Fauna - Mastofauna

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2.5. MASTOFAUNA
2.5.1. Introdução
Inventariar a fauna de vertebrados de qualquer ecorregião tropical é uma tarefa
extensa e laboriosa, não sendo diferente com os mamíferos. Classe Mammalia é uma
das cinco classes pertencentes ao Filo Vertebrata, cujos representantes apresentam
enorme variação de tamanho corpóreo (10 a 239.000 g, sem mencionar as baleias),
ampla variação quanto à forma de locomoção e hábitos (terrestres, aquáticos,
semiaquáticos, voadores, escansoriais, arborícolas, fossoriais e semifossoriais), horários
de atividade e comportamentos sociais. Apesar de alguns deixarem claros vestígios de
sua presença, como tocas, pegadas e fezes, e outros, ainda, serem inconfundíveis com
suas potentes vocalizações cotidianas, muitas espécies, especialmente os pequenos
mamíferos, são de difícil detecção, observação detalhada e, consequentemente, de
impraticável identificação em campo (Eisenberg & Redford, 1999; Emmons & Feer,
1997; Reis et al., 2006).
Para se realizar um inventário de mamíferos, o uso de diversos equipamentos e
metodologias por uma equipe de profissionais especializada, por períodos de 10 a 15
dias ao longo das estações do ano é imperioso. Entretanto, situações como essas são
raras, uma vez que são extremamente dispendiosas e impraticáveis, quando se deseja
obter respostas rápidas que permitam dar curso a empreendimentos quando estes já se
encontrarem em plena fase de instalação.
Por outro lado, um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) visa, primordialmente,
avaliar os impactos causados por determinado empreendimento sobre a biota, definindo
o tipo, grau, duração, extensão e a reversibilidade do impacto. Deste modo, o EIA não
pressupõe um inventário completo, mas sim o levantamento de dados que permita uma
análise da razão custo/benefício do empreendimento para a sociedade, em função das
perdas ambientais e ganhos sociais. Este levantamento de dados inclui a pesquisa em
campo, preferencialmente em duas campanhas que contemplem diferenças sazonais, e a
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pesquisa de dados secundários, com o objetivo de detectar, especialmente, a presença de
espécies raras, endêmicas e ameaçadas de extinção na área do empreendimento, para
que ações que minimizem os impactos sobre as populações destas espécies possam ser
tomadas.
Assim, são indispensáveis todas as fontes de informações que permitam ampliar
o conhecimento acerca do conjunto de espécies de determinada localidade, de modo a
oferecer uma descrição da mastofauna o mais próximo possível da realidade. Uma das
fontes de dados secundários mais importantes para a biota do Estado de Mato Grosso é
o Zoneamento Sócio-Econômico-Ecológico do Estado de Mato Grosso (ZSEE),
realizado pelo Projeto de Desenvolvimento Agroambiental do Estado de Mato Grosso,
que amostrou diversas localidades dentro do Estado, sendo as proximidades do Salto de
Dardanelos, em Aripuanã, uma delas (Mato Grosso, 2002).
Desta forma, a lista de mamíferos, aqui apresentada, é o resultado da união de
dados secundários (Mato Grosso, 2002), de coletas realizadas no Município de
Aripuanã em outra oportunidade (referidos neste EIA como dados primários, por terem
sido realizados pela mesma equipe) e dos esforços realizados em campo entre os dias 1º
e 06 de junho e entre os dias 03 e 09 de agosto de 2008.
Assim, os métodos usados para a realização deste EIA visaram contemplar a
detecção da maior gama possível de mamíferos.
Das 652 espécies nativas de mamíferos atualmente descritas para o Brasil; 311
espécies (47,7%) ocorrem no Bioma Amazônico, sendo que 174 espécies são endêmicas
deste bioma (Reis et al., 2006). A escassez de estudos sobre a biologia destas espécies,
bem como sobre a resiliência das populações e comunidades frente às alterações
ambientais faz com que grande parte das espécies não seja classificada em qualquer
categoria de ameaça, mas apenas como “dados insuficientes”.
Os mamíferos podem ser bons indicadores de qualidade de habitat, uns por
serem extremamente exigentes só ocorrendo em habitats bastante preservados, alguns
por serem animais topo de cadeia e sua presença indicar a existência de uma estrutura
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trófica compatível com a manutenção de suas populações (Eisenberg & Redford, 1999)
e outros, inversamente, por serem animais extremamente plásticos, capazes de
sobreviver e reproduzir em habitats bastante degradados.
Neste sentido, este trabalho objetivou inventariar a mastofauna presente nas
áreas de influência direta e indireta do Empreendimento “Projeto Aripuanã - Mineração
e Beneficiamento de Minério Polimetálico – Zn, Cu e Pb”, da Mineração Dardanelos
Ltda., no município de Aripuanã/MT, visando identificar os impactos causados pela
implantação e funcionamento da extração e beneficiamento dos minerais supracitados
sobre a fauna de mamíferos.
2.5.2. Materiais e Métodos
2.5.2.1. Coleta de pequenos mamíferos terrestres
Para a coleta de pequenos mamíferos terrestres, três locais foram escolhidos para
a amostragem (Quadro 5.2.1-1) e nestes foram instaladas dois tipos de métodos de
captura: armadilhas tipo live-trap e armadilhas de interceptação e queda.
Quadro 2.5.2.1-1. Ponto, habitat, coordenada geográfica, esforço amostral (dado
em armadilhas-noite (a-n) e baldes-noite (b-n)) e descrição dos locais amostrados
para a coleta de pequenos mamíferos terrestres no empreendimento “Projeto
Aripuanã - Mineração e Beneficiamento de Minério Polimetálico – Zn, Cu e Pb”,
da Mineração Dardanelos Ltda., no Município de Aripuanã/MT.
