DOUTRINAS E PRÁTICAS NÃO BATISTAS EM IGREJAS BATISTAS

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DOUTRINAS E PRÁTICAS NÃO BATISTAS EM IGREJAS BATISTAS
DOUTRINAS E PRÁTICAS NÃO BATISTAS EM IGREJAS BATISTAS
COOPERANTES COM A CONVENÇÃO BATISTA MINEIRA
DOCUMENTO VINCULANTE
Aprovado em Divinópolis
Assembleia Geral Ordinária de 2012
Introdução:
O Conselho Doutrinário da Convenção Batista Mineira é o órgão que estuda e ajuíza as
questões espirituais das igrejas cooperantes com a Convenção Batista Mineira.
Entendemos que as igrejas são autônomas, por isso que são capazes de assumir
responsabilidades. De fato, ninguém quer ser lesado em seus contratos. Não é preciso
argumentar que a causa em que a Convenção está empenhada é de interesse de
ambas as partes – Igreja e Convenção. Assim é justo dizer que as partes são cooperantes
para o desenvolvimento de uma causa comum. Fidelidade e dignidade são termos
adequados para caracterizar essa cooperação entre a Convenção e a Igreja. É de bom
alvitre lembrar que esta cooperação da igreja é voluntária. Um outro aspecto a
considerar é que uma igreja denominada batista deve sê-lo antes de se filiar à
Convenção. É compreensível isso, sabendo-se que “pássaros da mesma pena voam
juntos”; com isto estamos dizendo que as igrejas da Convenção Batista Mineira são
gregárias, caracterizadas pela mesma fé e ordem. Igrejas e Convenção cantam no
mesmo coro, tendo, portanto, o mesmo ritmo e harmonia, tendo a mesma partitura.
Nosso maestro é Cristo e o nosso livro é inspirado pelo Espírito Santo.
A Bíblia não é de particular interpretação, ela se interpreta. Pois bem, a Convenção diz
em seu Estatuto que a Igreja que quiser filiar-se na qualidade de igreja cooperante
assume as seguintes responsabilidades:
Constitui-se de Igrejas Batistas associadas cooperantes, doravante neste Estatuto
chamadas de Igrejas, representadas pelos mensageiros por elas credenciados segundo
o Regimento Interno da Convenção. Parágrafo 1º.
A Convenção reconhece a autonomia administrativa das igrejas.
Parágrafo 2º. Para ser admitida como associada, a Igreja precisa atender as seguintes
condições:
a)
Encaminhar à Convenção, através do Conselho Diretor, seu pedido de
arrolamento, através do formulário próprio, devidamente preenchido e assinado
por seu Presidente;
b)
Declaração que reconhece as Escrituras Sagradas – Bíblia – como única regra de fé
e prática, e que reconhece como fiel a Declaração Doutrinária da Convenção
Batista Brasileira, a qual se obriga a atender;
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c)
Declaração que reconhece o Plano Cooperativo como principal provedor da
Convenção, se comprometendo a também praticá-lo, no percentual mínimo de
10% dos dízimos arrecadados;
d)
Declaração que reconhece como fontes de sustento da Convenção Batista
Mineira, as ofertas designadas, se comprometendo também a promover
campanhas de arrecadações das mesmas, bem como demais campanhas
patrocinadas pela CBM;
e)
Declaração que acata os princípios batistas defendidos pela Convenção Batista
Brasileira e Convenção Batista Mineira, como fiel, aplicando-as também em sua
prática;
f)
Declaração que acata as orientações doutrinárias da Convenção Batista Mineira, se
comprometendo a implantá-las em suas práticas;
g)
Outras, a critério da Assembléia;
Parágrafo 3º. - É passível de censura, suspensão, demissão e exclusão, a igreja que:
I)
Desobedecer aos ensinos da Palavra de Deus;
II)
Prejudicar sob quaisquer pretextos o bom nome da Convenção;
III)
Descumprir o presente Estatuto.
Parágrafo 4º. A igreja associada que não cumprir as decisões da Convenção ou este
Estatuto está sujeita às seguintes penalidades:
a)
Advertência reservada;
b)
Censura Pública;
c)
Suspensão temporária de seus direitos;
d)
Demissão ou Exclusão de seus quadros;
e)
Outros a juízo da Assembléia.
