patricia aguiar de oliveira - PRPG
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patricia aguiar de oliveira - PRPG
UFPB UEPB UERN UFSC UFAL UFC UFRN UFS UFPI UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE PATRICIA AGUIAR DE OLIVEIRA DIAGNÓSTICO DA PESCA E CARACTERIZAÇÃO POPULACIONAL DAS LAGOSTAS DO GÊNERO Panulirus NOS AMBIENTES RECIFAIS DA PRAIA DO SEIXAS E DA PENHA - PB João Pessoa – PB 2008 PATRICIA AGUIAR DE OLIVEIRA DIAGNÓSTICO DA PESCA E CARACTERIZAÇÃO POPULACIONAL DAS LAGOSTAS DO GÊNERO Panulirus NOS AMBIENTES RECIFAIS DA PRAIA DO SEIXAS E DA PENHA - PB Dissertação apresentada ao Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente – PRODEMA, Universidade Federal da Paraíba, Universidade Estadual da Paraíba em cumprimento às exigências para obtenção de grau de Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Orientadora: Profª. Dr.ª Maria Cristina Basílio Crispim da Silva (UFPB) João Pessoa – PB 2008 OLIVEIRA, Patricia Aguiar de Diagnóstico da pesca e caracterização populacional das lagostas do gênero Panulirus nos ambientes recifais da Praia do Seixas e da Penha – PB / Patricia Aguiar de Oliveira – João Pessoa, 2008. 129p. Orientadora: Profª. Drª. Maria Cristina Basílio Crispim da Silva Dissertação – (Mestrado) – UFPB – CCEN 1. Lagosta. 2. Biologia quantitativa. 3. Pesca. UFPB/BC PATRICIA AGUIAR DE OLIVEIRA DIAGNÓSTICO DA PESCA E CARACTERIZAÇÃO POPULACIONAL DAS LAGOSTAS DO GÊNERO Panulirus NOS AMBIENTES RECIFAIS DA PRAIA DO SEIXAS E DA PENHA - PB Dissertação apresentada ao Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente – PRODEMA, Universidade Federal da Paraíba, Universidade Estadual da Paraíba em cumprimento às exigências para obtenção de grau de Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Aprovado em: 19/02/2008 BANCA EXAMINADORA ______________________________________________ Profª Drª. Maria Cristina Basílio Crispim da Silva - UFPB Orientadora _________________________________________ Profª. Drª. Marlene Campos Peso de Aguiar – UFBA Examinadora _________________________________________ Prof. Dr. José da Silva Mourão - UEPB Examinador Toda honra e toda glória sejam dadas a Deus. “Para que todos vejam, e saibam, e considerem, e juntamente entendam que a mão do Senhor fez isso”. Is 41:20 AGRADECIMENTOS Agradeço ao Senhor meu Deus, fonte de amor, sabedoria e vida, que possibilitou a realização deste trabalho por toda Sua bondade, misericórdia e amor incondicional. O Senhor sempre esteve ao meu lado em todos os momentos de minha vida e sou muito grata por isso. Em especial a minha Família, meus pais Guilherme e Elenita, irmãos Alex e Guilherme Júnior que são a base de tudo o que sou, e que mesmo distante sempre pude contar com seu apoio e compreensão, indispensáveis no decorrer desta experiência. A Cristina Crispim que além de Orientadora é uma amiga, agradeço pela confiança, compreensão, dedicação, orientação e seriedade durante o tempo em que trabalhamos juntas e por ter investido e acreditado na realização de mais uma etapa tão importante na minha vida. Minha Madrinha, Amiga e Co-orientadora Ana Lúcia Vendel por ser minha maior incentivadora, pelo apoio, companhia, paciência, carinho e amor. Agradeço a Deus por ter colocado você no meu caminho. A todos da Coordenação do PRODEMA, representada pela Profª Drª Loreley Garcia, pelo apoio necessário à finalização deste curso. Ao Amigo Prof Dr. Alexandre Palma pelas contribuições e sugestões apresentadas na qualificação da pesquisa e pelo incentivo constante. A Profª Drª Marlene Aguiar e Prof. Dr. José Mourão por se fazerem presentes como membros da Banca examinadora de minha Dissertação de Mestrado ajudando a melhorar o material aqui apresentado. Meu Padrinho Onildo Monteiro, pelo carinho, amizade, pelas idéias e conselhos prestados ao decorrer dessa jornada. Aos Professores do PRODEMA que me passaram valiosos conhecimentos durante as aulas e seminários apresentados ao decorrer do curso. Aos colegas do PRODEMA Shirley, Guilherme, Mauricio, Ricardo Arruda, Daniel, Juliana Moreira, Juliana Furtado, Juliana Louysa, Lilian Késia, Bráulio, Rodolfo, Kallyne, Karen, Rogério, Edimilson, Janine, Paula e Suerda, foi um imenso prazer e honra em termos dividido espaço e trocado idéias e discutidos variados temas da área, bem como os momentos de descontração que ocorriam nas aulas e viagens que realizarmos juntos, a estes um grande abraço. Ao amigo Emanuel Luiz pelo incentivo e esforço para superar minhas limitações desde a seleção do mestrado ao término da pesquisa. Pela amizade que mantemos desde as disciplinas como aluno especial, formando uma bela dupla. Lembrando que: ”Nenhum caminho é longo demais quando amigos nos acompanham”. Tenho muito a agradecer a Secretária Amélia que sempre nos auxiliou nos momentos de dúvidas sobre assuntos relacionados ao mestrado, principalmente, os assuntos burocráticos. A amiga Flavia Oliveira meus sinceros agradecimentos pela sua amizade, bem como pelos momentos difíceis, em que tivemos de trabalhar em dobro, com trocas de idéias e discussões para as melhorias de nossos trabalhos. Ao Amigo Leonardo pela paciência