80 Anos - Clube de Engenharia do Ceará

Transcrição

80 Anos - Clube de Engenharia do Ceará
História e atuação
EDITORIAL
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará
Ao completar 80 anos de existência, o CEC
reflete sobre sua vitoriosa trajetória lançando
seu olhar para os desafios do presente e do
futuro. Os artigos que compõem esta edição
da Revista do CEC espelham bem este momento de júbilo pelo que foi realizado, e, de
ações para manter viva esta entidade, hoje
reconhecida como precursora do sistema
Confea/Crea.
A capacidade da engenharia cearense é demonstrada no artigo sobre o rebaixamento da
estação ferroviária da Parangaba, para viabilizar o novo trajeto do Metrô de Fortaleza. Um
dos principais problemas das cidades atuais:
Mobilidade Urbana, é enfocado em artigo que trata das
reflexões e ações para concretizar o deslocamento por
bicicletas, em Fortaleza. No tema Logística, o papel da
Transnordestina e do sistema ferroviário nordestino
leva-nos a refletir por que uma ação tão importante para
a região emperra-se na burocracia e falta de seriedade
com que são tratadas as obras públicas no Brasil.
Realização de pesquisas e apoio à inovação
em Tecnologias Construtivas através do
Instituto Senai de Inovação/CNI é a boa novidade abordada pelo seu novo Diretor.
Revisitar o passado por intermédio da VI
Convenção Nacional de Engenheiros, promovida pela Febrae e organizada pelo Clube de
Engenharia do Ceará,em 1961, e a análise do
acerto que foi a criação do DNOCS, dá-nos a
oportunidade de projetar o futuro. Por fim, a
principal láurea concedida pelo CEC é relembrada através de entrevista e registro fotográfico da solenidade Engenheiro do Ano de
2013. Solicitamos aos associados, aos profissionais, aos órgãos e entidades, contribuírem com artigos e noticias, participando de modo eficaz e efetivo de
nossas publicações, enviando-as pelo e-mail do CEC [email protected].
Boa leitura!
Luiz Ary Romcy - Presidente do CEC
CLUBE DE ENGENHARIA DO CEARÁ
Entidade Precursora do Sistema Confea/Crea - Desde 27/02/1934 – Registrado no Crea-CE e filiado à Febrae
Av. Zezé Diogo, 2076 – Praia do Futuro – Fortaleza – CE - CEP: 60.182 – 026 - Fone: (85) 3082.7273
Email: [email protected] - Home page: clubedeengenhariadoceara.org.br
DESDE 1934
DIRETORIA ADMINISTRATIVA
Triênio 2013-2016
Presidente – Luiz Ary Romcy
Vice-Presidente – Adler Crispim da Silveira
Diretor Financeiro – Ruy Flávio de Perucchi Novais
Diretor Secretário – Vicente de Paulo Melo Lima
Diretor de Atividades Técnicas e Culturais – Tiago Sampaio Romcy
Diretor Atividades Sociais – Francisco Cláudio Vidal de Meneses
COMISSÃO DE DEFESA DOS SÓCIOS
TITULAR
SUPLENTE
1. Elpídio Brígido Filho
1.Elza Maria Moreira Silva
2. Francisco Vieira Paiva
2. José Maria Bezerra do Bonfim
3. Gerardo Santos Filho
3. Edgar de Vasconcelos Correia
4. João Francisco do Monte
4. Manoel Porfírio Neto
5. João Paulo S. Accioly de Carvalho
5. Manoel Evander Uchoa Lopes
6. Luis Carlos Silva Montenegro
6. Raimundo Nonato Cordeiro
7. André Michel Alvesque
7. Luiz Cristiano Campos Monteiro
8. Edmilson Holanda Viana
8. Mário Cartaxo
9. Francisco Araújo Lima
9. Mário José Teles
CONSELHO FISCAL
TITULAR
1- Antônio Nivaldo Cassiano Lima
2 - José Holanda Costa
3- Paulo Roberto Ferreira da Silva
SUPLENTE
1- Francisco Hosternes Brandão Filho
2 - Mercedes Araújo Chaves da Cunha
3- Tadeu Dote Sá
REVISTA
Clube de
Engenharia
do Ceará
Equipe Editorial: Luiz Ary Romcy, Antônio Salvador da Rocha, Cesar Aziz Ary,
Francisco Claudio Vidal de Meneses, Ruy Flávio de Perruchi Novais,
Tiago Sampaio Romcy e José Holanda Costa.
Edição/Design Editorial: Chagas Neto - Jornalista MTB/CE 487
Textos: Lívia Barreira - Jornalista MTB 2109 JP/CE
Concepção/Impressão: Arte Visual Gráfica e Editora - Fone: 85-3281.8181
CONSELHO DIRETOR
TITULAR
1. Antônio Salvador da Rocha
2. César Aziz Ary
3. Demerval Castelo Branco Diniz Filho
4. Francantonio Bonorandi
5. Francisco Ariosto Holanda
6. José Carlos Valente Pontes
7. José Emídio Alexandrino Bezerra
8. Lyttelton Rabelo Fortes
9. Otacílío Borges Filho
10.Otacílio Valente Costa
11.Victor César da Frota Filho
12. Walder Ary
SUPLENTE
1. Sérgio Araújo Chaves Cunha
2. Carlos Diderot Campelo
3. Francisco Gerardo Cordeiro Araújo
4. Valmar Barbosa Catunda
5. Fernando Antônio Almeida de Oliveira
6. Francisco André Martins Pinto
7. Ana Maria Dias Tomás
8. Roberto Ney Ciarline Teixeira
9. José Edirardo Silveira Matos
10. Ana Maria Ximenes de Mezes
11. Francisca Jerusa Feitosa de Matos
12. Ronaldo José de Carvalho
CONSELHEIROS REPRESENTANTES DO CEC NO CREA-CE
Câmara Especializada de Engenharia Civil - CEEC
EFETIVO
SUPLENTE
1. Ana Maria Ximenes de Menezes
1. José Holanda Costa
2. Fco Claudio Vidal de Menezes
2. Carlos Dirceu Lima Moreira
3. Francisco Gerardo Cordeiro Araujo
3. Demerval Castelo Branco Diniz Filho
4. LuÍs Carlos Silva Montenegro
4. LuÍs Carlos Linhares Pinheiro
Câmara Especializada de Engenharia Elétrica - CEEE
EFETIVO
1. Ricardo Rodrigues D’Avila de Almeida
SUPLENTE
1.
-
Câmara Especializada de Engenharia Mecânica e Metalúrgica - CEEMM
EFETIVO
SUPLENTE
1. Luiz Ary Romcy
1. Rodrigo Marques da Silveira
Câmara Especializada de Engenharia Química - CEEQ
EFETIVO
1. Carlos Diderot Campelo
SUPLENTE
1. Ruy Flávio de Perucchi Novaes
sumário
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará
4
Capa
Clube de Engenharia
do Ceará registra 80 anos de
história e atuação marcante
6
Engenheiro do Ano de 2013
Ariosto Holanda, deputado
federal, é homenageado pelo
Clube de Engenharia do Ceará
11
Cássio Borges
Artigo sobre a Visão histórica
do secular problema da seca no
Nordeste brasileiro
16
Salvador da Rocha
O engenheiro fala sobre o
Instituto Senai de Inovação em
Tecnologias Construtivas
19
José Emídio A. Bezerra
O rebaixamento da Estação
Ferroviária de Parangaba é
destaque no artigo do engenheiro
23
Lyttelton Rebelo
A Transnordestina e o Sistema
Ferroviário do Nordeste é
ressaltada em artigo
26
J. Carlos Aziz/Miguel B. Ary
O que falta para Fortaleza
avançar na mobilidade por
bicicleta
DESDE 1934
Revista do CEC 3
TRADIÇÃO
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará
Clube de Engenharia do
Ceará: 80 anos de história
e atuação marcante
O ano era 1934. Ainda com ares de cidade
provinciana, Fortaleza realizava naquele momento
sua primeira transmissão radiofônica, iniciava
também a instalação de sua iluminação pública
elétrica. As primeiras instituições bancárias, criadas
por grandes comerciantes e proprietários de terra,
também surgem nesse período. O prefeito à época
era o historiador Raimundo Girão. E nesse mesmo
ano, no dia 27 de fevereiro, foi realizada a reunião
para a fundação do Clube de Engenharia do Ceará
(CEC). Tendo sido sua primeira diretoria eleita em 26
de março de 1934, e já se vão 80 anos de profícua
atuação de uma entidade que vem fazendo história
no Ceará.
Marco importante de sua trajetória foi o dia 17 de
janeiro de 1936, quando seu trabalho de articulação
e discussão culminou com a criação e a respectiva
instalação, na sede do Clube de Engenharia do
Ceará, do Conselho Regional de Engenharia,
Arquitetura e Agronomia do Ceará da 9ª Região,
com todos os conselheiros e seu primeiro presidente,
Antônio Urbano Almeida, oriundos do CEC.
O CEC tem sido um ator e incentivador
privilegiado da evolução da área tecnológica no
Estado, sendo a entidade profissional cearense mais
antiga em atividade. O Clube de Engenharia, não foi
apenas precursor do Crea/CE. Na condição de
Entidade de Classe mais antiga do sistema
Confea/Crea no Estado, contribuiu ativamente para
a fundação da antiga Escola de Engenharia da
Universidade do Ceará, no ano de 1955, uma vez
que as primeiras reuniões para o planejamento de
sua criação foram realizadas em suas instalações.
O Clube de Engenharia do Ceará participou,
direta ou indiretamente, da criação de várias
entidades de classe: Sindicato dos Engenheiros no
Estado do Ceará; Associação dos Engenheiros
Mecânicos e Industriais do Ceará; Associação
Brasileira de Engenheiros Civis; Instituto Brasileiro
de Avaliações e Perícias de Engenharia; Associação
dos Engenheiros Eletricistas do Ceará.
Dentre os objetivos do Clube está a Valorização
da Engenharia e da Classe dos Engenheiros; Estudar
4 Revista do CEC
DESDE 1934
Cópia da ata de fundação do CEC (27/02/1934)
questões técnicas, econômicas e sociais
correlacionadas com a Engenharia, especialmente as
de interesse público; Defender os legítimos
interesses dos engenheiros associados,
principalmente no que se refere ao exercício de suas
atividades profissionais; Concorrer para o
desenvolvimento cultural, econômico e social da
região e do País; Contribuir para o desenvolvimento
da Ciência e da tecnologia da região e do País; Influir
para que sejam asseguradas, aos engenheiros e às
empresas regionais de engenharia, condições de
plena aplicação de suas aptidões; Promover o
aprimoramento e a capacitação técnico profissional;
Estimular o congraçamento dos engenheiros
associados e seus familiares, através de atividades
culturais, sociais e esportivas.
Defender os legítimos interesses dos engenheiros associados
DESDE 1934
TRADIÇÃO
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará
O CEC também é filiado à Federação Brasileira de
Associações de Engenheiros (FEBRAE), estando
representado, na referida entidade, durante o
triênio 2013/2015, pelo engenheiro Luiz Ary Romcy
(Diretor de Informação e Divulgação), e pelo
engenheiro Antônio Salvador da Rocha (membro do
Conselho Diretor).
Futuro da entidade
Na função de presidente do CEC, o engenheiro
Luiz Ary Romcy, destaca que o engenheiro possui
importante papel como agente transformador e
de inovação na sociedade.
Enfatiza a trajetória de sucesso da entidade, e
reconhece o esforço coletivo de seus
antecessores. “Acredito que o futuro da entidade
precisa estar atrelado aos primórdios de quando
ela surgiu, mas antenada aos novos desafios
atuais e futuros, encontrando-se alternativas
para o uso de novas tecnologias que valorizem a
atuação de seus associados e da sociedade em
geral. Precisa-se trabalhar de agora os alicerces
para alcançarmos a sustentabilidade futura do
Clube’’, destacou Ary Romcy.
