o goleador

Transcrição

o goleador
REVISTA OFICIAL DO SINDICATO DOS JOGADORES PROFISSIONAIS DE FUTEBOL . EDIÇÃO BIMESTRAL . SETEMBRO/OUTUBRO 2013 . 0,25€ . Nº53
POR TI. PELO JOGADOR. PELO FUTEBOL.
OUTRAS ENTREVISTAS
Rui Duarte . Olhanense
Pedro Caipiro . Atlético
João Benedito . Sporting
José Gomes . APAF
POSTIGA
O GOLEADOR
MAL-AMADO
N. 53 JOGADORES
01
Cristiano Ronaldo
EDITORIAL
“Fernão Capelo Gaivota”
Quando Joseph Blatter, num momento particularmente
infeliz, envolveu Cristiano Ronaldo em mais uma
polémica para a qual ele não contribuiu, veio-me à
memória o livro de Richard Bach – Fernão Capelo Gaivota.
Joaquim Evangelista | Presidente da Direção
Para quem não conhece o livro, é uma lição de vida
Mas também ele, como Fernão Capelo, não é
sobre os nossos propósitos mais nobres. Sobre
muitas vezes compreendido, sobretudo pelos mais
a capacidade de superação e sobre a diferença.
velhos, que não querem a mudança.
Em síntese, o livro é a história de uma gaivota
ASSESSORIA JURÍDICA E FISCAL . FORMAÇÃO E
QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL . PROTEÇÃO SOCIAL
E SEGUROS . DEFESA DA SAÚDE . FUNDO DE
GARANTIA SALARIAL . FUNDO DE SOLIDARIEDADE
SOCIAL . ESTÁGIO DO JOGADOR . FOOTBALL JOBS
(PORTAL DO EMPREGO) . FUTEBOL FEMININO .
FUTSAL . ACORDOS E BENEFÍCIOS
www.sjpf.pt
“diferente” das outras da sua espécie, que não se
Importa, pois, reiterar, a Joseph Blatter (FIFA)
preocupa apenas em conseguir comida. Fernão
e a Michel Platini (UEFA), que há quatro anos,
Capelo preocupa-se em ir mais longe, preocupa-
também tomou partido ostensivamente contra
se com a beleza e em aperfeiçoar a sua técnica de
Cristiano Ronaldo, que sem prejuízo das suas
voo. Fernão Capelo é apaixonado pelo voo e, ao
opiniões pessoais, os presidentes da FIFA e da
contrário das demais gaivotas do bando, é ousado
UEFA deveriam adotar uma posição de plena
e quer experimentar novos desafios, levando ao
neutralidade e imparcialidade.
limite o seu esforço.
Os jogadores são, salvo melhor opinião, o
Fernão Capelo Gaivota é um livro que fala sobre
património maior da FIFA, da UEFA, dos clubes e,
a sociedade humana. Aborda os nossos dogmas,
em especial, do futebol. Como tal os representantes
preconceitos e diferenças. Mas fala, sobretudo,
maiores dessas instituições deveriam, conforme
Cristiano Ronaldo
sobre a busca da perfeição. Fernão Capelo quer
é sua obrigação, defender um dos jogadores que
“voar mais alto, mais rápido e mais longe”.
globalmente mais contribui para o desenvolvimento
Respondeu com elevação às tristes palavras
de Joseph Blatter. Com golos e mais golos.
Ora, esse objetivo encontra obstáculos no grupo,
e promoção da modalidade.
que não quer mudar, e como consequência, Fernão
Inscrição
20,00€
I Liga . anuidade . 120,00€
II Liga . anuidade . 100,00€
10,00€
Campeonato Nacional de
Seniores
anuidade . 50,00€
Capelo é banido do bando.
Quanto à personalidade de Cristiano Ronaldo,
Sucede que as outras gaivotas começam a seguir
que não deixa ninguém indiferente, importa dizer
Fernão Capelo, querendo ser como ele e aprender
o seguinte: o direito à diferença é um direito
as suas técnicas, o que incomoda os mais anciãos
fundamental que deve ser proclamado pela FIFA
do bando.
e pela UEFA, não só por palavras mas, sobretudo
pelos atos.
Regressando à realidade e ao fenómeno que é
N. 53 JOGADORES
02
Cristiano Ronaldo, o problema é que também ele,
Termino afirmando que a culpa de Cristiano
como Fernão Capelo, busca a perfeição e para isso
Ronaldo estar associado a esta discussão é, tal
leva a sua profissão a sério. Entrega-se de corpo e
como Fernão Capelo, querer “voar mais alto”
alma, com uma enorme capacidade de sacrifício
exercendo a sua profissão com brio profissional
e superação. Ultrapassando todos os limites,
e sempre nos limites. São estas as qualidades que
surpreende-nos todos os dias com novos recordes.
merecem ser realçadas.
N. 53 JOGADORES
03
Seleção Feminina
de sub-17
Apuramento histórico com a qualificação
para a fase final do Europeu da categoria
que se disputa em Inglaterra de 26 de novembro
a 8 de dezembro. Parabéns!
Violência
Lamentáveis os graves incidentes verificados
antes do clássico FC Porto-Sporting. Aplique-se
a lei. Responsabilizem-se os culpados.
sumário
TEMA DE CAPA
RUI DUARTE
PEDRO MENDES
CAPITÃO DO OLHANENSE
PARMA (ITÁLIA)
P.24-25
P. 30 - 31
MARIANA JALECA
VÍTOR BAPTISTA
FUTEBOL FEMININO
GLÓRIAS
P.44 - 45
P.50 - 51
hélder
postiga
Grande entrevista
com o avançado
da Seleção Nacional
P.12
josé sá & w. carvalho
JOVENS TALENTOS
P.28 - 29
03 EDITORIAL 06 ZOOM: PROJETO SOLIDARIEDADE: SJPF ENTREGA CHEQUE-FORMAÇÃO A FÁBIO FARIA 08
NOTÍCIAS 12 TEMA DE CAPA: GRANDE ENTREVISTA A HÉLDER POSTIGA (VALÊNCIA) 22 OPINIÃO: JOSÉ NETO
23 ONZE TOQUES: ROBERTO (AROUCA) 24 O CAPITÃO: RUI DUARTE (OLHANENSE) 26 ESTUDOS VS PROFISSÃO:
PEDRO CAIPIRO (ATLÉTICO) 28 JOVENS TALENTOS: JOSÉ SÁ (MARÍTIMO) E WILLIAM CARVALHO (SPORTING)
30 PORTUGAL LÁ FORA: PEDRO MENDES (PARMA, ITÁLIA) 32 ÚLTIMO REMATE: ZÉ MANEL (CAÇADORES
DAS TAIPAS) 34 ÁREA TÉCNICA: FILIPE MOREIRA (AC. VISEU) 36 OPINIÃO: JOÃO LEAL AMADO 38 APITO:
JOSÉ GOMES (APAF) 40 FIFPRO WHO’S WHO: DANNY HESP (HOLANDA) 42 GABINETE JURÍDICO 44 FUTEBOL
FEMININO: MARIANA JALECA (QUINTAJENSE) 46 FUTSAL: JOÃO BENEDITO (SPORTING) 48 OPINIÃO: GUSTAVO
PIRES 49 CLIPPING 50 GLÓRIAS: VÍTOR BAPTISTA 52 LAZER: RELÓGIOS, CARROS E LIVROS 55 OPINIÃO:
MANUEL SÉRGIO 56 O MEU ESTÁDIO: SÃO LUÍS (FARENSE) 57 REGRESSO À INFÂNCIA: BRUNO BASTO 58
MEMÓRIA: SPORTING 3 – BENFICA 1 (1961/62).
Edição e propriedade
SJPF, Rua Nova do Almada, nº 11
3º Drt., 1200-288 Lisboa
www.sjpf.pt | [email protected]
T: 213 219 590 | f: 213 431 061
Director
Joaquim Evangelista
Director adjunto
Vitor Crisóstomo
Redação
Gabinete de Comunicação
Paginação
Gabinete de Comunicação
Fotografia
ASF, Bruno Teixeira,
Lusa, Miguel Zambujo,
Stephane Saint Raymond
REGISTO
ECR nº 125132
Colaboradores
Gustavo Pires, João Leal
Amado, João Lobão,
José Neto, Manuel Sérgio
e Nelson Nunes
Impressão Locape
Tiragem
2000 Exemplares
Dep. Legal
256825/07
membro
N. 53 JOGADORES
04
N. 53 JOGADORES
05
ZOOM
por ti. pelo jogador.
pelo futebol.
Saiu de campo há pouco tempo mas
continua em jogo. Após ter assinado uma
parceria com o Instituto Superior da Maia
(ISMAI), no passado dia 15 de outubro,
o SJPF garantiu ao ex-Rio Ave e Benfica,
entre outros, Fábio Faria a frequência do
curso superior em Gestão do Desporto
naquela instituição de ensino superior. A
ação integra-se no projeto Solidariedade,
do qual Fábio Faria é agora embaixador,
após ter terminado precocemente a
carreira devido a complicações cardíacas.
Desde então, o Sindicato dos Jogadores
Profissionais de Futebol tem estado ao
lado do agora ex-atleta.
Na presença de amigos, familiares e de
representantes de alguns dos clubes por
onde passou, Fábio Faria garantiu estar
“muito contente e grato” com o “apoio
espetacular” do Sindicato. E pelo que
dizem os professores da atitude do
ex-atleta, já há uma certeza: Portugal
ganhará um novo (e brilhante) gestor
desportivo. O SJPF deseja o máximo de
sorte e estudo afincado ao Fábio!
N. 53 JOGADORES
06
N. 53 JOGADORES
07
NOTÍCIAS
Alerta para
quem emigra
promovido pelo SJPF para jogadores desempregados
O SJPF associou-se à FIFPro no alerta aos
de trabalho. Com as duas contratações, o número de
jogadores que emigram para determinados
países.
Em comunicado, o SJPF repudia o
“O processo disciplinar é legítimo quando
comportamento de alguns clubes relativamente
usado de forma legal, isto é, dirigido a factos
a jogadores que não aceitam cessar ou renovar
concretos que merecem a censura legal.
o seu contrato de trabalho. Entre várias
Consequentemente a sanção deve ser adequada
situações, alguns futebolistas são colocados a
aos factos devendo a sanção mais grave – o
treinar à margem do grupo normal de trabalho,
despedimento – ser aplicada quando se torne
na equipa B ou então pressionados a abandonar
impossível a manutenção da relação laboral”,
o clube, seja por rescisão ou por empréstimo.
explica Evangelista.
Outros são confrontados com processos
Segundo o presidente do SJPF, “o Sindicato
disciplinares abusivos. Para Evangelista,
não a vê com bons olhos o que está a ocorrer
presidente do SJPF, estas situações têm como
no futebol nacional” e deixa ainda um alerta
“principal objetivo pressionar” os atletas a
“aos jogadores para a necessidade de reagir, ora
saírem dos clubes e a aceitarem acordos de
esclarecendo-se, ora contestando estas práticas.
rescisão mais desfavoráveis e “configuram um
Os jogadores devem ser ativos na defesa dos
comportamento ilegal e inaceitável”.
seus direitos”.
de fecho desta edição, os últimos jogadores que
participaram no 11.º Estágio do Jogador (evento
e que terminou a 31 de agosto) a assinarem contrato
futebolistas colocados sobe para 38.
Bruno Brito, defesa e médio que esteve integrado nos
A FIFPro emitiu um comunicado a alertar
trabalhos da Zona Sul, assinou pelo Sporting de Macau.
os jogadores que pretendam transferir-se
Já Bruno Pinheiro, defesa central que trabalhou no polo
para os campeonatos de Chipre, Grécia
da Zona Norte, alinhará pelo BEC Tero Sasana Football
ou Turquia. O órgão que agrega os
SJPF repudia
práticas abusivas
Bruno Brito, Bruno Pinheiro e Gil foram, até à data
sindicatos de jogadores de todo o mundo
Club, da Tailândia. Bruno Brito (na foto) já se encontra
naquela região asiática para jogar na Primeira Divisão de
lembra as promessas não cumpridas por
Macau. Recorde-se que o atleta de 28 anos alinhou em
parte de muitos clubes desses países
2012 pelo Frenaros, de Chipre, e anteriormente passou
(principalmente os que não participam
nas competições europeias) para com os
jogadores contratados. Incumprimento
salarial e cláusulas não cumpridas (como
por exemplo prémio de assinatura ou
percentagem em futura transferência,
entre outras) têm sido uma prática comum
nessas regiões.
A realidade tem revelado que passados
alguns meses após a assinatura dos
por outros emblemas como o Atlético e o Praiense,
entre outros. Bruno Pinheiro, por seu lado, foi formado
no Boavista e jogou no Aris Limassol (Chipre) e no
Gil Vicente. A última experiência do jogador de 26
anos, defesa central, tinha sido em Israel, no Maccabi
Netanya. O avançado Gil, 19 anos, ex-Beira-Mar de
Almada, participou na Zona Sul do Estágio e acabou
de assinar pelo UD Rio Maior (Segunda Divisão da
Associação de Futebol de Santarém).
Estágio coloca
(para já) 38 jogadores
contratos muitos clubes de Chipre, Grécia
ou Turquia deixam de cumprir com as
suas obrigações ficando os jogadores em
sérias dificuldades. Muitos, inclusivamente,
são despejados de casa já que os clubes
deixam de pagar as rendas.
O Sindicato dos Jogadores Profissionais
de Futebol (SJPF) associa-se ao alerta
da FIFPro e além de Chipre, Grécia e
Turquia reforça a lista com a Roménia.
TAD em Diário
da República
O SJPF aconselha todos os jogadores
que tenham propostas para emigrar
para clubes dos campeonatos desses
países que se aconselhem previamente
com o Sindicato antes de assinarem o
A criação do Tribunal Arbitral do Desporto
relativas ao recurso das decisões arbitrais.
contrato e viajarem para o país em causa.
