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O PROGRAMA DE FORTALECIMENTO DE CAPACIDADES – CAPITAIS PRIVADOS ESTRANGEIROS (PFC CPE) Programa de Fortalecimento de Capacidades – Capitais Privados Estrangeiros (PFC CPE) Development Finance International, Londres www.development-finance.org PFC CPE CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES ISBN 1-903971-51-2 CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES Série PFC CPE No 2 Nils Bhinda Matthew Martin Série PFC CPE No 2 CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES Novembro 2009 Nils Bhinda Matthew Martin CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 1 ISBN 1-903971-51-2 Versão original em inglês ISBN 1-903971-48-2 © Direitos de Autor 2009 de Debt Relief International Ltd. Não é permitido fazer qualquer reimpressão, republicação, fotocópia ou outro uso deste material sem a autorização prévia de DRI Ltd. Publicado por Debt Relief International Ltd 4th Floor, Lector Court 151-153 Farringdon Road Londres EC1R 3AF Reino Unido T F E +44 (0)20 7278 0022 +44 (0)20 7278 8622 [email protected] Concebido e impresso no Reino Unido por Michael Stafford, Londres Impresso no Reino Unido por WCS Digital 2 CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES PREFÁCIO E RECONHECIMENTOS Esta publicação faz parte de uma série escrita em resposta ao número crescente de pedidos que a Development Finance International (DFI) tem recebido de informações sobre as actividades do Programa de Fortalecimento das Capacidades de Monitorização e Análise dos Capitais Privados Estrangeiros (PFC CPE) e sobre os aspectos técnicos de monitorização, análise e concepção de políticas para gerir capitais privados estrangeiros. O PFC CPE (que é financiado desde 1998 pela Dinamarca, UE, Suécia, Suíça e pelo Reino Unido e Banco Mundial) tem por objectivo desenvolver e fortalecer a capacidade de governos de países em desenvolvimento e de instituições do sector privado para monitorizar e analisar stocks e fluxos de investimento directo estrangeiro e de portfolio, a dívida externa do sector privado e as percepções e intenções dos investidores que contribuem para um crescimento e uma redução da pobreza sustentáveis. A DFI é uma organização de implementação sem fins lucrativos, em parceria com o BCEAO (Banco Central dos Estados da África Ocidental), BEAC (Banco dos Estados da África Central), CEMLA (Centro de Estudos Monetários Latino-Americanos), MEFMI (Instituto de Gestão Macroeconómica e Financeira da África Oriental e Austral) e WAIFEM (Instituto de Gestão Financeira e Económica da África Ocidental). Para mais pormenores do programa, ver Anexo 2. Esta série tem por objectivo apresentar tópicos específicos de forma concisa, acessível e prática para serem usados e implementados por governos de países em desenvolvimento. Cada publicação visa ser autónoma. Saudamos todos os comentários a esta publicação ou eventuais sugestões para a inclusão de outros tópicos. As opiniões expressas nas publicações são dos seus autores e não reflectem necessariamente as dos doadores do PFC CPE ou dos países participantes. No entanto, agradecemos a todos os países participantes e representantes dos doadores as suas contribuições para a metodologia e análise nos últimos onze anos, assim como as suas contribuições financeiras para o êxito do programa. Mais particularmente, gostaríamos de agradecer às equipas dos 22 países que receberam assistência do PFC CPE todo o seu trabalho árduo no empreendimento dos inquéritos e na produção dos relatórios analíticos em que esta publicação se baseia, às antigas pesquisadoras da DFI Gill Rogers e Cleo-Rose-Innes as suas contribuições para rascunhos anteriores desta publicação, à Gestora do Programa DFI Jeannette Laouadi a coordenação da publicação, a formatação e revisão da prova tipográfica do texto, a Anna Jurgis e Shose Kessi pelo apoio administrativo valioso ao PFC CPE, e a Solange Jonsson, Francisco Susena e Anita Vettier a tradução e a Michael Stafford o design. CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 3 INDICE DE MATERIAS ACRÓNIMOS E ABREVIATURAS 8 INTRODUÇÃO 9 1. TENDENCIAS REGIONAIS E IMPACTO DA CRISE 11 1.1 TENDÊNCIAS E IMPLICAÇÕES PRÉ-CRISE 1.2 IMPACTO DA CRISE 1.3 CONCLUSÃO 12 13 17 2. ESCALA E COMPOSIÇÃO DO FINANCIAMENTO 19 2.1 ESCALA E COMPOSIÇÃO DOS STOCKS 2.1.1 CPE para PIB 2.1.2 Stock por Tipo 2.1.3 Dívida Estrangeira para Equidade 2.1.4 A Dívida Privada Cresce Vertiginosamente 18 20 20 20 21 2.2 ESCALA E COMPOSIÇÃO DOS FLUXOS 2.2.1 Estimativas Pré e Pós Inquérito e Impacto na BP 2.2.2 Escala e Composição de Fluxos 21 21 22 2.3 COMPOSIÇÃO DE CADA INSTRUMENTO 2.3.1 IDE 2.3.2 Endividamento junto de Não-Filiadas vs. Filiadas 2.3.3 Custo do Endividamento 27 27 26 31 2.4 ACTIVOS ESTRANGEIROS 32 3. DONDE E PARA ONDE ? FONTES E DESTINOS DO FLUXOS 3.1 SECTOR DE ACTIVIDADE ECONÓMICA 3.2 COMPOSIÇÃO POR PAÍS DE ORIGEM 3.3 IDE POR REGIÃO RECEPTORA 4. OS SECTORES DINAMICOAS E A RECESSÃO MUNDIAL: ESTUDOS DE CASOS DE PAISES 4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 4.6 SECTOR MINEIRO NA TANZÂNIA MANUFACTURA NAS ZONAS LIVRES DA NICARÁGUA BENS IMOBILIÁRIOS NA GÂMBIA ESTUDO DE CASO: TURISMO NA GÂMBIA INDÚSTRIA DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS DO UGANDA CONCLUSÕES 5. O QUE IMPULSIONA O INVESTIMENTO? PERCEPÇÕES, INTENÇÕES E RESPONSIBILIDADE DOS INVESTIDORES 4 36 36 41 44 45 46 47 48 50 51 52 53 5.1 DECISÃO INICIAL DE INVESTIR 5.2 FUTURO INVESTIMENTO E PERSPECTIVAS 5.3 FACTORES QUE AFECTAM AS DECISÕES ACTUAIS 5.3.1 Resultados Globais do PFC 5.3.2 Comparações com Outros Estudos 5.3.3 Factores Económicos e Financeiros 5.3.4 Factores Políticos e de Governação 5.3.5 Infra-estruturas 5.3.6 Factores de Trabalho 5.3.7 Factores de Saúde 5.3.8 Factores Ambientais 54 56 57 57 60 61 63 64 64 64 65 5.4 FONTES DE INFORMAÇÃO 5.5 RESPONSABILIDADE DAS EMPRESAS 65 66 CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 6. MONITORIZANDO CAPITAIS PRIVADOS ESTRANGEIROS: MELHORES PRACTICAS CORRENTES, FUTUROS DESENVOLVIMENTOS 66 6.1 CONTEXTO 6.2 VISÃO DE CONJUNTO DOS CÓDIGOS E PADRÕES 6.3 LIÇÕES DA PRÁTICA CORRENTE 6.3.1 Arranjos Institucionais e Legais 6.3.2 Recolha de Dados 6.3.3 Desafios à Qualidade dos Dados 6.3.4 Amostra de Inquérito 6.3.5 Administração de Inquéritos 6.3.6 Validação, Extrapolação, Registo e Processamento de Dados 68 68 69 69 69 70 71 72 72 6.4 FUTURAS NECESSIDADES: AVANÇANDO PARA SISTEMAS DE RESPOSTA RÁPIDA E DE AVISO PRÉVIO 6.4.1 Aspectos Globais 6.4.2 IDE 6.4.3 Dívida 6.4.4 Fluxos de Portfolio 6.4.5 Remessas 72 73 73 73 73 73 7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 75 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1.1 Fluxos Líquidos para PMD Gráfico 1.2 Fluxos Líquidos para ALC Gráfico 1.3 Fluxos Líquidos para SSA Gráfico 2.1 Stock de CPE para PIB Gráfico 2.2 Composição do Stock de CPE Gráfico 2.3 Composição do Stock de CPE Gráfico 2.4 Composição do Stock da Dívida Extena Gráfico 2.5 Dívida PNG para PIB Gráficos 2.6-2.27 Fluxos Privados (Países participando do PFC CPE) Gráfico 2.28 Capitalização do Mercado de Acções para PIB Gráfico 2.29 Stock de Investimento de Portfolio Gráfico 2.30 Gâmbia: Composição do Stock de IDE Gráfico 2.31 Zâmbia: Composição dos Fluxos de IDE Gráfico 2.32 Gana: Composição dos Fluxos Derivados do IDE Gráfico 2.33 Tanzânia: Composição dos Fluxos de IDE Gráfico 2.34 Camarões: Composição dos Fluxos de IDE Gráfico 2.35 Benim: Composição dos Fluxos da Dívida Gráfico 2.36 Composição dos Fluxos da Dívida Gráfico 2.37 Camarões: Composição do Stock da Dívida Gráfico 2.38 Costa do Marfim: Composição dos Fluxos da Dívida Gráfico 2.39 Gâmbia: Stock da Dívida por Tipo Gráfico 2.40 Gana: Stock da Dívida por Tipo Gráfico 2.41 Guiné-Bissau: Composição dos Fluxos da Dívida Gráfico 2.42 Malawi: Stock da Dívida por Tipo Gráfico 2.43 Mali: Composição dos Fluxos da Dívida Gráfico 2.44 Nicarágua: Stock da Dívida por Tipo Gráfico 2.45 Níger: Composição dos Fluxos da Dívida Gráfico 2.46 Senegal: Composição dos Fluxos da Dívidas Gráfico 2.47 Togo: Composição dos Fluxos da Dívida Gráfico 2.48 Malawi: Custo da Dívida por Tipo Gráfico 2.49 Nicarágua: Custo da Dívida por Tipo Gráfico 2.50 Tanzânia: Custo da Dívida por Tipo CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 12 12 12 20 20 21 21 21 23 27 27 28 28 28 28 28 29 29 29 30 30 30 30 30 30 31 31 31 31 32 32 32 5 Gráfico 2.51 Gráfico 2.52 Gráfico 2.53 Gráfico 2.54 Gráfico 2.55 Gráfico 2.56 Gráfico 2.57 Gráfico 2.58 Gráfico 2.59 Gráfico 2.60 Gráfico 2.61 Gráfico 2.62 Gráfico 3.1 Gráfico 3.2 Gráfico 3.3 Gráfico 3.4 Gráfico 3.5 Gráfico 3.6 Gráfico 3.7 Gráfico 3.8 Gráfico 3.9 Gráfico 3.10 Gráfico 3.11 Gráfico 3.12 Gráfico 3.13 Gráfico 3.14 Gráfico 3.15 Gráfico 3.16 Gráfico 3.17 Gráfico 3.18 Gráfico 3.19 Gráfico 3.20 Gráfico 3.21 Gráfico 3.22 Gráfico 3.23 Gráfico 3.24 Gráfico 3.25 Gráfico 3.26 Gráfico 3.27 Gráfico 3.28 Gráfico 3.29 Gráfico 3.30 Gráfico 3.31 Gráfico 3.32 Gráfico 3.33 Gráfico 3.34 Gráfico 3.35 Gráfico 3.36 Gráfico 4.1 Gráfico 4.2 Gráfico 4.3 Gráfico 4.4 Gráfico 4.5 Gráfico 4.6 Gráfico 4.7 Gráfico 5.1 6 Zâmbia:Custo da Dívida por Tipo Bolívia: Composição do Stock de Activos Estrangeiros Camarões: Composição do Stock de Activos Estrangeiros Gana: Composição do Stock de Activos Estrangeiros Malawi: Composição do Stock de Activos Estrangeiros Zâmbia: Composição do Stock de Activos Estrangeiros Stock de Outros Activos Stock de Activos IDE Camarões: Stock de Moeda e Depósitos no Estrangeiro por Sector Gana: Stock de Moeda e Depósitos no Estrangeiro Gâmbia: Stock de Moeda e Depósitos no Estrangeiro Gâmbia: Taxa de Rentabilidade da Moeda e dos Depósitos no Estrangeiro Bolívia: Parcela das Transacções Interiores Brutas de IDE por Sector Gâmbia: Stock IDE por Sector Gana: Stock IEDE por Sector Malawi: Parcela do Stock IDE por Sector Nicarágua: Stock IDE por Sector Tanzânia: Composição do Stock do IDE por Sector Uganda: Stock IEDE por Sector Zâmbia: Parcela Sectorial do Stock IDE Malawi: Stock da Equidade do Portfolio Estrangeiro por Sector Gana: Stock IEDE por Sector Uganda: Stock da Dívida Estrangeira por Sector Zâmbia: Stock da Equidade do Portolio por Sector Gâmbia: Rentabilidade do Capital Próprio (ROE) por Sector Malawi: Rentabilidade do Capital Próprio por Sector Nicarágua: Rentabilidade do IDE por Sector Zâmbia: Rentabilidade do Capital Próprio por Sector Gâmbia: Stock da Dívida junto de Não-Filiadas por Sector Gana: Total Stock da Dívida por Sector Malawi: Stock dos Empréstimos de Não-Filiadas Malawi: Stock do Crédito a Fornecedores de Não-Filiadas Tanzânia: Stock de Financiamento de Não-Filiadas por Sector Zâmbia: Stock da Dívida junto de Não-Filiadas por Sector Gâmbia: Stock IDE por Região de Origem Gana: Fonte de Fluxos de Equidade Directos Nicarágua: Composição dos Fluxos de IDE por País de Origem Malawi: Fonte de Stock IDE Tanzânia: Fonte de Stock IDE Zâmbia: Fonte de Stock IDE Malawi: Stock de Crédito a Fornecedores de Não-Filiadas por País de Origem Malawi: Stock de Empréstimos de Não-Filiadas por País de Origem Zâmbia: Stock de Crédito a Fornecedores de Não-Filiadas por País de Origem Zâmbia: Stock de Empréstimos de Não-Filiadas por País de Origem Gambia: Sector Distribution of FDI Stock Tanzânia: Distribuição Sectorial do Stock IDE Malawi: Stock IDE por Região Receptora Tanzânia: Stock IDE por Região Receptora Tanzânia: Contribuição do Sector Mineiro para o Stock CPE Zona Livre da Nicarágua Gâmbia: Preços das Casas e Taxas de Depósitos e Taxas de Inflação em Regiões de Clientes Gâmbia: IDE Não-Incluído no Sector Imobiliário Gâmbia: Número de Imobiliários Apropriados por Estrangeiros Gâmbia: Receitas Provenientes de Rendas Estimadas Gâmbia: Stock CPE no Turismo Número de Privatizações CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 32 32 33 33 33 33 33 33 34 34 34 34 36 36 36 37 37 37 37 37 37 38 38 38 39 39 39 39 40 40 40 40 40 40 41 41 41 41 42 42 42 42 44 44 43 43 44 44 46 47 48 49 49 49 50 55 INDICE DE MATERIAS Gráfico 5.2 Receitas das Privatizações Gráfico 5.3 Bolívia: Fontes de Informação Orientadoras da Decisão Inicial de Investir Gráfico 5.4 Gâmbia: Fontes de Informação Orientadoras da Decisão Inicial de Investir Gráfico 5.5 Futuras Decisões de Investimento Gráfico 5.6 Percepção do Clima de Investimento Gráfico 5.7 Doing Business: facilidade de fazer negócios Gráfico 5.8-5.18 Agentes Catalíticos e Constrangimentos do Topo (países selectionados) Gráfico 5.19 Factores Econóicos e Financeiros Gráfico 5.20 Margens das Taxas de Juros Gráfico 5.21 Taxas de Juros Reais Gráfico 5.22 Factores Políticos Gráfico 5.23 Eficiência Institucional Gráfico 5.24 Factores de Infra-estruturas Gráfico 5.25 Factores de Trabalho Gráfico 5.26 Factores de Saúde Gráfico 5.27 Prevalência HIV/Sida para adultos Gráfico 5.28 Factores Ambientais Gráfico 5.29 Existência de Política Forma de RH Gráfico 5.30 Progressos no Sentido de Objectivos da Política de RH 55 56 56 57 57 57 58 61 62 62 63 63 64 64 65 65 65 66 66 LISTA DE TABELAS Tabela 1.1 Tabela 1.2 Tabela 1.3 Tabela 1.4 Tabela 1.5 Tabela 1.6 Tabela 2.1 Tabela 2.2 Tabela 2.3 Tabela 4.1 Tabela 4.2 Tabela 4.3 Tabela 4.4 Tabela 4.5 Tabela 5.1 Fluxos de IDE comparados com GFCF Stock de IDE para PIB Entradas Líquidas de IDE para Mercados Emergentes ALC Alterações Negativas em Projectos que Envolvem IDE Impacto em Mercados Financeiros Seleccionados Crédito Privado a Mercados Emergentes ALC Malawi: Estimativas Inquérito vs Pré-Inquérito Zâmbia e Gâmbia: Estimativas Inquérito vs Pré-Inquérito Gana: Impacto dos Resultados do Inquérito na BP Rácio Dívida/Equidade Rentabilidade do Capital Próprio Chegada de turistas de voos Gráficoer à Gâmbia O sector das telecomunicações do Uganda durante 2008 Investidores estrangeiros nas telecomunicações do Uganda Comparação dos 5 Constrangimentos do Topo: WEF, Banco Mundial e PFC 13 13 14 14 15 16 22 22 22 46 46 50 51 51 60 LISTA DE CAIXAS Caixa 1 Caixa 2 Caixa 3 Caixa 4 Caixa 5 Caixa 6 Diferent Países Investem en Diferentes Sectores? Distribução Regional do Investimento Os Países Deverão Oferecer Incentivos ao IDE? Impacto da Privatização Determinantes do IDE Chinês As Percepções São Exactas? Taxas de Juros e de Câmbio 40 42 54 55 56 62 ANEXOS Anexo 1 Anexo 2 Fontes e Métodos O Programa de Fortalecimento de Capacidades - Capitais Privados Estrangeiros BIBLIOGRAFIA 83 86 88 CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 7 ACRÓNIMOS E ABREVIATURAS API ALC ASS BAD BCEAO Agências de promoção do investimento América Latina e das Caraíbas África Subsariana Banco Africano de Desenvolvimento Banque Centrale des Etats de l’Afrique de l’Ouest (Banco Central dos Estados da África Ocidental) BEAC Banque des Etats de L’Afrique Centrale (Banco dos Estados da África Central) BdP Balanço de Pagamentos BID Banco Inter-Americano do Desenvolvimento BM Banco Mundial BPI Banco de Pagamentos Internacionais CAFTA Central America Free Trade Agreement (Acordo de Livre Comércio da América Latina) CBG Central Bank of The Gambia CDG Center for Global Development (Centro para o Desenvolvimento Global CEMLA Centro de Estudios Monetarios Latinoamericanos (Centro de Estudos Monetários CEPAL Comisión Económica para America Latina (Comissão Económica para a América CNUCED Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento CNZF Comisión Nacional Zona Franca (Comissão da Zona Livre da Nicarágua) COMSEC Commonwealth Secretariat (Secretariado da Commonwealth) CPE Capitais Privados Estrangeiros CS-DRMS Sistema de Registo e Gestão da Dívida do Secretariado da Commonwealth DFI Development Finance International DGA Dirección General de Servicios Aduaneros (Direcção Geral de Serviços Alfandegários) FAD Fundo Africano de Desenvolvimento FMI Fundo Monetário Internacional GDF Global Development Finance GFCF Gross Fixed Capital Formation (formação bruta de capital fixo) 8 GTN IDE IDS IFS IIF MEFMI MIGA ODI OCDE OM OSC PBR PFC CPE PII PI PPME RSE SGDD SIGADE PNG PPG SDDS UEMOA WAIFEM WEO Grupo de Trabalho Nacional Investimento Directo Estrangeiro Institute of Development Studies International Financial Statistics Institute of International Finance Instituto de Gestão Macroeconómica e Financeira da África Oriental e Austral Multilateral Investment Guarantee Agency Overseas Development Institute Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económicos Organização Mundial do Comércio Associações da Sociedade Civil Países de Baixa Renda O Programa de Fortalecimento de Capacidades Capitais Privados Estrangeiros Posição de Investimento Internacional Percepçõe dos investidores Países Pobres Muito Endividados Responsabilidade social das empresas Sistema Geral de Divolgação de dados do FMI Sistema de Gestão e Análise Financeira da Dívida da CNUCED Private Non-Guaranteed Debt (Dívida privada externa não-garantida) Public and Publicly Guaranteed (Debt dívida pública e publicamente garantida) IMF Special Data Dissemination (Standard Padrão Especial de Divulgação de Dados do FMI) Union Economique et Monétaire Ouest Africaine (União Económica e Monetária da África Ocidental) Instituto de Gestão Económica e Financeira da África Ocidental World Economic Outlook CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES INTRODUÇÃO Até muito recentemente, muitos pensavam que os países de baixa renda e os países africanos recebem muito pouco investimento estrangeiro. Ainda é comum ler autores que lamentam que virtualmente nenhum IDE vá para os países mais pobres, especialmente em África. Contudo, embora pequenos em termos de fluxos globais, os montantes que os países têm estado a receber são muito grandes comparados com as suas economias e tão voláteis como os dos maiores mercados emergentes. Como consequência, com realçámos em trabalhos anteriores (Bhinda and Martin 2006, Martin and Rose-Innes 2004), muitos países têm estado a sofrer de crises induzidas por fluxos financeiros, sem receberem grande atenção ou apoio financeiro da comunidade internacional. Ao mesmo tempo, não está claro no momento da escrita (Dezembro de 2009) se muitos membros da OCDE do G8 e do G20 serão capazes de cumprir as suas promessas anteriores de aumentar a ajuda, feitas na cimeira de Gleneagles de 2005 ou pela UE como grupo; ou de fornecer novas reconstituições muito maiores ao FAD e à AID para que possam manter os seus futuros níveis de crédito. Por isso poderá haver défices de financiamento ainda maiores para PBR. Conforme a análise neste livro mostra, esse financiamento público também é essencial à educação, à saúde e às infra-estruturas a longo prazo, que os investidores consideram vitais para aumentar os seus futuros fluxos. O investimento privado depende do financiamento público do desenvolvimento para ter êxito. No início da crise económica e financeira mundial, muitos especialistas sugeriram que esses países estariam “isolados” do impacto da crise, devido à pequena escala dos seus fluxos. Contudo, muitos dos países tinham empreendido uma análise da escala e dos tipos de fluxos que estavam a receber e sabiam portanto que seriam muito afectados pela crise. Mais fundamentalmente, apesar dos recentes esforços do G20, a arquitectura internacional para financiamento do desenvolvimento continua a ser de longe insuficiente para proteger os países contra todos os tipos de choques económicos e financeiros. A capacidade de crédito do FMI continua a ser minúscula comparada com a escala de choques que assolam os PBR e até a sua condicionalidade ligeiramente simplificada impede muitos países de usarem os seus fundos. Os procedimentos complexos de afectação e aprovação do Banco Mundial concedem-lhe pouca capacidade para responder com rapidez suficiente a choques, embora a inclusão de um mecanismo anti-choque de rápido desembolso com base na necessidade na actual reconstituição da AID pudesse ajudar imenso. O Banco Africano de Desenvolvimento e outros bancos regionais de desenvolvimento, embora muitas vezes mais sensíveis às necessidades dos seus Estados-Membros porque esses Estados têm voz mais activa nos seus conselhos directivos, precisam de um aumento muito maior da sua capacidade de crédito relativa para poderem fazer uma grande diferença. Também é vital que todo o financiamento anti-choque esteja muito mais relacionado com as necessidades (i.e. impacto do choque) em vez de com o “desempenho” do país, não tenha condições de políticas económicas ligadas a si e seja canalizado na forma de donativos para evitar a acumulação de novas cargas insustentáveis da dívida. Não ficou claro que mesmo os membros de espírito mais aberto do G20 tenham ouvido estas mensagens dos PBR – o que indica que os PBR precisam de ter uma representação forte e permanente no G20. Com consequência da sua própria análise, os países começaram quase imediatamente a ver o grande impacto nas suas economias: levou à comunidade internacional muitos meses a chegar lá, mas agora é comummente aceite que a crise está a afastar muitos países de baixa renda do cumprimento dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. Este livro regista o impacto dos capitais privados estrangeiros nos países de baixa renda em África e na América Latina com mais pormenor e mostra por que razão, se a análise empreendida pelos próprios países tivesse sido mais amplamente entendida, a comunidade internacional poderia ter respondido mais rapidamente e impedido que o impacto da crise financeira mundial fosse tão pernicioso. Na sua cimeira realizada em Março de 2009, os líderes do G20 prometeram US$1.1 triliões para combater o impacto da crise nas economias emergentes e em desenvolvimento, mas apenas um máximo de US$50 mil milhões deste montante foram disponibilizados aos países de baixa renda. Estes US$50 mil milhões são compostos por US$19 mil milhões de Direitos de Saque Especiais do FMI, que serão usados principalmente para aumentar as reservas dos países; um potencial montante de US$6 mil milhões de crédito concessional extra do FMI; e compromissos e desembolsos acelerados efectuados pelo Banco Africano de Desenvolvimento e pelo Banco Mundial através das janelas do Fundo Africano de Desenvolvimento e da Associação Internacional de Desenvolvimento. Estes montantes ficam muito aquém do défice de financiamento adicional resultante da crise, que o FMI estimou para PBR (FMI 2009) e de cálculos semelhantes efectuados pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD 2009) e pelo Banco Mundial (2009). Para além da arquitectura do financiamento anti-choque, têm-se travado muitas discussões recentemente sobre a necessidade de afastar os países da dependência da ajuda e prestar maior atenção a outros tipos de financiamento do desenvolvimento. Embora alguns destes tenham sido impulsionados por um desejo de justificar o incumprimento de compromissos de ajuda anteriores, para outros resulta de uma frustração com as condicionalidades, desembolsos lentos ou imprevisíveis, e riscos observados de corrupção na ajuda. A implicação é que outros tipos de fluxos podem ser CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 9 tratados como sendo igualmente positivos (ou ainda melhores) para o desenvolvimento que a ajuda. A análise dos países apresentada neste livro poderá à primeira vista ser considerada um reforço desse pressuposto na medida em que mostra nos Capítulos 1 e 2 montantes maiores e nos Capítulos 3 e 4 países (especialmente do sul) e sectores (incluindo a manufactura e até a agricultura) de origem mais diversificados que recebem fluxos, espalham os riscos e aumentam a estabilidade. Também mostra no Capítulo 5 que os investidores são extremamente positivos nas suas intenções de aumentar o futuro investimento, mesmo em países relativamente incertos, tendo superado percepções negativas e confrontado uma realidade de rentabilidade do investimento muito alta. Contudo, também dá uns sinais de aviso claros em relação ao pressuposto de que os fluxos privados são automaticamente ou suficientemente positivos para o desenvolvimento. Primeiro, em termos de estabilidade. A análise nos Capítulos 1 e 2 constata um alto grau de volatilidade para todos os fluxos privados (incluindo o IDE supostamente “mais estável”) antes da crise: até mesmo a ajuda é menos volátil e mais calendarizada na maior parte dos países. A crise sublinhou que os fluxos privados não constituem uma fonte de financiamento estável e previsível. Quinto, apesar de grandes melhorias na monitorização, análise e formulação de políticas discutidas no Capítulo 6, muitos países ainda não sabem ao certo o que se está a passar com os fluxos ou como conceber políticas para maximizar a sua contribuição para o desenvolvimento dos tipos discutidos no Capítulo 7. Por isso, continuam altamente vulneráveis a futuras crises. Para comunicar estas lições, o livro está estruturado conforme o seguinte: • O Capítulo 1 cobre tendências regionais e o impacto da crise financeira • O Capítulo 2 discute com mais pormenor a escala e a composição nacionais do financiamento • O Capítulo 3 analisa as fontes e os destinos dos fluxos • O Capítulo 4 examina estudos de caso de sectores dinâmicos e o impacto da recessão mundial nestes sectores • O Capítulo 5 examina as razões dos investidores para • • investirem, percepções dos factores que encorajam ou desencorajam o investimento e as tendências da responsabilidade social O Capítulo 6 retira ensinamentos para a futura monitorização dos capitais privados estrangeiros; e O Capítulo 7 apresenta conclusões e recomendações gerais de políticas. Segundo, a análise dos países no Capítulo 2 frisa o alto grau de financiamento da dívida usado para o que se afigura como projectos de “equidade” para as agências de promoção do investimento e os analistas internacionais. Isto realça o alto risco de dívida que os capitais privados estrangeiros acarretam e que a comunidade internacional precisa de monitorizar rigorosamente para evitar futuras crises da dívida privada. Também tornou os países vulneráveis a quedas nos CPE, visto que a crise afectou a concessão de empréstimos. Terceiro, a análise pormenorizada de estudos de caso dos sectores dos países no Capítulo 5 mostra que muitos dos “sectores prósperos (boom)” para o IDE não estavam – mesmo antes da crise – a fornecer benefícios sustentáveis para o crescimento e a redução da pobreza, em termos de emprego, receitas orçamentais e transferência de tecnologia e competências. Também mostra a volatilidade dos sectores prósperos, indo muito além da vulnerabilidade das mercadorias por causa dos laços estreitos a altos e baixos sectoriais em países de origem e mercados mundiais. Quarto, os investidores entendem que os progressos dos ODM são essenciais ao êxito das suas empresas – porque aumentam a competência dos trabalhadores, reduzem a prevalência de doenças, fornecem mais insumos locais e combatem as alterações climáticas e outra degradação ambiental. Porém, a maioria não está a fazer o suficiente para pagar impostos para que o governo possa gastar mais nos ODM ou (conforme se indica no Capítulo 5) para contribuir com os seus próprios fundos para estes objectivos. 10 CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 1 TENDÊNCIAS REGIONAIS E IMPACTO DA CRISE TENDÊNCIAS REGIONAIS E IMPACTO DA CRISE 1.1 TENDÊNCIAS E IMPLICAÇÕES PRÉ-CRISE 1 Até à crise financeira e económica, os fluxos líquidos de CPE para países em desenvolvimento tinham aumentado vertiginosamente nos últimos anos (Gráfico 1.1). O IDE teve o aumentou mais rápido, constituindo o canal de investimento mais importante. Os lucros remetidos do IDE também aumentaram, embora a um ritmo ligeiramente mais lento, implicando (positivamente) que uma percentagem mais elevada de lucros estava a ser reinvestida à medida que o IDE aumentava. A equidade de portfolio também registou uma subida bastante vertiginosa. As obrigações e as remessas dos trabalhadores aumentaram firmemente, mas a sua parcela de fluxos totais diminuiu em termos relativos. Contudo, o endividamento não-garantido líquido pelo sector privado junto de bancos comerciais e outras fontes foi um pouco mais volátil, dando origem a potenciais preocupações quanto à volatilidade em circunstâncias menos favoráveis. Gráfico 1.1 Fluxos Líquidos para PMD (2003-7, USD m) A África Subsariana (SSA) também assistiu a entradas recorde de IDE (Gráfico 1.3), mas estas eram muitas vezes ultrapassadas pelos, ou correspondiam aos, lucros remetidos, levantando questões sérias sobre a sustentabilidade do IDE. A equidade de portfolio também foi importante, embora se concentrasse em apenas alguns países, e as obrigações e outro financiamento foram insignificantes. Isto deixou a maior parte dos países dependente das remessas para o financiamento líquido, que duplicaram durante o período. No ano de 2007 assistiu-se a um aumento vertiginoso de novo IDE, empréstimos e também uma subida das obrigações, marcando uma integração crescente até mesmo de algumas economias SSA de renda baixa no sistema financeiro global. Gráfico 1.2 Fluxos Líquidos para ALC (2003-7, USD m) 120000 100000 80000 60000 500000 40000 20000 400000 0 300000 -20000 2003 200000 2004 2005 IDE Remessas dos lucros do IDE Equidade de portfolio 100000 2006 2007 Obrigações Outro endividamento Remessas dos trabalhadores 0 2003 2004 2005 IDE Remessas dos lucros do IDE Equidade de portfolio 2006 2007 Obrigações Outro endividamento Remessas dos trabalhadores Fonte: Banco Mundial Financiamento do Desenvolvimento Mundial 2008 Os Gráficos 1.2 e 1.3 mostram uma análise regional mais pormenorizada. Na América Latina e nas Caraíbas (ALC), o IDE atingiu níveis recorde em 2007, mas em 2006 os lucros repatriados igualaram as entradas. Isto indicou que uma eventual redução de novos investimentos poderia causar problemas à sustentabilidade da balança de pagamentos. Como outras grandes fontes de financiamento bruto também estavam a dar pouca contribuição líquida para o financiamento, as remessas dos trabalhadores representaram 30% do total dos fluxos brutos e dois terços dos fluxos líquidos (uma vez incluídas as remessas dos lucros do IDE), tornando a América Latina surpreendentemente dependente dos fluxos de remessas dos trabalhadores para o financiamento líquido. 1 Conforme se discute em Martin and Rose-Innes (Fluxos de Capitais Privados para Países de Baixa Renda: Percepção e Realidade, Canadian Development Report, (2004)) e Bhinda et al (1999), historicamente os conjuntos de dados internacionais têm subestimado consideravelmente os fluxos de capitais privados de todos os tipos (especialmente lucros reinvestidos, fluxos de portfolio, remessas e dívida do sector privado) – embora a qualidade tenha recentemente melhorado um pouco. Contudo, usam-se conjuntos internacionais neste capítulo para efeitos da consistência das séries. 12 Gráfico 1.3 Fluxos Líquidos para SSA (2003-7, USD m) 30000 25000 20000 15000 10000 5000 0 -5000 2003 2004 2005 IDE Remessas dos lucros do IDE Equidade de portfolio 2006 2007 Obrigações Outro endividamento Remessas dos trabalhadores Fonte: Banco Mundial Financiamento do Desenvolvimento Mundial 2008 Conforme a Tabela 1.1 indica, apesar do crescimento do IDE na América Latina, a sua importância em relação à formação bruta de capital fixo (GFCF) caiu após 2004, embora se mantivesse muito importante para a sub-região do Caribe. Por contraste, a contribuição do IDE para a formação bruta de capital fixo aumentou na SSA e foi especialmente importante para a África Ocidental. CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES Tabela 1.1 Fluxos de IDE comparados com GFCF (2003-7, %) Entradas de IDE para… 2003 2004 2005 2006 2007 ALC 11.2 24.1 15.4 15.4 18.0 Sul 8.7 17.1 15.4 12.0 15.4 Central n/a 17.0 13.2 11.6 15.3 Caraíbas n/a 170.0 34.0 95.8 78.2 15.8 13.8 16.5 18.6 22.0 Ocidental n/a 22.6 21.3 52.7 45.2 Central n/a 26.3 28.3 21.8 24.0 Oriental n/a 11.1 10.8 14.3 19.5 Austral n/a 8.3 12.8 2.1 10.4 SSA Fonte: CNUCED Relatório Mundial sobre Investimentos 2004, 2007 e 2008 O IDE também subiu vertiginosamente em termos de stock, passando a representar cerca de um terço do PIB na maior parte das sub-regiões da SSA e da ALC e 112% nas Caraíbas (Tabela 1.2). Isto pode potencialmente tornar as tendências do PIB vulneráveis a uma redução da valorização da equidade, ou das saídas líquidas. 1990 Em 2007 e no início de 2008, os fluxos continuaram a ser acelerados por um crescimento rápido do PIB na China e na Índia e pela sua procura crescente de matérias-primas, assim como de mercados de exportação. Estes conduziram à percepção de um número crescente de países em desenvolvimento de baixa renda como “mercados de fronteira”, que também estavam a aceder (ou planeavam aceder) a mercados de capitais internacionais através da emissão de obrigações dos sectores público e privado. Contudo, a necessidade de matérias-primas era potencialmente vulnerável à procura destas mercadorias nos países de origem, enquanto a procura de mercados de exportação era vulnerável à crise e à recessão financeiras globais. 1.2 IMPACTO DA CRISE Tabela 1.2 Stock de IDE para PIB (%) Região activamente parceiros para joint ventures. Os pesquisadores de recursos precisam simplesmente de aceder a matérias-primas identificadas. Podem dar a volta aos constrangimentos que os investidores que pesquisam o mercado enfrentam com respeito a estabilidade política e económica, infra-estruturas, etc. (Bhinda et al 1999). 2000 2007 ALC 9.9 24.5 32.4 Sul 9.6 23.6 27.7 Central 9.7 17.7 30.6 Caraíbas 14.3 86.7 111.5 SSA 10.7 30.7 31.6 Ocidental 13.5 31.8 33.1 Central 10.1 20.2 36.3 Oriental 4.4 14.8 20.3 Austral 10.6 36.6 32.5 Fonte: CNUCED Relatório Mundial sobre Investimentos 2008 As causas deste aumento dos fluxos já foram cobertas noutras partes (ver Bhinda et al). Em resumo, os fluxos foram impelidos para o lado da oferta pelas estratégias de diversificação de gestores de fundos multinacionais e internacionais, e para o lado da procura por toda uma gama de factores, que variaram dependendo de os investidores estarem ou não à procura de recursos ou mercados. Os pesquisadores de mercado e de eficiência são atraídos pela estabilidade política e económica e pelo Estado de Direito, por potenciais mercados nacionais (pesquisadores de mercado) ou pela capacidade para exportar para mercados regionais ou internacionais (pesquisadores de eficiência). São mais vulneráveis a constrangimentos de infra-estruturas (especialmente electricidade), mas podem dar a volta a isto se forem suficientemente grandes, construindo as suas próprias infra-estruturas. Muitos potenciais investidores estrangeiros, sem informações de qualidade, querem ver uma demonstração de êxito por parte das empresas locais antes de considerarem um investimento. Alguns procuram Durante 2007 e no início de 2008 houve uma percepção geral de que as perspectivas eram muito favoráveis a um crescimento continuado nos fluxos privados para ALC e SSA, assim como para outros países em desenvolvimento. Apesar do surgimento da crise financeira internacional de fins de 2007, e da sua aceleração dramática com o colapso de Lehman Bros em Setembro de 2008, até fins de 2008 (e em alguns casos ainda no início de 2009), muitos especialistas internacionais eram da opinião que os países de baixa renda escapariam relativamente incólumes do impacto das crises financeira e económica combinadas. Contudo, esses pareceres têm sido cada vez mais reavaliados, em publicações do BAD, da CEPAL, do FMI, da CNUCED e do Banco Mundial entre muitos outros. Uma análise mais recente empreendida por essas organizações internacionais, assim como por instituições de pesquisa científica (CGD, IDS, IPD Columbia, ODI), OSC (Action Aid and Oxfam), associações do sector privado e muitos relatórios de imprensa, mostra que os países de renda baixa e média mais baixa em África, na América Latina e nas Caraíbas foram atingidos tão duramente, se não ainda mais duramente, pela crise. O impacto da crise nas perspectivas de crescimento e redução da pobreza destes países tem sido transmitido através de múltiplos canais, que incluem o colapso dos preços de mercadorias e do comércio em bens e serviços (incluindo o turismo), assim como fluxos de ajuda externa potencialmente mais baixos do que previamente esperados. Contudo, o resto deste capítulo foca no impacto nos fluxos de capitais privados estrangeiros (BAD 2009; CEPAL 2009; FMI 2009h; UNCTAD 2009; Banco Mundial 2009: Center for Global Development; Institute of Development Studies 2008; Initiative for Policy Dialogue; Overseas Development Institute: Action Aid 2008; Oxfam). CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 13 1) Investimento Directo Estrangeiro O IDE está a ser afectado de duas maneiras. Primeiro, os fluxos estão a diminuir. O IIF indica que os mercados emergentes ALC2 (os únicos países para os quais há estimativas e previsões mais recentes disponíveis) registaram uma grande redução das entradas líquidas de IDE (Tabela 1.3). O FMI (REO Abril de 09) estima a estagnação de novas entradas brutas de IDE para África e os fluxos líquidos de IDE caíram em mais de 0.5% do PIB em 2008. Prevê mais uma queda de cerca de 25% em 2009. Isto confirma que as remessas e saídas de lucros aceleraram no período da crise. Tabela 1.3 Entradas Líquidas de IDE para Mercados Emergentes ALC (USD mil milhões) Tabela 1.4 Alterações Negativas em Projectos que Envolvem IDE País Projecto ALC Brasil Fábrica de celulose (USD 2.2 mil milhões) temporariamente suspensa; campos petrolíferos atrasados Chile Mercados (outlets) de retalho regional temporariamente suspensos (USD 300m) México Porto (USD 6 mil milhões) e aeroporto (USD 150m) atrasados SSA 2006 2007 2008 estimativa 2009 previsão 26.2 65.7 58.9 43.7 Fonte: IIF (2009) Segundo, a avaliação de mercado do stock de equidade vai caindo à medida que a rendibilidade é atingida e os preços da bolsa de valores caem drasticamente. Isto (se for cuidadosamente reflectido na prestação de contas do IDE) deverá ter um grande impacto negativo na parcela de PIB do IDE (e no próprio PIB). Também está a reduzir sucessivamente a capacidade das empresas para mobilizar novo capital. Entrevistas com os países que participam no PFC CPE confirmam que as entradas de IDE em novos projectos estão a ser reduzidas a um mínimo, visto que muitos projectos de novos investimentos estão a ser cancelados ou adiados, e isto é directamente atribuído aos efeitos da crise. Estas tendências também foram cobertas nos mass media e pelo BAD, conforme indica a Tabela 1.4. Botsuana Projecto de energia (USD 6 mil milhões) atrasado Burkina Faso Empresas mineiras que lutam por mobilizar financiamento RD Congo Retirada de financiamento para projectos mineiros Etiópia Financiamento bancário retirado a projecto hidroenergético (EUR 1.5 mil milhões) Gana Colapso da venda de VALCO Guiné Investimentos mineiros atrasados Quénia Estrada com portagem (USD 800m) e projecto de energia atrasados Libéria Investimento em mina de minério de ferro atrasado Moçambique Atraso na expansão de vários projectos mineiros Senegal Aeroporto (EUR 400m) e estrada com portagem atrasados Serra Leoa Projectos de construção ameaçados Tanzânia Investimentos mineiros adiados Uganda Encerramentos de muitas empresas médias Região da África Ocidental Projecto de telecomunicações ameaçado (USD 240m) Zâmbia Grandes projectos de cobre, mineiros e outros reduzidos Fontes: Financial Times, várias edições; BAD (2009b) Como esta lista mostra, entre estes prejuízos bem reportados figuram projectos nos sectores mineiro, petrolífero e de infra-estruturas. Contudo, como se continuará a discutir no próximo capítulo, outros sectores encontram-se sob grande tensão, incluindo manufacturas, agro-indústrias, turismo, finanças, e IDE não incorporado no sector imobiliário. 