e ajuda nas análises estatísticas e no auxilio a impressão. Aos amigos Bill, Jarbas e Zeca, que prestaram um apoio incondicional nas coletas, tornando meu trabalho mais ameno. Agradeço pela força. Ao amigo Daniel Silva pela enorme disposição em ajudar. Muito Obrigada! Ao casal Hênio Júnior e Zoetânia, por tudo o que aprendi como pessoa e profissional e por toda a disponibilidade e atenção ao longo desta caminhada. Á Família Anglicana Comunhão, pelas orações e por todos que direta ou indiretamente contribuíram para a conclusão de mais esta etapa de minha vida....meu muito obrigada, pois meu jardim floresce por causa de cada semente que vocês plantam em meu coração!!!! Ao casal Sadrak e Simone, pessoas que eu amo, que foram e continuarão a ser presentes de Deus que enchem meus dias de intensa luz e amor. A certeza de poder contar com a amizade de vocês conforta meu coração. Ao casal Charles e Marília Galvão, meus líderes, por transformar pequenos instantes em grandes momentos tornando nossos encontros ocasiões inesquecíveis de intensa alegria e aprendizagem. A “voz na minha consciência”, Constance Gualberto, pelas conversas encantadoras, pelo apoio e incentivo nas horas de “pane” e por me proporcionar momentos de descoberta sobre mim mesma, sendo um instrumento de Deus em minha vida. A Amiga Shirley Oliveira pelo investimento na minha vida espiritual e por, através de sua voz melodiosa, me levar onde eu posso ouvir a voz de Deus. A minha tia e madrinha Lúcia, pelo incentivo e orações mesmo distante sempre presente durante toda a minha vida. Ao CIE – Colégio e Curso e as minhas diretoras Socorro, Salete, Ana e Lora (Maria de Fátima), que sempre me auxiliaram na minha caminhada acadêmica, entendendo as faltas e pelo apoio e incentivo para continuar a trilhar a minha jornada de pesquisadora. A minha Família, Avô, Tias, Tios, Primas e Primos por ter sempre acreditado e apoiado o meu projeto para a vida profissional. A Copiadora Bancários nas pessoas de Filipy, Jerônimo, Diosthenes, Rodrigo e Marcilene, que sempre me ajudaram com as “xerox”, impressões e encadernações, nunca deixando de atender nenhuma das minhas emergências. Obrigada por serem sempre eficientes e eficazes. A Família da Cruz Silva: Sr. Fernando, Dona Luzimar, Joelma, Luiz Cassiano, Harryson e Fernanda Angélica, pela compreensão e carinho com o qual me acolheram nas diversas vezes que investi contra sua privacidade. A Vereadora Paula Francinete pela atenção em nos receber e pela contribuição na implantação do projeto na Comunidade da Penha. Ao Engenheiro Agrônomo Roberto da Costa Vital, coordenador do Empreender-João Pessoa, pelo auxilio ao emprestar a balança analítica para uso em campo. A amiga Josélia Gouveia pela palavra amiga na hora certa e pelo carinho e atenção dispensados. A amiga Lidyane Lima pela luz e paz transmitidas a todo o momento. Ao amigo e discipulador Obadias pela paciência e carinho durante os estudos extraacadêmicos que foram primordiais para manutenção do meu equilíbrio emocional. Aos meus Alunos, que continuam sendo fonte de inspiração para meu aprimoramento científico, pois o conhecimento não foi feito pra ser acumulado e sim transmitido. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) do Ministério da Ciência e Tecnologia pela bolsa de Mestrado concedida. Enfim, várias pessoas contribuíram para a realização da presente dissertação. A participação de cada pessoa, à sua maneira, voluntariamente ou involuntariamente, foi indispensável para a forma final do trabalho. Se alguém se considerar omisso na lista, isso aconteceu, meramente, por esquecimento do autor e não significa que esta pessoa seja menos reconhecida. xi LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Filosoma de lagosta em estágio inicial. Fonte (a): KITTAKA et al., 1997 adaptado por SANTIAGO, 2001. (b) Foto de filosomas ao microscópio. Fonte: National Geographic apud BIOLOGY, 2008 ......................................................... 18 Figura 2 - Puerulus, pós larva de lagosta do gênero Panulirus. Fonte: National Geographic apud BIOLOGY, 2008 .......................................................................................... 19 Figura 3 - Etapas a serem analisadas em um sistema de cultivo de lagostas espinhosas (RAHMAN & SRIKRISHNADHAS, 1994) .......................................................... 21 Figura 4 - Localização dos bairros do Seixas e Penha no litoral de João Pessoa, PB. .............. 23 Figura 5 - Entrevista com pescadores no Seixas (a) e na Penha (b)(Foto: Emanuel Silva, 2007) ..................................................................................................................... 24 Figura 6 - Manzuá usado pelos pescadores da praia do Seixas e da Penha (Foto: Patricia Oliveira, 2007) ...................................................................................................... 25 Figura 7 - Pescador recolhendo a caçoeira (Foto: Patricia Oliveira, 2007) ............................. 26 Figura 8 - Mergulhador caçando lagosta na praia do Seixas, João Pessoa-PB (Foto: Karen Viana, 2007). ......................................................................................................... 