(TAD) e a respetiva lei foram publicadas no
Em nota divulgada no site da Presidência
Infelizmente, têm sido comuns os casos
Diário da República de 6 de setembro.
da República refere-se que “a decisão de
de incumprimento para com jogadores
Recorde-se que a 27 de agosto, o Presidente
promulgação teve em consideração que a
portugueses. Para evitar males maiores,
da República Cavaco Silva promulgou o
matéria versada neste decreto já foi objeto
o SJPF apela a que todos os jogadores
diploma que cria o TAD, mas solicitou ao
de uma pronúncia do TC, na sequência de
nessas condições se informem sobre o
Tribunal Constitucional (TC) a fiscalização
um pedido de fiscalização preventiva de
emblema em causa antes de assinarem
sucessiva da constitucionalidade das normas
constitucionalidade”.
contrato.
N. 53 JOGADORES
08
N. 53 JOGADORES
09
NOTÍCIAS
Van
der Gaag
retira-se
por tempo
incerto
Piat assume
presidência da FIFPro
Philippe Piat regressa à presidência da FIFPro.
entre 2013 e 2017. A acompanhar Philippe
Foi depois de se ter sentido mal, durante
O atual vice-presidente da FIFPro e presidente
Piat, membro do board desde 1994, estarão os
o jogo entre o Belenenses e o Marítimo (a
do sindicato francês de Jogadores (desde
vice-presidentes Brendan Schwab (Austrália),
contar para a quinta jornada da Primeira
1969) liderou o organismo que congrega os
Luis Rubiales (Espanha) e Rinaldo Martorelli
Liga), que Mitchell Van der Gaag receou
sindicatos de jogadores de todo o mundo
(Brasil).
entre novembro de 2005 e novembro de 2007.
A ratificação dos cargos decorreu no
Agora, foi nomeado para presidir a FIFPro
congresso da FIFPro.
o pior. A 26 de setembro, o anúncio: os
graves problemas cardíacos de que sofre
impedem-no de continuar a trabalhar.
Board da FIFPro
Em conferência de imprensa, o treinador
Mandato 2013 – 2017: Philippe Piat (França),
(Dinamarca), Dejan Stefanovic (Eslovénia),
explicou o sucedido: “Estou contente
Luis Rubiales (Espanha), Bobby Barnes
Rinaldo Martorelli (Brasil), Fernando Revilla
por estar a falar com vocês pelo simples
(Inglaterra), Louis Everard (Holanda),
(Perú), David Mayebi (Camarões) e Brendan
facto de estar vivo hoje, foi uma coisa
Leonardo Grosso (Itália), Mads Oland
Schwab (Austrália).
muito violenta que aconteceu no sábado.
Eu tenho um problema no coração, já
há algum tempo, antes de chegar ao
Belenenses, tenho um pacemaker e um
desfibrilhador. No sábado, durante o jogo,
senti-me mal, recebi dois choques e o
Votação para o FIFA/FIFPro
World XI awards 2013
aparelho salvou a minha vida.”
“Esta eleição é bastante especial porque são os
(ver fotos em www.sjpf.pt). O onze ideal terá que
Van der Gaag, de 41 anos, chegou ao
teus colegas quem votam. É o único prémio a
obrigatoriamente ser composto por um guarda-
nível global que é 100 por cento baseado nos votos
redes, quatro defesas, três médios e três avançados.
dos jogadores”, disse Messi após ter colocado o
A equipa escolhida será anunciada na gala da Bola
voto na urna e iniciado a votação. Todos os anos,
de Ouro que decorrerá a 13 de Janeiro de 2014, em
a FIFPro visita o Melhor Jogador do Mundo em
Zurique, na Suíça.
Belenenses na época 2012/13, após ter
treinado a equipa B do Marítimo. Foi
também no Marítimo que esteve durante
grande parte da sua carreira de jogador
tendo encerrado a mesma no Al Nassr, da
Arábia Saudita, em 2006/07.
O Sindicato dos Jogadores Profissionais
de Futebol deseja as rápidas melhoras a
título para que este inicie a votação para a eleição
da FIFA/FIFPro World XI do ano. Lionel Messi
desempenhou este papel nos últimos quatro anos.
Messi, tal como Ronaldo, é recordista de presenças
(seis) no onze ideal.A FIFPro distribuiu 50 mil
Mitchell Van der Gaag e que regresse o
boletins de voto pelos sindicatos de futebolistas
mais breve possível ao futebol.
profissionais de África, América Ásia e Europa que
os encaminharão para os jogadores. Em Portugal,
praticamente todos os futebolistas profissionais
já preencheram os boletins entregues pelo SJPF
N. 53 JOGADORES
10
N. 53 JOGADORES
11
TEMA DE CAPA
HÉLDER
POSTIGA
“As críticas aos avançados da
Seleção já são um estigma.
Já existem há muitos anos”
Não é um jogador consensual entre os adeptos mas os
números não mentem. Apesar das críticas, no rácio número de
internacionalizações/golos, Hélder Postiga supera Cristiano
Ronaldo. A viver em Espanha uma das melhores fases da
carreira, o ponta de lança de 31 anos fala das opções que tomou
no passado, do futuro, do papel do SJPF, do enorme orgulho
em representar Portugal – “muito dificilmente renunciaria à
seleção nacional”, diz – e ainda de um desejo para quando
abandonar os relvados: “Quando deixar de jogar quero ter
orgulho naquilo que alcancei”.
N. 53 JOGADORES
12
N. 53 JOGADORES
13
TEMA DE CAPA
Quais são as suas expectativas
para esta época no Valência?
Com o passar dos anos alterou a
sua forma de jogar?
Conseguir o apuramento direto para a Liga dos
Campeões, realizar uma boa campanha na Liga
Europa e um bom trajeto na Taça do Rei.
Consoante passam os anos é natural existir uma
adaptação. Melhoramos nalgumas situações e
pioramos noutras. Por isso é necessário trabalhar
sempre no máximo para que as coisas aconteçam
como desejamos.
A nível pessoal, estipulou um
número mínimo de golos?
Não, nunca defino um número de golos. Procuro
sim oferecer à equipa dedicação, trabalho, dar
o máximo, para juntos alcançarmos os nossos
objetivos.
Sente pressão por ter sido
contratado para substituir um
jogador como o Soldado, um
símbolo de Valência?
Não. O Valência sempre teve grandes avançados
e sempre conseguiu arranjar substitutos à altura.
Por isso, a mim cabe-me dar o máximo, trabalhar e
fazer com que as coisas aconteçam.
As presenças dos portugueses
Ricardo Costa e João Pereira
no plantel facilitaram a sua
integração?
Ajuda sempre quando há compatriotas no clube
para onde vamos. Tanto o Ricardo como o
João foram importantes na minha adaptação.
Conhecem o clube e a sua realidade. Ajudaramme, não só eles como o restante plantel.
Falou com eles antes de assinar
pelo Valência?
Já conheço o Ricardo e o João há muito tempo.
Joguei com o João no Sporting e cresci com o
Ricardo, joguei com ele no FC Porto desde a
formação. Temos uma relação próxima que fez
com que falássemos da minha possibilidade de
vir a representar o Valência, o que acabou por
suceder.
Já jogou nas ligas de Portugal,
Inglaterra, França, Grécia e
Espanha. Qual o futebol destes
países que mais se adapta às
suas características?
Tendo em conta o futebol e o próprio país, penso
que é o espanhol. A seguir a Portugal é o país
onde estive mais tempo e adaptei-me bem tanto a
nível pessoal como profissional.
N. 53 JOGADORES
14
Prefere jogar sozinho ou
acompanhado na frente?
É-me indiferente, gosto é de jogar.
Há quem diga que é um dos nove
menos egoístas do futebol.
Concorda com essa análise?
Faz parte da minha forma de jogar e de encarar o
futebol. Acho que somos mais fortes todos juntos
do que um só. O grande objetivo de uma equipa é
jogarmos todos para o mesmo lado.
Também há quem diga que o
Postiga, como ponta de lança,
deveria marcar mais golos.
Sempre que tenho uma oportunidade tento
concretizá-la. Um ponta de lança é visto pelos
golos que marca e pela sua produtividade. Serei
sempre analisado pelos golos que marco.
Os jogadores portugueses
emigram cada vez mais cedo. O
Postiga transferiu-se para o
Tottenham, onde ficou conhecido
como O Carteiro, com apenas 21
anos. Foi demasiado cedo?
Foi um momento em que pensei que estava na
altura de sair. A oportunidade era muito boa mas
encontrei uma realidade totalmente diferente,
ao nível da estabilidade, à que estava habitado
no Porto. Quando se é jovem o mais difícil não
é adaptação ao futebol mas ao que o rodeia. Foi
onde senti mais dificuldades. Viver em Londres...
o mais difícil é a adaptação à vida social.
Se pudesse voltar atrás, faria o
mesmo?
Sim, a oportunidade foi fantástica. Melhorei e
aprendi muitas coisas com o decorrer dos anos.
Sim, voltaria a fazer a mesma coisa.
Formado no FC Porto, alguma
vez pensou em jogar noutro
“O futebol espanhol
é o que mais se adapta
às minhas características”
N. 53 JOGADORES
15
TEMA DE CAPA
“Muito dificilmente
renunciaria à Seleção Nacional”
grande em Portugal, como veio
a acontecer com o Sporting?
Um profissional de futebol nunca poderá dizer
o que vai acontecer amanhã. Mas temos sempre
como referência o clube onde nos formamos
e não esqueço que o FC Porto foi um clube
importantíssimo na minha carreira. Tive a
oportunidade de jogar no Sporting, um grande
clube, e desfrutei imenso. Como já disse, como
profissional, independentemente do clube de
hoje, não se sabe o que poderá acontecer amanhã.
Qual foi o melhor balneário que
conheceu?
Os balneários são bons quando se ganha títulos.
A vitória transmite alegria e o ambiente fica muito
mais saudável. Por isso, talvez seja o balneário
do FC Porto, em 2002/03, quando ganhámos
o Campeonato, a Taça de Portugal, Taça UEFA
e Supertaça. O ambiente era fantástico e existia
uma mescla de juventude e experiência.
Foi algumas vezes emprestado
pelo FC Porto. Como é que
um jogador reage aos
empréstimos?
No meu caso eu é que pedi para ser emprestado.
No primeiro (ao Saint-Étienne) estava a jogar
pouco no FC Porto e queria jogar mais e no
segundo caso (ao Panathinaikos) foi um problema
que tive com o Co Adriaanse e também quis sair
para jogar mais.
Ou seja, nos seus casos o
empréstimo foi algo positivo?
Sim porque normalmente o jogador, quando é
emprestado, é por necessitar de mais minutos, de
se sentir útil e importante. Foi o que aconteceu
comigo.
jogou em Inglaterra, França
N. 53 JOGADORES
16
e Grécia e agora em Espanha.
Sente que lhe é exigido mais por
ser estrangeiro?
Sem dúvida. Um jogador estrangeiro quando
chega tem de demonstrar mais do que um jogador
natural do país. Esse cenário passou-se em todos
os países onde joguei. É normal. São jogadores
pelos quais os clubes pagam muito dinheiro e
por isso têm de demonstrar a sua qualidade e que
fazem a diferença.
Em Portugal, a realidade parece
ser diferente...
Sim, por norma, recebemos muito bem os
jogadores estrangeiros. É uma questão cultural.
Fala-se sempre mais e melhor do produto
estrangeiro do que do produto nacional.
Infelizmente, jogadores
com salários em atraso são
um cenário recorrente em
Portugal. Passou alguma vez
por esse problema nos diversos
países onde jogou?
Não. Infelizmente as notícias que chegam de
Portugal não são boas. Nós, jogadores, como
qualquer outro trabalhador, gostamos de receber o
nosso salário no final do mês. Como toda a gente
também temos as nossas despesas e obrigações.
Há relatos de situações limite de jogadores em
Portugal e isso deixa-me triste.
É amigo de Fábio Faria, jogador
que foi obrigado a deixar de
jogar devido a razões de saúde.
Esse tipo de acontecimentos
fazem um profissional refletir
sobre a profissão e o futuro?
O jogador, hoje em dia, já salvaguarda mais o
N. 53 JOGADORES
17
TEMA DE CAPA
futuro do que acontecia antigamente. Há mais
jogadores esclarecidos e formados, muitos jogam
e estudam ao mesmo tempo, o que contribui para
preparar melhor o seu futuro. No caso do Fábio,
deu-me muita mágoa e tristeza, porque é alguém
que conheço desde os 10 anos. O Fábio é uma
força da natureza, foi internacional por Portugal
nos escalões de formação, chegou ao Benfica...
De facto, situações como esta fazem repensar de
como somos tão frágeis. O único conselho que
posso dar aos mais novos, e tenho um irmão na
formação do Sporting, é tentarem salvaguardar
o futuro estudando. Se não for possível serem
profissionais de futebol que consigam aprender
algo para não serem dependentes do próprio
futebol. Estou convicto que pouco a pouco o
Fábio vai ultrapassar a mágoa e dar a volta por
cima.
Como tem visto a atuação do
SJPF na defesa dos jogadores?
“Os sindicatos dos jogadores
são uma parte importante
do futebol profissional”
N. 53 JOGADORES
18
foi pena não termos ganho a final.
E dentro da história do Euro
2004, o Postiga fez história com
o seu penalti à Panenka, no jogo
contra a Inglaterra.
São coisas que ficarão para a memória. É uma
competição que jamais irei esquecer.
A forma como marcou esse
penalti foi uma loucura
consciente?
Foi normal, foi uma daquelas irresponsabilidades
da idade. Hoje em dia, mais responsável e
olhando o futebol, se calhar, de uma forma
diferente não tomaria algumas das decisões que
tomei mais novo. O penalti foi uma atitude de
irresponsabilidade mas que no final correu bem.
Muito mais ativa. Recordo-me que quando iniciei
a minha carreira de futebolista profissional o
Sindicato não era tão ativo. O próprio jogador
não defendia tanto os seus interesses. O atual
presidente do Sindicato tem sido importante
nessa mudança de mentalidades. Tem sido uma
voz muito mais ativa, o que obriga a discutir os
problemas e as soluções. Infelizmente algumas
posições causam polémica. Por vezes, deveria
ter uma abordagem mais suave. Mas é como
digo, tem sido importante para os jogadores,
salvaguardando os seus interesses. Além disso,
o Sindicato tem implementado ações como o
Estágio para jogadores desempregados, uma
iniciativa louvável e que tem registado bons
resultados. Fico contente porque nos países
em que já joguei reparei que os sindicatos dos
jogadores são uma parte importante do futebol
profissional. Tem de ser assim. Espero que o
SJPF continue a crescer e que seja cada vez mais
uma parte importante do futebol em Portugal.