Ponto
Habitat
Coord. Geog.
Lat-Long
Esforço
Descrição
I
Floresta
Ombrófila/
Floresta de
encosta
S 10º 03' 11,7''
W 59º 29' 38,9''
240 a-n
70 b-n
AID; topo da Serra Expedito. Floresta
Ombrófila densa com serapilheira
espessa e palmeiras.
II
Floresta
Ombrófila
S 10º 04' 16,3''
W 59º 29' 17,5''
240 a-n
70 b-n
III
Floresta
Ombrófila
S 10º 02' 34,8''
W 59º 29' 33,8''
240 a-n
70 b-n
AID; 2 km sudeste da Serra Expedito.
Floresta Ombrófila aberta com
árvores esparsas de 20 m de altura,
muitos babaçus, serapilheira rala.
AII; 1 km noroeste da Serra Expedito.
Floresta Ombrófila aberta com
árvores esparsas de 20 m de altura,
muitos babaçus. Serapilheira espessa.
Área de exploração de palmito.
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2.5.2.1.1. Armadilhas de captura-viva (live-trap)
Foram utilizadas armadilhas de captura-viva do tipo Sherman, de tamanho
grande e pequeno, e gaiolas de gancho. Cada ponto de amostragem teve 60 armadilhas
instaladas. Estas foram iscadas com um tipo de fruta (banana para Shermans e abacaxi
para gaiolas de gancho), um pedaço de queijo e uma mistura de pasta de amendoim,
sardinha e fubá. A disposição no campo das armadilhas seguiu o método de transecto
linear, com uma estação de captura a cada 15 metros. Em cada estação foram instaladas
quatro armadilhas: uma Sherman pequena e uma armadilha grande (Sherman ou gaiola
de gancho) foram instaladas no solo e uma Sherman pequena e uma armadilha grande
(Sherman ou gaiola de gancho) foram instaladas no alto. As armadilhas instaladas no
alto foram atadas, com elásticos, a cipós, galhos ou lianas de acordo com a
disponibilidade de apoios (Foto 2.5.2.1.1-1).
As armadilhas permaneceram no campo por quatro noites consecutivas, sendo
checadas todas as manhãs e reiscadas quando necessário.
Foto 2.5.2.1.1-1. Armadilha live-trap Sherman instalada no alto.
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2.5.2.1.2. Armadilhas de interceptação e queda (AIQ)
Em parceria com a equipe responsável pelos trabalhos referentes ao inventário
da herpetofauna, armadilhas de interceptação e queda também foram utilizadas para a
captura de pequenos mamíferos terrestres. Três conjuntos de cinco baldes de 30 litros
foram instalados nos pontos I, II e III, nas proximidades das linhas de captura com
armadilhas live-trap.
Os animais capturados por qualquer um dos métodos foram coletados segundo
procedimento padrão para o colecionamento científico. Os animais tiveram a biometria
padrão realizada e foram identificados quanto ao sexo, estágio reprodutivo e idade. A
identificação específica dos espécimes coletados será realizada futuramente em museu
ou coleção zoológica e, posteriormente, as peles serão depositadas na Coleção de
Zoologia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
2.5.2.2. Observação direta
As trilhas dentro da mata foram percorridas à procura de mamíferos de médio e
grande porte. Os trechos foram percorridos vagarosamente e em silêncio, sendo
estabelecidas paradas regulares para observação de vocalizações ou deslocamento de
indivíduos ou bandos. A busca ativa ou observação direta foi aplicada nas áreas onde os
transectos lineares de amostragem de pequenos mamíferos terrestres estavam instalados,
bem como em estradas de terra que margeavam as formações florestais, em áreas de
influência direta e indireta do empreendimento.
Os deslocamentos de carro também objetivaram surpreender espécimes da fauna
de mamíferos e foram feitos em baixa velocidade, tanto de dia como de noite.
Foram usados como guias os livros: Auricchio (1995), Emmons & Feer (1997),
Eisenberg & Redford (1999) e Reis et al. (2006).
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2.5.2.3. Observação indireta
Coleta e análise de vestígios de mamíferos (como pegadas, fezes, abrigos e
locais de forrageamento) foram realizadas concomitantemente com a busca ativa, em
transectos percorridos a pé em estradas de terra, durante a checagem das armadilhas e
durante os deslocamentos de carro realizados durante o dia (Tarres 1987; Sobrevila &
Bath 1992). Foram usados como guias os livros: Becker & Dalponte 1991; Lima Borges
& Tomás 2004.
2.5.2.4. Coleta de informações
Tanto os pesquisadores envolvidos nos demais trabalhos de campo deste EIA
como funcionários do empreendimento e moradores locais foram questionados acerca
da presença das espécies de mamíferos ocorrentes na área em estudo.
2.5.3. Resultados
Os resultados obtidos nas atividades de campo, referentes ao Estudo de Impacto
Ambiental (EIA) do Empreendimento “Projeto Aripuanã - Mineração e Beneficiamento
de Minério Polimetálico – Zn, Cu e Pb”, da Mineração Dardanelos Ltda., a partir dos
métodos de coleta e registro aplicados, apontaram para a presença de pelo menos 97
espécies de mamíferos, pertencentes a 27 famílias de nove ordens (Quadro 2.5.3-1).
O esforço de coleta para pequenos mamíferos terrestres, com armadilhas livetrap, totalizou 720 armadilhas-noite (a-n), capturou cinco indivíduos, representando um
sucesso de captura total de 0,69% (Fotos 2.5.3-1 e 2.5.3-2). Entretanto, a área I,
localizada no topo da Serra do Expedito e de influência direta do empreendimento,
obteve um sucesso de captura maior que as outras duas áreas, sendo este de 1,25%,
contra 0,4% em cada uma das demais áreas.
