- Sindicato Rural de Campo Grande
Transcrição
- Sindicato Rural de Campo Grande
DEVOLUÇÃO GARANTIDA CORREIOS I N F O R M E R. RAUL PIRES BARBOSA, 116 - CEP. 79.040.150 BAIRRO MIGUEL COUTO - CAMPO GRANDE - MS gropecuário i n f o r m e a g r o p e c u a r i o @ t e r r a . c o m . b r | MALA DIRETA POSTAL CONTRATO ECT/DR/MS E SINDICATO RURAL DE CG CONTRATO Nº 2204060234 Informativo oficial do Sindicato Rural de Campo Grande-MS Ano XX - Nº 276 - JUNHO/2009 Campo Grande-MS w w w. s r c g . c o m . b r Com Chico Maia na presidência, Acrissul empossa nova diretoria Secretário João Sampaio e o presidente do SRCG, José Lemos Monteiro Secretário João Sampaio mostra a experiência do subsídio agropecuário de projeto implantado em SP Foram beneficiados com este sistema a agroindústria, cafeicultura, desenvolvimento regional sustentável, flores e plantas ornamentais, fruticultura, piscicultura, produção de carne e leite e, ainda, máquinas e implementos agrícolas, que tiveram a parceria do Finame – programa do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O secretário de Agricultura de São Paulo, João Sampaio, apresentou o programa em evento realizado no Sindicato Rural de Campo Grande, no dia 18 de maio. PÁGINA 10 A nova diretoria da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Chico Maia (foto), tomou posse no dia 25 de maio para dirigir a entidade no biênio 2009-2011, em concorrida cerimônia no recéminaugurado Centro de Eventos Hélio Martins Coelho, no Parque de Exposições Laucídio Coelho. O novo presidente assume com a responsabilidade de recuperar a entidade, num momento em que vários problemas afligem diretamente o setor rural, como a iminên- Pesquisa mostra que custo da arroba cai, mas receita da pecuária também Segundo a pesquisa Embrapa-Gado de Corte realizado em convênio com o Sindicato Rural de Campo Grande, os indicadores econômicos praticamente voltaram aos patamares de um ano atrás, como atestam os números de maio de 2008 e maio de 2009. A arroba em maio deste ano custou R$ 79,47. PÁGINAS 5 e 6 LEIA “Acontecimentos NA RASTREABILIDADE”, de José Lemos Monteiro. PÁGINA 3 cia de Mato Grosso do Sul abrir as portas para a importação de gado em pé para abate. A carga tributária que o setor enfrenta foi combatida por Maia ainda durante seu discurso de posse. PÁGINA 8 ÍNDICE OPINIÃO...........................................PÁG. 2 EDITORIAL........................................PÁG. 3 VITRINE TECNOLÓGICA...................PÁG. 4 PECUÁRIA DE CORTE.......................PÁG. 5 GENÉTICA.........................................PÁG. 7 ASSOCIAÇÕES..................................PÁG. 8 SEGURO RURAL...............................PÁG. 9 CAPA...............................................PÁG. 10 EVENTOS.........................................PÁG. 11 MEIO AMBIENTE.............................PÁG. 12 EVENTOS.........................................PÁG. 13 ORGANIZAÇÕES RURAIS...............PÁG. 14 EVENTOS.........................................PÁG. 15 INFORME PUBLICITÁRIO................PÁG. 16 COLUNA JURÍDICA..........................PÁG. 17 PORTEIRA ABERTA..........................PÁG. 18 PECUÁRIA LEITEIRA.........................PÁG. 19 2 – Campo Grande-MS, JUNHO de 2009 OPINIÃO INFORME AGROPECUÁRIO Pecuária pantaneira e as sandices ambientais Urbano Gomes Pinto de Abreu “Coisa que nunca acaba é pau seco e gente besta”. Manoel de Barros Em revista de ampla circulação nacional nos chamou atenção, na capa, nota informando com exclusividade que 40% do Pantanal já foi devastado. Como sou pesquisador da Embrapa Pantanal trabalhando em produção pecuária com mais de 20 anos de casa, e também produtor rural na subregião do Pantanal da Nhecolândia, adquiri a revista para saber as causas de tamanho problema. A Bacia do Alto Paraguai (BAP) possui a area de 361.666 km2, sendo composta de planalto e de planície, que possuem áreas de 223.483 e 138.183 km2, respectivamente. A planície é conhecida mundialmente por Pantanal Mato-Grossense e ocupa 38,21% da área total da bacia. A denominação BAP é consagrada no meio científico desde o programa de estudo da região, na década de 70/80, intitulado Estudo de Desenvolvimento Integrado da Bacia do Alto Paraguai (EDIBAP). Assim no meio científico 10 entre 10 cientistas conhecem esta terminologia. A revista afirma que a devastação estimada no Pantanal deve ser da ordem de 55.273,20 km2 , ou seja, mais de duas vezes o estado de Sergipe estaria devastado. Como estou sempre desenvolvendo projetos de pesquisa no campo, especialmente, nas subregiões dos Pantanais da Nhecolândia, dos Paiaguás e de Poconé, uma devastação dessa magnitude chamaria nossa atenção imediatamente. E não era esta situação que eu observava e observo nas viagens, então tive a impressão que a idéia da chamada da capa não corresponde aos fatos. Muito pelo contrário parecia que queriam distorcer os fatos. Tendo a revista em mãos fui ler a reportagem na página 69 na seção de Ciência & Tecnologia, e posso afirmar, que sem dúvida nenhuma, nestes meus 20 anos de trabalho na área de pecuária no Pantanal nunca havia lido uma matéria com informações sobre a produção pecuária no Pantanal tão truncadas e tão ruins. De tão ruins só podem ter sido repassadas de má fé. Meus comentários são em relação à pecuária pelo simples fato que é a área na qual trabalho, e não costumo emitir opinião a respeito de assuntos que não conheço com profundidade. O texto mostra uma mistura de informações de planalto e de Pantanal que compromete todo artigo e vira (parafraseando Stanislaw Ponte Preta) um grande FEBEAPAN (Festival de Besteiras que Assola o Pantanal). As informações repassadas pelas cinco entidades ambientalistas citadas no artigo no que tange ao sistema de produção bovina na região não fazem sentido pelos seguintes motivos: 1) O Pantanal é uma região ocupada com a pecuária desde 1737. Ou seja, não há expansão nenhuma da pecuária no Pantanal, pois se trata de uma atividade econômica estabilizada no bioma. E mais, o rebanho bovino do estado de Mato Grosso do Sul diminuiu entre os anos de 2007/2006 em 8,0%, de acordo com os dados do IBGE publicados no último documento intitulado Produção da Pecuária Municipal (PPM) e nos parece que esta tendência, infelizmente, irá permanecer nos próximos anos, ao contrário do que foi citado por ambientalista na reportagem; 2) No Pantanal, nos últimos 6 anos (2002 a 2008), o desmatamento que havia em 2002 correspondia a 11,27 % do Bioma, no ano de 2008 correspondeu a 15%. Portanto com facilidade chegamos ao total de crescimento no período de 3,73 pontos percentuais com área correspondente de 5.154,2 km2. Menos da metade citada no artigo que foi de 12.000 km2; e 3) Last but not least a questão da dinâmica relatada sobre a ocupação da planície pelo cultivo de cana-de-açúcar que estaria deslocando a pecuária para parte alta com necessidade de desmatamento da mesma. No Mato Grosso, os municípios de Barão de Melgaço, Cáceres, Lambari D‘Oeste, Nossa Senhora do Livramento, Poconé e Santo Antonio do Leverger possuem áreas no planície pantaneira e também na região do planalto possuem 32, 28, 11.174, 250, 4020, e 440 hectares de cana de açúcar, respectivamente. Perfazendo total de 15.944 hectares, ou seja, 159,44 km² da área de planalto dos municípios do MT citados estão ocupados com canaviais. Da mesma forma, em Mato Grosso do Sul os municípios pantaneiros de Aquidauana, Bodoquena, Miranda, Murtinho, Sonora e Rio Verde possuem, respectivamente, 50, 10, 10, 15.646, 40 e 11 hectares de sua área de planalto ocupada com cana. Perfazendo total de 15.767 hectares ou 157,67 km2. Dados compilados da publicação do IBGE, Produção Agrícola Municipal (PAM). Portanto concluímos primeiro que a cana esta fora da área da planície e segundo a área de 317,11 km2 de ocupação com a cultura de cana no planalto não obriga o deslocamen- to de bovinos para o próprio planalto. Sendo esta afirmação realizada a maior das sandices do texto em relação à pecuária pantaneira. Nas fazendas pantaneiras a plantação de cana é ínfima apenas para subsistência, apenas para fazer rapadura e melado que por sua vez são itens típicos da culinária da região. As colocações de tão fajutas que chegam a ser hilárias mas em mim causou depressão, pois se entidades que se dizem sérias são capazes de repassar informações de tão má qualidade logicamente os objetivos destas entidades vão de encontro à estruturação de uma política séria de conservação do Bioma Pantanal. Parece que, claramente, querem chamar atenção de maneira sensacionalista para usufruir alguma vantagem futura. Realmente é incompreensível do ponto de vista de Ciência & Tecnologia que a matéria a respeito da pecuária do Pantanal tenha sido publicada desta maneira irresponsável. Nunca gostei de polêmicas que possam virar “guerras verbais” pois a primeira vítima sempre é a verdade, mas não poderia deixar de apontar as sandices publicadas em relação à ocupação econômica do Pantanal pela pecuária. Creio que as entidades ambientalistas possuem um papel importante no desenvolvimento sustentável de qualquer bioma do Brasil, mas em relação ao exposto no artigo “40% do Pantanal já foi embora” houve um desserviço para o desenvolvimento sustentável do Pantanal. Urbano Gomes Pinto de Abreu é Pesquisador Embrapa Pantanal O SINDICATO RURAL DE CAMPO GRANDE CONVIDA: • DATA: 15/06/2009 TEMA: “COMERCIALIZAÇÃO DIFERENCIADA DE CARNES NOBRES – NOVILHO PRECOCE: DA FAZENDA PARA CONSUMIDOR.” Palestrante : LUIZ FERNANDO BRONDANI - INSTITUTO EMATER- Zootecnista, Formado Pela UFSM Em 1974, Especialista Em Nutrição De Ruminantes Pela UFPR Em 1991,Especialista Em Gestão Voltada Para A Qualidade Pela PUC-PR Em1999,Funcionário Da Emater-Pr Desde 1975. Atualmente : Coordenador Estadual De Pec. De Corte Da EMATER-PR, Coordenador Do Programa Pecuária De Curta Duração. Coordenador Das Organizações De Carnes Nobres Do Estado ( Alianças Mercadológicas, E Cooperativas De Carnes). -Produtor Rural (Pec. De Corte ) Na Região De Paranavai.Secretário Executivo Da COMEXPA (Comissão Estadual De Exposições). LOCAL: SINDICATO RURAL DE CAMPO GRANDE ENDEREÇO: R.Raul Pires Barbosa,116 HORÁRIO: 19H30 CONFIMAR PRESENÇA PELO TELEFONE (67) 3341-2151 www.srcg.com.br [email protected] Campo Grande-MS, JUNHO de 2009 – EDITOR IAL INFORME AGROPECUÁRIO 3 Acontecimentos na RASTREABILIDADE A lista treece tem aproximadamente 56 fazendas em MS, e o mercado europeu continua ávido para comprar carne BRASILEIRA. Somos testemunhas do esforço feito pela equipe da Superintendência Federal da Agricultura, onde seus técnicos tem exercido as auditorias com esmero. Porém, no universo de nossas 65.000 propriedades temos 0,086% aptas a exportar para União Européia. No encontro de tecnologia da ASSOCIAÇAO DO NOVILHO PRECOCE ouvi o representante da AVION falar com orgulho que conseguiu exportar seu primeiro container esse ano. Para fechar um container com filé ele precisa de 2.500 cabeças rastreadas. Já existe um consenso entre nós produtores da necessidade da rastreabilidade, o que é muito positivo. Porém, nosso SISBOV/Eras continua inviável, difícil de ser praticado. Hoje estão em curso três iniciativas referentes ao assunto: 1) A FAMASUL em novembro de 2007 deu inicio ao PASS-CARNE MS; 2) O MAPA iniciou em abril de 2008 uma comissão de reforma do Sisbov/Eras; 3) A Seprotur em 22/5/09 anunciou que estão estudando modelo de rastreabilidade estadual eletrônica. O Pass-Carne MS e os técnicos da Famasul estão influenciando positivamente o Eras. Os técnicos de Brasília já admitem, no inicio da vida do animal uma rastreabilidade de cunho GRUPAL, apoiada pelo banco de dados local. Somente na fase de terminação teríamos uma rastreabilidade INDIVIDUAL apoiada por banco de dados. A