AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO AMBIENTAL DE EDIFÍCIOS:

Transcrição

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO AMBIENTAL DE EDIFÍCIOS:
ÉRICA MÁRCIA LEITE BARROS
AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO AMBIENTAL DE EDIFÍCIOS:
UMA PERCEPÇÃO DOS AGENTES DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO MERCADO
DO ESPÍRITO SANTO
Dissertação desenvolvida no Programa
de Pós-Graduação em Engenharia Civil
da Universidade Federal do Espírito
Santo, como requisito para obtenção do
Grau de Mestre em Engenharia Civil.
Orientador: Prof. João Calmon Nogueira
da Gama.
VITÓRIA
2005
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Eventos relacionados com construção sustentável e avaliação
ambiental de edifícios ...................................................................................... 21
Quadro 2 - Iniciativas relacionadas ao desenvolvimento de metodologias de
avaliação ambiental de edifícios ...................................................................... 24
Quadro 3 - Grupo de Normas ISO 14000 ....................................................... 36
Quadro 4 - Objetivo das normas ISO 14000 ................................................... 37
Quadro 5 - Códigos de energia para edifícios ................................................ 42
Quadro 6 - Características gerais do Programa C-2000 .....................
Quadro 7 - Características gerais do CBIP ..................................................... 49
Quadro 8 - Principais Programas e Políticas Públicas de incentivo à avaliação
e certificação ambiental de edifícios ................................................................ 62
Quadro 9 - Etapas da LCA e respectivos procedimentos ............................... 69
Quadro 10 - Ferramentas LCA para avaliação de edifícios ou produtos
construtivos ...................................................................................................... 83
Quadro 11 - Principais sistemas existentes para avaliação ambiental de
edifícios ............................................................................................................ 87
Quadro 12 - Justificativa dos sistemas de avaliação ambiental de edifícios .. 90
Quadro 13 - Créditos respectivos para cada categoria BREEAM .................. 95
Quadro 14 - Classificação provável no BREEAM, conforme pontos obtidos na
lista de verificação simplificada ........................................................................ 96
Quadro 15 - Categorias de Desempenho LEEDTM ....................................... 100
Quadro 16 - Níveis de classificação LEEDTM ................................................ 104
Quadro 17 - Ciclos de desenvolvimento GBC .............................................. 106
Quadro 18 - Classes de benchmarks ............................................................ 109
Quadro 19 - Indicadores de Sustentabilidade Ambiental utilizados pelo GBTool
v 1.81 ............................................................................................................. 110
Quadro 20 - Questões e categorias de desempenho ................................... 112
Quadro 21 - Seções que estruturam o GBTool ............................................. 117
Quadro 22 - Quadro resumo das metodologias de avaliação de desempenho
mais usadas ................................................................................................... 122
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Exemplo de Cálculo de incentivo financeiro CBPI ......................... 49
Tabela 2 - Categorias avaliadas no GBTool com ponderações default do
sistema ........................................................................................................... 115
Tabela 3 - Pesos utilizado nos estudos de casos realizados por Silva (2003) .. 3
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Aspectos compreendidos no desenvolvimento sutentável ............. 16
Figura 2 - Etapas da metodologia LCA ........................................................... 68
Figura 3 - Dimensões da LCA ......................................................................... 71
Figura 4 - Etapas operacionais da fase de análise do inventário ................... 73
Figura 5 - Elementos para uma Avaliação de Impactos ................................. 79
Figura 6 - Etapas da fase Interpretação .......................................................... 82
Figura 7 - Esquema da metodologia BREEAM 98 .......................................... 97
Figura 8 - Exemplo de lista de verificação para certificação LEED .............. 103
Figura 9 - Estrutura hierárquica do GBTool .................................................. 116
Figura 10 - Blocos de entrada e saída de dados na GBTool ........................ 119
Figura 11 - Gráfico de desempenho global (esquerda) e de cada categoria de
desempenho .................................................................................................. 120
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 3
1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO ............................................................................ 3
1.2. PRINCIPAIS CONFER. E CENTROS DE PESQUISA NO TEMA ............ 9
1.3. JUSTIFICATIVA ...................................................................................... 13
1.4. HIPÓTESE DO TRABALHO ................................................................... 16
1.5. OBJETIVOS ............................................................................................ 16
1.5.1. Objetivo Geral ...................................................................................... 16
1.5.2. Objetivos específicos ......................................................................... 16
1.6. METODOLOGIA ..................................................................................... 17
1.6.1. Pesquisa bibliográfica ........................................................................ 17
1.6.2. Fluxograma da metodologia .............................................................. 19
1.7. ORGANIZAÇÃO DESTE TRABALHO ................................................... 20
2. BASES NORMATIVAS, PROGRAMAS E POLÍTICAS DE
INCENTIVO A AVALIAÇÃO AMBIENTAL DE EDIFÍCIOS .............. 21
2.1. BASE NORMATIVA RELACION. COM AVALIAÇÃO AMBIENTAL ..... 21
2.1.1. ISO 14000 ............................................................................................. 22
2.1.2. Códigos específicos de energia para edifícios ................................ 28
2.2. PROGRAMAS E POLÍTICAS PÚBLICAS DE INCENTIVO À AVALIAÇÃO
E CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL DE EDIFÍCIOS ............................................29
2.2.1. Programas Canadenses ..................................................................... 29
2.2.2. Programas americanos ...................................................................... 39
2.2.3. Programas Europeus e Asiáticos ...................................................... 43
2.2.4. Programas Brasileiros ........................................................................ 45
3. ANÁLISE DO CICLO DE VIDA: UMA ABORDAGEM NA
AVALIAÇÃO DE EDIFÍCIOS ............................................................. 50
3.1. ETAPAS DE UMA LCA .......................................................................... 53
3.1.1. Definição de metas e escopo ............................................................. 54
3.1.2. Análise do Inventário .......................................................................... 57
3.1.3. Avaliação dos impactos ..................................................................... 61
3.1.4. Interpretação dos dados .................................................................... 64
3.2. PONTENCIALIDADES ........................................................................... 65
3.3. LIMITAÇÕES .......................................................................................... 67
4. SISTEMAS DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL DE EDIFÍCIOS ........ 71
4.1. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 71
4.2. BREEAM .................................................................................................. 75
4.2.1. Estrutura .............................................................................................. 77
4.2.2. Características do método ................................................................. 79
4.2.3. Potencialidades .................................................................................... 83
4.2.4. Limitações ........................................................................................... 83
4.3. LEEDTM .................................................................................................... 84
4.3.1. Metodologia ......................................................................................... 87
4.3.2. Potencialidades ................................................................................... 89
4.3.3. Limitações ............................................................................................ 89
4.4.
GBC ...................................................................................................... 90
4.5.
CARACTERÍSTICAS DO GBTOOL ..................................................... 93
4.5.1. Valores de referência (Benchmark) ................................................... 93
4.5.2. Indicadores de sustentabilidade ambiental ...................................... 95
4.5.3. Áreas e Categorias de desempenho ................................................. 96
4.5.4. Sistema de pontuação ........................................................................ 98
4.5.5. Sistema de ponderações .................................................................... 99
4.5.6. Sistema métrico ................................................................................ 100
4.5.7. Estrutura do GBTool ......................................................................... 101
4.5.8. Comunicação dos resultados .......................................................... 104
4.5.9. Potencialidades ................................................................................. 105
4.5.10. Limitações ....................................................................................... 106
Capítulo 4 - Sistemas de Avaliação Ambiental de Edifícios
87
4. SISTEMAS DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL DE EDIFÍCIOS
4.1.
INTRODUÇÃO
O conceito de Análise do Ciclo de Vida (LCA) – originalmente desenvolvido na
esfera de avaliação de impactos de produtos, conforme apresentado no
Capítulo 3 – forneceu a base conceitual para o desenvolvimento das
metodologias para avaliação ambiental de edifícios a partir da década de 90 na
Europa, nos EUA e no Canadá. A intenção era elaborar estratégias para o
cumprimento de metas ambientais locais estabelecidas a partir da UNCED do
Rio de Janeiro (Silva, 2000).
Em virtude das dificuldades práticas de utilização de LCA para avaliação global
de edifícios, a maioria dos métodos não a emprega como ferramenta de apoio
à atribuição de créditos ambientais relacionados ao uso de materiais. Em geral,
aproveitam apenas do conceito de ciclo de vida e utilizam-no para aumentar
a abrangência da avaliação do edifício, ainda que a maioria deles utilize o
conceito de “berço ao sítio”1 (cradle-to-site) em vez de “berço ao túmulo”,
conceito-base da LCA.
Os estágios posteriores – demolição, reciclagem e
reuso – ainda são tratados genericamente (projeto para adaptabilidade e
demolição, uso de materiais biodegradáveis, recicláveis e reutilizáveis), mas
muitos pesquisadores buscam ampliar essa abordagem (Agopyan & Silva,
2003).
Segundo um, o Canada’s ATHENA Sustentable Materials Institute, os
esquemas de avaliação ambiental de edifícios podem ser englobadas em três
níveis distintos:
•
Nível 1: inclui ferramentas de comparação de produtos e aquelas que
fornecem dados e informações que são usadas por outras ferramentas de
avaliação. Ex: BEES, SimaPro
1
Entende-se por “berço ao sítio” a consideração dos impactos inerentes aos materiais e ao edifício apenas até a etapa
de uso/ocupação do mesmo.
Capítulo 4 - Sistemas de Avaliação Ambiental de Edifícios
•
88
Nível 2: engloba ferramentas de apoio a decisões de projeto de todo o
edifício. São ferramentas usadas principalmente na etapa de projeto e
geralmente focam em uma área específica, tais como, custo do ciclo de
vida, efeitos ambientais do ciclo de vida, iluminação, operação de energia,
materiais, dentre outros. Essas ferramentas avaliam o que Zimmermann et
al. (2002) chamam de “desempenho potencial”, ou seja, o desempenho
ambiental baseado em propriedades e características inerentes ao edifício e
não questões quanto ao “desempenho real” do edifício em operação. Ex:
ATHENA, Eco Quantum, ENVEST, Radiance, DOE 2 e 10.
•
Nível 3: são as ferramentas que consistem em um Programa de Avaliação
de todo o edifício. Fornecem ampla cobertura de questões ambientais,
econômicas, sociais e outras relevantes para sustentabilidade. Usa tanto
dados objetivos – freqüentemente a partir das ferramentas do Nível 2 –
como subjetivos. Ex: BREEAM e suas variáveis, GBTool, LEEDS.
Atualmente, praticamente cada país europeu, juntamente com Estados Unidos,
Canadá, Austrália, Japão e Hong Kong, possui um sistema de avaliação e
classificação de desempenho ambiental de edifícios conforme Quadro 11
(Agopyan & Silva, 2003).
Quadro 11 - Principais sistemas existentes para avaliação ambiental de
edifícios
PAÍS
SISTEMA
COMENTÁRIOS
Sistema com base em critérios e benchmarks 2, para várias
tipologias de edifícios. Um terço dos itens avaliados são
Reino Unido
BREEAM (BRE
Environmental Assessment Method)
parte de um bloco opcional de avaliação de gestão e
operação para edifícios em uso. Os créditos são ponderados
para gerar um índice de desempenho ambiental do edifício.
O sistema é atualizado regularmente, a cada 3 - 5 anos
(Baldwin et al., 1998).
2
Valores de referência
Capítulo 4 - Sistemas de Avaliação Ambiental de Edifícios
89
Projeto de pesquisa que visa melhorar a retro-alimentação
PROBE (Post-occupancy
Review of Building Engineering)
sobre o desempenho de edifícios, através de avaliações pósocupação – com base em entrevistas técnicas e com os
usuários – e de método publicado de avaliação e relato de
energia (Cohen et al., 2001).
Sistema com base em critérios e benchmarks, inspirado no
BREEAM. O sistema é atualizado regularmente (a cada 3 - 5
LEED (Leadership in Energy
and Environmental Design)
anos) e versões para outras tipologias estão em estágio
piloto. Na versão para edifícios existentes, a linguagem ou
Estados
Unidos
as normas de referência foi modificada para refletir a etapa
de operação do edifício (USGBC, 2001).
MSDG (Minnesota Sustainable
Design Guide)
Sistema com base em critérios visando o emprego de
estratégias
de
projeto
ambientalmente
responsável.
Ferramenta de auxílio ao projeto (Carmody et al. 2000).
Internacional
GBC (Green Building
Challenge)
Sistema com base em critérios e benchmarks hierárquicos.
Ponderação ajustável ao contexto de avaliação (Cole, 2000;
Larsson, 2000).
Hong Kong
HK-BEAM (Hong Kong Building
Environmental Assessment Method)
Adaptação do BREEAM 93 para Hong Kong, em versões
para edifícios de escritórios novos (CET, 1999a) ou em uso
(CET, 1999b) e residenciais (CET, 1999c). Não pondera.
Alemanha
EPIQR
Permite a avaliação de edifícios existentes para fins de
melhoria ou reparo (Lützkendorf, 2002)
Sistema com base em critérios e benchmarks, modificado
Suécia
Environmental Status of Buildings
segundo as necessidades dos membros. Sem LCA ou
ponderação (Glaumann & Von Platen, 2002)
Sistema com base em critérios e benchmarks hierárquicos,
Noruega
influenciado pelo BREEAM. Possui duas versões, uma para
EcoProfile
edifícios comerciais e outra para residenciais (Pettersen,
2002; Glaumann & Von Platen, 2002).
Sistema com base em critérios e benchmarks, com
Finlândia
PromisE Environmental
Classification System for
Buildings
ponderação fixa para quatro categorias: saúde humana
(25%), recursos naturais (15%), conseqüências ecológicas
(40%) e gestão de risco (20%) (Aho, 2002; Huovila et al.,
2002).
Inspirado no BREEAM, o sistema é dedicado a edifícios
Canadá
BEPAC (Building
Environmental Performance
Assessment Criteria)
comerciais novos ou existentes. É orientado a incentivos e
distingue critérios de projeto e de gestão, separados para o
edifício-base e para as formas de ocupação que ele abriga
(Cole, Rousseau & Theaker, 1993),
BREEAM Canada
Adaptação do BREEAM para o Canadá (Skopek, 2002)
Capítulo 4 - Sistemas de Avaliação Ambiental de Edifícios
90
Sistema com base em critérios e benchmarks destinado a
Áustria
Comprehensive Renovation
residências para estimular renovações abrangentes e não
apenas parciais (Geissler, 2002).
Sistema com base em critérios e benchmarks. Para edifícios
novos e existentes. Atribui uma classificação única, a partir
Austrália
NABERS (National Australian
Building Environment Rating
Scheme)
de critérios diferentes para proprietários e usuários. Em
estágio-piloto. Os níveis de classificação são revisados
anualmente (Vale et al., 2001).
Sistema com base em critérios e benchmarks. Pondera
França
apenas os itens nos níveis inferiores. O resultado é um perfil
ESCALE
de desempenho global, detalhado por sub-perfis (Chatagnon
et al, 1998).
Sistema com base em critérios e benchmarks. Composto por
várias ferramentas para diferentes estágios do ciclo de vida.
Japão
CASBEE (Comprehensive
Assessment System for Building
Environmental Efficiency).
Inspirada na GBTool, a ferramenta de projeto trabalha com
um índice de eficiência ambiental do edifício (BEE), e aplica
ponderação fixa e em todos os níveis (JSBC, 2002).
Fonte: Atualização a partir de Agopyan & Silva, 2003.
Embora não exista uma categorização consolidada e formal dos esquemas de
avaliação de edifícios, Agopyan & Silva (2003) propõem uma divisão em dois
segmentos:
•
Quando o objetivo é promover a construção sustentável através de
mecanismos de mercado. Devem apresentar uma estrutura simples (em
geral em forma checklist) para ser facilmente absorvida pelo mercado.
Porém, normalmente, estão vinculados a algum tipo de certificação no
intuito de divulgar o reconhecimento diante desse mercado. Ex: BREEAM,
HK-BEAM, LEEDTM, CSTB ESCALE, CASBEE, dentre outros.
•
Métodos orientados para pesquisa com maior fundamentação científica e
voltados para o desenvolvimento metodológico, como por exemplo, BEPAC
e GBC.
Outras categorizações são feitas em relação aos métodos de avaliação
separando, por exemplo, grupos de ferramentas de avaliação de apoio ao
projeto das ferramentas de avaliação pós-ocupação e ainda aquelas que
Capítulo 4 - Sistemas de Avaliação Ambiental de Edifícios
91
agrupam as ferramentas quanto a sua abrangência (ferramentas de avaliação
de edifícios novos / existentes; comerciais / residências) dentre outras.
Este trabalho pretende estudar os sistemas existentes de avaliação ambiental
de edifícios com metodologias abrangentes, de forma a contribuir como
embasamento científico para um melhor entendimento do tema. Os métodos
escolhidos buscam criar esse panorama conforme Quadro 12.
Quadro 12 - Justificativa dos sistemas de avaliação ambiental de edifícios
MÉTODO DE AVALIAÇÃO
JUSTIFICATIVA DE ESCOLHA
Foi o pioneiro servindo como base para diversos sistemas
BREEAM
orientados ao mercado.
Contempla diversidades geográficas, culturais, tecnológicas e
GBC
econômicas na avaliação e será utilizado no estudo de caso.
Atualmente é o método de maior potencial de crescimento
TM
LEED
recebendo investimentos maciços para sua maior difusão e
aprimoramento (Silva, 2003)
4.2. BREEAM
(BUILDING
RESEARCH
ESTABLISHMENT
ENVIRONMENTAL ASSESSMENT METHOD)
BREEAM foi a primeira tentativa de formular uma metodologia para especificar
e mensurar o desempenho ambiental e melhorar a qualidade do meio ambiente
construído com relação à eficiência de energia, saúde e conforto, operação e
gestão. Dentre várias publicações, Baldwin et al. (1998) e Bryan et al. (2000)
registram que atualmente é o método mais reconhecido internacionalmente.
Sua principal meta é fornecer uma ferramenta capaz de estimular a demanda
de mercado por green buildings, pelo fornecimento de informações claras e
reais no desempenho ambiental (Lowe et al, 2000). Segundo Adams (2003) e
Baldwin et al. (1998), os principais objetivos do esquema são:
•
identificar edifícios de menor impacto ambiental no mercado;
•
encorajar práticas ambientais de excelência no projeto, operação, gestão e
manutenção de edifícios;
•
estabelecer critérios e padrões além dos obrigatórios por leis, normas e
regulamentações existentes;
Capítulo 4 - Sistemas de Avaliação Ambiental de Edifícios
•
92
conscientizar e orientar proprietários, ocupantes, projetistas e usuários de
edifícios dos benefícios de edifícios com menor impactos ambientais.
Foi desenvolvido inicialmente no Reino Unido, em 1988, numa ação conjunta
do BRE
3
e o setor privado
4
(Bryan et al., 2000; Lowe et al., 2000). Começou
como uma maneira de melhorar o desempenho ambiental de edifícios novos
no estágio de projeto. Desde então, é atualizado regularmente (a cada 3 - 5
anos) sendo por isso beneficiado com novas pesquisas, que objetivam refletir
as mudanças que ocorrem nas regulamentações e no mercado, para que
continue a representar a prática de excelência atual, sobressaindo-se além do
requerido nas regulamentações (BRE, 2002).
A primeira revisão ocorreu em 1993 (Baldwin et al., 1993), estando hoje na sua
terceira versão, BREAAM’98, com grande difusão no mercado.
Atualmente, BREEAM‘98 é capaz de ser aplicado em edifícios de escritório
(novos e existentes), além de residências, supermercados, lojas de
departamento e unidades industriais novas (Grace, 2000).
Agopyan & Silva (2003) apontam cinco alterações introduzidas no BREEAM’98
em relação à versão anterior, BREEAM’93:
•
unificação dos sistemas para edifícios novos e existentes, distintos nas
versões anteriores;
•
ampliação do escopo para incluir dois blocos opcionais: qualidade do
projeto e execução e procedimentos de gestão e operação;
•
eliminação dos aspectos que passaram a ser contemplados pela legislação
ou pela prática geral;
•
inclusão de novos itens para incorporar os avanços no conhecimento, entre
eles, a especificação de materiais e a consideração de comutação de
3
4
Building Research Establishment
Stanhope Properties plc. e ECD (Energy and Environmental Consultants)
Capítulo 4 - Sistemas de Avaliação Ambiental de Edifícios
93
transporte, objetivando assegurar a abrangência dos aspectos ambientais e
de sustentabilidade;
•
introdução de um método de ponderação para determinar objetivamente um
índice de desempenho para definir a classificação do edifício.
Novas versões do BREEAM foram adaptadas a outros países priorizando
aspectos de relevância local e regional na avaliação. Em 1995, uma nova
versão incluindo edifícios de escritórios já em uso, foi introduzida no Canadá
pelo International Standards Association (CSA) em cooperação com o BRE e
ECD Canadá como parte do programa Building Quality Management (BQM). O
conteúdo tem sido adaptado às condições canadenses.
Em Hong Kong, uma versão do BREEAM foi desenvolvida pela Associação de
Colaboradores Imobiliários de Hong Kong e pela Universidade Politécnica de
Hong Kong. Na Austrália, BREEAM OZ foi especificamente desenvolvido a
tempo para a avaliação dos edifícios usados nos jogos olímpicos (Skopek,
1997). Outras versões estão sendo desenvolvidas na Dinamarca, Noruega,
Nova Zelândia e Estados Unidos.
Segundo Larsson (2000), BREEAM fornece uma certificação de desempenho
adequada aos propósitos de mercado, e tem conquistado em torno de 15% a
20% do mercado de edifícios comerciais novos no Reino Unido.
4.2.1. Estrutura
A estrutura de avaliação BREEAM’98 office compreende três módulos
direcionados às questões ambientais. O primeiro fornece uma avaliação central
e caracteriza-se pelo “desempenho do edifício”. A partir da versão 98 passou a
ser aplicado a edifícios de escritório novos e existentes. O segundo,
denominado “projeto e execução”, é aplicado apenas a edifícios novos em
estágio de projeto. Finalmente o terceiro módulo aborda assuntos ambientais
relacionados a “gestão e operação” dos edifícios em uso (BRE, 2002, Curwell,
2001).
Capítulo 4 - Sistemas de Avaliação Ambiental de Edifícios
94
4.2.1.1. PRIMEIRO MÓDULO: DESEMPENHO DO EDIFÍCIO
As questões ambientais analisadas neste módulo resultarão em uma avaliação
verdadeira e comparativa dos impactos ambientais potenciais entre os
edifícios, em todas as suas idades e em torno de várias questões abordadas,
para fornecer uma ferramenta consistente e suprir as expectativas do mercado.
Fornece a base para o índice de desempenho ambiental.
4.2.1.2. SEGUNDO MÓDULO: PROJETO E EXECUÇÃO
Esta parte da avaliação pode ser opcional e complementar, para otimizar o
resultado de um exercício de projeto / execução. Aborda a avaliação de
edifícios novos ou em reforma, ainda em estágio de projeto. Cobrirá aquelas
questões ambientais que são de relevância durante o processo projetual, tais
como, uso do solo, especificação de materiais e sistema construtivo.
4.2.1.3. TERCEIRO MÓDULO: GESTÃO E OPERAÇÃO
Esta parte da avaliação será realizada somente em um edifício que já foi ou
está ocupado. Devem participar, além dos ocupantes, os administradores do
edifício que tem o papel de gerenciá-lo através de auditoria. Isto trará
benefícios financeiros, legais, estéticos e de bem estar significativos aos
usuários. Pretende-se também, que esta parte da avaliação forneça, não
somente uma revisão do desempenho, mas que seja igualmente capaz de
conduzir o desenvolvimento de um plano de ação que possa ser levado adiante
pelo usuário para melhoria do desempenho ambiental do edifício.
Inicialmente a metodologia BREEAM fornece uma lista de verificação
(checklist) simplificada, que detalha os requisitos específicos para a obtenção
dos créditos ambientais, visando orientar as equipes de projeto e gestão do
edifício. A metodologia completa é acessível apenas aos avaliadores
credenciados, que verificam o atendimento de itens mínimos de desempenho,
projeto e operação dos edifícios e atribuem os créditos correspondentes
(Agopyan & Silva, 2003).
Capítulo 4 - Sistemas de Avaliação Ambiental de Edifícios
95
4.2.2. Características do método
4.2.2.1.
COLETA DE DADOS
A avaliação inicia-se pela coleta dos dados necessários, que deverão ser
considerados em paralelo ao longo de todo processo de avaliação. Para
edifícios existentes, os dados são obtidos a partir de um questionário, realizado
durante visita técnica ao edifício e diversas reuniões com o gestor do mesmo.
Para edifícios novos, uma pré-avaliação baseada numa lista de verificações
(checklist) auxilia os projetistas a identificarem os itens mínimos de
desempenho, projeto e operação dos edifícios (Curwell, 2001).
4.2.2.2.
CATEGORIAS DE AVALIAÇÃO
A metodologia cobre questões que variam desde poluição atmosférica global
até as relativas ao entorno local do edifício, conforto e saúde dos ocupantes
(Skopek, 1997). O desempenho ambiental é avaliado sob nove categorias
principais (Curwell, 2001; Grace, 2000):
•
gestão: aspectos globais de políticas;
•
uso de energia: energia operacional e questões relacionadas ao CO2;
•
saúde e conforto: questões do interior do edifício e de seu exterior;
•
poluição: poluição do ar e da água;
•
transporte: relação entre o CO2 e o transporte ou fatores referente a
localização do edifício;
•
uso do solo, solos verdes ou terras descampadas;
•
ecologia local: valores ecológicos do local;
•
uso de materiais: implicações ambientais dos materiais de construção;
•
uso de água: redução do consumo e maior eficiência da água.
Dados quantitativos, como energia e consumo de água, são coletados pelos
avaliadores treinados pelo BRE juntamente com a equipe de projeto. Dados
relativos a materiais e baseados na tecnologia construtiva do Reino Unido são
obtidos através de consulta em um guia de orientação criado pelo BRE (BRE
Capítulo 4 - Sistemas de Avaliação Ambiental de Edifícios
96
Green Guide5), para especificação de materiais com enfoque em seus perfis
ambientais (Curwell, 2001).
4.2.2.3. INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
Após a coleta prossegue-se com as interpretações dos dados e cálculos, da
seguinte forma: para cada uma das categorias citadas acima, são distribuídos
requisitos de desempenho fixados pelo BRE. Esses requisitos funcionam como
ponto chave para uso de projetistas e gestores de edifícios em escolhas
específicas e criteriosas para a obtenção dos créditos ambientais.
Aos requisitos, são associados créditos (Quadro 13), concedidos quando o
edifício atende ou excede os desempenhos referência (benchmarks) de acordo
com a interpretação de dados qualitativos coletados. Em seguida calcula-se o
percentual de créditos adquiridos em cada categoria. Sobre cada pontuação da
categoria é aplicada uma ponderação ambiental necessária para produzir uma
pontuação global do edifício.
Quadro 13 - Créditos respectivos para cada categoria BREEAM
CATEGORIAS (% Total de Pontos)
Gestão (14,1%)
Aspectos globais de política e procedimentos ambientais
Saúde/Conforto (14,1%)
Ambiente interno e externo ao edifício
Uso de energia (19,6%)
Energia operacional e emissão de CO2
Transporte (11,3%)
Localização do edifício e emissão de CO2 relacionada a transporte
Uso de água (4,5%)
Consumo e vazamentos
Uso de materiais (9,8%)
Implicações ambientais da seleção de materiais
Uso de solo (3%)
Direcionamento de crescimento urbano (evitando greenfields e
5
Baseados em dados da LCA, fornece os créditos atribuídos para cada material.
PONTOS (Máx. 1062)
150 pts
150 pts
208 pts
120 pts
48 pts
104 pts
32 pts
Capítulo 4 - Sistemas de Avaliação Ambiental de Edifícios
97
encorajando a recuperação de brownfields e uso de vazios urbanos)
Ecologia local (9%)
96 pts
Valor ecológico do sítio
Poluição (14,5%)
154 pts
Poluição de água e ar, excluindo CO2
Fonte: Baldwin et al., 1998.
4.2.2.4. PONDERAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO
O sistema de ponderações é predeterminado, resultado de um processo de
discussão entre profissionais multidisciplinares, além de outras instituições de
interesse público ou privado do Reino Unido, atualizado de tempos em tempos
(Curwell, 2001).
Nas versões anteriores ao BREEAM’98, as categorias de avaliação eram
agrupadas segundo a escala dos impactos: global, local e interna. O HK-BEAM
utiliza esse critério até hoje. Fatores de ponderações foram introduzidos na
versão 98 para as categorias de créditos ambientais, com o objetivo de
determinar um índice de desempenho ambiental (EPI), com valores variando
de zero a 10 (Figura 7). A classificação é feita de acordo com o EPI obtido,
enquadrando o edifício em quatro níveis de certificação, de acordo com Quadro
14 (Agopyan & Silva, 2003).
Quadro 14 - Classificação provável no BREEAM, conforme pontos obtidos na
lista de verificação simplificada
NÍVEL DE
PROJETO E EXECUÇÃO
GESTÃO E OPERAÇÃO
Aprovado
≥200pts (25%)
≥160pts (21,1%)
Bom
≥300pts (37,5%)
≥280pts (36,9%)
Muito Bom
≥380pts (47,5%)
≥400pts (52,8%)
Excelente
≥400pts (61,3%)
≥5200pts (68,6%)
CLASSIFICAÇÃO
Fonte: Agopyan & Silva, 2003
Capítulo 4 - Sistemas de Avaliação Ambiental de Edifícios
98
Figura 7 - Esquema da metodologia BREEAM 98
Fonte: Baldwin et al., 1998.
A aplicação de ponderações por requisitos é implícita, uma vez que o número
desses requisitos varia entre as diferentes categorias.
4.2.2.5. REGISTRO DOS RESULTADOS
Os cálculos e interpretações serão registrados em dois estágios. Um relatório
preliminar deve indicar o desempenho do edifício, o uso de práticas de
excelência, débitos pendentes e fornecer medidas práticas e reais para
melhorar a classificação. Qualquer melhoramento deve constar do segundo
relatório que será acompanhado do certificado. Esse relatório fornece a
classificação alcançada e pode ser usado para verificar e conferir maior
credibilidade ambiental a uma organização. Toda a certificação BREEAM é
realizada pelo BRE (BRE, 2002; Skopek, 2002; ECD6, 2003).
6
Energy Environmental Canadá
Capítulo 4 - Sistemas de Avaliação Ambiental de Edifícios
99
4.2.3. Potencialidades
O sucesso obtido pela metodologia BREEAM deve-se em grande parte (Grace,
2000; Silva et al. 2002):
•
a forma abrangente de englobar aspectos como energia, impacto ambiental,
saúde e produtividade;
•
possibilidade de identificação confiável e realista para melhoria, com
possíveis ganhos financeiros adicionais;
•
abordagem de desempenho de referência (benchmark).
BREAAM foi desenvolvido para fornecer flexibilidade e por isso é capaz de
atender às exigências do setor público e privado. Através de uma metodologia
simplificada, é possível que projetistas e gestores do edifício disponham de
uma pré-avaliação, o que auxilia nas escolhas de opções com menor impacto
do edifício.
4.2.4. Limitações
Faltam a esta metodologia, parâmetros mais flexíveis às diversidades culturais,
tecnológicas, econômicas e ambientais dos vários paises. Portanto, BREEAM
apesar de embasar diferentes versões em diferentes países, torna-se limitado
globalmente.
Por exemplo, ao considerar a quantidade de CO2 liberado para a atmosfera
como o principal meio para classificar o impacto ambiental de origem
energética. Isso é uma preocupação coerente nos países com matriz
energética fortemente baseada no uso de combustíveis fósseis. Porém no caso
dos países cuja principal fonte energética seja a hidroelétrica, o resultado
poderá ser equivocado nesta categoria, não podendo ser confiável para o caso
brasileiro, por exemplo.
Além disso, não fornece uma escala de desempenho com base científica e não
utiliza os conceitos de LCA.
Capítulo 4 - Sistemas de Avaliação Ambiental de Edifícios
4.3.
100
LEEDTM (LEADERSHIP IN ENERGY AND ENVIRONMENTAL DESIGN)
O esquema de avaliação LEEDTM foi desenvolvido nos Estados Unidos pelo US
Green Building Council (USGBC), uma instituição voluntária financiada pelo
National Institute of Standards and Technology (NIST), formada por arquitetos,
construtores, fabricantes de produtos, grupos ambientais, proprietários de
edifícios e agências governamentais, representando todo segmento da
indústria construtiva.
É uma ferramenta voluntária7 de classificação e
certificação ambiental direcionada ao mercado, com base em princípios
energéticos e ambientais pré-estabelecidos, que buscam fazer um balanço
entre práticas de mercado conhecidas e conceitos tecnológico novos (Silva,
2000; Lindsey & Todd, 2000; DNC, 2002).
LEEDTM identifica e informa a eficiência e o desempenho ambiental do edifício
de forma global, ao longo de seu ciclo de vida, tendo como objetivo geral
estabelecer preceitos inerentes ao conceito de green building e fornecer uma
padronização para medir a dimensão ambiental relativa dos projetos. A USGBC
está à frente desse sistema de avaliação e pretende realizar uma
transformação no mercado em direção ao projeto sustentável. Assim, LEEDTM
pode funcionar como um guia para projetistas e construtores (LEED, 2002;
DNC, 2002).
O sistema é projetado para ter um conteúdo claro e de simples operação, o que
o torna muitas vezes alvo de críticas. LEEDTM utiliza como referência conceitos
já estabelecidos em normas e recomendações de instituições com credibilidade
reconhecida como, por exemplo, a American Society of Heating, Refrigeration
and Air Conditionning Engineer (ASHRAE), a American Society for Testing and
Materials (ASTM), a Agência de Proteção Ambiental (EPA) e o Departamento
de Energia (DOE) (Silva, 2000). O apoio de associações e fabricantes de
materiais favorece a sua ampla disseminação nos EUA.
7
Os esquemas de avaliação de desempenho ambiental de caráter voluntário permitem
estimular o mercado para acelerar o alcance de metas estabelecidas ou mesmo ultrapassá-las
(USGBC, 2001).
Capítulo 4 - Sistemas de Avaliação Ambiental de Edifícios
101
LEEDTM é um documento-consensual aprovado por 13 representantes da
categoria da indústria de construção representadas no conselho gestor do
sistema (Agopyan & Silva, 2003). Inicialmente foi projetada para edifícios de
escritórios, mas, atualmente, é aplicável em edifícios de escritórios,
institucionais (bibliotecas, museus, igrejas, dentre outros) e residências com
mais de quatro pavimentos, novos e existentes (USGBC, 2001).
