Catarina Fernandes
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Catarina Fernandes
09 publ&MAG e-mag da responsabilidade da publiSITIO® art & lifestyle publicação bimestral gratuita ano02 número 9 . Novembro/Dezembro . 2008 09 ano/year 02 número/number 09 publ&MAG art & lifestyle . Novembro/Dezembro . 008 . November/December . 008 CAPA . COVER sweet child o mine FOTOGRAFIA Rita Aparício Fotógrafa / Photographer MODELO Sara Afonso URL www.olhares.com/umbria A publ&MAG é um projecto baseado na paixão pela arte e pelo design, materializada numa revista electrónica bimestral diz, Daniel Fernandes na frase de apresentação do primeiro vídeo criado com o projecto publ&MAG. Essa paixão, ou namoro materializa-se neste número nove com a oportunidade de passar à prática uma ideia que me acompanha desde o início deste projecto, A convite, Ricardo Santo Meireles desenvolve, em exclusivo para a publ&MAG, trabalho de fotografia com tema livre. Ilusão, Alucinação, Delírio foi o título apresentado pelo próprio onde, através da objectiva, revela um estado de ansiedade e inquietude perante o que nos rodeia. Um delírio, um reflexo distorcido ou a realidade? Num trabalho complementar Daniel Fernandes e Telmo Pereira, aceitam o desafio de construir um mini-filme e banda sonora a partir do trabalho de Ricardo Meireles. É desta parceria de três artistas que surge o vídeo Ilusão, Alucinação, Delírio. O primeiro projecto produzido em exclusivo para a publ&MAG. Um devaneio artístico em tom de videoclip hipnótico, de um estado de quase paranóia, encenada pelo fotógrafo. Ilusão, Alucinação, Delírio, pode ser visto no YOUTUBE, conforme link. Sem mais delongas, uma última novidade. Agora é possível ver ou rever a publ&MAG em flash (para os aficionados desta aplicação), com o motor da ISSUU, parece tal qual folhear as páginas de uma revista em papel. Bom Natal e feliz 2009. art & lifestyle e-mail: [email protected] A primeira vez publ&MAG editorial por: Carlos Costa r r i A l A e l a a 2 2 g g a j n a d n r d o r o a a r r q q u u i i t t i c c a a r r d d o o d d c c j e a a a a t t e e n n a a d d A A u u N N i i r r s s a a n n t t o o s s i e e i a a G G l l n n f f a a r r d d E E L L f f o o A A e e e e C l e e c m m e e r r n n a r r n n a s s R R a a I r r I B publ&MAG art & lifestyle l C a l v a o v o c t t u u r r a a i r r e e l l e e s s i 06 Alejandro Clavo 16 A2G Arquitectura 28 Ricardo santos Meireles a n n d d e e s s 38 Daniel fernandes a n n d d e e s s 40 catarina fernandes d d i B E E i n n I I h h R R a a 48 eduardo sardinha O O 54 ANGELA RIBEIRO art & lifestyle publ&MAG # index 09 Alejandro Clavo (Palma de Mallorca-Espanha) http://www.alejandroclavo.com [email protected] 06 Al ej an dr o Cl av o page/página art & lifestyle publ&MAG Alejandro Clavo. Voyeur Alejandro Clavo. Arbol Con Hojas Alejandro Clavo Les presento parte de mi obra. En este caso piezas para las que he utilizado la fotografía. Algunos son objetos cotidianos que podemos encontrar en casa, y que combinados con otros objetos dan resultados insólitos. Despiertan ideas que son en algunos casos una forma de poesia visual, en otros una visión irónica, y por que no también reconozco, hay sarcasmo. El Capuccino, cuyo cerebro se confunde con la espuma de un café, el café que uno toma para exprimir ideas. Las moscas que revolotean alrededor de... bueno todos sabemos alrededor de que revolotean las moscas. El tenedor perenne, cuya naturaleza que el hombre pretende domesticar dándole las más diversas formas siempre es más fuerte y acaba saliendo por algún lado, como esas puertas que una vez encajadas en sus bisagras sueltan savia y nos recuerdan que algún dia fueron árboles. Recuerdo esas puertas en