Estudos comparativos da identidade das revistas em seus formatos

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Estudos comparativos da identidade das revistas em seus formatos
UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
Vanessa Lima de Macedo Arantes
Estudos comparativos da identidade das revistas
em seus formatos impressos e digitais
Projeto de iniciação científica – PIBIC – Cruzeiro do Sul
São Paulo
2014
Vanessa Lima de Macedo Arantes
Estudos comparativos da identidade das revistas
em seus formatos impressos e digitais
Projeto
de
iniciação
científica
desenvolvido durante a graduação
tecnológica de Design Gráfico, sob
a orientação da Profª. Ms. Claudia
Trevisan Fraga Marrodán
São Paulo
2014
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, que sempre demonstraram em suas atitudes os ideais que devo buscar;
aos meus filhos, que são meus maiores incentivos para superar qualquer desafio,
acreditando que tudo é possível;
as minhas avós, por todo o carinho e preocupação;
ao meu irmão, por seu companheirismo;
aos meus mestres, por compartilharem seus conhecimentos
e me presentearem com a amizade;
a minha orientadora, Profª. Ms. Claudia Trevisan Fraga Marodán, por sua paciência,
dedicação e por doar momentos de uma fase tão especial em sua vida para que eu
pudesse dar mais um passo em direção à realização dos meus sonhos;
à pequena Carmela, por me emprestar um pouco do tempo de sua mãe
para que essa pesquisa fosse concluída;
ao amigo Zé, companheiro fiel de noites longas em frente ao computador;
ao meu marido Ricardo, por me amar, suportar minha ausência,
acreditar em mim e não deixar que eu desistisse.
O design espelha as condições da sociedade na
qual está inserido.
Rafael Cardoso
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
1. O projeto editorial brasileiro a partir do século XX 2. Contexto histórico das publicações analisadas 2.1 Revista Tpm
2.2 Revista Glamour
3. Análise visual da revista impressa e digital
3.1 Logotipo
3.2 Análise da capa da revista x home do website
3.3 Grid
3.4 Cor
3.5 Tipografia 3.6 Fotografia 4. Uma identidade em construção
2
5
16
17
19
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34
37
39
42
47
BIBLIOGRAFIA51
CRÉDITOS DAS FIGURAS
55
RESUMO
Esta pesquisa se propõe a realizar a análise comparativa da identidade visual, nas versões impressas
e digitais, das publicações Tpm e Glamour, em edições publicadas em junho, julho e agosto
de 2013 e suas respectivas atualizações de websites. Diante do grande número de periódicos
femininos disponíveis atualmente no mercado editorial, a escolha se baseia na abordagem
de uma mesma faixa etária que compõe uma geração habituada ao uso de tecnologia e da
internet, o que justifica o cuidado na manutenção dos canais digitais das revistas. As questões
analisadas compreendem a adaptação da identidade visual em seus elementos primários de
reconhecimento da publicação pelo leitor: logotipo, capa da revista e homepage do website,
grid, cor, tipografia e fotografia. Ainda que o resultado em formato digital seja imprevisível na
manutenção de alguns aspectos, concluímos que a adaptação é possível, porém requer pleno
conhecimento do profissional partícipe no processo de ajustes dos elementos da identidade e
acompanhamento das evoluções tecnológicas para novos dispositivos de acesso que possam ser
utilizados pelo leitor.
Palavras-chave: Identidade. Revista. Website. Design Gráfico. Projeto Editorial.
1
INTRODUÇÃO
..
..
Na produção editorial brasileira, o uso da fotografia é um importante marco na
comunicação visual utilizada pelas revistas. Recurso inicialmente presente nos livros, foi
integrado às páginas dessas publicações há mais de 100 anos e, ainda hoje, é um elemento
eficiente de comunicação visual. Sua utilização foi possível devido à evolução tecnológica que
possibilitou novas técnicas de diagramação e impressão.
As fotonovelas dos anos 50 demonstram a eficiência no uso da fotografia pelas
publicações femininas. A mulher é entendida como foco de público editorial nos anos 60 com
a criação de periódicos ainda publicados atualmente como as revistas Pais & Filhos e Claudia,
mas foi nos anos 80 que o aumento de revistas femininas se tornou significativo.
Com a popularização do acesso à internet, no final dos anos 90, os avanços tecnológicos
promoveram discussões e testes entre os profissionais de comunicação quanto ao processo de
adaptação dos projetos editoriais impressos para este novo suporte midiático. Coube à equipe
responsável pela adaptação, parte da tarefa em estabelecer relações entre elementos visuais
que integrem as duas versões sem prejuízo de identidade da publicação, utilizando recursos
tecnológicos para manter a unidade entre os projetos nos diferentes formatos de mídia.
Entende-se identidade como o conjunto dos elementos visuais empregados nas revistas
e sua repetição ao longo das publicações, quer sejam elas semanais, mensais, bimestrais, etc,
para seu reconhecimento e apreciação. Entre os principais elementos, citamos o logotipo, a
capa da publicação, grid, cor, tipografia e fotografia.
3
As publicações criadas no novo milênio já nascem com este desafio, manter a identidade
da revista impressa em seus canais digitais com conteúdos relacionados ou exclusivamente
criados para este novo suporte, como as revistas Tpm e Glamour. Ambas têm um público-alvo
de uma mesma faixa etária, uma geração habituada com a tecnologia e a internet, mas com
direcionamentos diferentes em suas plataformas. Enquanto a revista Tpm adapta todo o seu
conteúdo impresso ao formato digital, a revista Glamour mantém seu website como um canal
adicional de informações.
Assim sendo, esta pesquisa busca investigar como cada publicação adapta sua identidade
nas diferentes mídias em que ela se apresenta. E como o suporte web e seus constantes avanços
tecnológicos permitem ou não a preservação dessa identidade.
4
O projeto editorial brasileiro a partir do século XX
1.
1.
Na história das revistas brasileiras, algumas publicações foram marcos importantes que
deram origem a convenções utilizadas nas publicações de hoje. O formato atual é resultado da
evolução do projeto editorial durante o século XX, relacionado diretamente com a informação
transmitida, com seu público, e utilizando a comunicação visual como meio de intensificar a
discussão proposta. Ainda hoje, algumas edições podem servir de fontes de inspiração para os
designers editoriais, além de ainda serem muito admiradas por esses profissionais.
A fotografia, recurso inicialmente visto apenas em livros, passa a ser utilizada de
forma que a imagem poderia ser a própria notícia1. O início da integração entre texto e
imagem ocorre em 1900, durante a primeira fase da Revista da Semana (Fig.1) e seguida
por outras publicações que também utilizaram a fotografia como recurso visual: Ilustração
Brasileira, 1901 (Fig. 2); O Malho, 1902 (Fig. 3); Kosmos, 1904 (Fig. 4); Fon-Fon, 1907 (Fig.
Figuras 1, 2 e 3: Capas das publicações Revista da Semana, Ilustração Brasileira e O Malho.
1
CARDOSO, Rafael. O design brasileiro antes do design: aspectos da história gráfica, 1870-1960. São Paulo: Cosac
Naify, 2005, p.85/88.
6
Figuras 4, 5 e 6: Imagens das publicações Kosmos, Fon-Fon e Careta.
5); Careta, 1908 (Fig. 6), entre outras. Em inúmeros periódicos que seguem, a fotografia é
presente até os dias atuais como importante instrumento de comunicação visual. Páginas
inteiras reservadas às fotografias eram características do periódico O Malho, de 1902.
Únicas ou duplas, essas páginas traziam uma configuração visual diferenciada, onde a
fotomontagem era explorada por meio de recortes; margeadas por delicados grafismos e
posicionadas em grades cuidadosamente planejadas, que ofereciam maior atrativo visual.
O Malho utilizava dois tipos de papel para preservar a qualidade gráfica do material.
Nas 60 páginas do periódico de 23x32cm, 2/3 eram produzidos em papel jornal, reservados
para a aplicação dos desenhos a traço e textos; e 1/3 em papel couché para as matérias
ilustradas, reportagens fotográficas, anúncios mais caros e desenhos de página inteira. A menor
porosidade do papel couché preserva maior riqueza de detalhes e aumenta a qualidade gráfica
das fotografias (Fig. 8).
Figura 7: O Malho, edição
de agosto, 1927.
Figura 8: Página interna dupla da revista O Malho.
Desenhos e fotografias eram impressos em papel
couché para melhores resultados.
