Revista Tema nº 163

Transcrição

Revista Tema nº 163
ENTREVISTA
Marcelo Tosatti, o garoto prodígio
MEMÓRIA
Exposição resgata história do Serpro
PING & PONG
Mário Tesa - Vice-Presidente da Procergs
Do Editor
GOVERNO ELETRÔNICO
Governo Eletrônico faz dois anos
Programa atinge objetivos
Fust garante universalização do acesso
Sistema de cotação eletrônica de preços traz economia
Ministérios apóiam softwares nacionais
Expediente
Cartas
Fale Conosco
Edições
Anteriores
CAPA
Software livre
História do software livre
Tudo sobre Linux
Previdência tem caso de sucesso
do editor
Diz o ditado que uma andorinha só não faz verão. Esta
máxima é bem adequada quando falamos de software
livre. A liberdade de redistribuir cópias livremente, a
possibilidade de qualquer um, em qualquer parte do
planeta, estudar como o programa funciona, modificálo, compartilhá-lo e aperfeiçoá-lo, fez com que o
software livre conquistasse uma legião de fãs em todo o
mundo.
Consagrado em países como os EUA, França,
Alemanha, México, Brasil, entre outros, este sistema de
código fonte aberto é uma alternativa tecnológica
econômica e viável, não apenas para as empresas mas
para os governos que buscam aprimorar os serviços
aos cidadãos a custo baixo e com qualidade.
Recorrendo ao software livre, não se tem custos com
licença. Foi o que fez a Prefeitura de São Paulo, que
conseguiu fazer mais por menos: informatizou 430
escolas, economizando cerca de US$ 1,5 milhão. O
Metrô de São Paulo também apostou no uso desta
ferramenta. Adotada em um momento de crise, que
exigia contenção de gastos, a empresa que administra
o metrô pôde contabilizar inúmeros benefícios. A
Dataprev, gerenciadora da maior folha de pagamento
do país, é outro exemplo de empresa que aderiu ao
modelo de software livre.
Desde 1998, o Serpro vem testando o GNU/Linux. A
migração começou em agosto deste ano e será
gradativa. Com a transição para um sistema aberto, os
cofres públicos economizarão, neste caso, cerca de R$
3,5 milhões por ano.
O software livre é a cara da globalização, com a
vantagem de ser extremamente democrático. Seu
modelo de desenvolvimento permite a real
internacionalização do software, em que qualquer
aperfeiçoamento no programa é colocado
instantaneamente à disposição de todos, pela internet.
A liberdade de mexer no software livre só é possível
porque seus proprietários liberam o acesso ao código
fonte, sem que isso interfira na propriedade intelectual.
Confira os principais tópicos desta nova era para a
tecnologia da informação.
Boa leitura!
.
Ana Lúcia Carvallho
Editora-executiva
[email protected]
expediente
REVISTA TEMA - A revista do Serpro
ano XXVII - nº 163 - set/out 2002
A revista não se responsabiliza por matérias assinada.
As matérias podem ser reproduzidas, desde que
mencionada a fonte.
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Conselho Fiscal
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Conselho Editorial
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cartas
Tivemos acesso à publicação de um
número reimpresso, cujo assunto
principal tratava do Governo
Eletrônico. Muito nos surpreendeu o
fato de uma edição de jan/fev de 2001
tratar de um fato que ainda hoje é
novidade em muitos meios da
administração pública. Como
trabalhamos com Tecnologia da Informação e Controle
das Contas Públicas, ser-nos-ia muito útil estar
atualizados com relação aos rumos que tais objetos
estão tomando na esfera federal, principalmente no
âmbito de uma Empresa tão idônea. É por este motivo,
que vimos através deste, solicitar o envio das
publicações, se possível, com os números anteriores.
Álvaro Ferreira dos Santos - Coordenadoria de
Desenvolvimento de Sistemas do Tribunal de
Contas do Estado do Rio de Janeiro
Estive esta semana na Receita Federal e tomei
conhecimento do novo formato e linha editorial da
Revista Tema. Parabéns pelas mudanças. Sou Fiscal
da Receita Federal Aposentado e tive oportunidade de
conceder duas entrevistas para a Tema, quando
exercia o cargo de Delegado da Receita Federal em
Caxias do Sul/RS.
César Augusto Gomes, Vitória-ES
A Divisão de Biblioteca da unidade Ponta Grossa do
CEFET-PR, em face dos excelentes artigos publicados
na Revista Tema, acredita que a revista possa ser uma
rica fonte de pesquisa para nossos alunos e que em
muito poderá contribuir na formação profissional dos
mesmos.
Julieta T. Jaccoud, Ponta Grossa – PR
Sou estudante do Curso de Ciência da Informação na
PUC-MG, e gostaria de parabenizá-los pela Revista
Tema que tem sido de grande utilidade em meus
trabalhos acadêmicos. Trata-se de uma Revista com
assuntos atualizadíssimos que não deixa de lado o
passado, o presente e o futuro.
Valdirene Pires, Betim- MG
Gostaria de parabenizar pela Revista Tema, quevem
sempre abordando questões importantes para as
pessoas da área de tecnologia do setor público
brasileiro. Em muitos casos pude utilizar os
conhecimentos passados nessas matérias para agregar
aos meus estudos.
William Peter, Belo Horizonte - MG
Costumo sempre ler os exemplares da Revista Tema,
interessando-me sobremaneira pelas matérias sobre
governo eletrônico, particularmente sobre os sítios que
dão maior transparência aos atos públicos.
Independentemente de serem assinadas ou de serem
de responsabilidade da revista, são sempre matérias
bem embasadas e, invariavelmente, coerentes. Por
esse motivo, surpreendeu-me a publicação, no Nº 162
desta revista, do artigo Voto na Web, baseado em
entrevista com o atual secretário de informática do TSE
(...) As novas tecnologias que integram informática e
telecomunicações têm muito a auxiliar a democracia,
contanto que os ocupantes de cargos com poder de
decisão ajam de forma responsável. Infelizmente o que
se vê são tentativas de auto-promoção, aliadas ao
fascínio que a tecnologia provoca em muitos, impedindoos de enxergar os problemas reais. A lenda de Narciso
cabe melhor nesse caso do que na Gestão de
Conhecimentos. A de Ícaro também.
Eneida Melo - Brasília-DF
Reposta da Editora – Sua preocupação e ponderações
são absolutamente pertinentes. Mas ninguém consegue
barrar o avanço tecnológico. O voto via internet poderá
facilitar a vida de muita gente que não pode sair de
casa para votar, como os doentes ou idosos. Para
evitar o mau uso desta tecnologia será preciso criar
mecanismos que assegurem a liberdade de escolha e o
voto livre. É um desafio a mais para a democracia. Ou
então, contestar tal tecnologia junto à Justiça Eleitoral.
O nosso papel é mostrar as novidades aos leitores.
Sou professor do curso de Ciência da Computação da
Fundação Universidade do Tocantins - UNITINS - e
tenho interesse em receber exemplares da Revista
Tema, para utilizar os artigos publicados em discussões
em sala de aula e manter-me atualizado nos assuntos
abordados.
Gerson Pesente Focking – Palmas/TO
Sou consultor de processos e informática e durante a
Comdex 2002 ganhei o exemplar n° 162, da Revista
Tema. Lendo seus concisos artigos entusiasmei-me
com a qualidade e objetividade dos conteúdos. E
conclui como os mesmos são importantes para a
atualização do meu conhecimento no meio empresarial
onde atuo. Parabenizo a equipe que produz este
magnífico veículo disseminador de conhecimentos.
Carlos Roberto Ferreri – Campo Belo/SP
Gostaria de parabenizá-los pelo excelente conteúdo e
formatação da Revista Tema. Merecem um destaque
especial na edição 162 a entrevista com o Presidente
da HP Brasil, Carlos Ribeiro, e a matéria-capa sobre edemocracia. Como sou estudante de Administração de
Empresas e pretendo me especializar na área de
Gestão da Tecnologia da Informação, a revista tem sido
um
excelente canal de informação, sempre com temas
atuais e relevantes. Obrigado!
André Henrique C. Vilaça – BRASÍLIA/DF
edições anteriores
.
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entrevista
MENINO PRODÍGIO
Ninguém mexe no kernel do sistema
operacional Linux sem a autorização dele.
Até aí nada de surpreendente para um
programador. O que chama a atenção é
que Marcelo Tosatti tem apenas 19 anos.
Há apenas quatro conhece o sistema e foi
descoberto por Linus Tolvards, o pai do
Linux, num grupo de discussão. Para
orgulho tupiniquim, o menino prodígio é
curitibano e, apesar da fama repentina,
continua morando no Brasil.
A entrevista foi uma tarefa incomum. Feita
por meio de ICQ, para prender a atenção de
um jovem que se confessa viciado em
computador, rendeu, para desespero do
repórter, respostas curtas e objetivas,
como era de se esperar de um
programador.
Tarefa cumprida, o resultado superou as expectativas.
