acesso - Associação Médica Fluminense

Transcrição

acesso - Associação Médica Fluminense
Benito Petraglia
Presidente da AMF
Capa: Foto Luiz Sérgio Alves Galvão
Expediente
Associação Médica Fluminense
Avenida Roberto Silveira, 123 - Icaraí
Niterói - RJ - CEP 24230-150
Tel.: (21) 2710-1549
Diretoria da Associação Médica
Fluminense
Gestão: 2011-2014
Presidente: Benito Petraglia
Vice Presidente: Gilberto Garrido
Junior
Secretário Geral: Ilza Boeira Fellows
Primeiro Secretário:
Christina Thereza Machado Bittar
Primeiro Tesoureiro: Gustavo Emílio
Arcos Campos
Segundo Tesoureiro: José Emídio
Ribeiro Elias
Diretor Científico: Valdenia Pereira
de Souza
Diretor Sócio Cultural: Zelina Maria
da Rocha Caldeira
Diretor de Patrimônio:
Luiz Armando Rodrigues Velloso
Conselho Editorial da Revista da
AMF
Benito Petraglia
Felipe Carino
Gustavo Campos
Heraldo Victer
Conselho Deliberativo
Membros Natos
Alcir Vicente Visela Chacar
Era uma vez um hospital em que
os pacientes e seus familiares conheciam seus médicos, enfermeiros e funcionários pelos nomes; havia recursos
financeiros suficientes para garantir
serviços perfeitos em alimentação, lavanderia, medicamentos e materiais cirúrgicos. A resolutividade e qualidade
médica eram reconhecidas e permitia
haver um aprendizado científico com
um dos melhores serviços de residência em cirurgia geral, com inúmeros
trabalhos científicos apresentados em
congressos. Muitos cirurgiões formados nesse hospital estão, hoje, espalhados pelo Brasil inteiro. Esse hospital
localiza-se no Barreto, bairro limítrofe
entre Niterói e São Gonçalo. É o Hos-
pital Orêncio de Freitas. Hoje ele está
morrendo! A causa, entre outras, é
a crônica falta de recursos financeiros que lentamente estão asfixiando
o hospital. Hoje observamos que a
transferência de sua administração
para a esfera municipal foi um erro,
e devemos lutar para que isto seja revertido. Por isso solicitamos ao Exmo
Sr Ministro da Saúde, Dr. Alexandre
Padilha que o Hospital Orêncio de
Freitas seja refederalizado. Os governos devem devolver para a sociedade
a exorbitante quantidade de impostos
arrecadados, em forma de serviços em
segurança, educação e, principalmente, saúde. O sonho é possível, depende de nossa mobilização.
Alkamir Issa
Aloysio Decnop Martins
Celso Cerqueira Dias
Flávio Abramo Pies
Glauco Barbieri
Luiz José Carneiro de Souza Lacerda Neto
Miguel Angelo D’Elia
Waldenir de Bragança
Membros Efetivos
Amaro Alexandre Neto
Antonio Carlos da Silva Navega
Antonio Orlando Respeita
Ary Cesar Nunes Galvão
Carlos Umberto Coelho de Souza
Carmine Masullo
Eliane Bordalo Cathalá Esberard
Flávio Nogueira de Oliveira
Graziella Bard de Carvalho
Laurinei Muniz da Cunha
Maria da Conceição Farias Stern
Paulo Roberto Visela Chacar
Pedro Ângelo Bittencourt
Raquel Elias Cozendey
Rodrigo Schwartz Pegado
Membros Suplentes
Alessandra Sant’Anna de Miranda
Ana Cristina Pereira Dantas
Anadeje Maria da Silva Abunahman
Andre Luiz Carvalho Vicente
Carlos Alberto de Oliveira Cordeiro
Carlos Roberto Ferreira Jardim
Cristina Pereira Veloso
Clóvis Abrahim Cavalcanti
Emanuel Decnop Martins Junior
Frederico de Souza Pena
Jose Antonio Bernardino de Oliveira
José de Moura Nascimento
Paulo Cesar Santos Dias
Roberto Wermelinger da Silva
Washington Barbosa de Araújo
Conselho Fiscal
Membros Efetivos
Felipe de Souza Carino
Fritz Alfredo Sanchez Cardenas
Nédio Mocarzel
Membros Suplentes
Abrahão Malbergier
Kathya Elizabeth M. Teixeira
Leila Rodrigues Azevedo e Silva
Editorial
Salvem o Orêncio
Ano VIII - nº 50 - Mar/Abr - 2012
Produzida por LL Divulgação Editora
Cultural Ltda.
Redação e Publicidade
Rua Lemos Cunha, 489 - Icaraí - Niterói - RJ Tel/
Fax: 2714-8896 - www.lldivulga.com.br
e-mail: [email protected]
Diretor Executivo - Luthero de Azevedo Silva
Diretor de Marketing - Luiz Sergio Alves Galvão
Editor: Verônica Martins Oliveira
Reg. Mtb RJ 23534 JPMTE
Projeto Gráfico: Luiz Fernando Motta
Coordenação: Kátia Regina Silva Monteiro
Gráfica: Grupo Smart Printer
Fotos: acervo AMF
Supervisão de Circulação:
LL Divulgação Editora Cultural Ltda
Os artigos publicados nesta revista são de
inteira responsabilidade de seus autores, não
expressando, necessariamente, a opinião da LL
Divulgação e da AMF.
“País rico é país sem corrupção e impunidade”
3
Sumário
Matéria de Capa
Mundo Corporativo/
UNIMED
Pág. 20
Crônica
Entrevista com
Dr. Amaro Alexandre Neto
Casos e causos
Pág. 22
Perfil
Herbert Praxedes
Pág. 06
Hospital Orêncio de Freitas na luta pela sobrevivência
ACAMERJ
Meio século
Jubileu de
Ouro da Turma
de 1961
Formação
médica:
um tema
preocupante
Pág. 14
Pág. 10
Hinos
Viagem Inesquecível
Informática
A “linha de comando”
do Google Search®,2
Curiosidades
Pág. 24
Ponto de
Encontro
Pág. 08
Pág. 23
Santiago de Compostela
Pág. 26
Livro em Foco
O espetáculo mais triste
da Terra
Pág. 28
Tribuna Livre
Esperando dias melhores
Dia a dia da diretoria /
Saúde
Quem é quem
Pág. 11
Pág. 16 Enofilia
Geografia do Vinho:
França
Pág. 30
Medicina na Arte
Liga Acadêmica
A história das Ligas
Acadêmicas
Pág. 32
Pág. 12
4
Abaixo a barriga
Agenda Cultural
Pág. 19
Pág. 36
Matéria de Capa
Hospital Orêncio de Freitas
na luta pela sobrevivência
O
Hospital Municipal Orêncio de Freitas tem uma longa trajetória de eficiência no atendimento
à população de Niterói. Construída entre 1930 e 1940, no bairro do Barreto, em Niterói, a
unidade hospitalar sempre foi referência em cirurgias de maior complexidade, entre elas, a geral,
gastroenterológica de parede abdominal, urológica, ginecológica, coloproctológica, vascular,
reparadora.
Com a municipalização, em 1992, quando o governo federal cedeu o Orêncio de Freitas para a Prefeitura
de Niterói, iniciaram-se os problemas do hospital, que, desde então, vem sobrevivendo em uma curva
descendente. Desde o ano passado, existe um movimento, apoiado apelas categorias representativas da classe
médica, de federalização da unidade, já que a mesma apresenta deficiência de recursos humanos e financeiros.
Em entrevista o seu diretor, o médico Amaro Alexandre Neto, alertou para os problemas enfrentados pelo HOF.
Revista AMF: Qual a situação atual
do Hospital Orêncio de Freitas?
Dr. Amaro Neto: O hospital é municipal porque pertence à Prefeitura,
mas no que se refere ao atendimento
à população este se comporta como
regional, pois recebe pessoas vindas
6
de vários municípios da Região Metropolitana, como, Rio Bonito, Maricá,
Tanguá e Silva Jardim. Como os moradores dessas regiões não têm um hospital especializado, eles acabam vindo para o Orêncio de Freitas. Então,
a Prefeitura de Niterói tem que arcar
com todo esse ônus. No momento,
nós estamos tentando fazer um consórcio com esses municípios para conseguir manter o hospital, além da tentativa de federalização em função da
sua característica principal de atender
às cirurgias mais complexas. Trata-se
Dr. Amaro Alexandre Neto
de um hospital muito caro e as Prefeituras precisam cuidar do atendimento mais básico, através dos postos de
saúde.
Revista AMF: E como está o processo
de federalização?
Dr. Amaro Neto: A federalização do
hospital já foi tentada. O Orêncio de
Freitas era do INAMPS, porém, com a
sua extinção passou para o Ministério
da Saúde, onde nós estivemos algumas vezes. No entanto, a informação
que obtivemos é de que não há interesse do Ministério de Saúde em pegar
nenhuma unidade de volta. Além disso, outras alternativas foram estudadas, inclusive, junto à Prefeitura, sem
nenhum efeito.
