Electra e IFH perdem administradores

Transcrição

Electra e IFH perdem administradores
COTAÇÃO NA BOLSA DE VALORES
2
(4,59%)
SCT
6.700$00
(0,00%)
CECV
6.100$00
Parte Integrante do Jornal A Semana 826 • Sexta-feira, 07 de Dezembro de 2007
CIFRÃO
ENACOL
(0,00%)
7.000$00
BCA
(0,00%)
3.000$00
JORNAL DE ECONOMIA
Avaliação quinzenal - Recolha de dados na quinta-feira
Estacionária
Electra e IFH perdem
administradores
Pág. 6
Em alta
Em baixa
Ceará vai
homenagear
Rabidantes
de Cabo Verde
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Governo e
Banco Mundial
discutem ciclo
2008-2011
Pág. 4
Primeiro Voo
charter aterra
dia 19
Cabo Verde quer mais
paridade com o Euro
CYANMAGENTAAMARELOPRETO
na Boa Vista
Pág. 10
Santoantao Art Resort
abre
dia 15
Pág. 11
2
ECONOMIA
07 DE DEZEMBRO DE 2007
MACROECONOMIA
Cabo Verde quer mais
paridade com o Euro
Quase 10 anos depois do acordo de convertibilidade, a Cidade da Praia pretende «aprofundar» com
Lisboa o conteúdo desse protocolo ao abrigo do qual a moeda cabo-verdiana é convertível ao euro.
Esse «aprofundamento» pode implicar a liberalização de capitais, com tradução prática na livre
circulação do euro, em paralelo com o escudo, em Cabo Verde.
JOSÉ VICENTE LOPES
O governo de Cabo Verde já propôs ao executivo de José
Sócrates, Portugal, a criação de uma comissão paritária para
rediscutir o Acordo de Cooperação Cambial (ACC), assinado em Março de 1998, ao abrigo do qual o escudo (CVE)
tornou-se convertível ao euro através de um mecanismo de
paridade fixa.
A proposta de aprofundamento do ACC, conforme uma
fonte autorizada, foi formulada aquando da recente estada do
ministro português das Finanças, Teixeira Santos, na capital
cabo-verdiana, que aqui se deslocou para inaugurar a Circular
da Praia. Fora isso, nessa mesma ocasião, recorde-se, aquele
governante rubricou com a sua homóloga Cristina Duarte
um empréstimo «altamente concessional» a Cabo Verde
no valor de 140 milhões de euros, por si demonstrativo da
«abertura» ou do «empenho» de Lisboa em relação a este
arquipélago.
A ideia de renegociar o ACC foi admitida na semana
passada por José Maria Neves, durante o debate parlamentar
sobre o acordo de parceria com a União Europeia, quando
salientou que alguns dos aspectos do referido protocolo
luso-cabo-verdiano «estão completamentos esgotados». Sem
apontar esses «aspectos», JMN defendeu a necessidade de
alargar o ACC «a outros domínios» avançando ainda que
já se está a negociar «com o Ministério das Finanças de
Portugal uma forma de aprofundar e alargar» o protocolo
em apreço.
Segundo uma fonte monetária cabo-verdiana, o
«aspecto mais crítico» do ACC é a linha de crédito de
30 milhões de dólares que Cabo Verde pode, anualmente,
utilizar com a condição de o reembolsar até 31 de Dezembro do ano a que diz respeito. «Isso limita claramente
o acordo», explica. «Trata-se de um mecanismo criado
para ajudar Cabo Verde a enfrentar os choques na sua
balança de pagamentos, só que havendo necessidade de
ajustamentos estruturais, estes levam mais de um ano
para produzir resultados. Por isso, qualquer linha de
crédito no âmbito de um protocolo deste género deve ter
uma maturidade mais longa».
A isso soma-se, lembram as fontes de CIFRÃO, o facto
de desde 2003 Cabo Verde ter deixado de recorrer aos saques, graças à recuperação das suas finanças públicas, um
facto reconhecido pelo FMI e outras entidades externas.
Por conseguinte, para a referida fonte monetária, neste
momento mostra-se mais viável o aprofundamento do ACC,
de modo a permitir, por um lado, o aprofundamento dos
mecanismos da cooperação cambial entre os dois países
e, por outro, a livre circulação de capitais em Cabo Verde,
algo que poderia permitir, por exemplo, a adopção do euro
em paralelo com o CVE.
Aliás, a utilização do euro como moeda corrente é algo,
diga-se, que já acontece, por exemplo, no Sal com os turistas
que visitam a ilha. Aqui, mais uma vez, foi o próprio mercado
a adaptar-se aos novos tempos, ultrapassando de longe a
capacidade das autoridades políticas e monetárias em agir
diante de fenómenos como esse.
Note-se que o governador do Banco de Cabo Verde anunciou, em Maio, durante o fórum de A Semana, no Mindelo,
que iria propor ao governo a livre circulação de capitais no
país. Para um economista, com o aprofundamento do ACC,
qualquer cidadão ou empresa, em Cabo Verde, poderá passar
a utilizar o euro nas suas operações, sendo este, ao mesmo
tempo, um meio passo para uma eventual substituição, mais
tarde, do CVE pela moeda europeia, embora neste ponto as
opiniões sejam divergentes. Isto é, da mesma forma que há
gente a favor, há quem seja contra.
Mas será a revisão do ACC algo possível a curto ou
médio prazo? As fontes de CIFRÃO reconhecem que
este é um dossier com alguma complexidade, mas não
de todo impossível, sobretudo quando se tem em conta o
actual desempenho das finanças públicas de Cabo Verde.
«Pela sua complexidade e ousadia, a proposta é sem
dúvida difícil, mas há abertura de Portugal em discutir
o assunto, e isso é que importa», confidencia um dos
contactos deste jornal.
Mais optimista, uma outra fonte prefere olhar a coisa do
seguinte prisma: «Dez anos depois da assinatura do ACC,
o seu balanço é largamente positivo, sobretudo nos últimos
anos. Basta recordar que, em decorrência da sua situação
financeira, desde 2003 que Cabo Verde deixou de recorrer aos saques a que tem direito no âmbito deste acordo.
Havendo boa vontade, e isso é visível neste momento da
parte dos portugueses, salvaguardadas algumas cautelas, é
possível e recomendável o alargamento do ACC, sobretudo
agora que conseguimos o estatuto de parceiro especial da
União Europeia».
30milhões
de dolares é o valor
da linha de crédito do
Acordo de Cooperação
Cambial
E AINDA
BCV prepara comemoração dos 10 anos da Convertibilidade
O Banco de Cabo Verde vai assinalar, em 2008,
os 10 anos da assinatura do Acordo de Cooperação
Cambial, ao abrigo do qual o escudo passou a ser
convertível ao euro, soube o CIFRÃO. A ideia,
segundo uma fonte daquela instituição, pode passar
pela realização de uma conferência internacional,
com vários especialistas da área bancária e não só.
Nessa altura os vários aspectos do ACC seriam analisados, apontados os seus pontos fortes e menos
fortes, e sobretudo traçados os caminhos que ainda
faltam trilhar no domínio da cooperação cambial
entre Praia e Lisboa.
O ACC foi assinado a 13 de Março de 1998,
durante os governos de Carlos Veiga (Cabo Verde)
e António Guterres (Portugal). Na altura, os dois
principais interlocutores das negociações que
deram lugar ao acordo foram os ministros das
Finanças de Portugal (Sousa Franco, hoje falecido)
e por Cabo Verde o então ministro da Coordenação
Económica, Gualberto do Rosário. Nos bastidores
consta, também, que uma outra personalidade que
desempenhou um papel importante foi o então
conselheiro de Sousa Franco, o economista António Rebelo de Sousa, irmão de Marcelo Rebelo
de Sousa.
Na entrevista que concedeu ao «A Semana»,
em Julho, Gualberto do Rosário chegou a defender
que o Estado de Cabo Verde deveria ter «um gesto»
de distinção em relação a tais individualidades,
alegando que isso «ficava-nos bem». Pode ser que
essa «distinção» venha a acontecer por altura da
comemoração dos 10 anos do ACC. Tanto mais
que, embora não seja de todo um arranjo inédito
entre Portugal e um outro PALOP, ou entre uma
ex-colónia africana e a sua antiga metrópole (vide
o caso francês e a comunidade CFA), a experiência
luso-cabo-verdiana é até hoje a única bem sucedida
a nível da CPLP. Isto porque o acordo assinado
entre Portugal e a Guiné-Bissau, em 1989, não
durou sequer um mês.
07 DE DEZEMBRO DE 2007
ECONOMIA
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ECONOMIA
07 DE DEZEMBRO DE 2007
MERCADO
tome Nota
CABO VERDE
INVESTIMENTOS
Sai Manuel
Pereira
Silva e entra
Alexandre
Fontes
O economista Alexandre Fontes é o novo
membro do conselho de administração da
Cabo Verde Investimentos, CI. Vai substituir
o «veterano» e sociólogo Manuel Pereira Silva, que, depois de vários anos de casa, decidiu
mudar de ares. Victor Fidalgo tem, assim, um
novo colaborador no esforço de atrair investimentos privados para Cabo Verde.
Alexandre Fontes, natural da Costa do
Marfim como o ministro José Brito, que o
nomeou (aliás, seu antigo colaborador nos
tempos da Direcção Geral do Plano e Cooperação), vem do Banco Africano de Desenvolvimento, BAD, onde foi administrador por
Cabo Verde nos últimos cinco anos.
Banco dos pobres
no horizonte
O Banco de Cabo Verde realizou esta semana um seminário na Cidade da Praia, para
avaliar a possibilidade dos Correios oferecerem serviços nanceiros dirigidos aos mais
pobres, integrando-os no sistema. Com isso o BCV pretende, segundo os seus responsáveis, a
inclusão das camadas mais desfavorecidas no mundo nanceiro.
70 %
é a taxa de
bancarização
do país
Segundo o Governador do BCV, Carlos
Burgo, o seminário pretendeu sensibilizar os
participantes para a possibilidade a sua grande
implantação no país, de a Correios de Cabo
Verde oferecer serviços financeiros aos pobres,
ajudando-os assim a ultrapassar a exclusão
financeira.
O seminário, realizado em colaboração
com a Agência de Transferência de Tecnologia Financeira do Luxemburgo, serviu para
analisar estratégias de desenvolvimento de
novos serviços financeiros. Na verdade este é
um produto já existente em muitos países mais
desenvolvidos e, na opinião de Carlos Burgo, a
grande experiência do Luxemburgo, uma das
grandes praças financeiras mundiais, pode ser
muito importante.
“Cabo Verde tem já um nível aceitável de
desenvolvimento do sistema financeiro, que
presta serviços à população e à economia,
mas estes serviços não são acessíveis às populações mais pobres, com rendas mais baixas,
sobretudo nas zonas rurais”, diz o Governador
do BCV.
O acesso desta camada da população a estes
serviços financeiros, permitiria desenvolver as
actividades económicas, combater a pobreza e
integrar no sistema financeiro, com ganhos para
a economia e o país.
Carlos Burgo recorda que os Correios
“já fazem o pagamento das transferências
do Estado, das instituições que pagam as
pensões e participam, através de alguns
mecanismos, na transferência das remessas
dos imigrantes”. A assim sendo, é claro que
podem, sem muito esforço, oferecer uma
conta bancária aos beneficiários dessas
transferências e pagamentos.
A possibilidade de se vir a criar um “Banco
Postal” é visto no entanto com alguma reticência por parte do Governador do BCV. “No
nosso caso, não sei se vamos ter mesmo um
Banco Postal. Mas o que é possível é que os
Correios ofereçam serviços financeiros, uma
conta bancária, a possibilidade das pessoas
terem uma conta poupança e acesso a uma
conta de pagamento”, acrescentou.
