Relatório do Programa de Monitoramento

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Relatório do Programa de Monitoramento
 Programa de Monitoramento, Salvamento e Resgate de Fauna de
Vertebrados Terrestres e Monitoramento e Levantamento da
Entomofauna
Relatório do Programa de Monitoramento, Salvamento e
Resgate de Fauna de Vertebrados Terrestres e Monitoramento
e Levantamento da Entomofauna entre os meses de janeiro e
março de 2011 da UHE São José
Graxaim-do-campo (Lycalopex gymnocercus)
O presente relatório aborda as atividades relativas aos Programas de Monitoramento,
Salvamento e Resgate da Fauna de Vertebrados Terrestres e Levantamento e
Monitoramento da Entomofauna e Conservação de Espécies Ameaçadas e Endêmicas
realizadas entre os meses de janeiro e março de 2011 na área de influência da Usina
Hidrelétrica (UHE) São José. O empreendimento está situado nos municípios de Cerro
Largo, Rolador, Salvador das Missões e Mato Queimado, noroeste do Estado do Rio
Grande do Sul, na região denominada fisiograficamente de Missões.
Durante o período foi realizada a sétima campanha de monitoramento da fauna de
vertebrados terrestres na área de influência da UHE São José, a primeira pósenchimento. Desse modo, o presente relatório contempla as atividades relativas ao
monitoramento realizado e, por final, são apresentadas as atividades previstas para o
próximo período.
Sumário
Monitoramento de Fauna Terrestre ..................................................................... 4
1.
2.
3.
3.
4.
Equipe Técnica .............................................................................................. 4
Introdução ..................................................................................................... 5
Métodos ........................................................................................................ 6
Resultados .................................................................................................. 21
Referências bibliográficas ........................................................................... 59
Atividades Previstas ........................................................................................... 66 Monitoramento de Fauna Terrestre
1. Equipe Técnica
Coordenação Geral
Biól. M.Sc. Adriano Souza Cunha – CRBio 9021-03
Biól. Liliane de Araujo Coelho – CRBio 69806-03
Entomofauna
Biól. Flávia Regina Girardi Montagner – CRBio 69872-03
Herpetofauna
Biól. Daniel Franco Netto de Borba Rocha – CRBio 34134-03
Biól. Luis Fernando Marin da Fonte – CRBio 53063-03
Acadêmico em Ciências Biológicas Cláudio Nascimento da Silva
Acadêmica em Ciências Biológicas Simone Baratto Leonardi
Avifauna
Biól. Maurício da Silveira Pereira – CRBIO 63445-03
Mastofauna
Biól. Felipe Bortolotto Peters – CRBio 53753-03
Biólogo Paulo Ricardo de Oliveira Roth - CRBio 69412-03
4
2. Introdução
A primeira campanha de monitoramento da fauna de vertebrados terrestres e
monitoramento e levantamento da entomofauna do período pós-enchimento na área de
influência da UHE São José realizou-se entres os meses de janeiro e março de 2011,
durante o verão. Os trabalhos abrangeram os grupos de entomofauna, anfíbios, répteis,
aves e mamíferos. Primeiramente é relatada a metodologia aplicada nos grupos de fauna
trabalhados e a seguir são discutidos os resultados obtidos. Por final, são feitas as
considerações finais a respeito da campanha realizada.
5
3. Métodos
Insetos vetores
A campanha de levantamento e monitoramento da fauna de artrópodos de interesse
médico da área de influência da UHE São José, referente ao período de verão, foi
realizada na primeira semana de fevereiro de 2011, com duração de quatro dias.
Devido ao enchimento do reservatório, as estações amostrais EA2, EA3 e EA4 foram
deslocadas em relação à última amostragem (figura 1), sendo que somente a EA1
permaneceu inalterada (tabela 1).
Figura 1. Imagem de satélite mostrando a localização das estações amostrais antigas e atuais.
Fonte: Google Earth.
Tabela 1. Coordenadas geográficas, em graus decimais (datum SAD69), da localização das
estações amostrais de entomofauna na UHE São José, Município de Cerro Largo.
Estações amostrais
Coordenadas geográficas
6
LAT / LONG
EA1 (figura 2)
-28.16565 / -54.79314
EA2 (figura 3)
-28.16981 / -54.77425
EA3 (figura 4)
-28.17398 / -54.73564
EA4 (figura 5)
-28.20787 / -54.73037
Figura 2. Ambiente da EA1 para coleta de entomofauna.
7
Figura 3. Ambiente da EA2 para coleta de entomofauna.
Figura 4. Ambiente da EA3 para coleta de entomofauna.
Figura 5. Ambiente da EA4 para coleta de entomofauna.
As coletas foram realizadas no período diurno e noturno, nas quatro estações amostrais.
Nas coletas diurnas, que ocorreram entre 9 h e 13 h, os dípteros hematófagos foram
8
atraídos por “isca humana”, que é o corpo do próprio coletor com algumas partes
expostas. Quando o inseto pousa, este é contido por uma rede e então coletado com
aspirador tipo frasco. Para coletar os carrapatos foi utilizada a técnica de arrasto, que
consiste em arrastar sobre a vegetação uma flanela branca de dimensões 1 m x 1,5 m.
Para as coletas noturnas, que ocorreram entre 19 h e 23 h, foi utilizada a técnica da
“barraca de Shannon”. Nesta técnica, um pano agregado a uma fonte de luz é fixado na
vegetação de dentro da mata (figura 6). Os mosquitos são atraídos pela luz e pousam no
pano, onde são coletados no aspirador tipo frasco (figura 7). Os métodos de coleta,
horário de amostragem e esforço amostral encontram-se detalhados na tabela 2.
Figura 6. Barraca de Shannon e aspirador tipo frasco para amostragem de entomofauna.
9
Figura 7. Aspirador tipo frasco e rede para amostragem de entomofauna.
Tabela 2. Relação das técnicas de coleta empregadas em cada estação amostral e o respectivo
esforço amostral, em horas.
Método
Captura diurna
Captura noturna
EA1
EA2
EA3
EA4
Isca Humana
4h
4h
4h
4h
Técnica de Arrasto
1h
1h
1h
1h
Barraca de Shannon +
Armadilha Luminosa
4h
4h
4h
4h
Todos os exemplares coletados (figura 8) foram mortos em uma câmera mortífera, que é
um tubo contendo algodão embebido em acetato de etila, armazenados em recipientes de
transporte.
10
Figura 8. Parte dos mosquitos coletados no período diurno na EA1.
No laboratório, os espécimes foram colados em pequenos triângulos de cartolina presos a
alfinetes entomológicos (figura 9). A identificação foi realizada com o auxílio de
estereomicroscópio Taimin TE30 e seguiu as chaves dicotômicas de CONSOLI &
OLIVEIRA (1998). Depois de serem etiquetados com os dados de coleta, data e
identificação, os exemplares foram acondicionados em caixas entomológicas.
11
Figura 9. Montagem dos mosquitos com alfinete entomológico e identificação taxonômica.
A identificação dos espécimes coletados foi realizada em nível de gênero; visto que a
identificação dos culicídeos até o nível de espécie é problemática. As fêmeas de algumas
espécies não são separáveis morfologicamente, enquanto outras espécies necessitam da
genitália do macho para serem definidas e outras ainda, pertencem a grupos muito
grandes e não possuem chaves confiáveis.
Anfíbios
A primeira campanha da fauna de anfíbios no monitoramento pós-enchimento na área de
influência da UHE São José, localizada no rio Ijuí, foi realizada entre os dias 14 e 18 de
março de 2001, com base em três modos de obtenção de registros: levantamento por
encontros visuais (VES), método das transecções auditivas (AST) e registros ocasionais
(RO).
De acordo com o método de levantamento por encontros visuais (visual encounter survey
– VES), realiza-se uma busca ativa por indivíduos em fase larval ou adulta, durante um
12
determinado período de tempo, em todos os microambientes potencialmente ocupados
por esses animais (CRUMP & SCOTT, 1994). As áreas de amostragem foram percorridas
aleatoriamente por três pessoas e a busca consistiu em revirar troncos, pedras, entulhos
e outros objetos que pudessem ser utilizados pelos anfíbios como abrigo, em visitar os
corpos d’água na procura por adultos ou girinos, em vasculhar a serrapilheira acumulada
no interior das matas e em procurar indivíduos sobre a vegetação. Foram realizadas
buscas diurnas e noturnas, perfazendo um esforço amostral total de 32 horas por pessoa
(24 horas durante o dia e oito horas durante a noite).
De acordo com o método das transecções auditivas (audio strip transect – AST), um
trecho pré-definido da área estudada é percorrido e são registradas as espécies de
anfíbios em atividade de vocalização (ZIMMERMAN, 1994). Como a maioria das espécies
de anuros tem sua atividade de vocalização concentrada nas primeiras horas da noite,
esse foi o período amostrado com o uso de tal método. Foram realizadas amostragens
em banhados, açudes, áreas alagadiças, arroios, em matas ciliares e na beira do
reservatório, perfazendo um esforço amostral total de oito horas.
Animais encontrados fora dos pontos de amostragem, ou de outras formas que não as
descritas acima, foram considerados como registros ocasionais (RO).
Durante a presente amostragem, procurou-se repetir os mesmos pontos avaliados nas
campanhas anteriores ao enchimento do reservatório (tabela 3). Para facilitar futuras
comparações,
foi
mantida
a
nomenclatura
utilizada
na
última
campanha
de
monitoramento realizada antes do enchimento do reservatório, em agosto de 2009.
Aqui, vale salientar que a maioria dos pontos de amostragem não sofreu grandes
modificações com o enchimento do reservatório. Os locais amostrados mais alterados
pela formação do lago foram o ponto P1, localizado na localidade conhecida como
Fundão do Ijuí, e o ponto P4, uma propriedade particular. Em P1, a supressão da mata
ciliar e o aumento no nível do rio Ijuí resultaram em perda de locais de amostragem, de
modo que novas áreas foram selecionadas. Ainda assim, o açude amostrado por AST em
todas as campanhas anteriores continua presente, apesar de agora muito mais próximo
das águas do rio Ijuí. Em P4, da mesma forma, a supressão da vegetação e o aumento no
nível do rio ocasionaram perda de áreas de estudo (incluindo um arroio), apesar de os
açudes normalmente amostrados também terem permanecido a salvo do enchimento.
13
Tabela 3. Coordenadas geográficas (datum SAD69) dos pontos de amostragem da fauna de
anfíbios durante a sétima campanha de monitoramento da fauna terrestre (primeira após o
enchimento do reservatório), realizada entre os dias 14 e 18 de março de 2011 na área de
influência da UHE São José, no rio Ijuí.
Ponto
Coordenadas
geográficas
Método
LAT
LONG
P1
-28.176.203
-54.775.643
AST, VES
P2
-28.176.758
-54.725.365
AST, VES
P3
-28.169.537
-54.834.531
AST, VES
P4
-28.183.425
-54.728.143
AST, VES
P5
-28.172.036
-54.820.365
AST, VES
P6
-28.197.870
-54.759.254
VES
P7
-28.207.592
-54.806.754
VES
P11
-28.141.203
-54.834.532
VES
P14
-28.215.370
-54.800.087
VES
Legenda: VES = levantamento por encontros visuais; AST = métodos das transecções auditivas.
Considerando-se o fato de que anfíbios são animais ectotérmicos e que, portanto, as
condições climáticas podem influenciar sua atividade, são apresentadas na tabela 4 as
condições do tempo e os índices pluviométricos registrados na região de inserção do
empreendimento durante o período de amostragens (fonte: DEFESA CIVIL/RS).
Tabela 4. Condições do tempo e índices pluviométricos registrados na região de inserção da UHE
São José, no rio Ijuí, entre os dias 14 e 18 de março de 2011.
Data
Condições do
tempo *
Índices pluviométricos
(mm) *
14/3/2011
tempo bom
0.0
16/3/2011
tempo bom
0.0
17/3/2011
tempo bom
0.0
18/3/2011
tempo bom
2.0
* Condições do tempo e índices pluviométricos registrados para o Município de Cerro Largo, RS
(fonte: DEFESA CIVIL/RS).
