o goleador
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o goleador
REVISTA OFICIAL DO SINDICATO DOS JOGADORES PROFISSIONAIS DE FUTEBOL . EDIÇÃO BIMESTRAL . SETEMBRO/OUTUBRO 2013 . 0,25€ . Nº53 POR TI. PELO JOGADOR. PELO FUTEBOL. OUTRAS ENTREVISTAS Rui Duarte . Olhanense Pedro Caipiro . Atlético João Benedito . Sporting José Gomes . APAF POSTIGA O GOLEADOR MAL-AMADO N. 53 JOGADORES 01 Cristiano Ronaldo EDITORIAL “Fernão Capelo Gaivota” Quando Joseph Blatter, num momento particularmente infeliz, envolveu Cristiano Ronaldo em mais uma polémica para a qual ele não contribuiu, veio-me à memória o livro de Richard Bach – Fernão Capelo Gaivota. Joaquim Evangelista | Presidente da Direção Para quem não conhece o livro, é uma lição de vida Mas também ele, como Fernão Capelo, não é sobre os nossos propósitos mais nobres. Sobre muitas vezes compreendido, sobretudo pelos mais a capacidade de superação e sobre a diferença. velhos, que não querem a mudança. Em síntese, o livro é a história de uma gaivota ASSESSORIA JURÍDICA E FISCAL . FORMAÇÃO E QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL . PROTEÇÃO SOCIAL E SEGUROS . DEFESA DA SAÚDE . FUNDO DE GARANTIA SALARIAL . FUNDO DE SOLIDARIEDADE SOCIAL . ESTÁGIO DO JOGADOR . FOOTBALL JOBS (PORTAL DO EMPREGO) . FUTEBOL FEMININO . FUTSAL . ACORDOS E BENEFÍCIOS www.sjpf.pt “diferente” das outras da sua espécie, que não se Importa, pois, reiterar, a Joseph Blatter (FIFA) preocupa apenas em conseguir comida. Fernão e a Michel Platini (UEFA), que há quatro anos, Capelo preocupa-se em ir mais longe, preocupa- também tomou partido ostensivamente contra se com a beleza e em aperfeiçoar a sua técnica de Cristiano Ronaldo, que sem prejuízo das suas voo. Fernão Capelo é apaixonado pelo voo e, ao opiniões pessoais, os presidentes da FIFA e da contrário das demais gaivotas do bando, é ousado UEFA deveriam adotar uma posição de plena e quer experimentar novos desafios, levando ao neutralidade e imparcialidade. limite o seu esforço. Os jogadores são, salvo melhor opinião, o Fernão Capelo Gaivota é um livro que fala sobre património maior da FIFA, da UEFA, dos clubes e, a sociedade humana. Aborda os nossos dogmas, em especial, do futebol. Como tal os representantes preconceitos e diferenças. Mas fala, sobretudo, maiores dessas instituições deveriam, conforme Cristiano Ronaldo sobre a busca da perfeição. Fernão Capelo quer é sua obrigação, defender um dos jogadores que “voar mais alto, mais rápido e mais longe”. globalmente mais contribui para o desenvolvimento Respondeu com elevação às tristes palavras de Joseph Blatter. Com golos e mais golos. Ora, esse objetivo encontra obstáculos no grupo, e promoção da modalidade. que não quer mudar, e como consequência, Fernão Inscrição 20,00€ I Liga . anuidade . 120,00€ II Liga . anuidade . 100,00€ 10,00€ Campeonato Nacional de Seniores anuidade . 50,00€ Capelo é banido do bando. Quanto à personalidade de Cristiano Ronaldo, Sucede que as outras gaivotas começam a seguir que não deixa ninguém indiferente, importa dizer Fernão Capelo, querendo ser como ele e aprender o seguinte: o direito à diferença é um direito as suas técnicas, o que incomoda os mais anciãos fundamental que deve ser proclamado pela FIFA do bando. e pela UEFA, não só por palavras mas, sobretudo pelos atos. Regressando à realidade e ao fenómeno que é N. 53 JOGADORES 02 Cristiano Ronaldo, o problema é que também ele, Termino afirmando que a culpa de Cristiano como Fernão Capelo, busca a perfeição e para isso Ronaldo estar associado a esta discussão é, tal leva a sua profissão a sério. Entrega-se de corpo e como Fernão Capelo, querer “voar mais alto” alma, com uma enorme capacidade de sacrifício exercendo a sua profissão com brio profissional e superação. Ultrapassando todos os limites, e sempre nos limites. São estas as qualidades que surpreende-nos todos os dias com novos recordes. merecem ser realçadas. N. 53 JOGADORES 03 Seleção Feminina de sub-17 Apuramento histórico com a qualificação para a fase final do Europeu da categoria que se disputa em Inglaterra de 26 de novembro a 8 de dezembro. Parabéns! Violência Lamentáveis os graves incidentes verificados antes do clássico FC Porto-Sporting. Aplique-se a lei. Responsabilizem-se os culpados. sumário TEMA DE CAPA RUI DUARTE PEDRO MENDES CAPITÃO DO OLHANENSE PARMA (ITÁLIA) P.24-25 P. 30 - 31 MARIANA JALECA VÍTOR BAPTISTA FUTEBOL FEMININO GLÓRIAS P.44 - 45 P.50 - 51 hélder postiga Grande entrevista com o avançado da Seleção Nacional P.12 josé sá & w. carvalho JOVENS TALENTOS P.28 - 29 03 EDITORIAL 06 ZOOM: PROJETO SOLIDARIEDADE: SJPF ENTREGA CHEQUE-FORMAÇÃO A FÁBIO FARIA 08 NOTÍCIAS 12 TEMA DE CAPA: GRANDE ENTREVISTA A HÉLDER POSTIGA (VALÊNCIA) 22 OPINIÃO: JOSÉ NETO 23 ONZE TOQUES: ROBERTO (AROUCA) 24 O CAPITÃO: RUI DUARTE (OLHANENSE) 26 ESTUDOS VS PROFISSÃO: PEDRO CAIPIRO (ATLÉTICO) 28 JOVENS TALENTOS: JOSÉ SÁ (MARÍTIMO) E WILLIAM CARVALHO (SPORTING) 30 PORTUGAL LÁ FORA: PEDRO MENDES (PARMA, ITÁLIA) 32 ÚLTIMO REMATE: ZÉ MANEL (CAÇADORES DAS TAIPAS) 34 ÁREA TÉCNICA: FILIPE MOREIRA (AC. VISEU) 36 OPINIÃO: JOÃO LEAL AMADO 38 APITO: JOSÉ GOMES (APAF) 40 FIFPRO WHO’S WHO: DANNY HESP (HOLANDA) 42 GABINETE JURÍDICO 44 FUTEBOL FEMININO: MARIANA JALECA (QUINTAJENSE) 46 FUTSAL: JOÃO BENEDITO (SPORTING) 48 OPINIÃO: GUSTAVO PIRES 49 CLIPPING 50 GLÓRIAS: VÍTOR BAPTISTA 52 LAZER: RELÓGIOS, CARROS E LIVROS 55 OPINIÃO: MANUEL SÉRGIO 56 O MEU ESTÁDIO: SÃO LUÍS (FARENSE) 57 REGRESSO À INFÂNCIA: BRUNO BASTO 58 MEMÓRIA: SPORTING 3 – BENFICA 1 (1961/62). Edição e propriedade SJPF, Rua Nova do Almada, nº 11 3º Drt., 1200-288 Lisboa www.sjpf.pt | [email protected] T: 213 219 590 | f: 213 431 061 Director Joaquim Evangelista Director adjunto Vitor Crisóstomo Redação Gabinete de Comunicação Paginação Gabinete de Comunicação Fotografia ASF, Bruno Teixeira, Lusa, Miguel Zambujo, Stephane Saint Raymond REGISTO ECR nº 125132 Colaboradores Gustavo Pires, João Leal Amado, João Lobão, José Neto, Manuel Sérgio e Nelson Nunes Impressão Locape Tiragem 2000 Exemplares Dep. Legal 256825/07 membro N. 53 JOGADORES 04 N. 53 JOGADORES 05 ZOOM por ti. pelo jogador. pelo futebol. Saiu de campo há pouco tempo mas continua em jogo. Após ter assinado uma parceria com o Instituto Superior da Maia (ISMAI), no passado dia 15 de outubro, o SJPF garantiu ao ex-Rio Ave e Benfica, entre outros, Fábio Faria a frequência do curso superior em Gestão do Desporto naquela instituição de ensino superior. A ação integra-se no projeto Solidariedade, do qual Fábio Faria é agora embaixador, após ter terminado precocemente a carreira devido a complicações cardíacas. Desde então, o Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol tem estado ao lado do agora ex-atleta. Na presença de amigos, familiares e de representantes de alguns dos clubes por onde passou, Fábio Faria garantiu estar “muito contente e grato” com o “apoio espetacular” do Sindicato. E pelo que dizem os professores da atitude do ex-atleta, já há uma certeza: Portugal ganhará um novo (e brilhante) gestor desportivo. O SJPF deseja o máximo de sorte e estudo afincado ao Fábio! N. 53 JOGADORES 06 N. 53 JOGADORES 07 NOTÍCIAS Alerta para quem emigra promovido pelo SJPF para jogadores desempregados O SJPF associou-se à FIFPro no alerta aos de trabalho. Com as duas contratações, o número de jogadores que emigram para determinados países. Em comunicado, o SJPF repudia o “O processo disciplinar é legítimo quando comportamento de alguns clubes relativamente usado de forma legal, isto é, dirigido a factos a jogadores que não aceitam cessar ou renovar concretos que merecem a censura legal. o seu contrato de trabalho. Entre várias Consequentemente a sanção deve ser adequada situações, alguns futebolistas são colocados a aos factos devendo a sanção mais grave – o treinar à margem do grupo normal de trabalho, despedimento – ser aplicada quando se torne na equipa B ou então pressionados a abandonar impossível a manutenção da relação laboral”, o clube, seja por rescisão ou por empréstimo. explica Evangelista. Outros são confrontados com processos Segundo o presidente do SJPF, “o Sindicato disciplinares abusivos. Para Evangelista, não a vê com bons olhos o que está a ocorrer presidente do SJPF, estas situações têm como no futebol nacional” e deixa ainda um alerta “principal objetivo pressionar” os atletas a “aos jogadores para a necessidade de reagir, ora saírem dos clubes e a aceitarem acordos de esclarecendo-se, ora contestando estas práticas. rescisão mais desfavoráveis e “configuram um Os jogadores devem ser ativos na defesa dos comportamento ilegal e inaceitável”. seus direitos”. de fecho desta edição, os últimos jogadores que participaram no 11.º Estágio do Jogador (evento e que terminou a 31 de agosto) a assinarem contrato futebolistas colocados sobe para 38. Bruno Brito, defesa e médio que esteve integrado nos A FIFPro emitiu um comunicado a alertar trabalhos da Zona Sul, assinou pelo Sporting de Macau. os jogadores que pretendam transferir-se Já Bruno Pinheiro, defesa central que trabalhou no polo para os campeonatos de Chipre, Grécia da Zona Norte, alinhará pelo BEC Tero Sasana Football ou Turquia. O órgão que agrega os SJPF repudia práticas abusivas Bruno Brito, Bruno Pinheiro e Gil foram, até à data sindicatos de jogadores de todo o mundo Club, da Tailândia. Bruno Brito (na foto) já se encontra naquela região asiática para jogar na Primeira Divisão de lembra as promessas não cumpridas por Macau. Recorde-se que o atleta de 28 anos alinhou em parte de muitos clubes desses países 2012 pelo Frenaros, de Chipre, e anteriormente passou (principalmente os que não participam nas competições europeias) para com os jogadores contratados. Incumprimento salarial e cláusulas não cumpridas (como por exemplo prémio de assinatura ou percentagem em futura transferência, entre outras) têm sido uma prática comum nessas regiões. A realidade tem revelado que passados alguns meses após a assinatura dos por outros emblemas como o Atlético e o Praiense, entre outros. Bruno Pinheiro, por seu lado, foi formado no Boavista e jogou no Aris Limassol (Chipre) e no Gil Vicente. A última experiência do jogador de 26 anos, defesa central, tinha sido em Israel, no Maccabi Netanya. O avançado Gil, 19 anos, ex-Beira-Mar de Almada, participou na Zona Sul do Estágio e acabou de assinar pelo UD Rio Maior (Segunda Divisão da Associação de Futebol de Santarém). Estágio coloca (para já) 38 jogadores contratos muitos clubes de Chipre, Grécia ou Turquia deixam de cumprir com as suas obrigações ficando os jogadores em sérias dificuldades. Muitos, inclusivamente, são despejados de casa já que os clubes deixam de pagar as rendas. O Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) associa-se ao alerta da FIFPro e além de Chipre, Grécia e Turquia reforça a lista com a Roménia. TAD em Diário da República O SJPF aconselha todos os jogadores que tenham propostas para emigrar para clubes dos campeonatos desses países que se aconselhem previamente com o Sindicato antes de assinarem o A criação do Tribunal Arbitral do Desporto relativas ao recurso das decisões arbitrais. contrato e viajarem para o país em causa. (TAD) e a respetiva lei foram publicadas no Em nota divulgada no site da Presidência Infelizmente, têm sido comuns os casos Diário da República de 6 de setembro. da República refere-se que “a decisão de de incumprimento para com jogadores Recorde-se que a 27 de agosto, o Presidente promulgação teve em consideração que a portugueses. Para evitar males maiores, da República Cavaco Silva promulgou o matéria versada neste decreto já foi objeto o SJPF apela a que todos os jogadores diploma que cria o TAD, mas solicitou ao de uma pronúncia do TC, na sequência de nessas condições se informem sobre o Tribunal Constitucional (TC) a fiscalização um pedido de fiscalização preventiva de emblema em causa antes de assinarem sucessiva da constitucionalidade das normas constitucionalidade”. contrato. N. 53 JOGADORES 08 N. 53 JOGADORES 09 NOTÍCIAS Van der Gaag retira-se por tempo incerto Piat assume presidência da FIFPro Philippe Piat regressa à presidência da FIFPro. entre 2013 e 2017. A acompanhar Philippe Foi depois de se ter sentido mal, durante O atual vice-presidente da FIFPro e presidente Piat, membro do board desde 1994, estarão os o jogo entre o Belenenses e o Marítimo (a do sindicato francês de Jogadores (desde vice-presidentes Brendan Schwab (Austrália), contar para a quinta jornada da Primeira 1969) liderou o organismo que congrega os Luis Rubiales (Espanha) e Rinaldo Martorelli Liga), que Mitchell Van der Gaag receou sindicatos de jogadores de todo o mundo (Brasil). entre novembro de 2005 e novembro