Com uma taxa de bancarização bastante
alta, 70%, o acesso de mais pessoas a serviços
financeiros conduziria a maiores benefícios
para a economia, ao mesmo tempo que os cidadãos melhorariam o seu nível de rendimento
e emprego. A criação de um Banco Postal, algo
que existe em vários países da Europa, tem sido
há muito veiculada. Esta é, inclusive, uma via
apontada aos Correios de Cabo Verde para a
expansão dos seus negócios.
Governo e Banco Mundial
discutem ciclo 2008-2011
Uma delegação do Banco Mundial prepara com o Ministério das Finanças um novo
ciclo de ajuda financeira a Cabo Verde, para
2008-2011. No entanto, e porque esse ciclo
só começa em Julho do próximo ano, o Banco
Mundial deverá conceder a Cabo Verde uma
ajuda de transição no valor de 06 milhões de
dólares.
Enquanto discute os termos do novo ciclo
de financiamento (2008-2011), que só começa
em Julho próximo, o Banco Mundial aceitou
conceder a Cabo Verde um apoio financeiro
suplementar de seis milhões de dólares.
Não se sabe ainda ao certo o montante que
o BM irá colocar à disposição de Cabo Verde
mas, admite uma fonte credível, poderá rondar
os 45 milhões USD, à semelhança do programa
que termina este ano. Um outro valor já é praticamente certo e uma parte do mesmo vai ser
concedida em ajuda orçamental.
Cabo Verde vai benefi ciar ainda de um
empréstimo de 44 milhões de dólares do Banco
Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), do sistema Banco Mundial.
Para além disso, Cabo Verde vai receber,
a partir do próximo ano, um forte apoio
financeiro para a formação profissional. O
Governo holandês entra com 9 milhões de
euros. E o Luxemburgo com 12,5 milhões
para quatro anos, não só para o ensino técnico formal como para o sistema de formação
profissional.
07 DE DEZEMBRO DE 2007
ECONOMIA
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NOTÍCIA
OMC integra Cabo Verde
Cabo Verde já é membro da Organização
Mundial do Comércio, facto este que surge
como o culminar de uma caminhada que data
de 1999. É mais um passo com vista à integração deste arquipélago no mundo da economia globalizada. Quais as (des)vantagens
desta adesão?
Prevista para ontem a sessão solene da
entrada formal de Cabo Verde na OMC está
agora prevista para o próximo dia 18. A decisão foi adoptada, na verdade, desde quintafeira da semana passada, 29 de Novembro,
quando ficou a faltar apenas a formalização
do acto. Para o ministro da Economia, José
Brito, esta entrada na OMC constitui um
“abrir de portas” ao mundo da chamada economia globalizada. “Cabo Verde tem força
somente em parceria com outras entidades
que podem conquistar o mercado”, afirma
o ministro da economia salientando, para os
devidos efeitos, “a vocação de Cabo Verde
para ser global”.
No entanto, para o economista Avelino
Bonifácio Lopes, que dirigiu o sector da
economia entre 2002 e 2004, quando de
resto se retomou este dossier que se encontrava paralisado desde 1999, o cidadão
comum pouco ou nada vai sentir em termos
de consequências imediatas desta adesão de
Cabo Verde à OMC. A coisa, deixa a entender, coloca-se num outro patamar: “Vamos
ter que abrir, de forma gradual, o nosso
mercado tanto a nível do comércio de bens
como o de serviços para a concorrência
estrangeira”.
Curiosamente, Cabo Verde já fazia parte
da entidade que antecedeu a Organização
Mundial de Comércio, no caso o GATT
(Acordo Geral de Tarifas e Comércio), mas
8 anos
é o tempo que Cabo Verde levou para ser aceite como
membro da Organização Mundial do Comércio
como não ratificou, em 1995, a convenção
de Marraquexe, que deu lugar à OMC, apenas conservou o estatuto de observador. Foi
necessário, por isso, calcorrear um caminho
de oito anos de negociações para tornar-se
membro da OMC. Avelino Bonifácio Lopes
considera que, tendo em conta outros casos,
esse tempo está longe de ser relativamente
longo, “embora pudesse ser mais curto”.
“A China, por exemplo, negociou durante
15 anos, o Vietname onze…”, refere.
Tido como um dos instrumentos da globalização, a OMC visa, como deixa a entender
o seu nome, regular o comércio internacional
e ao mesmo tempo servir de fórum para a
resolução dos mais variados conflitos decorrentes dessa actividade. Essa regulação
ou intermediação nem sempre costuma ser
fácil, ainda por cima quando os conflitos, por
norma, devem ser resolvidos por consenso
entre as partes.
De todo o modo, a elevação dos níveis
de vida, o pleno emprego, a expansão da
produção e do comércio de bens e serviços, a
protecção do meio ambiente, o uso adequado
dos recursos naturais em níveis sustentáveis
e a necessidade de realizar esforços positivos
para assegurar uma participação mais efectiva
dos países em desenvolvimento no comércio
internacional constituem os objectivos primordiais da OMC, conforme o exposto na
carta constitutiva da organização, cuja sede
é em Genebra, Suíça.
Segundo Bonifácio Lopes, no caso de
Cabo Verde, o país terá um período mais ou
menos longo para se adequar às normas da
OMC, e portanto as eventuais consequências
negativas de tal adesão poderão levar o seu
tempo para fazer-se sentir. É o caso de uma
abertura plena do mercado cabo-verdiano,
a nível das tarifas aduaneiras e não só. Para
aquele economista, “o grande ganho de
Cabo Verde é, sem dúvida, a confiança que
passa a oferecer aos investidores”.
“É verdade que hoje o mundo é uma aldeia global”, anota. “Mesmo assim, registase um receio enorme dos investidores dos
países desenvolvidos em relação aos países
subdesenvolvidos, em especial de África,
onde os governos alteram as suas disposições legais como lhes dá na gana. Estando
na OMC, estando definidos os princípios,
os países não podem alterar as regras à toa,
têm de se sujeitar aos princípios norteadores da OMC, que subscreveram com a sua
adesão. É isto que confere uma confiança
muito grande aos operadores, isto é, sabem,
de antemão, como o mercado vai funcionar
a longo prazo e com base nisso fazem ou
não os seus investimentos. No caso de Cabo
Verde, tratando-se de um país que pouco
tem a perder, a adesão tem mais vantagens
do que desvantagens”.
Tido como um instrumento da globalização, sendo por isso alvo dos antiglobalistas
do mundo inteiro, do vasto leque de funções
da OMC, uma se destaca de modo especial: a
de funcionar como tribunal para os conflitos
do comércio internacional. Trata-se de uma
entidade que funciona por intermédio do
Órgão de Solução de Controvérsias. Aqui os
conflitos são resolvidos por meio de consultas
entre os membros da OMC e as decisões são
tomadas por um painel de especialistas e por
um Órgão de Apelação.
Dois grandes blocos ou correntes regionais, mas também políticos, costumam dominar a OMC: o dos países industrializados e o
dos países em desenvolvimento. Estes acusam
o primeiro bloco de procurar dominar a organização, e por via disso o mundo, impondo as
suas ideias e valores, um dos quais o de livre
comércio. Um debate que se repete também
a nível ideológico, normalmente, entre os
defensores da economia liberal e os sectores
mais ortodoxos da esquerda.
JVL
6
ECONOMIA
22 DE JUNHO DE 2007
MUNDO EMPRESARIAL
IFH
Administrador
executivo
renuncia ao cargo
O economista Paulino Dias renuncia, por razões que tem a ver com
projectos pessoais, ao cargo de administrador executivo da IFH. O
lugar deixado vago por Dias vai ser acumulado pelo presidente do CA
desta imobiliária estatal, João Vieira, que é arquitecto de profissão.
Carlitos Fortes
deixa presidência
do CA da Electra
— Razões prossionais por detrás da decisão
O director da Moave, Carlitos Fortes, deixou a presidência do
Conselho da Administração da Electra SARL, função que vinha
desempenhando desde que o Estado de Cabo Verde assumiu o
controlo societário daquela empresa. Novos desaos na carreira
terão, segundo Carlitos Fortes, determinado a sua renúncia de
algumas responsabilidades, incluindo a gestão da Electra.
Ao Cifrão, Carlitos Fortes garantiu que a
razão que o levou a renunciar à presidência do
CA da Electra é que trabalha para um grupo, a
Moave, empresa que neste ano de 2007 abraçou
grandes desafios empresariais, que exigem mais
trabalho e tempo. “Um desses desafios é a Fabrica de Tabacos, de que a Moave agora é sócia.
Para poder dar a assistência necessária e que a
empresa espera de mim tinha de desprender-me
de outras relações, e um delas era a Electra”,
esclarece o economista.
E mais, prossegue Carlitos Fortes, estava
a tornar-se incompatível estar a sua presença
em determinadas empresas com o seu papel de
gestor da Electra, que absorve demasiado tempo
da sua agenda. “Entendi que devia apresentar a
minha renúncia e, em concertação com os meus
pares, mais precisamente com o pessoal ligado
ao grupo Moave SARL, decidi liberta-me de
outras responsabilidades”, acrescenta.
Em relação à Electra, este economista lembra que entrou para a sua gestão “em cima dos
joelhos” e muito por causa da sua relação com
o então ministro da Economia, Crescimento e
Competitividade, João Pereira Silva. Aliás, afirma, “na altura em que recebi o convite não tive
tempo sequer para assimilar os compromissos
que teria como presidente do CA da Electra, que
é uma empresa estruturante para C. Verde”.
Hoje, por causa dos novos desafios com que a
Moave se vê confrontada Carlitos Fortes decidiu
libertar-se de outras responsabilidades. “Não houve
incompatibilidades com ninguém da Administração e nem uma situação de conflito. Decidi
suspender a minha prestação na Electra porque
é uma empresa exigente em termos de trabalho”,
completa Carlitos Fortes, que disse precisar dar
essas satisfação para evitar especulações.
O presidente da Comissão Executiva da
Electra, Antão Fortes, corrobora esta versão
da história e garante que, por aquilo que conversou com Fortes, a sua motivação é pessoal
e não tem nada a ver com questões internas
(eventuais desentendimentos). Tentamos saber
se já existe algum nome para o cargo, mas tal
não foi possível.
Constânça de Pina
Depois de sete meses a trabalhar como administrador executivo do Instituto de Fomento
à Habitação, o economista Paulino Dias deixa
o Conselho de Administração da empresa imobiliária e fundária. Paulino Dias apresentou o
seu pedido de renúncia ao cargo no dia 24 de
Outubro.
Satisfeito que está o pedido de desvinculação, Paulino Dias encontra-se já fora da empresa
e sem direito a qualquer indemnização. O mesmo vinha, desde Abril deste ano, respondendo,
enquanto administrador-executivo da sociedade,
pelas áreas comercial, financeira e de recursos
humanos. Estas funções passam agora a ser
acumuladas pelo presidente do Conselho da
Administração, João Vieira, pelo menos até
a tutela nomear um novo administrador para
preencher o lugar agora deixado vago.
Projectos pessoais terão estado na origem
desta saída de Dias da IFH. É que este tem já na
forja a constituição da empresa PD Consult, que
deve dentro de dias estar registada e começar
a operar. A novel sociedade será uma firma de
consultoria destinada a planeamento estratégico, análise de investimentos e consultoria em
marketing.