26 Figura 9 - Bicheiro usado na pesca da lagosta na praia do Seixas, João Pessoa-PB (Foto: Patricia Oliveira, 2007).......................................................................................... 27 Figura 10 - Mergulhador capturando lagostas com uso de compressor. (Foto: Ricardo Stangorlini, 2007) ............................................................................................... 27 Figura 11 - Pescador acendendo um facho sobre o ambiente recifal (Foto: Patricia Oliveira, 2001).................................................................................................... 28 Figura 12 - Bote à remo na praia da Penha, João Pessoa-PB (Foto: Patricia Oliveira, 2007). ................................................................................................................. 29 Figura 13 - Canoa na praia da Penha, João Pessoa-PB (Foto: Patricia Oliveira, 2007) ........... 29 Figura 14 - Jangada na praia do Seixas, João Pessoa-PB (Foto: Patricia Oliveira, 2007)......... 30 Figura 15 - Bote motorizado na praia do Seixas, João Pessoa-PB (Foto: Patricia Oliveira, 2007). ................................................................................................................. 30 Figura 16 - Lancha na praia da Penha, João Pessoa-PB (Foto: Patricia Oliveira, 2007) .......... 31 Figura 17 - Freqüência de idade dos pescadores das praias do Seixas e da Penha, entrevistados entre julho/07 e outubro/07............................................................ 32 Figura 18 - Tempo de pesca dos lagosteiros das praias do Seixas e da Penha, entrevistados entre julho/07 e outubro/07 ................................................................................. 33 Figura 19 - Renda obtida com a captura de lagosta dos pescadores das praias das Seixas e da Penha, entrevistados entre julho/07 e outubro/07............................................ 35 Figura 20 - Local de pesca dos lagosteiros das praias do Seixas e da Penha, entrevistados entre julho/07 e outubro/07 ................................................................................. 36 Figura 21 - Artes de captura dos lagosteiros das praias do Seixas e da Penha, entrevistados entre julho/07 e outubro/07 ................................................................................. 37 Figura 22 - Pescador confeccionando rede. (Foto: Patricia Oliveira, 2007)............................. 38 Figura 23 - Filho de pescador (a) e pescador (b) fabricando covo (Foto: Patricia Oliveira, 2007) .................................................................................................................. 38 Figura 24 - Destino das lagostas capturadas pelos pescadores das praias do Seixas e da Penha, entrevistados entre julho/07 e outubro/07 ................................................ 39 Figura 25 - Panulirus echinatus: Morfologia externa dorsal (MELO, 1999). .......................... 54 Figura 26 - Panulirus echinatus: Morfologia externa dorsal. (Foto: Patricia Oliveira, 2007)... 54 Figura 27 - Panulirus argus: Morfologia externa dorsal (MELO, 1999). ................................ 56 Figura 28 - Panulirus argus: Morfologia externa dorsal (Foto: Patricia Oliveira, 2007).......... 56 xii Figura 29 - Panulirus laevicauda: Morfologia externa dorsal (MELO, 1999)......................... 58 Figura 30 - Panulirus laevicauda: Morfologia externa dorsal (Foto: Patricia Oliveira, 2007) .................................................................................................................. 58 Figura 31 - Seqüência do processo de ecdise na lagosta do gênero Panulirus (Foto: DEBELIUS, 1999).............................................................................................. 60 Figura 32 - Mapa de localização dos ambientes recifais do Seixas (adaptado de MELO, 2006). ................................................................................................................. 67 Figura 33 - Vista aérea dos ambientes recifais da praia do Seixas. (Foto: Viana, 2005) .......... 67 Figura 34 - Vista aérea dos ambientes recifais da praia da Penha. (Foto: Viana, 2005) ........... 68 Figura 35 - Ambiente recifal do Seixas, partes desintegradas de algas calcárias do gênero Halimeda (Foto: Rodrigo Melo, 2005). ............................................................... 68 Figura 36 - Esquema do comprimento total (Ct) e do comprimento do cefalotórax (Cc) ......... 70 Figura 37 - Realização da medida do comprimento total (Ct mm) (Foto: Claudia Valle) ........ 70 Figura 38 - Realização da medida do comprimento do cefalotórax (Cc mm)(Foto: Claudia Valle) ................................................................................................................. 71 Figura 39 - Realização do peso total (Pt g) (Foto: Patricia Oliveira, 2007) ............................. 71 Figura 40 - Dimorfismo sexual. A seta mostra o endopodito do pleiópodo da lagosta fêmea (Foto: Patricia Oliveira) ...................................................................................... 