CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL / JORNALISMO Daiana

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CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL / JORNALISMO Daiana
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CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL / JORNALISMO
Daiana Stockey Carpes
JORNAL FALADO: FERRAMENTA DE ACESSIBILIDADE
DE COMUNICAÇÃO PARA OS CEGOS
Santa Cruz do Sul
2013
1
Daiana Stockey Carpes
JORNAL FALADO: FERRAMENTA DE ACESSIBILIDADE
DE COMUNICAÇÃO PARA OS CEGOS
Projeto experimental apresentado como requisito à
conclusão do curso de Comunicação Social – Habilitação
em Jornalismo, da Universidade de Santa Cruz do Sul
(UNISC).
Orientação: Prof. Demétrio de Azeredo Soster
Santa Cruz do Sul
2013
2
Daiana Stockey Carpes
JORNAL FALADO: FERRAMENTA DE ACESSIBILIDADE
DE COMUNICAÇÃO PARA OS CEGOS
Projeto
experimental
apresentado
ao
curso
de
Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo, da
Universidade de Santa Cruz do Sul, como requisito à
obtenção do grau de bacharel em comunicação social.
Prof. Demétrio de Azeredo Soster
Professor Orientador
Prof. Helio Afonso Etges
Prof. Veridiana Pivetta de Mello
3
Dedico este trabalho ao meu irmão, Norton Stockey Carpes, que vive
à luz dos sonhos de um menino alegre, de um homem responsável e de
um guri para lá de especial. E que me mostrou que a vida só vale a
pena se fizermos a diferença. E é com essa lição de vida que trago
para o jornalismo a missão de não vendar meus olhos perante as
diferenças.
4
Foi uma oportunidade única poder mostrar que as pessoas cegas
existem, que seus direitos e necessidades precisam ser levados em
consideração por serem elas também membros da comunidade.
(NOWILL, Dorina)
5
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Printscreen da página inicial do blog ........................................................................ 26
Figura 2 – Printscreen do painel do administrador do blog, para a postagem de mídias ........... 27
Figura 3 – Printscreen da postagem página 19 .......................................................................... 28
Figura 4 – Imagem da página diagramada do Unicom Memórias ............................................. 34
Figura 5 – Organograma das funções dos acadêmicos para a construção do Jornal Falado ...... 35
Figura 6 – Demétrio de Azeredo Soster, Daiana Carpes e o Deputado Mano Changes, durante
reunião no gabinete do deputado para apresentação do projeto ................................................. 39
Figura 7 – Printscreen da postagem com as observações do funcionamento do play das
sonoras ........................................................................................................................................ 40
6
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 7
2 OBJETIVOS ........................................................................................................................... 9
2.1 Objetivo Geral ...................................................................................................................... 9
2.2 Objetivos Específico .............................................................................................................. 9
3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................................. 10
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................. 11
4.1 Acessibilidade....................................................................................................................... 11
4.2 Acessibilidade na comunicação ............................................................................................ 13
4.3 Jornal-laboratório.................................................................................................................. 16
5 CARACTERIZAÇÃO DO PRODUTO .............................................................................. 19
5.1 Conteúdo............................................................................................................................... 19
5.1.1 Blog Unicom Jornal Falado ............................................................................................... 25
5.1.2 Organização do Jornal Falado ........................................................................................... 29
6 PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO .................................................................................... 35
6.1 Organograma funcional ........................................................................................................ 35
6.2 Previsão Orçamentária .......................................................................................................... 36
6.3 Plano de trabalho .................................................................................................................. 36
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 38
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 41
7
1 INTRODUÇÃO
O acesso à informação para pessoas com deficiência sensorial, ou seja, pelo não
funcionamento (total ou parcial) de algum dos cinco sentidos, é algo ainda restrito, apesar dos
avanços tecnológicos e das leis que asseguram esse direito. Porém, na prática, pouco se tem
feito de ações que promovam a acessibilidade. Em se tratando de pessoas que possuem
deficiência visual ou cegueira, a informação se dá, principalmente, por meios auditivos. No
entanto, os meios de comunicação, como rádio, televisão ou jornal impresso, permanecem
sem fazer uma audiodescrição sobre a notícia em si, e o mais preocupante é a falta de projetos
que promovam essa inclusão. Diante disso, esse público fica com menos possibilidades de
acompanhar informações vindas destes meios de comunicação.
A proposta deste projeto vai ao encontro dessa necessidade. E consiste na elaboração
de um produto de comunicação acessível aos cegos. O trabalho exposto é uma adaptação, por
meio de métodos jornalísticos, na qual o jornal laboratório do curso de Comunicação Social –
Unicom - receberá uma versão em áudio, que chamaremos de Jornal Falado, garantindo a
acessibilidade daqueles que não podem ler, e, consequentemente, o direito à informação.
No primeiro momento, justificamos este trabalho por ser uma proposta inovadora, uma
vez que dialoga com a acessibilidade e com a comunicação – no âmbito acadêmico, e de
cunho social, pois promove a inserção daqueles que possuem deficiência visual em uma
esfera que este público não teria acesso. Além de atender aqueles que possuem deficiência
visual, o projeto, também atenderá aos que possuem visão, pois irá conter informações que só
possuem na versão em áudio.
A ideia deste trabalho surgiu da necessidade de adaptar um jornal acadêmico impresso
para um meio acessível a um aluno cego do curso de Ciências Contábeis, da Universidade de
Santa Cruz do Sul (Unisc). Em agosto de 2011 foi criada a primeira edição do jornal em áudio
do informativo Ábaco1. A partir disso, passamos a nos questionar como a comunicação
trabalha a acessibilidade, resultando no artigo Jornal em Áudio: adaptação de acessibilidade
na comunicação?, apresentado no XXXV Congresso Brasileiro de Ciências da
Comunicação2, e publicado no livro Tecnologias, pra quê? (2012), da editora Armazém
Digital, e organizado pelos professores pesquisadores César Steffen e Álvaro Benevenuto
Júnior.
1
Jornal semestral, voltado para os alunos do curso de Ciências Contábeis, da Unisc. O periódico conta com
matérias relacionada aos acadêmicos desta graduação e notícias sobre o mercado de trabalho deste profissional.
2
Congresso realizado em Fortaleza, CE, de 3 a 7 setembro de 2012. O artigo foi apresentado na modalidade do
Intercom Junior.
8
Com o avanço da tecnologia, novas práticas alternativas de comunicação pela internet
aparecem e abrem espaço para pensar em um meio que promova o acesso daqueles que
possuem alguma deficiência, como é o caso do jornal em áudio, do curso de Ciências
Contábeis, conforme citamos anteriormente. Outro exemplo é o rádio para surdos3 produzido
por acadêmicos de jornalismo da Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da PUCRS,
onde uma intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras)4 traduz a notícia narrada. Nesta
perspectiva questionamos qual o papel dos comunicadores, enquanto estudantes e
profissionais da área, uma vez que o receptor da notícia necessita de um meio adaptado para
receber tal informação.
Diante do exposto, identificamos a necessidade de pesquisar sobre o tema proposto.
Assim, para desenvolver esse projeto, apresentaremos um levantamento bibliográfico, por
meio do qual entenderemos os conceitos de jornal-laboratório, acessibilidade e comunicação
social. Nos dois capítulos seguintes, delimita-se que se deseja estabelecer, em termos de
características físicas e de conteúdo do jornal em áudio, e, principalmente, os procedimentos
que serão adotados para se chegar ao resultado esperado, a partir da perspectiva que se tratará
de um serviço prestado por acadêmicos do curso de Comunicação Social habilitação
Jornalismo a um cliente em especial.
Finalmente, chega-se às considerações finais, quando, após todos os detalhamentos
necessários, faz-se alguns complementos, em especial sobre o que este projeto pode contribuir
em termos de futuras experimentações acadêmicas e profissionais.
3
O projeto Rádio 3.0 na Internet: sons, imagens e textos como recursos para a inclusão digital, engloba o
desenvolvimento de conteúdos radiofônicos na internet (sons, imagens e textos) para o público em geral, com
ênfase às pessoas com surdez, deficiência auditiva e visual, através da Língua Brasileira de Sinais (Libras).
Disponível em http://projetos.eusoufamecos.net/radiofam/reportagembrique/.
4
A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é utilizada por deficientes auditivos para a comunicação entre surdos e
ouvintes. Os sinais são formados a partir da combinação da forma e do movimento das mãos e do ponto no corpo
ou no espaço onde esses sinais são feitos.
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2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Criar uma ferramenta de comunicação, no âmbito acadêmico, acessível aos cegos, para
que este público mantenha-se informado por meio de um dispositivo atrativo, compreensivo e
viável.