Contudo, preocupa-se com projeto e questões construtivas, sem considerar o
comportamento pós-ocupação. Abrange seis categorias de desempenho
conforme Quadro 15:
Quadro 15 - Categorias de Desempenho LEEDTM
CATEGORIAS
PRÉ-REQUISITOS
PONTOS
(% total de Pontos)
(7 PReq)
(max. 69 pts)
Sítios sustentáveis (20%)
até 14 pontos
Seleção de área
1
Redesenvolvimento urbano
1
Redesenvolvimento de áreas contaminadas (Brownfield)
1
Transporte alternativo
Redução de perturbação no sítio original
• Controle de erosão e
sedimentação
até 04
até 02
Gestão de água da chuva
até 02
Paisagismo e projeto de áreas para redução de ilhas de calor
até 02
Redução de poluição luminosa
1
Uso eficiente de água (7%)
até 05 pontos
Paisagismo com uso eficiente de água
até 2
Tecnologias inovadoras para reutilização de água
1
Conservação de água
até 2
Energia e atmosfera (25%)
Otimização do desempenho energético
Uso de energia renovável
Verificação de conformidade pré-entrega adicional (1pt)
até 17 pontos
• Verificação de conformidade
pré-entrega (commissioning)
eficiência energética mínima
2 a 10
até 3
1
Capítulo 4 - Sistemas de Avaliação Ambiental de Edifícios
Redução de HCFC8 e Halons (dano a camada de ozônio)
• Redução de CFCs nos
102
1
equipamentos de
Mensuração e verificação de desempenho
condicionamento e
1
ventilação artificial
Uso de tecnologias renováveis e de poluição zero: solar, eólica,
1
geotérmica, biomassa e hidroelétricas de baixo impacto
Materiais e recursos (19%)
até 13 pontos
Reutilização de edifícios
até 3
Gestão de RCD
até 2
Reutilização de recursos
Materiais com conteúdo reciclado
• Coleta e armazenamento de
material reciclável produzido
até 2
até 2
pelos usuários do edifício
Materiais regionais/locais
até 2
Materiais rapidamente renováveis
1
Uso de madeira certificada
1
Qualidade do ambiente interno (22%)
até 15 pontos
Monitoramento de CO2
1
Aumento eficiência de ventilação
1
Plano de gestão de qualidade do ar interno durante o processo
de construção
Materiais com baixa liberação de VOCs9
até 2
• Qualidade do ar interno
mínima
até 4
• Controle ambiental de
Controle de poluição interna por origem química
fumaça de cigarros
1
Controlabilidade dos sistemas pelos usuários
até 2
Controle térmico
até 2
Luz natural e vista para o exterior
até 2
Inovação e processo de projeto (7%)
até 5 pontos
Inovação (estratégias de projeto e uso de tecnologias)
até 4
Envolvimento do Profissional habilitado pelo LEEDTM
até 1
Fonte: San Jose, 2002; Agopyan & Silva, 2003.
8
Hidroclorofluorcarbono
9
Volatile Organic Compounds (Compostos orgânicos voláteis)
Capítulo 4 - Sistemas de Avaliação Ambiental de Edifícios
103
LEEDTM também inclui pontos referentes a inovações construtivas e aqueles
que favorecem a credibilidade profissional no processo projetual. A versão 1.0
foi lançada em Janeiro de 1999, testada e refinada por um conselho de
especialistas. Com base no teste piloto, 12 edifícios receberam a certificação. A
versão 2.0 já está disponível (Lindsey & Todd, 2000) desde 2000 e a versão
3.0 está sendo preparada e deverá ser lançada em breve (Agopyan & Silva,
2003).
4.3.1. Metodologia
LEEDTM é uma ferramenta que utiliza valores de referência (benchmark) que
permite ao usuário demonstrar o quanto ambientalmente corretos são seus
edifícios em comparação a outros.
A metodologia é estruturada em três etapas, a saber:
4.3.1.1.
1ª ETAPA: NIVELAMENTO
Essa etapa objetiva verificar se um edifício é ou não elegível para ser
efetivamente avaliado. O critério mínimo exigido é o cumprimento de uma série
de pré-requisitos que devem ser satisfeitos em uma pré-avaliação.
4.3.1.2.
2ª ETAPA: ANÁLISE E CLASSIFICAÇÃO
Consiste no preenchimento de uma lista de verificação (checklist), que,
apresenta as categorias e seus pré-requisitos respectivos, assim como o
número possível de pontos capazes de ser obtido.
O preenchimento consiste em atribuir pontos a cada um dos créditos presentes
nas respectivas categorias, apenas quando estão acima das necessidades
mínimas, ou seja, àqueles que não alcançarem os valores de referência
(benchmarck) estabelecidos como pré-requisitos não recebem pontos e o
campo da lista deve ficar em branco (Figura 8).
Capítulo 4 - Sistemas de Avaliação Ambiental de Edifícios
104
Figura 8 - Exemplo de lista de verificação para certificação LEED.
Fonte: USGBC, 2002.
Após o preenchimento prossegue-se com a somatória dos números de pontos
de cada categoria e posteriormente um total de toda lista de verificação. Com
base neste total, é concedido um certificado de classificação Prata, Ouro ou
Platina ou o edifício pode receber apenas a classificação Certificado
obedecendo a escala do Quadro 16 (LEED 2002; USGBC, 2001).
Capítulo 4 - Sistemas de Avaliação Ambiental de Edifícios
105
Quadro 16 - Níveis de classificação LEEDTM
NÍVEIS DE CLASSIFICAÇÃO
PONTOS (69 Centrais)
LEEDTM Certificado
26-32 pontos (40-50%)
LEED Prata (Silver)
33-38 pontos (51-60%)
LEED Ouro (Gold)
39-51 pontos (61-80%)
LEED Platina (Platinum)
≥ 52 (≥ 81%)
Fonte: San Jose, 2002; Silva, 2003.
4.3.1.3.
3ª COMUNICAÇÃO DOS RESULTADOS
A comunicação dos resultados ocorre através da própria lista preenchida, que
indica os créditos recebidos e o valor dos pontos obtidos.
4.3.2. Potencialidades
É uma ferramenta fácil de usar, principalmente, porque a maiorias dos dados
necessários estão acessíveis e são de fácil compreensão por arquitetos e
construtores.
A lista de verificações é relativamente simples e os créditos são preenchidos
facilmente. Portanto, LEEDTM pode ser usado como ferramenta pela equipe de
projeto visando identificar estratégias ambientais potenciais para a concepção
do edifício e encorajar o green design (Lindsey & Todd, 2000).
4.3.3. Limitações
A limitação básica dessa metodologia é a sua implementação dentro do
mercado de um único país, ou seja, as categorias e créditos refletem as
condições específicas dos Estados Unidos. Por isso, é confiável apenas para
normas e regulamentos americanos, dificilmente aplicáveis a outros locais.
Os critérios LEEDTM são uniformes em todo o país e para vários tipos de
ambiente, tais como urbano, suburbano e rural. Usuários têm percebido que
essa abordagem resulta na inaplicabilidade de vários critérios a projetos
específicos (Lindsey & Todd, 2000).
Capítulo 4 - Sistemas de Avaliação Ambiental de Edifícios
106
Além disso, LEEDTM avalia apenas aquelas áreas escolhidas pela equipe de
projeto que assumem ser forte, ou seja, silencia as áreas de fraqueza ou de
reduzido desempenho. Existe uma clara concentração dos créditos em certas
categorias. Assim, o panorama de um edifício avaliado pelo LEEDTM é
incompleto e não necessariamente reflete o desempenho green do edifício
como um todo (Silva et al., 2002; Lindsey & Todd, 2000).
LEEDTM também não inclui um sistema de ponderações em cada categoria
para diferenciar a escala de importância de cada item. Todos os itens
apresentam o mesmo peso. A USGBC usa essa abordagem devido à falta de
consenso de uma metodologia para ponderar categorias diferentes (Silva et al.,
2002; Lindsey & Todd, 2000). No entanto, o número variável de itens dentro
das categorias define implicitamente pesos para cada uma delas (Agopyan &
Silva, 2003).
Pode-se considerar ainda como limitação, a não abrangência referente à
questões relacionadas a planejamento para recuperação e reuso ou reciclagem
de materiais durante a renovação ou demolição futura do edifício e questões de
gestão construtiva para reduzirem resíduos. Além disso, não considera o
comportamento pós-ocupação.
4.4.
GBC (GREEN BUILDING CHALLENGE)
GBC é um consórcio internacional cuja meta primordial é fornecer um novo
método para avaliação de desempenho ambiental de edifícios. É usado por
agências governamentais e outras organizações de forma que os países
participantes possam incorporá-lo ou adaptá-lo a seus próprios métodos. O
GBC caracteriza-se por ciclos sucessivos de pesquisa e difusão de resultados.
Até o momento três ciclos foram concluídos e até 2005 o quarto será finalizado
com a SB’05, em Tókio (Quadro 17).
Atualmente, está em contínua exploração, refinamento, testes e ajustes
envolvendo inputs coletivos das equipes participantes.
Capítulo 4 - Sistemas de Avaliação Ambiental de Edifícios
107
Quadro 17 - Ciclos de desenvolvimento GBC
CICLO
DESCRIÇÃO
A etapa de desenvolvimento inicial (24 meses), integralmente financiada
Ciclo inicial (1996 a 1998)
pelo governo do Canadá, envolveu 15 países e culminou em uma
conferência internacional em Vancouver, Canadá – a GBC'98 em que
foram apresentados 34 edifícios estudo de caso.
Desenvolvida nos 18 meses seguintes, com a apresentação de 36
Segundo ciclo (1998 a 2000)
projetos de 19 países. Os resultados foram divulgados na conferência
Sustainable Buildings 2000.
Ocorreu no intervalo de 24 meses, envolvendo pesquisas conduzidas em
24 países, entre eles o Brasil, cujos resultados foram divulgados em nova
conferência internacional (SB’02/GBC’02), realizada em Oslo, Noruega.
Terceiro ciclo (2000 a 2002)
O governo canadense deixou de ser responsável pela gestão do
processo. A coordenação do GBC, assim como a co-responsabilidade
pela seqüência de conferências Sustainable Buildings (SB) foi absorvida
pela iiSBE (International Iniciative for Sustainable Built Environment) em
2000.
Fonte: Cole & Larsson, 2000; Agopyan & Silva, 2003.
O pensamento que norteia essa metodologia parte do princípio de que os
países
participantes
apresentam
agendas
ambientais
e
necessidades
diferentes, o que inevitavelmente cria expectativas diferentes da ferramenta de
avaliação. Essa evidência faz refletir a flexibilidade que este sistema de
avaliação procura alcançar com relação às diferentes prioridades, tecnologias,
tradições construtivas ou valores culturais dos vários países ou regiões de um
mesmo país (Cole, 1999; Sustainable Building, 2001; Silva & Silva, 2000).
Portanto, diferente dos outros programas, o GBC não pretende criar uma
metodologia com foco voltado a atender as expectativas de mercado, não
devendo, assim, ser usado com o propósito meramente comercial. No entanto,
o rápido crescimento de corporações globalizadas e seus desejos de trabalhar
com normas comuns têm despertado o interesse nesse enfoque, mais flexível,
o que justificará sua significativa importância comercial em médio prazo
(Building Groups, 2002; Sustainable Building, 2001).
O programa de avaliação GBC foi produzido inicialmente – e até 1998 – na
forma de um software complexo e de difícil atualização e utilização. No
segundo ciclo houve a migração para uma plataforma Excel constituída por
Capítulo 4 - Sistemas de Avaliação Ambiental de Edifícios
108
uma série de onze planilhas-padrão, que facilita a descrição completa do
edifício e seu desempenho, permitindo aos usuários realizar avaliações
relativas a valores de desempenho referência (benchmarks) (Agopyan & Silva,
2003).
O software denominado GBTool foi desenvolvido originalmente pela Natural
Resourse Canadá, como uma segunda geração de métodos de avaliação de
edifícios, frente à limitação dos existentes e à percepção de que haviam áreas
ignoradas ou pobremente definidas em outros sistemas (Sustainable Building,
2001).
O objetivo geral do GBC é fornecer uma base metodologia sólida e o mais
científica possível, dentro das limitações do estado atual do conhecimento,
buscando, porém, através de pesquisas contínuas, o aprimoramento. Diferente
do enfoque do GBC, os sistemas de avaliação de desempenho ambiental de
edifícios fornecem alguma forma de classificação de desempenho vinculada a
um sistema de certificação (Agopyan & Silva, 2003).
Embora muitos dos critérios de desempenho referidos no GBC 2000 sejam
genéricos e aplicáveis a uma ampla faixa de tipos de edifícios, o sistema de
escala de pontuação no GBTool foi estruturado para abranger três tipos
específicos de edifícios: residencial multi-familiar, escritórios e escola. Estes
foram selecionados como representantes dos tipos de edifícios mais genéricos
existentes, sendo isso fundamental para maximizar os valores para
comparações internacionais (Ziping, 2002; Cole & Larsson, 2000).
Pode-se sintetizar três aplicações distintas do método de avaliação ambiental,
evidentes durante o processo de desenvolvimento e teste do GBTool (Cole,
1999):
•
fornecer critérios simples, verificáveis e objetivos, de forma a respaldar
proprietários e construtores de edifícios no esforço realizado em relação a
normas de desempenho ambientais melhores e mais abrangentes. Assim,
terão um meio de demonstrar tal esforço como um mecanismo para
estimular maior receptividade e demanda do mercado;
Capítulo 4 - Sistemas de Avaliação Ambiental de Edifícios
•
109
fornecer a base para respaldar decisões de projeto, isto é, direcionar e
orientar todos os estágios durante o desenvolvimento do projeto para
enfocar questões prioritárias e sugerir o possível intercâmbio entre as
opções;
•
fornecer uma avaliação objetiva de um impacto construtivo no meio
ambiente, isto é, uma ferramenta para avaliar energia e fluxo de massa
entre edifício e sistema natural e fornecer um critério padrão para medir o
progresso em direção à sustentabilidade.
Os resultados diretos da metodologia fornecem uma contínua troca de idéias,
pelos melhores pesquisadores da área. Setores organizacionais, tanto públicos
como privados, estão sendo encorajados para usar tais resultados, objetivando
desenvolver novas gerações de sistemas de certificação em curto prazo, para
aplicações industriais na Coréia, Hong Kong, Canadá e Japão. A metodologia
de avaliação de edifício proposta pelo GBC já tem influenciado a recente
versão do BREEAM´98 (Sustainable Building, 2001).
4.5.
CARACTERÍSTICAS DO GBTOOL
Segundo Agopyan & Silva (2003), as principais características utilizadas no
GBC buscam:
•
realizar comparações internacionais de desempenho;
•
fornecer resultados inerentes às particularidades locais;
•
fornecer resultados com maior embasamento científico.
4.5.1. Valores de referência (Benchmark)
No GBC 98 as equipes participantes estabeleceram um “edifício referência”
apresentando as mesmas dimensões, forma, uso, esquema de operação e
seguindo as mesmas normas e práticas regionais que o edifício estudo de
caso. Contudo, esta abordagem mostrou dificuldade tanto conceitual como
para implementação prática. Assim, as equipes passaram a utilizar valores de
desempenho referência (benchmarks) a partir de base de dados e outras fontes
Capítulo 4 - Sistemas de Avaliação Ambiental de Edifícios
110
de dados estatísticos válidos para os respectivos países (Cole & Larsson,
2000).
O valor de desempenho referência (benchmark) deve refletir as exigências da
legislação atual ou estar de acordo com práticas construtivas típicas de
edifícios, também típicos.
É consenso entre os pesquisadores que, a
disponibilidade e aplicabilidade de valores de desempenho para caracterizar a
referência, varia com o edifício e a localização. Por isso, as equipes nacionais
de avaliação10 devem determinar e justificar um adequado e coerente valor
dentro de uma visão global de pretensões do GBC.
A GBTool utiliza-se de Benchmarks distribuídos em seis classes, conforme
Quadro 18:
Quadro 18 - Classes de benchmarks
CLASSES
ABORDAGEM
Informações gerais de projeto (vida útil prevista); implantação, orientação e
gerenciamento de resíduos e água de chuva; uso de materiais (redução,
Aspectos gerais do edifício
reutilização e reciclagem); estimativa de CO2 incorporado a estrutura e ao
envelope (proporção das emissões operacionais)
Valores-padrões para estrutura, de acordo com o peso da estrutura (Kg/m2)
Energia incorporada
Densidade de ocupação e consumo de
Apenas para ocupação residencial
água quente e fria
Benchmarks gerais,
De energia e de comutação de transporte
Taxa de renovação (ar externo); quantidade máxima de ar recirculado,
Ventilação mecânica (dados de projeto)
Ventilação natural
porcentagem de área refrigerada, UR de projeto, área das zonas de
refrigeração, grupo de itens referentes a aquecimento e refrigeração etc.
Grupo
de
itens
referentes
a
aquecimento,
Fonte: Silva et al, 2002.
10
relação
área
operáveis/área de piso; e relação área duto ventilação/ área de piso.
São equipes formadas por pesquisadores ou especialistas em cada país participante.
janelas
Capítulo 4 - Sistemas de Avaliação Ambiental de Edifícios
111
4.5.2. Indicadores de sustentabilidade ambiental
Para facilitar as comparações internacionais o GBC adota uma série de
medidas de desempenho, características de práticas da construção sustentável
denominadas de indicadores de sustentabilidade ambiental. Na versão 2K
(2000) apenas quatro indicadores eram usados:
•
área de solo consumida pelo edifício e atividades relacionadas;
•
consumo anual de energia primária;
•
consumo anual de água;
•
emissão anual de gases causadores de efeito estufa (GHG) durante a
operação do edifício.
Durante o encontro do International Framework Commottee em Santiago
realizado em março de 2001, preocupou-se em detalhar mais esta lista
chegando a cerca de 20 itens (SILVA et al, 2002). Na versão usada atualmente
GBTool 1.81 (2002) doze indicadores foram testados (Quadro 19).
Quadro 19 - Indicadores de Sustentabilidade Ambiental
utilizados pelo GBTool v 1.81
INDIDADORES DE SUSTENTABILIDADE
(os valores são normalizados por área e por área de ocupação)
ESI-1
Consumo total de energia primária inorporada (GJ)
ESI-2
Consumo anual de energia primária inorporada (MJ)
ESI-3
Consumo anula de energia primária para a operação do edifício (MJ)
ESI-4
Consumo anual de energia primária não-renovável para a operação de edifício (MJ)
ESI-5
Consumo anual de energia primária incorporada e para a operação do edifício (MJ)
ESI-6
Área de solo consumida pela construção do edifício e serviços relacionados (m²)
ESI-7
Consumo anual de água potável para operação do edifício (m³)
ESI-8
Uso anual de água cinza e água de chuva para operação do edifício (m³)
ESI-9
Emissão anual de gases de efeito estufa pela operação do edifício (kg. CO2 equivalente)
ESI-10
Vazamento previsto de CFC-11 equivalente por ano (gm)
ESI-11
Massa total de materiais reutilizados empregados no projeto, vindos do próprio terreno ou de fontes
externas (kg)
Capítulo 4 - Sistemas de Avaliação Ambiental de Edifícios
ESI-12
112
Massa total de novos materiais (não reutilizados) empregados no projeto, vindos de fontes externas (kg)
Fonte:Agopyan & Silva, 2003.
4.5.3. Áreas e Categorias de desempenho
GBTool cobre uma ampla faixa de questões ambientais, incluindo algumas não
abordadas em outros sistemas. Contudo, nem todas estão vinculadas à escala
de desempenho (categorias opcionais), e por isso não apresentam pontuação.
As áreas de desempenho para avaliação atual no GBC são (iiSBE, 2002; Silva
et al., 2002):
•
uso de recursos naturais: energia, solo, água e materiais não renováveis;
•
cargas ambientais: emissão de dióxido de carbono, poluição do ar,
depredação da camada de ozônio, resíduos sólidos e líquidos, efeitos no
entorno;
•
qualidade do ar interno: qualidade do ar, ventilação, conforto térmico,
iluminação natural e conforto acústico, poluição eletromagnética;
•
qualidade
dos
serviços
(opcional):
adaptabilidade,
durabilidade,
flexibilidade, controlabilidade pelo usuário, espaços externos e impactos nas
propriedades adjacentes;
•
aspectos econômicos (opcionais): ênfase no ciclo de vida;
•
gestão de pré-ocupação (opcional): planejamento do processo de
construção, verificação da pré-entrega e planejamento da operação;
•
transporte (ainda não operacional).
As primeiras quatro áreas são consideradas “centrais” e obrigatórias na
avaliação do GBC. Elas contêm as questões ambientais mais diretas e aceitas
em todos os métodos de avaliação ambiental de edifícios.
Cada área de desempenho engloba diversas categorias de desempenho,
conforme Quadro 20. Essas correspondem ao desempenho principal
característico, que, coletivamente define o desempenho completo de um
edifício estudo de caso.
Capítulo 4 - Sistemas de Avaliação Ambiental de Edifícios
113
Cada categoria é subdividida em critérios e estes algumas vezes em subcritérios. Ambos são ponderados com o objetivo de indicar seu grau de
importância dentro de sua categoria. Ajustes nesta ponderação podem ser
feitos, procurando garantir a relevância dos resultados para cada contexto de
avaliação específico, buscando refletir as condições locais de aplicação da
avaliação (Cole & Larsson, 2002). Segundo Silva et al. (2002), ainda não há
consenso referente a um método científico que estabeleça uma padronização
das ponderações.
Quadro 20 - Questões e categorias de desempenho
ÁREAS DE DESEMPENHO
CATEGORIAS DE DESEMPENHO
R1: Uso de energia primária líquida do ciclo de vida
R2: Uso do solo e mudanças na qualidade do solo
R: Uso de recursos naturais
R3: Consumo líquido de água potável
Refere-se à depredação dos recursos naturais
R4: Reutilização de estrutura ou materiais existentes e/ou
reciclagem de materiais.
R5: Quantidade e qualidade de materiais usados de fora do
local
L1: Emissão de gases que contribuem para o efeito estufa
L2: Emissões de substâncias que liberam ozônio
L3: Emissões de gases que conduzem a acidificações
L: Cargas ambientais
Refere-se às descargas finais da construção,
L4: Emissões que levam a formação de foto-oxidantes
L5: Emissões com potenciais de eutroficação
operação e demolição dos edifícios que causam
impactos nos sistemas naturais
L6: Resíduos sólidos
L7: Efluentes líquidos
L8: Resíduos perigosos
L9: Impactos ambientais locais e adjacências
Q1: Qualidade do ar e ventilação
Q: Qualidade do ar interno
Q2: Conforto térmico
Relacionadas às características do edifício que afetam Q3: Luz diurna e Iluminação
a saúde e conforto dos ocupantes do edifício e
Q4: Barulho e acústica
controlabilidade dos sistemas ambientais
Q5: Poluição eletromagnética
S: Qualidade de serviços
S1: Flexibilidade e adaptabilidade
Relacionadas às questões funcionais que mesmo
S2: Capacidade de controle dos sistemas
Capítulo 4 - Sistemas de Avaliação Ambiental de Edifícios
indiretamente tem um profundo efeito no desempenho
114
S3: Manutenção do desempenho
ambiental dos edifícios
S4: Privacidade, acesso à luz do sol e vistas
S5: Qualidade de amenidades e desenvolvimento do local
S6: Impacto na qualidade de serviço do local e adjacências
E: Aspectos Econômicos
E1: Desempenho econômico
Relacionadas a custos
M: Gestão de pré-ocupação
M1: Planejamento de processos de construção
Relaciona-se ao desempenho obtido a partir do
M2: Desempenho direcionado
planejamento efetivo na operação para edifícios
M3: Planejamento de operações dos edifícios
Vários critérios e/ou sub critérios de desempenho podem não ser aplicáveis
para alguns casos. O GBTool fornece esta alternativa conferindo a estes
pontuação zero. A decisão da não aplicabilidade dos critérios é tomada pelas
equipes, devendo ser racionalmente justificada, uma vez que, tem uma
considerável influência no somatório da pontuação. Deve ser aplicada em
circunstâncias onde os critérios de desempenho não são pertinentes para o
projeto do estudo de caso e não onde dificuldades técnicas dificultam a
realização da avaliação (Cole & Larsson, 2002).
4.5.4. Sistema de pontuação
O GBTool utiliza-se de um sistema de pontuação capaz de abranger critérios
qualitativos e quantitativos, segundo uma escala de graduação de desempenho
(Cole & Larsson, 1997; NRCan & CANMET, 1998).
Todos os critérios e sub-critérios de desempenho adotados são avaliados
quantitativamente segundo uma escala de desempenho estabelecida entre -2
(desempenho inferior ao mínimo aceitável) a +5 (meta de desempenho além
das práticas de projeto, execução e operações convencionais).
O “zero” na escala de desempenho corresponde ao desempenho referência
(benchmarks) previamente definido de acordo com as normas atuais e/ou
práticas típicas da região. Todos os desempenhos são avaliados em relação a
essa condição.
Capítulo 4 - Sistemas de Avaliação Ambiental de Edifícios
115
A pontuação +5 na escala representa um desempenho alvo, sendo possível ser
atingida com a utilização de tecnologias disponíveis, mesmo que não usuais,
caso preocupações com custos não sejam um problema (Silva et al., 2002;
Ziping, 2002; Silva & Silva, 2000).
Pontuações negativas (-1 ou -2) indicam que o desenvolvimento é claramente
inferior ao aceito pelas normas em vigor. É improvável ocorrer já que o
benchmark representa o atendimento às normas mínimas necessárias, mas
poderá ocorrer em áreas de desempenho não cobertas pela lei.
Para os critérios e sub-critérios descritos qualitativamente, é permitido entrar
com descrições textuais que abranjam as características necessárias para
adquirir a respectiva pontuação.
O conceito de escala de pontuação está implícito na pontuação BREEAM e no
LEED, mas esta idéia de uma escala clara que aponta inclusive desempenho
negativo, foi introduzida pelo GBC e incorporada em sistemas como o
CASBEE, lançado em 2002 e o ESCALE ainda em desenvolvimento (Agopyan
& Silva, 2003).
4.5.5. Sistema de ponderações
O uso de pesos ainda é um aspecto polêmico na avaliação de desempenho de
edifício, mas é uma necessidade essencial para valorar a importância entre
diversos critérios e sub-critérios de desempenho.
No GBTool a ponderação é personalizável nas categorias para que a
metodologia atenda às particularidades locais (Tabela 2). A pontuação das
categorias
principais
é
multiplicada
pelos
fatores
de
ponderação
correspondentes, definidos pelas equipes nacionais de avaliação segundo
condições locais e contextuais. Os fatores de ponderação dos itens das
categorias (critérios e sub-critérios) são divididos igualmente (fixados por
default) e o usuário não pode alterar. Apenas os pesos das categorias são
personalizados (Agopyan & Silva, 2003).
Capítulo 4 - Sistemas de Avaliação Ambiental de Edifícios
116
Tabela 2 - Categorias avaliadas no GBTool com ponderações default do
sistema
CATEGORIAS
PESO (TOTAL 100%)
Uso de Recurso
20%
Cargas ambientais
25%
Qualidade do ar interno
20%
Qualidade dos serviços
15%
Aspectos econômicos
10%
Gestão pré-ocupação
10%
Transporte
Ainda não operacional
Fonte: Agopyan & Silva, 2003
4.5.6. Sistema métrico
Como o GBTool será aplicado em torno de uma ampla faixa de regiões e tipos
de edifícios, cada um deles com diferentes práticas construtivas, custos
energéticos, escolhas de materiais e expectativas de desempenho, foi
impossível oferecer um sistema métrico preciso e universal.
Assim, o sistema foi projetado para ter uma abordagem e estrutura comum,
mas passíveis de serem alteradas pelas equipes nacionais de avaliação para
adequar-se às necessidades nacionais e regionais.
Para isso, as expressões utilizadas na programação do sistema referente aos
critérios e sub-critérios de desempenho sempre permanecem consistentes e de
acordo com o esperado na essência do GBC, não sofrendo com possíveis
variações em palavras ou pesos (Cole & Larsson, 1999).
Com relação ao sistema de unidades, o GBTool procura enquadrar sempre que
possível à norma (SI), portanto, os valores devem estar sempre convertidos
para tal. Porém, duas unidades não familiares são incluídas para normalizar
valores de desempenho para ocupação: Kaph (mil pessoas ano por horas de
ocupação) e Maph (milhões de pessoas ano por horas de ocupação).
Capítulo 4 - Sistemas de Avaliação Ambiental de Edifícios
117
4.5.7. Estrutura do GBTool
A estrutura do GBTool pode ser descrita em vários níveis hierárquicos de
detalhamento (Figura 9):
Ponderação
Ponderação
Áreas de desempenho
Ponderação
Categorias de
desempenho
Critérios de desempenho
Sub-critérios de desempenho
Figura 9 - Estrutura hierárquica do GBTool.
A pontuação final do edifício é derivada pela agregação ponderada sucessiva
de pontuações nesses quatro níveis hierárquicos, resultando em um acúmulo
sucessivo de ponderações um tanto subjetivo.
Segundo Cole & Larsson (1999), a estrutura do GBTool pode ser dividida em
dois módulos: Módulo de entrada de dados do Edifício Verde
11
(Inputs) e
Módulo de Avaliação do Edifício Verde 12. Ambos são desenvolvidos através
de um programa de banco de dados interativo.
Conceitualmente o GBTool é um sistema relativamente simples, e consiste em
um software baseado em uma planilha comum do Microsoft Excel de fácil
preenchimento, embora apresente nos dois módulos campos para cálculo.
Essa planilha pretende facilitar o trabalho das equipes nacionais de avaliação
em especificar o valor de referência e em modificar os valores de pontuação e
ponderação.
11
Green Building Imputs (GBI)
12
Green building Asessment (GBA)
Capítulo 4 - Sistemas de Avaliação Ambiental de Edifícios
118
A planilha inicia-se com duas páginas. A primeira denominada INTRO
(Introdução) fornecendo um guia de uso do GBTool e notas de mudança em
relação as versões anteriores. A outra se refere à Identificação Geral (ID) do
edifício, como nome, localização, vida útil prevista, uso previsto, dentre outros.
As páginas seguintes estão divididas em 4 (quatro) seções conforme Quadro
21:
Quadro 21 - Seções que estruturam o GBTool
SEÇÕES
PÁGINAS DE TRABALHO
Cntxt (Contexto)
DESCRIÇÃO
Caracterização da área urbana, vizinhança e do lugar.
Atribuição às questões e categorias de desempenho,
Vote (Voto)
valores correspondentes a ponderações relacionadas
a sua importância relativa.
Seção I
EnGen (Geração de energia)
Entrada de dados relativos a geração de energia
Atribuição de uma base para futuras pontuações.
Bmark (Valores de referência-Benchmark)
Dados de entrada equivalentes às práticas usuais da
região, considerando o tipo e a classe do edifício.
Dados de entrada relativos a todas as áreas (piso,
Área (Áreas)
parede, vãos, telhados) para diversas funções que o
edifício abriga.
Arch (Arquitetura)
Tech (Tecnologia)
Dados de entrada das características detalhadas dos
aspectos arquitetônicos do edifício.
Dados de entrada das características detalhadas dos
aspectos tecnológicos do edifício.
Seção II
Matrl (Material)
Dados de entrada das características detalhadas dos
materiais usados no edifício.
Dados de entrada referentes a ocupação, operação e
Ops (Operações)
planejamento do gerenciamento de pré-operações e
processos construtivos do edifício.
Seção III
Economic e LCC (Economia e Custo do ciclo
Dados de entrada econômicos, como custos, taxas de
de vida)
inflação e descontos.
Assess (Avaliação)
Rprt (Relatório)
Contém campos de pontuações para todos os critérios
e sub-critérios.
Resume e mostra todas as características chave e
dados de desempenho do Benchmark e do edifício
Seção IV
estudo de caso
Capítulo 4 - Sistemas de Avaliação Ambiental de Edifícios
119
Fornece uma visão geral de todas as ponderações
Weight (Ponderações)
(pesos)
usadas
para
resultar
a
pontuação
do
desempenho nos diferentes níveis.
Mostra resultados da avaliação baseado em sua
Result (Resultado)
pontuação e ponderações através de indicadores de
sustentabilidade ambiental e diagramas de barras.
Fonte: Com base no Software.
Agopyan & SIlva (2003) propõem outra categorização conforme os blocos de
entrada e saída de dados (Figura 10):
•
planilhas de entrada de dados (6):
o
contexto;
o
descrição da matriz energética;
o
descrição do edifício;
o
áreas;
o
característica do envelope;
o
aspectos econômicos;
•
planilha de caracterização de desempenho de referência (benchmark);
•
planilha para definição de fatores de ponderação;
•
planilha de avaliação, preenchida semi-automaticamente com base nas
informações das planilhas citadas anteriormente;
•
planilhas de saída de dados (2):
o
relatório;
o
resultados.
As planilhas para definição de benchmark e de fatores de ponderação são de
responsabilidade exclusiva da equipe de avaliação enquanto que os projetistas,
executores e operadores do edifício fornecem apenas a descrição do edifício.
Capítulo 4 - Sistemas de Avaliação Ambiental de Edifícios
120
Figura 10 - Blocos de entrada e saída de dados na GBTool
Fonte: Agopyan & Silva, 2003.
As várias seções de entrada de dados do GBTool, apresentam códigos de
cores para identificar o que e como os campos devem ser completados pelo
usuários e o que deve ficar intacto. Assim temos:
•
campo amarelo: os usuários devem entrar com textos (dados descritivos);
•
campo azul turquesa: os usuários devem entrar com dados numéricos;
•
campo azul: os usuários devem escolher dentre as opções oferecidas em
uma caixa de diálogo aberta após um “clique” no campo.
•
campo cinza: fornece o resultado de um cálculo feito dentro do GBTool, ou
uma informação relatada e não deve ser alterado pelo usuário.
4.5.8. Comunicação dos resultados
O GBTool gera automaticamente o gráfico de desempenho global e do
desempenho em cada categoria, além de seis gráficos parciais, um para o
desdobramento de cada área implementada (Figura 11).
Capítulo 4 - Sistemas de Avaliação Ambiental de Edifícios
121
Figura 11 - Gráfico de desempenho global (esquerda) e de cada categoria de
desempenho. A linha grossa vermelha indica a nota 0 e representa a prática
típica (Benchmark).
Fonte: Agopyan & Silva, 2003.
4.5.9. Potencialidades
Segundo iiSBE (2002) as principais diferenças entre o programa GBC e outros
sistemas de avaliação de desempenho ambiental caracterizam-se como
amplos benefícios desta ferramenta, tais como:
•
por ser parte de um processo que envolve diversos países, não pretende ter
uma aplicação comercial direcionada a um contexto específico. O GBTool
considera a existência de condições variadas entre países e até dentro de
um mesmo país. Por isso o software usado é projetado para permitir fácil
identificação dos fatores locais para benchmarks, pesos e contextos;
•
o envolvimento de vários países no processo GBC aumentou a
probabilidade de que todas as questões de desempenho tenham sido
consideradas;
•
o GBTool permite ao usuário especificar até quatro tipos de uso no estágio
de projeto e até quatro diferentes unidades dentro de um mesmo projeto,
sendo adequado para edifícios complexos e modernos, ao contrário de
outros sistemas de avaliação, que são limitados a reduzidos tipos de
edificação.