Revista AMF: Hoje, qual é a estrutura
do hospital?
Dr. Amaro Neto: Atualmente, o
Orêncio de Freitas conta com 60 leitos, mas, na realidade, apenas 30 são
utilizados devido a falta de recursos.
Com a aposentadoria de vários funcionários que pertenciam ao governo
federal, a Prefeitura foi contratando
novos profissionais, porém, trata-se de uma estrutura muito cara. O
contingente que se encontra hoje no
hospital permite atender apenas 30
leitos de Enfermaria e 10 de Unidade
Intermediária, mais quatro de CTI. No
passado, nós chegamos a ter até 72
leitos, quando a unidade pertencia ao
governo federal.
Revista AMF: Qual a principal característica do Orêncio de Freitas?
Dr. Amaro Neto: Trata-se de um hospital de urgência referenciada. Você
tem, por exemplo, um paciente com
uma doença inflamatória do abdô-
men, como uma pancreatite, na qual
exige uma operação com urgência. O
médico deste paciente liga para o hospital e, caso exista algum leito vago,
ele poderá ser operado. Esse tipo de
cirurgia eletiva era feita apenas no
Orêncio de Freitas, mas em função
da incapacidade de atender às necessidades do município, realidade esta
de outras unidades, como o Hospital
Universitário Antônio Pedro, a situação vem se complicando.
Revista AMF: Atualmente, quantas
pessoas aguardam por uma cirurgia
no Orêncio de Freitas?
Dr. Amaro Neto: Cerca de duas mil
pessoas aguardam por uma cirurgia,
por exemplo, de vesícula, de estômago e de hérnia, esta última realizada
sempre com grande sucesso no hospital. Hoje existem outras especialidades
na unidade, como a ginecologia, urologia e cirurgia vascular. Todas também com longas filas de espera.
Revista AMF: A despeito da crise,
quais são as últimas realizações da diretoria à frente do hospital?
Dr. Amaro Neto: Foi implantado
um serviço de Ouvidoria, seguindo as
orientações da Rede Assistencial, assim como um Conselho Gestor, que
tem por objetivo buscar a maior integração entre a direção, funcionários e
comunidade. Porém, é necessário ressaltar práticas de destaque no Orêncio
de Freitas como a de desenvolver a humanização de seus pacientes, que se
concretiza através do Núcleo de Ostomizados, grupo informativo feito pelo
Serviço Social da unidade.
Revista AMF: O que representa o
Hospital Orêncio de Freitas para o município de Niterói?
Dr. Amaro Neto: Além de ser considerado um hospital de referência no
acompanhamento de pacientes com
patologias mais complexas, também
tem como componentes essenciais, o
ensino e a pesquisa, influenciando positivamente a formação acadêmica e
social. No passado, sua residência médica era considerada uma grande escola de futuros cirurgiões, que agora
encontra-se desativada por força das
circunstâncias vividas pelo hospital.
7
Acamerj
Meio século- Jubileu de Ouro
da Turma de 1961
Alcir Vicente Visela Chácar*
C
onvidado pelo brilhante colega Luiz Rogério Pires de
Mello para que durante a
solenidade de homenagem
do CREMERJ aos médicos jubilados
fosse eu o representante de nossa turma junto aos meios de comunicação,
estremeci. Logo eu?! Aquele telefonema que inicialmente me levava à recusa pelas limitações no dom da oratória me jogava no labirinto do túnel
do tempo. E instintivamente comecei
a escrever: “Quis a gentileza dos meus
colegas que fosse eu o intérprete dos
seus sentimentos.” Essas palavras rebuscadas de saudosismo foram recitadas por mim ao iniciar o meu primeiro
discurso como orador da quarta série
ginasial, mas redigido pelo meu tio, o
Dr. João da Silva Vizela – o médico dos
pobres - assim chamado em Niterói
e especialmente no bairro do Barreto. Médico que fazia da medicina um
sacerdócio e que queria perpetuar na
família um legado e, para tanto fora
buscar no seio de minha família de 6
irmãos, numa cidadezinha do interior
do estado, um sobrinho de 12 anos
de idade que ouvira dizer que desejava ser médico. Médico? Mas como,
se nem o grupo escolar o pai podia
pagar?
Arrancado e trazido para a cidade grande, o Jeca que até hoje ainda
guarda os seus hábitos e palavreados
8
interioranos, estava ali, lendo o seu
primeiro discurso feito para ele e, ao
escrever este intróito de um passado
de 60 anos atrás, busco homenagear
primeiramente ao meu tio que me fez
médico. Gesto este que deu início a
um legado de um filho médico e 14
sobrinhos também médicos...
Mas hoje preciso falar dos meus
colegas da turma de 61 e gostaria de
fazê-lo como um recado de esperança e otimismo para os jovens médicos
- ou futuro médicos, se preferirem para agirem com integridade, com
amor e respeito a seus clientes, como
seus semelhantes e, com a certeza de
que nesta profissão nem sempre o reconhecimento pelos seus atos de amor
e dedicação será recebido de imediato, mas servirão por certo como exemplo para os seus filhos e descendentes,
como o fizera o Medico Dr. João da
Silva Visela e como o fazem os da turma de l961, hoje homenageados.
Desde o nosso trote de calouros,
inovando e buscando a integridade e
o respeito aos direitos humanos numa
revolta realizada no Rio de Janeiro,
após atravessar a Baia da Guanabara de barcas para protestar contra os
paraquedistas - assim chamados na
época os alunos que, para evitar o
vestibular, se matriculavam em países
vizinhos e depois pediam transferência para faculdades no Brasil; fato que
hoje observamos novamente ocorrendo.
Vivemos seis anos juntos e as imagens me vêm à mente como num filme
do nosso saudoso colega José Cerbino
Filho. Tenho certeza de que essa tur-
ma de 61 é e sempre será considerada como uma das mais dedicadas ao
saber e dos mais altos gabaritos que
a medicina criou na hoje reconhecida
Universidade Federal Fluminense. E a
emoção que trazemos no peito jubiloso devemos também agradecer a estes
dirigentes do CREMERJ que, além da
luta diária pela causa médica, em um
esforço Hercúleo de busca pela medicina-saúde, ainda têm tempo de lembrarem o jubileu de colegas, buscando em todos os fronts a valorização
da medicina. Por isso, não sei se hoje
homenageados estamos ou devemos
homenagear.
Já disseram: o reconhecimento é
a memória do coração, mas a vida do
médico, nem sempre é acompanhada
com o reconhecimento. Nem sempre
suas vitórias e conquistas serão acompanhadas de triunfo. Na maioria das
vezes é comemorada no silêncio das
madrugadas à beira dos leitos de um
hospital ou mesmo nas salas fechadas
dos consultórios. Uma profissão que
apesar dos percalços, é divina, bela,
nobre, e cheia de emoções e tragédias, e nela vive o médico, intensa e
estressantemente. Daí a lembrança
da escritora Dinah Silveira de Queiroz:
tratando dos outros eles se matam.
Aos que se foram, lembranças que
ficam. Aos jubilados os nossos cumprimentos, agradecendo antes a Deus
pelo caminho percorrido.
*Ex-presidente da Associação Médica
Fluminense, Presidente da Academia
de Medicina do Estado do Rio de Janeiro - ACAMERJ
Informática
D
ando continuidade ao artigo
anterior, vamos explorar mais
algumas potencialidades da
linha de comando do mecanismo de buscas do Google
(Google Search®,1), através de exemplos.
Ronaldo Curi Gismondi*
Obtendo a hora exata em qualquer
parte do mundo:
Utiliza-se o comando time, seguido
do nome de uma cidade, de preferência
tudo em inglês, embora se possa inserir
o nome da cidade em português. A título de treinamento, o usuário poderá
abrir o seu navegador e chamar o endereço www.google.com, inserindo a
seguinte expressão na janela de busca:
time Amsterdam, quando então aparecerá o resultado, indicando a hora local
naquela cidade, conforme a Figura 1.
Convertendo moedas:
A Figura 2 mostra o resultado do
buscador à expressão “1 usd in real”
(sem as aspas). Na realidade, deverá
funcionar, também, com a expressão 1
usd em reais. A abreviatura usd se refere ao dólar norte-americano. Outras
moedas devem ser utilizadas, a título de
exercício para o leitor.
Obtendo o tempo e temperatura,
em qualquer parte do Mundo:
Digite a expressão weather in Orlando, e observe o resultado. Fantástico,
não? Teste o mecanismo com outras cidades. Observe a Figura 3.
Traduzindo palavras, de um idioma
para outro:
Utilize a seguinte sintaxe: translate
<palavra-a-traduzir> <idioma-de-origem-da-palavra> to <idioma-para-tradução>, sendo que os idiomas devem
ser escritos em inglês, como no exemplo
da Figura 4.
Bem, por hoje é só. Boa navegação
e até o próximo número.
Referência Bibliográfica:
1. GOOGLE SEARCH®. [online] Disponível na Internet via WWW. URL:
http://www.google.com, março de
2012.