Segundo o presidente do CEC, este é um
momento ímpar para que seja feita uma reflexão
no sentido de manter a Instituição viva e
exercendo seu papel de responsabilidade social.
Entre as metas para os próximos três anos
destaca-se: Garantia de sustentabilidade
financeira para o CEC, com estrutura física de um
pequeno centro de convenções, com salas de aula
e auditório para cursos e palestras; realização de
eventos técnico-científicos; ampliação e melhoria
dos meios de comunicação (jornal, revista,
Registro do estatuto do CEC - 1934
homepage, mídias sociais); ampliação da atuação
política, com ênfase na valorização profissional;
ampliação do número de associados; ampliação
das atividades sociais e culturais, maior
integração com as entidades de classe e
instituições de ensino, da área tecnológica; entre
outras, afirmou.
FATOS MARCANTES
1934 - Nasce o Clube de Engenharia do Ceará (CEC)
1936 - O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia
(CREA/CE) é fundado pelo CEC.
1951 – CEC é reconhecido como entidade de Utilidade Pública
Estadual
1955 – CEC atua como entidade fundamental no planejamento da criação
da Escola de Engenharia da Universidade Federal do Ceará (UFC)
1985 – CEC é reconhecido como entidade de Utilidade Pública Municipal
1996 – CEC é homenageado com a Medalha de Mérito do Sistema CONFEA/CREA
2011 – CEC é reconhecido como entidade precursora do Sistema CONFEA/CREA/MÚTUA
DESDE 1934
Contribuir para o desenvolvimento da Ciência
e da Tecnologia da região e do país
DESDE 1934
Revista do CEC 5
LÁUREA
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará
Ariosto Holanda é homenageado
como Engenheiro do Ano de 2013
Ariosto Holanda é “um marco da engenharia nacional,
profissional que fez da sua vida um exemplo, referência
para os colegas e toda a sociedade, sempre objetivando
maior inclusão social”. Desde 1984 o homenageado é
sócio honorário da entidade. A homenagem é, segundo
ele, um reconhecimento pela contribuição ao
desenvolvimento da engenharia cearense. “O engenheiro
é um agente de transformação da sociedade, lutando pela
melhoria da qualidade de vida de todos”, disse Ary Romcy.
O presidente do Conselho Regional de Engenharia e
Agronomia do Ceará (Crea-CE), Victor Frota Pinto, falou
aos convidados do momento propício à homenagem a
Ariosto. “O engenheiro, que tem reconhecidos trabalhos
dentro do desenvolvimento do ensino da área tecnológica
do nosso Estado, e a sua luta fazem parte do contexto da
história da engenharia, bem como da trajetória do Sistema
Confea/Crea e do Clube de Engenharia. Assim, essa
homenagem é mais que oportuna”, disse Victor Frota.
Na solenidade, foi lida ainda mensagem do presidente
do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia,
engenheiro José Tadeu da Silva, que considerou a
homenagem a Ariosto Holanda “o reconhecimento a um
dos mais destacados profissionais, pesquisadores e
gestores públicos deste país”. O texto salienta a atuação
do homenageado “como servidor público a serviço do
país, depositário de uma ampla visão da importância da
engenharia para o desenvolvimento da pesquisa e do
crescimento industrial e científico”, reconhecido pelo
Sistema Crea/Confea em 1996 com Medalha do Mérito
pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia.
Antes de receber a homenagem, Ariosto Holanda
proferiu palestra sobre o tema: “Perspectivas do
Desenvolvimento Tecnológico do Nordeste”. Na ocasião,
ele apresentou os dados técnicos e quantitativos que
coletou para dar base ao Plano de Ciência e Tecnologia
A engenharia em prol do social, como
mecanismo eficiente para a promoção da
qualidade de vida da população mais pobre e
mais humilde. Assim defendeu o deputado
federal Ariosto Holanda, ao ser homenageado
com o título de Engenheiro do Ano. A outorga
da láurea foi recebida das mãos do presidente
do Clube de Engenharia do Ceará (CEC), Luiz
Ary Romcy, em alusão aos 79 anos da entidade,
durante solenidade em dezembro de 2013.
Ariosto Holanda observou o papel do engenheiro como
membro de uma elite intelectual no país e recomendou aos
colegas lembrar dos muitos que não entraram na sociedade
de consumo, os excluídos. “Procurem lutar para ajudar com
alguma obra que venha atender aos necessitados”,
recomendou. A engenharia, conforme cita o homenageado,
é, na definição do seu professor Cândido Ribeiro Toledo, do
curso de Engenharia da Universidade Federal do Ceará
(UFC), “a arte de criar, de inovar, de influenciar no meio.
Mas, não esqueçam de fazer isso pela melhoria da qualidade
de vida do povo”, aconselhava.
Luiz Ary Romcy lembrou que a láurea foi instituída em
2007 pelo Clube de Engenharia para reconhecer os
profissionais que, no ano, se destacaram em atuação no
setor público ou privado com obras e projetos. Desde
então, receberam a comenda o criador do biodiesel,
Expedito Parente; o governador do ceará, Cid Gomes, o
reitor da UFC, Jesualdo Farias; o empresário de inovação
Joaquim Caracas e o deputado federal Antonio Balhmann,
líder da bancada federal do Ceará.
O presidente do Clube de Engenharia assinalou que
6 Revista do CEC
DESDE 1934
LÁUREA
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará
Engenheiro do Ano é um profissional como o
engenheiro, professor e deputado federal Ariosto
Holanda, com quem tenho a honra de ter dividido
importantes fases da minha vida profissional. Conheci o
professor Ariosto ao fim da década de 70, quando fui seu
aluno na disciplina de Instrumentação. Foi um dos
melhores professores que tive. Mas não aprendi apenas
sobre tecnologia, propriamente dita. Aprendi, também,
a valorizar o lado humano que a tecnologia pode
proporcionar. Aprendi o quanto o aspecto social está
ligado e depende da tecnologia. E Quão importante é
para a sociedade a qualidade e a ética profissional”,
salientou Salvador da Rocha.
para a região, bem como sua luta no desenvolvimento do
Nordeste. “Hoje, sou um parlamentar que luta pela
valorização da engenharia, ciência e tecnologia. Este é um
tripé na pesquisa que eu acredito e luto pelo
fortalecimento. Hoje, tive a oportunidade de falar sobre o
Plano de Ciência e Tecnologia para o Nordeste para ver se a
gente melhora as condições de vida da população pelo
caminho da engenharia e da tecnologia”, contou.
Para o engenheiro eletricista e diretor nacional de
Tecnologia da Mútua, Caixa de Assistência dos
Profissionais dos Creas, Antonio Salvador da Rocha,
comemorar o Dia do Engenheiro é uma honra para os que
escolheram a profissão. “Mais ainda, quando o
Revista do CEC 7
DESDE 1934
ENTREVISTA
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará
ARIOSTO HOLANDA
‘’A força para lutar na visão da
engenharia para o social’’
conseguem inovar, por estarem distantes de quem
tem o conhecimento: as instituições de pesquisa e de
ensino superior. Há diante desse quadro uma urgência
de criarmos mecanismos de transferência de
conhecimentos para a população. A qualificação
profissional e a geração de trabalho são, atualmente,
os principais desafios para a promoção da cidadania
de excluídos. Por isso, vejo na ação da extensão das
instituições de ensino superior o caminho para o apoio
à capacitação e a assistência tecnológica às MPEs.
Encaminhei para o governo federal o projeto CVT –
Centro Vocacional Tecnológico, iniciado no Ceará com
Com a economia globalizada e com as
freqüentes inovações tecnológicas, não se
pode falar em trabalho sem mencionar o
conhecimento em todos os níveis da educação.
A geração de trabalho torna-se complexa
porque temos pela frente um avanço
tecnológico crescente e uma grave questão
social traduzida pela pobreza, analfabetismo e
concentração de renda. Em entrevista exclusiva
à revista do Clube de Engenharia do Ceará, o
deputado federal e engenheiro civil lança seu
olhar sobre essa temática. Confira:
Como o senhor recebeu a homenagem da
láurea Engenheiro do Ano, concedida pelo CEC?
Mais uma vez o Luiz Ary Romcy, presidente do
Clube de Engenharia do Ceará (que lhe entregou a
comenda) me surpreende. Vou honrar esta
homenagem, que me dá mais força para lutar na visão
da engenharia para o social, para atender a
população mais pobre e mais humilde.
O senhor é ligado às áreas tecnológicas e do
ensino, realizando uma incansável luta contra
o analfabetismo tecnológico. O que o Brasil já
avançou nessa área? O que
se vislumbra para o
futuro, sobretudo no
Ceará?
O Brasil tem dois
a n a l f a b e t i s m o s
preocupantes: o funcional e
o tecnológico. O funcional diz
respeito ao homem que, mesmo
sabendo ler e escrever, não
consegue entrar no mercado de
trabalho que exige
conhecimento. O outro
analfabetismo é o tecnológico
que vem acarretando
mortalidade elevada nas micro e
pequenas empresas, porque não
8 Revista do CEC
DESDE 1934
ENTREVISTA
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará
trabalhos importantes na área da extensão
tecnológica. O governo não só criou esse programa no
Ministério da Ciência e Tecnologia como já implantou
mais de 400 unidades em diferentes Estados da
Federação. Em relação ao Ceará, diria que o Estado
partiu na frente, com ações concretas de capacitação
da população. Nesse sentido, o governador Cid
Gomes está implantando 120 escolas
profissionalizantes de ensino médio; um centro de
educação à distância para capacitação de professores;
um centro tecnológico para assistir às empresas e
capacitar os trabalhadores do complexo industrial do
Pecém; e um cinturão digital interligando as
diferentes instituições de ensino e pesquisa.
O melhor caminho para
diminuirmos essa distância do
Brasil rico - 7º lugar em PIB -,
do Brasil pobre - 85º lugar em
IDH - é o da Educação.
A expressão Extensão Tecnológica tem
ganhado mais espaço e importância a cada dia.
Em sua opinião, como podemos compreender
o seu significado e como a mesma se insere no
contexto de uma relação transformadora entre
a Academia e a sociedade?
atualmente, é de todos os segmentos da sociedade.
Em relação aos engenheiros, defendo o que
apresentei numa palestra que fiz no Confea, em
Brasília, a convite do engenheiro Luiz Ary Romcy. Na
ocasião defendi que todos os Creas deveriam
implantar Centros Vocacionais Tecnológicos para
capacitar trabalhadores da construção civil na área de
serviços técnicos. Existe hoje uma demanda reprimida
de técnicos para esse setor. Essa seria uma grande
contribuição que os engenheiros dariam à luta pela
redução do analfabetismo funcional do país.
Como professor da Universidade Federal do Ceará
sempre defendi o fortalecimento da pós-graduação,
pesquisa, desenvolvimento tecnológico e extensão
como alicerces do desenvolvimento regional. Apesar
das instituições de ensino superior terem avançado na
graduação e pesquisa, no entanto, suas ações na área
da extensão são tímidas e sem expressão de massa. É
pela extensão que se faz a integração das
universidades e institutos com o setor produtivo em
todos os níveis. Diante dos dois analfabetismos que
apresentei, fico imaginando a revolução
transformadora que faríamos no país se o governo
destinasse 3 centros de extensão, tipo CVT – Centro
Vocacional Tecnológico, para cada campus dos
institutos federais e das universidades públicas que
estão no interior dos Estados. Se isso acontecesse
teríamos a presença dessas instituições em no mínimo
2.000 municípios com 10.000 extensionistas
assistindo à população e as pequenas empresas.