de 2007. A ratificação dos cargos decorreu no Agora, foi nomeado para presidir a FIFPro congresso da FIFPro. o pior. A 26 de setembro, o anúncio: os graves problemas cardíacos de que sofre impedem-no de continuar a trabalhar. Board da FIFPro Em conferência de imprensa, o treinador Mandato 2013 – 2017: Philippe Piat (França), (Dinamarca), Dejan Stefanovic (Eslovénia), explicou o sucedido: “Estou contente Luis Rubiales (Espanha), Bobby Barnes Rinaldo Martorelli (Brasil), Fernando Revilla por estar a falar com vocês pelo simples (Inglaterra), Louis Everard (Holanda), (Perú), David Mayebi (Camarões) e Brendan facto de estar vivo hoje, foi uma coisa Leonardo Grosso (Itália), Mads Oland Schwab (Austrália). muito violenta que aconteceu no sábado. Eu tenho um problema no coração, já há algum tempo, antes de chegar ao Belenenses, tenho um pacemaker e um desfibrilhador. No sábado, durante o jogo, senti-me mal, recebi dois choques e o Votação para o FIFA/FIFPro World XI awards 2013 aparelho salvou a minha vida.” “Esta eleição é bastante especial porque são os (ver fotos em www.sjpf.pt). O onze ideal terá que Van der Gaag, de 41 anos, chegou ao teus colegas quem votam. É o único prémio a obrigatoriamente ser composto por um guarda- nível global que é 100 por cento baseado nos votos redes, quatro defesas, três médios e três avançados. dos jogadores”, disse Messi após ter colocado o A equipa escolhida será anunciada na gala da Bola voto na urna e iniciado a votação. Todos os anos, de Ouro que decorrerá a 13 de Janeiro de 2014, em a FIFPro visita o Melhor Jogador do Mundo em Zurique, na Suíça. Belenenses na época 2012/13, após ter treinado a equipa B do Marítimo. Foi também no Marítimo que esteve durante grande parte da sua carreira de jogador tendo encerrado a mesma no Al Nassr, da Arábia Saudita, em 2006/07. O Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol deseja as rápidas melhoras a título para que este inicie a votação para a eleição da FIFA/FIFPro World XI do ano. Lionel Messi desempenhou este papel nos últimos quatro anos. Messi, tal como Ronaldo, é recordista de presenças (seis) no onze ideal.A FIFPro distribuiu 50 mil Mitchell Van der Gaag e que regresse o boletins de voto pelos sindicatos de futebolistas mais breve possível ao futebol. profissionais de África, América Ásia e Europa que os encaminharão para os jogadores. Em Portugal, praticamente todos os futebolistas profissionais já preencheram os boletins entregues pelo SJPF N. 53 JOGADORES 10 N. 53 JOGADORES 11 TEMA DE CAPA HÉLDER POSTIGA “As críticas aos avançados da Seleção já são um estigma. Já existem há muitos anos” Não é um jogador consensual entre os adeptos mas os números não mentem. Apesar das críticas, no rácio número de internacionalizações/golos, Hélder Postiga supera Cristiano Ronaldo. A viver em Espanha uma das melhores fases da carreira, o ponta de lança de 31 anos fala das opções que tomou no passado, do futuro, do papel do SJPF, do enorme orgulho em representar Portugal – “muito dificilmente renunciaria à seleção nacional”, diz – e ainda de um desejo para quando abandonar os relvados: “Quando deixar de jogar quero ter orgulho naquilo que alcancei”. N. 53 JOGADORES 12 N. 53 JOGADORES 13 TEMA DE CAPA Quais são as suas expectativas para esta época no Valência? Com o passar dos anos alterou a sua forma de jogar? Conseguir o apuramento direto para a Liga dos Campeões, realizar uma boa campanha na Liga Europa e um bom trajeto na Taça do Rei. Consoante passam os anos é natural existir uma adaptação. Melhoramos nalgumas situações e pioramos noutras. Por isso é necessário trabalhar sempre no máximo para que as coisas aconteçam como desejamos. A nível pessoal, estipulou um número mínimo de golos? Não, nunca defino um número de golos. Procuro sim oferecer à equipa dedicação, trabalho, dar o máximo, para juntos alcançarmos os nossos objetivos. Sente pressão por ter sido contratado para substituir um jogador como o Soldado, um símbolo de Valência? Não. O Valência sempre teve grandes avançados e sempre conseguiu arranjar substitutos à altura. Por isso, a mim cabe-me dar o máximo, trabalhar e fazer com que as coisas aconteçam. As presenças dos portugueses Ricardo Costa e João Pereira no plantel facilitaram a sua integração? Ajuda sempre quando há compatriotas no clube para onde vamos. Tanto o Ricardo como o João foram importantes na minha adaptação. Conhecem o clube e a sua realidade. Ajudaramme, não só eles como o restante plantel. Falou com eles antes de assinar pelo Valência? Já conheço o Ricardo e o João há muito tempo. Joguei com o João no Sporting e cresci com o Ricardo, joguei com ele no FC Porto desde a formação. Temos uma relação próxima que fez com que falássemos da minha possibilidade de vir a representar o Valência, o que acabou por suceder. Já jogou nas ligas de Portugal, Inglaterra, França, Grécia e Espanha. Qual o futebol destes países que mais se adapta às suas características? Tendo em conta o futebol e o próprio país, penso que é o espanhol. A seguir a Portugal é o país onde estive mais tempo e adaptei-me bem tanto a nível pessoal como profissional. N. 53 JOGADORES 14 Prefere jogar sozinho ou acompanhado na frente? É-me indiferente, gosto é de jogar. Há quem diga que é um dos nove menos egoístas do futebol. Concorda com essa análise? Faz parte da minha forma de jogar e de encarar o futebol. Acho que somos mais fortes todos juntos do que um só. O grande objetivo de uma equipa é jogarmos todos para o mesmo lado. Também há quem diga que o Postiga, como ponta de lança, deveria marcar mais golos. Sempre que tenho uma oportunidade tento concretizá-la. Um ponta de lança é visto pelos golos que marca e pela sua produtividade. Serei sempre analisado pelos golos que marco. Os jogadores portugueses emigram cada vez mais cedo. O Postiga transferiu-se para o Tottenham, onde ficou conhecido como O Carteiro, com apenas 21 anos. Foi demasiado cedo? Foi um momento em que pensei que estava na altura de sair. A oportunidade era muito boa mas encontrei uma realidade totalmente diferente, ao nível da estabilidade, à que estava habitado no Porto. Quando se é jovem o mais difícil não é adaptação ao futebol mas ao que o rodeia. Foi onde senti mais dificuldades. Viver em Londres... o mais difícil é a adaptação à vida social. Se pudesse voltar atrás, faria o mesmo? Sim, a oportunidade foi fantástica. Melhorei e aprendi muitas coisas com o decorrer dos anos. Sim, voltaria a fazer a mesma coisa. Formado no FC Porto, alguma vez pensou em jogar noutro “O futebol espanhol é o que mais se adapta às minhas características” N. 53 JOGADORES 15 TEMA DE CAPA “Muito dificilmente renunciaria à Seleção Nacional” grande em Portugal, como veio a acontecer com o Sporting? Um profissional de futebol nunca poderá dizer o que vai acontecer amanhã. Mas temos sempre como referência o clube onde nos formamos e não esqueço que o FC Porto foi um clube importantíssimo na minha carreira. Tive a oportunidade de jogar no Sporting, um grande clube, e desfrutei imenso. Como já disse, como profissional, independentemente do clube de hoje, não se sabe o que poderá acontecer amanhã. Qual foi o melhor balneário que conheceu? Os balneários são bons quando se ganha títulos. A vitória transmite alegria e o ambiente fica muito mais saudável. Por isso, talvez seja o balneário do FC Porto, em 2002/03, quando ganhámos o Campeonato, a Taça de Portugal, Taça UEFA e Supertaça. O ambiente era fantástico e existia uma mescla de juventude e experiência. Foi algumas vezes emprestado pelo FC Porto. Como é que um jogador reage aos empréstimos? No meu caso eu é que pedi para ser emprestado. No primeiro (ao Saint-Étienne) estava a jogar pouco no FC Porto e queria jogar mais e no segundo caso (ao Panathinaikos) foi um problema que tive com o Co Adriaanse e também quis sair para jogar mais. Ou seja, nos seus casos o empréstimo foi algo positivo? Sim porque normalmente o jogador, quando é emprestado, é por necessitar de mais minutos, de se sentir útil e importante. Foi o que aconteceu comigo. jogou em Inglaterra, França N. 53 JOGADORES 16 e Grécia e agora em Espanha. Sente que lhe é exigido mais por ser estrangeiro? Sem dúvida. Um jogador estrangeiro quando chega tem de demonstrar mais do que um jogador natural do país. Esse cenário passou-se em todos os países onde joguei. É normal. São jogadores pelos quais os clubes pagam muito dinheiro e por isso têm de demonstrar a sua qualidade e que fazem a diferença. Em Portugal, a realidade parece ser diferente... Sim, por norma, recebemos muito bem os jogadores estrangeiros. É uma questão cultural. Fala-se sempre mais e melhor do produto estrangeiro do que do produto nacional. Infelizmente, jogadores com salários em atraso são um cenário recorrente em Portugal. Passou alguma vez por esse problema nos diversos países onde jogou? Não. Infelizmente as notícias que chegam de Portugal não são boas. Nós, jogadores, como qualquer outro trabalhador, gostamos de receber o nosso salário no final do mês. Como toda a gente também temos as nossas despesas e obrigações. Há relatos de situações limite de jogadores em Portugal e isso deixa-me triste. É amigo de Fábio Faria, jogador que foi obrigado a deixar de jogar devido a razões de saúde. Esse tipo de acontecimentos fazem um profissional refletir sobre a profissão e o futuro? O jogador, hoje em dia, já salvaguarda mais o N. 53 JOGADORES 17 TEMA DE CAPA futuro do que acontecia antigamente. Há mais jogadores esclarecidos e formados, muitos jogam e estudam ao mesmo tempo, o que contribui para preparar melhor o seu futuro. No caso do Fábio, deu-me muita mágoa e tristeza, porque é alguém que conheço desde os 10 anos. O Fábio é uma força da natureza, foi internacional por Portugal nos escalões de formação, chegou ao Benfica... De facto, situações como esta fazem repensar de como somos tão frágeis. O único conselho que posso dar aos mais novos, e tenho um irmão na formação do Sporting, é tentarem salvaguardar o futuro estudando. Se não for possível serem profissionais de futebol que consigam aprender algo para não serem dependentes do próprio futebol. Estou convicto que pouco a pouco o Fábio vai ultrapassar a mágoa e dar a volta por cima. Como tem visto a atuação do SJPF na defesa dos jogadores? “Os sindicatos dos jogadores são uma parte importante do futebol profissional” N. 53 JOGADORES 18 foi pena não termos ganho a final. E dentro da história do Euro 2004, o Postiga fez história com o seu penalti à Panenka, no jogo contra a Inglaterra. São coisas que ficarão para a memória. É uma competição que jamais irei esquecer. A forma como marcou esse penalti foi uma loucura consciente? Foi normal, foi uma daquelas irresponsabilidades da idade. Hoje em dia, mais responsável e olhando o futebol, se calhar, de uma forma diferente não tomaria algumas das decisões que tomei mais novo. O penalti foi uma atitude de irresponsabilidade mas que no final correu bem. Muito mais ativa. Recordo-me que quando iniciei a minha carreira de futebolista profissional o Sindicato não era tão ativo. O próprio jogador não defendia tanto os seus interesses. O atual presidente do Sindicato tem sido importante nessa mudança de mentalidades. Tem sido uma voz muito mais ativa, o que obriga a discutir os problemas e as soluções. Infelizmente algumas posições causam polémica. Por vezes, deveria ter uma abordagem mais suave. Mas é como digo, tem sido importante para os jogadores, salvaguardando os seus interesses. Além disso, o Sindicato tem implementado ações como o Estágio para jogadores desempregados, uma iniciativa louvável e que tem registado bons resultados. Fico contente porque nos países em que já joguei reparei que os sindicatos dos jogadores são uma parte importante do futebol profissional. Tem de ser assim. Espero que o SJPF continue a crescer e que seja cada vez mais uma parte importante do futebol em Portugal. Trabalhou com Luiz Felipe Scolari e Paulo Bento como selecionadores nacionais. Como caracterizaria cada um deles? Já disputou quatro fases finais (Euro 2004, Mundial 2006, Euro 2008, Euro 2012). Qual a mais marcante? Convive bem com as críticas aos avançados da Seleção Nacional? Recordo especialmente a de 2004. Não só para mim como para todos os portugueses, o Euro 2004 foi algo inesquecível. Foi um mês de festa. Todos desfrutámos imenso com a competição. Só Acima de tudo são pessoas amigas. Além de serem bons treinadores são excelentes pessoas. O Scolari muito mais extrovertido e o Paulo mais recatado. Ambos foram importantes no meu crescimento na Seleção Nacional. Não foi aposta de Carlos Queiroz para o Mundial de 2010. Ficou surpreendido com essa opção? São as opções de cada