Capítulo 4 - Sistemas de Avaliação Ambiental de Edifícios
122
O GBC é o único sistema que vai além da avaliação de desempenho ambiental
ao considerar também o desempenho econômico, que procura estimar o custo
envolvido na obtenção de um determinado nível de desempenho ambiental,
com a intenção de estimular o emprego de métodos de valoração em longo
prazo e de reunir dados para desmistificar o pré-conceito de que edifícios com
melhor desempenho ambiental são necessariamente muito mais caros que um
edifício comum (Agopyan & Silva, 2003).
Outra particularidade do GBTool apontada por Silva (2003) é o fato de ser o
único sistema de avaliação implementado pautado pela abordagem de
desempenho. A maior parte das metodologias é prescritiva e orientada a
dispositivos ou estratégias, e trabalham com listas de verificação (checklists)
que concedem créditos em função da aplicação de determinadas estratégias
de projeto ou especificação de determinados equipamentos. Esta é uma saída
com nível de complexidade muito menor, que presume que um grupo de
estratégias e equipamentos provavelmente levará a alguma melhoria de
desempenho, ainda que ela não possa ser estimada.
4.5.10. Limitações
O usuário do GBTool deve estar consciente das seguintes limitações (Buildings
Groups, 2002):
•
o sistema só pode ser aplicado a edifícios de escritórios, residências
multifamiliares e escolas;
•
o sistema é um programa e não um modelo de simulação. Usuários devem
usar outra ferramenta de software para simular, por exemplo, desempenho
energético, energia incorporada estimada e emissões, conforto térmico
previsto, qualidade do ar, dentre outros;
Agopyan & Silva (2003) apontam ser necessária a revisão detalhada das
referências adotadas na ferramenta GBTool, assim como o rastreamento de
erros da ferramenta. Estas tarefas são dificultadas pela grande quantidade de
fórmulas distribuídas nas várias planilhas que compõem o GBTool, muitas
delas calculadas automaticamente e não acessadas pelo usuário.
Capítulo 4 - Sistemas de Avaliação Ambiental de Edifícios
123
Quadro 22 - Quadro resumo das metodologias de avaliação de desempenho
mais usadas
BREEAM
CATEGORIAS DE
DESEMPENHO
POTENCIALIDADES
LIMITAÇÕES
APLICAÇÃO
AVALIADAS
• Aplica-se a diversos tipos
• Utilização de recursos
naturais
• Geração de poluição e
emissões*
• Qualidade do ambiente
interno*
de edifício
• É um método claro e de
fácil compreensão
• Utiliza ponderações para
cada categoria, chegando a
operações*
Edifícios de escritório (novos
CO2 liberado para a atmosfera
e existentes), residenciais,
como o principal meio para
supermercados, lojas de
classificar o impacto ambiental
departamento e unidades
de origem energética
industriais novas
• Faltam parâmetros mais
um número único e de fácil
flexíveis às diversidades
interpretação
• Gerenciamento de
• Considerar a quantidade de
culturais, tecnológicas,
• É amplamente utilizado,
econômicas e ambientais dos
com diversos edifícios já
diferentes países
FERRAMENTA DE
AVALIAÇÃO
Questionários, listas de
verificação (cheklist)
avaliados
LEEDS
CATEGORIAS DE
DESEMPENHO
POTENCIALIDADES
LIMITAÇÕES
APLICAÇÃO
AVALIADAS
• Sustentabilidade local
• Eficiência de água
• Energia e atmosfera
• Materiais e recursos
• Fácil de usar
forte auxílio a projetistas.
Edifícios comerciais,
realidade americana
institucionais e residenciais
de múltiplo uso
• Lista de verificação simples
e rápida de usar, fornecendo
• Implementação restrita a
• Silencia as áreas de fraqueza
ou de reduzido desempenho do
AVALIAÇÃO
edifício
• Não inclui um sistema de
• Qualidade interna do ar
FERRAMENTA DE
ponderações em cada
Checklist para preenchimento
e cálculo de pontos
categoria
GBC
CATEGORIAS DE
DESEMPENHO
POTENCIALIDADES
LIMITAÇÕES
APLICAÇÃO
AVALIADAS
• Utilização de recursos
• Respeita as diversidades e
• Não avaliar desempenho
naturais
realidades locais e regionais
durante as condições
Edifício residencial multi-
operacionais, ou seja, antes da
familiar, escritórios e escola.
• Geração de poluição e
emissões
• Categorias de desempenho ocupação.
bastante abrangentes
Capítulo 4 - Sistemas de Avaliação Ambiental de Edifícios
emissões
bastante abrangentes
• Qualidade do ambiente
• Utiliza ponderações para
interno
hierarquizar as categorias de
• Longevidade
• Processo
• Contexto de Inserção
acordo com o benchmark
local
• Torna-se válido por uma
equipe internacional
• Aplicável a tipos restritos de
124
FERRAMENTA DE
AVALIAÇÃO
edifícios
• Complexo para uso
• Necessita monitoramento
profundo pela equipe nacional,
em todas as etapas do
processo de avaliação.
GBTool (software com base
em uma planilha do Microsoft
Excel)
Capítulo 1 - Introdução
15
1. INTRODUÇÃO
1.1
CONTEXTUALIZAÇÃO
No início dos anos 70, em plena crise do petróleo, diversas publicações
importantes apresentavam um ponto comum: discussões relativas a super
exploração
do
meio
ambiente
pelo
homem,
especificamente,
o
desenvolvimento econômico e sua repercussão diante as limitações ambientais
necessárias para acompanhar esse crescimento global (NSSD1, 2003).
Diante dessas preocupações, as questões ambientais passaram a fazer parte
do escopo de diversas políticas sócio-econômicas discutidas na Conferência
das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, realizada em Estocolmo em
1972 (Agopyan & Silva, 2003).
Em 1987, o Comitê Mundial para o Desenvolvimento e Meio Ambiente (World
Commission on Environment and Development) definiu desenvolvimento
sustentável como sendo a capacidade de atender as necessidades da
geração presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de
suprirem suas próprias necessidades.
Porém, esse clássico conceito, apesar de correto e coerente, é um tanto vago,
tendo em vista a dificuldade de prever as necessidades plenas das gerações
futuras. Como relata Viggiano (2004), pode-se conhecer as necessidades
básicas do ser humano nos dias atuais, tanto a nível pessoal quanto coletivo,
entendendo que tais necessidades flutuam entre limiares absolutamente
díspares. Não só o futuro incerto pode estar comprometido, mas também o
presente. Dessa forma, o conceito de sustentabilidade deve ser definido não só
como um conjunto de ações presentes ou futuras, mas também como um
conjunto de atitudes.
Assim, o desenvolvimento sustentável proporciona um novo marco básico de
referência para todas as atividades humanas, buscando manter a qualidade
1
National Strategies for Sustainable Development
Capítulo 1 - Introdução
16
geral de vida, assegurando o acesso aos recursos naturais e evitando a
continuidade dos prejuízos ambientais. A abordagem foi gradualmente aceita
ao redor do mundo com respeito a quase todos os aspectos do
desenvolvimento humano buscando um equilíbrio entre as dimensões sociais,
econômicas e ambientais (Figura 1).
A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, realizada
no Rio de Janeiro (ECO’92), estabeleceu metas ambientais a serem cumpridas
por diversos países, a chamada Agenda 212 que consolida a idéia de
compatibilidade entre o desenvolvimento, sobretudo dos paises considerados
em patamares insatisfatórios de renda e riqueza, e a conservação do meio
ambiente para que as gerações futuras tenham o direito ao usufruto da vida em
ambientes saudáveis.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
DIMENSÃO AMBIENTAL
Proteção do ambiente
físico e seus recursos, e o
uso destes recursos.
DIMENSÃO ECONÔMICA
Requer um sistema
econômico que facilite o
acesso a recursos e
oportunidades e o aumento
de prosperidade para todos.
DIMENSÃO SOCIAL
Garantir diretos
humanos básicos e
desenvolvimento de
níveis aceitáveis de
qualidade de vida
Figura 1 - Aspectos compreendidos no desenvolvimento sutentável.
A Agenda 21 já foi interpretada em diversas agendas locais e setoriais.
Segundo Agopyan & Silva (2003), a participação econômica significativa, aliada
ao aumento da percepção da dimensão dos impactos ambientais pelo setor
construtivo em todo mundo, resultou em diversas medidas para reduzir tais
impactos, culminando em uma releitura da Agenda 21, específica para a
construção civil, com abordagem que envolve todo o ciclo de vida das
edificações.
2
Agenda 21 é o documento consensual elaborado entre governadores e instituições da sociedade civil de 179 países.
Traduz em propostas de ações o conceito de desenvolvimento sustentável.
Capítulo 1 - Introdução
17
A Agenda Habitat II é, no setor da construção civil, a interpretação de maior
relevância estabelecida na Conferência das Nações Unidas realizada em
Istambul em 1996 (CIB3, 1999). A partir da assinatura do Protocolo de Quioto
(MCT4, 1998), países industrializados comprometeram-se a reduzir, até o
período entre 2008 e 2012, suas emissões combinadas de gases de efeito
estufa em pelo menos 5% em relação aos níveis de 1990.
Nesse contexto, a indústria da construção civil e o ambiente construído são
peças indissociáveis para o desenvolvimento sustentável da sociedade. A
interação do edifício com o meio ambiente ocorre de diversas formas. Como os
edifícios têm uma vida longa, causam um efeito profundo no ambiente, tanto na
fase de construção, como na operação e demolição (interação prolongada).
Além disso, a indústria da construção civil emprega grande volume e
diversidade de materiais e componentes, e o edifício gera alto volume de
resíduos depositados no meio ambiente urbano.
Mais recentemente, surgem termos mais restritivos como, sustentabilidade
construtiva
e
green
building,
incorporados
ao
conceito
global
de
desenvolvimento sustentável e relacionados especificamente a indústria
construtiva.
Esses conceitos variam conforme as prioridades de cada país, relacionados ao
clima, cultura e tradições construtivas, estágio de desenvolvimento industrial,
natureza das edificações existentes e características dos diversos agentes
envolvidos no processo construtivo de cada país.
Green Building é o termo usado para classificar edifícios com menor impacto
ambiental e energeticamente eficientes. Na verdade, uma abordagem green
relativa ao ambiente construído, envolve uma visão holística, porém mais
específica que sustentabilidade, contemplando somente sua dimensão
ecológica, sem considerar, no entanto, questões sociais, urbanas e
econômicas. As preocupações principais são: eficiência energética e energias
3
International Council for Research and Innovation in Building and Construction.
4
Ministério da Ciência e Tecnologia.
Capítulo 1 - Introdução
18
renováveis, impactos ambientais diretos e indiretos, conservação das fontes
naturais, eficiência no uso de água e do solo, reciclagem, qualidade do
ambiente interno.
Essa nova abordagem exigirá dos arquitetos, engenheiros e construtores, uma
consciência maior quanto à importância dos recursos globais de energia,
devendo considerar esses conceitos desde a etapa de planejamento e projeto
até a demolição do edifício, ou seja, abrangendo todo o ciclo de vida da
edificação para, de fato, reduzir seu impacto no meio ambiente.
Segundo a associação francesa Haute Qualité Environmentale (HQE, 2001), o
edifício interage com o meio ambiente em diversos momentos de sua
existência (planejamento, implantação, uso, manutenção, reabilitação e
demolição), envolvendo diferentes agentes da cadeia produtiva dentre os quais
projetistas, empresas construtoras e fornecedores.
Por isso, estão sendo desenvolvidas, nos países do Primeiro Mundo,
estratégias amplamente estimuladas por agências governamentais, instituições
de pesquisa e pelo setor privado, em geral, de caráter voluntário, que buscam
garantir a minimização dos impactos ambientais das edificações.
Através da promulgação de Códigos e Regulamentações, essas Políticas
públicas procuram impor requisitos ambientais a várias atividades econômicas,
resultando, de fato, em uma demanda por produtos e serviços ambientalmente
menos agressivos. Paralelamente, os padrões internacionais de eficiência
ambiental foram elevando-se gradativamente e algumas instituições passaram
a conceder financiamentos, preferencialmente, a projetos com bons resultados
nas avaliações ambientais.
Outras iniciativas voluntárias têm contribuído para essa questão, o apoio a
instituições de pesquisa ou a divulgação de informativos técnicos e práticos
para orientação dos profissionais da indústria construtiva, em particular os
projetistas, procurando garantir um enfoque ambiental desde a concepção do
edifício.
Buscando garantir o cumprimento das metas estabelecidas nas agendas
ambientais e visando encorajar a demanda do mercado por níveis superiores
Capítulo 1 - Introdução
19
de desempenho ambiental, surgem as metodologias para certificação,
classificação, rotulagem e avaliação ambiental de edifícios, essa, sustentadas
na década de 90, pelos conceitos de análise do ciclo de vida (Life Cycle
Assessment - LCA) nos países da Europa e América do Norte (Silva, 2003).
Estes instrumentos diferem na quantidade e no nível de agregação das
informações apresentadas. Um selo ambiental representa apenas um produto
que atendeu a determinados pré-requisitos ambientais pré-estabelecidos. Os
esquemas de classificação posicionam o produto em relação a alternativas
disponíveis no mercado. As certificações ambientais fornecem uma descrição
estruturada de aspectos ambientais do produto, porém não permitem
comparação direta entre alternativas.
Todavia, é consenso entre pesquisadores e agências governamentais, que
avaliação de desempenho ambiental, juntamente com um sistema de
certificação, é um dos métodos mais eficientes para avaliar o nível de
desempenho ambiental, tanto de edifícios existentes, como de projetos novos.
Além da motivação a partir da perspectiva quanto à melhoria do desempenho,
o desenvolvimento de um método de avaliação adequado, permite também,
criar parâmetros para divulgação mercadológica, especificar desempenho
ambiental, auxiliar projetistas, além de apoiar o desenvolvimento de legislações
e normalizações referentes ao desempenho ambiental e embasar auditorias
ambientais. Podem servir, ainda, de referência para incentivos e assim
promover boas práticas ambientais.
Em síntese, as metodologias de avaliação ambiental de edifícios objetivam
medir quão bom ou ruim é o desempenho ambiental de um edifício em relação
a um conjunto determinado de critérios. Por exemplo, diante de desempenhos
conhecidos tomados como referência, é possível julgar e identificar onde é
necessário efetuar melhorias estratégicas.
Neste contexto, surgem as questões: “Quais preocupações ambientais incluir
numa avaliação?”, “O que define Qualidade Ambiental de edifícios?”. Segundo
Cardoso (2003) qualidade ambiental de um edifício é sua capacidade de
satisfazer exigências relacionadas a:
Capítulo 1 - Introdução
•
controle dos impactos ambientais causados ao ambiente externo;
•
criação de um ambiente interno confortável;
•
aspectos econômicos e sociais.
20
Diante do exposto, torna-se fundamental nesse momento conceituar também
impacto ambiental, como sendo qualquer modificação ocorrida no meio
ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, das
atividades, produtos ou serviços de uma organização (NBR ISO 14001).
Impacto ambiental não deve ser confundido com aspecto ou preocupação
ambiental conforme cita Cardoso (2003), aspecto ambiental é o elemento das
atividades, produtos ou serviços de uma organização que pode interagir com o
meio ambiente.
Surge assim mais um questionamento: “Que preocupações ambientais incluir
numa avaliação de desempenho dos edifícios?”.
A disponibilidade de métodos é crescente, com distinções fundamentais entre
eles. No entanto todos abrangem minimamente cinco preocupações:
•
utilização de recursos naturais (energia, água, materiais, eficiência no uso
do solo);
•
geração de poluição e emissões (emissões para o ar; resíduos sólidos;
efluentes líquidos; outras cargas ambientais);
•
qualidade do ambiente interno;
•
comprometimento ambiental de todos os agentes envolvidos e qualidade do
gerenciamento da operação do edifício;
•
contexto de Inserção (distâncias de transportes, impactos no entorno, entre
outros).
A maior parte das metodologias de avaliação adotam critérios de desempenho
ambiental que representam uma disposição quantitativa a ser atingida ou um
determinado nível de desempenho a ser alcançado em uma certa preocupação
ambiental. Para que os resultados de avaliação de desempenho possam ser
Capítulo 1 - Introdução
21
comparados, os métodos utilizam-se, quase sempre, de indicadores de
desempenho ambiental.
Muitos métodos são baseados em valores de referência (benchmark), o que
significa que créditos ambientais são adquiridos de acordo com o resultado da
comparação entre o desempenho de um edifício sob avaliação e um
desempenho de referência previamente estabelecido. Esse desempenho de
referência poderia ser, por exemplo, um nível mínimo de desempenho
estabelecido em Norma ou Lei, ou uma prática comum no mercado local.
Para que uma metodologia seja aceita internacionalmente é necessário que
tenha uma cobertura abrangente de preocupações ambientais.
Diante deste aspecto os métodos de avaliação de edifícios mais usados e
consagrados serão relacionados neste trabalho, buscando enfatizar suas
vantagens e desvantagens e as ferramentas de ação utilizadas.
1.2
PRINCIPAIS CONFERÊNCIAS E CENTROS DE PESQUISA NO TEMA
A partir da década de 90, o desempenho ambiental dos edifícios passou a ser
alvo de pesquisadores incentivados fortemente por agências governamentais e
pelo setor privado buscando definir as estratégias para minimizar os impactos
ambientais dos edifícios.
Nesse contexto, uma série de eventos internacionais e nacionais tem sido
promovido com o objetivo de propor, discutir e trocar informações sobre esse
tema. Dentre eles pode-se citar o indicado na Quadro 1:
Quadro 1 - Eventos relacionados com construção sustentável e avaliação
ambiental de edifícios
ANO
ORGANIZAÇÃO
CIB
1995
IBPSA 5
5
EVENTO
1° International Conference on
Buildings and the Environment
1° Building Simulation 1995
International Building Performance Simulation Association
LOCAL
Garston, UK
Madison, EUA
Capítulo 1 - Introdução
22
1996
CIB W62
1997
CIB
CIB
1998
NRCan
CIB W62
1999
22° Water Supply & Drainage for
Buildings
2nd International Conference on
Buildings and the Environment
CIB World Building Congress
Construction and the Environment
Green Building Challenge 98
24th Water Supply & Drainage for
Buildings
IBPSA
Building Simulation 1999
NOVEM / CIB
Sustainable Building 2000 (SB 2000)
ANTAC
2000
PCC.EPUSP / CIB
ISIAQ6
CIB W62
DAC / FEC /
UNICAMP
ANTAC
VIII Encontro Nacional de Tecnologia
do Ambiente Construído (ENTAC)
CIB Symposium on Construction and
Environment – Theory into practice
Healthy Buildings 2000
26th Water Supply & Drainage for
Buildings
Lostorf, Suíça
Paris, França
Gävle, Suécia
Vancouver, Canadá
Rotterdam, Holanda
Praga, República
Tcheca
Maastricht, Holanda
Salvador, BA
São Paulo, Brasil
Espoo, Finlândia
Rio de Janeiro, Brasil
ENCAC
Campinas, Brasil
II Encontro Nacional (ENECS) e I
Canela, Brasil
Encontro Latino Americano sobre
Edificações e Comunidades
Sustentáveis (ELECS)
XVIII International Conference on
2001
Passive
PLEA7
Florianópolis, Brasil
and Low Energy Architecture
ASHRAE8
IAQ 2001
São Francisco, EUA
IBPSA Brasil
Building Simulation 2001
Rio de Janeiro, Brasil
CIB W62
27th Water Supply & Drainage for
Buildings 2001
6
International Society of Indoor Air Quality and Climate
7
Passive and Low Energy Architecture
8
American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers
Portoroz, Slovenia
Capítulo 1 - Introdução
23
Nações Unidas
Biggforsk / iiSBE /
2002
CIB
IAIAS9
World Summit on Sustainable
Johannesburg, África
Development (Rio+10)
do Sul
Sustainable Building 2002 (SB02)
Oslo, Noruega
Indoor air 2002
Monterey, EUA
28th Water Supply and Drainage for
Iasi, Romania
CIB W62
Buildings
III Encontro Nacional (ENECS) sobre
ANTAC
Edificações e Comunidades
São Carlos, Brasil
Sustentáveis
Queensland Univ. /
2003
Salford Univ. /
International Conference on Smart &
Carnegie Mellon
Sustainable Built Environment –
Univ. CIB/Brisbane
SASBE
Brisbane, Austrália
City council
PLEA
XIX International Conference on
Passive and Low Energy Architecture
Santiago, Chile
Healthy Buildings 2003 Singapura
ISIAQ
Eindhoven, Holanda
IBPSA Building Simulation 2003
CIB W62
29th Water Supply and Drainage for
Buildings
Ankara, Turquia
ANTAC / CIB / iiSBE
ENTAC / claCS 04 (SB04 regional)
São Paulo, Brasil
ASHRAE
IAQ 2004
Tampa, EUA
Sustainable Building 2005 (SB05)
Tóquio, Japão
2004
2005
CIB / iiSBE / OECD10
/ IEA11 / UIA12
Fonte: Silva, 2003.
Em relação ao desenvolvimento de metodologias de avaliação ambiental de
edifícios, Silva (2003) aponta algumas instituições e suas respectivas
iniciativas, de acordo com a Quadro 2:
9
International Academy of Indoor Air Sciences
10
Organization for Economic Co-operation and Development.
11
International Energy Agency.
12
Union Internationale des Architectes.
Capítulo 1 - Introdução
24
Quadro 2 - Iniciativas relacionadas ao desenvolvimento de metodologias de
avaliação ambiental de edifícios
PAÍS / REGIÃO
Austrália
INSTITUIÇÃO
INICIATIVA
Sustainable Technology / BHP (Steel)
LISA (LCA in Sustainable Architecture),
Research
software LCA
Department of Public Works and Services,
da cidade de Sidney
LCAid, software de auxílio a projetistas
Environment Australia (Department of the
NABERS (National Australian Building
Environment and Heritage)
Environment Rating Scheme)
US Green Building Council (USGBC)
LEEDTM (Leadership in Energy and
Environmental Design)
Greenbuilder (Austin, Texas)
Estados Unidos
High Performance Building Guidelines
Administrações municipais e estaduais
(New York City, New York)
Minnesota Sustainable Design Guide MSDG (Estado de Minnesota)
Europa
Building Research Establishment (BRE),
no Reino Unido
BREEAM (Building Research
Establishment Environmental Assessment
Method)
Centre Scientifique et Technique du
Bâtiment (CSTB) e Universidade de
ESCALE
Savoy, na França
Centre for Building Environment (CBE) do
13
Royal Institute of Technology (KTH ), na
Environmental Status of Buildings e
Eco-effect
Suécia
Danish Building and Urban Research
(BYogBIG14), na Dinamarca
Finnish Association of Building Owners
and Construction Clients (RAKLI), na
Finlândia
Building Research Institute (NBI15), na
Noruega
13
KTH – Kungi Tekniska Högskoln.
14
Statens Byggeforskninginstitut.
15
Byggforsk
BEAT 2002
PromisE - The Finnish Environmental and
Classification Systen
Eco-Profile
Capítulo 1 - Introdução
25
W/E consultants e Municipalidade de
Rotterdam, Holanda
Rotterdams Puntensysteem
Environmental Research Group, da British
BEPAC (Building Environmental
Columbia University
Performance Assessment Criteria )
Canadá
National Resources Canada – NRCan
Japan Sustainability Building Consortium
Japão
(JSBC)
Building Research Institute
Hong Kong, China
Centre of Environmental Technology, Ltd
CBIP, C-2000 e início do processo Green
Building Challenge (GBC)
CASBEE
BEAT (Building Environmental
Assessment Tool)
HK-BEAM
Fonte: Silva, 2003.
1.3
JUSTIFICATIVA
“Os edifícios alteram significativamente o meio-ambiente, seja na fase de
projeto, produção ou de uso e manutenção”, essa afirmativa está consolidada e
facilmente perceptível nas mais diversas publicações da área, com números
precisos e preocupantes, como se segue:
•
O volume de recursos naturais utilizados pela construção civil, grande parte
não-renováveis, corresponde a pelo menos um terço do total consumido
anualmente por toda a sociedade (Sjöström, 1992; Roodman & Lenssen,
1995). Conforme o país de 14% a 75% da totalidade de recursos naturais
extraídos destinam-se a construção civil. No Japão, em 1995, estimou-se o
consumo para a construção civil em cerca de 50% dos materiais circulantes
na economia. Em 1998, no Reino Unido, o consumo estimado variou de 250
a 300 milhões de toneladas de agregados/ano. Nos Estados Unidos, em
1999, o volume estimado indica um consumo anual setorial de 2 bilhões de
toneladas (75% do material consumido na economia norte americana (John,
2000).
•
O setor de construção é responsável pelo uso de energia correspondente a
40% do total utilizado mundialmente a cada ano (Lippiatt, 1998).
Aproximadamente 80% desse valor são consumidos no beneficiamento,
produção e transporte de materiais (Industry and environment, 1996), que
Capítulo 1 - Introdução
26
também produzem emissões que provocam aquecimento global (efeito
estufa), chuva ácida e poluição do ar. Na Inglaterra, por exemplo, os
edifícios consomem cerca de 40% a 50% da energia utilizada em todo país.
Já nos Estados Unidos há um consumo de 62,5% da energia produzida no
país (USGBC16, 2002) e no Brasil estima-se que esse consumo atinja 42%
(John, 2000).
•
Os edifícios quantificam 45% de emissões de dióxido de carbono (CO2) e
por isso tornam-se um elemento chave no aquecimento global (Skopek,
2002).
•
Nos Estados Unidos, os edifícios representam, aproximadamente, o
consumo de 12% de água potável (USGBC, 2002). A distribuição não
homogênea do crescimento populacional e do desenvolvimento das
atividades humanas, agravada pela distribuição geográfica de fontes de
água também irregular, contribuem para o aumento de pressões sobre os
mananciais disponíveis e de fácil acesso – os quais representariam cerca
de 0,3%do volume total de água do planeta (Degani, 2003).
•
Nos Estados Unidos, a indústria de construção gera entre 20% e 30% do
volume total de resíduo sólido urbano (Wilson, 1991) e cerca de 136
milhões de toneladas de entulho por ano (USGBC, 2002). Sendo 48%
gerados nas demolições, 44% provenientes de reformas e apenas 8% de
novas construções. Revelando ainda os valores médios de 1,99 kg/m² de
resíduos para construções residenciais novas e 1,76 kg/m² para
construções não residenciais novas (Degani,2003). No Brasil, a parcela
referente ao volume de resíduos sólidos gira em torno de 45% do total
(Pinto & Agopyan, 1999).
Além desses dados, constatações freqüentes nas pesquisas devem ser
consideradas ao se estabelecer a influência dos edifícios no grande impacto ao
meio ambiente, tais como:
16
United States Green Buildings Council
Capítulo 1 - Introdução
•
27
A iluminação, o condicionamento ambiental e a operação do edifício
também consomem energia, em quantidade diretamente relacionada às
decisões de projeto e à eficiência dos equipamentos utilizados.
•
Na fase de uso do edifício, gera-se esgoto a ser tratado e liberação de
voláteis (VOCs) e CFC levando a, respectivamente, dificuldades de gestão
urbana, prejuízos à saúde e ao rendimento dos usuários e danos à camada
de ozônio que podem ser irreversíveis.
•
A extração descontrolada de matérias-primas não-renováveis pode levar ao
esgotamento de reservas e perdas na biodiversidade.
•
Além de impactos restritos ao meio ambiente, os edifícios também
provocam grandes impactos urbanos, aumentando, por exemplo, a
demanda por serviços de infra-estrutura pública (abastecimento de água,
fornecimento de energia, transporte, entre outros) nas regiões de sua
influência (HPB17, 1999).
São várias as lições tiradas das conseqüências acima citadas, e são
especialmente interessantes as seguintes enumeradas pelo Business Council
for Sustainable Development - Gulf of México (Degani, 2003):
•
NO AWAY - não existe o “por aí” ou “em algum lugar”, todo o material
descartado tem um determinado destino e lá é acumulado prejudicando o
meio ambiente hoje ou amanhã;
•
LIMITS - o ecossistema é limitado não suporta tudo;
•
SYTEMIC DELAYS - o sistema leva um tempo ao tentar reequilibrar um
impacto gerado;
•
PERFECT KNOWLEDGE - não é preciso esperar pelo conhecimento
completo ou pelas provas científicas absolutas, é preciso começar a agir em
todos os níveis, através do governo, da comunidade em geral e do meio
empresarial.
17
Hight Performance Building
Capítulo 1 - Introdução
28
De fato, a indústria da construção assume um papel significativo, uma vez que
representa a atividade humana com maior impacto sobre o meio ambiente.
Como os edifícios têm vida longa, há um consumo de recursos e geração de
resíduos em proporções que, muitas vezes, superam as de outras atividades
econômicas.
Portanto, fundamenta-se a importância em investir nessa área de pesquisa,
buscando, em última instância, contribuir para redução do impacto ambiental
na Construção Civil. A avaliação ambiental de edifícios é um instrumento
poderoso para identificar os pontos críticos na geração de impactos ambientais
de edifícios e, conseqüentemente, as possibilidades mais efetivas para
intervenção na construção de outros edifícios.
1.4
HIPÓTESE DO TRABALHO
O impacto ambiental dos edifícios não está sendo considerado na
implementação
do
empreendimento
construtivo,
nem
mesmo
como
procedimento formal de legitimação ou como um instrumento efetivo de
negociação e mediação.
A pesquisa será desenvolvida admitindo-se essa hipótese, em que os agentes
da indústria da construção civil do Espírito Santo não se preocupam com o
desempenho ambiental dos edifícios projetados e desconhecem conceitos
relacionados e principalmente a existência de metodologias de avaliação de
desempenho ambiental.
1.5
OBJETIVOS
1.5.1 Objetivo Geral
O objetivo principal deste trabalho foi aferir o nível de envolvimento dos
agentes da construção civil em relação às preocupações ambientais e
categorias ambientais propostas na metodologia do GBC e perceber o grau de
entendimento desses agentes em relação aos conceitos estabelecidos por
essa metodologia.
Capítulo 1 - Introdução
29
1.5.2 Objetivos específicos
Para que este objetivo maior fosse alcançado, metas específicas deveriam ser
também atendidas:
•
realizar um levantamento bibliográfico das pesquisas relacionadas à
avaliação ambiental de edifícios e estudo de caso de avaliações já
realizadas;
•
aperfeiçoar-se nas metodologias de avaliação de desempenho ambiental
especialmente a do GBC, que vem sendo crescentemente trabalhada por
equipes
internacionais,
mas
que
ainda
encontra-se
em
fase
de
amadurecimento no Brasil;
•
despertar nos agentes da construção civil a importância de uma avaliação
de desempenho ambiental de edifícios e a relevância do papel de cada um
quanto a atitude ambiental em relação ao edifício.
1.6
METODOLOGIA
Método científico é o conjunto de processos ou operações mentais que se
devem empregar na investigação. É a linha de raciocínio adotada no processo
de pesquisa.
O desenvolvimento desse trabalho foi construído a partir da pesquisa descritiva
auxiliada pela pesquisa bibliográfica que, vão nortear os capítulos da
dissertação.
A pesquisa bibliográfica será utilizada para consolidar conceitos, levantar
questões e proposições, além de fundamentar a realização da pesquisa
descritiva.
A pesquisa descritiva, em geral está associada com diversos esquemas de
pesquisa, tais como estudos exploratórios, estudos descritivos e estudo de
caso (Cervo & Bervian, 1996).
Segundo Yin (1996), o que irá ajudar a escolher a melhor estratégia de
pesquisa é a observação do tipo de questão a ser formulada (problema em
forma de pergunta), o controle ou não que o pesquisador poderá exercer sobre
Capítulo 1 - Introdução
30
as variáveis que atuam sob o problema de pesquisa e se o foco do problema é
contemporâneo ou histórico.
1.6.1 Pesquisa bibliográfica
Nesta fase buscou-se responder às seguintes questões: “Quem já escreveu e o
que já foi publicado sobre o assunto?”, “Que aspectos já foram abordados?”,
“Quais as lacunas existentes na literatura?”.
Para Luna (1997), a revisão de literatura em um trabalho de pesquisa pode ser
realizada com os seguintes objetivos:
•
determinação do “estado da arte”: o pesquisador procura mostrar através da
literatura já publicada o que já sabe sobre o tema, quais as lacunas
existentes e onde se encontram os principais entraves teóricos ou
metodológicos;
•
revisão teórica: o problema de pesquisa é inserido dentro de um quadro de
referência teórica para explicá-lo. Geralmente acontece quando o problema
em estudo é gerado por uma teoria, ou quando não é gerado ou explicado
por uma teoria particular, mas por várias;
•
revisão empírica: você procura explicar como o problema vem sendo
pesquisado do ponto de vista metodológico procurando responder: “Quais
os procedimentos normalmente empregados no estudo desse problema?”,
“Que fatores vêm afetando os resultados?”, “Que propostas têm sido feitas
para explicá-los ou controlá-los?”, “Que procedimentos vêm sendo
empregados para analisar os resultados?” "Há relatos de manutenção e
generalização dos resultados obtidos?”, “Do que elas dependem?;
•
revisão histórica: você busca recuperar a evolução de um conceito, tema,
abordagem ou outros aspectos, fazendo a inserção dessa evolução dentro
de um quadro teórico de referência, que explique os fatores determinantes e
as implicações das mudanças.
Inicialmente, pretendeu-se realizar um levantamento geral da bibliografia
disponível sobre o tema (estado da arte), a fim de identificar as fontes capazes
de fornecer as respostas adequadas à solução do problema proposto. Uma
Capítulo 1 - Introdução
31
leitura rápida desse material foi feita para a seleção, agrupamento e
categorização das informações. Isso facilitou a organização do material e das
idéias, direcionando novas buscas complementares mais específicas para um
momento seguinte de leitura profunda das fontes, onde foram realizadas as
tomadas de apontamentos e confecção de fichas didáticas e analíticas.
Para a identificação e localização das fontes, como técnicas ou ferramentas, foi
utilizado: consulta a base de dados, consulta a anais de congresso, consulta a
sites da internet, revistas técnicas da área, jornais, teses e dissertações
defendidas e, se possível, consultas a bibliotecas de outras universidades.
As fontes deviam contemplar as seguintes questões:
•
bases normativas relacionadas ao tema;
•
principais conferências, iniciativas e centros de pesquisa no tema;
•
conceitos, objetivos, aplicações, metodologias, potencialidades, limitações
de Análise do Ciclo de Vida (LCA), uma vez que estudos e métodos para
avaliação ambiental de edifícios têm sido especialmente derivados desta
metodologia internacionalmente aceita.
•
estado atual dos sistemas de avaliação ambiental de edifícios: abordagem,
objetivos, aplicações, limitações, potencialidades, estrutura de avaliação,
critérios de pontuação e ponderações, comunicação dos resultados.
