Electra e IFH perdem administradores
Transcrição
Electra e IFH perdem administradores
COTAÇÃO NA BOLSA DE VALORES 2 (4,59%) SCT 6.700$00 (0,00%) CECV 6.100$00 Parte Integrante do Jornal A Semana 826 • Sexta-feira, 07 de Dezembro de 2007 CIFRÃO ENACOL (0,00%) 7.000$00 BCA (0,00%) 3.000$00 JORNAL DE ECONOMIA Avaliação quinzenal - Recolha de dados na quinta-feira Estacionária Electra e IFH perdem administradores Pág. 6 Em alta Em baixa Ceará vai homenagear Rabidantes de Cabo Verde Pág. 7 Governo e Banco Mundial discutem ciclo 2008-2011 Pág. 4 Primeiro Voo charter aterra dia 19 Cabo Verde quer mais paridade com o Euro CYANMAGENTAAMARELOPRETO na Boa Vista Pág. 10 Santoantao Art Resort abre dia 15 Pág. 11 2 ECONOMIA 07 DE DEZEMBRO DE 2007 MACROECONOMIA Cabo Verde quer mais paridade com o Euro Quase 10 anos depois do acordo de convertibilidade, a Cidade da Praia pretende «aprofundar» com Lisboa o conteúdo desse protocolo ao abrigo do qual a moeda cabo-verdiana é convertível ao euro. Esse «aprofundamento» pode implicar a liberalização de capitais, com tradução prática na livre circulação do euro, em paralelo com o escudo, em Cabo Verde. JOSÉ VICENTE LOPES O governo de Cabo Verde já propôs ao executivo de José Sócrates, Portugal, a criação de uma comissão paritária para rediscutir o Acordo de Cooperação Cambial (ACC), assinado em Março de 1998, ao abrigo do qual o escudo (CVE) tornou-se convertível ao euro através de um mecanismo de paridade fixa. A proposta de aprofundamento do ACC, conforme uma fonte autorizada, foi formulada aquando da recente estada do ministro português das Finanças, Teixeira Santos, na capital cabo-verdiana, que aqui se deslocou para inaugurar a Circular da Praia. Fora isso, nessa mesma ocasião, recorde-se, aquele governante rubricou com a sua homóloga Cristina Duarte um empréstimo «altamente concessional» a Cabo Verde no valor de 140 milhões de euros, por si demonstrativo da «abertura» ou do «empenho» de Lisboa em relação a este arquipélago. A ideia de renegociar o ACC foi admitida na semana passada por José Maria Neves, durante o debate parlamentar sobre o acordo de parceria com a União Europeia, quando salientou que alguns dos aspectos do referido protocolo luso-cabo-verdiano «estão completamentos esgotados». Sem apontar esses «aspectos», JMN defendeu a necessidade de alargar o ACC «a outros domínios» avançando ainda que já se está a negociar «com o Ministério das Finanças de Portugal uma forma de aprofundar e alargar» o protocolo em apreço. Segundo uma fonte monetária cabo-verdiana, o «aspecto mais crítico» do ACC é a linha de crédito de 30 milhões de dólares que Cabo Verde pode, anualmente, utilizar com a condição de o reembolsar até 31 de Dezembro do ano a que diz respeito. «Isso limita claramente o acordo», explica. «Trata-se de um mecanismo criado para ajudar Cabo Verde a enfrentar os choques na sua balança de pagamentos, só que havendo necessidade de ajustamentos estruturais, estes levam mais de um ano para produzir resultados. Por isso, qualquer linha de crédito no âmbito de um protocolo deste género deve ter uma maturidade mais longa». A isso soma-se, lembram as fontes de CIFRÃO, o facto de desde 2003 Cabo Verde ter deixado de recorrer aos saques, graças à recuperação das suas finanças públicas, um facto reconhecido pelo FMI e outras entidades externas. Por conseguinte, para a referida fonte monetária, neste momento mostra-se mais viável o aprofundamento do ACC, de modo a permitir, por um lado, o aprofundamento dos mecanismos da cooperação cambial entre os dois países e, por outro, a livre circulação de capitais em Cabo Verde, algo que poderia permitir, por exemplo, a adopção do euro em paralelo com o CVE. Aliás, a utilização do euro como moeda corrente é algo, diga-se, que já acontece, por exemplo, no Sal com os turistas que visitam a ilha. Aqui, mais uma vez, foi o próprio mercado a adaptar-se aos novos tempos, ultrapassando de longe a capacidade das autoridades políticas e monetárias em agir diante de fenómenos como esse. Note-se que o governador do Banco de Cabo Verde anunciou, em Maio, durante o fórum de A Semana, no Mindelo, que iria propor ao governo a livre circulação de capitais no país. Para um economista, com o aprofundamento do ACC, qualquer cidadão ou empresa, em Cabo Verde, poderá passar a utilizar o euro nas suas operações, sendo este, ao mesmo tempo, um meio passo para uma eventual substituição, mais tarde, do CVE pela moeda europeia, embora neste ponto as opiniões sejam divergentes. Isto é, da mesma forma que há gente a favor, há quem seja contra. Mas será a revisão do ACC algo possível a curto ou médio prazo? As fontes de CIFRÃO reconhecem que este é um dossier com alguma complexidade, mas não de todo impossível, sobretudo quando se tem em conta o actual desempenho das finanças públicas de Cabo Verde. «Pela sua complexidade e ousadia, a proposta é sem dúvida difícil, mas há abertura de Portugal em discutir o assunto, e isso é que importa», confidencia um dos contactos deste jornal. Mais optimista, uma outra fonte prefere olhar a coisa do seguinte prisma: «Dez anos depois da assinatura do ACC, o seu balanço é largamente positivo, sobretudo nos últimos anos. Basta recordar que, em decorrência da sua situação financeira, desde 2003 que Cabo Verde deixou de recorrer aos saques a que tem direito no âmbito deste acordo. Havendo boa vontade, e isso é visível neste momento da parte dos portugueses, salvaguardadas algumas cautelas, é possível e recomendável o alargamento do ACC, sobretudo agora que conseguimos o estatuto de parceiro especial da União Europeia». 30milhões de dolares é o valor da linha de crédito do Acordo de Cooperação Cambial E AINDA BCV prepara comemoração dos 10 anos da Convertibilidade O Banco de Cabo Verde vai assinalar, em 2008, os 10 anos da assinatura do Acordo de Cooperação Cambial, ao abrigo do qual o escudo passou a ser convertível ao euro, soube o CIFRÃO. A ideia, segundo uma fonte daquela instituição, pode passar pela realização de uma conferência internacional, com vários especialistas da área bancária e não só. Nessa altura os vários aspectos do ACC seriam analisados, apontados os seus pontos fortes e menos fortes, e sobretudo traçados os caminhos que ainda faltam trilhar no domínio da cooperação cambial entre Praia e Lisboa. O ACC foi assinado a 13 de Março de 1998, durante os governos de Carlos Veiga (Cabo Verde) e António Guterres (Portugal). Na altura, os dois principais interlocutores das negociações que deram lugar ao acordo foram os ministros das Finanças de Portugal (Sousa Franco, hoje falecido) e por Cabo Verde o então ministro da Coordenação Económica, Gualberto do Rosário. Nos bastidores consta, também, que uma outra personalidade que desempenhou um papel importante foi o então conselheiro de Sousa Franco, o economista António Rebelo de Sousa, irmão de Marcelo Rebelo de Sousa. Na entrevista que concedeu ao «A Semana», em Julho, Gualberto do Rosário chegou a defender que o Estado de Cabo Verde deveria ter «um gesto» de distinção em relação a tais individualidades, alegando que isso «ficava-nos bem». Pode ser que essa «distinção» venha a acontecer por altura da comemoração dos 10 anos do ACC. Tanto mais que, embora não seja de todo um arranjo inédito entre Portugal e um outro PALOP, ou entre uma ex-colónia africana e a sua antiga metrópole (vide o caso francês e a comunidade CFA), a experiência luso-cabo-verdiana é até hoje a única bem sucedida a nível da CPLP. Isto porque o acordo assinado entre Portugal e a Guiné-Bissau, em 1989, não durou sequer um mês. 07 DE DEZEMBRO DE 2007 ECONOMIA 3 4 ECONOMIA 07 DE DEZEMBRO DE 2007 MERCADO tome Nota CABO VERDE INVESTIMENTOS Sai Manuel Pereira Silva e entra Alexandre Fontes O economista Alexandre Fontes é o novo membro do conselho de administração da Cabo Verde Investimentos, CI. Vai substituir o «veterano» e sociólogo Manuel Pereira Silva, que, depois de vários anos de casa, decidiu mudar de ares. Victor Fidalgo tem, assim, um novo colaborador no esforço de atrair investimentos privados para Cabo Verde. Alexandre Fontes, natural da Costa do Marfim como o ministro José Brito, que o nomeou (aliás, seu antigo colaborador nos tempos da Direcção Geral do Plano e Cooperação), vem do Banco Africano de Desenvolvimento, BAD, onde foi administrador por Cabo Verde nos últimos cinco anos. Banco dos pobres no horizonte O Banco de Cabo Verde realizou esta semana um seminário na Cidade da Praia, para avaliar a possibilidade dos Correios oferecerem serviços nanceiros dirigidos aos mais pobres, integrando-os no sistema. Com isso o BCV pretende, segundo os seus responsáveis, a inclusão das camadas mais desfavorecidas no mundo nanceiro. 70 % é a taxa de bancarização do país Segundo o Governador do BCV, Carlos Burgo, o seminário pretendeu sensibilizar os participantes para a possibilidade a sua grande implantação no país, de a Correios de Cabo Verde oferecer serviços financeiros aos pobres, ajudando-os assim a ultrapassar a exclusão financeira. O seminário, realizado em colaboração com a Agência de Transferência de Tecnologia Financeira do Luxemburgo, serviu para analisar estratégias de desenvolvimento de novos serviços financeiros. Na verdade este é um produto já existente em muitos países mais desenvolvidos e, na opinião de Carlos Burgo, a grande experiência do Luxemburgo, uma das grandes praças financeiras mundiais, pode ser muito importante. “Cabo Verde tem já um nível aceitável de desenvolvimento do sistema financeiro, que presta serviços à população e à economia, mas estes serviços não são acessíveis às populações mais pobres, com rendas mais baixas, sobretudo nas zonas rurais”, diz o Governador do BCV. O acesso desta camada da população a estes serviços financeiros, permitiria desenvolver as actividades económicas, combater a pobreza e integrar no sistema financeiro, com ganhos para a economia e o país. Carlos Burgo recorda que os Correios “já fazem o pagamento das transferências do Estado, das instituições que pagam as pensões e participam, através de alguns mecanismos, na transferência das remessas dos imigrantes”. A assim sendo, é claro que podem, sem muito esforço, oferecer uma conta bancária aos beneficiários dessas transferências e pagamentos. A possibilidade de se vir a criar um “Banco Postal” é visto no entanto com alguma reticência por parte do Governador do BCV. “No nosso caso, não sei se vamos ter mesmo um Banco Postal. Mas o que é possível é que os Correios ofereçam serviços financeiros, uma conta bancária, a possibilidade das pessoas terem uma conta poupança e acesso a uma conta de pagamento”, acrescentou. Com uma taxa de bancarização bastante alta, 70%, o acesso de mais pessoas a serviços financeiros conduziria a maiores benefícios para a economia, ao mesmo tempo que os cidadãos melhorariam o seu nível de rendimento e emprego. A criação de um Banco Postal, algo que existe em vários países da Europa, tem sido há muito veiculada. Esta é, inclusive, uma via apontada aos Correios de Cabo Verde para a expansão dos seus negócios. Governo e Banco Mundial discutem ciclo 2008-2011 Uma delegação do Banco Mundial prepara com o Ministério das Finanças um novo ciclo de ajuda financeira a Cabo Verde, para 2008-2011. No entanto, e porque esse ciclo só começa em Julho do próximo ano, o Banco Mundial deverá conceder a Cabo Verde uma ajuda de transição no valor de 06 milhões de dólares. Enquanto discute os termos do novo ciclo de financiamento (2008-2011), que só começa em Julho próximo, o Banco Mundial aceitou conceder a Cabo Verde um apoio financeiro suplementar de seis milhões de dólares. Não se sabe ainda ao certo o montante que o BM irá colocar à disposição de Cabo Verde mas, admite uma fonte credível, poderá rondar os 45 milhões USD, à semelhança do programa que termina este ano. Um outro valor já é praticamente certo e uma parte do mesmo vai ser concedida em ajuda orçamental. Cabo Verde vai benefi ciar ainda de um empréstimo de 44 milhões de dólares do Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), do sistema Banco Mundial. Para além disso, Cabo Verde vai receber, a partir do próximo ano, um forte apoio financeiro para a formação profissional. O Governo holandês entra com 9 milhões de euros. E o Luxemburgo com 12,5 milhões para quatro anos, não só para o ensino técnico formal como para o sistema de formação profissional. 