, em temperatura que variava de ambiente a fria, foi então analisado espectrofotometricamente para obter valores de absorbância a ëmax-. As amostras tingidas foram lavadas em água corrente fria até que não houvesse cor a ser extraída, fervidas em água por 15 minutos a 100°C e lavadas em água corrente fria até que não houvesse mais corante. As amostras lavadas foram secas em temperatura ambiente. Determinação de Fixação e Exaustão de Corante A exaustão alcançada para um tingimento de 2% em fibras de algodão foi determinada usando análise espectroscópica do banho de corante antes e depois de tingir diversas vezes. A concentração de corante no banho foi determinada a partir dos valores de absorbância a ë max-. Mudanças na absorbância verso concentração para cada 48 Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. Tecnologia Tingimento Fig. 1. Perfil de tempo/ temperatura de tingimento convencional de Vermelho 184(sulfato, 80g/L) corante são expressas pela Lei de Lambert-Beer (Eq. 4) A = E x Cx I 60 C 30 min Eq. 4 2 C/min A é a absorbância do corante em um comprimento de onda particular, C é a concentração (M) de E A porcentagem Fabric Na2SO4 & Dyes LR: 10: 1 é o coeficiente de extinção molar (L mol-1 cm-1). da exaustão do corante (%E) Na2CO3 20 C corante, l é o caminho ótico da célula (cm) usada para medir o espectro, e 60 min Fig. 2. Perfil de tempo/ temperatura no processo de tingimento convencional para Vermelho 270, Azul 269 e Amarelo 208 (sulfato, 50g/L) atingida para cada corante foi calculado a partir da Eq. 5. 80 C 15 min 90 C 30 min 70 C Eq. 5 45 min 2 C/min Na2CO3 20 C C0 e C1 são as concentrações do corante antes e depois do tingimento, respectivamente, e A0 e A1 são a Dyes Na2SO4 & Fabric LR: 10: 1 Fig. 3. Perfil de tempo/ temperatura no processo de tingimento convencional para Preto 5 (sulfato, 80g/L) absorbância do banho de tingimento antes e depois do tingimento, respectivamente. A eficiência de fixação total de cada tingimento 60 C 40 min (% T) foi calculada usando a Eq. 6. 2 C/min 50 C Eq. 6 C'1 é 40 min Fabric Dye & Na2SO4 LR: 10: 1 Na2CO3 a concentração de corante nos banhos de Fig. 4. Perfil de tempo/ temperatura usado no tingimento neutro com corantes selecionados (sulfato, 80g/L e acetato, 40g/L)) enxágue , e A'1 é a absorbância dos mesmos. A partir dos resultados do esgotamento de corante e da eficiência total da ligação covalente corante- 60 -140 C fibra, a fixação do corante absorvido (%F) foi calculada 10-150 min para todos os tingimentos pela Eq. 7. 2 C/min Eq. 7 20 C Fabric Dyes Na2SO4 & acetate ph = 7-8 50 Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. Tecnologia Tingimento Resultados e Discussões a uma redução na eficiência total de fixação na fibra. Resultados usando métodos convencionais de Conseqüentemente, em tingimento neutro, a temperatura tingimento foram comparados com os resultados do adequada a qual a eficiência de fixação total é maximizada novo método. A Tabela III mostra os percentuais de dependendo do tipo de grupo(s) reativo presente nos esgotamento de tingimento, eficiência e fixação total dos corantes. As figuras 5 - 7 também mostram que, no caso de corantes obtidos usando sistemas convencionais de tingimento neutro, a adição de acetato durante os tingimento. tingimentos com Vermelho 270 não tiveram efeito a melhora na eficiência de fixação foi devido à alta Parâmetros de Tingimento produzidos pelo método convencional. concentração de eletrólito, associados com tingimento na fervura. Fig. 5. Valores de exaustão de tingimento verso temperatura usando 2% de corante Vermelho 270 aplicado usando 1 80g/L de Na2SO4 e 40g/L de CH3COOM (M=Na,K,Li) e LR de 10:1. 100 90 Temperatura Uma série de tingimentos neutros usando Vermelho % Exaustion 80 70 60 50 40 270 foram feitos a 80ºC, 90ºC, 100ºC e 120ºC (uma hora, 30 pH 7, Na2SO4 (80 g/L), com e sem sais de acetato (40 10 CH3COOna non- acetate CH3COOK CH3COOLi 20 0 80 g/L)). 90 100 110 120 Temp. (Deg) Os efeitos da temperatura em propriedades de Fig. 6. Relação de fixação verso temperatura usando 2% de corante Vermelho 270 aplicado usando 80g/L de Na2SO4 e 40g/L de CH3COOM (M=Na,K,Li) e LR1 de 10:1. tingimentos são mostrados nas Figuras 5-7. A temperatura é um dos fatores mais importantes que controlam a reação de tingimento. Para todos os corantes, quando a temperatura de tingimento foi aumentada, os capilares dentro da fibra foram mais 100 90 80 acessíveis e a ionização da Cell-OH para o nucleófilico covalente fibra-corante. Contra este aspecto positivo em alta temperatura, as moléculas de corante aumentaram a energia cinética, causando rápida adsorção e dessorção antes da ligação covalente resultando em % Fixation 70 Cell-O- é aumentada, elevando o nível de ligação 60 50 40 CH3COOna non- acetate CH3COOK CH3COOLi 30 20 10 0 80 90 100 Temp. (Deg) menor substantividade. Contudo, em temperaturas muito altas de banho de tingimento (>110°C), alguns corantes reativos são desativados pela hidrólise, levando 52 Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. 110 120 Tecnologia Tingimento positiva dupla, permitindo que os ânions de corante e a Fig. 7. Valores de eficiência total verso temperatura fibra interajam com a camada positiva. Isto explica o auusando 2% de corante Vermelho 270 aplicado usando 1 80g/L de Na2SO4 e 40g/L de CH3COOM (M=Na,K,Li) e LR de 10:1. mento na eficiência de fixação total observado enquanto a concentração de sulfato de sódio aumentava. 100 90 Também é evidente, a partir destes resultados, que 80 quanto maior o número de cátions de metal presentes nos % Total efficiency 70 60 sais de acetato, maior a eficiência de tingimento total (por 50 40 CH3COOna non- acetate CH3COOK CH3COOLi 30 20 10 0 80 90 100 110 120 exemplo, em 40g/ L de um sal de acetato de um metal em particular, há 10% Li+, 28% Na+ e 40% K+). Isto significa que, para a mesma quantidade de sal de acetato usado, o Temp. (Deg) acetato de potássio parecia ter maiores efeitos nas Concentração de Sal de Acetato e Eletrólito propriedades do tingimento. Para esclarecer melhor quaisquer melhoras possí- O ânion de acetato não parece influenciar como um veis ao adicionar tampão de acetato ao eletrólito de catalisador para a fixação covalente corante-fibra. sulfato normal, valores de eficiência de fixação foram Fig. 8.Eficiência total de 2% de corante Vermelho 270 aplicado a temperatura de 100°C usando diferentes concentrações de sulfato de sódio e várias concentrações de (a) acetato de potássio, (b) acetato de lítio ou (c) acetato de sódio e LR de 10:1. a) Red 270 - Total efficiency obtidos depois de tingir com Vermelho 270 a 2% sob condições neutras por uma hora à fervura; os resultados obtidos são mostrados graficamente na Figura 8a - c. A eficiência de fixação total aumentou com uma 90 80 elevação na concentração de sulfato de sódio e sais de independe de o eletrólito ser sulfato de sódio ou acetato de sódio, o fator mais importante é simplesmente ter a maior % Total efficiency acetato (Figura 8), mas o efeito 70 60 50 40 30 20 10 concentração possível de eletrólito no banho de tingi- 0 0 mento. O aumento da solubilidade dos corantes reati- Em seu estado iônico, tanto as moléculas de corante b) quanto as de ânions de celulose são negativamente 90 carregadas, dificultando a adsorção dos corantes na 70 adicionar eletrólito inerte, a barreira eletrostática pode ser reprimida e pode ocorrer a adsorção das moléculas 60 40 20 80 100 120 0 CH3COOLi (g/l) Red 270 - Total efficiency 80 % Total efficiency superfície das fibras e reagir com ânions de celulose. Ao 40 Na2SO4 (g/l) vos em água ocorre devido à dissociação do íon de sódio dos grupos sulfonados das moléculas de corante. 20 60 50 40 30 20 10 de corante no tecido. Os cátions de sódio do eletrólito adsorvem na superfície da fibra e criam uma camada 54 Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. 