APOiO ÀS PME´s

Transcrição

APOiO ÀS PME´s
NÚMERO DA SEMANA
60
mil milhões de dólares
Valor total das exportações angolanas, em 2011
Liderança e talento
A empresa Accenture e o semanário Expansão promovem, a 14 deste mês, a III
edição da conferência CEO
Experience Angola, em Luanda, sob o lema “Os novos
desafios da liderança e gestão de talento”, no âmbito
do 3º aniversário daquele
semanário. O programa do
evento inclui ainda uma
mesa redonda.
APOIO ÀS PME´s
só promessas
fórum mundial do café
Angola participou, entre os
dias 5 e 8 de Março na 108ª
Sessão do Conselho Internacional do Café, no Reino Unido. O encontro visou fazer
uma retrospectiva das acções
desta organização internacional realizadas em 2011 e
perspectivar novas medidas
a ser implementadas nos
próximos dois anos. A chefiar
a delegação angolana esteve
o embaixador de Angola no
Reino Unido, Miguel Gaspar
Fernandes Neto e integrou
o presidente do Conselho de
Administração do Fundo de
Desenvolvimento do Café.
Água com alemães
O governo angolano e a empreiteira alemã Gauff assinaram, terça-feira, na província
da Huíla, um acordo de consignação do projecto para
sistema de captação, tratamento e distribuição de água
potável à cidade do Lubango
e ao município da Humpata.
O acordo foi rubricado pelo
secretário de Estado do sector, Luís Filipe da Silva e o
presidente da Gauff, Estáfano Bollow.
>>P.05
actual
entrevista
fecho
A caminho
de Menongue
Lucros
nas dificuldades
UE aproxima-se
de Angola
CFM
>>P. 04
Indústria
>> P.06
Cooperação
>>P.11
02
8 Março 2012
Análise
BNA apresenta relatório
de actividades
É um documento há
muito reclamado
por vários sectores
da sociedade e que
agora o Novo Jornal
publica na integra.
Falamos do Relatório
e Contas do Banco
Nacional de Angola
(BNA) relativo a 2010.
Na primeira parte,
os autores fazem
uma radiografia
da situação
macroeconómica
mundial.
Este Relatório e Contas apresenta, para além da situação patrimonial e financeira do Banco Nacional
de Angola (BNA) no exercício económico de 2010, o contexto macroeconómico do país, em matéria de
política monetária, cambial e creditícia, tendo em conta a função principal do BNA, como Banco Central e
Emissor da República de Angola.
O ano de 2010 pode ser caracterizado como o ano da retoma económica, após os efeitos conturbados
resultantes da crise económico-financeira mundial ocorrida em finais de 2008 e de que a economia
nacional se ressentiu profundamente. O produto interno bruto cresceu
3,4%, superando os 2,7% de 2009,
marcado pela recuperação do sector não-petrolífero que no ano atingiu 7,8%.
Em termos administrativos importa
realçar a aprovação da nova Lei do
Banco Nacional de Angola, a Lei n.º
16/10, de 15 de Julho, e a nomeação do actual Governador do Banco
Nacional de Angola através do Despacho Presidencial n.º 227/10, de 5
de Outubro. Portanto, este Relatório reflecte a transição de uma nor-
ma jurídica, alicerçada na então Lei
do Banco Nacional de Angola (Lei
n.º 6/97, de 11 de Julho), para outra, enquadrada na moldura jurídica da nova Constituição da República de Angola, promulgada em 5 de
Fevereiro de 2010.
Enquadramento macroeconómico
Em 2010, fruto das medidas tomadas
pelas principais economias mundiais para fazer face à crise, a eco-
Em termos administrativos importa realçar
a aprovação da nova Lei do Banco Nacional
de Angola, a Lei n.º 16/10, de 15 de Julho,
e a nomeação do actual Governador do
Banco Nacional de Angola
nomia mundial mostrou sinais de
recuperação. De acordo com o FMI,
em 2010 o PIB mundial registou um
crescimento de 5% contra -0,5% em
2009, em grande parte justificado
pelo aumento do consumo privado e do investimento nos EUA e no
Japão, bem como pela recuperação
das trocas internacionais pelas economias asiáticas.
A recuperação da economia mundial
continuou a fortalecer-se no segundo semestre do ano, mas a ritmos
diferentes nas várias regiões, com
as economias avançadas da Ásia na
liderança (excepto o Japão), cujo
sector das indústrias transformadoras beneficiaram da recuperação
global do comércio. Assim, os indi-
cadores já se situam acima dos níveis anteriores à crise, a exemplo do
PIB da região asiática que cresceu
cerca de 9,5% em 2010.
Os EUA atingiram os níveis anteriores à crise, com o PIB a registar um
crescimento de 2,8% em 2010.
O consumo tem crescido desde o terceiro trimestre de 2009; os preços
continuam baixos, devido à profundidade da retracção; não se verifica
ainda uma recuperação sustentada
do emprego (a taxa de desemprego
atingiu 9,4% em Dezembro); e a actividade imobiliária continuou fraca.
O Japão e a Zona Euro demonstraram um nível de recuperação mais
lento. No Japão, o estímulo fiscal e
8 Março 2012
03
A recapitalização dos bancos e os gastos públicos efectuados
em 2009 deram lugar a défices orçamentais, o que provocou um
aumento generalizado da inflação em todas as economias em
2010 (excepto na África Sub-Sahariana)
Afonso Francisco
avançadas e em 13,8% nas economias emergentes e em desenvolvimento.
O comércio
internacional
evoluiu
favoravelmente,
registando taxas de
crescimento acima
dos dois dígitos,
12% em 2010,
contrariamente à
queda acentuada
de -10,7% registada
em 2009
a recuperação do comércio mundial
surtiram algum efeito nos primeiros
meses, mas a actividade económica
ainda continuou fraca, o PIB cresceu 3,4%, o mais baixo entre as economias mais dinâmicas da região.
A crise nos mercados financeiros
europeus, com a situação da dívida
soberana deteriorada em alguns países, concorreu para que houvesse a
depreciação do euro e gerou factores de incerteza diante de um crescimento de apenas 1,7% em 2010.
A China, cujo PIB cresceu 10,3% em
2010, para além de condições favoráveis de procura interna e externa, beneficiou da fixação sistemática de empresas estrangeiras, com
destaque para o sector automóvel e
electrónica. O investimento directo estrangeiro (IDE) na China verificou um crescimento de 15,6% em
2010, atingindo o valor recorde de
US$ 105,7 mil milhões.
Comércio Internacional
O comércio internacional evoluiu
favoravelmente, registando taxas
de crescimento acima dos dois dígitos, 12% em 2010, contrariamente
à queda acentuada de -10,7% registada em 2009. A recuperação no comércio internacional deveu-se, essencialmente, à forte expansão do
comércio das economias asiáticas
(com destaque para a China e a Índia), do Brasil e da Rússia, apresentando boas perspectivas para 2011.
As economias emergentes e em desenvolvimento registaram um maior
crescimento das exportações, na
ordem dos 12,8%, quando comparadas com as economias avançadas,
onde o crescimento foi de 11,4%. As
importações registaram, igualmente, uma evolução positiva, tendo
crescido em 11,1% nas economias
Inflação
A recapitalização dos bancos e os
gastos públicos efectuados em 2009
deram lugar a défices orçamentais,
o que provocou um aumento generalizado da inflação em todas as
economias em 2010 (excepto na
África Sub-Sahariana), depois da
redução significativa registada em
2009.
Nas economias avançadas, a inflação aumentou de 0,1% em 2009
para 1,5% em 2010, enquanto nas
economias emergentes e em desenvolvimento atingiu 6,2% contra os
5,2% em 2009. A inflação média na
África Sub-Sahariana caiu de 10,4%
em 2009 para 7,5% em 2010.
