Metalworking World 1/2011
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Metalworking World 1/2011
A CRISE GLOBAL DA ÁGUA POTÁVEL É preciso AGIR! 1/11 uma revista de negócios e tecnologia da sandvik coromant Rússia: os méritos do titânio O IGCC promete usinas a carvão mais limpas Itália: projeto OUSADO Shivani Jatiley, gerente adjunta de compras, JCB Índia Índia: Acelerando o ritmo reforço da produção editorial Tom erixon, Presidente da Sandvik Coromant Mais modernas, mais rápidas e mais limpas de eletricidade deverá crescer cerca de 83% nas próximas duas décadas. Atualmente, essa demanda é impulsionada principalmente pelo crescimento econômico na Ásia, com a construção de várias usinas novas, modernização de instalações existentes com novas turbinas e o aumento da utilização de materiais de alta liga. Ao mesmo tempo, espera-se que a capacidade total instalada de energia eólica em 2014 seja três vezes maior que a de hoje. Daqui a dez anos, a energia eólica pode ser capaz de atender 8% do consumo mundial de eletricidade. A demanda mundial “Esse excepcional crescimento cria novas demandas aos fabricantes de peças para o setor de energia.” Esse excepcional crescimento cria novas demandas aos fabricantes de peças para o setor de energia, tanto em termos de produtividade, com peças de maior qualidade por um preço mais baixo, como de eficácia e know-how, com novos materiais difíceis de usinar que são utilizados nas turbinas mais avançadas. e materiais difíceis de usinar são itens que a Sandvik Coromant domina muito bem. Há décadas, temos atendido a indústria aeroespacial, encarando as mais altas exigências de qualidade e encontrando novas soluções de ponta. As demandas da área de geração de energia estão se tornando semelhantes, devido aos clientes Novas tecnologias 2 metalworking world darem mais ênfase à produtividade e às soluções de alta qualidade. Um exemplo são as novas turbinas altamente eficientes para as futuras usinas nucleares e a carvão. Você sabia que o carvão é responsável por cerca de 40% do total de eletricidade do mundo e deverá crescer progressivamente ao longo dos próximos 20 anos? É essencial que essas usinas se tornem mais limpas, mas as novas tecnologias criam novos desafios para os fabricantes. Na página 20, você poderá ler sobre um método mais limpo de processamento do carvão. de uma turbina eólica ajudam a otimizar a posição das pás em relação ao vento. Os anéis são feitos de aço forjado e exigem ferramentas otimizadas para serem usinados e transformados em peças móveis de alta precisão – com tamanhos de até seis metros de diâmetro. Na página 38, veremos algumas das ferramentas de ponta que economizam tempo na fabricação desses anéis giratórios. O potencial das ferramentas de corte no setor de produção de energia é cada vez mais importante, impulsionado pelos investimentos tanto em energia eólica como em energia de condensação. O momento atual apresenta muitos desafios interessantes! Boa leitura Os anéis giratórios tom erixon Presidente da Sandvik Coromant Metalworking World é uma revista de negócios e tecnologia da AB Sandvik Coromant, 811 81 Sandviken, Suécia. Telefone: +46 (26) 26 60 00. A Metalworking World é publicada três vezes por ano em alemão, chinês, coreano, dinamarquês, espanhol, finlandês, francês, holandês, húngaro, inglês americano, inglês britânico, italiano, japonês, polonês, português do Brasil, russo, sueco, tailandês e tcheco. A distribuição é gratuita para clientes da Sandvik Coromant mundialmente. Publicada pela Spoon Publishing em Estocolmo, Suécia. ISSN 1652-5825. Editora-chefe e responsável legal na Suécia: Yvonne Strandberg. Executiva de conta: Christina Hoffmann. Gerente editorial: Johan Andersson. Diretor de arte: Erik Westin. Editor técnico: Christer Richt. Subeditora: Valerie Mindel. Coordenadora: Beate Tjernström. Coordenador de idiomas: Sergio Tenconi. Editora de português: Miriam Moraes Bengtsson. Tradutor: Carlos Teixeira. Layout: Eva Bengtson. Editoração: Markus Dahlstedt. Foto da capa: Peter Jönsson Favor observar que artigos não solicitados serão recusados. O conteúdo desta publicação só poderá ser reproduzido com permissão do gerente editorial da Metalworking World. As matérias e opiniões expressas na Metalworking World não refletem necessariamente os pontos de vista da Sandvik Coromant ou da editora. Correspondências e pedidos de informação sobre a revista são bem-vindos. Contato: Metalworking World, Spoon Publishing AB, Kungstensgatan 21B, 113 57 Estocolmo, Suécia. Telefone: +46 (8) 442 96 20. E-mail: [email protected]. Informações sobre distribuição: Beate Tjernström, Sandvik Coromant. Telefone: +46 (26) 26 67 35. E-mail: [email protected] Impressa na Suécia por Sandvikens Tryckeri, em papel MultiArt Matt 115 gramas e MultiArt Gloss 200 gramas da Papyrus AB, com certificação ISO 14001 e registro EMAS. Coromant Capto, CoroDrill, CoroMill, CoroTurn e T-Max são marcas registradas da Sandvik Coromant. Peça seu exemplar gratuito da Metalworking World enviando seu endereço para [email protected] A Metalworking World é publicada com objetivo meramente informativo. As informações fornecidas são de natureza genérica e não devem ser tratadas como recomendação ou como base para tomadas de decisão em casos específicos. Qualquer uso dessas informações é de total responsabilidade do usuário. A Sandvik Coromant não se responsabiliza por qualquer dano direto, acidental, consequencial ou indireto, resultante do uso das informações disponíveis na Metalworking World. índice metalworking world N.º1 2011 14 4 Veículo multimodal Switchblade: a moto voadora Dinesh Sharma, da JCB Índia, com uma carcaça de caixa de câmbio 8 Luca Giordano, homem de coragem Notícias de usinagem..... 4 Carvão mais limpo......... 20 Parceria incentiva empreendedores............ 8 Titânio em alta............... 26 Arte funcional................ 13 Acelerando a produção........................ 14 Soluções líquidas........... 32 Panorama da usinagem.........................36 Solução total.................. 38 32 A escassez de água potável é um problema que pode ser resolvido Tecnologia Forte concorrência A usinagem de peças duras está ganhando terreno em relação à retificação. Aumento de produtividade, redução de custos e maior flexibilidade estão entre as vantagens. 6 Usinagem de titânio em menos tempo Fresas de topo inteiriças de metal duro e técnicas dedicadas de fresamento de retoque economizam tempo e aumentam a qualidade da usinagem de peças aeroespaciais. 19 Geometrias de ponta Turbinas verdes para o futuro As peças das turbinas a gás e vapor mais modernas e ecológicas exigem métodos e soluções dedicadas de ferramentas. 24 Um grande programa de ferramental, capacidades comprovadas de engenharia e um centro de aplicação para desenvolver e testar soluções se combinam para elevar a usinagem de furos profundos a um novo patamar. 30 metalworking world 3 Notícias Haász Dezső é gerente de operações de uma das fábricas da Linamar na Hungria “Usamos a nossa experiência para fabricar peças para moinhos de vento.” 1. A Linamar é mais conhecida como fornecedor do setor automotivo. Por que vocês começaram a fabricar peças para turbinas eólicas? “Em 2007, a Linamar Hungria quis aproveitar o crescimento do setor de energia eólica, já que tínhamos experiência na usinagem de peças de alta precisão para carros.” 2. Vocês fizeram alguma mudança nas fábricas para poderem incluir essa produção? “Sim. Ampliamos a nossa capacidade de usinagem para fabricar eixos de 4 metros de comprimento e 2,5 toneladas e investimos em novas máquinas CNC para torneamento, fresamento e retificação.” 3. Como vocês usam o Centro de Produtividade da Sandvik Coromant? “Nossa cooperação com a Sandvik Coromant já dura sete anos e temos todo nosso trabalho documentado. Utilizamos o Centro de Produtividade para treinar os nossos engenheiros e operadores, a fim de melhorar os nossos processos e reduzir custos.” 4. Houve uma recuperação na indústria automobilística? “Estamos operando atualmente com 90-95% da capacidade instalada. Em 2009, esse índice foi de 75%, então sim, há uma demanda maior pelos nossos produtos – em particular, eixos, flanges, carcaças de bombas de combustível e turbocompressores.” Sobre a Linamar A canadense Linamar projeta e fabrica peças e sistemas metálicos de precisão para os setores de automóveis, energia e telefones celulares. A empresa tem três fábricas na Hungria, duas das quais trabalham em estreita colaboração com o Centro de Produtividade da Sandvik Coromant na Romênia. >>> Leia mais sobre a Linamar Corporation em www.linamar.com. Usinagem estável Enfim, juntos! torneamento. Da próxima vez que encomendar um torno, não se esqueça de pedi-lo com a nova torre CDI da Sandvik Coromant. A torre oferece uma usinagem mais estável e um menor balanço do porta-ferramentas, proporcionando melhor desempenho de corte, melhor superfície da peça, maior vida útil e maior comprimento da ferramenta de corte. CDI é a interface entre a torre e a unidade de fixação de troca rápida Coromant Capto, e foi desenvolvida originalmente para a indústria automotiva, onde a estabilidade de uma torre VDI era insuficiente. Ela tem o recurso de troca rápida e, graças ao set-up fácil, é ideal para produção de lotes pequenos. É estável e rígida, e adapta-se tanto a aplicações estáticas como rotativas. Embora a torre CDI esteja disponível produtividade. Uma nova biblioteca de ferramentas propicia controle total sobre manuseio e comunicação, em se tratando de ferramentas de corte, independentemente da marca ou do fornecedor. Até agora, cada software armazenava os dados de maneiras distintas e com nomes diferentes, criando um sistema demorado e pouco confiável. A Sandvik Coromant e a empresa responsável pelo TDM, software que gerencia dados de ferramentas dentro da Sandvik Tooling, desenvolveram um catálogo padronizado baseado na estrutura de dados ISO 13399, que será mais fácil, e mais rápido de usar. Todos os tipos de fábricas, pequenas ou grandes, que precisam 4 metalworking world na Europa há algum tempo, agora passou a fazer parte do portfólio de produtos globais e tornou-se um produto standard do catálogo da Sandvik Coromant. A nova torre CDI foi desenvolvida originalmente para a indústria automotiva programar máquinas-ferramenta poderão transferir dados de montagem para qualquer aplicativo do software por meio de uma interface intuitiva. A biblioteca de ferramentas conterá três seções principais: Área de catálogo: fornecedores de ferramentas de corte podem inserir os dados de seus produtos. Meus itens: os fabricantes podem copiar dados do catálogo principal para uma seção personalizada. Minhas montagens: os usuários podem criar montagens de maneira manual ou automática a partir dos dados selecionados, permitindo fácil armazenamento e recuperação de parâmetros dimensionais, desenhos 2D e modelos 3D. Sopronyi Gyula Quatro perguntas para Haász Dezső, da Linamar Corporation, Hungria: Que tal um atalho por cima das árvores? samson motorworks IMTEX/Tooltech pronta para 2011 Feiras de negócios. A IMTEX/Tooltech, exposição de prestígio na indústria de fabricação, deve atrair pessoas de todo o mundo quando abrir suas portas no final de janeiro de 2011 em Bangalore, região apelidada de “Vale do Silício” da Índia. O evento acontece duas vezes por ano há 15 anos e é uma vitrine para máquinas e ferramentas de usinagem. A Sandvik Coromant está aproveitando a oportunidade para mostrar novos produtos e estabelecer novas parcerias. “Nossa área de exposição, toda em amarelo, será palco de um Evento Inteligente”, diz Gunnar Nälsen, vice-gerente geral de marketing da Sandvik Coromant em Pune, na Índia. “Queremos aproveitar o momento atual, em que os mercados da Índia e da China estão muito aquecidos.” O evento é organizado pela Associação