Entrevista com Thyaguinho - Nádia Timm . Revista Eletrônica

Transcrição

Entrevista com Thyaguinho - Nádia Timm . Revista Eletrônica
nadiatimm.com
Entrevista com Thyaguinho
13-Mar-2009
Jiu-Jítsu pode significar paz? Pode sim, para o lutador Thyaguinho esta arte marcial que sofre tanto preconceito,
também representa superação e uma filosofia de vida. Em entrevista exclusiva, ele fala sobre sua trajetória de sucessos
no tatame. No Brasil e no exterior, um exemplo de garra! No último final de semana, Thyaguinho participou da I Copa
Mercosul de Jiu-Jítsu, em Buenos Aires. Os patrocinadores do atleta são: Cepacol, La Fruit e Vulkano.
Nádia Timm*
O atletaThyago Henrique Guimarães Silva conhecido no Jiu- Jítsu como Thyaguinho tem 24 anos e se apresenta como
um lutador profissional de Jiu-Jítsu.
Natural de Goiânia, com apenas dois anos e seis meses de Jiu-Jítsu ele já é faixa Roxa da Equipe Gracie/Barra, de
Frederico Pimentel e contabiliza uma respeitavel lista de vitórias que o destacam como um nome promissor da nova
geração de competidores brasileiros.
Nesta entrevista, ele conta sobre sua recente participação no Campeonato Europeu, em Lisboa, superando as
expectativas, a fidelidade ao seu mestre Frederico Pimentel e o respeito aos praticantes do Jiu-Jíts. Entre os assuntos,
alguns polêmicos como o uso de "bombas", de anabolizantes.
Thyaguinho lembra que apesar de ter ficado cego do olho direito, por um erro médico, quando tinha dois anos, este
fator limitador se transfomou em motivação para sua dedicação ao esporte.
Nádia Timm - Como surgiu o interesse pelo Jiu-Jítsu?
Thyaguinho - Quando morei nos Estados Unidos, em 2003 e 2004, lá havia muitos lutadores amigos meus e sempre
havia uns rolinhas.
Eu ia e participava com a galera, tomava umas amassadas. Lá eu não conseguia conciliar meu trabalho com os
treinamentos.
Logo depois que cheguei, passei um tempo no Brasil, tive alguns problemas pessoais, estava com depressão e meio
desanimado, e para não ficar parado, decidi me dedicar ao esporte.
Nádia Timm - Quem são seus ídolos, suas referências? Por quê?
Thyaguinho - Meu maior ídolo e referência é meu mestre Frederico Pimentel, que é um exemplo de pessoa e de
lutador.
Ele sabe muito de Jiu-Jítsu, é um cara que dedicou sua vida inteira ao esporte e hoje colhe os frutos de sua dedicação
que são atletas de ponta.
Outros que posso citar: Cristiano Pancada que é um cara que sabe muito de Jiu-Jítsu, Bebezão, Pimentinha, Miogre,
Roleta, Rickson Gracie, Roger Gracie, Tererê, Marcelinho Garcia, Kron Gracie, Braulio Estima, Cobrinha, Andre Galvão
e outros.
Nádia Timm - Além de praticar, você estuda Jiu-Jítsu?
Thyaguinho – Claro, o lutador tem sempre que se atualizar, vejo sempre vídeos, compro sempre as revistas e
livros.
Acho que alguém que quer se diferenciar de um atleta de academia tem que buscar algo extra, fora da academia para
que isso seja o seu diferencial.
Nádia Timm - De que forma a Internet tem colaborado com o desenvolvimento desta arte marcial?
Thyaguinho - Hoje, a gente pode ver vários vídeos desses craques do Jiu-Jítsu gratuitamente, aulas de alguns
professores e várias posições novas que os atletas desenvolvem e compartilham na rede.
Nádia Timm - Você também cria golpes, como surge e desenvolve a idéia?
Thyaguinho – Claro, o Jiu-Jítsu é diferente por isso. Desde a faixa branca até o maior dos mestres sempre se
http://nadiatimm.com/Joomla
Produzido em Joomla!