A nomenclatura e a classificação das espécies foram baseadas em FROST (2011) e SBH
(2010).
14
Répteis
As atividades de campo da primeira campanha de monitoramento em caráter pósenchimento foram realizadas durante cinco dias (14 a 18 de março de 2011) nas áreas de
influência direta e indireta da UHE São José. Durante esta campanha procurou-se repetir
os pontos de amostragem avaliados em BIOLAW (2008) (
tabela 5), tendo sido, porém, excluídos três deles que foram submersos devido ao
enchimento do reservatório. Acrescentou-se um novo ponto à atual amostragem na área
de influência da presente UHE, este apresentando fisionomia semelhante aos pontos
submersos. A amostragem foi realizada por três técnicos, tendo sido aplicado um esforço
de captura correspondente a 24 horas de procura ativa durante o dia e oito horas de
procura ativa durante a noite. Desta forma foram despendidas 96 horas/homem de
procura ativa.
Para amostragem da fauna de répteis foram aplicadas as seguintes metodologias:
Procura Ativa (PA): que consistiu em lentas caminhadas durante o dia e a noite através de
trilhas, estradas secundárias, afloramentos rochosos, matas ciliares e de galeria, poças
temporárias, açudes, campos alagados e próximos a construções abandonadas
(BALESTRIN, 2008). Nessa metodologia procurou-se abranger o maior número possível
de microhábitats em busca de animais em atividade ou em potenciais abrigos (tocas, sob
pedras, troncos caídos, termiteiros, madeiras e restos de construção e/ou demolição). Em
cada sessão de procura por espécimes foi anotado, em caderneta de campo, o número
de observadores, tempo despendido e coordenadas geográficas obtidas através de GPS.
Os exemplares capturados foram identificados, fotografados e soltos. O esforço de
captura empregado foi calculado somando o total de horas de cada coletor nas atividades
de procura (MARTINS & OLIVEIRA, 1998). Para esta metodologia a taxa de captura foi
expressa dividindo-se o número total de indivíduos capturados pelo somatório do número
de horas que cada coletor realizou durante as atividades de campo. Três coletores
participaram da amostragem em PA.
Encontro ocasional e/ou por terceiros (EO): que consistiu em todos os animais
encontrados por terceiros ou quando a equipe estava em deslocamento.
Tabela 5. Pontos de amostragem de répteis nas áreas de influência direta e indireta da PCH São
José, no rio Ijuí, durante a sétima campanha de monitoramento da fauna terrestre no período de
pós-enchimento do reservatório, realizada entre os dias 14 a 18 de março de 2011.
Coordenadas
Ponto
LAT
LONG
T1
-28,19861 -54,76001
15
T2
T3
T4
T5
T6
T7
T8
T9
T10
T11*
-28,20044
-28,15427
-28,15820
-28,17629
-28,17692
-28,16985
-28,17176
-28,16985
-28,17116
-28,17298
-28,16269
-28,16123
-28,14291
-28,14330
-28,14266
-28,17437
-28,17408
-28,18176
-28,18356
-28,18510
-28,18410
-28,21632
-28,21556
-28,21855
-28,20730
-54,76316
-54,77967
-54,77701
-54,77667
-54,77463
-54,83705
-54,83624
-54,83477
-54,82789
-54,82679
-54,83603
-54,83498
-54,83622
-54,83749
-54,83768
-54,79637
-54,80057
-54,72875
-54,73153
-54,72964
-54,72855
-54,80059
-54,79941
-54,79725
-54,80834
Legenda: * novo ponto de amostragem; + pontos alagados.
A nomenclatura e a classificação das espécies seguiram ZAHER et al. (2009) e BERNILS
(2011) e a bibliografia consultada para auxiliar na identificação dos animais foi GIRAUDO
(2001), LEMA (2002) e ACHAVAL & OLMOS (2007).
Aves
A primeira campanha de monitoramento pós-enchimento da avifauna na área de
influência da UHE São José foi realizada entre os dias 14 e 18 de março de 2011, sendo
realizadas amostragens qualitativas e quantitativas. Avaliações quantitativas foram
realizadas através do método de pontos de escuta, (BIBBY et al., 2000) no qual o
observador identifica e contabiliza todos os indivíduos visualizados e/ou escutados dentro
de um raio imaginário pré-determinado.
Na presente amostragem foram repetidos 15 pontos de escuta amostrados nas
campanhas antes da formação do reservatório (pré-enchimento), sendo que desses, seis
estão situados em área de campo e nove em área de mata. Outros 12 pontos foram
16
adicionados na amostragem apenas na presente campanha, sendo oito em área de mata
e quatro em áreas campestres (tabela 6). As contagens foram iniciadas logo após a
chegada do observador ao ponto e se estenderam por 10 minutos, sendo iniciadas cerca
de 30 minutos após o nascer do sol.
Em virtude das amostragens contemplarem diferentes fitofisionomias (e.g. matas,
campos, áreas cultivadas e áreas úmidas), alguns ajustes na metodologia foram
realizados na primeira campanha do período pré-enchimento e mantidos na presente
campanha. Foi estabelecido um raio fixo de 50 metros e distância mínima entre pontos de
180-200 metros em pontos localizados em fitofisionomia florestal, onde a visibilidade do
observador diminui consideravelmente com o aumento da distância. Em fitofisionomias
campestres foi definido raio fixo de 100 metros e a distância mínima entre pontos de 300
metros. Essas distâncias entre os pontos foram estabelecidas de modo a garantir a
independência entre as unidades amostrais (RALPH et al., 1993).
Com o objetivo de monitorar as alterações na comunidade de aves durante os períodos
pré e pós-enchimento do reservatório da UHE São José, os índices de abundância foram
calculados separadamente, entre os pontos amostrados no período pré-enchimento e
aqueles adicionados apenas no presente período (pós-enchimento).
Tabela 6. Localização dos pontos de contagem amostrados (coordenadas em graus decimais,
datum SAD69) nas campanhas de monitoramento da avifauna nos períodos de pré e pósenchimento do reservatório, na área de influência da UHE São José, Município de Cerro Largo.
Ponto
P15*
P16*
P17*
P26*
P27*
P28*
P29*
P30*
P31*
P32*
P33*
P38*
P41*
P42#
P43#
P44#
Coordenadas geográficas
LAT
LONG
-28,179463
-54,778999
-28,180795
-54,777658
-28,177785
-54,779604
-28,173995
-54,773471
-28,172320
-54,776438
-28,168892
-54,776489
-28,165959
-54,777008
-28,169575
-54,773532
-28,168103
-54,774581
-28,178446
-54,784153
-28,178177
-54,786541
-28,178308
-54,774543
-28,188173
-54,774725
-28,174971
-54,786892
-28,174372
-54,783870
-28,186564
-54,772335
Local
Mata
Mata
Mata
Mata
Campo
Campo
Campo
Mata
Mata
Mata
Campo
Campo
Campo
Mata
Mata
Mata
17
Ponto
P45#
P46#
P47#
P48#
P49#
P50#
P51#
P52#
P53#
Coordenadas geográficas
LAT
LONG
-28,189383
-54,771991
-28,187697
-54,770427
-28,191836
-54,770800
-28,190432
-54,768833
-28,194517
-54,770347
-28,179340
-54,737332
-28,180002
-54,737522
-28,181174
-54,736917
-28,180871
-54,738817
Local
Campo
Mata
Campo
Mata
Campo
Mata
Campo
Mata
Mata
(*) Nome utilizado durante as campanhas do pré-enchimento do reservatório.
(#) Pontos amostrados apenas na presente campanha.
A abundância para cada espécie foi calculada através do Índice Pontual de Abundância
(IPA), que é igual ao número total de indivíduos contabilizados dividido pelo número de
pontos de contagem (ALEIXO & VIELLIARD, 1995).
Espécies registradas durante as contagens além do raio pré-estabelecido, assim como as
espécies registradas ocasionalmente (ad libitum) durante todo o período de amostragem
foram classificadas quanto à fitofisionomia utilizada (florestal ou campestre) para
posteriores análises de riqueza.
A
sequência
taxonômica
segue
o
COMITÊ
BRASILEIRO
DE
REGISTROS
ORNITOLÓGICOS (CBRO, 2008) e os nomes populares seguem BENCKE (2001).
Espécies ameaçadas de extinção foram consideradas nos níveis regional (FONTANA et
al., 2003), nacional (SILVEIRA & STRAUBE, 2008) e global (IUCN, 2010). Alterações nos
nomes científicos apresentadas pelo CBRO (2009, 2010) foram adotadas no presente
relatório.
Mamíferos
O monitoramento da fauna de mamíferos foi conduzido através de metodologias variadas,
de maneira a contemplar a variação de tamanho corpóreo, os diferentes hábitos de vida e
as preferências de hábitats dos mamíferos não-voadores com ocorrência confirmada e
potencial para a região de amostragem. A escolha dos pontos foi direcionada às novas
APP locais e áreas localizadas acima da cota de inundação (tabela 7). Os locais
representam a fitofisionomia típica da área de interesse, na qual formações campestres
18
estão entremeadas por capões de mata fortemente alterados por décadas de atividades
rurais (agricultura e pecuária) intensivas.
Tabela 7. Coordenadas em graus decimais (datum SAD69) dos pontos de amostragem de
mamíferos não-voadores na área de influência da UHE São José, rio Ijuí, durante a primeira
campanha de monitoramento pós-enchimento realizada em março de 2011.
Ponto
Coordenadas geográficas
LAT
LONG
MAM1
-28.181.428
-54.739.547
MAM2
-28.196.277
-54.758.524
MAM3
-28.184.415
-54.777.602
MAM4
-28.177.987
-54.760.230
MAM5
-28.169.712
-54.775.095
MAM6
-28.242.579
-54.779.810
MAM7
-28.238.921
-54.777.940
De maneira geral, a nomenclatura e a ordenação taxonômica para todas as espécies
citadas seguem WILSON & REEDER (2005), sendo as exceções discutidas ao longo dos
resultados. Os nomes populares estão listados conforme SILVA (1994) ou traduzidos de
ACHAVAL et al. (2007). Os níveis de ameaça regional seguem as listas vermelhas
compiladas por FONTANA et al. (2003), além da avaliação nacional de acordo com
CHIARELLO et al. (2008).
Mamíferos de Médio e Grande Porte (>1kg)
As espécies de mamíferos de médio e grande porte foram registradas por determinação
direta e indireta. Três métodos foram aplicados entre os pontos. Os registros ocasionais
são apresentados separadamente.
- Busca por vestígios (determinação indireta): O método consistiu no uso de transectos
lineares com distância pré-estabelecida de 500 m entre o ponto inicial e final. Cada
percurso foi efetivado durante o dia visando à busca por pegadas, marcas e padrão de
mordidas em frutos secos, marcas odoríferas, tocas escavadas e fezes segundo BECKER
& DALPONTE (1991). O esforço amostral para este método foi de seis transectos lineares
totalizando três quilômetros percorridos pelas margens do reservatório e fragmentos
florestais acima da cota de inundação (pontos centrais MAM1 à MAM6).
19
- Armadilhas fotográficas (determinação direta): Foram instaladas quatro unidades em
pontos estratégicos como estradas abandonadas, trilhos na mata, acessos a corpos
d’água e em locais onde se verificou a presença de indícios indiretos como tocas,
pegadas, latrinas e restos de alimentação. Os equipamentos foram instalados a uma
distância mínima de 500 m entre cada unidade amostral. O esforço amostral total
investido para este método foi de 16 armadilhas/24h (pontos MAM3 à MAM6).
- Contato visual (determinação direta): As estradas vicinais localizadas ao longo do
reservatório foram amostradas através de transectos não-lineares realizados durante a
noite. Os percursos foram realizados com automóvel e farol de milha (1.000.000 velas), a
uma velocidade máxima de 50 km/h, totalizando aproximadamente 80 km percorridos.