Indiana de Fabricantes de Máquinas-Ferramenta e acontecerá no Centro Internacional de Exposições de Bangalore entre 20 e 26 de janeiro de 2011. Moto voadora P&D. Cansado de irritar-se no trânsito? Em breve você poderá entrar em um inusitado veículo de três rodas e sair voando por aí. A Samson Motorworks, pequena empresa de engenharia da região de Sierra “O tratamento e a usinagem do titânio são muito caros, e as ferramentas são um item importante do custo do processo.” Alexander Litvinov, engenheiro-chefe de processos da VSMPO, fabricante de titânio da Rússia. >>> Leia mais à página 26. por 66 mil libras esterlinas (aprox. R$ 175 mil), incluindo a aviônica e um motor de 120 cv. Parte Ferrari, parte motocicleta e parte avião, o Switchblade tem asas retráteis, dois lugares e espaço para bagagem. Novo aplicativo feiras 2011 •Tooltech, 20-26 janeiro, Bangalore, Índia •TECMA, 8-11 março, Cidade do México, México •CIMT, 11-16 abril, Pequim, China •EMO, 19-24 setembro, Hannover, Alemanha Nevada, na Califórnia, EUA, está construindo um protótipo de moto voadora chamado Switchblade Multi Mode Vehicle (Veículo Multimodal Canivete). A empresa pretende lançá-lo em 2011 na forma de um kit do tipo “faça você mesmo”, Calcule os melhores parâmetros para um trabalho diretamente no celular economia. Agora você pode otimizar o desempenho das suas aplicações de torneamento, fresamento e furação com o celular. O novo aplicativo gratuito Machining Calculator App, disponível para celulares iPhone e Android, permite calcular as configurações ideais com base nos parâmetros específicos de uma determinada operação. O aplicativo conta com um botão de ajuda que fornece informações adicionais sobre o cálculo executado e os dados de entrada necessários para gerar os resultados. Ele também contém uma comparação de custos do processo, que determina como a otimização das ferramentas pode reduzir custo e tempo. O aplicativo está disponível em www.sandvik.coromant. com/machiningcalculator ou em lojas iTunes da Apple. Negócios de diamante soluções. A norte-americana Precorp é conhecida por suas ferramentas de diamante policristalino (PCD) e de metal duro para usinagem de furos. Agora, a avançada tecnologia embutida PCD da Precorp está prestes a fazer parte da rede global de produtos e suporte da Sandvik Coromant. Você encontrará as soluções da Precorp no seu canal habitual de vendas, juntamente com as soluções já existentes para usinagem de borda e usinagem em materiais compósitos exigentes. >>> Leia mais sobre as soluções em www.sandvik.coromant.com/composite. metalworking world 5 tecnologia texto: elaine mcclarence Desafio: Atender as exigências de tolerância e acabamento superficial de peças de alta qualidade. Solução: Mudar da retificação para a usinagem de peças duras, empregando as mais recentes geometrias de pastilhas e classes de ferramentas de CBN. Partindo para a usinagem de peças duras A usinagem de peças duras tem muito a oferecer nos casos em que a dureza das peças se situa dentro da faixa de 55 a 65 HRC. Graças às classes de pastilhas à base de nitreto cúbico de boro (CBN) e cerâmicas de óxido de alumínio, a usinagem de peças duras vem ganhando terreno de maneira considerável em relação à retificação. O processo pode propiciar aumento de produtividade, redução dos custos de produção e do custo por peça, maior flexibilidade e tornar mais simples o processo de produção. Além disso, a capacidade de operar sem refrigeração torna a usinagem de peças duras um método mais favorável ao meio ambiente do que a retificação tradicional. A Sandvik Coromant tem aprimorado sua experiência no desenvolvimento de tecnologias de pastilhas de CBN e cerâmica com o intuito de favorecer o crescimento da usinagem de peças duras, especialmente o torneamento. A LINHA DE PASTILHAS de CBN agora inclui desde classes para condições difíceis e interrompidas, como a CB7525, a CB7025 e a CB7035, esta última a ser lançada em breve, 6 metalworking world até uma classe para condições contínuas e estáveis, a CB7015. Há também uma classe muito competitiva de cerâmica mista, a CC6050, que é uma alternativa de baixo custo para aplicações com exigências moderadas de dureza e acabamento superficial. A geometria das pastilhas também afeta os resultados da usinagem e o acabamento superficial. As geometrias Wiper e Xcel foram desenvolvidas para atender a maioria das necessidades de usinagem e estratégias de corte. As WH Wipers são as locomotivas da usinagem de peças duras, oferecendo maior produtividade, aliada a uma excelente qualidade superficial e dimensional, em comparação com pastilhas com design convencional. Se a peça permitir e tiver espaço suficiente próximo do canto a Estudo de caso Ao mudar para pastilhas Xcel, um fabricante de anéis dentados melhorou sua produtividade em 2,9 vezes Para um fabricante de anéis dentados em aço endurecido por cementação, a mudança para a pastilha Xcel permitiu aumentar a velocidade de corte de 150 m/min para 200 m/min. Isso aumentou a produtividade da empresa em 2,9 vezes, enquanto a vida útil melhorou 1,3 vezes. A solução de ferramental: Pastilhas: Xcel, classe CB7015 Set-up da máquina: Vel. de corte: 200 m/min Vel. de avanço: 0,34 mm/rotação Peculiaridades do torneamento de peças duras (HPT) Escolha da melhor classe de CBN possível para diferentes aplicações. CB7015 A melhor opção para condições contínuas e estáveis com altas velocidades Velocidade de corte Tenacidade exigida CB7025 Recomendada para cortes leves e interrompidos com velocidades de médias a altas CB7035 A melhor opção para cortes interrompidos com velocidades médias CB7525 A solução ideal para condições difíceis e interrompidas com velocidades de baixas a médias A tecnologia Safe-Lok é o método ideal para fixar a ponta de CBN no blank de metal duro. A tecnologia combina um mecanismo de intertravamento soldado e mecânico, garantindo resistência e confiabilidade Baixa Alta A peça de exemplo demonstra algumas aplicações típicas, em que cada classe é ideal 90 graus, a opção da geometria Xcel pode fornecer ótima produtividade. Outra alternativa para o perfilamento são as pastilhas CoroTurn TR, que garantem excelente estabilidade. Em breve serão introduzidas as pastilhas de CBN CoroTurn TR, com um alojamento exclusivo para oferecer maior estabilidade. Segurança é vital na usinagem de peças duras. O sistema Safe-Lok para fixação da ponta de CBN no blank de metal duro oferece um mecanismo de intertravamento soldado e mecânico combinados, garantindo resistência e confiabilidade em grandes profundidades de corte. O método de fixação oferece maior resistência a cargas mecânicas e térmicas. Por sua vez, isso se reflete na segurança do processo e reduz o risco de sobrecarga ou de perda da ponta de CBN. Graças às pastilhas que integram a gama de produtos da Sandvik Coromant, também é possível realizar torneamento de roscas, canais e fresamento de peças endurecidas. Em geral, a usinagem de peças duras foi desenvolvida para operar sem refrigeração, já que as pastilhas de CBN e cerâmica toleram altas temperaturas de corte, economizando assim os custos com refrigeração. Sempre que a estabilidade térmica da peça precisar ser garantida, a refrigeração de alta pressão (até 70 bar), juntamente com uma pastilha de CBN adequada, pode ser utilizada para melhorar o controle de cavacos. A usinagem de peças duras já é utilizada na indústria automotiva, na fabricação de peças da unidade de tração, tais como engrenagens, coroas dentadas,, pinhões e eixos, mas tem um potencial de aplicação em muitos outros setores, por exemplo, na produção de rolamentos e peças de transmissão. Resumo Geometrias e classes de pastilhas exclusivas da Sandvik Coromant estão contribuindo para o crescimento da usinagem de peças duras como uma alternativa altamente eficaz à retificação em operações de acabamento de peças endurecidas. Para acabamentos superficiais de alta qualidade, a gama de produtos da empresa inclui as geometrias de pastilhas Wiper e Xcel, que em breve serão complementadas com as pastilhas de CBN CoroTurn TR para perfilamento. As classes de CBN CB7015 e CB7025 serão complementadas pelas novas classes CB7525 e CB7035. Esse desenvolvimento será reforçado ainda com soluções para refrigeração de alta pressão para um melhor controle do fluxo de cavacos. metalworking world 7 texto: massimo condolo foto: Maurizio Camagna grande tacada Borgo San Dalmazzo, Itália. Era um enorme desafio para uma pequena empresa de usinagem de precisão, mas a CLP ousou aceitar um pedido para fabricar uma peça gigante de um reator nuclear. “Não venda a pele de um urso antes de matá-lo.” Esse é um provérbio conhecido na província de Cuneo, no noroeste da Itália, embora há muito tempo a caça de ursos tenha desaparecido de lá. Hoje, a região é especializada em produtos alimentícios, como o queijo Castelmagno, os vinhos Barolo e Barbaresco e a carne de boi gordo de Carrù. Mesmo assim, Luca Giordano, diretor executivo da Costruzioni e Lavorazioni di Precisione (CLP), de Borgo San Dalmazzo, cita o provérbio quando fala sobre um novo projeto para a fabricação de uma peça enorme para um reator nuclear. Em essência, a empresa, situada a cerca de 80 quilômetros ao sul de Turim, estava contrariando a sabedoria do provérbio quando concordou em fazer o trabalho. Foi uma decisão que exigiu muita coragem – e uma sólida parceria com a Sandvik Coromant. A CLP não tem uma linha de produção padrão. A empresa trabalha como fornecedor terceirizado para várias empresas que operam em setores tais como energia, pesquisa 8 metalworking world Mandriladora horizontal, trabalhando no corpo externo de uma bomba para um reator nuclear Cabeça para faceamento que ajudou a CLP a economizar 30 mil euros por lote de peças usinadas nuclear, engenharia civil, fabricação de máquinas-ferramenta e aviação. Desenhos e peças fundidas não acabadas entram na fábrica e de lá saem peças acabadas, prontas para montagem ou usinagem adicional. A empresa é especializada em trabalhos com aço-estrutural e usinagem mecânica de alta precisão de peças de grande porte. Tolerâncias de centésimos de milímetro são conseguidas em peças tão grandes que precisam chegar e sair por transporte especial – muitas vezes à noite, quando o trânsito é mais tranquilo. Corpos de bombas para reatores nucleares, peças para um reator de fusão experimental e escavadeiras para a escavação de túneis ferroviários subterrâneos Luca Giordano Idade: 35 Residência: No centro de Borgo San Dalmazzo, na província italiana de Cuneo Família: Casado com uma professora de arte, tem dois filhos, de 5 e 2 anos Formação: Administração e Economia pela Universidade de Turim Hobbies: Caminhar e correr. metalworking world 9 Sobre a CLP A Costruzioni e Lavorazioni di Precisione tem sua sede em Borgo San Dalmazzo, na província de Cuneo, no noroeste da Itália. Fundada em 1973, a empresa era especializada em trabalhos com aço-estrutural. Nos últimos anos, diversificou suas atividades e passou a trabalhar com usinagem mecâ-nica de alta precisão. Atualmente, cerca de 60% das horas de fábrica da empresa envolvem usinagem de precisão de peças mecânicas de grandes dimensões; as horas restantes são dedicadas a trabalhos com aço-estrutural. Além de fabricar peças novas, a empresa também faz trabalhos em equipamentos usados. A CLP tem 21 colaboradores: 13 operadores de máquina, cinco trabalhadores estruturais e três diretores. Em 2009, o faturamento da empresa foi de 3 milhões de euros, contra 1,4 milhão em 2004. Substituição da cabeça para fresamento lateral pela R300 de alto desempenho, que tem pastilhas de 20 mm de diâmetro Aurora Baracco, gerente de qualidade da CLP (direita), dá instruções de usinagem ao operador Francesco Altanese 10 metalworking world são apenas alguns dos projetos mais recentes em que a CLP esteve