- Coral Vivo

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- Coral Vivo
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Ed
REDE DE PESQUISAS CORAL VIVO APROFUNDA
CONHECIMENTOS SOBRE VIDA NOS RECIFES DO BRASIL
Foto: Projeto Coral Vivo
C
om o intuito de apoiar
estudos voltados para
conservação
de
ambientes
recifais
ou
coralíneos, a Rede de Pesquisas
Coral Vivo foi criada em 2011.
"Já viabilizamos 50 projetos
provenientes de nove instituições de ensino e pesquisa do
país, alguns destes contando
com
a
colaboração
de
pesquisadores
estrangeiros",
afirma o coordenador executivo
de pesquisas do Coral Vivo,
Emiliano Calderon. Além dos
temas de biologia, oceanografia
e geociências, por exemplo, há
grupos dedicados à gestão da
conservação e questões sociais
relacionadas.
A base fica em Arraial d'Ajuda,
no Sul da Bahia, por abrigar a
maior biodiversidade marinha
do Atlântico Sul. Anualmente,
são realizados workshops para
apresentações e trocas de
conhecimentos entre todos os
pesquisadores. O convívio no
alojamento também favorece o
avanço nas reflexões para as
pesquisas.
Bianchini,
da
Universidade
Federal do Rio Grande (FURG),
é líder do grupo de pesquisas no
CNPq. Calderon conta que a
maioria
dos
projetos
está
vinculada a dissertações e teses
de alunos de pós-graduação.
"Graças ao apoio da Rede de
Pesquisas
eles
conseguem
realizar seus trabalhos de
conclusão", diz.
Os estudos são viabilizados
pelo patrocínio da Petrobras
por
meio
do
Programa
Petrobras Socioambiental, do
copatrocínio do Arraial d'Ajuda
Eco Parque e do financiamento
do Projeto Capes Ciências do
Mar. O professor Adalto
Ambiente
recifal do Sul
da Bahia
Copatrocínio
1
Patrocínio Oficial
HISTÓRIA
E CULTURA
RECURSOS
PESQUEIROS
Estudo busca resgatar a
tradição da pesca no Sul
da Bahia
Pesquisadores constatam
declínio de sete espécies
de peixes na Bahia
A
R
O
especialista
destaca
que
quando
a
comunidade se sente valorizada e respeitada,
torna-se parte do processo de conservação do
ecossistema costeiro da região e esse é um dos
principais objetivos do estudo. Ele será
concluído quando os relatos começarem a se
sobrepor. As primeiras abordagens foram
realizadas e, no final, estão previstas
retribuições à comunidade, tais como: a
realização de festival gastronômico, exposição
de fotos e petrechos, e a exibição de
documentário na região por meio de parcerias.
Com o objetivo de ajustar os referenciais
ambientais relativos aos impactos humanos nos
ecossistemas marinhos, 53 pescadores foram
perguntados sobre o maior peixe de cada
espécie que já capturaram e o ano que isso
ocorreu. Os da faixa etária com mais de 50 anos
pescaram animais maiores comparados às
gerações mais jovens. O badejo quadrado
(Mycteroperca bonaci), por exemplo, há
quarenta anos era pescado com 49 quilos, e
atualmente com 17 quilos. “Alguns pescadores
com menos de 31 anos não reconheceram
espécies de peixes como o mero-gato e o
cherne quando apresentados às fotos na
entrevista”, relata a bióloga Mariana Bender.
história e a cultura de comunidades
pesqueiras da Costa do Descobrimento,
Sul da Bahia, é foco de estudo que visa
preservar os saberes e fazeres tradicionais.
Geralmente, eles são transmitidos oralmente
de geração para geração, e agora ganham
registros em vídeo, som e fotografia.