Observação: todas as marcas e produtos eventualmente citados são de
propriedade de seus respectivos fabricantes, editores ou detentores.
Endereço do Autor: Ronaldo Curi
Gismondi – [email protected]
*Médico e Membro Titular da Academia
Fluminense de Medicina.
10
A “linha de comando”
do Google Search®,1 II
Figura 1. Hora local em Amsterdam
Figura 2. Conversão de 1 dólar em Reais.
Figura 3. Tempo e temperatura em Orlando, FL, EUA.
Figura 4. Traduzindo o termo medicine, do inglês para o português.
Valores
Ética
Responsabilidade Socioambiental
Credibilidade
Integração
Profissionalismo
Felicidade
A
Nessa oportunidade também foram definidas as metas e
plataforma de trabalho até 2014.
1. Revitalização do hall da entrada: pintura da sede
2. Reestruturação da parte elétrica e hidráulica
3. Grade de proteção na frente da sede
4. Atingir 1000 sócios pagantes
5. Melhorias estruturais do salão nobre
6. Troca do revestimento da sala 1 e elevador monta carga para o salão nobre.
7. Criação do museu de Medicina, Calçada do Médico e Espaço Memória AMF.
8. Melhora dos atuais contratos com inquilinos
9. Criação de clube de benefícios
10. Reforma de estatuto e criação do sócio jurídico
11. Criação de comitês de especialidades e cursos de pós-graduação latu sensu
12. Assistência jurídica subsidiada
13. Criação da Revista Fluminense de Medicina e incremento das atividades
científicas
14. Maior participação em atividades na comunidade
15. Realização de Congresso Médico
16. Término da dívida financeira junto a Unicred
Necessidade de colocação de grade
nova diretoria está trabalhando a todo vapor,
procurando imprimir uma
nova dinâmica à rotina da
AMF. No dia 19 de janeiro
deste ano foi realizado planejamento
estratégico para o próximo triênio,
constituída da seguinte identidade
constitucional:
Missão
Congregar e agregar profissionais
médicos nas atividades científicas, culturais, sociais e educativas, visando
contribuir para a evolução da sociedade.
Dia a dia da Diretoria
Visão
Ser uma instituição de referência no Estado do Rio de
Janeiro, respeitada pelos profissionais de saúde, entidades
médicas e poder público.
Quem é quem?
AMIB
Atual Diretora Científica da regional
Leste-Fluminense da SOCERJ
Gerente Médica da Unidade Cárdio
Intensiva (UCI) do Hospital de Clínicas
de Niterói
Atuação em consultório e hospital
com áreas e interesse em: Cardiointensivismo + melhores Práticas Baseadas em Evidências.
Dra. Valdênia
Pereira de Souza
Diretora Científica da Associação
Médica Fluminense
Médica Cardiologista
Mestrado em Cardiologia pela UFF
Especialista em Terapia Intensiva pela
Dra. Zelina Maria
da Rocha Caldeira
Diretora Sócio-Cultural da Associação
Médica Fluminense
Pneumopediatra/Auditora
Membro do Conselho Fiscal da Unicred – gestão 2010-1012
MBA em Gestão de Riscos em Servi-
ços de Saúde – Fundação Unimed
MBA em Auditoria – Universidade
São Camilo
Especialização em Saúde Pública –
Universidade de Ribeirão Preto
Mestre em Pneumologia – UFF
Especialização em Pediatria – UFF
Especialização em Pneumopediatria
– UFRJ
Médica do Ministério do Trabalho.
11
Liga Acadêmica
H
istoricamente, o surgimento das Ligas Acadêmicas no
Brasil se deu com a Universidade de São Paulo (USP),
sendo a primeira denominada "Liga de Combate à Sífilis", no ano
de 1920, com uma verdadeira parceria
entre corpo discente e corpo docente.
Mas foi durante o período de Ditadura Militar no Brasil que diversos
movimentos estudantis marcaram a
época, por questionar diretrizes educacionais no ensino universitário e a
aplicabilidade técnico-científica em um
mundo que caminhava para o avanço
da longevidade, com o surgimento de
novas técnicas capazes de auxiliar o
médico em sua clínica. É neste período
que há a expansão das chamadas Ligas
Acadêmicas, como verdadeiros celeiros
científicos dotados de material humano em busca do conhecimento.
Objetivos da Liga Acadêmica de
Morfologia Médica (LAMM)
A LAMM tem por finalidade a promoção das seguintes atividades:
a) Desenvolver a Iniciação Científica;
b) Promover e participar de trabalhos
científicos pertinentes à linha de pesquisa da disciplina;
c) Propiciar maior progresso e difusão
de conhecimentos médicos, através da
promoção de congressos, jornadas,
cursos, reuniões científicas, leitura de
artigos de revistas, conferências e outras modalidades afins com o corpo
docente, discente, e outros profissionais convidados;
d) Se integrar com as diversas Instituições relacionadas à área Médica, visando o desenvolvimento conjunto nos
aspectos técnico e científico;
e) Efetuar revisão bibliográfica de artigos e publicações científicas;
f) Proporcionar aos integrantes da
LAMM a oportunidade de desenvolverem trabalhos científicos relacionados
à Medicina, os quais contarão com
orientação desde a sua elaboração até
a publicação.
g) Desenvolver esforços visando apresentar os trabalhos de que participa ou
é autora em congressos científicos e
viabilizar sua publicação;
h) Manter um site na internet para divulgação de eventos, informações e
materiais, além de um meio de comu-
12
A história das Ligas
Acadêmicas
Liga de GIN/OBS da UNIRIO
nicação com o público em geral;
i) Promover a catalogação de peças
anatômicas e do laminário.
Integrantes da LAMM da UNIGRANRIO
Hildo da Silva Neto
João Pedro Magalhães Angelim
Felipe Morato Gonçalves
Ana de Los Angeles Espinosa Rodrigues
Thayná da Silva Tavares
Gabriel Chehab de Carvalho Melo
Rodrigo Jorge Pereira Gonçalves
Bruno Barros Petraglia
Liga de GIN/OBS da UNIRIO
A liga de ginecologia e obstetrícia
da Unirio existe há 6 meses e já possui
uma intensa programação científica ,
que inclui resolução de casos clínicos e
reuniões de telemedicina sobre endometriose ( toda primeira quarta-feira do
mês). Além disso utilizam o facebook
para trocarem informações e dúvidas
sobre a especialidade. Está programado um simpósio sobre farmacologia da
gestação e um curso sobre anticoncepção, no Hospital Gafree-Guinle nos dias
3 e 4 de maio próximo. Os coordenadores da liga são os professores, Regina Rocco e Ieda Lucia Bravo.Os componentes da liga são os alunos:
Gustavo Alves Machado (presidente);
Natália Araújo Costa (vice); Juliana
Toledo da Silva (tesoureira); Mariana
Mendes (secretária); Talita Picciani; Caroline M. Muniz e Paula Moretzson.
Ponto de Encontro
Formação médica:
um tema preocupante
U
m tema preocupante que vem sendo debatido nas várias esferas
da sociedade diz respeito à formação médica. Ao ano, as universidades brasileiras desembocam no mercado cerca de 300 mil
médicos. No entanto, ainda existem vários problemas de graduação que necessitariam de um plano estratégico como forma de
saná-los e, a posteriori, impedir a sua continuidade.
Para falar sobre este assunto, o Conselho Editorial da Revista da AMF
– Associação Médica Fluminense convidou o Dr. Guilherme Eurico Bastos
Cunha, um dos mais destacados representantes da classe médica. Professor Titular de Cirurgia da UFF, Conselheiro do CREMERJ, ex-presidente
da Academia de Medicina do Estado do Rio de Janeiro, ex-presidente do
Colégio Brasileiro dos Cirurgiões, este médico, além de possuir uma vasta
experiência profissional, também é considerado um homem de cultura
geral humanística.
Atualmente, o curso médico é o mais disputado entre os demais da
vida universitária, com maior grau de dificuldade no seu ingresso, possuindo uma longa duração no período de graduação, e tem a inevitável
“obrigatoriedade” de fazer a Residência Médica e/ou a Pós Graduação
(Especialização). Além disso, durante a graduação, há necessidade de um
empenho absoluto, em tempo integral com dedicação exclusiva. Desta
forma, um trabalho externo é incompatível, podendo existir um ganho
financeiro sem prejuízo dos estudos, quando ocorrerem os estágios médicos remunerados.
Durante a entrevista, foram vários os questionamentos quanto à
graduação. O médico está se formando melhor? Houve melhoria no ensino? A mudança no currículo trouxe benefícios? Qual o atual estado das
Faculdades? Os médicos recém-formados estão aptos para assumir a assistência médica (pública e privada)? O resultado deste trabalho, caro leitor, você poderá conferir a seguir.
Revista AMF: Doutor Guilherme,
qual sua visão geral sobre o ensino
da Medicina nas universidades?
Guilherme Eurico: Inicialmente,
vamos definir como é feito o ensino
médico. Como sabemos, ele é constituído dos três elementos básicos:
aluno, professor e faculdade. É óbvio.