O esforço de coleta para pequenos mamíferos terrestres, com armadilhas de
interceptação e queda, totalizou 210 baldes-noite (b-n) e capturou apenas um indivíduo
na área II, representando um sucesso de captura total de 0,48%, sendo este de 1,43%
para a área onde a captura ocorreu.
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Quadro 2.5.3-1. Mamíferos inventariados nas Áreas de Influência Direta (AID) e Indireta (AII) do Empreendimento “Projeto Aripuanã Mineração e Beneficiamento de Minério Polimetálico – Zn, Cu e Pb”, da Mineração Dardanelos Ltda., através dos métodos aplicados em
campo e de revisão bibliográfica (Legenda: C: Cheia; S: Seca; Vis (nº): visualização (nº de indivíduos); Col (nº): coletado (nº de
indivíduos); Oi: observação indireta (pegadas, rastros, tocas, fezes); Rel: relato de trabalhador ou morador local; DP: dados primários
(coletados em outra oportunidade no município de Aripuanã); DS: dados secundários (Mato Grosso, 2002); A: área antropizada; Ed:
estradas dentro do empreendimento; Ef: estradas fora do empreendimento; FO: Floresta Ombrófila; Cj 1, 2 ou 3: conjunto de
armadilhas de interceptação e queda 1, 2 e 3).
Família/Espécie
Nome Popular
ORDEM DIDELPHIOMORPHIA
Didelphidae
Caluromys philander
Chironectes minimus
Didelphis albiventris
Didelphis marsupialis
Didelphis sp.
Gracilinanus sp.
Marmosa murina
Marmosops bishopi
Marmosops noctivagus
Metachirus nudicaudatus
Micoureus demerarae
Monodelphis emiliae
Monodelphis glirina
Cuíca-lanosa
Cuíca-d’água
Gambá
Gambá
Gambá
Catita
Catita
Cuíca
Cuíca
Cuíca-de-quatro-olhos
Catita
Catita
Catita
Período do
Registro
C
S
C
Forma de
Registro
DP
DP
DP
DP
Oi
DS
DS
Col (1)
DP
DP
DP
Col (1)
DP
Influência/Local
AID/FO, Cj1
AID/FO, Cj2
AID/ Cj1
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Família/Espécie
Nome Popular
Monodelphis sp. n.
Philander opossum
ORDEM XENARTHRA
Myrmecophagidae
Cyclopes didactylus
Catita
Cuíca
Tamandua tetradactyla
Myrmecophaga tridactyla
Bradypodidae
Bradypus variegatus
Megalonychidae
Choloepus cf. didactylus
Dasypodidae
Cabassous unicinctus
Dasypus kappleri
Dasypus novemcinctus
Priodontes maximus
ORDEM PRIMATES
Cebidae
Sapajus apella
Tamanduaí
Tamanduá-mirim
Tamanduá-bandeira
Período do
Registro
Forma de
Registro
DS
DP
C
C
S
C
Rel
Oi
Oi
Oi
Preguiça
DS
Preguiça-real
DP
Tatu-de-rabo-mole
Tatu-15-quilos
C
S
C
DP
DP
Oi
Oi
Rel
C
S
Vis (6); Oi
Vis (10)
Tatu-galinha
Tatu-canastra
Macaco-prego
Influência/Local
AID / Ed
AID / Ed
AID/FO, Cj 1
AID/FO, Cj 2; Ed
AID/ FO, Cj1
AID/FO, Cj 2; AID/ Ed
AID/FO, Cj2
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Família/Espécie
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Nome Popular
Cebus albifrons
Saimiri ustus
Caiarara
Mico-de-cheiro
Mico intermedius
Mico-de-Aripuanã
Aotidae
Aotus azarae
Pitheciidae
Pithecia irrorata
Chiropotes albinasus
Chiropotes satanas satanas
Callicebus cinerascens
Atelidae
Ateles chamek
Lagothrix cana
Alouatta puruensis
ORDEM LAGOMORPHA
Leporidae
Sylvilagus brasiliensis
Ordem Chiroptera
Emballonuridae
Peropteryx cf. macrotis
Período do
Registro
C
S
Forma de
Registro
DP
DP
Vis (5)
Vis (6+ 8)
Macaco-da-noite
DP
Parauacu
Cuxiú-de-nariz-branco
Cuxiú
Sauá
DP
DP
DP
DS
Coatá
Barrigudo
Bugio
S
S
Vis (8)
Vis (16)
DS
Tapiti
DP
Morcego
DP
Influência/Local
AID/FO
AID/ Ed, FO
AID/FO; AII/FO
AID/FO, Cj2
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Família/Espécie
Phyllostomidae
Anoura caudifer
Artibeus cinereus
Artibeus lituratus
Artibeus obscurus
Artibeus sp.