Trabalhou com Luiz Felipe
Scolari e Paulo Bento como
selecionadores nacionais. Como
caracterizaria cada um deles?
Já disputou quatro fases finais
(Euro 2004, Mundial 2006, Euro
2008, Euro 2012). Qual a mais
marcante?
Convive bem com as críticas aos
avançados da Seleção Nacional?
Recordo especialmente a de 2004. Não só para
mim como para todos os portugueses, o Euro
2004 foi algo inesquecível. Foi um mês de festa.
Todos desfrutámos imenso com a competição. Só
Acima de tudo são pessoas amigas. Além de
serem bons treinadores são excelentes pessoas.
O Scolari muito mais extrovertido e o Paulo mais
recatado. Ambos foram importantes no meu
crescimento na Seleção Nacional.
Não foi aposta de Carlos Queiroz
para o Mundial de 2010. Ficou
surpreendido com essa opção?
São as opções de cada selecionador. Cada um vê o
futebol e o que a sua equipa necessita e, se calhar,
eu não fazia parte do que era necessário ao seu
grupo de trabalho. São opções que respeito. Resta
trabalhar e mudar a imagem do selecionador. Não
consegui e passou.
É um estigma. Já existe há muitos anos. Resta
trabalhar, dar o máximo que as coisas acabam por
sair naturalmente e tentando acalmar as críticas.
Admite um dia renunciar à
Seleção Nacional (a exemplo de
N. 53 JOGADORES
19
TEMA DE CAPA
“Espero ter uma transição
suave quando deixar de jogar”
ex-colegas seus) ou nunca terá
essa atitude?
Não faz parte da minha maneira de ser renunciar
ao nosso país. Sou um patriota por natureza,
adoro Portugal e muito dificilmente renunciaria à
Seleção Nacional.
Estando em Espanha, faz
sentido a “guerra” Ronaldo/
Messi nos meios de comunicação
espanhóis?
Não é bem “guerra”. São opiniões do que é
Madrid e Barcelona em Espanha. Ronaldo e Messi
são os jogadores mais importantes das respetivas
equipas, são sobre quem recaem as atenções e as
responsabilidades. Ambos têm demonstrado, ano
após ano, a sua qualidade e valor.
Quem é para si o melhor jogador
do Mundo?
O Cristiano, a 100 por cento, é um jogador
fantástico, com registos incríveis tanto na Seleção
como nos clubes.
Teve algum ídolo no futebol?
Sim, o holandês Marco van Basten.
Qual o seu clube do coração?
O Varzim.
O seu irmão José joga nos
juniores do Sporting. Espera que
siga os seus passos?
Espero que tenha sucesso. Que trabalhe, que seja
responsável para chegar o mais longe possível.
É normal que nestas idades, quando se está num
clube como o Sporting, FC Porto ou Benfica, às
vezes pensem que a vida de profissional ou chegar
a profissional é fácil. Por vezes, em Portugal, na
transição da formação – que tem muita qualidade
– para os seniores encontra-se alguma dificuldade.
Por isso digo sempre ao José para trabalhar, para
N. 53 JOGADORES
20
estar bem preparado para quando for altura
de dar o salto. Ele é bom ouvinte e entende a
importância dos conselhos.
Um dos seus hobbies é a
pesca. Continua a pescar?
Adoro a pesca, cresci numa terra de
pescadores. Todos os verões pesco com o
meu pai.
Tem 31 anos. Já pensa no
final de carreira ou ainda é
muito cedo?
Cedo não é... por vezes penso sobre o que
fazer quando deixar de jogar. São muitos
anos ligados ao futebol. Às vezes falo com
colegas que já deixaram de jogar e dizemme que os primeiros tempos são difíceis, a
adaptação a uma vida chamada normal... mas
ainda faltam alguns anos e espero ter uma
transição suave quando deixar de jogar.
Deseja terminar a carreira
em Portugal ou é algo que
não é muito importante?
Hélder Postiga
D.n.: 02.08.1982
Naturalidade: Vila do Conde
Posição: Avançado
Clubes: FC Porto, Tottenham,
St. Étienne, Panathinaikos,
Sporting, Saragoça e Valência
Internacional por Portugal
Não é determinante. Gostava de terminar
de uma forma que não exigisse tanta pressão
como é jogar numa liga importante como
a espanhola mas só o futuro o dirá. Para já
importa desfrutar ao máximo os anos que
faltam para, quando deixar de jogar, ter
orgulho naquilo que alcancei.
Pondera seguir a carreira de
treinador? Ou de qualquer
outro cargo ligado ao
futebol?
Adoro futebol mas é difícil prever o que vai
acontecer. Ainda é muito cedo para pensar
nisso.
N. 53 JOGADORES
21
OPINIÃO
11 toques
Perfil
do treinador ideal
josé neto
Docente universitário na área das Ciências do Desporto e Treino Desportivo
O avançado de 24 anos do
Arouca, clube recém-chegado
à I Liga, prefere a camisola 17
e tem como ídolo Ronaldo,
o Fenómeno.
Alguma superstição
antes de entrar em campo?
Nenhuma.
Modelo preferido de bota
de futebol?
Adidas F-50.
Número de camisola preferido?
17.
Melhor jogo ou o mais emocionante
a que já assistiu?
Saber muito de técnica e táctica é apenas uma
todas as opções possíveis de forma a responder
de normas internas da equipa, costumes e
condição necessária mas não suficiente para se
apropriadamente nas diferentes situações e
tradições que reforcem e estimulem o orgulho e
ser um bom treinador.
problemas com que se confronta a competição.
desempenho da equipa por si orientada.
Ser bom treinador é um conjunto de pequenas
Ao reconhecer que não sabe tudo ou não
Na comunicação com os jogadores a sua
Talvez o Portugal-Dinamarca,
no Estádio do Dragão. Ganhámos 4-1.
Se não fosse futebolista
o que é que gostaria de ser?
coisas e comportamentos que vão sendo
mensagem deverá ser baseada na seriedade
aprendidas através da experiência e treinadas
e optimismo, assumindo o que pretende
através duma formação adequada, procurando
dizer, com clareza e sem duplo significado,
Ídolo no futebol?
distinguindo os factos das opiniões e ainda
Ronaldo, o Fenómeno.
por isso uma constante busca do saber, baseado
no estudo e investigação e sustentado na
experimentação.
Deve procurar ambientes de prática adequados,
sendo paciente e tolerante para com os erros e
com as dificuldades de aprendizagem.
Procurar sempre transmitir o hábito de ser
paciente e persistente, tornando os treinos
motivantes, criativos e organizados.
Mostrar empenho, compromisso, criando
um código de conduta onde se imponha a
dignidade e respeito – daí ser também um
Educador/Amigo/Conselheiro/Líder.
“A principal
diferenciação
entre os
optimistas e os
pessimistas está
na forma como
explicam as suas
derrotas”
sintonizada com a formulação de objectivos
Treinador que mais o marcou?
positivos, específicos, desafiadores, mas
Todos me marcaram, cada um à sua maneira.
realistas.
Ser por natureza optimista. Deve saber
Melhor equipa de futebol
da atualidade?
descodificar os fracassos, transformando-os
em êxitos – a principal diferenciação entre
Bayern de Munique.
os optimistas e os pessimistas está na forma
como explicam as suas derrotas. Os pessimistas
Equipa onde gostaria de jogar?
atribuem as culpas às suas próprias deficiências
Não posso dizer senão vão dizer que eu torço
por eles [risos].
– uma imagem negativa que têm de si próprios.
Por outro lado, os optimistas encaram o futuro
com confiança – cada derrota encerra a semente
Deve ter a capacidade para reflectir, antecipar,
para o futuro êxito.
planificar, analisar e decidir perante situações de
Transmitir uma imagem de serenidade,
stress, incerteza e ambiguidade.
competência, liderança, responsabilidade e...
Um bom treinador, não tem que ter sempre
conhece tudo, ele está a ser verdadeiramente
cultivar sempre a capacidade organizativa,
respostas para tudo o que se lhe pede.
humano.
sabendo que sem organização não há regras;
Ninguém, seja em que domínio científico for,
Deve ser capaz de transmitir aos jogadores os
sem regras não há disciplina; sem disciplina não
tem respostas para tudo.
valores da honestidade, a firmeza de convicções,
há resultados e... sem resultados não há sucesso!
O treinador eficaz, é aquele que está aberto a
integridade, respeito, exigindo o cumprimento
N. 53 JOGADORES
22
Não me imagino noutra profissão.
Qual o seu ponto forte
como jogador?
Confronto físico.
Maior ambição enquanto jogador?
Era chegar à I Liga, agora é lutar para chegar
o mais longe possível.
N. 53 JOGADORES
23
O CAPITÃO
No Olhanense desde
2006, Rui Duarte
Acredita que a
equipa algarvia
acabará por fazer
uma boa temporada
e admite que usar
a braçadeira é
uma espécie de
“extensão do
treinador e da
direção para o resto
do grupo”.
rui
DUARTE
Quais são as suas expectativas
para esta época a nível
pessoal e coletivo?
As minhas expectativas são as melhores. A
Claro que sim. O capitão é a extensão do
experiência agradável.
treinador e da direção para o resto do grupo.
caminho. Não é fácil construir uma equipa nova
com muitos jovens e criar uma identidade que
Não, nunca.
atitude positiva que o grupo demonstra a cada
treino faz-me acreditar que estamos no bom
Quando a época desportiva acaba recheada
de sucessos é porque tudo funcionou como
planeado e que vários obstáculos foram
ultrapassados com distinção.
desportiva. Só com muito trabalho e dedicação
Gosta de ser capitão?
Há algum capitão de equipa
que tenha como exemplo?
poderemos ultrapassar os obstáculos. A nível
Amo muito aquilo que faço, amo a minha
Sim, o Filgueira (Belenenses), quando
pessoal sinto-me muito motivado e em plenas
profissão e ser capitão do Olhanense enche-
estava a iniciar a minha carreira, e mais
capacidades de dar o meu contributo ao clube e
me de orgulho. Dá-me ainda mais motivação
tarde o Pedro Simões e o Jordão (Estrela da
ao grupo de trabalho.
e responsabilidade para continuar a minha
Amadora), cada um à sua maneira, mas que
carreira.
me marcaram positivamente na abordagem
É o capitão do Olhanense. Como
é que foi escolhido para o
cargo?
Quais são as características de
um bom capitão?
Quando cheguei ao Olhanense, em 2006, fui
É importante que todos os colegas respeitem
nomeado pelos meus colegas para representar
o capitão, pela sua liderança, pelo seu carisma
Como tem visto a atuação do
Sindicato dos Jogadores no
futebol português?
a equipa. Ser capitão de um clube centenário e
no seio do grupo e pelo que representa para
Importantíssima! Faço votos que continuem
com um historial assinalável é de uma enorme
o treinador e para o clube. Nenhuma época
a defender os jogadores por muitos anos.
responsabilidade, mas é uma missão que me
desportiva é igual, mas o comportamento
Partilho regularmente algumas ideias com
deixa muito orgulhoso.
de um capitão tem de ser sempre o mesmo,
o presidente do SJPF, Joaquim Evangelista,
defendendo sempre os interesses do grupo para
e testemunho o seu empenho na defesa
que, no final, os objetivos sejam cumpridos.
de todos os jogadores. Quero expressar
Ficou surpreendido com a
escolha?
Sim, estava há pouco tempo no clube e havia
alguns elementos que eram referências na
N. 53 JOGADORES
24
da equipa?
Com o empenho de todos, tornou-se numa
Além do Olhanense, foi capitão
noutros clubes por onde
passou?
nos possa dar sustentabilidade para a época
Nome: Rui Pedro Viegas
Silva Gomes Duarte
Idade: 34 anos
Posição: MÉDIO
Clubes: Olhanense, Os
Sandinenses, Belenenses,
Naval, Leixões
e Estrela da Amadora
equipa e que faziam parte do lote de capitães.
Ser um bom capitão é
determinante no sucesso
N. 53 JOGADORES
25
aos problemas.
também que hoje os jogadores sentem-se
mais protegidos e esclarecidos em relação à
maioria dos assuntos.
ESTUDOS vs. PROFISSÃO
PEDRO
CAIPIRO
Depois
da licenciatura
em Geografia,
veio o Mestrado
em Gestão
de Transportes.
Pedro Caipiro,
lateral direito
do Atlético,
está a abrir
portas para
o futuro.
que tem em perceber as ideias do seu treinador, a
sua ideia de jogo e nesse aspeto tanto poderá ser
uma pessoa qualificada ou não-qualificada que
possa conseguir tirar um rendimento superior em
campo.
Quando terminar a carreira,
ficará ligado ao futebol ou
prefere seguir carreira nas
áreas em que estudou?
Essa é uma questão que ainda nem sequer pensei,
Onde tem feito o seu percurso
académico (licenciatura
e mestrado)?
diferenças claras mas que despertaram interesse.
Transportes e Logística pelo Instituto Superior de
O SJPF está a criar um
cheque-formação para que os
jogadores possam frequentar
determinados cursos. O que
pensa da medida?
Gestão.
É uma medida de louvar. É importante para
Licenciei-me em Geografia e Planeamento
Regional pela Universidade Nova de Lisboa e neste
momento estou a terminar a tese em Gestão de
Família e clubes têm apoiado as
suas opções?
Considero a família um suporte em todas as
questões das nossas vidas e, no caso, sempre me
apoiou nas decisões que tive de tomar até aos dias
de hoje. Quanto aos clubes de futebol, tiveram, em
alguns momentos, maior flexibilidade para que eu
conseguisse conciliar as duas atividades. No entanto,
devo ao futebol o facto de ter conseguido realizar o
meu percurso académico.
Pedro Henrique Parreira Alves Caipiro
Idade: 26 anos
Posição: Lateral
esquerdo/direito
Clubes: Alverca (formação), Loures,
Oriental, Pinhalnovense, Operário,
Pêro Pinheiro, Fátima
e Atlético CP
no entanto, gosto demasiado de futebol para deixar
se verá...
