MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA – MEC ESTUDO DA

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA – MEC ESTUDO DA
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA – MEC
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – PRPPG
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ESTUDO DA ATIVIDADE ANTIINFLAMATÓRIA DE PROTEÍNAS DO LÁTEX DA PLANTA
PLUMERIA PUDICA
Bruna da Silva Souza (bolsista PIBIC/CNPq), Prof. Dr. Jefferson Soares de Oliveira
(orientador, Curso de Bacharelado em Biomedicina)
INTRODUÇÃO
Látex é um termo geralmente usado para descrever um líquido com aspecto leitoso
liberado por plantas que sofreram algum dano mecânico. As famílias Euphorbiaceae e
Apocynaceae destacam-se como as maiores detentoras de espécies laticíferas do planeta
(HAGEL, YEUNG, FACCHINI, 2008; LEWINSOHN, 1991). Fluidos laticíferos apresentam em sua
constituição proteínas enzimáticas e não enzimáticas, terpenos, carbonatos, alcalóides,
vitaminas, carboidratos, lipídios e aminoácidos, dentre outros (MORCELLE et al., 2004; HANGEL
et al., 2008; MAZOIR et al., 2008). Várias proteínas já foram identificadas como lectinas,
quitinases (JEKEL et al.,1991), beta-1,3- glucanases (CHEYE & CHEUNG, 1995), lisozimas,
Proteínas Inativadoras de Ribossomos (RIPs), glicosidases (GIORDANI & LAFON, 1993),
amilases (LYNN & CLEVETTE-RADFORD, 1987), inibidores de proteinases (ARCHER, 1983;
SRITANYARAT et al., 2006), porém as mais conhecidas e estudadas são as proteinases (SALAS
et al., 2008; HALE et al., 2005; NYBERG et al., 2006; SEIFERT et al., 2008; CHOBOTOVA et al.,
2009).
Inúmeros são os relatos sobre diferentes propriedades farmacológicas associadas às
plantas produtoras de látex, dentre elas destacam-se atividades anti-inflamatória (PADHY;
SRIVASTAVA; KUMAR, 2007), antinociceptiva (SOARES et al, 2005), anti-diarréica (LARHSINI
et al.; 2002; KUMAR, 2005), antibacteriana (SHUKLA; MURTI,1961, LARHSINI et al., 1997)
antifúngica ( SEHGAL; ARYA; KUMAR, 2005) e antioxidante ( KUMAR; ROY, 2007), da
Calotropis procera, as anti-inflamatória e analgésica Himatanthus sucuuba (SANTOS, LIMA,
MACHADO, 2014; DEMARCO, KINOSHITA, CASTRO, 2006) e da Himatanthus drasticus
(CARMO,2015).Além das atividades antioxidante (FREITAS et al.,2010), anti-inflamatória e
cicatrizante (CHANDA et al., 2010) da Plumeria rubra.
A planta alvo de estudo foi a Plumeria pudica pertencente à família das Apocynaceae,
encontrada em abundância na cidade de Parnaíba-PI e popularmente conhecida como “buquê
de noiva”. Não existem artigos científicos descrevendo qualquer caracterização bioquímica de
suas proteínas ou investigação de atividades biológicas, o que nos motiva estuda-la. Na presente
proposta, proteínas do látex da Plumeria pudica foram investigadas quanto à presença de
atividade anti-inflamatória.
METODOLOGIA
O látex de Plumeria pudica foi coletado em água destilada, submetida a etapas de diálise
e centrifugação, promovendo a obtenção de uma fração rica em proteína que foi liofilizado e
denominada de Proteínas do Látex (PL). Em paralelo, a fração proteica (PL) foi submetida a
tratamento a 100oC por 30 minutos (PL100ºc), para a desnaturação proteica, tratamento DTT
(3mM) para ativação da atividade proteolítica do tipo cisteínica (PLDTT) ou coletada na presença
de com iodoacetamida (IAA, 3mM) para inativação de proteases cisteínica (PL IAA). Todas as
frações foram avaliadas quanto ao perfil de proteínas por eletroforese LAEMMLI (1970) e
atividade enzimática foi detectada através de zimograma em gel contendo gelatina. A avaliação
da atividade anti-inflamatória foi realizada com o modelo de edema. A inflamação foi induzida,
inicialmente pela administração de carragenina (Cg - 500g/pata) por via subcutânea intraplantar
uma hora depois da administração de deferentes concentrações de PL (10 mg/kg a 40 mg/kg;
i.p.). As frações submetidas a diferentes tratamentos (PL100ºc, PLIAA e PLDTT na dose de 40mg/kg;
i.p.) também foram avaliadas quanto a capacidade de inibir o edema induzido por Cg. Em adição,
determinação da atividade da mieloperoxidase (MPO) foi realizada a partir de uma amostra de
tecido da pata dos animais tratados com Cg com PL e PL submetido aos diferentes tratamentos.