«A PD Consult constitui a primeira pedra
de um projecto maior, que expandirá para
outras áreas, como o turismo, a restauração e
negócios em outros sectores de actividade. Nos
trabalhos de campo que realizei para a recolha
de dados sobre o cooperativismo, constatei que
há, sobretudo em Santo Antão minha ilha natal,
um trabalho por fazer a nível do movimento
cooperativista e do empreendedorismo, que
podem ser conciliados com projectos pessoais»,
fundamenta Paulino Dias.
Este economista de profissão, que já foi
quadro da multinacional Shell, aponta ainda
uma outra razão que o levou a abandonar o CA
da IFH, e que se relaciona com o facto de estar
a preparar a sua tese de mestrado sobre o cooperativismo. «Queria ficar com mais tempo livre
para poder concluir a minha tese de mestrado
durante este mês de Dezembro, já que deverei
fazer a defesa em Janeiro do próximo ano, em
Portugal».
O administrador-executivo demissionário
da IFH diz acreditar que a sua saída não irá
prejudicar a empresa, visto que esta dispõe de
um quadro de pessoal altamente motivado e
de um plano estratégico importante, que inclui
um avultado pacote de investimentos para os
próximos cinco anos.
Licenciado em economia, Paulino Dias
possui MBA em gestão e actualmente prepara
sua tese de mestrado em gestão global. Antes
de ter estado na IFH, foi director de Marketing
da Shell Cabo Verde.
ADP
22 DE JUNHO DE 2007
ECONOMIA
7
NÓS E OS OUTROS
Altos…
Altos
FRASES
A entrada, finalmente, de
Cabo Verde na Organização
Mundial do Comércio é o
facto da quinzena. É o culminar de uma caminhada de
oito anos, que visa ajudar a
integração deste arquipélago
no mundo da globalização.
Como sempre, obtido o palmarés, é preciso continuar
a trabalhar, trabalhar cada
vez mais, para adequar Cabo
Verde aos princípios e normas da OMC. E o trabalho,
convenhamos, não é pouco.
…Baixos
Mais uma vez, por
desentendimentos entre
a situação e a oposição, a
Assembleia Nacional ficou
sem decidir a extinção do
imposto de selo e outros
instrumentos apresentados
pelo Governo na última
sessão parlamentar. Fala-se,
fala-se, que o país precisa
modernizar-se e tornar-se
mais competitivo e na hora
H os cidadãos – operadores
e utentes, numa palavra, os
eleitores – ficam todos a
chupar no dedo por caprichos políticos ou negociações mal conduzidas. Não
é de estranhar, por isso, que
esta semana uns senhores do
Banco Mundial e do FMI
decidissem dar uma saltadazinha até ao parlamento
para saber em que águas
(já de bacalhau) andam uns
certos diplomas, importantes para a chamada reforma
do Estado, que há muito
deviam estar decididos,
aprovados, publicados no
BO, e implementados.
…Em Off
A subida em flecha das
acções da Enacol, saltando
de 4400 escudos (em Abril)
para 7 mil escudos agora
em Dezembro, levou a
Bolsa de Valores de Cabo
Verde a accionar o seu
alerta máximo, mandando
suspender a transacção do
referido bilhete. Ao que
consta, em torno das acções
da petrolífera cabo-verdiana
há uma disputa de tubarões
(angolanos e portugueses),
vorazes e insaciáveis, que
não querem deixar em bolsos crioulos os deliciosos
papéis, que, pelos vistos,
valem, e como valem, o seu
peso em petróleo.
«A TACV encontra-se na
agonia e no descalabro».
Ulisses Correia e Silva, no
debate do OE no Parlamento,
27-11-07.
«A TACV não se encontra
na agonia e nem vai morrer».
E ao contrário do que se diz
por aí «a TACV não vai ser
vendida nem a camaradas nem
a preço de camaradas».
Manuel Inocêncio Sousa,
ibidem.
Ceará vai homenagear
“Rabidantes”
de Cabo Verde
O Estado do Ceará, Brasil, vai homenagear as “rabidantes” cabo-verdianas que fizeram e sustentaram
durante muito tempo a ligação regular entre Fortaleza
e Cabo Verde. É esta ligação que, segundo o Secretário
do Turismo, Bismarck Maia, desdobrou agora numa
frequência diária e proporcionou ao Ceará um canal para
chegar à Europa.
Bismarck Maia reconhece que a relação entre Cabo
Verde e Fortaleza teve início com as rabidantes caboverdianas, conhecidas no Brasil como sacoleiras. Por
causa disso, afirma, o Ceará é grato às rabidantes. “Somos
muito gratos às rabidantes. Foram elas que conseguiram fazer nascer o voo” que começou por ligar uma vez
por semana o Sal e Fortaleza. Queremos inclusive, em
momento oportuno homenagear essas rabidantes que, de
forma espontânea, vieram fazer as suas compras aqui no
Ceará”, disse o Secretário do Turismo do Ceará aos jornalistas de Cabo Verde e Guiné-Bissau que efectuaram na
última semana uma viagem de divulgação àquele Estado
do Brasil, a convite da TACV.
Para este responsável, as rabidantes cabo-verdianas são
guerreiras e lutadoras dentro das suas famílias. E é graças
a elas que hoje o Ceará tem uma parceria com a TACV,
que não é mais só de apoio comercial às rabidantes, mas ao
próprio Estado do Ceará. “O Ceará hoje dispõe de canais
para chegar à Europa por causa da TACV. Esse despertar,
que começou com as rabidantes, passou a ser uma integração. Estamos a ver uma oportunidade muito grande para
o turismo comum aos dois países. Acho que podemos ser
complementares (Ceará e Cabo Verde) na hora de atender
ao público europeu, que é o grande emissor de turistas.
Muitos sectores da economia do Ceará e de Cabo Verde
podem evoluir”, acrescenta Maia.
Em contrapartida, o Secretário de Turismo do Ceará
acredita que o seu Estado poderá ajudar Cabo Verde, por
exemplo, na infraestruturação pública, designadamente
portos, aeroportos, saneamento básico e energia, sobretudo
eólica, que é necessária aqui nas ilhas. “Podemos ainda
cooperar na questão do entreposto comercial dos produtos,
que podem ser efectivamente um valor agregado em Cabo
Verde, mas também a nível da educação, qualificação,
ciência e tecnologia. Por tudo isso, entendo que vai ser
boa esta parceria até porque o Ceará dista de Cabo Verde
apenas 3h30. Gasta-se menos tempo para ir a Cabo Verde
do que a São Paulo”, exemplifica.
“Cabo Verde está no meio
dos três continentes e poderá
oferecer à China uma base
comercial e económica que
vai ajudar o país a conquistar
melhor este espaço”, José Brito, Ministro da Economia, em
Macau, Inforpress, 04-12-07.
PARABÉNS
CAUTELAS
No capítulo do turismo, apesar das potencialidades do Estado do Ceará, Bismarck Maia garante que este é um dossier a
que a Secretaria do Turismo dispensa uma atenção especial. “É
claro que queremos receber investimos estrangeiros, mas não
estamos de forma desvairada a captar recursos, que podem
perigar as nossas dunas de areia, praias, costa e litoral, que
são o nosso maior património. Queremos os investimentos do
tamanho necessário que o Ceará precisa. Ou seja, um número
adequado de resorts, de lugares de entretenimento, de pousadas, hotéis, mas nunca de forma a destruir o ambiente”.
Apesar dessas cautelas indiciarem um aviso às autoridades
ligadas ao turismo em Cabo Verde, Bismarck Maia entende que
o nosso país está a fazer uma gestão consciente e a desenvolverse de forma sustentável. Lembra, contudo, que o turismo não
se faz só com promoção e marketing para lotar a alta estação.
Faz-se, afirma, com qualificação profissional, com promoção e
marketing e, sobretudo, com uma infra-estrutura adequada.
Mas a segurança também merece atenção do Secretário
do Turismo que, pelo menos por enquanto, considera Ceará
um destino seguro. “É claro que temos problemas de segurança em vários lugares, mas estamos procurando resolvêlos. Alguns cometem o erro de os divulgar e outros o acerto
de não falar. Existem alguns pontos críticos que ultrapassam
a rapinagem e a esperteza e que são internacionais, como o
tráfico de drogas. O Brasil é um país continental com oito
milhões e 500 mil metros quadrados. Vários países cabem
dentro do nosso país e, então, não podemos deixar de ser
o lugar de todas as diversidades, sejam elas culturais, mas
também sociais”, admite Maia.
Mas esses são problemas que, no entender do nosso
entrevistado, não obstará ao turismo, que é sem sombra de
dúvidas a maior vocação de Cabo Verde e também do Ceará.
Aliás, nesse particular, Maia é peremptório: “Não temos outro
caminho que não seja o turismo. Qualquer outro caminho
custará e demandará tempo maior do que aquele que o turismo precisa. O turismo responde muito rápido. Vamos traçar
juntos políticas de desenvolvimento do turismo, que não são
só promoção, mas a melhoria da qualificação, educação,
saneamento, ciência e tecnologia e irmanarmos cada vez mais
Cabo Verde e Ceará. Tenho certeza de que será extremamente
proveitoso para os dois lugares”, conclui.
Constânça de Pina
Ao Porto Novo pela inauguração da sua primeira dessalinizadora, na passada segunda-feira, 03. Um investimento,
no valor de 240 mil contos,
possível graças à parceria entre
os sectores público (20%) e
privado (80%), da Águas de
Ponta Preta. Uma infra-estrutura
que vem ajudar, sobremaneira,
a resolver um dos mais graves
problemas daquela cidade da
ilha de Santo Antão.
O NÚMER0
45
milhões
de dólares
é o montante que o Banco
Mundial deverá colocar, para
já, à disposição de Cabo Verde
na renovação da assistência
que presta a este arquipélago.
O valor poderá, contudo, ser
bem mais substancial, uma
vez definidos os novos moldes
desse relacionamento em data
a estabelecer. Tanto mais que,
com a sua graduação a PDM,
Cabo Verde passará a estar
num outro «ranking» podendo
o «esforço» do BM ser muito
mais substancial.
8
ECONOMIA
07 DE DEZEMBRO DE 2007
ENTREVISTA
“ARFA assume-se como autori
“Assumir-se como a autoridade nacional da qualidade”. Este é o propósito da Agência de Regulação e Supervisão dos Produtos
Farmacêuticos e Alimentares. Em entrevista ao Cifrão, Miguel Lima, presidente da ARFA, assegura que esta agência já atendeu a diversos
alertas de segurança sobre bens alimentares, ordenando a destruição de lotes de produtos. Mas a ARFA quer fazer mais. Embora tenha ainda
algumas limitações nanceiras, está a preparar o terreno para a criação de um laboratório nacional de referência no controlo de qualidade
e para o início da inspecção aos produtos alimentares e farmacêuticos. Instrumentos que serão criados para garantir a “protecção da saúde
pública” um mercado mais competitivo, bem como dar uma resposta à demanda de qualidade que chega do sector do turismo.
Rita Vaz da Silva
A ARFA foi criada em 2004, mas o seu processo
de implementação e instalação prolongou-se por
quase três anos. Por que motivos?
De facto, a criação formal da ARFA (Decreto-Lei
42/2007, de 18 de Outubro da ARFA) data de 2004.
Mas o processo da sua instalação só teve início a 19 de
Setembro de 2005, dia em que os membros do Conselho
de Administração foram empossados. No percurso que
se seguiu a essa data, houve um período, que decorreu
até Março de 2006, utilizado essencialmente na criação
de condições mínimas de trabalho, que envolveu a
mobilização de recursos financeiros para se fazer face
aos custos iniciais, a procura e adaptação dum espaço
físico para a agência, a aquisição de mobiliário e equipamento informático, bem como o desenvolvimento de
iniciativas que conduziram ao recrutamento do primeiro
núcleo de técnicos.