Além da aquisição de informações e maior conhecimento sobre o tema, a
pesquisa bibliográfica foi capaz de subsidiar a identificação de critérios para
seleção da amostra utilizada na pesquisa descritiva, a elaboração dos
instrumentos adequados para coleta de dados e ainda auxiliar a interpretação
dos dados.
A escolha pelo método da pesquisa descritiva, bem como dos métodos usados
para
nortear
essa
pesquisa,
deu-se
a
partir
de
diversos
fatores
contextualizados a partir da pesquisa bibliográfica conforme será descrito no
capítulo 5 desta dissertação.
Capítulo 1 - Introdução
32
1.6.2 Fluxograma da metodologia
As etapas para o direcionamento do trabalho seguirão o seguinte fluxo:
PESQUISA DESCRITIVA
PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
Levantamento de fontes
de forma abrangente
Entrevistas
Leitura rápida
Definição da
amostra
Entrevista
Levantamento de fontes
mais específicas
Seleção e
categorização das
informações
Definição da Pauta
da Entrevista
Tabulação dos
Resultados
Análise dos Resultados
Tomada de apontamentos e confecção
de fichas
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A metodologia da pesquisa será descrita no Capítulo 5.
1.7
ORGANIZAÇÃO DESTE TRABALHO
O desenvolvimento deste trabalho foi construído em Capítulos que procuram
seguir uma ordem lógica e fluente a partir da metodologia adotada.
A Introdução buscou contextualizar o trabalho, bem como definir objetivos, criar
hipóteses e descrever a metodologia usada.
No Capítulo 2, procurou-se destacar as bases normativas que buscam
melhorar o desempenho ambiental dos edifícios, além de descrever as políticas
de incentivo de repercussão internacional nesse sentido.
Para dar continuidade a essa abordagem, foi necessário conceituar Análise do
Ciclo de Vida (LCA), no Capítulo 3, uma vez que, foi a partir dessa referência
que surgiram diversos sistemas de avaliação ambiental de edifícios.
No Capítulo 4 discutem-se as vantagens e limitações dos sistemas de
avaliação ambiental de edifícios mais consolidados internacionalmente,
enfatizando suas metodologias e aplicações.
A descrição, o registro e as recomendações relativas a pesquisa foram
descritas no Capítulo 5. Definidas a partir de uma pesquisa de percepção para
Capítulo 1 - Introdução
33
aferir o conhecimento de agentes da indústria da construção civil sobre o tema
abordado.
O Capítulo 6 reúne as principais considerações sobre o trabalho e aponta as
prioridades para continuidade da pesquisa. As referências bibliográficas
utilizadas no trabalho estão listadas no Capítulo 7.
Capítulo 2 - Bases normativas, Programas e Políticas de incentivo a avaliação
ambiental de edifícios
34
2. BASES NORMATIVAS, PROGRAMAS E POLÍTICAS DE
INCENTIVO A AVALIAÇÃO AMBIENTAL DE EDIFÍCIOS
2.1. BASE NORMATIVA RELACIONADA COM AVALIAÇÃO AMBIENTAL
Os agentes sócio-econômicos estão pressionando o setor industrial para
modificar as relações entre as atividades produtivas, em virtude dos problemas
causados no meio ambiente. Buscando atender às novas exigências do
mercado, cada vez mais globalizado e competitivo, as respostas dos
empresários estão sendo dadas através de conformidade às mudanças na
legislação,
acordos
voluntários
e
tecnologias
alternativas
ambientalmente
adequadas.
Na última década, diante da difusão dos conceitos de sustentabilidade e mais
especificamente do green building, é perceptível que o sucesso econômico
somente ocorrerá quando o empresariado descobrir que essas políticas,
regulamentos,
acordos
voluntários
e
questões
ambientais
poderão
ser
transformados em estratégias competitivas para os negócios da empresa
(Furtado, 1995).
No entanto, como constata Silva (2003), regulamentações podem ser muito
efetivas se bem enfocadas, mas elas geralmente definem um nível de
desempenho minimamente aceitável e são, portanto, normalmente insuficientes
para conduzir a indústria a altos padrões normativos.
Em relação à indústria construtiva, existe uma variedade de normas, as quais
fornecem orientações com respeito a questões ecológicas individuais e a
sustentabilidade. Seus instrumentos mais relevantes segundo Haas et al.
(2002) são:
•
previsões e perspectivas para indicar o desenvolvimento global e nacional;
•
indicadores de desenvolvimento sustentável;
•
regulamentos relacionados ao setor construtivo;
Capítulo 2 - Bases normativas, Programas e Políticas de incentivo a avaliação
ambiental de edifícios
•
35
análise do ciclo de vida (LCA).
Enquanto previsões e indicadores focam em um contexto nacional e global,
regulamentos e LCA auxiliam a avaliação de edifícios individualmente.
Neste capítulo serão analisados os regulamentos existentes que exercem
influencia direta ou indireta na avaliação ambiental de edifícios.
2.1.1. ISO 14000
A Organização Internacional de Normalização1 (International Organization for
Standardization) desenvolveu, desde Setembro de 1994, Normas de Gestão
Ambiental que receberam o nome de Série ISO 14000.
A série ISO 14000 é um conjunto de normas que buscam a boa prática de
gestão ambiental, gestão esta entendida como um processo gradual e contínuo
de melhorias ambientais. Apesar de ser uma norma de aceitação mundial,
apresenta caráter voluntário, não havendo instrumentos legais que obriguem
sua adoção pelas empresas.
Servem como ferramenta para gerenciar os Programas Ambientais das
empresas e fornecer um sistema para medir, avaliar e fazer auditorias destes
programas. Não são específicas para o setor industrial. Podem ser aplicadas
igualmente para todos os tipos e tamanhos de organizações públicas ou
privadas, do setor produtivo ou de serviços, e são designadas para atender as
diversidades geográficas, culturais e sociais. Contudo, todas as atividades da
organização devem ser consideradas para o levantamento dos aspectos e
impactos ambientais, considerando as práticas atuais, passadas e futuras.
O objetivo das normas ISO 14000 é fornecer uma estrutura de gerenciamento
capaz de garantir processos operacionais consistentes e projetados para
adquirir determinadas metas ambientais. Assim, além de fazer um sistema de
gerenciamento mais eficiente, a adoção destas normas ajudará a tornar mais
1
Federação Mundial de organismos de padronização de 140 países, representando cerca de 95% da produção
mundial. No Brasil o único organismo é a ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas (Reis, 2002).
Capítulo 2 - Bases normativas, Programas e Políticas de incentivo a avaliação
ambiental de edifícios
36
efetivos os programas ambientais das empresas e incorporar sua credibilidade
ambiental (INFORMINTL, 2002).
De acordo com o plano atual, a série ISO 14000, compreende 23 normas
individuais, guias e artigos técnicos, todos relacionados à gestão ambiental de
qualquer organização.
A ISO 14000 é estruturada nas seguintes normas básicas, conforme Quadro 3,
cada um com seus objetivos definidos de acordo com Quadro 4.
Quadro 3 - Grupo de Normas ISO 14000
GRUPO
DESIGNAÇÃO
ISO 14001:1996
Sistema de Gestão Ambiental
ISO 14004:1996
(EMS)
TÍTULO
Sistema de Gestão Ambiental - Especificação
com Diretrizes para Uso.
Sistema de Gestão Ambiental - Diretrizes Gerais
Sobre Princípios, Sistemas e Técnicas de Apoio.
Informações para Orientar Organizações
ISO TR 14061: 1998
florestais no Uso das Normas de Sistema de
Gerenciamento Ambiental ISO 14001 e ISO
14004.
ISO 14010:1996
Auditoria ambiental e
Investigações relativas ao Meio
Gerais.
Diretrizes para Auditoria Ambiental -
ISO 14011:1996
Ambiente (EA)
Procedimentos de Auditoria - Auditoria de
Sistema de Gestão Ambiental.
ISO 14012:1996
ISO/WD 14015: 2001
Rotulagem ambiental (EL)
Diretrizes para Auditoria Ambiental - Princípios
ISO 14020:1998
ISO/DIS 14021: 1999
Diretrizes para Auditoria Ambiental - Critérios
para Qualificação de Auditores Ambientais.
Avaliação Ambiental de Sites e Entidades.
Rótulos e Declarações Ambientais - Princípios
Gerais.
Rótulos e Declarações Ambientais – Auto
Declaração Ambiental.
Rótulos e Declarações Ambientais -
ISO/FDIS 14024: 1998
Declarações Ambientais Tipo I - Diretrizes de
Princípios e Procedimentos.
Capítulo 2 - Bases normativas, Programas e Políticas de incentivo a avaliação
ambiental de edifícios
ISO/WD/TR 14025
(A publicar)
ISO/FDIS 14031: 1999
37
Rótulos e Declarações Ambientais Declarações Ambientais Tipo III - Diretrizes de
Princípios e Procedimentos.
Gerenciamento Ambiental - Avaliação do
Desempenho Ambiental - Diretrizes.
Avaliação de desempenho
Gerenciamento Ambiental - Avaliação do
ambiental (EPE)
ISO/TR 14032: 1999
Desempenho Ambiental - Estudo de Caso
Ilustrando o Uso da ISO 14031.
ISO 14040:1997
Gerenciamento Ambiental - Análise do Ciclo de
Vida - Princípios e Estrutura.
Gerenciamento Ambiental - Análise do Ciclo de
ISO 14041:1998
Vida - Definição dos Objetivos, Escopo e Análise
do Inventário.
ISO/CD 14042: 1999
Avaliação do Ciclo de Vida
(LCA)
ISO/DIS 14043: 1999
Gerenciamento Ambiental - Análise do Ciclo de
Vida - Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida.
Gerenciamento Ambiental - Análise do Ciclo de
Vida - Interpretação do Ciclo de Vida.
Gerenciamento Ambiental - Análise do Ciclo de
ISO/TR 14048: 1999
Vida - Forma da Documentação de Dados da
Análise do Ciclo de Vida.
ISO/TR 14049: 1999
ISO 14050:1998
Termos e definições (T&D)
ISO Guide 4:1997
Gerenciamento Ambiental - Análise do Ciclo de
Vida - Exemplos para Aplicação da ISO 14041.
Gerenciamento Ambiental - Vocabulário.
Diretrizes para Inclusão de Aspectos
Ambientais em Normas de Produtos.
Fonte: Jensen, 2002; Reis, 2002.
Quadro 4 - Objetivo das normas ISO 14000
GRUPO
OBJETIVOS
• Auxiliar as organizações a estabelecer um novo
Sistema de Gestão Ambiental ou melhorar um
Sistema de Gestão Ambiental (SGA)
existente, considerando os requisitos legais e as
informações
significativos.
sobre
os
impactos
ambientais
Capítulo 2 - Bases normativas, Programas e Políticas de incentivo a avaliação
ambiental de edifícios
38
• Estabelecer os princípios gerais e procedimentos
para conduzir uma auditoria a um Sistema de
Auditoria ambiental e Investigações relativas ao Meio
Ambiente (EA)
Gestão Ambiental.
• Verificar a conformidade das auditorias com os
critérios pré-definidos.
• Fornecer indicações sobre os critérios para
qualificação de Auditores Ambientais.
Rotulagem ambiental (EL)
• Fornecer diretrizes para rotulagem ambiental (selos
verdes) de produtos.
• Definição de um processo de avaliação do
desempenho ambiental dos sistemas das
Avaliação de desempenho ambiental (EPE)
organizações.
• Fornecimento de exemplos de indicadores
ambientais.
• Encorajar as entidades oficiais, as organizações
Avaliação do Ciclo de Vida (LCA)
privadas e o público para uma abordagem dos
assuntos ambientais de forma integrada durante
todo o seu ciclo de vida.
Termos e definições (T & D)
• Definir e a terminologia aplicada em toda norma
Fonte: Feldman & Tibor, 1996; Jensen, 2002; Reis, 2002.
Com relação ao tema dessa dissertação – avaliação de desempenho ambiental
de edifícios – as normas referentes aos grupos Sistema de Gestão Ambiental
(SGA) e Auditoria ambiental, não fornecem parâmetros de desempenho
ambiental, ou seja, não estabelecem necessidades absolutas para o mesmo,
com exceção da exigência do comprometimento com a melhoria contínua,
atendimento a legislação e prevenção da poluição.
Com relação à Rotulagem Ambiental, a forma mais conhecida é o “selo
verde”, uma prática bastante difundida no mercado, notadamente onde os
consumidores apresentam maior nível de exigência de qualidade ambiental,
como Europa e EUA. No Brasil, esse grupo de normas continua, até o
momento, em elaboração e discussão.
Os selos verdes ou rótulos ecológicos atestam, por meio de uma marca
colocada voluntariamente pela organização, que determinados produtos são
adequados ao uso, estando de acordo com critérios de excelência de
qualidade, e apresentam menor impacto ambiental em relação a outros
Capítulo 2 - Bases normativas, Programas e Políticas de incentivo a avaliação
ambiental de edifícios
39
similares (Regazzi, 2003), entretanto, não avaliam o desempenho do produto,
buscando apenas enquadrá-lo dentro de determinados critérios pré-definidos.
Países em todo mundo têm instituído programas de rotulagem que premiam
esses selos verdes. A Alemanha começou em 1978, o Canadá e o Japão em
1988 (Feldman & Tibor, 1996). No âmbito internacional a rotulagem ambiental
está sendo discutida na ISO desde 1994, com a efetiva participação do Brasil.
Nesse contexto, a série ISO oferece três alternativas de declarações
ambientais (Feldman & Tibor, 1996):
•
Selo Tipo I ou "selo verde" dos produtos. Existe norma aprovada desde 1999
(ISO 14024) que trata dos princípios e procedimentos para sua implantação;
•
Selo Tipo II, que se refere às auto-declarações ambientais, ou seja, as
declarações realizadas pelos fabricantes e produtores quanto à qualidade
ambiental de seus produtos. Norma aprovada em 1999 (ISO 14021), que
contém as diretrizes para o uso deste tipo de rotulagem;
•
Selo Tipo III, semelhante ao Tipo I, porém obriga a que os produtos
possuam em suas embalagens o detalhamento dos impactos ambientais
referentes a cada um dos seus elementos constituintes. Além disso, exige a
análise crítica, por terceira parte, do ciclo de vida adotado. Este tipo de
rotulagem, por ser de difícil aplicação, de resultados duvidosos e por até o
momento não ter sido implementada com sucesso em nenhum país, está
ainda sendo questionada quanto à sua aplicabilidade. Apesar do documento
normativo (TR 14025) ter sido aprovado em 2000, até hoje não se chegou a
um consenso sobre a necessidade e viabilidade de seu uso, face às
dificuldades técnicas de sua modelagem.
A linha que mais atende a finalidades do selo é a que prevê a disponibilização
de mecanismos capazes de incentivar a adoção da auto-declaração ambiental
do fornecedor (selo Tipo II) em substituição à rotulagem ambiental realizada
por terceira parte (selos Tipo I e III). Esta proposta fundamenta-se nos
seguintes motivos: é voluntária, mostra envolvimento do setor produtivo com as
Capítulo 2 - Bases normativas, Programas e Políticas de incentivo a avaliação
ambiental de edifícios
40
questões ambientais, é mais eficaz – se conduzida de acordo com as normas –
e de menor custo – além da independência dos órgãos certificadores,
principalmente dos internacionais – (Regazzi, 2003).
Já nas normas de Avaliação de Desempenho Ambiental, a meta é fornecer
uma ferramenta para avaliar, monitorar e aperfeiçoar o desempenho do
Sistema de Gestão Ambiental das organizações, ou seja, fornecer à gerência
uma ferramenta útil para gerar informações precisas necessárias à medição e
rastreamento do desempenho ambiental, para que possa atingir suas metas.
O processo de avaliação de desempenho ambiental pretende cobrir todo ciclo
de vida dos produtos e serviços da empresa, desde a entrada de matériasprimas, passando pela produção e finalizando com o descarte após o uso.
Nesse contexto são selecionados indicadores de desempenho ambiental que
proporcionam à organização marcos básicos com os quais é possível avaliar o
progresso (Feldman & Tibor, 1996).
A ISO 14031: Gerenciamento ambiental - Avaliação de desempenho ambiental
- Orientações, fornece orientação ao projeto e uso da avaliação de
desempenho ambiental dentro de uma organização, auxiliando na identificação
e seleção de indicadores de desempenho ambiental. No entanto, esse
documento não estabelece níveis de desempenho ambientais, ou seja, não
fornece uma metodologia que capacita a comparação de produtos.
Esta norma não pretende ser usada com o propósito de certificação e registro
de desempenho ambiental. Contudo, a Norma ISO 14032: Exemplos de
avaliação
de
desempenho
ambiental,
fornece
exemplos
a
partir de
organizações reais para ilustrar o uso das orientações da ISO 14031.
Com relação às normas pertencentes ao grupo Avaliação do Ciclo de Vida
(LCA), especificam as exigências e os procedimentos necessários para a
definição e preparação de todas as etapas para uma avaliação através da
análise ciclo de vida (LCA). A avaliação do ciclo de vida tem várias fases
incluindo:
Capítulo 2 - Bases normativas, Programas e Políticas de incentivo a avaliação
ambiental de edifícios
41
•
definição de metas e o escopo da avaliação;
•
análise do inventário do ciclo de vida, que envolve a medição dos materiais e
energia utilizados e as emissões ambientais que ocorrem ao longo de todo
contínuo ciclo de vida do processo;
•
avaliação do impacto do ciclo de vida, que examina os efeitos reais e
potenciais do impacto sobre o meio ambiente e a saúde humana, através
das informações obtidas dessa análise de inventário;
•
avaliação da melhoria do ciclo de vida, que utiliza as informações da
avaliação do impacto para realizar uma avaliação sistemática, com base no
conhecimento obtido da análise do inventário dos impactos ambientais,
identificando as partes do sistema que podem ser alteradas, de modo a
reduzir a carga ou impacto global do sistema de produtos ou serviços.
No relatório técnico da Norma ISO 14047 são exemplificados, através de
ilustrações práticas, como realizar uma análise do ciclo de vida de acordo com
a ISO 14042. O objetivo não é certificar o produto, e sim, fazer uma análise
para verificar onde, dentro de todo o ciclo de vida deste, estão os pontos que
causam maior impacto ambiental e assim propor recomendações para melhoria
do desempenho ambiental.
No entanto, embora teoricamente ideais, os estudos de LCA são intensivos em
tempo e recurso. A coleta de dados é complexa e cara, e a metodologia ainda
não foi normatizada. Conceitualmente, apenas a definição das metas, o escopo
e os estágios da análise do inventário do ciclo de vida de um processo de
avaliação global estão razoavelmente bem estabelecidos e definidos. A
avaliação
de
impactos
e
a
avaliação
de
melhorias
são
métodos
conceitualmente definidos, mas não desenvolvidos ou documentados.
2.1.2. Códigos específicos de energia para edifícios
Ao redor de todo mundo surgem códigos específicos que pretendem promover
a eficiência energética através de regulamentações, envolvendo jurisdições
Capítulo 2 - Bases normativas, Programas e Políticas de incentivo a avaliação
ambiental de edifícios
42
federais, estaduais e locais além de instituições não governamentais e o setor
industrial. Objetivam fornecem um certo grau de controle sobre a prática de
projeto de edifícios e encorajar projetos mais conscientes.
Os projetos de regulamentação são sofisticados, e consideram, quase sempre,
um padrão mínimo a alcançar congruentes com as práticas convencionais, e se
necessário utilizam-se de simulações para aferir a abordagem ao longo de todo
ciclo de vida. No entanto, apenas poucas jurisdições têm adotado tais normas,
devido, principalmente, a grande dificuldade da indústria construtiva em
estabelecer um consenso para ações na área energética.
As principais intenções dessas regulamentações, objetivando sempre melhorar
a eficiência energética de edifícios residenciais e comerciais, são:
•
ajudar a desenvolver um melhor modelo nacional de código energético;
•
auxiliar a promulgação de códigos federais referentes a energia de edifícios;
•
desenvolver e distribuir ferramentas e materiais de acordo com o uso;
•
fornecer assistência técnica e financeira para ajudar os Estados a adaptarem
e implementarem os códigos energéticos para edifícios;
•
colaborar com os empresários para estabelecer as necessidades industriais
e fornecer informações em conformidade de produtos, além de novidades
relacionadas aos códigos energéticos.
Alguns exemplos de códigos energéticos para edifícios estabelecidos por
vários países estão desritos no Quadro 5.
Quadro 5 - Códigos de energia para edifícios
PAÍS
CÓDIGO
Enerieeinsparungsgesetz
DESCRIÇÃO
Lei que tem como objetivo a preservação e
economia de energia.
Alemanha
Waermeschutzverordnung
Código Federal direcionado ao controle do uso
racionalizado de energia.
Capítulo 2 - Bases normativas, Programas e Políticas de incentivo a avaliação
ambiental de edifícios
The Building Code of Austrália 96
Austrália
43
O código de edificações da Austrália, datado de
1996, inclui medidas de controle de eficiência
- Energy Efficiency Measures in BCA
energética.
A agência austríaca da energia (E.V.A.)
desenvolve projetos, publicações e serviços para
Áustria
Austrian Energy Agency (E.V.A.)
preparar condições para alcançar a eficiência de
energia, energias renováveis e inovações
tecnológicas ligadas a energia.
O Office Energy Efficiency (OEE) apresenta uma
Canada’s Energy Efficiency Regulations
série de regulamentos relacionados as mais
diversas áreas que interferem na eficiência
energética de produtos e construções.
Energy Efficiency Act and Energy
Canadá
Dinamarca
Efficiency Regulations of Canada
Leis e regulamentações canadenses
relacionados cm o controle da eficiência
energética.
Model National Energy Code of Canada
Código Energético Nacional do Canadá
for Buildings 1997
direcionado para edifícios.
Model National Energy Code of Canada
Código Energético Nacional do Canadá
for Houses 1997
direcionado para casas.
Danish Energy Agency (DEA)
Agência Dinamarquesa de Energia, fiscaliza e
regulamenta o uso eficiente de energia.
Normas de controle e padronização da
Normativa de la Edificacíon
Espanha
construção civil, incluem além das normas
básicas (NBE), uma norma relacionada às
condições térmicas nos edifícios.
Código Técnico de la Edificacíon
Código técnico de edifícios da Espanha.
Energy Policy Act of 1992
Ato da política de energia de 1992
Energy Legislation in USA
Estados Unidos
Legislação federal americana relacionada a
energia (uso e conservação).
Code of Federal Regulations (CFR)
Código federal de regulamentação.
Energy Efficiency Code for New Federal
Código de eficiência energética direcionado a
Residential Buildings
novas edificações residenciais.
Leis, Regulamentos e Códigos de cada
Cada estado tem autonomia para desenvolver
Estado
leis regulamentos e códigos próprios.
Agência do Meio Ambiente e da Matriz de
França
Agence de l’Environnement et de la
Energia, estabelece normas e códigos
Mâtrise de l’Energie (ADEME)
relacionados a preservação ambiental e ao
controle do uso de energia.
Holanda
Nederlands Normalisatie Instituutt (NMI)
Instituto holandês que desenvolve, entre outras,
normas de controle do uso de energia.
Capítulo 2 - Bases normativas, Programas e Políticas de incentivo a avaliação
ambiental de edifícios
44
Associação para os colaboradores e os usuários
Normalisatie Kringen Nederland (NKN)
das normatizações na Holanda.
Desenvolvido pelo governo de Hong Kong em
Hong Kong
Building (Energy Efficiency) Regulation
1995, regulamenta a eficiência energética de
edifícios.
Building Regulation Part L: Conservation
of fuel and power
relacionada a conservação de energia e
combustível.
Codes and Guides of British Standasrds
Inglaterra
Parte de uma regulamentação de edifícios,
Institution (BSi)
Códigos e guias desenvolvidos pela Bsi, uma
instituição britânica de padronização e
normatização.
Instituição formada por coordenadores
Chartered Institution of Building Services
Engineers (CIBSE)
(construtores e engenheiros) de obras, que
estabelece critérios e padrões direcionados ao
uso racional da energia.
Um conjunto de vários códigos, leis,
regulamentos, listas e critérios, relacionados
Japão
com a eficiência energética das construções,
Energy Efficiency Laws (ECCJ)
definindo e direcionando ao uso racional da
energia. As versões mais antigas datam de 1979
e estão constantemente sendo atualizadas.
Energy Efficiency Standadization –
Residential Energy Efficiency Building
Codes in the Russian Federation
energia estabelecida a partir de códigos
energéticos para edifícios residenciais.
(CENEf)
Rússia
Padronização do controle da eficiência de
The Federal Law on Energy Saving
Lei federal destinada a economia de energia.
Russian Ferderation Construction Code
Códigos, normatizações e padronizações
& Standards (SNiP)
federais destinados a construção civil.
Fonte: Building Energy Standards and Codes (BESC)
2.2.
PROGRAMAS
E
POLÍTICAS
PÚBLICAS
DE
INCENTIVO
À
AVALIAÇÃO E CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL DE EDIFÍCIOS
2.2.1. Programas Canadenses
O Governo do Canadá, juntamente com parceiros da indústria privada, vem
desenvolvendo pesquisas e programas em direção ao desenvolvimento
sustentável. O Centro de Pesquisas Naturais Canadá (NRCan) é o
departamento do Governo Federal especializado no desenvolvimento e uso de
recursos naturais, de energia sustentável, de minerais e metais, de florestas e
Capítulo 2 - Bases normativas, Programas e Políticas de incentivo a avaliação
ambiental de edifícios
de ciências do solo responsável.
45
Dentro de uma perspectiva nacional e
internacional, usa ciência e tecnologia em política e em programas, tendo em
vista o melhor uso dos recursos favorecendo a qualidade de vida dos
canadenses, agora e no futuro.
Como resultado destes incentivos, o setor da indústria construtiva passa a
espelhar as mudanças no pensar, tanto por parte dos profissionais envolvidos
no
setor
como
também
na
população
consumidora.
Uma
maior
responsabilidade ambiental, a eficiência de energia e água, um ambiente
interno mais saudável, dentre outros fatores, passam a figurar no cenário do
mercado imobiliário como diferencial capaz de vencer a concorrência. Para
isso, é necessário mais do que incentivo, mas também uma forma consistente
e confiável de certificação como garantia deste diferencial.
2.2.1.1.
PROGRAMA C-2000
O programa C-2000 foi projetado em 1993 objetivando um aumento do nível de
desempenho dos edifícios. A princípio dois itens eram questionáveis e
fundamentais pra o sucesso do programa:
•
como seria oferecido e quanto seria o incentivo financeiro;
•
qual seria o melhor ponto para intervenção dentro do processo de
desenvolvimento de projeto.
Contudo, as solicitações técnicas do C-2000 estavam definidas e devem
abranger desempenho energético, impactos ambientais, ambiente interior do
edifício, funcionalidade e uma gama de outros parâmetros relacionados. No
entanto, para alcançar esses objetivos, já era esperado um aumento
substancial nos custos de projeto e construção. Após uma análise preliminar
dos custos atuais de projeto e uma pesquisa informal com os projetistas,
alocações de recursos foram feitas para apoiar esse aumento nos custos. As
contribuições foram distribuídas de acordo com uma escala variando de 7%
para grandes projetos e 12% para projetos pequenos.
Capítulo 2 - Bases normativas, Programas e Políticas de incentivo a avaliação
ambiental de edifícios
46
Os dois primeiros projetos C-2000, Crestwood 8 e Green on the Grand,
receberam fundos de acordo com essa fórmula, em uma faixa de $400.000 a
$750.000 (Dólares Canadenses), e financiamento desta magnitude foi também
planejado para projetos subseqüentes. Entretanto, depois que os primeiros seis
projetos foram realizados e dois deles finalizados, percebeu-se que o aumento
dos custos foi menor que o esperado, apenas 7% a 8% superior aos edifícios
convencionais. Após uma investigação cuidadosa, constatou-se que esse
aumento modesto devia-se ao fato dos projetistas usarem tecnologias menos
sofisticadas e menos caras do que previsto antes na fase de projeto (Larsson,
2000).
Contudo, todos os projetistas concordam que aplicações de um processo de
projeto integrado necessário ao Programa C-2000 foi a principal razão pelo
qual
altos
níveis
de
desempenho
puderam
ainda
ser
alcançados.
Aparentemente, revelou-se que a maioria dos benefícios de intervenção foi
adquirida durante o processo de projeto (Larsson, 2000).
Essas constatações conduziram a mudanças no Programa C-2000, de forma
que a assistência técnica e financeira passaram a ser fornecidas apenas para
edifícios em processo de projeto, para cobrir custos como o fornecimento de
consultores de projetos, simulações de energia e para financiar o tempo extra
de trabalho das equipes de projeto principais. O processo C-2000 chama-se
atualmente Processo Integrado de Projeto (Integrated Design Process, IDP),
e a maioria das intervenções de projeto estão agora focadas em fornecer
consultoria no processo de projeto no estágio mais inicial.
Seis projetos foram construídos desta forma, e todos atingiram as
necessidades de desempenho do IDP, ou chegaram muito próximo, e os
custos oscilaram levemente acima ou abaixo da base orçamentária
previamente estabelecida. Segundo Larsson (2000), a abordagem do IDP está
criando raízes, e como reflexo, diversos proprietários têm usado processos
similares para construir, mesmo sem apoio financeiro.
Capítulo 2 - Bases normativas, Programas e Políticas de incentivo a avaliação
ambiental de edifícios
47
Especificamente, as seguintes exigências do C-2000 têm provado ser
importantes, de acordo com o Quadro 5.
Um software simples, usado como ferramenta de projeto, foi produzido para
auxiliar as equipes de projeto registradas no Programa. Uma dessas, esboça
etapas genéricas do processo de projeto e fornece uma forma simples para
projetistas registrarem suas estratégias e objetivos de desempenho. Outra,
facilita um consenso entre cliente e a equipe de projeto referente a importância
relativa de várias questões.
Quadro 6 - Características gerais do Programa C-2000
CARACTERÍSTICAS GERAIS DO PROGRAMA C-2000
8 edifícios construídos ou em construção
Número de Projetos até 2002
14 edifícios projetados
Orçamento Anual
Aproximadamente 200 mil dólares
Consumo de energia
Poluição ambiental e emissões
Áreas de desempenho
Qualidade interna do ar
Funcionalidade
Meta energética
50% superior ao exigido na MNECB
• Trabalho interdisciplinar entre arquitetos, engenheiros, e
pessoas relacionadas a operação imediatamente a partir do
início do processo de projeto;
• Discussão da importância relativa de vários critérios de
desempenho e o estabelecimento de um consenso neste
assunto entre clientes e projetistas;
• O fornecimento de um aplicativo facilitador de projeto, para
Exigências
elevar os níveis de desempenho durante o processo e trazer
tecnologias especializadas;
• Uma
clara
articulação
de
objetivos
e
estratégias
de
desempenho, para serem atualizadas durante o processo;
• O uso de simuladores de energia para fornecer relativamente
informações objetivas de um aspecto chave de desempenho;
• Documentação das principais etapas e assuntos importantes no
processo.
Fonte: Larsson, 2000.
Capítulo 2 - Bases normativas, Programas e Políticas de incentivo a avaliação
ambiental de edifícios
48
O processo IDP C-2000 está agora sendo usado como um modelo para
desenvolvimento de um padrão internacional genérico, pela Tarefa 23 da
Agência Internacional de Energia (Internatiobnal Energy Agency), e discussões
já estão acontecendo com um instituto canadense de arquitetura (Royal
Architectural Institute of Canadá, RAIC) para avaliar a possibilidade do
processo ser aceito como uma forma alternativa de entrega de serviços
profissionais.
2.2.1.2.
PROGRAMA DE INCENTIVO A EDIFÍCIOS COMERCIAIS (CBIP)
Em 1997, foi lançado pelo Centro de Pesquisas Naturais do Canadá (Natural
Resources Canadá, NRCan) um programa nacional para direcionar a indústria
em direção a eficiência energética. Com base nas lições aprendidas no C2000, decidiu-se oferecer incentivos financeiros para incorporação de atributos,
relativos à eficiência energética, em novos projetos de edifícios comerciais,
institucionais e mais recentemente, industriais. O incentivo pretende estar
disponível aos indivíduos, às organizações lucrativas e não lucrativas, às
instituições, aos governos territoriais, regionais e municipais, e a determinadas
corporações federais (PEBC, 2002).
O objetivo deste novo incentivo é encorajar a prática de projeto com eficiência
de energia e produzir constantes mudanças, tanto em projeto de edifícios,
como na indústria construtiva canadense. O CBIP avalia os projetos e concede
àqueles que cumprem as exigências um incentivo financeiro.
No caso de edifícios grandes, o cliente deve usar o software específico, de
simulação de desempenho de energia (EE4 - CBIP) para demonstrar que o
projeto proposto atingirá o nível de qualificação mínimo de 25% sobre o exigido
na MNECB, diferente dos 50% necessários no Programa C-2000. EE4 - CBIP
estima o custo anual de energia para um edifício ainda na etapa de projeto. O
cálculo é feito, simultaneamente, considerando que o edifício segue apenas as
normas do MNECB e se considerasse as exigências do CBIP. Assim, é traçado
um paralelo entre as duas situações, passível de comparação.
Capítulo 2 - Bases normativas, Programas e Políticas de incentivo a avaliação
ambiental de edifícios
49
Para incentivar construtores de edifícios comerciais pequenos a participarem
do CBIP, são fornecidos pacotes técnicos prescritivos de medidas para
eficiência de energia para tipos específicos de edifícios. Quando estas medidas
estão incluídas no projeto, este será avaliado e o PEBC (2002) afirma que, com
certeza, irá alcançar o nível de qualificação.
CBIP objetiva ajudar a reduzir o custo extra necessário ao se projetar edifícios
eficientes energeticamente. O incentivo para um edifício que alcança os
critérios estabelecidos pelo programa será calculado como um incentivo
financeiro único, equivalente a duas vezes a diferença entre o custo anual de
energia estimado se o edifício fosse construído considerando o MNECB e o
custo energético anual estimado sobre o projeto aprovado pelo CBIP. Veja um
exemplo na Tabela 1.
Tabela 1 - Exemplo de Cálculo de incentivo financeiro CBPI
SITUAÇÕES
CUSTO ANUAL ESTIMADO
Se construído de acordo com as exigências do MNECB
$100.000
Projeto aprovado pelo CBIP:
$75.000 (25% a menos que o MNECB)
Economia no custo energético anual estimado:
$25.000 ($100.000 -$75.000)
VALOR DO INCENTIVO CBIP:
$50.000 ($25.000 X 2)
Foi estabelecido um nível máximo de incentivo em relação ao custo de energia
anual previsto (Padrão MNECB) de $80.000 ou de acordo com os custos totais
de projeto, o que for menor. Múltiplos ganhos de incentivo para um mesmo
projeto reaproveitado são permitidos até 12 vezes ou um ganho máximo de
incentivo limitado a $500.000 por agente recebedor do incentivo.