Carollia brevicauda
Carollia perspicillata
Chiroderma villosum
Glossophaga soricina
Mesophylla macconnelli
Platyrrhinus helleri
Phylloderma stenops
Phyllostomus elongates
Sturnira tildae
Uroderma bilobatum
Moormopidae
Pteronotus cf. parnellii
Noctilionidae
Noctilio albiventris
Noctilio leporinus
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Nome Popular
Período do
Registro
Forma de
Registro
Morcego
Morcego
Morcego
Morcego
Morcego
Morcego
Morcego
Morcego
Morcego
Morcego
Morcego
Morcego
Morcego
Morcego
Morcego
DS
DS
DS
DS
DS
DS
DP
DS
DP
DS
DS
DS
DS
DS
DS
Morcego
DP
Morcego-pescador
Morcego-pescador
DP
DP
Influência/Local
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Família/Espécie
Molossidae
Nyctinomops cf. laticaudatus
ORDEM CARNIVORA
Felidae
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Nome Popular
Morcego
Leopardus pardalis
Jaguatirica
Leopardus tigrinus
Gato-do-mato
Leopardus wiedii
Puma yaguarondi
Gato-maracajá
Gato-mourisco
Puma concolor
Onça-parda
Panthera onca
Canidae
Cerdocyon thous
Speothos venaticus
Mustelidae
Período do
Registro
Eira barbara
Irara
Galictis vittata
Lontra longicaudis
Pteronura brasiliensis
Furão
Lontra
Ariranha
Influência/Local
DP
C
S
C
S
Oi
Oi
Oi
Oi
DS
Rel
Oi
Oi
DP
AID/ Ed; AII/ Ef
AID/ Ed
AID/ Ed
AID/ Ed
C
Oi
DS
AID/ Ed, FO, Cj2
C
S
Oi; Vis (1)
Oi; Vis (2)
DS
Rel
Rel
AID/FO, Cj 1, Cj2; AII/ FO, Cj3
AID/ Ed ; AID/ Cj1; AII/FO
C
C
S
Onça-pintada
Cachorro-do-mato
Cachorro-do-mato-vinagre
Forma de
Registro
C
C
AID/ Ed
AID/Ed
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Família/Espécie
Procyonidae
Procyon cancrivorus
Nasua nasua
Potos flavus
ORDEM PERISSODACTYLA
Tapiridae
Tapirus terrestres
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Período do
Registro
Forma de
Registro
Influência/Local
Mão-pelada
Quati
Jupará
S
DP
Vis (1)
DP
AII/ Ef
Anta
C
S
Oi
Oi
AID/ Ed, FO, Cj2
AID/ FO, Cj1, Ed
Caititu
C
S
Oi; Vis (3)
Vis (15); Oi
Queixada
S
Oi
AID/ Ed; AID/ FO, Cj2
AII/ FO, Ef; AID/ FO, Cj1, Ed
AII/ FO; AID/ A
AID/ Cj2
Veado-mateiro
C
S
Oi
Oi
DP
AID/ Ed, FO, Cj2
AID/ A, Ed
C
Vis (1)
DS
AII/ Ef
Nome Popular
ORDEM ARTIODACTYLA
Tayassuidae
Pecari tajacu
Tayassu pecari
Cervidae
Mazama americana
Mazama nemorivaga
ORDEM RODENTIA
Sciuridae
Sciurillus pusillus
Guerlinguetus ignitus
Veado-catingueiro
Quatipuruzinho
Caxinguelê
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Família/Espécie
Nome Popular
Guerlinguetus sp.
Cricetidae
Hylaeamys megacephalus
Mus musculus 1
Neacomys spinosus
Necromys lasiurus
Nectomys squamipes
Oecomys bicolor
Oecomys capito
Oecomys sp. 1
Oecomys sp. 2
Oecomys sp.
Oligoryzomys cf. microtis
Oryzomys cf. nitidus
Oxymycterus sp.
Rattus rattus 1
Rhipidomys sp.
Caviidae
Esquilo
Rato-do-mato
Rato
Rato-espinhoso
Rato-do-mato
Rato d’água
Rato-do-mato
Rato-do-mato
Rato-do-mato
Rato-do-mato
Rato-do-mato
Rato-do-mato
Rato-do-mato
Rato-do-brejo
Rato
Rato-da-árvore
Cuniculus paca
Paca
Dasyprocta azarae
Cutia
Período do
Registro
S
S
C
S
C
S
Forma de
Registro
Vis (3)
DS
DS
DS
DS
DS
DP
DS
DS
DS
Col (1)
DP
DS
DS
DP
DS
Oi
Oi
Oi; Vis (1)
Vis (4); Oi
Influência/Local
AII/ FO
AID/ Cj1
AID/FO, Cj1, Cj2, Ed
AID/ FO, Cj1, Ed, A
AID/FO, Cj1, Cj2; AII/ A
AII/ Ef; AID/ Ed; AID/Ed
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Família/Espécie
Hydrochoerus hydrochaeris
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Nome Popular
Capivara
Erethizontidae
Coendou prehensilis
Ouriço
Echimyidae
Mesomys hispidus
Rato-de-espinho
Proechimys longicaudatus
Rato-de-espinho
1
2
: espécies exóticas; : animal atropelado
Período do
Registro
C
S
Forma de
Registro
Vis (3)
Oi
AII/ Ef
AID/ FO, Cj1, Ed
S
Vis (1)
AII/ Ef2
S
DP
Col (3)
AID/ Cj1 e Cj2
Influência/Local
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Foto 2.5.3-1. Roedor equimídeo (Proechimys cf. londicaudatus) capturado em uma
armadilha live-trap do tipo gaiola de gancho.
Foto 2.5.3-2. Marsupial (Marmosops sp.) capturado no transecto instalado no ponto II em
Floresta Ombrófila.
Os valores relativamente baixos de sucesso de captura observados,
especialmente para o método de captura com armadilha live-trap, não diferem dos
observados para outras áreas de Floresta Ombrófila (Black et al., 2002; Eisenberg &
Redford, 1999; Emmons & Feer, 1997), podendo ser justificado pela altura do dossel
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(cerca de 40 metros), que permite ampla estratificação vertical e consequente separação
de nicho por parte dos pequenos mamíferos terrestres arborícolas (Begon et al., 1996).