72 Figura 41 - Distribuição de freqüências relativas por classes de comprimento total na população de lagostas no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07 .................................................................................................... 85 Figura 42 - Variação do comprimento total das lagostas Panulirus echinatus, P. argus e P. laevicauda no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07.................................................................................................................. 85 Figura 43 - Distribuição de freqüências relativas (%) por classes de comprimento total (mm), por período da população de Panulirus echinatus no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07 .............................................. 86 Figura 44 - Distribuição de freqüências relativas (%) por classes de comprimento total (mm), por período da população de Panulirus argus no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07. ................................................... 87 Figura 45 - Distribuição de freqüências relativas (%) por classes de comprimento total (mm), por período da população de Panulirus laevicauda no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07. ............................................. 88 Figura 46 - Dispersão dos pontos da relação entre o peso total (Pt) e o comprimento total (Ct) das lagostas Panulirus echinatus no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07. ............................................................................. 89 Figura 47 - Dispersão dos pontos da relação entre o peso total (Pt) e o comprimento total (Ct) das lagostas Panulirus argus no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07................................................................................. 90 Figura 48 - Dispersão dos pontos da relação entre o peso total (Pt) e o comprimento total (Ct) das lagostas Panulirus laevicuda no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07. ............................................................................. 90 Figura 49 - Dispersão temporal das médias mensais do Fator de Condição amostrado na população das lagostas Panulirus echinatus, P. argus e P. laevicauda no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07. ................... 92 Figura 50 - Distribuição mensal das freqüências de machos e fêmeas amostrados na população das lagostas Panulirus echinatus, P. argus e P. laevicauda no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07. ................... 93 Figura 51 - Ciclo de vida da lagosta P. argus (adaptado de IZQUIERDO et al., 1990) ........... 93 Figura 52 - Migração da lagosta espinhosa. (Foto: DEBELIUS, 1999) ................................... 94 xiii LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Produção por espécie dos maiores produtores mundiais de lagostas, entre 2002 e 2005, em toneladas métricas................................................................................ 06 Tabela 2 - Balança Comercial Brasileira: Setor de Lagostas. Período: 1996 a 2006a. Valores em US$ FOB ............................................................................................ 08 Tabela 3 - Estados brasileiros exportadores. Período: Janeiro a dezembro 2006/2005. Valores em US$ FOB ............................................................................................ 08 Tabela 4 - Resumo dos Boletins Estatísticos de Pesca do CEPENE de1999 a 2005 ................ 14 Tabela 5 - Tabela de freqüência da relação entre as variáveis Tempo de pesca e Idade dos pescadores das praias do Seixas e da Penha, entrevistados entre julho/07 e outubro/07 ............................................................................................................. 33 Tabela 6 - Tabela de freqüência da relação entre as variáveis Ganho mensal e Idade dos pescadores das praias do Seixas e da Penha, entrevistados entre julho/07 e outubro/07. ............................................................................................................ 36 Tabela 7 - Súmula das características biológicas e parâmetros vitais da lagosta-vermelha, Panulirus argus, e da lagosta-verde, Panulirus laevicauda, ao longo das costas norte e nordeste do Brasil ............................................................................ 52 Tabela 8 - Valores médios do Comprimento total (Ct), Comprimento do cefalotórax (Cc) e Peso total (Pt) das lagostas Panulirus echinatus, P. argus e P. laevicauda capturadas no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07..................................................................................................................... 78 Tabela 9 - Médias () e Desvio padrão (DP) dos comprimentos totais (mm) das lagostas Panulirus echinatus, P. argus e P. laevicauda no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07. ................................................................ 79 Tabela 10 - Médias () e Desvio padrão (DP) dos comprimentos dos cefalotórax das Panulirus echinatus, P. argus e P. laevicauda no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07. ................................................................ 