ISSN 2179-4413 Volume 4 / Número 4/ Out/Dez – 2013

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ISSN 2179-4413 Volume 4 / Número 4/ Out/Dez – 2013
ISSN 2179-4413
Volume 4 / Número 4/ Out/Dez – 2013
EXERCÍCIO FÍSICO E INGESTÃO CALÓRICA
PHYSICAL AND INTAKE CALORIC YEAR
Lys MATOS
RESUMO: Estudos recentes comprovam que essa transição nos padrões nutricionais,
relacionados com mudanças demográficas, socioeconômicas e epidemiológicas ao
longo do tempo, está refletindo na diminuição progressiva da desnutrição e no aumento
da obesidade. Reafirma-se que a inatividade física está entre um dos principais fatores
de risco que contribuem para o aumento da prevalência da obesidade. Desta forma, o
presente estudo teve como objetivo, revisar sobre os aspectos gerais da importância
que o exercício físico associada a uma ingestão calórica ideal terá na redução da
gordura corporal e consequentemente em uma melhor qualidade de vida, prevenindo a
obesidade. Trata-se de uma pesquisa exploratória de natureza bibliográfica. Foi
realizada através de pesquisas em artigos científicos e livros. Assim, verifica-se que
existem prováveis mecanismos através dos quais o exercício pode auxiliar na perda e
manutenção do peso. Alguns deles seriam o aumento do gasto diário de energia, a
redução do apetite. Portanto, verifica-se que os exercícios com pesos parecem
proporcionar um aumento significativo na demanda energética pós-exercício,
mantendo-a acima dos valores de repouso oferecendo estratégias para o controle do
peso corporal através do aumento do gasto calórico, aumento da massa muscular e da
taxa metabólica de repouso e também pelo chamado EPOC.
Palavras-Chave: Inatividade Física, Ingestão Calórica, Diário de Energia.
ABSTRACT: Recent studies show that this transition in dietary patterns related to
demographic, socioeconomic and epidemiological over time, is reflected in the
progressive reduction of malnutrition and increasing obesity. It reaffirms that physical
inactivity is among one of the major risk factors contributing to the increased prevalence
of obesity. Thus, this study aimed to revise on the general aspects of the importance of
physical exercise associated with an ideal caloric intake will have in reducing body fat
and thus in a better quality of life, preventing obesity. This is an exploratory research of
bibliographical. It was carried out through research in scientific articles and books. Thus,
it appears likely that there are mechanisms by which exercise can assist in weight loss
and maintenance. Some of them would be the increase in daily energy expenditure,
reduced appetite. So it turns out that the exercises with weights appear to provide a
significant increase in post-exercise energy demand, keeping it above resting values
offering strategies for the control of body weight by increasing energy expenditure,
increasing muscle mass and the resting metabolic rate and also the so-called EPOC.
Keywords: Physical Inactivity, Caloric Intake, Energy Daily.
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MATOS, L. Exercício físico e ingestão calórica. Revista Brasileira de Informações Científicas. v. 4, n.
4, p. 1-7. 2013. ISSN 2179-4413.
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1 INTRODUÇÃO
As tendências de transição nutricional ocorrida neste século convergem para
uma dieta mais rica em gorduras, particularmente as de origem animal, açúcares e
alimentos refinados, e reduzida quantidade de carboidratos complexos e fibras.
(MONTEIRO
et
al.,
1995).
Além
desse
fator,
os
indivíduos
diminuíram
progressivamente a atividade física, sofreram alterações concomitantes na composição
corporal, principalmente o aumento da gordura.
No caso do Brasil, estudos comprovam que essa transição nos padrões
nutricionais,
relacionados
com
mudanças
demográficas,
socioeconômicas
e
epidemiológicas ao longo do tempo, está refletindo na diminuição progressiva da
desnutrição e no aumento da obesidade (MONTEIRO et al., 1995).
A inatividade física está entre um dos principais fatores de risco que contribuem
para o aumento da prevalência da obesidade. Na população urbana brasileira, o
sedentarismo tem sua prevalência de até 56% em mulheres e 37% entre os homens,
justificando, assim, o comportamento crescente de indivíduos com esse diagnóstico
(FUCHS, MOREIRA e RIBEIRO apud MONTEIRO e SOBRAL FILHO, 2004; Sociedade
Brasileira de Cardiologia, 2005).