Inciso I – As penalidades previstas neste parágrafo não possuem caráter progressivo,
podendo ser aplicado qualquer deles, a critério da Assembléia da Convenção.
Artigo 2º. – A Convenção constitui-se de Igrejas Batistas Cooperantes, doravante neste
Regimento Interno chamadas igrejas, representadas pelos seus mensageiros, nos termos
deste Regimento Interno.
Parágrafo 1º. – Para ser arrolada na Convenção a Igreja encaminhará à Convenção
através do Conselho Diretor, seu pedido de arrolamento nos termos do formulário
adotado, que aceita as Escrituras Sagradas como Única Regra de Fé e Prática, que
reconhece como fiel a Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira e afirma
seu propósito de contribuir moral, espiritual e financeiramente através do Plano
Cooperativo e de ofertas designadas para a execução do programa das igrejas, por
meio da Convenção.
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Parágrafo 2º. – A Convenção é competente para deferir ou indeferir pedidos de
arrolamento, zelar pela fidelidade doutrinária e desligar do seu rol qualquer igreja que se
desvie das doutrinas aceitas pela Convenção, mediante parecer do Conselho Diretor, a
juízo desta.
Parágrafo 3º.- A Convenção reconhece como princípio doutrinário batista a autonomia
administrativa das Igrejas, podendo, entretanto, por intermédio do Conselho Diretor,
defender seus interesses doutrinários e/ou patrimoniais direta ou indiretamente em juízo
ou fora dele, conforme o Artigo 2º.. Parágrafo 1º. e Artigo 17 do Estatuto da Convenção.
A partir do exposto, o Conselho Doutrinário da CBM, resolve através deste documento,
orientar e alertar às igrejas filiadas a respeito de possíveis desvios doutrinários que possam
ser cometidos pelas mesmas. Mesmo levando em conta a autonomia das igrejas locais,
entendemos que cabe à Convenção a tarefa de acompanhar as igrejas cooperantes
sobre práticas que pouco ou nada têm a ver com o convencionado entre as igrejas
batistas componentes da Convenção Batista Brasileira e, por conseguinte, com a
Convenção Batista Mineira.
Sendo assim, o Conselho Doutrinário da CBM, baseando-nos em primeiro lugar na nossa
interpretação das Escrituras Sagradas, na Declaração Doutrinária da Convenção Batista
Brasileira, no documento elaborado pelo GT da CBB que tratou das práticas pentecostais
e em obras e artigos publicados por escritores batistas, vem apresentar algumas
orientações aos pastores e igrejas.
I – Culto e Liturgia numa igreja batista cooperante com a CBM:
Em primeiro lugar precisamos distinguir prática de culto de liturgia. Culto é o encontro
com Deus, a essência da busca humana. Liturgia é a forma através da qual o culto é
prestado a Deus. As igrejas batistas sempre foram conhecidas pela informalidade na
liturgia. Já os anabatistas do século XVI, romperam com a pompa do culto romano,
enquanto os batistas ingleses segundo consta, eram contrários ao uso de manuais
litúrgicos.
Reconhecemos então, que não há um modelo, um padrão de culto. As igrejas batistas
não adotam uma forma de culto comum, há uma multiplicidade de formas de culto. No
entanto, por mais solene ou espontânea que seja a liturgia de uma determinada igreja, o
culto precisa ser centrado na Palavra de Deus, seja em sua leitura e exposição, seja
através dos cânticos e hinos. É na Bíblia que encontramos a essência do culto que deve
ser focado na adoração a Deus e não nas necessidades ou nos feitos humanos. O culto
deve expressar uma coincidência de fé e prática.
Nesse caso, não há como separar liturgia de doutrina, fé de prática. A doutrina é o
fundamento da fé. Portanto, nossa liturgia deve estar embasada em nossas doutrinas. O
que pregamos e cantamos deve esboçar necessariamente o que cremos.
