- Sindicato Rural de Campo Grande

Transcrição

- Sindicato Rural de Campo Grande
DEVOLUÇÃO
GARANTIDA
CORREIOS
I N F O R M E
R. RAUL PIRES BARBOSA, 116 - CEP. 79.040.150
BAIRRO MIGUEL COUTO - CAMPO GRANDE - MS
gropecuário
i n f o r m e a g r o p e c u a r i o @ t e r r a . c o m . b r
|
MALA DIRETA POSTAL
CONTRATO ECT/DR/MS
E SINDICATO RURAL DE CG
CONTRATO Nº 2204060234
Informativo oficial do Sindicato
Rural de Campo Grande-MS
Ano XX - Nº 276 - JUNHO/2009
Campo Grande-MS
w w w. s r c g . c o m . b r
Com Chico Maia na presidência,
Acrissul empossa nova diretoria
Secretário João Sampaio e o presidente do SRCG, José Lemos Monteiro
Secretário João Sampaio
mostra a experiência do
subsídio agropecuário de
projeto implantado em SP
Foram beneficiados com este sistema a agroindústria, cafeicultura, desenvolvimento regional sustentável, flores e plantas ornamentais, fruticultura, piscicultura,
produção de carne e leite e, ainda, máquinas e implementos agrícolas, que tiveram a
parceria do Finame – programa do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social). O secretário de Agricultura de São Paulo, João Sampaio, apresentou o programa em evento realizado no Sindicato Rural de Campo Grande, no dia
18 de maio. PÁGINA 10
A nova diretoria da Acrissul
(Associação dos
Criadores de Mato
Grosso do Sul),
Chico Maia (foto),
tomou posse no
dia 25 de maio
para dirigir a entidade no biênio
2009-2011, em
concorrida cerimônia no recéminaugurado Centro de Eventos Hélio Martins Coelho, no Parque de Exposições Laucídio Coelho. O novo presidente assume com a responsabilidade de recuperar a entidade, num momento em
que vários problemas afligem diretamente o setor rural, como a iminên-
Pesquisa mostra
que custo da arroba
cai, mas receita da
pecuária também
Segundo a pesquisa Embrapa-Gado de
Corte realizado em convênio com o Sindicato Rural de Campo Grande, os indicadores
econômicos praticamente voltaram aos patamares de um ano atrás, como atestam os
números de maio de 2008 e maio de 2009. A
arroba em maio deste ano custou R$ 79,47.
PÁGINAS 5 e 6
LEIA “Acontecimentos NA RASTREABILIDADE”, de José Lemos Monteiro. PÁGINA 3
cia de Mato Grosso do Sul abrir as
portas para a importação de gado em
pé para abate. A carga tributária que
o setor enfrenta foi combatida por
Maia ainda durante seu discurso de
posse. PÁGINA 8
ÍNDICE
OPINIÃO...........................................PÁG. 2
EDITORIAL........................................PÁG. 3
VITRINE TECNOLÓGICA...................PÁG. 4
PECUÁRIA DE CORTE.......................PÁG. 5
GENÉTICA.........................................PÁG. 7
ASSOCIAÇÕES..................................PÁG. 8
SEGURO RURAL...............................PÁG. 9
CAPA...............................................PÁG. 10
EVENTOS.........................................PÁG. 11
MEIO AMBIENTE.............................PÁG. 12
EVENTOS.........................................PÁG. 13
ORGANIZAÇÕES RURAIS...............PÁG. 14
EVENTOS.........................................PÁG. 15
INFORME PUBLICITÁRIO................PÁG. 16
COLUNA JURÍDICA..........................PÁG. 17
PORTEIRA ABERTA..........................PÁG. 18
PECUÁRIA LEITEIRA.........................PÁG. 19
2
– Campo Grande-MS, JUNHO de 2009
OPINIÃO
INFORME AGROPECUÁRIO
Pecuária pantaneira e as sandices ambientais
Urbano Gomes Pinto de Abreu
“Coisa que nunca acaba é pau seco e
gente besta”.
Manoel de Barros
Em revista de ampla circulação nacional nos chamou atenção, na capa, nota informando com exclusividade que 40% do
Pantanal já foi devastado. Como sou
pesquisador da Embrapa Pantanal trabalhando em produção pecuária com mais
de 20 anos de casa, e também produtor rural na subregião do Pantanal da Nhecolândia, adquiri a revista para saber as causas de
tamanho problema.
A Bacia do Alto Paraguai (BAP) possui a
area de 361.666 km2, sendo composta de
planalto e de planície, que possuem áreas de
223.483 e 138.183 km2, respectivamente.
A planície é conhecida mundialmente por
Pantanal Mato-Grossense e ocupa 38,21% da
área total da bacia. A denominação BAP é
consagrada no meio científico desde o programa de estudo da região, na década de
70/80, intitulado Estudo de Desenvolvimento Integrado da Bacia do Alto Paraguai (EDIBAP). Assim no meio científico 10 entre 10
cientistas conhecem esta terminologia.
A revista afirma que a devastação estimada no Pantanal deve ser da ordem de
55.273,20 km2 , ou seja, mais de duas vezes
o estado de Sergipe estaria devastado. Como
estou sempre desenvolvendo projetos de
pesquisa no campo, especialmente, nas subregiões dos Pantanais da Nhecolândia, dos
Paiaguás e de Poconé, uma devastação dessa magnitude chamaria nossa atenção imediatamente. E não era esta situação que eu
observava e observo nas viagens, então tive
a impressão que a idéia da chamada da capa
não corresponde aos
fatos. Muito pelo contrário parecia que
queriam distorcer os fatos.
Tendo a revista em mãos fui ler a reportagem na página 69 na seção de Ciência &
Tecnologia, e posso afirmar, que sem dúvida
nenhuma, nestes meus 20 anos de trabalho
na área de pecuária no Pantanal nunca havia lido uma matéria com informações sobre a produção pecuária no Pantanal tão
truncadas e tão ruins. De tão ruins só podem ter sido repassadas de má fé.
Meus comentários são em relação à pecuária pelo simples fato que é a área na qual
trabalho, e não costumo emitir opinião a
respeito de assuntos que não conheço com
profundidade.
O texto mostra uma mistura de informações de planalto e de Pantanal que compromete todo artigo e vira (parafraseando
Stanislaw Ponte Preta) um grande
FEBEAPAN (Festival de Besteiras que Assola o Pantanal). As informações repassadas
pelas cinco entidades ambientalistas citadas
no artigo no que tange ao sistema de produção bovina na região não fazem sentido pelos seguintes motivos:
1) O Pantanal é uma região ocupada
com a pecuária desde 1737. Ou seja, não há
expansão nenhuma da pecuária no Pantanal, pois se trata de uma atividade econômica estabilizada no bioma. E mais, o rebanho
bovino do estado de Mato Grosso do Sul diminuiu entre os anos de 2007/2006 em 8,0%,
de acordo com os dados do IBGE publicados no último documento intitulado Produção da Pecuária Municipal (PPM) e nos parece que esta tendência, infelizmente, irá permanecer nos próximos anos, ao contrário
do que foi citado por ambientalista na reportagem;
2) No Pantanal, nos últimos 6 anos (2002
a 2008), o desmatamento que havia em 2002
correspondia a 11,27 % do Bioma, no ano de
2008 correspondeu a 15%. Portanto com facilidade chegamos ao total de crescimento
no período de 3,73 pontos percentuais com
área correspondente de 5.154,2 km2. Menos da metade citada no artigo que foi de
12.000 km2; e
3) Last but not least a questão da dinâmica relatada sobre a ocupação da planície
pelo cultivo de cana-de-açúcar que estaria
deslocando a pecuária para parte alta com
necessidade de desmatamento da mesma. No
Mato Grosso, os municípios de Barão de
Melgaço, Cáceres, Lambari D‘Oeste, Nossa
Senhora do Livramento, Poconé e Santo Antonio do Leverger possuem áreas no planície pantaneira e também na região do planalto possuem 32, 28, 11.174, 250, 4020, e
440 hectares de cana de açúcar, respectivamente. Perfazendo total de 15.944 hectares, ou seja, 159,44 km² da área de planalto
dos municípios do MT citados estão ocupados com canaviais.
Da mesma forma, em Mato Grosso do
Sul os municípios pantaneiros de Aquidauana, Bodoquena, Miranda, Murtinho, Sonora
e Rio Verde possuem, respectivamente, 50,
10, 10, 15.646, 40 e 11 hectares de sua área
de planalto ocupada com cana. Perfazendo
total de 15.767 hectares ou 157,67 km2.
Dados compilados da publicação do IBGE,
Produção Agrícola Municipal (PAM). Portanto concluímos primeiro que a cana esta fora
da área da planície e segundo a área de
317,11 km2 de ocupação com a cultura de
cana no planalto não obriga o deslocamen-
to de bovinos para o próprio planalto. Sendo esta afirmação realizada a maior das sandices do texto em relação à pecuária pantaneira. Nas fazendas pantaneiras a plantação
de cana é ínfima apenas para subsistência,
apenas para fazer rapadura e melado que
por sua vez são itens típicos da culinária da
região.
As colocações de tão fajutas que chegam a ser hilárias mas em mim causou depressão, pois se entidades que se dizem sérias são capazes de repassar informações de
tão má qualidade logicamente os objetivos
destas entidades vão de encontro à estruturação de uma política séria de conservação
do Bioma Pantanal. Parece que, claramente,
querem chamar atenção de maneira sensacionalista para usufruir alguma vantagem
futura. Realmente é incompreensível do ponto de vista de Ciência & Tecnologia que a
matéria a respeito da pecuária do Pantanal
tenha sido publicada desta maneira irresponsável.
Nunca gostei de polêmicas que possam
virar “guerras verbais” pois a primeira vítima sempre é a verdade, mas não poderia
deixar de apontar as sandices publicadas em
relação à ocupação econômica do Pantanal
pela pecuária. Creio que as entidades ambientalistas possuem um papel importante no
desenvolvimento sustentável de qualquer
bioma do Brasil, mas em relação ao exposto
no artigo “40% do Pantanal já foi embora”
houve um desserviço para o desenvolvimento sustentável do Pantanal.
Urbano Gomes Pinto de Abreu é
Pesquisador Embrapa Pantanal
O SINDICATO RURAL DE CAMPO GRANDE CONVIDA:
• DATA: 15/06/2009
TEMA:
“COMERCIALIZAÇÃO DIFERENCIADA DE CARNES NOBRES –
NOVILHO PRECOCE: DA FAZENDA PARA CONSUMIDOR.”
Palestrante : LUIZ FERNANDO BRONDANI - INSTITUTO EMATER- Zootecnista,
Formado Pela UFSM Em 1974, Especialista Em Nutrição De Ruminantes Pela
UFPR Em 1991,Especialista Em Gestão Voltada Para A Qualidade Pela PUC-PR
Em1999,Funcionário Da Emater-Pr Desde 1975. Atualmente : Coordenador Estadual De Pec. De Corte Da EMATER-PR, Coordenador Do Programa Pecuária De
Curta Duração. Coordenador Das Organizações De Carnes Nobres Do Estado (
Alianças Mercadológicas, E Cooperativas De Carnes). -Produtor Rural (Pec. De
Corte ) Na Região De Paranavai.Secretário Executivo Da COMEXPA (Comissão
Estadual De Exposições).
LOCAL: SINDICATO RURAL DE CAMPO GRANDE
ENDEREÇO: R.Raul Pires Barbosa,116
HORÁRIO: 19H30
CONFIMAR PRESENÇA PELO TELEFONE (67) 3341-2151
www.srcg.com.br
[email protected]
Campo Grande-MS, JUNHO de 2009 –
EDITOR IAL
INFORME AGROPECUÁRIO
3
Acontecimentos na RASTREABILIDADE
A lista treece
tem aproximadamente 56 fazendas em MS,
e o mercado
europeu continua ávido para
comprar carne
BRASILEIRA.
Somos testemunhas do esforço feito pela
equipe da Superintendência Federal da
Agricultura, onde seus técnicos tem exercido as auditorias com esmero. Porém, no
universo de nossas 65.000 propriedades
temos 0,086% aptas a exportar para União
Européia. No encontro de tecnologia da
ASSOCIAÇAO DO NOVILHO PRECOCE ouvi
o representante da AVION falar com orgulho que conseguiu exportar seu primeiro
container esse ano. Para fechar um container com filé ele precisa de 2.500 cabeças rastreadas.
Já existe um consenso entre nós produtores da necessidade da rastreabilidade, o que é muito positivo. Porém, nosso
SISBOV/Eras continua inviável, difícil de ser
praticado.