2.2 Objetivos Específicos
- Identificar os aspectos necessários para a criação de um mecanismo de comunicação
para os cegos – a partir da prática laboratorial acadêmica – através de uma pesquisa com a
aplicação de um questionário com o público alvo.
- Revisar os conceitos de acessibilidade, acessibilidade na comunicação e jornalismo
de laboratório.
- Analisar as leis e decretos que asseguram o direito de informação aos cegos.
- Realizar a revisão teórica sobre o assunto.
- Desenvolver um conceito de jornal-laboratório para deficientes.
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3 JUSTIFICATIVA
Muito tem se falado em direitos iguais, cidadania, acessibilidade. Porém, o que
observamos é a falta de projetos e iniciativas que efetivamente promovam a acessibilidade.
Entendemos que é na universidade que nossas ideias e inquietações são executadas, pois é
neste ambiente que temos suporte para a realização de pesquisas e, propriamente dito, a
realização dos produtos planejados, no nosso caso, os comunicacionais. Diante do exposto,
propomos elaborar uma ferramenta de comunicação acessível aos cegos, utilizando para isso,
os conceitos de jornalismo de laboratório. Logo, pretendemos traduzir para um meio acessível
o que foi publicado no jornal laboratório do curso de Comunicação Social da Unisc, Unicom.
Assim, justificamos nossa proposta por ser uma ferramenta que promove a inclusão
informacional de um grupo restrito da sociedade, e, acima de tudo, por ser um tema que está
em constante discussão – inclusão social e a acessibilidade. Além do mais, temos uma
legislação ampla que assegura o direito para portadores de deficiência, em inúmeras situações
do cotidiano.
Em matéria publicada no site da revista Veja, em abril de 2012, constata-se que houve
um aumento no mercado de bens e serviços de tecnologia para este público – voltado não
apenas para quem nasceu ou adquiriu ao longo da vida algum problema físico, visual, auditivo
etc. Mas também ao crescente número de idosos no país – movimentou cerca de 1,5 bilhão de
reais em 2011. E a projeção em 2012 é o aumento de 20% do faturamento do ano anterior5.
Este crescimento deve-se a uma conjunção de fatores: desde a melhoria geral do ambiente
econômico, passando pelo aumento do emprego das pessoas com deficiência, até a oferta de
crédito especial por alguns bancos.
E é pensando neste mercado que está em constante expansão e carente na área
jornalística; na legislação que assegura os direitos aos portadores de deficiência; nos deveres
do jornalista quanto à divulgação das informações, e, na releitura do jornal em áudio,
produzido no curso de Ciências Contábeis da Unisc, que explicamos a importância de tal
projeto para a comunicação.
A questão da inclusão não é apenas um direito, mas a exigência de uma realidade. E
queremos com este trabalho, discutir a comunicação e a acessibilidade como meios para
garantir a inclusão, a cidadania e a promoção do desenvolvimento da informação.
5
Até o momento desta pesquisa não foram divulgados os dados do faturamento oficial de 2012.
11
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
4.1 Acessibilidade
Até pouco tempo atrás, as pessoas portadoras de algum tipo de deficiência eram vistas
como dignas de piedade e bondade. Ainda assim, não era comum oferecer acesso igualitário a
serviços para deficientes. Segundo Resource (2005, p. 17), as mudanças começaram em 1981,
Ano Internacional dos Portadores de Deficiência, quando se chamou atenção para esse tema e
possibilitou a muitos portadores de deficiência tomar conhecimento das estatísticas
relacionadas com seu grupo.
Nos últimos anos percebemos uma atenção maior em torno desta questão. São leis,
decretos que giram em torno deste tema. Segundo o portal Brasil Gov.Br6, acessibilidade é o
termo usado para indicar a possibilidade de qualquer pessoa usufruir de todos os benefícios da
vida em sociedade, entre eles o uso da internet. É o acesso a produtos, serviços e informações
de forma irrestrita.
Quando pensamos no termo acessibilidade, logo pensamos nas obras e serviços de
adequação do espaço urbano e dos edifícios. Porém, acessibilidade não significa
apenas permitir que as pessoas com deficiência possam se locomover pelos espaços.
Pensar em acessibilidade é garantir a inclusão de todos em qualquer ambiente,
atividade ou uso de recurso (SCHIRMER, 2008, p. 4).
O Decreto 5.296, de 2 de dezembro de 2004, Art. 8º, define acessibilidade como:
Condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos
espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de
transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por
pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida.
O mesmo artigo descreve quais são as barreiras da acessibilidade: qualquer entrave ou
obstáculo que limite ou impeça o acesso, a liberdade de movimento, a circulação com
segurança e a possibilidade de as pessoas se comunicarem ou terem acesso à informação.
A acessibilidade é um direito garantido por lei no Brasil, onde além do Decreto 5.296,
existem outras leis que tratam do tema como a Lei nº 10.046, de 8 de novembro de 2000, que
dá prioridade de atendimento às pessoas que necessitam de acesso específicos, e a Lei nº
10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a
promoção da acessibilidade entre a população. A acessibilidade também é um dos oito
6
http://www.brasil.gov.br
12
Princípios Gerais da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, da qual o
Brasil é um dos signatários.
Na obra “A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência Comentada”, a
autora Lilia Pinto Martins, reserva o artigo dois para conceituar as definições sobre a
deficiência e destaca a importância de uma sociedade inclusiva:
Uma sociedade, portanto, é menos excludente, e, consequentemente, mais inclusiva,
quando reconhece a diversidade humana e as necessidades específicas dos vários
segmentos sociais, incluindo as pessoas com deficiência, para promover ajustes
razoáveis e correções que sejam imprescindíveis para seu desenvolvimento pessoal e
social, assegurando-lhes as mesmas oportunidades que as demais pessoas para
exercer todos os direitos humanos e liberdades fundamentais. É dentro deste
paradigma da inclusão social e dos direitos humanos que devemos inserir e tratar a
questão da deficiência. O desafio atual é promover uma sociedade que seja para
todos e onde os projetos, programas e serviços sigam o conceito de desenho
universal, atendendo, da melhor forma possível, às demandas da maioria das
pessoas, não excluindo as necessidades específicas de certos grupos sociais, dentre
os quais está o segmento das pessoas com deficiência (PINTO, 2008, p. 30).
Em se tratando de direito trabalhista, em 1991 foi promulgada a Lei 8.213/1991, que
estabelece o número de profissionais portadores de deficiência ou em reabilitação no quadro
das empresas, de acordo com a quantidade de funcionários que possui.
Porém, uma questão nos preocupa. Segundo dados do IBGE, em 2010, havia 45,6
milhões de pessoas com pelo menos uma das deficiências investigadas (visual, auditiva,
motora e mental), representando 23,9% da população. Mais precisamente, 6,6 milhões de
pessoas declararam possuir deficiência visual severa (grande dificuldade de enxergar ou que
não conseguem de modo algum), sendo que 506,3 mil declaram ser cegos. Estes números são
significativos e nos faz questionar a maneira e a forma que os conteúdos informacionais
chegam a este público.
Quase a totalidade deles (portadores de deficiência visual e auditiva) tem
dificuldades em acompanhar as informações divulgadas pela mídia, embora, em
relação aos deficientes auditivos e surdos, existam várias leis, garantindo apoio na
comunidade escolar e disponibilização, entre outros itens, de equipamentos que
oportunizem o trabalho com as novas tecnologias de informação e comunicação
(KLÖCKNER; VARGAS; CLÁUDIO; BRITTES; FERREIRA E UBERTI, 2012, p.
262).
Em relação ao acesso igualitário das pessoas com deficiência, à informação e à
comunicação, uma das intenções deste projeto é questionar como esta parcela da população se
mantém informada e de que maneira os meios de comunicação se preocupam em promover a
acessibilidade na comunicação, o próximo item que iremos analisar.
13
4.2 Acessibilidade na comunicação
A informação dá liberdade e autonomia a quem a possui. Para aqueles que possuem
alguma deficiência, no entanto, as informações não estão prontamente disponíveis. Resource
observa que:
Para tornar as informações acessíveis a portadores de deficiência é preciso um
compromisso contínuo, pois há ainda muitas lacunas a serem preenchidas. Algumas
melhorias são muito fáceis de se providenciar e podem ser prontamente
introduzidas; outras exigem mais recursos, coleta de informações e planejamento.