envolvida. E sempre que a empresa assume um novo projeto, o estágio de estimativas é crucial. A duração das pastilhas, o percurso seguido pelas ferramentas nas áreas da peça a ser usinada onde há pouco espaço para movimentação, as características de materiais como aço inoxidável e ferro fundido ou a presença de inclusões de silício (um resíduo de fundição duríssimo, capaz de desgastar rapidamente as pastilhas) nas peças fundidas são fatores que podem ter um grande impacto nos tempos e custos envolvidos no processo de produção. Segundo Giordano, é aí que a cooperação de dez anos entre a CLP e a Sandvik Coromant realmente vale a pena. “Poder contar com uma empresa parceira que auxilie a nossa equipe técnica desde a primeira revisão do projeto é fundamental. A CLP, especializada em trabalhos com aço-estrutural e usinagem mecânica de alta precisão de peças de grande porte, trabalha com a Sandvik Coromant há dez anos “Poder contar com uma empresa parceira que auxilie o nosso pessoal técnico desde a primeira revisão do projeto é fundamental.” Luca Giordano, diretor executivo da Costruzioni e Lavorazioni di Precisione (CLP) Somente avaliando conjuntamente as ferramentas a serem utilizadas e, quando necessário, projetando ferramentas especiais, é que podemos ‘vender a pele do urso antes de matá-lo’.” A CLP usinou recentemente o corpo externo de uma bomba destinada a um reator nuclear. A peça de 3,5 metros de diâmetro, com superfície externa esférica, chegou sem acabamento e precisou ser fresada e torneada até chegar às dimensões internas finais (a parte externa seria submetida a usinagem adicional pelo cliente depois que a estrutura passasse por um exame de raio X e testes de pressão). Nas oficinas da CLP em Borgo San Dalmazzo, a peça foi submetida a três processos de usinagem – dois em um centro de usinagem tipo portal e um em uma mandriladora (veja quadro). A equipe técnica Substituição de uma pastilha de 20 mm de diâmetro Confira o videoclipe em www.youtube.com/sandvikcoromant metalworking world 11 da Sandvik Coromant forneceu assistência em cada processo, mas trabalhou com a CLP sobretudo no segundo processo. “Quando a CLP pediu a nossa opinião quanto ao uso da mesa rotativa do centro de usinagem tipo portal, sugerimos que utilizassem uma unidade de fixação Coromant Capto C8 [a versão manual] montada em um bloco feito sob medida para ser integrado no pistão hidráulico da máquina, a fim de executar as operações necessárias de torneamento interno e externo. Transformamos o centro em um torno vertical”, diz Giorgio Signori, gerente da área noroeste da Sandvik Coromant na Itália. foi torneado durante esse estágio, mas também foi fresado externamente – uma operação complicada devido ao tipo de material, as cascas de fundição e o formato da peça. Simone Guglielmetto, especialista de área da Sandvik Coromant, explica que a solução adotada em comum acordo com o pessoal técnico da CLP envolveu a utilização de uma fresa R300 com uma pastilha de 20 milímetros de diâmetro, o que permitiu tempos maiores de contato da ferramenta e parâmetros de trabalho mais altos do que o esperado. Concluído esse estágio, o corpo da bomba foi transferido para uma fresadora Lazzati, para fresamento das partes internas. No entanto, a Lazzati é certificada somente para fresas de até 160 milímetros de diâmetro e o processo de usinagem neste caso pedia a utilização de uma fresa de 550 milímetros de diâmetro. O corpo da bomba Giorgio Signori, Simone Guglielmetto e Valter Angius, da Sandvik Coromant “Recomendamos que a CLP utilizasse uma fresa de disco especial N331, de 550 milímetros de diâmetro”, lembra Valter Angius, vendedor técnico da Sandvik Coromant. “Ela foi projetada com geometrias positivas que não afetam a estabilidade da máquina.” Com o aumento do tempo de contato da ferramenta e da vida útil da pastilha, a CLP conseguiu economizar 30 mil euros em cada lote de peças usinadas. “Isso mostra como o serviço prestado é muito mais importante do que o custo da ferramenta em si”, diz Giordano. “O valor das recomendações fornecidas pelo pessoal técnico da Sandvik Coromant proporciona uma excelente relação qualidade/preço ao produto. É por isso que usamos produtos da Sandvik Coromant em mais de 80% das nossas atividades e em 100% das atividades relacionadas com a usinagem de corpos de bombas para reatores.” visão técnica Métodos não convencionais dão ótimos resultados A CLP solicitou ajuda à equipe técnica da Sandvik Coromant para encontrar uma forma de fresar e tornear uma grande peça fundida não acabada (medindo cerca de 3,5 metros de diâmetro) do corpo de uma bomba. Mas havia vários aspectos na solicitação da CLP que exigiam soluções não convencionais. A empresa queria usar um centro de usinagem como torno (mesmo que oferecesse menor desempenho do que um torno propriamente dito) e, ao mesmo tempo, queria usar uma fresa de 550 milímetros, um diâmetro muito 12 metalworking world maior do que o aprovado para o centro de usinagem, sem comprometer a precisão da operação. Além disso, a CLP queria aumentar a produção reduzindo as horas de trabalho, em termos de usinagem e de disposição das máquinas. “Junto com a equipe técnica da CLP, conseguimos testar o percurso da ferramenta em modelos tridimensionais”, conta Simone Guglielmetto, especialista da Sandvik Coromant. “Decidimos usar fresas curtas com grande diâmetro para evitar que as vibrações afetassem a precisão da usinagem.” Uma fresa toroidal R200 com pastilhas redondas, que era utilizada no primeiro estágio de usinagem (fresamento no centro de usinagem), foi então substituída pela R300 de alto desempenho com uma pastilha de 20 milímetros de diâmetro, em setembro de 2009, logo que essa pastilha foi lançada no mercado. Um dispositivo de fixação Coromant Capto C8 foi usado para o segundo estágio, permitindo concluir o torneamento de algumas áreas internas e externas com a mesa rotativa do centro de usinagem. A Sandvik Coromant também ajudou durante o segundo estágio, em que uma fresa usinou várias áreas internas. “O fabricante aprovou o uso da máquina com fresas de diâmetro máximo de 160 milímetros”, explica Guglielmetto. “Com a CLP, experimentamos aplicar uma fresa de disco projetada e fabricada sob medida, a N331, que tinha 550 milímetros de diâmetro. Obtivemos excelentes resultados em total conformidade com a precisão exigida.” jogo rápido texto e foto: Toby Selander A artista dos metais Carrol Boyes transforma metais em arte para cozinha. Nos anos 90, correu um boato pela Cidade do Cabo, na África do Sul, de que a artista dos metais Carrol Boyes tinha desenvolvido uma fórmula secreta para o peltre, uma liga de metal maleável. Isso lhe permitiria transformr o metal no que ela chama de “arte funcional” – utensílios de cozinha com formatos singulares. Havia uma dose de verdade no boato. Boyes explica: “O peltre tem um padrão internacional de 90% de estanho, sendo que o restante é cobre e antimônio. Eu também uso 90% de estanho, mas o resto da minha fórmula é segredo”. A mistura é derretida e misturada a cerca de 320°C antes de ser despejada nos moldes exclusivos de Boyes. Além do peltre, ela trabalha com alumínio e aço inoxidável, e pretende partir para o bronze em breve. Boyes começou a fazer suas peças de metal no porão de sua casa, em 1991. Agora tem uma fábrica em Tzaneen, na África do Sul, e produz 900 mil peças por ano. O que começou como amor pelo design e pelos metais transformou-se em uma empresa de sucesso internacional. No início, Boyes vendia para pessoas da região, mas agora atrai clientes do mundo todo – dentre eles, os atores americanos Samuel L. Jackson e Whoopi Goldberg, e o arcebispo sulafricano Desmond Tutu mulher de negócios. Carrol Boyes, 55, cria utensílios exclusivos em peltre, uma liga de metal maleável. Sua empresa conta com 500 colaboradores, a maioria mulheres da região, que trabalham em sua fábrica de Tzaneen, na África do Sul Mahinder Narang, colaborador sênior de montagem da JCB, ao lado de uma carregadeira na fábrica de Ballabgarh, em Haryana, Índia textO: Jean macfarlane foto: Christina Sjögren progresso na Índia Ballabgarh, Índia. Um grande aumento nos investimentos em construção por todo o país significou um desafio repentino para a líder de mercado JCB: produzir mais máquinas com os recursos existentes – ou perder negócios. 14 metalworking world Sobre a jcb A JCB é um dos principais fabricantes mundiais de equipamentos para construção. Empresa familiar fundada na Grã-Bretanha por Joseph Cyril Bamford em 1945, hoje fabrica mais de 300 modelos de máquinas agrícolas e de construção em quatro continentes. A JCB India Limited, subsidiária integral da JCB UK, foi aberta em 1980 e hoje é o maior fabricante de equipamentos para construção da Índia. A operação tem três fábricas – uma em Ballabgarh, Haryana, e duas em Pune, Maharashtra – que É difícil encontrar algum canto da Índia atualmente em que as obras de construção não estejam a todo vapor. Estradas, viadutos, conjuntos habitacionais e centros comerciais parecem estar surgindo da noite para o dia em cidades de todo o país. Não é de se estranhar, portanto, que as empresas que fornecem os equipamentos necessários para esse boom da construção tenham tido um grande aumento de demanda. Uma dessas empresas é a JCB Índia, subsidiária da britânica JCB UK. Presente na Índia desde 1980, a JCB fabrica hoje um de cada dois equipamentos de construção vendidos no país. A fábrica da JCB em Ballabgarh, Haryana, é especializada na produção de dois dos produzem uma série de retroescavadeiras, carregadeiras sobre rodas, escavadeiras e carregadeiras compactas. Juntas, têm 1,9 mil colaboradores e um faturamento anual de 30 bilhões de rupias indianas (cerca de 530 milhões de euros). Utkarsh Agarwal, vice-gerente geral da unidade de negócios Transmissão da fábrica de Ballabgarh, vivenciou o aumento de demanda de equipamentos para infraestrutura na Índia Subir Kumar Chowdhary, vice-presidente executivo da JCB e diretor da área de retroescavadeiras, e Utkarsh Agarwal, vice-gerente geral da unidade de negócios Transmissão na fábrica de Ballabgarh, relembram como equipamentos mais vendidos pela foi. “O número de escavadeiempresa em todo o mundo, as ras que produzíamos por mês retroescavadeiras 3DX e 4DX – giganquase dobrou. Em toda a tes multitarefas que, em três minutos, Índia, a infraestrutura estava conseguem fazer trabalhos que crescendo. Além disso, havia precisariam de 40 homens e 40 horas muitas obras em andamento para serem concluídos. Atualmente, a para os Jogos da Comunidade empresa lidera o mercado de retroesBritânica [realizados em cavadeiras na Índia com uma fatia de outubro de 2010] em Délhi. 