OIE, no congresso internacional de Buenos Aires, deixou claro que a confiabilidade de um sistema não vem do nível técnico utilizado. Soluções regionais e simples são bem vindas, pois elas possibilitam fácil auditagem em qualquer parte do processo. E o mais importante ainda – por qualquer pessoa que esteja interessada. Os fabricantes de brincos não garantem seu produto por mais de 8 anos e nossa grande preocupação são as matrizes que ficam em nossas fazendas por 1012 anos. O Sisbov/Eras foi um grande erro e não podemos errar novamente. José Lemos Monteiro – SRCG, FAMASUL Meu amigo JOÃO SAMPAIO, e seu subsídio O convite do Sindicato Rural de Campo Grande ao Secretário de Agricultura do Estado de São Paulo, foi feuito pela nossa admiração na sua capacidade em criar programas simples, e de real ajuda aos produtores paulistas. O Governador Serra, tal qual André Puccinelli, escolheu para comandante da área rural de seu governo pessoa do nosso meio rural. Tal qual a Tereza Cristina, João Sam- I N F O R M E gropecuário i n f o r m e a g r o p e c u a r i o @ t e r r a . c o m . b r | paio é produtor e presidiu a Sociedade Rural Brasileira, entidade essa que por lá tem muita força. O mérito do João Sampaio é criar programas simples porém abrangendo grande número de produtores em questões ligadas a renda de suas propriedades. João Sampaio prioriza a Bolsa de Mercadorias Futura com garantia de preços. Assim esta subsidiando PECUARISTAS em 50% dos custos dos contratos de opção firmados, possibilitando assim a popularização deste tipo de garantia de preços. Outra iniciativa do João foi subsidiar os juros dos financiamentos de máquinas COLABORARAM NESTA EDIÇÃO O Sindicato Rural de Campo Grande agradece a colaboração das seguintes pessoas, na elaboração desta edição do Informe Agropecuário: Urbano Gomes Pinto de Abreu, Dave Swain, Martin Jeggo, Fernando Paim Costa, Eduardo Simões Correa, Sigrid Lehnert, Francisco Maia (Acrissul), Ademar Silva Júnior (Famasul), João Sampaio (secretário de Agricultura de São Paulo), Marcelo Gumieiro, João Pedro Cuthi Dias, Tereza Cristina Correa da Costa Dias, senador Valter Pereira, senadora Kátia Abreu, Marcela Lemos Monteiro, Dr. Manfred Nitsch (Freie Universitat Berlin), Renato Vaz de Macedo, Dr. Eduardo Leal Jardim, Osvaldo Piccinin, Rodrigo Alvim, Benno Henrique Weigert Doetzer, Renato Andreotti e Dênis Vilela. COLABORE VOCÊ TAMBÉM Participe você também enviando críticas, sugestões, análises do conteúdo divulgado, artigos, crônicas e comentários. Fale com a produção: (67) 3042-7587 ou pelo email: [email protected] | Nosso site: www.srcg.com.br WWW.SRCG.COM.BR MALA DIRETA POSTAL CONTRATO ECT/DR/MS E SINDICATO RURAL DE CG CONTRATO Nº 2204060234 Informativo oficial do Sindicato Rural de Campo Grande-MS w w w. r u r a l c a m p o g r a n d e . c o m . b r EDITOR: JOSÉ ROBERTO DOS SANTOS [email protected] SINDICATO RURAL DE CAMPO GRANDE - TRIÊNIO 2007/2009 DIRETORIA Presidente José Lemos Monteiro Diretores Ruy Fachini Filho Gilson Ferrucio Pinesso Dênis Afonso Vilela Rafael Gratão Oscar A. Viana Stuhrk Wilson Igi agrícolas em São Paulo. Lá, se você compra um trator, financiado, o Governo de São Paulo subsidia o juro contratado, desde que o produtor esteja inscrito no programa. A atividade rural é subsidiada nos países desenvolvidos e com a bancarrota da rodada de Doha lutar contra subsídios é dar murro em ponta de faca. João Sampaio teve a coragem de reiniciar no Brasil uma forma de subsídio moderno, inteligente, simples e barato, abrangendo somente aqueles produtores que realmente trabalham. Parabéns, João Sampaio. Conselho Fiscal Laucídio Coelho Neto Abílio Leite Barros Carlos E. F. Dupas Armando L. Nocera Maria Eduarda Thedim Julio C. Vitoriano Fone: (67) 3341-2696 - 3341-2758 Delegados Efetivos: RUA RAUL PIRES BARBOSA, 116 José Lemos Monteiro Rodolfo Vaz de Carvalho B. MIGUEL COUTO – CAMPO GRANDE – MS Departamento Comercial ANA RITA BORTOLIN - 9604-6364 (67) 3026-5014 | 3042-7587 Produção: VIA LIVRE COM. E AGROMARKETING (67) 3042-7587 Av. Américo Carlos da Costa, 320 Jd. América – Parque Laucídio Coelho Campo Grande - MS TIRAGEM: 10.000 EXEMPLARES Envie artigos, textos, comentário e sugestões para o Informe Agropecuário, para o e-mail [email protected] Data de entrega de matérias: 30 de cada mês. Circulação: Dia 5 4 – Campo Grande-MS, JUNHO de 2009 VITRINE TECNOLÓGICA INFORME AGROPECUÁRIO Pastagens com cercas virtuais Pastagem com precisão em áreas extensas é a promessa da nova tecnologia de pasto sem cerca que está sendo desenvolvida pela CSIRO (Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation) – agência nacional de ciência da Austrália, o equivalente à Embrapa brasileira.. Os cientistas da Divisão de Indústrias da Pecuária e Tecnologia de Informação e Comunicação juntaram esforços para desenvolver um sistema de controle remoto para controlar o movimento do gado sem necessidade de barreira física. O Dr. Dave Swain está fazendo experimentos de campo usando aparelhos eletrônicos presos no gado na Estação de Pesquisa Belmont da Universidade Central Queensland. A tecnologia tem grande chance de controlar o gado em áreas extensas com terreno difícil onde o custo com cercas seria inviável. “O uso de redes de sensores sem fio é uma área de pesquisa que está crescendo rapidamente e pode beneficiar muito a indústria pastoril do norte”, disse o Dr Swain. “Além de rastrear e controlar o movi- mento do gado, a tecnologia pode monitorar parâmetros como temperatura, umidade do solo e crescimento do pasto em tempo real. “O rebanho pode ser remotamente movido ao redor da propriedade para aproveitamento das reservas de alimento sem sobrepastoreio. Áreas sensíveis como zonas de mata ciliar ribeirinha podem ser protegidas excluindo o rebanho delas. A estação de Pesquisa de Beltmont, uma propriedade de 3.260 hectares adjacente ao Rio Fitzroy com vários tipos de pastagens e espécies de plantas, tem sido um local de teste ideal para a pastagem sustentável usando a tecnologia do pasto sem cerca. “Nós estamos estendendo os princípios básicos de cerca elétrica, exceto que não há barreira física”, diz o Dr Swain. Usando um sistema de GPS, as linhas da cerca podem ser traçadas na área em um mapa feito no computador com o controle do rebanho obtido pela combinação de um som audível e estímulo tátil quando ele alcançar a barreira invisível. O gado rapidamente aprende a responder ao estímulo sozinho e é contido com uma precisão de dois a três metros mais do que 99 % do tempo nos experimentos de Belmont. Em um experimento controlando um rebanho de bois notou-se que alguns animais ficavam dentro da zona de inclusão sem receber o estímulo auditivo ou tátil. Isso indica que pode ser possível controlar o rebanho colocando o aparelho somente nos líderes. Isso ofereceria o benefício da manipulação de uma menor quantidade de gado e necessidade de menos aparelhos. A duração da bateria surgiu como um dos maiores desafios na aplicação de controle atomatizado de animais em escala comercial. Com o desenvolvimento da tecnologia e o aumento da vida útil da bateria espera-se que a escala da utilização se expanda.Pode ser possível usar as fontes de energia solar e cinética para aumentar a vida útil da bateria. Diminuindo o tamanho do GPS conservaria energia. Bons resultados também foram al- Dave Swain: O fim das barreiras físicas cançados utilizando os aparelhos 75% do tempo. Outra possibilidade é alternar o monitoramento entre os animais dentro do rebanho, economizando, assim, energia. A pesar dos desafios e dificuldades técnicas, o Dr Swain diz que o pasto sem cerca ofereceu uma promessa significante para o controle do gado no futuro. Nota do Editor: Texto traduzido de resumo de palestra realizada no evento “Beef 2009”, na Austrália. HORIZONTES DA PECUÁRIA Protegendo a Austrália do vírus FMD O assunto sobre se o vírus ativo da aftosa deve ou não ser importado para a Australia tem sido a causa de muito debate entre os cientistas e a indústria pecuária. Preocupações têm emanado do setor pecuário sobre uma recomendação do recente estudo de Beale dos esquemas de biosegurança e quarentena da Austrália. O estudo revelou que a importação das amostras de vírus deve ser permitida sob autorização restrita para instalações de alta segurança, tais como o Laboratório de Saúde Animal Australiano da CSIRO (AAHL). No entanto, a CSIRO não tem planos de solicitar permissão governamental para importar o vírus ativo da aftosa para propósitos de pesquisa, diz o Dr. Martyn Jeggo, um dos líderes membros da Aliança de Pesquisa Global da Aftosa. Os controles de quarentena têm mantido a Austrália livre da aftosa. No entanto, a ocorrência de um foco, teria um impacto devastador no setor da agricultura. Dr. Martyn Jeggo, da Csiro, Austrália Resultaria num fechamento do dia para a noite de todos os mercados das comodities da pecuária, incluindo carne, lã e derivados do leite. Isto poderia equacionar uma perda de 13 billhões para um surto de 12 mêses. “Ainda há muita coisa que não sabe- mos sobre a FMD (aftosa) e para melhor entender o vírus os cientistas precisam estudar os animais infectados pela doença”, diz o Dr Jeggo. Em muitos casos foi possível trabalhar com o vírus na forma inativa e os cientistas da CSIRO têm feito isso por muitos anos para assegurar uma resposta eficaz a qualquer surto. “No entanto, para desenvolver rapidamente o melhor instrumento de diagnóstico e para entender como o vírus afetaria os animais australianos, os cientistas precisam trabalhar com o vírus ativo”, diz o Dr Jeggo. Para ajudar a manter a capacidade nesta área, os cientistas da CSIRO estão planejando uma pesquisa de campo em países onde a FMD já existe, incluindo Laos, Vietnam e Indonésia. Esse trabalho futuramente dará suporte ao nosso preparo para combater qualquer surto na Austrália e também ajudar a reduzir os riscos naqueles países, diz o Dr Jeggo. Se a importação do vírus da aftosa ocorrer em alguma fase no futuro, o Dr Jeggo disse que o Laboratório de Saúde Animal da Austrália (AAHL) foi a única estrutura projetada e equipada para trabalhar seguramente com a doença. O AAHL foi construído para assegurar a contenção da maioria dos agentes infecciosos conhecidos. É sem dúvida o Laboratório de alta segurança mais avançado e sofisticado do mundo, diz o Dr Jeggo. “Eu gostaria de assegurar à indústria pecuária que a CSIRO reconhece sua legítima preocupação com a importação do vírus ativo. Não há planos de buscar a autorização da importação e se isto mudar no futuro nós nos comprometemos de que haverá uma ampla consulta no setor pecuário e outras partes interessadas. Nota do Editor: Texto traduzido de resumo de palestra realizada no evento “Beef 2009”, na Austrália. INFORME AGROPECUÁRIO PECUÁRIA DE CORTE Campo Grande-MS, JUNHO de 2009 – 5 Produzir uma arroba custou R$ 79,47 em maio Pesquisa é realizada a partir de convênio da Embrapa-CNPGC com o Sindicato Rural de Campo Grande Fernando Paim Costa Eduardo Simões Correa Há um ano a Embrapa Gado de Corte, em parceria com o Sindicato Rural de Campo Grande, passou a divulgar o custo de produção da arroba do boi gordo e alguns outros indicadores de uma fazenda típica da região de Campo Grande - MS. Aproveitamos essa oportunidade para deixar claro o seguinte: a) nas análises realizadas, considera-se um sistema de produção que se encontra na base da pirâmide dos produtores do Estado, com baixa produtividade (capacidade de suporte das pastagens de 0,6 unidades-animal/ha, natalidade de 60%, primeira cria das fêmeas com 42-46 meses de idade e abate de machos entre 42 e 48 meses de idade) e escala relativamente pequena (1.200 ha de pastagens) para uma atividade de ciclo completo - cria, recria e engorda; b) com esse sistema, que representa a maioria, convivem inúmeros produtores mais eficientes, cujos resultados zootécnicos e econômicos são certamente melhores. Em função disso, os números aqui apresentados devem ser vistos como uma referência ou um pano de fundo para as tomadas de decisão no ambiente público e na esfera privada, devendo cada produtor calcular seu custo de produção particular, sem o que a boa gestão fica comprometida. Antes de abordarmos os dados de maio de 2009, cabe recordar a definição dos principais indicadores utilizados: desembolsos: despesas que implicam em pagamento dire- to pelo produtor, obrigando-o a efetivamente “por a mão no bolso” (por exemplo, compra de insumos e pagamento de mão-deobra); custo operacional: soma de desembolsos, depreciações e pró-labore; custo total: custo operacional acrescido dos juros sobre o capital imobilizado na fazenda; margem bruta: receita total menos desembolsos; margem operacional: receita total menos custo operacional; lucro: receita total menos custo total. O custo da pastagem, de grande peso no custo total, recebeu um tratamento diferenciado, sendo apresentado de duas formas: como o valor de seu aluguel ou como a soma da depreciação e dos juros referentes a seu custo de formação. Quanto à receita total, maio de 2009 mantém a tendência de queda registrada Tabela 1. Receita anual de uma fazenda típica de cria, recria e engorda Mato Grosso do Sul - Região de Campo Grande - maio de 2009. desde agosto do ano passado, com um valor anual em torno de R$ 196.000,00 (Tabela 1). Este comportamento reflete a redução no valor recebido pela arroba do boi gordo ocorrida nos últimos meses (86,00, 85,50, 75,00 e 67,91 reais em agosto e novembro de 2008, e em fevereiro e maio de 2009, respectivamente). 