PaulaFrancinete Ramos Ernani Pinheiro Chaves GT 3: Antropologia
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PaulaFrancinete Ramos Ernani Pinheiro Chaves GT 3: Antropologia
PaulaFrancinete Ramos1 Ernani Pinheiro Chaves2 GT 3: Antropologia das Práticas musicais POR UMA ESTÉTICA POP-NIPÔNICA J-Rockers; “juventudes” paraense em meio à cultura japonesa Resumo Este artigo traz alguns apontamentos da pesquisa que desenvolvo no mestrado, em que analisa as sociabilidades urbanas de influência popnipônica, para este trabalho, será feito um recorte sobre o estilo musical denominado J-Rockers, que são roqueiros andróginos que fazem sucesso no Japão e estão conquistando um espaço cada vez maior nas sociabilidades juvenis de Belém do Pará. Pretende-se ao longo do trabalho discutir noções de cultura, identidade, sociedades complexas e pós-modernidade com o objetivo de abordar o estilo de vida e a estética da moda que é aderida por esses jovens existentes no meio urbano da capital paraense. Palavras-Chave. Sociabilidades Urbanas, J-Rockers, Andróginos, Estética 1 Mestranda em Antropologia Social pelo Programa de Pós-graduação em Antropologia da Universidade Federal do Pará- PPGA\UFPA. Email [email protected] 2 Prof.Dr vinculado ao Programa de Pós graduação em Antropologia da Universidade Federal do Pará. Email: [email protected] Abstract This paper provides some notes on the research I develop master in analyzing the influence of urban sociability pop-Nipponese, for this work, will be made a cutout on the musical style called J-Rockers, who are androgynous rockers that make success in Japan and are gaining an increasingly larger in juvenile sociability of Belém do Pará is intended throughout the paper discuss notions of culture, identity, complex societies and post-modernity in order to address the lifestyle and fashion aesthetic that is adhered to by these young people in the urban capital of Pará. Keywords. Urban sociability, J-Rockers, Androgynous, Aesthetics INTRODUÇÃO O tema apresentado neste artigo será sobre os jovens da cidade de Belém do Pará que são fãs de um estilo de rock bastante diferente, o J-ROCK ou simplesmente Rock Japonês.Este tema está fazendo parte da minha pesquisa de mestrado, ainda em andamento, onde pesquiso a “paixão” de um grupo de jovens belenenses pela cultura pop-nipônica onde Levo a cabo uma análise e compreensão, de maneira mais ampla, sobre os grupos em questão, lançando um olhar (antropológico) para as questões estéticas e a sustentação de redes de sociabilidade existente entre eles. O campo etnográfico está circunscrito aos espaços em que ocorrem os eventos temáticos dos festivais onde grupos J-rockers tantos de fãs como de bandas J-rokers existentes na cidade e que frequentam, muitas vezes juntos com os eventos de Cosplayers. A construção e delimitação do objeto dessa pesquisa, e da análise subsequente, fundamentam-se em pressupostos qualitativos desenvolvidos à luz da antropologia social clássica, sustentada pela etnografia, entrevistas e conversas informais, e história de vida. Acrescento, ainda, o uso da imagem, a partir da fotografia e filmagem, como fatores fundamentais para o desenvolvimento deste trabalho. Durante minhas incursões a campo, tenho potencializado o meu fazer etnográfico, através da convivência com alguns membros dos movimentos supracitados, compreendendo, um pouco, dos encontros (como são constituídos), de aspectos de convivência (entre eles), e, por fim, de como e onde são feitas as composições dos visuais, além de mostrar as bandas que fazem parte do circuito J-Rock em Belém. REFERENCIAIS TEÓRICOS Para compreender a realidade dessas sociabilidades, considero essencial refletir sobre os seus conceitos e definições dos termos adolescência e “juventudes”. O termo adolescência surgiu no início do século XX, tornou-se mais evidente a partir da segunda guerra mundial. Para Calligaris (2000), esse é um termo mítico, no momento que foi compreendido como um dado natural, ordenando normas de funcionamento e regras de expressões, então, juntamente com a infância, a adolescência é hoje compreendida como uma categoria construída historicamente, considerada como um dos paradigmas da pós-modernidade. Biologicamente falando, a adolescência é um período de transformação e mudanças físicas ocorridas em cada um de nós, o que seria uma transição entre a infância e a idade adulta, sendo definida com um período cronológico em nossas vidas. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e as Nações Unidas entendem-se jovens os indivíduos entre 15 e 24 anos. Porém, o critério de idade não é o suficiente para definir uma categoria que assumem contornos tão diferentes, não podemos percebê-la como um grupo social homogêneo, pois se agrupam sujeitos que só tem em comum a idade. Segundo Pais (1993), a juventude também é uma categoria socialmente construída, sendo sujeita a modificar-se ao longo do tempo. A segmentarização do curso de vida em sucessivas fases é um produto complexo de construção social. Diariamente, os indivíduos tomam consciência de determinadas características e, se elas afetam um universo considerável desses indivíduos pertencentes a uma geração, são culturalmente incorporadas. A idade como critério para agrupar pessoas, traz implícito o caráter de transitoriedade. Nesse caso, a juventude continuaria representando uma transição. E ser jovem seria estar em uma condição provisória. Esse modo de ver a juventude como mera transição decorre de uma compreensão da vida adulta como estável em oposição à estabilidade juvenil. No caso das meninas, a entrada delas no mundo adulto, está condicionada, entre outros elementos, a saber, cuidar de uma casa, tarefa que lhes impõem determinado grau de autonomia, conferindo-lhes uma identidade social relativamente positiva (CONRADO, 2008). Essa colocação é feita a partir de determinado tipo de sociedade, a qual não faz parte da concepção das meninas que são pesquisadas nas tribos por mim estudadas, uma vez que a sociedade contemporânea também é marcada pela incerteza, mobilidade, transitoriedade e abertura para mudanças (RAMOS, 2010). Uma vez que a sociedade rural tem uma perspectiva diferente da sociedade urbana, sendo que na sociedade rural O treinamento da menina visa, acima de tudo, a prepará-la bem para o seu futuro papel de esposa, mãe, dona -de -casa, mas ao mesmo tempo, essa preparação, uma vez que possui um caráter eminentemente prático, assume objetivo que é bastante importante dentro de cada grupo doméstico (MOTA MAUÉS, 1993). Stuart Hall (1992) coloca que as velhas identidades, estão em declínio, fazendo surgir novas identidades e fragmentando o indivíduo moderno, essa “crise de identidade” é um processo amplo de mudanças, que está deslocando as estruturas e processos centrais da sociedade moderna. Acredito que essa idéia de Hall sirva também para designar a chamada “crise de identidade” no qual esses conceitos, como infância, adolescência e juventude estão passando. Afirmação bem semelhante à de Melucci (2001), ao falar que os atributos tradicionais da juventude parecem ter se deslocado para além dos limites biológicos, para ser também cultural. Os jovens não jovens só porque tem certa idade, e sim porque seguem certos estilos de consumo ou certos códigos de comportamento e vestimenta. Agora, a adolescência se prolonga muito mais pra lá de suas fronteiras biológicas, e as obrigações para com a vida adulta, são postas para até depois dos vinte e cinco, inclusive dos trinta anos (MELUCCI, 2001). O termo “tribos urbanas” não pode ser conceituado como uma categoria. Segundo Mangnani (2008), a diferença entre metáfora e categoria é que a primeira traz consigo a denotação e todas as conotações distintivas de seu uso inicial. Por algum desses traços foi escolhida, tornando-se metáfora exatamente nessa transposição: o significado original é aplicado a um novo campo. A vantagem que oferece é poder delimitar um problema para o qual ainda não se tem um enquadramento. Mangnani (2001) afirma que ela é usada no lugar de algo, com a intenção de substituí-lo, dá lhe um nome. Evoca contexto original, em vez de estabelecer distinções claras e precisas no contexto presente, o problema, contudo, que acarreta e dá a impressão de escrever, de forma total e acabada, o fenômeno estudado, aceitando-se como dado exatamente aquilo que se quer estudar. Nesse sentido, é de suma importância que seja colocada o verdadeiro sentido á que esse termo venha designar e saber os sistemas de significações de onde foi tirado, principalmente do sentido original da palavra “tribo”. Etnologicamente falando, a palavra tribo é conceituada a partir de uma forma de organização de sociedades que constituíram o primeiro e mais significativo objeto de estudo da antropologia, porém, Mangnani (2008) afirma que não deixa de ser sintático um termo usual no estudo das sociedades de pequena escala para descrever fenômenos que ocorrem em sociedades contemporâneas altamente