Jornal CRMV Ago-2010.cdr - CRMV-RS
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Jornal CRMV Ago-2010.cdr - CRMV-RS
9912233864/2009 DR-RS CRMV/RS CORREIOS Otimismo renovado Itamar Aguiar/Divulgação Seappa Veterinária & Zootecnia Impresso Especial PUBLICAÇÃO DO CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA VETERINÁRIA DO RS - ANO XV Nº 66 - MAI/AGO 2010 CRMV-RS sugere resolução sobre programas de esterilização cirúrgica NORMA PROPÕE USO DE UNIDADES MÓVEIS EM CAMPANHAS DE CONTROLE POPULACIONAL Ricardo Stricher - Divulgação/PMPA O Novas regras para RT de granjas avícolas PÁGINA 8 Boas perspectivas econômicas fazem com que Expointer 2010 aconteça com expectativa de bons negócios em Esteio. Na Casa do Veterinário, a diversidade de temas será a marca da programação. PÁGINA 12 Cães e gatos deverão receber microchips após o procedimento pela legislação vigente até o momento. Além do município da Campanha, muitos outros pretendem instituir programas de controle populacional. Além de autorizar a realização dos procedimentos cirúrgicos em unidades móveis devidamente equipadas, a proposta determina que as ações são privativas de autoridades públicas e que devem ter seu projeto aprovado pelo Plenário do CRMV-RS. Mutirões de castração organizados por ONGs também precisariam encaminhar projeto para aprovação do Conselho. Pela proposição dos CRMVs do Sul, é obrigatória a homologação de Anotação de Responsabilidade Técnica para a realização dos programas, sendo que o RT deverá manter por cinco anos o arquivo contendo informações dos beneficiários e dados sobre a identificação dos animais, que devem receber um microchip. Além disso, o RT deve elaborar o projeto e apresentá-lo ao CRMV- RS com pelo menos 30 dias de antecedência do início de sua execução. Um ponto importante a ser previsto é a metodologia de orientação, inclusive com material impresso que aborde a importância do bem-estar animal, da guarda responsável e da educação sanitária, entre outros pontos. Uma inovação importante é a instituição da unidade móvel de esterilização, que deve obrigatoriamente estar vinculada a uma instituição pública. A proposta de resolução estabelece que as instalações para a realização do programa devem contemplar ambientes para pré-operatório, transoperatório, pós-operatório, recepção dos responsáveis pelos animais, além de sanitários para uso da equipe e do público. Além disso, é exigida uma estrutura mínima para a realização dos trabalhos. “Esta resolução se constituirá em um avanço importante em favor da saúde pública”, ressalta Fagundes. Mundo em Sintonia Divulgação Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV-RS) aprovou uma minuta de resolução sobre a normalização dos procedimentos de contracepção de cães e gatos em programas de esterilização cirúrgica com a finalidade de controle populacional. O documento foi encaminhado ao CFMV para que seja considerado na elaboração de uma resolução. Na avaliação dos conselheiros e da diretoria, essa é uma medida que contribui positivamente para a preservação da qualidade de vida das pessoas e dos animais e se reflete positivamente no crescimento educacional. Além disso, a regulamentação permitiria a coleta de dados, assim como o mapeamento e o gerenciamento das informações a respeito da população canina e felina nos municípios. O texto da proposta foi definido conjuntamente pelos CRMVs do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Para o presidente do CRMVRS, Air Fagundes, a regulamentação vai evitar situações como a ocorrida recentemente em Bagé, onde a prefeitura montou uma unidade móvel para realizar a esterilização de animais nos bairros da cidade, situação vedada Programa de TV produzid o p e l o C R M V- R S e Fundesa percorre diversos municípios gaúchos para produzir as reportagens exibidas todas as terçasfeiras à noite na TVE. PÁGINA 3 Rio Grande do Sul debate retirada da imunização contra aftosa PÁGINAS 6 e 7 2 maio a agosto 2010 EDITORIAL EXPEDIENTE O jornal Veterinária & Zootecnia é um veículo de divulgação da classe dos médicos veterinários e dos zootecnistas, editado pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária do RS (CRMV-RS). Os textos são de responsabilidade dos autores. DIRETORIA EXECUTIVA DO CRMV-RS Presidente Air Fagundes dos Santos Vice-presidente José Arthur de Abreu Martins Secretário-geral Rosane Maia Machado Tesoureiro Mauro Gregory Ferreira Conselheiros efetivos: Elci Lotar Dickel, Vera Lúcia Machado Silva, Carlos de Lima Silveira, Angélica Pereira dos Santos Pinho, Rodrigo Marques Lorenzoni e Margarete Maria Paes Iesbich. Conselheiros suplentes: Maristela Lovato Flores, Juliana Iracema Milan, Eduardo Amato Bernhard, José Braz Mariosi, Hélvio Tassinari do Santos e Waldívia Tereza Pacce Lehnemann. JORNAL VETERINÁRIA & ZOOTECNIA Comissão de Comunicação: José Arthur de Abreu Martins, Luiz Carlos Pascotini, Hosana Aprato, Bruna Koglin Camozzato e Leandro Brixius. Projeto gráfico: Rodrigo Vizzotto Redação e edição: Jorn. Leandro Brixius – RP 9468 Colaboração: Acadêmica de Jornalismo Hosana Aprato Charge: Méd. Vet. Hudson Barreto Abella Diagramação e impressão: Gráfica RJR Ltda Tiragem: 12 mil exemplares ENDEREÇO CRMV-RS Rua Ramiro Barcellos, 1793 - 2º andar - Bom Fim - Porto Alegre - RS CEP 90035-006 - Fone: (51) 2104.0566 - Fax: (51) 2104.0573 E-mail: [email protected] - Site: www.crmvrs.gov.br SETORES Financeiro: (51) 2104.0554 - [email protected] Fiscalização: (51) 2104.0584 - [email protected] Secretaria - Pessoa Física: (51) 2104.0565 - [email protected] Secretaria - Pessoa Jurídica: (51) 2104.0564 - [email protected] Jurídico: (51) 2104.0582 - [email protected] Desenvolvimento Humano e Organizacional: (51) 2104.0583 [email protected] SECRETARIAS REGIONAIS Passo Fundo Rua General Osório, 1204/602 - Passo Fundo - RS CEP 99010-140 - Fone/Fax: (54) 3317.2121 E-mail: [email protected] Pelotas Rua Andrade Neves, 2077/402 - Pelotas - RS - CEP 96020-080 Fone/Fax: (53) 3227.0877 - E-mail: [email protected] Santa Maria Rua Appel, 475 - prédio Sindicato Rural - Santa Maria - RS CEP 97015-030 - Fone/Fax: (55) 3223.6824 E-mail: [email protected] www.crmvrs.gov.br Veterinária & Zootecnia EDITORIAL Globalização e nova cultura humana Air Fagundes dos Santos* O bservando a capa desta edição do jornal Veterinária & Zootecnia onde está estampado o tema central bem-estar animal, paramos por alguns segundos para refletir. Invariavelmente reportamos à criatividade latente do homem, desde o primeiro ancestral que viveu de 5 a 7 milhões de anos, como principal causa do surgimento da chamada cultura humana, que acabou moldando esse novo ser anatomicamente moderno - ávido por novas condições sociais. Afinal. O que tem a ver bem-estar animal com antecedentes históricos? O comportamento do homem no curso da história, armazenado graças ao surgimento da comunicação escrita, funde-se com a cultura humana da atualidade, com origens inegavelmente em dois grandes fatos que mudaram os rumos da vida na Terra e que romperam com a tradição e com o saber estabelecido. O primeiro, com o surgimento da filosofia cristã que se aproximou do pensamento grego. Marco inicial da reflexão filosófica. Pensamento filosófico-científico, com o pioneiro Tales de Mileto, na Grécia do séc. VI a.C., que se perpetuou até o século XXI, quando falamos com mais ênfase e com mais segurança em comportamento e direito dos animais. Complementa-se com o segundo fato, a historiografia das guerras, embora sendo uma prática nociva de comportamento humano, deixou como legado para a humanidade, além da cultura, a sinalização de uma “etapa para o fluxo incessante das relações internacionais”. E daí! O que tem a ver como o assunto da capa do jornal? Não podemos negar que as guerras por diferentes motivos - alguns ainda usados HUMOR como argumento para conflitos armados, desde a