Um descuido de uma única pessoa envolvida – o redator, o preparador de texto, o
programador visual, o responsável pela impressão, o assessor de marketing – pode
ser suficiente para criar obstáculos desnecessários no acesso à informação. Uma
política e um plano adequados são os meios mais práticos que qualquer organização
pode usar para assegurar-se de que esse acesso esteja sempre em pauta e que
verdadeiras melhorias aconteçam (RESOURCE, 2005, p. 52).
Segundo a Escola de Gente – Comunicação em Inclusão7, à relação entre
acessibilidade na comunicação e democracia participativa é clara. Quando uma pessoa é
impedida de exercer o direito de se comunicar, fica em desvantagem para tomar parte em
processos decisórios que lhe interessam direta ou indiretamente. Como resultado, fica
comprometida a liberdade de expressão e, consequentemente, o processo democrático, que se
alimenta do direito à participação.
O Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004, reservou 14 artigos, no capítulo VI,
para o acesso à informação e à comunicação para pessoas com deficiência. Entre as
especificidades listadas estão:

obrigatoriedade de acessibilidade nos sites de administração pública;

acesso
aos
portadores
de
deficiências
auditivos
em
serviços
de
telecomunicações;

incentivo ao uso de aparelhos de telefonia celular que indiquem, de forma
sonora, todas as operações e funções neles disponíveis no visor;

incentivo a oferta de aparelhos de televisão equipados com recursos tecnológicos
que garantem o direito de acesso à informação aos deficientes auditivos ou
visuais;
7
Escola de Gente – Comunicação em Inclusão foi fundada em abril de 2002, por profissionais de comunicação e
ativistas em inclusão certos de que a comunicação é uma área do conhecimento que deve ser melhorada e
utilizada a favor da inclusão de grupos em situação de vulnerabilidade na sociedade. A entidade vem se aliando a
diversas organizações sociais, oferecendo sua abordagem sistêmica de inclusão e diversidade em prol desses
grupos populacionais para os quais, e com os quais, esses(as) parceiros(as) trabalham.
14

caberá aos órgãos e entidades da administração pública a promoção e
capacitação de profissionais em LIBRAS; a televisão digital no país deverá
contemplar os três tipos de sistema de acesso à informação (circuito de
decodificação de legenda oculta, recurso para programa secundário de áudio e
entrada para fones com ou sem fio);

apoio do poder público em eventos científico-cultural às pessoas com deficiência
auditiva e visual, com tradutores e intérpretes de LIBRAS, leitores, guiasintérpretes, ou tecnologia de informação e comunicação e; os programas e as
linhas de pesquisa a serem desenvolvidos com o apoio de organismos públicos
de auxílio à pesquisa e de agências de financiamento deverão contemplar temas
voltados para tecnologia da informação acessível para deficientes.
Pensando em favorecer o acesso de comunicação àqueles que possuem algum tipo de
deficiência, foram criados mecanismos que contribuem para a acessibilidade na comunicação,
como mostram os autores Lima, Lima e Guedes:
Alguns instrumentos ampliaram significativamente o conceito de acessibilidade à
comunicação, tanto trazendo às pessoas surdas a legenda, em close caption (CC), e
janela com língua de sinais, quanto trazendo às pessoas cegas a áudio-descrição, em
canal secundário de áudio (canal sap). Não se omitindo quanto às barreiras
comunicacionais em outras instâncias, determinaram que esse acesso deve se dar
também em eventos educacionais/acadêmicos, em conferências, congressos,
seminários etc., onde quer que imagens sejam exibidas e pessoas com deficiência
visual delas necessitem conhecer, para o lazer, educação ou outra razão.
[...] Não propiciar, portanto, a igualdade de acesso à informação para as pessoas com
deficiência visual é discriminá-las por razão de deficiência, uma vez que não é a
cegueira que as impede de receber a informação, mas o obstáculo ocasionado pela
falta do áudio descrição, a qual é, em última instância, uma alternativa
comunicacional para os eventos visuais (LIMA, LIMA e GUEDES, 2008. p. 11).
Um comentário publicado na obra Manual da Mídia Legal: Comunicadores pelas
Políticas de Inclusão8 (2005, p.43) afirma que, nos últimos anos, é notório o aumento de
espaço em jornais, sites, revistas, canais de televisão e de rádio para noticiar fatos sobre
deficiência, violência doméstica, abuso sexual, prostituição infantil, orientação homossexual,
entre outros. Com isso, a visibilidade do assunto aumenta, para tranquilidade dos profissionais
da mídia e da sociedade, é sentimento do “dever cumprido”. Entretanto, nem sempre a
8
O livro é resultado do 4º encontro da Mídia Legal – Universitários pelas Políticas de Inclusão, realizado pela
Escola de Gente, no Rio de Janeiro e em São Paulo. A obra busca abordar o tema deficiência de forma
descontextualizada. O grande desafio dos Manuais da Mídia Legal é debater, refletir e construir a cada edição o
que a mídia tem divulgado referente a estes assuntos, e assim fazer pequenos comentários sobre como seria a
melhor forma de publicar para a sociedade tal reportagem.
15
visibilidade é sinal de combate à discriminação. E nem uma efetiva realização desta prática:
fazer o material impresso em algo acessível para todos.
Segundo o Manual da Mídia Legal (2002, p. 6), o assunto deficiência gera um tipo de
emoção que impede os jornalistas de manter a lucidez defendida no exercício diário da
profissão. Toda notícia sobre deficiência parece ser uma super pauta, o que nem sempre é
verdade. A abordagem das pessoas com deficiência na mídia sob a perspectiva de direitos
humanos ainda é um fenômeno recente e por isso precisa ser trabalhada especificamente com
os responsáveis pela comunicação.
Aliando força de vontade, uso de novas tecnologias e profissionais qualificados há a
possibilidade de transformar qualquer tipo de material em um produto de comunicação
acessível, independente da deficiência que o receptor possua como apresenta os autores Vital
e Queiroz:
Hoje em dia, existe tecnologia para se comunicar por telefone com uma pessoa surda
(...); a pessoa cega ou com limitação física severa pode se comunicar via internet,
escrever, ler e navegar por suas páginas. Já é possível assistir televisão, filmes e
noticiários, sem que alguém tenha que ajudar a descrever as cenas mudas para um
assistente cego ou narrar, por meio de sinais, os diálogos televisivos para uma
pessoa surda. Pessoas com deficiência visual ou auditiva podem participar de
conferências que tenham vídeos, palestras somente falada ou com qualquer outro
tipo de barreira de comunicação que, sem as tecnologias assistidas adequadas,
impediriam o entendimento das informações (2008, p. 46).
Vital e Queiroz (2008, p. 46), chamam a atenção para as diversas formas de
comunicação que estão disponíveis, através da tecnologia, para levar a informação a todos.
Porém, os autores fazem uma ressalva neste aspecto: há falta de interesse da população em
geral e de empresas que atuam neste ramo em utilizar essas ferramentas e ainda, muitas delas
são desconhecidas pela sociedade.
Para a realização deste trabalho realizamos uma pesquisa em sites, onde foram
publicados artigos científicos e notícias relacionadas ao tema deste projeto – acessibilidade na
comunicação –, que serviu como base para analisarmos o que está sendo publicado no âmbito
científico e o que de fato a mídia vem mostrando. Deste modo, constamos um número
razoável de jornalistas engajados em prol da acessibilidade, como Flávia Cintra9, Danieli
Haloten10 e a francesa Sophie Massieu11. Massieu concedeu uma entrevista ao site BBC Brasil
9
Consultora de empresas e ativista de Direitos Humanos e Desenvolvimento Inclusivo, participou da 8ª sessão
do Comitê da ONU que elaborou a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.
10
Jornalista e atriz, cega, em 2006, produziu uma reportagem sobre deficientes e o mercado de trabalho com a
equipe do programa Profissão Repórter, comandado por Caco Barcellos. Como atriz, Haloten conquistou, em
2010, o papel de Anita, na novela Caras & Bocas, exibido pela Rede Globo, na trama a personagem mostrou as
dificuldades enfrentadas pelos cegos brasileiros.
16
onde relatou estar havendo grandes avanços nessa área.
Apesar de toda importância que os projetos em prol da acessibilidade possuem, vimos
que quando se trata de propor produtos comunicacionais acessíveis, pouco se tem discutido ou
efetivamente realizado. O nosso próximo passo é fazer uma releitura dos principais autores
que pesquisam sobre o jornalismo de laboratório e a seguir propor a implantação de um
mecanismo acessível no jornal-laboratório do curso.