2 Os mercados emergentes ALC incluem Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México, Peru e Venezuela. 14 Os sectores mineiro e petrolífero sofreram particularmente devido à sua alta dependência de financiamento da dívida – quer por serem incapazes de mobilizar empréstimos para novos projectos devido às reduções globais no crédito bancário (ver 3 na página 16), quer por sofrerem de uma dívida “pendente” acumulada como resultado de fusões e aquisições a preços excessivos nos anos prósperos. Também foram afectados por quedas vertiginosas nos preços das mercadorias – muitos países africanos que tinham sido informados de que em breve teriam indústrias petrolíferas estão a ver estes projectos estagnar agora que os preços caíram para metade. Um factor chave final foi um CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES TENDÊNCIAS REGIONAIS E IMPACTO DA CRISE crescimento mais baixo nos países de origem, reduzindo a procura de matérias-primas. Tabela 1.5 Impacto em Mercados Financeiros Seleccionados SSA (e em menor escala ALC) têm infra-estruturas deficientes, sendo os serviços existentes onerosos. África tem um défice financeiro nas infra-estruturas de USD 50 mil milhões e ALC enfrentam escassez de energia, portos e estradas, para além da necessidade de reconstruir as infra-estruturas após catástrofes naturais (especialmente nas Caraíbas) e adaptarse a alterações climáticas (Banco Mundial 2009) Cortes no investimento, especialmente através de um desaparecimento virtual de contratos do tipo Construir-Operar-Transferir e Parceiras Público-Privadas, são extremamente prejudiciais para as perspectivas de crescimento a longo prazo. País (Índice) 1,736 1,006 -42 Dado que muitos destes projectos são enormes em relação ao tamanho das suas economias anfitriãs, os países mais pequenos e de renda mais baixa ficarão altamente vulneráveis a efeitos negativos no emprego, nos rendimentos e na pobreza. Isto é especialmente verdadeiro porque as suas economias tendem a ser muito menos diversificadas e dependem de 1-2 sectores ou grandes projectos. Nigéria (NSE) 52,917 23,814 -55 África do Sul ( JALSH) 27,553 20,650 -25 11,378 7,850 -31 4,392 2,998 -32 13,377 7,779 -42 Os novos projectos não são os únicos a sofrer. Embora seja verdade que não muitos investidores se estão a retirar totalmente de projectos existentes, isto não os está a impedir de abrandarem ou inverterem as suas entradas. Mais uma vez, segundo os países participantes no PFC CPE, as empresas-mãe estão a limitar os empréstimos directos inter-empresas e o fornecimento de novo capital social às suas filiais, porque precisam elas próprias do dinheiro, e também estão a exigir uma repatriação mais rápida de capitais na forma de reembolsos de empréstimos, lucros e dividendos. Isto explica a razão por que os fluxos líquidos caíram mais vertiginosamente que as novas entradas brutas. 2) Investimento de Portfolio Foram extintos montantes enormes do valor da equidade de portfolio, testemunhado por cotações de acções decrescentes e pelo colapso da capitalização de mercado das bolsas de valores em ambas as regiões. Tomando Julho de 2008 como ponto de referência para avaliar o impacto da crise, a Tabela 1.5 mostra que ambas as regiões foram tão severamente atingidas como os mercados de acções dos países desenvolvidos. Valor 31/7/08 Valor 13/2/09 Perda % -40 ALC Argentina (IBG) 107,220 64,617 Brasil (BOVESPA) 59,505 41,674 -30 Chile (IGPA) 14,340 12,430 -13 Peru (IGBVL) 13,765 6,898 -50 Venezuela (IBVC) 39,758 35,833 -10 SSA Costa do Marfim (BRVM CI) Quénia (KSE) Maurícias (SEMDEX) 243 169 -30 4,868 2,856 -41 Outros EUA (DJ) França (CAC40) Japão (N225) Fontes: ALC Bloomberg; SSA e Outros do BAD (2009b) Durante o mesmo período, o preço do Índice Merrill Lynch Africa Lions (exposto a petróleo, gás, sector mineiro, serviços financeiros, telecomunicações e consumo privado) quase que ficou reduzido a metade (Merrill Lynch). Segundo o FMI, os fluxos de investimento de portfolio para África passaram a ser marcadamente negativos (de + US$10 mil milhões em 2007 para – US$17 mil milhões em 2008). Segundo o IIF ( Junho de 2009), o mesmo aconteceu nos mercados emergentes ALC, com os fluxos a caírem de +US$16.3 mil milhões em 2007 para –US$14.3 mil milhões em 2008. Em meados-fins de 2008, a procura internacional desapareceu virtualmente para obrigações “exóticas” de empresas emitidas por companhias ALC (especialmente) e SSA (assim como para obrigações soberanas). Como consequência, muitas grandes empresas viraram-se inicialmente para os mercados nacionais para financiamento das obrigações, mas no início de 2009 havia pouco interesse mesmo na maioria dos mercados nacionais. Isto deveu-se em parte ao facto de investidores não-residentes nestes mercados também estarem a retirar os seus fundos: as transacções dos investidores nos mercados emergentes em mercados “locais” caíram 31% no último trimestre de 2008 antes de recuperarem 18% em Março de 2009 (Trade Association for the Emerging Markets). Algumas empresas viraram-se antes para alternativas de financiamento de empréstimos, excluindo assim devedores e agregados familiares de mais pequena escala dos mercados locais. Em meados de 2009 houve uma certa recuperação nos mercados de obrigações de empresas nacionais e internacionais, mas os compradores só se encontram disponíveis a margens (spreads) muito mais altas (3-12% mais que os níveis pré-crise), tornando as obrigações proibitivamente onerosas para a maior parte das empresas. CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 15 Também há preocupações relativamente à capacidade das empresas para rolarem os grandes montantes de obrigações que se vencem em PBR durante 2009-10. 3) Financiamento e Crédito Comercial O crédito disponível junto de bancos internacionais e suas filiais locais, sedes de empresas em países OCDE, e empresas mercantis parceiras, sofreu um colapso em muitos países, tendo em alguns casos passado a ser negativo em termos líquidos. A Tabela 1.6 demonstra o efeito nos mercados emergentes ALC. Tabela 1.6 Crédito Privado a Mercados Emergentes ALC (USD mil milhões) Credores privados (líquido) Bancos comerciais Não-bancos 2006 2007 2008 Estimativa 2009 Previsão 22.6 102.1 40.7 1.0 9.0 30.8 8.6 -11.7 13.5 71.3 32.1 12.8 Fonte: IIF (2009b) Este efeito foi sentido de forma muito aguda com respeito ao crédito comercial. Mais de 90% das transacções comerciais dependem de crédito ou seguros a curto prazo, especialmente nos países em desenvolvimento. Para países de baixa renda, o crédito comercial caiu 18% no último trimestre de 2008 e os termos do financiamento contraíramse com um alargamento das margens dos juros superior a 4% e uma redução dos períodos de reembolso. A América Latina depende extensivamente do endividamento externo para financiar o comércio externo e houve uma interacção de dois sentidos negativa nítida entre níveis comerciais decrescentes e crédito comercial decrescente. As cartas de crédito têm tradicionalmente sido relativamente estáveis e seguras. Contudo, o congelamento do crédito interbancário e as quedas dos preços das mercadorias levaram os bancos a questionar a capacidade dos seus bancos correspondentes para honrar uma obrigação aquando do vencimento desta e a questionar o valor de carga seca como segurança do crédito. A pressão adicional deve-se ao facto de os bancos, num ímpeto de reduzir a exposição global, considerarem o financiamento comercial mais fácil de planear que os activos a mais longo prazo e mais difíceis de renegociar tais como títulos hipotecários, obrigações da dívida garantidas e conversões de não pagamento do crédito. Contudo, o pior impacto é em empresas nacionais mais pequenas: mesmo antes da crise tinham problemas em obter crédito bancário, mas agora as empresas multinacionais estão a virar-se para os sistemas bancários locais e a excluí-las completamente. 16 Os bancos locais também foram obrigados a reduzir o crédito através de: aumentos no custo de capital das suas sedes; quedas nas suas próprias cotações de acções; retirada de quotas de capital por partes interessadas estrangeiras; os seus próprios (e dos clientes) investimentos arriscados em mercados de capitais locais (especialmente no Quénia e na Nigéria); e sua exposição a empreendimentos arriscados e que acarretam potenciais prejuízos atingidos por reversões nos fluxos de IDE, investimentos de portfolio e empréstimos. Outras instituições financeiras tais como companhias de seguros e instituições de microfinanças também estão a enfrentar constrangimentos de financiamento crescentes. De um modo geral, uma maior volatilidade histórica dos empréstimos comparada a outro financiamento foi confirmada na crise actual. 4) Remessas No passado, as remessas eram em grande medida anticíclicas, compensando crises financeiras e económicas locais. No entanto, após uma previsão inicial, segundo a qual poderiam estagnar durante a crise, estão a sofrer uma dura derrota à medida que a crise assola as economias dos países de origem. Em fins de 2008, as remessas tinham caído vertiginosamente em alguns países latino-americanos (incluindo a Argentina, o Equador, a Guiana e o México) e estagnado na maioria dos outros. Os países SSA foram atingidos ligeiramente mais tarde, com início no primeiro trimestre de 2009, conforme os bancos centrais africanos incluindo os participantes no PFC CPE (ODI 2009) Contudo, o FMI e o Banco Mundial projectam agora quedas de 4.5-8% nas remessas quer para a região ALC quer para SSA, que irão representar uma reversão acentuada comparada com as recentes subidas anuais de dois dígitos. Números de países individuais tais como a Bolívia indicam quedas tão grandes como 20%. Os trabalhadores no estrangeiro estão a remeter montantes mais pequenos e com menor frequência, à medida que sofrem reduções salariais e ficam desempregados. O impacto é maior nos casos em que a diáspora se concentra em sectores e países que sofrem mais como resultado da crise (ex: desemprego entre mexicanos no sector da construção nos EUA). O custo humano é muito elevado, visto que as remessas são principalmente usadas para consumo e subsistência, estando muitas comunidades dependentes quase na íntegra do dinheiro que os familiares lhes enviam. A alta dependência de muitos países das remessas em vez de outros tipos de CPE está a resultar em grandes efeitos negativos nas suas economias. CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES TENDÊNCIAS REGIONAIS E IMPACTO DA CRISE 1.3 CONCLUSÃO De um modo geral, o impacto da crise confirmou muitas lições anteriores do trabalho do PFC CPE. Em particular, o PFC já tinha sublinhado desde fins da década de 1990 que os CPE constituíam uma parte grande e rapidamente crescente do PIB e da GFCF em países de renda baixa, mas eram vulneráveis a choques exógenos macro e micro (específicos de empresas). Ficou portanto bem claro imediatamente após a eclosão da crise que haveria efeitos negativos nas economias PBR. O PFC também tinha constatado que o IDE pode ser volátil, devido às suas grandes componentes de endividamento inter-empresas e à capacidade dos investidores de equidade para compensar o investimento em capital fixo com remessas mais elevadas de capitais e dividendos. Tinha confirmado que os fluxos de portfolio eram intrinsecamente voláteis e muito afectados por contágio dos mercados de capitais globais; e que o endividamento do sector privado era muito volátil e estava relacionado com os preços das mercadorias. Contudo, ninguém podia ter previsto a escala do colapso nos mercados internacionais e do comércio internacional em 2008. O programa continua a acompanhar efeitos adicionais interessantes tais como a queda do valor de mercado da equidade, a redução de novos compromissos de IDE a quase nada em muitos países, o abrandamento dos fluxos de IDE para projectos existentes, a exclusão de empresas nacionais mais pequenas de fontes de financiamento locais e a redução da disponibilidade de financiamento bancário local. O principal factor adicional (não acompanhado pelo PFC mas destacado por outros esforços internacionais – ver www.remesas.org) que exacerbou a crise foi a alta dependência de alguns países das remessas dos trabalhadores e a sua alta vulnerabilidade à crise. CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 17 18 CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 2 ESCALA E COMPOSIÇÃO DO FINANCIAMENTO ESCALA E COMPOSIÇÃO DO FINANCIAMENTO 2.1 ESCALA E COMPOSIÇÃO DO FINANCIAMENTO Gráfico 2.2 Composição do Stock de CPE 2.1.1 CPE para PIB O Gráfico 2.1 mostra o alto grau em que os países de baixa renda foram integrados na economia mundial e consequentemente o grau de vulnerabilidade que poderão ter face a choques relacionados com capitais privados. A Zâmbia teve de longe a exposição mais elevada, a 75% do PIB, graças principalmente ao seu sector mineiro. Contudo, para todos os países, excepto o Gana e o Malawi, os stocks atingiram 30% do PIB, expondo-os a choques globais. Os produtos primários também contribuíram para CPE elevados na Bolívia (gás e sector mineiro), nos Camarões (petróleo), no Gana e na Tanzânia (ouro). Zâmbia (2007) Tanzânia (2006) Malawi (2004) Gana (2007) Gâmbia (2008) Camarões (2004) Bolívia (2008) 0% 20% 40% IDE 60% Portfolio 80% 100% Outros Gráfico 2.1 Stock de CPE para PIB (%) Malawi (2004) Gana (2007) Uganda (2007) Camarões (2004) Tanzânia (2006) Gâmbia (2008) Bolívia (2008) Zâmbia (2007) 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 Em muitos países, embora os dados tenham melhorado consideravelmente nos últimos anos, os stocks ainda são um pouco subestimados e as melhorias, tais como o aumento gradual dos dados para reflectir a não-resposta (ex: no Uganda), uma melhor monitorização do capital de IDE em termos de valor de mercado (na maioria dos países), uma melhor cobertura sectorial (ex: sector mineiro na Tanzânia), e dados mais recentes (nos Camarões e no Malawi) mostrarão níveis mais elevados de exposição. Prevê-se que a exposição de vários países aumente no futuro devido: • Anovos projectos grandes (ex: sector mineiro e /ou petrolífero no Gana, na Tanzânia e no Uganda) • Ao aumento dos fluxos de CPE após a actual crise económica mundial. 2.1.2 Stock por Tipo O Gráfico 2.2 mostra que o IDE (incluindo equidade e endividamento junto de empresas relacionadas) foi de longe a forma mais importante de financiamento. O endividamento junto de entidades não relacionadas excedeu 20% só nos Camarões e no Gana. O investimento de portfolio foi virtualmente inexistente em todos os países. 2.1.3 Dívida Estrangeira para Equidade3 Outra forma chave de analisar a composição dos CPE é examinar a importância relativa do financiamento fornecido por dívida e equidade. Isto revelou-se ser particularmente importante na maioria dos PBR, que pressupunham frequentemente que todas as promessas de investimento estrangeiro eram 100% equidade. O rácio dívida/equidade mede a alavancagem financeira da empresa (ou de um sector ou da economia). Um rácio superior a 1 significa mais financiamento em forma de dívida que de equidade. As empresas, os sectores e as economias com rácios elevados têm riscos e recompensas potencialmente maiores. Os riscos surgem em períodos de taxas de juro ascendentes ou de vencimentos decrescentes, que poderão tornar a dívida insustentável e arriscar falência ou grandes défices cambiais e quedas da taxa de câmbio a nível nacional. Pelo contrário, recompensas mais elevadas poderão decorrer se receitas adicionais geradas através de endividamento extra excederem o juro vencido – mas uma monitorização minuciosa dos rácios dívida/equidade é essencial para avaliar se uma empresa, um sector ou toda a economia se estão a comportar de modo demasiado arriscado. Contudo, os rácios citados neste estudo aplicam-se apenas à dívida e equidade estrangeiras, excluindo as componentes nacionais. Constituem portanto mais uma indicação do risco da dívida em divisas devido a uma potencial desvalorização e escassez de divisas ou à incapacidade dos mercados internacionais para renovarem as dívidas que estão a rolar. Também indicam as preferências das empresas e dos sectores para mobilizar capitais estrangeiros. O Gráfico 2.3 mostra que as experiências foram mistas para países e anos seleccionados. A Gâmbia, o Uganda, a Zâmbia, o Malawi e a Tanzânia estiveram especialmente dependentes de equidade estrangeira. Pelo contrário, os Camarões e o Gana estiveram muito mais dependentes da dívida. Conforme se discute mais pormenorizadamente 3 20 A dívida inclui dívida de curto e de longo prazo a filiadas e não-filiadas e a equidade inclui capital social de portfolio e capital social directo. CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES no Capítulo 3, isto reflecte a concentração dos seus CPE nos sectores do petróleo e do ouro. Gráfico 2.3 Dívida Estrangeira para Stock de Equidade Gráfico 2.4 Composição do Stock da Dívida Externa Zâmbia (2007) Gana (2007) Uganda (2007) Gâmbia (2008) Tanzânia (2006) Uganda (2007) Camarões (2004) Zâmbia (2007) Nicaragua (2006) Malawi (2004) Malawi (2004) Tânzania (2006) Gâmbia (2007) 0% Camarões (2004) 20% 40% 60% PNG Gana (2007) 0 0.5 1 1.5 2 80% 100% PPG 2.5 Fontes: PPG do Banco Mundial 2008; PNG das bases de dados dos países PFC CPE Com o tempo, os rácios nos Camarões, no Gana e na Zâmbia têm subido, reflectindo uma concentração dos seus CPE em sectores dependentes da dívida, ao passo que os rácios na Gâmbia, no Malawi, na Tanzânia e no Uganda têm aído, reflectindo uma diversificação em sectores menos dependentes da dívida, tais como a manufactura e as telecomunicações. 2.1.4 A Dívida Privada Cresce Vertiginosamente Dois outros factores de avaliação chave usados pelos países participantes no PFC CPE têm sido comparar a dívida privada externa não-garantida (PNG) com a dívida pública e publicamente garantida (PPG) e compará-la com o PIB. Ambos os indicadores mostram como a dívida do sector privado passou a ser muito importante em vários países. Conforme o Gráfico 2.4 mostra, a sua parcela do stock da dívida externa total aumentou, ao passo que a dívida PPG diminuiu como resultado do alívio da dívida PPME. Em 2007, a PNG constituiu cerca de 75% do stock da dívida externa total para a Zâmbia, 50% para o Gana, 40% para o Uganda e em 2006, 33% para a Tanzânia. Esta tendência está a aumentar para muitos países e prevê-se que o rácio seja mais alto para o Malawi e os Camarões, uma vez que haja dados mais recentes disponíveis. Na Gâmbia (que ainda não alcançou o ponto de culminação PPME) e na Nicarágua, a parcela manteve-se baixa. O Gráfico 2.5 também mostra a importância crescente da dívida do sector privado comparada com o PIB, como consequência de uma maior entrada de CPE. Perfez 20% ou mais nos Camarões, no Gana e na Zâmbia. Gráfico 2.5 Dívida PNG para PIB Zâmbia (2007) Camarões (2004) Gana (2007) Nicaragua (2006) Tanzânia (2006) Malawi (2004) Uganda (2007) Gâmbia (2007) 0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 2.2 ESCALA E COMPOSIÇÃO DOS FLUXOS 2.2.1 Estimativas Pré e Pós Inquérito e Impacto na BP Durante todo o programa do PFC CPE, os resultados dos inquéritos aos investidores tiveram frequentemente pouca relação com estimativas pré-inquérito efectuadas pelas autoridades ou pelo FMI. Estas diferenças tenderam a ser mais agudas para os países que conduzem inquéritos pela primeira vez ou após um longo intervalo. Em geral, os inquéritos iniciais tenderam a resultar em dados muito mais altos que as estimativas pré-inquérito, algo entre 50% e 500%, de um modo geral porque os métodos nãoinquérito só puderam captar uma pequena fracção de CPE. A Tabela 2.1 mostra um exemplo extremo do Malawi, onde os dados do inquérito ultrapassaram as estimativas pré-inquérito sobre os fluxos do IDE e dos fluxos totais até cinco vezes e captaram outro investimento (que se revelou ser relativamente significativo e volátil) e fluxos de portfolio (que foram insignificantes) pela primeira vez. CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 21 Table 2.1 Malawi: Estimativas Inquérito vs Pré-Inquérito (USDm) 2002 Entrada (líq.) IDE Portfolio Outros Total Table 2.3 Gana: Impacto dos Resultados do Inquérito na BP (USD milhões) 2003 2004 Inquérito PréInquérito Inquérito PréInquérito Inquérito PréInquérito 28 6 35 7 39 22 .. 0 .. 0 .. 0 -14 0 -2 0 11 0 14 6 33 7 50 22 BP – Linhas Seleccionadas Saldo da Conta Corrente Serviços e Rendas Saldo da Conta Financeira e de Capitais Conta Financeira (excl. itens de financiamento) Fonte: Gabinete Nacional de Estatística (2008) Investimento directo Contudo, os inquéritos conduzidos após longos intervalos (ou outros inquéritos posteriores) poderão constatar dados mais altos ou mais baixos, dependendo do grau em que resultados de inquéritos anteriores foram usados para prever futuras tendências e se houve alterações nas tendências dos CPE. A Tabela 2.2 mostra dois casos a propósito, permitindo uma comparação antes e durante a crise económica mundial. O inquérito da Zâmbia cobriu 2007, antes da crise mundial. Devido a aumentos substanciais dos fluxos desde o seu último inquérito em 2004, reflectindo anos de bonança (boom) para o IDE, os seus resultados ultrapassaram estimativas anteriores. Contudo, o inquérito da Gâmbia de 2008 (reflectindo o início do declínio global) constatou fluxos muito mais baixos que as projecções pré-inquérito (que reflectiam um optimismo pré-crise). Ambos sublinharam a necessidade de inquéritos exactos regulares para evitar dados que deturpem dramaticamente as tendências. Zâmbia (2007) IDE Portfolio Outros Total No Gana 2007 (Inquérito) Impacto -2,151 -2,615 -464 -301 -764 -463 2,591 3,505 914 2,403 3,317 914 970 1,244 274 0 -21 -21 970 1,265 295 Investimento de portfolio 800 807 7 Passivos 800 807 7 14 21 7 Títulos de participação no capital 633 1,267 634 Activos Outro investimento 0 45 45 Créditos comerciais 0 -8 -8 Moeda e depósitos 0 52 52 Passivos 633 1,222 589 Créditos comerciais -94 450 544 Empréstimos 474 766 292 Moeda e depósitos 253 5 -248 440 890 450 -440 -890 -450 -27 -477 -450 Saldo Global Reservas e Itens Relacionados Erros e omissões Table 2.2 Zâmbia e Gâmbia: Estimativas Inquérito vs Pré-Inquérito (USDm) Entrada (líq.) No estrangeiro 2007 (Pré-Inquérito) Fontes: Banco do Gana (2009) Gâmbia (2008) Inquérito PréInquérito Inquérito PréInquérito Inquérito PréInquérito 1,324 836 58 36 59 -63 44 42 5 0 -8 - 565 276 105 2 23 -907 1,933 1,154 68 38 73 -91 Fontes: Dados de inquérito de bases de dados do PFC CPE; estimativas pré-inquérito do FMI/dos Bancos Centrais Essas mudanças podem ter um grande impacto no quadro global da balança de pagamentos, dificultando a obtenção de dados “novos” ou melhorados aceites por organizações internacionais. Um bom exemplo é o Gana, onde a Tabela 2.3 mostra os itens da BP que mudaram como resultado das constatações do inquérito (i.e. os itens inalterados ou iguais a zero são omitidos). As constatações do inquérito revelaram que o défice da Conta Corrente era 22% pior do que se pensava antes, devido a dividendos e pagamentos de juro repatriados. Por outro lado, o excedente da Conta Financeira e de Capitais foi 35% mais elevado, devido a um nível mais elevado de IDE, crédito comercial e empréstimos. O efeito combinado mais que duplicou o Excedente Global para USD890m. O Banco do Gana reflectiu este aumento na íntegra em Erros e Omissões, sem um aumento correspondente no uso dos fundos, mas acredita que esse aumento irá provavelmente reflectir as importações. A melhoria dos dados para a Conta Financeira e de Capitais está portanto a orientar o Gana no sentido de rever os seus dados da Conta Comercial. 2.2.2 Escala e Composição de Fluxos Os gráficos apresentam as tendências para 22 países de baixa renda cobertos pelo PFC: 4 • O IDE foi o tipo de fluxos mais significativo em 12 dos 22 países, reflectindo-se de forma positiva no seu clima de investimento. Aumentou de um nível bastante baixo e 4 22 Bolívia, Gana, Malawi, Nicarágua, Gâmbia, Tanzânia, Uganda, Zâmbia e os 14 países da Zona Franco. CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES ESCALA E COMPOSIÇÃO DO FINANCIAMENTO • • acelerou rapidamente durante 2006-7 em 14 dos 22 países que beneficiaram directamente do crescimento rápido (boom) global do IDE, especialmente nos sectores mineiro e petrolífero. Contudo, tem sido bastante volátil em oito países, reflectindo pontos máximos no investimento em petróleo nos Camarões, no Chade e no Gabão, grandes projectos individuais na Gâmbia e no Mali e instabilidade política na Bolívia, na RCA e no Togo. As remessas têm sido os fluxos mais significativos (conforme dados do Banco Mundial) em sete de 16 países da África Ocidental (Gâmbia, Benim, Guiné-Bissau, Mali, Níger, Senegal e Togo), assim como na Bolívia, na Nicarágua e no Uganda. À excepção do Benim e do Níger, os fluxos têm sido bastante estáveis ano após ano: contudo, relatórios iniciais indicam que estes caíram vertiginosamente durante a crise (ex: em 24% para o Uganda), à medida que os expatriados perdem rendimentos ou ficam desempregados. Os lucros repatriados do IDE foram elevados na maior parte dos países, tendo vários países registado pagamentos de rendas superiores a entradas de IDE (Bolívia, Costa do Marfim, Mali, Senegal, Camarões e Gabão), para compensar incertezas políticas e económicas ou para assegurar que os projectos reembolsaram os seus investimentos rapidamente5. As saídas foram mais baixas nos casos em que os investidores estavam suficientemente seguros do clima de investimento e de futuras oportunidades para reinvestir os seus lucros (ex: Nicarágua, Tanzânia e Uganda), mas mesmo os países com aumentos rápidos de IDE em meados da década registaram aumentos vertiginosos na repatriação na crise, visto que as empresas-mãe pediam uma repatriação mais elevada de lucros e dividendos, ou reembolsos mais rápidos dos empréstimos. Isto confirmou a análise anterior que descartou a teoria de que o IDE é um investimento estável a longo prazo. Gráfico 2.6 Benim: Fluxos Privados (2003-7, USDm) Gráfico 2.7 Bolívia: Fluxos Privados (2003-8, USDm) 1,200 1,000 800 600 400 200 0 -200 -400 2003 2004 2005 IDE Remessas de lucros do IDE Portfolio 2006 2007 2008 Outros Remessas dos trabalhadores Gráfico 2.8 Burkina: Fluxos Privados (2003-7, USDm) 400 350 300 250 200 150 100 50 0 -50 2003 2004 2005 IDE Remessas de lucros do IDE Portfolio 2006 2007 Outros Remessas dos trabalhadores Gráfico 2.9 Camarões: Fluxos Privados (2003-8, USDm) 600 500 400 300 300 250 200 200 100 150 0 100 -100 2003 50 2005 IDE Remessas de lucros do IDE Portfolio 0 -50 2003 2004 2005 IDE Remessas de lucros do IDE Portfolio 5 2004 2006 2006 2007 2008 Outros Remessas dos trabalhadores 2007 Outros Remessas dos trabalhadores Alguns dados das remessas de lucros (para países que ainda não tinham concluído os inquéritos sobre CPE aquando desta publicação) foram retirados do GDF do Banco Mundial, mas os resultados do inquérito confirmam níveis altos de remessas de lucros. CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 23 Gráfico 2.10 República Centro-Africana: Fluxos Privados (2003-7, USDm) Gráfico 2.13 Costa do Marfim: Fluxos Privados (2003-7, USDm) 600 500 30 400 25 300 200 20 100 15 0 -100 10 -200 5 -300 2003 0 2003 2004 2005 2006 2007 2005 IDE Remessas de lucros do IDE Portfolio IDE Outros Gráfico 2.11 Chade: Fluxos Privados (2003-7, USDm) 2004 2006 2007 Outros Remessas dos trabalhadores Gráfico 2.14 Guiné Equatorial: Fluxos Privados 1,500 2,000 1,000 1,500 500 1,000 0 500 -500 0 -500 -1,000 2003 2004 2005 2006 2007 2003 2004 IDE Portfolio Outros 2005 2006 IDE Outros Gráfico 2.12 Congo, Rep.: Fluxos Privados (2003-7, USDm) Gráfico 2.15 Gabão: Fluxos Privados, (2003-7, USDm) 5000 800 4000 600 400 3000 200 2000 0 1000 -200 0 -400 -1000 -600 2003 2004 2005 IDE Remessas de lucros do IDE Portfolio 24 2006 2007 Outros Remessas dos trabalhadores 2003 2004 2005 IDE Remessas de lucros do IDE Portfolio CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 2006 2007 Outros Remessas dos trabalhadores ESCALA E COMPOSIÇÃO DO FINANCIAMENTO Gráfico 2.16 Gâmbia: Fluxos Privados (2003-8, USDm) 120 Gráfico 2.19 Malawi: Fluxos Privados (2003-8 USDm) 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 -20 100 80 60 40 20 0 -20 -40 2003 2004 2005 2006 IDE Remessas de lucros do IDE Portfolio 2007 2008 2003 Outros Remessas dos trabalhadores 2004 2005 2006 IDE Remessas de lucros do IDE Portfolio 2007 2008 Outros Remessas dos trabalhadores Gráfico 2.20 Mali: Fluxos Privados (2003-7, USDm) Gráfico 2.17 Gana: Fluxos Privados (2003-8, USDm) 2,500 250 2,000 200 1,500 150 1,000 100 500 50 0 0 -50 -500 2003 2004 2005 IDE Remessas de lucros do IDE Portfolio 2006 2007 2003 2008 Gráfico 2.18 Guinée Bissau: Fluxos Privados (2003-7, USDm) 800 30 700 25 600 20 500 15 400 10 300 5 200 0 100 -5 0 -10 -100 2004 2005 IDE Remessas de lucros do IDE Portfolio 2006 2007 Outros Remessas dos trabalhadores 2005 2006 2007 Outros Remessas dos trabalhadores Gráfico 2.21 Nicarágua: Fluxos Provados (2003-8, USDm) 35 2003 2004 IDE Remessas de lucros do IDE Portfolio Outros Remessas dos trabalhadores 2003 2004 2005 IDE Remessas de lucros do IDE Portfolio 2006 2007 2008 Outros Remessas dos trabalhadores CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 25 Gráfico 2.25 Togo: Fluxos Privados (2003-7, USDm) Gráfico 2.22 Niger: Fluxos Privados (2003-7, USDm) 140 250 120 200 100 80 150 60 100 40 20 50 0 -20 0 2003 2004 2005 2006 IDE Remessas de lucros do IDE Portfolio 2003 2007 Outros Remessas dos trabalhadores Gráfico 2.23 Senegal: Fluxos Privados (2003-7, USDm) 1,400 2004 2005 IDE Remessas de lucros do IDE Portfolio 2006 2007 Outros Remessas dos trabalhadores Gráfico 2.26 Uganda: Fluxos Privados (2003-8, USDm) 1,000 1,200 800 1,000 600 800 400 600 400 200 200 0 0 -200 -200 2003 2004 2005 IDE Remessas de lucros do IDE Portfolio 2006 2003 2007 Outros Remessas dos trabalhadores 2004 2005 2006 Capital social directo Capital social de portfolio Lucros retidos Remessas de lucros do IDE 2007 2008 Dívida Outros créditos Remessas dos trabalhadores Gráfico 2.24 Tanzânia: Fluxos Privados (2003-8 USDm) Gráfico 2.27 Zambia: Fluxos Privados (2003-7, USDm) 800 700 1400 600 1200 500 1000 400 800 300 600 200 400 100 200 0 0 -100 2003 2004 2005 IDE Remessas de lucros do IDE Portfolio 26 2006 2007 2008 Outros Remessas dos trabalhadores -200 2003 2004 2005 IDE Remessas de lucros do IDE Portfolio CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 2006 2007 Outros Remessas dos trabalhadores ESCALA E COMPOSIÇÃO DO FINANCIAMENTO • Os fluxos líquidos de portfolio têm importância marginal, havendo transacções importantes e voláteis em apenas 5 países. Isto deve-se em parte ao facto de a maior parte dos países só estarem lentamente a desenvolver mercados de capitais organizados formais e de haver poucas transacções de investimento de “portfolio” (i.e. transferências inferiores a 10% do capital próprio de uma empresa). Os fluxos de portfolio poderão acarretar uma instabilidade crescente no futuro, se os mercados de capitais aumentarem a sua capitalização e o seu volume, o que deixa os mercados pouco capitalizados e altamente não-líquidos . O Gráfico 2.28 abaixo mostra a importância dos mercados de capitais organizados relativamente ao PIB para países seleccionados (a capitalização mais elevada do mercado da Costa do Marfim reflecte a transacção de muitas acções e obrigações marfinenses no seu mercado regional. Contudo, os níveis de stocks (embora de um modo geral baixos) podem flutuar de forma significativa conforme indicado no Gráfico 2.29, tal como os fluxos indicados no Gráfico 2.7 para a Bolívia. Gráfico 2.28 Capitalização do Mercado de Acções para PIB ( 2003-7, %) 45 40 35 30 25 20 15 10 Contudo, os fluxos de portfolio poderão ser significativamente subestimados devido à dificuldade de acompanhar os fluxos investidos através de fundos do portfolio internacionais e investidores não-residentes (em alguns casos através de residentes nomeados), especialmente em instrumentos da dívida tais como bilhetes do Tesouro e em empresas não cotadas em bolsa ou em mercados paralelos. O facto de os investimentos de portfolio se manterem pequenos é uma bênção na medida em que limita uma potencial volatilidade. Isto é especialmente verdadeiro dado que todos os mercados de acções regionais foram assolados pela crise: a Bolsa de Valores de Lusaca caiu em 29.2% em 2008 (Zambia 2009b), e a Bolsa de Títulos do Uganda em 29% entre Junho de 2008 e Junho de 2009 (Uganda 2009a). Contudo, após uma queda inicial em Setembro-Novembro de 2008, a Bolsa de Valores de Dar es Salaam tem estado mais estável. Ver Capítulo 1 (Tabela 1.6) para mais informações sobre as tendências das bolsas de valores. 