la casa de mi infancia hechas en madera de pino de norte y como décadas después de ser cortadas seguían llorando savia. O el árbol con hojas, una metáfora en la misma dirección que la anterior que nos recuerda la deforestación que el homber ejerce de forma salvaje e incontrolada. Voyeur, cuyo significado se entiende al abrir la caja, pero que si nos damos cuenta se pone en funcionamiento cuando se cierra haciendo coinidir el ojo en la cerradura y disfrutando en la intimidad de la caja cerrada de su visión secreta. Alejandro Clavo. moscas art & lifestyle publ&MAG Alejandro Clavo. Capuccino Alejandro Clavo. Tenedor Vivo art & lifestyle publ&MAG Alejandro Clavo. Tipycal Spanish art & lifestyle publ&MAG Esta es la visión personal de las piezas que presento y espero sirvan de reflexión en algún caso y para despertar una sonrisa en otros. Con eso me doy por satisfecho. art & lifestyle publ&MAG En Música enlatada me pregunto si todavía existen músicos, aquellos que cantan e interpretan sus propias composiciones, y si se sigue estudiando solfeo, la adquisición del conocimiento de la música y el contacto con los instrumentos de viento, metal, cuerda. O por el contrario ya todo es una suerte de sintetizadores, cables, playback, falso directo, en definitiva: música enlatada. Implante postal es una imagen menos pretenciosa, solo plástica, y hace referencia al poder de la palabra que puede ser oral, y puede ser escrita. Typical Spanish hace referencia a la veneración que se tiene en España a los productos cárnicos derivados del cerdo que se ensalzan a la categoría de joyas, pero que en ocasiones se llega al exceso como ese collar de chorizos. Y por último desnudos sobre la hierba, simple juego visual entre unas figuras desnudas en miniatura que descansan sobre la hierba. Sobre la hierba de una esponja de lavar loza. Alejandro Clavo. Musica Enlatada art & lifestyle publ&MAG Alejandro Clavo. Desnudo Sobre Hierba art & lifestyle publ&MAG A2G Arquitectura (Matosinhos-Portugal) http://www.adoisg.com [email protected] 16 a2 g Ar qu it ec tu ra page/página art & lifestyle publ&MAG A2G arquitectura edifício matosinhos O Edifício de Matosinhos A paisagem urbana que se tem desenvolvido na última década, na área, agora chamada de Matosinhos Sul, tem sido uma sequência de inócuos e estéreis edifícios de habitação e comércio, que à excepção de uma ligeira mudança nos matérias de revestimento de fachada, não se distinguem. A área é apetecível, o valor urbanístico-comercial tem subido e a pressão dos especuladores imobiliários aumenta. O resultado pode observar-se por todo o lado, num país desregrado, sem referências, com pouca vertente para o urbanismo e o seu lado pedagógico. A construção deverá, tão só e apenas, albergar. O público agradece e não será a mão cheia de arquitectos que conseguirá fazer a (ocasional) obra de autor, meritória de aplauso em revistas especializadas, que irá conseguir contrariar a tendência. Numa envolvente valorizada, o promotor encomenda um convencional edifício de habitação. O atelier deseja e assume o contrato com o promotor propondo uma aproximação radicalmente diferente ao pedido. Nesta direcção, o chamado Urbanismo Comercial sofre um revês e começamse a considerar valores estéticos e funcionais distintos e mais elevados. Afinal, havia a segurança de atingir um público alvo com necessidades distintas. Esse pequeno nicho de mercado encontra-se em expansão. Em contraposição à banalidade da oferta da área, oferece-se um conjunto de tipologias estudadas para uma vivência mais contemporânea. art & lifestyle publ&MAG Toda a área em questão foi, durante décadas a zona industrial de enlatados de Matosinhos. Não descurando todo o desenvolvimento económico