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ENTREVISTA
Uberlandense é o novo
coordenador geral
de Sustentabilidade
Ambiental no MAPA
Especial
Feira & Negócios Moda
Calçados se consolida
e impulsiona a indústria
da região
Ciência
Laboratório vivo, oásis
mexicano corre
o risco de desaparecer
da face da terra
Mundo
em Alerta
Câncer avança entre a população mundial e
atinge proporções catastróficas.
Por ano, são mais de 12,7 milhões de novos
casos e 7,6 milhões de mortes
provocadas pela doença. Entre os casos mais
comuns estão o de mama, em mulheres,
e o de próstata, nos homens
mercado
www.revistamercado.com.br
expediente
editorial
O combalido Código Penal
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Revista MERCADO | Edição 49
O lamentável caso da empresária Jussara Carolina
de Paula Favarini, 26, estuprada e assassinada a tiros por
dois bandidos no dia 16 de junho de 2011, em Uberlândia, é apenas um entre milhares de outros iguais que
acontecem no Brasil. Em comum, o fato de terem sido
praticados por criminosos que deveriam estar atrás das grades, mas que ficam soltos por causa de prerrogativas ou falhas da lei. No caso de Jussara, os autores dos crimes de estupro e
assassinato eram dois jovens, um de 18 e outro de 19, que já tinham passagens pela polícia por
roubos, assaltos e receptação. Um deles, inclusive, estava sob liberdade assistida.
Recentemente, no Rio de Janeiro, um homem de 43 anos foi preso acusado de ter estuprado uma menina de 12 anos dentro de um ônibus. O que mais revolta, neste caso, é que o
marginal cometeu esse crime um dia depois de receber o benefício da liberdade condicional.
Ele tem registradas sete passagens pela polícia e cumpria pena por oito anos num presídio do
Rio, mas foi solto por causa do benefício do livramento condicional por já ter cumprido metade da pena por crimes de roubo e furto. Só que a própria juíza que lhe concedeu a liberdade
argumentou que “o juiz tem que decidir dentro da lei e mudar a lei é com o Congresso”.
Quis lembrar esses dois lamentáveis casos para chamar a atenção para o combalido Código Penal brasileiro, que vira e mexe, quando acontecem crimes como esses, de grande comoção pública e repercussão na mídia, é comum ouvir da boca de autoridades e de políticos
que ele - o Código - precisa ser revisto, reformulado, votado, atualizado, modernizado e outros
blá-blá-blás mais.
Só que ninguém, autoridades e políticos, sobre os ombros de quem está essa responsabilidade, quer tocar esse trem - a revisão, reformulação ou atualização, seja lá o que for, do velho
e ultrapassado Código Penal brasileiro - que anda cada vez mais fora dos trilhos, aos trancos
e barrancos.
O certo é que o Código Penal é muito antigo e precisa urgentemente ser atualizado. Existe
nele uma série de distorções que precisam ser corrigidas, isso é uma demanda da sociedade.
Lembro que o atual Código Penal foi instituído pelo Decreto-Lei 2.848, de 1940, e nesses
mais de 70 anos pouco ou quase nada foi modificado. Nesse período, surgiram pontualmente
leis penais especiais, fora do Código, sobre pontos diversos como crimes ambientais etc. Na
década de 1970, foi elaborado um novo Código Penal, também por decreto-lei, que foi modificado por lei cuja vigência foi sucessivamente adiada até ser revogada por outra lei. A partir de
1980, uma comissão formulou anteprojeto que resultou na Lei 7.209, de 1984, com revisão da
Parte Geral do Código Penal.
De lá para cá, muitas comissões foram instaladas pelo Ministério da Justiça com o objetivo
de reformar, total ou parcialmente, o Código, só que nenhuma delas obteve êxito, seja porque
o Executivo não encampou algumas propostas, seja porque as matérias não foram adiante no
Congresso. Depois disso, na década passada, os trabalhos de reforma foram abandonados e,
em lugar disso, o que houve foi a intensa produção de leis especiais, fenômeno que se intensifica desde a Constituição de 1988. Hoje, existem aproximadamente 117 leis penais em vigor,
que abrigam cerca de 1.757 tipos penais, entre crimes e contravenções.
O próprio presidente do Senado, José Sarney, reconheceu em discurso proferido em outubro do ano passado que “o atual Código Penal sofre tanto da passagem do tempo, com as
mudanças naturais das estruturas sociais e das tecnologias, com as alterações pontuais que sofreu, como com a mudança mais profunda de regime constitucional (...). Ele peca pela extrema
fragmentação e pela desproporcionalidade das cominações penais, tendo em vista o acúmulo
de tantas reformas parciais e a criação de inúmeros institutos despenalizadores”.
Enquanto isso, a segurança pública capenga no país. Em números, segundo o Sistema
de Informação de Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, o Brasil tem 3% da população
mundial, mas 12% dos homicídios; os 51 mil assassinados registrados por ano equivalem a 26
assassinados por 100 mil habitantes, comparados com menos de dois assassinados por 100
mil habitantes dos países desenvolvidos e do Chile, aqui na América do Sul.
Contudo, apesar dessa tragédia em que vive o País, as nossas cadeias e presídios estão
cheios e apresentam condições degradantes. O Brasil tem hoje 250 presos por 100 mil habitantes, número elevadíssimo, que podemos comparar com 140 no Reino Unido e 100 na França,
países onde o crime contra a vida é 20 vezes menor.
Portanto, precisamos urgentemente de um novo Código Penal, voltado para atender o
presente e futuro. Enquanto isso não acontecer, muitas outras crianças - como a de 12 anos
do ônibus no Rio - e pessoas com a empresária Jussara, de Uberlândia, vão continuar sendo
sacrificadas. BASTA de tanta violência e impunidade!
Evaldo Pighini
Editor
mercado
49
índice
Capa
Câncer avança entre a
população mundial e atinge
proporções catastróficas. Por
ano, são mais de 12,7 milhões
de novos casos e 7,6 milhões
de mortos pela doença. Entre
os casos mais comuns estão o
de mama, em mulheres, e o de
próstata, nos homens
34
Ciência
Especial
Feira & Negócios Moda
Calçados, evento realizado
pelo Sindicato das Indústrias
de Calçados de Uberlândia, se
consolida e praticamente dobra
resultados em apenas duas
edições, impulsionando
o mercado calçadista da região
Revista MERCADO | Edição 49
54
Entrevista
O uberlandense Renato de
Oliveira Brito foi empossado
recentemente como
coordenador geral de
Sustentabilidade Ambiental
no Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento. Em
entrevista à MERCADO, ele fala
de sua trajetória e dos desafios
frente ao cargo
48
44
Laboratório vivo, oásis mexicano
corre o risco de desaparecer.
O lugar é um raro ecossistema
de zonas úmidas no deserto
de Chihuahuan, no norte do
México, e que pode conter
informações chave sobre as
origens da vida na Terra
Turismo
16
Janeiro 2012
Artigo...................................................... 12
Meio ambiente����������������������������������� 52
Conversa����������������������������������������������� 14
Dica de Leitura����������������������������������� 66
Franchising������������������������������������������ 20
Literatura���������������������������������������������� 68
Negócios���������������������������������������������� 22
Profissões em Filme������������������������� 70
Economia��������������������������������������������� 26
Sustentabilidade������������������������������� 72
Trabalho����������������������������������������������� 28
Ponto de vista������������������������������������� 74
Construção������������������������������������������ 32
Causos empresariais������������������������ 76
Saúde...................................................... 40
Geral........................................................ 78
Se Deus é brasileiro, com certeza
o paraíso fica em Búzios. Um
cenário onde o verde da Mata
Atlântica e o azul do oceano
vivem em plena harmonia com
a beleza e o alto astral de um
lugar único
Veículos
60
Meio SUV, meio crossover, o Range
Rover Evoque é o tipo de carro
quase perfeito. Caçula da tradicional
fabricante inglesa Land Rover,
ele chegou para ser referência, e
o melhor, pode ser configurado
da forma que o cliente preferir. A
MERCADO testou essa joia
Revista MERCADO | Edição 49
mercado
artigo
*Por Márcia Fernandes Pinheiro é advogada, pós-graduada em Direito
Privado, professora de Direito Empresarial e Introdução ao Estudo de
Direito na Faculdade Pitágoras de Uberlândia (MG)
Breves considerações
acerca da marca
Por Márcia Fernandes Pinheiro*
C
onforme o dicionário Aurélio, a palavra marca
significa: “Ato ou efeito de marcar, sinal distintivo de um objeto. Símbolo gráfico (logotipo,
emblema ou figura) que identifica ou representa uma instituição, uma empresa etc.”
grande credibilidade no mercado, tornando-se uma
Dessa forma, a marca é um sinal distintivo ou um lo-
Vejamos outro exemplo bem esclarecedor: a marca
gotipo que representa uma instituição, podendo ser dos
Coca-Cola, pertencente à The Coca-Cola Company, é de
seguintes tipos: marca de produto ou serviço (exemplo:
alto renome, estando protegida em todos os ramos de
Nike, Natura, FGV, Itaú), marca de certificação (exemplo:
atividade. Dessa forma, outro empresário não poderá
INMETRO, ISO) e marca coletiva (Unimed, ABPI).
utilizar a marca Coca-Cola para vestuário, esporte, cal-
Contudo, uma marca não se resume apenas a um
sinal distintivo, haja vista que traz consigo outros ele-
marca famosa, ou seja, de alto renome, poderá ter a
proteção estendida a todos os ramos de atividade, conforme consta no art. 125 da referida lei.
çados, restaurantes etc., posto que pertence com exclusividade ao titular da marca Coca-Cola.
mentos que tornam o seu instituto mais abrangente.
Pode-se dizer, então, que a marca é um sinal percep-
Quando bem elaborada (um desenho, um sinal ou até
tível de grande importância, que diferencia um produto
mesmo um nome), a marca transmite confiabilidade,
do outro, identifica o produto ou serviço e até mesmo
qualidade do produto ou serviço e, principalmente, a
atesta a qualidade destes, daí a importância de ser leva-
segurança para os consumidores de estarem adquirin-
da a registro.
do produtos que satisfaçam as suas necessidades.
Vejamos a íntegra dos arts. 122 e 133 da Lei de Pro-
Entretanto, para que a marca alcance a aceitação
priedade Industrial: “Art. 122. São suscetíveis de registro
do público, muitos investimentos são feitos, tanto em
como marca os sinais distintivos visualmente perceptí-
termos de propaganda como na própria qualidade dos
veis, não compreendidos nas proibições legais. (grifo
produtos que levam o seu nome (o da marca).
nosso); e Art. 133. O registro da marca vigorará pelo pra-
Diante disso e tendo em vista a abrangência, o poder de mercado e os investimentos, tornou-se necessá-
zo de 10 (dez) anos, contados da data da concessão do
registro, prorrogável por períodos iguais e sucessivos”.
ria uma efetiva proteção jurídica à marca contra abusos
Observa-se que o referido art. 122 ressalta que são
e deturpações por parte de terceiros. Face a essa neces-
suscetíveis de registro sinais perceptíveis. Assim o faz a
sidade, foi criada no Brasil a Lei Federal nº 9.279/1996,
lei, pois nosso país não admite o registro de outros tipos
que regula os direitos e obrigações relativos à proprie-
de sinais, como sonoros e olfativos. Percebe-se, ainda,
dade industrial. Tal diploma legal, além de definir os ti-
com vista ao mesmo dispositivo legal, que o registro da
pos de marcas, também disciplina o procedimento de
marca é concedido pelo prazo de 10 (dez) anos, poden-
registro, cessão e proteção, dentre outras providências.
do ser renovado indefinidamente.
O proprietário da marca, ao efetuar o seu registro,
Dessa forma, a marca, um símbolo de grande impor-
passa a ter o direito de utilizá-la com exclusividade no
tância no ramo empresarial, deve ser registrada e prote-
ramo em que atua. Por exemplo, se o empresário atuar
gida contra qualquer abuso.
no ramo de sucos, refrigerantes, terá a sua marca pro-
Finalmente, vale lembrar que o registro é efetuado
tegida em âmbito nacional na classe de bebidas, xaro-
no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) e
pes e sucos concentrados. Contudo, se a marca alcançar
é de abrangência nacional. B
12 | Revista MERCADO | Edição 49
mercado
conversa
Prezado leitor,
Obras de infraestrutura e de
estádios poderiam ser direcionadas para pequenas construtoras,
mas elas não bancam campanhas
eleitorais...
Fala-se muito que a renda das
famílias é concentrada no Brasil. É
verdade. Mas a maior distorção na
disparidade de renda está no mundo das empresas.
Cerca de 60 mil empresas representam 80% do PIB brasileiro,
enquanto 6 milhões -as pequenas e
microempresas- representam apenas 20%. No ranking de concentração da renda das famílias, estamos
entre os 20 piores países do globo.
No ranking de concentração de renda das empresas, ficamos em primeiro lugar entre os piores.
Na Itália e na Alemanha, por
exemplo, as pequenas são responsáveis por 60% do PIB. Por que nesses países o espaço das pequenas
empresas é tão maior? A resposta
está nas politicas públicas para
apoiar e favorecer os pequenos.
Sem políticas assim, o Brasil é o paraíso das grandes empresas.
Nem mesmo países que embarcaram em modelos que pregavam
que o governo não deveria intervir
na economia foram tão cruéis com
as suas pequenas empresas.
O Reino Unido, por exemplo,
tem uma lei que obriga os organizadores dos Jogos Olímpicos de
Paulo Feldmann é presidente do Conselho da Pequena Empresa
da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado
de São Paulo (Fecomercio/SP)
Londres a privilegiar contratações
de produtos, serviços e obras de pequenas e microempresas.
Por que, no Brasil, as obras de
estádios e de infraestrutura não
podem ser direcionadas para as pequenas construtoras?
Cerca de 45% das exportações
italianas saem das pequenas e microempresas. No Brasil, esse valor
não chega nem sequer a 2%. A diferença é que na Itália existe uma
lei que estimula a associação de
pequenas empresas em consórcios
voltados para a exportação.
Por que será que nunca nenhum
legislador brasileiro pensou em
fazer algo parecido por aqui? Certamente porque a sua campanha
eleitoral não recebeu recursos de
pequenos empresários.
Pequenos empresários não têm
a mínima possibilidade de apoiar
campanhas eleitorais, pois estão
permanentemente correndo o risco de ter de fechar as suas portas.
O pequeno empresário brasileiro só
consegue pensar na sobrevivência
da sua empresa. Dela depende o
sustento da sua família.
No Brasil, simplesmente não
existe financiamento de longo prazo para pequenas empresas, imagine então microcrédito. Com isso, o
pequeno empresário está proibido
de crescer. Se quiser que isso aconteça, ele terá que bancar o crescimento com o seu próprio capital
-capital que, em geral, não existe.
As democracias mais consolidadas e tradicionais são aquelas
que não permitem o abuso do
poder econômico. São os casos
da Holanda, da Alemanha e da
Suécia. Nesses países, as campanhas eleitorais são modestas.
Não há nenhuma ostentação ou
exuberância publicitária. Por essa
razão, são justamente esses os
países com os menores índices de
corrupção no mundo, segundo a
Transparência Internacional.
Um dos países onde as pequenas empresas são mais presentes e
mais pujantes é justamente a Alemanha. Lá, empresas de qualquer
tamanho são proibidas de apoiar
campanhas eleitorais. Talvez essa
seja a principal explicação para justificar a força das pequenas empresas no país.
Quando as empresas são livres
para contribuir com campanhas
eleitorais, é evidente que vai predominar o poderio das maiores. Não
existirão também politicas públicas
que apoiem as pequenas empresas,
que raramente contarão com recursos financeiros para gastar com candidatos. É o caso do Brasil.
Ou seja, as pequenas empresas
brasileiras precisam de uma reforma da lei eleitoral, urgentemente! B
mercado
entrevista
Uberlandense
é o homem da
Sustentabilidade
no país
Renato de Oliveira Brito assume cargo de coordenador geral de
Sustentabilidade Ambiental no MAPA
Da Redação
N
eto de pecuarista e uberlandense de origem, Renato de Oliveira Brito assumiu recentemente o cargo de coordenador geral
de Sustentabilidade Ambiental do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
O convite para assumir a função na Assessoria de
Gestão Estratégica (AGE) -, órgão ligado diretamente ao
primeiro escalão do Governo Federal, em Brasília, veio do
ministro Mendes Ribeiro Filho e do chefe de Gestão Estratégica, Dr. Derli Dossa.
Dotado de notória capacidade de articular ideias e
colocá-las em prática, Renato, que já ocupou cargos na
Universidade do Cabo, na África Do Sul; no Ministério
da Educação; na American Field Service, no Brasil; e em
agências da Organização das Nações Unidas (ONU) fala
aos leitores da revista MERCADO sobre a sua trajetória e
o cargo que assumiu em Brasília.
Mercado - Como o senhor chegou ao MAPA?
Renato - Recebi um convite do ministro do MAPA,
Mendes Ribeiro Filho, e do chefe de Gestão Estratégica
do Ministério, Dr. Derli Dossa, para atuar como coordenador geral de Sustentabilidade Ambiental dentro da
Assessoria de Gestão Estratégica (AGE). Além da minha
pasta, a AGE conta com a Coordenação Geral de Planejamento Estratégico, comandada por José Garcia Gasques,
e a Coordenação Geral de Articulação Institucional, que
está sob a tutela de Paulo Sérgio Vilches Fresneda.
16 | Revista MERCADO | Edição 49
Onde estava antes desse convite?
Antes de chegar ao MAPA, estive no Ministério da
Educação, onde acompanhei o programa Universidade
Aberta do Brasil (UAB). Em um projeto com colegas da
Universidade Católica de Brasília, criamos o Programa de
Formação de Gestores para Escolas Eficazes, do qual fui
um dos idealizadores e diretor geral do projeto, e em diversas instituições desenvolvi projetos de voluntariado,
desenvolvimento humano, educação e sustentabilidade,
de modo que nos últimos anos estive envolvido com gestão de políticas públicas em diversas áreas.
Quais são os objetivos da AGE dentro do MAPA?
A Gestão Estratégica concilia as políticas públicas
com as demandas do agronegócio para melhorar a competitividade do setor. Seu papel é oferecer condições
para que o Brasil alcance e consolide a posição de líder
mundial do agronegócio, atendendo, paralelamente, as
necessidades e exigências do mercado interno e a segurança alimentar da população brasileira. Para alcançar
esses objetivos, são elaborados estudos e levantamentos
que consideram a dinâmica e as perspectivas de crescimento do agronegócio no mercado internacional. São
definidas, então, as metas a serem alcançadas dentro de
um período determinado de tempo. As projeções atuais
refletem as tendências de produção, consumo e comércio exterior para produtos agropecuários em um horizonte de 11 anos (2008-2009 a 2018-2019). A
Renato de Oliveira Brito,
uberlandense que assumiu o
cargo de coordenador geral de
Sustentabilidade Ambiental no
Ministério da Agricultura
Revista MERCADO | Edição 49 | 17
mercado
entrevista
ria-floresta plantada, conservação do solo e recuperação de áreas degradadas.
de representantes de cooperativas regionais, entraram
em contato conosco para assegurar uma cadeira na Sala
e participar das discussões. A rede de contatos, constituí-
A sustentabilidade
envolve
desenvolvimento
econômico, social
e respeito ao
equilíbrio e às
limitações dos
recursos naturais
E o produtor rural?
Para apoiar o produtor, o ministério elabora projetos
e programas direcionados para a assistência técnica, financiamento e normatização das práticas rurais sustentáveis. É dessa forma que se pretende superar o grande
desafio de manter o Brasil como provedor mundial de
matérias-primas e alimentos e a necessidade da conservação do meio ambiente.
Quais foram as suas primeiras ações ao assumir a
Coordenação de Sustentabilidade do Ministério?
Uma das nossas primeiras conquistas na coordenação de Sustentabilidade da AGE foi a recente criação da
Sala de Antecipação, uma espécie de centro de monitoramento de eventos com impacto na agricultura. A sala
tem a participação de diferentes setores, do cooperativismo, e até de entidades sindicais e representantes
de governos estaduais. Com a iniciativa, pretendemos
antecipar acontecimentos que afetam o agronegócio
e evitar que crises se abatam sobre o setor produtivo
brasileiro. A sala é um instrumento para o ministério trabalhar algumas medidas preventivas e uma ferramenta
de auxílio às decisões governamentais na execução de
políticas públicas.
da por lideranças regionais, produtores rurais, técnicos e
pesquisadores das diferentes cadeias produtivas já soma
cerca de 400 pessoas. Nossa meta é chegar aos 1.000
parceiros até o final de 2012. Os interessados em participar da Sala, com sugestões, alertas e orientações, devem
contatar o Ministério por meio do endereço eletrônico
[email protected] ou pelo telefone (61) 32182644. Estamos abertos a sugestões e a parcerias com os
setores público e privado.
Mais alguma observação?
Acho importante ressaltar que a implementação do
espaço se deu a partir de experiências verificadas no Ministério da Saúde, no Departamento de Economia Rural
do Governo do Estado do Paraná e também na Agência
Nacional da Água (ANA), onde há espaços de monitoramento semelhantes.