Hoje estão em curso três iniciativas
referentes ao assunto:
1) A FAMASUL em novembro de 2007
deu inicio ao PASS-CARNE MS;
2) O MAPA iniciou em abril de 2008
uma comissão de reforma do Sisbov/Eras;
3) A Seprotur em 22/5/09 anunciou
que estão estudando modelo de rastreabilidade estadual eletrônica.
O Pass-Carne MS e os técnicos da Famasul estão influenciando positivamente
o Eras. Os técnicos de Brasília já admitem,
no inicio da vida do animal uma rastreabilidade de cunho GRUPAL, apoiada pelo
banco de dados local. Somente na fase de
terminação teríamos uma rastreabilidade
INDIVIDUAL apoiada por banco de dados.
A OIE, no congresso internacional de
Buenos Aires, deixou claro que a confiabilidade de um sistema não vem do nível
técnico utilizado. Soluções regionais e simples são bem vindas, pois elas possibilitam
fácil auditagem em qualquer parte do processo. E o mais importante ainda – por
qualquer pessoa que esteja interessada.
Os fabricantes de brincos não garantem seu produto por mais de 8 anos e
nossa grande preocupação são as matrizes que ficam em nossas fazendas por 1012 anos.
O Sisbov/Eras foi um grande erro e
não podemos errar novamente.
José Lemos Monteiro – SRCG,
FAMASUL
Meu amigo
JOÃO SAMPAIO,
e seu subsídio
O convite do Sindicato Rural de Campo Grande ao Secretário de Agricultura
do Estado de São Paulo, foi feuito pela
nossa admiração na sua capacidade em
criar programas simples, e de real ajuda
aos produtores paulistas.
O Governador Serra, tal qual André
Puccinelli, escolheu para comandante da
área rural de seu governo pessoa do nosso meio rural.
Tal qual a Tereza Cristina, João Sam-
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gropecuário
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paio é produtor e presidiu a Sociedade
Rural Brasileira, entidade essa que por lá
tem muita força.
O mérito do João Sampaio é criar programas simples porém abrangendo grande número de produtores em questões ligadas a renda de suas propriedades.
João Sampaio prioriza a Bolsa de Mercadorias Futura com garantia de preços.
Assim esta subsidiando PECUARISTAS em
50% dos custos dos contratos de opção
firmados, possibilitando assim a popularização deste tipo de garantia de preços.
Outra iniciativa do João foi subsidiar
os juros dos financiamentos de máquinas
COLABORARAM NESTA EDIÇÃO
O Sindicato Rural de Campo Grande agradece a colaboração das seguintes
pessoas, na elaboração desta edição do Informe Agropecuário: Urbano Gomes
Pinto de Abreu, Dave Swain, Martin Jeggo, Fernando Paim Costa, Eduardo Simões
Correa, Sigrid Lehnert, Francisco Maia (Acrissul), Ademar Silva Júnior (Famasul),
João Sampaio (secretário de Agricultura de São Paulo), Marcelo Gumieiro, João
Pedro Cuthi Dias, Tereza Cristina Correa da Costa Dias, senador Valter Pereira,
senadora Kátia Abreu, Marcela Lemos Monteiro, Dr. Manfred Nitsch (Freie Universitat Berlin), Renato Vaz de Macedo, Dr. Eduardo Leal Jardim, Osvaldo Piccinin, Rodrigo Alvim, Benno Henrique Weigert Doetzer, Renato Andreotti e Dênis
Vilela.
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MALA DIRETA POSTAL
CONTRATO ECT/DR/MS
E SINDICATO RURAL DE CG
CONTRATO Nº 2204060234
Informativo oficial do Sindicato
Rural de Campo Grande-MS
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EDITOR:
JOSÉ ROBERTO DOS SANTOS
[email protected]
SINDICATO RURAL DE CAMPO GRANDE - TRIÊNIO 2007/2009
DIRETORIA
Presidente
José Lemos Monteiro
Diretores
Ruy Fachini Filho
Gilson Ferrucio Pinesso
Dênis Afonso Vilela
Rafael Gratão
Oscar A. Viana Stuhrk
Wilson Igi
agrícolas em São Paulo. Lá, se você compra um trator, financiado, o Governo de
São Paulo subsidia o juro contratado, desde que o produtor esteja inscrito no programa.
A atividade rural é subsidiada nos países desenvolvidos e com a bancarrota da
rodada de Doha lutar contra subsídios é
dar murro em ponta de faca.
João Sampaio teve a coragem de reiniciar no Brasil uma forma de subsídio moderno, inteligente, simples e barato, abrangendo somente aqueles produtores que
realmente trabalham.
Parabéns, João Sampaio.
Conselho Fiscal
Laucídio Coelho Neto
Abílio Leite Barros
Carlos E. F. Dupas
Armando L. Nocera
Maria Eduarda Thedim
Julio C. Vitoriano
Fone: (67) 3341-2696 - 3341-2758
Delegados Efetivos:
RUA RAUL PIRES BARBOSA, 116
José Lemos Monteiro
Rodolfo Vaz de Carvalho B. MIGUEL COUTO – CAMPO GRANDE – MS
Departamento Comercial
ANA RITA BORTOLIN - 9604-6364
(67) 3026-5014 | 3042-7587
Produção:
VIA LIVRE COM. E AGROMARKETING
(67) 3042-7587
Av. Américo Carlos da Costa, 320
Jd. América – Parque Laucídio Coelho
Campo Grande - MS
TIRAGEM:
10.000 EXEMPLARES
Envie artigos, textos, comentário e sugestões para o Informe
Agropecuário, para o e-mail
[email protected]
Data de entrega de matérias:
30 de cada mês.
Circulação:
Dia 5
4
– Campo Grande-MS, JUNHO de 2009
VITRINE TECNOLÓGICA
INFORME AGROPECUÁRIO
Pastagens com cercas virtuais
Pastagem com precisão em áreas extensas é a promessa da nova tecnologia de pasto sem cerca que está sendo desenvolvida
pela CSIRO (Commonwealth Scientific and
Industrial Research Organisation) – agência
nacional de ciência da Austrália, o equivalente à Embrapa brasileira..
Os cientistas da Divisão de Indústrias da
Pecuária e Tecnologia de Informação e Comunicação juntaram esforços para desenvolver um sistema de controle remoto para
controlar o movimento do gado sem necessidade de barreira física. O Dr. Dave Swain
está fazendo experimentos de campo usando aparelhos eletrônicos presos no gado na
Estação de Pesquisa Belmont da Universidade Central Queensland.
A tecnologia tem grande chance de controlar o gado em áreas extensas com terreno difícil onde o custo com cercas seria inviável. “O uso de redes de sensores sem fio é
uma área de pesquisa que está crescendo
rapidamente e pode beneficiar muito a indústria pastoril do norte”, disse o Dr Swain.
“Além de rastrear e controlar o movi-
mento do gado, a tecnologia pode monitorar parâmetros como temperatura, umidade do solo e crescimento do pasto em tempo real.
“O rebanho pode ser remotamente movido ao redor da propriedade para aproveitamento das reservas de alimento sem sobrepastoreio. Áreas sensíveis como zonas de
mata ciliar ribeirinha podem ser protegidas
excluindo o rebanho delas.
A estação de Pesquisa de Beltmont, uma
propriedade de 3.260 hectares adjacente ao
Rio Fitzroy com vários tipos de pastagens e
espécies de plantas, tem sido um local de
teste ideal para a pastagem sustentável usando a tecnologia do pasto sem cerca.
“Nós estamos estendendo os princípios
básicos de cerca elétrica, exceto que não há
barreira física”, diz o Dr Swain.
Usando um sistema de GPS, as linhas da
cerca podem ser traçadas na área em um
mapa feito no computador com o controle
do rebanho obtido pela combinação de um
som audível e estímulo tátil quando ele alcançar a barreira invisível.
O gado rapidamente aprende a responder ao estímulo sozinho e é contido com
uma precisão de dois a três metros mais do
que 99 % do tempo nos experimentos de
Belmont.
Em um experimento controlando um
rebanho de bois notou-se que alguns animais ficavam dentro da zona de inclusão sem
receber o estímulo auditivo ou tátil. Isso indica que pode ser possível controlar o rebanho colocando o aparelho somente nos líderes. Isso ofereceria o benefício da manipulação de uma menor quantidade de gado
e necessidade de menos aparelhos.
A duração da bateria surgiu como um
dos maiores desafios na aplicação de controle atomatizado de animais em escala
comercial. Com o desenvolvimento da
tecnologia e o aumento da vida útil da
bateria espera-se que a escala da utilização se expanda.Pode ser possível usar as
fontes de energia solar e cinética para
aumentar a vida útil da bateria. Diminuindo o tamanho do GPS conservaria energia. Bons resultados também foram al-
Dave Swain: O fim das barreiras físicas
cançados utilizando os aparelhos 75% do tempo.
Outra possibilidade é alternar o monitoramento entre os animais dentro do rebanho, economizando, assim, energia.
A pesar dos desafios e dificuldades técnicas, o Dr Swain diz que o pasto sem cerca
ofereceu uma promessa significante para o
controle do gado no futuro.
Nota do Editor: Texto traduzido de
resumo de palestra realizada no evento “Beef
2009”, na Austrália.
HORIZONTES DA PECUÁRIA
Protegendo a Austrália do vírus FMD
O assunto sobre se o vírus ativo da
aftosa deve ou não ser importado para a
Australia tem sido a causa de muito debate entre os cientistas e a indústria pecuária. Preocupações têm emanado do setor
pecuário sobre uma recomendação do recente estudo de Beale dos esquemas de
biosegurança e quarentena da Austrália.
O estudo revelou que a importação
das amostras de vírus deve ser permitida
sob autorização restrita para instalações
de alta segurança, tais como o Laboratório de Saúde Animal Australiano da CSIRO (AAHL).
No entanto, a CSIRO não tem planos
de solicitar permissão governamental para
importar o vírus ativo da aftosa para propósitos de pesquisa, diz o Dr. Martyn Jeggo, um dos líderes membros da Aliança
de Pesquisa Global da Aftosa.
Os controles de quarentena têm mantido a Austrália livre da aftosa. No entanto,
a ocorrência de um foco, teria um impacto devastador no setor da agricultura.
Dr. Martyn Jeggo, da Csiro, Austrália
Resultaria num fechamento do dia para
a noite de todos os mercados das comodities da pecuária, incluindo carne, lã e derivados do leite. Isto poderia equacionar
uma perda de 13 billhões para um surto
de 12 mêses.
“Ainda há muita coisa que não sabe-
mos sobre a FMD (aftosa) e para melhor
entender o vírus os cientistas precisam estudar os animais infectados pela doença”,
diz o Dr Jeggo.
Em muitos casos foi possível trabalhar
com o vírus na forma inativa e os cientistas da CSIRO têm feito isso por muitos anos
para assegurar uma resposta eficaz a qualquer surto.
“No entanto, para desenvolver rapidamente o melhor instrumento de diagnóstico e para entender como o vírus afetaria os animais australianos, os cientistas
precisam trabalhar com o vírus ativo”, diz
o Dr Jeggo.
Para ajudar a manter a capacidade
nesta área, os cientistas da CSIRO estão
planejando uma pesquisa de campo em
países onde a FMD já existe, incluindo Laos,
Vietnam e Indonésia.
Esse trabalho futuramente dará suporte ao nosso preparo para combater qualquer surto na Austrália e também ajudar a
reduzir os riscos naqueles países, diz o Dr
Jeggo. Se a importação do vírus da aftosa ocorrer em alguma fase no futuro, o Dr Jeggo disse que o Laboratório
de Saúde Animal da Austrália (AAHL) foi
a única estrutura projetada e equipada
para trabalhar seguramente com a doença.
O AAHL foi construído para assegurar
a contenção da maioria dos agentes infecciosos conhecidos. É sem dúvida o Laboratório de alta segurança mais avançado e
sofisticado do mundo, diz o Dr Jeggo.
“Eu gostaria de assegurar à indústria
pecuária que a CSIRO reconhece sua legítima preocupação com a importação do
vírus ativo. Não há planos de buscar a autorização da importação e se isto mudar
no futuro nós nos comprometemos de que
haverá uma ampla consulta no setor pecuário e outras partes interessadas.
Nota do Editor: Texto traduzido de
resumo de palestra realizada no evento “Beef
2009”, na Austrália.