2.3 COMPOSIÇÃO DE CADA INSTRUMENTO 2.3.1 IDE O IDE é composto por equidade (acções, lucros retidos e outras reservas de capital) e dívida (endividamento de curto e longo prazo e créditos ao fornecedor) de empresas filiadas. Até ao trabalho conduzido ao abrigo do PFC CPE, as autoridades da maioria dos países partiam do princípio que o IDE consistia em grande medida em novos fluxos de capital e acreditavam na teoria de que o IDE é estável e a longo prazo. Os inquéritos do PFC CPE constataram que: • Os países estavam dramaticamente a subestimar o IDE, 5 0 2003 2004 2005 2006 Bolívia Costa do Marfim Gana Malawi 2007 Tanzânia Uganda Zâmbia • Fonte: World Development Indicators do Banco Mundial Gráfico 2.29 Stock de Investimento de Portfolio • 140.0 120.0 100.0 • 80.0 60.0 40.0 • 20.0 2005 2006 N ic ar Bo ag lív ua ia s õe a C am G ar an a bi a 2004 âm 2003 G Zâ m bi a nd ni ga U zâ al M Ta n aw i a 0.0 2007 2008 em grande parte por não acompanharem o reinvestimento dos lucros retidos, mas estavam também a subestimar as remessas dos lucros. O capital de equidade existente é talvez a componente mais estável. Contudo, pode ser retirado, especialmente se o equipamento de capital e as terras tiverem sido fornecidos pelo governo como parte de um pacote de incentivos. As empresas de manufactura ligeira, por exemplo, poderiam consequentemente estar livres de compromissos. Novo capital pode ser adiado ou cancelado com pouca antecedência (ver Capítulo 2 para exemplos de mega-projectos cancelados ou adiados na sequência da actual crise económica). Os lucros retidos podem ser reinvestidos em períodos de bonança (boom), podendo também ser facilmente remetidos como lucros e dividendos em tempos de crise. É muito difícil (podendo levar a conclusões analíticas erradas) distinguir entre endividamento de curto e longo prazo junto de empresas filiadas. A maioria das empresas indica que os seus empréstimos não têm termos e condições fixos e dependem de fluxos de caixa. Os empréstimos de curto prazo poderão rolar durante CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 27 • períodos mais longos e os empréstimos de longo prazo poderão ser revogados por uma empresa-mãe com pouca antecedência (como muitos estão a constatar na crise). Os créditos de curto prazo a fornecedores filiados são difíceis de acompanhar em inquéritos anuais, sendo portanto provável que sejam subestimados. A maior parte das experiências dos países ilustra como os fluxos de IDE eram primariamente compostos por estes elementos potencialmente mais voláteis, sendo o novo capital uma parcela mais baixa. Na Gâmbia, recentes aumentos do IDE têm sido primariamente financiados por capital das empresas e lucros reinvestidos, mas no Uganda e na Zâmbia por lucros reinvestidos; e no Gana e na Tanzânia por empréstimos e créditos a fornecedores, ao ponto em que os empréstimos perfazem mais de metade do stock de IDE no Gana, embora só constituam cerca de 1/3 na Tanzânia. Gráfico 2.32 Gana: Composição dos Fluxos Derivados do IDE (USDm, 2007) 137 Acções Lucros retidos Empréstimos e crédito a fornecedores 205 543 Gráfico 2.33 Tanzânia: Composição dos Fluxos de IDE (2003-6 USDm) 800 700 Gráfico 2.30 Gâmbia: Composição do Stock de IDE (2003,4,7,8, USDm) Crédito a fornecedorescredit Empréstimos Lucros retidos Acções 600 500 400 350 300 300 250 200 Empréstimos + Crédito a Fornecedores 200 Acções + Lucros Retidos 100 0 2003 150 2004 2005 2006 100 50 0 2003 2004 2007 2008 Gráfico 2.31 Zambia: Composição dos Fluxos de IDE (2007, USDm) 68.9 Vários países envolvidos no PFC CPE já registaram mudanças acentuadas de IDE positivo para negativo. O Gráfico 2.34 mostra nos Camarões fluxos de capitais que representam metade do IDE total em 2003, mas que passaram a negativos em 2004. O Gana e a Zâmbia também registaram fluxos negativos repentinos devido a desenvolvimentos em empresas individuais.6 Gráfico 2.34 Camarões: Composição dos Fluxos de IDE (2003-4, USDm) 131.6 Acções Lucros retidos Empréstimos Crédito a fornecedores 347 1800 1600 Acções + lucros retidos Empréstimos + crédito a fornecedores 1400 1200 1000 800 776.4 600 400 200 0 2003 6 28 2004 Visto que os dados de portfolio eram muito baixos e quase totalmente equidade, este estudo não tenta desagregá-los mais. CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES ESCALA E COMPOSIÇÃO DO FINANCIAMENTO 2.3.2 Endividamento junto de Não-Filiadas vs. Filiadas O endividamento consiste em empréstimos de longo e curto prazo e créditos (normalmente de curto prazo) a fornecedores. Este pode ser de entidades filiadas tais como uma empresa-mãe ou uma filial (sendo nesse caso tratado como IDE) ou de entidades não-filiadas (sendo nesse caso tratado como “Outro Investimento” na BP ou na PII). As empresas na Nicarágua contam mais com endividamento junto de não-filiadas. Este é primariamente na forma de empréstimos, embora os créditos a fornecedores sejam bastante significativos. O stock da dívida do Gana, quase que duplicou em apenas um ano, passando a ser mais equilibrado entre filiadas e não-filiadas. As empresas na Gâmbia passaram a contar mais com endividamento junto de não-filiadas, embora as filiadas continuem a ser predominantes. As empresas malawianas continuam a contar mais com endividamento junto de filiadas. As empresas nos Camarões por contraste contaram mais com endividamento junto de não-filiadas, do qual os créditos a fornecedores constituíram uma parcela significativa. Entre os membros do BCEAO, os fluxos da dívida foram primariamente provenientes de não-filiadas para todos os países excepto o Mali em 2003 e 2005. Muitas empresas estrangeiras tendem a favorecer o endividamento junto de uma filiada (ex: empresa-mãe) porque os termos são mais baratos e muito mais flexíveis. Nos casos em que esta opção não existe, endividam-se junto de fontes não-filiadas. As empresas estrangeiras tendem também a preferir o endividamento junto de fontes não-filiadas no estrangeiro em vez de fontes nacionais. A dívida estrangeira é frequentemente mais barata e a dívida de longo prazo está muito mais facilmente disponível. Os bancos em vários países de baixa renda poderão não estar preparados para o tamanho do endividamento que as empresas requerem. Mesmo quando há dívida interna disponível, os investidores estrangeiros poderão achar difícil obtê-la, se houver certas restrições (ex: se os empréstimos nacionais estiverem estritamente vinculados a garantia nacional). Pelo contrário, as empresas nacionais (principalmente de pequena e média escala) tendem a endividar-se internamente, devido à dificuldade de endividamento junto de fontes internacionais (não são conhecidas por muitos bancos estrangeiros, não tendo portanto uma performance). Nos casos em que o endividamento interno não é uma opção, as empresas contam com equidade (capital social, lucros reinvestidos e outras reservas de capital) para financiar as suas operações. Gráfico 2.35 Benim: Composição dos Fluxos da Dívida (2003-7, USDm) 350 300 Não-filiadas: empréstimos 250 200 Não-filiadas: créditos a fornecedores 150 Filiadas: empréstimos + créditos a fornecedores 100 50 0 -50 -100 2003 2004 2005 2006 2007 Gráfico 2.36 Burkina: Composição dos Fluxos da Dívida (2003-7, USDm) 300 250 Não-filiadas: empréstimos 200 Não-filiadas: créditos a fornecedores 150 Filiadas: empréstimos + créditos a fornecedores 100 50 0 -50 2003 2004 2005 2006 2007 Gráfico 2.37 Camarões: Composição do Stock da Dívida (2003-4, USDm) 3,500 3,000 Não-filiadas: empréstimos 2,500 Não-filiadas: créditos a fornecedores 2,000 Filiadas: empréstimos + créditos a fornecedores 1,500 1,000 500 0 2003 2004 CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 29 Gráfico 2.38 Costa do Marfim: Composição dos Fluxos da Dívida (2003-7, USDm) Gráfico 2.41 Guiné-Bissau: Composição dos Fluxos da Dívida (2003-7, USDm) 6 400 300 200 Não-filiadas: empréstimos 100 Não-filiadas: créditos a fornecedores Filiadas: empréstimos + créditos a fornecedores 0 4 2 Não-filiadas: empréstimos 0 Não-filiadas: créditos a fornecedores -4 -200 -6 -300 -8 -400 Filiadas: empréstimos + créditos a fornecedores -2 -100 -10 2003 2004 2005 2006 2007 2003 Gráfico 2.39 Gâmbia: Stock da Dívida por Tipo (2003,4,7,8 USDm) 2004 2005 2006 2007 Gráfico 2.42 Malawi: Stock da Dívida por Tipo (2001-4, USDm) 250 45 Não-filiadas: empréstimos 200 40 Não-filiadas: empréstimos 35 30 Não-filiadas: créditos a fornecedores 25 Filiadas: empréstimos + créditos a fornecedores 20 15 Não-filiadas: créditos a fornecedores 150 Filiadas: empréstimos + créditos a fornecedores 100 50 10 0 5 2001 0 2003 2004 2007 Gráfico 2.40 Gana: Stock da Dívida por Tipo (2006-7, USDm) 2003 2004 Gráfico 2.43 Mali: Composição dos Fluxos da Dívida (2003-7, USDm) 250 3,500 3,000 2,500 2,000 1,500 Não-filiadas: empréstimos 200 Não-filiadas: empréstimos Não-filiadas: créditos a fornecedores 150 Não-filiadas: créditos a fornecedores Filiadas: empréstimos + créditos a fornecedores 100 Filiadas: empréstimos + créditos a fornecedores 50 1,000 0 500 0 -50 2006 30 2002 2008 2007 2003 2004 CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 2005 2006 2007 ESCALA E COMPOSIÇÃO DO FINANCIAMENTO Gráfico 2.44 Nicarágua: Stock da Dívida por Tipo (2005-6 USDm) 900 Gráfico 2.47 Togo: Composição dos Fluxos da Dívida (2003-7, USDm) 250 800 700 600 500 400 Não-filiadas: empréstimos 200 Não-filiadas: empréstimos Não-filiadas: créditos a fornecedores 150 Não-filiadas: créditos a fornecedores Filiadas: empréstimos + créditos a fornecedores 100 Filiadas: empréstimos + créditos a fornecedores 50 300 200 0 100 -50 0 2005 2003 2006 Gráfico 2.45 Níger: Composição dos Fluxos da Dívida (2003-7, USDm) 80 70 Não-filiadas: empréstimos 60 50 Não-filiadas: créditos a fornecedores 40 30 20 10 0 2004 2005 2006 2007 Outra característica significante emergente dos gráficos acima é a volatilidade relativa dos fluxos da dívida. Quer a Gâmbia quer o Malawi registaram saídas significantes (20-30%) de empréstimos em 2004 e 2002 respectivamente. Todos os países na zona UEMOA registaram pelo menos um tipo de fluxos negativos da dívida desde 2003, com grandes fluxos negativos gerais para a Costa do Marfim e a Guiné-Bissau durante a instabilidade política, indicando a necessidade de uma monitorização ainda mais minuciosa. Pelas razões discutidas no ponto 2.3.1, não houve uma grande diferença entre a volatilidade do endividamento filiado e não-filiado. -10 2003 2004 2005 2006 2007 Gráfico 2.46 Senegal: Composição dos Fluxos da Dívidas (2003-7, USDm) 1200 1000 Não-filiadas: empréstimos 800 Não-filiadas: créditos a fornecedores 600 Filiadas: empréstimos + créditos a fornecedores 400 200 0 -200 2003 2004 2005 2006 2007 2.3.3 Custo do Endividamento Todos os países tentaram captar informações sobre o juro pago em vários tipos de empréstimos, mas a maioria teve problemas na recolha de dados completos ou fidedignos. Os gráficos abaixo apresentam constatações para quatro países que conseguiram obter estas informações, três dos quais conseguiram distinguir os custos de diferentes tipos de dívida. As constatações do Malawi e da Nicarágua confirmam resultados anteriores, segundo os quais o endividamento junto de filiadas é mais concessional que junto de não-filiadas. Os créditos a fornecedores não-filiados também eram mais concessionais que os empréstimos em ambos os países. O custo do juro da dívida geral na Tanzânia e da dívida não-filiada no Malawi também variou muito com o tempo. Contudo, enquanto a dívida da Zâmbia junto de filiadas custa cerca do mesmo que a dívida noutros países, os empréstimos não-filiados foram mais baratos, provavelmente reflectindo aumentos rápidos no stock nesse ano, sobre o qual só se começaria a pagar juros no ano seguinte. CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 31 Gráfico 2.48 Malawi: Custo da Dívida por Tipo (2006) Gráfico 2.51 Zâmbia: Custo da Dívida por Tipo (2007) 0.03 0.1 0.025 2003 2004 0.08 0.02 0.06 0.015 0.04 0.01 0.02 0.005 0.0 0 Filiadas NãoNão-Filiadas: Filiadas: Empréstimos Fornecedores Filiadas Total Gráfico 2.49 Nicarágua: Custo da Dívida por Tipo (2006) 0.05 0.04 0.03 0.02 0.01 0% NãoNão-Filiadas: Filiadas: Empréstimos Fornecedores Total 2.4 ACTIVOS ESTRANGEIROS Quase todos os países recolhem dados sobre activos estrangeiros (excepto a Tanzânia, onde os controlos cambiais sobre os investimentos em activos estrangeiros ainda existem). Isto revelou ser um desafio muito maior que os dados sobre passivos, como os investidores (quer sejam empresas quer sejam indivíduos) demonstraram ser mais difíceis de identificar. É necessária maior atenção aos activos no futuro para recolher dados mais completos para uma Posição de Investimento Internacional mais exacta, juntamente com desagregações analíticas por país receptor e sector de actividade económica. 0.06 Filiadas NãoNão-Filiadas: Filiadas: Empréstimos Fornecedores Total Os seguintes gráficos apresentam stocks de activos estrangeiros para a Bolívia, os Camarões, o Gana, o Malawi e a Zâmbia, excluindo moeda e depósitos, que são apresentados separadamente. Todos os países registaram stocks crescentes de activos estrangeiros, impulsionados pelo IDE no Gana, mas crédito a não-residentes não-filiados (“outros”) noutras partes. Os activos de portfolio foram insignificantes em quase todos os casos, excepto para a Bolívia especialmente durante 2003-4 (onde constituíram 40% do stock). Gráfico 2.50 Tanzânia: Custo da Dívida (2003-6) 0.16 0.14 0.12 0.10 0.08 0.06 Gráfico 2.52 Bolívia: Composição do Stock de Activos Estrangeiros (2003-8, %) 0.04 0.02 0 2003 2004 2005 2006 100% Outros Portfolio IDE 80% 60% 40% 20% 0% 2003 2004 2005 2006 2007 2008 32 CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES ESCALA E COMPOSIÇÃO DO FINANCIAMENTO Gráfico 2.53 Camarões: Composição do Stock de Activos Estrangeiros (2003-4, %) Gráfico 2.56 Zâmbia: Composição do Stock de Activos Estrangeiros (2006-7, %) 100% 100% Outros Portfolio IDE 80% Outros Portfolio IDE 80% 60% 60% 40% 40% 20% 20% 0% 0% 2003 2006 2004 Gráfico 2.54 Gana: Composição do Stock de Activos Estrangeiros (2006-7, %) 100% Outros Portfolio IDE 80% 60% 2007 O crédito a não-filiados foi quase totalmente crédito a fornecedores nos Camarões, no Gana e no Malawi, mas em forma de empréstimos do sector bancário na Zâmbia. Os activos de IDE foram divididos equitativamente entre equidade e empréstimos para os Camarões e o Malawi, mas 100% equidade para o Gana e a Zâmbia. Gráfico 2.57 Stock de Outros Activos 40% Zâmbia (2007) 20% 0% 2006 Malawi (2004) 2007 Gana (2007) Gráfico 2.55 Malawi: Composição do Stock de Activos Estrangeiros (2001-4, %) Camarões (2004) 0% 100% 60% 40% 60% Crédito a fornecedores Outros Portfolio IDE 80% 20% 80% 100% Empréstimos Gráfico 2.58 Stock de Activos IDE 40% 20% Zâmbia (2007) 0% 2001 2002 2003 2004 Malawi (2004) Gana (2007) Camarões (2004) 0% 20% 40% Capital 60% 80% 100% Dívida CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 33 Os gráficos abaixo apresentam constatações sobre a detenção de moeda e depósitos no estrangeiro para os Camarões, a Gâmbia e o Gana. Os níveis aumentaram para os três países durante o período. Todos os depósitos da Gâmbia e do Gana foram efectuados pelo sector financeiro, mas no caso dos Camarões isto foi sobretudo proveniente de empresas mineiras. No caso da Gâmbia, todos os depósitos (à excepção de um pequeno montante em 2003) foram a curto prazo. Gráfico 2.59 Camarões: Stock de Moeda e Depósitos no Estrangeiro por Sector (USDm) Gráfico 2.62 Gâmbia: Taxa de Rentabilidade da Moeda e dos Depósitos no Estrangeiro 2008 2004 0% 1% 2% 3% 4% 5% 6% 7% 8% O gráfico também mostra que o sector financeiro da Gâmbia desfrutou de uma taxa de rentabilidade7 sobre os seus depósitos de 7.4% em 2008, que é muito aceitável dadas as taxas de juro internacionais prevalecentes na altura. Esta foi muito mais elevada que o rendimento obtido durante 2004. 2004 2003 0 1,000 2,000 3,000 Mineiro 4,000 5,000 Outros Gráfico 2.60 Gana: Stock de Moeda e Depósitos no Estrangeiro (USDm) 2007 2006 320 340 360 380 400 420 440 Gráfico 2.61 Gâmbia: Stock de Moeda e Depósitos no Estrangeiro (USDm) 2008 2007 2004 2003 0 10 20 30 40 50 60 70 7 34 A taxa de rentabilidade foi calculada dividindo o juro recebido durante 2004 e 2008 pela média do stock do período de abertura e de encerramento para esses anos. CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 3 DONDE E PARA ONDE? FONTES E DESTINOS DOS FLUXOS DONDE E PARA ONDE? FONTES E DESTINOS DOS FLUXOS Este capítulo desenvolve as constatações apresentadas no Capítulo 2, examinando desagregações analíticas por sector de actividade económica, país de origem e região receptora. 3.1 SECTOR DE ACTIVIDADE ECONÓMICA A bibliografia internacional pressupõe geralmente que o grosso do investimento estrangeiro para os Países de Baixa Renda vai para os recursos primários (mineiros e petrolíferos). O nosso estudo anterior (Bhinda et al) constatou pelo contrário que várias economias tinham conseguido diversificar para novos sectores dinâmicos (ex: agro-indústrias, manufactura, telecomunicações e finanças), afastando-se dos recursos naturais. As constatações mais recentes da análise por equipas dos países apresentam um quadro mais misto: Investimento Directo Estrangeiro O IDE continua a ir para sectores dinâmicos não-baseados em recursos em muitos países. Estes incluem bens imobiliários, actividade bancária e turismo na Gâmbia; construção no Gana; manufactura no Malawi; novas indústrias na sua Zona Livre na Nicarágua; finanças, manufactura, telecomunicações e comércio no Uganda; e transportes, finanças, manufactura e comércio na Zâmbia. No entanto, os dados de transacções mostram o grau de volatilidade dos sectores dinâmicos. Na Gâmbia, o IDE não incluído nos bens imobiliários dominou em 2004, hotéis em 2005-07 e o sector financeiro em 2008. Na Bolívia, onde a incerteza quanto às leis do investimento e à expropriação em 2006-07 reduziu o investimento em petróleo e gás e no sector mineiro. Um terceiro é o Malawi, onde o comércio aumentou vertiginosamente em 2002 e a manufactura em 2004. Nas economias mais pequenas tais como a Gâmbia e o Malawi, alguns grandes projectos podem explicar mudanças dramáticas nas tendências. Como consequência, alguns países aumentaram a diversificação do seu IDE (Gâmbia, Gana, Nicarágua, Uganda, Zâmbia) ou mantiveram-no bem diversificado (Malawi, ou Tanzânia que só tem um terço no sector mineiro e alto no comércio/manufactura). Outros países continuam altamente dependentes dos recursos naturais para o IDE – especialmente a Zâmbia, com 68% do IDE no sector mineiro; e a Bolívia, com dois terços em minerais e petróleo/gás (embora isto marque uma diversificação considerável de apenas minerais no início da década de 1990). Mesmo um país que tinha diversificado afastando-se do sector mineiro (tal como a Tanzânia) registou de novo um aumento vertiginoso do investimento no sector mineiro em 2006-08, respondendo a um aumento global dos preços dos minerais e a uma política do Governo para promover o sector de forma agressiva. Embora a crise financeira tenha retirado algum brilho ao sector, este poderá acelerar de novo, uma vez que a procura global • • • • de minerais recuperar da crise. Isto sublinha a necessidade de o Governo manter o olho vivo na concentração. Todos os países identificaram uma margem para continuarem a diversificação para sectores “que recebem pouco investimento”. Em todos os países estes incluem agricultura, que tem sofrido de pouco investimento devido à falta de crédito, infra-estruturas, alfaias agrícolas e fertilizantes, e serviços de extensão, poucas informações para investidores estrangeiros sobre o sector, e questões dos direitos à terra. Outras prioridades são o turismo na Zâmbia e a manufactura na Gâmbia e na Zâmbia. Em alguns casos isto envolve continuar a partir de recentes aumentos rápidos do IDE; noutros estes sectores não receberam virtualmente nenhum investimento. Gráfico 3.1 Bolívia: Parcela das Transacções Interiores Brutas de IDE por Sector (2005-8, %) 100% 60% 40% 20% 0% 2005 2006 2008 100% Outros Comércio por grosso e a retalho Bens Imobiliários Hotelaria Finanças Construção 80% 60% 40% 20% 0% 2003 2004 2007 2008 Gráfico 3.3 Gana: Stock IEDE por Sector (2006-7) 100% Finanças Mineiro Transportes etc Comércio por grosso etc Manufactura Construção Outros 80% 60% 40% 20% 0% 2006 36 2007 Gráfico 3.2 Gâmbia: Stock IDE por Sector (2003, 4, 7, 8 USDm) • • Outros Transportes etc Manufactura Mineiro Hidrocarbo netos 80% CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 2007 Gráfico 3.4 Malawi: Parcela do Stock IDE por Sector (2001-4, %) Gráfico 3.8 Zâmbia: Parcela Sectorial do Stock IDE (2006-7, %) 100% 100% Outros Transportes etc Agricultura Comércio por grosso e a retalho Finanças Manufactura 80% 60% 40% 20% Outros Transportes etc Manufactura Agricultura Comércio por grosso e a retalho Bens imobiliários Hotelaria Finanças Construção Mineiro 80% 60% 40% 20% 0% 0% 2001 2002 2003 2006 2004 Gráfico 3.5 Nicarágua: Stock IDE por Sector (Excl. Zona Livre, 2005, USDm) 93 Indústria Comércio e Serviços Energia Outros 79 424 122 Gráfico 3.6 Tanzânia: Composição do Stock do IDE por Sector (2003-6, USDm) 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 2007 Equidade do Portfolio e Dívida Dada a sua escala muito pequena e dado o facto de na maior parte dos países ser limitada a algumas empresas, as desagregações sectoriais para a equidade do portfolio são difíceis de analisar. Nos países onde havia bolsas de valores, a equidade do portfolio correspondeu num grau considerável à composição sectorial das empresas cotadas na bolsa (tal como na Zâmbia, onde foi de 90% no sector mineiro, sendo a maior parte do resto na manufactura; no Gana, onde foi dominada pelo sector mineiro; ou no Malawi e no Uganda, onde incidiu na manufactura e nas finanças). Noutras partes tendeu a ser mais volátil, reflectindo tendências em sectores dinâmicos, e portanto concentrado no turismo e nas finanças na Gâmbia. Gráfico 3.9 Malawi: Stock da Equidade do Portfolio Estrangeiro por Sector (2001-4, %) 100% Comunitário Agricultura Construção Utilities Transportes etc Finanças & bens imobiliários Manufactura Comércio por grosso e a retalho Mineiro 2003 2004 2005 Comércio por grosso e a retalho Finanças Manufactura 80% 60% 40% 20% 0% 2006 2001 2002 2003 2004 Gráfico 3.7 Uganda: Stock IEDE por Sector (2003-7, USDm) 1200 Mineiro Agricultura Comunitário Outros Electricidade Construção Transportes etc Comércio por grosso e a retalho Manufactura Finanças 1000 800 600 400 200 0 -200 2003 2004 2005 2006p 2007p CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 37 Gráfico 3.10 Gana: Stock IEDE por Sector (2007, %) • Houve oportunidades altamente lucrativas para serem 100% Outros Transportes etc Mineiro 80% 60% 40% 20% • 0% 2006 2007 Gráfico 3.11 Uganda: Stock da Dívida Estrangeira por Sector (2003-7, 100% Outros Comunitário Finanças Transportes etc Comércio por grosso e a retalho Construção Electricidade Manufactura Mineiro Agricultura 80% 60% 40% 20% 0% -20% 2003 2004 2005 • • 2006p 2007p Gráfico 3.12 Zâmbia: Stock da Equidade do Portolio por Sector (2006-7, %) 100% Outros Bens imobiliários Comércio por grosso e a retalho Manufactura Mineiro 80% 60% 40% • 20% 0% 2006 2007 Rentabilidade do Capital Próprio Os países analisaram os lucros que as empresas estão a fazer em investimentos de equidade. • De um modo geral, os sectores mais lucrativos são a construção, as finanças e o comércio, com níveis médios de lucros superiores a 20%. A agricultura, o sector mineiro, o turismo e os bens imobiliários também ultrapassam 20% em anos de maior actividade, e a manufactura 15%, mas são mais voláteis. 38 • aproveitadas em todos os países. As taxas de lucro médias na economia variaram entre 21% (Malawi e Zâmbia) e apenas 1% na Nicarágua. Na Gâmbia, o comércio e as finanças substituíram os bens imobiliários como os mais lucrativos. Todos os sectores (especialmente a agricultura e as finanças) foram lucrativos no Malawi; a indústria, o comércio, a construção e as pescas na Nicarágua; e a construção, os transportes, as finanças e o comércio na Zâmbia. Um factor muito importante que distorce os níveis de lucro é o estado de adiantamento dos grandes projectos individuais. Grandes hotéis novos na Gâmbia e na Tanzânia, fábricas no Malawi e na Zâmbia, e projectos de habitação na Zâmbia, por vezes reduziram acentuadamente as taxas de rendibilidade sectorial e a futura análise poderia excluir projectos que se encontram na sua fase de “arranque” para dar uma imagem mais exacta dos lucros sectoriais. Outros factores que reduzem a rendibilidade incluíram: concorrência crescente nos sectores com o decorrer do tempo (por exemplo no sector bancário na Gâmbia); custos mais elevados das alfaias agrícolas e seca na agricultura, e produção reduzida no sector mineiro e na manufactura devido a escassez de energia. Não existe uma correlação necessária entre o nível de rendibilidade de um sector e o montante de IDE que este recebe. A manufactura recebeu a maior parte do IDE quer no Malawi quer na Nicarágua, mas foi muito menos lucrativa que outros sectores no Malawi. Na Nicarágua houve um desinvestimento líquido das pescas devido a pouco acesso a crédito nacional e a mudanças legais, apesar de taxas de lucro muito elevadas. A crise financeira e económica mundial está a assolar quase todos os sectores. Os citados particularmente em relatórios e entrevistas recentes com investidores são os bens imobiliários na Gâmbia (menos estrangeiros a comprar casas novas, queda dos preços de propriedades e terras, e menos visitantes, o que dificultou as receitas provenientes das rendas); as finanças na Gâmbia; o turismo na Gâmbia, Nicarágua, Tanzânia e Zâmbia; o sector mineiro na Tanzânia e Zâmbia; a agricultura na Nicarágua e Tanzânia; e a construção na Zâmbia. Para mitigar a crise, vários governos recorreram a medidas para estimular sectores-chave, especialmente o Governo zambiano que introduziu uma série de incentivos orçamentais em 2009 para reduzir os custos de exploração das empresas mineiras. Contudo, todos os países têm alguns sectores com bom desempenho apesar da crise, em grande medida por estarem dependentes da procura nacional e regional ou serem dominados por produtos de exportação cujos preços globais não caíram. Estes incluem o comércio na Gâmbia, o sector mineiro no Gana, e os transportes e as telecomunicações na Zâmbia. CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES DONDE E PARA ONDE? FONTES E DESTINOS DOS FLUXOS Gráfico 3.13 Gâmbia: Rentabilidade do Capital Próprio (ROE) por Sector (2004 vs 2008, %) 50% 40% Finanças Hotelaria Bens Imobiliários Comércio por grosso e a retalho Outros 30% 20% 10% 0% -10% -20% 2004 30% 10% Manufactura Finanças Comércio por grosso e a retalho Agricultura Transportes etc Outros 0% Gráfico 3.15 Nicarágua: Rentabilidade do IDE por Sector (Excl. Zona Livre, 2005, %) 20 10 0 -10 -20 -30 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 Mineiro Construção Finanças Hotelaria Bens Imobiliários Comércio por grosso e a retalho Agricultura Manufactura Transportes etc Outros 1 2008 Gráfico 3.14 Malawi: Rentabilidade do Capital Próprio por Sector (2004, %) 20% Gráfico 3.16 Zâmbia: Rentabilidade do Capital Próprio por Sector (2007, %) Comércio e Serviços Construção Energia Indústria Mineiro Pescas Agricutura Endividamento junto de Não-Filiadas O endividamento junto de não-filiadas mostrou um padrão sectorial bastante diferente do IDE e dos fluxos de portfolio. Aumentou juntamente com o crescimento (boom) do IDE em 2007, mostrando que as empresas previam que as taxas de rendibilidade de investimentos mais elevados prevaleceriam sobre os riscos dos choques da taxa de juro. De um modo geral, a parcela mais elevada de empréstimos foi para o sector mineiro (Gana, Tanzânia, Uganda e Zâmbia), o sector financeiro (Gâmbia) e a manufactura (Malawi, Tanzânia). O comércio também foi proeminente na Gâmbia, na Tanzânia e no Malawi, os serviços públicos na Tanzânia, e as telecomunicações na Zâmbia. Contudo, os quadros para empréstimos de longo prazo e créditos a fornecedores foram bastante diferentes (nos casos em que esta desagregação estava disponível). Os empréstimos de longo prazo foram principalmente para o turismo na Gâmbia, o sector mineiro no Gana e na Tanzânia, no Uganda e na Zâmbia, e para as telecomunicações na Zâmbia. Os créditos a fornecedores foram para o sector financeiro, o turismo, a agricultura e o comércio na Gâmbia; e para a manufactura, o comércio e os transportes no Malawi. As tendências sectoriais foram principalmente influenciadas para empréstimos de longo prazo pela subida e pela queda de empréstimos para investimentos em projectos (especialmente grandes projectos do sector mineiro no Gana e na Tanzânia), e para créditos a fornecedores por tendências globais nos preços das exportações e importações. CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 39 Gráfico 3.17 Gâmbia: Stock da Dívida junto de Não-Filiadas por Sector (2003,4,7,8, USDm) 16 Gráfico 3.20 Malawi: Stock do Crédito a Fornecedores de Não-Filiadas (2001-4, USDm) 100% 14 Outros Finanças 12 10 Outros Agricultura etc Finanças Transportes etc Comércio por grosso e a retalho Manufactura 80% 60% 8 40% 6 4 20% 2 0 0% 2003 2004 2007 2001 2008 Gráfico 3.18 Gana: Total Stock da Dívida por Sector (2007, USDm) 2003 2004 Gráfico 3.21 Tanzânia: Stock de Financiamento de Não-Filiadas por Sector (2003-6, USDm) 900 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Outros Transportes etc Manufactura Finanças Mineiro 800 Comunitário Agricultura etc Mineiro Transportes etc Construção Finanças Comércio por grosso e a retalho Utilities Manufactura 700 600 500 400 300 200 100 0 2006 2003 2007 Gráfico 3.19 Malawi: Stock dos Empréstimos de Não-Filiadas (2001-4, %) 2004 2005 2006P Gráfico 3.22 Zâmbia: Stock da Dívida junto de Não-Filiadas por Sector (2006-7, %) 100% 100% Outros Comércio por grosso e a retalho Agricultura etc Transportes etc Manufactura Finanças 80% 60% 40% 20% Outros Agricultura etc Comércio por grosso e a retalho Manufactura Mineiro Bens Imobiliários Transportes e armazenamento Finanças Telecomunicações 80% 60% 40% 20% 0% 0% 2001 40 2002 2002 2003 2004 2006 CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 2007 DONDE E PARA ONDE? FONTES E DESTINOS DOS FLUXOS 3.2 COMPOSIÇÃO POR PAÍS DE ORIGEM O nosso estudo anterior (Bhinda et al) constatou que, contrariamente a percepções anteriores que a maior parte do investimento era proveniente de fontes OCDE, os países encontraram parcelas significativas de IDE e financiamento provenientes de fontes não-OCDE. Esta tendência acelerou na última década. Como consequência, as parcelas de países não-OCDE no stock total de IDE variam de 30% no Malawi para um nível tão elevado como 60% na Gâmbia. Todos os países registaram um aumento considerável da percentagem dos seus capitais privados estrangeiros provenientes de países não-OCDE, embora isto tenha abrandado em alguns países em meados da década (ex: Tanzânia). Grande parte do foco na bibliografia internacional tem sido no aumento do investimento chinês e indiano, mas quatro outras tendências fortes são evidentes dos nossos dados (e indicadas nos gráficos dos países abaixo): • O investimento intra-regional rapidamente crescente • • • em África e na América Latina. Em África, a África do Sul domina (especialmente na África Oriental e Austral), mas também há fluxos significativos provenientes de Gana, Quénia, Maurícias, Nigéria, Senegal e Togo. Na América Latina, a Argentina, o Brasil e a Venezuela estão a investir de forma significativa na Bolívia, e El Salvador, a Guatemala, o México e a Venezuela na Nicarágua. Alguns países também estão a conseguir atrair fluxos não-regionais para além dos provenientes da China e da Índia, especialmente a Gâmbia (que conseguiu uma percentagem de 45% de investidores do Médio Oriente e do Norte de África) e a Nicarágua (18% de países asiáticos - Singapura, Coreia do Sul, Taiwan), mas também por exemplo, o Malawi da Malásia, e a Tanzânia e a Zâmbia da Arábia Saudita. Muitos países continuam a registar montantes significativos canalizados através de paraísos fiscais tais como as Bermudas, as Ilhas Virgens Britânicas, as Ilhas Cayman, o Luxemburgo e o Panamá. Isto reflecte o registo da OCDE e números crescentes de investidores não-OCDE, assim como empresas que são propriedade de residentes do país anfitrião nestas jurisdições para a) evitarem o escrutínio fiscal ou taxas de impostos mais elevadas cobradas pelas suas próprias autoridades nacionais ou b) (para residentes) para beneficiarem de incentivos de investimento que só estão disponíveis a “não-residentes”. Também houve uma diversificação crescente dos países de origem do investimento OCDE, afastando de relações ex-coloniais, tendo países tais como a Austrália, o Canadá e a Suíça aumentado o seu envolvimento no sector mineiro na Zâmbia, o Canadá também na Nicarágua, e a França no Gana. Gráfico 3.23 Gâmbia: Stock IDE por Região de Origem (%) 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% EUA Europa Outras não-OCDE SSA MENA 2003 2004 2007 2008 Gráfico 3.24 Gana: Fonte de Fluxos de Equidade Directos (2006-7, %) 2007 2006 0 20 40 Maurícias EUA Espanha 60 Reino Unido Togo Nigéria 80 100 Ilhas Virgens Brit. Israel Suíça 120 França Noruega Gráfico 3.25 Nicarágua: Composição dos Fluxos de IDE por País de Origem (2005, USDm) 10 2 11 Canadá Guatemala Espanha EUA Singapura México El Salvador Taiwan Coreia do Sul Outros 33 4 4 4 15 35 21 Gráfico 3.26 Malawi: Fonte de Stock IDE (2001-4, %) 100% Outros Dinamarca Países Baixos Malásia Maurícias Irlanda África do Sul Reino Unido EUA 80% 60% 40% 20% 0% 2001 2002 2003 2004 CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 41 Gráfico 3.27 Tanzânia: Fonte de Stock IDE (2003-6, %) 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Outros China Ilhas Virgens Brit. Suíça Quénia Maurícias Países Baixos EUA Reino Unido Canadá África do Sul 2003 2004 2005 2006p Gráfico 3.30 Malawi: Stock de Empréstimos de Não-Filiadas por País de Origem (2001-4, USDm) 12 10 Outros Alemanha BEI BAD 8 6 4 2 0 2001 Gráfico 3.28 Zâmbia: Fonte de Stock IDE (2006-7, USDm & %) 2007 1,166.00 1,338.30 2006 873.6 1,196.10 923.9 820.4 774.2 746 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% Austrália Índia Suíça Bermuda Canadá China Países Baixos África do Sul Reino Unido Arábia Saudita Irlanda França EUA Outros Outros tipos de investimento não são necessariamente provenientes dos mesmos países. Por exemplo, o Malawi recebe a maior parte do seu IDE dos EUA, do Reino Unido e da África do Sul. Entre os seus fluxos da dívida não relacionados, conforme os gráficos abaixo indicam, os créditos a fornecedores correspondem ao padrão de IDE (África do Sul, EUA, Países Baixos e Reino Unido), mas os empréstimos vieram primariamente de organizações multilaterais (Banco Africano de Desenvolvimento, Banco Europeu de Investimento). Gráfico 3.29 Malawi: Stock de Crédito a Fornecedores de Não-Filiadas por País de Origem (2001-4, USDm) 40 35 Outros Reino Unido Países Baixos EUA África do Sul 30 25 20 15 10 5 0 2001 42 2002 2003 2004 2002 2003 2004 Do mesmo modo, os países de origem dos fluxos da equidade do portfolio são muito diferentes, dependendo das empresas com acções minoritárias ou que são transaccionadas nos mercados de acções locais, assim como de quais os residentes dos países de origem que têm conhecimentos dos mercados locais do portfolio da dívida. Assim, a equidade do portfolio do Malawi proveio principalmente de residentes dinamarqueses, ao passo que a da Zâmbia tinha detentores australianos (92%) e empresas da África do Sul com filiais na Zâmbia (6%). Residentes do Reino Unido, do Quénia e do Bahrein eram detentores do portfolio de títulos da dívida da Zâmbia. Residentes panamenses eram detentores de dois terços do stock do portfolio de investimento da Nicarágua, os EUA detentores de um terço e as Ilhas Cayman detentoras de 1%. Esta variação em alguns países de origem implica que os países precisam de analisar cautelosamente as fontes de todos os diferentes tipos de fluxos de capitais privados (assim como a relação entre os países de origem e os sectores, que é discutida na Caixa 1), para avaliar com mais exactidão como precisam de diversificar as fontes, assim como os potenciais riscos de declínios económicos ou mudanças noutros factores “push” de diferentes países investidores. Esta mudança na composição dos países de origem também tem algumas grandes implicações para a sustentabilidade dos fluxos e para as políticas de promoção do investimento: • Alguns países têm mais necessidade de diversificar as fontes que outros. Enquanto mais de 75% dos CPE do Gana, do Malawi e da Nicarágua são provenientes de 3-4 países, sendo portanto em princípio mais vulneráveis a declínios em países de origem individuais, outros têm um portfolio de investidores mais diversificado. Contudo, os países não podem pressupor que as fontes de investimento continuarão a diversificar-se – a Tanzânia e a Zâmbia têm registado um aumento da concentração (apesar de incluírem alguns países novos) nos últimos anos. CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES DONDE E PARA ONDE? FONTES E DESTINOS DOS FLUXOS • Embora não houvesse nenhuma grande diferença na composição do IDE proveniente de diferentes países (os padrões de composição eram muito mais determinados pelo sector do investimento), os investidores tenderam a financiar uma percentagem consideravelmente mais alta do seu investimento com dívida não-filiada. Por outro lado, os investidores do Médio Oriente e da Índia usaram frequentemente pouco ou nenhum financiamento da dívida. Isto implicou maior vulnerabilidade da dívida para países dependentes de investidores OCDE, assim como potencialmente maior concentração do endividamento em alguns mercados de origem (tornando os países mais vulneráveis a “restrições de crédito” nesses mercados). Os dois gráficos da Zâmbia abaixo mostram uma concentração muito maior de fontes da dívida que o gráfico de IDE 3.28 acima, em particular com quase 80% do crédito comercial proveniente da Suíça (comparar também o IDE e a dívida do Malawi nos gráficos 3.26, 3.29 e 3.30 na página 42). CAIXA 1 – DIFERENTES PAÍSES INVESTEM EM DIFERENTES SECTORES? Chart 3.33 Gâmbia: Distribuição Sectorial do Stock IDE – Países Seleccionados (2008) EUA Chart 3.34 Tanzânia: Distribuição Sectorial do Stock IDE – Países Seleccionados (2006) Quénia Reino Unido EUA Países Baixos Senegal Reino Unido Nigéria Líbia África do Sul Líbano Canadá Kuwait 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% Agricultura Construção Finanças Hotelaria Manufactura Bens imobiliários Transportes Comércio por grosso Alguns países também analisaram as ligações entre o país de origem e o sector de actividade económica em que cada país está a investir. Isto está a dar informações de grande valor para agências de promoção do investimento que procuram diversificar os sectores bem como os países de origem para ajudar a identificar futuras prioridades de promoção. Também está a permitir às associações e empresas do sector privado seleccionar oportunidades para joint ventures. Na Gâmbia, vários países têm estado a investir em muitos sectores, mas a maioria em apenas um ou dois. O IDE do Reino Unido e dos EUA é muito assimétrico no sentido dos bens imobiliários (embora o seu financiamento da dívida vá para os sectores financeiro e hoteleiro). O IDE senegalês e holandês é o mais multi-sectorial, ao passo que o IDE nigeriano vai em grande medida para as finanças (bancos), o da Líbia para a hotelaria, o do Líbano para os transportes e o do Kuwait para a construção e a hotelaria. De um modo geral, os investidores não-OCDE parecem focar menos nos bens imobiliários e mais noutros sectores. 