6 – Campo Grande-MS, JUNHO de 2009 PECUÁRIA DE CORTE Na Tabela 2 mostra-se o custo total e sua estrutura, para a opção em que o custo da pastagem é calculado segundo o valor de seu aluguel. Tabela 2. Custo anual de uma fazenda típica de cria, recria e engorda Mato Grosso do Sul - Região de Campo Grande - maio de 2009. INFORME AGROPECUÁRIO O custo por arroba do boi gordo pode ser visto na Tabela 4, verificando-se que o custo operacional é coberto com certa folga, o que permite repor instalações e equipamentos desgastados, ao final de sua vida útil. Por sua vez, o custo total unitário está acima do preço recebido pelo produtor, sob qualquer critério de cálculo. Isto significa que a fazenda está sofrendo um certo processo de descapitalização, já que os juros sobre o capital nela imobilizado não são compensados na íntegra. Tabela 4. Custo total e custo operacional do boi gordo em uma fazenda típica de cria, recria e engorda - Mato Grosso do Sul - Região de Campo Grande - fevereiro de 2009 Fechando-se um ano de análise, julgou-se oportuno expor alguns dados na forma de gráficos (Figuras 1 e 2). O custo de produção total da fazenda típica em maio de 2009, da ordem de 214 mil reais, é menor que o de fevereiro último, quando estava ao redor de 226 mil. Nesse caso, isso se deve principalmente ao fato do custo da pastagem, calculado como aluguel, estar vinculado ao valor da arroba do boi gordo, que sofreu redução. A mesma situação de decréscimo ocorre quando o custo da pastagem foi calculado como depreciação + juros, tendo o custo total caído de 238 mil para 229 mil, dada a queda no preço de alguns insumos, instalações e operações agrícolas. Da mesma forma que o ocorrido na avaliação feita em fevereiro último, as margens calculadas pioraram nos três últimos meses (Tabela 3), com a queda na receita tendo um impacto maior do que a redução nos custos. Nota-se, ainda na Tabela 3, que os resultados são melhores quando o custo da pastagem é expresso na forma de aluguel. Tabela 3. Margens econômicas anuais de uma fazenda típica de cria, recria e engorda - Mato Grosso do Sul - Região de Campo Grande - maio de 2009. Observa-se que, após um período de recuperação que teve seu pico em meados do ano passado, os indicadores econômicos praticamente voltaram aos patamares de um ano atrás, como atesta a semelhança entre os números de maio de 2008 e maio de 2009. Vale agora observar a evolução de custos e preços no segundo semestre, quando a menor oferta de bovinos tende a melhorar as perspectivas econômicas da atividade. INFORME AGROPECUÁRIO GENÉTICA Campo Grande-MS, JUNHO de 2009 – 7 Avanço tecnológico em reprodução de gado Um touro que possa transmitir o sêmen de outro touro por monta natural pode em breve ser uma realidade, graças ao avanço tecnológico feito pelos cientistas da CSIRO (Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation) – agência nacional de ciência da Austrália, que promete monitorar rapidamente a proporção do ganho genético para a indústria de gado da Austrália. Usando a tecnologia de transplante de células germinativas, as células do sêmen de um touro podem ser transportadas no sêmen do animal substituto. A técnica foi comprovada usando carneiro nas experiências dos laboratórios de pesquisas da CSIRO na Armidale, NSW, onde uma quantidade de cordeiros nasceram. Um trabalho ensaio de gado começou em Brisbane em abril de 2009, com os primeiros bezerros concebidos naturalmente dos touros substitutos obtidos em pouco tempo. A CSIRO Food Futures Flagship Stream Leader Sigrid Lehnert disse que o uso da tecnologia foi primeiramente australiana e tinha sido anteriormente alcançada em experiências no exterior com ratos e cabras. A tecnologia tem o potencial para trans- mitir os benefícios da inseminação artificial ao extensivo sistema de produção de carne do Norte da Australia, usando os touros substitutos na monta natural. Durante o trabalho de pesquisa inicial feito em carneiro, o objetivo foi desenvolver meios alternativos de inseminação artificial para cruzar naturalmente raças de gado de corte em ambientes hostis. A técnica de transplante de células germinativas poderia ser usada para produzir bezerros híbridos em montas com fêmeas Brahman, por exemplo usando células de um touro Angus. A disseminação da genética da elite Brahman por touros Brahman de baixa qualidade também é uma possibilidade. Nos últimos 50 anos, as indústrias intensivas de animais têm sido capazes de explorar as proporções do progresso genético realizados pela inseminação artificial, enquanto o sistema de produção que prevalece no Norte da Austrália tenha se perdido. “Podemos usar uma infusão da genética para produzir bezerros com características econômicas mais desejáveis usando touros que são adaptados ao ambiente tropical”, diz o Dr Lehnert. A raça de touro européia naquela parte do país não se desenvolveria no calor tropical e nem mesmo sobreviveria. Espera-se que a tecnologia abra novos mercados para produtores oferecendo um método mais eficiente de multiplicação de animais superiores. “Poderia se fundamentalmente alterar o modo pelo qual a genética do gado de elite é transmitida”, diz o Dr Lehnert. Ainda há muito trabalho a ser feito antes que a técnica possa ser usada comercialmente. Por exemplo, encontrar meios eficientes para preparar os testículos do receptor para o transplante é uma barreira tecnológica que precisamos superar. Mas agora que o conceito de prova foi alcançado, a CSIRO pode trabalhar com a indústria na próxima fase da pesquisa, diz o Dr Lehnert. A tecnologia de ponta é usado para coletar as células tronco espermatogonial dos testículos do animal doador. Elas, então, são implantadas nos testículos do animal receptor após ter sido temporariamente esterilizado. Os cientistas também estão trabalhando em métodos para estimular as células tronco a multiplicarem-se em laboratório com o objetivo do cultivar células suficientes de um animal superior para povoar os testículos de muitos receptores. Nota do Editor: Texto traduzido de resumo de palestra realizada no evento “Beef 2009”, na Austrália. 8 – Campo Grande-MS, JUNHO de 2009 ASSOCIAÇÕES Foto: Marco Miatelo/VIA LIVRE Acrissul empossa nova diretoria, sob presidência do criador Chico Maia O novo presidente da Acris-sul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Chico Maia, tomou posse na do dia 25 de maio para dirigir a entidade no biênio 20092011. Em concorrida cerimônia no recéminaugurado Centro de Eventos Hélio Martins Coelho, no Parque de Exposições Laucídio Coelho, criticou a pesada carga tributária imposta ao setor produtivo rural. “Eu assumo o lado do produtor rural ao afirmar que a sua luta será o meu compromisso e digo que estaremos sempre divergindo do Estado e da União se continuarem taxando o setor produtivo rural. Nós não suportamos mais a carga tributária imposta”, avisou. Chico Maia destacou ainda que hoje o Rio Paraná se tornou uma barreira intransponível na questão tributária, pois do outro lado do rio a tributação é uma e aqui é outra, com os tributos bem maiores, mas que a classe produtora unida não vai se abater e adotará o slogan ‘Rumo ao desenvolvimento’ do governador André Puccinelli. “Não dá para ficar como está. Nós não suportamos mais tantos impostos”, discursou, reforçando que vai estar ao lado do Governo do Es- tado cada vez que ele apoiar o produtor, os assentados e os pequenos produtores, prometendo divergir quando o Governo estiver conduzindo uma política de altas taxas. Na avaliação do novo presidente da Acrissul, o imposto sobre o óleo diesel atualmente prejudica os produtores rurais e para que o cenário mude o Governo resolva esse imbróglio. “O diesel é um dos principais insumos da produção, mas também é que tem a maior carga tributária no Estado”, destacou, reforçando que o Parque de Exposições é a casa do produtor rural, onde ele traz sua alegria e por isso espera continuar contando com o apoio do governador na realização da Expogrande. “Precisamos de todo o apoio da classe política para vencermos o desafio de presidir a Acrissul, mas é esse desafio que nos renova”, ressaltou. APOIO Com as presenças do governador André Puccinelli, dos senadores Delcídio do Amaral e Valter Pereira, dos deputados federais Waldemir Moka e Dagoberto Nogueira, dos deputados estaduais Reinaldo Azambuja, Marcio Fernandes e Zé Teixeira, além do INFORME AGROPECUÁRIO Franisco Maia: “Assumo a posição do produtor. É esse desafio que nos renova” vice-prefeito Edil Albuquerque, do presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, Paulo Siufi, e vários vereadores, a cerimônia de posse foi marcada pela declaração aberta de apoio ao novo presidente da Acrissul. “Acompanho, desde os tempos de prefeito da Capital, as vicissitudes da Acrissul e posso dizer ao Chico Maia que a posse é o epílogo da lua de mel e o início do trabalho. Desejo ao Laucídio Coelho Neto os parabéns pelos 10 anos à frente da entidade e ao Chico quero todo o sucesso do mundo. Conte com o respeito e a parceria do Estado”, disse Puccinelli. O presidente do Sindicato Rural de Campo Grande, José Lemos Monteiro, participou da cerimônia de posse. Já o senador Delcídio do Amaral fez questão de destacar o trabalho executado por Laucídio Coelho Neto que soube vencer as dificuldades e garantir a realização da Expogrande nos últimos dez anos. “Agora chegou a hora de passar a espada para o Chico Maia, pois é natural esse processo de renovação, e ele poderá contar com o apoio de toda a classe política do Estado em Brasília (DF)”, disse, reforçando que as próximas edições da Expogrande também contarão com patrocínio do Ministério do Turismo. “O Ministério decidiu apoiar a exposição, pois é uma festa que atrai muitos empresários de negócios, tanto de dentro como de fora do País”, ressaltou. INFORME AGROPECUÁRIO CRÉDITO RURAL Campo Grande-MS, JUNHO de 2009 – 9 Produtor rural prejudicado pela estiagem poderá renegociar a sua dívida André Patroni – Sato Comunicação O Conselho Monetário