INFORME AGROPECUÁRIO
PECUÁRIA DE CORTE
Campo Grande-MS, JUNHO de 2009 –
5
Produzir uma arroba custou R$ 79,47 em maio
Pesquisa é realizada a partir de convênio da Embrapa-CNPGC com o Sindicato Rural de Campo Grande
Fernando Paim Costa
Eduardo Simões Correa
Há um ano a Embrapa Gado de Corte,
em parceria com o Sindicato Rural de Campo Grande, passou a divulgar o custo de produção da arroba do boi gordo e alguns outros indicadores de uma fazenda típica da
região de Campo Grande - MS. Aproveitamos essa oportunidade para deixar claro o
seguinte: a) nas análises realizadas, considera-se um sistema de produção que se encontra na base da pirâmide dos produtores
do Estado, com baixa produtividade (capacidade de suporte das pastagens de 0,6 unidades-animal/ha, natalidade de 60%, primeira cria das fêmeas com 42-46 meses de idade e abate de machos entre 42 e 48 meses
de idade) e escala relativamente pequena
(1.200 ha de pastagens) para uma atividade
de ciclo completo - cria, recria e engorda; b)
com esse sistema, que representa a maioria,
convivem inúmeros produtores mais eficientes, cujos resultados zootécnicos e econômicos são certamente melhores. Em função disso, os números aqui apresentados
devem ser vistos como uma referência ou
um pano de fundo para as tomadas de decisão no ambiente público e na esfera privada, devendo cada produtor calcular seu custo de produção particular, sem o que a boa
gestão fica comprometida.
Antes de abordarmos os dados de maio
de 2009, cabe recordar a definição dos principais indicadores utilizados: desembolsos:
despesas que implicam em pagamento dire-
to pelo produtor, obrigando-o a efetivamente “por a mão no bolso” (por exemplo, compra de insumos e pagamento de mão-deobra); custo operacional: soma de desembolsos, depreciações e pró-labore; custo
total: custo operacional acrescido dos juros sobre o capital imobilizado na fazenda; margem bruta: receita total menos desembolsos; margem operacional: receita
total menos custo operacional; lucro: receita total menos custo total. O custo da
pastagem, de grande peso no custo total,
recebeu um tratamento diferenciado, sendo apresentado de duas formas: como o
valor de seu aluguel ou como a soma da
depreciação e dos juros referentes a seu
custo de formação.
Quanto à receita total, maio de 2009
mantém a tendência de queda registrada
Tabela 1. Receita anual de uma fazenda típica de cria, recria e engorda Mato Grosso do Sul - Região de Campo Grande - maio de 2009.
desde agosto do ano passado, com um valor
anual em torno de R$ 196.000,00 (Tabela 1).
Este comportamento reflete a redução no
valor recebido pela arroba do boi gordo
ocorrida nos últimos meses (86,00, 85,50,
75,00 e 67,91 reais em agosto e novembro
de 2008, e em fevereiro e maio de 2009,
respectivamente).
6
– Campo Grande-MS, JUNHO de 2009
PECUÁRIA DE CORTE
Na Tabela 2 mostra-se o custo total e sua estrutura, para a opção em que o custo da
pastagem é calculado segundo o valor de seu aluguel.
Tabela 2. Custo anual de uma fazenda típica de cria, recria e engorda
Mato Grosso do Sul - Região de Campo Grande - maio de 2009.
INFORME AGROPECUÁRIO
O custo por arroba do boi gordo pode ser visto na Tabela 4, verificando-se que o custo
operacional é coberto com certa folga, o que permite repor instalações e equipamentos
desgastados, ao final de sua vida útil. Por sua vez, o custo total unitário está acima do preço
recebido pelo produtor, sob qualquer critério de cálculo. Isto significa que a fazenda está
sofrendo um certo processo de descapitalização, já que os juros sobre o capital nela imobilizado não são compensados na íntegra.
Tabela 4. Custo total e custo operacional do boi gordo em uma fazenda
típica de cria, recria e engorda - Mato Grosso do Sul - Região de Campo
Grande - fevereiro de 2009
Fechando-se um ano de análise, julgou-se oportuno expor alguns dados na forma de
gráficos (Figuras 1 e 2).
O custo de produção total da fazenda
típica em maio de 2009, da ordem de 214
mil reais, é menor que o de fevereiro último,
quando estava ao redor de 226 mil. Nesse
caso, isso se deve principalmente ao fato do
custo da pastagem, calculado como aluguel,
estar vinculado ao valor da arroba do boi
gordo, que sofreu redução. A mesma situação de decréscimo ocorre quando o custo
da pastagem foi calculado como depreciação + juros, tendo o custo total caído de
238 mil para 229 mil, dada a queda no preço de alguns insumos, instalações e operações agrícolas.
Da mesma forma que o ocorrido na avaliação feita em fevereiro último, as margens
calculadas pioraram nos três últimos meses
(Tabela 3), com a queda na receita tendo um
impacto maior do que a redução nos custos.
Nota-se, ainda na Tabela 3, que os resultados são melhores quando o custo da pastagem é expresso na forma de aluguel.
Tabela 3. Margens econômicas anuais de uma fazenda típica de cria, recria
e engorda - Mato Grosso do Sul - Região de Campo Grande - maio de 2009.
Observa-se que, após um período de recuperação que teve seu pico em meados do ano
passado, os indicadores econômicos praticamente voltaram aos patamares de um ano atrás,
como atesta a semelhança entre os números de maio de 2008 e maio de 2009. Vale agora
observar a evolução de custos e preços no segundo semestre, quando a menor oferta de
bovinos tende a melhorar as perspectivas econômicas da atividade.
INFORME AGROPECUÁRIO
GENÉTICA
Campo Grande-MS, JUNHO de 2009 –
7
Avanço tecnológico em reprodução de gado
Um touro que possa transmitir o sêmen
de outro touro por monta natural pode em
breve ser uma realidade, graças ao avanço
tecnológico feito pelos cientistas da CSIRO
(Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation) – agência nacional de
ciência da Austrália, que promete monitorar
rapidamente a proporção do ganho genético para a indústria de gado da Austrália.
Usando a tecnologia de transplante de células germinativas, as células do sêmen de um
touro podem ser transportadas no sêmen do
animal substituto. A técnica foi comprovada
usando carneiro nas experiências dos laboratórios de pesquisas da CSIRO na Armidale, NSW,
onde uma quantidade de cordeiros nasceram.
Um trabalho ensaio de gado começou em
Brisbane em abril de 2009, com os primeiros
bezerros concebidos naturalmente dos touros substitutos obtidos em pouco tempo.
A CSIRO Food Futures Flagship Stream
Leader Sigrid Lehnert disse que o uso da tecnologia foi primeiramente australiana e tinha
sido anteriormente alcançada em experiências no exterior com ratos e cabras.
A tecnologia tem o potencial para trans-
mitir os benefícios da inseminação artificial
ao extensivo sistema de produção de carne
do Norte da Australia, usando os touros substitutos na monta natural.
Durante o trabalho de pesquisa inicial
feito em carneiro, o objetivo foi desenvolver
meios alternativos de inseminação artificial
para cruzar naturalmente raças de gado de
corte em ambientes hostis.
A técnica de transplante de células germinativas poderia ser usada para produzir
bezerros híbridos em montas com fêmeas
Brahman, por exemplo usando células de um
touro Angus. A disseminação da genética da
elite Brahman por touros Brahman de baixa
qualidade também é uma possibilidade.
Nos últimos 50 anos, as indústrias intensivas de animais têm sido capazes de explorar
as proporções do progresso genético realizados pela inseminação artificial, enquanto o
sistema de produção que prevalece no Norte
da Austrália tenha se perdido.
“Podemos usar uma infusão da genética
para produzir bezerros com características
econômicas mais desejáveis usando touros
que são adaptados ao ambiente tropical”, diz
o Dr Lehnert.
A raça de touro européia naquela parte
do país não se desenvolveria no calor tropical e nem mesmo sobreviveria. Espera-se que
a tecnologia abra novos mercados para produtores oferecendo um método mais eficiente de multiplicação de animais superiores.
“Poderia se fundamentalmente alterar o
modo pelo qual a genética do gado de elite é
transmitida”, diz o Dr Lehnert.
Ainda há muito trabalho a ser feito antes
que a técnica possa ser usada comercialmente. Por exemplo, encontrar meios eficientes
para preparar os testículos do receptor para
o transplante é uma barreira tecnológica que
precisamos superar. Mas agora que o conceito de prova foi alcançado, a CSIRO pode trabalhar com a indústria na próxima fase da
pesquisa, diz o Dr Lehnert.
A tecnologia de ponta é usado para coletar as células tronco espermatogonial dos testículos do animal doador. Elas, então, são implantadas nos testículos do animal receptor
após ter sido temporariamente esterilizado.
Os cientistas também estão trabalhando
em métodos para estimular as células tronco
a multiplicarem-se em laboratório com o objetivo do cultivar células suficientes de um
animal superior para povoar os testículos de
muitos receptores.
Nota do Editor: Texto traduzido de
resumo de palestra realizada no evento “Beef
2009”, na Austrália.
8
– Campo Grande-MS, JUNHO de 2009
ASSOCIAÇÕES
Foto: Marco Miatelo/VIA LIVRE
Acrissul empossa nova
diretoria, sob presidência
do criador Chico Maia
O novo presidente da Acris-sul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul),
Chico Maia, tomou posse na do dia 25 de
maio para dirigir a entidade no biênio 20092011. Em concorrida cerimônia no recéminaugurado Centro de Eventos Hélio Martins Coelho, no Parque de Exposições Laucídio Coelho, criticou a pesada carga tributária imposta ao setor produtivo rural. “Eu
assumo o lado do produtor rural ao afirmar
que a sua luta será o meu compromisso e
digo que estaremos sempre divergindo do
Estado e da União se continuarem taxando
o setor produtivo rural. Nós não suportamos mais a carga tributária imposta”, avisou.
Chico Maia destacou ainda que hoje o
Rio Paraná se tornou uma barreira intransponível na questão tributária, pois do outro
lado do rio a tributação é uma e aqui é outra, com os tributos bem maiores, mas que a
classe produtora unida não vai se abater e
adotará o slogan ‘Rumo ao desenvolvimento’ do governador André Puccinelli. “Não dá
para ficar como está. Nós não suportamos
mais tantos impostos”, discursou, reforçando que vai estar ao lado do Governo do Es-
tado cada vez que ele apoiar o produtor, os
assentados e os pequenos produtores, prometendo divergir quando o Governo estiver
conduzindo uma política de altas taxas.
Na avaliação do novo presidente da
Acrissul, o imposto sobre o óleo diesel atualmente prejudica os produtores rurais e para
que o cenário mude o Governo resolva esse
imbróglio. “O diesel é um dos principais insumos da produção, mas também é que tem
a maior carga tributária no Estado”, destacou, reforçando que o Parque de Exposições é a casa do produtor rural, onde ele
traz sua alegria e por isso espera continuar
contando com o apoio do governador na
realização da Expogrande. “Precisamos de
todo o apoio da classe política para vencermos o desafio de presidir a Acrissul, mas é
esse desafio que nos renova”, ressaltou.
APOIO
Com as presenças do governador André Puccinelli, dos senadores Delcídio do
Amaral e Valter Pereira, dos deputados federais Waldemir Moka e Dagoberto Nogueira,
dos deputados estaduais Reinaldo Azambuja, Marcio Fernandes e Zé Teixeira, além do
INFORME AGROPECUÁRIO
Franisco Maia: “Assumo a posição do produtor. É esse desafio que nos renova”
vice-prefeito Edil Albuquerque, do presidente da Câmara Municipal de Campo Grande,
Paulo Siufi, e vários vereadores, a cerimônia
de posse foi marcada pela declaração aberta de apoio ao novo presidente da Acrissul.
“Acompanho, desde os tempos de prefeito
da Capital, as vicissitudes da Acrissul e posso
dizer ao Chico Maia que a posse é o epílogo
da lua de mel e o início do trabalho. Desejo
ao Laucídio Coelho Neto os parabéns pelos
10 anos à frente da entidade e ao Chico quero todo o sucesso do mundo. Conte com o
respeito e a parceria do Estado”, disse Puccinelli. O presidente do Sindicato Rural de
Campo Grande, José Lemos Monteiro, participou da cerimônia de posse.