0% Mineiro Manufactura Transportes etc. 20% 40% 60% Comércio por grosso e a retalho Finanças Serviços de utilidade pública 80% 100% Agricultura Construção Comunidade Por contraste, os países de origem da Tanzânia não mostram um padrão claro de comportamento diferente entre investidores OCDE e não-OCDE. O Canadá e a África do Sul focaram muito no sector mineiro. O IDE do Reino Unido, dos EUA e do Quénia era muito mais diverso mas parecia favorecer a manufactura, o comércio por grosso e a retalho, e as finanças, respectivamente. De um modo geral, os investidores de alguns países tendem a investir em muitos sectores (ex: Quénia, Países Baixos, Senegal, África do Sul, Reino Unido, EUA), enquanto outros são mais limitados (ex: Austrália e Canadá em grande medida no sector mineiro, a Nigéria no sector financeiro). Porém, é difícil generalizar pelos países. Embora os investimentos da China, índia e África do Sul tenham aumentado consideravelmente, os seus comportamentos variam – em alguns países concentram-se em grande medida em sectores de recursos, mas noutros os seus investimentos são muito mais amplos (na manufactura, no comércio e nas finanças assim como na agricultura). Isto indica uma margem para os países aprenderem muito mais uns com os outros sobre “melhores práticas” para incentivarem os países de origem a diversificarem os seus investimentos pelos sectores. CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 43 Gráfico 3.31 Zâmbia: Stock de Crédito a Fornecedores de NãoFiliadas por País de Origem (2006-7, USDm e %) 2007 487 2006 462.3 0% 20% 69.4 73.3 40% 60% Suíça Reino Unido 80% CAIXA 2 – DISTRIBUIÇÃO REGIONAL DO INVESTIMENTO Gráfico 3.35 Malawi: Stock IDE por Região Receptora (2001-4, %) 64.3 68.2 100% África do Sul Outros Gráfico 3.32 Zâmbia: Stock de Empréstimos de Não-Filiadas por País de Origem (2006-7, USDm e %) 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Norte Central Sul 2001 2007 522.9 2006 305 0% 403.7 377.7 356.3 20% 122 40% Canadá Suíça Reino Unido Países Baixos 229 60% Austrália África do Sul China Luxemburgo 153.1 80% 100% Alemanha Outros 3.3 IDE POR REGIÃO RECEPTORA A maior parte dos países participantes no PFC CPE constatou que o IDE se concentrava num, ou à volta de um, único centro – normalmente a cidade capital e sua região circunjacente. Isto reflectia a melhor qualidade de infraestruturas, acesso a transportes (portos, aeroportos, caminhos-de-ferro) e a concentração do mercado comercial nacional na cidade. Uma distribuição regional do investimento mais generalizada era em grande medida determinada pela localização de grandes recursos mineiros e petrolíferos (ex: Bolívia, Tanzânia, Zâmbia), ou de outros recursos naturais tais como a vida selvagem para o turismo (Gâmbia, Tanzânia). Em alguns países, a segunda cidade era o principal centro comercial (Blantyreno no Malawi, Douala nos Camarões), fornecendo assim um centro para investidores. Mesmo em países com grande concentração numa região, grandes investidores individuais no sector mineiro (ex: no Gana, na Nicarágua) tendiam a atrair as suas próprias infra-estruturas para regiões menos dotadas de recursos. Na medida em que o IDE gera emprego, infra-estruturas e outros serviços, a sua inexistência nas regiões mais pobres dos países constitui um grande obstáculo à superação da desigualdade de recursos e um incentivo a uma maior migração para centros urbanos. À falta de políticas compensatórias, complica a execução das estratégias nacionais de desenvolvimento ou redução da pobreza de muitos países, que visam reduzir a desigualdade de recursos regionais. A Caixa 2 seguinte discute os casos do Malawi e da Tanzânia. 44 2002 2003 2004 237 226.3 O IDE do Malawi concentrava-se muito na região do sul, em particular em e à volta de Blantyre, que é o centro comercial do país, com infra-estruturas essenciais relativamente favoráveis. A região mais pobre do norte continuou a receber muito pouco investimento, apesar de esforços envidados pelo Governo para atrair investimento para essa região, complicando os esforços do Governo para reduzir a desigualdade de recursos entre as regiões. Gráfico 3.36 Tanzânia: Stock IDE por Região Receptora (2003-6, %) 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Outras Morogoro Arusha Zanzibar Shinyanga Mwanza Dar es Salaam 2003 2004 2005 2006p Na Tanzânia, quase metade do IDE estava na cidade capital, Dar es Salaam, reflectindo melhores infraestruturas, proximidade do porto e sua predominância como o centro comercial nacional. Mais 30% foram para Mwanza e Shinyanga, por causa das minas de ouro e diamante, e das pescas e do processamento de peixe no Lago Victoria. As regiões tanzanianas dotadas de menos recursos naturais, infra-estruturas e serviços públicos registaram um IDE insignificante. A Tanzânia está a desenvolver grandes esforços para melhorar a atracção das regiões mais pobres, através do desenvolvimento de infra-estruturas e de fóruns de investidores regionais. CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 4 OS SECTORES DINÂMICOS E A RECESSÃO MUNDIAL: ESTUDOS DE CASOS DE PAÍSES OS SECTORES DINÂMICOS E A RECESSÃO MUNDIAL: ESTUDOS DE CASOS DE PAÍSES Este capítulo assenta na análise da primeira secção do Capítulo 3, examinando vários estudos de casos de “sectores dinâmicos” que estão a atrair capitais privados estrangeiros. Examina por ordem o sector mineiro na Tanzânia, a manufactura na Zona Livre da Nicarágua, o sector imobiliário e o turismo na Gâmbia, e as telecomunicações no Uganda. Para cada sector, descreve e explica o seu dinamismo e analisa problemas em cada sector assim como ameaças (algumas da recessão mundial) ao seu futuro crescimento. 4.1 SECTOR MINEIRO NA TANZÂNIA 8 O sector mineiro é sector com o crescimento mais rápido da Tanzânia, tendo o crescimento atingido uma média de 14% em 2004-08, duas vezes a taxa geral de crescimento do PIB. A Tanzânia é o terceiro maior produtor de ouro de África após a África do Sul e o Gana, encontra-se entre o topo dos produtores de diamantes do mundo, assim como extrai grandes montantes de outras gemas. No entanto, visto que o sector mineiro arrancou de uma base baixa, só contribuiu 3.5% para o PIB em 2007. Conforme a Gráfico 4.1 indica, este crescimento tem sido quase totalmente financiado por CPE, em grande parte IDE, na forma ou de equidade ou de endividamento junto de empresas filiadas. Durante 2002-06, uma média de 49% de todo o IDE para a Tanzânia foi para o sector mineiro (embora apenas 33% dos CPE se devessem aos grandes reembolsos da dívida). Como consequência, o sector mineiro subiu de 27% para 36% do stock total de IDE. Gráfico 4.1 Tanzânia: Contribuição do Sector Mineiro para o Stock CPE Outros (Outros Sectores) IDE (Outros Sectores) Outro (Mineiro) IDE (Mineiro) 80% 60% 40% Item 2002 2003 2004 2005 2006 Total 1,304 1,589 1,614 1,413 1,882 Stock de equidade 450 440 481 911 1,269 Stock da dívida 854 1,149 1133 502 613 junto de filiadas 332 683 755 408 610 junto de não-filiadas 522 466 378 94 3 Rácio Dívida/Equidade 1.9 2.6 2.4 0.6 0.5 Filiada/Não-Filiada 0.6 1.5 2.0 4.3 203.4 Fonte: Base de dados do Banco da Tanzânia, apreciações de gabinete da DFI O sector mineiro mostrou fortes lucros durante 2003-04, mas estes caíram para perdas modestas em 2005-06, conforme a Tabela 4.2 indica. Estas perdas reflectiram em grande medida custos elevados de investimento de arranque em novos projectos, compensados por projectos existentes altamente lucrativos. Tabela 4.2 Rentabilidade do Capital Próprio (2003-6, USDm) Lucro /Perda Líquidos 2002 2003 2004 2005 2006 28 70 62 -31 -9 Total da Equidade 450 440 481 911 1269 Rentabilidade do Capital Próprio 6% 16% 13% -3% -1% Fonte: Base de dados do Banco da Tanzânia, apreciações de gabinete da DFI 20% 0% 2002 2003 2004 2005 2006p Fonte: Base de dados do Banco da Tanzânia, apreciações de gabinete da DFI Conforme se constatou em estudos anteriores do PFC, o sector mineiro continua altamente exposto à dívida especialmente durante a expansão. Conforme a Tabela 4.1 e a Gráfico 4.1 indicam, o endividamento junto de empresas não-filiadas (“outros” CPE) teve uma subida vertiginosa durante 2002-04, para completar os recursos das próprias empresas e financiar grandes investimentos de capitais, As informações não-PFC são provenientes de: Business Monitor International (2009); The East African (2006) ; The Citizen (2009) ; FMI (2009c). 46 Tabela 4.1 Rácio Dívida/Equidade (USDm) Item 100% 8 mas caiu para quase zero até 2006, visto que estas dívidas foram reembolsadas. Como consequência, o rácio dívida/equidade do sector foi especialmente elevado durante 2002-04. Contudo, o rácio ainda é relativamente elevado porque a dívida junto de empresas filiadas (em grande parte para capital de exploração e uma componente do IDE) se mantém. Vem tipicamente com termos e condições extremamente flexíveis: pode ser rolada se for de curto prazo, ou revogada prematuramente se for de longo prazo, dependendo ou do fluxo de caixa da empresa ou das prioridades da empresa-mãe. As perspectivas de investimento são de um modo geral positivas, em grande parte porque os preços do ouro mantiveram o seu valor durante a crise económica. O Governo deseja ver um aumento da contribuição deste sector para 10% do PIB até 2025. Também se identificaram jazigos significativos de urânio, que se prevê que atraiam mais entradas de capitais. No lado negativo, os benefícios para a Tanzânia foram limitados, sendo necessário tomar mais medidas para mobilizar recursos para a redução da pobreza e o desenvolvimento. O sector é dominado por alguns investidores estrangeiros porque só eles podem mobilizar o capital necessário para projectos de grande escala. Pela mesma razão de escala, o financiamento é em grande medida externo porque os bancos e as instituições financeiras CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES Para mobilizar mais receitas, o Governo decidiu apresentar uma Lei de Minas emendada em Outubro de 2009, propondo: uma comparticipação de 10-15% por parte do Governo nas empresas mineiras que considera “estratégicas” (ex: ouro) (Reuters 2009); um aumento de 3% a 5% dos direitos de exploração de metais; acabar com a redução dos impostos sobre importações de combustíveis para as minas de ouro; um aumento de 5% a 7% dos direitos de exploração de diamantes e gemas em bruto e de zero a 3% em pedras lapidadas e polidas; uma cobrança de um imposto sobre os combustíveis e uso das receitas para a construção de estradas; calcular os direitos de exploração com base no valor bruto; e estabelecer uma Autoridade de Minerais para supervisionar todas as actividades. A medida é popular, dada a percepção de que as empresas mineiras na Tanzânia têm estado a pagar por defeito, e as Organizações da Sociedade Civil estão a fazer lobby para canalizar os recursos para enfrentar a pobreza. Contudo, as empresas mineiras têm estado a fazer muito lobby para moderar a legislação, argumentando que causaria dano a um sector crescente, especialmente durante a actual recessão mundial. (Mines and Communities 2009 e Sunday Observer 2009). 4.2 MANUFACTURA NAS ZONAS LIVRES DA NICARÁGUA A indústria transformadora, que opera na Nicarágua desde 1992 ao abrigo do regime especial da Zona Livre com estatuto comercial preferencial, tornou-se uma das actividades mais dinâmicas da economia. Cresceu rapidamente de 1 parque industrial para 25 em 2005 contendo 88 empresas. Na década de 1990, o investimento das ZL subiu numa média de 40% por ano, atingindo USD 16 milhões em 1999. Contudo, em 2000-05, atingiu uma média de USD36 milhões, por um lado devido a uma subida dos custos em países próximos concorrentes, tais como a Guatemala e El Salvador. Este crescimento resistiu à liberalização dos mercados mundiais de têxteis em 2005 porque o custo dos transportes para mercados dos EUA compensou os custos de produção mais baixos na China. Além disso, a Nicarágua beneficiou de níveis mais altos de segurança que os seus vizinhos e do alargamento das condições da Zona Livre às agro-indústrias, aos serviços e às cadeias de abastecimento. Gráfico 4.2 Zona Livre da Nicarágua 1000 100 800 80 600 60 400 40 200 20 Número Para além dos salários e ordenados as receitas para a Tanzânia também são mínimas. A Lei de Minas (1998) fixa taxas variáveis (dependendo da fase de adiantamento de um projecto) para a preparação e renovação de licenças a um máximo de US$600 e um arrendamento de terras num máximo de US$1500 por km2. Esta é a rentabilidade mínima para a Tanzânia. Além disso, as empresas mineiras são isentas de direitos de importação e IVA sobre equipamento e materiais essenciais até ao fim do primeiro ano de produção, após o qual os direitos são limitados a 5%. Até ao fim de 2008, só uma empresa, a AngloGold Ashanti, tinha pago imposto sobre o rendimento das sociedades, 10 anos após o início da extracção industrial. Estas isenções fiscais custaram à Tanzânia pelo menos 181 mil milhões de xelins (USD140m) em 2005-08. O sector dos têxteis e do vestuário foi o maior sector em termos de exportações, empregos e valor acrescentado, e atraiu USD 64 milhões de novo investimento em 2005. As actividades focaram principalmente linhas de montagem para exportação para o mercado dos EUA. USDm tanzanianos não têm o capital. Como consequência, há um mínimo de investimento local ou parceira de joint venture, limitando eventuais perspectivas de transferência de tecnologias ou desenvolvimento de competências. 0 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Empresas Investimento Importações Valor acrescentado das exportações Exportações Fonte: BCN, DGA, CNZF Estes investimentos são principalmente provenientes dos Estados Unidos (38%), do Canadá (19%), de Taiwan (14%), da Coreia (13%), de Espanha (10%) e de El Salvador (5%). Contudo, quase todos os investimentos dos EUA vieram nos primeiros anos, tendo os investimentos mais recentes vindo de Taiwan e da Coreia do Sul. As exportações de têxteis das Zonas Livres serão também um dos poucos sectores que terão beneficiado do tratado CAFTA porque a Nicarágua foi o único país a que foi concedido livre comércio em têxteis e vestuário durante 10 anos até 100 milhões de metros quadrados. O investimento da Zona Livre continuará também a subir desde que a Nicarágua mantenha condições tais como: 1) acordos OMT; 2) acesso a mercados dos EUA; 3) estabilidade política e social; 4) apoio governamental; 5) oferta de trabalho; e 5) custos de produção competitivos. Em 2005, as Zonas Livres produziram exportações de USD 774 milhões, incluindo USD 222 milhões de valor acrescentado na Nicarágua, e geraram 74.908 empregos. CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 47 Embora este sector tenha sido muito dinâmico, estes desenvolvimentos realçam alguns ensinamentos de precaução para países que procuram incentivar este tipo de IDE: • O sector é vulnerável às decisões económicas inflexíveis • • das indústrias que não assumem compromissos e que vêem os direitos dos trabalhadores como um impedimento para fazer negócios. Esta vulnerabilidade poderá ser acentuada durante períodos economicamente agitados Mostra a celeridade com que o IDE poderá entrar ou sair em resposta a uma decisão de políticas (neste caso, o salário mínimo) Se as empresas estiverem muito orientadas para a linha de montagem em vez das outras fases do processo de produção, o nível do valor acrescentado e das transferências tecnológicas para o país é limitado e a capacidade para retirar rapidamente aumenta. Nestas circunstâncias, o valor acrescentado deste tipo de investimento é limitado ao satisfazer os objectivos de desenvolvimento a médio e longo prazo de um país. Talvez não seja surpreendente que os trabalhadores na Nicarágua tenham estabelecido a sua própria zona de livre comércio, cosendo vestuário em algodão orgânico e de comércio justo para exportação para os EUA e a Europa (Sustainable Design Update 2008). 48 4.3 BENS IMOBILIÁRIOS NA GÂMBIA O sector imobiliário tem sido um receptor dinâmico do IDE em muitos países, incluindo a Gâmbia em 2003-8. Grande parte dos fluxos de IDE registados durante 2004-8 foi proveniente de pessoas particulares residentes principalmente em países OCDE. Estes particulares estavam a comprar património imobiliário para usarem como segundos lares quando se reformassem ou como investimentos do tipo comprar para alugar. Sabe-se que o mercado inclui gambianos expatriados. Os investidores consideram o património imobiliário na Gâmbia um investimento sólido, prevendo futuras receitas provenientes de rendas ou de venda muito mais elevadas. O gráfico abaixo mostra como os preços das casas mudaram até ao dia de hoje, comparados face às taxas de depósitos gambianas e à inflação anual média nos principais lugares de compra. Os preços das casas reflectem o património imobiliário seleccionado de qualidade superior destinado quer a gambianos quer a estrangeiros (bem localizado com vista para o mar, estradas completamente pavimentadas, garantia de abastecimento de água e electricidade 24 horas/ dia e arquitectura paisagística e jardins prontos e mantidos), não devendo portanto ser tomados como indicativos do mercado mais amplo. Gráfico 4.3 Gâmbia: Preços das Casas e Taxas de Depósitos e Taxas de Inflação em Regiões de Clientes 30 25 20 Por cento A Zona Livre da Nicarágua (e outras partes) está a ser atacada por organizações da sociedade civil pelo seu impacto negativo observado no desenvolvimento das mulheres e na redução da pobreza (Working Capital for Community Needs 2002), pela supressão de sindicatos e pelas violações dos direitos dos trabalhadores (Hartford Web Publishing World History Archives). Num esforço para melhorar os termos e as condições dos trabalhadores, o Governo aumentou o salário mínimo em 33% em 2007. Durante 2007-8, isto levou à decisão de deslocalizar 13 fábricas com apropriação predominantemente taiwanesa para a China ou o Vietname, onde a mão-de-obra era mais barata (Nicaragua Network 2008). (Ironicamente, várias empresas tinham sido inicialmente deslocalizadas da Costa Rica para Manágua para tirar partido da mão-de-obra barata!) Caribbean Update 1996). Isto contribuiu para uma redução no emprego na Zona de 88.629 em Janeiro de 2008 para 73.224 perto do fim do ano (US Department of State 2009). O Governo está actualmente sob pressão para assegurar que outras empresas não procedem da mesma maneira (Nicaragua Network 2009). 15 10 5 0 -5 2004 2005 2006 Preços das casas Inflação na Gâmbia Depósitos na Gâmbia 2007 2008 2009 Inflação no Reino Unido Inflação nos EUA Inflação na Zona Euro Obviamente, os preços deste património imobiliário seleccionado têm tido um desempenho muito forte e muito acima das taxas de inflação nos principais países de compra. Como se estima que 62% das casas são alugadas a inquilinos, isto implicaria (para além das receitas provenientes das rendas) uma rentabilidade muito favorável do investimento. No entanto, é muito interessante notar que (à excepção de 2007) se pode traçar uma comparação estreita da tendência dos preços das casas com a rentabilidade que se teria obtido se apenas se tivesse depositado o dinheiro num banco gambiano. CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES OS SECTORES DINÂMICOS E A RECESSÃO MUNDIAL: ESTUDOS DE CASOS DE PAÍSES Isto conta com a ajuda de vários factores. • A Gâmbia é um destino de férias estabelecido servido por voos charter baratos. Tem • uma comunidade expatriada estabelecida que fornece informações a amigos e familiares na Gâmbia. • A lei de terras e propriedades assegura a apropriação. • Taxas e impostos sobre os serviços públicos são fixados a Gráfico 4.5 Gâmbia: Número de Imobiliários Apropriados por Estrangeiros (Por Origem do Dono) 1200 1000 800 nível local e central e controlados por empresas nacionais e órgãos governamentais. O Governo tem investido nas infra-estruturas e em instalações desportivas e para conferências. 600 Contudo, a natureza dinâmica do sector poderá estar a desaparecer gradualmente, pelo menos a curto prazo. O Gráfico 4.4 mostra que o ritmo dos fluxos de IDE tem vindo a cair durante o período. A queda vertiginosa em 2008 foi directamente atribuível à crise financeira mundial, que também reduziu a avaliação do stock existente de IDE. A subida vertiginosa inicial reflecte o facto de isto ter arrancado de uma base baixa (tendo o stock duplicado em apenas 3 anos até 2007). A inflação do preço do património imobiliário também poderá ter desempenhado um papel. 0 • Gráfico 4.4 Gâmbia: IDE Não-Incluído no Sector Imobiliário (USD) 25,000,000 20,000,000 15,000,000 10,000,000 5,000,000 0 2004 2005 2006 2007 2008 Fluxos Stock Outros (África) Outros (Europa) Alemanha EUA Reino Unido 400 200 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Fonte: Base de dados do CBG e apreciações de gabinete baseadas em material de entrevistas. A maior parte dos imobiliários foi construída por encomenda. Isto envolveu o desenvolvimento de vários distritos à volta cidade capital, com uma procura correspondente de melhorias nas infra-estruturas e nos serviços públicos. O gráfico também mostra que o mercado tem sido dominado pelo Reino Unido, seguido muito de longe pelos EUA e pela Alemanha. Os donos de património imobiliário africano são principalmente originários da Nigéria, do Senegal e da África do Sul. O gráfico abaixo apresenta a estimativa do “lucro” ou das receitas provenientes de rendas do património imobiliário. A maior parte destas receitas foi repatriada para o país de residência dos donos, não sendo reinvestida na Gâmbia. Os impactos no desenvolvimento do IDE não incluído no sector imobiliário afiguram-se mais indirectos que directos na forma de: uso de empresas e agências de construção locais, emprego de quadros dos serviços, desenvolvimento das infra-estruturas locais e uma comunidade expatriada crescente a gastar dinheiro na economia local. Gráfico 4.6 Gâmbia: Receitas Provenientes de Rendas Estimadas (US$ Milhares) Conforme se indica no Capítulo 3, a rentabilidade do capital próprio para este sector (com base numa estimativa das receitas provenientes de rendas) caiu substancialmente de quase 40% em 2004 para apenas 5% em 2008. Mais uma vez, isto pode ser atribuído ao impacto da crise. Também poderá ser parcialmente atribuível ao facto de a quantidade de património imobiliário ter aumentado dramaticamente em 2003-05. 1,000 800 600 400 200 0 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Fonte: Base de dados do CBG e apreciações de gabinete baseadas em material de entrevistas CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 49 O risco mais imediato para este sector seria consequentemente causado pela vulnerabilidade dos principais países de origem do investimento a recessões. Na realidade, os rendimentos já caíram como consequência da recessão mundial. Um dos principais promotores imobiliários da Gâmbia revelou a ocorrência de algumas “vendas devido a sobreendividamento” por pessoas que sofreram dos efeitos da depressão mundial e que seria necessário isolar isto através de estratégias de comercialização contínuas e “vibrantes e dinâmicas”, da selecção de novos mercados e da apresentação de novos planos de pagamento flexíveis. Consequentemente, dada a concentração da apropriação no Reino Unido, uma crise mais prolongada no Reino Unido assolaria este sector de forma muito negativa. Um desafio a mais longo prazo poderiam ser novas localizações preferidas para património imobiliário alugado. 4.4 ESTUDO DE CASO: TURISMO NA GÂMBIA O turismo tem sido um sector dinâmico em vários países participantes no PFC CPE – especialmente a Gâmbia, a Tanzânia e a Zâmbia. Contribui com 16% para o PIB da Gâmbia e é um grande empregador. O país constitui há muito tempo um destino popular, chegando a maioria dos visitantes em voos charter, e tem registado a construção de vários grandes novos hotéis nos últimos anos, provocando um aumento significativo de visitantes. Tabela 4.3 Chegada de turistas de voos charter à Gâmbia (2003-8) Ano 2003 Total 89,116 Alteração no ano anterior 13% 2004 2005 2006 2007 2008 90,098 107,904 124,800 142,626 134,569 1% 20% 16% 14% -6% Fonte: Banco Central da Gâmbia Grande parte deste desenvolvimento tem-se operado através do IDE. Entre 2004 e 2007, o IDE cresceu numa média de 86% por ano (o investimento de portfolio e de outra natureza manteve-se a um mínimo). Em 2003 e 2004, o IDE foi principalmente na forma de endividamento, sendo 2-3 vezes a quantidade da equidade. Contudo, em 2007 e 2008, o IDE foi totalmente na forma de equidade, implicando uma mudança radical na forma como as empresas financiaram as suas operações. Isto é de certo modo surpreendente, dado o crescimento rápido do sector e a necessidade de obter financiamento para este crescimento, e implica que os investidores estrangeiros tinham “bolsos fundos”. Contudo, o sector foi muito assolado pela crise financeira, tendo o stock de IDE estagnado em 2008 e o número de visitantes caído durante 2008-09. Com base numa despesa diária média de 500 dalasis (cerca de USD19) por visitante, isto está a surtir efeitos negativos significativos na economia local desde empresários individuais a grandes hotéis, assim como a reduzir novos desenvolvimentos propostos. A rendibilidade também foi afectada por uma combinação da queda do número de visitantes e do reembolso do financiamento para custos de desenvolvimento dos capitais de projectos, com uma rentabilidade negativa de 2% do capital próprio em 2008. A crise está a produzir desafios agudos durante a estação baixa de 6 meses em 2009. Um grande hotel internacional indicou numa entrevista que alguns operadores de excursões estão a desinvestir, 14 hotéis fecharam perante a estação e foram despedidos quadros. A prazo mais longo, o desenvolvimento da indústria turística faz parte integrante da Estratégia de Redução da Pobreza da Gâmbia, sendo necessário abordar os seguintes desafios (ODI 2009 e Gambia Investment Promotion and Free Zones Authority): • Diversificar a fontes de chegadas (87% são provenientes de apenas 4 países) • Aumentar os rendimentos e o emprego: o sector é Gráfico 4.7 Gâmbia: Stock CPE no Turismo (USDm) 80 • Outro Portfolio IDE 60 • • 40 20 0 2003 2004 2007 2008 Fonte: Base de Dados do Banco Central da Gâmbia 50 • dominado por alguns operadores europeus que organizam pacotes de excursões a baixo preço. A maior parte das receitas cabe ao operador, à linha aérea e ao hotel, e maioria dos quadros de gestão são expatriados. A contribuição para o desenvolvimento é portanto limitada a salários e emprego de quadros de hotel de nível não-gestão e a custos vivos de comidas e bebidas Abordar a sazonalidade visando o turismo durante todo o ano: 70% chegam durante o período de Novembro a Abril, o que implica o despedimento de grandes números de quadros durante a maior parte do ano Incentivar os principais operadores a reinvestir em vez de remeter os seus lucros Diversificar produtos para outras áreas para além das férias ao sol, no mar e na areia, melhorando a qualidade para seleccionar turistas de maior categoria e que gastem mais Desenvolver o acesso a transportes para o interior do país, abastecimento de energia e água corrente CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES OS SECTORES DINÂMICOS E A RECESSÃO MUNDIAL: ESTUDOS DE CASOS DE PAÍSES • Fortalecer as ligações entre o turismo e outros sectores produtivos: presentemente grande parte da comida é importada e há margem para ir buscar à horticultura, pesca e agricultura locais • Adaptar a comercialização em conformidade com os objectivos de desenvolvimento nacionais em vez de a deixar em grande parte a empresas internacionais. 4.5 INDÚSTRIA DE TELECOMUNICAÇÕES MÓVEIS DO UGANDA 9 A liberalização permitiu às telecomunicações do Uganda desenvolverem-se rapidamente. Cinco provedores cobrem o sector de telefones móveis (Zain que começou em 1995, MTN 1998, Uganda Telecom 2001, Warid in February 2008 e Orange Uganda em Março de 2009), e prevê-se que um sexto (Anupam) comece em breve. Apesar da concorrência, o mercado manteve-se bastante concentrado em fins de 2008, dominado por três operadores, MTN, Zain, e Uganda Telecom, embora Warid conseguisse rapidamente obter uma posição firme de 15%. Este sector está a crescer a 50-100% por ano. Em 1999, o Uganda tornou-se o primeiro país africano onde o número de assinantes móveis ultrapassou o número de utentes de linhas fixas e o rácio agora excede 40:1. O ritmo de crescimento durante 2008 não constituiu excepção, como a seguinte tabela mostra. Tabela 4.4 O sector das telecomunicações do Uganda durante 2008 Assinaturas móveis Linhas fixas Número de telefones públicos Teledensidade Mar -08 June -08 Set -08 Dez -08 5,704,506 6,140,822 7,460,011 8,554,864 166,552 160,768 167,011 168,481 34,177 37,595 52,515 56,918 20.6 21.3 25.8 29.5 Fonte: Uganda Communications Commission (2009) No entanto, uma penetração móvel relativamente baixa (só 37% em 2009) significa que há uma margem tremenda para que o crescimento continue, prevendo-se que a taxa de crescimento seja a segunda no continente logo a seguir aos Camarões, atingindo 71% em 2014 (Pyramid 2009). Reflectindo o potencial para o crescimento, o sector tem oportunidades altamente lucrativas. As telecomunicações móveis geraram USD 540 em receitas de serviço em 2008 e, apesar da crise financeira, prevê-se que cresçam para USD 630 milhões em 2009. As receitas de Zain aumentaram em 50% para USD 137m durante 2008. Contudo, reportou uma perda líquida de exploração depois do imposto quer em 9 Uganda Communications Commission (2009); Communication Pty Ltd (2009); Pyramid Research, Inc. (2009). 2007 (USD 12.6m) quer em 2008 (USD 22.4m), devido a uma forte pressão descendente nos preços da concorrência e a um investimento significativo na melhoria das suas infra-estruturas para reduzir a congestão e aumentar a capacidade. MTN Uganda também planeia investir USD 170m numa melhoria da rede face à concorrência crescente (Wireless Federation 2009) e a um mercado “volátil” devido à concorrência dos preços. E o novo concorrente Orange planeia investir cerca de USD 200m nos próximos três anos. Conforme a tabela abaixo indica, o sector é dominado pelo investimento estrangeiro (mesmo na Uganda Telecom, que se considera a si própria uma empresa ugandesa). Isto aumenta o risco de níveis elevados de repatriação de lucros, uma vez que os investimentos iniciais tenham sido concluídos. Tabela 4.5 Investidores estrangeiros nas telecomunicações do Uganda Operador Empresa-Mãe (comparticipação do Uganda) Residência MTN Uganda (MTN Annual Financial Statements 2008) MTN Group (95%) África do Sul Orange Uganda (The East African 2008) France Telecom (53%) França Uganda Telecom Taleography (2008) Lapgreen Networks ‘Profiles’; All Africa Media (2007) Lap Green Networks (69%) Libya Warid Telecom Uganda (Warid Telecoms) Warid Telecom International (100%) Abu Dhabi Zain Africa BV (100%) Países Baixos (Kuwait) Zain Uganda (Zain 2009) A tabela também faz alusão às formas cada vez mais complexas em que o investimento estrangeiro está a ter lugar em toda a região e para além desta. Zain é um exemplo a propósito: • Zain Uganda (Celtel Limited Uganda) é uma filial 100% apropriada por Zain Africa BV Netherlands • Zain Africa BV Netherlands é uma holding e empresa • financeira holandesa, 100% apropriada por Zain International BV, também registada nos Países Baixos Zain International BV é uma filial 100% apropriada pela empresa de telecomunicações móveis (Mobile Telecommunications Company KSC) (the “Ultimate Controlling Parent”, a empresa-mãe controladora absoluta), registada no Kuwait e cotada na Bolsa de Valores do Kuwait. Esta complexidade coloca dificuldades à monitorização e análise. Embora estas sejam publicamente cotadas, muitos dados são em forma consolidada, precisando de acompanhamento junto da empresa para informações sobre CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 51 o investimento no Uganda. Em termos do país de origem, também se levanta a questão se o investimento é proveniente dos Países Baixos (apenas uma empresa holding), ou do Kuwait (a sede onde se tomam as decisões económicas). O sector também se afigura bastante robusto face à recessão mundial, com base na quantidade de aquisições efectuadas durante 2008-9, embora haja o risco de redução de investimento. Um inquérito recente a empresas na Europa, no Médio Oriente e no Norte de África constatou que 60% dos inquiridos não prevêem grandes quedas na procura entre os clientes finais ou a possibilidade de guerras de preços. Contudo, o ambiente económico está a ter um grande impacto nos custos e o estrangulamento da liquidez das despesas de capital constitui uma ameaça ao crescimento sustentado. Isto poderá levar as empresas a reconsiderar ou a adiar investimentos maiores (Technology Marketing Corporation 2009). Para o mercado africano, estas atitudes reflectem-se na percepção da France Telecom que o crescimento em África se manterá elevado apesar da crise económica porque há procura (TradeInvest Africa 2008). infelizmente numa altura em que algumas empresas podem legitimamente reivindicar que têm lucros decrescentes (embora na maior parte dos casos ainda muito elevados). Isto torna a negociação entre o governo e os investidores não-residentes – especialmente se se podem ou não mudar as condições para os investidores existentes – difícil e longa. Os governos consideram muitas vezes a sua posição como sendo fraca – e o caso da Nicarágua mostra que as indústrias que não são dependentes de recursos naturais locais podem mudar-se rapidamente para outro sítio. Contudo, os sectores mineiro e de outros recursos naturais têm menos opções, especialmente dada a maior concorrência global de investidores face a recursos provenientes de fontes não-OCDE. A maioria dos países de baixa renda já não precisa de fornecer grandes incentivos para os capitais privados estrangeiros. Os governos terão de se manter firmes em relação às suas novas medidas, assim como contar com acordos com vizinhos regionais e o cumprimento da lei internacional, para poderem maximizar a futura contribuição dos sectores dinâmicos para o desenvolvimento. Se houver algum risco para o sector das telecomunicações, poderá ser de “saturação indefinida”. Os operadores móveis em alguns mercados africanos estão a começar a ter dúvidas quanto aos rendimentos que poderão obter e isto está a accionar esforços actuais de consolidação através de fusões e aquisições (Light Reading Communications Network 2009). 