Efeito da incorporação de nanopartículas na liberação de fluoreto e
Transcrição
Efeito da incorporação de nanopartículas na liberação de fluoreto e
Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Odontologia de Piracicaba Efeito da incorporação de nanopartículas na liberação de fluoreto e rugosidade de superfície em cimentos de ionômero de vidro após tratamento químico e físicomecânico Orientadora: Profa. Dra. Regina Maria Puppin Rontani Aluna: Camila Sobral Sampaio PIRACICABA 2010 1 Camila Sobral Sampaio Efeito da incorporação de nanopartículas na liberação de fluoreto e rugosidade de superfície em cimentos de ionômero de vidro após tratamento químico e físico-mecânico Orientadora: Profa. Dra. Regina Maria Puppin Rontani Monografia apresentada ao Curso de Odontologia da Faculdade de Odontologia de Piracicaba – UNICAMP , para a obtenção do diploma de Cirurgião-Dentista. Piracicaba 2010 2 FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DA FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA a Bibliotecária: Elis Regina Alves dos Santos – CRB-8 . / 8099 Sampaio, Camila Sobral. Sa47e Efeito da incorporação de nanopartículas na liberação de fluoreto e rugosidade de superfície em cimentos de ionômero de vidro após tratamento químico e físico-mecânico / Camila Sobral Sampaio. -- Piracicaba, SP: [s.n.], 2010. 39f. : il. Orientador: Regina Maria Puppin-Rontani. Monografia (Graduação) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Odontologia de Piracicaba. 1. Materiais dentários. 2. Cimentos dentários. 3. Flúor. I. Puppin-Rontani, Regina Maria. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Odontologia de Piracicaba. III. Título. (eras/fop) 3 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus pais, que sempre me incentivaram com os estudos, e aos amigos que fiz no decorrer da Faculdade, que me proporcionaram tantos momentos bons. 4 AGRADECIMENTOS Agradeço aos professores da Faculdade de Odontologia de Piracicaba por todo o ensino recebido, principalmente a Profa. Dra. Regina Maria Puppin-Rontani, pelo apoio dado a este trabalho. Agradeço também à Fabíola Galbiatti, amiga e colaboradora deste trabalho. 5 SUMÁRIO Lista de Ilustrações, Tabelas e Gráficos ......................................... página 7 Lista de abreviaturas e siglas .......................................................... página 8 Resumo ............................................................................................ página 9 Abstract ............................................................................................ página 10 Introdução e Revisão de Literatura .................................................. página 11 Proposição ....................................................................................... página 15 Materiais e Métodos ........................................................................ página 16 Resultados ....................................................................................... página 23 Documentação Fotográfica .............................................................. página 30 Discussão ......................................................................................... página 35 Conclusão ......................................................................................... página 36 Referências Bibliográficas ................................................................ página 37 6 LISTAS DE ILUSTRAÇÕES, TABELAS E GRÁFICOS Tabela 1 ....................................................................................... páginas 15 e 16 Tabela 2 ....................................................................................... página 22 Tabela 3 ....................................................................................... página 23 Figura 1 ........................................................................................ página 24 Figura 2 ........................................................................................ página 24 Figura 3 ........................................................................................ página 25 Figura 4 ........................................................................................ página 25 Gráfico 1 ....................................................................................... página 27 Foto 1 ............................................................................................ página 29 Foto 2 ............................................................................................ página 30 Foto 3 ............................................................................................ página 31 Foto 4 ............................................................................................ página 32 Foto 5 ............................................................................................ página 33 7 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CIV – cimento de ionômero de vidro ciclos/min – ciclos por minuto cm – centímetros DES – desmineralização F – Fuji IX FS – Filtek Supreme g – gramas h - horas K – Ketac N100 MEV – microscópio eletrônico de varreduras mg F/mL – miligramas de flúor por mililitros mL – mililitros mm – milímetros mm/s – milímetros por segundo mM - milimol mW/cm2 miliwatts por centímetro quadrado m/N – metros por Newton n – número de corpos de prova nm – nanômetros ppm – partes por milhão Ra – Rugosidade superficial RE - remineralização V – Vitremer µm – micrometro 3g:6mL – 3 gramas para cada 6 mililitros 8 RESUMO Nanopartículas foram incorporadas ao cimento de ionômero de vidro (CIV) para melhorar as propriedades mecânicas e características de superfície. Este trabalho avaliou a liberação de flúor e rugosidade de superfície (Ra) dos CIV nanoparticulado (Ketac N100 - K), convencional (Fuji IX - F), modificado por resina (Vitremer - V) e resina composta nanoparticulada (Filtek Supreme - FS) após ciclagem de pH e abrasão por escovas dentais in vitro. Oito amostras de cada material foram confeccionadas. Três medidas de Ra foram realizadas em cada amostra, como valores controle. Após, as amostras foram submetidas à ciclagem de pH por 10 dias e a Ra realizada posteriormente foi definida Ra após ciclagem. A análise de íons flúor das duas soluções foi realizada para cada amostra com eletrodo específico. Após, as amostras foram submetidas à abrasão, em máquina de escovação com 250 ciclos/min e carga de 200 g. Ra realizada em seguida foi definida Ra após escovação. Amostras de cada grupo foram analisadas em microscópio eletrônico de varredura. ANOVA, Tukey e teste t pareado foram utilizados para análise dos dados (α= 5%)Comparando Ra dentro de cada material, apenas F apresentou diferença estatística após escovação, porém para V, K e FS não houve diferença estatística. Comparando Ra entre os materiais após escovação, K apresentou valores intermediários, não diferindo estatisticamente dos outros cimentos. V e F apresentaram os maiores valores de liberação de flúor. Ketac N100 apresentou Ra intermediária entre CIV convencional, modificado por resina e resina nanoparticulada após degradação química e mecânica. Palavras-chave: cimento de ionômero de vidro, flúor, rugosidade superficial 9 ABSTRACT The nanofillers were incorporated to glass ionomer cements to improve mechanical and surface properties. The aim of this study was to evaluate in vitro the fluoride release and superficial roughness (Ra) of nanofilled resin composite (Filtek Supreme – FS) and three glass ionomer cements - nanofilled (Ketac N100 - K), conventional (Fuji IX – F) and resin-modified (Vitremer – V) after pH-cycling and toothbrush abrasion. Eight specimens of each material were made. After that, three measurements of Ra were made in each specimen, as baseline values. The specimens were submitted to pH-cycling for 10 days and Ra measurements were conducted and defined as Ra values after pH-cycling. The fluoride release analyses were made for specified electrode using the two solutions of pH-cycling. After that, specimens were submitted to toothbrush abrasion, in a brushing machine with 250 cycles/minute and 200g in each specimen. The Ra values were measured and defined as Ra after toothbrushing. Specimens of each group were analyzed by scanning electronic microscope. Data were analyzed by ANOVA, Tukey and T test. After toothbrushing, only F showed Ra values statistically different from cements evaluated. K showed intermediate Ra values, but they not differ statistically from the other cements. V and F showed the highest fluoride release values. Ketac N100 showed intermediate values of superficial roughness among conventional and resin-modified glass ionomer cement and nanofilled resin after chemical and mechanical degradation. Keywords: glass ionomer cement, fluoride, superficial roughness 10 1. INTRODUÇÃO E REVISÃO DE LITERATURA Os cimentos de ionômero de vidro são materiais muito utilizados em Odontologia por possuírem várias aplicações clínicas como cimentação, forramentos, núcleos de preenchimento, restaurações definitivas e provisórias e selante de fóssulas e fissuras. As principais vantagens deste cimento são as propriedades de liberação de flúor, união química à estrutura dentária e biocompatibilidade1-4. Entretanto, devido à maior opacidade, à sinérese e embebição e maior rugosidade superficial, os cimentos de ionômero de vidro apresentam índices maiores de manchamento e estética inferior quando comparados a resina composta5,6, além de menores propriedades físicas e mecânicas 7,3 . A nanotecnologia, desenvolvida recentemente, proporcionou um grande avanço nas características de superfície dos materiais e nas propriedades mecânicas. Também conhecida como nanotecnologia molecular ou engenharia molecular, é definida como a produção de materiais e estruturas funcionais, por vários métodos químicos e físicos, na escala de 0,1 a 100 nanometros 8. Em odontologia, a resina composta foi um dos primeiros materiais que utilizou a nanotecnologia. Nanopartículas esféricas de sílica com tamanho médio de 20 e 75 nm foram tratadas com silano, o qual impediu a aglomeração das mesmas e propiciou a incorporação de aproximadamente 60% em volume na matriz orgânica 8. Desta forma, as propriedades mecânicas e físicas da resina nanoparticulada são comparáveis as das resinas híbridas e a retenção do polimento similar a das resinas microparticuladas 8. O emprego da nanotecnologia aos materiais estéticos melhora substancialmente as características de superfície. Quando a superfície de um material com nanopartículas é abrasionada pela escovação, por exemplo, apenas as partículas nanométricas são deslocadas da matriz, deixando a superfície com defeitos e rugosidade menores comparados aos materiais com partículas de carga de maior tamanho8. Além disso, as propriedades ópticas também são superiores. O índice de refração mede a habilidade do material transmitir a luz. Quando o índice de refração das partículas