Nacional (CMN) autorizou na quinta-feira (28) a possibilidade de renegociação das dívidas da agricultura empresarial nos municípios atingidos pela seca na Região Sul e por enchentes nas Regiões Norte e Nordeste. Os municípios de MS que decretaram Estado de Emergência por conta da estiagem também serão beneficiados com a medida. O benefício já tinha sido concedido à agricultura familiar, em reunião extraordinária do CMN realizada há pouco mais de dez dias. A Federação da Agricultura e Pecuária de MS – FAMASUL levou a solicitação à Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA que demandou o Governo Federal para rever os débitos, principalmente daqueles municípios que sofreram com a estiagem. O Departamento Técnico da entidade fez um levantamento que subsidiou a Confederação e, consequentemente, a aprovação da solicitação. O secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Gilson Bittencourt, informou que, para a Região Sul, serão automaticamente prorrogados para 15 de agosto os prazos de pagamento das parcelas que venceram entre 1º de janeiro e 28 de maio. Para os municípios do Norte e Nordeste, serão prorrogadas automaticamente para 15 de outubro as parcelas que venceram a partir de 1º de abril e as que vencerão até 14 de outubro. Bittencourt disse que a prorrogação é para manter o estado de adimplência dos produtores rurais nesse período. O secretário disse que o foco central da medida é o de evitar que os agricultores sejam punidos por multas e encargos pelo não pagamento das parcelas do crédito rural nos prazos de vencimento. O CMN permitiu a prorrogação por um ano, após a última prestação, das operações de custeio que já foram prorrogadas e das operações de investimento. Além disso, os agricultores poderão negociar a prorrogação em até três anos, com início do pagamento em 2010, das parcelas de custeio da atual safra, desde que não estejam amparados por nenhum seguro, como o Proagro. Prorrogação de prazos é para permitir a condição de inadimplência dos atingidos Nos dois casos, a prorrogação pode ser solicitada à instituição financeira pelos produtores dos municípios em estado de emergência decretado entre 1º de dezembro de 2008 e 13 de maio de 2009 com reconhe- cimento pelo governo estadual até 27 de maio, e para os produtores dos Estados do Nordeste que tenham decretado estado de emergência entre 1º de abril e 27 de maio e com reconhecimento pelo Estado até 1º de junho. Perdas com o milho safrinha em Dourados supera os 50% A perda estimada para o milho safrinha na região de Dourados, devido à falta de chuvas, é superior a 50%. Segundo a Estação Meteorológica da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), as chuvas ocorridas na primeira quinzena de maio deste ano totalizaram 21 mm, representando apenas 19% da média histórica de 30 anos, que é de 113 mm. O pesquisador Ricardo Fietz ressalta que nos últimos quatro anos as chuvas em maio foram inferiores à media mensal: 2005 (47 mm), 2006 (17 mm), 2007 (54 mm) e 2008 (40 mm). “As chuvas insuficientes ocorridas em Dourados não podem ser generalizadas para toda a região sul de Mato Grosso do Sul. Com base nos registros de algumas estações meteorológicas do Instituto Nacional de Meteorologia [Inmet), verifica-se que em al- guns municípios da região ocorreram chuvas mais significativas em maio”, explica Fietz. Entre estes municípios estão: Sete Quedas com 147 mm, Ponta Porã com 109 mm, Amambai que teve 90 mm, Ivinhema com 56 mm e Sidrolândia com 55 mm. 10 – Campo Grande-MS, JUNHO de 2009 CAPA INFORME AGROPECUÁRIO João Sampaio mostra as vantagens do subsídio rural Na curta passagem por Mato Grosso do Sul, o secretário de Agricultura do Estado de São Paulo, João Sampaio, esteve no Sindicato Rural de Campo Grande para falar sobre o seguro de preços implantado na região com o intuito de beneficiar os paulistanos. De acordo com o presidente do Sindicato da Capital, José Lemos, o ‘diferencial’ é que “o mercado se comporte com lucro acima da produção”. Ele cita como exemplo a ser seguido por Mato Grosso do Sul, o programa do governo do Estado de São Paulo que subsidia os donos de fazendas que já possuem lucros acima da produção. No Estado a equipe técnica da Secretaria de Agricultura criou o Feap (Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista) que sobrevive capturando a receita de royalts de minas de exploração. Em média o valor arrecadado era de R$ 11 milhões. Sem gastar muito com pequenos produtores e acumulando valores que chegaram a R$ 80 milhões em caixa, foi decidido em consenso investir no médio produtor que não tem nenhum incentivo federal se comparado com os agricultores familiares. Na época, a Secretaria de Agricultura tinha de R$ 17 milhões a R$ 20 milhões por ano. Normalmente os recursos eram para aquisição de maquinário. “Para o produtor rural o dinheiro já é pouco. Então, resolvi colocar na mão dele [produtor] os recursos para gerar o crescimento exponencial”, aponta. O secretário diz que a aposta beneficia a classe em média com renda bruta de R$ 400 mil/ano e até 200 hectares. Esses proprietários como pessoa jurídica tinham limite de movimentação de R$ 2,4 milhões. Os agentes financeiros são o Banco do Brasil e a Nossa Caixa S/A que subsidiaram juros de 3% ao ano. Os prazos de pagamento variavam em até sete anos dependendo da atividade agrícola. “Decidi aplicar os R$ 80 milhões que estavam no caixa da agricultura e Foto e texto: Alessandra Messias João Sampaio: “Sistema beneficiou os mais diversos setores do agronegócio paulista” em ambiente protegido em setores do agronegócio”, destaca. Foram beneficiados com este sistema a agroindústria, cafeicultura, desenvolvimento regional sustentável, flores e plantas ornamentais, fruticultura, psicultura, produção de carne e leite e, ainda, máquinas e implementos agrícolas, que tiveram a parceria do Finame – programa do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Uma vaca, por exemplo, pode ser financiada. A carência dura até três anos. Em um ano o pedido de financiamento para caprinos teve uma demanda de R$ 30 milhões. Para o produtor que precisava de um trator, em parceria com o governador José Serra, foi aprovado financiamento a juro zero. Sob a subvenção do governo estadual estava garantida a compra de seis mil tratores com potência de 50 a 120 cv de seis marcas distintas. O prazo de pagamento é de cinco anos e ainda tem desconto de 20%. SEGURO RURAL O seguro rural paulista atua sobre duas modalidades: seguro de produção e de renda. Dessa forma há subvenção de 50% ao prêmio contra intempéries climáticas e subvenção de 50% ao prêmio do seguro de venda. O secretário conversou com o ministro Guedes Pinto e o governo federal garantiu o pagamento de 50% do contrato. Já, o governo estadual em contrapartida assumiu os outros 50%. O agente autorizado da União é o Banco do Brasil que atua realizando o custeio e, assim o governo paga a seguradora. Em um ano foram realizados 1,3 mil contratos. Outro problema enfrentado no Estado era que já havia o seguro de produção, mas não tinha o de renda e garantia de emprego. No seguro de renda, o governo estadual investiu R$ 9 milhões e limitou R$ 24 mil por produtor/ano. O prazo de pagamento é de dois a três anos para pagar e “creio que em breve teremos a parceria do governo federal para bancar 50% dos empréstimos. Estamos investindo no produtor e em quem gera emprego e renda”, complementa. Para evitar a perda de animais com a possibilidade da entrada da febre aftosa em São Paulo, o seguro para sanidade sai a R$ 0,06 por animal/ano. Algumas seguradoras como: Alianz Seguros S/A, Cia de Seguros Aliança do Brasil, Mapfre Vera Cruz Seguradora S/A, Nobre Seguradora do Brasil S/A e Porto Seguro apóiam estes investimentos na produção e no proprietário rural. Outra parceria que envolve o Banco do Brasil e o governo do Estado de São Paulo é o crédito para quem produz commodities. Em 2006, o banco financiava em custeio uma média de R$ 700 milhões, o número saltou para R$ 4,3 bilhões em 2008 com taxa de inadimplência de 2,5% ao ano. INFORME AGROPECUÁRIO EVENTOS NO SINDICATO Campo Grande-MS, JUNHO de 2009 – 11 Fotos e texto: Alessandra Messias Mercado bovino pode ser protegido na Bolsa Atualmente efetuar compras e vendas na bolsa de valores se tornou um negócio lucrativo e de fácil movimentação para donos de ruminantes que pretendem proteger o preço pago por cada animal. Atento á realidade, Sindicato Rural de Campo Grande sediou a palestra: “Flutuação do Preço do Boi e Fatores que Influenciam Contratos da Bolsa”, ministrada por João Pedro Cuthi Dias, consultor de fomento do Centro-Oeste da BM&F Bovespa. Presente na palestra, a secretária de Produção e Turismo, Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias, afirmou que Mato Grosso do Sul tem sofrido nos últimos 10 meses com o fechamento de frigoríficos e mesmo com um custo de produção com valor da arroba do boi maior, espera para a pecuária um cenário mais otimista. “Quando a pecuária se recompunha teve sérios problemas na cadeia de carne. Temos que repensar a pecuária brasileira e como fazer para ganhar dinheiro. O caminho é verificar as oscilações e com novas idéias e criatividade sair do círculo vicioso em que estamos”, aponta Tereza Cristina. A secretária continua: “temos que usar a tecnologia, pois sabemos produzir, mas não conseguimos comercializar. O Brasil é um produtor nobre, mas a indústria tem prejuízo e nos dá prejuízo”. João Pedro Cuthi inicia a palestra informando que cresceu o consumo de carne das classes mais baixas e com isso, aumentou o consumo de carne no mundo. Ele aponta que no plano real o que explodiu foi o consumo de frango e produtos lácteos. A cada dois frangos exportados no mundo, um é brasileiro. O consumo no mercado interno de frango é de 5,4% ao ano e a demanda para suprir essa cadeia é de 380 milhões de toneladas de milho e farelo de soja. Já o consumo da carne suína ainda é acanhado e está na margem de 2,3% ao ano. “Não haverá mais crescimento na demanda da carne bovina porque não tem mais espaço físico. A carne de boi se tornará um nicho de mercado para quem tem maior poder aquisitivo”, prevê Cuthi. Ele lembra que o câmbio começou a subir quando o ex-governador de Minhas Gerais, Itamar Franco, criticou a política de Fernando Henrique Cardoso dizendo que FHC prejudicava o produtor. Assim, as exportações das commodities brasileiras superaram as expectativas. O consultor aponta que o Brasil tem concorrentes como Austrália, Índia, Estados Unidos, Argentina e União Européia, entre- tanto, todos estes mercados enfrentam problemas de ordem climática, política, doenças nos animais ou no câmbio. A Rússia é um grande comprador brasileiro, mas os chilenos que importavam até 100 mil toneladas por ano deixaram de comprar do Brasil. Em 2006 e 2007, o mercado bovino perdeu em valor por dificuldades de gerar renda. A venda maior das fêmeas fez o preço da carne cair, pois diminuiu a oferta e, conseqüentemente subiu o preço do bezerro que hoje está na faixa de R$ 1 mil. O rebanho bovino de Mato Groso do Sul caiu de 25 milhões de cabeças para 24 milhões. Há três anos atrás a arroba era comercializada a R$ 60. Na entressafra do ano seguinte por R$ 72 e no ano passado chegou ao ápice de R$ 102. No primeiro quadrimestre de 2009, a arroba do boi em São Paulo custa R$ 86 e no Estado até R$ 10 a menos, o que tem trazido compradores paulistas para MS. “Antes a diferença era de R$ 2 ou R$ 3, mas o valor é 15% menor do que o praticado em São Paulo, mesmo que eles comprem aqui e levem para lá pagando ICMS e frete”, explica. Por meio da bolsa de valores, o produtor pode se adiantar e segurar o preço pago pelo seu animal no mercado futuro. O preço à vista sofre influências que