4.6 CONCLUSÕES Todos os sectores acima foram assolados pela actual recessão mundial em variados graus. As telecomunicações afiguram-se as menos afectadas, embora se vislumbre o risco do adiamento ou da anulação de investimentos de grande escala. O sector mineiro (não-ouro) foi assolado devido à queda dos preços das mercadorias. Uma redução da procura e a incerteza, especialmente nos principais mercados dos EUA e europeus, assolaram de forma muito negativa a manufactura, o turismo e o sector imobiliário. O impacto em alguns sectores (ex: mineiro e manufactura) tem sido exacerbado por medidas dos governos para reduzir incentivos nos casos em que sentem que as empresas estão a contribuir muito pouco com receitas públicas ou para melhorar as condições laborais nos casos em que sentem que os custos sociais são demasiado elevados. As experiências nos sectores mineiro e da manufactura mostram que os benefícios teóricos do IDE para o desenvolvimento (transferência tecnológica, aumento da riqueza dos residentes, receitas fiscais, emprego local de grande escala e formação de competências) não são de modo nenhum garantidos. Após muitos anos a dedicar menos atenção às contribuições para receitas ou para o desenvolvimento ou às condições laborais ou ambientais fornecidas pelos investidores, muitos governos subiram isto de lugar nas suas agendas, 52 CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 5 O QUE IMPULSIONA O INVESTIMENTO? PERCEPÇÕES, INTENÇÕES E RESPONSABILIDADE DOS INVESTIDORES O QUE IMPULSIONA O INVESTIMENTO? PERCEPÇÕES, INTENÇÕES E RESPONSABILIDADE DOS INVESTIDORES É impossível conceber políticas para promover os capitais privados estrangeiros sem saber o que impulsiona o investimento estrangeiro, assim como a sua actual e provável futura contribuição para o desenvolvimento nacional. Como consequência, o PFC CPE estudou as percepções dos investidores (residentes e não-residentes) das políticas do governo e de outros factores, suas intenções em termos de futuro investimento e o grau em que estão a implementar políticas de responsabilidade das empresas. Ligar os “inquéritos sobre as percepções” aos inquéritos sobre a escala e a composição de capitais privados estrangeiros acrescentou um bónus de aumento da taxa de resposta pelo sector privado de 30-40%, porque os actores do sector privado sentem que lhes fazem perguntas mais directas que têm impacto nas políticas do governo. Este capítulo analisa as constatações do trabalho nesta área em 11 países. Examina por ordem a decisão inicial de investir, seguida das atitudes actuais e futuras intenções, das fontes de informação que os investidores usam e das suas políticas de responsabilidade das empresas. 5.1 DECISÃO INICIAL DE INVESTIR Quais foram os factores “impulsionadores” iniciais que levaram à decisão de investir? Os mais importantes por ordem foram: 1) Estabilidade política nacional (encabeçando a lista no Burkina Faso, na Gâmbia e na Nicarágua) 2) Estabilidade económica nacional (mais importante no Senegal) 3) Produtividade laboral, baixo custo e disponibilidade (especialmente na Gâmbia, na Nicarágua e no Senegal) 4) Sistema legal pró-investimento (especialmente na Bolívia) 5) Acesso a mercados (especialmente na Bolívia, no Burkina Faso, na Gâmbia, na Nicarágua e no Senegal) – embora a ênfase nos diferentes mercados variasse, os mercados internacionais eram muito vitais na Bolívia e na Gâmbia e os mercados nacionais e regionais nos outros países. Alguns outros factores variavam consideravelmente em importância para os diferentes países. Por exemplo, os recursos naturais ligados aos sectores mineiro e do turismo CAIXA 3 – OS PAÍSES DEVERÃO OFERECER INCENTIVOS AO IDE? As constatações do PFC CPE sobre os países confirmam que o papel dos incentivos na atracção do investimento tem sido limitado, no entanto muitos países dispensam-lhes muita atenção. Os governos oferecem frequentemente incentivos de IDE como parte de uma estratégia de promoção mais ampla. Estes podem ser fiscais (subsídios ou redução de impostos), financeiros (donativos, créditos, equidade, etc.), ou de outra natureza (infra-estruturas subsidiadas, preferências de mercado, formação laboral, pesquisa e desenvolvimento, etc.). O que diz a bibliografia? A OCDE constata que as vantagens oferecidas por incentivos de IDE são muito limitadas: “inclinam no máximo a balança a favor de um lugar entre um grupo de economias que se considera terem ambientes propícios muito equivalentes” (OCDE 2003). Os incentivos também poderão ser inúteis se forem ineficazes (o custo excede os benefícios), ineficientes (se os benefícios não forem totalmente realizados ou os custos não forem minimizados), tiverem um custo de oportunidade elevado, incorrerem em perdas inúteis (o investimento poderia ter sido feito à mesma) ou desencadearem concorrência com outras nações. O perigo desta última é uma “corrida para o fundo” em que os países se eliminam uns aos outros a custo de padrões mais baixos de saúde, segurança, trabalho ou ambiente. Os incentivos de IDE também são por natureza discriminatórios e constituem uma potencial fonte de ineficiência, visto que não oferecem os mesmos termos aos investidores nacionais. Por esta razão, o FMI e outras organizações internacionais tais como a CNUCED e o 54 Banco Mundial geralmente exortam os grupos regionais tais como a Comunidade da África Oriental (ver FMI 2008) no sentido de “códigos de conduta” coordenados concertados para fornecerem incentivos (FMI 2008). Blomstrom & Kokko (Blomstrom & Kokko 2003 op cit) argumentam que os decisores deverão considerar os incentivos como parte da política industrial nacional, disponibilizá-los em termos equitativos a todos os investidores (estrangeiros e locais) e orientá-los para sectores ou regiões com o maior potencial para gerar impacto no desenvolvimento, consistente com estratégias nacionais de desenvolvimento. A OCDE oferece uma lista de controlo com 20 perguntas para os países decidirem se querem ou não usá-las (OECD 2003). O Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (International Institute for Sustainable Development 2009) desenvolveu uma lista de controlo mais ampla que examina o impacto dos incentivos no desenvolvimento sustentável. Ambos concluem que os incentivos deverão ser: • igualmente disponibilizados aos investidores estrangeiros e nacionais • oferecidos apenas em circunstâncias muito específicas, • • em que o investimento revela ter uma contribuição líquida para os esforços de desenvolvimento sustentável revistos quanto ao custo em termos de benefícios antes do início de um projecto e com regularidade posteriormente integrados num plano nacional de desenvolvimento mais amplo e concertados a nível regional. CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES CAIXA 4 – IMPACTO DA PRIVATIZAÇÃO Constatou-se que a privatização era relativamente insignificante como estímulo para o IDE (como antes, ver Bhinda et al (2000)). Isto não é nada surpreendente. quando se considera o baixo número de privatizações, excepto na Tanzânia e no Uganda, e baixas receitas excepto na Bolívia (devido a uma empresa mineira). Gráfico 5.1 Número de Privatizações (2000-7) Gráfico 5.2 Receitas das Privatizações (2000-7, USDm) 15 2500 2000 10 1500 1000 5 500 Finanças aw i a al nd Infra-estruturas M a ga U zâ ni a an Ta n ág ar ic N Competitivo G ua s l õe ga ar C am ne Se rk in ia Bu lív Bo al aw i ia M lív Bo ne Se rk in ga l a ua Bu ág an ar G ic N ar am C a s õe a ni a nd zâ Ta n ga U a 0 0 Primário Fonte: Base de Dados do Banco Mundial de Privatizações eram de importância primordial na Zâmbia, mas menos importantes noutros países. As infra-estruturas eram importantes na Gâmbia e na Nicarágua, mas menos noutros países (interessante dado que os investidores posteriormente se queixaram disso em alto e bom som). Os incentivos de investimento eram importantes na Nicarágua e no Senegal, mas não noutros países, levantando questões quanto à sua utilidade, conforme discutido na Caixa 3 na página 54. Alguns factores eram consistentemente menos importantes. Incluíam controlos cambiais liberalizados (que podem ser tomados um pouco como certos) e acesso a financiamento em forma de empréstimos – reflectindo o facto de investidores estrangeiros tenderem a endividar-se offshore através de empresas-mãe. Fusões e aquisições não eram importantes, mostrando o predomínio de investimento em empresas novas, tal como o foram as privatizações (discutido na Caixa 4 acima). Os factores também variaram consideravelmente para diferentes tipos de investidores. Por exemplo, os exportadores estavam muito mais interessados no acesso aos mercados regionais e internacionais (por exemplo mercados latino-americanos e dos EUA na Bolívia e na Nicarágua, e europeus – especialmente para o turismo – e mercados africanos regionais em África). Por outro lado, os não-exportadores estavam mais interessados no tamanho e no crescimento do mercado nacional. O Senegal distinguia ainda entre investidores dos sectores primário, secundário e terciário. Os investidores primários sentiam-se mais atraídos pela estabilidade económica nacional e pelo acesso aos mercados internacionais, os investidores secundários pelo acesso aos mercados regionais e pelo comércio e os investidores terciários pelo acesso aos mercados nacionais. Uma análise preliminar indica um padrão semelhante noutros países. Além disso, as motivações dos investidores variavam por país de origem, estando os investidores dos países asiáticos e de outros países em desenvolvimento muito menos preocupados com questões legais, reguladoras ou fiscais e muito mais com a qualidade de trabalho e eficácia das infra-estruturas e o custo (para constatações anteriores semelhantes ver Bhinda et al). Estas constatações são muito consistentes com outras análises do investimento chinês – ver Caixa 5 na página 56. Como é que estas constatações se comparam com outros estudos? O estudo internacional que se aproxima mais de fazer os mesmos tipos de perguntas é o Inquérito aos Investidores Estrangeiros em África da UNIDO (UNIDO 2007), que cobriu um número muito mais pequeno de investidores em cada um dos 15 países africanos. Tinha os mesmos dois factores do topo – estabilidade política e económica nacional, embora na ordem oposta. A segurança física (sobre a qual não se perguntou no inquérito do PFC) veio em 3º lugar, seguida de acesso aos mercados, disponibilidade/baixo custo do trabalho especializado (que ocupavam o 5º e o 3º lugares nos nossos inquéritos), infra-estruturas e quadro legal. Os incentivos e a aquisição de empresas existentes (fusões e aquisições ou CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 55 CAIXA 5 – DETERMINANTES DO IDE CHINÊS As motivações dos investidores e os factores impulsionadores diferem para diferentes países de origem. Um bom exemplo é a China, que se tornou rapidamente mais importante desde o ano 2000. Um recente estudo (Gugler e Boie 2008) constatou que o IDE chinês estava principalmente à procura de novos mercados (85% das empresas inquiridas), precisando de investir no estrangeiro devido a excesso de capacidade para o mercado nacional. A procura estratégica de activos foi a segunda motivação mais importante (para 51%), principalmente para IDE em economias mais desenvolvidas. O IDE à procura de recursos era importante para 39% dos inquiridos e isto era para países ricos em petróleo e gás (com três grandes empresas envolvidas) e a indústria extractiva em sectores de recursos minerais (caracterizados por muitas empresas mais pequenas). A procura de eficiência era menos importante para a maior parte das multinacionais chinesas, mas passará a ser mais importante ao longo do tempo, à medida que os salários na China subirem relativamente aos custos dos transportes. Gráfico 5.3 Bolívia: Fontes de Informação Orientadoras da Decisão Inicial de Investir (%, 2005) 70 60 50 40 30 20 10 0 Outras empresas Associações privadas Embaixadas, consulados, adidos Nacionais Feiras, agências, promotores IDE Gráfico 5.4 Gâmbia: Fontes de Informação Orientadoras da Decisão Inicial de Investir (2009) 60 50 40 A Bolívia e a Gâmbia fizeram perguntas sobre fontes de informação que levaram à decisão inicial e fizeram constatações bastante diferentes. No caso da Bolívia, outras empresas e associações privadas eram as mais importantes, reflectindo o alto grau de organização do sector privado, com um órgão-chapéu representando associações dedicadas a sectores e regiões económicos específicos. Contudo, na Gâmbia a internet dominava, especialmente para investidores no turismo, no sector imobiliário e nas finanças. As embaixadas do governo anfitrião no estrangeiro eram importantes para investidores estrangeiros em ambos os países. A comercialização empreendida pelo governo (através de feiras, agências de promoção, etc.) também era importante na Gâmbia. 56 30 20 10 te is en ca lm ra O ia ed s as M m s M as M ed ad ia as In da te Lo rn G a. â. .. .. . l.. pe ão ix ba Em om C la ss ifi er ci al ca iz çõ aç es In do te s rn et r.. . 0 C privatização) vinham muito mais abaixo na lista. Assim, em linhas gerais as mesmas tendências surgem com ligeiras diferenças. Em termos de países individuais, o Burkina Faso e o Senegal foram os únicos dois países em ambas as amostras. A estabilidade política e económica, o acesso aos mercados e factores laborais positivos foram partilhados pelos inquéritos do PFC e da UNIDO, enquanto a segurança física surgiu com mais força no inquérito da UNIDO do Burkina e as infra-estruturas no seu inquérito do Senegal. 5.2 FUTURO INVESTIMENTO E PERSPECTIVAS Quando inquiridos sobre os seus planos e perspectivas a médio prazo, tendo em conta todos os factores, os investidores estavam muito favoráveis, estando a vasta maioria a planear expandir ou manter os seus investimentos. Os investidores estavam especialmente optimistas na Tanzânia, na Gâmbia, no Uganda e na Nicarágua (estando 50% a planear expandir). Só pequenas minorias em cada país planeavam contrair o seu investimento. Estas constatações positivas foram verdadeiras mesmo durante o fim de 2008 e o início de 2009, altura em que a crise económica mundial assolou (quando os inquéritos estavam a ser empreendidos na Gâmbia, no Senegal e na Zâmbia), mostrando um alto grau de resiliência entre os investidores. CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES O QUE IMPULSIONA O INVESTIMENTO? PERCEPÇÕES, INTENÇÕES E RESPONSABILIDADE DOS INVESTIDORES 5.3 FACTORES QUE AFECTAM AS DECISÕES ACTUAIS Gráfico 5.5 Futuras Decisões de Investimento 5.3.1 Resultados Globais do PFC Esta secção apresenta constatações de factores que afectam a decisão actual de investir. Como se pode ver abaixo, considerou-se que o clima de investimento tinha tido uma influência positiva na decisão de investir na Nicarágua, na Gâmbia, no Senegal, no Burkina Faso e na Tanzânia; mas um impacto negativo no Uganda, na Zâmbia, na Bolívia, nos Camarões, no Gana e no Malawi. Tanzânia (2003) Gâmbia (2008) Uganda (2008) Nicarágua (2005) Zâmbia (2009) Malawi (2005) Senegal (2009) Burkina Faso (2006) Gráfico 5.6 Percepção do Clima de Investimento % % % 0% 10 90 80 % Manter 70 % % 60 50 % % % Expandir 40 30 20 10 0% Camarões (2006) Nicaragua (2005) Contrair Gâmbia (2009) Senegal (2009) Burkina Faso (2006) Contudo, as constatações dos países também indicam diferentes tendências entre diferentes grupos. Por exemplo, na Bolívia, os exportadores estavam mais inclinados a expandir o futuro investimento que os não-exportadores, implicando um maior potencial para o crescimento nos mercados internacionais. Os investidores nacionais também estavam mais positivos que os investidores estrangeiros, alguns dos quais estavam preocupados com a expropriação. As áreas mais importantes para expandir o futuro investimento eram trabalho (formação dos quadros e recrutamento de nacionais), aumento da tecnologia e diversificação por produto dentro do mesmo sector económico. Havia perspectivas mistas para diversificação para novos países, dentro do país, e em novos sectores económicos. Menos provável era o recrutamento de expatriados: a maioria planeava manter os níveis, mas muitos planeavam reduzir. Os investidores também previam sobretudo que os lucros e o movimento/volume aumentariam. Só o Uganda e o Gana fizeram perguntas sobre o equilíbrio entre os géneros no local de trabalho e quase metade dos inquiridos indicou a intenção de melhorar isto (para mais pormenores, ver secção 5.5). Para além disso, os investidores tinham prioridades divergentes entre os países, tais como: • Mais produtos importados no Burkina Faso e no Senegal • Diversificação de produtos nos Camarões, na Gâmbia, no Gana, na Nicarágua, no Senegal e no Uganda • Diversificação em novos sectores no Senegal e na Zâmbia • Investimento em novas regiões do país na Gâmbia • Estabelecimento ou exportações para países regionais • fazendo fronteira com os Camarões, a Gâmbia, o Malawi e o Senegal Manutenção/melhoramento das instalações existentes no Gana e no Uganda. Tanzânia (2003) Gana (2009) Malawi (2005) Zâmbia (2009) Camarões (2005) Bolívia (2005) Uganda (2008) Gráfico 5.7 Doing Business: facilidade de fazer 70 60 50 40 30 20 10 0 2006 2007 Bolívia Burkina Camarões Gâmbia 2008 Gana Malawi Nicarágua Senegal 2009 Tanzânia Uganda Zâmbia Estas constatações têm de ser tratadas com alguma precaução. O facto de a Zâmbia e o Gana terem sido classificados negativamente poderá em parte reflectir o impacto da crise económica que se revela. Contudo, isto contrasta com as classificações positivas da Gâmbia e do Senegal, que empreenderam os seus inquéritos mais ou menos ao mesmo tempo. Os resultados preliminares muito negativos do Uganda são surpreendentes, dados os seus recentes progressos, e poderão reflectir um foco limitado nos interesses conhecidos dos investidores. CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 57 Com um estudo contrastante do clima de investimento geral, o Gráfico 5.7 apresenta classificações ponderadas para a “facilidade de fazer negócios” 10 nos mesmos países, usando o inquérito do Banco Mundial “Doing Business”. Só o Gana, o Burkina Faso e a Tanzânia tiveram uma melhoria na sua posição relativamente a outros países: a Gâmbia, a Nicarágua e o Senegal particularmente não tiveram. Não é surpreendente que as duas avaliações difiram nitidamente por várias razões. O inquérito Fazendo Negócios foca mais em aspectos procedimentais e burocráticos que em aspectos de políticas e outros mais amplos; as suas amostras são muito mais limitadas; e foca em investidores não-residentes, ao passo que o PFC inclui residentes. Ao nível de factores individuais que constrangem os negócios, os dados de Fazendo Negócios também diferem frequentemente das constatações do FC: por exemplo, Fazendo Negócios sugere que a obtenção de crédito é relativamente menos difícil no Malawi e que os impostos constituem um problema menor no Malawi e no Uganda do que noutros países, ao passo que os investidores se queixaram em inquéritos do PFC mais sobre créditos baixos e impostos elevados nestes países que noutros. Olhando em mais pormenor, os gráficos abaixo apresentam os cinco factores mais positivos e negativos do topo para cada país. Entre os agentes catalíticos mais importantes figuram o tamanho ou o acesso ao mercado nacional (maioria dos países); recursos humanos e instituições nacionais (em seis); serviços bancários (em quatro), situação política nacional (em três) e a economia nacional (em dois). Entre os constrangimentos mais importantes figuravam factores de electricidade (em seis países), corrupção, taxas de juro, e inflação (em 5), aspectos relacionados com os impostos (em 4), doenças, e contrabando (em 3). Gráfico 5.9 Burkina: Agentes Catalíticos e Constrangimentos do Topo Política nacional Minsitério das Finanças Política regional Crédito (não-filiado local) Minsitério do Comércio TB Seca Inflação HIV/Sida Malária Gráfico 5.10 Camarões: Agentes Catalíticos e Constrangimentos do Topo Tamanho do mercado nacional Tamanho do mercado regional Crédito (local curto prazo) Produtividade (gestão) Custo de mão-de-obra Electricidade Concorrência informal Corrupção Contrabando Imposto Gráfico 5.11 Gâmbia: Agentes Catalíticos e Constrangimentos do Topo Gráfico 5.8 Bolívia: Agentes Catalíticos e Constrangimentos do Topo Política nacional Banco Central Telecomunicações Recursos humanos Produtividade (gestão) Municipais Serviços bancários (eficiência) Serviços bancários Incentivos fiscais Segurança bancária Outros incentivos Imposto sobre soceidades Social nacional Administração pública Política nacional Taxa de juro Outro imposto Electricidade (custo) Absentismo 10 O ranking da “Facilidade de Fazer Negócios” reúne 10 áreas separadas incluindo: Abertura de empresas; Obtenção de alvarás de construção; Contratação de funcionários; Registo de propriedades; Obtenção de crédito; Protecção de investidores; Pagamento de impostos; Comércio Internacional; Cumprimento de contratos; e Fechamento de empresas. Os rankings foram obtidos a partir de vários relatórios disponíveis no endereço http://www.doingbusiness.org/. Para explicar a distorção causada pelo número variável de países cobertos todos os anos (2006 = 155, 2007 = 175, 2008 = 178, 2009 = 181), dividimos o ranking de Fazendo Negócios (Doing Business) de cada país pelo número total de países e multiplicámo-lo por 100, para dar uma escala consistente de 1 a 100. O resultado foi depois subtraído de 100 para mostrar mais claramente os progressos operados ao longo do tempo: uma tendência ascendente denota uma melhoria nos rankings, e vice-versa. 58 CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES O QUE IMPULSIONA O INVESTIMENTO? PERCEPÇÕES, INTENÇÕES E RESPONSABILIDADE DOS INVESTIDORES Gráfico 5.12 Gana: Agentes Catalíticos e Constrangimentos do Topo Gráfico 5.15 Senegal: Agentes Catalíticos e Constrangimentos do Topo Promoção do investimento Mercado nacional Produtividade (quadros especializados) Mercado internacional Disponibilidade (quadros especializados) Serviços bancários Política nacional Acesso ao mercado Política regional Outros Ministérios Malária Taxa de câmbio Taxa de câmbio Taxa de juro Taxa de juro Inflação Corrupção Corrupção nas empresas Inflação Corrupção no Estado Gráfico 5.13 Malawi: Agentes Catalíticos e Constrangimentos do Topo Gráfico 5.16 Tanzânia: Agentes Catalíticos e Constrangimentos do Topo Expansão do mercado Política monetária Integração regional Política comercial Mercado nacional Produtividade (gestão) Produtividade (quadros especializados) Serviços bancários Banco Central Política macro Contrabando Imposto Alfândega Disponibilidade (especializados) Taxa de juros Inflation Inflação Regulação Electricidade Corrupção Gráfico 5.14 Nicarágua: Agentes Catalíticos e Constrangimentos do Topo Gráfico 5.17 Uganda: Agentes Catalíticos e Constrangimentos do Topo Acesso ao mercado internacional Mercado nacional Produtividade (gestão) Promoção do investimento Produtividade (não especializados) Gabinete de Estatísticas Banco Central Economia nacional Mercado internacional Produtividade (especializados) Electricidade eficiência Custo dos transportes rodoviários Taxa de juro Inflação Custo da electricidade Contrabando Custo da electricidade CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 59 Gráfico 5.18 Zâmbia: Agentes Catalíticos e Constrangimentos do Topo Economia nacional Política nacional Mercado nacional Economia regional Política fiscal Malária Corrupção HIV/Sida Eficiência no abastecimento de electricidade Custo dos transportes no interior 5.3.2 Comparações com Outros Estudos Uma comparação das constatações específicas dos países do PFC com o Relatório de Competitividade em África do Fórum Económico Mundial (WEF) (que também inclui diferentes resultados dos Perfis do Clima de Investimento do Banco Mundial) e o Relatório de Competitividade Global, chega a muitas conclusões semelhantes em termos dos 5 factores mais problemáticos para o investimento (que são o foco dos relatórios do WEF). Geralmente concordam que o abastecimento inseguro electricidade e altos níveis de corrupção e impostos constituíam grandes problemas na maior parte dos países, e instabilidade política em alguns. Contudo, as constatações do PFC acentuam muito mais os factores da economia real e sociais tais como aspectos relacionados com trabalho, transportes, saúde e ambiente, assim como em 2008 níveis mais altos de inflação e taxas de juro; e colocam muito mais ênfase em problemas reguladores e burocráticos. Tabela 5.1 Comparação dos 5 Constrangimentos do Topo: WEF, Banco Mundial e PFC Perfil do Clima de Investimento do Banco Mundial PFC (2008) Instabilidade política Inflação Instabilidade do Governo Burocracia ineficiente do Governo Corrupção n/a (2005) Política nacional Administração pública Sociais nacionais Outros incentivos Incentivos fiscais (2007-8) Corrupção Acesso a financiamento Regulamentos fiscais Taxas dos impostos Inflação (2006) Acesso a financiamento Electricidade Taxas dos impostos Corrupção Sector informal (2006) Malária HIV/Sida Inflação Seca TB (2007-8) Corrupção Acesso a financiamento Regulamentos fiscais Taxas dos impostos Burocracia ineficiente do Governo (2006) Taxas dos impostos Electricidade Acesso a financiamento Sector informal Licenças e autorizações (2005) Imposto Contrabando Corrupção Concorrência informal Electricidade Gâmbia (2007-8) Acesso a financiamento Mão-de-obra insuficientemente formada Taxas dos impostos Abastecimento insuficiente de infra-estruturas Má ética de trabalho (2006) Electricidade Acesso a financiamento Taxas dos impostos Acesso a terras Sector informal (2009p) Absentismo Electricidade (custo) Outro imposto Taxa de juro Imposto sobre as sociedades Gana (2007-8) Acesso a financiamento Abastecimento insuficiente de infra-estruturas Burocracia ineficiente do Governo Má ética de trabalho Corrupção (2007) Electricidade Acesso a financiamento Taxas dos impostos Acesso a terras Sector informal (2009) Inflação Corrupção Taxa de juro Taxa de câmbio Malária (2007-8) Acesso a financiamento Abastecimento insuficiente de infra-estruturas Regulamentos de divisas Taxas dos impostos Corrupção (2005) Acesso a financiamento Electricidade Licenças e autorizações Taxas dos impostos Instabilidade política (2005) Taxa de câmbio Inflação Taxa de juro Imposto Contrabando País Índice de Competitividade do WEF Bolívia Burkina Faso Camarões Malawi 60 CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES O QUE IMPULSIONA O INVESTIMENTO? PERCEPÇÕES, INTENÇÕES E RESPONSABILIDADE DOS INVESTIDORES Tabela 5.1 (cont.) Índice de Competitividade do WEF Perfil do Clima de Investimento do Banco Mundial PFC (2008) Instabilidade política Corrupção Inflação Burocracia ineficiente do Governo Abastecimento insuficiente de infra-estruturas n/a (2005) Electricidade (custo) Electricidade (eficiência) (2007-8) Acesso a financiamento Corrupção Taxas dos impostos Regulamentos fiscais Inflação (2007) Electricidade Acesso a financiamento Acesso a terras Sector informal Taxas dos impostos (2009p) Corrupção no Estados Corrupção nas empresas Inflação Taxa de juro Taxa de câmbio Tanzânia (2007-8) Abastecimento insuficiente de infra-estruturas Mão-de-obra insuficientemente formada Corrupção Acesso a financiamento Burocracia ineficiente do Governo (2006) Electricidade Acesso a financiamento Taxas dos impostos Transportes Acesso a terras (2003) Corrupção Electricidade Regulamento Disponibilidade de quadros especializados Alfândega Uganda (2007-8) Acesso a financiamento Corrupção Abastecimento insuficiente de infra-estruturas Taxas dos impostos Má ética de trabalho (2006) Electricidade Acesso a financiamento Acesso a terras Sector informal Taxas dos impostos (2008p) Electricidade (custo) Contrabando Inflação Taxa de juro Transportes rodoviários (custo) Zâmbia (2007-8) Acesso a financiamento Corrupção Abastecimento insuficiente de infra-estruturas Taxas dos impostos Regulamentos fiscais (2007) Taxas dos impostos Sector informal Acesso a financiamento Electricidade Acesso a terras (2009p) Transportes no interior (custo) Electricidade (eficiência) HIV/Sida Corrupção Malária País Nicarágua Senegal Fontes: Fórum Económico Mundial 2009 e Relatório de Competitividade em África 2009 O Programa de Estabelecimento de Indicadores de Referência das Empresas do MIGA destacam pelo contrário os factores positivos que impulsionam o investimento. Uma comparação com as constatações do PFC indica que identifica um pouco os diferentes factores, para além de mão-de-obra especializada no Gana (MIGA 2006). Mais uma vez, isto deve-se em parte à metodologia, incluindo um foco nos procedimentos de estabelecimento de empresas, infra-estruturas e transportes, e na omissão de factores macroeconómicos. 5.3.3 Factores Económicos e Financeiros Considerou-se que os factores económicos e financeiros tinham surtido um forte efeito positivo em seis países, particularmente a Nicarágua e a Zâmbia, e um efeito negativo em 5 (especialmente a Bolívia). Gráfico 5.19 Factores Económicos e Financeiros Nicarágua (2005) Zâmbia (2009) Tanzânia (2003) Gâmbia (2009) Senegal (2009) Burkina Faso (2006) Malawi (2005) Camarões (2005) Uganda (2008) Gana (2009) Bolívia (2005) Factores económicos A situação económica nacional foi considerada muito positiva na maioria dos países, mas negativa na Bolívia e no Malawi. A economia regional foi menos claramente positiva na maioria, mas negativa no Malawi (devido ao impacto do Zimbabué). A economia mundial teve um impacto positivo CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 61 CAIXA 6 – AS PERCEPÇÕES SÃO EXACTAS? TAXAS DE JUROS E DE CÂMBIO Contudo, comparando entre os países participantes no PFC CPE quer as margens (spreads) quer as taxas reais foram muito mais baixas na Tanzânia e no Uganda que nos outros países, onde constituíam uma preocupação. As margens e as taxas também não foram significativamente mais baixas na Bolívia ou na Zâmbia, onde as taxas de juros não constituíam uma preocupação assim tão grande para os investidores. As taxas de juros também continuaram a constituir uma preocupação mesmo nos países onde tinham caído vertiginosamente. Do mesmo modo, as percepções de taxas de câmbio voláteis também nem sempre correspondem à realidade, tipicamente mostrando um efeito de “ressaca” de 1-2 anos, em que a volatilidade continua a constituir uma preocupação muito depois de a estabilidade ter sido recuperada. Por outro lado, as preocupações dos exportadores quanto a taxas de câmbio sobrevalorizadas são normalmente confirmadas por recentes tendências anteriores na maioria dos países. Contudo, em países onde os investidores são principalmente pelo mercado local, e dependem das importações, preferem apreciações da taxa de câmbio, visto que estas reduzem os seus custos de importação: portanto as percepções dos investidores poderão não corresponder à política do governo para manter a competitividade. no Burkina Faso e na Zâmbia, mas negativo no Malawi e no Senegal (neste último caso reflectindo o calendário do inquérito durante a crise mundial). Os factores comerciais foram positivos para a Gâmbia, o Senegal e a Tanzânia, mas causaram problemas através da concorrência das importações e contrabando especialmente para os Camarões, o Malawi e o Uganda. 62 De um modo geral, as percepções dos investidores nem sempre são uma reflexão exacta das condições económicas ou um bom guia para as prioridades políticas: precisam sempre de ser analisadas cuidadosamente e em pormenor e comparadas com dados económicos, antes de se apresentarem recomendações. Gráfico 5.20 Margens das Taxas de Juros 25 Por cento 20 15 10 5 0 2003 2004 2005 Bolívia Camarões Gâmbia 2006 Malawi Nicarágua Tanzânia 2007 2008 Uganda Zâmbia Gráfico 5.21 Taxas de Juros Reais 40 30 Por cento Os investidores queixaram-se das taxas de juros altas nos Camarões, na Gâmbia, no Malawi, na Tanzânia e no Uganda. Conforme os gráficos abaixo indicam, quer as margens (spreads) entre as taxas de crédito e de depósito quer as taxas reais de crédito acima da inflação foram relativamente altas em 2003 (10% ou superior), reflectindo informações imperfeitas e uma alto risco observado comparado com a dívida do governo. A redução de créditos mal parados, um risco mais baixo observado e rendimentos mais altos, e uma maior concorrência de novos bancos estrangeiros, reduziram as margens (spreads) e as taxas reais um tanto consideravelmente com o tempo em muitos países, mas não tanto como se esperava porque os novos bancos financiaram a maior parte empresas transnacionais de primeira ordem (blue-chip). 20 10 0 -10 2003 2004 Bolívia Camarões Gâmbia 2005 2006 Malawi Nicarágua Tanzânia 2007 2008 Uganda Zâmbia Fontes: FMI IFS e FEM A liberalização das divisas foi considerada positiva na Gâmbia e no Senegal, mas negativa nos Camarões e no Malawi. Uma inflação alta, taxas de juros altas e uma taxa de câmbio volátil ou não competitiva surtiram efeitos negativos no Burkina, nos Camarões, na Gâmbia, no Malawi, no Senegal, na Tanzânia e no Uganda, por um lado reflectindo preços elevados da comida e dos combustíveis. Contudo, a política monetária responsável aumentou o investimento na Nicarágua e na Tanzânia. CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES O QUE IMPULSIONA O INVESTIMENTO? PERCEPÇÕES, INTENÇÕES E RESPONSABILIDADE DOS INVESTIDORES Acesso aos mercados O tamanho do mercado nacional era de grande importância nos Camarões, na Gâmbia, no Malawi, no Senegal, na Tanzânia, no Uganda e na Zâmbia. O abastecimento dos mercados internacionais também era importante na Gâmbia e na Nicarágua. Acesso a crédito O acesso a crédito foi conducente a investimento para investidores estrangeiros no Burkina Faso, nos Camarões, na Gâmbia e no Malawi, e para investidores locais na Nicarágua, no Senegal e no Uganda. Contudo, os investidores nacionais do Malawi e os investidores estrangeiros do Uganda careciam de crédito. Incentivos e imposto Imposto elevado figurava entre os factores mais negativos nos Camarões, na Gâmbia, no Malawi e no Uganda, mas imposto mais baixo foi visto como positivo na Nicarágua, na Tanzânia e na Zâmbia. Impostos e incentivos não-fiscais também foram de um modo geral vistos como negativos (porque os investidores pensavam que outros estavam a receber incentivos mais altos!), excepto na Zâmbia onde foram generosos. 