Apenas podemos dizer, de facto, que a instalação
física da agência só ficou completa em finais de Março
de 2006, o que significa que, em boa verdade, a vida da
ARFA se conta, efectivamente, em cerca de 19 meses.
Por isso, não posso considerar que haja motivo algum
para se considerar que o processo de instalação da ARFA
se tenha prolongado por muito tempo. Houve situações
que não estiveram sob nosso domínio e que atrasaram
o processo, como a morosidade nos fornecimentos, por
terceiros, e o recrutamento de pessoal.
O facto da regulação ser ainda uma novidade em
Cabo Verde também contribuiu para alguma lentidão do
processo, já que não havia modelos de regulação que
pudessem ser tidos como referência, e muito menos
recursos humanos com experiência em regulação, particularmente em sectores sensíveis como o são o alimentar
e farmacêutico, e, finalmente, a situação crítica vivida
em matéria de sustentabilidade financeira.
E o que falta ainda fazer para que a instituição
comece a funcionar em pleno?
A agência já está a funcionar e bem. Estamos a
acelerar o ritmo da sua intervenção para que tenha
progressivamente uma maior visibilidade. O “pensar a
agência”, que até agora tem estado no centro da nossa
agenda, não nos tem afastado do cumprimento de outras
obrigações, como sejam a procura e o aproveitamento de
oportunidades de capacitação dos técnicos da agência,
quer a nível interno como no exterior, e a procura de
vias para se garantir a sua sustentabilidade financeira.
Temos também vindo a atender solicitações vindas do
exterior, relativas a alertas sobre a segurança de géneros
alimentícios, sobretudo, mas também de medicamentos.
Em qualquer uma das solicitações atendidas, a ARFA
esteve à altura de agir em conformidade com a essência
da sua missão, que é “contribuir para a protecção da
saúde pública”.
Consideramos que 2008 vai ser o ano do início da
implementação de instrumentos básicos de regulação,
tanto para o sector alimentar como o dos medicamentos,
o que prediz que dentro de escassos meses a ARFA
estará definitivamente envolvida no cumprimento do
seu mandato, num processo que será necessariamente
faseado, e quiçá sinuoso, mas com certeza sustentado
e sustentável.
Qual a função/competências da ARFA?
As atribuições e competências da ARFA constam da Secção II.ª do Capítulo II.º dos respectivos
Estatutos, num vasto leque que, por si só, dá uma
ideia da importância que é atribuída a esta agência e
dá também uma ideia do quanto o país dela espera,
Miguel Lima, presidente da Agência de Regulação de Alimentos e Medicamentos
significando, numa frase, “prestar uma contribuição
de relevo na preservação da saúde pública”.
Pode dizer-se que a ARFA é uma instituição que
se interpõe entre o mercado nacional de géneros alimentícios e produtos farmacêuticos, por um lado, e
o sistema de saúde, por outro, agindo de modo a que,
da sua acção, resultem benefícios evidentes para a
saúde pública, pela via do fornecimento ao consumo
de géneros alimentícios seguros e em boas condições
de higiene, bem como de medicamentos de qualidade,
seguros e eficazes. Neste contexto, a agência assume-se
como “autoridade nacional da qualidade”.
Já na vertente da regulação económica, o enfoque
e a prioridade estão a ser dados à regulação do mercado dos medicamentos, na perspectiva de se dispor
dum quadro de regulação que contribua para que este
mercado funcione bem, a partir do momento, em que
estiver liberalizado. Ao fim e ao cabo, o propósito da
ARFA vai também no sentido de interagir com o sector
privado nacional de modo a que as empresas sejam
mais competitivas, pela via da oferta de produtos seguros e de qualidade e de uma relação qualidade/preço
que seja razoável tanto para as empresas como para o
consumidor.
A ARFA quer ainda promover a formação a vários
níveis: para reforçar a sua capacidade técnica, para a
utilização das Boas Práticas ao longo das cadeias alimentar e medicamentosa e para instruir o consumidor
sobre a aquisição de produtos seguros e de qualidade.
Outra função da agência será contribuir para a instalação, faseada, em Cabo Verde, dum Sistema Nacional
da Qualidade, com enfoque, numa primeira fase, no
desenvolvimento institucional da Metrologia e ainda
trabalhar para a promoção de produtos de qualidade,
com base na denominação de origem e na atribuição e
protecção de marcas.
O FMI, nos seus últimos relatórios sobre o PSI,
afirma que a segurança sanitária e o controlo da
segurança alimentar em Cabo Verde são insatisfatórios e recomenda, passo a citar, “que a ARFA
esteja implementada para que a situação melhore”.
Esta recomendação é feita pelo FMI há já quase
três anos, mas a situação mantém-se relativamente
semelhante em 2007.
Tendo a ARFA sido criada, formalmente, em Outubro de 2004, não me parece que tenha havido razões
para que uma missão do FMI, realizada nesse mesmo
ano se tenha mostrado “impaciente” no tocante à “implementação da ARFA”. Que eu saiba, essa impaciência
terá sido manifestada, sim, em Julho de 2002, altura
em foi concluído o estudo que conduziria ao desenho
institucional da ARFA, e Outubro de 2004. Quer o
FMI, quer o Banco Mundial, haviam insistentemente
recomendado, ao longo desse período, que a agência
fosse criada quanto antes.
“SITUAÇÃO FINANCEIRA DE ARFA
MANTÉM-SE COMPLICADA”
Como vai funcionar a ARFA?
Apesar desta agência estar a dar os primeiros passos, estamos a privilegiar a construção duma estrutura
organizacional leve mas funcional, com métodos de
organização e funcionamento adequados à natureza
e ao cumprimento da missão confiada à agência, uma
política de pessoal de rigor no tocante à salvaguarda da
qualidade, à capacitação permanente e à promoção da
motivação no geral e, enfim, a construção numa instituição com bases sólidas. Graças à qualidade, motivação e
dedicação dos poucos técnicos de que a agência ainda
dispõe – tão pouco, que me tem levado a dizer que a
ARFA ainda não pode participar num torneio de futebol
de 11, mas apenas de futsal (risos) – ousamos enfrentar
e temos conseguido superar muitos dos obstáculos que
vimos encontrando.
No que se refere à estrutura organizacional em si,
optou-se por não replicar órgãos visando atender ao
carácter bissectorial da agência, antes preferindo-se
uma estrutura compacta, que reflicta as duas vertentes
da regulação, a técnica e a económica. Está prevista,
nesse sentido, a instalação de duas antenas regionais,
e está em curso a elaboração do projecto de instalação
dum laboratório de referência nacional. Está ainda
equacionada a via para a organização e funcionamento
da capacidade inspectora da agência.
Como é financiada a agência? Os operadores
do sector alimentar e farmacêutico deveriam pagar, à partida, taxas à ARFA, mas esse processo foi
interrompido.
O financiamento é uma questão ainda em aberto,
visto que ainda não se conseguiu resolvê-la pela via prevista por lei. Enquanto isso, os recursos financeiros de
que a agência dispõe provêm do Orçamento do Estado e
de uma contribuição do projecto Competitividade.
No entendimento de que a missão da ARFA passa
pela prestação duma contribuição ao aumento da ca-
07 DE DEZEMBRO DE 2007
ECONOMIA
9
dade nacional da qualidade”
pacidade competitiva das empresas ligadas aos ramos
alimentar e farmacêutico, os estatutos desta agência
(Lei n.º 20/VI/2003) consagram o princípio de que a sua
sustentabilidade financeira é garantida por contribuições
pagas pelas “entidades reguladas”, e estabelecem mecanismos para a sua cobrança. Mas quando se pretendeu
iniciar o processo de cobrança, no segundo semestre
de 2006, foram levantadas dúvidas, pela ARFA, não
só quanto à legalidade desse princípio como também
quanto à validade e operacionalidade dos mecanismos
de cobrança estabelecidos.
De facto, ao longo do diálogo que a direcção da
ARFA desenvolveu com os empresários, foi ganhando
força a ideia de que a via prevista não só era complicada como também inadequada em certos aspectos,
sobretudo pelo risco de múltiplas cobranças por um
mesmo produto ou, então, por obrigar ao pagamento
de contribuições por produtos que nada têm a ver com
o conceito de “produtos sujeitos à regulação”, por
exemplo, no caso duma empresa que lida com alimentos
e outros produtos.
Desse diálogo, saiu, da nossa parte, a conclusão de
suspender o processo de cobrança, o que aconteceu em
Novembro de 2006, e, na sequência, aprofundar essa
problemática até se concluir se havia algo errado na via
prevista na lei e, se fosse o caso, definir como proceder
para alterar a situação.
Por se tratar duma questão sensível, optou-se por
encomendar um estudo a uma entidade externa (nacional). Esse estudo concluiu que a via prevista para
a cobrança de contribuições não dispõe de suficientes
e adequados suportes legais para ser seguida, pelo que
outra alternativa deve ser encontrada para garantir a
sustentabilidade financeira.
Um dos argumentos em que se fundamenta a conclusão central desse estudo, é que a lei deu o mesmo
tratamento a todas as agências de regulação, quando, em
boa verdade, deveria ter tido em conta a especificidade
da ARFA comparativamente com as suas congéneres
nacionais. Para a ARFA, este facto não constituiu novidade já que internamente havia identificado um vasto
leque de situações que conferem carácter singular a esta
agência, disto ressaindo o facto dela não assentar em
qualquer infra-estrutura de rede.
Por tudo isso, cabe agora ao Governo encontrar a
saída desejada, não só porque para a ARFA é imperioso
ver garantida a sua sustentabilidade financeira, como
também porque essa sustentabilidade é factor fundamental da sua independência.
Com essa indefinição, como está a situação
financeira da agência?
Mantém-se complicada, impondo sérios condicionalismos ao seu desenvolvimento. Não obstante, os
evidentes esforços que o OE vem consentindo, de modo
a dotar a agência de recursos financeiros, a verdade é
que os recursos disponibilizados não só são insuficientes
como têm sido atribuídos de forma fragmentada.
Face a essa situação, a direcção da agência está
preocupada e a sentir-se em dificuldade para imprimir o
ritmo certo ao seu desenvolvimento, mas não alarmada,
por estar convencida de que a situação agora vivida
será em pouco tempo ultrapassada. E tem razões para
pensar assim, pois há um amplo consenso em torno da
imprescindibilidade e utilidade do papel que está reservado à agência.
Quais as diferenças (ao nível das competências) entre a ARFA, a ANSA e a DSSA? E como
vão articular a tarefa de regulação do mercado de
alimentos e medicamentos?
As três instituições têm no rol das competências
uma referência que lhes é comum, “a segurança alimentar”. Mas há uma destrinça se atentarmos ao conceito
moderno de segurança alimentar, que, cito, “define-se
sempre em relação a uma população referencial para
a qual se quer garantir o acesso físico e económico ao
alimento em condições de contribuir para a saúde do
consumidor de forma contínua ao longo do tempo, no
presente e no futuro”.
De uma forma esquemática, pode-se retirar desse
conceito dois propósitos, um referente à garantia de
acesso físico e económico e, outro, o de que essa garantia
deve ser de molde a, também, contribuir para a saúde
do consumidor. Portanto, enquanto que a ARFA tem
sobretudo a ver com este segundo propósito, as demais
instituições, às quais, aliás, se poderiam acrescentar outras, como sejam os serviços ligados à produção vegetal
e animal e à pesca, têm mais relação com o primeiro.
