Técnica Combinada com Bloqueio Peribulbar na Crioablação
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Técnica Combinada com Bloqueio Peribulbar na Crioablação
Técnica Combinada com Bloqueio Peribulbar na Crioablação Retiniana em Prematuro Bloqueio Peribulbar em Prematuro 21 Regina Aguiar*, Carla Oliveira**, Cristina Poiarez*** Serviço de Anestesiologia do Hospital Geral de Santo António, S.A., Porto * Assistente Hospitalar Graduada ** Assistente Hospitalar *** Interna Complementar de Anestesiologia Resumo Neste relato clínico descrevemos a utilização de técnica combinada (anestesia geral inalatória e bloqueio peribulbar) em prematuro com 40 semanas de idade pós-concepcional, proposto para crioablação retiniana para tratamento de retinopatia da prematuridade. Sabendo que as vias da nocicepção estão bem desenvolvidas em prematuros e que estes apresentam uma sensibilidade aumentada ao efeito depressor respiratório dos opióides, consideramos que o bloqueio peribulbar com ropivacaína constitui uma técnica analgésica eficaz no período intraoperatório e nas primeiras 24 horas pós-operatórias. Palavras Chave: Bloqueio peribulbar; retinopatia da prematuridade Abstract Combined tecnique with peribulbar blockade for retina cryoablation in a premature child The authors present a clinical report where they describe a combined anesthetic technique (general inalatory anesthesia and peribulbar blockade) for a patient with prematurity retinopathy who is 40 weeks of postconceptional age at the time he’s scheduled for retina cryoablation. Knowing that nociception pathways are well developed in premature children and that this population of patients has an increased sensibility to opioid induced respiratory depression, the authors consider that peribulbar blockade with ropivacaine is an efficient analgesic technique for intraoperative period and first 24h after surger y. Keywords: Peribulbar blockade; prematurity retinopathy CORRESPONDÊNCIA: Cristina Poiarez Serviço de Anestesiologia HGSA Largo Professor Abel Salazar 4099-001 Porto Tel. 222 077 500 | Tlm. 912 196 308 [email protected] Revista SPA ‘ vol. 15 ‘ nº 5 ‘ Novembro 2006 Introdução 22 A retinopatia de prematuridade tem uma incidência de 78% em prematuros com peso à nascença entre 750 a 999g1. Da etiologia multifactorial salienta-se a hiperoxia como principal factor desencadeante. A terapêutica passa pela crioterapia e fotocoagulação com laser. O objectivo da apresentação deste relato clínico é demostrar a eficácia analgésica do bloqueio peribulbar com ropivacaína neste tipo de procedimento, evitando a utilização de opióides por via sistémica e, assim, o risco de depressão respiratória que lhes está associado. Caso Clínico Doente do sexo masculino, 40 semanas de idade pósconceptional, com 1760 g de peso, ASA IV, proposto para crioterapia por retinopatia da prematuridade bilateral grau IV. Antecedentes patológicos: gestação trigemelar; prematuridade (26 semanas); doença da membrana hialina; displasia broncopulmonar; hemorragia intraventricular grau IV; sépsis grave com ponto de partida em NEC perfurada. O plano anestésico escolhido foi uma técnica combinada (anestesia geral inalatória e bloqueio peribulbar). Foram utilizados o circuito anestésico Jackson-Rees e monitorização standard. Efectuou-se pré-medicação com vagolítico. A indução anestésica foi inalatória com Sevoflurano a 3% em 100% de O2 e a via aérea foi assegurada com máscara laríngea #1. A manutenção foi realizada com Sevoflurano a 1.2 % em mistura de O2 e ar. A fracção inspiratória de O2 foi ajustada para SpO2 ± 95%. Ventilação assistida manual. Procedeuse à realização de bloqueio peribulbar através de picada única infratemporal com agulha 30G, bilateralmente. Administrou-se ropivacaína 0.5 mL a 0.375%. A eficácia desta técnica traduziu-se em estabilidade hemodinâmica, ausência de irritabilidade, sem necessidade de outros analgésicos nas primeiras 24 horas pós-operatórias. Discussão O risco de apneia é elevado em prematuros até às 5260 semanas de idade pós-concepcional. Esta população exibe uma sensibilidade aumentada ao efeito depressor respiratório dos opióides. As vias neurofisiológicas da nocicepção estão desenvolvidas mesmo em prematuros. Esta abordagem anestésica constituiu uma alternativa à utilização sistémica de opióides num procedimento cirúrgico com estímulo nociceptivo significativo. Esta técnica na criança está associada a maior risco de perfuração do globo ocular, que ocupa, à nascença, cerca de 50% do volume orbitário, pelo que deverá ser realizada por um anestesista experiente na sua execução. A avaliação da dor neste tipo de pacientes não colaborantes foi efectuada através da avaliação dos parâmetros hemodinâmicos e da apreciação de dados subjectivos como o choro ou a irritabilidade. Bibliografia 1. Gregory G. Pediatric Anesthesia, Churchil Livingstone, 4 ª edição, Cap. 14-15. 2. Kallol Deb. Safety and efficacy of peribulbar block as adjunt to general anaesthesia for paediatric ophtalmic surgery. Paediatr Anaesth 2001; 11 (2): 161-7. Revista SPA ‘ vol. 15 ‘ nº 5 ‘ Novembro 2006