fundação getúlio vargas mba em gestão empresarial
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FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS MBA EM GESTÃO EMPRESARIAL TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – TCC Ismael Bernardes de Almeida Plano de Negócio para a abertura de empresa que faz vídeos de entrevistas de seleção – CurriculumVideo com ênfase em Gestão de Pessoas – Liderança de pessoas e equipes São Paulo/SP 2015 Ismael Bernardes de Almeida Plano de Negócio para a abertura de empresa que faz vídeos de entrevistas de seleção – CurriculumVideo com ênfase em Gestão de Pessoas – Liderança de pessoas e equipes Miguel Ferreira Lima Coordenador Acadêmico Prof. Luís Eduardo Machado, Dr. Professor Orientador Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso MBA em Gestão Empresarial de Pós-Graduação lato sensu, Nível de Especialização, do Programa FGV Management como pré-requisito para obtenção do título de Especialista TURMA: MBA EM GESTÃO EMPRESARIAL - GEMP T18 - Paulista São Paulo/SP 2015 RESUMO Vivemos no mundo do “fazer mais com menos”. Desde o advento da globalização, as estruturas das empresas vêm sendo achatadas, os recursos que são disponibilizados cada vez mais escassos e as exigências por resultados continuamente crescentes. Aliado a isso, o crescente número de organizações disputando o mercado, muitas vezes de forma predatória, torna o ambiente altamente competitivo e difícil. As empresas que pretendem ter perenidade nesse mercado precisam, continuamente, se reinventar, da gestão dos resultados e processos à gestão de pessoas. Afirmar que as pessoas são o maior ativo de uma empresa já se tornou lugar comum, mas ter um ambiente organizacional no qual as práticas de gestão de pessoas deixam isso bem evidente não é tão fácil encontrar. Neste trabalho, discutiremos as características de liderança necessárias a um gestor de pessoas que queira viabilizar, por meio de suas ações, dois aspectos fundamentais na vida das organizações: atingir os objetivos definidos pela organização e, ao invés de ou, criar um ambiente no qual as pessoas se desenvolvam, queiram dar a sua melhor contribuição e sintam que vale a pena trabalhar nele, o ambiente, todos os dias. Não consideramos uma tarefa fácil, pelo contrário, é como o estado da arte em gestão de pessoas para resultados. Mas é possível, sobretudo se é esse a meta estabelecida pelo gestor! Palavras-chave: Liderança. Gestão. Pessoas. ABSTRACT We live in the world of "doing more with less." Since the advent of globalization, corporate structures have been flattened, the resources that are made available increasingly scarce and demands for ever-increasing results. Allied to this, the growing number of organizations vying for the market, often in a predatory manner, makes the highly competitive and difficult environment. Companies that want to have longevity in this market need to continually reinvent itself, the management of results and processes to people management. To say that people are the greatest asset a company has become commonplace, but have an organizational environment where people management practices that leave evident is not so easy to find. In this paper, we discuss the leadership qualities necessary to a manager of people who want to enable, through their actions, two fundamental aspects in the life of the organizations: achieving the goals set by the organization and, instead of, or create an environment in which people develop, want to give their best contribution and feel it's worth working on it, the environment every day. We do not consider an easy task, in contrast, is how the state of the art in people management to results. But it is possible, especially if this is the goal set by the manager! Keywords: Leadership. Management. People. SUMÁRIO INTRODUÇÃO - Descrição do negócio 10 1 - DESENVOLVIMENTO - Parte Teórica 14 2 - APLICAÇÃO - Parte Prática 34 3 - CONCLUSÃO 41 Referências Bibliográficas 43 10 INTRODUÇÃO – Descrição do Negócio Recomendo o investimento na empresa CurriculumVideo, gravação de vídeos de entrevistas de seleção, por 3 razões fundamentais: 1) Há uma demanda clara e forte no mercado por esse tipo de serviço: as áreas de recursos humanos demonstram muita dificuldade em contratar bons profissionais, não obstante o grande número de desempregados. Uma das principais razões, se não a principal, é que o que os candidatos declaram em seus curricula inúmeras vezes não se comprova nos processos de seleção, sobretudo na entrevista por competências. No trabalho do PIN, mostramos um gráfico que indicava os principais desafios das empresas nos processos de Recrutamento e Seleção. Nosso grupo conduziu essa pesquisa no LinkedIn e Facebook. Gráfico 1 – Principais desafios em R&S Fonte: Trabalho em grupo do PIN - Plano Integrado de Negócios (2014). Como as estruturas das áreas de recursos humanos nas empresas também têm se achatado drasticamente, terceirizando toda parte operacional e mantendo a inteligência, a gestão dos processos, qualquer tempo gasto a mais do que o requerido pelos clientes internos implica em maiores custos e menores níveis de satisfação. 11 Rigorosamente, os profissionais de recursos humanos não podem e não querem perder tempo com processos de seleção que não conseguem contratar o profissional certo para a vaga em aberto. Portanto, as empresas terão três claros benefícios com os serviços da CurriculumVideo, consubstanciados nos seguintes slogans: a) Encontre exatamente o que você procura: melhorar a acuracidade do processo seletivo, contratando certo da primeira vez; b) Conheça o candidato imediatamente: rapidez em saber quem é o candidato dono de determinado curriculum, pelo acesso ao vídeo de sua entrevista de seleção por competências; c) Não há distância nem tempo que separe você do seu candidato: como o serviço tem sua base na Internet, o processo pode ser executado a qualquer momento, de qualquer lugar. 2) Todo profissional em busca de emprego quer e precisa que seu processo de recolocação seja o mais rápido possível. Além disso, com intensidade crescente nos dias atuais, as pessoas querem trabalhar numa empresa que esteja alinhada com seus valores éticos, morais e profissionais. Não é somente a empresa que escolhe o candidato. O vice-versa já é uma realidade! Um simples curriculum vitae escrito não consegue, no mais das vezes, mostrar para as empresas em busca de profissionais, as reais competências do candidato. Ao oferecer o serviço de gravação da entrevista de seleção, o candidato, a exemplo da empresa contratante, terá também três benefícios claros, que se apresentam em três slogans, a saber: a) “Ninguém melhor do que você para falar de você mesmo”: melhorar a acuracidade da informação a seu próprio respeito; sua linguagem, postura corporal, articulação de ideias etc. poderão ser demonstradas além das competências comprovadas por meio de fatos e dados, característica da entrevista “por competências” que será utilizada pela CurriculumVideo. b) “Aumente suas chances de recolocação”: impacta diretamente no desejo do candidato de se recolocar o mais rápido possível; de posse de sua entrevista gravada, as empresas interessadas acelerarão o processo seletivo. 12 c) “Seja conhecido no mundo inteiro”: como o serviço tem base WEB, qualquer empresa de qualquer lugar pode acessar o curriculum do candidato, dando a ele a certeza que suas chances de recolocação são maiores e melhores. Três aspectos ainda precisam ser ditos a respeito do serviço, do ponto de vista do candidato. A primeira é que a geração que está chegando hoje ao mercado de trabalho e a geração anterior já estão absolutamente acostumadas com a tecnologia. Mais e mais serviços de mobile e-commerce são oferecidos, por exemplo. O fato da CurriculumVideo ter sua base na Internet vai ao encontro dessa demanda crescente. O segundo aspecto é a percepção de eficiência dos sites especializados em recrutamento e também os sites das empresas contratantes, conforme resultado de pesquisa conduzida por nosso grupo, no Facebook e LinkedIn, com o resultado mostrado no Gráfico 2, a seguir. Gráfico 2 - Nível de eficiência dos canais em gerar entrevistas de emprego Fonte: Trabalho em grupo do PIN - Plano Integrado de Negócios (2014). Por fim, o terceiro aspecto diz respeito à localização física da CurriculumVideo. Situada a quatro quadras do Metrô Vila Madalena, na Zona Oeste de São Paulo, seu fácil acesso é mais um atrativo para os candidatos em busca de recolocação. 