podem afetar esse preço tanto para cima quanto para baixo até a data da produção, isso vale para agricultura e pecuária. De janeiro de 2008 a abril de 2009 houve uma diferença negativa de 30 milhões de toneladas, um superávit de empregos gerados e um mercado aquecido. Mesmo com problemas de crédito o Brasil deixou de exportar e voltou a produção para o mercado interno, sendo absorvida a R$ 90 a arroba paga à vista em SP. O mercado futuro da bolsa serve para analisar o preço do boi pronto para vender e é bom quando gera lucro em ano de preço bruto. Dentro dos contratos futuros há uma modalidade chamada opções que pode ser comprada, com ela tem-se o direito de venda e compra de arrobas. Por exemplo, se na opção for definida que a arroba vale R$ 86 e o preço subir para R$ 89, o comprador paga o prêmio de R$ 3 e pode vender dentro de seis meses o boi que estava no pasto esperando o abate a R$ 86, R$ 87, R$ 88 a arroba. O segundo palestrante, Marcelo Gumieiro, analista da Coinvalores S/A, potencializou as operações na bolsa de valores, tratou da gestão de riscos e futuros agropecuários. Ele destacou que a bolsa sempre está João Pedro Cuthi Dias, da BM&F Marcelo Gumieiro, da Coinvalores S/A em constante volatilidade, por isso, sofre variações de risco positivas e negativas. “Os riscos de crédito tem medida de probabilidade de não recebimento de um valor da contraparte. O importante é identificar cada fator de risco. Normalmente a variação de preço afeta o dia-a-dia de quem compra e vende”, especificou. Marcelo Gumieiro explicou que há derivativos, contratos que podem preservar o futuro da atividade, dentro dele há o hedge e os especuladores. “O hedge protege o preço. Vende-se a produção e segura o preço. A proteção aos contratos é uma posição inversa ao apostador ou especulador que compra para lucrar e re- vender, mas ele compra e paga”, apontou. Com o boi engordando no pasto é possível comprar e vender na bolsa com os meses definidos. Há meses que a rentabilidade será maior e noutros pode ser menor. Na hora da negociação há um leilão com quantidade e preço pré-determinados, se houver compra na liquidação o valor é depositado como calção. Numa operação de confinamento, Marcelo aconselha a definir o custo de produção, de insumos e manutenção, “analisando o resultado dá para prever o total que pode ser arrecadado com a venda de contratos futuros na bolsa”, concluiu. 12 – Campo Grande-MS, JUNHO de 2009 MEIO AMBIENTE INFORME AGROPECUÁRIO Sindicato Rural expõe mudanças do Código Florestal ao senador Valter Pereira Com o intuito de nortear os trabalhos do Senado sobre a reforma do Código Florestal Brasileiro, foi realizada na manhã do dia 29 de maio, uma reunião no Sindicato Rural de Campo Grande, que levantou questões relevantes e foram debatidas com o senador sul-matogrossense Valter Pereira. Além do presidente da entidade, José Lemos Monteiro, participaram do encontro ainda o presidente da Acrissul, Chico Maia, o presidente do CRMV-MS, Osmar Bastos, o presidente do Sindicato dos Médicos Veterinários (Sindivet), Eduardo Strang, entre outros. Valter Pereira preside a Comissão de Agricultura do Senado. A proposta de reforma no Código faz com que ambientalistas e ruralistas divirjam sobre as possíveis mudanças no regulamento. Com mais de 40 anos de Código Florestal e o contínuo avanço da mecanização agrícola, das monocultoras e da pecuária extensiva, os ruralistas apontam a necessidade de atualização do mesmo. Todos esses avanços geram ainda mais divergências entre esses dois segmentos. Foi colocado em questão o estudo da Embrapa, onde afirma que 29% do território brasileiro estaria livre para a atividade agropecuária - ou 245,5 milhões de hectares. Os ruralistas pretendem reduzir percentuais de conservação obrigatória e sugerir maneiras ecologicamente corretas em manter a área sem desmatamento. Entre tantas questões levantadas, foram discutidas também, a redução da carga tributária e controle da sanidade animal. “O agronegócio contribui na formação de mais de 1/3 no PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. E para Mato Grosso do Sul esse segmento é o mais relevante e que torna o Estado destaque no ramo”, ressalta o senador Valter Pereira. Na ocasião, o parlamentar se mostrou Novas regras de comercialização para sementes de pastagens Uma nova Instrução Normativa do MAPA para a safra 2008/2009 traz expectativa de melhoria e benefícios para o setor. A Instrução Normativa determina que seja elevada a porcentagem mínima de sementes puras de algumas espécies de forrageiras (como exemplo as Brachiarias, com índice de pureza elevado de 40% para 60%), sendo assim o VC mínimo comercializado será de 36% (60% pureza X 60% germinação). O novo pacote de regras pode gerar algumas duvidas em relação à aceitação dos pecuaristas à essa nova realidade. Uma vez que o pecuarista acostumado com sementes de baixo padrão agora terá que se ambientar com novos e mais altos índices de Valor Cultural (VC%) como 36% e 48% e 75%. Outra questão importante é atentar para a dificuldade do órgão fiscalizador, devido às dimensões territoriais e ao grande numero de estabelecimento a serem fiscalizados como empresas, produtores e revendas. Essa dificuldade acarreta em uma desvantagem para as empresas que priorizam a qualidade de seus produtos e que respeitam a lei imposta pelo MAPA, em relação às empresas que ofertam sementes fora dos padrões estabelecidos ou piratas. Marcos Paulo M. Corrêa, Engenheiro Agrônomo e Supervisor de Vendas da Sementes Manejo Foto e texto: Cibele Sodré Senador Valter Pereira, pres. SRCG, José Lemos Monteiro, e Chico Maia (Acrissul) parceiro do agronegócio como alicerce da economia e defensor da reforma agrária. Na ocasião foi levantada a necessidade de uma nova discussão, convocan- do também outras autoridades, como o governador do Estado André Puccinelli. A data da nova reunião ainda não foi confirmada. Cupins de montículo Milton Folino Os cupins de montículo pertencentes à espécie Cornitermes cumulans são insetos que comumente infestam as pastagens. Trata-se de um grupo de insetos sociais que vivem em ninhos que apresentam uma porção visível na superfície do solo, os chamados cupinzeiros. Estes insetos predominam em áreas menos sujeitas à mecanização, como as pastagens. Desta forma, caso não haja a preocupação de controlá-los, pastagens mais velhas tenderão a apresentar níveis de infestação mais elevados. Não existem comprovações quanto aos danos causados por estes insetos ás pastagens, mas é certo que em áreas altamente infestadas ocorre a redução da área útil, limitam a movimentação de máquina e animais, assim dificultando o manejo da área. Outro inconveniente é que estas estruturas podem servir de abrigo para animais como cobras, aranhas, abelhas, roedores, escorpiões, etc. Uma das formas de controle deste inseto é a ação de inimigos naturais como pássaros, lagartos, aranhas, formigas, roedores, lagartos, tamanduás e tatus. Outra forma é a ação mecânica realizada com implemento acoplado à tomada de força do trator e fazendo-se a total destruição do cupin- zeiro, mas este método sofre ação de variáveis como tamanho do cupinzeiro, tipo de solo, relevo do solo, etc e também pode ocorrer a reincidência da formação de outro cupinzeiro no mesmo local . Entre as formas de controle destaca-se o controle químico, que são as aplicações de inseticidas. Para a aplicação se faz necessário o uso de uma barra de ferro de aproximadamente 80 cm com diâmetro de 1 polegada e uma marreta . Com este vergalhão se faz uma perfuração perpendicular ao cupinzeiro até que atinja o centro do mesmo. A primeira camada do cupinzeiro é de consistência muito dura, mas seu interior é formado por material pouco resistente. Depois de fazer a perfuração do cupinzeiro, deve-se colocar de 2 á 3 pastilhas de Gastoxin no interior do furo para que estas possam ir parar no centro do mesmo . Tampa-se o furo e após aproximadamente 5 dias, o cupinzeiro pode ser destruído . A espécie mais comumente encontrada é a Cornitermes cumulans, porém há outras espécies de cupins presentes nas pastagens que também constroem montículo como o C.bequaerti e Syntermes sp sendo que em todos eles devemos implementar o controle semelhante . Como podemos ver insetos não acabam, mas com técnicas e produtos podemos controlá-los. INFORME AGROPECUÁRIO MERCADO Campo Grande-MS, JUNHO de 2009 – 13 André promete avaliar importação de gado paraguaio O governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, prometeu estudar melhor a liberação da importação de gado do Paraguai para abate em frigorífico na fronteira com aquele país. A garantia foi dada durante reunião ocorrida no final da manhã da terça-feira, 2 de junho, na Governadoria, envolvendo o presidente da Acrissul, Chico Maia, o secretário da entidade Cezar Machado, o segundo secretário Habib Rezek Júnior, o tesoureiro Luiz da Costa Vieira Neto, além do presidente do Sindicato Rural de Campo Grande, José Lemos Monteiro. A secretária de Produção, Tereza Cristina, também participou do evento. André Puccinelli garantiu durante o encontro que não irá tomar nenhuma decisão sem antes consultar as lideranças rurais, e que não “decidirá nada que venha contra aos interesses do agronegócio sulmato-grossense”. Chico Maia diz que saiu do encontro confiante de que o governador tomará uma decisão em favor do setor rural. Para ele, o governador foi receptivo às reivindicações do setor ruralista de não abrir o mercado, pois isso prejudicaria sobremaneira toda a cadeia produtiva da pecuária, terminando por afetar também o fisco. A preocupação da entidade é que isso, além do risco sanitário que pode oferecer ao rebanho sul-mato-grossense, também coloque a pecuária do Estado sob ameaça de enfrentar uma concorrência até desleal do ponto de vista de mercado. Além disso, pondera Chico Maia, há ainda a questão tributária que precisa ser esclarecida, “sobre a que tipo de taxações esse gado será submetido, ou até mesmo se esse corredor permitiria, por exemplo, se rebanhos destinados a corte vindo do Paraguai poderia pas- sar por Mato Grosso do Sul em direção a outros estados”, questiona o presidente da Acrissul. O Governo do Estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Agrário, Produção, Indústria, Comércio e Turismo (Seprotur), esclareceu que realmente estuda a possibilidade de criar um corredor sanitário na Zona de Alta Vigilância (ZAV) na região de fronteira com o país vizinho, o Paraguai. A consulta sobre a possibilidade de “importação legalizada” de gado em pé da Província do Alto Paraguai para abate no Estado foi feita ao Ministério da Agricultura (MAPA) e também à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). A implantação do corredor sanitário seria em caráter experimental”, informa ela ao esclarecer que a possibilidade ainda precisa ser oficializada. Na sexta-feira, 29 de maio, uma reunião ocorrida no Sindicato Rural de Campo Grande, envolvendo várias lideranças Governador André Puccinelli recebe lideranças ruralistas: Em defesa do agroonegócio rurais do Estado, manifestou a mesma preocupação ao senador Valter Pereira, que preside a Comissão de Agricultura do Senado. Famasul deflagra campanha do “Boi à Vista” A Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul) deflagrou nesta quinta-feira a campanha “Só à Vista” para orientar os pecuaristas do Estado a só venderem boi à vista. Hoje a dívida do setor frigorífico junto aos criadores é estimada em mais de R$ 90 milhões, por isso a intenção é mudar o sistema de vendas, acompanhando o que já ocorre por exemplo ao Sul do País. A partir deste mês serão realizadas reuniões regionais, em nove municípi- os, para alertar os pecuaristas sobre o risco da venda a prazo. Para a