07 DE DEZEMBRO DE 2007 ECONOMIA 5 NOTÍCIA OMC integra Cabo Verde Cabo Verde já é membro da Organização Mundial do Comércio, facto este que surge como o culminar de uma caminhada que data de 1999. É mais um passo com vista à integração deste arquipélago no mundo da economia globalizada. Quais as (des)vantagens desta adesão? Prevista para ontem a sessão solene da entrada formal de Cabo Verde na OMC está agora prevista para o próximo dia 18. A decisão foi adoptada, na verdade, desde quintafeira da semana passada, 29 de Novembro, quando ficou a faltar apenas a formalização do acto. Para o ministro da Economia, José Brito, esta entrada na OMC constitui um “abrir de portas” ao mundo da chamada economia globalizada. “Cabo Verde tem força somente em parceria com outras entidades que podem conquistar o mercado”, afirma o ministro da economia salientando, para os devidos efeitos, “a vocação de Cabo Verde para ser global”. No entanto, para o economista Avelino Bonifácio Lopes, que dirigiu o sector da economia entre 2002 e 2004, quando de resto se retomou este dossier que se encontrava paralisado desde 1999, o cidadão comum pouco ou nada vai sentir em termos de consequências imediatas desta adesão de Cabo Verde à OMC. A coisa, deixa a entender, coloca-se num outro patamar: “Vamos ter que abrir, de forma gradual, o nosso mercado tanto a nível do comércio de bens como o de serviços para a concorrência estrangeira”. Curiosamente, Cabo Verde já fazia parte da entidade que antecedeu a Organização Mundial de Comércio, no caso o GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio), mas 8 anos é o tempo que Cabo Verde levou para ser aceite como membro da Organização Mundial do Comércio como não ratificou, em 1995, a convenção de Marraquexe, que deu lugar à OMC, apenas conservou o estatuto de observador. Foi necessário, por isso, calcorrear um caminho de oito anos de negociações para tornar-se membro da OMC. Avelino Bonifácio Lopes considera que, tendo em conta outros casos, esse tempo está longe de ser relativamente longo, “embora pudesse ser mais curto”. “A China, por exemplo, negociou durante 15 anos, o Vietname onze…”, refere. Tido como um dos instrumentos da globalização, a OMC visa, como deixa a entender o seu nome, regular o comércio internacional e ao mesmo tempo servir de fórum para a resolução dos mais variados conflitos decorrentes dessa actividade. Essa regulação ou intermediação nem sempre costuma ser fácil, ainda por cima quando os conflitos, por norma, devem ser resolvidos por consenso entre as partes. De todo o modo, a elevação dos níveis de vida, o pleno emprego, a expansão da produção e do comércio de bens e serviços, a protecção do meio ambiente, o uso adequado dos recursos naturais em níveis sustentáveis e a necessidade de realizar esforços positivos para assegurar uma participação mais efectiva dos países em desenvolvimento no comércio internacional constituem os objectivos primordiais da OMC, conforme o exposto na carta constitutiva da organização, cuja sede é em Genebra, Suíça. Segundo Bonifácio Lopes, no caso de Cabo Verde, o país terá um período mais ou menos longo para se adequar às normas da OMC, e portanto as eventuais consequências negativas de tal adesão poderão levar o seu tempo para fazer-se sentir. É o caso de uma abertura plena do mercado cabo-verdiano, a nível das tarifas aduaneiras e não só. Para aquele economista, “o grande ganho de Cabo Verde é, sem dúvida, a confiança que passa a oferecer aos investidores”. “É verdade que hoje o mundo é uma aldeia global”, anota. “Mesmo assim, registase um receio enorme dos investidores dos países desenvolvidos em relação aos países subdesenvolvidos, em especial de África, onde os governos alteram as suas disposições legais como lhes dá na gana. Estando na OMC, estando definidos os princípios, os países não podem alterar as regras à toa, têm de se sujeitar aos princípios norteadores da OMC, que subscreveram com a sua adesão. É isto que confere uma confiança muito grande aos operadores, isto é, sabem, de antemão, como o mercado vai funcionar a longo prazo e com base nisso fazem ou não os seus investimentos. No caso de Cabo Verde, tratando-se de um país que pouco tem a perder, a adesão tem mais vantagens do que desvantagens”. Tido como um instrumento da globalização, sendo por isso alvo dos antiglobalistas do mundo inteiro, do vasto leque de funções da OMC, uma se destaca de modo especial: a de funcionar como tribunal para os conflitos do comércio internacional. Trata-se de uma entidade que funciona por intermédio do Órgão de Solução de Controvérsias. Aqui os conflitos são resolvidos por meio de consultas entre os membros da OMC e as decisões são tomadas por um painel de especialistas e por um Órgão de Apelação. Dois grandes blocos ou correntes regionais, mas também políticos, costumam dominar a OMC: o dos países industrializados e o dos países em desenvolvimento. Estes acusam o primeiro bloco de procurar dominar a organização, e por via disso o mundo, impondo as suas ideias e valores, um dos quais o de livre comércio. Um debate que se repete também a nível ideológico, normalmente, entre os defensores da economia liberal e os sectores mais ortodoxos da esquerda. JVL 6 ECONOMIA 22 DE JUNHO DE 2007 MUNDO EMPRESARIAL IFH Administrador executivo renuncia ao cargo O economista Paulino Dias renuncia, por razões que tem a ver com projectos pessoais, ao cargo de administrador executivo da IFH. O lugar deixado vago por Dias vai ser acumulado pelo presidente do CA desta imobiliária estatal, João Vieira, que é arquitecto de profissão. Carlitos Fortes deixa presidência do CA da Electra — Razões prossionais por detrás da decisão O director da Moave, Carlitos Fortes, deixou a presidência do Conselho da Administração da Electra SARL, função que vinha desempenhando desde que o Estado de Cabo Verde assumiu o controlo societário daquela empresa. Novos desaos na carreira terão, segundo Carlitos Fortes, determinado a sua renúncia de algumas responsabilidades, incluindo a gestão da Electra. Ao Cifrão, Carlitos Fortes garantiu que a razão que o levou a renunciar à presidência do CA da Electra é que trabalha para um grupo, a Moave, empresa que neste ano de 2007 abraçou grandes desafios empresariais, que exigem mais trabalho e tempo. “Um desses desafios é a Fabrica de Tabacos, de que a Moave agora é sócia. Para poder dar a assistência necessária e que a empresa espera de mim tinha de desprender-me de outras relações, e um delas era a Electra”, esclarece o economista. E mais, prossegue Carlitos Fortes, estava a tornar-se incompatível estar a sua presença em determinadas empresas com o seu papel de gestor da Electra, que absorve demasiado tempo da sua agenda. “Entendi que devia apresentar a minha renúncia e, em concertação com os meus pares, mais precisamente com o pessoal ligado ao grupo Moave SARL, decidi liberta-me de outras responsabilidades”, acrescenta. Em relação à Electra, este economista lembra que entrou para a sua gestão “em cima dos joelhos” e muito por causa da sua relação com o então ministro da Economia, Crescimento e Competitividade, João Pereira Silva. Aliás, afirma, “na altura em que recebi o convite não tive tempo sequer para assimilar os compromissos que teria como presidente do CA da Electra, que é uma empresa estruturante para C. Verde”. Hoje, por causa dos novos desafios com que a Moave se vê confrontada Carlitos Fortes decidiu libertar-se de outras responsabilidades. “Não houve incompatibilidades com ninguém da Administração e nem uma situação de conflito. Decidi suspender a minha prestação na Electra porque é uma empresa exigente em termos de trabalho”, completa Carlitos Fortes, que disse precisar dar essas satisfação para evitar especulações. O presidente da Comissão Executiva da Electra, Antão Fortes, corrobora esta versão da história e garante que, por aquilo que conversou com Fortes, a sua motivação é pessoal e não tem nada a ver com questões internas (eventuais desentendimentos). Tentamos saber se já existe algum nome para o cargo, mas tal não foi possível. Constânça de Pina Depois de sete meses a trabalhar como administrador executivo do Instituto de Fomento à Habitação, o economista Paulino Dias deixa o Conselho de Administração da empresa imobiliária e fundária. Paulino Dias apresentou o seu pedido de renúncia ao cargo no dia 24 de Outubro. Satisfeito que está o pedido de desvinculação, Paulino Dias encontra-se já fora da empresa e sem direito a qualquer indemnização. O mesmo vinha, desde Abril deste ano, respondendo, enquanto administrador-executivo da sociedade, pelas áreas comercial, financeira e de recursos humanos. Estas funções passam agora a ser acumuladas pelo presidente do Conselho da Administração, João Vieira, pelo menos até a tutela nomear um novo administrador para preencher o lugar agora deixado vago. Projectos pessoais terão estado na origem desta saída de Dias da IFH. É que este tem já na forja a constituição da empresa PD Consult, que deve dentro de dias estar registada e começar a operar. A novel sociedade será uma firma de consultoria destinada a planeamento estratégico, análise de investimentos e consultoria em marketing. «A PD Consult constitui a primeira pedra de um projecto maior, que expandirá para outras áreas, como o turismo, a restauração e negócios em outros sectores de actividade. Nos trabalhos de campo que realizei para a recolha de dados sobre o cooperativismo, constatei que há, sobretudo em Santo Antão minha ilha natal, um trabalho por fazer a nível do movimento cooperativista e do empreendedorismo, que podem ser conciliados com projectos pessoais», fundamenta Paulino Dias. Este economista de profissão, que já foi quadro da multinacional