Criado em: 1 October, 2016, 05:50
nadiatimm.com
pode criar uma novidade, uma posição nova uma pegada nova.
Às vezes, estou em casa pensando em uma posição, pego minha irmã e tento (RS)... E também, às vezes, fico até sem
dormir pensando em uma posição nova e, no outro dia, pego alguém na academia e tento desenvolvê-la.
E sempre depois disso pergunto para os meus professores para ver as possíveis defesas dessa nova posição.
Nádia Timm - O mestre Frederico Pimentel diz que cada atleta tem seu próprio Jiu-Jítsu, como define o seu?
Thyaguinho - Defino o meu como um Jiu-Jítsu mais suave e técnico, meio esquisito como o do Roleta, difícil de entender,
mas é um Jiu-Jítsu que sempre busca a movimentação e a finalização.
Quais e de quantos campeonatos participou?
Thyaguinho - O meu primeiro campeonato foi o Goiano de 2006. Eu tinha pouco menos de dois meses de Jiu-Jítsu e
finalizei todas as minhas lutas exceto a final que perdi por pontos.
Logo depois disso já troquei de faixa para Azul. No começo do ano de 2007, na primeira etapa do Goiano e fiquei em
terceiro lugar. A partir daí, me dediquei muito aos treinamentos e consegui excelentes resultados.
Minhas classificações foram as seguintes:
Em 2006, fiquei em segundo lugar, na II Etapa do Campeonato Goiano de Jiu-Jítsu, Faixa Branca, Peso Pena.
Em 2007, primeiros lugares na III Etapa do Campeonato Goiano de Jiu-Jítsu – Faixa Azul – Peso Pena e
no Impacto Fight MMA – Peso Pena. Segundo lugar nos Jogos Abertos de Goiás, GP Azul/Roxa, Peso Pena.
Terceiros lugares, no 18º Campeonato Brasileiro Interclubes – Faixa Azul – Peso Leve, no VII Submission
Fight – Peso Pena e na I Etapa do Campeonato Goiano de Jiu-Jítsu – Faixa Azul – Peso Pena.
Em 2008, primeiros lugares no Open Internacional de Jiu-Jítsu – Faixa Roxa – Peso Pena, nos Jogos
Abertos de Goiás – GP Azul Roxa – Peso Pena, na III Etapa do Campeonato Goiano de Jiu-Jítsu –
Faixa Roxa – Peso Pena e no I Groove Fighting MMA – Peso Pena. Terceiro lugar, na II Etapa do
Campeonato Goiano de Jiu-Jítsu – Faixa Roxa – Peso Pena.
Em 2009, primeiro lugarr no Desafio de Seleções do Campeonato Europeu de Jiu-Jítsu – Faixa Roxa – Peso
até 76kg. e quarto lugar no Campeonato Europeu de Jiu-Jítsu – Faixa Roxa – Peso Absoluto.
Nádia Timm - Em que modalidade lutou no Europeu?
Thyaguinho - Lutei na Faixa Roxa Peso Absoluto, na Faixa Roxa Peso Pena, e no Nacional Teams Match que é o
desafio de seleções onde tive o prazer de representar a seleção do Brasil, na faixa roxa, peso até 76kg.
Nádia Timm - Como é a questão o patrocínio no Jiu-Jítsu? Quais as perspectivas?
Thyaguinho - É muito difícil, diria que até impossível, porque para ser um atleta de ponta você tem que se dedicar em
tempo integral, isso significa parar de trabalhar.
Se a família não apoiar fica muito difícil, pois em campeonatos e competições não se tem nenhum retorno financeiro.
Esse ano, também tenho alguns planos pra minha vida e sem um patrocínio vai ficar muito difícil eu me dedicar muito ao
esporte.
Nádia Timm - Quais atletas participaram da Equipe do Brasil?
Thyaguinho – Thyago (eu), Elton Barbosa, Rayfan, Rafael e Lucas e o nosso técnico era o Pé de Pano.
