análises de microscopia eletrônica de varredura e de

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análises de microscopia eletrônica de varredura e de
ANÁLISES DE MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA E DE TRANSMISSÃO DA ENTESE DO
TENDÃO CALCÂNEO DURANTE O ENVELHECIMENTO.
CURY, DP1, DIAS, FJ2, WATANABE, I1.
1
Instituto de Ciências Biomédicas, USP. Departamento de Anatomia. São Paulo-SP.
2
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, USP. Departamento de Cirurgia e Anatomia. Ribeirão
Preto-SP.
Introdução: Os tendões são tipicamente descritos como tecido conjuntivo fibroso denso que
inserem os músculos aos ossos. Eles possuem relativamente poucas células, mas grande número
de fibras colágenas que os concedem forças tensíveis extremamente altas [1]. A interface de contato
do tendão com o tecido ósseo é chamada de entese e são classificadas como fibrosa (exemplo:
ligamento colateral medial) ou fibrocartilaginosa (exemplo: tendão calcâneo) [2,3]. A transição entre
tendão e tecido ósseo consiste de quatro zonas: A primeira zona consiste do próprio tendão, a
segunda por fibrocartilagem não mineralizada, a terceira por fibrocartilagem mineralizada e a quarta
por tecido ósseo [4]. Métodos: Foram utilizados 20 ratos Wistar machos, organizados em dois
grupos sendo 10 adultos com idade de 4 meses e 10 idosos com 18 meses de idade. Para MEV os
animais foram anestesiados com Xilazina (10mg/kg) e Quetamina (75mg/kg), perfundidos com a
solução de Karnovsky modificada [5]. As amostras foram crio-fraturadas e pós-fixadas em solução
de OsO4 a 1%, durante 2h à 4ºC, desidratadas em álcool, secas em aparelho ponto crítico,
montadas em stubs e cobertas com íons de ouro. Para MET os animais foram anestesiados e
perfundidos da mesma maneira de MEV, as amostras foram desmineralizadas com EDTA 0,15M, pH
7,4 [6]. Em seguida as amostras foram pós-fixadas com solução de OsO 4 a 1% durante 2h à 4ºC,
desidratas em álcool e óxido de propileno, embebidas em resina Spurr ®. Cortes ultrafinos de 60nm
foram realizados, montado em telas de cobre de 200 mesh [5], contrastados com a solução de
acetato de uranila a 4% por 3 min [7], e com solução aquosa de citrato de chumbo a 0,4% por 3 min
[8]. Resultados: Análises de MEV mostram as fibras colágenas inserindo-se na fibrocartilagem não
mineralizada em ambos os grupos (figs. 1A-B). Uma maior ampliação destas fibras revela gotículas
lipídicas entre elas ou em alguns casos unindo umas às outras (figs. 1C-D). Na região de
fibrocartilagem mineralizada a morfologia detalhada das lacunas de células de fibrocartilagem são
observadas (figs. 2A-B), assim como lacunas de grupos isogênicos envoltos por matriz territorial
(figs. 2C-D). No tecido ósseo células sanguíneas são demonstradas no interior dos espaços
trabeculares, no grupo adulto nota-se com clareza aglomerados de células (fig. 2E), já no grupo
idoso pela deposição de gordura as células não se tornam visíveis e o aglomerado apresenta uma
consistência viscosa (fig. 2F). As análises de MET revelam em ambos os grupos as fibrilas
colágenas do tendão se inserindo na fibrocartilagem mineralizada (figs. 3A-G). Osteócitos alojados
em lacunas, com seus devidos processos celulares e núcleos são demonstrados (figs. 3B-H), assim
como as células de fibrocartilagem com núcleos de formatos variados e extenso retículo
endoplasmático granular são presentes no grupo adulto (figs. 3C-D), um diminuído retículo no grupo
idoso é notado (figs. 3I-J). O tecido tendíneo constituído por diversas camadas de fibras colágenas
foi observado em ambos os grupos (figs. 3E-K) com tenócitos presentes no adulto (fig. 3E), assim
como as estriações que constituem as fibrilas são demonstradas (figs. 3F-L). Discussão: A nível
ultraestrutural as análises revelaram as células dos animais adultos contendo as organelas
citoplasmáticas mais desenvolvidas, porém, em ambos os grupos os núcleos apresentaram formatos
variados. As células de fibrocartilagem apresentam no grupo adulto processos citoplasmáticos
longos e delgados e no idoso processos curtos, além de uma diminuição na quantidade e tamanho
das células [9]. A diminuição da atividade celular provocada pelo envelhecimento ocorre pela
diminuição do de Golgi, poucas cisternas de retículo endoplasmático granular e escassas
mitocôndrias [10].