Shell, aponta ainda uma outra razão que o levou a abandonar o CA da IFH, e que se relaciona com o facto de estar a preparar a sua tese de mestrado sobre o cooperativismo. «Queria ficar com mais tempo livre para poder concluir a minha tese de mestrado durante este mês de Dezembro, já que deverei fazer a defesa em Janeiro do próximo ano, em Portugal». O administrador-executivo demissionário da IFH diz acreditar que a sua saída não irá prejudicar a empresa, visto que esta dispõe de um quadro de pessoal altamente motivado e de um plano estratégico importante, que inclui um avultado pacote de investimentos para os próximos cinco anos. Licenciado em economia, Paulino Dias possui MBA em gestão e actualmente prepara sua tese de mestrado em gestão global. Antes de ter estado na IFH, foi director de Marketing da Shell Cabo Verde. ADP 22 DE JUNHO DE 2007 ECONOMIA 7 NÓS E OS OUTROS Altos… Altos FRASES A entrada, finalmente, de Cabo Verde na Organização Mundial do Comércio é o facto da quinzena. É o culminar de uma caminhada de oito anos, que visa ajudar a integração deste arquipélago no mundo da globalização. Como sempre, obtido o palmarés, é preciso continuar a trabalhar, trabalhar cada vez mais, para adequar Cabo Verde aos princípios e normas da OMC. E o trabalho, convenhamos, não é pouco. …Baixos Mais uma vez, por desentendimentos entre a situação e a oposição, a Assembleia Nacional ficou sem decidir a extinção do imposto de selo e outros instrumentos apresentados pelo Governo na última sessão parlamentar. Fala-se, fala-se, que o país precisa modernizar-se e tornar-se mais competitivo e na hora H os cidadãos – operadores e utentes, numa palavra, os eleitores – ficam todos a chupar no dedo por caprichos políticos ou negociações mal conduzidas. Não é de estranhar, por isso, que esta semana uns senhores do Banco Mundial e do FMI decidissem dar uma saltadazinha até ao parlamento para saber em que águas (já de bacalhau) andam uns certos diplomas, importantes para a chamada reforma do Estado, que há muito deviam estar decididos, aprovados, publicados no BO, e implementados. …Em Off A subida em flecha das acções da Enacol, saltando de 4400 escudos (em Abril) para 7 mil escudos agora em Dezembro, levou a Bolsa de Valores de Cabo Verde a accionar o seu alerta máximo, mandando suspender a transacção do referido bilhete. Ao que consta, em torno das acções da petrolífera cabo-verdiana há uma disputa de tubarões (angolanos e portugueses), vorazes e insaciáveis, que não querem deixar em bolsos crioulos os deliciosos papéis, que, pelos vistos, valem, e como valem, o seu peso em petróleo. «A TACV encontra-se na agonia e no descalabro». Ulisses Correia e Silva, no debate do OE no Parlamento, 27-11-07. «A TACV não se encontra na agonia e nem vai morrer». E ao contrário do que se diz por aí «a TACV não vai ser vendida nem a camaradas nem a preço de camaradas». Manuel Inocêncio Sousa, ibidem. Ceará vai homenagear “Rabidantes” de Cabo Verde O Estado do Ceará, Brasil, vai homenagear as “rabidantes” cabo-verdianas que fizeram e sustentaram durante muito tempo a ligação regular entre Fortaleza e Cabo Verde. É esta ligação que, segundo o Secretário do Turismo, Bismarck Maia, desdobrou agora numa frequência diária e proporcionou ao Ceará um canal para chegar à Europa. Bismarck Maia reconhece que a relação entre Cabo Verde e Fortaleza teve início com as rabidantes caboverdianas, conhecidas no Brasil como sacoleiras. Por causa disso, afirma, o Ceará é grato às rabidantes. “Somos muito gratos às rabidantes. Foram elas que conseguiram fazer nascer o voo” que começou por ligar uma vez por semana o Sal e Fortaleza. Queremos inclusive, em momento oportuno homenagear essas rabidantes que, de forma espontânea, vieram fazer as suas compras aqui no Ceará”, disse o Secretário do Turismo do Ceará aos jornalistas de Cabo Verde e Guiné-Bissau que efectuaram na última semana uma viagem de divulgação àquele Estado do Brasil, a convite da TACV. Para este responsável, as rabidantes cabo-verdianas são guerreiras e lutadoras dentro das suas famílias. E é graças a elas que hoje o Ceará tem uma parceria com a TACV, que não é mais só de apoio comercial às rabidantes, mas ao próprio Estado do Ceará. “O Ceará hoje dispõe de canais para chegar à Europa por causa da TACV. Esse despertar, que começou com as rabidantes, passou a ser uma integração. Estamos a ver uma oportunidade muito grande para o turismo comum aos dois países. Acho que podemos ser complementares (Ceará e Cabo Verde) na hora de atender ao público europeu, que é o grande emissor de turistas. Muitos sectores da economia do Ceará e de Cabo Verde podem evoluir”, acrescenta Maia. Em contrapartida, o Secretário de Turismo do Ceará acredita que o seu Estado poderá ajudar Cabo Verde, por exemplo, na infraestruturação pública, designadamente portos, aeroportos, saneamento básico e energia, sobretudo eólica, que é necessária aqui nas ilhas. “Podemos ainda cooperar na questão do entreposto comercial dos produtos, que podem ser efectivamente um valor agregado em Cabo Verde, mas também a nível da educação, qualificação, ciência e tecnologia. Por tudo isso, entendo que vai ser boa esta parceria até porque o Ceará dista de Cabo Verde apenas 3h30. Gasta-se menos tempo para ir a Cabo Verde do que a São Paulo”, exemplifica. “Cabo Verde está no meio dos três continentes e poderá oferecer à China uma base comercial e económica que vai ajudar o país a conquistar melhor este espaço”, José Brito, Ministro da Economia, em Macau, Inforpress, 04-12-07. PARABÉNS CAUTELAS No capítulo do turismo, apesar das potencialidades do Estado do Ceará, Bismarck Maia garante que este é um dossier a que a Secretaria do Turismo dispensa uma atenção especial. “É claro que queremos receber investimos estrangeiros, mas não estamos de forma desvairada a captar recursos, que podem perigar as nossas dunas de areia, praias, costa e litoral, que são o nosso maior património. Queremos os investimentos do tamanho necessário que o Ceará precisa. Ou seja, um número adequado de resorts, de lugares de entretenimento, de pousadas, hotéis, mas nunca de forma a destruir o ambiente”. Apesar dessas cautelas indiciarem um aviso às autoridades ligadas ao turismo em Cabo Verde, Bismarck Maia entende que o nosso país está a fazer uma gestão consciente e a desenvolverse de forma sustentável. Lembra, contudo, que o turismo não se faz só com promoção e marketing para lotar a alta estação. Faz-se, afirma, com qualificação profissional, com promoção e marketing e, sobretudo, com uma infra-estrutura adequada. Mas a segurança também merece atenção do Secretário do Turismo que, pelo menos por enquanto, considera Ceará um destino seguro. “É claro que temos problemas de segurança em vários lugares, mas estamos procurando resolvêlos. Alguns cometem o erro de os divulgar e outros o acerto de não falar. Existem alguns pontos críticos que ultrapassam a rapinagem e a esperteza e que são internacionais, como o tráfico de drogas. O Brasil é um país continental com oito milhões e 500 mil metros quadrados. Vários países cabem dentro do nosso país e, então, não podemos deixar de ser o lugar de todas as diversidades, sejam elas culturais, mas também sociais”, admite Maia. Mas esses são problemas que, no entender do nosso entrevistado, não obstará ao turismo, que é sem sombra de dúvidas a maior vocação de Cabo Verde e também do Ceará. Aliás, nesse particular, Maia é peremptório: “Não temos outro caminho que não seja o turismo. Qualquer outro caminho custará e demandará tempo maior do que aquele que o turismo precisa. O turismo responde muito rápido. Vamos traçar juntos políticas de desenvolvimento do turismo, que não são só promoção, mas a melhoria da qualificação, educação, saneamento, ciência e tecnologia e irmanarmos cada vez mais Cabo Verde e Ceará. Tenho certeza de que será extremamente proveitoso para os dois lugares”, conclui. Constânça de Pina Ao Porto Novo pela inauguração da sua primeira dessalinizadora, na passada segunda-feira, 03. Um investimento, no valor de 240 mil contos, possível graças à parceria entre os sectores público (20%) e privado (80%), da Águas de Ponta Preta. Uma infra-estrutura que vem ajudar, sobremaneira, a resolver um dos mais graves problemas daquela cidade da ilha de Santo Antão. O NÚMER0 45 milhões de dólares é o montante que o Banco Mundial deverá colocar, para já, à disposição de Cabo Verde na renovação da assistência que presta a este arquipélago. O valor poderá, contudo, ser bem mais substancial, uma vez definidos os novos moldes desse relacionamento em data a estabelecer. Tanto mais que, com a sua graduação a PDM, Cabo Verde passará a estar num outro «ranking» podendo o «esforço» do BM ser muito mais substancial. 8 ECONOMIA 07 DE DEZEMBRO DE 2007 ENTREVISTA “ARFA assume-se como autori “Assumir-se como a autoridade nacional da qualidade”. Este é o propósito da Agência de Regulação e Supervisão dos Produtos Farmacêuticos e Alimentares. Em entrevista ao Cifrão, Miguel Lima, presidente da ARFA, assegura que esta agência já atendeu a diversos alertas de segurança sobre bens alimentares, ordenando a destruição de lotes de produtos. Mas a ARFA quer fazer mais. Embora tenha ainda algumas limitações nanceiras, está a preparar o terreno para a criação de um laboratório nacional de referência no controlo de qualidade e para o início da inspecção aos produtos alimentares e farmacêuticos. Instrumentos que serão criados para garantir a “protecção da saúde pública” um mercado mais competitivo, bem como dar uma resposta à demanda de qualidade que chega do sector do turismo. Rita Vaz da Silva A ARFA foi criada em 2004, mas o seu processo de implementação e instalação prolongou-se por quase três anos. Por que motivos? De facto, a criação formal da ARFA (Decreto-Lei 42/2007, de 18 de Outubro da ARFA) data de 2004. Mas o processo da sua instalação só teve início a 19 de Setembro de 2005, dia em que os membros do Conselho de Administração foram empossados. No percurso que se seguiu a essa data, houve um período, que decorreu até Março de 2006, utilizado essencialmente na criação de condições mínimas de trabalho, que envolveu a mobilização de recursos financeiros para se fazer face aos custos iniciais, a procura e adaptação dum espaço físico para a agência, a aquisição de mobiliário e equipamento informático, bem como o desenvolvimento de iniciativas que conduziram ao recrutamento do primeiro núcleo de técnicos. Apenas podemos dizer, de facto, que a instalação física da agência só ficou completa em finais de Março de 2006, o que significa que, em boa verdade, a vida da ARFA se conta, efectivamente, em cerca de 19 meses. Por isso, não posso considerar que haja motivo algum para se considerar que o processo de instalação da ARFA se tenha prolongado por muito tempo. Houve situações que não estiveram sob nosso domínio e que atrasaram o processo, como a morosidade nos fornecimentos, por terceiros, e o recrutamento de pessoal. O facto da regulação ser ainda uma novidade em Cabo Verde também