ARTESANATO ARTE E

Transcrição

ARTESANATO ARTE E
ARTE E
ARTESANATO
ARTE E
ARTESANATO:
Implicações Conceituais e
Possibilidades
S Pedagógicas
Conceitos e
Funções
da Arte
O que define o valor da Arte de uma época
é o conceito de Arte que é subjacente a
esse período.
A História da Arte é construída a partir
dos conceitos de Arte dos historiadores que
a produzem.
Principais
Arte:
teóricos
e
seus
conceitos
de
O Nascimento de VênusSandro Boticelli
Para Herbert Read a Arte
é uma forma de produzir
coisas belas. O artista
produz formas que agradam
os olhos e despertam o
sentimento de beleza. Para
ele e para outros teóricos a
Arte
está
estritamente
ligada à Estética
Arnold Hauser entende a Arte como uma
manifestação ideológica das classes sociais ou como
uma experiência com a realidade. As obras de arte
de
acordo
com
essa
concepção
seriam
manifestações das ideologias, como também um
meio de contestação política.
Nelson Leiner- 6ª Bienal do
Mercosul
Ernst Gombrich enquadra-se na
teoria representacional da Arte.
Nessa concepção a Arte seria a
representação de algo ausente.
Para ele a arte é a maneira pela
qual formas e símbolos são usados
para sugerir e significar outras
coisas para além delas mesmas.
Casal Arnolfini- Jan Van Eick
Argan considera a Arte como
expressão ou aspiração criativa.
Ela seria a representação da
criação
do
novo,
do
ainda
inexistente. A obra não seria a
representação de algo, mas uma
nova forma no mundo.
Juan Miró
Luigy Pareyson, no livro Problemas da Estética conceitua a
Arte como um fazer, um conhecer e um exprimir. Para ele a
Arte reinventa o fazer técnico no momento em que o artista
produz uma obra, permite o conhecer por meio da
contemplação e é um modo de expressão individual do artista
ou de um povo.
A Arte tem um fim em si mesma, não se presta a uma
utilidade prática, seu fim é a contemplação.
A liberdade guiando o povoDelacroix
Conceitos e Funções
do Artesanato
Inicialmente o que caracteriza o artesanato é a
transformação da matéria-prima em objetos úteis.
O artesão reproduz os objetos que chegam até ele
através da tradição familiar ou cria novos de
acordo com suas necessidades, utilizando para isso
a habilidade manual.
Fabricante de Cestos- Debret
O Artesanato surgiu no momento em que hábitos de vida
na sociedade passaram a exigir maior produção de bens.
Ele é uma manifestação da vida comunitária, onde são
produzidos objetos de uso comum no lugar, seja com
função utilitária, lúdica, decorativa ou religiosa. Ele
também fica relacionado aos materiais disponíveis na
região.
O artesanato envolve criação, mas respeita a técnica
aplicada e o material utilizado.
O
Artesanato
envolve
aprendizagem da técnica, do
modo de produção do objeto.
Essa aprendizagem é informal,
no
ambiente
familiar,
na
comunidade ou em cursos de
curta duração.
O artesão imprime traços de
sua cultura nos objetos que
produz.
Muitas
de
suas
tradições,
como
símbolos
mágicos e crenças, ficam
marcados em suas peças
Arte e Artesanato
e suas Distinções
Jackson Pollock
pintando
Segundo Luigy Pareyson a Arte não é
só fazer, Arte é também invenção,
não é execução de algo já planejado
com regras prontas. Ela é um tal
fazer que enquanto faz inventa o por
fazer e o modo de fazer. Nela
concebe-se executando, projeta-se
fazendo,
encontra-se
a
regra
operando, já que a obra existe só
quando é acabada, nem é pensável
projetá-la antes de fazê-la. O
aspecto realizativo é intensificado,
unido a um aspecto inventivo.
Há o problema em reconhecer a
Arte em todas as atividades
humanas e especificar a Arte
propriamente dita como atividade
distinta das demais.
Sempre há Arte em toda atividade
humana, pois em tudo há o aspecto
inventivo e inovador, é um fazer
com arte
Adriana Varejão- 5ª Bienal
do Mercosul
Azulejos
A Arte enquanto atividade específica é uma forma
realizada com nenhum outro fim que não seja por ela
mesma, ela é uma nova forma no mundo, ela exige uma
inovação radical, um incremento imprevisto à realidade.
O único fim da Arte é ser admirada e pensada enquanto
algo novo no mundo.
Amilcar de Castro
Diante desse conceito percebe-se a distinção
que há entre Arte e Artesanato, pois este
necessita da técnica, do modo de fazer,
enquanto a Arte subverte o próprio fazer,
reinventa o modo de fazer.