A interação desses elementos vai influenciar diretamente na qualidade do
formando, na razão direta do peso da
participação destas parcelas. Ou seja:
aluno interessado, professor competente e faculdade preparada. Desde
1968 houve uma reformulação no
ensino médico, a ponto de se planejar
uma expansão no número de faculdades para fazer frente à demanda que
se avistava diante do extraordinário
crescimento econômico do Brasil. Essa
14
expansão continuou nos anos seguintes, permanecendo até hoje. Contudo,
esta expansão de faculdades excedeu
ao planejado e muitas delas foram criadas sem as devidas condições técnicas. Entretanto, isto não implica dizer
que somente as boas escolas médicas
podem formar médicos competentes;
aquelas que possuem uma sólida estrutura hospitalar e um corpo docente
competente têm todas as possibilidades de formar pessoal qualificado para
exercer a profissão. Quando se refere
à faculdade de medicina, se refere ao
Hospital. Uma faculdade sem hospital,
não é faculdade de medicina. O hospital tem de possuir um nível mínimo
de assistência médica eficiente para
permitir ensino adequado. Ao contrário, os principais procedimentos clíni-
cos e cirúrgicos deverão ser buscados
em serviços privados, ou outros, que
não diretamente ligados ao hospital/
escola. Outra situação fundamental
na prática médica é a existência dos
Serviços Médicos, com seus responsáveis e toda filosofia de trabalho, produzindo cientificamente e formando
profissionais. São estes “Serviços” as
células produtoras e mantenedoras do
aprendizado médico. É neste patamar
que estão os verdadeiros professores,
que ensinam, promovem os trabalhos
científicos e transmitem as técnicas de
realização dos procedimentos, tanto
de diagnóstico quanto de tratamento. O melhor ensinamento é através
do trabalho, que é o exemplo maior
de aula prática. Os “Serviços Médicos”
reúnem pessoal com o mesmo pensamento, cujas lições são passadas a
cada geração, formando uma verdadeira escola de ensino médico. Naturalmente todo conhecimento gerado
e fundamentado nos “Serviços” produz os trabalhos científicos, estes são
os geradores de mestrados e doutorados. Os “Serviços” são estruturados
em três grandes pilares: assistência
médica, ensino e pesquisa. Observamos que nas últimas décadas houve
uma substancial redução no número
de “Serviços”, dificultando a formação dos médicos, e na pós-graduação
(especialização). Quem não se lembra
daquele serviço que pertencia ao Professor Fulano de tal ?
Revista AMF: Então, o Acadêmico
de Medicina está sem orientação em
suas escolhas? Quem é ele ?
G.E.: O alunato tem de possuir mais
responsabilidade e compromisso com
as suas escolhas. Tem de existir um
real interesse na escolha de sua profissão. Um desejo real de ser médico.
Um objetivo. Mas, vem se observando
uma acomodação ao longo do curso médico. O aluno gosta de receber
tudo pronto. A tutelagem é agradável,
confortável. A decisão é desgastante.
Muitos jovens acadêmicos vêm de lares aconchegantes, por vezes, superprotegidos. Ao ingressarem na vida
universitária são obrigados a buscar
a independência e, no final, serem
vencedores. É difícil. A primeira ferramenta do aprendizado é a curiosidade cientifica, e a “fome do saber” é o
estímulo para adquirir o conhecimento. Por isto, logo no início do curso
médico, um programa para ensinar o
alunato a estudar deveria ser prioritário. Por último, a absoluta necessidade
de se criar a prova de suficiência após
a graduação na obtenção da carteira do CRM, necessária ao exercício
da Medicina. Nos moldes existentes
da OAB para os Advogados.
Revista AMF: Em resumo, o que tem
de ser feito para reverter essa situação?
G.E.: Deter o aumento do número de Faculdades, proporcionar às já
existentes a devida assistência para a
construção de hospitais escolas, ou
pelo menos, credenciar Serviços que
permitam estágios aos acadêmicos.
Esclarecer que a função do “professor de medicina” vai muito além de
um emprego assalariado e sim, uma
devoção ou vocação que o obriga a
ter uma postura pedagógica integral.
Afinal, o Professor deverá sempre se
manter competente, realizando ações
para atualização e reciclagem dos seus
conhecimentos. Os alunos terão que
ser cobrados com mais firmeza, com
um curso de graduação mais vigiado,
finalizando com prova de suficiência,
após o término da graduação. Por último, mobilizar as entidades médicas,
em todos os setores e níveis, promovendo campanhas para que todas tenham um pensamento único de melhor formação médica, valorizando a
profissão
15
Tribuna Livre
* Pediatra
16
Esperando dias melhores
Pedro Ângelo*
“
“
O
governo Dilma completou
um ano e a sensação que
fica é de uma grande frustação. Aquela imagem de
gestora implacável com os
resultados e a qualidade vem se esvaziando a cada dia. “Nunca antes neste
país” tivemos tantos escândalos de corrupção em apenas um ano de governo.
Seis ministros já caíram por conta disso
e outros estão na corda bamba, além
do fantasma do mensalão que ronda
o Planalto.
A educação pública continua de
péssima qualidade. O MEC está cada
vez mais aparelhado e o ministro Haddad derrapa a cada ENEM. O lixo
jogado nas ruas pela população neste
carnaval é o retrato da falha crônica na
educação do povo. Na saúde pública,
os investimentos estão abaixo até da
iniciativa privada, e eles mesmos os governantes, quando precisam, internamse em hospitais particulares. O país vive
um verdadeiro manicômio tributário,
com o impostômetro batendo recordes
a cada ano, sem contrapartidas (exceto
as populistas) para a sociedade. E ainda quase ressuscitaram o CPMF, fruto
da fome insaciável do governo.
Apesar dos juros mais altos do planeta, uma inflação sorrateira corrói aos
poucos a economia. Nossas leis trabalhistas são ultrapassadas, distribuindo
cortesia com o chapéu dos outros. O
imposto sindical (um dia de trabalho
ao ano) alimenta as máfias sindicais
sem transparência. Nada de reformas,
nem tributária, nem política, nem no
judiciário. O resultado é a perda de credibilidade. De concreto mesmo são os
cortes nos investimentos e atrasos em
importantes obras públicas.
Vamos torcer por dias melhores.
Na Saúde Pública os investimentos
estão abaixo da iniciativa privada.
P
ara o médico a fita métrica tornou-se tão importante quanto
um estetoscópio, pois uma atenção à circunferência abdominal
pode prevenir várias doenças, entre elas,
a síndrome metabólica (SM). A síndrome
metabólica é um distúrbio caracterizado
por uma série de alterações no metabolismo, estando diretamente relacionada
ao aumento do risco cardiovascular.
Pelo menos três dos seguintes sintomas associados podem caracterizar a
SM: sobrepeso ou obesidade mórbida;
hipertensão arterial; diabete ou intolerância à glicose; ácido úrico elevado, e
perfil lipídico alterado. Fatores ligados
à resistência à insulina podem culminar
em quadros muito mais graves, que incluem doenças cardiovasculares. A medida da circunferência abdominal é um
importante marcador desse risco cardio-
Saúde
Abaixo a Barriga!
vascular, pois a gordura intra-abdominal
ou gordura visceral pode produzir hormônios que, além de aumentarem as
complicações cardiovasculares, também
facilitam processos inflamatórios. Além
desses fatores, a esteatose hepática, a
síndrome do ovário policístico e problemas respiratórios durante o sono (apnéia
do sono) podem estar envolvidos com a
síndrome metabólica.
O tratamento da doença está centrado na mudança do estilo de vida, que
passa desde a quantidade e qualidade da
alimentação até inclusão de atividades físicas e, se necessário, prescrição de medicamentos. A avaliação do paciente pode
ser feita pela análise do índice de massa
corporal (IMC) e pela bioimpedância que
permite, mediante uma baixa corrente
elétrica, a avaliação de gorduras e água
corporal.
19
Mundo Corporativo
As cinco lições de Churchill
E
Winston Churchill
le foi a figura política de maior
destaque no século XX. Liderança inquestionável, Churchill
foi o maior responsável individual pela derrota nacional-socialista da 2ª Guerra Mundial. Não
é pouca coisa. De sua longa vida podemos tirar lições importantes. Superação é a primeira. Não era de desistir
20
e usava cada tropeço para se reerguer
com mais determinação. Para ele, sucesso era a habilidade de sair de um
fracasso para o outro, sem a perda do
entusiasmo.
Churchill também era realista e
pragmático. Analisava os fatos com a
maior frieza. Percebia que as guerras
aconteciam e por mais terríveis que
elas fossem, ele preferia vencê-las a
perdê-las. Também era defensor do
livre mercado e da democracia, que
considerava o pior regime político,
excetuando os outros. Abominava os
monstros disfarçados: o comunismo,
o nazismo e o fascismo. Considerava
a tirania bolchevique a pior de todas
e afirmava que o vício intrínseco do
capitalismo é a partilha desigual do
sucesso, enquanto o vício intrínseco
do socialismo é a partilha equitativa
do fracasso. Mas seu pragmatismo
permitiu costurar pactos até mesmo
com Stalin para derrotar Hitler e dizia
que se Hitler invadisse o inferno até
mesmo o diabo merecia uma ajuda.
