PROCESSO SMA 13.584/07 VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL
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PROCESSO SMA 13.584/07 VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A. AMPLIAÇÃO DA LAVRA DE CALCÁRIO ARAÇARIGUAMA - SP VOLUME I ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL TEXTO Elaborado para: VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A. Estrada de Araçariguama, s/nº Araçariguama - SP Elaborado por: PROMINER PROJETOS LTDA. Rua França Pinto nº 1.233 - Vila Mariana São Paulo - SP Distribuição: 06 Cópias – 01 Cópia – 01 Cópia – 01 Cópia – SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE - SMA PREFEITURA MUNICIPAL DE ARAÇARIGUAMA VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A. PROMINER PROJETOS LTDA. São Paulo, 10 de novembro de 2008. ______________________________________ Ciro Terêncio Russomano Ricciardi Engenheiro de minas – CREA/SP 0600871181 Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP VOLUME I ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL AMPLIAÇÃO DA LAVRA DE CALCÁRIO ÍNDICE INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1 CAPÍTULO 1 ............................................................................................................... 2 METODOLOGIA ......................................................................................................... 2 CAPÍTULO 2 ............................................................................................................... 5 INFORMAÇÕES GERAIS ............................................................................................ 5 2.1. O Empreendedor ............................................................................................. 5 2.2. Empresa Responsável pela Elaboração do EIA/RIMA ..................................... 6 2.3. Objeto do Licenciamento................................................................................. 6 2.4. Localização do Empreendimento e Vias de Acesso ....................................... 6 2.5. Objetivos e Justificativas do Empreendimento................................................ 9 2.6. Histórico do Empreendimento ......................................................................... 9 2.6.1. Histórico do licenciamento ambiental......................................................................10 2.6.2. Histórico do licenciamento mineral..........................................................................11 2.7. Atuação e Experiência da Empresa no Setor Mineral ................................... 12 2.8. Legislação Incidente ...................................................................................... 13 2.9. Planos e Programas....................................................................................... 22 CAPÍTULO 3 ............................................................................................................. 23 ALTERNATIVAS LOCACIONAIS E TECNOLÓGICAS ................................................. 23 3.1. Considerações Gerais Sobre o Mercado....................................................... 23 3.2. Alternativas Locacionais ................................................................................ 24 3.2.1. Localização da Área de Lavra.................................................................................26 3.2.2. Localização das Pilhas de Disposição de Estéril.....................................................27 3.3. Alternativas Tecnológicas .............................................................................. 27 3.4. Considerações Sobre a Análise de Alternativas ............................................ 29 CAPÍTULO 4 ............................................................................................................. 30 Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO........................................................... 30 4.1. Reservas Geológicas ..................................................................................... 30 4.1.1. Descrição Geológica da Jazida................................................................................30 4.1.2. Resumo da Pesquisa Mineral da Área ....................................................................32 4.1.3. Qualidade e Aplicação do Minério...........................................................................33 4.1.4. Avaliação de Reservas ............................................................................................33 4.1.5. Reservas e Vida Útil ................................................................................................34 4.2. Descrição das Atividades Produtivas............................................................. 34 4.2.1. Método de Lavra......................................................................................................34 4.2.2. Plano de Lavra ........................................................................................................36 4.2.3. Plano de Fogo ..........................................................................................................36 4.2.4. Descritivo Operacional de Lavra .............................................................................38 4.2.5. Disposição de Material Estéril.................................................................................39 4.2.6. Britagem e Classificação .........................................................................................40 4.2.7. Escoamento do Produto Final..................................................................................42 4.2.8. Mão de Obra e Regime de Trabalho ........................................................................42 4.2.9. Infra-Estrutura e Apoio............................................................................................43 4.2.10. Insumos.................................................................................................................43 4.2.11. Cronograma Executivo ..........................................................................................44 4.3. Sistemas de Controle Ambiental ................................................................... 45 4.3.1. Sistemas de Drenagem e Retenção de Sedimentos.................................................45 4.3.2. Controle de Emissões de Material Particulado........................................................46 4.3.3. Controle de Emissões de Ruído...............................................................................46 4.3.4. Controle da Vibração e Sobrepressão Atmosférica .................................................47 4.3.5. Avaliação da Estabilidade da Mina ........................................................................47 4.3.6. Destinação de Resíduos Sólidos .............................................................................50 4.3.7. Destinação de Efluentes Líquidos ...........................................................................50 CAPÍTULO 5 ............................................................................................................. 51 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL ..................................................................................... 51 5.1. Área de Estudo .............................................................................................. 51 5.2. Meio Físico ..................................................................................................... 52 5.2.1. Geologia...................................................................................................................52 5.2.2. Hidrogeologia ..........................................................................................................64 Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 5.2.3. Geomorfologia..........................................................................................................65 5.2.4. Pedologia .................................................................................................................69 5.2.5. Climatologia ............................................................................................................72 5.2.6. Hidrografia e Recursos Hídricos .............................................................................78 5.2.7. Qualidade das Águas Superficiais e Subterrâneas ................................................80 5.2.8. Qualidade do Ar ......................................................................................................88 5.2.9. Níveis de Ruído .......................................................................................................92 5.2.10. Vibração e Sobrepressão Atmosférica...................................................................97 5.2.11. Espeleologia ..........................................................................................................99 5.3. Meio Biótico ................................................................................................... 99 5.3.1. Flora ........................................................................................................................99 5.3.2. Fauna ....................................................................................................................126 5.3.3. Ecologia da Paisagem ...........................................................................................167 5.4. Meio Socioeconômico ................................................................................. 172 5.4.1. Região Administrativa e a Região de Governo de Sorocaba .................................173 5.4.2. O Município de Araçariguama ...............................................................................176 5.4.3. População e Nível de Vida em Araçariguama........................................................177 5.4.4. Uso e Ocupação do Solo ........................................................................................183 5.4.5. Estudos Arqueológicos ..........................................................................................188 CAPÍTULO 6 ........................................................................................................... 189 ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS ................................................................ 189 6.1. Identificação dos impactos.......................................................................... 189 6.2. Previsão dos Impactos................................................................................. 196 6.3. Avaliação da Importância dos Impactos ..................................................... 203 CAPÍTULO 7 ........................................................................................................... 220 ÁREAS DE INFLUÊNCIA ......................................................................................... 220 CAPÍTULO 8 ........................................................................................................... 223 PLANO DE GESTÃO AMBIENTAL .......................................................................... 223 8.1. Medidas de Capacitação e Gestão ............................................................. 225 8.2. Medidas Mitigadoras ................................................................................... 225 8.3. Medida Compensatória ............................................................................... 230 8.4. Monitoramento Ambiental ........................................................................... 231 Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 8.5. Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (Prad).................................. 235 CAPÍTULO 9 ........................................................................................................... 242 PLANO DE DESATIVAÇÃO ..................................................................................... 242 9.1. Estratégia de Desativação do Empreendimento......................................... 242 9.2. Prospecção de Usos Futuros ....................................................................... 245 CAPÍTULO 10 ......................................................................................................... 248 COMPENSAÇÃO AMBIENTAL (LEI 9.985/00) ......................................................... 248 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 254 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 256 EQUIPE TÉCNICA................................................................................................... 266 VOLUME II ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL AMPLIAÇÃO DA LAVRA DE CALCÁRIO ANEXOS ANEXO 1 – ART E COMPROVANTE DE PAGAMENTO DE TAXA DE ANÁLISE ANEXO 2 – CERTIDÃO DE USO DO SOLO E MANIFESTAÇÃO TÉCNICA DA PREFEITURA ANEXO 3 – DOCUMENTO DE TITULARIDADE DA PROPRIEDADE ANEXO 4 – CDLI, LO. AIA, DAEE, DEPRN, IBAMA E DNPM ANEXO 5 – LAUDOS DE ANÁLISE DE ÁGUA, AR E VIBRAÇÃO ANEXO 6 – PROTOCOLO DOS ESTUDOS ARQUEOLÓGICOS NO IPHAN ANEXO 7 – PLANO DE TRABALHO ANEXO 8 – TERMO DE REFERÊNCIA ANEXO 9 – PLANO DE AÇÃO DA FAUNA ANEXO 10 – DESENHOS DESENHO 768.E.0.0-EIA-01 – Fotografia aérea DESENHO 768.E.0.0-EIA-02 – Mapa de uso do solo DESENHO 768.E.0.0-EIA-03 – Planta de situação atual DESENHO 768.E.0.0-EIA-04 – Planta de situação – módulo 6 anos DESENHO 768.E.0.0-EIA-05 – Planta de situação – módulo 12 anos DESENHO 768.E.0.0-EIA-06 – Planta de situação – módulo 18 anos DESENHO 768.E.0.0-EIA-07 – Situação final de lavra DESENHO 768.E.0.0-EIA-08 – Mapa de Fragilidade DESENHO 768.E.0.0-EIA-09 – Planta planialtimétrica com área de influência direta Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP VOLUME III ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL ANEXOS 11 A 13 ANEXO 11 – ESTUDOS ESPELEOLÓGICOS ANEXO 12 – ESTUDOS GEOTÉCNICOS ANEXO 13 – RELATÓRIO DE DESEMPENHO AMBIENTAL VOLUME IV ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL ANEXO 14 ANEXO 14 – ESTUDOS HIDROGEOLÓGICOS VOLUME V RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL - RIMA Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 1 Introdução A VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A., atual denominação da VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL LTDA. (anteriormente Cimento Rio Branco S/A, Mineração Araçariguama S/A e Cimento Santa Rita S/A) é detentora dos direitos minerários para lavra de calcário referentes ao Processo DNPM 000.227/45, com Decreto de Lavra n° 26.788/49 e Portaria Retificadora de Lavra nº 1.769, de 17 de novembro de 1980. O calcário é utilizado para produção de brita, destinado à construção civil no Bairro Lagoa, no município de Araçariguama – SP. A mina de calcário foi implantada em meados do século passado para suprir a fábrica de cimento da Cimento Santa Rita, localizada em Itapevi, hoje desativada. Tendo em vista a pré-existência do empreendimento, em atendimento à Resolução SMA 18/89, foi apresentado em 31 de outubro de 2002 o Plano de Recuperação de Áreas Degradadas do empreendimento, que foi analisado e aprovado pelo DAIA por meio do Parecer Técnico CPRN/DAIA/259/05. Entretanto, a ampliação do empreendimento foi condicionada à apresentação de Estudo de Impacto Ambiental – EIA, em decorrência da necessidade de supressão de vegetação nativa, do rebaixamento previsto do piso da cava para a cota de 530 m e potenciais impactos em águas subterrâneas. Assim, em 20 de março de 2007, nos termos das Resoluções SMA 42/94 e 54/04, foi apresentado o Plano de Trabalho para a elaboração do EIA/RIMA, no qual foram incorporadas as diretrizes contidas no Parecer Técnico CPRN/DAIA/259/2005, referente à análise do PRAD. Após a análise do Plano de trabalho, a Secretaria do Meio Ambiente emitiu o Termo de Referência (Parecer Técnico CPRN/DAIA/0476/2007, de 03/12/2007). De acordo com a avaliação do DAIA, o nível de complexidade do EIA/RIMA é médio. Os estudos ambientais estão apresentados em 05 (cinco) volumes. No Volume I é apresentado o TEXTO do EIA, que compreende 10 (dez) capítulos, onde são abordadas a Metodologia, as Informações Gerais, as Alternativas Tecnológicas, a Caracterização do Empreendimento, o Diagnóstico Ambiental, os Impactos Ambientais, as Áreas de Influência, o Plano de Gestão Ambiental, o Plano de Desativação e a Compensação Ambiental. Nos Volumes II ao IV são apresentados os ANEXOS do EIA, tais como: ART, Certidão de Uso do Solo e Manifestação Técnica da Prefeitura, além dos estudos específicos de Geotecnia, Espeleologia, Hidrogeologia e os Desenhos. No Volume V é apresentado o Relatório de Impacto Ambiental – RIMA. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 2 Capítulo 1 Metodologia Este Estudo de Impacto Ambiental (EIA) é um documento técnico elaborado para subsidiar o processo de licenciamento ambiental do empreendimento proposto pela VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A., referente à ampliação das áreas de lavra de calcário para produção de brita para construção civil no município de Araçariguama no Estado de São Paulo, nos termos do artigo 225 da Constituição Federal de 1988, da Lei Federal nº 6.938/81 - Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, das Resoluções 001/86 e 237/97 do CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente e de toda a legislação pertinente nas esferas federal, estadual e municipal. O EIA consolida os levantamentos, estudos e análises realizados com a finalidade de avaliar a viabilidade ambiental de um projeto que possa causar impactos significativos no meio ambiente. A preparação de um EIA envolve a realização de diversas tarefas concatenadas e é precedida por uma etapa de planejamento dos estudos. Os principais passos para o planejamento e execução do presente estudo são mostrados na FIGURA 1.1. Partindo de uma caracterização sucinta do empreendimento e seus principais componentes, a equipe cotejou as grandes linhas das fases de implantação, operação e desativação do empreendimento com as características ambientais mais evidentes do local e do município. Estas características ambientais foram levantadas a partir de uma visita de reconhecimento à área. Como se trata de uma mina em operação há quase 5 décadas, as atividades de implantação já foram realizadas no passado. Este procedimento permite que sejam identificados, de maneira preliminar, os prováveis impactos decorrentes de cada uma das fases do período de vida do empreendimento. A analogia com projetos similares e a indução foram os meios usados para proceder à identificação preliminar dos impactos prováveis. Fundamentos e princípios acerca da identificação de impactos são encontrados na literatura técnica sobre avaliação de impacto ambiental, como Canter (1996), Sánchez (2004a, 2004b) e UNEP (2002), entre outros. De posse da lista preliminar de impactos a equipe procedeu a uma classificação e hierarquização destes prováveis impactos, levando em conta os seguintes fatores: (i) magnitude esperada do impacto (estimada com base nos dados de projeto e no reconhecimento ambiental, e sujeita a revisão em etapa subseqüente); (ii) existência de requisitos legais que visam proteger determinado recurso ambiental (por exemplo, o patrimônio espeleológico e arqueológico). Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 3 PLANEJAMENTO Caracterização das alternativas do empreendimento Caracterização preliminar do ambiente (1) identificação preliminar dos impactos (2) identificação das questões relevantes PLANO DE TRABALHO E TERMO DE REFERÊNCIA EXECUÇÃO (3) estudos de base (4) identificação dos impactos (5) previsão dos impactos (6) avaliação dos impactos (7) plano de gestão ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL Fonte: Adaptado de Sánchez (2001). FIGURA 1.1 - Metodologia de planejamento e preparação de um estudo de impacto ambiental. Um dos pilares da metodologia adotada é a calibração do estudo para dirigi-lo às questões mais significativas (scoping), concentrando os esforços no estudo dos impactos de maior relevância. Espera-se, desta forma, que este EIA esteja em conformidade com as melhores práticas internacionais de avaliação de impacto ambiental. Com efeito, scoping deficiente tem sido apontado como um dos principais pontos fracos dos estudos de impacto ambiental e como uma das mais importantes causas de estudos de má qualidade. O Estudo Internacional sobre a Eficácia da Avaliação e Impacto Ambiental (SADLER, 1996) indica este problema como um dos mais graves. A avaliação inicial indicou que os prováveis impactos mais significativos serão aqueles relacionados ao aprofundamento da cava de mineração e possíveis interferências com os aqüíferos superficiais e subterrâneos. Por esta razão, o diagnóstico ambiental procurou enfatizar os levantamentos hidrológicos e hidrogeológicos. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 4 Em 31 de outubro de 2002, o empreendedor apresentou para a Secretaria de Estado do Meio Ambiente de São Paulo o Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD), que foi aprovado pelo Departamento de Avaliação de Impacto Ambiental – DAIA em 2005 por meio do Parecer Técnico CPRN/DAIA/259/2005. Segundo esse parecer estariam sujeitos a licenciamento por meio de EIA/RIMA as ampliações e rebaixos da área de lavra para além do que já havia se submetido às intervenções na época do PRAD. Assim, a VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A. contratou os serviços de preparação de um “Plano de Trabalho” para a elaboração do EIA referente à ampliação da área de lavra. O Plano de Trabalho foi apresentado ao DAIA em 20 de março de 2007, após a análise do Plano de Trabalho o DAIA emitiu o Termo de Referência para elaboração do EIA, no Parecer Técnico CPRN/DAIA/0476/2007, de 03 de dezembro de 2007. A etapa de execução do EIA começa pela realização de estudos (denominados estudos de base) que comporão o diagnóstico ambiental. Esta tarefa envolve a coleta e a interpretação de dados primários e secundários sobre o ambiente físico, biótico e antrópico de uma área delimitada para estudo. O diagnóstico ambiental é um componente essencial do EIA e fundamento para as etapas seguintes de análise de impactos e de formulação de medidas mitigadoras (plano de gestão ambiental). Cada tipo de levantamento foi feito com o emprego de metodologia própria, de domínio de cada um dos especialistas envolvidos no diagnóstico ambiental, e que será apresentada na seção correspondente. A análise dos impactos é composta de (i) identificação, (ii) previsão da magnitude e (iii) avaliação da importância dos impactos. Nesta etapa, a identificação dos impactos devidos ao empreendimento deve ser sistemática, correlacionando cada ação (ou atividade) componente do empreendimento com um ou mais impactos ambientais. Nesse momento, dispondo-se dos resultados do diagnóstico ambiental, a lista preliminar de impactos que havia sido preparada na fase de planejamento dos estudos pode ser revista, corrigida ou ampliada. Em seguida, para cada impacto busca-se estimar (prever) sua magnitude ou intensidade, por exemplo, a área de cada tipo de formação vegetal que será eliminada ou os níveis futuros de ruído. Após esta fase, são definidas as áreas de influência do empreendimento. Finalmente, a análise dos impactos conclui-se pela avaliação da importância ou significância dos mesmos, seguindo critérios pré-definidos de valoração qualitativa. Os procedimentos e métodos empregados para identificar, prever e avaliar os impactos estão descritos no capítulo 5. A formulação de um plano de gestão ambiental - composto de medidas mitigadoras dos impactos adversos, de medidas potencializadoras dos impactos benéficos, de um plano de recuperação de áreas degradadas, de um plano de monitoramento ambiental e de um plano de medidas compensatórias -, completa os trabalhos de preparação do EIA. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 5 Capítulo 2 Informações Gerais Neste capítulo são apresentadas as informações sobre o empreendedor e a empresa de consultoria responsável pela elaboração deste EIA. Também são apresentadas informações de localização do empreendimento e o histórico do licenciamento mineral e ambiental, bem como a discussão da compatibilidade do empreendimento com a legislação ambiental vigente. 2.1. O Empreendedor A VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A. é uma empresa dedicada a toda a cadeia produtiva de insumos minerais para a construção civil como agregados, cal, cimento, argamassas e concreto, incluindo-se em suas atividades o aproveitamento e a exploração de jazidas minerais em todo o território nacional. A mina de calcário da VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A., em Araçariguama, está implantada e em operação há mais de cinqüenta anos e, por meio deste EIA, se pretende a licença ambiental de sua ampliação. A produção desta mina é destinada à produção de britas e agregados para concreto, utilizados na construção civil, sobretudo para abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo. Razão Social: VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A. CNPJ: 96.824.594/0025-00 Inscrição Estadual: 734.057.999.110 Fone: (11) 4136-1124 / 4136-1429 Endereço: Estrada de Araçariguama s/n Caixa Postal: 1.023 CEP: 18.147-000 Bairro: Lagoa – Araçariguama - SP Representante Legal: Engº Renato Siniscalchi Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 6 2.2. Empresa Responsável pela Elaboração do EIA/RIMA A Prominer Projetos Ltda. é empresa de consultoria que atua nas áreas de mineração e meio ambiente desde 1985. Razão social: PROMINER PROJETOS LTDA. CNPJ: 57.061.475/0001-05 CREA: 333933 Endereço: Rua França Pinto nº 1233 - Vila Mariana São Paulo-SP - CEP 04016-035 Pabx/Fax: (11) 5571-6525 E-mail: [email protected] Site: www.prominer.com.br Responsável técnico pelos estudos: Ciro Terêncio Russomano Ricciardi Engenheiro de minas - CREA/SP 0600871181 e-mail: [email protected] 2.3. Objeto do Licenciamento O empreendimento objeto deste Estudo de Impacto Ambiental é a ampliação da área de lavra de calcário da pedreira de Araçariguama da VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A., na qual está prevista a supressão de fragmento de vegetação nativa e o rebaixamento do piso da cava para a cota de 530 m. A área de ampliação da lavra está inserida nos limites da poligonal do processo DNPM 000.227/45, cuja titularidade é da VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A. 2.4. Localização do Empreendimento e Vias de Acesso A área do empreendimento dista cerca de 7,5 km a sudeste da área urbana de Araçariguama, localizada a oeste da Região Metropolitana de São Paulo. O acesso à área, a partir da capital paulista, se dá preferencialmente pela SP-280 (rodovia Presidente Castello Branco) até o km 44, no qual toma-se à direita o trevo de Santa Rita, passando sob a SP-280, pela estrada municipal Senador José Ermírio de Moraes via não pavimentada, que dá acesso à área do empreendimento, percorrendo-a por pouco mais de 2 km. Na FIGURA 2.4.1 é apresentado o mapa de acesso rodoviário e na FIGURA 2.4.2 é apresentado o mapa de localização do empreendimento na escala 1:50.000. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 7 FIGURA 2.4.1 - Mapa rodoviário. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 8 FIGURA 2.4.2 - Mapa de localização. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 9 2.5. Objetivos e Justificativas do Empreendimento A expansão da lavra da mina de calcário da VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A., objeto deste EIA, tem por finalidade a continuidade do fornecimento de matérias-primas para uso como agregados na construção civil, produzidos na central de britagem instalada próxima a mina em área rural do município de Araçariguama no Estado de São Paulo. A produção de pedra britada se destina a atender o mercado local e principalmente o mercado consumidor situado na porção oeste da Região Metropolitana de São Paulo – RMSP, além de algumas cidades de maior importância dentro do raio econômico, como Jundiaí, Sorocaba, Campinas e Piracicaba. As principais justificativas mercadológicos e ambientais. para o empreendimento encontram-se nos aspectos De acordo com os estudos e análises de mercado realizado no Plano de Aproveitamento Econômico (PAE), verificou-se que há reservas de calcário suficientes e grande potencial de mercado para continuação da explotação desta pedreira na região de Araçariguama devido ao crescente déficit de produção de brita para construção civil na região. A mina de calcário para produção de brita já possui a infraestrutura e o desenvolvimento da lavra implantado, estando em plena produção; os equipamentos existentes são devidamente mantidos, a equipe é treinada e tem garantido resultados econômicos satisfatórios. Todos estes fatores são importantes mitigadores de impactos ambientais ao se comparar a expansão da pedreira existente com a abertura de um novo empreendimento voltado a produção de brita. Por outro lado, a continuidade das atividades produtivas do empreendimento possibilita o estabelecimento de concorrência saudável na comercialização de britas, trazendo benefícios ao mercado consumidor, bem como a manutenção e geração de empregos para a região de Araçariguama e arredores, aumento da arrecadação de impostos para a União, o Estado e Município, e apreciável auxílio para o desenvolvimento regional. 2.6. Histórico do Empreendimento A seguir é apresentado o histórico do licenciamento ambiental e mineral da mina de calcário da VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A., conhecida como “Pedreira Santa Rita” ou também “Pedreira Araçariguama”, no município de Araçariguama, no Estado de São Paulo. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 10 2.6.1. Histórico do licenciamento ambiental A extração de calcário na área iniciou-se em 1953, ainda sob a denominação de Cimento Santa Rita S/A. Em 1986 a pedreira foi adquirida pela Cimento Rio Branco S/A, sendo feita a alteração da razão social somente em 1993. Tendo em vista que o empreendimento é anterior à Lei Estadual 997/76, a empresa possui Certificado de Dispensa de Licença de Instalação – CDLI nº 32000445, expedido pela CETESB em 30 de abril de 2002 (ANEXO 4). Em atendimento à Resolução SMA 18/89, foi apresentado em 31 de outubro de 2002 o Plano de Recuperação de Áreas Degradadas – PRAD da mina de calcário para produção de brita de Araçariguama, no âmbito do Processo SMA 13.803/02. Em 04 de fevereiro de 2004 foi firmado com o Departamento Estadual de Proteção dos Recursos Naturais – DEPRN/Equipe Técnica de Piedade - o Termo de Compromisso de Recuperação Ambiental - TCRA nº 24/04 (ANEXO 4), tendo sido apresentado projeto de revegetação de uma área de 1,2 ha, como compensação ambiental, protocolado no DEPRN em 21 de outubro de 2004, no âmbito do Processo DEPRN 72.111/02, tendo sido cumprido, posteriormente substituído pelo Termo 067/07 em que foi definido que essa compensação será feita no antigo bota-fora, situado na porção sul da propriedade. A Cimento Rio Branco S/A – Mineração Araçariguama foi incorporada pela VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A. em 1º de março de 2006. Em 12 de julho de 2005 foi aprovado o PRAD, por meio do Parecer Técnico CPNR/DAIA/259/05 (Processo SMA 13.803/02), com recomendação da emissão da Licença de Operação “para a área já submetida a intervenções, com operações de escavação restritas ao desmonte apenas das bancadas interiores à cava atual. As ampliações futuras pretendidas estariam condicionadas à apresentação de Estudo e Relatório de Impacto Ambiental – EIA/RIMA, tendo em vista os potenciais impactos ambientais. Em 18 de abril de 2006 foi apresentada a Solicitação de Supressão de Vegetação e em 1º de março de 2007 foi solicitada a Substituição da Solicitação de Supressão de Vegetação Nativa protocolada em 2006, agora no âmbito do Processo DEPRN 85.696/06, tendo sido obtida em 10 de maio de 2007 a Autorização nº 042/07, Termo de Compromisso de Recuperação Ambiental – TCRA 092/07 e o Termo de Responsabilidade de Preservação de Reserva LegalTRPRL 024/07. Nesta data também foi solicitada a averbação da Reserva Legal da propriedade como compensação ambiental pelo desmatamento solicitado, além da substituição da área objeto do TCRA 24/07, sendo emitido um novo TRPRL 067/07 em 17 de agosto de 2007. Esses documentos são apresentados no ANEXO 4. Em 11 de maio de 2006 foi emitida pela CETESB a Licença de Operação nº 32002862, no âmbito do Processo CETESB 32/00151/02, válido até 11 de maio de 2010 (ANEXO 4). Em 28 de junho de 2007, após cumpridos os termos da Autorização 042/07, foi solicitada Autorização de Supressão do restante da área de supressão (ANEXO 4), concedida pelo Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 11 DEPRN com a emissão do TRPRL 067/07. Nesta oportunidade também foi apresentada nova proposta de averbação de Reserva Legal, em função da solicitação de correção da área da propriedade. Em 20 de março de 2007 foi protocolado o Plano de Trabalho (ANEXO 6) no DAIA, tendo o mesmo sido analisado e aprovado pelo DAIA por meio do Parecer Técnico CPRN/DAIA/0476/2007, de 03 de dezembro de 2007, com emissão do Termo de Referência (ANEXO 7) para a elaboração do Estudo e Relatório de Impacto Ambiental - EIA para a ampliação da área de lavra de calcário na Unidade Araçariguama, da VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A., agora no âmbito do processo SMA 13.584/07. Em 27 de outubro de 2007 a empresa foi autuada pela Polícia Ambiental “por suprimir mediante aterro de depósito de pedras vegetação nativa pioneira (gramíneas herbáceas) e arbustiva, sem licença ambiental exigível” (Auto de Infração Ambiental nº 185592) e “por executar desvio de curso d’água com largura superior a dois metros, por 210 metros linear, sem licença ambiental exigível” (Auto de Infração ambiental nº 185593). Essa obra foi executada com a intenção de drenar a base do antigo bota-fora, e constituir uma bancada no pé do talude de modo a aumentar a estabilidade, atendendo a uma condicionante de aprovação do PRAD. A área está completamente recuperada, e a multa foi reduzida em 90%, e assinado o Termo de Compromisso de Recuperação Ambiental em 17 de julho de 2008. Com relação ao Departamento Estadual de Águas e Energia Elétrica - DAEE, o empreendimento tem a Portaria DAEE 1708/2003 para realização de captação, lançamento, barramentos (2) e canalização (ANEXO 4). A empresa realiza apenas a captação, e desde a desativação da lavagem de brita não realiza mais o lançamento. 2.6.2. Histórico do licenciamento mineral Com relação ao histórico mineral, o requerimento de pesquisa foi solicitado em 1945, sob o processo administrativo DNPM 000.227/45, para uma área de 160,07 ha. A concessão de lavra foi obtida no ano de 1949 por meio do Decreto 26.788/49. Em 17 de novembro de 1980 foi publicada a Portaria de Retificação da concessão de lavra nº 1.769 e, mais recentemente, em 2006 foi publicada no DOU a averbação da transferência dos direitos minerários. Todos esses eventos estão apresentados no QUADRO 2.6.2.1. A pedreira de calcário da VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A., localizada no município de Araçariguama, é conhecida pelo nome “Pedreira Santa Rita” ou “Mineração Araçariguama”. A empresa é proprietária do solo onde se encontra a jazida. A propriedade compreende uma área total de 205 ha, conforme a Certidão do Número de Ordem 10.893, de 02 de fevereiro de 1953, ainda em nome da “Cimento Santa Rita S.A.”, conforme apresentado no ANEXO 3. A extração mineral será restrita à área da propriedade da empresa e à área de concessão de lavra. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 12 Em 01 de julho de 2008, foi apresentado ao DNPM o Novo Plano de Aproveitamento Econômico, com a atualização do plano de lavra para a atual jazida. QUADRO 2.6.2.1 DNPM 000.227/45 – HISTÓRICO DOS EVENTOS DATA 10/01/1945 15/03/1949 21/06/1949 27/08/1949 10/08/1950 20/11/1980 08/09/1995 24/01/1996 02/08/2006 18/08/2006 EVENTO REQUERIMENTO DE PESQUISA PROTOCOLIZADO REQUERIMENTO DE LAVRA PROTOCOLIZADO CONCESSÃO DE LAVRA PUBLICADA PORTARIA RETIFICADORA DA CONCESSÃO PUBLICADA IMISSÃO DE POSSE REALIZADA PORTARIA RETIFICADORA DA CONCESSÃO PUBLICADA TRANSFERÊNCIA DOS DIREITOS DE LAVRA APROVADO PUBLICADO AVERBAÇÃO DA TRANSFERÊNCIA DOS DIREITOS DE LAVRA EFETIVADA TRANSFERÊNCIA DOS DIREITOS DE LAVRA APROVADO PUBLICADO AVERBAÇÃO DA TRANSFERÊNCIA DOS DIREITOS DE LAVRA EFETIVADA 2.7. Atuação e Experiência da Empresa no Setor Mineral A VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A., é uma das maiores empresas de fabricação e fornecimento de materiais para construção civil, tais como cimento, cal, agregados, areia, concreto, argamassas e outros. Pesquisa realizada junto ao Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM, em junho de 2008, não indicou titulares de lavra de calcário no município de Araçariguama-SP. No entanto, no município de São Roque - SP, foram constatadas apenas dois títulos minerários de calcário, a da Companhia Brasileira de Alumínio (processo DNPM 002.911/36) e a da VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A. (processo DNPM 000.227/45, ainda em nome da Cimento Rio Branco S/A), e que se encontram em fase de concessão de lavra. As informações com relação aos municípios não estão atualizadas no site do DNPM. Assim, no caso do processo DNPM da Companhia Brasileira de Alumínio, este se encontra em Alumínio - SP, município desmembrado de Mairinque. Já, o processo da VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A. ainda consta como localizado em São Roque (QUADRO 2.7.1.1). QUADRO 2.7.1.1 PROCESSOS MINERÁRIOS DO DNPM NA REGIÃO DNPM/ANO 002.911/36 000.227/45 TITULAR FASE DO PROCESSO COMPANHIA BRASILEIRA DE ALUMÍNIO CONCESSÃO DE LAVRA CIMENTO RIO BRANCO S/A CONCESSÃO DE LAVRA Fonte: DNPM, junho de 2008. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP MUNICÍPIO ALUMÍNIO SÃO ROQUE 13 2.8. Legislação Incidente A legislação ambiental brasileira é hoje vasta e complexa, mas somente começou a despontar efetivamente a partir do final dos anos 80, consolidando na década seguinte. Até então, os principais diplomas legais de proteção ao meio ambiente restringiam-se ao Código Florestal (Lei 4.771/65) e à Lei de Proteção à Fauna (Lei 5.197/67). Para se ter idéia, somente em 1981 foi sancionada a Lei Federal 6.938, que trata sobre a Política Nacional do Meio Ambiente. No âmbito estadual, em 1973 foi criada a CETESB, com objetivo de efetuar o controle da poluição das águas no Estado de São Paulo. Em 1976 foi promulgada a Lei 997, que dispunha sobre o controle da poluição do meio ambiente. Em 1986, por meio do Decreto 24.932, foi instituído o Sistema Estadual do Meio Ambiente e criada a Secretaria do Meio Ambiente, com objetivo de promover a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental. A intervenção com recursos naturais observada nos anos 60 e 70 foi abordada de forma mais restritiva nos anos 80, seja em função do desenvolvimento da consciência ambientalista e da efetiva preocupação com o meio ambiente por parte do poder público e da população em geral, seja pelos inúmeros diplomas legais que surgem nesse período e que devem ser observados para regularizar atividades poluidoras existentes ou mesmo para implantar novos empreendimentos. As constituições federal e estadual, promulgadas no final dos anos 80, vem reforçar a preocupação com o meio ambiente, dedicando um capítulo à parte ao tema. Não se passa um tempo sem que sejam expedidos leis, decretos, resoluções, portarias etc., federais ou estaduais, referentes à questão ambiental, por isso é necessário que os interessados mantenham-se atualizados em função das constantes edições de novos diplomas legais e freqüentes alterações, revogações e inclusões de novos dispositivos. Para o licenciamento ambiental do empreendimento da VOTORANTIM CIMENTOS, em Araçariguama, há um grande número de requisitos legais que devem ser observados, tanto na esfera federal quanto na estadual. Na esfera municipal deve ser observada a Lei Orgânica de 2003, que dispõe de um capítulo sobre meio ambiente, de forma genérica. Na área ambiental, o município não dispõe de legislação específica, há somente legislação que criou o distrito industrial, que delimitou o perímetro urbano do município e que institui o Fundo de Apoio ao Meio Ambiente-FAMA, com objetivo de captar recursos financeiros para recuperação e manutenção de parques municipais e áreas verdes. A compatibilização do empreendimento proposto com os aspectos legais é condição primordial para sua viabilidade ambiental, uma vez que os requisitos legais vão definir e nortear o desenvolvimento das atividades relativas ao uso dos recursos naturais, às áreas de preservação permanente, arqueologia, espeleologia e recuperação de áreas degradadas, entre outros aspectos. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 14 A seguir, é discutida a análise dos diplomas legais mais significativos que incidem sobre o empreendimento proposto, sendo os mesmos apresentados resumidamente no QUADRO 2.8.1. Licenciamento Ambiental, EIA/RIMA, PRAD e Audiências Públicas De acordo com a Constituição Federal (artigo 225) e a Resolução CONAMA 01/86 e o Decreto Federal 99.274/90, o licenciamento da ampliação de empreendimentos que possam causar significativa degradação ambiental dependerá da elaboração de Estudo de Impacto Ambiental - EIA. A Resolução Conama 237/97 também dispõe sobre a necessidade do licenciamento ambiental, para ampliação de empreendimentos, além da competência da União, Estados e Municípios. No âmbito estadual, os procedimentos para licenciamento ambiental seguem as Resoluções SMA 42/94 e 54/04. Para a publicidade do EIA, bem como a realização de audiências públicas, também devem ser observadas essas resoluções, além das Deliberações Consema 50/92, 06/95 e 08/99. No âmbito municipal, a Lei Orgânica de Araçariguama exige, para atividades potencialmente causadoras de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental. Mineração e área industrial A Resolução Conama 10/90 dispõe sobre licenciamento ambiental para extração de mineral Classe II (segundo o Código de Mineração). Na esfera estadual devem ser observadas as Resoluções SMA 03/99 e 51/06 (que revogou a Resolução SMA 04/99 e entrou em vigor a partir de 14/03/07), referentes ao licenciamento ambiental integrado de atividades minerárias. No âmbito municipal, as Leis 105/94 e 129/95 criaram e delimitaram no município de Araçariguama a “zona industrial”, destinada à implantação de indústrias não poluentes. Nesta lei estão definidas as diretrizes para uso e ocupação do solo no distrito industrial, que fica distante cerca de 5 km da área da área da pedreira “Santa Rita”, a cerca de 5 km a noroeste. Áreas de Preservação Permanente (APP) As áreas de preservação permanente foram instituídas pelo Código Florestal de 1965 (Lei federal 4.771/65) como forma de regular o uso do solo em propriedades agrícolas e com a finalidade principal de proteção dos recursos hídricos e do solo. O conceito de área de preservação permanente é uma atualização da noção de florestas protetoras do Código Florestal de 1934. Mais recentemente, com a Medida Provisória 2.166-67/2001, as florestas de preservação permanente passaram a ser denominadas áreas de preservação permanente - APP. As APP são áreas no entorno de nascentes, ao longo das margens de cursos d’água (vegetação ripária ou ciliar), em vertentes íngremes e no topo de morros, entre outras. A Resolução CONAMA 303/2002 definiu critérios para delimitação dessas áreas de preservação permanente em topos de morros. Hoje se reconhece que essas áreas também desempenham importante função ecológica de proteção aos ecossistemas aquáticos e de interligação entre fragmentos florestais remanescentes, facilitando a circulação da fauna. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 15 Qualquer intervenção em áreas de preservação permanente requer uma autorização específica e é necessário demonstrar que não há outro local viável para realizar essa intervenção, conforme constante na Resolução CONAMA 369/06. Ainda, de acordo com esta resolução, o órgão ambiental competente pode autorizar a intervenção ou supressão de vegetação em APP nos casos de utilidade pública, no qual se enquadra a atividade de extração de substâncias minerais. Flora e Fauna O local do empreendimento encontra-se em área de Domínio de Mata Atlântica. Há resoluções específicas para a definição vegetação primária e secundária, bem como os estágios sucessionais de Mata Atlântica (Conjunta Conama/SMA-SP 01/94, Resolução Conama 10/93). O Decreto 750/93 e a Lei Federal 11.428/06, que dispõem sobre a proteção da vegetação de Mata Atlântica, são outros instrumentos legais que devem ser observados. Em 23 de fevereiro de 2007 foi publicada a Resolução Conama 388, que convalidou as resoluções que definem a vegetação primária e secundária em estágios inicial, médio e avançado de regeneração de Mata Atlântica para fins do disposto no artigo 4º §1º da Lei 11.428/07. A Resolução SMA 08/08 fixou orientação para reflorestamento heterogêneo de áreas degradadas, originalmente ocupadas por ambientes florestais. Já, a Resolução SMA 15/08 dispõe sobre os “critérios e parâmetros para concessão de autorização para supressão de vegetação nativa, considerando as áreas prioritárias para incremento da conectividade”. Nos estudos de fauna na área de influência do empreendimento deve ser observada a lista das espécies da fauna ameaçadas e as provavelmente ameaçadas de extinção no Estado de São Paulo, conforme constante no Decreto Estadual 42.828/98 e também na lista oficial do IBAMA, definida pela Instrução Normativa IBAMA IN-03/03. Se constatada a existência de espécies da fauna consideradas ameaçadas de extinção, devem ser propostos planos de manejo para assegurar sua conservação. Ar, Água, Ruído e Resíduos Sólidos e Controle de Poluição Fontes de poluição do ar e das águas superficiais e subterrâneas, as emissões de ruídos por atividades industriais e a geração de resíduos sólidos devem ser controladas, além de se respeitar os limites estabelecidos por legislação específica. Em 1976 foi instituído o Sistema de Prevenção e Controle da Poluição do Meio Ambiente (Lei 997/76, regulamentado pelo Decreto 8.468/76), que proibia o lançamento e a liberação de poluentes nas águas, no ar e no solo, sujeitando o infrator às penalidades. Para o ar, devem ser observados os limites máximos de emissão de poluentes, bem como os padrões de qualidade do ar, conforme estabelecidos nas resoluções do Conama (08/90 e 03/90). Os padrões, critérios e diretrizes para emissão de ruídos são dados pela resolução Conama 01/90. Quanto aos resíduos sólidos (industrial, inertes, de saúde, etc.), o destino adequado deve obedecer ao que está estabelecido nas resoluções específicas do Conama. Para assegurar o controle, a utilização racional e o padrão de qualidade das águas foram instituídos a Política Nacional e o Plano Estadual de Recursos Hídricos (Lei Federal Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 16 9.433/97 e Lei Estadual 9.034/94). A classificação dos corpos d’água e as diretrizes ambientais para o seu enquadramento, e as condições e padrões de lançamento de efluentes haviam sido estabelecidos pela Resolução Conama 20/86, substituída recentemente pela Resolução Conama 357/05. No Estado de São Paulo, o Decreto Estadual 10.755/77 dispõe sobre o enquadramento dos corpos d’água receptores. A outorga para o uso de recursos hídricos superficiais e subterrâneos deve atender a Portaria DAEE 717/96. O empreendimento tem outorga do DAEE para captação, lançamento, barramentos (2) e canalização, conforme apresentado no ANEXO 04. Arqueologia, Espeleologia e Unidades de Conservação O patrimônio histórico nacional é protegido por lei desde 1937, por meio do Decreto Federal 25, pela Lei Federal 3924/61, pela Constituição Federal e pela Estadual. De acordo com a Portaria IPHAN 230/02, o licenciamento de empreendimentos potencialmente capazes de afetar o patrimônio arqueológico deve ser compatibilizado com os estudos preventivos de arqueologia. Atendendo o que determina a Portaria IPHAN 230/02, em 16 de agosto de 2006, foi protocolado no IPHAN, em 23 de junho de 2008, o anteprojeto para a realização de Levantamento Arqueológico Interventivo na área de influência direta e área diretamente afetada pelo empreendimento. No levantamento preliminar não-interventivo, não foram constatados vestígios ou ocorrências arqueológicas. No ANEXO 6 é apresentado o Relatório de Levantamento Arqueológico protocolado no IPHAN. Para o patrimônio espeleológico, devem ser observados a Resolução Conama 05/87 e o Decreto Federal 99.556/90, que protege e exige a elaboração de EIA nas áreas de ocorrência de cavidades naturais subterrâneas. A Resolução Conama 347/04, que determina “a área de influência do patrimônio espeleológico” (250 m) e “nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de significativa alteração e degradação do patrimônio espeleológico, para os quais se exija EIA/RIMA, o empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação”. Para verificar a existência de cavernas e outras feições cársticas significativas, foi efetuada a caracterização espeleológica dentro da poligonal de lavra e seu entorno. De acordo com os levantamentos realizados, não foram constatadas cavernas ou feições cársticas, conforme relatório de Caracterização Espeleológica apresentado no ANEXO 11. Nos casos de empreendimentos localizados no entorno de Unidades de Conservação (UC), deve ser observada a Resolução Conama 13/90, que determina que aqueles situados no raio de 10 km de UC, deverão obrigatoriamente ser licenciados pelo órgão ambiental competente pela sua administração. A Resolução CONAMA 378/06 estabelece que em zonas de amortecimento de UC e APA’s a autorização de supressão de florestas somente poderá ser concedida pelo órgão ambiental responsável por sua administração. Quase que a totalidade da área da poligonal DNPM 000.227/45, na qual se pretende a ampliação das áreas de lavra de calcário, está distante cerca de 9 km da Área de Proteção Ambiental (APA) Estadual Cabreúva e APA Municipal Aparecidinha, situadas a norte-noroeste da área de ampliação da lavra de calcário. De acordo com o artigo 25 da Lei Federal 9.985/00, as Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 17 APA’s não dispõem de zonas de amortecimento, portanto, não se aplica a resolução CONAMA 13/90. Ao norte dessa poligonal, a cerca de 5 km, há a Área Natural Tombada (ANT) da Serra do Botoruna, localizada do outro lado da rodovia Castello Branco, entre o rio Tietê e o ribeirão Icavetá. De acordo com a Lei Federal 9985/00, Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), a ANTs não são consideradas Unidades de Conservação. Recuperação de áreas degradadas O Decreto Federal 97.632/89 determina que empreendimentos que se destinam à exploração de recursos minerais deverão apresentar Plano de Recuperação de Áreas Degradadas – PRAD ao órgão ambiental competente. A Resolução SMA 51/06 determina a apresentação do Plano de Recuperação de Áreas Degradadas, na forma de capítulos dos instrumentos aplicados no licenciamento ambiental. Quanto à orientação para reflorestamento heterogêneo de áreas degradadas, esta é fixada na Resolução SMA 08/08. Na esfera municipal, por meio da Lei 283/01, foi instituído o Fundo de Apoio ao Meio Ambiente (FAMA), com objetivos de captar recursos financeiros, inclusive resultantes das multas por infrações às normas ambientais, para a recuperação, manutenção das áreas de parques municipais e áreas verdes. Sanções Penais A Lei Federal 9.605/98 dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, especificando os crimes contra a fauna, flora, poluição e outros crimes ambientais. A Lei Estadual 9.509/97 também dispõe sobre penalidades quando da não observância dos preceitos normativos. Ainda no âmbito estadual, a Resolução SMA 37/05 dispõe sobre o controle e a fiscalização ambiental no Estado, tipos de sanções e sua aplicação. A Lei Orgânica determina que as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente estão sujeitos a sanções penais e administrativas definidas pelo município. Compensação Ambiental Para os casos de compensação ambiental, foi definido no artigo 36 da Lei Federal 9.985/00 (Lei do SNUC) que empreendimentos de relevante impacto ambiental, fundamentado em EIA/RIMA, o empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral. Nesta lei foi definido que os recursos da compensação ambiental não poderiam ser inferiores a 0,5% (meio por cento) dos custos totais previstos para a implantação do empreendimento proposto. Em abril de 2008, o Plenário do Superior Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade (Ação de Inconstitucionalidade 3.3.78) das expressões “não pode ser inferior a 0,5% dos custos totais previstos na implantação do empreendimento” e “o percentual”, constantes do §1º do artigo 36 da Lei 9.985/00. A aplicação dos recursos da compensação ambiental foi definida pelo Decreto Federal 4.340/02, sendo prioritariamente destinada à regularização fundiária, elaboração de plano de manejo, aquisição de bens e serviços entre outros. A Resolução CONAMA 371/06 estabeleceu diretrizes aos órgãos ambientais para o cálculo, cobrança, aplicação, aprovação e controle de gastos de recursos advindos de compensação Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 18 ambiental. O empreendedor deve apresentar no EIA/RIMA sugestões de unidades de conservação - UC a serem beneficiadas com os recursos da compensação ambiental. No âmbito estadual, a Resolução SMA 18/04 criou a Câmara de Compensação Ambiental, com a finalidade de analisar e propor o destino dos recursos provenientes da compensação ambiental, proposta no EIA/RIMA. Em 2006 foi publicada a Resolução SMA 56, que estabelece a gradação de impacto ambiental para fins de cobrança de compensação ambiental decorrente do licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo impacto ambiental. Para a gradação dos impactos devem ser considerados apenas os impactos negativos e não mitigáveis aos recursos ambientais. A Lei Federal nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006 define em seu artigo 17, compensação para supressão de vegetação em estágios médio e avançado do Bioma da Mata Atlântica, com averbação de área equivalente ao da supressão, com as mesmas características ecológicas, na mesma bacia hidrográfica, e preferencialmente na mesma microbacia hidrográfica. Em seu artigo 32 define que as atividades de mineração, como compensação ao corte de vegetação em estágios médio e avançado do Bioma da Mata Atlântica, deve recuperar área equivalente à do empreendimento, na mesma bacia hidrográfica e, preferencialmente, na mesma micro-bacia hidrográfica. A Resolução SMA 15/08 “dispõe sobre os critérios e parâmetros para concessão de autorização para supressão de vegetação nativa considerando as áreas prioritárias para incremento da conectividade”. De acordo com o mapa das áreas prioritárias para incremento para conectividade do Projeto BIOTA FAPESP, o empreendimento insere-se na área de prioridade 4 para conservação. Assim, para fins de desmatamento de vegetação nativa o empreendedor deverá compensar o equivalente a 2 (duas) vezes pela área autorizada. Certidão e Manifestação da Prefeitura Municipal Conforme estabelecido nos artigos 5º e 10 da Resolução CONAMA 237/97, deve ser apresentada a Certidão da Prefeitura Municipal relativa ao uso do solo, bem como a Manifestação do órgão ambiental municipal. A Resolução SMA 26/05 dispõe sobre o prazo de validade das certidões do uso e ocupação do solo. A Certidão de Uso do Solo e a Manifestação Técnica da Prefeitura de Araçariguama são apresentadas no ANEXO 02. Perímetro urbano A Lei Municipal120/95 definiu todo o território de Araçariguama como perímetro urbano. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 19 QUADRO 2.8.1 PRINCIPAIS REQUISITOS LEGAIS OBSERVADOS NO PLANEJAMENTO DO PROJETO E NO LICENCIAMENTO AMBIENTAL Tema Referência legal Conteúdo Federal Estadual Municipal - Constituição Estadual, art. 192, - Lei 9.509/97 (PEMA) - Res. SMA 51/06 - Res. SMA 03/99 - Port. DEPRN 17/98- Port. CPRN-04/03 - Lei 1.487/06, art. 27 Critérios básicos e diretrizes para elaboração de EIA/RIMA - Dec. 99.274/90, art.17 - Res. Conama 01/86, art. 5° ao 9° Atividades sujeitas ao licenciamento ambiental com apresentação de EIA/RIMA - Constituição Federal, art. 225 - Res. Conama 237/97, art. 3º - Res. Conama 01/86, art. 2° Tramitação do pedido de licença e procedimentos de análise de EIA/RIMA - Res. Conama 10/90, art. 3° ao 8° - Res. Conama 237/97, art. 10º - Res. SMA 54/04 - Res. SMA 42/94 Licenças ambientais – tipos, prazos e taxas - Dec. 99.274/90, art.19 - Res. Conama 237/97 - Port. CPRN-03/05 - Dec. 47.400/02, art. 2º - Dec. 47.397/02, art. 1º Competência para licenciamento - Lei 6.938/81, art.10 - Dec. 99.274/90, art.17 - Res. Conama 237/97, art. 5º e 6º - Dec. 47.397/02, art. 1º Compensação ambiental e financeira - - Resolução SMA 15/08 - Resolução SMA 56/06 - Resolução SMA 18/04 Publicidade do EIA - Res. Conama 01/86, art. 11 - Res. Conama 06/86 - Res. Conama 237/97, art. 3º e 10º EIA/RIMA E LICENCIAMENTO Audiência pública Mineração Proximidade de unidades de conservação Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP - Lei 11.428/2006, art. 17 e 32 Lei 9.985/00, art. 36 Decreto 4.340/02, art. 33 Res. Conama 371/06 Portaria Ibama 07/04 Instrução Normativa Ibama 47/04 Constituição Federal, art. 225 Lei 6.938/81, art.10, § 1° Res. Conama 09/87 Res. Conama 237/97, art. 3º Res. Conama 10/90 Res. Conama 237/97 - anexo Res. Conama 13/90, art. 2º Res. Conama 378/06, art. 3º - Res. SMA 54/04 Delib. Consema 08/99 Delib. Consema 06/95 Delib. Consema 50/92 - Res. SMA 54/04 Res. SMA 42/94 Delib. Consema 08/99 Delib. Consema 50/92 - Res. SMA 51/06 20 QUADRO 2.7.1 (Continuação) PRINCIPAIS REQUISITOS LEGAIS OBSERVADOS NO PLANEJAMENTO DO PROJETO E NO LICENCIAMENTO AMBIENTAL Tema Federal Estadual Mata Atlântica - proteção - Constituição Estadual, art. 196 - Lei 11.428/06 - Res. SMA 21/01 - Dec. 750/93, art. 1º - Port. Interinstitucional 01/96 art 1º - Port. DEPRN 30/06 Mata Atlântica – estágio sucessional - Res. Conama 388/07 - Res. Conama 01/94 - Res. Conama 10/93, art. 1º ao 3º Mata Atlântica – remanescente - Res. Conama 03/96 Reserva legal - Lei 4.771/65, art. 16°, - MP 2.166-67/01, art. 1° Área de preservação permanente – delimitação - Lei 4.771/65, art. 2°, 3° Lei 7.754/89, art. 1° MP 2.166-67/01, art. 1° Res. Conama 303/02, art.3º Área de preservação permanente e supressão de vegetação nativa - Lei 4.771/65, art. 10° MP 2.166-67/01, art. 1° Res. Conama 369/06 Res. Conama 347/04 Florestamento e reflorestamento; proteção - Lei 7.754/89, art. 2°- Lei 4.771/65, art. 19°, § único Espécies ameaçadas - Portaria Ibama 37-N/92 Proibição da caça - Lei 5.197/67 - Constituição Estadual, art. 204 Proteção de espécies ameaçadas - IN Ibama 03/03 - Dec. 42.838/98 - Port. DEPRN 42/00 VEGETAÇÃO FAUNA Referência legal Conteúdo Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP Municipal - Res. conj. SMA/Ibama-01/94 - Res. cinj. SMA/Ibama-05/96 - Lei 12.927/08 - Dec. 50.889/06 - Port. DEPRN 44/04 - Constituição Estadual, art. 197 - Dec. 49.566/05 - Res. SMA 15/08 - Res. Conj. SAA/SMA-02/97 - Resolução SMA 08/08 - Lei Orgânica 21 QUADRO 2.7.1 (Continuação) PRINCIPAIS REQUISITOS LEGAIS OBSERVADOS NO PLANEJAMENTO DO PROJETO E NO LICENCIAMENTO AMBIENTAL Tema AR ÁGUA E EFLUENTES RUÍDO RESÍDUOS SÓLIDOS PATRIMÔNIO CULTURAL Federal Estadual Emissão de poluentes padrões de qualidade - Res. Conama 08/90, art. 2º - Res. Conama 03/90, art. 3º - Dec. 8.468/76 Outorga - Lei 9.433/97, art. 11 a 18 - Portaria DAEE 717/96 Classificação e enquadramento; padrões de lançamentos de efluentes - Lei 9.433/97 - Res. Conama 357/05, art. 1º, 3º, 4º, 7º, 10º - Lei 7.663/91 (PERH) - Dec. 10.755/77 - Res. Conj. SMA/SERHS-01/05 - Res. Conj. SAA/SMA-02/97 Emissão e padrão - Res. Conama 01/90 - Dec. 8468/76 Inventário Classificação - - Res. SMA 41/02 Óleos usados Res. Conama 313/02 Norma NBR 10004:2004 Res. Conama 09/93 Portaria ANP 127/99 Baterias usadas - Res. Conama 257/99 Pneus usados - Patrimônio arqueológico e espeleológico Distrito/área industrial ATIVIDADES LESIVAS AO AMBIENTE Referência legal Conteúdo Sanções penais e administrativas Recuperação de áreas degradadas Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP Res. Conama 258/99 e 301/03 Constituição Federal, art. 216 Lei 3.924/61 Portaria IPHAN 230/02 - Res. SMA 34/03 - Lei Orgânica - Lei 105/94; - Lei 129/95 - Municipal Lei 9.605/98 Dec. 4.592/03 Dec. 3.179/99 Constituição Federal, art. 225 Lei 6.938/81 Dec. 97.632/89 - Lei 9.509/97, art. 28 - Lei 997, de 31/05/76 - Res. SMA 37/05 - Lei Orgânica - Constituição Estadual, art. 195 - Res. SMA 51/06 - Lei 283/01 22 2.9. Planos e Programas Esta seção apresenta um apanhado dos principais planos e programas em vigor no município de Araçariguama, com a finalidade de possibilitar a compatibilidade do empreendimento com os mesmos. Os planos e programas em vigor em Araçariguama restringem-se àqueles da esfera do governo federal e compreendem basicamente aqueles que se estendem para todo o todo território, das quais de destacam: • Programa “Luz para todos”, coordenado pelo Ministério da Minas e Energia, com a participação da Eletrobrás. Consiste em programa de universalização de acesso à energia elétrica para 12 milhões de pessoas até 2008; • Programa “Bolsa Família”, coordenado pelo Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Trata-se de um programa de transferência de renda destinado às famílias em situação de pobreza, com renda per capita de até R$100,00 mensais, e de acesso aos direitos sociais básicos (saúde, alimentação, educação e assistência social). Neste programa foram unificados os demais benefícios sociais (Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, Cartão Alimentação e o Auxílio Gás). Na esfera estadual, nenhuma microbacia situada no município de Araçariguama está contemplada no Programa Estadual de Microbacias Hidrográficas-PEMH, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento-SAA. Com relação às Unidades de Conservação (UC), a área da poligonal DNPM 000.227/45, não se insere em nenhuma em nenhuma UC. A Área de Proteção Ambiental (APA) Estadual Cabreúva e APA Municipal Aparecidinha são as UC’s que se encontram mais próximas à poligonal DNPM 000.227/45, situando-se a norte-noroeste da área de ampliação da lavra da mina de calcário, distante cerca de 9 km. De acordo com o artigo 25 da Lei Federal 9.985/00, as APA’s não dispõem de zonas de amortecimento, portanto, não se aplica a resolução CONAMA 13/90. Na esfera municipal não foram constatados quaisquer planos ou programas. O município sequer dispõe de Plano Diretor Municipal. Há apenas, na área de turismo e lazer, projetos para a adaptação da pista de arborismo e do Parque da Mina do Ouro para o acesso dos portadores de necessidades especiais. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 23 Capítulo 3 Alternativas Locacionais e Tecnológicas A equipe técnica que elaborou este EIA entende que os estudos de alternativas locacionais e tecnológicas de empreendimentos de mineração devem ser associados, primeiramente, ao mercado para os produtos que advêm dos bens minerais a serem explotados, já que é a existência deste mercado que desperta o interesse do empreendedor na continuidade da operação do empreendimento. Uma vez justificada a possibilidade econômica da continuidade da operação do empreendimento através dos estudos mercadológicos deve se prosseguir para os estudos de alternativas locacionais. Tendo-se em mente a rigidez locacional característica dos empreendimentos de mineração, sempre regidos pelo local em que as jazidas se encontram na natureza, deve se trabalhar então nas opções existentes entre diversas jazidas existentes e a localização das estruturas relacionadas à extração das substâncias minerais para cada uma destas jazidas. No caso específico deste EIA, que se trata da ampliação da lavra de uma mina já existente, a rigidez locacional do empreendimento fica ainda mais acentuada. Por fim, com o projeto de ampliação justificado economicamente e tendo se escolhido as melhores alternativas locacionais, procede-se para a escolha das alternativas tecnológicas. Tratando-se de tecnologia de mineração, as alternativas tecnológicas (ou de método de lavra) estão intimamente ligadas à localização e profundidade do corpo mineralizado que define a jazida. Novamente, por se tratar da ampliação da cava de uma mina de calcário para brita, cabe a ressalva que a tecnologia empregada neste tipo de empreendimento é típica e comum à grande maioria dos empreendimentos similares. Desta forma, neste capítulo é abordada inicialmente a análise de mercado para a brita que embasa as justificativas para a realização da ampliação da Pedreira Santa Rita. Segue-se a esta análise de mercado, a análise das alternativas locacionais para então elaborar-se o último item sobre alternativas tecnológicas. 3.1. Considerações Gerais Sobre o Mercado As justificativas para a realização do projeto de ampliação da Pedreira Santa Rita se devem principalmente à relevância dos mercados de brita na região, impulsionado pela pujante indústria da construção civil paulista. Cabe ressaltar de que a construção civil exerce um papel social de suma importância ao gerar empregos especialmente para a parcela menos Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 24 favorecida da população, ao demandar uma série de outras atividades, bens e serviços e ao propiciar acesso à habitação aos mais necessitados. A VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A., empresa líder no fornecimento de materiais para construção civil, incluindo-se agregados, pretende através do licenciamento ambiental baseado neste EIA, dar continuidade à operação do empreendimento de produção agregados em Araçariguama, auxiliar no desenvolvimento da Região Metropolitana de São Paulo, amenizando o déficit entre os mercados produtos e consumidor, e assim contribuir para o crescimento da economia regional. A continuidade da lavra da pedreira e a conseqüente operação de sua unidade de britagem e classificação de brita de calcário em Araçariguama, manterá o abastecimento de brita proveniente desta unidade produtora para a porção oeste da Região Metropolitana de São Paulo que, devido ao crescimento populacional e desenvolvimento econômico da sociedade como um todo, demanda uma crescente quantidade de agregados para consumo na construção civil, em obras de infra-estrutura e moradias entre outras. O empreendimento também concorre para o abastecimento do interior do Estado de São Paulo, como as cidades de Jundiaí, Campinas e Piracicaba, além de abastecer a necessidade local do município de Araçariguama e sua micro-região. O estudo de alternativas para manutenção de uma pedreira e britagem na área Oeste da Região Metropolitana de São Paulo visa avaliar o nível de atendimento da demanda atual deste insumo da construção civil, bem como estimar a projeção do consumo de agregados na Região Metropolitana de São Paulo dentro dos próximos 20 anos, avaliando, ainda, a necessidade da manutenção deste empreendimento produtor de agregados para concorrer neste quadro de abastecimento. Os resultados da análise destas informações conduzem à conclusão pela manutenção da pedreira produtora de brita de calcário na região de Araçariguama no Estado de São Paulo, por diversas vantagens comparativas que são apresentadas nos próximos itens. 3.2. Alternativas Locacionais A avaliação de alternativas é realizada primeiramente para a área de mineração do projeto e posteriormente para as localizações das demais estruturas relacionadas às atividades de mineração. Fato preponderante sobre a localização de uma pedreira é a sua distância ao mercado consumidor, já que o frete é o item de custo que mais pesa no preço do agregado para o consumidor final. O consumo de britas comerciais no Brasil é da ordem de 1,5 toneladas por habitante por ano. Devido às características de baixo valor agregado, as pedreiras de brita comercial se situam até 50 quilômetros da região de consumo, quando estas apresentam uma grande população consumidora. Nas regiões de menores populações, as pedreiras se encontram entre10 a 20 quilômetros dos mercados consumidores. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 25 Esta característica de consumo confere aos empreendimentos de brita comercial um estudo de consumo micro regional, com no máximo 50 quilômetros de distância. As principais reservas de granito e calcário, utilizados para o abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo estão localizadas nos municípios de Guarulhos, Santa Isabel, Mogi das Cruzes, Mauá, Diadema, Itapecerica da Serra, Embu, Jandira, Barueri, Araçariguama, Santana do Parnaíba, Cajamar, Perus, Caieiras e Mairiporã. A organização geográfica desses municípios pode ser resumida no QUADRO 3.2.1. QUADRO 3.2.1 SITUAÇÃO REGIONAL DAS RESERVAS DE CALCÁRIO E GRANITO PARA BRITA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO E IMEDIAÇÕES REGIÃO MUNICÍPIO REGIÃO NORTE CAIEIRAS PERUS MAIRIPORÃ GUARULHOS REGIÃO LESTE SANTA ISABEL MOGI DAS CRUZES MAUÁ REGIÃO SUL DIADEMA ITAPECERICA DA SERRA EMBU ARAÇARIGUAMA JANDIRA REGIÃO OESTE BARUERI SANTANA DE PARNAÍBA CAJAMAR A Região Metropolitana de São Paulo é a maior consumidora de brita em todo país, com uma demanda estimada média de 2.400.000 toneladas por mês. O QUADRO 3.2.2 contém dados referentes ao período de 2005 até 2007, além de previsões para 2008. QUADRO 3.2.2 MERCADO DE BRITA NO ESTADO DE SÃO PAULO ANO CONSUMO (t) 2005 25.753.933 2006 26.975.988 2007 29.764.948 2008* 32.114.616 * ESTIMATIVA Situada no limite da Região Oeste da Região Metropolitana de São Paulo, a Pedreira Santa Rita representa aproximadamente 20% da produção total de brita desta região, conforme Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 26 mostra o QUADRO 3.2.3, o que destaca o empreendimento através de sua relevância para o mercado da construção civil e sublinha a necessidade de empreendimentos substitutos em um cenário de eventual suspensão ou fechamento da pedreira de Araçariguama. QUADRO 3.2.3 VENDAS MENSAIS DE BRITA NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO REGIÃO OESTE SUB-TOTAL DEMAIS EMPRESA/ZONA VENDAS TOTAIS (t) % REGIONAL % RMSP PEDREIRA SANTA RITA 100.000 20 2,70 OUTRAS 400.000 80 7,75 ZONA OESTE 500.000 100 10,5 ZONA NORTE 250.000 13,9 ZONA LESTE 700.000 34,3 ZONA NOROESTE 600.000 30,2 ZONA SUL 150.000 10,6 10.000 0,70 2.210.000 t 100% ABC TOTAL RMSP Após alguns anos de operação, observamos que a tendência de consumo é superar a produção da região, que apresentará déficit nos próximos anos, levando em consideração a mesma capacidade instalada. Este déficit mostra a carência na região em relação a esse bem mineral, o que torna o empreendimento viável e necessário para a região, com possibilidades de expansão no decorrer dos anos para se adequar às novas necessidades de mercado. O empreendimento também é um gerador de empregos locais e participa na arrecadação de impostos para o Estado de São Paulo e município de Araçariguama, colaborando com desenvolvimento econômico local. 