selecionador. Cada um vê o futebol e o que a sua equipa necessita e, se calhar, eu não fazia parte do que era necessário ao seu grupo de trabalho. São opções que respeito. Resta trabalhar e mudar a imagem do selecionador. Não consegui e passou. É um estigma. Já existe há muitos anos. Resta trabalhar, dar o máximo que as coisas acabam por sair naturalmente e tentando acalmar as críticas. Admite um dia renunciar à Seleção Nacional (a exemplo de N. 53 JOGADORES 19 TEMA DE CAPA “Espero ter uma transição suave quando deixar de jogar” ex-colegas seus) ou nunca terá essa atitude? Não faz parte da minha maneira de ser renunciar ao nosso país. Sou um patriota por natureza, adoro Portugal e muito dificilmente renunciaria à Seleção Nacional. Estando em Espanha, faz sentido a “guerra” Ronaldo/ Messi nos meios de comunicação espanhóis? Não é bem “guerra”. São opiniões do que é Madrid e Barcelona em Espanha. Ronaldo e Messi são os jogadores mais importantes das respetivas equipas, são sobre quem recaem as atenções e as responsabilidades. Ambos têm demonstrado, ano após ano, a sua qualidade e valor. Quem é para si o melhor jogador do Mundo? O Cristiano, a 100 por cento, é um jogador fantástico, com registos incríveis tanto na Seleção como nos clubes. Teve algum ídolo no futebol? Sim, o holandês Marco van Basten. Qual o seu clube do coração? O Varzim. O seu irmão José joga nos juniores do Sporting. Espera que siga os seus passos? Espero que tenha sucesso. Que trabalhe, que seja responsável para chegar o mais longe possível. É normal que nestas idades, quando se está num clube como o Sporting, FC Porto ou Benfica, às vezes pensem que a vida de profissional ou chegar a profissional é fácil. Por vezes, em Portugal, na transição da formação – que tem muita qualidade – para os seniores encontra-se alguma dificuldade. Por isso digo sempre ao José para trabalhar, para N. 53 JOGADORES 20 estar bem preparado para quando for altura de dar o salto. Ele é bom ouvinte e entende a importância dos conselhos. Um dos seus hobbies é a pesca. Continua a pescar? Adoro a pesca, cresci numa terra de pescadores. Todos os verões pesco com o meu pai. Tem 31 anos. Já pensa no final de carreira ou ainda é muito cedo? Cedo não é... por vezes penso sobre o que fazer quando deixar de jogar. São muitos anos ligados ao futebol. Às vezes falo com colegas que já deixaram de jogar e dizemme que os primeiros tempos são difíceis, a adaptação a uma vida chamada normal... mas ainda faltam alguns anos e espero ter uma transição suave quando deixar de jogar. Deseja terminar a carreira em Portugal ou é algo que não é muito importante? Hélder Postiga D.n.: 02.08.1982 Naturalidade: Vila do Conde Posição: Avançado Clubes: FC Porto, Tottenham, St. Étienne, Panathinaikos, Sporting, Saragoça e Valência Internacional por Portugal Não é determinante. Gostava de terminar de uma forma que não exigisse tanta pressão como é jogar numa liga importante como a espanhola mas só o futuro o dirá. Para já importa desfrutar ao máximo os anos que faltam para, quando deixar de jogar, ter orgulho naquilo que alcancei. Pondera seguir a carreira de treinador? Ou de qualquer outro cargo ligado ao futebol? Adoro futebol mas é difícil prever o que vai acontecer. Ainda é muito cedo para pensar nisso. N. 53 JOGADORES 21 OPINIÃO 11 toques Perfil do treinador ideal josé neto Docente universitário na área das Ciências do Desporto e Treino Desportivo O avançado de 24 anos do Arouca, clube recém-chegado à I Liga, prefere a camisola 17 e tem como ídolo Ronaldo, o Fenómeno. Alguma superstição antes de entrar em campo? Nenhuma. Modelo preferido de bota de futebol? Adidas F-50. Número de camisola preferido? 17. Melhor jogo ou o mais emocionante a que já assistiu? Saber muito de técnica e táctica é apenas uma todas as opções possíveis de forma a responder de normas internas da equipa, costumes e condição necessária mas não suficiente para se apropriadamente nas diferentes situações e tradições que reforcem e estimulem o orgulho e ser um bom treinador. problemas com que se confronta a competição. desempenho da equipa por si orientada. Ser bom treinador é um conjunto de pequenas Ao reconhecer que não sabe tudo ou não Na comunicação com os jogadores a sua Talvez o Portugal-Dinamarca, no Estádio do Dragão. Ganhámos 4-1. Se não fosse futebolista o que é que gostaria de ser? coisas e comportamentos que vão sendo mensagem deverá ser baseada na seriedade aprendidas através da experiência e treinadas e optimismo, assumindo o que pretende através duma formação adequada, procurando dizer, com clareza e sem duplo significado, Ídolo no futebol? distinguindo os factos das opiniões e ainda Ronaldo, o Fenómeno. por isso uma constante busca do saber, baseado no estudo e investigação e sustentado na experimentação. Deve procurar ambientes de prática adequados, sendo paciente e tolerante para com os erros e com as dificuldades de aprendizagem. Procurar sempre transmitir o hábito de ser paciente e persistente, tornando os treinos motivantes, criativos e organizados. Mostrar empenho, compromisso, criando um código de conduta onde se imponha a dignidade e respeito – daí ser também um Educador/Amigo/Conselheiro/Líder. “A principal diferenciação entre os optimistas e os pessimistas está na forma como explicam as suas derrotas” sintonizada com a formulação de objectivos Treinador que mais o marcou? positivos, específicos, desafiadores, mas Todos me marcaram, cada um à sua maneira. realistas. Ser por natureza optimista. Deve saber Melhor equipa de futebol da atualidade? descodificar os fracassos, transformando-os em êxitos – a principal diferenciação entre Bayern de Munique. os optimistas e os pessimistas está na forma como explicam as suas derrotas. Os pessimistas Equipa onde gostaria de jogar? atribuem as culpas às suas próprias deficiências Não posso dizer senão vão dizer que eu torço por eles [risos]. – uma imagem negativa que têm de si próprios. Por outro lado, os optimistas encaram o futuro com confiança – cada derrota encerra a semente Deve ter a capacidade para reflectir, antecipar, para o futuro êxito. planificar, analisar e decidir perante situações de Transmitir uma imagem de serenidade, stress, incerteza e ambiguidade. competência, liderança, responsabilidade e... Um bom treinador, não tem que ter sempre conhece tudo, ele está a ser verdadeiramente cultivar sempre a capacidade organizativa, respostas para tudo o que se lhe pede. humano. sabendo que sem organização não há regras; Ninguém, seja em que domínio científico for, Deve ser capaz de transmitir aos jogadores os sem regras não há disciplina; sem disciplina não tem respostas para tudo. valores da honestidade, a firmeza de convicções, há resultados e... sem resultados não há sucesso! O treinador eficaz, é aquele que está aberto a integridade, respeito, exigindo o cumprimento N. 53 JOGADORES 22 Não me imagino noutra profissão. Qual o seu ponto forte como jogador? Confronto físico. Maior ambição enquanto jogador? Era chegar à I Liga, agora é lutar para chegar o mais longe possível. N. 53 JOGADORES 23 O CAPITÃO No Olhanense desde 2006, Rui Duarte Acredita que a equipa algarvia acabará por fazer uma boa temporada e admite que usar a braçadeira é uma espécie de “extensão do treinador e da direção para o resto do grupo”. rui DUARTE Quais são as suas expectativas para esta época a nível pessoal e coletivo? As minhas expectativas são as melhores. A Claro que sim. O capitão é a extensão do experiência agradável. treinador e da direção para o resto do grupo. caminho. Não é fácil construir uma equipa nova com muitos jovens e criar uma identidade que Não, nunca. atitude positiva que o grupo demonstra a cada treino faz-me acreditar que estamos no bom Quando a época desportiva acaba recheada de sucessos é porque tudo funcionou como planeado e que vários obstáculos foram ultrapassados com distinção. desportiva. Só com muito trabalho e dedicação Gosta de ser capitão? Há algum capitão de equipa que tenha como exemplo? poderemos ultrapassar os obstáculos. A nível Amo muito aquilo que faço, amo a minha Sim, o Filgueira (Belenenses), quando pessoal sinto-me muito motivado e em plenas profissão e ser capitão do Olhanense enche- estava a iniciar a minha carreira, e mais capacidades de dar o meu contributo ao clube e me de orgulho. Dá-me ainda mais motivação tarde o Pedro Simões e o Jordão (Estrela da ao grupo de trabalho. e responsabilidade para continuar a minha Amadora), cada um à sua maneira, mas que carreira. me marcaram positivamente na abordagem É o capitão do Olhanense. Como é que foi escolhido para o cargo? Quais são as características de um bom capitão? Quando cheguei ao Olhanense, em 2006, fui É importante que todos os colegas respeitem nomeado pelos meus colegas para representar o capitão, pela sua liderança, pelo seu carisma Como tem visto a atuação do Sindicato dos Jogadores no futebol português? a equipa. Ser capitão de um clube centenário e no seio do grupo e pelo que representa para Importantíssima! Faço votos que continuem com um historial assinalável é de uma enorme o treinador e para o clube. Nenhuma época a defender os jogadores por muitos anos. responsabilidade, mas é uma missão que me desportiva é igual, mas o comportamento Partilho regularmente algumas ideias com deixa muito orgulhoso. de um capitão tem de ser sempre o mesmo, o presidente do SJPF, Joaquim Evangelista, defendendo sempre os interesses do grupo para e testemunho o seu empenho na defesa que, no final, os objetivos sejam cumpridos. de todos os jogadores. Quero expressar Ficou surpreendido com a escolha? Sim, estava há pouco tempo no clube e havia alguns elementos que eram referências na N. 53 JOGADORES 24 da equipa? Com o empenho de todos, tornou-se numa Além do Olhanense, foi capitão noutros clubes por onde passou? nos possa dar sustentabilidade para a época Nome: Rui Pedro Viegas Silva Gomes Duarte Idade: 34 anos Posição: MÉDIO Clubes: Olhanense, Os Sandinenses, Belenenses, Naval, Leixões e Estrela da Amadora equipa e que faziam parte do lote de capitães. Ser um bom capitão é determinante no sucesso N. 53 JOGADORES 25 aos problemas. também que hoje os jogadores sentem-se mais protegidos e esclarecidos em relação à maioria dos assuntos. ESTUDOS vs. PROFISSÃO PEDRO CAIPIRO Depois da licenciatura em Geografia, veio o Mestrado em Gestão de Transportes. Pedro Caipiro, lateral direito do Atlético, está a abrir portas para o futuro. que tem em perceber as ideias do seu treinador, a sua ideia de jogo e nesse aspeto tanto poderá ser uma pessoa qualificada ou não-qualificada que possa conseguir tirar um rendimento superior em campo. Quando terminar a carreira, ficará ligado ao futebol ou prefere seguir carreira nas áreas em que estudou? Essa é uma questão que ainda nem sequer pensei, Onde tem feito o seu percurso académico (licenciatura e mestrado)? diferenças claras mas que despertaram interesse. Transportes e Logística pelo Instituto Superior de O SJPF está a criar um cheque-formação para que os jogadores possam frequentar determinados cursos. O que pensa da medida? Gestão. É uma medida de louvar. É importante para Licenciei-me em Geografia e Planeamento Regional pela Universidade Nova de Lisboa e neste momento estou a terminar a tese em Gestão de Família e clubes têm apoiado as suas opções? Considero a família um suporte em todas as questões das nossas vidas e, no caso, sempre me apoiou nas decisões que tive de tomar até aos dias de hoje. Quanto aos clubes de futebol, tiveram, em alguns momentos, maior flexibilidade para que eu conseguisse conciliar as duas atividades. No entanto, devo ao futebol o facto de ter conseguido realizar o meu percurso académico. Pedro Henrique Parreira Alves Caipiro Idade: 26 anos Posição: Lateral esquerdo/direito Clubes: Alverca (formação), Loures, Oriental, Pinhalnovense, Operário, Pêro Pinheiro, Fátima e Atlético CP no entanto, gosto demasiado de futebol para deixar se verá... É visto pelos seus colegas como um exemplo a seguir? Aconselha-os a não abandonar os estudos? Alguns têm essa opinião, outros nem tanto. Quando se fala com os colegas sobre formação académica tenta-se sempre a encorajar a “O futebol cria muitas ilusões, muitas promessas e, em muitos casos, leva a que se abandonem os estudos de forma precoce” prosseguirem os estudos. Abandonar os estudos precocemente é uma das maiores “pragas” de quem quer ser jogador profissional? “Praga” é a palavra certa. O futebol cria muitas ilusões, muitas promessas e, em muitos casos, leva a que se abandonem os estudos de forma precoce. É uma mentalidade de quem se entrega cedo Faltam medidas que apoiem a conciliação do estudo com a profissão de futebolista? qualquer