0 0 20 40 Na2SO4 (g/l) 60 80 100 120 40 20 0 CH3COOLi (g/l) Tecnologia Tingimento c) mais longo o tempo de tingimento, maior a quantidade de Red 270 - Total efficiency corante capaz de se difundir na superfície da fibra, adsor- 90 80 ver nele e reagir com os ânions de celulose. No entanto, a % Total efficiency 70 60 adsorção é uma reação reversível; a dessorção tende a 50 aumentar se a concentração de corante na superfície da 40 30 fibra for maior que a restante no banho de corante, assim, a 20 10 eficiência de fixação total é reduzida. Além disso, a hidróli- 0 0 20 40 60 Na2SO4 (g/l) 80 40 20 100 120 0 CH3COOLi (g/l) se de corante sempre compete com a reação de fixação desejada. Quanto maior o tempo de tingimento, mais o corante é hidrolisado, reduzindo, assim, a eficiência de fixação. Condições de Relação de Banho (RB) O efeito LR em parâmetros de tingimentos foi determinado usando os corantes, os outros aditivos e as condições físicas detalhadas na Tabela IV. Os resultados são mostrados graficamente na Fig. 10. % Total efficiency Red 270 - Total efficiency Time (min) Tempo de tingimento 56 Effect of liquor ratio on total efficiency % Total efficiency Fig. 9. Eficiência total de tingimento de corante Vermelho 270 a 100ºC usando 80g/L de Na2SO4 e 40g/L de CH3COOK, tingimento por mais de 150 min. a 10:1 LR. Fig. 10. Valores de eficiência total para Vermelho 270, Amarelo 208, Azul 263, Vermelho 184 e Preto 5 verso RB. 1/LR Com o novo método de tingimento, pode-se diminuir O efeito do tingimento prolongado na fervura para a RB, no entanto, a quantidade não deve ser tão baixa a Vermelho 270 foi estudado e os resultados são mos- ponto de causar problemas de solubilidade de corante e trados na Fig. 9. A formação de ligação covalente desigualização. Valores maiores de RB diminuem a possi- entre o corante e a fibra pode ocorrer apenas quando na bilidade de contato entre as moléculas de corante e a super- fase em que o corante for adsorvido na celulose. Quanto fície da fibra. Ao mudar o RB, o equilíbrio de adsorção e Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. Tecnologia Tingimento dessorção é mudado; com valores menores de RB, mais corante pode ser fixado nas fibras. Grupos de Corantes Reativos A Tabela V mostra os valores de esgotamento de corante, o percentual de fixação e a eficiência total de fixação em tingimentos neutros usando corantes de grupos Propriedades de Tingimento de Corantes reativos sob condições a Neutras de Aplicação reativos diferentes. O comportamento do corante variou dependendo da substantividade e da reatividade do corante. Os corantes usados neste estudo contendo grupos reativos de homo-bifluortriazina e corantes com grupos reativos bifuncionais (por exemplo, Preto 5) ou mono funcional (por exemplo, Azul 19) baseados em sulfato- Amarelo 208 98.9 84.9 85.8 100 Preto 5 96.5 76.6 79.4 110 Azul 19 86.8 62.3 71.8 100 Vermelho 22 76.9 28.4 37 100 Amarelo 176 91.7 76 82.9 100 Azul 203 97.5 88.2 90.5 100 Laranja 16 73.3 47.7 65.1 100 Azul 38 93.3 77.5 83.1 100 Azul 220 94.4 84.3 89.4 100 Vermelho 198 74 53.3 72 100 Azul 231 95 48.1 50.7 100 Azul 221 95.9 66.6 69.4 100 Amarelo 145 89.0 58.0 65.2 100 Azul 194 92.3 67.6 73.2 100 Vermelho 195 76.4 54.6 71.7 100 Amarelo 84 77.6 63.2 81.4 140 Azul 160 90.9 78.7 86.5 140 Azul marinho 79.6 60.9 76.5 140 Vermelho 120 82.4 62.3 75.6 140 Vermelho 11 90.1 33.13 36.8 60 Azul 109 77.2 29.2 37.9 60 etilsulfona deram bons resultados com a presença de sal de acetato no banho de tingimento em ebulição (100°C). Corantes com um grupo reativo de diclorotriazina possuíam tal reatividade que eles rapidamente hidrolisaram em alta temperatura; a eficiência de fixação destes corantes foi mais baixa. Corantes baseados em grupos bis-monoclorotriazina de baixa reatividade tinham alta substantividade e, assim, são mais eficientes, mas é necessário, usando o sistema de tingimento neutro, tingi-los a 140°C para alcançar a ligação covalente corante-fibra adequada. No caso de corantes hetero-bifuncionais Azul 231, Azul 221, Amarelo 145, Azul 194 e Vermelho 195, foi alcançada boa fixação HE-R sob condições neutras quando o tingimento foi feito à fervura; resultados similares foram obtidos com corantes baseados em sulfatoetilsulfona aplicando-os na fervura por uma hora. Houveram algumas anomalias em termos de percentuais de fixação neutros mais baixos que os esperados para corantes como Vermelho 195, Vermelho 198 e Vermelho 22. No caso de corantes de sulfatoetilsulfona, pode-se obter melhoras pré-ativando o corante para formar o corante livre de vinilsulfônico.7 Conclusões Um estudo de fixação neutra (pH 7) de uma variedade de corantes reativos em algodão demonstrou 58 Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. Tecnologia Tingimento que eficiências de fixação total promissoras podem ser tros de corantes reativos em fibras celulósicas resultou em obtidas aumentando a concentração de eletrólitos, tingimentos com excelente reprodutibilidade, igualização e usando valores de RB mais baixos possíveis e tin- penetração. Além disso, uma vez que todos os produtos gindo a 100°C para derivados de vinilsulfônico e flúor- químicos, como corante, eletrólito e acetato, podem ser triazina e a 140°C para derivados de monocloro-triazina colocados no banho de tingimento a qualquer momento, é de baixa reatividade. Por causa das condições de possível simplificar o processo de tingimento e reduzir os tingimento neutras, o risco de hidrólise de corante pode custos operacionais. O trabalho feito para este estudo foi ser minimizado. Mesmo com este novo processo de em uma escala bench, mas os resultados obtidos mostram tingimento, a temperatura e a concentração de eletrólito serem promissores para aplicação em escala comercial. usada são maiores que as do método de tingimento convencional. Contudo, por causa da baixa RB usada, menos energia é necessária para aquecer a solução de banho de tingimento, assim como menores quantidades de produtos químicos. Quanto menor o volume de água usada para tingir e a conseqüente redução de efluentes, menor o custo do tratamento da água residual depois do tingimento. O esgotamento de banhos neu- Referências 1 - Morimura, N. And M. Ojima, American Dyestuff Reporter, Vol. 74, 1985, pp28-31 2- Miyamotmo, N. And R. Parkham, Book of Papers AATCC Internacional Conference & Exhibition, Adanta, 1986, pp153-156. 3 - Croft, S. N., Et al., Journal of the Science and Technology, Vol. 4, 2001, pp41-48. 4 - Lewis, D. M., Advances in Color Science and Technology, Vol. 4, 2001, pp41-48 5- Nealse, Sl. Journal of the textile Institute, Vol. 21,1930, pp225-230 6- Altenhofen, U. , PhD Thesis, Deutsches Wollforschungs Institut (Aachen), 1977. 7- Lewis, D. M and Vo. L.T., Coloration Technology, Vol. 123,2007, pp306-311. Tecnologia Laboratório Produtos Têxteis Ultra-hidrofóbicos: Abordagem do “Efeito Lótus” Autores: Karthik Ramaratnam, Swaminatha K. Iyer, Mark K. Kinnan, George Chumanov, Phil Brown, and Igor Luzinov, Clemson University. Originally published in AATCC review magazine Vol.8.No.1 January 2008,reprinted with permission from AATCC, www.aatcc.org, copyright holder Revisão Técnica: Felipe G. Menezes Tradução: Tatiana Pricevicius RESUMO ter repelência (por exemplo, baixa hidrofilidade) também é A hidrofilidade da superfície sólida é uma essencial devido à demanda por tecidos que repelem água propriedade característica de materiais e depende (por exemplo, roupas de chuva, estofamento, roupas de tanto da energia quanto da rugosidade da superfície. proteção, roupas esportivas e tecidos de revestimento Substratos rugosos em uma escala nano tendem a ser automotivo). Para suprir essa necessidade, materiais de alta mais hidrofóbicos que as superfícies lisas por causa da repelência de água, materiais têxteis ultra-hidrofóbicos,3 ou área de contato reduzida entre o substrato e o líquido. “Tecidos Lótus” podem ser criados ao imitar o efeito lótus.4 Neste artigo será discutido um método experimental para Superfícies ultra-hidrofóbicas são geralmente aquelas imitar o efeito lótus em tecidos de poliéster usando que apresentam um ângulo de contato com a água maior que nanopartículas de prata e um polímero hidrofóbico não 150º com histerese de ângulo de contato muito baixo.5 Para fluorado, também será relatado o efeito da rugosidade do materiais têxteis, o nível de hidrofobicidade é geralmente tecido ao obter o “efeito lótus”. determinado apenas ao medir o ângulo de contato estático da água; é difícil medir o histerese do ângulo de contato em Palavras-chave: Efeito Lótus, Nanopartículas, PET, um tecido têxtil devido aos altos níveis de rugosidade “Wafer” de Silício, Prata, Ultrafobicidade. criados pela estrutura do tecido. Barthlott e Neinhuis mostraram que a interdependência Hidrofilidade é uma característica dos materiais, de entre rugosidade da superfície, adesão reduzida da partícula uma perspectiva fundamental e prática, controlada tanto e repelência da água é importante para identificar as pela composição química quanto pela microestrutura propriedades da superfície. Isto foi baseado em estudos geométrica da superfície.1 Muitos processos de trata- microscópicos de plantas lisas e rugosas repelentes à água.4 mento molhado dependem de uma estrutura têxtil Substratos hidrofóbicos que são rugosos em uma escala completamente umectada para alcançar um desempenho micro e nano tendem a ser mais hidrofóbicos que substratos satisfatório.2 Contudo, a natureza heterogênia da hidrofóbicos lisos por causa da área de contato reduzida superfície da fibra, da composição da fibra e da entre o substrato e o líquido (e vice-versa para substratos verdadeira construção criam dificuldades ao prever a hidrofóbicos). hidrofilidade de um material têxtil em particular. A hidrofilidade depende muito de duas propriedades: a Embora uma boa hidrofilidade esteja associada com energia e a rugosidade da superfície. 