13 Essas duas primeiras razões respondem “sim” ao investidor a uma de suas perguntas cruciais: “Há demanda no mercado para esse tipo de serviço?”. Sua segunda pergunta, “O negócio é financeiramente viável?” também tem “sim” como resposta, pela terceira razão exposta a seguir. 3) O negócio CurriculumVideo tem um payback simples de 1,84 anos e payback descontado de 2,26 anos. Sabemos que cada investidor tem o direito de estabelecer o payback limite do seu investimento, mas a julgar pelo limite colocado pela própria Fundação Getúlio Vargas (FGV) para considerar um negócio viável no PIN (5 anos), julgamos que 2,26 anos de payback descontado seja um valor bem razoável. O investimento inicial exigido é de R$652.095,21, sendo R$500.000,00 de capital próprio. No cenário adotado, o realista – entre o otimista e o pessimista – com 60% de chance de se concretizar, as receitas brutas projetadas indicam um Valor Presente Líquido (VPL) de R$1.058.268,69, com 13% de margem de segurança na projeção das receitas. A Taxa Interna de Retorno (TIR) é de 64,42%, sendo a TIR Modificada (TIRM) de 39,81e o Índice de Lucratividade (IL) é de 2,62. Valores muito bons! Para tornar o negócio atrativo tanto para as empresas contratantes quanto para os candidatos e, acima de tudo, ser viável financeiramente dando retorno adequado aos investidores, particular atenção será dada aos funcionários e sua capacitação. Para tanto, um aspecto que merecerá todo esforço e energia é a adequada formação das lideranças da empresa, sobretudo o sócio que será o Diretor Administrativo e Financeiro. 14 1 – DESENVOLVIMENTO – Parte Teórica Não se trata de novos truques, macetes ou técnicas superficiais que podem ser usados para manipular mais eficientemente seres humanos. Trata-se, sim, de um conjunto básico de valores ortodoxos sendo claramente confrontados por um outro sistema de valores mais moderno, mais eficiente e verdadeiro. Fala-se aqui das consequências verdadeiramente revolucionárias da descoberta de que a natureza humana tem sido 1 desvalorizada. Há décadas que o tema liderança e seus impactos nos resultados, no ambiente e na vida das pessoas, vêm sendo estudado por centenas de autores e estudiosos. Inicio esse trabalho por um dos que julgo mais importantes na história recente. No verão americano de 1962, Abraham Maslow foi visitar a fábrica da NonLinear Systems, em Del Mar, Califórnia, a convite de Andrew Kay, presidente da empresa e fez uma série de anotações sobre o que ele veio a chamar de “psicologia industrial ou gerencial”2. Maslow3 coloca em pauta a discussão do que motiva as pessoas no trabalho. Ela nos leva a questionar que tipo de liderança pode lidar bem com esses aspectos motivacionais de modo a criar um ambiente que gere resultados, claro, mas também ajude a desenvolver pessoas melhores para se construir um mundo melhor. Maslow conheceu Douglas McGregor em 1960. Eles foram apresentados por Andrew Kay, presidente da Non-Linear Systems. Desde aquele momento, grandes debates se deram entre os dois. Ambos os homens morreram implorando que os líderes se olhassem no espelho e questionassem seus pressupostos. Estas perguntas, que surgiram há mais de meio século, ainda hoje parecem um bom ponto para se começar: 1) você acredita que as pessoas são confiáveis?; b) você acredita que as pessoas buscam dever e responsabilidade?; c) você acredita que as pessoas procuram significado em seu trabalho?; d) você acredita que as pessoas desejam aprender naturalmente?; e) você acredita que as pessoas não resistem à mudança, mas resistem a ser mudadas?; f) 4 você acredita que as pessoas preferem trabalhar a serem preguiçosas? 1 MASLOW, Abraham. Maslow no Gerenciamento. Rio de Janeiro: QualityMark, 2001, p. IX. Idem, ibidem. 3 Idem, ibidem. 4 Idem, ibidem, p. 19. 2 15 Douglas McGregor escreveu o livro “The Human Side of Enterprise” em 5 1960 . Logo se tornou conhecido como o pai da Teoria X e da Teoria Y – teorias de liderança gerencial que mostraram os gerentes como autoritários (Teoria X) ou como pessoas colaboradoras e confiáveis (Teoria Y). McGregor usou muito da pesquisa de Maslow sobre a hierarquia de motivação para desenvolver pressuposições do gerente da Teoria Y. O que esses dois autores trazem de importante é o fato de que, antes de se discutir qual o estilo de gerência e de liderança mais adequado para as organizações, principalmente nos dias de hoje, é preciso discutir como são, ou como cremos que as pessoas são no trabalho. Nossas crenças sobre como as pessoas são no trabalho e sobre o que elas buscam no trabalho direcionam, mesmo sem perceber, nossas práticas gerenciais. Considerando a pirâmide das necessidades humanas proposta por Maslow 6, conforme Figura 1, vemos que, se as pessoas são diferentes e buscam atender, ao longo do tempo, necessidades diferentes, não é possível esperar que gerenciando/ liderando todos os trabalhadores da mesma maneira conseguiremos obter os mesmos resultados para empresa e os mesmos traços positivos no ambiente de trabalho. Figura 1 - Pirâmide de Maslow Fonte: Maslow 5 7 MCGREGOR, Douglas. The Human Side of Enterprise. Rio de Janeiro: Mcgraw Hill, 1960. MASLOW, Abraham. Maslow no Gerenciamento. Rio de Janeiro: QualityMark, 2001, p. XXV. 7 Idem, ibidem, p. XXV. 6 16 Vejamos, por exemplo, o caso de um projeto de implementação de um Enterprise Resources Planning (ERP). Normalmente, é um projeto que tem alto impacto na realidade da organização e das pessoas, pois passa por fazer revisão dos processos instalados, mudar a forma de trabalhar, exigir mais habilidades com tecnologia etc. Por que as pessoas se interessariam – se pudessem escolher – em participar de um projeto dessa envergadura? Alguém que, considerando a hierarquia das necessidades, nesse momento de sua vida está altamente preocupada com necessidades fisiológicas e básicas, poderia se perguntar: Esse projeto vai me garantir um ganho suficiente? A carga de trabalho exigida pelo projeto é adequada? A organização pretende prover os recursos necessários para a sua condução? Outro que busque, nesse momento, segurança no trabalho poderia mostrar preocupação com aspectos como: O que pode acontecer comigo se o projeto fracassar? Qual a intenção da empresa quanto à manutenção das pessoas na organização após a conclusão do projeto? Um terceiro, que esteja focalizando as necessidades sociais, iria investigar: A equipe do projeto é boa? As pessoas são legais? Conseguirei fazer parte desse grupo? As relações são calorosas? O grupo do projeto será capaz de trabalhar como um time coeso e eficiente? E alguém voltado para autoestima, o que se perguntaria? Penso que poderia ser algo como: Como esse projeto pode melhorar a minha visibilidade? Como serei recompensado pela contribuição que darei? Quais minhas chances de crescimento e/ ou promoção ao participar desse projeto? Por último, uma pessoa que já esteja focalizando autorrealização no trabalho, iria questionar: Que contribuição eu posso dar para melhorar a organização e o ambiente a partir desse projeto? Como esse projeto se insere em meus objetivos de vida, no legado que quero deixar? Que marca positiva posso deixar a partir dele? Não há certo, nem errado. Apenas modos diferentes de olhar uma mesma realidade, a partir de necessidades pessoais diferentes, que são dinâmicas. Ora, um líder que não consiga enxergar essas diferenças nas pessoas – para falar apenas de um aspecto – e ajustar sua abordagem ao gerenciá-las, absolutamente não conseguirá desempenhar o seu papel. E esse papel é, acredito, 17 fazer a gestão das pessoas para garantir resultados superiores, criando um ambiente de engajamento e desenvolvimento. Se o gestor produz resultados por meio da equipe, mas sem criar um ambiente no qual valha a pena trabalhar todos os dias, ele não conseguirá manter os resultados por muito tempo. Se, por outro lado, ele cuida das pessoas, em termos de prover possibilidades de engajamento e desenvolvimento, mas não cuida de atingir os objetivos requeridos pela empresa, não durará muito tempo na posição que ocupa! Todavia, se o gestor olhar somente para o outro – o colaborador na empresa – tentando ajustar a abordagem gerencial às suas necessidades e aspirações, sem olhar antes para si mesmo, questionando antes suas premissas sobre “as pessoas no trabalho”, será muito difícil ele agir de modo eficiente no longo prazo. Nesse contexto é que se inserem a Teoria X e a Teoria Y de Douglas McGregor, citado por Hersey e Blanchard8. Quadro 1 – Teorias X e Y Teoria X Teoria Y 1. O trabalho é intrinsecamente desagradável O trabalho é tão natural quanto o jogo, desde para a maioria das pessoas. que as condições sejam favoráveis. 