necessidade da garantia de alimentos, a insatisfação como o sistema oligárquico, com oposição popular, até a ambição da expansão territorial -, deram origem, indubitavelmente, ao que hoje conhecemos por globalização, cada vez mais reforçada pelo incessante crescimento dos modernos meios de comunicação. Portanto, a informação da atualidade não mais, de forma lenta, navega através do contato interpessoal, dos livros, das revistas, das emissoras de rádios etc. Navega em tempo real, via computador, e muda o comportamento das pessoas e o rumo das coisas no mundo do dia para a noite. Ou seja, o que está acontecendo na Europa ou na Ásia, instantaneamente, está sendo copiado e seguido em qualquer canto do mundo. Assim, com extrema rapidez o ser humano de hoje muda de conduta e a sociedade em geral passa a adotar “novas” culturas humanas, sem dar tempo para que as adaptações tão necessárias ao convívio entre pessoas, animais e meio ambiente possam acontecer em harmonia gradual e de forma racional. Disto, geram-se, em um primeiro momento, conflitos involuntários. Neste contexto e frente ao confronto natural de gerações, cabe ao profissional técnico-cientificamente e culturalmente preparado ser o mediador para fazer com que haja um equilíbrio entre razão e paixão, substantivos que despertam sentimentos imprevisíveis em qualquer ser humano mais sensível sobre a posição que os animais devem ocupar nesta sociedade artificial em constantes mudanças. * Presidente do CRMV-RS 3 maio a agosto 2010 NOTÍCIAS Veterinária & Zootecnia Programa de TV aproxima o médicoveterinário e o zootecnista da população MUNDO EM SINTONIA ABORDA, SEMANALMENTE NA TVE, ASSUNTOS ATUAIS E DE GRANDE INTERESSE PÚBLICO Fotos: Divulgação CRMV-RS E m pouco menos de quatro meses no ar, o programa de TV Mundo em Sintonia já mostrou à população mais de 30 assuntos ligados à Medicina Veterinária e à Zootecnia. A equipe do programa percorreu diversos municípios do estado, como Nova Petrópolis, Anta Gorda, Encantado e Salvador do Sul, em busca de novos assuntos e imagens para informar e agradar o telespectador. “Em todos os lugares por onde nossa equipe passou fomos muito bem recebidos. Tem sido muito prazeroso apresentar e dirigir o programa, além, é claro, de podermos conhecer pessoas e lugares diferentes”, conta o médico-veterinário Luiz Carlos Pascotini, responsável pela condução do Mundo em Sintonia. O programa, idealizado pelo CRMV-RS e apoiado pelo Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa), está sempre preocupado em mostrar os diferentes campos de atuação das duas profissões, seja no campo ou na cidade. O Mundo em Sintonia convida, a cada programa, profissionais com grande experiência e destaque nas áreas de produção animal, pesquisa, clínica e cirurgia médica, bem-estar e comportamento animal e demais campos de atuação, além de especialistas na área da saúde para abordar os temas. A atração, que tem 30 minutos de duração, ainda conta com o espaço Você Sabia, que traz dicas práticas de alimentação e cuidados com os animais. O programa prioriza a comunicação de forma direta e de fácil entendimento, considerando os avanços tecnológicos e científicos, com o objetivo de aproximar o médico-veterinário e o zootecnista da população. O programa inédito do Mundo em Sintonia é exibido na TVE todas as terças-feiras, às 22h, com reprise aos domingos, às 13h30. A equipe de produção conta com o apoio dos telespectadores que sugerem novos temas, contribuem com dicas e sugestões. Os interessados em colaborar com a atração podem enviar e-mail para [email protected]. Produtores debatem redução de custos de produção do leite Seminário sobre mercado marca Dia do Zootecnista Conbravet tem edição histórica no Rio de Janeiro Pascotini percorre municípios para as gravações 37º CONBRAVET CONGRESSO INTERNACIONAL COMEMORATIVO da 150 Ministério Agricultura ANOS Ensino de Veterinária no Brasil ANOS 100 Alimento e Bioenergia para o Brasil e o Mundo Após garantir um crescimento de 7% na produção gaúcha de leite neste ano, os produtores do estado agora se preparam para avançar na redução de custos. Equacionar a relação custos e volume de produção é a saída para sobreviver no mercado mundial, cada vez mais competitivo e profissionalizado. O tema foi debatido durante o Fórum Nacional de Lácteos e o Simpósio de Bovinocultura Leiteira, dias 8 e 9 de junho, em Erechim. O alto custo de produção, estimado em cerca de R$ 0,65 por litro pelo Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Estado (Sindilat), dificulta a conquista de mercados e emperra o crescimento sustentável do setor local. O CRMV-RS participou dos eventos com um estande (foto). A Comissão de Zootecnia do CRMV-RS e o Sindicato dos Zootecnistas (Sindizoot/RS) realizaram, no dia 11 de junho, o Seminário de Mercado de Trabalho para Zootecnia, em Dom Pedrito, marcando a comemoração no estado pela passagem do Dia do Zootecnista, comemorado em 13 de maio. O evento teve o apoio do curso de Zootecnia da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) - Campus de Dom Pedrito e oportunizou aos acadêmicos e profissionais um panorama da profissão e do mercado de trabalho. As palestras foram realizadas pelos zootecnistas Edgar Mores e Ângelo Marion. À noite, a programação prosseguiu com a solenidade de entrega do Prêmio Destaque da Zootecnia a 10 pessoas (foto) e um jantar-dançante. 90 ANOS Sociedade Brasileira de Medicina Veterinária 26 a 30 de Julho de 2010 Rio de Janeiro De 26 a 30 de julho, todas as atenções da Medicina Veterinária brasileira estiveram concentradas no Rio de Janeiro, onde aconteceu o 37º Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária (Conbravet 2010), que neste ano ganhou um adendo ao seu nome: Congresso Internacional Comemorativo. As razões para isso são muitas. Em 2010 comemoram-se os 150 anos do Ministério da Agricultura, 100 anos de ensino de Medicina Veterinária no Brasil e 90 anos de Sociedade Brasileira de Medicina Veterinária (SBMV). Pelo menos oito médicos-veterinários do Rio Grande do Sul foram palestrantes do evento, que contou com o apoio do CRMVRS e outras entidades de classe. 4 maio a agosto 2010 SAÚDE PÚBLICA Veterinária & Zootecnia Divulgação/CFMV Medicina Veterinária intensifica mobilização para integrar o Nasf VETERINÁRIOS NÃO INTEGRAM AÇÕES DE SAÚDE DA FAMÍLIA A mobilização é crescente, mas ainda assim os médicos-veterinários não obtêm sucesso em sua empreitada para incluir a Medicina Veterinária entre as profissões que fazem parte dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf), estruturas criadas em janeiro de 2008 pelo Ministério da Saúde para dar apoio estratégico e tático às equipes mínimas do Programa de Saúde da Família (PSF). A quase totalidade das profissões da área da saúde passaram a integrar o Nasf, dentro da Estratégia de Saúde da Família (ESF), com exceção da Medicina Veterinária e da Biologia. Desde 2004, mas com maior intensidade nos últimos anos, o Sistema CFMV/CRMVs, através das comissões nacional e regionais de saúde pública veterinária, tem pleiteado junto ao Ministério da Saúde a inclusão dos médicos veterinários no PSF, sem sucesso até o momento. A mobilização ganhou força no XXVI Congresso Nacional de Secretarias Municipais de Saúde, ocorrido em Gramado de 25 a 28 de maio deste ano. Essa foi uma oportunidade para mostrar aos agentes municipais e aos gestores do SUS a relevância da participação dos veterinários nos Nasfs. Ao fim do encontro, a avaliação é de que o esforço valeu a pena. Um momento importante foi a visita do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, ao estande do Sistema CFMV/CRMVs, quando foi possível fazer a defesa do projeto. Segundo o médico-veterinário gaúcho Celso dos Anjos, integrante da Comissão Nacional de Saúde Pública Veterinária (CNSPV) do CFMV, o pleito não tem caráter corporativista, mas busca