Uma análise dos resultados preliminares no Programa CBIP apresentado no
Advanced Building Newsletter, mostrou que, até o Outono de 1998 projetos
típicos CBIP estavam recebendo financiamento na faixa de $35.000, devido a
seu desempenho e/ou o porte dos edifícios não permitirem alcançarem um
valor máximo. O incentivo, agora, aumentou para três vezes o custo anual de
energia prevista de modo a fornecer um incentivo maior para projetos menores,
mas o limite de $80.000 permanece (Larsson, 2000).
Capítulo 2 - Bases normativas, Programas e Políticas de incentivo a avaliação
ambiental de edifícios
50
No Quadro 7 as características gerais e as exigências do Programa CBIP
Quadro 7 - Características gerais do CBIP
CARACTERÍSTICAS GERAIS DO PROGRAMA CBIP
Número de Projetos até 2002
Orçamento Anual
300 além daqueles que já estão em construção ou
finalizados
Aproximadamente 10 milhões de dólares
Consumo de energia
Áreas de desempenho
Emissões e efeito estufa
Meta energética
25% superior ao exigido na MNECB
• Requisição para verificação da disponibilidade de
fundos ao NRCan indicando o valor necessário
previsto, a justificativa de intenção de construção
de um edifício eficiente energeticamente e ainda
Exigências
especificações de tamanho, tipo de ocupação e
localização.
• Fornecimento de projeto detalhado.
• Preenchimento das folhas de trabalho fornecida
pelo software de simulação EE4 -CBIP
comprovando a aptidão para o incentivo.
Há uma tendência, atualmente ao trabalho conjunto dos Programas C-2000 e
CBIP, de forma que quase todos os novos projetos C-2000 também participam
do Programa CBIP. Projetos C-2000 correntes recebem, atualmente, uma
assistência financeira total de $5.000 a $25.000 durante apenas o processo de
projeto, isto é, uma considerável redução dos níveis de apoio em relação aos
dados anteriormente. Entretanto, a combinação dos programas resulta em
apoio personalizado e em um apoio financeiro total máximo disponível de até
$100.000 para um pequeno número de projetos por cada ano.
Recentemente, um terceiro elemento tem sido adicionado ao programa
combinado: promover a adoção de tecnologias renováveis. Um programa de
suporte desenvolveu um software capaz de fornecer uma avaliação do
potencial técnico e econômico de tecnologias de energia renovável. Ambos
programas, C-2000 e CBIP, estão, agora, encorajando questões renováveis em
um estágio inicial de seus projetos (Larsson, 2000).
Capítulo 2 - Bases normativas, Programas e Políticas de incentivo a avaliação
ambiental de edifícios
51
Para profissionais na área de projeto, assim como construtores e proprietários
de edifícios, esses incentivos inicialmente funcionam como uma forma de
arrecadar fundos e de ser um diferencial no mercado. No entanto, o meio
ambiente é que se beneficia com essas atitudes e, a longo prazo, a economia
de energia será o principal reflexo dessas iniciativas. Além disso, os programas
permitem que aqueles profissionais relacionados à indústria construtiva tornemse familiares com as práticas de eficiência de energia, o que ajudará às
decisões futuras de aperfeiçoamento das estratégias de projeto.
É visível que, todos os projetos que alcançaram incentivos, ao serem
submetidos a alguma metodologia de avaliação por desempenho, conseguem
sobressair-se nos sistemas de certificação.
2.2.1.3.
PROGRAMA R-2000
R-2000 é um programa resultante de 20 anos de intensas pesquisas e avanços
realizados pelo Governo do Canadá e por seus parceiros industriais. É
administrado pelo Centro de Pesquisas Naturais do Canadá (Natural
Resources Canadá - NRCan), que promove o uso de práticas e tecnologias
construtivas ambientalmente mais “amigáveis” para residências. É o líder
mundial em tecnologia de eficiência energética em residências e tem gerado
grande interesse fora do Canadá, e apresenta licença para uso no Japão e em
vários estados americanos (OEE, 2002a).
A participação no programa é voluntária. Segundo OEE (2002a), construtores
escolhem trabalhar com o padrão R-2000, pois consideram ser uma forma de
ganhar mercado ao construir residências com melhor desempenho do que as
oferecidas pelos concorrentes que usam práticas tradicionais. Energy
Publications (2002) garante a existência de vários benefícios para os
proprietários de uma residência R-2000, tais como, melhor qualidade do ar,
maior responsabilidade ambiental, melhor isolamento acústico, melhor conforto
térmico, economia de energia e como resultado final, uma vida mais saudável.
Capítulo 2 - Bases normativas, Programas e Políticas de incentivo a avaliação
ambiental de edifícios
52
Com relação ao fator custo, uma residência construída dentro do programa R2000, custa inicialmente 2% a 6% mais quando comparada às construções
residenciais convencionais. Porém, dependendo da forma de pagamento ou
hipoteca, essa diferença pode cair. Energy Publications (2002) afirma que, a
relação custo e benefício a longo prazo é vantajosa, considerando economia de
energia, ar interno mais saudável, melhor conforto e um aumento significativo
no valor de revenda. O programa R-2000 inclui:
•
normas referentes a eficiência energética continuamente atualizadas,
aplicáveis a novas residências;
•
cursos de treinamento e educação avançada para construtores de
residência;
•
testa, avalia, certifica e literalmente rotula residências novas inscritas no
programa e aprovadas.
A norma R-2000 é baseada em uma meta de consumo de energia para cada
residência e uma utiliza-se de uma série de exigências técnicas com as
seguintes características (Energy Publications, 2002):
•
sistema de ventilação contínua em toda a residência;
•
uso de materiais e equipamentos mais “amigáveis”ao meio ambiente;
•
sistemas de aquecimento e ventilação avançados;
•
utensílios com eficiência de energia e iluminação;
•
janelas e portas com melhor eficiência de energia;
•
envelopes construtivos mais compactos para reduzir correntes de ar e
perdas de calor;
•
elevados níveis de isolamento.
Capítulo 2 - Bases normativas, Programas e Políticas de incentivo a avaliação
ambiental de edifícios
53
O padrão R-2000 demanda um elevado nível de eficiência energética, além do
necessário nas normas construtivas vigentes.
Desde que o programa foi lançado, quase 9000 residências foram construídas
e certificadas. Algo próximo de 900 construtores foram licenciados para
construir residências R-2000. Como resultado, percebe-se uma melhora
significativa da qualidade das residências, com benefícios econômicos, para
saúde das pessoas e para o meio ambiente. Isso impulsiona as iniciativas
governamentais em direção à melhoria da qualidade das normas existentes e o
desenvolvimento de incentivos em relação a essas questões (OEE, 2002a).
R-2000 também conta com a participação de vários parceiros em todo Canadá,
incluindo associações provincianas de construtores de residências, governos
provincianos, fabricantes de produtos e concessionárias publicas de energia.
Como resultado, fabricantes têm desenvolvido vários produtos construtivos
exclusivos, tais como, janelas de alto desempenho, ventiladores de
recuperação de calor e sistemas de refrigeração e aquecimento (OEE, 2002a).
2.2.1.4.
FBI - FEDERAL BUILDING INITIATIVE
A Iniciativa Federal no Setor Construtivo (FBI) foi desenvolvida pelo escritório
de eficiência energética do Centro de Pesquisas Naturais Canadá (NRCan) em
1991, para ajudar os departamentos federais e agências a reduzir seus
consumos de energia e de água e a emissão de gases causadores do efeito
estufa.
FBI foi projetado para fornecer aos departamentos do governo federal uma
organização fiscal para gerenciar seus orçamentos energéticos, através da
melhoria da eficiência de seus edifícios sem qualquer aumento nos custos e
devendo estar de acordo com as normas canadenses de responsabilidade
ambiental. A combinação do mecanismo de financiamento e a disposição de
produtos e serviços disponíveis para os departamentos federais poderiam
fornecer uma forma efetiva de cortar custos energéticos e reduzir a emissão de
gases dos edifícios em operação (OEE, 2002b).
Capítulo 2 - Bases normativas, Programas e Políticas de incentivo a avaliação
ambiental de edifícios
54
Atualmente, o programa é considerado um sucesso, contando sempre com a
parceria de firmas especializadas em gerenciamento de energia, como
coordenadores, projetando, melhorando e monitorando medidas de eficiência
energética. Segundo OEE (2002b), FBI inclui:
•
promoção de programas de serviços e produtos fazendo-os visíveis em todo
mundo;
•
contribuição para alcançar, até 2010, a meta de 31% a menos de emissões
de gases que os níveis de 1991;
•
apoio às metas do governo canadense para aumentar a consciência da
importância da eficiência energética e mudanças nas condições ambientais;
•
retroalimentação e atualização de aproximadamente 6500 edifícios federais
e equipamentos, gerando $26 milhões em economia anual e $ 190 milhões
em investimentos financeiros particulares.
As facilidades encontradas no FBI relativas à eficiência energética são
importantes, e tanto tem beneficiado o meio ambiente e promovido a saúde dos
locais de trabalho com incentivo à produtividade, quanto também, economizado
em contas e em impostos.
2.2.2. Programas americanos
O enfoque americano com relação a programas de incentivo ao green building
não é, em geral, direcionado pelo Governo Federal, mas principalmente, por
associações formadas pela indústria construtiva ou por outros grupos não
lucrativos, com o objetivo de reforçar a tendência geral em direção ao
desenvolvimento sustentável.
Os programas comunitários green building estão crescendo e progredindo a
cada dia para promover a aceitação pública de seus benefícios, assim como
incentivar construtores a adotar práticas com maior responsabilidade
ambiental.
Capítulo 2 - Bases normativas, Programas e Políticas de incentivo a avaliação
ambiental de edifícios
55
Smart Communities Network (2002) auxilia a identificação dessas iniciativas
como segue abaixo.
Construir uma Clark Melhor é um programa de classificação de green
building no distrito de Clark, Washington, que certifica residências novas e
reformadas. É uma iniciativa voluntária operada pela Associação da Indústria
Construtiva do sudoeste de Washington.
Construir uma Kitsap Melhor é um programa que promove construções com
maior responsabilidade ambiental, conceitos de economia de energia,
qualidade do ar e uso de recursos naturais no distrito de Kitsap, Washington. É
aplicável para residências novas ou projetos de reforma. O programa
estabelece um padrão “Normas Adicionais” para melhorar o desempenho dos
edifícios e fornecer benefícios econômicos e ambientais significativos para os
ocupantes e as futuras gerações. Caracteriza-se por incluir pontos de peso por
item e um livro guia com cuidadosa descrição das áreas e reservas locais
aprovadas.
Na cidade de Seattle, também em Washington, o programa Seattle
Sustainable Building procura melhorar as políticas rumo ao crescimento
sustentável dos edifícios, fornecendo um guia para os servidores da cidade e
oferecem assistência técnica e incentivos.
Construir Verde (Built Green) da Associação dos principais construtores
(MBA) dos distritos de King e Snohomish, Washington, juntamente com a
parceria de agências governamentais, projetado para fornecer aos ocupantes,
residências confortáveis, duráveis e ambientalmente amigáveis. O programa
oferece aos consumidores um sistema de classificação fácil de entender, que
quantifica as práticas construtivas mais corretas do ponto de vista ambiental
para construção de residências novas e em reforma.
A certificação das residências é feita após o preenchimento adequado de um
checklist, organizado em seis categorias com itens de ações ambientais sendo
possível obter classificações de 1, 2 e 3 estrelas.
Capítulo 2 - Bases normativas, Programas e Políticas de incentivo a avaliação
ambiental de edifícios
56
Outros programas seguem a mesma metodologia, com preenchimento de uma
lista de verificações (cheklist) constando de requisitos ambientais mínimos a
serem atendidos associados a pontuações específicas. Esses programas são
utilizados como um guia de orientação e aplicados como ferramenta de
marketing para residências que reúnem critérios green específicos. Dentre eles
pode-se exemplificar alguns.
Construir Verde no Colorado (Built Green Colorado), desde 1995, originado
na região do Metrô em Denver, Colorado, atuando atualmente em todo o
estado. É uma iniciativa que conta com esforços conjuntos das associações de
construtores e da concessionária pública de energia. O objetivo alvo é
encorajar construtores de casas a usar tecnologias, produtos e práticas que
forneçam melhor eficiência de energia e redução de poluição, garantam ar
interno mais saudável, reduzam o uso de água, preservem recursos naturais e
melhorem a durabilidade reduzindo a manutenção das edificações.
Programa de Pontuação de Green Building (Green Points Building Program),
ainda no Colorado. É utilizado em novas construções, projetos de ampliação
maiores que 152,40m2 e projetos de reforma. Além de atender aos objetivos
ambientais do programa anteriormente citado, apresenta um adicional ao
promover a reciclagem de materiais construtivos e redução de resíduos sólidos.
O programa confere aos construtores um “aval construtivo” obtido após
apuração dos créditos obtidos pela seleção de medidas greens.
O Programa Green Building da Cidade de Austin (City of Austin Green
Building Program) é também voluntário e classifica e certifica residências na
escala de 1 a 4 estrelas, sendo que os que alcançam mais estrelas são os que
apresentam mais características greens. O programa também fornece
assistência a profissionais da indústria da construção tais como arquitetos,
engenheiros e construtores.
Além desses, existem os programas de ação integrada com o objetivo de
promover a eficiência de recursos construtivos e incentivar o projeto
sustentável na prática local.
Capítulo 2 - Bases normativas, Programas e Políticas de incentivo a avaliação
ambiental de edifícios
57
Programa Green Building da Cidade de Portland (City of Portland´s Green
Building Program). Coordenando a perícia e os recursos de seis departamentos
da cidade, esta iniciativa estabelece metas radicais, além de recomendar
estratégias selecionadas cuidadosamente para aumentar os resultados locais e
desenvolver soluções, a custos acessíveis, para construtores, colaboradores,
proprietários de construções e usuários.
Programas com os mesmos objetivos e metodologias similares são
encontrados em São Jose, Califórnia, Havaí e Nova Jersey.
A Iniciativa Green Building do Estado de Nova York (New York Sate Green
Building Initiative) oferece um programa de incentivos através de taxas
desenvolvidas para construtores de edifícios que buscam construir de forma
ambientalmente correta.
No Arizona o Programa Green Building Scottsdale (Scottsdale Green
Building Program), encoraja uma abordagem global de projeto e técnicas
construtivas para minimizar os impactos ambientais, objetivando a redução do
consumo de energia dos edifícios. Avalia residências conforme seis tipos de
impactos ambientais.
O Programa Residencial EarthCraft (EarthCraft House Program) é uma
iniciativa de uma associação dos melhores construtores residenciais de Atlanta,
Geórgia, que fornece treinamento, auxílio técnico para projeto e construção,
marketing de materiais para construtores participantes. Projetos de edifícios
alcançam pontos pela implementação de várias categorias: planejamento local,
eficiência energética, redução de água, conservação de água e qualidade
interna do ar.
Programas com enfoques mais restritos são também comuns. Existem os que
restringem-se em incentivar a eficiência energética e são muitos, tais como:
Home Energy Rating Systems (HERS) Programs, Energy Efficient Mortage
(EEM) Program, EPA Programs, o Programa do Conselho Americano para uma
econômica eficiência energética (ACEEE), dentre outros. São, em geral,
Capítulo 2 - Bases normativas, Programas e Políticas de incentivo a avaliação
ambiental de edifícios
programas
voluntários
que
fornecem
assistência
técnica,
58
recursos
e
ferramentas para instituições, agências governamentais e outras organizações,
para produzir edifícios com melhor eficiência de energia.
Outros programas apenas fornecem, através de publicações, banco de dados e
pesquisas online, via internet, orientações a construtores e usuários
direcionadas ao green building. Apesar de não avaliarem ou classificarem os
edifícios, tornam-se fundamentais para embasar metodologias usuais,
contribuindo, muitas vezes, com ferramentas de auxílio para este processo.
Como tal, pode-se citar, o Governor´s Green Government Council na
Pensilvânia, o Green Building Design and Construction, na Califórnia e Battery
Park City Green Guidelines, em Nova York.
2.2.3. Programas Europeus e Asiáticos
Várias iniciativas de implementar políticas e programas voltados à construção
de edifícios ambientalmente responsáveis vem sendo desenvolvidas na Europa
e na Ásia, disseminando o conceito de green building até mesmo em países
africanos. Dentre as diversas iniciativas cabe ressaltar alguns exemplos.
2.2.3.1.
SUSTAINABLE BUIDING PROJECTS - SUÉCIA (Formas, 2002)
Segundo a iniciativa sueca Sustainable Buiding Projects a sustentabilidade
social, econômica e ecológica pode ser a base de todas as atividades em
planejamento, construção e gerenciamento. A Suécia tem estabelecidas 15
metas de qualidade ambiental a longo prazo, para elucidar a dimensão
ecológica do desenvolvimento sustentável, entre as quais está uma construção
ambientalmente correta.
Planejamento
comunitário,
pesquisas
e
desenvolvimento,
educação,
disseminação da informação e um diálogo entre diferentes setores da
sociedade são alguns dos instrumentos políticos que estão dando destaque na
estratégia para estimular o desenvolvimento de uma sociedade sustentável.
Capítulo 2 - Bases normativas, Programas e Políticas de incentivo a avaliação
ambiental de edifícios
59
2.2.3.2. THE URBAN ECOLOGY PROGRAM - NORUEGA (NABU2, 2003)
O Urban Ecology Program apresenta a visão ambiental da cidade de Oslo,
Noruega definida a partir de metas, áreas de ênfase e estratégias que
culminam em programas para a política ambiental da cidade. Há um grande
número de iniciativas apontando para o desenvolvimento sustentável e estes
esforços têm começado a mostrar resultados concretos.
O Programa é complementado pelo Urban Ecology Guide, desenvolvido por
iniciativa de um Centro para Arquitetura e Planejamento Sustentável (NABU)
em parceria com a comunidade da cidade, órgãos públicos e outras entidades
voltadas ao desenvolvimento sustentável. O guia apresenta uma amostra dos
melhores e mais inovadores projetos ecologicamente responsáveis concluídos
ou em andamento em Oslo.
2.2.3.3. CRITÉRIOS GREEN BUILDING NA CHINA (Shi, 2002)
A Lei de Proteção Ambiental e a Lei de Construção são os fundamentos
básicos do green building na China. Com base nessas duas leis, uma série de
normas, regulamentos e instituições têm definido diferentes perfis para os
critérios ambientais.Estas normas e instituições têm apresentado um grande
efeito nos perfis dos edifícios, tendendo a construção ambientalmente
responsável e para análise do ciclo de vida desde a fase de projeto.
Se um projeto tem a possibilidade de apresentar uma grande influência no
ambiente, um relatório ambiental deve ser feito com as seguintes informações:
•
situação ambiental atual do entorno do projeto;
•
análise e previsão das influências ambientais do edifício;
2
Norwegian Architects for Sustainable Development
Capítulo 2 - Bases normativas, Programas e Políticas de incentivo a avaliação
ambiental de edifícios
60
•
análise econômica e técnica das medidas de proteção ambiental;
•
sugestões para o monitoramento ambiental do projeto;
•
análise de custo e benefício da influência ambiental do projeto, entre outros.
De acordo com a conclusão do relatório, caso o projeto tenha um desempenho
ambiental ruim, ele não poderá ser construído. Este programa vem atuando
com sucesso, desde a emissão do regulamento em 1998, e protegendo o
ambiente natural da possível degradação provocada por projetos e
construções.
2.2.4. Programas Brasileiros
O mercado brasileiro ainda é iniciante com relação às políticas direcionadas ao
green building. Entretanto, já existem diversos produtos que são considerados
como “ambientalmente amigáveis”, além de diversas iniciativas pontuais ao
longo de todo país. Faltam, portanto, soluções globais que são dificultadas pela
falta de dados básicos, principalmente relacionados a descargas (poluição e
emissões) ambientais e durabilidade dos produtos construtivos, assim como
dados climáticos necessários como apoio às simulações de edifícios.
Em nível nacional, existe uma proposta de resolução do Conselho Nacional de
Meio Ambiente (CONAMA), já aprovada na Câmara Técnica de Controle
Ambiental em 2002, que dispõe sobre resíduos da construção civil. A proposta
determina a necessidade de implementação de diretrizes para a efetiva
redução dos impactos ambientais gerados pelos resíduos oriundos da
construção civil, uma vez que estes representam um significativo percentual
dos resíduos sólidos produzidos nas áreas urbanas e são depositados em
locais inadequados, contribuindo para a degradação da qualidade ambiental
(CONAMA, 2002).
Em nível estadual, São Paulo é o que mais caminha nesta direção, devendo
ser destacado a criação de uma Câmara Ambiental exclusiva para o setor
construtivo, o Programa Estadual para Conservação de Água e a Política
Capítulo 2 - Bases normativas, Programas e Políticas de incentivo a avaliação
ambiental de edifícios
61
de Gerenciamento de Resíduos. Também no Estado de São Paulo a prática
de coleta de água da chuva é hoje obrigatória (Silva et al. 2002).
Em Belo Horizonte, políticas direcionadas ao resíduo de construção e
doméstico têm sido implantadas com sucesso para reciclá-los, de forma a
reduzir os depósitos ilegais e custos de transporte, custos ambientais, saúde
dentre outros. Falta, no entanto, uma política mais abrangente para incentivar
mais pesquisas, objetivando os benefícios comerciais a partir destes resíduos.
No sul do Brasil, através do Departamento de Engenharia da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), está sendo desenvolvido um projeto
de pesquisa para a implementação de um Centro Experimental para
Tecnologias Residenciais Sustentáveis (CETHS) de acordo com princípios
sustentáveis: uso de fontes energéticas sustentáveis, gerenciamento de
resíduos sólidos e líquidos, uso de materiais construtivos com baixo impacto
ambiental, produção local de alimentos e atenção às questões sociais e
educacionais.
Segundo Silva et al. (2002), em nível Federal, pode-se destacar:
•
Programa Nacional de Eficiência de Energia Elétrica (PROCEL) lançado em
1985/86 coordenado pelo Ministério das Minas e Energia (MME) e pelo
Ministério da Indústria e Comércio. A meta em longo prazo (2015) é reduzir o
consumo energético para 130 bilhões KwH, o que corresponde a duas vezes
a produção da Represa de Itaipu.
•
Programa FINEP/Habitare. Programa Habitare foi lançado em 1994 pelo
Ministério das Ciências e Tecnologia e FINEP (Agência de Financiamento
Nacional do Brasil). Aplica-se apenas ao setor residencial. Este programa
oferece embasamento para o surgimento de diversos projetos que objetivam
a sustentabilidade das construções. Dentre sua vasta linha de ação, o
Programa objetiva (HABITARE, 2003):
°
desenvolvimento de métodos de avaliação do impacto ambiental dos
materiais e das tecnologias destinadas à construção civil;
Capítulo 2 - Bases normativas, Programas e Políticas de incentivo a avaliação
ambiental de edifícios
°
62
concepção e implantação de alternativas para redução do desperdício na
cadeia produtiva da construção civil;
°
desenvolvimento de diretrizes de projeto e operação visando o uso
racional de água e energia na habitação, com redução nos custos globais
das soluções construtivas;
°
desenvolvimento de tecnologias de baixo impacto ambiental;
°
elaboração de propostas de políticas públicas para incentivar reciclagem
de resíduos e seu aproveitamento na construção civil e redução do
impacto ambiental.
•
Programa Nacional para Qualidade e Produtividade da Habitação (PBQPHabitat). É um programa voluntário lançado em 1998, direcionado para
apoiar o esforço brasileiro de modernidade através da promoção de
qualidade e produtividade do setor construtivo. PBQP-Habitat é também um
instrumento federal para cooperar com o compromisso estabelecido na II
Conferêcia de Habitações, em Istambul.
•
Programa Nacional contra o Desperdício de Água (PNCDA), lançado em
1998, através da articulação de quatro ministérios, promovendo a
conservação de água e um programa nacional para um uso mais racional da
água.
•
Eco-Label brasileiro. As discussões iniciais ocorreram apenas após o Rio´92,
principalmente devido ao risco da proibição de exportação. Critérios foram
definidos em 1995, mas, apenas em 2000 o Ministério de Minas e Energia e
a Associação Brasileira de Normas Técnicas iniciou o trabalho que considera
o estabelecimento de um rótulo ambiental brasileiro.
Em 2001, o Brasil presenciou uma severa crise de energia, o que resultou da
necessidade de um sistema de racionamento na maioria dos estados
brasileiros. Como conseqüência ocorreu um aumento da conscientização da
população em relação a um maior respeito ambiental. Com relação ao setor
Capítulo 2 - Bases normativas, Programas e Políticas de incentivo a avaliação
ambiental de edifícios
63
construtivo, nota-se, principalmente no Estado de São Paulo, uma preocupação
dos construtores em estabelecer parcerias para caracterizações de edifícios
com relação ao seu desempenho ambiental e num futuro próximo
desenvolvimento de um esquema de certificação e rotulagem destes edifícios.
Quadro 8 - Principais Programas e Políticas Públicas de incentivo à avaliação
e certificação ambiental de edifícios
PAÍS
PROGRAMA OU POLÍTICA
DESCRIÇÃO
PÚBLICA
Solicitações técnicas abrangem: desempenho
energético, impactos ambientais, ambiente interior,
C-2000
funcionalidade, entre outros parâmetros relacionados, a
partir da aplicação de um processo de projeto integrado
desde a fase inicial.
Destinados a edifícios comerciais, institucionais e
industriais, objetiva encorajar a prática de projeto com
CBIP
eficiência energética, produzir mudanças nos projetos
de edifícios e na indústria construtiva, a partir de
avaliação e incentivo financeiro.
Canadá
O programa, de participação voluntária, define normas
referentes a eficiência energética e cursos de
R-2000
treinamento voltados para a construção de residências,
além de testar, avaliar e certificar as residências
inscritas e aprovadas no programa.
Projetado para fornecer a departamentos federais e
agências uma organização fiscal de modo a reduzir
FBI
seus consumos de energia e de água e a emissão de
gases causadores do efeito estufa, melhorando a
eficiência de seus edifícios sem aumento nos custos e
com responsabilidade ambiental.
Estados Unidos
Construir uma Clark Melhor
Construir uma Kitsap Melhor
Programas comunitários green building que buscam
incentivar construtores, principalmente de residências, a
Seattle Sustainable Building
adotar práticas com maior responsabilidade ambiental.
Construir Verde
Construir Verde no Colorado
Programa de Pontuação Green
Building
Programas que adotam uma lista de verificação
(checklist) com os requisitos ambientais mínimos a
serem atendidos. Utilizados como guia de orientação e
aplicados como ferramenta de marketing pra residências
Capítulo 2 - Bases normativas, Programas e Políticas de incentivo a avaliação
ambiental de edifícios
Programa Green Building da cidade
de Austin
64
aplicados como ferramenta de marketing pra residências
que reúnem critérios green.
Programa Green Building da cidade
de Portland
Iniciativa Green Building do Estado
Programas de ação integrada com o objetivo de
de Nova York
promover a efiiência de recursos construtivos e
incentivar o projeto sustentável na prática local.
Programa Green Building Scottdale
Programa Residencial Earth Craft
Sustentabilidade social, econômica e ecológica como
Suécia
Sustainable Buiding Projects
base de todas as atividades em planejamento,
construção e gerenciamento. Definição de metas
ambientais a longo prazo.
Definição de metas, áreas de ênfase e estratégias que
Noruega
The Urban Ecology Program, em
Oslo
culminam em programas para a política ambiental da
cidade. Publicação de Guia com uma amostra dos
melhores e mais inovadores projetos ecologicamente
responsáveis concluídos ou em andamento em Oslo.
Uma série de normas, regulamentos e instituições têm
definido diferentes perfis para os critérios ambientais.
China
Critérios Green Building
Relatório de impacto ambiental define os critérios para a
construção dos edifícios que têm influência sobre o
ambiente natural.
Busca determinar diretrizes para a redução dos
Resolução CONAMA
impactos ambientais gerados pelos resíduos oriundos
da construção civil.
Coordenado pelos Ministérios das Minas e Energia e da
PROCEL
Indústria e Comércios, objetiva reduzir a longo prazo o
consumo de energia.
Brasil
FINEP / Habitare
Oferece embasamento para o surgimento de projetos
que busquem a sustentabilidade das construções.
Direcionado a apoiar o esforço brasileiro de
PBQP-Habitat
modernidade através da promoção de qualidade e
produtividade do setor construtivo.
PNCDA
Eco-Label brasileiro
2.2.4.1.
Programa que visa promover conservação e o uso mais
racional da água.
Busca estabelecer um rótulo ambiental brasileiro.
A SITUAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO (BELLO, 2004)
Capítulo 2 - Bases normativas, Programas e Políticas de incentivo a avaliação
ambiental de edifícios
65
No Espírito Santo, as políticas públicas relacionadas à avaliação e ao controle
do desempenho ambiental na construção civil estão inseridas no contexto da
Agenda 213, que mesmo não sendo diretamente direcionadas ao mercado da
construção civil, influenciam-no de alguma forma, visando um planejamento
para se desenvolver com qualidade e benefícios que atinjam a todos e por
bastante tempo, sem que para isso haja prejuízo para o meio ambiente.
Mesmo que a Agenda 21 ainda pareça não ser capaz de exercer um
comprometimento legal, no Espírito Santo várias experiências mostram que a
aplicação desse planejamento pode transformar a realidade e a imagem das
cidades.
A experiência mais antiga é a da capital, Vitória, que elaborou sua Agenda 21
em 1996, contida num documento intitulado “Vitória do Futuro”. O que era para
ser o planejamento estratégico se tornou a primeira Agenda 21 do Espírito
Santo e uma das primeiras do país. Um grupo de especialistas de diversas
áreas, entre as quais, economia, cultura, meio ambiente, turismo, segurança, e
urbanismo, assessorou toda elaboração do Vitória do Futuro e sua revisão
realizada em 2002, que contou ainda com a participação popular e de
representantes de vários segmentos da sociedade, como empresas,
associações e poder público.
Na Grande Vitória, outras experiências semelhantes foram realizadas pelos
municípios da Serra – elaborada em 2000, para um período de 20 anos –,
Cariacica – concluída recentemente através de uma parceria com a Companhia
Vale do Rio Doce (CVRD) – e Vila Velha – concluída em julho deste ano.
Alguns municípios do interior do estado, como Presidente Kennedy e Alto Rio
Novo, também têm buscado iniciar a discussão de implantação da Agenda 21.
3
A Agenda 21 surgiu na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, mais conhecida
como ECO’92, em que 178 países se comprometeram a buscar o desenvolvimento sustentável, elaborando agendas
21 nacionais e locais. Trata-se de um planejamento para 20 anos ou mais, baseado em 21 pontos que visam o
desenvolvimento econômico com justiça social e preservação ambiental (BELLO, 2004).
Capítulo 3 - Análise do Ciclo de Vida: uma abordagem na avaliação de edifícios
66
3. ANÁLISE DO CICLO DE VIDA (LIFE CYCLE ASSESSMENT LCA): uma abordagem na avaliação de edifícios
Até os anos 70, o uso de energia era o foco da abordagem ambiental na
indústria. No entanto, após a crise do petróleo, outras facetas importantes
passaram a figurar como fundamentais para minimizar os impactos ambientais,
tais como, energia incorporada aos materiais e o volume de resíduos gerados
nas atividades de construção e demolição, dentre outros (Agopyan & Silva,
2003).
Desde
então,
essa
crescente
preocupação
vem
promovendo
o
desenvolvimento de novas ferramentas e métodos que buscam adicionar uma
dimensão científica à discussão ambiental de modo a auxiliar, de forma menos
subjetiva, a compreensão, o controle e a redução desses impactos.
Na década de 90, essas metodologias eram sustentadas pelos conceitos de
Análise do Ciclo de Vida (Life Cyle Assessment - LCA) nos países da Europa e
América do Norte, que passaram a disponibilizar ferramentas para certificação,
classificação, rotulagem e avaliação ambiental de edifício (Agopyan & Silva,
2003).
Portanto, uma vez que esta metodologia, internacionalmente aceita, serviu de
base conceitual e referência para outras, torna-se indispensável seu o
conhecimento, assim como das ferramentas disponíveis atualmente para sua
aplicação, objetivando a criação de uma visão holística do amplo universo que
envolve a avaliação ambiental de edifícios,.
O conceito original, definido pela Society for Environmental Toxicology and
Chemistry (SETAC) em 1991, considera LCA como sendo um processo para
avaliar as implicações ambientais de um produto, processo ou atividade,
através da identificação e quantificação das emissões ambientais e do uso de
energia e material, com a avaliação do impacto ambiental destes usos, além da
identificação e avaliação das oportunidades de realizar melhorias ambientais.
Capítulo 3 - Análise do Ciclo de Vida: uma abordagem na avaliação de edifícios
67
Essa definição, no entanto, foi consolidada apenas em 1997 na série ISO
140001, como descrito no Capítulo 2 desta dissertação.
Em síntese, entende-se por Análise do Ciclo de Vida (LCA) o procedimento
para análise e avaliação de impactos ambientais de um material, produto,
processo ou serviço durante todo seu ciclo de vida, partindo-se do princípio de
que todos os estágios da vida de um produto ou serviço contribuem para o
impacto ambiental. Por isso, para uma análise formal consistente, deve-se
analisar obtenção de matéria-prima, manufatura, transporte, distribuição,
instalação, operação, e ainda, uso, manutenção e disposição final do produto
(reciclagem e gerenciamento de resíduos), caracterizando o que se tornou
conhecido como o enfoque “berço ao túmulo”2 (Jönsson, 1999; SETAC, 1999;
Silva, 2000).
Por ser tão abrangente, há uma preocupação com a transparência e os
aspectos éticos do método, visando evitar dados imprecisos, inconsistentes e
desqualificados. Assim, podem-se caracterizar como objetivos principais
(SETAC, 1991; Jönsson, 1999):
•
procurar descrever com exatidão, de forma consistente e completa, as
interações entre o processo considerado e o meio-ambiente;
•
contribuir para a compreensão da natureza global, independente das
conseqüências das atividades humanas sobre o meio ambiente;
•
produzir informações capazes de identificar meios para reduzir os impactos
ambientais considerando o uso de reservas naturais, a saúde humana e as
conseqüências ecológicas.
Entretanto, por se tratar de um método que envolve a quantificação de todos os
impactos ao longo de todo o ciclo de vida do produto, torna-se profundo e
1
particularmente na ISO 14040 – Environmental Management – Life Cycle Assessment
2
do inglês, cradle-to-grave
Capítulo 3 - Análise do Ciclo de Vida: uma abordagem na avaliação de edifícios
68
complexo para avaliar o desempenho de um edifício como um todo, podendo
muitas vezes apresentar-se caro e extenso (Baumann & Rydberg, 1994;
Beetstra, 1996). Porém, como afirma Silva (2000) esta abrangência
proporciona uma dimensão científica à discussão ambiental, o que tem
garantido o recebimento de investimentos em pesquisa, incluindo o setor da
construção civil.