7
No carnaval de 1922, é lançada a revista A Maçã (Fig. 9). De conteúdo polêmico, trazia os
contos satíricos do escritor maranhense Humberto de Campos, sob o pseudônimo de Conselheiro
XX (xis-xis). Por ser o autor membro da Academia Brasileira de Letras, o periódico não só foi alvo
de críticas como também foi considerado transgressivo, já que tratava de assuntos relacionados à
sexualidade, traições, entre outros temas polêmicos para a sociedade da época.
“[A] vida foi feita para ser gozada, amada,
bebida com delícia, como um vinho capitoso.
Ele [Conselheiro XX] vos concita, ó irmãos, a
arrancardes da cabeça, com ele, a coroa de espinho
dos mártires, e a substituí-la, semanalmente, se vos
aprouver, por esta pequena coroa de rosas.”
Figura 9: A Maçã, edição de fevereiro, 1922.
Humberto de Campos2
No que diz respeito à construção visual, A Maçã trazia um projeto gráfico diferenciado.
Rico em ilustrações, acabamentos tipográficos, vinhetas e tipos, entre outros recursos de
diagramação até então inéditos. Todo o conteúdo visual estava diretamente relacionado ao
texto, característica incomum para a época que coloca a publicação em posição de destaque
na década de 1920 (Fig. 10). Ainda hoje, é possível reconhecer recursos gráficos nos periódicos
atuais que já eram utilizados no leiaute de A Maçã.
Figura 10: Páginas internas da revista
A Maçã.
2
CARDOSO, Rafael. O design brasileiro antes do design: aspectos da história gráfica, 1870-1960. São Paulo: Cosac
Naify, 2005, p.96.
8
A revista Para Todos... (1918) era direcionada ao público jovem feminino e, até 1926,
dedicada exclusivamente ao cinema. Com a criação da revista Cinearte (1926), igualmente
dedicada aos filmes, a Para Todos... iniciou uma nova fase editorial, autodefinida como um
semanário ilustrado. A partir de 1927 passou também a fazer publicações sobre artes cênicas,
visuais e musicais. Apesar das mudanças no conteúdo editorial, conservou a ligação com o
público feminino de classe média e alta. O nível cultural elevado de seus leitores, permite maior
liberdade gráfica em seu projeto editorial.
Sob o comando de J. Carlos, que também atuou em O Malho, o periódico Para Todos...
apresentava capas ilustradas onde se evidenciava a posição de destaque da mulher. Determinada,
provocativa e forte, a mulher era colocada como foco de atenção, seja pela sua sensualidade
ou extrema delicadeza. O logotipo era posicionado conforme a ilustração, não existindo a
padronização de uso, o que conferia autonomia a J. Carlos em suas composições (Fig. 11, 12 e 13).
Figuras 11, 12 e 13: Capas da revista Para todos...
9
A diagramação interna da Para Todos... explorava a conexão entre fotografia e
desenho, estabelecendo um certo tom de irreverência ao resultado final da publicação. O mesmo
acontecia com as fotografias que se apresentavam com recortes e elementos gráficos, além de
aplicações de cores que acentuavam sua aparência artificial (Fig. 14, 15 e 16).
Figuras 14, 15 e 16: Páginas internas da revista Para todos...
A consagração da fotorreportagem ocorre com a revista O Cruzeiro. Criada em 1928 por
Assis Chateaubriand, durante as décadas de 40 e 50, atuou, segundo Melo, “(…) estabelecendo
os parâmetros que batizam a opinião pública nos mais diversos assuntos, do comportamento à
política”3. Primeira revista brasileira a produzir sua capa em quatro cores, O Cruzeiro alcançou, em
1960, a tiragem de 1 milhão de cópias, incentivando o surgimento de outras revistas concorrentes.
Seguindo o mesmo conceito inovador de O Cruzeiro (Fig. 17), as revistas Senhor, criada
em 1959 (Fig. 18), e Realidade, criada em 1966 pela editora Abril (Fig. 19), abusaram dos recursos
Figuras 17, 18 e 19: Capas das revistas O Cruzeiro, Senhor e Realidade.
3
DE MELO, Chico Homem. O design gráfico brasileiro: anos 60. São Paulo: Cosac Naify, 2006, p.100.
10
visuais para cativar o leitor. Com estas publicações podemos notar o cuidado com a diagramação
e, consequentemente, com a valorização do profissional responsável por esta tarefa.
Em se tratando de diferenciais técnicos, Senhor e Realidade sobressaem. Senhor era
editada para o segmento cultural. Com foco literário, publicou textos de grandes autores da
época como Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, Clarice Lispector, entre outros. Não dispunha
de formatação fixa para os elementos da página, inclusive em sua capa. Analisando algumas
publicações, é possível notar o posicionamento do título de acordo com a ilustração (Fig. 20). Já
em Realidade, o título permanece fixo, apenas apresentando padrão cromático de acordo com
a fotografia que ilustra a capa (Fig. 21).
Figuras 20 e 21: Capas das revistas Senhor e Realidade.
A utilização de imagens era um recurso explorado amplamente nas páginas da
Realidade que, assim como em Senhor, trouxe um novo olhar sobre o registro fotográfico. A
fotografia em primeira pessoa aborda o assunto de forma particular (Fig. 22), influenciando a
interpretação do texto, conforme comenta Chico Homem de Melo, (…) o fotógrafo passa a
dividir com o jornalista a responsabilidade pela construção do discurso – em outras palavras,
ele passa efetivamente a ser um fotojornalista”4.
4
DE MELO, Chico Homem. O design gráfico brasileiro: anos 60. São Paulo: Cosac Naify, 2006, p.150.
11
Figura 22: Páginas internas apresentam reportagem fotográfica na revista Realidade.
A imagem foi elemento fundamental para a produção de fotonovelas nos anos 50, que
poderiam ser definidas como a fusão do teatro com a fotografia e a diagramação que remete às
revistas em quadrinhos. Alguns títulos ainda resistem aos dias atuais como Contigo (Fig. 23) e
Capricho (Fig. 24). Apesar da mudança no conteúdo editorial, que suprimiu de suas páginas a
fotonovela, ambas mantêm-se fiéis ao público feminino.
Figuras 23 e 24: Fotonovelas das revistas Contigo e Capricho.
O interesse na mulher como consumidora de informações é visível nos anos 60 com a
criação de importantes revistas femininas como: Pais & Filhos (Fig. 25), Desfile e, a ainda publicada,
revista Claudia, de 1961 (Fig. 26). Nos anos 80, a segmentação de público se torna evidente. A criação
de periódicos para mulheres ganha força e o mercado editorial presencia o surgimento de grande
número de títulos. A revista Nova (Fig. 27), inspirada na americana Cosmopolitan, aborda assuntos
relativos à emancipação da mulher. Em 1988, a revista Elle (Fig. 28) se destaca por sua qualidade
12
gráfica, acompanhando a temática luxuosa do conteúdo, que trata de assuntos relacionados ao
mundo da moda5.
Figuras 25, 26, 27 e 28: Capas das primeiras edições das revistas Pais&Filhos, Claudia, Nova Cosmopolitan e Elle.
Lançada em 1986, a proposta da revista Trip (Fig.
29) é oferecer conteúdo editorial baseado em diversidade e
inovação. Atualmente, a publicação tem conteúdo editorial
temático, tratando de assuntos que abrangem diversas áreas
comportamentais e socioculturais. Assim como a Para Todos...,
a revista Trip ousa em seus projetos editorias, amparados pela
segurança de ter em seu público leitores intelectualizados,
mais receptivo a diagramações diferenciadas. Entre suas
características mais marcantes, destaca-se a publicação de
algumas edições do periódico com duas capas diferentes,
embora tratem do mesmo assunto.
Em 2001, a editora Trip lança a revista Tpm (sigla
de Trip para mulheres). A publicação é definida pela editora
como sendo um veículo que atende ao público insatisfeito com
a linha editorial das revistas femininas tradicionais publicadas
no país. Assim como a revista Trip, a Tpm (Fig. 30) é voltada
Figuras 29 e 30 Capas das
primeiras edições das revistas
Trip e Tpm.
5
para o público com nível cultural elevado, que reflete e debate
sobre o conteúdo veiculado.
CAMARGO, Mário de. Gráfica: arte e indústria no Brasil: 180 anos de história. São Paulo: EDUSC, 2003, p.156
13
A editora Globo Condé Nast estreia, em 2012, a revista Glamour (Fig. 31), periódico
presente em 16 países e líder de vendas na Inglaterra e Espanha. O periódico entra na lista
de títulos da editora ocupando lugar da extinta revista Criativa (Fig. 32), lançada em 1990 e
retirada de circulação em março de 2012 (Fig. 33).