6-9 A energia da processos molhados, a capacidade de um tecido acabado superfície é uma propriedade intrínseca do material que 60 Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. Tecnologia Laboratório pode ser controlada por modificações químicas (por e outros revestimentos hidrofó- preocupação com o meio ambiente associado aos polí- ). Em particular, uma variedade de polímeros meros fluorados, é necessário ter uma alternativa para exemplo, fluoração 11,12 bicos 10 perfluorados.18 No entanto, devido ao aumento da baseados em flúor tem sido usada devido às altas resistências à água e óleo, resistência a solventes produzir superfícies ultrahidrofóbicas. O foco deste estudo era alcançar o efeito ultra- orgânicos e lubrificação. Acabamentos (coatings) com hidrofóbico em tecidos usando nanopartículas como o polímeros à base de flúor têm sido comumente usados componente inicial de rugosidade e um polímero hidro- por causa de sua baixa propriedade de energia livre da fóbico não-fluorado como o componente de baixa energia superfície. A energia livre da superfície decresce na de superfície. Também foi estudado e relatado aqui o seguinte ordem: CH2¯ > - CH3 > - Cf2¯> - CF2H > - CF3, as efeito de rugosidade do tecido, devido a diferentes quais prevêem que o agrupamento hexagonal mais construções de tecido, ao atingir o efeito lótus. 13 próximo os grupos -CF3 proporcionem energia livre Nesta abordagem, a combinação de uma camada Por isso, enxertada de poliestireno (componente de baixa energia de superfícies ultrahidrofóbicas vem geralmente sendo superfície) e nanopartículas de prata (componente de preparadas modificando as superfícies com vários iniciação de rugosidade) foram usados para criar um 10,15 material têxtil mostrando ultrahidrofobicidade.19 A rugosi- flúor alquilsianos,16,17 e monocamadas de polímeros dade tridimensional resultante desta modificação de de superfície mais baixa nos materiais. 14 polímeros fluorados, como revestimentos PTFE, Querido amigo! Amado, respeitado e admirado; Estudou, trabalhou e construiu seu caminho; Exemplo de caráter, índole e perseverança; Conquistou resultados surpreendentes por sua competência comparada a poucos. Agora, apenas a saudade de familiares, amigos, clientes e colegas de trabalho. Um dia estaremos juntos novamente, é só uma questão de tempo. Fique com Deus nosso querido e sempre amigo, Cristiano Lima de Oliveira (06/12/1975 - 08/07/2008) Homenagem Manchester Especialidades Químicas do Brasil Blumenau - SC / Brasil Tecnologia Laboratório superfície (juntamente com a estrutura do tecido) pro- procedimento descrito por Evanoff, ET. Al. 21 Tolueno grau duzem a ultrahidrofobicidade dos tecidos ao limitar a ACS, tetrahidrofurano (THF) e Metil-Etil-Cetona (MEK) penetração da água na superfície. foram obtidosde VWR e usados sem modificação. Diversos modelos termodinâmicos vêm sendo propostos para estudar a profundidade de penetração da Instrumentação água em certas superfícies rugosas e para prever o grau Os tecidos de poliéster foram funcionalizados usando de repelência. De Gennes, ET.al., explicou que um filme ou um esterilizador/ limpador plasma Harrick PDC32G ou líquido depositado em um substrato poroso retrocede um gerador corona Sicatech (Unisystems LFI). Estudos 20 via dois mecanismos separados: sucção e secagem. O SEM foram feitos usando um FESEM-Hitachi S4800. comportamento detalhado de níveis de rugosidade e o Todos os revestimentos de polímero foram feitos usando comportamento molhado não são discutidos neste um dip coater (Mayer Fientechnik D-3400). Foram feitas estudo. medidas de elipsometria da espessura do filme polímero depois de revestir modelos de substratos wafer de silício Experimentos usando um elipsômetro automático de modulação de Materiais polarização COMPEL discreta (InOmTech Inc.) em um Estilo de tecidos # 777H (Tecido 1) de poliéster ângulo incidente de 70°. Foi usado um microscópio de padrão (PET), #703 (Tecido 2) e um tecido de microfibra varredura por sonda (SPM Scanning probe microscopy, em PET (Tecido 3) foram obtidos da Testfabrics Inc. O inglês) com um microscópico Dimension 3100 (Digital tecido 1 e o Tecido 2 obtiveram diferentes densi- Instruments Inc.) para analisar as morfologias wafer de 2 2 dades de tecido (335 g/m e 122 g/ m , respectivamente). silício tratado. Pontas de silício com molas de 50 N/m O terceiro tecido (Tecido 3) assemelha-se uma foram usadas para fazer uma varredura progressiva nas estrutura lisa uma vez que foi feito de microfibras superfícies. Todas as imagens foram feitas em uma taxa de PET. Wafers de silício de cristal único altamente polido varredura de 1 Hz, usando o modo de escuta. O ângulo de de orientação{100} (Semiconductor Processing Co.) contato com a água (WCA) foi medido usando um foram usados como modelo de substratos para super- goniômetro (Kruss, Modelo DAS10) para determinar a fícies lisas. extensão da repelência de água. Poliestireno (PS) (45,900 g/mol) com grupos finais de terminados carboxi-mono funcional foi obtido de 62 Procedimentos Polymer Source Inc. Metacrilato Glycidyl (GMA) Wafers de silício foram usados como substratos modelo obtido de Aldrich, foi polimerizado usando polime- (liso) para otimizar as condições experimentais necessá- rização livre de radical para obter poli (glycidyl rias para criar superfícies com alta repelência. Este subs- Metacrilato) (PGMA, 24,000 g/mol, PDI 1.7 (índice de trato poli dispersão usando cromatografia de permeação de envolvidas na experimentação (por exemplo, espessura do gel)). Poly (2-vinylpyridine) (PVP, 37,500 g/mol) foi polímero de enxerto e adsorção de nanopartículas). Os obtida do Aldrich. Nanopartículas de vários tamanhos métodos experimentais otimizados foram então im- (52nm, 84nm, 96nm e 105nm) foram sintetizadas pelo plantados em três tecidos de poliéster, cada um com uma Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. modelo foi escolhido para controlar as variáveis Tecnologia Laboratório rugosidade de tecido diferente (devido ao padrão de vários solventes (água, acetona, tolueno e etanol) para tecelagem). Isto foi feito para determinar se o nível remover quaisquer acabamentos e outros agentes contaextra de rugosidade vindo da estrutura do tecido minadores. O tecido foi então lavado em água deionizada melhoraria a repelência de água. Se sim, os resultados por aproximadamente uma hora para remover todos os obtidos usando os três tecidos PET diferentes ajuda- resíduos e depois seco em um forno a 80°C para peso riam a determinar o nível apropriado de rugosidade do constante. O tecido foi, depois, submetido a uma descarga tecido (combinado com a rugosidade da nano partícula) de plasma empregando 6.8W de energia por dois necessária para alcançar uma condição de hidrofilidade minutos a uma pressão de -200torr. Para uma amostra limitada que pode criar tecidos “lótus”. Finalmente, a maior, foi usado o tratamento corona como alternativa à durabilidade e robustez deste processo de modificação descarga de plasma devido à área limitada da câmara do no tecido PET foi estudada pelo teste de lavagem. equipamento de plasma. O tratamento corona foi feito por ~ 10 s em ambos os lados do tecido sob condições pa- Preparação Wafer de Silício drões (temperatura de 70°F/ 21°C e 65% de umidade Substratos wafer de silício são inicialmente relativa) com o tecido-amostra colocado exatamente 1cm limpos com água deionizada em um banho ultrasônico abaixo do topo do tratamento corona. Os tecidos tratados por 30 minutos. Eles são então colocados na solução com plasma/ corona foram então lavados em THF para piranha1 (3:1 ácido sulfúrico concentrado/ 30% de remover os resquícios com baixo peso molecular formados peróxido de hidrogênio) por aproximadamente uma devido ao processo de cisão em cadeia durante o hora e então enxaguados várias vezes com água tratamento. Este tratamento melhora a reatividade da deionizada. Nota: a preparação, o uso e a eliminação da solução piranha são extremamente perigosos. O trabalho que superfície do tecido PET. Lista do Design Experimental em Substratos Wafer de Silício envolve soluções piranha requer as habilidades de um técnico de laboratório altamente treinado e a disponibilidade e uso apropriado de todos os equipamentos de segurança do laboratório, a falha ao seguir os procedimentos adequados do laboratório para soluções piranha podem resultar em explosão e/ ou sérias lesões.22, 23 Depois de lavados, os substratos foram secos sob um fluxo de nitrogênio em uma sala limpa com condições 100. Preparação do Tecido PET Todos os tecidos foram inicialmente lavados em 1 64 - Solução de ácido sulfúrico com Peróxido de hidrogênio para limpeza de superfícies com contaminação orgânica ou de silício/silicones Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. Tecnologia Laboratório presumivelmente uma estrutura robusta e durável. Tratamento de Wafer de Silício Os passos a seguir foram realizadas em wafers de O carboxi-arquivado de PS (0.5% wt de solução PS em silício limpos para otimizar o procedimento do tra- tolueno) foi então enxertado à funcionalidade da ligação tamento experimental. O substrato limpo foi dip-coated não-cruzada do epóxi