qualificar o atendimento prestado à população dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). “Nossa intenção é que o médico- veterinário faça parte do Nasf, pois não tratamos diretamente o paciente humano, mas temos muito o que dizer sobre as relações das pessoas com o meio ambiente, a ponto dela se tornar desequilibrada e gerar uma série de agravos”, diz Anjos. Dados que dêem consistência a essa demanda não faltam. Em torno de 75% das emergentes e reemergentes são de origem animal, incluindo as zoonoses. Além disso, os maus tratos humanos à natureza têm sido responsabilizados pelo aumento dos riscos de adoecer. “Definitivamente, um território doente tem origem nas doentes relações entre as pessoas e o meio ambiente”, afirma a CNSPV em um artigo publicado na edição setembro/dezembro de 2009 da revista CFMV. Uma realidade atual é que a ocupação e o manejo desorganizado dos espaços são responsáveis pela imposição e aumento dos animais sinantrópicos e pelo crescimento de várias doenças e acidentes com animais peçonhentos. Um dos aspectos defendidos pela Medicina Veterinária é que a saúde necessita dos saberes de muitas profissões, tanto as do campo das ciências biológicas, quanto as de fora dele. O esforço dos membros da CNSPV e também da comissão do CRMV-RS tem sido justamente em esclarecer as autoridades que a atuam em saúde pública sobre a diversidade de atuações do médico-veterinário. “Eles se revelam surpreendidos com o leque de possibilidades de interações em questões sanitárias e ambientais que a Medicina Veterinária oferece”, diz Anjos. O especialista lembra que a profissão nasceu justamente em razão das necessidades das pessoas e para atuar junto à função social dos animais. Ministro Temporão ouviu argumentos durante seminário em Gramado Vigilância sanitária não substitui atuação na Estratégia de Saúde da Família Um dos argumentos das autoridades para justificar a ausência do médico-veterinário na Estratégia de Saúde da Família (ESF) é sua presença na vigilância em saúde. Além disso, uma correspondência da Direção do Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde afirma que a integração das ações de vigilância e atenção básica suprime a necessidade de inclusão do médicoveterinário no Nasf. A justificação se dá sob a afirmação que o profissional já compõe os Centros de Controle de Zoonoses (CCZs). Porém, as áreas são completamente distintas. A vigilância em saúde envolve três vértices tradicionais: a vigilância epidemiológica, a ambiental e a sanitária. Essa aproximação decretou o fim de um sistema mais tradicional e contemplativo, que tinha menos presença. A inserção tradicional do médicoveterinário na vigilância em saúde difere daquela praticada pelas profissões que compõem o Nasf e que tem condições de orientar e intervir junto às pessoas e aos territórios. “Certamente, há uma diferença de especificidade e sensibilidade entre atuar na vigilância em saúde tradicionalmente estruturada, que centra seu foco no conjunto de uma cidade, e outra que reduz seu cenário de observação e interação ao território circunscrito das famílias”, afirma Celso dos Anjos, da Comissão Nacional de Saúde Pública Veterinária (CNSPV). Além disso, se a atenção básica consegue chegar cada vez mais perto das pessoas, o mesmo ainda não pode ser dito de grande parte dos serviços municipais de vigilância em saúde. Com relação aos CCZs, a situação é ainda mais preocupante. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 250 municípios contam com o serviço estruturado, abrangendo 41% da população, mas apenas menos de 5% das cidades brasileiras. Porém, a existência de um CCZ não garante que toda a população seja atendida por ele. Vale ressaltar que a intenção não é fazer com que o médicoveterinário faça parte da equipe mínima da saúde da família, mas que integre os grupos multiprofissionais que se ocupam dos territórios maiores. Assim, a população terá uma atenção básica domiciliar resultante de permanente vigilância, com impacto sobre o controle e até mesmo erradicação de várias doenças. 5 maio a agosto 2010 FISCALIZAÇÃO Veterinária & Zootecnia Comercialização de medicamentos exige cuidados especiais dos médicos-veterinários PROFISSIONAIS DEVEM VALORIZAR A EXPLICAÇÃO SOBRE O USO CORRETO DOS PRODUTOS AOS CONSUMIDORES Divulgação/CRMV-RS A comercialização de medicamentos de uso veterinário é uma atividade que deve acontecer somente com a supervisão do médicoveterinário responsável técnico pela agropecuária. No entanto, na prática, observa-se que essa prerrogativa não é observada e muitos casos de irregularidades são registrados nas ações de fiscalização, tanto do CRMV-RS quanto de outros órgãos públicos. A não observância dessa norma acarreta prejuízos à saúde pública, ao agronegócio e também ao profissional, sujeito inclusive a processo ético no Conselho. Segundo os registros da Produtos devem ficar guardados em local com acesso restrito fiscalização do CRMV-RS, as irregularidades mais comuns dizem respeito à função dos resíduos de substâncias ativas e/ou ausência do RT em tempo integral na agrope- seus metabolitos permanecerem na carne, no cuária e ao acondicionamento inadequado dos leite ou nos ovos, por exemplo, durante um produtos. Além disso, há situações de venda de determinado período que é informado nos medicamentos com a data de validade expirada rótulos ou bulas de cada medicamento. O ou sem o controle do receituário. período de carência é estabelecido de acordo Professor aposentado de Farmacologia da com a quantidade máxima que um ser humano Faculdade de Medicina Veterinária da pode ingerir de determinada substância ativa Universidade Federal do Rio Grande do Sul sem causar prejuízo. Langeloh alerta que o (UFRGS), o presidente da Academia Rio- tempo não é definido só pelo fármaco, mas pelo Grandense de Medicina Veterinária, Augusto produto e laboratório uma vez que o excipiente Langeloh, chama a atenção para outro ponto no e outros componentes do medicamento qual o veterinário deve ter atenção redobrada, interferem na farmacocinética e assim no mas que infelizmente nem sempre é observado. tempo de permanência no animal tratado. Por “A orientação ao produtor sobre o período de isso, sempre deve ser feita a verificação do carência é fundamental e deve ser muito bem rótulo ou bula. feita, mesmo que não tenhamos como garantir A presença de resíduos de medicamentos que será observada”, diz. veterinários nos produtos de origem animal e de Os medicamentos utilizados em animais de consumo humano pode trazer importantes produção são os que oferecem maior risco em prejuízos econômicos. Mercados importadores realizam análises frequentes para verificar possíveis contaminações. Um dos produtos de controle mais fácil e rigoroso é o leite, inclusive pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Outra falha observada é no controle do estoque dos medicamentos nas agropecuárias. Os produtos devem ficar guardados em local reservado, ao qual só tenham acesso pessoas autorizadas. Além disso, a fim de comprovar a venda, as receitas devem ficar arquivadas. Com relação ao receituário, outra falta grave é manter receitas em branco e assinadas na agropecuária. A falta de orientação sobre a duração do tratamento - ou a não observância dela por parte dos produtores - também pode determinar o aparecimento de resistência dos micro, endo e ectoparasitas aos antimicrobianos, antihelmínticos e ectoparasiticidas. “A exposição sistemática a doses subletais ou subterapêuticas acaba selecionando cepas mais resistentes e contra as quais os medicamentos deixam de surtir efeito”, explica Langeloh. Por isso, a regra é procurar ser o mais claro e objetivo ao orientar o consumidor sobre o uso dos medicamentos, alertando sobre o tempo de uso, o período de carência, o armazenamento em casa ou na propriedade e o descarte adequado