Para finalizar, de maneira geral, quais são as premissas que nortearão o seu trabalho no Ministério?
Antes de tudo, defendo o diálogo entre os ministérios. Como já disse e minhas ações demonstram, acredito na união de forças para avançarmos, principalmente no que diz respeito à Sustentabilidade. Além disso,
Pode detalhar melhor essa questão?
Entre as metas estabelecidas para 2015, está a
busca da excelência administrativa, garantindo maior
efetividade na formulação e implementação das políticas públicas para o agronegócio e o fortalecimento e
harmonização do setor, coordenando e promovendo a
igualdade entre os atores envolvidos. Os objetivos estratégicos, que compõem o Plano Estratégico do Ministério, incluem, ainda, a garantia da segurança alimentar do povo brasileiro, a ampliação da participação da
agroenergia na matriz energética do país, o aumento
da produção de produtos agropecuários não alimentares e não energéticos e a atuação no sentido de impulsionar o desenvolvimento sustentável do país por meio
do agronegócio.
Na sua opinião, o que é preciso para alcançarmos o
desenvolvimento sustentável?
A sustentabilidade envolve desenvolvimento econô18 | Revista MERCADO | Edição 49
mico, social e respeito ao equilíbrio e às limitações dos
recursos naturais. De acordo com o relatório da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento,
criada pela ONU em 1983, o desenvolvimento sustentável visa “ao atendimento das necessidades do presente,
sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras
atenderem as próprias necessidades”.
Como ficam as atividades agropecuárias nesse contexto?
A mudança de paradigmas estabelece um novo
cenário para o processo de desenvolvimento das atividades agrícolas, florestais e pecuárias. É, portanto, a
partir da observação da realidade local que o Ministério
da Agricultura desenvolve e estimula as boas práticas
agropecuárias, privilegiando os aspectos sociais, econômicos, culturais, bióticos e ambientais. Nesse caso,
estão incluídos sistemas de produção integrada, plantio
direto, agricultura orgânica, integração lavoura-pecuá-
Como estão as perspectivas para o trabalho da Sala?
Imediatamente após a criação da Sala, órgãos ligados
ao governo, como a EMBRAPA, e empresas do setor, além
gosto muito do modelo de cooperativas e defendo a
abertura para cooperações do MAPA com os diversos
setores da sociedade. B
mercado
franchising & negócios
*Carlos Ruben Pinto é administrador de Empresas,
Consultor de Franquias e Varejo - (31) 3282-6688 [email protected]
A importância do sigilo (parte II)
“O segredo do sucesso não é tentar evitar os problemas, nem se esquivar
ou se livrar deles, mas crescer pessoalmente para se tornar maior do que
qualquer adversidade.”
T. Harv Eker
Por Carlos Ruben Pinto*
N
o artigo anterior, comentamos sobre a
importância da cláusula de sigilo e não
concorrência nos contratos de franquia, cujo propósito
é o de impedir que o franqueado
e sua equipe, por terem acesso às
informações que se constituem em
“segredo de negócio” da franquia,
possam mais tarde estabelecer uma
concorrência desleal.
Em que instrumentos a empresa franqueadora deve formalizar
o acordo de confidencialidade? A
partir da Circular de Oferta da Franquia, que deve ser apresentada aos
candidatos com informações completas sobre o negócio, incluindo as
minutas do pré-contrato e o contrato de franquia. No protocolo de recebimento da Circular, o candidato
já se obriga a manter a confidencialidade das informações recebidas.
E, no mais importante instrumento,
que é o contrato de franquia, devem ser bem definidos os direitos e
obrigações de cada uma das partes e
e normas da franquia.
Outro ponto importante para a
proteção do “segredo de negócio”
da franquia é o franqueado firmar
um termo de confidencialidade com
cada funcionário em relação aos
treinamentos recebidos e aos conteúdos dos manuais necessários ao
exercício de sua função na unidade
franqueada. O mesmo cabe ao franqueador em relação à equipe contratada para prestar serviços de consultoria de campo e suporte à rede. A
intenção é impedir que, ao deixar a
empresa, alguém possa levar consigo cópias de documentos e manuais
da franquia, utilizando-os mais tarde
para prestar serviços à concorrência.
Por quanto tempo deve vigorar
a cláusula de sigilo, confidencialidade e não concorrência? Pelo tempo
de vigência do contrato, e mais um
ou dois anos após a rescisão ou o
fim deste. Nesse período, o ex-franqueado não poderá exercer atividade comercial que seja concorrente
com o franqueador e com os franqueados da marca.
tiverem acesso; não exercer atividade similar ao negócio franqueado;
não comercializar os mesmos produtos/serviços desenvolvidos e/ou
aperfeiçoados pela rede, enfim, não
concorrer com o franqueador e com
nenhuma outra unidade franqueada
pertencente à rede. São limitações
que os candidatos a franqueados conhecem antes de aderir à rede, pois
devem estar especificadas na Circular de Oferta e Minuta do Contrato
de Franquia, que informa também
em que tempo e território o franqueado se obriga a não concorrência.
Lembramos ainda que um profissional, ao escolher uma franquia para praticar atos próprios
de sua profissão como empresário com o intuito de obter lucros,
submete-se às regras de um negócio profissionalmente organizado e, naturalmente, à legislação do direito comercial vigente.
Torna-se, portanto, um ato ilícito
o fato de um ex-franqueado ou
ex-consultor de campo se utilizar
dos conhecimentos obtidos junto
Aqueles que pretendem se tornar franqueados
precisam estar cientes de sua obrigações de sigilo em
relação ao negócio
as multas e penalidades resultantes
do não cumprimento das cláusulas
contratuais, cabendo ao franqueado
manter sigilo com relação a toda e
qualquer informação ou especificação contida em treinamentos, manuais e demais instruções, circulares
20 | Revista MERCADO | Edição 49
Aqueles que pretendem se tornar franqueados precisam estar cientes de suas obrigações de sigilo em
relação ao negócio. Na maioria dos
contratos, as obrigações do franqueado em caso de rescisão implicam
não revelar as informações a que
à rede e se envolver em atividades
que concorram com a franquia,
cabendo, nesses casos, medidas
judiciais devidamente amparadas
pelas cláusulas de sigilo e confidencialidade na forma a que se
submeteram em contrato.B
mercado
no Brasil, o café é hoje fonte de renda
de milhares de famílias no país. Além
do setor agrícola, o grão tem estimulado outro ramo que não estava em
evidência nos últimos anos: as cafeterias. O plano de abrir um café tem ganhado estímulo das estatísticas. Atualmente, o Brasil é o maior produtor
mundial de café, sendo responsável
por 30% do mercado internacional,
volume equivalente à soma da produção dos outros seis maiores países
produtores. É também o segundo
mercado consumidor, perdendo somente para os Estados Unidos, segundo dados da Associação Brasileira
da Indústria do Café (Abic).
Uma pausa no dia
Foto: Reprodução
Cafeterias estão em alta, seja em
shoppings, vias públicas e até
dentro de livrarias
Mercado de cafeterias
cresce e conquista
consumidores
Dentro dos shoppings ou fora deles, os novos modelos de cafeteria
contam com ambientes cada vez mais diversificados para aquele
cafezinho, alimento que cai bem a qualquer hora
Por Aline Morais (Serifa)
E
m Uberlândia, seguindo
uma tendência do mercado nacional, as cafeterias
têm conquistado cada vez
mais espaço e o gosto do
consumidor, o que tem provocado
novos investimentos no segmento. A empresária Rita Oliveira, por
exemplo, investiu recentemente em
uma franquia do tradicional Fran’s
Café, sendo a primeira loja da rede
22 | Revista MERCADO | Edição 49
na região, localizada no Village Altamira Shopping. Para ela, o conceito
do Fran’s Café veio ao encontro do
que desejava. “Trabalhar com café é
muito prazeroso. Sempre quis abrir
um negócio que aliasse o prazer ao
financeiro, escolhi então o ramo de
cafeterias. Somos os maiores produtores e o segundo maior consumidor, por isso é vantajoso investir”,
conta Rita.
A Abic estima que existam hoje
no Brasil 3.500 cafeterias, por onde
escoou parte dos 19,1 milhões de
sacas consumidas pela população,
segundo balanço de 2010. Esse total
consumido equivale a cerca de 80
litros do produto final por cidadão,
de acordo com a associação. O consumo de café fora de casa aumentou
300% de 2003 a 2010, e o de grãos
especiais, chamado de café gourmet,
O consumo de grãos
especiais, utilizados
pelas cafeterias gourmet,
representa 4% do volume
consumido no mercado
também teve destaque. Cresceu nos
últimos cinco anos de 15 a 20%.
Dados atuais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
indicam que o café é o alimento mais
consumido pelos brasileiros, fato
esse que tem estimulado muitos empresários a investir no setor. O hábito de tomar café no balcão e de pé
tem diminuído. O consumo de grãos
especiais, utilizados pelas cafeterias
gourmet (cafeterias que utilizam
grãos de café com qualidade superior - especial), representa 4% do volume consumido no mercado, mas
gera uma receita de 6 a 7% do total.
Consumo que deve aumentar, pois
segundo pesquisa da Abic de 2010,
45% dos consumidores de café estão
dispostos a pagar mais por grãos selecionados.
Plantado há mais de dois séculos
Para a empresária Rita Oliveira,
dona da franquia Fran’s Café, ao
adotar o hábito de tomar café todos
os dias, as pessoas procuram às vezes um momento para descansar a
cabeça e até mesmo relaxar. “Podemos e devemos associar o café a um
momento de prazer, um momento
do dia que tiramos para saborear o
que a vida tem de gostoso. Olhando
a partir desse contexto e aproveitando a oportunidade de mercado
torna-se interessante investir neste
ramo”, explica.
De olho na fidelização e no alcance maior de clientes, o negócio
é caracterizado pela diversificação
do cardápio. “Para se manter em um
mercado promissor como este é preciso começar bem. Por isso, temos
como diferencial no Fran’s Café o
atendimento ao cliente: na unidade,
o cliente pode acessar livremente
internet e tem espaço para realizar
reuniões empresariais e até mesmo
confraternização com amigos e parentes. Além disso, somos uma
cafeteria que não oferece somente café, mas sim um cardápio com
diversas opções, seja para um cafezinho durante o dia, um almoço, uma
happy hour com amigos e até mesmo
um jantar no final do dia”, afirma.
A diversidade tem sido uma das
principais características das atuais
cafeterias. Além do café, oferecem
chás gelados, iorgutes naturais, chocolates gelados, refrigerantes, sucos,
açaí e salada de fruta. “Tomar café
com gelo, sorvete e vários outros
ingredientes para incrementar a bebida era considerado esquisito e rejeitado por muitos. Mas o tradicional
cafezinho preto está compartilhando espaço com bebidas geladas à
base de café, muito consumidas em
países como Japão e Estados Unidos
e que estão entrando no gosto do
brasileiro”, conta Rita.
Hoje, quem quer tomar café diferenciado encontra mil e um ingredientes complementares, incrementados com ingredientes que variam,
como: cookies, doce de leite, macadâmia, chocolate, toffee, chantilly, tudo
ao gosto do cliente e dependendo da
criatividade dos baristas (profissionais treinados que criam e preparam
a bebida). No Fran’s Café do Village
Altamira, o carro chefe da casa é o
Franccino. Uma bebida gelada feita
à base de café, leite e chantilly, variando os ingredientes dependendo
dos sabores escolhidos (coffee, doce
de leite, macadâmia, mocha, toffee e
cookie). “O Franccino é preparado ao
gosto do cliente, e com uma base em
pó que é o nosso segredinho, fazendo desta bebida uma das mais gostosas e refrescantes do Fran’s Café”,
afirma Rita Oliveira, proprietária da
franquia na cidade. A
Foto: Arquivo
Foto: Arquivo
negócios
A franqueada Fran’s Café em Uberlândia, Rita Oliveira, diz que
para se manter em um mercado promissor como o de cafeterias é
preciso planejar e começar bem
Revista MERCADO | Edição 49 | 23
mercado
negócios
Café além da bebida
Foto: Arquivo
As amigas Lícia Borela, Luciana
Ribeiro e Andressa Borges, desde a
época da faculdade de Ciências da
Computação, tinham desejo de abrir
um café onde pessoas pudessem se
reunir e degustar a bebida. Alguns
anos após a faculdade, indo direto da área de tecnologia para a de
gastronomia, tornaram-se sócias e
inauguraram o Grãos do Cerrado. Inicialmente, o empreendimento localizado no velho Mercado Municipal de
Uberlândia venderia apenas o grão
torrado e moído, mas com a procura do público, se expandiu para uma
cafeteria nada convencional. “O café
bom era exportado. Hoje, o brasileiro
está procurando um café de melhor
qualidade não só para tomar fora de
casa. Vendemos o café gourmet, que
a pessoa pode fazer em casa e ter um
café de qualidade fora das cafeterias.
No início, nosso objetivo foi pegar
esse café bom, torrar e vender no
Mercado. Mas as pessoas que passam
por aqui queriam tomar, então contratamos uma barista para montar
uma carta de bebidas e começamos
a oferecer o café já preparado”, conta
Lícia Borela.
Além das bebidas, as empresárias oferecem na loja diversos produtos derivados do café, entre eles cosméticos, taças e porcelanas, quadros
para decoração, cafeteiras e máquinas para café expresso, geléias, manteiga, doces a base de café, cerveja
de café, licor de café e o próprio café
gourmet, que é o pó de grãos selecionados. “As pessoas vêm tomar
café e levam uma lembrança para
amigos e familiares. Os cosméticos
chamam muito a atenção dos clientes, que muitas vezes são estrangei-
ros que querem levar um pouco do
Brasil para casa”, explica Lícia.
Para Luciana Ribeiro, o consumo fora de casa e pela internet tem
aumentado. “As pessoas mais velhas
optam pelo tradicional, mas os mais
jovens estão consumindo bastante
café e bebidas diferenciadas, geladas,
com ingredientes variados como sorvete e frutas da região. Outro setor em
que investimos foi o de vendas online.
Temos o site (www.graosdocerrado.
com.br) em que vendemos nossos
produtos, e ainda estamos em sites
de vendas coletivas onde fazemos
promoções para divulgar”, conta. E o
empreendimento das sócias está crescendo. Elas estão investindo em mais
uma loja que será localizada no Uberlândia Shopping, o novo shopping da
cidade, que será inaugurado no final
de março. “A nova loja terá o mesmo
formato desta, com ambiente acolhedor e decoração com motivos que
lembram o café. Vamos oferecer os
mesmos produtos e aumentar nossa
cartela de bebidas”, planeja Luciana.
A cafeteria Grãos do Cerrado, das sócias Luciana Ribeiro e Lícia
Borela (a outra sócia, Andressa Borges, não aparece na foto),
oferece todo tipo de produto derivado do café, desde cerveja até
cosméticos
De cafeteria à franquia
Letícia Gomides é a proprietária
do Cafeeiro, em Uberlândia, primeira
cafeteria da cidade a tornar-se franqueadora. A Cafeeiro, com lojas no
Center Shopping e no Hipermercado
Extra, foi inaugurada em 2007, após
uma oportunidade que a proprietária
teve de investir em seu próprio negócio. O empreendimento vem crescendo desde então e Letícia tornou-se
ano passado franqueadora.
Desde a infância, a empresária tinha
habilidades na área de alimentação. Foi
com um curso de barista que conheceu
as possibilidades que o café oferecia.
Ao abrir a primeira loja da Cafeeiro, a
24 | Revista MERCADO | Edição 49
empresária escolheu todo o cardápio
da cafeteria, desde os quitutes às bebidas, todos vindos de receitas criadas
por ela. “Fiz um curso de barista e criei
todas as bebidas que oferecemos.
Dos quitutes ensinei todas as receitas que sabia para as minhas colaboradoras. Tudo na cafeteria tem um
‘dedinho’ meu, desde o cardápio ao
nome e à decoração”, conta Letícia.
O perfil e a padronização dos procedimentos na Cafeeiro fez com que
a empresária fosse convidada a participar do projeto Minas Franquia, do
Sebrae. “Respondemos a formulários
e passamos por capacitação para virar
franqueadores. Fizemos um manual de
padronização e em agosto do ano passado tive embasamento para franquear uma de minhas lojas”, conta Letícia.
Atualmente, a Cafeeiro conta
com três lojas no Center Shopping,
sendo uma delas franquia e uma loja
no Hipermercado Extra. A empresária vai inaugurar em breve uma fábrica para aumentar a capacidade produtiva de abastecimento das lojas.
“Pretendo aumentar nossa capacidade produtiva e por conseqüência
conquistar novas franquias. Quero
fazer com que as pessoas acreditem
na minha ideia”, finaliza. B
mercado
economia
O valor médio dos títulos negociados chega a R$ 20 mil no Centro-Oeste, seguido de R$ 13 mil no Sudeste, R$ 10 mil no Norte e no Sul, e
O presidente da Anfac,
Luiz Lemos Leite, disse
que o levantamento feito
pela Serasa Experian foi
fundamental para o setor
de fomento mercantil,
no sentido de orientar
empresários a dimensionar o
risco de suas vendas e a inibir
a ocorrência de fraudes
R$ 5 mil no Nordeste.
A Serasa Experian também mediu
o PMA em relação ao porte dos sacados. Dentre as empresas “small” e
“corporate”, são 5,7 dias de atraso, em
média. Para as “middle”, o índice é de
5,3. Na distribuição de risco, as “small”
representam 29% de alto e altíssimo;
as “middle”, 11%; e as “corporate”, 7%.
Em média, as “corporate” têm títulos de R$ 18 mil. Para as “middle”,
esse volume fica entre R$ 10 e 12 mil.
Já entre as “small”, o valor concentra-se entre R$ 8 e R$ 10 mil.
Factoring movimentou R$ 85 bilhões no Brasil em 2011
Evento da Anfac reuniu
autoridades e empresários em
Araxá para discutir a situação do
factoring no país
Estudo mapeia o factoring
no Brasil
Por Ana Cláudia Bellintane - Fotos: Carla Mesquita
E
m 30 anos de atividades no
Brasil, o setor de factoring,
que movimentou R$ 85
bilhões em 2011, ganhou
dimensões nacionais. Segundo estudo a ser apresentado no
XI Congresso Nacional de Fomento
Mercantil, realização da Associação
Nacional das Sociedades de Fomento - Factoring (Anfac), na cidade de
Araxá (MG), 58% dos sacados estão
localizados na Região Sudeste. Entretanto, há volumes consideráveis
no Sul e Nordeste, com 16% e 14%,
respectivamente. O Centro-Oeste
aparece em quarto lugar, com 8%,
26 | Revista MERCADO | Edição 49
seguido pelo Norte, com 5%.
O levantamento foi realizado
pelo Serasa Experian e será apresentado pelo presidente da unidade
de Negócios Credit Services, Laércio
de Oliveira Pinto. Segundo o mapeamento, 81% dos sacados estão na
categoria “small”; 11%, na “middle”;
e 8%, na “corporate”. Dentre os segmentos, o comércio lidera com 67%,
seguido da indústria, com 19%, e dos
serviços, com 13%. A instituição também identificou onde se concentram
os maiores riscos para as operações
de factoring no país.
“Para o setor de fomento mer-
cantil, o levantamento é fundamental para orientar sua clientela
a dimensionar o risco de suas vendas e a inibir a ocorrência de fraudes”, afirma o presidente da Anfac,
Luiz Lemos Leite.
De acordo com os dados reunidos, o Norte e o Nordeste têm Prazo
Médio de Atraso (PMA) de 6,8 e 6,7
dias, respectivamente. Em seguida,
estão Centro-Oeste e Sul, com 5,7
dias e, por fim, Sudeste, com 5,3 dias.
Na Região Norte, os níveis de risco
alto e altíssimo atingem 41%. No Nordeste, esse percentual é de 31%; no
Sudeste, de 22%; e no Sul, de 20%.
De acordo com Luiz Lemos Leite,
o volume de negócios de fomento
mercantil - factoring - atingiu R$ 85
bilhões em 2011. Os números ainda são preliminares, mas apontam
crescimento em relação aos R$ 80
bilhões realizados em 2010.
Segundo Leite, os setores que
mais contribuíram para esse aumento foram o automotivo, o agropecuário, o sucroalcooleiro, o de TI, o de
logística, oil & gas (especialmente na
Baixada Santista e Macaé-RJ) e o da
indústria de materiais de construção.
“As análises econômicas apontam que em 2012 a economia brasileira registrará um crescimento
em torno de 3,8%, com os maiores
reflexos sendo sentidos a partir do
segundo semestre. A queda na taxa
de juros, o aumento real do salário
mínimo, a ampliação da classe C e a
redução da inadimplência são fatores que continuarão impulsionando
o crédito”, avalia Leite.
Para ele, tal cenário será favorável ao desenvolvimento da atividade
de factoring no Brasil, que deverá
ultrapassar a casa dos R$ 90 bilhões
em negócios este ano.