Já o senador Delcídio do Amaral fez questão de destacar o trabalho executado por
Laucídio Coelho Neto que soube vencer as
dificuldades e garantir a realização da Expogrande nos últimos dez anos. “Agora chegou a hora de passar a espada para o Chico
Maia, pois é natural esse processo de renovação, e ele poderá contar com o apoio de
toda a classe política do Estado em Brasília
(DF)”, disse, reforçando que as próximas edições da Expogrande também contarão com
patrocínio do Ministério do Turismo. “O Ministério decidiu apoiar a exposição, pois é
uma festa que atrai muitos empresários de
negócios, tanto de dentro como de fora do
País”, ressaltou.
INFORME AGROPECUÁRIO
CRÉDITO RURAL
Campo Grande-MS, JUNHO de 2009 –
9
Produtor rural prejudicado pela estiagem poderá
renegociar a sua dívida
André Patroni – Sato Comunicação
O Conselho Monetário Nacional (CMN)
autorizou na quinta-feira (28) a possibilidade de renegociação das dívidas da agricultura empresarial nos municípios atingidos
pela seca na Região Sul e por enchentes nas
Regiões Norte e Nordeste. Os municípios de
MS que decretaram Estado de Emergência
por conta da estiagem também serão beneficiados com a medida. O benefício já tinha
sido concedido à agricultura familiar, em
reunião extraordinária do CMN realizada há
pouco mais de dez dias.
A Federação da Agricultura e Pecuária
de MS – FAMASUL levou a solicitação à Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA que demandou o Governo Federal
para rever os débitos, principalmente daqueles municípios que sofreram com a estiagem.
O Departamento Técnico da entidade fez um
levantamento que subsidiou a Confederação
e, consequentemente, a aprovação da solicitação.
O secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Gilson Bittencourt, informou que, para a Região Sul,
serão automaticamente prorrogados para
15 de agosto os prazos de pagamento das
parcelas que venceram entre 1º de janeiro e
28 de maio. Para os municípios do Norte e
Nordeste, serão prorrogadas automaticamente para 15 de outubro as parcelas que
venceram a partir de 1º de abril e as que
vencerão até 14 de outubro.
Bittencourt disse que a prorrogação é
para manter o estado de adimplência dos
produtores rurais nesse período. O secretário disse que o foco central da medida é o de
evitar que os agricultores sejam punidos por
multas e encargos pelo não pagamento das
parcelas do crédito rural nos prazos de vencimento.
O CMN permitiu a prorrogação por um
ano, após a última prestação, das operações
de custeio que já foram prorrogadas e das
operações de investimento. Além disso, os
agricultores poderão negociar a prorrogação em até três anos, com início do pagamento em 2010, das parcelas de custeio da
atual safra, desde que não estejam amparados por nenhum seguro, como o Proagro.
Prorrogação de prazos é para permitir a condição de inadimplência dos atingidos
Nos dois casos, a prorrogação pode ser
solicitada à instituição financeira pelos produtores dos municípios em estado de emergência decretado entre 1º de dezembro de
2008 e 13 de maio de 2009 com reconhe-
cimento pelo governo estadual até 27 de maio,
e para os produtores dos Estados do Nordeste que tenham decretado estado de emergência entre 1º de abril e 27 de maio e com reconhecimento pelo Estado até 1º de junho.
Perdas com o milho safrinha em Dourados supera os 50%
A perda estimada para o milho safrinha
na região de Dourados, devido à falta de
chuvas, é superior a 50%. Segundo a Estação Meteorológica da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), as chuvas ocorridas na primeira quinzena de maio deste ano
totalizaram 21 mm, representando apenas 19%
da média histórica de 30 anos, que é de 113
mm. O pesquisador Ricardo Fietz ressalta que
nos últimos quatro anos as chuvas em maio
foram inferiores à media mensal: 2005 (47 mm),
2006 (17 mm), 2007 (54 mm) e 2008 (40 mm).
“As chuvas insuficientes ocorridas em
Dourados não podem ser generalizadas para
toda a região sul de Mato Grosso do Sul.
Com base nos registros de algumas estações
meteorológicas do Instituto Nacional de
Meteorologia [Inmet), verifica-se que em al-
guns municípios da região ocorreram chuvas mais significativas em maio”, explica Fietz. Entre estes municípios estão: Sete Quedas com 147 mm, Ponta Porã com 109 mm,
Amambai que teve 90 mm, Ivinhema com 56
mm e Sidrolândia com 55 mm.
10 – Campo Grande-MS, JUNHO de 2009
CAPA
INFORME AGROPECUÁRIO
João Sampaio mostra as vantagens do subsídio rural
Na curta passagem por Mato Grosso do
Sul, o secretário de Agricultura do Estado
de São Paulo, João Sampaio, esteve no Sindicato Rural de Campo Grande para falar sobre o seguro de preços implantado na região com o intuito de beneficiar os paulistanos.
De acordo com o presidente do Sindicato da Capital, José Lemos, o ‘diferencial’ é
que “o mercado se comporte com lucro acima da produção”. Ele cita como exemplo a
ser seguido por Mato Grosso do Sul, o programa do governo do Estado de São Paulo
que subsidia os donos de fazendas que já
possuem lucros acima da produção.
No Estado a equipe técnica da Secretaria de Agricultura criou o Feap (Fundo de
Expansão do Agronegócio Paulista) que sobrevive capturando a receita de royalts de
minas de exploração. Em média o valor arrecadado era de R$ 11 milhões. Sem gastar
muito com pequenos produtores e acumulando valores que chegaram a R$ 80 milhões
em caixa, foi decidido em consenso investir
no médio produtor que não tem nenhum
incentivo federal se comparado com os agricultores familiares.
Na época, a Secretaria de Agricultura
tinha de R$ 17 milhões a R$ 20 milhões por
ano. Normalmente os recursos eram para
aquisição de maquinário. “Para o produtor
rural o dinheiro já é pouco. Então, resolvi
colocar na mão dele [produtor] os recursos
para gerar o crescimento exponencial”,
aponta.
O secretário diz que a aposta beneficia
a classe em média com renda bruta de R$
400 mil/ano e até 200 hectares. Esses proprietários como pessoa jurídica tinham limite de movimentação de R$ 2,4 milhões. Os
agentes financeiros são o Banco do Brasil e
a Nossa Caixa S/A que subsidiaram juros de
3% ao ano. Os prazos de pagamento variavam em até sete anos dependendo da atividade agrícola. “Decidi aplicar os R$ 80 milhões que estavam no caixa da agricultura e
Foto e texto: Alessandra Messias
João Sampaio: “Sistema beneficiou os mais diversos setores do agronegócio paulista”
em ambiente protegido em setores do agronegócio”, destaca.
Foram beneficiados com este sistema a
agroindústria, cafeicultura, desenvolvimento regional sustentável, flores e plantas ornamentais, fruticultura, psicultura, produção de carne e leite e, ainda, máquinas e implementos agrícolas, que tiveram a parceria
do Finame – programa do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social). Uma vaca, por exemplo, pode ser financiada. A carência dura até três anos.
Em um ano o pedido de financiamento
para caprinos teve uma demanda de R$ 30
milhões. Para o produtor que precisava de
um trator, em parceria com o governador
José Serra, foi aprovado financiamento a juro
zero. Sob a subvenção do governo estadual
estava garantida a compra de seis mil tratores com potência de 50 a 120 cv de seis
marcas distintas. O prazo de pagamento é
de cinco anos e ainda tem desconto de 20%.
SEGURO RURAL
O seguro rural paulista atua sobre duas
modalidades: seguro de produção e de renda. Dessa forma há subvenção de 50% ao
prêmio contra intempéries climáticas e subvenção de 50% ao prêmio do seguro de venda. O secretário conversou com o ministro
Guedes Pinto e o governo federal garantiu o
pagamento de 50% do contrato. Já, o governo estadual em contrapartida assumiu os
outros 50%. O agente autorizado da União é
o Banco do Brasil que atua realizando o custeio e, assim o governo paga a seguradora.
Em um ano foram realizados 1,3 mil contratos.
Outro problema enfrentado no Estado era que já havia o seguro de produção,
mas não tinha o de renda e garantia de
emprego. No seguro de renda, o governo
estadual investiu R$ 9 milhões e limitou
R$ 24 mil por produtor/ano. O prazo de
pagamento é de dois a três anos para pagar e “creio que em breve teremos a parceria do governo federal para bancar 50%
dos empréstimos. Estamos investindo no
produtor e em quem gera emprego e renda”, complementa.
Para evitar a perda de animais com a
possibilidade da entrada da febre aftosa em
São Paulo, o seguro para sanidade sai a R$
0,06 por animal/ano. Algumas seguradoras
como: Alianz Seguros S/A, Cia de Seguros
Aliança do Brasil, Mapfre Vera Cruz Seguradora S/A, Nobre Seguradora do Brasil S/A e
Porto Seguro apóiam estes investimentos na
produção e no proprietário rural. Outra parceria que envolve o Banco do Brasil e o governo do Estado de São Paulo é o crédito
para quem produz commodities. Em 2006,
o banco financiava em custeio uma média
de R$ 700 milhões, o número saltou para R$
4,3 bilhões em 2008 com taxa de inadimplência de 2,5% ao ano.
INFORME AGROPECUÁRIO
EVENTOS NO SINDICATO
Campo Grande-MS, JUNHO de 2009 –
11
Fotos e texto: Alessandra Messias
Mercado bovino pode
ser protegido na Bolsa
Atualmente efetuar compras e vendas
na bolsa de valores se tornou um negócio
lucrativo e de fácil movimentação para donos de ruminantes que pretendem proteger
o preço pago por cada animal. Atento á realidade, Sindicato Rural de Campo Grande
sediou a palestra: “Flutuação do Preço do
Boi e Fatores que Influenciam Contratos da
Bolsa”, ministrada por João Pedro Cuthi Dias,
consultor de fomento do Centro-Oeste da
BM&F Bovespa.
Presente na palestra, a secretária de Produção e Turismo, Tereza Cristina Corrêa da
Costa Dias, afirmou que Mato Grosso do Sul
tem sofrido nos últimos 10 meses com o fechamento de frigoríficos e mesmo com um
custo de produção com valor da arroba do
boi maior, espera para a pecuária um cenário mais otimista.
“Quando a pecuária se recompunha teve
sérios problemas na cadeia de carne. Temos
que repensar a pecuária brasileira e como
fazer para ganhar dinheiro. O caminho é
verificar as oscilações e com novas idéias e
criatividade sair do círculo vicioso em que
estamos”, aponta Tereza Cristina.
A secretária continua: “temos que usar
a tecnologia, pois sabemos produzir, mas
não conseguimos comercializar. O Brasil é
um produtor nobre, mas a indústria tem prejuízo e nos dá prejuízo”.
João Pedro Cuthi inicia a palestra informando que cresceu o consumo de carne das
classes mais baixas e com isso, aumentou o
consumo de carne no mundo. Ele aponta que
no plano real o que explodiu foi o consumo de
frango e produtos lácteos. A cada dois frangos
exportados no mundo, um é brasileiro. O consumo no mercado interno de frango é de 5,4%
ao ano e a demanda para suprir essa cadeia é
de 380 milhões de toneladas de milho e farelo
de soja. Já o consumo da carne suína ainda é
acanhado e está na margem de 2,3% ao ano.
“Não haverá mais crescimento na demanda da carne bovina porque não tem mais
espaço físico. A carne de boi se tornará um
nicho de mercado para quem tem maior
poder aquisitivo”, prevê Cuthi.
Ele lembra que o câmbio começou a
subir quando o ex-governador de Minhas
Gerais, Itamar Franco, criticou a política de
Fernando Henrique Cardoso dizendo que
FHC prejudicava o produtor. Assim, as exportações das commodities brasileiras superaram as expectativas.
O consultor aponta que o Brasil tem
concorrentes como Austrália, Índia, Estados
Unidos, Argentina e União Européia, entre-
tanto, todos estes mercados enfrentam problemas de ordem climática, política, doenças nos animais ou no câmbio. A Rússia é um
grande comprador brasileiro, mas os chilenos que importavam até 100 mil toneladas
por ano deixaram de comprar do Brasil.
Em 2006 e 2007, o mercado bovino
perdeu em valor por dificuldades de gerar
renda. A venda maior das fêmeas fez o preço da carne cair, pois diminuiu a oferta e,
conseqüentemente subiu o preço do bezerro que hoje está na faixa de R$ 1 mil.
O rebanho bovino de Mato Groso do
Sul caiu de 25 milhões de cabeças para 24
milhões. Há três anos atrás a arroba era comercializada a R$ 60. Na entressafra do ano
seguinte por R$ 72 e no ano passado chegou ao ápice de R$ 102. No primeiro quadrimestre de 2009, a arroba do boi em São
Paulo custa R$ 86 e no Estado até R$ 10 a
menos, o que tem trazido compradores paulistas para MS. “Antes a diferença era de R$ 2
ou R$ 3, mas o valor é 15% menor do que o
praticado em São Paulo, mesmo que eles
comprem aqui e levem para lá pagando ICMS
e frete”, explica.