81 Tabela 11 - Médias () e Desvio padrão (DP) dos pesos (g) de Panulirus echinatus, P. argus e P. laevicauda no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07. ...................................................................................................... 82 Tabela 12 - Distribuição das classes de comprimento total (mm), ponto médio das classes (Ponto ), freqüência absoluta (Fr ab) e freqüência relativa (Fr %) na população de lagostas capturadas no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07. ....................................................................................... 84 Tabela 13 - Distribuição das freqüências do comprimento total (mm), ponto médio das classes (Ponto ), freqüência absoluta (Fr ab) e freqüência relativa (Fr %), por período da população de Panulirus echinatus no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07. ................................................................ 86 Tabela 14 - Distribuição das freqüências do comprimento total (mm), ponto médio das classes (Ponto ), freqüência absoluta (Fr ab) e freqüência relativa (Fr %), por período da população de Panulirus argus no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07 ...................................................................... 87 Tabela 15 - Distribuição das freqüências do comprimento total (mm), ponto médio das classes (Ponto ), freqüência absoluta (Fr ab) e freqüência relativa (Fr %), por período da população de Panulirus laevicauda no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07 ................................................................. 88 xiv Tabela 16 - Fator de condição mensal (Fc) da população de lagostas Panulirus echinatus, P. argus e P. laevicauda no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07................................................................................................... 91 Tabela 17 - Valores estimados para avaliação da proporção sexual da população amostral das lagostas Panulirus echinatus, P. argus e P. laevicauda no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07 ................................................. 93 Tabela 18 - Participação relativa (%) de indivíduos da fauna acompanhante na pesca de lagosta, nas praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07, capturados com rede-de-espera. ...................................................................................................... 95 Tabela 19 - Relação das espécies de peixes, crustáceos, tartarugas, elasmobrânquios, moluscos, equinodermes capturados nas pescarias de lagostas, para diferentes autores, locais e períodos. 1- Dados analisados neste trabalho; 2- Rocha et al. (1997); 3- Ivo et al. (1996); 4- Fausto-Filho et al. (1966); 5- Paiva et al. (1973).................................................................................................................... 96 LISTA DE QUADRO Quadro 1 - Principais espécies comercialmente exploradas da família Palinuridae e respectivas áreas de pesca...................................................................................... 05 xv RESUMO A atividade lagosteira no Brasil teve seu início no Ceará na década de 50 e de lá até os dias atuais, vários tipos de embarcações e artes-de-pesca foram utilizadas para a captura da lagosta. No entanto, com o início da exploração comercial deste crustáceo, veio a diminuição dos estoques naturais, devido à grande demanda de consumo, que forçou dessa maneira a exploração deste recurso. Devido à grande importância econômica da lagosta espinhosa para a Região Nordeste, e a sobrexplotação em que esse crustáceo encontra-se atualmente, pesquisas vêm sendo realizadas com o intuito de contribuir para o conhecimento populacional das espécies do gênero Panulirus. Dessa forma, o objetivo da presente pesquisa foi realizar um diagnóstico da pesca da lagosta no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha e obter informações que subsidiem a estimativa da capacidade de suporte do ecossistema, visando a gestão dos recursos extrativistas. Para traçar um perfil da pesca da lagosta, partimos da realidade mundial à local, apresentando uma cronologia histórica da pesca e comercialização desse crustáceo. Através de um suporte teórico-conceitual sobre o gênero estudado são apresentadas informações sobre os aspectos quantitativos da biologia populacional de lagosta local, bem como a composição da sua fauna acompanhante. O diagnóstico da pesca foi realizado entre julho/07 e outubro/07, através de entrevistas baseadas em 37 questões (15 questões sobre o perfil do pescador e 22 questões sobre a pesca da lagosta) visando o levantamento socioeconômico da comunidade pesqueira, investigando o interesse dessa população em participar de atividades produtivas que complementassem a sua renda familiar. Foram entrevistados 100% dos pescadores em atividade na região, após a realização de um censo prévio na comunidade. A renda mensal média dos lagosteiros varia entre R$ 200,00 e R$ 400,00. Aqueles que têm renda