O XI Congresso Nacional de Fomento Mercantil comemora os 30
anos da fundação da Anfac, que
marcou a sistematização do segmento no Brasil. Cerca de 300 empresários vão discutir o panorama
econômico nacional e do setor,
além de temas técnicos, como tecnologia aplicada à gestão de riscos
e aspectos jurídicos da atividade.
“O factoring teve um papel importante na provisão de recursos
para as pequenas e médias empresas no cenário de escassez de crédito como o ocorrido há alguns anos”,
destaca Leite. “Com as novas perspectivas da economia, a tendência
é de expansão de crédito para este
ano”, salienta.
Factoring
Criado no Brasil no dia 11 de
fevereiro de 1982, com a fundação
“A queda na taxa de
juros, o aumento real
do salário mínimo,
a ampliação da
classe C e a redução
da inadimplência
são fatores que
continuarão
impulsionando o
crédito”
da ANFAC, o Factoring, ou Fomento Mercantil, é uma atividade que
consiste na prestação de serviços,
os mais variados e abrangentes, de
apoio às pequenas e médias empresas, conjugada com a compra
de direitos creditórios originados
de vendas mercantis realizadas por
sua clientela.
Dentre suas características essenciais, contempladas pelo projeto
de lei, estão a prestação de serviços
a pessoas jurídicas, bem como a
compra de direitos creditórios resultantes das vendas mercantis realizadas por suas empresas clientes.
Uma peculiaridade dessa atividade
é a prestação de serviços de orientação aos negócios dos clientes, desde a contribuição à organização ao
seu fluxo de caixa e pagamentos até
a melhor gestão.
ANFAC
A Associação Nacional das Sociedades de Fomento Mercantil - ANFAC Factoring - é a principal entidade
representativa do setor do fomento
mercantil brasileiro. Foi fundada em
1982, na cidade do Rio de Janeiro,
com o compromisso de fortalecer o
sistema brasileiro de fomento mercantil e suas relações com a sociedade, como também de contribuir
para o desenvolvimento socioeconômico e sustentável do país. B
Revista MERCADO | Edição 49 | 27
mercado
trabalho
Flávia Rosa, gestora de
pessoas: “Um feedback bem
dado, além de aumentar a
autoestima e a produtividade,
estreita a relação entre
as pessoas e alinha os
interesses de líderes”
car bons relacionamentos. “Todo
colaborador espera saber se a empresa está ou não satisfeita com
seu trabalho, mas nem sempre isso
acontece. Os líderes precisam se
interessar mais por seus funcionários, conhecê-los melhor e estreitar
Feedback: é preciso
usar (e aproveitar)
Ferramenta poderosa da comunicação e gestão de pessoas, o
feedback precisa ser utilizado com cautela e habilidade no trabalho,
não devendo ser usado para punir ou descontar no funcionário uma
insatisfação, alertam gestoras de pessoas
Por Alitéia Milagre
Q
uem não gosta de
receber elogios e ser
reconhecido pelo que
faz com empenho? Em
casa ou no trabalho,
é sempre bom receber retorno ou,
no momento certo, ouvir a opinião
sobre determinado desempenho,
principalmente quando ela é positi-
28 | Revista MERCADO | Edição 49
va. Na área corporativa, o feedback
está relacionado ao desempenho e
aos resultados atingidos por um profissional. Seu objetivo é mensurar o
resultado, seja individual ou de uma
equipe, e propor melhorias em prol
do desenvolvimento profissional. O
problema é que muitos gestores não
dão feedbacks e outros não sabem
utilizar essa importante ferramenta
da comunicação.
A especialista em gestão de
pessoas da Inthegra Talentos Humanos, Flávia Rosa de Souza, explica que a crítica construtiva faz o ser
humano crescer, mas quando ela é
feita sem tato pode estimular sentimentos de desmotivação e trin-
relacionamentos. O que acontece
é que os líderes são promovidos e
não são treinados para desempenhar esse novo papel junto à equipe”, diz Flávia.
Tanto se fala em qualidade e na
visão da gestora é justamente isso
que as pessoas esperam. Quando se
fala em qualidade, tudo está evolvido, inclusive a maneira como tratamos os nossos colaboradores. A
especialista em gestão de pessoas
esclarece que não é necessário dar
feedback toda semana, no entanto,
na hora de fazê-lo, o líder precisa ser
sincero. Isso requer olhar nos olhos
do funcionário, tirar tempo para ele.
“Nada de ficar atendendo ao telefone e fazendo outras atividades nesse
momento. Um feedback bem dado,
além de aumentar a autoestima e a
produtividade, estreita a relação entre as pessoas e alinha os interesses
de líderes e liderados, como também
faz com que atividades positivas se
repitam com mais frequência. Deixar
de dar feedback é um ruído desastroso na comunicação”, ressalta a
especialista.
Flávia também alerta sobre o
prazo do feedback. “Se o funcionário fez algo ou teve um bom desempenho num determinado período,
não deixe para reconhecer depois
de muito tempo. O mesmo se dá
se os resultados não forem positivos. O feedback não deve ser usado
para punir ou descontar no funcionário uma insatisfação. As críticas
são válidas, porém, sempre devem
ser feitas em particular”.
Feedback a favor da empresa
No Complexo Hospitalar Santa
Genoveva, os 19 gestores dão feedbacks constantes à sua equipe.
Na visão da coordenadora de RH
do hospital, Carolina Batista Silva, o
feedback gera a satisfação das equipes e deve ser feito durante o ano
todo. Para preparar os líderes nesse
sentido, no ano passado, todos tiveram a oportunidade de participar
do Projeto Lideranças Corporativas,
mais conhecido como Coaching um trabalho focado em atividades
como liderança e integração, desenvolvimento de comunicação,
gestão do tempo, relacionamento
interpessoal, equilíbrio, objetivos e
metas pessoais e profissionais e administração de conflitos.
Segundo Carolina, o Departamento de Recursos Humanos apontou uma evolução excepcional na
arte de se relacionar e de dar feedback, gerando maior motivação
no trabalho por parte dos colaboradores, que passaram a ganhar
líderes, ao invés de chefes; sonhos
A coordenadora de RH,
Carolina Silva, afirma que o
feedback gera satisfação nas
pessoas e deve ser usado
constantemente
que pareciam ser impossíveis de se
concretizar se materializaram e as
crises passaram a ser administradas
com equilíbrio e sem estresse. Além
do mais, o hospital conta com líderes maduros, que acreditam num
trabalho em conjunto. “Uma vez
ao ano cada líder faz a avaliação
de desempenho de seus talentos
humanos e a partir daí traçam planos de metas para cada um, mas
não podemos confundir avaliação
de desempenho com feedback. A
avaliação é uma ferramenta formal,
gera relatório de melhoria de performance. Geralmente, aponta o
que o funcionário precisa melhorar.
Já o feedback é uma linha de comunicação construtiva e não punitiva,
utilizada sempre que o líder sentir
necessidade. Não importa o tempo
de casa do funcionário. Até os que
estão em período de experiência
ou vão se desligar da empresa são
avaliados pelo gestor e recebem
um feedback mais preciso e profissional”, explica Carolina. A
Revista MERCADO | Edição 49 | 29
mercado
trabalho
A gerente de enfermagem
Cléria Rodrigues diz que a
avaliação (feedback) que
passou a fazer dia a dia com
cada colaborador da sua
equipe serviu de motivação
e melhorou o rendimento no
trabalho
Cléria Rodrigues Ferreira, gerente de enfermagem no mesmo
hospital em que Carolina Silva é
a gestora de RH, coordena uma
equipe de aproximadamente 200
colaboradores, entre técnicos e enfermeiros. Ela conta que adota a
transparência e fatos palpáveis para
motivar a mudança. “Por exemplo,
se um funcionário chega atrasado constantemente, sento com ele
para descobrir a causa, se o ônibus
mudou o horário de costume ou é
algum problema pessoal. Mostro o
registro de ponto e tento reajustar
esse colaborador. Depois que o feedback, - seja ele positivo ou corretivo
- passou a ser dado no mesmo dia,
o número de atrasos diminuiu consideravelmente. A ideia é promover
reflexão e mudanças”, salienta Cléria.
Ela disse que o mais importante
ao dar o feedback é garantir o direito
humano das pessoas. “Por isso dou o
retorno de uma atividade ou atitude
positiva ou negativa em particular.
Além de saber se estão atendendo
as expectativas laborais do hospital,
os funcionários exemplares participam de sorteio e recebem cesta básica via cartão”, finaliza Cléria. B
Feedbacks mais usados
Feedback positivo: reforçar o que a pessoa é e o que a pessoa faz. O comportamento pode e deve ser repetido; quando não reforçamos comportamentos esperados, é possível que eles não se repitam.
Feedback corretivo: o comportamento precisa mudar. Para corrigir a “rota”, é necessário:
• Falar do comportamento específico, sem fazer referências ao passado;
• Fazer perguntas abertas (perguntas nas quais a resposta não é sim ou não) para analisar o ponto de vista de
quem está recebendo o feedback;
• Manter a calma e não se exceder, evitando rótulos como “incompetente”, etc.;
• Saber exatamente o que aconteceu, para não fazer deduções e cair em situações de preconceito, julgamento
precipitado ou estereótipos.
(Fonte: www.rh.com.br)
mercado
construção
Bolha imobiliária ainda não
Especialistas e construtores afirmam que o atual cenário do mercado
imobiliário é bem diferente do que ocorreu nos Estados Unidos em
meados de 2007
financiamento imobiliário em 2012
para mais de R$ 100 bilhões, afirmando que, com o ganho de renda
e o aumento de crédito, as pessoas
estão com mais condições de comprar imóveis. Com isso, o setor da
construção é estimulado.
Com mais detalhes, ao comentar esse assunto, o superintendente comercial da construtora PDCA
Engenharia, Paulo Degani, que tem
obras em andamento em Uberlândia, afirma que o crescimento da capacidade de consumo e a tomada de
Por Michele Borges (Ciclo)
A
tualmente, a possibilidade da existência de
uma bolha no mercado
imobiliário
brasileiro
tem sido notícia em alguns dos principais veículos de comunicação do país. Contudo, alguns
especialistas no assunto e representantes da própria construção civil
não pensam dessa forma e, segundo
afirmam, o Brasil ainda está numa
fase em que a demanda, o aumento
do crédito e a estabilização da economia têm muito mais a ver com a
evolução dos preços no setor. Tais
explicações configuram um cenário
bem diferente do que aconteceu no
mercado imobiliário americano.
O executivo da BFRE-Brazilian Finance & Real Estate, Frederico Porto,
por exemplo, em análise publicada
pelo jornal Valor Econômico, reco-
nheceu o inegável aumento nos
preços dos imóveis, mas completou:
“Aí reside a suspeita da existência
de uma bolha. Todavia, em vez de
especulativa, tal valorização reflete
o crescimento e a estabilização da
economia brasileira”. Por sua vez, o
economista Carlos Alberto Sardemberg, em entrevista sobre o assunto
no Jornal das 10 (Globonews), interpretou a expectativa brasileira de
Paulo Degani, da PDCA, diz que as bolhas imobiliárias são típicas
em países de economias com juros permanentemente baixos, o
que não é o caso do Brasil
Desenvolvimento
Tem muito imóvel encalhado à espera de comprador, muito por causa da alta nos preços
impulsionada pela demanda
32 | Revista MERCADO | Edição 49
crédito de uma parcela considerável
da população, que até então estava
alheia ao mercado financeiro-imobiliário, é o que acarreta o aumento
dos preços dos imóveis. “Além disso,
a inflação, embora estável, mas ainda impactante no mercado da construção civil, com aumentos nos custo da matéria-prima e mão de obra,
contribui também para o aumento
dos preços”, diz.
Degani explica que, em geral, as
bolhas imobiliárias surgem em economias em que há ambiente permanente de juros baixos. No Brasil, apesar dos cortes na Selic, a taxa de juros
real ainda é das mais altas do mundo, e os percentuais praticados pelo
mercado são muito superiores aos
observados em países que passaram
por esse processo de valorização insustentável do preço dos imóveis. “O
crédito imobiliário no Brasil é muito
baixo: cerca de 5% do PIB (Produto Interno Bruto). Para haver uma
bolha, esse número precisa crescer
muito ainda. Há países em que o crédito imobiliário representa 60, 70%
do PIB, como é o caso da Espanha e
dos Estados Unidos”, compara.
Veja no quadro seguir algumas
diferenças entre o mercado imobiliário norte-americano e o brasileiro:
Estados Unidos
Brasil
Setor Público
Setor Privado
Loan to Value
100%, chegando até 120%
De 70-80%, média de aprox.
60%
Comprovação de renda
Necessária, mas na prática não
era verificada
Necessária e verificada
Tranches
Sênior, Junior e subclasses
sintéticas (CRIs Seniores
lastreados em CRI’s Seniores)
Sênior e Junior
Rating
Igual para Sênior e Sêniores
sintéticos
Sênior
Demanda do tomador
Empresas ligadas ao Setor
Público
Lastro imobiliário / Alienação
fiduciária
Garantia Final
Empresas ligadas ao Setor
Público
Lastro imobiliário / Alienação
fiduciária B
Revista MERCADO | Edição 49 | 33
mercado
capa
Um fantasma
chamado câncer
O Dia Nacional do Câncer, em 4 de fevereiro, é uma oportunidade para
chamar a atenção para o crescimento vertiginoso da doença, que em 2030
deve se transformar na principal causa de morte no mundo, ultrapassando as
doenças cardiovasculares. A doença é um fantasma que atormenta a vida de
muita gente e mata cerca de 7,6 milhões de pessoas por ano
Da Redação
O Câncer de mama é o tipo que mais mata
mulheres no Brasil. No mundo todo surgem
cerca de 1 milhão de novos casos anualmente
34 | Revista MERCADO | Edição 49
O
Dia Mundial do Câncer, instituído em 2005
pela União Internacional para o Controle do
Câncer (UICC), é celebrado em 4 de fevereiro. A data tem
como objetivo chamar a atenção das
nações, líderes governamentais, gestores de saúde e do público em geral
para o crescimento do câncer, que
atingiu proporções catastróficas no
mundo, tornando-se uma ameaça
às futuras gerações. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS),
mais de 12,7 milhões de pessoas são
diagnosticadas todo ano com câncer
e 7,6 milhões de pessoas morrem
vítimas da doença. A expectativa é
que, em 2030, sejam 26 milhões de
casos novos e 17 milhões de mortes
por ano no mundo, sendo que 2/3
das vítimas ocorrerão em países em
desenvolvimento.
“O câncer, hoje, é a segunda
principal causa de morte em todo
o mundo, atrás das doenças cardiovasculares. Com o envelhecimento
da população, em 2030 passará a
ocupar o primeiro posto”, afirma o
oncologista Dr. Ricardo Caponero.
No Brasil, a situação não é diferente. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) prevê que pouco mais de
1 milhão de pessoas receberão, nos
próximos dois anos, o diagnóstico
da doença. Estima-se que os novos
casos devam atingir 50,8% dos homens, sendo o câncer de próstata
o mais comum entre eles. Nas mulheres, nas regiões Sul e Sudeste, o
câncer de mama está em primeiro
lugar, enquanto que nas populações mais carentes o de colo de útero lidera o ranking.
Mais eficazes e com menos efeitos colaterais - Se os prognósticos são
avassaladores, a boa notícia fica por
conta do avanço da medicina, que
leva à cura ou garante maior qualidade e expectativa de vida do paciente.
O Instituto Nacional do
Câncer (INCA) prevê que
pouco mais de 1 milhão
de pessoas receberão,
nos próximos dois anos,
o diagnóstico da doença
Ao receber o diagnóstico de câncer, os pacientes têm, na maioria das
vezes, dois grandes temores. O primeiro é associá-lo a um “atestado de
morte”, e o segundo são os efeitos
colaterais provocados pela quimioterapia. Ambos os medos precisam
ser reavaliados, na opinião do Dr.
Enaldo Lima, ex-presidente da SBOC
- Sociedade Brasileira de Oncologia.
“Nos últimos dez anos, o tratamento de câncer passou a ser domiciliar, muitas das drogas administradas em clínicas e hospitais hoje
são orais, em cápsulas, aumentando
exponencialmente a comodidade
do paciente”, comentou o Dr. Lima.
Além disso, segundo ele, os remédios atuais são mais brandos, com
toxicidade inferior aos mais antigos.
“Com relação à queda de cabelo, enjoos, fraqueza e vômitos, os medicamentos atuais apresentam menores
efeitos colaterais e ao mesmo tempo
contam com eficácia bem superior”.
presente dentro de pequenas partículas - os lipossomos - que, por sua
vez, liberam a medicação no local
do tumor. “Isso confere maior segurança ao paciente, uma vez que a
molécula não circula no organismo,
diminuindo os efeitos colaterais
como queda de cabelos e alterações da medula óssea”, acrescenta
Dr. Caponero.
“A DLP apresenta boas taxas
de resposta, mas sem dúvida, em
termos de benefícios, o mais interessante é a menor toxidade, principalmente cardíaca”, reforça o oncologista Dr. Anderson Silvestrini, atual
presidente da SBOC.
Mesmo aqueles tratamentos que
não são realizados em casa contam
com enormes vantagens. É o caso
das drogas para o câncer de próstata
que, a exemplo do primeiro, também
conta com importantes recursos. Um
deles é o acetato de leuprorrelina.
Administrado por via subcutânea,
Os casos do ex-presidente Lula (câncer na laringe) e do ator
Reynaldo Gianecchini (câncer linfático) chamaram a atenção ainda
mais para a incidência da doença no Brasil
Um dos aliados no tratamento
do câncer na mulher é a substância
doxorrubicina lipossomal peguilada
(DLP) para tumores de mama e de
ovário, caracterizada por sua eficácia na redução de efeitos colaterais
como náuseas, vômitos, fraqueza
e queda de cabelo. O fármaco está
com agulha mais curta e aplicado
apenas trimestralmente, diferencia-se por ser menos dolorido e necessitar de menor volume injetável,
além disso, contribui para aumentar a qualidade de vida do paciente. Isso sem falar nos medicamentos prestes a receber o registro, A
Revista MERCADO | Edição 49 | 35
mercado
capa
O ex-vice-presidente José Alencar, vítima de câncer no estômago,
faleceu aos 79 anos, no dia 29 de março de 2011, após travar uma
longa batalha contra a doença. Foram mais de 15 cirurgias em
13 anos. Na foto, ele aparece com a presidente Dilma Rousseff,
poucos dias antes de sua morte
“Temos, cada vez mais, recursos para os pacientes recidivados
e refratários com tratamentos de
segunda linha. Além disso, haveria
indicações de lenalidomida para a
primeira linha e expectativa de que
seja usada como tratamento de manutenção. Agora, essa droga, que
beneficia milhares de pacientes no
mundo inteiro, precisa ser urgentemente aprovada no Brasil”, reivindica a Dra. Vania Hungria, professora
da Faculdade de Ciências Médicas
da Santa Casa de São Paulo.
Em qualquer que seja o tipo de
câncer, é consensual que o diagnóstico não precisa ser associado à
fatalidade. “Com as novas descobertas, tratamentos individualizados de
acordo com a linha histológica e drogas cada vez mais avançadas e alvo-específicas, as taxas de remissão ou
cura são hoje uma realidade incontestável, ao mesmo tempo em que a
qualidade de vida do paciente é cada
vez maior”, comenta Dr. Silvestrini.
Já se sabe, inclusive, que cerca de
30% a 40% dos cânceres podem ser
evitados com bons hábitos. Seguem
abaixo algumas dicas.
COMO PREVENIR O CÂNCER
Não fume - o cigarro é responsável por 30 % das mortes por câncer;
Matenha uma dieta equilibrada, rica em frutas e verduras; por outro lado, reduza a
proteína animal do cardápio;
Procure ficar no seu peso ideal, evitando sobrepeso ou obesidade;
Quadros infecciosos, causados por vírus ou bactérias, estão relacionados com 17%
de todos os cânceres;
É fundamental adotar um comportamento de sexo seguro; é importante, ainda,
vacinar as adolescentes contra o HPV, antes do início da vida sexual.
36 | Revista MERCADO | Edição 49
Mulheres
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de mama
é o segundo tipo mais frequente no
mundo e o mais comum entre as mulheres, respondendo por 22% dos casos novos a cada ano. Porém, se diagnosticado e tratado oportunamente, o
prognóstico é relativamente bom.
No Brasil, as taxas de mortalidade
Câncer de mama/
Brasil
Estimativa de novos casos:
52.680 (2012)
Número de mortes: 12.098,
sendo 11.969 de mulheres e 129
de homens (2008)
por câncer de mama continuam elevadas, muito provavelmente porque
a doença ainda é diagnosticada em
estágios avançados. Na população
mundial, a sobrevida média após
cinco anos é de 61%.
Relativamente raro antes dos 35
anos, acima dessa faixa etária sua incidência cresce rápida e progressivamente. Estatísticas indicam aumento
de sua incidência tanto nos países
desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), nas
décadas de 60 e 70 registrou-se um
aumento de 10 vezes nas taxas de
incidência ajustadas por idade nos
Registros de Câncer de Base Populacional de diversos continentes.