contribuiu para alguma lentidão do processo, já que não havia modelos de regulação que pudessem ser tidos como referência, e muito menos recursos humanos com experiência em regulação, particularmente em sectores sensíveis como o são o alimentar e farmacêutico, e, finalmente, a situação crítica vivida em matéria de sustentabilidade financeira. E o que falta ainda fazer para que a instituição comece a funcionar em pleno? A agência já está a funcionar e bem. Estamos a acelerar o ritmo da sua intervenção para que tenha progressivamente uma maior visibilidade. O “pensar a agência”, que até agora tem estado no centro da nossa agenda, não nos tem afastado do cumprimento de outras obrigações, como sejam a procura e o aproveitamento de oportunidades de capacitação dos técnicos da agência, quer a nível interno como no exterior, e a procura de vias para se garantir a sua sustentabilidade financeira. Temos também vindo a atender solicitações vindas do exterior, relativas a alertas sobre a segurança de géneros alimentícios, sobretudo, mas também de medicamentos. Em qualquer uma das solicitações atendidas, a ARFA esteve à altura de agir em conformidade com a essência da sua missão, que é “contribuir para a protecção da saúde pública”. Consideramos que 2008 vai ser o ano do início da implementação de instrumentos básicos de regulação, tanto para o sector alimentar como o dos medicamentos, o que prediz que dentro de escassos meses a ARFA estará definitivamente envolvida no cumprimento do seu mandato, num processo que será necessariamente faseado, e quiçá sinuoso, mas com certeza sustentado e sustentável. Qual a função/competências da ARFA? As atribuições e competências da ARFA constam da Secção II.ª do Capítulo II.º dos respectivos Estatutos, num vasto leque que, por si só, dá uma ideia da importância que é atribuída a esta agência e dá também uma ideia do quanto o país dela espera, Miguel Lima, presidente da Agência de Regulação de Alimentos e Medicamentos significando, numa frase, “prestar uma contribuição de relevo na preservação da saúde pública”. Pode dizer-se que a ARFA é uma instituição que se interpõe entre o mercado nacional de géneros alimentícios e produtos farmacêuticos, por um lado, e o sistema de saúde, por outro, agindo de modo a que, da sua acção, resultem benefícios evidentes para a saúde pública, pela via do fornecimento ao consumo de géneros alimentícios seguros e em boas condições de higiene, bem como de medicamentos de qualidade, seguros e eficazes. Neste contexto, a agência assume-se como “autoridade nacional da qualidade”. Já na vertente da regulação económica, o enfoque e a prioridade estão a ser dados à regulação do mercado dos medicamentos, na perspectiva de se dispor dum quadro de regulação que contribua para que este mercado funcione bem, a partir do momento, em que estiver liberalizado. Ao fim e ao cabo, o propósito da ARFA vai também no sentido de interagir com o sector privado nacional de modo a que as empresas sejam mais competitivas, pela via da oferta de produtos seguros e de qualidade e de uma relação qualidade/preço que seja razoável tanto para as empresas como para o consumidor. A ARFA quer ainda promover a formação a vários níveis: para reforçar a sua capacidade técnica, para a utilização das Boas Práticas ao longo das cadeias alimentar e medicamentosa e para instruir o consumidor sobre a aquisição de produtos seguros e de qualidade. Outra função da agência será contribuir para a instalação, faseada, em Cabo Verde, dum Sistema Nacional da Qualidade, com enfoque, numa primeira fase, no desenvolvimento institucional da Metrologia e ainda trabalhar para a promoção de produtos de qualidade, com base na denominação de origem e na atribuição e protecção de marcas. O FMI, nos seus últimos relatórios sobre o PSI, afirma que a segurança sanitária e o controlo da segurança alimentar em Cabo Verde são insatisfatórios e recomenda, passo a citar, “que a ARFA esteja implementada para que a situação melhore”. Esta recomendação é feita pelo FMI há já quase três anos, mas a situação mantém-se relativamente semelhante em 2007. Tendo a ARFA sido criada, formalmente, em Outubro de 2004, não me parece que tenha havido razões para que uma missão do FMI, realizada nesse mesmo ano se tenha mostrado “impaciente” no tocante à “implementação da ARFA”. Que eu saiba, essa impaciência terá sido manifestada, sim, em Julho de 2002, altura em foi concluído o estudo que conduziria ao desenho institucional da ARFA, e Outubro de 2004. Quer o FMI, quer o Banco Mundial, haviam insistentemente recomendado, ao longo desse período, que a agência fosse criada quanto antes. “SITUAÇÃO FINANCEIRA DE ARFA MANTÉM-SE COMPLICADA” Como vai funcionar a ARFA? Apesar desta agência estar a dar os primeiros passos, estamos a privilegiar a construção duma estrutura organizacional leve mas funcional, com métodos de organização e funcionamento adequados à natureza e ao cumprimento da missão confiada à agência, uma política de pessoal de rigor no tocante à salvaguarda da qualidade, à capacitação permanente e à promoção da motivação no geral e, enfim, a construção numa instituição com bases sólidas. Graças à qualidade, motivação e dedicação dos poucos técnicos de que a agência ainda dispõe – tão pouco, que me tem levado a dizer que a ARFA ainda não pode participar num torneio de futebol de 11, mas apenas de futsal (risos) – ousamos enfrentar e temos conseguido superar muitos dos obstáculos que vimos encontrando. No que se refere à estrutura organizacional em si, optou-se por não replicar órgãos visando atender ao carácter bissectorial da agência, antes preferindo-se uma estrutura compacta, que reflicta as duas vertentes da regulação, a técnica e a económica. Está prevista, nesse sentido, a instalação de duas antenas regionais, e está em curso a elaboração do projecto de instalação dum laboratório de referência nacional. Está ainda equacionada a via para a organização e funcionamento da capacidade inspectora da agência. Como é financiada a agência? Os operadores do sector alimentar e farmacêutico deveriam pagar, à partida, taxas à ARFA, mas esse processo foi interrompido. O financiamento é uma questão ainda em aberto, visto que ainda não se conseguiu resolvê-la pela via prevista por lei. Enquanto isso, os recursos financeiros de que a agência dispõe provêm do Orçamento do Estado e de uma contribuição do projecto Competitividade. No entendimento de que a missão da ARFA passa pela prestação duma contribuição ao aumento da ca- 07 DE DEZEMBRO DE 2007 ECONOMIA 9 dade nacional da qualidade” pacidade competitiva das empresas ligadas aos ramos alimentar e farmacêutico, os estatutos desta agência (Lei n.º 20/VI/2003) consagram o princípio de que a sua sustentabilidade financeira é garantida por contribuições pagas pelas “entidades reguladas”, e estabelecem mecanismos para a sua cobrança. Mas quando se pretendeu iniciar o processo de cobrança, no segundo semestre de 2006, foram levantadas dúvidas, pela ARFA, não só quanto à legalidade desse princípio como também quanto à validade e operacionalidade dos mecanismos de cobrança estabelecidos. De facto, ao longo do diálogo que a direcção da ARFA desenvolveu com os empresários, foi ganhando força a ideia de que a via prevista não só era complicada como também inadequada em certos aspectos, sobretudo pelo risco de múltiplas cobranças por um mesmo produto ou, então, por obrigar ao pagamento de contribuições por produtos que nada têm a ver com o conceito de “produtos sujeitos à regulação”, por exemplo, no caso duma empresa que lida com alimentos e outros produtos. Desse diálogo, saiu, da nossa parte, a conclusão de suspender o processo de cobrança, o que aconteceu em Novembro de 2006, e, na sequência, aprofundar essa problemática até se concluir se havia algo errado na via prevista na lei e, se fosse o caso, definir como proceder para alterar a situação. Por se tratar duma questão sensível, optou-se por encomendar um estudo a uma entidade externa (nacional). Esse estudo concluiu que a via prevista para a cobrança de contribuições não dispõe de suficientes e adequados suportes legais para ser seguida, pelo que outra alternativa deve ser encontrada para garantir a sustentabilidade financeira. Um dos argumentos em que se fundamenta a conclusão central desse estudo, é que a lei deu o mesmo tratamento a todas as agências de regulação, quando, em boa verdade, deveria ter tido em conta a especificidade da ARFA comparativamente com as suas congéneres nacionais. Para a ARFA, este facto não constituiu novidade já que internamente havia identificado um vasto leque de situações que conferem carácter singular a esta agência, disto ressaindo o facto dela não assentar em qualquer infra-estrutura de rede. Por tudo isso, cabe agora ao Governo encontrar a saída desejada, não só porque para a ARFA é imperioso ver garantida a sua sustentabilidade financeira, como também porque essa sustentabilidade é factor fundamental da sua independência. Com essa indefinição, como está a situação financeira da agência? Mantém-se complicada, impondo sérios condicionalismos ao seu desenvolvimento. Não obstante, os evidentes esforços que o OE vem consentindo, de modo a dotar a agência de recursos financeiros, a verdade é que os recursos disponibilizados não só são insuficientes como têm sido atribuídos de forma fragmentada. Face a essa situação, a direcção da agência está preocupada e a sentir-se em dificuldade para imprimir o ritmo certo ao seu desenvolvimento, mas não alarmada, por estar convencida de que a situação agora vivida será em pouco tempo ultrapassada. E tem razões para pensar assim, pois há um amplo consenso em torno da imprescindibilidade e utilidade do papel que está reservado à agência. Quais as diferenças (ao nível das competências) entre a ARFA, a ANSA e a DSSA? E como vão articular a tarefa de regulação do mercado de alimentos e medicamentos? As três instituições têm no rol das competências uma referência que lhes é comum, “a segurança alimentar”. Mas há uma destrinça se atentarmos ao conceito moderno de segurança alimentar, que, cito, “define-se sempre em relação a uma população referencial para a qual se quer garantir o acesso físico e económico ao alimento em condições de contribuir para a saúde do consumidor de forma contínua ao longo do tempo, no presente e no futuro”. De uma forma esquemática, pode-se retirar desse conceito dois propósitos, um referente à garantia de acesso físico e económico e, outro, o de que essa garantia deve ser de molde a, também, contribuir para a saúde do consumidor. Portanto, enquanto que a ARFA tem sobretudo a ver com este segundo propósito, as demais instituições, às quais, aliás, se poderiam acrescentar outras, como sejam os serviços ligados à produção vegetal e animal e à pesca, têm mais relação com o primeiro. Mas essa separação não é tão evidente, a ponto da ARFA ter, no ano passado, dedicado alguns meses à promoção do “diálogo institucional”, à procura de entendimentos sobre como resolver as questões relativas à