4.3 Jornal-laboratório
A legislação que rege os cursos de Jornalismo no Brasil exige que toda instituição que
ofereça tal habilitação deverá dispor de um jornal-laboratório, onde os futuros profissionais de
imprensa possam, na prática, aplicar os conhecimentos adquiridos e experimentar novas
propostas. Assim, a disciplina que integra um jornal-laboratório é vista pelos alunos como
uma oportunidade de por em prática o que foi visto nas disciplinas teóricas, além de
possibilitar a execução da técnica em situações que simulam o ambiente profissional das
redações. Este exercício é importante para o acadêmico conhecer o jornal em
vários sentidos, desde a pauta, checagem das fontes envolvidas no assunto, entrevistas,
pesquisa no banco de dados, leitura complementar e a produção do texto.
Um dos primeiros pesquisadores que trouxeram a temática do jornalismo de laboratório
para a discussão foi o jornalista Dirceu Fernandes Lopes. Em seu livro, resultado de sua tese
de doutorado em Comunicação Social, pela USP, Jornal Laboratório: do exercício escolar ao
compromisso com o público leitor, lançado em 1989, pela editora Summus, Lopes procurou
retratar a prática laboratorial, avaliando as questões teóricas fundamentais relacionadas com o
ensino do jornalismo.
José Marques de Melo, ao escrever o prefácio desta obra destaca:
Este livro do professor Dirceu Fernandes Lopes constitui um registro oportuno sobre
a problemática do jornal-laboratório no Brasil e seus avanços metodológicos. O
autor realizou um inventário das questões fundantes que caracterizam a formação
universitária dos jornalistas e situou com argúcia e sensibilidade o papel
desempenhado pelos veículos impressos que viabilizam o aprendizado prático da
futura profissão (Editora Summus, p. 11).
11
Cega desde o nascimento, a jornalista participou do programa "Dans tes yeux" (Nos teus olhos, em tradução
literal), do canal de TV franco-alemão Arte, onde foram realizadas reportagens em 40 cidades de 23 países, entre
eles o Brasil, sempre acompanhada de seu cachorro guia. O conceito do programa é "mostrar o mundo de
maneira diferente", sob a ótica das sensações de alguém que não possui a visão.
17
Além desse livro, Lopes também publicou: A evolução do jornalismo em São Paulo
(1996), pela editora Edicon, Edição em jornalismo eletrônico (2000), pela editora Edicon e
Sociedade Mediática – significação, mediações e exclusão (2000), pela editora Universitária
Leopoldianum. Entre tantas atividades que desenvolveu, Lopes realizou uma pesquisa para
definir o perfil do jornalismo-laboratório nos cursos de Jornalismo do Brasil. Resultado
publicado no Caderno Posgrad da Universidade Católica de Santos: Para uma pedagogia do
Jornal-laboratório (2001), pela editora Leopoldinum.
Em 1982, durante o VII Encontro de Jornalismo sobre órgãos laboratoriais impressos,
na Faculdade de Comunicação de Santos, chegou-se ao seguinte conceito:
O jornal-laboratório é um veículo que deve ser feito a partir de um conjunto de
técnicas específicas para um público também específico, com base em pesquisas
sistemáticas em todos os âmbitos, o que inclui a experimentação constante de novas
formas de linguagem, conteúdo e apresentação gráfica. Eventualmente seu público
pode ser interno, desde que não tenha caráter institucional (LOPES, 2001, p.17).
A introdução dos órgãos laboratoriais provocou o início de mudança nos cursos de
jornalismo, iniciando a articulação teórico-prática, indispensável na formação do profissional.
Nessa passagem, Lopes (1989, p. 33) relata que o ensino discursivo foi cedendo lugar a uma
aprendizagem prática. O ponto fundamental do avanço foi a aprovação pelo Conselho Federal
de Educação da resolução que determinava que as escolas deveriam contar também com
órgãos laboratoriais.
Lopes (1989) questiona e o papel fundamental sobre os jornais laboratório e a prática
do jornalismo:
O órgão laboratório é um instrumento de reprodução da prática jornalística vigente
ou um veículo para a criação das alternativas em relação ao que existe na sociedade?
As duas opções são fundamentais: reproduzir a realidade, criar inovações. É
importante manter as duas formas combinando-as, intercalando-as e integrando-as.
Nos próprios exercícios didáticos que se realizam nos laboratórios é possível
contrabalançar a reprodução dos padrões jornalísticos dominantes com a criação de
novos modelos que possam constituir alternativas viáveis (LOPES, 1989, p. 34).
É neste âmbito de inovação, de experimentações e da criação de novos vínculos que a
proposta deste trabalho dialoga com os conceitos de jornalismo de laboratório. Neste
ambiente da universidade, inserimos a nossa proposta de fazer um jornal para cegos, com um
trabalho muito mais prático, pois iremos transformar o jornal impresso, em jornal em áudio, o
que atende diretamente a este público específico da sociedade, os cegos e pessoas com baixa
visão.
18
Para José Marques de Melo, citado por Lopes (1989, p. 51), o jornal-laboratório
permite um treinamento adequado na própria escola, de modo que os alunos tenham
oportunidade de colocar em execução, ainda que experimentalmente, o acervo de
conhecimentos
teóricos
adquiridos
nas
diversas
disciplinas de natureza técnico-
profissionalizante. Conforme Filho (2012, p. 146) o jornal-laboratório é um meio de
comunicação feito por alunos de um curso de jornalismo sob a supervisão e orientação de
professores jornalistas, capaz de contribuir de forma eficaz para a formação do profissional
jornalista.
Após a revisão do conceito de jornal-laboratório, com uma releitura dos principais
autores e obras, não identificamos nenhum pesquisador que traga a questão da acessibilidade
para ser discutida a nível universitário. E é nesse espaço de experimentações que o jornallaboratório nos permite, nos desafiamos a por em prática um novo meio de comunicação para
os cegos, que contemple é claro o aprendizado teórico com a prática do jornalismo passado
em sala de aula.
19
5 CARACTERIZAÇÃO DO PRODUTO
5.1 Conteúdo
Para fins deste projeto, realizou-se uma busca por meio de fóruns de debate na
internet, que discutam o tema de acessibilidade no país. De tal modo, participamos como
membro do grupo do Núcleo de Apoio Acadêmico da Unisc (NAAC)
12
e do Grupo Áudio-
13
descrição em estudo . A ideia era organizar os principais pontos a serem observados para a
construção de um jornal em áudio, a partir das ressalvas dos cegos, como por exemplo, a
melhor maneira de ser informado ou como os conteúdos informacionais podem ser
transmitidos para aqueles que não possuem visão, de forma mais clara e objetiva.
Para que o produto final do Jornal Falado seja um meio de comunicação viável,
elaboramos um questionário com uma série de perguntas que foram enviadas a estes grupos,
como mostra o quadro abaixo:
Quadro 1 – Questionário aplicado aos cegos
Dados dos
entrevistados
Cristian
Sehnem,
técnicoadministrativo,
perdeu a
visão aos
20.
Idade 36
anos.
Reside em
12
Você
costuma
"ler"
jornais e
revistas?
Raramen
te, não
desenvolvi o
hábito.
Procura
se manter
informado?
O que um
jornal em
áudio
precisa
ter?
Você
conhece
algum
jornal
laboratório,
produzi
-do por
acadêmicos
de
Jornalismo?
Conhece
o jornal
Unicom e
a revista
Exceção,
produzidos por
acadêmicos da
Unisc?
O que
pode ser
melhorado
no
jornalismo
brasileiro,
para que
as
informações
estejam
disponíveis
a todos?
Sim,
principal
mente via
rádio e
internet.
Que o
acesso ao
jornal seja
prático
(independente se
for pela
internet,
pelo
aparelho
de som,
Sim, já
recebi
vários
em
papel.
Não. Mas
também
nunca os
procurei
na
internet,
caso
estejam
disponíve
is online.
Mais
criatividade
e atenção
aos
diferentes
públicos
que
acessam,
querem ou
deveriam
acessar as
Você
tem
interesse em
"ler"
reporta
-gens
produzidas
por
acadêmicos
de
Jornalismo?
Sim
Você
conhece
a legislação que
fala
sobre a
acessibilidade e
o direito
a
informação?
Sim
Possui abrangência estadual. Endereço eletrônico do grupo: [email protected].
Grupo Baú Cultural, tem como objetivo o compartilhamento de materiais digitais, tais como: e-books de
literatura diversas, artigos, textos, músicas e tutoriais, que permitam a discussão e troca de informações relativas
a estes universos, sobretudo para proporcionar uma interação acessível entre seus membros. Possui abrangência
nacional. Endereço eletrônico do grupo: á[email protected].
13
20
Santa Cruz
do Sul / RS
pelo
celular,
etc) e que
suas
informaçõ
es sejam
compreensivas pela
audição.