Mas essa separação não é tão evidente, a ponto
da ARFA ter, no ano passado, dedicado alguns meses
à promoção do “diálogo institucional”, à procura de
entendimentos sobre como resolver as questões relativas à sobreposição de competências, bem assim sobre
como garantir a articulação de políticas. Para além de
se reconhecer esta necessidade, a verdade é que também
o quadro relativo à segurança alimentar precisa de ser
reformado, na perspectiva de racionalização de estruturas e, assim, de se dispor, em matéria de segurança
alimentar, de um quadro institucional claro, que permita
aos cidadãos saber quem intervém ou é responsável por
este ou aquele domínio.
No que cabe à ARFA, a nossa proposta vai no
sentido de se institucionalizar o que chamamos de
“Sistema Nacional de Controlo Oficial da Qualidade”, sistema que visa congregar e articular as acções
das instituições e dos organismos públicos e privados
país e se interligará com redes congéneres de espaços
económicos (UE) e países de procedência da maior parte
dos alimentos e medicamentos que importamos; uma
Base de Dados, que abarcará toda a informação pertinente relativa ao controlo da qualidade e à supervisão do
mercado dos alimentos e medicamentos; e um Website,
que será o elo de ligação da agência com as instituições
públicas e privadas e a sociedade no geral.
Um outro suporte de extrema importância vai
ser, sem qualquer dúvida, o Laboratório de referência
nacional. O projecto para a sua concepção ainda está
em curso mas posso avançar já que se pretende que o
laboratório seja um instrumento adequado aos objectivos que o justificam, que deverá “nascer” já com as
condições necessárias para que possa ser acreditado
a nível internacional e que seja aberto à prestação de
serviços a todos quantos tenham obrigações em matéria
de controlo da qualidade.
A jusante desse conjunto de suportes, teremos então
a Inspecção que vai cuidar da verificação da aplicação
das leis, regulamentos e normas aplicáveis ao controlo
da qualidade. A respeito da dimensão que deve ser dada
ao serviço encarregue dessa actividade, a ARFA tem
ideias inovadoras, com o objectivo de induzir à reforma
da capacidade inspectora do Estado, de modo a permitir
não só uma racionalização de estruturas como também
Vai nascer um laboratório de referência
já com as condições necessárias
para que possa ser acreditado
a nível internacional
interessados na promoção da Qualidade.
Sobre a articulação da tarefa de regulação do mercado, é entendimento da ARFA que a prioridade vai para a
regulação económica do mercado dos medicamentos, no
que lhe cabe, após os procedimentos prévios adequados,
a adopção de critérios para a fixação e actualização dos
preços dos medicamentos, assim como promover a monitorização dos stocks nacionais dos medicamentos, de
modo a que, sempre que couber, o país possa accionar os
mecanismos que evitem a ruptura de stocks. Cabe-lhe,
também, participar na adopção das medidas destinadas
a combater a importação e a comercialização paralelas
de medicamentos.
Já quanto ao mercado dos alimentos, é certo que a
ARFA também fará a sua monitorização mas sobretudo
na perspectiva de contribuir e assegurar que os alimentos
que nele entram e dele saem, neste caso para o consumo,
ofereçam suficientes níveis de higiene e segurança.
Qual é o processo que a ARFA vai criar para fazer
as inspecções/controlos aos alimentos e medicamentos?
Vão formar inspectores?
Os suportes técnicos que vamos ter são, no essencial: uma Rede de Alerta Rápido, que cobrirá todo o
um maior enfoque nas questões sanitárias. Num fórum
que promoveu em Junho deste ano, a ARFA já apresentou um documento quadro sobre esta questão, tendo
obtido dos participantes um amplo consenso sobre os
objectivos pretendidos e as vias para a sua realização.
A ARFA vai regular todos os sujeitos que intervêm nos processos de produção ou importação, distribuição e comercialização de produtos alimentares
e medicamentos. Não é uma tarefa titânica controlar
este processo num país que depende, em grande
parte, da importação de alimentos de vários países
europeus, dos EUA, da China e do Brasil? E quanto
aos medicamentos, qual será o vosso papel?
Eu não diria uma tarefa titânica mas antes um objectivo ambicioso. E essa é uma ambição que decorre
da necessidade de se elevar o país a outros patamares
em domínios tão importantes e sensíveis como o são
a qualidade, a higiene e a segurança dos alimentos
e medicamentos, acrescentando-se a estes últimos o
carácter eficácia.
A nível da produção primária e industrial, têm
sido alcançados avanços significativos, como são o
caso da produção hortícola nacional recorrendo aos
novos sistemas de alta eficiência em água e a outras
tecnologias promotoras do aumento do rendimento;
no sector da pequena indústria e actividade comercial, o sector alimentar está cada vez mais presente,
designadamente com o aparecimento de novas pequenas e médias indústrias. No sector farmacêutico,
há a registar o facto do país já dispor de capacidade
própria de produção, com dimensão significativa e
capacidade exportadora e competitiva.
TURISMO IMPÕE NOVAS PREOCUPAÇÕES
O sector do turismo impõe novas preocupações, em
que se inclui a oferta de produtos e serviços de qualidade, para além de condições ambientais de padrões cada
vez mais elevados.
Do lado dos padrões do consumo de alimentos
e produtos farmacêuticos, a demanda de qualidade é
cada vez maior, para além do facto dos mercados destes
produtos estarem a ser alimentados por uma significativa diversidade de operadores. Mesmo em matéria de
exportação de produtos alimentares e medicamentos,
há que ter em conta que, se por um lado os volumes
de produtos a exportar tendem a aumentar, por outro,
são cada vez maiores as exigências dos importadores
de produtos de origem cabo-verdiana no tocante à
qualidade e segurança.
Tudo isso que nos leva a considerar que, para Cabo
Verde, chegou a “hora da Qualidade”, com toda a responsabilidade que deste paradigma decorre. Só que há
que ter em conta que a qualidade não se oferece mas,
sim, conquista-se, isto significando que ao longo de toda
a cadeia, seja a alimentar ou a medicamentosa, qualquer
ganho de qualidade implica o recurso às Boas Práticas,
obviamente com custos acrescidos.
É nisso que cabem a vocação e as responsabilidades da ARFA, enquanto instituição criada e disponível
para informar e ser informada, procurar e fornecer
sugestões técnicas e apoiar os agentes económicos e
os consumidores em tudo quanto visar a promoção
da Qualidade. O que se pede é que se tenha em conta
que a assunção plena das responsabilidades não se
fará do dia para a noite, quanto menos pela via de
soluções mágicas. Há que esperar, contribuindo,
para que a agência se dote de capacidade técnica e
científica para então poder responder aos desafios
que vai ter pela frente.
A ajuda alimentar (38 por cento dos cereais/
grãos consumidos no país nos últimos quatro anos,
segundo o FMI) também será controlada?
O controlo da qualidade que a ARFA pretende
promover caracterizar-se-á, sobretudo, pela universalidade da sua incidência, isto é, quer sobre os
produtos produzidos em Cabo Verde, destinados ao
consumo interno ou à exportação, como sobre os
produtos importados, neste caso sejam eles adquiridos
em qualquer ponto do mercado externo ou obtidos a
título de ajuda alimentar.
Uma das competências da ARFA, segundo sei,
será assegurar o abastecimento regular dos mercados. Um dos problemas do mercado alimentar
cabo-verdiano é exactamente esse, a ruptura de
bens no mercado. Como vão conseguir equilibrar o
abastecimento de alimentos, tendo em conta que os
fornecedores estão dispersos por tantos países?
A ARFA não detém qualquer incumbência no
assegurar do abastecimento do mercado, mas tão-somente a de contribuir para que o mercado ofereça ao
consumidor produtos de qualidade e seguros. No meu
ponto de vista, aliás, não há razões evidentes para, em
termos de dimensão e frequência, se dar relevância a
essa questão da ruptura de mercado. Creio que de uma
forma ou outra o mercado tem estado bem abastecido,
ocorrendo sim a ruptura de um ou outro produto a
título circunstancial e por períodos muitos curtos. No
que concerne aos géneros alimentícios, as rupturas que
normalmente ocorrem envolvem sobretudo produtos
perecíveis, como a cebola e o alho, sobretudo pelo facto
do seu carácter perecível não encorajar a constituição,
10 ECONOMIA
07 DE DEZEMBRO DE 2007
TURISMO
Boa Vista: Primeiro vôo charter
desembarca dia 19 de Dezembro
ENACOL
lança linha
de cliente com
atendimento
personalizado
A Enacol acaba de criar uma linha
telefónica única para um atendimento
personalizado aos clientes. Esta linha
que, segundo a empresa nacional de
combustível, é de fácil memorização
pelo público tem por objectivo estabelecer um contacto privilegiado entre
o cliente e a Enacol através de um
numero de telefone único - Linha do
Cliente: 8086060.
A directora de Marketing da Enacol, Fátima Gonçalves, explica que,
com esta linha de atendimento personalizado aos clientes, a Enacol pretende facilitar a recepção de sugestões,
reclamações e pedidos de informação
sobre a empresa, produtos e serviços.
“O atendimento é assegurado por
profissionais capacitados, de modo a
que as necessidades do cliente, que
determinaram a chamada, fiquem inteiramente satisfeitas”,
Gonçalves esclarece ainda que a Linha do Cliente, 808 60 60, é suportada
por um número azul, ou seja, o custo
de uma chamada local para o cliente,
enquanto que as chamadas interurbanas são integralmente assumidas pela
Enacol.
CP
O primeiro voo charter deverá desembarcar no recém-inaugurado Aeroporto Internacional da Boa Vista (AIBV) no próximo dia
19 deste mês. A transportadora aérea italiana
Livingston pensa trazer da Itália cerca de 200
turistas. Dias depois, mais um Boeing carregado de turistas deve vir directo de Londres
para aterrar na ilha das dunas.
Como já estava previsto na altura da
inauguração do AIBV, no dia 31 de Outubro
último, os primeiros voos charters vindo directamente da Europa vão começar a operar
em meados deste mês. A data para a primeira
aterragem de uma aeronave de turismo no
Aeroporto Internacional da Boa Vista está
marcada para daqui a menos de duas semanas. Dias depois mais um Boeing, da inglesa
Astreus, aterrará na pista do AIBV. Mais
turistas vão desembarcar de um voo que virá
directamente de Londres.
O turismo na ilha das dunas começa, a
partir de agora, a ganhar um novo incremento.
Três voos charters semanais estão previstos
durante os primeiros meses. Os empreendimentos hoteleiros contam aumentar o fluxo
de turistas em mais de 70%. Novas estratégias
já estão a ser traçadas, para que mais gente
Daqui entre 15 a 20 anos, a movimentação
de turistas na Boa Vista deve atingir cerca de
32 mil turistas
venha conhecer a ilha da Boa Vista, durante
o ano inteiro, na certeza de que os hotéis ficarão lotados, sobretudo no período de maior
procura.
No Verão esse número deve duplicar,
segundo a ASA. A perspectiva é que se atinja
resultados ainda mais positivos ao logo dos
anos, à medida que forem aumentando os investimentos turístico-imobiliários. O número
de passageiros a desembarcar no Aeroporto
Internacional da Boa Vista em voos com
origem no exterior deve ultrapassar 1500 por
dia, nos próximos meses.
A previsão num cenário moderado é
de se atingir 900 mil passageiros até 2018.
por semana
Daqui entre 15 a 20 anos, a movimentação
de turistas na Boa Vista deve atingir cerca
de 32 mil turistas por semana, segundo as
perspectivas da Sociedade de Desenvolvimento Turístico das ilhas da Boa Vista e do
Maio. Até lá, o AIBV terá que se adequar às
novas demandas.