Citação Bibliográfica
1. BENJAMIN, M. Int Rev Cytol., v.196, p.85, 2000.
2. DE PALMA, L. Foot Ankle Int., v.25, p.414, 2004.
3. CLAUDEPIERRE, P. Joint Bone Spine., v.72, p.32, 2005.
4. THOMOPOULOS, S. J Biomech., v.39, p.1842, 2006.
5. WATANABE, I. Arch Histol Jpn., v.46, p.173, 1983.
6. EVERTS, V. Methods Mol Biol., v.816, p.351, 2012.
7. WATSON, ML. J Biophys Biochem Cytol., v.25, p.475, 1958.
8. REYNOLDS, ES. J Cell Biol., v.17, p.208, 1963.
9. STROCCHI, R. Foot Ankle., v.12, p.100, 1991.
10. BENJAMIN, M. J Anat., v.179, p.127, 1991.
Figura 1: Microscopia eletrônica de varredura (A-C) grupo adulto, (B-D) grupo idoso. (A) Fibrocartilagem
mineralizada (FM), fibra colágena (seta menor), lacuna de células de fibrocartilagem na região não
mineralizada (seta maior) e na FM (cabeças de setas). Barra: 10 µm. (B) Fibras colágenas tendíneas (**),
fibrocartilagem mineralizada (FM). Barra: 20 µm. (C) Fibra colágena (seta), gotículas de gordura (cabeças de
seta). Barra: 2 µm. (D) Feixe de fibras colágenas (*), gotículas de gordura (cabeças de seta). Barra: 2 µm.
Figura 2: Microscopia eletrônica de varredura. (A-C-E) grupo adulto, (B-D-F) grupo idoso. (A-B) Lacuna de
célula de fibrocartilagem (**), fibrocartilagem mineralizada (*). Barras: 1 µm. (C-D) Lacuna de grupo
isogênico de célula de fibrocartilagem (**), matriz territorial (*). Barras: 2 µm. (E) Células sanguíneas maduras
(setas), osso trabecular (*). Barra: 100 µm. (F) Aglomerado de células sanguíneas com deposição de gordura
(*), osso trabecular (**). Barra: 50 µm.
Figura 3: Microscopia eletrônica de transmissão. (A-F) grupo adulto, (G-L) grupo idoso. (A-G) Fibrilas
colágenas tendíneas (setas), fibrocartilagem calcificada (*). Barras: 0,2 µm e 0,5 µm. (B) Núcleo (N), lacuna
(*), processo celular (seta), canalículo (cabeça de seta), fibrila colágena (**), osso (B). Barra: 0,5 µm. (C)
Núcleo (N), lacuna (seta maior), retículo endoplasmático granular - REG (seta menor), processo citoplasmático
(cabeças de seta), matriz territorial (*). Barra: 0,4 µm. (D) Núcleo (N), REG (setas), processo citoplasmático
(cabeça de seta). Barra: 0,2 µm. (E) Fibroblasto (cabeças de seta), prolongamento citoplasmático (setas),
bandas de fibrilas colágenas (*). Barra: 0,5 µm. (F-L) Fibrilas colágenas. Barras: 0,3 µm e 25 nm. (H) Núcleo
(* branco), lacuna (* preto), processo celular (setas), osso (B). Barra: 0,5 µm. (I) Núcleo (N), REG (seta),
matriz territorial (*), matriz interterritorial (**). Barra: 0,5 µm. (J) Núcleo (N), nucléolo (seta menor),
mitocôndria (cabeças de seta), processo citoplasmático (seta maior), matriz territorial (*), matriz interterritorial
(**). Barra: 0,5 µm. (K) Bandas de fibrilas colágenas (*). Barra: 1 µm.

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