O senhor defende que a Educação deveria
“atender a um projeto de país”, uma vez que o
desenvolvimento e o crescimento econômico
só seriam alcançados se tivessem fortes
enlaces com a educação. O que é necessário
para que isso se torne possível?
Existe uma defasagem grande entre os cursos das
universidades públicas e privadas e a demanda real do
setor produtivo. Em 2010 identifiquei que 65% dos
universitários estavam em quatro cursos: Direito,
Administração, Pedagogia e Contabilidade. Um
número muito pequeno estava matriculado em áreas
estratégicas para o desenvolvimento do país como
ciências, agronomia, geologia e engenharia. É
necessário que haja um entrosamento afinado entre
os ministérios de planejamento, educação e ciência e
tecnologia. Hoje eles estão sem comunicação. Por
exemplo: quem está planejando o Nordeste? Que
ações devem ser desencadeadas e que profissionais
serão demandados?
O problema da seca, por
exemplo, não se resolve só com obras de
infraestrutura hídrica, mas, também, com educação,
ciência e tecnologia.
Hoje, o País ocupa o 85º lugar no ranking do
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), ao
mesmo tempo em que ocupa o 7º lugar no
ranking do Produto Interno Bruto (PIB) no
mundo. Como os engenheiros podem dar sua
contribuição para reverter esse quadro de
desigualdade social?
O melhor caminho para diminuirmos essa distância
do Brasil rico - 7º lugar em PIB -, do Brasil pobre - 85º
lugar em IDH - é o da Educação. Essa consciência,
Revista do CEC 9
DESDE 1934
ENCONTRO
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará
Teresina sediará 71ª SOEA
Contagem regressiva para a 71ª Semana Oficial de
Engenharia e Agronomia (Soea), que ocorrerá entre
os dias 12 e 15 de agosto, na cidade de Teresina (PI),
no Centro de Convenções do Atlantic City. O evento,
consagrado nacionalmente, reunirá engenheiros,
agrônomos, meteorologistas, geógrafos, técnicos e
tecnólogos de todo o Brasil e trará como tema central
n e s t e a n o “ I n o v a ç ã o Te c n o l ó g i c a p a r a
Desenvolvimento Nacional”. Realizado pelo Sistema
Confea/Crea e Mútua, espera-se que em torno de 4 mil
inscrições, entre estudantes e profissionais, sejam
feitas para o encontro.
A Soea é o espaço para debater temas diretamente
ligados ao desenvolvimento e à infraestrutura do país.
E, nesta edição, vem com uma novidade, que é o
envolvimento de projetos técnico-científicos na
semana, através do Congresso de Inovação da Ciência
e Tecnologia de Engenharia e Agronomia, que
ocorrerá simultâneo à semana. Trabalhos a serem
apresentados no Congresso poderão ser inscritos até
junho.
O presidente do Confea, engenheiro José Tadeu da
silva, destacou a importância da Soea no Piauí. “Será
uma oportunidade de
discutir as questões
nacionais, devido ao tema Inovação tecnológica para
desenvolvimento nacional e a visibilidade do Brasil com
a Copa do Mundo e as
eleições. Neste ano, de
eleições presidenciais o
tema certamente estará na
pauta de debates dos
candidatos”, destacou o
presidente do Confea. Ele
observou que todo país desenvolvido priorizou a
inovação tecnológica, e que o Brasil deve considerar a
engenharia como
alternativa de garantir
desenvolvimento e um
país mais justo para
todos, além de um futuro
com mais qualidade de
vida para as crianças
brasileiras.
Para o anfitrião da
Soea, o presidente do
Crea/PI, engenheiro
Paulo Roberto de
Oliveira, o evento será de grande relevância para a
categoria. “Para nós é uma grande oportunidade para
mostrar as potencialidades do Piauí para todo o Brasil
e o momento de abrir os horizontes para os outros
Creas para que também sediem este evento, que é o
maior da área tecnológica do país”, salientou Paulo
Roberto. Em 2015, a Soea será realizada novamente
em uma capital nordestina: Fortaleza (CE).
O presidente do
Conselho Regional de
Engenharia e Agronomia
do Ceará (Crea-CE), Victor
Frota Pinto comemora a
escolha da capital
cearense para sediar a 72ª
edição da Soea, do País,
em 2015. Essa será a
quarta edição do evento
na cidade, sendo a última
em 1996.
10 Revista do CEC
DESDE 1934
ARTIGO
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará
Visão histórica do
secular problema da
seca no Nordeste
brasileiro
Inicialmente, desejo reportar-me ao brilhante discurso do
ilustre engenheiro Francisco Saturnino de Brito Filho, proferido
na memorável sessão de instalação da VI Convenção Nacional
de Engenheiros, realizada em Fortaleza no ano de 1961,
evento esse promovido pela Federação Brasileira de
Associações de Engenheiros-FEBRAE, sob a sua presidência,
com o apoio e organização do Clube de Engenharia do Ceará,
tendo à frente o engenheiro José Walter Cavalcante. Referido
documento, de grande valor histórico, me faz refletir nos dias
atuais sobre o que seria da Região Nordestina se não
tivéssemos contado com o extraordinário trabalho realizado
pelo Departamento Nacional de Obras Contra as SecasDNOCS, criado no dia 21 de outubro de 1909.
Diante de um dos períodos mais críticos da história desta
Região, uma seca de longa duração iniciada no ano de 1950 e
que culminou com a calamitosa seca de 1958, à luz dos dias
atuais, não poderia ter sido outro o tema do referido conclave,
Engenharia Hidráulica, num momento em que a Escola de
Engenharia do Ceará formava a sua primeira turma de
engenheiros. No referido discurso, F. Saturnino de Brito Filho,
um dos precursores deste ramo da engenharia no nosso País,
já advertia que um dos “mais graves problemas mundiais com
que ora se defronta a Humanidade é o problema da água”.
Inclusive ele, já naquela época, fazia referência à dessalinização
da água do mar para “abastecimento das cidades marítimas”,
o que, até hoje, não foi devidamente considerado pelos
técnicos em recursos hídricos de nossa Região.
Sem pretender fazer considerações pessoais sobre o tema
discutido na VI Convenção Nacional de Engenheiros, acima
referido, permitam-me os leitores transcrever alguns dos mais
significativos trechos do mencionado discurso do insigne
Engenheiro civil
Cássio Borges
Formado pela Escola Politécnica de PE,
Especialista em Recursos Hídricos pela
Escola Nacional de Engenharia e PUC, (RJ)
engenheiro F. Saturnino de Brito Filho:
“Apraz-nos a todos, outrossim, o exame de realizações
importantes de engenharia hidráulica concretizadas no
Nordeste, entre as que mais, de maneira notável, as efetivadas
pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas.
Os colegas a quem esta Convenção facultou o prazer de,
pela primeira vez, virem ao Nordeste, terão oportunidade de
conhecer algo do problema das secas que, periodicamente o
assolam e, dos serviços que a engenharia e a agronomia
nacionais vêm realizando para solucioná-lo.
A semi-aridez dos sertões nordestinos, desde há muito,
conduziu o Governo da Nação à providência para minorá-la,
no cumprimento do dever precípuo de proporcionar a todas
as regiões do País os mesmos fatores essenciais à vida, para
dar-lhes iguais oportunidades de desenvolvimento.
De referência a tal problema, a ação administrativa do
Governo central mostra em sua evolução diversas fases que
tive ocasião de distinguir em Memória apresentada. Podem
esquematizar-se, em suas grandes linhas, da maneira que
passo a expor.
Primeiramente, a partir da calamitosa sêca de 1877, o
Governo do País procurou acudir às populações assoladas e
realizar obras que se executassem durante os períodos
calamitosos, em que se tornavam necessários sustentar os
habitantes e utilizar a mão de obra abundante. Nesta fase
inicial, a ausência de dados técnicos imprimia com frequência
nos planos das obras as marcas do empirismo. Característica
de tal fase é a execução do açude do Cedro, em Quixadá, cuja
construção se iniciou em 1884, no Império, e só terminou em
1906, na República, acrescendo que o açude, projetado pelo
engenheiro francês Jules Revy, ficou com capacidade
Promover o aprimoramento e a capacitação técnico-profissional
DESDE 1934
Revista do CEC 11
ARTIGO
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará
desproporcionada à sua bacia hidrográfica,
Clube de Engenharia do Ceará transcrever
em virtude do que nos 55 anos de sua já
outros significativos trechos do referido
longa existência, apenas sangrou duas vezes
discurso, que ainda hoje merecem destaque
e em dois anos consecutivos.
para relembrar às gerações atuais de
A segunda fase da evolução
engenheiros nordestinos o relevante
administrativa referente ao problema das
significado dos temas discutidos e analisados
sêcas inicia-se em 1909, com a criação da
por ocasião da VI Convenção Nacional de
Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas.
Engenheiros, promovido pela Federação
Recebe estas atribuições de estudo
Brasileira de Associações de Engenheirossistemático das condições físicas, econômicas
FEBRAE:
e sociais da região sujeita às secas, projeto e
“Fase em que, também, grandes açudes,
construção das obras destinadas a combater
como o Araras, o Banabuiú e esse legendário
os efeitos do flagelo, quer diretamente, por
Orós, que dentro em breve visitaremos, se
meio de açudagens, canais de irrigação e
erguem em poucos meses de intenso
poços profundos, quer indiretamente, pelo
trabalho mecanizado, dirigido por
estabelecimento de vias de transporte.
engenheiros
brasileiros.
Saturnino de Brito Filho
Nomeado primeiro inspetor de secas, o eng°
Creio fazer apenas o registro de uma
Miguel de Arrojado Lisboa decide atender a esse programa de
circunstância histórica ao referir que o indicador desse novo
substituir o sistema empírico, até então seguido nos planos,
período na luta contra os efeitos das secas, foi o Presidente da
pelo critério geográfico, climático, hidrológico, botânico, social
República, cujo mandato está a se findar, Dr. Juscelino
e econômico.
Kubitschek de Oliveira, e que o técnico a cuja direção se deve o
Para isso, recorre a técnicos norte-americanos de alta
eficaz desenvolvimento dos trabalhos correspondentes é o
competência e elevado senso profissional.
engenheiro José Cândido Pessoa, atual diretor do DNOCS.
É então que aparecem entre nós os grandes nomes de
Em breve chegará à capital cearense a energia elétrica
Roderic Crandall, Horatio L.Small, Ralph H. Sopper, G. A.
gerada em Paulo Afonso, um outro dos muitos
Waring, Horace Williams, Guilherme Lane, cujos trabalhos
empreendimentos da Companhia Hidrelétrica do São
magistrais, que se encontram entre as primeiras publicações
Francisco.
da então Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas, ainda
Tal fato e os pertinentes às Obras Contra as Secas que
hoje percorremos com proveito e profunda admiração”.
venho de relatar são suficientes para que ergamos desta
F. Saturnino de Brito afirma nesse memorável documento
Convenção um brado contra o pessimismo e o desânimo. Um
proferido aqui em Fortaleza na VI Convenção Nacional de
brado que repercuta em todas as pranchetas de projeto e
Engenheiros entre profissionais de várias regiões do nosso
todos os canteiros de trabalho, ecoando de quebrada em
País, “que as viagens pelo interior quente e seco do Nordeste,
quebrada, nos mais longínquos recantos do território nacional.
percorrendo grandes travessias, eram feitas por esses
Honro-me de haver sido Secretário-Geral do primeiro
eminentes e incansáveis profissionais em lombos de burro”,
desses Congressos, Presidente do segundo e participante do
para colher dados de “real e pura observação no terreno”
terceiro. É fácil verificar que suas conclusões, distribuídas a
como dizia o engenheiro Miguel Arrojado Lisboa, primeiro
todos os membros desta Convenção, constituem matéria de
Diretor Geral do Departamento Nacional de Obras Contra as
relevante interesse para a engenharia.