O Aeroporto Internacional da Boa Vista,
inaugurado no dia 31 do passado mês de Outubro, tem uma pista de 2100m de comprimento
e 45m de largura, a plataforma de estacionamento possui três stands – dois para aeronaves
e o outro para aviões de pequeno porte.
SF
E AINDA
Hotel Venta Club reabre as portas dia 19 de Dezembro
O Hotel Venta Club, na Boa Vista, prepara-se
para a reabrir as portas, no próximo dia 19, data
também prevista para a chegada do primeiro voo
charter, directamente da Itália. Alguns funcionários já retomaram o serviço, desde o início desta
semana, mas vários outros continuam em casa
aguardando o contacto de readmissão por parte
da gerência daquela unidade hoteleira.
Em Julho deste ano, através de um comunicado, a direcção do Hotel Venta Club ameaçou
fechar as portas e só voltar a reabri-los quando
o governo anunciasse a data de abertura do
AIBV. Cumprindo a ameaça, o maior empreendimento turístico da ilha das dunas deixou
de funcionar no dia 4 de Setembro, alegando
falta de clientes. Cerca de 200 pessoas ficaram
no desemprego. Agora três meses depois, vai
reabrir no dia em que devem chegar à Boa
Vista cerca de 200 turistas.
Preparando a reabertura, os funcionários
afectos à direcção já estão a tratar de toda a
documentação não só para readmitir muitos
dos antigos trabalhadores como para recrutar
novo pessoal. Trabalhadores da área da limpeza e segurança já voltaram aos seus postos
desde segunda-feira. Mais de metade dos
ex-funcionários continuam ainda a aguardar
a carta de readmissão. Todavia, nem todos
serão readmitidos, avançou um funcionário,
para quem o encerramento do hotel foi uma
“boa oportunidade para limpar a casa e deitar
os peixes podres para fora”. Durante os três
meses, apenas 20 funcionários continuaram
no activo.
A maioria dos antigos trabalhadores do
Venta Club são de outras ilhas e da África
Ocidental. Muitos deles não tinham residência
própria na Boa Vista, morando assim em apartamentos do hotel cedidos aos funcionários na
situação de imigrante quando não moravam na
Barraca, um bairro clandestino em Sal-Rei.
Muitos deles tiveram que regressar e até agora
aguardam a reabertura do hotel para retomar
as suas vidas.
O Venta Club tem capacidade para receber
900 pessoas. Na altura do seu encerramento, a
direcção afirmou que não conseguia hospedar
250 pessoas por semana. Com os voos charter, inicialmente três por semana, de Itália e
Londres, conta que a fasquia vai aumentar.
Com certeza.
SF
07 DE DEZEMBRO DE 2007
ECONOMIA
Santantao Art Resort abre
as portas em Porto Novo
O Santantao Art Resort, o mais novo hotel de quatro estrelas de Cabo
Verde e o primeiro da cidade do Porto Novo, de Santo Antão, abre as
portas ao público no próximo dia 15. Este é mais um investimento do
grupo Stefanina, na ilha das montanhas.
Hélder Bernardo, responsável do mais
novo hotel do país, o Santantao Art Resort,
não avança o valor global deste investimento
turístico, que comporta 73 quartos (standard,
superior e suite), todos com vista para o mar,
ar condicionado, TV plasma, telefone, água
quente e mini-bar. O hotel dispõe ainda de
dois restaurantes, uma sala de conferência
com 100 lugares que recebe no dia 14 a
conferência “Manuel Lopes no Centenário
do Nascimento da Geração do Movimento
Claridoso”, sala de reunião, de entre as
valências.
“Iniciámos com 73 quartos, que esperamos ajudar no desenvolvimento do turismo
na ilha de Santo Antão. Para isso, não
pretendemos apenas prestar um excelente
serviço hoteleiro aos nossos hóspedes, mas
também apresentar-lhes múltiplas oportunidades de actividades que combinam a
experiência e o relax nas férias em Santo
Antão”, informa.
O hotel localiza-se na cidade do Porto
Novo, a 50 minutos de ferry-boat de São
Vicente. A ligação diária entre as duas ilhas
hoje em dia dá vida e dinâmica aos cerca de
sete mil habitantes desta cidade que agora,
além de porta de entrada de Santo Antão, se
transformou no seu centro económico e de
negócios. Quanto ao hotel, está implantado
numa área com 10 mil m2. A arquitectura, construída em dois pisos e coberta de
madeira, está perfeitamente integrada na
paisagem vulcânica e extremamente mon-
tanhosa de Santo Antão.
Aos seus hóspedes e visitantes, o hotel
oferece exposições permanentes de pinturas, tapeçarias e batik e um hall decorado
com obras de arte dos artistas plásticos
Kiki Lima e Joana Pinto. Quanto a actividades de entretenimento, o Santantao
Art Resort oferece excursões às montanhas, percursos de bicicleta, alpinismo
e mergulho.
SETE ANOS DEPOIS
A primeira pedra para a construção do
Santantao Art Resort foi lançada em 2000
pelo então primeiro-ministro Carlos Veiga,
no âmbito de um projecto turístico financiado, em cerca de 500 mil contos, por um grupo
de investidores ítalo-caboverdianos. A crer
nos últimos dados de investimentos previstos para Santo Antão, particularmente para
o município do Porto Novo, o “Santoantao
Resort” constitui o primeiro de muitos em-
preendimentos turísticos que, a curto e médio
prazo, serão edificados no concelho.
De entre esses projectos, destacam-se o
FM Cabo Verde que já anunciou “um empreendimento turístico de alta qualidade”
(hotéis, apartamentos e um campo de golfe),
tendo, nesse âmbito, assinado já dois contratos com a Câmara de Porto Novo. Também
o grupo Stefanina, proprietária do Santantao
Art Resort, anunciou a realização para breve
de novos projectos no sector do turismo na
cidade do Porto Novo.
Mais adiantada encontra-se a Sociedade
de Desenvolvimento Turístico e Urbano do
Porto Novo (SOTUR), que tem em carteira
grandes investimentos nos sectores do turismo – os sócios da Sotur falam na criação
de um pólo de desenvolvimento turístico
na cidade do Porto Novo –, saneamento,
arruamentos, água, energia eléctrica e telecomunicações.
11
tome Nota
TACV introduziu o crioulo nas
suas línguas de comunicação a
bordo. Assim, a partir de agora, as
instruções de segurança e outras
informações sobre os serviços da
nossa companhia aérea de bandeira
vão ser primeiro ditas em Crioulo,
depois em Português, Inglês, Francês e por aí adiante. O problema vai
ser pôr as tchecas a aprender crioulo
complicado.
Constânça de Pina
Sodade, novo vinho do Fogo no mercado
É o mais novo vinhos produzidos na cooperativa dos Viticultores de
Achada Grande, Corvo e Relva, no município dos Mosteiros, foi lançado
na última semana na ilha do Fogo e estará no mercado ainda este ano.
Sodade é a nova marca registada de produtos vinícolas do Fogo, que
incluem os vinhos branco, tinto e rosé. O lançamento da nova marca
contou com a presença de representantes da delegação do Ministério do
Ambiente e Agricultura (MAA), da Câmara Municipal dos Mosteiros e
da ONG italiana, COSPE.
A produção do vilho Sodade, neste que é o seu primeiro ano de
actividade, ronda os 10 mil litros: 2.500 de rosé, 6.300 de tinto e mil
litros de branco, todos considerados de primeira qualidade. A adega da
região sofreu algumas remodelações este ano, no âmbito do programa
financiado pela União Europeia (UE) para a exploração de vinho no
Fogo. Escolheram dar ao vinho o nome “Sodade” para o diferenciar do
vinho produzido pela adega de Chã de Caldeiras de marca “Chã”.
A etiqueta do produto, que vai estar no mercado brevemente, homenageia as mulheres que transportavam as uvas em cima da cabeça,
caminhando em carreiros, a grande altitude, e por longas distâncias até
fazê-los chegar à adega. É também uma iniciativa que visa apoiar a
transformação dos produtos locais, melhorar as condições de vida das
populações garantindo-lhes um posto de trabalho e formação para os
jovens.
A Adega de Achada Grande é fruto de um projecto apresentado pela
Cospe à União Europeia e que foi financiado este ano em 120 mil euros,
dos quais 75 mil foram aplicados na aquisição de equipamentos, 25 mil
para os materiais de consumo e 20 mil para as obras de ampliação da
mesma.
Segundo a previsão das duas cooperativas, a de Chã das Caldeiras
e de Achada Grande, a produção do vinho este ano no Fogo poderá não
ultrapassar os 50 mil litros, correspondente a 60, 65 mil garrafas. Devido
à fraca pluviosidade registada no ano passado, a produção será cerca de
50 por cento inferior à do ano de 2006. A cooperativa de Achada Grande
conta com um total de 20 produtores, e está equipada com os materiais
necessários para garantir um vinho de qualidade, uma marca registada
dos vinhos do Fogo.
Nicolau Centeio
12 ECONOMIA
07 DE DEZEMBRO DE 2007
PUB REPORTÁGEM
A ENACOL EM PARCERIA COM O BCA
FINANCIA OFICINAS MECÂNICAS
FINANCIAMENTO PARA REMODELAÇÃO DAS OFICINAS E AQUISIÇÃO DE EQUIPAMENTOS
A ENACOL e o BCA assinaram um acordo para a concessão de financiamento bancário a mecânicos – donos de oficinas, devidamente licenciadas, estabelecidas na praça há mais de 2 anos.
O financiamento tem a finalidade de proporcionar às oficinas, a aquisição de equipamentos e/ou
execução de remodelações nas instalações. Com esta acção, a ENACOL vai ajudar os mecânicosauto que são donos de oficinas a darem uma resposta de maior qualidade e eficiência às exigências
cada vez maiores do parque automóvel nacional.
ODAIR ANDRADE
O MECÂNICO DO FUTURO
Odair Andrade, Dai, para os mais chegados, passou a vida nas ocinas de mecânica. Desde os 15 anos que é mecânico.
Trabalhou em várias empresas, mas incentivado pelos clientes resolveu abrir a sua própria ocina. Mas não quis ter uma ocina
tradicional e aproveitando uma campanha lançada pela ENACOL, em parceria com o BCA, que possibilita a modernização das
ocinas concorreu a um nanciamento que lhe permitiu adquirir computadores. Deu o salto para o futuro. Na ocina do Odair, o
computador é uma ferramenta tanto utilizada como a … chave de fenda.
Há quanto tempo trabalhas como mecânico?
- Tenho 27 anos e ainda miúdo já andava
pelas oficinas de mecânica. Mas posso dizer que
desde os 15 anos trabalho nesta profissão.
E como te tornaste mecânico?
- Trabalhando nas oficinas. Vendo, perguntando, fazendo, experimentando. Depois
tive a oportunidade de trabalhar em algumas
empresas onde tive acesso a várias formações.
Depois iniciei a minha auto formação e nesse
sentido tenho viajado para estágios e tenho
estudado muito.
Porque decidiste sair das empresas e trabalhar por conta própria?
A verdade é que mesmo estando nessas
empresas tinha muitos clientes e não parava
aos fins-de-semana devido à procura. Foram
esses clientes que me incentivaram a abrir a
minha oficina.
Uma das críticas que os consumidores
fazem às oficinas mecânicas é que a maioria
dos mecânicos não tem uma formação adequada nem os meios tecnológicos para fazer
com precisão o diagnóstico de um problema
num carro, concordas?