Agrupadas, as respostas monossilábicas não apenas se
articularam coerentemente como são generosas em revelações
curiosas. A principal delas: o grande desafio de Tosatti não são
as máquinas, mas a vaidade das pessoas.
Como tudo começou?
O contato com computadores começou por causa do meu irmão. Ele comprava
peças de computador e as montava. Foi aí que tive acesso ao sistema DOS. Tinha
uns 11 anos, comecei a "vasculhar" e fui aprendendo.
Logo o DOS? Não era mais difícil?
Era o sistema ao qual tinha acesso. Depois, conseguimos o Windows 3.11. Aprendi
a utilizá-lo e consegui acesso a Internet. Fiquei sabendo do Linux, instalei o sistema
e fui "vasculhando, vasculhando, vasculhando"...
Por que buscava outras alternativas ao Windows?
O que me incomodou foi a impossibilidade de aprender mais. Percebi que no Linux
poderia "entender" todo o sistema . De tanto "vasculhar", consegui um emprego em
um provedor de Internet, como administrador, ainda com 14 anos. Lá aprendi mais
sobre redes, clientes, etc.
Núcleo do sistema operacional, o kernel é o responsável pela intermediação entre
os aplicativos e o hardware de seu computador. Considerado o "coração do Linux",
gerencia a memória para todos os programas em execução e garante o acesso ao
disco rígido com controle, transparência e homogeneidade.
Quando o contato com o Linux se estreitou?
Depois desse emprego fui trabalhar com desenvolvimento. Aprendi bastante sobre
sistemas operacionais, fazendo empacotamento das aplicações do Conectiva Linux.
Como Linus o descobriu?
Trabalhando nas aplicações, fiquei curioso em saber como o kernel, a parte
"principal" do sistema operacional, funcionava. Alguns anos mais tarde, acabei
participando das discussões que aconteciam nas listas que versavam sobre o
kernel. Fiquei relativamente conhecido pelos desenvolvedores. Até que um belo dia,
o Linus me mandou uma mensagem perguntando se eu tinha interesse em dar
manutenção na série estável do kernel 2.4. Hoje sou responsável por garantir que a
série esteja o mais livre de bugs e o mais "correta" (em vários aspectos) possível.
Preciso também garantir que toda nova versão mantenha compatibilidade.
Você aceitou na hora?
Topei pensando na parte técnica. Depois descobri que ser o mantenedor envolvia
muito mais. Aspectos como política, egos, etc.
Como assim?
O mais complicado é lidar com as pessoas. Sempre tenho em mente que, quando
estou discutindo com outros desenvolvedores, preciso esquecer meu ego, e me
concentrar no objetivo, que é garantir a confiabilidade do kernel, entre outros.
Diria que o desafio de lidar com pessoas é maior do que o tecnológico?
Exato. Preciso fazer com que as pessoas trabalhem juntas e bem. Evitar as
discussões esquentadas por causas "não técnicas" que sempre acontecem. Tento
sempre manter meu ego baixo.
É difícil?
Quando alguém enche o ego é porque não irá conseguir muito. Gosto de encher
meu próprio ego, mas não para os outros. É legal dizer para si mesmo: onsegui!"
Qual análise você faz do software livre no Brasil?
É um grande mercado que está crescendo cada vez mais no Brasil e no mundo,
devido às vantagens claras do open source como, por exemplo, a não ependência
de tecnologias externas. Vejo como um mercado promissor. No nosso País, o
software livre faz mais sentido do que nos países de "primeiro mundo".
Por quê?
Com o software livre temos o poder de não depender de uma tecnologia externa.
Trata-se de soberania nacional. Além disso, o software livre dá a oportunidade de
formação de técnicos avançados.
Software livre significa a não "patente" de tecnologias. Quanto mais pessoas
puderem ajudar em alguma tecnologia, mais rapidamente ela avançará.
Software livre significa mais empregos para os jovens?
Com certeza significa mais oportunidade para os jovens.
Teremos vários sistemas como o Linux?
Não teremos vários Linux's... O que temos é suficiente porque atende a uma grande
fatia das necessidades de um sistema operacional.
Então o Linux será sempre o maior e melhor software livre?
Software livre significa a não "patente" de tecnologias. Quanto mais pessoas
puderem ajudar em alguma tecnologia, mais rapidamente ela avançará.
Que dizer que o Linux é definitivo?
Não é definitivo, mas acho que a longo prazo atenderá grande parte da
necessidade por sistemas operacionais genéricos.
O que o sistema ainda não faz?
Hum... não saberia dizer "o que o Linux não faz".
Como é o cotidiano do número 1 em kernel?
Sou bem-ocupado. Não sei dizer muito sobre meu cotidiano... Acordo, trabalho,
namoro, durmo. Nada de especial . Acho que sou normal. Um entusiasta da
tecnologia. O meu fraco são os computadores: Sou viciadão (risos).
É o maior vício?
Com certeza. Sou um nerd internamente. As pessoas dizem que não pareço um
nerd, mas sou!!! (risos).
Se você tivesse o mesmo papel num software de código fechado não estaria
menos famoso, porém rico?
Com certeza ganharia mais dinheiro do que ganho. Vivo relativamente bem com o
que ganho. Não tenho uma Ferrari, mas estou sossegado. Está legal.
O que diria hoje para um jovem curioso de 11 anos?
Continue "vasculhando". É muito bom ser curioso e buscar conhecer coisas novas.
E de qualquer tipo, não só de computadores.
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memória
EXPOSIÇÃO RESGATA HISTÓRIA DO SERPRO
Por Gilberto César Barbosa de Oliveira,
Criador e idealizador
"Ao conceber o Projeto Memória, buscava um trabalho que pudesse despertar o
interesse dos empregados e do corpo diretivo, trazendo à tona, de certo modo, a
história do Serpro e, principalmente, que todos pudessem perceber, dentro dos
diferentes contextos pelos quais passamos, a contribuição de cada um. Todos são,
de uma forma ou de outra, os protagonistas desta história. O trabalho com a
memória nos permite um momento de reflexão acerca dos diferentes estágios por
que passamos, assim como fortalece a nossa identidade, não só individual, mas
também coletiva.
Esse trabalho não tinha como intenção um fim em si mesmo. Ao contrário, gostaria
de ser o início de um trabalho mais aprofundado sobre a memória coletiva da
Empresa. Todos sabemos que o Serpro foi criado em um momento importante no
cenário brasileiro e passou por momentos e conjunturas bem diferenciadas, e por
vezes adversas.
Colocar esta pesquisa à disposição de todos é possibilitar a conscientização para a
importância do resgate da memória histórica, cultural e social de nossa Empresa.
Para além da pesquisa, é necessário sensibilizar para a valorização de nosso
patrimônio histórico, uma vez que a memória da Empresa é de responsabilidade
coletiva. Somos nós, empregados do Serpro, que fazemos dia-a-dia a sua história,
e ela não está desassociada da história de nossa cidade e de nosso país. Atento
para estas questões é que fui buscar, dentro de cada período histórico, o nosso
fazer e o nosso caminhar.
A concretização do Projeto
A idéia de criação do Projeto Memória ganhou impulso nas discussões por ocasião
dos preparativos para as festividades do 37º aniversário do Serpro, em dezembro
de 2001. Na oportunidade, toda a Empresa se mobilizava para comemorar o
evento. A proposta era realizar acontecimentos que marcassem efetivamente a
data, dando visibilidade para os eventos nacional e regionais, com ênfase para a
participação da sociedade como um todo. A exposição dos quadros faria parte das
festividades.
Apresentada e aprovada a idéia, partimos para a pesquisa de campo. Nossa fonte
primeira: o acervo de Revistas Tema existente no CDI da Regional Porto Alegre. De
fonte primeira, as revistas passaram a se constituir como fonte quase que única e
exclusiva, dada a consistência histórica, abrangência e capacidade jornalística
encontrada, principalmente no que se refere ao acompanhamento dos
acontecimentos vividos e ocorridos no Serpro.
O trabalho de pesquisa de campo, considerado o mais pesado, consumiu inúmeros
dias, inclusive alguns finais de semana, horas e horas de leitura. No mínimo a
passagem de olhos era obrigatória em todas as revistas disponíveis. Era a partir
dessa passagem de olhos e o conseqüente entendimento da relevância do assunto,
que se chegava ao texto, para daí extrair uma manchete ou as poucas palavras que
traduzissem a ação ou o acontecimento vivido no Serpro. Deve-se ressaltar que, na
maioria das vezes, a própria manchete da revista nos indicava o assunto a ser
abordado no Projeto Memória.
A pesquisa resultou num trabalho de memória constituído por trinta e oito quadros,
que retratam parte da história da Empresa desde o ano da sua criação. É bem
verdade que a Revista Tema teve início em 1975, restando-nos então pesquisar em
outras fontes os anos não abrangidos pela revista.