das sobras. Um aliado desse processo também é o médico-veterinário que atende os animais nas propriedades e pode acompanhar de perto os procedimentos adotados pelos produtores. Produtos piratas oferecem grande risco Os médicos-veterinários responsáveis técnicos de agropecuárias devem ficar atentos também à comercialização de medicamentos sem garantia de qualidade, contrabandeados ou piratas. Os produtos devem ser obrigatoriamente registrados no Mapa e a relação está disponível na internet, na página do Ministério. Como garantia, deve-se dar preferência a fornecedores idôneos e, principalmente, ficar atento a preços muito abaixo do valor médio de mercado. O emprego de produtos não registrados no Brasil é irregular. O professor Augusto Langeloh explica que o uso de matéria-prima de boa qualidade aumenta os custos do medicamento. Em alguns casos, as substâncias ativas são adquiridas de fabricantes que não conseguem atender às especificações técnicas ou as burlam para diminuir custos, o que acaba também por comprometer o produto final. No entanto, o médico-veterinário não tem como saber desse processo que ocorre no laboratório. Assim, a sugestão de Langeloh é eleger produtos de fabricantes confiáveis e idôneos. O Mapa divulga periodicamente a relação de produtos irregulares que lhe chega ao conhecimento. Finalmente, o professor ressalta, o responsável técnico (RT) das agropecuárias que vendem produtos veterinários não pode desconhecer a extensa legislação que regula a comercialização e o uso e se encontra disponível na página da Coordenação de Fiscalização dos Produtos Veterinários (CPV) do Mapa. 6 maio a agosto 2010 NOTÍCIAS Veterinária & Zootecnia Rio Grande do Sul debate retirada da imunização contra febre aftosa SUSPENSÃO DA VACINA DEVE OCORRER COM QUALIFICAÇÃO DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA, PRINCIPALMENTE NA FRONTEIRA preparativos para a retirada da vacina. Porém, o que mais preocupa é como impedir a entrada do vírus em território gaúcho e as condições de dar uma resposta rápida e eficiente em caso de ocorrência de contaminação. Na reunião realizada em junho, o chefe do Serviço de Doenças Vesiculares da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Pesca e Agronegócio (Seappa), Fernando Groff, apontou 16 pontos exigidos pela OIE para a evolução do status, dos quais considera que 75% deles já sejam atendidos. Mesmo assim, Groff avalia que seriam Estado registra índices de vacinação superiores a 90% do rebanho necessários pelo menos dois anos e meio de trabalho para atingir o reconhePara a indústria de carne, a retirada da vacina cimento do organismo internacional. expandiria os negócios. Mercados importadoUm dos principais pontos nos quais é preciso res de carne suína que pagam mais, como a avançar é o controle do trânsito de animais, com a Rússia, hoje são atendidos somente por Santa melhor comunicação de suspeitas para as equipes Catarina, único estado brasileiro com status de de vigilância. Para isso, é fundamental aumentar e livre de aftosa sem vacinação, e poderiam entrar qualificar os pontos de fiscalização nas fronteiras na lista de clientes do Rio Grande do Sul. A e divisas do Rio Grande do Sul e melhor a pecuária de corte também poderia conquistar integração dos serviços de vigilância dos países novos mercados. Para o secretário da vizinhos e de Santa Catarina. Além disso, é Agricultura, Gilmar Tietböhl, a retirada da necessária contratação de pessoal, tanto técnico vacina é importante para passar uma melhor quanto administrativo. Outro ponto exigido pela imagem do estado, mas o processo deve ser OIE é a intensificação da rastreabilidade do gado realizado passo a passo e com a integração de e o georreferenciamento das propriedades. toda a cadeia produtiva. Meta do Mapa é erradicar a doença até o final do ano Reprodução/Mapa RR AP PA AM MA CE RN PB PI PE AC AL SE TO RO BA MT GO DF MG Classificação de risco para febre aftosa e área livre da doença, 2009 SP Zona livre de febre aftosa sem vacinação Zona livre de febre aftosa com vacinação PR BR-3 Risco Médio SC BR-4 Alto Risco BR-NC Risco não conhecido ES MS RS RJ O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) fixou como meta erradicar a febre aftosa do território brasileiro até o final deste ano. “Vamos ampliar a parceria com a Bolívia e o Paraguai na região de fronteira para alcançarmos a meta de País livre de febre aftosa com vacinação até o fim deste ano. Além disso, vamos desenvolver ações na fronteira com a Venezuela”, diz o secretário de Defesa Agropecuária do Mapa, Francisco Jardim. A longo prazo, a intenção é retirar a imunização, mas isso depende também da atuação dos demais países da América do Sul. Estimativas apontam que cerca de 175 milhões de cabeças encontram-se em área livre de aftosa com vacinação, e 22 milhões estão em zona não livre da doença. As principais preocupações são as regiões Norte e Nordeste. A maior parte do Amazonas e do Amapá são classificadas como área de risco desconhecido. Roraima e o Norte do Pará são avaliados como regiões de alto risco. O Brasil rumo ao título de País livre da febre aftosa foi o lema da campanha do Ministério da Agricultura veiculada em emissoras de televisão e rádio, revistas e pela internet em maio, período de vacinação. A campanha de utilidade pública, com alcance em todo território nacional, utilizou a linguagem universal do futebol e mostrou que o Brasil conhece as regras do jogo que envolve a prevenção, manutenção e ampliação de áreas livres de febre aftosa. Divulgação/ABHB R etirar ou não a vacinação contra a aftosa no Rio Grande do Sul? Esse é um questionamento que tem estado presente nas discussões de políticos, lideranças, profissionais do agronegócio e produtores no Estado nos últimos meses. Há dez anos os gaúchos retiraram a imunização do rebanho, mas menos de um ano depois, a ocorrência de um foco em Joia provocou o abate de 11 mil animais e determinou a volta da vacina. A experiência deixou marcas profundas entre criadores e também entre os responsáveis pelo serviço de vigilância sanitária. Hoje o que mais se discute é quais seriam as vantagens em se retirar a vacinação e quais os riscos a que o rebanho ficaria sujeito com a prática. A estratégia adotada dessa vez é esgotar o debate e montar um cronograma para a suspensão segura da imunização. Somente após haver garantias com relação à defesa sanitária é que será encaminhada a tramitação junto à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). O Fundo de Desenvolvimento e de Defesa Sanitária Animal (Fundesa) já trabalha no fortalecimento da vigilância sanitária. Em uma reunião em 29 de junho, que reuniu todos os envolvidos na cadeia produtiva da carne, ficou resolvido que serão promovidos encontros com produtores nos municípios, além de contatos com representantes do Uruguai e da Argentina. Desde 2002 não há circulação viral no Rio Grande do Sul. Além disso, a cobertura vacinal apresenta índices acima de 90%. Essas duas condições credenciam o estado a iniciar os 7 maio a agosto 2010 NOTÍCIAS Veterinária & Zootecnia Veterinários precisam comunicar ocorrência de enfermidades de notificação obrigatória O s médicos-veterinários são obrigados por lei a comunicar ao Serviço de Defesa em Saúde Animal sobre enfermidades de notificação obrigatória diagnosticadas em seu exercício profissional. A determinação consta no decreto federal 25.548/1934 e no código de ética (Resolução CFMV 722/2002, anexo I, artigo 6º inciso VII), além de estar prevista na lei estadual 13.467/2010, em regulamentação. No entanto, isso não vem ocorrendo e há casos de enfermidades não notificadas verificados no Rio Grande do Sul, afirma o médico-veterinário Nilton Rossato, chefe da Divisão de Fiscalização e Defesa Sanitária Animal da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Pesca e Agronegócio (Seappa). “Existe