Nádia Timm - Qual foi o resultado final e em que os atletas brasileiros do Jiu-Jítsu Gracie se destacaram?
Thyaguinho - No geral, o Brasil foi o grande campeão, os brasileiro se destacam pelo Jiu-Jítsu mais suave e mais bonito
com muitas raspagens e finalizações. A busca pela finalização era um ensinamento grande mestre Hélio Gracie.
Nádia Timm - Como foi sua preparação? Quantas horas?
http://nadiatimm.com/Joomla
Produzido em Joomla!
Criado em: 1 October, 2016, 05:50
nadiatimm.com
Thyaguinho - Eu treinava todos os dias de manhã, à tarde e a noite, exceto no sábado, quando descansava.
Nádia Timm - Qual tipo de treinamento?
Thyaguinho - Muito rola, musculação, corrida, preparação física, treinos físicos específicos para Jiu-Jítsu e muito estudo.
Nádia Timm - E a alimentação?
Thyaguinho - alimentação também é bastante regrada, muita suplementação, pois só com a alimentação o corpo não
consegue aguentar. Nádia Timm - Qual sua opinião sobre o uso de “bombas”?
Thyaguinho - Minha opinião sobre esse assunto é meio polêmica, pois sou totalmente a favor do uso de anabolizantes
e acredito que eles podem trabalhar de forma positiva na preparação de atletas.
Lógico que depende de um bom acompanhamento de um médico especialista. Acho também que várias dessas
substâncias deveriam ser liberadas e vendidas nas farmácias com receitas médicas.
O que não concordo é com a forma com que esse assunto é tratado. Porque mesmo com a proibição as pessoas ainda
usam e usam mal, porque são mal instruídas, são instruídas por pessoas que não tem nenhum interesse na saúde do
atleta e sim o interesse financeiro.
É um assunto complicado, mas acho que todo esse trabalho com anabolizantes seria benéfico para os atletas que
passassem por acompanhamento com o profissional.
Nádia Timm - O que a experiência rendeu? Quais os melhores momentos?
Thyaguinho - Acho que as experiências em competições são muito importantes para o desenvolvimento dos atletas,
principalmente grandes competições. É muito diferente o rola do treinamento para o da competição, na competição tudo muda.
A torcida, a responsabilidade de representar uma equipe como a Gracie Barra.
Para mim, o melhor momento foi nos Jogos abertos de 2007, quando estava no GP azul e roxa e lutei de azul. Peguei
um faixa roxa de Goiânia muito bom e muito respeitado na época.
Eu entrei com a cabeça, certo de que ia perder, pois o cara era muito bom, mais fiz uma luta muito linda e consegui a
vitória. Consegui minha faixa roxa no mesmo dia, foi muito emocionante.
Nádia Timm - E os mais desafiantes?
Thyaguinho - Os momentos mais desafiantes foram as mudanças de faixa principalmente da azul para roxa, que o nível
dos atletas é muito melhor.
No começo da faixa você sempre perde um pouco pela falta de experiência, mas nada que bons dias de treino com a
equipe e aquele puxada de orelha do mestre não resolvam essa etapa.
Nádia Timm - Como foi seu encontro com o Rickson?
Thyaguinho - Para mim foi muito emocionante, pois é ele é um ícone muito importante da História do Jiu-Jítsu.
Poucas pessoas no mundo tiveram esse prazer e eu sou uma delas, de acordo até com meu mestre ele foi o melhor do
mundo até hoje. Só temos que respeitá-lo e agradecê-lo pelo que fez para o nosso esporte.
Nádia Timm - Como o Jiu-Jítsu Gracie é considerado na Europa?
Thyaguinho - É muito respeitado com certeza em todos os países, reflexo disso é o grande número de atletas de
diferentes países inscritos na competição, os atletas brasileiros também são bastante respeitados também.
Nádia Timm - Surgiu algum convite para equipes internacionais?
Thyaguinho - Convites para treinar e deixar o Brasil não, mais conheci vários professores de várias partes do mundo
que abriram as portas pra mim a qualquer momento.
Mas sou muito fiel ao meu mestre e onde ele estiver ou onde ele me apoiar estarei é com ele.