Figuras 31, 32 e 33: Primeira capa da revista Glamour; primeira e última capa da revista Criativa.
As revistas Tpm e Glamour possuem leitores com perfis sociais e culturais diferentes,
porém abrangem uma mesma faixa etária onde a participação na web é aceita com facilidade
e pode-se notar melhor aproveitamento do conteúdo adicional nas plataformas digitais. Tratase de periódicos atuais e participantes desta nova fase do mercado editorial, que consiste em
manter canais digitais das referidas publicações para maior contato com seu público.
As edições publicadas entre junho e agosto de 2013 (Fig. 34) foram selecionadas para a
análise da identidade das revistas, constituindo o corpo desta pesquisa.
14
Figura 34: Capas das publicações analisadas durante a pesquisa, edições de junho, julho e agosto de 2013.
15
Contexto histórico das publicações analisadas
2.
2.
Para compreender as razões que deram origem ao projeto gráfico das publicações,
é preciso compreender o contexto histórico das revistas analisadas, origens, influências, foco
editorial e público.
É prática comum entre as mídias editoriais, disponibilizar material publicitário
informando sua história, dados, pesquisas e outras informações relevantes sobre o canal de
comunicação. Esse material recebe o nome de Mídia Kit e oferece importantes informações
sobre a publicação, posicionamento de mercado, informações técnicas, formas de contatos e,
em alguns casos, as opções e custos dos anúncios que podem ser veiculados.
Em ambas as análises foram utilizados os materiais disponibilizados nos websites das
publicações como referência histórica e melhor conhecimento de seu público.
2.1 Revista Tpm
Produzida pela editora Trip, a revista Tpm foi lançada em maio de 2001 em formato
impresso e digital, disponibilizando o conteúdo completo da revista em seu website desde a
primeira edição. Mantido como suporte de rápida disseminação de conteúdo, o website é
atualizado com reportagens exclusivas, além dos adicionais de mídia em áudio e texto.
Tpm é a sigla de “Trip para mulheres”, uma referência à publicação maior da editora
Trip, que leva o mesmo nome. Seguindo a linha editorial direcionada a tribos alternativas, a
Tpm busca preencher a lacuna deixada pelas revistas femininas nacionais trazendo assuntos
17
polêmicos e incentivando a discussão sobre os temas propostos. Em sua apresentação destaca: “A
Tpm mostra como as mulheres brasileiras contemporâneas estão vivendo todo o seu potencial,
com prazer, leveza, inteligência e muita diversão. Uma revista que mexeu com os padrões da
mídia feminina no Brasil.”
O conteúdo da revista é dividido em seções que podem ser visualizadas também em
seu website, mantendo suas nomenclaturas tanto na edição impressa quanto na versão digital:
Entrevistas: Chamada de “Páginas Vermelhas” (clara referência às “Páginas Negras”
da revista Trip), a longa seção de 10 páginas traz entrevistas que têm como personagem
principal desde celebridades até anônimos, sempre com grande repercussão.
Reportagens: Matérias que questionam os padrões da sociedade em relação às mulheres.
Humor e Variedades: Badulaque é a seção que trata de assuntos variados, sempre
com humor e um toque de sarcasmo. Já na seção Bazar, dicas de arte e diversão, livros,
novos artistas, restaurantes, cinema etc.
Ensaios: A cada edição, homens anônimos e famosos posam para um ensaio sensual.
As fotos são produzidas com naturalidade e de forma intimista, acompanhadas de uma
entrevista que completa o perfil do retratado.
Magazine: A seção traz matérias que abordam decoração, moda e beleza. Ainda
dentro desta divisão, destaca-se o conteúdo provido pelas blogueiras6 Joo e Loo, do blog
“Vende na farmácia?”, onde são mostradas dicas de compras de cosméticos, seguindo
a mesma linguagem utilizada no veículo digital.
Colunas: Três colunas fixas fecham a publicação: Respiro, Coluna do Meio e Pra
Fechar. Textos que levantam questões de comportamento variadas como maternidade,
família, sociedade etc.
6
Algumas ferramentas disponíveis na rede, permitem a criação de páginas pessoais, que recebem o nome
de “blog”. A comunicação é realizada de forma direta, geralmente em primeira pessoa, o que caracteriza esse
tipo de website como uma espécie de diário virtual. Atualmente é possível encontrar blogs que tratam de diversos
assuntos, alguns inclusive chegando ao nível profissional, com anúncios e parcerias remuneradas. O responsável
pela veiculação da informação em um blog é chamado de blogueiro.
18
A leitora da revista Tpm é definida pela publicação como “gente especial, refratária
à mídia, que pensa e tem a cabeça aberta para o novo. Um grupo que forma e deforma a
opinião”. O público é, grande parte, feminino, com idades que variam entre 26 e 35 anos,
maioria casada ou comprometida e 88% com ensino superior completo.
Com forte atuação nas redes sociais, a revista Tpm possui mais de 50 mil seguidores na
plataforma Twitter e aproximadamente 100 interações diárias, sendo uma das revistas femininas
brasileiras com maior destaque de atuação na rede social. No Facebook, tem alcance semanal
de 100 mil pessoas e, em média, 5 mil interações semanais. Sua comunidade no Facebook
conta com mais de 51 mil inscritos. Já no aplicativo Instagram, está entre as quatro principais
publicações femininas do Brasil, com mais de 8.600 seguidores.
A fim de ampliar a discussão iniciada na revista, é realizado anualmente o evento
Casa Tpm, quando leitores e formadores de opinião discutem sobre estereótipos femininos
presentes em nossa sociedade. Debates, shows, espaços de beleza e até mesmo bar, compõem o
cronograma do evento que dura dois dias de intenso movimento em São Paulo.
O formato 20,8x27,4cm reduz a portabilidade do material mas garante maior conforto
para a leitura e maior espaço para textos.
2.2 Revista Glamour
Lançada no Brasil em 2012, a revista Glamour é publicada no Brasil pela Edições
Globo Condé Nast, responsável também pela produção editorial das revistas Casa Vogue,
GQ , Vogue e Vogue Passarelas. Criada em 1939 e publicada em 16 países, a revista é líder de
mercado na Espanha e Inglaterra.
O foco editorial tem como base os assuntos relacionados à beleza, moda, comportamento
e celebridades. A proposta é atender aos mais variados níveis de consumo, desde os produtos
de baixo custo, comercializados por lojas do tipo fast fashion, até os mais luxuosos objetos de
desejo da moda.
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Reafirmando a proposta da marca, Glamour conta com profissionais renomados da
área de fotografia para a produção de suas capas e editoriais como, por exemplo, JR Duran e
Bob Wolfenson. Para a produção, os mais conceituados maquiadores e cabeleireiros. Como
estrelas principais, atrizes e modelos brasileiras de destaque no Brasil e exterior.
O público, em sua maioria feminino, reúne a maior parte de leitores na faixa dos 25
aos 39 anos, com nível social concentrado entre as classes B (61%) e A (27%). É definido como
mulher independente e feliz, cronologicamente jovem ou de coração jovem, solteira e com renda
própria, que utiliza seus rendimentos em benefício próprio. Moderna e antenada com o que
há de novo na moda e beleza, está disposta a consumir porque se preocupa com sua aparência.
Leve e cheia de energia, ela sempre encontra uma boa maneira de ver o lado bom das coisas.
Como base de sua formação, a revista Glamour se posiciona como “autoridade
absoluta em beleza”, afirmada pelas as intenções de “compartilhar dicas exclusivas dos melhores
cabeleireiros e maquiadores” e trazer “as mais recentes novidades das passarelas, notícias da
indústria da moda”.
Em seu mídia kit, relata ocupar a posição de segundo grande portal feminino de revistas
mais acessados do Brasil, oferecendo conteúdo exclusivo das produções editoriais, aplicativos e
interatividade. Está presente nas maiores redes sociais do momento como Facebook, Instagram,
Twitter e Pinterest.
