Primeiras páginas - A Esfera dos Livros

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INTRODUÇÃO
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m 1985, quando a imprensa norte-americana tomou conhecimento
de que o Dr. Josef Mengele, o «Anjo da Morte» de Auschwitz, morrera afogado em São Paulo, no Brasil, em 1978, registou-se um forte
sentimento de incomodidade. Os que, escassos meses antes, tinham reivindicado avistamentos de Mengele no Paraguai e na Argentina pareciam ter andado a correr atrás de sombras. Os que tinham desejado
outro julgamento como o de Eichmann, ou dos médicos nazis em
Nuremberga, sentiram que lhes escapara qualquer possibilidade de
entregar o culpado à justiça. Perdera-se uma oportunidade para compreender o crime daqueles médicos, facilitadores clínicos de genocídio.
Com um aperto de desânimo na alma, muitas pessoas comuns sentiram
que a justiça fora negada, porque Mengele viveu até ao fim dos seus
dias, iludindo os prospectivos captores. Recordo-me de sentir que, se
Mengele morresse fora do cativeiro, devia ser de cancro, numa agonia
lenta, dolorosa e longa. Onde estava Deus? Porquê uma morte tão rápida,
tão indolor?
Mengele, de Gerald L. Posner e John Ware, é uma bem-vinda contribuição para o estudo do Holocausto. O livro apresenta, em pormenor, a biografia de Josef Mengele, do nascimento à morte, e justapõe o
mito e o homem. A sua reimpressão, nesta nova edição, oferece-nos
uma visão penetrante de um dos mais infames responsáveis pelo Holocausto, uma figura de imenso fascínio, tanto para os caçadores de nazis
como para o público em geral.
Claro que Mengele não pode ter estado em toda a parte e feito tudo
o que lhe atribuem, mas tornou-se a personificação do oficial-médico
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que presidia às selektions; que decidia quem vivia e quem morria, com
um aceno de mão ou um movimento seco do bastão. Rudolf Vrba, um
dos raros reclusos que escapou com êxito de Auschwitz, descreveu as
selektions de admissão em Birkenau. O seu testemunho lê-se como poesia, uma poesia brutal. Falando com Claude Lanzmann, ele narrou:
Havia um lugar chamado a rampa
onde chegavam os comboios com judeus.
Chegavam de dia ou de noite, e
às vezes um por dia e às vezes cinco por dia
de todo o género de lugares do mundo.
Trabalhei lá de 18 de Agosto de 1942 a 7 de Junho de 1943.
Vi esses transportes a rolar uns atrás dos outros,
e vi pelo menos duzentos nessa posição.
Vi isso tantas vezes que se tornou rotina.
Constantemente desapareciam pessoas do coração da Europa,
e chegavam ao mesmo lugar com a mesma ignorância do transporte
anterior.
E as pessoas nessa amálgama…
Eu sabia, claro, que um par de horas depois de ali terem chegado,
noventa por cento seriam gaseados…
Na rampa, presidiam médicos com poder para decidir, no momento,
a derradeira questão: quem vive e quem morre. Com um gesto – imponente ou patético – mandavam para as câmaras de gás os velhos e os
deficientes, os muito jovens e as mulheres com crianças. Quando havia
necessidade de trabalho escravo, os jovens e os fisicamente aptos ingressavam no campo, eram tosquiados e marcados, com números tatuados
nos braços. Voltariam a enfrentar selektions, limpezas periódicas da
força laboral que não conseguia aguentar-se. Embora o dístico à entrada
de Auschwitz I rezasse Arbeit Macht Frei (O Trabalho Liberta), a
realidade dos campos de trabalhos forçados em Auschwitz, Buna,
Monowitz ou Auschwitz III é que os prisioneiros trabalhavam até ao
esgotamento total. Os reclusos tinham um nome para esses colegas de
cativeiro. Chamavam-lhes musselmanner, «muçulmanos» prostrados.
Tinham cedido ao desespero e eram evitados pelos companheiros, porque esse desespero era contagioso. O odor da morte, tão impregnado
nos campos, podia roubar a vontade de viver aos poucos que se mantinham vivos. Os musselmanner eram mandados para as câmaras de gás,
para morrerem, e de seguida, o que os seus corpos tivessem ainda de
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valor, reciclado para a economia de guerra. Arrancavam-lhes da boca
os dentes de ouro, que eram enviados para o Reichsbank e, depois, para
a Suíça, para financiar a guerra. «A Guerra contra os Judeus», como
Lucy Davidowicz rotulou a «solução final do problema judaico», tornou-se num meio de crescente importância para financiar a Segunda
Guerra Mundial. Os médicos presidiam a essas selektions, aparentemente à vontade ao tomar as decisões de vida ou morte.