Desta forma, o presente estudo teve como objetivo, revisar sobre os aspectos
gerais da importância que o exercício físico associada a uma ingestão calórica ideal
terá na redução da gordura corporal e consequentemente em uma melhor qualidade de
vida, prevenindo a obesidade.
2 MATERIAL E MÉTODOS
Trata-se de uma pesquisa exploratória de natureza bibliográfica. Foi realizada
através de pesquisas em artigos científicos e livros.
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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Exercício Físico
Quanto à prática de exercício físico, já é consenso que, quanto mais à sociedade
se desenvolve e se mecaniza, a demanda por atividade física diminui, reduzindo o
gasto energético diário (GRUNGY, 1998).
É sabido que existem prováveis mecanismos através dos quais o exercício pode
auxiliar na perda e manutenção do peso. Alguns deles seriam o aumento do gasto
diário de energia, a redução do apetite, o aumento da taxa metabólica de repouso, o
aumento da massa muscular, o aumento do efeito térmico de uma refeição, a elevação
do consumo de oxigênio, a otimização dos índices de mobilização e utilização de
gordura, bem como uma sensação de auto-suficiência e bem-estar (BALLOR et al.,
1996; WEINSIER et al., 1996).
Corroborando com o citado acima, um estudo de Wirth apud Bronstein, 1996,
demonstrou que, após a atividade física, a incorporação de ácidos graxos no tecido
adiposo e sua estratificação para triacilglicerol diminuem, pois ocorre um aumento na
concentração plasmática de ácidos graxos livres, aumentando, portanto, a sua
oxidação.
O exercício físico também é importante para promover um adequado balanço
energético, pois a energia gasta durante a atividade física é importante para que ocorra
um efeito positivo sobre a taxa metabólica de repouso e melhora da composição
corporal, o que pode manter ou até mesmo preservar a massa muscular durante a
perda de peso. De acordo com Rippe e Hess (1998), para que a atividade física possa
manter essa perda de peso, é necessário que ocorra um gasto de 1.500 a 2.000 Kcal
por semana, porém não existe um consenso literário quanto a esse valor.
De acordo com um estudo de Hunter et al. (2000) realizado com mulheres idosas
de 60 a 77 anos de idade, durante 16 semanas, observou um aumento de quase 100%
na oxidação de lipídios após um programa de treinamento com pesos. Esses dados
foram analisados através da medição da taxa metabólica pós-treino, avaliada entre 22 e
44 horas após o término do exercício. Isso sugere que o treinamento com pesos tem
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um papel importante no aumento do gasto de energia em repouso, parecendo, assim,
melhorar o perfil metabólico desses indivíduos.
Portanto, de acordo com o American College of Sports Medicine (ACSM),
recomenda-se que toda a população se engaje em uma rotina regular de exercícios que
englobe 20 a 60 minutos de exercícios aeróbios, realizados de 3 a 5 dias por semana,
juntamente com um treinamento de resistência e treinamento de flexibilidade com
frequência de 2 a 3 vezes por semana (ANDERSEN, 1999), pois, mesmo não
ocorrendo redução de peso, haverá benefícios para a saúde.
4.2. Ingestão Calórica
Um dos princípios fundamentais da termodinâmica é a “lei da conservação de
energia”, ou seja, a energia não “desaparece”, e sim é convertida de uma forma para
outra. (MELBY; HICKEY, 1999).
A energia absorvida em excesso segundo AMORIM (2003), que “exceder às
necessidades do organismo, será armazenada nos tecidos sob as formas de proteína,
gorduras ou carboidratos”.
O gasto energético diário é resultado do metabolismo basal, da atividade física
(AF) diária e do efeito térmico dos alimentos (HANSEN et al. 2007). Assim, para se
obter o emagrecimento é necessário promover um equilíbrio energético negativo com o
organismo despendendo mais energia do que ele recebe.
Nesse sentido, várias técnicas podem ser utilizadas desde que o resultado seja o
de equilíbrio energético negativo. Das várias possibilidades existentes, a mais
recomendada pela literatura científica é a da restrição calórica, por meio de dieta,
concomitantemente com o aumento dos níveis de atividade física (AMORIM, 2003).