Por meio da bolsa de valores, o produtor pode se adiantar e segurar o preço pago
pelo seu animal no mercado futuro. O preço
à vista sofre influências que podem afetar
esse preço tanto para cima quanto para baixo até a data da produção, isso vale para
agricultura e pecuária.
De janeiro de 2008 a abril de 2009 houve uma diferença negativa de 30 milhões de
toneladas, um superávit de empregos gerados e um mercado aquecido. Mesmo com
problemas de crédito o Brasil deixou de exportar e voltou a produção para o mercado
interno, sendo absorvida a R$ 90 a arroba
paga à vista em SP.
O mercado futuro da bolsa serve para
analisar o preço do boi pronto para vender e
é bom quando gera lucro em ano de preço
bruto. Dentro dos contratos futuros há uma
modalidade chamada opções que pode ser
comprada, com ela tem-se o direito de venda
e compra de arrobas. Por exemplo, se na opção for definida que a arroba vale R$ 86 e o
preço subir para R$ 89, o comprador paga o
prêmio de R$ 3 e pode vender dentro de seis
meses o boi que estava no pasto esperando o
abate a R$ 86, R$ 87, R$ 88 a arroba.
O segundo palestrante, Marcelo Gumieiro, analista da Coinvalores S/A, potencializou as operações na bolsa de valores, tratou da gestão de riscos e futuros agropecuários. Ele destacou que a bolsa sempre está
João Pedro Cuthi Dias, da BM&F
Marcelo Gumieiro, da Coinvalores S/A
em constante volatilidade, por isso, sofre
variações de risco positivas e negativas. “Os
riscos de crédito tem medida de probabilidade de não recebimento de um valor da
contraparte. O importante é identificar cada
fator de risco. Normalmente a variação de
preço afeta o dia-a-dia de quem compra e
vende”, especificou.
Marcelo Gumieiro explicou que há derivativos, contratos que podem preservar o futuro
da atividade, dentro dele há o hedge e os especuladores. “O hedge protege o preço. Vende-se
a produção e segura o preço. A proteção aos
contratos é uma posição inversa ao apostador
ou especulador que compra para lucrar e re-
vender, mas ele compra e paga”, apontou.
Com o boi engordando no pasto é possível comprar e vender na bolsa com os meses definidos. Há meses que a rentabilidade
será maior e noutros pode ser menor. Na
hora da negociação há um leilão com quantidade e preço pré-determinados, se houver
compra na liquidação o valor é depositado
como calção.
Numa operação de confinamento, Marcelo aconselha a definir o custo de produção, de insumos e manutenção, “analisando
o resultado dá para prever o total que pode
ser arrecadado com a venda de contratos
futuros na bolsa”, concluiu.
12 – Campo Grande-MS, JUNHO de 2009
MEIO AMBIENTE
INFORME AGROPECUÁRIO
Sindicato Rural expõe mudanças do
Código Florestal ao senador Valter Pereira
Com o intuito de nortear os trabalhos do Senado sobre a reforma do Código Florestal Brasileiro, foi realizada na
manhã do dia 29 de maio, uma reunião
no Sindicato Rural de Campo Grande,
que levantou questões relevantes e foram debatidas com o senador sul-matogrossense Valter Pereira. Além do presidente da entidade, José Lemos Monteiro, participaram do encontro ainda o
presidente da Acrissul, Chico Maia, o
presidente do CRMV-MS, Osmar Bastos,
o presidente do Sindicato dos Médicos
Veterinários (Sindivet), Eduardo Strang,
entre outros. Valter Pereira preside a
Comissão de Agricultura do Senado.
A proposta de reforma no Código faz
com que ambientalistas e ruralistas divirjam sobre as possíveis mudanças no
regulamento. Com mais de 40 anos de
Código Florestal e o contínuo avanço da
mecanização agrícola, das monocultoras
e da pecuária extensiva, os ruralistas
apontam a necessidade de atualização do
mesmo.
Todos esses avanços geram ainda
mais divergências entre esses dois segmentos. Foi colocado em questão o estudo da Embrapa, onde afirma que 29%
do território brasileiro estaria livre para
a atividade agropecuária - ou 245,5 milhões de hectares. Os ruralistas pretendem reduzir percentuais de conservação
obrigatória e sugerir maneiras ecologicamente corretas em manter a área sem
desmatamento. Entre tantas questões levantadas, foram discutidas também, a
redução da carga tributária e controle da
sanidade animal.
“O agronegócio contribui na formação de mais de 1/3 no PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. E para Mato Grosso do Sul esse segmento é o mais relevante e que torna o Estado destaque no
ramo”, ressalta o senador Valter Pereira.
Na ocasião, o parlamentar se mostrou
Novas regras de comercialização
para sementes de pastagens
Uma nova Instrução Normativa do MAPA para
a safra 2008/2009 traz expectativa de melhoria e benefícios para o setor. A Instrução Normativa determina que seja elevada a porcentagem mínima de sementes puras de algumas
espécies de forrageiras (como exemplo as Brachiarias, com índice de pureza elevado de
40% para 60%), sendo assim o VC mínimo
comercializado será de 36% (60% pureza X
60% germinação).
O novo pacote de regras pode gerar
algumas duvidas em relação à aceitação dos pecuaristas à essa nova realidade. Uma vez que o pecuarista acostumado com sementes de baixo padrão
agora terá que se ambientar com novos e mais altos índices de Valor Cultural
(VC%) como 36% e 48% e 75%.
Outra questão importante é atentar para a
dificuldade do órgão fiscalizador, devido às dimensões territoriais e ao grande numero de estabelecimento a serem fiscalizados como empresas,
produtores e revendas. Essa dificuldade acarreta
em uma desvantagem para as empresas que priorizam a qualidade de seus produtos e que respeitam a lei imposta pelo MAPA, em relação às empresas que ofertam sementes fora dos padrões estabelecidos ou piratas.
Marcos Paulo M. Corrêa, Engenheiro Agrônomo e Supervisor de
Vendas da Sementes Manejo
Foto e texto: Cibele Sodré
Senador Valter Pereira, pres. SRCG, José Lemos Monteiro, e Chico Maia (Acrissul)
parceiro do agronegócio como alicerce da
economia e defensor da reforma agrária.
Na ocasião foi levantada a necessidade de uma nova discussão, convocan-
do também outras autoridades, como o
governador do Estado André Puccinelli. A data da nova reunião ainda não foi
confirmada.
Cupins de montículo
Milton Folino
Os cupins de montículo pertencentes à espécie Cornitermes cumulans são insetos que comumente infestam as pastagens. Trata-se de um
grupo de insetos sociais que vivem em ninhos
que apresentam uma porção visível na superfície
do solo, os chamados cupinzeiros. Estes insetos
predominam em áreas menos sujeitas à mecanização, como as pastagens. Desta forma, caso não
haja a preocupação de controlá-los, pastagens mais
velhas tenderão a apresentar níveis de infestação
mais elevados.
Não existem comprovações quanto aos danos causados por estes insetos ás pastagens, mas
é certo que em áreas altamente infestadas ocorre
a redução da área útil, limitam a movimentação de
máquina e animais, assim dificultando o manejo
da área. Outro inconveniente é que estas estruturas podem servir de abrigo para animais como cobras, aranhas, abelhas, roedores, escorpiões, etc.
Uma das formas de controle deste inseto é a
ação de inimigos naturais como pássaros, lagartos, aranhas, formigas, roedores, lagartos, tamanduás e tatus. Outra forma é a ação mecânica realizada com implemento acoplado à tomada de força
do trator e fazendo-se a total destruição do cupin-
zeiro, mas este método sofre ação de variáveis como
tamanho do cupinzeiro, tipo de solo, relevo do solo,
etc e também pode ocorrer a reincidência da formação de outro cupinzeiro no mesmo local .
Entre as formas de controle destaca-se o controle químico, que são as aplicações de inseticidas.
Para a aplicação se faz necessário o uso de uma
barra de ferro de aproximadamente 80 cm com diâmetro de 1 polegada e uma marreta . Com este
vergalhão se faz uma perfuração perpendicular ao
cupinzeiro até que atinja o centro do mesmo. A
primeira camada do cupinzeiro é de consistência
muito dura, mas seu interior é formado por material
pouco resistente. Depois de fazer a perfuração do
cupinzeiro, deve-se colocar de 2 á 3 pastilhas de
Gastoxin no interior do furo para que estas possam
ir parar no centro do mesmo . Tampa-se o furo e
após aproximadamente 5 dias, o cupinzeiro pode
ser destruído .
A espécie mais comumente encontrada é a Cornitermes cumulans, porém há outras espécies de
cupins presentes nas pastagens que também constroem montículo como o C.bequaerti e Syntermes
sp sendo que em todos eles devemos implementar
o controle semelhante .
Como podemos ver insetos não acabam, mas
com técnicas e produtos podemos controlá-los.
INFORME AGROPECUÁRIO
MERCADO
Campo Grande-MS, JUNHO de 2009 –
13
André promete avaliar importação de gado paraguaio
O governador de Mato Grosso do Sul,
André Puccinelli, prometeu estudar melhor
a liberação da importação de gado do Paraguai para abate em frigorífico na fronteira com aquele país. A garantia foi dada durante reunião ocorrida no final da manhã
da terça-feira, 2 de junho, na Governadoria, envolvendo o presidente da Acrissul,
Chico Maia, o secretário da entidade Cezar
Machado, o segundo secretário Habib Rezek Júnior, o tesoureiro Luiz da Costa Vieira Neto, além do presidente do Sindicato
Rural de Campo Grande, José Lemos Monteiro. A secretária de Produção, Tereza Cristina, também participou do evento.
André Puccinelli garantiu durante o encontro que não irá tomar nenhuma decisão sem antes consultar as lideranças rurais, e que não “decidirá nada que venha
contra aos interesses do agronegócio sulmato-grossense”.
Chico Maia diz que saiu do encontro
confiante de que o governador tomará
uma decisão em favor do setor rural. Para
ele, o governador foi receptivo às reivindicações do setor ruralista de não abrir o
mercado, pois isso prejudicaria sobremaneira toda a cadeia produtiva da pecuária,
terminando por afetar também o fisco.
A preocupação da entidade é que isso,
além do risco sanitário que pode oferecer
ao rebanho sul-mato-grossense, também
coloque a pecuária do Estado sob ameaça
de enfrentar uma concorrência até desleal
do ponto de vista de mercado. Além disso,
pondera Chico Maia, há ainda a questão tributária que precisa ser esclarecida, “sobre
a que tipo de taxações esse gado será submetido, ou até mesmo se esse corredor permitiria, por exemplo, se rebanhos destinados a corte vindo do Paraguai poderia pas-
sar por Mato Grosso do Sul em direção a
outros estados”, questiona o presidente da
Acrissul.
O Governo do Estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Agrário, Produção, Indústria, Comércio e Turismo (Seprotur), esclareceu que realmente estuda a
possibilidade de criar um corredor sanitário na Zona de Alta Vigilância (ZAV) na região de fronteira com o país vizinho, o Paraguai. A consulta sobre a possibilidade de
“importação legalizada” de gado em pé da
Província do Alto Paraguai para abate no
Estado foi feita ao Ministério da Agricultura (MAPA) e também à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). A implantação do
corredor sanitário seria em caráter experimental”, informa ela ao esclarecer que a
possibilidade ainda precisa ser oficializada.
Na sexta-feira, 29 de maio, uma reunião ocorrida no Sindicato Rural de Campo Grande, envolvendo várias lideranças
Governador André Puccinelli recebe lideranças ruralistas: Em defesa do agroonegócio
rurais do Estado, manifestou a mesma
preocupação ao senador Valter Pereira,
que preside a Comissão de Agricultura do
Senado.
Famasul deflagra campanha do “Boi à Vista”
A Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul)
deflagrou nesta quinta-feira a campanha “Só à Vista” para orientar os pecuaristas do Estado a só venderem boi à
vista. Hoje a dívida do setor frigorífico
junto aos criadores é estimada em mais
de R$ 90 milhões, por isso a intenção é
mudar o sistema de vendas, acompanhando o que já ocorre por exemplo ao
Sul do País.
A partir deste mês serão realizadas
reuniões regionais, em nove municípi-
os, para alertar os pecuaristas sobre o risco
da venda a prazo.