Era a personificação do entusiasmo e sua confiança era contagiante:
“nós nunca nos renderemos”, dizia,
e assim salvou a Inglaterra e o Ocidente.
Além das medalhas militares, publicou inúmeros livros; pintou mais
de 500 telas; construiu pessoalmente
sua propriedade particular: foi membro da Royal Society; ganhou o Prêmio Nobel de Literatura; foi exímio
caçador e jogador de pólo; criou cavalos vencedores; consumiu espantosa quantidade de champanha em
companhia de seus charutos.
A vida de Chuchill nos passa, ao
menos cinco lições importantes: pense sempre grande; nada substitui o
trabalho árduo; nunca deixe que os
erros e desastres o abatam; não desperdice energia com coisas pequenas
e por fim, não deixe que o ódio o domine, anulando o espaço para a alegria na vida.
O Ano Internacional do
Cooperativismo
Carlos Jardim*
Em segundo lugar, precisa ser viável economicamente: cooperativa é
uma empresa, com a diferença de que
o lucro não é o fim em si; ela é o instrumento da doutrina cooperativista
que objetiva “corrigir o social através
do econômico”.
E, por fim, é preciso que haja espírito associativo, com liderança capaz
de conduzir o processo.
É bom lembrar que existem cooperativas em todos os países, e o numero total de seus associados é próximo a bilhão de pessoas. Se cada qual
tiver três agregados, são 4 bilhões de
terráqueos ligados direta ou indiretamente ao cooperativismo, constituindo o mais gigantesco contingente humano em defesa da democracia e da
paz universal.
Não é por outra razão que a ONU
declarou 2012 como o Ano Internacional do Cooperativismo. E pela
Unimed
O
Cooperativismo brasileiro
vem crescendo bastante.
Os números são notáveis,
e mostram como o movimento se expandiu na área urbana.
Há dez anos, o Brasil tinha 5.903 cooperativas, das quais 1.411 eram rurais,
com 831.654 associados. Cerca de
2.067 eram urbanas, com 2.493.197
associados. No último levantamento
da OCB, de dezembro de 2010, as
cooperativas urbanas já eram 2.953,
com 3.816.025 associados, e as agrícolas eram 1.548, com 943.054 associados.
Uma cooperativa precisa de três
condições básicas para se desenvolver de maneira positiva: em primeiro lugar, precisa ser necessária. Não
adianta querer criar uma cooperativa
de qualquer tipo se ela não for sentida, pelos futuros cooperados, como
uma necessidade, capaz de responder
às pressões econômicas a que estão
submetidos.
O Cooperativismo é um movimento de base, tem que crescer de baixo
para cima, não pode ser imposto.
mesma razão esse extraordinário movimento bem que merece o Prêmio
Nobel da Paz.
*Presidente da Unimed
21
Crônicas
Casos e causos médicos ao acaso
Urinando igual a um cavalo
L
á pelos idos de 1978, a residência
médica em cirurgia geral do Hospital Orêncio de Freitas era uma das
melhores do Brasil. Os Drs Guilherme Eurico, Célia Maria Gouvea de
Freitas, Santini, Oriane, Lutegarde, Flávio
Nogueira, Ivan Saldanha, Miguel de Freitas,
Lauir Domenico Acetta, entre tantos, impunham um alto padrão de qualidade.
A terceira turma de residentes marcou
época pelo alto padrão técnico e também
porque só tinha figuraça: Henrique era o
presidente de EFUSA (Empresa Faça Uma
Senhora Alegre); Humberto era o pato veloz
em sua moto; Canavezi, o paulista de Quiririm; o Jaiminho, o japa rei do curativo, e o
Elias Brum, vindo de Bom Jesus de Itabapoana, um verdadeiro caipira. Todos ávidos em
aprender a operar. Elias tinha um lema: “Laparotomia branca não mata”. E o chefe de
plantão, Dr. Flavio Molecão, outro lema: “se
me chamarem em campo, perde a cirurgia”.
Esse plantão de 5ª feira era “sopa no mel”,
na dúvida pró réu, ou seja, “bota na mesa”.
Certa feita um adolescente com leve dor
na fossa ilíaca direita apareceu no plantão
da quinta-feira. Nem se pensou duas vezes:
Laparotomia! O apêndice lá estava bonitinho, vermelho de vergonha, sem alteração
nenhuma. Após extirpá-lo, o Elias foi conversar com os familiares, fazendo o maior drama: “Olha só pessoal... fizemos a cirurgia...
uff!!... correu tudo bem e... graças a Deus
não encontramos nada de anormal; seu filho
tá salvo!” Os familiares derramaram-se em
agradecimentos.
Mas nem sempre os fatos corriam tranquilos. Certa feita, à noite, houve uma indicação precisa de cirurgia de hérnia inguinal,
no detetive Palheta, muito conhecido na cidade.
Após a cirurgia os familiares telefonaram para saber o resultado e se o detetive
estava urinando bem. O Elias, atendendo ao
telefone, explicou todo satisfeito que a cirurgia fora um sucesso e que o detetive estava
urinando igual a um cavalo. No dia seguinte
toda a família e outros detetives exigiram satisfações na recepção do hospital, pois haviam chamado o detetive de animal. Coube
ao Prof. Guilherme Eurico explicar o sentido
da frase usada “urinar igual a um cavalo”,
ou seja, urinar bem e muito. Hoje o Elias virou cirurgião plástico, sempre com uma máquina fotográfica a tira colo, para garimpar
cirurgias, segundo ele.
22
O Placentoscópio
T
odos sabem a brincadeira sobre
a classificação dos acadêmicos de
Medicina de acordo com o período na faculdade: Acads Faecalis
(até o 4º período – não sabem
nada); Acads Vulgaris (do 4º ao 10º período – são os mais comuns, têm alguma
noção) e o Acads Terrificus (do 10º período
até a formatura, um verdadeiro perigo, pois
se acham sabedores de tudo, com diagnósticos mirabolantes). Bem alguns Acads Faecalis, ávidos por conhecimentos, já querem
inclusive dar plantão em hospitais.
Um dia, lá na maternidade escola do
Hospital Gaffrée Guinle, na UNIRIO, chegou
um acadêmico do 4º período desejando ver
parto por cesariana, pois tinha terminado
a disciplina de anatomia e desejava ver ao
vivo as estruturas anatômicas. O chefe de
plantão permitiu, informando que logo iria
ocorrer uma cesariana e para ele se dirigir
ao centro obstétrico e trocar de roupa. O
acads sentiu-se todo importante naquela
vestimenta, observando e anotando tudo,
começou a perguntar sobre escovação,
luva, foco, pinças, etc.., já enchendo “o
saco” da equipe, inclusive com perguntas
tipo: quando se faz a assepsia no ato cirúrgico? O obstetra, um tremendo gozador, ao perceber que o nosso acadêmico
ia ficando pálido aos primeiros cortes e
sangramentos, fez um drama e com ar de
preocupação pediu que o acadêmico fosse rápido buscar na enfermaria o placentoscópio, pois o feto devia estar correndo
risco.
Nosso acadêmico imediatamente retirou-se e foi buscar o aparelho, retornando
a seguir, dizendo que não encontrara e que
ninguém sabia onde estava. O obstetra
então quase gritando pediu para que ele
retornasse e procurasse nos andares, que
era uma urgência. Imediatamente o acads obedeceu e saiu a procurar, retornando
pouco depois, também sem sucesso, mas
já com ar de desespero e preocupação.
Embora já tivesse ocorrido o nascimento,
o cirurgião teatralizando um risco de vida,
pede ao acadêmico que retornasse a procurar na urologia ou na ginecologia, pois
certamente lá estaria, mas que não perdesse mais tempo. Após uns 15 minutos,
já terminada a cirurgia, nosso acadêmico
chega todo esbaforido carregando uma
enorme caixa cheia de fios elétricos e botões, dizendo que encontrou tal aparelho
na urologia e se era esse o placentoscópio
tão procurado!
Hoje ele é um excelente ortopedista e
diverte-se ao relembrar fatos de uma época romântica da faculdade que não volta
mais.
Perfil
Herbert Praxedes
O médico hematologista, Dr. Herbert Praxedes, reservou alguns
minutos de sua agenda para participar como entrevistado desta
coluna. Professor emérito e coordenador do Comitê de Ética em
Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade Federal
Fluminense (UFF), ele se revela uma pessoa de hábitos simples e
com uma grande religiosidade.