75% do mercado. Logo percebemos que Subir Kumar Chowdhary Mas no final de 2009, a unidade tínhamos que fazer algo para estava tendo dificuldades para acompanhar aumentar a produção”, conta Agarwal. a demanda. A Índia estava saindo da crise econômica global e os pedidos começaram Embora algumas vezes a JCB terceirize a a entrar em grandes volumes e com prazos produção de peças da carroceria e painéis, curtos. suas caixas de câmbio de alta qualidade são metalworking world 15 Pooja Varshney (esq.) e Ashmita Mishra, gerentes adjuntas de desenvolvimento de produtos, na entrada do galpão de montagem da fábrica da JCB Índia em Ballabgarh Dinesh Sharma, gerente júnior da unidade de negócios Transmissão, carregando uma carcaça de caixa de câmbio na JCB Índia Acabamento de uma escavadeira. No final de 2009, a demanda por escavadeiras da JCB quase duplicou sempre fabricadas internamente. Para acompanhar o ritmo da demanda, a fábrica se concentrou em aumentar a produção das unidades de carcaças em ferro fundido. Não foi uma tarefa fácil, já que 4 dos 12 centros de usinagem horizontal da fábrica tinham sido desviados para um novo projeto e a JCB não queria investir em novos centros de usinagem. Para cumprir as novas metas, era necessário encontrar uma maneira de produzir as peças mais rápido – e, de preferência, a um custo menor. A unidade de Ballabgarh enfrentou outro desafio também. As fresas utilizadas nos centros de usinagem produziam cargas pesadas sobre os fusos, resultando em desgaste excessivo e redução da vida útil dos mesmos. Agarwal tinha vindo para a unidade de Ballabgarh alguns meses antes e possuía enorme experiência no setor. Em outras ocasiões, ele já tinha trabalhado com a Sandvik Coromant em uma série de projetos para resolução de problemas e percebeu que precisava recorrer à ajuda da empresa novamente. “Eles me apoiam na Índia desde 1994. Eu estava confiante de que poderiam nos ajudar a encontrar uma solução para aquele desafio.” A Sandvik Coromant, de fato, encontrou uma solução. Os especialistas da empresa recomendaram que a JCB investisse em um de seus mais recentes produtos para fresamento – as pastilhas CC6190 de cerâmica de nitreto de silício, um material sintético extremamente tenaz, especial para a usinagem de ferro fundido com altas velocidades, em vez das pastilhas de metal duro que a JCB vinha utilizando. “Sabíamos que precisávamos de uma abordagem radical, mas ficamos apreensivos. Tínhamos dúvidas sobre o uso da cerâmica, porque pensávamos que era um material frágil e que poderia quebrar”, recorda Agarwal. Três vezes mais rápida que o metal duro Soumik Sarkar é engenheiro da Sandvik Coromant Índia, responsável pelo Programa de Incremento da Produtividade e membro da equipe que encontrou a solução técnica para os desafios da JCB. “Depois que identificamos claramente os objetivos da JCB, fizemos uma análise detalhada, que demonstrou que a melhor forma de alcançá-los seria usando pastilhas de cerâmica nas fresas, em vez das pastilhas de metal duro existentes”, conta. “Acompanhamos o processo com testes no chão de fábrica. “A cerâmica é um material muito duro, que pode suportar velocidades de corte entre 900 e 1.000 metros por minuto, três vezes mais do que o metal duro. Isso resulta em uma fresa muito mais potente”. Anteriormente, usando uma fresa com 14 pastilhas de metal duro, o fresamento em desbaste de uma unidade de carcaça de transmissão levava cerca de 1,1 minutos. A equipe demonstrou que a mesma operação poderia ser feita em 30 segundos, usando uma fresa com apenas cinco pastilhas de cerâmica – uma redução de 50% no tempo. Usar menos pastilhas também trouxe benefícios para o centro de usinagem. Com 14 pastilhas de metal duro, como era necessário anteriormente, o fuso consome cerca de 80% da carga. Usando cinco pastilhas de cerâmica, o consumo de carga do fuso cai para menos de 40%. “A redução da carga do fuso. significa menos desgaste, menos problemas de manutenção e maior vida útil da máquina”, frisa Sarkar. “Embora individualmente as pastilhas de cerâmica tenham um custo mais alto do que as de metal duro, o fato de que a fresa precisa de cinco pastilhas em vez de 14 contribui para a economia total.” metalworking world 17 A partir da esquerda: Soumik Sarkar, engenheiro da Sandvik Coromant Índia, responsável pelo Programa de Incremento da Produtividade, conversa com Utkarsh Agarwal e Dinesh Sharma, respectivamente vice-gerente geral e gerente júnior da unidade de negócios Transmissão da JCB Amit Raina, gerente de vendas da Sandvik Coromant em Délhi, comenta: “Sabíamos que eles estavam preocupados e percebemos que tínhamos que demonstrar os benefícios dessa nova tecnologia. Então, montamos uma equipe – algumas pessoas da JCB, outras nossas – e trabalhamos com as fresas no chão de fábrica. Os primeiros testes foram insatisfatórios, mas fizemos mudanças no percurso da ferramenta e otimizamos os parâmetros das máquinas. Isso nos permitiu alcançar os resultados que esperávamos”. A tenacidade da cerâmica e sua capacidade de suportar velocidades de corte muito mais altas do que o metal duro produziram resultados impressionantes. Foram necessárias apenas cinco pastilhas de cerâmica no lugar das 14 de metal duro, e a fresa se tornou uma ferramenta muito mais eficaz. Com isso, obteve-se uma diminuição do custo das pastilhas por fresa, redução do desgaste dos fusos e redução pela metade 18 metalworking world do tempo de ciclo de fabricação por peça. Em fevereiro de 2010, o número de escavadeiras produzidas na fábrica de Ballabgarh atingiu níveis mais altos do que os de qualquer outra linha de produção da JCB no mundo. O enorme aumento de produtividade repercutiu em toda a fábrica. “Pediam-me constantemente para comprar mais ferro fundido para a carcaça da caixa de câmbio”, diz Shivani Jatiley, gerente adjunta de compras. “Eu estava encomendando quase o dobro de antes. Já tinham me pedido para conseguir mais material em outras ocasiões, mas nunca nesses patamares”, observa. O sucesso da operação levou Agarwal a solicitar à Sandvik Coromant a elaboração de um Programa de Incremento da Produtividade (PIP) em conjunto com a JCB de Ballabgarh. Tanto Agarwal como Chowdhary consideram o relacionamento entre as duas empresas uma parceria estratégica. “Eles trazem inovação, suporte em áreas cruciais para identificação de oportunidades e apoio para a nossa equipe. Também nos ajudam a atualizar-nos sobre as mais recentes tecnologias de ferramentas de corte. Há enormes benefícios por todos os lados”, acrescenta Chowdhary. EM RESUMO O desafio: Aumentar a produção de unidades de carcaças de caixa de câmbio e, ao mesmo tempo, reduzir o desgaste dos fusos da fresadora e o custo de produção por peça. A solução: Substituir as 14 pastilhas de metal duro das fresas por cinco pastilhas de cerâmica recém-lançadas pela Sandvik Coromant, permitindo que as fresas trabalhem com velocidades de corte muito mais altas. O resultado: Diminuição do custo das pastilhas por fresa, redução do desgaste dos fusos e redução pela metade do tempo de ciclo de fabricação por peça. tecnologia texto: turkka kulmala Desafio: O fresamento de topo de pe- ças aeroespaciais em ligas de alta performance representa um tempo de usinagem excessivo. Solução: Fresas de topo inteiriças de metal duro e técnicas dedicadas oferecem uma solução eficaz. Maior rapidez no fresamento de topo de HRSA e titânio Uma peça de aeronave pode perder até 80% do peso durante a usinagem, o que resulta em tempos de ciclo muito longos. Portanto, o tempo é um parâmetro essencial a ser considerado. A operação de desbaste visa sobretudo uma taxa máxima de remoção de metal. Uma solução comum é utilizar fresas de grande diâmetro e pastilhas intercambiáveis, deixando deliberadamente um pouco de sobremetal para a operação de fresamento de retoque e acabamento. Como essas operações representam uma parte substancial do tempo de usinagem total, é possível obter grandes reduções do tempo de ciclo por meio da otimização das mesmas. O material restante é usinado com fresas de topo inteiriças de metal duro. As principais exigências – boa vida útil, tempo de usinagem, qualidade superficial e segurança – podem ser atendidas mantendose o contato radial e a largura de corte em valores reduzidos e aumentando-se o número de dentes, a velocidade de corte e a profundidade de corte. As técnicas recomendadas de fresamento de retoque (rest milling) são o fatiamento em cantos e o fresamento trocoidal nos canais. As peças da estrutura do avião geralmente têm paredes finas para reduzir o peso. Estas são usinadas com percurso em ziguezague, primeiro com uma profundidade de corte reduzida de um lado e depois com a profundidade normal, alternando os lados da parede. As fresas de topo inteiriças de metal duro exigem uma máquina rígida e um sistema de controle CNC com excelente capacidade look ahead. Além disso, é necessário que os porta-ferramentas sejam precisos, com batimento radial baixo (um aumento de 100% no batimento reduz a vida útil da ferramenta em 50%). Com titânio e superligas (HRSA), é necessário usar refrigeração para melhorar o controle de cavacos e limitar a temperatura de corte, de preferência utilizando uma fonte interna de alta pressão para um melhor desempenho. Uma fresa de topo inteiriça de metal duro recomendável deve ter um ângulo da hélice de 50°, desenho do canal otimizado conforme o respectivo número de canais, arestas vivas com ângulos de saída positivos, face de apoio pequena, um raio de canto em vez de chanfro e cobertura de alta performance. É possível usar fresas com rebaixo na haste para obter melhor acessibilidade e contato de material controlado, a fim de reduzir as vibrações. Manter o contato radial e a largura de corte em valores reduzidos e aumentar o número de dentes, a velocidade de corte e a profundidade de corte são a melhor maneira de atender as exigências do acabamento com fresas de topo inteiriças de metal duro. resumo As paredes são usinadas com percurso em ziguezague, primeiro com uma profundidade de corte reduzida de um lado e depois com a profundidade normal, alternando os lados da parede. Fresas de topo inteiriças de metal duro e técnicas dedicadas de fresamento de retoque oferecem uma solução segura e produtiva para a usinagem de peças aeroespaciais. metalworking world 19 textO: maria bengtsson Carvão mais limpo, futuro mais promissor A tendência global é continuar reduzindo as emissões de dióxido de carbono e, ao mesmo tempo, aumentar a lucratividade do setor de energia. Com a crescente conscientização sobre os efeitos das emissões de dióxido de carbono, há uma pressão para que o carvão seja substituído por fontes renováveis de energia. No entanto, é consenso geral que continuaremos dependendo do carvão por algumas décadas. Hoje, o carvão fornece cerca de 40% do total da eletricidade mundial e, devido ao aumento dos preços do petróleo e do gás natural, à expansão da economia global e ao crescimento da população mundial, a participação do carvão pode chegar a 44% até 2030. Sendo assim, muitos especialistas argumentam que não é o momento certo para 20 metalworking world deixar de utilizá-lo. Em vez disso, é preciso torná-lo mais limpo. Institutos de pesquisa, empresas e governos de vários países estão trabalhando em conjunto para encontrar soluções para o problema das emissões de carbono e desenvolver usinas a carvão mais eficientes. A China e os Estados Unidos estão à frente desses esforços multilaterais. “Eles são os dois maiores emissores do mundo, mas estão se apressando para captar a nova e enorme indústria de energia limpa”, declarou Rachel Cleetus, economista do clima da Union of Concerned Scientists, à revista US News & World Report. Uma tecnologia de emissões quase-zero está surgindo dessa cooperação. Três sistemas principais de CCT (Clean Coal Technology - tecnologia limpa de carvão) estão disponíveis atualmente. Dois se baseiam no método tradicional de queimar o carvão pulverizado para abastecer as turbinas a vapor que geram eletricidade. Um deles é o oxyfuel, em que o carvão é queimado com oxigênio quase puro, produzindo um fluxo concentrado de CO2 não contaminado de nitrogênio. O segundo é a captura pós-combustão, em que o gás de combustão é tratado quimicamente para remover o CO2. O terceiro, e menos testado, é o IGCC (Integrated Gasification Combined Cycle - ciclo combinado de gaseificação integrada). Esse sistema combina uma unidade de gaseificação de carvão com uma turbina de ciclo combinado a gás. (Veja uma descrição detalhada do IGCC à página 23.) Uma das vantagens do IGCC é que o combustível não é queimado completamente. Além disso, são utilizadas tanto turbinas a gás como turbinas a vapor, gerando mais energia com menos carvão. O IGCC também precisa de 20% a 50% menos água e permite misturar diferentes tipos de combustível. O que as diferentes opções têm em comum é a capacidade de operar em temperaturas e pressões mais elevadas, proporcionando