urbanizadas e densamente povoadas. Para ele um dos efeitos dessa metáfora é projetar luz contrastante sobre aquilo que se pretende explicar. Mafesolli (1987) chega a propor que o “tribalismo” ou “neo tribalismo” seja tomado como um novo paradigma, que vem substituir o paradigma do individualismo na compreensão da sociedade contemporânea. As tribos urbanas nesse sentido são constituídas de micro grupos que tem por objetivo estabelecer “redes de amizade” a partir de interesses e afinidades em comum, sendo que essas agregações apresentam uma conformidade de pensamentos, a partir dos símbolos citados anteriormente como pensamento, hábitos e maneiras de se vestir. Desse modo, nas tribos o que conta é o fato do “estar junto”, que promove o “sentir junto”, ou seja, é o que é buscado no engajamento á estes grupos, uma experiência estética, segundo uma definição particular de Mafesolli. Nesse sentido, pude constatar que essa “nebulosa” se dá a partir da visão de quem adere á tribo através do outro e que esse tipo de relacionamento só acontece a partir do que foi mencionado, uma vez que pude perceber ao pesquisar os Emos, que mesmo existindo um espaço, onde todos se encontravam, ainda assim, tinha uma diferença de classe, contradizendo um pouco a perspectiva de Mafesolli (1987). A relação entre as “tribos” e a sociedade de consumo é bastante complexa. Quando falamos em movimento punk, onde ao mesmo tempo eles veicularam uma mensagem contestatória ao próprio consumo, diferenciando-se de outras tribos, como por exemplo, da new wave3. Eles repudiavam o valor dado por outros, á roupas de etiquetas caras existente no mercado da moda. Porém, isso não foi o suficiente para fazer com que o mercado se “aproveitasse” do auge do movimento para com os adolescentes, para fazer do punk, mais um artifício de consumo, criando assim a moda punk, o que veio a acontecer com os emocores. No caso dos punks, eles mesmos utilizavam o recurso da imagem visual e das vestimentas para comunicarem suas posições. É a isso que talvez Baudrillard (1970) se refira quando afirmou que na cultura do consumo os bens materiais não são apenas utilidades, mas tem um valor simbólico, um valor de signo. No caso, signo de diferenciação entre as “tribos urbanas”. Podemos afirmar então, que na “cultura de imagem”, onde se buscam uma completude ilusória através de objetos de consumo, as tribos têm uma função de demarcação e sustentação de identificação, mesmo sendo provisória. Porém, os critérios de pertencimentos á uma determinada “tribo”, assim como da própria constituição de cada uma, são tão frágeis e descartáveis quanto os objetos de consumo. Desta forma, a categoria da identidade, que remete a uma idéia de unidade e estabilidade, é colocada em cheque, dando lugar ao próprio processo de identificação como um instrumento privilegiado de análise. Por isso Mafesolli (1987) propõe a substituição da lógica da identidade pela lógica da identificação, a qual implica necessariamente uma relação e não uma noção de um indivíduo estável e contínuo. No seu argumento, a identificação diz respeito á personas, ás máscaras variáveis e, em última instância á imagem de si, sempre em relação ao outro, como foi citado anteriormente. Se as “tribos” são descritas como grupos sem líderes (Caiafa, 1985), “informais e afetivos” (Mafesolli, 1987), supomos que a concepção de ilusão grupal é muito pertinente á esse tema. Nesse caso, penso que talvez, ao compartilhar emoções e fantasias, abolindo conflitos e diferenças, os membros das “tribos 3 Gênero musical surgido em meados da década de 1970, junto com o punk rock. urbanas” contemporâneas, podem encontrar uma maneira de lidar com o desespero humano, que cada vez mais se acentua com a complexidade de nossa sociedade. Melucci (2001) discute que, nas sociedades complexas, na qual a informação assume a centralidade, as experiências constitutivas do sujeito são cada vez mais permeadas pela tensão entre limite e possibilidade, entre o pleno e o vazio. O “eu” não tem mais uma base sólida de identificação estável, e as seguranças de que necessitamos devem ser construídas por nós mesmos. Berger (1999) fala de socialização como um processo de interiorização. Para ele o mundo é internalizado pela criança, mas este processo também ocorre com o adulto cada vez que é iniciado em um novo contexto social. Nesses dois processos, ele define como socialização primária, no primeiro caso e socialização secundária, posteriormente. Os jovens