O trabalho
Este trabalho se encontra em exposição permanente num dos andares da Regional
Porto Alegre e tem sido referência tanto para visitantes quanto para os próprios
empregados. Os visitantes, através de breves leituras, passam a conhecer melhor a
Empresa. Aos empregados é dada a possibilidade de se divisarem como
construtores, alavancadores ou partícipes de alguns (ou todos) os acontecimentos
ali retratados.
A permanência da exposição nos permite além desses fatores, um muito
importante, que é o da atualização, uma vez que há a possibilidade de
gradativamente aumentar o acervo com base em futuros e relevantes
acontecimentos que venham a ser vividos pelo Serpro.
Foi um belo desafio trabalhar a memória do Serpro desta maneira. Pesquisar e
posteriormente grifá-la através de uma exposição permanente deu-nos aprendizado
e conhecimentos que nos permitiram alcançar as mudanças, as transformações
vividas e evolução da Empresa o que , em última análise, se constituem em
contexto".
DE CARA NOVA
Novo design dá mais visibilidade à marca do Serpro
O Serpro está de assinatura nova. Em busca da
modernidade, a marca da Empresa foi reformulada,
acompanhando as tendências da globalização, e começa
a ser aplicada em diversos produtos.
Criada em 1987, faltava à antiga logomarca incorporar alguns elementos mais
comerciais. "O conceito de marca ainda não era visto como marketing. Assim,
nossa logo foi perdendo terreno na competição com outras", afirma Bruno Wolff, um
dos responsáveis pela reformulação.
Com o objetivo de atualizar a identidade visual do Serpro, formou-se um comitê
gestor com a participação de Sandra Sipp, Ulisses Machado, Stella Nardelli e Dulce
Siqueira, além de Bruno. Uma das tarefas do comitê foi definir as normas que
deveriam ser mantidas e os elementos que poderiam ser substituídos.
Após uma enquete interna, na qual se constatou que a grande maioria dos
empregados acreditava ser o momento adequado para a mudança, a diretoria deu
o sinal verde para a alteração. Teve início, então, o processo de melhoria visual,
buscando elementos que dessem destaque à marca Serpro.
A primeira etapa foi o reestudo do símbolo da Empresa. Criado a partir de uma fita
de computador, associa-se à tecnologia da informação e, por sugestão dos próprios
empregados, não foi alterado. Passou, apenas, a ser inscrito em um paralelogramo,
permitindo maior visibilidade. A quantidade de informações na logo foi reduzida,
dando leveza e destaque ao nome Serpro.
Embora à primeira vista o novo símbolo pareça simples, ele possui uma simbologia
bastante complexa. A forma inclinada do losango sugere dinamismo e movimento.
Evolução. Suas arestas agudas traduzem os desafios que a Empresa enfrenta, em
oposição às formas suaves do símbolo, que transmitem harmonia, integração e
idéia de conjunto. As aberturas, criadas no contato entre as bordas do
paralelogramo e o símbolo, sugerem o fluxo das informações.
A nova logomarca já está presente em caixas, embalagens, sinalizações e páginas
Web. No entanto, devido à necessidade de uma mudança mais gradual em
algumas áreas, ela só deve estar completamente em vigor dentro de um ano.
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.
ping&pong
TUDO COMEÇOU NO SERPRO
Mário Tesa – Vice-Presidente da Procers
Quando a companhia começou a adotar softwares livres ?
A Procergs já usava software livre no seu provedor (http://www.via-rs.com.br) desde
o final de 1995, utilizando o sistema operacional GNU/Linux. Em novembro de 1997,
também começamos a usar outro sistema operacional livre da família Unix,
chamado FreeBSD. A escolha foi por decisão técnica das equipes de suporte. A
atual diretoria da Companhia de Processamento de Dados do Estado do Rio
Grande do Sul - Procergs, transformou uma opção técnica numa orientação geral
para a empresa e para o governo do estado.
Como foi o processo de implantação na Procergs?
No período de 1995 a 1999 os diversos softwares livres foram utilizados como
servidores de Internet, segurança (Firewall), serviços de rede (DNS, MRTG,
PROXY, DHCP). A partir de 2000, passamos a utilizar software livre também em
outras soluções como servidores de impressão e servidores de aplicação.
E no Rio Grande do Sul?
O Projeto foi lançado em julho de 1999, baseado em estudo do Serpro.
Compareceram ao evento representantes de governos, companhias de
processamento de dados, Serpro, Universidades, dentre outros. Aproveitamos o
evento para constituir um grande movimento, não só de entidades públicas mas do
conjunto da sociedade, já que a adoção de softwares livres exige uma nova postura
dos profissionais da área, dos usuários, das instituições de ensino e das empresas
públicas e privadas. Definimos a formação de uma rede de laboratórios nas
empresas e universidades, para o estudo do Linux e demais software livre, a
estruturação de curso de suporte e a criação de um Consórcio Editorial, a fim de
publicar livros, manuais e apostilas sobre o assunto.
Que uso o Governo do Rio Grande do Sul faz do Linux?
Contamos com um leque muito grande de utilização. Diversos órgãos do Estado
utilizam soluções livres ou híbridas. Órgãos como as Secretarias da Educação, da
Agricultura, Segurança e do Meio Ambiente, Detran-RS, Telecentros, Casa Civil,
Governadoria, Procuradoria-Geral do estado, dentre outros, fazem amplo uso.
Merece destaque o Banco do Estado do Rio Grande do Sul – Banrisul, que
introduziu o uso massivo do StarOffice, na época não existia o OpenOffice.
Também foi o primeiro banco no mundo a utilizar Linux nos caixas eletrônicos. Por
último, o banco fez uma licitação para mais de 2.000 estações de trabalho e exigiu
vir de fábrica instalado o sotware livre.
Softwares pagos ainda são usados?
Com certeza. A rede do governo do estado tem mais de 30 anos. As soluções
legadas demorarão para serem migradas. Por muito tempo conviveremos com uma
rede e aplicações heterogêneas. O que desejamos é que as soluções livres
cresçam e tornem-se maioria.
Como está sendo a estratégia da mudança?
Substituímos o MS-Office pelo StarOffice e agora começamos a migração para o
OpenOfficeOrg. Também substituímos o Memo e Notes pelo Direto, solução de
correio, agenda e catálogo corporativo desenvolvido pela empresa. Todos os micros
novos vêm com dois sistemas operacionais, MS-Windows e Linux. Essa estratégia
visa "aclimatar" as estações de trabalho para a próxima migração que serão as
estações de trabalho livres. Para o governo do estado, a Procergs forneceu um
conjunto de soluções baseadas totalmente ou em parte em software livre que estão
em uso já há algum tempo.
É possível mensurar a economia?
Na Rede Escolar Livre RS, a economia é, aproximadamente, de R$ 40 mil, só em
licença de uso do sistema operacional e pacote office convencional para 20 mil
máquinas. Com o Direto economizamos de R$ 30 a R$ 60 milhões com licenças de
uso, dependendo da solução convencional que adotássemos. Com o StarOffice e
agora OpenOfficeOrg, economizamos R$ 500.000,00 só na empresa, por não
fazermos upgrade do MS-Office. No Banrisul, os valores ultrapassam R$ 9 milhões.
Quais são as maiores diferenças entre o software livre e proprietário?
Software livre é uma questão de liberdade, não de preço. Para entender o
conceito,o usuário deve pensar em "liberdade de expressão", não em "cerveja
grátis". "Software livre" se refere à liberdade dos usuários executarem, copiarem,
distribuírem, estudarem, modificarem e aperfeiçoarem o software. Portanto, acesso
ao código-fonte é uma condição necessária ao software livre. Não importa se o
usuário pagou para obter cópias do software livre ou as obteve sem custo: ele
sempre terá liberdade de copiar e modificar o software.
Então software livre não é software de graça?
Quando falarmos sobre o software livre é melhor evitarmos o uso de termos como
"dado" ou "de graça", porque estes termos implicam que a questão é de preço, não
de liberdade. Alguns termos comuns como "pirataria" englobam opiniões que não
devemos endossar. Usamos apenas definições da Free Software Foundation, que
nós adotamos.
Como é feita a distribuição?
Certos tipos de regras sobre a maneira de distribuir software livre são aceitáveis,
quando elas não entram em conflito com as liberdades principais. Por exemplo,
copyleft (apresentado de forma bem simples) é a regra de que, quando
redistribuindo um programa, não se pode adicionar restrições para negar para
outras pessoas as liberdades principais. Esta regra não entra em conflito com as
liberdades; na verdade, ela as protege.
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governo eletrônico
GOVERNO ELETRÔNICO FAZ DOIS ANOS
Governo Eletrônico faz dois anos e se
consolida como principal ferramenta de
tecnologia da informação aplicada à
modernização da gestão pública,
tendo como foco o aprimoramento da relação
do Estado com o cidadão.
Muito a comemorar
Gestado sob a égide do Programa Sociedade da Informação – Socinfo, nascia há
dois anos o Programa Governo Eletrônico. Com idade de bebê, o programa traz em
sua breve existência conquistas de gente grande: os portais de serviços como o
Rede [email protected], o Comprasnet, a implantação da Infra-estrutura de Chaves
Públicas – ICP Brasil, as ações de combate à exclusão digital, a declaração de
imposto de renda via Internet, a integração da Rede Nacional de Informações em
Saúde – RNIS, etc.