Foto: Reprodução
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), já é usada em mais
de 70 países e aprovada desde 2006
pela Food and Drug Administration
(FDA), nos Estados Unidos.
Foto: Roberto Stuckert / PR
como é o caso da lenalidomida, que
mudou no mundo a realidade do
mieloma múltiplo (tipo de câncer da
medula óssea). A droga, que há mais
de dois anos aguarda liberação na
O câncer de mama, o mais
comum entre as mulheres,
se diagnosticado e tratado
oportunamente, apresenta um
prognóstico relativamente bom
Homens
A próstata é uma glândula que
só o homem possui e que se localiza na parte baixa do abdômen. Ela
é um órgão muito pequeno, tem a
forma de uma maçã e se situa logo
abaixo da bexiga e à frente do reto.
A próstata envolve a porção inicial
da uretra, tubo pelo qual a urina armazenada na bexiga é eliminada.
A próstata produz parte do sêmen,
líquido espesso que contém os espermatozóides, liberado durante o
ato sexual.
Câncer de próstata/
Brasil
Estimativa de novos casos:
60.180 (2012)
Número de mortes: 12.274
(2009)
No Brasil, o câncer de próstata é
o segundo mais comum entre os ho-
mens (atrás apenas
do câncer de pele
não melanoma). Em
valores absolutos, é
o sexto tipo mais comum no mundo e o
mais prevalente em
homens, representando cerca de 10% Uretra
do total de cânceres.
Sua taxa de incidência é cerca de seis Pênis
vezes maior nos países desenvolvidos
em comparação aos
países em desenvolvimento.
Mais do que
qualquer outro tipo, é considerado um câncer da terceira idade,
já que cerca de três quartos dos
casos no mundo ocorrem a partir
dos 65 anos. O aumento observado nas taxas de incidência no
Brasil pode ser parcialmente justificado pela evolução dos métodos
diagnósticos (exames), pela melhoria na qualidade dos sistemas
Bexiga
Reto
Ânus
Testícul
Próstata
Escroto
de informação do país e pelo aumento na expectativa de vida.
Alguns desses tumores podem
crescer de forma rápida, espalhando-se para outros órgãos e podendo levar à morte. A grande maioria,
porém, cresce de forma tão lenta
(leva cerca de 15 anos para atingir
1 cm³) que não chega a dar sinais
durante a vida e nem a ameaçar a
saúde do homem. A
Revista MERCADO | Edição 49 | 37
mercado
capa
Câncer de pele
Não melanoma - É o câncer
mais frequente no Brasil e corresponde a 25% de todos os tumores
malignos registrados no país. Apresenta altos percentuais de cura, se
for detectado precocemente. Entre
os tumores de pele, o tipo não melanoma é o de maior incidência e
mais baixa mortalidade.
O câncer de pele é mais comum
em pessoas com mais de 40 anos,
sendo relativamente raro em crianças e negros, com exceção daqueles
já portadores de doenças cutâneas
anteriores. Pessoas de pele clara,
sensível à ação dos raios solares ou
com doenças cutâneas prévias são
as principais vítimas.
Como a pele - maior órgão do
corpo humano - é heterogênea, o
câncer de pele não melanoma pode
Câncer de pele não
melanoma/Brasil
Estimativa de novos casos:
134.170, sendo 62.680 de
homens e 71.490 de mulheres
(2012)
Número de mortes: nada consta
apresentar tumores de diferentes linhagens. Os mais frequentes são o
carcinoma basocelular, responsável
por 70% dos diagnósticos, e o carcinoma epidermóide, que representa
25% dos casos. O carcinoma basocelular, apesar de mais incidente, é
também o menos agressivo.
O câncer de pele, o não
melanoma, é o mais frequente
e corresponde a 25% de
todos os tumores malignos
registrados no Brasil
Figura 1
Melanoma - O melanoma cutâneo é um tipo de câncer de pele que
tem origem nos melanócitos (células
produtoras de melanina, substância
que determina a cor da pele) e predominância em adultos brancos. Embora
o câncer de pele seja o mais frequente
no Brasil e corresponda a 25% de todos os tumores malignos registrados
no país, o melanoma representa apenas 4% das neoplasias malignas do órgão, apesar de ser o mais grave devido
à sua alta possibilidade de metástase.
O prognóstico desse tipo de câncer pode ser considerado bom, se
detectado nos estágios iniciais. Nos
últimos anos, houve uma grande melhora na sobrevida dos pacientes com
melanoma, principalmente devido à
detecção precoce do tumor.
Câncer de pele
melanoma/Brasil
Estimativa de novos casos:
6.230, sendo 3.170 de homens e
3.060 de mulheres (2012)
Número de mortes: 1.392,
sendo 827 de homens e 565 de
mulheres (2009)
Estimativas para o ano de 2012 das taxas brutas de incidência por 100 mil habitantes e de número de casos novos por
câncer, segundo sexo e localização primária*
Estimativa dos Casos Novos
Localização Primária
Neoplasia Maligna
Próstata
Mama Feminina
Colo do Útero
Traqueia, Brônquio e Pulmão
Cólon e Reto
Estômago
Cavidade Oral
Laringe
Bexiga
Esôfago
Ovário
Linfoma não Hodgkin
Glândula Tireoide
Sistema Nervoso Central
Leucemias
Corpo do Útero
Pele Melanoma
Outras Localizações
Subtotal
Pele não Melanoma
Todas as Neoplasias
Homens
Estados
Taxa
Casos
Bruta
60.180
62,54
17.210
17,90
14.180
14,75
12.670
13,20
9.990
10,41
6.110
6,31
6.210
6,49
7.770
8,10
5.190
5,40
4.820
5,02
4.570
4,76
3.170
3,29
43.120
44,80
195.190
202,85
62.680
65,17
257.870
267,99
Mulheres
Capitais
Taxa
Casos
Bruta
15.660
75,26
4.520
21,85
4.860
23,24
3.200
15,34
2.760
13,34
1.540
7.56
1.900
9,28
1.500
7,26
1.560
7,66
1.190
5,82
1.180
5,81
810
4,05
11.100
53,33
51.780
248,60
14.620
70,39
66.400
318,79
Estados
Taxa
Casos
Bruta
52.680
52,50
17.540
17,49
10.110
10,08
15.960
15,94
7.420
7,42
4.180
4,18
2.690
2,71
2.650
2,67
6.190
6,17
4.450
4,44
10.590
10,59
4.450
4,46
3.940
3,94
4.520
4,53
3.060
3,09
38.720
38,61
189.150
188,58
71.490
71,30
260.640
259,86
Capitais
Taxa
Casos
Bruta
18.160
78,02
5.050
21,72
3.060
13,31
5.850
25,27
2.170
9,47
1.130
4,92
880
3,72
520
2,27
2.220
9,53
1.560
6,85
3.490
14,97
1.200
5,23
1.180
5,02
1.700
7,39
790
3,46
10.320
44,50
59.280 254,86
15.900
68,36
75.180
323,22
*Números arredondados para 10 ou múltiplos de 10
Presente e futuro no Brasil não são nada animadores
No Brasil, as estimativas para o
ano de 2012 serão válidas também
para o ano de 2013 e apontam a ocorrência de aproximadamente 518.510
casos novos de câncer, incluindo os
casos de pele não melanoma, reforçando a magnitude do problema do
câncer no país. Sem os casos de câncer da pele não melanoma, estima-se
um total de 385 mil casos novos. Os
tipos mais incidentes serão os cânceres de pele não melanoma, próstata,
pulmão, cólon e reto e estômago
para o sexo masculino; e os cânceres
de pele não melanoma, mama, colo
do útero, cólon e reto e glândula tireóide para o sexo feminino.
São esperados um total de
257.870 casos novos para o sexo masculino e 260.640 para o sexo femini38 | Revista MERCADO | Edição 49
no. Confirma-se a estimativa de que
o câncer de pele do tipo não melanoma (134 mil casos novos) será o mais
incidente na população brasileira, seguido pelos tumores de próstata (60
mil), mama feminina (53 mil), cólon e
reto (30 mil), pulmão (27 mil), estômago (20 mil) e colo do útero (18 mil).
Os 5 tumores mais incidentes
para o sexo masculino serão o câncer
de pele não melanoma (63 mil casos
novos), próstata (60 mil), pulmão (17
mil), cólon e reto (14 mil) e estômago
(13 mil). Para o sexo feminino, destacam-se, entre os 5 mais incidentes, os
tumores de pele não melanoma (71
mil casos novos), mama (53 mil), colo
do útero (18 mil), cólon e reto (16 mil)
e pulmão (10 mil) - (ver Figuras 1 e 2,
no final da reportagem).
Diante do quadro que se apresenta, de acordo com o Inca, para o
enfrentamento do câncer, são necessárias ações que incluam: educação em saúde em todos os níveis da
sociedade; promoção e prevenção
orientadas a indivíduos e grupos (não
esquecendo da ênfase em ambientes
de trabalho e nas escolas); geração de
opinião pública; apoio e estímulo à
formulação de leis que permitam monitorar a ocorrência de casos.
E, finalmente, para que essas
ações sejam bem-sucedidas, será
necessário ter como base as propostas em informações oportunas e de
qualidade (consolidadas, atualizadas
e representativas) e análises epidemiológicas a partir dos sistemas de
informação e vigilância disponíveis.
Figura 2
Distribuição proporcional dos dez tipos de câncer mais incidentes estimados para 2012 por sexo, exceto pele não
melanoma*
Homens
Localização primária
casos novos
Próstata
60.180
Traqueia, Brônquio e Pulmão
17.210
Cólon e Reto
14.180
Estômago
12.670
Cavidade Oral
9.990
Esôfago
7.770
Bexiga
6.210
Laringe
6.110
Linfoma não Hodgkin
5.190
Sistema Nervoso Central
4.820
%
30,8
8,8
7,3
6,5
5,1
4,0
3,2
3,1
2,7
2,5
Mulheres
Localização primária
casos novos
%
Mama Feminina
52.680
27,9
Colo do Útero
17.540
9,3
Cólon e Reto
15.960
8,4
Glândula Tireoide
10.590
5,6
Traqueia, Brônquio e Pulmão
10.110
5,3
Estômago
7.420
3,9
Ovário
6.190
3,3
Corpo do Útero
4.520
2,4
Linfoma não Hodgkin
4.450
2,4
Sistema Nervoso Central
4.450
2,4 B
*Números arredondados para 10 ou múltiplos de 10
Revista MERCADO | Edição 49 | 39
mercado
saúde
serviços de saúde, permitindo o aprimoramento contínuo da atenção, de
forma a melhorar a qualidade da assistência em todas as organizações
prestadoras de serviços de saúde do
país. Com a criação da ONA (www.
ona.org.br), teve início a implantação das normas técnicas do Sistema
Brasileiro de Acreditação.
Não existe estatística nacional
que compare os números referentes
à qualidade dos serviços de saúde,
mas a estimativa é de que são feitas 4
milhões de internações anualmente
nos hospitais privados e 11 milhões
no SUS. Desses pacientes, 48% sofrem de complicações que poderiam
ser evitadas se fossem observados os
protocolos de segurança do paciente, um dos princípios orientadores
dos manuais de acreditação. Em um
dos hospitais privados acreditados
pela ONA - Organização Nacional de
Acreditação, por exemplo, o índice
de infecção hospitalar em uma das
UTIs passou de 7% para menos de
1% em menos de dois anos. Na mesma instituição, a pneumonia associa-
O que é Acreditação?
Define-se acreditação como um sistema de avaliação e certificação da
qualidade de serviços de saúde, voluntário, periódico e reservado.
Nas experiências brasileira e internacional, é uma ação coordenada por
uma organização ou agência não governamental encarregada do desenvolvimento e da implantação da sua metodologia.
Em seus princípios, tem um caráter eminentemente educativo, voltado
para a melhoria contínua, sem finalidade de fiscalização ou controle oficial, não devendo ser confundida com os procedimentos de licenciamento e ações típicas de Estado.
Principais vantagens da Acreditação
•
•
•
•
•
•
Segurança para os pacientes e profissionais
Qualidade da assistência
Construção de equipe e melhoria contínua
Útil instrumento de gerenciamento
Critérios e objetivos concretos adaptados à realidade brasileira
Caminho para a melhoria contínua
Principais interessados no Processo de Acreditação
Saúde com garantia
Acreditação - um processo que visa à segurança do paciente e à
redução de erros médicos
•
•
•
•
•
•
Líderes e administradores
Profissionais de saúde
Organizações de saúde
Sistemas compradores
Governo
Cidadão
da à ventilação mecânica caiu de 9%
para 2% no mesmo período.
Poucas pessoas sabem o significado da acreditação (veja detalhes
no box a seguir), mas as próprias instituições de saúde começam a perceber que além de oferecer um serviço
diferenciado, com maior qualidade e
segurança para seus usuários, também são beneficiadas com a melhora da reputação no mercado e com a
redução de despesas decorrentes de
práticas erradas.
A redução de problemas causados por erros médicos é um dos
principais resultados da acreditação - um mecanismo que estimula
o aprimoramento constante dos
processos, com o objetivo de garantir a qualidade na assistência à
saúde, pois os manuais do Sistema
Brasileiro de Acreditação focam
principalmente na segurança do
paciente. Dessa forma, o processo de acreditação de um serviço
de saúde promove um controle
maior dos riscos clínicos e não clínicos e uma maior qualidade dos
serviços prestados.
O selo é uma indicação de que a
instituição segue uma padronização
e se preocupa com a qualidade em
tudo o que faz para evitar a ocorrência de danos à saúde. Sua obtenção
é uma consequência da conformidade com os padrões definidos pela
metodologia da acreditação. Além
disso, a renovação periódica da
acreditação, geralmente em torno
de dois anos, é uma garantia de que
existe um controle de qualidade sobre os serviços certificados, que devem estar sempre se aprimorando
para alcançar níveis cada vez mais
avançados de certificação.
A opção pela acreditação não é obrigatória
Da Redação
N
o Brasil, o usuário ainda faz a escolha do
hospital, clínica ou laboratório em função
da cobertura do seu
plano de saúde. Outros critérios comuns são a facilidade de acesso ou
40 | Revista MERCADO | Edição 49
a indicação de um amigo ou familiar.
Mas esses não são critérios ideais,
pois não se baseiam na qualidade ou
segurança dos serviços prestados.
Foi justamente para facilitar a vida
das pessoas que buscam serviços de
saúde na sua excelência que, entre
abril e maio de 1999, foi constituída
a Organização Nacional de Acreditação (ONA), uma organização não
governamental que tem por objetivo geral promover a implantação de
um processo permanente de avaliação e certificação da qualidade dos
Embora a acreditação seja uma
opção voluntária dos serviços de
saúde, temos o exemplo da iniciativa do Ministério da Educação, com
a criação do Programa Nacional de
Reestruturação dos Hospitais Universitários, que estabeleceu a acredi-
tação como meta para as instituições
dessa natureza a partir de 2010. A
preocupação se justifica: um estudo
realizado há cerca de 10 anos chegou à conclusão de que ocorre uma
morte a cada 200 internações, e isso
acontece principalmente por falha
humana ou infecção hospitalar.
Segundo a doutora Maria Carolina Moreno, assessora de Relações
Interinstitucionais da ONA, os erros
médicos ocorrem por diversos motivos: excesso de carga de trabalho, falta de capacitação de cola-A
Revista MERCADO | Edição 49 | 41
mercado
saúde
boradores, quadro de funcionários
não compatível com a demanda
do serviço, sistematização de processo que não pressupõe ações de
segurança na assistência, ausência
de organização e formalização dos
processos de trabalho.
As principais ocorrências apon-
tadas em trabalhos nacionais e
internacionais são relacionadas à
cirurgia em parte errada do corpo,
erros de medicação, erro nos resultados de exames, falhas de equipamento ou engano do tipo de
sangue durante a transfusão. Para
evitar que aconteçam, Maria Caro-
Os níveis da certificação ONA
Ao citar os procedimentos, as
recomendações e exigências estabelecidas em cada nível da certificação, Maria Carolina esclarece que
o Nível 1 consiste na existência de
processos que procurem garantir
a segurança do paciente. O Nível
2 - gestão integrada, envolve o
acompanhamento das barreiras de
segurança definidas, dos principais
processos desenhados e dos protocolos implantados. “Deve existir
uma análise crítica dos controles
de processo e análise de resultados, assim como de processos e de
protocolos assistenciais, com o es42 | Revista MERCADO | Edição 49
tabelecimento de planos de ação e
melhorias. Nesse nível, a interação
entre os setores deve ser evidenciada”, detalha a assessora de Relações
Interinstitucionais da ONA.
O terceiro estágio obtido na
acreditação é o Nível 3 - excelência
em gestão. “Isso ocorre quando a
instituição já incorporou o acompanhamento e a análise crítica de processos e resultados assistenciais e os
ciclos de melhoria acontecem de forma sistemática. As informações são
utilizadas para as tomadas de decisão e as diversas áreas trabalham alinhadas ao planejamento estratégico
lina avalia que a instituição precisa
estabelecer processos de trabalho
que funcionem como verdadeiras
barreiras a essas ocorrências.
“Sabe-se que o ser humano
comete erros, cabe ao processo estabelecer formas de reconhecê-los
antes que seja causado dano ao
paciente”, informa Maria Carolina.
Entre esses procedimentos, ela cita
alguns exemplos: definir sistema
de checagem do local ou membro
a ser submetido a procedimento
cirúrgico por mais de um colaborador em diferentes momentos que
antecedam a cirurgia, perguntar
o nome ao paciente antes da infusão de medicamentos, realizar a
verificação de ausência de alergias
por mais de um profissional, definir
pela manutenção preventiva periódica de todos os equipamentos do
serviço de saúde e realizar testes de
qualificação sistemáticos dos equipamentos laboratoriais.
A assessora da ONA explica que
a acreditação tem uma série de padrões de qualidade exigidos, o que
permite a organização do serviço, a
definição, a otimização e o controle dos processos internos, além de
incentivar boas práticas e promover
a definição de protocolos assistenciais, ratificando um modelo de gestão e permitindo a melhoria evidente dos resultados.
da instituição,” resume. Os padrões
estabelecidos para os três níveis são
de complexidade crescente e correlacionados, de modo que, para se alcançar um nível de qualidade superior, os níveis anteriores devem ser
totalmente atendidos.
Na busca da segurança do paciente, a iniciativa da ONA é muito
importante, conforme avalia Maria
Carolina. Primeiro porque conside-
ra o perfil nacional das instituições
e suas especificidades regionais e
de financiamento, sem comprometer a qualidade e validade da
metodologia. “Por se propor a ser
um processo educativo, o Sistema
Brasileiro de Acreditação possui níveis a serem alcançados ao longo
do processo de acreditação, sendo este um fator de estímulo para
a organização da saúde na busca
pela melhoria contínua. Outro fato
relevante é a metodologia não ser
prescritiva, ou seja, ela não define
método. Cada instituição deve encontrar a melhor forma de cumprir
os padrões exigidos.”
Atualmente, no Brasil, existem
283 instituições de saúde certificadas pela ONA. Desse total, 54 são
mineiras e, destas, 6 são de Uberlândia (veja quadro a seguir).
INSTITUIÇÕES ACREDITADAS PELA ONA EM UBERLÂNDIA
Nome
Nível
Certificação
Validade
CENTRO TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE
UBERLÂNDIA S/S LTDA (*)
2
Acreditado Pleno
08/11/2012
CHECK UP LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS LTDA
3
Acreditado com
Excelência
12/04/2013
HOSPITAL ORTHOMED CENTER
1
Acreditado
09/02/2013
HOSPITAL SANTA CLARA
2
Acreditado Pleno
13/12/2013
MISSÃO SAL DA TERRA - UAI SÃO JORGE
1
Acreditado
29/07/2012
UNIDADE RADIOLÓGICA DE UBERLÂNDIA S/S LTDA (*)
2
Acreditado Pleno
08/11/2012
(*) Unidades de saúde integrantes do Centro de Diagnóstico por Imagem (CDI) B
Revista MERCADO | Edição 49 | 43
mercado
ciência
‘Laboratório vivo’,
oásis mexicano corre
o risco de desaparecer
Da Redação (*) - Fotos: Divulgação
U
m raro ecossistema de
zonas úmidas no deserto de Chihuahuan, no
norte do México, e que
pode conter informações chave sobre as origens da vida
na Terra - até mesmo sobre a possibilidade de vida em Marte -, corre
sério perigo de desaparecer caso sua
água continue a ser extraída para o
agronegócio. Com 200 km de extensão, o Vale de Cuatrociénegas - “vale
dos quatro pântanos” -, localizado a
1 mil km ao norte da Cidade do México, é um complexo sistema de zonas
úmidas ancestrais, com nascentes
ricas em minerais, córregos, lagos,
pântanos e piscinas de água azul turquesa, conhecidas como “pozas”. É
alimentado por canais subterrâneos
naturais e cercado por uma cadeia
de montanhas com picos que ultrapassam 3 mil metros de altura.