Mengele acrescenta um pormenor muito importante. Josef Mengele
conseguia realizar aquela tarefa sóbrio, sem necessidade de adormecer
os sentidos nem de vencer reservas. Assumiu aquela desagradável tarefa
como um acto de dever. Poucos dos seus colegas médicos o conseguiram, já que a cena era demasiado forte e perturbante, e os seus papéis
demasiado comprometedores. Mas Mengele era diferente. Enquanto
outros tinham de silenciar as suas consciências ou ultrapassar o seu
papel de médicos, Mengele desempenhava o seu com a disciplina esperada de um oficial das SS.
O diabo está nos pormenores, nos mínimos pormenores. A história,
por alto, é conhecida; mas o carácter de um homem revela-se na intimidade de um gesto ou de uma acção. Assim, lemos que, quando saiu de
Auschwitz à pressa, com outros oficiais alemães, Mengele reuniu os
seus dados, uma cuidadosa crónica dos resultados do trabalho em Auschwitz. Acreditava que essas experiências seriam a chave para a fama e
notoriedade no mundo exterior. Conservou os dados consigo enquanto
andava escondido, mesmo numa altura em que essas revelações o
teriam votado a um julgamento e ao quase certo castigo capital. Na
altura em que mais receou a captura, confiou, brevemente, esse material a uma enfermeira de quem fora íntimo; mas foi recuperá-lo antes de
partir para a América Latina, embora as notas o pudessem trair. Para o
fim, pensava em si como um cientista cujos estudos sobre eugenismo
eram ciência legítima, adequada à profissão médica, continuava a acreditar nas regras do seu saber e na supremacia racial alemã. O seu sonho
era grandioso: o aperfeiçoamento da espécie humana e o domínio de
uma raça superior, sabiamente melhorada através da biologia aplicada.
O nazismo atraiu homens assim; formou e promoveu cientistas assim.
Deu-lhes a oportunidade de praticar essa medicina, sem os constrangimentos normais da prática médica aceite. O médico Josef Mengele fora
formado por um mestre desses, o doutor Otmar Freiherr von Verschuer,
um confesso admirador de Adolf Hitler, a quem considerava o primeiro
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estadista a reconhecer a verdadeira importância da higiene racial e biológica hereditária. Von Verschuer viria a dirigir o Instituto Kaiser Wilhelm
de Antropologia, Hereditariedade Humana e Genética, em Berlim. Foi
o mentor do jovem médico, trazendo-o da Rússia para Berlim, a fim de
prosseguir a sua investigação, e enviando-o de Berlim para Auschwitz,
porque ali havia mais oportunidades de pesquisa. A «ciência» praticada
em Auschwitz não se restringia aos campos; Auschwitz e Berlim estavam ligadas de modo tangível, directo. Ao contrário de muitos outros
médicos, que aceitaram a colocação em Auschwitz para escapar aos
perigos da frente russa, Mengele tinha estado na Frente. A sua escolha
teve motivações científicas, aproveitando a oportunidade de fazer pesquisa em moldes novos, desimpedida dos constrangimentos habituais.
Psicólogos como Robert Jay Lifton procuraram compreender os médicos nazis, sondando aquilo que, no papel de clínicos, os conduziu a tais
práticas. Historiadores da ciência, como o meu ex-colega Robert Proctor,
traçaram o etos científico daquele universo, o modo como grande número de cientistas pôde ser integrado naquele sistema. O regime nazi veio a
criar nada menos de 33 instituições universitárias e de pesquisa, 18 doutoramentos universitários e quatro departamentos de pesquisa nos serviços de saúde do Reich, dedicados à Higiene Racial. Esses doutoramentos
eram concedidos a investigadores que ensinavam estudantes ambiciosos
e disciplinados, e que viam, naquela linha de pesquisa, um futuro pessoal
promissor. Mengele não queria ser apenas médico, mas catedrático.
Auschwitz foi o seu trabalho de campo de Antropologia e Genética e,
como tal, os seus desprazeres podiam ser tolerados.
O que Lifton e Proctor bem compreenderam é que a corrupção da
ciência alemã e da medicina nazi começou antes, e não se confinava à
Alemanha, podendo encontrar-se na ciência norte-americana, mesmo
nas leis raciais tal como são praticadas no Sul dos Estados Unidos. Essa
ciência culminou nos campos de morte nazis, mas teve início muito
mais cedo. A transformação levou tempo e exigiu um verniz de justificação científica. Já em 1895, um manual médico alemão muito utilizado reivindicava «o direito à morte». Em 1920, um médico e um destacado jurista argumentaram que a destruição de «vida indigna de vida»
é um tratamento terapêutico e um acto de compaixão, completamente
compatível com a ética médica. Mesmo hoje, em universidades tão
importantes como Princeton, há professores que argumentam que
devia dar-se aos pais o direito de eutanásia, para tirar a vida a crianças
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portadoras de deficiência profunda, durante as primeiras quatro semanas de vida.