Tempo de formado:
56 anos
Especialidade:
Hematologia Clínica
Formação secundária:
Colégios S. Vicente de Paula, em Petrópolis, e
Salesianos Santa Rosa, em Niterói
Se não fosse médico:
Seria frustrado
Fato mais contundente na profissão
O incêndio do Circo
Como vê a Medicina de hoje
Grande avanço científico, mas pouco sob o aspecto ético
O que representa a AMF: uma associação de
Profissionais da Medicina
Mensagem ao jovem médico:
"Até a morte combate pela Verdade e o Senhor
Deus combaterá por ti" - Maxance van der Merch
Hobby:
Radioamadorismo
Prato preferido:
Frango com quiabo e angu (sem sal)
Lugar mais bonito:
Não sei dizer entre tantos
Livro preferido:
A Bíblia
Pensamento que segue:
O de um cristão católico
Religião:
Católico
O que mais aprecia nas pessoas:
O caráter
O que decepciona ver nelas:
A falta dele
O que faz nas férias:
Descanso
Música preferida:
“Clair de lune”, de Debussy
Melhor gastronomia:
Não sei
Filme preferido:
Casablanca
Maior obra de arte:
O Cristo Redentor
Família:
Casado há 55 anos com Mariinha. 4 filhos e 11
netos
Frase para a posteridade: repetindo a frase da
mensagem acima "Até a morte combate pela
verdade e o Senhor Deus combaterá por ti" de
Maxance van der Merch
23
Curiosidades
24
A
s nações têm como símbolos principais as bandeiras e
os hinos. Estes geralmente
musicados, foram se incorporando às manifestações
patrióticas, a grupos religiosos, clubes
etc... Em relação aos clubes de futebol, vale lembrar que todos os hinos
dos principais times do Rio de Janeiro
foram compostos por Lamartine Babo,
porém o do América é um plágio de
música norte americana. O hino do
Grêmio foi composto por Lupicínio
Rodrigues (...“nós estaremos com o
Grêmio onde o Grêmio estiver”). A
origem dos hinos remonta à Grécia
antiga, entoados em honra aos deuses. Entre as nações, o mais reverenciado tem sido La Marseillaise: “Allons
enfants de la Patrie, Le jour de gloire
est arrivé!”, letra e música compostos
na noite de 25/4/1792 pelo capitão
Claude de Lisle.
A Rússia adotou o Patrioticheskaya
Pesnya (canção patriótica) como seu
hino, sem letra, porém o governo
solicitou a quem escrevera o antigo
hino da URSS que colocasse a letra.
O pedido partiu dos jogadores de
futebol que alegavam desvantagem
nos confrontos internacionais, pois os
adversários cantavam exaltando suas
pátrias.
Alguns hinos foram criados por
compositores clássicos. O da Áustria é
de Wolfgang Amadeus Mozart. A melodia do hino alemão, o extraordinário
“Deustschland Über Alles” foi composta pelo austríaco Haydn em 1797,
em honra ao imperador Francisco II.
O poeta Rabindranat Tagore, primeiro
asiático a ganhar o Nobel de Literatura, compôs os hinos de Bangladesh e
da Índia.
Quarenta países têm seus hinos
escritos por estrangeiros como por ex.:
Vaticano; Alemanha; Argentina (Blas
Perera, espanhol); Colômbia (Oreste
Santici, italiano); Equador (Neumane,
alemão); Bolívia (Leopoldo Benedetto,
italiano); Honduras (Hartling, alemão);
Chile (Ramón Carnicer, espanhol); Síria
(Mohamed Flaytel, libanês); e o Húngaro Debali compôs os hinos do Uruguai e Paraguai.
O hino do Canadá, para a única melodia tem duas letras, uma em
Hinos
francês e outra em inglês. Grécia e
Chipre compartilham o mesmo hino,
que de todos seria o mais longo com
158 estrofes.
A “Marcha Granadera” é o hino
da Espanha, que oficialmente não
possui letra. O hino suíço é cantado
em quatro línguas: alemão, francês,
italiano e romanche.
O hino do Reino Unido, “God
save the King (ou Queen)” é de 1745
e é considerado o mais antigo, sendo anônima a autoria da melodia.
Também é desconhecida a autoria
do hino dos Estados Unidos, embora seja baseada numa canção do séc.
XVIII, “To Anacreon in Heaven”. Para
o hino mexicano houve concurso em
1853. O poeta Gonzáles Bocanegra
não queria participar, porém sua noiva Guadalupe Pino, trancou-o num
quarto e após uma noite de intenso
amor, conseguiu compor dez estrofes
que ganharam o concurso. A música
do hino da República Tcheca é de Jan
Skroup, composta em homenagem à
sua falecida esposa.
O Afeganistão trocou seu hino
cinco vezes e no período do Talibã não
teve hino, pois era proibido manifestação musical.
O hino brasileiro foi composto por
Francisco Manoel da Silva em plena
euforia da Independência (1822). A
música ficou guardada até 13/4/1831,
quando foi executada na despedida
de D. Pedro I. A letra, poema de Joaquim Osório Duque Estrada, lhe foi
acrescentada em 1909 e modificada
11 vezes, sendo oficializado pelo presidente Epitácio Pessoa, em 1922. A
letra é um belo poema, mas um tanto
pomposa e obscura para grande parte
do povo brasileiro, pelo estilo da construção e palavras em desuso, além de
ser longo e de difícil memorização.
Mesmo assim é uma bela melodia,
sem canhões, sem sangue, sem horrores e o conjunto nos faz orgulhosos
da brasilidade.
Raras pessoas, mesmo entre músicos e estudiosos, conhecem a letra da
introdução, cuja terceira frase é enigmática e ameaçadora;
Espera o Brasil, que todos cumprais o
vosso dever.
Eia! Avante! Brasileiros, sempre avante.
Gravai o buril nos pátrios anais do vosso poder!
Eia! Avante! Brasileiros, sempre avante!
Eia sus, oh, sus!
Como o caro leitor pode perceber,
o SUS está no nosso hino. O poeta Joaquim Osório Duque Estrada foi profético, só não contava com governos e
políticos insensíveis.
Viagem Inesquecível
Santiago de Compostela
Um caminho histórico e, para muitos, transformador
“O
Heraldo Victer*
Caminho de Santiago
de Compostela é uma
das maiores realizações das últimas décadas.”
“Trata-se de algo verdadeiramente
sedutor, envolvente, de grande sentimento espiritual, com forte significado.”
Estes são alguns dos comentários
daqueles que se aventuram a percorrer essa ancestral rota de peregrinação,
que se estende por toda a Península
Ibérica indo terminar na cidade de Santiago de Compostela, onde se acredita
estar o túmulo do apóstolo homônimo. Homens e mulheres se lançam
nessa experiência, imitando os passos
Inicio de uma caminhada diária, bem cedo, pelas trilhas no interior da Espanha, primavera.
Todos de mochila, chapéu, bastão, bota apropriada para chuva, lama, terra, pedra, etc.
Descanso do peregrino
medievais que percorreram, sobretudo,
nos séculos XII e XIII, este antigo traçado. Os motivos variam desde o espírito
religioso-cristão, passando por misticismo ou busca interior, ou apenas como
uma grande aventura. Independente
do que tenha motivado a pessoa a seguir nesse caminho, o adjetivo é único
para o seu resultado: transformador.
Uma tradição muito antiga retrata
que, após a dispersão dos apóstolos
pelo mundo, São Tiago foi fazer a sua
pregação em regiões longínquas, chegando à Galiza, extremo oeste da Espanha. Ao retornar à Palestina foi preso
Primeiro dia
de caminhada
26
Sinalização: Placas indicativas
Catedral de Santiago
e decapitado. Dois de seus discípulos,
Teodoro e Atanásio, recolheram os restos
do corpo do apóstolo e os sepultaram secretamente em um bosque na antiga cidade de Iria Flávia. Oito séculos depois, o
local começou a registrar uma verdadeira
chuva de estrelas. O bispo da cidade determinou que fossem realizadas escavações no local onde estava ocorrendo o
fenômeno e assim achou uma arca com
os ossos do santo. A notícia se espalhou
e gerou uma peregrinação das pessoas
ao sepulcro, originando o Caminho de
Santiago de Compostela.
Àqueles que ficaram interessados
em vivenciar essa experiência, são muitos
os caminhos que levam à Santiago. As
rotas, delineadas desde a Idade Média,
recebem nomes como Caminho Francês
(o peregrino entra na Espanha por Roncesvalles, no sopé dos Pirineus), Caminho
Inglês (que parte de Ferrol ou da Corunha) e o Caminho Português (onde existem várias alternativas), além de outros
que não levam diretamente à Santiago
de Compostela. Seja qual for, o importante é se lançar neste desafio, independente do motivo que o move.
Igreja Medieval
27
Livro em foco
O espetáculo mais triste da Terra
Wellington Bruno*
Livro:
“O espetáculo mais triste da Terra- o
incêndio do Gran Circo Norte-Americano”
Autor:
Mauro Ventura
Editora:
Companhia das Letras
Q
uando vi este livro entre
muitos outros sobre a
bancada de uma livraria
no Rio de Janeiro, eu nem
me interessei por causa
do título: “ O espetáculo mais triste...”. Havia tantos outros
mais interessantes. Poucos dias depois, dirigindo meu carro no engarrafamento entre o Hospital Antonio Pedro e o Hospital Pedro Ernesto, liguei
o rádio e peguei quase o final de uma
entrevista de Lucia Hipólito com o autor do mesmo livro, jornalista Mauro
Ventura, dizendo que a obra tratava
do terrível incêndio do circo em Niterói no ano de 1961. Disse a mim mesmo: “ Puxa! Era aquele livro que vi na
livraria e nem me aproximei dele por
causa do título.” Logo eu que tinha
curiosidade de saber mais acerca do
que ocorreu naquela época.