Para a Famasul o modelo de venda com
30 dias já é superado porque não cabe ao
pecuarista dar prazo para a indústria trabalhar. Num negócio de longo prazo não é
possível absorver um crédito para 30 dias.
Apesar de as indústrias pagarem o animal à vista com deságio de até 4%, a Famasul
acredita que a maioria dos pecuaristas prefere essa redução ao risco de não receber
pelo animal entregue ao abate.
Só entre 358 produtores que procura-
ram a Famasul desde o ano passado,
quando foi deflagrada a crise no setor
frigorífico, o crédito a ser recebido é de
R$ 41 milhões. De acordo com a entidade, o recebimento à vista não é imediato
a partir da entrega dos animais. Primeiro eles são mandados para o abate e
depois de alguns dias a indústria pela,
tempo necessário para abate e pesagem.
Após a efetiva implantação da venda somente à vista, a intenção do setor
pecuário é, a exemplo de outros Países,
negociar o animal pelo peso vivo.
14 – Campo Grande-MS, JUNHO de 2009
Veículos carregam slogans de valorização do produtor
ORGANIZAÇÕES RURAIS
Equipamentos em exposição para triturar leucena
INFORME AGROPECUÁRIO
Sala de conferência do evento, na Austrália
BEEF 2009 - ROCKHAMPTON-AUSTRÁLIA
Uma das maiores feiras agropecuárias dos trópicos
Marcela Lemos Monteiro
[email protected]
À primeira vista, uma
feira como qualquer
outra - crachás, bilheteria, estandes de comerciantes e associações, galpões de animais, recinto para visitantes internacionais, pista de julgamento, recinto para provas, restaurantes, salas de conferência e palestras e assim por
diante.
Com o olhar mais aguçado é que começam a aparecer as diferenças, a começar pelo
estacionamento. Para organizar a grande
quantidade de camionetes, quem nos orientava eram voluntários da cidade e comunidade rural de Rockhampton, por sinal simpaticíssimos e víamos neles claros sinais de orgulho de poderem estar contribuindo para a
festa deles.
Outra diferença – O evento só se dá a
cada três anos. Isto possibilita tempo para se
organizar palestras de nível excelente, estas
divididas em vários seminários. São palestras
curtas, com hora exata para começar e terminar e sempre o seminário é finalizado com
perguntas aos palestrantes juntos promovendo debate.
Outra diferença – Cada atividade é cobrada a parte – seminários, palestras, café da manhã
com consultor, tours a fazendas, rodeio etc..
Outra diferença – Quanto aos animais,
esta feira apresentou bovinos
de 34 raças diferentes, as que nos
são familiares e
outras com nomes não muito
vistos por aqui
como Droughtmaster, Bazadais, Australian
Lowline, Dexter, Mandalon Specials, Sahiwal,
Murray Grey.
Todas as raças estão presentes durante
os 5 dias de feira em pavilhões fixos ou desmontáveis. Tem julgamento e venda como em
toda feira.
As provas de eqüinos e cães, das raças
border collie e blue heeler, acontecem de dia.
Outra diferença – A grande freqüência da população (produtores, familiares e
professores com seus alunos), desde cedo,
pois a programação já trazia café da manhã
com algum comentarista, consultor com
tema de interesse. A hora do almoço e jantar
era concorrida, mesmo com vários restaurantes e lanchonetes à disposição. Havia locais reservados com permissão para venda
de bebidas alcoólicas, super-animados com
shows e música ao vivo.
Sessenta mil pessoas passaram nestes 5
dias pelo parque. Entre estas estavam 600
visitantes internacionais de 24 países, de A a
V (Argentina a Vietnam) com eventos de confraternização, sala especial para internet, lanches e sempre uma alegre saudação de G’day
Pista de julgamento
dos locais que facilmente nos reconheciam
por nossos crachás terem o nome do país de
origem bem legível. Brasil não fez feio, além
de MS e MT, tinha mineiros, goianos e paulistas marcando presença.
Outra diferença – Pontualidade absoluta em todas as atividades: O rodeio se iniciava pontualmente às 7 da noite, sendo que os
interessados já se encontravam lá com meia
hora de antecedência, e terminava antes das
dez. Após este horário, reinava apenas o som
de alguma rês ruminando fora de hora.
Outra diferença – A feira oferece uma
série de visitas a fazendas simultaneamente.
As escolhas se tornam difíceis, pois as atividades são muitas! Tem para todos os gostos. O material da feira, justamente para facilitar as escolhas, é entregue na chegada ao
aeroporto, onde somos saudados com o kit
Beef 2009. Este contém, entre outros, uma
revista com todas as atividades da feira, horários, estandes, currículos dos palestrantes,
descrição das visitas às fazendas etc..
Conhecer o que os outros fazem, não
importa onde, faz parte do nosso aprendizado para melhorar o nosso trabalho.
Rodeio também fez parte da programação
INFORME AGROPECUÁRIO
EVENTOS DO SINDICATO
Campo Grande-MS, JUNHO de 2009 –
15
Europa se protege; Brasil parte para outros mercados
O professor e Dr. Manfred Nitsch, da
Freie Universitat Berlin ministrou palestra no
Sindicato Rural de Campo Grande, no dia 13
de maio, abordando o futuro do comércio
internacional de produtos agrícolas, tratando do multilateralismo, da importância das
ações regionais e dos acordos bilateriais foi
ministrada pelo. De acordo com ele, o mercado europeu está fechando as portas para
os importados e exporta sua produção com
valor mais baixo, arruinando em alguns aspectos as exportações brasileiras.
Para ele, o fortalecimento do bloco econômico dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China) favorece a abertura para entrada de novas fontes de recursos e facilita o escoamento da produção de carnes, leite, produtos e
proteínas vegetais, além do biocombustível.
No entanto, países que segundo o professor eram colônias há algumas décadas
atrás como África, Caribe e Pacífico que tem
produtos tropicais como banana e açúcar
para exportar não conseguem escoar a produção na Europa devido ao fortalecimento
do mercado interno de alimentos.
“Os europeus importam em grande
quantidade proteínas vegetais ligadas a soja.
Além disso, procuram produtos mais nobres
para importar”, aponta. “A venda de leite e
carne para a União Européia não é benéfica
por causa do forte mercado interno. Eles
despejam esses produtos no mundo a preços mais baratos por causa dos subsídios
que recebem dos governos para produzir”,
conta o economista.
De acordo com o pesquisador que estuda a micro-finança dos latino-americanos
uma das apostas tanto dos produtores rurais como dos industriários é cultivar a canade-açucar. O objetivo não é só de produzir o
etanol como também de fabricar o açúcar,
por ser um produto mais nobre que é comercializado no mundo inteiro.
Manfred Nitsch relata que a política agrícola da União Européia estabelecida em
1957, durante o tratado de Roma tinha como
princípios: superar traumas das guerras
mundiais, dar segurança alimentar, fortalecer a livre democracia e criar mercados abertos no mundo. O grande pacto entre cidade
e campo na época era fundamental para abrir
mercado para os produtos industrializados
e em cima disso, impor taxas aos beneficiados com a importação. Com isso, o campo
foi subvencionado e a agricultura e infraestrutura ganharam força.
Contudo, alguns objetivos foram conflitantes como: o de abastecer a população com
alimentos e produtos agrícolas, assegurar um
nível de renda dos agricultores comparáveis
com outros cidadãos. Também ficar com níveis pagáveis das subvenções, ser compatível
Foto e texto: Alessandra Messias
leite, queijo, iogurte, carne, frango,
óleo vegetal comestível de cana e beterraba e com insumo – mamona, pinhão manso e iatropha- que são produzidos por países
que foram colonizados devem ser
refinados para
enobrecer a matéria-prima agrícola e
ter mais valor agregado.
“É bom pensar
em combustível
Manfred Nitsch: O caminho agora é investir nos novos blocos
para produzir comestíveis dessa
forma o biodiesel em comparação com ólecom um sistema mundial de livre comércio e
os vegetais para uso industrial deve ser mais
tratar de maneira justa as ex-colônias.
valorizado. O próprio presidente Lula acabou com o discurso de produzir óleo de
IMPORTAÇÕES
mamona para minimizar o problema do NorEm 2005, as principais importações feideste já que o óleo de mamona é tão caro e
tas pela União Européia são: de café, chá e
precioso que pode ser vendido a alto custo
especiarias em torno de 7,1%, carne e miupara as indústrias bioquímicas.”
dezas comestíveis de 5,1% e 7,7%, frutos e
produtos hortifrutigranjeiros 17,6% e cereRODADA DOHA
ais, produtos de moagem e amido de 3,3% a
O que é discutido hoje entre os europeus
7,1%, em média. As exportações mais elevae a OMC (Organização Mundial do Comércio)
das são as de bebidas e vinagre que chegam
é a integração gradual de países menos desena 21,8%, seguida pela de produtos lácteos
volvidos. Na Rodada Doha de 2001 ocorrida
com cerca de 8,1% devido aos altos subsídiem Dubai, península árabe, na agenda estaos agrícolas para produtos como leite em
vam inclusas novas áreas de comércio interpó, manteiga e queijo. Outros 3,5% ligados a
nacional principalmente para área de serviços
açúcar e produtos para confeitaria seguem
como manejo de
para as ex-colônias África, Caribe e Pacífico.
água, educação
Para o professor os produtos tropicais:
superior, bancos, seguros e telecomunicações.
Nas negociações estavam inclusos os países
do G20 (grupo que enfrenta economicamente
Estados Unidos e União Europeia).
O doutor em economia aponta a situação do Mercosul passa por uma economia
inconsistente que se esbarra em situações
negativas que ganham grande destaque internacional. Entre elas: a queimada na Amazônia e o trabalho escravo financiado por
exploradores que não se importam com as
exigências da OIT (Organização Internacional do Trabalho). A Venezuela tem um regime diferenciado das exportações e contam
a forte oposição de Hugo Chávez para enviar produtos a Alca (Área de Livre Comércio
das Américas). Enquanto isso, Argentina e
Uruguai brigam por mercado e tem inúmeros problemas de poluição deixado por indústrias e Paraguai e Bolívia não conseguem
se fortalecer internamente. Por isso, a União
Européia faz tantas exigências aos países
integrantes do Mercosul.
Para o engenheiro agrônomo e secretário adjunto da Sedesc (Secretaria de Desenvolvimento de Agricultura e Pecuária de
Campo Grande), Natal Baglioni, os europeus
criam em grande parte barreiras sanitárias e
tarifárias para proteger os produtores rurais. “O Brasil controla a produção, mas o
mercado externo não. Os componentes que
prejudicam o quadro é a falta de visão de
outros mercados, mas porque a Europa
paga mais caro pelos produtos os ruralistas
preferem este caminho. Contudo os árabes,
por exemplo, podem pagar muito mais por
uma parte dianteira do boi”, destaca.
16 – Campo Grande-MS, JUNHO de 2009
INFORME PUBLICITÁRIO
INFORME AGROPECUÁRIO
Confinamento expresso – Um novo conceito de engorda
Renato Vaz de Macedo, Médico
Veterinário – Campo Grande – MS
(67) 9984-1569
[email protected]
Analisando a
evolução da
pecuária de
corte no Brasil, nos permite concluir
que o desenvolvimento
desta atividade se deu mediante a expansão das áreas de pastagem sobre a
fronteira agrícola ou sobre o meio ambiente, tendo como base o sistema extensivo de criação. Estima-se que 88% da
carne produzida no país têm origem nos
rebanhos mantidos exclusivamente a
pasto, porém este cenário vem sofrendo
modificações ditadas principalmente
pela necessidade do pecuarista em intensificar o sistema de produção de forma a diluir os custos.
A fim de atender ao crescente consumo mundial de carne bovina observa-se uma pressão para a intensificação
dos sistemas de produção e conseqüentemente para o aumento do número de
animais confinados já que o uso da tecnologia de confinamento proporciona
benefícios diretos e indiretos ao sistema de produção, como por exemplo redução da idade de abate, melhor acabamento de carcaça, oferta de gado terminado o ano todo, liberação das áreas de
pastagens para outras categorias, uso de
resíduos da agroindústria entre outras.
Em 2008 foram confinados no Brasil aproximadamente três milhões de
bovinos, número este que representa
apenas 7% dos animais abatidos. Surge
então a questão do por que não confinamos mais animais? A resposta para esta
pergunta está diretamente relacionada
aos altos investimentos necessários para
a instalação da estrutura de confinamento, tornando o sistema inviável ao pequeno e médio pecuarista que tem a necessidade de confinar até 1.000 cabeças.