sobreposição de competências, bem assim sobre como garantir a articulação de políticas. Para além de se reconhecer esta necessidade, a verdade é que também o quadro relativo à segurança alimentar precisa de ser reformado, na perspectiva de racionalização de estruturas e, assim, de se dispor, em matéria de segurança alimentar, de um quadro institucional claro, que permita aos cidadãos saber quem intervém ou é responsável por este ou aquele domínio. No que cabe à ARFA, a nossa proposta vai no sentido de se institucionalizar o que chamamos de “Sistema Nacional de Controlo Oficial da Qualidade”, sistema que visa congregar e articular as acções das instituições e dos organismos públicos e privados país e se interligará com redes congéneres de espaços económicos (UE) e países de procedência da maior parte dos alimentos e medicamentos que importamos; uma Base de Dados, que abarcará toda a informação pertinente relativa ao controlo da qualidade e à supervisão do mercado dos alimentos e medicamentos; e um Website, que será o elo de ligação da agência com as instituições públicas e privadas e a sociedade no geral. Um outro suporte de extrema importância vai ser, sem qualquer dúvida, o Laboratório de referência nacional. O projecto para a sua concepção ainda está em curso mas posso avançar já que se pretende que o laboratório seja um instrumento adequado aos objectivos que o justificam, que deverá “nascer” já com as condições necessárias para que possa ser acreditado a nível internacional e que seja aberto à prestação de serviços a todos quantos tenham obrigações em matéria de controlo da qualidade. A jusante desse conjunto de suportes, teremos então a Inspecção que vai cuidar da verificação da aplicação das leis, regulamentos e normas aplicáveis ao controlo da qualidade. A respeito da dimensão que deve ser dada ao serviço encarregue dessa actividade, a ARFA tem ideias inovadoras, com o objectivo de induzir à reforma da capacidade inspectora do Estado, de modo a permitir não só uma racionalização de estruturas como também Vai nascer um laboratório de referência já com as condições necessárias para que possa ser acreditado a nível internacional interessados na promoção da Qualidade. Sobre a articulação da tarefa de regulação do mercado, é entendimento da ARFA que a prioridade vai para a regulação económica do mercado dos medicamentos, no que lhe cabe, após os procedimentos prévios adequados, a adopção de critérios para a fixação e actualização dos preços dos medicamentos, assim como promover a monitorização dos stocks nacionais dos medicamentos, de modo a que, sempre que couber, o país possa accionar os mecanismos que evitem a ruptura de stocks. Cabe-lhe, também, participar na adopção das medidas destinadas a combater a importação e a comercialização paralelas de medicamentos. Já quanto ao mercado dos alimentos, é certo que a ARFA também fará a sua monitorização mas sobretudo na perspectiva de contribuir e assegurar que os alimentos que nele entram e dele saem, neste caso para o consumo, ofereçam suficientes níveis de higiene e segurança. Qual é o processo que a ARFA vai criar para fazer as inspecções/controlos aos alimentos e medicamentos? Vão formar inspectores? Os suportes técnicos que vamos ter são, no essencial: uma Rede de Alerta Rápido, que cobrirá todo o um maior enfoque nas questões sanitárias. Num fórum que promoveu em Junho deste ano, a ARFA já apresentou um documento quadro sobre esta questão, tendo obtido dos participantes um amplo consenso sobre os objectivos pretendidos e as vias para a sua realização. A ARFA vai regular todos os sujeitos que intervêm nos processos de produção ou importação, distribuição e comercialização de produtos alimentares e medicamentos. Não é uma tarefa titânica controlar este processo num país que depende, em grande parte, da importação de alimentos de vários países europeus, dos EUA, da China e do Brasil? E quanto aos medicamentos, qual será o vosso papel? Eu não diria uma tarefa titânica mas antes um objectivo ambicioso. E essa é uma ambição que decorre da necessidade de se elevar o país a outros patamares em domínios tão importantes e sensíveis como o são a qualidade, a higiene e a segurança dos alimentos e medicamentos, acrescentando-se a estes últimos o carácter eficácia. A nível da produção primária e industrial, têm sido alcançados avanços significativos, como são o caso da produção hortícola nacional recorrendo aos novos sistemas de alta eficiência em água e a outras tecnologias promotoras do aumento do rendimento; no sector da pequena indústria e actividade comercial, o sector alimentar está cada vez mais presente, designadamente com o aparecimento de novas pequenas e médias indústrias. No sector farmacêutico, há a registar o facto do país já dispor de capacidade própria de produção, com dimensão significativa e capacidade exportadora e competitiva. TURISMO IMPÕE NOVAS PREOCUPAÇÕES O sector do turismo impõe novas preocupações, em que se inclui a oferta de produtos e serviços de qualidade, para além de condições ambientais de padrões cada vez mais elevados. Do lado dos padrões do consumo de alimentos e produtos farmacêuticos, a demanda de qualidade é cada vez maior, para além do facto dos mercados destes produtos estarem a ser alimentados por uma significativa diversidade de operadores. Mesmo em matéria de exportação de produtos alimentares e medicamentos, há que ter em conta que, se por um lado os volumes de produtos a exportar tendem a aumentar, por outro, são cada vez maiores as exigências dos importadores de produtos de origem cabo-verdiana no tocante à qualidade e segurança. Tudo isso que nos leva a considerar que, para Cabo Verde, chegou a “hora da Qualidade”, com toda a responsabilidade que deste paradigma decorre. Só que há que ter em conta que a qualidade não se oferece mas, sim, conquista-se, isto significando que ao longo de toda a cadeia, seja a alimentar ou a medicamentosa, qualquer ganho de qualidade implica o recurso às Boas Práticas, obviamente com custos acrescidos. É nisso que cabem a vocação e as responsabilidades da ARFA, enquanto instituição criada e disponível para informar e ser informada, procurar e fornecer sugestões técnicas e apoiar os agentes económicos e os consumidores em tudo quanto visar a promoção da Qualidade. O que se pede é que se tenha em conta que a assunção plena das responsabilidades não se fará do dia para a noite, quanto menos pela via de soluções mágicas. Há que esperar, contribuindo, para que a agência se dote de capacidade técnica e científica para então poder responder aos desafios que vai ter pela frente. A ajuda alimentar (38 por cento dos cereais/ grãos consumidos no país nos últimos quatro anos, segundo o FMI) também será controlada? O controlo da qualidade que a ARFA pretende promover caracterizar-se-á, sobretudo, pela universalidade da sua incidência, isto é, quer sobre os produtos produzidos em Cabo Verde, destinados ao consumo interno ou à exportação, como sobre os produtos importados, neste caso sejam eles adquiridos em qualquer ponto do mercado externo ou obtidos a título de ajuda alimentar. Uma das competências da ARFA, segundo sei, será assegurar o abastecimento regular dos mercados. Um dos problemas do mercado alimentar cabo-verdiano é exactamente esse, a ruptura de bens no mercado. Como vão conseguir equilibrar o abastecimento de alimentos, tendo em conta que os fornecedores estão dispersos por tantos países? A ARFA não detém qualquer incumbência no assegurar do abastecimento do mercado, mas tão-somente a de contribuir para que o mercado ofereça ao consumidor produtos de qualidade e seguros. No meu ponto de vista, aliás, não há razões evidentes para, em termos de dimensão e frequência, se dar relevância a essa questão da ruptura de mercado. Creio que de uma forma ou outra o mercado tem estado bem abastecido, ocorrendo sim a ruptura de um ou outro produto a título circunstancial e por períodos muitos curtos. No que concerne aos géneros alimentícios, as rupturas que normalmente ocorrem envolvem sobretudo produtos perecíveis, como a cebola e o alho, sobretudo pelo facto do seu carácter perecível não encorajar a constituição, 10 ECONOMIA 07 DE DEZEMBRO DE 2007 TURISMO Boa Vista: Primeiro vôo charter desembarca dia 19 de Dezembro ENACOL lança linha de cliente com atendimento personalizado A Enacol acaba de criar uma linha telefónica única para um atendimento personalizado aos clientes. Esta linha que, segundo a empresa nacional de combustível, é de fácil memorização pelo público tem por objectivo estabelecer um contacto privilegiado entre o cliente e a Enacol através de um numero de telefone único - Linha do Cliente: 8086060. A directora de Marketing da Enacol, Fátima Gonçalves, explica que, com esta linha de atendimento personalizado aos clientes, a Enacol pretende facilitar a recepção de sugestões, reclamações e pedidos de informação sobre a empresa, produtos e serviços. “O atendimento é assegurado por profissionais capacitados, de modo a que as necessidades do cliente, que determinaram a chamada, fiquem inteiramente satisfeitas”, Gonçalves esclarece ainda que a Linha do Cliente, 808 60 60, é suportada por um número azul, ou seja, o custo de uma chamada local para o cliente, enquanto que as chamadas interurbanas são integralmente assumidas pela Enacol. CP O primeiro voo charter deverá desembarcar no recém-inaugurado Aeroporto Internacional da Boa Vista (AIBV) no próximo dia 19 deste mês. A transportadora aérea italiana Livingston pensa trazer da Itália cerca de 200 turistas. Dias depois, mais um Boeing carregado de turistas deve vir directo de Londres para aterrar na ilha das dunas. Como já estava previsto na altura da inauguração do AIBV, no dia 31 de Outubro último, os primeiros voos charters vindo directamente da Europa vão começar a operar em meados deste mês. A data para a primeira aterragem de uma aeronave de turismo no Aeroporto Internacional da Boa Vista está marcada para daqui a menos de duas semanas. Dias depois mais um Boeing, da inglesa Astreus, aterrará na pista do AIBV. Mais turistas vão desembarcar de um voo que virá directamente de Londres. O turismo na ilha das dunas começa, a partir de agora, a ganhar um novo incremento. Três voos charters semanais estão previstos durante os primeiros meses. Os empreendimentos hoteleiros contam aumentar o fluxo de turistas em mais de 70%. Novas estratégias já estão a ser traçadas, para que mais gente Daqui entre 15 a 20 anos, a movimentação de turistas na Boa Vista deve atingir cerca de 32 mil turistas venha conhecer a ilha da Boa Vista, durante o ano inteiro, na certeza de que os hotéis ficarão lotados, sobretudo no período de maior procura. No Verão esse número deve duplicar, segundo a ASA. A perspectiva é que se atinja resultados ainda mais positivos ao logo dos anos, à medida que forem aumentando os investimentos turístico-imobiliários. O número de passageiros a desembarcar no Aeroporto Internacional da Boa Vista em voos com origem no exterior deve ultrapassar 1500 por dia, nos próximos