Iniciativa inédita, que envolve a própria Administração Pública, a sociedade e o
setor privado, a aplicação de tecnologia da informação na gestão pública tem status
de agenda prioritária no governo federal. Neste sentido, o programa é baseado em
três vertentes principais: a interação com o cidadão, a melhoria da sua própria
gestão interna e a integração com parceiros e fornecedores.
Nas próximas páginas, o leitor vai conhecer os principais avanços dos projetos e
ações do Governo Eletrônico em tecnologia da informação.
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governo eletrônico
CIDADANIA NA REDE
.
Todas as metas e diretrizes formuladas para o Governo
Eletrônico, e os resultados por elas proporcionados ao longo dos
últimos dois anos, traduzem seu maior objetivo: disponibilizar, por
meio da Internet, novas formas de exercício da cidadania. E não
podia ser diferente, tendo em vista que a interação com o cidadão
é um dos princípios basilares do programa. "Nos últimos oito anos
tivemos uma mudança substancial na forma de atuação do Estado
brasileiro, sem dúvida hoje muito mais voltado para o cidadão,
mais comprometido com a transparência e com a melhoria da
gestão" – avalia o ministro Guilherme Dias, do Planejamento, Orçamento e
Gestão.
O exemplo mais concreto desta evolução é o sítio Rede Governo (www.e.gov.br),
um megaportal que disponibiliza acesso direto a serviços públicos residentes em 22
mil links. Até o final deste ano, o cidadão poderá acessar, neste endereço, todos os
serviços públicos que não exijam a sua presença física. A novidade no caso é a
organização simplificada, já que o portal, desde janeiro de 2002, reúne num único
endereço, atalho para 1.700 sítios governamentais federais, estaduais e municipais
na Internet.
Todas as ações do Programa Governo Eletrônico são essenciais para o
desenvolvimento do Programa Sociedade da Informação - Socinfo, um arrojado
projeto do governo que pretende colocar o Brasil dentre as principais nações com
potencial de transformar os avanços tecnológicos em benefícios para a sociedade.
Para o ministro-chefe do Gabinete-Civil da Presidência da República, Pedro
Parente, implantar o Governo Eletrônico foi uma tarefa desafiadora por envolver, a
um só tempo, diferentes e complexas características da sociedade brasileira: a
capacidade de adequar-se ao novo e, por outro lado, confrontar tal talento às
imensas desigualdades da sua complexa estrutura social. Mesmo assim, considera
Parente, são exatamente estas particularidades, juntamente com o objetivo de
reformar a gestão no Estado brasileiro que se constituem como aspectos relevantes
nos dois anos de existência do Governo Eletrônico.
Por conta da sua abrangência e das expressivas mudanças que introduziu no
relacionamento do governo com a sociedade, o programa envolve muito mais do
que tecnologia aplicada à prestação dos serviços públicos, sendo considerado uma
poderosa ferramenta de consolidação da democracia e de fortalecimento da
cidadania.
Apesar da modernização tecnológica, esta não é uma tarefa fácil. Muitos
mecanismos de controle da administração do Estado ainda precisam ser
atualizados para permitir a agilidade pelos novos tempos. De qualquer forma, os
resultados alcançados nos dois anos de Governo Eletrônico são expressivos, dentre
os quais se destacam a consolidação do Portal, a criação do Comprasnet e a
integração das redes e sistemas.
Infra-estrutura de segurança
O sucesso alcançado pelo Governo Eletrônico se deve, basicamente, a dois fatores.
Inicialmente foi decisivo o apoio político do governo federal. Tal era a prioridade que
o governo relevava ao tema que todas as ações políticas-institucionais foram
coordenadas pela Casa Civil da Presidência da República e operacionalizadas pelo
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão dois órgãos estratégicos na
estrutura do Comitê Executivo do Governo Eletrônico.
Outro elemento impulsionador foi a garantia de segurança e privacidade nas
transações eletrônicas. Com a criação da Infra-estrutura de Chaves Públicas, a ICPBrasil, as transações que envolvem a tramitação de documentos públicos na
Internet são totalmente seguras. Na prática, a assinatura eletrônica e o sistema de
infra-estrutura de chaves públicas garantirão a autenticidade e inviolabilidade dos
documentos eletrônicos, permitindo que eles possam ser equiparados aos
documentos em papel. A difusão de autoridades certificadoras permitirá que cada
vez mais cidadãos possam se valer desses recursos nas suas atividades
profissionais, reduzindo custos e dinamizando as transações.
Este ano, em particular, foi decisivo na formulação da legislação pertinente que
apoiasse a criação de uma autoridade certificadora raiz, função atribuída ao Instituto
de Tecnologia da Informação (ITI), com apoio técnico-operacional do Serpro. A
emissão de certificados já entrou em operação e vem sendo utilizada por entidades
como o Banco Central, que se utiliza dessa infra-estrutura para realizar, em tempo
real, as transações do Sistema Brasileiro de Pagamento com valores acima de R$ 5
mil. (Veja artigo na página 20).
POLÍTICA PÚBLICA
Ministro Pedro Parente DEFENDE A Tecnologia a serviço da gestão e
da cidadania.
O conjunto de ações do Programa Governo Eletrônico já se constituiu numa política de
Estado. Executada pelo Comitê Executivo de Governo Eletrônico, presidido pelo Chefe
da Casa Civil e composto pelos Secretários Executivos de todos os Ministérios, a
política é operacionalizada pela Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação,
vinculada ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
As ações específicas do Comitê são discutidas por meio dos seguintes grupos de
trabalho: universalização do acesso, universalização dos serviços, rede Brasil.gov e
normas e padrões. Estes grupos foram estruturados de acordo com os conceitos que
definiram macro-objetivos do programa, voltados, prioritariamente, para a
universalização do acesso aos serviços, o combate à exclusão digital, à modernização
da gestão pública e a fundamentação técnico-legal das ações previstas no programa.
O programa pressupõe articulação com outros segmentos políticos. "Como política
nacional, toda a estratégia e as metas traçadas para o Governo Eletrônico levaram em
conta não somente as diferentes realidades regionais e sociais, mas também a
necessidade de sensibilizar os diferentes poderes e níveis de governo para o uso da
tecnologia da informação como poderoso instrumento de gestão pública e de exercício
da cidadania" – recorda o ministro-chefe do Gabinete Civil, Pedro Parente.
Além de outros segmentos institucionais, o programa também envolve o segmento
privado, iniciativa inovadora, que tem respaldo no Plano Plurianual, o qual recomenda
parcerias desta natureza. "Todos os segmentos - empresas, governos e cidadãos – só
têm a ganhar com uma política aglutinadora que saiba aproveitar a experiência ou a
capacidade tecnológica já adquirida pelo setor privado em âmbito nacional e
internacional" – afirma o ministro.
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governo eletrônico
TECNOLOGIA PARA TODOS
Recursos do Fust garantem benefícios para pequenas
localidades e faz a universalização sair do papel
Comunidades com menos de 100 habitantes, propriedades rurais
isoladas e famílias de baixo poder aquisitivo terão acesso aos
benefícios da tecnologia da informação. Com a regulamentação
do Ministério das Comunicações, que definiu os projetos básicos a
serem financiados com recursos do Fundo de Universalização dos
Serviços de Telecomunicações – Fust, o que antes era
obrigatoriedade legal agora se torna mais próximo da realidade.
A universalização é uma das principais políticas públicas nas áreas de tecnologia e
telecomunicações. Tanto no processo de privatização e desregulamentação deste
setor como na formulação, implantação e consolidação do Governo Eletrônico estão
previstos recursos e ações para que os benefícios tecnológicos se estendam ao
conjunto da sociedade, não importando aonde as pessoas morem, trabalhem ou
qual seja sua condição socioeconômica e cultural.
No caso dos serviços telefônicos, os projetos básicos de universalização visam
complementar o Plano Geral de Metas do Serviço Telefônico Fixo Comutado –
STFC. Segundo dados divulgados pelo Ministério, até 2006 o Programa de
Telecomunicações prevê a instalação de 12,8 mil terminais de uso público
(orelhões) em localidades com menos de 100 habitantes, 284 mil terminais em
propriedades rurais isoladas e 8 mi-lhões de terminais para famílias de baixo poder
aquisitivo. Serão contempladas propriedades rurais cuja renda obtida na sua
exploração seja inferior a meio salário mínimo mensal por pessoa residente na
propriedade. As famílias de baixo poder aquisitivo contempladas também devem ter
renda "per capita" mensal igual ou menor a meio salário mínimo.
O Ministério das Comunicacões define ainda que, para as propriedades rurais
isoladas e famílias de baixa renda, os recursos do Fust custearão 50% do valor da
assinatura básica cobrada pela prestação do serviço. Na implantação dos projetos
deverá ser observada ainda a instalação de dispositivos necessários para o
atendimento de pessoas portadoras de deficiências. O detalhamento dos projetos
será feito pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), na ocasião da
confecção do Plano de Metas dos projetos.