Famasul o modelo de venda com 30 dias já é superado porque não cabe ao pecuarista dar prazo para a indústria trabalhar. Num negócio de longo prazo não é possível absorver um crédito para 30 dias. Apesar de as indústrias pagarem o animal à vista com deságio de até 4%, a Famasul acredita que a maioria dos pecuaristas prefere essa redução ao risco de não receber pelo animal entregue ao abate. Só entre 358 produtores que procura- ram a Famasul desde o ano passado, quando foi deflagrada a crise no setor frigorífico, o crédito a ser recebido é de R$ 41 milhões. De acordo com a entidade, o recebimento à vista não é imediato a partir da entrega dos animais. Primeiro eles são mandados para o abate e depois de alguns dias a indústria pela, tempo necessário para abate e pesagem. Após a efetiva implantação da venda somente à vista, a intenção do setor pecuário é, a exemplo de outros Países, negociar o animal pelo peso vivo. 14 – Campo Grande-MS, JUNHO de 2009 Veículos carregam slogans de valorização do produtor ORGANIZAÇÕES RURAIS Equipamentos em exposição para triturar leucena INFORME AGROPECUÁRIO Sala de conferência do evento, na Austrália BEEF 2009 - ROCKHAMPTON-AUSTRÁLIA Uma das maiores feiras agropecuárias dos trópicos Marcela Lemos Monteiro [email protected] À primeira vista, uma feira como qualquer outra - crachás, bilheteria, estandes de comerciantes e associações, galpões de animais, recinto para visitantes internacionais, pista de julgamento, recinto para provas, restaurantes, salas de conferência e palestras e assim por diante. Com o olhar mais aguçado é que começam a aparecer as diferenças, a começar pelo estacionamento. Para organizar a grande quantidade de camionetes, quem nos orientava eram voluntários da cidade e comunidade rural de Rockhampton, por sinal simpaticíssimos e víamos neles claros sinais de orgulho de poderem estar contribuindo para a festa deles. Outra diferença – O evento só se dá a cada três anos. Isto possibilita tempo para se organizar palestras de nível excelente, estas divididas em vários seminários. São palestras curtas, com hora exata para começar e terminar e sempre o seminário é finalizado com perguntas aos palestrantes juntos promovendo debate. Outra diferença – Cada atividade é cobrada a parte – seminários, palestras, café da manhã com consultor, tours a fazendas, rodeio etc.. Outra diferença – Quanto aos animais, esta feira apresentou bovinos de 34 raças diferentes, as que nos são familiares e outras com nomes não muito vistos por aqui como Droughtmaster, Bazadais, Australian Lowline, Dexter, Mandalon Specials, Sahiwal, Murray Grey. Todas as raças estão presentes durante os 5 dias de feira em pavilhões fixos ou desmontáveis. Tem julgamento e venda como em toda feira. As provas de eqüinos e cães, das raças border collie e blue heeler, acontecem de dia. Outra diferença – A grande freqüência da população (produtores, familiares e professores com seus alunos), desde cedo, pois a programação já trazia café da manhã com algum comentarista, consultor com tema de interesse. A hora do almoço e jantar era concorrida, mesmo com vários restaurantes e lanchonetes à disposição. Havia locais reservados com permissão para venda de bebidas alcoólicas, super-animados com shows e música ao vivo. Sessenta mil pessoas passaram nestes 5 dias pelo parque. Entre estas estavam 600 visitantes internacionais de 24 países, de A a V (Argentina a Vietnam) com eventos de confraternização, sala especial para internet, lanches e sempre uma alegre saudação de G’day Pista de julgamento dos locais que facilmente nos reconheciam por nossos crachás terem o nome do país de origem bem legível. Brasil não fez feio, além de MS e MT, tinha mineiros, goianos e paulistas marcando presença. Outra diferença – Pontualidade absoluta em todas as atividades: O rodeio se iniciava pontualmente às 7 da noite, sendo que os interessados já se encontravam lá com meia hora de antecedência, e terminava antes das dez. Após este horário, reinava apenas o som de alguma rês ruminando fora de hora. Outra diferença – A feira oferece uma série de visitas a fazendas simultaneamente. As escolhas se tornam difíceis, pois as atividades são muitas! Tem para todos os gostos. O material da feira, justamente para facilitar as escolhas, é entregue na chegada ao aeroporto, onde somos saudados com o kit Beef 2009. Este contém, entre outros, uma revista com todas as atividades da feira, horários, estandes, currículos dos palestrantes, descrição das visitas às fazendas etc.. Conhecer o que os outros fazem, não importa onde, faz parte do nosso aprendizado para melhorar o nosso trabalho. Rodeio também fez parte da programação INFORME AGROPECUÁRIO EVENTOS DO SINDICATO Campo Grande-MS, JUNHO de 2009 – 15 Europa se protege; Brasil parte para outros mercados O professor e Dr. Manfred Nitsch, da Freie Universitat Berlin ministrou palestra no Sindicato Rural de Campo Grande, no dia 13 de maio, abordando o futuro do comércio internacional de produtos agrícolas, tratando do multilateralismo, da importância das ações regionais e dos acordos bilateriais foi ministrada pelo. De acordo com ele, o mercado europeu está fechando as portas para os importados e exporta sua produção com valor mais baixo, arruinando em alguns aspectos as exportações brasileiras. Para ele, o fortalecimento do bloco econômico dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China) favorece a abertura para entrada de novas fontes de recursos e facilita o escoamento da produção de carnes, leite, produtos e proteínas vegetais, além do biocombustível. No entanto, países que segundo o professor eram colônias há algumas décadas atrás como África, Caribe e Pacífico que tem produtos tropicais como banana e açúcar para exportar não conseguem escoar a produção na Europa devido ao fortalecimento do mercado interno de alimentos. “Os europeus importam em grande quantidade proteínas vegetais ligadas a soja. Além disso, procuram produtos mais nobres para importar”, aponta. “A venda de leite e carne para a União Européia não é benéfica por causa do forte mercado interno. Eles despejam esses produtos no mundo a preços mais baratos por causa dos subsídios que recebem dos governos para produzir”, conta o economista. De acordo com o pesquisador que estuda a micro-finança dos latino-americanos uma das apostas tanto dos produtores rurais como dos industriários é cultivar a canade-açucar. O objetivo não é só de produzir o etanol como também de fabricar o açúcar, por ser um produto mais nobre que é comercializado no mundo inteiro. Manfred Nitsch relata que a política agrícola da União Européia estabelecida em 1957, durante o tratado de Roma tinha como princípios: superar traumas das guerras mundiais, dar segurança alimentar, fortalecer a livre democracia e criar mercados abertos no mundo. O grande pacto entre cidade e campo na época era fundamental para abrir mercado para os produtos industrializados e em cima disso, impor taxas aos beneficiados com a importação. Com isso, o campo foi subvencionado e a agricultura e infraestrutura ganharam força. Contudo, alguns objetivos foram conflitantes como: o de abastecer a população com alimentos e produtos agrícolas, assegurar um nível de renda dos agricultores comparáveis com outros cidadãos. Também ficar com níveis pagáveis das subvenções, ser compatível Foto e texto: Alessandra Messias leite, queijo, iogurte, carne, frango, óleo vegetal comestível de cana e beterraba e com insumo – mamona, pinhão manso e iatropha- que são produzidos por países que foram colonizados devem ser refinados para enobrecer a matéria-prima agrícola e ter mais valor agregado. “É bom pensar em combustível Manfred Nitsch: O caminho agora é investir nos novos blocos para produzir comestíveis dessa forma o biodiesel em comparação com ólecom um sistema mundial de livre comércio e os vegetais para uso industrial deve ser mais tratar de maneira justa as ex-colônias. valorizado. O próprio presidente Lula acabou com o discurso de produzir óleo de IMPORTAÇÕES mamona para minimizar o problema do NorEm 2005, as principais importações feideste já que o óleo de mamona é tão caro e tas pela União Européia são: de café, chá e precioso que pode ser vendido a alto custo especiarias em torno de 7,1%, carne e miupara as indústrias bioquímicas.” dezas comestíveis de 5,1% e 7,7%, frutos e produtos hortifrutigranjeiros 17,6% e cereRODADA DOHA ais, produtos de moagem e amido de 3,3% a O que é discutido hoje entre os europeus 7,1%, em média. As exportações mais elevae a OMC (Organização Mundial do Comércio) das são as de bebidas e vinagre que chegam é a integração gradual de países menos desena 21,8%, seguida pela de produtos lácteos volvidos. Na Rodada Doha de 2001 ocorrida com cerca de 8,1% devido aos altos subsídiem Dubai, península árabe, na agenda estaos agrícolas para produtos como leite em vam inclusas novas áreas de comércio interpó, manteiga e queijo. Outros 3,5% ligados a nacional principalmente para área de serviços açúcar e produtos para confeitaria seguem como manejo de para as ex-colônias África, Caribe e Pacífico. água, educação Para o professor os produtos tropicais: superior, bancos, seguros e telecomunicações. Nas negociações estavam inclusos os países do G20 (grupo que enfrenta economicamente Estados Unidos e União Europeia). O doutor em economia aponta a situação do Mercosul passa por uma economia inconsistente que se esbarra em situações negativas que ganham grande destaque internacional. Entre elas: a queimada na Amazônia e o trabalho escravo financiado por exploradores que não se importam com as exigências da OIT (Organização Internacional do Trabalho). A Venezuela tem um regime diferenciado das exportações e contam a forte oposição de Hugo Chávez para enviar produtos a Alca (Área de Livre Comércio das Américas). Enquanto isso, Argentina e Uruguai brigam por mercado e tem inúmeros problemas de poluição deixado por indústrias e Paraguai e Bolívia não conseguem se fortalecer internamente. Por isso, a União Européia faz tantas exigências aos países integrantes do Mercosul. Para o engenheiro agrônomo e secretário adjunto da Sedesc (Secretaria de Desenvolvimento de Agricultura e Pecuária de Campo Grande), Natal Baglioni, os europeus criam em grande parte barreiras sanitárias e tarifárias para proteger os produtores rurais. “O Brasil controla a produção, mas o mercado externo não. Os componentes que prejudicam o quadro é a falta de visão de outros mercados, mas porque a Europa paga mais caro pelos produtos os ruralistas preferem este caminho. Contudo os árabes, por exemplo, podem pagar muito mais por uma parte dianteira do boi”, destaca. 