Secas-DNOCS, como hoje é conhecido em toda a comuExperimentamos especial regozijo em nos encontrarmos
nidade técnica/científica nacional e mundial.
no grande Estado do Ceará e nesta progressista cidade de
Destaca, ainda, aquela proeminente figura da engenharia
Fortaleza, ambos de tão magna significação em nossa Pátria. A
nacional: “Ficam, assim, definidas as bases gerais do estudo
V. Excia., Senhor Governador do Estado, Dr. Parsifal Barroso,
do meio para o combate a empreender contra a calamidade
cuja presença neste momento tanto nos honra, solicitamos
nordestina; mas, faltavam os projetos de detalhes das grandes
aceitar as homenagens dos membros desta Convenção, a V.
obras e os recursos financeiros para construí-las”.
Excia. e ao povo cearense.
Para finalizar, permitam-me os leitores desta Revista do
Cabe felicitar o Estado pela formação da primeira turma
Estimular o congraçamento dos engenheiros associados e seus familiares
DESDE 1934
12 Revista do CEC
ARTIGO
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará
de engenheiros da Escola de Engenharia da Universidade do
Ceará. Quando se tem presente a extensão da obra a realizar
no País e a necessidade de técnicos que a mesma reclama, tal
notícia assume transcendente significado e conforta-nos
sobremaneira.
Especial louvor e reconhecimento merece a Comissão
Organizadora da Convenção, constituída pelo Clube de
Engenharia do Ceará. A inteligência, a organização de todos os
pormenores e a extrema dedicação, demonstradas pelos
colegas deste Clube que se encarregaram das providências
locais necessárias ao êxito do certame, impressionaram-me
altamente, e aqui manifesto os agradecimentos da Federação
Brasileira de Associação de Engenheiros por este magnífico
esforço em benefício da nossa classe.
Congratulamo-nos ainda com este Clube de Engenharia
pela recente aquisição de sua sede própria, estabelecendo,
desta forma, a Casa do Engenheiro em Fortaleza.
A presente Convenção tem uma tarefa a desempenhar.
Seus objetivos estão claramente definidos e seus componentes
possuem valiosos predicados profissionais. Encetemos, pois,
confiantes, mais este trabalho em prol da engenharia nacional,
em prol do Brasil.¨
No ensejo da comemoração dos 80 anos do Clube de
Engenharia do Ceará, a organização da VI Convenção Nacional
de Engenheiros, realizada em 1961, em Fortaleza, mostra o
pioneirismo e a grande colaboração que esta notável Entidade
dá aos profissionais da engenharia e ao desenvolvimento de
nosso Estado e do Brasil. Se refletirmos sobre as preocupações
dos colegas engenheiros que participaram daquele histórico
evento constatamos que alguns problemas foram
solucionados, mas que muitos outros ainda estão a desafiar a
inteligência da engenharia e dos órgãos governamentais para
soluções urgentes.
Decorridos 53 anos do conclave da FEBRAE o acerto das
ações do DNOCS no Nordeste brasileiro se reflete nos dias
atuais em dados que lhe são extremamente favoráveis.
O DNOCS iniciou no ano de 1992, um programa de
gestão de recursos hídricos, tendo como base as águas de
domínio da União, acumuladas nos reservatórios federais. No
Estado do Ceará, o acervo hídrico, representado por 65
açudes, têm hoje uma capacidade total de acumulação de
mais de 15 bilhões de m³, representando 85% de toda água
armazenada e monitorada no Estado.
Isto resulta na perenização de 2.000 km de rios
intermitentes, com uma vazão média liberada de 55m³/s,
MEMÓRIA - Fac-símile e flâmula da VI Convenção Nacional de Engenheiros
(O Povo - 21/01/1961)
proporcionando suprimento hídrico para 14 Perímetros
Públicos de Irrigação, com 30.000 ha em operação, 25.000 ha
de irrigação privada ao longo dos rios perenizados, 4 Estações
de Piscicultura, um Centro de Pesquisa Ictiológica e mais de
100 localidades com abastecimento humano, inclusive a
Região Metropolitana de Fortaleza (desde junho/2012), através
do Açude Castanhão, com 12m³/s, beneficiando em todo
Estado cerca de 4.086.578 pessoas. Ressalte-se que os três
principais Projetos Públicos de Irrigação do DNOCS, BaixoAcaraú, Jaguaribe-Apodi, Tabuleiros de Russas, são
responsáveis por consolidar o Estado do Ceará, hoje como o
3º maior polo exportador de frutas do Brasil.
Os Projetos de Irrigação do Estado do Ceará geram 120 mil
empregos diretos e US$ 107 milhões de exportação de frutas
pelo Porto do Pecém enquanto o valor da produção bruta
irrigada, segundo dados do IBGE, é de 1,2 bilhão de reais,
consumido no mercado interno.
Por fim, desejamos que o Clube de Engenharia do Ceará
continue a debater e apresentar propostas para os grandes
problemas de nosso País.
(P.S. – Os que desejarem ver o discurso, na íntegra, de F.
Saturnino de Brito Filho, publicado na revista do CEC (junho/1961 Vol. 2 Nº2), recomendo acessar o site do Clube de Engenharia do
Ceará: clubedeengenhariadoceara.org.br)
Defender os legítimos interesses dos engenheiros associados
DESDE 1934
Revista do CEC 13
AMPLIAÇÃO
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará
Crea-CE avança de forma
participativa e moderna
Inauguração da Inspetoria Metropolitana I em Maracanaú
Primeira reunião do novo plenário
O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do
Ceará (Crea-CE), na gestão do engenheiro civil Victor Frota
Pinto, vem desenvolvendo ações na intenção de
modernizar e descentralizar suas atividades com o objetivo
de atender, cada vez melhor, os profissionais registrados.
Dessa forma, também busca assegurar o cumprimento da
missão da autarquia, que é a de fiscalizar o exercício
profissional em defesa da sociedade.
Foi pensando nisso que implantou vários projetos,
muitos deles realizados ainda em 2013 e que terão
continuidade até o fim da gestão do atual presidente, em
2014. Entre eles, a ampliação de suas atividades no interior
do estado com a instalação de inspetorias, a implantação
do Sistema de Denúncia Online, a baixa eletrônica da
Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), os Terminais
de Atendimento Eletrônicos do Crea, dentre outros.
cearense, num grande progresso entre a formulação da
denúncia e o encaminhamento da resolução do
problema. A baixa eletrônica da Anotação de
Responsabilidade Técnica (ART) também é outro avanço
na área da modernização e interação com os
profissionais. Tudo é feito online, através do portal de
serviços disponível no site da autarquia.
Melhorias tecnológicas
Outra inovação, adotada desde o ano passado, é
relativa às Certidões de Acervo Técnico (CAT), que estão
sob novo padrão de impressão. A medida foi
implementada como reforço ao compromisso da
autarquia com a melhoria contínua dos procedimentos,
na busca de dar maior celeridade aos processos e de
garantir a segurança das informações. As solicitações de
CAT devem ser realizadas pelo profissional responsável
mediante preenchimento de formulário específico, que
pode ser obtido no site do Conselho.
Seguindo a meta de promover maior aproximação
com a sociedade e com os profissionais, foi implementada
a emissão gratuita da Certidão de Registro e Quitação
(CRQ) para pessoas físicas e jurídicas registradas no
Sistema Confea/Crea. Assim como a baixa da ART,
profissionais e empresas, em situação devidamente
regular e sem pendências com o Crea-CE, poderão emitir o
documento a partir de login no site da autarquia.
Em suas instalações, o Crea inaugurou novas salas,
auditórios e um novo plenário, equipado com microfones
e tablets individuais para o sistema de votação online e
telas para projeções. O ano de 2014 iniciou com outros
avanços, entre eles a implantação dos Terminais
Eletrônicos de Atendimento, onde os profissionais
poderão ter acesso a vários serviços. Assim, o Crea-CE
tem muitos motivos para comemorar o processo de
modernização que vem implementando.
Novas inspetorias
Com a criação de novas inspetorias, o Crea está
ampliando seu raio de atuação. No início da gestão, o
Conselho contava com oito inspetorias. A partir de
estudos técnicos, foi vista a necessidade de ampliar este
número. No ano passado, avançou para 12 com as
unidades instaladas em Maracanaú, Baturité, Tauá e
Itapipoca. Num esforço conjunto, em 2014, pretende-se
chegar a um total de 17 unidades, graças à construção
de uma inspetoria em São Gonçalo do Amarante, Brejo
Santo, Canindé e Acaraú, além da instalação de uma
unidade de atendimento no Eusébio, e da ampliação e
reforma das inspetorias de Juazeiro do Norte e Aracati.
Soma-se às novas inspetorias, a implantação do
Sistema de Denúncia Online, que permite, através do site
do Crea-CE, o registro de denúncias de obras ou serviços
de engenharia, agronomia, geografia, geologia,
meteorologia e demais modalidades profissionais
registrados no sistema Confea/Crea no território
14 Revista do CEC
DESDE 1934
ENCONTRO
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará
Sistema Confea/Crea/Mútua
reúne mais de 650 lideranças
da área tecnológica
As prioridades das coordenadorias nacionais de
câmaras especializadas dos Creas e da Coordenadoria
Nacional das Comissões de Ética para o ano de 2014
foram definidas ao final do 3º Encontro de Líderes
Representantes do Sistema Confea/Crea e Mútua,
realizado em Brasília, nos dias 24, 25 e 26 de fevereiro.
Da melhoria da qualidade do ensino e da definição de
uma agenda parlamentar da Agronomia a propostas
de alterações de resoluções, encaminhadas por quase
todas as coordenadorias, passando ainda pelo
aprimoramento da fiscalização e por medidas de
incremento às Anotações de Responsabilidade
Técnica, cerca de 90 propostas foram definidas com
ampla participação das lideranças profissionais do
Sistema. Entre elas, constam os calendários de
reuniões ordinárias para o ano.
No final tarde da quarta-feira (26/2), a mesa de
honra da solenidade de encerramento do Encontro foi
presidida pelo presidente do Confea, José Tadeu da
Silva. Ela contou ainda com o diretor-presidente da
Mútua, Cláudio Calheiros, os coordenadores das dez
Câmaras Especializadas, as conselheiras federais
Darlene Leitão da Silva e Ana Constantina Sarmento, e
Saulo Pereira, do Crea Jr/Jovem. José Tadeu agradeceu
a presença das 651 lideranças no ”maior encontro dos
últimos anos”. Para ele, “isso se deve à disposição de
Creas, da Mútua e das Entidades Nacionais em traçar
os melhores rumos para o Sistema Confea/Crea”, com
público efetivo 30% superior à previsão inicial de 500
participantes.
Destacando a importância de acompanhar de perto
as dezenas de Projetos de Lei de interesse da área
tecnológica, o presidente do Confea anunciou a
entrega às lideranças de um compilado de Projetos de
Lei que tramitam no Congresso Nacional. Entre eles, o
PL 13, de 2013, que caracteriza as atividades da
engenharia e da agronomia como típicas de Estado.
José Tadeu também informou a audiência, mantida na
manhã de 26 de fevereiro, com o ministro do Trabalho
e Emprego, Manoel Dias, para entregar o texto final
relativo à representação do Plenário do Confea
segundo o modelo federativo, aprovado durante o 8º
Congresso Nacional de Profissionais.
Lição de casa
Cláudio Calheiros, diretor-presidente da Mútua,
caixa de Assistência dos Profissionais dos Creas, se
dirigiu aos participantes da solenidade de
encerramento do 3º Encontro de Líderes
Representantes: “Mais uma vez o Sistema mostra seu
poder de mobilização. A Mútua elegeu coordenadores
das cinco regiões e discutiu a implantação do
programa de qualidade ISO 9001”.