Além do STFC, o Fust será destinado a outros programas prioritários, dentre os
quais o Programa de Segurança Pública, que no momento tem seu texto submetido
a consulta pública na página do Ministério (www.mc.gov.br) na Internet, e o
Programa Educação, cuja portaria de regulamentação, a exemplo do que ocorreu
com a de Telecomunicações, já foi publicada.
Atendimento ao cidadão
Outro programa financiado pelo Fust é o Governo Eletrônico Atendimento ao
Cidadão - Gesac. Com a homologação da licitação da compra de equipamentos, o
Ministério das Comunicações deve começar, em pouco tempo, as instalações de
microcomputadores por todo o Brasil. Com isso, espera-se que, até o final do ano,
já haja acesso público à Internet pelos terminais do Programa Gesac.
O Gesac é um projeto de "inclusão digital" dos cidadãos brasileiros, permitindo o
acesso principalmente por pessoas de baixa renda. Na tentativa de se universalizar
o acesso à Internet, diversos terminais devem ser instalados em pontos
estratégicos. O acesso às páginas do governo será gratuito.
Haverá dois tipos de instalações: as unidades nucleares, que, além de um grupo de
computadores, contarão com pessoas preparadas para orientar o público, e as
unidades isoladas, quiosques para auto-atendimento.
O Ministério do Planejamento já tentou implementar um projeto parecido. Foram
instalados diversos quiosques em diversos estados. A tela dos Quiosques Rede
Governo, seu nome oficial, está conectada ao Portal Rede Governo, uma interface
de auto-atendimento que permite ao usuário acessar virtualmente diversos serviços
e informações de sítios governamentais.
Ela possui diversas configurações, buscando respeitar as particularidades do
público-alvo. Em algumas formatações o acesso à Internet é irrestrito. Em outras só
se tem acesso às páginas do governo. Regras de acessibilidade e navegabilidade,
com o máximo de 5 cliques para se obter qualquer informação, facilitam o manuseio
por parte do cidadão que não tem familiaridade com esse tipo de tecnologia.
O sistema já passou por uma fase experimental, na qual foram encontradas
diversas dificuldades, principalmente no que se refere à manutenção física dos
equipamentos. Por isso, hoje, a prioridade é o conteúdo das páginas. A idéia é fazer
parcerias com os Correios, Serpro e Gesac, para que os seus quiosques utilizem o
Portal como página inicial. Isso já ocorre com o programa de quiosques do Serpro,
o Espaço Serpro Cidadão.
SAIBA MAIS
Espaço Serpro Cidadão
A exemplo de inúmeros órgãos da administração pública, o Serpro também tem seu
"Espaço Cidadão". Inaugurado, em abril, pelo ministro da Fazenda, Pedro Malan, o
Espaço dispõe de acesso público e gratuito a equipamentos ligados à Internet. Com
esta facilidade, as pessoas podem buscar informações e serviços públicos que os
governos federal, estaduais e municipais disponibilizam de forma eletrônica, por meio
do sítio Rede Governo ou outros similares.
Os quiosques públicos foram instalados nas Regionais do Serpro em todo Brasil. Para
utilizá-los, o cidadão, se assim desejar, pode contar com orientação individual. No caso
de pessoas portadoras de necessidades especiais foram instaladas duas estações de
trabalho com tecnologia adequada para deficientes físicos e visuais.
O "Espaço Serpro Cidadão" não faz parte apenas dos macro-objetivos do Governo,
como também das ações planejadas pela Empresa. Como empresa de tecnologia, o
Serpro tem procurado, além de cumprir o papel que lhe cabe no serviço público,
mobilizar sua capacidade empreendedora em favor do fortalecimento da cidadania.
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governo eletrônico
ECONOMIA GIGANTE
O governo federal adota Sistema de Cotação Eletrônica de
Preços e economiza R$ 500 milhões em compras
governamentais
O gigante acordou. Poucas metáforas podem ser mais
apropriadas para resumir as profundas mudanças que o governo
federal vem promovendo no seu setor de compras por meio da
tecnologia da informação. Maior comprador do País, movimentando cerca de R$
14,2 bilhões por ano, o setor público fazia pouco uso do seu poder de compra. A
impossibilidade de processar e gerenciar as informações, transformando-as em
conhecimento, fazia fraca a gigantesca força de negociar suas compras de forma
competitiva. Mas isso é coisa do passado. Com o Comprasnet, maior portal de
compras governamentais da América Latina, de gigante mesmo o que se vê é a
economia.
Ao longo dos dois últimos anos, o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
implementou várias medidas que racionalizaram os custos: a criação do portal, a
realização dos pregões eletrônicos e, mais recentemente, a implantação do Sistema
de Cotação de Preço Eletrônico. Agora chegou a hora de colher os números, ou
melhor, fazer as contas. "O governo deverá economizar, este ano, R$ 500 milhões
em compras realizadas através da modalidade pregão, cujo total deverá atingir R$ 2
bilhões em 2002" – revelou o ministro Guilherme Dias, durante a abertura do I
Fórum Nacional do Sistema de Serviços Gerais – SISG. Para o ministro, o governo
caminha em direção à excelência no setor de compras, uma façanha superior a de
muitas organizações do setor privado que já implementaram sistemas eletrônicos
de aquisições em função da dimensão e complexidade de compras
governamentais.
Os objetivos dessas medidas não têm, porém, pretensões meramente comparativas
com outros setores. Sua implantação e resultados devem ser considerados num
contexto mais amplo: o de proporcionar maior transparência na aplicação dos
recursos públicos, um dever ético e legal do governo, considerando que tais
obrigações constam da Lei de Responsabilidade e das metas do Plano Plurianual.
O governo compra coisas muito diferentes para atender as mais diversas
finalidades. "No setor público temos que comprar desde canetas esferográficas até
uma vacina especial que só se adquire em determinado país" – descreve o ministro.
Tamanha complexidade faz com que compras governamentais se apóiem em um
tripé conceitual: profissionalização, transparência e desburocratização. Para
Guilherme Dias está já é uma prática do governo federal, fazendo com que a
administração pública brasileira seja considerada uma das mais avançadas do
mundo.
Cotação Eletrônica
Criado no final do ano passado, o Sistema de Cotação Eletrônica já foi incorporado
ao dia-a-dia de inúmeros órgãos públicos. Depois de passar por um período de
testes na Delegacia da Receita Federal de Volta Redonda, no Estado do Rio de
Janeiro, a ferramenta foi colocada no Portal do Comprasnet no final de agosto
passado.
O novo sistema automatiza os pedidos para compras governamentais com teto de
R$ 8 mil. O funcionamento da cotação eletrônica é bem simples: o gestor envia,
pela Internet, as especificações do produto que se deseja obter, como quantidade,
prazo e local de entrega. Em seguida, um e-mail é automaticamente enviado para
os fornecedores do produto em questão, que estejam localizados no mesmo
município e já tenham se registrado no Comprasnet, avisando o horário em que
serão aceitos os lances.
Todos os interessados podem, então, apresentar suas propostas. Ao final do leilão,
é informado aos participantes qual foi o licitante vencedor. "O uso do Comprasnet já
significa uma economia de cerca de 20% nos custos da administração pública",
afirma o ministro do Planejamento Guilherme Dias.
Todo o processo é registrado em ata: horário em que a sessão foi aberta, quais
foram as propostas, quais os fornecedores que participaram e qual o vencedor.
Logo após há a adjudicação, que é o aceite da autoridade que está coordenando o
trabalho. O passo seguinte cabe ao fornecedor, que entra em contato com o órgão
para acertarem a entrega do bem.
Sistema parecido está em vigor há algum tempo no Estado de São Paulo. A Bolsa
Eletrônica de Compras – BEC/SP funciona desde 2000 e já eliminou grande parte
da burocracia presente mesmo nas licitações de itens simples. Para se adquirir
garrafões de água mineral, por exemplo, eram gastos dois meses. Após a
implementação do Sistema de Cotação Eletrônica, o tempo diminuiu para 48 horas.
A complexidade das compras governamentais exige que seus
procedimentos sejam calcados em conceitos de profissionalização,
transparência e desburocratização
Segundo Elizabeth Braga, diretora do Departamento de Logística e Serviços Gerais
do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, as grandes beneficiadas, além
do governo, são as pequenas e microempresas, que representam hoje 40% do total
de inscritos. "Pequenas compras, abaixo de R$ 8 mil, que podem ser feitas todos os
dias, são capazes de alavancar bastante o modelo de funcionamento dessas
empresas", afirma.
Além da celeridade de todo o processo, outras vantagens são: a total transparência,
uma vez que os dados referentes às compras ficam disponíveis na página do
Comprasnet; o estímulo à economia local; a diminuição dos gastos governamentais
e até mesmo a preservação da natureza, já que uma grande quantidade de papel
deixará de ser utilizada com procedimentos burocráticos.