5.3.4 Factores Políticos e de Governação Os factores políticos foram considerados muito positivos na Gâmbia e no Burkina Faso, e muito negativos na Bolívia e no Uganda. Gráfico 5.22 Factores Políticos Gâmbia (2009) Burkina Faso (2006) Nicarágua (2005) Gana (2009) Zâmbia (2009) Tanzânia (2003) Senegal (2009) Malawi (2005) Camarões (2005) progressiva”. Há pouca evidência de uma tal grande tendência em África, excepto na medida em que um maior investimento (incluindo de fontes não-OCDE) oferece ao governo anfitrião uma alavanca mais forte em negociações, levando portanto a um nível de tributação mais normal, que possa contribuir mais para o desenvolvimento nacional. Em vez disso, essas análises servem principalmente para acentuar percepções de alto risco por parte dos investidores, desencorajando assim o investimento ou encorajando uma rápida repatriação das receitas. Corrupção A corrupção foi considerada o factor político e de governação mais negativo em todos os países. Contudo, por contraste a alguns outros inquéritos (tais como Transparência Internacional 2008) que focam em grande medida na corrupção do governo, a corrupção nas empresas surgiu como sendo igualmente importante na maior parte dos países. Isto reflectiu quer o papel principal desempenhado por algumas empresas em corromper funcionários do governo para lhes serem adjudicados contratos dos seus concorrentes, quer suborno e fraude em transacções com outras empresas, visto que as empresas exploram formas de evasão nas leis nacionais e internacionais. Eficiência institucional Como se vê abaixo, a celeridade e a eficiência das agências de um modo geral, ao lidarem com os negócios dos investidores, foi um factor positivo na maioria dos países, em particular na Gâmbia e no Senegal. Os bancos centrais foram vistos em termos muito positivos; e as finanças, a alfândega e as agências de infra-estruturas (não surpreendente) em termos negativos. Havia opiniões mistas em relação ao sistema legal (positivas no Burkina Faso, nos Camarões, na Gâmbia, no Gana e no Senegal, mas negativas na Bolívia, no Malawi, na Tanzânia e no Uganda). Em vários países, os investidores nacionais eram mais negativos que os investidores estrangeiros, porque estes últimos beneficiavam mais de “guichés únicos” (“one-stop shops”) – agências de promoção do investimento que os ajudavam a lidar com o governo. Gráfico 5.23 Eficiência Institucional Uganda (2008) Bolívia (2005) Estabilidade política A estabilidade política nacional foi o factor mais importante que impulsionou o investimento, embora a estabilidade política regional também sobressaísse de forma proeminente. Quase todos os países viram um efeito positivo da estabilidade, embora a instabilidade da Bolívia fosse negativa. De um modo geral, à excepção da Bolívia, estas constatações contrastam de forma marcante com avaliações de um potencial futuro “risco político” (tal como Controlar Riscos e Lloyds 2009) de expropriação devido a uma “cultura da vítima”, ou revisões contínuas de contratos para aumentar as receitas tributárias que são descritas como “expropriação Senegal (2009) Gâmbia (2009) Burkina Faso (2006) Zâmbia (2009) Gana (2009) Uganda (2008) Malawi (2005) Tanzânia (2003) CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 63 5.3.5 Infra-estruturas As infra-estruturas estão a ter um impacto misto no investimento, particularmente positivo na Gâmbia, na Nicarágua e no Gana, mas mais negativo nos Camarões, no Uganda e na Zâmbia. Gráfico 5.24 Factores de Infra-estruturas Gráfico 5.25 Factores de Trabalho Nicarágua (2005) Bolívia (2005) Gâmbia (2009) Senegal (2009) Camarões (2005) Gâmbia (2009) Nicarágua (2005) Burkina Faso (2006) Gana (2009) Gana (2009) Burkina Faso (2006) Bolívia (2005) Senegal (2009) Malawi (2005) Malawi (2005) Tanzânia (2003) Tanzânia (2003) Zâmbia (2009) Uganda (2008) Camarões (2005) Uganda (2008) Zâmbia (2009) Vários países distinguiram entre a eficiência e o custo de vários tipos de infra-estruturas. Os factores mais positivos incluíram serviços bancários (Gâmbia, Malawi, Uganda e Zâmbia) embora os seus custos fossem considerados negativos no Malawi e na Zâmbia. As telecomunicações foram consideradas positivas em muitos países, graças a um acesso mais generalizado a redes móveis e à internet. O factor mais negativo continuou a ser a electricidade (Camarões, Malawi, Nicarágua, Uganda e Zâmbia), embora na Gâmbia, fosse eficiente e proibitivamente dispendiosa ao mesmo tempo. Isto seguiu-se dos transportes rodoviários (Bolívia, Camarões, Malawi, Uganda), embora positivos na Gâmbia (devido a grandes desenvolvimentos recentes) e na Nicarágua. As opiniões eram mistas no que respeita ao abastecimento de água nos países. As constatações da Bolívia correspondem a um estudo do Fórum Económico Mundial (Fórum Económico Mundial 2007) em que teve a maior “falta de infra-estruturas” na América Latina, especialmente em transportes rodoviários. Enquanto a CNUCED-WAIPA constatou que as agências de promoção do investimento em África têm estado a focar a promoção do investimento em infra-estruturas, particularmente a electricidade e as telecomunicações, há muito mais trabalho a fazer, particularmente através da promoção do investimento público e privado em sectores menos dinâmicos que as telecomunicações (CNUCED / WAIPA 2008). 5.3.6 Factores de Trabalho Os factores dos recursos humanos surtiram um efeito acentuadamente positivo na Bolívia e na Nicarágua, e só foram negativos na Tanzânia, no Uganda e na Zâmbia. 64 A produtividade das chefias e dos quadros especializados foram os factores mais positivos, sendo a produtividade da mão-de-obra não especializada mais mista (positiva na Gâmbia e na Nicarágua, mas negativa nos Camarões, no Malawi e na Zâmbia). O absentismo e a rotação causaram problemas em todos os países, excepto nos Camarões, e todos os países enfrentaram problemas no recrutamento de expatriados. O custo de mão-de-obra relativamente baixo foi um factor positivo nos Camarões, na Gâmbia, na Nicarágua, no Senegal e no Uganda. O salário mínimo foi visto como negativo pelos investidores estrangeiros no Malawi (embora positivo pelos investidores nacionais). Uma boa oferta de todos os tipos de mão-de-obra foi positiva na Gâmbia, no Malawi e no Senegal, mas havia falta de quadros especializados na Tanzânia, no Uganda e na Zâmbia, levando a uma alta dependência de gestores estrangeiros. Embora figure fortemente nos critérios de Fazendo Negócios do Banco Mundial, o regulamento laboral não foi levantado como uma grande questão negativa em nenhum dos países estudados – fortalecendo o exemplo apresentado por OIT, ICTU (Bakvis 2006) e OSC para uma visão mais equilibrada dos factores relacionados com o trabalho. 5.3.7 Factores de Saúde Os factores de saúde foram classificados muito negativamente em sete de oito países que cobriram esta questão. Conforme indicado abaixo, isto foi especialmente pronunciado na Zâmbia, no Gana, no Uganda e no Burkina Faso, tendo a Tanzânia também constatado um impacto muito negativo do HIV e da malária. CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES O QUE IMPULSIONA O INVESTIMENTO? PERCEPÇÕES, INTENÇÕES E RESPONSABILIDADE DOS INVESTIDORES Gráfico 5.26 Factores de Saúde Malawi (2005) Gâmbia (2009) Burkina Faso (2006) Uganda (2008) Gana (2009) Zâmbia (2009) Todos os países fizeram perguntas sobre o impacto de doenças mais específicas. O HIV/Sida foi classificado com muito negativo no Malawi, no Uganda, na Zâmbia, no Burkina Faso e na Tanzânia. Estas constatações são confirmadas pelas taxas de prevalência para adultos na faixa etária 15-49 para a Zâmbia, o Malawi, a Tanzânia e o Uganda, conforme indicado no gráfico abaixo, mas o impacto negativo elevado no Burkina foi surpreendente dada a sua prevalência relativamente baixa. Na Nicarágua, o HIV/Sida teve um baixo impacto, conforme reflectido numa das taxas de prevalência mais baixas. Gráfico 5.27 Prevalência HIV/Sida para adultos (2007) 16 14 Por cento 12 baixa de capital humano, em termos de educação e saúde na SSA. Com a inexistência de HIV e malária, a entrada líquida de IDE nos países médios SSA poderia ter sido um terço mais elevada. (Azémar e Desbordes, 2009). Estes efeitos são agravados pela interacção negativa entre doenças: a pesquisa constatou que os adultos não-imunes seropositivos correm maior risco de contraírem malária/paludismo grave (Cohen et al, 2008) e que uma dupla infecção com HIV e malária / paludismo está a ajudar a propagar ambas as doenças na SSA (Abu-Raddad et al, 2006). A influência negativa do HIV/SIDA no capital humano influencia a escolha do país africano em que uma empresa em busca de eficiência irá investir (mas não a escolha inicial de investir em África) (Estelle Bierman, 2008). Estas constatações complementares implicam uma alta rentabilidade do investimento directo das empresas na promoção da saúde dos seus empregados e famílias, e advocacia e apoio do pagamento de impostos para uma prestação de serviços de saúde a um público mais amplo. 5.3.8 Factores Ambientais Os factores ambientais foram positivos na Gâmbia, mas negativos noutros países. O resultado positivo na Gâmbia deveu-se principalmente ao impacto benéfico da reconstrução costeira (que ajudou a sustentar a indústria turística) e à gestão de outras catástrofes naturais. Não obstante, há um desafio contínuo de uma reconstrução costeira mais generalizada. Secas e cheias tiveram fortes impactos negativos nos outros países, reflectindo também a imprevisibilidade crescente nos padrões atmosféricos devido em parte às alterações climáticas e minando o investimento nos sectores agrícola e das agro-indústrias em particular. 10 Gráfico 5.28 Factores Ambientais 8 6 4 Gâmbia (2009) 2 a Ta wi nz ân U ia ga nd C am a ar õe s G an Bu a rk in Se a ne g G al âm bi a M un do N ic ar ag ua Bo lív ia Malawi (2005) al M Zâ m bi a 0 Burkina Faso (2006) Fonte: Central Intelligence Agency A tuberculose era um grande problema na Gâmbia, no Malawi, no Uganda e no Burkina Faso; e a malária no Malawi, no Uganda, na Zâmbia e no Burkina Faso – tudo em conformidade com a prevalência e com as constatações dos estudos the impacto particularmente pernicioso da malária /do paludismo na produtividade, devido à recorrência imprevisível da doença. (FEM 2006). Os factores de saúde têm sido subestimados e pouco entendidos como determinante do IDE, conforme constatou um recente estudo que examinou o IDE para a SSA durante 2000-4. Uma vez representado o tamanho do mercado, o incumprimento de IDE para SSA comparado com outras regiões foi principalmente explicado por um fornecimento insuficiente de bens públicos: acumulação relativamente Zâmbia (2009) 5.4 FONTES DE INFORMAÇÃO Vários países fizeram perguntas sobre o uso de várias fontes de informação para a tomada de decisões, alguns entrando em maior pormenor para avaliar o nível de consciencialização que as empresas tinham de informações do governo. Dos mais pormenorizados, os Camarões e a Gâmbia constataram que mais de metade dos inquiridos estavam cientes de cada produto na lista (Burkina apenas 30-40%). Entre as diferentes fontes de informação, as associações do sector privado eram muito úteis na Bolívia, CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 65 no Burkina Faso, nos Camarões e na Gâmbia; a “internet” (incluindo versões com base na net de publicações de agências do governo) no Malawi e no Uganda; e o banco central no Burkina Faso, nos Camarões e na Nicarágua. Em geral, se fossem publicados rapidamente, os relatórios dos países do PFC CPE eram classificados num nível muito alto. Gráfico 5.29 Existência de Política Forma de RH Equilírio dos géneros (Bolívia nacional) Equilíbrio dos géneros (IDE Bolívia) Equilíbrio dos géneros (Gâmbia) Equilíbrio dos géneros (Nicarágua) 5.5 RESPONSABILIDADE DAS EMPRESAS Apesar das múltiplas iniciativas mundiais para promover a responsabilidade das empresas – relacionadas com aspectos sociais, ambientais, laborais, de infra-estruturas, corrupção e governação – a maioria dos países em desenvolvimento não tem meios para acompanhar o que as empresas estão a fazer para implementar essas iniciativas. Como consequência, os países têm estado empenhados em captar estas informações pela primeira vez, para avaliar as contribuições mas amplas das empresas para o desenvolvimento nacional, portanto o PFC CPE introduziu recentemente nos seus inquéritos perguntas sobre a responsabilidade. Contudo, alguns países estavam relutantes em fazer perguntas sobre aspectos de responsabilidade nos seus primeiros inquéritos, sentindo que poderia parecer demasiado intruso e reduzir a resposta ao inquérito mais amplo, portanto só 7 dos países participantes estão a testar estas novas perguntas. Conforme indicado para os exemplos da Bolívia, Gâmbia e Nicarágua nos gráficos seguintes, entre as constataçõeschave figurava que virtualmente todas as empresas têm programas de formação de quadros em que estão a despender quantias consideráveis, cerca de dois terços têm programas para recrutar e promover nacionais, mas apenas cerca de 35% têm programas formais para promover o equilíbrio entre os géneros. Muitas outras, embora cientes da necessidade e interessadas em promover mais nacionais para posições de chefia e especializadas, e em promover o equilíbrio entre os géneros, não têm planos concebidos para chegar a estes objectivos. Daquelas que têm políticas, só metade está a implementá-las na íntegra na promoção de nacionais, e só um quarto no equilíbrio entre os géneros. Como consequência, os progressos na igualdade de géneros e na promoção de nacionais variam dramaticamente nos diferentes tipos de trabalho (chefias, especializados, não especializados) e países. As empresas reconhecem portanto que ainda há muito trabalho a fazer em ambas as áreas. 66 Recrutar nacionais (Gâmbia) Recrutar nacionais (Nicarágua) Formação de quadros (Gâmbia) 0% 20% 40% 60% Sim 80% 100% Não Gráfico 5.30 Progressos no Sentido de Objectivos da Política de RH Equilíbrio dos géneros (Gâmbia) Equilíbrio dos géneros (Nicarágua) Recrutar nacionais (Gâmbia) Recrutar nacionais (Nicarágua) 0% 20% 40% Met 60% Parcial 80% 100% Nada A percentagem de inquiridos com políticas formais de protecção ambiental variou entre apenas 40% (Bolívia) e 80% (Gâmbia). Além disso, metade das empresas contribuiu para os seus quadros ou comunidades, apoiando custos de saúde e educação, fornecendo transportes, água ou telemóveis, e contribuindo para iniciativas de caridade e instalações religiosas. A importância relativa de diferentes tipos de gastos variou dramaticamente nos países, sendo a saúde dominante no Gana e na Gâmbia, e o ambiente na Zâmbia. Os investidores nacionais tendem a fazer mais em todas estas frentes que os não-residentes. Há mais trabalho em curso para explorar os pormenores das políticas, o grau de implementação e os níveis de despesas na responsabilidade das empresas comparados com o movimento/volume e os lucros. CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 6 MONITORIZANDO CAPITAIS PRIVADOS ESTRANGEIROS: MELHORES PRÁTICAS CORRENTES, FUTUROS DESENVOLVIMENTOS MONITORIZANDO CAPITAIS PRIVADOS ESTRANGEIROS: MELHORES PRÁTICAS CORRENTES, FUTUROS DESENVOLVIMENTOS 6.1 CONTEXTO 6.2 VISÃO DE CONJUNTO DOS CÓDIGOS E PADRÕES A crise financeira asiática da década de 1990 levou a comunidade internacional a intensificar esforços para ajudar os países em desenvolvimento a monitorizar capitais privados estrangeiros. Os países introduziram padrões de transparência exigentes, em grande parte para assegurar que a comunidade financeira tivesse as melhores informações possíveis sobre os fluxos canalizados para os países e provenientes destes sobre a Posição de Investimento Internacional (PII) de um país. Foi atribuído ao FMI o papel de avaliação do cumprimento destes padrões e de apresentação de recomendações para melhorias através de missões de diagnóstico. Os quadros para a monitorização de dados relacionados com fluxos de capitais são apresentados na 6ª Edição do Manual do FMI da Balança de Pagamentos e da Posição de Investimento Internacional, na Quarta Definição de Referência de IDE da OCDE e no Guia da Dívida Externa para Compiladores e Utilizadores do FMI et al. Estes documentos explicam os conceitos e as definições e apresentam quadros sobre como se deverão apresentar os dados. Contudo, as missões de diagnóstico revelaram-se de um modo geral insuficientes para alterar as práticas dos países e (à excepção do PFC CPE e de alguns assessores residentes de longo prazo ou de missões múltiplas organizadas pelo FMI) a comunidade internacional não conseguiu na maior parte dos casos entregar a assistência de longo prazo na forma de fortalecimento de capacidades necessária para assegurar o desenvolvimento dos CPE pelos países em desenvolvimento. Registou-se a inexistência virtual de assistência na análise do comportamento dos CPE, para tornar a monitorização uma ferramenta eficaz para o desenvolvimento de políticas. Os países que participam no PFC CPE já operaram progressos significativos na criação de inquéritos às empresas e de outros métodos de recolha para a captação de stocks e fluxos de capitais, percepções e expectativas dos investidores. Não obstante, muitos países em desenvolvimento ou não estão a cumprir os padrões globais de todo ou estão a cumpri-los com dados de qualidade duvidosa; e virtualmente nenhum deles está a usar uma análise pormenorizada para o desenvolvimento de políticas. A actual crise financeira sublinha mais uma vez a necessidade que os países têm de dados oportunos e exactos sobre fluxos de capitais para poderem acompanhar o impacto dos choques exógenos nos fluxos de capitais e conceber respostas a políticas. No entanto, a obtenção de dados oportunos exactos permanece um desafio e os países precisam de avançar através do desenvolvimento de sistemas de aviso prévio para ajudar os decisores a reagir aos choques dos capitais privados estrangeiros. Este capítulo avalia a utilidade dos principais códigos e padrões internacionais à luz da crise, fornece actualizações de ensinamentos da melhor prática corrente em monitorização (arranjos institucionais e legais, metodologia de recolha de dados, controlo da qualidade dos dados) e discute a necessidade urgente de melhorias, especialmente no desenvolvimento de sistemas de aviso prévio para ajudar a prever e a tratar de choques relacionados com fluxos de capitais. 68 O Padrão Especial de Divulgação de Dados (SDDS) e o Sistema Geral de Divulgação de Dados (GDDS) do FMI cobrem as fontes e os métodos de compilação e certos aspectos da qualidade os dados (cobertura, periodicidade, oportunidade, etc.). O cumprimento dos países participantes é avaliado através de um sistema de Relatórios Nacionais sobre a Observância de Padrões e Códigos (ROPC), que usam o Quadro de Avaliação da Qualidade dos Dados. Os países deverão actualizar os seus metadados sobre o website do FMI. Continua-se a incentivar a harmonização da metodologia através dos Inquéritos ao Investimento Directo e de Portfolio Coordenados pelo FMI. Conforme se discute noutras partes, estes fornecem quadros úteis e melhoram as comparações nos países e com o decorrer do tempo. A sua natureza autoritária em termos de conceitos, definições e padrões é inquestionável, embora continuem os debates entre a classificação exacta e a definição de diversos fluxos e stocks. O PFC CPE já ajudou muitos países a cumprir os códigos e padrões internacionais. No entanto, também constatou que muitos países que estão aparentemente a cumprir os padrões do GDDS e do SDDS estão na realidade a apresentar dados, cuja exactidão é duvidosa, sendo portanto menos úteis para os decisores (ou de facto para os investidores). Isto deve-se ao facto de os inquéritos para a recolha de dados não serem concebidos de forma adequada ou não existirem, de as taxas de resposta do sector privado e a qualidade dos dados apresentados em inquéritos serem baixas e de os mecanismos não-inquérito não recolherem dados exactos. O trabalho do PFC CPE em 24 países já identificou mudanças dramáticas necessárias em sistemas de monitorização e controlo da qualidade dos dados, muitos dos quais já foram implementados, mas as avaliações de outros 16 países também indicam problemas. Mais importante ainda, não é certo que o GDDS satisfaça as necessidades dos decisores de uma monitorização oportuna dos fluxos e stocks. Dada a volatilidade dos fluxos na recente crise global, a monitorização anual dos dados e sua apresentação 6 meses após o fim do período de referência não é suficientemente oportuna para qualquer resposta exacta às políticas. Os decisores nos países do GDDS indicaram que os dados da BP sobre os CPE são pouco úteis para o acompanhamento e a resposta ao impacto da crise global, devido a atrasos e à insuficiência de pormenores. CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES Isto implica a necessidade de mais três respostas: envidar mais esforços para passar todos os países para o SDDS (monitorização trimestral); se necessário usando uma amostragem mais rigorosa para tornar a recolha muito mais rápida; fazendo muito maior uso de sistemas de aviso prévio no sistema bancário e no financiamento de projectos de investimento; e aumentando os recursos para o fortalecimento das capacidades dos países de análise e concepção de respostas às políticas. 6.3 LIÇÕES DA PRÁTICA CORRENTE 11 Os exercícios de monitorização do PFC CPE efectuados em 24 países e as avaliações empreendidas de 16 outros países produziram vários ensinamentos para assegurar que os dados são tão oportunos e exactos quanto possível usando as metodologias existentes. 6.3.1 Arranjos Institucionais e Legais A principal lição é que para ser bem sucedida uma monitorização requer a cooperação de todas as instituições nacionais relevantes. Os exercícios são principalmente dirigidos pelo banco central, que detém conhecimentos técnicos da balança de pagamentos, dos recursos financeiros para assegurar a sustentabilidade dos exercícios, e frequentemente (dependendo do grau de liberalização da conta de capital) acesso a uma vasta gama de fontes não-inquérito. No entanto, os bancos centrais precisam muitas vezes de contar com a capacidade das agências de estatística para conduzir inquéritos e especialmente com as ligações directas com os investidores mantidas pelas agências de promoção do investimento, pelos ministérios sectoriais e pelas câmaras de comércio e associações do sector privado, a fim de assegurarem registos exactos de investidores, respostas máximas e oportunas, a mais alta qualidade de dados e insumos orientados pelo sector privado no crescimento do governo e nas respostas às políticas de desenvolvimento. Esta cooperação é particularmente vital da primeira vez que os inquéritos são iniciados, mas precisa de continuar a seguir para maximizar a participação das partes interessadas em todos os exercícios. A melhor maneira de maximizar a cooperação entre agências é através de estruturas de coordenação formais. Os Grupos de Trabalho Nacionais (GTN) ou os comités da balança de pagamentos nos países têm conseguido evitar a sobreposição ou a duplicação dos inquéritos, através da partilha de dados de modo a poder-se empreender uma análise útil a todas as partes interessadas, promovendo assim o diálogo do sector público-privado – trazendo grandes benefícios a exercícios mais amplos do sector privado e da promoção do investimento. No entanto, é importante que essas estruturas se mantenham focalizadas, apenas com a participação de instituições essenciais a uma monitorização 11 bem sucedida; e termos de referência claros e actualizados com regularidade que definam claramente os papéis das instituições participantes e as comprometam a fornecer mão-de-obra e contribuições financeiras ou em géneros para assegurar o êxito de cada ciclo. A maior parte dos países tem leis estatísticas e do banco central surpreendentemente boas, que conferem às instituições participantes os poderes legais necessários para recolher dados e executar o cumprimento, assim como para garantir a confidencialidade dos dados recolhidos e penalizar qualquer revelação dos mesmos. No entanto, os bancos centrais muitas vezes não têm o mandato legal para a recolha de dados junto de não-bancos, tendo as suas leis portanto de ser alargadas para cobrirem não-bancos: dado que isto leva tempo, os países usam frequentemente outras leis (ex: agência de estatística) no período interino. Só se deveriam aplicar penalidades para a não-resposta como último recurso para empresas que se recusem publicamente a responder. A persuasão moral tem-se revelado ser muito eficaz na promoção de respostas oportunas e de qualidade a inquéritos às empresas; e o uso de penalidades pode ter repercussões negativas mais amplas nas relações público-privadas. 6.3.2 Recolha de Dados A recolha precisa de confiar quer em fontes inquérito quer em fontes não-inquérito. Os inquéritos precisam de cumprir os mais recentes códigos e padrões internacionais (um número surpreendente, incluindo alguns concertados com o FMI, não cumpre, por um lado porque as definições e os códigos estão em constante mudança, e por outro porque as recomendações das missões nem sempre persistem). São onerosos e levam tempo, mas são essenciais à falta de controlos cambiais (alguns até argumentariam que são importantes para completar os controlos cambiais, que muitas vezes não acompanham os fluxos com grande eficácia devido a evasão e mau cumprimento). Para reduzir os custos e obter dados mais oportunos, o PFC CPE envidou esforços extensivos para incentivar os países a usar outras fontes não-inquérito. Porém, achou-as inadequadas – as relacionadas com transacções de divisas carecem frequentemente dos pormenores necessários para as tornar úteis para efeitos da balança de pagamentos ou efeitos analíticos mais amplos e são limitadas à monitorização de transacções que passam pelo sistema bancário local (embora aumentando as percentagens de transacções de CPE que se efectuam offshore). Entre outras fontes, os balanços financeiros revelaram-se muito úteis como verificação do back-up dos resultados dos inquéritos sobre CPE, mas raramente se adaptam a padrões internacionais ou fornecem pormenores suficientes. Muitos investidores não os preparam – ou então fazem-no com grandes atrasos. Consultar Bhinda and Martin (2006), e www.fpc-cbp.org para mais informações. CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 69 Um aspecto-chave tem sido o grau de pormenor e amplitude da cobertura das perguntas do inquérito. Embora cubra sempre o básico necessário para o GDDS, isto dependeria de outro modo das necessidades de um país para o seu trabalho analítico e de políticas. Por exemplo, no que respeita a pormenores, os inquéritos só deverão cobrir dados da dívida empréstimo-por-empréstimo se a dívida do sector privado for grande ou estiver a crescer/cair rapidamente ou se a vasta maioria das empresas for sua detentora: caso contrário, a melhor maneira de acompanhar uma pergunta sobre dados da dívida agregados é efectuar visitas adicionais ao sítio com questionários mais pormenorizados, a empresas com grandes montantes de dívida. Do mesmo modo, em termos de cobertura, perguntas de filtragem resumidas sobre diferentes tipos de stocks e fluxos (ex: investidores no portfolio, fundos de pensões, fluxos de agências de câmbio, derivativos) podem passar a ser mais abrangentes, à medida que passam a ser mais importantes. Outro aspecto tem sido a inclusão ou não de “perguntas não-balança de pagamentos”. Aqui os resultados são conclusivos: a monitorização não deverá ser reduzida ao exercício de recolha de dados da BP (apesar de pressões nesse sentido por parte de peritos da BP nacionais e internacionais). Especialmente nos anos iniciais dos inquéritos, perguntas tais como as que interessam aos chefes executivos das empresas e lhes permitem expressar ao governo os seus pareceres sobre as políticas são vitais para aumentar a participação no inquérito e desenvolver o diálogo do sector público-privado – aumentando tipicamente as taxas de resposta em cerca de 30%. Também são vitais as perguntas que permitem ao governo empreender uma análise mais profunda e conceber melhores respostas sobre a política macroeconómica e de promoção do investimento (tais como perguntas sobre sector/região receptores e país de origem; e intenções das empresas, a fim de prever possíveis futuras saídas ou entradas). O ideal seria também incluir perguntas para acompanhar a “qualidade” dos CPE em termos de contribuições para o emprego, a redução da pobreza e as receitas tributárias. Além disso, os inquéritos também deverão ser direccionados a empresas residentes e incluir perguntas sobre transacções entre os residentes para ajudar a identificar oportunidades para empreendimentos conjuntos ( joint ventures) e a ver se os investidores estrangeiros estão a completar ou a excluir os investidores nacionais – assim como a acompanhar eventuais diferenças entre os pareceres sobre políticas e intenções de residentes e não-residentes. Por último, os formulários deverão ser testados de forma exaustiva junto do sector privado (incluindo aqueles com menos experiência de transacções internacionais) e acompanhados de notas explicativas claras. As empresas queixam-se frequentemente de que os formulários dos inquéritos são demasiado longos: embora se possa remediar 70 isto parcialmente através de uma concepção de formulários que poupem mais espaço, na realidade a maior parte das empresas queixa-se da tecnicalidade e incompreensibilidade dos formulários e das explicações concebidas por peritos da BP. Se os formulários forem explicados na íntegra (muitas vezes pessoalmente) e estiverem claramente ligados a uma terminologia que os funcionários de finanças das empresas compreendem (tais como balanços financeiros), as taxas de resposta e a qualidade melhoram dramaticamente. Do mesmo modo, se a análise produzida com base nos formulários for escrita de forma fácil de usar que maximize a sua utilidade para as partes interessadas nos sectores público e privado, as taxas de resposta terão uma melhoria significativa no futuro. 6.3.3 Desafios à Qualidade dos Dados A qualidade, relativamente à exactidão, cobertura, frequência e oportunidade, e disseminação dos dados são aspectos essenciais e difíceis de uma monitorização com êxito. Em muitos casos, incluindo em economias da OCDE, muitos destes aspectos ainda continuam aquém dos padrões globais. Sobre aspectos de qualidade: • muitos países da OCDE e países em desenvolvimento nem • • • • sequer tentam recolher o valor de mercado dos CPE. Os países participantes no PFC CPE operaram grandes progressos na recolha ou estimação do valor de mercado, colocando-os à frente da maioria das economias da OCDE. No entanto, ainda estão a enfrentar problemas na recolha de dados do valor de mercado para empresas não cotadas na bolsa (a vasta maioria das empresas nos países em desenvolvimento), indicando que no futuro os GTN terão de empreender estimações. lucros reinvestidos e dividendos reportados por defeito, dívida de curto prazo e créditos comerciais. Aqui é necessário distinguir entre empresas que desejam evitar a declaração na íntegra a qualquer agência do governo (para efeitos de evasão fiscal), o que se poderá aplicar em muitos casos a lucros reinvestidos e dividendos, e empresas que compreendem mal a terminologia e consideram que créditos comerciais não constituem dívida. A resposta às primeiras é verificar os balanços financeiros da empresa e às últimas uma melhor explicação da definição de dívida. termos de empréstimo flexíveis. Isto aplica-se especialmente a empréstimos intra-empresas, que muitas vezes têm períodos de reembolso e taxas de juros indefinidos. fluxos de investimento de portfolio à margem de mercados organizados. dívida de portfolio detida por não-residentes. O acompanhamento destas transacções é muitas vezes extremamente difícil, visto que os não-residentes compram essa dívida através de bancos ou empresas nomeados residentes. Os países precisam de intensificar esforços para acompanhar os fluxos não-residentes CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES MONITORIZANDO CAPITAIS PRIVADOS ESTRANGEIROS: MELHORES PRÁTICAS CORRENTES, FUTUROS DESENVOLVIMENTOS • • obrigando os compradores dessas transacções a reportar a sua residência. activos externos incompletos de residentes. Os residentes sentem muitas vezes relutância em declarar na íntegra os activos de que são detentores no estrangeiro, quanto mais não seja por terem receio de serem acusados de evasão fiscal ou fuga de capitais. É improvável que os inquéritos sobre CPE venham alguma vez a captar estes activos adequadamente – portanto uma PII e uma BP exactas dependerão da troca de relatórios com grandes países receptores assim como da contraverificação de relatórios do BPI e de outros relatórios internacionais sobre depósitos e entradas de CPE. remessas. Para classificar remessas correctamente na balança de pagamentos, seria ideal dividi-las por objectivo – consumo ou investimento. No entanto, os mecanismos existentes de recolha de dados da transacção de divisas são muito pouco fiáveis no acompanhamento desta divisão, quanto mais não seja porque os que enviam remessas se sentem relutantes em declarar investimentos de pequena escala em empresas ou na construção por razões fiscais. É necessário um trabalho muito mais aturado para acompanhar e analisar as remessas para assegurar que estão correctamente classificadas na balança de pagamentos, em particular através de inquéritos aos agregados familiares e mesmo indo além do trabalho excelente que o CEMLA/BID efectuam na América Latina. Em termos de frequência e oportunidade, a maior parte dos países recolhe dados anualmente, mas aspira a uma recolha trimestral. No entanto, à excepção de alguns bancos centrais com relativamente muitos recursos tais como a Bolívia e a Trindade, que há muitos anos planeiam firmemente uma recolha trimestral, há pouca evidência de que os países estão o operar progressos no sentido de uma recolha trimestral – mesmo depois de terem recolhido dados anuais de alta qualidade durante vários anos. Os países precisam de rever esses progressos regularmente para assegurar que visam constantemente uma prática mais alta do que a corrente (ver também especialmente 6.4 na página 72). A crise actual deverá também ensinar grandes lições sobre os tipos de fluxos que precisam de ser monitorizados com muito maior frequência (ex: créditos comerciais, remessas) e se isto deverá ser efectuado através de fontes inquérito ou fontes não-inquérito. Um aspecto-chave aqui é o trade-off entre exactidão e oportunidade. Nos últimos anos muitos países têm mantido a recolha anual porque é o máximo que conseguem fazer, dados os baixos níveis de quadros da BP nos seus bancos centrais ou agências de estatística. No entanto, conforme se discute em 6.3.4 e 6.3.6, a amostragem e a apreciação dos gabinetes podem superar este trade-off e permitir aos países alcançar ambos os objectivos. Por último, existe um grande problema com a disseminação. Quer as autoridades nacionais quer o FMI sentem-se muito relutantes em aceitar dados que não coincidam com séries cronológicas iniciais, o que requer grandes negociações e atrasos antes de os dados revistos poderem ser disseminados. Embora confie que os países possam resolver os seus próprios conflitos institucionais, o FMI precisa de assegurar que os seus incentivos institucionais são consistentes, para que o GDDS, a BP e pedidos de missões aos países sejam totalmente consistentes (em vez de pedir respectivamente o cumprimento dos padrões, o preenchimento de qualidade e a manutenção da série cronológica). 6.3.4 Amostra de Inquérito Um aspecto-chave dos inquéritos é decidir sobre o tamanho da amostra do inquérito. Quanto maior for a amostra, mais complicado e mais tempo leva a empreender o inquérito, com riscos à oportunidade dos dados; por outro lado, quanto menor for a amostra, maior o risco de dados não representativos serem publicados, a menos que se despenda muito tempo a melhorar os resultados da amostra através de uma apreciação dos gabinetes. A experiência dos países indica que inicialmente é essencial empreender censos (que estudem todas as empresas que possam ter transacções de CPE, idealmente identificadas através de perguntas de filtragem em inquéritos às empresas) ou grandes inquéritos (da vasta maioria dessas empresas). Isto porque fontes não-inquérito existentes tais como listas de agências de promoção do investimento e registos de pessoas colectivas são muito pouco fiáveis. Consequentemente, é vital estudar todas as empresas com movimento e transacções de CPE significativos, com base no movimento da empresa ou nos registos de IVA. Se não se fizer isto e os países optarem apenas por estudar as 100 empresas do topo que reportam ao IPA (conforme recomendação frequente de missões do FMI ou do GDDS), arriscam-se a avançar com monitorização dos CPE baseada em registos de empresas pouco fiáveis, que irão produzir dados muitos incorrectos e subestimados. Para criar um registo fiável para inquéritos iniciais, é vital assentar no número máximo de fontes. Estas incluem listas de inquéritos anteriores e outras, assim como as de agências do governo, associações do sector privado, parceiros comerciais e de investimento, e embaixadas de potenciais países de origem. Além disso, os mass media, as listas telefónicas e os conhecimentos locais podem ser úteis. Com o tempo, os países limitam o número de fontes úteis, à medida que identificam as mais fiáveis ou representativas, mas no entanto é útil manter contactos com todas as fontes actualizadas. Uma vez que se tiver estabelecido uma base fidedigna para futuros inquéritos, esta pode ser actualizada através do empreendimento de um censo ou de um grande inquérito de 5 em 5 anos. Entretanto, o aspecto-chave é como construir uma amostra fidedigna de empresas para CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 71 inquéritos interinos. A amostra tem de representar empresas com activos e passivos de equidade e não-equidade, e todos os sectores significativos da actividade económica, assim como outros factores significantes e variáveis, tais como os países de origem, a fim de acompanhar grandes tendências em sectores dinâmicos para esforços de promoção, e analisar as perspectivas para a sustentabilidade do nível sectorial. Recomenda-se uma amostra de 33%, mas uma amostra mais pequena poderá ser viável quando um pequeno número de empresas dominar montantes de CPE. Uma amostra mais pequena permite aos países aumentar a frequência dos inquéritos (de anual para trimestral), mesmo cobrindo todas as empresas significantes. É essencial passar para essas amostras mais pequenas logo que os resultados do censo ou de um inquérito maior forem fidedignos, para ter a certeza de que os resultados são oportunos para acelerar a formulação das políticas. Este passo pode reduzir os custos de cada inquérito, mas provavelmente não as cargas de trabalho anuais globais. 