cidadão o apoio para a formação e, no outras atividades precisamente pelo abandono dos Realmente já existem medidas que visam a caso, o sindicato poder ajudar os jogadores com estudos. facilitação para conciliar as atividades. No entanto medidas que possibilitem aumentar a sua formação. os estatutos criados, quer como trabalhador, É importante que cada um possa salvaguardar-se quer como atleta profissional, requerem maior depois do futebol. a uma profissão e não conseguindo atingir um nível elevado no futebol fica difícil integrar-se em compreensão tanto da parte dos clubes, como da parte das instituições académicas. Geografia e Gestão de Empresas sempre foram ambição? São duas áreas de que sempre gostei, com N. 53 JOGADORES 26 de ficar ligado depois de terminar a carreira. Logo Um jogador com formação académica pode ser melhor em campo? Qual a sua opinião sobre a atuação do SJPF? O Sindicato tem dado algum apoio a atletas que tenham vontade de poder iniciar ou finalizar os seus estudos. Recordo-me da promoção que fizeram do programa das Novas Oportunidades junto dos A resposta a essa pergunta é complexa. Na minha jogadores, que permitiu a muitos colegas obter opinião depende muito de cada um e o empenho maior formação académica. N. 53 JOGADORES 27 Pegou de estaca no meio campo leonino e já foi pré-convocado por Paulo Bento. JOSÉ SÁ 20 ANOS Marítimo | Guarda-redes É um dos grandes valores da nova geração de guardiões portugueses. JOVENS TALENTOS Nascido em Luanda, Angola, William Carvalho tem sido uma das boas surpresas da equipa verde e branca. Após um empréstimo bemsucedido de ano e meio ao Cercle Brugge (Bélgica), o médio defensivo regressou à base e impôs-se no onze de Leonardo Jardim. Elemento nuclear na manobra da equipa assume-se como o primeiro construtor de jogo e defensivamente é fortíssimo. William Carvalho estreou-se nos seniores aos 18 anos pela mão de José Couceiro. Para adquirir experiência o Sporting cedeu-o inicialmente ao Fátima (II Divisão) e depois Titular da Seleção Nacional de sub-21, José Sá estreou-se esta época na Primeira Liga. E teve um arranque de sonho. Na primeira jornada, o guarda-redes ajudou a sua equipa (Marítimo) a derrotar o Benfica por 2-1. Apesar da sua juventude (21 anos), e ainda mais tendo em conta a especificidade da sua posição, José Sá mostrou-se à altura dos acontecimentos e revelou toda a sua categoria. Com as suas defesas e eficazes saídas aos cruzamentos transmitiu confiança aos seus companheiros. “Foi realmente uma grande estreia. Não poderia ter pedido mais para o meu primeiro jogo da I Liga. Senti-me muito bem ao longo da partida”, disse após o encontro o futebolista que nos escalões ao já referido Cercle Brugge. A passagem pela Bélgica deu-lhe capacidade de sofrimento, poder de choque e agressividade nos duelos individuais. Boa Leitura tática, dinâmica muito forte e grande capacidade de passe são outras das suas características. Com idade de iniciado já jogava nos juvenis do Mira-Sintra, clube onde aos 14 anos foi descoberto pelo Sporting. Disputado pelo Benfica, William preferiu o clube de Alvalade. Durante a formação foi várias vezes distinguido no quadro de honra da academia sportinguista como um dos melhores da formação. Completou o 12.º ano. Tem WILLIAM CARVALHO 21 ANOS contrato até 2018 e uma cláusula de rescisão de 45 milhões de euros. Sporting | Médio de formação passou por Palmeiras FC e Merelinense FC (ambos da AF de Braga), Benfica e Marítimo. Na época passada foi titular do Marítimo B e este ano iniciou a temporada integrado no plantel da equipa principal do emblema insular. N. 53 JOGADORES 28 N. 53 JOGADORES 29 PORTUGAL LÁ FORA Itália pedro mendes É a favor da limitação de jogadores estrangeiros nas equipas portuguesas? Claramente. Devia ser como em Inglaterra: apenas podem entrar com licença de trabalho. Tem espírito de emigrante? Sem medo de emigrar, Pedro Mendes embarca agora numa nova aventura no Parma, em Itália. Mas não esquece os dez anos no Sporting e... os 20 minutos na Liga dos Campeões, pelo Real Madrid (frente ao Ajax). Pedro Filipe Teodósio Mendes DATA DE NASCIMENTO: 01.10.1991 Posição: Defesa Clubes: Sporting, Servette, Real Madrid, Sporting e Parma Por que razão decidiu sair de Portugal nesta fase da sua carreira? Vivia-se um momento de instabilidade a nível económico e social. Nesta fase, o clube já encontrou o seu rumo. Mas, para mim, estava na altura de ter novos desafios. A Liga italiana é atrativa ou foi simplesmente por uma questão financeira? Claramente, esta é uma liga atrativa. Tem equipas e jogadores de topo e aprende-se com os melhores. Se fosse por uma questão financeira, teria optado pelo mercado turco, ucraniano ou russo, que também eram hipóteses em cima da mesa. Sente-se mal tratado pelo futebol português? Mal tratado não digo, mas injustiçado... Basta olharem para os campeonatos espanhol, inglês ou mesmo italiano, onde a base das equipas é feita por atletas dos respetivos países. Enquanto isso, em Portugal, procura-se muito “lá fora”, esquecendo-se dos bons jogadores jovens que tem obrigando-os a esperar uma eternidade por um lugar que está a ser ocupado por um estrangeiro com um salário muito mais elevado. Esse tratamento acontece mais com o jogador português ou também com o futebolista estrangeiro? Depende. Não me posso alargar sobre esse tema, cada caso é um caso. Se o jogador é verdadeiramente bom e acrescenta algo à equipa não há nada a dizer. N. 53 JOGADORES 30 Sim. Sou natural da Suíça, tenho pai angolano e irmão e mãe portugueses. Depois de jogar 12 anos em Portugal, tive de tentar a sorte lá fora, por causa da escassez de oportunidades em Portugal, portanto considero que tenho espírito de emigrante. Além de Portugal, já jogou na Suíça e em Espanha. Como foram as experiências? Fora muito boas, inesquecíveis mesmo! Consegui feitos históricos, subindo à Primeira Divisão com o Servette e subindo à Liga Adelante com o Real Madrid Castilla. Alinhou pelo Real Madrid num jogo da Liga dos Campeões. Conte-nos como surgiu a oportunidade. Estava a treinar com a equipa principal nessa semana e, como já estava tudo decidido na fase de grupos e na semana seguinte havia um Barcelona – Real Madrid, o mister decidiu dar oportunidade aos que jogavam menos, chamando três jogadores do Castilla para a convocatória. Não me passava pela cabeça a estreia. O Arbeloa não se sentia a 100 por cento e a oportunidade surgiu. Foram 20 minutos inesquecíveis! Espera regressar a um dos gigantes europeus? Considera que seja mais fácil chegar à Seleção jogando num clube estrangeiro? Chegar à Seleção depende do momento de forma do jogador e não do clube onde joga. Tendo sido já capitão de equipa, considera que tem espírito de liderança? Aos oito anos, era capitão do Real Sport Clube, onde comecei a jogar, voltei a sê-lo nas seleções sub-18, sub-19 e sub-20. E nesta última temporada, no Sporting B. Por algum motivo fui eleito para assumir a responsabilidade, à qual nunca fugi. Mesmo estando no estrangeiro, manterá a ligação ao Sindicato? É o sonho de qualquer um... Claro! Fico à espera das vossas revistas aqui em Parma [risos]. Espera fazer uma boa época no Parma e, assim, chegar à Seleção Nacional? Até à data, qual foi o clube em que mais gostou de jogar? Qualquer jogador português ambiciona representar o seu país ao mais alto nível e eu não fujo à regra. Mas não tenho pressa, cada coisa a seu tempo. Tive os meus momentos especiais e outros menos bons em todos os clubes onde estive. Não posso fazer comparações, mas 10 anos ligado ao Sporting não se esquecem. “Estava na altura de ter novos DeSAFIOS” N. 53 JOGADORES 31 “Sinto-me espetacular” ÚLTIMO REMATE zé manel Após uma carreira passada na I Liga, Zé Manel está de regresso às origens no caçadores das taipas. Tem sido uma carreira de sonho – e não há foi péssimo, perdemos 3-2, mas eu fiz dois na ratice”. A verdade é esta: “se me sentir no fim à vista. Aos 38 anos, Zé Manel ainda não grandes golos”, acrescenta. No mesmo ano, final da época como estou hoje, vou perguntar está pronto para pendurar as botas e, por isso outro bom jogo: frente ao FC Porto, no Bessa, aos responsáveis do clube se contam comigo. mesmo, regressou às distritais. “Vim para o marcou um bom golo. Se disserem que não, vou procurar outro clube Caçadores das Taipas porque já cá tinha estado. Agora, regressado ao Caçadores das Taipas, onde jogar que, quase de certeza, não terei É um clube com o qual simpatizo e é um prazer equipa distrital da AF de Braga, Zé Manel problemas em encontrar”. voltar para estar com as pessoas que sempre me constata que “não há muitas diferenças”, com Quanto à carreira de treinador, é uma acarinharam”, revela. Regressa também para exceção de “um sintético de apoio aos treinos possibilidade mas não uma prioridade. “dar um bocadinho mais de nome ao clube por e mais camadas jovens”. Os treinos continuam “Pela minha iniciativa, não me estou a ver a tudo o que me deu no passado”, a ser apenas ao final do dia, como é normal treinar”, assume, “mas se surgir oportunidade, A chegada ao futebol profissional foi um acaso. naquele escalão. Ainda assim, “o trabalho é certamente que falo com as pessoas e analiso “Eu não tenho camadas de formação”, conta, muito idêntico ao que se faz na Primeira e se valerá a pena entrar por essa via. Assim “comecei a jogar do nada, na minha freguesia”. Segunda Ligas. é só por dizer que não há tempo como não estava obcecado por jogar na I Liga, Depois, “as coisas foram acontecendo, eu disponível para treinar jogadas, livres e outras também não estou obcecado por ser treinador”. nunca tinha pensado em ser profissional, situações táticas”, admite. muito menos chegar à I Liga. Não tracei metas, Quanto aos colegas de equipa, Zé Manel não Zé Manel fui trabalhando e as oportunidades foram sabe se olham para ele como um exemplo a Data de nascimento: 22/10/1975 surgindo”, assume. seguir, mas vê ali muito potencial. “Posso dizer Posição: Extremo direito A verdade é que Zé Manel acabou por ser um que há ali jogadores com qualidade para jogar Carreira: jogador regular e de qualidade que marcou os nos escalões principais”, garante. Caçadores Taipas |1997-1999 últimos dez anos do futebol português. “Os Terminar a carreira ainda não está nos planos de P. Ferreira |1999-2004 anos no Paços de Ferreira e no Boavista foram Zé Manel. “É como se costuma dizer: quanto Boavista | 2004-2007 os melhores que tive, mas no geral, a imagem mais velho melhor”, diz, bem-disposto, “já estou SC Braga | 2007/2008 que deixei no futebol é muito boa”, observa. a caminho dos 39 mas sinto-me espetacular. Leixões | 2008-2010 Ao todo, são quase 300 jogos na I Liga. É difícil Tenho uma vontade excecional de correr, de Trofense | 2010-2012 eleger os melhores mas Zé Manel relembra o trabalhar e de fazer as coisas de melhor forma Boavista | 2012/2013 primeiro jogo de 2006/2007. “Foi em Alvalade, que nunca. Não corro como há cinco anos, Caçadores Taipas | 2013/2014 estava eu no Boavista. Infelizmente, o resultado mas quando não se ganha no pulmão, ganha-se N. 53 JOGADORES 32 “NÃO CORRO COMO HÁ CINCO ANOS, MAS QUANDO NÃO SE GANHA NO PULMÃO, GANHA-SE NA RATICE” N. 53 JOGADORES 33 FILIPE MOREIRA área técnica Na I e II ligas são raros os treinadores estrangeiros. Como vê esta cada vez maior aposta no treinador português? porque até podemos estar a trabalhar mal, mas primeiros passos são sempre mais complicados sentir esta salvaguarda pode fazer com que o mas o tempo vai ajudar a consolidar este barómetro da diferença possa ser prolongado, grande clube que é o Académico de Viseu. dando mais hipóteses de sobreviver neste Terá de haver muita calma e muita paciência quadro daquilo que é o futebol português. O porque construir uma equipa é muito difícil Com muita satisfação e fundamentalmente tempo, felizmente, hoje, faz com que as coisas mas quando se consegue é ótimo perceber isso. porque é o reconhecimento do potencial vão melhorando. Como este ano na II Liga Este ano tem de haver sensatez e estabilidade existente no técnico português. só desce uma equipa poderá permitir que haja emocional. uma maior estabilidade, pelo menos de quem Tendo em conta a sua experiência, a relação treinador/jogador tem vindo a alterar-se nos últimos anos? dirige. Mas, por muito que nos custe aceitar, há esta: serão os treinadores os grandes culpados Contratou Cafú, jogador que integrou o 11º Estágio do Jogador. O que tem a dizer sobre este evento do SJPF? Pelo facto de já treinar há 28 anos, posso dizer quando as coisas correm mal? Muitas vezes, Falamos de um “miúdo”, de alguém que que sem os jogadores não seria nada, sem os próprios atletas, que são a razão da minha