na camada superior a 150°C por usando composições de mistura diferentes da solução aproximadamente quatro horas (passo 5). Em altas PGMA/PVP preparado em MEK (0.2wt/vol) e então temperaturas, os grupos carboxílicos podem reagir com os aquecido a 110°C por 10 minutos para ajudar o auto grupos epóxi de PGMA. O PS não-reagido foi depois ligação cruzada dos grupos epóxi de PGMA (passo 1). A removido com lavagens múltiplas em tolueno. ligação cruzada de PGMA estabiliza a microestrutura A análise SPM foi feita nos substratos resultantes depois de cada passo. As características de hidrofilidade da mistura. O substrato aquecido foi tratado com etanol (um destes substratos depois de cada passo final de enxerto de bom solvente para PVP) por ~10 min. em temperatura PS foram estudadas usando as medidas de ângulo de ambiente para assegurar a presença de PVP na contato estático. Baseado nos resultados obtidos em superfície (passo 2). O PVP é responsável pela adsor- amostras usando o procedimento acima, as condições ção de nanopartículas propiciando um complexo de experimentais foram otimizadas. metal -ligante 24 entre a nano partícula de prata e PVP. A morfologia PGMA/ PVP formada no substrato de silício foi então estudada usando o SPM. Tratamento de Tecido PET O objetivo era produzir tecidos ultrahidrofóbicos PET O substrato foi então exposto a uma suspensão como os representados na Tabela 1. O procedimento do aquosa de nanopartículas de prata sob constante tratamento otimizado, desenvolvido em substratos de ultrasonicação por ~3 horas (passo 3). O efeito do silício, foi aplicado em três tamanho (Tabela 2). da nano partícula na hidrofilidade foi estudado expondo quatro substratos diferentes que foram simultaneamente preparados para cada uma das tecidos PET diferentes Figura 1. Representação esquemática do efeito de modificação da superfície usando nanopartículas de prata para alcançar o “efeito lótus”. quatro suspensões aquosas de nanopartículas de prata que diferiam no tamanho das nanopartículas. Cada uma das quatro suspensões aquosas (-1010 partículas/ mL de suspensão) continha nanopartículas de 52nm, 84nm, 96nm e partículas maiores que 105nm, respectivamente Silver Nanoparticle PGMA/PVP PET Grafted PS Brush PGMA (tabela 1). O substrato foi então coberto totalmente por ~15s em temperatura ambiente com uma segunda camada de PGMA (0.1%wt PGMA em MEK, passo 4). Esta segunda camada prende as partículas das nanopartículas em uma estrutura entre a primeira camada PGMA/ PVP e a camada PGMA (camada sanduíche), Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. 65 Tecnologia Laboratório Figura 2. Tecidos de poliéster de diferentes construções. (a) Tecido 1 com densidade 335g/m,22 (b) Tecido 2 com densidade 122 g/m, e (c) Tecido 3 feito com microfibras de poliéster. ligeiramente modificada do AATCC Test Method 1241996 foi usada para testar a durabilidade dos tratamentos. O AATCC Standard Reference Detergent foi usado como o surfactante. Os tecidos modificados foram mantidos em uma solução de detergente de 0.1% a ~60°C por duas horas. Depois do tratamento com detergente, os tecidos foram completamente lavados com água (várias lavagens) para remover todo o surfactante e o WCA foi medido. Resultados e Discussões Wafer de Silício Hidrofóbico A espessura da camada de polímero PGMA/ PVP (depois do passo1) foi 4.0 ±1nm como medido pelo elipsometria25 no substrato de wafer de silício modelo. A Segunda camada de PGMA tinha uma espessura de ~2nm e a espessura final da camada PS variou de 5nm a 15nm. A figura 3 mostra as imagens SPM depois dos passos 1-3 (Figuras 3a-c, respectivamente). A morfologia da mistura de PGMA/ PVP dos substratos depois do passo 2 (tratamento com etanol) foi disperso devido à imiscibilidade dos polímeros. Foram usadas diferentes misturas de relação de PGMA/ PVP. A adsorção de nanopartículas de prata dependia do tamanho dos domínios de PVP formados na matriz PGMA. A variação da Quatro amostras foram preparadas para cada um dos relação de PVP na mistura de PGMA balanceou a três tecidos para estudar o efeito da adsorção de cada densidade de adsorção de nanopartículas de prata. Era uma das suspensões de nanopartículas de tamanhos esperado que o tamanho de inclusão PVP fosse ~100nm diferentes como mostrado na tabela II. Foi usada (aproximadamente os tamanhos das diferentes nano- Microscopia eletrônica de varredura (Microscopy partículas usadas) para obter boa cobertura da superfície SEM, em inglês) para verificar a com as nanopartículas de prata. O uso da mistura 70/ 30 cobertura de nanopartículas. A hidrofobicidade destes PGMA/ PVP resultou em regiões de tamanho de inclusão tecidos depois de enxerto de PS foi estudada usando PVP de ~100-150nm (baseado na figura 3a), enquanto que medidas WCA. as outras relações de mistura resultaram em regiões de electron scanning tamanho variado e separações de fase inconsistentes. Por Teste de Lavagem Depois da modificação do tecido, uma versão 66 Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. isso, foi decidido usar a mistura 70/ 30 PGMA/ PVP para estudos mais aprofundados. Tecnologia Laboratório As ilhas PVP irregulares imobilizaram com su- “Tecidos lótus” de Poliéster (PET) cesso as nanopartículas (depois de uma exposição A modificação do tecido PET usando nanopartículas de durante a noite a uma suspensão de nanopartículas de prata foi estudada por duas razões. Enquanto o objetivo prata e água deionizada) devido à afinidade de grupos primário era obter a rugosidade apropriada, o objetivo piridil com prata através de interações de metal-ligante secundário era transmitir a atividade microbiana, uma vez de nitrogênio e átomos de prata.24 A cobertura de que a prata age como um agente antimicrobiano. Um estudo nanopartículas de da atividade antimicrobiana dos tecidos tratados não foi PGMA/ PVP resultou prata usando a mistura 70/ 30 em maior densidade de cobertura como inferido das morfologias SPM. Na explorado aqui. A Figura 4 mostra os micro gráficos SEM das amostras que as nano- do Tecido 1 (depois do passo 1) obtidos usando suspensões partículas permaneceram intactas depois de enxerto de de nanopartículas aquosas de 52nm, 84nm e 96nm. O PS e depois de diversas lavagens de amostra em uso destes três tamanhos diferentes de nanopartículas não tolueno para remover o polímero PS não-enxertado. resultou em uma cobertura completa da superfície (Figura figura 3c, também foi observado 4). Na Figura 5 mostra os micro gráficos SEM do Tecido 1 Figura 3. 1x1µm (a) e 3x3 µm (b,c) imagens de topografia SPM. Wafer de silício modificado com: (a) PGMA/ PVP (70/ 30), (b) nanopartículas inseridas entre PVP/ PGMA e camadas PGMA e (c) PS enxertado na parte superior na camada PGMA. Escala vertical (a): 10nm, (b,c): 200nm. (depois do passo 3) tratado com nanopartículas de 105nm ou maiores. Da Figura 5 pode ser observado que este tamanho proporcionou uma cobertura melhor de nanopartículas da superfície da fibra que os tamanhos menores. Também são mostradas maiores ampliações nesta figura. µm 2 2 0,6 0,4 0,2 µm µm 0,8 1 1 Figura 4. Nanopartículas de prata de diferentes tamanhos adsorvidas no Tecido 1 a Ampliação de 10k. Tamanho da partícula (a): 52nm, (b) 84nm, e (c) 96nm A densidade de distribuição destas nanopartículas (tamanho >105nm) foi calculada manualmente do micro gráfico SEM na Figura 5 e encontrado na faixa de 20 ±5 nanopartículas/ µm2. Este cálculo foi feito apenas na superfície do tecido e não foi atribuído para todo o tecido por causa da variedade de adsorção de nanopartículas entre cada fio do tecido. Também foi observado (Figuras 4 e 5) que a densidade de nanopartículas de prata adsorvidas na superfície da fibra aumentou à medida que o tamanho das nanopartículas aumentou e alcançou o tamanho máximo de Figura 5. Nanopartículas de prata de tamanho superior a 105nm adsorvidos no Tecido 1. Ampliação (a) 3k, (b) 10k, e (c) 25k. 105nm. Observou-se que o tamanho de inclusão PVP variou de 100-150nm (como medido nos substratos de wafer de silício). Isto sugere que o tamanho de inclusão PVP pode ter influenciado a adsorção de nanopartículas na superfície da fibra/ tecido baseado no tamanho da partícula. Foram observados comportamentos similares de adsorção em outros tecidos (Tecidos 2 e 3). Mas a medida de 68 Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. Tecnologia Laboratório WCAs depois do passo final de modificação (Passo 5) Foi suposto que o sistema multicamada PS/PGMA/- foi diferente para todos os outros três tecidos. O Teci- prata/PVP/PGMA no tecido PET também pode ter uma do 1 mostrou WCAs de aproximadamente 150º ± 5º, integridade mecânica excelente porque as partículas enquanto que no Tecido 2 era de 160º ± 8º e no Tecido 3 não era de ~138º ± 3º. enxerto de PS) ou em tolueno sob tratamento ultra- A discrepância nos valores de WCA pode ser se separaram em altas temperaturas (durante o sônico. atribuída à diferença nas estruturas dos tecidos. Uma análise típica de ângulo de contato (Figura 