É visto pelos seus colegas
como um exemplo a seguir?
Aconselha-os a não abandonar
os estudos?
Alguns têm essa opinião, outros nem tanto.
Quando se fala com os colegas sobre formação
académica tenta-se sempre a encorajar a
“O futebol cria
muitas ilusões, muitas
promessas e, em
muitos casos, leva
a que se abandonem
os estudos de forma
precoce”
prosseguirem os estudos.
Abandonar os estudos
precocemente é uma das maiores
“pragas” de quem quer ser
jogador profissional?
“Praga” é a palavra certa. O futebol cria muitas
ilusões, muitas promessas e, em muitos casos, leva
a que se abandonem os estudos de forma precoce.
É uma mentalidade de quem se entrega cedo
Faltam medidas que apoiem a
conciliação do estudo com a
profissão de futebolista?
qualquer cidadão o apoio para a formação e, no
outras atividades precisamente pelo abandono dos
Realmente já existem medidas que visam a
caso, o sindicato poder ajudar os jogadores com
estudos.
facilitação para conciliar as atividades. No entanto
medidas que possibilitem aumentar a sua formação.
os estatutos criados, quer como trabalhador,
É importante que cada um possa salvaguardar-se
quer como atleta profissional, requerem maior
depois do futebol.
a uma profissão e não conseguindo atingir um
nível elevado no futebol fica difícil integrar-se em
compreensão tanto da parte dos clubes, como da
parte das instituições académicas.
Geografia e Gestão de Empresas
sempre foram ambição?
São duas áreas de que sempre gostei, com
N. 53 JOGADORES
26
de ficar ligado depois de terminar a carreira. Logo
Um jogador com formação
académica pode ser melhor em
campo?
Qual a sua opinião sobre a
atuação do SJPF?
O Sindicato tem dado algum apoio a atletas que
tenham vontade de poder iniciar ou finalizar os seus
estudos. Recordo-me da promoção que fizeram
do programa das Novas Oportunidades junto dos
A resposta a essa pergunta é complexa. Na minha
jogadores, que permitiu a muitos colegas obter
opinião depende muito de cada um e o empenho
maior formação académica.
N. 53 JOGADORES
27
Pegou de estaca
no meio campo
leonino e já foi
pré-convocado
por Paulo Bento.
JOSÉ SÁ
20 ANOS
Marítimo | Guarda-redes
É um dos grandes
valores da
nova geração
de guardiões
portugueses.
JOVENS TALENTOS
Nascido em Luanda, Angola, William Carvalho
tem sido uma das boas surpresas da equipa
verde e branca. Após um empréstimo bemsucedido de ano e meio ao Cercle Brugge
(Bélgica), o médio defensivo regressou à base
e impôs-se no onze de Leonardo Jardim.
Elemento nuclear na manobra da equipa
assume-se como o primeiro construtor de jogo
e defensivamente é fortíssimo.
William Carvalho estreou-se nos seniores
aos 18 anos pela mão de José Couceiro. Para
adquirir experiência o Sporting cedeu-o
inicialmente ao Fátima (II Divisão) e depois
Titular da Seleção Nacional de sub-21, José Sá
estreou-se esta época na Primeira Liga. E teve
um arranque de sonho. Na primeira jornada, o
guarda-redes ajudou a sua equipa (Marítimo) a
derrotar o Benfica por 2-1.
Apesar da sua juventude (21 anos), e ainda
mais tendo em conta a especificidade da
sua posição, José Sá mostrou-se à altura dos
acontecimentos e revelou toda a sua categoria.
Com as suas defesas e eficazes saídas aos
cruzamentos transmitiu confiança aos seus
companheiros. “Foi realmente uma grande
estreia. Não poderia ter pedido mais para
o meu primeiro jogo da I Liga. Senti-me
muito bem ao longo da partida”, disse após
o encontro o futebolista que nos escalões
ao já referido Cercle Brugge. A passagem pela
Bélgica deu-lhe capacidade de sofrimento,
poder de choque e agressividade nos duelos
individuais. Boa Leitura tática, dinâmica muito
forte e grande capacidade de passe são outras
das suas características. Com idade de iniciado
já jogava nos juvenis do Mira-Sintra, clube
onde aos 14 anos foi descoberto pelo Sporting.
Disputado pelo Benfica, William preferiu o
clube de Alvalade. Durante a formação foi
várias vezes distinguido no quadro de honra da
academia sportinguista como um dos melhores
da formação. Completou o 12.º ano. Tem
WILLIAM
CARVALHO
21 ANOS
contrato até 2018 e uma cláusula de rescisão de
45 milhões de euros.
Sporting | Médio
de formação passou por Palmeiras FC e
Merelinense FC (ambos da AF de Braga),
Benfica e Marítimo. Na época passada foi
titular do Marítimo B e este ano iniciou a
temporada integrado no plantel da equipa
principal do emblema insular.
N. 53 JOGADORES
28
N. 53 JOGADORES
29
PORTUGAL LÁ FORA
Itália
pedro mendes
É a favor da limitação de
jogadores estrangeiros
nas equipas portuguesas?
Claramente. Devia ser como em Inglaterra: apenas
podem entrar com licença de trabalho.
Tem espírito de emigrante?
Sem medo de emigrar,
Pedro Mendes embarca
agora numa nova
aventura no Parma,
em Itália. Mas não
esquece os dez anos
no Sporting e... os 20
minutos na Liga dos
Campeões, pelo Real
Madrid (frente
ao Ajax).
Pedro Filipe Teodósio Mendes
DATA DE NASCIMENTO:
01.10.1991
Posição: Defesa
Clubes: Sporting, Servette,
Real Madrid, Sporting e Parma
Por que razão decidiu sair
de Portugal nesta fase
da sua carreira?
Vivia-se um momento de instabilidade a nível
económico e social. Nesta fase, o clube já
encontrou o seu rumo. Mas, para mim, estava na
altura de ter novos desafios.
A Liga italiana é atrativa ou foi
simplesmente por uma questão
financeira?
Claramente, esta é uma liga atrativa. Tem equipas e
jogadores de topo e aprende-se com os melhores.
Se fosse por uma questão financeira, teria optado
pelo mercado turco, ucraniano ou russo, que
também eram hipóteses em cima da mesa.
Sente-se mal tratado
pelo futebol português?
Mal tratado não digo, mas injustiçado... Basta
olharem para os campeonatos espanhol, inglês ou
mesmo italiano, onde a base das equipas é feita por
atletas dos respetivos países. Enquanto isso, em
Portugal, procura-se muito “lá fora”, esquecendo-se
dos bons jogadores jovens que tem obrigando-os a
esperar uma eternidade por um lugar que está a ser
ocupado por um estrangeiro com um salário muito
mais elevado.
Esse tratamento acontece
mais com o jogador português
ou também com o futebolista
estrangeiro?
Depende. Não me posso alargar sobre esse
tema, cada caso é um caso. Se o jogador é
verdadeiramente bom e acrescenta algo à equipa
não há nada a dizer.
N. 53 JOGADORES
30
Sim. Sou natural da Suíça, tenho pai angolano
e irmão e mãe portugueses. Depois de jogar 12
anos em Portugal, tive de tentar a sorte lá fora, por
causa da escassez de oportunidades em Portugal,
portanto considero que tenho espírito de emigrante.
Além de Portugal, já jogou
na Suíça e em Espanha. Como
foram as experiências?
Fora muito boas, inesquecíveis mesmo! Consegui
feitos históricos, subindo à Primeira Divisão com
o Servette e subindo à Liga Adelante com o Real
Madrid Castilla.
Alinhou pelo Real Madrid
num jogo da Liga dos Campeões.
Conte-nos como surgiu
a oportunidade.
Estava a treinar com a equipa principal nessa
semana e, como já estava tudo decidido na fase de
grupos e na semana seguinte havia um Barcelona –
Real Madrid, o mister decidiu dar oportunidade aos
que jogavam menos, chamando três jogadores do
Castilla para a convocatória. Não me passava pela
cabeça a estreia. O Arbeloa não se sentia a 100 por
cento e a oportunidade surgiu. Foram 20 minutos
inesquecíveis!
Espera regressar
a um dos gigantes europeus?
Considera que seja mais fácil
chegar à Seleção jogando
num clube estrangeiro?
Chegar à Seleção depende do momento de forma
do jogador e não do clube onde joga.
Tendo sido já capitão de equipa,
considera que tem espírito
de liderança?
Aos oito anos, era capitão do Real Sport Clube,
onde comecei a jogar, voltei a sê-lo nas seleções
sub-18, sub-19 e sub-20. E nesta última temporada,
no Sporting B. Por algum motivo fui eleito para
assumir a responsabilidade, à qual nunca fugi.
Mesmo estando no estrangeiro,
manterá a ligação
ao Sindicato?
É o sonho de qualquer um...
Claro! Fico à espera das vossas revistas aqui em
Parma [risos].
Espera fazer uma boa época
no Parma e, assim, chegar
à Seleção Nacional?
Até à data, qual foi o clube
em que mais gostou de jogar?
Qualquer jogador português ambiciona representar
o seu país ao mais alto nível e eu não fujo à regra.
Mas não tenho pressa, cada coisa a seu tempo.
Tive os meus momentos especiais e outros menos
bons em todos os clubes onde estive. Não posso
fazer comparações, mas 10 anos ligado ao Sporting
não se esquecem.
“Estava
na altura
de ter novos
DeSAFIOS”
N. 53 JOGADORES
31
“Sinto-me
espetacular”
ÚLTIMO REMATE
zé manel
Após uma carreira passada na I Liga,
Zé Manel está de regresso às origens
no caçadores das taipas.
Tem sido uma carreira de sonho – e não há
foi péssimo, perdemos 3-2, mas eu fiz dois
na ratice”. A verdade é esta: “se me sentir no
fim à vista. Aos 38 anos, Zé Manel ainda não
grandes golos”, acrescenta. No mesmo ano,
final da época como estou hoje, vou perguntar
está pronto para pendurar as botas e, por isso
outro bom jogo: frente ao FC Porto, no Bessa,
aos responsáveis do clube se contam comigo.
mesmo, regressou às distritais. “Vim para o
marcou um bom golo.
Se disserem que não, vou procurar outro clube
Caçadores das Taipas porque já cá tinha estado.
Agora, regressado ao Caçadores das Taipas,
onde jogar que, quase de certeza, não terei
É um clube com o qual simpatizo e é um prazer
equipa distrital da AF de Braga, Zé Manel
problemas em encontrar”.
voltar para estar com as pessoas que sempre me
constata que “não há muitas diferenças”, com
Quanto à carreira de treinador, é uma
acarinharam”, revela. Regressa também para
exceção de “um sintético de apoio aos treinos
possibilidade mas não uma prioridade.
“dar um bocadinho mais de nome ao clube por
e mais camadas jovens”. Os treinos continuam
“Pela minha iniciativa, não me estou a ver a
tudo o que me deu no passado”,
a ser apenas ao final do dia, como é normal
treinar”, assume, “mas se surgir oportunidade,
A chegada ao futebol profissional foi um acaso.
naquele escalão. Ainda assim, “o trabalho é
certamente que falo com as pessoas e analiso
“Eu não tenho camadas de formação”, conta,
muito idêntico ao que se faz na Primeira e
se valerá a pena entrar por essa via. Assim
“comecei a jogar do nada, na minha freguesia”.
Segunda Ligas. é só por dizer que não há tempo
como não estava obcecado por jogar na I Liga,
Depois, “as coisas foram acontecendo, eu
disponível para treinar jogadas, livres e outras
também não estou obcecado por ser treinador”.
nunca tinha pensado em ser profissional,
situações táticas”, admite.
muito menos chegar à I Liga. Não tracei metas,
Quanto aos colegas de equipa, Zé Manel não
Zé Manel
fui trabalhando e as oportunidades foram
sabe se olham para ele como um exemplo a
Data de nascimento: 22/10/1975
surgindo”, assume.
seguir, mas vê ali muito potencial. “Posso dizer
Posição: Extremo direito
A verdade é que Zé Manel acabou por ser um
que há ali jogadores com qualidade para jogar
Carreira:
jogador regular e de qualidade que marcou os
nos escalões principais”, garante.
Caçadores Taipas |1997-1999
últimos dez anos do futebol português. “Os
Terminar a carreira ainda não está nos planos de
P. Ferreira |1999-2004
anos no Paços de Ferreira e no Boavista foram
Zé Manel. “É como se costuma dizer: quanto
Boavista | 2004-2007
os melhores que tive, mas no geral, a imagem
mais velho melhor”, diz, bem-disposto, “já estou
SC Braga | 2007/2008
que deixei no futebol é muito boa”, observa.
a caminho dos 39 mas sinto-me espetacular.
Leixões | 2008-2010
Ao todo, são quase 300 jogos na I Liga. É difícil
Tenho uma vontade excecional de correr, de
Trofense | 2010-2012
eleger os melhores mas Zé Manel relembra o
trabalhar e de fazer as coisas de melhor forma
Boavista | 2012/2013
primeiro jogo de 2006/2007. “Foi em Alvalade,
que nunca. Não corro como há cinco anos,
Caçadores Taipas | 2013/2014
estava eu no Boavista. Infelizmente, o resultado
mas quando não se ganha no pulmão, ganha-se
N. 53 JOGADORES
32
“NÃO CORRO COMO HÁ CINCO ANOS,
MAS QUANDO NÃO SE GANHA NO PULMÃO,
GANHA-SE NA RATICE”
N. 53 JOGADORES
33
FILIPE
MOREIRA
área técnica
Na I e II ligas são raros os
treinadores estrangeiros.