Quando já atendia em consultório no final dos anos 80 e início dos
90, atendi pelo menos dois pacientes
com algumas seqüelas de queimadu-
28
ras, com intervalo de tempo de alguns
meses ou anos. Eles me disseram que
estavam no circo que pegara fogo em
Niterói. Eles me perguntaram se eu
sabia a respeito. Eu nasci em 1963, tinha ouvido falar muito por alto, mesmo tendo estudado no Hospital Universitário Antonio Pedro, o qual fazia
parte dessa história. Eu também não
era morador da cidade à época, pois
vim para Niterói somente para cursar
medicina, após o vestibular em 1982.
Em outro dia perguntei a minha
mãe o que ela sabia a respeito desse
incêndio. Ela me disse apenas que foi
um grande incêndio e que muita gente tinha morrido. Disse que o Pitanguy
operou muitas vítimas do incêndio e
que surgiu até um louco chamado
“Profeta Gentileza” que andava pelas
ruas, inclusive em Nova Iguaçu, onde
morávamos, porque perdera toda a
família no incêndio do circo. Na verdade, ela tinha essa informação vaga e,
em parte, errada, como o restante da
população, conforme vim descobrir
através da leitura dessa reportagem
investigativa de Mauro Ventura.
O tempo passou, não vi mais os
pacientes e nem outros com a mesma
história. Como médico que assume
várias atividades ao mesmo tempo,
acabei não me aprofundando no assunto embora persistisse uma curiosidade latente. Então apareceu este
livro para finalmente reabrir o assunto
trazendo à luz o que se sabe dos fatos
que levaram àquela tragédia e como
médicos, profissionais de saúde, escoteiros mirins, bombeiros militares, autoridades e muitos, muitos voluntários
se mobilizaram para salvar, amenizar
o sofrimento e, tristemente, enterrar
503 vítimas fatais (número oficial) em
Niterói e São Gonçalo, quando não
havia nem urnas nem cemitérios suficientes.
O livro foi distribuído para todo
o Brasil, mas ele é particularmente
interessante para nós que vivemos
na região Leste Fluminense, e mais
ainda, para nós médicos da região.
Você inicia a leitura e a todo instante
depara com pessoas que conviveram
ou convivem conosco nos nossos dias.
Muitos guardaram para si o que vivenciaram porque foi um tempo de muita
dor e sofrimento ou talvez porque seja
melhor falar de coisas boas e esquecer
determinados assuntos em respeito
ao sofrimento alheio extremo. Mas ao
jornalista Mauro Ventura, eles abriram
o coração e a memória dos fatos, o
que traz uma inestimável colaboração para as novas gerações. Esse fato
torna o livro muito importante para
quem é ou deseja ser médico um dia
e também para quem venha a ter a
responsabilidade de ser autoridade
governamental, seja lá em que nível.
Eu sabia da importância que tiveram
os médicos, mas não sabia da importância dos escoteiros mirins no episódio. E ainda somos apresentados a
uma personagem especial, voluntária,
de nome Maria Pérola Sodré, que nos
arranca lágrimas com sua entrega ao
próximo.
Como disse anteriormente, em
várias páginas você se depara com
pessoas conhecidas. E ainda recebe
grandes lições como uma antiga do
Prof. Edgard Venâncio: “Na medicina,
você tem que estar muito compromissado emocionalmente. Mas a emoção
não pode interferir no lado técnico.”E
ainda me surpreendi com referências
a livros conhecidos por nós, como
“Em cantos guardados”, organizado
por Luiz Augusto de Freitas Pinheiro,
já comentado por nós em edição prévia da revista da AMF e “A planície e o
horizonte”, de Celso Peçanha, que carinhosamente recebi, em 2006, autografado pelo autor e sua esposa Hilka,
ambos já falecidos.
“O espetáculo mais triste ...” também é ricamente ilustrado com fotos,
mas não vou entrar em outros detalhes do livro para não prejudicar sua
leitura. Contudo, eu lhes digo, fosse
eu diretor de faculdade de medicina
tornaria este livro uma leitura obrigatória no primeiro ano da faculdade.
Até a próxima (leitura)!
*Cardiologista
Enofilia
Geografia do Vinho
França
Dra. Valéria Patrocínio
N
ão é um exagero
classificar a França como o melhor
país vinícola do
mundo. Nenhum
país possui tantos vinhos
de excepcional qualidade.
Ela possui cerca de uma
dezena de grandes regiões vinícolas demarcadas
de maior destaque, algumas delas subdivididas
em até mais de vinte regiões menores. Bordeaux
é, sem dúvida, a região
vinícola francesa que mais
se destaca por possuir o
maior número de vinhos
excepcionais (os famosos
Grand Cru, Premier Cru,
Deuxième Cru, etc.) muitos deles atingindo preços estratosféricos. Suas sub-regiões mais importantes
são Médoc, Graves, Pomerol e Saint Emilion para os tintos, e Sauternes-Barsac,
para os brancos.
Bourgogne é a segunda região mais importante e possui sub-regiões, das
quais as mais famosas são: Côtes de Beaunne, Côte de Nuits, Côte Chalonnaise,
Mâconnais e Beaujolais.
Outras regiões de destaque são: Champagne, berço dos maravilhosos espumantes; Alsace, conhecida pelos seus brancos semelhantes aos alemães; Val
de Loire, famosa pelos seus rosés e brancos; Côtes du Rhône, com as suas subregiões Hermitage, Crozes-Hermitage e Châteauneuf-du-Pape com excelentes
tintos.
Provence, Languedoc, Roussillon e outras regiões completam a incrível legião de vinhos franceses de qualidade.
30
Além dos vinhos dessas regiões demarcadas, existe ainda uma enorme
quantidade de vinhos regionais menores (os vins de pays) e os vinhos de mesa
de qualidade inferior (os vins de table).
Perdidos nesse mar de vinhos, para conhecermos verdadeiramente os vinhos da França não nos resta alternativa senão provar alguns representantes de
cada uma das suas regiões. Só assim é possível compreender a diversidade e a
complexidade dos vinhos franceses.
Fonte: www.academiadovinho.com.br
Matéria científica
Vinho, cérebro e memória
O vinho é uma bebida de muitos paradoxos. Um deles é sua ação sobre o
cérebro e a memória.
A explicação mais provável para isso, conforme o Prof. Manuel Paula-Barbosa, da Universidade do Porto, em Portugal, é que os polifenóis do vinho, por sua
potente ação anti-oxidante, protegem os neurônios.
Fonte: http://www.vinhosnet.com.br
Dica de leitura
Champanhe: Como o mais sofisticado dos vinhos
venceu a guerra e os tempos dificeis
Autor: Don Kladstrup, Petie Kladstrup
Sinopse
Em 'Champanhe', Don e Petie Kladstrup envolvem o leitor na surpreendente saga do champanhe,
o vinho mais sofisticado do mundo. Associado ao
glamour, à amizade e a grandes celebrações, ele
oculta uma história de sofrimento e coragem. No
livro, o leitor descobre que, por trás das finas taças
de cristal e do líquido claro e borbulhante, escondem-se exemplos de coragem e auto-superação na
luta contra pragas, catástrofes climáticas, guerras e invasões.
Vinho sugerido
Brut Royal
A alma do estilo Pommery – Uma mistura harmoniosa de
vinhos Chandonnay (aproximadamente 1/3), Pinot Noir e
Meunier, o Brut Royal reúne quase 40 champanhes diferentes
e 3 anos de envelhecimento na adega revelam todas as suas
qualidades.
Características - Refrescante e ativo, é complacente e
prolonga-se no paladar, anunciando um equilíbrio frutuoso.
Degustação - Qualquer hora e lugar é tempo certo ...
31
Medicina na Arte
Depressão na obra de
Pablo Picasso
Heraldo Victer*
O tema abordado desta edição é a depressão, com dois quadros expressivos
de Picasso.
Ambos um belo exemplo do cubismo. Nas duas obras é possível analisar o
sofrimento da mulher acometida de depressão, bem evidenciada no segundo
quadro.
Para complementar a análise, as considerações médicas cientificas sobre a
depressão, realizadas pelo psicanalista Dr. Ronaldo Victer, Membro da Sociedade de Psicanálise do Rio de Janeiro, Membro Titular da Academia de Medicina
“Retrato de Dora Maar” (1937), Óleo
sobre tela, 61 x 81 cm, Museu Picasso
(Paris)
do Estado do Rio de Janeiro e professor de Psiquiatria da UFF.
“... toda mulher tem dois braços, dois olhos, dois seios, que são sempre assimétricos. O pintor pode e deve ressaltar as diferenças e não as semelhanças”.
Pablo Picasso
A obra de Picasso foi profundamente influenciada por seus diversos relacionamentos amorosos, e muitas destas mulheres foram retratadas.