O conteúdo editorial é temático e predefinido por cronograma específico para os temas
das publicações:
Janeiro: Moda praia, especial de beleza
Fevereiro: Editor convidado (cantora, atriz, modelo, artista)
Março: Prévia das próximas coleções de moda
Abril: Lançamentos e edição de aniversário – Coleções de inverno
Maio: Especial jeans e especial de compras para o Dia das Mães
Junho: Especial Dia dos Namorados e relacionamentos (Dia dos Namorados no Brasil)
Julho: Edição de beleza
Agosto: Prévia das próximas coleções de moda e especial de compras para o Dia dos Pais
20
Setembro: Coleções de verão
Outubro: Edição temática sobre viagens (locais agitados no Brasil, dicas de viagens
para o Brasil e viagens internacionais, guia de planejamento de viagens)
Novembro: Especial de cuidados com o corpo (diferentes perfis, saúde, em forma,
dietas e esportes)
Dezembro: Guia de festas e presentes.
A publicação é impressa em formato 17x22cm, conhecido como travel size e projetado
intencionalmente para facilitar a leitura a qualquer momento já que se adapta à maioria das
bolsas e maletas femininas.
21
Análise visual da revista impressa e digital
3.
3.
Por se tratarem de periódicos atuais, os projetos editoriais das revistas Tpm e Glamour
nos ajudarão a compreender a relação entre texto, imagem e diagramação. A construção é
colaborativa, a equipe responsável pela construção visual do editorial deve ser familiarizada com
práticas jornalísticas tanto quanto o bom jornalista deve reconhecer a importância do design.
Inseridos nesta complexa relação entre informação e comunicação visual, os elementos
que declararam a identidade da publicação são reconhecidos por sua repetição ao longo das
páginas, com o uso de grids, cores, tipografias, estilos fotográficos, contribuindo para a construção
da identidade da revista independente do suporte utilizado, seja ele impresso ou digital.
As revistas, quando em formato impresso, estabelecem uma relação de proximidade
com o leitor no momento em que lhe é solicitada a utilização de sentidos básicos. Suas versões
digitais excluem a relação tátil que estabelecemos ao tocar um exemplar e sofrem alterações
editoriais em aspectos linguísticos e gráficos. A interatividade é oferecida de outra forma,
substituindo o sentido tátil por novos recursos como a utilização de áudio e vídeo, experiências
somente possíveis em plataformas digitais.
Mesmo que a tecnologia influencie no processo criativo, ditando suas possibilidades
e limitações, as inovações tecnológicas não substituem convenções tradicionais utilizadas há
décadas na formatação de conteúdos impressos. A leitura de um website, com seu formato
vertical alongado, muito se assemelha ao padrão utilizado nos jornais diários mas com a riqueza
de detalhes e definição mais próxima das revistas impressas em materiais de maior qualidade.
Segundo Krug (2008, p. 34), “Cada meio de publicação desenvolve convenções e continua a
23
refiná-las e a desenvolver novas no decorrer do tempo. A web já tem muitas delas, a maioria
derivada de convenções de jornais e revistas, e novas continuarão a aparecer”.
Em projetos de adaptação deste tipo, o designer faz parte de uma equipe que prioriza
a manutenção de elementos característicos da publicação, identificando o produto por meio da
programação visual7 e criando experiências somente possíveis com os recursos que a plataforma
digital oferece.
O fluxo de informações no espaço disponível da publicação é controlado, quase que
por completo, pelo profissional encarregado pela diagramação. As páginas são apresentadas
em sequências horizontais e compõem, “uma sequência de eventos, que vão passando como
um desfile”8. Nas páginas web, o acesso à informação é transmitido conforme é realizada a
rolagem ou cliques em botões posicionados na tela. Embora possa parecer incontrolável a
ordem de acesso no formato digital, o webdesigner “concebe critérios para garantir que as
páginas relacionem de maneira reconhecível, seja qual for a sequência”9.
A repetição de uma estrutura confere à publicação a conexão visual entre os elementos,
transmitindo maior organização da informação à medida que o observador percorre o material.
Nas edições impressas, a estrutura é definida por grids10, fixas ou modulares, preformatadas de
acordo com as necessidades e a identidade da revista. A padronização é presente em grande
parte das publicações, mas não é incentivada de acordo com Jan V. White. Segundo o autor,
a padronização inibe a criação original resultando em leiautes rígidos que causam sensações
entediantes ao leitor com o pouco movimento das informações. A solução apontada é idealizar os
artigos como unidades distintas dentro de um único contexto visual, mantendo elementos visuais
que compõem a identidade da publicação como tipografia, tamanhos e espaçamentos de linhas.
Na web notamos a estrutura de página fixa onde, em grande parte dos websites, mantém
a ordem de header (cabeçalho), coluna principal (dinâmica), coluna lateral e rodapé. Steve Krug
expõe que a utilização de padrões já convencionais para a web garante que a informação seja
7
Elementos característicos da publicação que constituem a identidade da revista, possibilitando seu
reconhecimento por meio de elementos característicos de seu projeto editorial.
8
WHITE, Jan V. Edição e Design: Para designers, diretores de arte e editores: o guia clássico para ganhar leitores. 2.edição.
São Paulo: JSN Editora, 2006, p.30.
9_______p.31.
10
Linhas guias utilizadas para a distribuição e alinhamento de objetos no projeto visual.
24
vista e compreendida antes mesmo de ser lida. Com uma clara hierarquia visual, o leitor é
induzido a compreender a informação de maneira mais ágil e eficiente. Convenções herdadas
de jornais e revistas impressas são úteis porque são utilizadas há muitos anos e, segundo afirma
Steve Krug, funcionam:
“Se não for usar uma convenção Web já
existente, precisa estar seguro de que o que
você estiver usando como substituto seja ou (a)
tão claro e autoexplicativo que não haja curva
de aprendizagem – de modo que seja tão bom
quanto uma convenção ou (b) acrescente tanto
valor que valha a pena ter uma pequena curva
de aprendizagem. Se você for inovar, tem que
entender o valor do que está substituindo, e
muitos projetistas tendem a subestimar o valor
que as convenções têm.”11
Outro elemento da identidade das revistas é o uso da cor. Mais do que uma questão
decorativa, os padrões cromáticos que se repetem ao longo de uma publicação relacionam-se
diretamente com o conteúdo e contribuem para a hierarquia de informações da página.
O modo como compreendemos informações baseadas em cores é intimamente ligado
a experiências e associações previamente concebidas. Por meio de estudos, Johannes Itten,
professor da escola Bauhaus, influenciado por Goethe e Kandinsky, concluiu que as cores
podem ter “efeitos psicológicos e espirituais sobre as pessoas, e influenciar ativamente o modo
como se sentiam”12.
A cor é um elemento importante no projeto editorial, seja em diferentes padrões
cromáticos ou baseados nas escalas tonais disponíveis em impressos de uma cor. Controlando
sua intensidade, conseguimos dar ênfase a determinado ponto da matéria, acentuar a força do
título e influenciar a percepção do leitor quanto ao conteúdo publicado. Em 100 fundamentos
do design com tipos, Ina Saltz comenta que podemos criar destaque e reforçar a hierarquia de
informações de um texto com o uso de cores diferentes, além do contraste de tipografias e pesos.
11
KRUG, Steve. Não me faça pensar – Uma abordagem de bom senso à usabilidade na web. 2.edição. Rio de Janeiro:
Altabooks, 2008.pag. 36.
12
BANKS, Adam; FRASER, Tom. O guia completo da cor. São Paulo: Editora SENAC, 2007, p. 44.
25
As informações são compreensíveis graças às escolhas de tipos de letras que trazem
personalidade aos textos. Assim sendo, a escolha das famílias tipográficas confere à publicação
mais um elemento de identidade da revista. Seu uso deve levar em conta o tipo de suporte,
público e intensidade na transmissão da informação.
diferenciadas no suporte digital é possível por meio da programação de códigos
predefinidos13 para os geradores de conteúdo, onde são carregadas sem a necessidade de o
leitor ter a fonte instalada em seu computador. Já para as edições impressas, as opções são ainda
maiores porque não dependem da interferência de outro profissional, o programador, para a
inclusão de um novo padrão tipográfico, conferindo à equipe responsável pelo leiaute maior
liberdade de escolha.
Muito utilizadas pelas revistas femininas como recurso de persuasão, desde as
fotonovelas até os dias atuais, as fotografias ocupam boa parte do espaço disponível nas páginas
das publicações. A capa de uma revista é o primeiro contato do leitor com a publicação e a
escolha da imagem principal é responsável por ilustrar visualmente o que o observador poderá
encontrar em suas páginas. O mesmo ocorre com a primeira página de um website, com a
diferença do fácil acesso à informação a partir do uso de links14.
