Kuwait
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Kuwait
CONFISSÕES RELIGIOSAS ● Muçulmanos 85.2% ● Cristãos 11.1% Católicos 7.5% / Ortodoxos 0.7% / Protestantes 2.9% ● Hindus 3.5% ● Outros 0.2% SUPERFÍCIE 17.818 Km² POPULAÇÃO 3.582.054 DESALOJADOS 335 REFUGIADOS --- KUWAIT KUWAIT De acordo com a Constituição, o Islão é a religião do Estado e a “sharia será a principal fonte de legislação” (Artigo 2). Adoptada em 1962, a Constituição alega que não é discriminatória. O Artigo 29 diz: “Todas as pessoas são iguais em dignidade humana e em direitos e deveres públicos perante a lei, sem distinção de raça, origem, língua ou religião.” O Artigo 35 afirma que “A liberdade de crença é absoluta. O Estado protege a liberdade de praticar a religião de acordo com os costumes estabelecidos, desde que isso não entre em conflito com políticas públicas ou a moral.” Desde 1968, o Kuwait tem tido relações diplomáticas com a Santa Sé ao nível das embaixadas. A 6 de Maio de 2010, o Papa Bento XVI recebeu pela primeira vez o Emir do Kuwait, o Xeque Sabah Al Ahmad Al Jaber Al Sabah, que também se encontrou com o Cardeal secretário de Estado Tarcisio Bertone. A promoção do diálogo inter-religioso esteve entre os assuntos por eles discutidos. Foram também tidas em consideração a contribuição importante para a sociedade do Kuwait da minoria cristã substancial do país e das suas necessidades específicas.1 Dificuldades que as minorias cristãs enfrentam De tempos a tempos, as minorias cristãs são confrontadas com dificuldades causadas por decisões dos tribunais ou decisões administrativas. Por exemplo, a 30 de Novembro de 2010, o Tribunal de Cassação apoiou uma decisão de um tribunal de menor instância de não permitir que um jovem muçulmano se convertesse ao Cristianismo para mudar a religião na sua certidão de nascimento, porque considerou que o pedido era uma violação das leis de apostasia. Por duas vezes seguidas, a 27 de Outubro e a 3 de Dezembro de 2010, o Conselho Municipal da Cidade do Kuwait rejeitou um pedido do Ministério dos Negócios Estrangeiros de aprovar a construção de uma nova igreja católica greco-melquita nos arredores da cidade. A comunidade xiita também viu pedidos semelhantes serem recusados pelas autoridades municipais.2 A mobilização de radicais muçulmanos é um perigo ainda maior, porque eles querem mudar as leis do país “para preservar a identidade da sociedade e os seus valores islâmicos, para trabalhar de acordo com os princípios da igualdade, introduzir propostas de lei Gabinete de Imprensa do Vaticano, 6 de Maio de 2010 1 AsiaNews, 5 de Novembro de 2010 2 287 KUWAIT 288 inspiradas pelo Islão”, segundo o manifesto do grupo parlamentar islamista recentemente criado, ‘al-Adala Bloc’ (Grupo de Justiça). A 16 de Fevereiro de 2012, o partido anunciou que iria apresentar uma proposta de lei para proibir a construção de igrejas e outros locais de culto não islâmicos no país. A proposta veio do deputado Osama al-Munawer, que inicialmente tinha anunciado a sua intenção de apresentar uma lei para a remoção de todas as igrejas no país, mas mais tarde explicou que a lei apenas afectaria a construção de novas igrejas. A proposta, apoiada por alguns deputados, foi motivada pelo facto de que “o Kuwait já tem demasiadas igrejas em relação à minoria cristã do país”. Após ouvir falar na recente concessão de uma licença para construir uma nova igreja em Jleeb Al-Shuyoukh, outro deputado islâmico, Mohammad Hayef, disse que a medida “é um erro da parte do Ministério dos Assuntos Islâmicos” e “que não passará despercebida”. Estas declarações deram origem a fortes protestos na sociedade civil e entre outros líderes políticos que vêem a proposta de lei anti-igrejas como inconstitucional, uma vez que a Constituição do Kuwait protege a liberdade religiosa para todos os seus cidadãos e residentes. Perante a situação, o deputado Faisal al-Duwaisan apresentou uma proposta de lei que incrimina o incitamento ao ódio. “A Constituição reconhece claramente a liberdade religiosa e o direito de cada um a praticar as suas crenças religiosas”, disse o advogado e deputado Nabeel Al Fadhel. Os governantes do Kuwait, referiu, sempre apoiaram a liberdade religiosa. A Sociedade de Direitos Humanos do Kuwait (KHRS) considerou deplorável “o comportamento irresponsável que cria tensão e ódio entre os cidadãos”, acrescentando que o Kuwait deve permanecer como um país que cria segurança e tolerância para todos os cidadãos e residentes.3 A questão teve repercussões internacionais quando uma delegação do Kuwait perguntou ao Grande Mufti da Arábia Saudita, Abdul-Aziz bin Abdullah Al Sheikh, se era legal ter igrejas no Kuwait. Na sua resposta inicial, o Grande Mufti disse que era “necessário destruir todas as igrejas da região”. Confrontado com os protestos, esclareceu que quando disse “região” tinha “apenas” querido referir a Península Arábica. A sua decisão baseia-se num famoso (mas controverso) hadith atribuído a Maomé que dizia: “Não pode haver duas religiões na Península [Arábica]”.4 A comunidade católica, liderada pelo Bispo Camillo Ballin, tem uma grande catedral na cidade do Kuwait dedicada à Sagrada Família e quatro outras igrejas, nomeadamente Santa Teresa, Nossa Senhora da Arábia, S. Daniel Comboni e uma igreja greco-católica, situadas respectivamente em Salmiya, Ahmadi, Jlib al-Shuyukh e Salwa. O Bispo Ballin é membro do Conselho das Relações Islâmico-Cristãs (ICRC), criado pela minoria xiita do Kuwait mas aberto a cristãos, xiitas e sunitas. “Um dos objectivos do Conselho é propor leis que promovam o respeito pelos valores promovidos pelas duas religiões” disse o Mons. Ballin. 3 Agência Fides, 24 de Fevereiro de 2012. 4 AsiaNews, 21 de Março de 2012. Taqrib News Agency (TNA), 22 de Novembro de 2011. 5 KUWAIT A 21 de Novembro de 2011, o ICRC participou num fórum no Centro para o Diálogo Inter-religioso de Teerão, organizado pela Organização para a Cultura e Relações Islâmicas (Iranianas). O assunto de discussão foi a ‘Cooperação entre muçulmanos e cristãos – da Fé Comum à Acção Comum’. A delegação do Kuwait incluiu o presidente do ICRC, Dr. Zuhair al-Mahmeed, o Pastor Ammanuil Gharib, o Bispo Camillo Ballin e quatro outros membros. No dia seguinte, a mesma delegação participou num simpósio na cidade santa xiita de Qom sobre ‘Cooperação entre muçulmanos e cristãos no Médio Oriente: Desafios e Perspectivas’.5 289