uma melhora da eficiência e um método mais fácil e econômico de separar e capturar o dióxido de carbono – um processo conhecido como CCS (Carbon Capture and Storage captura e armazenamento de carbono). tecnologias será a melhor? Comparado com os novos tipos de MAS, QUAL DAS TRÊS getty images Com as novas tecnologias, é possível reduzir em mais de um terço as emissões de CO2 das usinas elétricas. De onde vem a eletricidade Hoje, mais de 40% da eletricidade consumida no mundo provém do carvão. E essa dependência continuará aumentando. Estimativas mostram que, até 2030, o carvão fornecerá cerca de 44% do total de eletricidade no mundo. Fonte: IEA 2008. *Outras incluem solar, eólica, combustíveis renováveis, geotérmica e biomassa. usinas a combustão, que apresentam 50% de eficiência e reduzem as emissões de CO2 em mais de um terço, estima-se que o IGCC tem capacidade para aumentar a eficiência para 60% e reduzir as emissões poluentes em 40%. Previsões positivas à parte, para John Deutch, professor de química do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, EUA, e autor de Hidrelétrica 16% nuclear 15% gás 20% outras 2% carvão 41% óleo 6% um novo relatório sobre o assunto, a decisão não é simples. “Todas as abordagens são promissoras”, declarou Deutch na Technology Review. “Todas essas tecnologias contribuem, com certo custo, para captar e sequestrar o carbono. Não vemos motivos para escolher uma tecnologia como vencedora atualmente. Há vários caminhos diferentes a seguir.” metalworking world 21 “Não vemos motivos para escolher uma tecnologia como vencedora atualmente Há vários caminhos diferentes a seguir.” John Deutch, professor de química, Instituto de Tecnologia de Massachusetts Apesar das crescentes dificuldades para obtenção de licenças para construção de novas usinas a carvão e das incertezas sobre as futuras legislações em matéria de captura de carbono, algumas usinas-piloto IGCC estão sendo construídas ao redor do mundo para testar as possibilidades. Para a China, onde a demanda de energia está disparando e os níveis de emissão de CO2 ultrapassaram recentemente os dos EUA (o que torna a China o principal emissor de dióxido de carbono do mundo), utilizar usinas mais eficientes e ecológicas é uma medida necessária para cumprir as promessas assumidas no Protocolo de Quioto. O projeto GreenGen – um estudo de viabilidade do sistema IGCC apoiado pelo governo chinês e financiado por enormes empresas de carvão e vários grupos de Operações de mineração na mina a céu aberto de Guston, nos arredores de Star City, Virgínia Ocidental, EUA. A queima do carvão é considerada um modo sujo de geração de eletricidade, mas novas técnicas estão fazendo com que fique um pouco mais limpo 22 metalworking world investimento – deu resultados tão positivos que o maior acionista, o grupo China Huaneng (CHNG), está construindo uma usina IGCC de 250 megawatts em Tianjin, China. Cao Peixi, presidente da CHNG, declarou no New York Times que sua empresa estava comprometida com o projeto, embora fosse mais caro do que construir uma usina convencional. “Não olhemos para este projeto com uma visão puramente financeira. Ele representa o futuro”, disse. Em 2009, a CHNG e a Duke Energy, dos EUA, assinaram um memorando de entendimento para compartilhar informações e pesquisas sobre tecnologias de energia limpa. Essa parceria surge após um grande estímulo dos governos dos EUA e da China para a realização de pesquisas conjuntas sobre tecnologias que ajudem a economizar energia e limpar a atmosfera. está construindo atualmente uma usina a carvão IGCC de 630 megawatts em Edwardsport, Indiana, nos EUA. Através da geração de energia para cerca de 500 mil casas, a usina deverá se tornar a maior e mais avançada usina IGCC comercial do mundo. “O incentivo por trás do empreendimento é fornecer energia acessível, confiável e limpa para os clientes”, diz Lew Middleton, gerente de comunicação da Duke Energy Indiana. Mas o pioneirismo tem seu preço. “Como é a primeira usina IGCC desse tipo, percebemos que o tamanho e o escopo do projeto precisavam ser ampliados à medida que a construção avançava”, conta. “Descobrimos que precisaríamos de mais tubos, fios, bombas, aço para construção e outros materiais do que tínhamos imaginado inicialmente.” Segundo Middleton, os moradores da região onde a usina está sendo construída têm sido extremamente compreensivos. “Felizmente, um obstáculo que não precisamos superar foi a opinião pública”, diz. No entanto, os críticos não estão satisfeitos com as soluções atuais e gostariam que A Duke Energy 40% Potencial de redução de dióxido de carbono de uma usina a carvão IGCC. IGCC: como funciona O carvão é colocado dentro de um recipiente de alta temperatura (1) e misturado com vapor e oxigênio para produzir um gás chamado de gás de síntese. O gás é resfriado (2) e seus componentes tóxicos, como o dióxido de carbono e o enxofre, são removidos, capturados e armazenados, preferencialmente debaixo da terra (método de captura e armazenamento de carbono – CCS). Em seguida, o gás limpo é queimado em uma turbina a gás convencional (3) para produzir eletricidade, e os gases de escape quentes são recuperados e usados para ferver a água, criando vapor para uma turbina a vapor (4), que também produz eletricidade. Um IGCC tem capacidade para emitir até 40% menos de CO2 e aumentar a eficiência energética em 60%. Ao se conectar um sistema CCS, as emissões se reduzem a quase zero. CARVÃO oxIGÊNIO 1 gás de síntese 2 captura e armazenamento de CO2 tURBINA A gÁS TURBINA A VAPOR GERADOR Eletricidade 3 Eletricidade 4 rede elétrica o carvão fosse completamente substituído pelas energias renováveis. além da resistência dos ambientalistas, outro desafio na busca de usinas a carvão de alta tecnologia é a necessidade de desenvolver turbinas que sejam resistentes tanto a altas temperaturas como a altas pressões. O relatório Clean Coal Roadmaps to 2030 (Roteirospara um carvão limpo até 2030), publicado pelo IEA Clean Coal Centre, destaca o papel das turbinas: “Os avanços das turbinas, junto com outras melhorias no sistema IGCC, permitirão ganhos de eficiência, sem captura de CO2, acima de 50% líquidos.” “A fabricação desses tipos de turbinas requer soluções de ferramentas eficientes”, destaca Per Forssell, gerente sênior de programa da Sandvik Coromant. A empresa trabalha em conjunto com vários fabricantes de turbinas, ajudando a reduzir o tempo de produção e o custo. A GE Energy, um dos clientes da Sandvik Coromant, vendeu recentemente duas turbinas de última geração para a unidade IGCC de Edwardsport. Em 2012, quando as turbinas começarem a funcionar na usina de Edwardsport e a gerar energia para cerca de meio milhão de pessoas, a usina será o maior sistema IGCC em operação comercial do mundo – mas não será o único. Iniciativas similares estão surgindo no mundo todo. Uma delas é o Projeto de Demonstração Comercial Nacional IGCC de 125 MW, construído na central térmica de Vijayawada, na Índia. Outra técnica para melhorar a eficiência e reduzir as emissões de CO2 está sendo testada na unidade-piloto da E.ON na usina de Scholven, na Alemanha, parte de um projeto financiado pela União Europeia, chamado COMTES 700. A usina utiliza uma tecnologia de turbina que é capaz de suportar temperaturas superiores a 700°C e pressões superiores a 300 bar, o que a torna duas vezes mais eficiente que a média global de hoje (leia mais na página 24). Assim, os esforços para se chegar a um carvão limpo e a tecnologias integradas continuam, impulsionados pela necessidade de uma atmosfera menos poluída e de uma energia mais barata em âmbito mundial. metalworking world 23 tecnologia texto: TURKKA KULMALA Desafio: As novas tecnologias de turbinas para usinas térmicas geram desafios extremos para a fabricação. Solução: Conhecimento de aplicações e ferramentas avançadas aumentam a produtividade sem sacrificar a qualidade e a segurança. Mais que ultrassupercrítico A sociedade está ávida por energias mais ecológicas e os fornecedores estão recorrendo às novas tecnologias para atender a demanda, como se pode ler à página 20. O projeto COMTES 700 da União Europeia visa tecnologias de turbinas que vão além da atual geração de vapor ultrassupercrítica (USC) – pressões superiores a 300 bar e temperaturas superiores a 700 °C – para conseguir uma eficiência líquida de 50% a 52% (LHV, lower heating value – poder calorífico inferior). A eficiência de muitas das ultrapassadas termelétricas ainda em uso hoje pode ser de tão-somente 25%. A E.ON, empresa fornecedora de energia que participa do projeto, planeja colocar em funcionamento sua primeira fábrica USC em 2015. Outra abordagem para melhorar a sustentabilidade da produção de energia à base de carvão é a tecnologia de ciclo combinado de gaseificação integrada (IGCC), em que o carvão é queimado primeiro, após a conversão para gás de síntese. Os benefícios incluem maior eficiência e redução das emissões. No caso dos fornecedores de equipamentos, essas duas novas tecnologias representam um grande desafio de fabricação, mas também uma grande oportunidade de fazer parte da tecnologia energética do futuro. 24 metalworking world Competência dupla A Sandvik Coromant trabalha em estreita colaboração com fabricantes de peças para turbinas, a fim de otimizar as soluções de ferramentas para essas operações de usinagem tão exigentes. A Sandvik Materials Technology fornece peças da metalurgia do pó próximas do formato final para turbinas, utilizando estampagem isostática a quente. Essa tecnologia oferece grandes vantagens em diferentes aplicações de turbinas, como redução dos prazos de entrega e confiabilidade das propriedades do material. As peças das turbinas – eixos, discos, pás – requerem tolerâncias dimensionais mais estreitas e excelente acabamento superficial. Os desenhos complexos exigem boa acessibilidade e, muitas vezes, ferramentas com longos balanços. Os eixos e discos são usinados principalmente por torneamento, enquanto as carcaças e as pás requerem sobretudo operações de fresamento e mandrilamento. É essencialmente nas turbinas de alta pressão que as avançadas ligas resistentes ao calor, como a 625, são mais necessárias. Esses materiais podem reduzir a vida útil da ferramenta em até oito vezes em relação às aplicações tradicionais de usinagem. As recomendações gerais para eles incluem baixas velocidades de corte, boa estabilidade e refrigeração abundante. Obviamente, é necessário ter ferramentas eficientes para melhorar a vida útil e, por consequência, a produtividade. Tanto as turbinas a gás como a vapor incluem peças enormes e exclusivas, por um lado, e peças padrão produzidas em série, por outro. Os eixos e carcaças, por exemplo, podem precisar de meses de exigentes operações de usinagem. Arruinar uma peça tão valiosa é inaceitável, portanto a confiabilidade do processo deve ser extremamente rígida. As pás das turbinas são um exemplo típico da segunda categoria: peças menores usinadas em maior quantidade – obviamente com exigências rigorosas também, porém envolvendo riscos muito menores. Os eixos das turbinas envolvem toda uma série de operações, desde torneamento pesado até acabamento superficial com tolerâncias muito estreitas. No caso das carcaças das turbinas, o fresamento de cada metade em uma máquina tipo portal é a primeira fase de usinagem. Depois de combinadas as duas metades, o conjunto inteiro da carcaça é trabalhado em um torno vertical. Estudo de caso Estudo de caso Um eixo de turbina a vapor pode ter mais de 10 metros de comprimento e exigir muitas operações de usinagem com ferramentas com longos balanços Desafio: Operação de cópia com um balanço longo em um grande eixo (cerca de 10 metros de comprimento) de turbina a vapor. A operação de acabamento é fundamental nessas peças caríssimas. As