não tem bilhete de identidade. É um grande eles a minha vida não tinha sentido. São eles existência e da minha alegria, podem ter um homem, no seu caráter, mas é um miúdo na que fazem a magia, a diferença, são eles que erro individual e a segurança que tínhamos forma como treina, faz do treino o seu jogo. alimentam na criança o sonho de que um dia outrora pode deixar de existir. É um exemplo. É bom ter jogadores assim. vezes em que tem de acontecer e nós temos de compreender. Ainda assim, a grande questão é Aquilo que sinto, no que toca ao Sindicato, possam fazer o mesmo. Hoje o jogador está Tem alguma referência como treinador? através do seu presidente, em quem me revejo percurso, compreendendo cada vez mais com o líder de todo o processo que as coisas hoje Um deles foi o Arrigo Sacchi, porque sempre é que felizmente temos um Sindicato de possuem conceitos de uma relação humana gostei de versões táticas, Sven-Goran Eriksson Jogadores cheio de qualidade. Temos de ter mais direta, verdadeira, funcional, presente e pela sua conduta, personalidade, inovações e orgulho na forma como esse processo tem mais ativa. mensagens que passava ao atleta e Johan Cruyff sido desenvolvido. É um trabalho formativo, mais evoluído nesse aspeto, tem outro tipo de O treinador do Académico de Viseu (II Liga) enaltece os valores humanos e técnicos dos futebolistas e considera a estabilidade um ingrediente fundamental para atingir o sucesso. N. 53 JOGADORES 34 “São os jogadores que fazem a diferença, a magia” pela sua conduta e pelos seus princípios, que no Barcelona produziu futebol espetáculo e educacional e pedagógico e só tenho de dar os Os dirigentes estão mais pacientes com os treinadores e não recorrem tanto à “chicotada psicológica” ou é daquelas “coisas” que não há volta a dar? fez com que eu me tornasse ainda mais adepto parabéns a quem o organiza. Acho que temos um problema de cultura. Vai ser uma época muito difícil. Sei que é um É sempre importante os treinadores e os ano diferente, é um ano zero, em que este clube jogadores sentirem que a estabilidade faz parte (Ac. Viseu) tem de cimentar a estabilidade deste processo. É fundamental que o tempo de forma a que o tempo consolide este possa consolidar todos os planeamentos, grupo, estes treinadores e estes dirigentes. Os do futebol ofensivo e percebesse que o futebol é lindo quando se joga no último terço. Quais as suas expectativas para esta temporada? N. 53 JOGADORES 35 Nome: Filipe José Oliveira Moreira Idade: 49 anos Clubes como treinador: Ericeirense, Mafra, Lourinhanense, Santa Clara, Nacional, Machico, Portimonense, Operário, Dragões Sandinenses, Casa Pia, Olivais e Moscavide, Mafra, Tondela, Oriental, Sp. Covilhã e Académico de Viseu. OPINIÃO Ou renovas... ou hibernas! João Leal Amado Professor da FDUC desportiva que o jogador se compromete a da ameaça, nem sempre velada, de excluir o quando a decisão de afectar determinado prestar quando celebra o contrato consiste, jogador da competição desportiva, caso ele não jogador à “equipa B” não se baseia em razões basicamente, na disputa das correspondentes aceite a pretendida renovação... técnico-desportivas, traduzindo-se antes numa competições desportivas. Esse é o núcleo 1. Se é indiscutível que qualquer trabalhador os seus dotes. Esta é, aliás, uma dupla quase acusará falta de ritmo quando chamado de novo pode ter sérios interesses, de ordem material e inseparável: competir sem treinar é pouco a competir. moral, no efectivo exercício da sua actividade menos que impensável, treinar sem competir profissional, é outrossim indesmentível é frustrante e mesmo algo atrofiante. Com goza do direito de participar na competição que tais interesses são particularmente ostensivos quando esse trabalhador é um jogador de futebol. Com efeito, uma situação de inactividade prolongada mostra-se aqui, numa profissão concentrada (isto é, de curta duração e de forte intensidade) como esta, especialmente lesiva do trabalhador. A prática desportiva profissional dos nossos dias requer um elevado apuro físico, um “estar em forma” só alcançável através de constantes doses de preparação e treino. Mais: o futebolista precisa de se exibir, necessita de competir, sob pena de cair no esquecimento e de ver desvalorizada a sua cotação no respectivo mercado de trabalho. O futebolista é o principal intérprete de um espectáculo que é alimentado pelo público ― e o público, esse, ama quem vê. Longe da vista, longe do coração, eis um provérbio 2. É sabido, contudo, que o futebolista não “SOBRE O JOGADOR NÃO RECAI QUALQUER OBRIGAÇÃO DE RENOVAR O VÍNCULO CONTRATUAL COM O CLUBE” desportiva. Isto é assim e, diga-se em abono da verdade, não parece que possa deixar de o ser: a competição tem regras que limitam o número de jogadores a utilizar (no futebol, em cada jogo, 11+3) e os clubes que disputam tal competição necessitam de possuir um quadro de atletas relativamente alargado (20-30, no futebol) em ordem a dar resposta às numerosas vicissitudes ligadas à prática desportiva (lesões, sanções, quebras de forma, etc), pelo que, inevitavelmente, nem todos os jogadores poderão tomar parte na competição (alguns poderão mesmo nunca o fazer ao longo de toda uma época desportiva). O jogador só participará na competição, por conseguinte, se e quando o clube, através dos competentes técnicos, o determinar. Ou seja, e em termos simples, o futebolista tem o direito de treinar mas não o que aqui se mostra pertinente e, o que é pior, facilmente convertível em longe da vista, baixa efeito, o treino desportivo, por mais intenso e de jogar, tem o direito de se preparar mas não o de cotação... qualificado que seja, nunca consegue substituir a de competir, tem o direito de ser adestrado mas O futebolista carece, pois, de exercer a sua competição. Treinar não é competir e o jogador não o de ser utilizado. actividade profissional, precisa de treinar e de afastado da competição durante algum tempo, Sucede, porém, que, como se disse, o treino, competir, necessita de se preparar e de exibir ainda que entretanto tenha treinado com afinco, sendo indispensável, é insuficiente. A actividade N. 53 JOGADORES 36 medida visando constrangê-lo a renovar o seu central da sua actividade, essa é a razão pela 4. Problemas igualmente delicados surgem, qual o clube normalmente o contrata e a razão nesta matéria, em torno das chamadas “equipas pela qual ele chega a acordo com esse clube: B”, figura que vai fazendo curso no nosso 5. Entendamo-nos. Clube e jogador celebram actuar ao seu serviço, representá-lo aquando futebol. Com efeito, ao abrigo da pertinente um contrato de trabalho a termo, a prazo, do momento mágico da competição. Tudo regulamentação federativa, clubes desportivos devendo ambos cumpri-lo ponto por ponto, na o resto (maxime os treinos) tem carácter há que possuem duas equipas: a “equipa íntegra, em obediência ao conhecido princípio propedêutico, tem natureza preparatória ou A”, constituída pelos melhores jogadores pacta sunt servanda. Sobre o jogador não instrumental. e disputando o campeonato principal; e a recai qualquer obrigação de renovar o vínculo “equipa B”, maioritariamente integrada por contratual com o clube. O clube, por seu 3. Os critérios técnico-desportivos atinentes contrato por mais alguns anos. jovens jogadores e disputando o campeonato turno, não tem qualquer direito de exigir do à constituição das equipas prevalecem, porém, secundário. Nestes casos, a questão consiste jogador essa renovação. O compromisso entre sobre a tutela da profissionalidade do jogador, em saber se aos jogadores assiste algum direito as partes, por força da lei, é um compromisso usufruindo o clube de uma quase irrestrita de integrar a “equipa A” do clube ou se, pelo temporalmente parametrizado. E se o clube, liberdade de utilizar ou não os serviços daquele contrário, este conserva inteira liberdade procurando forçar o jogador a dar a sua na competição, conforme o que entenda mais para, de acordo com os critérios técnico- anuência à renovação, utilizar expedientes tais conveniente. Mas atenção! Isto já assim não desportivos que reputar apropriados, distribuir como os de impedir o jogador de participar será caso se demonstre que a não utilização os jogadores como achar conveniente pelas na competição ou relegá-lo para a “equipa do jogador na competição resulta de factores duas equipas. B”, então o clube estará a incorrer em assédio extradesportivos, sendo movida pela intenção Este último é, em princípio, o entendimento moral, previsto e proibido no art. 24.º do de o punir ou de o desgastar psicologicamente mais acertado. Na verdade, se um clube possuir Código do Trabalho. Ora, confrontado com ― procurando coagi-lo, por exemplo, à duas equipas e tiver 50 atletas contratados, esta prática de assédio, é evidente que o renovação do vínculo contratual com o clube, uma das prerrogativas inerentes ao seu jogador tem todo o direito de reagir, inclusive na mira de evitar que o prazo contratual expire poder de direcção consistirá, precisamente, através da resolução do respectivo contrato de e que, em consequência, o jogador possa vir em determinar que jogadores farão parte da trabalho desportivo, com justa causa. a transferir-se “a custo zero”. Aqui estaremos “equipa A” e quais os que serão relegados para já, sem dúvida, perante condutas ilegítimas a “equipa B”. Mas isto, note-se, em princípio, “Ou renovas ou hibernas!” Será? Acredito que e abusivas do clube, atentatórias da boa-fé pois a prática vem demonstrando que este não, pois, contanto que a motivação decisória contratual. Ora, a prática vem demonstrando também constitui um terreno privilegiado do clube seja demonstrável em juízo, o jogador que, muitas vezes, estas propostas patronais para actuações abusivas por parte dos clubes, bem poderá retorquir: “Ou cumprem... ou, de renovação contratual vêm acompanhadas contrárias à boa-fé contratual: é o que sucede obviamente, demito-me!”. N. 53 JOGADORES 37 APITO Quais são as expectativas da APAF para a época 2013/14? As expectativas da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) são as de ajudar a criar melhores condições de trabalho para os árbitros das categorias inferiores, nomeadamente nos campeonatos distritais, a todos os níveis, tais como a segurança, a fiscalidade, etc. Este é o nosso principal objetivo. Depois, ajudar a cimentar a arbitragem portuguesa no panorama internacional. Faz pouco mais de um ano que a arbitragem passou da liga para a FPF. O balanço é positivo? Sim. Hoje toda a arbitragem é gerida apenas por uma entidade, neste caso a Federação Portuguesa de Futebol, e o apoio tem sido uma constante. É mais fácil gerir quando tudo está concentrado em apenas um local. Numa escala de 0 a 5 que nota daria à arbitragem portuguesa? “Temos de saber valorizar a nossa arbitragem” José Gomes, Presidente da APAF, elege como principal objetivo a criação de melhores condições de trabalho para os árbitros das divisões inferiores e enaltece ainda as boas relações entre as associações de classe (jogadores, árbitros e treinadores). N. 53 JOGADORES 38 Daria nota 4. Considero que ninguém é perfeito e a arbitragem não foge à regra. Também considero que temos de ter sempre um objetivo e esse é chegar ao 5. A arbitragem portuguesa é uma das melhores do mundo. O futebol português tem de saber valorizar a nossa arbitragem. Na sua opinião quais são os grandes desafios da arbitragem e que medidas devem ser implementadas para melhorar o setor? Um dos grandes desafios é o de tentar constantemente cometer o menor número de erros possível. Para isso, o profissionalismo será um grande passo, para melhorar as condições de trabalho. Os árbitros apenas estarão concentrados numa atividade, não tinham de pensar se por arbitrarem um jogo a meio da semana terão ou não problemas com a entidade patronal, e se até têm ou não o emprego em risco dada a quantidade de dias que têm de faltar durante o ano. Qual a posição da APAF relativamente ao policiamento nos jogos de futebol? A posição da APAF é conhecida publicamente. Somos a favor do policiamento nos jogos de futebol e principalmente nas categorias inferiores, nomeadamente nas competições distritais. São essas que mais nos preocupam, são as que têm menos condições de segurança. São nestes campeonatos que temos de ter uma maior atenção quanto à segurança, não só dos árbitros mas de todos os agentes envolvidos. É a favor da introdução das novas tecnologias no futebol? Sim desde que seja de uma forma q.b., ou seja, desde que não desvirtue a essência do futebol. Como analisa a relação entre as associações de classe (árbitros, jogadores e treinadores)? Neste momento, considero que existe uma