Em geral, as LCA’s podem ser aplicadas para (Guinèe et al., 1993; Agopyan &
Silva, 2003):
•
avaliação de uma determinada tecnologia, processo ou produto para
verificação de sua adequação ambiental;
•
identificação de pontos estratégicos para propor melhorias em um processo
ou produto;
•
comparação entre diferentes tecnologias, processos e produtos destinados
a mesma função;
•
orientação à técnicos e consumidores para servir como base para
rotulagem ambiental e/ou subsidiar a introdução, ou não, de um
determinado produto ou serviço no mercado.
No setor construtivo, a LCA está focada, principalmente, nos materiais de
construção e planejamento de equipamentos (Vares, 1999). Segundo Agopyan
& Silva (2003), os conceitos de análise do ciclo de vida tem sido aplicados
direta ou indiretamente como descrito a seguir:
•
formulação de catálogos de dados ambientais, sistematizados a partir da
avaliação de materiais de construção, de modo a orientar projetistas em
busca da melhoria de processos e produtos;
•
fornecimento de diretrizes para rotulagem ambiental de produtos;
Capítulo 3 - Análise do Ciclo de Vida: uma abordagem na avaliação de edifícios
•
69
formulação de ferramentas computacionais de suporte a decisões e auxílio
ao projeto, específicas no uso de LCA para medir ou comparar o
desempenho ambiental de materiais e componentes de construção civil.
3.1. ETAPAS DE UMA LCA
De acordo com a ISO 14040 (1997), o estudo típico do LCA compreende
quatro etapas (Figura 2 e Quadro 9):
•
definição de metas e escopo do estudo;
•
análise do inventário ou aquisição e tratamento dos dados;
•
avaliação dos impactos, onde deve-se entender a relevância ambiental de
cada dado;
•
interpretação dos dados, onde os impactos resultantes são comparados as
metas inicialmente definidas.
Figura 2 - Etapas da metodologia LCA.
3
Fonte: SETAC, 1999; UNEP , 2001.
3
United Nations Environment Programme
Capítulo 3 - Análise do Ciclo de Vida: uma abordagem na avaliação de edifícios
70
Quadro 9 - Etapas da LCA e respectivos procedimentos
ETAPAS
Definição do Escopo
PROCEDIMENTO
Estabelece o objetivo do estudo, sua abrangência e profundidade, limites do
sistema e unidade funcional.
Estudam-se os fluxos de energia e materiais para a identificação e
Análise do inventário do ciclo de
vida - LCI
quantificação de dados ambientais de entrada (inputs) – consumo de
recursos naturais – e de saída (outputs) – emissão para o ar, água e solo,
associados a um produto durante todo o ciclo de vida.
Avaliação do impacto
Interpretação dos dados
Caracteriza os fluxos segundo uma série de indicadores de impacto
ambiental.
Confronta os impactos resultantes com as metas propostas na primeira
etapa.
A partir da análise global dos impactos ambientais tem-se subsídio para
estabelecer um plano de ação para a qualidade ambiental de materiais,
produtos e serviços.
3.1.1. Definição de metas e escopo
Segundo o PRE (2001), é necessário iniciar o estudo através de uma clara e
inequívoca definição de metas, sua abrangência e limites, a unidade funcional,
a metodologia e todos os procedimentos para garantir que a análise do objeto
em estudo atinja o objetivo proposto para a avaliação. Este é o momento de
definições que nortearão todo sistema de avaliação, tais como:
•
o motivo pelo qual a LCA será realizada, e qual será sua aplicação;
•
definição precisa do produto, seu ciclo de vida e a função que realiza;
•
os parâmetros ambientais;
•
definição de uma unidade funcional necessária como base comparativa;
•
definição e descrição dos limites do sistema;
•
descrição de como distribuir os fluxos;
•
as estratégias para coletas e armazenamento de dados;
Capítulo 3 - Análise do Ciclo de Vida: uma abordagem na avaliação de edifícios
•
71
definição da qualidade dos dados necessários, devendo ser restritos aos
fluxos estritamente necessários a avaliação dos impactos;
•
formulação das hipóteses e suas limitações;
•
descrição das considerações adotadas em relação aos procedimentos de
avaliação e a subseqüente interpretação a ser usada;
•
definição de possíveis audiências futuras e a forma com que os resultados
serão comunicados;
•
a forma como uma possível revisão será feita;
•
o tipo e formato do relatório do estudo;
•
o processo de revisão crítica que se pretende adotar.
Esta etapa torna-se indispensável, uma vez que a Análise do Ciclo de Vida
pode ser aplicada para diferentes finalidades e, o tipo de aplicação influenciará
a natureza e a seqüência de decisões a serem tomadas ao longo do processo.
Em cada uma das diferentes aplicações, algum tipo de comparação é feita.
Todos os diferentes dados devem ser relacionados numa única base de
comparação, e por isso faz-se necessário estabelecer uma unidade funcional,
de forma a quantificar o desempenho dos produtos sob uma mesma medida.
Por exemplo, compara-se 1m2 de parede acabada de gesso acartonado com
1m2 de parede acabada de alvenaria e não 1 bloco com 1 painel de gesso
(Jönsson, 1999; Silva & Silva, 2000; PRE, 2001).
Além disso, a complexidade entre as inter-relações dos vários subsistemas dos
produtos também deve ser considerada neste momento. É necessário
estabelecer limites para o sistema do produto aplicado. Por exemplo, para
fabricação de uma parede de gesso acartonado são necessários caminhões
para seu transporte. Caminhões também são produtos com ciclo de vida. Para
produzir caminhões são necessários: aço, combustível, outros materiais e
serviços. A produção de combustível, requer o uso de caminhões e assim por
Capítulo 3 - Análise do Ciclo de Vida: uma abordagem na avaliação de edifícios
72
diante. Por isso, devem-se definir limites em torno de todos os sistemas
excluindo as fases que não geram impactos significativamente no processo.
Além disso, devem-se considerar os limites tecnológicos, geográficos e o
tempo necessário para garantir que a análise do sistema do produto em estudo
atingirá a meta proposta. Porém, todas essas considerações devem ser feitas
de forma cuidadosa, pois o resultado final pode ficar distorcido caso algum
fluxo importante seja desconsiderado.
É difícil definir, no entanto, quais partes do sistema total serão incluídas ou não
na análise. Segundo Häkkinin et al. (2002) e Kaipiainen (2002), guias de
orientação a LCA, tais como o guia Nordic LCA Guide publicado em 1995, que
contém uma lista do que é tipicamente deixado fora da análise tem sido
elaborados. Infraestrutura, acidentes e impactos ambientais causados por mãode-obra são alguns destes fatores. O resultado é significativamente afetado
pela concentração de impactos ambientais criados no processo dentro de
diferentes produtos do mesmo processo.
A norma ISO 14040 estabelece o conteúdo mínimo do escopo em uma Análise
pelo Ciclo de Vida que são propostos por Chehebe (1998) em três dimensões,
conforme Figura 3.
EXTENSÃO: onde iniciar e parar a
LCA
LARGURA:
quantos
e
quais
subsistemas incluir
PROFUNDIDADE: nível de detalhes
do estudo
Figura 3 - Dimensões da LCA.
Fonte: Chehebe, 1998.
Ao finalizar essa etapa, um guia será concretizado para ajudar a direcionar as
etapas subsequentes. Esse guia, contudo, não deve ser estático podendo ser
Capítulo 3 - Análise do Ciclo de Vida: uma abordagem na avaliação de edifícios
73
ajustado caso as escolhas iniciais não sejam ótimas ou aplicáveis. Portanto,
cada adaptação deve ser consciente e cuidadosa.
3.1.2. Análise do Inventário
Após a definição dos objetivos e de todo o escopo do esquema de avaliação,
prossegue-se com a fase denominada de Análise do Inventário.
É nessa fase que ocorre a coleta e tratamento dos dados e qualificação das
hipóteses, baseados no estudo de fluxo de materiais e energia durante todo o
ciclo de vida, fornecendo um resultado sistemático e quantitativo.
Portanto, é neste estágio que são identificados e quantificados todos os dados
ambientais (processos de entrada e saída) associados aos processos
industriais que ocorrem durante o ciclo de vida de um produto, embalagem,
processo, material ou atividade em questão.
Segundo Chehebe (1998), a fase de análise do inventário deve estar
organizada de acordo com a Figura 4.
A condução do inventário é um processo interativo. A seqüência de eventos
invariavelmente envolve a checagem de procedimentos, visando assegurar a
obediência aos requisitos de qualidade estabelecidos na primeira fase.
Chehebe (1998) sugere que, antes de se iniciar um programa exaustivo de
coleta de dados, faz-se necessário realizar uma investigação preliminar das
informações, de forma mais abrangente, enfatizando mais a integridade dos
dados e menos a precisão e a qualidade dos mesmos. Essas informações
funcionarão para ajustar as decisões tomadas na etapa anterior de
planejamento, otimizando-a, de modo a iniciar a fase de Análise do Inventário
de fato.
A coleta de dados é realizada através de entrevistas, pesquisas de literatura,
medições e cálculos teóricos. As fontes de informações devem ser as mais
recentes possíveis, precisas, reais e ricamente documentadas, já que a
Capítulo 3 - Análise do Ciclo de Vida: uma abordagem na avaliação de edifícios
74
credibilidade do resultado final da análise depende, em grande parte, da
qualidade da coleta de dados (Chehebe, 1998).
Figura 4 - Etapas operacionais da fase de análise do inventário.
Fonte: Chehebe, 1998.
As
principais
bases
bibliográficas
são:
Normas
técnicas,
estatísticas
ambientais, licenças ambientais, literatura técnica, informação interna nas
empresas, associações de classe, fornecedores reais ou potenciais e banco de
dados de Análise do Ciclo de Vida tipo Buwal (Habersatter, 1991; Frischknecht,
1993).
O volume de informações a ser coletado é grande e por isso deve ser
convenientemente armazenado, de forma sistemática, para poder, se
necessário, recuperá-lo e conhecer suas origens. Como instrumentos são
usados fluxogramas e formulários padronizados, além de questionários
formulados com questões claras e objetivas.
Capítulo 3 - Análise do Ciclo de Vida: uma abordagem na avaliação de edifícios
75
Segundo o PRE (2001), são considerados como processos de entrada (inputs)
os dados relativos ao consumo de recursos naturais, que podem ser divididos
em dois tipos:
•
processos ambientais de entrada: são os provenientes de matérias primas e
reservas energéticas que, de acordo com Chehebe (1998), nem sempre
estão disponíveis;
•
processos econômicos de entrada: são os provenientes de produtos,
produtos semi-acabados ou energia, os quais são processos de saída de
outros processos.
Similarmente existem dois outros tipos de processos de saída (outputs):
•
processos ambientais de saída: emissões para o ar, água e solo;
•
processos econômicos de saída: processos de um produto, um produto
semi-acabado ou energia.
A partir da definição dos processos de entrada e saída, é possível delinear um
inventário do ciclo de vida de todos os processos ambientais (de entrada e
saída) associados ao produto. O resultado é chamado de Tabela de impactos
e é realizado através de uma ferramenta computacional (Silva & Silva, 2000;
PRE, 2002).
Além disso, é importante checar se as informações coletadas até então estão
completas e compatíveis com os dados obtidos de outras fontes. Segundo
Chehebe (1998), esse momento chamado de Validação dos Dados envolve,
por exemplo, balanços de massa, balanços de energia ou análises
comparativas de fatores de emissão. Valores disformes ou absurdos e
ausência de dados devem ser investigados.
Feito isso, parte-se para a etapa denominada Normalização. Nesta fase da
análise serão determinados, para cada unidade de processo, fluxos de
referência apropriados. Baseado no fluxograma e nos limites definidos para o
sistema, as unidades de processo são interconectadas, para permitir o cálculo
Capítulo 3 - Análise do Ciclo de Vida: uma abordagem na avaliação de edifícios
76
completo de todo sistema. Todos os dados de entrada e saída devem referir-se
a unidade funcional, por exemplo, comparar o m² de alvenaria ao m² de gesso
acartonado, como descrito anteriormente.
Faz-se então, a revisão de todo o sistema relacionado ao produto, analisando e
reavaliando os limites e os critérios de corte estipulados na fase de definição de
metas e escopo. Esse momento, conhecido como Refinamento do sistema,
deve ser acompanhado do que é chamado de análise de sensibilidade, que
decide sobre a necessidade de alterações significativas na primeira etapa da
LCA.
A análise de sensibilidade pode resultar em exclusão de estágios do Ciclo de
Vida ou subsistemas, exclusão de fluxos de materiais insignificantes para o
resultado da avaliação e inclusão de novas unidades de processo.
Até esse momento é fundamental a documentação de todos os passos
realizados na análise.
O passo seguinte, referido como Alocação, é um estudo criterioso com o
propósito de identificar a rede de operações e processos ligados dentro do
sistema e alocar as cargas ambientais relevantes de forma adequada.
Este estudo, parte do princípio de que os sistemas de produto incluem
múltiplos processos que, muitas vezes, geram, além do produto principal, alvo
da análise, subprodutos também responsáveis por efeitos ambientais
importantes. Os princípios de alocação também devem ser aplicados às
situações de reuso e reciclagem.
O processo de inventário parece simples em princípio, mas na prática, está
sujeito a um grande número de problemas práticos e metodológicos, tais como,
a dificuldade de se estabelecer os limites do sistema, as variações geográficas,
a falta de qualidade dos dados e a dificuldade em caracterizar a escolha
tecnológica em pior, regular e melhor (ou moderna) (PRE, 2002).
Capítulo 3 - Análise do Ciclo de Vida: uma abordagem na avaliação de edifícios
77
Apesar dessas dificuldades, é freqüente e completamente possível realizar um
inventário com sucesso. Entretanto, segundo PRE (2002), não é razoável tratar
os resultados como uma verdade absoluta. Fatores como a escolha da
tecnologia e sistemas limites, bem como, a qualidade dos dados, deve ser
levada em consideração quando estes forem interpretados. Por isso, ocorrem,
muitas vezes, discordâncias entre especialistas quanto à significância
ambiental do produto, apenas com os resultados quantitativos desta etapa.
Os resultados do inventário do Ciclo de Vida podem ser utilizados de várias
formas, como sintetiza Chehebe (1998):
•
criar uma base de informações consolidada em relação às necessidades
totais de recursos, consumo de energia e emissões;
•
identificar em que ponto, dentro de todo o ciclo de vida ou dentro de um
processo específico, é possível reduzir consideravelmente as necessidades
de recursos e emissões;
•
comparar as entradas e saídas do sistema com produtos alternativos,
processos ou atividades;
•
amparar o desenvolvimento de novos produtos, processos ou atividades
com o intuito de reduzir as necessidades de recursos e/ou emissões.
Já a Norma ISO 14040 estabelece, objetivamente, que o inventário deve
resultar num conteúdo necessário a uma correta e clara interpretação por parte
do leitor dos resultados obtidos.
3.1.3. Avaliação dos impactos
Representa a interpretação e avaliação qualitativa e quantitativa da magnitude
e
significância
dos
impactos
ambientais
potenciais
das
intervenções
ambientais, fornecidas a partir dos resultados obtidos na análise do inventário
(Chehebe, 1998).
Capítulo 3 - Análise do Ciclo de Vida: uma abordagem na avaliação de edifícios
78
A Avaliação dos Impactos se faz necessária a partir do momento que a tabela
resultante do inventário é difícil de ser interpretada, no sentido de caracterizar
os efeitos ambientais (riscos e impactos).
Assim, neste estágio, os fluxos de recursos e emissões, caracterizados
segundo vários indicadores definidos de impacto ambiental, entre outros:
energia incorporada, emissões, consumo de recursos, potencial para
reciclagem e toxicidade (ISO 14040, 1997).
Segundo PRE (2002), existem dois problemas para a avaliação dos impactos:
a inexistência de dados para calcular o dano por impacto ambiental e a
provável inexistência de uma forma estabelecida para avaliar quantitativamente
o dano ao meio ambiente (se esse dano puder ser calculado).
Além dessas dificuldades, outra questão importante deve ser considerada, a
forma de valorar e comparar diferentes categorias ambientais muitas vezes
subjetivas que dependem de valores sociais, culturais, étnicos e políticos (Silva
& Silva, 2000).
A padronização dos procedimentos para a transformação dos dados do
inventário em categorias de impacto, ainda está em estudo para constituir a
futura Norma ISO 14042 (Chehebe, 1998). Há discordância entre cientistas a
respeito, principalmente, da etapa de atribuição de pesos, o que culminou com
a aprovação – em Kioto/Japão em Maio de 1997 – do texto ISO CD 14042 que
propõe um processo de avaliação de impacto composto no mínimo dos
seguintes elementos, conforme Figura 5:
•
seleção e definição das categorias: são identificados os grandes focos de
preocupação ambiental, as categorias e os indicadores que serão usados no
estudo. As categorias devem ser estabelecidas com base no conhecimento
científico dos processos e mecanismos ambientais. Quando isso não for
possível, submete-se ao julgamento de valores. Como exemplo de
categorias de preocupações ambientais usuais podemos citar: exaustão de
recursos não renováveis, aquecimento global, redução da camada de
Capítulo 3 - Análise do Ciclo de Vida: uma abordagem na avaliação de edifícios
ozônio,
toxicidade
humana,
ecotoxicidade,
acidificação,
79
oxidantes
fotoquímicos, nutrificação, dentre outros;
•
classificação: classificação e agrupamento dos dados do inventário nas
diversas categorias selecionadas;
•
caracterização: os dados do inventário, já atribuídos a uma determinada
categoria, são convertidos, de forma que os resultados sejam expressos
como um indicador numérico para aquela categoria. Deve-se, para isso,
utilizar os chamados fatores de equivalência (ou de caracterização)
baseados em conhecimentos científicos e universalmente aplicáveis para
todas as condições. O indicador da categoria deve representar a carga total
ambiental ou a significância do uso dos recursos para a categoria;
•
atribuição de pesos: técnicos especializados poderão atribuir pesos aos
resultados da avaliação de impactos, baseando-se na análise técnica da
magnitude e significância do impacto. Alguns pesquisadores consideram
essa etapa empírica, já que ponderações estão submetidas a valores
envolvendo critérios subjetivos.
O PRE (2002) sintetiza a fase de avaliação em três etapas:
•
classificação e caracterização: onde todos os produtos são classificados
de acordo com o efeito que tem no meio ambiente;
•
normalização: que geralmente é estabelecido através de um valor
referência (benchmark) de um efeito total conhecido para cada classe,
possibilitando compreender o tamanho relativo de um efeito;
•
avaliação ou atribuição de pesos: que é o julgamento final considerando a
importância distinta de cada classe de efeito no sistema.
Capítulo 3 - Análise do Ciclo de Vida: uma abordagem na avaliação de edifícios
80
Figura 5 - Elementos para uma Avaliação de Impactos.
Fonte: Chehebe, 1998.
3.1.4. Interpretação dos dados
Antes do relatório final, é necessário fazer uma interpretação dos resultados
alcançados e dos critérios adotados durante sua realização.
O objetivo deste estágio é confrontar os impactos resultantes com as metas
propostas inicialmente, tirar conclusões, explicar informações e fornecer
recomendações para, por exemplo, o uso potencial de outras técnicas de
avaliação ambiental, tais como, a avaliação de riscos e a avaliação de impacto
ambiental (Chehebe, 1998).
Além disso, a interpretação dos resultados deve também evidenciar as
limitações que podem tornar os objetivos iniciais inviáveis ou impraticáveis.
Segundo Chehebe (1998), essa etapa compreende três fases, conforme a
Figura 6:
Capítulo 3 - Análise do Ciclo de Vida: uma abordagem na avaliação de edifícios
•
81
identificação das questões ambientais mais significativas: é realizada
com base nos resultados da análise do inventário e/ou LCA, e considera os
objetivos e o escopo do estudo. Primeiro é feita a estruturação das
informações provenientes do inventário e em seguida a identificação das
questões ambientais relevantes ao estudo, por fim, determina-se as
emissões ambientais do sistema de produto;
•
avaliação: visa sintetizar todo o estudo com base na LCA e nos dados
estruturados na primeira etapa da interpretação. São verificadas a
integridade, sensibilidade e consistência dos fatos e cálculos;
•
conclusões, recomendações e relatórios sobre as questões ambientais
significativas.
Figura 6 - Etapas da fase Interpretação.
Fonte: Chehebe, 1998.
3.2.
PONTENCIALIDADES
A LCA é uma metodologia regulamentada junto a órgãos governamentais de
diversos países, usada cada vez mais (Quadro 10), uma vez que a qualidade
Capítulo 3 - Análise do Ciclo de Vida: uma abordagem na avaliação de edifícios
82
ambiental é o resultado de um processo global e integrado em um sistema
complexo e profundo que abrange todo o edifício.
O método representa abordagens racionais, capazes de avançar juntamente
com o rápido crescimento tecnológico atual e avaliar as mais novas práticas
precisamente, onde os impactos ambientais estão associados tanto ao projeto,
como também a materiais de construção.
Com relação ao setor construtivo, ao identificar os impactos envolvidos, a LCA
orienta ações para o aperfeiçoamento do desempenho ambiental, tanto dos
materiais, como dos serviços.
Além disso, apresenta vários benefícios nas diversas formas em que a
metodologia pode ser aplicada. Quando o objetivo for, por exemplo, certificação
ambiental, a LCA torna-se hábil como ferramenta de competitividade
econômica e ambiental, além de selecionar indicadores para a avaliação de
desempenho.
As informações coletadas, assim como, os resultados de suas análise e
interpretações podem ser úteis para tomada de decisões, na seleção de
indicadores ambientais relevantes para avaliação do desempenho de projeto
ou reprojeto de produto ou processo. Desta forma, a LCA é capaz de fortalecer
o planejamento estratégico de muitas empresas atenta à responsabilidade
ambiental e à obtenção de financiamento para pesquisas. Isso é fato, já que a
LCA ajuda a melhorar o entendimento dos aspectos ambientais ligados ao
processo produtivo de uma forma mais ampla e, conseqüentemente, a
identificação das prioridades para proteção ambiental.
Como auxílio a tomada de decisões de projeto, a LCA participa incorporando
critérios, indicadores e normas de desempenho ambiental no processo de
produção, além de contribuir para inserção de dados ambientais sistematizados
em catálogos de materiais ou serviços.
Capítulo 3 - Análise do Ciclo de Vida: uma abordagem na avaliação de edifícios
83
A LCA também ajuda a encorajar as indústrias a considerar, sistematicamente,
as questões ambientais associadas ao sistema de produção (insumo, matériaprima, manufatura, distribuição, uso, disposição, reuso, reciclagem).
3.3.
LIMITAÇÕES
Alguns aspectos chaves contribuíram na dificuldade da utilização prática
cotidiana da LCA (Silva &Silva, 2000; UNEP, 2002):
•
qualidade e disponibilidade de fontes de dados;
•
limitações de custo;
•
falta de uma unidade para comparação dos impactos;
•
procedimento de alocação de impactos no caso de co-produtos e produtos
com teor reciclável;
•
inclusão de impactos resultantes do gerenciamento de resíduos;
•
incapacidade para quantificar determinados impactos (vida humana
relacionada a certos danos ambientais);
•
ausência constante de revisões estatísticas dos inventários em diversos
produtos complexos;
•
incorporação
insuficiente
de
conhecimentos
científicos
de
campos
multidiciplinares.
A comunicação das informações apresentadas pela metodologia da LCA tornase, muitas vezes, confusa e controversa, principalmente, como instrumento de
avaliação ambiental útil à prática de mercado. No meio técnico, a análise do
inventário é considerada bem definida, no entanto, muitas vezes, limita-se a
uma descrição parcial dos impactos ambientais do sistema, à medida que
considera apenas aspectos que possam ser quantificados (Silva & Silva, 2000).
Capítulo 3 - Análise do Ciclo de Vida: uma abordagem na avaliação de edifícios
84
Quadro 10 - Ferramentas LCA para avaliação de edifícios ou produtos
construtivos
PAÍS
FERRAMENTA
DESCRIÇÃO
LCA
Ferramenta de apoio para decisões na construção. Desenvolvida em
resposta a solicitação por parte de arquitetos e profissionais de
Austrália
LISA
indústria por uma ferramenta simplificada de LCA para auxiliar na
avaliação dos aspectos ambientais dos projetos de edifícios (green
design). (Departamento de Energia dos EUA)
Fornece um perfil ambiental do projeto, possibilitando a comparação
de diferentes escolhas de materiais, componentes e serviços,
Canadá
ATHENA Model
DOE
abrangendo as seguintes questões ambientais: energia incorporada,
uso de reservas, poluição do ar e água, emissões de gases do efeito
estufa e produção total de resíduos sólidos.
Avalia a performance ambiental de produtos e da construção,
manutenção ou demolição de partes de um edifício e de edifícios.
A ferramenta baseia-se em um banco de dados relacional,
construído em Microsoft Access 97, contendo dados ambientais e
uma interface do usuário com um inventário integrado e a ferramenta
Dinamarca
BEAT 2000
de análise.
O banco contém dados ambientais por unidade do processo e
baseados nestes dados a ferramenta de inventário pode calcular os
impactos ambientais, tais como, o consumo total de energia, o
consumo total de matéria-prima (incluindo combustíveis) e a emissão
total para o ar, água e solo.
O programa de computador, LCA-HOUSE, foi criado para donos de
imóveis, construtores e projetistas. Permitindo que eles utilizem o
método da Análise do Ciclo de Vida (LCA) para avaliar diferentes
tipos de edifícios e materiais. Os dados de entrada para programa
LCA-HOUSE incluem perfis ambientais de materiais de construção,
modelo construtivo, áreas do edifício e consumo estimado de
Finlândia
LCA-HOUSE
energia. Os dados de saída incluem um perfil ambiental contendo
fatores como: consumo de recursos materiais (renováveis e não
renováveis), consumo de recursos de energia (renováveis e não
renováveis),
acidificação,
produtos
químicos
foto
oxidantes.
Permitindo a partir da verificação e comparação das diversas
opções, a substituição na escolha de materiais e técnicas
construtivas por opções ecologicamente mais amigáveis.
Capítulo 3 - Análise do Ciclo de Vida: uma abordagem na avaliação de edifícios
85
O TAKE-LCA pretende fornecer uma análise do ciclo de vida de
produtos e sistemas do HVAC. O dados de saída incluem recursos
de energia, conteúdo de energia dos materiais e os produtos HVAC,
TAKE-LCA
emissões atmosféricas (CO2, CO, NOx, SO2, HC, CH4, partículas),
impactos
ambientais,
mudança de clima (calculada com
o
Ecoindicator 95-method), acidificação (calculado com o Ecoindicator
95-method e DAIA-method)
produtos químicos foto oxidantes
(calculado com o Ecoindicator 95-method e DAIA- method).
Simulações iniciais de desempenho do ciclo de vida do edifício para
prover engenheiros e arquitetos com indicadores ambientais, entre
os
quais,
aquecimento
global,
potencial
de
acidificação
e
entroficação, exaustão de reservas naturais, etc. O banco de dados
EQUER
Swiss Oe Koinventare e outros dados coletados no momento do
projeto europeu REGENER são usados para fabricação de material
e outros processos (energia, água, resíduo e transporte). EQUER é
ligado a uma ferramenta de simulação de energia COMFIE. A
substituição de componentes no final de sua vida é automaticamente
quantificada.
O software TEAM™ 3.0 é uma ferramenta profissional para avaliar o
ciclo de vida ambiental e os perfis de custo de produtos e
tecnologias, incluindo edifícios. O software é modular, e tem acima
TEAM
de 600 módulos com abrangência global. Uma nova função tem
sido implementada para habilitar a modelagem de fluxos constantes,
quaisquer que sejam os valores de propagação, como por exemplo,
França
os impactos de manutenção diários.
O ESCALE permite o usuário para avaliar e acompanhar as
performances ambientais de um edifício ainda no estágio de projeto.
Os resultados são apresentados segundo critérios de avaliação, 11
ESCALE
critérios principais têm sido definidos (correspondentes ao ambiente
externo em diferentes escalas e ao conforto e saúde dos usuários).
Para cada avaliação, dois níveis de modelos são disponibilizados,
simplificados ou detalhados. O perfil final é expresso em escores de
performance facilmente compreendidos.
O PAPOOSE é uma ferramenta de cálculo que serve identificar e
classificar os impactos ambientais de edifícios. Os resultados
mostram os componentes do edifício que têm a maior contribuição
PAPOOSE
para o impacto ambiental. O projetista ou construtor pode melhorar
performance simplesmente mudando o componente ou material mais
poluidor. Este processo pode ser continuado até o perfil ambiental
ser ótimo.
EcoPro calcula os impactos de energia e usos e fluxos de materiais
Alemanha
ECOPRO
no ambiente. Permite a modelagem de ciclos de vida de produtos
graficamente. Os sistemas de ciclo de vida podem conter muitos
subsistemas de acordo com a interação e intenção do usuário.
Japão
BRI LCA
BRI LCA é uma ferramenta de análise do ciclo de vida de energia e
Capítulo 3 - Análise do Ciclo de Vida: uma abordagem na avaliação de edifícios
86
CO2, que pode ser operado em um computador pessoal. Esta
ferramenta avalia edifícios comerciais, edifícios residenciais e casas
unifamiliares. O programa é composto de várias rotinas principais
que combinadas avaliam o impacto do tipo de edifício, localização,
escolha de materiais e componentes, estilo de vida dos ocupantes,
características dos espaços de trabalho, construção e métodos de
demolição e transporte.
Eco-quantum é uma ferramenta de cálculo, baseada nos princípios
EcoQuantum
de LCA, que serve de suporte aos envolvidos no processo da
construção, fornecendo uma informação quantitativa quanto ao
impacto ambiental de edifícios como um todo.
Holanda
Eco-instal é uma ferramenta de análise ambiental baseada na
Eco-Instal
metodologia LCA, que calcula o efeito ambiental integral de uma
instalação em um edifício, a partir de um software. O resultado pode
ser utilizado para escolhas conceituais já na etapa de projeto.
Um programa de computador em Access 2.0, que calcula dados
Suécia
EcoEffect
baseados na metodologia LCA, relativos às áreas de material e
energia, agregando pontos baseados em critérios relativos, parte ao
ambiente interno e parte ao ambiente externo.
Avaliar os impactos ambientais do ciclo de vida de um projeto
proposto pode ser difícil de demorado mesmo para aqueles
especialistas com conhecimento e experiência. O EVEST torna
possível ao usuário avaliar os impactos ambientais do ciclo de vida
Reino Unido
EVEST
DOE
de um edifício proposto, de modo a avaliar e explorar várias opções
de projeto.
Configurado para uso rápido e fácil, o EVEST também avalia o uso
energético operacional e é particularmente útil nos estágios iniciais
de projeto.
Baseado em padrões consensuais, é projetado para ser prático,
flexível e transparente. O software (for Windows) de apoio a
decisões aponta para projetistas, construtores e fabricantes de
produtos, incluindo dados de desempenho econômico e ambientais
para um número de produtos construtivos.
BEES mede o desempenho ambiental dos produtos e dos edifícios
pelo uso da avaliação ampliada do cio de vida (LCA) abordada na
ISSO 14000. Todos os estágios de um produto são analisados:
Estados Unidos
BEES
DOE
aquisição de matéria prima, manufatura, transporte, instalação, uso e
reciclagem e gerenciamento dos resíduos.
O desempenho econômico é medido usando o método de custo do
ciclo de vida da norma da ASTM, que cobre os custos de
investimentos iniciais, reposições, operações, manutenção e reparo
e demolição.
Desempenhos ambiental e econômico são combinados dentro de
uma medida de desempenho global usando a norma ASTM para
Multi-Attribute Decision Analysis. Para análise completa BEES,
Capítulo 3 - Análise do Ciclo de Vida: uma abordagem na avaliação de edifícios
87
produtos construtivos são definidos e classificados de acordo com a
classificação
da
norma
ASTM
conhecidos como UNIFORMAT II.
Fonte: <http://annex31.wiwi.uni-karlsruhe.de/TOOLS.html>
<http://www.uni-weimar.de/scc/PRO/TOOLS/inter.html>
para
elementos
construtivos
125
Capítulo 5 - Estudo de Percepção
5. ESTUDO DE PERCEPÇÃO
5.1. INTRODUÇÃO
5.1.1. Utilização Do GbTool
Em um primeiro momento, como forma de exercitar o aprendizado a respeito
do tema dessa dissertação – avaliação de desempenho ambiental de edifícios
– pretendeu-se fazer a avaliação de dois edifícios comerciais considerados
típicos na Grande Vitória - ES utilizando a metodologia do GBC.
A escolha pelo uso da metodologia GBC teve como base a sua coerência e
abrangência
em
avaliar
o
desempenho
ambiental
dos
edifícios
e
particularmente devido aos seguintes aspectos:
•
por ser a única ferramenta de avaliação ambiental de edifícios desenvolvida
especificamente para permitir e facilitar a sua adaptação a diferentes
contextos, com ponderações direcionadas para cada relevância do aspecto
em cada situação específica;
•
por apresentar uma estrutura organizada em função de impactos ambientais
associados a elementos ou características do edifício seguindo o formato
LCA e não em função de atribuições de créditos ambientais isolados;
•
por ter uma abrangência de praticamente todos os campos potenciais de
aplicações, pois foi desenvolvido desde o inicio para superar as limitações
dos demais sistemas de avaliação existentes até então;
•
por fornecer resultados com maior embasamento científico já que busca o
maior
uso
possível
de
critérios
orientados
ao
desempenho
e
fundamentações consistentes para a definição de benchmarks.
O Estudo de caso permitiria a comparação com outros edifícios avaliados no
Brasil, além de possibilitar através dos indicadores de desempenho
comparações internacionais.
126
Capítulo 5 - Estudo de Percepção
No entanto, esse estudo de caso não foi possível, uma vez que:
•
o manuseio da ferramenta mostrou-se bastante complexo, em uma
estrutura em Visual Basic, com uma lógica dinâmica e dificilmente
compreendida no prazo existente para conclusão da dissertação.
•
a sensibilidade dos dados de entrada em relação a variação dos valores
resultantes na pontuação final não são tão simples quanto imaginava-se,
sendo
necessário
compreender
a
lógica
do
sistema
para
maior
confiabilidade no momento de interpretar os dados finais
•
dificuldade em definir a amostra do estudo de caso uma vez que as
tentativas foram descartadas pois apresentavam insuficiência de registros
dos dados durante as fases de projeto e construção o que levava a
pesquisadora a ter que estimar uma grande quantidade de dados, o que
demandaria um tempo maior para a dissertação.
A partir dessas dificuldades algumas questões tiveram que ser consideradas
conforme descritas no QUADRO abaixo:
5.1.2. Ensaio com as Ponderações
Em uma experiência alternativa para compreender o GBTool a pesquisadora
concentrou-se na folha de trabalho denominada Vote do software. Nessa parte
do
sistema
a
equipe
nacional
é
responsável
por
atribuir
valores
correspondentes a ponderações para definir a importância relativa de cada
questão e categoria de desempenho em relação às demais. Essa definição
deve basear-se em políticas regionais, regulamentações ou uma base
consensual realizada por uma equipe composta por até seis especialistas. A
equipe nacional pode também optar pelo valor default do sistema. Os valores
das ponderações devem totalizar 100%.
