Resposta
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FGV-EAESP – VESTIBULAR GRADUAÇÃO – FEV/2005 – PROVA LÍNGUA PORTUGUESA 1 QUESTÃO 1. (Peso: 4%) Que efeito provoca na narrativa o emprego das duas frases iniciais sem verbo? Resposta: O emprego das duas frases iniciais, sem verbo, dá ao leitor a visão imediata do ambiente em que a ação vai desenvolver-se: quieto, imóvel. QUESTÃO 2. (Peso: 8%) É freqüente associarmos o sol a renascimento, vida, alegria. O que Clarissa vê pela janela corresponde a essas associações ? Explique sua resposta usando elementos do texto. Resposta: Não corresponde a essas associações. O que Clarissa vê pela janela está relacionado com tristeza, pobreza, decadência: homem num grosso sobretudo cor de chumbo; cachorro magro, rapaz de pés descalços. Todos esses atributos afetam também o estado de ânimo de Clarissa. QUESTÃO 3. (Peso: 4%) Qual o significado de dos na expressão dos pequenos, na linha 16? Que palavra da frase tem seu sentido restringido por essa expressão? Resposta: Na expressão dos pequenos , dos indica partição, significa dentre os. A palavra que tem seu sentido restringido por essa expressão é quem. QUESTÃO 4. (Peso: 7%) Que trecho do texto é retomado pela palavra mas, na linha 18? Resposta: O trecho retomado por mas é o segundo período do texto: “Um grande silêncio no casarão”. QUESTÃO 5. (Peso: 7%) Em que consistem os convites traiçoeiros mencionados na linha 18 do texto? Resposta: Os convites traiçoeiros consistem particularmente na tentação de ir ao sótão. Num primeiro momento, a tentação atendia ao desejo de comer guloseimas e contrariava determinações de D. Clemência; noutro momento, atendia ao desejo de desvendar o mistério do primo Vasco, constituindo infração ao que os outros pudessem considerar como regras de comportamento socialmente aceitas. QUESTÃO 6. (Peso: 10%) FGV-EAESP – VESTIBULAR GRADUAÇÃO – FEV/2005 – PROVA LÍNGUA PORTUGUESA 2 No texto, ocorrem dois episódios em que uma chave assume papel importante. Quais são eles? Que semelhanças há entre eles? E que diferenças? Resposta: A chave da cozinha abria também a porta do quartinho do sótão. No primeiro No primeiro episódio, enfrentando a interdição do acesso ao lugar, Clarissa a utiliza, quando criança, para entrar no sótão e fartar-se com as guloseimas que D. Clemência lá guardava. Mais tarde, a chave poderia também servir-lhe para entrar no mesmo compartimento da casa e tentar desvendar o mistério do primo, que então lá morava. Assim, em ambas as vezes, penetrar no sótão satisfaria a curiosidade de Clarissa. Os pontos semelhantes são vários: o sótão é o mesmo; nos dois casos, ele está vazio; antes e depois, ocorre a tentação de ir lá; utiliza-se a chave, em ambas as ocasiões. Ocorrem também várias diferenças. Primeiramente, a idade de Clarissa, menina e moça. Depois, o móvel da sua curiosidade: antes interessada nos doces, mais tarde maliciosamente interessada no mistério de Vasco. Depois, ainda, o tipo de sanção que a infração poderia desencadear: tomar umas palmadas num momento, ser malfalada no outro. QUESTÃO 7. (Peso: 2%) Na linha 29, a que tipo de claridade o texto faz alusão? Resposta: A claridade a que o texto alude consiste em ter uma grande idéia para chegar à solução de um problema. No texto, recordando que a chave da cozinha servia na porta do sótão, Clarissa percebe que pode ter acesso ao quarto de Vasco. QUESTÃO 8. (Peso: 7%) Na linha 30, quem diz que o quarto de Vasco fica no sótão? Explique. Resposta: Admitiu-se mais de uma resposta. Por exemplo: - Trata-se de um pensamento de Clarissa. Ela se dá conta disso quando se recorda do episódio da infância. - Por se tratar de uma construção em discurso indireto livre, que tem a ambigüidade como uma de suas características, é difícil distinguir se o emissor da frase é o narrador ou se é a personagem pensando. QUESTÃO 9. (Peso: 7%) No final do texto, parece ocorrer um diálogo. Qual é ou quais são as personagens desse diálogo? Explique. Resposta: FGV-EAESP – VESTIBULAR GRADUAÇÃO – FEV/2005 – PROVA LÍNGUA PORTUGUESA 3 Trata-se de Clarissa, que dialoga consigo mesma. Ela reflete, dividida