16 – Campo Grande-MS, JUNHO de 2009 INFORME PUBLICITÁRIO INFORME AGROPECUÁRIO Confinamento expresso – Um novo conceito de engorda Renato Vaz de Macedo, Médico Veterinário – Campo Grande – MS (67) 9984-1569 [email protected] Analisando a evolução da pecuária de corte no Brasil, nos permite concluir que o desenvolvimento desta atividade se deu mediante a expansão das áreas de pastagem sobre a fronteira agrícola ou sobre o meio ambiente, tendo como base o sistema extensivo de criação. Estima-se que 88% da carne produzida no país têm origem nos rebanhos mantidos exclusivamente a pasto, porém este cenário vem sofrendo modificações ditadas principalmente pela necessidade do pecuarista em intensificar o sistema de produção de forma a diluir os custos. A fim de atender ao crescente consumo mundial de carne bovina observa-se uma pressão para a intensificação dos sistemas de produção e conseqüentemente para o aumento do número de animais confinados já que o uso da tecnologia de confinamento proporciona benefícios diretos e indiretos ao sistema de produção, como por exemplo redução da idade de abate, melhor acabamento de carcaça, oferta de gado terminado o ano todo, liberação das áreas de pastagens para outras categorias, uso de resíduos da agroindústria entre outras. Em 2008 foram confinados no Brasil aproximadamente três milhões de bovinos, número este que representa apenas 7% dos animais abatidos. Surge então a questão do por que não confinamos mais animais? A resposta para esta pergunta está diretamente relacionada aos altos investimentos necessários para a instalação da estrutura de confinamento, tornando o sistema inviável ao pequeno e médio pecuarista que tem a necessidade de confinar até 1.000 cabeças. Muito se discute hoje sobre a viabilidade do confinamento em fazendas de pecuária de corte que tenham como objetivo confinar menos que 1.000 animais, empregando o mínimo de recursos e estrutura, almejando ganhos de 1 a 1,8 kg/ cab/dia. Pensando nisso a Bellman Nutrição Animal desenvolveu o “CONFINAMENTO EXPRESSO”. O Confinamento Expresso é uma técnica de suplementação intensiva a pasto, com alta quantidade de concentrado e que segue as tendências dos confinamentos tradicionais, devendo ser utilizada na estação seca para promover a terminação dos animais destinados ao abate. A técnica se baseia na manutenção dos animais em pastagens previamente vedadas (diferidas) sendo alimentados duas vezes ao dia com alimento concentrado especialmente desenvolvido para o sistema. O fornecimento de concentrado na matéria original pode variar de 1,2% a 2,0% do peso vivo dos animais possibilitando maiores ganhos de peso sem problemas metabólicos, considerando é claro a categoria animal, o resultado esperado e a quantidade de forragem disponível no sistema. A estrutura necessária para a adoção do sistema consiste apenas em local para armazenagem, um misturador de alimentos, pasto vedado, bebedouro e 45 cm lineares de cocho para cada animal a ser confinado, além dos ingredientes energéticos como milho, sorgo, casca de soja ou polpa cítrica, para a mistura com o concentrado BellPeso Express.‘ O BellPeso Express é um produto de alta tecnologia, classificado como suplemento protéico, rico em minerais, vitaminas, ionóforo e tamponantes, tendo sido especialmente desenvolvido para a utilização no sistema de confinamento a pasto. Portanto, a ferramenta aqui proposta é uma alternativa a mais disponível ao produtor para o ajuste e intensificação do sistema de produção no promissor cenário da pecuária nacional e do mercado mundial. O Sindicato Rural de Campo Grande agora representa a Assocon (Associação Nacional dos Confinadores) em Mato Grosso do Sul. ASSOCIADO, procure o Sindicato para mais informações sobre essa eficiente modalidade de engorda. FONE: (67) 3341-2151 | [email protected] Campo Grande-MS, JUNHO de 2009 – ASSOCIAÇÕES INFORME AGROPECUÁRIO 17 A difícil aceitação de um único ato insubordinado, mesmo grave, para configurar a justa causa Muitos são os conceitos que definem “contrato de trabalho” ou melhor, “contrato de emprego”. Aquela terminologia tem conceito genérico. Esta pretende dizer especificamente contrato entre empregador e empregado, que é o que nos interessa para o presente artigo. Diz Evaristo de Moraes Filho que o contrato individual de trabalho é “o acordo pelo qual uma pessoa natural se compromete a prestar serviços não eventuais a outra pessoa natural ou jurídica, em seu proveito e sob suas ordens, mediante salário” (o grifo é nosso). Segundo Mozart Victor Russomano “O contrato de trabalho é o ato jurídico criador da relação de emprego. E relação de emprego é o vínculo obrigacional que une, reciprocamente, o trabalhador e o empresário, subordinado o primeiro às ordens legítimas do segundo” (o grifo é nosso). E, segundo a CLT, artigo 3º, “Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a trabalhador, sob a dependência deste e mediante salário”. Foram destacados os textos acima para se demonstrar que em um contrato de emprego está bem nítida a condição de subordinação do empregado perante o seu patrão, isto é, o trabalhador submete-se às ordens do empregador, desde BOLETIM INFORMATIVO – MAIO 2009 Mão-de-obra e serviços SALÁRIO MÍNIMO RURAL: R$ 465,00 MÉDIA/R$: N° INFORMAÇÕES Técnico Agrícola 942,60 02 Inseminador 545,71 02 Encarregado de Máquinas 620,13 01 Op. de Máquinas de Esteira 933,80 04 Tratorista - pneus 530,32 04 Motorista 602,77 02 Capataz de Campo 981,36 06 Retireiro 490,76 05 Peão Campeiro (tralha própria) 554,40 07 Praieiro/Caseiro (serv. manuais) 464,80 04 Cozinheira 464,80 04 Diária Bruta (empreiteiro) 23,00 02 Doma de Cavalo (gratificação) 248,12 03 Aceiro Leve/KM (pé da cerca) Aceiro Pesado/KM (1,5 mts cada lado) Roçada de Pasto Pesado/Há (manual) Roçada de Pasto Leve/Há (manual) Tirar e Lampinar Poste 3,30 03 Tirar e Lampinar Firme 5,20 05 Tirar e Lampinar Palanque (3,20mts) Fincar Poste 4 fios c/ balancins 3,30 03 Fincar Poste 4 fios s/ balancins 3,30 03 Trator de Esteira D-4 / hora 140,00 01 Trator de Esteira D-6 / hora 200,00 03 Trator de Pneu Traçado 140 CV acima/hora 111,19 01 Pá carregadeira W-20 / hora 99,43 01 Motoniveladora / hora 150,00 01 Caminhão Caçamba Trucado / hora 65,00 02 Caminhão Caçamba Toco / hora 50,00 02 Colheita de Grãos (mecanizada) 5 a 8% do Valor do Produto FONTE: - ASSOCIAÇÃO RURAL DO VALE DO RIO MIRANDA OBSERVAÇÕES: TODOS O VALORES CONSTANTES NESTE BOLETIM, SÃO VALORES BRUTOS SEM QUAISQUER DESCONTOS, JÁ ACRESCIDOS DE TODOS OS BENEFÍCIOS. que, evidentemente, lícitas. Deve o empregado, portanto, não só respeitar as ordens do empregador, como ser respeitoso no seu tratamento e vice-versa. A CLT dispõe, no seu art. 482, que “Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empregador: a) ato de improbidade; b) incontinência de conduta ou mau procedimento; c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado ou for prejudicial ao serviço; d) condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspen- MERCADO AGROPECUÁRIO MERCADO BOVINO | BOI | Para 30 dias | C. grande Frigorífico Arroba Kg carcaça Bertin R$ 73,00 R$ 4,86 Friboi R$ 70,00 R$ 4,66 MERCADO BOVINO | VACA | Para 30 dias C. Grande Frigorífico Arroba Kg carcaça Bertin R$ 64,32 R$ 4,28 Friboi R$ 62,40 R$ 4,16 Obs: Cotações de 06/06, para animais rastreados, coletadas nos frigoríficos. Fonte: Midiamax MERCADO FUTURO (BM&F) - DIA 06/06 Venc. Jun/09 Jul/09 Ago/09 Ajuste (R$/@) 81,77 84,85 86,82 Var. (R$) 0,110,30 0,82 C. A. 1.712 2.188 2.236 Esalq/BM&F - Boi gordo Data 0206 03/06 04/06 Vista 81,01 80,51 80,22 Prazo 81,78 81,32 81,03 Fonte: BeefPoint, IEA, CentroBoi, Faeg, Deral/ Seab/PR, Minas Bolsa, Banco Central e BM&F LEITE PAGO AO PRODUTOR: R$ 0,52 (Tipo C) Fonte: Ceasa - 05/06/2009 GRÃOS Preço pago ao produtor Soja - saca de 60 kg R$ 43,96 (médio) Milho - saca de 60 kg R$ 17,00 SUÍNOS Preço pago ao produtor Arroba R$ 28,50 Kg vivo R$ 1,90 Fonte: Ceasa MS - 0506 - www.ceasa.ms.gov.br são da execução da pena; e) desídia no desempenho das respectivas funções; f) embriaguez habitual ou em serviço; g) violação de segredo da empresa; h) ato de indisciplina ou de insubordinação; i) abandono de emprego; j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; k) ato lesivo da honra e boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem. l) prática constante de jogos de azar. Via de regra a subordinação de um empregado é sempre funcional e, algumas vezes, técnica. O legislador não disse, no texto legal, que há necessidade de atos insubordinados para configurar a justa causa, mas insubordinação, no singular. Depreende-se, portanto, que uma vez praticando, o empregado, um só ato insubordinado e sobretudo grave, está ensejando o rompimento contratual por justa causa. Nesse sentido manifesta-se o jurista Antonio Lamarca ao lecionar que “não é preciso que haja a reiteração, sendo suficiente, para a existência da justa causa, um só ato de indisciplina ou insubordinação. A gravidade objetiva reside no ‘ato’ de indisciplina ou insubordinação, que põem em xeque a boa marcha empresarial e desmoralizam o poder de direção ...” O texto acima é como pensamos, mas não é necessariamente como pensa parte do judiciário, no que se mostra compreensível, pois a interpretação de palavras é uma questão subjetiva. Não se consegue um consenso, quanto mais no campo jurídico onde os caminhos são muitos. Recentemente patrocinamos uma ação em que a empregada recusou-se a fazer um serviço e xingou o empregador com palavras de baixo calão, ofensivas, na frente de outras pessoas. Foi demitida por justa causa. O judiciário entendeu que cabia, antes, advertência/suspensão, isto é, a dosagem da pena, para só então consumar-se a justa causa. Como o direito não é uma ciência exata, e diante das variações das interpretações, recomenda-se, mesmo nos casos em que fiquem bem evidentes a insubordinação, que não se adote a medida drástica da demissão por justa causa. Adotem a advertência escrita, mesmo que fique insuportável a convivência com o empregado. Depois a suspensão. E por fim a demissão por justa causa. Estarão, desta forma, contribuindo para medidas educativas. Eduardo C. Leal Jardim Assessor Jurídico SRCG 31.05.2009 18 – Campo Grande-MS, JUNHO de 2009 PORTEIRA ABERTA INFORME AGROPECUÁRIO Desmatamento, não. Produção, sim Kátia Abreu Proponho que o artigo 1º do novo Código Florestal seja explícito e taxativo: “Não será permitida nenhuma derrubada florestal em todo o território nacional, sendo garantida a preservação das matas ciliares (margens dos rios, córregos, nascentes e lagoas) nos limites fixados por laudos geológicos, contra os riscos de erosão e prejuízos aos aquíferos.” Naturalmente, essa redação é improvisada e o texto adotado deverá atender a exigências tanto ambientais quanto de técnica jurídica, mas o espírito é esse. Que seja uma declaração prévia do compromisso da agropecuária com a defesa do meio ambiente e, ao mesmo tempo, a garantia de segurança jurídica para quem produz no campo. Antigamente, quando as leis eram mais eficazes e literariamente enxutas, essas afirmações peremptórias constavam dos famosos parágrafos que radicalizam a intenção dos legisladores. Ou alguém neste país já esqueceu o professor Sobral Pinto no inesquecível comício das Diretas-Já, em 1984, no Rio - 1 milhão de pessoas na Candelária! -, recitando solenemente o § 1º do artigo 1º da Constituição: “Todo poder emana do povo e em seu nome será exercido”. Citando um só parágrafo, o notável advogado liberal derrotava, com o argumento moral, a arrogância do regime militar, que depois de 20 anos de poder absoluto se rendia à força da citação singela e suficiente. Pois procuro algo semelhante. Um artigo 1º para o futuro Código Florestal que não deixe dúvidas, seja taxativo, satisfaça todas as exigências, dirima todas as suspeitas, desarme os ânimos mais exaltados. Mas, ao mesmo tempo, possibilite uma afirmação da consciência ecológica do povo brasileiro, solidária com o clamor de toda a humanidade. Sem, naturalmente, perder-se no labirinto de utopias que se desviam da realidade econômica e social, perseguindo propostas irrealistas. Não sei se sou pouco original nessa discussão nem quero reviver antigos desencontros pelos quais não fui responsável, mas parto de três entendimentos que se harmonizam e se completam para ajudar a construir uma solução de compromisso nova na forma e no conteúdo, em nome da agropecuária brasileira. O primeiro princípio é óbvio: a defesa intransigente do meio ambiente, considerando que a civilização acordou com bastante atraso para sua preservação, quase no limite do risco irreversível. Portanto, temos uma questão de salvação pública, um imperativo da condição humana. O segundo é a realidade histórica, prática milenar na vida do planeta, quando o homem se comportou perdulariamente com relação à