“Tudo vai começar a se perder porque os
detentores desses conhecimentos estão idosos
e os mais jovens não estão mais interessados
em adquiri-los”, explica o biólogo Marcelo
Vianna, vice-diretor do Instituto de Biologia da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e
coordenador do estudo.
ealizado a partir de entrevistas com
quatro gerações de pescadores locais
vizinhos ao Parque Municipal Marinho do
Recife de Fora, em Porto Seguro (BA), estudo
publicado na “Fisheries Management and
Ecology” sinaliza inclusão de peixes de
ambientes recifais nas avaliações de espécies
ameaçadas de extinção. Ele foi desenvolvido
pelos biólogos Mariana Bender, Sergio Floeter e
Natalia Hanazaki, da Universidade Federal de
Santa Catarina.
Carolina Rüde
Fazeres e saberes de comunidades pesqueiras é foco do estudo
FICHA TÉCNICA
Associação Amigos do Museu Nacional (SAMN)
Projeto
Coral
Vivo,
uma
parceria
Museu
Nacional/Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), Núcleo de Educação Ambiental/Instituto de
Pesquisas
Jardim
Botânico
do
Rio
de
Janeiro/Ministério do Meio Ambiente (MMA),
Gerência de Biodiversidade Aquática e Recursos
Pesqueiros, Secretaria de Biodiversidade e
Florestas/MMA
e
Departamento
de
Geologia/UFRJ.
Coordenação Geral: Clovis Castro.
Editoras Responsáveis: Débora
Pires e Mercia Ribeiro.
Sandro Parrudo
Apuração de dados com pescador em Porto Seguro
Projeto Coral Vivo – Ano VI - Edição Especial Ciências 2015
Colaboraram nesta edição: Carla Zilberberg, Carolina Rüde, Clovis Castro, Cristiano
Pereira, Douglas Abrantes, Emiliano Calderon, Gustavo Duarte, José Carlos Seoane, Laura
Marangoni, Lívia Peluso, Marcelo Vianna, Mariana Bender, Miguel Mies, Raquel Peixoto,
Sandro Silva, Simoni Campos Dias,Teresa Gouveia.
Design gráfico/Diagramação: Walter Moreira.
Rio de Janeiro: Associação Amigos do Museu Nacional, Quinta da Boa Vista, s/n, São
Cristóvão, Rio de Janeiro, CEP 20940-040, telefone (21) 2254-1228. E-mail:
[email protected]
Bahia: Estrada da Balsa km 4,5, Praia de Araçaípe, Arraial d’Ajuda, Porto Seguro, CEP
45816-000, telefone (73) 3575-2353, [email protected]
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Equipe Coral Vivo no Rio de Janeiro:
Emiliano Calderon, Gabriela Dias,
Genivaldo Teixeira, Gustavo Duarte, Liana
Ventura, Mercia Ribeiro, Ruth Saldanha e
Sandra Vargens.
Equipe Coral Vivo na Bahia:
Adejane Silva, Afson Oliveira, Bruniele
Gondim, Cleisiane Gonçalves, Cristiane
Brito, Cristiano Pereira, Edinilson
Conceição, Elza Oliveira, Fabiano Pena,
Ibirapuitã Nascimento, Márcio da Silva,
Mariana Silva, Matheus Deocleciano,
Raimundo Medrado, Romário Guedes,
Tárcio Mangelli, Tatiane Santos, Wires
Argôlo, Zelina Santos.
FORMAÇÃO
DE RECIFES
Estudo analisa a
influência dos
herbívoros para
manutenção dos
recifes coralíneos
no Sul da Bahia
T
rinta
estruturas
semelhantes a gaiolas estão
distribuídas na piscina do
Golfinho, no Recife de Fora, para
um experimento que analisa os
impactos
da
sobrepesca
nos
recifes coralíneos. Esse estudo
está sendo desenvolvido pelo
doutorando
Douglas
Pinto
Abrantes,
do
Programa
de
Pós-Graduação em Zoologia do
Museu
Nacional/UFRJ,
com
orientação de Clovis Castro e de
Emiliano Calderon, coordenadores
do Coral Vivo.