Ao encerrar a solenidade, José Tadeu da Silva
agradeceu novamente e disse contar com o apoio de
todos, citando cada um dos componentes da mesa de
honra. “Este presidente e o Confea contam muito com
cada um de vocês, coordenadores, conselheiros e
presidentes de Creas. Todos são importantes”.
José Tadeu reforçou que, durante três dias, “foi feita
a lição de casa”, demos o pontapé inicial.
Conseguimos fazer o essencial, reunir e eleger as
coordenadorias, definir a programação e o
planejamento de cada coordenadoria”.
Revista do CEC 15
DESDE 1934
ARTIGO
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará
Instituto Senai
de Inovação em
Tecnologias
Construtivas
O acirramento da competição empresarial entre as
empresas que atuam na Construção Civil, que agora é
nacionalizado e internacionalizado, implica na
necessidade de utilização de novas técnicas
construtivas, e de desenvolvimento de produtos,
processos e serviços inovadores por parte das
empresas. Ou seja, ações efetivas para o
Engenheiro eletricista
Salvador da Rocha
Diretor do ISI-TC e Membro do
Conselho Diretor do CEC
desenvolvimento de inovações. Por outro lado, não há
outra maneira de criar inovações sem a realização de
atividades de pesquisa e desenvolvimento. Nesse
contexto, as micro e pequenas empresas, que são
maioria na área da Construção Civil, não possuem a
cultura da inovação, não dispõem de recursos
humanos e nem estrutura para desempenhar essas
atividades. Atenta a esses
problemas, e para dar
suporte às atividades de
pesquisa e desenvolvimento
nas empresas, a
Confederação Nacional da
Indústria (CNI) criou o
Programa SENAI de Apoio à
Competitividade da Indústria
Brasileira. Nesse contexto,
obteve financiamento do
BNDES para implementação
de 60 Institutos SENAI de
Tecnologia, distribuídos ao
longo dos estados conforme
mostra a figura 1, e 25
Institutos dedicados à
atividades de pesquisa,
desenvolvimento e apoio à
inovação. São os chamados
Institutos SENAI de
Inovação, que estão
Figura 1- Distrribuição dos 60 Institutos SENAI de Tecnologia
Estimular o congraçamento dos engenheiros associados e seus familiares
DESDE 1934
16 Revista do CEC
ARTIGO
Figura 2 – Localização dos 25 Institutos SENAI de Inovação
localizados no país conforme indicado na figura 2.
Os Institutos SENAI de Inovação trabalharão em
pesquisa aplicada, com base nas necessidades da
indústria, em oito áreas-chave: Produção, materiais e
componentes, engenharia de superfícies,
microeletrônica, comunicação e tecnologia da
informação, tecnologia da construção, energia e
defesa. Com a criação desses institutos, o SENAI visa a
atender a necessidade da indústria de ampliar a
prática da inovação.
Nesse contexto, o Instituto SENAI de Inovação em
Tecnologias de Construção, será localizado em
Maracanaú-CE, e atuará para fornecer soluções
inovadoras para a construção e atender às demandas
de empresas em todo o país.
Fornecerá aos clientes pesquisa aplicada e
desenvolvimento de última geração, esforçando-se
para ganhar o reconhecimento da indústria como a
instituição nacional mais reconhecida de pesquisa
aplicada no ramo da construção.
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará
Com base nas suas capacidades
tecnológicas o ISI-TC vai desenvolver
materiais e processos inovadores para
atender às necessidades de todas as
áreas do setor da construção. Quando
necessário, o ISI-TC vai estabelecer
cooperação com as redes do próprio
Senai (Ensino, de Tecnologia e de
Inovação), com outras Instituições
Científicas e Tecnológicas, ou mesmo,
a parceria estratégica internacional
para manter as atividades de P&D
atualizadas, facilitando a participação
ativa da indústria brasileira no mercado
internacional.
Embora planejado para atuar em
todos os segmentos de mercado, a
avaliação do mercado nacional e
internacional indicou quatro
segmentos de mercado, com maior
capacidade de atração, nos quais o ISITC deve se concentrar:
• Prédios Comerciais, de Apartamentos e Casas de
Alto Nível;
• Construção de Empreendimentos Habitacionais
(Popular);
• Instalações Elétricas, Hidráulicas e Outras;
• Construção de estradas, ferrovias, infraestrutura
urbana e projetos especiais
A estagnação tecnológica do segmento,
juntamente com a redução de mão de obra
qualificada e a demanda do mercado por construções
de maior qualidade, têm motivado o segmento da
Construção Civil a procurar mudanças em suas
práticas para atender a essas novas exigências.
A política do governo brasileiro e a pressão de
parte da sociedade, mais preocupada com as
questões ambientais, estão forçando os projetistas e
construtores de casas e edifícios a usar novos
materiais e novos processos de construção, menos
agressivos ao meio ambiente.
O Instituto Senai de Inovação em Tecnologias
Defender os legítimos interesses dos engenheiros associados
DESDE 1934
Revista do CEC 17
ARTIGO
Construtivas surge num mercado de oportunidades:
grande demanda do setor de construção por
inovações tecnológicas para enfrentar as atuais
circunstâncias do mercado da construção;
Os requisitos da Norma de Desempenho NBR
15575, da ABNT, que recentemente entrou em vigor,
levará a uma alta demanda por novas tecnologias,
com materiais e processos de produção de
componentes que atendam aos requisitos
estabelecidos pela norma, e demandados pelos
usuários. A Carteira de Produtos/Serviços do ISI-TC
está alinhada com as competências essenciais
existentes e potenciais nas áreas de Tecnologia da
Construção Civil, bem como ao potencial de demanda
nos Segmentos de Mercado em Foco selecionados.
Para oferecer aos clientes serviços de P&D aplicada ao
longo da cadeia de valor do ciclo de vida do produto
respectivo, a Carteira de Produtos/Serviços
compreende as seguintes Áreas de Serviço Principais:
•Materiais, Componentes e Processos de
Construção;
•Edifício Inteligente;
•Planejamento e Gestão;
Um total de R$ 13 milhões está previsto para a
infraestrutura física, outros R$ 26 milhões serão investidos
em equipamentos técnicos e softwares, viabilizando a
criação de instalações que possibilitem a realização de
pesquisas aplicadas de última geração. Os investimentos
totais do ISI-TC serão da ordem de R$ 46 milhões.
Os recursos humanos fixos do ISI-TC serão de alto nível,
mas apenas na quantidade que possibilite a coordenação
dos projetos de pesquisa, e o funcionamento dos
laboratórios. À medida que novos contratos e projetos
sejam concretizados, novos pesquisadores serão
contratados até a finalização do trabalho.
O SENAI/CE tem uma maturidade favorável para
iniciar as operações como um Instituto de Inovação,
devido ao fato de ter pronta disponibilidade,
resultado de um acordo de cooperação, de utilização
dos laboratórios da Universidade Federal do Ceará
(UFC), enquanto os laboratórios do ISI-TC são
construídos e os equipamentos são comprados.
Outro ponto favorável é o bom relacionamento que a
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará
instituição e o conselho de administração da entidade
têm com os pesquisadores doutores e com os
consultores doutores na área de atuação do instituto, o
que facilita o início de novas pesquisas e projetos de
inovação.
As demandas por mudanças nas práticas de
construção existem em todo o país, proporcionalmente
ao desenvolvimento de cada região. Dessa forma, muitas
oportunidades surgem para justificar a criação de um
instituto que tem como objetivo desenvolver pesquisas
aplicadas, transferir tecnologias e criar inovações que
produzirão mudanças importantes nas empresas da
Construção Civil.
O funcionamento do ISI-TC exige uma
infraestrutura física para abrigar os laboratórios e a
área administrativa, que será construída em um
terreno com uma área total de 2 ha, onde já funciona
uma unidade de treinamento do SENAI-CE e o
Instituto Senai de Tecnologia Metalmecânica, em
construção. Os principais laboratórios do ISI-TC são:
• Laboratório de Concreto
(Caracterização de Agregados e Resistência);
• Laboratório de Medidas de Som;
• Laboratório de Resistência ao Fogo;
•Laboratório de Isolamento Térmico
e Estanqueidade;
•Laboratório de Química
Os laboratórios foram projetados para permitir
flexibilidade na disposição e atualização. Com
equipamentos de última geração, darão suporte ao
Centro de P&D, e permitirão que os pesquisadores
verifiquem se os novos materiais de construções
estão de acordo com os requisitos da Norma de
Desempenho (ABNT NBR 15575), e, principalmente, desenvolvam novos materiais e processos que
atendam à qualidade estabelecida pela norma.
O Clube de Engenharia do Ceará parabeniza a
CNI/Senai-CE pela iniciativa de apoiar o esforço de
inovação das empresas que atuam no mercado da
construção civil, e espera que o ISI-TC cumpra sua
missão de criar inovações no setor da Construção
Civil, e vai apoiá-lo, a exemplo do que já fez ao
longo de seus 80 anos de existência.
Estudar questões técnicas, econômicas e sociais, correlacionadas com a Engenharia
DESDE 1934
18 Revista do CEC
ARTIGO
O rebaixamento da
Estação Ferroviária
de Parangaba
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará
Engenheiro civil
José Emídio A. Bezerra
Mestre em Engenharia de Produção
pela UFSC - Membro do Conselho
Diretor do CEC
Na Estrada de Ferro de Baturité, que serviu ao
Ceará de 1873 a 1909, foi construída a Estação de
Parangaba, ainda no Século XIX. Naquela época, em
que o lugar chama-se Porangaba, que quer dizer
bonito, o povo aglomerava-se para ver a chegada da
Maria Fumaça.
Por ficar logo atrás da Igreja Matriz, bem próximo
da praça principal e da linda e fresca lagoa, fazia parte
dos passeios, dos flertes e folguedos da comunidade.
Por isso, sempre foi e será um lugar especial para os
moradores daquele distrito.
Porém, com o crescimento vertiginoso da
população da Capital, o metrô surgiu como a opção
mais adequada para o transporte das massas
Figura 1 - O Elevado e a Estação
moventes da grande metrópole em que vinha se
transformando a “Loura Desposada do Sol” desde a
última década do Século XX.
Reunida na sede da RFFSA, na Praça Castro
Carreira, mais conhecida como Praça da Estação, a
Intelingtsa Ferroviária, liderada pelo Engenheiro
Littelton Rebelo, concebeu os projetos dos primeiros
ramais do metrô de Fortaleza, com bases em
parâmetros técnicos e econômicos. Mas, a construção
do elevado da Linha Sul como foi concebido, o
primeiro a ser construído, iria atingir em cheio o
pequeno e simpático prédio de alvenaria de tijolos
cerâmicos maciços (figura 1).
Imaginou-se que seria o preço a pagar pelo progresso,
mas o sentimento da população falou mais alto e
juntaram-se em defesa daquele frágil marco das boas
lembranças dos congraçamentos passados nas calçadas
altas e sob a sombra da sua coberta de telhas coloniais.
Tanto fizeram que conseguiram que fosse tombada pelo
Patrimônio Histórico e Cultural e, assim, intocável,
tornou-se um desafio para a Engenharia Alencarina.
De início buscou-se na Região Sudeste a solução e
trouxeram técnica semelhante a utilizada na
construção de um estádio na Alemanha. Assim,
poderia ser movida lateralmente liberando o caminho
para a construção do elevado e ficando no meio da
rua, que a separava da Igreja. Nesta opção, seriam
colocados tubos metálicos sob os alicerces da
alvenaria de pedra na direção transversal do prédio.
Sobre os tubos, como se fora dois guardas-corpo
Influir para que sejam asseguradas, aos engenheiros e às empresas regionais
de engenharia, condições de plena aplicação de suas aptidões
DESDE 1934
Revista do CEC 19
ARTIGO
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará
seriam soldadas duas grandes treliças metálicas
(figura 2). Duas pistas de concreto armado seriam
construídas e, sobre elas, quatro macacos hidráulicos
suspenderiam o conjunto e permitiriam o
deslocamento do imóvel até o ponto desejado.