Adicionalmente foram realizados percursos diurnos entre os trevos de acesso ao
município de Cerro Largo e ao canteiro de obras da UHE São José (BR-392), visando o
registro de espécimes atropelados entre as coordenadas geográficas (datum SAD69) 28.127892 /-54.814526 e -28.125642 / -54.726175.
A frequência de ocorrência (FO) de mamíferos de médio e grande porte foi calculada
através da presença/ausência das espécies nos pontos de amostragem (pontos MAM1 à
MAM6). Considera-se a razão entre o número de pontos em que a espécie foi registrada e
o total de pontos amostrados. Foram consideradas “ocasionais” as espécies com
ocorrência em 20% dos pontos; “incomum” entre 21-40%; “comum”, entre 41-60%;
“frequente”, entre 61-80%; e “abundante”, entre 81-100%. Vale ressaltar que os métodos
aplicados excluem grande parte dos pequenos mamíferos, aos quais foram aplicados
métodos direcionados e em pontos restritos.
Mamíferos de Pequeno Porte (≤ 1kg)
Foi priorizado o monitoramento de espécies não-voadoras através de captura com
armadilha não-letal, busca ativa e análise de egagrópilos de corujas. A seguir são
descritos os métodos aplicados.
- Armadilhas não-letais: Foram utilizadas armadilhas modelo Sherman (9x9x24cm) e
Tomahawk (12x12x30cm) distribuídas igualmente entre os pontos MAM4, MAM5 e MAM6,
totalizando um esforço amostral de 300 armadilhas-noite. As armadilhas foram dispostas
em transectos com 10 metros entre cada unidade amostral, instaladas no final da tarde e
revisadas pela manhã, de acordo com metodologia descrita em VOSS & EMMONS
20
(1996). A fim de contemplar todo o aspecto trófico do grupo em questão, as iscas
oferecidas variaram entre uma combinação de frutas, pasta de amendoim e óleo de peixe.
- Busca ativa: A busca foi executada com o objetivo principal de localizar indícios diretos e
indiretos de pequenos roedores e marsupiais cujo hábito alimentar ou locomotor torna a
captura em armadilhas um evento raro. A preá (Cavia spp), o serelepe (Guerlinguetus
ingrami), os ratos de espinhos (Echimyidae) e os tuco-tucos (Ctenomyidae) são espécies
alvo, porém todos os registros de pequenos mamíferos obtidos durante a execução deste
método serão considerados como resultantes da busca ativa.
- Exame de egagrópilos de coruja-de-igreja (Tyto alba): Inventários de pequenos
mamíferos utilizando armadilhas não-letais complementados com a análise de
egagrópilos de aves de rapina são amplamente discutidos em SCHEIBLER &
CHRISTOFF (2007). Neste caso, um abrigo de coruja-de-igreja (Tyto alba) localizado em
MAM7 foi vistoriado visando à coleta de pelotas de regurgitação e restos de presas nãoingeridas. O material foi analisado em laboratório e a identificação dos fragmentos de
crânios, mandíbulas e séries molares encontrados ocorreu segundo comparação com o
material ósseo colecionado pelo Museu de Ciências Naturais da Universidade Luterana
do Brasil (MCNU).
3. Resultados
Insetos vetores
Como mostra a tabela 8, o monitoramento de artrópodos de interesse médico da área de
influência da UHE São José resultou na coleta de 1496 indivíduos (fêmeas) pertencentes
ao Filo Arthropoda, Classe Insecta, Ordem Diptera, Família Culicidae. Não foram
coletados indivíduos com a técnica de arrasto.
Dois gêneros totalizaram 98% dos indivíduos coletados, sendo respectivamente o gênero
Psorophora, com frequência igual a 0,7286 e o gênero Aedes, com frequência igual a
0,2527. Os outros 2% são compostos por insetos do gênero Culex, Mansonia e
Anopheles.
Tabela 8. Relação do número de mosquitos de cada gênero coletados em cada estação amostral.
21
Família
Subfamília
Tribo
Gênero
EA1
EA2
EA3
EA4
Total
Freq.
Culicidae
Culicinae
Aedini
Aedes
11
367
-
-
378
0,2527
Aedini
Psorophora
5
1085
-
-
1090
0,7286
Culicini
Culex
3
-
11
-
14
0,0094
Mansonini
Mansonia
-
-
-
5
5
0,0033
Anopheles
2
3
4
-
9
0,0060
21
1455
15
5
1496
1,0000
Anophelinae
TOTAL
Chamou atenção o elevado número de indivíduos dos gêneros Psorophora e Aedes
coletados na EA2, principalmente no período diurno (tabela 9). Durante as quatro horas
da amostragem diurna, 1098 mosquitos foram coletados, o que representa um índice de
picada/homem/hora de 274,5.
Tabela 9. Relação de espécimes coletados de cada gênero na EA2.
EA2
Total
Gênero
Coleta diurna
Coleta noturna
(9h – 13h)
(19h- 23h)
Nº indivíduos
IPHH*
Nº indivíduos
IPHH*
Aedes
231
57,75
136
34
Psorophora
867
216,75
218
54,5
Anopheles
0
0
3
0,75
1098
274,5
357
89,25
* IPHH - Índice de picada/homem/hora, é o número de mosquitos coletados utilizando-se isca humana,
dividido pelo número de capturadores e o número de horas.
Essa densidade exagerada de mosquitos no EA2 provavelmente está vinculada a alguma
modificação do ambiente provocada pelo enchimento da barragem. Segundo FERRETE
et al. (2004), a formação do lago proporciona o aumento de criadouros nas águas rasas,
sombreadas e sem correnteza, nas margens, entre as macrófitas e nas poças
permanentes. O surgimento desses novos criadouros deve ter interferido no ciclo de vida
22
dos gêneros Aedes e Psorophora, que têm o habito de ovopositar em coleções hídricas
no solo.
Duas espécies de Psorophora ocorrentes no Rio Grande do Sul se relacionam à
transmissão de arboviroses, são elas: Psorophora ferox, que é considerada vetora ou
potencial vetora do Vírus do Nilo, Vírus do Rocio, Vírus Una e Vírus do Nilo Ocidental; e
Psorophora ciliata, que se relaciona ao Vírus do Nilo (CARDOSO et al., 2010). Contudo,
pode-se dizer que nenhum exemplar dessas espécies esteve presente em alguma das
coletas. Os insetos desse gênero possuem hábito hematófago agressivo e suas picadas
são bastante dolorosas (CONSOLI & OLIVEIRA, 1998). Somando isso ao fato de estarem
presentes em grande quantidade, representando um índice de picada/homem/hora de
216,75 (tabela 9), acabam provocando um incômodo grande o suficiente para tornar o
local impróprio para a presença humana.
Os mosquitos do gênero Aedes que possuem relevância epidemiológica estão agrupados
nos subgêneros Stegomyia e Ochlerotatus. Desses, o Stegomyia é o mais importante na
área do empreendimento, pois reúne as espécies Aedes aegypti e A. albopictus. O A.
aegypti é o principal vetor da dengue e da febre amarela urbana no Brasil e o A.
albopictus é vetor potencial da dengue e da febre amarela silvestre (BORGES, 2001).
Entretanto, pode-se afirmar que nenhum dos indivíduos coletados do gênero Aedes
pertence a essas espécies, que são de fácil identificação.
Por outro lado, o subgênero Ochlerotatus possui relevância mais restrita que o outro
supracitado. CARDOSO et al. (2005) aponta a ocorrência de seis espécies de
Ochlerotatus no Rio Grande do Sul. Dessas, apenas três se relacionam a algum tipo de
moléstia: A. fluviatilis, que se infecta com o Plasmodium gallinaceum, produzindo
considerável quantidade de esporozoítos infectantes e infecta-se experimentalmente com
o vírus da febre amarela e Dirofilaria immitis; A. scapularis, que é suspeito de ser vetor da
febre amarela, dengue e outros arbovírus, atua também como vetor secundário da
Wuchereria bancrofti; e A. serratus, que é suspeito de ser transmissor de arbovírus.
O gênero Culex possui importância epidemiológica por ser relacionado à transmissão da
filariose e diversas arboviroses. A identificação das espécies do gênero Culex é dificultada
pelo grande número de espécies reunidas neste gênero e a falta de chaves de
identificação confiáveis (CONSOLI & OLIVEIRA, 1998). Entretanto, CARDOSO et al.
(2005) relaciona para a região das Missões a ocorrência do Culex quinquefasciatus e do
23
C.
ribeirensis. Destes, somente
C.
quinquefasciatus
possui
maior
importância
epidemiológica por ser o vetor primário e principal da filariose bancroftiana no Brasil e
também por arboviroses no meio rural e urbano (CONSOLI & OLIVEIRA,1998).
Todos os anofelíneos coletados pertencem ao subgênero Nyssorhynchus, que constitui o
grupo que encerra o maior número de vetores principais ou auxiliares da malária
(FORATTINI, 1993), sendo o Anopheles darlingi o maior vetor desta enfermidade no
Brasil (CONSOLI & OLIVEIRA, 1998). CARDOSO et al. (2004) relata a ocorrência das
espécies Anopheles albitarsis, A. parvus, A. strodei e A. triannulatus para a região das
Missões. Destas espécies, destacam-se com alguma relevância epidemiológica as
espécies A. albitarsis, A. strodei e A. triannulatus por terem sido, em algum momento,
encontradas naturalmente infectadas em alguma área endêmica de malária (CONSOLI &
OLIVEIRA,1998).
Os mosquitos do gênero Mansonia utilizam o parênquima aerífero de algumas macrófitas,
como as dos gêneros Eichornia, Pistia, Salvinia e Typha, durante o seu desenvolvimento
larval. Em várias situações já foi possível relacionar a explosão populacional de
macrófitas e mosquitos do gênero Mansonia. O caso mais conhecido foi o do reservatório
Tucuruí (Estado do Pará) onde foi registrado índice médio de picada/homem/hora de 612
mosquitos por TADEI (1996). Apesar de não serem vetores de patógenos no Brasil,
quando apresentam uma densidade exagerada causam grande incômodo à população
humana e animal.
Existe a possibilidade de os mosquitos dos gêneros Mansonia e Anopheles serem
favorecidos com desenvolvimento de macrófitas, podendo até virar praga, como
aconteceu em Tucuruí. Por isso deve ser dada atenção especial ao desenvolvimento de
macrófitas ao longo da represa, especialmente na região da EA4, onde foi evidência a
presença do gênero Mansonia.
A alta densidade de mosquitos do gênero Psorophora e Aedes na EA2 e a presença de
mosquitos Mansonia e Anopheles merecem atenção especial. Os mosquitos Psorophora
e Aedes encontrados na EA2 não representam motivo para alarde, em termos
epidemiológicos. Entretanto, a alta densidade apresentada, somada ao seu hábito
agressivo, podem causar muito incômodo, podendo até tornar locais inadequados à
habitação humana.
24
Existem habitações humanas relativamente próximas da EA2, como mostra a figura 10,
que podem ser severamente afetadas pela migração ou dispersão desses mosquitos. Isso
torna relevante conhecer melhor a distribuição desses dois gêneros nas proximidades da
EA2, intensificando o monitoramento nessa região. Em virtude disso, sugere-se que a
partir da próxima campanha dois novos pontos de amostragem sejam incluídos no
monitoramento, de acordo com a localização assinalada na figura 10.
Figura 10. Imagem de satélite mostrando a localização dos novos pontos de monitoramento
sugeridos na região da EA2. Coordenadas em graus decimais dos pontos (datum SAD69): 28.17898 / -54.77898 e -28.19065 / -54.76787. Fonte: Google Earth.
Anfíbios
Ao longo das amostragens foram registradas 13 espécies de anfíbios anuros,
pertencentes
a
cinco
diferentes
famílias
(tabela
10): Dendropsophus
minutus,
Dendropsophus sanborni, Hypsiboas faber, Scinax cf. berthae, Scinax fuscovarius (figura
11) e Scinax squalirostris, da família Hylidae; Leptodactylus fuscus, Leptodactylus gracilis
e Leptodactylus latrans (figura 12), da família Leptodactylidae; Pseudopaludicola falcipes,
25
da família Leiuperidae; Rhinella icterica e Rhinella schneideri, da família Bufonidae e
Elachistocleis bicolor, da família Microhylidae.