Orlei da
Costa, 42
anos,
aposentado,
estudante
de Direito
da Unisc.
Reside em
Bom
Retiro do
Sul / RS
Leio
apenas
revistas
em
braile.
Sim,
sempre
que
possível.
Não
conheço
Não
Não
tenho
conhecim
ento.
Danieli
Haloten,
jornalista e
atriz.
Nasceu
com
glaucoma.
Ficou cega
aos 20
anos. Hoje
tenho 32
anos. São
Paulo/SP.
Sim.
Folha de
São
Paulo, El
Mundo e
Los
Ângeles
Times.
Sim,
assistindo
noticiários
na TV e
lendo
jornais na
internet.
Não
conheço.
Sim.
Não.
informações, além
de maior
cuidado
para não
reforçar
preconceitos e
prejudicar
minorias já
excluídas.
Acredito
que deveria
ter mais
interesse
das
empresas
de
comunicação em
promover a
acessibilidade na
informação
No caso da
TV,
legendas ou
Libras nas
notícias,
onde
aparecem
muitos ofs,
e os surdos
não tem
como ler os
lábios para
saber o que
está
acontecendo. Sites
construídos
de forma
acessível
para que os
deficientes
visuais
possam
navegar
com
independência.
Sim
Sim
Sim.
Sim.
21
Thiago
Cerejeira,
32 anos,
adquiriu
deficiência
visual aos
29 anos.
Arteeducador.
Reside em
Natal / RN.
Sara
Bentes, 30
anos,
musicista,
nasceu
com a
deficiência. Reside
em Volta
Redonda /
RJ.
Atualmente
participo
de
alguns
grupos
de
literatura
que
distribuem
notícias
por email.
Mas
sempre
que
preciso
de
assuntos
profissionais,
recorro
aos sites
das
revistas.
Sim.
Folha de
São
Paulo,
Super
Interessante,
Vida
Simples.
Procuro
sempre o
que mais
me
interessa,
como na
rede há
muita
informação e os
conteúdos
são
muitos,
evito
leituras
desnecessárias e
filtro o
que é
mais
interessante.
Acho que
uma
narrativa
de
conteúdos
na íntegra
poderia
ficar
enfadonha. Uma
leitura
desses
conteúdos
de forma
resumida,
objetiva e
com uma
boa
narração
seria um
bom
começo.
Não.
Não.
A
democratização da
leitura,
através da
praticidade
ao acesso
desses
conteúdos.
Sim,
desde
que
priorizem a
línguagem
mais
coloquial
em
detrimento a
línguagem
científica.
Sim.
Basicame
nte pela
internet,
lendo
os textos
com o
leitor de
telas.
Deve
chamar a
atenção
em um
programa
de rádio,
porque um
jornal em
áudio se
assemelha
a um
programa
jornalístico de
rádio.
Agora,
para um
jornal em
áudio ser
realmente
eficaz e
atender às
necessidades do
público
com
deficiência
visual é
preciso
que a
leitura
esteja
clara, bem
articulada,
Não.
Não.
Os
telejornais
deveriam
oferecer
todos os
recursos de
acessibilida
de –
audiodescrição,
libras e
legenda; os
jornais
impressos e
revistas
deveriam
oferecer
seus
conteúdos
na internet
e ou em
áudio, aí
sim
estaremos
falando de
informação
para todos.
Não.
Sim.
22
Bruno
Lima de
Brito,
professor
de
Geografia,
47 anos,
cego desde
os 27.
Mora em
Natal / RN.
Sim.
Sim.
Ednilson
Sacramento, 51
anos, cego
desde os
34 anos,
professor
de
História,
mora em
Salvador.
Raramente.
Sim,
através do
rádio,
internet e
televisão.
com boa
dicção e
entonação
imparcial.
Talvez
uma ideia
para
chamar a
atenção e
deixar o
áudio
menos
monótono
é inserir
vinhetas
musicais
entre uma
matéria e
outra,
entre uma
seção e
outra.
Um bom
jornal
precisa ser
direto e
com
audiodescrição.
As
notícias
que
possuírem
mais
relação
com o
visual,
deverão
possuir
uma
explicação
mais
atenta.
Assuntos
culturais e
fatos que a
mídia não
mostra
deverá
integrar
esse meio.
Sim.
Não.
Não.
Não.
Mais
interesse
daqueles
que
produzem
conteúdos
jornalísticos, para
adaptar
estas
informações a um
meio
acessível.
Mais
objetividade, menos
sensacional
ismo,
menos
parcialidade, mais
pautas da
diversidade
cultural,
mais
originalidade.
Sim.
Sim.
Com
Certeza.
Sim.
23
Ao todo recebemos retorno de sete entrevistados, dos estados da Bahia, Rio Grande do
Norte, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, que responderam todas as questões
propostas pelo questionário. Outras cinco pessoas nos encaminharam e-mais elogiando a
iniciativa deste projeto, pois conhecem ou tem familiares cegos, e ainda, frisaram a
importância em ter pesquisadores nessa área. Como é o caso da santa-cruzense Iara Urrath,
que nos enviou um e-mail contando que tem um filho de seis anos que é cego, e solicitando
que seja enviado o trabalho após sua conclusão. “Obrigada pelo interesse na área da cegueira,
se mais pessoas tivessem tua iniciativa, os pequenos não seriam excluídos na hora do conto,
nos teatros e nas apresentações na escola, por exemplo”.
Após a análise dos apontamentos proposto pelos entrevistados, elaboramos dois
gráficos que são de suma importância para a criação do Jornal Falado, que demonstram a
necessidade de criar essa ferramenta como este meio deve ser. O primeiro gráfico (ver Gráfico
1) responde ao nosso principal questionamento, o que um jornal em áudio precisa ter?, o
segundo gráfico (ver Gráfico 2) mostra as principais respostas dos nossos entrevistados a
respeito do que pode ser melhorado no jornalismo brasileiro para que todos sejam
informados, independentes de possuírem deficiência.
Gráfico 1
O que um jornal em áudio precisa conter?
Praticidade
14,28%
Conteúdo compreensivo
42,50%
28,57%
Leitura resumida
Chamar a atenção do ouvinte
28,57%
57,14%
Não tem conhecimento
sobre o tema
Para selecionar o que será publicado no Jornal Falado, nos baseamos no Gráfico 1, que
identifica o que os entrevistados esperam que um meio de comunicação acessível precisa
conter. Um dos pontos principais e mais citados por eles é quanto ao conteúdo
comunicacional, que essencialmente seja compreensivo, pois os elementos visuais tendem a
24
deixar a matéria mais explicativa, e como nos propormos a fazer uma mídia acessível aos
cegos, temos que suprir a falta da imagem com explicações nas falas.
Outro aspecto que merece atenção e que também foi mencionado pelos entrevistados,
é quanto à praticidade do formato. Assim, a plataforma que hospedará o Jornal Falado precisa
ser acessível, de nada adianta termos um conteúdo diferenciado, se esse material for veiculado
em um site ou blog que torne a navegação do internauta cego confusa e difícil.
Gráfico 2
O que pode ser melhorado no jornalismo
brasileiro para que todos sejam informados?
14,28%
28,57%
14,28%
57,14%
Meios de comunicação mais criativos e
objetivos
Ter mais atenção para este público
Mais interesse das empresas de
comunicação em criar conteúdos acessíveis
Democratização da informação
Já o gráfico 2 representa as deficiências do mercado de comunicação no quesito
acessibilidade. Assim, a pergunta proposta no questionário e que configura este quadro é: “o
que pode ser melhorado no jornalismo brasileiro?”. Como resultado desta análise,
identificamos que, na opinião dos entrevistados, a falta de interesse dos meios de
comunicação em promover conteúdos acessíveis, é o grande vilão da acessibilidade. Assim,
questionamos se o jornal-laboratório poderia servir como ferramenta de conscientização dos
acadêmicos e futuros profissionais em repensar nas rotinas jornalísticas, e, adequando o que
for produzido para mídias em que todos tenham acesso.
Diante dos apontamentos feitos pelas pessoas que responderam nosso questionamento
e após a análise das respostas dos entrevistados, pôde-se estabelecer um planejamento inicial
de distribuição de conteúdo do projeto, o qual será apresentado na sequência.
O produto comunicacional, desenvolvido especialmente para cegos, o Jornal Falado, é
uma ferramenta comunicacional para os leitores do jornal Unicom, pois trará elementos dos
bastidores das reportagens e entrevistas com os participantes, além de ser um mecanismo que
leve informação aos que possuem deficiência visual.