excelente relação. Há uma solidariedade entre as três entidades nos assuntos a que cada um diz diretamente respeito. Temos conversado bastante. Como tem visto a atuação do SJPF no futebol português? Tem tido uma excelente intervenção na defesa do jogador português, bem como nos direitos dos seus associados. Deverá continuar o trabalho até aqui desenvolvido, trabalho esse que tem valorizado o futebol português, nomeadamente através dos Estágio do Jogador realizado todas as épocas. Como é que deve ser uma relação árbitro/jogador? Deverá ser uma relação normal, de respeito, independentemente da função que ocupam. Não é por um ser jogador e outro árbitro que não podem ter uma relação de amizade. Há que acabar com a ideia de que um árbitro não pode falar com os outros agentes desportivos. Há que acabar com a ideia de que se um árbitro tiver como amigo um jogador, poderá beneficiar N. 53 JOGADORES 39 a equipa desse jogador. Tanto o árbitro como o jogador são profissionais nas funções que desempenham, e querem sempre fazer o seu melhor. Ao longo dos anos tem notado se os jogadores têm mudado o seu comportamento para com os árbitros? Sim, há uma maior compreensão pela função que o árbitro desempenha. No entanto, o trabalho de educação desportiva, a promoção do fair-play deve continuar e intensificar-se. Seria positivo que todos os clubes tivessem na sua estrutura ex-árbitros para auxiliarem jogadores, técnicos e dirigentes? Não quer dizer que deveriam ter na sua estrutura mas, no entanto, considero que podem ser realizadas mais ações entre clubes e estrutura da arbitragem no sentido de dotar os jogadores e equipas técnicas de melhores conhecimentos das leis de jogo, bem como melhoraria, com certeza, o entendimento sobre muitas das decisões que os árbitros tomam, acabando talvez com todo o ruído que, por vezes, se faz sobre um erro de arbitragem. Ser árbitro é uma atividade apelativa para os jovens? Sim, considero-a apelativa. No entanto, toda a estrutura do futebol tem de colaborar para que haja uma maior captação para a função bem como uma maior retenção do número de árbitros que terminam os cursos de candidatos. O regime fiscal não tem ajudado e a questão do policiamento também poderá levar ao abandono de jovens árbitros nos campeonatos distritais. José Manuel Gomes Idade: 36 anos Associação: Lisboa Profissão: presidente da apaf FIFPro Who´s who? O presidente do sindicato holandês realça as boas relações com o SJPF e recorda que na Holanda os salários em atraso aos jogadores não são um problema. Clube que não cumpra é punido desportivamente. DANNY HESP Quando foi criado o Sindicato dos Jogadores Holandeses (VVCS)? Coletivo de Trabalho começarão em breve. Em 1961. “Podemos ajudar-nos mutuamente” VERENIGING VAN CONTRACTSPELERS (VVCS) próprios problemas. Podemos ajudar- Além disso, a nova estrutura da Segunda Qual é a sua opinião sobre a FIFPro? Divisão de Futebol foi introduzida há A FIFPro é extremamente importante para para esses problemas, aprendendo uns com os poucas semanas. Por outro lado, devido os jogadores a um nível global. Na Holanda, outros. Há jogadores e treinadores holandeses à difícil situação financeira dos clubes, os direitos dos jogadores estão muito bem em Portugal e já pedimos ajuda a Joaquim Qual é a sua posição no Sindicato e desde quando está no lugar? muitos jogadores estão desempregados. assegurados pelos contratos coletivos de trabalho [Evangelista, presidente do SJPF] no que toca Desportivamente, e apesar do elevado e pelas regulações da federação. A difícil tarefa aos nossos compatriotas em solo português. O estatuto da seleção nacional holandesa, da FIFPro é a de assegurar que estes direitos nosso contacto com o Sindicato dos Jogadores Sou o presidente do Sindicato (VVCS) os clubes não estão a ter bons desempenhos são garantidos à escala mundial. Sem a FIFPro, Profissionais de Futebol tem sido sempre bom e desde 2005, altura em que terminei a minha a nível internacional. a situação de muitos jogadores seria pior. Ainda construtivo e espero que assim continue a ser. carreira enquanto jogador. Quais são os principais serviços disponibilizados pelo Sindicato holandês? Os salários em atraso são um problema efetivo na Holanda? assim, a condição de muitos países pode ser substancialmente melhorada. Acompanhamento jurídico aos jogadores contrato coletivo de trabalho a pagar os (a nível individual e coletivo), carreira salários aos seus jogadores antes do dia 10 Como classifica a relação entre o sindicato holandês e a federação de futebol da Holanda? educativa independente e serviço de de cada mês. Se tal não for cumprido, De três em três meses temos uma reunião regular aconselhamento (Academia VVCS), o clube é punido com uma redução de três oficial para discutir diversos problemas que programa de apoio a jogadores em pontos no campeonato. afetem jogadores ou o futebol em geral. Durante dificuldades, apoio a jogadores em fase de transição na carreira, auxílio a atletas sem contrato (equipa VVCS) e gestão de carreira dos jogadores, entre outros. Não. Todos os clubes são obrigados pelo As redes sociais e as novas tecnologias são importantes para o vosso sindicato? Sim, a maior parte dos nossos colaboradores O futebol é um desporto internacional e, como Não temos conta de Facebook. tal, todos os sindicatos têm de lidar com os seus N. 53 JOGADORES 40 e aconselhá-los a recorrer ao SJPF caso tenham problemas. Estarão em boas mãos. (em 34) na assembleia-geral da federação. aplicação do VVCS para smartphone. As negociações para o novo Contrato Quero desejar-lhes todo o sucesso em Portugal telefone. Além disso, temos ainda dois votos Teremos, dentro de dois meses, uma tem uma conta no Twitter, eu incluído. Gostaria de enviar uma mensagem para os atletas holandeses em Portugal? a temporada, há contacto semanal, por mail e Como define a relação institucional entre os sindicatos português e holandês? Quais são os maiores problemas que afetam os jogadores na Holanda? -nos mutuamente e encontrar as soluções Nome: Danny Petrus Hesp Data de nascimento: 19 de outubro 1969 Posição: Defesa Clubes: Ajax, Heerenven, TOP Oss, Roda, AZ Alkmaar, NEC e RBC Roosendaal N. 53 JOGADORES 41 gabinete jurídico Processo disciplinar Os clubes/SAD só podem aplicar ao jogador as sanções previstas na Lei, a saber: Há limites para o valor máximo da multa a aplicar? • Repreensão; está sujeita a limites legais. • Repreensão registada; • Multa; • Suspensão do trabalho com perda de retribuição; • O que é? A nota de culpa obedece a algum formalismo? Um processo disciplinar é um instrumento Sim. A nota de culpa tem que ser elaborada por escrito com a descrição circunstanciada dos factos que lhe são imputados. jurídico de regulação das relações laborais ao dispor das entidades patronais e que só pode ser utilizado quando o trabalhador assume Durante a suspensão provisória o trabalhador tem direito à remuneração? Durante o processo disciplinar o trabalhador mantém sempre o direito à retribuição, mesmo determinado comportamento que ponha em no caso da entidade empregadora optar pela sua causa o justo e equilibrado desenvolvimento suspensão temporária, ou seja, durante o período Qual o prazo para responder à nota de culpa? da relação laboral. Despedimento com justa causa. Sim. A multa aplicada por cada infração disciplinar A sanção de suspensão do trabalho com perda de retribuição pode durar quanto tempo? Posso ir para a equipa B na sequência de um processo disciplinar? por cada infração, 24 dias e, em cada época, o total de 60 dias. SABE MAIS. www.sjpf.pt Não, a entidade patronal só pode aplicar as sanções acima previstas. O processo disciplinar tem de ser instaurado nos empregadores. Embora se trate de uma realidade desportiva, esta relação laboral obedece a direitos notificação da nota de culpa, para consultar altura, apresentar meios de prova. 60 dias após ser tomado conhecimento da infração. Quando é que a infração disciplinar prescreve? precedida de processo disciplinar. temporariamente o trabalhador das suas funções fases E PRAZOS do processo disciplinar Instrução Resposta à nota de culpa Nota de culpa 10 dias da apresentação dos recibos assinados pelos jogadores, dos recibos das remunerações dos jogadores juntos aos documentos que comprovem a realização dos depósitos ou transferências bancárias respetivas certificando que se encontram com os salários Instrução 30 dias após conclusão do inquérito identificam com os trabalhadores comuns. Por conseguinte, a instauração de processos disciplinares não pode ser usada como uma forma “ardilosa” a que os clubes sucessivamente recorrem para encapotar os insucessos desportivos e/ou não honrar os compromissos com os atletas. Entre estas duas realidades está um conjunto de direitos e deveres que cada “ator” desta financeiro na competição. Deixamos-te aqui a Sanções para os clubes/SAD vigência do contrato que os une. A imposição informação essencial sobre este procedimento. Os clubes que não façam esta prova ficam de um processo disciplinar deveria ter como impedidos de registar novos contratos de fim o apuramento do grau de responsabilidade O que é? jogadores ou renovar os existentes e são do arguido para, em conformidade, aplicar São “check points” em que os clubes têm que sancionados com a perca de pontos a fixar entre sanção adequada ao mesmo e não um “desviar demonstrar que cumpriram com as obrigações o mínimo de dois e um máximo cinco pontos. de atenções” de prestações desportivas ou uma relação deve respeitar durante todo o tempo de financeiras com os jogadores e treinadores. Decisão Final e deveres e rege-se por princípios legais que se regularizados. A Liga Portuguesa de Futebol Profissional procede Os clubes/SAD têm de comprovar o pagamento Consequências para os jogadores que assinam a declaração dos salários devidos por contrato de trabalho • Os jogadores que aceitem subscrever desportivo, bem como contrato de formação, documentos que não correspondem à devidos entre 31 de maio de 2013 e 10 de verdade, podem inviabilizar a reclamação novembro de 2013, relativamente aos jogadores que dos salários em falta; forma de pressão ao jogador. Não é lícito classificar arbitrariamente de falta disciplinar o comportamento de um jogador. Tem de haver uma estrutura acusatória e fundamentos claros para que se possa laborar na tese de “infração disciplinar” sob pena de transformar a instauração do processo Os jogadores que assinem os recibos de disciplinar numa ação ilícita do próprio clube que vencimento de salários que efetivamente poderá, a meu ver, em última instância, levar ao Data de controlo não receberam, não podem requerer o rompimento justificado do contrato de trabalho 15 de dezembro de 2013 FUNDO DE GARANTIA SALARIAL. com justa causa. integrem o plantel da época desportiva em curso. 30 dias após conclusão do inquérito A prova de pagamento é feita através ou de declarações assinadas pelos jogadores Objetivos Inquérito prévio Prova de pagamento a 15 de dezembro de 2013 ao primeiro controlo durante o período em que decorre o processo. Suspensão preventiva (facultativa) CONTROLO FINANCEIRO DE 15 DE DEZEMBRO DE 2013 Não. A sanção disciplinar deve ser sempre A entidade patronal poderá suspender A infração disciplinar prescreve ao fim de um ano a contar do momento em que teve lugar. Sanções disciplinares As sanções podem ser aplicadas sem instauração de processos disciplinares? A entidade patronal pode suspender o trabalhador preventivamente? Do acusar ao rescindir Os jogadores são trabalhadores. Os clubes são em que decorrer o processo. o processo e responder à mesma, devendo, nessa Advogado do SJPF A suspensão do trabalho não pode exceder, O trabalhador dispõe de dez dias úteis, a contar da Qual o prazo para a entidade patronal dar início ao processo? João Lobão • Ver texto na íntegra em www.sjpf.pt/opiniao. N. 53 JOGADORES 42 N. 53 JOGADORES 43 Futebol feminino mariana jaleca “Já há quem prefira o futebol feminino ao masculino” mariana jaleca Clube: quintajense fc Posição: Avançada Nacionalidade: Portuguesa Fez apenas 16 anos a 8 de outubro mas o Admite que não é fácil conciliar os estudos Fã de Neymar (Barcelona), João Moutinho desejo de jogar futebol acompanha-a desde com o futebol – “quem corre por gosto não (Mónaco), Bale (Real Madrid), Reus (B. sempre. “Quando era pequena arrancava as cansa e por isso mais vale agora fazer um Dortmund), Ana Borges (At. Madrid). cabeças das bonecas e transformava-as em esforço para no futuro ser recompensada”, Jéssica Silva (Albergaria) e Megan Rapinoe bolas. Passava as tardes a jogar contra a parede diz – mas quer fazer carreira na modalidade. (Seattle Reign), a jogadora do Quintajense e sempre que marcava um golo, no quintal, “Ambiciono jogar numa equipa estrangeira já foi contactada para emigrar para uma liga festejava”, explica Mariana Jaleca. e de um campeonato mais competitivo. mais competitiva. A hipótese ainda está de Apoiada pela família, começou a jogar futebol Se isso acontecer terei muitas experiências pé mas para já, nada está decidido. Devido há quatro anos, no Palmelense. Duas épocas novas e ganharei mais maturidade. Um dos à sua juventude procurou aconselhamento depois transferiu-se para o Quintajense FC, campeonatos de que gostaria de jogar era o junto do Sindicato dos Jogadores. “Fiquei clube onde mantém. alemão”, revela. esclarecida sobre os meus direitos, as minhas Estudante do 11.