e da matriz resinosa se mistura, as partículas irão espalhar a luz e produzir um material opaco. Nos materiais nanoparticulados o 11 tamanho das nanopartículas é menor que o comprimento de onda da luz, fazendo com o que o índice de refração não seja medido. Assim, quando a luz atinge esta superfície, o seu comprimento de onda passa diretamente através do material, obtendo-se alta translucência8. Como os cimentos de ionômero de vidro possuem a propriedade de liberação de íons fluoreto na cavidade bucal, este material é principalmente indicado em pacientes com alto risco e alta atividade de cárie. Entretanto, devido à estética e propriedades mecânicas inferiores comparadas à resina composta 3,7 estes materiais não são muito utilizados. Com o objetivo de melhorar a opacidade, polimento de superfície e propriedades mecânicas, a nanotecnologia também foi incorporada aos cimentos de ionômero de vidro. O novo cimento de ionômero de vidro Ketac N100 (3M/ESPE) possui nanopartículas de óxido de zircônia, de vidro e sílica, todas tratadas com silano, na porcentagem de 40 a 50% em peso (informações do fabricante). As nanopartículas são misturadas com monômeros e copolímeros do ácido poliacrílico e itacônico durante a reação de presa, a qual é semelhante aos cimentos de ionômero de vidro modificados por resina (CIVMR). Os CIVMR possuem reação de presa diferente do outro tipo de cimento de ionômero de vidro comercializado no mercado, os convencionais (CIVC). Esta diferença existe em decorrência das composições serem distintas. Os CIVC apresentam reação ácido-base entre as partículas de vidro e o ácido poliacrílico, assim as cadeias do ácido poliacrílico formam ligações cruzadas com os íons cálcio e alumínio 9. A substituição de parte do ácido poliacrílico por monômeros hidrófilos resultou no CIVMR, no qual a reação ácido-base corresponde a uma parte do processo de presa do material e a outra parte é realizada por meio da polimerização dos radicais acrílicos livres ativados pela luz visível 9. Existe um tipo de CIVMR, cujo nome comercial é Vitremer (3M/ESPE), o qual possui radicais livres para polimerização, sendo possível incorporar a forma de iniciação por oxi-redução para completar a reação de presa, sendo considerado um cimento de ionômero de vidro de tripla ativação 9. Os CIVMR foram desenvolvidos com o objetivo de melhorar algumas propriedades dos CIVC, como a baixa resistência imediata e a sensibilidade à umidade durante a reação de presa2,3,10. Embora os cimentos de ionômero de vidro 12 modificados por resina possuam maior resistência físico-mecânica, as características de superfície entre CICV e CIVMR ainda são controversas na literatura. Alguns estudos mostram tanto menor como maior resistência ao desgaste, abrasão e dureza dos cimentos de ionômero de vidro modificados por resina quando comparados aos convencionais 2,3,10,11,12,13. Com relação ao cimento de ionômero de vidro fotopolimerizável e nanoparticulado, ainda não existem dados na literatura que comparem a rugosidade superficial com CIVC, CIVMR e resina nanoparticulada. O uso de escovas dentais e dentifrícios é o método universal mais utilizado para a realização da higiene bucal. O uso concomitante destes dois produtos abrasiona a superfície dentária e a das restaurações 14. Na escovação simulada in vitro, o desgaste é o resultado do atrito da superfície do material com a pasta de dentifrício e escova dental. Esta ação provoca a abrasão da matriz e a remoção das partículas do material, resultando no aparecimento de lacunas que, por sua rugosidade, tendem a aderir detritos alimentares e biofilme 15. Já, a ciclagem de pH é um método de avaliar o comportamento de materiais restauradores sob um desafio ácido com valores de pH observados in vivo, simulando um ambiente com atividade de cárie. Estudos mostram que a ciclagem de pH realizada anteriormente a escovação pode alterar ou não a textura de superfície dependendo do material restaurador utilizado16,17,18. A liberação de íons fluoreto nas soluções de desmineralização e remineralização normalmente é realizada nos estudos19 e a composição dos materiais pode influenciar na liberação 20. Os CIVMR apresentam liberação de fluoretos menor ou equivalente ao CIVC 21. O tipo e quantidade de resina incorporada ao material e a formação de complexos do flúor e sua interação com o ácido poliacrílico podem influenciar na liberação de fluoreto entre os materiais20. Como a composição do CIV nanoparticulado é diferente dos CIVMR e CIVC, a liberação de fluoreto pode ser diferente também, mas ainda não existem dados na literatura a respeito. Como as características de superfície são superiores em materiais com nanopartículas8, o objetivo deste estudo foi avaliar a associação de tratamentos químico (ciclagem de pH) e físico-mecânico (abrasão por escovação) na rugosidade de superfície do novo cimento de ionômero de vidro nanoparticulado comparado aos 13 cimentos de ionômero de vidro convencional e modificado por resina e resina composta nanoparticulada, bem como avaliar a liberação de íons fluoreto entre os diferentes materiais. 14 2. PROPOSIÇÃO 1. Avaliar o efeito de dois tratamentos de superfície: químico (ciclagem de pH) e físico-mecânico (abrasão por escovação in vitro) na rugosidade de superfície do cimento de ionômero de vidro fotopolimerizável e nanoparticulado (Ketac N100 3M/ESPE) comparado ao cimento de ionômero de vidro convencional (Fuji IX GP – GC Corporation), modificado por resina (Vitremer - 3M/ESPE) e resina composta nanoparticulada (Filtek Supreme - 3M/ESPE). 