Contrariando os colegas, quando consultado pelo
arquiteto Napoleão, achei que seria possível fazer!
Imaginei que se pudesse transformar o alicerce de
alvenaria de pedra numa espécie de cinta de
concreto armado com armadura externa e enformar,
as paredes para não se desmancharem. O
subsecretário de Infraestrutura do Estado,
engenheiro Otacílio Borges, acreditou na viabilidade
da ideia e mandou que eu fizesse o projeto detalhado
com a metodologia, os equipamentos, o
cronograma e o levantamento dos custos
necessários.
Descrição do método de rebaixamento
Figura 2- Método de translado lateral.
Porém os engenheiros da Secretaria de
Infraestrutura do Estado consideraram o custo muito
alto, cerca de R$ 5 milhões e procuraram uma
alternativa. Enfim o Arquiteto Napoleão Ferreira teve
a ideia de rebaixá-la no mesmo lugar e aproveitá-la
como atração turística e como uma ilha digital, que
poderia ser usada pelos moradores. Mas, outros
arquitetos e engenheiros consultados consideraram
isto absolutamente inviável, pois sendo de alvenaria
de tijolos o prédio não suportaria a movimentação e
certamente iria se desmanchar, transformando-se
num monte de entulho.
No início seria necessário fazer a contenção do
terreno com estacas brocas junto à via férrea de um
lado e o nível da rua do outro lado antes de rebaixar o
terreno onde estava o prédio, demolir o piso interno
que não era mais o original e escavar internamente
até a base dos alicerces. Em seguida, passar chapas de
aço por baixo dos alicerces e soldá-las em treliças
metálicas formada com perfis de aço leves
(12,5x12,5mm) em ambos os lados desses alicerces.
Colocar formas de chapas de madeira estruturadas
com perfis de aço leves e forradas com espumas para
não ferir as paredes. Contraventar as formas com
treliças de aço.
Perfis metálicos verticais apoiados nos muros
de arrimo e nas paredes laterais com rasgos verticais
onde se encaixariam outros perfis metálicos
horizontais para escorar as paredes, mas permitindo o
movimento vertical de descida do prédio sem perigo
de tombamento. O monitoramento deveria ser feito
prumos formados de arames de aço com pesos na
ponta passando por dentro de um tubo de cobre,
ligados a uma fonte de energia elétrica e a um quadro
na sala técnica poderia mostrar qualquer desaprumo
durante o afundamento. As aberturas das paredes –
portas e janelas deviam ser contraventadas e o telhado
retirado para evitar quedas e limpar as telhas com
jatos de água.
Contribuir
para o desenvolvimento
da Ciência
Defender os legítimos
interesses
dosda
engenheiros
e da
Tecnologia
região e doassociados
país
DESDE 1934
20 Revista do CEC
ARTIGO
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará
armado, ao lado da moderna estação do
metro e da velha Igreja Matriz de
Parangaba! Como foi imaginado pelo
Arquiteto Napoleão Ferreira.
Figura 5 - Perspectiva do projeto
arquitetônico
Figura 3 - Projeto de reforço dos alicerces, forma das
paredes e escoramento
O rebaixamento
Contudo montado o terreno sob as chapas de aço
já podia ser lentamente escavado ao longo do seu
perímetro, por operários de forma ordenada e
simultânea. Esperava-se que se fosse rebaixada em 5
cm por dia, em 75 dias seria atingido os 3,5 m que
permitiria a colocação do tabuleiro de concreto
armado do elevado da linha férrea. Mas, com a prática
diária isto foi conseguido em pouco mais de um mês,
bem antes do previsto e por um custo muito mais baixo
que o da primeira opção, apenas cerca de R$ 600 mil.
O projeto foi possível pela união da arte de
construir do arquiteto com a técnica de construir do
engenheiro e da sensibilidade e respeito à opinião
pública da Secretária de Infraestrutura do Estado do
Ceará.
Fotos da Estação antes e depois do rebaixamento
Modificações do projeto
Algumas modificações foram feitas pela
SEINFRA durante a obra, como a concretagem das
treliças transformando-as em armaduras de dois
anéis de concreto o que deu maior segurança e
dispensou o escoramento. Foram usados prumos
comuns de concreto e mira à laser para o controle
do rebaixamento.
Hoje se pode ver como ficou bem resolvida e bem
protegida pelo robusto tabuleiro de concreto
Estudar questões técnicas, econômicas e sociais, correlacionadas com a Engenharia
DESDE 1934
Revista do CEC 21
TECNOLOGIA
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará
Presidente Victor Frota testa equipamento
Profissionais utilizam terminais na Fiec
Terminais Eletrônicos de
Atendimento são implantados
no mês de janeiro
Buscando tornar o Conselho Regional de
Engenharia e Agronomia do Ceará (Crea-CE) mais
moderno, dinâmico e conectado aos avanços da
tecnologia, na gestão do atual presidente,
engenheiro civil Victor Frota Pinto, a autarquia acaba
de implantar os Terminais Eletrônicos de Atendimento
(TEAs) do Crea-CE.
Os TEAs da autarquia são bem parecidos com os
equipamentos encontrados em bancos e aeroportos
do País e dispõem de tela touch screen e teclado,
podendo operar das duas formas.
No local de funcionamento dos terminais, haverá
exibição de um vídeo explicativo sobre a missão do
Conselho, os valores, atividades fiscalizadas e sobre as
inspetorias localizadas no interior do estado e na
Região Metropolitana de Fortaleza. Os serviços
disponibilizados nos tótens são: emissão de anuidade
PFPJ (Pessoa Física e/ou Pessoa Jurídica), consulta de
valores de taxas, consulta de protocolo, consulta de
auto de infração e emissão de boletos, além de
atualização de dados cadastrais.
Para o engenheiro mecânico e segurança do
trabalho da Federação das indústrias do Estado do
Ceará (Fiec), Francisco Rogério Rocha, que já utilizou o
terminal eletrônico, a ideia de criação dos tótens foi
“excelente”. “Precisávamos de um apoio. É
importante que o Crea esteja sempre por perto”, disse.
O projeto, que foi desenvolvido pela Gestão da
Qualidade - com a participação de Alexandre
Carvalho, e do Analista de Tecnologia da Informação
da autarquia, Anibal Gondim -, teve o objetivo de
aproximar e, ao mesmo tempo, ampliar a área de
atendimento do Crea-CE. Segundo Alexandre
Carvalho, os tótens “possibilitarão o autoatendimento para profissionais e sociedade, tornando
o Crea mais acessível e antenado com as novas
tecnologias”, falou.
Locais disponíveis
Os terminais serão instalados em pontos
estratégicos da cidade. Os tótens ficarão distribuídos
no Centro de Tecnologia da Universidade Federal do
Ceará (UFC), no Centro de Ciências Tecnológicas da
Universidade de Fortaleza (Unifor), na sede da
Secretaria da Infraestrutura do Estado do Ceará
(Seinfra), na sede da Secretaria da Infraestrutura
(Seinf), no prédio da Secretaria de Urbanismo e Meio
Ambiente (Seuma), no Departamento de Arquitetura
e Engenharia do Estado (DAE), nas sedes da
Cooperativa da Construção Civil do Ceará
(Coopercon), Sindicato da Indústria da Construção
Civil do Ceará (Sinduscon) e na sede da Federação das
Indústrias do Estado do Ceará (Fiec). Este último,
começou a funcionar desde o dia 23 de janeiro.
Para o presidente do Crea-CE, os terminais
traduzem mais uma estratégia de aproximação entre
o Conselho, seus profissionais, estudantes e a
sociedade. “Desta forma, seguimos nossa missão e
nosso compromisso com todos os setores da
sociedade”, disse Victor Frota.
22 Revista do CEC
DESDE 1934
ARTIGO
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará
A Transnordestina e
o Sistema Ferroviário
do Nordeste
Engenheiro civil
Lyttelton Rebelo
Presidente da ABENC-CE e Membro
do Conselho Diretor do CEC
Como introdução seguem algumas informações sobre o
Brasil, que é um país continental com área de 8,5 milhões de
km2, 7.500 km de costa atlântica e possuidor de considerável
extensão de vias hídricas potencialmente navegáveis,
possuindo 47% da aérea da América do Sul. Seu PIB (produto
interno bruto) é cerca da metade deste continente tendo
alcançado, em 2012, R$ 4,403 trilhões. Paradoxalmente, o
Brasil anda na contramão no setor de transporte com destaque
ao modal ferroviário, se comparado com outros países de
dimensões similares. As diversas modalidades de transportes –
rodoviário, ferroviário, aquaviário e aeroviário – devem ser
integrados para ser complementares e jamais concorrentes.
O custo logístico no Brasil representa 21,7% do PIB,
quando 61% do seu transporte é feito pelo modal rodoviário
com prejuízo superior a 4,2% do PIB (R$ 184,93 bilhões/ano), o
ferroviário participa com 21%, o aquaviário e outros 18%. O
custo logístico com transporte de cada produto alcança 20%
do seu valor. Nos Estados Unidos o modal ferroviário
contribuiu com 50%, na Rússia com 73% e no Canadá com
46% da matriz transporte de carga.
No período entre 1928 e 1955 a malha rodoviária do país
aumentou 400% e a ferroviária cresceu apenas 20%
(percentual vinte vezes menos) demonstrando, assim, que o
descaso das autoridades advém de longas datas.
Nosso país contava, em 1960, com 38.237 km de ferrovias
e hoje dispõe de 28.314 km resultando numa baixa densidade
de 3,3 km de ferrovia por cada 1.000 km² de área territorial,
quando comparado aos Estados Unidos que possue uma
densidade de cerca de 30 km ferrovia /1.000 km² de área.
A infraestrutura de transporte é de importância capital
para o desenvolvimento de um país e fundamental para a
integração do mercado interno, bem assim, para a ligação dos
polos produtores ao mercado externo, através de seus portos.
A estatal, Rede Ferroviária Federal S.A – RFFSA, foi extinta
(um grande erro do governo federal) depois de ter seus trechos
concessionados para 12 empresas particulares. O processo teve
conclusão em janeiro de 1998, com a concessão das ferrovias
da Região Nordeste, numa extensão de 4.510 km, para a
Companhia Ferroviária do Nordeste – CFN, hoje
Transnordestina Logística S.A. – TLSA, vencedora do leilão. A
malha foi entregue em perfeitas condições operacionais. A via
férrea, conforme contrato de concessão, abrange os Estados
de Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará,
Piauí e Maranhão.
O projeto da Transnordestina, com 1.728 km de extensão,
passará por 81 municípios em três Estados, parte de Eliseu
Martins (PI), atingindo o Porto de Suape (PE) e o Porto do
Pecém através do ramal que se inicia em Salgueiro (PE). O
objetivo é escoar a produção de novas fronteiras agrícolas da
região e incentivar investimentos no semiárido como a
exploração de minério e gesso. As obras tiveram início em
2006 pelo trecho de Salgueiro (PE) – Missão Velha (CE), de
comprimento 100 km. O prazo para conclusão da ferrovia era
2010, adiado para 2014 e, agora, seu término está previsto
para 2016 não havendo, no momento, nenhum trecho em
operação. As obras estão paradas desde dezembro de 2013
devido à empresa construtora ter rescindido o contrato com a
Transnordestina Logística S. A.