º ano, Mariana já envergou Apesar desse objetivo, a jovem avançada preocupações e sei que em caso de algum a camisola da Seleção Nacional (sub-16) em acredita que o futebol feminino em Portugal problema o Sindicato estará cá para me ajudar”, duas ocasiões. “Na estreia, no momento de está melhor e que dará um salto qualitativo. revela. Mariana Jaleca elogia ainda a aposta do ouvir o hino, fechei os olhos por umas frações “Neste momento já há quem não ache piada SJPF no futebol feminino e em Carla Couto de segundos e pensei ‘estou aqui, sou uma ao futebol masculino e prefira ver um jogo de (embaixadora para a modalidade). “O Sindicato privilegiada, por isso vou agarrar isto com as futebol feminino. Acho que o futebol feminino vai ajudar a desenvolver o futebol feminino e minhas mãos!’. Espero voltar a ter mais um vai conquistar cada vez mais adeptos e se a nomeação de Carla Couto é uma mais-valia desses momentos porque é uma sensação que existisse uma liga profissional, desenvolver-se- porque ela sabe quais são as necessidades da nunca irei esquecer”, conta. ia e alcançaria um novo patamar”, explica. modalidade para um maior desenvolvimento.” N. 53 JOGADORES 44 DATA DE NASCIMENTO: 08.10.1997 A futebolista do Quintajense elogia o SJPF. “Sei que em caso de algum problema o Sindicato estará cá para me ajudar” N. 53 JOGADORES 45 FUTSAL joão benedito “Estou orgulhoso porque ajudei a construir o futsal” Quinze títulos, titular do Sporting e da Seleção e 17 anos dedicados a um clube. O que falta ainda cumprir? Tenho alguns objetivos de carreira e títulos que ambiciono conquistar, entre eles uma UEFA Futsal Cup. Esse é o único que falta, a nível de clube. A nível de seleção o Mundial e o Europeu. Quero ser cada vez mais vezes campeão nacional e vencedor da Taça de Portugal e da Supertaça e transmitir esta ideia vencedora de Sporting. Até quando vamos ver o Benedito à frente das redes do Sporting? Não sei [risos]. Neste momento, quando se chega a esta idade (35 anos), vamos pensando ano a ano. Quando decidiu ser jogador de futsal? o futebol nunca esteve em primeiro lugar? Desde muito novo que vivo dentro do Sporting. O meu avô trabalhou aqui e ele era, na altura, responsável pelo centro de estágio onde estavam os jogadores de futebol. E eu sempre quis ser praticante da modalidade e falava com a minha mãe e com o meu pai a saber se podia vir algum dia às captações ou se o meu avô poderia dar um empurrãozinho para que isso acontecesse, mas ele sempre foi uma oposição. Depois, devido a uma volta que a nossa vida deu, o meu avô acabou por falecer muito precocemente, eu sempre fui tentando mas já estava numa idade avançada para poder entrar. Depois enveredei pelo futsal. Há uma altura em que surgem as captações no Sporting e decidi vir. Ao princípio mandaram-me embora, andei cá uns seis meses “a tapar buracos”. Vim para cá em janeiro. As pessoas gozavam um bocadinho comigo pela forma má como abordava os lances [risos], mas fiquei até ao fim da época. Na temporada seguinte, houve um problema com um guarda-redes por não lhe ter sido dada carta de desvinculação e não havia muito mais opções. Chamaram-me para fazer parte do plantel. E porquê a baliza? Quando estava numa coletividade de bairro, um amigo meu fazia parte da equipa técnica convidoume para ir para lá e o único lugar disponível que existia era a baliza. O que é preciso a um guarda-redes de futsal? N. 53 JOGADORES 46 A coragem, aliada a uma capacidade de trabalho muito grande e é preciso que a bola não entre [risos]. Psicologicamente também é importante ser muito forte, porque as coisas acabam por descambar para quem está lá atrás. e incompatibilizou-se essa vertente profissional mas mantenho essa licença sem vencimento para quando deixar de jogar para continuar a trabalhar e não há preço que pague o valor que esta situação tem para mim. Esteve uma época em Espanha. Porque saiu do Sporting? Encara a hipótese de, no futuro, exercer um cargo de direção no Sporting? Desde 2003 tive algumas propostas para sair do Sporting. Sempre chegámos à conclusão que não era bom sair. Em 2006 surgiu outra proposta e concluímos que era uma boa altura para poder ir experimentar. Foram duas fases bastante distintas de um ano da minha vida. Aprendi muito, foram seis meses muito bons. Depois tive um azar. Vim treinar ao Sporting durante as férias de Natal e comecei a sentir uma dor nas costas. Passados três dias estava hospitalizado com um pneumotórax, tive de ficar cá durante dois meses. Já estava quase no final da temporada. Então, decidi regressar. Em termos profissionais, qual é a profissão que ocupa no Sporting, de momento com licença sem vencimento? Sou marketeer. Em 2003, quando terminei o curso, regressámos do Europeu, e já tinha sido falada a possibilidade de trabalhar no Sporting, dado que treinávamos às 11h45 e às 19h. Como tinha acabado a licenciatura e passava muito tempo no clube, uma vez que sempre tive duas ocupações (estudava e treinava), propus isso, as pessoas aceitaram, entrei para a estrutura e comecei a trabalhar e a jogar. Sempre deu para conciliar. Quando saí para Espanha, as pessoas trataram-me de uma forma espetacular e toda a gratidão que lhes tenho será sempre muito pouca. Deram-me uma licença sem vencimento para quando voltasse para o clube. Mudaram os horários dos treinos É algo que, se um dia surgir, será por acréscimo e pelo desenrolar dos eventos de um largo período que ainda tenho para percorrer. O que falta à Seleção para obter um título europeu ou mundial? Falta chegar lá e ganhar [risos]. Falta um bocadinho de amor-próprio, de nacionalismo, de percebermos quão bons somos e termos aquela pontinha de pequena arrogância que nos faz ultrapassar alguns obstáculos. O futsal tem vindo a crescer em Portugal... João Paulo Feliciano Neves Benedito Passámos de uma fase em que só tínhamos família e amigos na bancada para agora organizar jogos e termos de nos preocupar com questões de segurança. Vejo isto de uma forma orgulhosa porque também ajudei a construir isto, até porque o Sporting tem a maior quota-parte em relação a tudo isto. D. N.: 07/10/1978 Qual é a imagem que tem do SJPF? 2009/10, 2010/11, 2012/13) A de quem salvaguarda o interesse dos jogadores, que há alguém que se preocupa com a realidade desportiva e que tem muito trabalho pela frente. É sempre bom ter um ponto de abrigo para que alguém nos ajude e indique qual será o caminho correto no meio de tanta malandrice que hoje se vê. Quatro Taças de Portugal (2005/06, 2007/08, Equipas: União Desportiva do Olival Basto, Playas Castellón e Sporting Títulos*: Sete Campeonatos Nacionais (1998/99, 2000/01, 2003/04, 2005/06, 2010/11, 2012/13) Quatro Supertaças (2001/02, 2004/05, 2008/09, 2010/11) *todos conquistados pelo Sporting N. 53 JOGADORES 47 OPINIÃO clipping O Treinador: Entre a Ciência, a Tecnologia e a Inovação Gustavo Pires Presidente do Fórum Olímpico de Portugal O futebol, à semelhança de qualquer outra medida em que não pode garantir a relação qualquer aplicação de ordem prática; e muita atividade humana, sustenta-se numa determinada causa-efeito que determina a cientificidade de inovação que não conduz a lado nenhum. tecnologia que tem de ser gerida de acordo com: uma operação que se repete. A ação do treinador Todavia, não é por isso que vamos dizer que 1. A velocidade de mudança do ambiente; depende da ação do adversário e vice-versa. a técnica fundamentada exclusivamente na 2. O padrão de complexidade da situação em Então, o que passa a valer é a criatividade. Nestas experiência não tem valor; como também causa; condições, o treinador deixa de ser um especialista não podemos afirmar que a ciência sem 3. A similitude dos elementos que estiverem em de configurações táticas que com maior ou aplicação prática imediata não serve para presença. menor dificuldade evoluem no terreno, para nada; e que a inovação, só por si, é geradora passar a assumir, na plenitude, a complexidade do de confusão. Assim sendo, a gestão da competição só pode pensamento estratégico que lhe permite pensar o Neste sentido, qualquer treinador de futebol ter sucesso se conseguida na emergência de jogo na sua globalidade e, ganhar verdadeiramente deve ter em consideração que: uma grande abertura ao exterior na procura dos o estatuto de treinador de futebol. • A tecnologia repete... e cria as necessárias pequenos sinais que decorrem daquilo que: Por isso, aqueles que dizem que “no futebol já está rotinas... 1. Está a mudar porque mais importante do que tudo inventado” estão profundamente enganados. • A ciência explica... e conduz ao conhecer aquilo que existe é compreender aquilo Seria horrível se no futebol tudo fosse assim tão envolvimento dos atletas... que está a mudar; fácil. O futebol é simples, provavelmente é o jogo • A criatividade inova... e atribui ao processo 2. Não é percetível à primeira vista porque a mais simples do mundo, contudo, não quer dizer de treino um sentido de futuro... realidade do jogo não se revela, por assim dizer, a que seja fácil. No futebol não se pode facilitar. qualquer leigo; Quando no futebol se facilita tende-se a confundir Ora, quando o treinador consegue integrar a 3. São os elementos significantes que, a serem tecnologia, ciência e inovação. De uma maneira tecnologia que repete, a ciência que explica identificados e trabalhados, podem mudar expedita podemos dizer que: e a criatividade que inova está em condições condições em que o jogo está a ser jogado. • A tecnologia diz como se faz; de produzir conhecimento capaz de • A ciência explica porque é que se faz assim; desencadear um salto qualitativo com efeitos A vitória, em grande medida, acontece pela • A inovação atribuiu um sentido de criatividade e imediatos na organização da vitória. capacidade do treinador se aperceber de um ou de futuro. É a arte do treinador: a teoria, só por si, não vários (não muitos) pormenores que a podem chega para vencer. A prática, só por si, não favorecer. Por si só, existe muita tecnologia sem qualquer garante o sucesso. A inovação só por si não Um treinador não é senhor dos seus atos na fundamentação; muita ciência que não tem à vista determina a vitória. N. 53 JOGADORES 48 N. 53 JOGADORES 49 GLÓRIAS vítor baptista Nasceu na miséria e a ela regressou antes da morte. Pelo meio, uma carreira futebolística das mais emblemáticas do futebol nacional. Vítor Baptista era “o maior”. ali foi jogando e crescendo enquanto atleta. A história mais marcante acontece a 12 de Aos 18 anos já era um dos titularíssimos na fevereiro de 1978. Num jogo frente ao rival equipa sadina e chegou a vencer uma Taça de sempre Sporting, Vítor Baptista recebe de Portugal, em 1967. um passo magistral de Bastos Lopes, recebe Em 1971, com apenas 22 anos, conquistou a bola de peito à entrada da área, foge a o Benfica e o clube da Luz fez tudo para dois adversários e remata para o fundo das o contratar. No balneário era o único que redes. Nem sequer celebra o golo. Volta-se Gabavam-lhe a genialidade mas queixavam- fazia frente a Eusébio. Disse-lhe um dia, para trás e põe meio mundo à procura do se da loucura. Fruto da necessidade, Vítor convicto: “Ó Eusébio, eu é que sou o brinco que perdeu no decorrer da jogada. O Baptista procurou sair da miséria em que maior!” Olhava-se ao espelho e perguntava- brinco, que até tinha custado uma pequena nasceu através do futebol. Ficou órfão se: “Como é que Deus foi capaz de me fazer fortuna (12 contos, na época), nunca mais de pai bastante cedo e a única pessoa a tão bonito?”