meses. A previsão num cenário moderado é de se atingir 900 mil passageiros até 2018. por semana Daqui entre 15 a 20 anos, a movimentação de turistas na Boa Vista deve atingir cerca de 32 mil turistas por semana, segundo as perspectivas da Sociedade de Desenvolvimento Turístico das ilhas da Boa Vista e do Maio. Até lá, o AIBV terá que se adequar às novas demandas. O Aeroporto Internacional da Boa Vista, inaugurado no dia 31 do passado mês de Outubro, tem uma pista de 2100m de comprimento e 45m de largura, a plataforma de estacionamento possui três stands – dois para aeronaves e o outro para aviões de pequeno porte. SF E AINDA Hotel Venta Club reabre as portas dia 19 de Dezembro O Hotel Venta Club, na Boa Vista, prepara-se para a reabrir as portas, no próximo dia 19, data também prevista para a chegada do primeiro voo charter, directamente da Itália. Alguns funcionários já retomaram o serviço, desde o início desta semana, mas vários outros continuam em casa aguardando o contacto de readmissão por parte da gerência daquela unidade hoteleira. Em Julho deste ano, através de um comunicado, a direcção do Hotel Venta Club ameaçou fechar as portas e só voltar a reabri-los quando o governo anunciasse a data de abertura do AIBV. Cumprindo a ameaça, o maior empreendimento turístico da ilha das dunas deixou de funcionar no dia 4 de Setembro, alegando falta de clientes. Cerca de 200 pessoas ficaram no desemprego. Agora três meses depois, vai reabrir no dia em que devem chegar à Boa Vista cerca de 200 turistas. Preparando a reabertura, os funcionários afectos à direcção já estão a tratar de toda a documentação não só para readmitir muitos dos antigos trabalhadores como para recrutar novo pessoal. Trabalhadores da área da limpeza e segurança já voltaram aos seus postos desde segunda-feira. Mais de metade dos ex-funcionários continuam ainda a aguardar a carta de readmissão. Todavia, nem todos serão readmitidos, avançou um funcionário, para quem o encerramento do hotel foi uma “boa oportunidade para limpar a casa e deitar os peixes podres para fora”. Durante os três meses, apenas 20 funcionários continuaram no activo. A maioria dos antigos trabalhadores do Venta Club são de outras ilhas e da África Ocidental. Muitos deles não tinham residência própria na Boa Vista, morando assim em apartamentos do hotel cedidos aos funcionários na situação de imigrante quando não moravam na Barraca, um bairro clandestino em Sal-Rei. Muitos deles tiveram que regressar e até agora aguardam a reabertura do hotel para retomar as suas vidas. O Venta Club tem capacidade para receber 900 pessoas. Na altura do seu encerramento, a direcção afirmou que não conseguia hospedar 250 pessoas por semana. Com os voos charter, inicialmente três por semana, de Itália e Londres, conta que a fasquia vai aumentar. Com certeza. SF 07 DE DEZEMBRO DE 2007 ECONOMIA Santantao Art Resort abre as portas em Porto Novo O Santantao Art Resort, o mais novo hotel de quatro estrelas de Cabo Verde e o primeiro da cidade do Porto Novo, de Santo Antão, abre as portas ao público no próximo dia 15. Este é mais um investimento do grupo Stefanina, na ilha das montanhas. Hélder Bernardo, responsável do mais novo hotel do país, o Santantao Art Resort, não avança o valor global deste investimento turístico, que comporta 73 quartos (standard, superior e suite), todos com vista para o mar, ar condicionado, TV plasma, telefone, água quente e mini-bar. O hotel dispõe ainda de dois restaurantes, uma sala de conferência com 100 lugares que recebe no dia 14 a conferência “Manuel Lopes no Centenário do Nascimento da Geração do Movimento Claridoso”, sala de reunião, de entre as valências. “Iniciámos com 73 quartos, que esperamos ajudar no desenvolvimento do turismo na ilha de Santo Antão. Para isso, não pretendemos apenas prestar um excelente serviço hoteleiro aos nossos hóspedes, mas também apresentar-lhes múltiplas oportunidades de actividades que combinam a experiência e o relax nas férias em Santo Antão”, informa. O hotel localiza-se na cidade do Porto Novo, a 50 minutos de ferry-boat de São Vicente. A ligação diária entre as duas ilhas hoje em dia dá vida e dinâmica aos cerca de sete mil habitantes desta cidade que agora, além de porta de entrada de Santo Antão, se transformou no seu centro económico e de negócios. Quanto ao hotel, está implantado numa área com 10 mil m2. A arquitectura, construída em dois pisos e coberta de madeira, está perfeitamente integrada na paisagem vulcânica e extremamente mon- tanhosa de Santo Antão. Aos seus hóspedes e visitantes, o hotel oferece exposições permanentes de pinturas, tapeçarias e batik e um hall decorado com obras de arte dos artistas plásticos Kiki Lima e Joana Pinto. Quanto a actividades de entretenimento, o Santantao Art Resort oferece excursões às montanhas, percursos de bicicleta, alpinismo e mergulho. SETE ANOS DEPOIS A primeira pedra para a construção do Santantao Art Resort foi lançada em 2000 pelo então primeiro-ministro Carlos Veiga, no âmbito de um projecto turístico financiado, em cerca de 500 mil contos, por um grupo de investidores ítalo-caboverdianos. A crer nos últimos dados de investimentos previstos para Santo Antão, particularmente para o município do Porto Novo, o “Santoantao Resort” constitui o primeiro de muitos em- preendimentos turísticos que, a curto e médio prazo, serão edificados no concelho. De entre esses projectos, destacam-se o FM Cabo Verde que já anunciou “um empreendimento turístico de alta qualidade” (hotéis, apartamentos e um campo de golfe), tendo, nesse âmbito, assinado já dois contratos com a Câmara de Porto Novo. Também o grupo Stefanina, proprietária do Santantao Art Resort, anunciou a realização para breve de novos projectos no sector do turismo na cidade do Porto Novo. Mais adiantada encontra-se a Sociedade de Desenvolvimento Turístico e Urbano do Porto Novo (SOTUR), que tem em carteira grandes investimentos nos sectores do turismo – os sócios da Sotur falam na criação de um pólo de desenvolvimento turístico na cidade do Porto Novo –, saneamento, arruamentos, água, energia eléctrica e telecomunicações. 11 tome Nota TACV introduziu o crioulo nas suas línguas de comunicação a bordo. Assim, a partir de agora, as instruções de segurança e outras informações sobre os serviços da nossa companhia aérea de bandeira vão ser primeiro ditas em Crioulo, depois em Português, Inglês, Francês e por aí adiante. O problema vai ser pôr as tchecas a aprender crioulo complicado. Constânça de Pina Sodade, novo vinho do Fogo no mercado É o mais novo vinhos produzidos na cooperativa dos Viticultores de Achada Grande, Corvo e Relva, no município dos Mosteiros, foi lançado na última semana na ilha do Fogo e estará no mercado ainda este ano. Sodade é a nova marca registada de produtos vinícolas do Fogo, que incluem os vinhos branco, tinto e rosé. O lançamento da nova marca contou com a presença de representantes da delegação do Ministério do Ambiente e Agricultura (MAA), da Câmara Municipal dos Mosteiros e da ONG italiana, COSPE. A produção do vilho Sodade, neste que é o seu primeiro ano de actividade, ronda os 10 mil litros: 2.500 de rosé, 6.300 de tinto e mil litros de branco, todos considerados de primeira qualidade. A adega da região sofreu algumas remodelações este ano, no âmbito do programa financiado pela União Europeia (UE) para a exploração de vinho no Fogo. Escolheram dar ao vinho o nome “Sodade” para o diferenciar do vinho produzido pela adega de Chã de Caldeiras de marca “Chã”. A etiqueta do produto, que vai estar no mercado brevemente, homenageia as mulheres que transportavam as uvas em cima da cabeça, caminhando em carreiros, a grande altitude, e por longas distâncias até fazê-los chegar à adega. É também uma iniciativa que visa apoiar a transformação dos produtos locais, melhorar as condições de vida das populações garantindo-lhes um posto de trabalho e formação para os jovens. A Adega de Achada Grande é fruto de um projecto apresentado pela Cospe à União Europeia e que foi financiado este ano em 120 mil euros, dos quais 75 mil foram aplicados na aquisição de equipamentos, 25 mil para os materiais de consumo e 20 mil para as obras de ampliação da mesma. Segundo a previsão das duas cooperativas, a de Chã das Caldeiras e de Achada Grande, a produção do vinho este ano no Fogo poderá não ultrapassar os 50 mil litros, correspondente a 60, 65 mil garrafas. Devido à fraca pluviosidade registada no ano passado, a produção será cerca de 50 por cento inferior à do ano de 2006. A cooperativa de Achada Grande conta com um total de 20 produtores, e está equipada com os materiais necessários para garantir um vinho de qualidade, uma marca registada dos vinhos do Fogo. Nicolau Centeio 12 ECONOMIA 07 DE DEZEMBRO DE 2007 PUB REPORTÁGEM A ENACOL EM PARCERIA COM O BCA FINANCIA OFICINAS MECÂNICAS FINANCIAMENTO PARA REMODELAÇÃO DAS OFICINAS E AQUISIÇÃO DE EQUIPAMENTOS A ENACOL e o BCA assinaram um acordo para a concessão de financiamento bancário a mecânicos – donos de oficinas, devidamente licenciadas, estabelecidas na praça há mais de 2 anos. O financiamento tem a finalidade de proporcionar às oficinas, a aquisição de equipamentos e/ou execução de remodelações nas instalações. Com esta acção, a ENACOL vai ajudar os mecânicosauto que são donos de oficinas a darem uma resposta de maior qualidade e eficiência às exigências cada vez maiores do parque automóvel nacional. ODAIR ANDRADE O MECÂNICO DO FUTURO Odair Andrade, Dai, para os mais chegados, passou a vida nas ocinas de mecânica. Desde os 15 anos que é mecânico. Trabalhou em várias empresas, mas incentivado pelos clientes resolveu abrir a sua própria ocina. Mas não quis ter uma ocina tradicional e aproveitando uma campanha lançada pela ENACOL, em parceria com o BCA, que possibilita a modernização das ocinas concorreu a um nanciamento que lhe permitiu adquirir computadores. Deu o salto para o futuro. Na ocina do Odair, o computador é uma ferramenta tanto utilizada como a … chave de fenda. Há quanto tempo trabalhas como mecânico? - Tenho 27 anos e ainda miúdo já andava pelas oficinas de mecânica. Mas posso dizer que desde os 15 anos trabalho nesta profissão. E como te tornaste mecânico? - Trabalhando nas oficinas. Vendo, perguntando, fazendo, experimentando. Depois tive a oportunidade de trabalhar em algumas empresas onde tive acesso a várias formações. Depois iniciei a minha auto formação e nesse sentido tenho viajado para estágios e tenho estudado muito. Porque decidiste sair das empresas e trabalhar por conta própria? A verdade é que mesmo estando nessas empresas tinha muitos clientes e não parava aos fins-de-semana devido à procura. Foram esses clientes que me incentivaram a abrir a minha oficina. Uma das críticas que os consumidores fazem às oficinas mecânicas é que a maioria dos mecânicos não tem uma formação adequada nem os meios tecnológicos para fazer com precisão o diagnóstico de um problema num carro, concordas? - Concordo em parte. No passado foi assim, não tínhamos meios e os carros que havia no