Nas páginas de uma publicação impressa ou de um website, a informação é valorizada
pelo uso dos elementos que compõem o projeto editorial. A correta utilização desses elementos
que compõem a identidade das revistas garante resultados além do visual gráfico, influenciando
diretamente na percepção do leitor quanto ao conteúdo apresentado.
3.1 Logotipo
Seja em formato impresso ou digital, o logotipo é um dos principais elementos de
identificação da revista e é por meio dele que o leitor confirma a identidade da publicação. Nas
edições impressas, costuma ser apresentado no topo da página ou no lado superior esquerdo,
13
A programação de folhas de estilo em cascata (Cascading Style Sheets, ou CSS), permiete a construção
de leiautes para variados programas e dispositivos, auxiliando na criação de versões impressas para documentos
interativos.
14
textos preprogramados, que podem ser acessados a fim de executar códigos específicos, como por exemplo
a ampliação de uma imagem na tela, acesso ao conteúdo relacionado, acesso a websites de publicidades etc.
26
acompanhando o processo de leitura ocidental. Nos websites, por conta da melhor utilização
do espaço, costuma ocupar o topo esquerdo para garantir lugar para publicidades e outras
chamadas de destaque do lado direito.
Nas revistas analisadas, é possível notar a preservação da hierarquia de informações
e semelhanças entre os diferentes suportes, impresso e digital; logotipos exclusivamente
tipográficos, visual pesado com linhas largas, porém com diferentes formas gráficas. Enquanto
o logotipo da revista Tpm (Fig. 35) mantém linhas orgânicas, alternando entre maiúsculas e
minúsculas, fluídas ao estilo manuscrito e fora do padrão utilizados em logotipos de outras
revistas femininas disponíveis no mercado, a revista Glamour (Fig. 36) opta pelo uso de caixaalta15 em tipos no estilo realista, com pequenas aberturas, traços homogêneos e largos, o que lhe
garante ainda maior peso visual.
Figura 35: Representação vetorial do logotipo da revista Tpm.
Figura 36: Representação vetorial do logotipo da revista Glamour.
15
O termo tem origem na forma de armazenamento dos tipos em gráficas tradicionais onde as letras
maiúsculas ficam acima das minúsculas, em caixas subdivididas. Por isso o costume de definir os tipos em “caixaalta” e “caixa-baixa”.
27
Embora o projeto de um logotipo contemple a escolha de uma cor oficial para
sua aplicação, em ambos os casos, nas edições impressas, essa tonalidade não é preservada
adequando-se à composição e à temática escolhida. Nas versões digitais, a revista Tpm (Fig. 37)
alterna a cor preta, oficial do logotipo, com os tons do leiaute, enquanto a revista Glamour (Fig.
38) opta pela utilização da cor padrão da marca em tom magenta.
Figura 37: Alterações de cores podem ser verificadas nas atualizações do template da publicação e também na
versão impressa da revista Tpm.
Figura 38: Enquanto a versão impressa apresenta alterações de cor no logotipo, a versão digital da revista Glamour
permanece inalterada.
A legibilidade é fator predominante na apresentação do logotipo da Tpm, tanto em
seu website, utilizado com a menor redução possível para sua identificação em topo, quanto nas
revistas, quando se sobrepõe à personalidade fotografada (Fig. 39). Já nas edições de Glamour, a
análise mostra o processo inverso, sendo preservada a boa legibilidade em versão online, ocupando
boa parte do topo do leiaute, enquanto nas edições impressas as personalidades que ilustram a
capa se sobrepõem à parte, ou boa parte em alguns casos, do logotipo que é apresentado (Fig. 40).
28
Figura 39: Tpm: versão impressa ocupando 10,25% da área da grid; versão digital ocupando 1,3% da área do
leiaute (valores calculados sobre a área a partir da largura da coluna principal do leiaute até a primeira dobra,
descontadas as medidas de background, podem sofrer alterações de acordo com a altura do monitor do leitor já
que nesses casos maior conteúdo será apresentado na rolagem vertical).
Figura 40: Glamour: versão impressa ocupando 15,15% da área da grid; versão digital ocupando 3,6% da área
do leiaute.
3.2 Análise da capa da revista x home do website
Embora a capa de uma publicação e a home do website cumpram função de primeiro
contato com o leitor, os veículos preservam suas particularidades em relação à diagramação
e à disposição de elementos. Nielsen reforça essa ideia qundo diz que “A Web não é um meio
29
impresso. E uma homepage não é uma capa de revista”16.
No que se refere ao visual, nas edições impressas nota-se maior liberdade na
diagramação com mais opções de uso de cores e tipografias (Fig. 41 e 42). Entretanto, são
mantidas as chamadas laterais, a personalidade ao centro e o logotipo em destaque.
Figuras 41 e 42: A análise visual das capas nas revistas impressas demonstra alterações de cores e tipografia. A grid
de diagramação se mantém inalterada.
Em suas versões online, especialmente nas homepages, o formato é praticamente o
mesmo durante todo o período analisado pelo fato de que os websites de grandes publicações
normalmente utilizam gerenciadores de conteúdo com templates (leiautes) pré-definidos, que
possibilitam poucas alterações durante o período de divulgação (Fig. 43 e 44). 16
NIELSEN, Jakob. Projetando Websites. Rio de Janeiro: Elsevier, 2000, p.385.
30
Figuras 43 e 44: Análise visual da homepage das publicações em três diferentes momentos, um a cada mês. Assim
como na edição impressa, apenas alterações de cores e ilustrações foram observadas.
Como elemento de identificação para o leitor que acessa o website, ambas as publicações
apresentam, em algum ponto, a capa da edição atual da revista impressa em sua homepage (Fig.
45 e 46), estabelecendo a ligação entre o meio digital e o impresso que está sendo veiculado.
31
Figuras 45 e 46: Capa da publicação impressa pode ser visualizada em ambas as homepages.
Em se tratando de informações, as capas e homepages, são responsáveis por situar o
leitor quanto ao conteúdo oferecido. Embora a edição impressa atue de forma estática, a edição
digital demonstra dinamismo, alternando entre os principais assuntos abordados no website.
Uma característica comum das homepages é a presença de um menu seletor, que
encaminha o leitor para determinada seção do website. A revista Tpm mantém a nomenclatura
utilizada no formato impresso para organizar o conteúdo digital (Fig. 47).
Figura 47: Índice da revista
impressa e índice da revista digital.
No website da revista Glamour, alguns poucos elementos seguem a ordem e a
nomenclatura da edição impressa, uma vez que o foco do website é destacar o conteúdo exclusivo
online, que atua de forma dinâmica e é responsável por fornecer curtas informações em formato
semelhante aos blogs. A importância em destacar o conteúdo exclusivo online se faz presente
32
nas páginas impressas (Fig. 48), demonstrando integração entre as plataformas de comunicação.
Figura 48: Página interna da revista Glamour anunciando alguns assuntos abordados na plataforma digital.
Durante a análise, foi possível notar claramente o foco de atuação dos websites das
publicações. Enquanto a revista Glamour destaca o conteúdo exclusivo da plataforma digital, a
revista Tpm apresenta em destaque as chamadas da edição impressa, uma vez que seu conteúdo
é reproduzido online integralmente.
A função de áudio e vídeo, recurso exclusivo em versões digitais, é destaque em ambos
os websites, com posicionamentos que variam entre a primeira e a segunda dobra da homepage,
ou seja, entre a primeira tela visualizada e a primeira rolagem do website, dependendo da altura
da tela disponível no navegador (Fig. 49 e 50).
Figuras 49 e 50: Tpm TV e TV Glamour – seções da plataforma online que permitem ao leitor novas experiências
de acesso ao conteúdo, exclusividade do suporte digital.
33
3.3 Grid
A análise da grid das publicações foi realizada com base nas matérias principais,
veiculadas em capa das edições impressas. Na revista Tpm observa-se a flexibilidade quanto
ao tamanho das grids quando apresentadas em suporte impresso (Fig. 51). A combinação
das colunas em diversos tamanhos faz com que seja dado destaque à informação e produz o
movimento visual da página, influenciando a sequência de leitura da matéria. A utilização de
larguras diferentes para depoimentos e outras informações adicionais produz hierarquia de
informações e clara divisão entre o conteúdo principal e outras informações que complementam
a matéria (Fig. 52).
Figura 51: Matéria da revista Tpm apresenta grid diferente para páginas esquerda e direita. Nota-se que apenas a
coluna principal e o rodapé permanecem sem alterações.
Figura 52: Complemento da matéria
principal da revista Tpm, julho de 2013.