Como vê esta cada vez
maior aposta no treinador
português?
porque até podemos estar a trabalhar mal, mas
primeiros passos são sempre mais complicados
sentir esta salvaguarda pode fazer com que o
mas o tempo vai ajudar a consolidar este
barómetro da diferença possa ser prolongado,
grande clube que é o Académico de Viseu.
dando mais hipóteses de sobreviver neste
Terá de haver muita calma e muita paciência
quadro daquilo que é o futebol português. O
porque construir uma equipa é muito difícil
Com muita satisfação e fundamentalmente
tempo, felizmente, hoje, faz com que as coisas
mas quando se consegue é ótimo perceber isso.
porque é o reconhecimento do potencial
vão melhorando. Como este ano na II Liga
Este ano tem de haver sensatez e estabilidade
existente no técnico português.
só desce uma equipa poderá permitir que haja
emocional.
uma maior estabilidade, pelo menos de quem
Tendo em conta a sua
experiência, a relação
treinador/jogador tem vindo a
alterar-se nos últimos anos?
dirige. Mas, por muito que nos custe aceitar, há
esta: serão os treinadores os grandes culpados
Contratou Cafú, jogador que
integrou o 11º Estágio do
Jogador. O que tem a dizer
sobre este evento do SJPF?
Pelo facto de já treinar há 28 anos, posso dizer
quando as coisas correm mal? Muitas vezes,
Falamos de um “miúdo”, de alguém que
que sem os jogadores não seria nada, sem
os próprios atletas, que são a razão da minha
não tem bilhete de identidade. É um grande
eles a minha vida não tinha sentido. São eles
existência e da minha alegria, podem ter um
homem, no seu caráter, mas é um miúdo na
que fazem a magia, a diferença, são eles que
erro individual e a segurança que tínhamos
forma como treina, faz do treino o seu jogo.
alimentam na criança o sonho de que um dia
outrora pode deixar de existir.
É um exemplo. É bom ter jogadores assim.
vezes em que tem de acontecer e nós temos de
compreender. Ainda assim, a grande questão é
Aquilo que sinto, no que toca ao Sindicato,
possam fazer o mesmo. Hoje o jogador está
Tem alguma referência como
treinador?
através do seu presidente, em quem me revejo
percurso, compreendendo cada vez mais com
o líder de todo o processo que as coisas hoje
Um deles foi o Arrigo Sacchi, porque sempre
é que felizmente temos um Sindicato de
possuem conceitos de uma relação humana
gostei de versões táticas, Sven-Goran Eriksson
Jogadores cheio de qualidade. Temos de ter
mais direta, verdadeira, funcional, presente e
pela sua conduta, personalidade, inovações e
orgulho na forma como esse processo tem
mais ativa.
mensagens que passava ao atleta e Johan Cruyff
sido desenvolvido. É um trabalho formativo,
mais evoluído nesse aspeto, tem outro tipo de
O treinador do Académico de Viseu (II Liga)
enaltece os valores humanos e técnicos
dos futebolistas e considera a estabilidade
um ingrediente fundamental para atingir
o sucesso.
N. 53 JOGADORES
34
“São os jogadores
que fazem
a diferença,
a magia”
pela sua conduta e pelos seus princípios,
que no Barcelona produziu futebol espetáculo e
educacional e pedagógico e só tenho de dar os
Os dirigentes estão mais
pacientes com os treinadores
e não recorrem tanto à
“chicotada psicológica” ou é
daquelas “coisas” que não há
volta a dar?
fez com que eu me tornasse ainda mais adepto
parabéns a quem o organiza.
Acho que temos um problema de cultura.
Vai ser uma época muito difícil. Sei que é um
É sempre importante os treinadores e os
ano diferente, é um ano zero, em que este clube
jogadores sentirem que a estabilidade faz parte
(Ac. Viseu) tem de cimentar a estabilidade
deste processo. É fundamental que o tempo
de forma a que o tempo consolide este
possa consolidar todos os planeamentos,
grupo, estes treinadores e estes dirigentes. Os
do futebol ofensivo e percebesse que o futebol
é lindo quando se joga no último terço.
Quais as suas expectativas para
esta temporada?
N. 53 JOGADORES
35
Nome: Filipe José Oliveira Moreira
Idade: 49 anos
Clubes como treinador:
Ericeirense, Mafra,
Lourinhanense, Santa Clara,
Nacional, Machico, Portimonense,
Operário, Dragões Sandinenses,
Casa Pia, Olivais e Moscavide,
Mafra, Tondela, Oriental, Sp.
Covilhã e Académico de Viseu.
OPINIÃO
Ou renovas...
ou hibernas!
João Leal Amado
Professor da FDUC
desportiva que o jogador se compromete a
da ameaça, nem sempre velada, de excluir o
quando a decisão de afectar determinado
prestar quando celebra o contrato consiste,
jogador da competição desportiva, caso ele não
jogador à “equipa B” não se baseia em razões
basicamente, na disputa das correspondentes
aceite a pretendida renovação...
técnico-desportivas, traduzindo-se antes numa
competições desportivas. Esse é o núcleo
1. Se é indiscutível que qualquer trabalhador
os seus dotes. Esta é, aliás, uma dupla quase
acusará falta de ritmo quando chamado de novo
pode ter sérios interesses, de ordem material e
inseparável: competir sem treinar é pouco
a competir.
moral, no efectivo exercício da sua actividade
menos que impensável, treinar sem competir
profissional, é outrossim indesmentível
é frustrante e mesmo algo atrofiante. Com
goza do direito de participar na competição
que tais interesses são particularmente
ostensivos quando esse trabalhador é um
jogador de futebol. Com efeito, uma situação
de inactividade prolongada mostra-se aqui,
numa profissão concentrada (isto é, de curta
duração e de forte intensidade) como esta,
especialmente lesiva do trabalhador. A prática
desportiva profissional dos nossos dias requer
um elevado apuro físico, um “estar em forma”
só alcançável através de constantes doses de
preparação e treino. Mais: o futebolista precisa
de se exibir, necessita de competir, sob pena de
cair no esquecimento e de ver desvalorizada a
sua cotação no respectivo mercado de trabalho.
O futebolista é o principal intérprete de um
espectáculo que é alimentado pelo público
― e o público, esse, ama quem vê. Longe da
vista, longe do coração, eis um provérbio
2. É sabido, contudo, que o futebolista não
“SOBRE O
JOGADOR NÃO
RECAI QUALQUER
OBRIGAÇÃO
DE RENOVAR
O VÍNCULO
CONTRATUAL
COM O CLUBE”
desportiva. Isto é assim e, diga-se em abono
da verdade, não parece que possa deixar de o
ser: a competição tem regras que limitam o
número de jogadores a utilizar (no futebol, em
cada jogo, 11+3) e os clubes que disputam tal
competição necessitam de possuir um quadro
de atletas relativamente alargado (20-30, no
futebol) em ordem a dar resposta às numerosas
vicissitudes ligadas à prática desportiva (lesões,
sanções, quebras de forma, etc), pelo que,
inevitavelmente, nem todos os jogadores
poderão tomar parte na competição (alguns
poderão mesmo nunca o fazer ao longo de toda
uma época desportiva). O jogador só participará
na competição, por conseguinte, se e quando
o clube, através dos competentes técnicos, o
determinar. Ou seja, e em termos simples, o
futebolista tem o direito de treinar mas não o
que aqui se mostra pertinente e, o que é pior,
facilmente convertível em longe da vista, baixa
efeito, o treino desportivo, por mais intenso e
de jogar, tem o direito de se preparar mas não o
de cotação...
qualificado que seja, nunca consegue substituir a
de competir, tem o direito de ser adestrado mas
O futebolista carece, pois, de exercer a sua
competição. Treinar não é competir e o jogador
não o de ser utilizado.
actividade profissional, precisa de treinar e de
afastado da competição durante algum tempo,
Sucede, porém, que, como se disse, o treino,
competir, necessita de se preparar e de exibir
ainda que entretanto tenha treinado com afinco,
sendo indispensável, é insuficiente. A actividade
N. 53 JOGADORES
36
medida visando constrangê-lo a renovar o seu
central da sua actividade, essa é a razão pela
4. Problemas igualmente delicados surgem,
qual o clube normalmente o contrata e a razão
nesta matéria, em torno das chamadas “equipas
pela qual ele chega a acordo com esse clube:
B”, figura que vai fazendo curso no nosso
5. Entendamo-nos. Clube e jogador celebram
actuar ao seu serviço, representá-lo aquando
futebol. Com efeito, ao abrigo da pertinente
um contrato de trabalho a termo, a prazo,
do momento mágico da competição. Tudo
regulamentação federativa, clubes desportivos
devendo ambos cumpri-lo ponto por ponto, na
o resto (maxime os treinos) tem carácter
há que possuem duas equipas: a “equipa
íntegra, em obediência ao conhecido princípio
propedêutico, tem natureza preparatória ou
A”, constituída pelos melhores jogadores
pacta sunt servanda. Sobre o jogador não
instrumental.
e disputando o campeonato principal; e a
recai qualquer obrigação de renovar o vínculo
“equipa B”, maioritariamente integrada por
contratual com o clube. O clube, por seu
3. Os critérios técnico-desportivos atinentes
contrato por mais alguns anos.
jovens jogadores e disputando o campeonato
turno, não tem qualquer direito de exigir do
à constituição das equipas prevalecem, porém,
secundário. Nestes casos, a questão consiste
jogador essa renovação. O compromisso entre
sobre a tutela da profissionalidade do jogador,
em saber se aos jogadores assiste algum direito
as partes, por força da lei, é um compromisso
usufruindo o clube de uma quase irrestrita
de integrar a “equipa A” do clube ou se, pelo
temporalmente parametrizado. E se o clube,
liberdade de utilizar ou não os serviços daquele
contrário, este conserva inteira liberdade
procurando forçar o jogador a dar a sua
na competição, conforme o que entenda mais
para, de acordo com os critérios técnico-
anuência à renovação, utilizar expedientes tais
conveniente. Mas atenção! Isto já assim não
desportivos que reputar apropriados, distribuir
como os de impedir o jogador de participar
será caso se demonstre que a não utilização
os jogadores como achar conveniente pelas
na competição ou relegá-lo para a “equipa
do jogador na competição resulta de factores
duas equipas.
B”, então o clube estará a incorrer em assédio
extradesportivos, sendo movida pela intenção
Este último é, em princípio, o entendimento
moral, previsto e proibido no art. 24.º do
de o punir ou de o desgastar psicologicamente
mais acertado. Na verdade, se um clube possuir
Código do Trabalho. Ora, confrontado com
― procurando coagi-lo, por exemplo, à
duas equipas e tiver 50 atletas contratados,
esta prática de assédio, é evidente que o
renovação do vínculo contratual com o clube,
uma das prerrogativas inerentes ao seu
jogador tem todo o direito de reagir, inclusive
na mira de evitar que o prazo contratual expire
poder de direcção consistirá, precisamente,
através da resolução do respectivo contrato de
e que, em consequência, o jogador possa vir
em determinar que jogadores farão parte da
trabalho desportivo, com justa causa.
a transferir-se “a custo zero”. Aqui estaremos
“equipa A” e quais os que serão relegados para
já, sem dúvida, perante condutas ilegítimas
a “equipa B”. Mas isto, note-se, em princípio,
“Ou renovas ou hibernas!” Será? Acredito que
e abusivas do clube, atentatórias da boa-fé
pois a prática vem demonstrando que este
não, pois, contanto que a motivação decisória
contratual. Ora, a prática vem demonstrando
também constitui um terreno privilegiado
do clube seja demonstrável em juízo, o jogador
que, muitas vezes, estas propostas patronais
para actuações abusivas por parte dos clubes,
bem poderá retorquir: “Ou cumprem... ou,
de renovação contratual vêm acompanhadas
contrárias à boa-fé contratual: é o que sucede
obviamente, demito-me!”.
N. 53 JOGADORES
37
APITO
Quais são as expectativas da
APAF para a época 2013/14?
As expectativas da Associação Portuguesa
de Árbitros de Futebol (APAF) são as
de ajudar a criar melhores condições de
trabalho para os árbitros das categorias
inferiores, nomeadamente nos campeonatos
distritais, a todos os níveis, tais como a
segurança, a fiscalidade, etc. Este é o nosso
principal objetivo. Depois, ajudar a cimentar
a arbitragem portuguesa no panorama
internacional.
Faz pouco mais de um ano
que a arbitragem passou da
liga para a FPF. O balanço é
positivo?
Sim. Hoje toda a arbitragem é gerida apenas
por uma entidade, neste caso a Federação
Portuguesa de Futebol, e o apoio tem sido
uma constante. É mais fácil gerir quando tudo
está concentrado em apenas um local.
Numa escala de 0 a 5 que
nota daria à arbitragem
portuguesa?
“Temos de saber
valorizar a nossa
arbitragem”
José Gomes, Presidente da APAF, elege como principal
objetivo a criação de melhores condições de trabalho
para os árbitros das divisões inferiores e enaltece
ainda as boas relações entre as associações de classe
(jogadores, árbitros e treinadores).
N. 53 JOGADORES
38
Daria nota 4. Considero que ninguém
é perfeito e a arbitragem não foge à regra.
Também considero que temos de ter sempre
um objetivo e esse é chegar ao 5.
A arbitragem portuguesa é uma das melhores
do mundo. O futebol português tem de saber
valorizar a nossa arbitragem.
Na sua opinião quais são
os grandes desafios da
arbitragem e que medidas
devem ser implementadas
para melhorar o setor?
Um dos grandes desafios é o de tentar
constantemente cometer o menor número de
erros possível. Para isso, o profissionalismo
será um grande passo, para melhorar as
condições de trabalho. Os árbitros apenas
estarão concentrados numa atividade, não
tinham de pensar se por arbitrarem um jogo a
meio da semana terão ou não problemas com
a entidade patronal, e se até têm ou não o
emprego em risco dada a quantidade de dias
que têm de faltar durante o ano.
Qual a posição da APAF
relativamente ao
policiamento nos jogos
de futebol?
A posição da APAF é conhecida publicamente.
Somos a favor do policiamento nos jogos
de futebol e principalmente nas categorias
inferiores, nomeadamente nas competições
distritais. São essas que mais nos preocupam,
são as que têm menos condições de segurança.
São nestes campeonatos que temos de ter uma
maior atenção quanto à segurança, não só dos
árbitros mas de todos os agentes envolvidos.
É a favor da introdução
das novas tecnologias
no futebol?
Sim desde que seja de uma forma q.b., ou seja,
desde que não desvirtue a essência do futebol.
Como analisa a relação entre
as associações de classe
(árbitros, jogadores
e treinadores)?