“Essa é a nossa única janela para
entender o passado do planeta, porque a vida emergiu aqui, e nós não
estamos cuidando dela como deveríamos”, disse à IPS Valeria Souza,
uma pesquisadora do instituto de
ecologia da Universidade Nacional
44 | Revista MERCADO | Edição 49
A cientista Valeria Souza,
pesquisadora da UNAM
Autônoma do México (UNAM). “Em
vez de tentar entender como o ecossistema funciona, as autoridades
têm se dedicado a explorá-lo e a extrair o máximo que podem, em troca
de nada”, queixou-se ela.
Souza, que recebeu inúmeros
prêmios ambientais, estuda a área
desde 2000, ao lado de outros cientistas do México e do exterior.
A extraordinária biodiversidade e
o número de espécies endêmicas em
Cuatrociénegas tornam o seu ecossistema tão singular quanto o das Ilhas
Galápagos, no Equador. A bacia, declarada área natural protegida em
1994, abrange 84,350 hectares, e é lar
para mais de 70 espécies endêmicas
- o que significa que elas não podem
ser encontradas em nenhum outro lugar do planeta - incluindo a única tartaruga-de-caixa aquática no mundo e
várias espécies de peixes tropicais.
“Muita água é removida e transportada para outros vales para o
cultivo de alfafa, o que requer uma
grande quantidade de água”, afirmou Francisco Valdés, ambientalista
e professor do Instituto Tecnológico
de La Laguna, na cidade de Torreón,
próximo à reserva natural. “Desde
2000, nós temos tido vários anos
chuvosos e os aquíferos foram reabastecidos, e a água estava correndo
nos canais subterrâneos. Mas este
ano tem sido muito seco”, contou.
Algumas espécies endêmicas, incluindo a tartaruga-de-caixa, só
podem ser encontradas em Cuatrociénegas e em mais nenhum
outro lugar do planeta
A Comissão Nacional para o Conhecimento e Uso da Biodiversidade
diz que o vale está sob ameaça devido à crescente extração da superfície e da água subterrânea para irrigação, à transformação de habitats,
à dispersão de espécies exóticas, ao
pastoreio, ao corte de árvores para
lenha, à coleta ilegal de cactos, à caça
de répteis, à exploração de pedra de
gesso e ao turismo irregular. Especialistas acusam também a indústria
local de laticínios e os produtores
de alfafa - usada como alimento de
animais - de esgotar os recursos hídricos de Cuatrociénegas.
Cerca de 500 mil cabeças de gado
na área produzem sete milhões de
litros de leite por dia para o mercado doméstico e para exportação. No
México, são necessários aproximadamente 2.500 litros de água para
produzir um litro de leite, de acordo
com a “Trilha da Água das Nações”,
um relatório da UNESCO-IHE Instituto de Educação sobre a Água.
Autoridade nos recursos hídricos
mexicanos, Conagua diz que existem nove aquíferos na região, todos
superexplorados, que fornecem 1.23
bilhões de metros cúbicos de água
por ano, enquanto eles são reabastecidos somente com 868 milhões
de metros cúbicos por ano. Cuatrociénegas é uma das 55 zonas úmidas
prioritárias no México sob a Convenção de Ramsar, acordo intergovernamental de conservação e uso racional dessas áreas e de seus recursos,
vigente desde 1975.
O esgotamento da “poza” de
Churince, o mais antigo lago do
ecossistema, é um mau presságio
para a reserva, alerta Evan Carson,
um biólogo da Universidade do
Novo México, nos Estados Unidos.
Após suas duas últimas visitas, em
março e maio, Carson, que estuda o
ecossistema desde 1998, reportou
em uma pesquisa (“Churince System
Status aquatic fauna” (“O estado do
sistema de Churince, fauna aquática”) que “neste momento, o sistema
de Churince é essencialmente um
sistema morto, ao menos em relação
à sua condição anterior”.
Ao menos três espécies de peixe
e duas espécies de moluscos, todas
endêmicas para o ecossistema, podem ter sido “extirpadas deste sistema”, e “espécies ambientalmente
mais resistentes também tiveram o
tamanho da população reduzida e
foram deslocadas na distribuição geográfica do sistema”, escreveu Carson. Ele concluiu sua tese alertando
que “deter a extração de água (do
ecossistema) pode já ser muito pouco, muito tarde”. A
Em Cuatrociénegas, a diversidade de micróbios é extraordinária, é
a mais antiga e conhecida do planeta
Revista MERCADO | Edição 49 | 45
mercado
ciência
‘Ecocídio’
Embora o presidente Felipe Calderón tenha prometido desde 2007
investir aproximadamente 75 milhões de dólares para preservar a
reserva natural, apenas cerca de oito
milhões de dólares foram desembolsados. Em setembro, Conagua assinou um acordo com a Comissão Nacional de Áreas Naturais Protegidas
para canalizar 100 litros de água por
segundo em Churince, uma quantidade que deveria subir para 300
litros em dezembro. Mas o acordo
foi repentinamente cancelado, presumivelmente devido a pressões de
grandes produtores agrícolas.
Pesquisadores, cujos alertas no
decorrer dos últimos anos recaem
sobre ouvidos surdos, recomendam
a imediata proibição da extração de
água e a implementação de projetos
alternativos de agricultura para otimizar o uso da água. “O problema é
que as autoridades pensam na água
não como algo essencial à vida, mas
como algo que pode ser comprado
e vendido. Isso tem levado ao ‘ecocídio’. É impossível reverter o dano,
porque as antigas reservas se foram.
A água do subterrâneo profundo está
se esgotando e, sem isso, Cuatrocié-
Cientistas da Universidade de Montana (EUA) coletam amostras
de uma salina no Vale de Cuatrociénegas
negas não é nada”, disse Souza.
Prevendo que a área não vai sobreviver mais do que dois verões
nas condições atuais, o pesquisador
lançou um abaixo-assinado online
para impelir o governo a resgatar o
ecossistema ameaçado. Até agora
ela coletou pouco mais de três mil
assinaturas. Em setembro de 2010,
Souza deu início a um inventário da
biodiversidade em um projeto patrocinado pelo escritório mexicano
do World Wildlife Fund (WWF) e pela
Carlos Slim Foundation para “entender quem vive onde, desde o mais
ínfimo vírus até os coiotes, e quem
alimenta quem”, explicou Souza.
“Existem interesses econômicos
muito poderosos envolvidos aqui”,
disse o Professor Valdés. “Mas alfafa não deve mais ser cultivada em
Cuatrociénegas, porque a comunidade local não colhe benefícios
econômicos a partir dela, e se faz
necessário um esforço de reconversão produtiva.”
NASA
A NASA (sigla em inglês para National Aeronautics and Space Administration) está estudando microorganismos em Cuatrociénegas que são
similares aos que habitaram o planeta centenas de milhões de anos atrás,
para ajudar a entender as origens da
vida na Terra. Ela também considera
esta zona úmida útil para descobrir
vida em Marte, considerando que as
condições são aparentemente similares às condições naquele planeta.
A última sonda da NASA em
Marte, “Curiosity”, foi lançada em
novembro com um laboratório de
ciência, para explorar uma cratera
naquele planeta que Souza - convidado para o lançamento - descreve
como “semelhante à Churince”. B
46 | Revista MERCADO | Edição 49
mercado
Foto: Arquivo
especial calçados
Por isso, com os números tendo
praticamente dobrado de um evento para outro, em apenas duas edições realizadas, o presidente do Sindicalçados já até definiu a data da
próxima feira: de 9 a 11 de julho. Ele
A Feira & Negócios Moda
Calçados: vista parcial dos 105
estandes instalados, onde foram
vendidos cerca de 250 mil pares
de calçados das 135 marcas
presentes à feira
Foto: Arquivo
Por Edmundo Heráclito
48 | Revista MERCADO | Edição 49
do em todos os sentidos o anterior.
O público visitante ultrapassou a
5.500 pessoas, foram vendidos cerca
de 250 mil pares de calçados das 135
marcas presentes na feira, distribuídas nos 105 estandes instalados.
Na sua primeira edição, em julho
de 2011, a Feira & Negócios Moda
Calçados contou com presença de
1.300 pessoas no salão de eventos
Apoteose, onde foi realizada. No
local, foram instalados 53 estandes
e 89 marcas nacionais e regionais
estiveram presentes. Como resultado, em volume de negócios, foram
comercializados cerca de 147 mil
pares de sapatos.
De acordo com o presidente do
Sindicalçados, Cesar Cunha Campos,
a mudança do local para realização
dessa segunda edição da feira, da
Apoteose para o Center Convention,
assim como ampliar o número de estandes, de 53 para 105, foi acertada
e ousada. “Acreditamos na presença
de um maior público e no aumento
das vendas, pois reconhecemos o
potencial de nossas empresas em
oferecer qualidade e ampliar mercado,” ressalta Cesar Cunha.
Calçadistas de todo o Brasil
acreditam que o ano de 2012 será
um período de recuperação para
o setor. Essa é a percepção do presidente da Associação Brasileira
de Indústria de Calçados (Abicalçados), Milton Cardoso. “Acredito
que haverá a retomada por conta
do Plano Brasil Maior, da recuperação da defasagem cambial e do início dos procedimentos de defesa
comercial e de ação fiscal que visa
a combater a entrada de calçados
ilegais no Brasil”, disse Cardoso durante a Couromoda, realizada este
mês em São Paulo.
O executivo ressaltou que o ano
passado foi ruim para o setor calçadista, principalmente no que diz
respeito às exportações. “Amplia-
O presidente da Abicalçados,
Milton Cardoso, acredita
que 2012 seja um ano de
recuperação para o setor
calçadista
mos destinos, investimos em novas
tendências e em qualidade. Ainda
assim nossas exportações caíram
13% em valor e 21% em volume de
pares”, informou Milton Cardoso.
O presidente da Abicalçados destacou o crescimento na demanda
interna, mas disse boa parte desse
aumento foi absorvida pelo calçado
Foto: Divulgação
A
explica que os lançamentos de novos produtos em calçados seguem
o cronograma de duas coleções,
outono-inverno e primavera-verão.
“Nessa fase que estamos, de outono-inverno, temos um período de
vendas menor, que é em torno de
mais de 3 meses. Já a primavera-verão tem mais de 8 meses de comercialização. Mesmo assim decidimos
investir em uma feira maior”, conta
Cesar Cunha. Ele destaca ainda que,
tradicionalmente, o setor calçadista
Empresários acreditam na recuperação em 2012
Feira amplia espaço para
alavancar setor calçadista
s indústrias de calçados
que atuam no mercado de Uberlândia e
região contam, desde
o ano passado, com
uma nova ferramenta de apoio aos
negócios. Trata-se da Feira & Negócios Moda Calçados, uma iniciativa
do Sindicato das Indústrias de Calçados de Uberlândia (Sindicalçados). O
evento deste ano, que esteve em sua
segunda edição, realizado entre 31
de janeiro e 2 de fevereiro, no Center
Convention, foi considerado um sucesso pelos organizadores, superan-
tinha os representantes comerciais
como o maior canal de vendas, mas
na atualidade as feiras nacionais
começaram a ter uma participação
maior nesse mercado, como também as lojas virtuais. “Os meios de
vendas estão mudando e precisamos acompanhar”, analisa.
O Sindicalçados tem atualmente
57 empresas associadas e, por enquanto, nenhuma delas está exportando produtos. Como o calçado
brasileiro já é conhecido e vendido
lá fora há alguns anos, Cesar Cunha
acredita que algumas indústrias de
Uberlândia reúnem condições de
voltar a exportar e isso pode ocorrer
a médio prazo. “Há quatro anos não
exportamos, mas precisamos voltar
a atuar nesse mercado. Produtos e
qualidade para isso nós temos. O
que precisamos é preparar as indústrias para esse desafio”, diz.
O presidente do
Sindicalçados, Cesar Cunha
Campos, diz que a mudança
do local de realização da
feira se deveu à certeza
de sucesso do evento,
como consequência do
aquecimento de mercado
importado. As vendas no varejo de
calçados e artigos de couro cresceram 7% em valor e 5% em volume,
segundo dados da Ablac, Associação
dos Lojistas de Calçados. “O calçado
importado se apropriou desse crescimento do consumo”, disse Cardoso.
O executivo ressalta que a consequência da entrada de calçados
importados foi a queda de 11,7% até
novembro na produção nacional,
quando comparada ao mesmo período de 2010, segundo dados do IBGE.
Incentivos - Durante a Couromoda, em São Paulo, de 16 a 19 de
janeiro, o Governo Federal sinalizou
com novos incentivos à indústria
de calçados no país como forma
de minimizar os efeitos da entrada
de produtos importados do Oriente nos últimos anos. O objetivo é
manter o desempenho alcançado
no ano passado, de acordo com
Alessandro Teixeira, ministro interino do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior (Mdic). “Nós teremos medidas que vão auxiliar na A
Revista MERCADO | Edição 49 | 49
mercado
especial calçados
39ª Couromoda: exemplo gaúcho pode servir a outros estados
Com informações da Agência RS
50 | Revista MERCADO | Edição 49
Minas já recuperou
o seu espaço
na moda e nos
calçados
Por Edmundo Heráclito
Ministro interino Alessandro
Teixeira: “Teremos medidas
que vão auxiliar a defesa da
indústria, medidas que vão
fortalecer a produção local
e também em relação ao
crédito”
Ao se juntarem num mesmo estande durante a 39ª Couromoda, em São
Paulo, indústrias de calçados do Rio
Grande do Sul, por exemplo, conseguiram um incremento de 12,5% no número de pares de calçados e artefatos
comercializados. Com a venda, o faturamento chegou a R$ 15,6 milhões, de
acordo com avaliação do secretário estadual de Desenvolvimento e Promoção do Investimento, Mauro Knijnik.
Dentre outros números da feira,
Mauro Knijnik destaca os 1.727 negócios fechados e os 8.507 contatos
com compradores de todo o Brasil e
de países como a África do Sul, Canadá, Cuba, Estados Unidos, Inglaterra,
México e Nicarágua, além de mercados da América do Sul, como Bolívia,
Chile, Colômbia, Equador, Paraguai,
Peru e Venezuela.
Knijnik salientou a importância
da parceria com as prefeituras municipais de Campo Bom, São Leopoldo
e Sapiranga, e instituições como a
Associação das Indústrias de Máquinas e Equipamentos para os Setores
do Couro, Calçados e Afins (ABRAMEQ), Sebrae e Associações Comerciais e Industriais de Campo Bom,
Estância Velha e Novo Hamburgo
para a viabilização do projeto Couromoda. “Integrando forças, conse-
entrevista
Foto: Arquivo
Foto: Reprodução
defesa da indústria, medidas que
vão fortalecer a produção local e
também em relação ao crédito, que
é muito importante para a indústria, especialmente em um ano em
que a liquidez internacional está
cada vez mais reduzida”, disse ele.
Na 39ª Couromoda, indústrias gaúchas de calçados conseguiram
um incremento de 12,5% no número de pares de calçados e
artefatos comercializados
guimos financiar dois estandes independentes, um deles para calçados e
acessórios, com 51 empresas (micro
e pequenas), e outro para máquinas
e equipamentos, com dez empreendimentos”, enalteceu.
O secretário afirmou que o bom
volume de negócios registrado na exposição sinaliza a força das empresas
gaúchas no mercado e a expectativa
de um ano diferenciado para o setor.
“Em março, estaremos entregando a
política industrial e de inovação do
Estado, voltada para os 22 setores estratégicos. Queremos fortalecer toda
a cadeia produtiva do setor coureiro-calçadista para garantir uma maior
competitividade”, informou.
Mauro Knijnik acrescentou, ainda,
o fato de que 43% das empresas que
foram apoiadas pelo Estado “debutaram” na Couromoda. “Além do incremento direto nos negócios, é uma
oportunidade singular para conhecer
tecnologias de ponta e inserir a empresa em novos mercados”, concluiu.
A presidente do Sindicato das
Indústrias do Vestuário de Uberlândia (Sindvestu), Alba Lima Pereira,
defende a tese de que as feiras estreitam os laços e aproximam compradores de fornecedores como
nenhum outro meio. Consultora em
Planejamento de Coleções e Processos Criativos em Confecções e
Calçados, Alba é diretora da FIEMG,
coordenadora do Caderno de Moda
Senai-MG e tem atuado na capacitação de estilistas e modelistas.
Especialista em Marketing, a
presidente do Sindvestu é também
membro da Câmara de Moda da
Fiemg e do Núcleo de Pesquisa do
Senai-Brasil, além de consultora em
tecidos, padronagens e estamparia
na Colortextil desde 2005. Em entrevista à MERCADO, Alba Lima avalia
o momento do setor calçadista, fala
dos desafios para se obter competitividade e da satisfação de seu trabalho como consultora quando as
empresas alcançam o sucesso.
MERCADO - As expectativas
para a Feira & Negócios Moda Calçados foram alcançadas?
Sim. As minhas expectativas
foram as melhores possíveis, pois
acredito no potencial das indústrias
de Uberlândia. O mercado precisa
desse tipo de feira, onde o comprador pode estar mais próximo do
seu fornecedor. Acredito num crescimento significativo no valor total
das vendas. Os produtos estão com
qualidade e direcionamento dentro
da necessidade do mercado e do
público-alvo de cada marca.
Como pode ser definido o perfil
do setor calçadista hoje em Uber-
Alba Lima é presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário de
Uberlândia (Sindvestu)
lândia e região?
Vou falar do setor calçadista de
Uberlândia, porque é o que eu conheço melhor hoje. As indústrias de
Uberlândia têm um perfil de produto com acabamento e qualidade.
O empresário local é exigente e se
preocupa. A minha percepção é que
num pequeno espaço de tempo teremos aqui indústrias para competir
em todo o mercado interno, e quem
sabe até no mercado externo.
Como tem sido o trabalho
de preparar empresas da região
para serem mais competitivas e
terem produtos mais criativos
no mercado?
O trabalho está caminhando a
passos largos, eu diria. O comprometimento e a vontade de fazer
acontecer é muito grande de ambas
as partes. Começamos um trabalho
direcionado para feiras, porque o
mercado exige que a indústria esteja preparada para competir e tenha
produtos criativos. Com isso o produto se adéqua cada vez mais a um
público extremamente exigente, a
um perfil de consumidor que sabe o
que quer. É muito gratificante quando isso acontece, porque significa
que o nosso objetivo está sendo al-
cançado. Produto com qualidade,
dentro das tendências e obedecendo à exigência do público-alvo.
O que tem faltado ao setor para
um maior desenvolvimento? Incentivos governamentais? Formação
profissional? Articulação classista?
Acho que o que falta realmente
ao setor é o apoio com relação a baixar a carga tributária, que interfere,
claro, diretamente no fato de o produto estar mais competitivo no mercado. Agora, a formação profissional também é claro que conta. Não
temos profissionais suficientes para
atender a demanda do mercado.
Como está a integração dos setores da moda e calçadista na cidade e região?
Depois que a FIEMG lançou o Minas Trend Preview, acho que a união
dos setores foi uma consequência.
Essa união com certeza agregou
muito. Roupas, calçados, bolsas e
acessórios andam juntos. Todos nós
estamos empenhados no destaque
da moda mineira, isso é realidade.
Minas ocupou de volta o espaço no
ranking brasileiro e estamos cada dia
mais fortes em termos de moda de
uma maneira geral. B
Revista MERCADO | Edição 49 | 51
mercado
meio ambiente
metros de praia em áreas com declividades suaves. Essa aproximação das
águas pode colocar em risco construções à beira-mar. “A quebra da onda
vai ficar muito mais próxima das avenidas, onde existem ocupações urbanas.
Vai começar a solapar e a erodir muros”, disse. “Tubulações que passem
perto da praia, como emissários de esgoto e interceptores de águas pluviais
podem vir a ser descalçadas e eventualmente até romper”, completou.
Outro fator que ameaça as construções costeiras, verificado no estu-
do, é o aumento da altura das ondas
nas ressacas e tempestades marítimas, além do aumento da frequência desses fenômenos. “Havendo
um recrudescimento das ondas, isso
também vai provocar mais erosões
(nas praias)”, alertou o pesquisador.
A elevação do nível do mar poderá, ainda, segundo Alfredini, causar
problemas para o abastecimento de
água em algumas cidades. Segundo
ele, esse processo tende a causar um
aumento no volume de água que se
infiltra nos rios. “Portanto, as tomadas
de água para abastecimento público e
industrial poderão começar a receber
água com maior teor de salinidade. E
isso pode começar a complicar ou a
inviabilizar o tratamento da água”.
Para amenizar esses problemas,
o pesquisador aponta a necessidade
de preparação das cidades afetadas,
com a construção, por exemplo, de
obras de defesa costeira. “Tem que
ter nesses governos municipais,
principalmente, os que estão em
áreas de extremo risco, consciência
de que isso é uma realidade”. B
Praias, como a Grande, em
Ubatuba, correm o risco de
sumir ainda neste século
Litoral norte de São
Paulo está ameaçado
Nível do mar sobe cada vez mais rápido na região, ameaçando
cidades costeiras
Da Redação com Agência Brasil
O
litoral norte de São
Paulo, um dos destinos
brasileiros mais procurados pelos turistas, especificamente o uberlandense, está ameaçado pelo nível
das águas do mar que sobe cada
vez mais rápido, conforme aponta
pesquisa coordenada pelo professor
do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Universida-
52 | Revista MERCADO | Edição 49
de de São Paulo (USP), Paolo Alfredini. Com base nos registros feitos de
1944 a 2007 pela Companhia Docas
do Estado de São Paulo, em Santos,
Alfredini constatou uma elevação do
mar de 74 centímetros por século.