mercado permitiam esse trabalho de curiosos. Mas hoje com os novos carros e com a tecnologia que utilizam já não é possível trabalhar sem conhecimento na área das novas tecnologias e sem equipamentos informáticos. O problema é que os mecânicos em Cabo Verde não têm tido a possibilidade de acompanhar quer em formação quer em equipamentos e não restava outra alternativa a não ser a curiosidade e resolver os problemas apenas com a “cabeça”. No meu caso resolvi dar o salto para as novas tecnologias. Investir em equipamento e na minha formação para acompanhar a modernidade. Foi para acompanhares a modernidade e investir em equipamentos informáticos e outros que aderiste à campanha proposta pela ENACOL? Sim. Quanto tive conhecimento que a campanha visava dar um crédito para a modernização das oficinas concorri para ter esse crédito. Foi bom a ENACOL ter proposto essa parceria que veio a ajudar as oficinas. Alinhei, já tenho os equipamentos e estou convicto que vou ter sucesso. A oficina já está legalizada há mais de dois anos e como tinha todos os documentos em ordem alinhei logo, porque reunia as exigências para a concessão do crédito. Qual o montante do empréstimo que contraíste? Cerca de mil e duzentos contos e fo- ram investidos no sistema informático, computadores, elevadores e outros equipamentos. Portanto deste o passo para o futuro Sim. Há quanto tempo estás a trabalhar com os novos equipamentos? Há cerca de vinte dias que estou a trabalhar com eles e posso te dizer que é um outro mundo: o futuro. É isso. Desde que cheguei o equipamento não tem parado porque havia muitos carros que estavam avariados, à espera de um diagnóstico com o computador para resolver os problemas. E os clientes estão satisfeitos? Claro que estão. Pois quando trazem os carros começamos pelo procedimento habitual: perguntar ao cliente o que o carro tem; observar e se não consigo detectar a avaria, utilizo o computador e consigo ver onde está a avaria. Portanto tenho uma nova ferramenta na minha oficina que não é uma chave-fenda, mas sim um computador. Satisfeito? Muito, porque sinto que evoluí muito. Mas quero agradecer à ENACOL e ao BCA por esta parceria que me permitiu adquirir os novos equipamentos que trouxeram a modernidade à minha oficina e permitiu chegar mais rápido ao futuro: a utilização das novas tecnologias na mecânica. 07 DE DEZEMBRO DE 2007 ECONOMIA 13 OPINIÃO Parabéns ao NOSI e a todos os envolvidos no projecto Data Center e Service Center. Proponho a todas as instituições privadas que perfilhem este compromisso com a evolução dos negócios e o consequente alcance da fidelização dos cliente, da competitividade face aos concorrentes e potenciais players ou no desenvolvimento de estratégias de internacionalização do seu core business. Ora bem. Sem pretensões demagógicas, mas sim com o objectivo claro de apenas contribuir com sementes ao alcance do conhecimento e do sucesso das instituições empresariais nacionais, deixo aqui estas considerações. Para conquistar mercados e ganhar terrenos no universo do Marketing, a máxima da satisfação do cliente vem aparecendo como o garante e a bandeira para o sucesso. Em Cabo Verde, todas as empresas, ou mesmo outras instituições ou organizações, começam a assistir e a reivindicar uma corrida desenfreada para arrebatar este termo e incorporá-lo na sua Política de Gestão - sem suficiente tratamento casuístico, muito menos consciente quanto ao poder e ao sucesso desta máxima no seu negócio. Contrariando os “normais” processos evolutivos da Gestão, primeiro o tecido empresarial depois o Estado, aparece-nos a máquina governamental com os projectos Data Center e Service Center. Parabéns! Hoje, é quase que um mandamento em qualquer empresa, quer nos seus processos de decisão estratégicos quer no seu quotidiano, o conceito de fidelização do seu Cliente ou Mercado. Em resposta a isto, o Marketing vem-se reorientar para o domínio da informação e do conhecimento. Esta reorientação apoia-se nas tecnologias de bases de dados que permitem um maior entendimento, e uma melhor gestão de todo e qualquer negócio. Base de Dados ou Ficheiros, qual é a sua realidade? É necessário que o mundo empresarial nacional mova da teoria à acção, que altere a sua postura e materialize o seu discurso quanto à importância da Base de Dados para as suas instituições implementando ferramentas para sua execução. É claro que todos sabemos que trabalhar com uma Base de Dados em vez de ficheiros, traz à empresa e às Direcções uma capacidade superior de resposta face às questões que a mutabilidade do mercado e do core business impõem. A normalização da informação de marketing, a reunião de toda a informação da empresa sobre quem são realmente os seus clientes, qual a sua rede comercial, as Vendas, Produtos, Concorrentes e outras informações úteis ao desempenho da actividade, são cruciais ao sucesso e à sustentabilidade das organizações. Contudo, permite ainda a realização de inúmeras tarefas, de forma a optimizar a informação e gerar conhecimentos, como por exemplo, definir o perfil do seu mercado, dos seus clientes, da sua oferta. Basicamente, existem pelo menos cinco diferenças entre Ficheiros e Bases de Dados: Emílio Fernandes Rodrigues * COMPETITIVIDADE Marketing & Data Base *Marketeer Numa sociedade informatizada, é cada vez mais importante dominar a informação que temos ao Será que a Base de Dados só serve para vender? Um bom Gestor sabe que uma das armas mais poderosas e competitivas no mercado é a capacidade de conhecer e oferecer produtos adequados às necessidades individuais dos clientes. A American Express, por exemplo, analisou os padrões de compra dos seus clientes, possuidores de cartões de crédito, e usou essa informação para oferecer promoções dirigidas individualmente. Como a American Express temos outros exemplos, como a SONAE com o produto Cartão Universo, em Portugal, que permite guardar as referências de todas as compras efectuadas pelos respectivos clientes nos hipermercados CONTINENTE e nas lojas Modelo, bem como a PETROGAL, também ela Portuguesa com o cartão Fast GALP, controlando, ou melhor, guardando a informação das transacções efectuadas pelos clientes nas lojas de combustível e outros produtos. Iniciativa cuja Enacol, sua congénere nacional, tenta seguir com o Chip power. A aplicabilidade da necessidade de trabalhar o conhecimento, baseado na gestão da informação, é de tal forma extensível, que no sector da saúde, por exemplo, um Hospital de problemas de Coluna Vertebral do Sul da Califórnia em Los Angeles, utiliza o IDIS da IntelligenceWare, Inc. em PCs para pesquisar factores ténues que possam afectar o sucesso ou o insucesso das intervenções cirúrgicas à coluna vertebral. Este mesmo sistema, IDIS, é ainda utilizado por um treinador da U.S. Gymnastics Federation para a investigação e descoberta de factores que a longo prazo possam contribuir para o rendimento de um atleta. Esta informação é muito importante para nosso dispor, transformandoa em dados imprescindíveis para a empresa. o tratamento antecipado de potenciais problemas e, ainda, essencial na pesquisa de regras inferidas no sentido de compreender novas abordagens para o tratamento do cancro. O IDIS continua a ser uma das aplicações mais usadas na área da saúde nos Estados Unidos da América. As vantagens das técnicas de Base de Dados (Data Mining / Data Warehousing) na gestão e na ciência são bastante evidentes com estes exemplos. Normalmente, verificase quase sempre, depois destas bases implementadas, que existem mais informações do que pensávamos à partida, vê-se mais longe, evolui-se mais e em muito menos tempo. Esta evolução, no caso das instituições financeiras, onde de alguma forma ainda se pode dizer existir algum conservadorismo exagerado devido ao silêncio por que se pautam verifica-se fundamentalmente, na gestão de stocks, prevenção e detecção de fraudes, desenvolvimento da comodidade da prestação do serviço, enfim, de todo o necessário à segurança e desenvolvimento da cativação e fidelização dos seus clientes. O Security Pacific/Bank of America, por exemplo, utiliza Data Minings no suporte à decisão na área dos empréstimos bancários e para prevenir a fraude. Em Portugal temos o exemplo de quando o BPP - Banco Privado Português sentiu a necessidade de um suporte à decisão de avaliação de perfis de riscos para os investimentos financeiros dos seus clientes, contratando a equipa da Novabase Suporte à Decisão para obter uma solução. A Novabase Suporte à Decisão sugeriu, para este problema, a utilização de técnicas de Data Mining para a criação dos modelos de identificação de estratégias de investimento. Este processo permitia ao BPP a utilização da sua experiência com os seus clientes e a criação de modelos devidamente enquadrados nos segmentos alvo. O processo de identificação seria baseado num conjunto de perguntas (variando desde as características sócio-demográficas a perguntas que procuravam avaliar o comportamento perante o risco e os objectivos de investimento). O BPP tinha a noção que a importância das perguntas variava com as respostas que iam sendo dadas. A relevância de uma resposta dada a uma determinada pergunta variava com o contexto definido nas perguntas anteriores. Com base neste princípio, a Novabase Suporte à Decisão aplicou um conjunto de técnicas de aprendizagem a um universo de clientes definido pelo BPP. Deste processo resultou a definição de um modelo capaz de identificar as perguntas mais relevantes a cada instante, no sentido de conseguir uma caracterização adequada ao perfil de risco do cliente. Além da estratégia de investimento, o modelo devolve também uma primeira análise da distribuição das respostas dadas, permitindo a identificação de incoerências nas respostas e de eventuais pontos que devem ser esclarecidos para assegurar que o cliente esteja perfeitamente identificado com a estratégia proposta. Este sistema foi ainda integrado depois no centro de atendimento e nas páginas Internet do Privageste. Com este artigo pretendo mais do que a mera parabenização ao trabalho feito pelo Governo, sensibilizar o sector privado para a utilização de tais ferramentas, como por exemplo, Data Minings apoiado por um Data Warehouses, pois este é o futuro de qualquer sistema de informação e instituição. Ao Governo as felicitações devem ser prestadas, mas também, um apelo a uma elevação ou evolução no nível. Com isto quero dizer, que projectos como a ligação e o cruzamento de informações entre a Previdência Social e a Administração Fiscal deve ser uma meta a alcançar no curto prazo, de forma a maximizar a eficiência da Administração Pública. Outro projecto a ter em carteira é o número único de identificação. Parece difícil mas não é. Vejamos o caso do Chile, país exemplo na evolução do nível de vida sem grandes recursos naturais. Aqui o número de identificação de um cidadão chileno é o mesmo para o seu passaporte, carta de condução e fiscal. Ao fim e ao cabo um número por cada cidadão, o que cria o conceito de chave primária de ligação entre