Evolução do mercados financeiros
Os mercados financeiros, segundo
o FMI, registaram em termos gerais
uma melhoria, durante o segundo semestre de 2010, não obstante
persistir alguma vulnerabilidade.
Quanto às tendências para as taxas
de juro, verifica-se que se mantiveram nos mesmos níveis observados
em 2009, tanto para a Reserva Federal Americana, como para o Banco Central Europeu, enquanto que o
Banco Central da China aumentou a
taxa de juro em 0,25 pontos percentuais, medida que, entre outras, visava evitar o aquecimento excessivo da economia.
A recuperação do
mercado global das
commodities, em
2010, continuou
positiva ao longo
do ano, apesar da
adopção de medidas
proteccionistas em
alguns países
As pressões nos mercados da dívida
soberana persistiram em 2010. No
início do ano, assistiu-se a um aumento das taxas de juro praticadas
para os Credit Default Swaps (CDS)
com maturidade de 5 anos de algumas economias periféricas da Zona
Euro, nomeadamente Grécia, Irlanda, Espanha e Portugal.
Entre Janeiro e Dezembro os maiores aumentos registaram-se na Irlanda (312%), seguida por Portugal (213%), Espanha (182%), Grécia
(170%) e Itália (99%).
Em 2010, o euro depreciou-se de
forma bastante significativa em relação às principais moedas (18,4%
face ao yen, 7,3% em relação ao dólar e 3,1% face à libra), como reflexo
da crise da dívida soberana em alguns países da Zona Euro.
Nos períodos de maior turbulência,
o aumento da aversão ao risco provocou uma expansão da procura de
dólares como moeda de refúgio, o
que influenciou a sua subida face ao
euro e à libra em 7,3% e 4,5%, respectivamente, durante o ano.
O iene foi ainda mais procurado do
que o dólar como moeda de refúgio devido à expansão monetária
sem precedentes da Reserva Federal, tendo registado um máximo de
12% em 2010. A difícil situação económica e orçamental do Reino Unido contribuiu para a descida da libra
face ao euro e ao dólar em 2010.
No seguimento de uma política cambial menos rígida e das pressões dos
E.U.A, que exigiram uma maior flexibilidade cambial da parte da China, a taxa de câmbio USD/CNY
(Dólar por Yuan) registou níveis mínimos desde finais de 1993.
A valorização do yuan, que para a
China deve ser vista como um processo de longo prazo, poderia melhorar o desequilíbrio comercial
americano cujo défice atingiu um
valor recorde de US$ 57 mil milhões
em Novembro de 2010, dos quais
cerca de US$ 25,6 mil milhões (ou
seja, 45%) correspondiam ao saldo
comercial com a China.
A recuperação do mercado global
das commodities continuou positiva ao longo do ano, apesar da adopção de medidas proteccionistas em
alguns países durante algum tempo
e não obstante as flutuações devido
às mudanças nas expectativas acerca da evolução da economia global.
O preço do petróleo (brent) subiu
cerca de 23%, comparativamente
ao fecho de 2009, tendo atingido os
USD 91,5/barril.
Durante o ano, o gás natural negociou dentro dos limites observados
no ano anterior, mas fechou o período nos USD 4,3/milhões de BTU’s,
representando uma queda de 20%
face a 2009.
04
8 Março 2012
Conjuntura
O presidente da Associação de Empreiteiros
Construção e Obras da Huíla, António Ricardo,
defendeu, no Lubango, a necessidade de haver
uma subvenção aos materiais de construção
Comboio Namibe-Lubango
avança a todo o vapor
Os comboios dos caminhos-de-ferro de Moçâmedes que vão ligar as cidades do Namibe e Menongue, na
província do Kuando- Kubango, poderão circular a partir de Julho próximo, a julgar pelas declarações do
ministro dos Transportes, Augusto Tomás, e dos seus mais próximos
colaboradores que estiveram no Namibe a inspeccionar as obras de reabilitação e modernização da linha
férrea.
Augusto Tomás, disse naquela localidade que a reabilitação e modernização dos Caminhos-de-Ferro de
Moçâmedes (CFM) poderá terminar
sessenta dias antes do prazo contratual, embora tenha reconhecido
que as obras das estações ferroviárias não serão concluídas ao mesmo
tempo.
“Há obras que estão mais adiantadas
que as outras. A linha férrea em si, já
está pronta, agora procede-se a alguns acertos, algumas estações estão na ponta final, outras serão concluídas em finais dos meses Março,
Abril e Julho. Penso que até finais
de Junho estaremos em condições
de ter as estações centrais a cem por
cento, por isso achamos que estamos dentro dos prazos estabelecidos
que apontavam os meses de Julho e
Agosto para o fim das obras. Aquilo
que podemos constatar no terreno
é que há uma redução dos prazos de
execução e há um ganho de cerca de
60 dias, o que quer dizer que já estamos em condições de fazer a viagem
experimental entre Namibe e Luban-
go. Já foi feita entre Matala e Menongue, achamos que é melhor imprimir uma dinâmica maior às obras,
concluir o que deve ser concluído para aumentar a qualidade de vida dos
angolanos e a redução do custo unitário através da oferta da mobilidade
na circulação de pessoas e mercadorias nesta região sul do país”, disse o
governante.
O director dos CFM, Daniel Quipaxe, considera que as obras estão a
80 por cento do grau de execução e
até Maio estarão concluídas 56 estações ferroviárias. “De acordo com o
diagnóstico que fizemos com o empreiteiro e o fiscal das obras, podemos considerar que estamos a 80 por
cento do cumprimento da execução
porque já temos a linha estendida do
Namibe ao Menongue. Estamos neste momento a efectuar a balastragem, faltam quarenta quilómetros
para “atacar” a linha e permitir uma
circulação segura. Temos as estações
em fase avançada, umas mais atrasadas que as outras, mas pensamos
concluí-las até Maio o mais tardar.
A instalação dos sistemas de telecomunicações de fibra óptica e sinalização estão em curso. Tudo aponta
que dentro de quatro meses estaremos em condições de ter os comboios a circular. A nova ponte sobre
o Rio Giraúl, felizmente, está concluída e segundo o empreiteiro, os
testes feitos assim como a certificação efectuada, temos uma ponte pa-
ra cem anos”, afirmou.
Força de trabalho
Daniel Quipaxe não precisou o número de trabalhadores que será necessário, mas assegurou dizendo
que está a efectuar o recrutamento de jovens provenientes das universidades e institutos que estão a
ser inseridos gradualmente no sistema ferroviário, para além de um programa de recrutamento local que visa garantir emprego aos jovens e dar
vida às localidades onde vivem.
Sobre a reabilitação do porto mineraleiro, Quipaxe explicou que a estrutura vai entrar em obras mas não
será da responsabilidade dos CFM.
“Vai estar sob tutela da empresa que
vai fazer a exploração das minas de
Cassinga e pelo programa que eu conheço tudo aponta que, em 2013, o
porto mineraleiro será concluído”,
adiantou.
A alegada inclusão no projecto de
novas obras fez com que fosse menos preciso quando questionado sobre o valor da empreitada. “Vou darvos um exemplo: não estava prevista
a construção de uma linha nova entre a estação e o porto do Namibe,
num percurso de cerca de dois quilómetros. A nova ponte sobre o Rio
Giraúl é uma obra que surgiu como
consequência das grandes enxurradas que caíram sobre a província do
Namibe. É um projecto que anda à
volta de quase um bilião de dólares”,
resumiu.