Também foi analisada a documentação de outras instituições em Ubatuba, São Sebastião e Caraguatatuba.
Nas últimas décadas, entretanto,
o avanço das águas marítimas foi
mais rápido. “Nos últimos 20 anos,
analisando esses dados, a gente nota
que tem havido uma aceleração. Isso
aparentemente está ligado ao fato
que as temperaturas têm aumentado mais nesse período”, ressaltou o
professor. Com isso, a estimativa de
Alfredini é que neste século o nível
do mar suba cerca de 1 metro.
Um aumento desse nível significa, segundo Alfredini, a perda de 100
Ressaca em Santos, em maio deste ano: nível do mar cada vez mais alto e fenômenos cada vez
mais agudos
Revista MERCADO | Edição 49 | 53
mercado
Foto: Divulgação
turismo
Um toque divino
no litoral brasileiro
Búzios é o cenário em que o verde da Mata Atlântica e o azul do
oceano convivem em plena harmonia com a beleza e o alto astral de
um lugar único
Por Aline Alvarenga (Scritta)
S
e Deus é brasileiro, com certeza o paraíso
fica em Búzios. Esse santuário de beleza foi
descoberto duas vezes. A primeira em 1501,
quando os portugueses aportaram com uma
expedição para explorar o litoral brasileiro.
Posteriormente, defenderam a região dos ataques franceses. Os patrícios venceram e tudo ficou como deveria
ser por séculos.
Mas em 1964, outra investida, dessa vez francesa, revelou Búzios ao mundo. E não foram necessários navios
e milhares de homens em combates sangrentos. Bastou
uma única mulher de alma livre para tornar aquela pe-
quena vila de pescadores o seu refúgio particular. A cidade foi conquistada por Brigitte Bardot, mas também a fez
cair de amores pelo Brasil. Logo a curiosidade foi despertada e todos queriam saber o que tinha aquela pequena
vila que arrebatou o coração da musa do cinema.
O passar do tempo só fez bem a Armação de Búzios,
ou simplesmente Búzios para os íntimos. O lugar ainda
é o paraíso de Brigitte Bardot, mas ganhou ares de sofisticação e requinte sem perder a tranquilidade e o jeito
simples. Chiques e famosos estão sempre circulando
por suas ruas, mas a cidade é eclética e reserva diversão
para todos os bolsos. A
Vista de Búzios e suas águas em
tons de verde e azul. Destaque
para a Praia da Ferradura
54 | Revista MERCADO | Edição 49
Revista MERCADO | Edição 49 | 55
mercado
Noite animada
Um sapato baixo e confortável é a pedida para curtir
a noite buziana. O passeio começa na charmosa Rua das
Pedras, onde carros não passam. A pé, os visitantes desfrutam o que há de melhor na gastronomia, na arte e na
moda. Está repleta de bares e restaurantes de culinária
típica e internacional. Cozinha italiana? Lá tem. Churrascaria, pratos franceses, mexicanos e tailandeses? Tem
também, tudo em um ambiente aconchegante e até
mesmo exótico.
56 | Revista MERCADO | Edição 49
Foto: Sergio Quissak/CcomBúzios
Hobycat - Búzios tem praias ideais para a
prática de esportes náuticos e de aventura
A bela Orla Bardot tem calçadão, bares,
restaurantes e casas noturnas para animar os
visitantes
Pescadores em ação para garantir os petiscos
servidos em barraquinhas a beira-mar e
restaurantes requintados
Muito bem preservada, a Praia José Gonçalves
tem ondas fortes e pedrinhas de cor escura
espalhadas pela areia
Estátua de Brigitte Bardot, uma homenagem à
musa francesa que revelou Búzios ao mundo
Foto: BC&VB/Aníbal Sciarretta
Foto: Sergio Quissak/CcomBúzios
A tranquila Praia dos Ossos, onde aportam
diversos barcos
Foto: Sergio Quissak/CcomBúzios
A desconhecida Saint-Tropez, na França, tornou-se
um badalado destino de veraneio quando a atriz passou
a morar no local. Búzios seguiu o mesmo caminho. Localizada na Região dos Lagos, está a 180 km a noroeste
do Rio de Janeiro. Cercada por morros encobertos pela
Mata Atlântica, a cidade fica em uma península com 23
praias paradisíacas de águas mornas e frias, por receber
correntes marítimas do Equador e do Polo Sul.
Não é difícil entender o motivo de tanto frisson
quando o assunto é Búzios. Suas águas variam em tons
de azul e verde, emolduradas por paisagens de tirar o
fôlego. O clima é sempre quente e convidativo, com
uma brisa mais fresca à noite. As construções são modernas, mas mantêm a simplicidade com um estilo rústico. E sobram opções de hospedagens para viajantes
de todas as partes do mundo, entre diversos hotéis e
charmosas pousadas.
Para esticar a toalha e curtir o sol e o sossego ao som
do mar, a dica é seguir ao norte da península para a Praia
do Canto, Praia dos Ossos e Praia João Fernandes. Esta
é conhecida pela grande concentração de estrangeiros,
principalmente os hermanos argentinos. Para contemplar o pôr-do-sol, a melhor vista é a da Praia Azeda, que
leva esse nome por suas águas cor de limão.
A preferida dos cariocas é a Praia de Geribá, com
águas frias e agitadas propícias para a prática do surfe, assim como a Praia Brava, de mar aberto e a única
destinada aos praticantes do esporte. Para windsurf e
kitesurf, a Praia de Manguinhos é a mais recomendada,
enquanto os mergulhadores se fartam com as belezas
aquáticas dos corais na Praia da Tartaruga.
O litoral de Búzios também surpreende por praias
pouco exploradas e ainda selvagens. Quem se aventura até a Praia das Virgens não se arrepende. É pequena,
deserta e quase intocada em torno da vegetação nativa.
Outra praia mais isolada é a pequena Olho de Boi, frequentada por adeptos do naturismo.
Búzios tem um único e sério problema: a hora de ir
embora. É difícil voltar à realidade depois de encontrar
paz de espírito em um lugar com astral sempre em alta.
Felizes mesmo são os pouco mais de 30 mil habitantes,
que acordam com a bela vista da janela e avistam uma
cena digna de Hollywood ao cair da noite.
Foto: Sergio Quissak/CcomBúzios
A Saint-Tropez brasileira
Foto: Divulgação/BC&VB e AHB
turismo
Essa rua colorida tem pouco mais de 600 metros e
mostra todo o seu glamour em diversas lojas de grife,
que ficam abertas até de madrugada. A Rua das Pedras
acaba, mas logo emenda com a Orla Bardot e seu charmoso calçadão com restaurantes, bares e casas noturnas. É um passeio que merece uma caminhada durante
o dia e outra durante a noite, pois o visitante encontra
no caminho prédios históricos, casarões coloniais e comunidades de pescadores.
É claro que não poderiam faltar homenagens a
Brigitte Bardot. Além de dar nome à orla, uma estátua
em sua homenagem exibe toda a simplicidade da atriz
quando visitou o Brasil, sentada em uma mala contemplando o oceano. Ponto de parada obrigatório para
uma foto. Também merecem destaque as esculturas de
bronze de Juscelino Kubitschek, outro admirador da cidade, e de Os Três Pescadores, que fica dentro da água,
na beira da Praia da Armação.
História
Armação dos Búzios é conhecida apenas como
“Búzios”. A cidade recebeu seu nome devido à grande quantidade de conchas encontradas na costa da
península. A história de Búzios vem desde o começo
do século passado, quando o local já era frequentado
por piratas, porém a cidade só se tornou internacionalmente conhecida na década de 1960, quando Brigitte Bardot começou a frequentá-la com seu namorado
brasileiro. Hoje Búzios oferece uma enorme quantidade de boutiques, bares, restaurantes e clubes, que vão
dos mais simples aos mais sofisticados, satisfazendo
assim os inúmeros turistas em busca de diversão, aventura ou apenas alguns dias de tranquilidade. Além de
uma vida noturna agitada, Búzios também possui mais
de 23 praias, que vão de calmas e quase desertas a agitadas e populares.
Cerca de 23.000 pessoas vivem em Búzios, no entanto, a população chega a 300.000 no verão, tornando-a a
quinta cidade mais visitada no Brasil. Recentemente foi
publicado em uma famosa revista que Búzios é a cidade
onde tem mais “gente bonita por metro quadrado no
mundo” durante a alta temporada.
Dicas e serviços
Conheça as praias - Para ir de uma praia à outra,
reserve um dinheiro para o transporte. Há passeios de
escuna, acqua-taxis, trolley (uma pequena caminhonete
para visita às praias do lado Sul) e bugues.
Ônibus ou avião?
Empresas disponibilizam serviços de transfer
saindo do Aeroporto Internacional Tom Jobim (Rio
de Janeiro) até a porta do hotel ou da pousada. Os
paulistas podem chegar ao destino final embarcando A
Revista MERCADO | Edição 49 | 57
mercado
em São Paulo com a Viação 1001. A mesma empresa
também liga a capital carioca e Cabo Frio a Búzios.
Para locação de um carro no Rio, a viagem dura cerca
de duas horas. A Avis Rent a Car tem tarifas a partir de
R$ 84,70 com quilometragem livre, além de seguro
e proteção contra batidas e roubos. Informações e
reservas: 0800 725 2847, ou nos sites www.avis.com.br
e www.autoviacao1001.com.br
Foto: Reprodução
turismo
Vai de carro?
Búzios já foi citada como a cidade onde tem
mais “gente bonita por metro quadrado no
mundo” em altas temporadas
Foto: Divulgação
Saindo de São Paulo pela Via Dutra, é só seguir até
a saída 166A e acompanhar as placas de sinalização.
De Vitória, o caminho se estende pela BR-101 até a entrada de Rio das Ostras e depois pela RJ-106 até Búzios.
De Belo Horizonte, os mineiros podem optar pelo caminho de Petrópolis e trafegar pela BR-101 até a entrada de São Pedro da Aldeia. Depois é pegar a RJ-106 no
sentido Macaé/Búzios.
Onde ficar?
O Pérola Búzios Design Hotel é um boa opção. Esse
hotel está a poucos metros da Rua das Pedras. Tem hospedagem na medida para o público exigente e requintado, mas que não abre mão da sensação de aconchego e bem-estar. O empreendimento é decorado com
muito charme e cerca de 700 peças de arte hand made
complementam a decoração. Jardins privativos, jacuzzis, centro de massagem e camas suspensas na área
da piscina completam o ambiente. Nas diárias estão
inclusos café da manhã, uma refeição, internet e estacionamento. Uma criança de até sete anos não paga se
estiver acomodada no mesmo apartamento dos pais.
Informações, tarifas e reservas: (22) 2620-8507, ou acesse: www.atlanticahotels.com.br B
São Paulo
Km
Duração
620
6h50
1.339
17h
625
7h
Curitiba
1.028
13h
Porto Alegre
1.739
22h
543
6h30
1.749
22h
Brasília
Belo Horizonte
Vitória
Salvador
58 | Revista MERCADO | Edição 49
Foto: Divulgação
Cidade
À noite, o passeio começa na charmosa Rua
das Pedras, onde carros não passam
A praia da Armação é usada como cais para
barcos dos pescadores e visitantes
mercado
Foto: Marcos Ribeiro
Foto: Marcos Ribeiro
veículos
O quase perfeito
Range Rover Evoque
Meio SUV, meio crossover, o Evoque não é apenas mais um da tradicional
fabricante inglesa Land Rover. Ele chegou para ser referência, e o melhor,
pode ser configurado da forma que o cliente preferir
Por Evaldo Pighini
D
esign sóbrio, linhas
conservadoras, robustez e tecnologia agregadas sempre foram características marcantes
em veículos da Land Rover. Mas se
esqueça disso quando se encontrar
60 | Revista MERCADO | Edição 49
com o Range Rover Evoque - marca
mais cara do grupo Land Rover. Pelo
menos foi essa a nossa impressão
ao ter contato com esse crossover,
que é um misto de cupê, hatchback e utilitário esportivo ao mesmo
tempo. A convite da concessionária
Eurobike, em Uberlândia, a MERCADO testou a versão Dynamic Tech
por um dia, tempo não muito suficiente para uma boa avaliação, menos ainda para explorar tudo o que
o carro tem a oferecer, ainda assim,
ficou a convicção de ser um veículo
Linha ascendente da cintura dá visual robusto e agressivo ao Range
Rover Evoque
com boa direção, desenho arrojado,
pegada forte e que chama a atenção onde quer que esteja. Por isso,
quem quiser passar despercebido,
fique em qualquer lugar menos no
cockpit do Evoque. Num conceito
geral, é um carro que se aproxima
da perfeição, pena que não é para
qualquer um, muito menos para um
mero jornalista.
Entre os inúmeros itens de série
que acompanham o Evoque Dynamic Tech, assim como, segundo a
fabricante, todas as demais versões
do veículo - Pure e Prestige -, destaca-se o sistema Terrain Response,
que adapta o carro a cada tipo de
terreno, além das “borboletas” para
trocas de marchas atrás do volante, opção para quem quiser sair da
direção automática. Outro detalhe
é que o carro tem como opções
à venda as versões coupé e cinco
portas e, por incrível que pareça,
o coupé custa mais ao comprador.
Além disso, a versão Pure vem com
bancos de couro com ajustes elétricos, rodas aro 18 e tela multifunção.
Na versão Prestige, esta disponível
apenas com cinco portas, o Evoque
ganha sistema de auxílio automático para estacionamento, faróis de
xenon, rodas aro 19 e GPS, entre
outros itens. O comprador pode
optar ainda pelo pacote Tech - que
adiciona itens como som com 17
alto-falantes, sistema de entrada
sem chave, câmera 360 graus, suspensão adaptativa e telas multimídia. Finalmente, as versões denominadas Dynamic têm itens visuais
diferentes, com detalhes em black
piano nos para-choques, bancos
esportivos em formato de concha,
rodas aro 20 e saídas de ar no capô,
entre outros, e mais todos os outros
itens de tecnologia encontrados
na versão Prestige. Além de todo o
conforto e tecnologia embarcados,
o Range Rover Evoque vem equipado em todas as suas versões com
motor 2.0 a gasolina de quatro cilindros, que gera 240 cv de potência e
leva o belo carro de zero a 100 km/h
em 7,6 segundos. A transmissão é
automática de seis velocidades e a
tração é 4x4.
Impressão
Especificamente, falando da versão que levamos a teste, a Dynamic
Tech, o menor e mais urbano dos
veículos da inglesa Land Rover foi
concebido para se tornar o sonho
de consumo de quem mora nas
cidades, ambiente em que beleza
e status são fundamentais, especialmente no mercado de carros
de luxo. Nesse sentido, o primeiro
aspecto que chama a atenção no
Evoque é o visual. A linha de cintura, que se eleva até quase encontrar o final do teto descendente,
dá aspecto robusto e agressivo. Os
faróis finos invadem a lateral e são
adornados por atraentes luzes diurnas de LED, seguindo a tendência
mundial. No geral, a aparência é de
um SUV, mas a posição de dirigir se
assemelha à de um hatch.
Por dentro, o visual impressiona
pelo luxo. O painel tem iluminação
predominantemente branca - a não
ser quando o motorista opta pela
condução mais esportiva -, com uma
tela de LCD no meio, que exibe as
informações do completíssimo computador de bordo. O console central,
com acabamento em alumínio escovado, abriga os controles do ar-condicionado e o seletor do câmbio, que
se ergue quando o carro é ligado.
Acima fica o sistema touchscreen,
que exibe os mapas de navegação,
os controles e áudio e as imagens
das cinco câmeras.
No todo, a impressão é de acabamento primoroso. Internamente é
impecável, com as superfícies cobertas de couro e alumínio. O cuidado
nos detalhes se estende à iluminação instalada embaixo do retrovisor externo, que projeta no chão a
silhueta do carro ou o logotipo da
marca, que ajuda na localização do
carro à noite em estacionamentos
mais escuros e lotados. O nome Land
Rover na soleira da porta também é
iluminado, assim como as extremidades do interior.
Com 4,36 m de comprimento,
1,63 m de altura, 1,96 m de largura e
2,66 m de entre-eixos, o Evoque não
é grande, mas transporta bem quatro pessoas. Passageiros mais altos
podem ter dificuldade no banco de
trás por causa do teto descendente,
que também limita a visão pelo vidro
traseiro, um dos poucos defeitos do
carro, a meu ver. Além disso, o motorista vai notar que o espaço para as
pernas é apenas mediano, especial-A
Revista MERCADO | Edição 49 | 61
mercado
Foto: Divulgação
veículos
pressão que se tem é de estar a meros
100 por hora, dada a extrema segurança que o habitáculo do carro passa
ao condutor. Só uma ressalva, a velocidade do carro, segundo o fabricante, pode chegar aos 217 km/h, e o limite em que chegamos na estrada foi
só para teste. Nosso conselho: ideal
mesmo é dirigir dentro da velocidade
máxima permitida e curtir a máquina.
No mais, uma excelente viagem.
Dados Técnicos
Motor
Land Rover 2.0L Si4 16v Turbo, Injeção eletrônica direta
Combustível: Gasolina
Tipo: 4 cilindros em linha com bloco e cabeçote em alumínio
Válvulas: 16 (4 por cilindro)
Potência: 240cv
Torque: 38,7 kgfm
Posição: Transversal/Dianteiro
Transmissão: Automática/Sequencial de 6 velocidades com Drive Select
(Seletor rotativo)
Tração: 4x4 Integral com controle eletrônico
Direção: Elétrica
Suspensão
Suspensão dianteira: Dianteira independente do tipo McPherson
Suspensão traseira: Independente do tipo Multilink
Freios
Freio dianteiro: Disco ventilado com ABS e EBD
Freio traseiro: Disco sólido com ABS e EBD
Rodas e Pneus
Roda: Liga leve 20”
Pneu: xxxx
Dimensões e capacidades
Comprimento: 4.365 mm
Largura: 1.965/2.125 mm
Altura: 1.635 mm
Entre-eixos: 2.662 mm
Porta-malas: 550 litros
Carga útil: 500 kg
Ocupantes: 4
Tanque combustível: 70 litros
Peso: 1.640 kg em ordem de marcha
Desempenho
0 a 100 km/h: 7,6 segundos
Vel. Máxima: 217 km/h
Consumo urbano: 8,4 km/l
Consumo rodoviário: 14,4 km/l
Consumo médio: 11,4 km/l (cidade/estrada)
Motor
mente para apoio do pé esquerdo.
Uma pessoa na direção com mais
de 1,73 de altura (o meu tamanho)
certamente poderá sentir mais esse
desconforto, que pode até ser compensado com as muitas variações
de ajustes que o banco oferece por
meio de comandos eletrônicos.
No mais, a versão testada traz no
volante 17 botões que controlam o
computador de bordo, ajustam as
configurações do carro, comandam
o sistema de áudio e servem para
atender ao telefone. No centro do
painel, a tela de 8 polegadas touch-screen ajuda a reduzir a quantidade de botões no painel. O mesmo
visor é usado para exibir mapas, sinal de TV e a imagem das câmeras.
Um recurso interessante é o Dual
View, que permite ao passageiro assistir a programas ou DVDs enquanto o motorista acompanha uma rota
no GPS, por exemplo.
A transmissão de seis marchas é
controlada por um botão rotativo.
O Evoque visa atingir um
novo público, que deseja um
crossover urbano, mas que é
bom de terra
62 | Revista MERCADO | Edição 49
No modo manual, as trocas são feitas por borboletas atrás do volante.
Apesar de ter cara de urbano, o Evoque também vem com o Terrain Response - sistema eletrônico do qual
já falei - que gerencia a tração 4x4.
Infelizmente, não tivemos tempo de
testar a máquina no offroad.
Mas, no pouco tempo que botamos o veículo na estrada, deu para
sentir um carro fácil de dirigir, de
respostas rápidas no acelerador, frenagens seguras, muita estabilidade e
que chega a 180 km/h com extrema
facilidade, momento no qual a im-
(*) Informações do fabricante
Foto: Marcos Ribeiro
O acabamento interno é impecável, com materiais de altíssima
qualidade. O painel é bem moderno e mostra as diversas funções
no modo de dirigir
Segundo informações do fabricante, o motor do Evoque é um 4
cilindros compacto, fabricado inteiramente em alumínio, bem mais
leve do que os propulsores convencionais. O Si4 tem 2.0 litros e conta
com turbo e sistema de injeção direta de gasolina. O resultado disso
são 240 cv de potência e 34,7 kgfm
de torque. Como comparação, por
exemplo, o motor i6 de 3.2 litros do
Freelander 2 (da Fiat) tem 233 cv de
potência, 32,3 kgfm de torque e é 40
kg mais pesado.