pesquisados se encontram em grupos, mas há um vínculo desses grupos com o espaço social em que estão inseridos. Nessa interação, constroem suas experiências cotidianas, que giram em torno de expressões culturais, em um processo educativo vital para a juventude. Como parte da socialização dos jovens vem ocorrendo em espaços e tempos variados, com múltiplas referências culturais, é possível pensar os grupos de sociabilidade como articuladores de redes de significados e vivências que, num jogo de relações e interações (re) constroem as identidades juvenis. Para muitos, esse contexto se traduz em apatia, desinteresse e individualismo. Porém, precisamos elaborar outra construção discursiva sobre os jovens, pois a situação juvenil na contemporaneidade constitui-se um fenômeno em curso; é um segmento grande, definido pela afinidade de inserção no mercado de trabalho, escola, construção de projetos de vida e prolongamento do vínculo familiar, finalmente fazem do presente a dimensão privilegiada da existência. J-ROCK, A ESTÉTICA DO VISUAL KEY O j-rock, ou japonêse Rock, começou a despontar no Japão nos anos de 1980, a sua principal influência foi a banda de heavy metal chamada X-japan10 aqui no Brasil, esse estilo veio despontar de fato também somente nos anos 2000 e em Belém do Pará, embora já existam bandas de J-rock. Durante o mês de setembro de 2011, fui à cidade de São Paulo para assistir ao show do X-Japan. Essa foi a 1ª vez que o grupo que já tem 29 anos veio ao Brasil. O show contou com a presença de mais de quatro mil pessoas de todos os estados do País e também do mundo. Para os seus seguidores, o estilo é considerado um verdadeiro Nicho musical, pois abriga vários estilo e dentro do cenário japonês existe um estilo chamado visual Kei , que é o que chamamos de visual de linhagem: A linhagem visual das bandas no que diz respeito às suas roupas pega influências do estilo gótico, new wave, glam rock, e com isso acaba-se criando uma relação sonorovisual. Para quem conhece as bandas e assistem a um videoclipe das mesmas, criase uma associação imediata entre o som e a roupa, criando assim uma atmosfera. Esta criação é uma característica marcante das bandas de rock japonesas, assim fazendo com que cada uma delas tenha sua identidade sonora/visual. O visual Kei sempre vem acompanhado com de sonoridades misturando o rock com a música clássica, muitas vezes com influências de bandas brasileiras (no quesito sonoridade) como Angra e Shamaan, os shows de bandas de visual kei, são sempre bastante extravagantes. Geralmente há bastante confusão do visual kei com o J-Rock em si, pois muitos acreditam que J-Rock e visual kei são as mesmas coisas, porém essa afirmação não deve ser levada em consideração, pois o J-Rock se enquadra em todos os estilos de rock que são de origem nipônica, seja eles com visual andrógino ou “normal”. Em Belém a maioria das bandas de J-Rock da atualidade não adere ao visual kei, o principal motivo são o calor da cidade e o trabalho que dar fazer o visual, mas isso não significa que os integrantes das bandas não tenham grandes afeições pelo visual, as mesmas são bandas covers que têm como estilo principal o chamado anime songs, que são músicas de aberturas de animes e de bandas de rock japonês. Entre as bandas paraenses de J-Rock podemos as principais são Shinobi88, Rasengan e Nakayoshi. Sendo que a mais antiga é a Shinobi88 que tem mais de 8 anos em apresentações de evento, e seus principais covers são de aberturas de animes. Figura 1 Banda Nakayoshi formada desde 2008. Há também a banda de música autoral Ut Opia, que tem como principal influencia o rock japonês do movimento visual kei, nas suas composições, mas, não no visual. Pois, segundo os integrantes da banda, a cidade faz muito calor, além do calor os shows não oferecem uma boa estrutura para investir em um figurino semelhante as bandas japonesas, por isso eles optam por uma estética mais simples. O interessante dessa banda é que ela está ultrapassando a cena pop nipônica de Belém, para a cena underground, onde há outros estilos que dificilmente aceitam o J-Rock. Figura 2 Banda Shonobi 88 a mais antiga de toda a bandas de J-Rock de Belém Figura 3 Banda Japonesa de visual Kei Nigthmare Figura 4 Banda Ut Opia, banda autoral com influência de Rock Japonês. Figura 5 Banda X-Japan, a precursora do visual Kei no Japão, a maior influência para os fãs do estilo. As bandas de J-Rock tendem para o lado da androginia, juntamente com os músicos de J-rock