Muito se discute hoje sobre a viabilidade do confinamento em fazendas de
pecuária de corte que tenham como objetivo confinar menos que 1.000 animais,
empregando o mínimo de recursos e estrutura, almejando ganhos de 1 a 1,8 kg/
cab/dia. Pensando nisso a Bellman Nutrição Animal desenvolveu o “CONFINAMENTO EXPRESSO”.
O Confinamento Expresso é uma técnica de suplementação intensiva a pasto, com alta quantidade de concentrado
e que segue as tendências dos confinamentos tradicionais, devendo ser utilizada na estação seca para promover a
terminação dos animais destinados ao
abate. A técnica se baseia na manutenção dos animais em pastagens previamente vedadas (diferidas) sendo alimentados
duas vezes ao dia com alimento concentrado especialmente desenvolvido para
o sistema. O fornecimento de concentrado na matéria original pode variar de
1,2% a 2,0% do peso vivo dos animais
possibilitando maiores ganhos de peso
sem problemas metabólicos, considerando é claro a categoria animal, o resultado esperado e a quantidade de forragem
disponível no sistema.
A estrutura necessária para a adoção do sistema consiste apenas em local
para armazenagem, um misturador de
alimentos, pasto vedado, bebedouro e 45
cm lineares de cocho para cada animal a
ser confinado, além dos ingredientes
energéticos como milho, sorgo, casca de
soja ou polpa cítrica, para a mistura com
o concentrado BellPeso Express.‘
O BellPeso Express é um produto
de alta tecnologia, classificado como suplemento protéico, rico em minerais,
vitaminas, ionóforo e tamponantes, tendo sido especialmente desenvolvido
para a utilização no sistema de confinamento a pasto.
Portanto, a ferramenta aqui proposta é uma alternativa a mais disponível
ao produtor para o ajuste e intensificação do sistema de produção no promissor cenário da pecuária nacional e do
mercado mundial.
O Sindicato Rural de Campo Grande agora
representa a Assocon (Associação Nacional dos
Confinadores) em Mato Grosso do Sul.
ASSOCIADO, procure o Sindicato para mais informações sobre essa eficiente modalidade de engorda.
FONE: (67) 3341-2151 | [email protected]
Campo Grande-MS, JUNHO de 2009 –
ASSOCIAÇÕES
INFORME AGROPECUÁRIO
17
A difícil aceitação de um único ato insubordinado,
mesmo grave, para configurar a justa causa
Muitos são os conceitos que definem
“contrato de trabalho”
ou melhor, “contrato de
emprego”. Aquela terminologia tem conceito genérico. Esta pretende dizer especificamente contrato entre
empregador e empregado, que é o que nos interessa para o presente
artigo.
Diz Evaristo de Moraes Filho que o contrato
individual de trabalho é “o acordo pelo qual uma
pessoa natural se compromete a prestar serviços
não eventuais a outra pessoa natural ou jurídica,
em seu proveito e sob suas ordens, mediante
salário” (o grifo é nosso).
Segundo Mozart Victor Russomano “O contrato de trabalho é o ato jurídico criador da relação de emprego. E relação de emprego é o vínculo obrigacional que une, reciprocamente, o
trabalhador e o empresário, subordinado o
primeiro às ordens legítimas do segundo” (o grifo é nosso).
E, segundo a CLT, artigo 3º, “Considera-se
empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a trabalhador, sob
a dependência deste e mediante salário”.
Foram destacados os textos acima para se
demonstrar que em um contrato de emprego está
bem nítida a condição de subordinação do empregado perante o seu patrão, isto é, o trabalhador submete-se às ordens do empregador, desde
BOLETIM INFORMATIVO – MAIO 2009
Mão-de-obra e serviços
SALÁRIO MÍNIMO RURAL: R$ 465,00
MÉDIA/R$:
N° INFORMAÇÕES
Técnico Agrícola
942,60
02
Inseminador
545,71
02
Encarregado de Máquinas
620,13
01
Op. de Máquinas de Esteira
933,80
04
Tratorista - pneus
530,32
04
Motorista
602,77
02
Capataz de Campo
981,36
06
Retireiro
490,76
05
Peão Campeiro (tralha própria) 554,40
07
Praieiro/Caseiro (serv. manuais) 464,80
04
Cozinheira
464,80
04
Diária Bruta (empreiteiro)
23,00
02
Doma de Cavalo (gratificação) 248,12
03
Aceiro Leve/KM (pé da cerca)
Aceiro Pesado/KM (1,5 mts cada lado) Roçada de Pasto Pesado/Há (manual) Roçada de Pasto Leve/Há (manual)
Tirar e Lampinar Poste
3,30
03
Tirar e Lampinar Firme
5,20
05
Tirar e Lampinar Palanque
(3,20mts)
Fincar Poste 4 fios c/ balancins 3,30
03
Fincar Poste 4 fios s/ balancins 3,30
03
Trator de Esteira D-4 / hora
140,00
01
Trator de Esteira D-6 / hora
200,00
03
Trator de Pneu Traçado
140 CV acima/hora
111,19
01
Pá carregadeira W-20 / hora
99,43
01
Motoniveladora / hora
150,00
01
Caminhão Caçamba
Trucado / hora
65,00
02
Caminhão Caçamba Toco / hora 50,00
02
Colheita de Grãos (mecanizada)
5 a 8% do Valor do Produto
FONTE: - ASSOCIAÇÃO RURAL DO VALE DO RIO MIRANDA
OBSERVAÇÕES: TODOS O VALORES CONSTANTES NESTE BOLETIM,
SÃO VALORES BRUTOS SEM QUAISQUER DESCONTOS, JÁ ACRESCIDOS DE TODOS OS BENEFÍCIOS.
que, evidentemente, lícitas.
Deve o empregado, portanto, não só respeitar as ordens do empregador, como ser respeitoso no seu tratamento e vice-versa.
A CLT dispõe, no seu art. 482, que “Constituem justa causa para rescisão do contrato de
trabalho pelo empregador:
a) ato de improbidade;
b) incontinência de conduta ou mau procedimento;
c) negociação habitual por conta própria ou
alheia sem permissão do empregador e quando
constituir ato de concorrência à empresa para a
qual trabalha o empregado ou for prejudicial ao
serviço;
d) condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspen-
MERCADO AGROPECUÁRIO
MERCADO BOVINO | BOI | Para 30 dias | C. grande
Frigorífico
Arroba
Kg carcaça
Bertin
R$ 73,00
R$ 4,86
Friboi
R$ 70,00
R$ 4,66
MERCADO BOVINO | VACA | Para 30 dias C. Grande
Frigorífico
Arroba
Kg carcaça
Bertin
R$ 64,32
R$ 4,28
Friboi
R$ 62,40
R$ 4,16
Obs: Cotações de 06/06, para animais rastreados,
coletadas nos frigoríficos. Fonte: Midiamax
MERCADO FUTURO (BM&F) - DIA 06/06
Venc.
Jun/09
Jul/09
Ago/09
Ajuste
(R$/@)
81,77
84,85
86,82
Var. (R$)
0,110,30
0,82
C. A.
1.712
2.188
2.236
Esalq/BM&F - Boi gordo
Data
0206
03/06
04/06
Vista
81,01
80,51
80,22
Prazo
81,78
81,32
81,03
Fonte: BeefPoint, IEA, CentroBoi, Faeg, Deral/
Seab/PR, Minas Bolsa, Banco Central e BM&F
LEITE PAGO AO PRODUTOR: R$ 0,52 (Tipo C)
Fonte: Ceasa - 05/06/2009
GRÃOS
Preço pago ao produtor
Soja - saca de 60 kg
R$ 43,96 (médio)
Milho - saca de 60 kg
R$ 17,00
SUÍNOS
Preço pago ao produtor
Arroba
R$ 28,50
Kg vivo
R$ 1,90
Fonte: Ceasa MS - 0506 - www.ceasa.ms.gov.br
são da execução da pena;
e) desídia no desempenho das respectivas
funções;
f) embriaguez habitual ou em serviço;
g) violação de segredo da empresa;
h) ato de indisciplina ou de insubordinação;
i) abandono de emprego;
j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas
físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de
legítima defesa, própria ou de outrem;
k) ato lesivo da honra e boa fama ou ofensas
físicas praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem.
l) prática constante de jogos de azar.
Via de regra a subordinação de um empregado é sempre funcional e, algumas vezes, técnica.
O legislador não disse, no texto legal, que
há necessidade de atos insubordinados para configurar a justa causa, mas insubordinação, no singular. Depreende-se, portanto, que uma vez praticando, o empregado, um só ato insubordinado
e sobretudo grave, está ensejando o rompimento contratual por justa causa.
Nesse sentido manifesta-se o jurista Antonio Lamarca ao lecionar que “não é preciso que
haja a reiteração, sendo suficiente, para a existência da justa causa, um só ato de indisciplina
ou insubordinação. A gravidade objetiva reside no ‘ato’ de indisciplina ou insubordinação, que
põem em xeque a boa marcha empresarial e desmoralizam o poder de direção ...”
O texto acima é como pensamos, mas não é
necessariamente como pensa parte do judiciário, no que se mostra compreensível, pois a interpretação de palavras é uma questão subjetiva.
Não se consegue um consenso, quanto mais no
campo jurídico onde os caminhos são muitos.
Recentemente patrocinamos uma ação em
que a empregada recusou-se a fazer um serviço e
xingou o empregador com palavras de baixo calão, ofensivas, na frente de outras pessoas. Foi
demitida por justa causa. O judiciário entendeu
que cabia, antes, advertência/suspensão, isto é,
a dosagem da pena, para só então consumar-se a
justa causa.
Como o direito não é uma ciência exata, e
diante das variações das interpretações, recomenda-se, mesmo nos casos em que fiquem bem evidentes a insubordinação, que não se adote a
medida drástica da demissão por justa causa.
Adotem a advertência escrita, mesmo que fique
insuportável a convivência com o empregado.
Depois a suspensão. E por fim a demissão por
justa causa. Estarão, desta forma, contribuindo
para medidas educativas.
Eduardo C. Leal Jardim
Assessor Jurídico SRCG
31.05.2009
18 – Campo Grande-MS, JUNHO de 2009
PORTEIRA ABERTA
INFORME AGROPECUÁRIO
Desmatamento, não. Produção, sim
Kátia Abreu
Proponho que o artigo 1º do novo Código
Florestal seja explícito e taxativo: “Não será
permitida nenhuma derrubada florestal em
todo o território nacional, sendo garantida a
preservação das matas ciliares (margens dos
rios, córregos, nascentes e lagoas) nos limites fixados por laudos geológicos, contra os
riscos de erosão e prejuízos aos aquíferos.”
Naturalmente, essa redação é improvisada e o texto adotado deverá atender a exigências tanto ambientais quanto de técnica
jurídica, mas o espírito é esse. Que seja uma
declaração prévia do compromisso da agropecuária com a defesa do meio ambiente e,
ao mesmo tempo, a garantia de segurança
jurídica para quem produz no campo.
Antigamente, quando as leis eram mais
eficazes e literariamente enxutas, essas afirmações peremptórias constavam dos famosos parágrafos que radicalizam a intenção
dos legisladores. Ou alguém neste país já esqueceu o professor Sobral Pinto no inesquecível comício das Diretas-Já, em 1984, no
Rio - 1 milhão de pessoas na Candelária! -,
recitando solenemente o § 1º do artigo 1º da
Constituição: “Todo poder emana do povo e
em seu nome será exercido”.
Citando um só parágrafo, o notável advogado liberal derrotava, com o argumento
moral, a arrogância do regime militar, que
depois de 20 anos de poder absoluto se rendia à força da citação singela e suficiente.
Pois procuro algo semelhante. Um artigo 1º
para o futuro Código Florestal que não deixe
dúvidas, seja taxativo, satisfaça todas as exigências, dirima todas as suspeitas, desarme
os ânimos mais exaltados. Mas, ao mesmo
tempo, possibilite uma afirmação da consciência ecológica do povo brasileiro, solidária com o clamor de toda a humanidade.
Sem, naturalmente, perder-se no labirinto
de utopias que se desviam da realidade econômica e social, perseguindo propostas irrealistas.
Não sei se sou pouco original nessa discussão nem quero reviver antigos desencontros pelos quais não fui responsável, mas
parto de três entendimentos que se harmonizam e se completam para ajudar a construir uma solução de compromisso nova na
forma e no conteúdo, em nome da agropecuária brasileira. O primeiro princípio é
óbvio: a defesa intransigente do meio ambiente, considerando que a civilização acordou com bastante atraso para sua preservação, quase no limite do risco irreversível.