Por causa do tempo de teste do
carro, a nossa reportagem não teve a
oportunidade de testar o consumo do
evoque (veja detalhes fornecidos pelo
fabricante no box, no final da matéria).
No quesito segurança, o Evoque
tem airbags frontais, laterais e de cortina, freios ABS com controle de estabilidade e tração. Os faróis de xenônio
ativos movimentam-se nas curvas, de
acordo com o esterço no volante.
Valores do Range Rover Evoque, conforme cada
versão, já considerada a tabela atualizada com
aumento do IPI:
Modelo
R$
PURE Coupé
180.000
PURE 5 portas
178.000
PRESTIGE
196.000
DYNAMIC Coupé
206.000
DYNAMIC 5 portas
199.900
PRESTIGE TECH
249.000
DYNAMIC TECH 5 portas
253.000
DYNAMIC TECH Coupé
258.000
Mais uma observação, o motorista não precisa da chave em momento algum para entrar e ligar a máquina. O próprio sistema eletrônico do
carro reconhece a presença desta,
esteja ela na mão ou bolso, permitindo a abertura das portas assim como
o acionamento da partida, feita por
um botão instalado no painel. E as
comodidades não param por aí. A
tampa do porta-malas tem abertura
elétrica e o Evoque vem ainda com
um programa de estacionamento
em que o motorista aperta uma tecla e o veículo localiza a vaga e faz
sozinho as manobras para estacionar. Ao motorista resta o trabalho de
acelerar, colocar a ré ou posicionar o
câmbio em drive. B
Revista MERCADO | Edição 49 | 63
mercado
veículos
Pneu que não utiliza ar
Tecnologia ecológica da Bridgestone é a tendência para pneus do futuro
Da Redação
D
e Tókio, no Japão, a
Bridgestone Corporation anunciou o desenvolvimento de um pneu
conceito, que dispensa
o uso de ar e pode ser uma alternativa viável e ecologicamente correta
aos pneus tradicionais no futuro.
Apresentada durante a 42ª edição do Tokyo Motor Show, salão do
automóvel japonês, a novidade vem
ao encontro da Missão Ambiental da
Bridgestone, que visa a contribuir
com uma sociedade mais sustentável, com ênfase em três pilares principais: a preservação do meio ambiente, a conservação dos recursos
naturais e a redução de emissões de
carbono. Para apoiar sua missão, a
Bridgestone trabalha em vários pro64 | Revista MERCADO | Edição 49
jetos, como o do pneu sem ar, com o
objetivo de colaborar com um meio
ambiente mais saudável para as presentes e futuras gerações.
Os pneus sem ar geram um menor impacto para o meio ambiente
em relação aos tradicionais, mas os
protótipos desse tipo desenvolvidos
anteriormente eram inviáveis para a
produção em larga escala. Por isso, a
Bridgestone desenvolveu essa tecnologia com o objetivo de implementá-la na prática.
Características especiais da
tecnologia do pneu sem ar
Com uma estrutura flexível única
que se estende ao longo do interior
dos pneus e suporta todo o peso do
veículo, não há necessidade de calibrá-los periodicamente, o que significa que exigem menos manutenção.
Ao mesmo tempo, a preocupação
com perfurações é eliminada. Além
disso, a estrutura interna é produzida a partir de resinas termoplásticas
reutilizáveis, e assim como a borracha da banda de rodagem, estes são
materiais 100 por cento recicláveis.
Como resultado, os pneus estabelecem um novo padrão em termos de
compatibilidade ambiental, segurança e conforto.
A Bridgestone busca esse desenvolvimento tecnológico com o objetivo
de alcançar um processo que maximiza
o uso cíclico de recursos, transformando os pneus usados em pneus novos
por meio de materiais recicláveis. B
mercado
dica de leitura
Hitler
Da Redação
Q
uando foram publicados pela primeira vez,
os dois volumes da
biografia de Hitler escrita por Ian Kershaw
foram considerados necessários
para compreender esta personalidade do século XX. A presente tradu-
ção foi realizada a partir da versão
condensada elaborada pelo autor,
que eliminou cerca de quatrocentas
páginas de notas e referências - destinadas sobretudo ao público acadêmico -, procurando, no entanto, não
prejudicar a força da narrativa e o
poder de seu argumento.
Ficha técnica
Título: HITLER
Autor: Kershaw, Ian
Editora: Companhia das
Letras
Assunto: Biografias / História
ISBN: 8535917586
ISBN-13: 9788535917581
Idioma: Português
Tradutor: Soares, Pedro Maia
Encadernação: 23 x 16 cm
Edição: 1ª
Ano de Lançamento: 2010
Número de páginas: 1024
66 | Revista MERCADO | Edição 49
O autor Kershaw, Ian
Kershaw escreve baseado na
documentação já conhecida e em
diversas fontes, como o diário de
Goebbels, redescoberto no início da
década de 1990, que traz revelações
mais íntimas sobre as atitudes, as
hesitações e o comportamento de
Hitler no poder.
A trajetória inteira desse indivíduo é esmiuçada pelo autor, em busca de uma explicação para sua trajetória ascendente, para o domínio
que Hitler exerceu sobre as elites alemãs e para a catástrofe que causou
em seu país e no resto do mundo.
Sem desprezar os traços de personalidade do ditador na explicação da
história, o autor enfatiza os aspectos
sociais, políticos e econômicos da
sociedade alemã traumatizada pela
derrota na Primeira Guerra, a instabilidade política, a miséria econômica
e a crise cultural.
Apesar de ter sido publicado em
2010, a dica de leitura dessa obra literária vai para quem ainda não leu,
pois vale à pena. B
mercado
coluna literatura
*Kenia Maria de Almeida Pereira é doutora em Literatura Brasileira pela Unesp/São José do Rio Preto-SP e professora
colaboradora do Mestrado em Teoria Literária da Universidade Federal de Uberlândia-MG. Autora de artigos científicos e livros
sobre literatura brasileira ([email protected])
Literatura e cegueira
Por Kenia Maria*
A
vida é por demais irônica. Imaginem uma
pessoa que adora livros,
vive rodeada por eles 24
horas em uma biblioteca com milhares de volumes e, um
belo dia, acorda cega. Foi assim que
aconteceu com o escritor argentino
Jorge Luiz Borges. Enfermo dos olhos
desde a adolescência, certa manhã,
ao completar 57 anos, sentou-se à
mesa do café para a leitura rotineira
dos jornais e não conseguiu ver mais
nada. Escuridão. Estava cego. Já não
conseguiu ler e só tateava as páginas
dos periódicos. Apaixonado por literatura, Borges contratou um leitor
para que lesse para ele em voz alta.
Além disso, pediu a seus amigos que
continuassem presenteando-o com
livros, pois se ele já não podia ler,
podia ainda cheirar e tatear as obras.
Outro que também conheceu a
escuridão dos olhos foi o romântico e atribulado escritor português
Camilo Castelo Branco. Depois de
contrair sífilis na juventude, foi perdendo lentamente a visão, mas isso
não o impediu de publicar uma
centena de romances, muitos deles
best sellers até hoje, como “Amor de
Perdição”, “Amor de Salvação” e “A
queda de um anjo”. Mas, diferentemente de Borges, Camilo, ao chegar
à velhice, não se resignou frente à total cegueira. Mergulhado em crises
existenciais, familiares e financeiras,
depois de ouvir de seu oftalmologis-
ta que nunca mais voltaria a ver, se
desesperou, sabendo que não poderia mais ganhar a vida escrevendo. Assim, numa bonita tarde sol, o
autor de “Onde está a felicidade” se
matou aos 65 anos, descarregando
um tiro de revólver na cabeça.
Lembrei-me, agora, que em
1994 estive pesquisando sobre Félix
Pacheco na Academia Brasileira de
Letras. Lá, tive a honra de conhecer
João Cabral de Melo Neto. Era um
senhor simpático que não hesitou
em autografar para mim suas Obras
Completas/Nova Aguilar, que eu
coincidentemente acabara de comprar. Naquela época, João Cabral
já estava quase cego, autografou
para mim com muita lentidão e di-
Camilo Castelo Branco
ficuldade. Hoje, olhando o livro e a
caligrafia de um dos maiores poetas
do Brasil, sinto um misto de saudade e tristeza. Cinco anos depois, em
1999, João Cabral, completamente
mergulhado na cegueira, veio a falecer envolto em depressão e problemas cardíacos.
João Cabral de Melo Neto
68 | Revista MERCADO | Edição 49
Jorge Luis Borges
Três escritores cegos, mas extremamente lúcidos. Se os olhos do
corpo estavam opacos, os olhos da
alma enxergavam de forma nítida a
complexidade humana. Jorge Luis
Borges abriu nossos olhos para a necessidade dos contos fantásticos e
labirínticos para decifrarmos a multiplicidades de animais e monstros
que povoam nossa imaginação. Ao
ler, por exemplo, “O Livro dos Seres
Imaginários”, sentimo-nos de novo
crianças, numa viagem aos bestiários
medievais e sua fauna exótica. Sobre o centauro, Borges escreveu: “O
centauro é a criatura mais harmoniosa da zoologia fantástica. Biforme, chamam-no as Metamorfoses
de Ovídio, mas não custa esquecer
sua índole heterogênea e pensar
que no mundo platônico das formas há um arquétipo do centauro,
como do cavalo ou do homem”.
Já Camilo Castelo Branco, doente dos olhos, atribulado por dívidas,
consumido pela depressão, manteve
o espírito crítico e irrequieto até o
fim de sua vida. Em “Amor de perdição”, Camilo denunciou os pais que
trancafiavam as filhas nos conventos,
a fim de evitar casamentos indesejados: “Meu pai diz que me vai encerrar
n’um convento, por tua causa. Sofrerei tudo por amor de ti. Não me esqueças tu, e me acharás no convento,
ou no céu, sempre tua do coração, e
sempre leal”.
Por fim, o pernambucano João
Cabral de Melo Neto, agastado por
uma dor de cabeça incurável e pela
cegueira, ainda assim cantou sobre
cada sol que nasce com seus galos tecendo a esperança. Esperança, aliás,
que mais que o cantar dos galos, vão
tecendo o nosso amanhã... Abram
os olhos, leitores, pois deixo aqui de
brinde para vocês um dos mais bonitos poemas da língua portuguesa.
Não custa nada lê-lo até o fim...
Tecendo a Manhã
(João Cabral de melo Neto)
“Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.” B
mercado
profissões em filme
O Planeta dos
Macacos: A Origem
Por Kelson Venâncio*
70 | Revista MERCADO | Edição 49
*Kelson Venâncio jornalista e diretor do Cinema e Vídeo - www.cinemaevideo.com.br
P
or que este novo filme
traz em seu título o mesmo nome do longa de
1968 ou do remake de
2001? Desde a campanha
de marketing da produção, assim
que assisti ao primeiro trailer, essa
era uma pergunta que eu sempre
vinha fazendo. Se o roteiro é novo e
envolve homens fazendo experiências com chimpanzés na tentativa
de achar a cura para a doença de
alzheimer e se tudo se passa aqui na
Terra, por que então “Planeta dos
Macacos: A Origem”? Isso já me causava certa desconfiança.
Mas deixei esse preconceito de
lado e esperava encontrar a resposta assim que assistisse ao filme. E de
certa forma encontrei, mesmo que
subjetiva ou dando margem a diferentes interpretações do público. Se
os macacos se tornam seres inteligentes e se revoltam contra a escravização imposta pelos humanos, se
eles entram em guerra contra nós e
se além de raciocinar começam até
mesmo a falar, subentende-se que
o Planeta dos Macacos sugerido no
título seja mesmo o próprio planeta
Terra, que na ocasião começa a ser
dominado por estes animais.
E nessa linha de raciocínio e com
alguns elementos que surgem nessa
nova produção, como as notícias de
um grupo de astronautas perdidos
no espaço e a cena após os créditos
finais, tudo faz sentido. Assim, O Planeta dos Macacos - A Origem se torna uma ótima base para a história já
contada no clássico de 68.
O filme tem vários pontos positivos, tornando-se envolvente e
prendendo a atenção do espectador do início ao fim. O principal de-
les é o roteiro. A história foi muito
bem desenvolvida, desde o fato de
os chimpanzés serem usados como
cobaias para uma experiência que
pode curar doenças humanas (algo
real e muito comum) até a luta pela
independência dos macacos no fim.
É claro que, no meio desses dois extremos, surgem vários ingredientes
capazes de chamar nossa atenção. O
maior deles é a relação entre o chimpanzé César e seu dono. A química
entre os dois personagens é sem dúvida o grande atrativo do filme.
E aqui vale destacar as ótimas
interpretações de James Franco e
do ator Andy Serkis (o mesmo que
fez Sméagol/Gollum, em Senhor
dos Anéis), que dá vida ao macaco
César. Os dois trabalham tão bem
que aquilo tudo parece ser verdadeiro. Eles conseguem criar um laço
de amizade tão intenso que ficamos
sensibilizados com as consequências que surgem posteriormente.
Só não gostei da atuação de Freida
Pinto (de “Quem Quer Ser Um Milionário”), que faz apenas o básico, sem
absolutamente nada de especial.
Outro ponto positivo são os efeitos especiais. Dar vida a esses animais, fazer com que eles pareçam de
verdade e colocá-los fazendo coisas
como se fossem humanos foi algo
bom de ver na telona. Os efeitos surpreendem, desde as acrobacias de
César na casa onde foi criado até o
confronto na ponte.
Mas, infelizmente, são nos efeitos
especiais que estão também as grandes falhas do filme. Em alguns momentos, o que parecia real acaba se
tornando um pouco falso. A tentativa
de colocar a computação gráfica para
dar movimentos que para os chimpanzés de verdade seriam impossíveis,
nos faz esquecer a nossa “viagem”
pelo filme pra cair na real e pensar que
tudo aquilo não passa de efeitos especiais. É que em algumas situações,
especialmente nos movimentos mais
rápidos, César acaba não se parecendo mesmo com um chipanzé.
Outra situação que pode não ser
aceita pelo público é o fato de César se
comunicar com um Orangotango de
circo através da linguagem de sinais
e começar a falar algumas palavras na
última parte do longa. Aí vai depender
do senso crítico de cada um.B
FICHA TÉCNICA
Filme: Planeta dos Macacos:
A Origem
Título original: Rise of the
Planet of the Apes
Origem: EUA
Ano: 2011
Gênero: Ficção Científica
Elenco: James Franco,
Freida Pinto, Andy Serkis,
John Lithgow, Brian Cox, Tom
Felton
Direção: Rupert Wyatt
Gênero: Aventura
Duração: 105 minutos
Nota: 8
mercado
sustentabilidade
Fim de sacolas plásticas
valoriza o durável
Elas são descartáveis e, por isso, incompatíveis com um futuro sustentável a
longo prazo
Hélio Mattar (Akatu)
A
partir do dia 25 de janeiro, diversos supermercados, incluindo os das
três maiores redes (Grupos Carrefour, Walmart
e Pão de Açúcar; todos apoiadores
estratégicos do Akatu), deixarão de
oferecer gratuitamente a seus consumidores as sacolas plásticas descartáveis gratuitas para o transporte
de compras. A medida tem gerado
polêmica. As sacolas plásticas são
responsáveis por originar grande
quantidade de lixo, demoram para
72 | Revista MERCADO | Edição 49
se decompor na natureza e causam
impactos negativos sérios sobre
o meio ambiente. Para se ter uma
ideia da dimensão, basta dizer que
as 14 bilhões de sacolas produzidas
anualmente no Brasil em 2010, se
empilhadas, alcançariam 750 km de
altura! Porém, elas são cômodas para
o consumidor final, que tem muitas
dúvidas sobre como substituí-las.
As sacolinhas costumam ser bastante criticadas por serem produzidas com material plástico. Mas é um
equívoco fazer do plástico um vilão.
Na verdade, por ser leve, barato, durável, higiênico, se usado para produzir produtos não descartáveis, o
plástico pode ser uma boa opção. O
problema das sacolas plásticas é que
são descartáveis e, por isso, incompatíveis com um futuro sustentável
a longo prazo. Sua descartabilidade
faz com que sejam produzidas em
enorme quantidade. Cada sacolinha
envolve, na sua produção, o uso de
matérias-primas, água e energia. Envolve também gastos de energia e
combustível para o seu transporte
até os supermercados. E cada uma
delas acaba em geral sendo usada
uma única vez e descartada com o
lixo. O problema é que esse processo
resulta em um grande desperdício
de recursos da natureza.
A pergunta que fica para o consumidor é como e pelo que substituí-las. Existem inúmeras perguntas
para serem feitas. De que matéria-prima é feita a sacolinha de plástico? E de que matéria-prima é feita a
alternativa escolhida? Qual o impacto da extração de uma e de outra? E
os impactos de seu processamento?
Como são os processos de fabricação e transporte? A alternativa é reutilizável? E é preciso considerar também o descarte como uma das várias
dimensões que devem ser avaliadas.
Somente a avaliação comparativa
poderá fornecer as informações sobre os impactos ambientais de cada
alternativa e, finalmente, balizar corretamente a escolha, pelo consumidor, do tipo de sacola mais adequada às suas condições específicas.
Existem estudos focados em fazer esse tipo de avaliação. Chamam-se Análise de Ciclo de Vida (ACV) e
podem orientar corretamente as escolhas do consumidor. Em agosto de
2011 foi divulgado um primeiro estudo sobre sacolinhas, comparando
algumas das alternativas existentes
no mercado brasileiro para o acondicionamento de compras. O estudo,
pioneiro, foi solicitado pela Braskem,
maior produtora de resinas termo-
plásticas das Américas para a Fundação Espaço Eco, entidade que desenvolve estudos de ACV considerando
métodos científicos internacionalmente reconhecidos e certificados.
O estudo avaliou a ecoeficiência
das diversas possibilidades de se
levar as compras para casa, ou seja,
como essas alternativas se comportavam do ponto de vista do custo
e de seu impacto ambiental. Consideraram-se alternativas mais ecoeficientes aquelas com baixo custo e
menor impacto ambiental.
O estudo mostrou que a melhor
opção varia de acordo com o cenário
em que ela é utilizada. Por um lado,
as sacolas descartáveis de plástico
apresentaram melhor ecoeficiência
nas situações em que os consumidores fazem menos compras (até
26,5 kg/mês), tem menor frequência
de ida ao supermercado (menos de
uma vez por semana) e/ou maior frequência de descarte de lixo (duas ou
mais vezes por semana), com reuso
das sacolas plásticas para o descarte
desse lixo. Por outro lado, as sacolas
retornáveis de tecido ou de plástico
apresentaram melhor ecoeficiência
nas situações em que os consumidores têm maior volume de compras (a
partir de 106 kg/mês), maior frequência de ida ao supermercado (mais
do que duas vezes por semana) e/
ou menor frequência de descarte de
lixo (até duas vezes por semana), levando à baixa necessidade de compra de sacos plásticos grandes para
acondicionar o lixo. Em todos os casos, a sacola de papel apresentou os
piores resultados.
A recomendação do Akatu é que
o consumidor final considere a decisão dos supermercados como uma
ação emblemática de combate à
descartabilidade e aproveite-a para
repensar todo o seu comportamento
de consumo. Ou seja, é uma oportunidade concreta para começar a
planejar as compras antes de ir ao supermercado, levar a sacola retornável
e utilizá-la o maior número de vezes
que for operacionalmente possível,
estendendo sua vida útil ao máximo.
Quanto mais for ampliada a vida útil
da sacola retornável, tanto maior será
a sua ecoeficiência. Em casa, é preciso
reaproveitar ao máximo os alimentos
e embalagens e reduzir, na medida
do possível, a quantidade de lixo produzido, diminuindo a necessidade de
acondicionamento em sacos específicos para este fim. No final, praticar
a coleta seletiva e cobrar do poder
público o fornecimento desse serviço
onde ele não existe.
Para o Akatu, a educação do consumidor é sempre o mais importante.
E isso vale para que ele elimine os desperdícios em qualquer item de consumo, não só no caso das sacolas. Com
isso, mudam os comportamentos de
consumo, o que acaba gerando impactos mais positivos (ou menos negativos) e com resultados duradouros,
seja para a sociedade ou para o meio
ambiente, o que é bom para todos. B
mercado
ponto de vista
Lei da Ficha Limpa
Após quase dois anos e 11 sessões de julgamento, a Lei da Ficha Limpa foi considerada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e será aplicada integralmente já nas eleições deste ano. Pela decisão do tribunal, a lei
de iniciativa popular que contou com o apoio de 1,5 milhão de pessoas atingirá, inclusive, atos e crimes praticados
no passado, antes da sanção da norma pelo Congresso, em 2010.
Foi uma decisão acertada? A lei já deve valer para as eleições deste ano? Crimes anteriores devem ser considerados? Com a palavra o G7...