SAIBA MAISSaiba Mais www.comprasnet.gov.br
Mudanças para os fornecedores
Outros avanços envolvem a relação do governo com os fornecedores. O primeiro
deles é o acesso completo às informações sobre os materiais ou bens a serem
adquiridos, as quais são disponibilizadas no sítio www.comprasnet.gov.br. Isso é
possível porque o sítio funciona como uma interface na Internet do *Sistema
Integrado de Administração de Serviços Gerais – SIASG, desenvolvido pelo
Serpro para o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. O Comprasnet
também registra todas as licitações públicas para a compra de bens e contratação
de serviços, à exceção das obras públicas.
(*) Conjunto informatizado de ferramentas para operacionalizar internamente o
funcionamento sistêmico das atividades inerentes ao Sistema de Serviços
Gerais - SISG, quais sejam, gestão de materiais, edificações públicas, veículos
oficiais, comunicações administrativas, licitações e contratos, do qual o
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão - MP é órgão central
normativo.
Outro serviço foi implantado em atendimento ao Decreto 3.722/2001, que tornou
obrigatório o cadastro e regularidade junto ao Sistema de Cadastramento Unificado
de Fornecedores - SICAF - para qualquer empresa interessada em negociar com a
Administração Pública Federal. Para facilitar o cumprimento da legislação, o
sistema permite que tal cadastramento seja feito de maneira simples, com o
preenchimento de um único formulário eletrônico.
Mas o maior impacto nessa relação governo e fornecedores veio mesmo com a
intensificação do uso de pregões como modalidade de compra. Principio
consagrado desde 1993, quando entrou em vigor Lei 8.666, a qual regulamenta as
licitações, sua utilização se tornou mais freqüente com o apoio de ferramentas de
tecnologia da informação. Tanto que no último ano a média de acesso ao Portal
para participação ou acompanhamento de licitações cresceu de 145 mil para mais
de 300 mil.
Realizado de forma presencial ou on-line, os pregões representam economia
substancial nas compras governamentais. Segundo informações do Ministério do
Planejamento, os 6.214 pregões já realizados, envolvendo R$ 1,6 bilhão em
compras de bens e serviços, representaram uma economia estimada de R$ 550
milhões. A expectativa para este ano é que seja superada a cifra de R$ 2 bilhões
realizadas nesta modalidade em compras.
Acompanhamento de obras públicas
Restrito inicialmente a compras de bens e execução de serviços, os benefícios
foram ampliados para as obras, por determinação pessoal do presidente Fernando
Henrique Cardoso. Por meio do Obrasnet, será possível a qualquer cidadão
acompanhar todas as obras e serviços de engenharia realizados com recursos do
Orçamento Geral da União, em convênios com Estados, Municípios e outras
entidades.
Inicialmente, o acompanhamento envolverá 20 mil obras públicas atualmente em
andamento, com informações sobre todo o processo de contratação e execução,
incluindo a disponibilização de fotos que registrem a sua evolução. Em uma
segunda etapa, será possível acompanhar todas as obras incluídas no Orçamento,
inclusive aquelas executadas diretamente pelo governo federal.
Considerando-se que as obras públicas sempre estiveram diretamente ligadas aos
escândalos envolvendo o desvio de recursos públicos, bem como os prejuízos que
as obras inacabadas causaram ao País e ao erário, a implantação do sistema
deverá representar um grande avanço para o controle social do uso do dinheiro
público. Mesmo porque, além da aplicação das verbas, o Obrasnet permite até o
acompanhamento dos cadastros de informações sobre materiais e padrões de
construção utilizados, por meio do Sistema Nacional de Preços de Insumos - banco
de dados com itens básicos de engenharia -, garantindo rigor e transparência na
aprovação das propostas e facilitando o trabalho dos órgãos de fiscalização.
Este também é mais um caso concreto de como a tecnologia da informação apóia o
cumprimento da legislação, já que o acompanhamento do parâmetro de
comparação do custo das obras é uma determinação da Lei de Diretrizes
Orçamentária de 2003.
Principais Resultados do Programa E-gov
Universalização dos serviços por meio
do Portal Rede Governo:
• 72% dos serviços disponíveis no sítio, sendo 49% são informativos, 10% são
interativos e 13% são transacionais; • 950 serviços e 11.000 grupos de
informações do go-verno federal e cerca de 750 serviços e 10.000 grupos de
informação dos governos estaduais e municipais; 35 milhões de páginas
acessadas mensalmente.
Infra-estrutura avançada para o Governo Eletrônico
• Rede [email protected], desenvolvida em parceria com o Ministério das
Comunicações, Serpro e Dataprev, com o objetivo de centralizar a contratação
de infra-estrutura de telecomunicações e informática, otimizar a aplicação dos
recursos e incentivar o compartilhamento de redes.
Terminais de Acesso Público
• Equipamentos em fase de testes com 80 quiosques funcionando como pilotos;
• "Salas-Cidadão" nos Ministérios, Serpro, Anatel e INSS;
• Licitação para contratação de 3.500 conjuntos de equipamentos para o
Serviço de Atendimento ao Cidadão do Governo Eletrônico – Gesac.
Serviços de Mensageria do Governo Federal
• Integração de todos os Ministérios, Serpro, Advocacia-Geral da União,
Correios e Banco Central, dentre outros.
Modernização de Redes Locais
• Instalação de 7 mil pontos em 17 órgãos públicos;
• Instalação de 8 servidores de grande porte e 24 departamentais em 11 órgãos
públicos.
"Páginas Brancas"
• Elaboração e disponibilização, na Internet, de Catálogos de Informações
sobre autoridades governamentais (www.paginasbrancas.redegoverno.gov.br)
Integração de Sistemas
• Projeto-piloto integrando o Sisplan e o Sidor;
• Projeto-piloto integrando Siasg com o sistema de gestão administrativa da
Presidência da República.
Inventário de Sistemas Pregão Eletrônico Rede Nacional de Informações
em Saúde
• Interligação dos sistemas de 3.000 unidades de saúde, equivalente a 23% dos
municípios brasileiros.
Infra-estrutura de Chaves Públicas Cartão do CidadãoDocumentos
Eletrônicos
• Envio de documentos eletrônicos, com certificação digital, dos Ministérios para
o Palácio do Planalto.
A PÁGINA DO PORTAL REDE GOVERNO TEM NOVO ENDEREÇO:
www.e.gov.br
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governo eletrônico
MADE IN BRAZIL
Os Ministérios da Ciência e Tecnologia
e das Relações Exteriores unem-se
para incentivar a produção nacional de
software para transformar o Brasil
numa potência tecnológica
Em dezembro de 1999, a revista Business Week
advertia aos fabricantes de software norteamericanos que "abrissem os olhos", pois o
Brasil e a Índia estavam despontando como futuros pólos de criação tecnológica.
Embora a notícia promissora tenha sido anunciada há mais de dois anos e meio,
o Brasil ainda não pode confirmar a previsão. Segundo o embaixador Mário
Vilalva, diretor-geral do Departamento de Promoção Comercial do Itamaraty, o
País tem exportado US$ 100 milhões ao ano. Como os softwares não
precisavam, até agora, passar pelos procedimentos de exportação, esse valor
talvez alcance os US$ 200 milhões.
Pode parecer muito, mas torna-se insignificante ao compararmos com os US$
6,8 bilhões que a Índia exportou em 2000. "Produzimos a mesma quantidade de
programas e também não ficamos atrás em termos de tecnologia", afirma Max
Gonçalves, presidente da Fenasoft, uma das maiores feiras de informática do
Brasil. De fato, o País destaca-se em inúmeros segmentos do setor como um
importante desenvolvedor e fornecedor de soluções para segurança de
informações, automação bancária, gestão empresarial, governo eletrônico,
automação do agronegócio e soluções para Internet, entre outros.
Dados do Ministrério da Ciência e Tecnologia confirmam essa vocação pois
indicam que o Brasil tem acompanhado a evolução mundial no setor e, hoje,
figura entre as dez nações que mais investem mundialmente em tecnologia da
informação. Para se ter uma idéia, a taxa de crescimento anual do setor no Brasil
é de 16 %, menor apenas que a da China.
Existe, portanto, potencial para que as previsões da revista americana finalmente
façam parte da realidade. Neste sentido, o governo vem tomando várias
medidas, dentre as quais se destaca maior agressividade na sua política de
exportações. "É inadiável alavancarmos o volume de nossas exportações e
promover a marca "Brazilian Software" no exterior" – defende Ronaldo
Sardenberg, ministro da Ciência e Tecnologia.
Software em Números
Ano
Número de empresas
1999
2002
Ano
2.300
3.500
Empresas sediadas no Nordeste
1999
2002
7%
16%
Outra prioridade é a conquista do mercado interno. Isso porque, segundo Vanda
Scartezini, secretária de Política de Informática e Automação do Ministério da
Ciência e Tecnologia, o Brasil ainda importa US$ 1 bilhão. Também em torno do
aumento das vendas internas se movimenta a Associação das Empresas
Brasileiras de Tecnologia da Informação – Assespro. Para a entidade, a
prioridade ao software nacional nas compras governamentais seria medida
suficiente para a indústria local dar um salto quantitativo, fortalecendo-o para o
enfrentamento do mercado externo, via exportações.