3.2.1. Localização da Área de Lavra Um empreendimento de mineração, como já mencionado, possui como uma de suas características a rigidez locacional dada pela formação geológica do corpo mineralizado a ser explotado. A ampliação da Pedreira Santa Rita apresenta, em relação a empreendimentos semelhantes de calcário, as seguintes vantagens do ponto de vista locacional: • Encontram-se no seu interior relativamente poucos fragmentos de mata nativa e de APP, possibilitando um projeto de lavra e de disposição de estéril que respeite estes elementos ambientalmente valorizados; • Encontra-se em operação no mesmo local há várias décadas, o que facilita a obtenção de mão-de-obra qualificada e a manutenção de empregos; • Encontra-se suficientemente próximo a diversos mercados consumidores; Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 27 • Encontra-se próximo a unidade de britagem já existente; • Trata-se da expansão de uma área já minerada, sem tratar da abertura de um novo empreendimento e todos os impactos sócio-ambientais associados. As vantagens da ampliação da Pedreira Santa Rita, no entanto, são importantes do ponto de vista ambiental, já que é interessante o aproveitamento das reservas minerais e das instalações industriais já existentes como o caso da instalação de britagem em operação no local. A proximidade da lavra de calcário com a britagem existente elimina a necessidade de novas instalações e também reduz todos os impactos ambientais relacionados ao transporte do calcário da mina para a britagem. Por fim, a possibilidade de se executar um projeto de mineração com mínima interferência com áreas de mata nativa e APP, torna o projeto de ampliação da mina de calcário para produção de brita apresentado neste EIA extremamente atrativo no que se refere à sua localização. 3.2.2. Localização das Pilhas de Disposição de Estéril A seleção racional de uma área para disposição de material estéril é um processo interativo. Sítios potenciais para disposição são primeiramente identificados e estudos de caracterização preliminar são realizados. Após a elaboração dos projetos conceituais de disposição de material estéril, que é a etapa atual de projeto e a que se julga adequada para o presente EIA, novos estudos serão realizados para se confirmar a viabilidade e preparar o projeto detalhado de disposição. A seleção básica de áreas para disposição de material estéril levou em conta os seguintes critérios: • Considerações do planejamento de lavra: as áreas de disposição não devem ser futuras áreas de lavra, mantendo-se o cuidado de afastar as pilhas da área projetada para a cava de exaustão. Ao mesmo tempo a distância das pilhas para a área de extração deve ser próxima o suficiente da área de lavra para manter a economia do transporte e restringir os impactos ambientais relacionados ao mesmo. • Restrições físicas: a área de disposição deve ao mínimo atender aos volumes de material estéril a serem gerados pelo projeto de exaustão de lavra. • Restrições ambientais: Exclui-se qualquer intervenção das áreas de disposição de estéril com mata nativa e APP. 3.3. Alternativas Tecnológicas A rocha comercializada como agregado é o calcário, que além de atender as características e especificações técnicas para a utilização como pedra britada ou agregado, tem menor custo de produção que o das pedreiras de granito, permitindo à Pedreira Santa Rita competir Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 28 fortemente no mercado. Este custo de produção inferior se deve ao fato do calcário ser uma rocha com características menos abrasivas, reduzindo assim o consumo de peças de desgaste dos equipamentos, além disso, o desmonte do calcário necessita também de menores razões de carga de explosivos que o desmonte de granito ou basalto. As características físicas da brita comercial de calcário para comercialização são apresentadas a seguir: • Densidade “in situ” 2,7 t/m³; • Densidade solta 1,6 t/m³; • Taxa de ruptura sob compressão 160 MPa; • Taxa de ruptura sob flexão 20 MPa; • Taxa de ruptura sob tração (compressão diametral) 8 MPa; • Modulo de elasticidade 74000 MPa; • Coeficiente de Poisson 0,23. A pedra britada, ou brita, é o produto da cominuição de rocha que se caracteriza por tamanhos nominais de grãos enquadrados entre 2,4 e 64 mm, segundo as divisões padronizadas da ABNT constantes nas NBR 5.564, 7.174 e 7.211. O calcário é, quimicamente, o carbonato de cálcio natural (CaCO3), apresentando sob a forma de calcita e aragonita. Dependendo do teor de magnésio (MgO), o calcário pode ser calcítico, com teor de magnésio até 2%, magnesiano, com teor de MgO até 6% e dolomítico ou dolomito com teores de MgO acima de 6%. A produção de calcário, por se tratar de uma matéria-prima mineral, tem de ser realizada via operações de mineração. O termo lavra se refere ao conjunto das operações industriais de extração de minérios. A lavra pode ser a céu aberto ou subterrânea, de acordo com parâmetros locacionais e geotécnicos da jazida, especialmente a profundidade em que se encontra o minério. O Anuário Mineral Brasileiro de 2006 registrou um total de 291 minas de calcário no Brasil, destas apenas uma é classificada como “mista” por possuir operações subterrâneas e a céu aberto. Todas as outras 290 minas são minas a céu aberto (ou 99,6 % do total), o que demonstra que a lavra de calcário é necessariamente a céu aberto e que apenas casos muito específicos permitem operações subterrâneas exeqüíveis técnica e economicamente. No caso das reservas da Pedreira Santa Rita torna-se imperativo o uso de técnicas de mineração a céu aberto, pois o calcário encontra-se a poucos metros da superfície sob capeamento estéril na forma de solo, o que torna a opção de lavra subterrânea para este caso inviável. O transporte do calcário até a britagem é feito por caminhões. Como a granulometria obtida com o desmonte da rocha é grosseira, não é possível seu transporte por correias transportadoras, teleféricos ou outro meio de transporte. Os caminhões proporcionam Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 29 ainda flexibilidade de transporte, pois podem ser alocados de uma frente de lavra para outra e para o transporte de solo e material estéril conforme a necessidade. 3.4. Considerações Sobre a Análise de Alternativas De acordo com os estudos e as análises preliminares realizadas, verificou-se que há um grande potencial de mercado para continuação da exploração desta pedreira na região de Araçariguama, devido ao crescente déficit de produção de brita na região. A Pedreira Santa Rita, já em operação, conta com estruturas de acesso já escavadas e implantadas, estando em plena produção; os equipamentos existentes são economicamente mantidos, a equipe é treinada e tem garantido resultados econômicos satisfatórios. A VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A. também realiza constantes investimentos em tecnologia e busca de incessante melhoria de resultados técnicos e econômicos. Por outro lado, o empreendimento possibilita o estabelecimento de concorrência saudável na comercialização de britas, trazendo benefícios ao mercado consumidor, bem como a geração de empregos para a região de Araçariguama e arredores, aumento da arrecadação de impostos para a União, o Estado e Município, e apreciável auxílio para o desenvolvimento regional. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 30 Capítulo 4 Caracterização do Empreendimento Neste capítulo é apresentada a descrição técnica do projeto de ampliação da mina de calcário de Araçariguama, de acordo com o proposto no Plano de Trabalho e com os requisitos do Termo de Referência referentes a este EIA, de modo a permitir o entendimento de suas implicações bem como embasar a análise de impactos ambientais. A situação atual do empreendimento pode ser verificada na imagem aérea (DESENHO 768.E.0.0-EIA-01) bem como no mapa de uso do solo (DESENHO 768.E.0.0-EIA-02) e seu detalhamento é apresentado no DESENHO 768.E.0.0-EIA-03 que corresponde à planta da situação atual do empreendimento. Deve ser ressaltado que em nenhum momento na elaboração deste EIA foi encontrado algum indício da existência de passivos ambientais relacionados ao empreendimento. 4.1. Reservas Geológicas Este item tem por objetivo apresentar sucintamente a descrição geológica da jazida, de modo a demonstrar as evidências geológicas que embasam o projeto de expansão da pedreira. 4.1.1. Descrição Geológica da Jazida A área objeto deste estudo situa-se no domínio das rochas carbonáticas localizada na base do Grupo São Roque (Serra do Itaberaba). Sinteticamente, o alvo encontra-se num grupo de rochas de natureza carbonático-detrítica, sendo representada basicamente por metacalcários mais ou menos impuros e rochas calcossilicatadas. Estas rochas aparecem como lentes alongadas e mostram passagem gradual de metacalcários impuros a rochas calcossilicatadas, numa alternância irregular de espessura muito variável de bandas milimétricas a métricas, dobradas em padrão de antiformes e sinformes assimétricos de eixos NW-SE e xistosidade principal normalmente paralela ao plano de estratificação com mergulhos verticalizados. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 31 Os contatos são gradacionais e inferidos e a definição das lentes mais ou menos carbonáticas, deve-se ao predomínio dos calcários impuros sobre as rochas calcossilicatadas e vice-versa, sendo assim: • Lente calcário A: Formada predominantemente por calcários calcíticos impuros, esbranquiçados, granulação fina a média com pouca ou nenhuma intercalações de rochas calcossilicatadas. Aparece na porção leste da área de lavra e mostra se dobrada em forma de antiforme com eixo mergulhando para noroeste. Apresentam teores médios de CO3 acima de 70%; • Lente calcário B: Formada predominantemente por calcários calcíticos impuros, cor cinza médio a escuro, granulação fina a média com algumas intercalações de rochas calcossilicatadas na proporção de 20 a 30%. Aparece na porção oeste da área de lavra e encontra-se boudinada. Apresentam teores médios entre 60% e 70% de CO3; • Lente calcário impuro: Formada por alternâncias centimétricas em quantidades iguais de calcários impuros e rochas calcossilicatadas. Aparece na porção central da área de lavra concordante com a estrutura antiforme da lente de calcário A ou como lentes boudinadas à noroeste. Os teores médios variam entre 50% e 60% de CO3; • Lente calcossilicatada: Formada predominantemente por rochas calcossilicatadas cor verde a cinza escura, com matriz de granulação fina a média e porfiroblastos de biotita. Apresenta pouca ou nenhuma intercalação de calcário impuro. Aparece predominantemente nas bordas da área de lavra e na porção sudeste. Devido a sua plasticidade esta lente mostra evidencias de intensa deformação tectônica. A rocha calcossilicatada apresenta teores de CO3 abaixo de 50%; • Granito: Os granitóides pertencem ao fácies Cantareira e no local mostram-se como um grande batólito caracteristicamente discordante e intrusivo. Os granitos são geralmente porfirítico, róseo, com megacristais de feldspato potássico centimétricos e matriz de granulação média, apresentam estrutura maciça, com microclina, quartzo e hornblenda como seus constituintes principais e fluorita verde como acessório mais comum. Na região de contato com os calcários em espessuras que variam de poucos centímetros até alguns metros, observa-se a ocorrência de hornfelds de contato com espessura pouco significativa (até 3 metros), geralmente com inclusões de fluoritas verdes e roxas; • Aluviões: Ocorrem ainda depósitos aluvionares recentes, pouco espessos, restritos aos vales mais expressivos. A xistosidade principal observada nos calcários normalmente é paralela ao plano de estratificação, apresentam mergulhos verticalizados e um padrão de dobramento gerando estruturas antiforme e sinforme de dimensões métrica a decamétrica com eixos de direção NW/SE e mergulho para Norte. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 32 4.1.2. Resumo da Pesquisa Mineral da Área Com os dados e resultados dos trabalhos de pesquisas de campo realizados, foi elaborado uma modelagem geológica tridimensional utilizando “software” de mineração específico, com objetivo de reavaliar as reservas existentes e elaborar o projeto de ampliação da área de lavra da mina de clacário. A área da mina e seu entorno foi levantada topograficamente, geo-referenciada em coordenadas UTM. Consecutivamente ao levantamento topográfico foi desenvolvido um trabalho de mapeamento geológico na região da Pedreira Santa Rita. Este mapeamento teve como objetivo caracterizar os diferentes litotipos regionais, com vistas à ampliação da área de lavra e determinação de novas ocorrências de rocha calcária. Determinou-se, assim, uma vasta faixa de rochas carbonáticas indivisas, metacalcários e rochas calcossilicatadas, possível alvo para novas pesquisas regionais. Este levantamento geológico possibilitou a elaboração dos perfis geológicos que, após sua concordância com os demais trabalhos de pesquisa e modelamentos em três dimensões, foram utilizados no planejamento e seqüência da lavra. Nos últimos anos houve um apreciável incremento dos conhecimentos geológicos do jazimento mineral, em razão do programa de pesquisa mineral com sondagem rotativa. Este programa possibilitou o detalhamento da continuidade do corpo mineral em profundidade, bem como a caracterização dos diferentes tipos litológicos. Também foram realizadas pesquisas complementares com perfuratriz L8 de 4 e 3 ½ polegadas nas proximidades da cava atual. O levantamento geofísico realizado pela empresa Geotec Levantamentos Geofísicos S/C Ltda., através do método de sísmica de refração com a finalidade de determinar o topo da rocha sã ao longo das seções programadas pela VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A. O equipamento utilizado para a coleta dos dados de campo foi o sismógrafo digital com 12 canais de gravação, fabricado pela Geometrics Inc. (USA) modelo SMARTSEIS -12 e seus acessórios. A geração de ondas sísmicas foi efetuada através do impacto de marreta de 12,7 kg em uma placa de metal solidária a superfície do terreno. Os dados de campo coletados, foram processados e interpretados utilizando-se programas computacionais específicos para sísmicas de refração, da Rimrock Geophysical Inc.(Colorado, USA e variações do GRMGeneralized Reciprocal Method Houston-USA). Ainda como parte integrante dos trabalhos de pesquisa há os poços piezométricos. Foram realizados pela empresa Uniper Hidrogeologia e Perfurações seis poços cujos perfis litológicos obtidos foram utilizados para se determinar o contato solo/rocha nas proximidades dos locais perfurados, auxiliando na estimativa da quantidade de solo que recobre o minério nas áreas de interesse. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 33 Todos os dados de levantamento topográfico, mapeamento geológico de campo, sondagens, levantamento geofísico e poços piezométricos foram aplicados para obtenção da modelagem geológica tridimensional da área. 4.1.3. Qualidade e Aplicação do Minério As operações de lavra na Pedreira Santa Rita são realizadas a partir da extração e britagem de calcário com a finalidade de fornecer matéria-prima para uso como agregado na construção civil, sendo a central de britagem instalada próxima à cava de mineração. Conforme o emprego a que se destina, a brita é subdividida em diferentes faixas granulométricas. A pedra britada é produzida e comercializada em diversas granulometrias, desde pedrisco, pedra 1 até pedra 4. O produto mais fino é comercializado como pó de pedra. O QUADRO 4.1.3.1 mostra a classificação granulométrica das britas comerciais. QUADRO 4.1.3.1 CLASSIFICAÇÃO COMERCIAL DAS BRITAS TIPO DE BRITA PEDRA 4 PEDRA 3 PEDRA 2 PEDRA 1 PEDRISCO PÓ DE PEDRA GRANULOMETRIA MÍNIMA (mm) MÁXIMA (mm) 50 25,4 12,7 4,8 0,074 0 76 50 25,4 12,7 4,8 0,074 4.1.4. Avaliação de Reservas Os resultados do cálculo de reservas lavráveis de calcário e material estéril, descritos no Relatório de Reavaliação de Reservas apresentado ao DNPM em 01 de julho de 2008, são apresentados no QUADRO 4.1.3.1. QUADRO 4.1.4.1 RESERVA LAVRÁVEL E MATERIAL ESTÉRIL LITOLOGIA SOLO CALCOSSILICATADOS CALCÁRIO A CALCÁRIO B CALCÁRIO IMPURO TOTAL TOTAL (t) MINÉRIO (t) 5.293.943 13.840.000 1.496.128 23.536.000 16.253.000 60.419.071 t 13.840.000 1.496.128 23.536.000 16.253.000 55.125.128 t ESTÉRIL (t) 5.293.943 5.293.943 t O plano de lavra do Novo Plano de Aproveitamento Econômico apresentado em ao DNPM na mesma oportunidade do Relatório de Reavaliação de Reservas cubou um volume de minério Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 34 de calcário lavrável “in situ” em 55.125.128 t, ou o equivalente a cerca de 20.417.000 m3, e de material estéril em aproximadamente 5.293.943 t, ou cerca de 2.984.000 m³ “in situ” representado por solo de alteração. Desta forma a relação estéril-minério global do projeto de lavra é de 1:10. 4.1.5. Reservas e Vida Útil O plano de lavra considera, para definição da escala produtiva, que a jazida de calcário objeto do projeto de ampliação deverá suprir a unidade de beneficiamento. Considera-se que o material a ser perfurado é calcário com densidade média de 2,7 t/m3 “in situ”. O programa de produção será atingido considerando uma jornada diária de trabalho de 16 horas por dia em dois turnos, assim a produção anual, mensal, semanal, diária e horária (in situ) será de: • Produção anual 1.500.000 toneladas 555.556 m³/ano • Produção mensal: 125.000 toneladas 46.296 m³/mês • Produção semanal: 31.250 toneladas 11.574 m³/semana • Produção diária: 6.250 toneladas 2.315 m³/dia • Produção horária: 391 toneladas 145 m³/hora Assim, a produção de minério na mina deve atingir 6.250 toneladas diárias, o que equivale a uma produção anual de 1.500.000 toneladas, considerando o regime produtivo de 240 dias anuais. Para esta escala de produção, a vida útil do empreendimento, calculada em função do consumo das reservas lavráveis, é de aproximadamente 37 anos. Os principais produtos gerados no beneficiamento são a brita 1, a brita 2 e brita mista, composta de finos (pedrisco e pó de pedra). A composição destes produtos no total da produção pode ser traduzida da seguinte forma: • • • Brita 1: Brita 2: Brita mista: 54% 14% 32% 810.000 t/ano 210.000 t/ano 480.000 t/ano 4.2. Descrição das Atividades Produtivas 4.2.1. Método de Lavra O método de lavra empregado na Pedreira Santa Rita é a lavra a céu aberto por cavas em bancadas. O desmonte da rocha calcária é realizado através de detonações controladas em bancadas de 15 metros de altura. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 35 No início das operações da Pedreira Santa Rita, as bancadas foram desenvolvidas e formadas em meia encosta. Com o rebaixo da topografia, foi desenvolvida em cava tal como se apresenta o empreendimento atualmente. A inclinação média da face dos taludes em rocha é de 75º e as bermas operacionais possuem larguras mínimas de 20 metros de forma a proporcionar espaço suficiente para a pilha de material desmontado, para as operações das carregadeiras e para o tráfego dos caminhões. No interior da pedreira os caminhões trafegam em rampa de mão dupla, cuja declividade máxima é de 10%, o que minimiza os esforços dos caminhões e mitiga as emissões de ruídos, de gases de combustão e de material particulado. A largura mínima das rampas é cerca de 3 vezes a largura do maior caminhão usado na lavra, de modo a permitir o tráfego normal nos dois sentidos. As operações unitárias aplicadas na lavra podem ser divididas nas operações de preparação das frentes de lavra e nas operações de lavra propriamente dita. A preparação das frentes de lavra é o conjunto de atividades que proporcionam o acesso ao material a ser lavrado e aproveitado economicamente e pode ser descrita pelas seguintes atividades: • Remoção da vegetação (desmatamento e destocamento); • Escavação e carregamento solo orgânico; • Escavação, carregamento e disposição do capeamento estéril; • Abertura, manutenção e umectação de acessos, praças e pátios; • Expansão e manutenção de sistema de drenagem de água pluvial; • Manutenção do sistema de bombeamento de água do fundo da cava; A lavra é o conjunto operações industriais que são aquelas relacionadas à extração e transporte da rocha calcária até a britagem, e é composta pelas seguintes operações unitárias. • Perfuração da rocha; • Detonação controlada para desmonte primário da rocha; • Desmonte secundário de eventuais matacos remanescentes do desmonte primário; • Carregamento da rocha desmontada por escavadeiras em caminhões; • Transporte da rocha por caminhões até a britagem primária. Para a realização de todas estas operações unitárias a VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A. possui os equipamentos adequados, capazes de apresentar um alto desempenho e baixo custo operacional aliado à alta disponibilidade mecânica proporcionada pelos programas de manutenção preventiva e preditiva. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 36 4.2.2. Plano de Lavra O planejamento da lavra de uma mina visa estabelecer diretrizes básicas para que a explotação do minério seja realizada de maneira mais racional e econômica possível, ao longo da vida útil da jazida e dentro dos parâmetros ambientais e econômicos vigentes à época do planejamento, acarretando assim um maior aproveitamento da jazida como um todo. Esse desenvolvimento se dará, a partir da situação atual da cava (DESENHO 768.E.0.0EIA-03). A apresentação da seqüência de lavra se dá em módulos de 6 (seis) anos para os primeiros 20 (vinte) anos da ampliação da lavra, conforme proposto no Plano de Trabalho. Assim, os módulos de lavra são apresentados seqüencialmente nos DESENHOS 768.E.0.0EIA-04 a 768.E.0.0-EIA-06. Para o cálculo das reservas foi utilizado o método das seções transversais, onde o corpo mineralizado é dividido em blocos pela construção de seções geológicas paralelas, em intervalos constantes, perpendiculares à direção do corpo. Dada a produção anual de 1,5 milhões de toneladas de rocha, tem-se para cada módulo de 6 anos a produção total de minério está em torno de 9 milhões de toneladas, o que equivale a 3.300.000 m³ de minério “in situ”. Deve-se destacar que o planejamento de lavra priorizou a mínima intervenção com áreas de preservação permanente (APP), bem como nos fragmentos florestais de matas nativas, conforme se observa nos DESENHOS 768.E.0.0-EIA-01 e 768.E.0.0-EIA-02, correspondentes, respectivamente, a imagem aérea e o mapa de uso do solo, nos quais estão locados os limites da cava de exaustão e da configuração final dos depósitos de material estéril. A situação final de lavra é apresentada no DESENHO 768.E.0.0-EIA-07, cujos elementos geométricos estão assim definidos: • • Altura das bancadas em rocha: 30 metros; • • Altura máxima das bancadas em solo: 15 metros; • • Largura mínima das bancadas (bermas) em talude: 10 metros; • • Ângulo de face dos taludes em rocha: 75°; • • Ângulo de face dos taludes em solo: 45°; • • Largura das rampas de acesso: 15 metros, com inclinação máxima de 10%. 4.2.3. Plano de Fogo Cada fogo realizado na Pedreira Santa Rita é revisado por profissional técnico habilitado para tal, de modo que toda a operação de desmonte seja realizada dentro dos mais rigorosos parâmetros de segurança e de manutenção da qualidade ambiental. A adequação Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 37 do plano de fogo às peculiaridades da frente a ser desmontada é a única medida realmente eficaz para a mitigação dos impactos ambientais relacionados ao desmonte por detonações controladas. O plano de fogo com arranjo e distribuição de cargas corretas minimiza as vibrações, ruído e sobrepressões, além de afastar o risco de ultralançamentos. O desmonte é feito com a adoção de face inclinada de 15º, referida ao plano vertical, proporcionando ganhos significativos com respeito ao melhor aproveitamento de energia da carga de fundo, com conseqüente melhoria do piso, eliminação de repés e obtenção de faces bem acabadas, garantindo maior segurança para as operações posteriores. Com base nestas premissas, os principais parâmetros do plano de fogo básico são: • Diâmetro do furo=4 ½ ”; • Espaçamento = 5,5 metros; • Afastamento = 4 metros; • Comprimento do furo = 16,53 metros; • Comprimento do tampão = 2,5 metros; • Comprimento da carga = 14,03 metros. Como na atividade de lavra as condições de trabalho se modificam à medida que a frente avança, com a presença de falhas e alterações da rocha, o plano de fogo de projeto sofrerá adequações diárias conforme a frente de lavra a ser desmontada. Estas adequações serão de acordo com os resultados a serem obtidos em campo pelo responsável técnico e feitas de modo a sempre se obter as melhores condições de desempenho ambiental, segurança e produtividade. Razão de Carga O explosivo usado é uma emulsão, bombeada diretamente ao furo por unidades móveis de bombeamento. Essa emulsão é resistente à água e possui alta velocidade de detonação. • Explosivos utilizados: 13,34 kg/m; • 14,03 m x 13,34 kg/m = 187,16 kg/furo; • Total de Carga de 187,16 kg/furo. • Razão de Carregamento Volume desmontado por furo = 22 x 15 = 330 m3/furo; • Densidade do Calcário = 2,7 t/m³; • Massa desmontada por furo = 330 x 2.7 = 891 t/furo; • Razão de carregamento = 187.160 g/ 891 t = 210 g/t. Necessidade mensal de furos • Número de furos necessários: 140 furos/mês. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 38 O plano de fogo é dimensionado para o desmonte semanal de 35 furos, distribuídos em três carreiras (linhas), com 12 furos na primeira, 12 furos na segunda e 11 na última carreira. Acessórios Os acessórios para iniciação do desmonte e para o aperfeiçoamento da distribuição das cargas por espera, bem como para o retardamento adequado das detonações mina a mina entre carreiras de minas são aplicados de acordo. Não somente pela cautela ambiental, mas também pelo desempenho superior a qualquer alternativa, a iniciação da detonação se faz com sistema conhecido como não elétrico. Para melhor aproveitamento da energia liberada pelo explosivo e melhora nos resultados do desmonte, o plano de fogo contemplará, por salva, a detonação de 3 linhas de furos paralelos à face livre. A detonação é feita com linha silenciosa, mina a mina, ou seja, uma mina por espera, com retardo de 25 ou 42 ms. Em função dos parâmetros geomecânicos do calcário, é definida a máxima velocidade da partícula (vibração) admissível em função da carga detonada e da distância onde se encontra a máxima restrição de vibração do solo, pela equação: Vp =f(Q.d), O monitoramento regular efetuado pela VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A., com sismógrafos de engenharia, define a relação entre os três parâmetros e como decorrência à escala de retardos de maneira a definir a carga ótima por espera. Quanto aos aspectos ambientais da detonação, o planejamento bem executado minimiza os ruídos e sobrepressão no ar (“air blast”); propagação e vibrações no solo e ultralançamentos. A disponibilidade de diversos tipos de explosivos existentes no mercado proporciona a busca permanente de melhorias no plano de fogo. Tais melhorias se traduzem pela fragmentação da rocha, conformação da pilha após o desmonte, boa qualidade do piso (ausência de repés), além da minimização dos efeitos ambientais decorrentes da detonação. Todo o trabalho de detonação e acompanhamento é atualmente terceirizado, sendo efetuado pela Companhia Orica de Explosivos, especializada neste tipo de serviço e com experiência em minerações similares. 4.2.4. Descritivo Operacional de Lavra A operação de lavra pode ser descrita como o seguinte ciclo de operações que ocorrem concomitantemente entre as operações de preparação de lavra e as operações de lavra propriamente ditas. Toda a infra-estrutura (escritório, oficina mecânica, refeitório, etc.) de apoio para estas atividades já se encontram implantadas na Pedreira Santa Rita. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 39 A limpeza do terreno inclui a remoção da vegetação do topo da jazida, restringindo-se ao mínimo necessário aos trabalhos de lavra, já que não ocorrerá mais desmatamento significativo. A remoção da camada de material estéril argiloso superficial se dá através de trator de lâminas, carregadeiras e caminhões, de modo a se obter acesso ao minério. Estes serviços são contratados de terceiros. A camada de solo orgânico é armazenada nas proximidades dos depósitos de material estéril para posterior utilização nos trabalhos de revegetação destes depósitos e dos taludes em solo da mina. A perfuração é feita com carretas de perfuração do tipo pneumática, marca Atlas Copco, modelo ROC L8. As brocas de perfuração têm 4 ½’’ de diâmetro. Os furos são então carregados por explosivos, sendo a ligação entre os mesmos realizada por cordel detonante e iniciadores não elétricos. Ao se iniciar um novo avanço em frente com superfície irregular, é feita ainda uma prévia operação de perfuração e desmonte do topo do maciço, de modo a haver uma quebra dos blocos irregulares de rocha, promovendo assim a regularização do topo para permitir que o desmonte posterior empregue o plano de fogo usual. O material desmontado é carregado em caminhões na área de lavra por meio de Escavadeira hidráulica Liebherr 954B. O transporte até a britagem primária é feito por caminhões do tipo RK 430 com capacidade de carga de 24 toneladas. Ainda constam na frota um caminhão comboio para abastecimento dos equipamentos utilizados na lavra, e um caminhão pipa para umectação das vias e pátios, a fim de se minimizar a dispersão de material particulado dessas vias por ação dos ventos. Uma relação dos equipamentos necessários às operações de lavra, atividades de apoio e demais atividades ligadas ao processo de mineração encontra-se no QUADRO 4.2.4.1. QUADRO 4.2.4.1 CONSOLIDAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS DE LAVRA E APOIO QUANTIDADE EQUIPAMENTOS 1 CARRETA DE PERFURAÇÃO ATLAS COPCO ROC L8 1 PÁ-CARREGADEIRA CATERPILLAR 988B 1 ESCAVADEIRA LIEBHERR 954B 1 MOTONIVELADORA CAT 120B 6 CAMINHÃO RANDON RK 430 1 CAMINHÃO COMBOIO CHEVROLET D-12000 1 CAMINHÃO PIPA CHOVROLET D-12000 4.2.5. Disposição de Material Estéril O resíduo sólido gerado é o material estéril. A destinação proposta para este resíduo é a sua disposição em pilhas. A previsão de geração de material estéril segundo a seqüência de Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 40 lavra projetada é de que o volume de material estéril avaliado seja disposta já no primeiro módulo de 6 (seis) anos de lavra. As áreas de disposição de material estéril foram selecionadas de modo que proporcionem a não intervenção com Áreas de Preservação Permanente e ou com fragmentos florestais de mata nativa. Como não há a previsão de esgotamento de cavas de mineração nas proximidades da jazida em um período próximo, a disposição de material estéril em frentes de mineração exauridas não foi objeto de projeto. Os elementos geométricos para execução destes depósitos de estéril foram assim dimensionados: • Altura final das bancadas em solo: 10 metros; • Largura das bermas: 6 metros; • Largura máxima das rampas: 15 metros; • Declividade máxima das rampas: 10%; • Ângulo de face do talude em solo: 34º (1,5: 1). O DESENHO 768.E.0.0-EIA-04 apresenta o projeto dos depósitos de estéril. 4.2.6. Britagem e Classificação O beneficiamento do minério segue a rota tecnológica típica adotada atualmente para minérios provenientes de empreendimentos similares ao deste empreendimento. Trata-se de processos físicos de cominuição por britagem e classificação em peneiras, sem haver a utilização de produtos químicos de qualquer espécie. O circuito de beneficiamento do calcário para agregado é composto por britagem (primária, secundária, terciária e quaternária), peneiramento e classificação, empilhamento e expedição. Britagem primária A operação de britagem inicia-se com o descarregamento do minério “run of mine” pelos caminhões fora de estrada na moega de alimentação existente sobre os alimentadores vibratórios. A moega, ou pré-silo, é importante para evitar a paralisação da britagem quando o ciclo dos caminhões é atrasado por qualquer motivo. Os alimentadores vibratórios, com velocidades variáveis, são responsáveis pela alimentação do minério nos dois britadores primários, com capacidade de 300 toneladas por hora cada um. Na saída da britagem existe um conjunto de grelhas, com aberturas de 1 polegada, permitindo separar o material fino que são depositados em pilhas através dos arrastadores. Este mecanismo é conhecido como expurgo da britagem e evita a passagem de terra ou solo para o circuito de beneficiamento. O minério britado de um dos britadores vai para uma peneira com 1 deck e 3 telas de 2 ⅜’’ de abertura e o do outro britador vai direto para a britagem secundária. O material passante pela peneira vai através de correias transportadoras para uma pilha e é Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 41 vendido como bica corrida. O material retido é direcionado aos britadores secundários. Para melhor adequação ao mercado a instalação de britagem permite que todo o material britado seja encaminhado à britagem secundária, evitando assim a produção de bica corrida. Este material possui baixa comercialização na região. Britagens secundária e terciária A britagem secundária é formada por dois britadores com capacidades de 250 toneladas por hora. Os minérios rebritados são recolhidos por correias transportadoras e encaminhados à próxima instalação de peneiramento. Neste peneiramento operam duas peneiras de dois decks cada. As duas possuem telas com aberturas de 2 ½’’no primeiro deck. No segundo deck, uma tela tem abertura de 1 ½’’ e a outra, abertura de 1 ¾’’. O material retido nos dois decks vai para a britagem terciária e o passante para a classificação final. Os dois britadores terciários, com capacidades de 150 toneladas por hora, rebritam o material que continua grosseiro e fora do tamanho desejado, e despejam na mesma correia transportadora da britagem secundária que os reúne e leva ao peneiramento citado. Classificação A classificação final é feita por peneiramento e por uma britagem quaternária alternativa. No peneiramento há duas peneiras de 3 decks cada uma. Todo o material retido no primeiro deck destas peneiras, com telas de aberturas de ¾’’, é comercializado como brita 3. Com a falta de demanda do mercado deste produto (brita 3), uma alternativa é rebritar o material e aumentar a produção de finos. Esta rebritagem é a britagem quaternária e é composta por dois britadores com capacidade de 70 toneladas por hora. Este material retorna ao peneiramento para a classificação final. O material retido entre o primeiro e o segundo deck (22 mm) forma a brita 2. Através de correias transportadoras são levados à pilha de estocagem. Dessa pilha, outra correia abastece um silo que descarrega diretamente em caminhões. O mesmo ocorre com o material retido entre o segundo e terceiro deck, produzindo a brita 1. E, finalmente, o passante no terceiro deck com telas de diferentes aberturas: ¼’’, ⅜’’ e 11 mm é encaminhado à produção de finos. Estes finos podem ser separados através de um posicionamento e direcionamento do sentido das correias transportadoras formando produtos diferentes como o pedrisco e o pó-de-pedra. Atualmente, a empresa encaminha esses finos à produção de um único produto chamado misto. Equipamentos de beneficiamento O QUADRO 4.2.6.1 apresenta o resumo dos equipamentos aplicados no beneficiamento. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 42 QUADRO 4.2.6.1 EQUIPAMENTOS DO BENEFICIAMENTO. EQUIPAMENTO ALIMENTADOR VIBRATÓRIO BRITADOR PRIMÁRIO DE MANDÍBULAS BRITADOR PRIMÁRIO DE MANDÍBULAS BRITADOR SECUNDÁRIO HYDROCONE BRITADOR SECUNDÁRIO CÔNICO BRITADOR CÔNICO BRITADOR CÔNICO BRITADOR CÔNICO PENEIRA VIBRATÓRIA PENEIRA VIBRATÓRIA PENEIRA VIBRATÓRIA PENEIRA VIBRATÓRIA CORREIA TRANSPORTADORA QUANTIDADE 2 1 1 1 1 1 1 2 1 1 1 2 33 FABRICANTE SYNTRON L. PARISINI A. CHALMERS A. CHALMERS NORDBERG A. CHALMERS NORDBERG FAÇO A. CHALMERS A. CHALMERS A. CHALMERS FAÇO DIVERSOS MODELO TIPO BLAKE 42''x48'', 02 EIXOS TIPO BLAKE 42''x48'', 02 EIXOS 16-50 AMERICANO SYMONS 41/4 6-51 AMERICANO HP 400 120 TF 5X12 PÉS 7X16 PÉS MN72030/2A MN60024/3A - 4.2.7. Escoamento do Produto Final O escoamento da brita é feito por empresas terceirizadas contratadas pelos compradores desse material, de acordo com a demanda por esses bens. Para a estimativa do número de viagens de escoamento dos produtos calcula-se uma capacidade média de viagem de 37,5 toneladas, que é o equivalente à expedição em caçambas de 25 metros cúbicos de capacidade. Assim, a produção diária de 6.250 toneladas é escoada em 334 viagens, considerando-se duas viagens por carregamento devido aos percursos de ida e volta. Conforme já exposto no item sobre localização e acessos deste EIA, o acesso ao empreendimento se dá por estrada vicinal na altura do km 44 da Rodovia Presidente Castelo Branco. Os caminhões que fazem o escoamento do minério fazem sua rota por essa Rodovia que, por conta de seu tamanho e infra-estrutura, absorve sem maiores problemas a frota que ali circula por conseqüência do empreendimento. 4.2.8. Mão de Obra e Regime de Trabalho A localização do empreendimento nas proximidades das cidades de Araçariguama, Itapevi e São Roque, atende as questões de moradia, recreação, ensino, abastecimento, saneamento e assistência médica para os colaboradores da VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A. O regime de trabalho da mineração na unidade é de 2 (dois) turnos de 8 (oito) horas cada, de segunda a sexta. O QUADRO 4.2.8.1 especifica a mão de obra empregada prevista para a operação do empreendimento objeto deste EIA. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 43 QUADRO 4.2.8.1 MÃO DE OBRA EMPREGADA NO EMPREENDIMENTO ÁREA CARGO TURNO 1 ADMINISTRAÇÃO COORDENADOR / ENG DE MINAS TÉCNICO EM SEG DO TRABALHO TÉCNICO DE MINERAÇÃO SUPERVISOR ADMINISTRATIVO AUXILIARES ADMINISTRATIVOS 1 1 1 1 9 1 1 1 1 9 SUPERVISOR DE MANUTENÇÃO TÉCNICO MECÂNICO MECÂNICO DE MÁQUINAS LUBRIFICADOR 1 1 3 1 1 1 1 3 2 PERFURAÇÃO ESTÉRIL TRANSPORTE CALCÁRIO/ESTÉRIL MOTONIVELADORA/PIPA 1 1 5 1 1 5 1 1 2 10 2 5 4 5 2 MANUTENÇÃO LAVRA BRITAGEM OPERADOR MECÂNICO/ELETRICISTA TOTAL DE COLABORADORES TURNO 2 TOTAL 10 6 51 4.2.9. Infra-Estrutura e Apoio O projeto conta com a infra-estrutura básica já construída, composta por escritório, oficinas, almoxarifado, guaritas de vigilância, cercamento da área do empreendimento e edificação com instalações sanitárias adequadas, conforme pode ser observada no DESENHO 768.E.0.0-EIA-03 (Planta de situação atual). Os antigos paióis que constavam na área do empreendimento foram desativados, em função da terceirização dos serviços de detonação por explosivos, só havendo entrada de caminhões de explosivos na área do empreendimento nos dias de detonações. Este procedimento proporciona maior segurança, já que não há estocagem de explosivo e afasta definitivamente o risco de acidentes envolvendo má conservação e manipulação de explosivos. As instalações de refeitórios são junto à administração. A água para abastecimento das instalações sanitárias é captada por bomba de sucção da cacimba próxima à área do refeitório. 4.2.10. Insumos Lavra No que diz respeito às atividades de lavra, incluindo desmonte, carga e transporte do minério, são considerados insumos relevantes os óleos consumidos pelos equipamentos, o explosivo utilizado no desmonte e a água utilizada na umectação das vias para controle de emissão de material particulado. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 44 Os equipamentos com motores diesel de combustão interna, atuantes na frente de lavra ou em atividades de apoio a esta, têm como insumos principais o óleo diesel e os óleos lubrificantes. O consumo anual de óleo diesel (combustível), é estimado em 750 m3/ano, o que equivale a cerca de 62 m3/mês, ou ainda 15.625 litros/semana. O consumo de lubrificantes situa-se entre 3 e 5% do consumo de óleo diesel, permitindo-se prever que o consumo de óleos lubrificantes gira em torno de 30.000 l/ano. O consumo de explosivos na frente de lavra, conforme mostrado no plano de fogo, é de no máximo 210 gramas por tonelada desmontada. Para um programa de produção de 1.500.000 toneladas anuais, considerando uma carga especifica igual a 210 gramas por tonelada, será consumido um total de 315 toneladas de explosivos por ano. A água utilizada para umectação das vias e pátios através de caminhão pipa provém, em parte, do aproveitamento da água da chuva acumulada no fundo da cava, e o complemento necessário vem da captação no córrego do Armando, afluente do ribeirão do Paiol, situado a nordeste da área da mineração. Este sistema de captação de água opera com outorga do DAEE. Beneficiamento No processo de beneficiamento industrial, basicamente britagem, empilhamento e despacho, os insumos utilizados são água industrial aspergida sobre as transferências para controle da emissão de material particulado, energia elétrica nas instalações de britagem e diesel na expedição dos produtos. A energia elétrica necessária para a operação da instalação de britagem é obtida a partir de uma linha de transmissão de 24 kV, proveniente da Companhia Piratininga de Força e Luz. Essa energia é rebaixada para 440 Volts através de transformadores de média e baixa tensão, localizados em uma subestação da própria Mina. O sistema de aspersão de água no beneficiamento opera à taxa de 1,5 a 2,0% em massa em relação à massa de agregados produzidos, isto é, 2 metros cúbicos de água para cada 100 toneladas de brita. A água é bombeada do córrego do Armando, captação esta devidamente outorgada pelo DAEE, para um reservatório de 250 metros cúbicos de capacidade, e de lá distribuída para os equipamentos industriais por gravidade. A demanda de água para a mina e britagem é de cerca de 20 metros cúbicos por hora de água bruta. 4.2.11. Cronograma Executivo O cronograma físico para as atividades a serem realizadas durante a vida útil da mina é apresentado no QUADRO 4.2.11.1. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 45 QUADRO 4.2.11.1. CRONOGRAMA EXECUTIVO DA MINA ATIVIDADE 1 2 3 4 5 6 ANOS 7 (...) 36 37 38 39 40 41 Operação da mina Disposição de estéril Desativação da mina Monitoramento 4.3. Sistemas de Controle Ambiental Conforme proposto no Plano de Trabalho referente a esse EIA, esse item apresenta de forma sucinta os sistemas empregados pela VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A. no que diz respeito ao controle ambiental. Esses sistemas serão detalhados no plano de monitoramento que integra esse EIA. 4.3.1. Sistemas de Drenagem e Retenção de Sedimentos A preparação do avanço da lavra se inicia com as obras de construção de sistema de drenagem, composto por canaletas de captação, caixas de passagem e bueiros. Toda a drenagem pluvial que incide sobre a área de lavra é direcionada por gravidade ao fundo da cava, onde se realiza o bombeamento. A bomba se localiza no interior do compartimento (“sump”) onde as partículas sólidas carreadas pelas águas de drenagem sofrem a decantação. Assim, a água de drenagem pluvial bombeada do interior da cava já se encontra clarificada para seu direcionamento ao sistema de drenagem natural. Os estudos hidrogeológicos realizados no empreendimento (ANEXO 14) mediram a vazão média de bombeamento do fundo da cava em 24 metros cúbicos por hora. Com a expansão e aprofundamento da cava de extração é esperado que esta vazão evolua até alcançar os 40 metros cúbicos por hora segundo resultados de simulações. Da mesma forma, as pilhas de deposição de estéril, possuem nas bases dos taludes canaletas de drenagem com inclinação de cerca de 1%, que direcionam o escoamento de águas pluviais para caixas de decantação, o que proporciona um escoamento de água clarificada para o sistema de drenagem natural. Todas as águas de drenagem do empreendimento são direcionadas a bacias de decantação que possibilitam o monitoramento destes efluentes, através de simples coletas e análises de sólidos presentes, como detalha o plano de monitoramento que integra este EIA. Os corpos hídricos receptores das águas de escoamento superficial, provenientes da mina e das áreas de disposição de estéril, se resumem aos dois lagos que compõem a bacia de Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 46 decantação situada a noroeste da cava, além de um brejo e um córrego situado a sudeste da cava, conforme apresentado no DESENHO 768.E.0.0-EIA-03 (situação atual). 4.3.2. Controle de Emissões de Material Particulado As atividades de transporte de minério na lavra e beneficiamento do minério na usina de britagem e classificação são as principais fontes potenciais de emissão de material particulado na pedreira. O fluxo de caminhões das frentes de lavra para a britagem, transportando a rocha desmontada, movimenta as camadas mais superficiais do material que cobre as vias internas do empreendimento, e sob a ação dos ventos esse material pode ser carregado. Para remediar esse efeito, é feita constante umectação dessas vias por um caminhão pipa, sobretudo em épocas de estiagem. Da mesma forma, o manuseio de minério nas etapas de cominuição é um potencial emissor de material particulado, que pode ser carreado pelos ventos. Esse efeito é anulado através da aspersão de água sobre esse minério, durante seu percurso nas diversas etapas de britagem, rebritagem e classificação. O monitoramento das emissões de material particulado é realizado por meio de amostradores de grande volume (“Hi-vol”), instalados em malha suficiente para o monitoramento de material particulado. No capítulo 5.2.8 são apresentados os resultados dos monitoramentos da qualidade do ar na área e entorno do empreendimento. O monitoramento realizado pela PROMINER apontou que as concentrações de material particulado se mantiveram abaixo dos padrões estabelecidos nas normas legais em todos os pontos de amostragem, o que demonstra a eficácia do sistema de controle de material particulado realizado pela VOTORANTIM CIMENTOS – Unidade Araçariguama. 4.3.3. Controle de Emissões de Ruído As fontes mais significativas de ruído constituem-se no processo de beneficiamento mineral, e nas atividades de lavra. A manutenção periódica dos equipamentos utilizados no processo de cominuição da rocha permite uma atenuação significativa dos incômodos gerados pelo ruído, nas comunidades vizinhas. Durante o período de ampliação da lavra decorrente da escavação e carga do material, não deverá haver um aumento significativo dos níveis de ruído nas áreas do entorno do empreendimento, devendo os mesmos variar em torno de 50 a 55dB(A) como apontado nas campanhas de monitoramento realizadas na Votorantim Cimentos – Unidade Araçariguama. Outra fonte significativa de ruído constitui-se no processo de desmonte de rochas pelo uso de explosivos, que na VOTORANTIM CIMENTOS – Unidade Araçariguama ocorre uma vez por semana. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 47 Os avanços tecnológicos nos processos de desmonte, traduzidos por explosivos cada vez mais eficazes e com menor geração de ruído são frequentemente adotados à técnica de desmonte realizada pela VOTORANTIM CIMENTOS – Unidade Araçariguama, assim como a utilização da linha silenciosa, capaz de reduzir o desconforto acústico percebido pelas comunidades vizinhas. Periodicamente são realizadas medições dos níveis de ruído em diversos pontos internos e externos ao empreendimento. 4.3.4. Controle da Vibração e Sobrepressão Atmosférica A unidade Araçariguama da VOTORANTIM CIMENTOS realiza freqüentemente o monitoramento da vibração e sobrepressão atmosférica geradas no processo de desmonte de rochas por explosivos. O método de desmonte adotado pela VOTORANTIM CIMENTOS – Unidade Araçariguama obedece aos limites máximos admissíveis definidos pela norma brasileira ABNT-9653/05 que preconiza os limites admissíveis para danos estruturais, e também aos limites da norma CETESB-D7.013, que define os limites de níveis de vibração para o incômodo da população. A unidade Araçariguama dará prosseguimento na prática de monitoramento visando obter uma ampla base de dados para assim poder sempre executar a atividade de maneira menos ruidosa, e com menores níveis de vibração. 4.3.5. Avaliação da Estabilidade da Mina Neste item descrevem-se as atividades conduzidas por especialistas e os resultados das investigações realizadas, tendo em vista a estabilidade da cava da mina da Mineração Araçariguama, em Araçariguama – SP. Os estudos basearam-se nas investigações geológicas e nas análises de estabilidade realizadas. Estes estudos estão apresentados no ANEXO 12, em dois relatórios: • Relatório 1: Mapeamento geológico estrutural da cava da mina Santa Rita • Relatório 2: Estabilidade da cava da mina Santa Rita Os estudos realizados tiveram como objetivo a avaliação da estabilidade das paredes da cava para as condições atuais e para a configuração de futura ampliação da cava, contemplando a possibilidade de se aprofundar a mina até a cota de 530m e ainda a estabilidade dos bota-foras ou pilhas de estéril. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 48 • Configuração Atual da Cava A cava avaliada tem uma forma retangular configurada em bancadas, com comprimento de 825 m no sentido N 40° W, e largura de 500 m. O fundo desta cava também apresenta uma forma retangular com comprimento de 226 m e largura de 124 m. Os taludes laterais desenvolvidos na rocha apresentam-se sub-verticalizados com direções médias variando entre N 35°- 45° W. Os taludes frontais apresentam direções médias variando entre N 50° - 70° E. As alturas das bancadas variam entre 15 e 44 metros, com largura de bermas variando entre 4 e 20 metros. Os taludes desenvolvidos no solo apresentam-se com alturas variando entre 10 e 15 metros com ângulo de face em torno de 45°. O talude mais elevado tem seu topo na cota 857 m e o fundo da cava encontra-se atualmente na cota 654 m, configurando um desnível de 203 m. O presente estudo contemplou a possibilidade de se aprofundar a mina em mais 124 m, ou seja, até a cota de 530 metros. • Estudos Geológicos da Cava da Mina Os estudos realizados permitiram a identificação das condições litológicas e estruturais do maciço nas frentes de lavra e do seu entorno. De acordo com as investigações realizadas o contexto litológico da cava é formado por rochas carbonáticas impuras, compostas predominantemente por mármores calcíticos. Ocorrem ainda, de forma subordinada, os mármores dolomíticos, metamargas e rochas ultramáficas. Recobrindo estas litologias ocorre um manto de intemperismo de composição argilosa e espessuras variando de poucos metros até mais de 50 metros. Estas rochas carbonáticas, mais ou menos impuras, formam corpos lenticulares que se desenvolvem segundo direção variando de N0°-30°W. O comportamento do maciço rochoso foi determinado a partir da descrição de campo das áreas expostas nos taludes das pedreiras e no seu entorno. A descrição consistiu em reconhecer as características do meio, ou seja: litologia, alteração, coerência e descontinuidades. Nas descontinuidades foram determinadas as atitudes (direção e mergulho) desses planos. Estas litologias apresentam bandamento sub-vertical, predominando a orientação N10W/80NE. Em termos de descontinuidades o maciço é cortado pelas seguintes famílias principais de descontinuidades: Família Direção Mergulho Características do plano 1 2 3 4 N80/90°W N80/90°E N50/60°E N10/15ºW 84°NE 81°NW 83°NW 35°SW Superfície plana, levemente rugosa a estriada. Superfície plana, levemente rugosa a estriada. Superfície plana, preenchida com carbonato. Plano sinuoso, superfície ondulada e rugosa. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 49 Estas famílias se concentram preferencialmente nas direções N 50°-90°E e N 50°-90°W com mergulhos, normalmente, de alto ângulo (>80°). • Análises de Estabilidade O Relatório de Estabilidade mostra as relações entre as descontinuidades com relação à orientação das faces da mina. Em face do espaçamento entre as fraturas, superior a 1 metro, o maciço pode ser considerado pouco fraturado, com descontinuidades afastadas a muito afastadas. É importante notar que os fraturamentos observados não formam mecanismos cinemáticos de ruptura (conforme definidos por Hoek e Bray 1980) Para as análises de estabilidade determinou-se a resistência do maciço rochoso de acordo com o método de Hoek e Brown (2004). As análises de estabilidade global consideraram o nível freático elevado, sem rebaixamento. Mesmo nestas condições, para a altura de 327 m, correspondentes ao plano de exaustão (cava final) as análises indicam fatores de segurança bastante elevados, denotando a estabilidade das paredes da escavação mesmo para a condição de exaustão ou de cava final. Concluiu-se, assim, pela estabilidade da mina, sem riscos para as pessoas, para a mina ou para a operação. • Bota fora Os bota-foras são formados pela deposição de material estéril. O material pétreo é espalhado formando as pilhas de estéril. Solo é colocado em camadas pouco espessas apenas para regularização da superfície e permitir a circulação de equipamentos de transporte, sem danificação de pneus. Desta forma, a resistência da pilha é governada, predominantemente, pelo material pétreo. O ângulo de atrito deste material é bastante elevado, garantindo a estabilidade da pilha, cuja inclinação é menor que o ângulo de atrito do material lançado. A superfície do talude é posteriormente recoberta por solo, possibilitando o revestimento da superfície por vegetação. Garante-se, assim, também a proteção contra erosão. Análises de estabilidade foram conduzidas aplicando-se os métodos de Bishop, com aplicação de programa desenvolvido na Universidade Purdue (Pcstabl e Xtabl). Os elevados fatores de segurança obtidos atestam a estabilidade das presentes pilhas. • Conclusões O exame das orientações das estruturas não identificou mecanismos de ruptura possíveis. Adicionalmente, as análises de estabilidade mostraram fatores de segurança elevados, indicando que as faces da cava da mina são estáveis. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 50 A análise das pilhas de estéril confirmaram a estabilidade das mesmas. 4.3.6. Destinação de Resíduos Sólidos O único resíduo sólido a ser gerado pela expansão da área de lavra da Pedreira Santa Rita é o material estéril, que será disposto adequadamente em pilhas de aterro. 4.3.7. Destinação de Efluentes Líquidos O único efluente líquido gerado pelas atividades de extração de calcário para brita são as águas de drenagem pluvial. Estas águas são captadas por canaletas e direcionadas à bacia de decantação, enquanto que a água acumulada no fundo da cava também é bombeada para as bacias de decantação. Como a única contaminação prevista para as águas de drenagem pluvial é o carreamento de partículas sólidas, o tempo de retenção proporcionado pela bacia de decantação é o suficiente para mitigar este impacto. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 51 CAPÍTULO 5 Diagnóstico Ambiental 5.1. Área de Estudo Para fins de coleta de dados primários e secundários a equipe técnica responsável pela elaboração do EIA definiu a área de estudo, ou seja, a área geográfica onde foram realizados os levantamentos de dados para a elaboração do diagnóstico ambiental do presente EIA. Assim, para os meios estudados, foram definidas áreas de estudo diferenciadas, conforme apresentadas no QUADRO 5.1. QUADRO 5.1 DEFINIÇÃO DAS ÁREAS DE ESTUDO LEVANTAMENTOS PRIMÁRIOS MEIO FÍSICO MEIO BIÓTICO MEIO ANTRÓPICO LEVANTAMENTOS SECUNDÁRIOS Poligonal DNPM 000.227/45 Sub-bacia do ribeirão Araçariguama Poligonal DNPM 000.227/45 Unidades de conservação da região (Área Natural Tombada da Serra do Japi) e Reserva Estadual do Morro Grande Poligonal DNPM 000.227/45 e entorno de 1 km Município de Araçariguama, RG e RA de Sorocaba Basicamente, o levantamento de dados primários do meio físico ficou restrito à área da poligonal de lavra, onde foram realizadas as sondagens geológicas para caracterização da geologia da jazida e a perfuração dos poços para a realização dos estudos hidrogeológicos. Nesta área também foram realizados levantamentos espeleológicos, pedológicos e geomorfológicos visando caracterizar a relação solo-relevo. Os pontos de coleta de água para a caracterização da qualidade das águas superficiais, visando detectar a influência do empreendimento na qualidade das águas do entorno do empreendimento, também ficaram restritos a essa área da poligonal de lavra, sendo definidos pontos de coleta de água a montante e jusante das áreas de ampliação da lavra de calcário, porém, o monitoramento das vazões dos córregos (Araçariguama e Armando) foi realizado além da área da poligonal. Para as medições da concentração de partículas totais em suspensão foram definidos 03 pontos de amostragem; 05 pontos de monitoramento da qualidade das águas superficiais e 11 pontos de monitoramento dos níveis de ruído. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 52 O levantamento de dados primários do meio biótico também ficou restrito às áreas das poligonais de lavra, nas quais foram detalhados os estudos de fauna e flora, com enfoque maior para as áreas de interesse de ampliação da lavra. Com relação à fauna, os levantamentos de dados secundários basearam-se no Estudo de Impacto Ambiental realizado pela PROMINER no início da década de 1990 para o Distrito Minerário de Araçariguama (atividade de produção de areia para construção civil) e levantamentos realizados na região, como na Área Natural Tombada da Serra do Japi e Reserva Estadual de Morro Grande. A área de estudo para o levantamento de dados primários do meio antrópico também ficou restrita à área da poligonal de lavra, bem como seu entorno de aproximadamente 1 km. O levantamento de dados secundário ficou restrito ao município de Araçariguama, sendo alguns dos dados municipais obtidos na Prefeitura. Sob o aspecto histórico e socioeconômico, foi realizada uma contextualização da Região de Governo e Região Administrativa de Sorocaba, sobretudo no que diz respeito à geração de empregos, ao mercado consumidor, uso e ocupação do solo e ao aumento de fluxo de caminhões na malha viária local ou mesmo na regional. Com relação aos levantamentos interventivos de arqueologia, estes foram concentrados na área onde se pretende a ampliação da lavra, bem como o reconhecimento em toda área da poligonal DNPM. Para realização do diagnóstico ambiental foram utilizadas tanto informações primárias (obtidas em levantamentos de campo) quanto secundárias (pesquisas bibliográficas). As metodologias utilizadas na abordagem dos meios físico, biótico, antrópico, e documentação cartográfica elaborada foram especificadas nos respectivos textos do EIA. As informações obtidas foram cartografadas em bases oficiais georreferenciadas e escalas compatíveis aos níveis de detalhamentos necessários para cada tema abordado. 5.2. Meio Físico No presente capítulos são abordados os temas relacionados ao meio físico, tais como geologia, hidrogeologia, geomorfologia, pedologia, climatologia, recursos hídricos, qualidade das águas superficiais e subterrâneas, níveis de ruído, qualidade do ar, espeleologia, entre outros aspectos, conforme definido no Plano de Trabalho e Termo de Referência, apresentados nos ANEXOS 08 e 09, respectivamente. 5.2.1. Geologia O mapeamento geológico da área compreendida pelo município de Araçariguama, na qual se insere o empreendimento, está contemplado na Folha Geológica de Cabreúva, cujo extrato é apresentado na FIGURA 5.2.1.1. Esta folha ainda abrange porções dos municípios de Jundiaí, Pirapora do Bom Jesus, Mairinque, Santana do Parnaíba, Itu, Cabreúva e São Roque. Nesta folha podem ser observados terrenos caracteristicamente acidentados, no qual se destacam as serras de Itaguá, do Japi, de Guaxatuba e do Ribeirão, com cotas que Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 53 atingem até 1.200 metros. O sistema de drenagem principal é integrante da bacia do rio Tietê, que corre de SE para NW, que sofre forte influencia da litologia. Dentre os autores que contribuíram para o conhecimento geológico da Folha Cabreúva destacam-se W. T Hennies et alii (1967). Y. Hasui et alii (1969, 1976, 1978). Y. Hasui & G. R. Sadowski (1976). Esses autores realizaram abordagens amplas sobre compartimentação geotectônica, geologia estrutural, sedimentação e estratigrafia, bem como sobre as intrusões graníticas da região. Dentre as grandes feições estruturais da região, o Sinclinório de Pirapora foi estudado em detalhe por C. A Bistrichi (1984). Cita-se também o trabalho de M. C Campos Neto & M. A. S Basei (1983), que contribui para o conhecimento dos falhamentos transcorrentes e do arranjo estrutural das rochas pré-cambrianas. Os trabalhos do IPT (1982 e 1984) também discutem o tema estrutural, sendo que o primeiro enfoca especificamente as rochas do Grupo São Roque. Com relação aos mapeamentos geológicos básicos, a folha foi cartografada na escala 1: 250.000 pelo Convênio DNPM/ CPRM (J.P ALGARTE et alii, 1974) e na escala 1:50.000 pelo IPT (1985), na qual é adequadamente retratada a cartografia geológica local. Na legenda desta carta estão registradas as rochas dos grupos Itapira e São Roque, tendo como limites tectônicos a zona de falha de Jundiuvira. Além das unidades metamórficas, estão cartografados diversos corpos de rochas granitóides e manchas menores de sedimentos permo-carboníferos. A área do empreendimento está inserida no Grupo São Roque. Os metassedimentos identificados a oeste e norte da cidade de São Paulo, prolongando-se na altura desta para nordeste, foram denominados de “Série São Roque” por Moraes Rego (1933). Eram interpretados como uma extensão para nordeste do Açungui, tendo esta denominação um caráter geográfico, motivo pelo qual houve uma tendência até meados dos anos 60 de abandono da designação em favor daquela definida no Paraná, considerada prioritária. Porém, Hasui et alii (1969) retomam a designação, conferindo-lhe um caráter de grupo e restringindo seu uso aos ectinitos ao norte da Falha de Taxaquara (HENNIES et alii, 1967). Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 54 FIGURA 5.2.1.1 – Mapa Geológico Regional. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 55 A questão de sua continuidade para o sul do Estado de são Paulo, intensamente discutida, pode ainda ser considerada um tema controverso, podendo inclusive ser resolvido com trabalhos mais detalhados na área de ocorrência da Formação Itaiacoca (ALMEIDA, 1956), incluída no Grupo Açungui. O Grupo São Roque, tal como representado do Mapa Geológico, configura-se uma faixa de orientação aproximadamente E-W até a região norte de São Paulo, onde sofre uma suave inflexão para nordeste. Seus limites são dados a norte pelas falhas de Itu e Jundiuvira, a sul pela Falha de Taxaquara e a leste-nordeste pela cunha formada no encontro da Falha de Monteiro Lobato com a de Jundiuvira. Incluindo desta maneira, a nordeste, seqüências rochosas tidas como mais antigas formadas por xistos, filitos, quartzitos e um substrato gnáissico-migmatítico, mas ainda pouco estudadas e carecendo de uma melhor caracterização. Os metapelitos incluem um conjunto de filitos, quartzo filitos e filitos grafitosos em sucessão rítmica, incluindo subordinadamente metassiltitos, quartzo-mica xistos e quartzitos que têm expressão em toda a área de ocorrência da unidade, desde a região de VOTORANTIM até as imediações da Falha de Sertãozinho. Com passagem eminentemente transacional associam-se ao conjunto, xistos a biotita e/ou muscovita, clorita xistos e quartzo xistos com intercalações de metassiltitos, filitos, metagrauvacas, calcários dolomíticos e rochas calcossilicatadas que se estendem da região próxima de Perus até a porção terminal do Grupo São Roque. A seqüência metapsamítica formada por quartzitos feldspáticos com metarcósios e metagrauvacas subordinadas, constitui lentes alongadas com ampla distribuição na área da unidade, tendo suas expressões maiores na região do Anticlinório de Alumínio e Sinclinório de Pirapora, bem como na região a norte de Guarulhos. As rochas carbonáticas ocorrem na forma de calcários dolomíticos e calcíticos, principalmente nas regiões de Votorantim, São Roque e Pirapora-Cajamar, havendo na região de Perus, referências à hornfels calcossilicáticos nas auréolas termometamórficas de corpos graníticos. Os metaconglomerados jazem em corpos de reduzidas dimensões, merecendo destaque aquele nas proximidades do Pico do Jaraguá. Em todo o Grupo São Roque encontra-se a presença de metabasitos variados, além de metadioritos e quartzo dioritos gnáissicos que se distribuem amplamente, porém com maior expressão nas proximidades de Mairinque, a norte de Barueri e nas proximidades da Serra de Itaberaba. Por fim, tem-se uma seqüência migmatítica com estruturas das mais variadas incluídas provisoriamente no Grupo São Roque, e que se distribui na área a partir da Falha de Sertãozinho até a região terminal nordeste da unidade, podendo representar um substrato mais antigo. Algumas descrições mais específicas dos litotipos São Roque podem ser encontradas em Cordani et alii (1961), Cordani et alii (1963), Hasui (1973, 1975) e Coutinho (1972, 1980), entre outros. O Grupo São Roque encontra-se em toda a sua extensão cortado por rochas intrusivas graníticas que geralmente formam concentrações de rochas de fácies anfibolito em suas Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 56 zonas periféricas, fato este interpretado por Hasui & Fonseca (in SCHOBBENHAUS FILHO, 1981) como resultado de um alçamento marginal. Mais recentemente, tem-se suspeitado que a maior parte das rochas de fácies anfibolito pode representar uma unidade pré-São Roque, mas faltam estudos a respeito. Uma tentativa de divisão estratigráfica do Grupo São Roque foi realizada por Hasui et alii (1976) quando reconheceram a existência de uma unidade inferior constituída de metapelitos com lentes de quartzito, metaconglomerados e metarcósios, que para o topo cedem lugar a lentes de calcários, dolomitos e calcossilicáticas (Formação Boturuna), e uma unidade superior em que predominam associações rítmicas de quartzitos, metassiltitos ou filitos carbonosos com filitos ou ardósias (Formação Piragibu). Tais unidades ainda não foram delimitadas. As direções estruturais predominantes no Grupo São Roque são orientadas para ENE, havendo desvios locais para NW na região de Itu (Bloco Pirapitangui, de Hasui & Sadowski, 1976) e na região do Jaraguá, bem como uma inflexão marcante para NNE na região a norte de São Paulo, por efeito dos falhamentos transcorrentes. Identifica-se na unidade a ação de uma fase regional de dobramentos, de natureza holomórfica, com dobras de planos axiais empinados com intensa transposição associada. Esta fase foi contemporânea ao metamorfismo regional, o que é evidenciada pela xistosidade plano-axial, e ao alojamento das rochas granitóides. Falhas e intrusões ácidas foram responsáveis por crenulações e dobras locais (HASUI, 1973). Entre os trabalhos de cunho geocronológico efetuados nas rochas do Grupo São Roque, destacam-se os de Cordani & Bittencourt (1967), Cordani & Kawashita (1971), Hasui & Hama (1972) e Wernick et alii (1976). Isócronas Rb/Sr apresentados em trabalho de síntese efetuado por Cordani & Texeira (in Schobbenhaus Filho, 1979) mostram uma idade em torno de 640 m.a. para os granitóides sintectônicos, compatível com as datações K/ Ar dos metamorfitos, o que leva a assumir uma idade brasiliana para a unidade. A região de Araçariguama situa-se entre as Falhas de Mairinque e Pirapora. Apresenta rochas metabásicas como anfibolitos com granulação média a grossa (prováveis metadiabásios, metagrauvacas ou metabasaltos), rochas psamíticas impuras como metarcósios, metagrauvacas e metarenitos com quartzitos e filitos subordinados e também rochas psamíticas como quartzitos de coloração branca a cinza com granulação fina a média e intercalações de quartzitos conglomeráticos e metarenitos. Aspectos Litológicos do Grupo São Roque No interior do município de Araçariguama, o Grupo São Roque encontra-se representado por metassedimentos químicos, metapelitos, quartzitos e metapsamitos. Os metassedimentos químicos (PBsC) correspondem a horizontes de rochas carbonáticas encaixadas em xistos, com os quais mantém contatos graduais ou francos. A maior expressão dessa unidade encontra-se na “Pedreira Santa Rita”, pertencente VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A., na qual ocorrem rochas carbonáticas bandadas dobradas. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 57 Os metapelitos (PSsT2) presentes na área correspondem aos xistos e filitos. Os xistos dominam a porção E-SE de Araçariguama, apresentando-se com granulação fina a média e podem ser classificado como biotita-muscovita xisto; anfibolitos e calcossilicáticas ocorrem como intercalações, enquanto calcoxistos e cloritaxistos ocorrem de forma subordinada. A passagem para filitos é gradual. Os filitos dominam extensa faixa a NW, acompanhando o limite do batólito São Roque e parte da porção leste do município; apresentam-se com granulação fina e colorações de alteração avermelhadas e amareladas. Mineralogicamente são constituídos basicamente por quartzo e sericita, embora clorita, biotita e turmalina, com ou sem material carbonoso, ocorram de forma esporádica. Metapsamitos, reconhecidos como metarenitos e metarcósios com filitos subordinados, posicionam-se no extremo NW da área do município e destacamse dos filitos pela granulação mais grossa, aspecto maciço e foliação mais dissimulada. Os corpos quartzíticos (PSsTq), essencialmente quartzosos, destacam-se morfologicamente como cristas alongadas posicionadas na porção NW do município, compondo diferenciações dentro do domínio da faixa de filitos. Caracterizam-se por apresentar granulação variável, textura granoblástica e colorações de alteração esbranquiçadas a amareladas, normalmente apresentam-se recristalizados. Recursos Minerais A potencialidade dos recursos minerais de qualquer área encontra-se fundamentalmente associada às características geológicas do terreno considerado. Dentro desse quadro, as associações litológicas, as condições de evolução e o comportamento estrutural constituem fatores primordiais à avaliação dos recursos minerais de uma determinada região. No caso específico de Araçariguama, as litologias presentes dentro dos limites municipais apresentam-se potencialmente favoráveis à geração de bens minerais não-metálicos. Dentro de um quadro bastante geral, as unidades litológicas e seus potenciais recursos são discriminados a seguir: QUADRO 5.2.1.1 UNIDADES LITOLÓGICAS X RECURSOS MINERIAIS Unidade Litológica Granito São Roque e suas variações Recursos Minerais Água potável de mesa ou mineral, areia para construção civil (agregado), areia industrial, brita, feldspato e argilas Metassedimentos do Grupo São Roque Argilas, filitos, rochas calcárias e quartzito Dentre os potenciais recursos minerais indicados, merecem destaque a produção de areia para a construção civil, filito, brita e água mineral. No caso da exploração da areia para a construção civil, criou-se no município de Araçariguama o “Distrito Minerário de Araçariguama”, onde estão concentradas as principais mineradoras. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 58 Não se tem notícias de constatação da presença de conteúdo fossílífero na área da poligonal da “Pedreira Santa Rita”. Geotecnia Ambiental – Mapa geotécnico Ambiental • Metodologia e Procedimentos de Confecção do Mapa Geotécnico Ambiental Para confecção do mapa geotécnico ambiental (ZUQUETTE e GANDOLFI, 2004), procedeuse primeiramente a um levantamento bibliográfico e caracterização regional dos aspectos do meio físico que se apresentassem mais relevantes para compreensão da dinâmica atual dos processos de superfície e de sub-superfície. Esta visão multiescalar proporciona uma melhor compreensão do ambiente estudado. Para a elaboração do mapa utilizou-se a base cartográfica do IGC folha Fazenda Santo Antônio (SF-23-Y-C-II-4-SE-F) na escala 1:10.000 e levantamento topográfico detalhado de fevereiro de 2008, com atualizações e seguiu-se os procedimentos descritos em (ZUQUETTE e GANDOLFI, 2004; ROSS, 1994; ROSA e ROSS, 1999). Primeiramente foi gerado mapa de fragilidade seguindo a metodologia de Ross (1994) e Rosa e Ross, (1999), e posteriormente interpretação de fotografia aérea, complementadas com trabalhos de campo, para reconhecimentos de áreas potencialmente frágeis, de ocorrência de feições erosivas (sulcos e ravinas), assoreamentos, concentração do escoamento superficial, subsidência, colapsos, escorregamentos, afundamentos e recalques. Para geração do mapa síntese procedeu-se à interpolação de três mapas temáticos que foram confeccionados tendo como limite o entorno próximo da propriedade (cerca de 1 km de raio): uso e ocupação do solo, pedologia (solos) e clinográfico (declividade). Os resultados obtidos são apresentados no DESENHO 768.E.0.0-EIA-08 - Mapa de Fragilidade do Uso do Solo. Foram classificados cinco níveis de fragilidade potencial: muito baixa, baixa, média, alta e muito alta. Conforme mencionado, utilizou-se a metodologia desenvolvida por Ross (1994) e ampliada Rosa e Ross, (1999), com a adaptação para a utilização do geoprocessamento em ambiente SIG. A partir da construção das bases denominadas “produtos intermediários”, passa-se para o nível correlatório, com a adoção da fragilidade potencial de cada tema relacionado, a saber: • • • Declividades; Solos; Uso da Terra. Inicialmente, foi elaborada a classificação final pretendida para a Carta de Fragilidade Ambiental, tendo sido criadas as seguintes classes para a fragilidade: Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 59 • • • • • Muito Baixa (1); Baixa (2); Média (3); Alta (4); Muito Alta (5). Cada classe recebeu um valor (um peso), assim a classe Muito Baixa é peso (1), enquanto a Muito Alta apresenta peso (5), isso se faz necessário para dar entrada no sistema utilizado para o relacionamento, que trabalha sempre em matrizes numéricas. Posteriormente, cada tema foi classificado segundo a sua própria fragilidade de acordo com Ross (1994). Nos QUADROS 5.2.1.2 a 5.2.1.4 são apresentadas as fragilidades de cada um dos três temas abarcados. QUADRO 5.2.1.2 FRAGILIDADE PARA USO DA TERRA CLASSE FRAGILIDADE Campos Antrópicos Alta (4) Expansão Urbana Alta (4) Hidrografia Não Utilizado Mineração Muito Alta (5) Reflorestamento Média (3) Vegetação Pioneira Média (3) Vegetação em Estágio Médio Baixa (2) Vegetação em Estágio Médio a Avançado Muito Baixa (1) Vegetação em Estágio Inicial Média (3) QUADRO 5.2.1.3 FRAGILIDADE PARA DECLIVIDADES CLASSE FRAGILIDADE Ate 6% Muito Baixa (1) 6 a 12% Baixa (2) 12 a 20% Média (3) 20 a 30% Alta (4) Acima de 30% Muito Alta (5) QUADRO 5.2.1.4 FRAGILIDADE PARA SOLOS SUBTIPO FRAGILIDADE Gleissolos Baixa (2) Latossolo Alta (4) Podzólico Vermelho Amarelo Alta (4) Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 60 Uma vez que todas as classes apresentavam o seu índice de fragilidade individual, foi elaborado o relacionamento dos temas, apresentando como resultado a Carta de Fragilidade Ambiental. Para o relacionamento dos temas foi utilizada a extensão Model Builder, do módulo Spatial Analyst 2.0 do ArcView 3.2a. Essa extensão permite o trabalho de corelacionamento apresentando como grande vantagem a criação de um simples fluxograma. Os softwares produzidos pela ESRI utilizam sempre o formato GRID para os procedimentos de análise espacial e de relacionamentos entre Planos de Informação. Os formatos GRID’s são do tipo “Raster”, onde uma grade é disposta dentro de coordenadas geográficas ou planas. Esse sistema permite assim o relacionamento entre as células, conforme a FIGURA 5.2.1.2, a seguir: FIGURA 5.2.1.2 - Exemplo de relacionamento entre GRIDs. Assim, uma vez de posse dos valores de referência foi elaborado o fluxograma do processo para criação da fragilidade ambiental (FIGURA 5.1.2.3.2) e informado ao sistema quais os parâmetros particulares para cada tema (FIGURA 5.2.1.3 a 5.2.1.5). Por exemplo, no caso da declividade qualquer pixel encontrado que esteja na declividade até 6%, apresenta uma fragilidade muito baixa, independentemente dos outros temas. Por outro lado, no caso de uso da terra pastagens, apresentam uma fragilidade bem maior, considerada alta; como o software trabalha com classificações numéricas, o primeiro exemplo recebe o valor 1 e o segundo o valor 5. Após o relacionamento a Carta de Fragilidade Ambiental foi convertida de GRID para formato ShapeFile. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 61 ArcView 3.2a: Spatial Analyst 2.0 -> Model Builder Parâmetros de Relação ArcGis: DeskTop Solos Declividades Model Builder Fragilidade Potencial Uso da Terra FIGURA 5.2.1.3 - Fluxograma dos processos para a criação da Fragilidade Ambiental. Após a confecção do mapa síntese em ambiente SIG, procedeu-se ao mapeamento de feições morfológicas que evidenciassem algum tipo de processo vinculado a erosões, assoreamentos, recalques, entre outros e morfologias que apresentam maiores propensões a deflagrações de processos ligados a dinâmica de superfície. Foram utilizados símbolos lineares, plotados no mapa síntese. Para complementação do mapeamento efetuou-se um trabalho de campo para verificação de ocorrência de feições erosivas de assoreamentos como também aquelas ligadas a outros processos que dominam a morfodinâmica da área. FIGURA 5.2.1.4 - Fluxograma de relacionamento do “Model Builder”. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 62 FIGURA 5.2.1.5 - Parâmetros Informados ao “Model Builder”. • Morfodinâmica Os processos morfodinâmicos são aqueles evidenciados na superfície terrestre, considerando sua magnitude e freqüência no momento atual e subatual, associadas ou não às derivações antropogênicas. A morfodinâmica analisa o presente, levando em consideração as relações processuais em uma escala de tempo atual na qual o homem constitui o maior agente destas modificações da superfície. As intervenções antrópicas provocam alterações rápidas e diversas em relação aos mecanismos naturais, pois a intensidade e a freqüência com que o homem intervém no meio modificam as relações intricadas da natureza, especialmente aquelas vinculadas ao meio físico. O modelado das formas de relevo guarda íntima relação com os materiais (substrato), e nos locais que ocorre o clima tropical os mantos de intemperismo são quase sempre espessos nas bases das vertentes e rasos em seu terço superior, muito em função de uma conjunção de fatores observados na morfogênese e pedogênese, sem negligenciar o papel importante das estruturas (falhas, fraturas, litologia e tectônica) que dão feição a formas de relevo suscetíveis a processos erosivos. O modelado das formas, a morfografia e morfometria estão condicionados por muitas variáveis, entretanto, os processos que regem a morfogênese e Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 63 pedogênese em cada área do planeta dão feição a um tipo de forma e de material que o sustenta. O jogo de forças externas e internas impõe tipos de formas ligadas aos macro compartimentos, ou seja morfoestruturas. No entanto, para os estudos em escala de maior detalhe (>1:50.000) é dado maior ênfase às forças externas regidas pela morfogênese e pedogênese, que controlam e esculpem o modelado das formas, a morfoescultura. Este modelado tem vínculo profundo com os materiais que o sustentam. Essa cadeia dinâmica quando desequilibrada provoca o aparecimento de feições que podem desestabilizar processos de vertentes e fluviais, gerando formas erosivas, trechos assoreados, recalques, escorregamentos, creep, entre outros. Estes processos atuais são regidos pela dinâmica atual de superfície, a morfodinâmica. Contudo, esta cadeia natural de processos pode ser desestabilizada pela variável antrópica. Neste sentido, o reconhecimento do homem como agente modificador da superfície implica na compreensão de que as relações entre o homem e o meio físico não se dão somente com a criação de uma nova morfologia. A atividade humana modifica taxas, intensidades, magnitudes, freqüências e limiares dos processos geomorfológicos, além de retirar e remobilizar grandes quantidades de material (ESTAIANO, 2007; RODRIGUES, 2005; SELBY, 1985). Ross e Moroz (1997); Ross et al. (2007) assinalam que para a área de estudo, o Planalto de Atlântico, (ALMEIDA, 1964) especialmente a Serrania de São Roque prevalecem formas policonvexas, com topos arredondados (convexos) com vertentes relativamente íngremes. A grande diversidade de formas apresentadas na Serrania de São Roque é devida principalmente à ação do clima tropical úmido e da grande variedade de rochas e estruturas geológicas que respondem de forma diferente ao ataque do intemperismo. Analisando a área de estudo sob a ótica geomorfológica da dinâmica de processos, observou-se a ocorrência de alguns pontos com feições erosivas como sulcos e ravinas e possíveis trechos com pequenos assoreamentos ao longo das drenagens principais. Outro processo de grande importância para o entendimento da evolução do modelado e, portanto, para o reconhecimento da suscetibilidade da área quanto a instalações de processos que alteram a superfície, são aqueles vinculados as faixas de terrenos cársticos. As morfologias de terrenos cársticos apresentam maiores fragilidades, as cavidades subterrâneas (endocarste), dolinas, lapiás, uvalas (exocarste) condicionam a rede hidrográfica formando sumidouros, surgências, vales cegos, canyons que dão a proporção da complexidade e fragilidade deste tipo de formação. No entanto, para a área da Pedreira da VOTORANTIM CIMENTOS em Araçariguama não há ocorrência de feições cársticas, sendo que somente ocorrem morfologias ligadas ao epicárste no contato solo-rocha. Quanto ao grau de fragilidade, a leitura do mapa possibilita a visualização da distribuição espacial das fragilidades potenciais na área de interesse e as porcentagens de ocorrência de cada grau de fragilidade, conforme apresentado no QUADRO 5.2.1.5. A análise do QUADRO 5.2.1.5 permite concluir que a classe que mais ocorre é a de fragilidade Alta, perfazendo cerca de 55% da área estudada. Logo após aparecem as médias fragilidades, com 25%, que Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 64 se concentram no setor II. As áreas de baixa fragilidade, com 10%, estão assentadas próximas às planícies de inundação e nos topos convexos e achatados dos morros. Também ocorre a classe de fragilidade ambiental muito alta que se concentra nas áreas com maiores declividades (setor I). Seguindo a metodologia de Ross (1994), não foi encontrada a classe de fragilidade muito baixa. Originalmente, as áreas englobadas por este estudo apresentavam grau de fragilidade Média à alta (ROSS e MOROZ, 1997). QUADRO 5.1.2.3.4 ÁREAS DE FRAGILIDADE POTENCIAL Classe de Fragilidade Total (em m2) Total (em ha) Porcentagem % Muito Alta Alta Média Baixa Restrito/hidrografia Total 2.255.585 14.490.368 6.554.076 2.878.940 136.504 26.315.473 225,55 1.449,03 655,40 287,89 13,65 2.631,54 9 55 25 10 1 100 Algumas dessas áreas, sob o aspecto ambiental, são mais ou menos frágeis, dependendo de diversos fatores, tais como substrato rochoso, ocorrência ou ausência de cobertura vegetal, morfologia e morfometria das formas de relevo, relações entre pedogênese e morfogênese, aspectos que condicionam os processos geomorfológicos. Tais processos superficiais e subsuperficiais da dinâmica atual da área sofrem alterações pela inserção de uma variável: o homem. A ação antrópica altera o balanço geomorfológico (produção, retirada, transporte e deposição) atingindo os limiares para a aceleração de processos e até introduzindo novos processos que não existiam na área. Estes processos acontecem entre as interações rochasolo-relevo (pedogênese e morfogênese) e os agentes de transformação vegetação-água-clima (intemperismo) e por fim, não de menor importância, a variável humana, que modifica estas relações naturais. Conclui-se que os processos observados na área são condicionados, em sua maioria, pelo tipo de solo, embasamento rochoso, estruturas, declividade, cobertura vegetal e clima que impuseram uma fragilidade alta a área. Em geral foram constatados processos incipientes ligados a pequenas feições erosivas, trechos assoreados. Outros processos como afundamentos, subsidência, colapsos e recalques não foram observados na área de estudo. No DESENHO 768.E.0.0-EIA-08 é apresentado o Mapa de Fragilidade do Uso do Solo. 5.2.2. Hidrogeologia A hidrogeologia é o ramo da geologia que estuda as águas subterrâneas quanto ao seu movimento, volume, distribuição e qualidade. Para avaliar o potencial hidrogeológico da área da poligonal DNPM 000.227/45, com foco para a área de ampliação da cava, foram efetuados trabalhos, durante o período de um ano, compreendendo levantamentos bibliográficos, geológico-estrutural local, pontos de água, instalação de piezômetros, determinação de condutividade hidráulica, por meio de ensaios nos poços perfurados, monitoramento de pontos estrategicamente selecionados, estudo hidroquímico e modelo numérico de fluxo de água subterrânea com simulação para os próximos 30 anos de lavra. Esses levantamentos resultaram no “Estudo hidrogeológico para avaliação dos potenciais impactos sobre as águas superficiais e subterrâneas em decorrência da expansão da mina Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 65 Santa Rita”, apresentado no ANEXO 14, realizado pela Hydrokarst Consultorias e Serviços em Geologia Ltda. A conclusão do Estudo Hidrogeológico apresentado é que na região existe somente um corpo carbonático, de pequena extensão, em contato com sericita-xistos e quartzitos. Não foi registrado nenhum tipo de feição cárstica como cavernas, dolinas, sumidouros, etc. Pelos ensaios de permeabilidade realizados, as rochas carbonáticas na região não foram classificadas como aqüíferos segundo a classificação de Custódio e Llamas (2001). Os valores de condutividade hidráulica obtidos classificam as rochas como Aqüitardo com características pouco permeáveis. Também não foram encontradas evidências de desenvolvimento de aqüífero cárstico nos carbonatos, como ocorrência de protocavernas. O estudo indicou a existência de um cone de rebaixamento de formato circular, com 1 km de diâmetro, restrita à área da cava, nos limites da propriedade da VOTORANTIM CIMENTOS, para o qual as linhas de fluxo de água subterrânea são localmente direcionadas. O estudo concluiu ainda que houve variação mínima do nível d’água no período estudado de 1 ano. 5.2.3. Geomorfologia A diversificação dos conjuntos de formas de relevo reflete a importância dos eventos tectonoestruturais, da ação dos fatores climáticos atuais e pretéritos e dos processos biogeoquímicos do Quaternário sobre as diversas litologias e solos, para a esculturação do modelado do relevo. A área do empreendimento encontra-se dentro da Província Geomorfológica do Planalto Atlântico, na Zona da Serrania de São Roque, de acordo com Almeida (1964). Segundo esse autor, esta zona é um planalto cristalino montanhoso, maturamente dissecado. Suas maiores elevações alcançam cerca de 1.250m de altitude, enquanto os assoalhos de seus vales encontram-se geralmente entre 600 e 750m. Segundo Ross & Moroz (1997), a área do empreendimento está compreendida na Unidade Morfoestrutural Cinturão Orogênico do Atlântico, subdivisão Planalto Atlântico, especificamente no Planalto de Jundiaí. Zona da Serrania de São Roque, a relação entre estrutura e topografia é muito acentuada. O embasamento granítico destaca-se em várias serras como a da Cantareira, de São Francisco e de Taxaquara, entre outras, compondo outros numerosos morros graníticos ao longo dos interflúvios. O relevo granítico é muito acidentado, com vertentes abruptas e desníveis totais de algumas centenas de metros. De acordo com a classificação adotada no Projeto Radam (1983), trata-se da Unidade Planalto de São Roque-Jundiaí, localizada ao sul do Planalto de Amparo, com litologia composta principalmente por gnaisses, migmatitos nebulíticos e rochas silicatadas associadas a intrusões graníticas. Predominam as formas de relevo alongadas, com topos e encostas convexos, apresentando uma capa coluvial com mais de 2 m de espessura, cobrindo o manto de alteração e separada por uma linha de pedra, com aproximadamente 45 cm de espessura. Já os vales são mais estreitos e preenchidos por colúvios recobertos por camadas de depósitos aluviais. Segundo Almeida (1964), a faixa xistosa do interior e norte da serrania mostra relevo heterogêneo, muito recortado, em que se destacam corpos graníticos e quartzíticos. Este último tem na Serra do Japi seu maior representante, com até 1.250m de altitude. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 66 Destacam-se outros corpos quartzíticos como a Serra de Guaxatuba, na margem direita do rio Tietê e um outro corpo que se posiciona ao sul de Pirapora do Bom Jesus, já margem esquerda do mesmo rio, ao qual Almeida (1964) se referiu como a crista monoclinal quartzítica do Buturuna, identificado na carta topográfica do IBGE (Folha Cabreúva, 1:50.000, 1986) como Serra do Voturuna (FOTO 5.2.3.1). As pequenas porções de filitos e calcários desempenham papel discreto no modelado do relevo, originando baixas colinas e morros de perfis suavizados, embora às vezes bem inclinados. As superfícies de aplainamento Itaguá e Japi tiveram forte participação na origem da Zona da Serrania de São Roque. Esta última superfície de aplainamento estabelece um teto para o relevo, de 1.200 a 1.250 metros de altitude, só atingido pelas estruturas mais imponentes, como a Serra do Japi. A morraria granítica geralmente apresenta-se a uma centena de metros abaixo deste teto, por ser menos resistente a alterações que o quartzito. As áreas em xistos constituem relevos menos salientes (FOTO 5.2.3.2). Assim, é compreensível o fato da área de estudo, formada por rocha granítica encaixada em filitos/xistos, apresentar-se a um nível máximo de 800m, enquanto as serras de Guaxatuba e Japi, de estrutura quartzítica, ostentam altitudes entre 1.000 e 1.250m. Exemplo ilustrativo é o morro localizado a O-SO do empreendimento, de alinhamento aproximado SE-NO, com altitudes que alcançam pouco mais de 900m de altitude, de alinhamento aproximado SE-NO, com altitudes que alcançam cerca de 930 m no ponto mais elevado (FOTO 5.2.3.3). Parte desse morro está compreendida na área de propriedade da VOTORANTIM CIMENTOS, e é coberta por vegetação nativa. Esta área foi proposta ao DEPRN para a constituição da reserva legal da propriedade, tendo em vista a presença de cobertura vegetal em bom estado de preservação. Para Ross & Moroz (1997), a unidade do Planalto de Jundiaí “predominam formas de relevo dunudacionais, cujo modelado constitui basicamente por colinas e morros baixos com topos convexos (Dc) e morros altos com topos aguçados (Da)”. O nível alto do Planalto de Jundiaí situa-se entre as cotas altimétricas de 900m a 1.200m, na qual se destaca a Serra do Japi, cujos topos são sustentados por quartzitos e a base por granitos. No nível médio, as altitudes encontram-se entre 700m e 800m, sustentados por gnaisses e migmatitos. Na FIGURA 5.2.3.1 é apresentado o mapa geomorfológico regional, na escala 1:500.000, obtido a partir de Ross & Moroz (1997). Com relação aos processos de dinâmica de superfície e sub-superfície do meio físico, embora a área compreendida pela poligonal DNPM 000.227/45 situar-se em área com nível de fragilidade alta, apresentar formas de relevo muito dissecadas, com alta densidade de drenagem e constituir-se “áreas sujeitas a processos erosivos agressivos, com probabilidade de ocorrência de movimentos de massa e erosão linear com voçorocas”, de acordo com Ross & Moroz (1998), não se observa ocorrência de processos erosivos, de escorregamento, tombamentos, quedas de blocos, assoreamento, subsidência, colapsos, recalques etc. Tal fato se deve sobretudo à existência de cobertura vegetal (nativas e exóticas) em quase toda a extensão da propriedade da empresa. No DESENHO 768.E.0.0-EIA-08 é apresentado o Mapa de Fragilidade do Uso do Solo, compreendendo a área da poligonal DNPM 000.227/45. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 67 FIGURA 5.2.3.1 – Mapa Geomorfológico Regional. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 68 FOTO 5.2.3.1 – Vista da face norte do Morro do Votoruna, corpo quartzítico que se eleva até mais de 1200m de altitude e que destaca na paisagem regional, o qual pode ser observado a partir do município de Pirapora do Bom Jesus. FOTO 5.2.3.2 – Relevo com substrato xistoso constituem relevos menos salientes, topos convexos, perfis suaves, conforme se observa a sudeste, em área adjacente ao empreendimento. FOTO 5.2.3.3 – Corpo granítico situado na porção sul-oeste da propriedade da VOTORANTIM CIMENTOS, caracterizando um relevo com vertentes abruptas e grande desnível topográfico. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 69 5.2.4. Pedologia A ação de diferentes fatores – clima, relevo, organismos vivos (macro e micro organismos da flora e fauna) – sobre o material original (rocha matriz) num determinado tempo são responsáveis pela formação dos solos. Associado a esse processo tem-se os impactos resultantes das formas de utilização da superfície terrestre pelo homem. Assim, uma rocha matriz, sob a ação da temperatura, umidade, pluviosidade e outros elementos como a existência de cobertura vegetal, ação antrópica, vai se intemperizando e fragmentando, ficando exposta a modificações físico-químicas, de acordo com o relevo da área. O conhecimento pedológico propicia o entendimento do comportamento da superfície e dos terrenos e, conseqüentemente, proporciona o entendimento dos processos de dinâmica superficial, considerando, entre outros, o assoreamento e a erosão, uns dos responsáveis pela formação e configuração das paisagens. De acordo com o mapa pedológico proposto por Oliveira (1999), apresentado na FIGURA 5.2.4.1, utilizando o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, em âmbito regional, a classe de solos que se impõe no município de Araçariguama é a dos Argissolos. São solos constituídos principalmente por material mineral, normalmente com a presença de argilas de baixa atividade (Tb), usualmente profundos, com horizonte B textural situado logo abaixo de horizonte A ou E, apresentando seqüência de horizontes A, B e C, bem a moderadamente drenados. Encontram-se em áreas de relevo ondulado a forte ondulado, com declividades entre 8 e 45%, em superfície de topografia pouco movimentada a movimentada, constituída por colinas (com altitude relativa de até 50 m), outeiros (entre 50 e 100 m) e morros (de 100 a 200 m). São solos distróficos, ou seja, com saturação em bases menores que 50%. Quanto à cor, apresentam um horizonte B de cor vermelho-amarelada e com teores mais baixos de óxido de ferro, em geral possuindo matiz 5YR, valor maior ou igual a 4 e croma igual ou maior que 6. Já quanto à textura, o horizonte A é arenoso ou médio e em alguns casos chega a ser argiloso, enquanto o horizonte B textural é franco-arenoso ou mais fino, podendo ocorrer solos com mudança textural abrupta. Os Argissolos têm como atributos principais a capacidade de troca de cátions inferior a 27 cmol/kg de solo, e o acréscimo de argila do horizonte superficial A para o superficial B, que é do tipo textural (Bt), por vezes acompanhado de boa diferenciação também de cores e outras características. Podem ainda possuir caráter arênico ou espessoarênico, o que implica a presença dos horizontes A e E de textura arenosa, com espessura respectivamente de 50 a 100 cm e superior a 100 cm. Os Argissolos não possuem restrições quanto ao seu preparo para o uso agrícola, por apresentarem textura média a arenosa em superfície e baixa atividade da fração argila. Por outro lado, na zona serrana, apresentam fase pedregosa e rochosa, ou estão associados a afloramentos rochosos, em relevo forte ondulado e montanhoso, tornando seu uso agrícola e até mesmo o uso silvo-pastoril bastante limitados. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 70 Segundo o Mapa de utilização dos recursos naturais renováveis, elaborado pela Divisão de Pedologia do Projeto RADAMBRASIL (1978), que delimita áreas de igual aptidão agrícola e produtividade, os solos na região têm índice agroclimático superior a 70%, atendendo, portanto, a 70% das condições consideradas ideais para o pleno desenvolvimento da maioria dos vegetais. As declividades são inferiores a 15%, possibilitando a mecanização, com pequena perda de eficiência motora e de tração das máquinas e implementos agrícolas. Embora estes solos ofereçam boas condições à agricultura, são necessários cuidados especiais na sua utilização, que vão desde a escolha cuidadosa do tipo de cultura a ser adotada, até a opção por métodos de conservação dos solos, como o plantio em curvas de nível, rotação de culturas, terraceamento ou aradura em sulcos descontínuos, diminuindo os riscos de erosão. Na área abrangida pelo município de Araçariguama predomina a ocorrência de Argissolo Vermelho Amarelo Distrófico, segundo a EMBRAPA (1999). Trata-se do solo “Podzólico Vermelho Amarelo” na antiga classificação do Levantamento de Reconhecimento dos Solos do Estado de São Paulo. Os Argissolos vermelho-amarelos encontrados na região apresentam como maiores restrições à agricultura, as baixas fertilidades potencial e atual. São, em geral, pobres em nutrientes, não mantendo uma produtividade sustentada por maior período, predominando atividades como a pecuária, principalmente de gado leiteiro, para o abastecimento dos diversos laticínios da região. Esse tipo de Argissolos apresenta maior relação textural entre os horizontes A ou E e o horizonte B textural, sendo, portanto, suscetíveis à erosão. Por situar-se na Província Geomorfológica do Planalto Atlântico, na Zona da Serrania de São Roque, a área do empreendimento apresenta de forma geral relevo bastante dissecado, de origem granítica, calcária e xistosa, vertentes com perfis abruptos, que não propiciam o desenvolvimento de solos (FOTO 5.2.4.1). Nas áreas xistosas, onde o relevo é mais suave, observam-se solos pouco mais desenvolvidos, mais profundos, enquanto que nas áreas de ocorrência de granitos e calcários, a capa coluvial é pouco espessa, em geral, não ultrapassando 2 metros. FOTO 5.2.4.1 – Limite sudeste da lavra, no qual se observa área objeto de ampliação da cava. Notar a pequena profundidade do Argissolo Vermelho-Amarelo, em área cujo substrato rochoso é o calcário. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 71 FIGURA 5.2.4.1 - Mapa Pedológico Regional. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 72 5.2.5. Climatologia A Região Sudeste apresenta uma diversificação climática, considerando-se o regime de temperatura, decorrentes de fatores de ordem estática (aspectos geográficos) e de natureza dinâmica (circulação atmosférica), que atuam simultaneamente e em constante interação. Situa-se numa área de transição entre os climas quentes das latitudes baixas e os climas mesotérmicos de tipo temperado das latitudes médias, mas caracterizando-se mais pelo clima tropical do que temperado. Nas latitudes baixas (zona tropical) o traço mais marcante do clima é definido por duas estações, a chuvosa e a seca, e nas latitudes médias (zona temperada), embora existam quatro estações mais ou menos definidas, dentre as quais uma de chuvas mais abundantes e outra com seca ou pouco chuvosa, o que mais define seu clima é a variação de temperatura durante o ano. Outra importante característica dessa região é a distinção entre as temperaturas máximas diárias registradas no verão e as mínimas observadas no inverno, em função de sua latitude e em relação aos sistemas de circulação atmosférica. De acordo com a circulação atmosférica global, a região estudada encontra-se na maior parte do ano sob domínio das massas Tropical Atlântica (mTa) e Tropical Continental (mTc). No inverno, presencia sucessivas incursões da massa Polar Atlântica (mPa), responsável pela formação de frentes frias e frentes de instabilidade e da ocorrência de baixas temperaturas, ou mesmo geadas (situação pós-frontal). De acordo com estudos da CETESB (2006), entre 1994 e 2003 houve uma média de 25 passagens de sistemas frontais por ano pela Região Metropolitana de São Paulo-RMSP. Em 1999 foram registradas 30 passagens de frentes frias. Durante todo o ano, nas regiões tropicais do Brasil sopram freqüentes ventos de leste e nordeste oriundos das altas pressões subtropicais, ou seja, do anticiclone semifixo do Atlântico Sul. O domínio dessa massa de ar tropical (anticiclone do Atlântico) mantém a estabilidade do tempo, com tempo ensolarado que somente cessa, praticamente, com a chegada de correntes perturbadas. Estas correntes, de incidência eventual, são responsáveis por instabilidades e bruscas mudanças de tempo, geralmente acompanhadas de chuvas. No período chuvoso, que vai de outubro a abril, observa-se uma intensa atividade convectiva e aumento da precipitação na faixa leste do estado onde se encontra a RMSP. Isto se deve às áreas de instabilidade alimentadas pela umidade proveniente do interior dos continentes que se formam na região sul e sudeste e se associam à passagem das frentes frias. Assim, durante o período chuvoso as condições de dispersão dos poluentes são mais favoráveis. Durante o período seco, quando a RMSP está sob a atuação dos anticiclones (sistemas de altas pressões) subtropical marítimo e a frente fria se encontra no sul do Estado, ocorre pouca precipitação e há uma diminuição da velocidade do vento (inferior 1,5 m/s), muitas horas de calmaria (velocidade do vento em superfície inferior a 0,5 m/s), céu claro, grande estabilidade atmosférica e formação de inversão térmica muito próxima à superfície (abaixo de 200 m), condições muito desfavoráveis à dispersão de poluentes. No período seco a Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 73 umidade relativa do ar chega atingir valores inferiores a 15%, ocasionando desconforto à população. A umidade relativa do ar é um parâmetro que caracteriza o tipo de massa de ar que está atuando sobre a região. A baixa umidade relativa pode agravar doenças e quadros clínicos da população, além de causar desconforto (CETESB, 2006). De acordo do com Relatório de Qualidade do Ar da CETESB, “a evolução das concentrações anuais do material particulado na estação Sorocaba, a qual atingiu 33 μg/m³ em 2007, se mantendo em níveis semelhantes a anos anteriores e abaixo do padrão anual de qualidade do ar (50 μg/m³)”. Os resultados apresentados pela CETESB (2008) demonstram que em 2003 86,5% apresentou qualidade boa e apenas 13,5% regular. Em 2007, a qualidade do ar ainda apresentava tendências semelhantes à de 2003, com 82,6% do tempo apresentado boa qualidade e 17,4% regular. Não houve dados representativos para o período compreendido entre 2004 e 2006, não sendo possível avaliar a efetiva evolução da qualidade do ar na região de Sorocaba. Segundo Nímer (1989), a área de estudo situa-se em local de clima tropical mesotérmico brando superúmido. Trata-se se um clima com predomínio de temperaturas amenas durante todo o ano, com média anual variando em torno de 18 °C e 19 °C, devidas principalmente à orografia. O verão é brando e o mês mais quente marca média inferior a 22 ºC. O inverno possui pelo menos um mês com temperatura média inferior a 15 °C. A ocorrência de geadas é bem comum nestas áreas. Na região de Sorocaba, os ventos predominantes são dos quadrantes leste e sul, com velocidades médias de 7 m/s a 9 m/s. Na FIGURA 5.2.5.1 e 5.2.5.2 são apresentados os pluviogramas, elaborados a partir dos dados apresentados no QUADRO 5.2.5.1 e 5.2.5.2, do DAEE, no qual se observam as pluviosidades totais anuais dos postos pluviométricos E4-129 (Araçariguama, coordenadas 23°26' 47°04’) e E4-099 (Mailaski, coordenadas 23°33' 47°05'). O posto E4-129 dista aproximadamente 6 km a noroeste do empreendimento, a uma altitude de 700 m, enquanto o posto E4-099 dista cerca de 10 km a sudoeste da pedreira, a 900m de altitude, e situa-se no município de São Roque. Os dados do posto E4-129 referem-se ao período de 1972 a 2000 e os do posto E4-099 compreendem os anos de 1967 a 1995, ambos os postos apresentam em comum os dados do período de 1972 a 1995. Analisando os dados apresentados constata-se que o período de estiagem coincide com o inverno (nos meses de junho, julho e agosto) e o período chuvoso com o verão (dezembro, janeiro e fevereiro), retratando o padrão regional do clima da Região Sudeste do Brasil, condicionado por verões quentes com altos índices de precipitação e invernos frios com estiagem. Em alguns anos, nos meses de julho e agosto foram registrados índices zero de chuva e, por outro lado, os maiores índices de chuvas foram registrados nos meses de janeiro e dezembro, registrando muitas vezes níveis superiores a 300 mm de chuva. Considerando-se a soma totais anuais das chuvas com dados de todos os meses, os maiores índices foram observados nos anos de 1983 e 1997, superiores a 2.000mm, no posto E4-129. Já no posto E4-099, nos anos 1973 a 1976 também foram registrados Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 74 índices superiores a 2000mm e 1983 foi um ano atípico, quando se registrou índice de 3.140mm de chuvas no ano. Por outro lado, no posto E4-129, os menores índices foram observados no ano de 2000 (805 mm); no posto E4-099 foi em 1969, com 941 mm de chuvas. QUADRO 5.2.5.1 POSTO E4-129 - 1972 a 2000 - CHUVAS TOTAIS ANUAIS E MÍNIMAS, MÁXIMAS E MÉDIAS MENSAIS (mm) Ano Jan Fev Out Nov 1972 320,6 127,2 40,1 68,7 40,3 10,8 113,2 72,3 85,9 146,2 175,7 66,5 1267,5 1973 248,7 182,9 166,7 115,8 46,5 44,0 46,8 15,0 66,4 79,3 212,4 243,0 1467,5 1974 283,1 --- 197,4 11,2 4,4 84,9 1975 25,9 220,7 61,9 23,6 26,5 10,0 0,0 13,7 15,9 112,5 103,8 --- 826,9 65,4 1,1 58,5 123,9 242,7 132,7 992,9 1976 148,5 254,0 112,4 121,8 176,5 104,4 129,2 122,4 197,7 111,5 98,1 156,8 1733,3 1977 327,2 59,2 220,1 86,5 9,0 31,9 24,4 14,5 76,6 81,6 150,3 274,3 1355,6 1978 208,0 95,2 154,0 2,2 1979 195,0 265,4 122,0 97,9 122,6 57,8 76,3 64,4 158,4 362,6 201,0 1504,2 140,5 7,6 65,7 --- 94,3 141,6 1294,6 1980 225,7 270,8 41,1 141,9 10,3 59,9 19,9 35,9 53,5 54,8 143,2 371,2 1428,2 1981 175,7 109,5 72,4 45,2 10,7 79,9 --- 4,4 0,5 82,5 275,2 108,2 1982 --- 315,0 --- 1983 328,3 238,4 176,6 54,5 50,8 210,5 52,5 27,1 25,4 243,9 174,7 183,3 193,3 241,4 22,8 7,5 257,0 185,5 178,8 246,4 2259,3 1984 251,0 26,6 40,5 95,2 105,5 3,3 7,8 123,4 173,4 --- 119,0 147,2 1092,9 1985 160,3 233,9 154,9 71,5 127,1 14,1 5,7 20,5 85,9 19,7 152,4 83,3 1129,3 1986 147,0 221,9 1987 144,2 259,2 135,1 --- 125,4 2,6 26,6 109,2 24,4 43,1 89,6 301,1 1226,0 114,5 56,7 212,3 225,7 13,2 20,8 64,7 80,4 65,3 145,6 1402,6 1988 188,4 237,7 184,7 134,3 148,4 54,1 7,6 0,0 31,3 215,5 76,0 191,8 1469,8 1989 355,8 96,1 142,4 33,6 12,6 30,3 184,3 11,2 65,9 78,2 106,8 82,5 1199,7 1990 265,6 113,1 123,9 46,6 47,0 32,4 114,1 42,6 41,8 57,4 98,7 174,1 1157,3 1991 208,7 272,8 221,2 123,8 65,6 79,8 3,5 34,0 83,1 180,5 62,1 251,6 1586,7 1992 84,4 83,3 227,7 53,3 68,5 1,5 28,8 19,0 124,0 132,1 138,6 143,6 1104,8 1993 219,2 --- 71,9 132,5 106,8 97,3 22,2 77,8 157,7 96,3 89,6 138,4 1209,7 1994 183,1 153,2 --- --- --- --- 58,2 0,0 0,9 74,4 44,4 313,4 1995 331,1 374,3 152,3 80,7 32,0 35,6 53,8 11,1 17,9 208,1 52,4 146,4 1495,7 1996 117,6 218,3 241,7 26,0 22,4 50,7 9,6 16,5 141,9 153,5 54,2 195,4 1247,8 1997 388,3 148,9 12,1 25,6 60,2 99,7 15,5 27,0 59,5 225,3 493,6 533,3 2089,0 1998 494,2 288,5 260,5 110,2 91,2 19,4 9,5 52,7 69,0 176,1 36,0 251,9 1859,2 1999 270,2 240,5 25,8 11,5 22,5 72,6 13,0 0,0 74,6 67,8 125,4 38,4 962,3 2000 261,0 218,8 43,9 2,7 10,1 15,8 53,9 31,7 48,8 44,3 26,9 47,7 805,6 Mínima Máxima Média Mar Abr Mai Jun Jul Ago 1,7 Set 164,6 --- Dez --- TOTAL 964,2 1154,4 827,6 25,9 26,6 12,1 2,2 4,4 1,5 0,0 0,0 0,5 19,7 26,9 38,4 805,6 494,2 374,3 260,5 183,3 212,3 241,4 184,3 123,4 257,0 243,9 493,6 533,3 2259,3 234,2 197,2 130,3 72,5 74,6 63,5 44,4 32,6 80,4 119,7 139,4 189,9 1314,3 Fonte: DAEE, 2008. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 75 CHUVAS TOTAIS ANUAIS Posto E4-129 -1972 a 2000 2500,0 mm 2000,0 1500,0 1000,0 500,0 0,0 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 anos FIGURA 5.2.5.1 - Pluviograma das chuvas totais mensais (1972 a 2000), do Posto E4-129 – Araçariguama. Posto E4-129 - 1972 A 2000 600,0 500,0 mm 400,0 300,0 200,0 100,0 0,0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 anos Mínima Máxima Média FIGURA 5.2.5.2 - Gráfico das chuvas mínimas, máximas e médias mensais (1972 a 2000), do Posto E4-129 – Araçariguama. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 76 QUADRO 5.2.5.2 POSTO E4-129 - 1972 a 2000 - CHUVAS TOTAIS ANUAIS E MÍNIMAS, MÁXIMAS E MÉDIAS MENSAIS (mm) Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez TOTAL 1967 219,2 211,0 166,2 10,2 24,8 130,7 17,4 0,0 108,2 116,2 123,4 1968 234,4 96,0 59,8 38,1 56,0 40,2 13,4 57,5 54,2 118,7 56,0 126,7 951,0 1969 78,5 127,1 64,2 47,5 36,4 79,7 17,0 2,7 33,6 247,8 153,4 53,8 941,7 1970 185,8 232,6 39,5 0,0 1,0 212,0 32,0 98,3 56,2 36,6 --- 894,0 1971 69,1 107,4 --- 89,7 52,0 115,7 30,2 57,9 --- 207,7 --- 466,8 1196,5 1972 392,6 163,8 47,7 47,5 51,0 9,6 28,4 61,2 119,2 237,7 189,4 121,2 1469,3 1973 447,0 147,1 152,0 168,4 60,6 43,7 100,9 47,6 89,9 134,8 243,5 369,3 2004,8 1974 478,4 141,7 519,5 51,0 1,6 167,3 1,4 17,0 34,1 247,3 244,1 433,9 2337,3 1975 339,2 612,8 71,6 46,6 35,0 3,2 91,9 0,6 131,3 224,9 241,7 225,1 2023,9 1976 335,6 419,0 206,0 120,8 194,4 145,3 144,7 177,4 240,2 51,4 58,1 372,0 2464,9 1977 278,5 86,8 170,9 104,7 17,2 37,3 35,2 14,2 68,9 91,0 119,0 286,4 1310,1 1978 134,6 72,7 107,4 2,9 188,3 104,0 123,1 14,3 43,3 107,4 348,1 239,9 1486,0 1979 137,4 199,6 112,3 63,9 114,5 3,8 71,5 86,3 194,1 125,6 64,0 175,7 1348,7 1980 227,8 191,1 69,4 --- 13,4 63,2 21,7 42,2 72,4 69,2 115,7 --- 886,1 1981 216,8 --- --- --- --- --- 66,6 25,8 24,1 --- --- --- 333,3 1982 --- 373,7 --- 80,6 83,7 253,2 60,4 29,1 1,5 --- --- --- 882,2 1983 257,4 481,8 498,4 263,5 242,9 --- 42,3 74,7 423,5 215,7 361,1 279,5 3140,8 1984 299,8 --- 42,8 82,3 87,7 2,5 9,6 122,8 148,2 37,0 116,4 158,5 1107,6 1985 120,3 126,9 199,2 59,4 88,3 12,4 6,1 14,4 86,2 16,3 124,7 1986 176,4 182,5 227,0 61,2 122,8 0,7 11,0 124,2 28,9 72,9 116,2 203,5 1327,3 1987 --- 142,8 93,0 104,2 207,5 216,6 14,2 23,1 63,0 88,6 87,1 159,0 1199,1 1988 191,7 174,8 280,6 158,5 180,3 70,9 5,6 0,0 12,4 40,4 27,7 134,2 1277,1 1989 358,1 167,1 128,6 49,4 17,8 36,2 262,6 27,7 70,8 75,1 95,0 142,3 1430,7 1990 255,8 86,9 137,3 21,7 53,8 36,4 129,3 56,0 47,9 82,7 93,1 175,2 1176,1 1991 279,2 288,1 377,2 148,3 66,7 72,1 14,9 49,3 94,1 207,0 83,0 280,3 1960,2 1992 31,5 283,0 197,5 71,1 78,3 4,0 31,6 24,3 123,9 146,2 198,6 153,1 1343,1 1993 238,0 209,4 86,3 68,2 110,7 50,6 14,8 36,5 232,5 45,8 98,1 153,6 1344,5 1994 221,6 93,8 87,5 156,0 55,9 43,4 25,4 0,0 0,0 --- --- 238,4 1995 263,6 390,0 206,5 158,2 110,8 27,8 57,2 6,2 27,5 --- --- 163,7 1411,5 Mínima Máxima Média --- 30,4 1157,7 63,6 917,8 922,0 31,5 72,7 39,5 0,0 1,0 0,7 1,4 0,0 0,0 16,3 27,7 30,4 333,3 478,4 612,8 519,5 263,5 242,9 253,2 262,6 177,4 423,5 247,8 361,1 466,8 3140,8 239,6 215,2 167,2 84,2 84,1 73,4 51,0 44,5 93,9 121,8 146,0 208,2 1387,8 Fonte: DAEE, 2008. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 77 CHUVAS TOTAIS ANUAIS Posto E4-099 - 1967 a 2000 3500,0 3000,0 mm 2500,0 2000,0 1500,0 1000,0 500,0 0,0 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 anos FIGURA 5.2.5.3 - Pluviograma das chuvas totais mensais (1967 a 1995), do Posto E4-099 – Mailaski. mm Posto E4-099 - 1967 A 1995 700,0 600,0 500,0 400,0 300,0 200,0 100,0 0,0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 anos Mínima Máxima Média FIGURA 5.2.5.4 - Gráfico das chuvas mínimas, máximas e médias mensais (1967 a 1995), do Posto E4-099 – Mailaski. Comparando os dados disponíveis em comum para ambos os postos pluviométricos (período de 1972 a 1995), conforme observado na FIGURA 5.2.5.5, as chuvas totais anuais registradas no posto E4-099 foram superiores ao do posto E4-129, com destaque para os anos de 1973 a 1976 e 1983, demonstrando a atuação do efeito orográfico das chuvas. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 78 mm CHUVAS TOTAIS ANUAIS - 1972 a 1995 Postos E4-099 e E4-129 3500,0 3000,0 2500,0 2000,0 1500,0 1000,0 500,0 0,0 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 anos E4-129 E4-099 FIGURA 5.2.5.5 - Pluviograma comparativo das chuvas totais mensais (1972 a 1995), dos postos E4-129 (Araçariguama) e E4-099 (Mailaski). Com relação às chuvas mínimas, máximas e médias, comparando-se os dados disponíveis em comum para ambos os postos pluviométricos (período de 1972 a 1995), conforme observado na FIGURA 5.2.5.6, o posto E4-099 apresentou, de modo geral, os maiores valores. CHUVAS MÍNIMAS, MÁXIMAS E MÉDIA 1972 a 1995 - Postos E4-129 e E4-099 mm 700,0 600,0 E4-129 - Mínima 500,0 E4-099 - Mínima 400,0 300,0 E4-129 - Máxima 200,0 E4-129 - Média 100,0 E4-099 - Média E4-099 - Máxima 0,0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 anos FIGURA 5.2.5.6 - Gráfico comparativo das chuvas mínimas, máximas e médias mensais dos postos E4-129 (Araçariguama) e E4-099 (Mailaski). 5.2.6. Hidrografia e Recursos Hídricos A caracterização dos recursos hídricos presentes na área de estudo é de fundamental importância, uma vez que, a partir do conhecimento de sua dinâmica, é possível estabelecer, caso necessário, ações de controle e programas de monitoramento ambiental específicos durante a fase de operação e após o encerramento do empreendimento. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 79 A rede de drenagem da área compreendida pela poligonal DNPM 000.227/45 está inserida quase que totalmente na sub-bacia do ribeirão Araçariguama, sendo que sua porção extremo leste está compreendida na micro-bacia do ribeirão do Paiol, integrante da subbacia do Ribeirão Icavetá. Ambos ribeirões são tributários do rio Tietê pela margem esquerda. O ribeirão Araçariguama drena de sudeste para noroeste e tem cerca de 14 km de extensão, desaguando no rio Tietê nas proximidades da foz do ribeirão do Colégio, a jusante da Represa de Rasgão. Um de seus contribuintes tem suas nascentes nas proximidades do empreendimento. O ribeirão Paiol percorre cerca de 10 km de extensão, de sul para norte, até desaguar na margem esquerda do ribeirão Icavetá, nas proximidades da Serra do Votoruna. O padrão de drenagem regional é dendrítico, e semi-paralelo localmente em alguns pontos onde são condicionadas pelo substrato rochoso. As nascentes dos principais tributários dos ribeirões Araçariguama e do Paiol situam nas cotas superiores a 700m, estando muitas delas situadas acima de 800m de altitude. Grande parte dos cursos d’água da região são de 1ª e 2ª, de acordo com a classificação de Strhaler, demonstrando que a região abriga grande quantidade de nascentes. A área do empreendimento está inserida na Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos-UGRHI 10 – Sorocaba e Médio Tietê, de acordo com a Lei Estadual 7.663/91 que instituiu a Política Estadual de Recursos Hídricos e o Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Anualmente a CETESB (2008) publica o Relatório de Qualidade das Águas interiores no Estado de São Paulo, cujo relatório está estruturado em função da subdivisão das UGRHI, apresentando os resultados dos parâmetros monitorados, ou seja, físicos, químicos e biológicos. São 396 pontos de monitoramento da qualidade das águas superficiais. De acordo com a CETESB (2008), esta UGRHI é composta por 34 municípios, que abriga 4% (1.840.000 habitantes) da população do Estado, sendo que 88% dos habitantes residem em áreas urbanas, 88% dos esgotos são coletados, dos quais somente 46% são tratados. A área de drenagem dessa UGRHI é 11.829 km², cujos principais usos são urbano (abastecimento público), industrial e irrigação, cuja demanda total é de 17,98 m³/s (5,27, 4,36 e 8,35m³/s, respectivamente), além da geração de energia elétrica. Com relação aos usos do solo, destacam-se indústrias têxteis, alimentícias, de papel e celulose, abatedouros, engenhos, usinas de açúcar e álcool, petroquímica e química, consideradas significativas em termos de poluição. Na área rural, encontram-se plantações de cana-de-açúcar, café, milho, hortaliças e frutas, e grandes áreas onde se desenvolve a silvicultura. Existem também áreas de pastagens naturais e cultivadas. Observa-se ainda uma forte urbanização, com surgimento de inúmeros loteamentos, sobretudo nas cidades situadas mais próximas à Região Metropolitana de São Paulo-RMSP. Os remanescentes florestais de Floresta Estacional Semidecídua e de Cerrado, que cobrem cerca de 15% da área da UGRHI, estão muito fragmentos, onde estão localizados uma Unidade de Conservação de Proteção Integral, onze Unidade de Conservação de Uso sustentável e cinco áreas especialmente protegidas (CETESB, 2008). Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 80 5.2.7. Qualidade das Águas Superficiais e Subterrâneas O conhecimento da qualidade das águas superficiais de um determinado rio constitui um importante indicador de suas condições ambientais. Por meio dele pode ser detectado se há ou não contaminação do corpo hídrico por produtos químicos, por lançamento de esgotos domésticos, ou se há atividade a montante que esteja afetando a água, por exemplo. A crescente urbanização e industrialização de algumas regiões do Estado de São Paulo têm afetado diretamente a qualidade das águas de rios e reservatórios, devido à maior complexidade de poluentes que têm sido lançados no meio ambiente, à deficiência do sistema de coleta e tratamento de esgotos gerados pela população (CETESB, 2005), comprometendo a qualidade das águas para abastecimento público. Segundo o Relatório de Qualidade das Águas Interiores do Estado de São Paulo (CETESB, 2006), nas imediações do empreendimento existem duas redes de monitoramento: uma rede para o monitoramento da água, no ponto de amostragem TIRG 02900, e uma rede de monitoramento automático, no ponto de amostragem TIRG 02900, ambas localizadas no rio Tietê, a montante da barragem de Pirapora/Rasgão, no município de Pirapora do Bom Jesus. Nesse ponto, os meses de janeiro e março apresentaram qualidade ruim, em maio de julho foi péssima e em novembro foi regular, no que diz respeito ao índice de qualidade das águas para abastecimento público (IAP), e resultado regular na média. Com relação ao índice de qualidade das águas dessa UGRHI, foi ruim em janeiro, péssima em maio e julho e regular em março e novembro, apresentando resultado médio ruim. Quanto ao índice de qualidade das águas para proteção da vida aquática (IVA), apresentou resultado péssimo em todos os meses amostrados. As principais variáveis que influenciaram nos resultados do IVA nessas UGRHI foram: oxigênio dissolvido (39,6%), índice de estado trófico-IET, que avalia a qualidade da água quanto ao enriquecimento por nutrientes (46,5%), substâncias químicas (9%) e toxidade (4,9%). Para fins deste EIA, em atendimento ao Plano de Trabalho, foram realizadas três campanhas de monitoramento da qualidade das águas superficiais no período de um ano permitindo avaliar com maior detalhe a variação sazonal dos parâmetros analisados. Foram realizadas 1 (uma) coleta no decorrer do ano de 2007 e 2(duas) coletas no decorrer de 2008, sendo amostrados 5 (cinco) pontos em cada campanha, nas drenagens localizadas na área e entorno do empreendimento, nas seguintes datas: • 1ª campanha – 03 de agosto de 2007; • 2ª campanha – 15 de janeiro de 2008; e • 3ª campanha – 04 de julho de 2008. Os 5 pontos de monitoramento da qualidade das águas (FOTOS 5.2.7.1 a 5.2.7.5) são descritos abaixo, das quais 3 pontos se encontram na área do empreendimento e 2 no entorno, cujas localizações são apresentadas nos DESENHOS 768.E.0.0-EIA-01 e 768.E.0.0-EIA-02, correspondentes à foto aérea e mapa de uso do solo, respectivamente. Os laudos das análises laboratoriais são apresentados no ANEXO 05. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 81 A1 – Afluente do ribeirão Araçariguama, a jusante do empreendimento dentro da propriedade (FOTO 5.2.7.1) A2 – Afluente do ribeirão Araçariguama, fora dos limites da propriedade (FOTO 5.2.7.2) A3 – Córrego do Armando, a jusante da balança da VOTORANTIM (FOTO 5.2.7.3) A4 – Afluente do córrego do Armando, próximo à escola, fora da propriedade (FOTO 5.2.7.4) A5 – Córrego do Armando, a jusante do empreendimento (FOTO 5.2.7.5) A escolha destes pontos de coleta teve como objetivo avaliar se os cursos d’água situados na área de influência do empreendimento, em ambas as sub-bacias (Araçariguama e do Paiol), são afetadas pelas atividades do empreendimento. Os resultados obtidos também servirão de parâmetros para monitoramentos futuros, possibilitando avaliar efetivamente o grau de interferência do empreendimento nas drenagens locais. Deve-se ressaltar que dois pontos (A1 e A2) situam-se no afluente do ribeirão Araçariguama, enquanto outros dois estão localizados no córrego do Armando e um em seu afluente. Esses três últimos pontos de amostragem situam-se na micro-bacia do ribeirão Paiol, integrante da sub-bacia do ribeirão Icavetá, que flui para o rio Tietê. Foram realizadas análises físico-químicas e bacteriológicas para a caracterização qualidade das águas superficiais com base nos padrões estabelecidos pela Resolução CONAMA 357/05 e Decreto Estadual 8.468/76, incluindo-se os parâmetros que poderiam eventualmente ser alterados em função das atividades do empreendimento, quais sejam: Temperatura, pH, Óleos e graxas, Cor, D.B.O., D.Q.O., Sólidos sedimentáveis, Sólidos totais, Sólidos dissolvidos, Turbidez, Ferro solúvel, Ferro total, Oxigênio dissolvido, Coliformes totais, Coliformes fecais, Bactérias, Nitrogênio total e Saturação de oxigênio. Além do monitoramento das águas superficiais, foi realizada uma análise de potabilidade da água da torneira da cozinha do restaurante no dia 09 de maio de 2008. Para a coleta e preservação das amostras foram seguidas as determinações do Guia para a Coleta e Preservação de Amostras de Água, publicado pela CETESB. As análises laboratoriais foram realizadas conforme o Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, 20th edition e os limites definidos para águas de Classe II seguiram os padrões estabelecidos na Resolução CONAMA 357/05 e Decreto Estadual nº 8.468/76, sendo os resultados apresentados nos QUADROS 5.2.7.1 a 5.2.7.3. O QUADRO 5.2.7.4 apresenta os resultados da análise de potabilidade. Para análise de potabilidade seguiu-se a Metodologia Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, 21th edition e os resultados obtidos foram comparados aos limites estabelecidos pela Portaria nº518/2008 do Ministério da Saúde. Foram analisados os seguintes parâmetros: Aspecto, Odor, pH, Turbidez, Sólidos Totais Dissolvidos, Cor, Alcalinidade de hidróxidos, Alcalinidade de carbonatos, Alcalinidade de bicarbonatos, Dureza de Carbonatos, Dureza de não carbonatos, Dureza Total, Cloretos, Nitrogênio Amonical, Ferro, Nitrato, Nitrito, Sulfato, Condutividade, Cloro Residual Livre, Gás carbônico, Flúor, Coliformes totais, Coliformes Termotolerantes, E. coli, Bactérias Heterotróficas. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 82 FOTO 5.2.7.1 – Ponto de coleta A1, localizado no afluente do ribeirão Araçariguama a jusante do empreendimento dentro da propriedade. FOTO 5.2.7.2 – Ponto de coleta A2, localizado no afluente do ribeirão Araçariguama a jusante das residências localizadas fora dos limites da propriedade. FOTO 5.2.7.3 – Ponto de coleta A3, localizado no córrego do Armando, a jusante da balança de pesagem dos caminhões localizada dentro empreendimento. FOTO 5.2.7.4 – Ponto de coleta A4, localizado no afluente do córrego do Armando próximo à escola, localizada na fora da propriedade. FOTO 5.2.7.5 – Ponto de coleta A5, localizado no córrego do Armando a jusante do empreendimento. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 83 QUADRO 5.2.7.1. RESULTADO DAS ANÁLISES - 1ª CAMPANHA DE COLETA VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A. - ARAÇARIGUAMA - SP CARACTERÍSTICAS FÍSICAS PONTOS DE AMOSTRAGEM A1 A2 A3 LIMITES LEGAIS A4 Afluente do ribeirão Araçariguama, a jusante do empreendimento Afluente do ribeirão Araçariguama, fora dos limites da propriedade Córrego do Armando, a jusante da balança da VOTORANTIM ºC 24 18 20 18 pH --- 6,3 7,1 6,8 Cor mg Pt/l 7 6 16 D.B.O. mg/l O2 <2 <2 D.Q.O. mg/l O2 <1 mg/l Parâmetro Unidade A5 Afluente do córrego do Córrego do Armando, Armando, a próximo à escola, jusante do fora da empreendimento propriedade CONAMA Nº DECRETO 357/05 Nº8.468/76 Classe II Classe II 18 --- --- 7,1 6,5 6,0 a 9,0 --- 18 13 ≤75 --- <2 <2 <2 ≤5 ≤5 <1 <1 <1 <1 --- --- <1 <1 <1 <1 <1 Ausente Ausente ml/l-1H <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 --- --- Sól. Total mg/l 372 310 178 112 132 --- --- Sól. Dissolvidos mg/l 235 187 126 47 60 ≤500 --- N.T.U. 1,44 7,19 3,76 9,78 13,7 ≤100 --- Ferro Solúvel mg/l Fe <0,01 0,02 <0,01 0,17 0,15 ≤0,30 --- Fosfato Total mg/l P 0,02 <0,01 0,02 <0,01 <0,01 ≤0,050* --- Nitrogênio Total mg/l N <1 1 <1 <1 1 2,18** --- Oxigênio Dissolvido mg/l O2 7,7 9,8 10,2 9,4 9,6 ≥5 ≥5 Oxigênio Dissolvido % saturação 88,4 133,3 128,6 113,9 116,3 --- --- Coliformes Fecais UFC/100ml Ausente 2.700 800 3.400 3.200 ≤1.000 <1.000 Coliformes Totais UFC/100ml 5.300 4.100 2.000 4.500 4.800 ≤5.000 <5.000 UFC/ml 600 4.900 600 >5.700.000 27.000 --- --- --- 85 - Ótimo 69 - Bom 72 - Bom 72 - Bom 70 - Bom --- --- Temperatura Óleos e Graxas Sól. Sedimentáveis Turbidez Bactérias I.Q.A. FONTE: MICROAMBIENTAL - Coleta:03/08/2007. (*) - Limite de 0,030mg/l em ambientes lênticos, 0,050mg/l em ambientes intermediários. (**) - Limite de 1,27mg/l em ambientes lênticos e 2,18mg/l em ambientes lóticos. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 84 QUADRO 5.2.7.2. RESULTADO DAS ANÁLISES - 2ª CAMPANHA DE JANEIRO 2008 VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A. - ARAÇARIGUAMA - SP CARACTERÍSTICAS FÍSICAS PONTOS DE AMOSTRAGEM A3 A4 A1 A2 Afluente do ribeirão Araçariguama, a jusante do empreendimento Afluente do ribeirão Araçariguama, fora dos limites da propriedade Córrego do Armando, a jusante da balança da VOTORANTIM ºC 18 18 18 18 pH --- 6,8 6,5 6,4 Cor mg Pt/l 4 1 D.B.O. mg/l O2 <2 D.Q.O. mg/l O2 Parâmetro Unidade LIMITES LEGAIS A5 Afluente do córrego do Córrego do Armando, Armando, a próximo à escola, jusante do fora da empreendimento propriedade CONAMA Nº DECRETO 357/05 Nº8.468/76 Classe II Classe II 18 --- --- 6,1 6,3 6,0 a 9,0 --- 2 20 16 ≤75 --- <2 25 <2 <2 ≤5 ≤5 8 <1 150 9 10 --- --- mg/l 4 4 9 <1 11 Ausente Ausente ml/l-1H <0,1 <0,1 1,5 <0,1 0,3 --- --- Sól. Total mg/l 294 310 522 110 116 --- --- Sól. Dissolvidos mg/l 177 154 203 49 64 ≤500 --- N.T.U. 0,86 1,21 15,3 11,8 112 ≤100 --- Ferro Solúvel mg/l Fe 0,02 0,02 0,08 0,39 0,25 ≤0,30 --- Fosfato Total mg/l P 0,02 <0,01 <0,01 0,03 <0,01 ≤0,050* --- Nitrogênio Total mg/l N <1 2 1 <1 1 2,18** --- Oxigênio Dissolvido mg/l O2 10,8 11,2 9,8 4,4 10,3 ≥5 ≥5 Oxigênio Dissolvido % saturação 124 128,6 107,9 50,5 118,2 --- --- Coliformes Fecais UFC/100ml Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente ≤1.000 <1.000 Coliformes Totais UFC/100ml Ausentes Ausente Ausente Ausente Ausente ≤5.000 <5.000 UFC/ml 1.500 3.000 1000 5000 300 --- --- --- 89 - Ótimo 87 - Ótimo 63 - Bom 75 - Ótimo 78 - Ótimo --- --- Temperatura Óleos e Graxas Sól. Sedimentáveis Turbidez Bactérias I.Q.A. FONTE: MICROAMBIENTAL - Coleta:15/01/2008. (*) - Limite de 0,030mg/l em ambientes lênticos, 0,050mg/l em ambientes intermediários. (**) - Limite de 1,27mg/l em ambientes lênticos e 2,18mg/l em ambientes lóticos. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 85 QUADRO 5.2.7.3. RESULTADO DAS ANÁLISES - 3ª CAMPANHA DE COLETA VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A. - ARAÇARIGUAMA - SP CARACTERÍSTICAS FÍSICAS PONTOS DE AMOSTRAGEM A1 A2 A3 LIMITES LEGAIS A4 Afluente do ribeirão Araçariguama, a jusante do empreendimento Afluente do ribeirão Araçariguama, fora dos limites da propriedade Córrego do Armando, a jusante da balança da VOTORANTIM ºC 18 18 14 18 pH --- 6,4 5,2 6,2 Cor mg Pt/l 6 3 D.B.O. mg/l O2 <2 D.Q.O. mg/l O2 Parâmetro Unidade A5 Afluente do córrego do Córrego do Armando, Armando, a próximo à escola, jusante do fora da empreendimento propriedade CONAMA Nº DECRETO 357/05 Nº8.468/76 Classe II Classe II 18 --- --- 5,4 7,2 6,0 a 9,0 --- 1 10 10 ≤75 --- <2 <2 <2 <2 ≤5 ≤5 12 7 8 5 12 --- --- mg/l 16 1 7 1 <1 Ausente Ausente ml/l-1H <0,1 <0,1 15 <0,1 0,4 --- --- Sól. Total mg/l 2.250 1.638 3.958 214 212 --- --- Sól. Dissolvidos mg/l 158,6 147,2 158,9 54,7 45,5 ≤500 --- N.T.U. 3,91 19,2 19,9 12,4 14,8 ≤100 --- Ferro Solúvel mg/l Fe <0,01 <0,01 <0,01 0,19 0,2 ≤0,30 --- Fosfato Total mg/l P 0,02 <0,01 0,02 <0,01 <0,01 ≤0,050* --- Nitrogênio Total mg/l N 1 3 <1 1 <1 2,18** --- Oxigênio Dissolvido mg/l O2 9 8,8 9,8 7,4 8,8 ≥5 ≥5 Oxigênio Dissolvido % saturação 103,3 101 103,3 84,9 106,6 --- --- Coliformes Fecais UFC/100ml Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente ≤1.000 <1.000 Coliformes Totais UFC/100ml Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente ≤5.000 <5.000 UFC/ml 25.000 17.100 500 11.400 22.800 --- --- --- 63 - Bom 54 - Bom 60 - Bom 79 - Ótimo 91 - Ótimo --- --- Temperatura Óleos e Graxas Sól. Sedimentáveis Turbidez Bactérias I.Q.A. FONTE: MICROAMBIENTAL - Coleta:04/07/2008. (*) - Limite de 0,030mg/l em ambientes lênticos, 0,050mg/l em ambientes intermediários. (**) - Limite de 1,27mg/l em ambientes lênticos e 2,18mg/l em ambientes lóticos. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 86 O QUADRO 5.2.7.4 apresenta os resultados das análises laboratoriais realizadas para a amostra coletada na pia da cozinha do restaurante do empreendimento. Esta água provém de poço e atende a todos os limites definidos pela Portaria nº518/2008 do Ministério da Saúde para os parâmetros analisados. QUADRO 5.2.7.4 RESULTADOS DAS ANÁLISES DE POTABILIDADE (P7) VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A. – ARAÇARIGUAMA - SP PARÂMETROS UNIDADE RESULTADOS LIMITES LEGAIS Aspecto --- Límpido Límpido Odor --- Não Objetável Não Objetável pH --- 6,59 6,0 a 9,5 Turbidez NTU 0,02 ≤5,0 Sólidos Totais Dissolvidos mg/L 52,65 ≤1.000 UH 7,0 ≤15 Alcalinidade de hidróxidos mg/L CaCO3 0,00 --- Alcalinidade de carbonatos mg/L CaCO3 <1,0 --- Alcalinidade de bicarbonatos mg/L CaCO3 30 --- Dureza de Carbonatos, mg/L CaCO3 30 --- Dureza de não carbonatos mg/L CaCO3 <1,0 --- Dureza Total mg/L CaCO3 30 ≤500 Cloretos mg/L Cl 3,4 ≤250 Nitrogênio Amonical mg/L N <0,1 ≤1,5 Ferro mg/L Fe <0,1 ≤0,3 Nitrato mg/L N 0,16 ≤10,0 Nitrito mg/L N <0,05 ≤1,0 Sulfato mg/L SO4 <1,0 ≤250 µS/cm a 25ºC 81 --- Cloro Residual Livre mg/L Cl 0,80 ≤2,0 Gás carbônico mg/LCO2 15,38 --- mg/L F <0,1 ≤1,5 Coliformes totais UFC/100 mL Ausentes Ausentes Coliformes Termotolerantes UFC/100 mL Ausentes Ausentes E.coli UFC/100 mL --- Ausentes UFC/mL <10 500 Cor Condutividade Flúor Bactérias Heterotróficas Fonte: Hidrolabor Laboratórios de Controle de Qualidade Ltda., 2008. Os resultados das análises físico-químicas e bacteriológicas das três campanhas de coleta de águas superficiais permitem observar que em cada uma das campanhas alguns dos parâmetros apresentaram concentrações acima dos limites definidos para águas de classe II. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 87 Na primeira campanha de coleta, realizada em 3 de agosto de 2007, quase todos os parâmetros analisados apresentaram concentrações abaixo dos limites definidos pela Resolução CONAMA 357/05 para águas de classe II, à exceção de coliformes fecais, com valores acima do previsto na legislação vigente nos pontos A2, A4 e A5. Esses resultados possivelmente se devem à interferência de fontes externas, uma vez que os pontos A2 e A4 estão localizados fora dos limites da propriedade da VOTORANTIM CIMENTOS, e o ponto A5 situa-se a jusante do ponto A4, ponto no qual a concentração de coliformes fecais foi mais elevada. Nos arredores dos pontos A2 e A4 são desenvolvidas atividades pecuárias e ocupação por residências do Condomínio Alpes dos Bandeirantes, além de chácaras situadas mais a montante. A concentração de coliformes totais também esteve acima dos parâmetros legais no ponto A1, dentro dos limites da propriedade. Deve-se ressaltar que, por vezes, há invasão de gado das propriedades vizinhas, tendo sido observadas algumas cabeças de boi na área de propriedade da VOTORANTIM, em local próximo à área de disposição de material estéril recentemente desativado, situado na margem direita do afluente do córrego Araçariguama (FOTO 5.2.7.6). FOTO 5.2.7.6 – Gado observado a montante do ponto de coleta A1, próximo à área de disposição de material estéril recentemente desativada. Os resultados da 2ª campanha de monitoramento, realizada em 15 de janeiro de 2008, indicaram concentrações para os parâmetros de D.B.O. (ponto A3), óleos e graxas (pontos A1, A2 e A3 e A5), turbidez (ponto A5) e ferro solúvel (ponto A4) acima dos estabelecidos na legislação vigente. Deve-se ressaltar que na 1ª e na 3ª campanha a maioria dos parâmetros esteve dentro dos padrões legais. Na 3ª campanha, cujas coletas de amostras foram realizadas em 04 de julho de 2008, o pH esteve ligeiramente abaixo da faixa definida para águas de classe II pela Resolução CONAMA 357/05 nos pontos de amostragem A2 e A4, situados fora do limite da propriedade da empresa. O ponto A2 apresentou concentração de nitrogênio ligeiramente acima do limite definido para águas de classe II. Observou-se a presença de óleos e graxas em pequenas concentrações. Nesta campanha, foi verificada concentração elevada de sólidos e sedimentáveis no ponto A3. De modo geral, a partir da análise dos resultados apresentados, todos os pontos de monitoramento apresentam bons resultados, sendo a questão mais pertinente a concentração acima dos padrões para coliformes fecais e totais. Deve-se ressaltar que, nesse caso, é clara a interferência de fatores externos ao empreendimento, o dificulta o Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 88 controle por parte da VOTORANTIM CIMENTOS. Os resultados da 1ª e da 3ª campanha, ambas realizadas no mês de julho (estação seca), foram muito semelhantes. Para melhor avaliação da qualidade das águas de classe II, na qual se enquadram as drenagens onde foram realizadas as coletas de amostragem de água, foi calculado o Índice de Qualidade da Água - IQA, para cada ponto amostrado. Esse índice é utilizado pela CETESB para avaliar a qualidade das águas de acordo com os resultados obtidos nas análises laboratoriais. Todos os cinco pontos de coleta de águas superficiais apresentaram I.Q.A. entre “ÓTIMO” e “BOM”, nas três campanhas de monitoramento. 5.2.8. Qualidade do Ar O monitoramento da qualidade do ar teve por objetivo a avaliação da concentração de material particulado em suspensão no ar na área da VOTORANTIM CIMENTOS, na Unidade Araçariguama, em decorrência das atividades do empreendimento. Esse monitoramento tem sido realizado semestralmente desde julho de 2007, conforme previsto no Plano de Trabalho apresentado ao DAIA/SMA, por meio da medição da concentração de material particulado em suspensão, com a instalação de 3 (três) Hi-Vols na área de entorno do empreendimento. Durante os períodos de amostragem da concentração de material particulado foi instalada no empreendimento uma estação meteorológica portátil para verificação das condições climáticas. A estação meteorológica é composta por termômetro, barômetro, higrômetro, pluviômetro, anemômetro e conta ainda com sistema digital de armazenamento de dados. Os resultados registrados na estação meteorológica durante as campanhas de monitoramento foram processados em planilha eletrônica e os valores médios de cada parâmetro analisado são apresentados nos QUADROS 5.2.8.1 e 5.2.8.2. Cabe lembrar que a denominação do vento é baseada na direção da qual provém, assim, o vento que sopra da direção Norte para Sul é denominado Vento Norte. Para a coleta da poeira total em suspensão foram utilizados amostradores de grande volume (Hi-Vols), de acordo com procedimento regido pelo Artigo 30, do Decreto nº 8468 de 08 de setembro de 1976, relativo ao Anexo 1 - Método Referência para a Determinação de Partículas em Suspensão na Atmosfera. No ANEXO 13, do Volume III é apresentado o Relatório de Desempenho Ambiental – RDA referente ao ano de 2007. Este relatório é apresentado aos órgãos fiscalizadores e licenciadores da atividade mineral no Estado de São Paulo. A partir do segundo semestre de 2008, foi implantada uma estação meteorológica no empreendimento e um amostrador Hi-Vol de partículas sólidas em suspensão na atmosfera para a amostragem da qualidade do ar. O amostrador foi instalado próximo à bomba de captação de água, no ponto HV3. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 89 QUADRO 5.2.8.1 VALORES MÉDIOS REGISTRADOS EM CADA PERÍODO Temperatura (ºC) Pressão (mm Hg) Umidade (%) Precipitação (mm) 30.07.07 a 31.07.07 12 748,9 71,6 0,0 31.07.07 a 01.08.07 15,8 746,6 72,1 0,0 01.08.07 a 02.08.07 10,9 747,1 73,0 0,0 15.01.08 a 16.01.08 20,8 755,8 80,3 1,5 16.01.08 a 17.01.08 23,1 754,2 69,9 0,0 17.01.08 a 18.01.08 22,2 754,5 82,9 8,1 02.07.08 a 03.07.08 17,2 752,5 74,5 0,0 03.07.08 a 04.07.08 17,3 759,8 79,9 0,0 04.07.08 a 05.07.08 16,0 759,1 78,0 0,0 Campanha 1ª 2ª 3ª Data Fonte: PROMINER, 2007 e 2008. QUADRO 5.2.8.2 VELOCIDADE E DIREÇÃO PREDOMINANTE DOS VENTOS Campanha 1ª 2ª 3ª Data Direção Velocidade (km/h) 30.07.07 a 31.07.07 NNW 2,80 31.07.07 a 01.08.07 N 0,80 01.08.07 a 02.08.07 E 1,60 15.01.08 a 16.01.08 SW 0,27 16.01.08 a 17.01.08 E 3,20 17.01.08 a 18.01.08 ENE 2,13 02.07.08 a 03.07.08 WNW 0,87 03.07.08 a 04.07.08 NW 0,00 04.07.08 a 05.07.08 SSW 2,05 Fonte: PROMINER, 2007 e 2008. Nesse método, o ar é succionado, por um período de 24 h, através de um filtro, geralmente de fibra de vidro ou outro material relativamente inerte, não higroscópico e que apresente baixa resistência à passagem do ar. A vazão de ar succionado (≈2000 m3/dia) se mantém dentro de uma faixa que varia de 1,13 m3/min (filtro altamente carregado) a 1,70m3/min (filtro limpo). O cálculo da massa de material particulado coletado é determinado por técnica de gravimetria. O dispositivo indicador de fluxo de ar é calibrado utilizando-se um calibrador padrão de vazão (CPV). A dimensão do orifício de entrada do amostrador (porta filtro) é de cerca de 25 cm x 30 cm. A dimensão do filtro é de 20,3 cm x 25,4 cm. O filtro é pesado antes e depois da amostragem, numa balança sob condições especiais de temperatura e umidade, a fim de se determinar o ganho líquido em massa. Antes de cada pesagem, o filtro é pré-condicionado em um recipiente apropriado por pelo menos 24 h. O volume de ar amostrado corrigido para condições-padrão (25 ºC e 760 mmHg), é determinado a partir da vazão medida e do tempo de amostragem. A concentração das Partículas Totais em Suspensão (PTS) no ar ambiente é calculada dividindo-se a massa das partículas coletadas pelo volume de ar amostrado, corrigido para Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 90 condições-padrão, e é expressa em microgramas por metro cúbico (μg/m3). O método se aplica para medições de concentrações em massa de PTS, com níveis acima da faixa de 1-5 μg/m3 e para partículas que apresentam em sua maioria uma granulometria de até 100 μm, dependendo da velocidade e direção dos ventos. Para avaliação da concentração de material particulado em suspensão no ar na área da VOTORANTIM CIMENTOS, na Unidade Araçariguama, e em seu entorno, foram instalados 3 (três) Hi-Vols nos pontos a seguir descritos, amostrando um total de 3 (três) intervalos de 24 horas em cada campanha de monitoramento. A localização dos pontos de amostragem da qualidade do ar pode ser visualizada nos DESENHOS 768.E.0.0-EIA-01 e 768.E.0.0-EIA02. HV1 – No escritório (FOTO 5.2.8.1); HV2 – Na vila de funcionários, próximo à antiga escola (FOTO 5.2.8.2); HV3 – Próximo ao ponto de captação de água (FOTO 5.2.8.3); FOTO 5.2.8.1 – Ponto de amostragem HV1, localizado próximo ao escritório. FOTO 5.2.8.2. – Ponto de Amostragem HV2, localizado na antiga escola na vila de funcionários. FOTO 5.2.8.3. – Ponto de amostragem HV3, localizado próximo ao ponto de captação de água e da Estrada Municipal Senador José Ermírio e Moraes. FOTO 5.2.8.4 – Caminhão-pipa umectando as vias de acessos internas da VOTORANTIM CIMENTOS. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 91 FOTO 5.2.8.5 – Estação meteorológica para coleta dos dados de temperatura, umidade, pressão atmosférica, precipitação, direção e velocidade dos ventos, instalada no telhado do refeitório. Os resultados das medições da concentração de material particulado em suspensão no ar obtidas nas três campanhas estão apresentados nos QUADROS 5.2.8.3 QUADRO 5.2.8.3 CONCENTRAÇÕES DE MATERIAL PARTICULADO EM SUSPENSÃO NO AR DATA HV1 Escritório (µg/m³) HV2 Vila de funcionários (µg/m³) HV3 Captação de água (µg/m³) 30.07.07 113 65 103 31.07.07 101 125 87 01.08.07 107 124 68 15.01.08 77 89 58 16.01.08 99 38 66 17.01.08 56 50 32 02.07.08 164 145 135 03.07.08 105 92 112 04.07.08 114 49 135 CAMPANHA DE MONITORAMENTO 1ª 2ª 3ª Fonte: PROMINER, 2007 e 2008. A Resolução CONAMA 03, de 28 de junho de 1990 e o Decreto Estadual 8.468, de 08 de setembro de 1976, estabelecem os Padrões Nacionais de Qualidade do Ar para o material particulado em suspensão, tanto para curtos períodos de exposição (médias de 24 h) quanto para períodos longos (médias anuais). Nesta resolução CONAMA estão estabelecidos dois tipos de padrões de qualidade do ar: os primários e os secundários. São padrões primários de qualidade do ar as concentrações de poluentes que, quando ultrapassadas, podem afetar a saúde da população. Padrões secundários compreendem as concentrações de poluentes atmosféricos abaixo nas quais se prevê o mínimo efeito adverso sobre o bem estar da população, assim como o mínimo dano à fauna e à flora, aos materiais e ao meio ambiente em geral. No QUADRO 5.2.8.6 são apresentados os padrões nacionais de qualidade do ar e os critérios para episódios agudos de poluição para PTS. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 92 QUADRO 5.2.8.6 PADRÕES NACIONAIS DE QUALIDADE DO AR PARA PTS E CRITÉRIOS PARA EPISÓDIOS AGUDOS POLUENTE TEMPO DE AMOSTRAGEM PADRÃO PRIMÁRIO (μg/m3) PARTÍCULAS 24 h (1) 240 TOTAIS EM SUSPENSÃO (1) Não deve ser excedido mais que uma vez ao ano. PADRÃO SECUNDÁRIO (μg/m3) 150 CRITÉRIOS PARA EPISÓDIOS AGUDOS (μg/m3) Atenção Alerta Emergência 375 625 875 Os resultados das amostragens apresentados no QUADRO 5.2.8.3 permitem observar as baixas concentrações de partículas totais em suspensão coletadas nos três pontos de amostragem em todas as campanhas de monitoramento, sendo atendidos o padrão primário de 240 µg/m³ e o padrão secundário de 150 µg/m³ definidos pela Resolução CONAMA 003/90. A coloração dos filtros variou de cinza claro a cinza escuro, caracterizando a poeira das vias de acesso interno e da Estrada Municipal Senador José Ermírio de Moraes, a fina poeira do carregamento e britagem do minério. A movimentação de veículos e caminhões nessas vias ocasiona a suspensão desse material na atmosfera, além da fuligem emitida por essas máquinas. Verificou-se que os trabalhos de umectação realizados pela VOTORANTIM CIMENTOS, sobretudo no período seco, influenciaram consideravelmente na obtenção das baixas concentrações de material particulado observadas nos pontos de monitoramento para avaliação da qualidade do ar. Vale ressaltar que durante o inverno é menos freqüente a ocorrência de chuvas, sendo recomendável a intensificação das atividades de umectação das vias de acesso e acionamento dos aspersores de água. 5.2.9. Níveis de Ruído Para caracterizar os níveis de ruído atualmente existentes na área da pedreira Araçariguama foram realizadas 3 (três) campanhas de monitoramento dos níveis de ruído. Essas campanhas foram realizadas entre julho de 2007 e julho de 2008, em pontos localizados próximo às fontes geradoras de ruído, dentro dos limites da propriedade e em seu entorno. A localização dos pontos de amostragem dos níveis de ruído pode ser visualizada nos DESENHOS 768.E.0.0-EIA-01 e 768.E.0.0-EIA-02. Foram utilizados dois decibelímetros para as medições dos níveis de ruído do empreendimento. O primeiro, utilizado na campanha de julho/agosto de 2007, foi um decibelímetro/dosímetro tipo II, marca CEL, modelo CEL-460, dotado de integrador de precisão, filtro de banda de oitava e capacidade de gravação de medições de até oito horas, com precisão de um segundo. Para sua calibração, utilizou-se o calibrador acústico CEL282, do tipo II, próprio para o decibelímetro utilizado. Para as medições janeiro de 2008 e julho de 2008, foi utilizado um decibelímetro tipo II, marca Instrutherm, modelo DEC-5010, dotado de tempo de resposta rápido, lento e medida de tempo de impulso, escala automática, interface RS-232 e capacidade de armazenamento de dados de 320.000 Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 93 registros. Para a sua calibração utilizou-se o calibrador acústico, do tipo II, modelo CAL3000 da Instrutherm. Os decibelímetros foram fixados a um tripé, posicionando-o a 1,20 m de altura em relação ao terreno local. Utilizou-se o modo FAST, na faixa de 30 a 100 dB(A), com curva de compensação “A” e duração de 10 min. Efetuou-se a calibração imediatamente antes do início das medições. Para caracterizar o ruído de um determinado ambiente submetido a diferentes níveis de ruído com variação de forma aleatória no tempo, determinou-se o nível de ruído equivalente, Leq. Este valor é fornecido pelo próprio decibelímetro como uma média de todo o período de medição (10 min). Para um melhor detalhamento e avaliação das interferências dos níveis de ruído gerados pelas atividades do empreendimento no conforto da comunidade do entorno, foram realizadas 3 (três) campanhas de medições dos níveis de ruído, no decorrer de 2007 e 2008, a saber: 1ª campanha: 30 de julho de 2007; 2ª campanha: 15 de janeiro de 2008; 3ª campanha: 02 de julho de 2008. As medições dos níveis de ruído foram realizadas em 11 (onze) pontos Os pontos foram selecionados de modo a permitir a caracterização dos níveis de ruído na área diretamente afetada pelo empreendimento e em seu entorno. As medições foram efetuadas nos seguintes pontos: R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 R8 R9 R10 R11 - Estrada municipal Senador José Ermírio de Moraes; Trevo da estrada municipal Senador José Ermírio de Moraes (FOTO 5.2.9.1); Estrada municipal Senador José Ermírio de Moraes (FOTO 5.2.9.2); Via de acesso à britagem (FOTO 5.2.9.3); Estacionamento; Bota-fora atual; Antiga vila de funcionários; Limite norte da cava; Limite nordeste da cava; Antigo paiol; Antigo bota-fora (FOTO 5.2.9.4). Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 94 FOTO 5.2.9.1. – Medição dos níveis de ruído no ponto R2, no trevo da estrada municipal Senador José Ermírio de Moraes. FOTO 5.2.9.2. – Medição dos níveis de ruído no ponto R3, na estrada municipal Senador José Ermírio de Moraes nas proximidades da balança da VOTORANTIM CIMENTOS. FOTO 5.2.9.3. – Medição dos níveis de ruído no ponto R4, na via de acesso interna ao empreendimento. FOTO 5.2.9.4. – Medição dos níveis de ruído no ponto R11, ao sul da área de lavra, próximo à área de disposição de estéril II. Nos QUADROS a seguir estão apresentados os resultados dos níveis de ruídos obtidos nas 3 (três) campanhas de monitoramento realizadas na área e entorno do empreendimento da VOTORANTIM CIMENTOS, na Unidade Araçariguama. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 95 QUADRO 5.2.9.1 VALORES DE RUÍDO MEDIDOS NA 1ª CAMPANHA VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A. – ARAÇARIGUAMA - SP Horário LAeq (Nível de ruído equivalente) Início Término hh:mm hh:mm dB(A) R1 13:04 13:14 53 R2 13:18 13:28 62 R3 13:33 13:43 58 Via de acesso à britagem R4 13:50 14:00 51 Estacionamento R5 14:24 14:34 57 Descrição Estrada municipal Ponto Próximo à cava e à ADE* III R6 15:01 15:11 43 Antiga vila de funcionários R7 11:17 11:27 61 Limite norte da cava R8 13:37 13:47 52 Limite nordeste R9 13:24 13:36 52 Antigo paiol R10 14:42 14:52 47 Próximo à cava e à ADE* II R11 14:06 14:16 60 Fonte: PROMINER, julho de 2007. *ADE: Área de disposição de estéril QUADRO 5.2.9.2. VALORES DE RUÍDO MEDIDOS NA 2ª CAMPANHA VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A. – ARAÇARIGUAMA - SP Horário Descrição Ponto LAeq (Nível de ruído Início Término hh:mm hh:mm dB(A) R1 13:47 13:57 53 R2 13:35 13:45 66 R3 13:21 13:31 65 Via de acesso à britagem R4 13:06 13:16 58 Estacionamento R5 12:50 13:00 53 Próximo à cava e à ADE* III R6 12:29 12:39 41 Antiga vila de funcionários R7 12:16 12:26 51 Limite norte da cava R8 09:41 09:51 53 Limite nordeste R9 09:58 10:08 50 Antigo paiol R10 10:23 10:33 53 Próximo à cava e à ADE* II R11 11:11 11:21 59 Estrada municipal Fonte: PROMINER, janeiro de 2008. *ADE: Área de disposição de estéril Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP equivalente) 96 QUADRO 5.2.9.3 VALORES DE RUÍDO MEDIDOS NA 3ª CAMPANHA VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A. – ARAÇARIGUAMA - SP Horário Descrição Ponto LAeq (Nível de ruído Início Término hh:mm hh:mm dB(A) R1 10:09 10:19 62 R2 09:51 10:01 58 R3 10:22 10:32 64 Via de acesso à britagem R4 10:34 10:44 61 Estacionamento R5 11:13 11:23 65 Próximo à cava e à ADE* III R6 11:53 12:03 45 Antiga vila de funcionários R7 12:15 12:25 50 Limite norte da cava R8 11:27 11:37 50 Limite nordeste R9 11:39 11:49 41 Antigo paiol R10 10:59 11:09 41 Próximo à cava e à ADE* II R11 10:47 10:57 64 Estrada municipal equivalente) Fonte: PROMINER, julho de 2008. *ADE: Área de disposição de estéril Conforme a Norma ABNT NBR 10.151/2000 (ABNT, 2000), o nível de critério de avaliação para ambientes externos é definido pelos valores apresentados no QUADRO 5.2.9.4. QUADRO 5.2.9.4. NÍVEIS DE RUÍDO LIMITE PARA AMBIENTES EXTERNOS - dB(A) Tipo de Áreas Áreas de sítios e fazendas Diurno 40 Área estritamente residencial urbana ou de hospitais ou de escolas 50 Área mista, predominantemente residencial 55 Área mista, com vocação comercial e administrativa 60 Área mista, com vocação recreacional 65 Área predominantemente industrial Fonte: Norma ABNT NBR 10.151/2000 70 Nas medições de ruído realizadas durante a primeira campanha de monitoramento, apresentadas no QUADRO 5.2.9.1, observa-se que os maiores níveis de ruído foram medidos nos pontos R2 (estrada municipal Senador José Ermírio de Moraes), R7 (antiga vila de funcionários) e R11 (próximo à cava e à área de disposição de estéril II), com valores entre 62 e 60 dB(A). Na segunda campanha de monitoramento, cujos resultados estão dispostos no QUADRO 5.2.9.2, os maiores níveis de ruído foram medidos nos pontos R2 e R3, situados às margens da estrada municipal Senador José Ermírio de Moraes, com valores entre 66 e 65 dB(A). Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 97 No QUADRO 5.2.9.3, com os resultados da terceira campanha de monitoramento, os maiores níveis de ruído foram medidos nos pontos R1 e R3 (às margens da estrada municipal Senador José Ermírio de Moraes), R4 (via de acesso à britagem), R5 (estacionamento) e R11 (próximo à cava e à área de disposição de estéril II), com valores entre 65 e 61 dB(A). Observa-se, e forma geral, que os níveis de ruído gerados nas áreas de lavra e beneficiamento, em função da atenuação com a distância, não interferem no conforto acústico das áreas de entorno, conforme os níveis de ruído medidos nos pontos R5, R6, R8, R9 e R10 nas três campanhas de monitoramento realizadas. Nota-se também que o freqüente tráfego de veículos leves e pesados pela estrada municipal Senador José Ermírio de Moraes constitui uma importante fonte de ruído, conforme as medições realizadas nos pontos R1 a R3. 5.2.10. Vibração e Sobrepressão Atmosférica Com o objetivo de monitorar os níveis de vibração e sobrepressão sonora gerados no desmonte de rocha por explosivos, foram utilizados sismógrafos de engenharia, posicionados nas residências mais próximas ao local do desmonte. Os limites máximos admissíveis para vibração de terreno e sobrepressão sonora são definidos pela norma brasileira ABNT-9653/05, que preconiza os limites admissíveis para danos estruturais, apresentados no QUADRO 5.2.10.1. QUADRO 5.2.10.1 NÍVEIS LIMITES DE VIBRAÇÃO DE PARTÍCULA Faixa de Freqüência Limite de vibração de partícula de pico 4 Hz a 15 Hz 15 mm/s a 20 mm/s 15 Hz a 40 Hz Acima de 40 Hz 20mm/s a 50 mm/s 50 mm/s Pressão acústica 134 dB(L) O limite mais restritivo para velocidade de partícula corresponde às vibrações na freqüência de 4Hz, próximos à freqüência de ressonância das estruturas de concreto. Nesta norma, a velocidade de partícula não deve exceder 15mm/s e a sobrepressão sonora 134dB(L). A norma CETESB-D7.013 (Mineração por Explosivos) define os limites de níveis de vibração para incômodo da população. Esta norma estabelece como 3,0 mm/s o limite para a componente vertical da velocidade de partícula e 4,2 mm/s para a resultante das três direções de velocidade de partícula. O limite para pressão acústica é definido em 128 dB(L). Para a medição dos níveis de velocidade de vibração de partícula e sopro de ar de dois desmontes de rocha ocorridos no dia 30 de junho de 2008 foram instalados 3 (três) sismógrafos marca GeoSonics, munidos de microfone nos pontos abaixo descritos. V1 – Casa da sra. Odete V2 – Ambulatório médico V3 – Casa do sr. Pretinho (FOTO 5.2.10.1); (FOTO 5.2.10.2); (FOTO 5.2.10.3). Nos DESENHOS 768.E.0.0-EIA-01 e 768.E.0.0-EIA-02 está indicada a localização dos pontos de monitoramento dos níveis de vibração e sobrepressão sonora. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 98 FOTO 5.2.10.1. – Ponto de monitoramento sismográfico V1, localizado na casa da Sra. Odete. FOTO 5.2.10.2. – Ponto de monitoramento sismográfico V2, localizado no ambulatório médico. FOTO 5.2.10.3. – Ponto de monitoramento sismográfico V3, localizado na casa do Sr. Pretinho. Os resultados das medições e os limites legais definidos pelas Normas CETESB D7.013 e NBR 9653/05 estão apresentados no QUADRO 5.5.10.2, apresentado a seguir. QUADRO 5.2.10.2 RESULTADOS DAS MEDIÇÕES SISMOGRÁFICAS Desmonte de rocha CME* (kg) 1º (30/06/08) 17:56 h 276 2º (30/06/08) 17:57 h 161 LIMITES LEGAIS Ponto Distância Sopro de Ar Velocidade de Vibração V1 V2 1.287 910 Longitudinal (mm/s) 0,25 1,46 V3 1.480 0,13 0,13 0,13 0,19 118 V1 1.078 0,51 0,51 0,51 0,51 133 V2 971 0,51 0,57 0,57 0,70 111 0,19 --- 0,25 3,00 0,13 --- 0,25 4,20 128 128 --- --- --- 15** 134 (m) V3 1.316 CETESB D7.013 ABNT-9653/05 Vertical (mm/s) 0,25 1,02 Transversal Resultante dB(L) (mm/s) (mm/s) 0,25 0,51 118 1,02 1,46 122 *CME: Carga máxima por espera **: Considerando o limite mais restritivo de vibração de partícula, para a freqüência de 4 Hz (QUADRO 5.2.10.1) Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 99 De acordo com os resultados apresentados no QUADRO 5.2.10.2, verifica-se que em ambos os desmontes de rocha monitorados foram atendidos os limites definidos pela norma NBR 9653/05 para vibração e para sobrepressão sonora. Também foram atendidos os limites estabelecidos para incômodo da população definidos na norma CETESB-D7.013 nos dois desmontes monitorados, excetuando-se apenas a sobrepressão acústica no ponto V1 na medição de 30 de junho de 2008. Os baixos níveis de vibração medidos indicam um plano de fogo bem dimensionado ao tipo de rocha local. 5.2.11. Espeleologia A formação de cavernas é, sobretudo, uma particularidade provocada pelas águas de infiltração, se a rocha percolada for passível de dissolução. Em regiões constituídas de calcários, a água carregada de gás carbônico penetra em fendas e diáclases. O ácido carbônico reage, transformando o carbonato de cálcio em solução e, portanto, levado pelas águas. Como a circulação se dá preferencialmente pelas fendas, estas vão se alargando lentamente, formando aberturas. A espeleologia é a ciência que estuda a topografia e as formas subterrâneas existentes nas rochas calcárias, grutas ou cavernas. Na área de interesse da ampliação da cava de calcário da VOTORANTIM CIMENTOS, em Araçariguama, foi realizado o levantamento para constatar a existência cavernas, conforme o Plano de Trabalho e Termo de Referência do EIA/RIMA. Nos sites da Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE) e da Redespeleo, em 28/01/2008, não foram constatadas cavernas cadastradas. De acordo com as interpretações de fotografias aéreas da área de interesse para a ampliação da cava, bem como da área da poligonal DNPM 000.227/45 não foram reconhecidas feições do exocarste, como dolinas, cones cársticos, canyons ou vales cegos. Foi possível apenas observar a diferenciação da litologia e vegetação. Entre os dias 17 e 20 de janeiro de 2008 foi realizado o caminhamento na área da compreendida pela poligonal DNPM 000.227/45 e seu entorno, não sendo constatadas cavernas nos caminhamentos efetuados. Foram observadas apenas feições de epicarste (na interação solo-rocha) com pequenas cavidades e dissolução do maciço rochoso. O relatório de espeleologia, realizado por profissional habilitado, é apresentado no ANEXO 07. 5.3. Meio Biótico 5.3.1. Flora Caracterização da Flora Regional (AII) O município de Araçariguama localiza-se no interior do Estado de São Paulo e, de acordo com o mapa de Biomas do IBGE 2006 (FIGURA 5.3.1.1), encontra-se sob domínio do Bioma Mata Atlântica. Originalmente, a Mata Atlântica abrangia uma área de 1.350.000km², Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 100 contemplando 17 Estados (PI, CE, RN, PE, PB, SE, AL, BA, ES, MG, GO, RJ, MS, SP, PR, SC e RS), correspondendo a 15% da área do Brasil. Apenas no Estado de São Paulo a Mata Atlântica ocupava uma área de 20.056.670ha (Fundação SOS Mata Atlântica & INPE, 2002), que compreende 80,61% do Estado. A variedade de relevos e os regimes pluviométricos a que estão submetidos propiciaram a formação de vários ecossistemas e formações vegetais, que incluem as faixas litorâneas do Atlântico, as florestas de baixada e de encosta da Serra do Mar, as florestas interioranas e as matas de Araucária. Portanto, a Mata Atlântica pode ser caracterizada como um mosaico de vegetação, chegando ao posto de segundo maior bloco de floresta tropical do país, ficando somente atrás da Floresta Amazônica. Possuindo mais 20.000 espécies de plantas vasculares e 2.300 espécies de vertebrados, a Floresta Atlântica é um dos biomas que abriga maior biodiversidade do mundo. Estima-se que 740 espécies de vertebrados e 8.000 espécies de plantas sejam endêmicas deste bioma (FONSECA et al., 2004). Entretanto, esta exuberante floresta encontra-se em estado de alerta, devido a sua alta exploração que se iniciou desde os tempos históricos com a exploração do pau-brasil e mais atualmente ligados essencialmente às pressões agrícolas, ao desenvolvimento industrial acelerado e não sustentável e à ocupação humana não planejada, abrigando mais 60% da população brasileira. Hoje este bioma foi reduzido a menos de 8% de sua cobertura original no estado de São Paulo e restam apenas 15% desta vegetação nativa em todo o Brasil, incluindo-se todas as formações florestais em seus diversos estágios sucessionais (KRONKA et al., 2005). Mesmo com toda esta devastação, a Mata Atlântica ainda conserva parcelas significativas da diversidade biológica brasileira e mundial, apresentando riqueza extraordinária de espécies de fauna e flora e elevado grau de endemismo. Em virtude desta riqueza biológica e dos níveis de ameaça a qual está submetida , a Mata Atlântica foi considerado um dos biomas mais ameaçados do mundo, apontado como um dos um “hotspots” mundiais (MYERS et al., 2000). A região de Araçariguama ocupa uma posição geográfica muito peculiar no estado de São Paulo, estando situada em uma região de interface entre duas fisionomias do bioma Mata Atlântica, a Floresta Ombrófila Densa e a Floresta Estacional Semidecidual, reflexo da variação de características como o solo, clima, umidade e altitude, que contribuem para determinação florística e fitissociológica local (FIGURA 5.3.1.1). Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 101 FIGURA 5.3.1.1 – Excerto ilustrativo do Mapa de Biomas do Brasil com a localização do município de Araçariguama (IBGE 2006). Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 102 A Floresta Ombrófila Densa é uma formação com vegetação característica de regiões tropicais podendo ser encontrada desde a faixa litorânea, até a cota de 1.000m de altitude. A temperatura é em média alta na Floresta Ombrófila, não apresentando grandes variações durante o ano ficando entorno dos 25 °C e as chuvas são freqüentes durante ano, sendo que as precipitações pluviométricas anuais ficam acima dos 1.800mm, sem período biologicamente seco (de 0 a 60 dias secos). Este excepcional conjunto de fatores bióticos e abióticos condicionou uma vegetação altamente diversificada, rica de epífitas e lianas, além da presença de árvores de grande porte caracterizando uma formação de grande valor genético e consevacionista. A vegetação arbustiva é densa, com alta densidade de samambaias, bromélias e rubiáceas. O estrato arbóreo atinge entre 20 e 30m, sendo que a vegetação arbórea predominante de acordo com estudos fitossociológicos é dominada pelas famílias Leguminosae (Caesalpinaceae, Mimosaceae e Fabaceae), Myrtaceae, Melastomataceae, Sapotaceae, Rubiaceae, Arecaceae (Palmae), Lauraceae, Euphorbiaceae, Bignoniaceae e Meliaceae (TONHASCA JUNIOR, 2005). A Floresta Estacional Semidecidual se caracteriza pela dupla estacionalidade climática bem definida: uma tropical com intensas chuvas de verão, seguidas por estiagens acentuadas e outra subtropical sem período seco, mas com seca fisiológica provocada pelo inverno com temperaturas médias sensivelmente mais baixas que a floresta Ombrófila por causa da maior altitude, variando em torno de 18 °C a 22 °C. Desta sazonalidade decorre a estacionalidade foliar dos elementos arbóreos dominantes, cuja porcentagem de populações de árvores que perdem parcialmente ou total suas folhas no inverno varia de 20%, podendo atingir até 50% no conjunto florestal. A queda sazonal provavelmente é uma adaptação a dificuldades decorrentes do inverno, tais como estresse hídrico, baixa temperatura, baixa disponibilidade de nutrientes ou redução do fotoperíodo (MORELLATO, 1992). Esta formação florestal corresponde ao adentramento das matas costeiras (florestas ombrófilas densas) nos Estados de MG, SP, PR, SC e RS e vai até a Argentina e o Paraguai. A distância do litoral condiciona diversas situações climáticas, pela combinação de precipitação e temperatura. Geralmente essas matas são mais baixas, apresentando menores densidades e riqueza de espécies com relação à Floresta Ombrófila Densa. O subbosque é mais emaranhado pela maior entrada de luz, principalmente na estação seca, sendo a presença de epífitas e samambaiaçus, mais restrita às áreas úmidas, assim como as palmeiras. O dossel situa-se entre 15m e 25m e no interior do fragmento há a formação de pelo menos 3 estratos definidos: um herbáceo, um arbustivo e outro arbóreo, onde por vezes ocorrem indivíduos emergentes, como o Cariniana estrellensis (jequitibá-branco) que pode ultrapassar os 30m de altura e mais de 1m de diâmetro. Nesta formação florestal são dominantes os gêneros neotropicais Tabebuia, Paratecoma e Cariniana, entre outros, em mistura com os gêneros paleotropicais Terminalia e Erythrina e com os gêneros australásicos Cedrela e Sterculia. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 103 FIGURA 5.3.1.2 – Excerto ilustrativo do Mapa de Vegetação do Brasil com a localização do município de Araçariguama (IBGE 2006). Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 104 Caracterização da Flora Local (AID e ADA) A paisagem de Araçariguama sofreu diversas transformações ao longo de sua história. O município passou pelo ciclo de café, cana-de-açúcar, algodão, cereais em geral e pecuária. Atualmente passa pelo ciclo da mineração e mais recentemente tem surgido inúmeros loteamentos e chácaras de lazer no município. Todas estas mudanças no uso do solo em um curto espaço de tempo acabaram modificando a paisagem local, fragmentando a vegetação nativa original e conseqüentemente comprometendo a biodiversidade da região. Atualmente a paisagem da área do empreendimento e entorno é constituída principalmente por remanescentes nativos pertencentes à tipologia florestal de Floresta Estacional Semidecidual, entremeados por plantações de eucalipto e pequenas porções de áreas de pastagens, além das áreas destinadas a mineração, além das áreas de mineração. Para a caracterização da vegetação foram realizado o levantamento fitossociológico na área de propriedade da VOTORANTIM CIMENTOS. Metodologias e Procedimentos de Trabalho A determinação da cobertura vegetal na área do empreendimento foi caracterizada mediante auxílio de imagem de satélite de alta resolução do local, bases cartográficas e o conhecimento prévio das formações vegetais típicas da região. Com estas informações foi possível a realização de um mapeamento preliminar das diferentes ocupações do solo na área de estudo. Posteriormente a esta etapa, no mês de abril, iniciaram os trabalhos de campo para a verificação das fisionomias da paisagem preliminarmente identificadas, visitando-se áreas representativas de cada uma dessas ocupações pré-identificadas em planta para confirmação e descrição detalhada de suas características. Os trabalhos realizados em campo objetivaram caracterizar a flora ocorrente na área a ser diretamente afetada – pelo empreendimento com a finalidade de: - determinar dos estágios sucessionais da vegetação nativa na AID e ADA; - obter um maior conhecimento da dinâmica, estrutura e composição florística da vegetação nativa local; - sugerir a ampliação das atividades de lavra de forma a se reduzir ou evitar impactos negativos; - sugerir medidas mitigadoras e compensatórias aos potenciais impactos decorrentes de supressão da vegetação nativa local; - analisar a paisagem geral no entorno do empreendimento a fim de se proceder a uma avaliação dos impactos decorrentes deste por meio de uma abordagem de ecologia da paisagem; - Delimitar em planta as fisionomias florestais; e Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 105 - Elaborar o mapa de uso e ocupação do solo, apresentado anexo (DESENHO 768.E.0.0-EIA-02). Inventário florestal A vegetação nativa remanescente na propriedade foi levantada em toda sua extensão e amostrada mais detalhadamente nas porções sul e leste da cava, em fragmentos que serão diretamente afetados pela ampliação das atividades de lavra de calcário. Desta forma, foi realizado um inventário florístico objetivando identificar as espécies ocorrentes nos remanescentes florestais observados na área da poligonal DNPM 000.227/45 e dois inventários fitossociológico nos fragmentos diretamente afetados pela ampliação do empreendimento, objetivando fornecer, além da composição florística da vegetação, as relações quantitativas entre os táxons e a estrutura horizontal da comunidade, auxiliando o diagnóstico e a caracterização atual dessa vegetação segundo seus estágios sucessionais (VUONO, 2002) definidos pela Resolução Conjunta SMAIBAMA/SP 01/1994. Também foram avaliados qualitativamente os componentes herbáceos e arbustivos da vegetação nativa; as características superficiais do solo local; as características da serrapilheira; a ocorrência de espécies epífitas, hemiepífitas e trepadeiras; o histórico de ocupação da área e entorno e sua contextualização espacial na paisagem estudada. Os inventários fitossociológicos da vegetação foram executados por meio de transectos em 2 (dois) remanescente de vegetação nativa diferente denominado neste estudo de “Fragmento Sul” e “Fragmento Leste” (da cava). Para o inventário fitossociológico foram instalados parcelas, também na forma de transectos, procedendo-se a identificação taxonômica dos indivíduos arbóreos com altura superior a 2m (dois metros) e CAP (circunferência à altura do peito) igual ou superior a 15cm (quinze centímetros). Para o inventário florístico se realizou incursões aleatórias pela área de estudo em meio aos fragmentos de vegetação nativa ao qual foram anotadas o nome das espécies arbóreas e arbustivas observadas. Os dados referentes ao inventário fitossociológico foram coletados em campo utilizando-se o método de parcelas, as quais foram determinados em pontos aleatórios dentro dos fragmentos. De cada ponto, começava um transecto com 25m (vinte e cinco metros) de comprimento e 10m (dez metros) de largura, que formavam uma parcela. Foram realizadas em cada inventário 4 (quatro) parcelas iguais, que totalizaram 1.000m² (mil metros quadrados) (DESENHO 768.E.0.0-EIA-01). Em cada parcela foram amostrados todos os indivíduos arbóreos com altura mínima de 2m (dois metros) e CAP (circunferência à altura do peito) igual ou superior a 15cm (quinze centímetros). Estes indivíduos foram identificados e mensurados, sendo estas informações utilizadas para determinar a estrutura fitossociológica dos fragmentos florestais estudados, sendo, calculados os seguintes parâmetros: freqüência, densidade, dominância absoluta e relativa e, ainda, o índice de valor de cobertura e índice de valor de importância, conforme indicado a seguir. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 106 Freqüência Este parâmetro informa com que freqüência cada espécie ocorre distribuída na área estudada. Assim, maiores valores de FRi indicam que determinada espécie encontra-se melhor representada e bem distribuída nos povoamentos amostrados. ⎛u ⎞ FAi = ⎜⎜ i ⎟⎟ x100 ⎝ ut ⎠ ⎛ ⎜ FA FRi = ⎜ P i ⎜ ⎜ ∑ FAi ⎝ i =1 onde: FAi FRi ui ut P - ⎞ ⎟ ⎟ x100 ⎟ ⎟ ⎠ freqüência absoluta da i-ésima espécie na comunidade vegetal freqüência relativa da i-ésima espécie na comunidade vegetal número de unidades amostrais em que a i-ésima espécie ocorre número total de unidades amostrais número de espécies amostradas Densidade Este parâmetro informa o número de indivíduos por área em que determinada espécie ocorre no povoamento. Assim, maiores valores de DRi indicam a existência de um maior número de indivíduos por hectare da espécie no povoamento amostrado. DAi = ni A DT = N A DRi = onde: DAi ni N A DT DRi DAi x100 DT - densidade absoluta da i-ésima espécie, em número de indivíduos por hectare - número de indivíduos da i-ésima espécie na amostragem - número total de indivíduos amostrados - área total amostrada, em hectare - densidade total, representa o número total de indivíduos de todas as espécies (N) por unidade de área - densidade relativa (%) da i-ésima espécie Dominância Este parâmetro também informa a densidade da espécie, mas identificando sua dominância em termos de área basal. A dominância absoluta nada mais é do que a soma das áreas Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 107 seccionais dos indivíduos pertencentes a uma mesma espécie, por unidade de área. Assim, maiores valores de DoRi indicam que a espécie exerce dominância no povoamento amostrado em termos de área basal por hectare. DoAi = DoR = onde: DoAi ABi A DoRi DoT - ABi A DoA x100 DoT dominância absoluta da i-ésima espécie, em m2/ha área basal da i-ésima espécie, em m2, na área amostrada área amostrada, em hectare dominância relativa (%) da i-ésima espécie soma da dominância de todas as espécies amostradas Valor de Cobertura (IVC): Este parâmetro corresponde ao somatório dos parâmetros relativos de densidade e dominância, informando a importância da ocupação da superfície do solo por cada espécie em relação ao povoamento florestal. IVC = DR i + DoR i Valor de Importância (IVI) Este parâmetro corresponde ao somatório dos parâmetros relativos de densidade, dominância e freqüência das espécies amostradas, informando a importância ecológica da espécie em termos de distribuição horizontal na comunidade estudada (MUELLERDUMBOIS e ELLENBERG, 1974; MARTINS, 1989). IVI = DRi + FRi + DoRi Composição Florística e Estrutura da Vegetação da Região de Araçariguama Inventário Florístico O inventário florístico conforme objetiva levantar a riqueza de espécies de vegetais que existe na área levantada. Para isto, foram realizados caminhamentos entre os remanescentes de vegetação nativa, ao qual eram anotadas todas as espécies de flora observadas. Os dados obtidos serviram de base para classificar a tipologia da vegetação nativa inventariada e para estimar a diversidade da flora na área de estudo. Foram observadas 81 espécies de arbustivas e arbóreas pertencentes a 40 famílias. De acordo com as espécies levantadas no local, pode-se classificar a vegetação como Floresta Estacional Semidecidual. No QUADRO 5.3.1.1 é apresentada a relação de espécies observadas na área de estudo. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 108 QUADRO 5.3.1.1 ESPÉCIES OCORRENTES NA ÁREA DE ESTUDO Família Espécies Nome Vulgar Anonnaceae Annona sp Falso caquizinho Apocynaceae Aspidospema sp Guatambu Aquifoliaceae Ilex cerasifolia Reissek. Congonha Arecaceae Syagrus romanzoffiana (Charm.) Glassma Jerivá Jacaranda macrantha Cham. Caroba Tabebuia sp. Ipê Tecoma stans (L.) ex. Kunth Ipê de jardim Boraginaceae Cordia ecalyculata Vell. Chá de bugre Cecropiaceae Cecropia glazioui Snethl. Embaubão Celastraceae Maytenus aquifolium Mart. Maytenus robusta Reiss. Espinheira santa Ebenaceae Elaeorcapaceae Diospyros inconstans Jacq. Sloanea monosperma Vell Caquizinho Verdadeiro Croton floribundus Spreng. Capixingui Sapium aff glandulatum (Vell.) Pax Pau de leite Alchornea glandulosa Poepp. & Endl. Tapiá Alchornea triplinervea (Spreng.) Müll. Arg Tapiazinho Cassia aff ferruginea (Schrad.) Schrad. ex DC Cassia Andira sp Pterodon emarginatus Angelim Sucupira branca Lonchocarpus sp Embirinha Lonchocarpus aff muehlbergianus Hassl Embira de sapo Machaerium stipitatum (DC.) Vog. Sapuvinha Bignoniaceae Euphorbiaceae Fabaceae Caesalpinioideae Fabaceae Faboideae Cafezinho Gindiba Machaerium villosum Vogel Jacarandá paulista Platymiscium aff floribundum Vogel Piptadenia gonoacantha (Mart.)J.F. Macbr. Sacambu Pau - jacaré Inga sp Ingá Indeterminada 1 Desconhecida 1 Nectandra grandiflora Nees Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez Canela amarela Nectandra oppositifolia Nees. Canelão Nectandra sp Canela Ocotea sp Canela Persea sp Canela Persea americana L. Abacate Ocotea sp Canelinha Cariniana estrellensis (Raddi) Kuntze Dracaena arborea ( Willd.) Link Jequitibá Liliaceae Dracena arbórea Loganiaceae Strychnos brasiliensis (Spreng) Mart. Salta - martim Malvaceae Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A.Robyns Fabaceae Mimosoideae Indeterminada Lauraceae Lecytidaceae Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP Canelinha Embiruçu Continua... 109 QUADRO 5.3.1.1 ESPÉCIES OCORRENTES NA ÁREA DE ESTUDO Família Espécies Nome Vulgar Ceiba speciosa (A.St.-Hil.) Ravenna Paineira Cabralea canjerana Vell. Cedrela fissilis Vell. Canjarana Guarea guidonia (L.). Guarea Guarea macrophylla Vahl Pau d' arco Trichilia elegans A.Juss Pau ervilha Trichilia sp Trichilia Monnimiaceae Mollinedia sp Orelinha de onça Moraceae Soroceae blompandii ( Baill.) Burger, Lanjow & Boer Chincho Myrsinaceae Rapanea ferruginea (Ruiz & Pav.) Mez. Eugenia aff pyriformis Capororoca Myrciaria sp Myrciaria sp Jabuticabinha Myrtaceae sp Hortelã Calyptranthes clusiifolia Eugenia glazioviana Araçarana Psidium sp Goiaba Myrcia rostrata DC Guamirim folha miúda Gabiroba Nyctaginaceae Campomanesia sp Guapira opposita (Vell.) Reitz Maria - mole Opiliaceae Agonandra sp Quina Piper amalago L. Piper liso Piper aduncum L. Piper rugoso Colubrina glandulosa Perkins. Prunus sellowii Koehne Saguaraji vermelho Eriobotrya japonica( Thunb.) Lindl. Nêspera Coutarea sp Ixora gardneriana Murta do mato Zanthoxylum hyemale A.St.-Hil. Tembetari Esenbeckia grandiflora Mart. Pau de cutia Zanthoxylum rhoifolium Lam. Mamica de porca Casearia gossypiosperma Briquet Pau - espeto Casearia sylvestris Sw. Guaçatonga Xylosma Xilosmia Allophyllus edulis (St.Hill) Radl. Chal - chal Cupania oblongifolia Mart Caboatã Matayba guianensis Aubl. Camboatã Celtis iguanaea (Jacq.) Sarg. Grão de galo Trema micrantha (L.) Blume Vitex megapotamica (Spreng.) Moldenke Pau - pólvora Tarumã Meliaceae Myrtaceae Piperaceae Rhamanaceae Rosaceae Rubiaceae Rutaceae Salicaceae Sapindaceae Ulmaceae Verbenaceae Fonte: PROMINER PROJETOS, 2008 Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP Cedro Uvaia Jabuticaba Guamirim Pessegueiro Íxora arbórea 110 Inventários Fitossociológicos Foram realizados dois inventários fitossociológicos na área de estudo, em remanescentes de vegetação nativa que deverão sofrer interferência com a ampliação do empreendimento (DESENHO 768.E.0.0-EIA-01 e 02). Para facilitar a identificação destes remanescentes de vegetação nativa, no presente EIA, foram denominados como Fragmento Sul e Fragmento Leste (da cava). 1) Fragmento Sul O Fragmento Sul encontra-se em contato direto com a porção sul da cava de calcário, devido a sua proximidade, este fragmento sofrerá uma intervenção de aproximadamente 1,70ha. No inventário realizado foram registrados 302 indivíduos, pertencentes a 24 famílias e 47 espécies arbóreas. O QUADRO 5.3.1.2 a seguir apresenta a relação das espécies e de suas respectivas famílias e nomes populares amostradas no inventário realizado no Fragmento Sul, assim como a abundância de cada espécie amostrada. QUADRO 5.3.1.2 ESPÉCIES AMOSTRADAS NO INVENTÁRIO FITOSSOCIOLÓGICO DO FRAGMENTO SUL Família Espécies Nome Vulgar Nº Annonaceae Anona sp Falso caquizinho 1 Arecaceae Syagrus romanzoffiana (Charm.) Glassma Jacaranda macrantha Cham. Jerivá Caroba 6 2 Tabebuia sp Ipê 1 Boraginaceae Cordia ecalyculata Vell. Chá de bugre 1 Cecropiaceae Cecropia glazioui Snethl. Embaubão 1 Celastraceae Maytenus aquifolium Mart. Espinheira santa 1 Ebenaceae Diospyros inconstans Jacq. Caquizinho verdadeiro 1 Bignoniaceae Croton floribundus Spreng. Capixingui 28 Euphorbiaceae Sapium aff glandulatum ( Vell.) Pax Pau de leite 2 Fabaceae - Caesalpinioideae Alchornea glandulosa Poepp. & Endl. Cassia aff ferruginea (Schrad.) Schrad. ex DC Tapiá Cassia 1 1 Andira sp Angelim 3 Lonchocarpus sp Embirinha 9 Fabaceae - Faboideae Machaerium stipitatum (DC.) Vog. Sapuvinha 7 Machaerium villosum Vogel Jacarandá paulista 8 Sacambu 10 Fabaceae - Mimosoideae Platymiscium aff floribundum Vogel Piptadenia gonoacantha (Mart.)J.F. Macbr. Pau - jacaré 33 Nectandra grandiflora Nees Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez Nectandra oppositifolia Nees. Canela - amarela Canelinha Canelão 2 2 20 Ocotea sp Persea sp Ocoteca sp Canela canela Canelinha 9 1 1 Lauraceae Continua... Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 111 QUADRO 5.3.1.2 ESPÉCIES AMOSTRADAS NO INVENTÁRIO FITOSSOCIOLÓGICO DO FRAGMENTO SUL Família Espécies Nome Vulgar Nº Cabralea canjerana Vell. Cedrela fissilis Vell. Canjarana 20 Cedro 2 Guarea guidonia (L.). Guarea 3 Guarea macrophylla Vahl Pau d' arco 1 Trichilia elegans A.Juss Pau - ervilha 4 Trichilia sp Trichilia 1 Orelinha de onça 8 Moraceae Mollinedia sp Soroceae blompandii (Baill.) Burger, Lanjow & Boer Chincho 2 Myrsinaceae Rapanea ferruginea (Ruiz & Pav.) Mez. Capororoca Myrciaria sp Jabuticabinha 1 Myrtaceae sp Hortelã 3 Calyptranthes clusiifolia 1 Myrcia rostrata DC Araçarana Guamirim folha miúda Agonandra sp Quina 1 Piper amalago L. Piper Liso 1 Coutarea sp Murta do mato 5 Zanthoxylum hyemale A.St.-Hil. Tembetari 1 Casearia gossypiosperma Briquet Pau - espeto 4 Casearia sylvestris Sw. Guaçatonga 8 Meliaceae Monnimiaceae Myrtaceae Opiliaceae Piperaceae Rubiaceae Rutaceae Salicaceae 2 Allophyllus edulis (St.Hill) Radl. Chal - chal 53 Sapindaceae Cupania oblongifolia Mart Camboatã 21 Matayba guianensis Aubl. Camboatã 5 Verbenaceae Total Vitex megapotamica (Spreng.) Moldenke 47 Tarumã 3 302 N - número de vezes que a espécie foi amostrada. Fonte: PROMINER PROJETOS, 2008 A maior riqueza florística foi encontrada nas famílias Lauraceae e Meliaceae, ambas com 6 diferentes espécies. Porém, considerando o agrupamento das famílias Caesalpinaceae, Fabaceae e Mimosaceae em uma única família Leguminosae, esta representaria a maior riqueza florística, com 7 espécies, correspondente a 14,89% de toda riqueza específica seguida pelas famílias Lauraceae e Meliaceae, ambas com 6 espécies cada, Myrtaceae com 4 espécies, Euphorbiaceae e Sapindaceae, cada uma com 3 espécies (FIGURA 5.3.1.3). Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 112 Porcentagem de Espécie por Porcentagem de Espécies por Família 16% Família 14,89% 14% 12,77% 12,77% 12% 10% 8,51% 8% 6,38% 6,38% 6% 4,26% 4,26% 4% 2% ea lic ac Sa ia ce a on gn Bi nd pi e e e ac ea e Sa or bi ph Eu M yr ta ac ce a ea e ae M el ia ce ea ur ac La Le gu m in os ae e 0% FIGURA 5.3.1.3 – Famílias com maior riqueza específica amostradas no inventário fitossociológico do Fragmento Sul. Com relação aos números de indivíduos, as dez espécies de maior densidade relativa representam 69,87% do total de indivíduos amostrados, com a Allophyllus edulis (chal chal) ocupando a primeira posição (17,55%), seguida pelo Piptadenia gonoacantha (paujacaré) (10,93%) e Croton floribundus (capixingui) (9,27%), Cupania oblongifolia (camboatã), Nectandra oppositifolia (canelão) e Cabralea canjerana (canjarana), Platymiscium aff floribundum (sacambu), Ocotea sp (canela) e Lonchocarpus sp (embirinha) e Machaerium villosum (jacarandá paulista). Do total de 47 espécies amostradas, 18 (cerca de 38% do total) são representadas por apenas um indivíduo que representa 5,96% do número total de indivíduos amostrados (302). Nenhum desses indivíduos encontra-se na Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira ameaçadas de Extinção da PORTARIA IBAMA Nº 37-N, de 3 de abril de 1992. As dez espécies com maior Índice de Valor de Importância – IVI representam 66,51% do IVI total, sendo as mesmas que ocuparam as primeiras posições do Índice de Valor de Cobertura – IVC. Dentre as espécies, destaca-se a Allophyllus edulis (chal - chal) em primeiro lugar em quase todos os parâmetros fitossociológicos (FIGURA 5.3.1.4). Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 113 Indíce de Valor de Importância ( Dr + Fr + Dor) Machaerium villosum Platymiscium aff floribundum Lonchocarpus sp Matayba guianensis Nectandra oppositifolia Cupania oblongifolia Piptadenia gonoacantha Croton floribundus Cabralea canjerana Allophyllus edulis 0 5 10 Dens. Relativa (%) 15 20 Freq.Relativa (%) 25 30 35 Domin. Relativa (%) FIGURA 5.3.1.4 – Distribuição dos valores das espécies com maior IVI no denominado Fragmento Sul em Araçariguama, SP. As espécies com maior IVI apresentam posição de destaque na vegetação, não só devido ao tamanho elevado dos indivíduos em relação ao total de espécies amostradas, mas também em função do número alto de indivíduos, com valores altos de DR e DOR na composição do IVI. 2) Fragmento Leste O Fragmento leste foi classificado em dois estágios de sucessão ecológica, sendo a porção mais próxima da cava de calcário a menos preservada. Este fragmento está localizado a leste da cava de calcário, entremeado por plantios de eucalipto e sofrerá interferência com a ampliação do empreendimento em aproximadamente 3,4ha. No inventário realizado foram registrados 282 indivíduos pertencentes a 26 famílias e 49 espécies arbóreas. O QUADRO 5.3.1.3 a seguir apresenta a lista das espécies e de suas respectivas famílias amostradas no levantamento realizado no Fragmento Leste, assim como a abundância de cada espécie. QUADRO 5.3.1.3 ESPÉCIES AMOSTRADAS NO INVENTÁRIO FITOSSOCIOLÓGICO DO FRAGMENTO LESTE Família Espécie Nome Vulgar Nº Anonnaceae Annona sp Falso caquizinho 1 Apocynaceae Aspidospema sp Guatambu 2 Aquifoliaceae Ilex cerasifolia Reissek. Congonha 1 Arecaceae Syagrus romanzoffiana (Charm.) Glassma Jerivá 2 Maytenus aquifolium Mart. Espinheira santa 3 Maytenus robusta Reiss. Cafezinho 2 Sloanea monosperma Vell Gindiba Celastraceae Elaeorcapaceae 10 Continua... Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 114 QUADRO 5.3.1.3 ESPÉCIES AMOSTRADAS NO INVENTÁRIO FITOSSOCIOLÓGICO DO FRAGMENTO LESTE Família Euphorbiaceae Espécie Nome Vulgar Nº 9 Croton floribundus Spreng. Capixingui Sapium aff glandulatum ( Vell.) Pax Pau de leite 3 Alchornea glandulosa Poepp. & Endl. Tapiá 3 Alchornea triplinervea (Spreng.) Müll. Arg Tapiazinho 6 Fabaceae Caesalpinioideae Cassia aff ferruginea (Schrad.) Schrad. ex DC Cassia 5 Fabaceae - Faboidae Lonchocarpus aff muehlbergianus Hassl Platymiscium aff floribundum Vogel Embira de sapo Sacambu 4 1 Fabaceae Mimosoideae Machaerium villosum Vogel Dalbergia sp Inga sp Piptadenia gonoacantha (Mart.)J.F. Macbr. Jacarandá paulista Sucupira branca Ingá Pau - jacaré 1 1 1 5 Indeterminada Indeterminada 1 desconhecida 1 1 Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez Canelinha Canelão 15 3 Nectandra oppositifolia Nees. Lauraceae Lecytidaceae Liliaceae Malvaceae Nectandra sp Ocoteca sp Ocotea sp Canela 2 Canelinha Canela 1 6 Cariniana estrellensis (Raddi) Kuntze Dracaena arborea ( Willd.) Link Jequitibá 7 Dracena arbórea 1 Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A.Robyns Cabralea canjerana Vell. Embiruçu 5 Canjarana 7 Cedrela fissilis Vell. Cedro 2 Guarea guidonia (L.). Guarea 2 Monimiaceae Mollinedia sp Orelhinha de onça 9 Moraceae Soroceae blompandii (Baill.) Burger, Lanjow & Boer Chincho 2 Myrciaria sp Calyptranthes clusiifolia Eugenia glazioviana Psidium sp Eugenia aff pyriformis Guapira opposita (Vell.) Reitz Agonandra sp Prunus sellowii Koehne Ixora gardneriana Jabuticaba Araçarana Guamirim Goiaba Uvaia Maria - mole Quina 1 6 14 1 4 6 2 Pessegueiro Íxora arbórea 1 1 Meliaceae Myrtaceae Nyctaginaceae Opiliaceae Rosaceae Rubiaceae Rutaceae Esenbeckia grandiflora Mart. Casearia sylvestris Sw. Pau de cutia 2 Salicaceae Guaçatonga 10 Casearia gossypiosperma Briquet Pau - espeto Xilosmia 1 16 Sapindaceae Xylosma sp Allophyllus edulis (St.Hill) Radl. Cupania oblongifolia Mart Chal - chal Camboatã 34 54 Matayba guianensis Aubl. Camboatã 2 Verbenaceae Vitex megapotamica (Spreng.) Moldenke morta Tarumã 2 2 Total 49 N - número de vezes que a espécie foi amostrada. Fonte: PROMINER PROJETOS, 2008 Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 282 115 Considerando o agrupamento das famílias Caesalpinaceae, Fabaceae e Mimosaceae em uma única família denominada Leguminosae, esta apresentam a maior riqueza de espécies, com 7 espécies, correspondente a 14,28% de toda riqueza específica, seguida pelas famílias Laurácea e Myrtaceae, ambas com 5 espécies cada, Euphorbiaceae, com 4 espécies e Meliaceae, Sapindaceae e Salicaceae com 3 espécies cada. (FIGURA 5.3.1.5). Porcentagem dede Espécies por Família Porcentagem Espécie por Família 16% 14,28% 14% 12% 10,20% 10,20% 10% 8,16% 8% 6,12% 6,12% 6,12% 6% 4% 2% ea li c ac Sa nd Sa pi el M e e ce ia ac or bi ph ac ea ae e ea e ce a M ac ur La yr ta Eu Le gu m in os ea ae e 0% FIGURA 5.3.1.5 – Famílias com maior riqueza específica amostradas no inventário fitossociológico do Fragmento Leste. Com relação aos números de indivíduos, as dez espécies de maior densidade relativa representam 63,12% do total de indivíduos amostrados, com a Cupania oblongifolia (camboatã) ocupando a primeira posição (19,15%), seguida pela Allophyllus edulis (chal chal) (12,06%) e Xylosma sp (xylosmia) (5,67%), Nectandra megapotamica (canelinha), Eugenia glazioviana (guamirim), Sloanea monosperma (gindiba) e Casearia sylvestris (guaçatonga), Croton floribundus (capixingui) e Mollinedia sp (orelhinha de onça), Cabralea canjerana (canjarana). Do total de 49 espécies amostradas 14 (28,57 % do total) são representadas por apenas um indivíduo, ou seja, 4,96% do número total de indivíduos amostrados (282). Nenhum desses indivíduos apresenta-se na Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira ameaçadas de Extinção segundo PORTARIA IBAMA Nº 37-N, de 3 de abril de 1992. A FIGURA 5.3.1.6 a seguir apresenta as dez espécies com maior Índice de Valor de Importância, que representam 51,87% do IVI total e são as mesmas que ocuparam as primeiras posições do Índice de Valor de Cobertura (IVC). Dentre as espécies, destaca-se a Cupania oblongifolia Mart (caboatã) em primeiro lugar em todos os parâmetros fitossociológicos. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 116 Indíce de Valor de Importância ( Fr + Dr + Dor) Xylosma sp Eugenia glazioviana Guapira opposita Cariniana estrellensis Alchornea triplinervea Cabralea canjerana Croton floribundus Nectandra megapotamica Allophyllus edulis Cupania oblongifolia 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 Dens. Relativa (%) Freq.Relativa (%) Domin. Relativa (%) FIGURA 5.3.1.6 – Distribuição dos valores das espécies com maior IVI no denominado Fragmento Leste em Araçariguama, SP. As espécies que apresentaram valores altos de Densidade Relativa (DR) na área em estudo demonstram que a estratégia destas espécies para ocupação de áreas florestais ocorre através de um grande número de indivíduos, de porte não muito elevado. Essa estratégia é de espécies típicas de sub-bosque de mata que estão adaptadas a um ambiente de pouca luminosidade ou espécies adaptadas a fazer a cicatrização de ambientes recentemente perturbados. As espécies que apresentam valores altos de Dominância Relativa (DOR) são devido aos indivíduos de porte elevado. 3) Análise comparativa entre os inventários fitossociológico e Discussão Os dois fragmentos florestais inventariados apresentaram parâmetros fitossociológicos muito parecidos (QUADROS 5.3.1.6 e 5.3.1.7). A relação entre o número de espécies e famílias amostradas foi equivalente (QUADRO 5.3.1.4). Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 117 QUADRO 5.3.1.4 ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS FRAGMENTOS INVENTARIADOS Dados comparativos Fragmento Sul Fragmento Leste local Sul da cava de calcário Leste da cava de calcário indivíduos amostrados 302 282 espécies amostradas 47 49 famílias amostradas 24 26 espécie amostrada 1 vez 18 estágio sucessional 5 espécies com maiores IVI Inicial Allophyllus edulis, Croton floribundus, Cabralea canjerana, Piptadenia gonoacantha e Nectandra oppositifolia 14 Inicial e Médio Cupania oblongifolia, Allophyllus edulis, Nectandra megapotamica, Croton floribundus e Cabralea canjerana Fonte: PROMINER PROJETOS, 2008 Este alto número de espécies amostradas em baixa densidade é considerado normal para este bioma florestal. De acordo com Fisher et ali (1943), comunidades em geral são tipicamente compostas por poucas espécies excepcionalmente abundantes e um número muito maior de espécies com apenas alguns indivíduos. Tal fato também é comprovado por Kageyama & Gandara (2001), que em estudos de levantamentos fitossociológicos nas florestas ombrófila e semidecídua do estado de São Paulo indicaram que entre 20% e 50% das espécies contêm apenas 1 indivíduo por hectare. Apesar do número de espécies amostradas nos dois inventários serem quase equivalente, apenas 27 espécies foram observadas nos dois fragmentos (QUADRO 5.3.1.5), o que pode ser explicado devido à diferença de estágio sucessional de conservação em que estes fragmentos se encontram. QUADRO 5.3.1.5 ESPÉCIES AMOSTRADAS NOS DOIS FRAGMENTOS IVENTARIADOS Espécie Nome Vulgar Agonandra sp Alchornea glandulosa Poepp. & Endl. Allophyllus edulis (St.Hill) Radl. Annona sp Cabralea canjerana Vell. Quina Tapiá Chal - chal Falso caquizinho Canjarana Calyptranthes clusiifolia Casearia gossypiosperma Briquet Casearia sylvestris Sw. Cassia aff ferruginea (Schrad.) Schrad. ex DC Cedrela fissilis Vell. Croton floribundus Spreng. Araçarana Pau espeto Guaçatonga Cassia Cedro Capixingui Cupania oblongifolia Mart Camboatã Guarea guidonia (L.). Machaerium villosum Vogel Matayba guianensis Aubl. Guarea Jacarandá paulista Camboatã Maytenus aquifolium Mart. Mollinedia sp Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez Nectandra oppositifolia Nees. Espinheira santa Orelinha de onça Canelinha Canelão Ocotea sp Canela Continua… Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 118 QUADRO 5.3.1.5 ESPÉCIES AMOSTRADAS NOS DOIS FRAGMENTOS IVENTARIADOS Espécie Nome Vulgar Ocotea sp Piptadenia gonoacantha (Mart.)J.F. Macbr. Platymiscium aff floribundum Vogel Sapium aff glandulatum ( Vell.) Pax Soroceae blompandii ( Baill.) Burger, Lanjow & Boer Syagrus romanzoffiana (Charm.) Glassma Vitex megapotamica (Spreng.) Moldenke Canelinha Pau - jacaré Sacambu Pau de leite Chincho Jerivá Tarumã Fonte: PROMINER PROJETOS, 2008 Observa-se nos QUADROS 5.3.1.6 e 5.3.1.7 que após a décima colocação as espécies apresentam valor de IVC e IVI bastante próximos, fato este comprovado por Sevilha et al (2001) em floresta estacional em Minas Gerais. As famílias botânicas Leguminosae, Lauraceae, Meliaceae, Myrtaceae, Euphorbiaceae e Sapindaceae se destacaram nas duas áreas inventariadas, representando em torno de 55% à 60% do total de espécies levantadas. De acordo com Tonhasca Junior (2005), estudos sobre levantamentos fitossociológicos indicam que as famílias Leguminosae, Myrtaceae, Melastomataceae, Rubiaceae, Arecaceae (Palmae), Lauraceae, Euphorbiaceae, Bignoniaceae e Meliaceae são predominantes na vegetação arbórea da Mata Atlântica. A partir dos resultados apresentados, pode se deduzir que os fragmentos de vegetação nativa inventariados sofreram anteriormente algum tipo de interferência antrópica que acabaram modificando as suas composições florísticas e estruturais, o que é comprovado pela presença de espécies exóticas observados em ambos os fragmentos, como por exemplo, o abacate, a nêspera e a dracena. Apesar disto esses fragmentos ainda abrigam boa parte da flora nativa da Mata Atlântica, sendo suas composições florísticas e estruturais muito semelhantes aquelas encontradas em outros remanescentes nativos da Mata Atlântica. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 119 QUADRO 5.3.1.6 PARÂMETROS FITOSSOCIOLÓGICOS DO FRAGMENTO SUL Espécies Nome Popular Nº DR% FR% DoR% IVC% IVI% Allophyllus edulis (St.Hill) Radl. Cabralea canjerana Vell. Croton floribundus Spreng. Piptadenia gonoacantha (Mart.)J.F. Macbr. Cupania oblongifolia Mart Nectandra oppositifolia Nees. Matayba guianensis Aubl. Lonchocarpus sp Platymiscium aff floribundum Vogel Machaerium villosum Vogel Mollinedia sp Casearia sylvestris Sw. Ocotea sp Syagrus romanzoffiana (Charm.) Glassma Coutarea sp Trichilia elegans A.Juss Machaerium stipitatum (DC.) Vog. Casearia gossypiosperma Guarea guidonia (L.). Vitex megapotamica (Spreng.) Moldenke Jacaranda macrantha Cham. Cassia aff ferruginea (Schrad.) Schrad. ex DC Cedrela fissilis Vell. Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez Soroceae blompandii (Baill.) Burger, Lanjow & Boer Alchornea glandulosa Poepp. & Endl. Myrtaceae sp Andira sp Cecropia glazioui Snethl. Cordia ecalyculata Vell. Persea sp Nectandra grandiflora Nees Myrcia rostrata Chal - chal Canjarana Capixingui Pau - jacaré Caboatã Canelão Camboatã Embirinha Sacambu Jacarandá paulista Orelinha de onça Guaçatonga Canela Jerivá Murta do mato Pau - ervilha Sapuvinha Pau - espeto Guarea Tarumã Caroba 53 20 28 33 21 20 5 9 10 8 8 8 9 6 5 4 7 4 3 3 2 17,550 6,623 9,272 10,927 6,954 6,623 1,656 2,980 3,311 2,649 2,649 2,649 2,980 1,987 1,656 1,325 2,318 1,325 0,993 0,993 0,662 5,357 4,464 5,357 5,357 4,464 4,464 1,786 3,571 4,464 5,357 3,571 3,571 2,679 2,679 2,679 3,571 1,786 2,679 2,679 1,786 1,786 10,340 20,390 14,240 9,125 8,508 8,742 8,210 4,177 1,637 0,966 0,641 0,617 0,594 1,336 0,924 0,256 0,788 0,208 0,128 0,703 0,473 27,890 27,012 23,512 20,052 15,461 15,364 9,865 7,157 4,948 3,615 3,290 3,266 3,574 3,323 2,579 1,581 3,106 1,532 1,121 1,696 1,135 33,247 31,477 28,869 25,409 19,926 19,829 11,651 10,728 9,412 8,972 6,862 6,837 6,253 6,002 5,258 5,152 4,892 4,211 3,800 3,482 2,921 Cassia Cedro Canelinha 1 0,331 2 0,662 2 0,662 0,893 1,786 1,786 1,461 0,187 0,101 1,792 0,849 0,763 2,685 2,635 2,549 Chincho Tapiá Hortelã Angelim Embaubão Chá de bugre Canela Canela amarela Guamirim folha miúda 2 1 3 3 1 1 1 2 2 0,662 0,331 0,993 0,993 0,331 0,331 0,331 0,662 0,662 1,786 0,893 0,893 0,893 0,893 0,893 0,893 0,893 0,893 0,036 1,188 0,202 0,180 0,646 0,619 0,481 0,121 0,120 0,699 1,519 1,196 1,174 0,977 0,951 0,812 0,784 0,782 2,484 2,412 2,089 2,066 1,870 1,843 1,705 1,677 1,675 Sapium aff glandulatum (Vell.) Pax Annona sp Calyptranthes clusiifolia Zanthoxylum hyemale A.St.-Hil. Diospyros inconstans Jacq. Pau de leite Falso caquizinho Araçarana Tembetari Caquizinho verdadeiro 2 1 1 1 1 0,662 0,331 0,331 0,331 0,331 0,893 0,893 0,893 0,893 0,893 0,074 0,282 0,199 0,151 0,148 0,737 0,613 0,530 0,482 0,480 1,629 1,505 1,423 1,375 1,372 Agonandra sp Trichilia sp Ocoteca sp Tabebuia sp Piper amalago L. Maytenus aquifolium Mart. Myrciaria sp Guarea macrophylla Vahl Quina Trichilia Canela Ipê Piper liso Espinheira santa Jabuticabinha Pau d' arco 1 1 1 1 1 1 1 1 0,331 0,331 0,331 0,331 0,331 0,331 0,331 0,331 0,893 0,893 0,893 0,893 0,893 0,893 0,893 0,893 0,140 0,120 0,053 0,041 0,036 0,035 0,031 0,029 0,471 0,451 0,385 0,373 0,367 0,366 0,362 0,360 1,364 1,344 1,277 1,265 1,260 1,259 1,255 1,253 100 100 200 300 Total 302 100 N – Número de indivíduos; DR – Densidade relativa (em %); FR – Freqüência relativa (em %); DoR – Dominância relativa (em %); IVC Índice de valor de cobertura e o IVI – Índice de valor de importância. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 120 QUADRO 5.3.1.2.7 PARÂMETROS FITOSSOCIOLÓGICOS DO FRAGMENTO LESTE Espécies Nome Popular Nº DR% FR% DoR% IVC% IVI% Cupania oblongifolia Mart Caboatã 54 19,149 5,607 13,841 32,990 38,598 Allophyllus edulis (St.Hill) Radl. Chal - chal 34 12,057 3,738 4,735 16,791 20,530 Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez Canelinha 15 5,319 3,738 7,527 12,846 16,584 Croton floribundus Spreng. Capixingui 9 3,191 3,738 8,096 11,287 15,025 Cabralea canjerana Vell. Canjarana 7 2,482 3,738 6,497 8,979 12,718 Alchornea triplinervea (Spreng.) Müll. Arg Tapiazinho 6 2,128 1,869 7,625 9,752 11,622 Cariniana estrellensis (Raddi) Kuntze Jequitibá 7 2,482 2,804 5,087 7,569 10,373 Guapira opposita (Vell.) Reitz Maria - mole 6 2,128 2,804 5,291 7,419 10,222 Eugenia glazioviana Guamirim 14 4,965 2,804 2,270 7,235 10,039 Xylosma sp Xylosmia 16 5,674 1,869 2,362 8,036 9,905 Sloanea monosperma Vell Gindiba 10 3,546 4,673 1,446 4,992 9,665 Casearia sylvestris Sw. Guaçatonga 10 3,546 4,673 0,945 4,491 9,164 Ocotea sp Canela 6 2,128 3,738 1,445 3,572 7,311 Mollinedia sp Orelhinha de onça 9 3,191 2,804 0,879 4,070 6,874 Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A.Robyns Embiruçu 5 1,773 0,935 4,086 5,859 6,794 Piptadenia gonoacantha (Mart.)J.F. Macbr. Pau - jacaré 5 1,773 2,804 2,215 3,989 6,792 morta morta 2 0,709 1,869 4,046 4,755 6,624 Calyptranthes clusiifolia Araçarana 6 2,128 1,869 1,805 3,933 5,802 Campomanesia sp Gabiroba 2 0,709 1,869 2,818 3,527 5,396 Matayba guianensis Aubl. Camboatã 2 0,709 1,869 2,537 3,247 5,116 Eugenia aff pyriformis Uvaia 4 1,418 2,804 0,634 2,052 4,856 Lonchocarpus aff muehlbergianus Hassl Embira de sapo Cassia aff ferruginea (Schrad.) Schrad. ex DC Cassia 4 1,418 5 1,773 1,869 0,935 1,399 1,792 2,818 3,566 4,687 4,500 Nectandra oppositifolia Nees. Canelão 3 1,064 2,804 0,559 1,623 4,427 Alchornea glandulosa Poepp. & Endl. Tapiá 3 1,064 1,869 1,108 2,171 4,041 Vitex megapotamica (Spreng.) Moldenke Tarumã 2 0,709 1,869 1,069 1,778 3,648 Cedrela fissilis Vell. Cedro 2 0,709 1,869 1,031 1,740 3,609 Maytenus robusta Reiss Soroceae blompandii ( Baill.) Burger, Lanjow & Boer Cafezinho 3 1,064 1,869 0,396 1,460 3,329 Chincho 2 0,709 1,869 0,375 1,084 2,953 Agonandra sp Quina 2 0,709 1,869 0,304 1,013 2,882 Sapium aff glandulatum (Vell.) Pax Pau de leite 3 1,064 0,935 0,835 1,899 2,833 Guarea guidonia (L.). Guarea 2 0,709 1,869 0,232 0,941 2,810 Esenbeckia grandiflora Mart. Pau de cutia 2 0,709 1,869 0,076 0,785 2,654 Aspidospema sp Guatambu 2 0,709 0,935 0,711 1,420 2,354 Nectandra sp Canela 2 0,709 0,935 0,416 1,125 2,060 Inga sp Ingá 1 0,355 0,935 0,745 1,100 2,034 Syagrus romanzoffiana (Charm.) Glassma Jerivá 2 0,709 0,935 0,269 0,978 1,913 Prunus sellowii Koehne Pessegueiro 1 0,355 0,935 0,616 0,971 1,905 Ixora gardneriana Ixora arbórea 1 0,355 0,935 0,383 0,738 1,673 Myrciaria sp Indeterminada 1 Jabuticaba desconhecida 1 1 0,355 1 0,355 0,935 0,935 0,245 0,244 0,600 0,598 1,535 1,533 Continua... Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 121 QUADRO 5.3.1.2.7 PARÂMETROS FITOSSOCIOLÓGICOS DO FRAGMENTO LESTE Espécies Nome Popular Nº DR% FR% DoR% IVC% IVI% Ilex cerasifolia Congonha 1 0,355 0,935 0,204 0,559 1,493 Dracena arborea (Willd.) Link Dracena 1 0,355 0,935 0,204 0,559 1,493 Machaerium villosum Vogel Jacarandá paulista 1 0,355 0,935 0,200 0,555 1,490 Platymiscium aff floribundum Vogel Sacambu 1 0,355 0,935 0,188 0,542 1,477 Annona sp Falso caquizinho 1 0,355 0,935 0,070 0,425 1,359 Pterodon emarginatus Sucupira branca 1 0,355 0,935 0,061 0,416 1,351 Psidium sp Goiaba 1 0,355 0,935 0,035 0,389 1,324 Casearia gossypiosperma Pau - espeto 1 0,355 0,935 0,025 0,379 1,314 Ocotea sp Canela 1 0,355 0,935 0,022 0,376 1,311 100 100 200 300 Total 282 100 N – Número de indivíduos; DR – Densidade relativa (em %); FR – Freqüência relativa (em %); DoR – Dominância relativa (em %); IVC Índice de valor de cobertura e o IVI – Índice de valor de importância. Cobertura vegetal encontrada na área do empreendimento A propriedade da VOTORANTIM CIMENTOS totaliza 205,2ha, e esta localizada a aproximadamente a 1,5km da Rodovia SP-280 (Castello Branco). Boa parte da área do imóvel é ocupada por remanescente vegetação nativa secundária entremeada por reflorestamentos homogêneos de eucalipto (FOTO 5.3.1.1 e 5.3.1.2). Os reflorestamentos homogêneos de eucalipto ocupam uma área de aproximadamente 56ha ou 26% da propriedade, podendo ser observados em todas as porções da propriedade. A espécie de eucalipto além de ter uma madeira de boa qualidade e ser atualmente muito requisitada no mercado, se caracteriza pelo seu rápido desenvolvimento. Desta forma, essas florestas plantadas visam suprir principalmente os mercados de indústrias de papel e celulose, siderurgia a carvão vegetal e pequenos comércios (pizzarias, restaurantes, padarias, entre outros) que utilizam a madeira como lenha. FOTO 5.3.1.1 – Vista de um reflorestamento de eucalipto localizado na porção nordeste da propriedade da VOTORANTIM CIMENTOS, próximo a área de lavra. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP FOTO 5.3.1.2 – Vista do reflorestamento de eucalipto localizado na porção noroeste da propriedade, próximo as instalações de infraestrutura do empreendimento. 122 Os remanescentes de Floresta Estacional Semidecidual encontrados na área da propriedade, sofreram historicamente diferentes tratamentos de modo que atualmente encontramos fragmentos em diversos tamanhos e estágios de conservação. A vegetação nativa encontrada mais próxima a cava de calcário, é a que sofre diariamente uma maior interferência do empreendimento, por isso, concentra os fragmentos menos conservados da propriedade, podendo ser classificado de acordo com a Resolução Conjunta SMA/IBAMA 01/1994 como vegetação secundária em estágio inicial de regeneração. É esta vegetação que pretende suprimida parcialmente em virtude da expansão da cava de calcário. Nesse contexto, destaca-se o Fragmento Sul, alvo de um dos inventários fitossociológicos realizados na área do empreendimento. Este se caracteriza pela formação florestal baixa, com apenas um estrato arbóreo ainda indefinido, os indivíduos arbóreos não ultrapassam os 10m de altura, ficando o Diâmetro a Altura do Peito – DAP médio em torno de 10cm (FOTO 5.3.1.3 e 5.3.1.4), o sub-bosque é bastante denso com os indivíduos arbustivos e arbóreos jovens muito próximo um dos outros. A presença de epífitas é quase nula e as lianas aparecem em alta densidade, quase sempre na forma herbácea, devido à alta intensidade de luz que penetra na mata, dificultando o deslocamento no interior da mata. A serrapilheira é formada por uma camada fina pouco decomposta, sendo que em muitos pontos ela deixa de ser contínua (FOTO 5.3.1.5 e 5.3.1.6). Neste fragmento se destacam as espécies pioneiras e as secundárias iniciais, que apresentam rápido crescimento e são menos exigentes, além de algumas espécies exóticas frutíferas como abacate, banana e nêspera que foram introduzidas neste fragmento. FOTO 5.3.1.3 – Vista do Fragmento Sul caracterizado como vegetação secundária em estágio inicial de regeneração. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP FOTO 5.3.1.4 – Vista de outro ângulo do mesmo fragmento, na qual se observa a descontinuidade do dossel. 123 FOTO 5.3.1.5 – Interior do Fragmento Sul, onde se observa a presença de cipós que dificultam o deslocamento no interior da mata. FOTO 5.3.1.6 - Interior do Fragmento Sul, com presença de indivíduos de DAP médio inferior a 10cm. Há alta intensidade de luz que penetra na vegetação e no é sub-bosque bastante denso. Os remanescentes nativos classificados como secundário em estágio médio de regeneração encontram-se mais afastados da cava de calcário em locais aonde a topografia é mais acidentada, principalmente na porção oeste da propriedade, podendo se destacar o fragmento atrás das áreas de britagem (FOTO 5.3.1.7). Outro atenuante que condicionou este remanescente a um estágio sucessional mais avançado que os outros é o fato de ele estar em contato direto outro remanescente florestal adjacente existente na propriedade do Instituto Butantã (adjacente a do empreendimento), formando um maciço florestal contínuo e bem conservado. Visto a importância biológica deste remanescente florestal para a biodiversidade da região, foi proposta pela VOTORANTIM CIMENTOS a averbação como Reserva Legal deste e de mais dois fragmentos também caracterizados no mesmo estágio sucessional de conservação que se encontram próximos a este remanescente, que somados totalizam 65,50ha, cumprindo com uma das exigências do TCRA nº 92/2007. Esta proposta já foi aceita pelo Departamento Estadual de Proteção de Recursos Naturais – DEPRN, com a emissão do Termo de Responsabilidade de Preservação de Reserva Legal nº 67/07. FOTO 5.3.1.7 – Vista do remanescente de vegetação nativa localizado atrás das áreas de britagem que será averbado como Reserva Legal. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 124 Outro remanescente de vegetação nativa que pode ser classificado como secundário em estágio médio de regeneração, e que vale ressaltar, é aquele que se encontra na porção leste da propriedade entremeado a plantios de eucalipto, denominado neste estudo de Fragmento Leste. Este fragmento também foi alvo de inventário florestal, pois devido a sua proximidade com a cava de calcário parte deverá ser suprimida para a ampliação do empreendimento. Este remanescente de vegetação nativa apresenta uma fisionomia florestal com um dossel bem definido, formados por indivíduos de que ultrapassam os 10m de altura. Pode se observar até 3 estratos arbóreos, sendo que o Diâmetro a Altura do Peito (DAP) médio chega atingir 20cm. As copas das árvores começam a se sobrepor, diminuindo a entrada de luz no interior da floresta, deixando o sub-bosque menos emaranhado, com isso, começa a aparecer espécies arbustivas umbrófilas, principalmente das famílias piperaceae, melastomataceae e asteraceae (FOTO 5.3.1.8 e 5.3.1.9). Os cipós passam a aparecer em menor densidade, geralmente na forma lenhosa e a serrapilheira é contínua em toda extensão do fragmento, entretanto, as epífitas são raramente observadas no interior desse fragmento. FOTO 5.3.1.8 – Interior do remanescente classificado como vegetação secundária em estágio médio de regeneração que sofrerá interferência com a ampliação do empreendimento. FOTO 5.3.1.9 – Interior do Fragmento Leste, onde se observa a presença de indivíduos umbrófilos no sub-bosque. A VOTORANTIM CIMENTOS também realiza nos limites de sua propriedade trabalhos revegetação, referente ao cumprimento do TCRA nº 24/04. Este termo foi cumprindo época, entretanto, solicitou-se a mudança do local de recuperação para um depósito disposição de material estéril (bota-fora) já desativado, que está localizado na porção sul propriedade e será recuperado com o plantio de mudas de espécies arbóreas nativas região. de na de da da A recuperação desse depósito de estéril começou a ser executada em julho de 2006, com o plantio da espécie Avena stringosa (aveia preta) nos taludes do deposito de estéril, espécie utilizada com objetivo de melhorar a fertilidade do solo e estabilizar os taludes, preparando o solo para posteriormente ser efetuado o plantio das mudas (FOTO 5.3.1.10). Desta forma, no final do ano de 2007 e início de 2008 com o solo já mais estruturado começaram os Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 125 plantios com mudas de espécies arbóreas nativas nos taludes, nas bermas e no platô do depósito de estéril (FOTO 5.3.1.11 e 5.3.1.12). FOTO 5.3.1.10 – Talude do depósito de estéril que está sendo recuperado, coberto pela espécie Avena stringosa (aveia preta). FOTO 5.3.1.11 – Platô do depósito de estéril devidamente revegetado, cada estaca de bambu com o ápice pintado de branco significa uma muda. FOTO 5.3.1.12 – Vista de muda de espécie nativa plantada no talude do depósito de estéril para revegetação da área. Áreas que sofrerão interferência com a ampliação do empreendimento De acordo com os levantamentos realizados em campo, estima-se que a ampliação do empreendimento acarretará modificações na cobertura do solo existente, sendo que para a ampliação da cava de calcário será necessária a interferência no uso do solo em área de aproximadamente 11,90 ha. Contudo, somando as ampliações dos depósitos de estéril I, II, III e IV (bota-fora) e a cava de calcário, a interferência no uso do solo atual totalizará cerca de 24,81 ha. No QUADRO 5.3.1.8 é apresentada a quantificação das interferências no uso do solo necessárias para a ampliação das atividades do empreendimento. Estas interferências podem ser observadas no DESENHO 768.E.0.0-EIA-02. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 126 QUADRO 5.3.1.8 RELAÇÃO DE ÁREAS A SEREM INTERFERIDAS COM A AMPLIAÇÃO DO EMPREENDIMENTO COBERTURA DO SOLO CAVA (ha) BOTA-FORA I E II BOTA-FORA III BOTA-FORA IV TOTAL Vegetação secundária (inicial) 4,30 ha 0,29 ha - - 4,59 ha Vegetação secundária (médio) 1,62 ha 0,05 ha - 0,51 ha 2,18 ha Eucalipto 1,25 ha - - 2,59 ha 3,84 ha Áreas antropizadas 4,73 ha 1,62 ha 4,73 ha 3,12 ha 14,20 ha 11,90 ha 1,96 ha 4,73 ha 6,22 ha 24,81 ha TOTAL Fonte: PROMINER PROJETOS LTDA., 2008. Observa-se que a ampliação do empreendimento interferirá, em sua maior parte, em 14,20 ha de áreas quase que exclusivamente antropizadas, constituídas por campo antrópico e mineração, além de 3,84ha de áreas de eucalipto. Entretanto, será necessária a supressão de 6,77 ha de vegetação nativa, sendo 4,59 ha de vegetação secundária em estágio inicial de regeneração e 2,18 ha de vegetação secundária em estágio médio de regeneração, para as quais são previstas as medidas mitigadoras apresentadas no capítulo 8. Considerações Finais De acordo com os estudos realizados na área, a ampliação do empreendimento irá acarretar impactos de baixa magnitude em nível regional com relação à vegetação nativa que ocorre na área, muito embora haja necessidade de supressão de 6,77 ha de vegetação nativa. Entretanto, cabe ressaltar que a maioria das áreas a serem afetadas foram preteritamente antropizadas, abrigando algumas espécies exóticas, além disso, os remanescentes nativos de maior importância biológica encontrados na área do empreendimento serão protegidos com a averbação da Reserva Legal da propriedade, preservando assim a biodiversidade local. Outras discussões que contemplem a flora em estudo são abordadas no capítulo 5, referente à ecologia da paisagem. Para os impactos que não poderão ser suficientemente mitigados, são apresentadas no capítulo 8 deste EIA as medidas compensatórias propostas pela VOTORANTIM CIMENTOS. 5.3.2. Fauna Hoje restam 8% da mata original do Bioma Mata Atlântica, que apresenta aproximadamente 31,4% de espécies endêmicas da fauna. São 8000 espécies de plantas e 567 de vertebrados endêmicos registrados. A maior parte dos remanescentes da Mata Atlântica encontra-se na forma de pequenos fragmentos, altamente perturbados, isolados e pouco protegidos (VIANA, 1995). Áreas de endemismo já sofreram perda de quase toda a sua cobertura florestal e, consequentemente, perderam também as espécies da fauna associadas a ela. Atualmente, mais de 530 espécies da fauna da Mata Atlântica sofrem alguma ameaça de extinção. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 127 As características ecológicas e biológicas de determinadas espécies podem revelar o grau de alteração de um hábitat. Algumas espécies de aves, por exemplo, são favorecidas com a fragmentação, pois com a supressão de vegetação, surgem espécies de plantas arbustivas importantes para a dieta de espécies mais generalistas. Outros grupos, como os carnívoros de topo de cadeia, que têm como uma de suas necessidades grandes áreas de vida, são os primeiros a desaparecer com a alteração de seu hábitat. Estudar os aspectos biológicos e ecológicos que envolvem a flora e fauna é a forma mais simples de descrever a comunidade e a diversidade regional (MAGURRAN, 1988). Diversos grupos da fauna são excelentes indicadores ambientais, como aves, mamíferos e insetos. Um estudo que tenha como objetivo inventariar espécies da fauna terrestre de um determinado local certamente terá ferramentas suficientes para analisar as condições de um ambiente terrestre. Para o estudo da fauna terrestre, foram escolhidos os seguintes grupos: répteis e anfíbios (Herpetofauna), aves (Avifauna) e mamíferos não-voadores e voadores (Mastofauna). Cada grupo foi estudado por um especialista e seguiu as metodologias adequadas para cada táxon. A área selecionada para estudo da fauna terrestre foi toda a propriedade da VOTORANTIM CIMENTOS (DESENHO 768.E.0.0-EIA-01), incluindo as áreas de vegetação natural em diferentes estágios de conservação e os corpos d’água. Em geral, foram instaladas armadilhas em dois remanescentes florestais, um na porção leste e outro na porção oeste da cava. A descrição detalhada destes dois remanescentes encontra-se no item Flora 5.3.1. Para a captura, coleta e transporte do material biológico referente aos grupos da fauna estudados, foi solicitada ao IBAMA obtida a “Autorização para captura/coleta/transporte em empreendimento”, e emitida a licença n° 0319/2007-SUPES/SP, processo IBAMA n°02027.002794/2007-58, conforme apresentado no ANEXO 04. • 5.3.2.1. Herpetofauna O estudo de anfíbios e répteis dentro da zoologia é chamado de herpetologia, do grego herpes, que significa coisa rastejante, que dá medo. A herpetofauna representa uma forma diferente de exploração do ambiente terrestre daquela adotada pelas aves e mamíferos (POUGH et al., 2001). O principal fator que determinou a história biológica destes animais é o controle e manutenção da temperatura interna do corpo. Enquanto aves e mamíferos dependem da energia obtida dos alimentos ingeridos para manter a temperatura corpórea constante, os anfíbios e répteis dependem diretamente da temperatura do meio ambiente para manter a sua temperatura corpórea na medida ideal. A herpetofauna é um grupo proeminente em quase todas as comunidades terrestres, sendo que atualmente são conhecidas cerca de 6.000 espécies de anfíbios (FROST, 2006) e mais de 8.000 espécies de répteis (UETZ et al., 1995). Mais de 80% da diversidade dos dois grupos ocorrem em regiões tropicais (POUGH et al., 2001), cujas paisagens naturais estão sendo rapidamente destruídas pela ocupação humana. As modificações do hábitat, causadas pelas atividades humanas, têm constantemente causado mudanças na composição de comunidades de anfíbios e répteis (POUGH et al., 2001). Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 128 Os anfíbios, em particular, por apresentarem características como ciclo de vida dependente do meio aquático e terrestre, pele altamente permeável, baixa mobilidade, alta diversidade de modos reprodutivos e requerimentos fisiológicos especiais, são muitas vezes bastante vulneráveis à ação antrópica (DUNSON et al., 1992; TOCHER et al., 1997), tendo sua diversidade e distribuição negativamente afetada pelas alterações ambientais (BEEBEE, 1996; POUGH et al., 2001; KRISHNAMURTHY, 2003). As conseqüências imediatas da destruição das paisagens naturais são a remoção das populações e o seu isolamento nos fragmentos remanescentes. No Brasil, são conhecidas atualmente 814 espécies de anfíbios e 684 de répteis (SBH, 2007). No Estado de São Paulo, a Classe Amphibia está representada pela ordem Anura (sapos, rãs e pererecas) e Gymnophiona (cobra cega). A ordem Caudata (salamandras) não ocorre no estado. Dados da literatura e de acervos de museus indicam a ocorrência de 186 espécies de répteis no Estado de São Paulo: dois jacarés, 11 quelônios, 10 anfisbenídeos, 38 lagartos e 125 serpentes, correspondendo a 40% das espécies registradas para o Brasil e aproximadamente 3% da diversidade mundial de répteis (MARQUES et al., 1998). Apesar da riqueza de espécies de répteis e de um alto número de endemismos, aspectos básicos sobre taxonomia, ecologia, composição de espécies, dinâmica e estrutura de comunidades são ainda desconhecidos (ROCHA, 2000; SAZIMA, 2001). Algumas espécies, provavelmente endêmicas do Estado de São Paulo, estão desaparecidas e talvez extintas. Diversas espécies parecem estar sofrendo declínios populacionais no Estado de São Paulo, bem como em outras regiões da Mata Atlântica. Como conseqüência do desmatamento, as espécies de sapos de áreas abertas, como aquelas originalmente cobertas por cerrados, têm expandido geograficamente os seus limites, em detrimento das espécies de mata. Com os desmatamentos promovidos pelo homem, espécies ecologicamente mais generalistas de áreas abertas como Leptodactylus fuscus e Physalaemus cuvieri foram beneficiadas, passando a ocorrer também nas áreas cobertas por matas anteriormente. Ao mesmo tempo, algumas espécies de mata, que ocorrem em clareiras naturais se adaptaram às novas condições dos ambientes abertos, como no caso de Hypsiboas faber. Certamente diversas espécies de sapos do Estado de São Paulo foram extintas antes que especialistas pudessem ter acesso a alguns exemplares (HADDAD, 1998). Devido à avançada descaracterização da vegetação do interior paulista e à carência de inventários da anurofauna, estudos recentemente desenvolvidos no interior do estado não foram capazes de avaliar uma possível perda e/ou substituição de espécies (VASCONCELOS e ROSSA-FERES, 2005; SANTOS et al., no prelo). Desta forma, somente o desenvolvimento de estudos em áreas referência, como os últimos remanescentes desse tipo de floresta, poderão fornecer dados para futuras comparações (SANTOS et al., no prelo). Herpetofauna Regional Visando a complementação dos dados primários, foi realizado o levantamento das espécies de anfíbios e répteis por meio de dados secundários advindos de exemplares presentes nas coleções do Instituto Butantan e por consulta aos livros Tombo de Anfíbios, Squamata, Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 129 Chelonia e Crocodylia da Coleção Herpetológica do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP). Foram levantadas espécies do município onde está instalado o empreendimento e os municípios vizinhos, a saber: 1 – Araçariguama, 2 – Alumínio, 3 – Mairinque, 4 - São Roque, 5 – Sorocaba. Apesar da utilização de coleções como fontes de dados secundários representar uma alternativa bastante interessante para o levantamento da herpetofauna, esse método de amostragem apresenta algumas particularidades inerentes à formação de uma coleção zoológica que devem ser destacadas. As coleções (ex. MZUSP, Butantan) apresentam registros de espécimes de um período que ultrapassa um século de coleta, o que pode acarretar na inclusão de espécies amostradas em condições de ocupação e conservação da região de interesse bastante distinta da encontrada atualmente e, portanto, com uma composição faunística também diferente. Além disso, algumas mudanças taxonômicas ocorreram no decorrer dos anos de existência dessas coleções, o que pode resultar na listagem de algumas espécies que, atualmente, foram invalidadas, sinonimizadas ou divididas em mais de um táxon. Sempre que possível, essas informações foram corrigidas e atualizadas. Entretanto, em alguns casos, essa prática torna-se impossível sem a verificação de cada um dos espécimes, o que é pouco viável, dado o tamanho da coleção. Eventuais falhas na determinação do nome específico correto também podem acontecer, já que esse procedimento vem sendo realizado por diversos especialistas do Instituto ao longo dos anos. Através do levantamento de dados secundários, foram obtidos registros de cinco espécies de anuros de provável ocorrência na Área de Influência Indireta do Empreendimento (QUADRO 5.3.2.1). Estas espécies foram amostradas para os municípios localizados próximos a Araçariguama e em sua maioria são generalistas na sua preferência de ambientes. Da consulta às coleções zoológicas do Instituto Butantan e do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo foi constatada a presença de 20 espécies de serpentes e dez espécies de lagartos de provável ocorrência na Área de Influência Indireta do Empreendimento (QUADRO 5.3.2.1.1). Os registros de serpentes representam as famílias Boidae (uma espécie), Colubridae (16 espécies), Elapidae (uma espécie) e Viperidae (duas espécies). Os registros de lagartos representam as famílias Amphisbaenidae (duas espécies), Anguidae (duas espécies), Leiosauridae (uma espécie), Polychrotidae (uma espécie), Scincidae (uma espécie), Teiidae (duas espécies) e uma espécie da família Tropiduridae. A maioria das espécies de serpentes e de lagartos registradas possui hábitos florestais, algumas são arborícolas (Chironius bicarinatus, Chironius exoletus Spilotes pullatus e Urostrophus vautieri) outras terrícolas (Bothrops jararaca, Bothrops moojeni, Sibynomorphus mikanii e Ophiodes fragilis). Estas espécies caracterizam bem as formações florestais do interior do estado (ver SAZIMA e HADDAD, 1992; SAZIMA, 2001). Algumas espécies podem ser encontradas nas formações abertas assim como nas bordas das matas e clareiras, como é o caso de Oxyrhopus guibei, Phylodrias olfersii, Mabuya frenata e Tupinambis teguixim. De forma inversa, existem espécies que estão sempre associadas a formações vegetais abertas e possuem hábitos mais generalistas, como Liophis typhlus, Phylodryas Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 130 patagoniensis e Ameiva ameiva. Estas estão sendo favorecidas pela ampliação dos seus ambientes como produto das atividades humanas. QUADRO 5.3.2.1.1 HERPETOFAUNA DOS MUNICÍPIOS DA REGIÃO Anfíbios Hylidae Dendropsophus minutus Hypsiboas pardallis Hypsiboas pulchelus Scinax fuscovarius Scinax x-signatus Serpentes Boidae Boa constrictor Colubridae Apostolepis assimilis Chironius bicarinatus Chironius exoletus Chironius flavolineatus Helicops modestus Imantodes cenchoa Liophis almadensis Liophis poecilogyrus Liophis miliaris Liophis typhlus Oxyrhopus guibei Philodryas olfersii Philodryas patagoniensis Sibynomorphus mikanii Spilotes pullatus Thamnodynastes strigatus Tomodon dorsatus Elapidae Micrurus frontalis Viperidae Bothrops jararaca Bothrops moojeni Bothrops jararacussu Bothrops alternata Crotalus durissus Lagartos Amphisbaenidae Amphisbaena alba Amphisbaena dubia Anguidae Ophiodes fragilis Ophiodes striatus Leiosauridae Urostrophus vautieri Polychrotidae Polychrus acutirostris Scincidae Mabuya frenata Teiidae Ameiva ameiva Tupinambis merianae Tupinambis teguixin Tropiduridae Tropidurus itambere Nome popular Município Registro perereca perereca perereca perereca perereca 4 5 5 5 5 S2 S2 S2 S2 S2 jibóia 1 S1, S2;E coral cobra-cipó cobra-cipó cobra-cipó cobra-d’água dormideira corredeira cobra-de-capim Cobra d’água cobra-verde coral cobra-verde parelheira dormideira caninana corredeira corre-campo 1, 1 1 1 1 1 1 4 1 4 1, 1 4 1, 1 1, 1, coral 1 S1 jararaca jararaca jaracussu urutu Cascavel Nome popular 1 1 1 1 1 Municípios S1;E S1 E E E Registro cobra-de-duas-cabeças cobra-de-duas-cabeças 1;2, 3, 4, 5 3 S1, S2;E S1, S2 cobra-de-vidro cobra-de-vidro 4, 5 1;4, 5 S2 S2;E camaleão 5 S2 camaleão, papa-vento 5 S2 lagartixa 1;4, 5 S2;E calango-verde teiú teiu 3, 4, 5 5 1 S2 S2 E lagartixa-preta, labigó 4, 5 S2 4 5 3, 4, 5 4 5 S1, S2 S1;E S1;E S1 S1 S1 S1 S2 E S2 S1, S2 S1;E S2 S1, S2 S1;E S1, S2 S1, S2 Fonte: PROMINER PROJETOS (1993); INSTITUTO BUTANTAN (2008) Localidades Municípios: 1-Araçariguama; 2-Alumínio; 3-Mairinque; 4-São Roque; 5- Sorocaba. Registros: S1 – Coleção Herpetológica Alphonse Richard Hoge (Instituto Butantan); S2 – Coleção herpetológica MZUSP; E – EIA/RIMA do Distrito Minerário de Araçariguama-SP. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 131 Herpetofauna local O levantamento da herpetofauna em campo (dados primários) foi realizado em duas campanhas, a primeira entre 8 e 18 de janeiro de 2008 e a segunda entre 10 e 15 de abril de 2008. Para o levantamento da herpetofauna em campo foram utilizados três métodos complementares de amostragem: i) a procura ativa; ii) “levantamento em sítio de reprodução” (survey at breeding site, sensu SCOTT Jr & WOODWARD, 1994) e iii) a coleta passiva por meio de armadilhas de interceptação e queda (CORN, 1994, CECHIN & MARTINS 2000). A amostragem de répteis e anfíbios é uma atividade que exige um alto investimento de tempo e mão-de-obra. A aplicação conjunta e complementar desses métodos maximiza o esforço de amostragem, uma vez que a eficiência de cada um deles contempla espécies de hábitos distintos. Enquanto as armadilhas de interceptação e queda amostram com eficiência espécies que se locomovem sobre o solo (CAMPBELL & CHRISTMAN, 1982; GREENBERG et al., 1994), a captura ativa permite amostrar com sucesso espécies arborícolas, aquáticas e terrestres de maior porte que não são contempladas pelo método anterior. Da mesma forma, as espécies amostradas pelas armadilhas de interceptação e queda são em sua grande parte de hábitos crípticos ou fossoriais (ENGE, 2001) e, portanto, difíceis de serem amostradas satisfatoriamente por meio da procura ativa. A captura passiva com uso de armadilhas de interceptação e queda, nesse estudo, visou amostrar os ambientes florestais. Essa metodologia consiste na utilização de baldes enterrados no substrato, conectados entre si por cercas feitas de tela e estacas que mantém a sua estrutura em pé (FOTO 5.3.2.1.1). O papel da cerca é de interceptar espécimes que se deslocam no solo, forçando-os a desviar sua trajetória na direção dos baldes, terminando por cair dentro deles. FOTO 5.3.2.1.1 - Linha de armadilhas de queda (pitfall). Para esse estudo foram selecionados dois pontos de amostragem em dois fragmentos distintos, que sofrerão influência direta do empreendimento. Em cada ponto de amostragem foi instalada uma linha de armadilhas contendo dez baldes plásticos (de 60 l) conectados por 10 m de cerca-guia, (com 0,5 m de altura), resultando em séries de 90 m de extensão (FOTO 5.3.2.1.1). Todas as armadilhas foram vistoriadas diariamente durante as Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 132 campanhas de campo. Cada localidade foi amostrada por dez dias na primeira campanha de campo gerando um esforço de 100 baldes-dia em cada fragmento e 200 dias-baldes no total. Na segunda campanha de campo, realizada entre 10 e 15 de abril de 2008, as armadilhas ficaram abertas por cinco dias, gerando um esforço de 50 baldes-dia em cada fragmento e 100 dias-baldes no total. A procura ativa consistiu em censos nos fragmentos estudados. Foram considerados nesses censos animais avistados, mas não coletados, exemplares encontrados nas estradas atropelados ou trazidos por terceiros, e espécies identificadas através de vocalização, no caso dos anuros. O método de “levantamento em sítio de reprodução” consistiu em localizar e percorrer o perímetro de corpos d’água disponíveis na área de influência dos empreendimentos (brejos, córregos, lagoas e poças) (FOTO 5.3.2.1.2 a 5.3.2.1.6) durante o período crepuscular e noturno. Durante a realização do percurso, foram consideradas todas as espécies registradas por visualização ou pela emissão de vocalização. FOTO 5.3.2.1.2 – Método de procura ativa de herpetofauna. Foram selecionados três locais principais de amostragem próximas a corpos d’água, áreas alagadas e açudes artificiais, habitats preferidos pelos anfíbios (QUADRO 5.3.2.1.2, FOTO 5.3.2.1.3 a 5.3.2.1.6). Para o levantamento da herpetofauna nos corpos d’água, cada um destes locais foi amostrado por quatro horas aproximadamente, duas horas em cada campanha. A caracterização da fauna de serpentes através dos métodos de amostragem mencionados acima é, em geral, pouco eficiente, dada a dificuldade de se capturar esses animais em armadilhas de queda e aos encontros em buscas ativas serem muito fortuitos e ocasionais devido ao hábito discreto da maior parte das espécies (AMARAL, 1924; VANZOLINI et al, 1980; FITCH, 1987). Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 133 QUADRO 5.3.2.1.2 LOCAIS DE AMOSTRAGEM PASSIVA E ATIVA DA HERPETOFAUNA Ponto Local Coordenadas 1 Fragmento 1 23K0291805 7401781 2 Fragmento 2 23K0292357 7402204 3 Lagoa do Tico 23K0292101 7401472 4 Córrego/brejo escoamento 1 23K0291427 7402755 Córrego/brejo escoamento 2 23K0291365 7402929 5 Brejo escola 23K0292775 7401942 Fonte: PROMINER PROJETOS (2008) FOTO 5.3.2.1.3 – Lagoa amostrada próxima à área do empreendimento. FOTO 5.3.2.1.4 – Ribeirão Araçariguama amostrado na propriedade do empreendimento FOTO 5.3.2.1.5 – Brejo amostrado na área do empreendimento. FOTO 5.3.2.1.6 – Poça formada pelo ribeirão Araçariguama Resultados Através de dados primários foram registradas 14 espécies de anfíbios (seis famílias), todos pertencentes à ordem Anura (QUADRO 5.3.2.1.3) e três espécies de répteis, sendo todos lagartos (três famílias). Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 134 QUADRO 5.3.2.1.3 HERPETOFAUNA DA ÁREA DIRETAMENTE AFETADA TÁXON NOME POPULAR MÉTODO ESTAÇÃO CHUVOSA ESTAÇÃO SECA LSR A5 - LSR C3,4,5 - LSR C3,4,5 A5 LSR C3,4,5 B3,4,5 Hylidae Aplastodiscus leucopygius Dendropsophus minutus pererequinha Dendropsophus sanborni Hypsiboas albopunctatus LSR B3,4,5 Hypsiboas faber Hypsiboas bischoffi sapo-ferreiro LSR B4,5 Hypsiboas prasinus LSR A5 Brachycephalidae Ischnocnema juipoca LSR, PA B1,2,3,4,5 - Eleutherodactylus binotatus AR, PA - A1 sapo-de-chifre LSR A5 - rã-chorona LSR C3,4,5 - rã-assoviadora LSR, PA C3,4,5 - rã-pimenta LSR, AR, PA B1,2,3,4,5 A2,4 rã-touro LSR A1 - 12 5 Cycloramphidae Proceratophrys boiei Leiuperidae Physalaemus cuvieri Leptodactylidae Leptodactylus fuscus Leptodactylus marmoratus Ranidae Lithobates catesbeianus TOTAL ANUROS Anguidae Ophiodes sp.* cobra de vidro procura ativa A5 - camaleão procura ativa A5 A5 * * 3 2 Leiosauridae Anisolepis grilli Teiidae Tupinambis merianae** teiú TOTAL LAGARTOS Fonte: PROMINER PROJETOS (2008) *avistado, porém não capturado; **informações de funcionários da VOTORANTIM. Método: LSR- levantamento em sítio de reprodução; PA – procura ativa; AR – armadilhas de queda. A – Menos de 5 indivíduos, B – entre 5 e 10 indivíduos, C – mais de 10 indivíduos. Anfíbios anuros Das 14 espécies de anuros registradas, 13 foram amostradas pelo método de levantamento em sítio de reprodução (QUADRO 5.3.2.1.3). Ao longo dos quinze dias em que permaneceram abertas, as armadilhas de queda capturaram apenas dois indivíduos de duas espécies de sapo (Eleutherodactylus binotatus e Leptodactylus marmoratus). Esse resultado é bastante surpreendente e indica a pequena abundância de anuros e lagartos nos remanescentes florestais mais próximos ao empreendimento, possivelmente reflexo da operação atual da mina, juntamente com a pequena porcentagem de vegetação e corpos d’água no local e entorno, fundamentais para os anfíbios. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 135 A família de Anura mais representativa em número de espécies na área de influência do empreendimento foi a Hylidae, representando mais de 50% das espécies registradas (FIGURA 5.3.2.1.1), seguida por Leptodactylidae e Brachycephalidae (14% cada). Essa dominância dos hilídeos está dentro do padrão encontrado para assembléias de anuros das florestas tropicais. Ao contrário, a riqueza amostrada na área de Influência do empreendimento é muito baixa para o bioma Mata Atlântica, mesmo que bastante antropizada. 60% 51% 50% 40% 30% 20% 14% 14% 7% 10% 7% 7% Ra ni da e ae Le iu pe rid Hy l id ae Le pt od ac ty l id ae Br ac hy ce ph al id ae Cy clo ra m ph id ae 0% FIGURA 5.3.2.1.1 - Porcentagem das famílias de anuros registradas na área de influência do empreendimento. A riqueza de anfíbios registrada na primeira campanha de campo (12 espécies) foi maior que na segunda (cinco espécies). Essa diferença poderia ser creditada ao maior esforço realizado na primeira campanha, principalmente para a amostragem realizada por armadilhas de queda. Mas no presente estudo a maior riqueza não foi reflexo da diferença de esforços, pois nenhum indivíduo foi capturado pelas armadilhas na primeira campanha, e sim pelos métodos de procura ativa e levantamento em sítio de reprodução, que teve esforço similar entre as campanhas. Essa diferença pode ser explicada pelo padrão sazonal dos anfíbios, que são animais mais ativos nas épocas mais quentes e úmidas do ano, como em janeiro. Das doze espécies de anuros amostradas na primeira campanha em janeiro, apenas três foram registradas novamente em abril, e das cinco espécies registradas na segunda campanha, duas ainda não tinham sido registradas (Eleutherodactylus binotatus e Hypsiboas prasinus). A anurofauna amostrada na Área de Influência Direta do empreendimento é composta principalmente por espécies de ampla distribuição na América do Sul (Hypsiboas albopuctatus, Hypsiboas bichoffi, Dendropsophus minutus, Dendropsophus sanborni, Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 136 Physalaemus cuvieri, Ischnocnema juipoca, Leptodactylus fuscus) (FROST, 2006), generalistas quanto ao uso de hábitat e típicas de áreas abertas naturais ou de origem antrópica (e.g., DUELLMAN, 1999; COLLI et al., 2002; BASTOS et al., 2003; BRASILEIRO et al., 2005; VASCONCELOS e ROSSA-FERES, 2005). Inversamente, apenas cinco espécies, Aplastodiscus leucopygius, Hypsiboas faber, Proceratophrys boiei, Eleutherodactylus binotatus e Leptodactylus marmoratus, são espécies florestais que podem ser consideradas mais sensíveis e características de locais mais bem preservados. A clara dominância de espécies generalistas é reflexo da característica da região onde o empreendimento está inserido ser já bastante degradado pelas atividades humanas. Foi registrada também uma espécie exótica, a rã-touro (Lithobates catesbeianus). Essa é uma espécie de grande porte, que chega a atingir 200 mm e pesar mais de 500g (VIZOTTO, 1984). É uma espécie originária dos Estados Unidos, introduzida no Brasil em 1935 para criação e comercialização de carne. Tem se espalhado pelo território nacional através de ranários, de onde conseguem fugir. Encontra-se sempre associada a ambientes aquáticos, no Brasil reproduz duas vezes ao ano e pode chegar a depositar até cerca de 20.000 ovos por desova (VIZOTTO 1984). Na natureza, os jovens alimentam-se de insetos, os adultos de crustáceos, peixes, rãs, sapos, serpentes, pequenos quelônios, além de filhotes de aves aquáticas, roedores, morcegos e exemplares da mesma espécie (GUIX, 1990). Répteis As únicas espécies de lagartos que foram amostradas ativamente na área foram Ophiodes sp. (família Anguidae), Anisolepis grilli (família Leiosauridae) e Tupinambis merianae (família Teiidae). A espécie T. merianae pode ser encontrada em ambientes abertos assim como nos ambientes florestais, mas aparentemente tem predileção por locais abertos e bem ensolarados (ÁVILA-PIRES, 1995). Anisolepis grilli é um lagarto exclusivo da floresta atlântica do sudeste do país (ETHERIDGE e WILLIAMS, 1991) e foi registrado nas duas campanhas de campo. Com relação ao lagarto pertencente ao gênero Ophiodes, não foi possível determinar a espécie a que pertencia, pois não foi capturado. Desta forma, não foi possível fazer uso da sua presença no ambiente como indicador da qualidade da área devido a que no Estado de São Paulo ocorrem duas espécies com preferências ambientais diferentes (MARTINS, 1998). Nenhuma das espécies registradas encontra-se na lista de espécies ameaçadas para o Estado de São Paulo (SÃO PAULO, 1998) ou na lista do IBAMA (MMA, 2003). As FOTOS 5.3.2.1.4 a 5.3.2.1.13 ilustram a herpetofauna do empreendimento. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 137 FOTO 5.3.2.1.4 - Hypsiboas albopunctatus FOTO 5.3.2.1.5 - Hypsiboas bischoffi FOTO 5.3.2.1.6 - Hypsiboas prasinus FOTO 5.3.2.1.7 - Aplastodiscus leucopygius FOTO 5.3.2.1.8 - Dendropsophus minutus FOTO 5.3.2.1.9 - Dendropsophus sanborni Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 138 FOTO 5.3.2.1.10 - Physalaemus cuvieri FOTO 5.3.2.1.11 - Leptodactylus marmoratus FOTO 5.3.2.1.12 - Anisolepis grilli FOTO 5.3.2.1.13 - Anisolepis grilli 5.3.2.2. Avifauna Nas últimas décadas, o desenvolvimento do trabalho com aves em seus ambientes naturais tornou-as o grupo de preferência entre os vertebrados para avaliação e monitoramento de qualidade ambiental (ANTAS & ALMEIDA, 2003). Ainda segundo ANTAS & ALMEIDA (2003), as principais características que indicam a adequação das aves aos estudos são: 1) as espécies são primordialmente diurnas, detectáveis pela visualização ou pelo canto característico de cada espécie; 2) a grande maioria das espécies já foi catalogada cientificamente; 3) existem sistemas de trabalho em campo padronizados em escala global e 4) as aves têm seu papel no ecossistema compreendido. Os mecanismos de ajuste entre as espécies são precisos, e o conhecimento de sua organização nas comunidades locais possibilita, após definirmos seus padrões básicos, seu uso como indicadores biológicos (ANTAS & ALMEIDA, 2003). Sendo assim, alterações detectadas nesses padrões permitem uma avaliação de efeitos de modificações ambientais, sejam de cunho natural, sejam resultantes de ação humana e assim, as aves vão fornecer informações sobre a qualidade dos ecossistemas. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 139 Para a caracterização da avifauna da Área de Influência Indireta utilizaram-se dados secundários oriundos da Serra do Japi e arredores (SILVA, 1992) e da Reserva Florestal do Morro Grande (DEVELEY & MARTENSEN, 2006). São encontrados na região principalmente remanescentes de Floresta Estacional Semidecidual. Segundo dados secundários ocorrem 281 espécies de aves, sendo que a Serra do Japi e na Reserva Florestal do Morro Grande foram registradas, respectivamente, 203 e 198 espécies. A RF do Morro Grande destacou-se em relação ao número de espécies endêmicas do Bioma da Mata Atlântica (n = 64 – QUADRO 5.3.2.2.1; BENCKE et al., 2006), enquanto que a Serra do Japi apresentou 39 espécies endêmicas deste Bioma. O número representativo de espécies endêmicas da RF Morro Grande pode estar relacionado à maior proximidade com a Serra do Mar. Das 281 espécies anotadas, 26 estão presentes em alguma categoria de ameaça, incluindo a categoria de espécies provavelmente ameaçadas de extinção (QUADRO 5.3.2.2.1). O maior número de espécies ameaçadas foi registrado na RF Morro Grande (n = 22), enquanto que na Serra do Japi foram registradas apenas 8 (oito) espécies em alguma categoria de ameaça. Entre estes registros destacaram-se: o gavião-pombo-pequeno (Leucopternis lacernulatus), o sabiá-cica (Triclaria malachitacea), o tropeiro-da-serra (Lipaugus lanioides), o chibante (Laniisoma elegans) e o patinho-gigante (Platyrinchus leucoryphus), espécies presentes nas três listas vermelhas. QUADRO 5.3.2.2.1 ESPÉCIES DE AVES ENDÊMICAS E AMEAÇADAS DA ÁREA DE INFLUÊNCIA INDIRETA NOME DO TÁXON Penelope obscura Temminck, 1815 Odontophorus capueira (Spix, 1825) Sarcoramphus papa (Linnaeus, 1758) Pandion haliaetus (Linnaeus, 1758) Leptodon cayanensis (Latham, 1790) Leucopternis lacernulatus (Temminck, 1827) Spizaetus tyrannus (Wied, 1820) Aramides saracura (Spix, 1825) Geotrygon violacea (Temminck, 1809) Pyrrhura frontalis (Vieillot, 1817) Brotogeris tirica (Gmelin, 1788) Pionopsitta pileata (Scopoli, 1769) MORRO GRANDE STATUS jacuaçu X QA (SP) uru X EA NOME EM PORTUGUÊS urubu-rei SERRA DO JAPI X EP (SP) águia-pescadora X QA (SP) gavião-de-cabeça-cinza X QA (SP) gavião-pombo-pequeno X EA; VU(BR;GL);CP(SP) X QA (BR);VU (SP) X EA gavião-pega-macaco X saracura-do-mato juriti-vermelha X VU(SP) tiriba-de-testa-vermelha X EA periquito-rico X EA cuiú-cuiú X EA; VU (SP) Continua… Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 140 QUADRO 5.3.2.2.1 ESPÉCIES DE AVES ENDÊMICAS E AMEAÇADAS DA ÁREA DE INFLUÊNCIA INDIRETA NOME DO TÁXON Triclaria malachitacea (Spix, 1824) Pulsatrix koeniswaldiana (Bertoni & Bertoni, 1901) Macropsalis forcipata (Nitzsch, 1840) Phaethornis eurynome (Lesson, 1832) Florisuga fusca (Vieillot, 1817) Thalurania glaucopis (Gmelin, 1788) Leucochloris albicollis (Vieillot, 1818) Trogon surrucura Vieillot, 1817 aurantius Malacoptila striata (Spix, 1824) Ramphastos dicolorus Linnaeus, 1766 Picumnus temminckii Lafresnaye, 1845 Veniliornis spilogaster (Wagler, 1827) Piculus aurulentus (Temminck, 1821) Hypoedaleus guttatus (Vieillot, 1816) Mackenziaena leachii (Such, 1825) Mackenziaena severa (Lichtenstein, 1823) Dysithamnus stictothorax (Temminck, 1823) Myrmotherula gularis (Spix, 1825) Drymophila ferruginea (Temminck, 1822) Drymophila rubricollis (Bertoni, 1901) Drymophila ochropyga (Hellmayr, 1906) Drymophila malura (Temminck, 1825) Terenura maculata (Wied, 1831) Pyriglena leucoptera (Vieillot, 1818) Myrmeciza squamosa Pelzeln, 1868 Conopophaga lineata (Wied, 1831) Scytalopus indigoticus (Wied, 1831) Chamaeza meruloides Vigors, 1825 Sclerurus scansor (Ménétriès, 1835) Dendrocincla turdina (Lichtenstein, 1820) NOME EM PORTUGUÊS sabiá-cica murucututu-de-barrigaamarela bacurau-tesoura-gigante rabo-branco-degarganta-rajada beija-flor-preto beija-flor-de-frontevioleta beija-flor-de-papobranco SERRA DO JAPI EA; QA (BR;GL); CP (SP) X EA X EA; QA (SP) X X EA X X EA X X EA X X X tucano-de-bico-verde pica-pau-anão-decoleira picapauzinho-verdecarijó STATUS X surucuá-variado barbudo-rajado MORRO GRANDE EA X EA X EA X EA X X pica-pau-dourado EA X EA X EA; QA (GL) X EA chocão-carijó X borralhara-assobiadora X EA borralhara X EA choquinha-de-peitopintado choquinha-de-gargantapintada X X EA; QA (GL) X EA trovoada X EA trovoada-de-bertoni X EA choquinha-de-dorsovermelho X EA; QA (GL) X EA X EA X EA X EA X EA macuquinho X EA; QA (GL) tovaca-cantadora X EA X EA X EA choquinha-carijó X zidedê papa-taoca-do-sul X papa-formiga-de-grota chupa-dente vira-folha arapaçu-liso X X Continua… Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 141 QUADRO 5.3.2.2.1 ESPÉCIES DE AVES ENDÊMICAS E AMEAÇADAS DA ÁREA DE INFLUÊNCIA INDIRETA NOME DO TÁXON Xiphorhynchus fuscus (Vieillot, 1818) Lepidocolaptes squamatus (Lichtenstein, 1822) Synallaxis ruficapilla Vieillot, 1819 Cranioleuca pallida (Wied, 1831) Anabacerthia amaurotis (Temminck, 1823) Syndactyla rufosuperciliata (Lafresnaye, 1832) Philydor atricapillus (Wied, 1821) Cichlocolaptes leucophrus (Jardine & Selby, 1830) Automolus leucophthalmus (Wied, 1821) Heliobletus contaminatus Berlepsch, 1885 Mionectes rufiventris Cabanis, 1846 Hemitriccus diops (Temminck, 1822) Hemitriccus orbitatus (Wied, 1831) Hemitriccus nidipendulus (Wied, 1831) Todirostrum poliocephalum (Wied, 1831) Myiornis auricularis (Vieillot, 1818) Platyrinchus leucoryphus Wied, 1831 Muscipipra vetula (Lichtenstein, 1823) Attila rufus (Vieillot, 1819) Phibalura flavirostris Vieillot, 1816 Carpornis cucullata (Swainson, 1821) Procnias nudicollis (Vieillot, 1817) Lipaugus lanioides (Lesson, 1844) Pyroderus scutatus (Shaw, 1792) Neopelma aurifrons (Wied, 1831) Neopelma chrysolophum Pinto, 1944 Ilicura militaris (Shaw & Nodder, 1809) Chiroxiphia caudata (Shaw & Nodder, 1793) Schiffornis virescens (Lafresnaye, 1838) Laniisoma elegans (Thunberg, 1823) NOME EM PORTUGUÊS SERRA DO JAPI MORRO GRANDE STATUS arapaçu-rajado X X EA X EA X EA arredio-pálido X EA limpa-folha-miúdo X EA; QA (GL) trepador-quiete X EA limpa-folha-coroado X EA trepador-sobrancelha barranqueiro-de-olhobranco X EA X EA X EA X EA X EA X EA; QA (GL) arapaçu-escamado pichororé trepadorzinho abre-asa-de-cabeçacinza X X X olho-falso tiririzinho-do-mato X tachuri-campainha X EA teque-teque X EA miudinho X patinho-gigante tesoura-cinzenta capitão-de-saíra X tesourinha-da-mata X corocochó X X EA EA; VU(GL); QA (BR);EP(SP) X EA EA QA (GL); EP (SP) X EA; QA (GL) X X EA; VU (GL;SP) EA; QA (GL;BR); VU (SP) pavó X X EA; QA (BR); EP (SP) fruxu-baiano X araponga tropeiro-da-serra fruxu EA; VU (GL); QA (BR) X tangarazinho tangará EA X X flautim X chibante X Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP EA EA EA EA; QA (GL;BR); CP (SP) Continua… 142 QUADRO 5.3.2.2.1 ESPÉCIES DE AVES ENDÊMICAS E AMEAÇADAS DA ÁREA DE INFLUÊNCIA INDIRETA NOME DO TÁXON Pachyramphus marginatus (Lichtenstein, 1823) Hylophilus poicilotis Temminck, 1822 Orthogonys chloricterus (Vieillot, 1819) Tachyphonus coronatus (Vieillot, 1822) Thraupis cyanoptera (Vieillot, 1817) Thraupis ornata (Sparrman, 1789) Tangara seledon (Statius Muller, 1776) Tangara desmaresti (Vieillot, 1819) Tangara preciosa (Cabanis, 1850) Hemithraupis ruficapilla (Vieillot, 1818) Haplospiza unicolor Cabanis, 1851 Arremon semitorquatus Swainson, 1838 Basileuterus leucoblepharus (Vieillot, 1817) Euphonia pectoralis (Latham, 1801) NOME EM PORTUGUÊS SERRA DO JAPI caneleiro-bordado verdinho-coroado X catirumbava tiê-preto sanhaçu-de-encontroazul sanhaçu-de-encontroamarelo X X saíra-sete-cores saíra-lagarta X saíra-preciosa MORRO GRANDE STATUS X QA (SP) X EA X EA X EA X EA; QA (GL) X EA X EA X EA X QA (SP) saíra-ferrugem X X EA cigarra-bambu X X EA tico-tico-do-mato X pula-pula-assobiador X ferro-velho EA X EA X EA Fonte: SILVA (1992); DEVELEY & MARTENSEN (2006) Legenda = CR = Criticamente em Perigo; EP = Em Perigo; VU = Vulnerável; QA = Quase ameaçada. GL = Globalmente; BR = Brasil; SP = Estado de São Paulo; EA = endêmica do Bioma Mata Atlântica. Metodologia As informações processadas na ADA e AID foram analisadas em conjunto, devido à dificuldade em separar as áreas e a capacidade de dispersão da avifauna. Na caracterização da avifauna das Áreas de Influência Direta (AID) e Diretamente Afetada (ADA) utilizaram-se dados primários, obtidos em duas campanhas de campo, sendo a primeira realizada no período de 15 a 18 de janeiro e a segunda entre 31 de março a 3 de abril de 2008, totalizando 60 horas/campo, sendo 45 horas de observação direta da avifauna, com amostragens predominando no início da manhã e final de tarde. Foram definidas quatro áreas de amostragem, no qual a paisagem é caracterizada por remanescentes de Floresta Estacional Semidecidual, áreas de silvicultura, plantações, pastagens e edificações, além de pequenas formações aquáticas (brejos, açudes). O inventário foi conduzido por meio de transectos (QUADRO 5.3.2.2.2) pela observação direta e a identificação das espécies foi realizada através da visualização das aves com o uso de binóculo (Nikon ATB Monarch 10X42mm) e com o uso de guias de campo (DUNNING 1987, RIDGELY & TUDOR 1989, 1994, SICK 1997, SOUZA 1998, DE LA PENA & RUMBOLL, 1998, SIGRIST, 2006). Quando a identificação em campo não era possível, as vocalizações eram captadas por um microfone (direcional Senheiser ME-67) e registradas Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 143 por um gravador (Marantz PMD-222), para posterior identificação. Ressalta-se que a nomenclatura utilizada está de acordo com as resoluções estabelecidas pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (2006). QUADRO 5.3.2.2.2 LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA (UTM) DOS TRANSECTOS Transecto datum x_utm y_utm Altitude A 23K 292685 7402130 819 A 23K 292426 7402414 929 A 23K 292235 7402239 817 B 23K 290970 7402636 869 B 23K 291428 7402168 844 B 23K 290872 7402031 - C 23K 291498 7402610 776 C 23K 290532 7403551 806 D 23K 290115 7403131 750 Fonte: PROMINER PROJETOS (2008) Ainda foram utilizadas de 9 a 10 redes de neblina (mist nets) de 12 m de comprimento por 2,8 m de altura, preferencialmente armadas em sequência linear (QUADRO 5.3.2.2.3). As aves capturadas foram anilhadas, fotografadas e soltas no mesmo local. Durante as campanhas totalizou-se 239 horas/rede. A autorização para captura e anilhamento das aves silvestres foi concedida pelo Centro Nacional de Pesquisa para Conservação de Aves Silvestres (CEMAVE), órgão ligado ao Instituto Chico Mendes (IcmBio), sendo o número do projeto /autorização: 2987/1. QUADRO 5.3.2.2.3 LOCALIZAÇÃO DAS CAPTURAS E ANILHAMENTO (UTM) Sequência de redes Área datum x_utm y_utm Altitude A A 23K 292295 7402119 859 A A 23K 292354 7402178 871 A A 23K 292363 7402198 872 A A 23K 292373 7402232 879 B B 23K 291351 7402018 857 B B 23K 291332 7401942 874 B B 23K 291241 7401962 882 B B 23K 291256 7401937 881 C B 23K 291161 7402142 828 C B 23K 291193 7402015 861 D D 23K 290049 7402620 763 Fonte: PROMINER PROJETOS (2008) As espécies de aves foram classificadas com relação ao ambiente, endemismo, categorias de ameaça e freqüência de ocorrência. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 144 Tipo de ambiente de registro: Classificação vegetacional conforme Veloso et al. (1991). De acordo com a tipologia de ambiente característico, as espécies foram distribuídas nas categorias: - Especialista-Florestal: aves que vivem em Floresta Estacional Semidecidual; - Especialista-Antrópico: aves que vivem nas áreas de pastagem, edificações, plantações, áreas descobertas; - Especialista-Aquático: para aquelas que utilizam ambientes lacustres, brejosos, marítimos; - Generalista: para espécies adaptadas a explorar vários tipos de ambientes; Ameaçadas de extinção: Para definição do status de espécies ameaçadas de extinção no Estado de São Paulo, foram utilizadas as considerações do Decreto Estadual 42.838/98. Para as espécies nacionalmente ameaçadas utilizou-se a Instrução Normativa 3, de 27 de maio de 2003 (MMA) e espécies globalmente ameaçadas as recomendações da BirdLife International (2000, 2004). Espécies endêmicas: A classificação das espécies endêmicas do Bioma Mata Atlântica, seguiu Parker et al. (1996) e Stattersfield et al. (1998). Freqüência de ocorrência: Paralelamente à amostragem qualitativa foi utilizado o método de listas de espécies proposto por Mackinnon & Phillips (1993), mas com listas de 10 espécies ao invés de 20, como originalmente proposto pelos autores. Tal prática visou aumentar o tamanho das unidades amostrais (HERZOG et al., 2002). A aplicação de tal método visou a obtenção de um índice de abundância relativa das espécies. Com esta metodologia calculou-se a freqüência de ocorrência das espécies, com o seguinte recurso matemático: Fo = n*100/LKt n = número de vezes que a espécie X foi registrada nas Listas LKt= total de listas de Mackinnon elaboradas Resultados Foram registradas 119 espécies de aves, 22 endêmicas da Mata Atlântica (QUADRO 5.3.2.8) e uma espécie na categoria quase ameaçada de extinção na Lista de Espécies Ameaçadas do Estado de São Paulo: o jacuaçu – Penelope obscura). Pelo método de listas de Mackinnon foram elaboradas 59 listas, sendo registradas 100 espécies. As 19 espécies não diagnosticadas pelo método referem-se aos deslocamentos entre as estações de amostragem e pela utilização de outra metodologia (redes-de-neblina). O método é bastante útil em levantamentos rápidos pela praticidade na sua aplicação. A curva de acumulação de espécies em função das listas apresentou tendência a estabilização (FIGURA 5.3.2.2.1). Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 145 120 100 Espécies (n) 80 60 40 20 0 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55 57 59 Listas FIGURA 5.3.2.2.1 - Curva cumulativa de espécies de avifauna em função do tempo nas listas de Mackinnon. As espécies florestais com 52,9% (n=63) e as generalistas (espécies que ocorrem em diferentes ambientes) com 21% (n=25) se destacaram em relação ao tipo de ambiente (FIGURA 5.3.2.2.2). 60% 52,9% 50% 40% 30% 21,0% 17,6% 20% 10% 5,9% 2,5% 0% Florestal Generalista Antrópico Aéreo Aquático FIGURA 5.3.2.2.2 - Espécies de aves agrupadas por tipo de ambiente Destacaram-se 12 espécies que apresentaram a maior frequência relativa na área de estudo (QUADRO 5.3.2.2.4). Todas as espécies são essencialmente de hábito florestal, demonstrando o predomínio destas formações vegetacionais na paisagem, influenciando assim na composição da comunidade Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 146 Destaca-se que pela dificuldade em separar pela vocalização, as espécies Basileuterus hypoleucus e Basileuterus culicivorus foram analisadas em conjunto no QUADRO 5.3.2.2.4. QUADRO 5.3.2.2.4 FREQUÊNCIA DE OCORRÊNCIA DAS 5 ESPÉCIES DE AVES MAIS REPRESENTATIVAS PELO MÉTODO DE LISTAS DE MACKINNON TAXON NOME POPULAR LISTAS PRESENTES FREQUÊNCIA MACKINNON Cyclarhis gujanensis (Gmelin, 1789) Basileuterus sp Tolmomyias sulphurescens (Spix, 1825) Dysithamnus mentalis (Temminck, 1823) Pyriglena leucoptera (Vieillot, 1818) Pachyramphus validus (Lichtenstein, 1823) Thamnophilus caerulescens Vieillot, 1816 Vireo olivaceus (Linnaeus, 1766) Phaethornis eurynome (Lesson, 1832) Crypturellus obsoletus (Temminck, 1815) Leptotila verreauxi Bonaparte, 1855 Picumnus temminckii Lafresnaye, 1845 pitiguari pula-pula bico-chato-de-orelha-preta choquinha-lisa 42 35 24 71,19 59,32 40,68 23 23 38,98 38,98 21 35,59 18 18 17 30,51 30,51 28,81 15 15 15 25,42 25,42 25,42 papa-taoca-do-sul caneleiro-de-chapéu-preto choca-da-mata juruviara rabo-branco-de-garganta-rajada inhambuguaçu juriti-pupu pica-pau-anão-de-coleira Fonte: PROMINER PROJETOS (2008) No estudo foram registradas três espécies cinegéticas e 12 espécies de xerimbabo. As espécies cinegéticas foram representadas pela família Tinamidae e Cracidae. Exemplos de espécies de xerimbabo são da família Psittacidae (papagaios e maritacas), e alguns Passeriformes, principalmente das famílias Turdidae e Emberizidae. As espécies cinegéticas podem ser indicadoras da qualidade ambiental de ambientes, principalmente espécies das ordens Tinamiformes e Galliformes, e o baixo número, apresentado neste estudo, além da ausência de espécies como o macuco (Tinamus solitarius), uru (Odontophorus capueira) pode representar uma descaracterização ambiental e que processos ecológicos estão fragilizados. Através do método de captura por redes-de-neblina foram registradas 43 capturas de aves totalizando 19 espécies. Por este método foram amostrados apenas 16% da comunidade em relação ao total de observações (n=119), mas três espécies somente foram detectadas por esta metodologia (Mionectes rufiventris, Tiaris fuliginosus e Turdus amaurochalinus). A curva cumulativa em função de horas/rede está apresentada na FIGURA 5.3.2.2.3 e não apresentou tendência a estabilização. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 147 20 19 18 17 16 Espécies (n) 14 12 12 10 8 7 6 6 4 2 1 0 27 72 117 167 194,5 238,5 Horas FIGURA 5.3.2.2.3 - Curva cumulativa de espécies de aves capturadas de avifauna em função de horas/rede Considerações sobre a avifauna Durante o estudo foram registradas apenas 119 espécies, sendo apenas uma ameaçada de extinção, ainda assim, na categoria quase ameaçada. Comparando com as informações da AII, os dados sugerem que a área amostrada encontra-se perturbada, devido ao baixo número de espécies ameaçadas de extinção, endêmicas e cinegéticas. A ausência ou baixa densidade de espécies cinegéticas é um sintoma indicativo que os habitats e processos ecológicos estão empobrecidos (SILVEIRA & PINTO, 2004). Diante dos fatos apresentados, o principal impacto do empreendimento para avifauna, será a supressão da vegetação, e consequentemente redução de habitat e mortandade e afugentamento de espécies. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 148 QUADRO 5.3.2.2.5 AVIFAUNA AMOSTRADA NA ÁREA DE ESTUDO NOME EM PORTUGUÊS NOME DO TÁXON CATEGORIA DE ENDEMISMO E/OU AMEAÇA STATUS DE AMEAÇA Tinamiformes Huxley, 1872 Tinamidae Gray, 1840 Crypturellus obsoletus (Temminck, 1815) Crypturellus parvirostris (Wagler, 1827) inhambuguaçu inhambuchororó CIN; FES CIN; FES; ANT Galliformes Linnaeus, 1758 Cracidae Rafinesque, 1815 Penelope obscura Temminck, 1815 jacuaçu QA (SP) CIN;FES Ciconiiformes Bonaparte, 1854 Ardeidae Leach, 1820 Bubulcus ibis (Linnaeus, 1758) Ardea alba Linnaeus, 1758 garça-vaqueira garça-brancagrande ANT LAB curicaca AER urubu-decabeça-preta FES;ANT Elanus leucurus (Vieillot, 1818) gavião-peneira AER Rupornis magnirostris (Gmelin, 1788) Buteo albicaudatus Vieillot, 1816 gavião-carijó gavião-derabo-branco FES;ANT AER acauã FES Caracara plancus (Miller, 1777) caracará FES;ANT Milvago chimachima (Vieillot, 1816) carrapateiro FES;ANT Threskiornithidae Poche, 1904 Theristicus caudatus (Boddaert, 1783) Cathartiformes Seebohm, 1890 Cathartidae Lafresnaye, 1839 Coragyps atratus (Bechstein, 1793) Falconiformes Bonaparte, 1831 Accipitridae Vigors, 1824 Falconidae Leach, 1820 Herpetotheres cachinnans (Linnaeus, 1758) Gruiformes Bonaparte, 1854 Rallidae Rafinesque, 1815 Aramides cajanea (Statius Muller, 1776) Aramides saracura (Spix, 1825) saracura-trêspotes saracura-domato Laterallus sp Pardirallus nigricans (Vieillot, 1819) FES EA FES LAB saracura-sanã FES;LAB quero-quero ANT Charadriiformes Huxley, 1867 Charadriidae Leach, 1820 Vanellus chilensis (Molina, 1782) Columbiformes Latham, 1790 Columbidae Leach, 1820 Continua… Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 149 QUADRO 5.3.2.2.5 AVIFAUNA AMOSTRADA NA ÁREA DE ESTUDO NOME DO TÁXON NOME EM PORTUGUÊS CATEGORIA DE ENDEMISMO E/OU AMEAÇA STATUS DE AMEAÇA Columbina talpacoti (Temminck, 1811) rolinha-roxa ANT Patagioenas picazuro (Temminck, 1813) pombão FES;ANT Zenaida auriculata (Des Murs, 1847) pomba-de- Leptotila verreauxi Bonaparte, 1855 juriti-pupu Leptotila rufaxilla (Richard & Bernard, juriti- 1792) ANT bando FES gemedeira FES periquitãomaracanã XER;AER maitaca-verde XER;AER Psittaciformes Wagler, 1830 Psittacidae Rafinesque, 1815 Aratinga leucophthalma (Statius Muller, 1776) Pionus maximiliani (Kuhl, 1820) Cuculiformes Wagler, 1830 Cuculidae Leach, 1820 Piaya cayana (Linnaeus, 1766) alma-de-gato FES Crotophaga ani Linnaeus, 1758 anu-preto ANT Guira guira (Gmelin, 1788) anu-branco ANT Tapera naevia (Linnaeus, 1766) saci peixe-fritopavonino FES Lurocalis semitorquatus (Gmelin, 1789) tuju FES Nyctidromus albicollis (Gmelin, 1789) bacurau ANT Hydropsalis torquata (Gmelin, 1789) bacurau- Dromococcyx pavoninus Pelzeln, 1870 FES Caprimulgiformes Ridgway, 1881 Caprimulgidae Vigors, 1825 tesoura ANT Apodiformes Peters, 1940 Trochilidae Vigors, 1825 Phaethornis eurynome (Lesson, 1832) Florisuga fusca (Vieillot, 1817) Chlorostilbon lucidus (Shaw, 1812) Thalurania glaucopis (Gmelin, 1788) rabo-brancode-gargantarajada beija-flor-preto besourinho-debico-vemelho beija-flor-defronte-violeta EA FES EA FES FES;ANT EA FES EA FES Galbuliformes Fürbringer, 1888 Bucconidae Horsfield, 1821 Malacoptila striata (Spix, 1824) barbudorajado Piciformes Meyer & Wolf, 1810 Continua… Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 150 QUADRO 5.3.2.2.5 AVIFAUNA AMOSTRADA NA ÁREA DE ESTUDO NOME DO TÁXON NOME EM PORTUGUÊS CATEGORIA DE ENDEMISMO E/OU AMEAÇA STATUS DE AMEAÇA pica-pauanão-decoleira EA FES Picidae Leach, 1820 Picumnus temminckii Lafresnaye, 1845 Melanerpes candidus (Otto, 1796) Veniliornis spilogaster (Wagler, 1827) Colaptes melanochloros (Gmelin, 1788) Colaptes campestris (Vieillot, 1818) Dryocopus lineatus (Linnaeus, 1766) birro, picapau-branco picapauzinhoverde-carijó pica-pauverde-barrado pica-pau-docampo pica-pau-debanda-branca ANT EA FES FES ANT FES Passeriformes Linné, 1758 Thamnophilidae Swainson, 1824 Batara cinerea (Vieillot, 1819) Mackenziaena leachii (Such, 1825) Thamnophilus caerulescens Dysithamnus mentalis Vieillot, 1816 (Temminck, 1823) Pyriglena leucoptera (Vieillot, 1818) matracão borralharaassobiadora FES EA FES choca-da-mata FES choquinha-lisa FES papa-taoca-dosul EA FES chupa-dente EA FES Conopophagidae Sclater & Salvin, 1873 Conopophaga lineata (Wied, 1831) Grallariidae Sclater & Salvin, 1873 Grallaria varia (Boddaert, 1783) tovacuçu FES Rhinocryptidae Wetmore, 1930 Scytalopus indigoticus (Wied, 1831) macuquinho EA FES;ANT vira-folha EA FES Scleruridae Swainson, 1827 Sclerurus scansor (Ménétriès, 1835) Furnariidae Gray, 1840 Furnarius rufus (Gmelin, 1788) joão-de-barro Synallaxis ruficapilla Vieillot, 1819 pichororé Synallaxis frontalis Pelzeln, 1859 petrim ANT joão-teneném joão-botinado-brejo barranqueirode-olho-branco FES;ANT Synallaxis spixi Sclater, 1856 Phacellodomus cf. ferrugineigula (Pelzeln, 1858) Automolus leucophthalmus (Wied, 1821) Lochmias nematura (Lichtenstein, 1823) Xenops rutilans Temminck, 1821 joão-porca bico-viradocarijó ANT EA FES EA FES;LAB EA FES FES FES Tyrannidae Vigors, 1825 Continua… Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 151 QUADRO 5.3.2.2.5 AVIFAUNA AMOSTRADA NA ÁREA DE ESTUDO NOME DO TÁXON Mionectes rufiventris Cabanis, 1846 Leptopogon amaurocephalus Tschudi, 1846 Poecilotriccus plumbeiceps (Lafresnaye, 1846) Elaenia flavogaster (Thunberg, 1822) Elaenia sp Camptostoma obsoletum (Temminck, 1824) Myiornis auricularis (Vieillot, 1818) Tolmomyias sulphurescens (Spix, 1825) Platyrinchus mystaceus Vieillot, 1818 Myiophobus fasciatus (Statius Muller, NOME EM PORTUGUÊS CATEGORIA DE ENDEMISMO E/OU AMEAÇA STATUS DE AMEAÇA abre-asa-decabeça-cinza EA FES cabeçudo FES tororó FES guaracava-debarrigaamarela guaracava FES risadinha FES;ANT miudinho bico-chato-deorelha-preta patinho LAB;ANT EA FES FES FES filipe LAB;ANT enferrujado guaracavuçu bentevizinhode-penachovermelho bem-te-vi bem-te-virajado FES FES neinei FES;ANT Empidonomus varius (Vieillot, 1818) peitica FES;ANT Tyrannus melancholicus Vieillot, 1819 suiriri FES;ANT irré FES caneleiro-preto FES caneleiro-dechapéu-preto FES 1776) Lathrotriccus euleri (Cabanis, 1868) Cnemotriccus fuscatus (Wied, 1831) Myiozetetes similis (Spix, 1825) Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766) Myiodynastes maculatus (Statius Muller, 1776) Megarynchus pitangua (Linnaeus, 1766) Myiarchus swainsoni Cabanis & Heine, 1859 Tityridae Gray, 1840 Pachyramphus polychopterus (Vieillot, 1818) Pachyramphus validus (Lichtenstein, 1823) Pipridae Rafinesque, 1815 Chiroxiphia caudata (Shaw & Nodder, 1793) tangará ANT FES;ANT FES EA FES Vireonidae Swainson, 1837 Cyclarhis gujanensis (Gmelin, 1789) pitiguari Vireo olivaceus (Linnaeus, 1766) juruviara verdinhocoroado Hylophilus poicilotis Temminck, 1822 FES;ANT FES EA FES Hirundinidae Rafinesque, 1815 Pygochelidon cyanoleuca (Vieillot, 1817) andorinhapequena-decasa AER Continua… Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 152 QUADRO 5.3.2.2.5 AVIFAUNA AMOSTRADA NA ÁREA DE ESTUDO NOME EM PORTUGUÊS NOME DO TÁXON CATEGORIA DE ENDEMISMO E/OU AMEAÇA STATUS DE AMEAÇA andorinhaserradora AER corruíra ANT Turdus rufiventris Vieillot, 1818 sabiálaranjeira XER;FES;ANT Turdus leucomelas Vieillot, 1818 sabiá-barranco XER;FES Turdus albicollis Vieillot, 1818 sabiá-coleira XER;FES Turdus amaurochalinus Cabanis, 1850 sabiá-poca XER;FES Stelgidopteryx ruficollis (Vieillot, 1817) Troglodytidae Swainson, 1831 Troglodytes musculus Naumann, 1823 Turdidae Rafinesque, 1815 Mimidae Bonaparte, 1853 Mimus saturninus (Lichtenstein, 1823) sabiá-do- XER;ANT campo Coerebidae d'Orbigny & Lafresnaye, 1838 Coereba flaveola (Linnaeus, 1758) cambacica FES Trichothraupis melanops (Vieillot, 1818) tiê-de-topete FES Tachyphonus coronatus (Vieillot, 1822) tiê-preto sanhaçucinzento Thraupidae Cabanis, 1847 Thraupis sayaca (Linnaeus, 1766) EA FES FES;ANT Tangara cayana (Linnaeus, 1766) saíra-amarela FES Tersina viridis (Illiger, 1811) saí-andorinha FES;ANT Dacnis cayana (Linnaeus, 1766) Conirostrum speciosum (Temminck, saí-azul figuinha-derabo-castanho FES tico-tico ANT tiziu cigarra-docoqueiro ANT 1824) Emberizidae Vigors, 1825 Zonotrichia capensis (Statius Muller, 1776) Volatinia jacarina (Linnaeus, 1766) Tiaris fuliginosus (Wied, 1830) Coryphospingus Muller, 1776) cucullatus (Statius FES FES tico-tico-rei ANT Sporophila lineola (Linnaeus, 1758) bigodinho XER;ANT Sporophila nigricollis (Vieillot, 1823) baiano XER;FES;ANT Sporophila caerulescens (Vieillot, 1823) coleirinho tico-tico-domato Arremon semitorquatus Swainson, 1838 Cardinalidae Ridgway, 1901 Saltator similis d'Orbigny & Lafresnaye, 1837 XER;FES;ANT EA FES trinca-ferroverdadeiro XER;FES mariquita FES Parulidae Wetmore, Friedmann, Lincoln, Miller, Peters, van Rossem, Van Tyne & Zimmer 1947 Parula pitiayumi (Vieillot, 1817) Continua… Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 153 QUADRO 5.3.2.2.5 AVIFAUNA AMOSTRADA NA ÁREA DE ESTUDO NOME DO TÁXON Geothlypis aequinoctialis (Gmelin, 1789) Basileuterus culicivorus (Deppe, 1830) Basileuterus hypoleucus Bonaparte, 1830 Basileuterus leucoblepharus (Vieillot, 1817) NOME EM PORTUGUÊS CATEGORIA DE ENDEMISMO E/OU AMEAÇA STATUS DE AMEAÇA pia-cobra LAB pula-pula pula-pula-debarriga-branca pula-pulaassobiador FES FES EA FES Fringillidae Leach, 1820 Carduelis magellanica (Vieillot, 1805) pintassilgo XER;ANT Euphonia chlorotica (Linnaeus, 1766) fim-fim FES;ANT pardal ANT Passeridae Rafinesque, 1815 Passer domesticus (Linnaeus, 1758) Fonte: PROMINER PROJETOS(2008) Legendas: Categoria de endemismo e/ou ameaça: EA = endêmica do Bioma Mata Atlântica; QA = quase ameaçada de extinção; SP = estadualmente (São Paulo) Status: CIN = cinegéticas (espécies com valor alimentar e/ou comercial); XER = espécie com valor de estimação; FES = Floresta Estacional Semidecidual; ANT = antrópico (pastagens, edificações, eucalipto); AER = aéreo; LAB = lagoas, brejos, açudes FOTO 5.3.2.2.1 - Myiodynastes maculatus (bem-te-vi-rajado) Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP FOTO 5.3.2.2.2 - Pyriglena leucoptera (papataoca-do-sul) 154 FOTO 5.3.2.2.3 - Tiaris fuliginosus (cigarrado-coqueiro) FOTO 5.3.2.2.4 - Turdus amaurochalinus (sabiá-poca) FOTO 5.3.2.2.5 (choquinha-lisa) FOTO 5.3.2.2.6 - Mionectes rufiventris (abreasa-de-cabeça-cinzenta) - Dysithamnus FOTO 5.3.2.2.7 - Phaethornis (rabo-branco-de-garganta-rajada) mentalis eurynome Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP FOTO 5.3.2.2.8 (barbudo-rajado) - Malacoptila striata 155 FOTO 5.3.2.2.9 - Leptotila verreauxi (juritipupu) FOTO 5.3.2.2.10 - Turdus leucomelas (sabiábarranco) 5.3.2.3. MASTOFAUNA Atualmente, os remanescentes de vegetação nativa, em seus diferentes estágios de regeneração e conservação, são considerados estratégicos para projetos visando sua proteção, em função de seu papel ecológico essencial na garantia da qualidade da água, na proteção da fauna e da flora, contra a erosão dos solos e potencial estético e paisagístico. Dessa forma, é preciso garantir a conservação das áreas ainda não danificadas e a preservação e restauração das já alteradas. Para avaliar os efeitos dessas modificações, geralmente, os esforços são concentrados em estudos de determinados grupos animais (indicadores da qualidade ambiental). Em relação à fauna terrestre, uns dos grupos bastante utilizados são os mamíferos, pois são bons indicadores de alterações locais no habitat e na paisagem (PARDINI & UMETSU, 2006). No Brasil, há registro de 654 espécies de mamíferos (REIS et al 2005) e para o Estado de São Paulo estima-se que existam pelo menos 187 espécies de mamíferos terrestres (DE VIVO 1996) e este encontra-se como o estado com o maior número de espécies da fauna ameaçadas no país, tendo entre os mamíferos 23 espécies com problemas de conservação(KIERULFF et al. 2008). Somente na Mata Atlântica, considerada um hotspot de biodiversidade (bioma rico em espécies e endemismo, e ameaçado pelas atividades humanas), há descrito para os roedores e marsupiais, o grupo mais diverso dentre os mamíferos, aproximadamente 92 espécies, destas, 43 são endêmicas. O presente relatório teve como objetivo a caracterização (diagnóstico) da mastofauna terrestre e voadora existente em toda a extensão do empreedimento proposto, compreendendo neste caso as áreas de lavra, influência direta e entorno, no município de Araçariguama, SP. Estes dados deverão ser utilizados como instrumentos para determinar e qualificar os impactos que a obra poderá acarretar à fauna local. Área de estudo A fim de sistematizar o levantamento da mastofauna, a área de estudo foi dividida em três localidades, designadas como A, B e C, onde (A) consta como área diretamente afetada Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 156 (ADA) contendo mata secundária adjacente a área de lavra atual, (B) área de influência direta (AID) contendo mata secundária no entorno da lavra (matas atrás do escritório e área de processamento de materiais). Lado C, consta como área de influência direta, área de entorno da lavra, com mata contígua na divisa do empreendimento. Caracterização regional da mastofauna Embora não existam registros de qual seria a composição original da fauna de vertebrados na região, a formação florestal que no passado a dominava permite supor que tenha existido uma fauna muito rica. Devem ter existido inúmeras espécies que hoje integram as listagens de espécies ameaçadas de extinção, tanto em termos estaduais como globais. A descaracterização ambiental decorrente da ação do ser humano, porém, acarretou ao longo dos séculos reduções populacionais que, para muitas espécies, terminou em extinção local. Provavelmente, foram perdidas espécies mais sensíveis, tanto de florestas quanto de áreas úmidas, e que exigiam um ambiente intacto. Apesar de descaracterizados, tais ambientes ainda persistem na região, de forma que persiste também uma parte de suas faunas originais. Porém, ocupam tais áreas boa parte das espécies cuja maior flexibilidade comportamental e ecológica lhes permite explorar ambientes já modificados. Como decorrência do progressivo surgimento de paisagens abertas de origem antrópica, a fauna, que no passado tinha um caráter eminentemente florestal, passou a contar também com espécies típicas de ambientes abertos. No caso de espécies florestais, muitas das espécies que o compõem tiveram, num passado em que as florestas nativas dominavam o estado, uma distribuição vasta pelo território paulista. Eram, então, animais comuns numa formação vegetal comum. Atualmente, com a redução dramática da cobertura florestal do estado, tais animais continuam comuns, mas agora num ambiente escasso e fragmentado. Assim, tais espécies devem ser consideradas com atenção sob o aspecto da conservação, pois estão restritas, em distribuição, a um ambiente sob constante ameaça de descaracterização, redução e erradicação. Existem poucos estudos que documentem a fauna atual da região. Entre os poucos estudos sobre a fauna de mamíferos encontram-se algumas pesquisas conduzidas em áreas particulares e em unidades de conservação estadual, conforme descrição a seguir. Ao analisar o panorama faunístico regional, deve-se levar em conta alguns fatores como (1) algumas áreas de Mata Atlântica em estado razoável de conservação, entre estas: a Serra da Cantareira, a Serra do Japi e a Reserva Florestal do Morro Grande; (2) a flexibilidade ecológica de alguns mamíferos silvestres que, mesmo sendo prejudicados por determinadas atividades humanas, podem persistir em áreas bastante alteradas desde que estejam ausentes demais ações específicas que os afetam de forma negativa (caça, tráfico, envenenamento, atropelamento, doenças por contato com animais domésticos, etc.). Apesar disto, torna-se possível, e até provável, que nessa região mesmo áreas bastante alteradas abriguem, mesmo que de modo transitório, espécies pouco comuns. Um exemplo de região bastante antropizada em que há estudos com mamíferos, considerando como região de influência indireta da área de estudo uma escala regional com distância menor que 30 Km, tem-se um trabalho encontrado para o município de Caieiras, SP (ESSENCIS, 2005). Em uma área de 30 ha, onde excetuando 5 ha de floresta nativa, encontram-se áreas bastante antropizadas, localizada entre o Parque Estadual da Serra da Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 157 Cantareira (a 10 km) e a Serra do Japi (aproximadamente a 16 km) já foram registradas a presença de pelo menos oito espécies de mamíferos de médio e grande porte, como Didelphis cf. marsupialis (saruê), Dasypus cf. novemcinctus (tatu-galinha), Cerdocyon thous (cachorro-do-mato), Procyon cancrivorus (mão-pelada ou guaxinim), Mazama americana (veado-mateiro), guerlinguetus aestuans (esquilos), Cavia aperea (preá), Hydrochoerus hydrochaeris (capivara). As espécies Lontra longicaudis (lontra) e Leopardus cf. tigrinus (gato-do-mato), espécies consideradas ameaçadas de extinção no Estado, já foram registradas na região. Porém, devido ao grau de perturbação ambiental da área é possível que essas espécies explorem a área apenas esporadicamente. Procyon cancrivorus (mãopelada) consta como espécie provavelmente ameaçada de extinção no Estado de São Paulo (São Paulo, 1998). As demais registradas no local não apresentam nenhum grau de ameaça, sendo todas espécies relativamente comuns e de fácil registro. Informações mais detalhadas, embora não muito recentes, sobre os mamíferos, foram conduzidas na Serra do Japi. Marinho-Filho (1992) listou para o local um total de 31 espécies de mamíferos, tanto voadores como não-voadores. A listagem de mamíferos inclui algumas espécies citadas como ameaçadas de extinção na Lista da Fauna Ameaçada no Estado de São Paulo (São Paulo, 1998), como exemplo, o cateto (Pecari tajacu), a jaguatirica, a suçuarana e a paca (Cuniculus paca). Algumas espécies merecem destaque, por terem ocorrência restrita a ambientes florestais, como o esquilo, o bugio e o sauá. Este último, além de integrar a lista de espécies ameaçadas de extinção do estado, é considerado um primata endêmico do sudeste brasileiro. Espécies que vivem em áreas de rios e banhados como a capivara (Hydrochoerus hydrochaeris) e o ratão-do-banhado (Myocastor coypus) também foram detectadas. Em relação à presença de unidades de conservação (UC) na região de influência indireta do empreendimento encontra-se, o Parque Estadual da Cantareira que representa uma das maiores florestas tropicais nativas em áreas urbanas do mundo. Toda esta região faz parte da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo, que em 1994 foi reconhecida pela UNESCO como parte integrante da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Esta área pode ser tomada como exemplo de como a vegetação original pode se regenerar. Nos fins do século XIX a área era ocupada por chácaras produtoras de café, chá e hortifrutigranjeiros. Após a desapropriação pelo Estado essas áreas de cultivo regeneraram, dando lugar à mata nativa. A área foi decretada como Reserva florestal em 1896 e em 1963 passou para a categoria de Parque Estadual, abrangendo atualmente uma área de 7.900 ha (Mazzei 1999). Entre os mamíferos que ocorrem na Serra da Cantareira encontram-se: a jaguatirica (Leopardus pardalis), a suçuarana (Puma concolor), gatos do mato (Leopardus sp.), o bugio (Alouatta guariba), o sauá (Callicebus personatus), todas enquadradas em alguma categoria de ameaça no Estado, além de o macaco prego (Cebus nigritus),o veado mateiro (Mazama americana), o esquilo (Guerlinguetus aestuans) e o quati (Nasua nasua). A UC Reserva Florestal do Morro Grande (RFMG), no município de Cotia-SP, representa uma área de 10.870 ha de transição entre Floresta Ombrófila e Estacional e também faz parte da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo. Esta área apresenta uma elevada riqueza de espécies de diferentes grupos taxonômicos, entre eles os pequenos mamíferos (METZGER et al. 2006). Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 158 Em trabalho realizado por Pardini & Umetsu (2006) na RFMG foram registradas oito espécies de marsupiais e 15 espécies de roedores, totalizando 23 espécies de pequenos mamíferos. Dessas, 11 espécies são endêmicas do Bioma Mata Atlântica, uma espécie (Rhagomys rufescens) está na lista do IBAMA de Fauna Ameaçada de Extinção e duas espécies são consideradas raras (Blarinomys breviceps e um gênero ainda não descrito da Tribo Oryzomyini). Nas matas maduras foram encontradas mais espécies, enquanto nas áreas secundárias uma abundância maior da comunidade, provavelmente devido à elevada produtividade desses ambientes. Para a comunidade de mamíferos de maior porte foram registradas 18 espécies na RFMG (um Didelphimorphia, dois Xenarthra, três Primates, cinco Carnivora, um Artiodactyla, quatro Rodentia e dois Lagomorpha) (NEGRÃO & VALLADARES-PADUA, 2006). Dessas, oito espécies eram onívoras, cinco herbívoras, quatro frugívoras e uma carnívora. Das espécies registradas para a área, duas são exóticas: a lebre (Lepus capensis) e o mico-estrela do cerrado (Callithrix penicillata). Além das espécies silvestres registradas na Reserva também foram encontradas espécies domésticas, o que representa um sério problema nesta área e em outras mais antropizadas. Metodologia Foram realizadas duas campanhas para diagnóstico do componente mastofauna (terrestre e voadora), a primeira de 15 a 18 de janeiro e a segunda de 09 a 12 de abril de 2008. Levantamento de pequenos mamíferos A fim de verificar a presença de espécies de mamíferos silvestres não-voadores, diversos pontos com vegetação nativa presentes na área do empreendimento e entorno foram amostrados. Para o estudo dos pequenos mamíferos (roedores e marsupiais, com menos de 1.000 gramas) foram instaladas 40 armadilhas de captura viva - modelo Sherman – nos remanescentes vegetacionais e 20 baldes (armadilhas de interceptação e queda – pitfall traps) (QUADRO 5.3.2.3.1, FOTO 5.3.2.3.1) também utilizados para o levantamento da herpetofauna. Foram estabelecidas três localidades para estudos sistematizados com pequenos mamíferos, designados como locais A, B e C, onde (A) consta como área diretamente afetada (entorno da área de lavra atual) foram instaladas duas linhas de armadilhas (linha A – 20 sherman e linha 1 – 10 baldes), (B) área de influência direta foram instaladas duas linhas de armadilhas (linha B – 20 sherman e linha 2 – baldes). No lado C (área de influência direta, em mata contígua na divisa do empreendimento) foram armadas 20 armadilhas sherman na segunda campanha (FOTO 5.3.2.3.1). Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 159 FOTO 5.3.2.3.1 - Armadilha Sherman instalada na área de estudo. As armadilhas sherman foram dispostas em linhas simples, a cada 10 m de distância, ao nível do solo. Como isca utilizou-se de creme de amendoim, sardinha e banana. Os baldes foram enterrados em linhas simples e suas bordas niveladas na superfície do solo, e entre estes uma tela estendida verticalmente, a fim de direcionar os animais para as armadilhas. Ambos os tipos de armadilhas foram checadas todas as manhãs, sendo nas shermans com reposição das iscas, quando necessário. O esforço de campo consistiu em três noites consecutivas de amostragem. Quando capturados, os espécimes foram identificados e imediatamente libertados no mesmo ponto de coleta. Os morcegos foram amostrados instalando-se nas duas campanhas redes de neblina em trilha na mata na porção oeste da cava. Foram instaladas de quatro a seis redes de nove e 11 metros de largura por 2,5 metros de comprimento. Registros de mamíferos de médio-grande porte Os mamíferos de médio-grande porte foram averiguados por meio de observações indiretas, por procura de vestígios como registro de pegadas, tocas, fezes e outros. As pegadas constituem indicadores importantes da presença de espécies visualmente difíceis de serem registradas (PARDINI et al., 2003). Tocas, fezes e demais vestígios encontrados ao acaso foram registrados como indicativo da presença das espécies. Os manuais de Becker & Dalponte (1999) e Borges & Tomás (2004) foram utilizados para auxiliar nas identificações das pegadas. Procurou-se, paralelamente, realizar observarções diretas de mamíferos de hábitos diurnos e noturnos em horários variados. Os manuais de Oliveira & Cassaro (1999), Emmons & Feer (1999), Becker & Dalponte (1999) e Borges & Tomás (2004) foram utilizados para auxiliar nas identificações. Trabalhos há alguns anos na área e conhecedores do ambiente, foram entrevistados sobre a presença de mamíferos na região para auxiliar na elaboração de uma lista de fauna. Essa metodologia é usualmente empregada em trabalhos científicos (p.ex. MICHALSKI & PERES, 2005). Utilizou-se também de armadilhas fotográficas, sendo distribuídas um total de nove (9) equipamentos, modelo TrapaCamera® (FOTO 5.3.2.3.2), pela área de estudo. As câmeras podem registrar a presença de espécies terrestres e também escansoriais ou arborícolas, além de esclarecer a identificação de espécies com rastros semelhantes (ALVES & ANDRIOLO, 2005). Foram usadas iscas diferenciadas para atração como ração úmida para cães domésticos, banana e manga. Além de instaladas dentro das áreas nativas, optou-se Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 160 também por instalar em trilhas adjacentes a vegetação, pois é sabido que boa parte dos carnívoros utilizam-nas em seus deslocamentos (TOMAS & MIRANDA, 2003). FOTO 5.3.2.3.2 – Armadilha fotográfica instalada na área de estudo. Resultados e discussão - Composição de espécies da mastofauna Para a área do empreendimento foram registradas 19 espécies de mamíferos, sendo 16 terrestres e três de morcegos (QUADRO 5.3.2.3.1). Entre os mamíferos de médio-grande porte, o cachorro-do-mato e quati foram amostrados por, no mínimo, três tipos de registros (armadilhas-fotográficas, pegadas, avistamentos e/ou entrevistas) para toda a região de estudo, podendo ser consideradas as espécies mais freqüentes. Ambas espécies possuem hábitos florestais e foram observadas nas duas campanhas, tanto na ADA como na AID, o que caracteriza sua permanência ao longo do ano nos ambientes nativos remanescentes, com oferecimento de recursos como abrigo e alimentação. Por outro lado, observa-se que boa parte dos registros realizados possui sua presença limitada na região devido à intensa movimentação humana. Os demais carnívoros (irara e mão-pelada), assim como o ouriço-cacheiro, foram diagnosticados apenas por meio de entrevistas. Quanto aos pequenos mamíferos, houve um esforço amostral de 295 sherman-noite e 160 baldes-noite e foram registradas seis espécies, sendo três roedores e três marsupiais (QUADRO 5.3.2.3.1 e 5.3.2.3.2). Para os roedores, três delas são consideradas endêmicas de Mata Atlântica e todas típicas de ambientes fechados e acima de 500m de altitude segundo Vivo e Gregorin (2001). Destaca-se, a partir dos dados obtidos (QUADRO 5.3.2.3.2), a importância de se realizar mais do que uma campanha de amostragem, e principalmente em diferentes períodos do ano, a fim de ampliar as possibilidades de capturas em função da sazonalidade. Para pequenos mamíferos, espera-se para esta região que o inverno (estação seca) seja o período de maior taxa de capturas (VIVO & GREGORIN, 2001), conforme pôde ser parcialmente observado neste trabalho. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 161 QUADRO 5.3.2.3.1 MASTOFAUNA DA ÁREA DIRETAMENTE AFETADA E ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA ESPÉCIES DIDElPHIMORPHIA FAMÍLIA DIDELPHIDAE Didelphis aurita Gracilinanus microtarsus Marmosops incanus Monodelphis cf. iheringi XENARTHRA FAMÍLIA DASYPODIDAE Dasypus novemcinctus CHIROPTERA FAMÍLIA PHYLLOSTOMIDAE Subfamília Carollinae Carollia perspicillata Subfamília Stenodemartinae Sturnira lilium FAMÍLIA VESPERTILIONIDAE Myotis nigricans PRIMATES FAMÍLIA CEBIDAE Callithrix sp. CARNIVORA FAMÍLIA CANIDAE Cerdocyon thous FAMÍLIA PROCYONIDAE Nasua nasua Procyon cancrivorus FAMÍLIA MUSTELIDAE Eira barbara ARTIODACTYLA FAMÍLIA CERVIDAE Mazama cf. gouazoubira RODENTIA FAMÍLIA ERETHIZONTIDAE Sphiggurus sp. FAMÍLIA CRICETIDAE Akodon cf. montensis Oligorizomys nigripes Oxymycterus cf. rufus LAGOMORPHA FAMÍLIA LEPORIDAE Lepus europaeus TOTAL DE ESPÉCIES NOME POPULAR ADA AID DIETA AMEAÇAS Gambá Cuíca Cuíca catita AF CA CA CA AF CA CA ONI INS-ONI INS-ONI INS-ONI E E QA(SP); E VU(SP), DD(BR) Tatu-galinha AF, PE EN ONI Morcego - RN FRU morcego - RN FRU morcego - RN INS Mico ou sagui VO - ONI Cachorro-do-mato AF, PE,EN AF CAR-ONI Quati Mão-pelada AF, AV,EN EN AF, AV EN ONI CAR-ONI irara EN EN CAR-ONI Veado PE AF, PE HER-FRU Ouriço-cacheiro EN EN ONI Rato-do-chão Rato-do-chão Rato-do-chão CA CA - CA CA CA FRU-GRA FRU-GRA INS-ONI Lebre européia 19 espécies PE AF GRA E Legenda AF= armadilha fotográfica, AV= avistamento, CA= captura-viva, EN= entrevista, PE=pegada, RN= rede de neblina, VO=vocalização) em cada área, o tipo de dieta (CAR= carnívoro, FRU= frugívoro, GRA= granívoro, INS= insetívoro, ONI= onívoro). Se são endêmicas da Mata Atlântica (E), se são consideradas ameaçadas pelo IBAMA (2003) (DD = deficiente em dados, VU= vulnerável) e no Estado de São Paulo, segundo a Lista da Fauna Ameaçada de Extinção, do Decreto nº 42.838, de 4 de fevereiro de 1998 (EP= em perigo, PA= provavelmente ameaçada, VU= vulnerável). Dados de endemismo foram retirados de Fonseca et al. (1996), dieta e nomenclatura científica segundo Reis e colaboradores (2006). * duas espécies podem ser encontradas na região, uma nativa e endêmica da Mata Atlântica (C. aurita) outra invasora (C. penicillata), porém ambas encontram problemas de conservação no Estado. A primeira é tida como vulnerável a extinção no Brasil (Ibama 2003). Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 162 QUADRO 5.3.2.3.2 PEQUENOS MAMÍFEROS AMOSTRADOS POR AMBOS MÉTODOS ESPÉCIES SHERMAN A SHERMAN B SHERMAN C BALDE 1 - - - (1/0) BALDE 2 Ordem Didelphimorphia Gracilinanus microtarsus Marmosops incanus Monodelphis cf. iheringi (3/0) - - - (0/4) (0/2) - - - (1/0) - Oligorizomys nigripes - - - (3/4) (2/2) Oxymycterus cf. rufus - - (0/1) Ordem Rodentia Akodon cf. montensis Total: 06 espécies 1 4 3 Nota:Entre parênteses encontram-se os números de capturas realizados na campanha da estação chuvosa e seca, respectivamente. Nota: a abundância relativa não foi estimada devido ao pequeno número (=campanha) de amostragem. Considerando o tamanho reduzido e o elevado grau de perturbação da área nativa estudada, este número de espécie capturada é bastante expressivo. Levando-se em conta que roedores possuem uma alta taxa reprodutiva, sendo suas populações controladas por espécies carnívoras, em geral mamíferos de médio-grande porte e aves de rapina, dentro da área o seu controle, podem estar sendo realizados, dentre os mamíferos registrados, por gambá, cachorro-do-mato, quati e mão-pelada. O grupo de marsupiais foi representado por quatro espécies, o que representa a metade das espécies detectadas na UC do Morro Grande, segundo Pardini & Umetsu (2006). As três espécies de pequeno porte foram capturadas pelo sistema de pitfall trap (QUADRO 5.3.2.3.3). Com exceção de Monodelphis cf. iheringi, que apresenta hábito terrestre, as demais são arborícolas. O maior deles, o gambá, trata-se de um mamífero de médio porte que ocorre em variados habitats, desde capoeiras, matas primárias e secundárias até áreas abertas, sendo comum também em áreas urbanas e rurais (EMMONS & FEER, 1997). É excelente controlador de populações de roedores, cobras e insetos. Além disso, atua como bom dispersor de espécies vegetais. Sua presença foi conferida por meio de armadilhas fotográficas, pois o uso de armadilhas de pequeno tamanho (modelo sherman) pôde ter interferido em sua captura. No período de estudo foi visualizado apenas o quati (Nasua nasua), na mata da ADA. Tratase de uma espécie restrita, basicamente, a ambiente florestal, comum para a região, inclusive segundo entrevistas com os funcionários. Considerando as ocorrências fotográficas foram obtidas fotocapturas de seis espécies de mamíferos, sendo eles gambá (Didelphis aurita), tatu-galinha (Dasypus novemcinctus), cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), quati (Nasua nasua), veado-catingueiro (Mazama cf. gouazoubira) e lebre (Lepus europaeus) (QUADRO 5.3.2.3.3). Destaca-se a fotocaptura da lebre, uma espécie exótica, introduzida no sul do Brasil e que tem sua população expandida atualmente até o sudeste (São Paulo), considerada invasora dos ambientes nativos (AURICCHIO & OLMOS, 1999), e aparentemente competindo por abrigo e alimentação com Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 163 o tapeti (Sylvilagus brasiliensis), o único coelho nativo, com ocorrência em todo o Brasil e que não foi amostrado neste trabalho. FOTO 5.3.2.3.3 – Quatis (Nasua nasua) fotografado com trapa câmera FOTO 5.3.2.3.4 – Gambá (Didelphis aurita) fotografado com trapa câmera FOTO 5.3.2.3.5 – Lebre (Lepus europaeus) fotografado com trapa câmera FOTO 5.3.2.3.6 (Cerdocyon thous) câmera – Cachorro-do-mato fotografado com trapa FOTO 5.3.2.3.7 – Tatu galinha (Dasypus novemcinctus) fotografado com trapa câmera As formações vegetais presentes na ADA e AID, embora não apresentem um bom estado de conservação, face seu estado secundário, devido a acentuada antropização regional, demonstram condições de alojar populações naturais de mamíferos descritas para a região Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 164 do entorno, e muito provavelmente a mata vizinha, do lado oeste da área, esteja propiciando ligação entre elas. Neste caso, atuando como um corredor, que são hábitats de grande importância biológica na preservação da biodiversidade em áreas degradadas (PRIMACK & RODRIGUES, 2001). Os remanescentes da área de estudo atuam como fonte de alimento e abrigo, aparentemente sendo muito importantes para a manutenção da fauna de mamíferos locais. Vale ressaltar, a presença do cachorro-do-mato, quati e veado nos fragmentos florestais adjacentes a área de lavra (ADA), devido à constante movimentação humana, porém diante da redução regional de seus ambientes naturais, tem-se notado o deslocamento das espécies para ambientes florestados mesmo que secundários. Foi observada dentro da área de estudo a presença de animais domésticos, como cachorro (lado leste e oeste) e fezes de gado (lado oeste). É sabido que cães-domésticos tendem a predar espécimes da fauna nativa e que o gado pode afugentar espécies mais sensíveis, assim tornam-se necessárias campanhas de conscientização e fiscalização que não permitam que tais animais adentrem e/ou permaneçam na área do empreendimento. Espécies ameaçadas e endêmicas Dentre as 18 espécies de mamíferos silvestres registradas, cinco (27%) encontram-se com problemas de conservação no Estado, sendo uma delas considerada vulnerável ou em perigo a extinção (mico, Callithrix sp.) e as demais provavelmente ameaçadas (os três marsupiais de pequeno porte e o mão-pelada). Porém, não foi comprovada a presença de Callithrix sp. Além disso, há diversos casos de introdução de espécies exóticas desse gênero no Estado de São Paulo. Dos pequenos mamíferos registrados, quatro espécies são endêmicas do Bioma Atlântico, sendo elas os marsupiais, gambá, as cuícas (Gracilinanus microtarsus e Marmosops incanus) e um roedor, Akodon cf. montensis (FONSECA et al. 1996). Considerações sobre estudos com a mastofauna: Dentre os vários grupos animais, os mamíferos têm sido utilizados como indicadores do estado de conservação em que um sistema biológico se encontra (SOULÉ & WILCOX, 1980). Apresentam-se entre os mais vulneráveis à degradação ambiental, susceptíveis a caça e captura. Tendo em vista que a maioria das espécies sofre com a perda de habitat nativo, a proteção de frações de habitats nativos, desde que significativas para as espécies, contribui com a sobrevivência, tanto dos remanescentes nativos como de suas faunas associadas. Assim, no ANEXO 9 são apresentados as recomendações e plano de ação para a conservação e monitoramento das espécies da fauna terrestre. Conclusão sobre a mastofauna 1. A área estudada, por situar-se muito próximo a edificações humanas, apresentou um número intermediário da fauna de mamíferos descrita para a região do entorno, sendo basicamente representada por pequenos mamíferos. Porém, as espécies residentes, especialmente os roedores e marsupiais, são ocupantes preferenciais de formações Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 165 florestais em razoável estado de conservação e apenas o gambá apresenta-se como tolerante a ambientes mais antropizados. 2. Houve para as formações nativas presentes na área do empreendimento a detecção de mamíferos de médio e grande porte, indicando que esses ambientes podem atuar para tais animais como áreas de abrigo, alimentação e corredores de fauna (considerando área florestada vizinha). 3. Há ocorrência de grupos de espécies que poderão ser monitorados em função destas indicarem certas condições/qualidades ambientais à área e/ou região, como as espéciesalvo, espécies-chave e endêmicas. FOTO 5.3.2.3.8 – Registro de quati adulto e filhote FOTO 5.3.2.3.9 – Pegadas de cachorro-domato (acima do paquímetro) e veado (abaixo) FOTO 5.3.2.3.10 – Pequeno mamífero capturado na armadilha de queda Gracilinanus microtarsus FOTO 5.3.2.3.11 – Pequeno mamífero capturado na armadilha de queda Monodelphis cf. iheringi Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 166 F FOTO 5.3.2.3.12 - Pequeno mamífero capturado na armadilha de queda Akodon cf. montensis FOTO 5.3.2.3.13 - Pequeno mamífero capturado na armadilha de queda Oligoryzomys nigripes Considerações sobre a fauna terrestre A fragmentação de habitat acarreta em diversas conseqüências para as comunidades naturais. Segundo a Teoria da Biogeografia de Ilhas (DIAMOND & MAY, 1976), a perda de habitats leva a uma diminuição do número de espécies. Porém, não somente a fragmentação leva à perda de biodiversidade. Fatores como natureza do entorno, influência do efeito de borda, a forma dos fragmentos e o histórico do seu surgimento são importantes para demonstrar a composição e abundância de espécies que vivem em determinado local (ver OLIFIERS & CERQUEIRA, 2006). A área de influência direta ao empreendimento representa um mosaico com fragmento de floresta estacional semidecidual entremeadas por pastagem, eucaliptais e, no caso da área de estudo, a mineração. A composição da fauna terrestre do local reflete, em parte, as alterações da vegetação na região do entorno. Se houve espécies mais exigentes num tempo passado, quando a vegetação se encontrava num estágio mais avançado, e até mesmo primário, o que se observa hoje são espécies oportunistas ou remanescentes dessa época. É importante ressaltar que nenhuma espécie registrada nesse estudo encontra-se na Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção do MMA/IBAMA, Instrução Normativa nº 3, de 27 de maio de 2003. Contudo, algumas espécies encontramse ameaçadas ou provavelmente ameaçadas na Lista da Fauna Ameaçada de Extinção, do Decreto nº 42.838, de 4 de fevereiro de 1998, do Estado de São Paulo. A fauna regional é bastante diversa e apresenta muitas espécies endêmicas e/ou ameaçadas de extinção. Contudo, quando estudada a área do fragmento anexo à área objeto de licenciamento da VOTORANTIM CIMENTOS, o que se observa é um alto grau de fragmentação, descaracterização da paisagem original e isolamento dos fragmentos de mata. Para maiores detalhes da paisagem, ver item 5.3.3 - Ecologia da Paisagem. Os levantamentos de fauna seguiram as metodologias adequadas e recomendadas para amostrar devidamente os vertebrados terrestres da área de estudo. Porém, para alguns grupos, a procura ativa foi o método mais eficiente. Foi o caso de répteis e anfíbios. No Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 167 total, foram registradas 14 espécies de anfíbios e três espécies de répteis. Das 14 espécies de anfíbios, 13 foram encontradas em sítios de reprodução, ou seja, em corpos d’água. A maioria dos répteis e anfíbios encontrados na área de estudo trata-se de espécies generalistas. Em relação à avifauna, foram registradas 119 espécies, 22 endêmicas da Mata Atlântica e uma espécie provavelmente ameaçada no Estado de São Paulo (Penelope obscura- jacuaçu). Do total, um pouco mais da metade são espécies florestais, o que revela que a comunidade encontra-se em um relativo bom estado. Entre os mamíferos, o número de espécies encontradas também foi bastante significativo, tendo em vista o grau de perturbação do local. As espécies mais freqüentes, detectadas em quase todas as metodologias, foram o cachorro do mato e quati, demonstrando que sua população encontra-se estável na área. Foi avistado um agrupamento de aproximadamente 15 indivíduos de quati no fragmento na porção leste da cava, demonstrando que há abrigo e alimento suficiente para estas espécies. Concluindo, estão presentes espécies generalistas e espécies mais exigentes ecologicamente na área da mineração. Contudo, essas espécies já estão habituadas com as condições proporcionadas pelos habitats existentes, haja vista as listas de riqueza terem sido semelhantes em 15 anos que separaram o EIA/RIMA - Distrito minerário e o presente estudo. Apesar de os fragmentos estarem bastante alterados, conserva uma fauna significativa, de espécies endêmicas (mamíferos) e essenciais para a recuperação e conservação dos habitats florestais da região. É importante ressaltar que a maior presença de espécies endêmicas e ameaçadas se concentrou na porção leste da pedreira, onde há um continuum de mata, além da propriedade da VOTORANTIM. O remanescente de mata onde foi feito o levantamento também está em proposta de reserva legal. A cava existente no local e os desmatamentos necessários para a ampliação do empreendimento podem acarretar em alguns danos à comunidade da fauna, como é de se esperar, já que haverá supressão de vegetação. Contudo, a fauna existente na área passou por um processo de adaptação ao longo dos mais de 50 anos de existência da pedreira e as populações que ali vivem estão habituadas às influências das atividades diárias da mineração. Com a supressão da vegetação, as espécies que ali vivem, provavelmente migrarão para outras áreas de mata. É preciso haver um programa de monitoramento para verificar periodicamente o estado das espécies presentes na área da propriedade da VOTORANTIM, principalmente para as espécies ameaçadas e quase ameaçadas de extinção. Para isso, foi elaborado um Plano de Ação da Fauna Terrestre, que está apresentado no ANEXO 9. 5.3.3. Ecologia da Paisagem A fragmentação da paisagem é um dos aspectos mais marcantes dentre as alterações ambientais provocadas pelo homem, estando intimamente relacionada à perda de habitats e de espécies vegetais e animais nos ecossistemas naturais. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 168 Neste contexto, projetos e estudos científicos diversos vêm sendo desenvolvidos, especialmente a partir do final do século XX, com o objetivo de melhor determinar os efeitos provenientes deste fenômeno, procurando entender as alterações nos meios físico e biótico dos ecossistemas impactados e suas conseqüências para a conservação e manutenção das espécies vegetais e animais nessa paisagem. O efeito de borda pelo qual são acometidas as faixas marginais das áreas fragmentadas é uma das conseqüências observadas nestes projetos e estudos e a qual grande ênfase é dada quando se trata da fragmentação de paisagens, especialmente de remanescentes florestais. Dele decorrem alterações no micro-habitat fragmentado, percebidas, segundo alguns autores, a centenas de metros em direção ao interior do fragmento, trazendo conseqüências diversas para a comunidade vegetal e animal da área afetada. O aumento da luminosidade e dos ventos incidentes nessas bordas após o processo de fragmentação, por exemplo, traz como conseqüências básicas a diminuição da umidade e o aumento da temperatura do solo e do ar nessas faixas marginais, ao que se seguem, invariavelmente, modificações físicas locais que imprimem condições e características novas ao micro-ambiente marginal desses fragmentos. Assim, tamanho e forma dos fragmentos, características das matrizes adjacentes, existência de corredores e ligações entre estes fragmentos, além das características intrínsecas de cada paisagem passam, conjuntamente, a interferir no direcionamento dos processos de sucessão ecológica de paisagens fragmentadas. Frente ao exposto, a ecologia da paisagem desenvolveu-se recentemente como uma nova área de conhecimento dentro da Ecologia, abordando a paisagem estudada de um ponto de vista mais amplo e abrangente geograficamente e ecologicamente, permitindo uma análise integrada da heterogeneidade dos elementos da área de estudo (METZGER, 2001). O estudo da ecologia da paisagem é uma importante ferramenta para se analisar padrões espaciais e ecológicos (METZGER, 2004). Estudar a paisagem é analisar sua composição, estrutura e função (FRAGSTATS, 2008). Existem diversas métricas que podem caracterizar e quantificar a paisagem de determinada área. A escolha delas depende do objetivo que se quer atingir, ou seja, quais parâmetros pretendem-se avaliar numa determinada paisagem. Para o presente EIA, adotou-se o estudo da ecologia da paisagem da área que abrange o mapeamento de uso do solo. A metodologia utilizada para finalidade é discutida a seguir. Metodologia Para o mapeamento do uso do solo foram utilizadas a base planialtimétrica elaborada pelo Instituto Geográfico e Cartográfico (IGC) no ano de 1979, em escala 1:10.000, correspondente à folha Fazenda Santo Antônio (SF-23-Y-C-II-4-SE-F). Foi realizada fotointerpretação a partir de fotografia aérea executada pela empresa Base S.A., ano 2005, Obra 917, Faixa 10 - Foto 2478 e Faixa 11B - Foto 2603, escala original 1:30.000. Para elaboração do produto final foi utilizado software de Sistema de Informação Geográfica Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 169 (SIG), software de Ecologia de Paisagem Fragstats 3.3 e receptor de dados cartográficos GPS (Sistema de Posicionamento Global). A carta planialtimétrica do IGC foi escaneada, georreferenciada e digitalizada para a extração da base cartográfica referente à topografia da área. A topografia foi sobreposta ao mapa de uso e cobertura do solo. Esta carta também foi empregada para o registro da foto aérea. O processo de georreferenciamento da imagem consistiu na criação de um arquivo de correspondência, que contém as coordenadas UTM (Universal Transversa de Mercator) das cartas IGC e a posição de tela referente à carta e a imagem, referindo-se ao mesmo ponto. O mapa de uso e cobertura do solo foi gerado a partir da classificação não supervisionada, da imagem. Foram selecionadas 5 classes de uso e cobertura do solo: reflorestamento, vegetação secundária em estágio inicial de regeneração, vegetação secundária em estágio médio de regeneração, campo antrópico, agricultura, área urbana e mineração. A classe “água” não foi utilizada na elaboração desta análise. Após a classificação, foi adotado um tamanho de célula no valor de 2 metros para gerar o mapa final. O mapa de uso e cobertura do solo gerado no SIG foi submetido à função Convert, convertendo o arquivo de formato raster binário para o formato de arquivo raster ASCII. O arquivo raster ASCII foi analisado por meio do software Fragstats, gerando os índices para análise do grau de fragmentação das unidades de paisagem caracterizada como vegetação secundária nos dois estágios de regeneração encontrados na área. Para os cálculos foram selecionadas as seguintes métricas: NP, PD, LPI, ED, AREA_MN, TCA, PLAND e CORE_MN. Estas unidades foram consideradas suficientes e adequadas para caracterizar a área e obter uma visão geral da paisagem da região do empreendimento. • NP = Número de fragmentos de cada classe na paisagem. • TCA = Área total. É a soma das áreas (m²) de todos os fragmentos de cada classe, dividido por 10.000 (para converter em ha). • PLAND = É a porcentagem da soma das áreas (m²) de todos os fragmentos de cada classe, dividido pela área total do fragmento (m²). • AREA_MN = É a média das áreas de todos os fragmentos de cada classe correspondente dividido pelo número de fragmentos do mesmo tipo. • LPI = É a porcentagem da paisagem compreendida pelo maior fragmento. • ED = É a soma dos comprimentos de todos os segmentos de borda envolvendo o tipo de fragmento correspondente, dividido pela área total da paisagem (m²) multiplicado por 10.000 (para converter em ha). • CORE_MN = É a média das áreas de todos os fragmentos de cada classe sem a borda. Resultados No QUADRO 5.3.3.1 são apresentados os resultados dos cálculos da ecologia da paisagem da área de estudo para o licenciamento ambiental da ampliação da lavra de calcário da Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 170 VOTORANTIM CIMENTOS - Unidade Araçariguama. As métricas selecionadas foram suficientes para a obtenção de uma visão geral da paisagem do entorno. QUADRO 5.3.3.1 VALORES DAS MÉTRICAS PARA CADA CLASSE DA PAISAGEM NP TCA PLAND AREA_MN LPI ED CORE_MN 27 240,5 22,1 14,0 20,9 60,1 8,9 Vegetação em estágio médio Vegetação em estágio inicial Vegetação pioneira Campo antrópico 83 5,0 0,5 0,7 0,3 45,3 0,1 37 94 4,6 197 0,4 18,2 0,8 6,6 0,4 11,8 0,1 2,6 Eucalipto Expansão urbana Mineração 7 10 2 82,1 9,3 20,2 7,5 0,9 1,8 19,4 3,8 14,7 7,8 1,8 2,3 18,8 146, 9 23,4 14,7 4,3 11,7 0,9 10,1 Fonte: PROMINER (2008) Legenda: NP = número de fragmentos; TCA = área total; PLAND = porcentagem do fragmento na paisagem; AREA_MN = área média do fragmento; LPI = índice do maior fragmento; ED = densidade de borda; CORE_MN= área total sem borda. De um modo geral, a paisagem da região é heterogênea. As estruturas que a compõem foram divididas em Mineração, Campo antrópico, Expansão urbana, Reflorestamento com eucalipto, Vegetação pioneira, Vegetação secundária em estágio inicial e Vegetação secundária em estágio médio. No Capítulo 5.4.4, o uso e ocupação do solo foram descritos de uma forma mais detalhada. Segundo a apresentação dos resultados das métricas, constata-se que a vegetação secundária em estágio médio compreende a maior área da paisagem (TCA-240ha e PLAND22,1%). Contudo, essa classe não é representada pelo maior número de fragmentos (27 fragmentos). O campo antrópico e a vegetação em estágio inicial são formados pelos maiores números de fragmentos, 94 e 83, respectivamente. A área do campo antrópico é bastante significativa, representando 18,2% da paisagem. A vegetação inicial e pioneira, embora somem juntas 120 fragmentos, são compostas por áreas muito pequenas. A vegetação secundária em estágio inicial abrange 5,0ha (0,5% da paisagem) e a vegetação pioneira abrange 4,6ha (0,4% da paisagem). As áreas de reflorestamento com eucaliptos também abrangem uma parcela significativa da paisagem (82,1ha, 7,5%). Quando analisado a métrica AREA_MN, observou-se que a maior área média dos fragmentos foi de reflorestamento de eucalipto (19,4ha). De um modo geral, o que se constatou na análise das métricas é que a paisagem que envolve a mineração é formada por alguns fragmentos de vegetação em diferentes estágios sucessionais. Embora bastante alterada por ações antrópicas, como estradas, habitações, eucaliptais, é possível notar nos DESENHOS 768.E.0.0-EIA-01 e EIA 768.E.0.0-EIA-02 que na porção a oeste da mina ainda há um continuum de mata bem preservado, em estágio médio de regeneração. Essa mancha de vegetação representa 22,1% da paisagem e é formada por poucos fragmentos de grande porte e relativamente bem conectados com o Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 171 fragmento adjacente pertencente ao Instituto Butantã. A porção que abrange a propriedade da VOTORANTIM CIMENTOS compreende uma pequena faixa dessa grande mancha de vegetação, que será protegida por meio da averbação de Reserva Legal, cujo requerimento já foi solicitado e sua análise está em andamento. Quanto ao fragmento de vegetação secundária situado imediatamente ao lado da cava, apresenta uma área pequena na escala da paisagem. Embora seja de pequeno tamanho, isolado e de uma alta proximidade da cava da pedreira, representa um habitat importante para a fauna de médios e grandes mamíferos. Conforme apresentado no item 5.3.2 – Fauna, foram confirmadas as presenças de cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), veado catingueiro (Mazama guazoubira) e um grande grupo de quatis (Nasua nasua). Segundo relatos de funcionários locais, esses indivíduos são vistos ocasionalmente nas proximidades da pedreira, sugerindo que o tamanho do habitat pode estar sendo insuficiente, fazendo com que eles procurem outros recursos. Contudo, a matriz no entorno do fragmento é formada por plantações de eucaliptos. Na literatura, os eucaliptais podem servir de passagem para algumas espécies da fauna terrestre. Com o tempo e o esgotamento dos recursos desse fragmento de mata da porção leste da pedreira, as espécies faunísticas que lá habitam, tenderão a migrar para outros locais. Como na porção leste, os fragmentos são muito isolados e próximos da SP-280 (Rodovia Presidente Castello Branco), estes tenderão a migrar para os fragmentos de mata na porção oeste. No futuro monitoramento de fauna a ser realizado pela VOTORANTIM CIMENTOS poderá ser verificado se esta migração está ocorrendo. Nesse estudo, foi considerada como borda uma distância de 30 metros da matriz. Esse valor é usualmente utilizado na literatura. Acredita-se que seja suficiente como barreira para influências da matriz para a maioria das espécies animais e vegetais. Porém, algumas espécies de aves e mamíferos necessitam de uma borda de comprimento maior. Quando analisado somente áreas com vegetação, que é onde a borda causa seus efeitos, constatouse que a vegetação em estágio médio somou 60,1ha de borda (ED), a vegetação inicial, 45,3ha e vegetação pioneira, 18,8ha. A métrica CORE_MN mede a área total da área central (sem borda), que é a área sem interferência da borda. A maior área de vegetação em estágio médio também representou uma área central maior (8,9ha). Contudo, os fragmentos de vegetação em estágio inicial e pioneiro apresentaram, cada uma, 0,1ha de área central. Enfocando apenas os fragmentos de vegetação natural (QUADRO 5.3.3.2), de uma forma geral, pode-se observar que a grande maioria, 68,03% dos fragmentos apresentam menos de 1ha representado sobretudo pela vegetação em estágio inicial de regeneração, seguido pelos fragmentos de tamanhos entre 1 e 5ha (25,85%). Como explicado no QUADRO 5.3.3.2, 120 fragmentos são compostos de vegetação em estágio inicial de regeneração e pioneira., contra 27 fragmentos de vegetação em estágio médio, que somam 22,1% da paisagem. Todo esse número de fragmentos reflete o grau de isolamento e o desmatamento que ocorre na região, reflexo da urbanização, por se tratar de uma área muito próxima da Rodovia Presidente Castello Branco. Seria ideal que os próximos programas de recuperação focalizassem a recuperação e conexão da paisagem, revegetando e enriquecendo as áreas desses pequenos fragmentos. Ressalta-se que muitos dos fragmentos com vegetação em estágio inicial e pioneiro constituem antigos depósitos de estéril recuperados com vegetação nativa. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 172 QUADRO 5.3.3.2 DISTRIBUIÇÃO DE FREQÜÊNCIA DOS FRAGMENTOS POR CLASSE TAMANHO Menores de 1ha 1ha a 5ha NÚMERO DE FRAGMENTOS 100 (68,03%) 38 (25,85%) 5ha a 10ha 4 (2,72%) 10ha a 20ha 2 (1,36%) Acima de 20ha 3 (2,04%) Total Fonte: Prominer (2008). 147 (100%) Concluindo, a região da propriedade da VOTORANTIM CIMENTOS apresenta uma paisagem formada praticamente em sua maioria por vegetação natural e campo antrópico. Ressaltase que, embora a região seja bastante antropizada, existem áreas suficientes para se manter diversas comunidades de vida silvestre. Recomenda-se que sejam despendidos esforços para proteger as matas existentes e buscar conectar os fragmentos maiores aos menores. Dessa forma, com o passar do tempo, as áreas conectadas tenderão a formar e implementar corredores e assim, proporcionar a colonização e conservação de diversas espécies animais e vegetais. Antes mesmo da conclusão desses estudos, a VOTORANTIM CIMENTOS já havia dado o principal passo para a preservação das espécies vegetais e animais, com a criação da Reserva Legal nas áreas de sua propriedade. Monitoramento futuro proposto no Plano de Ação da Fauna, apresentado no ANEXO 9, também constitui outro importante passo para a preservação e sobretudo da avaliação da eficácia das medidas adotadas pela empresa. 5.4. Meio Socioeconômico Neste capítulo é apresentado o perfil socioeconômico regional, destacando-se a Região de Governo de Sorocaba, na qual está compreendido o município de Araçariguama. Também é apresentada a caracterização socioeconômica do município de Araçariguama, na qual é dada ênfase aos indicadores relacionados à dinâmica demográfica, à infra-estrutura urbana, serviços públicos essenciais e, sobretudo, às principais tendências socioeconômicas observadas no contexto municipal. Trabalhos de campo realizados no mês de maio de 2008 com a finalidade de complementar a pesquisa bibliográfica e a consulta de dados estatísticos disponíveis nos sites de órgãos públicos, em particular a Fundação SEADE e o IBGE. Na oportunidade foram atualizadas informações de uso e ocupação do solo. Também foram efetuadas consultas na Prefeitura, especificamente ao Departamento de Meio Ambiente e Planejamento, para obtenção de informações quanto à legislação, Plano Diretor e planos de governo para o município. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 173 5.4.1. Região Administrativa e a Região de Governo de Sorocaba A Região Administrativa (RA) de Sorocaba, a qual pertence à Região de Governo (RG) de Sorocaba, ocupa grande parte da porção sul do Estado de São Paulo. Trata-se de uma região que apresenta algumas características peculiares, ligadas principalmente à sua estrutura econômica complexa e heterogênea, além de contar com uma população bastante dispersa ou agrupada geralmente em pequenos núcleos urbanos. Estas e outras características fizeram com que grande parte desta região tivesse um baixo desenvolvimento econômico que, de certa forma, repercutiu nas condições de saúde de sua população, refletidas principalmente nas taxas de mortalidade infantil, importante indicador das condições econômicas de uma população, as mais altas observadas no Estado na década de 1970, indicando que grande parte de sua população vivia em condições inadequadas. Diferente das demais regiões do Estado de São Paulo, a RA de Sorocaba não se beneficiou com o desenvolvimento da cultura cafeeira, atividade motora da expansão nacional até a década de 20. Essa região recebeu estímulos mais diretos da indústria têxtil e da cultura algodoeira. No final dos anos 20, as 19 fábricas existentes na região de Sorocaba ocupavam 21,7% dos operários da indústria têxtil do Estado de São Paulo (FUNDAÇÃO SEADE, 1988). Nas duas décadas seguintes, apesar da diminuição da participação na indústria têxtil, a região ainda abrigava o mais importante parque têxtil do Estado. Ainda ligada à lavoura algodoeira, havia na região fábricas de óleo de caroço de algodão e usinas de beneficiamento de algodão que empregava grande contingente de operários. Outras duas atividades, uma ligada às estradas de ferro (oficinas de reparação e montagem de vagões e locomotivas) e outra ligada à indústria de minerais não-metálicos, destacando-se a fábrica de cimento Votorantim, constituíam importantes geradores de empregos na região. Por outro lado, a pouca difusão da cultura cafeeira possibilitou a diversificação agrícola da região, voltada às culturas como feijão, batata, cebola, arroz, milho, tomate e algodão, sendo este último expressivo até a década de 40. A construção da rodovia Castello Branco (SP-280) na década de 60 proporcionou uma intensificação do processo de industrialização, porém, restrita aos municípios localizados próximos à via e também à Região Metropolitana de São Paulo. Cerca de 70% do pessoal ocupado na indústria concentrava-se em apenas seis municípios da RG de Sorocaba, enquanto que nas RG de Botucatu, Tatuí, Itapetininga e Itapeva, destacavam-se apenas seus municípios sedes (FUNDAÇÃO SEADE, 1988). Nos anos 70, a pecuária tinha participação razoável na economia da RA de Sorocaba, enquanto o reflorestamento era o mais importante do Estado. Ainda nesta década, a RA de Sorocaba assiste a uma modernização do setor industrial, ocupando em 1978, a sexta colocação no faturamento da indústria de transformação e quinta na indústria extrativa (FUNDAÇÃO SEADE, 1988). A década de 1970/80 marcou o maior desenvolvimento da região de Sorocaba, tornando-se uma área de atração migratória. Nesse período, alguns municípios apresentaram taxas de crescimento populacional superiores a 4% ao ano, porém, ainda não comparáveis com as de Campinas, que apresentaram taxas elevadas, ou com as do oeste paulista, que foram negativas. A carência de melhores estradas é apontada como um dos fatores que impediram um maior desenvolvimento do setor industrial da região. Essa carência dos meios de Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 174 transporte atinge mais a porção sul da região, onde se encontram as maiores reservas minerais do Estado. Negri (1992) destaca que, mais recentemente, a RA de Sorocaba tem atraído investimentos industriais de grupos econômicos que operam na metrópole ou provém do exterior, enfatizando a ocorrência de uma tendência à “desconcentração industrial da região metropolitana para a Região de Sorocaba”. Com efeito, o interior paulista tem ocupado um novo lugar na divisão territorial do trabalho. Estudos de Lencioni (1994) apontam um processo de “reestruturação urbano-industrial” se desenvolvendo na metrópole paulista. Tal processo tem resultado em uma dispersão espacial das instalações industriais, ou ainda em uma “desindustrialização” da região metropolitana, configurando uma nova organização territorial. Assim, a concentração das atividades econômicas e, em particular, das indústrias, que estruturou o aglomerado metropolitano, cede lugar a um mecanismo de dispersão industrial. Beluzzo (2005), por outro lado, aponta que esta “desindustrialização” observada na década de 80/90 deveu-se à economia mal concebida do país, que ocasionou também a perda de posição no ranking do valor agregado manufatureiro. Esse autor ainda destaca que, na atual estrutura industrial brasileira, “sobressaem apenas algumas grandes e médias empresas em cada setor, com parte da estrutura de apoio globalizada” e que essas empresas sobreviveram “graças à modernização e à especialização, bem como ao acesso ao crédito público e internacional”. Alguns indicadores revelam a importância do fenômeno de dispersão industrial, entre os quais o Valor de Transformação Industrial e do número de empregos. Assim, em 1960, por exemplo, a região metropolitana era responsável por 71,1% do valor da produção industrial no Estado de São Paulo, taxa que, em 1980, caiu para 56,5%, incluindo a capital. No caso dos empregos a situação se repete: em 1970, a região metropolitana era responsável por 70% dos empregos na indústria do Estado de São Paulo, enquanto em 1988 esse percentual caiu para 61,6% (LENCIONI, 1994). A Fundação Seade (1992) destaca que, do total de US$ 70,3 bilhões de investimentos privados anunciados no Estado de São Paulo, entre 1995 e 1998, 71% destinavam-se às cidades localizadas no interior do Estado. No mesmo período, do total de “decisões de investimentos privados” no Estado, 4% referiam-se à RA de Sorocaba (apenas para efeitos comparativos, a RA de Santos compreendia 4% dos investimentos, as RA’s de São José dos Campos e Campinas, 12% e 15%, respectivamente; a Região Metropolitana de São Paulo concentrava 29% das decisões de investimentos e as demais regiões do Estado, 36%). Em 1991, a RA de Sorocaba concentrava 6,6% da população do Estado de São Paulo, sendo a RA com a terceira maior concentração populacional do Estado. Em 1992, registrou 2.463.754 habitantes, mantendo as mesmas taxas de crescimento das décadas de 70 e 80, 2,84% e 2,65%, respectivamente. A proporção da população da RA de Sorocaba residindo em áreas urbanas foi de 79,84% em 1991, além de apresentar ¾ de seus municípios com taxas de urbanização inferiores e 80% (FUNDAÇÃO SEADE, 1992). A RG de Sorocaba, integrante da RA de Sorocaba, conforme informações do QUADRO 5.4.1.1, apresentava taxa de urbanização de 83,67% em 1980 e de 86,39% em 1991. No período analisado, a participação da RG de Sorocaba na população do Estado tem Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 175 apresentado sucessivos declínios (1,1%, 1,0%, 0,9% e 0,8%, respectivamente) ao longo dos anos de 1970 a 2000. Esta situação também é mantida com relação à participação na população da RA de Sorocaba: em 1970 e 1980 representava cerca de 17%, caindo para 15,13% e 13,38%, respectivamente, nos anos de 1991 e 2000. A densidade demográfica manteve-se entre 95,36 e 136,27hab/km² nos anos de 1980 a 91. QUADRO 5.4.1.1 POPULAÇÃO RESIDENTE (habitantes) ESTADO DE SP, RA DE SOROCABA E RG DE SOROCABA Estado de SP RA de Sorocaba RG de Sorocaba 1980 1991 2000 25.040.712 1.510.176 679.802 31.546.473 2.014.380 971.434 36.974.378 2.463.754 1.247.741 Fonte: SEADE, 1992, 2005 e 2008. QUADRO 5.4.1.2 TAXAS ANUAIS DE CRESCIMENTO (%a.a.) ESTADO DE SP, RA DE SOROCABA E RG DE SOROCABA 1970/1980 1980/1991 1991/2000 3,49 2,84 4,08 2,12 2,65 3,30 1,80 2,31 2,82 Estado de SP RA de Sorocaba RG de Sorocaba Fonte: SEADE, 1992, 2005 e 2008. QUADRO 5.4.1.3 TAXAS DE URBANIZAÇÃO (%) ESTADO DE SP, RA DE SOROCABA E RG DE SOROCABA Estado de SP RA de Sorocaba RG de Sorocaba 1980 1991 2000 88,64 71,49 83,67 92,71 79,84 86,39 93,41 83,50 86,85 Fonte: SEADE, 1992, 2005 e 2008. Apesar de sempre ter superado o ritmo de crescimento populacional do país, no decorrer da década de 1980, o Estado de São Paulo apresentou uma desaceleração drástica dessa taxa. Até 1980, o componente migratório teve ampla participação no crescimento populacional do Estado, com uma taxa de 42,4% na década de 1970. Nos anos de 1980 observou-se uma brusca queda da participação do componente migratório, que passou a representar apenas 9% do crescimento populacional do Estado, enquanto a participação do componente vegetativo chegou a 91%. Seguindo a tendência de desaceleração do ritmo de crescimento do Estado, a RG de Sorocaba registrou taxas de 3,30%, em 1980/91 e 2,82% em 2000. Nesta última década, caracterizou-se por ser uma região marcada pela evasão populacional, ou seja, a taxa de saída de migrantes foi maior do que a entrada de pessoas, e que não consegue reter sua população. Quanto à taxa de urbanização, a RG de Sorocaba registrou entre 1980-1991 valores entre 83% e 86% (SEADE, 1992). Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 176 5.4.2. O Município de Araçariguama O município de Araçariguama localiza-se na porção sudeste do Estado de São Paulo, a pouco mais de 40 km da capital paulista, tem 138 km² de área (FUNDAÇÃO SEADE, 2008), ou 146 km² de acordo com o IBGE (2008) e faz divisa com Cabreúva ao norte, São Roque ao sul, Pirapora do Bom Jesus e Santana de Parnaíba a leste e Itu a oeste. Hoje, Araçariguama é conhecida como “portal do interior”, por ser o primeiro município do “interior” do Estado, situado próximo à Região Metropolitana de São Paulo-RMSP, pelo qual transita a população que se dirige rumo à porção oeste do Estado. A formação de Araçariguama teve início com a construção da capela de Nossa Senhora da Conceição de Araçariguama. Por volta de 1653, tornou-se freguesia do município de Parnaíba, hoje Santana de Parnaíba. Em 1844, de acordo com a Lei nº 10, a freguesia foi transferida para o município de São Roque. Em 16 de abril de 1874, por meio da Lei nº 43, a freguesia foi elevada à categoria de vila e passou a desenvolver o cultivo de vários gêneros agrícolas, como café, cana-de-açúcar, algodão e cereais em geral, além das atividades das olarias, moinhos e das áreas destinadas à caça e a pesca (FUNDAÇÃO SEADE, 2008). Em 21 de maio de 1934, por meio do Decreto 6.448, o município foi reconduzido à condição de distrito, em decorrência de sua estagnação econômica, sendo reincorporado ao município de São Roque. Somente em 30 de dezembro de 1991, Araçariguama adquire autonomia político-administrativa, sendo conduzido novamente à condição de município (IGC, 1995). Outra fonte de informação (www.ferias.tur.br - 2008), referente ao histórico abaixo descrito, cita que em 1590 o mameluco Affonso Sardinha, conhecido como Capitão-Mor de São Paulo de Piratininga, encontrou ouro de lavagem nas proximidades do Morro do Vuturuna, marcando o início histórico da formação de Araçariguama. Conta ainda que em 04 de dezembro de 1605, Affonso Sardinha ergueu uma capela aos devotos de Santa Bárbara (protetora dos mineiros e militares) ao pé do Morro do Vuturuna, nos arredores do local, hoje conhecido como morro do Cantagalo, onde se descobriu um vasto veio aurífero em Araçariguama. Entre 1625 e 1640, com a dispersão e fixação dos fazendeiros e bandeirantes paulistas pela região de Santana de Parnaíba por áreas próximas, sobretudo às margens do rio Tietê em Araçariguama, muitos desses bandeirantes se fixaram na região, sempre em função da exploração aurífera. Um desses pontos de fixação teria sido a fazenda Novo Horizonte, localidade onde hoje funciona o Restaurante Casarão 54, cujo estilo arquitetônico foi mantido intacto até hoje. Em 1648 foi edificada em taipa de pilão a capela de Nossa Senhora da Penha, quando Gonçalo Bicudo Chassin dava início à fundação do vilarejo que mais tarde se tornaria o povoado de Araçariguama. Em 1653 a capela foi elevada à condição de paróquia e atualmente é a matriz do município. O povoado de Araçariguama se tornaria uma das mais importantes da região e pertencente à vila de Parnaíba. O aspecto religioso e a existência de ouro marcariam a história de Araçariguama até meados do século XX. O núcleo urbano de Araçariguama se desenvolveria ao redor da capela de Nossa Senhora da Conceição de Araçariguama. O ouro atrairia empresa e Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 177 população à região, tanto que 1926 a empresa Saint George Gold Mine obteve a concessão de lavra da mina de ouro de Araçariguama, porém, em 1934 a mina foi lacrada devido ao desvio de ouro, ano em que o município foi reconduzido à condição de distrito. A década de 1960 marcaria o início da nova fase de desenvolvimento do município de Araçariguama. Em 1962 foi construída a rodovia presidente Castello Branco (SP-280), à época conhecida como “auto-estrada do oeste”. A construção dessa via daria novo impulso ao desenvolvimento dos municípios localizados a oeste da RMSP, sobretudo Araçariguama, culminando em sua emancipação política no ano de 1991. A localização privilegiada do município, próximo à RMSP, também foi primordial, atraindo empresas de renome como a Gerdau Aço Minas Araçariguama São Paulo, localizada ao longo da SP-280, que hoje gera centenas de empregos no município. A seguir é apresentado um panorama detalhado do município, no que se refere aos aspectos socioeconômicos, obtidos a partir de pesquisas nos sites da Fundação SEADE e IBGE, consultas realizadas no mês de julho de 2008. Vale ressaltar que há dados estatísticos apenas referentes ao ano 2000, pois a efetivação de Araçariguama como município ocorreu apenas em fins de 1991. 5.4.3. População e Nível de Vida em Araçariguama Segundo a Fundação SEADE (2008), o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de Araçariguama no ano 2000 era 0,770, situando-se na 397ª colocação no ranking dos municípios do Estado de São Paulo, pertencendo ao “Grupo 2”, ou seja, municípios que, embora com níveis de riqueza elevados, não exibem bons indicadores sociais. O IDHM do Estado nesse mesmo ano foi 0,814. Em 2000, a renda per capita do município era de 1,79 salários mínimos, frente a 2,48 da RG de Sorocaba e 2,92 do Estado. Estatísticas da Fundação SEADE (2008) indicavam em Araçariguama uma população de 14.040 habitantes em 2007 e densidade demográfica em torno de 100 habitantes/km², enquanto o IBGE indicava 12.291 habitantes. Por outro lado, a taxa de urbanização de Araçariguama (FOTO 5.4.3.1) no ano de 2007 era de 73,08% - ainda muito aquém daquela de Sorocaba (88,2%) e do Estado (93,75%). Proporcionalmente, frente à RG de Sorocaba e ao Estado, a população com menos de 15 anos e com mais de 60 anos representa 28% e 6,57% da população total, respectivamente, tratando-se de município com mais jovens. As estatísticas populacionais de Araçariguama, da RG de Sorocaba e do Estado são apresentadas no QUADRO 5.4.3.1. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 178 FOTO 5.4.3.1 – O pequeno núcleo urbano de Araçariguama, que concentra pouco mais de 70% da população do município. No que se refere à taxa geométrica de crescimentos anuais da população entre 2000/2007, a de Araçariguama foi de 3,41%a.a., muito superior ao da Região de Governo (RG) de Sorocaba (2,3%) e a do Estado (1,5% a.a). O Estado de São Paulo apresentou, em linhas gerais, uma desaceleração das taxas de crescimento ao longo dos anos 80; alguns municípios seguiram essa tendência, como é o caso de Araçariguama, já na primeira década do ano de 2000 (Fundação SEADE, 2008). Durante essa década, o município de Araçariguama apresentou evasão populacional, com o crescimento vegetativo compensando a migração negativa. A taxa de crescimento anual da população total na década de 90 foi 5,58%, passando para 3,41% no período de 2000-2007. A projeção da população de Araçariguama do SEADE (2008) para 2010 é de 19.373 habitantes. QUADRO 5.4.3.1 ESTATÍTICAS POPULACIONAIS ARAÇARIGUAMA, RG DE SOROCABA E ESTADO DE SP Araçariguama RG de Sorocaba Estado de SP 3,41 2,30 1,50 Grau de urbanização (em %) 73,08 88,20 93,75 População com menos de 15 anos (em %) 28,00 24,35 23,97 6,57 9,16 10,04 Estatísticas Populacionais Taxa geométrica de crescimento anual da população - 2000/2007 (%a.a.) População com 60 anos e mais (em %) Fonte: Fundação SEADE, 2008 (acessado em 01 de julho de 2008) Quanto à dinâmica demográfica, de acordo com o IBGE (2008), a população total do município de Araçariguama em 2000 era de 11.154 habitantes, dos quais 7.240 residentes na área urbana e 3.914 na área rural. A população masculina representava 5.733 habitantes enquanto que a feminina era de 5.421, de acordo com o ilustrado no QUADRO 5.4.3.2. QUADRO 5.4.3.2 POPULAÇÃO TOTAL, URBANA E RURAL DE ARAÇARIGUAMA EM 2000 Araçariguama Total Urbana Rural Homens 5.733 3.647 2.086 Mulheres 5.421 3.593 1.828 11.154 7.240 3.914 População total Fonte: IBGE, julho/2008 Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 179 Com relação aos dados vitais e de saúde, apresentadas no QUADRO 5.4.3.3, para o ano de 2003, Araçariguama têm apresentado melhores estatísticas que a RG de Sorocaba e o Estado de São Paulo em alguns aspectos, tais como a taxa de mortalidade infantil (menores de um ano) e na infância (crianças até cinco anos). Por outro lado, a taxa de natalidade, de fecundidade e da mortalidade da população entre 15 e 34 anos, bem como a proporção de mães adolescentes ainda são muito superiores que a RG de Sorocaba e o Estado. Segundo dados do IBGE, em 2005, a cidade contava com apenas um estabelecimento de saúde, sendo este público. QUADRO 5.4.3.3 ESTATÍTICAS VITAIS E SAÚDE ARAÇARIGUAMA, RG DE SOROCABA E ESTADO DE SP Estatísticas Vitais e Saúde Município RG de Estado de Sorocaba São Paulo Taxa de natalidade (por mil habitantes) 24,15 14,20 14,92 Taxa de fecundidade geral (por mil mulheres entre 15 e 49 anos) 83,69 49,62 52,12 6,08 15,13 13,28 12,16 17,48 15,59 Taxa de mortalidade da população entre 15 e 34 anos (por cem mil hab.) 170,36 129,42 130,41 Taxa de mortalidade da população de 60 anos e mais (por cem mil hab.) 3.291,71 4.061,45 3.820,17 Mães adolescentes com menos de 18 anos (em %) 13,68 8,40 7,59 Mães que tiveram sete e mais consultas de pré-natal (em %) 67,07 85,37 74,89 Partos cesáreos (em %) 59,57 52,72 54,77 Nascimentos de baixo peso com menos de 2,5kg (em %) 6,44 8,18 9,06 Gestações pré-termo (em %) 7,33 8,02 8,20 Taxa de mortalidade infantil (por mil nascidos vivos) Taxa de mortalidade na infância (por mil nascidos vivos) Fonte: Fundação SEADE, 2008 (acessado em 01 de julho de 2008) A Fundação SEADE (2008) registrou no ano 2000 uma taxa de analfabetismo da população de 15 anos e mais no município de 10,01%, contra 6,77% da RG de Sorocaba e 6,64% do Estado. A média de anos de estudo da população entre 15 e 64 anos é de 5,79 anos, número ainda inferior à RG de Sorocaba (7,2 anos) e do Estado (7,64 anos). Também é alta a porcentagem com população de mais de 25 com menos de 8 anos de estudo, 75,46%, conforme se observa no QUADRO 5.4.3.4. QUADRO 5.4.3.4 ESTATÍTICAS DE EDUCAÇÃO ARAÇARIGUAMA, RG DE SOROCABA E ESTADO DE SP Município RG de Sorocaba Estado de S. Paulo 10,01 6,77 6,64 5,79 7,20 7,64 População de 25 anos e mais com menos de 8 anos de estudo (%) 75,76 60,73 55,55 População de 18 a 24 anos com ensino médio completo (%) 25,95 38,09 41,88 Educação Taxa de analfabetismo da população de 15 anos e mais (%) Média de anos de estudos da população de 15 a 64 anos Fonte: IBGE, julho/2008 Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 180 Com relação ao número de matrículas, o IBGE (2008) aponta que em 2007 havia 3.003 alunos matriculados no Ensino Fundamental I e II, dos quais 97,4% na rede pública municipal e o restante na rede privada; 635 no Ensino Médio, todos da rede pública estadual, totalizando 3.638 alunos matriculados no Ensino Médio e Fundamental; e 785 alunos na Pré-escola, dos quais 97,9% da rede pública municipal e demais da rede pública priva, conforme demonstrado no QUADRO 5.4.3.5. Os alunos do Ensino Fundamental estão distribuídos entre as 12 escolas da municipalidade e uma da rede privada. O Ensino Médio conta com apenas uma escola da rede pública estadual. Grande parte dos funcionários da VOTORANTIM CIMENTOS, da Unidade Araçariguama, reside em Araçariguama, ou nos municípios vizinhos – Itapevi e São Roque. A empresa emprega 51 funcionários, que utilizam à infra-estrutura de saúde e de educação dos respectivos municípios onde residem, não havendo problema de sobrecarga nesses serviços no município de Araçariguama. QUADRO 5.4.3.5 ARAÇARIGUAMA - ESTATÍTICAS DE EDUCAÇÃO Matrícula Número Matrícula - Ensino fundamental - 2007 3.003 Matrícula - Ensino fundamental - escola publica municipal 2.926 Matrícula - Ensino fundamental - escola privada 77 Matrícula - Ensino médio - 2007 635 Matrícula - Ensino médio - escola pública estadual 635 Matrícula - Ensino pré-escolar - 2007 (1) 785 Matrícula - Ensino pré-escolar - escola pública municipal - 2007 (1) 769 Matrícula - Ensino pré-escolar - escola privada - 2007 (1) 16 Fonte: IBGE, julho/2008 No que se refere à habitação e infra-estrutura urbana, apenas para a coleta de lixo o município apresentou melhores estatísticas que a RG de Sorocaba e o Estado. Domicílios com infra-estrutura interna urbana adequada e nível de atendimento para esgotamento sanitário ainda são muito inferiores aos índices apresentados pela RG e Estado, conforme se observa no QUADRO 5.4.3.6. Os resíduos sólidos domiciliares são direcionados a um aterro controlado, situado na Estrada do Butantan, a sudoeste do empreendimento, distante cerca de 1,5 km em linha reta (FOTO 5.4.3.1), em área situada na sub-bacia do ribeirão Araçariguama. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 181 FOTO 5.4.3.1 – Aterro de resíduos domésticos de Araçariguama, localizado na estrada do Butantan, a sudoeste do empreendimento. Segundo informações da SABESP, empresa responsável pelo abastecimento público de água no município de Araçariguama, a captação é feita no ribeirão do Colégio, nas proximidades da estrada do Honda, distante em linha cerca de 2 km da rodovia Castello Branco (lado esquerdo sentido interior), coordenada geográficas aproximadas de 23°27’S e 47°05’W. Nas proximidades de empreendimento não se observou a utilização de água para irrigação de culturas, mesmo porque não se trata de região onde se desenvolve atividade agrícola. QUADRO 5.4.3.6 ARAÇARIGUAMA – HABITAÇÃO E INFRA-ESTRUTURA URBANA Habitação e Infra-estrutura Urbana Município RG de Sorocaba Estado de S. Paulo Domicílios com espaço suficiente (em %) 69,63 81,55 83,16 Domicílios com infra-estrutura interna urbana adequada (em %) 69,20 92,27 89,29 Coleta de lixo - nível de atendimento (em %) 99,08 98,94 98,90 Abastecimento de água - nível de atendimento (em %) 93,91 97,75 97,38 Esgoto sanitário - nível de atendimento (em %) 67,48 90,67 85,72 Fonte: Fundação SEADE, 2008 (acessado em 01 de julho de 2008) Em 1995, o município de Araçariguama registrava um total de 1.647 vínculos empregatícios formais, de acordo com dados da Fundação SEADE (2008) apresentados no QUADRO 5.4.3.7. Desse total, 20,83% trabalhavam no setor de serviços; os setores de comércio e indústria ocupavam, respectivamente, 7,65% e 69,40% dos trabalhadores. Notase um aumento no número de trabalhadores com carteira assinada, atingindo 4.811, em 2005. A única mudança significativa nesse período foi o aumento do percentual de trabalhadores empregados no setor de serviços, de 20,83% em 1995 para 32,95%, em 2005, conseqüentemente, diminuindo em termos percentuais, os trabalhadores do setor industrial. Convém ressaltar que, de modo geral, a mão-de-obra empregada no campo não possui carteira assinada, seja o próprio trabalhador assalariado, seja o pequeno proprietário, cuja produção destina-se em parte à subsistência, em parte à comercialização. A VOTORANTIM CIMENTOS é responsável pela geração de 51 postos de trabalho no setor industrial, correspondendo a cerca de 2% do total de empregos formais do setor, considerando o ano de 2005 e as informações do município de Araçariguama. Há de se considerar que parte desse contingente é proveniente de Itapevi e também de São Roque. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 182 No ano de 2005, a Fundação SEADE registrou um total de 243 estabelecimentos de trabalho cadastrados no Ministério do Trabalho, empregando um total de 4.811 trabalhadores formais. Dentre estes estabelecimentos, 56 eram do setor industrial, 96 do setor de comércio, 74 de serviços e 17 se caracterizavam como estabelecimentos de outros tipos de atividades. QUADRO 5.4.3.7 VÍNCULOS EMPREGATÍCIOS NO MUNICÍPIO DE ARAÇARIGUAMA Vínculos empregatícios 1995 2000 2005 Indústria Comércio Serviços Outras atividades Total de vínculos empregatícios formais 1.143 126 343 35 1.647 1.317 227 671 506 2.721 2.441 407 1.585 378 4.811 Fonte: Fundação SEADE, 2008. Segundo o IBGE, em 2006 a pecuária apresentava maior número de cabeças de aves, seguida de bovinos e eqüinos. (QUADRO 4.3.2.3). Nesta pesquisa consta 235 cabeças de vacas ordenhadas com uma produção de leite de vaca de 192 mil litros e 4 estabelecimentos com produção de ovos de galinha. Ainda de acordo com o IBGE, em 2006 o município produziu 136 mil dúzias de ovos de galinha e 285 kg de mel de abelha. QUADRO 5.4.3.8 PECUÁRIA - EFETIVOS DOS REBANHOS - 2006 Animais N° de Cabeças 3.357 892 12.980 Bovinos Suínos Aves Eqüinos Muares Caprinos 936 410 261 Fonte: IBGE, 2008. Quanto à produção agrícola, são apresentados no QUADRO 5.4.3.9 os principais produtos agrícolas cultivados no município de Araçariguama e as respectivas áreas cultivadas durante o período de 2005/2006. Os produtos que apresentam maior área plantada foram: milho, feijão, cana-de-açúcar, arroz e mandioca. Com relação à quantidade produzida, destacou-se também a cana-de-açúcar, o milho, seguido pelo tomate. Quanto à silvicultura, não foram registradas produções significativas em 2006. QUADRO 5.4.3.9 PRINCIPAIS PRODUTOS AGROPECUÁRIOS - 2006 Produto Banana Arroz Mandioca Cana-de-Açúcar Feijão Laranja Milho Tomate Fonte: IBGE, 2008. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP Produção (t) 50 22 64 5.006 97 156 828 375 Área Plantada (ha) 2 12 7 84 96 6 240 6 183 A participação do município na economia do Estado é insípida. Em 2007, as exportações compreendiam 0,18%, enquanto que a participação no Produto Interno Bruto do Estado correspondia em 2005 a apenas 0,05%. 5.4.4. Uso e Ocupação do Solo O município de Araçariguama ocupa uma área de 138km² (FUNDAÇÃO SEADE, 2008), ou 146km², de acordo com o IBGE (2008). Dessa totalidade, a área ocupada por atividades agropecupárias compreendem 43.847ha, seguida por áreas de pastagens naturais (19.487ha), e área ocupadas por matas e florestas (4.823ha). As áreas ocupadas por culturas permanentes e temporárias somam apenas 453ha. No entorno do empreendimento, a geologia imprimiu as feições do relevo local que, por sua vez, condicionou a ocupação do solo. Predominam no município áreas mais acidentadas, onde é difícil ou restrita a mecanização agrícola. Dessa forma, as áreas ocupadas por agricultura são raras. A silvicultura ainda não é uma atividade de destaque no município, mas como tem ocorrido nas áreas rurais da Região Metropolitana de São Paulo-RMSP e enotrno, há uma forte tendência de ocupação por atividades de reflorestamento. A atual área de lavra e a de interesse para a ampliação da lavra da VOTORANTIM CIMENTOS está totalmente inserida nos limites da propriedade da empresa. Boa parte da área da propriedade é ocupada pelas áreas de mineração, nas quais se incluem a cava, áreas de britagem, disposição de material estéril (em atividade e desativadas), áreas de infra-estrutura do empreendimento e casa de funcionários da empresa (FOTO 5.4.4.1 a 5.4.4.6). O entorno norte a leste da cava é ocupado por reflorestamento de eucaliptos (FOTO 5.4.4.7), enquanto no entorno sul e oeste observam-se as áreas de britagem e o escritório e, após estes, encontra-se uma área coberta por vegetação nativa, seccionada pela rede de alta tensão, adjacente à área de remanescente florestal da fazenda do Instituto Butantan, ambos formam um grande fragmaneto florestal que se destaca na paisagem regional (FOTO 5.4.4.8 ). A área situada na porção sul da propriedade está desprovida de vegetação nativa, trata-se de uma área no qual a regeneração de nativas é dificultada devido às condições do relevo e a existência de matacões. A porção sudeste foi uma antiga área de disposição de material estéril, estando hoje em processo de recuperação. Na porção noroeste da propriedade hoje se desenvolve o novo “bota-fora” do empreendimento (FOTO 5.4.4.6). Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 184 FOTO 5.4.4.1 – Vista geral, de noroeste para sudeste, da cava da VOTORANTIM CIMENTOS, em Araçariguama. FOTO 5.4.4.2 – Área de britagem da VOTORANTIM CIMENTOS, situada ao sul da área da cava. FOTO 5.4.4.3 – Ao fundo, vista do escritório e refeitório da VOTORANTIM CIMENTOS, à esquerda, o estacionamento de veículos. FOTO 5.4.4.4 – Edificação que abriga o almoxarifado, vestiário, sanitários e sala de reuniões da VOTORANTIM CIMENTOS. FOTO 5.4.4.5 – Depósito de material estéril recentemente desativado e que se encontra em processo de recuperação. FOTO 5.4.4.6 – Atual área de disposição de estéril do empreendimento, localizado na porção noroeste da propriedade. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 185 FOTO 5.4.4.7 – Área de reflorestamento de eucalipto situado na porção noroeste da propriedade, atrás do escritório da empresa. FOTO 5.4.4.8 – Á esquerda, mata nativa pertencente ao Instituto Butantan, vizinho ao fragmento da VOTORANTIM CIMENTOS. Ao centro, as cocheiras da fazenda Butantan. A poligonal da VOTORANTIM CIMENTOS é seccionada pela estrada municipal Senador José Ermírio de Moraes, via não pavimentada, porém melhorada pela utilização de brita proveniente da própria cava, cuja expansão é objeto deste licenciamento. Na porção sudeste da propriedade, a estrada constitui o marco divisório, seccionando-a integralmente de sudeste a noroeste. Esta via (FOTOS 5.4.4.9 e 5.4.4.10) é utilizada pela empresa para o escoamento da brita produzida no local. Percorrendo-a por cerca de 2 km se acessa a rodovia Castello Branco (SP-280). A estrada também é utilizada pela população local, pois trata-se de via antiga, que faz a ligação entre a cidade de Araçariguama e São João Novo, distrito pertencente ao município de São Roque. A existência dessa via municipal é anterior ao surgimento da pedreira. Basicamente, o entorno norte-oeste-sul do empreendimento é ocupado por áreas de reflorestamento de eucaliptos e vegetação nativa, não se observando ocupação humana. Apenas no entorno leste e sudeste do empreendimento destacam-se alguns usos do solos distintos no qual se destaca o Condomínio Alpes dos Bandeirantes, localizado no Bairro da Lagoa (FOTOS 5.4.4.11). Este condomínio conta com cerca 25 residências, algumas delas existentes há mais de 40 anos. São residências muito simples, em alvenaria, características de auto-construção. Segundo informações da moradora do local, alguns residentes no local trabalham na Gerdau, Goodyear, VOTORANTIM CIMENTOS, no pátio do Departamento Estadual de Rodagem (DER), Petrox, Heleno e Fonseca Construtec, na EMEI Rada Smile e Lisy Galvanização. De modo geral, as residências dos proprietários empregados nas empresas locais parecem estar em melhores condições. Os moradores dizem não ter reclamações das atividades da VOTORANTIM CIMENTOS, mesmo porque há atuação de outras unidades fabris nas imediações, tais como a Petrox, Heleno e Fonseca e Lisy. Inclusive, moradores da região costumam contatar a VOTORANTIM CIMENTOS para solicitar favores, sobretudo para auxiliar na manutenção da estrada municipal, cuja manutenção é realizada pela empresa, sem que haja acordo formal para tal. Eventualmente a estrada é “cascalhada” para possibilitar o tráfego nos períodos de chuva. No Bairro da Lagoa não há centro comunitário ou local onde a população possa se reunir para discutir os problemas da comunidade. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 186 Também ao longo da estrada municipal Senador José Ermírio de Moraes encontra-se a única escola das imediações, a Escola Municipal de Ensino Infantil (EMEI) Rada Smile (FOTOS 5.4.4.12). A escola foi construída pela VOTORANTIM para atender os moradores do Bairro da Lagoa e das comunidades vizinhas, sobretudo aquelas localizadas ao longo da estras Manoel Raimundo de Paula, antigo acesso de terra que ligava São Roque a Itapevi. Margeando o limite da propriedade da VOTORANTIM CIMENTOS, a leste, têm-se as empresas Petrox, que produz asfalto para impermeabilização de construções (FOTO 5.4.4.13). Esse impermeabilizante é gerado a partir do processamento da escória do petróleo. A Petrox vende o produto para todo o Brasil, sendo seus principais clientes as empresas que produzem aplicadores de impermeabilização. A Petrox tem 6 funcionários registrados e está devidamente licenciada na CETESB. Outra empresa que funciona em área adjacente à Petrox é a Heleno e Fonseca Construtécnica, que produz asfalto para pavimentação (FOTO 5.4.4.14). Essa empresa está paralisada há 13 anos, devido a atuação em outras localidades. Atualmente encontra-se em reforma, pois em breve deseja reiniciar as atividades. Há 11 funcionários trabalhando no local. O encarregado do local informou que o único problema do local é a falta de água. A nordeste do empreendimento, em área adjacente à propriedade da VOTORANTIM CIMENTOS, encontra-se a empresa Lisy Indústria e Comércio Ltda., empresa de produz produtos galvanizados (FOTO 5.4.4.15). Pouco mais adiante, antes da rodovia Castello Branco encontra-se o pátio de recolhimento de veículos do Departamento de Estradas de Rodagem – DER (FOTO 5.4.4.16), onde ficam os veículos retidos pela polícia rodoviária. Durante os levantamentos, não se observaram conflitos de interesse nas imediações do empreendimento. A Petrox utiliza a balança da VOTORANTIM CIMENTOS. O encarregado da Heleno e Fonseca aponta a falta de água como um problema da região e não decorrente das atividades da VOTORANTIM CIMENTOS. No DESENHO 768.E.0.0-EIA-02 é apresentado o Mapa de Uso e Ocupação do Solo, compreendendo a área da poligonal DNPM 000.227/45 e seu entorno. FOTO 5.4.4.9 – Estrada municipal Senador José Ermírio de Moraes, utilizada pela VOTORANTIM CIMENTOS para o escoamento da brita. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP FOTO 5.4.4.10 – Ônibus que faz a linha São Roque-Itapevi, passando por Araçariguama, e pelas estradas municipais Senador José Ermírio de Moraes e Manoel R. de Paula. 187 FOTO 5.4.4.11 – Condomínio Alpes dos Bandeirantes, localizado no Bairro da Lagoa, situado a leste do empreendimento. FOTO 5.4.4.12 – EMEI Rada Smile, construído pela VOTORANTIM, que atende os alunos da região. FOTO 5.4.4.13 – Petrox, empresa que produz asfalto para impermeabilização, situada a leste do empreendimento. FOTO 5.4.4.14 – Heleno e Fonseca, empresa produtora de asfalto para pavimentação, situado em área adjacente à Petrox. FOTO 5.4.4.15 – Entrada da Lisy, produtora de galvanizados, localizada em área adjacente à pedreira, a nordeste. FOTO 5.4.4.16 – Pátio de recolhimento de veículos do DER, situado ao longo da estrada municipal Senador José Ermírio de Moraes. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 188 5.4.5. Estudos Arqueológicos Em 17 de dezembro de 2002 foi publicada a Portaria IPHAN nº 230, objetivando o licenciamento de empreendimentos potencialmente capazes de afetar o patrimônio arqueológico, compatibilizando as fases de obtenção de licenças ambientais com os estudos preventivos de arqueologia. Esta Portaria determina que na fase de obtenção de licença prévia deve-se proceder à contextualização arqueológica e etno-histórica da área de influência do empreendimento, por meio de levantamento exaustivo, de dados secundários e levantamento arqueológico de campo. De acordo com o Artigo 2º desta Portaria, nos projetos que afetam áreas arqueologicamente desconhecidas, pouco ou mal conhecidas, que não permitam inferências sobre a área de intervenção do empreendimento, deverão ser efetuados levantamentos arqueológicos de campo pelo menos em sua área de influência direta. Este levantamento deverá contemplar todos os compartimentos ambientais significativos no contexto geral da área a ser implantada e deverá prever levantamento prospectivo de sub-superfície. Atendendo o que determina a Portaria IPHAN nº 230, foi efetuado o diagnóstico arqueológico na área de influência direta do empreendimento por profissional habilitado para averiguar a ocorrência de vestígios arqueológicos. Durante as investigações não foram constatadas ocorrências de vestígios arqueológicos, em superfície ou em sub-superfície. A partir dos levantamentos realizados, foi elaborado o Laudo Técnico Arqueológico, protocolado no IPHAN em 23 de junho de 2008. O laudo técnico arqueológico e o respectivo protocolo no IPHAN é apresentado no ANEXO 6. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 189 Capítulo 6 Análise dos impactos ambientais Este capítulo apresenta uma análise integrada dos impactos ambientais decorrentes das fases de implantação, operação e desativação do empreendimento. A análise é feita em três etapas, iniciando pela identificação dos impactos ambientais, passando para a previsão dos aspectos ambientais e seguindo para a avaliação da importância dos impactos identificados, conforme indicado no capítulo 1 na FIGURA 1.1. Este capítulo se divide em três seções principais: (i) a primeira é dedicada à identificação dos prováveis aspectos e impactos do empreendimento proposto – nesta seção é apresentada uma lista dos impactos, correlacionando-os a cada uma das fases do empreendimento; (ii) a segunda seção traz estimativas da magnitude ou intensidade dos impactos previstos, usando, quando apropriado, indicadores quantitativos ou qualitativos; (iii) na terceira seção é feita uma interpretação da importância dos impactos previstos. Em um EIA, a análise dos impactos ambientais tem função de (1) fornecer um prognóstico da situação futura do ambiente na área de influência do empreendimento; (2) estabelecer uma referência bem fundamentada para a discussão pública do projeto e para seu licenciamento ambiental; e (3) orientar a formulação de medidas mitigadoras, compensatórias e demais elementos do plano de gestão ambiental do empreendimento. 6.1. Identificação dos impactos A identificação dos prováveis impactos ambientais é a primeira tarefa na etapa de análise dos impactos. A identificação resulta em uma relação de impactos prováveis, que devem ser analisados quanto à sua magnitude e quanto à sua importância. Para identificar impactos é necessário conhecer suas causas ou fontes geradoras, que são as atividades, obras, intervenções, ações e demais elementos que compõem o empreendimento nas duas principais fases de seu ciclo de vida: operação e desativação. Como o empreendimento se encontra em operação e o EIA trata da ampliação da área de lavra, não se considerou uma etapa de implantação. Seguiu-se como orientação metodológica para a identificação dos impactos a proposta de SÁNCHEZ e HACKING (2002), segundo a qual durante esta etapa da análise dos impactos deve-se também identificar os aspectos ambientais, correlacionando-os com as principais atividades, produtos e serviços que compõem o empreendimento, para em seguida Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 190 identificar os impactos associados a cada aspecto ambiental. A identificação das correlações é feita com a ajuda de uma matriz onde são representados dois campos de interação: um entre atividades e aspectos ambientais e outro entre aspectos e impactos ambientais. O conceito de aspecto ambiental aqui utilizado é aquele definido pela norma NBR ISO 14.001:2004 como “elemento da atividade, produto ou serviço da organização que pode interagir com o meio-ambiente”. Esta norma é a versão oficial brasileira da norma internacional ISO 14.001 (ABNT, 2004), que estabelece requisitos básicos para uma organização implementar um sistema de gestão ambiental (SGA). O procedimento adotado para identificação de impactos neste EIA incluiu as seguintes etapas: 1) definição das atividades do empreendimento que podem gerar aspectos ambientais; 2) identificação dos prováveis aspectos ambientais associados a essas atividades; 3) revisão dos aspectos e impactos ambientais identificados no sistema de gestão ambiental (SGA) da instalação da VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A., para eventual identificação de novos aspectos e impactos; 4) classificação dos aspectos ambientais identificados em significativos ou não significativos; 5) preenchimento do primeiro campo da matriz, correlacionando atividades com aspectos ambientais; 6) identificação de impactos ambientais associados a cada aspecto; 7) preenchimento do segundo campo da matriz acima citada, correlacionando aspectos com impactos ambientais; 8) classificação dos impactos ambientais identificados segundo três classes: baixa, média ou alta importância. Para a etapa (1) partiu-se dos documentos de projeto elaborado pela empresa projetista Petrus Consultoria Geológica Ltda. e da descrição do empreendimento apresentada neste EIA. Para as etapas (2), (3), (5) e (6) a equipe multidisciplinar da Prominer empregou a analogia com empreendimentos similares de lavra de calcário a céu aberto e o raciocínio indutivo, a partir do presente caso em análise. Para as etapas (4) e (8) foram utilizados critérios explicitados a seguir neste estudo. As atividades que compõem o empreendimento são apresentadas no QUADRO 6.1.1, e foram transportadas para as matrizes de identificação de impactos (FIGURAS 6.1.1 e 6.1.2). Para que estas matrizes não se tornassem demasiadamente grandes, o que dificultaria para que os analistas e os leitores tivessem uma visão sinóptica do empreendimento e de seus impactos, algumas atividades foram agrupadas, de forma a não prejudicar, no entanto, a visão integrada tão necessária num EIA. Deve ser ressaltado que uma descrição detalhada do empreendimento proposto foi apresentada no capítulo 4. Por outro lado, um agrupamento excessivo de atividades afins também dificulta a identificação dos impactos. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 191 Assim, a fase de operação, que trata da lavra do calcário, foi subdividida em grupos de atividades (preparação das frentes de lavra, operações de lavra e atividades auxiliares) e estes grupos, por sua vez, subdivididos nas atividades propriamente ditas. A fase de desativação foi diretamente subdividida em atividades, sem a necessidade de grupos. QUADRO 6.1.1 ATIVIDADES DO EMPREENDIMENTO ITEM 1 2 3 FASE operação 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 GRUPO ATIVIDADE preparação das frentes de lavra desmatamento abertura de acessos raspagem e estocagem de solo orgânico operações de lavra disposição de estéril perfuração da rocha desmonte com explosivos expansão da área de lavra carregamento e transporte de minério e estéril atividades auxiliares monitoramento ambiental abastecimento de combustível manutenção e lubrificação gestão de materiais tratamento de efluentes umectação e manutenção de acessos aquisição de bens e serviços emprego de colaboradores recolhimento de impostos, contribuições e taxas desativação monitoramento ambiental descomissionamento recuperação de áreas degradadas dispensa de colaboradores Os aspectos ambientais decorrentes do empreendimento estão relacionados no QUADRO 6.1.2, enquanto o QUADRO 6.1.3 traz a lista dos prováveis impactos ambientais identificados. A FIGURA 6.1.1 mostra, no formato de matriz, a interação entre atividades, aspectos e impactos ambientais para a fase operação do empreendimento. A FIGURA 6.1.2 mostra, as atividades, os aspectos e os impactos para a fase de desativação do empreendimento. Cada aspecto ambiental foi classificado em uma das seguintes categorias: “significativos” ou “pouco significativos”. Aspectos significativos são aqueles que se enquadram em pelo menos uma das seguintes condições: - Podem afetar a saúde ou a segurança das pessoas; - Podem afetar o meio de vida e as condições de subsistência das pessoas; - Podem afetar elementos valorizados do meio ambiente. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 192 QUADRO 6.1.2 ASPECTOS AMBIENTAIS DECORRENTES DO EMPREENDIMENTO ITEM FASE ASPECTO 1 O alteração da topografia local 2 O supressão de vegetação nativa 3 O supressão de áreas potenciais de cultura e pastagem 4 O aumento das taxas de erosão 5 O modificação das formas de uso do solo 6 O rebaixamento do lençol freático 7 O captação de água 8 O - D consumo de recursos não renováveis (óleo diesel) 9 O geração de efluentes líquidos 10 O - D emissão de material particulado 11 O - D emissão de poluentes de motores de combustão interna 12 O vazamento de óleos e combustíveis 13 O - D geração de resíduos sólidos 14 O - D emissão de ruídos 15 O emissão de vibrações 16 O manutenção/aumento do tráfego de caminhões 17 O manutenção/geração de empregos 18 O - D geração de oportunidades de negócios 19 O - D aumento da demanda de bens e serviços 20 O geração de impostos 21 D perda de postos de trabalho 22 D redução das atividades comerciais e de serviços Fases do empreendimento: O – operação D - desativação QUADRO 6.1.3 IMPACTOS AMBIENTAIS DECORRENTES DO EMPREENDIMENTO ITEM FASE IMPACTO 1 O deterioração das propriedades físicas do solo 2 O risco de contaminação do solo 3 O deterioração do ambiente sonoro 4 O deterioração da qualidade do ar 5 O deterioração da qualidade das águas superficiais 6 O redução do estoque de recursos naturais 7 O redução da vazão das drenagens naturais 8 O perda do aspecto natural da área da mina 9 O perda de espécimes (indivíduos) da flora nativa 10 O perda de hábitats naturais 11 O perda de fauna 12 O - D impacto visual 13 O qualificação profissional da mão-de-obra local 14 O aumento da arrecadação tributária 15 O - D aumento da massa monetária em circulação local 16 O - D incômodo e desconforto ambiental 17 O perda potencial de vestígios arqueológicos 18 D redução da atividade econômica 19 D redução da arrecadação tributária 20 D redução da renda da população Fases do empreendimento: O – operação D - desativação Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 193 O conceito de elementos valorizados do ambiente (BEANLANDS e DUINKER, 1983) é de grande utilidade para focalizar a análise ambiental nos pontos relevantes, enfatizando os impactos significativos, que devem ser tratados com maior profundidade em um estudo de impacto ambiental. Os elementos valorizados do ambiente incluem os recursos ambientais e culturais protegidos por instrumento legal específico. Neste estudo, considerando os resultados dos levantamentos realizados para o diagnóstico ambiental, os seguintes elementos foram considerados como de particular relevância (i) a vegetação nativa; (ii) espécies da fauna ameaçadas de extinção; (iii) recursos hídricos; (iv) o bem-estar das comunidades vizinhas. Os demais aspectos identificados, ou seja, os que não se enquadram em nenhuma das categorias acima, foram classificados como pouco significativos. Já os impactos ambientais indicados nas FIGURAS 6.1.1 e 6.1.2 foram, por sua vez, classificados segundo três categorias, a saber, impactos de pequena, de média ou de grande importância, segundo critérios expostos na seção 6.3. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 194 ALTERAÇÕES FISIOGRÁFICAS alteração da topografia local supressão de vegetação nativa supressão de áreas potenciais de cultura e pastagem aumento das taxas de erosão modificação das formas de uso do solo rebaixamento do lençol freático CONSUMO DE RECURSOS captação de água consumo de recursos não renováveis (óleo diesel) EMISSÕES geração de efluentes líquidos emissão de material particulado emissão de poluentes de motores de combustão interna vazamento de óleos e combustíveis geração de resíduos sólidos emissão de ruídos emissão de vibrações ASPECTOS SÓCIO-ECONÔMICOS manutenção/aumento do tráfego de caminhões manutenção/geração de empregos geração de oportunidades de negócios aumento da demanda de bens e serviços geração de impostos ASPECTO SIGNIFICATIVO ASPECTO POUCO SIGNIFICATIVO FIGURA 6.1.1 - MATRIZ DE IDENTIFICAÇÃO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS – FASE DE OPERAÇÃO. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP IMPACTO DE GRANDE IMPORTÂNCIA IMPACTO DE MÉDIA IMPORTÂNCIA IMPACTO DE PEQUENA IMPORTÂNCIA perda potencial de vestígios arqueológicos incômodo e desconforto ambiental aumento da massa monetária em circulação local aumento da arrecadação tributária qualificação profissional da mão-de-obra local impacto visual perda de fauna perda de hábitats naturais perda de espécimes (indivíduos) da flora nativa perda do aspecto natural da área da mina redução da vazão das drenagens naturais redução do estoque de recursos naturais deterioração da qualidade das águas superficiais deterioração da qualidade do ar deterioração do ambiente sonoro risco de contaminação do solo ASPECTOS AMBIENTAIS NA OPERAÇÃO deterioração das propriedades físicas do solo recolhimento de impostos, contribuições e taxas emprego de colaboradores aquisição de bens e serviços IMPACTOS AMBIENTAIS NA OPERAÇÃO umectação e manutenção de acessos tratamento de efluentes gestão de materiais manutenção e lubrificação abastecimento de combustível monitoramento ambiental carregamento e transporte de minério e estéril expansão da área de lavra desmonte com explosivos perfuração da rocha disposição de estéril raspagem e estocagem de solo orgânico abertura de acessos desmatamento ATIVIDADES NA OPERAÇÃO 195 redução da renda da população redução da arrecadação tributária redução da atividade econômica incômodo e desconforto ambiental impacto visual dispensa de colaboradores recuperação de áreas degradadas descomissionamento monitoramento ambiental ASPECTOS AMBIENTAIS NA DESATIVAÇÃO aumento da massa monetária em circulação local IMPACTOS AMBIENTAIS NA DESATIVAÇÃO ATIVIDADES NA DESATIVAÇÃO EMISSÕES emissão de material particulado emissão de poluentes de motores de combustão interna geração de resíduos sólidos emissão de ruídos ASPECTOS SÓCIO-ECONÔMICOS geração de oportunidades de negócios aumento da demanda de bens e serviços perda de postos de trabalho redução das atividades comerciais e de serviços ASPECTO SIGNIFICATIVO ASPECTO POUCO SIGNIFICATIVO IMPACTO DE GRANDE IMPORTÂNCIA IMPACTO DE MÉDIA IMPORTÂNCIA IMPACTO DE PEQUENA IMPORTÂNCIA FIGURA 6.1.2 - MATRIZ DE IDENTIFICAÇÃO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS – FASE DE DESATIVAÇÃO (A3) Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 196 6.2. Previsão dos Impactos A intensidade ou severidade de cada impacto está diretamente ligada à magnitude dos aspectos ambientais associados. Como os impactos ambientais são de caráter qualitativo, na maioria das vezes é muito difícil ou mesmo inapropriado tentar quantificar sua magnitude. Por esta razão, admite-se que a magnitude do aspecto ambiental transmite uma idéia da magnitude dos impactos ambientais dele decorrentes. Para muitos aspectos ambientais é possível quantificar ou estimar sua magnitude, devendo-se, para tal, selecionar um indicador apropriado e representativo. Os manuais de avaliação de impacto ambiental sistematicamente recomendam que, na medida do possível e do razoável, os analistas se esforcem em quantificar a magnitude dos impactos ambientais, para só depois discutir sua importância, levando em conta essa magnitude. Neste EIA, tentou-se, sempre que factível, apresentar previsões ou estimativas quantitativas da situação ambiental futura com a presença do empreendimento. Todavia, deve-se reconhecer que “a previsão de impactos é o passo mais difícil da avaliação de impacto ambiental” (MORRIS e THERIVEL, 2001, p. 8). O QUADRO 6.2.1 apresenta a lista dos indicadores selecionados para descrever e caracterizar cada aspecto ambiental apresentado no QUADRO 6.1.2. Para alguns aspectos, não foram utilizados indicadores de magnitude (n.u.) pelas seguintes razões: 1) No caso dos aspectos “aumento das taxas de erosão” e “carreamento de partículas sólidas para as drenagens naturais”, as alterações serão confinadas à área diretamente afetada pelo empreendimento e os sedimentos serão retidos por sistemas de drenagem das águas superficiais; 2) No caso dos aspectos “geração de oportunidades de negócios” e “aumento da demanda de bens e serviços”, não há modelos aplicáveis e é mais apropriado discutir suas implicações de modo qualitativo; 3) Para o aspecto “geração de impostos” foram considerados somente os impostos e contribuições diretos a serem recolhidos pela VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A.; Impostos a serem recolhidos por fornecedores não foram estimados; 4) O aspecto “redução das atividades comerciais” no encerramento das atividades não pode ser estimado neste momento; a confirmação de sua futura ocorrência e a estimativa de sua magnitude dependem do cenário sócio-econômico de Araçariguama quando do fechamento da mina; outras atividades poderão substituir a mineração, inclusive no próprio local da mina e do complexo industrial; o horizonte temporal para fechamento da mina é muito longo para este tipo de previsões. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 197 QUADRO 6.2.1 INDICADORES AMBIENTAIS ASPECTO AMBIENTAL alteração da topografia local INDICADOR extração de minérios e estéril material estéril disposto supressão de vegetação nativa supressão de áreas potenciais de cultura e pastagem aumento das taxas de erosão ESTIMATIVA metros cúbicos “in 20.417.000 situ” metros cúbicos “in 2.984.000 situ” 6,77 hectares 18,04 hectares 11,90 hectares 12,91 hectares 16 m³/h rebaixamento do lençol freático área diretamente afetada área diretamente afetada n.u. área de expansão da cava de mineração área total das pilhas de disposição de estéril existentes incremento na vazão de bombeamento no fundo da cava captação de água volume captado 20 m³/h consumo de recursos não renováveis (óleo diesel) volume mensal 62 m³/mês geração de efluentes líquidos emissão de material particulado emissão de poluentes de motores de combustão interna vazamento de óleos e combustíveis geração de resíduos sólidos manutenção/aumento do tráfego de caminhões volume de drenagem do fundo da cava material particulado pelo tráfego de caminhões n.u. 0,01% do consumo de combustível material estéril gerado Leq na área de beneficiamento (nível mais alto registrado) Leq na área de lavra (nível mais alto registrado) velocidade de vibração a 910 m do desmonte sobrepressão acústica a 910 m do desmonte viagens de escoamento de produto (ida e volta) manutenção/geração de empregos empregos diretos na operação geração de oportunidades de negócios aumento da demanda de bens e serviços geração de impostos n.u. n.u. n.u. perda de postos de trabalho número de demissões ao final redução das atividades comerciais e de serviços n.u. modificação das formas de uso do solo emissão de ruídos emissão de vibrações n.u.: indicador de magnitude não utilizado. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 40 0,07 75 5.293.943 61 64 1,46 122 334 m³/h Kg/km litros/ano toneladas dB(A) dB(A) mm/s dBL viagens/dia 51 colaboradores FONTE ITEM 4.1.4 MAPA USO DO SOLO MAPA USO DO SOLO ITEM 4.3.1 ITEM 4.2.10 ITEM 4.2.10 ITEM 4.3.1 ITEM 6.2 ITEM 6.2 ITEM 4.1.4 ITEM 5.2.9 ITEM 5.2.10 ITEM 4.2.7 QUADRO 4.2.8.1 51 postos de trabalho - QUADRO 4.2.8.1 198 Detalhes sobre os aspectos ambientais geradores dos impactos listados no QUADRO 6.2.1 são discutidos a seguir. Aspecto 1. Alteração da topografia local. A topografia será alterada devido à remoção do solo, do estéril e do minério. A movimentação de material para extração de minério nos 37 anos de vida útil do empreendimento deverá ser da ordem de 20.417.000 m³ in situ numa área de 44,36 hectares de lavra. O material estéril a ser extraído totalizará 2.984.000 metros cúbicos “in situ” que serão dispostos em pilhas de aterro. Aspecto 2. Supressão de vegetação nativa. O avanço previsto das áreas de lavra e de disposição de material estéril proporcionará a ocupação de áreas classificadas no mapa de uso do solo como vegetação nativa em estágio inicial e médio de regeneração. A área de supressão de vegetação nativa prevista é de 6,77 hectares. Aspecto 3. Supressão de áreas de cultura e pastagem. Haverá perda de áreas de cultura e pastos de cerca de 14,20 hectares devido ampliação das estruturas do empreendimento. Haverá ainda a supressão de 3,84 hectares de áreas ocupadas por reflorestamento com eucalipto. Aspecto 4. Aumento das taxas de erosão. As áreas com solo exposto aumentam a taxa de erosão local. As áreas de extração e o depósito de estéril são as áreas potenciais para o aumento das taxas de erosão. Aspecto 5. Modificação das formas de uso do solo. Com o avanço de lavra, as áreas hoje com uso do solo como reflorestamento, mata e campo, passarão a ser ocupadas pela cava de mineração e pela pilha de depósito de material estéril. Estas alterações no uso do solo correspondem a um total de 24,81 hectares, ao se considerar as áreas da mina e das pilhas de disposição de estéril em suas configurações finais de projeto. Aspecto 6. Rebaixamento do nível do lençol freático: Este aspecto corresponde ao rebaixamento necessário do lençol freático para a operacionalidade das cavas de mineração quanto estas se aprofundam além do nível do lençol. Este rebaixamento é realizado através do bombeamento no interior da cava, hoje numa vazão de 24 metros cúbicos por hora, podendo chegar com a expansão e aprofundamento da cava em projeto a 40 metros cúbicos por hora, o que significa um aumento na vazão de bombeamento de 16 metros cúbicos por hora. Aspecto 7. Captação de água: Este aspecto corresponde ao montante de água a ser captado para as operações de umectação de acessos, lavagem de veículos, uso nos sistemas de arrefecimento dos equipamentos móveis e na aspersão de água no processo de britagem. A VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A. capta um volume total médio de 20 metros cúbicos por hora, que deverá ser mantido com a continuidade das operações do empreendimento. Aspecto 8. Consumo de recursos não renováveis (óleo diesel): Os derivados de petróleo são não renováveis e seu consumo reduz a base de recursos. O principal derivado de petróleo consumido é o óleo diesel, cujo consumo médio mensal é de aproximadamente Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 199 62 m³ mensais. A perspectiva é que este consumo de combustível se mantenha nos próximos anos de operação, sem a previsão de alterações. Aspecto 9. Geração de efluentes líquidos: Os efluentes líquidos a serem gerados pelas atividades de lavra são as águas de drenagem, que podem conter partículas sólidas minerais. Estes efluentes são estimados para a situação de ampliação em 40 metros cúbicos por hora e serão destinados por gravidade ao bombeamento no piso da cava. No piso da cava as águas de drenagem são encaminhadas ao compartimento da bomba, onde as partículas sólidas decantam e realiza-se o bombeamento da água clarificada. Assim a água bombeada do fundo da cava chega ao sistema de drenagem pluvial já clarificada. Aspecto 10. Emissão de material particulado: A emissão de material particulado decorre de diferentes atividades. As emissões mais significativas podem ser esperadas a partir da operação de transporte na lavra. Para a estimativa dessas emissões foi adotado o fator de emissão proposto pela EPA - Environmental Protection Agency dos Estados Unidos para rodovias não pavimentadas, conforme a expressão abaixo: E = K .1, 7.( s S W 0 , 7 w 0 , 5 365 − p ).( ).( ) .( ) ( ) [kg/km percorrido] 12 48 2, 7 4 365 K = multiplicador de tamanho de partícula (adimensional) s = teor de silte (Φ < 75 μm) do material da superfície da pista (%) S = velocidade média do veículo (km/h) W = peso médio do veículo (t) w = número médio de pneus p = número de dias ao ano com precipitação pluviométrica acima de 0,254 mm o multiplicador de tamanho aerodinâmico é dado pela seguinte tabela: Φ < 2,5 μm 2,5 < Φ < 5 μm 5 < Φ < 10 μm 10 < Φ < 15 μm 15 < Φ < 30 μm 0,095 0,20 0,36 0,50 0,80 Fonte: USEPA AP-42(1998) Para estimar as emissões foram adotados os seguintes valores: s= 6,5%, S= 16,3 km/h, W= 64 toneladas (veículo carregado), w=6. O valor de p será adotado como 345 dias, representando eventuais períodos de não funcionamento do caminhão-pipa, pois na verdade, a variável “número de dias com chuva” corresponde ao número de dias com umectação; considerando 365 dias de operação ao ano, 20 dias sem umectação adequada correspondem a uma disponibilidade de 95% do caminhão-pipa, que pode ser facilmente atingida com procedimentos de manutenção preventiva. K= 0,36, correspondente a partículas de até 10 μm, que é o limite superior da fração respirável. Portanto, as emissões correspondem a cerca de 0,07 quilograma de material particulado em suspensão por quilometro rodado. Pode-se estimar a máxima emissão como aquela que ocorrerá quando os caminhões estiverem carregados percorrendo os maiores trechos nas estradas da lavra para o beneficiamento. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 200 Este impacto ficará restrito às áreas operacionais do empreendimento e umectação das vias utilizadas pelos caminhões reduzirá significantemente esta emissão. Aspecto 11. Emissão de poluentes de motores de combustão interna: A emissão ocorre em motores de combustão interna, que são os equipamentos móveis de mineração e os caminhões de transporte de insumos e produto, movidos a óleo diesel. Os principais poluentes emitidos são CO2 (gás carbônico), HC (hidrocarbonetos), NOx (óxidos de nitrogênio), SOx (óxidos de enxofre) e material particulado. Aspecto 12. Vazamentos de óleos e combustíveis: O risco de vazamento de óleos e combustíveis durante as operações de lavra e de transporte de minério depende de variáveis como o estado de conservação dos equipamentos utilizados, a existência de procedimentos operacionais adequados e o treinamento dos operadores. Para estimar o risco foram consultados bibliografia de empreendimentos de porte similares. Como serão realizadas apenas manutenções corretivas na área, estimou-se vazamentos da ordem de 0,01% do consumo de combustível, ou seja, 75 litros ao ano. Aspecto 13. Geração de resíduos sólidos: O principal resíduo sólido gerado é o material estéril (capeamento) a ser removido para ser ter acesso ao minério, projetado em um total de 5.293.943 toneladas que serão destinadas a pilhas de aterro. Demais resíduos que podem ser qualitativamente citados são: Materiais gerados nas atividades de manutenção (sucatas), que são destinados ou para as áreas de materiais reutilizáveis (quando existe potencial de reuso), ou para caçambas que são retiradas por empresas que compram sucata. Resíduos do desmatamento, como galhos, folhagens e raízes, serão destinados para trabalhos de recuperação de áreas e revegetação. Embalagens de insumos (lubrificantes, peças de reposição, tambores e bombonas) que devem ser seletivamente separados e destinados à reutilização ou à reciclagem. Aspecto 14. Emissão de ruídos: As atuais principais fontes de ruído são as instalações de beneficiamento e o tráfego de caminhões e máquinas nas áreas e lavra e deposição de estéril. A ampliação da área de lavra não implicará em aumento do tráfego de caminhões, estimando-se a manutenção dos atuais níveis de ruído apresentados. O ruído gerado pelas operações de lavra e demais operações do empreendimento não se propaga além dos limites da empresa e, conseqüentemente, não interfere no conforto acústico dos moradores vizinhos. Os monitoramentos dos níveis de ruído, apresentados no item 5.2.9, permitem observar que o freqüente tráfego de veículos leves e pesados constitui uma significativa fonte de ruído, com valores entre 53 e 66 dB(A). Os níveis de pressão sonora medidos nas áreas de lavra e entorno, ainda dentro dos limites da propriedade do empreendimento, apresentaram-se entre 41 e 65 dB(A), predominando níveis entre 50 e 53 dB(A). Os níveis de ruído no entorno do empreendimento atendem ao limite definido pela norma NBR 10.151 para área mista, com vocação comercial e administrativa, de 60 dB(A). Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 201 Aspecto 15. Emissão de vibrações: A vibração devido ao desmonte de rocha por meio de explosivos em pedreiras é controlada para que os resultados das vibrações não ultrapassem os níveis determinados pelas normas NBR 9.653/2005 e CETESB D7.013. O monitoramento de desmontes por meio da instalação de três sismógrafos de engenharia revelou valores baixos de vibração em todos os pontos monitorados, sendo que a maior componente resultante foi de 1,46 mm/s em um ponto situado a 910 m da bancada desmontada, enquadrando-se nos limites definidos pelas normas NBR 9653/05 e CETESB D7.013. O monitoramento da sobrepressão atmosférica gerada no desmonte também permaneceu abaixo do limite definido pela norma NBR 9653/05. Apenas em um ponto, em um dos desmontes monitorados, o valor de 133 dBL excedeu o limite definido pela norma CETESB D7.013, atendendo, entretanto ao limite definido pela norma NBR 9653/05 Os baixos níveis de vibração medidos indicam um plano de fogo bem dimensionado para o tipo de rocha local. Aspecto 16. Manutenção/Aumento do tráfego de caminhões: Por se tratar de um empreendimento já em operação, e sem perspectiva de ampliação da escala de produção, não prevê aumento de sua frota atual de caminhões que circulam tanto internamente no transporte de minério e estéril, quanto externamente devido à expedição dos produtos. Não há indicações de que o tráfego de caminhões de transporte de rocha possa ser uma fonte de acidentes nas estradas próximas ao empreendimento, já que os riscos de um caminhão se envolver em acidentes tende a ser reduzido devido aos seguintes fatos: • • • Os caminhões são necessariamente conduzidos por motoristas profissionais, habilitados e treinados para tal; Os condutores de caminhões trafegam constantemente pela mesma estrada, conhecendo-a muito bem; Os caminhões sofrem uma fiscalização mais intensa quanto às suas condições de rodagem e manutenção. A contribuição do empreendimento para o tráfego na região é de aproximadamente 334 viagens diárias, considerando-se duas viagens por carregamento (ida e volta) e caçambas de 25 metros cúbicos de capacidade. Aspecto 17 Manutenção/Geração de empregos: O empreendimento continuará com o pessoal necessário para sua operação, que totaliza 51 colaboradores. Aspecto 18. Geração de oportunidades de negócios: Alguns bens e serviços são adquiridos no mercado local, o que estimula o surgimento ou a ampliação de empresas e estabelecimentos voltados para seu fornecimento. O comércio local também ainda deve ter expansão, devido não só à própria demanda da empresa, como também de seus fornecedores, seus funcionários e famílias (efeitos indiretos). A aquisição ou aluguel de residências por funcionários e trabalhadores indiretos vindos de outras localidades também seguramente valorizará os imóveis. Outro negócio não tão certo, Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 202 mas que envolve aumento da demanda, é a abertura de serviços para a população. Alguns serviços mais esporádicos, como a locação de máquinas, também poderão surgir nestas situações. Outros negócios serão atrelados ao futuro da empresa na região. Aspecto 19. Aumento da demanda de bens e serviços: A empresa e seus fornecedores adquirem bens e serviços nos mercados local, estadual, nacional e internacional. O volume de compras devido à ampliação do empreendimento corresponde ao investimento realizado, sendo este montante despendido na contratação de projetos de engenharia, compra de materiais e equipamentos, manutenção e contratação de serviços diversos (vigilância, fornecimento de combustíveis, etc.). Durante a fase de operação, há uma estimativa de dispêndios mensais com salários, impostos e contribuições. Esse montante de recursos injetado na economia terá, evidentemente, um efeito multiplicador. Aspecto 20. Geração de impostos: Incide sobre a explotação mineral um tributo específico, a CFEM, que deve ser recolhida mensalmente à União. Do total recolhido, 65% devem retornar ao município, 23% são destinados ao Estado e 12% ficam com a União. O retorno ao município, entretanto, não é automático, e depende do cumprimento de certas formalidades administrativas. A alíquota da CFEM para rocha calcítica ou dolomítica é de 2%, porcentagem que incide sobre o faturamento líquido da venda do mineral (ou seja, descontados os tributos, o frete e o seguro). Outros impostos e contribuições são também devidos, nos termos da legislação tributária brasileira. Neste item estão incluídos a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), a contribuição para o Programa de Integração Social (PIS), a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), a contribuição para o Instituto Nacional de Seguridade Social. Todas as contribuições vão para o governo federal, assim com o imposto de renda. O ICMS é recolhido pelos estados e parte é repassada aos municípios. Por outro lado, o município deve se beneficiar de impostos locais, cuja base de tributação deve aumentar em decorrência do incremento populacional e de atividade econômica. Assim, o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) deverão ter sua base ampliada pela expansão urbana. Todavia, é o Imposto Sobre Serviços (ISS), que incide sobre todas as empresas prestadoras de serviços sediadas no município, que têm o maior potencial de crescimento. Não são apresentadas estimativas de recolhimento dos impostos devido à grande margem de incerteza sobre a futura base de cálculo e também à possibilidade de alterações de alíquotas. Aspecto 21. Perda de postos de trabalho: A desativação do empreendimento, prevista neste estudo para ocorrer após final da vida útil, acarretará na demissão dos trabalhadores diretamente envolvidos com o processo produtivo. Atualmente, é política de muitas empresas auxiliarem seus funcionários através de um programa de recolocação profissional, ou qualificando os trabalhadores para outra profissão, ou investindo em Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 203 treinamentos e cursos de formação de negócios, ou ainda, deslocar estes funcionários na própria empresa. Aspecto 22. Redução das atividades comerciais e de serviços: Ao término das atividades mineiras, devido ao esgotamento das jazidas, e à projetada desmobilização da mina, a empresa deixará de adquirir bens e serviços. Portanto, um valor equivalente aos dispêndios mensais deixará de circular na economia local e regional. Igualmente, deixarão de ser recolhidos os impostos e contribuições correspondentes. 6.3. Avaliação da Importância dos Impactos Nesta seção, a importância ou significância de cada impacto ambiental é analisada. Para esta análise, foi adotado o seguinte procedimento: (1) seleção de um conjunto de atributos para descrever os impactos; (2) classificação de cada impacto segundo os atributos; (3) seleção de um sub-conjunto de atributos para fins de interpretação da importância de cada impacto; (4) definição de uma regra de combinação de atributos para fins de classificar os impactos segundo três graus de importância: pequena, média ou grande; (5) aplicação da regra para cada impacto identificado; (6) aferição do resultado. Para as etapas (1) e (2), foram usados os atributos sugeridos pela Resolução Conama 01/86 (art. 6o inciso II), acrescidos de alguns outros sugeridos pela literatura técnica para guiar o exame de impactos ambientais. Os atributos utilizados e as respectivas conceituações são as seguintes: expressão: este atributo descreve o caráter positivo ou negativo (benéfico ou adverso) de cada impacto; note-se que, embora a maioria dos impactos tenha nitidamente um caráter positivo ou negativo, alguns impactos podem ser ao mesmo tempo positivos e negativos, ou seja, positivos para um determinado componente ou elemento ambiental e negativo para outro; origem: trata-se da causa ou fonte do impacto, direto ou indireto; duração: impactos temporários são aqueles que só se manifestam durante uma ou mais fases do projeto, e que cessam quando de sua desativação; impactos permanentes representam uma alteração definitiva no meio ambiente; escala temporal: impactos imediatos são aqueles que ocorrem simultaneamente à ação que os gera; impactos em médio ou longo prazo são os que ocorrem com uma certa defasagem em relação à ação que os geram; a escala aqui adotada convenciona o prazo médio como sendo da ordem de meses e o longo da ordem de anos; Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 204 escala espacial: convenciona-se neste estudo: (i) impactos locais são aqueles cuja abrangência se restrinja seja aos limites das áreas do empreendimento; (ii) impacto linear é aquele que se manifesta ao longo das rodovias de transporte de insumos ou de produtos; (iii) abrangência municipal para aqueles impactos cuja área de influência esteja relacionada aos limites administrativos municipais; (iv) escala regional para aqueles impactos cuja área de influência ultrapasse as duas categorias anteriores, podendo incluir todo o território nacional; (v) escala global para os impactos que potencialmente afetem todo o planeta; reversibilidade: esta característica é representada pela capacidade do sistema (ambiente afetado) de retornar ao seu estado anterior caso (i) cesse a solicitação externa, ou (ii) seja implantada uma ação corretiva; a reversibilidade de um impacto depende de aspectos práticos; cumulatividade e sinergismo: refere-se à possibilidade de os impactos se somarem ou se multiplicarem; magnitude: refere-se à intensidade de um impacto ambiental, considerando a implementação eficaz das medidas mitigadoras já previstas no projeto técnico; para efeito desta análise, a magnitude de cada impacto foi classificada em alta, média ou pequena, levando em conta a magnitude dos aspectos ambientais que contribuem para cada impacto; probabilidade de ocorrência: refere-se ao grau de incerteza acerca da ocorrência de um impacto; para fins desta análise, cada impacto foi classificado, segundo este atributo, em (i) certa, quando não há incerteza sobre a ocorrência do impacto; (ii) alta, quando, baseado em casos similares e na observação de projetos semelhantes, estima-se que é muito provável que o impacto ocorra; (iii) média, quando é pouco provável que se manifeste o impacto, mas sua ocorrência não pode ser descartada; (iv) baixa, quando é muito pouco provável a ocorrência do impacto em questão, mas, mesmo assim, esta possibilidade não pode ser desprezada; em todos os casos, mesmo nos de baixa e média probabilidade, pode ser necessária a adoção de medidas mitigadoras ou preventivas; existência de requisito legal: refere-se à existência de legislação federal, estadual ou municipal que enquadre o impacto considerado; a classificação se faz somente nas categorias “sim” ou “não”. A Resolução Conama 01/86 indica ainda que a análise dos prováveis impactos ambientais relevantes deve discriminar “a distribuição dos ônus e benefícios sociais”. Como este item dificilmente se aplica a cada impacto, tomado individualmente, mas à totalidade do projeto, suas implicações serão discutidas de modo qualitativo, mais adiante, nesta seção. A FIGURA 6.3.1 sintetiza os atributos de cada impacto ambiental identificado para o empreendimento. Cada impacto foi avaliado com base nos atributos acima. Além da descrição dos atributos de cada impacto e da classificação de sua importância, cada impacto é discutido individualmente e para cada um foi preparada uma ficha de avaliação. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 205 ATRIBUTOS ITEM IMPACTOS 1 deterioração das propriedades físicas do solo 2 risco de contaminação do solo 3 Deterioração do ambiente sonoro 4 deterioração da qualidade do ar 5 deterioração da qualidade das águas superficiais 6 redução do estoque de recursos naturais 7 redução da vazão das drenagens naturais 8 perda do aspecto natural da área da mina 9 perda de espécimes (indivíduos) de flora nativa EXPRESSÃO ORIGEM DURAÇÃO D D D D D D D D D D D-I ∞ 10 perda dos hábitats naturais 11 perda da fauna 12 Impacto visual 13 qualificação profissional da mão-de-obra local ☺ 14 aumento da arrecadação tributária ☺ D D D 15 aumento da massa monetária em circulação local ☺ I 16 incômodo e desconforto ambiental D 17 perda potencial de vestígios arqueológicos 18 ESCALA TEMPORAL ESCALA ESPACIAL MAGNITUDE CUMULATIVIDADE PROBABILIDADE REVERSIBILIDADE E SINERGISMO DE OCORRÊNCIA ∅ / / ∞ ∅ ∞ ∅ ∞ ∞ ∞ ∞ ∅ D ∞ ∅ redução da atividade econômica I ∞ 19 redução da arrecadação tributária D ∞ 20 redução da renda da população I ∞ expressão: origem: duração: reversibilidade: escala temporal: escala espacial: D ∞ ADVERSO DIRETA ☺ I BENÉFICO INDIRETA PERMANENTES IRREVERSÍVEL IMEDIATO REGIONAL TEMPORÁRIOS REVERSÍVEL MÉDIO PRAZO MUNICIPAL magnitude: cumulatividade e sinergismo: probabilidade de ocorrência: ALTA SINÉRGICO ALTA MÉDIA CUMULATIVO MÉDIA requisitos legais: NÃO SIM FIGURA 6.3.1 - ATRIBUTOS DOS IMPACTOS AMBIENTAIS Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP ∅ ∅ LONGO PRAZO LINEAR LOCAL PEQUENA NEUTRO BAIXA CERTA GLOBAL EXISTÊNCIA DE REQUISITO LEGAL 206 Nem todos estes atributos são úteis para avaliar a importância dos impactos. Por exemplo, o fato de o impacto ser positivo ou negativo, direto ou indireto, não deve influenciar sua avaliação. Poderá haver impactos indiretos de grande ou de pequena importância, do mesmo modo que os diretos. Para Erickson (1994, p. 12), “o objetivo de distinguir entre tipos de impactos não é declarar que um impacto é direto e outro indireto, mas organizar nossa análise de modo a assegurar que nós examinaremos todos os possíveis efeitos de uma ação humana nos ambientes físico e social, altamente complexos e dinamicamente interconectados”. Por estas razões, para a etapa (3), foi selecionado um subconjunto de atributos que pudesse propiciar uma adequada interpretação da importância dos impactos ambientais. A literatura técnica internacional sobre avaliação de impacto ambiental fornece vários exemplos e recomendações para a seleção de atributos e sua combinação para fins de avaliar a importância dos impactos – constata-se a existência de diferentes enfoques, ora privilegiando a perspectiva interna da equipe multidisciplinar de analistas ambientais, ora reconhecendo o peso do ponto de vista das partes interessadas e do público externo. Contudo, um ponto comum parece ser o entendimento de que não há metodologia ou procedimento universal para interpretar a importância de impactos ambientais. Neste EIA, três atributos foram considerados para fins de avaliar o grau de importância de cada impacto: magnitude, reversibilidade e existência de requisito legal. A magnitude de um impacto é universalmente considerada como fundamental para discutir a importância de um impacto; a princípio, impactos “grandes” tendem a ser mais importantes que impactos “pequenos”, mas esta regra não pode ser aplicada em termos absolutos, devendo sempre ser contextualizada. A reversibilidade é outra característica relevante para interpretar a importância de um impacto ambiental: se um projeto causar impactos irreversíveis, as gerações futuras serão penalizadas por não disporem da opção de utilizarem os recursos irremediavelmente comprometidos pelo projeto de hoje. A existência de um requisito legal que proteja determinado recurso ambiental ou cultural é um indicativo da importância socialmente atribuída a esse recurso; em que pesem as imperfeições do processo legislativo, se existe uma lei ou regulamento, isto significa que o legislador ou o poder público atuou em resposta a uma demanda coletiva, legitimando-a. Combinando estes três atributos, foram considerados de alto grau de importância aqueles impactos: • que tenham alta ou média magnitude e, ao mesmo tempo, para os quais haja requisitos legais, independentemente de sua reversibilidade; ou • que tenham alta magnitude e sejam irreversíveis, independentemente da existência de requisitos legais (situação que não ocorre em nenhum deles). Foram considerados de pequena importância aqueles impactos: Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 207 • que tenham pequena magnitude e sejam reversíveis, independentemente da existência de requisitos legais. Os demais impactos foram classificados como de médio grau de importância. Para aferição dos resultados (etapa 6), foram consideradas as circunstâncias qualitativas do impacto, tais como a distribuição dos ônus e benefícios sociais. Estas circunstâncias qualitativas são muitas vezes determinantes na percepção pública dos riscos e impactos de um projeto industrial (KASPERSON et al., 1988; RENN, 1990a; RENN, 1990b). A FIGURA 6.3.2 mostra a classificação da importância de cada impacto, usando o critério exposto acima. Além da descrição dos atributos de cada impacto e da classificação de sua importância, cada impacto é discutido individualmente e para cada um foi preparada uma ficha de avaliação (QUADRO 6.3.1). Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 208 ATRIBUTOS ITEM IMPACTOS Fase 1 deterioração das propriedades físicas do solo O 2 risco de contaminação do solo O 3 deterioração do ambiente sonoro O 4 deterioração da qualidade do ar O 5 deterioração da qualidade das águas superficiais O 6 redução do estoque de recursos naturais O 7 redução da vazão das drenagens naturais O 8 perda do aspecto natural da área da mina O 9 perda de espécimes (indivíduos) da flora nativa O 10 perda de hábitats naturais O 11 perda de fauna O 12 impacto visual O-D 13 qualificação profissional da mão-de-obra local O 14 aumento da arrecadação tributária O 15 aumento da massa monetária em circulação local O-D 16 incômodo e desconforto ambiental O-D 17 perda potencial de vestígios arqueológicos O 18 redução da atividade econômica D 19 redução da arrecadação tributária D 20 redução da renda da população D Magnitude Reversibilid ade Requisito legal magnitude: alta reversibilidade: reversível média requisito legal: sim não grau de importância: fase: alto O - operação médio D - desativação Importância pequena irreversível pequeno FIGURA 6.3.2 - CLASSIFICAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DECORRENTES DO EMPREENDIMENTO Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 209 QUADRO 6.3.1 ATRIBUTOS DOS IMPACTOS AMBIENTAIS 01 IMPACTO EXPRESSÃO ORIGEM DURAÇÃO ESCALA TEMPORAL ESCALA ESPACIAL REVERSIBILIDADE CUMULATIVIDADE E SINERGISMO MAGNITUDE DETERIORAÇÃO DAS PROPRIEDADES FÍSICAS DO SOLO adversa direta permanente imediata local reversível neutro pequena, devido às medidas mitigadoras adotadas (reabilitação do solo) nas áreas afetadas de lavra e dos depósitos de estéril PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA REQUISITO LEGAL certa GRAU DE IMPORTÂNCIA ASPECTOS QUALITATIVOS pequeno 02 IMPACTO EXPRESSÃO ORIGEM DURAÇÃO ESCALA TEMPORAL ESCALA ESPACIAL REVERSIBILIDADE CUMULATIVIDADE E SINERGISMO MAGNITUDE PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA REQUISITO LEGAL GRAU DE IMPORTÂNCIA ASPECTOS QUALITATIVOS não há um requisito explícito, mas a exigência de recuperação de áreas degradadas pela atividade de mineração (Constituição Federal art. 225 e Decreto Federal 97.632/89) enquadra este impacto impacto circunscrito à área do empreendimento e relacionado às mudanças no uso do solo RISCO DE CONTAMINAÇÃO DO SOLO adversa direta temporária imediata local reversível cumulativo pequena, devido às medidas de manutenção preventiva dos equipamentos e maquinário utilizados. baixa Sim (Res. CONAMA 357/05) Lei Federal 6.938/81, Lei Federal 9.605/98, Lei Estadual 997/76. Lei 8.468/76, Lei 9.507/97. pequeno impacto circunscrito à área do empreendimento, relacionado a possíveis vazamentos, principalmente combustíveis e lubrificantes Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 210 03 IMPACTO EXPRESSÃO ORIGEM DURAÇÃO ESCALA TEMPORAL ESCALA ESPACIAL REVERSIBILIDADE CUMULATIVIDADE E SINERGISMO MAGNITUDE PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA REQUISITO LEGAL GRAU DE IMPORTÂNCIA ASPECTOS QUALITATIVOS 04 IMPACTO EXPRESSÃO ORIGEM DURAÇÃO ESCALA TEMPORAL ESCALA ESPACIAL REVERSIBILIDADE CUMULATIVIDADE E SINERGISMO MAGNITUDE PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA REQUISITO LEGAL GRAU DE IMPORTÂNCIA ASPECTOS QUALITATIVOS DETERIORAÇÃO DO AMBIENTE SONORO adversa direta temporária imediata local e linear reversível impacto cumulativo, de diferentes fontes de emissão de ruído pequena, pois o percurso dos caminhões da área de lavra às instalações de beneficiamento situa-se distante da comunidade mais próxima, atenuando o ruído gerado pelo tráfego de caminhões certa sim (Conama 01/90 e NBR 10.151) pequeno os futuros níveis de ruído, sem perspectiva de alteração dos níveis atuais, estarão abaixo dos limites legais para a comunidade externa; no entanto, o ruído deverá ser perceptível nas minas e em suas proximidades devido às características atuais de zona rural da região. DETERIORAÇÃO DA QUALIDADE DO AR adversa direta temporária imediata local e linear reversível impacto cumulativo com aqueles advindos de outras fontes de emissão de poluentes atmosféricos atualmente existentes pequena, pois haverá continuidade dos níveis atuais emissões relativas ao desmonte e o volume de tráfego no empreendimento alta sim (Resolução Conama nº 003 de 28 de junho de 1990) pequeno na área circunscrita ao empreendimento, este impacto será minimizado com a adoção de medidas de controle, como umectação das vias de acesso, aspersão de água na britagem e implantação de lavadores de gases e outros sistemas de controle nas unidades fabris; os impactos decorrentes de emissões veiculares podem ser reduzidos através de programas de controle da frota terceirizada de transporte Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 211 05 IMPACTO EXPRESSÃO ORIGEM DURAÇÃO ESCALA TEMPORAL ESCALA ESPACIAL REVERSIBILIDADE CUMULATIVIDADE E SINERGISMO MAGNITUDE PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA REQUISITO LEGAL GRAU DE IMPORTÂNCIA ASPECTOS QUALITATIVOS 06 IMPACTO EXPRESSÃO ORIGEM DURAÇÃO ESCALA TEMPORAL ESCALA ESPACIAL REVERSIBILIDADE CUMULATIVIDADE E SINERGISMO MAGNITUDE PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA REQUISITO LEGAL GRAU DE IMPORTÂNCIA ASPECTOS QUALITATIVOS DETERIORAÇÃO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS SUPERFICIAIS adversa direta temporária imediata municipal reversível impacto cumulativo com outros que possam causar a deterioração da qualidade das águas superficiais, como atividades agropecuárias, silvicultura e emissão de esgotos domésticos pequena, pois a continuidade do empreendimento não alterará a qualidade atual das águas superficiais baixa sim (Resolução Conama 357/05, Decreto Estadual 14.250/81) baixo as medidas de mitigação deverão evitar este impacto ou, na pior das hipóteses, reduzir sua magnitude ao mínimo e dentro dos padrões para os cursos d’água nas proximidades. REDUÇÃO DO ESTOQUE DE RECURSOS NATURAIS adversa direta permanente imediata global irreversível cumulativo pequena, pois as reservas de calcário da VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A. representam apenas uma ínfima fração das reservas mundiais certa sim (Resolução Conama nº 10/90) médio impacto de escala global, no sentido de que o consumo de recursos naturais não renováveis reduz seu estoque mundial; os recursos afetados por este impacto são os minerais (calcário) e os insumos como derivados de petróleo, todos não renováveis, além dos recursos florestais renováveis a serem suprimidos Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 212 07 IMPACTO EXPRESSÃO ORIGEM DURAÇÃO ESCALA TEMPORAL ESCALA ESPACIAL REVERSIBILIDADE CUMULATIVIDADE E SINERGISMO MAGNITUDE PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA REQUISITO LEGAL GRAU DE IMPORTÂNCIA ASPECTOS QUALITATIVOS 08 IMPACTO EXPRESSÃO ORIGEM DURAÇÃO ESCALA TEMPORAL ESCALA ESPACIAL REVERSIBILIDADE CUMULATIVIDADE E SINERGISMO MAGNITUDE PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA REQUISITO LEGAL REDUÇÃO DA VAZÃO DAS DRENAGENS NATURAIS adversa direta temporária (durante o período de funcionamento) imediata municipal reversível neutro média, pois as reduções de vazão simuladas são relativamente pequenas frente as vazões dos cursos d’água e serão passíveis de serem notadas nos meses de estiagem. certa sim (Lei Federal nº 9.433/97; Lei Estadual nº 9.748/94, Portaria nº 24/79 e Decreto nº 14.250/81) alto as vazões dos cursos d’água nas proximidades (Ribeirão Araçariguama e Córrego do Armando) possuem vazões altas o suficiente para absorver as alterações proporcionadas pela ampliação da cava na maior parte do ano. PERDA DO ASPECTO NATURAL adversa direta permanente imediata local irreversível neutro pequena, em decorrência da pequena alteração do relevo e da cobertura vegetal na área de lavra que será afetada na propriedade da empresa para a ampliação do empreendimento, contíguas à área existente de mineração. certa não há requisito diretamente aplicável, mas se enquadra a este impacto a exigência de recuperação de áreas degradadas pela atividade de mineração (Constituição Federal, art. 225 e Decreto Federal 97.632/89) GRAU DE IMPORTÂNCIA médio ASPECTOS QUALITATIVOS impacto circunscrito à área do empreendimento; a presença do empreendimento impede a realização de outras atividades no local e limita as opções de uso do solo após sua desativação Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 213 09 IMPACTO EXPRESSÃO ORIGEM DURAÇÃO ESCALA TEMPORAL PERDA DE ESPÉCIMES (INDIVÍDUOS) DA FLORA NATIVA adversa direta temporário imediata a médio e longo prazo, as alterações provocadas pela supressão nas áreas diretamente afetadas irão atingir áreas adjacentes com vegetação, onde também ocorrerá, indiretamente, a perda de indivíduos da flora a longo prazo – através do efeitos de borda ou das alterações microclimáticas, por exemplo ESCALA ESPACIAL REVERSIBILIDADE CUMULATIVIDADE E SINERGISMO local reversível impacto cumulativo com aquele advindo do impacto à fauna associada a estes ambientes que serão afetados. MAGNITUDE Média, pois envolve a supressão de pequenas áreas remanescentes de vegetação nativa em estágio inicial a médio de regeneração. PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA REQUISITO LEGAL GRAU DE IMPORTÂNCIA ASPECTOS QUALITATIVOS certa Lei Federal nº4.771/1965; Medida Provisória nº2.166/2001; Decreto Federal nº750/1993; Instrução Normativa nº06/2008; Resolução SMA nº48/2004. alto impacto provocará a perda de indivíduos pela supressão direta da vegetação nativa em estágio inicial a médio de regeneração e pelos efeitos indiretos que esta acarretará nos remanescentes de vegetação adjacentes. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 214 10 IMPACTO EXPRESSÃO ORIGEM DURAÇÃO ESCALA TEMPORAL ESCALA ESPACIAL REVERSIBILIDADE CUMULATIVIDADE E SINERGISMO MAGNITUDE PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA REQUISITO LEGAL GRAU DE IMPORTÂNCIA ASPECTOS QUALITATIVOS PERDA DE HÁBITATS NATURAIS adversa direta permanente imediato local irreversível: os habitats perdidos não serão restituídos, mas novos habitats serão criados. cumulativo com os impactos provenientes da perda de espécimes (indivíduos) da flora nativa, da redução da vazão das drenagens naturais, da deterioração da qualidade das águas superficiais; cumulativo também com os impactos decorrentes de outras fontes, como novas atividades econômicas que possam ser instaladas na região. média, áreas ocupadas por vegetação/habitats nativa terão seu uso de solo modificado certa Sim (Constituição Federal, art. 225; Lei Federal 6.938/81; Decreto Federal 97.632/89; Lei Federal 4771/65; Lei Federal 47754/89) alto. Impacto de escala local que ocasionará perda de determinados habitats existentes previamente ao empreendimento. Novos habitats surgirão a partir das modificações ocorridas no ambiente e também podem ser criados no decorrer do tempo e após o término das atividades previstas. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 215 11 IMPACTO EXPRESSÃO ORIGEM DURAÇÃO ESCALA TEMPORAL ESCALA ESPACIAL REVERSIBILIDADE CUMULATIVIDADE E SINERGISMO MAGNITUDE PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA REQUISITO LEGAL GRAU DE IMPORTÂNCIA ASPECTOS QUALITATIVOS 12 IMPACTO EXPRESSÃO ORIGEM DURAÇÃO ESCALA TEMPORAL ESCALA ESPACIAL REVERSIBILIDADE CUMULATIVIDADE E SINERGISMO MAGNITUDE PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA REQUISITO LEGAL GRAU DE IMPORTÂNCIA ASPECTOS QUALITATIVOS PERDA DE FAUNA adversa direta e indireta permanente imediato regional irreversível, pois os indivíduos perdidos o serão para sempre Sinérgico com os impactos provenientes da perda de espécimes (indivíduos) da flora nativa, da redução da vazão das drenagens naturais e da deterioração da qualidade das águas superficiais e do ar. Média, pois o empreendimento ocupará de áreas com vegetação nativa secundária no estágio inicial a médio de regeneração natural, mas não haverá supressão de fragmentos totais e contíguos. certa sim (Constituição Federal art. 225; Lei nº 6.938/81; Lista das espécies de fauna ameaçadas de extinção). alto impacto de escala regional que ocasionará a fuga da fauna para áreas de matas vizinhas, aumentando a densidade de indivíduos e a competitividade nestes lugares. IMPACTO VISUAL adversa direta permanente imediata local irreversível, devido à alteração permanente da paisagem original neutro média, por se tratar de ampliação contígua a área de lavra já existente certa não há médio impacto a ser causado pela ampliação da área de causa já existente ao mudar o uso de solo nas áreas vizinhas à operação atual. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 216 13 IMPACTO EXPRESSÃO ORIGEM DURAÇÃO ESCALA TEMPORAL ESCALA ESPACIAL REVERSIBILIDADE CUMULATIVIDADE E SINERGISMO MAGNITUDE PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA REQUISITO LEGAL GRAU DE IMPORTÂNCIA ASPECTOS QUALITATIVOS 14 IMPACTO EXPRESSÃO ORIGEM DURAÇÃO ESCALA TEMPORAL ESCALA ESPACIAL REVERSIBILIDADE CUMULATIVIDADE E SINERGISMO MAGNITUDE PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA REQUISITO LEGAL GRAU DE IMPORTÂNCIA ASPECTOS QUALITATIVOS QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL DA MÃO-DE-OBRA LOCAL benéfica direta permanente médio prazo municipal irreversível neutro pequena baixa Não há médio não haverá especialização da mão-de-obra devido a continuidade de atividades, porém a médio prazo pode haver a formação de mais profissionais agregados às atividades. AUMENTO DA ARRECADAÇÃO TRIBUTÁRIA benéfica direta temporária imediato municipal reversível sinérgico, pois as novas empresas que vierem a se estabelecer também concorrerão para aumentar a base de arrecadação no município e as empresas terceirizadas prestadoras de serviços locais também recolherão ISS pequena , pois haverá apenas a continuidade dos tributos arrecadados. A arrecadação de tributos federais será indiretamente revertida parcialmente ao município. certa legislação tributária e legislação mineral baixo o empreendimento além dos impostos federais poderá acarretar em aumento na arrecadação de imposto pelo município referentes a IPTU e ISS Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 217 15 IMPACTO EXPRESSÃO ORIGEM DURAÇÃO ESCALA TEMPORAL ESCALA ESPACIAL REVERSIBILIDADE CUMULATIVIDADE E SINERGISMO MAGNITUDE PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA REQUISITO LEGAL GRAU DE IMPORTÂNCIA ASPECTOS QUALITATIVOS 16 IMPACTO EXPRESSÃO ORIGEM DURAÇÃO ESCALA TEMPORAL ESCALA ESPACIAL REVERSIBILIDADE CUMULATIVIDADE E SINERGISMO MAGNITUDE PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA REQUISITO LEGAL GRAU DE IMPORTÂNCIA ASPECTOS QUALITATIVOS AUMENTO DA MASSA MONETÁRIA EM CIRCULAÇÃO LOCAL benéfica indireta temporária médio prazo municipal reversível sinergético baixo, pois a continuidade do empreendimento não trará alterações significativas sobre a massa monterária em circulação. certa não há baixo os salários pagos pela empresa e terceiros contratados para a ampliação da lavra e as compras no mercado, colocarão mais dinheiro no circuito econômico, podendo favorecer o município e a região INCÔMODO E DESCONFORTO AMBIENTAL adversa direta temporária imediata linear reversível cumulativo baixa, pois a continuidade do empreendimento não deverá trazer incômodo e desconforto ambiental. certa não há pequeno impacto potencialmente significativo para a comunidade do entorno do empreendimento. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 218 17 IMPACTO EXPRESSÃO ORIGEM DURAÇÃO ESCALA TEMPORAL ESCALA ESPACIAL REVERSIBILIDADE CUMULATIVIDADE E SINERGISMO MAGNITUDE PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA REQUISITO LEGAL GRAU DE IMPORTÂNCIA ASPECTOS QUALITATIVOS 18 IMPACTO EXPRESSÃO ORIGEM DURAÇÃO ESCALA TEMPORAL ESCALA ESPACIAL REVERSIBILIDADE CUMULATIVIDADE E SINERGISMO MAGNITUDE PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA REQUISITO LEGAL GRAU DE IMPORTÂNCIA ASPECTOS QUALITATIVOS PERDA POTENCIAL DE VESTÍGIOS ARQUEOLÓGICOS adversa direta permanente imediata local irreversível neutro pequena, pois antes da ampliação do empreendimento são efetuadas investigações e, constatada a existência de vestígios, o resgate do material de interesse arqueológico baixa sim (Constituição Federal art.23, Lei Federal 3.924/61, Decreto Federal 25/37 e Portaria Iphan 230/02) médio impacto circunscrito à área do empreendimento; deve-se efetuar o resgate de qualquer vestígio arqueológico antes da implantação do empreendimento; campanhas de monitoramento, prospecção, levantamento e salvamento arqueológico deverão ser realizadas caso se identifiquem materiais de interesse arqueológicos nas áreas diretamente afetadas pelo empreendimento REDUÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA adversa indireta permanente longo prazo municipal reversível sinergético pequena certa não há pequeno o fechamento do empreendimento só ocorrerá no esgotamento das reservas minerais daqui a 37 anos; a sociedade local deverá se preparar para o fechamento da mina e para o desenvolvimento de atividades econômicas alternativas. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 219 19 IMPACTO EXPRESSÃO ORIGEM DURAÇÃO ESCALA TEMPORAL ESCALA ESPACIAL REVERSIBILIDADE CUMULATIVIDADE E SINERGISMO MAGNITUDE REDUÇÃO DA ARRECADAÇÃO TRIBUTÁRIA adversa direta permanente longo prazo municipal reversível cumulativo PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA REQUISITO LEGAL GRAU DE IMPORTÂNCIA ASPECTOS QUALITATIVOS pequeno, pois o município deixará de receber apenas os tributos pagos pelo empreendimento especificamente certa não há pequeno poderá acarretar queda de qualidade dos serviços públicos e redução do nível de serviços oferecidos pela municipalidade quando da desativação do empreendimento 20 IMPACTO EXPRESSÃO ORIGEM DURAÇÃO ESCALA TEMPORAL ESCALA ESPACIAL REVERSIBILIDADE CUMULATIVIDADE E SINERGISMO MAGNITUDE REDUÇÃO DA RENDA DA POPULAÇÃO adversa indireta permanente longo prazo principalmente municipal reversível cumulativo PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA REQUISITO LEGAL GRAU DE IMPORTÂNCIA ASPECTOS QUALITATIVOS pequena, pois a cessação dos salários e parte das compras resultarão na redução da renda da população apenas quando da desativação do empreendimento (daqui a 37 anos). alta não há pequeno poderá haver redução de renda da população local e regional quando da desativação do empreendimento Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 220 CAPÍTULO 7 Áreas de Influência As áreas de influencia do empreendimento (Área de Influencia Indireta – AII, Área de Influência Direta – AID e Área Diretamente Afetada – ADA) foram definidas após identificados, previstos e avaliados os potenciais impactos ambientais diretos e indiretos decorrentes do empreendimento. Essas áreas de influência foram definidas para cada meio (físico, biótico e antrópico), em função das ações/intervenções necessárias para a ampliação, operação e desativação do empreendimento, tendo em vista suas abrangências espaciais. Além disso, considerou-se o que estabelece o inciso III do Artigo 5º da Resolução Conama 01/86, ou seja, “definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos, denominada área de influencia do projeto, considerando, em todos os casos, a bacia hidrográfica na qual se localiza”. Inicialmente, para a realização do diagnóstico ambiental foi definida a área de estudo na qual foram realizados os levantamentos primários e secundários. Agora, em função dos levantamentos realizados e, considerando os impactos ambientais decorrentes da ampliação e operação do empreendimento, foram definidas, as áreas de influência do empreendimento, considerando três níveis de abrangência: área diretamente afetada-ADA, área de influência direta-AID e área de influência indireta-AII. Para efetuar a delimitação das áreas de influência, partiu-se da proposição de que os impactos imediatos, ou seja, aqueles que afetam diretamente o empreendimento, e os indiretos, aqueles que possuem uma área de abrangência maior e derivam dos impactos diretos, devem ser delimitados geograficamente por um polígono que abarque as áreas afetadas por cada modalidade de intervenção e seu devido impacto sobre o meio envolvido (físico, biótico e antrópico). É evidente a dificuldade de traçar um limite preciso que possa abranger uma área e que considere os impactos gerados pelo empreendimento. Assim, considerações acerca das áreas abrangidas pelos impactos pautaram-se em três diferentes delimitações e meios envolvidos: 1 - área diretamente afetada (ADA); 2 - área de influência direta (AID); 3 - área de influência indireta (AII). Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 221 Usualmente tem-se adotado como unidade de análise a bacia hidrográfica, pois é reconhecida como unidade de planejamento universal, com recorte espacial extremamente concreto. Constitui-se num sistema natural bem delimitado, drenado por um coletor principal e seus afluentes, onde acontecem interações, principalmente físicas (rocha, relevo, solo, etc.), passíveis de integração e interpretação. A bacia hidrográfica é um limite nítido no terreno, seus divisores constituem-se em uma linha rígida em torno de uma determinada área da superfície terrestre, denominada de divisores de água. Em termos ambientais, é a unidade ecossistêmica e morfológica que melhor reflete os impactos das interferências antrópicas, sejam na ocupação de terras com objetivos de extração de recursos naturais ou mesmo pela sua utilização na agricultura ou no processo de urbanização. Não há dúvida sobre a aceitação da adoção da bacia hidrográfica como unidade de análise, tanto no âmbito acadêmico quanto técnico e mesmo legal (Resolução CONAMA 01/86, artigo 5°). No entanto, para alguns casos a utilização da bacia hidrográfica pode-se mostrar insatisfatória. Alguns fenômenos ultrapassam os limites físicos da bacia hidrográfica e agem numa área de abrangência onde estes não são respeitados, como por exemplo no caso da vegetação, fauna e do clima. Estes elementos abrangem áreas muitas vezes superiores ao limite estabelecido pelos divisores de água, ficando a escolha desta unidade espacial de análise comprometida. Outro fator importante é considerar as interações com o homem e sua atividade, que comumente extravasa os limites da bacia hidrográfica. As atividades antrópicos não têm compromisso com as divisas territoriais concretas, o mesmo não ocorre no âmbito dos meios físico e biótico, regidos e controlados por fronteiras e limites naturais. Assim, as áreas de influências da pedreira “Santa Rita” foram definidas conforme as seguintes diretrizes: A área diretamente afetada (ADA), para todos os meios – físico, biótico e antrópico compreende as áreas que sofrerão intervenções diretas em qualquer etapa do empreendimento, que correspondem às áreas de lavra (inclusive ampliação), local de disposição de material estéril, áreas de infra-estrutura (britagem, oficina, escritório, almoxarifado), cujas respectivas implantações ocorreram em função das modificações do uso do solo existentes. A ADA compreende cerca de 65 ha. A área de influência direta (AID) é definida como aquela onde poderão ser detectados os impactos diretos do empreendimento, aqueles que decorrem das atividades ou ações realizadas pelo empreendedor ou empresas por ele contratadas. Para o meio físico ponderou-se como área de influência aquela que considere, nas possibilidades, os impactos e as interações entre os aspectos ligados à geologia, relevo, solos, clima, águas superficiais e subterrâneas, emissões de ruído e material particulado. Assim, definiu-se como AID a micro-bacia do córrego sem denominação, afluente do ribeirão Araçariguama pela margem direita, cuja nascente se encontra na propriedade da empresa. No tocante ao meio biótico, também estabeleceu-se como AID essa mesma micro-bacia, na qual se insere área dos fragmentos florestais existentes na propriedade da empresa. No caso da fauna, ficaria inviável adotar um limite estabelecido, pois a maioria das espécies se desloca para áreas que extravasam o limite adotado. Para o meio antrópico, a AID constitui o entorno leste do empreendimento, no qual se observam algumas atividades industriais, a estrada municipal Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 222 utilizada pelo empreendedor para o escoamento da brita, trecho compreendido entre o empreendimento até a rodovia Castello Branco (SP-280), bem como o Condomínio Alpes dos Bandeirantes), comunidade que poderia sofrer incômodos decorrentes dos impactos do empreendimento. A área de influência indireta (AII) é entendida como aquela onde poderão ser notados os impactos indiretos do empreendimento, ou seja, aqueles decorrentes de um impacto direto causado pelo projeto em análise, ou seja, são impactos de segunda ou terceira ordem. Os impactos indiretos são mais difusos do que os diretos e se manifestam em áreas geográficas mais abrangentes. Na AII, os processos naturais ou sociais ou os recursos afetados indiretamente pelo empreendimento também podem sofrer grande influência de outros fatores não relacionados ao empreendimento, sobretudo em decorrência dos diferentes usos do solo. Assim, para os meios físico e biótico definiu-se como AII a sub-bacia do ribeirão Araçariguama, que compreende uma área de cerca de 200 ha. Para os meio antrópico, os impactos sociais e econômicos ocorrerão no âmbito do território abrangido pelo município de Araçariguama, embora sob alguns aspectos como arrecadação tributária o município seja diretamente beneficiado. Na FIGURA 2.4.2 é apresentada a delimitação da AII do empreendimento dos meios físico e biótico. No DESENHO 768.E.0.0-EIA-09 são apresentados os limites da ADA e AID para o meio físico e biótico. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 223 Capítulo 8 Plano de Gestão Ambiental Este capítulo traz a descrição das medidas e dos programas de gestão ambiental propostos para o empreendimento, configurando um conjunto aqui denominado de Plano de Gestão Ambiental. Na continuidade das operações do empreendimento, a VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A. aplicará o plano ora proposto com o intuito de minimizar os impactos adversos e maximizar sua contribuição para o desenvolvimento local e regional, considerando a operação e a desativação do empreendimento. O conjunto de medidas propostas é dividido em cinco categorias: (i) medidas de capacitação e de gestão; (ii) medidas para reduzir a magnitude e a importância dos impactos negativos que não possam ser evitados (medidas mitigadoras); e (iii) medidas para compensar a perda de recursos ambientais que não possam ser evitados ou adequadamente mitigados (medidas compensatórias). Além disso, este capítulo apresenta (iv) um plano de monitoramento ambiental o (v) plano de recuperação de áreas degradadas no qual são apontadas as diretrizes para a fase de desativação do empreendimento e uso futuro das áreas mineradas. O conjunto de programas recomendados é apresentado na FIGURA 8.1, onde se mostra sua correlação com os impactos ambientais identificados e analisados no capítulo 6. Naturalmente há programas que se aplicam a mais de um impacto. O quadro também permite verificar se há pelo menos um programa proposto para cada impacto ambiental adverso identificado. A apresentação dos programas integrantes do plano de gestão é feita de modo conceitual, conforme orientação do Plano de Trabalho para o EIA. Assim, após a emissão da licença ambiental prévia para a ampliação da lavra, a empresa deverá cumprir uma série de condicionantes, dentre as quais, o detalhamento destes programas. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 1 deterioração das propriedades físicas do solo 2 risco de contaminação do solo 3 deterioração do ambiente sonoro 4 deterioração da qualidade do ar 5 deterioração da qualidade das águas superficiais 6 redução do estoque de recursos naturais 7 redução da vazão das drenagens naturais 8 perda do aspecto natural da área da mina 9 perda de espécimes (indivíduos) da flora nativa 10 perda de hábitats naturais 11 perda de fauna 12 impacto visual 13 qualificação profissional da mão-de-obra local 14 aumento da arrecadação tributária 15 aumento da massa monetária em circulação local 16 incômodo e desconforto ambiental 17 perda potencial de vestígios arqueológicos 18 redução da atividade econômica 19 redução da arrecadação tributária 20 redução da renda da população FIGURA 8.1 - PLANO DE GESTÃO AMBIENTAL E SUA CORRELAÇÃO COM OS IMPACTOS AMBIENTAIS IDENTIFICADOS Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP plano de fechamento plano de recuperação de áreas degradadas enriquecimento florestal da reserva legal compensação devido à lei federal 9.987 programa de resgate arqueológico programa de manejo de fauna silvestre prog de prevenção de acidentes ambientais programa de revegetação prog controle qualidade águas superficiais programa de controle de emissões fugitivas programa de gestão de resíduos programa de manejo de solo programa de manejo da flora IMPACTO AMBIENTAL programa de controle de tráfego ITEM sistema de gestão ambiental MEDIDAS DE GESTÃO prog de controle de erosão e assoreamento 224 225 8.1. Medidas de Capacitação e Gestão São medidas de cunho sistêmico e organizativo, que têm a função de preparar o pessoal da empresa e pessoal contratado por terceiros para desempenhar suas funções em consonância com os requisitos legais e de maneira respeitosa ao meio ambiente e à comunidade local. Com este objetivo, incluem-se medidas de conscientização e capacitação de pessoal e o estabelecimento de sistemas de gestão que facilitem a tarefa da empresa de implementar com sucesso os demais programas constantes deste plano. 8.1.1. Implementação de Um Sistema de Gestão Ambiental A Pedreira Santa Rita conta com um sistema de gestão ambiental (SGA). O modelo para o SGA é a norma internacional ISO 14.001. Algumas empresas optam por buscar a certificação de seu SGA, o que é feito por uma empresa independente devidamente credenciada pelo Inmetro - Instituto Brasileiro de Normalização e Metrologia, do Ministério da Indústria e Comércio. A certificação é válida por três anos, ao término dos quais pode ser revalidada. Note-se que a certificação é voluntária e uma empresa pode ter um excelente SGA sem que o mesmo seja certificado. A norma ISO 14.001 (e sua versão brasileira atualizada NBR ISO 14.001:2004) estabelece uma série de requisitos para que uma organização (empresa ou outra entidade) implante um SGA Dentre estes requisitos estão a formulação de uma política ambiental, o compromisso com o cumprimento de todos os requisitos legais e com a prevenção da poluição e a preparação de mecanismos que permitam a contínua melhoria do sistema. Para implantar um SGA, além de um claro comprometimento da direção da empresa, é preciso elaborar um levantamento de aspectos e impactos ambientais (já preparado para este EIA, porém sujeito a futuro detalhamento para fins de SGA), estabelecer objetivos e metas (cuja primeira versão já faz parte deste capítulo), conscientizar e treinar os funcionários (item previsto nos dois programas acima), definir programas de ação para atingir esses objetivos e metas (os primeiros programas estão descritos neste capítulo), detalhar procedimentos, conhecer os pontos de vista do público (denominado “partes interessadas” no jargão do SGA), monitorar e registrar emissões, resultados e demais itens pertinentes, realizar auditorias periódicas e estabelecer um processo de revisão crítica visando melhoria contínua. 8.2. Medidas Mitigadoras As atividades componentes do empreendimento objeto deste EIA (expansão das áreas de lavra de rocha) foram estudadas de modo a se possibilitar a análise de impactos ambientais e, a partir da identificação e avaliação destes, a proposição de planos de medidas mitigadoras para cada um destes impactos. Na preparação desses planos foram tomados os cuidados cabíveis para minimizar todos os impactos ambientais causados pelo empreendimento. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 226 As medidas integradas ao plano já foram consideradas na análise de seus impactos ambientais. Esta seção tratará das medidas adicionais propostas pela equipe multidisciplinar da PROMINER PROJETOS LTDA. com o intuito de reduzir os impactos adversos remanescentes e aqueles que não podem ser evitados. As medidas são agrupadas e descritas na forma de programas de ação. Todas estas medidas devem ser conjugadas com o monitoramento ambiental que será descrito adiante neste capítulo. O monitoramento, dentre outras funções, servirá para avaliar a eficácias das medidas e alertar sobre a necessidade de ajustes ou correções. 8.2.1. Programa de Controle de Tráfego A continuidade da operação do empreendimento manterá o volume de tráfego atual. Algumas medidas podem ser tomadas para reduzir os incômodos e os riscos decorrentes da circulação de caminhões. As seguintes medidas devem compor este programa: • Pró-atividade na manutenção e conservação das vias internas não pavimentadas utilizadas no transporte de rocha; • Imposição de cláusulas contratuais para empresas transportadoras, obrigando-as a treinar motoristas e a realizar inspeções periódicas nos caminhões para verificação de condições de segurança e emissões atmosféricas; • Vistoria e pesagem de caminhões na entrada e saída da unidade industrial da pedreira da VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A.; • Avaliação periódica do desempenho dos motoristas e das empresas transportadoras. 8.2.2. Programa de Manejo de Flora Com relação aos trabalhos de supressão e remoção da vegetação nativa da propriedade nas áreas em que haverá intervenção, são propostas medidas que: • Restrinjam os danos aos remanescentes de vegetação adjacentes; • Otimizem a utilização dos recursos naturais vegetais daí extraídos; • Resguardem o patrimônio genético existente nas áreas de interferência. Desse modo, as atividades de supressão da vegetação nativa deverão ser realizadas sob acompanhamento de um Engenheiro Florestal que providenciará a delimitação física das áreas de intervenção e desmatamento; identificará árvores matrizes para coleta de sementes e posterior produção de mudas a serem utilizadas na recuperação e revegetação de áreas degradadas; coordenará a retirada de bromélias e orquídeas encontradas nas áreas de futura supressão, bem como sua transferência para áreas adjacentes que não serão impactadas; e supervisionará a colheita e o aproveitamento do material lenhoso e dos resíduos vegetais provenientes das operações de corte para deposição em áreas a serem recuperadas e reaproveitamento de madeiras nobres. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 227 8.2.3. Programa de Manejo de Solo O solo é um recurso natural importante e que deve ser manejado com cuidado. Após a retirada da vegetação, a camada superior que compõe o solo orgânico deve ser removida seletivamente, por raspagem, antes da realização de quaisquer escavações. O solo removido será utilizado imediatamente na recuperação de áreas degradadas ou nas áreas de reflorestamento. Somente na impossibilidade de seu uso imediato é que o solo será estocado em leiras no mesmo local de armazenamento dos estéreis, em área devidamente preparada e seguindo as recomendações técnicas usuais de manejo de solo, incluindo sua disposição em leiras e posterior cobertura com espécies gramíneas. Os locais de armazenamento de estéreis devem ter local apropriado para recebimento do solo orgânico que será reutilizado. Como forma de controle, a VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A. deverá manter um inventário do solo orgânico removido, estocado e reutilizado na recuperação das áreas degradadas ou nas áreas de reflorestamento. As características químicas e biológicas deste solo proveniente do decapeamento das áreas suprimidas serão bastante úteis e positivas na recuperação das áreas na qual ele será depositado, já que nesta camada estão presentes sementes e outros propágulos vegetais que, em conjunto, favorecerão a recuperação dessas áreas. 8.2.4. Programa de Controle de Erosão e Assoreamento Na fase de operação, será necessário implantar, em toda a área do depósito de estéril, um sistema de drenagem de águas pluviais, consistindo de canaletas de captação, valetas de escoamento, caixas de decantação de sólidos e sistemas de dissipação de energia, em forma de escadas hidráulicas. As canaletas de captação serão construídas na base dos taludes, em cada berma, sem revestimento, com escoamento direcionado para as valetas de escoamento, estas revestidas de concreto, intercaladas com caixas de decantação e escadas hidráulicas em terrenos inclinados. Na área pretendida para a lavra, em toda a porção de ampliação da cava, onde haverá taludes escavados em solo de capeamento, deverá ser implantado um sistema similar ao do depósito de estéril. Nesta fase, toda a água de escoamento superficial convergirá para o sistema de drenagem das águas superficiais, e posteriormente, após retenção das partículas sólidas, serão encaminhadas para as drenagens naturais. Na fase de desativação, serão seguidas as recomendações do Plano de Recuperação de Áreas Degradadas, associado a este programa de controle de erosão e assoreamento 8.2.5. Programa de Gestão de Resíduos Os diversos tipos de resíduos gerados pelas atividades do empreendimento devem ser objeto de um programa específico de gestão, que inclui: Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 228 • Classificação dos resíduos segundo a norma NBR 10.004: 2004; • Segregação dos resíduos produzidos de acordo com seu tipo e estocagem individual; • Destinação de material passível de reuso para as áreas de materiais reutilizáveis; • Manutenção de um inventário permanente de resíduos; e • Registro mensal da produção de cada resíduo e de sua destinação final. A VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A. já desenvolve uma estratégia de gestão de resíduos baseada no princípio dos “3R” (reduzir, reutilizar, reciclar). Dentro dessa estratégia, as seguintes diretrizes devem ser observadas: • Folhas, galhos e demais materiais vegetais provenientes da supressão de vegetação devem utilizados nos trabalhos de recuperação de áreas e revegetação. • Óleos usados são manuseados apenas nas áreas de infra-estrutura e unidades de apoio, localizadas no interior da própria unidade industrial da VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A., e são após acúmulo de volume que justifique sua remoção, vendidos para empresas de re-refino devidamente licenciadas; • Demais resíduos não-inertes que por ventura sejam gerados, são manuseados também no interior da unidade industrial da VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A. e, posteriormente, encaminhados para destinação adequada através da contratação de serviços de terceiros. 8.2.6. Programa de Controle de Poeiras Fugitivas A movimentação de máquinas e equipamentos sobre pistas não pavimentadas e a ação dos ventos sobre pilhas de estéril e de minério e demais superfícies com exposição de solo ou materiais granulares são fontes geradoras de material particulado que devem ser controladas. A aspersão de água a partir da passagem constante de um caminhão-pipa é o método mais usual empregado em mineração e em obras de terraplenagem. O ponto mais crítico, devido aos possíveis efeitos sobre a comunidade local, é o transporte, que poderá ser fonte geradora de material particulado para a atmosfera. Os níveis de material particulado a serem obtidos com a implantação do programa de controle de poeiras fugitivas deverão atender à RESOLUÇÃO CONAMA 003 de 28 de junho de 1990 e ao Decreto Estadual 8468 de 08 de setembro de 1976, que estabelecem os Padrões de Qualidade do Ar para material particulado em suspensão tanto para curtos períodos de exposição (médias de 24 h) como para períodos longos (médias anuais). Nestes textos estão estabelecidos dois tipos de padrões de qualidade do ar: os primários e os secundários. - Padrões primários São padrões primários de qualidade do ar as concentrações de poluentes que, ultrapassadas poderão afetar a saúde da população. Podem ser entendidos como níveis Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 229 máximos toleráveis de concentração de poluentes atmosféricos, constituindo-se em metas de curto e médio prazo. - Padrões secundários São padrões secundários de qualidade do ar as concentrações de poluentes atmosféricos abaixo das quais se prevê o mínimo efeito adverso sobre o bem estar da população, assim como o mínimo dano à fauna e à flora, aos materiais e ao meio ambiente em geral. Podem ser entendidos como níveis desejados de concentrações de poluentes atmosféricos, constituindo-se em metas de longo prazo. O QUADRO 8.2.6.1 apresenta os padrões nacionais de qualidade do ar e os critérios para episódios agudos de poluição para PTS. QUADRO 8.2.6.1 PADRÕES NACIONAIS DE QUALIDADE DO AR PARA PTS E CRITÉRIOS PARA EPISÓDIOS AGUDOS POLUENTE PARTÍCULAS TOTAIS EM SUSPENSÃO TEMPO DE AMOSTRAGEM 24 h PADRÃO PRIMÁRIO (μg/m³) PADRÃO SECUNDÁRIO (μg/m³) 240 150 (1) CRITÉRIOS PARA EPISÓDIOS (μg/m³) ATENÇÃO ALERTA EMERGÊNCIA 375 625 875 (1) Não deve ser excedido mais que uma vez ao ano. Ressalta-se que para manter a vazão sanitária dos cursos d’água naturais (córrego do Armando e Ribeirão Araçariguama), as captações de água pelo caminhão pipa na época de estiagem serão feitas diretamente do bombeamento da água acumulada na cava, e não no córrego do Armando, como é feita normalmente. A descarga da água bombeada da cava será feita no afluente do Ribeirão Araçariguama, o que restituirá parte da diminuição da vazão que porventura o empreendimento possa provocar no decorrer da operação. O balanço hídrico não será alterado com essa medida. O monitoramento contínuo das vazões assegurará a gestão das águas. 8.2.7. Programa de Controle da Qualidade das Águas Superficiais As águas de drenagem da área de lavra expansão continuarão a ser bombeadas a partir do fundo da cava para o sistema de drenagem natural. O sistema de bombeamento do fundo da cava conta com compartimento de bomba que permite tempo de retenção suficiente para a decantação das partículas, ocorrendo somente o bombeamento de água já clarificada para o exterior da cava. O efluente gerado pelo bombeamento do fundo da cava continuará a ser monitorado, de maneira análoga ao monitoramento já realizado atualmente, confrontando-se os parâmetros Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 230 das amostras de água superficial e efluentes com os limites estipulados para águas de Classe II, segundo a Resolução CONAMA 357, de 17 de março de 2005. 8.2.8. Programa de Prevenção de Acidentes Ambientais A VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A. implanta diversas rotinas e procedimentos voltados à prevenção de acidentes que possam ter conseqüências ambientais. Tais procedimentos incluem, entre outros: • Treinamento de funcionários; • Simulações de acidentes e ações de emergência; • Inspeções e vistorias em equipamentos; e • Auditorias de segurança. O conjunto destas e outras medidas forma o programa de prevenção de acidentes, que têm objetivos não somente ambientais, mas também de proteção da saúde e da segurança dos trabalhadores. 8.2.9. Programa de Manejo de Fauna Silvestre Como o diagnóstico ambiental identificou espécies de fauna ameaçadas de extinção, deverá ser implantado um programa de acompanhamento da fauna. Inclui-se aí o monitoramento semestral para acompanhamento e conseqüente determinação de possíveis danos causados às demais espécies da fauna local devido às atividades da ampliação do empreendimento. Para isso, foi elaborado um Plano de Ação da Fauna Terrestre, que encontra-se apresentado no ANEXO 9. 8.3. Medida Compensatória Este item tem como objetivo apresentar propostas de compensação ambiental que não podem ser evitados ou suficientemente mitigados. Neste estudo apenas um impacto ambiental referente à supressão de vegetação nativa não pode ser adequadamente mitigado, devendo ser compensado. 8.3.1. Compensação Ambiental das Áreas Suprimidas Para ampliação do empreendimento será necessária a supressão de 2,18ha de vegetação nativa secundária em estágio médio de regeneração e 4,59ha de vegetação nativa secundária em estágio inicial de regeneração. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 231 Conforme disposto na Lei nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006, sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica, a supressão de vegetação nativa secundária em estágio médio de regeneração conforme, a Resolução Conjunta SMA/IBAMA 01/1994, deve ser compensada em área equivalente a ser suprimida. Entretanto, a compensação no estado de São Paulo é complementada na Resolução SMA nº 15, de 13 de março de 2008, que dispõe sobre os critérios e parâmetros para concessão de autorização para supressão de vegetação nativa considerando as áreas prioritárias para incremento da conectividade. De acordo com essa resolução, a supressão de vegetação nativa deve ser compensada de acordo com a sua classificação presente no mapa “Áreas prioritárias para incremento da conectividade”. No caso do município de Araçariguama, onde está inserido o empreendimento, a escala de prioridade de acordo com o mapa áreas prioritárias para incremento da conectividade é a n°4. Nesta escala, a supressão de vegetação nativa prevê a compensação de uma área equivalente a duas vezes a área suprimida. Desta forma, há duas compensações ambientais previstas com relação às áreas a serem suprimidas, uma referente à Lei 11.428/06 de (2,18ha) e outra referente à Resolução SMA 15/2008 de (13,54ha). Somando se as duas há uma área total a ser compensada de 15,72ha. As Áreas de Preservação Permanente – APP’s que se encontram dentro dos limites da propriedade da VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A. em sua grande parte (aproximadamente 16ha) já não apresentam mais sua característica original, coberta por vegetação nativa, sendo que algumas já nem existem mais devido ações antrópicas. Portanto, para compensar as áreas de vegetação nativa que serão suprimidas com a ampliação da cava de calcário e dos depósitos de estéril I, II, III, serão recuperadas todas as APP’s que se encontram descaracterizadas na área do empreendimento (DESENHO 768.E.0.0-EIA-02). 8.4. Monitoramento Ambiental O programa de monitoramento e acompanhamento ambiental é uma das principais ferramentas para a gestão ambiental do empreendimento. A execução do monitoramento deve seguir um plano inicial, proposto nesta seção, mas que estará sujeito a correções, ajustes e modificações pelos resultados do próprio monitoramento. Suas funções são: • Verificar os impactos reais de um empreendimento; • Comparar os impactos reais com as previsões apresentadas no EIA; • Detectar eventuais impactos não previstos ou impactos de magnitude maior que a esperada; Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 232 • Alertar para a necessidade de ações corretivas caso os impactos ultrapassem certos limites, como os padrões legais, as condições da licença ambiental ou limites estabelecidos voluntariamente ou em decorrência de negociações. O plano de monitoramento inicial abrange parâmetros indicadores dos principais impactos decorrentes do empreendimento: qualidade das águas superficiais, nível e qualidade das águas subterrâneas, emissões atmosféricas, concentração de material particulado e de gases no ar, níveis de ruído, segurança dos taludes e revegetação e enriquecimento de áreas florestadas. O monitoramento deverá ser realizado para as seguintes situações: • Efluentes e emissões; • Qualidade ambiental (ar, água, ambiente sonoro, vibração e sobrepressão); • Estabilidade física (taludes). A seguir é apresentado o plano de monitoramento para os efluentes, emissões e qualidade ambiental do empreendimento. • Características climáticas Durante os períodos de amostragem deverá ser instalada no empreendimento uma estação meteorológica para verificação das condições climáticas. A estação meteorológica utilizada tem como componentes: termômetro, barômetro, medidor da umidade relativa do ar, pluviômetro, anemômetro contando ainda com sistema digital de armazenamento de dados. A utilização da estação meteorológica é importante para se correlacionar os resultados obtidos no monitoramento com as condições climáticas no momento da amostragem, aumentando assim a qualidade das informações colhidas. • Qualidade do ar A amostragem ambiental da qualidade do ar continuará a ser feita em pontos de amostragem a serem instalados próximos aos limites da propriedade do empreendimento. São instalados 3 pontos amostradores, sendo realizada uma campanha de amostragem a cada 6 meses. Para a coleta da poeira total em suspensão, serão utilizados amostradores de grande volume (Hi-Vols), de acordo com procedimento regido pelo Artigo 30, do Decreto nº 8468 de 08 de setembro de 1976, relativo ao Anexo 1 - Método Referência para a Determinação de Partículas em Suspensão na Atmosfera. Nesse método, o ar é succionado durante um período de 24 horas através de um filtro, geralmente de fibra de vidro ou outro material relativamente inerte, não higroscópico e que apresente baixa resistência à passagem do ar. A vazão de ar succionado (~ 2000 m²/dia) se mantém dentro de uma faixa que varia de 1,13 m³/min (filtro altamente carregado) a 1,70 m³/min (filtro limpo). Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 233 O cálculo da massa de material particulado coletado é determinado através da técnica da gravimetria. O dispositivo indicador de fluxo de ar é calibrado utilizando-se um calibrador padrão de vazão (CPV). As dimensões do orifício de entrada do amostrador (porta filtro) medem cerca de 25 cm x 30 cm. As dimensões do filtro são de 20,3 cm x 25,4 cm. O filtro é pesado antes e depois da amostragem numa balança sob condições especiais de temperatura e umidade, a fim de se determinar o ganho líquido em massa. Antes de cada pesagem, o filtro é pré-condicionado por pelo menos 24 h. O volume de ar amostrado corrigido para condições-padrão (25 ºC e 760 mmHg), é determinado a partir da vazão medida e do tempo de amostragem. A concentração das PTS no ar ambiente é calculada dividindo-se a massa das partículas coletadas pelo volume de ar amostrado, corrigido para condições-padrão, e é expressa em microgramas por metro cúbico (μg/m³). O método se aplica para medições de concentrações em massa de PTS, com níveis acima da faixa de 1-5 μg/m³ e para partículas que apresentam em sua maioria uma granulometria de até 100 μm, dependendo da velocidade e direção dos ventos. • Qualidade das águas O monitoramento da qualidade das águas se dá com coletas 5 pontos de amostragem, de modo a atestar a eficiência dos sistemas de contenção de sedimentos e a contribuição dos efluentes que saem destes sistemas de controle ambiental para os cursos d’água naturais. A amostragem de água para fins de monitoramento ambiental deverá seguir as determinações do Guia para a Coleta e Preservação de Amostras de Água, publicado pela CETESB e do Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, 19th edition. • Monitoramento de ruídos O monitoramento de ruídos terá periodicidade semestral e será efetuado no entorno da área do empreendimento, no período diurno. Propõe-se manter a malha de monitoramento de ruídos nos 10 pontos atualmente utilizados no monitoramento ambiental regular do empreendimento. Os valores obtidos no monitoramento de ruídos são analisados conforme a norma ABNT NBR 10.151/2000 (ABNT, 2000). Para as medições de ruído deverá ser utilizado um decibelímetro/dosímetro, dotado de integrador de precisão, filtro de banda de oitava e capacidade de gravação de medições de até oito horas em intervalos de um segundo. Este aparelho deverá ser regularmente calibrado por equipamento apropriado. O decibelímetro deverá ser fixado a um tripé, posicionando-o a aproximadamente 1,20 m de altura em relação ao terreno local. Deverá se utilizar o modo FAST, na faixa de 30 a 100 dB, com curva de compensação “A”. A calibração deverá ser realizada imediatamente antes do início das medições. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 234 Para caracterizar um determinado ambiente submetido a diferentes níveis de ruído, com variação de forma aleatória no tempo, determinar-se-á o nível de ruído equivalente, Leq. Este valor é fornecido pelo próprio decibelímetro como uma média de todo o período de medição. Com a finalidade de avaliar a distribuição dos níveis de ruído durante um determinado intervalo de medição, calcula-se o valor de Lx, com metodologia análoga à utilizada no capítulo do diagnóstico ambiental do meio físico deste EIA. • Monitoramento da fauna Será realizado o monitoramento da fauna por até três anos após a concessão da Licença de Operação e o início das atividades na área de ampliação da lavra. O monitoramento será realizado na área de influência direta - AID do empreendimento, sendo realizadas campanhas semestrais. • Controle Geotécnico O controle de estabilidade dos taludes em solo e em rocha nas áreas de mineração e dos depósitos de estéril será feito com os seguintes procedimentos. • Acompanhamento visual de surgimento de processos físicos como trincas e fraturas nos taludes em rochas, e de processos erosivos e de deslizamento localizadas nos taludes em solo; • Implantação de marcos topográficos de concreto, superficiais, para controle de deformações do maciço; • Cadastramento e acompanhamento de possíveis surgências de água nos taludes. Esses controles serão contínuos, de responsabilidade do encarregado da mina, e caso surja alguma anormalidade, será consultado especialista em geotecnia para a elaboração de um laudo para ser anexada ao relatório de monitoramento. • Controle de Vibrações O monitoramento de vibrações do desmonte de rocha será feito com a instalação de 3 sismógrafos, posicionados em residências ou outras edificações situadas no entorno do empreendimento. Os resultados obtidos com o monitoramento sismográfico serão utilizados na melhoria contínua dos procedimentos de desmonte de rocha por explosivos, comparando-os com os limites legais definidos pelas Normas CETESB D7.013 e NBR 9653/05, apresentados no QUADRO 8.4.1. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 235 QUADRO 8.4.1 LIMITES PARA MEDIÇÕES COM SISMÓGRAFOS LIMITES LEGAIS VELOCIDADE DE VIBRAÇÃO SOPRO DE AR RESULTANTE (mm/s) VERTICAL (mm/s) dB(L) CETESB D7.013 4,20 3,00 128 NBR 9653/05 15* --- 134 **: Considerando o limite mais restritivo de vibração de partícula, para a freqüência de 4 Hz (QUADRO 5.2.10.1) 8.5. Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (Prad) A implantação dos programas de recuperação de áreas degradadas objetiva minimizar ou eliminar os efeitos adversos decorrentes das intervenções e alterações ambientais inerentes às atividades do empreendimento. A recuperação de áreas degradadas visa proporcionar o restabelecimento de condições de equilíbrio e auto-sustentabilidade que existiam anteriormente em um sistema natural, porém nem sempre restaurando o local para suas condições originais. A elaboração destes programas deve levar em consideração aspectos como: • A definição do uso futuro das áreas impactadas; • As atividades de reconformação dos terrenos objeto da recuperação; • A topografia das áreas a serem recuperadas; • As características físico-químicas do solo nestes locais; • A região fitoecológica em que estas áreas estão inseridas; e • A seleção de espécies vegetais adequadas a esses locais. A definição de um uso futuro para a área nesta fase do empreendimento é prematura, pois o mesmo apresenta uma vida útil muito extensa. Entretanto, algumas proposições podem ser feitas levando-se em consideração as características e a configuração final esperada das áreas de lavra e de depósito de estéril projetadas para o empreendimento, conforme apresentado no capítulo 9. O próximo item expõe as medidas propostas para a revegetação das áreas do empreendimento. 8.5.1. Procedimentos de Revegetação Este item aborda os procedimentos e as metodologias indicadas para os trabalhos e as atividades de revegetação envolvidas na recuperação das áreas degradadas do empreendimento e nos trabalhos de enriquecimento das Áreas de Preservação Permanente – APP que se encontram descaracterizadas. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 236 Estas atividades de recuperação levam em consideração a disposição da Resolução SMA nº08/2008 sobre os procedimentos de reflorestamento de áreas degradadas. Ainda, inclui técnicas silviculturais consagradas para a condução dos trabalhos de recuperação de áreas degradadas, de forma que a adoção de tais medidas conjugadas com aquelas que porventura venham a surgir e ser incorporadas no decorrer das atividades do empreendimento atinja satisfatoriamente os objetivos propostos. Recuperação dos taludes e bermas em solo das áreas de lavra e do depósito de estéril Os trabalhos de revegetação de taludes e bermas das áreas de lavra deverão ser concentrados nos primeiros anos da ampliação do empreendimento, no período estimado para o completo decapeamento das áreas de lavra e conseqüente conclusão da configuração final dos taludes e das bermas em solo. Portanto, a revegetação dessas áreas se dará no decorrer deste período, à medida em que as situações finais forem sendo alcançadas. O solo orgânico proveniente do decapeamento inicial das jazidas será levado para o depósito de estéril e posteriormente poderá ser utilizado no recobrimento dos taludes e das bermas em solo que serão gradativamente formados. Este solo contém a memória da vegetação local que é de grande importância para auxiliar o processo de revegetação servindo como fonte de propágulos da vegetação existente previamente e dar suporte ao estabelecimento e crescimento das mudas a serem plantadas. Desta forma auxiliará no processo de recuperação previsto para estas áreas devido às suas características químicas (teores de fertilidade relativamente elevados) e biológicas (presença de microorganismos e propágulos vegetais que auxiliarão na reestruturação geral do solo local e na recomposição da cobertura vegetal). Sua deposição sobre as bermas se dará manualmente e com auxílio de máquinas, de modo que uma camada de aproximadamente 50 cm seja despejada e nivelada sobre as bermas a serem recuperados. O material lenhoso proveniente das áreas de desmatamento deverá ser destinado à cobertura deste solo, depositado sobre as bermas, propiciando uma utilização mais nobre deste resíduo e contribuindo para o processo de recuperação destes locais, visto que sua deposição evitará o desencadeamento de processos erosivos e, conforme for sendo decomposto, incrementará os teores de matéria orgânica do solo. Posteriormente podem ser realizados plantios de mudas de espécies arbóreas nativas, o que tende a acelerar a recuperação do local. Os procedimentos para realização destes plantios estão descritos a seguir, no item “Procedimentos para o plantio de mudas arbóreas”. Os taludes serão revegetados através da fixação de placas de grama ou da semeadura de espécies gramíneas e herbáceas, preferencialmente espécies forrageiras de cobertura com ciclo de vida curto para rápida cobertura do solo e melhoria de suas características físicas e químicas. É recomendado que se evite a utilização de espécies muito agressivas como a braquiária (B. decumbens), visto que qualquer tentativa posterior de revegetação ou regeneração natural do local é bastante prejudicada pela competição interespecífica desencadeada nas ocasiões em que tais espécies dominam o local em recuperação. A Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 237 utilização da espécie Avena stringosa (aveia preta) no depósito de estéril já desativado pela empresa apresentou bons resultados, cumprindo com o seu papel de estabilizar o talude e melhorar a fertilidade do solo, desta forma esta espécie pode ser também uma das alternativas para revegetação inicial dos taludes. Procedimentos para o plantio de mudas arbóreas Estes procedimentos visam orientar os trabalhos de plantio de mudas nativas a serem realizados nas Áreas de Preservação Permanente – APP, nas bermas e taludes em solo das áreas de lavra e do depósito de estéril, e também para o plantio de espécies exóticas que pode constituir uma das opções de recuperação da praça superior do depósito de estéril. Combate às formigas Antes dos plantios devem ser realizadas rondas à procura de formigas cortadeiras que possam atacar as mudas a serem plantadas. Este combate deve ser realizado antes do preparo do solo, sendo repetido periodicamente. O combate inicial geralmente é realizado com termonebulizadores à base de formicida organofosforado ou distribuição de iscas formicidas, utilizando-se para isso dosagens recomendadas pelos fabricantes. O controle sobre as formigas deve ser feito em esquema de rondas periódicas, segundo o grau de infestação das áreas e de possíveis revoadas que possam ocorrer. Após a detecção de novos ataques o combate as formigas deverá ser realizado imediatamente. Correção da acidez do solo Após análise de solo do local deve-se proceder a sua correção e adubação, caso necessário. A acidez do solo pode ser corrigida através da aplicação de calcário dolomítico, por exemplo. Adubação Para a adubação é recomendável a utilização de adubo fosfatado na formulação indicada após análise do solo; e se possível a utilização também de adubo orgânico. Dependendo do desenvolvimento das mudas, entre os seis meses e um ano após o plantio, o povoamento pode demandar uma adubação de reforço. A tomada de decisão deverá levar em conta, além do desenvolvimento da floresta, a época do ano da atividade. Em épocas de menor ocorrência de chuvas a adubação deverá ser adiada ou antecipada para coincidir com o inicio destas, o que propicia uma melhor absorção do adubo pela planta. Esta deve ser realizada 2 (duas) vezes ao ano, com a distribuição de adubo em canais rasos abertos num raio de 30 cm do caule da muda. Controle de ervas daninhas O controle de ervas daninhas deve ser realizado preferencialmente em estágios iniciais de desenvolvimento das mudas no campo, evitando que haja competição por luz, água ou nutrientes. Basicamente deverão ser feitos coroamentos e roçadas manuais até 3 anos após o plantio. A periodicidade de execução desse controle deverá ser de no mínimo 3 (três) vezes ao ano, uma na estação seca e duas na época das chuvas. Abertura das covas As covas devem ter no mínimo 40 cm de profundidade e diâmetro. O espaçamento a ser utilizado será de 3m x 2m. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 238 Plantio das mudas Para o modelo de recuperação de áreas degradadas adotado, deve se levar em consideração a dinâmica da formação florestal nativa, sendo baseados no levantamento florístico e fitossociológico prévio do local e em bibliografia regional. A abordagem proposta preconiza a revegetação utilizando a maior diversidade de espécies possível, contemplando todas as características ecológicas de sucessão. O plantio das mudas deve ser realizado obedecendo-se o alinhamento das curvas de nível do terreno quando existir e de preferencialmente em época da estação chuvosa, com condições máximas de umidade do solo. Cada muda deve ser retirada do recipiente em que se encontra (saquinho ou tubete) evitando-se o destorroamento do sistema radicular e plantada no fundo da cova previamente aberta. O adubo deve ser misturado a terra retirada da cova e recolocado no fundo da cova de modo a completa-lá. Mudas mortas devem ser replantadas em até 30 dias após o plantio. Diversos fatores podem ocasionar a morte das mudas, tais como: baixo ou elevado teor de umidade no solo, ataque de formigas pós-plantio, método com que as mudas foram plantadas e qualidade que estas apresentam. Portanto, deve-se adquirir cerca de 10% a mais do total de mudas utilizadas no plantio para serem utilizadas nas operações de replantio, de modo que o máximo de falhas ao final dos replantios não ultrapasse 5%. Para o plantio de mudas nativas, sua distribuição em campo deve ser realizada de modo mais diversificado possível, evitando-se o plantio de mudas de espécies semelhantes próximas umas das outras. As mudas deverão ser irrigadas no ato do plantio com aproximadamente 3 (três) litros de água em cada cova. Por esse motivo só devem ser distribuídas no campo à medida que forem plantadas, o que minimiza o estresse a que são submetidas. O QUADRO 8.5.1.1 abaixo apresenta relação de possíveis espécies nativas que podem ser utilizadas nos trabalhos de revegetação na propriedade, esta foi completada através do prévio levantamento florístico e fitossociológico local. QUADRO 8.5.1.1 RELAÇÃO DAS ESPÉCIES INDICADAS PARA OS TRABALHOS DE REVEGETAÇÃO ESPÉCIE FAMÍLIA NOME COMUM SUCESSÃO ECOLÓGICA Astronium graveolens Anacardiaceae Guaritá Clímax Lithraea molleoides Anacardiaceae Aroeira-branca Pioneira Annona cacans Annonaceae Araticum Secundária tardia Guatteria australis Annonaceae Pindaíba-preta Secundária tardia Rollinia sylvatica Annonaceae Cortiça-amarela Secundária tardia Xylopia brasiliensis Annonaceae Pau-de-mastro Secundária tardia Aspidosperma cylindrocarpon Apocynaceae Peroba-poca Clímax Aspidosperma parvifolium Apocynaceae Guatambu Secundária tardia Ilex theezans Aquifoliaceae Caúna Secundária tardia Acrocomia aculeata Arecaceae Macaúba Pioneira Continua... Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 239 QUADRO 8.5.1.1 RELAÇÃO DAS ESPÉCIES INDICADAS PARA OS TRABALHOS DE REVEGETAÇÃO ESPÉCIE FAMÍLIA NOME COMUM SUCESSÃO ECOLÓGICA Euterpe edulis Arecaceae Palmito-Juçara Clímax Syagrus romanzoffiana Arecaceae Palmeira-jerivá Secundária tardia Jacaranda macrantha Bignoniaceae Caroba Secundária tardia Tabebuia alba Bignoniaceae Ipê-amarelo-da-serra Secundária tardia Tabebuia impetiginosa Bignoniaceae Ipê-roxo-de-bola Secundária tardia Tabebuia umbellata Bignoniaceae Ipê-amarelo-do-brejo Secundária tardia Chorisia speciosa Bombacaceae Paineira Secundária inicial Cordia superba Boraginaceae Babosa-branca Pioneira Cordia ecalyculata Boraginaceae Chá de Bugre Secundária inicial Bauhinia forficata Caesalpinaceae Unha-de-vaca Pioneira Cassia ferruginea Caesalpinaceae Cassia-fístula Secundária tardia Cassia leptophylla Caesalpinaceae Falso-barbatimão Pioneira Hymenaea courbaril Caesalpinaceae Jatoba Clímax Schizolobium parahyba Caesalpinaceae Guapuruvu Secundária inicial Senna macranthera Caesalpinaceae Manduirana Pioneira Senna multijuga Caesalpinaceae Pau-cigarra Secundária inicial Tachigali multijuga Caesalpinaceae Ingá-bravo Secundária tardia Cecropia sp Cecropiaceae Embaúba Pioneira Maytenus aquifolium Celastraceae Espinheira santa Secundária tardia Diospyros inconstans Ebenaceae Marmelinho Secundária tardia Erythroxylum pulchrum Erythroxylaceae Arco-de-pipa Secundária inicial Actinostemon concolor Euphorbiaceae Laranjeira-do-mato Pioneira Alchornea gladulosa Euphorbiaceae Tapiá Secundária inicial Croton floribundus Euphorbiaceae Capixingui Pioneira Croton urucurana Euphorbiaceae Sangra-d'água Pioneira Mabea fistulifera Euphorbiaceae Mamoninha-do-mato Pioneira Pera glabrata Euphorbiaceae Tamanqueira Pioneira Sebastiania brasiliensis Euphorbiaceae Branquilho Secundária inicial Andira fraxinifolia Fabaceae Angelim-doce Secundária tardia Centrolobium tomentosum Fabaceae Arariba-vermelho Secundária tardia Dalbergia brasiliensis Fabaceae Caroba-brava Pioneira Erythrina falcata Fabaceae Corticeira-da-serra Secundária tardia Erythrina mulungu Fabaceae Mulungu Pioneira Lonchocarpus guilleminianus Fabaceae Feijão-cru Pioneira Machaerium brasiliensis Fabaceae Pau-sangue Secundária tardia Myroxylon peruiferum Fabaceae Cabreuva-vermelha Clímax Ormosia arborea Fabaceae Olho-de-cabra Clímax Casearia sylvestris Flacourtiaceae Guaçatonga Pioneira Aniba firmula Lauraceae Canela-de-cheiro Clímax Nectandra megapotamica Lauraceae Canelinha Clímax Ocotea elegans Lauraceae Canela-sassafras Clímax Persea pyrifolia Lauraceae Abacateiro-do-mato Clímax Cariniana estrellensis Lecythidaceae Jequitibá-branco Clímax Lafoensia glyptocarpa Lythraceae Mirindiba-rosa Secundária inicial Strychnos brasiliensis Loganiaceae Salta-Martim Secundária inicial Continua... Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 240 QUADRO 8.5.1.1 RELAÇÃO DAS ESPÉCIES INDICADAS PARA OS TRABALHOS DE REVEGETAÇÃO ESPÉCIE FAMÍLIA NOME COMUM SUCESSÃO ECOLÓGICA Miconia ligustroides Melastomataceae Jacatirão-do-brejo Pioneira Tibouchina pulchra Melastomataceae Manacá-da-serra Secundária inicial Cabralea canjerana Meliaceae Canjarana Pioneira Cedrela fissilis Meliaceae Cedro-rosa Secundária tardia Guarea guidonia Meliaceae Marinheiro Pioneira Albizia polycephala Mimosaceae Angico-branco Secundária inicial Anadenanthera colubrina Mimosaceae Angico-branco Pioneira Enterolobium contortisliquum Mimosaceae Tamboril Pioneira Inga laurina Mimosaceae Ingá-mirim Pioneira Inga marginata Mimosaceae Ingá-feijão Pioneira Parapiptadenia rigida Mimosaceae Angico-da-mata Secundária tardia Ficus enormis Moraceae Figueira-da-pedra Clímax Ficus glabra Moraceae Figueira Clímax Rapanea ferruginea Myrsinaceae Capororoca Pioneira Rapanea umbellata Myrsinaceae Capororocão Secundária inicial Campomanesia xanthocarpa Myrtaceae Gabiroba-de-árvore Clímax Eugenia florida Myrtaceae Pitanga-preta Clímax Myrcia multiflora Myrtaceae Cambuí Clímax Myrciaria tenella Myrtaceae Cambuí Clímax Plinia edulis Myrtaceae Cambuca Clímax Psidium myrtoides Myrtaceae Araçá-roxo Pioneira Guapira opposita Nyctaginaceae Flor-de-pérola Pioneira Roupala brasiliensis Proteaceae Carvalho-rosa Secundária inicial Colubrina glandulosa Rhamnaceae Sobrasil Clímax Esenbeckia grandiflora Rutaceae Guaxupita Secundária inicial Metrodorea nigra Rutaceae Chupa-ferro Secundária tardia Zanthoxyllum riedelianum Rutaceae Mamica-de-porca Secundária inicial Allophyllus edulis Sapindaceae Fruta-de-jacú Pioneira Cupania vernalis Sapindaceae Arco-de-peneira Pioneira Matayba guianensis Sapindaceae Camboatã Pioneira Pouteria torta Sapotaceae Abil Clímax Guazuma ulmifolia Sterculiaceae Mutambo Pioneira Luehea divaricata Tiliaceae Açoita-cavalo Secundária inicial Trema micrantha Ulmaceae Piriquiteita Pioneira Aloysia virgata Verbenaceae Lixeira Pioneira Vitex megapotamica Verbenaceae Tarumã Secundária tardia Cytharexillum myrianthum Verbenaceae Pau-viola Secundária inicial Fonte: PROMINER PROJETOS LTDA. (2008) Deposição de material lenhoso Como forma de auxiliar a recuperação dessas áreas poderá ser depositado nas entrelinhas desses plantios o material lenhoso proveniente da supressão das áreas de avanço de lavra do empreendimento. Este material conforme dito anteriormente, se constitui de excelente fonte de matéria orgânica e auxilia na proteção do solo e na disseminação de propágulos vegetais aí existentes que podem vir a se regenerar nessas áreas. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 241 Manutenção da revegetação A manutenção é muito importante para o desenvolvimento das mudas. As operações de manutenção devem ocorrer por mínimo 3 (três) anos podendo ser estendido de acordo com o desenvolvimento dos plantios. É neste período que as mudas se encontram sensíveis a alterações no meio, por isso, é extremamente importante que se façam inspeções periódicas nos locais de plantio. As principais atividades das operações de manutenção são: • • • • Combate à formigas (rondas periódicas) Replantio das mudas perdidas Controle de ervas daninhas através de capina e roçadas periódicas Adubação de manutenção conforme necessidade dos plantios O controle de formigas deverá ocorrer quando for detectado o ataque, sendo seu controle realizado o mais rápido possível, pois em poucos dias as formigas desfolham todas as mudas. Após 1 mês do plantio inicial deve ser verificada a sobrevivência das mudas, procedendo-se o replantio daquelas mudas perdidas, em média 10% das mudas plantadas devem ser replantadas. O controle de ervas daninhas deve ocorrer periodicamente para que a muda não fique rodeada por elas, através de roçadas e capina manual até que as mudas consigam sombrear o solo. A utilização de produtos químicos no controle de plantas daninhas é proibido em áreas de preservação permanente. Dependendo do desenvolvimento das mudas em campo pode-se proceder a uma adubação de cobertura a fim de acelerar o crescimento das plantas em campo, esta adubação deve ser realizada após 6 meses ou 1 de plantio. Monitoramento da revegetação O monitoramento da revegetação consiste no acompanhamento periódico em que dados qualitativos e quantitativos são levantados. Parâmetros como altura e diâmetro do colo das mudas devem ser acompanhados periodicamente para avaliação do crescimento em campo. Estes dados devem ser anotados e guardados para comparações futuras. Índices de sobrevivência e mortalidade também devem ser averiguados, bem como a germinação e aparecimento de novas mudas nas áreas do plantio. Estes dados são muito importantes para se evitar a repetição do uso de espécies que porventura não se adaptem ou apresentem desenvolvimento muito insatisfatório em campo. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 242 CAPÍTULO 9 Plano de Desativação Nesta seção apresentam-se, de modo conceitual, as orientações para a execução dessa etapa, com vistas a reduzir o passivo ambiental, explorar opções e uso futuro do local e definir programas complementares para reduzir os impactos sócio-econômicos do encerramento da atividade. 9.1. Estratégia de Desativação do Empreendimento Naturalmente, como a perspectiva de vida útil da mina é da ordem de quatro décadas, quando se aproximar o momento de fechamento, as formas de tratamento desta questão e as exigências legais terão evoluído muito. A estratégia aqui delineada representa, portanto, uma primeira aproximação ao problema, que deverá ser revista periodicamente durante toda a operação do empreendimento. Note-se, também, que a estratégia reflete o estado-daarte atual. A FIGURA 9.1.1 sintetiza a estratégia, que envolve as seguintes etapas: Definição de objetivos de reutilização Chegado o momento de desativar o empreendimento, deve-se estabelecer os objetivos do programa de desativação, ou seja, qual uso se pretende dar às instalações e ao terreno. A desativação pode dar origem a um novo empreendimento - ou à possibilidade de algum agente econômico implantar um novo empreendimento. Neste último caso, o objetivo será a comercialização do imóvel. De acordo com o uso futuro previsto, a desativação pode tomar um ou outro rumo, por exemplo, prevendo ou não a demolição, total ou parcial, dos edifícios. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 243 DECISÃO DE DESATIVAR O EMPREENDIMENTO ESTABELECER OS OBJETIVOS PARA REUTILIZAÇÃO DO IMÓVEL CARACTERIZAÇÃO PRELIMINAR DO SÍTIO CARACTERIZAÇÃO DETALHADA DO SÍTIO PLANO DE DESMONTAGEM E RECUPERAÇÃO AMBIENTAL CONSULTA PÚBLICA E OBTENÇÃO DE AUTORIZAÇÕES GOVERNAMENTAIS LICITAÇÃO E CONTRATAÇÃO - usos prévios; - histórico industrial; - registro de ocorrência; - identificação de problemas potenciais; - reunir documentação existente. - plantas de detalhe; - inventários de equipamentos, materiais e resíduos; - caracterização de materiais e resíduos potencialmente perigosos. - critérios e objetivos de limpeza; - procedimentos de desmontagem, demolição, purga de fluídos, remoção de fundações e tanques enterrados, triagem, transporte e destino final de resíduos e entulho; - procedimentos de descontaminação dos solos e água subterrânea; - cláusulas ambientais de contrato. - alvará de demolição; - cadastro de resíduos industriais; - manifesto de transporte de resíduos. - cláusulas ambientais. EXECUÇÃO DO PLANO, ACOMPANHAMENTO E FISCALIZAÇÃO ENSAIOS COMPROBATÓRIOS RELATÓRIO E DOCUMENTAÇÃO FIGURA 9.1.1 - Procedimentos para o planejamento da desativação de um empreendimento industrial (SÁNCHEZ, 2001b). Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 244 Caracterização preliminar do sítio Definido o objetivo, deve-se realizar um trabalho de caracterização do local, ou um diagnóstico da situação do momento. É importante lembrar que no horizonte da vida útil do empreendimento, as pessoas encarregadas do empreendimento terão mudado, e a memória do projeto pode não ter sido conservada, situação extremamente comum hoje em dia. Entrevistas com antigos funcionários e com antigos moradores da vizinhança poderão trazer informações relevantes. Procedimentos de auditoria de imóveis podem ser empregados. Atualmente este serviço costuma seguir normas técnicas como ISO 14.015 e ASTM 1587. Caracterização detalhada do sítio A etapa seguinte envolve um trabalho mais intenso no terreno. Uma das finalidades é caracterizar os tipos e as quantidades de resíduos e eventuais contaminantes presentes no sítio. Para tal, procede-se a um inventário de todo tipo de equipamento, materiais e resíduos. Pode ser necessário proceder a investigações diretas do solo, através da abertura de poços, trincheiras ou furos de sonda, e da coleta de amostras de solo e água subterrâneaL, naqueles locais identificados como suspeitos na etapa anterior. Os resíduos e materiais devem ser classificados quanto à sua periculosidade, possibilidade de reciclagem e comercialização. É importante estabelecer quantitativos de todos os materiais e resíduos, assim como dos solos eventualmente contaminados, o que possibilitará uma estimação precisa do custo das diferentes alternativas de recuperação ambiental. Plano de desmontagem e recuperação ambiental As etapas anteriores permitem que se obtenha um bom conhecimento da situação. A partir desse diagnóstico parte-se para a elaboração de alternativas de desmontagem das instalações e recuperação ambiental. O que vai nortear a concepção do projeto e suas alternativas serão os regulamentos e políticas aplicáveis, tanto as públicas quanto, caso existam, as políticas da empresa. Com a desativação definitiva do empreendimento, as instalações de apoio e equipamentos fixos deverão ser desmobilizados. Os resíduos gerados nas demolições deverão ser destinados adequadamente em aterros de inertes ou à reciclagem de resíduos para a obtenção de novos materiais para a construção civil. Os equipamentos deverão ter como sua destinação preferencial empreendimentos similares. No caso de equipamentos obsoletos ou não aproveitáveis economicamente deverão ser destinados como sucata à reciclagem e obtenção de novos produtos metálicos. Obtenção de aprovações governamentais e consulta pública Na maioria dos casos, trabalhos de demolição, remoção de materiais e mesmo remediação necessitam de licenças ou autorizações governamentais. Pode ser recomendável uma consulta pública, na medida em que as obras de desativação podem causar impactos negativos, em particular sobre a comunidade do entorno. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 245 Licitação e contratação Via de regra, os trabalhos serão executados por empreiteiros. Uma série de precauções deve ser tomada para assegurar que as obras serão conduzidas de acordo com o plano preestabelecido, como, por exemplo, o transporte dos resíduos por empresas especializadas e para o destino escolhido. Os contratos devem ser cuidadosamente escritos para responsabilizar os empreiteiros pelo estrito cumprimento do plano de desmontagem e recuperação ambiental aprovado. Para certas atividades de risco, é recomendável que os empreiteiros disponham de seguro. Execução, acompanhamento e fiscalização Como qualquer projeto de engenharia, sua implantação deve ser vistoriada e os resultados devem ser comparados com o projeto inicial; qualquer desvio deve ser devidamente aprovado pelo responsável e, caso necessário, pelas autoridades governamentais. A vistoria ou fiscalização pode ser feita por uma empresa especializada contratada para esse fim. Em alguns casos, devido à complexidade dos trabalhos e ao envolvimento de muitos empreiteiros, pode ser necessário contratar uma empresa especializada para gerenciar a execução do plano. Em particular, é preciso atenção aos impactos ambientais gerados pelas atividades executadas, tais como ruídos, emissão de material particulado, tráfego de caminhões e incômodos à vizinhança em geral. Ensaios comprobatórios Terminados os trabalhos, alguns ensaios podem ser necessários para comprovar os resultados. Isto pode ser particularmente interessante quando há trabalhos de remediação de solo ou água subterrânea. Pode ser necessário amostrar pisos ou paredes dos edifícios industriais, caso estes não tenham sido demolidos. A comprovação da remediação de solos ou águas subterrâneas pode requerer um período prolongado de amostragem. Quando não há a remoção completa dos contaminantes do solo, como nos casos de confinamento e remediação parcial, pode ser necessário deixar em funcionamento um sistema de monitoramento. Relatório final e documentação Ao final dos trabalhos é preciso registrar e documentar tudo o que foi feito. Convém relatar todas as etapas do trabalho, inclusive o histórico de uso da área. Deve-se informar os resultados do programa de monitoramento e sua interpretação. 9.2. Prospecção de Usos Futuros Ao término da vida útil do empreendimento, a cava da mina e as pilhas de estéril terão modificado a paisagem, a topografia, a cobertura vegetal, as características da fauna e outras mais. Diante disso algumas questões irão surgir, por exemplo, que opções haverá para o município e que possibilidades e limitações para novos usos oferecerá o local projetado para ser ocupado pelo empreendimento? Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 246 Evidentemente estas perguntas não podem ser respondidas agora, mas a resposta tampouco pode esperar o momento do fechamento do empreendimento. A recomendação de fontes como ANZMEC/MCA (2000) e IIED (2002) é a de formular um leque de alternativas plausíveis, explorar suas implicações ambientais, sociais e econômicas e estabelecer um mecanismo permanente de consultas e interação com a comunidade. As alternativas deveriam ser revistas a intervalos periódicos - da ordem de dez anos durante as primeiras cinco décadas, de cinco anos durante o decênio seguinte e cada vez mais com maior freqüência conforme se aproxime a data programada para o fechamento da mina. As modificações ambientais decorrentes da implantação e do funcionamento do empreendimento implicarão algumas restrições aos possíveis usos futuros da área, mas também resultarão em certas oportunidades que poderão ser aproveitadas na estratégia de fechamento. A conformação topográfica que a área apresentará, após a desativação do empreendimento, contempla duas grandes alterações na topografia local: a área de lavra apresentará parte em piso em rocha completamente drenado e o fundo da cava, inundado; e a área de deposição de estéril apresentará, no corpo de aterramento do bota-fora, uma superfície revegetada inicialmente com gramíneas. Na área de lavra as condições geotécnicas possibilitam implantar usos industriais com necessidades de adequações, com aterramento preliminar para eliminar a lâmina d’água, ou então reservatório de água para abastecimento. Já as áreas de deposição de estéril poderão ser adequadas para uso agrícola. Contudo, são áreas de pouca extensão. Assim, o reflorestamento comercial ou a restauração da vegetação natural nestas áreas pode tornar-se uma opção interessante em função das características que a região poderá assumir quando da conclusão das atividades projetadas neste EIA. De forma totalmente preliminar, vislumbra-se o seguinte cenário para o local do empreendimento após a desativação do empreendimento da Pedreira de Araçariguama: 1. A praça principal formada na mina poderá passar por duas etapas de recuperação, a primeira recuperação é considerada preliminar e se trata da reconformação topográfica da cava e a segunda refere-se ao uso e ocupação definitiva desta área. a. A reconformação topográfica da mina poderá ser realizada através do aterramento com resíduos inertes ou senão utilizada para reservatório de água para abastecimento. b. No caso de se escolher o aterramento da mina com resíduos da indústria da construção civil, a recuperação definitiva pode ter usos múltiplos, tais como construção de galpões, edifícios industriais, praças e parques. 2. Os taludes e bermas de corte em solo da mina serão revegetados para proteção de sua estabilidade e para melhorar o aspecto visual da área. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 247 3. As pilhas de estéril formadas deverão ter seus taludes e bermas revegetados com espécies gramíneas para estabilização do solo, controlando a erosão e diminuindo o fluxo de massa, sendo sua praça superior utilizada para o reflorestamento comercial ou revegetada com mudas de espécies nativas para a recomposição da cobertura florestal nativa característica do local, à exemplo do que já ocorre na própria propriedade. 4. A área industrial da pedreira (unidades de britagem e de apoio), após desmontagem, remoção de resíduos e demais trabalhos (incluindo eventual remediação de solos contaminados), poderia ser utilizada para reflorestamento comercial ou ser revegetada com espécies nativas, de forma a ampliar as áreas verdes no interior da propriedade; Nunca é demais relembrar que os usos futuros da área minerada devem ser tratados em versões sucessivas do plano de fechamento da mina, incluindo aí o envolvimento da comunidade adjacente em sua formulação e discussão. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 248 CAPÍTULO 10 Compensação Ambiental (Lei 9.985/00) A Lei Federal 9.985/00 que estabeleceu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) estipula em seu artigo 36 que todo empreendimento que possa causar impactos ambientais significativos deve destinar ao menos 0,5% dos custos totais previstos para a implantação do empreendimento a uma Unidade de Conservação (UC). Em abril de 2008, o Plenário do Superior Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade (Ação Direta de Inconstitucionalidade 3.3.78) das expressões “não pode ser inferior a 0,5% dos custos totais previstos na implantação do empreendimento” e “o percentual”, constantes do §1º do artigo 36 da Lei 9.985/00. As Resoluções CONAMA 371/06 e SMA 18/04 estipulam que o empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral (estações ecológicas, reservas biológicas, parques nacionais, estaduais ou municipais, monumentos naturais e refúgios de vida silvestre). A aplicação de recursos oriundos da compensação ambiental é regulamentada pelo Decreto Federal 4.340/02. Já, a Resolução SMA 56/06 estabeleceu a gradação de impacto ambiental para fins de cobrança de compensação ambiental no Estado de São Paulo de empreendimentos de significativo impacto ambiental. Assim, em atendimento à legislações pertinentes, é apresentada a proposta de compensação ambiental para a ampliação do empreendimento. Também é apresentado a seguir um estudo comparativo das unidades de conservação existentes nas proximidades do empreendimento, para subsidiar a decisão da Câmara de Compensação Ambiental-CCA da Secretaria do Meio Ambiente, de acordo com o Decreto Estadual 53.027/08, a qual cabe proceder a análise e escolha da UC a receber os recursos da compensação ambiental, bem como propor a aplicação dos recursos da compensação ambiental do que trata a Lei Federal 9.985/00. Proposta para Aplicação dos Recursos da Compensação Ambiental 1º) Pesquisa das Unidades de Conservação-UC’s existentes na região Para a realização da pesquisa sobre a existência de Unidades de Conservação (UC’s) de domínio público federal, estadual ou municipal, de uso sustentável ou de proteção integral, foi efetuado inicialmente um corte espacial definindo-se como base de investigação a bacia Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 249 hidrográfica do Médio Tietê, na qual está inserido o empreendimento, na qual está inserida grande parte das UC’s que se encontram no entorno do empreendimento. Devido à grande abrangência da bacia hidrográfica do Médio Tietê e tendo em vista que UC’s muito distantes do empreendimento, a pesquisa das UC’s ficou restrita aos municípios limítrofes a Araçariguama. Em seguida, foram consultados os seguintes documentos: mapa das “Unidades de Conservação no Estado de São Paulo e Outros Espaços Especialmente Protegidos” (SMA, 2001), “Atlas das Unidades de Conservação Ambiental do Estado de São Paulo – Parte I – Interior (SMA, 1997) e Parte II - Interior (SMA, 1998), “APA’s - Áreas de Proteção Ambiental Estaduais - Proteção e Desenvolvimentos em São Paulo (SMA, 2001) e “Unidades de Conservação Ambiental e Áreas Correlatas no Estado de São Paulo (IPT, 1992). Estes documentos constituem as principais fontes de informações na atualidade, nas quais estão listadas as unidades de proteção integral e de uso sustentável nos níveis federal, estadual e municipal. Para a caracterização da situação das UC’s quanto aos quesitos legais, foram contatados os órgãos responsáveis pela administração das unidades de conservação listadas, no caso, a Fundação Para Conservação e a Produção Florestal do Estado de São Paulo, responsável pela administração das UC’s estaduais, conforme definido pelo Decreto Estadual 51.453/06 e o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado – CONDEPHAAT e a Prefeitura Municipal de Araçariguama. 2º) Quadro comparativo das Unidades de Conservação existentes A partir da consulta a esses documentos e contatos com os referidos órgãos públicos foram listadas as UC’s passíveis de receber os recursos da compensação ambiental, conforme apresentadas no QUADRO 10.1 e destacadas na FIGURA 10.1. Embora a 10 km e a 15 km, ao norte do empreendimento, encontre-se respectivamente a Área Natural Tombada (ANT) Serra do Boturuna e a ANT Serra do Japi, Guaxinduva e Jaguacoara, administradas pelo CONDEPHAAT, estes não constituem UC’s nos termos da Lei Federal 9.985/00, não sendo portanto passíveis de receber os recursos da compensação ambiental. A APA pertence à categoria de Unidades de Uso Sustentável e é QUADRO 10.1 UC’s: ÁREA, MUNICÍPIO, CATEGORIA, BIOMA, FINALIDADE E POSSIBILIDADE DE USO Unidade de Área Bioma ou Finalidade Possibilidade Município Categoria Conservação (ha) Ecossistema de Uso de uso APA Estadual Proteger a 26.100 Cabreúva Cabreúva diversidade Mata APA Estadual biológica, disciplinar Pesquisas Cajamar 13.400 Atlântica Cajamar o processo de científicas; Uso (Floresta APA Estadual Sustentável ocupação; assegurar visitação Jundiaí 43.200 Estacional Jundiaí pública a sustentabilidade Semidecidual) APA do uso dos recursos 176 Araçariguama Municipal naturais Aparecidinha Fonte: SMA, 1998. Legenda: APA = Área de Proteção Ambiental Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 250 FIGURA 10.1 – Mapa das Unidades de Conservação da região Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 251 3º) Situação dos itens passíveis de serem contemplados com os recursos da compensação; De acordo com o Artigo 33 do Decreto Federal 4340/02 e a Resolução SMA 18/04, a aplicação dos recursos da compensação ambiental de que trata o art. 36 da Lei nº 9.985/00, nas unidades de conservação existentes ou a serem criadas, deve obedecer à seguinte ordem de prioridades: I. regularização fundiária e demarcação das terras; II. elaboração, revisão ou implantação de plano de manejo; III. aquisição de bens e serviços necessários à implantação, gestão, monitoramento e proteção da unidade, compreendendo sua área de amortecimento; IV. desenvolvimento de estudos necessários à criação de nova unidade de conservação; e V. desenvolvimento de pesquisas necessárias para o manejo da unidade de conservação e área de amortecimento. No QUADRO 10.2 apresentado o resumo dos itens prioritários passíveis de serem contemplados com os recursos da compensação financeira. No caso das UC’s pesquisadas, todas são constituídas por terras privadas, não sendo necessária a regularização fundiária, pois não se trata de UC’s do grupo de proteção integral. Em nenhuma das UC’s pesquisadas são desenvolvidos estudos para a implantação de nova UC. Assim, os recursos da compensação ambiental deverão ser destinados à execução de demais itens previstos no Decreto Federal 4.340/02. QUADRO 10.2 SITUAÇÃO DOS ITENS PRIORITÁRIOS PARA APLICAÇÃO DOS RECURSOS Unidade de Conservação 1. Situação Fundiária APA Estadual Cabreúva Propriedades APA Estadual privadas e Cajamar públicas APA Estadual Jundiaí APA Propriedade Aparecidinha privadas Prioridade para aplicação dos recursos financeiros 2. Plano 3. Aquisição de 4. Estudos para 5. Pesquisas de Manejo Bens e Serviços Nova Unidade para Manejo Não tem Pode adquirir Não desenvolve Não desenvolve Não tem Pode adquirir Não desenvolve Não desenvolve Não tem Pode adquirir Não desenvolve Não desenvolve Não tem Pode adquirir Não desenvolve Não desenvolve Fonte: SMA, 2008. 4º) Impacto decorrente da implantação do empreendimento nas UC’s, se encontradas na área de influência; A poligonal DNPM 000.227/45 está situada fora do entorno de 10 da APA’s Estaduais Cabreúva, Cajamar, Jundiaí e APA Municipal Aparecidinha. Grande parte da área dessa poligonal está inserida na sub-bacia hidrográfica do ribeirão Araçariguama, estando apenas parte porção sudeste compreendida na sub-bacia do ribeirão do Paiol. Nenhuma dessas UC’s são afetadas pelos impactos diretos e mesmo Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 252 indiretos gerados pelo empreendimento, pois encontram do outro lado da rodovia Castello Branco (SP-280), inclusive em outra sub-bacia hidrográfica. 5º) Proposta preliminar relacionando os benefícios que possam ocorrer com a aplicação dos recursos da compensação ambiental; No QUADRO 10.3 estão relacionados os benefícios que possam ocorrer com a aplicação dos recursos da compensação ambiental. QUADRO 10.3 BENEFÍCIOS DECORRENTES DA APLICAÇÃO DOS RECURSOS DA COMPENSAÇÃO Unidades de Conservação APA Cabreúva APA Estadual Cajamar APA Estadual Jundiaí 1. Situação Fundiária 2. Plano de Manejo 3. Aquisição de Bens e Serviços 4. Estudos para Nova Unidade 5. Pesquisas para Manejo Não haverá benefícios, pois Poderá as APA’s estão Poderá Poderá adquirir Poderá desenvolver contribuir bens e serviços desenvolver situadas em pesquisas para áreas privadas. para a para estudos para a o manejo da Os órgãos elaboração do elaboração do criação de nova unidade e sua Plano de Plano de unidade de gestores não zona de têm interesse Manejo Manejo conservação amortecimento em adquirir terras APA Aparecidinha Fonte: PROMINER, 2008. 6º) Estudo comparativo para subsidiar a decisão da Câmara de Compensação Ambiental sobre a escolha da UC a ser beneficiada pela compensação ambiental. No QUADRO 10.4 é apresentado um resumo das informações de cada UC para subsidiar a decisão da Câmara de Compensação Ambiental da Secretaria do Meio Ambiente - CCA quanto a escolha de uma ou mais UC’s para receber os recursos advindos da Compensação Ambiental, lembrando da necessidade de ser contemplada uma UC de proteção integral, embora pesquisas realizadas não indicaram a presença de nenhuma UC desse grupo no entorno do empreendimento. Para a VOTORANTIM CIMENTOS, não há prioridade para direcionar os recursos advindos da compensação ambiental a uma determinada UC, uma vez que esta decisão caberá à CCA, conforme definido pela Resolução SMA 18/04 e Decreto Estadual 53.027/08 (artigo 129). Porém, deve-se atentar ao fato de que a APA Cabreúva e a APA Aparecidinha são as UC’s situadas mais próximas ao empreendimento, esta última ainda é inteiramente de propriedade privada e a Prefeitura de Araçariguama não informou sobre sua situação efetivação propriamente dita. De acordo com o artigo 25 da Lei Federal 9.985/00, as APA’s não dispõem de zonas de amortecimento. Com relação à aplicação dos recursos advindos da compensação ambiental, a prioridade de sua aplicação será para aquisição de bens e serviços para a elaboração dos Planos de Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 253 Manejo, uma vez que nenhuma UC dispõe. Segundo informações da Fundação Florestal, por enquanto não há interesse para aquisição de propriedades ou regularização fundiária, pois as APA’s compreendem tanto propriedades privadas quanto terras públicas. QUADRO 10.4 RESUMO DAS INFORMAÇÕES DAS UC’s Unidade de Distância do Conservação Empreendimento APA Cabreúva APA Estadual Cajamar APA Estadual Jundiaí APA Aparecidinha Bacia/Sub-bacia hidrográfica 9 km 17 km 32 km 9 km Médio Tietê Bioma Finalidade de uso Aplicação dos Recursos Proteger a diversidade Aquisição biológica, de bens e disciplinar o serviços Mata processo de para Atlântica ocupação; elaboração assegurar a do Plano de sustentabilidade Manejo do uso dos recursos naturais Fonte: PROMINER, 2008. Legenda: PE = Parque Estadual; EE = Estação Ecológica; PI = Proteção Integral • Montante dos Recursos da Compensação Ambiental Com relação aos investimentos na lavra para fins de cálculo do valor da compensação ambiental, atendendo à legislação vigente (Lei 9985/00, Decreto Federal 4.340/02 e Resolução SMA 56/06), a VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A. destinará 0,5% (meio por cento) do valor dos investimentos necessários para a ampliação do empreendimento. Foram estimados investimentos da ordem de R$ 4.185.000 (quatro milhões, cento e oitenta e cinco mil reais) destinados à aquisição ou reforma de equipamentos móveis para as atividades de ampliação do empreendimento, conforme apresentados no QUADRO 10.5. Assim, o valor da compensação ambiental é estimado em R$20.925,00 (vinte mil, novecentos e vinte e cinco reais). De acordo com a Resolução SMA 56/06, o percentual relativo à compensação ambiental será proposto pelo DAIA, que o encaminhará à Câmara de Compensação Ambiental para análise e manifestação, caso o empreendimento seja ambientalmente viável. QUADRO 10.5 RELAÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS DA LAVRA QUANTIDADE 1 1 7 1 1 1 1 TOTAL DESCRIÇÃO Perfuratriz Hidráulica Atlas Copco – Modelo Roc A 9 Escavadeira Liebherr 954B Caminhão Randon RK 430 Pá-Carregadeira Caterpillar, modelo 988 B Motoniveladora Caterpillar modelo CAT 120 B Caminhão Comboio Chevrolet D 12.000 Caminhão-Pipa Chevrolet D 12.000 Fonte: VOTORANTIM CIMENTOS: Plano de Aproveitamento Econômico, 2008. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP VALOR (R$) 780.000,00 420.000,00 1.925.000,00 405.000,00 400.000,00 125.000,00 130.000,00 R$ 4.185.000,00 254 Considerações Finais O objeto do licenciamento ambiental prévio, instruído com o presente EIA, compreende a ampliação da mina e depósito de estéril da VOTORANTIM CIMENTOS – Unidade Araçariguama – localizada no município de Araçariguama no Estado de São Paulo, na bacia do Médio Tietê. A empresa é detentora dos direitos minerários referentes ao Processo DNPM 000.227/1945, com Decreto de Lavra n° 26.788/1949 e Portaria de Lavra Retificadora nº 1.769/1980. As atividades do empreendimento iniciaram-se em 1953, ainda sob a denominação de Cimento Santa Rita S.A., sendo adquirida em 1986 pela Cimento Rio Branco S.A., atual VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S.A. A mina foi implantada originalmente para suprir a fábrica de cimento da Cimento Santa Rita, localizada no município de Itapevi, que foi desativada. Desde então, o calcário extraído na mina de calcário é voltado para a produção de britas e agregados para concreto e utilizados na construção civil, atendendo sobretudo o mercado consumidor da porção oeste da Região Metropolitana de São Paulo, em função da privilegiada localização do empreendimento, na altura do km 44 da rodovia Castello Branco (SP-280). A empresa obteve em 2002 o Certificado de Dispensa de Licença de Instalação – CDLI nº 32000445, quando foi apresentado o Plano de Recuperação de Áreas Degradadas - PRAD, aprovado pelo DAIA em 2005, por meio do Parecer Técnico CPNR/DAIA/259/05, ocasião na qual foi solicitada a elaboração e apresentação de EIA/RIMA para a ampliação das atividades de lavra do empreendimento. A ampliação do empreendimento representará a continuidade das operações da empresa por pelo menos 37 anos, com a manutenção de 50 empregos diretos, além dos empregos indiretos estimados em mais 50 empregos Está previsto o rebaixamento do piso atual de 654m para a cota de 530m e a ampliação da área da cava em cerca de 25 ha, o que representará interferências da ordem de 18 ha em áreas de campo antrópico e mineração e apenas 6,77 ha em áreas de vegetação nativa, dos quais 4,59 ha se referem a vegetação secundária em estágio inicial de regeneração e 2,18 ha de vegetação secundária em estágio médio de regeneração. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 255 No tocante à fauna, não foi observada nos levantamentos realizados nenhuma espécie da herpetofauna constante na lista estadual ou federal de espécies ameaçadas. Há 1 espécie da avifauna (avistamento) na categoria quase ameaçada de extinção na Lista de Espécies Ameaçadas do Estado de São Paulo, o jacuaçu (Penelope obscura). Da mesma forma, com relação à mastofauna, 5 espécies, observadas por meio de pegadas e capturas, encontramse na Lista da Fauna Ameaçada de Extinção, do Decreto Estadual nº 42.838/98, como vulnerável, em perigo de extinção ou provavelmente ameaçadas. Sob o aspecto físico, a interferência mais relevante diz respeito ao rebaixamento do piso da cava, porém, estudos hidrogeológicos realizados no período de um ano (janeiro/2007 a fevereiro/2008) apontaram variações mínimas do nível d’água das drenagens na área de influência direta. De acordo com os estudos realizados a única drenagem que sofrerá variações mais perceptíveis, em períodos de estiagem, é o ribeirão Araçariguama. No entanto, a água bombeada do fundo da cava após decantação dos sólidos será lançada nesse ribeirão, minimizando, conforme consta nos estudos hidrogeológicos, esta possível variação de fluxo. Não foram constatadas evidências cársticas na área de interesse para a ampliação da lavra ou mesmo no seu entorno. No que diz respeito ao meio socioeconômico, a geração de empregos e impostos e a demanda de bens e serviços constituem os principais aspectos do empreendimento. Não se observam conflitos de interesse ou reclamações de vizinhos com relação à atividade de mineração. A VOTORANTIM CIMENTOS está integrada com a comunidade local e sempre que solicitada, e dentro de suas possibilidades, atende às solicitações, como no caso da construção da EMEI Rada Smile e a conservação e o cascalhamento da estrada municipal. Não foram constatados vestígios arqueológicos na área de interesse para ampliação do empreendimento. A maioria dos impactos previstos em decorrência das atividades minerárias do empreendimento é de pequena e média importância, e passíveis de mitigação. Para os impactos não mitigáveis estão previstas, no Plano de Gestão Ambiental da empresa, medidas mitigadoras, compensatórias, além daquelas de capacitação e gestão, dentre as quais destacam-se o Plano de Ação da Fauna Terrestre e a proposta de recuperação das áreas de preservação permanente (APP). A VOTORANTIM CIMENTOS já realiza o monitoramento de água, ar e níveis de ruído na Unidade Araçariguama, cujos resultados se apresentaram dentro das normas legais previstas nas legislações pertinentes em vigor, demonstrando que as medidas de controle ambiental do empreendimento são eficazes, tais como a umectação das vias de acesso, a aspersão de água na britagem e o plano de fogo adequadamente dimensionado ao tipo de rocha. Não há efetivamente restrições legais para a pretendida ampliação do empreendimento projetada, desde que observadas e atendidas as medidas mitigadoras e compensatórias previstas neste EIA. Desta forma, a equipe que elaborou o presente estudo recomenda a aprovação deste Estudo de Impacto Ambiental, com a conseqüente emissão da Licença Ambiental Prévia - LP para a ampliação do empreendimento da VOTORANTIM CIMENTOS BRASIL S. A., em Araçariguama no Estado de São Paulo. Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 256 Referências Bibliográficas ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13.029. Elaboração e apresentação de projeto de disposição de estéril, em pilha, em mineração. Rio de Janeiro, 1993. AB’SÁBER, A. N. Megageomorfologia do Território Brasileiro. In: CUNHA, S. B. da; GUERRA, A. J. T. (Org.). Geomorfologia do Brasil. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998. 388 p. AB’SÁBER, A. 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Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 266 Equipe Técnica A PROMINER PROJETOS LTDA. possui uma equipe técnica multidisciplinar e contou com a participação dos profissionais abaixo relacionados para o desenvolvimento deste Estudo de Impacto Ambiental, da ampliação da mina de calcário VOTORANTIM CIMENTO BRASIL S.A., localizada no município de Araçariguama-SP. Responsável Técnico Ciro Terêncio Russomano Ricciardi CREA 0600871181 Engº. de minas Coordenador Milton Akira Ishisaki CREA 0601882560 Engº. de minas Equipe Técnica Anderson Santos Oliveira Henrique David Pacheco Jairo Viotto Belli João Cláudio Estaiano Maria Keiko Yamauchi Michiel Wichers Schrage Therys Midori Sato CREA 5061525045 CREA 5062073210 CREA 5062115179 CREA 5061907887 CREA 5060006530 CREA 5061525045 CRBio 51381/01-D Engenheiro Ambiental Engenheiro Florestal Engº. de minas Geógrafo Geógrafa Engº de minas/Segurança do Trabalho Bióloga Equipe de Apoio Fabrício Gomes Calouro Felipe Rafael Urban Terossi Fúlvio d’Oliveira Helen Patrícia Xavier Paula Cristina Fernandes Raphael Diniz Jacques Gonçalves Renan Goya Tamashiro Rodrigo Ferreira da Silva Estagiário de Informática Estagiário de Engenharia Florestal Estagiário de Informática Estagiária de Geografia Secretária Estagiário de Engenharia de minas Técnico em Gestão Ambiental Estagiário de Geografia Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP 267 Consultores Eliete Pythágoras B. Maximino Gustavo B. Malacco da Silva Luis Enrique Sánchez Marianna Botelho Dixo Sonia Cristina da Silva Belentani Arqueóloga Biólogo Engº. de minas/Geógrafo Bióloga Bióloga Levantamento Arqueológico Ornitologia Avaliação de Impactos/Plano de Gestão Herpetologia Mastozoologia Empresas de Consultoria HYDROKARST CONSULTORIA E SERVIÇOS EM GEOLOGIA LTDA. Cristian Bittencourt Hidrogeólogo QUESTÃO AMBIENTAL SERVIÇOS E CONSULTORIA EM MEIO AMBIENTE Carlos Eduardo Vieira Toledo Geólogo Nilson Bernardi Ferreira Geólogo MILTON DE MATOS ENGENHEIROS CONSULTORES Milton Martins de Matos Engº civil Estudo de Impacto Ambiental Ampliação da lavra de calcário - Araçariguama - SP