O parâmetro utilizado inicialmente foi a avaliação de desempenho ambiental já
realizada como Estudo de caso na tese de Doutorado de Vanessa Gomes da
Silva, publicada integralmente em Agopyan & Silva (2003) utilizando a
127
Capítulo 5 - Estudo de Percepção
metodologia do GBC. Trata-se da avaliação de um conjunto comercial de
padrão simples com uso misto (escritório e hotel) localizado em Campinas, São
Paulo.
A estratégia para determinar sistematicamente uma ponderação adaptada à
realidade brasileira foi feita a partir da composição de um pequeno painel de
especialistas, que utilizou uma ferramenta de suporte ao processo de análise
hierárquica, denominada Analytic Hierarchy Processs (AHP), desenvolvida em
ambiente MS Excel, com recursos básicos de MS Visual Basic,.
A vantagem da utilização do AHP é tornar o processo de ordenamento e
seleção muito transparente, revelando, em detalhe, o julgamento do agente de
decisão. O procedimento de consulta a um painel de especialistas já foi
utilizado em experiências semelhantes, como o BREEAM, e é estimulada pela
inclusão da planilha “VOTE” na GBTool.
Em muitos países a existência de um amplo e detalhado conjunto de normas
técnicas, ainda que não solucione o problea completamente, permite assumir
valores para a prática típica e padrões da indústria para boa parte dos iten
relevantes. Adicionalmente, alguns países já contam com inventários de ciclo
de vida de materiais de construção, que permitem informar com maior precisão
a energia e emissões neles incorporadas. No caso brasileiro a defasagem ou
ausência de normas técnicas e de dados nacionais em geral dificultava de
sobremaneira a definição teórica das ponderações.
Os pesos utilizados nos estudos de caso estão reunidos na Tabela 3:
Tabela 3 - Pesos utilizado nos estudos de casos realizados por Silva (2003)
CATEGORIAS
R - Consumo de Recursos
PESO (TOTAL 100%)
38%
R1 - Uso de energia primária (líquida) ao longo do ciclo de vida
25
R2 - Uso de solo e alteração na qualidade do solo
5
R3 - Consumo (líquido) de água potável
35
R4 - Reuso de estrutura ou materiais (existentes no sítio) e/ou encaminhamento de
0
128
Capítulo 5 - Estudo de Percepção
materiais para reciclagem fora do sítio
R5 - Quantidade e qualidade de materiais (externos ao sítio) utilizados
L - Cargas Ambientais
10
25%
L1 - Emissão de gases causadores de efeito estufa
20
L2 - Emissão de substâncias nocivas à camada de ozônio
20
L3 - Emissão de gases causadores de acidificação
10
L4 - Emissões levando à formação de foto-oxidantes
10
L5 - Emissões com potencial de eutroficação
0
L6 - Resíduos sólidos
20
L7 - Efluentes líquidos
13
L8 - Resíduos perigosos
3
L9 - Impactos ambientais no sítio e propriedades adjacentes
2
Q - Qualidade do Ambiente Interno
37%
Q1 - Qualidade do ar e da ventilação
25
Q2 - Conforto Térmico
25
Q3 - Conforto Lumínico
25
Q4 - Conforto Acústico
20
Q5 - Poluição eletromagnética
5
Fonte: Agopyan & Silva, 2003
O ensaio desenvolvido nessa dissertação teve como objetivo verificar a
sensibilidade de tais ponderações no resultado da avaliação de desempenho
ambiental global e nas diversas questões principais de desempenho e
respectivas categorias. Os dados de entrada não foram modificados
permanecendo como na avaliação realizada por Silva (Agopyan & Silva, 2003).
Apenas os percentuais de ponderações foram alterados. Procedeu-se da
seguinte forma:
•
inicialmente foram atribuídas ponderações usadas nas avaliações em
outros países como Canadá, USA, Chile, Itália, Espanha, Japão a partir de
dados obtidos em (SB02 Conference, 2002). Dessa forma as ponderações
adaptadas para os contextos daqueles países figurariam como dados para
ponderação de um edifício brasileiro. O resultado apresentou mudanças
insignificantes nos resultados da avaliação.
129
Capítulo 5 - Estudo de Percepção
•
Percebeu-se que em todos os países existe um certo equilíbrio para as
questões principais de desempenho, ou seja, não há discrepância nas
ponderações nos diversos países.
•
Num segundo momento foram propostos exageros, supervalorizando uma
questão em detrimento das demais com o objetivo de saber qual a questão
de desempenho que mais provoca relevância na avaliação.
•
Percebeu-se que os resultados não seriam conclusivos, uma vez que por
falta de conhecimento de todos os vínculos do sistema GBTool, e o fato de
que a ferramenta não permite alterar apenas uma variável de ponderação
enquanto as demais permanecem constantes, erros de interpretação
poderiam ocorrer quando uma variável for privilegiada.
•
Dessa forma o ensaio não pode ser concluído.
A partir das dificuldades encontradas, alguns fatos levaram a formulação de
questionamentos que são descritos no Quadro 23 abaixo:
Quadro 23 - Análise das dificuldades do ensaio
DIFICULDADES
Perceber a lógica do sistema em relação à sensibilidade
de dados que não condizem com a realidade brasileira.
Encontrar dados do edifício, principalmente das etapas de
projeto e construção.
QUESTÕES
Como propor modificações na ferramenta, úteis ao
contexto brasileiro com variáveis nem sempre
perceptíveis no sistema?
Os agentes envolvidos com a indústria da construção civil
no Brasil (projetistas, construtores, fornecedores) estão
cientes da responsabilidade ambiental a eles conferida?
O resultado da avaliação seria afetado por essas
Entrar com dados uma vez que os intervalos de escolha
limitações da ferramenta?
disponível pela ferramenta não condizem com a realidade
brasileira.
Os dados estimados não implicariam em resultados
imprecisos?
Diálogo com construtores e projetistas para definição da
escolha de um edifício estudo de caso
Os agentes da indústria da construção civil conhecem
conceitos como “desempenho ambiental de edifícios”,
“avaliação de desempenho ambiental ”?
Falta de um Programa Nacional de incentivo que
O que esses agentes tem feito nesse sentido?
direcione a indústria da construção civil em direção a
Como direcionar esses agentes em relação a importância
minimizar os impactos ambientais causados pelos
do tema?
edifícios.
130
Capítulo 5 - Estudo de Percepção
edifícios.
O que esses agentes tem feito em direção a minimização
do impacto ambiental dos edifícios?
Qual seria a questão de desempenho ambiental que teria
maior peso no contexto brasileiro na avaliação?
Atribuir ponderações cientificamente de forma precisa.
Dentro dessas questões principais, quais categorias
teriam maior ponderação?
Os parâmetros de ponderações, mesmo contando com
seis especialistas, não seriam um tanto empírico?
Percebeu-se que seria fundamental aferir a percepção dos agentes envolvidos
diretamente com o setor da indústria da construção civil quanto ao tema
abordado e em específico a sensibilidade desses quanto as questões de
desempenho do edifício que mais causam impacto no meio ambiente.
5.2. PESQUISA DE PERCEPÇÃO
Segundo Gil (1991), pode-se definir pesquisa como o procedimento racional e
sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que
são propostos, nos casos em que não se dispõe de informações suficientes
para responder ao problema, ou então quando a informação disponível se
encontra em tal estado de desordem que não possa ser adequadamente
relacionada ao problema.
Dessa forma, em virtude da importância em avaliar o desempenho ambiental
dos edifícios existentes com vistas a buscar alternativas para minimizar os
impactos ambientais causados e projetar com maior eficiência os novos
edifícios, somando-se as dificuldades encontradas para realização de uma
avaliação de um edifício estudo de caso em Vitória-ES descritas no Quadro 23,
partiu-se para a realização de uma pesquisa de percepção.
Seu objetivo geral foi aferir o conhecimento dos agentes da indústria da
construção civil em relação ao tema abordado, devido a importância na
participação e envolvimento destes diante da relevância da problemática do
impacto dos edifícios no meio ambiente.
131
Capítulo 5 - Estudo de Percepção
5.2.1. Metodologia
Existe uma variedade enorme de enfoques que definem diversos tipos de
pesquisa, com denominações ora específica ora abrangente. Porém, percebese que, basicamente, três abordagens estão sempre presentes, permitindo
sugerir uma classificação genérica dos métodos de pesquisa, conforme Quadro
24.
Quadro 24 - Classificação dos tipos de pesquisa.
TIPOS DE PESQUISA
ENFOQUE
OBJETIVOS
Definir a freqüência com que o
Descrição,
registro,
interpretações
Pesquisa Descritiva
de
análise
e
populações
ou
fenômeno ocorre, sua natureza e a
relação
com
outros
fenômenos,
fenômenos atuais sem manipulá-los,
variáveis e fatos. Visa descrever as
utilizando técnicas padronizadas de
características
de
coleta de dados. Assume, em geral, a
população
fenômeno
forma de Levantamento.
estabelecimento de relações entre
ou
determinada
ou
o
variáveis.
Envolve levantamento bibliográfico;
entrevistas com pessoas que tiveram
experiências práticas com o problema
Pesquisa Exploratória
pesquisado; análise de exemplos que
Visa proporcionar maior familiaridade
estimulem a compreensão. Assume,
com o problema com vistas a torná-lo
em geral, as formas de
explícito ou a construir hipóteses.
Pesquisas Bibliográficas e Estudos
de Caso.
Quando
Pesquisa Explicativa
realizada
nas
ciências
Visa
identificar
os
fatores
que
naturais, requer o uso do método
determinam ou contribuem para a
experimental, e nas ciências sociais
ocorrência dos fenômenos.
requer
o
uso
do
método
observacional. Assume, em geral, a
Aprofunda
formas de Pesquisa Experimental e
realidade porque explica a razão, o
o
conhecimento
Pesquisa Expost-facto.
“porquê” das coisas.
Fonte: Cervo & Bervian, 1996; Gil, 1991; Marconi & Lakatos, 1999.
Contudo, essa classificação não é excludente e os processos usuais costumam
utilizá-la de forma associativa. A pesquisa bibliográfica, por exemplo, serve na
maioria das vezes, como suporte teórico ou complemento para os outros tipos.
da
132
Capítulo 5 - Estudo de Percepção
No caso dessa dissertação, trata-se de um estudo de natureza descritiva, que
não busca estabelecer relações de causa e efeito. Alias, a própria concepção
sistêmica deste trabalho eliminaria, de certa forma, a possibilidade de
realizarmos algum estudo deste tipo. Mais importante para caracterizar este
estudo é o fato de ele se basear em estudo de campo com baixo poder de
inferência sobre o universo total e se respaldar nas intuições e percepções das
pessoas.
Dentro do universo dos tipos de pesquisa, vários são os métodos de pesquisas.
Para Gil (1991) os principais são os caracterizados no Quadro 25.
Quadro 25 - Métodos de Pesquisa
MÉTODO DE PESQUISA
Pesquisa Bibliográfica
Pesquisa Documental
DESCRIÇÂO
Desenvolvida a partir de material já elaborado constituído principalmente de
livros e artigos científicos.
Diferencia-se da pesquisa bibliográfica pois utiliza fontes que apóiam-se em
materiais que ainda não receberam análise e tratamento.
Consiste na realização de um experimento (determinar um objetivo de
Pesquisa Experimental
estudo, selecionar variáveis que sejam capazes de influenciá-lo, definir as
formas de controle e de observações dos efeitos que a variável produz no
objeto)
Tem-se um experimento que se realiza depois dos fatos. São situações que
Pesquisa Ex-post-facto
se desenvolvem naturalmente e trabalha-se sobre elas como se estivessem
submetidas a controle. O pesquisador não tem controle das variáveis.
Considera a coleta de dados através de questionários auto-aplicáveis ou de
Pesquisa de Avaliação ou Levantamento
(survey-research)
entrevistas estruturadas ou semi-estruturadas aplicadas a um grupo
significativo de fontes acerca de um problema a ser estudado para, em
seguida, mediante analise quantitativa ou qualitativa, obterem-se as
conclusões correspondentes aos dados coletados.
É caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos,
de maneira que permita o seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa
Estudo de caso
praticamente impossível mediante outros delineamentos considerados.
Requer simplicidade nos procedimentos de coleta e analise de dados em
relação a outros tipos de delineamento, porem oferece dificuldades na
generalização dos resultados obtidos.
Tipo de pesquisa com base empírica que é concebida e realizada em
Pesquisa de ação
estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema
coletivo e no qual os pesquisadores e participantes representativos da
situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou
133
Capítulo 5 - Estudo de Percepção
participativo.
Diferencia-se da pesquisa ação por não ser uma ação planejada. Envolve a
distinção entre ciência popular e ciência dominante, considera posição
Pesquisa participante
valorativas, derivadas do humanismo cristão e de certas concepções
marxistas. Está comprometida com a minimização da relação entre
dirigentes e dirigidos.
Fonte: Gil, 1991.
Os métodos de pesquisa apresentados nas diversas classificações também
não são excludentes. Uma mesma pesquisa pode estar, ao mesmo tempo,
enquadrada em várias classificações, desde que obedeça aos requisitos
inerentes a cada tipo de pesquisa.
Analisando o conceito de cada um dos métodos de pesquisa descritos e
procurando enquadrá-los em relação aos objetivos dessa dissertação,
considera-se:
Quadro 26 - Métodos de Pesquisa de acordo com os objetivos dessa
dissertação
MÉTODO DE PESQUISA
DESCRIÇÂO
Aplicável, uma vez que a revisão de literatura refere-se à fundamentação
teórica necessária para tratar o tema e o problema de pesquisa. Por meio da
Pesquisa Bibliográfica
análise da literatura publicada será traçado um quadro teórico fundamental
para a estruturação conceitual que dará sustentação ao desenvolvimento da
pesquisa.
Pesquisa documental
Pesquisa experimental
Pesquisa ex-post-facto
Pesquisa de avaliação ou levantamento
(survey-research)
Não aplicável, pela dificuldade de acesso ou mesmo ausência de
informações documental em relação ao tema.
Seria difícil, lento e custoso arquitetar e acompanhar um experimento que
pudesse fornecer subsídios significativos para este trabalho.
Não aplicável. Não se trata de fenômeno espontâneo.
Aplicável e adequado em se tratando de acessar uma amostra com um
número significativo de participantes a fim de se obter conclusões com base
em dados e informações que se objetiva coletar.
Não aplicável, devido a dificuldade na coleta de dados para avaliação de
Estudo de caso
desempenho ambiental e a complexidade da ferramenta mais adequada ao
contexto brasileiro, num prazo limitado para a conclusão da dissertação.
Pesquisa de ação e Pesquisa participante
Não aplicável. Estas metodologias são normalmente utilizadas para estudo
sociais e sobre a coletividade.
134
Capítulo 5 - Estudo de Percepção
Desta forma, conclui-se que a metodologia utilizada será a pesquisa de
avaliação ou levantamento tendo como base fundamentos teóricos a partir da
pesquisa bibliográfica realizada.
Quanto à abordagem do problema que cada método de pesquisa pode
enquadrar, Gil (1991) os categoriza em:
Quadro 27 - Categorização dos métodos de pesquisa quanto à abordagem
ABORDAGEM
DESCRIÇÃO
Considera que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em
números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Requer o
Pesquisa Quantitativa
uso de recursos e de técnicas estatísticas (percentagem, média, moda,
mediana, desvio-padrão, coeficiente de correlação, análise de regressão,
etc.).
Considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto
é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do
sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos
fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de
Pesquisa Qualitativa
pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O
ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o
instrumento- chave. É descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus
dados indutivamente. O processo e seu significado são os focos principais
de abordagem.
Fonte: Gil, 1991.
Conforme a análise e as considerações dos tipos e métodos de pesquisa,
conclui-se que essa pesquisa deve receber ambas abordagens para atender
aos objetivos propostos. A abordagem quantitativa procurou enfatizar a analise
dos dados objetivamente coletados e a qualitativa para o registro de algumas
verbalizações de suma importância para analise dos dados.
5.2.2. Coleta de dados
A coleta de dados ocorreu após a delimitação dessa pesquisa com base na
revisão bibliográfica, buscando atender aos objetivos definidos a partir da
formulação do problema.
135
Capítulo 5 - Estudo de Percepção
Diversos autores categorizam os instrumentos de coleta de dados tradicionais
como:
•
OBSERVAÇÃO: quando se utilizam os sentidos na obtenção de dados de
determinados aspectos da realidade.
•
ENTREVISTA: é a obtenção de informações de um entrevistado, sobre
determinado assunto ou problema. A entrevista pode ser:
o
padronizada
ou
estruturada:
roteiro
previamente
estabelecido;
Consiste em fazer uma série de perguntas a um informante, segundo um
roteiro pré-estabelecido. O teor e a ordem das perguntas não podem ser
alterados;
o
despadronizada ou não-estruturada: não existe rigidez de roteiro.
Podem-se explorar mais amplamente algumas questões. Consiste em
fazer uma conversações informais, que pode ser alimentada por
perguntas abertas proporcionando maior liberdade para o informante.
•
QUESTIONÁRIO: é uma série ordenada de perguntas que devem ser
respondidas por escrito pelo informante. O questionário deve ser objetivo,
limitado em extensão e estar acompanhado de instruções. As instruções
devem esclarecer o propósito de sua aplicação, ressaltar a importância da
colaboração do informante e facilitar o preenchimento. As perguntas do
questionário são claras, objetivas, com respostas curtas e previsíveis e
podem ser abertas (“Qual é a sua opinião?”), fechadas (duas escolhas: sim
ou não) ou de múltiplas escolhas (fechadas com uma série de respostas
possíveis).
•
FORMULÁRIO: é uma coleção de questões e anotadas por um
entrevistador numa situação face a face com a outra pessoa (o informante).
O instrumento de coleta de dados utilizado foi a entrevista, ou seja, o
pesquisador esteve presente com o objetivo de recolher através do
interrogatório do informante dados para pesquisa.
136
Capítulo 5 - Estudo de Percepção
Nesse sentido e de acordo com os objetivos definidos nessa dissertação, a
entrevista semi estruturada foi considerada mais adequada, devido a sua forma
de condução, que tem as características do que Queiroz (1987) denominou
depoimento pessoal. Este tipo de entrevista facilita a análise de testemunhos
em relação a variáveis pré-determinadas, além de permitir a introdução de
elementos e aprofundar outros evitando a dispersão mais ou menos caótica da
entrevista aberta não estruturada.
A escolha da entrevista semi estruturada justifica-se também pela necessidade
do envolvimento e presença do pesquisador ao objeto de estudo e á fonte dos
dados, tendo em vista as variáveis abrangentes relacionadas ao tema da
pesquisa, a necessidade de um envolvimento perceptivo, e pela necessidade
de confiabilidade sobre os dados e informações a serem coletados.
As entrevistas foram realizadas seguindo os seguintes critérios;
•
o
roteiro
da
entrevista
foi
previamente
elaborado
delineando
cuidadosamente o objetivo a ser alcançado para que as informações
necessárias não deixassem de ser colhidas no momento de sua realização;
•
as entrevistas tiveram caráter individual, para garantir a abordagem
quantitativa da análise sem interferência das discussões nos dados
colhidos;
•
o local e o horário da entrevista foram marcados com antecedência,
buscando garantir a atenção do entrevistado para a pesquisa;
•
procurou-se assegurar um número suficiente de entrevistados.
5.2.3. Definição da amostra
População (ou universo da pesquisa) é a totalidade de indivíduos que possuem
as mesmas características definidas para um determinado estudo. Amostra é
parte da população ou do universo, selecionada de acordo com uma regra ou
plano (Menezes & Silva, 2001).
137
Capítulo 5 - Estudo de Percepção
A população definida para a pesquisa em questão envolve todos os agentes
que indireta ou diretamente participam da industria da construção civil, seja em
qualquer uma das etapas do ciclo de vida do edifício (projeto, construção,
operação, manutenção e demolição). Nesse contexto pode-se incluir dentre
outros, projetistas (em geral, arquitetos e engenheiros), construtores,
fornecedores, colaboradores, usuários.
A amostra, no entanto restringiu-se a projetistas, construtores e fornecedores
de acordo com a seguinte proporção e justificativas conforme Quadro 28:
Quadro 28 - Proporção da população definida para a pesquisa
AMOSTRA
PROPORÇÃO
JUSTIFICATIVA
Uma vez que é na etapa de projeto que são definidas as
características do edifício, a fim de que sejam atendidas as
necessidades de seus usuários, o processo de projeto revela-se
como uma das fases que mais influenciam o desempenho de uma
Projetistas
edificação (John, 1989). Os projetistas são os responsáveis pelas
70%
escolhas e decisões em relação aos materiais e tecnologias relativas
ao edifício que podem ser ou não as melhores do ponto de vista
ambiental e acompanham - ou pelo menos deveriam acompanhar –
as interferências destas escolhas durante todas as etapas do
processo de construção do edifício (Bagatelli, 2002).
Uma vez que são os gerentes da construção do edifício e
Construtores
20%
participantes e concretizadores das ações projetuais utilizando
métodos com menor ou maior impacto ambiental.
Fornecedores
Uma vez que disponibilizam materiais e tecnologias divulgando (ou
10%
não) seu desempenho ambiental.
A distribuição das etapas de pesquisa, piloto e aprofundada, seguiu também
essa proporcionalidade de acordo como o Tabela 4:
Tabela 4 - Distribuição das etapas de pesquisa
AMOSTRA
ETAPA PILOTO
ETAPA APROFUNDADA
TOTAL
Projetistas
29
28
57
Construtores
8
8
16
Fornecedores
4
4
8
TOTAL
41
40
81
Capítulo 5 - Estudo de Percepção
138
A amostra limitou-se a incluir profissionais da Grande Vitória/ES, uma vez que
numa pesquisa realizada junto ao CREA, em maio de 2004, constatou-se que
esses são representativos em relação ao Estado do Espírito Santo uma vez
que mantêm um vínculo de serviços profissionais com as demais cidades.
Dentre os projetistas estão incluídos arquitetos e engenheiros responsáveis por
projetos arquitetônicos, estruturais e de instalações elétricas, hidro-sanitárias
dentre outros. A amostra limitou a experiência desses profissionais em 5 anos
para assegurar um mínimo de prática profissional para aferir um melhor
entendimento da real postura do mercado. Para tanto, também foi assegurado
que a amostra incluísse apenas profissionais com execução de mais de 50.000
m2 de área projetada.
Os construtores da amostra permeiam dentre os com maior repercussão no
mercado, todos certificados ISO 90001. A escolha por construtores certificados
pelas normas ISO 9000 se deu pelo fato desta família de normas
representarem um consenso internacional em boas práticas de manejo que
pretende assegurar que a organização pode fornecer produtos e serviços que
atendam a exigência de qualidade do cliente (EMBRAPA, 2005).
Dentre os fornecedores foram incluídos aqueles que fornecem materiais
usados mais freqüentemente nos edifícios e na maioria das obras em
Vitória/ES, tais como fornecedores de cerâmica, cimento, telhas, granitos, ar
condicionados, dentre outros.
5.2.4. Estruturação da entrevista
Inicialmente a entrevista apresentou um cabeçalho introdutório para coletar
informações referentes ao informante tais como nome, profissão, formação
profissional, tempo de profissão, e áreas principais de atuação.
1
A International Standards Organization, mais conhecida como ISO, é o órgao que estabelece os padrões
internacionais de trabalho e de garantia de qualidade nas empresas. Desde 1987 foi criada uma série de normas,
conhecidas como ISO 9000, que deram início a um sistema de gestão de qualidade (ABES, 2005).
139
Capítulo 5 - Estudo de Percepção
O restante da entrevista foi estruturada em blocos de acordo com o Quadro 29:
Quadro 29 - Estruturação da Entrevista
BLOCOS
OBJETIVOS
PERCEPÇÃO
Aferir o conhecimento do entrevistado
em relação a conceitos tais como:
•
1 - Conhecimento do tema
•
•
2 - Grau de importância das áreas
ambientais
Perceber durante a entrevista não
Desempenho ambiental de edifícios estruturada a familiaridade do
entrevistado com as questões
Avaliação e ferramentas de
propostas e a co-relação feita por ele
avaliação de desempenho
para buscar respostas diante do tema
ambiental de edifícios
proposto.
Impacto ambiental de edifícios
Aferir a capacidade do entrevistado em
Perceber a dificuldade encontrada para
classificar hierarquicamente as áreas e
a hierarquização da importância de
categorias de desempenho ambiental
cada área e categoria de desempenho
usadas na metodologia do GBT em
assim como sentir a conexão lógica
relação ao peso atribuído a cada uma
atribuída pelo entrevistado em relação
no contexto brasileiro.
a cada classificação.
Perceber até que ponto o tema,
desempenho ambiental é considerado
Aferir o grau de importância conferido
em sua atividade profissional pelo
pelo entrevistado ao tema ambiental
entrevistado.
particularmente ao impacto ambiental
3 - Atitudes ambientais
dos edifícios brasileiros.
Perceber se existe uma demanda de
uma metodologia para avaliação de
Aferir o comprometimento desses
desempenho ambiental de edifícios
profissionais em relação ao
desempenho ambiental dos edifícios.
Perceber o envolvimento e
comprometimento dos entrevistado em
relação ao tema
De acordo com essas proposições a entrevista pautou-se em dez abordagens
realizadas a partir de diversas questões ou até sub-questões que surgiam a
partir da pauta principal que não podiam ser desconsideradas:
1) Sobre o entendimento da definição de desempenho ambiental de
edifícios.
Questões: Você já ouviu fala algo sobre desempenho ambiental de edifício? O
que você entende por desempenho ambiental de edifícios? Você considera o
edifício como sendo um potencial impactante do meio ambiente?
Capítulo 5 - Estudo de Percepção
140
Sub-questões: Você entende que o edifício apresenta uma vida longa? Você
conhece o conceito de ciclo de vida do edifício? Você tem conhecimento da
ISO 14 000?
2) Sobre o entendimento de avaliação ambiental de edifícios.
Questões: Você já ouviu fala algo sobre avaliação de desempenho ambiental
de edifício? O que você entende por isso? No seu entendimento pra que
serve? Você conhece alguma ferramenta / instrumento de avaliação ambiental
de edifícios? No seu entendimento o que você considera importante estar
avaliando numa abordagem de desempenho ambiental do edifício?
3) Sobre as áreas de desempenho ambiental de edifícios.
Questões: No seu entendimento, qual é a preocupação quanto ao impacto
ambiental que teria uma maior peso durante uma avaliação de desempenho
ambiental?2 Qual dessas áreas você considera mais prejudicial ao meio
ambiente e por isso, que teria maior peso durante uma avaliação de
desempenho ambiental?3
4) Sobre o Consumo de Reservas Naturais.
Questão: No seu entendimento, em relação à preocupação quanto ao
Consumo de Reservas Naturais, qual das categorias você considera de maior
peso numa Avaliação de desempenho ambiental de edifícios4? Por que?5
2
As áreas de desempenho ambiental consideradas no GBTool são apresentadas e explicadas.
3
É solicitado ao entrevistado que categorize hierarquicamente de acordo com a importância de cada área em escala
crescente (maior peso em direção ao de menor peso) para a avaliação de desempenho ambiental.
4
As categorias propostas no GBTool são apresentadas e caso surjam dúvidas conceituais, essas são explicadas,
procurando não interferir na resposta questionada, apenas esclarecer.
5
É solicitado ao entrevistado que categorize hierarquicamente de acordo com a importância de cada uma para a
avaliação de desempenho ambiental, em escala crescente (maior peso em direção ao de menor peso).
Capítulo 5 - Estudo de Percepção
141
5) Sobre Cargas Ambientais (Emissões de poluentes).
Questão: No seu entendimento, em relação à preocupação quanto às Cargas
Ambientais, qual das categorias você considera de maior peso numa Avaliação
de desempenho ambiental de edifícios? Por que?
6) Sobre Qualidade Interna do Ar.
Questão: No seu entendimento, em relação à preoupação quanto à Qualidade
Interna do ar, qual das categorias você considera de maior peso numa
Avaliação de desempenho ambiental de edifícios? Por que?
7) Sobre Qualidade dos Serviços.
Questão: No seu entendimento, em relação à preocupação quanto à Qualidade
dos Serviços, qual das categorias você considera de maior peso numa
Avaliação de desempenho ambiental de edifícios? Por que?
8) Sobre Gestão Pré-ocupação.
Questão: No seu entendimento, em relação à preocupação quanto à Gestão
Pré-Ocupação, qual das categorias você considera de maior peso numa
Avaliação de desempenho ambiental de edifícios? Por que?
9) Sobre a atitude profissional.
Questões: Quando você vai fazer um projeto (construção, propaganda de um
produto) você considera alguma atitude buscando minimizar o impacto
ambiental? Qual? Você utiliza isso como um diferencial do seu produto?
Sub-questões: Você já procurou informações sobre o desempenho ambiental
de algum produto ou serviço que você especifica (indica, utiliza, comercializa)6.
Você teve dificuldade em encontrar essas informações?
6
As questões são direcionadas para o entrevistado (projetista, construtor ou fornecedor)
142
Capítulo 5 - Estudo de Percepção
10) Postura profissional.
Questões: Você considera importante incorporar tais conceitos em sua prática
profissional? O que você mudaria em relação à forma como vem atuando? Se
você tivesse em suas mãos uma ferramenta de avaliação de desempenho
ambiental de edifícios e percebesse que o desempenho daquele edifício que
você está trabalhando não foi satisfatório você mudaria sua postura
simplesmente pelo quesito ambiental?
Durante a entrevista foi necessário o esclarecimento de diversos conceitos e
abordagens para alcançar o direcionamento pretendido e evitar distorções
devido a entendimentos dúbios. Todavia, essa postura precisou ser cuidadosa
no sentido de não influenciar e direcionar a resposta.
A entrevista objetivou coletar dados quantitativos e qualitativos, buscando
captar as falas reais dos entrevistados. Foi realizada contando com um
aparelho gravador exceto quando, por problemas técnicos, isso não foi
possível.
5.3. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Sob o aspecto quantitativo, a pesquisa deu ênfase a análise dos dados que
foram objetivamente coletados em suas abordagens distintas. Em relação a
analise
qualitativa,
procurou-se
preservar
as
falas
dos
entrevistados
integralmente (todas expressas gramaticalmente entre aspas), como forma de
contextualizar os dados quantitativos.
5.3.1. Sobre o Conhecimento do Tema
Sobre o entendimento da definição de desempenho ambiental de edifícios, a
pesquisa alcançou os resultados quantitativos descritos a Tabela 5.
143
Capítulo 5 - Estudo de Percepção
Tabela 5 - Resultados obtidos sobre o entendimento da definição de
desempenho ambiental de edifícios
RESPOSTA
PROJETISTAS
CONSTRUTORES
FORNECEDORES
% TOTAL
Realmente
entendiam
13,33%
57,14%
0%
15%
sobre o tema
Apresentavam
SIM
uma noção
real, porém
40%
50%
14,29%
incompleta
71,43%
0%
0%
17,50%
47,50%
sobre o tema.
Achavam que
sabiam, mas
desconheciam
46,67%
0%
0%
15%
o tema.
NÃO
50%
28,57%
100%
52,50%
As respostas a essa questão são variáveis. A apresentação dos resultados
quantitativos foI baseada nas respostas dos entrevistados, a partir de uma
análise de toda a entrevista, uma vez que, muitos responderam “SIM” a
questão proposta, no entanto, no decorrer da conversa percebe-se que o
entendimento é equivocado. Respostas como “é o desempenho do edifício
diante das experiências sensoriais”,ou restritivas como “é o desempenho do
relatório de Impacto Urbano e Impacto Ambiental exigido pelas prefeituras”,
juntamente com outros apontamentos nos levam a acreditar que essas
pessoas realmente não sabem sobre o que estamos falando.
Algumas das pessoas que responderam “SIM”7, em geral opinaram de maneira
superficial sobre o tema, associando o conceito a preocupações pontuais em
torno do uso de energia, água, materiais ou conforto ambiental (ventilação ou
iluminação). Como disse um entrevistado “é uma coisa maior e mais complexa
que vai desde a otimização de energia até a questão ambiental propriamente
7
Foram considerados SIM os que responderam: “mais ou menos”, “especificamente não”, “imagino o que seja”, que ao
longo da entrevistas mostraram que apresentavam noções sobre a questão.
Capítulo 5 - Estudo de Percepção
144
dita”, sendo que “a questão” refere-se ao conforto ambiental durante a fase de
uso do edifício.
A ligação direta de desempenho ambiental de edifício e conforto ambiental foi,
entre os arquitetos, muito comum (50% dos arquitetos entrevistados). “Sei
sobre o desempenho, apenas o que estudei na faculdade, nas aulas de
conforto ambiental” diz objetivamente uma entrevistada. Esse vínculo tem uma
interpretação clara uma vez que dentro dos programas de ensino das
universidades – grade curricular – a questão ambiental resume-se as aulas de
conforto ambiental onde a abordagem restringe-se a questões de conforto
térmico, acústico, iluminação e orientação solar na implantação da edificação.
Os arquitetos entrevistados associam a importância da preocupação em
relação ao desempenho ambiental a etapa de elaboração do projeto como, por
exemplo, iniciando suas frases com “fazer um projeto que gaste menos
energia” ou “projetar com técnicas e recursos mais otimizados”. Já os
construtores percebem a abordagem em relação as escolhas feitas na etapa de
projeto, mas, principalmente, em relação as alternativas para oferecer um
edifício diferenciado no mercado, como, por exemplo, disse um entrevistado “é
utilizar alternativas tecnológicas para diminuir o consumo de energia como
utilizar painéis solares ou melhorar o reaproveitamento de água do edifício”
A palavra “desempenho” ainda é estranha a quase todos os entrevistados. Sem
critérios e parâmetros para entender, as respostas voltam-se para aspectos
isolados e prescritivos. A eficiência global do edifício apresentando um
comportamento adequado ambientalmente ainda não é a lógica do
pensamento dentro de uma visão holística de todo o ciclo de vida do edifício.
Com relação ao entendimento sobre a avaliação ambiental de edifícios (ADAE),
os resultados são aqueles descritos na Tabela 6.
145
Capítulo 5 - Estudo de Percepção
Tabela 6 - Resultados obtidos sobre o entendimento da definição de avaliação
ambiental de edifícios (ADAE)
RESPOSTA
PROJETISTAS
Realmente
entendiam sobre
CONSTRUTORES
FORNECEDORES
TOTAL
0%
10,34%
0%
7%
o tema
Apresentavam
uma noção real,
SIM
porém incompleta
0%
17%
12,50%
44,83%
0%
0%
12%
sobre o tema.
Achavam que
sabiam, mas
desconheciam o
17%
12,50%
0%
15%
tema.