que o Porto de Leixões tem proporcionado a esta cidade quase satélite do Porto, esta foi sempre a área de motor económico do concelho. Nas suas velhas fábricas de enlatados, reside uma significativa parte da memória colectiva de Matosinhos. Assim a Forma nasce, de uma sólida e representativa unidade fabril, surge o limite do edifício. O entendimento da volumetria permitida pelo Plano de Pormenor de Álvaro Siza Vieira, vai limitar o crescimento vertical do mesmo. O material utilizado, o betão, cofrado, vai-nos transportar directamente para a memória da solidez das antigas fábricas ali existentes. art & lifestyle publ&MAG Há anos que as peças de Eduardo Chillida me impressionam pela sua simplicidade. Demonstra cenários abstraindo sólidos. De um bloco opaco e indivisível recorta peças que deixam transparecer espaços quase arquitectónicos. Uma subtileza de gesto parecida vai inspirar, neste edifício, a definição das tipologias por subtracção material. Recortando peças, começam por recuar os planos de vidro das caixilharias e, assim, a subdivisão das tipologias dos diferentes apartamentos, dá lugar a uma percepção unitária, individual, dos próprios compartimentos. Quartos, salas, cozinhas, aparecem, revelam-se. art & lifestyle Da forma de expressão inicial, que envolvia o estudo do espaço cheio, surge o destacamento das lajes. Os pontos de apoio das paredes estruturais quebram-se e estas soltam-se, marcando a horizontalidade do edifício. publ&MAG Ao crescer, o edifício vai precisando de factores indicadores humanos. Os pisos marcam-se em lajes aparentes. As caixilharias devolvem a luz ao interior do bloco. Do exterior são aparentes as tipologias de apartamentos que se querem visíveis e óbvios. Pela necessidade de privacidade em cada apartamento, nas zonas privadas dividem-se verticalmente as mesmas tipologias e adquire-se um ritmo de fachada muito próprio. A relação do edifício com a via pública adquire então um formato mais palpável. É necessário definir o toque com o público transeunte. A dificuldade expressada pelo promotor na venda de fracções comerciais convencionais, faz eco numa nova abordagem. Cada uma das células ao nível do R/c, que logo são acessíveis a potenciais utilizadores, foram pensadas para que se tornem num objecto de sedução. O que se vê é menos importante do que o que se esconde. Ao criar as caixas suspensas de betão. Vai ser retomado o gesto de abstracção de cheios-vazios das fachadas dos pisos superiores. Surgem quase naturalmente as entradas do edifício, criando e condicionando os acessos verticais interiores. O ritmo ao nível de R/c é achado com o impar e pela dimensão destas mesmas aberturas resultantes. As zonas comuns, de acesso e distribuição por piso, vão referenciar, elas mesmas, as opções a nível construtivo e de fachada. Mais uma vez o jogo rítmico surge nas entradas, acompanhado de forma quase aleatória e como contraposição a disposição de luzes. O convencional pavimento cerâmico é substituído por um pavimento auto-nivelante, eco de eras industriais passadas e memória bem viva de uma fachada limpa de betão. A nível habitacional e porque o mercado o exige, foram criadas três tipologias distintas sendo os últimos dois pisos a excepção, criando apartamentos duplex. Estas mesmas excepções acabam por transmitir e integrar também a vontade do comprador final dos apartamentos. Os seus desejos foram adaptando dentro de um limite, as tipologias existentes. Se quisermos, podemos chamar-lhes apartamentos de autor. Várias condicionantes sociais intervêm neste projecto. A vontade de uma adaptação do espaço de serviços: Cozinha, copa, Sala de Jantar a uma vivência mais contemporânea, adequada a uma franca igualdade sexual. O contacto