um grupo de enfermidades que os médicos-veterinários são obrigados por lei a notificar os serviços de defesa sanitária sobre a ocorrência, mesmo quando se tratar apenas de uma suspeita. No entanto, temos registrado muitos casos que seriam de notificação obrigatória, mas que não são comunicados”, afirma Rossato. Quando questionados, muitos profissionais afirmam desconhecer a obrigação. Ao não comunicar a ocorrência de alguma dessas doenças, o médico-veterinário coloca em risco o status sanitário do estado. “Pode ocorrer o agravamento de uma doença contagiosa e acabarmos por tomar as medidas de controle tardiamente. Também pode ocorrer o comprometimento da saúde humana em função do contágio de algumas zoonoses”, acrescenta. Ao não notificar as doenças que integram a relação, o profissional fica sujeito à processo ético no CRMV-RS. Relação de doenças, de acordo com o decreto 24.548, de 3 de julho de 1934 - peste bovina - nos ruminantes - febre-aftosa - nos ruminantes e suínos - raiva e a pseudo-raiva - nos mamíferos - tuberculose - nos bovinos, suínos e aves - carbúnculo hemático - nos ruminantes, suínos e equinos - carbúnculo sintomático e peripneumonia - nos bovinos - bruceloses - nos ruminantes, suínos e equinos - salmoneloses - nos bovinos, suínos e aves - pasteureloses - nos mamíferos e aves - tripanossomoses - nos mamíferos - piroplasmoses - nos ruminantes, equinos e caninos - anaplasmose - nos bovinos - mormo - nos equinos, asininos e muares - encefalite enzoótica - nos equinos - ruiva e peste suína - nos suínos - cravagem - nos ovinos - vaginite granulosa e coriza gangrenosa - nos bovinos - coccidioses - nos mamíferos e aves - psitacose, espiroquetose, difteria e peste - nas aves - sarnas - nos ruminantes, equinos, suínos, aves e pequenos animais domésticos - mixoma e a encefalite - nos coelhos Governo altera normas de inspeção animal produzidos pelas agroindústrias. O conselheiro diz que poderia haver preocupação se as mudanças provocassem um retorno a um estágio anterior, no qual o Ministério da Agricultura não tinha controle sobre o Serviço de Inspeção Municipal (SIM). No entanto, o decreto presidencial mantém a exigência de auditoria do Ministério e assim a padronização será mantida. A cada município cabe definir suas diretrizes, alinhadas ao Suasa. O Rio Grande do Sul Capacitação é fundamental para a qualidade dos alimentos tem hoje dois municípios habilitados junto ao Sistema - Santa Cruz do Sul e Rosário do Sul - e inspeção nas prefeituras, quanto dos responsáoutros 20 com projetos em andamento. A veis pelas agroindústrias”, afirma. Em julho, Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul aconteceu mais um curso para os funcionários já solicitou sua adesão ao Suasa. Dickel diz que de prefeituras promovido pela Famurs. o processo de implantação do Suasa no país Dickel também diz que é preciso qualificar pode ser considerado um pouco demorado, mas cada vez mais as agroindústrias familiares, aponta principalmente a desatualização dos orientando os produtores sobre os processos de serviços municipais como um fator decisivo produção, principalmente dos produtos de para que as adesões não ocorram mais rapida- origem animal. Nesse ponto, Dickel avalia que a mente. “É necessário investir cada vez mais em Emater tem um papel importante na capacitação treinamento, tanto dos responsáveis pela dos agricultores familiares. Divulgação/Emater O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou, no dia 17 de junho, o decreto que altera artigos da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA). A medida permite a equivalência entre os serviços de inspeção federal, estadual e municipal. Segundo o governo, dessa maneira se ampliam as possibilidades de comercialização dos produtos da agricultura familiar em todos os estados. Além disso, o decreto assinado altera artigos do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa) com a intenção de facilitar a adesão dos serviços de inspeção sanitária municipais e estaduais ao Suasa. Isto possibilitará que estados e municípios tenham suas próprias legislações, regulamentando seus serviços, incluindo normas específicas para agroindústrias familiares de pequeno porte. Com a medida, o governo espera que o Suasa chegue a 15 estados e 500 municípios ainda em 2010. Na avaliação do médico-veterinário Elci Dickel, professor da Universidade de Passo Fundo (UPF), fiscal agropecuário do Ministério da Agricultura e conselheiro do CRMV-RS, as alterações realizadas pelo governo federal não devem provocar prejuízos à qualidade dos alimentos. “O decreto não muda nada do que é da lei”, resume. Dickel acredita que as mudanças devem ampliar a cobertura do Suasa e inclusive qualificar os alimentos de origem 8 maio a agosto 2010 AVICULTURA Veterinária & Zootecnia CFMV altera normas de registro e responsabilidade técnica em granjas VETERINÁRIOS PODERÃO ATENDER ATÉ 80 GRANJAS EM RAIO DE 100 KM, QUANTIDADE CONSIDERADA NÃO IDEAL PELOS PRODUTORES O atendimento do médico-veterinário como responsável técnico (RT) em estabelecimentos avícolas de reprodução e produção comercial tem sido motivo de debates no CRMV-RS. A Resolução nº 947, de 26 de março de 2010, do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), que dispõe sobre os procedimentos para registro e anotação de responsabilidade técnica em granjas avícolas, teve alguns de seus artigos alterados. Em estabelecimentos de reprodução, a resolução previa o atendimento do médicoveterinário responsável técnico (RT) em até 20 propriedades, como prestador de serviços, de granjas matrizeiras, de recria e produção e de postura comercial. Já em granjas de produção comercial, o RT também podia realizar atendimentos no mesmo número granjas, desde que não ultrapassasse 100 quilômetros de distância do domicílio profissional. Esse limite de propriedades contrariava o que foi debatido entre os CRMVs da Região Sul (estados que concentram a quase totalidade da produção avícola comercial brasileira) e a cadeia produtiva de aves. A determinação do CFMV motivou a mobilização de entidades como a União Brasileira de Avicultura (Ubabef), que buscaram o Conselho Federal para expor suas necessidades e esclarecer a respeito da organização produtiva das granjas comerci- ais, especialmente aquelas integradas às empresas. Em resposta, o CFMV modificou a Resolução, publicando novas normas no Diário Oficial da União, em 1º de julho, alterando o número de estabelecimentos em que o RT pode atuar. O Artigo 9º da Resolução define que o médico-veterinário que atender em estabelecimentos de produção comercial poderá ser RT de até 80 propriedades - número ainda abaixo do considerado ideal pelas empresas e pelos CRMVs do Sul -, desde que não ultrapasse 100 quilômetros de seu domicílio e que a capacidade máxima de aves alojadas não exceda 4 milhões de aves. Instruções normativas estabelecem parâmetros de registro e fiscalização de doença ou queda de produção àquele plantel. “Compartilhando responsabilidades, o médicoveterinário responsável técnico, de forma ética e transparente, atua na prevenção e até na ocorrência de um episódio sanitário. Isso é garantia de segurança alimentar”, declara. Ela acredita que é imprescindível a obrigatoriedade do médico veterinário como RT e salienta a importância deste profissional da iniciativa privada como um elo com o serviço veterinário oficial. Para o presidente-executivo da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Francisco Turra, sem o apoio do CRMV-RS e da inteligência do médico-veterinário não será possível implantar a IN 56 no Brasil. Ele acredita que o país ainda poderá perder espaço no mundo. “Há novas exigências a cada ano. Temos que nos adequar e para nos adequarmos, os veterinários tem que estar tecnicamente amparados”, comenta Turra. Em dezembro de 2009, o Mapa divulgou uma ementa