Esmael Pena
800 empresários argentinos visitaram Luanda
O encontro de negócios entre
empresários de Angola e da Argentina, que decorreu quarta-feira, em
Luanda, foi marcado pelo forte interesse dos argentinos em encontrar mercado para exportar seus
produtos em detrimento do investimento local.
Na bolsa de negócios as partes manifestaram aos potenciais parceiros
as suas intenções. Da parte angolana foi manifestado o interesse em
encontrar parceiros para investir e
para representar produtos e marcas, enquanto dos argentinos, fundamentalmente, o objectivo é vender a sua produção.
A empresária Cecília Eloi, da firma
Tropiafrica, situada em Viana, dis-
se à Angop que procura um parceiro argentino ligado ao sector de comércio de charcutaria.
Por sua vez, o empresário argentino, Leonardo Jacobson, da empresa Liliana, de electrodomésticos,
manifestou a intenção de encontrar empresários angolanos interessados em adquirir os seus produtos.
“Numa primeira fase pretendemos
comercializar os nossos produtos e
posteriormente investir em Angola”, disse o empresário, salientando
que a sua empresa tem uma produção anual de 12 mil produtos, entre os quais batedeiras eléctricas,
liquidificadores e ventiladores.
O angolano Tomás Segundo, em-
presário do sector agro-pecuário e
hoteleiro, com escritório no Lubango, província da Huíla, disse que
encontrou um parceiro com quem
pretende desenvolver negócios nos
sectores referidos e noutros ligados
ao comércio geral.
A ronda de negócios entre angolanos e argentinos termina quartafeira e participam pelo menos 800
empresários dos dois países e empresas de vários sectores de actividade económica, entre os quais
alimentar, agro-industrial, equipamentos, electrodomésticos, calçados, indústria petrolífera, equipamento médico, agricultura,
transporte, apicultura, avícola,
madeira, construção e banca.
8 Março 2012
Negócios
05
A venda da participação de 33,34% da Eni
na Galp deve estar concluída até ao final de
Março segundo escreve o Diário Económico,
de Portugal
Micro, pequenas e médias empresas
INAPEM desconhece apoio
prometido pelo Governo
O Instituto Nacional de Apoio
às Pequenas e Médias Empresas
(INAPEM) desconhece os procedimentos e canais a serem utilizados
pelos empreendedores individuais
para que tenham acesso aos fundos
do Governo no âmbito do Programa
de Desenvolvimento das Micro, Pequenas e Médias Empresas apurou
o NJ.
Uma fonte do INAPEM, contactada
pelo Novo Jornal, revela total desconhecimento do assunto, alegando que o sector não está articulado
para tratar desta situação, nem de
outras que envolvam financiamentos às PME’s.
Idêntico ponto de vista é partilhado por um empresário que, apesar
de ter falado ao Novo Jornal, pediu anonimato. Este também foi peremptório em afirmar que se deslocou recentemente ao INAPEM para
obter mais informações sobre os requisitos para aceder aos fundos e a
resposta que obteve foi que “o instituto não sabe de nada”.
“Fui saber o que era preciso para registar a minha empresa, e a resposta que obtive do INAPEM era de que
nem o Conselho de Administração
está nomeado e tudo está estagnado. Não há ninguém para tomar decisões”, salientou o empresário visivelmente desapontado.
Outro homem de negócios que acor-
reu a este instituto com a mesma finalidade é Arão Dias que disse ter
recorrido por duas vezes ao INAPEM e não obteve resposta plausível. “Então quem deverá clarificar
os pequenos empresários sobre o
acesso a estes créditos?”, questionou Arão Dias.
No passado dia 13 de Fevereiro,
o ministro da Economia, Abraão
Gourgel, afirmou no programa “Espaço Público”, da Televisão Pública
de Angola, que o Programa de Desenvolvimento das Micro, Pequenas
e Médias Empresas reserva 150 milhões de dólares para suportar empreendedores em várias categorias.
Segundo o governante, para o programa foram disponibilizados 450
milhões de dólares para atender a
um fundo de bonificação a uma linha de crédito, no valor de 1,5 biliões de dólares, e um fundo de garantia no valor de 200 milhões de
dólares.
Nesse sentido, Gourgel garantiu estarem criadas as condições e identificados os recursos necessários para a implementação do programa.
O governante explicou na ocasião
que para os empreendedores individuais os procedimentos e canais
são os mesmos que os das empresas
que dependem do auxílio directo do
INAPEM, dos bancos comerciais e
do Instituto Nacional do Emprego e
Formação Profissional (INEFOP).
Abraão Gourgel recordou ainda que
entre os critérios para a diferenciação das empresas concorrem o número de trabalhadores e a facturação e que, no caso de uma discussão
entre esses dois critérios, vence o
segundo.
Já o empresário José Martins, que
também manifestou interesse em se
financiar com os fundos do Estado,
disse que a mesma situação de estagnação se vive ao nível do registo imobiliário, que a nível do país
está em curso e se processa de forma presencial enquanto a via “online” seria a melhor opção para agilizar o processo.
“Tenho, por exemplo, uma casa no
Ambriz e são mais de 100 quilómetros a percorrer para lá chegar, aliados aos condicionalismos que se colocam na estrada. A exigência é que
o registo da mesma tem que ser feito na presença do proprietário. Isto
complica, e de que maneira, o cidadão”, observou José Martins.
Recentemente o Executivo aprovou um Decreto Presidencial que
cria o Balcão Único do Empreendedor (BUE), que visa tornar célere o
registo e obtenção de licença para o
exercício da actividade empreendedora, um órgão que funcionará junto das Administrações Municipais.
HORTÊNCIO SEBASTIÃO
MPME beneficiam de créditos
Mais de 800 milhões de dólares foram destinados pelo Governo angolano a créditos para as micro, pequenas e médias empresas,
que serão disponibilizados a partir
da próxima semana, noticiou nesta
segunda-feira, 05, a imprensa angolana.
Segundo a agência Angop, os créditos, que deverão ser solicitados
para já em 500 agências bancárias
distribuídas por todo o país, fazem
parte do programa de incentivo às
empresas privadas, segundo o Programa de Desenvolvimento das Micro, Pequenas e Médias Empresas
(PDMPME).
Este programa, instrumento de
promoção e suporte da lei aprovada
a 13 de Setembro de 2011, entrou
em vigor no início do ano.
O acesso ao crédito varia em função da dimensão das empresas e está aberto a empresários angolanos
e estrangeiros.
Assim, os micro empresários poderão candidatar-se a créditos até ao
máximo de seis mil dólares, com
período de carência que varia entre os três e os nove meses, e o reembolso deve ser feito no prazo de
24 meses.
Os restantes empresários terão
acesso a créditos de até oito milhões de dólares, com um ano de
período de carência e sete anos de
reembolso.
Dos cerca de 800 milhões de dólares disponibilizados, a distribuição
desta verba prevê que 200 milhões
de dólares são atribuídos ao Fundo de Garantias do Programa, 155
milhões dizem respeito ao Fundo
de Bonificação das taxas de juros e
220 milhões asseguram o Micro Fomento, onde cabem os chamados
micro empresários.
A restante verba está distribuída pelo Fundo de Capital de Risco
(100 milhões de dólares), Formação, Consultoria e Incubadora de
Empresas (50 milhões), Projectos
Específicos de Luanda (39 milhões)
e Diversos (43 milhões).
A apresentação deste programa foi
feita no passado dia 26 de Janeiro por José Eduardo dos Santos, na
qualidade de líder do MPLA, partido no poder, durante um encontro
promovido por esta formação partidária com empresários nacionais
e estrangeiros.