2. Poucas pessoas são ambiciosas, têm O autocontrole é frequentemente desejo de responsabilidade; a maioria indispensável para a realização de objetivos prefere ser orientada pelos outros. 1. A maioria das pessoas tem da organização. pouca A capacidade para criatividade na solução de capacidade para criatividade na solução de problemas problemas da organização. da organização está muito distribuída na população. 1. A motivação ocorre apenas nos níveis A motivação ocorre no nível social, de estima fisiológicos e de segurança. e 2. autorrealização, bem como no nível fisiológico e de segurança. 1. Para a realização de objetivos da As pessoas podem orientar-se e ser criativas organização, a maioria das pessoas precisa no trabalho, desde que adequadamente ser estritamente controlada e muitas vezes motivadas. obrigada a buscar objetivos da organização. Fonte: Hersey e Blanchard 8 9 HERSEY, Paul; BLANCHARD, Kenneth. Psicologia para Administradores. 15. reimp. São Paulo: EPU, 2011. 9 Idem, ibidem, p. 62. 18 Os gestores orientados pela Teoria X, naturalmente, tenderão a adotar comportamentos caracterizados por uma supervisão estrita e um elevado grau de estruturação. Com efeito, como conseguir que as pessoas trabalhem e entreguem resultados, se elas são conforme descrito na Teoria X, perguntaria um desses gestores. Por outro lado, quando orientados pela Teoria Y, líderes deverão adotar comportamentos de apoio e flexibilidade. Faz sentido, pois para esse líder as pessoas têm mais capacidade de autogerenciamento e querem contribuir. Claro, podemos encontrar gestores orientados por uma teoria que apresentem comportamentos alinhados com a outra. Porém, no geral, e agindo de forma natural, a tendência foi a citada anteriormente. Mais a frente falaremos da Liderança Situacional e a necessidade de flexibilizar a abordagem de liderança ao nível de desenvolvimento do colaborador. Nesse momento, queremos discutir a necessidade do líder ter uma atitude positiva, em princípio, sobre as pessoas. Do líder, como modelo mental, acreditar na Teoria Y, na maioria dos casos e das pessoas. A pergunta que surge é como rever as crenças gerenciais? A terapia cognitiva comportamental preconiza que os resultados que atingimos são frutos dos comportamentos que adotamos que surgem das emoções que experimentamos que, por sua vez, são geradas a partir de nossos pensamentos. Figura 2 - Processo Mental Fonte: David Rock 10 10 ROCK, David. Liderança Tranquila: Não diga aos outros o que fazer – Ensine-os a pensar. Tradução Márcia Nascentes. Rio de Janeiro: Elsiever, 2006, p. 13. 19 As Teorias X e Y constituem-se em conjuntos de “pensamentos”, de modelos mentais que direcionam emoções e comportamentos. Na DorseyRocha Consulting11, de cujo quadro de consultores faço parte, temos orientado os gestores clientes com quem trabalhamos – tanto em seminários de desenvolvimento gerencial quanto em processos de coaching - a escolher comportamentos alinhados à Teoria Y ao gerenciar suas equipes. Então, por exemplo, ao invés de controlar o tempo todo, fazendo micro gerenciamento e solicitando reporte continuamente do que está acontecendo, ao invés disso, estabelecer, em conjunto com o colaborador, momentos específicos para acompanhar se o que foi delegado está sendo cumprido e com que nível de eficiência. Se os resultados aparecerem, e acreditamos que sim, investigar os sentimentos experimentados e perguntar-se: O que essa experiência aponta de mudança a cerca do que penso sobre as pessoas no trabalho? Esse ciclo – novos comportamentos, novas emoções, pensar diferente – vai sedimentar novo modelo mental, ao longo do tempo. Pode não ser rápido, mas é efetivo. Uma vez que o líder tenha compreendido que suas crenças sobre as pessoas no trabalho e o que as motiva são fatores altamente influenciadores de suas práticas, é preciso que se investigue qual é seu estilo gerencial preferido. Figura 3 - Grid Gerencial de Blake & Mouton Fonte: Hersey e Blanchard 11 12 DORSEY ROCHA. Disponível em: <www.dorseyrocha.com>. Acesso em: 08 abr. 2015. HERSEY, Paul; BLANCHARD, Kenneth. Psicologia para Administradores. 15. reimpr. São Paulo: E.P.U., 2011, p. 112. 12 20 Nos anos 60, Robert Blake e Jane S. Mouton, da Ohio State University, propuseram um modelo baseado nos dois principais interesses que todo gestor tem numa organização: realização de tarefa (que eles chamaram de interesse por produção) e desenvolvimento de relações pessoais (que eles chamaram de interesse por pessoas). Para cada eixo, o interesse pode variar de 1, o mínimo, até 9, o máximo13. Segundo o modelo, o Grid Gerencial, a gerência que tem interesse mínimo tanto por resultados quanto por pessoas, o 1/1, é chamado de estilo “empobrecido ou enfraquecido”. A premissa desse estilo é “[...] um esforço mínimo para conseguir que o trabalho exigido seja realizado é suficiente para manter o espírito de participação na organização”14. Nossa experiência na DorseyRocha Consulting mostra que esse estilo de gerenciamento (pois não dá para chamar de liderança) busca seguir normas, procedimentos e orientações superiores. É uma maneira de manter-se na posição, uma vez que seu interesse é mínimo nas duas instâncias. O estilo que tem foco mínimo nos resultados e máximo foco nas pessoas, o 1/9, é chamado pelos autores do modelo de “country club”. Descrito como crendo que “[...] uma cuidadosa atenção às necessidades das pessoas para conseguir boas relações produz um clima organizacional agradável e bom ritmo de trabalho.”15. O gestor que adota esse estilo busca ser “um cara legal”, dar apoio às pessoas, ouvilas etc. Isso é bom, mas incompleto, pela falta de comportamentos voltados para garantir que os resultados esperados pela organização sejam entregues. O estilo oposto ao anterior é o 9/1 - tarefa, com máximo foco nos resultados e mínimo nas pessoas. Segundo o modelo, ele acredita que “[...] a eficiência das operações resulta de condições de trabalho arranjadas de tal modo que a interferência dos elementos humanos se reduz ao mínimo.”16. Na prática, isso se traduz em comportamentos de controle e comando, foco na correção de erros e nada no reforço do comportamento positivo etc. A falta de interesse pelas pessoas 13 HERSEY, Paul; BLANCHARD, Kenneth. Psicologia para Administradores. 15. reimpr. São Paulo: E.P.U., 2011. 14 Idem, ibidem, p. 112. 15 Idem, ibidem, p. 113. 16 Idem, ibidem, p. 113. 