- Concordo em parte. No passado foi
assim, não tínhamos meios e os carros que
havia no mercado permitiam esse trabalho
de curiosos. Mas hoje com os novos carros
e com a tecnologia que utilizam já não é
possível trabalhar sem conhecimento na área
das novas tecnologias e sem equipamentos
informáticos. O problema é que os mecânicos
em Cabo Verde não têm tido a possibilidade
de acompanhar quer em formação quer em
equipamentos e não restava outra alternativa a
não ser a curiosidade e resolver os problemas
apenas com a “cabeça”. No meu caso resolvi
dar o salto para as novas tecnologias. Investir
em equipamento e na minha formação para
acompanhar a modernidade.
Foi para acompanhares a modernidade
e investir em equipamentos informáticos e
outros que aderiste à campanha proposta
pela ENACOL?
Sim. Quanto tive conhecimento que a campanha visava dar um crédito para a modernização das oficinas concorri para ter esse crédito.
Foi bom a ENACOL ter proposto essa parceria
que veio a ajudar as oficinas. Alinhei, já tenho
os equipamentos e estou convicto que vou ter
sucesso. A oficina já está legalizada há mais de
dois anos e como tinha todos os documentos em
ordem alinhei logo, porque reunia as exigências
para a concessão do crédito.
Qual o montante do empréstimo que
contraíste?
Cerca de mil e duzentos contos e fo-
ram investidos no sistema informático,
computadores, elevadores e outros equipamentos.
Portanto deste o passo para o futuro
Sim.
Há quanto tempo estás a trabalhar com
os novos equipamentos?
Há cerca de vinte dias que estou a trabalhar
com eles e posso te dizer que é um outro mundo:
o futuro. É isso. Desde que cheguei o equipamento não tem parado porque havia muitos
carros que estavam avariados, à espera de um
diagnóstico com o computador para resolver
os problemas.
E os clientes estão satisfeitos?
Claro que estão. Pois quando trazem os carros
começamos pelo procedimento habitual: perguntar ao cliente o que o carro tem; observar e se não
consigo detectar a avaria, utilizo o computador e
consigo ver onde está a avaria. Portanto tenho uma
nova ferramenta na minha oficina que não é uma
chave-fenda, mas sim um computador.
Satisfeito?
Muito, porque sinto que evoluí muito. Mas
quero agradecer à ENACOL e ao BCA por esta
parceria que me permitiu adquirir os novos equipamentos que trouxeram a modernidade à minha
oficina e permitiu chegar mais rápido ao futuro: a
utilização das novas tecnologias na mecânica.
07 DE DEZEMBRO DE 2007
ECONOMIA
13
OPINIÃO
Parabéns ao NOSI e a todos os envolvidos no projecto Data Center e Service
Center.
Proponho a todas as instituições privadas que perfilhem este compromisso com
a evolução dos negócios e o consequente alcance da fidelização dos cliente, da
competitividade face aos concorrentes e potenciais players ou no desenvolvimento
de estratégias de internacionalização do seu core business.
Ora bem. Sem pretensões demagógicas, mas sim com o objectivo claro de apenas
contribuir com sementes ao alcance do conhecimento e do sucesso das instituições
empresariais nacionais, deixo aqui estas considerações.
Para conquistar mercados e ganhar terrenos no universo do Marketing, a máxima
da satisfação do cliente vem aparecendo como o garante e a bandeira para o sucesso.
Em Cabo Verde, todas as empresas, ou mesmo outras instituições ou organizações,
começam a assistir e a reivindicar uma corrida desenfreada para arrebatar este termo
e incorporá-lo na sua Política de Gestão - sem suficiente tratamento casuístico,
muito menos consciente quanto ao poder e ao sucesso desta máxima no seu negócio.
Contrariando os “normais” processos evolutivos da Gestão, primeiro o tecido
empresarial depois o Estado, aparece-nos a máquina governamental com os projectos
Data Center e Service Center.
Parabéns!
Hoje, é quase que um mandamento em qualquer empresa, quer nos seus processos
de decisão estratégicos quer no seu quotidiano, o conceito de fidelização do seu Cliente
ou Mercado. Em resposta a isto, o Marketing vem-se reorientar para o domínio da
informação e do conhecimento. Esta reorientação apoia-se nas tecnologias de bases
de dados que permitem um maior entendimento, e uma melhor gestão de todo e
qualquer negócio.
Base de Dados ou Ficheiros, qual é a sua realidade?
É necessário que o mundo empresarial nacional mova da teoria à acção, que altere
a sua postura e materialize o seu discurso quanto à importância da Base de Dados para
as suas instituições implementando ferramentas para sua execução.
É claro que todos sabemos que trabalhar com uma Base de Dados em vez de
ficheiros, traz à empresa e às Direcções uma capacidade superior de resposta face às
questões que a mutabilidade do mercado e do core business impõem. A normalização da
informação de marketing, a reunião de toda a informação da empresa sobre quem são
realmente os seus clientes, qual a sua rede comercial, as Vendas, Produtos, Concorrentes
e outras informações úteis ao desempenho da actividade, são cruciais ao sucesso e à
sustentabilidade das organizações. Contudo, permite ainda a realização de inúmeras
tarefas, de forma a optimizar a informação e gerar conhecimentos, como por exemplo,
definir o perfil do seu mercado, dos seus clientes, da sua oferta.
Basicamente, existem pelo menos cinco diferenças entre Ficheiros e Bases de
Dados:
Emílio Fernandes Rodrigues *
COMPETITIVIDADE
Marketing & Data Base
*Marketeer
Numa
sociedade
informatizada,
é cada vez mais
importante
dominar a
informação
que temos ao
Será que a Base de Dados só serve para vender?
Um bom Gestor sabe que uma das armas mais poderosas e competitivas no
mercado é a capacidade de conhecer e oferecer produtos adequados às necessidades
individuais dos clientes. A American Express, por exemplo, analisou os padrões de
compra dos seus clientes, possuidores de cartões de crédito, e usou essa informação
para oferecer promoções dirigidas individualmente. Como a American Express temos
outros exemplos, como a SONAE com o produto Cartão Universo, em Portugal, que
permite guardar as referências de todas as compras efectuadas pelos respectivos clientes
nos hipermercados CONTINENTE e nas lojas Modelo, bem como a PETROGAL,
também ela Portuguesa com o cartão Fast GALP, controlando, ou melhor, guardando
a informação das transacções efectuadas pelos clientes nas lojas de combustível e
outros produtos. Iniciativa cuja Enacol, sua congénere nacional, tenta seguir com o
Chip power.
A aplicabilidade da necessidade de trabalhar o conhecimento, baseado na gestão
da informação, é de tal forma extensível, que no sector da saúde, por exemplo, um
Hospital de problemas de Coluna Vertebral do Sul da Califórnia em Los Angeles,
utiliza o IDIS da IntelligenceWare, Inc. em PCs para pesquisar factores ténues que
possam afectar o sucesso ou o insucesso das intervenções cirúrgicas à coluna vertebral.
Este mesmo sistema, IDIS, é ainda utilizado por um treinador da U.S. Gymnastics
Federation para a investigação e descoberta de factores que a longo prazo possam
contribuir para o rendimento de um atleta. Esta informação é muito importante para
nosso dispor,
transformandoa em dados
imprescindíveis
para a
empresa.
o tratamento antecipado de potenciais problemas e, ainda, essencial na pesquisa de
regras inferidas no sentido de compreender novas abordagens para o tratamento do
cancro. O IDIS continua a ser uma das aplicações mais usadas na área da saúde nos
Estados Unidos da América.
As vantagens das técnicas de Base de Dados (Data Mining / Data Warehousing) na
gestão e na ciência são bastante evidentes com estes exemplos. Normalmente, verificase quase sempre, depois destas bases implementadas, que existem mais informações do
que pensávamos à partida, vê-se mais longe, evolui-se mais e em muito menos tempo.
Esta evolução, no caso das instituições financeiras, onde de alguma forma ainda se pode
dizer existir algum conservadorismo exagerado devido ao silêncio por que se pautam
verifica-se fundamentalmente, na gestão de stocks, prevenção e detecção de fraudes,
desenvolvimento da comodidade da prestação do serviço, enfim, de todo o necessário
à segurança e desenvolvimento da cativação e fidelização dos seus clientes.
O Security Pacific/Bank of America, por exemplo, utiliza Data Minings no suporte à
decisão na área dos empréstimos bancários e para prevenir a fraude. Em Portugal temos o
exemplo de quando o BPP - Banco Privado Português sentiu a necessidade de um suporte
à decisão de avaliação de perfis de riscos para os investimentos financeiros dos seus
clientes, contratando a equipa da Novabase Suporte à Decisão para obter uma solução. A
Novabase Suporte à Decisão sugeriu, para este problema, a utilização de técnicas de Data
Mining para a criação dos modelos de identificação de estratégias de investimento. Este
processo permitia ao BPP a utilização da sua experiência com os seus clientes e a criação de
modelos devidamente enquadrados nos segmentos alvo. O processo de identificação seria
baseado num conjunto de perguntas (variando desde as características sócio-demográficas
a perguntas que procuravam avaliar o comportamento perante o risco e os objectivos de
investimento). O BPP tinha a noção que a importância das perguntas variava com as
respostas que iam sendo dadas. A relevância de uma resposta dada a uma determinada
pergunta variava com o contexto definido nas perguntas anteriores. Com base neste
princípio, a Novabase Suporte à Decisão aplicou um conjunto de técnicas de aprendizagem
a um universo de clientes definido pelo BPP. Deste processo resultou a definição de um
modelo capaz de identificar as perguntas mais relevantes a cada instante, no sentido de
conseguir uma caracterização adequada ao perfil de risco do cliente. Além da estratégia de
investimento, o modelo devolve também uma primeira análise da distribuição das respostas
dadas, permitindo a identificação de incoerências nas respostas e de eventuais pontos que
devem ser esclarecidos para assegurar que o cliente esteja perfeitamente identificado com
a estratégia proposta. Este sistema foi ainda integrado depois no centro de atendimento e
nas páginas Internet do Privageste.
Com este artigo pretendo mais do que a mera parabenização ao trabalho feito pelo
Governo, sensibilizar o sector privado para a utilização de tais ferramentas, como
por exemplo, Data Minings apoiado por um Data Warehouses, pois este é o futuro de
qualquer sistema de informação e instituição.
Ao Governo as felicitações devem ser prestadas, mas também, um apelo a uma
elevação ou evolução no nível. Com isto quero dizer, que projectos como a ligação e
o cruzamento de informações entre a Previdência Social e a Administração Fiscal
deve ser uma meta a alcançar no curto prazo, de forma a maximizar a eficiência da
Administração Pública.
Outro projecto a ter em carteira é o número único de identificação. Parece difícil
mas não é. Vejamos o caso do Chile, país exemplo na evolução do nível de vida sem
grandes recursos naturais. Aqui o número de identificação de um cidadão chileno
é o mesmo para o seu passaporte, carta de condução e fiscal. Ao fim e ao cabo um
número por cada cidadão, o que cria o conceito de chave primária de ligação entre
todas as entidades.
Numa sociedade informatizada, é cada vez mais importante dominar a informação
que temos ao nosso dispor, transformando-a em dados imprescindíveis para a empresa.
O Data Mining (entre outras técnicas similares) pode ser imediatamente usado em
Bases de Dados existentes, mas para que a sua utilização seja realmente eficaz, tornase importante a utilização de um Data Warehouse (ou datamarts), com informação
histórica. Do ponto de vista do cidadão comum, estas técnicas podem trazer vantagens
óbvias. Contudo há sempre um reparo por fazer se porventura surgirem problemas
quando os dados forem tratados de forma abusiva, por vezes pisando mesmo o
risco da legalidade. Não obstante, as suas implicações Económicas e de Gestão são
imprescindíveis. Com o aparecimento de novas tecnologias e produtos apoiados nestas,
cada vez mais vemos facilitado o acesso à implementação e gestão de uma Base de
Dados com Data Warehouse e as técnicas de Data Mining.