Portanto, temos uma questão de salvação
pública, um imperativo da condição humana.
O segundo é a realidade histórica, prática milenar na vida do planeta, quando o
homem se comportou perdulariamente
com relação à natureza, substituindo sua
cobertura natural, irreversivelmente, como
se fosse um bem inesgotável. Imagine-se
que na velha Europa desapareceram 99,7%
das florestas, 92,2% na pobre África,
94,4% na Ásia, 92,3% na América Central. No caso brasileiro, o desmatamento
de 25% a 30% das florestas, restando ainda aproximadamente 470 milhões de hectares de matas, criou um estoque de terras
para plantio e criação de 383 milhões de
hectares suficientes, dispensando definitivamente novos desmatamentos.
A terceira questão que se apresenta é a
Paiol de milho
Paiol cheio era sinal de um ano de fartura. Frangos gordos no terreiro, tropa bem
tratada e porco gordo no chiqueiro!
Em meados de setembro caíam as primeiras chuvas. Era o prenuncio do plantio
de milho e um sinal que o ano iria ser bom de
chuva e a colheita venturosa.
Nossa propriedade era pequena, nossos
recursos eram parcos, mas nossa vontade de
trabalhar e produzir eram muito grandes,
contrastando com a rudimentar tecnologia
que utilizávamos. O plantio de milho era feito normalmente sem adubo e com matracas
que deixavam cair uma sementinha de cada
vez. Estas eram cobertas com a terra fofa
empurrada pelo bico de nossos sapatões rústicos de sola de pneus.
A maior expectativa era ver o milharal
em ponto de milho verde ou pamonha. Neste
estágio a lavoura estava praticamente salva,
a não ser que houvesse uma inesperada e
extemporânea seca, conhecida por estiagem ou veranico.
Éramos mais de cinco famílias, na
colônia,e em meados de dezembro a italianada se mobilizava para fazer receitas deliciosas com este rico e protéico produto,tais
como: milho cozido, assado, pamonha, cural, bolo de milho, broa, suco, etc.
A colheita nem sempre era uma agradável tarefa, pois era comum nos espetarmos com doloridos espinhos de carrapicho,
onde para cada epinhozinho fincado, existia uma pequena pústula de pus, decorrente da infecção causada. Colhíamos espiga
por espiga e íamos fazendo pequenos montes na roça, para depois, com a ajuda de um
balaio ou jacá, juntarmos e transportarmos
até ao paiol, numa carroça.
Antes de chegar a nova safra, tinha uma
operação a ser feita no paiol, da qual eu
gostava muito. Tratava-se da limpeza dos
produção agropecuária, especialmente de
alimentos, item tão importante quanto a
preservação ambiental, desde que a terra
seja trabalhada com consciência ecológica
e obedecendo aos padrões científicos e tecnológicos da preservação. Como no caso, por
exemplo, das áreas de preservação permanente das margens dos rios, que devem ter a
largura determinada pelo declive e pela
profundidade da cobertura arenosa ou argilosa do solo. Pela legislação atual, sem nenhum fundamento pedológico, está estabelecida por uma tabela rígida e irrealista (tanto que teve suspensa sua aplicação, por inaplicável) de 100, 200 e 500 metros às margens dos cursos d?água em que é proibido
plantar, em todo território nacional. O critério desse espaço é definido pela largura
do espelho d’água, sem considerar a questão essencial do solo e declive, como ensinam os pesquisadores da Embrapa. Ou a
Embrapa pode ser acusada de conspiração
contra o meio ambiente?
Assumindo a responsabilidade de 24%
do PIB e, além de abastecer o mercado interno, gerar 36% das exportações totais (US$
58,4 bilhões), a agropecuária nacional não
é uma aventura marginal nem uma força
reacionária no processo social brasileiro,
tem um papel de vanguarda na economia.
Assim, deve ser reconhecida como protagonista essencial num debate que tem que ver
com alguns de seus temas fundamentais - a
preservação e vitalidade do solo, bem como
da qualidade das águas -, que certamente
nenhum outro grupo debatedor tem mais
motivações para defender.
Um estatuto ambiental equilibrado, eficiente e prático é indispensável à seguran-
ça jurídica da atividade agropecuária e à
sua própria responsabilização perante a sociedade. Tal segurança e responsabilização,
porém, tornam-se inviáveis se mantida a
legislação vigente, impossível de ser cumprida, pois impede a produção de alimentos em 71% do território nacional. Isso num
país onde, infelizmente, 23 milhões de pessoas ainda passam fome, segundo dados da
ONU.
A saída, portanto, ao alcance de um gesto de boa vontade geral, sem ranhetices, preconceitos ou radicalismos, é buscar o consenso e a aplicação de soluções simples,
como a do artigo 24 da Constituição, que
estabelece a competência da União para fixar as normas gerais (e a aprovação de um
novo Código Florestal moderno e vigoroso é
a oportunidade perfeita para isso) e os Estados se encarregarão de aplicá-lo conforme
as situações regionais específicas.
Aliás, é hora de quebrar o monopólio
usurpado por um grupo de falsos anjos da
natureza que pretende decidir o que pode e
não pode em matéria de meio ambiente,
recusando verdades científicas e laudos insuspeitos da Embrapa, referência essencial
do desenvolvimento sustentado da agropecuária brasileira. A Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), que presido, dispensa quem investe no confronto e insiste
no diálogo para ajudar a construir um Brasil com mais comida, meio ambiente, diversão e arte.
restos da safra passada, qual seja: a desinsetização e a desratização. Nesta última, fazíamos a festa exterminando a “rataiada”. Matávamos de mamando a caducando. Eram
centenas de roedores mortos!
Uma vez higienizado o paiol, íamos colocando uma camada de aldrin (veneno usado contra pragas de grãos armazenados) e
uma camada de milho em espiga e com palha. Era bonito ver nosso paiol cheio até ao
teto!
Num cantinho do paiol ficavam nossas
ferramentas de trabalho: enxada, foice, forca, garfo, pás, enxadão etc. Logo em cima,
perto da cumeeira, penduradas num gancho de madeira, ficavam nossas varas de
bambu para pescar lambaris nos finais de
semana.
Nosso paiol era coberto de telhas de
barro e suas paredes feitas de tábuas. Nele
também era armazenada a colheita de abóboras, que tanto serviam para fazermos doces quanto para tratar dos porcos, enquanto durassem.
Nosso moinho de fazer quirera para tra-
tar os pintinhos também tinha seu lugar reservado num cantinho do paiol. As barras
de sabão de cinza, feitas em grandes tachos
no terreiro com restos de barrigadas dos
porcos abatidos para consumo, também tinham seu lugar reservado numa prateleira
feita de tábua fixada na parede lateral. Ao
lado ficava um varal de madeira com as réstias de alho da última colheita.
E por fim lembro-me de ver todo dia
meu tio e primos fumantes descascando uma
espiga de milho para retirarem a palha usada na confecção dos palheiros - cigarros feitos com fumo de corda.
Uma de minhas funções era todo santo
dia tratar das galinhas no terreiro e dos porcos. Era uma festa ver a alegria da bicharada
disputando cada grão de milho. Detalhe: eu
tinha uma ordem expressa para após a debulha do milho: guardar muito bem os sabugos - pois naquele tempo ainda não tinham inventado o papel higiênico!
E VIVA A FARTURA NO PAIOL DE MILHO!
* Kátia Abreu é Senadora (DEM-TO) e
Presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA). Artigo publicado em
O Estado de S. Paulo - 03/06/2009
[email protected]
PECUÁRIA LEITEIRA
INFORME AGROPECUÁRIO
Campo Grande-MS, JUNHO de 2009 –
19
Inovações que auxiliam no dia-a-dia do campo
Durante o 12º Encontro do Leite que
ocorreu no Sindicato Rural de Campo
Grande foram debatidos os cenários do
agronegócio lácteo, melhor carrapaticida
para o rebanho bovino e inovações que
aliam tecnologia ao dia-a-dia no campo
na área de irrigação.
O presidente da Câmara Setorial da
Cadeia Produtiva de Leite e Derivados
do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, Rodrigo Alvin, destaca
que algumas variáveis afetam o setor lácteo, segundo o Rabobank. As mais comuns neste ano são: a desvalorização do
câmbio, a redução de compra de produtos feita pelo comércio internacional que
impacta a demanda pelos importados e
a desaceleração da economia por causa
da crise mundial. O fato causa elasticidade no mercado interno, principalmente nas compras feitas pelo consumidor
final.
“Se há falta de dinheiro o primeiro
item que sai do carrinho do consumidor é o produto lácteo, iogurte, queijo,
requeijão, são deixados de lado. O leite
é o único produto que é consumido o
ano todo”, conta.
De acordo com ele, hoje a cadeia leiteira não consegue se subsidiar sozinha,
pois a cada litro de leite produzido recebe R$ 1,21 e gasta R$ 1,46 de ração. Na
alimentação 70% são de milho e 30% de
farelo de soja. O gasto com a mistura
concentrada corresponde a 40% do custo total do leite. Outro fato que dificulta
a subsistência do produtor rural é a triangulação. Países da União Européia e
Nova Zelândia praticavam no mercado
externo preços sem concorrência, hoje
sofrem tributação de 41,8% e 30,9%,
respectivamente. “O ideal é tributar 30%
de imposto só assim tem-se livre concorrência e dificulta a entrada de produtos mais baratos no Brasil”, complementa.
O segundo palestrante Renato Andreotti, PhD em saúde animal da Embrapa-Gado de Corte há 22 anos, destaca que o melhoramento tecnológico da
pecuária favoreceu o uso de melhores
ferramentas contra o crescimento do carrapato. “Houve um avanço no uso dos
carrapaticidas, mas sabemos que o ciclo
de vida deste inseto deve ser combatido
quimicamente. Pois no boi pode ocasionar perdas na produção de couro, leite,
carne e causar a tristeza parasitária bovina”, aponta.
De acordo com ele, muitos proprietários de fazendas usam inadequadamente o carrapaticida, o que pode tornar o
animal mais resistente se o uso de um
Rodrigo Alvim do MAPA
determinado produto for ineficaz. Por
isso, gratuitamente o produtor que tiver
interesse em saber qual o melhor carrapaticida para o seu rebanho deve levar
amostras à Embrapa que a entidade encaminha ao laboratório para análise. “O
que falta em Mato Grosso do Sul é um
programa de controle de carrapato sistematizado para aumentar a produção”,
cutuca o pesquisador, deixando o e-mail
[email protected] a disposição dos produtores.
IRRIGAÇÃO
O engenheiro agrônomo e coordenador de Desenvolvimento e Tecnologia da
Emater (Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural), Benno Henrique Weigert Doetzer, tratou da
estruturação do Programa de Irrigação
Noturna. Mais conhecido como Pin, para
ser realizado o projeto contou com a
parceria do governo estadual para acabar com o problema de renda no meio
rural. O Paraná possui 362 mil propriedades rurais, sendo que 86% delas tem
área inferior a 50 hectares, 42% tem área
de até 10 hectares e 76% são conduzidas pelos pequenos produtores.
A irrigação noturna foi viabilizada
com base no desconto tarifário previsto
na resolução da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) n° 207/2006.
Nela, é estabelecida o abatimento de até
70% para uso da água em propriedades
rurais no horário noturno. Se para irrigar de dia era pago R$ 0,17164 kwh, das
21h30 às 6h, a tarifa cai para R$ 0,06368
kwh. Caso seja necessária a melhoria na
rede a Copel (Companhia Paranaense de
Energia) subsidia o proprietário rural que
pode parcelar o custo em até 24 vezes
na conta de energia. “Além disso o agri-
Renato Andreotti, da Embrapa-CNPGC
cultor familiar que precisar de crédito
pode contrair empréstimo de taxa de
juros de 1% ao ano, equalizados pelo
FDE (Fundo de Desenvolvimento do
Estado) que paga a contrapartida, isso
ajuda a produção”, informa Benno. Os
agentes financeiros são a Agência de
Fomento e o Banco do Brasil.
Já, o licenciamento ambiental é facilitado. Para as propriedades de 10 hectares é preciso comunicar ao
IAP(Instituto Ambiental Paranaense) que
automaticamente já possui uma licença.
De 10 a 20 ha as propriedades são vistoriadas pela Emater e acima de 20 ha as
licenças de operação, proteção e de instalação são simplificadas, facilitando o
processo.

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