Este é um dos projetos da tese
intitulada “Influências biológicas
na formação e manutenção de
comunidades recifais coralíneas no
sul
da
Bahia/Brasil”.
Neste
projeto, o principal objetivo é
referente à questão da pesca e de
áreas marinhas protegidas. Com
esse estudo, serão gerados os
primeiros dados sobre a função
de peixes e ouriços-do-mar como
principais
estruturadores
nos
recifes brasileiros.
As gaiolas impedem a entrada dos
herbívoros
nas
áreas
demarcadas, simulando assim,
Douglas Abrantes e os experimentos
com gaiolas no Recife de Fora (BA)
um recife com ausência de
herbívoros ou com sobrepesca.
Trabalhos realizados nas regiões
do Caribe e Indo-Pacífico observaram que, sem herbívoros,
ocorre uma mudança na comunidade bentônica, sendo
inicialmente dominada por corais e depois de alguns meses,
dominada por macroalgas. Sem os herbívoros, as macroalgas se
proliferam, crescendo sobre os corais e acabam matando-os,
seja por sufocamento ou por toxinas/metabólitos secundários.
ESTRUTURADORES
Recrutas de corais do Recife
de Fora são tema de estudo
O
biólogo Cristiano Pereira acaba de defender sua
dissertação de mestrado com o título
“Recrutamento de Corais Recifais nas Piscinas
Naturais do Parque Natural Marinho do Recife de Fora,
Porto Seguro (BA)”. Ele realizou inúmeros mergulhos em
três piscinas diferentes: a que recebe visitação do público,
a do Golfinho que não recebe visitantes há 10 anos, e a da
Panam que não tem registro histórico de visitação. Foram
comparados os dados dos filhotes de coral com os dados
de temperatura e sedimentação.
Da esquerda para a direita: Cristiano Pereira (Coral
Vivo), Profa. Erminda Couto (UESC), Profa. Andrea
Junqueira (UFRJ), Prof. Emiliano Calderon (UFRJ)
e Prof. Alexandre Schiavetti (UESC)
“Imaginávamos que, por conta da visitação turística
intensa na piscina da visitação, lá seria um local com
poucos recrutas e isso não aconteceu”, explica Cristiano.
Outro ponto interessante observado no estudo é que cada espécie de recruta tem um ângulo
específico, e o biólogo Clovis Castro observou em Abrolhos que isso se repete nos corais adultos. A
conclusão é que desde pequenos eles escolhem um ângulo específico e ficam assim até a vida
adulta. Com financiamento da Rede de Pesquisas Coral Vivo e da CAPES, o mestrado em Zoologia
Aplicada na Universidade Estadual de Santa Cruz, em Ilhéus, teve como orientador o ecólogo
Alexandre Schiavetti e como co-orientador o biólogo Emiliano Calderon.
MESOCOSMO
Máquinas do tempo contribuem para avanço
dos estudos sobre o futuro dos recifes brasileiros
Aquecimento em oceanos pode ter
efeitos imprevisíveis para a Terra
Fotos: Coral Vivo
A
Rede de Pesquisas Coral Vivo conta com
mesocosmo marinho apto para realizar
estudos de curta e de longa duração.
Lançado em 2011, esse sistema experimental
com
tanques
e
aquários
alimentados
constantemente pela água do mar funciona como
uma máquina do tempo que simula os impactos
futuros das mudanças climáticas e da poluição
costeira no ambiente recifal. O desafio foi
construí-lo com estrutura robusta e segura para
testar as mudanças previstas para as próximas
décadas de acordo com o IPCC (Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas)
da ONU.