25
Para montar o script do Jornal Falado é necessário entender o conceito que
fundamenta para a construção desta ferramenta, a audiodescrição: segundo o site
Audiodescrição14, é um recurso que consiste na descrição clara e objetiva de todas as
informações que compreendemos visualmente e que não estão contidas nos diálogos, como,
por exemplo, expressões faciais e corporais que comuniquem algo, informações sobre o
ambiente, figurinos, efeitos especiais, mudanças de tempo e espaço, além da leitura de
créditos, títulos e qualquer informação escrita na tela. A audiodescrição permite que o usuário
receba a informação contida na imagem ao mesmo tempo em que esta aparece, possibilitando
que a pessoa desfrute integralmente da obra, seguindo a trama e captando a subjetividade da
narrativa, da mesma forma que alguém que enxerga. As descrições acontecem nos espaços
entre os diálogos e nas pausas entre as informações sonoras do filme ou espetáculo, nunca se
sobrepondo ao conteúdo sonoro relevante, de forma que a informação audiodescrita se
harmoniza com os sons do filme.
5.1.1 Blog Unicom Jornal Falado
A plataforma escolhida para a divulgação do Jornal Falado foi o blog. Este meio
possibilita uma propagação maior e mais rápida do conteúdo, além de ser um meio capaz de
agregar diversos tipos de mídia, como texto, imagens, vídeos e áudios, o que colabora
significativamente para melhorar a acessibilidade para todos os tipos de deficiência. Além de
proporcionar a interação entre o internauta e o blogueiro, é uma ferramenta simples e fácil
utilização.
O blog do Unicom15 terá um link que leva o internauta para blog do Unicom Jornal
Falado, disponível em https://unicomjornalfalado.wordpress.com/. O blog ficará disponível
na plataforma WordPress.com – aplicativo de sistema de gerenciamento de conteúdo para
web gratuito, voltado principalmente para criação de blogs via web. Abaixo, imagem da
página inicial do blog:
14
15
http://audiodescricao.com.br/ad/o-que-e-audiodescricao/
Disponível em: http://blogdounicom.blogspot.com.br/
26
Figura 1 – Printscreen da página inicial do blog
Decidimos pela criação de um novo blog, pois um dos apontamentos sugeridos pelos
cegos, no questionário que realizamos, é quanto à acessibilidade da página da internet. O site
que apresenta muitos mecanismos, links e figuras como existem do Blog do Unicom, a
navegabilidade para esses internautas se torna difícil e praticamente inviável. Pois o leitor de
telas (software que possibilita a narração automática de textos e das ações dos usuários,
tornando mais fácil a execução de tarefas no computador de cegos) não consegue identificar
estes elementos ou deixa sua leitura confusa, tornando assim, incompreensível ao seu usuário.
Por isso a criação do blog Unicom Jornal Falado, onde os elementos estão expostos um
abaixo do outro, o internauta que possui cegueira poderá navegar com independência.
Como nosso projeto visa atender este tipo de público, e o blog do Jornal Falado possui
imagens que ilustram as sonoras publicadas, inserimos na postagem das figuras os textos
alternativos. Se o internauta estiver usando o leitor de telas, o software ao detectar uma
imagem, identificará se há o texto alternativo correspondente e fará uma audiodescrição, com
o que foi escrito previamente nesta ferramenta. Em geral, o texto alternativo resume a
aparência da imagem, e esta opção está disponível no painel do administrador do blog, que
poderá decidir no momento da postagem da mídia se irá utilizar ou não esse recurso. Como
mostra a imagem a seguir:
27
Figura 2 – Printscreen do painel do administrador do blog, para postagens de mídias
O exemplo citado acima se refere à página 19 do Unicom Memórias, que também
recebeu a versão em áudio e foi publicada no blog Unicom – Jornal Falado (disponível no link
http://unicomjornalfalado.wordpress.com/2013/05/27/memorias-de-um-vovo-internautapagina-19/). No texto alternativo desta imagem inserimos a seguinte frase: “imagem da página
19 do jornal impresso que foi audescrita nas sonoras anteriores”.
Logo, podemos encaixar esse projeto como um instrumento de acessibilidade e de
fomento a comunicação, respeitando o que consta no primeiro artigo do Código de Ética dos
Jornalistas Brasileiros: todo cidadão tem direito à informação, abrangendo o direito de
informar, de ser informado e de ter acesso à informação.
Os áudios do Jornal Falado ficarão hospedados no site www.soundclound.com,
plataforma online de publicação de áudio gratuito. Após, o cadastro do acadêmico no Sound
Clound, as postagens poderão ser inseridas, e em seguidas publicadas no blog do Unicom,
através do código específico que o Sound Clound fornece, para o compartilhamento em outros
endereços da web.
28
Cada postagem será organizada da seguinte forma:
1º) Título do post: Página do jornal impresso que recebeu a versão em áudio
2º) Título da matéria do jornal impresso
3º) Reportagem: nome do repórter da matéria
4º) Linha de apoio da matéria do jornal impresso, será uma maneira de explicar a
sonora da reportagem que virá a seguir.
5º) A segunda sonora do post refere-se ao conteúdo que não foi publicado na edição
impressa. Exemplo disso é o áudio do seu Gulherme Stockey que contou como passou no
concurso do Banco do Brasil, e, a matéria que retrata o restaurante que é atração em Rio
Pardo, em épocas de enchente.
6º) Locução: nome dos acadêmicos que narraram os áudios.
7º) Técnica: profissional do Lab. de Rádio, da Unisc, que fez as gravações.
8º) Edição: aluno que editou os áudios
9º) Imagem da página do Unicom que recebeu a versão em áudio.
Como mostra a imagem do post abaixo:
Figura 3 – Printscreen da postagem página 19
29
O produto é apresentado como uma interface multimídia, que fará um diálogo do
impresso para o rádio dentro de uma plataforma digital. De tal modo, irá reproduzir a
identidade do Unicom, sendo que o áudio irá dialogar com o impresso.
A web ganha destaque cada vez maior ante o público, ávido por instantaneidade,
interatividade e acesso a recursos multimídia. Uma das formas de suprir as
necessidades do internauta, sem perder de vista a profissionalização, é considerar
fatores de noticiabilidade nos portais jornalísticos. Estes critérios, que guiam os
jornalistas em todos os veículos, reforçam valores da produção da notícia, como
relevância social, atualidade, apuração e checagem de fontes. A soma desses e de
outros componentes resulta no compromisso ético e na credibilidade, indispensáveis
à integridade do jornalismo, além de dar ao público um suporte para que conheça
uma das formas de atuação da mídia (LEITÃO, 2012, p. 2).
Por conseguinte, o nosso próximo passo é definir como será organizada essa
ferramenta de comunicação – o Jornal Falado.
5.1.2 Organização do Jornal Falado
O Jornal Falado servirá como um meio de comunicação diferenciado que levará ao
ouvinte os destaques da edição impressa, os bastidores das reportagens, sonoras dos
entrevistados e os comentários dos repórteres.
Como será uma mídia para deficientes visuais a nossa preocupação será descrever
imagens que contenham na edição impressa, utilizando os mecanismos do audiodescrição, ou
seja, quando tiver algum elemento visual como ilustrações ou fotografias, estes deverão ser
explicados/descritos ao ouvinte.
Para as narrações das matérias em áudio, os alunos da própria disciplina ficarão
encarregados de narrar os textos, com o intuito de não tornar o “áudio” cansativo para o
ouvinte. Assim, como no impresso, folhamos imediatamente as páginas que não queremos ler,
o Jornal Falado será dividido em faixas, com o intuito de facilitar a “leitura” do nosso público.
Uma vez que o ouvinte não se interesse pela faixa que está escutando, basta prosseguir para a
próxima faixa.
Cada faixa terá uma trilha musical diferente e de acordo com o assunto exposto. No
início de cada áudio, o locutor narra a página do jornal impresso, assim o leitor do impresso
pode conversar com o ouvinte do Jornal Falado, tendo ciência da página/faixa de cada edição.
Também utilizamos recursos com a alternância de locutores nos textos narrados. Esses
elementos são fundamentais para que o ouvinte possa situar-se em qual página está sendo
30
narrada, identificando o início e término das locuções. Aquele que escutar a versão em áudio
poderá ter a sensação que está “lendo” o jornal.
Para a edição das locuções e sonoplastia das faixas do jornal, será utilizado o software
Sound Forge, um editor de áudio digital que inclui um conjunto de processos, ferramentas e
efeitos de manipulação de áudio. As escolhas das vinhetas, efeitos e trilhas musicais serão
feitas através do banco de sons que o Laboratório de Rádio da Unisc possui e através de sites
especializados, como: o Find Sounds16, o GR Sites17 e o e o Simply the Best18.