6) foi Observações visuais dos Tecidos 1 e 2 mostram que o feita em tecidos PET depois de um tratamento de Tecido 2 tinha maior rugosidade que o Tecido 1 multicamada PS/prata e em um tecido PET modificado devido à abertura do tecido (Figura 2). A abertura dos apenas com PS (sem prata). O ângulo de contato do tecido fios (tanto nas direções urdume quanto trama) leva a aumentou de 113º ± 4º (Figura 6ª) para o tecido PET com PS espaços maiores entre os fios. Em um tecido hidrofó- apenas para 157º ± 3º para sistema de multicamada PS/ prata bico, este espaço entre os fios maiores podem levar a (Figura 6b). uma maior captura de ar na estrutura do tecido, o que Deste modo, a razão para o aumento dramático no tecido pode fazer com que o tecido fique mais hidrofóbico. WCA (permitindo que seja classificado como ultrahi- Deste modo, das medidas de WCA, o Tecido 2 pode ser drofóbico) pode ser atribuída ao efeito sinérgico da considerado ultrahidrofóbico, uma vez que o ângulo de hidrofobicidade do polímero e a rugosidade causada pelas contato é superior a 150º. Embora as margens de erro nanopartículas de prata. sejam maiores para estes dados técnicos de tecidos, tais pressupostos são razoáveis considerando que as Teste de Lavagem medidas de WCA não são exatas em nenhuma super- O teste de lavagem proporcionou mais informações fície têxtil que tenha um alto grau de rugosidade com relação à durabilidade do tratamento de nanopar- (presente na forma de fibras salientes e também devido tículas nos tecidos PET testados. Descobriu-se que o ângulo ao tipo de tecelagem). Foi observado que o tecido 1 de contato médio foi reduzido aproximadamente 5º. O estava no limite de ultrahidrofobicidade, enquanto o WCA foi encontrado a ~150º - 155º, enquanto que depois tecido de microfibra PET (Tecido 3) estava bem abaixo da lavagem variou entre 145º-150º. Isto mostrou que o nano do limite de ultrahidrofobicidade. revestimento, juntamente com o polímero hidrofóbico, era bastante robusto e não perdeu toda a sua integridade mesmo depois de condições rigorosas de lavagem. Mas (a) (b) este estudo também sugere que há ainda muita possibilidade de melhorar os aspectos de engenharia nos métodos de preparação do “tecido lótus”. Conclusão Foram apresentados métodos experimentais para criar uma superfície de hidrofobicidade rugosa que pode Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. 69 Tecnologia Laboratório levar à ultrahidrofobicidade usando um sistema de R e p o r t , h t t p : / / w w w. n t c r e s e r a c h . o r g / p d f polímero/ nano partícula hidrofóbica. Descobriu-se que rtpts/bref0605/C04-CL06-05e.pdf, Jne 2005. o efeito da nano partícula de prata é durável e não 4 - Barthlott, W. and C. Neinhuis, Planta, Vol. 202, apresenta problemas de agregação, mas o uso de No.1, January, 1997, pp1-8. nanopartículas no sistema de modificação fez com que o tecido ficasse muito mais forte que o tratamento anterior. Esta é uma consideração importante caso estes materiais têxteis sejam usados para roupas. 5 - Wier, K. A. And T.J. MacCarthy, Langmuir, Vol. 22, No. 6, February 2006, pp2433.2436 Embora toda a construção do tecido testado tenha 6 - Feng, L., Et al., Advanced Materials, Vol. 14, No. apresentado aumento de repelência de água, nem todo o 24, December 2002, pp1857-1860. tecido apresentou ultrahidrofobicidade. Para que um 7- He, B., N. A. Patankar, and J. Lee, Langumuir, Vol. tecido apresente um efeito de ultrahidrofobicidade 19, No. 12, May 2003, pp4999-5003. como o lótus, não é necessário ter os componentes 8 - Wenzel, R.N., Industrial and Engineering rugosos e hidrofóbicos, mas também a rugosidade Chemistry, Vol. 28, No. 8, August 1936, pp988-994. apropriada do tecido. Em alguns casos, ter apenas um componente de hidrofobicidade e rugosidade apropriado basta para criar um efeito lótus sem a necessidade de nanopartículas. Por isso, a rugosidade apro- 9 - Cassie, A.B.D., Discussions of the Faraday Society, No. 3, January 1948, pp11-16 10- MacCarthy, J. T. And D. Oner, Lagmuir, Vol. 16, priada do tecido, o qual pode ser sintonizado mudando o No. 20, August 2000, pp7777-7782 espaço entre os fios (tanto nas direções urdume quanto na 11- Tadanaga, K., N Katata, and T. Minami, Journal of trama), é um fator importante a ser considerado na the American Ceramic Society, Vol.80, No.12, April, fabricação de um tecido lótus ultrahidrofóbico. 1997, pp1040-1042 12 - Tadanaga, K., N Katata, and T. Minami, Journal of Agradecimentos Os autores gostariam de agradecer o US Department of Commerce (National Textile Center) pelo suporte financeiro neste trabalho. Os autores gostariam de agradecer Dr. V. Klep pela síntese de PGMA. the American Ceramic Society, Vol.80, No.12, December, 1997, pp3213-3216. 13 - Nishino, T. Et, al., Langmuir, Vol. 15, No. 13, May 1999, pp4321-4323. 14 - Hare, E.F., E. G. Shafrin, and W.A.Zisman, Referências Journal of Physical Chemistry, Vol. 58, No. 3, March 1 . Jiang, L. Et., Pure and Applied Chemistry, Vol 1954, pp236-239 72, Nos. 1-2, January 2000, pp73-81 15. Minko, S., Et al., Journal of American Chemical 2 - Heywood, D., Textile Finishing, Society of Society, Vol. 125, 2003, pp3896-3900 Dyers and Colouists, 2003, p 187. 3 - Project C04-CL06 National Textile Center 70 Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. Tecnologia Corantes Extração de corantes dispersos presentes em efluentes têxteis por microemulsão Autores: Leocádia Terezinha Cordeiro Beltrame, Beth Aluana Tavares de Araújo Oliveira, Tereza Neuma de Castro Dantas, Osvaldo Chiavone Filho, Samuel Alves Oliveira. Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Revisão Técnica: José Antonio Marconi RESUMO Um reativos. Verificou-se então a viabilidade de extração desses dos principais problemas ambientais da corantes simultaneamente, utilizando o mesmo sistema de indústria têxtil é a remoção da cor de seus efluentes. microemulsão. Foi observado que, nesse caso, não era Os sistemas de tratamento convencionais não conse- necessário o ajuste prévio do pH quando o efluente era guem atender os níveis ambientais determinados pela formado pela mistura desses dois banhos de tingimento, legislação e assim novas tecnologias têm sido desenvol- obtendo-se percentual de extração ainda maior, superior a vidas a fim de atender a esses níveis, como a extração por 99%. microemulsão. Extração por microemulsão é uma nova Palavras chave: Rede de Scheffé, banho de tingimento, tecnologia que tem apresentado alta eficiência na corantes reativos, poliéster-algodão, remoção da cor. remoção da cor de efluentes contendo corantes reativos. Entretanto, devido ao crescente mercado das fibras de INTRODUÇÃO poliéster e o conseqüente consumo de corantes dispersos, A utilização de corantes em processos de tingimento é este estudo utiliza a tecnologia da microemulsão na antiga, tendo sido originada na Índia ou China, antes de remoção da cor de efluentes contendo essa classe de 2500 a.C. Até metade do século XIX os corantes utilizados corantes. Para isso, foi utilizado um efluente real, obtido eram obtidos de fontes naturais, o que causava muitos da primeira descarga após o tingimento com corantes problemas de suprimento, padronização, substantividade e dispersos, contendo o corante Dianix Preto CC 3R solidez. (Dystar®), com uma concentração residual de 3,1 g/L. A Com o desenvolvimento industrial os processos de tingi- formulação da microemulsão foi determinada por um mento deixaram de ser artesanais. Novas fibras foram planejamento experimental de mistura, composta por desenvolvidas sinteticamente e os corantes naturais foram 3,30% de tensoativo (cloreto de dodecilamônio), 6,59% substituídos por corantes sintéticos, com maior solidez e de álcool isoamílico, 30,16% de querosene em 59,95 % substantividade que os corantes naturais. de efluente em pH fortemente básico (13,2). O Apesar da maior substantividade, uma grande porcen- rendimento da extração obtido foi superior a 97% de tagem de corantes não se fixam à fibra, sendo descartados no remoção da cor. Entretanto, sabe-se que os substratos de efluente. Os corantes dispersos, em especial, são consipoliéster-algodão são muito utilizados atualmente e, derados como tendo uma boa fixação à fibra, embora a perda devido a isso, os efluentes gerados nas operações de no efluente possa atingir até 20% (Blackburn, 2004; tingimento contêm tanto corantes dispersos como Valldeperas, 1999). 