Nos primeiros meses da guerra, Hitler ordenou o assassínio dos
mutilados, mas a sua ordem surgiu com uma data anterior – 1 de
Setembro de 1939, o dia em que o conflito começou – para ganhar a
aparência de uma medida de guerra. Foram estas as instruções, com
a sua assinatura:
O dirigente do Reich Philip Bouhler e o Dr. Brandt são incumbidos da
responsabilidade de expandir a autoridade dos médicos, a designar nominalmente, a fim de que possam conceder uma morte misericordiosa aos
doentes considerados incuráveis, de acordo com o melhor julgamento
humano disponível acerca do seu estado de saúde.
O programa recebeu o nome de T-4, em alusão à Chancelaria de Berlim (sita em Tiergarten, 4) que o dirigia. Em poucos meses, envolveu
praticamente toda a comunidade psiquiátrica alemã. Foi criada uma
nova burocracia encabeçada por médicos, com mandado para «tomar
medidas executivas contra as situações definidas como “vida indigna de
vida”». Nos centros de morte que eram os crematórios, desenvolveram-se câmaras de gás para os considerados «vida indigna de vida». Avançaram justificações económicas para esta política, mas, para os geneticistas, o atractivo era o sonho científico de aperfeiçoar a espécie
humana. Os centros de morte tornaram-se uma prefiguração do Holocausto, centros de morte permanentes, supervisionados por médicos,
onde os assassínios podiam decorrer com eficiência e um mínimo de
recursos, longe do olhar curioso do público. Os médicos ali formados
tornavam-se membros do pessoal de outros centros de morte, transferidos de lugares onde dezenas de milhar de pessoas eram assassinadas
para campos onde podiam ser mortas centenas de milhar e, no caso de
Auschwitz, mais de um milhão.
A via para a matança empreendida por Mengele foi, de certo modo,
diferente. Ele começou com bases científicas sólidas. Não era apenas
um médico, mas um investigador científico formado em Medicina;
e mesmo em Auschwitz comportava-se como tal. Para aperfeiçoar a raça
superior, estudou gémeos ciganos e judeus, para ver se a reprodução do
povo alemão podia ser melhorada e, desse modo, uma só gravidez fornecer dois membros da raça ariana. Também estudou anões e outras
anomalias – do seu ponto de vista –, a fim de proteger o povo alemão
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e apurar a espécie. Enquanto realizava as experiências, podia ser simpático e generoso com os espécimes do seu laboratório; mas, sem o
menor aviso, também podia atirar-se a eles, matar e torturar à vontade.
Sonhava com a preeminência académica; alcançou notoriedade até à
infâmia. O seu nome é conhecido e será lembrado.
Mengele trabalhava com uma «equipa científica» recrutada entre
médicos recém-chegados, que tinham enfrentado a escolha entre as
selektions ou a colaboração com ele. Muitos desses médicos escreveram
memórias, que se contam entre as mais importantes recordações da
existência em Auschwitz. Às vezes, Mengele podia ser amável, mas,
geralmente, por pouco tempo. Era imprevisível e, por isso, todos os que
o rodeavam viviam em constante temor. A doutora Olga Lengyel contou como Mengele supervisionara o nascimento de uma criança com
meticulosos cuidados, para, uma hora depois, enviar a mãe e o bebé
para a câmara de gás. A doutora Gisella Perl, uma ginecologista judia
húngara, descreveu os momentos que se seguiram a um brutal assassínio cometido por Mengele: «Tirou da bolsa um pedaço de sabonete
perfumado e começou a lavar as mãos, assobiando alegremente, com
um sorriso de profunda satisfação na face.» Vera Alexander descreveu
uma experiência «científica» brutal, na qual dois internados foram
cosidos costas com costas, pulsos com pulsos. E o doutor Miklos Nyiszli narra o assassínio de 14 gémeos numa só noite. A CANDLES é uma
organização que reúne os gémeos que sobreviveram a Mengele, cada
um dos quais podia ter testemunhado no seu julgamento.
Para aqueles de nós que sentiram a justiça negada, porque Mengele
evitou a captura e morreu de uma morte suave, a investigação de Posner e Ware traz alguma consolação. Foi um homem solitário, que viveu
os últimos anos isolado e introvertido, com receio da captura. As duas
mulheres que teve pediram o divórcio; Mengele tornou-se um peso para
a família e foi escarnecido pelo filho, que o descreveu como um homem
quebrado, uma criatura assustada.