Conforme a análise da pesquisa que aplicamos com os grupos de discussões de
pessoas que possuem deficiência visual na internet, conseguimos embasar como será a
produção e a execução do Jornal Falado. E assim, elaboramos uma relação, que dividimos em
formato que o produto deverá conter, o conteúdo e como deverá ser o veículo que publicará
este material. Resumidamente, aplicamos a seguinte tabela:
Formato
- Deve chamar a atenção
do público e ser original
- Leitura clara, bem
articulada com boa dicção
e entonação imparcial;
- Inserção de vinhetas
musicais entre uma matéria
e outra, entre uma seção e
outra.
Conteúdo
- Ser direto, objetivo, com menos
sensacionalismo, pautas de diversidade
cultural;
- Informações compreendidas pela audição;
- As notícias que possuírem mais relação
com o visual. Exemplo: A queda de um
meteoro na Terra. Deverá remeter a figura
do meteoro. Como ele é, onde caiu, qual a
sua constituição, etc.
- Diversidade cultural;
- Fatos que fogem a mídia normal.
Veículo
- Que o acesso
seja prático,
independente
do meio.
Outro ponto que merece ser observado, por meio da constatação da execução do jornal
em áudio, do curso de Ciências Contábeis, é a adaptação do texto de impresso para o de rádio.
Uma vez que nesta edição não realizamos esta adequação, os locutores ficavam sem fôlego ao
final de cada frase longa narrada do jornal impresso. Este aspecto foi identificado, quando
fizemos o jornal em áudio do Curso de Ciências Contábeis.
Conforme Mcleish (2001, p. 19), a grande vantagem de um meio de comunicação
auditivo sobre o impresso está no som da voz humana – o entusiasmo, a compaixão, a raiva, a
dor e o riso. A voz é capaz de transmitir muito mais do que o discurso escrito.
As técnicas de redação utilizadas pelo radiojornalismo deverão ser compreendidas
16
Disponível em: http://www.findsounds.com/ISAPI/search.dll
Disponível em: http://www.grsites.com/sounds/
18
Disponível em: http://simplythebest.net/sounds/MP3/sound_effects_MP3/industrial_mp3.html
17
31
pelos alunos que farão a transcrição do impresso para o áudio. “É preciso saber o que se quer
dizer - e isso deve ser dito de forma direta, simples e precisa” (CHANTLER; HARRIS, 1998,
p. 50). Segundo César (1990, p. 72) a comunicação pelo rádio é rápida e objetiva. Sendo
assim, o locutor conta com a sua voz, com as músicas e com os efeitos sonoros para se
comunicar. Os efeitos são registrados por uma infinidade de vinhetas e montagens realizadas
pela produção técnica da emissora.
Desta forma, utilizaremos a edição do Unicom Memórias19, produzido em maio de
2012, e na qual participamos da elaboração de reportagens, para esboçar como será a
produção deste projeto.
Utilizaremos o exemplo da página 19 (ver figura 2), reportagem conta a trajetória de
vida de um senhor de 85 anos, filho de colonizadores alemães e que hoje passa grande parte
do dia conectado na internet. Abaixo o script do jornal falado:
TEC: Trilha musical
LOC 1: Página dezenove.//
LOC 2: Título./ Memórias de um vovô internauta.//
LOC 3: Linha de apoio./ Aos 85 anos, Guilherme Stockey é exemplo de força de vontade,
coragem e otimismo.//
TEC: Efeito harpa
TEC: Trilha musical
LOC 2: Como faço para fotografar com temporizador?//
TEC: Barulho de câmera fotográfica, disparo do flash
LOC 2:E o sinal do flash, dentro de um círculo e com um traço na diagonal, diz o quê?/
19
A versão digital do Unicom Memórias está disponível no link http://issuu.com/unicom-memorias/docs/unicom
_mem_rias_2012
32
LOC 2:Essas forma algumas das típicas perguntas de um senhor de 85 anos, Guilherme
Stockey, meu avô./ Recebi estas dúvidas em seu segundo e-mail, intitulado de help dois./
Na mensagem anterior, continha uma lista de questionamentos que o vovô internauta ainda
não
tinha
desvendado
em
seu
novo
brinquedinho,
uma
câmera
fotográfica
semiprofissional./O seu Stockey, além de gostar de novas tecnologias, é um amante das
redes sociais./ Leitor assíduo de jornais diários, expectador de telejornais e apaixonado por
palavras cruzadas./ Mas se engana quem acha que ele sempre teve esta vida tranquila, de
sombra e água fresca./ O octogenário é filho de colonizadores alemães./ Seus pais
passaram por grandes dificuldades até fixarem moradia no Brasil./ Em busca da paz e
fugindo de uma Alemanha em ruína, devido a Primeira Guerra Mundial, eles partem da
cidade de Hagen, capital da Westfália, para o estado gaúcho./Desde cedo, ele conheceu na
própria pele o significado das palavras lida, suor, cansaço físico e determinação./
Trabalhou como leiteiro e com o pequeno salário que recebia, custeava seus estudos./
Concluiu o Curso Técnico Agrícola./ Mas, ele queria mais e desejava mais./ Por isso, fez o
concurso para Fiscal da Carteira de Crédito Agrícola e Industrial do Banco do Brasil e foi
nomeado para atuar em Cachoeira do Sul./ Sua aposentadoria veio há 30 anos./ Entretanto,
o vovô não queria descansar. Resolveu ser professor do curso superior de Economia da
Faculdade de Ciências Econômicas, Contábeis e Administrativas de Cachoeira do Sul./ E
por falar em graduação, ainda quando era aluno de Economia, havia uma colega para lá de
especial em sua turma. Era uma de suas filhas, a Annelise, que cursou Ciências Contábeis./
Ambos foram diplomados no mesmo dia. Uma emoção e tanto, para um senhor que estava
beirando os 60 anos./ Inquieto, o vovô não parou por aí e fez especialização na área./ Na
gaveta dos diplomas, ele tem guardado o de Técnico Agrícola Especializado em Pecuária,
Economista e Pós em Economia pela PUC do Rio Grande do Sul./Seu Stockey domina a
língua alemã e a espanhola, lê e entende o francês e o inglês, aprendidos por meio de muita
leitura, sem auxílio de professor./Ele já criou pombos-correios, colecionou selos, foi chefe
escoteiro e sócio do Lions, foi radioamador, e na época de solteiro, foi muito namorador./
Hoje, se dedica à internet, às redes sociais e às suas viagens./ Faltou citar seus dotes
culinários, quando a família está reunida, ele vai para a cozinha e prepara um prato mais
delicioso que o outro./ São receitas que só de lembrar dão água na boca./ Como o galeto,
que só poderá ser servido acompanhado pelas polentas preparadas pela vó Helga./ Mas a
limpeza da cozinha é tarefa das netas e filhas, que não mostram nenhuma empolgação com
tamanha pilha de louças que as esperam na pia./ Como ele mesmo diz, o otimismo é a regra
33
de sua vida./ Será que foi por isso que conseguiu vencer tantos obstáculos e com tamanha
energia?///
TEC: Efeito boing
TEC: Trilha musical
LOC 1: Imagem no alto da página, senhor Guilherme Stockey, olhando fotos e atrás destas
fotografias, está o seu computador./ Imagem na lateral esquerda, embaixo da página, foto
de bebê da repórter Daiana Stockey Carpes./ Logo abaixo desta imagem, a repórter conta o
que motivou a escrever sobre este tema.//
LOC 3: Meu avô é uma daquelas figuras que sempre tem histórias para contar./ Após
escolher a temática do Unicom, Memórias, logo lembrei do vô Guilherme.///
TEC: Trilha musical
LOC 4: Fim de áudio
Logo abaixo da locução da matéria, postamos no blog a sonora do entrevistado
contando como passou no concurso do Banco do Brasil. O áudio está disponível no link
http://unicomjornalfalado.wordpress.com/2013/05/27/memorias-de-um-vovo-internautapagina-19/.
34
Figura 4 – Imagem da página diagramado do Unicom Memórias
35
6 PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO
O presente projeto é uma ferramenta de comunicação adaptada aos cegos. Para
viabilizar sua execução, abaixo temos a descrição dos trâmites com os alunos responsáveis
pela realização deste produto, previsão orçamentária, veiculação em mídia digital e plano de
trabalho.
6.1 Organograma funcional
Nos primeiros dias de aula, os acadêmicos matriculados na disciplina de Produção em
Mídia Impressa, responsáveis pelo Unicom, receberão orientações sobre o cumprimento do
Jornal Falado. Após decidirem as pautas que serão veiculadas na mídia impressa, o grupo
deverá definir quais assuntos serão abordados no Jornal Falado.