72 68 Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. Tecnologia Corantes A presença de cor no efluente é o parâmetro de aminoácidos e, mais recentemente na extração de corantes qualidade das águas mais facilmente detectado e tem reativos de efluentes têxteis (Castro Dantas, 2004; Beltrame, motivado a consciência pública com relação às questões 2004). Devido a alta eficiência obtida na extração de ambientais, coincidindo com níveis ascendentes de corantes reativos, buscou-se aplicar a mesma técnica na descargas coloridas (Greaves, et al., 2001; Arslan, extração de corantes dispersos, por serem ambos os corantes Balcioglu e Bahnemann, 2000). Além do aspecto estético, mais usados mundialmente. impede a fotossíntese prejudicando tanto a flora como a fauna aquática (Talarposhti, Donnelly e Anderson, 2001; MATERIAIS E MÉTODOS Yu, et al., 2002). A remoção da cor de efluentes têxteis tem sido Composição e origem do efluente Os efluentes usados neste estudo foram efluentes reais, matéria de considerável interesse nas últimas quatro obtidos de uma tinturaria localizada em Natal, RN, Brasil. décadas e muitas tecnologias têm sido desenvolvidas As amostras foram recolhidas após o processo de tingimento com esse objetivo. Embora a maior parte dos efluentes de poliéster e de algodão por esgotamento (primeira de tingimento não seja considerada tóxica, podem descarga). O efluente obtido no tingimento de poliéster sofrer uma degradação parcial ao atingir os corpos continha o corante Dianix black CC 3R (mistura de corantes d'água ou ser provocada por algumas formas de azóicos), com concentração final de 3,1 g/L e o efluente tratamento, fazendo com que as moléculas parcialmente obtido no tingimento de algodão continha o corante Reactive degradadas se liguem a outras moléculas, levando à black 5 (vinil sulfônico) na concentração de 4,4 g/L. formação de compostos muito mais tóxicos do que os Sistema de microemulsão corantes originais. Este problema tem sido especial- O sistema de microemulsão é formado por um agente mente encontrado em corantes contendo grupos cromó- tensoativo (cloreto de dodecilamônio), um cotensoativo foros azo, a cuja classe pertence a maior parte dos (álcool isoamílico), um óleo (querosene) e como fase aquosa corantes dispersos (Bustard, McMullan e McHale, 1998). o próprio efluente. Para identificar as regiões de Uma boa tecnologia de tratamento deve garantir a microemulsão obtidas nas diferentes proporções de cada completa mineralização do corante ou a remoção integral constituinte da mistura, constrói-se um diagrama de fases e, da molécula, a fim de evitar uma degradação parcial. Essa para facilitar a representação de um sistema composto por tecnologia pode ser a extração por microemulsão. quatro constituintes, adota-se uma razão constante de Microemulsões são dispersões líquido-líquido, for- cotensoativo/tensoativo (C/T) como um pseudoconstituinte, madas por líquidos de polaridades diferentes e uma que pode ser plotado em um dos vértices do triângulo. mistura de agentes tensoativos. São macroscopicamente Diagrama pseudoternário homogêneas, isotrópicas e termodinamicamente estáveis. As regiões do diagrama de fases foram determinadas de As gotículas dispersas possuem tamanhos nanomé- acordo com a classificação de Winsor (Winsor, 1948), que tricos, o que implica em uma grande área interfacial estabelece 4 tipos de regiões: WI (quando a fase de favorecendo a transferência de massa. microemulsão está em equilíbrio com uma fase orgânica em As microemulsões têm sido largamente empregadas excesso), WII quando a fase de microemulsão está em em processos de extração de metais, proteínas, equilíbrio com uma fase aquosa em excesso), WIII (quando a Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. 73 Tecnologia Corantes fase de microemulsão está em equilíbrio com a fase modelo matemático. O modelo assim obtido é usado na aquosa e orgânica) e WIV (quando macroscopicamente determinação do ponto de maior rendimento de remoção da existe uma única fase microemulsão). cor. Para se determinar as regiões de Winsor, a fase orgânica é misturada com o pseudoconstituinte (C/T) e a RESULTADOS E DISCUSSÕES mistura é titulada com a fase aquosa observando-se as Para a extração de corantes dispersos por microemulsão variações possíveis, que formarão as regiões de Winsor. tomou-se como base o sistema utilizado por Castro Dantas et Posteriormente, a fase aquosa é misturada com o al, 2004, aplicado na extração de corantes reativos. pseudoconstituinte e a mistura obtida é titulada com a Observou-se, primeiramente, que no pH normal do efluente fase orgânica. O diagrama de fases pseudoternário é (5,5 6) nenhuma extração ocorria, havendo a necessidade de construído plotando-se as quantidades dos componentes alcalinizar o pH até atingir o valor de 12,8 a 13,2, quando usadas no experimento. ocorre a extração. É importante salientar que a separação das Processo de extração fases (extração) ocorre espontâneamente após a mistura O processo de extração ocorre espontâneamente dos componentes. quando os componentes são misturados em proporções O efluente alcalinizado foi misturado ao cloreto de adequadas. Neste estudo, a razão C/T foi mantida igual a dodecilamônio, álcool isoamílico e querosene para a 2 e o pH do efluente foi ajustado para 13,2. Todos os ex- construção do diagrama pseudoternário, utilizando a mistura perimentos ocorreram à temperatura ambiente (26 ºC). C/T =2 como um pseudocomponente. O diagrama assim Métodos de análise obtido está apresentado na Figura 1. A determinação de corante no banho e a remoção da Na Figura 1 podem ser observadas três regiões: uma cor foram medidas através de absorção molecular utili- pequena região de Winsor IV + S (constituída da fase de zando o equipamento UV-Visível da Biochrom modelo microemulsão com um excesso de tensoativo), seguida por Libra S12. As análises de absorbância varreram a faixa outra pequena região de Winsor IV e uma larga região de espectral de 380 a 780 nm e a área correspondente foi Winsor II, propícia para a extração por microemulsão em calculada pelo método integrativo de Simpson. meio aquoso. Rede de Scheffé Devido ao componente de menor custo ser o próprio A rede de Scheffé é um planejamento experimental efluente, a região de interesse nesse diagrama é a que se que se baseia na variação das propriedades de uma mistura ternária (ou pseudoternária) em função da con- encontra próxima ao vértice do efluente. Essa região No Brasil, acredito, sairãofoi, então utilizada para verificar a melhor proporção vencedoras as empresas quedos centração de seus constituintes, cujo tratamento estatís- componentes da mistura a fim de se obter a maior eficiência tico dos resultados mostra o comportamento desta mistu- de extração. Para isso foi utilizada a Rede de Scheffé. ra no domínio estudado. Figura 1. Representação do diagrama de fases com as regiões de Winsor. Para isso, constrói-se um triângulo eqüilátero dentro investirem pesado em tecnologia e criatividade. C/T 0,00 1,0 da região de interesse; analisam-se os pontos selecio- Winsor IV + S nados deste triângulo mediante os resultados obtidos. 0,8 0,25 0,6 Através de um tratamento estatístico obtém-se um 0,50 Winsor IV 0,4 Winsor II 0,75 1,00 0,00 74 68 Efluente Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. 0,2 0,25 0,50 0,75 0,0 1,00 Querosene Tecnologia Corantes A rede de Scheffé limita a área de interesse através As misturas, referentes aos pontos da Tabela 2, foram da construção de um triângulo eqüilátero nessa área, preparadas e, após a separação das fases (extração), a cor da com pontos distribuídos dentro desse triângulo que fase aquosa assim obtida foi analisada por absorção correspondem às diferentes composições de misturas. A molecular na faixa de 380 a 780 nm (região visível). A área rede de Scheffé construída utilizou 14 pontos, conforme correspondente a essa faixa representa a cor final após a pode ser observado na Figura 2. A composição desses extração. A diferença percentual entre a área obtida na pontos (fração mássica) pode ser observada na Tabela amostra original e a obtida em cada ponto representa o 1. Figura 2 Demonstração da região de estudo da Rede de Scheffé e os pontos analisados. percentual de extração específico desse ponto. Os resultados obtidos estão apresentados na Tabela 2. Aplicando um tratamento estatístico nos resultados, através do Software Statistica 7.0 da Statsoft, obtiveram-se os modelos matemáticos representativos do processo de extração. O modelo matemático que obteve o melhor ajuste foi o cúbico completo (“full cubic”), conforme a equação 1. % Extração = ,2478*XA + 4,0183*XO + 0,1103*XC/T 5,6826*XA*XO + 4,1014*XA*XC/T 8,3282*X A *X O (X A -X O ) 9,7799*XO*XC/T + 2,5321*X A *X C/T (X A -X C/T ) + 10,2908*XO*XC/T(XO-XC/T) + 14,0181*XA*XO*XC/T (Eq.1) Tabela 1 Composição dos pontos da Rede de Scheffé % Extração Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. 75 Tecnologia Corantes Entretanto, observou-se após a extração que a relação CONCLUSÃO de fases obtida nos pontos analisados apresentava uma A utilização de microemulsões na remoção da cor de grande variação, sendo que em alguns deles o volume efluentes contendo corantes dispersos mostrou-se bastante aquoso residual era mínimo, o que inviabilizaria a utiliza- eficiente. ção do método de extração. Sendo assim, um novo modelo foi gerado utilizando esses resultados, conforme pode ser observado na equação 2. O ajuste de pH é muito importante, sendo que a extração de corantes dispersos ocorre em pH 12,8-13,2. Dentro do diagrama pseudoternário, a região rica em água e, portanto, rico em efluente mostrou-se bastante % Volume aquoso residual = 1,1014*XA 1,8883*XO interessante tanto em termos de remoção da cor como em 1,5042*XC/T + 6,5989*XA*XO + 2,6037*XA*XC/T + termos econômicos, já que o próprio efluente é o maior 4,1833*XO*XC/T componente do sistema. 