Neste momento, considero que existe uma
excelente relação. Há uma solidariedade entre
as três entidades nos assuntos a que cada um
diz diretamente respeito. Temos conversado
bastante.
Como tem visto a atuação do
SJPF no futebol português?
Tem tido uma excelente intervenção na
defesa do jogador português, bem como nos
direitos dos seus associados. Deverá continuar
o trabalho até aqui desenvolvido, trabalho
esse que tem valorizado o futebol português,
nomeadamente através dos Estágio do Jogador
realizado todas as épocas.
Como é que deve ser uma
relação árbitro/jogador?
Deverá ser uma relação normal, de respeito,
independentemente da função que ocupam.
Não é por um ser jogador e outro árbitro que
não podem ter uma relação de amizade. Há
que acabar com a ideia de que um árbitro não
pode falar com os outros agentes desportivos.
Há que acabar com a ideia de que se um árbitro
tiver como amigo um jogador, poderá beneficiar
N. 53 JOGADORES
39
a equipa desse jogador. Tanto o árbitro como
o jogador são profissionais nas funções que
desempenham, e querem sempre fazer o seu
melhor.
Ao longo dos anos tem notado
se os jogadores têm mudado o
seu comportamento para com
os árbitros?
Sim, há uma maior compreensão pela função
que o árbitro desempenha. No entanto, o
trabalho de educação desportiva, a promoção
do fair-play deve continuar e intensificar-se.
Seria positivo que todos
os clubes tivessem na sua
estrutura ex-árbitros para
auxiliarem jogadores, técnicos
e dirigentes?
Não quer dizer que deveriam ter na sua estrutura
mas, no entanto, considero que podem ser
realizadas mais ações entre clubes e estrutura da
arbitragem no sentido de dotar os jogadores e
equipas técnicas de melhores conhecimentos das
leis de jogo, bem como melhoraria, com certeza,
o entendimento sobre muitas das decisões que
os árbitros tomam, acabando talvez com todo
o ruído que, por vezes, se faz sobre um erro de
arbitragem.
Ser árbitro é uma atividade
apelativa para os jovens?
Sim, considero-a apelativa. No entanto, toda
a estrutura do futebol tem de colaborar para
que haja uma maior captação para a função
bem como uma maior retenção do número de
árbitros que terminam os cursos de candidatos.
O regime fiscal não tem ajudado e a questão do
policiamento também poderá levar ao abandono
de jovens árbitros nos campeonatos distritais.
José Manuel Gomes
Idade: 36 anos
Associação: Lisboa
Profissão:
presidente da apaf
FIFPro Who´s who?
O presidente do sindicato holandês
realça as boas relações com o SJPF
e recorda que na Holanda os salários
em atraso aos jogadores não são um
problema. Clube que não cumpra
é punido desportivamente.
DANNY
HESP
Quando foi criado o Sindicato
dos Jogadores Holandeses
(VVCS)?
Coletivo de Trabalho começarão em breve.
Em 1961.
“Podemos
ajudar-nos
mutuamente”
VERENIGING VAN CONTRACTSPELERS (VVCS)
próprios problemas. Podemos ajudar-
Além disso, a nova estrutura da Segunda
Qual é a sua opinião sobre
a FIFPro?
Divisão de Futebol foi introduzida há
A FIFPro é extremamente importante para
para esses problemas, aprendendo uns com os
poucas semanas. Por outro lado, devido
os jogadores a um nível global. Na Holanda,
outros. Há jogadores e treinadores holandeses
à difícil situação financeira dos clubes,
os direitos dos jogadores estão muito bem
em Portugal e já pedimos ajuda a Joaquim
Qual é a sua posição no
Sindicato e desde quando está
no lugar?
muitos jogadores estão desempregados.
assegurados pelos contratos coletivos de trabalho
[Evangelista, presidente do SJPF] no que toca
Desportivamente, e apesar do elevado
e pelas regulações da federação. A difícil tarefa
aos nossos compatriotas em solo português. O
estatuto da seleção nacional holandesa,
da FIFPro é a de assegurar que estes direitos
nosso contacto com o Sindicato dos Jogadores
Sou o presidente do Sindicato (VVCS)
os clubes não estão a ter bons desempenhos
são garantidos à escala mundial. Sem a FIFPro,
Profissionais de Futebol tem sido sempre bom e
desde 2005, altura em que terminei a minha
a nível internacional.
a situação de muitos jogadores seria pior. Ainda
construtivo e espero que assim continue a ser.
carreira enquanto jogador.
Quais são os principais
serviços disponibilizados
pelo Sindicato holandês?
Os salários em atraso são
um problema efetivo na
Holanda?
assim, a condição de muitos países pode ser
substancialmente melhorada.
Acompanhamento jurídico aos jogadores
contrato coletivo de trabalho a pagar os
(a nível individual e coletivo), carreira
salários aos seus jogadores antes do dia 10
Como classifica a relação
entre o sindicato holandês
e a federação de futebol da
Holanda?
educativa independente e serviço de
de cada mês. Se tal não for cumprido,
De três em três meses temos uma reunião regular
aconselhamento (Academia VVCS),
o clube é punido com uma redução de três
oficial para discutir diversos problemas que
programa de apoio a jogadores em
pontos no campeonato.
afetem jogadores ou o futebol em geral. Durante
dificuldades, apoio a jogadores em fase de
transição na carreira, auxílio a atletas sem
contrato (equipa VVCS) e gestão de carreira
dos jogadores, entre outros.
Não. Todos os clubes são obrigados pelo
As redes sociais e as novas
tecnologias são importantes
para o vosso sindicato?
Sim, a maior parte dos nossos colaboradores
O futebol é um desporto internacional e, como
Não temos conta de Facebook.
tal, todos os sindicatos têm de lidar com os seus
N. 53 JOGADORES
40
e aconselhá-los a recorrer ao SJPF caso tenham
problemas. Estarão em boas mãos.
(em 34) na assembleia-geral da federação.
aplicação do VVCS para smartphone.
As negociações para o novo Contrato
Quero desejar-lhes todo o sucesso em Portugal
telefone. Além disso, temos ainda dois votos
Teremos, dentro de dois meses, uma
tem uma conta no Twitter, eu incluído.
Gostaria de enviar uma
mensagem para os atletas
holandeses em Portugal?
a temporada, há contacto semanal, por mail e
Como define a relação
institucional entre os sindicatos
português e holandês?
Quais são os maiores
problemas que afetam os
jogadores na Holanda?
-nos mutuamente e encontrar as soluções
Nome: Danny Petrus Hesp
Data de nascimento: 19 de outubro 1969
Posição: Defesa
Clubes: Ajax, Heerenven, TOP Oss, Roda,
AZ Alkmaar, NEC e RBC Roosendaal
N. 53 JOGADORES
41
gabinete jurídico
Processo disciplinar
Os clubes/SAD só podem aplicar
ao jogador as sanções previstas
na Lei, a saber:
Há limites para o valor máximo
da multa a aplicar?
•
Repreensão;
está sujeita a limites legais.
•
Repreensão registada;
•
Multa;
•
Suspensão do trabalho com perda de
retribuição;
•
O que é?
A nota de culpa obedece
a algum formalismo?
Um processo disciplinar é um instrumento
Sim. A nota de culpa tem que ser elaborada por
escrito com a descrição circunstanciada dos factos
que lhe são imputados.
jurídico de regulação das relações laborais
ao dispor das entidades patronais e que só pode
ser utilizado quando o trabalhador assume
Durante a suspensão provisória
o trabalhador tem direito
à remuneração?
Durante o processo disciplinar o trabalhador
mantém sempre o direito à retribuição, mesmo
determinado comportamento que ponha em
no caso da entidade empregadora optar pela sua
causa o justo e equilibrado desenvolvimento
suspensão temporária, ou seja, durante o período
Qual o prazo para responder
à nota de culpa?
da relação laboral.
Despedimento com justa causa.
Sim. A multa aplicada por cada infração disciplinar
A sanção de suspensão do
trabalho com perda de
retribuição pode durar quanto
tempo?
Posso ir para a equipa B
na sequência de um processo
disciplinar?
por cada infração, 24 dias e, em cada época,
o total de 60 dias.
SABE MAIS.
www.sjpf.pt
Não, a entidade patronal só pode aplicar as sanções
acima previstas.
O processo disciplinar tem de ser instaurado nos
empregadores. Embora se trate de uma realidade
desportiva, esta relação laboral obedece a direitos
notificação da nota de culpa, para consultar
altura, apresentar meios de prova.
60 dias após ser tomado conhecimento
da infração.
Quando é que a infração
disciplinar prescreve?
precedida de processo disciplinar.
temporariamente o trabalhador das suas funções
fases E PRAZOS do processo disciplinar
Instrução
Resposta
à nota
de culpa
Nota
de culpa
10 dias
da apresentação dos recibos assinados
pelos jogadores, dos recibos das remunerações
dos jogadores juntos aos documentos
que comprovem a realização dos depósitos
ou transferências bancárias respetivas
certificando que se encontram com os salários
Instrução
30 dias após conclusão
do inquérito
identificam com os trabalhadores comuns.
Por conseguinte, a instauração de processos
disciplinares não pode ser usada como uma
forma “ardilosa” a que os clubes sucessivamente
recorrem para encapotar os insucessos
desportivos e/ou não honrar os compromissos
com os atletas.
Entre estas duas realidades está um conjunto
de direitos e deveres que cada “ator” desta
financeiro na competição. Deixamos-te aqui a
Sanções para os clubes/SAD
vigência do contrato que os une. A imposição
informação essencial sobre este procedimento.
Os clubes que não façam esta prova ficam
de um processo disciplinar deveria ter como
impedidos de registar novos contratos de
fim o apuramento do grau de responsabilidade
O que é?
jogadores ou renovar os existentes e são
do arguido para, em conformidade, aplicar
São “check points” em que os clubes têm que
sancionados com a perca de pontos a fixar entre
sanção adequada ao mesmo e não um “desviar
demonstrar que cumpriram com as obrigações
o mínimo de dois e um máximo cinco pontos.
de atenções” de prestações desportivas ou uma
relação deve respeitar durante todo o tempo de
financeiras com os jogadores e treinadores.
Decisão
Final
e deveres e rege-se por princípios legais que se
regularizados.
A Liga Portuguesa de Futebol Profissional procede
Os clubes/SAD têm de comprovar o pagamento
Consequências para
os jogadores que assinam
a declaração
dos salários devidos por contrato de trabalho
•
Os jogadores que aceitem subscrever
desportivo, bem como contrato de formação,
documentos que não correspondem à
devidos entre 31 de maio de 2013 e 10 de
verdade, podem inviabilizar a reclamação
novembro de 2013, relativamente aos jogadores que
dos salários em falta;
forma de pressão ao jogador.
Não é lícito classificar arbitrariamente de falta
disciplinar o comportamento de um jogador.
Tem de haver uma estrutura acusatória e
fundamentos claros para que se possa laborar
na tese de “infração disciplinar” sob pena
de transformar a instauração do processo
Os jogadores que assinem os recibos de
disciplinar numa ação ilícita do próprio clube que
vencimento de salários que efetivamente
poderá, a meu ver, em última instância, levar ao
Data de controlo
não receberam, não podem requerer o
rompimento justificado do contrato de trabalho
15 de dezembro de 2013
FUNDO DE GARANTIA SALARIAL.
com justa causa.
integrem o plantel da época desportiva em curso.
30 dias após conclusão
do inquérito
A prova de pagamento é feita através
ou de declarações assinadas pelos jogadores
Objetivos
Inquérito
prévio
Prova de pagamento
a 15 de dezembro de 2013 ao primeiro controlo
durante o período em que decorre o processo.
Suspensão preventiva
(facultativa)
CONTROLO
FINANCEIRO DE 15
DE DEZEMBRO
DE 2013
Não. A sanção disciplinar deve ser sempre
A entidade patronal poderá suspender
A infração disciplinar prescreve ao fim de um ano
a contar do momento em que teve lugar.
Sanções
disciplinares
As sanções podem ser aplicadas
sem instauração de processos
disciplinares?
A entidade patronal pode
suspender o trabalhador
preventivamente?
Do acusar
ao rescindir
Os jogadores são trabalhadores. Os clubes são
em que decorrer o processo.
o processo e responder à mesma, devendo, nessa
Advogado do SJPF
A suspensão do trabalho não pode exceder,
O trabalhador dispõe de dez dias úteis, a contar da
Qual o prazo para a entidade
patronal dar início ao processo?
João Lobão
•
Ver texto na íntegra em www.sjpf.pt/opiniao.
N. 53 JOGADORES
42
N. 53 JOGADORES
43
Futebol feminino
mariana
jaleca
“Já há quem prefira o futebol
feminino ao masculino”
mariana jaleca
Clube: quintajense fc
Posição: Avançada
Nacionalidade: Portuguesa
Fez apenas 16 anos a 8 de outubro mas o
Admite que não é fácil conciliar os estudos
Fã de Neymar (Barcelona), João Moutinho
desejo de jogar futebol acompanha-a desde
com o futebol – “quem corre por gosto não
(Mónaco), Bale (Real Madrid), Reus (B.
sempre. “Quando era pequena arrancava as
cansa e por isso mais vale agora fazer um
Dortmund), Ana Borges (At. Madrid).
cabeças das bonecas e transformava-as em
esforço para no futuro ser recompensada”,
Jéssica Silva (Albergaria) e Megan Rapinoe
bolas. Passava as tardes a jogar contra a parede
diz – mas quer fazer carreira na modalidade.