Tabela 10. Espécies de anfíbios registradas durante a primeira campanha da fauna terrestre
durante o monitoramento pós-enchimento, realizada entre os dias 14 e 18 de março de 2011 na
área de influência da UHE São José, no rio Ijuí.
Táxon 1
Nome comum
Método de registro
(número de indivíduos)
ANURA
HYLIDAE
perereca-guria
AST (2)
Dendropsophus
sanborni
perereca
VES (2)
Hypsiboas faber
sapo-ferreiro
AST (2)
Scinax cf. berthae
perereca
AST (2)
Scinax fuscovarius
perereca-de-banheiro
VES (9)
Scinax squalirostris
perereca-nariguda
AST (3), VES (2)
Leptodactylus fuscus
rã-assobiadora
VES (2)
Leptodactylus gracilis
rã-saltadora
VES (1)
Leptodactylus latrans *
rã-crioula
VES (17)
rã
AST (1)
Rhinella icterica
sapo-cururu
RO (2)
Rhinella schneideri
sapo-cururu
RO (2)
sapinho-guarda
VES (1)
Dendropsophus minutus
LEPTODACTYLIDAE
LEIUPERIDAE
Pseudopaludicola
falcipes
BUFONIDAE
MICROHYLIDAE
Elachistocleis bicolor
1
Segundo FROST (2011) e SBH (2010).
* Espécie antigamente tratada como Leptodactylus ocellatus.
Legenda: AST = método das transecções auditivas; VES = levantamento por encontros visuais; RO =
registros ocasionais.
26
Figura 11. Indivíduo de perereca-de-banheiro (Scinax fuscovarius) registrado durante a sétima
campanha de monitoramento da fauna de anfíbios na área de influência da UHE São José, no rio
Ijuí, realizada entre os dias 14 e 18 de março de 2011.
Figura 12. Indivíduo jovem de rã-crioula (Leptodactylus latrans) registrado durante a sétima
campanha de monitoramento da fauna de anfíbios na área de influência da UHE São José, no rio
Ijuí, realizada entre os dias 14 e 18 de março de 2011.
Considerando-se os cinco dias de amostragem, a curva de acumulação de espécies não
apresentou tendência à estabilização, apresentando novos registros em praticamente
27
todo o período de estudo (figura 13). Das metodologias de amostragem utilizadas, a que
apresentou maior eficiência de registros foi o levantamento por encontros visuais (VES),
que permitiu o registro de sete espécies (sendo seis exclusivamente através desse
método) e 34 encontros. Após, aparece o método das transecções auditivas (AST), que
possibilitou o registro de cinco espécies (sendo quatro exclusivamente dessa forma) e dez
encontros. Por fim, os registros ocasionais (RO) permitiram o encontro de duas espécies
(quatro indivíduos visualizados), ambas exclusivamente dessa forma.
Todas as espécies encontradas durante o presente estudo podem ser consideradas
comuns naquela região do Estado e já apresentaram registros nas campanhas de
monitoramento anteriormente realizadas na área de influência da UHE São José. Aqui, no
entanto, vale salientar a mudança na nomenclatura da espécie antigamente tratada como
Leptodactylus ocellatus (rã-crioula), que desde 2010 passou a ser reconhecida como
Leptodactylus latrans. Trata-se de uma espécie bastante comum no Rio Grande do Sul,
que já foi registrada em seis das sete campanhas de monitoramentos e que durante o
presente estudo foi a mais abundante, com 17 encontros realizados.
Ao longo das seis campanhas realizadas antes do enchimento do reservatório, foram
registradas 21 espécies de anfíbios nas áreas de influência da UHE São José. Durante o
presente estudo, apesar de terem sido encontradas 13 espécies (riqueza não muito
diferente daquelas observadas nas outras campanhas; figura 14), chama a atenção a
baixa abundância de indivíduos registrados. Apenas dez indivíduos foram encontrados em
atividade de vocalização, enquanto que apenas outros 34 foram visualizados ao longo dos
cinco dias de estudo. Tal fato pode estar relacionado às condições ambientais ocorrentes
durante o período, com noites frescas, com vento e presença de lua cheia. Além disso, a
presente época do ano coincide com o final do período reprodutivo da maioria das
espécies com ocorrência confirmada para a região, o que torna o encontro de anfíbios
mais difícil do que nos meses de primavera e início do verão. Ainda assim, é possível que
as alterações provocadas pelo enchimento do reservatório (sobretudo nos pontos P1 e
P4) possam ter alguma influência na diminuição de registros nesses pontos. As espécies
normalmente registradas nesses locais apresentavam hábitos sobretudo florestais, com
migração para o sítio reprodutivo nas épocas de acasalamento. Com a supressão da
vegetação e a perda de hábitat causadas pela formação do lago, é possível que esses
animais tenham se deslocado para outras escassas áreas florestais do entorno. No
28
entanto, apenas a sequência de amostragens poderá indicar a influência da instalação da
UHE São José sobre a fauna de anfíbios da região.
Número de espécies registradas
15
12
9
6
3
0
14/3/2011
15/3/2011
16/3/2011
17/3/2011
18/3/2011
Dias
GERAL
AST
VES
RO
Figura 13. Curvas de acúmulo de espécies de anfíbios (geral e por método) calculadas a partir dos
dados obtidos durante a primeira campanha de monitoramento da fauna terrestre pós-enchimento,
realizada entre os dias 14 e 18 de março de 2011 na área de influência da UHE São José, no rio
Ijuí. (AST = método das transecções auditivas; VES = levantamento por encontros visuais; RO =
registros ocasionais).
29
21
Número de espécies registradas
18
15
12
9
6
3
0
1ª PRÉ (m ai/2008) 2ª PRÉ (ago/2008) 3ª PRÉ (nov/2008) 4ª PRÉ (fev/2009) 5ª PRÉ (jun/2009) 6ª PRÉ (ago/2009) 1ª PÓS (mar/2011)
Campanhas
espécies por campanha
curva de acúmulo espécies
Figura 14. Curvas de acúmulo de espécies de anuros calculadas a partir dos dados obtidos
durante as sete campanhas de monitoramento da fauna terrestre realizadas (pré e pósenchimento) na área de influência da UHE São José, no rio Ijuí.
Répteis
Nesta campanha, no total dos métodos aplicados, foram registradas sete espécies de
escamados, sendo uma espécie de cobra-cega (Amphisbaena sp, n=7), duas espécies de
lagartos teídeos, a lagartixa-verde (Teius oculatus, n=7) e o lagarto-do-papo-amarelo
(Tupinambis merianae, n=1), uma espécie de sincídeo (Mabuya sp., n=2) e três espécies
de serpentes: uma da família Dipsadidae, dormideira (Sibynomorphus ventrimaculatus,
n=1); uma da família Elapidae, a cobra-coral (Micrurus sp., n=1); e uma serpente da
família Viperidae, a jararaca-pintada (Bothropoides diporus n=1). Os resultados obtidos
são sumarizados na tabela 11.
Tabela 11. Espécies de répteis registradas nas áreas de influência da PCH São José, no rio Ijuí,
durante a sétima campanha de monitoramento da fauna terrestre no período pós-enchimento do
reservatório, realizada entre os dias 14 a 18 de março de 2011.
Tipo de registro (número
Pontos de
ORDEM / FAMÍLIA / Espécie 1 Nome comum
de indivíduos)
amostragem
REPTILIA
AMPHISBAENIDAE
Amphisbaena sp
cobra-cega
PA (7)
T7
30
ORDEM / FAMÍLIA / Espécie 1
Nome comum
Tipo de registro (número
Pontos de
de indivíduos)
amostragem
PA (7)
T1, T7, T10
TEIIDAE
Teius oculatus
Tupinambis merianae
lagartixa-verde
lagarto-do-
T1
papo-amarelo
PA (1)
scinco
PA (2)
SCINCIDAE
Mabuya sp.
T7
DIPSADIDAE
Sibynomorphus
ventrimaculatus
dormideira
T4
EO (1)
ELAPIDAE
Micrurus sp.
cobra-coral
PA (1)
T1
VIPERIDAE
Bothropoides diporus
jararacapintada
T4
EO (1)
Legenda: PA = procura ativa; EO = encontro ocasional.
Com base no esforço de captura despendido e no número total de exemplares
encontrados pelo método de PA obteve-se uma taxa de captura de 0,19 escamados/horahomem ou, aproximadamente, um escamado a cada 5,33 horas de procura ativa. Os
lagartos teídeos foram registrados com maior representatividade, correspondendo a uma
taxa de captura de 0,08 teídeos hora/homem ou, aproximadamente, um teídeo a cada 12
horas de procura ativa. A taxa de captura obtida para os escamados na presente
campanha pode ser considerada semelhante à realizada no verão de 2009, quando se
registrou 0,16 escamados/hora-homem.
Duas espécies foram registradas através do método EO, a jararaca-pintada (Bothropoides
diporus) e a dormideira (Sibynomorphus ventrimaculatus). Um indivíduo de cada espécie
foi registrado em deslocamento pelos acessos locais na área de influência da presente
UHE. Isso pode refletir o período em que se realizou a amostragem, uma vez que as altas
temperaturas ocorrentes no verão favorecem a atividade dos répteis.
A lagartixa-verde (Teius oculatus –figura 15) é uma espécie ocorrente em ambientes
abertos de vegetação rala (ACHAVAL & OLMOS, 2007), e apresenta atividade
marcadamente sazonal, estando em atividade nos períodos de temperaturas mais
elevadas, e inativos nos períodos de frio (CAPPELLARI et al., 2007), o que significa que
31
há possibilidade de não serem encontrados nas campanhas de monitoramento
subsequentes.
Figura 15. Lagartixa-verde (Teius oculatus) registrada na área de influência da UHE São José.
Março de 2011.
O lagarto-do-papo-amarelo (Tupinambis merianae) é bastante comum em todo o território
do Rio Grande do Sul, e é considerado um réptil com grande tolerância a alterações por
uso humano, ocupando áreas de lavouras e arredores de residências, entre outros
ambientes antropizados.
Dentre as três serpentes registradas, duas delas – a coral (Micrurus sp.) e a jararacapintada (Bothropoides diporus – figura 16) são de grande interesse médico por serem
causadores de acidentes ofídicos. A primeira causa uma porcentagem pouco
representativa de acidentes em território brasileiro, a segunda, entretanto, é pertencente à
família responsável por causar mais de 90% dos acidentes ofídicos anuais (MALGAREJO,
2003).
32
Figura 16. Jararaca-pintada (Bothropoides diporus) flagrada deslocando-se por via de
acesso à área da UHE São José.
O terceiro ofídio registrado, a dormideira (Sibynomorphus neuwiedi), ilustrada na figura
17, é uma serpente de pequeno porte (GIRAUDO, 2001) que se alimenta de moluscos,
em especial lesmas (LEMA, 2002). As dormideiras apresentam tolerância a ambientes
alterados por ações antrópicas; WINCK et al. (2007) observaram um leve aumento no
número destes indivíduos após a ação de queimadas e plantação numa área de campo
no centro do Estado.
33
Figura 17. Indivíduo Sibynomorphus ventrimaculatus, serpente popularmente conhecida como
dormideira, registrada através de encontro ocasional (EO) na primeira campanha de monitoramento pósenchimento da UHE São José.
As anfisbenas (representadas aqui por Amphisbaena sp.) são animais de hábitos
fossoriais que realizam migrações verticais nas camadas do solo conforme as
temperaturas ambientais, buscando um ideal térmico para termorregulação. Além disso,
podem buscar a superfície quando do inundamento das galerias que ocupam em virtude
de fortes chuvas. Isso pode fazer com que estejam ativas, mas não sejam registradas em
algumas ocasiões por estarem em camadas mais inferiores do solo.