onde altera a IN 56, a IN 59, estabelecendo normas e prazos para adaptações e alterações nos estabelecimentos avícolas referente as instalações, trânsito de aves e rastreabilidade. Outro ponto fundamental para a manutenção dos mercados - e conquista de novos destinos - é a adoção das Boas Práticas de Fabricação (BPF) na avicultura de postura, exigência também já definida pelo Mapa. Segundo a médica-veterinária Andrea Troller Pinto, a adoção dos procedimentos das BPFs são necessários para a obtenção de alimentos inócuos e saudáveis. Divulgação CRMV-RS Em vigor desde 2007, a Instrução Normativa nº 56, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), estabelece os procedimentos para registro, fiscalização e controle de estabelecimentos avícolas de reprodução e comerciais. As granjas avícolas devem estar registradas ou procurar a adequação junto ao Ministério. A IN institui também o registro junto aos órgãos estaduais de defesa sanitária. A Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) neste caso deverá ser feita por um médico-veterinário que realiza o controle higiênico-sanitário do estabelecimento avícola, nos moldes da exigida pelo Sistema CFMV/CRMVs. O assunto foi debatido no Seminário de Responsabilidade Técnica Módulo Avançado em Produção de Ovos, promovido realizado pelo CRMV-RS durante a 2ª Feira Nacional do Frango (Fenafrango), em Passo Fundo, que foi realizada de 25 a 30 de maio. Hoje o mercado internacional exige garantias sanitárias que fazem com que haja uma integração entre iniciativa privada e serviço oficial e este elo só é feito através do médico-veterinário, que atua como responsável técnico, defende a médica-veterinária e coordenadora do Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA) na Superintendência Federal de Agricultura no Estado, Taís Oltramari Barnasque. Para ela, o veterinário é o primeiro profissional a realizar o atendimento a uma unidade produtiva e, portanto, é ele quem tem condições de notificar ao serviço oficial qualquer suspeita Seminário organizado pelo CRMV-RS na Fenafrango debateu melhorias na produção de ovos 9 maio a agosto 2010 NOTÍCIAS Veterinária & Zootecnia Estética de cães e gatos preocupa mais do que visitas ao veterinário MENOS DE UM QUARTO DOS DONOS DE PETS COSTUMAM REALIZAR CONSULTAS DE ROTINA companhia, apenas 24% dos proprietários de cães e gatos têm o hábito de levar seus bichos de estimação para consultas preventivas. Se forem considerados aqueles que levam seus pets para tratamentos prolongados, este número cai para 11%. Apesar dessa aparente despreocupação com questões mais amplas envolvendo a saúde dos animais de companhia, a pesquisa identificou que 55% dos cães tomam banho semanal e 42% tem o pelo tosado - a maioria em locais fora de casa, com gastos médios por estes dois serviços de aproximadamente R$ 45,00. Embora esses sejam cuidados que reflitam também na saúde dos pets, questões como a cinomose, uma das mais importantes doenças que acomete os cães, está longe de ser erradicada do país, uma vez que hoje vacina-se apenas 20% da população canina nacional. Durante a pesquisa, Divulgação U m pelo limpo, bem escovado e aparado nem sempre é sinônimo de que um cão ou gato goza de boas condições de saúde. Embora os donos de animais de companhia se preocupem com o bem-estar de seus bichinhos, levando-os frequentemente para tomar banho e tosar o pelo, na maioria das vezes em pet shops, esses cuidados não se estendem também à prevenção de doenças - já que 75% dos brasileiros que possuem pet só levam seu animal de companhia ao veterinário quando ele apresenta algum tipo de problema. De acordo com o levantamento Radar Pet, pesquisa feita junto a representantes das classes econômicas A, B e C, encomendado pela Comissão de Animais de Companhia (Comac) do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan), entre os proprietários de animais de Nas classes A, B e C, metade dos cães tomam banho semanal e tem o pelo tosado quando questionados sobre os principais receios relacionados à saúde dos seus animais, 16% apontaram pulgas e carrapatos e 13% revelaram não haver nenhum tipo de preocupação. Em Curitiba, por exemplo, município cujos gastos com banho e tosa estão acima da média nacional, cerca de R$ 70,00, apenas 24% levam seu bichinho regularmente a uma clínica veterinária. Falta do hábito de cuidados preventivos de saúde se reflete nos animais Para o veterinário e presidente da Comac, Luiz Luccas, a aparente contradição entre a visita frequente à pet e as raras consultas com o médicoveterinário se deve pelo fato de que não há no país o hábito de cuidados preventivos com a saúde. “É muito importante levar os pets regularmente ao veterinário, porém, na maioria dos casos os donos não compreendem o valor que isso tem e o impacto que causa na relação estabelecida entre ele e o animal. Se você se prevenir, acaba diminuindo o risco do pet desenvolver problemas futuros”, explica. Luccas recomenda que, se possível, o animal visite o veterinário uma vez a cada seis meses uma para a vacinação obrigatória e outra para fazer diagnósticos preventivos. “Lamentavelmente muitas pessoas deixam de vacinar seus pets anualmente e isso é um fator de risco. Um grande grupo não faz a vacinação anual e não utiliza as vacinas disponíveis no mercado. Doenças como a cinomose, raiva, tosse dos canis, hepatite, leptospirose, parvovirose, entre outras, podem ser tratadas com as vacinas múltiplas”, acrescenta. Além das doenças, a medida que o pet envelhece, as visitas ao veterinário podem melhorar a qualidade de vida do animal. Para fazer com que a maioria dos donos de cães e gatos reconheça a importância das consultas periódicas ao veterinário, Luccas reforça que há a necessidade de ressaltar, além dos aspectos relacionados à saúde do animal, a importância da relação petproprietário. “É preciso valorizar a relação entre proprietários e seus animais de estimação, destacando o papel que os animais de companhia estão ocupando na vida das pessoas”, justifica. Isso deve ser feito a partir da conscientização de que a companhia do cão e do gato pode trazer benefícios e bemestar ao ser humano, especialmente em aspectos relacionadas à saúde e bem-estar das pessoas. 10 maio a agosto 2010 ENSINO Veterinária & Zootecnia Formação dos novos médicos-veterinários desafia universidades e Sistema CFMV/CRMVs ASPECTOS TÉCNICOS DA GRADUAÇÃO DEVEM AGREGAR TAMBÉM CONHECIMENTOS SOCIAIS E ECONÔMICOS Divulgação/CFMV A qualidade do ensino da Medicina Veterinária no Brasil passa por um momento de reflexão. Nos últimos anos, o país vivencia uma explosão de novos cursos, montante que hoje está acima de 160 faculdades. Porém, na contramão desse dado, não se observa o incremento da qualidade dos serviços prestados ou a valorização da inserção do médico-veterinário na sociedade brasileira. Os profissionais recém-formados recebem uma formação mais voltada aos aspectos técnicos, mas com deficiências quando exigidos a dar respostas em projetos de importância econômica e social para o país. Esses aspectos foram destacados durante o XVIII Seminário Nacional de Ensino da Medicina Veterinária, promovido pelo CFMV em 31 de maio e 01 de junho, em Brasília, e que reuniu uma centena de participantes, entre coordenadores de curso, presidentes de CRMVs e estudantes. Além disso, o evento também foi acompanhado, em tempo real, pela internet, com mais de 500 acessos. Um dos principais pontos Ensino superior realizado no país foi discutido em seminário em Brasília debatidos foi justamente a avaliação do ensino médico-veterinário. No Brasil, a principal ferramenta oficial para verificar é o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), prova que tem o objetivo de aferir o rendimento dos alunos dos cursos de graduação em relação aos conteúdos programáticos, suas habilidades e competências. Neste ano, o