inferior a R$ 200,00 complementam a mesma com atividades paralelas como construção civil, atividades de caráter informal e comércio. A comunidade de lagosteiros das praias do Seixas e da Penha caracteriza-se pela diminuição no número de indivíduos que fazem uso do recurso, pela modificação na arte de pesca, devido ao aumento da consciência ambiental, e pela ausência de fiscalização quanto às políticas públicas que visam a sustentabilidade da captura da lagosta na região. Quanto à caracterização da população de lagostas, os dados coletados de abril de 2006 a setembro de 2007 foram agrupados em três períodos, determinados pelo grau de pluviosidade. Foram amostrados 512 indivíduos. A espécie de maior ocorrência foi Panulirus laevicauda (186 indivíduos). Foram identificadas as épocas de recrutamento mais intensas no período chuvoso de 2007 para as três espécies. A proporção entre os sexos revela uma predominância de machos em relação às fêmeas para Panulirus echinatus. Quanto aos índices de diversidade, e dominância dos valores calculados para a fauna acompanhante da pesca de lagosta, foram semelhantes em todos os períodos. Palavras-chaves: Lagosta, pesca, pescador de lagosta, Panulirus echinatus, Panulirus argus, Panulirus laevicauda. xvi ABSTRACT The Brazilian lobster fishing had its beginning in Ceará State in 50’s. From then, several boat types and fishing equipments have been used. Nevertheless, the natural lobster stocks decreased due the great consume, which lead to the over exploration of this resource. Due the great economic importance of the spiny lobster for the Northeastern Brazil, and the higher exploration of the three local species, researches have actually been developed in order to contribute to the knowledge of the Panulirus genera’s population dynamics. In this way, the aim of this work was to develop a diagnosis of the lobster fishing in the reef environment of Seixas and Penha beaches to bring information to subsidize the estimation of support capacity of this exploration, looking for the management of the lobster fishery. To show the profile of lobster fishery, we came from a world reality to a local one, showing a chronological data of fishery and commerce of these crustaceans. Through a theoretical and conceptual support about the studied genera, are presented here information about population dynamics quantitative aspects of local lobsters as well the companion fauna brought by nets. The diagnosis of lobster catchers was developed between july/07 and October/07, through interviews composed by 37 questions (15 about the lobster catchers profile and 22 about the lobster fishery) aiming the socio economic knowledge of the lobster catchers community, investigating the motivation of that community in to participate of productive activities, in order to complement their salary. 100% of the lobster catchers were interviewed after a research in the community. The mensal income of most of them is between R$ 200.00 and R$ 400.00. Those who have a lower salary then complement it with other activities, such as civil construction, commerce and informal ones. This community is characterized by the decreasing number of lobster catchers by the change in the kind of fishery equipments, due the increase in environmental conscience and for the absence of fiscalization by government institutions who work for the lobster sustainability of fishery. About lobster population, the data collected from April 2006 to September 2007 were grouped in 3 periods, defined by the precipitation levels. 512 individuals were sampled. The most abundant species was Panulirus laevicauda (186 individuals). The more intense recruitment period was in rainy period of 2007 for all sampled species. Sex proportion revealed a male predominance for P. echinatus and similar numbers for the other species. The diversity and dominance indices for the companion fauna were similar in all analyzed periods. Key words: Lobster, fishering, lobster catchers, Panulirus echinatus, Panulirus argus, Panulirus laevicauda. xvii SUMÁRIO Lista de Figuras ............................................................................................................. xi Lista de Tabelas ............................................................................................................. xiii Resumo.......................................................................................................................... xv Abstract ......................................................................................................................... xvi Sumário ......................................................................................................................... xvii Apresentação ................................................................................................................ 01 Capítulo I: DIAGNÓSTICO DA PESCA DA LAGOSTA NO AMBIENTE RECIFAL DA PRAIA DO SEIXAS E DA PENHA - PB 1. Introdução................................................................................................................ 