vibrações comprometem a qualidade da superfície e podem levar à perda da peça inteira. Solução: O mecanismo antivibratório patenteado pela Sandvik Coromant elimina as vibrações e garante um processo de corte estável e confiável. Exemplo: Material: aço baixa liga, CMC 02.2 Ferramenta: lâmina antivibratória Q-Cut Pastilha: redonda, 6 mm, geometria 5P, classe GC1125 Avanço, fn (mm/r): 0,05 – 0,30 Velocidade de corte, vc (m/min): 20 Profundidade de corte, ap (mm): 0,3 Acabamento superficial: Ra 1,6 μm O dispositivo antivibratório patenteado elimina vibrações durante a execução da crítica operação de acabamento Desafio: A liga de material resistente ao calor 625, a ser utilizada nas novas turbinas a vapor de 700°C/350 bar, cria fortíssimas exigências para as arestas de corte, que podem provocar redução ou inconsistência em sua vida útil. Solução: Um exemplo de solução bem-sucedida no fresamento de cantos a 90° é a nova classe S30T, que apresenta resultados muito bons em comparação com outras classes de metal duro testadas. Exemplo: Ferramenta: CoroMill 390 Avanço, fz (mm): 0,06 Velocidade de corte, vc (m/min): 27 Profundidade de corte, ap (mm): 3 Resultados: A nova classe S30T proporciona uma vida útil melhor e previsível, gerando um processo de fresamento confiável. Resultados: A exigência de acabamento superficial foi cumprida com uma margem confortável. é uma operação típica para peças de turbinas tanto a gás como a vapor, especialmente eixos. Para que as operações de canais sejam produtivas, o controle de cavacos deve ser eficiente, a fim de evitar entupimentos e consequentes paradas de produção e acabamento superficial inadequado. Dentre as soluções para um controle eficiente dos cavacos estão a geometria escalonada com quebra-cavacos, utilizando uma ferramenta montada de cabeça para baixo, e também a refrigeração de alta precisão. A usinagem de canais Lâminas de corte antivibratórias oferecem uma solução para problemas graves de vibração, particularmente em longos balanços. As pastilhas para produção de canais internos de 90 graus do tipo “taco de hóquei” proporcionam acessibilidade, especialmente para operações de faceamento normal e traseiro. As pás das turbinas são fabricadas quase como produção em massa, utilizando programação NC avançada em máquinas de 4 a 5 eixos. Máxima produtividade sem sacrificar a qualidade é o objetivo das classes, geometrias e métodos de ferramentas dedicados. A classe de fresamento S30T foi otimizada para a usinagem de ligas resistentes ao calor Resumo As peças das modernas turbinas a gás e vapor são feitas de ligas de alto desempenho, que requerem soluções e métodos de ferramentas dedicados. Ferramentas antivibratórias, geometrias e classes dedicadas, bem como refrigeração de alta precisão proporcionam soluções produtivas. metalworking world 25 Movimentação de lingotes de titânio incandescentes nas instalações da VSMPO-AVISMA, maior produtor mundial de titânio texto: nick holdsworth foto: Jeremy Nicholl O titânio é rei Verkhnaya Salda, Rússia. Enquanto o uso do titânio continua crescendo no mundo, a VSMPOAVISMA permanece líder mundial na produção do metal. 26 metalworking world 2 Os trabalhadores parecem minúsculos perto da maior prensa de metal do mundo Verkhnaya Salda é como muitas outras cidades do coração industrial da Rússia, nos montes Urais. Casas de madeira nos arredores dão lugar a blocos de apartamentos de concreto e a escritórios e lojas, à medida que nos aproximamos do centro da cidade. Mas Verkhnaya Salda tem um mérito que a distingue. A cidade abriga o maior produtor mundial de titânio, a VSMPO-AVISMA Corporation, e os processos que ocorrem na enorme fábrica da empresa desempenham um papel fundamental na economia mundial. Em Verkhnaya Salda, o titânio é rei. A VSMPO-AVISMA trabalha com mais de 300 empresas de 48 países ao redor do mundo, incluindo gigantes internacionais como Boeing, Airbus, SNECMA, General Electric, Rolls-Royce e Pratt & Whitney. Um dos focos da empresa é a produção de peças semiacabadas e acabadas para a indústria aeroespacial. Se você já voou em um Airbus 380 ou em um Boeing 777 nos últimos dez anos, é provável que partes importantes do avião tenham sido forjadas, torneadas e fresadas pela VSMPO. O titânio é mais leve e mais forte que o aço e tem excelentes propriedades de resistência à corrosão. Essas características atendem justamente as necessidades da indústria aerospacial, que tem buscado materiais mais resistentes e mais leves para a construção de aeronaves como forma de enfrentar o aumento do custo do combustível para aviação. “Cada quilograma é essencial na fabricação de aviões. As ligas de titânio e os materiais compósitos são o futuro das aeronaves”, salienta Alexander Litvinov, engenheiro-chefe de processos da VSMPO-AVISMA. As peças de titânio – que incluem peças estruturais para fixação das asas na fuselagem, caixas das asas e suportes dos trens de pouso – representam atualmente cerca de 3% do peso de um avião de passageiros médio. A tendência é que essa cifra suba para cerca de 20% nos próximos anos. Uma joint venture criada em julho de 2009 entre a Boeing e a VSMPO-AVISMA – a Ural Boeing Manufacturing (UBM) – para a fabricação de peças para o novo avião de longa distância Boeing 787 Dreamliner reflete Sobre a VSMPO • Líder global na produção de titânio, a VSMPO-AVISMA é uma empresa integrada verticalmente, que trabalha com o titânio desde as matérias-primas até os produtos acabados. • Fabrica produtos para a indústria aeroespacial, incluindo peças-chave para a Airbus e a Boeing, como cordas das asas e suportes dos trens de pouso, e para os setores de energia, química, engenharia, construção naval, energia nuclear, medicina e esportes. • Tem 23 mil colaboradores, a maioria trabalhando em Verkhnaya Salda, cidade situada na região dos montes Urais, na Rússia. • A fábrica da VSMPO-AVISMA foi criada inicialmente na década de 1930 perto de Moscou, mas em 1941 foi transferida para os Urais. • A VSMPO-AVISMA tem um faturamento anual de 29 bilhões de rublos (cerca de 700 milhões de euros). metalworking world 27 Sergey Yevstegneyev, gerente de oficina visão técnica Parceria desafiadora A Sandvik Coromant colabora com os engenheiros da VSMPO desde 2003, quando a empresa passou a fabricar produtos acabados com valor agregado. Os dois principais desafios enfrentados pela Sandvik Coromant recentemente estão relacionados com questões críticas de economia de produção. Na fábrica n.º 22, onde são produzidas peças forjadas de titânio Ti6Al4V, como peças de motores de aeronaves, a Sandvik Coromant mudou a geometria de suas pastilhas de metal duro e introduziu características de design que garantem que o refugo produzido durante o torneamento seja cortado em cavacos pequenos, adequados para serem comprimidos na forma de eletrodos, que então podem ser fundidos como lingotes para reutilização. “Nossa solução otimiza a vida útil da ferramenta e assegura uma quebra correta dos cavacos”, explica Konstantin Loginov, gerente da Sandvik Coromant para a região dos Urais. “Se os cavacos forem muito pequenos, eles se incendeiam e se forem muito longos, não podem ser compactados como eletrodos.” Melhorias como essa ajudam a acelerar a produção e a aumentar a vida útil das ferramentas. “O tratamento e a usinagem do titânio são muito caros, e as ferramentas são um item importante do custo do processo”, salienta Alexander Litvinov, engenheiro-chefe de processos da VSMPO. Na fábrica n.º 54, onde são fresados os grandes suportes de trem de pouso forjados para diversas aeronaves, o desafio da Sandvik Coromant foi maximizar a velocidade e a vida útil das ferramentas. Segundo Sergey Yevstegneyev, gerente da fábrica, cerca de um terço das ferramentas utilizadas foram da Sandvik Coromant. Ele opina que as ferramentas da Sandvik Coromant apresentam boa relação custo-benefício devido à maior vida útil das arestas de corte. Na fábrica são utilizadas fresas CoroMill 390 atualizadas com as novas classes de metal duro S30T e S40T. As pastilhas com arestas duplas têm uma vida útil de cerca de oito horas nas velocidades máximas de fresamento. O operador de torno Alexej Pchelnikov comenta: “Estamos contentes com as ferramentas da Sandvik Coromant. Elas são um pouco melhores do que as nossas outras ferramentas e duram mais tempo com velocidades mais altas.” Trabalhar com a VSMPO é um desafio constante para a Sandvik Coromant. Os engenheiros da fábrica são clientes exigentes, que esperam resultados. “A Sandvik Coromant tem dado muita atenção ao formato das pastilhas, mas chegou a hora de se concentrarem mais nas peças e classes de ligas para as pastilhas”, sugere Boris Egorov, um dos principais especialistas da VSMPO em operações de usinagem e condicionamento. “A indústria aeronáutica está criando mais ligas e materiais. Novas técnicas são necessárias para se trabalhar com eles. A usinagem é um processo antigo. A melhor opção pode ser minimizar a usinagem por meio da implementação de métodos alternativos de remoção de metal ao longo do tratamento e acabamento das peças”, observa. Na fábrica da VSMPO-AVISMA, os cavacos são reciclados, o que significa menos matéria-prima consumida e, portanto, menores custos. Essa prática foi um dos detalhes que chamaram a atenção da Boeing. “Entregamos para a VSMPO todo o material que é removido das peças forjadas”, frisa Alexander Romanov, diretor-executivo da UBM. “A Boeing e a VSMPO têm um acordo para que a recuperação de cavacos se reflita em uma redução do preço da peça forjada.” A Sandvik Coromant é um dos fabricantes Konstantin Loginov, da Sandvik Coromant Rússia, Alexander Litvinov, engenheiro-chefe de processos da VSMPO, e Boris Egorov, principal especialista da VSMPO em operações de usinagem e condicionamento 28 metalworking world a ascensão do titânio na fabricação de aeronaves. O titânio é notoriamente difícil de usinar. Em média, até 75% do peso das peças de precisão forjadas é descartado após a conclusão da usinagem do produto acabado. de ferramentas que está trabalhando com a VSMPO-AVISMA para encontrar soluções para os desafios técnicos da usinagem do titânio. As velocidades máximas de fresamento para ligas como a 5553 (uma liga de titânio com alumínio, molibdênio, vanádio e cromo) estão entre 20 e 24 metros por minuto. Nessas velocidades, a geometria e a composição das pastilhas de fresamento são fundamentais para garantir a máxima vida útil das ferramentas de corte. O custo anual das substituições de uma Torneamento de um grande suporte de trem de pouso forjado para aeronaves. O desafio foi maximizar a velocidade e a vida útil das ferramentas única cabeça de corte com várias pastilhas pode chegar a milhares de dólares. Encontrar o equilíbrio certo entre velocidade e durabilidade é um fator de custo essencial na fabricação de peças de titânio. regional da Sandvik Coromant para os Urais, Konstantin Loginov, o fato de que os técnicos da VSMPO trabalhem com uma ampla gama de fabricantes de ferramentas foi decisivo para gerar inovação. “Desde 2003, a VSMPO tem apresentado os mais complexos problemas técnicos. Trabalhamos com todas as ferramentas de corte, torneamento e fresamento requeridas pelo processo do titânio para fornecer soluções. Todos os anos enviamos técnicos suecos para verificar os resultados e determinar novas prioridades e objetivos”. É um desafio que a Sandvik Coromant tem satisfação em assumir. “Graças à cooperação com a VSMPO, somos capazes de trabalhar com novos conceitos de fresamento e produzir novas ferramentas, como a fresa long-edge CoroMill 690”, observa Loginov. Desenvolvi- Segundo o gerente da especificamente para o fresamento da liga 5553, que é muito mais difícil de trabalhar do que a consagrada liga Ti6Al4V (titânio com 6% de alumínio e 4% de vanádio), a CoroMill 690 combina velocidade e