Nenhuma das espécies obtidas foi merecedora de especial destaque, uma vez que são
consideradas comuns na região e não figuram em listas de espécies ameaçadas. Todos
os répteis aqui registrados já haviam sido registrados nas atividades pré-enchimento
(tabela 12), não havendo assim o acréscimo de espécies de répteis na área de influência
da UHE São José.
Sendo esta a primeira campanha de monitoramento pós-enchimento do reservatório,
considera-se esta caracterização incipiente para que se realizem inferências sobre a
influência desta alteração na fisionomia da área.
Tabela 12. Espécies de répteis registradas na área de influência da UHE São José, somando os
dados das campanhas de monitoramento e os resgates de fauna realizados. Legenda: C1 =
primeira campanha de monitoramento de fauna terrestre; C2 = segunda campanha de
monitoramento de fauna terrestre; C3 = terceria campanha de monitoramento de fauna terrestre;
C4 = quarta campanha de monitoramento de fauna terrestre; C5 = quinta campanha de
monitoramento de fauna terrestre; C6 = sexta campanha de monitoramento de fauna terrestre; C7
= sétima campanha de monitoramento de fauna terrestre, primeira pós –enchimento; R = resgates
de fauna.
ORDEM / FAMÍLIA / Espécie
Nome popular
Tipo de registro (nº de indivíduos)
REPTILIA
AMPHISBAENIDAE
Amphisbaena darwini
cobra-cega
C1 (3) C2 (2)
Amphisbaena sp.
cobra-cega
C3 (5) C4 (3) C5 (5) C6(16) R(2)
papa-vento
R (9)
LEIOSAURIDAE
Anisolepis grilli
TEIIDAE
Teius oculatus
Tupinambis merianae
lagartixa-verde
C2 (1) C3 (4) C4 (3) C6 (1) C7 (7)
R(1)
lagarto-do-papoamarelo
C1 (2), C3 (5), C4 (2) C5 (1) C7 (7)
34
ORDEM / FAMÍLIA / Espécie
Nome popular
Tipo de registro (nº de indivíduos)
scinco
C7 (1)
scinco-cinzento
C3 (2)
cobra-cega-preta
C5 (1)
Chironius bicarinatus
cobra-cipó
C3 (1) R(1)
Chironius sp. *
cobra-cipó
R (1)
jararaca-do-banhado
R (1)
Atractus sp.
cobra-da-terra
C1 (4) R (8) C3 (1) C4 (1) C6 (1)
Atractus reticulatus
cobra-da-terra
C6 (1)
Helicops infrataeniatus
cobra-da-água
C4 (1)
Helicops sp. *
cobra-da-água
C2 (1)
Liophis cf. poecilogyrus
cobra-verde-do-capim
C2 (5) C3 (1) C4 (2), C6 (1)
Liophis semiaureus
cobra-d’água-marrom
C3 (1), C4 (1) R(1)
Oxyrhopus rhombifer
falsa-coral
C2 (1), R (2)
Philodryas olfersii
cobra-cipó
C1 (2) C2 (1) R (7) C4 (1)
Philodryas patagoniensis
papa-pinto
C2 (1) C3 (1)
Sibynomorphus ventrimaculatus
dormideira
R (1) C1 (1) C6 (2) C7 (1)
Thamnodynastes cf. strigatus
corredeira
R (2)
cobra-espada
R (6)
Micrurus sp. *
cobra-coral
C7 (1)
Micrurus altirostris
cobra-coral
R (3)
Bothrops alternatus
cruzeira
R (3)
Bothrops diporus
jararaca
R (2) C3 (2) C5 (1) C6 (1) C7 (1)
Bothrops sp.
jararaca
R (8)
jararaca-pintada
C3(1)
SCINCIDAE
Mabuya sp.*
Mabuya frenata
ANOMALEPIDAE
Liotyphlops beui
COLUBRIDAE
Mastigodryas bifossatus
DIPSADIDAE
Tomodom dorsatus
ELAPIDAE
VIPERIDAE
Bothrops pubescens
*: Espécimes visualizados rapidamente, o que não permitiu realizar uma análise pormenorizada para
determinar a espécie.
Aves
35
Durante a primeira campanha do período de pós-enchimento do reservatório na área de
influência da UHE São José foram registradas 103 espécies de aves (tabela 13). Dessas,
48 foram verificadas utilizando as áreas de floresta e 54 ocupando as áreas campestres.
Outras cinco espécies foram apenas observadas realizando sobrevoos na área de
influência do empreendimento.
Quatro espécies não foram registradas nas campanhas anteriores do monitoramento,
assim como nos estudos para a elaboração do EIA/RIMA (GEOLINKS, 2005) –
considerando nesse estudo apenas as espécies registradas nos pontos mais próximos da
área da UHE São José (pontos 1 a 4), são elas: a biguatinga (Anhinga anhinga), a
saracura-do-banhado (Aramides saracura), a tesoura-do-brejo (Gubernetes yetapa) e o
tico-tico-do-banhado (Donacospiza albifrons) (tabela 13).
Três dessas espécies têm alguma relação com os ambientes aquáticos, como a
biguatinga (A. anhinga), espécie residente incomum de lagos e banhados com arbustos,
tocos, postes e outros poleiros, sendo rara na orla marítima (BELTON, 1994; SIGRIST,
2009). Esta espécie tem sua área de distribuição no Rio Grande do Sul ao longo da
Depressão Central, ponta Oeste e raramente em vales que cortam o Planalto, não sendo
conhecida sua ocorrência para a região amostrada (BELTON, 1994). Cabe destacar que
na presente campanha seis indivíduos foram observados empoleirados em árvores secas
localizadas dentro do reservatório da UHE São José.
Já a saracura-do-banhado (A. saracura) e o tico-tico-do-banhado (D. albifrons) são
consideradas espécies comuns e amplamente distribuídas no Estado, mas cabe ressaltar
que o tico-tico-do-banhado não apresenta ocorrência na região amostrada (BELTON,
1994).
A última espécie registrada apenas na presente campanha é o tesoura-do-brejo (G.
yetapa; figura 18), registrada no Rio Grande do Sul apenas em 1973. Desde então essa
espécie foi observada poucas vezes, sendo sempre registrada em áreas abertas com
banhados, ao longo de riachos e áreas com capim ou arbustos (BELTON, 1994; BENCKE
et al., 2003) além do registro de indivíduos observados alimentando-se em lavouras de
soja (obs. pess.). No Estado sua área de distribuição está restrita ao planalto das
Missões, sendo que seu status de conservação no Estado não pode ser avaliado devido a
falta de informação sobre essa espécie, sendo considerado como espécie com dados
insuficientes em BENCKE et al. (2003). Na presente campanha apenas um indivíduo foi
36
visto e fotografado junto à área do reservatório pela equipe de monitoramento da
mastofauna, sendo possível uma posterior confirmação da espécie.
Figura 18. Indivíduo de tesoura-do-brejo (Gubernetes yetapa) fotografado na área de influência da
UHE São José no rio Ijuí, durante a 1ª campanha de monitoramento da avifauna no período de
pós-enchimento do reservatório, realizada entre os dias 14 e 18 de março de 2011 (Foto: Paulo
Ricardo Roth).
Outra espécie listada entre as espécies com dados insuficientes no Livro Vermelho da
Fauna Ameaçada de Extinção no Rio Grande do Sul (BENCKE et al., 2003) é a saíra-dechapéu-preto (Nemosia pileata), também registrada na presente campanha, assim como
em algumas das campanhas anteriores ao enchimento. Essa espécie apresenta seus
registros distribuídos em três localidades do extremo norte e noroeste do Estado
(BENCKE et al., 2003; BELTON, 1994). Na presente campanha indivíduos foram
observados junto às áreas florestadas, sendo no máximo de três indivíduos observados,
nessa ocasião dois adultos foram observados alimentando um indivíduo juvenil,
comprovando sua reprodução na região.
Entre as espécies registradas na presente campanha, duas encontram-se ameaçadas de
extinção no Rio Grande do Sul (FONTANA et al. 2003), são elas:
Pica-pau-de-banda-branca (Dryocopus lineatus): Enquadrado na categoria Vulnerável,
segundo BENCKE et al. (2003). Esta espécie florestal foi também registrada durante as
37
amostragens realizadas na 1ª, 3ª e 6ª campanhas, todas realizadas no período préenchimento do reservatório em porções florestais localizadas em áreas que foram
alagadas e em áreas que permaneceram. Na presente campanha essa espécie foi
detectada em área florestal situada próxima ao reservatório, na ocasião apenas um
indivíduo foi observado forrageando junto a árvores de altura elevada.
Anu-coroca (Crotophaga major): Esta espécie de cuculídeo foi enquadrada na categoria
Vulnerável no Rio Grande do Sul, sendo seus registros no Estado localizados
principalmente ao longo do rio Uruguai, em uma ampla faixa da fronteira com a Argentina
e também na bacia do rio Jacuí (BENCKE et al., 2003; BELTON, 1994). Habita a
vegetação ribeirinha de rios, banhados e lagoas (SICK, 1997), ocorrendo geralmente
onde árvores e arbustos pendem sobre águas paradas (WILLIS, 1983). Sua dieta é
variada,
consumindo
frutos,
sementes,
vermes,
pequenas
cobras,
lagartos
e
principalmente artrópodos, podendo também pescar em águas rasas e sendo atraído por
formigas-correição, capturando pequenos animais espantados por esses insetos (WIILIS,
1983; SICK, 1997). No Rio Grande do Sul, a situação de suas populações é
desconhecida, tendo seguramente sofrido um acentuado declínio ao longo de todo o rio
Uruguai, devido à eliminação de grande parte das matas ciliares (BENCKE et al., 2003).
Além deste impacto, a modificação da paisagem devido à construção de usinas
hidrelétricas podem ser as principais ameaças à espécie no Estado (BENCKE et al.,
2003), tendo sido constatado seu desaparecimento de um trecho do rio Piracicaba após a
inundação das matas ribeirinhas pela construção da represa de Barra Bonita
(MAGALHÃES, 1999). O registro de três indivíduos realizado durante a quarta campanha
do monitoramento, no período pré-enchimento do reservatório, foi feito em área florestal
que atualmente foi suprimida para formação do reservatório. Já na presente campanha o
registro de cinco indivíduos foi realizado em área de mata situada junto à área do
reservatório, sendo que o local em que os indivíduos encontravam-se estava a cerca de
150 metros do reservatório.
Tabela 13. Espécies de aves registradas durante a primeira campanha de monitoramento da fauna
terrestre na área de influência da UHE São José, durante o período de pós-enchimento do
reservatório. Legenda: SV = espécies apenas sobrevoando a área e RV = espécies se utilizando
do reservatório e o número máximo de indivíduos observados na presente campanha.