O orçamento de sua implantação segue
desordenadamente. Segundo veiculação da imprensa, passou
de R$ 4,5 bilhões para 7,5 bilhões conforme acordos firmados
em setembro de 2013. A composição acionária do
Contribuir para o desenvolvimento da Ciência e da Tecnologia da região e do país
DESDE 1934
Revista do CEC 23
ARTIGO
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará
empreendimento é, no momento: Superintendência de
Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) é sócia majoritária
com 51,4%; a antiga Companhia Ferroviária do Nordeste
(CFN) com 25%; o Fundo Constitucional do Nordeste (FNE)
bancará 15% e o restante da participação fica nas mãos de
acionistas minoritários (Portal Transporta Brasil - 24/9/2013). As
obras deverão ser reiniciadas o mais breve possível, com prazo
de conclusão mais 36 meses e a concessão será até 2.054.
A título de reduzir o prazo de implantação da
Transnordestina, o tráfego ferroviário da linha Fortaleza - Crato
(CE), com cerca de 600 km, foi suspenso em julho de 2013.
Antes o tráfego do restante da Região Nordeste (2.719 km) já
havia sido paralisado (outro grande erro). O tráfego só deveria
ter sido suspenso após a conclusão da nova ferrovia e para os
trechos que ficassem na zona de sua interferência. As ligações
com os Estados da Região que não fossem cobertos pela nova
ferrovia deveriam permanecer com seus tráfegos ativos
(Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte).
A questão se torna de crucial magnitude quando se
analisa a Região Nordeste, onde havia em 1998, épocas da
concessão, 4.510 km de ferrovia em operação interligando
os Estados e, no presente momento, só existe tráfego no
trecho Fortaleza (CE) - São Luis (MA) com 1.191 km. É uma
grande irresponsabilidade a suspensão da operação dos
trechos ferroviários com 3.319 km, pois não serão
substituídos pelo traçado da Ferrovia Transnordestina e,
ainda, deixarão de suprir as cidades existentes em suas faixas
de atuação e serão destruídos pelo vandalismo não mais
voltando a atender à população.
Já existem inúmeros quilômetros totalmente dilapidados,
após a erradicação do tráfego, por ação de particulares - faixa
de domínio, esplanadas e edificações invadidas, estações
destruídas, trilhos e dormentes roubados, etc. como são os
casos dos ramais Mossoró - (RN) e Barreiros - (PE).
Hoje, no Brasil, existem 28.314 km de ferrovia distribuídos
em várias bitolas (distância entre os trilhos de uma mesma via)
sendo: 22.897km em bitola métrica, 4.907 km em bitola larga
(1,60 m), 510 km em bitola mista (1,00 m e 1,60 m). A ferrovia
Vitória Minas, em bitola métrica, é uma das de grande eficácia
no mundo. Bitolas diferentes evitam a entrada das
composições ferroviárias de uma via para a outra de bitola
diferente, obrigando baldeação das cargas com custos
adicionais. Assim, qual a razão de escolha da bitola larga para a
ferrovia Transnordestina com construção mais cara e sem
interligação com as ferrovias de bitola métrica? Por que o
trecho Salgueiro Porto do Pecém será em bitola mista com
implantação e manutenção mais onerosas?
Exemplos de grandes problemas no Brasil: a falta de
planejamento com prazos reais de implantação aliados a um
bom projeto com tempo suficiente para as desapropriações e
escassez de recursos financeiros. A ausência desses elementos
encarece, sobremaneira, o custo de implantação do
empreendimento.
Atualmente, os congestionamentos, o grande número de
acidentes, roubos, a poluição ambiental em nossas rodovias e
o elevado gasto em logística recomendam, fortemente, que o
Brasil invista, urgentemente e principalmente, no seu sistema
ferroviário e portuário. Para tal só a força política que, com rara
exceção está ausente, poderá resolver a questão, haja vista que
a solução de tal problema parece não ser de interessa dos
nossos governantes.
Conclamamos todos os segmentos da sociedade
constituída para que lutem, urgentemente, em prol do
melhoramento de nosso setor de transportes dentro dos
preceitos da integração entre os diversos modais,
principalmente o ferroviário e o seguimento portuário.
Promover o aprimoramento e a capacitação técnico-profissional
DESDE 1934
24 Revista do CEC
ARTIGO
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará
O que falta para
Fortaleza avançar
na mobilidade
por bicicleta
1. MOBILIDADE URBANA EM FORTALEZA
Nas últimas décadas, a capital cearense negligenciou o
planejamento urbano e de transportes e, como resultado, o
que se vê hoje é uma metrópole de 2,5 milhões de
habitantes com diversos problemas a superar e, dentre os
principais, está a dificuldade de se deslocar pela cidade.
Fortaleza sofre com o esgotamento da capacidade de
suas principais vias, causado pelo excesso de automóveis em
circulação, semelhantemente ao que ocorre mundo afora,
sobretudo nas grandes cidades onde não se investiu
prioritariamente nos modos de transporte sustentáveis
(meios coletivos e não motorizados). Como agravante, a
cidade padece de um sistema viário estruturalmente
limitado, onde predominam vias e calçadas estreitas, o que
dificulta a adoção de medidas para promoção da
mobilidade urbana pelos diversos modos de transporte de
superfície.
O transporte coletivo, apesar de vir melhorando em
alguns aspectos, ainda não é uma opção atrativa para a
maioria da população. Falta eficiência, pois praticamente
não há prioridade nas vias para os ônibus, que acabam
retidos nos engarrafamentos. Falta conforto e segurança
dentro dos coletivos, nos pontos de parada e nos terminais
de integração, não raro lotados nos horários de pico.
Engenheiro civil
José Carlos Aziz Ary
automóveis
estacionados de
forma irregular.
Além da falta de
acessibilidade, o
desrespeito às
f a i x a s d e
pedestre e à
sinalização viária
em geral, por
p a r t e d o s
condutores, é
outro fator que
compromete a
segurança e o
conforto de
quem anda a pé
em Fortaleza.
2. USO DA
BICICLETA
Mestre em Urbanismo e Organização
Territorial, pela Universidade Católica
de Lovaina (Bélgica)
Engenheiro civil
Miguel Barbosa Ary
A situação tende a melhorar após a criação de
corredores exclusivos e preferenciais para ônibus e a
ampliação dos terminais, entre outras medidas. O sistema
metroviário possui apenas uma linha - recém implantada - e
outras duas estão planejadas para entrar em operação nos
próximos anos. Será o início de uma rede que ampliará
expressivamente as opções de mobilidade dos
fortalezenses, mas somente a médio e longo prazo.
Mestre em Engenharia de Transportes,
Com topopela Universidade Federal do Ceará
grafia plana a
levemente ondulada, clima tropical com pouca chuva ao longo do ano,
pode-se afirmar que a natureza favorece o ciclismo em
Fortaleza. De fato, o uso da bicicleta como meio de
transporte é, há muito tempo, significativo na cidade,
sobretudo nas principais vias de acesso que, no início da
manhã, recebem milhares de trabalhadores que se
deslocam às áreas centrais e, no fim do dia, retornam às suas
casas, muitas delas localizadas em bairros periféricos e até
em outros municípios.
Para quem caminha pela cidade, a situação atual
também não é das melhores. É comum encontrar calçadas
em condições precárias (estreitas, obstruídas, esburacadas,
desniveladas e sujas), quando não totalmente ocupadas por
Segundo pesquisa realizada por Maia et al. (2010), as
principais características do ciclista fortalezense são as
seguintes: quase a totalidade é do sexo masculino, com
baixa escolaridade, faixa etária predominante de 21 a 35
Estimular o congraçamento dos engenheiros associados e seus familiares
DESDE 1934
Revista do CEC 25
ARTIGO
anos e uso quase diário da bicicleta como meio de
transporte ao trabalho. Entre os usuários, há
predominância de trabalhadores da construção civil, porém
a bicicleta é utilizada por pessoas ligadas a várias outras
atividades.
Para mais da metade, o tempo médio de viagem varia de
30 a 60 minutos. A maioria considera baixa a segurança em
seus trajetos, apontando como principais dificuldades a
falta de respeito dos motoristas e a circulação
compartilhada com o tráfego geral. A implantação de
ciclovias é a solução mais sugerida.
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará
Apesar disso, com a crescente consciência ambiental,
aliada à necessidade de atividade física para promoção da
saúde e bem-estar e à escassez de alternativas viáveis de
deslocamento, é possível perceber a cada dia mais
fortalezenses aderindo à bicicleta.
3. INFRAESTRUTURA CICLOVIÁRIA ATUAL
Nos últimos anos, ainda que timidamente, tem havido
investimentos para promover a segurança dos ciclistas em
Fortaleza, principalmente com a implantação de ciclovias
nos canteiros centrais de avenidas novas ou reformadas. No
entanto, como a cidade ainda carece de uma política
específica para a mobilidade por bicicleta, a infraestrutura
existente tem sido formada por trechos desconexos entre si
e sem integração com o transporte público (Fig. 2).
Figura 1: Uso significativo da bicicleta em Fortaleza
Apesar do número expressivo de ciclistas, Fortaleza
ainda não pode ser considerada uma cidade “amiga da
bicicleta”. Historicamente não foi estimulada cultura de
respeito e prioridade a este modal no trânsito e, no
desenvolvimento do sistema viário, não foram reservados
espaços seguros para sua circulação.
Assim, em grande parte da cidade, sobretudo nas vias
de tráfego intenso, a bicicleta leva desvantagem na disputa
de espaço com veículos motorizados, situação de perigo
que, aliada a outros fatores, desestimula essa opção por
boa parte da população. O trabalho de Oliveira Júnior et al.
(2007) demonstra o elevado índice e a gravidade dos
acidentes com ciclistas em Fortaleza, com preocupante
tendência de aumento das ocorrências, reforçando a
necessidade de políticas públicas específicas para promover
a segurança do uso da bicicleta na cidade.
Figura 2: Infraestrutura cicloviária atual de Fortaleza
Em sua maioria, as ciclovias existentes são frutos de
projetos isolados e sem adequado embasamento técnico,
que, quando muito, trouxeram benefícios pontuais a quem
já usava a bicicleta, sem porém atrair fortemente novos
usuários. A extensão total é de aproximadamente 70 km,
número aparentemente expressivo em comparação com
outras capitais brasileiras, porém longe de ser motivo de
orgulho para uma grande cidade como Fortaleza, ainda
mais quando se considera que muitos trechos são
inadequados para o uso, como comentado mais adiante.
Algumas ciclovias, de uma forma geral, apresentam
condições favoráveis de circulação, como, por exemplo, nas
avenidas ilustradas a seguir (Figura 3).
Defender os legítimos interesses dos engenheiros associados
DESDE 1934
26 Revista do CEC
ARTIGO
Figura 3: Exemplos de trechos cicloviários em
condições satisfatórias de circulação
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará
No entanto, de acordo com levantamento realizado nas
principais ciclovias da cidade (Ary, 2009), foram constatados
diversos problemas que inibem o uso da infraestrutura pelos
ciclistas, como por exemplo:
- dimensionamento inadequado (larguras estreitas);
- obstruções no trajeto (postes e árvores estrangulando a
seção, presença de pedestres etc.);
- dificuldade de acesso e saída da ciclovia;
- falta de continuidade;
- piso irregular;
Av. Washington Soares
- sinalização e manutenção deficientes.
Dos problemas citados, o mais grave certamente é o
estrangulamento do espaço de circulação dos ciclistas por
postes e árvores, causado por falhas de projeto e/ou na
construção da ciclovia, criando situações absurdas em
alguns trechos, como pode ser comprovado nas imagens
que seguem (Figura 4).