que fazem parte do estilo visual kei, que muitas vezes são confundidos com mulheres em suas apresentações e vice-versa,. Essas características também aconteceram com os primeiros punks americanos da década de 1970 e dos Hard rocks da década de 1970 e 1980, esses punks se vestiam de senhoras e os hard rocks tinham um visual, conhecidos como glam11, um estilo bastante andrógino e polêmico para a época e os que fizeram parte dos anos de 1980 foram denominados pejorativamente pela mídia e por outros estilos de rock, como “Metal Farofa”. Figura 6 Banda Asian Kung Fu Gen, Bande de J-ROCK sem influência do visual Kei. Figura 7 Banda Versailles, os integrantes ( todos homens) têm como inspiração em seu visual as damas da corte francesa do século XVI 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS O problema da pesquisa é entender a partir de uma perspectiva social e cultural a situação ou situações que fazem com que esses jovens e adolescentes utilizem o gosto pela estética da cultura pop japonesa como estilo de vida, e como eles lidam com situações preconceituosas determinadas por outras sociabilidades juvenis. Muitos textos, sobretudo de caráter antropológicos costumam nomear de “tribos urbanas” as sociabilidades juvenis que se reúnem em determinado local por condescender dos mesmos gostos, sejam eles musicais, ideológicos, políticos e estéticos. “Nesse sentido é importante para a pesquisa o porquê dessa denominação”. Primeiramente devemos entender que o surgimento em cadeia e a adesão a essas sociabilidades se dão como conseqüência da globalização e do crescente individualismo nas grandes metrópoles, à vista das transformações que os mesmos causam na sociedade. Este projeto também será desenvolvido sob a perspectiva da antropologia, notadamente, a antropologia urbana e pretende se valer da pesquisa de campo, que serão utilizadas as entrevistas e o uso da imagem, pois a antropologia visual tem como principal função, estudar o “outro” e mostrar a realidade desse outro a partir da perspectiva que o mesmo tem de si próprio. A maneira que a Antropologia utiliza, os meios midiáticos, como o jornal, a internet, as revistas, é para mostrar a identidade real de determinadas sociedades ou sociabilidades, essa afirmação é constatada segundo a análise bem semelhante a análise de Askew & Wilk (2002) ao afirmar sobre a importância da Antropologia da Mídia: “Anthropology, long the self- appointed interpreter of and representative for cultural " others", no longer holds privileged acces to cross- cultural knowledge ( not that it ever fully did)”, mostrando que o “outro” é considerado como representante cultural. A pesquisa de campo feita por Janice Caiafa (1983-1985) sobre o movimento punk na cidade do Rio de Janeiro pôde de maneira oportuna, oferecer um valioso material de trabalho sobre o estudo das tribos. A transitoriedade e o imediatismo congregam-se em certa apologia do presente vivida na tribo, não há projetos futuros ou preocupações com o destino das tribos. Grosso modo, podemos proferir que elas estão à mercê do mercado, então, a segmentação de grupos consumidores de gêneros musicais é um dos fatores que tomam parte da formação e difusão da maioria das tribos, como ocorreram com os punks, os emos e muitas outras tribos urbanas. Ao mesmo tempo, diferentes adereços e vestimentas são associados a vários estilos musicais, tendo função distintiva do bando em relação ao todo da massa e também á outros bandos. No caso dos punks, conforme observou Caiafa (1985) ao final de seu ensaio, á medida em que o rock começou a ganhar um espaço maior na mídia, a identidade punk sempre muito atrelada á musicalidade, como meio de expressão de certa revolta em relação á valores estabelecidos, foi sofrendo reformulações. E essas reformulações me remetem a caracterizar o movimento punk, como uma distinção da pós-modernidade. Baseando-se nessa pesquisa feita nos anos de 1980. Venho mostrar que as sociabilidades urbanas crescem e se diferem em todas as épocas, e que esse tema vai ter sempre uma importância relevante para a antropologia. REFERÊNCIAS ASKEW, Kelly & WILK, R. Richard. The Anthropology of media- A Reader. Wiley-Blackwell, 2002. BERGER, Peter. Perspectivas Sociológicas: uma visão humanística. Petrópolis: Ed. Vozes, 1999. BISPO, Raphael. 2009. Jovens wethers: antropologia dos amores e sensibilidades no mundo emo. Rio de janeiro: PPGA/MN/UFRJ. (Dissertação de mestrado). 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