06
8 Março 2012
Entrevista
Luís Miguel, administrador-financeiro da Mitam
“Não expatriamos capitais
reinvestimos em Angola”
Depois de um investimento de 18 milhões de
dólares, a Mitam espera facturar este ano 25
milhões de dólares e reforçar a sua presença
em outros mercados.
Texto de Faustino diogo
Fotos de ampe rogério
O que é a Mitam?
A Mitam é uma fábrica de detergentes, material de limpeza, higiene
pessoal e de produtos de limpeza e
desinfecção direccionados para a indústria.
Desde quando é que está a funcionar?
Estamos em Angola desde 2006. Começámos no Cacuaco em instalações
arrendadas e desde 2010 que estamos aqui no Pólo Industrial de Viana. Neste momento, para além dos
detergentes, temos o “home care”,
“personal care”. Temos ainda uma
gama de 160 produtos para todos os
segmentos
Porquê a aposta nos detergentes?
Devido ao “Know-how”. Surgiu na
pessoa do director que vinha da Mistolin, uma empresa portuguesa. E vimos a oportunidade de mercado em
Angola, onde estava tudo em aberto.
Ainda hoje há uma grande importação neste sector específico e nós
temos a vantagem de produzir tudo
localmente.
Foi difícil entrar no mercado angolano?
Nós já conhecíamos o ambiente de
negócios, digamos assim. Desde
2003-2004 que havia prospecções.
Numa primeira fase tivemos que importar alguns produtos de Portugal
e à medida que fomos conhecendo o
mercado e crescendo em volume de
negócios encarámos a necessidade
de produzir localmente.
Quanto é que foi investido nesta
fábrica?
Estamos a falar de um investimento
de cerca de 18 milhões de dólares.
Com muito trabalho e apoio bancário
e basicamente com ajuda da banca
nacional.
Têm alguma fábrica fora de Luanda?
Não. Mas em termos de vendas estamos em todas as províncias.
Qual é a capacidade de produção da
Mitam?
Estamos com uma capacidade de 40
mil toneladas anuais. O ano passado
fechámos com cerca de 19 milhões
de dólares em vendas e para este ano
apontamos para 24/25 milhões de
dólares de facturação anual.
E ao nível do capital humano?
Somos 108 funcionários dos quais
105 angolanos.
Quando viemos
para o Pólo de
Viana estávamos
sozinhos e hoje
estamos rodeados
de muitas empresas.
Assistimos
diariamente à
criação de novas
unidades industriais
Que avaliação faz do sector indústrial no país?
Vejo-o com bastante satisfação. Nesta área dos detergentes tem havido
um grande crescimento. Um dos
grandes sectores da nossa actividade
é o fornecimento de produtos para a
indústria. Quanto viemos para o Pólo
de Viana estávamos sozinhos e hoje
estamos rodeados de muitas empresas. Assistimos diariamente à criação
de novas unidades industriais.
Acha que o mercado já está em
condições de consumir os produtos
que fabricam em grande escala?
Ainda não. Eu penso que o crescimento populacional e habitacional
vai trazer novos hábitos e acreditamos que o consumo vai aumentar.
Quem são os vossos principais
clientes?
O retalho, que são os principais supermercados. E temos ainda os nossos distribuidores autorizados em
todas províncias, bem como clientes
industriais.
Qual é o produto que mais se destaca em termos de vendas?
São vários. Diria que é um grupo de
produtos – “home care”, “personal
care” e a gama industrial.
E os preços?
Como produtores estamos melhores
posicionados do que quem importa.
A título de exemplo, os nossos produtos para a loiça são mais baratos
quando comparados com marcas
importadas. E esta tendência se estende para os restantes produtos que
produzimos.
PERFIL
Luís Miguel é licenciado
em Contabilidade e Administração. Tem 41 anos. É
natural do Congo Brazzaville e já trabalhou no Congo
Kinshasa. Está em Angola
desde 2008. Nos tempos
livres gosta de viajar para
conhecer o país e contactar
com os clientes.
Para além de Angola, têm a intenção de marcar presença noutros
mercados da região?
Só conseguimos exportar ainda para
Moçambique. No ano passado exportámos cerca de 150 mil dólares. Este
ano podemos triplicar este volume e
estamos a estudar a entrada na República do Congo onde já temos os
contactos feitos.
Em termos logísticos é muito com-
8 Março 2012
07
Só conseguimos exportar ainda
para Moçambique. No ano passado
exportámos cerca de 150 mil
dólares
plicado exportar. Por exemplo, para
Moçambique, sentimos grandes dificuldades por não haver linhas marítimas regulares. O comboio é de todo
impossível. Por estrada nem vamos
imaginar.
Os empresários queixam-se muito
do capital humano no país. Está
satisfeito com o talento que tem à
sua disposição?
Estou. Embora em algumas áreas
exista algum défice, sem dúvida.
Temos a sorte de ter um núcleo de
trabalhadores a quem delegamos responsabilidades desde 2006.
A outra queixa comum no meio
empresarial está relacionada com
as dificuldades no acesso ao crédito. Também alinha pelo mesmo
diapasão?
Não. Temos todos os dias bancos disponíveis para trabalhar connosco.
Somos uma empresa super atractiva
para a Banca
jectos dentro daquilo que é o grande “know-how” da Ferneto que é a
área alimentar. Existem projectos
em cursos mas não os posso revelar
ainda. Mas todos ligados ao sector
alimentar. Em termos de detergentes
há muito mais a fazer: certificação
do produto, já em curso, juntamente
com a Bureau Veritas, lançamento de
novos produtos, o melhoramento de
alguns, assim como a nossa imagem.
E o futuro deste sector?
África apresenta um crescimento populacional impressionante. Com os
projectos do governo angolano espera-se o crescimento da classe média e
que os hábitos de vida das pessoas se
possam alterar. E tudo isso vai fazer
com que o mercado se desenvolva.
Por isso as perspectivas são boas.
Contrariar a filosofia angolana
A expatriação de capital financeiro tem sido uma realidade
em muitas empresas de capital
misto...
Até ao presente momento isso
ainda não aconteceu na Mitam.
Todos os lucros estão reinvestidos aqui. Começámos com uma
capital de 100 mil kwanzas e hoje
temos um capital de 300 milhões
de kwanzas.
Todo o reinvestimento foi feito
na fábrica e em novos equipamentos, máquinas... Ainda não
foi distribuído nenhum kwanza
de lucro. Tudo está aqui dentro
ainda.
Investe-se para ter lucros. Mas
este lucro tem que ser consolidado. Não podemos descapitalizar
uma empresa com poucos anos
de vida. A empresa é ainda muito
nova e aí contrariamos um pouco a filosofia de Angola e vamos
continuar assim durante mais algum tempo.
Que filosofia angolana é esta
que está a contrariar?
A vontade de sacar muito rápido.
As pessoas investem hoje e passados alguns meses já querem sa-
car o seu lucro. Isso é uma coisa
que nós combatemos. As empresas têm que crescer e dotar-se de
meios financeiros que permitam
enfrentar qualquer situação menos boa e seguir em frente.
Portugal está a atravessar uma
situação financeira complicada.
Sabendo que o vosso principal
investidor é português isso não
está a afectar o negócio?
Não. Todo o investimento foi feito
com fundos próprios. Somos uma
sociedade anónima e o capital
está distribuído entre os sócios.
Esta credibilidade de que fala estará relacionada com o facto de produzir localmente?
Sim. Porque se perspectiva um projecto de continuidade. Só importar
e não deixar valor acrescentado no
país não oferece a mesma garantia de
quem tem uma fábrica, instalações,
trabalhadores... Existe uma garantia
e um projecto que envolve já 95% de
mão-de-obra Angolana.