Além de receber água direta do recife, fica a céu
aberto – o que deixa os resultados mais realistas
do que os usados em décadas passadas. “Recebe
luz solar, e seu fotoperíodo diário apresenta
variação dos compostos nitrogenados conforme
ocorre no mar, recebe chuva, vento e também a
influência de outros fatores climáticos”, explica o
coordenador de políticas públicas do Coral Vivo,
Gustavo Duarte.
“O ponto forte desse mesocosmo marinho é
manter
muitas
das
variáveis
ambientais
encontradas no mar, podendo alterar sua
condição e simular impactos, como os de
mudanças climáticas e contaminações por
poluentes diversos, mantendo o realismo”,
explica Duarte. O especialista destaca que eles
têm conseguido resultados tão próximos aos do
mar que, no experimento de acidificação em
2012, os corais que estavam sendo testados
desovaram em pleno experimento. “Com isso, os
resultados são mais aplicáveis ao que se espera
das mudanças climáticas futuras. Nossos
experimentos vêm apresentando resultados
significativamente
interessantes
e
claros”,
comemora o especialista.
Gustavo Duarte
Fotos do coral Mussismilia harttii
A elevação de temperatura nos oceanos poderá
influenciar no processo de fixação de nitrogênio
em corais. A conclusão é do estudo que acaba de
ser publicado no “The ISME Journal”, do grupo
“Nature”,
que
investigou
os
efeitos
do
aquecimento sobre as bactérias que vivem em
associação com o coral Mussismilia harttii e que
são capazes de fixar esse componente essencial
para a vida. É a primeira publicação sobre o
mesocosmo marinho do Projeto Coral Vivo.
“Percebemos que a comunidade microbiana que
fixa o nitrogênio ficou aumentada e a diversidade
alterada consideravelmente com os tratamentos
elevados a +2 º C e +4,5 º C. Isso é um alerta
vermelho sobre o nitrogênio nos oceanos”,
observa Raquel Peixoto, coordenadora da
pesquisa
e
professora
do
Instituto
de
Microbiologia Paulo de Góes da UFRJ. “Esse
estudo com corais aponta que a diversidade e a
quantidade de microrganismos com funções
essenciais para o planeta poderá ser modificada,
com consequências imprevisíveis para os ciclos
biogeoquímicos ao longo do tempo”, completa. O
trabalho fez parte da tese de doutorado do
Henrique Fragoso dos Santos, e é o primeiro
estudo que verifica o efeito da temperatura sobre
as bactérias fixadoras de nitrogênio em recifes de
coral.
Pesquisa prevê efeitos da poluição por cobre
Clovis Castro
Variáveis ambientais encontradas no mar são mantidas no sistema experimental
O uso de biomarcadores para avaliar os efeitos do
cobre na fisiologia do coral Mussismilia harttii é
tema de estudo na seção de aquários de vidro do
mesocosmo recifal do Coral Vivo. Recentemente,
o trabalho intitulado "Biomarcadores para
avaliação dos efeitos do cobre no coral
Mussismilia
harttii
(Cnidaria,
Scleractinia,
Mussidae)" foi apresentado no XIII Congresso
Brasileiro de Ecotoxicologia e premiado com o 2º
lugar.
As fontes de contaminação ambiental pelo cobre
incluem as tintas anti-incrustantes utilizadas em
navios, descargas de esgoto doméstico e de
atividades industriais, tornando este metal um
poluente comum no ambiente marinho, inclusive
nos recifes de coral. Por sua vez, o uso de
Laura Marangoni prepara corais para experimento
biomarcadores
constitui
uma
potencial
ferramenta na avaliação da qualidade ambiental. Estas ferramentas biológicas são sensíveis aos efeitos
de poluentes e permitem a detecção prematura do estresse nos organismos. Desta forma, permitem
certa previsibilidade do futuro estado de saúde dos recifes de coral. Os experimentos com cobre são
coordenados pelo professor Adalto Bianchini e realizados pelas pesquisadoras Laura Marangoni e
Joseane Marques, da Universidade Federal do Rio Grande (FURG).