Acostumamos-nos a ouvir que o brasileiro é um povo muito tranquilo,
que releva muitas coisas e que os mesmos acontecimentos que geram conflitos ou manifestações em outros países, aqui são tratados de forma amena
e democrática. Em parte, isso é uma verdade. Mas o que percebemos nos últimos anos é que a passividade
do cidadão brasileiro está chegando ao limite. A Lei da Ficha Limpa é uma prova disso. Durante o período que
antecedeu seu julgamento de constitucionalidade, observamos diversos atos que aconteceram em Brasília
e em diversos outros estados, onde manifestantes com vassouras em punho pediam uma faxina na política
deste País. Entendemos que a Lei da Ficha Limpa foi acertada e que, uma vez aprovada, deve começar a vigorar de imediato. E como o próprio nome diz, a Lei da Ficha Limpa deve levar em consideração, não somente
o presente ou futuro, mas também o passado dos nossos candidatos. Se erros foram cometidos, chegou o
momento de pagar por eles.
Com certeza a aprovação da Lei da Ficha Limpa é positiva para a sociedade. É, sem dúvida alguma, um grande avanço para a moralidade neste país.
A decisão do STF mostra que todos estão em busca do mesmo objetivo, pois
é inadmissível que pessoas em débito com a justiça, que de alguma forma
lesaram o patrimônio público, entre outros delitos, assumam a condição de representantes legais do povo. É
como dar a chave do cofre ao próprio ladrão. Bem o disse o ministro do Supremo, Carlos Ayres Britto, um dos
sete que votaram a favor da lei ao perguntar, antes de pronunciar o ‘sim’. “Como uma pessoa que desfila pela
passarela quase inteira do Código Penal, ou da Lei de Improbidade Administrativa, pode se apresentar como
candidato, se a palavra candidato significa depurado, limpo?”. Assim como ele, penso que essa lei é fruto do
cansaço, da saturação do povo com os maus tratos infligidos à coisa pública. Quem ganha com isso é o Brasil.
Torço agora para que o eleitor aprenda a votar consciente.
Para mim, a aprovação dessa lei foi uma demonstração de coerência e
respeito ao cidadão comum, resposta de seriedade do Supremo Tribunal Federal para com aqueles que acreditam na eficiência do órgão com critérios
definidos e transparentes. Fazendo um paralelo, quando o cidadão comum não cumpre com seus compromissos financeiros junto à sociedade econômica, ele é inscrito no Cadastro de SPC Brasil / Serasa. Da mesma
forma, o cidadão, pretendendo ser político, deve ter sua Ficha Limpa, demonstrando ser merecedor de crédito
por parte do eleitor, que espera estar sendo representado por um cidadão de bons antecedentes. Destacamos
que esta conquista se deve a uma iniciativa popular, devendo ser sempre observada, pois o povo, sabendo
usar o poder através do voto democrático, poderá realizar as transformações que colocarão o Brasil novamente rumo à liderança político-institucional.
74 | Revista MERCADO | Edição 49
Já em meados do século passado, Rui Barbosa, em sessão solene ocorrida
na Faculdade de Direito de São Paulo, discursou a sua propalada “Oração aos
moços”, em que mencionava o desânimo à virtude, à honra e à honestidade,
face aos desvios morais da natureza humana. Agora, em acertada decisão, vemos aprovada a Lei da Ficha Limpa, que após longo debate, estabelece condições claras e dignas aos candidatos
que almejem representar politicamente a tenra democracia brasileira. Devemos enfatizar que mais do que nunca, é
necessário primarmos pelos bons exemplos, por candidatos e por eleitos que tenham o sentimento patriota de zelar
pelo bem público, pelo bem de nosso povo em geral e pelo desenvolvimento contínuo de nossa nação BRASIL. Parabéns ao STF pela acertada decisão, parabéns ao povo brasileiro que se mobilizou e fez valer sua vontade. É chegada
a hora de “SEPARARMOS, DE FATO, O JOIO DO TRIGO... JÁ.
Sem dúvida alguma, a aprovação da Lei da Ficha Limpa, fruto de uma ação popular com mais de 1,5 milhão de assinaturas, foi uma decisão acertada. É um sinal
de que o povo brasileiro está acordando para a impunidade, não está mais omisso.
Talvez não consigamos acabar com todos os males da política brasileira, pois ainda é necessário haver uma mudança
no sistema, uma reforma política, mas a aprovação desta lei representa o início de uma nova era. Nós, da Aciub, assim
como toda a população brasileira, esperamos que a Lei já tenha validade nas eleições municipais deste ano, conforme
está previsto na legislação aprovada, caso contrário o povo ficará desencantado com o Poder Judiciário.
(*) A ONG G7 - Grupo dos Sete - é formada por grandes instituições sociais ativas na região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. São
elas: ACIUB - Associação Comercial e Industrial de Uberlândia, CDL - Câmara de Dirigentes Lojistas de Uberlândia, CVT - Conselho de
Veneráveis do Triângulo, FIEMG Regional Vale do Paranaíba/CINTAP - Centro Industrial e Integração de Negócios do Triângulo, OAB/MG
13ª Subseccional de Uberlândia, SRU - Sindicato Rural de Uberlândia e SMU - Sociedade Médica de Uberlândia.
mercado
causos empresariais
*Nege Calil é consultor em Gestão de Pessoas há mais de
duas décadas e baseia seus “causos” em experiências reais.
Contato: [email protected]
O Cadeirante
(Inclusão Social)
Por Nege Calil*
Quem me apresentou o Celso
foi a Leonor, profissional de RH há
anos. Ele vinha numa carreira galopante - foi o primeiro colocado num
programa de trainee da multinacional em que ela trabalhava, efetivou-se e alcançou uma gerência sênior
76 | Revista MERCADO | Edição 49
apenas quatro anos depois. Aos 32,
foi convidado a assumir o cargo de
diretor em outra empresa. Feliz com
o resultado, pediu demissão e, antes
que assinasse contrato com a nova
empregadora, tirou alguns dias de
férias. Em sua viagem, porém, foi
surpreendido por um acontecimento que mudaria para sempre seus
planos profissionais e de vida. Um
motorista bêbado atropelou-o em
sua moto, deixando-o paralítico da
cintura para baixo.
Após um período em coma, levou meses realizando tratamentos
que incluíam fisioterapia e psicoterapia para se adaptar à sua nova
realidade. Sua vaga fora preenchida
e ele saiu em busca de recolocação
no mercado.
- Seu currículo é bom, mas seu
local de trabalho tem escadas.- disse uma selecionadora.
- Você se importa de ser carregado? O Cacau, nosso encarregado,
pode te levar todos os dias para sua
mesa. - disse outra.
- E como vou comer? Fazer xixi?
- retrucou ele.
Ele estava inconformado com o
descaso que nosso país dá ao tratamento das pessoas com deficiência.
Ele mesmo confessou que, antes de
vivenciar essa situação, nunca havia
se dado conta de que a maioria de
nossas ruas e construções não oferece acessos adequados a cadeirantes, deficientes visuais e demais
profissionais com necessidades especiais. Pior foi ouvir, sem querer,
de uma terceira selecionadora que
deixou a porta da sala aberta por
descuido:
- Se fecharmos com esse aí na
sala de espera, cumprimos a cota de
contratação como determina a lei.
Ele saiu sem se despedir. Afinal,
não podia aceitar um tratamento
como se ele fosse uma mercadoria a
preencher um estoque. Foi se virando com alguns trabalhos via Internet e, quando quase desistiu de se
recolocar, recebeu a boa notícia de
Hellen, uma jovem analista de RH:
- Pode vir amanhã para os exames de admissão?
- Claro!! - quase gritou. A que
horas?
A empresa tinha um programa muito bem elaborado, voltado
à inclusão social. No caso dele, o
prédio oferecia rampas, elevadores, banheiros amplos. Durante as
entrevistas, visualizou um anão trabalhando em um mobiliário ergonomicamente adaptado a ele. Esse
respeito inicial, somado ao desafio
para sua carreira, devolveu-lhe o
entusiasmo.
Logo no primeiro dia, Celso entendeu de onde vinha tanto apoio
ao RH para sustentar seu programa
de inclusão. Foi recebido pelo diretor-presidente, que o cumprimentou com a mão esquerda:
- Perdi a mão direita em um acidente! - explicou. Era destro e tive
que reaprender a escrever, comer,
escovar os dentes com a esquerda.
Sou um canhoto forçado - brincou.
A equipe o recebeu muito bem.
Era o único cadeirante do setor, mas
rapidamente descobriu que só faltava ele para completar o time de
basquete sobre rodas da empresa.
Em apenas alguns dias voltou a se
sentir vivo, respeitado. Sentiu-se
na obrigação de dar um feedback à
Hellen:
- Você treinou muito bem essa
empresa para que todos soubessem
receber as pessoas com deficiência.
Ninguém, até agora, me olhou com
dó ou como se eu fosse de outro sistema solar. Parabéns!
- Obrigada! Contratamos você
pelo seu histórico profissional, suas
competências. Tomara que você se
realize e nos traga bons resultados.
Em poucos meses, Celso mostrou a que veio. Entrou no mês de
junho e reverteu os números ainda
em setembro, mostrando ser possível alcançar as metas até dezembro.
Tudo ia bem, não fosse a comemoração de uma data especial para
a empresa. Os pouco mais de 300
colaboradores se reuniram num salão, teve discurso e um convite para
uma oração antes do bolo. Discretamente, Celso se afastou enquanto
os demais oravam. Sua atitude foi
observada pelo diretor-presidente,
que o abordou antes do encerramento do evento:
- Você não orou conosco. Aconteceu alguma coisa?
- Não aconteceu nada! Está tudo
perfeito.
- Por que, então, não se juntou
a nós?
- Porque não compartilho de sua
fé. Sou ateu!
Aquela frase caiu feito um raio
na cabeça do presidente, que o
olhou como se o repreendesse.
No dia seguinte, o tratamento
mudou. Notou que o presidente só
o procurava para falar de relatórios.
Cessaram as conversas informais, as
brincadeiras. O tom de voz era mais
sério, o olhar frio. Celso procurou
Hellen:
- Eu disse alguma coisa errada?
- Não! Acontece que ele não
aprecia a ideia de você ser ateu.
- Como assim? Fui contratado
pela minha competência, lembra?
Não pelas minhas crenças.
- Eu sei! Mas não é algo fácil
convencê-lo. Vamos dar tempo ao
tempo.
- Desculpe, mas não posso aceitar. Só porque ele é evangélico, todos precisam ser? Esse povo é muito radical!
- Êpa! Agora quem está sendo
intolerante é você! Nem todos os
evangélicos são radicais. Quando
você generaliza assim, também alimenta os tabus sobre os religiosos.
- Você tem razão. Me perdoe.
- Perdoo! - disse ela com um sorriso nos lábios. Eu também sou cristã, aprendi a perdoar.
- Você também é evangélica? disse ele, surpreso.
- Sim, desde criança. Meu pai é
pastor. E nos ensinou a sermos to-
lerantes.
- Não consigo ter a sua fé. Mas
eu a respeito.
- Também respeito a sua “não
fé”. No entanto, não são todos que
pensam assim.
- Meu emprego corre risco?
- Honestamente... corre. Ele demitiu o Luiz assim que descobriu
que era homossexual. Mas não vou
ficar de braços cruzados. Meu papel,
enquanto gestora de pessoas, é harmonizar essas diferenças pensando
no que é melhor para a empresa.
- Não quero sair daqui, adoro o
que faço e você está acompanhando meu desempenho.
- Farei o meu melhor! - encerrou
ela, tocando-lhe a face.
Hellen não teve sucesso. Assim
que o novo ano começou, Celso foi
desligado da empresa. Recebeu a
notícia diretamente dela.
- Ele não pode fazer isso! Quero
falar com ele, argumentar... - disse
inconformado.
- Celso, aceite! Eu sinto muito,
acredite! Ele não vai te receber, acabou de sair de viagem.
- É muito descaso! Ele não vai
nem se despedir de mim?
- Repito, aceite. Sua rescisão
será depositada corretamente e em
breve terá direito ao seguro desemprego. Qualquer empresa que ligar
aqui terá excelentes referências
suas.
Derrotado, ele pegou seus pertences e saiu. Alguns colegas lacrimejaram ao vê-lo se retirar. Outros
olhavam assustados, como se ele
houvesse cometido um crime.
É vergonhoso contar uma história assim. Mas não dá para calar, sabendo que ocorrem inúmeras situações semelhantes. Há muito o que
caminharmos para uma verdadeira
inclusão social nas empresas. Pena
que a declaração atribuída a Einstein, na primeira metade do século
passado, ainda esteja tão viva: “Triste época! É mais fácil desintegrar
um átomo que um preconceito”. B
Revista MERCADO | Edição 49 | 77
mercado
geral
Café representa 12,4% das exportações
do setor agrícola
As estatísticas do produto em janeiro estão consolidadas no Informe do Café, do Ministério
da Agricultura
Da Redação
Unidade de Insumos Básicos da Braskem (Unib), no Polo Industrial de Camaçari. Vista do Projeto
de Reuso de Águas Pluviais
Indústria quer ter acesso aos recursos da
cobrança pelo uso da água
Acordo entre ANA e CNI foi assinado em Brasília
Da Redação
A Agência Nacional de Águas (ANA) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) assinaram o acordo que
prevê o estudo de mecanismos que garantam o acesso das indústrias aos recursos da cobrança pelo uso da água.
O acordo será assinado na sede da CNI, em Brasília, durante reunião do Conselho Temático de Meio Ambiente da
CNI, que terá a presença do diretor-presidente da ANA, Vicente Andreu.
A cobrança pelo uso da água foi criada em 1997 pela Política Nacional de Recursos Hídricos. É paga pelos
usuários de recursos hídricos, entre os quais as indústrias, e os valores variam conforme a região, porque são propostos pelos comitês de bacias hidrográficas e aprovados pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH).
De 2003 a 2011, a receita com a cobrança pelo uso da água nas bacias hidrográficas de Piracicaba, Capivari
e Jundiaí (PCJ); do Paraíba do Sul; e do São Francisco alcançou cerca de R$ 209 milhões. Desse total, aproximadamente 30%, ou R$ 63 milhões, foram arrecadados pela indústria. Os empresários querem ter acesso ao
dinheiro para investir na compra de equipamentos e em processos de produção que permitam o uso mais
eficiente da água.
Segundo o Relatório de Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil, da Agência Nacional de Águas, a indústria
é responsável por 17% do volume de água retirada da natureza no País e por 7% do consumo de recursos hídricos.
Depois da assinatura do acordo, o diretor-presidente da ANA falará aos empresários sobre as oportunidades
e os desafios oferecidos à indústria pelo gerenciamento das águas no Brasil.
O café representou 12,4% de todas as exportações brasileiras do agronegócio em janeiro de 2012, em receita.
O produto apresentou aumento de 1,64% em janeiro deste ano, com faturamento de US$ 605 milhões na comparação com o mesmo mês de 2011, quando faturou US$ 595,4 milhões. O resultado faz parte do Informe Estatístico
do Café, publicado mensalmente pelo Departamento do Café, da Secretaria de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
O volume embarcado no período teve redução de 23,5%, com 2,17 milhões de sacas de 60 quilos, ante 2,78
milhões de sacas em janeiro de 2011.
A receita cambial do café verde, que representa 96% do total das exportações, teve crescimento expressivo,
em termos porcentuais em relação ao Reino Unido (222,35%) e à Finlândia (53,85%). Em contrapartida, foi significativa a queda para a Espanha (-37,20%), a Rússia (-22,42%) e a Eslovênia (-14,68%).
O principal comprador de café verde brasileiro continua sendo a Alemanha que, apesar de ser o principal
destino das exportações da produção nacional, apresentou queda em janeiro de 2012 de 26,42% ante o primeiro
mês de 2011. O segundo principal importador são os Estados Unidos, que teve recuo de 23,07% nas compras do
grão. O volume embarcado aumentou apenas para a Finlândia (23,24%) e o Reino Unido (20,15%). Em termos
porcentuais, houve diminuição expressiva no volume vendido para a Espanha (-53,33%), a Rússia (-33,57%) e a
Eslovênia (-30,30%).
De acordo com o relatório mensal, o consumo brasileiro de café em 2012 é estimado em 20,4 milhões de
sacas, com aumento de 3,5% contra 2011 (19,7 milhões de sacas). Os estoques do Funcafé (Fundo de Defesa da
Economia Cafeeira) estão em 170 mil sacas. A
A cobrança
A cobrança pelo uso da água é um dos instrumentos de gestão dos recursos hídricos instituídos pela Lei nº
9433/97, que tem como objetivo estimular o uso racional da água e gerar recursos financeiros para investimentos
na recuperação e preservação dos mananciais das bacias. A cobrança não é um imposto, mas um preço condominial, fixado a partir de um pacto entre os usuários de água e o comitê de bacia, com o apoio técnico da ANA.
78 | Revista MERCADO | Edição 49
Revista MERCADO | Edição 49 | 79
mercado
geral
Classe C foi responsável por metade dos
gastos com roupas em 2011
Emergentes movimentaram R$ 35,3 bilhões na compra de itens de vestuário, superando o desempenho
da elite (R$ 24,5 bilhões) e da baixa renda (R$ 13,1 bilhões)
Do Mundo do Marketing
A classe C brasileira gastou R$ 35,3 bilhões com roupas em 2011, segundo o estudo “O Setor de vestuário no Brasil
- números e comportamentos”, do Data Popular. O valor equivale a 48,4% dos gastos totais com vestuário durante o
ano e supera o desempenho das classes A/B (R$ 24,5 bilhões) e D/E (R$ 13,1 bilhões). Estar na moda é uma preocupação para 56% dos membros do topo da pirâmide, seguida de perto pela classe C (52,1%) e pelos
integrantes de baixa renda (49,4%).
Os shopping centers são os locais procurados pelos emergentes (61,7%) e pela elite (77,7%)
para adquirir roupas. Já as lojas de rua são as mais procuradas por 58,5% dos membros da classe D/E
na hora de comprar itens de vestuário. Cerca de 70,5% dos integrantes da elite são os mais dispostos a usar roupas de marcas famosas, contra 58,6% da classe média e 58,7% da base da pirâmide.
Entre os critérios levados em conta pelos brasileiros ao comprar alguma roupa de marca, a durabilidade das peças é a razão mais apontada por quase metade dos membros de cada grupo social.
Para a classe A/B, o quesito tem importância para 50,9%. Nas camadas C e D/E, o critério é válido
para 55,1% e 53% dos consumidores, respectivamente.
As roupas que as pessoas usam nas ruas são a inspiração para as compras de 35,7% dos emergentes e 25,7% da população de baixa renda. Para a classe A/B, as revistas são as principais responsáveis por influenciar 31% dos consumidores na aquisição de itens para o vestuário.
Publicidade na internet cresce 71% em 2011
Da Redação
Dados da pesquisa Monitor Evolution, do Ibope, apontam que os gastos com publicidade cresceram 16% em
2011, alcançando R$ 88,3 bilhões. Foram monitorados investimentos em compra de mídia realizados em 38 cidades nos principais meios de comunicação. Os valores levam em conta a chamada tabela cheia e não consideram a
inflação do período, de 6,5%.
Seguindo a tendência de crescimento acima da média nos últimos 3 anos, a Internet segue conquistando o
mercado. O meio, que tinha 4% do bolo publicitário em 2010, cresceu para 6% em 2011. Mas o forte crescimento, de
71% da receita bruta (de R$ 3,1 bilhões para R$ 5,4 bilhões), corresponde principalmente a uma mudança na tabela
praticada pelos portais, além da inclusão de novas modalidades publicitárias.
“Cada vez mais, o tempo e a atenção dos consumidores está se voltando para mídias na internet”, explica Leandro
Kenski, CEO da Media Factory, agência especializada em marketing digital. “O que está acontecendo é um reequilíbrio
do mercado e as verbas estão migrando para onde está o consumidor. Por causa desse investimento ainda pequeno,
existem grandes oportunidades para empresas que querem explorar as mídias digitais”, acrescenta Leandro.
“Cada vez mais, o tempo e a atenção dos consumidores está se voltando para mídias na internet”
A TV aberta ficou com 53% do bolo publicitário, aumentando seu faturamento de R$ 40 bilhões para R$ 46,3
bilhões (alta de 15,3%). Os jornais foram responsáveis por 20% das receitas, saltando de R$ 16,1 bilhões para R$ 17,2
bilhões (incremento de 7%).
Pela primeira vez, as TVs por assinatura ficaram a frente do meio Revista, chegando à terceira colocação no
ranking das receitas com publicidade. As TVs por assinatura alcançaram R$ 7,4 bilhões (alta de 18%), enquanto o
meio Revista recebeu R$ 7,2 bilhões (alta de 13,3%). No ano anterior, as revistas faturaram R$ 6,4 bilhões, ante R$
6,3 bilhões da TV paga.
O comércio e o varejo foram responsáveis por 22% dos gastos publicitários (R$ 19,1 bilhões), liderando o
ranking por setor.
Em segundo lugar vem o setor automobilístico, com 9%. Com 8%, o setor de higiene e beleza foi o que mais
ampliou gastos: chegaram a R$ 7,4 bilhões, quase R$ 2 bilhões a mais do que no ano anterior. B
80 | Revista MERCADO | Edição 49

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