dos residentes dentro do próprio apartamento é facilitado pela proximidade entre estas zonas de serviço e as zonas de estar. O que permite este contacto é a transposição das lavandarias para uma zona mais discreta e mais próxima dos quartos, o que, em última análise facilita o tratamento de roupas. Nas fachadas a Sul a cozinha avança do interior para a face do edifício porque a organização interna do edifício assim o exige. A partir de uma tipologia de estudo foi adaptada uma utilização muito particular dos espaços internos dos apartamentos. Os planos correm e isolam ou não várias áreas distintas em cada fracção. Por motivos comerciais algumas das fracção não apresentam esta versatilidade. Nas fracções que foram alvo de um estudo paralelo, individualizado, às vezes com o cliente, conseguiu-se atingir o objectivo da anulação de planos e adaptação geral do conceito de open space. art & lifestyle De uma vontade básica e essencialmente comercial desenvolveu-se um projecto pioneiro no Urbanismo Comercial. Afinal as vontades estéticas podem subjugar as comercias. Apesar de todos os constrangimentos necessários, diria Bernard Tschumi, para o correcto desenvolvimento da arquitectura, aqui, no formato de especulação imobiliária, podemos esperar por projectos assim, que nos devolvam o prazer da vivência urbana. publ&MAG Ao criar as tipologias duplex de excepção, surge o problema do recuo do último piso. De acordo com o referido Plano de Pormenor, o cume do edifício deveria obedecer a um ângulo de 25 graus a partir do topo da última laje. Assim sendo, foi criada uma estratégia de quebra do corte vertical, onde se aproveita ao máximo a dita regra. Os apartamentos crescem assim em cerca de dois metros no total. art & lifestyle Entre trabalhos que marcam a génese e a identidade do atelier, surgem dois, recentes, que vão de certa maneira resumir o trabalho deste grupo. O Edifício de Matosinhos e a Casa de Perafita. publ&MAG O atelier A2G arquitectura nasceu da necessidade de colmatar desejos dos seus participantes. Gonçalo Dias e Ângela Frias estudaram e fizeram percursos académicos distintos. No final encontram-se em vontades e desenhos, assumindo um colectivo com a participação pontual de Ricardo Granja. Ricardo Santos Meireles (Cascais-Portugal) http://www.ricardomeireles.com [email protected] 28 ri ca rd o me ir el es page/página ILUSÃO ALUCINAÇÃO DELÍRIO Eu olho mas não vejo mas e se visse, será que a minha percepção da realidade se manteria igual!? Tudo tende a ser real ou uma ilusão de uma existência provocada pela distorção da percepção. Pura alucinação? Pensamos sentimos estamos em contacto com a ideia real de um objecto, ambiente, estrutura que nos envolve, de algo que simplesmente não existe sendo apenas o desfecho de estímulos externos. Mas essa apreensão também é real para mim que alucino sobre algo num dado momento, no espaço e no tempo. Criatura do delírio mental a criar uma partida, e surge algo inexplicável ao olho humano. O que vejo, não é o que observo, o que é real está para além do que existe nesta temporalidade, um reflexo distorcido do nosso tempo fugaz. Ricardo Santos Meireles art & lifestyle publ&MAG Ilusão Ilusão Ilusão Alucinação Alucinação Alucinação Delirio Delirio Delirio art & lifestyle publ&MAG art & lifestyle publ&MAG art & lifestyle publ&MAG ficha técnica proposta de projecto: publ&MAG fotografia: Ricardo Santos Meireles som/video: Daniel Fernandes Telmo Pereira art & lifestyle publ&MAG CHECK OUT THE VIDEO: Daniel Fernandes (Braga-Portugal) http://www.myspace.com/icarusdecidevoar [email protected] 38 da ni el f er na nd es page/página O interrogatório começara há uns cinco minutos. O sorriso nervoso do gato Cheshire iluminava o obscuro