Mas a importação deste tipo de produtos ainda é significativa...
Penso que vamos continuar a nos debater com isso embora cada vez menos. E aí o Estado angolano está fazer
um bom trabalho e a beneficiar a produção nacional. Terá, no entanto, de
rever a sua pauta aduaneira de forma
a defender os interesses de quem
produz localmente. Isto é, fazer com
que a todos os produtos importados
sejam acrescidos taxas aduaneiras
de forma a defender a produção nacional.
Acha que existe uma concorrência
desleal entre a produção nacional
e o material que é importado?
Penso que deveríamos ser mais
protegidos. Desleal não é, porque
conseguimos estar no mercado e
conseguimos estar em todo o lado e
a liderar claramente no nosso sector
de actividade.
Como é que olha para concorrência
nacional?
Ainda é pouca se olharmos para o
que se produz localmente, porque 75
% deste mercado ainda é de importação.
Quais são os vossos próximos investimentos?
Há investimentos em curso. Há pro-
Precisamos que cumpram os contratos
Acha que quem produz localmente
deve ser mais incentivado?
Os incentivos são poucos. Nós não
precisamos de incentivos. Apenas
precisamos que cumpram com os
contratos. É a única coisa que nós
pedimos.
Penso também que o Estado devia
apoiar na criação de infraestruturas.
Porque o Estado cada vez mais tem
que deixar as empresas trabalhar. O
Estado tem que ser apenas um regulador, um árbitro.
Se o particular quer investir e tem
dinheiro para o fazer o Estado deve
permitir que o faça. E o empresário
nunca deve estar à espera de ter as
condições dadas para fazer o quer
que seja. No nosso caso, algumas
infra-estruturas seriam bem-vindas
como mais estradas alcatroadas.
Estou em Viana há três anos e desde
então não vejo um metro de asfalto
novo.
Não temos água potável e a energia da rede só agora chegou. Desde
2010 que trabalhamos com geradores. Se o Estado criar as infraestru-
turas para que as empresas possam
se desenvolver, tudo bem. Tudo óptimo.
dissabores em termos de tesouraria,
mas sabemos que vão pagar. Não vou
deixar de vender por causa disso.
Tem tido algum apoio por parte do
governo?
Não.
Produzir em Angola é mais caro
que importar?
No nosso caso não.
O Estado deve-lhe dinheiro?
Sim.
Mesmo não tendo as infra-estruturas básicas?
Mesmo tendo gerador, comprando
água e danificando carros nas picadas mantém-se muito mais vantajoso produzir localmente.
Qual é o valor?
Não lhe vou dizer. Temos chamado à
atenção que isso pode criar alguns
08
8 Março 2012
Em foco
Os clientes da Unitel poderão usufruir dos serviços
dos “Smarthphones BlackBerry, graças a um acordo
entre a operadora e a empresa canadiana Research
In Motion
Arik Air retoma voos para África do Sul
A companhia aérea nigeriana
Arik Air retomou os seus voos para
a África do Sul após ter anunciado
a sua suspensão na rota Lagos-Joanesburgo devido a um diferendo
relativo a certificados de vacinação
contra a febre amarela.
Num comunicado divulgado no seu
site na internet, a Arik Air declarou
que voos regulares para o fim de
semana serão assegurados como
medida temporária, esperando a
resolução da crise engendrada pela
expulsão sexta-feira de 50 passageiros nigerianos da companhia
pelas autoridades sul-africanas por
alegadamente carecem de certificados fiáveis de vacinação contra a
febre amarela.
Enquanto espera a resolução do diferendo pelas autoridades dos dois
países, a companhia aérea declarou
que ela vai proceder a um controlo
“rigoroso” dos certificados de vacinação contra a febre amarela de
todos os passageiros.
Num comunicado anterior, a Arik
Air tinha indicado que “numerosos
passageiros (do voo de sexta-feira)
foram detidos e proibidos de entrar
na África do Sul nos últimos meses.
As autoridades sanitárias aeroportuárias evocaram dúvidas quanto à
autenticidade dos boletins sanitários para impedir a sua entrada no
país”.
“A Arik desembocou na conclusão
que o carácter irregular e a natureza obscura deste protocolo têm um
impacto nos seus passageiros e que
ela não deseja continuar voos num
país onde os seus clientes correm
o risco de detenção ou de outras
medidas infligidas arbitrariamente
pelas suas autoridades”, indicou o
comunicado.
A partir das suas principais bases
no aeroporto internacional Murtala
Mohammed de Lagos e no aeroporto
internacional Nnamdi Azikiwe de
Abuja, a Arik Air opera igualmente
voos para numerosos destinos na
África Ocidental, bem como na África do Sul, na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos.
LAM com lucros
A empresa pública moçambicana Linhas Aéreas de Moçambique
(LAM) revelou durante a semana
que os seus lucros subiram 15 por
cento em 2011, tendo igualmente melhorado os
seus volumes de
tráfego, produção
e ocupação.
Num comunicado distribuído à imprensa, a LAM
refere que o volume de tráfego
aumentou cinco por cento, o
de produção, que é medido pela
relação passageiros por quilómetro,
subiu 10 por cento e a média de ocu-
pação foi de 73 por cento, três por
cento acima da registada em 2010.
Num relatório de actividade da LAM,
refere-se que os bons indicadores resultam do
uso pela companhia de aviões mais
modernos, num momento em que
a linha aérea está a substituir a sua
frota de Boeing 737-200 por outros
aparelhos, como o brasileiro Embraer 190 e o canadiano Bombardier
Q400.
Com os novos avi-
ões, a LAM poupa em combustível,
aumenta o número de voos e reduz
o tempo das operações, lê-se.
Para 2012, quando chegará o terceiro Embraer, a LAM quer aumentar
em 17 por cento o número de passageiros transportados e vender electronicamente 10 por cento do total
de bilhetes.
Galp Energia anuncia investimentos
A Galp Energia pretende investir
entre mil milhões a mil e 200 milhões
de euros por ano até 2016 anunciou
a empresa terça-feira, em Londres,
durante a apresentação das suas
novas perspectivas financeiras para
o período 2012-2016.
O investimento será canalizado sobretudo para a área de exploração
e produção, explica a empresa num
comunicado disponível no site da
CMVM, mas continuará a investir
também na refinação de petróleo
bruto e distribuição de produtos
petrolíferos, na península Ibérica e
em África, e na distribuição de gás
natural e na produção e comercialização de energia eléctrica em Portugal e Espanha.
A Galp Energia anunciou também
que irá investir em biocombustíveis
no Brasil e em Moçambique.
A empresa portuguesa, onde a Sonangol tem uma forte participação
accionista, prometeu igualmente
um aumento anual de 20% dos dividendos a distribuir neste período,
começando já por 2012.
Em 2011
PIB
brasileiro
cresceu
2,7%
O Produto Interno Bruto
(PIB) do Brasil cresceu 2,7%
em 2011 e alcançou 4,143
triliões de reais( US$ 2,367
mil milhões), segundo dados
divulgados terça-feira pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o IBGE, o desempenho da economia em 2011
aumentou em consequência
do consumo das famílias,
que teve um crescimento de
4,1% em relação a 2010.
Registaram-se igualmente
aumentos nos sectores agropecuário, com crescimento
de 3,9%, e no de serviços,
com 2,7%.
No sector industrial registou-se um crescimento de
1,6%, devido aos sectores
de electricidade e gás, água,
esgoto e limpeza urbana
(3,8%) e da construção civil
(3,6%).
Em compensação,
a indústria
de transformação
ficou
praticamente
estagnada em relação a 2010, tendo
crescido apenas
0,1%.