A capacidade de PL (40 mg/kg) inibir o edema induzido por diferentes mediadores químicos
[serotonina (1%/pata), histamina (1%/pata), bradicinina (6 nmol), composto 40/80 (1µg/pata) e
prostaglandina (PGE2) (1µg/pata)] também foi investigada utilizando o modelo de edema de pata.
Em adição, PL foi investigado quanto a capacidade de inibir o migração celular utilizando o
modelo de peritonite. Os animais receberam PL (40 mg/kg) por via endovenosa 30 min antes da
injeção (i.p) de carragenina (Cg - 500g/cavidade). Após 4 horas os animais foram sacrificados,
as células presentes na cavidade peritoneal coletadas e contagem total e diferencial dos
leucócitos foi realizada conforme metodologia descrita por SOUZA e FERREIRA (1985).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A eletroforese em gel de poliacrilamida mostrou a presença de bandas de proteínas com
massas moleculares diferentes, variando de 14,0 a 45,0 kDa, evidenciando a presença de
proteínas no látex de P. pudica. O tratamento de PL com DTT (PLDDT) não promoveu mudanças
no perfil de proteínas da fração PL, por outro lado, mudanças foram observadas quando a fração
foi coleta na da presença de IAA (PLIAA) ou submetida a tratamento térmico (PL100º), Zimograma
em gel, revelou que PL e PLDDT apresentaram atividade proteolítica, indicado pela presença de
bandas brancas no gel, enquanto PLIAA e PL100ºC foram ausentes nestas atividade. O tratamento
dos animais com as diferentes concentrações de PL por via intraperitoneal (i.p.) reduziram
significativamente o efeito edematogênico promovido pela Cg, porém não foi observado um efeito
dose-dependente. A maior taxa de inibição foi observada no grupo tratado com a PL na dose de
40mg/kg (72,7% e 61,1%). PLDTT (40mg/kg; i.p.) foi eficientes em inibir o edema da pata dos
animais nos intervalos de tempo avaliados. Como PLIAA (40mg/kg; i.p.) ainda apresentou efeito
anti-edematogênico, sugere-se a não participação de proteases cisteínicas na atividade antiinflamatória. O tratamento com PL100°C mostrou uma redução do efeito anti-edamatogênico
quando comparado com a fração PL e este evento foi acompanhado pelo aumento nos níveis de
MPO na pata dos animais, permitindo inferir que a ação anti-inflamatória da fração PL envolve a
participação de proteínas. Ação da PL de P. pudica sobre o processo inflamatório envolveu vias
de inibição ou bloqueio da liberação ou produção de diferentes mediadores como histamina,
serotonina, bradicinina e PGE2, uma vez eu PL foi capaz de inibir o pico da inflação induzido por
estes mediadores. PL de P. pudica promoveu ainda redução do número de leucócitos e
neutrófilos na cavidade peritoneal induzida pela administração de Cg, sugerindo que ação
envolve vias de inibição da migração celular.
CONCLUSÃO
O presente trabalho revelou que a PL de P. pudica é fonte de proteínas com atividade
anti-inflamatória. A ação destas parece envolver vias de inibição da produção/bloqueio da
libração de mediadores inflamatórios além de inibir a migração de células para o local de inflação.
Embora estudos apontem a ação anti-inflamatória de proteases vegetais, estas parecem não
estar envolvidas no efeito promovido pelas proteínas presentes no látex de P. pudica.
APOIO
Universidade Federal do Piauí. Campus Ministro Reis Veloso.
REFERÊNCIAS
ARAUJO, E S. Látex de Plumeria rubra L (Jasmim): Perfil Proteico, perfil enzimático e ação
contra insetos.2009.90f.Dissertação (Mestrado em Bioquímica), Universidade Federal do
Ceará, Fortaleza. 2009.
ARYA, S., KUMAR, V.L. Anti-inflammatory efficacy of extracts of latex of Calotropis procera
against different mediators of inflammation. Mediators of Inflammation, v.4, p. 228-232, 2005
CARMO, L. D. Proteínas isoladas do látex de Himatanthus drasticus (mart.) plumel
apocynaceae reduzem a resposta inflamatória e nociceptiva na artrite induzida por
zymosan em camundongos. 2015.91f. Dissertação (Mestrado em Farmacologia), Universidade
Federal do Ceará, Fortaleza.2015.
LUZ, P. B. Fração Proteica isolada do látex de Calotropis procera (AIT). R. Br. reduz
hipernocicepção inflamatória mecânica em camundongos: mecanismos e mediadores
envolvidos.2012.85f. Dissertação (Mestrado em Farmacologia), Universidade Federal do Ceará,
Fortaleza.2012.
LUCETTI, D. L. Avaliação das atividades antiinflamatória e antinociceptiva do acetato de
lupeol Isolado de Himatanthus drasticus (MART.) PLUMEL-Apocynaceae (Janaguba).2010.
101f. Dissertação (Mestrado em Farmacologia), Faculdade de Medicina da Universidade Federal
do Ceará, Fortaleza.2010.
Palavras-Chave: Látex. Proteases. Inflamação.

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