enigma que por semanas me atormentara. Tudo fazia sentido... O relógio quebrado, os frascos vazios rotulados como "bebe-me" e principalmente os resíduos de pimenta encontrados no local do crime. "É absolutamente normal que vocês não o tenham visto" bufou o gato entredentes "mas eu estava lá quando ocorreu, eu estava lá, escondido à chuva, quando mataram o Coelho Branco!", após uma prolongada pausa, inspirou profundamente e continuou "Porque o mataram. querem saber? Pura e simplesmente porque sabia demais e não manteve a boca fechada... Nunca se calava... Eu avisei-o que podia ocorrer... com a DUQUESA não se brinca!!!" A duquesa, claro... A revelação atingiu-me como um murro no estômago. Era óbvio que a miúda nada tivera a ver com a morte do Coelho, apenas estava no sitio errado, no momento errado. Eu sabia que ele andava metido em negócios escuros, por isso não estranhei quando uns dias antes me interpelara na urgência de ter uma conversa. art & lifestyle publ&MAG "Encontra-te comigo atrás do Grande Cogumelo, Chapeleiro". Estaria a prepararse talvez para uma confissão. O certo é que quando lá cheguei já as tropas haviam invadido o cenário e transportavam Alice prisioneira sob a acusação de homicídio. Eu estranhara a rapidez com que os soldados de Copas haviam chegado ao local do crime mas não calculava que a trama pudesse ter raízes tão profundas. Chegou a hora de corrigir a situação. Não falo apenas da morte do Coelho Branco ou da execução em que Alice perdeu a cabeça, mas daqueles que, todos os dias, encaram a miséria e o desespero causados por esta vil personagem... É a vez dela descobrir a profundidade da toca de coelho em que se enfiou... A Duquesa tem de pagar!!! Vincent & Mr. Green -Vincent & Mr. Green http://www.vincentandmrgreen.com/ Ilustração por Telmo Pereira a convite de Daniel Fernandes Catarina Fernandes (Viseu-Portugal) www.teiadogato.blogspot.com [email protected] 40 ca ta ri na fe rn an de s page/página Catarina Fernandes A ilustração e a fotografia, foram, mais afincadamente, áreas de desenvolvimento que sempre privilegiou, como manifestações artísticas. Para além da carreira docente, desenvolve o seu trabalho artístico ao nível das artes plásticas e da ilustração. art & lifestyle Em 2002 conclui a Licenciatura em Artes Plásticas na E.S.T.G.A.D. (Escola Superior de Tecnologia, Gestão, Arte e Design), em Caldas da Rainha. Teve oportunidade de desenvolver as suas aptidões, nomeadamente no uso e aperfeiçoamento das tecnologias multimédia, como auxilio e desenvolvimento dos seus projectos artísticos. publ&MAG Desde sempre, a vertente artística e criativa foi uma predominante no percurso pessoal e curricular. Ilustrações para o livro: "O Afinador de Palavras" AUTOR: Rui Grácio ILUSTRAÇÃO: Catarina Fernandes PédePágina Editores 2008 art & lifestyle publ&MAG Ilustrações para o livro: "Na minha casa somos sete" AUTOR: Cristina Taquelim ILUSTRAÇÃO: Catarina Fernandes PédePágina Editores 2008 art & lifestyle publ&MAG Ilustrações para os livros: "Olá, eu sou um livro" AUTOR: Rui Grácio ILUSTRAÇÃO: Catarina Fernandes PédePágina Editores 2ª Edição 2008 art & lifestyle publ&MAG Eduardo Sardinha (Viana do Castelo-Portugal) http://www.ao-norte.com/ [email protected] 48 ed ua rd o sa rd in ha page/página Filmes aos Quadradinhos O Filme da Minha Vida é uma colecção de livros de banda desenhada inspirados em filmes da escolha dos autores. Epifanias do Inimigo Invisível é o segundo livro da colecção. O primeiro foi O Percutor Harmónico, de André Lemos e a partir de Aconteceu no Oeste, de Sérgio Leone. O próximo número, ainda sem título, será da autoria de João Fazenda e inspirado no filme Vertigo, de Alfred Hitchcock. Ao todo, está prevista a edição