Táxon1
Nome comum2
Mata Campo SV RV
TINAMIFORMES
38
Táxon1
TINAMIDAE
Crypturellus tataupa
Nothura maculosa
ANSERIFORMES
ANATIDAE
Amazonetta brasiliensis
PODICIPEDIFORMES
PODICIPEDIDAE
Podilymbus podiceps
PELECANIFORMES
ANHINGIDAE
Anhinga anhinga #
CICONIIFORMES
ARDEIDAE
Butorides striata
Bubulcus ibis
Ardea cocoi
Ardea alba
THRESKIORNITHIDAE
Plegadis chihi
Phimosus infuscatus
CATHARTIFORMES
CATHARTIDAE
Cathartes aura
Coragyps atratus
FALCONIFORMES
ACCIPITRIDAE
Heterospizias meridionalis
FALCONIDAE
Caracara plancus
Milvago chimachima
Falco sparverius
GRUIFORMES
RALLIDAE
Aramides saracura
Pardirallus sanguinolentus #
Gallinula galeata 3
CHARADRIIFORMES
CHARADRIIDAE
Vanellus chilensis
Nome comum2
inambuxintã
Mata Campo SV RV
X
perdiz ou codorna
X
marreca-pé-vermelho
[4]
mergulhão
X
biguatinga
[6]
socozinho
garça-vaqueira
garça-moura ou socó-grande
garça-branca-grande
[1]
X
[1]
[1]
maçarico-preto
maçarico-de-cara-pelada
X
X
urubu-de-cabeça-vermelha
urubu-de-cabeça-preta
X
X
gavião-caboclo
X
caracará
carrapateiro
quiriquiri
X
X
saracura-do-brejo
saracura-do-banhado
galinhola ou frango-d'água
X
quero-quero
X
X
X
X
X
X
X
[5]
X
39
Táxon1
Nome comum2
SCOLOPACIDAE
Gallinago paraguaiae
narceja
X
jaçanã
X
rolinha-roxa
rolinha-picuí
asa-branca ou pombão
pomba-de-bando
X
X
X
X
JACANIDAE
Jacana jacana
COLUMBIFORMES
COLUMBIDAE
Columbina talpacoti
Columbina picui
Patagioenas picazuro
Zenaida auriculata
Leptotila verreauxi
PSITTACIFORMES
PSITTACIDAE
Myiopsitta monachus
CUCULIFORMES
CUCULIDAE
Piaya cayana
Crotophaga major EX
Crotophaga ani
Guira guira
STRIGIFORMES
TYTONIDAE
Tyto alba
STRIGIDAE
Athene cunicularia
CAPRIMULGIFORMES
NYCTIBIIDAE
Nyctibius griseus
CAPRIMULGIDAE
Hydropsalis torquata
APODIFORMES
APODIDAE
Chaetura meridionalis
TROCHILIDAE
Hylocharis chrysura
CORACIIFORMES
ALCEDINIDAE
Megaceryle torquata
Chloroceryle amazona
GALBULIFORMES
juriti-pupu
Mata Campo SV RV
X
X
caturrita
alma-de-gato
anu-coroca
X
X
X
anu-preto
anu-branco
X
X
coruja-de-igreja
X
coruja-do-campo
X
urutau
X
bacurau-tesoura
X
andorinhão-do-temporal
beija-flor-dourado
martim-pescador-grande
martim-pescador-verde
[2]
X
X
X
X
40
Táxon1
Nome comum2
BUCCONIDAE
Nystalus chacuru
joão-bobo
PICIFORMES
PICIDAE
Melanerpes candidus
Veniliornis spilogaster
Colaptes campestris
Dryocopus lineatus EX
PASSERIFORMES
THAMNOPHILIDAE
Thamnophilus caerulescens
Dysithamnus mentalis
FORMICARIIDAE
Chamaeza campanisona
DENDROCOLAPTIDAE
Lepidocolaptes falcinellus
FURNARIIDAE
Furnarius rufus
Mata Campo SV RV
X
pica-pau-branco
picapauzinho-verde-carijó
pica-pau-do-campo
pica-pau-de-banda-branca
X
X
choca-da-mata
choquinha-lisa
X
X
tovaca-campainha
X
arapaçu-escamoso-do-sul
X
joão-de-barro
X
X
X
Schoeniophylax phryganophilus
Synallaxis ruficapilla
Synallaxis cinerascens
Synallaxis frontalis
Certhiaxis cinnamomeus
Syndactyla rufosuperciliata
TYRANNIDAE
Poecilotriccus plumbeiceps
bichoita
pichororé
pi-puí
petrim
curutié
trepador-quiete
tororó
X
Camptostoma obsoletum
Serpophaga subcristata
Phylloscartes ventralis
Tolmomyias sulphurescens
Lathrotriccus euleri
Satrapa icterophrys
Gubernetes yetapa #
Machetornis rixosa
risadinha
alegrinho
borboletinha-do-mato
bico-chato-de-orelha-preta
enferrujado
suiriri-pequeno
tesoura-do-brejo
suiriri-cavaleiro
X
Pitangus sulphuratus
Megarynchus pitangua
Tyrannus melancholicus
Myiarchus swainsoni
TITYRIDAE
Pachyramphus polychopterus
bem-te-vi
neinei
suiriri
irré
caneleirinho-preto
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
41
Táxon1
Nome comum2
VIREONIDAE
Cyclarhis gujanensis
gente-de-fora-vem
X
gralha-picaça
X
CORVIDAE
Cyanocorax chrysops
HIRUNDINIDAE
Pygochelidon cyanoleuca
Progne tapera
TROGLODYTIDAE
Troglodytes musculus
POLIOPTILIDAE
Mata Campo SV RV
andorinha-pequena-de-casa
andorinha-do-campo
X
corruíra
X
X
Polioptila dumicola
TURDIDAE
Turdus rufiventris
Turdus leucomelas
Turdus albicollis
MIMIDAE
Mimus saturninus
THRAUPIDAE
balança-rabo-de-máscara
X
X
sabiá-laranjeira
sabiá-barranco
sabiá-coleira
X
X
X
Nemosia pileata
Lanio melanops 3
Tangara sayaca 3
Conirostrum speciosum
EMBERIZIDAE
Zonotrichia capensis
Ammodramus humeralis
Donacospiza albifrons #
saíra-de-chapéu-preto
tiê-de-topete
sanhaçu-cinzento
figuinha-de-rabo-castanho
X
X
X
X
tico-tico
tico-tico-do-campo
tico-tico-do-banhado
X
Sicalis flaveola
Sporophila caerulescens
Lanio cucullatus 3
Paroaria coronata
CARDINALIDAE
Saltator similis
PARULIDAE
Parula pitiayumi
canário-da-terra-verdadeiro
coleirinho
tico-tico-rei
cardeal
X
trinca-ferro-verdadeiro
X
mariquita
X
Geothlypis aequinoctialis
Basileuterus culicivorus
Basileuterus leucoblepharus
ICTERIDAE
Cacicus chrysopterus
Icterus cayanensis
pia-cobra
pula-pula
pula-pula-assobiador
X
X
tecelão
encontro
X
X
sabiá-do-campo
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
42
Táxon1
Nome comum2
Pseudoleistes guirahuro
Agelaioides badius
chopim-do-brejo
asa-de-telha
X
X
Sturnella superciliaris
FRINGILLIDAE
Euphonia chlorotica
polícia-inglesa
X
fim-fim
Mata Campo SV RV
X
1
Ordem taxonômica segundo CBRO (2008).
2
Segundo BENCKE (2001).
3
Espécies com nomes científicos alterados em CBRO (2009; 2010).
# = espécie ainda não registrada na área de influência da UHE São José.
Ex = Espécies ameaçadas no Rio Grande do Sul (BECKE et al. 2003).
Ao longo das sete campanhas de monitoramento já realizadas na área de influência da
UHE São José, a curva de acúmulo de espécies registradas (n=186) demonstra uma
pequena tendência de estabilização a partir da quarta campanha, mesmo com o
acréscimo de algumas espécies na presente campanha. No entanto novas espécies são
esperadas com a continuidade das amostragens, principalmente devido às alterações
ocorridas na área devido à formação do reservatório, assim como nas campanhas
realizadas na primavera, devido à chegada de espécies migratórias ao Estado (figura 19).
Figura 19. Curva de acúmulo de espécie de aves registradas ao longo de sete campanhas de
monitoramento da avifauna na área de influência da UHE São José.
43
Através da aplicação do método de pontos de escuta (n=27), 41 espécies foram
detectadas nos pontos localizados em ambientes de mata e 29 espécies foram
contabilizadas nos pontos de campo, totalizando 95 indivíduos contabilizados através
desta metodologia, o que representa uma média de 3,5 indivíduos por ponto (tabela 14).
Para facilitar as análises e tornar os dados coletados durante o período de préenchimento do reservatório, algumas medidas foram tomadas nesse relatório e deverão
ser mantidas até o término do presente monitoramento. Os pontos amostrados no período
pré-enchimento, tanto de mata como de campo foram repetidos nessa campanha, sendo
seus dados comparados aos obtidos nesses mesmos pontos e tratados como MA1 e CA1
(mata e campo). Para aumentar o número de pontos de amostragem, reduzidos devido à
inundação dos pontos de mato e campo situados no período de pré-enchimento em locais
que iriam alagar, foram escolhidos novos pontos de campo e mata em novos locais,
nomeados aqui em MA2 e CA2. Os índices de abundância pontual (IPA) foram calculados
separadamente para cada grupo de pontos (MA1 e CA1 e MA2 e CA2), assim como
apresentados de forma geral, levando em conta apenas a fitofisionomia da área do
entorno do ponto, mato ou campo.
Tabela 14. Índice de abundância para as espécies registrada nos pontos de escuta durante a
primeira campanha de monitoramento da fauna terrestre na área de influência da UHE São José,
durante o período de pós-enchimento do reservatório. Legenda: MA1 = pontos em mato
amostrados no período pré-enchimento; MA2 = pontos novos em mato; CA1 = pontos em campo
amostrados no período pré-enchimento; CA2 = pontos novos em campo; IPA = índice pontual de
abundância.
Táxon1
CICONIIFORMES
ARDEIDAE
Bubulcus ibis
THRESKIORNITHIDAE
Plegadis chihi
Phimosus infuscatus
FALCONIFORMES
FALCONIDAE
Caracara plancus
CHARADRIIFORMES
CHARADRIIDAE
Vanellus chilensis
COLUMBIFORMES
Nome vulgar2
IPA
1
MA
garça-vaqueira
2
MA
1
CA
quero-quero
GERAL GERAL
MA
CA
0,50
maçarico-preto
maçarico-de-cara-pelada
caracará
CA2
0,30
0,25
1,25
0,11
0,33
0,67 1,00
0,10
0,50
0,06
0,20
0,80
44
Táxon1
Nome vulgar2
COLUMBIDAE
Columbina talpacoti
Patagioenas picazuro
Zenaida auriculata
Leptotila verreauxi
rolinha-roxa
asa-branca ou pombão
pomba-de-bando
juriti-pupu
PSITTACIFORMES
PSITTACIDAE
Myiopsitta monachus
CUCULIFORMES
CUCULIDAE
Guira guira
PICIFORMES
PICIDAE
Veniliornis spilogaster
Colaptes campestris
Dryocopus lineatus
PASSERIFORMES
THAMNOPHILIDAE
Thamnophilus caerulescens
Dysithamnus mentalis
FORMICARIIDAE
IPA
1
MA
2
MA
1
CA
CA2
0,50
0,44 0,37 0,50 0,5
3,17 2,25
0,78 0,75
GERAL GERAL
MA
CA
0,41
0,30
0,50
2,80
0,76
caturrita
0,33
0,20
anu-branco
1,00
0,60
picapauzinho-verde-carijó 0,22
pica-pau-do-campo
pica-pau-de-banda-branca 0,11
choca-da-mata
choquinha-lisa
0,12
0,83 0,75
0,06
0,44 0,75
0,22 0,37
0,59
0,29
Chamaeza campanisona
tovaca-campainha
0,11 0,25
DENDROCOLAPTIDAE
Lepidocolaptes falcinellus
arapaçu-escamoso-do-sul
0,12
FURNARIIDAE
Furnarius rufus
joão-de-barro
0,12 0,67 0,5
Schoeniophylax phryganophilus
bichoita
0,17
Synallaxis ruficapilla
pichororé
0,33 0,37
Synallaxis cinerascens
pi-puí
0,12
trepador-quiete
Syndactyla rufosuperciliata
TYRANNIDAE
Poecilotriccus plumbeiceps
Camptostoma obsoletum
Serpophaga subcristata
Phylloscartes ventralis
Lathrotriccus euleri
Machetornis rixosa
tororó
risadinha
alegrinho
borboletinha-do-mato
enferrujado
suiriri-cavaleiro
Pitangus sulphuratus
Megarynchus pitangua
Tyrannus melancholicus
bem-te-vi
neinei
suiriri
0,80
0,18
0,06
0,06
0,35
0,06
0,33 0,12
0,24
0,11
0,11
0,06
0,06
0,25
0,25
0,12
0,11 0,12
0,60
0,10
0,10
0,10
0,06
0,12
0,17 0,25
0,20
0,33
0,60
0,11 0,25
1
0,18
0,33
0,20
45
Táxon1
Nome vulgar2
Myiarchus swainsoni
TITYRIDAE
Pachyramphus polychopterus
VIREONIDAE
Cyclarhis gujanensis
irré
CORVIDAE
Cyanocorax chrysops
HIRUNDINIDAE
Progne tapera
TROGLODYTIDAE
Troglodytes musculus
POLIOPTILIDAE
Polioptila dumicola
TURDIDAE
Turdus rufiventris
Turdus leucomelas
Turdus albicollis
MIMIDAE
Mimus saturninus
THRAUPIDAE
Nemosia pileata
3
MA
1
CA
CA2
GERAL GERAL
MA
CA
0,12
caneleirinho-preto
0,11 0,25
0,18
gente-de-fora-vem
0,12
0,06
0,44 0,37
0,41
gralha-picaça
andorinha-do-campo
corruíra
0,17
0,11 0,12 0,17 0,25
balança-rabo-de-máscara 0,11
sabiá-laranjeira
sabiá-barranco
sabiá-coleira
0,17 0,75
0,22 0,25
0,33 0,25
0,12
sabiá-do-campo
Paroaria coronata
PARULIDAE
Parula pitiayumi
Basileuterus culicivorus
Basileuterus leucoblepharus
ICTERIDAE
Icterus cayanensis
Sturnella superciliaris
cardeal
tico-tico
tico-tico-do-campo
tico-tico-do-banhado
coleirinho
mariquita
pula-pula
pula-pula-assobiador
0,12
0,20
0,06
0,40
0,24
0,29
0,06
0,20
0,12
0,06
0,12
0,12 0,33
0,12
0,06
0,06
0,06
0,25 0,50 0,5
0,17
0,50
0,33
0,12
0,50
0,10
0,30
0,20
0,12 0,17
0,06
0,10
0,67 0,37
0,44 0,37
0,67 0,5
0,53
0,41
0,59
0,12
0,06
encontro
polícia-inglesa
fim-fim
0,10
0,33
saíra-de-chapéu-preto
tiê-de-topete
sanhaçu-cinzento
figuinha-de-rabo-castanho
1
MA
2
0,25
Lanio melanops
Tangara sayaca 3
Conirostrum speciosum
EMBERIZIDAE
Zonotrichia capensis
Ammodramus humeralis
Donacospiza albifrons
Sporophila caerulescens
FRINGILLIDAE
Euphonia chlorotica
IPA
1
2,17
0,11
0,20
1,30
0,06
Ordem taxonômica segundo CBRO (2008).