Diante dessas considerações, entendemos que há práticas que podem ou não ser
usados nos cultos, uma vez que não são essenciais e nem definidores da ortodoxia
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batista. Mas entendemos também que há práticas não são convenientes às igrejas
batistas cooperantes com a Convenção Batista Mineira:
II – Práticas que PODEM OU NÃO ser usadas no culto sem prejuízo da
ortopraxia batista:
2.1. Uso de palmas nos cultos. Entendemos que o uso das palmas no culto, muito
embora desnecessário, não fere em si nossas doutrinas. Em nossa cultura, as
palmas são sinal de alegria, de júbilo. No entanto, precisamos buscar o equilíbrio
entre as palmas (Sl 47.1) e a reverência devida ao Senhor, num culto que deve ser
prestado a Deus “com decência e ordem”. (1 Co 14.40).
2.2. Uso de determinadas expressões do vocabulário evangélico atual como: Graça
e paz, paz do Senhor, Glórias e Aleluias, etc. Há na Bíblia várias formas de
tratamento respeitoso praticado entre o povo de Deus. Não é porque alguns
grupos usam certas frases como padrão de cumprimento que não poderemos
usá-las. (1 Co 1.3).
2.3. Levantar as mãos na hora de cânticos ou de oração. O apóstolo Paulo escreveu;
“quero, portanto que os homens orem em todo lugar levantando mãos santas sem
ira nem contenda” (1 Tm 2.8) Entre os hebreus os sacerdotes deviam lavar as mãos
antes da oração da oferta do sacrifício. A palavra de Paulo bem pode ser uma
alusão a esta frequente figura para a retidão e pureza de vida. O dever de sermos
puros de mãos e limpos de coração cabe a nós que somos um povo sacerdotal (1
Pe 2.9) Mais importante que levantar as mãos quando oramos ou louvamos ao
Senhor, é o dever de sermos limpos de mãos e puros de coração. No entanto,
entendemos que o levantar ou não das mãos no culto não constituem em si
desvio doutrinário.
2.4. Chamar pessoas à frente para oração. Para que Deus ouça e atenda à oração
não é necessário nenhum tipo de postura especial (de joelhos, de pé, assentado,
perto do pregador, com imposição de mãos, em duplas, em grupo, etc.) Portanto,
entendemos que desde que destituído de caráter místico, essas práticas em si não
constituem desvio doutrinário. (Mt. 6.5; At 20.36; Lc 22.46; Tg 5.16-17; Ef 6.18; 1Ts
5.17). (seria interessante colocar os textos na ordem em que aparece na Bíblia)
III – Práticas NÃO convenientes às igrejas batistas cooperantes com a
Convenção Batista Mineira:
3.1. Unção com óleo. No nosso entendimento, a referência à unção com óleo na
Bíblia está ligada à ação terapêutica medicinal do óleo para alívio do enfermo (Lc
10.34) e não a poderes sobrenaturais que possam existir no óleo. Em nossos dias, o
“óleo” é tão somente o medicamento aplicado ao enfermo. Um dos textos mais
citados para embasar essa prática, tem sido Tiago 5.13 e 14, mas a nosso ver,
interpretado equivocadamente. Tiago escreve de forma prática, sem simbolismos.
Usa a forma direta e simples para explicar que “a oração da fé é que salva o
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doente” (Tg. 5. 15). Nesse caso, o óleo não tem em si nenhum poder curativo
sobrenatural, o verdadeiro poder está no Senhor, que pode vir a curar o enfermo,
em atendimento às orações de verdadeiros crentes no Senhor Jesus Cristo, mesmo
sem a unção com óleo.
3.2. Oração no monte: Jesus não deixou nenhuma ordem explícita ou ensinamento
de que o monte fosse lugar privilegiado para a prática da oração. À Samaritana,
ele afirmou que a adoração a Deus não depende de lugar, mas deve ser feita
“em espírito e em verdade” (João 4.23). Jesus também nos recomendou entrar no
quarto e secretamente orar a Deus Pai que nos ouve e atende secretamente
(Mat.6.6) Por isso, não concordamos com a ênfase dada por alguns grupos de que
é necessário subir ao monte para sentir a presença de Deus ou para visualizar
fenômenos extraordinários. Esse ensinamento não se sustenta diante de uma séria
exegese bíblica. É certo que devemos orar em todo lugar (1 Tm 2.8), inclusive no
monte se lá estivermos. No entanto, privilegiar o monte como lugar para oração
ou adoração a Deus pode, sobretudo levar os novos crentes, à superstição e ao
misticismo exacerbado.