exame será aplicado em 21 de novembro. Além disso, o Ministério da Educação realiza avaliações regulares dos cursos, inclusive com vistorias in loco para observar as instalações para as aulas, especialmente os laboratórios e espaços de atividades práticas. O CFMV aplicava, até 2007, o Exame Nacional de Certificação Profissional, prova aplicada a todos os formandos como exigência para inscrição profissional nos CRMVs. Porém, por determinação judicial, a exigência foi considerada irregular. No entanto, há a intenção do CFMV de que seja retomada. Há ainda, a avaliação dos programas de residência em Medicina Veterinária, instituída pelo CFMV em 2008 por meio de uma resolução que estabelece as diretrizes nacionais reguladoras dos padrões de qualidade dos programas. Essas normas surgiram devido ao esforço da Comissão Nacional de Residência em Medicina Veterinária (CNRMV), que, por cinco anos, avaliou o trabalho feito junto a diferentes instituições e criou um documento que traça o perfil ideal para o exercício da residência. A certificação do CFMV é voluntária e atualmente cerca de 20 programas são reconhecidos. Qualquer universidade pode fazer a solicitação de reconhecimento ao CFMV. Após a solicitação, dois membros da Comissão Nacional de Residência Médico-Veterinária avaliarão in loco as universidades sob a luz das regras definidas pela resolução nº 895. Em seguida, seu relatório é submetido à apreciação e aprovação da Plenária do CFMV. Os processos têm validade estipulada, que pode ser de até cinco anos. Nos Estados Unidos, há falta de profissionais graduados Os rumos da Medicina Veterinária nos Estados Unidos e a falta de profissionais graduados levaram à criação do Consórcio Norte-Americano de Educação e m M e d i c i n a Ve t e r i n á r i a (Navmec, na sigla em inglês). O objetivo era criar um modelo de avaliação de cursos no país. “Tínhamos as informações, mas elas precisavam resultar em algo que seria aplicado para o futuro. Somos todos muito bons ao ensinar técnicas, mas estamos produzindo médicos veterinários capazes de gerenciar o país e tomar decisões?”, questionou o diretor Mike Chaddock, da Associação Americana de Universidades de Veterinária (AAVMC, na sigla em inglês), durante XVIII Seminário Nacional de Ensino da Medicina Veterinária, O Consórcio conta com uma verba de US$ 520 mil e faz uma investigação sobre o que poderá ser aplicado no ensino da Medicina Veterinária dos Estados Unidos nos próximos 20 anos. De acordo com Chaddock, o que motivou o Consórcio foram os sucessivos relatórios de avaliação de cursos feitos pela entidade. Ele ressalta que é importante que o profissional do futuro apresente uma visão humanística e social para buscar soluções para as demandas que a sociedade exige, como também, aprimore suas habilidades de comunicação e de negócios e busque conhecimento de mercado. Chaddock também enfatizou a necessidade de adaptação dos métodos de ensino, já que hoje, o estudante tem outro perfil. “Precisamos pensar como vamos entregar a educação aos alunos modernos e globalizados que temos em nossas salas de aula”, disse exemplificando que não há como se ensinar anatomia, por exemplo, como se fazia há 20 anos. O diretor da AAVMC disse que para realizar um projeto como este de avaliação de ensino é importante se definir um plano de trabalho e as pessoas responsáveis. Nos Estados Unidos eles optaram por contratar um diretor que se dedica exclusivamente à atividade. Chaddock também enfatizou a necessidade de se convidar o maior número de entidades para participar das discussões. 11 maio a agosto 2010 ARTIGO Veterinária & Zootecnia Faltam marcas no marketing da carne vermelha e ovos ESSES ALIMENTOS CONVIVEM, AINDA, COM LENDAS URBANAS QUE CENSURAM SEU CONSUMO Hélio Ademar Schuch* U m nicho do mercado de propaganda que se movimentou nos últimos anos, após o Plano Real, foi o de alimentos, onde os produtos de origem animal se destacam. A renda aumentou, mesmo que modestamente, a inflação deu uma trégua e surgiu e cresceu a concorrência interna entre agroindústrias e externa com produtos estrangeiros, e uma demanda fortemente reprimida passou a ser atendida. Mas, com a exceção das empresas do setor de aves e de embutidos, de leite e seus derivados, que estimuladas investiram em novos produtos, embalagens, propaganda e marcas, duas partes da produção animal - carnes vermelhas e ovos - ainda não apresentam intensidade em marketing e propaganda, e as marcas, personalidade do produto, são praticamente inexistentes. Esses alimentos ainda sofrem com lendas urbanas do tipo “contribuem para o aumento do colesterol”, “fazem mal para o coração”, “pessoas que consomem muito se tornam agressivas”, etc... Para completar, com regularidade e intensidade aparecem críticas e censuras sobre “sofrimento” e “confinamento” dos animais com argumentos absurdos e falsos (“as poedeiras são animais estressados porque vivem presas em gaiolas”, “o frango é desenvolvido na base de hormônios”... sim, o frango tem hormônio de crescimento, como nós também temos, mas natural, e não sintético, e as poedeiras não são estressadas). Enfim, um quadro que se explica pelo desconhecimento combinado com um espírito de rechaço pela ciência e tecnologia que ainda existe na cultura brasileira. As carnes vermelhas e os ovos são alimentos extremamente protéicos (aliás, eles são sinônimos de proteína), nutritivos e saudáveis; o ovo de galinha, por exemplo, é considerado uma espécie de baliza para os graus de nutrientes dos Conselho Regional de Medicina Veterinária do RS (51) 2104.0566 Informativo OnLine Número 398 - 17/04/2010 a 23/04/2010 outros alimentos e não se conhece um produto mais completo do que ele. As carnes vermelhas são necessárias porque contêm ferro de alto valor biológico, ou seja, aquele que é mais facilmente assimilado pelo organismo humano. Alimento é nutrição, mas principalmente sabor e prazer e isto as carnes vermelhas e os ovos oferecem em abundância. Estes dois produtos têm existência antidiluviana, são mais do que conhecidos, mas em alguns aspectos a expressiva maioria dos consumidores possui apenas informações incompletas, e entendo que é por aí que começa o seu marketing. As carnes não são iguais, se diferenciam pelas raças dos animais, o que pode ser entendido como suas marcas. Zebuínos são diferentes do gado europeu e a carne de Aberdeen Angus é considerada uma das melhores pelo seu marbling (relação carne/gordura) quase perfeito. Geralmente o que se conhece em carnes vermelhas são alguns cortes básicos, e a picanha e a costela para churrasco não apresentam mistério, mas, qual a diferença entre costela dianteira e traseira? Em alguns supermercados os cortes embalados oferecem a informação “dianteiro/traseiro”, mas será que o consumidor sabe a diferença? Qual a melhor carne para bifes? É alcatra, mas por que? E quais as diferenças entre este corte e coxão mole ou mesmo contrafilé? Carne de ovelha? Não...cordeiro ou carneiro...e a diferença é significativa. Este consumo não passa apenas pela renda, e embora o critério “preço” seja muitas vezes decisivo, ele pode ser superado pelo cálculo do custo/benefício que qualquer consumidor faz em tomadas de decisão. Mas a fração do benefício deve ser aprendida através de informação, não bastando apenas datas de validade: conjunto de nutrientes, cortes especializados e suas serventias, raças e cruzamentos, marbling, instruções sobre descongelamento, produtor/fornecedor e, claro, outros apelos. No mundo das mercadorias os apelos de marketing são diretamente proporcionais aos graus de industrialização e concorrência porque as suas utilidades e diferenciais precisam ser conhecidas. Alimentos, porque são necessidades vitais, sempre ficaram à margem deste processo, e apenas à medida que agregam valor via indústria se tornam objetos de estratégias de vendas. No entanto, mesmo