2. Avaliar a liberação de íons fluoreto nas soluções de desmineralização e remineralização entre os quatro materiais citados acima. 15 3. MATERIAIS E MÉTODOS 1. Materiais utilizados Foram utilizados três cimentos de ionômero de vidro: cimento de ionômero de vidro convencional - Fuji IX GP (GC Corporation, Tokyo, Japan), cimento de ionômero de vidro modificado por resina - Vitremer (3M ESPE Dental Products, St. Paul, EUA) e cimento de ionômero de vidro fotopolimerizável com nanopartículas Ketac N100 (3M ESPE Dental Products, St. Paul, EUA) e uma resina composta nanoparticulada - Filtek Supreme (3M ESPE Dental Products, St. Paul, EUA). A composição dos materiais encontra-se descrita na Tabela 1. Tabela 1. Composição dos cimentos de ionômero de vidro e resina composta que foram utilizados no estudo. Cimento de Ionômero de Composição Fabricante e Lote Vidro Fuji IX GP Pó: ácido poliacrílico e vidro GC Corporation, Tokyo, de alumino silicato Japan Lote: 0706061/0706051 Líquido: ácido poliacrílico Vitremer Pó: vidro de 3M fluoraluminosilicato, Products, St. Paul, EUA persulfeto de potássio, ácido ascórbico ESPE Dental Lote: 6LN/6FC microencapsulados Líquido: solução aquosa 16 com copolímeros do ácido polialcenóico, HEMA e canforoquinona Primer: copolímeros do ácido polialcenóico, HEMA, etanol e fotoiniciadores Finishing Gloss: Bis-GMA, TEGDMA e canforoquinona Ketac N100 Pasta: vidro tratado com 3M ESPE Dental silano, óxido de zircônia Products, St. Paul, EUA tratado com silano, HEMA, BIS-GMA, TEGDMA, água, copolímero poliacrílico do e Lote: M3M3 ácido itacônico, polietilenoglicoldimetacrilato Primer: copolímero água, HEMA, do ácido poliacrílico e itacônico Filtek Supreme Bis-GMA, UDMA, Bis-EMA, 3M TEGDMA Dental nanopartículas Products, St. Paul, EUA de óxido de zircônia e sílica. ESPE Lote:7CJ 17 2. Preparo das amostras Foram confeccionados oito corpos de prova de cada material (n=8) Cada cimento de ionômero de vidro foi manipulado de acordo com as instruções do fabricante em placa de vidro. Os cimentos Fuji IX GP e Vitremer foram manipulados na placa de vidro com espátula de plástico e imediatamente inseridos em matrizes de aço inoxidável (4 x 2 mm), com auxílio da seringa Centrix, para obtenção de corpos de prova cilíndricos. As superfícies dos espécimes de Fuji IX GP nas matrizes foram cobertas com tira de poliéster (Probem Ltda, Catanduva, Brazil) e sobre as mesmas foi colocada uma placa de vidro por 5 minutos durante o tempo de presa, posteriormente as superfícies foram protegidas com verniz para unha (Colorama, CEIL Coml Exp Ind Ltda, São Paulo). Os espécimes de Vitremer foram fotoativados a 560mW/cm2 por 40 segundos em cada lado da matriz com lâmpada de quartzo-tungstênio (Elipar Tri-light, ESPE America Co, Seefeld, Germany) e a após as superfícies foram protegidas com Finishing Gloss (3M ESPE Dental Products). O cimento Ketac N100 foi dispensado na placa de vidro por meio do dispensador clicker do produto, misturado com uma espátula de plástico e inserido na matriz metálica. As superfícies foram cobertas com tira de poliéster e fotoativadas a 560mW/cm2 por 20 segundos em cada lado da matriz com lâmpada de quartzotungstênio. A resina composta Filtek Supreme foi inserida com uma espátula na matriz metálica e sobre a superfície foi colocada a tira matriz. Os espécimes foram fotoativados a 560mW/cm2 por 20 segundos em cada lado da matriz com lâmpada de quartzo-tungstênio (Elipar Tri-light, ESPE America Co, Seefeld, Germany). Todas as amostras foram mantidas em estufa a 37ºC em 100% de umidade relativa durante 24 horas. Após as superfícies foram polidas com discos de polimento (Sof-Lex Pop On, 3M Dental Products) e limpas em ultrassom (Ultrasonic Cleaner, model USC1400, Unique Ind e Com Ltda, São Paulo) com água destilada por 10 minutos para remoção de impurezas. 18 O estudo foi composto por quatro grupos (n=8) de acordo com o material utilizado: GRUPO 1 - Fuji IX GP GRUPO 2 - Vitremer GRUPO 3 - Ketac N100 GRUPO 4 - Filtek Supreme A análise de rugosidade de superfície foi realizada em cada grupo, nos mesmos espécimes, após três tratamentos: inicial - sem tratamento (controle), após ciclagem de pH e após abrasão com escovas dentais, como será descrito a seguir. 3. Rugosidade superficial inicial Antes de iniciar ciclagem de pH e o teste de abrasão com escovas dentais, as medidas de rugosidade de superfície inicial foram realizadas em todos os espécimes. Os espécimes foram fixados em lâmina de vidro com cera utilidade e prensados para permanecerem planos e sem inclinação em toda a sua extensão. Posteriormente, foram adaptados no aparelho de medida de rugosidade Surfcorder SE1700 (Kosaka Corp, Tokyo, Japan), no qual as medidas de rugosidade superficial foram realizadas por meio de uma ponta de diamante de 2 µm de raio, o qual faz a leitura da superfície com velocidade constante de 0,05 mm/s com força de 0,7 m/N. O valor cutoff foi fixo a 0,8 mm no filtro de Gauss. A rugosidade de superfície foi caracterizada pelo parâmetro de altura, Ra18. Três leituras foram realizadas em cada espécime no sentido oposto ao movimento de escovação que foi realizado, as quais foram consideradas as medidas de rugosidade de superfície controle (baseline). 