NÃO
55%
75,00%
100%
63%
TOTAL
100%
100,00%
100%
97,00%
A questão relativa ao entendimento sobre a avaliação ambiental de edifícios
(ADAE) foi levantada na seqüência da entrevista após a discussão do conceito
de desempenho ambiental. Portanto, o entrevistado já estava envolvido com o
caminhar do tema e pela própria etimologia da questão alguns projetistas
arriscaram em conceituações iniciadas com “deve servir para ‘medir’, ‘aferir’ ou
‘quantificar’” o desempenho ambiental de edifícios.
Porém o resultado entre os construtores e fornecedores foi o desconhecimento
completo. “Não sabia nem que existia isso em relação ao edifício”.
Foi comum, entre os projetistas a associação de ADAE com:
•
avaliação pós ocupação;
•
relatório de impacto urbano e ambiental;
•
análise de projetos pelo usuário (lista de verificação, checklist);
•
licença de implantação, licença de projeto e licença de obra.
Capítulo 5 - Estudo de Percepção
146
A associação de normas e legislações como critérios necessários para a
realização de uma ADAE é verbalizada em diversas falas. Isso demonstra o
entendimento, mesmo que de forma empírica, para uma avaliação de
desempenho são necessários critérios e procedimentos de desempenho bem
como níveis de desempenho a serem alcançados.
Em relação a ADAE, é perceptível entre os projetistas que “não há consciência
de que seja possível e real”, como sintetiza um arquiteto e completa “nós
somos leigos”. Ao longo da entrevista, fica claro que a preocupação em relação
às questões ambientais ainda é um tanto incipiente. “Quando se faz, ainda é de
forma um tanto tupiniquim” diz um projetista referindo-se a ausência de
planejamento e gestão ambiental em relação ao edifício.
A preocupação ainda não é consciente e perceptível por todos os profissionais.
Assim, a importância em se avaliar o desempenho ambiental de um edifício
ainda não faz sentido para buscar traçar indicadores ambientais, ou para
quantificar os impactos ou mesmo pra se posicionar no mercado, uma vez que
o mesmo ainda não demonstra essa exigência.
Alguns itens sobre o que seria importante avaliar para minimizar o impacto do
edifício no meio ambiente são citados por muitos entrevistados, mesmo
aqueles que disseram “não tenho conhecimento do que seria e nem pra que
serve” uma avaliação de desempenho ambiental. Conforto do usuário é o item
de maior preocupação dentre as citações feitas pelos projetistas. Percebe-se
que os entrevistados, de forma geral, associam avaliação do edifício com a
percepção do usuário durante o uso do edifício. O conceito global de ciclo de
vida ainda não é compreendido de forma natural em se tratando de avaliar o
edifício do ponto de vista de seu impacto no ambiente.
Com relação ao conhecimento de alguma ferramenta de avaliação ambiental
de edifícios, a pesquisa alcançou os resultados quantitativos descritos a Tabela
7.
147
Capítulo 5 - Estudo de Percepção
Tabela 7 - Resultados obtidos sobre o conhecimento de alguma ferramenta de
avaliação ambiental de edifícios
RESPOSTA
PROJETISTAS
CONSTRUTORES
FORNECEDORES
TOTAL
SIM
16,67%
0%
0%
12,20%
NÃO
83,33%
100%
100%
60,98%
Dentre os projetistas que responderam SIM, apenas 6,67% realmente
conheciam e souberam exemplificar ferramentas de ADAE. Porém, 10%
conheciam ferramentas de simulação e avaliação restritas a área de conforto
acústico e luminotécnico ou citaram APO (Avaliação Pós Ocupação).
5.3.2. Sobre o grau de importância das áreas e categorias de desempenho
ambiental
Em relação à importância relativa das áreas avaliadas pelo GBTool os
resultados quantitativos obtidos são os descritos a Tabela 8.
Tabela 8 - Resultados obtidos quanto a importância relativa das áreas
avaliadas pelo GBTool
CATEGORIA DE DESEMPENHO CONSIDERADA DE
AREA DE DESEMPENHO
MAIOR PESO
AMBIENTAL
PROJETISTAS
Consumo de reservas naturais (RN)
Cargas ambientais (CA)
Qualidade do ambiente interno (QAI)
Qualidade dos Serviços (QS)
Aspectos econômicos (AE)
Gestão Pré- Ocupação (GPO)
55,17% dos
respondentes
13,79% dos
respondentes
CONSTRUTORES
FORNECEDORES
50% dos respondentes
50% dos respondentes
0% dos respondentes
25% dos respondentes
10,34% dos
12,5% dos
respondentes
respondentes
10,34% dos
12,5% dos
respondentes
respondentes
0% dos respondentes
10,34% dos
respondentes
12,5% dos
respondentes
0% dos respondentes
0% dos respondentes
0% dos respondentes
0% dos respondentes
25% dos respondentes
Capítulo 5 - Estudo de Percepção
148
O Consumo de reservas naturais é responsável pela maior preocupação dos
entrevistados, seja projetista, construtor ou fornecedor, uma vez que “é um
assunto que está mais em voga” e “é básico, ou seja, impossível viver sem”.
Dentre os projetistas que responderam que a preocupação que deveria
apresentar maior peso numa ADAE seria Consumo de Reservas Naturais,
68,75% colocam a questão de cargas ambientais como a preocupação
seguinte, uma vez que “existem uma relação dialética entre essas
preocupações”.
Nesse sentido, o senso comum entre esses profissionais reflete a constatação
de Lyle (1994), em que o homem, ao se relacionar com o meio, utilizando os
recursos naturais para os seus processos básicos, tem agido como se estes
fossem infinitos, ou seja, os dejetos produzidos não voltam para o meio
ambiente de maneira produtiva. O processo tem um caráter linear e não cíclico,
aumentando o risco de escassez destes recursos e aumentando os impactos
gerados no meio ambiente.
Esses dois itens são, no entendimento dos entrevistados “...mais ligados ao
meio ambiente propriamente dito, o resto é uma preocupação com o usuário...”.
Existe uma dificuldade em incorporar no conceito de desempenho ambiental do
edifício (baixo impacto ambiental) a melhora da qualidade de vida do usuário. O
termo desempenho associado a Meio Ambiente é visto ainda com uma grande
relação à preservação dos ecossistemas (fauna e flora) e redução da poluição.
Respostas como “... o objetivo da construção é o homem e não o meio
ambiente...” traduz o pensamento de muitos.
Os Aspectos econômicos foram considerados por 72,41% dos projetistas e
75% dos fornecedores como a área que deve receber menor peso numa
avaliação de desempenho ambiental de edifícios. No entanto, para 10% dos
construtores, o custo do empreendimento é a maior preocupação diante do
desempenho ambiental de edifício.
Contudo, é perceptível a dificuldade em associar desempenho econômico a
desempenho ambiental. Pelo contrário, fica claro nas falas de muitos
Capítulo 5 - Estudo de Percepção
149
entrevistados que “... desempenho ambiental é a princípio, incoerente com o
conceito de desempenho econômico...”. “... Muita coisa a gente conhece, como
tecnologias construtivas que possivelmente diminuiriam o impacto ambiental,
mas não tomamos providência devido ao alto custo dessas medidas...”.
No entanto, como afirma RMI (1998), os aspectos econômicos relacionados a
um edifício devem ser analisados para períodos de longo uso, quando é
possível analisar com mais variáveis as vantagens da aplicação dos conceitos
de sustentabilidade e de baixo impacto ambiental.
Essa visão, ainda não está enraizada dentre os profissionais, em que as
decisões pelo menor custo inicial impostas pelo atual mercado e aceita pelos
profissionais envolvidos na construção civil, podem levar a custos muito
maiores quando analisados dentro do ciclo de vida da edificação. Respostas
como “os aspectos econômicos não são importantes se forem tomadas
medidas ambientalmente adequadas nas outras preocupações”, são raras.
A indústria da construção é uma das maiores atividades econômicas de nosso
país8. Este cenário tem mostrado que pequenas alterações nas decisões nas
fases preliminares do processo (projeto e construção) podem provocar
mudanças significativas na economia nacional.
A sustentabilidade na área da construção pode vir a ser uma alavanca para a
diminuição das crises econômicas nacionais, pois além de garantir a efetiva
manutenção dos recursos ambientais, pode gerar economia nos custos de
transporte e consumo de energia e até influenciar na geração de empregos,
devido à demanda dos produtos e serviços de baixo impacto ambiental.
8
No Brasil, a indústria da construção representa cerca de 11,8% do PIB, Produto Interno Bruto, equivalente a U$ 115
bilhões de dólares em 1998, tendo um crescimento previsto do PIB de 3,15% (ASBEA, 2001).
150
Capítulo 5 - Estudo de Percepção
5.3.2.1. IMPORTÂNCIA RELATIVA DAS CATEGORIAS NAS ÁREAS DE
DESEMPENHO AMBIENTAL
Em relação à Categoria “Consumo de Reservas Naturais” os resultados
quantitativos obtidos são os descritos a Tabela 9.
Tabela 9 - Resultados obtidos sobre a importância da Categoria “Consumo de
Reservas Naturais” nas áreas de desempenho ambiental
CATEGORIA
CATEGORIA DE DESEMPENHO CONSIDERADA DE MAIOR PESO
CONSUMO DE
RESERVAS
PROJETISTAS
CONSTRUTORES
FORNECEDORES
TOTAL9
NATURAIS
34,48% dos
25% dos
25% dos
respondentes
respondentes
respondentes
24,14% dos
37,5% dos
0% dos
respondentes
respondentes
respondentes
6,90% dos
12,5% dos
0% dos
respondentes
respondentes
respondentes
aproveitam alguma estrutura
34,48% dos
12,5% dos
50% dos
existente no local, se são
respondentes
respondentes
respondentes
Consumo de energia (CE)
Consumo de água (CA)
Uso do solo (mudanças na
sua configuração e
composição natural) (US)
32,5%
25%
7,5%
Uso de materiais (se
32,5%
recicláveis ou reusados) (UM)
O consumo de energia foi a categoria considerada pelos entrevistados como de
grande peso. Essa percepção deve-se ao fato da falta de energia já configurar
na mídia como um problema eminente em diversos países. O Brasil, os
Estados Unidos, a Nova Zelândia, dentre outros, têm enfrentado nos últimos
anos problemas de abastecimento. “Apagões” e “blecautes” passam a ser uma
ameaça constante e programas de racionamento, rodízios e cotas de consumo
passam a ser uma realidade no dia-a-dia das pessoas. Por isso, a percepção
da necessidade de melhorar o desempenho energético das edificações pelos
profissionais da área já é uma realidade imprescindível e urgente.
9
A soma dos percentuais não totaliza 100%, uma vez que alguns entrevistados, disseram não conseguirem definir qual
categoria teria um maior peso numa ADAE. Todas teriam igual peso.
151
Capítulo 5 - Estudo de Percepção
Como a energia elétrica produzida no Brasil provém quase integralmente das
hidroelétricas, muitos entrevistados associaram esta produção ao consumo de
água, principalmente entre os projetistas e construtores. Estes profissionais ao
comparar das duas categorias (CE e CA) apresentam respostas similares
como, por exemplo “... a água já está escassa e não podemos produzir mais,
mas alternativas para a geração de energia é possível estudar e desenvolver
novas”. No entanto, outro grupo considera o consumo de energia mais
importante, com o entendimento de que “... com energia eu faço tudo,
dessalinizo a água do mar e reciclo materiais...”.
A dificuldade em hierarquizar as categorias CE e CA ocorreu em 27% das
entrevistas. Por fim, após uma reflexão “difícil”, como verbalizam muitos
entrevistados, as respostas surgiam, em geral, obedecendo ao seguinte
critério: “... a energia é a questão mais cara, e a água é a questão mais
séria...”. A ligação entre a importância relativa do Consumo de Água em uma
ADAE ao baixo custo da água foi comum. “... Se eu tivesse em Vancouver eu
me preocuparia, pois a água é cara,..., mas no Brasil, ainda não...”. A falta de
fiscalização em relação ao consumo de água também é interpretada por muitos
como um impacto ambiental ainda não preocupante.
O uso de materiais também já é considerado como de grande peso numa
ADAE. A prática de reciclagem e reutilização de materiais já faz parte da
consciência dos profissionais entrevistados, no entanto “... o conhecimento dos
materiais alternativos e a facilidade de compra nas lojas de material de
construção ainda não existem...”.
A consciência da energia embutida nos materiais construtivos utilizados e a
demanda do consumo de reservas naturais nesse sentido é praticamente
inexistente.
Alguns
poucos
arquitetos,
dentre
os
projetistas,
citaram
rapidamente a importância nas “... escolhas dos materiais com menor impacto
ambiental na etapa de projeto...”.
Em relação à Categoria “Cargas Ambientais” os resultados estão descritos no
Tabela 10.
152
Capítulo 5 - Estudo de Percepção
Tabela 10 - Resultados obtidos sobre a importância da Categoria “Cargas
Ambientais” nas áreas de desempenho ambiental
CATEGORIA CARGAS
AMBIENTAIS
CATEGORIA DE DESEMPENHO CONSIDERADA DE MAIOR PESO
PROJETISTAS
CONSTRUTORES
20,69% dos
12,5% dos
respondentes
respondentes
FORNECEDORES
TOTAL
GHC, gases que promovem o
Efeito Estufa. (GE)
ODS, gases que liberam
0% dos respondentes
19,51 % dos
respondentes
ozônio. (GO)
Gases que conduzem a
acidificação e causam
0% dos
envelhecimento do
respondentes
0% dos respondentes
0% dos respondentes
0% dos
respondentes
ecossistema.(GA)
Resíduos sólidos (RS)
Resíduos líquidos (RL)
13,79% dos
respondentes
24,14% dos
respondentes
Resíduos poluentes de alto
20,69% dos
risco (RPAR)
respondentes
Impacto local e no entorno
20,69% dos
(ILE)
respondentes
25% dos respondentes
12,5% dos
17,07 % dos
respondentes
respondentes
25% dos respondentes 25% dos respondentes
25% dos respondentes
0% dos respondentes
26,83 % dos
respondentes
12,5% dos
21,95 % dos
respondentes
respondentes
0% dos respondentes
14,63 % dos
respondentes
Os resultados apresentados na Tabela 9 não fornecem uma leitura muito clara
do posicionamento geral. Percebe-se resultados um tanto lineares com peso
equilibrados nas diferentes categorias.
Os itens GE e GO foram considerados juntos ao estabelecer peso a uma
avaliação de impacto ambiental dos edifícios por 17,07% dos respondentes e
12,20% consideraram os itens GE, GO e GA juntamente e de maior
importância dentre as outras categorias completando os percentuais da Tabela
10.
A categoria de desempenho GA não foi considerada com um peso importante
numa avaliação ambiental de edifícios em relação às demais. Ao ouvir o termo,
“efeito estufa” ou “camada de ozônio”, os entrevistados manifestam algum
entendimento do ponto de vista ambiental e importantes para uma avaliação do
desempenho do edifício, mas acreditam que “... provocam um dano um tanto
reduzido...” quando considera-se as demais categorias. No entanto, quanto ao
Capítulo 5 - Estudo de Percepção
153
item GA, a percepção de que isso seja necessário numa ADAE é
incompreendida.
O parâmetro bastante utilizado para hierarquizar a importância relativa das
categorias referente a questão Cargas ambientais, foi a dificuldade ou
facilidade em corrigir os impactos causados. O pressuposto era que, o impacto
ambiental sempre irá ocorrer e, nesse sentido, qual deles é possível tratar para
reduzir tal impacto. O pensamento não foi direcionado, nem pelos projetistas,
no sentido de adotar medidas preventivas necessárias para reduzir o impacto
após uma leitura feita a partir da ADAE. Nesse contexto, as emissões gasosas
são “dificilmente controladas” quando já ocasionadas, e os resíduos sólidos e
líquidos “... a gente dá conta de controlar ou planejar o controle...”.
Em relação a categoria RPAR, percebe-se uma dificuldade entre os
entrevistados de entenderam essa problemática em uma avaliação ambiental
de edifícios. A referência atribuída a essa categoria é considerada como
“...pontual em relação ao edifício...”, necessária apenas “... para edifícios
específicos... industriais talvez”. Em geral, trata-se de uma categoria
considerada “... importante, mas específica” em que não há necessidade de se
“...avaliar em todos os casos...”. Porém, existem aqueles que não atribuíram
uma importância relativa a essa categoria, pois acreditam que a ocorrência do
impacto seja ocasional, mas “...quando ocorre o estrago é grande...”.
A categoria RL é considerada como de maior peso tanto para projetistas
quanto para fornecedores e construtores em um percentual equivalente 25%.
Contudo, para os construtores numa ADAE os resíduos sólidos são bastante
preocupantes e por isso apresentam peso equivalente. Essa preocupação é
referida em 100% dos entrevistados associada aos resíduos de obra, entulho
evidente como uma problemática ainda não solucionada.
Em relação a Categoria “Qualidade Interna do Ar” os resultados estão descritos
na Tabela 11.
154
Capítulo 5 - Estudo de Percepção
Tabela 11 - Resultados obtidos sobre a importância da Categoria “Qualidade
Interna do Ar” nas áreas de desempenho ambiental
CATEGORIA
QUALIDADE DO
CATEGORIA DE DESEMPENHO CONSIDERADA DE MAIOR PESO
AMBIENTE
INTERNO
PROJETISTAS
CONSTRUTORES
FORNECEDORES
31,03% dos
37,5% dos
50% dos
respondentes
respondentes
respondentes
Conforto acústico
6,90% dos
12,5% dos
(CA)
respondentes
respondentes
Conforto térmico (CT)
Ventilação (V)
Iluminação (I)
0% dos respondentes
TOTAL
34,15%
7,32% dos
respondentes
17,24% dos
25% dos
50% dos
21,95% dos
respondentes
respondentes
respondentes
respondentes
17,24% dos
12,5% dos
respondentes
respondentes
Poluição
3,45% dos
eletromagnética (PE)
respondentes
0% dos respondentes
0% dos respondentes
0% dos respondentes
14,63% dos
respondentes
2,44% dos
respondentes
Na Tabela 11 a somatória dos percentuais entre os projetistas não totaliza
100%, uma vez que 13,79% dos respondentes consideram o conforto térmico e
a ventilação com pesos de importância equivalentes e prioritários em relação
aos demais quanto ao impacto no desempenho dessa categoria. Similarmente
3,45% consideram num mesmo patamar de importância conforto térmico e
Iluminação. Além disso, 6,9% consideram todos de igual importância, não
sendo possível hierarquizar os pesos de tais categorias.
Mesmo aqueles (100%) que responderam que conforto térmico tem uma
importância
maior
dentre
as
demais
categorias,
incluindo
todos
os
entrevistados (projetistas, construtoras e fornecedores) questionaram porque a
distinção entre conforto térmico e ventilação, “...já que estão interligados...”. “...
No Brasil, uma boa ventilação representa um conforto térmico adequado...” já
que “... permite a renovação do ar quente...”.
Torna-se importante ressaltar que 75,61% dos respondentes consideraram a
Poluição eletromagnética como a categoria de menor impacto, pois “...a
seriedade dos riscos ainda é imprevisível...”. Publicações recentes alertam para
os possíveis danos a saúde provocados pelas irradiações eletromagnéticas. O
155
Capítulo 5 - Estudo de Percepção
campo eletromagnético emitido por antenas de TV, de celular e rádio provoca
interferência em aparelhos eletroeletrônicos - de marcapassos e válvulas
cardíacas a rádios e computadores - e ainda pode afetar plantas, animais e até
o homem (Falcão, 2000). Com a explosão da telefonia celular, centenas de
antenas foram instaladas nas cidades, mas a insegurança em sobre os efeitos
prejudiciais ao ser humano ainda são questionáveis10. “...Como não pode ser
vista, sentida nem cheirada, pouca gente se dá conta de que ela existe.”
Em relação a Categoria “Qualidade dos Serviços” os resultados estão descritos
na Tabela 12.
Tabela 12 - Resultados obtidos sobre a importância da Categoria “Qualidade
dos Serviços” nas áreas de desempenho ambiental
CATEGORIA
CATEGORIA DE DESEMPENHO CONSIDERADA DE MAIOR PESO
QUALIDADE DOS
SERVIÇOS
Flexibilidade e adaptabilidade
Controlabilidade pelo usuário
Manutenção do desempenho
PROJETISTAS
CONSTRUTORES
29,17% dos
0% dos
respondentes
respondentes
8,33% dos
12,5% dos
respondentes
respondentes
16,67% dos
37,5% dos
respondentes
respondentes
Privacidade e acesso à
4,17% dos
0% dos
iluminação e visuais
respondentes
respondentes
12,50% dos
12,5% dos
respondentes
respondentes
Desenvolvimento do entorno
Impacto nas propriedades
20,83% dos
25% dos
adjacentes
respondentes
respondentes
10
FORNECEDORES
0% dos respondentes
75% dos respondentes
0% dos respondentes
0% dos respondentes
0% dos respondentes
25% dos respondentes
TOTAL
19,44% dos
respondentes
16,67% dos
respondentes
19,44% dos
respondentes
2,78% dos
respondentes
11,11% dos
respondentes
22,22% dos
respondentes
Segundo concluem Mendez e Virtuoso (2003) em uma pesquisa realizada em Criciúma (SP) as experiências
brasileiras e mundiais indicam fortes indícios que as radiações emitidas pelas antenas da telefonia celular afetam a
saúde populacional, por isso a comunidade acadêmica brasileira e mundial da área recomenda adotar o Principio de
Precaução. Os organismos governamentais estão sendo incentivados a financiar pesquisas na área da poluição
eletromagnética ambiental.
Capítulo 5 - Estudo de Percepção
156
Todavia, entre os projetistas, 4,17% dos respondentes atribuíram igual peso
Desenvolvimento do entorno e impacto nas propriedades adjacentes.
Similarmente, 4,17% responderam que juntamente com essas duas categorias,
Privacidade e acesso a iluminação e visuais teriam o mesmo peso em relação
ao impacto de desempenho ambiental de edifícios. “... essas preocupações
dever ser pensadas paralelas, não é possível separar...”. Por isso, a soma total
dos percentuais não totaliza 100%.
Foi comum o questionamento, “...Isso tem a ver com desempenho
ambiental?...” Esse entendimento associando a qualidade de vida como
desempenho ambiental ainda é um tanto rudimentar. As categorias Impacto
das propriedades adjacentes e desenvolvimento do entorno eram, nesse,
contexto, as únicas reconhecidas como “...possível de associar a desempenho
ambiental...”.
Para os projetistas a categoria flexibilidade e adaptabilidade foi considerada
com uma importância relativa maior numa ADAE, uma vez que esse discurso
enquadra-se em uma tendência “modernista”11 na forma de projetar. No
entanto, há de se considerar a preocupação desses profissionais, em particular
os arquitetos em relação ao impacto do edifício no entorno. “... o entorno é uma
das primeiras preocupações que a gente tem quando começa a projetar um
edifício...”. No entanto, poucos acreditam que “...o entorno independe do
edifício em si...”
Tanto os construtores quanto os projetistas associaram a categoria Privacidade
e acesso à iluminação e visuais ao Plano Diretor Urbano (PDU) Municipal.
Nesse sentido, é senso comum que “...não se pode fazer muito...”, pois “ o
11
A Arquitetura Moderna surgiu na primeira década do século XX trazendo rofundas mudanças no fazer arquitetônico
em todos os seus aspectos: conceitual, construtivo e projetual. As transformações sociais, intelectuais e tecnológicas
culminaram com a substituição do classicismo vigente e o conseqüente abandono da sua expressão figurativa, das
suas técnicas de produção e das suas limitações funcionais (Pizzato, 2003). Racionalismo, funcionalidade, expressão
geométrica tornaram-se regras para tornar mais didático o ensino do projeto arquitetônico, deixando fortes marcas na
formação acadêmica dos profissionais atuais.
157
Capítulo 5 - Estudo de Percepção
PDU é quem define esses parâmetros...”. O atual PDU de Vitória define o uso e
ocupação do solo através do zoneamento do município segundo critérios que
envolvem principalmente a previsão futura quanto a capacidade de infraestrutura e do sistema viário. Para cada zona foram atribuídos índices
urbanísticos que definem gabaritos, taxas de ocupação e afastamentos (Lei
4167/94).
A Categoria Manutenção do Desempenho foi amplamente associada a gastos
quando consideradas de maior peso numa avaliação. O foco não foi o
desempenho ambiental da edificação e sim econômico.
Em relação a Categoria “Gestão Pré-Ocupação” os resultados estão descritos
no Tabela 13.
Tabela 13 - Resultados obtidos sobre a importância da Categoria “Gestão PréOcupação” nas áreas de desempenho ambiental
CATEGORIA
CATEGORIA DE DESEMPENHO CONSIDERADA DE MAIOR PESO
GESTÃO PRÉOCUPAÇÃO
PROJETISTAS
Planejamento do processo
91,67% dos
construtivo
respondentes
Verificação na Pré entrega
0% dos respondentes
Planejamento da Operação
8,33% dos
respondentes
CONSTRUTORES
FORNECEDORES
50% dos respondentes 75% dos respondentes
12,5% dos
respondentes
25% dos respondentes
25% dos respondentes
0% dos respondentes
TOTAL
82,86% dos
respondentes
5,71% dos
respondentes
11,43% dos
respondentes
Fica evidenciado que todos os agentes entrevistados reconhecem a
importância do Planejamento do processo construtivo como “...fundamental pra
evitar qualquer impacto...” seja ele econômico ou ambiental. Os projetistas e
construtores enfatizam o projeto como o ponto inicial de qualquer
planejamento, onde “...as decisões podem ser tomadas e as escolhas aceitas
ou não...”. Contudo, a Verificação na pré entrega ainda não é considerada
como uma ferramenta importante para a retroalimentação do planejamento.
A categoria Planejamento da Operação foi associada pelos construtores ao
restrito Manual do Usuário entregue quando o morador recebe sua edificação.
158
Capítulo 5 - Estudo de Percepção
O mesmo é responsável por passar as informações ao usuário referente a
manutenção e uso do edifício, mas não existe a preocupação efetiva e
completo em relação ao Planejamento da Operação.
5.3.3. Sobre as atitudes e posturas ambientais
5.3.3.1. SOBRE CONSIDERAR ALGUMA ATITUDE FAVORÁVEL AO
DESEMPENHO AMBIENTAL NO MOMENTO DE PROJETAR
Os resultados relativos ao fato de levar em consideração alguma atitude
favorável ao desempenho ambiental no momento do projeto estão descritos na
Tabela 14.
Tabela 14 - Resultados obtidos sobre considerar alguma atitude favorável ao
desempenho ambiental no momento de projetar
RESPOSTA
PROJETISTAS
CONSTRUTORES
FORNECEDORES
TOTAL
SIM
72,41%
87,50%
50%
78,95%
NÃO
27,59%
12,50%
50%
21,05%
Dentre os respondentes que disseram SIM, 77,78% preocupam-se com a
Qualidade Interna do Ar nas edificações e adotam medidas para garantir o
desempenho nesse sentido. As categorias mais citadas nessa área foram
ventilação e iluminação, uma vez que são condicionantes relacionados a um
aprendizado acadêmico
intrínseco aos profissionais para caracterizar uma
edificação como de desempenho eficaz ou não.
Outra
área
que
vem
recebendo
empenho
desses profissionais que
responderam SIM refere-se ao consumo de reservas naturais citados por
59,26% dos respondentes, sendo que dentre eles 37,50% procuram o melhor
uso do solo, com mudanças mínimas em sua configuração e composição
natural, 50% citam a importância do uso de materiais recicláveis ou re-usados
ou que apresentam um menor impacto ambiental e 56,25% preocupam-se
também com a otimização do uso da energia e água.
Capítulo 5 - Estudo de Percepção
159
A qualidade dos serviços foi citada por 33,33% dos respondentes sendo que
44,44% desses preocupam-se com o impacto nas propriedades adjacentes,
33,33% dizem buscar maior flexibilidade das edificações, 12,5% preocupam-se
com a manutenção do desempenho da edificação e 11,11% em preservar o
acesso as visuais. Ergonomia da edificação foi citada também como uma
preocupação em relação ao uso do edifício.
As questões referentes às Cargas ambientais foram citadas apenas por 22,
22% dos respondentes, em geral restritas a preocupações referentes a geração
de lixo e entulho.
Entre os construtores, a preocupação com os resíduos é citada por 100%, uma
vez que as administrações públicas brasileiras não oferecem regularmente os
serviços de coleta e a formalização de legislações ambientais brasileiras –
CONAMA nº307 – que tendem a vigorar como exigência para o setor
construtivo.
Em geral, percebe-se que não existe uma preocupação ambiental consciente.
As atitudes ambientais são consideradas um tanto que “...por acaso...” tendo
em vista outros valores tidos “.....como essenciais ao contexto da edificação...” .
Custo e estética encabeçam esses valores. No entanto o “conforto do
usuário”12 é citado ao longo da entrevista por todos os respondentes, não
como uma questão ambiental, mas como uma ferramenta de marketing: “... eu
tenho colocado a possibilidade de aquecimento solar ou a gás, não para
minimizar o impacto ambiental e sim para que meu cliente entenda que ele vai
economizar com energia e prefira o meu edifício. É lógico que com isso eu
minimizo o consumo de energia...”.
12
Estando englobados, nessa expressão, itens como qualidade dos serviços e qualidade do ambiente interno do ar de
uma forma geral.
160
Capítulo 5 - Estudo de Percepção
Dentre os construtores é unânime que a preocupação ambiental “... não é o
ponto fundamental considerado como diferencial no mercado capaz de
direcionar as escolhas dos clientes...”.
Os resultados do questionamento junto aos entrevistados, se já sentiram
necessidade ou realmente precisaram obter alguma informação sobre o
desempenho ambiental de um produto ou serviço, para nortear o projeto,
planejamento ou construção do edifício, estão descritos na Tabela 15.
Tabela 15 - Resultados obtidos quanto a necessidade de obtenção de
informação sobre desempenho ambiental
RESPOSTA
PROJETISTAS
CONSTRUTORES
TOTAL
SIM
68,97%
71,43%
69,44%
NÃO
31,03%
28,57%
30,56%
Essa questão foi levantada durante as entrevistas com projetistas e
construtores. No entanto, o resultado apresentado não pode ser
considerado
representativo.
Os
respondentes
que
disseram
SIM
exemplificaram a questão numa necessidade específica, ao procurar
informações sobre produtos que apresentam danos ambientais conhecidos
e consolidados (telhas de amianto), ou quando o marketing do produto é
dito “ecológico” (telha ecológica), ou ainda por acaso, quando a
preocupação é “...garantir uma eficiência do produto...” (isolamentos
acústicos). Quando se trata de um produto qualquer, a preocupação
ambiental inexiste. Dessa forma, a preocupação volta-se em específico para
o produto específico e não uma preocupação sistêmica com diversas outras
categorias de desempenho ambiental do edifício.
Dentre os construtores, “... não é uma preocupação romântica (referindo-se
a questão ambiental) e sim racional...”. Contudo, percebe-se que existe uma
preocupação em estar viabilizando novas tecnologias (aquecimento solar,
sistemas industrializados e pré-moldados, coleta seletiva de resíduos,
bombas para reaproveitamento de água, dentre outros) que trazem um
161
Capítulo 5 - Estudo de Percepção
beneficio ambiental a edificação mesmo que por uma questão de
racionalidade construtiva.
Todavia, foi unânime a dificuldade de encontrar informações sobre o
desempenho ambientais de produtos e serviços. Vários respondentes
mostraram dificuldade em saber quais seriam essas informações a
procurar.
5.3.3.2. SOBRE A IMPORTÂNCIA DA POSTURA AMBIENTAL NO MOMENTO
DE PROJETAR/CONSTRUIR OU FORNECER UM SERVIÇO OU PRODUTO
Todos os projetistas responderam SIM a questão, no entanto 44,83%
acrescentaram “depende” a sua informação. Dentre estes, 27,59 dizem que
dependeriam do cliente, ou seja “se o cliente for eco-alfabetizado13, fica mais
fácil trabalhar” diz um respondente. O custo e as implicações no projeto
arquitetônico também foram citados como uma ponderação a ser feita ao se
aceitar uma avaliação de desempenho ambiental no momento de projetar ou
construir um edifício.
Dentre os construtores as respostas não foram diferentes. No entanto, porém
ressaltam que o ambiental é um dos valores a ser acrescentado em todo
processo construtivo, aliado a custos, estética, racionalidade dentre outros. A
questão
ambiental
poderá
entrar
no
contexto
para
viabilizar
um
empreendimento, mas “... ainda não dita regras...”.
O custo foi citado por 100% dos construtores tendo em mente que, “...
considerar o edifício do ponto de vista ambiental é um processo em construção,
pois o cliente é um investidor e nem sempre está disposto a gastar mais por
isso...”.
13
Ser ecologicamente alfabetizado, ou "eco-alfabetizado", significa entender os princípios básicos de organização das
comunidades ecológicas (ecossistemas) para usar esses princípios como forma de criar comunidades humanas
sustentáveis.
Capítulo 5 - Estudo de Percepção
162
Nesse contexto, muitos entrevistados retomam a pauta inicial da entrevista
ADAE e percebem que “... se for possível quantificar o impacto ambiental,
talvez nos vejamos obrigados eticamente a tomar alguma atitude...”, “...como
se fosse plantar uma semente nesse universo de pensar...”. Nesse caso, além
da percepção da importância de se fazer uma ADAE, eleva-se o compromisso
moral relacionado ao meio ambiente, dentro do conceito inicial de
sustentabilidade, onde é necessário não colocar em risco o ar, a água, o solo
para melhorar a qualidade da vida do homem na Terra hoje e sempre.
Em relação aos fornecedores, 100% admitem que essa questão ainda não é
abordada nem como marketing para vender o produto, a não ser em casos
muito específicos em que o produto traz um diferencial gritante em relação aos
demais. Mesmo assim, “...falta consciência, educação ambiental entre os
clientes...”. “... Muitos admiram a qualidade ambiental do produto, quando esse
é o discurso, mas a “...qualidade, durabilidade, estética e custo ainda são
fatores determinante para a escolha de um produto...”.
É perceptível que existe um despreparo até mesmo pra que a questão
ambiental seja utilizada como uma preocupação ou como marketing para o
fornecimento do produto. Dos fornecedores, 50% buscaram nas especificações
técnicas do produto fornecido algum dado sobre o desempenho ambiental do
mesmo, uma vez que desconheciam; 25% soube informar as características
ambientais do produto, e o restante (25%) disse que não existe essa
preocupação e não fez gestão para procurar a informação.
Contudo, 100% desses fornecedores desenvolveram a conversa priorizando a
importância de conhecer a “fábrica” e todo o processo industrial daquele
produto, com o intuito de garantir ao cliente que se trata de uma empresa
idônea, onde não existe exploração de mão-de-obra, com preocupações
ambientais no sentido de reduzir “poluentes” e despejos no meio ambiente.
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