a condição de “in natura” não impede ações de marketing porque muitos, por suas próprias naturezas, devem ser consumidos assim - e isso já é um forte apelo. Entendo ser interessante pensar que os alimentos são a última fronteira para aplicação de técnicas de marketing. Não apenas nos dois produtos referidos, mas qualquer outro. Se existe uma grande força econômica brasileira, é o seu setor agropecuário, muito competente na produção, mas, ao mesmo tempo, ainda tímido em marketing. Aqui não se trata de “marketing rural”, expressão genérica que pouco ou nada diz sobre sua finalidade, e mesmo porque não existe “marketing urbano”, mas sim de tratar qualquer produto da agropecuária como mercadoria, como de fato é, igual a qualquer outra. Em uma economia de mercado elas não se diferenciam segundo suas origens de produção, mas pelas suas qualidades e utilidades próprias. Na condição de mercadorias, todas se equalizam, inclusive na necessidade de marketing. *Graduado em Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Zootecnia (UFSM), mestre em Sociologia Rural (IEPEUFRGS) e doutor em Jornalismo e Editoração (USP). Professor do Departamento de Jornalismo da UFSC. Este artigo também foi publicado no site www.coletiva.net. E-mail: [email protected]. Fique sempre atualizado! Notícias • • • • • • • • • • • • • EXPEDIENTE - 30/04 ATENDIMENTO - PASSO FUNDO MUNDO EM SINTONIA PEQUENOS ANIMAIS AVICULTURA DEFESA SANITÁRIA EQUINOS DE TRAÇÃO SUINOCULTURA PESQUISA OUVIDORIA RESPONDE ENTREVISTA: Valney Souza Corrêa CURSOS E EVENTOS CONCURSOS Cadastre-se em www.crmvrs.gov.br e receba o Informativo Online do CRMV-RS todas as sextas-feiras em seu e-mail. 12 maio a agosto 2010 NOTÍCIAS Veterinária & Zootecnia Clima de otimismo deve marcar Expointer 2010 Programação BOM MOMENTO ECONÔMICO ANIMA ORGANIZADORES E EXPOSITORES A safra recorde de grãos, os bons preços registrados nos leilões de gado no outono e a manutenção de programas federais para aquisição de máquinas e implementos estimulam as pers-pectivas positivas para a Expointer 2010. Para expositores, criadores e organizadores, o clima será ideal para a realização de bons negócios no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, entre os dias 28 de agosto e 5 de setembro. A projeção é de que os negócios superem R$ 1 bilhão. Na Casa do Veterinário, a expectativa é de intensa integração e troca de informações, principalmente entre os profissionais da Medicina Veterinária e da Zootecnia. Como já é tradição, as principais entidades representativas de ambas as profissões irão ocupar a sede do CRMVRS no parque para promover atividades de difusão do conhecimento, priorizando temas atuais do agronegócio e do exercício profissional. Mas a Casa do Veterinário se configura também cada vez mais como um ponto de encontro dos médicos-veterinários e zootecnistas que trabalham ou que visitam a exposição e a elegem como o local para rever colegas e se atualizar. “Muitos estarão em Esteio a trabalho e outros aproveitarão a maior feira agropecuária da América Latina para conhecer as novidades do setor, mas todos eles encontrarão na Casa do Veterinário um local para se encontrar e trocar ideias”, diz o presidente do CRMV-RS, Air Fagundes dos Santos. A extensa e diversificada programação desenvolvida ao longo de nove dias na Casa do Veterinário é resultado do trabalho integrado de diversas instituições. Cada uma delas fica responsável por um dia na programação, recebendo os visitantes e promovendo atividades, como palestras e reuniões. Bem localizada no parque e com boa visibilidade, o prédio já é referência entre os visitantes e também serve como ferramenta de marketing profissional. Para isso, a cada ano são feitos novos investimentos na qualificação da Casa. Sexta-feira - 27/08 9h - Sessão Plenária do CRMV-RS. 14h - Palestra: A importância da Administração na formação do médico-veterinário. Palestrante: médico-veterinário Jorge Duarte. Organização: CRMV-RS e Nupeec. Sábado - 28/08 14h - Seminário técnico sobre interação entre sanidade, nutrição e reprodução no periparto de vacas. Local: Auditório da Secretaria da Agricultura. Organização: Nupeec. Domingo - 29/08 16h - Palestra: Mix de marketing para estabelecimentos do mercado pet. Palestrante: médico-veterinário Rodrigo Lorenzoni. Organização: Anclivepa/RS. Segunda-feira - 30/08 9h - Reunião administrativa de CRMVs. Organização: CRMV-RS. 18h - Entrega da Ordem do Mérito da Medicina Veterinária ao médico-veterinário e professor Wilhelm Brass. Organização: Revista A Hora Veterinária e SBMV. 20h - Confraternização da Associação dos Médicos Veterinários de 1971 da UFSM. Divulgação CRMV-RS Terça-feira - 31/08 9h - Apresentação do Núcleo de Estudos de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (Nespro) da Ufrgs para a imprensa. 14h - Apresentação de vídeo sobre atividades do médicoveterinário Alfredo da Cunha Pinheiro na Embrapa. 15h - Palestra: Sexagem de sêmen e outras tecnologias. Palestrante: médico-veterinário Neimar Severo (ABS). Organização: Academia Rio-Grandense de Medicina Veterinária. Quarta-feira - 01/08 9h30 - Fórum de Responsabilidade Técnica para acadêmicos de Medicina Veterinária. Organização: Simvet/RS e CRMV-RS. 14h - Momento político do Avisulat 2010. Organização: Asgav. Quinta-feira - 02/09 10h - Palestra: Incorporação do especialista veterinário na rotina da clínica de animais de companhia. Palestrante: médica-veterinária Berenice de Ávila Rodrigues. Organização: Sovergs. 14h - Painel: Mulheres Veterinárias na Produção Animal. Organização: Sovergs e Comissão da Mulher Veterinária do CRMV-RS. Casa do Veterinário receberá atividades técnicas e de integração Participação de animais diminui e qualidade dos exemplares é priorizada A Expointer 2010 recebeu a inscrição de 5.628 animais, número 8,29% menor do que o registrado na edição passada, quando foram inscritos 6.137 exemplares para a feira. A redução se deve principalmente à readequação de espaços e maior preocupação com o bem-estar das estrelas principais da exposição. Neste ano, não devem se repetir situações como duas aves ocupando a mesma gaiola ou ovinos dividindo o box. Por isso, essas duas espécies foram responsáveis pelas maiores reduções no número de inscritos. O secretário da Agricultura, Pecuária, Pesca e Agronegócio, Gilmar Tietböhl, ressalta que as associações de criadores priorizaram a qualidade dos exemplares ao realizar as inscrições. “Há uma redução quantitativa, mas uma melhora qualitativa”, resumiu Tietböhl ao apresentar os dados. Neste ano, o governo gaúcho está investindo R$ 3 milhões em reformas e ampliações no Parque de Exposições Assis Brasil. Parte desses recursos será utilizada na construção de 328 novas baias para equinos. Sexta-feira - 03/09 9h30 - Paletras: Odontologia em cavalos de esporte, com a médicaveterinária Lizziê Dietrich, e A nutrição animal inserida na cadeia produtiva, com o médico-veterinário e sócio da Brastec Nutrição Henrique Thiesen. Organização: Comissão de Relação com o Mercado de Trabalho do CRMV-RS e Simvet/RS. 13h30 - Palestra: Palestra: Levedura na alimentação animal. Palestrante: zootecnista Amaury Valinote. Organização: Alltech. 16h30 - Palestra: Médico-veterinário e zootecnista atuando próximo ao consumidor final. Palestrante: zootecnista Fabiano Vaz. Organização: Comissão de Relações com o Mercado de Trabalho. Sábado - 04/09 9h - Palestra: Education in Canada. Organização: Consulado-Geral do Canadá. 14h - Palestras: Visão da indústria do leite sobre o mercado do Rio Grande do Sul, com Rodrigo Aloísio Staudt; Comercialização dos produtos caprinos no estado, com a engenheira agrônoma Andréa Polidori Célia; Inseminação de caprinos, com o médico-veterinário Arthur Fischer, e Suplementação Alimentar, com Maria Regina Flores. Organização: Associação dos Caprinocultores do Rio Grande do Sul (Caprisul).