Uma vez, cada vez, todas as
vezes
Magdalena Atria
Os objetos de artesanato, na sua maioria, se
destinam a uma utilidade prática, enquanto as
obras de Arte são novas formas com o único fim de
contemplação.
No entanto há muitos objetos do artesanato que se
destinam à pura contemplação, são também
elementos de admiração para muitos grupos que
normalmente não tem acesso a obras de Arte.
Esses objetos, por sua vez, não são únicos
enquanto forma, eles repetem uma técnica.
Arte e Artesanato
e suas Relações na
História
Por muito tempo não existiu a
separação
do
artista
e
artesão. Para os gregos a Arte
era técne, o que se referia a
uma habilidade específica de
efetuar determinadas tarefas
e
ofícios,
quase
sempre
manuais. A função era mais
prática e não uma criação
superior.
Vênus de Milo
Na idade média as obras de
arte
não
tinham
fins
estéticos, mas catequéticos.
As formas arquitetônicas, as
imagens
pictóricas
e
as
esculturas tinham a finalidade
de ensinar a fé cristã.
O pintor ou escultor era
apenas um artífice anônimo,
um trabalhador manual.
Iluminura da Idade Média
Tapeçaria da Idade
Média
- A Arte se desenvolve nos mosteiros pelos
próprios monges e artistas contratados. A Arte
monástica foi a ilustração de livros religiosos, a
Arquitetura, a Pintura, a Ourivesaria, a Tapeçaria,
a Fundição de sinos e a fabricação de cerâmica.
- As oficinas dos monges eram as escolas de artes
da época.
- O artista ainda era anônimo, o papel da Arte
estava mais ligado ao artesão que ao artista, no
sentido que era valorizado o trabalho que seguia a
tradição e não aquele que era feito com
pensamento criativo.
- Com a riqueza dos monges, esses abandonaram as
atividades manuais contratando proprietários laicos
que passaram a aprender técnicas nas oficinas.
- Com a aprendizagem dos laicos são
criadas as Lodges, que eram organizações
cooperativas de artistas e artesãos
contratados para a construção de igrejas e
catedrais. Eram grupos que tinham os
planos subordinados à igreja.
- Mais tarde, com o aumento do poder
aquisitivo dos burgueses, criam-se as
Guildas,
que
eram
associações
de
empreiteiros independentes, livres para
usarem seus métodos de trabalho. Nessa
época já era diferenciada a produção
artística da manufatura vulgar.
- Com as guildas as obras passam a serem
feitas nas oficinas e depois transportadas
ao local destinado. Isso faz com que as
obras não sejam mais tão monumentais.
No Renascimento os artistas vão se diferenciando
quanto ao estilo e passam a trabalhar em seus
ateliers individuais.
A partir daí vai existir a classificação de Artes
Maiores e Menores, em que as atividades mais
artesanais como a cerâmica e a tapeçaria ficam
relegadas ao estatuto de Artes Menores por terem
fins mais utilitários.
Escola de Atenas- Rafael Sanzio
No século XIX com a invenção da fotografia
e a ascenção da pintura abstrata a Arte
incorpora a característica de subverção da
técnica e isso a afasta ainda mais do
artesanato, muito calcado no modo de
fazer.
Fotografia de Sebastião
Salgado
Contrapondo
esse
conceito
a
Bauhaus( Primeira Escola de Design criada
em 1919 na Alemanha) queria unir as artes
e produzir artesanato e tecnologia. Esse
projeto relacionava as Artes Visuais à
Arquitetura, Design e Artesanato, o que
gerou grandes conflitos na época.
Prédio da Bauhaus
Na contemporaneidade vivemos a época
do
ecletismo
e
das
múltiplas
interlocuções. As linguagens artísticas
se mesclaram de tal maneira que não
podemos mais definir se uma obra é
pintura, gravura ou fotografia. Os
processos são múltiplos e mestiços.Hoje
processos artesanais são incorporados
às produções de obras de arte com
diferentes objetivos.
Do ponto de vista técnico se pode dizer
que não há arte sem artesania.
Qualquer obra exige um conhecimento
da manipulação da matéria e essa
manipulação
é
direta,
de
forma
artesanal.
Trabalho da artista Karin
Lambrecht
Processos
Artesanais
Na Arte
Contemporânea
Beatriz
Milhazes
A artista trabalha freqüentemente com formas
circulares, sugerindo deslocamentos ora concêntricos ora
expansivos. Na maioria dos trabalhos, prepara imagens
sobre plástico transparente, que são descoladas, como
películas, e aplicadas na tela por decalque. Aglomera as
imagens, preenchendo o fundo e retocando a imagem
final. Os motivos e as cores são transportados para a
tela por meio de colagens sucessivas, realizadas com
precisão. A transferência das imagens da superfície lisa
para a tela faz com que a gestualidade seja quase
anulada. A matéria pictórica obtida por numerosas
sobreposições não apresenta, entretanto, nenhuma
espessura: os motivos de ornamentação e arabescos são
colocados em primeiro plano. O olhar do espectador é
levado a percorrer todas as imagens, acompanhando a
exuberância gráfica e cromática presente em seus
quadros.