Os acadêmicos responsáveis pelo Jornal Falado serão divididos em três grupos
distintos:

Os roteiristas, aqueles que irão produzir o roteiro, adaptando o texto do
impresso para o rádio,

Os locutores, aqueles irão narrar o roteiro,

Os editores de áudio, responsáveis pela edição das sonoras e inserção dos efeitos
de áudio.
Conforme o organograma (ver Figura 1), temos uma projeção da divisão que cada
grupo de alunos irá executar para realizar esse projeto:
Figura 5 – Organograma das funções dos acadêmicos para a construção do Jornal Falado
Roteristas
Locutores
Editores
de áudio
36
6.2 Previsão orçamentária
Por ser um projeto universitário, realizado por acadêmicos, as gravações do áudio
serão realizadas no Laboratório de Rádio do curso de Comunicação Social da Unisc, não
haverá custos para a execução do Jornal Falado. Apenas deverão ser agendados previamente
os dias e horários das gravações, para que não coincida com as aulas que utilizam o
laboratório.
As edições e postagens no blog serão realizadas no laboratório de informática, nas
salas que possuem o software de edição em áudio sound forge.
6.3 Plano de trabalho
Após a discussão sobre as pautas do Unicom e as funções que cada aluno irá exercer
para a primeira edição do periódico do semestre. Iniciam-se as entrevistas com as fontes para
a execução das matérias, construção dos textos e a diagramação das páginas. Após, o grupo
responsável pela elaboração do Jornal Falado, fará a transcrição do texto impresso para o
meio em áudio. As gravações, o armazenamento e a edição das locuções serão realizadas no
Laboratório de Rádio, do curso de Comunicação Social, previamente agendada.
Toda a execução do Jornal Falado se dará em duas semanas, período seguinte à
finalização do impresso. A primeira divisão consiste na apresentação do Jornal Falado,
definição do conteúdo do Unicom impresso e a execução das entrevistas, incluindo gravações
em áudios das fontes das matérias. No segundo momento o grupo de alunos deverá selecionar
as matérias que serão passadas para áudio, elaborar o roteiro, gravar os áudios, editar os
áudios e publicar o conteúdo no blog.
O terceiro processo se assemelha com o primeiro, pois como há duas edições do
Unicom por semestre, os processos se repetem na segunda edição, que engloba a definição do
conteúdo do jornal impresso, execução dos textos e diagramação da página. O quarto e último
momento é praticamente uma cópia do segundo momento: seleção das matérias que serão
passadas para áudio, elaboração do roteiro para rádio, gravação dos áudios, edição dos áudios,
publicação no blog (ver Tabela 2).
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Tabela 2 – Descrição das atividades e do período previsto
Fevereiro
Março
Maio
Abril
Julho
Junho
- Apresentação da proposta do Jornal
Falado,
- Definição do conteúdo do Unicom
X
impresso,
- Execução dos textos,
- Diagramação do jornal.
- Seleção das matérias que serão
passadas para áudio,
- Elaboração do roteiro para rádio,
X
X
- Gravação dos áudios,
- Edição dos áudios,
- Publicação no blog.
- Definição do conteúdo do Unicom
impresso,
X
- Execução dos textos,
- Diagramação do jornal.
Todo o processo será feito pelos próprios alunos da disciplina. Tanto nas seleções dos
materiais impressos que serão passados para áudio quanto na execução e edição dos áudios.
Após a publicação do Jornal Falado no blog, os acadêmicos farão a divulgação deste conteúdo
através de e-mails para entidades e associações que trabalham em prol da deficiência visual.
38
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A força desta proposta, acredita-se, está na intenção de inaugurar uma ferramenta de
acessibilidade na comunicação, estabelecendo uma aliança talvez inédita, na esfera
universitária, com a produção do impresso com o áudio (rádio), em uma plataforma digital,
visando a inclusão dos cegos. Assim, justifica-se o projeto, também por estar em um
movimento de ascensão em termos de acessibilidade e comunicação em pesquisas científicas
e acadêmicas.
Durante o XIV Intercom Sul, realizado na Universidade de Santa Cruz do Sul, nos dias
de 30 de maio a 1º de junho de 2013, a pesquisadora júnior sobre Comunicação e
Acessibilidade e acadêmica do 8º semestre de Jornalismo da Unipampa, Karolyn Petrucci
apresentou no Intercom Junior o artigo “Fotojornalismo Acessível: Visões Fotoetnográfica da
Fotografia como Ferramenta de Inclusão Social para Pessoas com Deficiência Visual”. Em
seu relato a acadêmica expõe a importância de pesquisar sobre a acessibilidade na área da
comunicação e a falta de bibliografias sobre o tema.
Se a ideia for bem sucedida – e se crê que pode ser – pode-se contribuir tanto com a
divulgação do jornal-laboratório Unicom, da Universidade de Santa Cruz do Sul e ainda criar
uma consciência entre os acadêmicos do curso, que como profissionais da comunicação,
devem pensar em não criar barreiras de comunicação entre aqueles que possuem alguma
deficiência.
Em um âmbito maior, este projeto possibilita ao acadêmico o aprimoramento das
habilidades do jornalismo impresso e do radiojornalismo. De alguma forma esta ferramenta
inaugura a participação do jornalismo de laboratório na inserção da acessibilidade, sendo um
mecanismo eficiente de tradução da mídia impressa para os cegos.
E foi com esse intuito que estivemos no gabinete do deputado estadual Mano Changes,
apresentando o projeto de acessibilidade na comunicação20. Em conversa na Assembleia, o
deputado elogiou a iniciativa e afirmou que vai levar a ideia adiante, podendo ser utilizado
pela Escola do Legislativo. Segundo Changes, desde que foi convidado para assumir a Escola,
tem pensado em meios de aproximar a sociedade da Assembleia, e este projeto com certeza
teria aceitação.
20
O encontro foi registrado no blog do deputado Mano Changes. Disponível em: http://manochanges.blogspot.
com.br/2013/03/comunicacao-para-deficientes-visuais-e.html
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Figura 6 – Demétrio de Azeredo Soster, Daiana Carpes e o Deputado Mano Changes, durante
reunião no gabinete do deputado para apresentação do projeto
A proposta deste trabalho pode ser adaptada a qualquer meio de comunicação
impresso, seja ele jornal ou revista. O que ressaltamos ao fazer essa tradução é, apenas, seguir
nossas especificações, citadas anteriormente, para que o trabalho não seja em vão. Deste
modo, estaremos possibilitando que um número maior de pessoas conheçam o que a mídia
está divulgando em termos de notícias, reportagens, notas, editoriais, artigos, crônicas, entre
outros gêneros jornalísticos.
Durante os testes que realizamos para diagnosticarmos possíveis obstáculos na
acessibilidade do blog do Unicom Falado, contamos com o apoio do funcionário da Unisc,
Cristian Sehnem, que possui cegueira. Sehnem verificou que deveríamos utilizar ao fim de
cada sonora, a seguinte fala: “fim do áudio” ou “fim da matéria”, como forma de indicar ao
internauta que o áudio terminou. Outro item que incorporamos ao blog, por sugestão de
Sehnem, foi uma pequena explicação, antes das sonoras, do funcionamento do play do áudio,
pois como o blog é organizado com as postagens uma abaixo da outra, ao escutar as sonoras,
o internauta cego, poderá se confundir, e achar que foi aberta outra página da internet, ao
utilizar os atalhos do software de leitor de telas, poderá retornar a página que estava antes de
entrar no blog do Unicom Falado, o que tornaria a navegação confusa.
40
Figura 7 – Printscren da postagem com as observações do funcionamento do play das sonoras
Após a execução deste projeto, nos questionamos se o Jornal Falado poderia servir
também como uma ferramenta de comunicação para os idosos, uma vez que leitura de jornais
pode ser um obstáculo para este público, sendo que uma parcela deste grupo possui
dificuldades para enxergar as fontes dos textos nos jornais, e ainda promover a inclusão
digital, uma vez que o Jornal Falado está hospedado em uma plataforma da web. Outro grupo
que poderá ser atingindo com este meio são os analfabetos funcionais, aqueles que possuem a
capacidade de decodificar as letras, geralmente frases, sentenças, textos curtos e os números,
porém não desenvolveram a habilidade de interpretação de textos, e assim, não criaram o
hábito pela leitura.
Diante destas observações, apontamos uma necessidade de constante revisão das
práticas jornalísticas e comunicacionais, sempre buscando aprimoramento e inovação, em prol
do público que queremos atingir.
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