Apesar de nossos esforços em dispor as armadilhas “no alto”, não conseguimos acessar
mais que 2,5-3,0 metros de altura, o que pode ser irrisório para uma boa parte da fauna
de pequenos mamíferos terrestres arborícolas, que fazem uso do médio e alto dossel
(Vieira et al., 2004).
Todas as espécies de marsupiais e roedores nativos têm o estado de conservação
descrito como de baixo risco pela IUCN (Rossi et al. 2006; Oliveira & Bonvicino 2006)
e apresentam ampla distribuição geográfica, exceto Proechimys longicaudatus cuja
distribuição restringe-se, no Brasil, ao Estado de Mato Grosso.
Dezesseis espécies (16,5%) foram avistadas em uma ou em ambas as campanhas
de campo, sendo o grupo dos primatas o mais registrado por este método: quatro
espécies (Sapajus apella, Mico intermedius, Ateles chamek e Lagothrix cana), em seis
eventos, totalizando pelo menos 48 indivíduos. Dentre os primatas registrados,
especialmente nas áreas de influência direta do empreendimento, duas merecem
destaque.
O macaco-barrigudo (Lagothrix cana; Foto 2.5.3-3) é uma das maiores espécies
de primatas neotropicais, primariamente frugívora, forrageia na metade superior do
dossel, sendo que raramente desce ao solo. Formam bandos entre 20 a 50 indivíduos e
utilizam uma área de vida entre 100 e 900 ha. São considerados bons indicadores de
qualidade de habitats, uma vez que ocorrem principalmente em florestas primárias,
evitando florestas degradadas (Bicca-Marques et al. 2006; Eisenberg & Redford 1999).
O mico-de-Aripuanã (Mico intermedius) é uma espécie endêmica da porção
noroeste do Estado de Mato Grosso e pequena porção sul do Estado do Amazonas
(Figura 2.5.3-1). Esta espécie habita floresta tropical úmida, com preferência para
formações de crescimento secundário e bordas de matas, e alimenta-se de frutos, flores,
néctar e goma, além de presas animais como insetos, sapos, lagartos, aranhas e lesmas
(Rylands & Silva, 2008).
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Foto 2.5.3-3. Macaco-barrigudo (Lagothrix cana) em área de influência direta do
empreendimento.
Figura 2.5.3-1. Ilustração do mico-de-Aripuanã (Mico intermedius) e mapa de sua
distribuição geográfica (Rylands et al., 2008).
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Iraras (Eira barbara), cutias (Dasyprocta sp.), capivaras (Hydrochoerus
hydrochaeris) e caititus (Pecari tajacu) também foram avistados frequentemente, em
mais de uma ocasião em ambas campanhas, nas estações chuvosa e seca (Foto 2.5.3-4).
Os animais da Ordem Carnivora, cujos representantes terrestres são as famílias
Felidae, Canidae, Mustelidae e Procyonidae, estão bastante bem representados,
especialmente os Felidae. A presença de várias espécies de Carnivora nas áreas de
influência direta e indireta do empreendimento sugere uma comunidade fortemente
estruturada, uma vez que muitos destes animais ocupam o topo das cadeias alimentares
a que pertencem, sendo necessária uma integridade da comunidade para a manutenção
de indivíduos e de suas populações.
Foto 2.5.3-4. Capivara (Hydrochoerus hydrochaeris) em área de influência indireta do
empreendimento.
Quarenta e cinco espécies de mamíferos, de médio e grande porte, foram
registradas em campo, das quais cinco espécies somente foram registradas na estação
seca, sendo as demais registradas em ambas as estações (Quadro 2.5.3-1). Com relação
aos métodos aplicados, dez espécies foram registradas a partir de observação direta
(Fotos 2.5.3-3 e 2.5.3-4) em uma ou em ambas as campanhas, onze espécies somente
foram registradas a partir de observação indireta de rastros ou vestígios (Fotos 2.5.3-5 e
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2.5.3-6) e cinco espécies constam na lista como relato de morador local (Figura 2.5.32). As demais espécies listadas são oriundas de dados primários ou secundários.
Foto 2.5.3-5. Rastro de onça-parda (Puma concolor), espécie registrada apenas por
observação indireta.
Foto 2.5.3-6. Rastro de paca (Cuniculus paca), espécie registrada apenas por observação
indireta.
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Figura 2.5.3-2. Porcentagem da forma do registro das espécies de mamíferos terrestres de
médio e grande porte listados para as áreas de influência direta e indireta do
empreendimento, na Serra do Expedito, Município de Aripuanã/MT.
Das espécies apenas registradas a partir de relato de morador ou trabalhador
local, pode-se dizer que lontras (Lontra longicaudis) e ariranhas (Pteronura
brasiliensis) ocorrem no Rio Aripuanã, mas este está bastante distante do
empreendimento e não deve ser considerado nem como área de influência indireta. As
outras três espécies (tamanduaí (Cyclopes didactylus), tatu-canastra (Priodontes
maximus) e o gato-mourisco (Puma yaguarundi)) apresentam hábitos noturnos, são
típicos de florestas tropicais e possivelmente ocorrem nas áreas de influência direta e
indireta do empreendimento.
Dentre as espécies registradas em campo, o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga
tridactyla), o tatu-canastra (Priodontes maximus), a jaguatirica (Leopardus pardalis), o
gato-do-mato (Leopardus tigrinus), o gato-maracajá (Leopardus wiedii), a onça-pintada
(Panthera onca), o cachorro-do-mato-vinagre (Speothos venaticus) e a ariranha
(Pteronura brasiliensis) estão listados como espécies vulneráveis à extinção no Estado
de Mato Grosso, sendo que a principal ameaça para a maioria destas espécies é a perda
de habitat (Brasil, 2008; Medri et al., 2006; Cheida et al., 2006).