46
2
3
Segundo BENCKE (2001).
Espécies com nomes científicos alterados em CBRO (2009;2010).
Considerando todos os pontos amostrados em ambientes de campo, as espécies mais
abundantes foram a pomba-de-bando (Zenaida auriculata) e o polícia-inglesa (Sturnella
superciliaris) com IPA = 2,80 e 1,30 indivíduos/ponto respectivamente. Cabe destacar que
essas espécies são comuns e/ou abundantes no Estado e possuem ampla distribuição
(BELTON, 1994), sendo que em outras campanhas anteriores também estiveram entre as
espécies mais abundantes.
Entre as espécies detectadas nos pontos localizados em ambiente florestal, as espécies
mais
abundantes
foram
a
juriti-pupu
(Leptotila
verreauxi),
com
IPA
=
0,76
indivíduos/ponto, seguida pela choca-da-mata (Thamnophilus caerulescens) e pelo pulapula-assobiador (Basileuterus leucoblepharus), ambas as espécies com IPA = 0,59
ind./ponto.
Analisando a média de indivíduos contabilizados nos pontos de mato e campo
amostrados também no período de pré-enchimento do reservatório, nota-se uma
diminuição continua ao longo das campanhas (figura 20). Na presente campanha,
primeira do período de pós-enchimento do reservatório, os números obtidos foram os
menores já registrados na área, tanto para os pontos de mato, como de campo.
Figura 20. Média de indivíduos contabilizados por ponto de escuta nas diferentes fitofisionomias
amostradas nas campanhas de monitoramento da avifauna na área de influência da UHE São
José. Legenda: MA1 = pontos em mato amostrados também no período pré-enchimento; CA1 =
pontos em campo também amostrados no período pré-enchimento.
47
Recomenda-se a continuidade do monitoramento sazonal através da utilização de
metodologias padronizadas, a fim de elucidar alterações na comunidade de aves
ocorrente na área, assim como a amostragem qualitativa, buscando o conhecimento real
da riqueza de espécies na área de influência da UHE São José.
A busca por espécies de interesse (ameaçadas de extinção ou deficientes em dados) na
área se faz necessária, recomendando-se a coleta junto ao registro de informações sobre
local do registro, números de indivíduos e comportamentos observados.
Mamíferos
Como resultado apresenta-se uma lista com 22 espécies de mamíferos não-voadores
com ocorrência confirmada para a área de influência da UHE São José. A lontra (Lontra
longicaudis) e o gato-mourisco (Puma yagouaroundi) são considerados vulneráveis a
extinção no Estado (FONTANA et al., 2003). Os murídeos (Mus musculus e Rattus rattus)
e a lebre (Lepus europaeus) representam espécies exóticas à fauna brasileira (tabela 15).
Tabela 15. Espécies de mamíferos registrados na área de influência da UHE São José, no rio Ijuí,
durante a primeira campanha de monitoramento pós-enchimento realizada em março de 2011.
Conservação
Táxon
Nome popular
Registro
RS
BR
Visual-Vestígio
NA
NA
Vestígio
NA
NA
DIDELPHIMORPHIA
DIDELPHIDAE
Didelphis albiventris
Gambá-de-orelha-branca
RODENTIA
SCIURIDAE
Guerlinguetus ingrami¹
Serelepe
CRICETIDAE
Akodon azarae
Rato-do-chão
Captura-Egagrópilo
NA
NA
Akodon montensis
Rato-do-chão
Captura
NA
NA
Calomys laucha
Camundongo
Egagrópilo
NA
NA
Oligoryzomys nigripes
Camundongo-do-mato
Egagrópilo
NA
NA
MURIDAE
48
Conservação
Táxon
Nome popular
Registro
RS
BR
Mus musculus*
Camundongo-doméstico
Egagrópilo
NA
NA
Rattus rattus*
Rato-das-casas
Egagrópilo
NA
NA
Vestígio
NA
NA
Rato-de-espinhos
Captura
NA
NA
Preá
Vestígio
NA
NA
Vestígio
NA
NA
Ouriço-cacheiro
Visual
NA
NA
Ratão-do-banhado
Visual
NA
NA
Lebre
Visual
NA
NA
Gato-mourisco
Visual
VU
NA
ECHIMYIDAE
Kannabateomys amblyonyx Rato-da-taquara
Phyllomys dasythrix
CAVIIDAE
Cavia aperea
Hydrochoerus hydrochaeris Capivara
ERETHIZONTIDAE
Sphiggurus vilossus
MYOCASTORIDAE
Myocastor coypus
LAGOMORPHA
LEPORIDAE
Lepus europaeus
CARNIVORA
FELIDAE
Puma yagouaroundi
CANIDAE
Cerdocyon thous
Graxaim-do-mato
Visual-Vestígio
NA
NA
Lycalopex gymnocercus
Graxaim-do-campo
Visual-Vestígio
NA
NA
MUSTELIDAE
Galictis cuja
Furão
Visual
NA
NA
Lontra longicaudis
Lontra
Vestígio
VU
NA
Mão-pelada
Vestígio
NA
NA
Zorrilho
vestígio
NA
NA
PROCYONIDAE
Procyon cancrivorus
MEPHITIDAE
Conepatus chinga
Legenda: RS = espécies ameaçadas no Rio Grande do Sul (FONTANA et al., 2003); BR = espécies
ameaçadas no Brasil (MACHADO et al., 2008); VU = Vulnerável; NA = Não ameaçada. ¹Segundo
classificação de ALLEN (1915) e MOORE (1959). *Espécie introduzida.
49
O rato-de-espinhos (Phyllomys dasythrix) foi o registro inédito obtido durante a primeira
campanha de monitoramento pós-enchimento do reservatório. A diversidade verificada na
campanha atual e ao longo do EIA-RIMA (GEOLINKS, 2005) e dos monitoramentos já
realizados (BIOLAW 2008; 2008b; 2009; 2009b; 2009c) possibilita contabilizar 33
espécies de mamíferos não-voadores para as áreas de influência da UHE São José. O
grande aporte de registros foi obtido durante a fase pré-enchimento (BIOLAW 2008;
2008b; 2008c; 2009; 2009b; 2009c) (figura 21). Nesta etapa foi direcionado maior esforço
amostral, além de métodos diferenciados como a análise de egagrópilos de coruja, que
contribuiu significativamente para a investigação da diversidade de mamíferos de
pequeno porte.
Gráf ico de suficiência amostral
35
s
e
i 30
c
é
p
s25
e
e
d
a
t 20
lu
o
s
b15
a
a
i
c
n10
ê
u
q
e
r 5
F
0
EIA-RIMA
Pré-enchimento
Etapas de trabalho
Campanha I pós-enchimento
Figura 21. Mamíferos não-voadores registrados durante as etapas de trabalho já realizadas nas
áreas de influência da UHE São José.
A jaguatirica (Leopardus pardalis), os cervídeos (Mazama sp.) e os bugios (Alouatta sp.)
foram os mamíferos de médio e grande porte registrados durante o EIA-RIMA
(GEOLINKS, 2005) e que continuam entre as ausências mais relevantes durante as
campanhas de monitoramento. As ocorrências destas espécies são frequentemente
relatadas por moradores locais, indicando a possibilidade de serem registradas ao longo
das futuras campanhas de monitoramento pós-enchimento do reservatório.
50
Mamíferos de Médio e Grande Porte (>1kg)
Foram registradas 12 espécies de mamíferos de médio e grande porte. Este número
representa 54,5% da riqueza total verificada em campo. Os carnívoros (Lontra longicaudis
e Puma yagouaroundi) representam as espécies ameaçadas identificadas nesta
campanha.
O gato mourisco (Puma yagouaroundi) foi registrado atropelado próximo ao trevo de
acesso ao município de Cerro Largo. Na ocasião, foi encontrado a menos de 100 metros
de distância de residências rurais, o que contribui para a má fama de ser nocivo às
criações de aves domésticas. Mesmo sem fundamentação científica, este fato resulta em
práticas de caça ilegal confirmadas através de conversas informais com moradores locais.
Este felino de pequeno porte apresenta ocorrência registrada em inúmeras localidades
próximas à área de interesse e pode ocupar hábitats variados como florestas e campos
(INDRUSIAK & EIZIRIK, 2003).
A lontra (Lontra longicaudis) teve sua ocorrência confirmada através do registro de
marcas odoríferas no ponto MAM3. Vale ressaltar a importância do registro desta espécie
ocupando o reservatório da UHE São José, visto que é considerada “vulnerável” no RS e
considerada
ameaçada
pela
construção
de
barragens
no
Estado
do
Paraná
(MARGARIDO & BRAGA, 2004). Um dos motivos alegados seria a alteração no regime
de vazão das águas e consequente alteração na composição da ictiofauna, fator
determinante para sua presença (INDRUSIAK & EIZIRIK, 2003).
A lebre (Lepus europaeus) é o lagomorfo alóctone que está amplamente distribuído no
Estado, ocupando tanto hábitats florestais quanto campestres. A espécie beneficia-se das
grandes áreas cultivadas com aveia e soja, que utiliza como recurso alimentar, e das
bordas de mata, onde encontra abrigo contra os moradores locais, únicos predadores em
potencial. Podem colocar em risco espécies nativas como o tapiti (Sylvilagus brasiliensis).
Segundo BONINO et al. (1997), este desequilíbrio resulta da redundância ecológica
ocasionada muitas vezes pela competição por recursos alimentares como acontece na
Argentina entre a lebre e a mara (Dolichotis patagonum).