De facto, foi ajudado pela família, que prosperou na Alemanha do
pós-guerra. Pode ver-se o apelido Mengele, pintado com orgulho, em
equipamento agrícola. É um símbolo de qualidade, na Alemanha e
em toda a parte. Ao longo dos anos, a família Mengele fez chegar
a Josef dinheiro suficiente para permitir a sua sobrevivência e evitar a
captura, mas não suficiente para lhe garantir descanso. Mengele foi
obrigado a mudar-se da Argentina para o Paraguai e, depois, para o
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Brasil, onde viveu os últimos anos em isolamento, talvez mesmo em solidão. Depois da guerra, encontrou-se, por duas vezes, com o seu único
filho biológico, Rolf Mengele; a primeira, quando foi apresentado
como «tio Fritz», e a segunda, quando o filho procurou perceber o pai,
compreender os seus actos e entender as suas motivações. Rolf rejeitara
o pai e as suas convicções políticas. É visível que Posner e Ware contaram com a cooperação do filho, e este livro pode reflectir, em parte, o
seu esforço para se confrontar com o pai, postumamente. É, de facto,
assustador, para um filho, ter um pai assim. E que desagradável deve
ser, para um pai, ser confrontado por um filho assim!
A primeira mulher de Mengele, Irene, divorciou-se dele. A separação
após a guerra afastou-os. Quando ela o visitava, em Auschwitz, marido e mulher adoptavam uma atitude de «não perguntes, não contes» e,
durante os anos em que ele esteve escondido, Irene procurou a felicidade noutro lado. Algumas mulheres alemãs acolheram, alegre e calorosamente, o regresso dos maridos. Na intimidade, os relatos dos anos
de guerra terão surgido, durante esses anos ou mais tarde. Algumas
receberam os homens em casa, sem fazer perguntas. O silêncio era a
melhor forma de prosseguir, aparentemente, como antes. Mas outras
– não sabemos quantas – não conseguiram continuar a viver com
homens assim. O silêncio entre Josef e Irene acelerou o fim do casamento. Não sabemos o que teria acontecido se Josef não fosse obrigado
a esconder-se, devido à natureza do seu crime e à sua notoriedade.
Depois do divórcio, voltou a casar com a bela ex-cunhada, mulher
do seu falecido irmão Karl, num casamento que parecia uma fusão de
empresas para proteger bens de família. Criou o sobrinho Karl Heinz,
filho do irmão, como um enteado, como um filho substituto, alcançando com ele uma comunicação que não conseguia com a sua própria
descendência. Rolf pode ter rejeitado o pai, mas não deixava de invejar
a relação que ele mantinha com Karl Heinz.
Mesmo assim, ficamos com uma sensação desagradável. Tão grande
foi o seu crime e tão terrenos – diria até banais – foram os últimos trinta
e cinco anos da sua vida. Nunca concordei com a descrição da banalidade do mal feita por Hannah Arendt. O mal era tudo menos banal; era
um mal demoníaco, absoluto. E o autor do mal? Roubado da sua estatura e posição, forçado a fugir, era banal, na sua luta pela sobrevivência, constituindo até um peso para os companheiros de jornada, os amigos e a família.
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Então, porquê essa sensação desagradável? Talvez ela aponte para
o carácter essencial do próprio Holocausto. Quando acabei de ler
Mengele, peguei num belo ensaio de Roger Rosenblatt, jornalista da
Time, que escreveu:
Lawrence Langer coloca a questão exactamente como ela é, no seu novo
livro Preempting the Holocaust: «Aqui prevalece a injustiça.» A injustiça
vence. Daí a sensação de vazio, a ausência de retribuição no julgamento e
execução de Adolf Eichmann em Israel, em 1962, e mesmo nos julgamentos em Nuremberga, onde se esperava que os «crimes de guerra» encontrassem punição adequada […] Podiam ter enforcado Himmler, Goebbels,
Göring e o próprio Hitler – todos enforcados em fila e os corpos deixados
a apodrecer à vista do público – que, mesmo assim, só se sentiria um vazio
interior sem piedade.
Todo o pensamento moral assenta na possibilidade de correcção. Contudo, este mal nunca será corrigido. E as pessoas ficam a tactear por alguma
coisa que tome o lugar do insubstituível.
No final, Posner e Ware deixam-nos a tactear, à procura. A culpa
não é deles; antes enraíza na verdade que tão bem relatam.
MICHAEL BERENBAUM
Escritor e professor da University of Judaism,
Los Angeles, especializado em questões relacionadas
com o Holocausto
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