3.3. Aceitação de prática de adivinhações através de sonhos e profecias. (Lv 19.31;
20.6; At 16.16-18) Temos vivido tempos de muitas “profecias”. Na Bíblia, o profeta
era aquele que falava em nome de Deus, a partir de uma revelação especial do
próprio Deus. Segundo Jesus, “a lei e os profetas duraram até João” (Lucas 16.16).
Nesse caso, João Batista foi o último profeta. Portanto, toda pregação atualmente
deve ser feita a partir da revelação bíblica. As profecias de adivinhações nesse
caso deveriam ser banidas de nosso meio, mesmo porque a própria Bíblia
condena os adivinhos: “Porque assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel:
Não vos enganem os vossos profetas que estão no meio de vós, nem os vossos
adivinhos, nem deis ouvidos aos vossos sonhos, que sonhais” (Jr. 29.8). Hoje em dia
têm sido comum no meio cristão algumas práticas, antes só restritas a grupos
esotéricos e espíritas, como a função de decifrar sonhos. Muitos incautos, no afã
de “descobrir” se Deus está falando consigo, podem ser confundidos por suas
próprias emoções e até pelo nosso inimigo. Sustentamos que se Deus quer falar
conosco, Ele o fará por meio de Sua Palavra a nós revelada. (Jeremias 23.25-28).
3.4. Revelações. Como afirmamos acima, nosso entendimento é que a revelação já
se completou no “amém” do Apocalipse. Revelação é entendida aqui, como o
ato de Deus de “tirar o véu”, mostrar algo que estava encoberto. Deus fez isso de
duas formas: primeiro através de sua própria criação. A esse ato chamamos
“Revelação geral”. (Sl 19.1-4; Rm. 1. 18-20). A outra maneira de Deus se revelar é
através de Sua Palavra, a Bíblia. A esta, chamamos “revelação especial”. O
propósito da Bíblia é trazer a auto-revelação de Deus aos homens, através de
homens e mulheres que escreveram sob a inspiração do Espírito Santo (2 Tm. 3.16).
Deus revelou-Se a Si mesmo através da criação, da sua palavra escrita e na
pessoa do Filho. “Ninguém jamais viu a Deus. O Deus unigênito, que está no seio
do Pai, esse o deu a conhecer” (Jo 1.18). Jesus é a maior revelação de Deus. Um
conceito que está ligado à revelação é a iluminação. (I Jo. 1.20). A iluminação é
para que os crentes descubram as grandes verdades reveladas por Deus na Sua
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Palavra e as aplique em suas vidas por obra e graça do Espírito Santo de Deus. (I
Jo. 2.27, I Co. 2.14, Ef. 1.17, Jr. 31.34). Portanto, cremos que hoje não há mais
revelação, mas iluminação. (Jo 1.17; Ap 22.18).
3.5. Oração sobre pertences de pessoas ausentes ao culto. Esta prática está
embasada principalmente na crença animista de que objetos possam ser
empregados como canais de bênção ou maldição. Na fé cristã em geral, e
batista em particular, não há lugar para qualquer tipo de superstição. Deus não
abençoa ou unge objetos, ele abençoa pessoas, estando ou não presentes ao
culto. Não precisa de nenhum “ponto de contato” para o “fluir” da bênção. Por
isso, desaconselhamos práticas tais como: sopro do Espírito, bênção do riso, atirar
objetos e peças do vestuário (paletós, gravatas, lenços) sobre as pessoas na hora
do culto, consagração de água, sal, sabonete, mirra, etc. Estes ensinos são
completamente estranhos ao conteúdo bíblico, sobretudo do Novo Testamento.