durabilidade. Garantir que o refugo de metal do fresamento e torneamento seja removido de forma eficiente tem sido outro desafio. A Sandvik Coromant desenvolveu as pastilhas SNMG19 e SNMG25 com geometria SM para ferramentas de torneamento, a fim de garantir que o refugo de metal não saia em longas espirais incontroláveis, mas sim em pequenos cavacos, que são adequados para a compressão na forma de eletrodos de titânio, que são então fundidos para reutilização. Para Litvinov, engenheiro-chefe de processos da VSMPO, a Sandvik Coromant desempenha um papel positivo na solução dos desafios da usinagem de titânio. “Eles não são só fornecedores. Trabalhamos em parceria. Oferecem também suporte técnico e profissionais altamente competentes. É importante saber que podemos contar com o conhecimento técnico da Sandvik Coromant”, declara. Titânio • O titânio foi descoberto em 1791 pelo geólogo inglês William Gregor. É utilizado na indústria desde 1940, por meio do processo de refino Kroll. • É o sétimo metal mais abundante, presente na maioria das rochas. Sempre é encontrado ligado a outros minerais, tornando sua extração difícil e cara. • Grandes depósitos de ilmenita contendo titânio foram encontrados na Austrália, Canadá, África do Sul, Noruega e Ucrânia. • A esponja de titânio – matéria-prima utilizada pela VSMPO-AVISMA para produção do titânio metálico – é produzida na cidade de Berezniki (região de Perm), localizada na parte europeia dos Urais. • A produção global anual de titânio é de cerca de 90 mil toneladas de metal. • O uso do titânio em aplicações militares, aeroespaciais e submarinas começou na década de 1950, na União Soviética. O primeiro titânio de Verkhnaya Salda foi produzido em fevereiro de 1957. metalworking world 29 tecnologia texto: christer richt Desafio: Atender de maneira abran- gente a usinagem de furos profundos complexos da forma mais eficiente possível. Solução: Um novo Centro Global de Aplicação para Usinagem de Furos Profundos, que realiza avançados trabalhos de pesquisa e desenvolvimento de ferramentas de corte e oferece suporte de especialistas locais. Um novo patamar para a furação profunda A usinagem de furos profundos em peças está em alta, assim como as exigências em termos de qualidade e complexidade dos furos. Com esse movimento surgiram desafios para a usinagem. A furação profunda existe há décadas como prática eficiente sob várias formas: furos pequenos com a tradicional furação com brocas canhão, o sistema Ejector independente e o versátil sistema STS (Single Tube System - Sistema de Tubo Único) para aplicações mais exigentes. Os furos são acabados de forma convencional, geralmente em máquinas-ferramentas adicionais, por meio de escareamento, mandrilamento, alargamento, roneamento, brunimento e operações complementares, como rosqueamento e canais. As demandas de hoje pedem uma abordagem diferente, com novas tecnologias, para alcançar as especificações das peças e manter as taxas de crescimento da produção que são esperadas em muitos setores da indústria. A necessidade de furos profundos complexos tem sido impulsionada principalmente pelos setores aeroespacial e de energia, onde a redução de peso e o desenvolvimento de processos ganharam importância nos projetos. Mas, além disso, os desenvolvimentos das máquinas-ferramenta e dos set-ups estão exigindo novas 30 metalworking world O Centro Global Sandvik Coromant para Usinagem Profunda do Reino Unido disponibiliza recursos consideráveis para que a indústria desenvolva processos para as peças. O desenvolvimento de soluções em conjunto com uma rede de especialistas locais e com a área de P&D da Sandvik Coromant permite ao novo centro oferecer oportunidades únicas. A Sandvik Coromant está trabalhando também com setores que agora estão buscando aumentar a produção de peças com furos de alta qualidade em grandes volumes, como na fabricação de trocadores de calor e de barras. formas de usinagem de furos profundos. As máquinas multitarefas passarão a usinar mais furos com maior profundidade, e há uma tendência geral de se realizar o acabamento dos furos com um número mínimo de set-ups. com que o compartilhamento de conhecimento entre os fabricantes de peças e os fornecedores de soluções para usinagem de furos profundos se torne cada vez mais vital para o sucesso da operação. Isso tem feito Para fazer jus às expectativas, a usinagem de furos profundos deve adquirir um novo significado com as novas tecnologias. Para isso, soluções bem estabelecidas de usinagem de furos profundos e novas habilidades de engenharia foram combinadas para a criação do novo Centro Global de Aplicação para Usinagem de Furos Profundos da Sandvik Coromant no Reino Unido. Com base na atual necessidade de compartilhar conhecimento para atender as projeções dos clientes, as principais funções Solução avançada para aplicação exigente Caso. O Centro Global para Usinagem de Furos Profundos da Sandvik Coromant, no Reino Unido, tem um histórico comprovado de soluções eficientes de ferramentas e métodos para produção de furos complexos nos setores aeroespacial, de energia e engenharia geral. Um exemplo do tipo de aplicação que foi desenvolvido lá é uma peça de 2,5 metros de comprimento, usada na exploração de petróleo. A fabricação da peça exigiu a usinagem de um furo complexo. Isso envolveu um processo de furação de 90 milímetros de diâmetro e o acabamento do furo com um alargador flutuante, com exigências de tolerâncias estreitas e alto acabamento superficial. Em seguida, um furo de 115 milímetros de diâmetro foi escareado e alargado até uma profundidade de 1,5 metro. Depois disso, outra parte mais curta dentro do furo foi escareada e alargada novamente, formando um chanfro. Por fim, foram realizadas operações adicionais de mandrilamento e escareamento, até formar duas câmaras com chanfros, que também foram alargadas até as dimensões finais. Com usinagem convencional, o tempo de máquina para produzir essa peça era de mais de 30 horas. A usinagem de furos profundos projetada pelo centro reduziu esse tempo para 7,5 horas. Além da furação profunda com sistemas de tubo único ou duplo, o centro disponibiliza conceitos de ferramentas para usinagem de furos de dimensões e complexidades diversas. É especializado no planejamento das operações necessárias e no projeto dos conceitos de suporte e de ferramentas de expansão para fornecer o máximo desempenho e segurança. Posteriormente, testa esses elementos e presta suporte técnico. Esta peça de 2,5 metros de comprimento, usada na exploração de petróleo, exigiu a usinagem de um furo complexo. Broca T-MAX para furos profundos com diâmetros acima de 65 mm O sucesso da usinagem de furos profundos baseia-se no desenvolvimento de processos e ferramentas, assim como de classes e geometrias de pastilha do centro são a engenharia de ferramentas e aplicações, bem como atividades de teste e ensaios. O êxito da usinagem de furos profundos baseia-se no desenvolvimento de processos e ferramentas, classes e geometrias, refrigeração e controle de cavacos eficazes, a fim de alcançar os resultados exigidos com as mais altas taxas de penetração e segurança RESUMO de usinagem. Quando as peças exigem furos profundos com recursos adicionais, como acabamentos exigentes, câmaras, variações no diâmetro do furo, perfis, canais, roscas e direções variáveis da linha de centro, são a experiência, os recursos de P&D, a capacidade de engenharia e o envolvimento dos clientes que fazem a diferença. Novas oportunidades de projeto e produção de peças estão surgindo graças à recente combinação de um amplo programa de ferramental com uma capacidade comprovada de engenharia e um centro de aplicação para desenvolver e testar soluções com uma grande rede de especialistas em usinagem de furos profundos. O novo Centro Global de Aplicação para Usinagem de Furos Profundos da Sandvik Coromant, situado no Reino Unido, também dispõe de instalações para que os clientes realizem testes em suas próprias peças. metalworking world 31 inspiração para além do mundo da usinagem textO: Henrik ek Água por todos os lados Para um bilhão de pessoas, a questão global da água potável é um assunto premente. Um de cada seis habitantes do planeta carece desse recurso tão básico. Mas, o que vamos fazer a respeito? 32 metalworking world charity: water Crianças em torno de um poço em Ruanda O cultivo do arroz exige enormes quantidades de água como príncipe das celebridades da cidade. Mas, um Água contaminada e falta de saneamento básico dia, essa vida de luxo perdeu seu encanto e Harrison, ainda são as principais causas de morte nos países confrontado com o que ele chama de “falência pobres, matando mais do que as guerras, segundo a espiritual”, decidiu usar seu tempo para fazer algo útil. Organização Mundial da Saúde. Infelizmente, os seres humanos só têm acesso a 1% do estoque mundial de água doce, já que o restante está A experiência que teve durante um trabalho voluntáarmazenado nas geleiras ou em profundidades rio como fotógrafo em um navio-hospital na Libéria inacessíveis no subsolo. Desse 1% que está acessível, colocou Harrison frente a frente com a morte e a dor 70% são utilizados para a agricultura e 20% para fins causadas pela água contaminada. industriais. Apenas 10% se destina ao uso doméstico. “Em Manhattan, 16 dólares era o preço de uma Scott Harrison é o fundador da ONG charity: water, bebida na cobertura da Soho House; na Libéria, isso com base em Nova York, que pretende levar água equivalia a um mês de comida para uma família potável, limpa e segura para as populações de países inteira”, Harrion teria dito em palestras sobre o tema em desenvolvimento. Harrison é uma das da água como sendo um luxo. muitas pessoas que tentam ajudar as nações Além disso, diz ele, como muitas vezes os mais pobres do mundo a obter acesso à água liberianos consumem água extraída de brejos, doce, onde quer que ela esteja. as doenças se disseminam de forma desenfreaHarrison trabalhava como promoter em da, mas evitável, com algo tão simples como casas noturnas de alto padrão em Nova York e a construção de um novo poço na aldeia. ganhava 4.000 dólares por mês apenas para ser Essa percepção do enorme impacto que um visto bebendo certas marcas de rum e cerveja. simples poço poderia ter sobre toda uma Viajava em jatos particulares, apostava US$10 população foi o ponto de inflexão para mil em rodadas de bacará e geralmente reinava Scott Harrison Harrison. Foi então que resolveu dedicar seu 70% dos resíduos industriais dos países em desenvolvimento são despejados sem tratamento nos córregos e rios, poluindo a água disponível. 1.000–3.000 litros de água são necessários para produzir um quilo de arroz. 13.000-15.000 litros de água são necessários para produzir um quilo de carne bovina. metalworking world 33 Cerca de 2 bilhões de pessoas dependem das águas do Himalaia, terceira maior fonte de água do mundo Sistemas de irrigação agrícola mais eficazes podem ajudar a aliviar o problema da falta de água 34 metalworking world tempo a levar água potável para as pessoas que necessitam. “A água muda tudo. Ela reorganiza as comunidades. Sobretudo as mulheres ganham muito com uma fonte de água limpa perto de casa,” explica. Normalmente, são elas que vão buscar água para a família nessas regiões, e o trabalho costuma ser demorado e perigoso. Segundo a UNICEF, as mulheres dos países em desenvolvimento gastam um terço de suas vidas andando uma média de seis quilômetros por dia para ir e voltar das fontes de água. Elas carregam baldes de até 20 quilos e, nessas viagens, muitas vezes são vítimas de assédio sexual e violência. As meninas abandonam a escola para ajudar as mães a transportar a água, que muitas vezes está cheia de bactérias e toxinas fatais. Por isso que um poço com água limpa em uma aldeia pode mudar radicalmente a vida das mulheres. a crise hídrica é um problema essencialmente agrícola. “Na agricultura, sistemas de irrigação mais eficientes poderiam contribuir muito, e a tecnologia está aí. A questão é: quem vai pagar por isso?”