Nádia Timm - E a experiência de ser árbitro de uma competição internacional de alto nível?
http://nadiatimm.com/Joomla
Produzido em Joomla!
Criado em: 1 October, 2016, 05:50
nadiatimm.com
Thyaguinho - Para mim foi muito gratificante, acho que assim como eu no início nunca acreditei que ia chegar onde
cheguei, apitar uma competição internacional tão importante como o campeonato Europeu.
No início, deu um frio na barriga, mas logo entrei no clima da competição e ficou tudo bem. É também muito gratificante
você conseguir acrescentar algo de bom em uma competição tão grande.
Trouxe mais humildade comigo porque conheci várias pessoas importantes lá, como Mestre Rickson Gracie, Kron
Gracie, Roger Gracie, Braulio Estima, Fabio Gurgel e outros.
Atletas que foram ou ainda são referências para o esporte e mostraram que mesmo sendo os melhores do mundo, ou
até os melhores de todos os tempos, ainda tem muita humildade e dão atenção por igual à todos.
Nádia Timm - O que o Jiu-Jítsu significa para você?
Thyaguinho - Significa PAZ, uma filosofia de vida, um modo de viver, significa superação, aprendizado, significa acreditar
que tudo é possível, basta correr atrás, hoje posso dizer que o Jiu- Jítsu é a minha vida.
Nádia timm - Quais seus planos?
Thyaguinho - Tenho planos para o ano de 2009 de participar de várias competições, porém sem o a ajuda de um
patrocinador vai ficar muito difícil pois, cada dia que passa, o tempo vai te exigindo certas escolhas.
Hoje, penso em ter minha família, casar e sem condições financeiras isso não seria possível. Hoje, o Jiu-Jítsu não me
permite viver dele, não me dá condições me dedicar mais. Ao contrário, cada vez que passa vem as responsabilidades e
temo que isso me afaste das competições, pois não posso sacrificar minha vida com algo que não me dê retorno
financeiro.
Nádia Timm – Que mais gostaria de abordar?
Thyaguinho - Sei que no inicio muitas pessoas olhavam pra mim diferente pela minha deficiência visual, mas hoje
consigo o respeito dessas pessoas.
Muitas pessoas que não acreditavam na minha capacidade ou até na minha vontade de vencer e na minha superação.
Assim como falei em outra entrevista, a pessoa com deficiência deve vencer o preconceito que ela tem com ela
mesma, depois ela ainda tem que vencer o preconceito que as pessoas têm com ela e mostrar que ela é capaz, e
conquistar seu espaço.
Hoje, às vezes nem eu mesmo me lembro que tenho uma deficiência e isso nunca foi e nunca será pra mim um fator
limitador e sim um fator motivador, pois dentro do tatame somos todos iguais, não existe cor, não existe raça, não existe
tamanho, não existe fator financeiro. Na hora da luta é igual para todo mundo.
Queria agradecer a família, meu pai Alexandre Elcano e minha mãe Ângela, minha noiva Fernanda, meu mestre Frederico
Pimentel e meu professor Cristiano pancada, meu amigo e professor Miogre Tavares que me apóiam nessa jornada e
principalmente aos meus companheiros e colegas de treino.
Desde o menos ao mais graduado, pois sem eles eu seria incapaz de desenvolver e aprimorar meu Jiu-Jítsu, pois o Jiu Jítsu não se treina sozinho.
Também gostaria de dedicar todas as minhas vitórias e conquistas à essas pessoas. Sem elas eu não seria ninguém e
não teria chegado onde eu cheguei. Sei que o caminho que percorri ainda é muito curto e sei que com a ajuda dessas
pessoas ainda posso ir mais longe nesse caminho dessa arte que não tem FIM.
Obrigado!
Contatos de Thyago Guimarães (55) 62 8113-5583 (55) 62 3088-4242
http://nadiatimm.com/Joomla
Produzido em Joomla!
Skype - thyago.silva
Criado em: 1 October, 2016, 05:50

Documentos relacionados