todas as entidades. Numa sociedade informatizada, é cada vez mais importante dominar a informação que temos ao nosso dispor, transformando-a em dados imprescindíveis para a empresa. O Data Mining (entre outras técnicas similares) pode ser imediatamente usado em Bases de Dados existentes, mas para que a sua utilização seja realmente eficaz, tornase importante a utilização de um Data Warehouse (ou datamarts), com informação histórica. Do ponto de vista do cidadão comum, estas técnicas podem trazer vantagens óbvias. Contudo há sempre um reparo por fazer se porventura surgirem problemas quando os dados forem tratados de forma abusiva, por vezes pisando mesmo o risco da legalidade. Não obstante, as suas implicações Económicas e de Gestão são imprescindíveis. Com o aparecimento de novas tecnologias e produtos apoiados nestas, cada vez mais vemos facilitado o acesso à implementação e gestão de uma Base de Dados com Data Warehouse e as técnicas de Data Mining. Empresas, mesmo que pequenas, devem apostar nestas tecnologias. Tendo uma ideia dos riscos financeiros que correm, e perante a certeza de hoje, o ganho percentual em relação ao investimento efectuado ronda os 1000% (por exemplo em Portugal, existem empresas de venda a retalho que afirmam ter obtido ganhos 10 a 70 vezes mais sobre o investimento efectuado), estou certo de que as empresas nacionais que entrarem neste momento de viragem e consolidação do crescimento e desenvolvimento do País, sem possuírem Bases de Dados utilizando técnicas como Data Mining e/ou não construirem um Data Warehouse, irão perder o mercado que de certeza será ganho por multinacionais e outros que vierem de fora já com estes princípios incorporados na sua Gestão. 14 ECONOMIA 7 DE DEZEMBRO DE 2007 DIREITO DE RESPOSTA OPINIÃO O pão que se vende, hoje em dia, em Assomada (de fabrico local ou não), na opinião dos apreciadores do produto, não satisfaz e, segundo eles, esse pão, num teste de apreciação de qualidade, teria seguramente, nota negativa; mas, neste Concelho, infelizmente, não existe a Defesa do Consumidor, ou qualquer outra Instituição semelhante, que procure zelar, ainda que de longe em longe, em defesa do consumidor. Nessa circunstância, e face ao problema, os residentes da Assomada têm-se manifestado, de forma muito interessante e curiosa, a sua insatisfação: “oh! tâmbe pachencha, pâ ês pom!” Com arranques do género, que o caso não é para menos! Todavia, longe vai já o tempo em que Assomada, então pequena Vila, tinha uma das melhores, senão a melhor padaria destas Ilhas (ou se preferirem), destes grãozinhos de terra (no dizer da Cesária); pois que em verdade, o pão que se fabricava nessa padaria era de excelente qualidade. E essa padaria, mesmo para a época era, naturalmente, bastante rudimentar e simples; e, pertencia a um senhor de nome Silva, cidadão originário português, que se deixou seduzir pelos encantos e morabeza desta terra crioula e, assim, como tantos outros que então vinham de terras distantes, por motivos políticos ou não, e aqui se fixavam, também esse senhor Silva, que se supõe ter vindo deportado, como “persona non grata” do regime então em vigor, acabaria por aqui ficar, definitivamente, tendo mais tarde aqui constituído família. Embora sendo proprietário da padaria em apreço, ainda assim, essa circunstância só por si, não parece definir a profissão desse homem, como padeiro, com a necessária justeza; o que, de facto não era não, na verdadeira acepção do termo; era antes, isso sim, mestre-de-obras de profissão, pois a ele se deve a construção de alguns prédios, entre os melhores de Assomada, em que se incluem a Escola Primária e a Enfermaria, a casa do Administrador e do Recebedor, e igualmente, a Escola Primária de Cabeça de Carreira. Importa aqui abrir um parêntese, para uma pequena nota pessoal, aliás interessante, sobre esse homem, pois, segundo consta, era uma figura de elevado prestígio e de fino trato, ainda que de difícil temperamento. E não negava sentir-se inclinado para a política que, segunda afirmava, devia estar-lhe impregnada na alma; mas, o espaço de manobra, para a actividade política, era então bastante exíguo, uma vez que o Estado Novo impunha a sua regra, de forma muito severa, e não menos severa, era também a ditadura que impunha. E assim, Cabo Verde acabaria por vir a ser o ponto de destino para se fixar; e, segundo ele, o verdadeiro encontro entre a África e a Europa, pois aqui, nunca se sabe, decerto, de que lado certo se está; se em África, se na Europa. Para o cabo-verdiano ser africano ou não, CYANMAGENTAAMARELOPRETO Augusto Vieira Lopes* ASSOMADA TEVE, NO PASSADO, UMA DAS MELHORES PADARIAS DE SANTIAGO ... o pão dessa padaria era, sem dúvida nenhuma, de excelente qualidade e se podia comparar com o que de melhor, nessa matéria, se fazia na Praia, ou mesmo em qualquer outra parte do mundo. segundo ele, pouco ou nada importa. Assim como assado, há que conviver com os dois lados, pela eternidade! Mas, voltando à questão da padaria, e por aquilo que consta, era a mulher desse senhor Silva, a Dª. Margarida Silva, como era conhecida, que de facto, dirigia e cuidava do trabalho da panificação. E essa padaria, assim como as demais dessa época, de combustão a lenha, funcionava, obviamente, por processo exclusivamente manual, a que hoje se chamaria de fabrico artesanal. Entretanto, o pão dessa padaria era, sem dúvida nenhuma, de excelente qualidade e se podia comparar com o que de melhor, nessa matéria, se fazia na Praia, ou mesmo em qualquer outra parte do mundo. E, se é facto irrefutável, ter havido sempre grandes esforços, desde tempos imemoriais, em quase todas as civilizações, na melhoria da qualidade do pão, não é menos verdade que também em Cabo Verde, estes grãozinhos de terra, já nessa época se verificava o mesmo empenho na busca pela elevação da qualidade desse produto; qualidade então amplamente conseguida, pode-se aqui afirmar, se for tomada em devida conta a padaria/Silva. É que nessa época, pese embora a condição colonial, pouco motivadora, ainda assim, em alguns sectores da actividade industrial, como o caso em apreço, os conhecimentos adquiridos nessa área, conjugados com a extrema capacitação, quanto ao saber fazer (know how), prevalecem ainda hoje como verdadeiras escolas; é que, nessa época, se aprimorava pela qualidade e não pela quantidade, como ora é o caso, mas as coisas passaram, infelizmente, a ser assim, desde o advento da independência. E, se é verdade que alguns produtos (como a aguardente e o mel, ambos da cana sacarina), deixaram de ter a boa qualidade de outrora, também não é menos verdade que com o pão, a situação não é diferente neste Concelho, onde esse produto não satisfaz, como devia. E não será decerto esse pão que se vende em Assomada, o pão que tem que ser ganho com o suor do próprio rosto, segundo o livro de Génesis, como condição indispensável da sobrevivência do homem, quando este, por infortúnio, ou mau comportamento, teve de ser expulso do Paraíso! Seguramente que não! Pois, se assim fosse seria então irremissível esse pecado; e não há dúvidas que gostaríamos antes de acreditar, e acreditamos, que esse pão só podia ser igual ao da padaria/Silva, o pão que hoje todos desejamos! Aqui deixamos, a pergunta que se afigura mais oportuna: Para quando, Santo Deus, pão de boa qualidade em Assomada!? * Santa Catarina, Novembro/2007 07 DE DEZEMBRO DE 2007 ECONOMIA 15 NOTAS Breves Económicas Agenda Produção de cereais aumenta 4,5% INAG dá curso em Gestão de Mudança ? O Instituto Nacional de Administração e Gestão (INAG) organiza, a partir de hoje e durante os dias 10, 11,12 e 13 de Dezembro, um curso sobre Gestão de Mudança destinado a titulares de cargos de direcção superior e trabalhadores licenciados da administração pública central. Pretende-se com este curso aprofundar e consolidar conhecimentos de forma a criar competências adequadas ao exercício da função dirigentes, assentes numa cultura de administração pública profissional e tecnologicamente avançada. O fim é garantir a qualidade na prestação do serviço público. USDA estima a produção em 769 milhões de toneladas a nível mundial, com um aumento de 9,3% em relação ao ano anterior. A estimativa mundial de produção de cereais (trigo, arroz e milho) para o período 2007/08, segundo a USDA (Organismo Pertencente ao Sistema da Nações Unidas) é de 1.793 milhões de toneladas. Ou seja, regista-se um aumento de 4,5% em relação ao período anterior, conforme noticia o Boletim Info Ansa. Em termos de consumo, diz, as perspectivas apontam para um aumento de cerca de 2,4% em relação a igual período do ano transacto. “As disponibilidades cerealíferas no mercado internacional e no período em análise indicam uma redução de 3,92% em relação ao período de 2006/07. Esta redução nas disponibilidades vai pressionar os preços em alta a nível mundial, entre Junho de 2007 e Maio de 2008”, lê-se no boletim. Relativamente ao milho, a USDA estima a produção em 769 milhões de toneladas a nível mundial, com um aumento de 9,3% em relação ao ano anterior. Os Estados Unidos são responsáveis por cerca de 44% da produção global, com um aumento de 26% em relação ao ano anterior. Esta formação, que é organizada em parceria com a Unidade de Coordenação da Reforma do Estado (UCRE) e teve apoio dos Escritórios, Fundos e Programas das Nações Unidas, terá uma componente à distância através do sistema e-learning, e abordará temas como “Gestão Estratégica e de Mudanças”, Balanced Scorecard e Novos Modelos de Elevada Performance na Administração Interna. Serão 25 horas de carácter presencial e 55 horas em e-learning. Os maiores produtores de milho em 2007/08, além dos EUA, continuam a ser: China, Brasil, União Europeia, México e Argentina. Em termos de consumo, registase um aumento de 5,9% em relação ao ano transacto, cabendo aos EUA e China mais de 53% do consumo global de milho. Entretanto, as disponibilidades serão mais elevadas, com cerca de 5,1% de aumento em relação ao período homólogo do ano anterior. CP TAXAS DE JURO Data Tipo Taxa (%) BANCO DE CABO VERDE Oficiais 31-05-1999 Redesconto 8.5 26-02-2005 Cedência de Liquidez 7.5 05-09-2003 Absorção de Liquidez 1.0 04-12-2007 Mercado Monetário Interbancário 6,00 27-11-2007 Taxa Base Anual 3,46 (www.bcv.cv) TAXAS DE CÂMBIO DO DIA 05-12-2007 País Títulos da Dívida Pública 27-11-2007 Bilhetes de Tesouro - 91 dias 3,44 23-10-2007 Obrigações de Tesouro - 6 anos 5,49 Data Emissão 2007-11-02 Tipo TIM Prazo (Dias) 182 Taxa 4,500 Montante 200.000.000,00 2007-10-25 TIM 182 4,500 300.000.000,00 2007-10-18 TIM 182 4,500 600.000.000,00 2007-12-03 TRM 14 4,000 1.000.000.000,00 MERCADO DE INTERVENÇÃO CANADA SUÍCA DINAMARCA EUROPA INGLATERRA JAPAO NORUEGA SUECIA ESTADOS UNIDOS AMERICA SENEGAL AFRICA DO SUL Moeda CAD CHF DKK EUR GBP JPY NOK SEK USD XOF ZAR Unid. 1 100 100 1 1 100 100 100 1 100 1 Compra Venda 74,357 6.684,449 1.477,353 110,265 154,087 66,805 1.363,321 1.169,113 74,701 16,810 10,840 74,498 6.697,225 1.480,420 110,265 154,390 68,191 1.366,130 1.171,970 74,903 16,810 11,042