. Como a água é tão barata nos países ocidentais, as indústrias têm pouco incentivo para economizar no consumo de água. Mas isso está mudando e, ao mesmo tempo, as pessoas estão procurando formas de reutilizar as águas residuais. Paralelamente, os países secos que têm faixa de litoral estão recorrendo cada vez mais à dessalinização para transformar água salgada em água doce. É uma solução cara, mas cada vez mais utilizada. O foco da charity: water é perfurar poços em países Para TROPP, Água cristalina de um poço na Etiópia. São necessários US$ 5 mil para perfurar um poço que fornecerá água para mais de 250 pessoas 42.000 pessoas morrem por semana devido à água contaminada e à falta de condições de higiene. 90% dessas mortes são de crianças menores de 5 anos de idade. 80% de todas as doenças do mundo são causadas por água contaminada e falta de saneamento básico. charity: water à água doce não é a única grande questão envolvendo esse bem tão precioso. Os problemas hídricos relacionados ao aquecimento global também estão aumentando drasticamente. Por exemplo, o Himalaia é a terceira maior fonte mundial de água depois da Antártida e do Ártico, e cerca de 2 bilhões de pessoas dependem do degelo das montanhas como principal fonte de água. Devido às mudanças climáticas, o volume de neve e gelo no Himalaia está diminuindo. Segundo a FAO, Organização para a Agricultura e a Alimentação das Nações Unidas, esse volume pode diminuir em 20% até 2030. Em Stakmo, um vilarejo localizado na seca região de Ladakh, na Índia, a população já começou a sentir os efeitos do derretimento das geleiras. O aumento do derretimento faz Håkan Tropp com que a água escorra rapidamente, em vez de se congelar nas regiões mais baixas, causando falta de água durante certos períodos. Para aldeias como Stakmo, cuja economia se baseia em uma agricultura que requer um fluxo constante de água, isso pode significar o fim. “O problema é que a água não está no lugar certo na hora certa”, diz Håkan Tropp, diretor de projetos da Unidade de Governança Hídrica do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas, parte do Instituto Internacional da Água de Estocolmo. O acesso básico africanos. Um investimento de US$ 5 mil é suficiente para perfurar um poço que forneça água de maneira duradoura para mais de 250 pessoas. No Himalaia, alguns agricultores começaram a redirecionar a água para promover o congelamento e, consequentemente, diminuir a velocidade do escoamento. Mas construir geleiras é uma solução temporária. “Temos que proteger as nossas fontes de água, para garantir água potável no futuro”, adverte Arjen Hoekstra, professor de administração hídrica multidisciplinar na Universidade de Twente, na Holanda. livros sobre política hídrica, Hoekstra tem observado um aumento da preocupação com os problemas da água. “Houve uma mudança de atitude nos últimos anos, e a questão da água está sendo discutida na política e na indústria. Mas precisa melhorar mais”, diz. A ONU prevê que 2,3 bilhões de pessoas serão afetadas pela escassez de água até 2025. E com o aumento da população mundial de 6 para 9 bilhões até 2050, é necessário desenvolver novos métodos para aumentar o suprimento de água. Porém, há esperança. Em seus Arjen Hoekstra primeiros três anos, a charity: water arrecadou mais de 11 milhões de dólares, ajudando mais de 820 mil pessoas por meio de 1.500 projetos hídricos. Com mais pessoas como Scott Harrison e com as novas soluções e tecnologias que estão sendo desenvolvidas para reutilização de águas residuais, poderemos ter um futuro brilhante e... úmido. autor de vários metalworking world 35 PANORAMA Dentaduras de mamute soluções. Em agosto, um elefante do jardim zoológico de Calgary, no Canadá, recebeu duas novas ponteiras de aço para suas presas, depois de tê-las quebrado em um dispositivo de irrigação. Foi necessária uma equipe de oito pessoas, com veterinários e energia. Há muito tempo os cientistas sonham com fontes de energia inesgotáveis e sustentáveis. A tecnologia de conversão de energia térmica oceânica (OTEC - Ocean Thermal Energy Conversion), pode ajudar a realizar esse sonho. A OTEC transforma água do mar em eletricidade, aprovei tando a diferença de temperatura entre as águas profundas (frias) e as águas rasas (mais quentes). No processo, a água é bombeada através de um trocador de calor, que retira o calor (energia) armazenado e o utiliza para ferver amônia. O vapor produzido pela evaporação da amônia é usado para girar as pás da turbina de um gerador, produzindo eletricidade. Cientistas do Laboratório de Energia Natural do Havaí e de outros lugares estão desenvolvendo novos sistemas OTEC de última geração, com boa relação custo-eficiência, para conversão de energia. Afinal, os oceanos são os maiores coletores de energia solar do planeta. E a OTEC é uma tecnologia completamente limpa. John Ternan Energia do oceano Spike curtindo a vida com as novas ponteiras em aço brilhante nas presas tratadores, para fixar as ponteiras de aço inoxidável de 21 quilos, projetadas sob medida pela Escola de Manufatura e Automação do instituto politécnico SAIT e usinadas pela empresa Lab Machine Works. Não era a primeira vez que o elefante de 5,4 toneladas recebia tratamento dentário. “O primeiro par de ponteiras do Spike foi colocado há oito anos, depois que ele quebrou a presa esquerda brincando com um pneu”, conta o Dr. Doug Whiteside, veterinário do zoológico. A Sandvik Coromant forneceu uma CoroMill 390 e seu know-how para ajudar a produzir as ponteiras. Um mecânico, um soldador e uma grua de 10 toneladas estiveram de prontidão durante o procedimento de mais de duas horas, caso fosse necessário ajuda adicional. SABIA QUE … ... o transporte aéreo de passageiros no mundo todo deve dobrar nos próximos 15 anos? Arquitetura dinâmica Gadgets de nanocristal tecnologia. Em um futuro próximo, os computadores podem ficar tão pequenos quanto um telefone, tornando obsoletas as modernas memórias flash de hoje. Cientistas da Universidade Rice, em Houston, Texas, nos Estados Unidos, descobriram uma maneira de utilizar a nanotecnologia para integrar 36 metalworking world memórias flash em dispositivos menores. Ao alterar a estrutura de alguns elétrons, eles desenvolveram um nanofio que age como uma unidade de armazenamento. Milhões desses nanofios juntos podem formar um “chip”, que funciona como uma unidade de memória flash, só que muito menor. dynamic architecture/david fisher Computadores superpequenos? Graças aos avanços da nanotecnologia, eles poderão se tornar realidade no futuro próximo Construções. Dubai está planejando mais uma extravagância arquitetônica, um arranha-céu de 420 metros de altura e 80 andares, chamado Dynamic Tower. A torre será auto-suficiente em energia, com recursos solares e turbinas eólicas entre cada andar. Além disso, cada andar será capaz de girar de maneira independente, para acompanhar o sol, permanecer na sombra ou simplesmente mudar de vista. Assim, o edifício mudará de forma constantemente. A construção da Dynamic Tower, também conhecida como Torre Da Vinci, deve ser iniciada em 2011 pelo arquiteto ítalo-israelense David Fisher, do grupo Dynamic Archi tecture. Como os andares podem ser pré-fabricados e montados no A nova torre que está sendo planejada para Dubai terá 420 metros de altura “esqueleto” do edifício, estima-se que o tempo de construção seja 30% menor do que o de um arranha-céu “normal” comparável. Precisão em grande escala Energia nuclear. As peças de uma usina nuclear podem pesar até 100 toneladas. Mesmo assim, precisam ser fabricadas com precisão. Sua usinagem pode levar um ano e não admite erros. Eixo da turbina a vapor Geradores de vapor – trocadores de calor Com 20 metros de altura, os quatro geradores de vapor de um reator nuclear costumam ser maiores até do que o próprio reator. A operação mais delicada é a furação profunda de até 16 mil furos para os tubos dos trocadores de calor. Vaso de pressão do reator Carcaça da turbina a vapor Os processos incluem fresamento, furação, mandrilamento, torneamento e produção de canais e roscas em enormes fresadoras tipo portal e tornos verticais. Pás da turbina A fabricação das pás representa um tipo diferente de usinagem, realizada em máquinas otimizadas de freso-torneamento, geralmente com sistemas avançados de controle de 5 eixos. Gerador O eixo do gerador é similar em tamanho ao eixo da turbina e requer diversas operações, como a produção de furos muito profundos com exigências extremas de retilineidade. Kjell Thorsson O núcleo de uma usina de energia nuclear exige uma série de operações diferentes para cumprir as extremas exigências de qualidade, necessárias para que o vaso do reator resista a uma reação de fissão nuclear. A produção de um eixo de turbina de 10 metros de comprimento requer centenas de diferentes ferramentas e consome meses de trabalho árduo. Sua usinagem remove cerca de 20 toneladas de material até chegar no eixo final, de 70 toneladas. metalworking world 37 a solução texto: alexander farnsworth ilustração: kjell thorsson ANEL de precisão e produtividade Uma turbina eólica é composta por muitas peças essenciais, que precisam ser fabricadas de acordo com os mais rigorosos métodos. Os anéis giratórios são apenas um exemplo. Aqui mostramos as quatro ferramentas usadas para fabricar esses anéis de forma mais eficiente. Rigidez e dureza O torneamento de desbaste e acabamento do anel giratório é realizado com uma ferramenta de fixação rígida CoroTurn Rigid Clamping, equipada com um acoplamento Coromant Capto e pastilhas de metal duro de alto desempenho. A fase de acabamento é realizada com uma pastilha produtiva tipo Wiper, que pode ser usada com uma faixa de avanço elevada, sem deixar de manter um excelente acabamento superficial. 38 metalworking world no trilho A usinagem dos canais para os trilhos de esferas é feita com uma CoroTurn 107 com pastilha redonda. O acabamento dos trilhos de esferas após o endurecimento é feito com uma ferramenta T-Max com pastilhas de cerâmica reforçadas CC670. Quer saber mais? Visite www.sandvik.coromant.com/wind Rapidez e precisão O fresamento dos dentes das engrenagens na parte interna do anel giratório é feito com uma CoroMill 170, que oferece tempos de usinagem reduzidos e um perfil de engrenagem preciso. Furação completa A rápida CoroDrill 880 é usada para produzir todos os furos de fixação do anel giratório. Até seis metros Feitos de aço forjado e medindo até seis metros de diâmetro, os anéis giratórios permitem que a nacela da turbina e as pás se posicionem de maneira otimizada em relação ao vento. São necessárias ferramentas otimizadas para usiná-los e transformá-los em peças móveis de alta precisão. metalworking world 39 Print n:o C-5000:547 POR/01 © AB Sandvik Coromant 2011:1 As nossas ferramentas vêm com uma nova característica: nós mesmos. Quando se trata de encontrar soluções de ferramentas inteligentes, não há substituto para um perito de classe mundial. A jaqueta amarela é a sua garantia de que você terá as melhores ferramentas do mundo e o know-how para tirar o máximo proveito delas. Com milhares de soluções de fresamento comprovadas, temos experiência suficiente para ajudar a eliminar custos por peça produzida, aumentar a utilização da máquina e melhorar a qualidade do produto em tudo, desde a interpolação helicoidal até o fresamento em mergulho e os métodos de rolagem para dentro e fora do corte. Parece interessante? Visite o nosso site ou, melhor ainda, entre em contato com alguém de jaqueta amarela. Think smart | Work smart | Earn smart www.sandvik.coromant.com