A grid acompanha a ilustração sem
contornar a imagem com o texto, porém
deixa margens para que o conteúdo seja
separado visualmente. Nota-se grids
diferentes tanto para as páginas anteriores,
que tratam do mesmo assunto, quanto
para a primeira e a segunda páginas do
complemento de matéria. Na terceira
página, é possível observar a mesma grid
utilizada na página anterior.
34
A revista Glamour segue fielmente sua grid, com duas colunas de larguras fixas e
proporcionais, utilizando de espaçamento para divisão do conteúdo (Fig. 53). Durante a análise,
foi possível verificar, na matéria de julho de 2013, que até mesmo as composições exclusivamente
fotográficas seguem o alinhamento predefinido na grid da publicação, enquadrando os
personagens principais dentro das divisões (Fig. 54).
Figura 53: Matéria de capa da revista Glamour, julho de 2013. Grid fixa em duas colunas com larguras proporcionais
se repetem em todas as páginas.
Figura 54: A organização do espaço influencia na captura das imagens, onde o foco principal da fotografia mantém
o encaixe nas divisões da grid.
35
O código fixo das páginas web faz com que o controle da informação, obtido na
versão impressa, seja reduzido. A análise realizada demonstra a mesma matéria da revista
Tpm em dois momentos diferentes (Fig. 55). Quando publicada em versão digital, ganha
apenas uma coluna posicionada à esquerda, abaixo do cabeçalho fixo, que acompanha a
rolagem vertical da tela para leitura do artigo, produzindo uma mancha de texto única, mais
larga e verticalmente alongada.
Figura 55: Matéria de capa da
revista Tpm, julho/2013. À
esquerda, a versão impressa com
grid de larguras irregulares; à direita,
versão publicada em página web
com largura fixa, delimitada pelo
gerenciador de conteúdo.
A hierarquia de informações do conteúdo também é influenciada pela grid (Fig. 56).
Na versão digital segue a ordem de título, introdução, foto e artigo, determinados pela limitação
de modificações dos geradores de conteúdo, que permitem menor flexibilidade na apresentação
da matéria. Para as revistas impressas nota-se maior liberdade na diagramação e escolha de
elementos utilizados nas páginas.
Figura 56: Matéria de capa da
revista Glamour, julho/2013. À
esquerda, ordem de leitura da
versão impressa; à direita, ordem
de leitura do conteúdo adicional
disponibilizado em suporte digital.
36
3.4 Cor
Na análise das capas dos periódicos Glamour e Tpm, a cor tem papel fundamental na
comunicação. Muito mais do que um mero artifício decorativo, a cor na tipografia é utilizada
para criar proximidade da publicação em relação ao tema abordado, uma maneira de afirmar
suas convicções e reforçar o posicionamento da edição (Fig. 57). Usar a mesma cor para o logotipo
e as chamadas principais cria associações visuais de afirmação e leva o leitor a compreender
melhor as ideias sugeridas pela publicação (Fig. 58).
Figura 57: Capas da revista Tpm, edições de junho e julho de 2013. À esquerda, a combinação cromática entre os
elementos sugere que a revista “é” Thiago e Vanessa. As chamadas em preto, em relação ao tom rosado do logotipo
e do título, sugerem informações secundárias. À esquerda, a revista se posiciona favorável à personalidade da
capa utilizando a mesma cor para o logotipo, o nome da atriz e outras chamadas de menor destaque. O título em
vermelho “grita” aos olhos e surge em primeiro plano. O contraste com os demais elementos demonstra a posição
contrária da publicação quanto à violência sexual.
Figura 58: Capas da revista Glamour, edições de junho e julho de 2013. À esquerda, a mesma cor é utilizada no
logotipo, nome da atriz que ilustra a capa e nas chamadas de destaque. À direita, a cor do logotipo é repetida nas
chamadas “Mulheres reais” e “As top 5 blogueiras do país”, afirmando a posição de “quem” são as mulheres reais
e suas ligações diretas com o conceito da revista. Para ambos os casos, as chamadas de menor destaque foram
colocadas em preto, reforçando sua posição secundária na hierarquia de informações.
37
A revista Tpm utiliza poucas cores em suas capas, sempre com o preto como base e
uma cor adicional para destaque. Ainda que, nas edições analisadas, os tons adicionais sejam
semelhantes, esta não é uma regra observada nas outras edições da publicação (Fig. 59). Na
versão digital, a base fica por conta dos tons de cinza e a variação de cores entra no logotipo,
links e slideshow, que é trocada em diferentes períodos do mês com a alteração do código
definido para o template17 no gerenciador de conteúdos (Fig. 60). A variação cromática em sua
versão online cria movimento em um dos poucos pontos que podem ser considerados estáticos
na plataforma digital, uma agradável surpresa a cada acesso.
Figura 59: Capas da revista Tpm, edições de junho, julho e agosto de 2013. A cor escolhida para o logotipo faz
associação direta com a ideia defendida pela publicação.
Figura 60: Website da revista Tpm, capturas de tela de junho, julho e agosto de 2013. Dois tons de cinza permanecem
como padrão para o template que alterna os tons para o logotipo, links e slideshow. A terceira figura à direita
mostra uma intervenção realizada em agosto, campanha publicitária da empresa Natura, onde foi acrescentada
mais uma nuance na paleta de cores do website. O tom verde harmoniza com o vermelho do template criando o
efeito de alto contraste na tela.
O recurso visual da revista Glamour baseia-se na combinação de tons e contrastes
com as cores da fotografia para determinar as tonalidades da capa (Fig. 61). Já em seu website,
17
Compilação de arquivos que definem a padronização visual do website.
38
independente das cores escolhidas para a publicação impressa, o padrão cromático permanece
inalterado, preservando a identidade visual concebida para o website que faz relação próxima
com a identidade da marca (Fig. 62).
Figura 61: Capas da revista Glamour, edições de junho, julho e agosto de 2013. A escolha das cores para o logotipo
e para as chamadas levam em consideração as cores das imagens que ilustram a capa, a fim de criar harmonia
visual baseada na combinação e no contraste.
Figura 62: Website da revista Glamour, capturas de tela de junho, julho e agosto de 2013. A cor magenta é utilizada
para o logotipo e os links destacados no texto. O preto aparece nos links de menus e também para títulos de
matéria, com a fonte mais encorpada e cursiva conferindo destaque ao assunto. Um tom de cinza é utilizado para
molduras e pequenos detalhes, enquanto o vermelho surge em pequenos elementos como alternativa ao magenta.
3.5 Tipografia
Para as capas das publicações analisadas, percebe-se a escolha de tipos com variações
visuais leve, médio e bold, entre fontes com e sem serifas. A alternância entre caixa-alta e caixabaixa permite maior fluxo de leitura, em comparação a textos e títulos somente em caixa-alta
que funcionam para dar destaque à informação e, às vezes, “gritar” aos olhos do leitor. Para
conferir maior destaque para a informação, a tipografia recebe amparo no uso de cores diversas
que são aplicadas para aumentar a legibilidade, acentuar o contraste, garantir a atenção do
observador e enfatizar sensações transmitidas pelo texto.
39
A revista Tpm apresenta, em suas capas, o título da matéria principal sobreposto à
imagem de fundo e os textos secundários contornando a imagem principal, sempre em caixaalta, destacando toda e qualquer informação (Fig. 63). O mesmo conceito pode ser notado
na versão digital, onde a Tpm mantém o visual leve da edição impressa para os elementos
fixos do template, que utiliza 3 famílias tipográficas: Trebuchet, Roboto e Helvetica (Fig.
64). O menor número de famílias, a alternância entre caixa-alta e baixa para a hierarquia
da informação e o fato de que não são serifadas, resultam num visual leve e agradável para
leitura de longos textos no monitor.
Figura 63: Detalhes tipográficos da capa da edição de junho de 2013, revista Tpm.
Figura 64: Tipografias utilizadas no website da revista Tpm. A fonte Helvetica é utilizada quando há falta de
instalação da fonte Trebuchet MS no computador que está acessando o conteúdo. Ainda assim, o código do
template prevê a hipótese de que, na falha das opções anteriores, o navegador deverá utilizar uma fonte não
serifada para visualização, garantindo o visual esperado ainda que existam limitações.
40
Nota-se a projeção das informações na capa da revista Glamour, onde as chamadas são
apresentadas com maior destaque sobre a imagem principal (Fig. 65). Para a plataforma digital,
a variação é de cinco famílias tipográficas: Garamond, Helvetica Neue, Times New Roman,
Georgia e Arial, alternando entre serifadas e não-serifadas e utilizando os recursos bold e itálico
para maior destaque das informações na tela (Fig. 66).