natureza, substituindo sua cobertura natural, irreversivelmente, como se fosse um bem inesgotável. Imagine-se que na velha Europa desapareceram 99,7% das florestas, 92,2% na pobre África, 94,4% na Ásia, 92,3% na América Central. No caso brasileiro, o desmatamento de 25% a 30% das florestas, restando ainda aproximadamente 470 milhões de hectares de matas, criou um estoque de terras para plantio e criação de 383 milhões de hectares suficientes, dispensando definitivamente novos desmatamentos. A terceira questão que se apresenta é a Paiol de milho Paiol cheio era sinal de um ano de fartura. Frangos gordos no terreiro, tropa bem tratada e porco gordo no chiqueiro! Em meados de setembro caíam as primeiras chuvas. Era o prenuncio do plantio de milho e um sinal que o ano iria ser bom de chuva e a colheita venturosa. Nossa propriedade era pequena, nossos recursos eram parcos, mas nossa vontade de trabalhar e produzir eram muito grandes, contrastando com a rudimentar tecnologia que utilizávamos. O plantio de milho era feito normalmente sem adubo e com matracas que deixavam cair uma sementinha de cada vez. Estas eram cobertas com a terra fofa empurrada pelo bico de nossos sapatões rústicos de sola de pneus. A maior expectativa era ver o milharal em ponto de milho verde ou pamonha. Neste estágio a lavoura estava praticamente salva, a não ser que houvesse uma inesperada e extemporânea seca, conhecida por estiagem ou veranico. Éramos mais de cinco famílias, na colônia,e em meados de dezembro a italianada se mobilizava para fazer receitas deliciosas com este rico e protéico produto,tais como: milho cozido, assado, pamonha, cural, bolo de milho, broa, suco, etc. A colheita nem sempre era uma agradável tarefa, pois era comum nos espetarmos com doloridos espinhos de carrapicho, onde para cada epinhozinho fincado, existia uma pequena pústula de pus, decorrente da infecção causada. Colhíamos espiga por espiga e íamos fazendo pequenos montes na roça, para depois, com a ajuda de um balaio ou jacá, juntarmos e transportarmos até ao paiol, numa carroça. Antes de chegar a nova safra, tinha uma operação a ser feita no paiol, da qual eu gostava muito. Tratava-se da limpeza dos produção agropecuária, especialmente de alimentos, item tão importante quanto a preservação ambiental, desde que a terra seja trabalhada com consciência ecológica e obedecendo aos padrões científicos e tecnológicos da preservação. Como no caso, por exemplo, das áreas de preservação permanente das margens dos rios, que devem ter a largura determinada pelo declive e pela profundidade da cobertura arenosa ou argilosa do solo. Pela legislação atual, sem nenhum fundamento pedológico, está estabelecida por uma tabela rígida e irrealista (tanto que teve suspensa sua aplicação, por inaplicável) de 100, 200 e 500 metros às margens dos cursos d?água em que é proibido plantar, em todo território nacional. O critério desse espaço é definido pela largura do espelho d’água, sem considerar a questão essencial do solo e declive, como ensinam os pesquisadores da Embrapa. Ou a Embrapa pode ser acusada de conspiração contra o meio ambiente? Assumindo a responsabilidade de 24% do PIB e, além de abastecer o mercado interno, gerar 36% das exportações totais (US$ 58,4 bilhões), a agropecuária nacional não é uma aventura marginal nem uma força reacionária no processo social brasileiro, tem um papel de vanguarda na economia. Assim, deve ser reconhecida como protagonista essencial num debate que tem que ver com alguns de seus temas fundamentais - a preservação e vitalidade do solo, bem como da qualidade das águas -, que certamente nenhum outro grupo debatedor tem mais motivações para defender. Um estatuto ambiental equilibrado, eficiente e prático é indispensável à seguran- ça jurídica da atividade agropecuária e à sua própria responsabilização perante a sociedade. Tal segurança e responsabilização, porém, tornam-se inviáveis se mantida a legislação vigente, impossível de ser cumprida, pois impede a produção de alimentos em 71% do território nacional. Isso num país onde, infelizmente, 23 milhões de pessoas ainda passam fome, segundo dados da ONU. A saída, portanto, ao alcance de um gesto de boa vontade geral, sem ranhetices, preconceitos ou radicalismos, é buscar o consenso e a aplicação de soluções simples, como a do artigo 24 da Constituição, que estabelece a competência da União para fixar as normas gerais (e a aprovação de um novo Código Florestal moderno e vigoroso é a oportunidade perfeita para isso) e os Estados se encarregarão de aplicá-lo conforme as situações regionais específicas. Aliás, é hora de quebrar o monopólio usurpado por um grupo de falsos anjos da natureza que pretende decidir o que pode e não pode em matéria de meio ambiente, recusando verdades científicas e laudos insuspeitos da Embrapa, referência essencial do desenvolvimento sustentado da agropecuária brasileira. A Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), que presido, dispensa quem investe no confronto e insiste no diálogo para ajudar a construir um Brasil com mais comida, meio ambiente, diversão e arte. restos da safra passada, qual seja: a desinsetização e a desratização. Nesta última, fazíamos a festa exterminando a “rataiada”. Matávamos de mamando a caducando. Eram centenas de roedores mortos! Uma vez higienizado o paiol, íamos colocando uma camada de aldrin (veneno usado contra pragas de grãos armazenados) e uma camada de milho em espiga e com palha. Era bonito ver nosso paiol cheio até ao teto! Num cantinho do paiol ficavam nossas ferramentas de trabalho: enxada, foice, forca, garfo, pás, enxadão etc. Logo em cima, perto da cumeeira, penduradas num gancho de madeira, ficavam nossas varas de bambu para pescar lambaris nos finais de semana. Nosso paiol era coberto de telhas de barro e suas paredes feitas de tábuas. Nele também era armazenada a colheita de abóboras, que tanto serviam para fazermos doces quanto para tratar dos porcos, enquanto durassem. Nosso moinho de fazer quirera para tra- tar os pintinhos também tinha seu lugar reservado num cantinho do paiol. As barras de sabão de cinza, feitas em grandes tachos no terreiro com restos de barrigadas dos porcos abatidos para consumo, também tinham seu lugar reservado numa prateleira feita de tábua fixada na parede lateral. Ao lado ficava um varal de madeira com as réstias de alho da última colheita. E por fim lembro-me de ver todo dia meu tio e primos fumantes descascando uma espiga de milho para retirarem a palha usada na confecção dos palheiros - cigarros feitos com fumo de corda. Uma de minhas funções era todo santo dia tratar das galinhas no terreiro e dos porcos. Era uma festa ver a alegria da bicharada disputando cada grão de milho. Detalhe: eu tinha uma ordem expressa para após a debulha do milho: guardar muito bem os sabugos - pois naquele tempo ainda não tinham inventado o papel higiênico! E VIVA A FARTURA NO PAIOL DE MILHO! * Kátia Abreu é Senadora (DEM-TO) e Presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA). Artigo publicado em O Estado de S. Paulo - 03/06/2009 [email protected] PECUÁRIA LEITEIRA INFORME AGROPECUÁRIO Campo Grande-MS, JUNHO de 2009 – 19 Inovações que auxiliam no dia-a-dia do campo Durante o 12º Encontro do Leite que ocorreu no Sindicato Rural de Campo Grande foram debatidos os cenários do agronegócio lácteo, melhor carrapaticida para o rebanho bovino e inovações que aliam tecnologia ao dia-a-dia no campo na área de irrigação. O presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Leite e Derivados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Rodrigo Alvin, destaca que algumas variáveis afetam o setor lácteo, segundo o Rabobank. As mais comuns neste ano são: a desvalorização do câmbio, a redução de compra de produtos feita pelo comércio internacional que impacta a demanda pelos importados e a desaceleração da economia por causa da crise mundial. O fato causa elasticidade no mercado interno, principalmente nas compras feitas pelo consumidor final. “Se há falta de dinheiro o primeiro item que sai do carrinho do consumidor é o produto lácteo, iogurte, queijo, requeijão, são deixados de lado. O leite é o único produto que é consumido o ano todo”, conta. De acordo com ele, hoje a cadeia leiteira não consegue se subsidiar sozinha, pois a cada litro de leite produzido recebe R$ 1,21 e gasta R$ 1,46 de ração. Na alimentação 70% são de milho e 30% de farelo de soja. O gasto com a mistura concentrada corresponde a 40% do custo total do leite. Outro fato que dificulta a subsistência do produtor rural é a triangulação. Países da União Européia e Nova Zelândia praticavam no mercado externo preços sem concorrência, hoje sofrem tributação de 41,8% e 30,9%, respectivamente. “O ideal é tributar 30% de imposto só assim tem-se livre concorrência e dificulta a entrada de produtos mais baratos no Brasil”, complementa. O segundo palestrante Renato Andreotti, PhD em saúde animal da Embrapa-Gado de Corte há 22 anos, destaca que o melhoramento tecnológico da pecuária favoreceu o uso de melhores ferramentas contra o crescimento do carrapato. “Houve um avanço no uso dos carrapaticidas, mas sabemos que o ciclo de vida deste inseto deve ser combatido quimicamente. Pois no boi pode ocasionar perdas na produção de couro, leite, carne e causar a tristeza parasitária bovina”, aponta. De acordo com ele, muitos proprietários de fazendas usam inadequadamente o carrapaticida, o que pode tornar o animal mais resistente se o uso de um Rodrigo Alvim do MAPA determinado produto for ineficaz. Por isso, gratuitamente o produtor que tiver interesse em saber qual o melhor carrapaticida para o seu rebanho deve levar amostras à Embrapa que a entidade encaminha ao laboratório para análise. “O que falta em Mato Grosso do Sul é um programa de controle de carrapato sistematizado para aumentar a produção”, cutuca o pesquisador, deixando o e-mail [email protected] a disposição dos produtores. IRRIGAÇÃO O engenheiro agrônomo e coordenador de Desenvolvimento e Tecnologia da Emater (Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural), Benno Henrique Weigert Doetzer, tratou da estruturação do Programa de Irrigação Noturna. Mais conhecido como Pin, para ser realizado o projeto contou com a parceria do governo estadual para acabar com o problema de renda no meio rural. O Paraná possui 362 mil propriedades rurais, sendo que 86% delas tem área inferior a 50 hectares, 42% tem área de até 10 hectares e 76% são conduzidas pelos pequenos produtores. A irrigação noturna foi viabilizada com base no desconto tarifário previsto na resolução da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) n° 207/2006. Nela, é estabelecida o abatimento de até 70% para uso da água em propriedades rurais no horário noturno. Se para irrigar de dia era pago R$ 0,17164 kwh, das 21h30 às 6h, a tarifa cai para R$ 0,06368 kwh. Caso seja necessária a melhoria na rede a Copel (Companhia Paranaense de Energia) subsidia o proprietário rural que pode parcelar o custo em até 24 vezes na conta de energia. “Além disso o agri- Renato Andreotti, da Embrapa-CNPGC cultor familiar que precisar de crédito pode contrair empréstimo de taxa de juros de 1% ao ano, equalizados pelo FDE (Fundo de Desenvolvimento do Estado) que paga a contrapartida, isso ajuda a produção”, informa Benno. Os agentes financeiros são a Agência de Fomento e o Banco do Brasil. Já, o licenciamento ambiental é facilitado. Para as propriedades de 10 hectares é preciso comunicar ao IAP(Instituto Ambiental Paranaense) que automaticamente já possui uma licença. De 10 a 20 ha as propriedades são vistoriadas pela Emater e acima de 20 ha as licenças de operação, proteção e de instalação são simplificadas, facilitando o processo.