. Um dia apareceu no Estádio foi encontrado. sustentar a família passou a ser a mãe, uma da Luz com o cão vestido à Benfica. O que Depois do Benfica, a miséria voltou a empregada numa fábrica transportadora Vítor Baptista tinha de louco fora de campo, aproximar-se da vida de Vítor Baptista. de peixe. Ao terminar a quarta classe, com exibia de génio na mesma quantidade dentro No resto da carreira, houve tempo para o apenas 10 anos, Vítor fugiu dos estudos dele. Setúbal, o Boavista, o San Jose (EUA), o para trabalhar como canalizador, eletricista, Todos lhe elogiavam as capacidades técnicas Amora, o Montijo, o União de Tomar, o merceeiro e carpinteiro. A única companhia a caminho da baliza. Marcava golos sem Monte da Caparica e o Estrelas do Faralhão. que nunca pôs de parte foi… a bola. pedir licença e foi uma das figuras centrais Depois disso, a droga, as mulheres e o Ao longo dos primeiros anos da do Benfica entre 1971 e 1978. Numa mundo do crime ceifaram-lhe o bem estar adolescência, Vítor Baptista participou em digressão à Rússia, recusou-se a jogar contra que ainda lhe sobrava. O génio louco diversos torneios e, aos 13 anos de idade, atletas russos por lhe parecerem amadores, a morreu a 1 de janeiro de 1999, com apenas foi descoberto pelo Vitória de Setúbal. Por ele, que só aceitava jogar com profissionais. 50 anos. N. 53 JOGADORES 50 N. 53 JOGADORES 51 LAZER | RELÓGIOS LAZER | CARROS Para controlar o tempo LONGINES CYRUS LOUIS VUITTON O Avigation Oversize Crown da Longines O Cyrus Kambis está disponível em titânio e Além da sua beleza, o Tambour Spin Time reúne elegância e funcionalidade, num modelo ouro preto ou vermelho com DLC em titânio. Regatta é uma ajuda preciosa na contagem que lembra os antigos relógios para pilotos. Grande atenção aos detalhes. regressiva de quem participa em regatas. Volkswagen Golf Variant A Volkswagen lançou no mercado um Golf 1.2 TSI Confortline (105 cv) – 25 671 Variant completamente redesenhado. O 1.2 TSI DSG Trendline (105 cv) – 25 893 multifacetado Golf Variant é baseado no 1.2 TSI DSG Confortline (105 cv) – 27 422 Golf VII, herdando as suas tecnologias. Tal 1.4 TSI Confortline (140 cv) – 26 787 significa uma redução no peso total (até 105 1.4 TSI Highline (140 cv) – 28 452 kg), um espaço otimizado (uma volumetria 1.4 TSI DSG Confortline (140 cv) – 28 530 para bagagens até 1620 litros), proporções 1.4 TSI DSG Highline (140 cv) – 30 195 mais atrativas da carroçaria, novos sistemas HARRY WINSTON BREGUET BREITLING de segurança e conforto, novos motores a Diesel gasolina e diesel (mais económicos até cerca de 1.6 TDI Trendline (90 cv) – 26 577 1.6 TDI Confortline (105 cv) – 30 558 15 por cento) e novas tecnologias na conceção 1.6 TDI Confortline (90 cv) – 28 106 1.6 TDI Sportline (105 cv) – 31 095 do chassis. 1.6 TDI Trendline (105 cv) – 27 175 1.6 TDI Highline (105 cv) – 32 224 1.6 TDI Confortline (105 cv) – 28 705 2.0 TDI Confortline (150 cv) – 35 882 O Midnight Big Date possui um aro que exibe O Classique Chronograph 5284 é um relógio O Navitimer Cosmonaute Blacksteel, o primeiro discretamente os três arcos icónicos do Salão com design único e cujo conjunto recorda os cronógrafo de pulso a ter ido ao espaço, é uma Preços (em euros): 1.6 TDI Sportline (105 cv) – 29 241 2.0 TDI Highline (150 cv) – 37 547 série limitada de 1000 exemplares. Gasolina 1.6 TDI Highline (105 cv) – 30 370 2.0 TDI Confortline (150 cv) – 37 729 1.2 TSI Trendline (105 cv) – 24 141 1.6 TDI Trendline (105 cv) – 29 029 2.0 TDI Highline (150 cv) – 39 394 Harry Winston da 5.ª Avenida em Nova Iorque. primeiros relógios Breguet. N. 53 JOGADORES 52 N. 53 JOGADORES 53 LAZER | LIVROS OPINIÃO Da poesia ao futebol BOLA NA CABECEIRA leonardo Faccio Marcador PVP: €14,39 Messi o melhor futebolista do mundo A discussão é longa: será Lionel Messi o melhor jogador do mundo? Este livro diz que sim, mas apresenta uma Manuel Sérgio Filosofo do desporto vida inteira cheia de argumentos. Admirado e idolatrado mundialmente, Messi tem quebrado todos os recordes. Dantes era um miúdo tímido, pequeno e de aparência frágil. Agora, após 13 anos de grandes golos e jogadas de encantar no Barcelona, tornou-se numa das joias mais valiosas do maior espetáculo do planeta e um dos melhores futebolistas deste século. Uma biografia imperdível. Jorge Jesus O Treinador Que Mantém a Chama Imensa Miriam Assor Livros d’Hoje PVP: €11 Ao longo das últimas quatro épocas, Jorge Jesus tem movido paixões e ilusões entre a maioria dos adeptos encarnados. Conhecido por ser um mestre da tática, o técnico do clube da Luz vê agora todos seus feitos pessoais e profissionais espelhados num livro que faz jus à carreira que tem vindo a levar a cabo e que agora está no auge. Uma obra a não perder, escrita pela mão sagaz de Miriam Assor. Um Dia Não São Dias Nelson Nunes, colaborador do Sindicato dos Jogadores, lança o seu primeiro livro de ficção. Esta é a história das dificuldades de um homem que enfrenta o desemprego há já demasiado tempo na sua vida. Abrindo a janela do seu Nelson Nunes Chiado Editora Preço: €11 quotidiano encontramo-lo nas mais variadas peripécias, Gonçalo M. Tavares pode saudar-se como um da poesia, ou seja, após um estudo lúcido e e nos saltos, há a revelação originária daqueles dos grandes escritores, portugueses e europeus, interrogativo, é o autor que emerge, sobre o mais, (daquelas) que os produziram. Quando a poesia se do nosso tempo. Professor da Faculdade de dando sentido ao processo poético. António Ramos adensa e indetermina, tal significa que o homem- Motricidade Humana, é hoje o docente da Rosa, também poeta de grande originalidade, no autor ainda está por conhecer. O Homem é um ser disciplina que eu lecionei também: Epistemologia seu livro, A poesia moderna e a interrogação do em perpétua e constante redefinição... da Motricidade Humana. Do seu Livro da Dança, real assinala que a liberdade da linguagem poética Não conheci (posso mesmo adiantar: e não colhi o poema seguinte: não nega, acentua a “experiência vital, por vezes conheço), no mundo do futebol, nem em Portugal exaltante, que subjaz ao poema”. nem no estrangeiro, um treinador com a cultura “o dedo que é só dedo nem sequer é dedo Não há fenómeno cultural que, para compreender- literária do nosso Fernando Vaz, infelizmente já o corpo que é só corpo só tapa o espaço só tapa se, não deva compreender-se antes o homem que falecido. Um dia (julgo que na década de oitenta) o espaço o produziu. Escrever um poema é a revelação encontrei-o no bar do Hotel Tivoli, em Lisboa, só tapa o espaço originária do poeta criador. Por isso, venho dizendo, na Avenida da Liberdade. Ele tinha entre mãos - deixem-me ver o espaço há algum tempo já, que no futebol não há saltos, um livro. Disparei a pergunta: Que livro é esse? ou então - deixem-me ver tudo mas homens (e mulheres) que saltam, não há fintas, E ele: “É um dos Diários do Miguel Torga”. E, (para que importa exibir o corpo se é só para exibir mas homens (e mulheres) que fintam; não há com um sorriso cordial, acrescentou uma frase o corpo; só importa exibir o corpo se é para exibir remates, mas homens (e mulheres) que rematam. que nunca mais esqueci: “Quando será que os o que não é corpo) À semelhança da poesia, nos remates e nas fintas homens do futebol descobrem que livros, como para que importa exibir o corpo se é só para exibir este, nos ajudam a uma melhor compreensão do o corpo?”. futebol?”. E lá volto eu, com os meus oitenta anos, O poeta Eugénio de Andrade, num livro que fez história, Poesia, liberdade livre, escreveu: “De Homero a S. Juan de la Cruz, de Vergílio a desde o momento em que se levanta da cama até ao Alexandre Blok, de Lio Po a William Blake, de momento em que a ela regressa, já à noite. Um trabalho Basho a Cavafy, a ambição do fazer poético foi cheio de ritmo, fácil de ler e com uma história que nos sempre a mesma: Ecce Homo (Eis o Homem) agarra da primeira à última página. N. 53 JOGADORES 54 “Ou se conhecem as pessoas, ou não se entendem, nem as táticas, nem os golos” parece dizer cada poema”. Na leitura crítica a repetir-me: é que o futebol, como o desporto, é uma Atividade Humana não é só uma Atividade Física. Quem ainda não entendeu isto sabe bem pouco de futebol. Nas táticas de Josep Guiardiola e José Mourinho; no instante criador de golos inesquecíveis – há, antes do mais, pessoas. Ou se conhecem as pessoas, ou não se entendem, nem as táticas, nem os golos. Como é lógico! N. 53 JOGADORES 55 REGRESSO À INFÂNCIA O MEU ESTÁDIO Estádio de São Luís Características Medidas: 103 x 68 metros Lotação: 15 000 Inauguração: Maio de 1923 Calor algarvio Aquele que foi já um dos grandes palcos do futebol português ergueu-se há quase 100 anos, em 1922. Na altura chamado Santo Stadium, em honra ao arquiteto que o desenhou, Manuel Santo, o recinto que viria a ser entregue ao Farense foi inaugurado em maio de 1923. O primeiro jogo que ali se disputou aconteceu no mês seguinte, a 24 de junho de 1923: a final da segunda edição da Taça de Portugal, entre Sporting e Académica, que terminou com um resultado de 3-0 a favorecer os homens de Alvalade. Em 1930, o nome do Estádio foi alterado para Campo de São Luís e, anos mais tarde, em 1957, para Estádio Municipal de São Luís. Entre as décadas de 70 e 90 do século XX, o Farense é das equipas mais temidas da Primeira Divisão, sendo o São Luís um dos terrenos mais difíceis para os adversários do coletivo de Faro. Por isso mesmo, as infraestruturas do municipal obtiveram melhorias consideráveis em 1971, de maneira a preparar-se para a nova grandiosidade do clube. Em 1986, o estádio do Farense foi rebatizado pelo nome pelo qual é hoje conhecido: Estádio de São Luís. Já em 1990, tendo em vista o Campeonato Mundial de sub-20 de 1991, que aconteceu em Portugal, o recinto desportivo sofreu uma expansão nos lugares disponíveis. Em 1997, fruto dos bons resultados na Primeira Divisão, o estádio foi de novo aumentado. Ao longo da primeira década dos anos 2000, o Farense acabou por sofrer um certo declínio e praticamente desapareceu do futebol português até ao ressurgimento, no ano passado. O Farense regressou às competições profissionais esta época e encontra-se agora a disputar a II Liga. Por isso mesmo, o velhinho São Luís sofreu obras de readaptação face a este novo desafio. Nem tudo é bola no Estádio de São Luís, porém. Em 1992, os míticos Dire Straits deram ali um concerto memorável e, já mais tarde, Pavarotti atuou ali, pela última vez em Portugal, no ano de 2000. BRUNO BASTO “Quando jogávamos com balizas grandes o ‘gordo’ é que ia à baliza’” Defesa esquerdo, 35 anos, jogou no Benfica, Alverca, Bordéus, Feyenoord, Nacional e Shinnik. Quando era miúdo jogou muitos jogos de bairro? Qual era a sua posição? Sim, jogava todos os dias na rua. A posição não era definida porque jogávamos dois para dois ou três para três. Onde é que jogavam (na estrada, em campos, em quintais, onde calhava, etc)? Maioritariamente no passeio e algumas vezes em campos ou em jardins públicos. As balizas eram marcadas com pedras ou tinham algo mais sofisticado? Na minha rua as balizas eram marcadas com caixas de frutas de Madeira na horizontal ou com pedras da calçada. As equipas eram divididas por clubes (do género Sporting contra Benfica)? Não, dividíamo-nos conforme quem aparecia na rua. Mudava e terminava aos N. 53 JOGADORES 56 quantos? Dependia muito do tempo que tinhamos para estar na rua. O “gordo” é que ia à baliza? Quando se jogava com balizas grandes sim, quando eram as caixas da fruta era sem guarda-redes. O dono da bola jogava sempre mesmo que não tivesse jeitinho algum? Isso era obrigatório e ainda escolhia a equipa. Tinha alguma alcunha? Não, mas como era o mais novo da rua chamavam me o Puto. O que é que vinha primeiro: a bola ou a namorada? Nessa altura ainda não pensava em namoradas, por isso, a bola. Saudades desses tempos? Sim, muitas mesmo, pois hoje em dia as preocupações são muitas, ao contrário daquele tempo. N. 53 JOGADORES 57 MEMÓRIA SPORTING 3 – BENFICA 1 PUBLICIDADE PANINI Estádio José de Alvalade, 27 de maio de 1962. Jogo decisivo para determinar o campeão nacional da época 1961/62. Sporting-Benfica (1-1) foi primeiro clássico da temporada 2013/14. Rui Patrício, William Carvalho, Adrien, Montero, Luisão, Rúben Amorim, Markovic e Cardozo são algumas das atuais estrelas dos dois grandes de Lisboa. Há 51 anos brilhavam outros intérpretes. Era o tempo de Hilário, Mário Lino, João Morais, Fernando Mendes, Pérides, Figueiredo, Costa Pereira, Ângelo, Cavém, Germano, Simões, Coluna, José Augusto, José Águas e Eusébio, entre outros. Juca (Sporting) e Béla Guttman (Benfica) eram os treinadores. ASF — Agência de Serviços Fotográficos — [email protected] | Imagens que fazem história N. 53 JOGADORES 58 N. 53 JOGADORES 59 Tecnologia revolucionária exclusiva para os membros do SJPF. G-FORM: PROTEÇÃO CONTRA O IMPACTO. REVOLUCIONÁRIA. As caneleiras G-Form Pro-S são as primeiras caneleiras de futebol construídas com Tecnologia de Proteção Reativa (RPT). O SJPF PROTEGE-TE. DENTRO E FORA DE CAMPO. OFERTA EXCLUSIV SÓCIOS SJ A PF
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