Antes de ser acusada de pregar o retorno a reserva de mercado, a entidade
lembra que esta é uma prática mundial adotada, dentre outros, pelos Estados
Unidos e grande parte dos países europeus, nos quais o governo só adquire
produtos nacionais. Caso o governo brasileiro decida, aqui se poderá adotar o
mesmo procedimento, já que o País possui tecnologia de ponta no
desenvolvimento de programas para os segmentos bancário, eleitoral,
aeronáutico e de investimentos, por exemplo, o que comprova sua competência
na área.
Pauta de Exportações
A potencialidade do software brasileiro é tamanha que o Itamaraty juntou-se aos
esforços do MCT para promover o produto no exterior. Percebendo que o
produto emerge como filão das exportações brasileiras na área da informática,
tem incluído o tema em todas as suas missões de promoção comercial. Há, pelo
menos, 2.500 empresas dedicadas à produção local, fazendo com que o País
seja reconhecido como o mais avançado da América Latina no setor.
Com o propósito de aumentar consideravelmente a arrecadação com
exportação, os dois Ministérios assinaram memorando de entendimento, cujo
objetivo é realizar diversas atividades integradas com as empresas de software.
Uma das principais ações será a troca permanente de informações voltadas para
o apoio aos exportadores brasileiros.
"Para consolidar a imagem do software brasileiro e incrementar as vendas do
setor, associamos os serviços de nossas embaixadas e representações
diplomáticas no exterior", explica Ronaldo Sardenberg, ministro da Ciência e
Tecnologia.
Um importante instrumento de apoio à realização desse trabalho pelos dois
Ministérios é o "Catálogo do Software Brasileiro", montado pelo Programa
Softex, do MCT. Sua meta é a divulgação das empresas nacionais de produtos e
serviços voltados para a tecnologia da informação.
O Brasil é destaque no mercado internacional como desenvolvedor e
fornecedor de soluções para segurança de informações, automação
bancária, gestão empresarial, governo eletrônico, automação do
agronegócio e soluções para Internet, entre outros.
História a favor
Durante discurso de abertura do "Encontro Internacional da Indústria de
Software", realizado em Brasília no mês de agosto, o ministro da Ciência e
Tecnologia, Ronaldo Mota Sardenberg destacou a importância da criação de
meios que divulguem produtos brasileiros no exterior.
Recordou o ministro que a mostra de produtos no exterior não é prática nova de
promoção comercial utilizada pelo Ministério das Relações Exteriores. Em 1884,
o Barão do Rio Branco, preparou para apresentação em evento comercial em
São Petersburgo, um catálogo sobre o café brasileiro que, como consta nos
registros, foi determinante para aumentar o volume de vendas dos comerciantes
brasileiros na Rússia.
De olho na experiência pretérita, incentivou o lançamento do "Catálogo Brasileiro
de Software", que reúne informações, em várias línguas - português, inglês,
espanhol, japonês e chinês -, sobre o produto brasileiro. "A história joga a favor
do produto brasileiro. É chegada a hora de fazermos a nossa parte" – defende o
ministro.
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.
capa
O INÍCIO DE UMA NOVA ERA
Liberdade e novos tempos. Vencedora
aquela, emergem estes. O advento do
software livre é muito mais do que renúncia
da propriedade por meio da liberação do
código fonte. É uma verdadeira revolução,
dentro de outra, dita tecnológica. Nas
próximas páginas, a Revista Tema leva aos
seus leitores as idéias, atos e fatos de
pessoas e corporações que fazem deste
acontecimento o início de uma nova era para
a tecnologia da informação.
A palavra é...
O termo software livre se refere a diferentes tipos de liberdade, tomando-se como
referencial para exercê-la o direito de intervenção na natureza e no uso dos
softwares.
A primeira se refere a de executar o programa para qualquer propósito. Existe,
também, a de estudar como o programa funciona e adaptá-lo às suas
necessidades, ou seja, a de customização do software; é de livre direito a
redistribuição de cópias de modo a auxiliar ou-tros usuários; e, por fim, pode-se
aperfeiçoar o programa e liberar os aperfeiçoamentos, de modo que toda a
comunidade possa se beneficiar das contribuições. Este conjunto de liberdades só
se torna realidade por conta da liberação do acesso ao código fonte por parte dos
proprietários do software.
Assim como o Linux não pode ser tomado como sinônimo de software livre, também
não se deve confundir liberdade com o fim da propriedade intelectual ou comercial.
As fontes são abertas, mas os direitos de quem criou os softwares ou dos seus
detentores permanecem assegurados, sendo obrigada a comunicação a estes das
alterações processadas. Claro que o usuário pode fazer e usufruir as mudanças que
deseja na sua máquina ou ambiente corporativo. Mas apenas as mudanças aceitas
pelo proprietário dos direitos é que são incorporadas às novas versões
disponibilizadas para distribuição free.
De qualquer maneira, o modelo permite a existência de versões com características
próprias, sem o pagamento relativo à obtenção de licença, como o benefício inicial,
assim como a sua distribuição em versões tão distintas como russo (com alfabeto
cirílico), finlandês, sueco, chinês ou ucraniano e em várias outras línguas, sem
vinculação a interesses financeiros dos detentores dos direitos.
Como se recupera, afinal, os investimentos que as empresas e pessoas vêm
fazendo no software livre? Muito simples: com a prestação de serviços. Ou seja, o
mais importante passa a ser o que um determinado sistema ou aplicativo é capaz
de executar, suas habilidades para satisfazer necessidades dos usuários e de
evoluir com as contribuições da comunidade da TI. O negócio passa a estar no fim
da cadeia e não no meio.
Por isso, outra confusão comum que deve ser igualmente evitada é tomar o
crescimento do uso do software livre como um mero fato tecnológico. Trata-se, na
verdade, de uma profunda mudança no modelo de negócio internacional no qual
ainda se sustenta a tecnologia da informação, tomando-a, neste caso, como um
importante setor da economia mundial. Tal como ocorreu com os hardwares há
mais de uma década, tem-se uma profunda mudança de conceitos onde a
ferramenta em si – naquele caso, as memórias; neste caso os softwares – perde
terreno, em importância estratégica e volume de investimento, para sua finalidade,
ou seja, o serviço. É uma quebra de paradigma substancial.
software livre
Por várias razões. A principal delas é a superação de uma abrangência monopolista
que não se via desde os primórdios da Revolução Industrial. Há muito havia uma
expectativa da reversão deste quadro de forma a beneficiar ou-tros segmentos
empresariais, clientes corporativos, usuários, fornecedores de bens e serviços,
enfim, interesses individuais e coletivos com a disponibilização de alternativas que
tornem o mercado mais livre e competitivo. Como opção, o conceito do software
livre foi expandindo-se lentamente – para os padrões da indústria tecnológica – mas
em passos firmes, conquistando, gradativamente, a comunidade de internautas,
pequenas empresas, grandes corporações, conglomerados transnacionais e, por
fim, go-vernos em diferentes partes do planeta. Em países como EUA, Alemanha,
França e Brasil já foi alçado à condição de uma alternativa viável, econômica e
tecnologicamente consagrada.
As razões deste crescimento se baseiam na sua natureza e conceito. Numa
linguagem simples pode-se dizer que o software livre tem a cara de um mundo sem
fronteiras, globalizado. Com a vantagem adicional de ser extremamente
democrático – aspecto não freqüente nos modelos transacionais. Isso porque seu
modelo de desenvolvimento permite a real internacionalização do software,
inclusive para países e corporações de menor renda que podem ter acesso a
programas de qualidade superior sem recorrer a software ilegal ou pirata.
Organismos internacionais como a UNESCO não apenas reconhecem esta
potencialidade como a ela recorrem para cumprir seus objetivos institucionais. Em
novembro de 2001, o organismo distribuiu CDs do Linux para escolas e bibliotecas
da América Latina.
O software livre democratiza o acesso ao conhecimento, posto que leva a todo o
mundo – no sentido literal do termo – a criatividade e capacidades de
programadores, não importando onde estejam ou a qual organização pertençam.
Tanto é verdade que já virou jargão dizer que como criação típica da nova era
globalizada a pátria do software livre é a Internet.
"Não sou bom como antes e não tenho mais tempo
para programar. Mas isso pouco importa.
á 100 mil pessoas escrevendo softwares e o que
mais importa é divulgar a filosofia do software livre".
Richard Stallman, guru da tecnologia da informação.
.
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capa
SOFTWARE LIVRE, um pouco de História
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(*)Alessandro Binhara
Muitas pessoas ainda não conhecem a verdadeira essência
do software livre: liberdade e patriotismo. Por isso, vamos
voltar um pouco no tempo para que possamos entender por
que isso está acontecendo.