4. Tratamento químico - Ciclagem de pH Após as medidas baseline de rugosidade de superfície, os espécimes foram imersos em soluções de desmineralização e remineralização, alternadamente. As amostras foram primeiro imersas em 5 mL de solução de desmineralização por 6h a 37°C, lavadas com água deionizada e armazenadas em solução de remineralização por 18 horas a 37°C 17 . 19 A solução de desmineralização foi composta de 2,0 mM de cálcio e 2,0 mM de fosfato em solução tampão de 74,0 mM de acetato em pH 4,3. A solução de remineralização foi composta de 1,5 mM de cálcio, 0,9 mM de fosfato e 150 mM de cloreto de potássio em solução tampão de 20 mM de TRIS (hidroximetilaminometano)17. Em seguida, os espécimes foram lavados em água deionizada e três leituras de rugosidade de superfície foram realizadas em cada corpo de prova, como descrito no item 3. Essas medidas foram consideradas rugosidade após ciclagem. 5. Análise da liberação de íons fluoreto Amostras de 4 mL das soluções de desmineralização e de remineralização de cada amostra foram coletadas. As medidas de leitura de íons fluoreto foram realizadas em duplicata, utilizando um eletrodo específico e um íon analisador (Orion EA-940, Orion Research, Boston, Mass., USA). Previamente as leituras, o aparelho foi calibrado com padrões de flúor nas concentrações de 0,015 a 0,7 mg F/ml. Para a leituras, 2 mL de cada solução foram dispensados em frascos individuais de plástico juntamente com TISAB III, o qual auxiliou na dissociação dos íons. Os dados de liberação de íons fluoreto foram em ppm de flúor. 6. Tratamento físico-mecânico - Teste de abrasão in vitro com escovas dentais Foram utilizadas 32 escovas dentais com cerdas macias e paralelas (Palmolive Ind. e Com. Ltda, S.B.Campo, SP, Brasil), sendo uma para cada espécime. Os cabos das escovas foram cortados, permanecendo somente a cabeça das mesmas, as quais foram coladas nos braços adaptadores da máquina de escovação com cola quente. A máquina de escovação do Laboratório de Materiais Dentários da FOP-UNICAMP possui 8 braços adaptadores de escovas dentais, os quais simulam a escovação simultaneamente no sentido “antero-posterior”. Após a ciclagem de pH, os mesmos espécimes foram inseridos individualmente em matrizes retangulares de acrílico (5 x 2 cm) da máquina de escovação, as quais possuem um orifício central com o mesmo diâmetro dos 20 espécimes (4 x 2 mm). As matrizes com os espécimes foram adaptadas nas cestas das máquinas, onde foi colocado o dentifrício Colgate (Palmolive Ind. e Com. Ltda, S.B.Campo, SP, Brasil)diluído em água destilada (3g:6mL). A escova dental, já presa no braço adaptador, entrou em contato com a superfície de cada espécime. O teste de abrasão com escovas dentais foi conduzido na máquina de escovação com 250 ciclos/minuto, com carga de 200 g, no total de 30,000 ciclos 13, o que corresponde a três anos de escovação 22. Após a abrasão, os espécimes foram lavados em banho de ultrassom (Ultrasonic Cleaner, model USC1400, Unique Ind e Com Ltda, São Paulo) com água destilada por 10 minutos e gentilmente secos com papel absorvente. Em seguida, três leituras de rugosidade de superfície foram realizadas em cada corpo de prova, como descrito no item 3. Essas medidas foram consideradas rugosidade após escovação. 7. Análise da superfície em microscopia eletrônica de varredura Uma amostra representativa de cada material, após os dois tratamentos, foi levada ao microscópio eletrônico de varredura (MEV) (Jeol JSM 5600 LV, Tokyo, Japan) para análise da superfície. Uma amostra adicional de cada material foi confeccionada, como descrito no item 2, para a obtenção de imagens da superfície inicial sem os tratamentos (controle). Cada amostra foi fixada em stub de latão, por meio de fita de carbono (#77816, Electron Microscopy Sciences), e posteriormente coberta com ouro pelo processo de metalização no metalizador (Balzers - SCD 050 sputter coater, Blazers Union Aktiengesellschft, Germany) para análise em MEV. Forma de análise dos resultados Os dados foram submetidos ao teste t pareado para analisar a diferença de rugosidade de superfície entre os tratamentos: sem tratamento (baseline), após escovação e após ciclagem de pH. O teste de ANOVA one way foi utilizado para 21 comparar as diferenças entre os materiais. Os testes de ANOVA e Tukey foram utilizados para analisar a liberação de íons fluoreto entre os diferentes materiais nas duas soluções. O nível de significância a 5% foi utilizado. 22 4. RESULTADOS Os resultados da rugosidade de superfície de acordo com os grupos e tratamentos realizados são descritos nas Tabelas (2 e 3) a seguir. Tabela 2. Análise da rugosidade de superfície (µm) para cada material após ciclagem de pH e escovação. Tratamento/ Material INICIAL ** CICLAGEM pH ESCOVAÇÃO Fuji IX * 0.15 ± 0.10 a 0.27 ± 0.20 b 1.10 ± 0.80 c Vitremer 0.20 ± 0.16 a 0.23 ± 0.08 a 1.04 ± 0.46 b Ketac N 100 0.14 ± 0.07 a 0.18 ± 0.12 a 0.68 ± 0.16 b Filtek Supreme 0.09 ± 0.03 a 0.11 ± 0.05 a 0.30 ± 0.15 b ** valores expressos em µm ± desvio padrão * comparação realizada em linha para cada material: letras iguais não diferem estatisticamente (p>0.05) (Teste T Student) Tabela 3. Análise da rugosidade de superfície (µm) entre os materiais no tratamento inicial, após ciclagem de pH e após escovação. 