de dez livros. Procurando estabelecer uma óbvia relação entre as Sétima e Nona Artes, abrangendo ambos os públicos, a iniciativa está particularmente voltada para o envolvimento de estudantes do ensino secundário e superior. Para além de outras actividades no plano lectivo, estes são convidados a participar no lançamento de cada livro; onde se projecta o filme inspirador, se inaugura uma exposição das pranchas originais do livro e se realiza uma conversa com o autor. A colecção conta a cada número com um texto de João Paulo Cotrim sobre a obra e o respectivo autor, é dirigida pelo artista plástico Tiago Manuel e tem design de Luís Mendonça. É uma edição da Ao Norte Audiovisuais. art & lifestyle publ&MAG Enquadrar a Espera Um pouco de anacronismo: Ao ver pela primeira vez, hoje, O Deserto dos Tártaros assalta a sensação de este ser o filme mais BD desde Sin City. Errado. Claro que o filme de Valério Zurlini, a partir do livro homónimo de Dino Buzzati e com Vittorio Gassman, Max Von Sydow, Philip Moiret, Fernando Rey ou Jacques Perrin é de 1976. Enquanto que o de Robert Rodriguez e Frank Miller, com uma perninha de Quentin Tarantino, e Bruce Willis, Mickey Rourke, Jessica Alba, Benicio del Toro ou Clive Owen no elenco, é de 2005. Mas mesmo tendo sido que o primeiro tenha saído dos comics americanos para o cinema e o segundo de um romance para o mesmo destino, parece-me que este último desceria facilmente da tela para as páginas de um álbum, com os personagens esculpidos e distantes de Hugo Pratt nos espaços de esperança lisa de Bilal. Logo, no meu calendário, O Deserto dos Tártaros é um dos primeiros grandes filmes BD da história do cinema. O que seria razão mais do que justificada para a escolha de Daniel Lima para o seu livro da colecção O Filme da Minha Vida. Nova reviravolta: Epifanias do Inimigo Invisível não apresenta profundidades de campo em cuidados enquadramentos, nem define os personagens num contorno displicentemente certeiro. É um conjunto de quadros, espécie de cromos/espécie de ex-votos, que narram a história da película quase em agoiro, enquanto captam simbolismos que os fotogramas escondem e Daniel Lima escolheu revelar. Esta pausa e ancestralidade fazem todo o sentido porque O Deserto dos Tártaros é, essencialmente, um filme sobre tempo. Sobre um jovem tenente oitocentista deslocado para a fortaleza Bastiani, a mais aristocrática fortaleza da coroa, onde acabará por gastar a vida num formalismo militar. Obra-prima da insânia, na espera indecifrável, perfeitamente inútil, de que o inimigo ataque finalmente. Quando do deserto, mais do que solitários cavalos brancos, surjam tropas, o entretanto capitão Drogo não participará no combate por que esperou toda a vida. Se bem que Buzzati tenha dito que ideia para o livro lhe surgiu do tempo infindo passado na escrita, sob o temor de poder consumir a vida assim, inutilmente; o filme poderá lembrar Beckett e À Espera de Godot. No texto introdutório de Epifanias , João Paulo Cotrim actualiza leituras interrogando se os nossos dias estarão a ser gastos na expectativa da tragédia tendo Tom Waits com bardo? Em todos estes casos, e como sempre, a espera é invisível. E a sua resposta será sempre epifânica. Terá sido isso que Daniel Lima pressentiu num ginete branco visto pelos olhos do tenente Drogo? Epifanias do Inimigo Invisível, de Daniel Lima. Banda desenhada inspirada no filme O Deserto dos Tártaros, de Valério Zurlini; com texto ensaístico de João Paulo Cotrim. Colecção O Filme da Minha Vida; edição Ao Norte. As pranchas originais que deram origem ao livro estão expostas no espaço Ao Norte, Praça D. Maria II, 113, r/c, em Viana do Castelo. art & lifestyle publ&MAG art & lifestyle publ&MAG Ângela