3.6. Jejum como meio de obtenção de graça ou de crescimento espiritual. O jejum
não é um dever cristão no exercício da fé. Pela palavra de Deus em Mt. 9.14-17 os
discípulos de Jesus não jejuavam. Pelo ensino de Jesus seus discípulos não
jejuavam enquanto eles estavam com ele. Não havia motivo para isso. No
entanto, eles o fariam, quando ele fosse apartado deles pela prisão e morte; aí
sim, eles chorariam de tristeza, fariam abstinência de alimentos, ligariam suas
orações a um jejum. Mas o que sabemos é que o Senhor ressuscitou, vive e reina
por nós e em nós. Paulo ensina isso mesmo dizendo: “não mais eu vivo, mas é
Cristo quem vive em mim. E essa vida que vivo agora no corpo vivo pela fé no
Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim”. (Gl 2.20) Ele vive em nós pela
operância do Espírito Santo. O Espírito que nos regenerou, também “intercede por
nós com gemidos inexprimíveis” (Rm 8.26), ajudando assim as nossas fraquezas no
que se refere à correção das nossas petições. É isso que dá sentido à eficácia das
nossas orações. Este deve ser o pensamento de quem tem a revelação por inteiro
como nós a temos hoje. Entendemos que a prática do jejum é dispensável a quem
exercita uma fé pura nas providências de Deus, “O pai das misericórdias e o Deus
de toda consolação” (2 Co 1.3). A sua graça nos basta! É no Senhor que devemos
pôr a nossa inteira confiança. “Portanto aproximemo-nos com confiança ao trono
da graça, para que recebamos misericórdia e encontremos graça, a fim de
sermos, socorridos no momento oportuno” (Hb 4.16)
3.7. Ênfase na prosperidade material como sinal da bênção de Deus. Não há duvida
de que “toda boa dádiva vem do Pai das luzes” (Tg. 1.17). No entanto, não
podemos afirmar categoricamente que a prosperidade material é sinal direto da
bênção de Deus. Senão, o que dizer do próprio Jesus que não era rico: “As
raposas têm covis e as aves do céu têm seus ninhos, mas o Filho do homem não
tem onde deitar a cabeça.” (Lucas 9.57-58). O “evangelho da prosperidade” não
era conhecido dos primeiros apóstolos. Pedro, por exemplo, afirmou ao coxo de
nascença: “Não possuo prata nem ouro, mas o que tenho é o que te dou: Em
nome de Jesus Cristo, o nazareno, anda!” (Atos 3.6). Às vezes, a riqueza material
torna-se até mesmo um obstáculo à fé (Marcos 10.23). Rejeitamos os excessivos
pedidos de dinheiro com promessas e ameaças sobre os participantes dos cultos
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(bênção ou maldição). As igrejas batistas devem ensinar a doutrina da mordomia
e ensinar os crentes a devolverem dízimos e ofertas, não para receberem algo em
troca, mas em sinal de obediência. (Ml 3.9-10)
3.8. O batismo no Espírito Santo como uma segunda bênção, com a evidência de se
falar em línguas estranhas. Cremos que o batismo no Espírito Santo ocorre
exatamente no momento da conversão e não é uma experiência posterior. (At.
19.1; 1 Co 12.13) Dessa forma, o batismo no Espírito Santo não pode ser uma
segunda bênção, uma vez que está associado ao Novo Nascimento. Em outras
palavras, aquele que nasce de novo é batizado no Espírito Santo: “Arrependei-vos,
e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos
pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” (Atos 2.38). Sobre a evidência das
“línguas estranhas”, mesmo admitindo que Paulo fez uma concessão a respeito
delas na igreja de Corinto, entendemos que esta prática foi desaconselhada pelo
apóstolo, pois o suposto dom seria do interesse de uma única pessoa, em
detrimento dos demais membros da congregação (1 Co 14.2,4,5). À luz de 1
Coríntios 14, entendemos que a edificação é que deve ser do interesse de toda a
igreja. Nesse caso, o suposto dom praticado pelos coríntios não se aplica à igreja,
pois não traria edificação para a mesma. Entendemos também que o ensino de
que a evidência do batismo no Espírito Santo seja exclusivamente o “falar em
línguas”, contradiz o ensino do Novo Testamento a respeito dos dons espirituais:
“Porventura são todos apóstolos? São todos profetas? São todos doutores? São
todos operadores de milagres? Tem todos dom de curar? Falam todos diversas
línguas? Interpretam todos?” (I Coríntios 12.29). Ressaltamos, no entanto, a
necessidade de os crentes em Cristo encherem-se constantemente do Espírito
Santo: “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos
do Espírito” (Efésios 5.18).
3.9. Ênfase na cura, realização de sinais e milagres, expulsão de demônios, em
detrimento da pregação clara do evangelho aos perdidos presentes ao culto.