Figura 65: Detalhes tipográficos da capa da edição de junho de 2013, revista Glamour.
Figura 66: Tipografias utilizadas no website da revista Glamour.
41
3.6 Fotografia
Para os impressos, devido ao formato vertical do suporte, o enquadramento em plano
americano é utilizado em grande maioria das edições analisadas. Nas edições da revista Tpm,
o corte da imagem é feito pouco acima da altura dos joelhos das personalidades, demonstrando
ao leitor toda a linguagem corporal do retratado (Fig. 67). Já a Glamour realiza o corte da
imagem um pouco abaixo, recurso que proporciona o alongamento da silhueta, conferindo
elegância e o efeito visual de personalidades mais magras e altas (Fig. 68).
Figuras 67 e 68: Capas das revistas utilizadas durante a análise constatam a preferência pelo uso de enquadramento
em plano americano.
Embora o enquadramento em plano americano seja a preferência nas capas da revista
Tpm, cabe destacar a capa alternativa publicada em junho de 2013, com enquadramento em
close-up da cantora Daniela Mercury e da jornalista Malu Verçosa em foto capturada com
desfoque, transmitindo a sensação de intimidade para ilustrar a chamada que tratava do
relacionamento amoroso entre as personalidades (Fig. 69).
42
Figura 69: Capa publicada na página do Facebook da revista Tpm, anunciando a edição de junho de 2013.
Destaque para o efeito desfocado da imagem, que difere do restante das edições analisadas.
Durante a análise, pode-se notar a utilização de fundo chapado18 em grande parte das
capas da revista Tpm, recebendo apenas efeitos de iluminação, em alguns casos, para aumentar
a profundidade (Fig. 70).
Figura 70: Fragmentos das capas da revista Tpm, destacando o fundo chapado das composições.
A revista Tpm costuma destacar a naturalidade em suas fotografias realizando retoques
digitais mínimos. Entretanto, na edição de agosto de 2013, demonstrou ousadia quando ofereceu
uma imagem diferente dos seus padrões, destacando o excesso de retoques e produção da atriz
Alice Braga. A intenção era de reforçar a mensagem sarcástica dos textos da capa que faz uma
paródia com os temas abordados por seus concorrentes. A página seguinte é ilustrada com a
18
Preenchimento sólido, sem texturas, uma cor.
43
mesma atriz, porém com produção e tratamento naturais da imagem (Fig. 71). Revela a ironia
da capa e reforça, por meio da fotografia, a mensagem de inverdades transmitida anteriormente,
acompanhada do título “Pra que mentir?”.
Figura 71: Capa e primeira página da revista Tpm, edição de agosto de 2013. Destaque para o contraste entre as
produções utilizadas em cada uma das páginas, reforçando a ironia e o tom de inverdade do texto da capa.
Já a revista Glamour manipula digitalmente suas imagens e inclui cenários com
desfoque suave, destacando a personalidade retratada (Fig. 72). Seguindo o propósito de um
público atento para a boa aparência e o estilo de vida glamouroso, comercializa a ideia de visual
perfeito, a aparência que a leitora busca ao ler a revista (Fig. 73).
Figura 72: Fragmentos das capas da revista Glamour, destacando o fundo desfocado das composições.
44
Figura 73: Destaque para a manipulação de imagens, criando a aparência glamourosa que a revista busca
proporcionar.
Para a web, a principal mudança ocorre no formato das fotos e isso pode ser notado
em ambas as publicações. Enquanto nos impressos nota-se maior utilização de fotografias em
formato retrato, para a web o corte é feito em formato paisagem (Fig. 74). O motivo para essa
alteração deve-se ao fato de que na web a primeira dobra de um website é obtida com o uso
do espaço vertical, exigindo do profissional que publica o conteúdo a escolha de imagens que
preservem essa área e utilizando-a com cautela para que possam ser divulgadas mais informações.
Figura 74: Capa da revista Tpm e home do website, junho de 2013. Formatos diferenciados em orientação da
imagem são necessários devido à adaptação do suporte.
Outra mudança na transposição de formatos ocorre na divulgação de sequências de
imagens de matérias e editoriais. Nas edições impressas, as imagens podem contornar o texto,
liberdade que é limitada nos websites com o uso do leiaute fixo de grids. A solução encontrada
45
é a utilização de slides de imagens (Fig. 75), composições que ilustram em formato sequencial e
possibilitam a inclusão de legendas.
Figura 75: Seção Páginas Vermelhas da revista Tpm, junho de 2013. A liberdade de disposição de imagens do
formato impresso é perdida no formato digital, que conta com recursos de slides de imagens para ilustrar as
matérias com todas as suas imagens.
46
Uma identidade em construção
4.
4.
As revistas Tpm e Glamour chegam ao mercado editorial em um momento onde a
manutenção de um canal digital é imprescindível para qualquer publicação da área. Ambas
lidam com um público que utiliza e conhece a tecnologia, obrigando a revista a investir em
ferramentas que agreguem maior número de interações possíveis com seus leitores.
No que se refere à identidade, tudo é adaptado, mas nada é tão novo assim. O logotipo
ainda é um elemento de identificação da publicação, o posicionamento pode mudar, seu
tamanho, mas sua função continua sendo a mesma para qualquer suporte onde seja empregado.
Seguindo por este mesmo raciocínio, a grid ainda é um recurso de estruturação da
página, a cor ainda é utilizada para provocar sensações e auxiliar na hierarquia das informações,
a tipografia ainda deverá priorizar a legibilidade e a fotografia continua sendo um recurso
visual altamente atrativo.
A principal mudança é observada na forma com que a tecnologia é empregada. Muito
embora seja utilizada para a produção de ambos os formatos, nas versões digitais ela atua
diretamente no produto final apresentado ao leitor, limitando os recursos visuais presentes em
meios impressos e tornando o resultado inconstante já que não é possível prever absolutamente
todas as situações em que o website será visualizado.
A adaptação é possível, mas não integral. A mudança do suporte requer estudos
diferenciados para a identidade, uma forma de adaptar o que não funcionaria tão bem em suas
versões digitais, mas preservando o máximo de elementos possíveis para seu reconhecimento.
O logotipo estará presente em qualquer suporte apresentado. Elemento importante na
identidade da publicação, ele é o responsável por determinar na versão digital que o conteúdo
48
oferecido é o que o leitor espera, já que não sofre modificações em seus formatos quando
comparado às edições impressas.
No suporte digital, a grid é fixa, mas pode ser previamente projetada para atender à
maioria dos conteúdos, incorporando imagens e textos. A repetição da posição desses elementos
em tela auxilia o leitor no reconhecimento da publicação e facilita a navegação uma vez que os
principais acessos estão localizados em posições fixas na tela. Outro ponto importante controlado
pela grid na diagramação digital é a hierarquia de informações, que recebe amparo direto das
cores e da tipografia para acentuar sua ordem de leitura.
A manutenção das cores na web é opcional, mas sua alteração é uma alternativa
arriscada. Além da necessidade de previsão da mudança de cores nos códigos dos websites,
alternar a cor do template em diferentes momentos poderia desconcentrar o leitor caso a
hierarquia de informações não fosse bem projetada. Ainda assim, a revista Tpm mantém duas
cores de base e uma cor que se alterna em diferentes momentos, recurso que preserva boa parte
da identidade da versão digital utilizando a terceira cor para enfatizar a informação veiculada.
Na tipografia, o cuidado deve ser redobrado no suporte digital. A leitura de longos
textos em monitores e dispositivos digitais pode ser cansativa e por isso há uma preferência para
tipos que priorizam a legibilidade. Outro ponto importante é o cuidado na utilização de pesos
diferenciados para destaque de informações dentro do texto. Na web, este recurso normalmente
sinaliza a possibilidade de direcionamento para outra página. Portanto, os grifos utilizados na
versão impressa devem ser destacados de outra forma no suporte online.
A fotografia ainda é um elemento ilustrativo da informação, mas requer composições
diferentes para o suporte digital. O maior cuidado está em selecionar imagens que permitam o
recorte que melhor se encaixaria na grid do suporte digital sem perder a essência da informação,
a expressão corporal da personalidade ou algum detalhe importante que possa complementar
a matéria. Ainda se tratando de recursos ilustrativos, as versões digitais permitem a inserção de
informações em vídeo, tornando a publicação ainda mais completa. Atrativos como este são um
recurso a mais para cativar o leitor.