Av. Godofredo Maciel
Av. Rogaciano Leite
Av. Bezerra de Menezes
Av. Alm. Henrique Saboia (Via Expressa)
Av. Humberto Monte
Estudar questões técnicas, econômicas e sociais, correlacionadas com a Engenharia
DESDE 1934
Revista do CEC 27
ARTIGO
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará
4. O QUE FALTA PARA FORTALEZA SER MAIS
“CICLÁVEL”
4.1 Plano Cicloviário
A despeito dos problemas mencionados, é possível
transformar Fortaleza numa cidade mais “ciclável”. O
primeiro e, talvez, mais importante passo é o
desenvolvimento de um *Plano Diretor Cicloviário
abrangente, em conformidade com os planos municipais de
mobilidade e de desenvolvimento urbano, fundamentado
em estudos e pesquisas e debatido com especialistas, com a
comunidade ciclística e com a sociedade em geral.
Av. Bezerra de Menezes
Av. Mister Hull
Figura 4: Exemplos de trechos de ciclovias com
espaços estrangulados
Diante do exposto, fica fácil compreender porque cerca
de 40% dos ciclistas fortalezenses deixam de usar as
ciclovias, conforme pesquisa de Maia et al. (2010). Assim, é
necessário que a infraestrutura atual seja readequada e
também sejam reavaliados os projetos cicloviários já
desenvolvidos e ainda não implantados, a fim de que não se
cometam os mesmos erros aqui apontados.
Outro ponto negativo que inibe o uso da bicicleta em
Fortaleza é a quase total ausência de bicicletários ou
paraciclos, restando aos ciclistas procurar por postes,
árvores, grades ou outra estrutura onde seja possível
encostar ou acorrentar a bicicleta.
O principal legado do plano deve ser a concepção de
uma infraestrutura cicloviária ampla, contínua e de
qualidade, que seja confortável e segura, capaz de atender à
demanda atual e atrair mais pessoas a usar a bicicleta
cotidianamente. Para isso, a rede deve interligar os diversos
bairros da cidade, passando por áreas residenciais, pólos de
emprego, centros comerciais e de serviços, zonas
industriais, estabelecimentos de ensino, áreas turísticas e de
lazer, grandes praças esportivas etc.. Deve ainda ser
integrada aos sistemas de transporte coletivo,
contemplando estacionamentos para bicicletas e
equipamentos de apoio para ciclistas, bem distribuídos por
toda a cidade e, principalmente, junto aos terminais de
ônibus e estações de metrô.
Os trechos da rede podem ser compostos por ciclovias,
ciclofaixas ou vias e calçadas adequadas ao uso
compartilhado - mas seguro - de bicicletas com veículos
motorizados e pedestres. Percebe-se, assim, que não há uma
solução única, mas uma grande variedade de intervenções e,
em cada caso, deve ser avaliada tecnicamente qual a medida
mais apropriada.
É essencial considerar as características, necessidades e
expectativas dos atuais e futuros usuários da bicicleta. Tanto
no Exterior como no Brasil, há diversas experiências de
sucesso que podem servir de referência para Fortaleza, mas
devem ser levadas em conta as limitações e os potenciais
específicos da cidade, bem como a cultura local. Por isso,
além de questões técnicas, é fundamental que o plano dê
atenção a outros aspectos importantes, como, por exemplo,
segurança pública e arborização/sombreamento dos
trechos.
O plano cicloviário de Fortaleza precisa indicar
claramente o que deve ser feito, estabelecendo padrões e
critérios compatíveis com as recomendações dos manuais
técnicos. Deve estimar custos e resultados esperados, com
Contribuir para o desenvolvimento da Ciência e da Tecnologia da região e do país
DESDE 1934
28 Revista do CEC
ARTIGO
cronogramas e estratégias viáveis de implantação, e ainda
indicar responsáveis e fontes de recursos das ações. Além da
expansão da rede, é necessário prever diagnóstico e
requalificação da infraestrutura atual.
No entanto, é preciso ficar claro que mesmo a criação de
uma excelente rede cicloviária não será suficiente para
atender a todos os deslocamentos por bicicleta em uma
grande cidade como Fortaleza. Por mais abrangente que
seja a infraestrutura, os ciclistas continuarão necessitando
utilizar-se das demais vias, mesmo sem tratamento
específico.
Por isso, além da criação da rede, o plano cicloviário deve
recomendar outras ações - ainda pouco adotadas em
Fortaleza - que podem tornar mais harmônica a convivência
da bicicleta com os veículos motorizados no sistema viário
como um todo, por exemplo:
- identificação e divulgação de rotas mais seguras, onde
seja viável o compartilhamento;
- medidas de moderação do tráfego (ex: implantação de
lombadas físicas, passagens e cruzamentos elevados,
estreitamento ou quebra de continuidade de vias etc.);
- redução dos limites máximos de velocidade (ex:
limitação para 30 km/h em vias secundárias);
- reforço da sinalização e campanhas educativas para
elevar o nível de atenção e respeito dos usuários
motorizados em relação aos ciclistas, principalmente nas
vias de maior fluxo e nos locais com maior índice de
acidentes envolvendo bicicletas;
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará
motorizado. É importante ainda definir a origem dos
recursos necessários à efetivação de suas ações, como, por
exemplo, a destinação de um percentual das multas de
trânsito, entre outras fontes.
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
É chegada a hora de Fortaleza saldar sua dívida com a
bicicleta. A cidade precisa urgentemente de ações concretas
para elevar o patamar deste modal, reconhecido pela
Organização das Nações Unidas (ONU) como símbolo do
transporte sustentável no planeta.
É necessário planejamento, competência e coragem para
mudar a situação atual. A implementação do plano
cicloviário pode provocar resistências a princípio, mas os
benefícios serão notórios e inquestionáveis com o passar do
tempo. Diversos exemplos nacionais e internacionais estão aí
para servir de referência.
Nenhuma obra, porém, alcançará pleno êxito se não
houver profunda mudança de mentalidade dos fortalezenses
com relação à bicicleta. Assim, é fundamental que haja uma
grande e contínua campanha de respeito, valorização e
incentivo ao seu uso, promovendo-a como veículo eficiente e
viável de transporte para curtas e médias distâncias.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- maior divulgação do Código de Trânsito Brasileiro,
principalmente dos artigos relacionados aos direitos e
deveres dos ciclistas.
ARY, M.B. Avaliação da Qualidade das Ciclovias de
Fortaleza. In: XVII CONGRESSO BRASILEIRO DE TRANSPORTE
E TRÂNSITO, ANTP, 2009, Curitiba, PR.
Com todas essas ações postas em prática, a bicicleta tem
grande potencial para se tornar uma opção viável a todos
que desejarem usá-la cotidianamente como meio de
transporte em Fortaleza.
MAIA, C. M.; MOREIRA, M. E. P.. Caracterização dos
Deslocamentos de Ciclistas e Fatores que Influenciam suas
Viagens em Fortaleza-Ce. In: XXIV ANPET - CONGRESSO DE
PESQUISA E ENSINO EM TRANSPORTES, 2010, Salvador, BA.
4.2 Gestão do Transporte Não Motorizado
Para gerir as medidas em prol dos ciclistas, Fortaleza
necessita de uma unidade específica na estrutura municipal,
com profissionais que, além de capacidade técnica, tenham
comprometimento e sensibilidade para considerar as
necessidades e anseios de quem usa a bicicleta.
Esta gerência pode ficar responsável também pela
promoção de melhorias aos pedestres, planejando
conjuntamente as ações relacionadas ao transporte não
DESDE 1934
MOREIRA, M.E.P. et al. Proposta de Rede Cicloviária para
a Cidade de Fortaleza-CE. (...)
OLIVEIRA JÚNIOR, J.A.; ALMEIDA, T.A.; PAULA, F.S.M.
Acidentes de Trânsito do Transporte Não Motorizado por
Bicicleta na Cidade de Fortaleza. In: XVI CONGRESSO
BRASILEIRO DE TRANSPORTE E TRÂNSITO, ANTP, 2007,
Maceió, AL.
SEMOB. Programa Brasileiro de Mobilidade por Bicicleta
– Bicicleta Brasil. Caderno de Referência para Elaboração de
Plano de Mobilidade por Bicicleta nas Cidades, Brasília,
2007.
* O “Plano Diretor Cicloviário Integrado” de Fortaleza se acha em fase de elaboração, mediante contrato da Prefeitura Municipal de Fortaleza com
uma firma devidamente selecionada em processo licitatório. A ordem de serviço foi assinada em julho de 2013 e o estudo deverá estar concluído
em julho de 2014.
Revista do CEC 29
COMEMORAÇÃO
Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará
Conselho Regional de Engenharia
e Agronomia do Ceará comemora
78 anos e homenageia colaboradores
autarquia que foram indicados pelos próprios colegas
como funcionários padrão, isto é, que são exemplos
para esta geração e para as futuras”, disse.
Funcionários-destaque recebem placa de homenagem
Descerramento de placa com os familiares dos ex-funcionários
O aniversário de 78 anos do Conselho Regional de
Engenharia e Agronomia do Ceará foi comemorado na
noite do dia 17 de janeiro na sede do Crea-CE. Para prestar
os devidos agradecimentos àqueles que, com dedicação e
compromisso, fizeram ou fazem da autarquia federal um
órgão cada vez mais atuante, seis funcionários, dois in
memoriam e quatro na ativa, foram escolhidos
democraticamente para receber as homenagens pelo
trabalho desenvolvido em prol do Conselho.
O presidente do Crea, o engenheiro civil Victor Frota
Pinto, falou que as homenagens foram justas e
merecidas. “No dia do aniversário do Conselho, nada
melhor que homenagear o seu corpo funcional, que
labuta pelo bom desempenho do Crea-CE. Temos
respeito por todos e digo que estamos no rumo da
modernidade graças ao trabalho dos colaboradores.
Assim, reconhecemos os profissionais que deixaram um
importante legado e os colaboradores atuantes na
Nominação
Com os nomes dos dois ex-funcionários já falecidos,
José Ocelo Pinheiro Diógenes e Walde Oliveira, foram
denominadas, respectivamente, as salas da
Coordenadoria de Fiscalização e da Coordenadoria de
Registro e Cadastro. Os familiares dos homenageados
estiveram presentes e falaram da satisfação em ver o
nome deles eternizado no lugar onde passaram boa
parte de sua vida e deram o seu melhor para o
crescimento do Conselho.
A esposa de José Ocelo, Maria Ivandete, recebeu a placa
de homenagem e agradeceu o reconhecimento ao seu
esposo. “Ficamos muito honrados com a iniciativa. Ele foi
merecedor da nominação pelo profissional atuante que foi
no Crea-CE. Foram 15 anos de muita dedicação à entidade.
O nome da sala representa uma gratificação pelo seu
grandioso trabalho, que resumia-se em compromisso,
amizade e profissionalismo”, frisou emocionada.
O filho do engenheiro-agrônomo Walde Oliveira,
Walde Oliveira Filho, representando sua família, falou do
orgulho de estar recebendo a homenagem dedicada ao
pai falecido. “Ele era uma pessoa muito positiva. A vida
dele era o Crea. Foi um excelente profissional e passou
isso para todos que o cercavam. Foram 34 anos de
trabalho. Agradeço ao presidente Victor Frota pela
iniciativa de reconhecer estes profissionais”, finalizou.
Trajetórias profissionais
Ainda como parte das comemorações dos 78 anos, a
autarquia federal, por iniciativa do presidente, também
homenageou quatro dos seus colaboradores que foram
democraticamente eleitos pelos demais funcionários por
terem se destacado ao longo de suas trajetórias profissionais,
inclusive no ano de 2013. Fabíola Barbosa, colaboradora do
Atendimento; Damiana Ferreira, colaboradora da Célula de
Arquivo; Gérson Paulo Pereira Filho, responsável pela
Coordenadoria Administrativa; e a engenheira civil Viviane
Sena, orientadora da Célula de Planejamento de Fiscalização
foram os quatro homenageados.
O evento aconteceu, em clima de confraternização e
alegria, na sede da autarquia e contou com a presença
maciça dos funcionários, conselheiros, representantes de
entidades, entre outros convidados.
30 Revista do CEC
DESDE 1934