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A curva do descobrimento especiário ou curva cumulativa de espécies (Figura
2.5.3-3), construída apenas com os dados obtidos nas atividades de campo deste EIA,
evidencia, por sua não estabilização, que trabalhos de curto prazo não contemplam todas
as espécies da região e reforçam a necessidade de complementar e aprofundar os
estudos com outras fontes de informações, como dados primários e secundários e
informações de coleções zoológicas.
Figura 2.5.3-3. Curva cumulativa de espécies de mamíferos registradas em ambas as
campanhas (seca e chuva) nas áreas de influência direta e indireta do empreendimento, na
Serra do Expedito, Município de Aripuanã/MT.
O coeficiente binário de similaridade de Sorensen foi aplicado aos dados de
presença/ausência das espécies registradas durante as atividades de campo, somando-se
as informações das duas campanhas referentes às áreas inventariadas. Assim, os dados
foram reunidos seguindo a amostragem de pequenos mamíferos terrestre e os dados de
médios e grandes mamíferos foram agrupados a esses pontos segundo as características
topográficas e fitofisionômicas dos locais em que foram encontrados: rastros ou
avistamentos encontrados nas estradas da Serra, com declividade maior que 45º, foram
agrupados ao ponto I; rastros ou avistamentos encontrados em estradas com declividade
menor que 45º e dentro da área do empreendimento foram agrupados no ponto II; dados
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registrados fora da área de influência direta do empreendimento foram agrupados no
ponto III (Tabela 2.5.3-1).
Tabela 2.5.3-1. Coeficientes binários de similaridade de Sorensen, aplicados aos
pontos I, II (ambos AID) e III (AII) amostrados na Serra do Expedito, Município
de Aripuanã/MT.
Ponto I
Ponto II
Ponto III
Ponto I
0,61
Ponto II
0,53
0,47
Ponto III
Os resultados apontam para uma maior similaridade entre as áreas localizadas
entre o topo e o sopé da Serra do Expedito, ambas caracterizadas por Floresta Ombrófila
com associação de Floresta de Encosta. O ponto III é o menos similar entre os
comparados e uma explicação plausível para isto é o fato deste ponto sofrer mais ações
antrópicas do que os outros dois, localizados dentro da área restrita do empreendimento.
No ponto III, além de se ter uma estrada bastante movimentada em sua proximidade,
também é uma área em que ocorre extração de palmito, com vários indícios de trilhas e
acampamentos de palmiteiros, além de locais de espera para a caça de animais
silvestres. Todas estas atividades antrópicas afugentam a fauna.
2.5.4. Discussão
Os resultados obtidos nos trabalhos de campo de ambas as campanhas (estações
seca e chuvosa) referentes ao Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do Empreendimento
“Projeto Aripuanã - Mineração e Beneficiamento de Minério Polimetálico – Zn, Cu e
Pb”, da Mineração Dardanelos Ltda., localizado no Município de Aripuanã/MT., para o
grupo dos mamíferos apontam para um inventário satisfatório, com sucesso na detecção
de diversas espécies de vários grupos funcionais.
Entretanto, somando os registros de campo com as informações oriundas de
dados primários e secundários, a lista de espécies de mamíferos registradas para a região
é bastante consistente, atingindo praticamente um terço de toda a fauna de mamíferos
descrita para todo o Bioma Amazônico.
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Apesar do baixo sucesso de captura das espécies de pequenos mamíferos
terrestres, os resultados estão dentro do esperado para uma área de Floresta Ombrófila
dentro do Bioma Amazônico, pelo o esforço realizado e pela perturbação de origem
antrópica atual e passada observada nas áreas estudadas. Assim como os morcegos e
primatas, os pequenos mamíferos terrestres (marsupiais e roedores) são bons
indicadores da qualidade de habitat, apresentam riqueza elevada (especialmente os
roedores) e exploram diversos nichos em função da diversidade de hábitos de
locomoção, dieta e horário de atividade (Reis et al., 2006; Eisenberg & Redford, 1999).
Em decorrência, essas quatro ordens de mamíferos (Didelphidae, Chiroptera, Primates e
Rodentia) são as que apresentam o maior potencial para o descobrimento de espécies
novas, principalmente para o Bioma Amazônico e sua zona de transição com o Bioma
Cerrado (Eisenberg & Redford, 1999). Nesse sentido, é aconselhável que maiores
esforços sejam realizados para a coleta de seus representantes, especialmente em regiões
serranas, como a da Serra do Expedito, onde está localizado o empreendimento.
Nenhum espécime de pequeno mamífero terrestre foi coletado, por nenhum
método, nas armadilhas instaladas no ponto III, fora da área de influência direta do
empreendimento, demonstrando que as perturbações observadas naquela área podem ter
afugentado esta fauna. Por outro lado, as áreas onde foram instaladas as armadilhas dos
pontos I e II, na área de influência direta do empreendimento, apresentaram maior
riqueza para este grupo, mas podem vir a sofrer desaparecimento local, em função das
atividades de instalação e operação do empreendimento.
Os resultados obtidos em campo para mamíferos de médio e grande porte são
aceitáveis, não ficando grandes lacunas para animais de fácil detecção.
Algumas espécies citadas neste inventário chamam a atenção e merecem
destaque: os felídeos e os canídeos são animais predadores, chamados de topo de
cadeia, e sua presença na área de influência direta do empreendimento sugere que os
habitats ainda apresentam uma estruturação de seus componentes, uma vez que sua
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presença só é permitida se todos os níveis tróficos abaixo dele, na cadeia alimentar,
apresentar uma consistência populacional.