Esses elementos garantem a preservação das identidades, unindo canais midiáticos e
49
criando uma grande rede de informações onde o maior beneficiário é o leitor. É para ele e por
ele que todo o projeto é desenvolvido. As informações, identidades e tecnologias utilizadas são
definidas com base em seus interesses e comportamento. A adaptação dos elementos para a
versão digital leva em consideração todos os aspectos analisados durante a criação da revista
impressa e, ainda, a habilidade do leitor em interagir no suporte online.
É responsabilidade dos profissionais atuantes nesta adaptação a manutenção das
principais características da publicação para que o seu reconhecimento seja mantido. E ainda,
o acompanhamento das inovações tecnológicas para que a revista possa garantir a fidelidade de
seus leitores em qualquer novo dispositivo de acesso.
50
BIBLIOGRAFIA
..
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<http://portalimprensa.com.br/revista_imprensa/conteudo-extra/46539/especial+200+ano
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Portal Imprensa. Roberto Irineu Marinho relembra história das Organizações Globo no
mercado de revistas.
<http://portalimprensa.com.br/noticias/brasil/46620/roberto+irineu+marinho+relembra+
historia+das+organizacoes+globo+no+mercado+de+revistas>. Acesso em: 09/2013.
Publi Abril. Claudia.
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SALTZ, Ina. Design e Tipografia: 100 fundamentos do Design com Tipos. São Paulo:
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de Janeiro: Rio Books, 2007.
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WHITE, Jan V. Edição e Design: Para designers, diretores de arte e editores: o guia
clássico para ganhar leitores. 2.edição. São Paulo: JSN Editora, 2006.
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CRÉDITOS DAS FIGURAS
..
..
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2. Ilustração Brasileira
Imagem retirada do website: <http://187.16.250.90:10358/handle/acervo/2312> Acesso em
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3. O Malho
Imagem retirada do livro, CAMARGO, Mário de (org.). Gráfica: arte e indústria no Brasil:
180 anos de história. São Paulo: EDUSC, 2003, p.51.
4. Kosmos
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%B3smos_Anno_V_Numero_10_Outubro_de_1908.jpg > Acesso em 05/2014.
Imagens retiradas do livro, CAMARGO, Mário de (org.). Gráfica: arte e indústria no Brasil:
180 anos de história. São Paulo: EDUSC, 2003, p.51:
5. Fon-Fon;
6. Careta.
Imagens retiradas do livro, CARDOSO, Rafael (org.). O design brasileiro antes do design:
aspectos da história gráfica, 1870-1960. São Paulo: Cosac Naify, 2005:
7. O Malho, p.130;
56
8. O Malho, p.135;
9. A Maçã, p.95;
10. A Maçã, p.102;
11. Para todos..., p.138;
12. Para todos..., p.139;
13. Para todos..., p.146;
14. Para todos..., p.150;
15. Para todos..., p.154;
16. Para todos..., p.155.
Imagens retiradas do livro, CAMARGO, Mário de (org.). Gráfica: arte e indústria no Brasil:
180 anos de história. São Paulo: EDUSC, 2003:
17. O Cruzeiro, p.114;
18. Senhor, p.154;
19. Realidade, p.155.
Imagens retiradas do livro, DE MELO, Chico Homem (org.). O design gráfico brasileiro:
anos 60. São Paulo: Cosac Naify, 2006:
20. Capas da revista Senhor, p.106;
21. Capas da revista Realidade, p.146;
22. Páginas internas da revista Realidade, p.149.
23. Fotonovela Contigo
Imagem
retirada
do
website:
<http://asfotonovelas.blogspot.com.br/2012/01/
contigo-n-19-1965.html > Acesso em 05/2014.
24. Fotonovela Capricho
Imagem retirada do website: <http://joaopiol.blogspot.com.br/2011/08/o-homem-proibido.
html > Acesso em 05/14.
25. Pais & Filhos
Imagem
retirada
do
website:
<http://issuu.com/arquivopaisefilhos/docs/
revistapaisefilhosnumero1 > Acesso em 05/2014.
57
Imagens retiradas do website: <http://www.justlia.com.br/2011/02/as-primeiras-capas-dasrevistas/> Acesso em 05/2014:
26. Revista Claudia;
27. Revista Nova.
28. Revista Elle
Imagem retirada do livro, CAMARGO, Mário de (org.). Gráfica: arte e indústria no Brasil:
180 anos de história. São Paulo: EDUSC, 2003, p.156.
29. Revista Trip
Imagem retirada do website: <http://books.google.com.br/books?id=uy0EAAAAMBAJ&prin
tsec=frontcover&hl=pt-BR#v=twopage&q&f=false > Acesso em 05/2014.
30. Revista Tpm
Imagem retirada do website: <http://books.google.com.br/books?id=4isEAAAAMBAJ&prin
tsec=frontcover&dq=revista+Tpm+2001&hl=pt-BR&sa=X&ei=GmqrU9XFBMXmsASNk4
HYCQ&ved=0CDYQ6AEwBA#v=onepage&q=revista%20Tpm%202001&f=false> Acesso
em 05/2014.
31. Revista Glamour
Imagem retirada do website: <http://dhuif.blogspot.com.br/2012/03/dhuif-na-revistaGlamour.html > Acesso em 05/2014.
32. Revista Criativa, primeira edição
Imagem retirada do website: <http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-555091369-revistacriativa-ano-1-n-1-_JM > Acesso em 05/2014.
33. Revista Criativa, última edição
Imagem retirada do website: <http://revistacriativa.globo.com/Revista/Common/0,,EIT139117095,00-CRIATIVA.html > Acesso em 05/2014.
Capturas de telas, imagens e gráficos da autora:
34. Capas das edições impressas das revistas Glamour e Tpm, edições de junho, julho e agosto de 2013;
58
35. Logotipo da revista Tpm;
36. Logotipo da revista Glamour;
37. Capas e respectivas atualizações de website da revista Tpm;
38. Capas e respectivas atualizações de website da revista Glamour;
39. Proporção de ocupação de área do logotipo da revista Tpm;
40. Proporção de ocupação de área do logotipo da revista Glamour;
41. Análise visual das capas da revista Tpm;
42. Análise visual das capas da revista Glamour;
43. Análise visual das homepages da revista Tpm;
44. Análise visual das homepages da revista Glamour;
45. Capa da edição impressa presente na homepage da revista Tpm;
46. Capa da edição impressa presente na homepage da revista Glamour;
47. Comparativo entre índice da edição impressa e digital da revista Tpm;
48. Comparativo entre página interna da edição impressa e conteúdo digital da revista Glamour;
49. Tpm TV;
50. TV Glamour;
51. Grid da matéria principal em edição da revista Tpm;
52. Grid de conteúdo adicional em edição da revista Tpm;
53. Grid da matéria principal em edição da revista Glamour;
54. Posicionamento das personagens em grid nas fotografias da revista Glamour;
55. Comparativo entre a grid construtiva da edição impressa e digital da revista Tpm;
56. Comparativo de sequência de leitura da edição impressa e digital da revista Glamour;
57. Cores utilizadas em edições da revista Tpm;
58. Cores utilizadas em edições da revista Glamour;
59. Paleta de cores das edições impressas da revista Tpm;
60. Paleta de cores do website da revista Tpm;
61. Paleta de cores das edições impressas da revista Glamour;
62. Paleta de cores do website da revista Glamour;
63. Detalhes tipográficos, capa da revista Tpm, edição de junho/2013;
64. Tipografias utilizadas no website da revista Tpm;
65. Detalhes tipográficos, capa da revista Glamour, edição de junho/2013;
66. Tipografias utilizadas no website da revista Glamour;
67. Capas da revista Tpm com personalidades retratadas em plano americano;
59
68. Capas da revista Glamour com personalidades retratadas em plano americano;
69. Atualização no perfil da revista Tpm destacando a edição impressa;
70. Detalhes de capa da revista Tpm destacando o fundo das composições;
71. Destaque da produção e tratamento de imagens em capa da revista Tpm, edição de agosto/2013;
72. Detalhes de capa da revista Glamour destacando o fundo das composições;
73. Destaque da produção e tratamento de imagens em capa da revista Glamour, edição de julho/2013;
74. Comparativo entre as alterações de enquadramento fotográfico nas versões impressas e digitais da revista Tpm;
75. Comparativo entre as alterações de publicação de imagens nas versões impressas e digitais da revista Tpm.
60

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