8 Março 2012
09
Opinião
HERMENEGILDO KOSI (*)
a tributação do selo sobre
produtos financeiros
O crescimento económico de
qualquer sociedade carece inelutavelmente de um impulso monetário
ou financeiro, de que depende o
equilíbrio entre as variáveis da procura e da oferta globais. Com efeito, os
mercados financeiros apresentam-se
como uma grande fonte de financiamento das empresas, das famílias e
até mesmo do próprio Estado, sendo
que o funcionamento adequado desses mercados, nos termos da respectiva regulação ou auto - regulação
reflecte a maior ou menor fluidez na
circulação do capital dentro do sistema económico. Por outras palavras,
o equilíbrio funcional dos mercados
financeiros poderá constituir um factor de atracção ou retracção de capitais, traduzindo um maior ou menor
crescimento económico, conforme o
caso. A conquista de elevados níveis
de crescimento económico constitui
nos últimos tempos um dos principais
focos de reflexão quer no campo económico, quer e sobretudo no campo
político e social, suscitando o afloramento de vários fenómenos conexos
e submersos, ligados nomeadamente
ao desemprego, ao fluxo de capitais,
aos investimentos bem como as trocas comerciais.
Com a recente estabilização política
e militar do período pós 2002 regista-se em Angola tendências visíveis
de crescimento económico, embora
directa ou indirectamente afectada
com as recentes crises mundiais, são é
pelo menos visível o movimento crescente da economia angolana, tendo
sido crucial, na visão das autoridades
angolanas, inspiradas por uma correcta leitura dos acontecimentos e
“aconselhadas” pelo contexto actual
da economia mundial, num momento
da internacionalização da economia
nacional, o entendimento de que
está-se perante o momento de privilégio e excelência para a efectivação
de uma reforma fiscal, que seja capaz
de acompanhar de modo sustentado
e harmónico o crescimento e a estabilização de económica nacional, constituindo por um lado factor de competitividade e dinamização no seio
dos agentes económicos e por outro
um dos instrumentos adequados a
correcção de disfunções sócio - económicas e a redistribuição da riqueza
nacional.
Neste primeiro momento da reforma
fiscal, as autoridades angolanas têm
como foco principal a elevação da
receita fiscal não petrolífera, sector
que hoje conhece um regime fiscal
especial, paralelamente ao dos diamantes. Todavia, o sector financeiro,
banca e seguros, são dos que mais
crescem em Angola, e como foi referido por José Luis Silva partner da
consultora KPMG (Jornal Expansão,
edição nº 140 de 11 de Novembro de
2011), o mesmo não está sujeito a
um regime especial de tributação nos
moldes do que hoje existe em relação
ao sector dos petróleos e diamantes,
no entanto, com suprimento de uma
melhor opinião sobre o assunto, não
nos parece ser por esta vereda que
se propõe trilhar os passos da reforma, certamente pelo facto de não se
tratar de um sector complexo e estratégico à dimensão dos petróleos, e
fundamentalmente por não manifestar constrangimentos ou pertinências que suscitem a necessidade de
definição de um regime especial de
tributação.
Ora, um dos principais propósitos da
reforma fiscal traduz-se em proceder
revisões ao sistema fiscal, que hoje,
paralelamente a administração e a justiça fiscais, compreende um dos seus
principais eixos. A revisão do sistema
fiscal em sede da reforma compreende várias medidas legislativas, de que
nos propusemos destacar a aprovação de um código de imposto de selo.
Ora, o imposto de selo corresponde a
uma forma de tributação sobre a despesa, que inicialmente fundava-se na
autenticidade dos documentos, que
era cobrado através do uso de papel timbrado, ou selado. Hoje o selo
apresenta-se como um imposto de
incidência múltipla, abrangendo uma
imensidão de actos, contratos, livros,
papéis ou documentos geralmente
constante de uma tabela.
Em Angola o sistema de tributação à
despesa por via da selagem encontrase vertido no actual Regulamento do
Imposto do Selo aprovado pelo Diploma Legislativo n.º 3841, de 06 de
Agosto de 1968, tendo sido algumas
vezes alterado e actualizado, bem
como na respectiva tabela anexa
aprovada pelo Decreto n.º 71/04, de
09 de Julho. Quer o texto articulado
daquele regulamento, quer a respectiva tabela, ambos muito extensos, consagram normas complexas,
desactualizadas e inaplicáveis, que
há muito clamam por uma revisão,
ajustamentos e simplificação. É um
regulamento desarticulado, do ponto
de vista da sua sistemática jurídica, o
que suscita imensos constrangimentos na sua aplicação e interpretação.
A par dos reparos acima esboçados
em relação ao regime de selagem
actualmente em vigor, a inspirar a
provação de um código de imposto
de selo completamente novo, releva
a necessidade de eliminação da dispersão legislativa relativa selagem
de documentos, actos e contratos,
e respectiva liquidação, eliminando
regimes como o da liquidação por estampilha fiscal, ou selo de reconstrução nacional, o selo a tinta de óleo, as
letras seladas, as avenças.
Das principais inovações a serem introduzidas pelo Código do Imposto
de Selo desperta maior pertinência a
sua tendencial concentração a tributação sobre produtos financeiros, Os
instrumentos financeiros constituem
basicamente veículos de circulação
monetária, permitindo a captação
de poupanças para o financiamento
de investimentos. Essa tributação
representa a implementação de algum sentido de justiça tributária no
sector da circulação monetária. Todavia estarão sujeitos a imposto de
selo produtos como a utilização de
crédito sob várias formas, incluindo
factoring, desconto de letras, títulos
da dívida pública, operações de câmbio de notas em moedas estrangeiras,
saque sobre o estrangeiro, operação
de locação financeira de bens imóveis, contraprestações devidas por
serviços de intermediação financeira
e outras, sendo houve a preocupação
com a protecção de operações ligadas
a fins de natureza social, ao estabelecer-se a isenção de selo relativa a
contraprestações de locação financeira de bens imóveis destinados a
moradia de família, a isenção de contas “jovem”, conta “terceira idade”,
ou outra de carácter social, destacando também a isenção de apólices de
seguros de vida, saúde, acidentes de
trabalho, agrícola e pecuária. A sujeição a tributação de produtos financeiros tende a conferir maior autenticidade, formalidade e segurança às
operações dos mercados monetário e
financeiro. O novo Código do Imposto
de Selo apresenta uma estrutura jurídico – tributária de carácter futurista
e compatível com os desafios do mercado de capitais a ser implementado
em Angola.
(*)Jurista / PERT
«Neste primeiro
momento da
reforma fiscal,
as autoridades
angolanas têm
como foco principal
a elevação da
receita fiscal não
petrolífera»
10
8 Março 2012
Mercados
Dados cedidos pelo
ACTIVIDADE ECONÓMICA
Grécia levanta a voz para poder reduzir a sua dívida
A Grécia anunciou na Terça- os credores privados que não
feira que considerava desfa- aceitam participar” na opezer-se da dívida dos credores ração de reestruturação, deprivados que negariam parti- signada pelo acrónimo “PSI”,
cipar na operação de perdão indicou, num comunicado,
de parte da sua dívida. “O a Agencia grega de gestão
programa económico grego da dívida pública (PDMA). O
não considera pôr a disposi- mesmo comunicado revela os
ção fundos para reembolsar pormenores de uma apresenCrise da dívida trava o crescimento da China
A segunda maior economia corte determinante na condo mundo cortou a previsão fiança das exportações e nas
do seu crescimento para este despesas públicas a favor do
ano de 8% para 7,5%, sina- consumo. Wen Jiabao, no seu
lizando que os governantes discurso do estado da nação,
daquele país estão a fazer um disse que mantém a meta que
Balanço do BCE atinge níveis históricos
O balanço do Banco Central biliões do PIB da Alemanha,
Europeu publicado na semana quarta maior economia do
passada espelhou um aumento mundo. Na semana passada o
para o nível recorde de €3,02 BCE presenteou os bancos com
biliões ($3,96 biliões) de em- um financiamento de €529,5
préstimosaosbancoscomercias mil milhões a três anos, torda zona, superando em 31% o nando-se a maior operação de
PIB germânico. O empréstimo financiamento individual feita
aos bancos comerciais da zona pela instituição, adicionando
aumentou €310,7 mil milhões aos €489 mil milhões finanpara €1,13 biliões, na semana ciados em Dezembro último.