(Seattle Reign), a jogadora do Quintajense
e sempre que marcava um golo, no quintal,
“Ambiciono jogar numa equipa estrangeira
já foi contactada para emigrar para uma liga
festejava”, explica Mariana Jaleca.
e de um campeonato mais competitivo.
mais competitiva. A hipótese ainda está de
Apoiada pela família, começou a jogar futebol
Se isso acontecer terei muitas experiências
pé mas para já, nada está decidido. Devido
há quatro anos, no Palmelense. Duas épocas
novas e ganharei mais maturidade. Um dos
à sua juventude procurou aconselhamento
depois transferiu-se para o Quintajense FC,
campeonatos de que gostaria de jogar era o
junto do Sindicato dos Jogadores. “Fiquei
clube onde mantém.
alemão”, revela.
esclarecida sobre os meus direitos, as minhas
Estudante do 11.º ano, Mariana já envergou
Apesar desse objetivo, a jovem avançada
preocupações e sei que em caso de algum
a camisola da Seleção Nacional (sub-16) em
acredita que o futebol feminino em Portugal
problema o Sindicato estará cá para me ajudar”,
duas ocasiões. “Na estreia, no momento de
está melhor e que dará um salto qualitativo.
revela. Mariana Jaleca elogia ainda a aposta do
ouvir o hino, fechei os olhos por umas frações
“Neste momento já há quem não ache piada
SJPF no futebol feminino e em Carla Couto
de segundos e pensei ‘estou aqui, sou uma
ao futebol masculino e prefira ver um jogo de
(embaixadora para a modalidade). “O Sindicato
privilegiada, por isso vou agarrar isto com as
futebol feminino. Acho que o futebol feminino
vai ajudar a desenvolver o futebol feminino e
minhas mãos!’. Espero voltar a ter mais um
vai conquistar cada vez mais adeptos e se
a nomeação de Carla Couto é uma mais-valia
desses momentos porque é uma sensação que
existisse uma liga profissional, desenvolver-se-
porque ela sabe quais são as necessidades da
nunca irei esquecer”, conta.
ia e alcançaria um novo patamar”, explica.
modalidade para um maior desenvolvimento.”
N. 53 JOGADORES
44
DATA DE NASCIMENTO:
08.10.1997
A futebolista do Quintajense
elogia o SJPF. “Sei que em caso
de algum problema o Sindicato
estará cá para me ajudar”
N. 53 JOGADORES
45
FUTSAL
joão
benedito
“Estou orgulhoso porque
ajudei a construir o futsal”
Quinze títulos, titular do
Sporting e da Seleção e 17 anos
dedicados a um clube. O que falta
ainda cumprir?
Tenho alguns objetivos de carreira e títulos que
ambiciono conquistar, entre eles uma UEFA Futsal
Cup. Esse é o único que falta, a nível de clube. A
nível de seleção o Mundial e o Europeu. Quero ser
cada vez mais vezes campeão nacional e vencedor
da Taça de Portugal e da Supertaça e transmitir esta
ideia vencedora de Sporting.
Até quando vamos ver o Benedito
à frente das redes do Sporting?
Não sei [risos]. Neste momento, quando se chega a
esta idade (35 anos), vamos pensando ano a ano.
Quando decidiu ser jogador de
futsal? o futebol nunca esteve
em primeiro lugar?
Desde muito novo que vivo dentro do Sporting.
O meu avô trabalhou aqui e ele era, na altura,
responsável pelo centro de estágio onde estavam
os jogadores de futebol. E eu sempre quis ser
praticante da modalidade e falava com a minha
mãe e com o meu pai a saber se podia vir algum
dia às captações ou se o meu avô poderia dar um
empurrãozinho para que isso acontecesse, mas ele
sempre foi uma oposição. Depois, devido a uma
volta que a nossa vida deu, o meu avô acabou
por falecer muito precocemente, eu sempre fui
tentando mas já estava numa idade avançada
para poder entrar. Depois enveredei pelo futsal.
Há uma altura em que surgem as captações no
Sporting e decidi vir. Ao princípio mandaram-me
embora, andei cá uns seis meses “a tapar buracos”.
Vim para cá em janeiro. As pessoas gozavam um
bocadinho comigo pela forma má como abordava
os lances [risos], mas fiquei até ao fim da época.
Na temporada seguinte, houve um problema com
um guarda-redes por não lhe ter sido dada carta
de desvinculação e não havia muito mais opções.
Chamaram-me para fazer parte do plantel.
E porquê a baliza?
Quando estava numa coletividade de bairro, um
amigo meu fazia parte da equipa técnica convidoume para ir para lá e o único lugar disponível que
existia era a baliza.
O que é preciso a um guarda-redes de futsal?
N. 53 JOGADORES
46
A coragem, aliada a uma capacidade de trabalho
muito grande e é preciso que a bola não entre
[risos]. Psicologicamente também é importante
ser muito forte, porque as coisas acabam por
descambar para quem está lá atrás.
e incompatibilizou-se essa vertente profissional
mas mantenho essa licença sem vencimento para
quando deixar de jogar para continuar a trabalhar
e não há preço que pague o valor que esta situação
tem para mim.
Esteve uma época em Espanha.
Porque saiu do Sporting?
Encara a hipótese de, no futuro,
exercer um cargo de direção no
Sporting?
Desde 2003 tive algumas propostas para sair do
Sporting. Sempre chegámos à conclusão que não
era bom sair. Em 2006 surgiu outra proposta e
concluímos que era uma boa altura para poder ir
experimentar. Foram duas fases bastante distintas
de um ano da minha vida. Aprendi muito, foram
seis meses muito bons. Depois tive um azar. Vim
treinar ao Sporting durante as férias de Natal e
comecei a sentir uma dor nas costas. Passados três
dias estava hospitalizado com um pneumotórax,
tive de ficar cá durante dois meses. Já estava quase
no final da temporada. Então, decidi regressar.
Em termos profissionais, qual é a
profissão que ocupa no Sporting,
de momento com licença sem
vencimento?
Sou marketeer. Em 2003, quando terminei o
curso, regressámos do Europeu, e já tinha sido
falada a possibilidade de trabalhar no Sporting,
dado que treinávamos às 11h45 e às 19h. Como
tinha acabado a licenciatura e passava muito
tempo no clube, uma vez que sempre tive duas
ocupações (estudava e treinava), propus isso, as
pessoas aceitaram, entrei para a estrutura e comecei
a trabalhar e a jogar. Sempre deu para conciliar.
Quando saí para Espanha, as pessoas trataram-me
de uma forma espetacular e toda a gratidão que
lhes tenho será sempre muito pouca. Deram-me
uma licença sem vencimento para quando voltasse
para o clube. Mudaram os horários dos treinos
É algo que, se um dia surgir, será por acréscimo e
pelo desenrolar dos eventos de um largo período
que ainda tenho para percorrer.
O que falta à Seleção para obter
um título europeu ou mundial?
Falta chegar lá e ganhar [risos]. Falta um bocadinho
de amor-próprio, de nacionalismo, de percebermos
quão bons somos e termos aquela pontinha de
pequena arrogância que nos faz ultrapassar alguns
obstáculos.
O futsal tem vindo a crescer em
Portugal...
João Paulo Feliciano Neves Benedito
Passámos de uma fase em que só tínhamos
família e amigos na bancada para agora organizar
jogos e termos de nos preocupar com questões
de segurança. Vejo isto de uma forma orgulhosa
porque também ajudei a construir isto, até porque
o Sporting tem a maior quota-parte em relação a
tudo isto.
D. N.: 07/10/1978
Qual é a imagem que tem do SJPF?
2009/10, 2010/11, 2012/13)
A de quem salvaguarda o interesse dos jogadores,
que há alguém que se preocupa com a realidade
desportiva e que tem muito trabalho pela frente.
É sempre bom ter um ponto de abrigo para que
alguém nos ajude e indique qual será o caminho
correto no meio de tanta malandrice que hoje se vê.
Quatro Taças de Portugal (2005/06, 2007/08,
Equipas: União Desportiva do Olival Basto,
Playas Castellón
e Sporting
Títulos*: Sete Campeonatos Nacionais
(1998/99, 2000/01, 2003/04, 2005/06,
2010/11, 2012/13)
Quatro Supertaças (2001/02, 2004/05,
2008/09, 2010/11)
*todos conquistados pelo Sporting
N. 53 JOGADORES
47
OPINIÃO
clipping
O Treinador: Entre a Ciência,
a Tecnologia e a Inovação
Gustavo Pires
Presidente do Fórum Olímpico de Portugal
O futebol, à semelhança de qualquer outra
medida em que não pode garantir a relação
qualquer aplicação de ordem prática; e muita
atividade humana, sustenta-se numa determinada
causa-efeito que determina a cientificidade de
inovação que não conduz a lado nenhum.
tecnologia que tem de ser gerida de acordo com:
uma operação que se repete. A ação do treinador
Todavia, não é por isso que vamos dizer que
1. A velocidade de mudança do ambiente;
depende da ação do adversário e vice-versa.
a técnica fundamentada exclusivamente na
2. O padrão de complexidade da situação em
Então, o que passa a valer é a criatividade. Nestas
experiência não tem valor; como também
causa;
condições, o treinador deixa de ser um especialista
não podemos afirmar que a ciência sem
3. A similitude dos elementos que estiverem em
de configurações táticas que com maior ou
aplicação prática imediata não serve para
presença.
menor dificuldade evoluem no terreno, para
nada; e que a inovação, só por si, é geradora
passar a assumir, na plenitude, a complexidade do
de confusão.
Assim sendo, a gestão da competição só pode
pensamento estratégico que lhe permite pensar o
Neste sentido, qualquer treinador de futebol
ter sucesso se conseguida na emergência de
jogo na sua globalidade e, ganhar verdadeiramente
deve ter em consideração que:
uma grande abertura ao exterior na procura dos
o estatuto de treinador de futebol.
• A tecnologia repete... e cria as necessárias
pequenos sinais que decorrem daquilo que:
Por isso, aqueles que dizem que “no futebol já está
rotinas...
1. Está a mudar porque mais importante do que
tudo inventado” estão profundamente enganados.
• A ciência explica... e conduz ao
conhecer aquilo que existe é compreender aquilo
Seria horrível se no futebol tudo fosse assim tão
envolvimento dos atletas...
que está a mudar;
fácil. O futebol é simples, provavelmente é o jogo
• A criatividade inova... e atribui ao processo
2. Não é percetível à primeira vista porque a
mais simples do mundo, contudo, não quer dizer
de treino um sentido de futuro...
realidade do jogo não se revela, por assim dizer, a
que seja fácil. No futebol não se pode facilitar.
qualquer leigo;
Quando no futebol se facilita tende-se a confundir
Ora, quando o treinador consegue integrar a
3. São os elementos significantes que, a serem
tecnologia, ciência e inovação. De uma maneira
tecnologia que repete, a ciência que explica
identificados e trabalhados, podem mudar
expedita podemos dizer que:
e a criatividade que inova está em condições
condições em que o jogo está a ser jogado.
• A tecnologia diz como se faz;
de produzir conhecimento capaz de
• A ciência explica porque é que se faz assim;
desencadear um salto qualitativo com efeitos
A vitória, em grande medida, acontece pela
• A inovação atribuiu um sentido de criatividade e
imediatos na organização da vitória.
capacidade do treinador se aperceber de um ou
de futuro.
É a arte do treinador: a teoria, só por si, não
vários (não muitos) pormenores que a podem
chega para vencer. A prática, só por si, não
favorecer.
Por si só, existe muita tecnologia sem qualquer
garante o sucesso. A inovação só por si não
Um treinador não é senhor dos seus atos na
fundamentação; muita ciência que não tem à vista
determina a vitória.
N. 53 JOGADORES
48
N. 53 JOGADORES
49
GLÓRIAS
vítor baptista
Nasceu na miséria e a ela regressou
antes da morte. Pelo meio, uma
carreira futebolística das mais
emblemáticas do futebol nacional.
Vítor Baptista era “o maior”.
ali foi jogando e crescendo enquanto atleta.
A história mais marcante acontece a 12 de
Aos 18 anos já era um dos titularíssimos na
fevereiro de 1978. Num jogo frente ao rival
equipa sadina e chegou a vencer uma Taça
de sempre Sporting, Vítor Baptista recebe
de Portugal, em 1967.
um passo magistral de Bastos Lopes, recebe
Em 1971, com apenas 22 anos, conquistou
a bola de peito à entrada da área, foge a
o Benfica e o clube da Luz fez tudo para
dois adversários e remata para o fundo das
o contratar. No balneário era o único que
redes. Nem sequer celebra o golo. Volta-se
Gabavam-lhe a genialidade mas queixavam-
fazia frente a Eusébio. Disse-lhe um dia,
para trás e põe meio mundo à procura do
se da loucura. Fruto da necessidade, Vítor
convicto: “Ó Eusébio, eu é que sou o
brinco que perdeu no decorrer da jogada. O
Baptista procurou sair da miséria em que
maior!” Olhava-se ao espelho e perguntava-
brinco, que até tinha custado uma pequena
nasceu através do futebol. Ficou órfão
se: “Como é que Deus foi capaz de me fazer
fortuna (12 contos, na época), nunca mais
de pai bastante cedo e a única pessoa a
tão bonito?”. Um dia apareceu no Estádio
foi encontrado.
sustentar a família passou a ser a mãe, uma
da Luz com o cão vestido à Benfica. O que
Depois do Benfica, a miséria voltou a
empregada numa fábrica transportadora
Vítor Baptista tinha de louco fora de campo,
aproximar-se da vida de Vítor Baptista.
de peixe. Ao terminar a quarta classe, com
exibia de génio na mesma quantidade dentro
No resto da carreira, houve tempo para o
apenas 10 anos, Vítor fugiu dos estudos
dele.
Setúbal, o Boavista, o San Jose (EUA), o
para trabalhar como canalizador, eletricista,
Todos lhe elogiavam as capacidades técnicas
Amora, o Montijo, o União de Tomar, o
merceeiro e carpinteiro. A única companhia
a caminho da baliza. Marcava golos sem
Monte da Caparica e o Estrelas do Faralhão.
que nunca pôs de parte foi… a bola.
pedir licença e foi uma das figuras centrais
Depois disso, a droga, as mulheres e o
Ao longo dos primeiros anos da
do Benfica entre 1971 e 1978. Numa
mundo do crime ceifaram-lhe o bem estar
adolescência, Vítor Baptista participou em
digressão à Rússia, recusou-se a jogar contra
que ainda lhe sobrava. O génio louco
diversos torneios e, aos 13 anos de idade,
atletas russos por lhe parecerem amadores, a
morreu a 1 de janeiro de 1999, com apenas
foi descoberto pelo Vitória de Setúbal. Por
ele, que só aceitava jogar com profissionais.
50 anos.