6.3.5 Administração de Inquéritos É muito frequente o sector privado não ter confiança no sector público (porque não sabe como é que os dados serão usados, receando comummente comunicar com as autoridades fiscais ou com os concorrentes), não querer receber demasiados inquéritos, querer evitar perguntas excessivamente técnicas ou complexas e ter períodos de trabalho mais intensos (ex: na compilação das contas) durante os quais não deseja responder aos inquéritos. Como até a experiência de países da OCDE mostra, as empresas enfrentam problemas técnicos no fornecimento de dados. É portanto essencial garantir a confidencialidade das respostas excluir os departamentos fiscais de GTN, envidar grandes esforços para racionalizar e combinar inquéritos (incluindo os conduzidos por organizações dos doadores ou do sector privado), simplificar questionários e evitar os períodos de trabalho mais intensos da empresa – assim como maximizar a formação das empresas em inquéritos. Os países já abordaram isto de muitas maneiras12, incluindo através de consciencialização, melhor explicação do mandato legal e de sanções que apoiam a confidencialidade dos dados, técnicas melhoradas de trabalho no terreno, atribuição de prioridade às maiores empresas, consultas estreitas a associações privadas, administração conjunta com perguntas sobre a percepção dos investidores e uso de dados não-inquérito incluindo balanços financeiros nos casos em que estes se encontrarem facilmente disponíveis. 6.3.6 Validação, Extrapolação, Registo e Processamento de Dados Uma vez recolhidos os dados brutos, é essencial um controlo de qualidade rigoroso. Os países precisam primeiro de editar e verificar os formulários devolvidos usando cálculos in-office, 12 e sempre que necessário visitar empresas ou devolver formulários para verificar os dados. São necessárias estratégias complexas para tratar da não-resposta através do acompanhamento de grupos de empresas ou de empresas individuais chave. Uma vez que todas as vias tenham sido esgotadas, são necessárias a apreciação dos gabinetes (baseada em sector, tamanho e comportamento do país de origem, assim como fontes não-inquérito) e a extrapolação para colmatar eventuais lacunas não-resposta, assim como para inferir eventuais dados necessários para transformar amostras em dados fidedignos a nível da economia para todas as empresas. Se houver alguma lacuna na cobertura dos períodos por inquéritos, também poderá ser necessária a intrapolação. Os sistemas de software nacionais e regionais revelaram-se ser extremamente incapazes de registar dados CPE ou de produzir relatórios analíticos adequados. Por isso, o PFC CPE desenvolveu um software especializado em Microsoft Access, em consulta com os países participantes, que se encontra disponível em 4 línguas e é facilmente adaptável pelos programadores dos países às necessidades de cada país. Assentando na melhor prática do PFC CPE, vários países desenvolveram os seus próprios sistemas de software e a região do MEFMI está a ultimar o desenvolvimento do seu próprio software de CPE como o PCIS. Em última análise, é crucial que os países (e sempre que possível as regiões a fim de capitalizarem nas economias de escala) desenvolvam sistemas de software adaptados às suas necessidades e passíveis de manutenção a nível nacional em vez de dependerem de assessoria externa. Os países continuam a usar os sistemas CS-DRMS do Secretariado da Commonwalth ou SIGADE da CNUCED para registar dados para a dívida externa do sector privado numa base de empréstimo-por-empréstimo. Já estão em curso mais esforços para adaptar o sistema CS-DRMS às complexidades da dívida externa do sector privado de cada país, incluindo créditos comerciais e empréstimos intra-empresas. Em última análise, será vital que ambos estes sistemas possam facilmente produzir relatórios analíticos que possam ser usados para avaliar a sustentabilidade da dívida nacional (sector público/privado). 6.4 FUTURAS NECESSIDADES: AVANÇANDO PARA SISTEMAS DE RESPOSTA RÁPIDA E DE AVISO PRÉVIO A actual crise global expôs a necessidade de os países em desenvolvimento estabeleceram sistemas de resposta rápida e de aviso prévio para monitorizar os recentes desenvolvimentos e futuras potenciais tendências CPE. A maior parte dos países tem componentes básicos para desenvolver sistemas de resposta rápida e de aviso prévio, mas não os usam sistematicamente. Estes incluem Consultar Bhinda and Martin (2006), e www.fpc-cbp.org para mais informações. 72 CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES MONITORIZANDO CAPITAIS PRIVADOS ESTRANGEIROS: MELHORES PRÁTICAS CORRENTES, FUTUROS DESENVOLVIMENTOS mecanismos globais assim como sistemas específicos de diferentes tipos de CPE. 6.4.1 Aspectos Globais Aqui os dois passos mais essenciais são: • uma recolha mais frequente e oportuna de dados • efectivos. Todos os países deverão passar para uma recolha de dados trimestral usando amostras mais pequenas mas representativas. o uso de perguntas de previsão. Deverão usar-se inquéritos trimestrais para testar o sentimento dos investidores, indo além de perguntas sobre se o investimento irá expandir-se, manter-se ou contrair com respeito ao resultado imediato, pesquisa e desenvolvimento, emprego, presença regional e de perguntas sobre a perspectiva de financiamento em mais pormenor. 6.4.2 IDE As agências de promoção do investimento precisam de aumentar os seus esforços para recolher informações sobre perspectivas para o financiamento de grandes projectos individuais acima de um certo limiar. Isto inclui o acompanhamento dos horizontes temporais para projectos existentes e novos; e se existe algum risco de interferência ou não-realização (ex: não-aprovação de financiamento, dependência de um parceiro de joint venture, etc.). Essas questões deverão ser desagregadas para cobrir diferentes tipos de financiamento (especialmente capital e dívida), assim como países de origem. Os países poderão também construir perspectivas a nível sectorial: entrevistando regularmente grandes investidores ou câmaras de cada sector (se necessário, estabelecendo contacto com uma empresa-mãe estrangeira se a decisão de investir estiver a ser tomada no estrangeiro), revendo relatórios anuais de empresas e recortes de imprensa sobre desenvolvimentos e perspectivas e analisando dados de inquéritos históricos da série cronológica sobre padrões de investimento (avaliando a volatilidade dos fluxos por tipo de financiamento, sector e país de origem para os distinguir dos efeitos da crise). • O estabelecimento de perfis de reembolso prováveis para empréstimos entre empresas relacionadas; • A monitorização trimestral e mais fidedigna de dívida de curto prazo e relacionada com o comércio; • Uma análise da dívida que inclua montantes devidos a residentes 6.4.4 Fluxos de Portfolio Estes fluxos revelaram-se figurar entre os mais difíceis de acompanhar. No entanto, os países precisam de melhorar e acelerar a recolha de dados e as intenções sobre os fluxos de capitais e de dívida provenientes de fontes primárias tais como bolsas de valores e de obrigações, assim como a coordenação mais estreita com patrocinadores internacionais desses fluxos (operadores da bolsa e de obrigações, especialmente gestores de fundos do mercado emergente). 6.4.5 Remessas As remessas são especialmente sensíveis a crises globais e baixas em economias de origem. Estudos recentes indicam que uma parcela significativa dos fluxos totais é motivada pelo investimento, devendo portanto ser analisada juntamente com CPE. No entanto, não há mecanismos (para além de sistemas de acompanhamento de transacções de agências e bancos) para analisar tendências nesses fluxos e seus objectivos (investimento ou consumo). É necessário fortalecer as ligações entre diversas iniciativas nacionais, regionais e internacionais, e a nível nacional entre iniciativas do banco central para monitorizar remessas e fluxos de capitais, para obter melhores estimativas obtidas quanto ao objectivo dos fluxos. Todos os inquéritos (especialmente os empreendidos com maior frequência) precisam de incluir previsões de futuros fluxos. 6.4.3 Dívida Os fluxos da dívida figuram entre os mais voláteis especialmente em tempos de crise. Os países que só recolhem dados agregados (e nos casos em que as empresas são muito dependentes do financiamento da dívida) precisam de passar para uma prestação de contas empréstimo-por-empréstimo, permitindo uma previsão baseada em calendários de reembolso, assim como uma avaliação dos riscos baseada na moeda, em taxas de juro variáveis, título de garantia e rácios dívida para capital. Sectores de alto risco, tipos de fluxos (especialmente relacionados com o comércio) e grandes empresas precisam de ser monitorizados mais rigorosamente. Isto levanta os seguintes desafios: CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 73 74 CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES A análise dos países participantes no Programa de Formação da Capacidade de Capitais Privados Estrangeiros tem implicações fascinantes para políticas nacionais e mundiais. Estas podem ser agrupadas em 7 áreas. 1) Aumentando e Estabilizando Fluxos: Implicações da Crise Nos últimos anos, muitos países de baixa renda têm estado obcecados em reagir a aumentos rápidos dos fluxos de capitais privados estrangeiros não-residentes, especialmente IDE. Os PBR sabiam que estes booms estavam a acontecer, tendo as suas implicações para as políticas sido avaliadas em Bhinda et al (1999). Este aumento estava a atingir muitos dos países mais pobres e os fluxos eram provenientes de um grupo muito mais amplo de países (especialmente não-OCDE) de origem e estavam a ser canalizados para uma gama muito mais ampla de sectores anfitriões. Entretanto, a política mundial, partindo de uma premissa incorrecta que os PBR estavam a receber muito pouco capital privado estrangeiro, continuou a frisar a necessidade de promovê-lo virtualmente, independentemente do seu impacto no desenvolvimento. Só por volta de 2005 é que a crise mundial começou a realçar o aumento dos fluxos para PBR, resultando num maior interesse em recursos naturais, pagamentos de impostos e responsabilidade das empresas. Ao mesmo tempo, os PBR estavam preocupados com a potencial instabilidade dos fluxos. Os Governos PBR descobriram sinais de volatilidade (especialmente em fluxos de empréstimos) muito antes da crise financeira mundial. Muitos também foram sujeitos a inversões dramáticas dos fluxos, muitas vezes reflectindo factores específicos do sector externo ou dos investidores e não políticas ou circunstâncias dos países anfitriões. No entanto, foi preciso haver uma crise financeira mundial para a comunidade internacional começar a preocupar-se com o impacto da instabilidade dos capitais privados estrangeiros. Este desfasamento importante nas discussões de políticas internacionais, comparado com as experiências PBR, tem duas implicações principais. Os PBR precisam de aumentar os seus esforços no sentido de monitorizarem e analisarem CPE para poderem executar políticas com mais exactidão. Também precisam de aumentar os seus esforços no sentido de divulgarem os resultados da sua análise e a comunidade internacional tem de escutar muito mais atentamente esses resultados, para conceber uma arquitectura financeira mundial que os possa proteger melhor contra os altos e baixos nos fluxos de capitais privados. Ainda mais fundamentalmente, os PBR e as organizações oficiais que os apoiam precisam de se concentrar em aumentar dramaticamente a formação bruta de capital fixo financiada a nível nacional para reduzir a dependência dos países mais pobres do investimento financiado externamente. Contudo, o cumprimento deste objectivo 76 está-se a tornar mais complexo porque os CPE para muitos países estão agora a envolver-se muito em quase todos os sectores: indo muito além da sua primeira concentração em mercadorias para cobrir os sectores do turismo, das finanças, da manufactura, imobiliário, da construção e mesmo das infra-estruturas, da agro-indústria e da agricultura. Isto torna ainda mais vital seleccionar incentivos, para que os investidores de IDE sejam encorajados a criar joint ventures, e ligações para trás (backward) e para a frente (forward) a insumos locais e processos de valor acrescentado para que uma transferência de tecnologia e uma criação de emprego mais fortes forneçam uma base melhor para a inclusão, e não a exclusão, do investimento privado nacional. 2) Mudando a Composição dos Fluxos e Tornando Tudo Mais Estável Em particular, é necessário dispensar muito mais atenção à composição do financiamento que os PBR estão a receber. Os investidores de “equidade” têm estado muito dependentes do financiamento de empréstimos contraídos no estrangeiro, também usados em períodos prósperos (boom) para financiar fusões e aquisições a preços excessivos. Isto torna os PBR muito mais vulneráveis à volatilidade (porque a dívida é o tipo de fluxo mais volátil) e a potenciais crises da dívida provocadas pelo sector privado (dado que na maioria dos PBR esta dívida situa-se entre 33% e 75% dos níveis da dívida do sector público). A comunidade internacional e as autoridades nacionais têm de envidar mais esforços para incentivarem maiores parcelas de novos investimentos genuínos de equidade, onde for necessário usando co-financiamento e garantias mais eficazes. Também precisam de monitorizar o custo empréstimo-por-empréstimo dessa dívida, assim como os seus perfis de vencimento previstos, rácios dívida-equidade, futuro impacto nas divisas e na sustentabilidade da balança de pagamentos e potenciais exposições a riscos de taxas de juros, taxas de câmbio e necessidades de refinanciamento. Se houver algum risco escassez de divisas (usando a dívida do sector privado a níveis das reservas como verificação), deverão começar a estabelecer níveis de limiares para a dívida do sector privado e a desencorajar projectos com alavancagem excessiva. A monitorização e a análise também deverão ser empreendidas a nível sectorial e também das empresas (assim como para a economia em geral) porque uma alavancagem excessiva a nível sectorial e das empresas tem frequentemente causado problemas da dívida que, se forem suficientemente grandes, podem causar crises para toda a economia nacional (Anglo-American na Zâmbia, Ashanti Gold no Gana). Os governos e as organizações internacionais poderiam solicitar mais informações ex ante (para a aprovação de projectos) sobre a composição do financiamento ou fazer suposições com base no comportamento dos investidores em projectos semelhantes CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES ou dos mesmos países de origem, e usá-las para prever futuras tendências. Também poderiam reduzir os custos da dívida fornecendo co-financiamento, aumentando a capacidade de negociação dos investidores com potenciais financiadores e prestando mais informações sobre acordos comparáveis (taxas de juros sectoriais médias e vencimentos, bancos de origem) para apoiar os investidores nessas negociações. Por último, poderiam reduzir a dependência da dívida encorajando a diversificação para sectores menos dependentes da dívida (i.e. especialmente para além dos minerais e do petróleo). Inversões acentuadas dos fluxos do portfolio em tempos de crise nacional ou mundial sublinharam lições anteriores sobre alta volatilidade, mas desta vez espalhando mais o contágio porque mais pequenos países estabeleceram mercados de acções ilíquidos e permitiram ou incentivaram os investidores estrangeiros a comprar obrigações do Estado e bilhetes do Tesouro. Há muitas lições dos mercados emergentes sobre como usar os impostos e outros incentivos para encorajar uma maior estabilidade destes fluxos que os PBR precisam de aplicar. Também poderá ser altura de rever a tendência para encorajar cada país a ter o seu próprio mercado de acções, dado que podem ser grandes transmissores de volatilidade (e também reduzir acentuadamente o valor de mercado estimado da equidade de que são detentoras empresas que não estão cotadas nesses mercados), e em vez disso focar na promoção de mercados regionais até os sectores privados serem mais fortes e permitirem aos mercados nacionais terem mais cotações e serem mais líquidos. Contudo, não se pode partir do princípio que a equidade directa é mais estável que os empréstimos ou os fluxos de portfolio. Outro sinal de aviso prévio foi o nível muito alto de repatriação de capital e lucros antes da crise, potencialmente causando problemas para a balança de pagamentos, caso houvesse um abrandamento de novos fluxos. A crise produziu aumentos acentuados na repatriação de lucros e inversões de fluxos de empréstimos intra-empresas, mostrando que os países e a comunidade internacional precisam de investir muito mais tempo na análise dos pormenores dos fluxos de equidade e em estabilizá-los. Também precisam de acompanhar a sustentabilidade dos CPE em termos líquidos, não apenas (como foi prática comum até recentemente) projectando uma taxa de crescimento percentual para aumentos brutos dos CPE. Isto implica investigar mais de perto quais as medidas de políticas (quer a nível nacional quer internacional) que irão mais provavelmente reduzir as percepções muitos elevadas de riscos e portanto de taxas de repatriação exigidas por investidores de IDE, assim como reduzir a margem para a evasão fiscal offshore desenfreada através dos paraísos fiscais e que por vezes se encontra oculta dentro da repatriação. Do mesmo modo, alguns países de baixa renda têm activos financeiros extremamente grandes do sector privado no estrangeiro, de que empresas e particulares são detentores, levando em alguns casos a Posições de Investimento Internacional positivas – tendo na maioria dos PBR estado a crescer rapidamente nos últimos anos. A crise conduziu a quedas vertiginosas do seu valor e realçou que a detenção de activos no estrangeiro não é garantia de protecção contra a volatilidade. Embora a maior parte destes activos não seja usada como base para a repatriação de fundos para os seus PBR de origem (i.e. são detidos virtualmente permanentemente no estrangeiro), é necessário empreender mais análises da interacção entre detenção de activos estrangeiros e crescimento no país de origem – e como incentivar uma maior retenção de capital residente no país de origem – assim como obviamente desencorajar exportações ilícitas e fugas de capitais. 3) Acelerando a Diversificação de Fontes e Destinos Até recentemente havia uma grande falta de harmonia entre onde a maioria dos PBR faz a sua promoção do investimento (em grande parte em países OCDE) e de onde o investimento é cada vez mais proveniente, (em grande parte em países não-OCDE, especialmente de dentro da mesma região). Alguns PBR têm estado a diversificar os seus esforços de promoção para captar estas novas fontes, mas outros precisam de envidar esforços muito mais fortes, e as instituições internacionais precisam de incentivar isto em vez de focarem na OCDE. Em parte, a concentração excessiva em fontes OCDE poderá ter reflectido uma percepção de que o investimento OCDE é de mais alta qualidade, em termos da sua contribuição para o crescimento ou da sua responsabilidade social e ambiental. Contudo, a análise dos países fornece evidência de que o investimento sul-sul é menos volátil que o investimento norte-sul e foi especialmente resiliente durante a crise mundial, por lado por ser menos dependente do financiamento da dívida. Também não indica qualquer diferença sistemática em sectores de investimento (devendo os investidores não-OCDE de igual modo, se não mais provavelmente, investir em sectores não-baseados em recursos e visar mercados e eficiência bem como recursos), pagamentos de impostos, níveis de emprego, transferência de tecnologia ou aspectos de responsabilidade das empresas. No entanto, é necessária mais análise nos múltiplos países do comportamento relativo dos investidores de diferentes países de origem. O crescimento dos paraísos fiscais offshore como fontes de investimento (e destinos de lucros repatriados) é uma tendência inquietante. Implica que os PBR estão a ficar cada vez mais ligados a esses paraísos e sublinha a necessidade de tomar mais sistematicamente medidas duras contra os paraísos fiscais, obrigá-los a reportar activos de empresas individuais e assistir as autoridades PBR no processamento da evasão fiscal. CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 77 Outro elo fraco em muitas agências de promoção do investimento é que estas focam em discussões com o que parece ser investidores de equidade – i.e. empresas – em vez de outras fontes de financiamento tais como credores de dívida ou gestores de fundos que investem dinheiro em portfolio de activos. Isto está a mudar à medida que mais PBR obtêm classificações de crédito, emitem obrigações internacionais e tomam conhecimento de que capitais privados estrangeiros estão a ser canalizados para os seus mercados de acções e obrigações e bilhetes do Estado emitidos a nível nacional. As autoridades PBR estão a ter de se envolver com estes investidores e a responder às suas preocupações, mas não ficou claro se isto está a ser feito de forma sistemática ou representativa. Na medida em que estes financiadores estão sediados offshore, é necessário estudá-los separadamente e avaliar as implicações para as políticas do governo e potencial impacto na composição e no custo do financiamento. Em termos de sectores, a análise mostra que as percepções comuns de que os países de baixa renda recebem muito investimento em busca de recursos naturais são incorrectas. Houve uma grande diversificação para os sectores da manufactura, financeiro, do turismo, imobiliário e da construção, e mesmo do agro-processamento e agrícola. Isto abre oportunidades muito mais amplas para a promoção do investimento e para analisar a razão por que alguns países estão a conseguir uma maior diversificação sectorial que outros. Não obstante, alguns sectores continuam em grande parte a ser “órfãos” – particularmente a agricultura até recentes esforços de cultivo da terra por agricultores de outros países em desenvolvimento para produzir colheitas para os mercados dos países de origem ou anfitriões. Além disso, a maior parte das garantias e do co-financiamento fornecidos pelas organizações internacionais e pelos doadores vai para os sectores com a mais alta rentabilidade, sendo o investimento de portfolio concentrado em alguns sectores devido à falta de cotação em bolsas de valores – exacerbando a percepção de que os CPE não são canalizados para outros sectores. É necessário envidar muitos mais esforços para diversificar os sectores que beneficiam de apoio internacional e promover transacções de acções paralelas e outras menos formais para atrair o investimento de portfolio internacional. Uma razão para investir em sectores tais como a manufactura e a agricultura, que tendem a depender mais da procura regional ou nacional, é que essa procura é mais resiliente perante uma crise mundial – e esta lógica deverá ser mais comunicada a investidores de CPE. Por outro lado, são necessários esforços especiais para diversificar regiões receptoras dentro dos países. Muitas políticas de promoção do investimento fazem pouco caso das análises em estratégias nacionais de desenvolvimento 78 ou redução da pobreza que visam regiões mais pobres para desenvolvimento acelerado para reduzir a desigualdade e poderiam focar isto na concepção de políticas de incentivos. Contudo, obter-se-á uma mudança mais fundamental através da concentração nos recursos que essas áreas têm e da promoção do investimento em sectores relacionados (ex: agricultura), assim como através do investimento em infra-estruturas inexistentes. 4) Mantendo o Nível dos Sectores Dinâmicos Variáveis A análise neste livro também mostra que os países anfitriões têm de ser muito ágeis a seleccionar sectores dinâmicos para investimento de capitais privados estrangeiros para evitar serem afectados por mudanças rápidas provocadas por tendências mundiais (incluindo as em sectores específicos) ou por reduções graduais no dinamismo devido a concentração excessiva de investidores e à saturação dos mercados. Sem essa rapidez, podem facilmente dar-se conta de que estão a promover os sectores errados nos países de origem errados para os tipos de financiadores errados. Ao mesmo tempo, precisam de ter uma política clara de longo prazo para sectores de concentração para o futuro crescimento económico – portanto isto implica que as suas políticas precisam de ser dinâmicas, flexíveis e actualizadas com frequência. A selecção de sectores dinâmicos também é particularmente problemática porque o mero ritmo do seu desenvolvimento poderá torná-los menos propensos a maximizar benefícios para as economias dos países receptores (especialmente se lhes estiverem a oferecer incentivos adicionais) tais como receitas tributárias, transferência de tecnologia e desenvolvimento de competências. Este acto de equilibrismo requer políticas fiscais e de outros incentivos muito matizadas para promover a tecnologia e as competências. Também indica que qualquer política para sectores de concentração deverá tomar em conta até que ponto se viram sectores específicos noutros países a pagar impostos, transferir competências e tecnologia e criar ligações para trás e para a frente, e não apenas as possibilidades de alargar fluxos de capitais privados estrangeiros. Outro factor que poderá ser tomado em conta na concepção de políticas de promoção é o grau em que os investidores são transparentes e descentralizados quando tomam decisões. Alguns sectores (tais como turismo, imobiliário e mineiro) têm muitas vezes estruturas empresariais muito complexas (envolvendo sociedades gestoras de participações sociais (holdings) e sedes poderosas), complicando quer a análise de CPE quer o diálogo de políticas para estabilizar os fluxos. A crise mundial também destacou particularmente a necessidade de proteger projectos de infra-estruturas contra a volatilidade porque são vitais para o crescimento de longo prazo. A recente dependência crescente do financiamento do sector privado para infra-estruturas em PBR levou a uma CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES necessidade urgente durante a crise mundial para “salvar” projectos de infra-estruturas cujo financiamento ficou paralisado ou foi abandonado. Isto implica que deverá haver mais cautela no futuro em relação ao fornecimento do sector privado, nos casos em que este é financiado por empréstimos ou acordos onerosos de parcerias público-privadas, que poderão ser vulneráveis a futuras crises – e mais análise de potenciais riscos a projectos de volatilidade global. 5) Falando a Investidores sobre as Respostas das Políticas às Percepções A análise dos factores que motivam os investidores, as suas percepções das políticas do governo e outros factores que têm um impacto positivo ou negativo nas suas perspectivas e os seus gastos na responsabilidade das empresas, tudo indica a necessidade de um maior diálogo com o sector privado sobre as suas percepções e o impacto do seu investimento no desenvolvimento nacional geral. Como constatámos na nossa análise anterior (Bhinda et al 1999), o “clima de investimento”, muitas vezes definido internacionalmente no sentido de quadros legais e reguladores e incentivos fiscais, é menos fundamental que outros factores em decisões tomadas pelas empresas que investem em PBR. Para dar alguns exemplos: • o crescimento económico para aumentar o tamanho do • • • • • mercado e a estabilidade das políticas (i.e. taxa de câmbio e nível de inflação estáveis) são mais importantes que a “estabilização” (inflação muito baixa) ou a “competitividade” (uma taxa de câmbio real baixa, que só incentiva exportadores), implicando mudanças importantes no foco da política económica. produtividade, custo e disponibilidade de mão-de-obra são mais vitais que leis de trabalho liberais, tal como também é sublinhado pelo forte foco das empresas no reinvestimento na formação. incentivos de investimento só são importantes quando usados de forma selectiva, assegurando igualdade nas condições de concorrência para investidores estrangeiros e locais e orientando-os para sectores ou regiões com o maior potencial para o impacto no desenvolvimento. a corrupção e a fraude das empresas têm de receber tanta atenção como a corrupção do governo. Isto implica intensificar as convenções OCDE e as leis dos países individuais, alargando a Iniciativa de Transparência das Indústrias Extractivas a outros sectores e indústrias e aumentando o cumprimento de todas essas iniciativas. as infra-estruturas – especialmente disponibilidade e custo de energia, transportes não-rodoviários e águas – constituem um motivo de queixa máximo constante e requerem muito mais investimento. as despesas na saúde e na educação são vistas não só como serviços sociais básicos, mas também como grandes contributos para a produtividade (através da redução do • absentismo e da rotação) e para a melhoria dos recursos humanos. Os ODM são portanto fundamentais para o crescimento. os aspectos ambientais (incluindo os efeitos das alterações climáticas na erosão costeira, seca e cheias) estão a subir rapidamente na lista e os gastos de adaptação precisam de ser rapidamente aumentados. Duas outras características precisam de ser tomadas em conta na concepção de futuros inquéritos. Primeiro, diferentes tipos de investidores (exportadores, buscadores de recursos/activos/mercado/eficiência, sectores primário/ secundário/terciário), residentes e não-residentes, potenciais investidores e investidores efectivos, pequenas e grandes empresas, e investidores de diferentes países de origem têm motivações e percepções muito variadas. Assim, os inquéritos têm de incluir todos estes diferentes grupos e analisar os seus pareceres de forma desagregada. Segundo, as percepções podem mudar dramaticamente quer na sua direcção (especialmente passando de positivas para negativas) e na importância relativa de vários factores, especialmente à luz da crise económica e cobertura relacionada dos mass media. Por exemplo, em muitos países em 2007-08, a inflação subiu na lista de preocupações muito mais rapidamente do que os eventos justificavam, devido a uma cobertura total dos aumentos dos preços dos géneros alimentares e dos recursos naturais. Isto realça a necessidade de o governo empreender inquéritos muito regulares e responder rapidamente encetando diálogos para reduzir as preocupações do sector privado. Estas constatações também têm implicações importantes para a maneira como a comunidade internacional avalia as perspectivas para fazer negócios em PBR. Sugerem a necessidade de uma mudança fundamental nas metodologias de avaliação do Banco Mundial (Fazendo Negócios) assim como das agências de classificação de crédito em áreas tais como políticas laborais e fiscais, bem como a importância relativa dada a resultados do crescimento, ao capital humano, a infra-estruturas físicas e à política ambiental. As amplas variações nos factores que os investidores consideram vitais em diferentes países também implicam que qualquer índice global deverá ser questionado pela sua relevância para as circunstâncias dos países individuais. Contudo, as percepções nem sempre deverão levar a mudanças automáticas nas políticas por duas razões principais. Primeiro, os investidores podem estar errados ou mal informados: por exemplo, queixar-se-ão sempre de níveis tributários mesmo quando estes forem mais baixos que noutros países ou tenham sido recentemente reduzidos. Segundo, os investidores não-residentes constituem apenas um de muitos grupos de partes interessadas, não devendo as suas percepções necessariamente predominar na execução de políticas: por exemplo, manter níveis aceitáveis de salários mínimos poderá ser importante para a estabilidade política CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 79 e para a redução da pobreza (assim como também para aumentar a produtividade e a vontade por parte dos trabalhadores de melhorarem as suas competências). Em vez disso, o governo precisa de ter um diálogo – especialmente com as empresas que se mostraram dispostas a correr o risco – sobre se as suas percepções são justificadas. Para informar este diálogo, os governos precisam de melhorar dramaticamente a utilidade (e a facilidade de uso) das fontes de informação do governo, assim como operar com associações do sector privado para explicarem melhorar as políticas aos seus membros. 