0,015*XA*XC/T(XA-XC/T) 6,5449*XA*XO(XA-XO) 3,7685*XO*XC/T(XO-XC/T) + Dentro da área de estudo ocorreu grande variação na relação de fases, que foi considerada na análise dos 5,0703*XA*XO*XC/T (Eq.2) resultados além do percentual de extração. O ponto ótimo obtido ao considerar esses dois fatores levou a um percen- Através de um método de busca e otimização (Simplex) com restrição nos limites do triângulo interno tual de extração de 97% e de volume aquoso residual de 96%. da rede de Scheffé, utilizou-se as duas equações em O ponto ótimo aplicado a uma mistura de efluentes conjunto a fim de encontrar o ponto ótimo. O resultado contendo corantes dispersos e reativos apresentou resul- obtido foi: 3,30% de tensoativo, 6,59% de álcool tado ainda superior ao obtido apenas com o efluente isoamílico, 30,16% de querosene e 59,95% de efluente. disperso, chegando a um percentual de extração de 99,6%, Nesse ponto, a remoção da cor obtida foi de 97% e o sem ajuste de pH. volume aquoso residual de 96%. Uma das principais vantagens da extração por micro- Devido a grande utilização de fibras de poliés- emulsão está no fato de poder ser utilizada imediatamente ter/algodão e a conseqüente utilização de tingimentos após o processo de tingimento, e com tempo mínimo, já que com corantes dispersos e reativos, verificou-se ainda a o processo de extração ocorre i mediatamente ao se mistu- viabilidade da utilização simultânea da extração por rar os componentes da microemulsão. microemulsão, através do ponto ótimo obtido, em uma Um aspecto importante a ser ressaltado trataNo Brasil, acredito,neste sairão mistura de efluentes disperso e reativo. Para isso, foram misturadas amostras de efluentes de tingimento com mento é a remoção da vencedoras molécula do as corante intacta, sem empresas que degradação parcial, que poderia provocarpesado a formação investirem em de esses corantes na proporção de 1:1. novas substâncias mais tóxicas que o corante original. tecnologia e criatividade. Observou-se, neste caso, que a extração ocorria mesmo sem o ajuste de pH, sendo o pH final da mistura 76 68 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS igual a 10,6. Observou-se ainda que a extração era BLACKBURN, R. S. Natural polysaccharides and their otimizada, com percentual de extração igual a interactions with dye molecules: applications in effluent 99,6%. treatment. Environmental Science & Technology, v.38, n.18, Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. Tecnologia Corantes p.4905-4909, 2004. VALLDEPERAS, J. M. Estado atual e evolução previsível da tecnologia de tingimento. Química Têxtil, n.54, p.5-14, março, 1999. dye structure in interaction between organic flocculant PANDCD and dye. Industrial & Engineering Chemistry Research, v.41, n.6, p.1589-1596, 2002. BUSTARD, M.; MCMULLAN, G.; McHALE, A. P. GREAVES, A. J.; CHURCHLEY, J. H.; Biosorption of textile dyes by biomass derived from HUTCHINGS, M. G.; PHILLIPS, D. A. S.; TAYLOR, J. Kluyveromyces marxianus IMB3. Bioprocess Engineering, A. A chemometric approach to understand the v.19, p.427-430, 1998. bioelimination of anionic, water-soluble dyes by a CASTRO DANTAS, T. N.; BELTRAME, L. T.C.; biomass using empirical and semi-empirical molecular DANTAS NETO, A. A.; MOURA, M. C. P.A. Use of descriptors. Water Research, v.35, n.5, p.1225-1239, microemulsions for color and dyes removal from textile 2001. wastewater. Journal of Chemical Technology and ARSLAN, I.; BALCIOGLU, I. A.; BAHNEMANN, Biotechnology, v.79, p.545-650, 2004. D. W. Advanced chemical oxidation of reactive dyes in BELTRAME, L. T. C.; DANTAS NETO, A. A.; CASTRO simulated dyehouse effluents by ferrioxalate-Fenton/UV- DANTAS, T. N.; NASCIMENTO, J. H. O. Microemulsão: a A and TiO2/UV-a processes. Dyes and Pigments, v.47, nova tecnologia na remoção da cor de efluentes. Química p.207-218, 2000. Têxtil, Barueri, SP, v. 76, n. 76, p. 64-75, 2004. TALARPOSHTI, A. M.; DONNELLY, T.; ANDERSON, G. K. Colour removal from a simulated dye wastewater using a two-phase anaerobic packed bed reactor. Water Research, v.35, p.425-432, 2001. YU, Y.; ZHUANG, Y. Y.; LI, Y.; QIU, M. Q. Effect of FRIBERG, S. E.; BOTHOREL, P. Microemulsions: Structure and Dynamics; CRC Press, Inc: Florida, 1988. WINSOR, P. A. Hydrotropy, solubilization and related emulsification processes. Transactions of the Faraday Society, v.44, p.376-398, 1948. O mundo ao seu redor Aprimoramento dos conhecimentos tecnológicos dos associados Impulsionamento do desenvolvimento e aperfeiçoamento da Indústria Têxtil Nacional Publicações de revistas e boletins informativos contendo artigos técnicos importantes para sua carreira Simpósios Conferências Atribuição de bolsas de estudos e aperfeiçoamento no país ou no exterior A Associação Brasileira de Químicos e Coloristas Têxteis se importa e se interessa pela sua carreira. Você associado pode muito mais através dos contatos e informações que levamos até você. Seja um membro ABQCT Construa a sua história! www.abqct.com.br e-mail: [email protected] II Prêmio ABQCT de Estímulo ao Estudo Especial Diretoria divulga o resultado do II Prêmio ABQCT de Estímulo ao Estudo Os vencedores devem embarcar em janeiro de 2009. A Diretoria acaba de divulgar: Renato Loch, da FURB de Blumenau, e Vitor Zambon Brizido, da FEI de São Bernando do Campo, são os vencedores do II Prêmio ABQCT de Estímulo ao Estudo. Ambos estarão dando um grande passo em suas vidas pois, além de serem os melhores colocados, ganharam uma bolsa de estudos na Universidade de Terrasa, na Espanha. Para o presidente Evaldo Turqueti, a ABQCT só tem a agradecer a disponibilidade de todos os participantes do concurso. “Não se sintam como perdedores porque de maneira nenhuma o são, pois estar entre os 14 melhores formandos do Brasil é uma vitória”. Para ele, o método de avaliação, a prova que é realizada, jamais avalia um concorrente em seu todo, mas é a única forma viável de realizar a premiação. “O que importa, além de se alcançar esta vitória e o desenvolvimento da carreira que tiveram até aqui, é que continuarão a ter no futuro, certamente, se não tivessem um passado brilhante, não seriam merecedores de chegarem onde chegaram. Parabéns a TODOS, muita sorte e determinação em suas carreiras.”, finaliza. Investimento - Ao todo foram 13 patrocinadores que proporcionaram mais esta conquista. De acordo com a Diretoria, graças a estes patrocinadores o projeto pode realizar o sonho de alguns estudantes. Para eles, o importante é estimular e fazer com que o país tenha profissionais mais bem capacitados. Patrocinadores 78 68 Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. “Para nós do Centro Universitário da FEI, é com muita alegria que parabenizamos o nosso dedicado aluno Vitor Brizido como vencedor deste prêmio tão importante promovido pela ABQCT, que reúne em âmbito nacional as escolas têxteis visando uma contribuição na formação técnico-científica destes profissionais. Aos demais estudantes, mesmo os que não participaram do concurso, vale a pena ressaltar a importância do estudo no aprimoramento profissional para a conquista do sucesso em suas carreiras.” Camilla Borelli Coordenação do Curso de Engenharia Têxtil Centro Universitário da FEI A todos os participantes deixo esta mensagem: “Ser feliz não é ter uma vida perfeita Ser feliz é reconhecer que vale apena viver Apesar de todos os desafios e perdas... Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas E se tornar autor da própria história... Ser feliz é uma conquista e não uma obra do acaso” (Autor desconhecido) Em especial gostaria de dizer ao meu aluno e Orientado Renato Loch que sinto-me gratificada e orgulhosa por ter sido sua professora e orientadora. Profa Ivonete O. Barcellos- FURB II Prêmio ABQCT de Estímulo ao Estudo Vencedores Renato Loch agradece, enfatiza e fala sobre suas expectativas. “Deixo meus agradecimentos à ABQCT e a todos os membros desta entidade que organizaram este evento, às empresas que estão patrocinando e com isso tornando realidade este Prêmio. E a todos que de alguma forma me ajudaram nesta conquista: minha família (esposa e filhas), meus amigos e aos professores da Furb, e de uma forma muito especial àqueles que torceram por mim.” R enato Loch, 43 anos, nascido em São Martinho - SC, reside atualmente em Brusque - SC, Bacharel em Química Têxtil pela FURB - Universidade Regional de Blumenau. É um dos vencedores do II Prêmio ABQCT de Estímulo ao Estudo. Em entrevista especial para a Química Têxtil, Renato conta que sentiu uma explosão de alegria e uma sensação de vitória, pois o que parecia ser um sonho distante passou a ser real. “De alguma forma sempre alimentei uma mínima esperança, porém sabia que, assim como eu, naturalmente os demais concorrentes também competiram com seriedade. Entretanto, somente o fato de ter sido escolhido pela Universidade para participar deste evento, já representou para mim uma grande conquista, por isso, independente do resultado final, todos os participantes são vitoriosos e estão de parabéns”. Para ele, os estudantes nunca deverão deixar de acreditar na possibilidade de fazer um estágio fora do Brasil e deixa uma dica: “Que procurem sempre atuar com seriedade durante o curso na graduação. Esta é sem dúvida a melhor preparação. Eu diria que eu estive me preparando, dentro de minhas condições, durante 4,5 anos, que foi o período da graduação.” Com relação à viagem estimada para janeiro de 2009, Loch ainda enfatiza “eu não teria nenhum apego maior em algum objeto em particular que não poderia faltar na minha bagagem, contudo, acho que um evento desta grandeza precisa ficar muito bem registrado, logo uma câmera fotográfica não poderia faltar.” Ele ainda revela o tamanho de sua expectativa já que para Renato, a viagem deverá ser um fato marcante e inesquecível em sua vida. “Ciente da importância que esta Universidade (UPC) e os profissionais que nela atuam, representam no campo da Química Têxtil, tenho certeza que terei muito a aprender com este estágio, e que este aprendizado vai agregar muito para minha carreira profissional, com muita aplicação prática. “Posteriormente, espero poder compartilhar a experiência com outros colegas profissionais da Química Têxtil, que é o mínimo que posso fazer para retribuir de alguma forma o voto de confiança que estão depositando em mim”, finaliza. Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. 79 II Prêmio ABQCT de Estímulo ao Estudo Vencedores Para Vitor Brizido, o reconhecimento parte desde o início da indicação. “Tenho que agradecer a bastante gente: a Faculdade por ter me escolhido; a minha família por ter me apoiado; ao professor Paulo Alfieri por ter ajudado sempre com livros, apostilas, artigos e tudo mais para eu estudar; ao Paulo Schlickmann, meu chefe, por ter sempre me ensinado o que eu precisava na parte prática; e também a ABQCT e aos patrocinadore pelo concurso.” Vitor Zambon Brizido e sua mãe Cristiane Zambon Brizido V itor Zambon Brizido, 22 anos, nasceu e reside em jundiaí - SP, graduado em engenharia Têxtil pela FEI - Faculdade de Engenharia Industrial, é um dos vencedores do II Prêmio ABQCT de Estímulo ao Estudo. QT - Qual foi a sua primeira reação ao saber que foi um dos premiados? Vitor - A primeira sensação foi de alegria mistu-rada com satisfação por ter conseguido passar em uma prova concorrendo com os melhores do Brasil. Minha mãe ficou muito feliz, foi a primeira pessoa para quem eu contei, depois foi minha irmã mais nova que ficou cheia de satisfação, pois ela estava tão ansiosa quanto eu para receber a notícia, depois meu pai, que também ficou muito contente e orgulhoso de mim pelo resultado. QT - A parte mais difícil do concurso, sem dúvida, é o dia da prova. Para você, como foi a avaliação? Vitor - Para mim, a prova foi de um bom nível, 80 Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. contendo questões que relacionam a teoria dada na faculdade com a realidade do dia-a-dia de uma tinturaria. QT - Qual a sua expectativa para o estágio? Vitor - Na viagem pretendo acumular a maior quantidade de conhecimento que conseguir, saber sobre novidades, novos processos, e trazer para o Brasil inovações e melhoramentos, se possível. É claro que não faltará, com certeza, uma máquina fotográfica para registrar todos os momentos que passarei por lá! QT - Que mensagem você pode deixar para todos os estudantes que sonham com um estágio fora do país? Vitor - Posso dizer que todos os que almejam algum estágio fora, que estudem, que leiam muito, que se interessem, que façam estágios por aqui também, e que nunca desanimem, é sempre importante tentar. QT - Além da busca pelo prêmio, o que considera mais importante neste concurso? Vitor - Com certeza é o reconhecimento da faculdade e a galeria que foi apresentada com os novos profissionais promissores do mercado químico têxtil. Entrevista especial Projeto quer imitar a cartilagem do corpo “O intercâmbio de idéias no mundo acadêmico de pesquisa é muito importante”. “ N a minha opinião, onde vou morar no futuro não importa muito. Acredito que o mundo se tornou pequeno e as distâncias são irrelevantes. Mas sim, gostaria de desenvolver projetos no Brasil”. Esta citação é da irreverente profissional Camila Silva Flor, 25 anos, que cursou engenharia industrial modalidade Têxtil na UPC - Universidad Politecnica de Catalunha, e vem causando polêmica com o seu projeto de estudo. Camila conta que, em janeiro deste ano, foi para Cornell University fazer o seu projeto de fim de curso e apresentou-o em outubro de 2008 na UPC, Espanha. Desde então, após apresentação de seu projeto, Camila virou alvo de muitos jornais e Blogs na Espanha devido ao seu experimento polêmico: decidiu estudar o processo de formação de nanofibras de colágeno via electrospinning, cujo tutor nesta pesquisa foi o Dr. Juan Hinestroza . Ela explica que se trata de um projeto grande, onde mais pessoas estão envolvidas, já que o objetivo desse projeto a longo prazo é conseguir imitar a cartilagem do corpo. “Hoje em dia existem próteses sintéticas para a cartilagem, mas que não seguem a mesma orientação que a cartilagem original do nosso corpo,” diz. “Com esse projeto queremos imitar a cartilagem de forma a obter o mínimo de rejeição possível quando esta cartilagem for injetada no corpo. No momento conseguimos orientar as fibras de colágeno onde cultivaremos as células que reproduzirão a cartilagem”, completa. Camila ainda ressalta que a base que obteve na UPC foi muito importante para a sua continuação em Cornell. “O intercâmbio de idéias no mundo acadêmico de pesquisa é muito importante. A minha intenção agora é dedicar-me ao green relacionado com o mundo têxtil. No momento estou trabalhando em um projeto de modificação da superfície de fibras com o uso da técnica de Plasma no sentido de mudar as afinidades, o que levaria a poder fazer desde acabamentos diferenciados , até a mudança no processo da tintura.” Camila não é uma participante do Prêmio ABQCT de Estímulo ao Estudo, mas com certeza é um grande estímulo para os vencedores que lá conhecerão a UPC e aos que desejam estar na lista do concurso do próximo ano. “Tive excelentes professores com muita experiência, como o Professor Josep Valldeperas. Mas também tenho que agradecer e muitíssimo ao professor Juan Hinestroza de Cornell.” Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. 81 Produtos e Serviços Venda da Pulcra Chemicals é formalmente finalizada Jacareí (SP)- No mês de novembro, a venda da Pulcra Chemicals. Chemicals foi formalmente finalizada. O anúncio foi A venda da Pulcra está em linha com a estratégia da feito pela Cognis e pela Fashion Chemicals GmbH & Cognis de focar seus esforços em seus negócios-chave Co. KG, esta última, empresa compradora da Pulcra. impulsionados pelas tendências de ‘Bem-estar’ e Os recursos provenientes da transação somam 23.1 ‘Sustentabilidade’. milhões de euros. A Fashion Chemicals também A área de Compras da Pulcra foi a primeira que passou a assumiu 15 milhões de euros em passivos financeiros, atuar sob uma nova estrutura, com um setor próprio, incluindo dívidas e aposentadorias da empresa. responsável por todas as suas compras, tanto de matérias- A Pulcra Chemicals, que fornece produtos químicos primas quanto de serviços e materiais diversos. para processos em indústrias têxteis e coureiras, era O objetivo da empresa, que sempre contou com o apoio anteriormente a Unidade de Negócios Estratégicos da área de Compras da Cognis, é controlar ainda de mais Process Chemicals da empresa Cognis. perto os custos de materiais que impactam os resultados da No dia 1º de julho de 2007, passou a atuar como uma Companhia. entidade legal e independente, renomeada Pulcra Uma mensagem da Colorzen para seus clientes, funcionários e fornecedores. A força da amizade e a energia compartilhada com nossos clientes e parceiros, tem sido a chave mestra para a gradual conquista de nossos ideais. Crescemos e evoluímos neste ano, investindo em equipamentos mais produtivos e no desenvolvimento de novos produtos, bem como na preservação do meio ambiente, seguimos investindo no social e no cultural, com apoio ao prêmio de estimulo ao estudo e nos saraus de poesia em escolas engajadas. Esperamos que os resultados se multipliquem no próximo ano, pautados sempre pelos princípios da ética, respeito e profissionalismo. Obrigado! Boas festas! 82 Revista Química Têxtil n 93/Dezembro 2008. Esta edição da Revista Química Têxtil está chegando às suas mãos graças à colaboração dos seguintes anunciantes Sua empresa também pode contribuir com o aperfeiçoamento dos profissionais da Indústria Têxtil Anuncie aqui. Tel. (11) 4195.4931