23 Tratamento/ Material INICIAL * CICLAGEM pH ESCOVAÇÃO Fuji IX * 0.15 ± 0.10 a 0.27 ± 0.20 a 1.10 ± 0.80 a Vitremer 0.20 ± 0.16 a 0.23 ± 0.08 a 1.04 ± 0.46 a Ketac N 100 0.14 ± 0.07 a 0.18 ± 0.12 a 0.68 ± 0.16 a,b Filtek Supreme 0.09 ± 0.03 a 0.11 ± 0.05 a 0.30 ± 0.15 b * valores expressos em µm ± desvio padrão. Comparação realizada em coluna entre os materiais: letras iguais não diferem estatisticamente (p>0.05) (ANOVA 1 critério) De acordo com a Tabela 2 pode-se observar que o ionômero de vidro convencional (Fuji IX) foi o único material que apresentou diferença estatisticamente significante na rugosidade de superfície após a escovação, sendo que o ionômero de vidro modificado por resina (Vitremer) e o nanoparticulado (Ketac N100), bem como a resina composta (Filtek) não apresentaram diferença estatística após a escovação. Este resultado pode ter ocorrido devido ao Fuji IX ser um cimento de ionômero de vidro convencional, o qual não possui em sua composição monômeros resinosos. Assim, ocorreu somente a reação de geleificação ácido-base, permanecendo a matriz de polissais e a matriz de sílica ao redor das partículas, a qual após a ciclagem de pH pode ter sofrido maior degradação pelo pH ácido da solução de desmineralização. Com a escovação realizada em seguida, essa matriz “mais amolecida” foi removida, levando a maior rugosidade de superfície. Os resultados da rugosidade do Fuji IX estão de acordo com as micrografias obtidas analisadas na Figura 1. Embora tenha existido diferença estatística para o cimento Fuji IX na rugosidade superficial entre os grupos inicial e após ciclagem (Tabela 2), não foi observada diferença na morfologia de superfície nas micrografias inicial (Fig. 1A) e após ciclagem de pH (Fig. 1B) para este material. Porém na micrografia após a escovação (Fig. 1C) ocorreu a degradação da matriz e protrusão das partículas de carga em decorrência do desgaste realizado. 24 A B C Figura 1. Micrografias em microscópio eletrônico de varredura das amostras do cimento Fuji IX. A. amostra inicial, sem tratamento; B. amostra após ciclagem de pH; C. amostra após escovação. Note a degradação da matriz e a protrusão das partículas de carga após a escovação. O desgaste das matrizes de polissais e resinosa, bem como a protrusão das partículas, após a escovação ocorreu também para os outros materiais (Figuras 2, 3 e 4), corroborando com outros estudos citados na literatura (Momoi et al, 1997; Xie et al, 2000; Carvalho et al., 2008). A morfologia de superfície dos materiais Vitremer, Ketac N100 e Filtek Supreme, analisadas em microscopia eletrônica de varredura, das amostras inicias e após a ciclagem não apresentaram diferença quanto à rugosidade (Figuras 2A e B; 3A e B; 4A e B). Estes resultados estão de acordo com os resultados de rugosidade superficial apresentados na Tabela 2, a qual mostra que não houve diferença estatística entre os valores de rugosidade inicial e após ciclagem para estes materiais. Embora Turssi et al., 2002 tenham mostrado em seu estudo que a ciclagem de pH durante 10 dias alterou a rugosidade superficial dos cimentos de ionômero de vidro, o modelo de ciclagem empregado no presente projeto (ciclagem de pH por 7 dias) não alterou a rugosidade de superfície dos materiais avaliados, exceto para o cimento Fuji IX. Talvez se o regime de ciclagem de pH fosse aumentado poderia ocorrer alguma alteração na rugosidade superficial do Vitremer, Ketac N100 e Filtek Supreme. A B C 25 Figura 2. Micrografias em microscópio eletrônico de varredura das amostras do cimento Vitremer. A. amostra inicial, sem tratamento; B. amostra após ciclagem de pH; C. amostra após escovação. Note a degradação da matriz e a protrusão das partículas de carga após a escovação. A C B Figura 3. Micrografias em microscópio eletrônico de varredura das amostras do cimento Ketac N100. A. amostra inicial, sem tratamento; B. amostra após ciclagem de pH; C. amostra após escovação. Note a degradação da matriz e a protrusão das partículas de carga após a escovação. Presença de Nanopartículas ( ) e nanoclusters ( A ). B C Figura 4. Micrografias em microscópio eletrônico de varredura das amostras do cimento Filtek Supreme. A. amostra inicial, sem tratamento; B. amostra após ciclagem de pH; C. amostra após escovação. Note a degradação da matriz e a protrusão das partículas de carga após a escovação. Presença de Nanopartículas ( ) e nanoclusters ( ). 26 Ao realizar a comparação entre os materiais após a escovação (Tabela 3) os cimentos Fuji IX e Vitremer apresentaram os maiores valores de rugosidade de superfície após a ciclagem e escovação. Entretanto, não houve diferença estatística nos valores de rugosidade de superfície entre os dois cimentos. A literatura é muito controversa quando se compara a rugosidade de superfície após a escovação entre os cimentos de ionômero de vidro convencionais e modificados por resina. Ora apresenta valores de rugosidade superiores para os cimentos convencionais, ora rugosidade superior para os cimentos modificados por resina (Iwami et al., 1994; de Gee et al., 1996; Peutzfeuld et al, 1997; Momoi et al, 1997; Frazier et al., 1998; Xie et al, 2000; Carvalho et al., 2008). Essa variação ocorre porque a rugosidade superficial desses materiais depende: da resistência inerente dos principais constituintes dos cimentos (matriz e partículas de vidro), do tamanho e forma das partículas de vidro, da adesão entre as partículas e a matriz, e também da reação de presa de cada material (Peutzfeuld et al, 1997). O cimento Ketac N100 apresentou valores intermediários de rugosidade de superfície após ciclagem e escovação, não diferindo estatisticamente dos cimentos Fuji IX e Vitremer, mas também, não diferindo da resina Filtek Supreme. A análise da morfologia de superfície pela microscopia eletrônica de varredura mostra a presença das nanopartículas e nanoclusters (junção das nanopartículas, formando partículas maiores) no cimento Ketac N100 e na resina Filtek Supreme (Figuras 3 e 4). Os resultados de rugosidade de superfície após a escovação (Tabela 3) estão de acordo com a morfologia de superfície apresentadas nas Figuras 1C, 2C, 3C e 4C, mostrando um desgaste mais homogêneo da matriz e menor tamanho das partículas de carga (nanopartículas) para Ketac N100 e Filtek (Figs, 3C e 4C), de modo que as partículas nanométricas deslocadas da matriz deixaram a superfície com defeitos e rugosidade menores comparados aos materiais com partículas de carga de maior tamanho (Vitremer e Fuji IX) (Mitra et al., 2003). Pode-se fazer a suposição de que como o cimento modificado por resina nanoparticulado apresenta em sua composição grande quantidade de monômeros (pasta A - PEGDMA (5–15%); HEMA (1–10%); Bis-GMA (<5%); TEGDMA (<5%); pasta B – HEMA (1-10%) comparado ao cimento modificado por resina Vitremer (18-20% HEMA) (dados obtidos de Coutinho et al., 2009 e Materials Safety Data Sheet –MSDS de cada material), o cimento Ketac N100 poderia apresentar uma matriz polimérica mais densa e cruzada que o 27 Vitremer, levando-o a possuir um desgaste intermediário entre os cimentos de ionômero de vidro e resina composta. Adicionado a este fato, a presença de nanopartículas também pode ter propiciado valor de rugosidade de superfície intermediário entre o Ketac N100, Vitremer e Filtek Supreme. Com a incorporação de nanopartículas, o Ketac N100 possui 69% de partículas de carga em sua composição (Coutinho et al., 2009). Com relação à liberação de fluoretos nas soluções de desmineralização (DES) e remineralização (RE), o Vitremer e Fuji IX apresentaram maiores valores de liberação tanto nas soluções DES, como RE, sendo que a solução DES apresentou maior liberação de íons fluoreto que a RE. Este fato é devido à presença de ácidos na solução DES, os quais degradam a superfície mais facilmente que na solução RE, propiciando maior liberação de íons fluoreto. Os resultados deste trabalho estão em acordo com os resultados de Marcovic et al., 2008, no qual o cimento Ketac N100 apresentou menor liberação de íons fluoreto que os outros cimentos de ionômero de vidro. Pode-se supor que a maior quantidade de monômeros resinosos em sua composição tenha dificultado a percolação de líquidos no material, diminuindo a liberação e movimentação dos íons fluoreto. O gráfico a seguir demonstra os valores de liberação de flúor em ppm dos materiais nas soluções DES e RE. 1,60 bA bA 1,40 1,20 bB abB 1,00 0,80 0,60 DE S aA RE aA 0,40 0,20 cA cA 0,00 K etac N 100 V itremer F uji F iltek s upreme Gráfico 1. Liberação de íons fluoreto das soluções de desmineralização (DES) e remineralização (RE) do primeiro e sétimo dia da ciclagem de pH dos materiais avaliados. Letras minúsculas realizam 28 a comparação entre os materiais nas duas soluções. Letras maiúsculas realizam a comparação entre as soluções para cada material (ANOVA e Tukey, p< 0,05). 29 DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA Foto 1: Amostras (n=10) de cimentos de ionômero de vidro e resina composta confeccionadas em matriz metálica (4x2mm) 30 Foto 2: Análise da rugosidade superficial das amostras em rugosímentro Surfcorder SE1700 (Kosaka Corp, Japão) 31 Foto 3: Ciclagem de pH em solução desmineralizante (6h) e em solução remineralizante (18h) durante 7 dias (Serra e Cury, 1992) 32 Foto 4: Abrasão por escovação com carga de 200g, 250 ciclos por minuto, totalizando 30.000 ciclos 33 Foto 5: Análise de fluoreto liberado das amostras nas soluções de desmineralização e remineralização em eletrodo específico (Orion EA-940) 34 5. DISCUSSÃO Avaliando os resultados obtidos, o cimento de ionômero de vidro convencional (Fuiji IX) foi o único que apresentou diferença estatisticamente significante na rugosidade de superfície após a escovação. Isso ocorreu pois não possui em sua composição monômeros resinosos, fazendo com que a sua matriz de polissais mais “amolecida” tenha sido removida com a escovação. Apesar desse dado, o Fuji IX , juntamente com o Vitremer, foram os materiais que mais apresentaram valores de liberação de fluoretos, tanto na solução de desmineralização quanto na de remineralização. Isso clinicamente é relevante no sentido de serem mais usados em pacientes com alta atividade de cárie, devido a liberação de flúor por um contínuo período de tempo. O cimento de ionômero de vidro nanoparticulado (Ketac N100) apresentou valores intermediários de rugosidade de superfície, não diferindo estatisticamente da resina Filtek Supreme. Esses dois materiais, por possuírem nanopartículas e nanoclusters, mostraram um desgaste mais homogêneo da matriz e menor tamanho das partículas de carga, de modo que as partículas nanoméricas deslocadas da matriz deixaram a superfície com defeitos e rugosidades menores que quando comparados aos materiais de partículas maiores (Fuji IX e Vitremer). Com base nesses resultados, pode-se concluir que as nanopartículas proporcionaram a esses materiais uma melhor característica superficial, diminuindo a rugosidade de superfície. Clinicamente isso é relevante pois acarreta na diminuição de bactérias que poderiam se aderir à superfície desses materiais. O cimento Ketac N100 apresentou menores valores de liberação de fluoretos, o que pode ser devido a maior quantidade de monômeros resinosos em sua composição, que pode ter dificultado a percolação do líquido no material, diminuindo a liberação e movimentação de íons fluoreto. 