Já Kleiner (2009) afirma que pessoas ativas precisam se alimentar durante todo
o dia, com pequenas refeições a cada duas ou três horas, de preferência intercaladas
com seu horário de treinamento. Segundo este autor, o hábito de realizar várias
refeições mantém constantes os níveis de açúcar no sangue, de modo a evitar picos e
baixas durante o dia, que acarretaria no armazenamento de gordura.
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A inclusão de pequenas quantidades de proteína nas refeições e nos lanches permite
controlar o apetite, alimentar os músculos de modo mais eficiente e conservá-los
quando se quer perder gordura. (DI PASQUALE, 2005)
Já Kleiner (2009) explica que a queima de gordura também será favorecida na
realização de várias pequenas refeições ao dia que contenham proteína, porque “a
proteína aumenta a termo gênese, processo pelo qual o organismo converte as calorias
ingeridas e a gordura armazenada em calor. Então, é possível queimar mais calorias se
houver mais proteína na dieta (DI PASQUALE, 2005).
As necessidades individuais de proteína variam de acordo com o objetivo do indivíduo.
E Kleiner (2009) afirma que “a recomendação de ingestão diária de proteína é 0,8g/kg
de peso/dia (recommended dietary allowances – RDA) para quem não pratica
exercício”. Sendo assim, praticar treinamento de força exigiria uma quantidade
adicional para atender ao crescimento muscular e ao aumento de certas substâncias no
sangue.
Ainda de acordo com Kleiner (2009), com fundamentos nas últimas pesquisas
com praticante de treinamento de força com objetivo de desenvolver os músculos e
perder gordura, é recomendável ingerir 2g diárias de proteína/kg de peso.
Portanto, cabe ao indivíduo preservar sua saúde, praticando atividade física
regular (AMORIM, 2003) integrada à prática de ingerir pequenas refeições e frequentes
durante o dia (KLEINER, 2009) porque com isso estará utilizando as melhores táticas
para uma vida mais saudável, e ainda, queimar gordura e formar músculos (KLEINER,
2009).
4 CONCLUSÕES
A partir das informações apresentadas neste estudo de revisão, observou-se que
o exercício físico possui influência positiva na saúde e associado a uma alimentação
saudável influenciará no controle da obesidade. Os exercícios com pesos parecem
proporcionar um aumento significativo na demanda energética pós-exercício,
mantendo-a acima dos valores de repouso oferecendo estratégias para o controle do
peso corporal através do aumento do gasto calórico, aumento da massa muscular e da
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taxa metabólica de repouso e também pelo chamado EPOC. Como consequência
ocorre diminuição no percentual de gordura corporal, favorecendo um emagrecimento
seguro e saudável.
5 REFERÊNCIAS
AMORIM, P. R. Gastos energéticos na atividade física. Rio de Janeiro: Shape, 2003.
ANDERSEN, R. E. Exercise, an active lifestyle, and obesity. The Physician and
Sports Medicine, v. 27, n. 10, p. 32-41, 1999.
BALLOR, D. L.; et al. Contrasting effects of resistance and aerobic training on body
composition and metabolism after diet- induced weight loss. Metabolism. v. 45, n. 2,
p.179-183, 1996.
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Paulo, v. 6, n. 1, p.111-115, 1996.
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DI PASQUALE, M. G. Dieta metabólica: a dieta revolucionária que acaba com os mitos
sobre os carboidratos e as gorduras. São Paulo: Phorte, 2005.
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HUNTER, G, R.; et al. Resistance training increases total energy expenditure and freeliving physical activity in older adults. The American Physiological Society. v. 89, p. 977984, 2000.
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4, p. 1-7. 2013. ISSN 2179-4413.
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JEBB, S. A.; et al. The role of physical activity in the prevention and management of
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KLEINER, S. M. Nutrição para o treinamento de força. Barueri, SP: Manole, 2009.
PEREIRA, L.O.; et al. Obesidade e suas Implicações – Ação da Atividade Física e
Controle Nutricional. Rev Bras Nutr Clin, v. 14, p. 9-17, 1999.
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