21 não o torna referência de gerenciamento e, em momentos de crise, padecerá da falta de apoio espontâneo da equipe. “Meio-termo”, estilo 5/5, é aquele que tem interesse intermediário (5) tanto nos resultados quanto nas pessoas. Blake e Mouton descrevem que ele acredita que “[...] consegue-se um desempenho empresarial adequado através do equilíbrio entre a necessidade da execução do trabalho e a manutenção do moral das pessoas em nível satisfatório.”17. Claro, em relação aos demais estilos o 5/5 apresenta um avanço considerável. Isto porque demonstra interesse nos 2 eixos, ainda que em valores aquém do ideal. No dia a dia, observa-se o gestor que adota esse estilo preocupado em ser visto como flexível, mas de fato ele é percebido pelo time como menos flexível do que gostaria. Por fim, o modelo preconiza o estilo ideal, qual seja o 9/9, que tem interesse máximo, 9, tanto pelos resultados quanto pelas pessoas. É chamado de “gerência de equipe”. Sua crença fundamental é que “[...] a realização do trabalho é fruto de pessoas dedicadas; a interdependência através de um ‘interesse comum’ nos objetivos empresariais cria relações de confiança e respeito.”18. Gestores que adotam esse estilo, em nossa experiência na consultoria, buscam continuamente responder a uma pergunta, ao tomar decisão: qual a opção de decisão que atende tanto os interesses da organização quanto ao das pessoas envolvidas? O estilo 9/9 é, antes de tudo, uma atitude, na medida em que está calcado na crença de que é possível criar um ambiente organizacional que atenda tanto aos interesses da organização quanto aos das pessoas que nela trabalham. Como consequência, para o gestor 9/9 gerenciar não pode ser nada diferente do que a busca contínua dessa convergência. Embora os modelos apresentados até o momento sejam todos dos anos 1960 e baseados em estudos da realidade americana, nós acreditamos que eles são muito adequados para o nosso momento empresarial no Brasil. Isto porque, de um lado, a globalização consolidada e o contínuo acirramento da concorrência têm exigido das empresas uma gestão com fortes competências voltadas para estratégias e resultados. Por outro lado, a chegada da geração Y ao mercado de trabalho, sobretudo em posições hierarquicamente superiores, mudou a 17 HERSEY, Paul; BLANCHARD, Kenneth. Psicologia para Administradores. 15. reimpr. São Paulo: E.P.U., 2011, p. 113. 18 Idem, ibidem, p. 113. 22 relação empresa/ empregado. O conceito de lealdade mudou. Se antes um profissional tinha 2 a 3 empregos durante sua vida, hoje é esperado que isso esteja em torno de 10 a 14, até a idade de 38 anos, segundo avaliação do U.S. Departamento of Labor19. Para reter um talento nas organizações, as principais lideranças sabem disso, é preciso ter um ambiente no qual valha a pena trabalhar todos os dias, continuamente! Isto posto, conforme vimos falando nesse trabalho, o papel da liderança é fundamental. Segundo artigo que Marcelo Cuellar escreveu “[...] pessoas não deixam empresas, deixam gestores”20. Estima-se que 85% dos que demitem seja por essa razão21. Historicamente, quem deixa a empresa, majoritariamente, são os bons profissionais, pois são esses que conseguem outras posições melhores no mercado. Logo, desenvolver lideranças é uma necessidade. Não se discute. Uma história que se conta pelos corredores empresariais relata a conversa entre um Chief Financial Officer (CFO) e seu um Chief Executive Officer (CEO). O CFO pergunta: “CEO, o que acontecerá se nós investirmos no desenvolvimento de nossa equipe e as pessoas forem embora?”. O CEO responde: “CFO, o que acontecerá se não investirmos e elas ficarem?”. Logo, mesmo correndo o risco de perder alguns bons líderes formados na empresa, o investimento é necessário, sob pena de termos gestores míopes que provoquem a perda de talentos importantes da organização. Warren Bennis22, renomado consultor americano na área de gestão, relata em seu livro “A invenção de uma vida”, sua pesquisa com 90 dos líderes mais bem sucedidos americanos, segundo ele. Seu objetivo era identificar algumas características importantes e comuns nas lideranças de sucesso. 19 DID YOU KNOW 2014. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=XrJjfDUzD7M>. Acesso em: 08 abr. 2015. 20 CUELLAR, Marcelo. Pessoas não deixam empresas, deixam gestores. 02 set. 2010. Disponível em:<http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/blog-do-marcelo-cuellar/2010/09/02/pessoas-naodeixam-empresas-deixam-gestores/>. Acesso em: 08 abr. 2015. 21 FREAK OUT NETWORKS BRASIL. 85% das pessoas deixam os chefes e não as empresas quem trabalham. 23 set. 2014. Fonte: <http://freakout.net.br/85-das-pessoas-deixam-os-chefes-enao-empresas-em-que-trabalham-socialbase/>. Acesso em: 08 abr. 2015. 22 BENNIS, Warren. A invenção de uma vida: reflexões sobre lideranças e mudanças. Rio de Janeiro: Campus, 1996. 23 Por algum tempo, afirma Bennis, “[...] achei que havia mais diferenças do que semelhanças entre eles”23. Depois de uma longa caminhada, Bennis24 definiu “quatro competências evidentes em praticamente todos os membros do grupo”, a saber: Gerenciamento da atenção – capacidade de trazer as pessoas para perto de si, por terem um ponto de vista, um sonho, um conjunto de intenções, um programa, uma estrutura de referência. Portanto, um líder que está mergulhado no trabalho operacional, que não investe tempo pensando no futuro que ele quer ajudar a construir e não deixa isso muito claro, primeiramente para ele mesmo, não está exercendo sua liderança, no sentido de produzir reflexão e mudança nos liderados e na realidade da organização. Gerenciamento do significado – transmitir seus pontos de vista de modo a alinhar as pessoas com seus sonhos; a meta do líder não é simplesmente explicar ou esclarecer, mas criar um significado. Competência de capital importância para esse nosso trabalho. As pessoas sentirão mais conexão com a organização na qual trabalham, sentirão orgulho dela, na medida em que saibam o que estão fazendo e porque estão fazendo. Todos nós gostamos de ver significado e contribuição claros no nosso trabalho. O gestor que vai além de explicar, que ajuda as pessoas a perceberem a importância de seu trabalho para o todo, este sim exerce liderança efetiva. Gerenciamento da confiança – quer você goste ou não, você sempre sabe de onde ele vem e o que quer. Gerenciamento de si próprio – assim como médicos incompetentes, gestores incompetentes podem tornar a vida pior, deixar as pessoas doentes e menos ativas. O mundo empresarial no mundo e, em especial, no Brasil, vive um momento de dicotomia profunda: de um lado, pressão por resultados, diminuição de recursos disponíveis para o trabalho, economia e política incertas. De outro, o discurso das empresas de se ter mais qualidade de vida no trabalho, de propiciar benefícios aos 23 BENNIS, Warren. A invenção de uma vida: reflexões sobre lideranças e mudanças. Rio de Janeiro: Campus, 1996, p. 75. 24 Idem, ibidem, p. 78. 24 empregados de modo que eles sintam que “aqui é a melhor empresa para se trabalhar segundo a...” etc.! Muitos gestores se sentem como o “recheio do sanduíche”! Pressionados por ambos os lados: pela alta gestão que os cobra de produtividade e resultados; pelas pessoas das equipes que exigem melhores condições de trabalho e reconhecimento pelas contribuições. Isto sem falar do cliente interno e externo, fornecedores, comunidade, governo, isto é, as diversas “partes interessadas”. Assim sendo, a busca de gerenciar a si mesmo, ter equilíbrio emocional, é fundamental para a sobrevivência e, mais, para o sucesso pessoal e profissional. Essa discussão insere então um novo ingrediente na “receita” do perfil de liderança necessário nos dias de hoje. Não basta ter clareza de seu estilo gerencial e desenvolver-se na direção de um que aponte práticas gerenciais efetivas. É preciso também cuidar de si mesmo como ser humano, como indivíduo. Daniel Goleman, em seu livro Inteligência Emocional, cujo nome é bem sugestivo, “Quando ser esperto é ser burro”, que “[...] na melhor das hipóteses, o QI contribui com 20% para os fatores que determinam o sucesso na vida, o que deixa 80% a outras forças.”25. Ele se refere a essas outras “forças” como: [...] a inteligência emocional: talentos como a capacidade de motivar-se e persistir diante de frustrações; controlar impulsos e adiar a satisfação; regular o próprio estado de espírito e impedir que a aflição invada a 26 capacidade de pensar, criar empatia e esperar. De fato, em meio a tantas pressões do mundo moderno, o gestor que quer desenvolver-se como profissional e indivíduo e, em particular, quer melhorar continuamente seu estilo gerencial, precisa fortalecer a sua “inteligência emocional”. Vivemos a era do relacionamento, com o uso, muitas vezes exagerado, das mídias sociais – Facebook, LinkedIn, Tweeter etc. As relações se tornaram mais complexas e o impacto de um comportamento inadequado dentro de uma organização, com frequência, ultrapassa os seus limites físicos. Considerar, por exemplo, a declaração da americana Justine Sacco que escreveu em seu Tweeter 25 26 GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional. 5. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 1996, p. 46. Idem, ibidem, p. 46. 25 “Indo para a África. Espero que não pegue AIDS. Brincadeira. Eu sou branca!” 27 . Isso lhe valeu a demissão da empresa na qual trabalhava e uma enxurrada de respostas agressivas. A cerca da importância dos relacionamentos, mas sem se esquecer das tarefas, James C. Hunter afirma, em seu livro “O Monge e o Executivo”, que: “O líder que não estiver cumprindo as tarefas e só se preocupar com o relacionamento não terá sua liderança assegurada. A chave para a liderança é executar as tarefas enquanto se constroem relacionamentos.”28. Absolutamente em linha com o Grid Gerencial de Blake & Mouton, estilo 9/9, citado anteriormente, que preconiza que dois devem ser os interesses do líder: tarefas/resultados e pessoas/relacionamentos. Goleman29 ainda cita os “cinco domínios da inteligência emocional”, segundo estudos do psicólogo Peter Salovey, a saber: 1) Conhecer as próprias emoções; 2) Lidar com emoções; 3) Motivar-se; 4) Reconhecer emoções nos outros e 5) Lidar com relacionamentos. Ora, aplicando o conceito à gestão de pessoas, liderança, podemos afirmar que antes de querer reconhecer as emoções do outro - colaborador, par, cliente etc. - o líder precisa conhecer-se e às suas emoções, lidar adequadamente com elas e estar motivado para avançar fazendo o melhor, ainda que o em torno não seja tão favorável. E como disse, certa vez, Margareth Thatcher: “Estar no poder é como ser uma dama. Se tiver que lembrar às pessoas que você é, você não é.” 30 Estar na liderança também! Se você precisa lembrar seus liderados que você é o líder, então você não é o líder! Três aspectos das características e do papel da liderança foram tratados até o momento: 1) as crenças sobre as pessoas no trabalho e suas motivações como motor e gerador das práticas gerenciais; 2) o estilo gerencial que faz convergir os interesses da organização e das pessoas; 3) o autoconhecimento do líder como porta para seu desenvolvimento pessoal e profissional. 27 DIÁRIO DO CENTRO DO MUNDO - DCM. “Indo para a África. Espero que não pegue AIDS”: a saga de um post racista e os nossos dias. Disponível em: <http://www.diariodocentrodomundo.com.br/indo-para-a-africa-espero-Bque-nao-pegue-aids-a-sagade-um-post-racista-e-os-nossos-dias/>. Acesso em: 08 abr. 2015. 28 HUNTER, James C. O monge e o executivo: uma história sobre a essência da liderança. 12. ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2004, p. 34. 29 GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional. 5. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 1996, p. 55-56. 30 HUNTER, James C. O monge e o executivo: uma história sobre a essência da liderança. 12. ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2004, p. 16. 26 Três outros pontos ainda merecem nossa atenção, quais sejam: 4) as políticas e mecanismos organizacionais de desenvolvimento e promoção de pessoas às posições de liderança; 5) a confiança nas relações e no ambiente que pode acelerar os negócios e 6) a necessidade de flexibilizar o estilo de liderança aos nível de desenvolvimento do colaborador, considerando determinado objetivo/ tarefa. No livro “Pipeline de liderança”, os autores Charan, Drotter e Noel31 propõem um modelo para se assegurar o pipeline de liderança e planejar o desenvolvimento de acordo com os desafios próprios de cada passagem. A Figura 4 mostra, de acordo com o modelo, os 7 níveis em que uma pessoa pode estar numa grande corporação, com estrutura complexa e, normalmente, atuação global. Figura 4 - Pipeline de liderança Fonte: Charan, Drotter e Noel 32 Começando por “gerenciar a si mesmo” – pessoas que não têm, na estrutura, um cargo de chefia/liderança – até “gerenciar corporação”, que seria a posição máxima dentro de uma grande empresa. Segundo os autores33, a ação em cada nível exige novas formas de gerenciar e liderar diferentes das adotadas no nível anterior, em três áreas: 31 CHARAN, Ram; DROTTER, Stephen; NOEL, Jim. Pipeline de liderança. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 32 Idem, ibidem, p. 6. 33 Idem, ibidem, p. 7. 27 Habilidades: as novas competências necessárias para executar novas responsabilidades. Aplicações de tempo: nova grade de horários que orienta o trabalho do líder. Valores profissionais: o que as pessoas acreditam ser importante e que, dessa forma, passa a ser o foco de seus esforços. O modelo preconiza que cada passagem de um nível para o outro, portanto, 6, traz desafios específicos que precisam ser muito bem cuidados. Destaco de particular importância a primeira passagem, ou seja, o movimento do nível de “gestor de si mesmo” para “gestor de pessoas”. É muito comum ouvirmos nas empresas a expressão “promovemos alguém de técnico para líder; perdemos um bom técnico e ganhamos um mau líder”. Se os responsáveis pela promoção, notadamente o chefe imediato e a área de recursos humanos, não perceberem que a tríade “habilidades/aplicações de tempo/valores profissionais” muda substancialmente, a promoção estará fadada ao insucesso absoluto. Portanto, as políticas e mecanismos de promoção devem considerar o que deve e será requerido da pessoa na nova posição. Pode parecer óbvio, mas ocorre com frequência que um bom técnico é promovido a uma posição de chefia porque ele é um bom técnico! E, claro, um bom técnico só deve ser promovido a uma posição de chefia se ele demonstrar habilidades ou potencial para desenvolver habilidades de gestão de pessoas! Isto também pode ocorrer nas outras “passagens”, visto que cada nível tem o seu conjunto de requerimentos específico e diferente, em grande parte, dos requerimentos do nível anterior. O mesmo cuidado as empresas devem ter com a questão do desenvolvimento de pessoas, em especial o desenvolvimento gerencial. Ele deve enfatizar tanto o fortalecimento das competências requeridas para a posição atual do profissional quanto àquelas competências que serão requeridas nas posições futuras. Um processo de desenvolvimento gerencial deficiente tem impacto danoso na capacidade dos líderes exercerem a liderança, produzindo resultados para a organização enquanto criam um ambiente de engajamento e desenvolvimento dos liderados. 28 Uma vez que alguém esteja no exercício da liderança, e esse é o quarto ponto importante desse nosso estudo, ele deve se preocupar com o quanto ele consegue e está construindo confiança, tanto nos relacionamentos quanto das pessoas em relação à empresa. De grande relevância para esse assunto é a proposta de Stephen Covey34 em seu livro “A Velocidade da Confiança – o elemento que faz toda a diferença”. O autor preconiza que “[...] a confiança diminui os custos e acelera os negócios”35. E que a confiança se dá em cinco ondas, “As 5 Ondas da Confiança”, conforme Figura 5: Figura 5 - As 5 ondas da confiança 36 Fonte: Covey A 1ª Onda, “Credibilidade pessoal”, questiona o quanto a pessoa, no caso de nosso estudo, o líder, tem caráter e competência a ponto de ganhar a confiança das pessoas com quem se relaciona na empresa, sobretudo, mas não apenas, seus colaboradores. Decompondo o caráter em integridade e intenção e a competência em capacitações e resultados, o autor é contundente no questionamento dos modelos mentais e comportamentos que podem ou não construir credibilidade. Fazendo uma metáfora com uma árvore, ele preconiza que o caráter tem mais ligação com as 34 COVEY, Stephen M. R. A Velocidade da Confiança: o elemento que faz toda a diferença. 6. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2008. 35 Idem, ibidem, p. 14. 36 COVEY, Stephen M. R. 5 Waves of Trust. 17 jul. 2009. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=HjMNWr_qqfM>. Acesso em: 08 abr. 2015. 29 raízes, a sustentação da árvore, enquanto que a competência diz mais respeito a galhos, flores e frutos. Figura 6 - A árvore da confiança 37 Fonte: Covey Assim como uma árvore não se sustentará se não tiver raízes firmes e profundas, também não tem sentido uma árvore com bases fortes, mas que não frutifica, não fornece resultados do seu trabalho. Da mesma forma, um líder precisa ser percebido como alguém em quem se pode confiar tanto pelo caráter – seus valores em ação e sua intenção clara e positiva – quanto pela sua competência – capacitações importantes e visíveis e resultados positivos e indiscutíveis. Na 2ª Onda, Covey38 propõe refletir sobre 13 comportamentos que podem construir confiança nas relações dentro da organização (e fora dela também!). Na 3ª, ele instiga a repensar políticas e procedimentos para se avaliar se eles ajudam ou atrapalham que as pessoas que trabalham numa empresa confiam nela. Incluem-se também aqui as ações das lideranças. Na 4ª Onda, confiança do mercado, a discussão é sobre a reputação que a empresa tem no mercado e na 5ª Onda, o quanto a sociedade percebe a organização como um sistema que devolve aquilo que retira para sua operação. 37 COVEY, Stephen M. R. 5 Waves of Trust. 17 jul. 2009. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=HjMNWr_qqfM>. Acesso em: 08 abr. 2015. 38 COVEY, Stephen M. R. A Velocidade da Confiança: o elemento que faz toda a diferença. 6. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2008. 30 De qualquer modo, o estilo e as ações das lideranças têm um peso fundamental na geração de confiança, em todas as instâncias. Por último, o nosso 6º ponto de discussão: a necessidade e importância do líder ser capaz de flexibilizar o seu estilo e a sua ação, adaptando-os ao nível de desenvolvimento de cada colaborador, considerada a situação específica – objetivo/tarefa. Ken Blanchard, inicialmente, desenvolveu o modelo da Liderança Situacional® com Paul Hersey na Universidade de Ohio em 1968. O modelo ganhou notoriedade em 1969 no texto clássico “Management of Organizational Behavior”, traduzido para o Português como “Psicologia para Administradores”39. Depois de constatar que alguns aspectos críticos do modelo original não estavam sendo validados na prática, Ken criou a Liderança Situacional® II (Situational Leadership® II – SLII®) baseada nas reflexões e pesquisas de seus colegas da The Ken Blanchard Companies – Don Carew, Eunice Parisi-Carew, Fred Finch, Patricia Zigarmi, Drea Zigarmi, Margie Blanchard e Laurie Hawkins – bem como no feedback obtido de milhares de usuários. Segundo o texto “Liderança Situacional® II – O Artigo”40, A Liderança Situacional® II é um processo para desenvolver pessoas por meio do exercício de uma liderança eficaz de tal forma que, ao longo do tempo, elas possam atingir o seu mais alto nível de desempenho. Baseia-se em uma relação entre o nível de desenvolvimento de um colaborador (várias combinações de competência e empenho) para uma tarefa ou objetivo específicos e o estilo de liderança (várias combinações de comportamento diretivo e de comportamento de apoio) que o líder fornece. O modelo se baseia em alguns 2 grandes pilares, a saber: 1. Que as pessoas, numa organização, têm níveis de desenvolvimento diferentes, em relação a determinado objetivo a ser cumprido ou tarefa a ser executada. Esse nível de desenvolvimento é a composição de dois aspectos, a competência da pessoa para cumprir aquele objetivo/ tarefa e o seu empenho para fazer isso. Os níveis de desenvolvimento são 4, de D1 até D4, que apresentam composições diferentes de competência e empenho, conforme Figura 7. 39 40 BLANCHARD, Ken. Psicologia para Administradores. São Paulo: EPU, 1969. ® THE KEN BLANCHARD COMPANIES. Liderança Situacional II – O Artigo. 2001, p. 3. 31 Figura 7 - O modelo da Liderança Situacional® II Fonte: THE KEN BLANCHARD COMPANIES 41 Frente a um novo objetivo ou nova tarefa, o nível de desenvolvimento é D1, pois a pessoa tem baixa ou nenhuma competência para realizar, mas, com muita frequência, mostra-se com vontade de assumir e vencer o desafio, isto é, demonstra alto empenho. À medida que enfrenta a situação, ainda que ganhe em competência, pode apresentar queda no empenho, por verificar que a complexidade do objetivo/ tarefa era maior do que imaginava. É o nível D2. Com a contínua realização do objetivo/ tarefa, o colaborador ganha competência e pode ter seu empenho oscilando, a depender dos sucessos e insucessos que colhe – D3. 41 ® THE KEN BLANCHARD COMPANIES. Liderança Situacional II – O Artigo. 2001, p. 4. 32 Com o passar do tempo, frente a esse objetivo/tarefa a pessoa não só consolida sua competência para realizar como demonstra alto empenho para a ação – nível D4 de desenvolvimento. 2. Que os líderes podem adotar estilos diferentes com seus colaboradores. Segundo o texto “Liderança Situacional® II - O Artigo”42: Estilo de liderança é o padrão de comportamento que os líderes usam, ao longo do tempo, para influenciar outras pessoas, tal como percebido por aqueles que são os influenciados. Vários estudos demonstram que este padrão de comportamento do líder cai em duas categorias básicas, que são definidas na Liderança Situacional® II como sendo Comportamento Diretivo e Comportamento de Apoio.* Os líderes usam algum tipo de combinação destes dois comportamentos. Os estilos também são 4, de E1 até E4, que são composições dos comportamentos diretivos e de apoio. Assim, o estilo 1, E1, tem alto grau de comportamento diretivo e baixo de comportamento de apoio. Definir, priorizar, ensinar, dar feedback, são algumas das práticas relativas a esse estilo. O estilo 2, E2, é caracterizado por alto grau de comportamento diretivo e alto grau de comportamento de apoio. Explicar, redirecionar, elogiar são algumas de suas práticas. O estilo com baixo grau de comportamento diretivo e alto grau de comportamento de apoio é o E3, estilo 3. Perguntar, ouvir, encorajar a resolução independente e autoconfiante de problemas fazem parte do conjunto de suas práticas. Por último, o estilo 4, E4, é caracterizado por baixo grau tanto de comportamentos diretivos quanto de apoio. Valorizar, endossar, desafiar são algumas de suas práticas de liderança. O grande desafio do líder, segundo o modelo, é conseguir “casar” o seu estilo com o nível de desenvolvimento do colaborador. Assim, um líder que adote o E1, estilo 1, com um colaborador D1, nível de desenvolvimento 1, estará fazendo uma perfeita liderança naquela situação, isto é, frente àquele objetivo/tarefa. E assim, E2/ D2, E3/D3 e E4/D4. 42 ® THE KEN BLANCHARD COMPANIES. Liderança Situacional II – O Artigo. 2001, p. 8, grifo do autor. 