Vik Muniz
Muniz busca na fotografia a expressão para
questões de representação da realidade, ligando-a
ao desenho e à pintura, de forma não-convencional.
Suas imagens suscitam no espectador a sensação de
estranheza, e o questionamento da fotografia como
reprodução fiel da realidade. Também inova ao
estabelecer uma relação original entre o artista, a
obra de arte e o espectador, que deve refletir mas
também se deixar levar pelos mecanismos da ilusão.
Adriana
Varejão
No fim da década de 1980, Adriana Varejão produz telas
com espessas camadas de tinta, tendo como parâmetro as
igrejas
barrocas
brasileiras
e
sua
azulejaria.
Posteriormente, passa a apropriar-se de imagens da
história do Brasil, para comentar o processo de
miscigenação no país e a violência do processo de
colonização. A artista percorre, assim, o repertório de
imagens relacionadas ao Período Colonial brasileiro: os
azulejos, os mapas e os registros dos viajantes.
Em outras obras, utiliza cacos de louça e pratos da
Companhia das Índias, que são moldados e pintados pela
artista. Adriana Varejão faz também incisões e suturas em
suas telas, nas quais, por meio dos cortes, deixa entrever
uma matéria interna, que tem a aparência de carne.
Também reproduz em seus quadros fragmentos anatômicos,
fazendo referências a esquartejamentos e canibalismo, em
obras de grande densidade simbólica.
Nelson
Leirner
Em 1964, o artista abandona a pintura e passa a trabalhar
com elementos prontos, fabricados industrialmente. Recolhe
objetos de uso e desloca seu sentido. Seus trabalhos estão
entre a escultura e o objeto.
A presença de elementos da cultura popular brasileira,
marcante desde os anos 1960, cresce a partir da década de
1980. Em 1985, realiza a instalação O Grande Combate, em
que utiliza imagens de santos, divindades afro-brasileiras,
bonecos infantis e réplicas de animais. Pretende converter
em arte o que é considerado banal. Desde o ano 2000, seu
trabalho se apropria de imagens artísticas banalizadas pela
sociedade de consumo. De maneira bem-humorada, lida com
as reproduções da Gioconda [Mona Lisa], 1503/1506 de
Leonardo da Vinci (1452 - 1519) e a Fonte, 1917 de Marcel
Duchamp (1887 - 1968) como tema artístico. Sua obra está
inserida dentro do conceito de colecionismo, no momento em
que constrói suas obras pelo acúmulo de objetos da cultura
de massa.
Frans Krajberg
Amplia o trabalho com escultura, iniciado em Minas
Gerais, utilizando troncos e raízes, sobre os quais
realiza intervenções. Viaja constantemente para a
Amazônia
e
Mato
Grosso
e
fotografa
os
desmatamentos e queimadas, revelando imagens
dramáticas. Dessas viagens, retorna com raízes e
troncos calcinados, que utiliza em suas esculturas.
Na década de 1980, inicia a série Africana,
utilizando raízes, cipós e caules de palmeiras
associados a pigmentos minerais. A pesquisa e
utilização de elementos da natureza, em especial da
floresta amazônica, e a defesa do meio ambiente,
marcam toda sua obra.
Magdalena Atria
Magdalena é uma artista Chilena que trabalha com
o conceito de expansão da pintura. Seu trabalho é
pintura como conceito, mas ele utiliza outros
materiais para a sua construção. O trabalho
exposto na 6ª Bienal do Mercosul era uma pintura
em grandes dimensões em que ela utilizava
massinhas de modelar enroladas como rocambole e
fatiadas para montar a imagem na parede. Sua
obra se relaciona ao artesanato, pois ela utiliza
uma técnica para construir diferentes imagens e
ela subverte o artesanato no momento em que
ultrapassa os limites da pintura convencional
criando um novo fazer pictórico.
Arte e Artesanato:
Possibilidades
Pedagógicas dessa
Relação
- Identificação dos elementos de Arte, Artesanato
e Cultura Popular da comunidade local.
- Pesquisa histórico-cultural desses elementos.
- Oficinas de elementos do artesanato local com
pessoas da comunidade.
- Artistas contemporâneos que utilizam elementos e
processos do artesanato.
- Subverção do artesanato. Construção de obras de
arte com a utilização de elementos do artesanato.
- Relatório do modo de produção de trabalhos
artísticos, percebendo a artesania na obra de arte.
- Produções artísticas artesanais baseadas em
temas ou objetivos.

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