que findou no dia 2 de Março. O fluxo monetário que ajuda a
Neste momento o balanço do Europa a combater da crise de
BCE é um terço maior que o da dívida soberana e a desbloqueReserva Federal dos EUA de ar os créditos para as empresas
$2,9 biliões e eclipsa os €2,3 e famílias tem aumentado a ex-
Monitor da Crise Financeira na Europa
tação feita na Segunda-feira
perante investidores alemães
pelo Director Geral da PDMA,
Petros Christodoulou. A ameaça é dirigida essencialmente
aos bancos e fundos que detêm obrigações que não são
sujeitas ao direito grego, num
valor de €23 mil milhões (cer-
ca de $30,2 mil milhões). Com
efeito, a Grécia já anunciou,
que em relação aos títulos sujeitos ao direito grego, o país
poderá recorrer a algumas
cláusulas de acção colectiva
que lhe permitiria obrigar os
credores reticentes a aceitar
as ditas condições do “PSI”.
o país já tinha traçado desde
2001, em manter a taxa de inflação inalterável nos 4% este
ano. Em relação a sua política
monetária e fiscal, o governo
chinês manterá com a sua
proactividade e prudência,
após em Fevereiro ter baixado
a taxa das reservas obrigatórias, com intuito de estimular
o crédito e sustentar o crescimento.
posição ao risco dos 17 Bancos
Centrais da Zona em conjunto
com o BCE, que compõem o Eurosistema.
Evolução do balanço do BCE
13,58%
6,81%
5,05%
33,01%
5,18%
8,64%
3,55%
2,89%
1,79%
2,13%
-2,70%
-0,10%
-0,50%
-7,00%
0,30%
1,40%
0,90%
1,40%
2,00%
0,70%
93,30%
92,50%
118,40%
144,90%
61,00%
81,30%
96,20%
82,30%
83,20%
79,90%
-9,80%
-31,30%
-4,60%
-10,60%
-9,30%
-4,20%
-4,10%
-7,10%
-4,30%
-10,30%
3,50%
2,20%
3,30%
2,32%
2,00%
5,50%
3,20%
2,30%
2,30%
3,60%
TBC- 63 dias
TBC- 182 dias
EURIBOR 1 M
EURIBOR 6 M
EURIBOR 12 M
LIBOR 1 M
LIBOR 6 M
LIBOR 12 M
MOEDA
AKZ
AKZ
EUR
EUR
EUR
USD
USD
USD
5-Mar-12
6,49
6,80
0,521
1,242
1,572
0,243
0,743
1,054
Var. Sm. Bp
36
0
-5
-5
-5
0
-1
-1
Var. Ac. Bp
-60
0
-59
-42
-42
-5
-6
-7
Var. Sem.
0,00%
-0,92%
1,54%
-1,30%
0,18%
0,58%
1,70%
0,12%
Var. Acum.
0,03%
2,54%
8,27%
1,43%
1,65%
-5,68%
-5,52%
0,20%
Taxas de CÂMBIO SPOT
Cotação
USD/AKZ
EUR/AKZ
ZAR/AKZ
EUR/USD
GBP/USD
USD/ZAR
USD/BRL
USD/CNY
5-Mar-12
95,544
126,768
12,759
1,3236
1,5872
7,582
1,7358
6,3069
Mercados Accionistas
Índice
DOW JONES
S & P 500
NASDAQ
FTSE 100
BOVESPA
PSI 20
Nikkei 225
Fonte: Bloomberg
5-Mar-12
12.909,23
1.364,33
2.958,45
5.874,82
66.957,22
5.651,91
9.698,59
Var.Sem.
-0,56%
-0,24%
-0,26%
-0,69%
2,63%
2,15%
-0,25%
Var.Acum.
3,63%
6,83%
11,69%
3,07%
13,48%
-0,86%
14,70%
Commodities Lehman Brothers inicia liquidação três anos depois da falência
O banco de investimento Leh- americana sobre as falências uma nova fase do desmemman Brothers anunciou a sua de empresas) e a entrada na bramento, onde $65 mil misaída do processo judicial, etapa final do processo, as lhões de activos serão distritrês anos e meio depois da distribuições aos credores”, buídos.
falência que precipitou a cri- declarou num comunicado o A distribuição começará no
se financeira mundial. “Esta- COO, John Suckow. No entan- dia 17 de Abril com uma primos orgulhosos de anunciar to, o banco, não irá reiniciar meira tranche de $10 mil mia saída do Capitulo 11 (da lei a sua actividade. Trata-se de lhões. A falência da Lehman
Brothers, um dos estabelecimentos mais prestigiosos
da Wall Street no dia 15 de
Setembro de 2008, é até hoje
a maior falência registada de
sempre nos EUA, com $691
mil milhões de activos em
consideração.
AIG vende $6 mil milhões em acções da AIA
A seguradora que recebeu sua maior parte, pelo Estado,
um resgate de $182,3 mil está a oferecer cerca de 1,7
milhões após o colapso do mil milhões de títulos da AIA
Lehman Brothers, está a ven- a um preço unitário de entre
der $6 mil milhões em acções 27,15 e 27,50 dólares de Hong
da AIA, a sua filial asiática, Kong a investidores institupara pagar a Washington. cionais não identificados, de
Em concreto, a seguradora acordo com um documento
norte-americana, detida, na obtido pela agência Bloom-
berg. Sublinhe-se que a AIG
ficará a deter cerca de 19% da
sua filial asiática após a oferta de acções.
A AIG foi salva da falência em
Setembro de 2008, depois de
o colapso do mercado imobiliário subprime e do Lehman
Brothers terem provocado
“downgrades”
sucessivos
do rating de crédito da companhia, que cobria mais de
$441 mil milhões de investimentos em renda fixa. Acrescentou ainda que a alienação
de títulos da AIA vai ajudar a
minimizar a preocupação dos
investidores.
Standard & Poor’s corta o rating da Nokia
A agência de notação Stan- fabricante finlandês de equidard & Poor’s cortou na pamentos de telecomunicaSexta-feira de um nível o ra- ções por suas dificuldades
ting da Nokia, sancionando o no ramo dos “smartphones”.
O rating a longo prazo foi assim cortado para “BBB-“ de
“BBB”, associado com uma
perspectiva negativa, o que
traduz que um novo corte é
possível no contexto de uma
deterioração nos próximos
dois anos.
Crescimento do PIB da Austrália em 2011,
abaixo das previsões iniciais de 2.75%,
segundo o Banco da Reserva Australiana.
PAÍS
1.221,91
Portugal
628,78
Irlanda
380,68
Itália
22.945,61
Grécia
406,78
Espanha
515,00
Hungria
241,94
Bélgica
183,72
França
81,33
Alemanha
Reino Unido 67,88
IPC
Mensal
Taxas de JURO
EMPRESAS
2,3%
PIB 2011
CDS
Yelds PIB 4. º Tr.11 Dívida Défice
5 anos
10 anos Var.Hom. Pib 2010 Pib 2011
(Bp)
€700 milhões
Lucros do Bundesbank em 2011, aquém dos
€2,5 mil milhões esperados, devido à crise
orçamental na Europa.