Desta forma, também chama a atenção a marcante presença de algumas espécies
presa. É o caso das antas, veados, catetos, pacas e cutias, que apesar de não terem sido
avistados grande número de indivíduos, a quantidade de registros (pegadas, fezes e
“revirados”) para estas espécies foi abundante, especialmente na área de influência
direta do empreendimento.
Queixadas tiveram uma quantidade de registros menor, mas sua presença na área
também indica boa qualidade de habitat, uma vez que esta espécie não suporta viver em
áreas fragmentadas (Tiepolo & Tomás, 2006).
No que diz respeito aos mamíferos, a instalação e operação do Empreendimento
“Projeto Aripuanã - Mineração e Beneficiamento de Minério Polimetálico – Zn, Cu e
Pb”, da Mineração Dardanelos Ltda., localizado no Município de Aripuanã/MT,
acarretará um impacto negativo sobre esta fauna, especialmente nas áreas de maior
declividade e de maior proximidade, tanto da área de extração como da área de
beneficiamento, além do trajeto entre estes locais.
2.5.5. Monitoramento da Mastofauna (1ª Campanha – chuva/2012).
2.5.5.1. Introdução
Devido à suspensão do processo de licenciamento ambiental, por parte do
empreendedor, por um período de cerca de três anos, um acordo foi feito entre este e o
órgão ambiental estadual (SEMA/MT) para que uma campanha de verificação do estado
da área fosse feita de modo os dados coletados em 2008 fossem atualizados. Essa
campanha poderá ser considerada como a primeira campanha de monitoramento após a
liberação da licença de instalação.
Assim, esta campanha foi realizada durante o período chuvoso de 2012 para a
verificação do estado da área e suas mudanças sob a ótica da fauna de mamíferos.
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A ideia inicial era repetir o mesmo esforço amostral nas mesmas áreas de coleta
realizadas em 2008, de modo que os resultados pudessem realmente ser comparáveis e
uma opinião acerca das mudanças ocorridas na área (e seu reflexo na fauna de
mamíferos neste hiato de tempo) pudesse ser emitida. Entretanto, devido a problemas
logísticos (dificuldade de acesso) e às condições climáticas (pluviosidade bastante
elevada durante o período de campo) não foi possível repetir o modelo metodológico de
2008 integralmente.
2.5.5.2. Métodos
A campanha de monitoramento usou as mesmas técnicas utilizadas durante as
campanhas de 2008, porém diferenças no esforço amostral e em uma das áreas de coleta
serão destacadas a seguir.
Das três áreas foco de nossos esforços em 2008 para a instalação de armadilhas
para a coleta de pequenos mamíferos terrestres, apenas as duas áreas com influência
direta do empreendimento puderam ser reutilizadas. A local de coleta localizado fora da
área restrita do empreendimento, onde se verificava intensa atividade antrópica com
exploração de palmito (ponto III; Quadro 2.5.2.1-1) foi substituída por uma área
bastante próxima, também sob intensa atividade antrópica, mas com retirada de madeira
(ponto IV; Quadro 2.5.5.2-1).
Os métodos de observação direta e indireta também foram aplicados, mas com
um esforço reduzido devido à elevada pluviosidade, tanto durante as atividades em
campo como durante a noite, o que resultou em uma baixa quantidade e qualidade de
vestígios, como pegadas, que foram literalmente lavadas pelas chuvas.
A atividade dos animais diurnos, que eventualmente poderiam ser observados
diretamente durante nossas atividades e deslocamentos em campo também ficou
bastante prejudicada pelas chuvas, reduzindo o registro das espécies também por este
método.
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Quadro 2.5.5.2-1. Ponto, habitat, coordenada geográfica e descrição dos locais
amostrados para a coleta de pequenos mamíferos terrestres na Serra do Expedito,
Município de Aripuanã/MT.
Ponto
I
Habitat
amostrado
Floresta
Ombrófila/
Floresta de
encosta
Coordenada
Geográfica
Descrição dos Locais Amostrados
S 10º 03' 11,7''
W 59º 29' 38,9''
AID; topo da Serra Expedito. Floresta Ombrófila
densa com serapilheira espessa e palmeiras.
II
Floresta
Ombrófila
S 10º 04' 16,3''
W 59º 29' 17,5''
IV
Floresta
Ombrófila
S 10º 02' 34,8''
W 59º 29' 33,8''
AID; 2 km sudeste da Serra Expedito. Floresta
Ombrófila aberta com árvores esparsas de 20 m
de altura, muitos babaçus, serapilheira rala.
AII; cerca de 1 km sudoeste da Serra do
Expedito, localizado na margem esquerda da
estrada que dá acesso a Serra do Expedito.
Área de floresta ombrófila aberta com sinais
de antropização (retirada de madeira).
2.5.5.2.1. Armadilhas live-trap
Nesta campanha apenas foram utilizadas armadilhas do tipo Sherman e cada
ponto de amostragem teve 23 armadilhas instaladas, em um transecto linear, distantes
15m entre si e intercaladas em posição, i. e., uma no alto (cerca de 1,5 m do chão, atadas
com elásticos a galhos, lianas ou cipós) e uma no solo. As iscas utilizadas foram as
mesmas já descritas; as armadilhas permaneceram no campo por três noites
consecutivas, sendo checadas e reiscadas todas as manhãs.