33 Qualquer composição diferente dessas 4 indica uma inadequação do estilo adotado pelo líder ao nível de desenvolvimento do colaborador, com potenciais consequências negativas tanto para os resultados quanto para o moral do liderado. Os erros mais comuns, e de efeitos para visíveis, são o uso de E1 com colaborador D4, isto é, exercer estreita supervisão e controle com pessoas que podem agir sozinhas, gerando clara desmotivação e perda de energia para o trabalho por parte do colaborador. E seu inverso, usar estilo E4 com colaboradores D1. Mínima supervisão e controle com quem precisa de orientação e ensino. O risco de maus resultados é altíssimo. Então, do ponto de vista da Liderança Situacional® II, três são as habilidades necessárias para o seu bom exercício, por parte do líder. a. Diagnóstico, que consiste em avaliar a competência e o empenho do colaborador e sua necessidade de direção e apoio. Diagnosticar bem permite fazer a escolha correta do estilo a adota, para cada colaborador, em relação a cada situação (objetivo/tarefa). b. Flexibilidade, que é a capacidade de usar confortavelmente uma variedade de estilos de liderança. Convenhamos, de nada vale diagnosticar bem, se o líder não é capaz de usar os 4 estilos. E mais, usar confortavelmente, isto é, com o mínimo esforço para que atinja a máxima eficiência. c. Parceria para o desempenho, que consiste em celebrar acordos com as pessoas sobre seu nível de desenvolvimento e o estilo de liderança de que necessitam para ajudá-las a atingir objetivos individuais e organizacionais. Acreditamos, então, que uma liderança que tenha um modelo mental positivo sobre as pessoas no trabalho, que leve em conta as diferentes necessidades e motivações dos colaboradores, que busque, como atitude, integrar continuamente os interesses da organização com os das pessoas e que, para tanto, use o estilo de liderança adequado para cada pessoa/tarefa, esta liderança conseguirá, ao longo do tempo, não só contribuir para o sucesso organizacional como criar um ambiente no qual valha a pena trabalhar todos os dias, por gerar engajamento e desenvolvimento contínuos. 34 2 – APLICAÇÃO – Parte Prática Na CurriculumVideo, concentraremos nossos esforços em desenvolver habilidades de liderança, primariamente, em 3 posições do organograma com claras responsabilidades pelo gerenciamento de pessoas, visando garantir os resultados. Figura 8 - Organograma da CurriculumVideo Fonte: Trabalho em grupo do PIN - Plano Integrado de Negócios (2014). São elas, a posição do o Diretor Administrativo/Financeiro, que é um dos sócios da empresa e vai gerenciar toda a equipe, o Agente de Recrutamento que, embora não tenha um cargo de liderança, será responsável diretamente por 3 pessoas e indiretamente por 1 e, por fim, o Analista de Tecnologia da Informação Senior que, a exemplo do Agente de Recrutamento, mesmo tendo um cargo técnico responderá pelo trabalho de 1 Analista de TI, 3 Editores de Vídeo e 1 Técnico de Operação. Aplicaremos diversos dos modelos apresentados na parte conceitual/teórica. Levando em conta o modelo do Pipeline de Liderança, de Charan, Drotter e Noel43, consideraremos tanto o Agente de Recrutamento quanto o Analista de TI Sr como sendo Gestores de Pessoas que é o 2º nível no pipeline. Já o Diretor 43 CHARAN, Ram; DROTTER, Stephen; NOEL, James. Pipeline de liderança. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 35 Adm/Financeiro estará colocado no 5º nível, qual seja, o de Gestor de Negócio, em que pese a baixa complexidade estrutural da CurriculumVideo. Na prática, isso significa que usaremos o modelo e o que é descrito como competências necessárias para os ocupantes desses níveis no pipeline no livro citado “Pipeline de Liderança”44 como base para os processos de recrutamento dos profissionais (menos o Diretor que já está designado e será um dos sócios), para o desenvolvimento e para a avaliação de desempenho. Na parte de recrutamento, usaremos a própria metodologia que utilizaremos no nosso negócio para identificar candidatos para as vagas de nossos clientes, isto é, a “entrevista de seleção por competências” baseada na metodologia Situação Ação Resultado (SAR). O objetivo é contratar tanto um Agente de Recrutamento quanto um Analista de TI Sr que apresentem as competências descritas no modelo do Pipeline de Liderança para o nível em que estão, conforme mostrado na parte teórica. Os 2 líderes da CurriculumVideo, e também o Diretor, receberão treinamento sobre o modelo de Pipeline de Liderança e as competências requeridas de cada nível de modo que saibam tanto o que será exigido deles na posição atual quanto o que devem desenvolver neles mesmos se pretendem crescer para posições superiores do Pipeline de Liderança. Evidentemente, a CurriculumVideo pretende crescer ao longo do tempo e, por consequência, deverá ter sua estrutura organizacional ampliada com novas posições gerenciais. Além dessas competências, o processo de recrutamento dos 2 líderes buscará identificar se eles possuem as habilidades que listamos no PIN com relação ao que é requerido em cada posição. Descrevemos isso na Figura 9 abaixo, retirada de uma tabela do PIN na qual apresentamos todas as habilidades requeridas para todos os cargos na CurriculumVideo, tanto os de liderança quanto os técnicos. 44 CHARAN, CHARAN, Ram; DROTTER, Stephen; NOEL, James. Pipeline de liderança. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 36 Quadro 2 - Habilidades de liderança requeridas na CurriculumVideo Liderança Cargos > Diretor Adm/ Fin Habilidades requeridas a) Liderar com assertividade X b) Estabelecer direção e rumo X c) Fornecer orientação e coaching X d) Motivar e engajar X e) Delegar X Analista TI Sr X X X X X Agente R&S X X X X X Fonte: Trabalho em grupo do PIN - Plano Integrado de Negócios (2014). Como é comum nos processos de recrutamento, mesmo o candidato escolhido apresenta algumas brechas de desenvolvimento em relação ao perfil requerido para o cargo. Em função das brechas que cada um dos líderes apresentar, buscaremos no mercado uma consultoria que forneça “cursos abertos” com conteúdos que possam desenvolver as competências requeridas. Não temos número suficiente de pessoas – líderes – para montar um grupo in company. O critério de escolha, além do financeiro, será a adequação dos conteúdos do curso às 5 habilidades listadas no Quadro 2. Outra ação para desenvolver um estilo de liderança adequado nos três líderes da CurriculumVideo (diretor incluído e principalmente ele) será a aplicação do instrumento de autoavaliação de estilo gerencial chamado IEG ® Inventário de Estilos Gerenciais de propriedade e uso exclusivo da DorseyRocha Consulting (ver em www.dorseyrocha.com). Como integrante do quadro de consultores da DorseyRocha Consulting, estou habilitado para aplicar, analisar, dar devolutiva e ajudar o avaliado a preparar o seu Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) de suas práticas de liderança. O instrumento Inventário de Estilos Gerenciais (IEG) tem como base conceitual o Grid Gerencial de Blake & Mouton descrito na parte teórica. A aplicação desse instrumento de autoavaliação propiciará ao gestor avaliado verificar o quão próximo do estilo ideal 9/9 ele está e também identificar quais práticas gerenciais eficientes relativas a planejamento do trabalho com a equipe, execução do trabalho e avaliação de resultados ele já adota e que novas práticas poderá começar a utilizar. 37 A aplicação do IEG será feita entre o 4º e 6º meses de trabalho. Isto para que haja tempo para os profissionais colecionarem alguma experiência na CurriculumVideo e responderem ao inventário com mais propriedade. Aliás, na fase de integração, que acontece até o 3º mês de trabalho dos líderes, tanto com os contratados do mercado quanto com o diretor que é um dos sócios, iniciaremos o processo de aculturação. Isso se dará pela comunicação e, principalmente, discussão do que significam a Visão, a Missão e os Valores definidos pelos sócios da CurriculumVideo. Identificar que comportamentos das lideranças ajudam a tornar Visão, Missão e Valores traços da cultura CurriculumVideo e que comportamentos devem ser evitados é crucial para direcionar a ação. Destaco aqui apenas os valores que elencamos no PIN: Agilidade, Disponibilidade, Precisão, Inovação, Integridade, Qualidade. Essas palavras, os valores, são “grávidas”, isto é, permitem várias interpretações. Por essa razão, todos os sócios participaram da discussão de seu significado junto com os colaboradores, especialmente os líderes. Não queremos cair na vala comum do mercado em que a maioria das corporações constrói Visão, Missão e Valores e isso não passa de quadros bonitos nas paredes da empresa. Nosso objetivo com isso é que tenham o “jeito CurriculumVideo de ser e agir”. Outra ação que será tomada para moldar o “Líder CurriculumVideo” será a distribuição imediata de um exemplar do livro “A Velocidade da Confiança” de Stephen Covey45. Será de responsabilidade do Diretor Administrativo e Financeiro conduzir discussões e reuniões de trabalho de modo a aplicar os conceitos apresentados por Covey46 na realidade CurriculumVideo. O que queremos é criar uma organização na qual CONFIANÇA esteja presente nas 5 instâncias apresentadas pelo autor. A maneira prática de fazer isso é, primeiro, entender em conjunto o modelo proposto: ler o livro, entender o que significa teoricamente e na realidade da CurriculumVideo. 