GENÉTICA
Conectividade das populações de coral
brasileiro é descrita pela primeira vez
1
Por Carla Zilberberg e Lívia Peluso. Fotos: Emiliano Calderon
E
ntender como populações
de uma espécie estão
conectadas possui grande
importância
evolutiva
e
ecológica. Entretanto, ainda não
se sabia como isso ocorria nos
corais brasileiros. Para preencher
essa lacuna, a dissertação de
mestrado
de
Lívia
Peluso
“Conectividade genética do coral
endêmico Mussismilia hispida
(Scleractinia: Mussidae) ao longo
da costa brasileira” descreveu
pela primeira vez como as
populações de um dos principais
corais construtores de recifes no
Brasil estão conectadas.
encontradas cinco populações
estruturadas”,
explica
a
orientadora da pesquisa, Carla
Zilberberg, da UFRJ.
“Foi
evidenciado
um
isolamento
genético entre as ilhas oceânicas
e as populações da costa, além da
existência de uma barreira para a
dispersão na Região dos Lagos,
provavelmente
devido
à
ressurgência que ocorre no
lugar”, avalia Peluso. “Estes
resultados podem ajudar na
delimitação
do
tamanho
e
espaçamento ótimo entre áreas
marinhas protegidas”, completa
Zilberberg.
“Foram analisadas localidades ao
longo da costa abrangendo todo o
seu limite de distribuição, além
das três ilhas oceânicas aonde M.
hispida ocorre, sendo
ENTRE
CLADOS
2
1 - Pacotes de gametas
são coletados nos viveiros
2 - Em sistema especial
eles são separados
3 - Lívia com os gametas
femininos
3
Estudo inovador avalia
simbiose entre larvas e algas
A
s contribuições metabólicas de larvas
de vieira-gigante Tridacna derasa do
Indo-Pacífico,
do
nudibrânquio
Aeolidiella stephanieae do Caribe, e do coral
Mussismilia harttii estão sendo avaliadas em
estudo inédito do oceanógrafo Miguel Mies
da Universidade de São Paulo (USP). Cada
espécie irá receber seis tipos da microalga
Symbiodinium sp., e serão submetidas a três
experimentos.
O primeiro avalia quando é estabelecida a
simbiose. Simultaneamente, está sendo
realizado experimento que busca descobrir
qual tipo de microalga doa mais ácidos
graxos Ômega-3 para os hospedeiros. No
terceiro serão analisadas a tolerância e a
resistência das microalgas, a partir da
redução do pH da água do mar, e verificada a
taxa de expulsão das zooxantelas por meio
de fluorimetria. O grau da liberação de
energia
será
avaliado,
assim
como
mensurada a eficiência dessa fotossíntese
Em ‘banho-maria’: tipos de microalga e larvas recifais
no organismo.
Emiliano Calderon
Pesquisadores
Jhone Araújo
e Beatriz
Sabino
GEOCIÊNCIAS
Imagem de satélite
de alta precisão
com a formação
recifal semelhante
a um coração
Durante mapeamento de recifes, Coral Vivo
descobre formação semelhante a coração
Foto: Geociências UFRJ
E
xiste uma formação recifal no Sul da
Bahia semelhante a um coração e
voltada para o mar aberto. Por anos, ela
passou despercebida, mas foi descoberta
recentemente nos estudos preliminares para o
mapeamento físico de recifes do Parque
Municipal Marinho da Coroa Alta, em Santa Cruz
Cabrália, pelos pesquisadores do Coral Vivo. O
biólogo marinho e coordenador executivo de
Políticas Públicas do Projeto, Gustavo Duarte,
avaliava imagens de satélite de alta precisão
quando a percebeu. E ele brinca: “É o ‘coração’
dos recifes de coral do Brasil”.
Nos paredões têm grandes colônias do coral
casca-de-jaca (Montastraea cavernosa), e eles
são recobertos de algas calcárias, que têm a
coloração rosada.