Matérias primas
Brent
Crud oil (Angola)
Gas Natural
Ouro Spot
Platina
5-Mar-12
126,82
123,88
2,36
1.700,80
1.661,00
Var. Sem.
2,13%
-0,02%
-9,23%
-4,22%
-2,92%
Var.Acum.
17,06%
11,00%
-20,96%
8,65%
19,15%
mercados
FMI espera que Portugal regresse ao mercado
O enviado especial do Fundo mantém-se a ideia básica que
Monetário Internacional em Portugal regresse ao mercaPortugal, Abebe Aemro Se- do de títulos mais tardar no
lassie, apresentou a possibi- próximo ano. Com os cortes
lidade de Portugal regressar nas despesas e o aumento dos
ao mercado obrigacionista impostos, feitos pelo governo
em 2013. O mesmo reiterou, de Pedro Passos Coelho, para
que os investidores privados atender as exigências do plaainda se sentem avessos a in- no de ajuda do FMI e da União
vestirem nos títulos de dívida Europeia de €78 mil milhões
pública. Selassie, que está a ($103 mil milhões), acredita
supervisionar as contas portu- ele que Portugal está deterguesas para receber o próximo minado a receber o próximo
financiamento, disse que não fundo de ajuda e regressar ao
será uma tarefa fácil, contudo, mercado de títulos em 2013.
2,7%
Crescimento do PIB brasileiro em 2011, menor
que o crescimento de 7,5% em 2010 e os 3,2%
previstos pelo Governo para 2011.
8 Março 2012
Fecho
11
Os clientes da Unitel poderão usufruir dos serviços
dos “Smarthphones BlackBerry, graças a um acordo
entre a operadora e a empresa canadiana Research
In Motion
Angola e UE abraçam caminho conjunto
Estão finalmente preparadas as
condições para a formalização de
uma nova era na cooperação entre
Angola e União Europeia (UE). Esta
foi uma das conclusões retiradas da
visita que Koen Vervaeke, director
para a África Austral do Serviço Europeu de Acção Externa, efectuou a
Angola e que decorreu entre os dias
27 e 28 de Fevereiro.
A visita teve como objectivo principal a negociação do documento
“Caminho Conjunto Angola – União
Europeia”. “Este documento estratégico visa elevar a um novo patamar o
relacionamento entre ambas as partes, através do aprofundamento do
diálogo político e da cooperação em
áreas de interesse comum, reconhecendo o papel crescente de Angola
no plano regional e internacional e
o potencial de evolução da relação
bilateral entre Angola e a União Europeia”, segundo comunicado a que
o Novo Jornal teve acesso.
O documento estava praticamente em banho-maria desde 2009 mas
deve ser definitivamente ratificado
com a visita oficial do presidente da
Comissão Europeu, o português Durão Barroso, que em princípio se vai
realizar em Abril. Segundo Carolina
Cordeiro, chefe da secção de política
da delegação da UE em Angola, este
é um “acordo que visa reforçar o diálogo político e económico entre as
duas partes”.
A parceria económica sai, no entanto, com um novo impulso. “É verdade que há um forte impulso económico neste caminho conjunto. O
acordo vai também aprofundar a cooperação em áreas técnicas, como
são os casos dos transporte, energia, formação superior e mobili-
dade”, explicou a diplomata portuguesa “emprestada” às relações
exteriores da UE.
Nesta nova fase, espera-se que caminho tenha em conta as particularidades de Angola e da UE. “É preciso que isso aconteça, que os dois
lados troquem experiências. Não é
só a UE que tem algo para dar a Angola, Angola também tem sectores onde pode contribuir e mostrar
a sua experiência. Falo, concretamente, do sector militar mas também de sectores económicos, como
ao nível do LNG, por exemplo, onde
Angola tem um grande projecto em
fase de arranque”, frisou Carolina
Cordeiro.
A União Europeia é actualmente o
maior doador a “fundo perdido” de
Angola. Desenvolve com o Governo de Angola um programa de cooperação plurianual (2008-2013) ao
abrigo do 10º Fundo Europeu para
o Desenvolvimento e do Orçamento
da Comissão Europeia, num total de
mais de 250 milhões de euros.
Ao abrigo deste programa estão a
ser desenvolvidos diversos projectos em sectores identificados como
prioritários pelo Governo de Angola, designadamente governação,
justiça e apoio institucional, saúde
e educação, agua e saneamento, desenvolvimento rural, e outras áreas
como desminagem, apoio a actores
não-estatais e à integração regional. Este programa é complementado por outros apoios ao abrigo
de linhas de financiamento temáticas geridas pela União Europeia nas
áreas dos direitos humanos, actores
não estatais e segurança alimentar.
Segundo os últimos dados disponíveis, a UE é o maior exportador para Angola e o terceiro principal parceiro comercial em termos globais.
Tem ainda assumido crescente relevância no quadro dos investimentos. Em termos regionais, Angola é
actualmente o segundo principal
parceiro comercial da UE na África
Austral.
M.G.
centivarem e financiarem a actividade empreendedora, por via de infra-estruturas e do acesso a linhas
de crédito. De acordo com o professor universitário o emprendedorismo organizado tem um peso forte na redução do desemprego e da
pobreza.
O economista defende ainda a me-
lhoria das condições da actividade comercial, a melhoraria das associações profissionais, a inclusão
dos empreendedores informais em
pequenas associações, a organização dos canais de distribuição bem
como facilitar o escoamento dos
produtos agrícolas.
DOMINGOS BENTO
Fausto Martins, economista
Apoiar o empreendedorismo
para reduzir o desemprego
Em Angola, cerca de 40 por cento
das pessoas que tem uma actividade remunerada têm o seu próprio
negócio, o que pressupõe dizer que
31,9 por cento da população angolana é empreendedora.
Estes dados foram apurados pela Global Entreprenurship Monitor,
da última vez que esteve em Angola em 2010, e apresentado na terça-feira, 6, pelo economista Fausto
de Carvalho Martins, na abertura
do ano académico da Universidade Lusíada de Angola, na sua tradicional oração de sapiência que
abordou o tema “Empreendedorismo um desafio a redução da pobreza e da taxa de desemprego”.
Com o objectivo de destacar a necessidade e importância do em-
prendedorismo e o seu contributo
na criação de emprego, o palestrante que também é decano da Faculdade de Economia da Universidade Agostinho Neto, começou por
dizer que o empreendedor é todo
individuo que “perante uma situação de necessidade ou oportunidade assume uma actividade económica”. Para tal, de acordo com
o académico, a estrutura organizacional de uma actividade empreendedora não tem que ser necessariamente tão complexa como aquela
que subsiste numa estrutura convencional empresarial.
Segundo ainda Fausto Martins,
em Angola são inúmeros os factores que influenciam o empreendedorismo quer de forma formal bem
como o informal. Entre eles está
o auto-emprego que é entendido
como a pessoa que tem o seu próprio negócio e a taxa de mortalidade das empresas, ou seja, o número
de organizações que são criadas e
num período de três meses tendem
a desaparecer. Esta taxa, de acordo
com o orador, ronda os 85 por cento. Que é considerado grave.
Em conformidade com Fausto Martins, se a cultura e o comportamento empresarial do empreendedor estiverem assentes nos valores
económicos e sociais que inspiram
alguma possibilidade de sucesso,
através da partilha e todos os métodos legalmente constituídos,
então, passa a ser obrigação dos
bancos comerciais e do Estado in-