35 6. CONCLUSÃO De acordo com resultados deste estudo in vitro pode-se concluir que: O cimento Fuji IX foi o único material que apresentou diferença estatística nos valores de rugosidade de superfície entre a ciclagem de pH e a escovação simulada; Após ciclagem de pH e escovação, os cimentos Fuji IX e Vitremer apresentaram os maiores valores de rugosidade de superfície, o cimento Ketac N100 apresentou valores intermediários e a resina Filtek Supreme apresentou os menores valores. Vitremer e Fuji IX apresentaram os maiores valores de liberação de fluoretos e o Ketac N100 apresentou valores intermediários. A solução de desmineralização apresentou maior liberação de íons fluoreto que a de remineralização. 36 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Gladys S, Van Meerbeek B, Braem M, Lambrechts P, Vanherle G. Comparative physicomechanical characterization of new hybrid restorative materials with conventional glass-ionomer and resin composite restorative materials. J Dent Res 1997; 76: 883-94. 2. Momoi Y, Hirosaki K, Kohno A, McCabe JF. In vitro toothbrush-dentifrice abrasion of resin-modified glass ionomers. Dent Mater 1997; 13: 82-8. 3. Xie D, Brantley WA, Culbertson BM, Wang G. Mechanical properties and microstructures of glass-ionomer cements. Dent Mater 2000; 16: 129-38. 4. Croll TP, Nicholson JW. Glass ionomer cements in pediatric dentistry: Review of the literature. Pediatr Dent 2002; 24: 423-9. 5. Matis BA, Cochran M, Carlson T, Phillips RW. Clinical evaluation of early finishing of glass ionomer restorative materials. Oper Dent 1988; 13: 74-80. 6. Paulillo LA, Coradazzi JL, Lovadino JR, Serra MC. Staining of glass ionomer cements. Am J Dent, 1997; 10: 137-40. 7. Piwowarczyk A, Ottl P, Lauer HC, Büchler A. Laboratory strength of glass ionomer cement, compomers, and resin composites. J Prosthodont 2002; 11:86-91. 8. Mitra SB, Wu D, Holmes BN. An application of nanotechnology in advanced dental materials. J Am Dent Assoc. 2003;134:1382-90. 9. Anusavice P. Materiais Dentários. 11º Ed, Elsevier: Rio de Janeiro, 2005. 764p. 10. Peutzfeldt A, García-Godoy F, Asmussen E. Surface hardness and wear of glass ionomers and compomers. Am J Dent 1997; 10: 15-7. 11. De Gee AJ, van Duinen RNB, Davidson CL. Early and long-term wear of conventional and resin-modified glass ionomers. J Dent Res 1996; 75:1613-9. 12. Rios D, Honório HM, Araújo PA, Machado MAAM. Wear and superficial roughness of glass ionomer cements used as sealants after simulated toothbrushing. Pesqui Odontol Bras 2002;16: 343-8. 13. Carvalho FG, Fucio SB, Bolzan A, Correr GM, Sinhoreti MAC, PuppinRontani. Child toothbrush abrasion effect on ionomeric materials. J Dent Child 2008 in press. 37 14. Davis WB. The cleansing, polishing, and abrasion of teeth and dental products. J Cosmet Sci 1978;1:39-81. 15. Sakaguchi RL, Douglas WH, Delong R, Pintado MR. The wear of a posterior composite in an artificial mouth: A clinical correlation. Dent Mater 1986; 2: 235–240. 16. Buchalla W, Attin T, Hellwig E. Brushing abrasion of luting cements under neutral and acidic conditions. Oper Dent. 2000; 25(6): 482-7. 17. Turssi CP, de Magalhães CS, Serra MC, Rodrigues Júnior AL. Surface roughness assessment of resin-based materials during brushing preceded by pH-cycling simulations. Oper Dent. 2001; 26(6):576-84. 18. Turssi CP, Hara AT, de Magalhães CS, Serra MC, Rodrigues AL Jr. Influence of storage regime prior to abrasion on surface topography of restorative materials. J Biomed Mater Res B Appl Biomater. 2003; 65(2): 227-32. 19. Kantovitz KR, Pascon FM, Correr GM, Borges AF, Uchôa MN, Puppin-Rontani RM. Inhibition of mineral loss at the enamel/sealant interface of fissures sealed with fluoride- and non-fluoride containing dental materials in vitro. Acta Odontol Scand. 2006; 64:376-83. 20. Wiegand A, Buchalla W, Attin T. Review on fluoride-releasing restorative materials--fluoride release and uptake characteristics, antibacterial activity and influence on caries formation. Dent Mater 2007; 23:343-62. 21. Robertello FJ, Coffey JP, Lynde TA, King P. Fluoride release of glass ionomer-based luting cements in vitro. J Prosthet Dent 1999;82:172–6. 22. Goldstein GR, Lerner T. The effect of toothbrushing on a hybrid composite resin. J Prosthet Dent 1991;66:498 –500. 23. Markovic DLJ, Petrovic BB, Peric TO. Fluoride content and recharge ability of five glassionomer dental materials.BMC Oral Health. 2008 Jul 28;8:21. 24. Silva KG, Pedrini D, Delbem AC, Cannon M. Effect of pH variations in a cycling model on the properties of restorative materials. Oper Dent. 2007 JulAug;32(4):328-35. 25. 3. Garcez RM, Buzalaf MA, Araújo PA.Fluoride release of six restorative materials in water and pH-cycling solutions. J Appl Oral Sci. 2007 Oct;15(5):406-11. 38 26. 4. Turssi CP, Hara AT, Serra MC, Rodrigues AL Jr. Effect of storage media upon the surface micromorphology of resin-based restorative materials. J Oral Rehabil. 2002 Sep;29(9):864-71. 39
Documentos relacionados
Ionômero de Vidro
umedece e dissolve a camada externa das partículas do vidro do pó. O hidrogênio desloca os íons cálcio e alumínio que, por sua vez, reagem com o flúor formando fluoretos de cálcio e de alumínio. Co...
Leia maisCimentos de Ionômero de Vidro - Ortobrasil
- Tipo I: ionômeros indicados para a cimentação de elementos protéticos e bandas ortodônticas. A principal característica desses materiais é a sua fluidez que ocorre em função das partículas de vid...
Leia mais