2.5.5.2.2. Armadilhas de interceptação e queda (AIQ)
Nesta campanha o método de AIQ teve o esforço de amostragem aumentado de
cinco recipientes por conjunto (campanhas de inventário) para seis recipientes por
conjunto, aumentando também a extensão da cerca-guia de cada conjunto de 20 metros
para 45 metros. Os recipientes utilizados também foram maiores nesta campanha, sendo
usados baldes de 60 litros ao invés de 30 litros como nas campanhas anteriores. O
esforço total obtido na campanha de monitoramento com recipientes de 60 litros foi de
90 dias-recipiente, 30 dias-recipiente por área.
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O procedimento realizado com os animais capturados por ambos os métodos de
captura segue o mesmo padrão realizado nas campanhas do inventário, com a coleta de
dados biométricos e ecológicos e o colecionamento científico para posterior depósito na
Coleção de Zoologia do Instituto de Biociências da Universidade Federal de Mato
Grosso (UFMT).
2.5.5.3. Resultados
A coleta de dados desta campanha foi muito prejudicada em função das chuvas
na área de estudo durante os trabalhos de campo. Pouquíssimos registros por observação
direta e indireta foram feitos; ainda assim, estas escassas informações apontam para
importantes representantes da fauna de mamíferos da Serra do Expedito, Aripuanã/MT.
Os métodos de captura de pequenos mamíferos terrestres juntos somam nove
exemplares de sete espécies: quatro marsupiais didelfídeos, dois roedores cricetídeos e
um roedor equimídeo (Tabela 2.5.5.3-1).
Tabela 2.5.5.3-1. Espécies de pequenos mamíferos terrestres e número de
indivíduos capturados, método e área da captura da primeira campanha de
monitoramento na Serra do Expedito, Município de Aripuanã/MT.
Família/Espécie
N° de indivíduos
Método
Área
DIDELPHIMORPHIA
Didelphidae
Didelphis marsupialis
01
AIQ
II
Marmosops cf. bishopi
03
AIQ
I(1), II (2)
Monodelphis emiliae
01
AIQ
I
Micoureus demerarae
01
live trap
II
RODENTIA
Cricetidae
Neacomys spinosus
01
AIQ
I
Oxymycterus amazonicus
01
AIQ
I
Echimyidae
Mesomys hispidus
01
AIQ
II
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2.5.5.3.1. Armadilha live-trap
Apenas um espécime de marsupial (Micoureus demerarae) foi coletado pelas
armadilhas de captura-viva (live-trap) durante as três noites de coleta, representando um
sucesso de captura total de 0,5% e de 1,4% para a área II, local onde foi capturado.
2.5.5.3.2. Armadilha de interceptação e queda (AIQ)
Oito espécimes de seis espécies foram capturados por este método, três
marsupiais didelfídeos, dois roedores cricetídeos e um roedor equimídeo. Quatro
indivíduos foram coletados em cada uma das duas áreas onde houve coleta,
representando uma taxa de captura de 13,3 indivíduos/dia-recipiente por área e uma taxa
total de captura de 8,9 indivíduos/dia-recipiente.
2.5.5.3.3. Observação direta e indireta
Como mencionado anteriormente, as condições climáticas registradas na área
durante as atividades em campo prejudicaram os registros da fauna de mamíferos de
médio e grande porte pelos métodos de observação direta e indireta. A despeito dessas
condições adversas, pelo menos doze bandos de cinco espécies de primatas foram
avistados e outras dez espécies tiveram seus rastros reconhecidas e/ou foram avistadas
(Tabela 2.5.5.3.3-1).
De um modo geral, comparando os resultados obtidos pelos esforços desta
campanha com os esforços realizados anteriormente para o EIA deste empreendimento,
apresentados no Quadro 2.5.3-1 (com a compilação de informações de origem primária
e secundária para a região de Aripuanã, especialmente para as margens do Rio
Aripuanã), pode-se dizer que a fauna de mamíferos da Serra do Expedito manteve sua
integridade, especialmente na área restrita do empreendimento.
Por outro lado, as áreas externas ao empreendimento (área III, em 2008 e área
IV, em 2012) continuam sujeitas à exploração florestal, atualmente com a extração de
madeiras. Como decorrência da atividade antrópica ocorre a redução da complexidade e
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da heterogeneidade do habitat, com efeitos sobre a estrutura da comunidade de
mamíferos (August, 1983).
Tabela 2.5.5.3.3-1. Espécies de mamíferos terrestres, de médio e grande porte,
registradas pelos métodos de observação direta e indireta durante a primeira
campanha de monitoramento na Serra do Expedito, Município de Aripuanã/MT.
N° de indivíduos
Família/Espécie
Método
Área
avistados
ORDEM XENARTHRA
Família Dasypodidae
Dasypus novemcinctus
01
OD/OI
IV/II
ORDEM PRIMATES
Família Cebidae
Sapajus apella
6-8
OD
I, II e IV
Mico intermedius
6-8
OD
II e IV
Família Pitheciidae
Callicebus cinerascens
5-7
OD
II e IV
Família Atelidae
Ateles chamek
4-9
OD
II e IV
Lagothrix cana
5-8
OD
II e IV
ORDEM CARNIVORA
Família Canidae
Cerdocyon thous
01
OD
IV
Família Procyonidae
Procyon cancrivorus
01
OD
IV
Nasua nasua
3-4
OD
IV
ORDEM PERISSODACTYLA
Família Tapiridae
Tapirus terrestres
01
OD/OI
II
ORDEM ARTIODACTYLA
Família Tayassuidae
Pecari tajacu
10-12
OD/OI
II
Família Cervidae
Mazama sp.
01
OD/OI
II
ORDEM RODENTIA
Família Caviidae
Cuniculs paca
OI
II e IV
Dasyprocta cf. azarae
Hydrochoerus hydrochaeris
01
OD
IV

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