Cremos que dentre os dons espirituais, existiu no período apostólico um grupo de
dons especiais que foram destinados a autenticar diante dos judeus incrédulos a
nova mensagem vinda da parte de Deus, o evangelho de Jesus Cristo. Esses sinais
removiam qualquer pretexto de dúvida ou incredulidade de quem estava ouvindo
(Mt.11.4-5). No nosso entendimento, os dons de sinais (curas, línguas, maravilhas)
tiveram no descortinar da revelação bíblica este papel. O evangelho continha
uma mensagem nova para os judeus que ainda não tinham o Novo Testamento
escrito. A confiança dava-se na palavra falada dos apóstolos e, por isso, Deus
confirmava a pregação de seu evangelho através de sinais e maravilhas. Em
nossos dias, muito embora admitamos que Deus em seu infinito poder e graça
cure enfermos, realize milagres e liberte pessoas da escravidão das trevas, Ele faz
isso através da pregação do Evangelho que é verdadeiramente “o poder de Deus
para salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16-17). A ênfase de nossa ação
deve ser pregar o evangelho da salvação a todos. Claro está que: “o nosso
evangelho não foi a vós somente em palavras, mas também em poder, e no
Espírito Santo..." (1 Ts. 1:5). Esse poder se manifesta na vida daquele que aceita a
Jesus Cristo como único e suficiente salvador pessoal, para quem “as coisas velhas
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já passaram e tudo se fez novo” (2 Co 5.17). Nesse caso, desaconselhamos a
ênfase em cultos de curas, libertação, quebra de maldições e similares. Também
desaconselhamos a classificação dos “espíritos” como: espírito de maldição,
espírito de morte, espírito de mentira, espírito de enfermidade. Da mesma maneira
não aconselhamos a legitimação dos nomes de entidades extraídos dos cultos
afros.
Conclusão:
O Conselho Doutrinário da CBM entende que essas ondas que, de quando em quando,
invadem nossas igrejas procurando reeditar doutrinas próprias do pentecostalismo,
como: adivinhações, sonhos, profecias, unção com óleo, oração no monte, línguas
estranhas, sopro do Espírito e outras novidades, não fazem parte do corpo de ensinos
ministrados pelos batistas. Nossa fé está fundamentada na clareza da doutrina bíblica e
não nos relatos obscuros que dão margem à imaginação do homem. É por isso que
cremos na Bíblia como Palavra de Deus, e que a Revelação de Deus na história se
completou em Jesus Cristo (Hb. 1:1-8; Jo. 1: Col. 1:12-23). Cremos no batismo no Espírito
Santo no ato da conversão, na suficiência do sacrifício de Jesus Cristo para salvação dos
pecados por meio da fé; na liberalidade e responsabilidade do homem diante de Deus.
Inúmeras outras afirmações poderiam ser adicionadas aqui, mas optamos por aquelas
que julgamos ser as principais para uma igreja nortear o seu rumo, sob o princípio de que
tudo deve ser feito “com decência e ordem” (I Co. 14:40).
Reconhecemos que não há um modelo, um só padrão de culto. E que a igreja batista
não é detentora da única forma correta de cultuar. Mas entendemos que há princípios
norteadores de adoração, expostos na Bíblia que são substanciais ao culto, tais como:
•
O amor e a devoção a Deus. Mat. 22.37
•
O louvor como forma de exaltar a dignidade de Deus e a perfeição do Seu
caráter. Sl. 46.10.
•
A oração, que é o meio de falar com Deus na intimidade. Há orações de louvor,
gratidão, de confissão, de súplicas, e de intercessão. At. 2:42.
•
A Bíblia como autoridade em matéria de fé e prática. O VT é a Palavra de Deus
através dos profetas e o NT é a voz de Deus através dos apóstolos. II Tm. 3: 16,17.
•
A música como elemento que procura levar a pessoa ao coração de Deus. E
adorar em Espírito e em verdade. Joao. 4: 23,24.
•
Celebração de batismos. At. 10:47,48.
•
Celebração da Ceia do Senhor. I Co. 10:23-26.
•
Dedicação de vidas, dízimos e ofertas. Mt. 3: 10.
•
Apelos de arrependimento. At. 2:38.
•
O exercício do sacerdócio individual (cada pessoa pode ir à presença de Deus
sem mediador, a não ser Jesus Cristo. Hb. 10:19-25.