As frequências de ocorrência dos táxons nos pontos amostrados destacaram o graxaimdo-mato (Cerdocyon thous) e a capivara (Hydrochoerus hydrochaeris) como espécies
“comuns” ao longo dos pontos de amostragem (FO= 50%) (tabela 16). A partir da análise
dos resultados obtidos nas campanhas sazonais realizadas previamente ao enchimento
51
do reservatório (BIOLAW 2008; 2008b; 2009; 2009b; 2009c), estas duas espécies têm
alternado suas abundâncias com o gambá-de-orelha-branca (Didelphis albiventris) e em
menor escala com a lebre (Lepus europaeus) e o tatu-galinha (Dasypus novemcinctus).
Tabela 16. Frequência de ocorrência de mamíferos não-voadores registrados através de indícios
diretos e indiretos nos pontos de amostragem (exceto MAM7). Área de influência UHE São José,
primeira campanha de monitoramento pós-enchimento realizada em março de 2011.
Espécie
MAM1 MAM2 MAM3 MAM4 MAM5 MAM6 FO% Status
Didelphis albiventris
-
-
x
-
-
x
33 Incomum
Hydrochoerus hydrochaeris
x
-
x
-
x
-
50 Comum
Sphiggurus vilossus
-
-
-
x
-
-
16 Ocasional
Myocastor coypus
-
-
x
-
-
-
16 Ocasional
Lepus europaeus
x
-
-
-
-
-
16 Ocasional
Puma yagouaroundi*
-
-
-
-
-
-
Cerdocyon thous
-
-
-
x
x
x
50 Comum
Lycalopex gymnocercus
-
-
x
x
-
-
33 Incomum
Galictis cuja
x
-
-
-
-
-
16 Ocasional
Lontra longicaudis
-
-
x
-
-
-
16 Ocasional
Procyon cancrivorus
-
x
-
-
-
-
16 Ocasional
Conepatus chinga
-
-
-
x
-
-
16 Ocasional
Riqueza de espécies (n)
3
1
5
4
2
2
-
-
-
-
Legenda: FO-frequência de ocorrência, MAM-ponto de amostragem. *Espécie não considerada na
análise, pois foi registrada fora dos pontos amostrais, exclusivamente entre as coordenadas
geográficas (datum SAD69) -28.127892 /-54.814526 e -28.125642 / -54.726175.
O graxaim-do-mato (Cerdocyon thous, n= 2, figura 22) e o gambá-de-orelha-branca
(Didelphis albiventris, n= 2, figura 23) foram registrados com armadilhas fotográficas em
MAM4 e MAM6, respectivamente. Os transectos visuais noturnos possibilitaram dois
eventos
de
avistamentos
do
graxaim-do-campo
(Lycalopex
gymnocercus)
nas
proximidades de MAM3 e MAM4. Os avistamentos ocasionais envolveram dois
exemplares do graxaim-do-campo (Lycalopex gymnocercus) em MAM3 (figura 24), um
graxaim-do-mato (Cerdocyon thous) em MAM5, um furão (Galictis cuja) em MAM1, uma
lebre (Lepus europaeus) atropelada em MAM1 e um ouriço-cacheiro (Sphiggurus
vilossus) em MAM4. Três gambás-de-orelha-branca (Didelphis albiventris), um mãopelada (Procyon cancrivorus), um gato-mourisco (Puma yagouaroundi) e dois ouriços-
52
cacheiros (Sphiggurus vilossus) foram registrados atropelados entre os trevos de acesso
ao município de Cerro Largo e ao canteiro de obras da UHE São José (BR-392).
Figura 22. Graxaim-do-mato (Cerdocyon thous) registrado em armadilha fotográfica na área de
influência da UHE São José, rio Ijuí, durante a primeira campanha de monitoramento pósenchimento realizada em março de 2011.
Figura 23. Gambá-de-orelha-branca (Didelphis albiventris) registrado em armadilha fotográfica na
área de influência da UHE São José, rio Ijuí, durante a primeira campanha de monitoramento pósenchimento realizada em março de 2011.
53
Figura 24. Graxaim-do-campo (Lycalopex gymnocercus) visualizado ocasionalmente na área de
influência da UHE São José, rio Ijuí, durante a primeira campanha de monitoramento pósenchimento realizada em março de 2011.
Mamíferos de Pequeno Porte (≤ 1kg)
Foram registradas 10 espécies de mamíferos não-voadores de pequeno porte. Este
número representa 45,5% da riqueza total verificada em campo. Apesar do primeiro
registro do rato-de-espinhos (Phyllomys dasythrix figura 25), as capturas apontaram maior
abundância do rato-do-chão (Akodon paranaensis) (tabela 17). Em contraponto, o
montante de dados obtidos com as análises de egagrópilos de coruja-de-igreja (Tyto alba)
aponta também grande participação do camundongo-do-mato (Oligoryzomys nigripes) na
comunidade local de pequenos mamíferos. Este resultado é comum aos outros estudos já
realizados na área de interesse (e.g. BIOLAW 2008b; 2008c; 2009; 2009b; 2009c) e
também em outros locais do Estado (e.g. PETERS et al., 2010) onde os gêneros citados
figuram entre os mais abundantes, apresentando alta plasticidade em relação à ocupação
de habitats (VILLAFAÑE et al., 2005; ACHAVAL et al., 2007). A análise de egagrópilos
permitiu acrescentar Calomys laucha, Rattus rattus e Mus musculus à listagem final.
Tabela 17. Abundância de pequenos mamíferos não-voadores registrados através de egagrópilos
de coruja-de-igreja (Tyto alba) e de captura com armadilhas não-letais nos pontos amostrados da
área de influência da UHE São José, rio Ijuí, durante a primeira campanha de monitoramento pósenchimento realizada em março de 2011.
54
Egagrópilo
Armadilhas
Táxon
(Tyto alba)
Busca
ativa
MAM4 MAM5 MAM6
Total n AR(%)
n
AR(%)
n
-
-
-
1<*
13
76,5
2
9,09
-
-
1
5,9
-
-
-
-
-
-
-
5
22,7
-
-
-
2
2
11,7
10
45,45
-
Mus musculus
-
-
-
-
-
2
9,09
-
Rattus rattus
-
-
-
-
-
3
13,6
-
Kannabateomys amblionyx
-
-
-
-
-
-
-
1<*
Phyllomys dasythrix
-
1
-
1
5,9
-
-
-
Cavia aperea
-
-
-
-
-
-
-
1<*
Total
3
4
10
17
100
22
100
3<*
Sucesso de captura (%)
1
1,3
3,3
5,7
n
n
n
Guerlinguetus ingrami
-
-
-
-
Akodon azarae
2
3
8
Akodon montensis
1
-
Calomys laucha
-
Oligoryzomys nigripes
Legenda: n-número de espécimes, AR-abundância relativa, MAM-ponto de amostragem.*Espécie
registrada através de determinação indireta, portanto, não quantificada.
Figura 25. Rato-de-espinhos (Phyllomys dasythrix) capturado em armadilha não-letal na área de
influência da UHE São José, rio Ijuí, durante a primeira campanha de monitoramento pósenchimento realizada em março de 2011.
55
A preá (Cavia aperea) foi registrada a partir do encontro de rastros em MAM3 e MAM4,
enquanto o serelepe (Guerlinguetus ingrami) foi registrado em todos os pontos amostrais
a partir de vestígios constituídos por frutos de jerivás (Syagrus romanzoffiana) roídos em
padrão típico (figura 26). A busca ativa direcionada a espécies restritas a determinadas
formações vegetais possibilitou o registro do rato-da-taquara (Kannabateomys amblionyx)
em MAM1. Atualmente a maior parte das taquareiras foi suprimida em MAM1, mas sua
presença ainda é notável em menor abundância. Este roedor pertence a um grupo
singular de herbívoros arbóreos comuns aos Biomas Mata Atlântica do Leste do Brasil, e
a Selva Missioneira na Argentina e Paraguai, especializados em utilizar taquaras tanto
para alimentação (galhos, folhas e brotos) como para abrigo. A dependência da taquara,
aliada às baixas densidades (uma família por 0,1 hectare de taquaral) (SILVA 2005),
demonstram a necessidade de maior observação das respostas desta espécie perante a
perda do hábitat.
Figura 26. Frutos de jerivás (Syagrus romanzoffiana) roídos por serelepe (Guerlinguetus ingrami)
na área de influência da UHE São José, rio Ijuí, durante a primeira campanha de monitoramento
pós-enchimento realizada em março de 2011.
Ressalta-se a importância da continuidade das atividades de monitoramento, visto que a
real diversidade local ainda está subestimada. O aumento do esforço amostral e a
utilização de métodos alternativos são necessários para uma estimativa da riqueza
potencial adequada. Um exemplo disto é a análise de pelotas de coruja para a detecção
56
de pequenos mamíferos. Este método passou a ser utilizado a partir da segunda
campanha de monitoramento pré-enchimento (BIOLAW, 2008b), permitindo acrescentar
uma gama de espécies até então de ocorrência desconhecida para a área de interesse.
A mortalidade por atropelamento é uma das principais causas de declínio populacional da
fauna silvestre, podendo ser superior à mortalidade por causas naturais (e.g. predação e
doença) (FORMAN et al. 2003). No Rio Grande do sul, por exemplo, os atropelamentos
são a causa direta do declínio populacional de 2,5% das espécies ameaçadas (FONTANA
et al. 2003). Durante as campanhas de monitoramento pré-enchimento e durante a atual
campanha, foram constantes os registros de mamíferos atropelados ao longo da estrada
de acesso à UHE São José e ao Município de Cerro Largo. O fluxo de veículos
relacionados à obra pode estar diretamente relacionado aos acidentes, justificando a
necessidade de monitoramentos estendidos à rodovia.
Alterações ambientais indiretamente relacionadas ao enchimento do reservatório podem
alterar significativamente o hábitat de espécies de interesse conservacionista como o
tapiti (Sylvilagus brasiliensis), registrado em duas campanhas de monitoramento préenchimento (BIOLAW 2008; 2008b). Nas ocasiões, vários espécimes foram visualizados
forrageando durante a noite nos remanescentes florestais ciliares do clube “Caça e
Pesca” (MAM1), nas margens do rio Ijuí. Devido ao enchimento do reservatório, a sede do
clube foi relocada justamente para a área em que os lagomorfos foram visualizados. Os
fragmentos florestais foram suprimidos para instalação de edificações ou quiosques e o
sub-bosque roçado para instalação da nova área de camping. Estas ações podem ser
diretamente relacionadas à extinção local da espécie, fato que deverá ser confirmado ao
longo das futuras etapas de monitoramento.
Também é importante citar a relevância da retirada do gado na localidade conhecida por
“Fundão” (MAM 3 à MAM5). O local antigamente ocupado por diversos moradores e suas
criações está atualmente em estado de regeneração, com grande disponibilidade de
ambientes campestres livres do pastoreio e ambientes florestais com sub-bosque livre do
pisoteio do gado (figura 27 e figura 28). Deve-se evitar a reintrodução do rebanho bovino
nas áreas atualmente consideradas como APP. Há necessidade de fiscalização e controle
do acesso visto que o uso das APP por moradores e seus animais domésticos pode
resultar em interações conflitantes com a fauna silvestre.
57
Figura 27. Ambiente campestre em regeneração visto a ausência da atividade antrópica na
localidade conhecida por “Fundão”, área de influência da UHE São José, rio Ijuí, durante a primeira
campanha de monitoramento pós-enchimento realizada em março de 2011.
Figura 28. Ambiente florestal em regeneração devido á ausência da atividade antrópica na
localidade conhecida por “Fundão”, área de influência da UHE São José, rio Ijuí, durante a primeira
campanha de monitoramento pós-enchimento realizada em março de 2011.
58
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59
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Atividades Previstas
- Realização da oitava campanha de monitoramento, segunda pós-enchimento, da fauna
terrestre na área de influência do empreendimento.
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