A primeira reação que as pessoas têm ao entrar em contato
com o software livre é ficarem inseguras e apreensivas,
pois não possuem conhecimento do funcionamento deste
tipo de tecnologia e de sua história.
Nos livros de História podemos lembrar que nossa
civilização passou por diferentes momentos sócioeconômicos e políticos como a Revolução Comercial e a
Revolução Industrial, que transformaram profundamente
nosso modo de vida. Na Revolução Comercial tínhamos a
burguesia dominando a economia local baseada na
produção dos bens de forma artesanal. Já a Revolução
Industrial se caracterizava pela produção em série. E a
criação das indústrias resultou nos investimentos feitos pela
classe burguesa.
Mas o que isso tem a ver com software livre e com o Linux?
Tudo.
Analisando pela perspectiva de desenvolvimento de cada país, em especial os
EUA, podemos verificar que as ações tomadas principalmente por este, os tornaram
a potência que são hoje. A Revolução Comercial possibilitou aos americanos o
desenvolvimento de seu comércio local e a capitalização da economia. Muito
inteligentes, não?
Entraram facilmente na Revolução Industrial. Isto ocorreu na Inglaterra e em outros
países. A partir daí começaram as diferenças. Em plena Revolução Industrial, os
EUA perceberam que produziam mais do que podiam consumir. E as demais
potências também encontravam-se em igual situação.
As exportações eram escassas. Os EUA produziam muito, mas não conseguiam
consumir, sobrava mão-de-obra devido a automação das fábricas e o desemprego
assolava. Os EUA passaram a investir no desenvolvimento de novas áreas para
absorver a mão-de-obra excedente e começavam a surgir as telecomunicações,
teatro, cinema, diversão e a área de prestação de serviço.
Neste ponto inicia-se a divergência entre as outras potências e surgem companhias
como AT&T, IBM, entre outras. Tudo bem, mas onde o Linux entra nessa história?
Continuando a avançar no tempo, os EUA passam a ser os donos das tecnologias
que são fundamentais para o desenvolvimento, como por exemplo, as técnicas para
a construção das pastilhas de silício até hoje dominadas somente pelos
americanos. Chegamos ao ponto onde todas as áreas que hoje geram o maior
número de empregos e têm o maior valor agregado, ou são de total propriedade dos
EUA ou estão nas mãos de empresas norte-americanas.
Entramos em uma nova fase, agora chamada de Revolução Info-Comunicacional
onde imperam empresas de alta tecnologia como: TV, Cinema, computadores,
telecomunicações, biotecnologia, genética e outros.
Hoje, em uma área tecnológica, mesmo com uma grande idéia, sem capital para
investimento fica quase impossível manter ou desenvolver uma empresa para
concorrer com qualquer multinacional norte-americana. Correndo o risco ainda de
ser absorvida pela força do marketing ou ser comprada por ela.
O resultado é que geralmente essa nova tecnologia acaba deixando seu país de
origem. O software livre não é apenas uma questão de desenvolvimento de
software, ele tem sua base formada num aspecto político e estratégico bem
definido. Foi a forma encontrada para combater o domínio político e econômico
norte-americano.
Não só na informática mas em muitos outros ramos como geoprocessamento,
pesquisas de novos materiais , medicamentos, etc., pois com o Linux podemos
desenvolver tecnologia, novos equipamentos e até supercomputadores.
O Linux não tem dono e sim contribuintes, ou seja, também é brasileiro.
O Linux é a ferramenta que pequenos desenvolvedores com grandes idéias têm
para mostrar ao mundo sua tecnologia e terem a chance de serem reconhecidos
mundialmente, sem a preocupação de se tornarem um alvo de grandes empresas.
Mesmo tendo um baixo capital de investimento.
Atualmente, os profissionais formados em Ciência da Computação e Engenharia da
Computação acabam por atuar como Analistas de Sistemas devido a falta de
trabalho no mercado brasileiro. Isso porque a maioria dos softwares básicos
(sistemas operacionais, compiladores, device drivers e outros) são desenvolvidos
por empresas norte-americanas.
O Linux vem interagindo com o mercado brasileiro criando novas oportunidades de
emprego para esses profissionais. O lema agora é: "Não venda software ou
promova marcas estrangeiras, venda serviços e valorize sua empresa".
Alessandro Binhara
Coordenador do GU OpenSystem
[email protected].
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PREVIDÊNCIA TEM CASO DE SUCESSO
Dataprev reduz custos mas amplia serviços de tecnologia da
informação no atendimento a milhões de usuários
A Dataprev, empresa de tecnologia e informações da Previdência Social, também
aderiu ao modelo de software livre. É uma decisão de impacto para o mercado
nacional. A empresa gerencia a maior folha de pagamento do País, com mais de 20
milhões de beneficiários, processa a contribuição mensal de cerca de 6 milhões de
beneficiários, 3 milhões de estabelecimentos e 500 mil empresas. Para cumprir sua
missão mobiliza equipamentos de porte, com 2.900 Gigabytes, 4.500 Mbytes de
memória e quase 40 mil estações de trabalho totalmente interligadas por meio de
um *backbone nacional.
(*) Também estão integrados os chamados "Previmóvel", serviços a distância
prestados em localidades que não dispõem de agências da Previdência Social.
Veículos automotivos e balsas equipadas com rede conectada a Dataprev
permitem a prestação de serviços que normalmente só seriam possíveis em
uma agência normal.
"O software livre pode ser um grande aliado para atender a este universo de
usuários", aposta José Luiz Pissin, gerente da Dataprev no Estado de Mato Grosso
do Sul. O caminho do software livre na Previdência Social começou em 1999,
quando o Linux foi utilizado de forma experimental em servidores de comunicação,
concentradores de bases e servidores de arquivos nos Estados do Mato Grosso do
Sul e Goiás. No ano seguinte, a utilização foi homologada pelo Comitê de
Tecnologia da empresa, viabilizando a migração de 70 servidores Novell para a
plataforma Linux. "Hoje, temos projetos de softwares para as áreas de monitoração
de redes e serviços, servidores de banco de dados, servidores de arquivos sites
dinâmicos com acesso a rede de dados, e proxy/cache Internet".
Segundo o gerente, motivos não faltam para a adoção do software livre pela
Previdência Social. É uma opção que proporciona soluções rápidas para os
clientes, ameniza os problemas gerados pelas condições regionais adversas,
acelera o atendimento ao usuário, reduz custos e transfere o conhecimento para as
mãos de quem tem a solução.
Casos de Sucesso
A repercussão da primeira solução implantada gerou casos de sucesso que Pissin
vem apresentando em freqüentes debates e palestras. No ano 2002 o software livre
foi aplicado no sistema “Atendimento ao Cidadão”, no qual a concentração de base
de dados foi feita na solução Linux/Unix/D3. No modelo anterior as informações
relativas a concessão e manutenção de benefícios eram disponibilizadas por meio
de um servidor interligado ao mainframe por meio da rede Renpac, numa
velocidade de 19.200 bps. Com migração para a solução Linux/Unix/D3 a
velocidade aumentou para 64 bps e passou a incluir os serviços "Prevfácil", "Serviço
de Arrecadação", "Acesso a Intranet", "Correio Eletrônico" e "Acesso Internet". O
grande avanço foi, porém, no aspecto dos custos: enquanto que o primeiro modelo
implicava num investimento de R$ 40 mil por agência, no segundo seria reduzido a
R$ 12 mil.
A solução em si não foi a responsável pela viabilização do projeto. Na visão de
Pissin, o sucesso se deve a um conjunto de fatores: reaproveitamento de hardware,
redução do custo e do investimento, motivação do profissional, estabilidade do
ambiente e satisfação do usuário.
Existem, porém, desafios a serem vencidos tais como o tempo disponível para a
resolução de uma tarefa, o suporte para a solução, a falta de padronização e
absorção de uma nova tecnologia pela empresa.
Mesmo assim, a Dataprev segue colecionando casos de sucesso na migração para
softwares livres. No caso dos servidores de arquivos, a experiência foi igualmente
bem sucedida. O ambiente Novell envolvia custos unitários de R$ 472.000,00 com
renovação de licença de uso de servidores, renovação de hardwares e ferramentas
de gerenciamento. Tais custos foram reduzidos a zero com a adoção de um
ambiente Linux com a ferramenta "samba". Com isso, o total dos servidores Novell
que eram mais de 200 no início de 2001 foram reduzidos a menos de 20 no final
daquele ano, enquanto que os da plataforma Linux aumentaram, no mesmo
período, na proporção exatamente inversa, aumentado de 20 para 200.
Apesar dos resultados, Pissin não deixa de alertar: "Muitas vezes a solução de um
problema pode gerar outros problemas. Precisamos ter cuidado com a criatividade".
A solução para tais problemas dar-se-á ao estilo GNU, qual seja, de forma
comunitária. "Fomente a comunidade em sua corporação" – recomenda.
"O software livre pode ser um grande aliado
para atender este universo de usuários"
José Luiz Pissin, da Dataprev
.
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