6) Aumentando o Impacto dos Capitais Privados Estrangeiros no Desenvolvimento O mais essencial é melhorar a capacidade dos governos anfitriões e das organizações da sociedade civil para maximizarem o impacto positivo dos capitais privados estrangeiros no desenvolvimento. Isto implica maiores esforços para promover a responsabilidade das empresas por parte dos investidores. A responsabilidade tem de ir além da assinatura de declarações mundiais e da emissão de amplas declarações de políticas passando a pagar impostos e a comprometer-se a gastar em recursos humanos, protecção ambiental, financiamento de serviços e infra-estruturas – integrando o pagamento de impostos e os gastos na sua política global das empresas. As empresas mais cientes sabem que podem obter uma alta rentabilidade apoiando o abastecimento público e investindo em si próprias na saúde, na educação, no ambiente e nas infra-estruturas: outros precisam de mais convencimento partilhando melhores práticas e resultados em áreas tais como: • operar com o governo e com ONG para promover a • • consciencialização, medidas preventivas e cuidados de saúde para empregados, famílias e comunidades mais amplas e incentivar os contratantes ou os fornecedores a fazerem o mesmo (ver também Nelson 2006). promover um maior equilíbrio entre os géneros na força de trabalho e empregos mais especializados para nacionais. investir em fontes de energia de baixo carbono e promover a transferência gratuita ou de baixo custo destas tecnologias em todas as suas cadeias de fornecimento. Contudo, também significa maximizar esforços para assegurar que os CPE aumentem poupanças nacionais baixas ou uma fraca intermediação financeira e realizem efeitos secundários (“spillovers”) positivos através da transferência de tecnologia, do desenvolvimento de empresas, da integração comercial internacional, concorrência aumentada e formação de capital humano. Para assegurar que isto é feito de formas que não excluam empresas locais, os governos têm de investir muito mais para assegurarem que as empresas locais tenham capacidade e motivação para 80 investir na absorção de tecnologias e competências estrangeiras (ver também Blomstrom and Kokko 2003). Isto também significa que as API precisam de ver além da quantidade de IDE que geram, recebendo um incentivo através de objectivos mais qualitativos para a criação de postos de trabalho, exportações, receitas orçamentais ou transferência de tecnologia nos seus quadros de resultados institucionais e programas de trabalho; assim como recursos suficientes para empreender análises de custo-benefício de projectos e adaptar eventuais incentivos à promoção dos seus objectivos qualitativos. A comunidade internacional também poderá ajudar conferindo maior importância a aspectos qualitativos e contributos para os objectivos nacionais de desenvolvimento ao avaliar a eficiência das API. 7) Aumentando o Investimento no Desenvolvimento da Capacidade dos Países para Executar Políticas Por último, e ainda mais importante, os países de baixa renda precisam de estar mais bem equipados para monitorizarem e analisarem os fluxos de capitais privados e executarem políticas para cumprirem os objectivos descritos acima. Alguns já percorreram um longo caminho nos últimos anos ao introduzirem inquéritos anuais fidedignos a empresas, que lhes permitem produzir dados mais exactos sobre as tendências. Contudo, enfrentam muitas vezes problemas ao tentarem convencer o FMI a aceitar estes dados e a usá-los como base para melhores previsões – por um lado porque a melhoria de dados de fluxos de capitais levanta geralmente grandes problemas da exactidão dos dados importados. Muitos países ainda não estão a monitorizar ou a analisar fluxos bem (não apenas PBR mas também países de renda média, o que também é a razão por que a próxima fase do PFC CPE irá operar cada vez mais com PRM). Isto reflecte em parte uma preocupação excessiva a nível mundial com o cumprimento dos padrões GDDS e SDDS para oportunidade e abrangência, levando muitos países a publicar dados que sabem ser de má qualidade. No entanto, a maior parte da ajuda disponível aos países diagnostica problemas e recomenda soluções técnicas. Não toma suficientemente em conta os constrangimentos de políticas e instituições para uma boa monitorização. Foi surpreendente no início do PFC CPE em 2002 que o apoio à capacitação a médio prazo prestado aos países, para superar estes problemas institucionais, não era de um modo geral disponível de outras fontes: e o PFC CPE recebeu pedidos de apoio de um número crescente de países porque continua a ser exclusivo na resolução de problemas locais para as autoridades dos países. Porém, ainda mais importante é a ajuda na análise e na execução de políticas. A crise financeira mundial mostra que não podemos pressupor que reportar dados ex post de forma transparente à comunidade internacional e de investidores irá contribuir para impedir a inversão dos fluxos. Muitos países em desenvolvimento pouco mais fazem com CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES os dados que recolhem que publicar tabelas da balança de pagamentos e da Posição de Investimento Internacional, que são em grande medida incompreensíveis para não-especialistas. O PFC CPE promoveu uma análise de alta qualidade e orientada para os investidores dos tipos de fluxos, países, sectores e regiões de origem. Também permitiu aos investidores responder a perguntas sobre as suas preocupações e percepções em relação às políticas do governo ao mesmo tempo que fornece dados sobre fluxos. Ambas estas características melhoraram dramaticamente as relações com o sector privado. Isto gerou quer níveis mais altos de 20-40% de resposta a inquéritos sobre dados quer um diálogo activo que incentiva os investidores a reinvestirem e contribuírem para o desenvolvimento. Só uma execução de políticas activa pelos PBR baseada nesta análise irá assegurar que os fluxos contribuam o máximo para o desenvolvimento através de estabilidade, melhor composição, diversificação de fontes e destinos, e através de uma resposta às tendências e preocupações dos investidores. Ainda há muito a fazer. Os inquéritos podem passar constantemente a ser de uso mais fácil através da simplificação e explicação das perguntas, assim como actualizados para tomarem em conta novos tipos de fluxos. Os dados podem passar a ser mais oportunos: muitos países fazem um grande esforço para poderem cumprir o padrão GDDS de publicação de dados anuais de 6 meses após o fim do ano civil, quanto mais os padrões SDDS de dados trimestrais dentro de 3 meses. A carga dos inquéritos pode ser racionalizada incentivando as instituições não-governamentais e doadoras a usar os resultados dos inquéritos oficiais. As instituições do sector público e os grupos de trabalho nacionais precisam de continuar esforços para reforçar mandatos, quadros, procedimentos e coordenação dos trabalhos. Sobretudo, os países e a comunidade internacional têm de usar técnicas mais avançadas para recolher dados de amostra trimestralmente e para inquirir as empresas sobre tendências actuais e previstas. Futuros inquéritos e análises usam perguntas de previsão sobre perspectivas pormenorizadas para fontes de financiamento e sua utilização, horizontes temporais dos desembolsos, eventuais riscos de disrupção, e perspectivas sectoriais e de grandes projectos. Também podem analisar séries cronológicas para avaliar a volatilidade por tipo de financiamento, país e sector de origem, e incluir a análise resultante dos riscos e da probabilidade nas projecções da balança de pagamentos e do investimento. É vital desenvolver estes sistemas de aviso prévio que identificam grandes potenciais tendências e ajustar as respostas de políticas nesse sentido. Nas duas últimas décadas, a incapacidade para acompanhar e analisar os fluxos de capitais privados para países de baixa renda e para conceber políticas para maximizar a sua contribuição para o desenvolvimento obrigou as economias PBR a enfrentar altos e baixos inesperados, interrompendo o seu crescimento e reduzindo as suas perspectivas de cumprimento dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. Mais recentemente, levou muitos a pensar que os PBR não seriam seriamente afectados pela crise mundial. Isto revelou-se ser espectacularmente errado, obrigando a comunidade internacional a reconhecer que a globalização tornou os países mais pobres tão vulneráveis a crises mundiais como a crises nacionais recorrentes. Agora é preciso haver uma mudança mais fundamental a longo prazo na arquitectura financeira internacional, apoiada por melhorias dramáticas nas políticas, análise e monitorização PBR para evitar repetir estes erros e acelerar os progressos no sentido dos ODM. Pode-se fazer muito mais para acompanhar e promover os esforços dos investidores para um impacto positivo no desenvolvimento nacional, aumentando desse modo a sua própria rentabilidade. O sector privado (incluindo empresas dos residentes) precisa de ser ainda mais sensibilizado para a razão por que a resposta aos inquéritos, o diálogo e o impacto no desenvolvimento são importantes e de mais formação em como preencher os inquéritos com precisão (especialmente sobre o valor de mercado, lucros reinvestidos e dividendos, dívida de curto prazo e crédito comercial, e activos) e implementar políticas de responsabilidade das empresas. As organizações internacionais também poderão ser mais pró-activas na comparação dos dados internacionais que recolhem (ex: o BPI sobre a dívida do sector privado, a SFI sobre o portfolio dos gestores de fundos de mercados emergentes) com os dados nacionais e no uso das divergências entre estes para melhorar ambos. CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 81 82 CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES ANEXO 1 FONTES E MÉTODOS Este anexo faz um apanhado das fontes e dos métodos usados na compilação dos dados apresentados neste relatório. Não se destina a ser um registo abrangente da prática dos países. Queira contactar os autores com eventuais perguntas relativas a este relatório. Para mais informações sobre as práticas dos países, queira consultar os relatórios dos países quando disponíveis ou dirigir perguntas às equipas dos países. Para mais informações sobre melhores práticas gerais, queira consultar Bhinda and Martin (2005) e sobre a dívida externa do sector privado queira consultar Baball (2003). 1. Arranjos legais e institucionais Os grupos de trabalho inter-agências nacionais empreenderam os exercícios. Na maioria dos países os Bancos Centrais tomaram a iniciativa, excepto nos Camarões (Ministério das Finanças), no Malawi (Gabinete Nacional de Estatística) e em Zanzibar (Autoridade de Promoção do Investimento de Zanzibar). As equipas também eram compostas por outras partes interessadas, tipicamente incluindo agências de promoção do investimento, gabinetes nacionais de estatística e, ocasionalmente, ministérios sectoriais e associações do sector privado. O mandato legal para empreender o exercício e proteger a confidencialidade dos dados foi subscrito por leis nacionais tipicamente do banco central ou do gabinete nacional de estatística. 2. Fontes de dados Os países obtiveram a maior parte dos dados directamente de empresas e bancos comerciais. Estes foram completados por, e sempre que necessário verificados face a, outras fontes nacionais (ex. prestação de contas directa de bancos comerciais para o banco central, bolsas de valores, inquéritos complementares por outras agências do sector público e privado, balanços financeiros, etc.). Os dados a nível macro foram completados com informações de fontes internacionais tais como o FMI, a CNUCED e o Banco Mundial. No caso específico da Zona do Franco CFA, como o PFC CPE só recentemente iniciou trabalhos na maioria dos seus Estados-Membros, o BCEAO e o BEAC forneceram dados dos seus inquéritos existentes da balança de pagamentos. Os dados sobre os lucros remetidos do IDE e as remessas dos trabalhadores foram obtidos a partir do GDF (Financiamento do Desenvolvimento Mundial) 2008 Volume 2 do Banco Mundial. 3. Quadro de amostragem Alguns países empreenderam censos de todos os investidores: isto foi nos casos em que a comunidade de investidores era muito pequena e acessível. Contudo, a maioria dos países empreendeu inquéritos que requereram a construção de um quadro de amostragem, retirando depois a amostra desse quadro. O quadro de amostragem consistiu em empresas com activos e passivos estrangeiros, que incluíram quer empresas IDE quer empresas não-IDE. A amostragem foi efectuada com base nos sectores económicos para assegurar que os dados tinham valor analítico. Na maior parte dos casos, foram seleccionadas as maiores empresas conhecidas em cada sector (para maximizar a cobertura dos dados), tendo-se depois utilizado técnicas de amostragem para decidir que outras empresas seriam incluídas. 4. Criação de consciencialização e divulgação Todos os países lançaram e encerraram os inquéritos com eventos de consciencialização destinados a partes interessadas chave do sector público e privado. Isto contou com o apoio de campanhas mediáticas, da produção de relatórios analíticos e da divulgação. 5. Recolha de dados Os inquéritos foram administrados primariamente através de trabalho no terreno: entrega e explicações do questionário pessoalmente e acompanhamento intensivo posterior através de visitas, telefonemas, faxes e mensagens electrónicas. Antes do lançamento, os funcionários no terreno foram formados para verificar a qualidade dos dados e obter balanços financeiros onde estivessem disponíveis. 6. Cobertura de dados e avaliação da qualidade O questionário captou dados sobre activos e passivos estrangeiros, percepções dos investidores, e em alguns casos, responsabilidade social das empresas. Activos e Passivos Estrangeiros Componentes padrão da BP/PII As perguntas estavam conforme as melhores práticas internacionais (em particular a 5ª Edição do Manual da Balança de Pagamentos do FMI, e mais recentemente o rascunho da 6ª Edição). A tabela abaixo apresenta as componentes padrão (com linhas de rendas relacionadas onde disponíveis) e mais recente ano de referência por país apresentado neste relatório. O foco primário da análise neste relatório incide nos passivos (investimento não-residente nos países em questão), visto que isto é mais importante em termos de escala. Onde disponíveis e de um padrão aceitável, também se apresentam dados sobre activos (investimento por residentes em não-residentes). A análise cobre stocks (ou saldos) e transacções. A análise examina itens da Conta Financeira incluindo Investimento Directo Estrangeiro (IDE), investimento de portfolio e outro investimento. O IDE é composto por acções de 10% ou mais do total das acções numa empresa, lucros retidos (que se pressupõe serem reinvestidos) e reservas de capitais, endividamento e crédito ao fornecedor. Denota uma opinião sobre como se gere uma empresa. O investimento de portfolio é composto por equidade (acções inferiores a 10% das acções totais) e dívida na forma de obrigações e notas (longo prazo) e instrumentos do mercado monetário (curto prazo). Outro investimento é composto por crédito ao fornecedor e endividamento junto CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 83 País Stock Fluxo Benim – Bolívia Passivos Activos IDE Portfolio Outros IDE Portfolio ✓ ✓ ✓ ✓ – – Outros – ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ Burkina – ✓ ✓ ✓ ✓ – – – Camarões ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ – Rep Centro-Africana – ✓ ✓ – ✓ – – Chade – ✓ ✓ ✓ ✓ – – – Congo, Rep – ✓ ✓ ✓ ✓ – – – Costa do Marfim – ✓ ✓ ✓ ✓ – – – Guiné Equatorial – ✓ ✓ – ✓ – – – Gabão – ✓ ✓ ✓ ✓ – – – Gâmbia p ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ – – – Gana ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ Guiné-Bissau – ✓ ✓ ✓ ✓ – – – Malawi ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ Mali – ✓ ✓ ✓ ✓ – – – Nicarágua ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ – – – – Níger – ✓ ✓ ✓ ✓ – – Senegal p – ✓ ✓ ✓ ✓ – – – Tanzânia p ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ – – – Togo – ✓ ✓ ✓ ✓ – – – Uganda p ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ – – – Zâmbia p ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ p = os dados mais recentes são preliminares de fontes não-filiadas. Também examina a Conta de Rendimentos e itens relacionados incluindo lucro de exploração líquido, dividendos e lucros, e juros. Na análise dos fluxos, os dados sobre as remessas dos trabalhadores também são apresentados para efeitos comparativos. Todos os países recolheram dados que permitiriam uma análise de acordo com esta desagregação, mas nem todos os reportaram publicamente. Este relatório geral segue o que foi reportado a nível nacional, conforme a tabela abaixo indica. Sector económico: os países serviram-se da Classificação Industrial Estandardizada Internacional da ONU, mas em relatórios nacionais e gerais alguns sectores são agregados por ordem para proteger a confidencialidade, se houver poucas empresas nesses sectores, e por vezes os países apresentam dados para sub-sectores, se forem de particular importância para a sua economia. Sector Económico País País de Origem Região Receptora – Bolívia ✓ – Camarões ✓ ✓ – Gâmbia ✓ ✓ – Gana ✓ ✓ – Malawi ✓ ✓ ✓ Nicarágua ✓ ✓ – Tanzânia ✓ ✓ ✓ Uganda ✓ – – Zâmbia ✓ ✓ ✓ 84 País de origem: mais uma vez isto é agregado em fontes OCDE e não-OCDE, se houver um pequeno número de respostas de países individuais. Até agora, a maior parte dos países seguiu a abordagem estandardizada BP de solicitar dados com base na fonte “imediata”. Conforme discutido posteriormente, isto muitas vezes poderá não reflectir a fonte “última”, sendo necessário envidar esforços no futuro para recolher com base na fonte imediata e última. Percepção e intenção dos investidores Os objectivos primários do exercício de percepção/intenção dos investidores eram promover a resposta à parte do formulário relacionada com a BP (a inclusão de percepção/ intenção tem surtido efeitos extremamente positivos na taxa e qualidade da resposta) e fornecer informações necessárias para melhorar o trabalho das partes interessadas encarregadas da promoção e facilitação do investimento e das associações do sector privado. Para reflectir as preocupações das partes interessadas em cada país, embora cada país tivesse incluído as mesmas áreas amplas para as perguntas, as sub-perguntas variaram. Consequentemente, a lista de factores ao abrigo de cada categoria poderá diferir, podendo uma ou duas perguntas ser acrescentadas ou eliminadas. A tabela abaixo apresenta os dados cobertos na parte da percepção dos investidores do questionário. Além disso, nem todos os países empreendem a parte da percepção do inquérito todos os anos, e alguns países distinguem analiticamente entre as percepções de empresas IDE e de empresas nacionais. CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES ANEXO 1 Inicial Futura Económico Político Institucional Mão-de-Obra Saúde Infra-estruturas Ambiente Produtos de Informação Responsabilidade das Empresas Actual Bolívia ✓ ✓ ✓ ✓ – ✓ – ✓ – ✓ ✓ Burkina ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ – Camarões – ✓ ✓ ✓ – ✓ – ✓ – ✓ – Gâmbia ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ Gana – ✓ ✓ – ✓ ✓ ✓ ✓ – ✓ – Malawi – ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ – Nicarágua ✓ ✓ ✓ ✓ – ✓ ✓ ✓ – ✓ ✓ Senegal ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ – ✓ – – – Tanzânia – ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ – – ✓ Uganda – ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ – ✓ – Zâmbia ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ ✓ País Em relação a futuras decisões de investimento, a maior parte dos países pediu perspectivas para aumentar, manter ou contrair investimento em áreas específicas a médio prazo: o médio prazo foi definido até quatro anos, embora alguns tenham especificado o curto a médio prazo e o Uganda tenha especificado um horizonte temporal trienal. completo de investidores. Sempre que necessário, foram comparados face a dados de anos anteriores para assegurar uma série cronológica consistente. 7. Residência Em conformidade com a metodologia estandardizada internacional balança de pagamentos/posição de investimento internacional, o investimento estrangeiro é definido de acordo com a residência: só se aplicam stocks detidos por não-residentes em entidades residentes (e vice-versa) e transacções entre residentes e não-residentes. 8. Período de referência Todos os países recolhem dados numa base de ano civil. A Bolívia compila dados trimestrais, mas neste relatório apresentam-se dados anuais por questão de consistência. Os anos cobertos diferem de país para país dependendo de onde os países se encontram em termos da implementação dos seus inquéritos e da disponibilidade de fundos para sustentar o processo – são especificados no texto. 9. Processamento de dados e controlo de qualidade Os questionários devolvidos foram verificados nos gabinetes e encerrados através das apreciações dos gabinetes ou devolvidos às próprias empresas. Os dados aprovados foram introduzidos no software para armazenamento e análise. Por vezes isto foi efectuado usando um sistema preparado pelo PFC CPE e por vezes usando uma solução nacional. Uma vez ultimados estes dados, foram “aumentados gradualmente” para justificarem a não-resposta e o registo CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 85 ANEXO 2 O PROGRAMA DE FORTALECIMENTO DE CAPACIDADES – CAPITAIS PRIVADOS ESTRANGEIROS (PFC CPE) Em 2001, os Governos de países em desenvolvimento em África e na América Latina solicitaram assistência para melhorarem a monitorização e análise de capitais privados estrangeiros, em particular: Estes organismos são o: • para avançarem rapidamente no sentido do cumprimento • • • • • • • • • de padrões internacionais de divulgação de dados para dados sobre os fluxos da balança de pagamentos e os stocks da Posição de Investimento Internacional, tais como o Padrão Geral de Divulgação de Dados (GDDS) e o Sistema Especial de Divulgação de Dados (SDDS); para recolherem não só dados da balança de pagamentos, mas também outros elementos analiticamente úteis, tais como países de origem, sectores e regiões receptores e termos dos fluxos/stocks; para recolherem dados sobre as percepções e intenções dos investidores que vão além da análise de motivações para investir e examinam as políticas dos investidores, especialmente aspectos de responsabilidade das empresas; para serem formados em como usar essas informações para aperfeiçoar as políticas macroeconómicas e de promoção do investimento; para empreenderem uma análise mais pormenorizada da sustentabilidade e volatilidade dos fluxos a longo prazo, e da rentabilidade exigida de um investimento, e para integrarem essa análise com a sua análise das perspectivas de financiamento e sustentabilidade da dívida do sector público; para analisarem em mais pormenor os efeitos macroeconómicos efectivos dos capitais privados estrangeiros e simularem potenciais futuros efeitos e respostas de políticas necessárias, através da análise de cenários e riscos; para analisarem por si próprios (por oposição a consumirem a análise empreendida por agências doadoras) as contribuições efectivas e potenciais dos capitais privados estrangeiros para a redução da pobreza; para recolherem e analisarem todas estas informações através de um programa nacional integrado que é executado por um grupo de trabalho de todas as agências relevantes do governo e do sector privado, que desenvolvem a sua própria capacidade em vez de dependerem de consultores externos ou agências internacionais. O objectivo do Projecto de Fortalecimento de CapacidadesCapitais Privados Estrangeiros (PFC-CPE) resultante tem sido desenvolver uma capacidade independente e sustentável no âmbito dos países participantes para monitorizar e analisar os efeitos dos capitais privados estrangeiros nas suas economias. O programa é executado pela Development Finance International (uma empresa sem fins lucrativos com sede no Reino Unido) em parceria com organismos regionais geridos pelos próprios países para assegurar que a capacidade para assistir os países é descentralizada e se aproxima mais dos países. 86 • Banque Centrale des Etats de l’Afrique de l’Ouest (BCEAO) • e o Banque des Etats de l’Afrique Centrale (BEAC) na África Francófona; Centro de Estudios Monetarios Latino-Americanos (CEMLA) na América Latina; Macro-Economic and Financial Management Institute of Eastern and Southern Africa (MEFMI) na África Oriental e Austral; e West African Institute for Financial and Economic Management (WAIFEM) na África Ocidental Anglófona. Os países participantes também se comprometeram a reforçar as suas estruturas legais e institucionais, os recursos humanos, os procedimentos de gestão e supervisão e os ambientes de trabalho, para conferirem maior prioridade política às questões, a aumentar a transparência da análise para a sociedade civil e a aumentar as suas contribuições financeiras com o decorrer do tempo para estes exercícios. Cada projecto dos países está estruturado da seguinte maneira: • Os países participantes solicitam uma Missão de Avaliação • • • dos Pedidos a DFI/CEMLA/MEFMI/WAIFEM em que se avaliam as condições, se estabelece uma estrutura de coordenação entre agências governamentais e outras partes interessadas e se ultima uma metodologia e um orçamento. Esta abordagem incentiva a cooperação e a coesão entre agências governamentais, poupa dinheiro dos doadores e reduz o número de questionários recebidos pelo sector privado, mais uma vez aumentando as respostas. No Uganda, por exemplo, os questionários do Governo nesta área foram reduzidos de 3 para 1 através de uma estreita cooperação entre o Banco do Uganda, a Autoridade de Investimento do Uganda e a Agência de Estatísticas do Uganda. Antes do lançamento de um inquérito, os membros do sector privado são convidados para uma conferência de abertura onde se discutem estes aspectos e aspectos macroeconómicos relacionados, criando consciência do processo de inquéritos e melhorando o diálogo do sector público-privado. A equipa no país identifica uma amostra de inquérito visando investidores chave e adapta o questionário de inquérito final às necessidades do país. O inquérito é (normalmente) dividido em 3 secções com perguntas sobre: Passivos Estrangeiros: equidade (stocks e fluxos quer do investimento directo quer do investimento de portfolio); lucros retidos do IDE; endividamento junto de não-residentes (por tipo e vencimento da dívida). Activos Estrangeiros: equidade (stocks e fluxos quer do investimento directo quer do investimento de portfolio); dados dos lucros; crédito a não-residentes (por tipo e vencimento da dívida). • • CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES • Percepções dos Investidores: o questionário pormenorizado inclui perguntas sobre factores financeiros e económicos; factores políticos e de governação; a eficiência e o custo dos serviços; factores de mão-de-obra, saúde e ambiente; factores impulsionadores do investimento inicial, intenções a médio prazo; a utilidade das fontes de informações para tomadas de decisões de investimento e informações agregadas desejadas do Governo. A integração de questionários sobre a balança de pagamentos e percepções incentiva uma taxa de resposta muito mais elevada do sector privado. Os países que incluíram ambos os elementos do questionário aumentaram as suas taxas de resposta em 20-30%, produzindo uma taxa de resposta média de 75-80% entre os 7 países. Foi ministrada às equipas dos países formação adicional sobre técnicas de entrevista, metodologia não-inquérito e levantamento de dados. À medida que se recolhem as respostas junto dos inquiridos, os dados vão sendo verificados e introduzidos numa base de dados. A qualidade dos dados é avaliada e, quando é satisfatória (isto poderá requerer acompanhamento junto dos inquiridos), produzem-se tabelas de resultados para efeitos analíticos. A equipa no país ultima um relatório sobre as suas constatações que é divulgado numa conferência de encerramento, à qual comparecem as equipas dos países, quadros chave do Governo e das API, líderes económicos, inquiridos seleccionados para o inquérito e os mass media nacionais. As constatações dos inquéritos provocam muitas vezes um debate animado nesses eventos e o intercâmbio de ideias útil sobre como se podem abordar os desafios que afectam o clima económico nacional. • • • Para mais pormenores dos empreendimentos do programa, queira ver o website no endereço www.fpc-cbp.org CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES 87 BIBLIOGRAFIA A bibliografia está dividida em fontes primárias (publicações e bases de dados dos países), publicações do PFC CPE (sínteses, análises e guias técnicos) e fontes secundárias. Malawi (2009) Budget Statement 2009/10, Ministério das Finanças http://www.finance.gov.mw/downloads/ Bud2009.pdf Vários relatórios dos países e documentos do PFC CPE podem ser descarregados através da página de Publicações de Capitais Privados do website do Grupo DFI (http://www.development-finance.org), ou através dos links dados. Vários países também carregam relatórios nos seus próprios websites. Se tiver mais perguntas, queira contactar [email protected]. Malawi (2008) Foreign Private Capital and Investor Perceptions Survey 2005, Rascunho do Relatório, Fevereiro 1 FONTES PRIMÁRIAS 1.1 Publicações dos Países As seguintes publicações foram elaboradas pelos Grupos de Trabalho Nacionais de cada país, pelas suas agências membros individuais ou pelas agências nacionais de cooperação. Bolivia, Reporte de Balanza de Pagos y Posición de Inversión Internacional (various issues, 2007-9), Banco Central de Bolivia, La Paz http://www.bcb.gov.bo/index.php?q= publicaciones/balanza_pagos&cbo2=-1&cbo3=0 Bolívia (2005) Flujos de Capital Extranjero Privado y Percepcion del Clima de Inversion, Novembro, La Paz Burkina Faso (2006) Rapport de présentation des résultats de l’enquête pilote, Novembro Nicarágua (2008) Resultados de Encuestas Activos y Pasivos Externos Privados y Percepcion del Clima de Inversion, Ano 2005, Janeiro, Manágua Senegal (2009) PRC CPE: Rapport de l’enquete realisee au Senegal, Rascunho, Junho Tanzânia (2007) Tanzania Investment Report 2007, Rascunho, Dar es Salaam Tanzânia (2004) Tanzania Investment Report 2004, Dar es Salaam Tanzânia (2004) Zanzibar Investment Report 2004, Zanzibar Uganda (2009a) Background to the Budget 2009/2010: Enhancing Strategic Interventions to Improve Business Climate and Revitalise Production to Achieve Prosperity For All, Ministério das Finanças, do Planeamento e Desenvolvimento Económico, Junho http://www.finance.go.ug/docs/ BTTB09-10.pdf Uganda (2009b) Findings on Investors’ Perceptions (IP) for the PSIS 2008 Survey, rascunho do capítulo de um relatório no prelo, Campala Camarões (2006) Rapport de presentation des résultats de l’enquête pilote, Dezembro Uganda (2006) Private Sector Investment Survey 2005: Harnessing the Benefits of Globalisation through Private Sector-Led Growth, Kampala Gâmbia (2009) Report on Foreign Private Capital Flows in The Gambia (2007-8), Rascunho do Relatório, no prelo Zâmbia (2009a) Foreign Private Investment and Investor Perceptions 2007, Rascunho Revisto, Maio, Lusaca Gâmbia: Comunicados de Imprensa do Comité de Políticas Monetárias do Banco Central da Gâmbia (várias edições, 2008-9) http://www.cbg.gm/ Zâmbia (2009b) Discurso do Orçamento de S. Exa. Dr. Situmbeko Musokotwane, MP, Ministro das Finanças e do Planeamento Nacional, Proferido à Assembleia Nacional na Sexta-Feira, Dia 30 de Janeiro de 2009, Ministério das Finanças e do Plano Nacional http://www.zra.org.zm/ BudgetSpeech.pdf Gâmbia (2008) Report on Foreign Private Capital Flows in The Gambia (2003-4), Novembro Gambia Investment Promotion and Free Zones Authority, Invest in The Gambia: Tourism: http://www.gipfza.gm/ dev/Investment_Opportunities/Tourism.aspx Gana (2009) Monitoring Private Cross Border Capital Flows in Ghana: 2008 Survey Report, Departamento de Pesquisa, Banco do Gana, Junho http://www.bog.gov.gh/ privatecontent/File/Research/Working%20Papers/ Cross%20border%20survey%20-%20rpt.pdf Gana (2009) Bank of Ghana Policy Briefing Paper: Monitoring Private Capital Flows In Ghana: Survey Findings and Policy Issues, Departamento de Pesquisa, Banco do Gana, Junho http://www.bog.gov.gh/privatecontent/File/Research/ Working%20Papers/pbrief-capital%20fows%2009% 20-%20final1.pdf 88 1.2 Bases de Dados Para além do mencionado acima, os autores gostariam de agradecer às seguintes agências terem-lhes proporcionado acesso às suas bases de dados, em vários casos disponibilizando dados preliminares ou não publicados. • Camarões: MINEFI • Gâmbia: Banco Central da Gâmbia; Autoridade da Gâmbia de Promoção do Investimento e das Zonas Livres • Zona do Franco (para Benim, Burkina Faso, Camarões, • República Centro-Africana, Chade, Rep. Congo, Costa do Marfim, Guiné-Equatorial, Gabão, Guiné-Bissau, Mali, Níger, Senegal e Togo): BCEAO; BEAC Malawi: Gabinete Nacional de Estatística CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES • Nicarágua: Banco Central da Nicarágua; Comissão • • • Nacional de Zonas Francas; Direcção Geral de Serviços Alfandegários Tanzânia: Banco da Tanzânia; Centro de Investimento da Tanzânia Uganda: Banco do Uganda Zâmbia: Banco da Zâmbia 2 PFC CPE E PUBLICAÇÕES RELACIONADAS Baball, Balliram (2002) Private Sector External Debt: Main Issues and Challenges for Monitoring, DFI Group: Londres Bhinda, Nils; Stephany Griffith-Jones; Jonathan Leape; e Matthew Martin (1999) Private Capital Flows to Africa: Perception and Reality, FONDAD: Haia Bhinda, Nils e Matthew Martin (2006) Monitoring and Analysing Foreign Investment: How to Build Sustainable Institutions, DFI Group: Londres Martin, Matthew com Cleo Rose-Innes (2004) Private Capital Flows to Low-income Countries: Perception and Reality, in Canadian Development Report, Capítulo 2, North-South Institute Manual do Grupo de Trabalho Nacional Boletim Informativo das Estratégias para Financiamento do Desenvolvimento • Bolívia: Análise dos Capitais Privados Estrangeiros #26 (páginas 12-13) • Burkina Faso: Resultados-Piloto Do Burkina Faso Para Conselho De Ministros #29 (página 13) • Camarões: Ativos Estrangeiros e Investimento Intra-Regional De Vulto #30 (página 14) • Gâmbia: Gâmbia: Aumento do IDE no Sector Imobiliário #35 (página 13) • Gana: Perspectivas de Investimento Recuperam Após Queda no ano 2000 #16 (páginas13-14) • Malawi: Investidores Optimistas Focam IDE nas Indústrias Transformadoras #36 (página 14) • Investimento Muito Lucrativo em Malawi #21 • Investimento Nicaraguense Concentrado na Zona Livre #35 (página 14) • Tanzânia: Sector Mineiro Encabeça Stock do IDE #36 (página 14) • Tanzânia: ligações fortes à economia nacional #26 (página 11) • Uganda: Investimento E Lucros Aumentam, Mas É • • • Necessário Criar Mais Emprego E Fazer O Acompanhamento Dos Activos #28 (páginas 12-13) Uganda: um Óptimo Destino do Investimento em África #20 (página 14) Zâmbia: CPE 58% mais elevados que as estimativas #39 (páginas 13-14) Resultados da Zâmbia Revelam Grande Dívida Externa do Sector Privado #17 (página 14) • Monitorização E Análise Da Crise Financeira #38 (páginas 14-15) • Analisando a sustentabilidade dos capitais privados estrangeiros #37 (páginas 14-15) • Criação de Parcerias com o Sector Privado #32 (páginas 13-14) • Criando uma estratégia de consciencialização #33 (página 13) • Intercâmbios técnicos com o sector privado #33 (página 14) • Disseminando resultados ao sector privado #33 (página 15) • Tornando os dados de CPE acessíveis #34 (página 15) Thomas, Lynne; Jonathan Leape; Nils Bhinda; e Matthew Martin (2000) Intra-regional Private Capital Flows in Eastern and Southern Africa, LSE CREFSA e DFI 3 FONTES SECUNDÁRIAS Action Aid (2008), The global financial crisis: poor countries could suffer poverty catastrophe, warns ActionAid, 14 Novembro http://www.actionaid.org.uk/101543/ the_global_financial_crisis_poor_countries_could_suffer_ poverty_catastrophe_warns_actionaid.html; All Africa Global Media (2007), Rwanda: Lap Green officially takes over Rwandatel, I Novembro, Washington DC http://allafrica.com/stories/200711010778.html Azémar, Céline e Rodolphe Desbordes (2009) Public Governance, Health and Foreign Direct Investment in Sub-Saharan Africa, Journal of African Economies 2009 18(4): 667-709, Oxford: OUP http://jae.oxfordjournals.org/cgi/ content/abstract/18/4/667 Bakvis, Peter (2006) How the World Bank & IMF Use the Doing Business Report to Promote Labour Market Deregulation in Developing Countries, Washington: ICFTU http://www.icftu. org/www/PDF/doingbusinessicftuanalysis0606.pdf Banco Africano de Desenvolvimento Financial Crisis http:// www.afdb.org/en/topics-sectors/topics/financial-crisis/ Banco Africano de Desenvolvimento (2009a) Impact of the Global Financial and Economic Crisis on Africa, Fevereiro, BAD: Tunis http://www.afdb.org/fileadmin/uploads/ afdb/Documents/Knowledge/Financial%20crisis_ Impacts%20on%20Africa.pdf Banco Africano de Desenvolvimento (2009b) Impact of the Crisis on African Economies – Sustaining Growth and Poverty Reduction: African Perspectives and Recommendations to the G20. 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PUBLICAÇÕES ANTERIORES DO PFC CPE PFC CPE Série Nº 1 – Monitorização e Análise do Investimento Estrangeiro – Como Criar Instituições Sustentáveis Dívida Externa do Sector Privado – Principais Aspectos e Desafios para a Sua Monitorização Fluxos de Capitais Privados Intra-Regionais na África Oriental e Austral Fluxos de Capitais Privados para Países de Baixa Renda: Percepção e Realidade FONDAD: Fluxos de Capitais Privados para África: Percepção e Realidade OUTRAS FONTES DE INFORMAÇÕES SOBRE O PFC CPE Website do PFC CPE Pode visualizar e descarregar as publicações da DFI e outros documentos de trabalho no website do PFC CPE www.fpc-cbp.org. O site também contém notícias sobre os CPE, uma descrição das actividades e dos eventos do programa e muitos documentos de referência, tais como materiais de formação e outros recursos técnicos. Boletim Informativo Boletim informativo trimestral conjunto do PFC PPME e PFC CPE sobre as Estratégias para Financiamento do Desenvolvimento. Para assinar, queira enviar informações completas para [email protected]. Briefing O PFC CPE envia circulares por via electrónica de seis em seis semanas que contêm notícias sobre o PFC CPE e desenvolvimentos relacionados sobre a monitorização e análise dos CPE. Para receber este email, queira enviar as suas credenciais completas para [email protected]. Podem-se obter cópias destas publicações da: Development Finance International 4th Floor, Lector Court 151-153 Farringdon Road Londres EC1R 3AF Reino Unido T F E 94 +44 (0)20 7278 0022 +44 (0)20 7278 8622 [email protected] CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES O PROGRAMA DE FORTALECIMENTO DE CAPACIDADES – CAPITAIS PRIVADOS ESTRANGEIROS (PFC CPE) Programa de Fortalecimento de Capacidades – Capitais Privados Estrangeiros (PFC CPE) Development Finance International, Londres www.development-finance.org PFC CPE CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES ISBN 1-903971-51-2 CRISE FINANCEIRA E FLUXOS DE CAPITAIS PRIVADOS PARA PAÍSES DE BAIXA RENDA: EXPERIENCIAS RECENTES Série PFC CPE No 2 Nils Bhinda Matthew Martin