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Entendemos também que há um parâmetro de aferição da ortodoxia e ortopraxia,
tendo por base os seguintes elementos conforme artigo 8 do Estatuto da CBM:
a) Bíblia Sagrada, sob exame criterioso em base exegética, hermenêutica,
eclesiológica e teológica;
b) Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira;
c) Filosofia da Convenção Batista Brasileira;
d) Princípios Batistas;
e) História dos Batistas;
f) Todas as resoluções pertinentes da Convenção Batista Brasileira, da Convenção
Batista Mineira, da Ordem dos Pastores Batistas do Brasil, e de sua seção de Minas
Gerais;
g) Contexto histórico denominacional;
h) Atitude de piedade cristã e de oração, em todas as atividades processuais.
Temos nestes destaques do Estatuto da CBM, no seu Regimento, e no que extraímos do
GT da Convenção Batista Brasileira sobre as características do pentecostalismo, precioso
robusto instrumento pela qual o Conselho Doutrinário da Convenção Batista Mineira
ajuizará as questões relacionadas com as “Igrejas Cooperantes” com a Convenção
Batista Mineira. Reconhecemos inegável a autonomia de cada igreja. Com efeito a
Convenção só desenvolve um processo de recebimento de igreja na qualidade de
Igreja Cooperante, “porque está certa de se tratar de uma instituição autônoma, que
tem responsabilidade, podendo decidir por si mesma.
A Igreja e a Convenção são diferentes, assim como indivíduos, mas conscientes dos seus
princípios de fé, da sua natureza e possibilidades. Cada uma sabe o que quer e aonde
quer chegar. A Convenção tem um acervo doutrinário a ensinar, propagar e a defender
em nome de Deus e do nosso amado Salvador o Senhor Jesus Cristo.
Há normas estatutárias e regimentais a serem contratadas. A Convenção deve ser fiel na
defesa daquilo que estabelece como requisito para aceitação de igrejas cooperantes.
Por aí se vê nitidamente que nem Igreja nem Convenção pode tomar decisões alheias e
diferentes do contratado de modo unilateral, alegando autonomia. a não ser se for
denunciar a cooperação e a deliberação de abandonar o estado de “Igreja
Cooperante”. É o velho direito de acionar e ser acionado. Se a Igreja é autônoma a
Convenção também o é. Ambas têm de ser fiéis ao combinado. A Igreja se liga à
Convenção voluntariamente. A Convenção aceita a Igreja depois da comprovação por
parte da Igreja de que se trata de uma organização autônoma, portanto capaz de
assumir e ser fiel sempre em tudo o que contratou.
Se a Igreja rebelar-se e começar a descumprir o combinado demonstrado por ela
mesma perante uma Comissão de recepção de igreja, fica sujeita a um processo
disciplinar, podendo ser até excluída do rol de “Igrejas Cooperantes”. Se a Convenção
relaxar no cuidado com aquilo que tratou pode desembocar numa corrente que levará
a um oceano de amargura e anarquia, o que não convém a qualquer de ambas partes
– Convenção e Igreja.
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PARECER APROVADO NA ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA DE DIVINÓPOLIS
EM VIGOR – VÍNCULANTE
Membros do Conselho Doutrinário da Convenção Batista Mineira:
João Clara da Costa (relator),
João Miguel de Oliveira,
José Alves da Silva Bittencourt,
Francisco Mancebo Reis,
Hélio Alves de Oliveira,
Wagno Alves Bragança.
REFERÊNCIAS:
BÍBLIA SAGRADA. Traduzida por João Ferreira de Almeida. Rio de Janeiro: Imprensa Bíblica
Brasileira; Ed. Revista e Atualizada, 1993.
BITTENCOURT, J. A. S. Espírito Santo: doutrina e prática. Rio de Janeiro: Juerp, 2003.
BRIGHT, Bill. Espírito Santo, a chave da vida sobrenatural. São Paulo: Candeia, 1985.
COELHO FILHO, Isaltino Gomes. O Espírito Santo nos ensinos de Jesus. Rio de Janeiro:
Juerp, 2006.
FREDERICO, Denise C. de Souza. Liturgia: das origens até os batistas brasileiros. Porto
Alegre: EST, 1994.
PEREIRA, José dos Reis. História dos Batistas no Brasil - 1882-1982. Rio de Janeiro: Juerp,
1985.
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