Ribeiro (Almada-Portugal) http://www.angela-ribeiro.blogspot.com/ [email protected] 54 an ge la r ib ei ro page/página Ângela Ribeiro MARIONETISTA E tudo começou no corpo e pelo corpo...Passo a explicar: durante muitos anos, aprendi e desenvolvi uma linguagem que julgava ser a minha, a da dança contemporânea. Mas o corpo pregou-me uma partida e havia que mover outra coisa. Tornou-se então muito óbvio que o caminho a seguir era o das marionetas... Apesar de algumas experiências anteriores, é em 2002 que me dedico a fundo ao teatro de marionetas, iniciando a minha formação na Escócia. Durante alguns anos, andei em viagens para aprender mais sobre esta arte, até que, em 2005, regressei a Portugal e aí comecei a desenvolver o meu trabalho. Tenho colaborado e estabelecido parcerias com artistas das mais variadas áreas, nunca constituindo formalmente uma companhia ou grupo. Para além de adaptar textos de outros autores, optei também pela criação de narrativas originais (visuais ou verbais), assim como a utilização de diferentes técnicas de manipulação, com o predomínio das marionetas de mesa. Os espectáculos, apesar de dirigidos para o público infanto-juvenil, têm também o objectivo de cativar os adultos, tendo sido apresentados um pouco por todo o país. Para além da criação de espectáculos, descobri um gosto muito grande pela formação e pelo trabalho na comunidade, dirigindo ateliês para os mais variados grupos. Acredito que o teatro de marionetas é uma arte com um grande potencial comunicativo e criativo, capaz de chegar a todos os públicos. Basta acreditar que as cousas respiram... art & lifestyle publ&MAG página anterior marioneta: Mulher/Gata fotografia: Christophe Loiseau nesta página marioneta: O fazedor de vidas fotografia: Ricardo Vieira art & lifestyle publ&MAG art & lifestyle publ&MAG página anterior marioneta: Morte (O fazedor de vidas) fotografia: Ricardo Vieira nesta página marioneta: Sem-Olhos (A viagem) fotografia: Daniel Morgado publ&MAG art & lifestyle FICHA TÉCNICA Would you like to see your work published in publ&MAG? ://send us your work ENVIE AS SUAS PROPOSTAS DE CAPA/ARTIGO Interessado em assinar a capa/artigo na publ&MAG. Envie a sua proposta de capa (ilustração, fotografia,...), com nome, contacto e um pequeno texto justificativo, para: [email protected] CAPA / COVER DIMENSÕES E FORMATO JPG / 148mm x 210mm / 150 dpi / RGB TEMA Á ESCOLHA Propriedade: publiSITIO® Coordenador do projecto: Carlos Coutinho Costa Design: publiSITIO® Priodicidade: Bi-mestral Colaboram nesta edição: Rita Aparício, Alejandro Clavo, A2G Arquitectura, Ricardo Santos Meireles, Daniel Fernandes, Telmo Pereira, Catarina Fernandes, Eduardo Sardinha, Ângela Ribeiro. Contacte-nos: [email protected] Agradecimento a todos os colaboradores que tornaram esta edição possível: Rita Aparício, Alejandro Clavo, A2G Arquitectura, Ricardo Santos Meireles, Daniel Fernandes, Telmo Pereira, Catarina Fernandes, Eduardo Sardinha, Ângela Ribeiro. Sofia Rocha, Sérgio Nobre, Carlos Silva, Daniela Gonçalves. INFO/ Reserva-se o direito de selecção das informações, conteúdo gráfico ou outros, que fazem parte da revista, não tendo a publ&MAG que justificar qualquer opção tomada. CONTEÚDOS/ Os textos apresentados não são da resposabilidade da publ&MAG. Os artigos são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. PUBLICIDADE/ Todo o conteúdo publicitário é da responsabilidade do anunciante. CONTACTOS/ Para fazer chegar as suas propostas/sugestões e comentários: [email protected] publ&MAG art & lifestyle best wishes for 2009 art & lifestyle publ&MAG see U in January 09 publ&MAG art & lifestyle www.publisitio.biz [email protected] 09
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