Empresas, mesmo que pequenas, devem apostar nestas tecnologias. Tendo uma
ideia dos riscos financeiros que correm, e perante a certeza de hoje, o ganho percentual
em relação ao investimento efectuado ronda os 1000% (por exemplo em Portugal,
existem empresas de venda a retalho que afirmam ter obtido ganhos 10 a 70 vezes
mais sobre o investimento efectuado), estou certo de que as empresas nacionais que
entrarem neste momento de viragem e consolidação do crescimento e desenvolvimento
do País, sem possuírem Bases de Dados utilizando técnicas como Data Mining e/ou
não construirem um Data Warehouse, irão perder o mercado que de certeza será ganho
por multinacionais e outros que vierem de fora já com estes princípios incorporados
na sua Gestão.
14 ECONOMIA
7 DE DEZEMBRO DE 2007
DIREITO DE RESPOSTA
OPINIÃO
O pão que se vende, hoje em dia, em Assomada (de fabrico local ou não), na opinião dos
apreciadores do produto, não satisfaz e, segundo eles, esse pão, num teste de apreciação de
qualidade, teria seguramente, nota negativa; mas, neste Concelho, infelizmente, não existe a
Defesa do Consumidor, ou qualquer outra Instituição semelhante, que procure zelar, ainda que
de longe em longe, em defesa do consumidor.
Nessa circunstância, e face ao problema, os residentes da Assomada têm-se manifestado,
de forma muito interessante e curiosa, a sua insatisfação: “oh! tâmbe pachencha, pâ ês pom!”
Com arranques do género, que o caso não é para menos!
Todavia, longe vai já o tempo em que Assomada, então pequena Vila, tinha uma das melhores, senão a melhor padaria destas Ilhas (ou se preferirem), destes grãozinhos de terra (no
dizer da Cesária); pois que em verdade, o pão que se fabricava nessa padaria era de excelente
qualidade.
E essa padaria, mesmo para a época era, naturalmente, bastante rudimentar e simples; e,
pertencia a um senhor de nome Silva, cidadão originário português, que se deixou seduzir pelos
encantos e morabeza desta terra crioula e, assim, como tantos outros que então vinham de terras
distantes, por motivos políticos ou não, e aqui se fixavam, também esse senhor Silva, que se
supõe ter vindo deportado, como “persona non grata” do regime então em vigor, acabaria por
aqui ficar, definitivamente, tendo mais tarde aqui constituído família.
Embora sendo proprietário da padaria em apreço, ainda assim, essa circunstância só por
si, não parece definir a profissão desse homem, como padeiro, com a necessária justeza; o que,
de facto não era não, na verdadeira acepção do termo; era antes, isso sim, mestre-de-obras de
profissão, pois a ele se deve a construção de alguns prédios, entre os melhores de Assomada,
em que se incluem a Escola Primária e a Enfermaria, a casa do Administrador e do Recebedor,
e igualmente, a Escola Primária de Cabeça de Carreira.
Importa aqui abrir um parêntese, para uma pequena nota pessoal, aliás interessante, sobre
esse homem, pois, segundo consta, era uma figura de elevado prestígio e de fino trato, ainda
que de difícil temperamento. E não negava sentir-se inclinado para a política que, segunda
afirmava, devia estar-lhe impregnada na alma; mas, o espaço de manobra, para a actividade
política, era então bastante exíguo, uma vez que o Estado Novo impunha a sua regra, de forma
muito severa, e não menos severa, era também a ditadura que impunha.
E assim, Cabo Verde acabaria por vir a ser o ponto de destino para se fixar; e, segundo
ele, o verdadeiro encontro entre a África e a Europa, pois aqui, nunca se sabe, decerto, de
que lado certo se está; se em África, se na Europa. Para o cabo-verdiano ser africano ou não,
CYANMAGENTAAMARELOPRETO
Augusto Vieira Lopes*
ASSOMADA TEVE, NO PASSADO, UMA
DAS MELHORES PADARIAS DE SANTIAGO
... o pão dessa padaria era, sem
dúvida nenhuma, de excelente
qualidade e se podia comparar
com o que de melhor, nessa
matéria, se fazia na Praia, ou
mesmo em qualquer outra parte
do mundo.
segundo ele, pouco ou nada importa. Assim como assado, há que conviver com os dois lados,
pela eternidade!
Mas, voltando à questão da padaria, e por aquilo que consta, era a mulher desse senhor
Silva, a Dª. Margarida Silva, como era conhecida, que de facto, dirigia e cuidava do trabalho
da panificação. E essa padaria, assim como as demais dessa época, de combustão a lenha,
funcionava, obviamente, por processo exclusivamente manual, a que hoje se chamaria de
fabrico artesanal.
Entretanto, o pão dessa padaria era, sem dúvida nenhuma, de excelente qualidade e se
podia comparar com o que de melhor, nessa matéria, se fazia na Praia, ou mesmo em qualquer
outra parte do mundo.
E, se é facto irrefutável, ter havido sempre grandes esforços, desde tempos imemoriais, em
quase todas as civilizações, na melhoria da qualidade do pão, não é menos verdade que também
em Cabo Verde, estes grãozinhos de terra, já nessa época se verificava o mesmo empenho na
busca pela elevação da qualidade desse produto; qualidade então amplamente conseguida,
pode-se aqui afirmar, se for tomada em devida conta a padaria/Silva.
É que nessa época, pese embora a condição colonial, pouco motivadora, ainda assim, em
alguns sectores da actividade industrial, como o caso em apreço, os conhecimentos adquiridos
nessa área, conjugados com a extrema capacitação, quanto ao saber fazer (know how), prevalecem ainda hoje como verdadeiras escolas; é que, nessa época, se aprimorava pela qualidade
e não pela quantidade, como ora é o caso, mas as coisas passaram, infelizmente, a ser assim,
desde o advento da independência.
E, se é verdade que alguns produtos (como a aguardente e o mel, ambos da cana sacarina),
deixaram de ter a boa qualidade de outrora, também não é menos verdade que com o pão, a
situação não é diferente neste Concelho, onde esse produto não satisfaz, como devia.
E não será decerto esse pão que se vende em Assomada, o pão que tem que ser ganho com
o suor do próprio rosto, segundo o livro de Génesis, como condição indispensável da sobrevivência do homem, quando este, por infortúnio, ou mau comportamento, teve de ser expulso
do Paraíso! Seguramente que não! Pois, se assim fosse seria então irremissível esse pecado;
e não há dúvidas que gostaríamos antes de acreditar, e acreditamos, que esse pão só podia ser
igual ao da padaria/Silva, o pão que hoje todos desejamos!
Aqui deixamos, a pergunta que se afigura mais oportuna: Para quando, Santo Deus, pão
de boa qualidade em Assomada!?
* Santa Catarina, Novembro/2007
07 DE DEZEMBRO DE 2007
ECONOMIA
15
NOTAS
Breves Económicas
Agenda
Produção
de cereais
aumenta 4,5%
INAG dá
curso em
Gestão de
Mudança
?
O Instituto Nacional de Administração
e Gestão (INAG) organiza, a partir de hoje
e durante os dias 10, 11,12 e 13 de Dezembro, um curso sobre Gestão de Mudança destinado a titulares de cargos de
direcção superior e trabalhadores licenciados da administração pública central.
Pretende-se com este curso aprofundar
e consolidar conhecimentos de forma a
criar competências adequadas ao exercício da função dirigentes, assentes numa
cultura de administração pública profissional e tecnologicamente avançada. O
fim é garantir a qualidade na prestação
do serviço público.
USDA estima a produção em
769 milhões
de toneladas a nível mundial,
com um aumento de 9,3% em
relação ao ano anterior.
A estimativa mundial de produção de
cereais (trigo, arroz e milho) para o período
2007/08, segundo a USDA (Organismo Pertencente ao Sistema da Nações Unidas) é de 1.793
milhões de toneladas. Ou seja, regista-se um aumento de 4,5% em relação ao período anterior,
conforme noticia o Boletim Info Ansa.
Em termos de consumo, diz, as perspectivas apontam para um aumento de cerca
de 2,4% em relação a igual período do ano
transacto. “As disponibilidades cerealíferas
no mercado internacional e no período em
análise indicam uma redução de 3,92% em
relação ao período de 2006/07. Esta redução
nas disponibilidades vai pressionar os preços em alta a nível mundial, entre Junho de
2007 e Maio de 2008”, lê-se no boletim.
Relativamente ao milho, a USDA estima a produção em 769 milhões de toneladas
a nível mundial, com um aumento de 9,3%
em relação ao ano anterior. Os Estados
Unidos são responsáveis por cerca de 44%
da produção global, com um aumento de
26% em relação ao ano anterior.
Esta formação, que é organizada em parceria com a Unidade de Coordenação da
Reforma do Estado (UCRE) e teve apoio
dos Escritórios, Fundos e Programas das
Nações Unidas, terá uma componente à
distância através do sistema e-learning, e
abordará temas como “Gestão Estratégica e de Mudanças”, Balanced Scorecard
e Novos Modelos de Elevada Performance na Administração Interna. Serão 25
horas de carácter presencial e 55 horas
em e-learning.
Os maiores produtores de milho em
2007/08, além dos EUA, continuam a ser:
China, Brasil, União Europeia, México e
Argentina. Em termos de consumo, registase um aumento de 5,9% em relação ao ano
transacto, cabendo aos EUA e China mais
de 53% do consumo global de milho.
Entretanto, as disponibilidades serão
mais elevadas, com cerca de 5,1% de aumento em relação ao período homólogo
do ano anterior.
CP
TAXAS DE JURO
Data
Tipo
Taxa (%)
BANCO DE CABO VERDE
Oficiais
31-05-1999
Redesconto
8.5
26-02-2005
Cedência de Liquidez
7.5
05-09-2003
Absorção de Liquidez
1.0
04-12-2007
Mercado Monetário Interbancário
6,00
27-11-2007
Taxa Base Anual
3,46
(www.bcv.cv)
TAXAS DE CÂMBIO DO DIA 05-12-2007
País
Títulos da Dívida Pública
27-11-2007
Bilhetes de Tesouro - 91 dias
3,44
23-10-2007
Obrigações de Tesouro - 6 anos
5,49
Data Emissão
2007-11-02
Tipo
TIM
Prazo (Dias)
182
Taxa
4,500
Montante
200.000.000,00
2007-10-25
TIM
182
4,500
300.000.000,00
2007-10-18
TIM
182
4,500
600.000.000,00
2007-12-03
TRM
14
4,000
1.000.000.000,00
MERCADO DE INTERVENÇÃO
CANADA
SUÍCA
DINAMARCA
EUROPA
INGLATERRA
JAPAO
NORUEGA
SUECIA
ESTADOS UNIDOS AMERICA
SENEGAL
AFRICA DO SUL
Moeda
CAD
CHF
DKK
EUR
GBP
JPY
NOK
SEK
USD
XOF
ZAR
Unid.
1
100
100
1
1
100
100
100
1
100
1
Compra
Venda
74,357
6.684,449
1.477,353
110,265
154,087
66,805
1.363,321
1.169,113
74,701
16,810
10,840
74,498
6.697,225
1.480,420
110,265
154,390
68,191
1.366,130
1.171,970
74,903
16,810
11,042