entre, de um lado, a vontade de atender ao seu desejo de desvendar o mistério de Vasco e, de outro lado, o receio de enfrentar as prováveis reprovações à sua conduta. QUESTÃO 10. (Peso: 6%) Transcreva a frase da linha 2, mas coloque antes de sol a expressão dias de . Se necessário, faça adaptações. Resposta: Faz dias de sol, depois de uma semana de dias sombrios e úmidos. QUESTÃO 11. (Peso: 4%) No quarto parágrafo, é possível acrescentar uma preposição combinada com um artigo. Qual é a com binação? Em que frase ela pode aparecer? Justifique. Resposta: A combinação é da (de mais a). Ela pode aparecer depois da palavra sobretudo, na frase: “Na frente da farmácia está um homem metido num sobretudo da cor de chumbo”. A preposição de se justifica porque se trata de uma locução adjetiva, que deve iniciarse por preposição. O artigo a se justifica porque o substantivo feminino singular cor o aceita. A combinação existe, mesmo quando subentendida. Aceitou-se também a resposta que incluía pela, após o verbo atravessar. QUESTÃO 12. (Peso: 5%) Em “...e depois se volta para dentro do quarto.” (L. 9), se o narrador, em vez de se volta, tivesse usado entra, como ficaria a frase? Que fato lingüístico nela ocorreria? Resposta: A frase assumiria a seguinte forma: “...e depois entra para dentro do quarto”. O fato lingüístico que ocorreria seria o pleonasmo vicioso, já que entra pressupõe para dentro. QUESTÃO 13. (Peso: 5%) Na linha 15, por que proibido está no masculino singular? Resposta: O sujeito de era proibido é entrar lá, portanto um sujeito oracional. Quando o sujeito é oracional, o verbo da oração principal deve ficar na terceira pessoa do singular – e o predicativo que a ele se refira deve ficar no masculino singular. Esse é o caso de proibido. Pode-se também entender era proibido como verbo na voz passiva. Nesse caso, do mesmo modo, sendo o sujeito oracional, o particípio assume a forma masculina singular. FGV-EAESP – VESTIBULAR GRADUAÇÃO – FEV/2005 – PROVA LÍNGUA PORTUGUESA 4 QUESTÃO 14. (Peso: 6%) a) Na linha 19, o que justifica o uso de preposição após o verbo lembrar? b) Transcreva a frase, mas utilize outra regência do verbo lembrar admitida pela norma culta. Resposta: a) Na linha 19, o verbo lembrar é pronominal; nesse caso, segundo sua regência, é transitivo indireto e exige a preposição de. b) A transcrição da frase, com outra regência de lembrar, seria “Lembrou que a chave da porta da cozinha servia no quartinho do sótão”. Seria possível, também, outra construção, menos usual hoje: “Lembroulhe que a chave da porta da cozinha servia no quartinho do sótão”. QUESTÃO 15. (Pe so: 4%) Qual a diferença de sentido entre a princípio (L. 23-24) e em princípio? Resposta: A princípio significa na fase inicial, inicialmente, no início. Em princípio significa de maneira geral, sem entrar em casos concretos, antes de tudo, em tese, em teoria. QUESTÃO 16. (Peso: 8%) Observe as palavras escuridão perfumada, na linha 25 do texto. Identifique e explique o recurso estilístico utilizado nesse caso. Resposta: Ocorre, nesse caso, a sinestesia, que consiste no cruzamento de pelo menos dois dos cinco sentidos humanos: tato, olfato, visão, audição, paladar. No caso, entrecruzam-se os sentidos da visão (escuridão) e do olfato (perfumada). QUESTÃO 17. (Peso: 6%) Observe a frase Comeu muito, na linha 27. Agora observe a frase Comeu pipocas. Que diferenças de sentido e de regência há entre as duas ocorrências do verbo comer? Resposta: No que se refere à regência, tem -se o seguinte: no primeiro caso, o verbo comer é intransitivo, utilizado sem objeto, com sentido completo, modificado pelo advérbio de intensidade muito; no segundo, o verbo é transitivo direto, pois há um alvo da ação, um objeto direto: pipocas. Quanto ao sentido, não há diferença; em ambos os casos, significa ingerir alimento. Percebe-se, porém, que, no primeiro caso, o foco da declaração está na ação de comer e FGV-EAESP – VESTIBULAR GRADUAÇÃO – FEV/2005 – PROVA LÍNGUA PORTUGUESA 5 na intensidade, expressa pelo advérbio muito; no segundo caso, o foco da declaração está na ação de comer e no alvo dessa ação: pipocas .