Em 1936, ele conheceu a fotógrafa e artista Dora Maar, tendo sido pintada
por Picasso como mulher sofisticada, intelectual e dominadora.
Com o passar do tempo, Dora se mostrou temperamental e depressiva,
tornando-se a musa da aflição e do sofrimento de Picasso, sendo retratada com
grandes distorções. Novamente Picasso a pintou mas, dessa vez, totalmente
diferente, conforme pode ser conferido no quadro : “Mulher Chorando” em
1937.
“Mulher Chorando” (1937); Óleo sobre
tela, 60 x 40 cm, Tate Gallery (Londres)
32
* Cardiologista
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News
Março de 2012
Não caia na malha fina
Criada especialmente para atender empresas e profissionais da área de saúde
Malha Fina é um termo utilizado pela
Receita Federal para denominar uma série de verificações eletrônicas que seus
computadores fazem nas declarações do
imposto de renda, com o objetivo de detectar divergências entre as informações
prestadas pelos declarantes e as informações que a Receita Federal tem em seus arquivos, coletadas de outros informantes.
Estas verificações são feitas pela fixação de diversos parâmetros que se combinam
entre si e pode provocar
a retenção da sua declaração de IMPOSTO
DE RENDA com o consequente bloqueio da
restituição e o encaminhamento da declaração para a devida
fiscalização.
Quando a declaração é retida na
malha fina e tem imposto a restituir, o
declarante rapidamente saberá de sua
situação porque estará acompanhando
o seu processamento, ansioso pela restituição. Entretanto, quando o declarante
tem imposto a pagar, é comum o não
acompanhamento do processamento
pelo simples fato da falta de expectativa
de qualquer ato da Receita Federal.
Mas as declarações com imposto
34
a pagar também podem ser retidas em
malha ainda que o imposto apurado,
quando de sua entrega, tenha sido pago.
A indicação de que a declaração não
ficou retida em malha é o recebimento de
uma cartinha da Receita informando que
a declaração foi processada e indicando
os valores do imposto a pagar ou a restituir - que muita gente confunde com a
cobrança do imposto apurado e fica preocupada, achando que a Receita está cobrando um imposto que, na maioria das
vezes, já foi pago.
Os principais parâmetros que devem
ser observados para não cair na malha
fina.
I - Valor do Imposto de Renda Retido
na Fonte: os computadores da Receita realizam um cotejamento para verificar se
há informação sobre a retenção declarada, ou seja, verifica se o imposto foi mesmo retido e se os valores são iguais;
II - Ausência de Fontes Pagadoras: a
malha verifica se todas as empresas que
declararam pagamentos estão constando
na declaração. As empresas informam
à Receita Federal todos os pagamentos
feitos por trabalho assalariado e todos os
demais pagamentos no ano com retenção ou não de IRRF;
III - Recebimentos de Resgate de Pre-
vidência Privada: todos os resgates são informados pelas empresas de previdência
privada;
IV - Despesas Médicas: valores de
pagamentos incompatíveis com a renda
bruta declarada. Apesar da permissão de
dedução integral das despesas médicas,
o normal é que estas despesas guardem
uma certa relação com a renda bruta.
Valores desproporcionais chamam a atenção e podem provocar a retenção na malha. Normalmente quem tem um plano
de saúde não efetua pagamentos com
valores elevados por atendimentos fora
do plano. Quando isto ocorre, o contribuinte terá que deduzir do valor do recibo médico, não credenciado ao plano de
saúde a parte reembolsada pelo convênio.
Assim, deverá declarar somente o valor líquido pago.
V - Variação Patrimonial incompatível com os rendimentos declarados: a
variação entre o patrimônio declarado
no início e no final do ano deve ser compatível com os rendimentos declarados
(rendimentos tributáveis, rendimentos
isentos ou não tributáveis, e rendimentos
tributados exclusivamente na fonte). Havendo distorções na evolução patrimonial
do contribuinte, será motivo para cair na
malha fina.
Embora estes sejam os principais motivos de retenção de declarações na malha, existem outros que podem não reter
na malha, mas que levam a declaração
para a fila das que serão fiscalizadas. Veja
alguns exemplos:
VI - Falta de declaração de aquisição
de veículos novos: as concessionárias de
veículos informam à Receita Federal os
dados dos adquirentes de veículos. Assim,
a falta de declaração desta aquisição, fica
sujeito a cair na malha fina.
VII - Falta de informação na aquisição de imóveis: da mesma forma que as
concessionárias, as vendas de imóveis por
pessoas físicas ou jurídicas, estão obrigados a informar à Receita todos os dados
de seus adquirentes, inclusive os valores
pagos no ano;
VIII - Falta de informação de alugueis
recebidos: as imobiliárias também estão
obrigadas a informar os valores pagos aos
locadores, através da DIMOB. Quando o
locador alugar seu imóvel para pessoa física, e o rendimento do aluguel ultrapassar
a tabela progressiva do imposto de renda,
deverá ser recolhido o carnê leão, com o
código 0190.
IX - Falta de declaração de imóveis
adquiridos: também os cartórios estão
obrigados a informar sobre as escrituras
lavradas e documentos registrados, indicando vendedores e compradores com os
respectivos valores das transações;
X - Despesas com cartões de crédito:
as administradoras de cartões de crédito
estão obrigadas a informar todos os cartões cujos gastos forem maiores do que
R$ 5.000,00 mensais. Neste caso a renda
consumida deve ser suficiente para suportar tais gastos;
XI - Movimentação bancária elevada:
Com o fim da CPMF, o Governo publicou
a IN RFB 878 de 15/10/2008, que obriga
aos bancos e demais instituições financeiras a informar a Receita Federal toda a
movimentação financeira mensal por CPF,
a partir de janeiro de 2009. Isso significa
que a Receita ficará sabendo, mesmo sem
ter que “quebrar” o seu sigilo, o total de
débitos e créditos mensais, possibilitando a comparação com seus rendimentos
mensais, aqueles que você informará na
declaração de 2012, referente a 2011. As
instituições em geral, ficam obrigadas a
apresentar semestralmente a Dimof à Secretaria da Receita Federal. Assim, o Leão
terá acesso direto e permanente ao sigilo
bancário do contribuinte.
Desta forma, o Grupo Asse possui uma
equipe altamente capacitada para lhe
orientar e elaborar a sua declaração
IRPF. São centenas de clientes, que há
36 anos confiam em nossos serviços,
e por isto somos responsáveis por sua
declaração e daremos toda a assessoria
até que se finde o prazo prescricional
exigido por lei.
35
Agenda Cultural
Programação - Abril 2012
Mais que
Dilmais
Dia: de 5 a 26
Quinta Feira às 21h
Ingresso: R$ 40,00 (inteira),
R$ 20,00 (meia entrada)
Um show completo. Sem exageros,
é assim que pode ser definido o
espetáculo “Mais que Dilmais”, do
comediante mineiro Gustavo Mendes.
Uma das maiores e mais recentes
revelações do humor nacional, ele
reúne no palco uma compilação dos
seus melhores textos de stand up comedy, piadas, performances musicais
e imitações. A principal delas, que lhe
rendeu, além de fama e elogios pelo
País, mais de 10 milhões de visualizações no Youtube, a da presidenta
Dilma Rousseff.
Com Gustavo Mendes
Pinocchio
O Musical
Dia: de 07 a 29
Sábados e domingos às 17h
36
Parem de Falar
Mal da Rotina
Dias: 6 a 29
Sextas e Sábados às 21h e domingo
às 20h
Ingresso: R$ 60,00 (inteira),
R$ 30,00 (meia entrada)
Parem de Falar Mal da Rotina não é
um espetáculo convencional onde
uma história é contada. Este espetáculo é um modo de vida, é uma
Ingresso: R$ 30,00 (inteira),
R$ 15,00 (meia entrada)
A famosa fábula do boneco de
madeira que virou menino de verdade, ganha versão musical e mistura
ritmos brasileiros com referencias
à Itália do século XVIII. A divertida
adaptação investe em uma linguagem
abrangente, a fim de trazer para os
dias de hoje as mensagens propostas
no texto de Collodi. Pinocchio ganha
vida através da Fada Azul, e inicia sua
trajetória que vai desde a sua origem
de boneco de madeira, passando por
diversos aprendizados.
Com Fernanda Alencar, Rafael de
Castro, Higor Tadeu, Rodrigo Rosado,
Ana Luísa Leite, Tauã Delmiro.
visão de existência. É a maneira com
que Elisa Lucinda, a atriz, roteirista e
diretora da peça consegue expressar
sua urgência e inquietude na busca
interminável da liberdade de se poder
viver plenamente, sem os famosos
cárceres que nós mesmos nos impomos.
Com Elisa Lucinda
Avenida Roberto Silveira 123 –
Icaraí - Lotação: 330 lugares
Bilheteria e informações de quarta a
domingo das 15h às 21h
Tel.: (21) 2710-1348 - Site.: http://
www.amf.org.br/
Venda de ingressos antecipados
pelo site www.ingresso.com

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