45 COVEY, Stephen M. R. A Velocidade da Confiança: o elemento que faz toda a diferença. 6. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2008. 46 Idem, ibidem. 38 Na sequência, para cada uma das 5 Ondas da Confiança, identificar ações das lideranças e ações “corporativas” (que, em última análise, são das lideranças!) que ajudam e/ou atrapalham o estabelecimento da confiança de maneira total – as 5 Ondas. Nesse particular, o estudo das 5 Ondas da Confiança, todos os colaboradores da empresa serão envolvidos, posto que, segundo preconizado por Warren Bennis47 e descrito anteriormente, a gestão do significado é importante. Queremos que os colaboradores saibam por que seus líderes agem da maneira que agem e o que pretendem atingir com isso. Faremos isso também por entender que é uma boa maneira de começar a identificar líderes potenciais na empresa. Conforme citado anteriormente, as competências do modelo do Pipeline de Lideranças e as que definimos no PIN também serão fonte para a elaboração de um processo de gestão do desempenho. A gestão do desempenho se dá pelo monitoramento do trabalho, no dia a dia, e por momentos específicos de avaliação do desempenho. Na prática, faremos duas coisas: a) Estabeleceremos 1 reunião semanal, às 2ª feiras pela manhã, com cerca de 3h de duração com a participação do Diretor, do Agente de Recrutamento e do Analista de TI Sr, para, em conjunto, avaliar os resultados atingidos na semana anterior e discutir o que cada líder fez bem, e portanto contribuiu para os resultados, e o que fez mal ou poderia fazer melhor, e prejudicou, de alguma forma os resultados. O Diretor também deverá se expor. Essa análise dos comportamentos terá como pano de fundo as competências definidas. Desse modo, geraremos reflexão e ação de desenvolvimento contínuo em direção ao modelo que desejamos. b) Implantaremos uma avaliação de desempenho anual, a ser feita na 2ª quinzena de janeiro, para que o Diretor avalie seus diretos e cada um deles as pessoas do seu respectivo time. Para tornar o processo mais efetivo, haverá autoavaliação prévia para confrontar com a avaliação do superior. E, além disso, para que o Diretor também possa se desenvolver, ele será avaliado pelos 2 diretos seus. 47 BENNIS, Warren. A invenção de uma vida. Rio de Janeiro: Campus, 1999. 39 Para preparar os líderes para a gestão do desempenho, um dos conteúdos do curso “aberto” que buscaremos no mercado deverá ser como dar e receber feedback de maneira efetiva. Uma das habilidades requeridas para os líderes é a de “fornecer orientação e coaching”. Um consultor coach será contratado para fazer coaching com o Diretor Administrativo/ Financeiro. Os objetivos do coaching serão dois, nesse caso: ajudar o diretor a se fortalecer como um líder eficaz e também a desenvolver habilidades específicas de “líder coach”. Imaginamos que as ações propostas até aqui se desenrolem no 1º ano de vida da CurriculumVideo. A partir do 2º ano, estenderemos o coaching para os outros 2 líderes com o mesmo objetivo. Também será possível que o Diretor Administrativo/ Financeiro atue com boa eficiência como coach de seus 2 liderados. Na medida em que o Diretor estará em contínuo contato com os demais sócios da empresa, sua ação de coaching ajudará a consolidar a cultura CurriculumVideo desejada. Além disso, o 2º ano será o momento de trabalhar com os 3 líderes o tema Liderança Situacional® II. Queremos que, segundo apresentado na página 33 desse trabalho, os gestores sejam eficientes nas 3 habilidades fundamentais do líder situacional: diagnosticar o nível de desenvolvimento de cada um dos seus colaboradores, usar confortavelmente – a flexibilidade – os 4 estilos situacionais e fazer boas parcerias para o desempenho. Como toda habilidade, o desenvolvimento das três habilidades do líder situacional se dará pela prática contínua e pelo processo de avaliação dos resultados alcançados e ajustes de rota. Faremos isso, primeiramente, treinando os 3 líderes nos conceitos da Liderança Situacional® II. A DorseyRocha Consulting48, como uma das representantes da The Ken Blanchard no Brasil, poderá ser a fornecedora. 48 DORSEY ROCHA CONSULTING. Disponível em: <www.dorseyrocha.com>. Acesso em: 08 abr. 2015. 40 Após isso, como trabalho do dia a dia, os gestores deverão praticar o diagnóstico do nível de desenvolvimento dos colaboradores, aplicar o estilo considerado adequado e estabelecer as parcerias para o desempenho. A reunião gerencial semanal citada na página 38 desse trabalho deverá ser utilizada também para se avaliar se a gestão que se está fazendo de cada colaborador está condizente com seu nível de desenvolvimento para o objetivo/ tarefa, considerando os resultados produzidos. Somente assim, compartilhando em grupo e estabelecendo ações de melhoria, o desenvolvimento será consistente e poderemos solidificar a cultura CurriculumVideo e o Líder CurriculumVideo. 41 3 - CONCLUSÃO O sistema de remuneração deve recompensar ou punir os líderes de acordo com sua capacidade de desenvolver mais líderes. Os chefes que não apresentarem o necessário para desenvolver os líderes ou não aceitarem a responsabilidade devem ser orientados, mas, se não estiverem dispostos a 49 mudar, devem ser substituídos. O desenvolvimento de lideranças é fator crítico de sucesso para qualquer organização e, em particular, para a CurriculumVideo. Não é uma tarefa fácil, posto que historicamente o que mais tem sido exigido das lideranças é a obtenção de resultados, algumas vezes independente de como as pessoas e equipes são tratadas. Isso criou um modelo mental, uma premissa de que, a consideração com as pessoas vai até o momento em que os resultados estejam em risco. Felizmente, e não obstante a dificuldade, é possível forjar lideranças que tanto entreguem os resultados requeridos pela empresa quanto criem espaço para o engajamento e o desenvolvimento dos colaboradores. Os diversos modelos, estudos e materiais à disposição no mercado sobre o tema liderança permitem trabalhar bem o assunto. No caso da CurriculumVideo, uma empresa em início de operação, a situação é uma “faca de dois gumes”. Por um lado, os recursos escassos e a falta de uma área de Recursos Humanos – Desenvolvimento Organizacional estruturada pode se constituir num obstáculo ao desenvolvimento das lideranças. Por certo muitas falhas serão cometidas na caminhada de desenvolver “o jeito CurriculumVideo de ser e agir”. Teremos que aprender fazendo ou, como se diz popularmente, “trocar o pneu com o carro andando”. Acreditamos, porém, que “o outro lado da moeda”, ou seja, não ter uma cultura viciada de liderança, não ter pessoas que possam emitir a famosa frase assassina ”sempre fizemos assim aqui e não é preciso mudar” se constitui numa importante força impulsionadora da criação de uma cultura de liderança positiva, tanto para a empresa quanto para as pessoas que nela trabalham. E se queremos uma empresa na qual todos sintam orgulho de trabalhar nela, e queremos, o contexto é promissor. Todos os colaboradores, líderes ou não, terão a 49 CHARAN, Ram. O Líder Criador de Líderes. Rio de Janeiro: Campus, 2008, p. 33. 42 oportunidade de deixar uma marca positiva, pois influenciaram forte e diretamente os seus rumos. Sonhar é possível e preciso, logo imagino o dia em que a CurriculumVideo figurará entre “as melhores empresas para se trabalhar” segundo os mais avançados e exigentes critérios do mercado. 43 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MASLOW, Abraham. Maslow no Gerenciamento. 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