“A inclinação desses
paredões é praticamente vertical, muito
diferente das encontradas nos demais recifes
de coral da região”, diz o geólogo José Carlos
Seoane,
coordenador
do
mapeamento,
professor do Instituto de Geociências da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
e pesquisador associado do Projeto Coral Vivo.
Além de Coroa Alta, foi mapeado também o
Recife de Araripe, em Santo André (BA). Esses
estudos foram feitos com o uso da lancha
Iamany - que significa Senhora das Águas na
língua Pataxó – com adaptações para facilitar
as pesquisas no mar. Estão sendo usados
ecossonda, que é um equipamento de sonar, e o
Strata Scan, que registra o fundo como se fosse
um scanner diferenciando onde fica areia, lama,
corais e rochas, por exemplo. Os resultados
estarão no site do Coral Vivo, assim como já se
encontra o mapeamento do Recife de Fora.
Projeto Coral Vivo
LEVANTAMENTO
Conhecimento sobre
recifes é tema de pesquisa
O
“
que pensam sobre recifes de coral” é o
tema da pesquisa da bióloga Teresa
Gouveia, coordenadora executiva de
Educação do Projeto Coral Vivo. Ligado à Rede
de Pesquisas Coral Vivo, o estudo tem como
objetivo conhecer o entendimento das pessoas
sobre o assunto. Foram aplicados questionários
aos turistas na região de Porto Seguro e
Trancoso nos meses de janeiro e fevereiro, para
Biodiversidade do Recife de Fora (BA)
aproveitar a alta temporada.
As etapas seguintes envolvem a aplicação a
outros grupos sociais. Os resultados obtidos
propiciarão possíveis novas estratégias de
sensibilização, mobilização e participação
social na conservação dos recursos naturais
vinculados
aos
ambientes
marinhos,
principalmente, os recifes de coral.
BIOLOGIA
MOLECULAR
Coral orelha-de-elefante é
eficaz contra superbactéria
hospitalar
Foto: Áthila Bentoncini
U
ma das bactérias mais importantes causadora de infecções relacionadas à assistência a saúde
(IrAS) e que atinge os pulmões - a Klebsiella pneumoniae (KPC) - ganhou um combatente
inusitado e promissor: o coral orelha-de-elefante (Phyllogorgia dilatata). A espécie é a
primeira nas águas do Atlântico Sul a ser identificada com essa característica antimicrobiana para
controle desse tipo de microrganismo encontrado em ambiente hospitalar. A novidade foi publicada
na “Protein & Peptide Letters”.
Esse estudo - que avaliou a ação das biomoléculas extraídas e purificadas do coral - é liderado por
pesquisadores da Pós-Graduação em Ciências Genômicas e Biotecnologia da Universidade Católica de
Brasília (UCB), em parceria com o Museu Nacional/UFRJ, e faz parte da Rede de Pesquisas Coral Vivo.
Os cientistas destacam que cepas dessas bactérias têm desenvolvido resistência à maioria dos
antibióticos existentes atualmente, causando milhares de mortes por infecções em ambientes
hospitalares.
“Percebemos que este pode ser um candidato promissor a novo antibiótico para atuar contra
bactérias resistentes aos fármacos disponibilizados até agora”, informa a bióloga molecular e
professora da UCB, Simoni Campos Dias. Não há relatos na literatura sobre peptídeos antibacterianos
extraídos desta espécie. O estudo conclui que as biomoléculas extraídas e purificadas do
orelha-de-elefante também conseguiram controlar o crescimento da Staphylococcus aureus e da
Shigella flexneri, consideradas bactérias importantes nas infecções adquiridas em ambiente
hospitalar, e que apresentam cepas resistentes a muitos antibióticos usados com frequência nas
unidades de saúde.
Alta
competitividade dos
ambientes marinhos
favorece potencial
da Phyllogorgia
dilatata
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