N. 53 JOGADORES
50
N. 53 JOGADORES
51
LAZER | RELÓGIOS
LAZER | CARROS
Para
controlar
o tempo
LONGINES
CYRUS
LOUIS VUITTON
O Avigation Oversize Crown da Longines
O Cyrus Kambis está disponível em titânio e
Além da sua beleza, o Tambour Spin Time
reúne elegância e funcionalidade, num modelo
ouro preto ou vermelho com DLC em titânio.
Regatta é uma ajuda preciosa na contagem
que lembra os antigos relógios para pilotos.
Grande atenção aos detalhes.
regressiva de quem participa em regatas.
Volkswagen Golf Variant
A Volkswagen lançou no mercado um Golf
1.2 TSI Confortline (105 cv) – 25 671
Variant completamente redesenhado. O
1.2 TSI DSG Trendline (105 cv) – 25 893
multifacetado Golf Variant é baseado no
1.2 TSI DSG Confortline (105 cv) – 27 422
Golf VII, herdando as suas tecnologias. Tal
1.4 TSI Confortline (140 cv) – 26 787
significa uma redução no peso total (até 105
1.4 TSI Highline (140 cv) – 28 452
kg), um espaço otimizado (uma volumetria
1.4 TSI DSG Confortline (140 cv) – 28 530
para bagagens até 1620 litros), proporções
1.4 TSI DSG Highline (140 cv) – 30 195
mais atrativas da carroçaria, novos sistemas
HARRY WINSTON
BREGUET
BREITLING
de segurança e conforto, novos motores a
Diesel
gasolina e diesel (mais económicos até cerca de
1.6 TDI Trendline (90 cv) – 26 577
1.6 TDI Confortline (105 cv) – 30 558
15 por cento) e novas tecnologias na conceção
1.6 TDI Confortline (90 cv) – 28 106
1.6 TDI Sportline (105 cv) – 31 095
do chassis.
1.6 TDI Trendline (105 cv) – 27 175
1.6 TDI Highline (105 cv) – 32 224
1.6 TDI Confortline (105 cv) – 28 705
2.0 TDI Confortline (150 cv) – 35 882
O Midnight Big Date possui um aro que exibe
O Classique Chronograph 5284 é um relógio
O Navitimer Cosmonaute Blacksteel, o primeiro
discretamente os três arcos icónicos do Salão
com design único e cujo conjunto recorda os
cronógrafo de pulso a ter ido ao espaço, é uma
Preços (em euros):
1.6 TDI Sportline (105 cv) – 29 241
2.0 TDI Highline (150 cv) – 37 547
série limitada de 1000 exemplares.
Gasolina
1.6 TDI Highline (105 cv) – 30 370
2.0 TDI Confortline (150 cv) – 37 729
1.2 TSI Trendline (105 cv) – 24 141
1.6 TDI Trendline (105 cv) – 29 029
2.0 TDI Highline (150 cv) – 39 394
Harry Winston da 5.ª Avenida em Nova Iorque.
primeiros relógios Breguet.
N. 53 JOGADORES
52
N. 53 JOGADORES
53
LAZER | LIVROS
OPINIÃO
Da poesia
ao futebol
BOLA NA CABECEIRA
leonardo Faccio
Marcador
PVP: €14,39
Messi
o melhor futebolista do
mundo
A discussão é longa: será Lionel Messi o melhor jogador
do mundo? Este livro diz que sim, mas apresenta uma
Manuel Sérgio
Filosofo do desporto
vida inteira cheia de argumentos. Admirado e idolatrado
mundialmente, Messi tem quebrado todos os recordes.
Dantes era um miúdo tímido, pequeno e de aparência frágil.
Agora, após 13 anos de grandes golos e jogadas de encantar
no Barcelona, tornou-se numa das joias mais valiosas do
maior espetáculo do planeta e um dos melhores futebolistas
deste século. Uma biografia imperdível.
Jorge Jesus
O Treinador Que
Mantém
a Chama Imensa
Miriam Assor
Livros d’Hoje
PVP: €11
Ao longo das últimas quatro épocas, Jorge Jesus tem
movido paixões e ilusões entre a maioria dos adeptos
encarnados. Conhecido por ser um mestre da tática,
o técnico do clube da Luz vê agora todos seus feitos
pessoais e profissionais espelhados num livro que
faz jus à carreira que tem vindo a levar a cabo e que
agora está no auge. Uma obra a não perder, escrita
pela mão sagaz de Miriam Assor.
Um Dia Não São Dias
Nelson Nunes, colaborador do Sindicato dos Jogadores,
lança o seu primeiro livro de ficção. Esta é a história das
dificuldades de um homem que enfrenta o desemprego há
já demasiado tempo na sua vida. Abrindo a janela do seu
Nelson Nunes
Chiado Editora
Preço: €11
quotidiano encontramo-lo nas mais variadas peripécias,
Gonçalo M. Tavares pode saudar-se como um
da poesia, ou seja, após um estudo lúcido e
e nos saltos, há a revelação originária daqueles
dos grandes escritores, portugueses e europeus,
interrogativo, é o autor que emerge, sobre o mais,
(daquelas) que os produziram. Quando a poesia se
do nosso tempo. Professor da Faculdade de
dando sentido ao processo poético. António Ramos
adensa e indetermina, tal significa que o homem-
Motricidade Humana, é hoje o docente da
Rosa, também poeta de grande originalidade, no
autor ainda está por conhecer. O Homem é um ser
disciplina que eu lecionei também: Epistemologia
seu livro, A poesia moderna e a interrogação do
em perpétua e constante redefinição...
da Motricidade Humana. Do seu Livro da Dança,
real assinala que a liberdade da linguagem poética
Não conheci (posso mesmo adiantar: e não
colhi o poema seguinte:
não nega, acentua a “experiência vital, por vezes
conheço), no mundo do futebol, nem em Portugal
exaltante, que subjaz ao poema”.
nem no estrangeiro, um treinador com a cultura
“o dedo que é só dedo nem sequer é dedo
Não há fenómeno cultural que, para compreender-
literária do nosso Fernando Vaz, infelizmente já
o corpo que é só corpo só tapa o espaço só tapa
se, não deva compreender-se antes o homem que
falecido. Um dia (julgo que na década de oitenta)
o espaço
o produziu. Escrever um poema é a revelação
encontrei-o no bar do Hotel Tivoli, em Lisboa,
só tapa o espaço
originária do poeta criador. Por isso, venho dizendo,
na Avenida da Liberdade. Ele tinha entre mãos
- deixem-me ver o espaço
há algum tempo já, que no futebol não há saltos,
um livro. Disparei a pergunta: Que livro é esse?
ou então - deixem-me ver tudo
mas homens (e mulheres) que saltam, não há fintas,
E ele: “É um dos Diários do Miguel Torga”. E,
(para que importa exibir o corpo se é só para exibir
mas homens (e mulheres) que fintam; não há
com um sorriso cordial, acrescentou uma frase
o corpo; só importa exibir o corpo se é para exibir
remates, mas homens (e mulheres) que rematam.
que nunca mais esqueci: “Quando será que os
o que não é corpo)
À semelhança da poesia, nos remates e nas fintas
homens do futebol descobrem que livros, como
para que importa exibir o corpo se é só para exibir
este, nos ajudam a uma melhor compreensão do
o corpo?”.
futebol?”. E lá volto eu, com os meus oitenta anos,
O poeta Eugénio de Andrade, num livro que
fez história, Poesia, liberdade livre, escreveu:
“De Homero a S. Juan de la Cruz, de Vergílio a
desde o momento em que se levanta da cama até ao
Alexandre Blok, de Lio Po a William Blake, de
momento em que a ela regressa, já à noite. Um trabalho
Basho a Cavafy, a ambição do fazer poético foi
cheio de ritmo, fácil de ler e com uma história que nos
sempre a mesma: Ecce Homo (Eis o Homem)
agarra da primeira à última página.
N. 53 JOGADORES
54
“Ou se conhecem
as pessoas, ou não se
entendem, nem
as táticas, nem
os golos”
parece dizer cada poema”. Na leitura crítica
a repetir-me: é que o futebol, como o desporto, é
uma Atividade Humana não é só uma Atividade
Física. Quem ainda não entendeu isto sabe bem
pouco de futebol. Nas táticas de Josep Guiardiola
e José Mourinho; no instante criador de golos
inesquecíveis – há, antes do mais, pessoas. Ou se
conhecem as pessoas, ou não se entendem, nem as
táticas, nem os golos. Como é lógico!
N. 53 JOGADORES
55
REGRESSO À INFÂNCIA
O MEU ESTÁDIO
Estádio
de São Luís
Características
Medidas: 103 x 68 metros
Lotação: 15 000
Inauguração: Maio de 1923
Calor algarvio
Aquele que foi já um dos grandes palcos
do futebol português ergueu-se há quase
100 anos, em 1922. Na altura chamado
Santo Stadium, em honra ao arquiteto que o
desenhou, Manuel Santo, o recinto que viria
a ser entregue ao Farense foi inaugurado em
maio de 1923. O primeiro jogo que ali se
disputou aconteceu no mês seguinte, a 24 de
junho de 1923: a final da segunda edição da
Taça de Portugal, entre Sporting e Académica,
que terminou com um resultado de 3-0 a
favorecer os homens de Alvalade.
Em 1930, o nome do Estádio foi alterado para
Campo de São Luís e, anos mais tarde, em
1957, para Estádio Municipal de São Luís.
Entre as décadas de 70 e 90 do século XX,
o Farense é das equipas mais temidas da
Primeira Divisão, sendo o São Luís um dos
terrenos mais difíceis para os adversários
do coletivo de Faro. Por isso mesmo, as
infraestruturas do municipal obtiveram
melhorias consideráveis em 1971, de maneira
a preparar-se para a nova grandiosidade
do clube. Em 1986, o estádio do Farense
foi rebatizado pelo nome pelo qual é hoje
conhecido: Estádio de São Luís.
Já em 1990, tendo em vista o Campeonato
Mundial de sub-20 de 1991, que aconteceu
em Portugal, o recinto desportivo sofreu uma
expansão nos lugares disponíveis. Em 1997,
fruto dos bons resultados na Primeira Divisão,
o estádio foi de novo aumentado.
Ao longo da primeira década dos anos 2000,
o Farense acabou por sofrer um certo declínio
e praticamente desapareceu do futebol
português até ao ressurgimento, no ano
passado. O Farense regressou às competições
profissionais esta época e encontra-se agora a
disputar a II Liga. Por isso mesmo, o velhinho
São Luís sofreu obras de readaptação face a
este novo desafio.
Nem tudo é bola no Estádio de São Luís,
porém. Em 1992, os míticos Dire Straits
deram ali um concerto memorável e, já mais
tarde, Pavarotti atuou ali, pela última vez em
Portugal, no ano de 2000.
BRUNO BASTO
“Quando jogávamos
com balizas grandes o
‘gordo’ é que ia à baliza’”
Defesa esquerdo, 35 anos, jogou
no Benfica, Alverca, Bordéus,
Feyenoord, Nacional e Shinnik.
Quando era miúdo jogou
muitos jogos de bairro? Qual
era a sua posição?
Sim, jogava todos os dias na rua. A posição
não era definida porque jogávamos dois para
dois ou três para três.
Onde é que jogavam (na
estrada, em campos, em
quintais, onde calhava, etc)?
Maioritariamente no passeio e algumas vezes
em campos ou em jardins públicos.
As balizas eram marcadas
com pedras ou tinham algo
mais sofisticado?
Na minha rua as balizas eram marcadas com
caixas de frutas de Madeira na horizontal ou
com pedras da calçada.
As equipas eram divididas por
clubes (do género Sporting
contra Benfica)?
Não, dividíamo-nos conforme quem
aparecia na rua.
Mudava e terminava aos
N. 53 JOGADORES
56
quantos?
Dependia muito do tempo que tinhamos
para estar na rua.
O “gordo” é que ia à baliza?
Quando se jogava com balizas grandes sim,
quando eram as caixas da fruta era sem
guarda-redes.
O dono da bola jogava sempre
mesmo que não tivesse
jeitinho algum?
Isso era obrigatório e ainda escolhia a
equipa.
Tinha alguma alcunha?
Não, mas como era o mais novo da rua
chamavam me o Puto.
O que é que vinha primeiro:
a bola ou a namorada?
Nessa altura ainda não pensava em
namoradas, por isso, a bola.
Saudades desses tempos?
Sim, muitas mesmo, pois hoje em dia as
preocupações são muitas, ao contrário
daquele tempo.
N. 53 JOGADORES
57
MEMÓRIA
SPORTING 3 – BENFICA 1
PUBLICIDADE
PANINI
Estádio José de Alvalade,
27 de maio de 1962.
Jogo decisivo para
determinar o campeão
nacional da época 1961/62.
Sporting-Benfica (1-1) foi primeiro clássico da temporada
2013/14. Rui Patrício, William Carvalho, Adrien, Montero,
Luisão, Rúben Amorim, Markovic e Cardozo são algumas
das atuais estrelas dos dois grandes de Lisboa. Há 51 anos
brilhavam outros intérpretes. Era o tempo de Hilário, Mário
Lino, João Morais, Fernando Mendes, Pérides, Figueiredo,
Costa Pereira, Ângelo, Cavém, Germano, Simões, Coluna,
José Augusto, José Águas e Eusébio, entre outros. Juca
(Sporting) e Béla Guttman (Benfica) eram os treinadores.
ASF — Agência de Serviços Fotográficos — [email protected] | Imagens que fazem história
N. 53 JOGADORES
58
N. 53 JOGADORES
59
Tecnologia revolucionária exclusiva para os membros do SJPF.
G-FORM: PROTEÇÃO CONTRA O IMPACTO. REVOLUCIONÁRIA.
As caneleiras G-Form Pro-S são as primeiras caneleiras de futebol
construídas com Tecnologia de Proteção Reativa (RPT).
O SJPF PROTEGE-TE.
DENTRO E FORA DE CAMPO.
OFERTA
EXCLUSIV
SÓCIOS SJ A
PF

Documentos relacionados

CONGRESSO FIFPro

CONGRESSO FIFPro a jurisprudência do CAS (um documento que será incluído na próxima revista do SJPF). Além dos temas atrás referidos, foi também confirmada a entrada de três novos elementos no Comité Executivo (Boa...

Leia mais