03 2. Fundamentação Teórica ........................................................................................... 04 2.1. A pesca da lagosta no Mundo ............................................................................ 04 2.2. A pesca da lagosta no Brasil.............................................................................. 07 2.3. A pesca da lagosta no Nordeste ......................................................................... 11 2.4. A pesca da lagosta na Paraíba............................................................................ 14 2.5. Aspectos legais.................................................................................................. 15 2.5.1. Ordenamento da pesca ............................................................................ 15 2.6. Perspectiva de cultivo........................................................................................ 17 3. A pesca da lagosta na Praia do Seixas e da Penha..................................................... 22 3.1. Introdução......................................................................................................... 22 3.2. Área de Estudo.................................................................................................. 22 3.3. Materiais e Métodos .......................................................................................... 24 3.4. Resultados e Discussão ..................................................................................... 25 3.4.1. Artes de pesca utilizadas nas capturas de lagosta..................................... 25 3.4.2. Frota lagosteira da Paraíba ...................................................................... 28 3.4.3. Perfil sócio econômico dos pescadores.................................................... 31 3.5. Conclusão ......................................................................................................... 40 3.6. Recomendações................................................................................................. 41 3.7. Referencias bibliográficas ................................................................................. 42 xviii Capítulo II: CARACTERIZAÇÃO POPULACIONAL DAS LAGOSTAS DO GÊNERO Panulirus NOS AMBIENTES RECIFAIS DA PRAIA DO SEIXAS E DA PENHA - PB 1. Introdução................................................................................................................ 49 1.1. A lagosta do gênero Panulirus........................................................................... 49 2. Fundamentação teórica............................................................................................. 53 2.1. Panulirus echinatus........................................................................................... 53 2.2. Panulirus argus................................................................................................. 55 2.3. Panulirus laevicauda......................................................................................... 57 2.4. Fisiologia Nutricional........................................................................................ 59 2.4.1. Digestão e excreção ................................................................................ 59 2.4.2. Alimentação............................................................................................ 59 2.5. Muda e Crescimento.......................................................................................... 60 2.5.1. Ciclo de Muda ........................................................................................ 60 2.5.2. Crescimento............................................................................................ 62 2.6. Barriga Preta “Black Spot”................................................................................ 63 3. Caracterização Populacional..................................................................................... 65 3.1. Introdução......................................................................................................... 65 3.2. Área de estudo .................................................................................................. 65 3.3. Materiais e Métodos .......................................................................................... 65 3.3.1. Amostragem ........................................................................................... 69 3.3.1.1.Coleta de indivíduos.......................................................................... 69 3.3.1.2.Biometria populacional ..................................................................... 69 3.3.2. Tratamento estatístico ............................................................................. 72 3.3.2.1.Estatística descritiva.......................................................................... 73 3.3.3. Distribuição das Freqüências dos Tamanhos na População...................... 73 3.3.4. Relação Peso X Comprimento ................................................................ 74 3.3.5. Fator de Condição................................................................................... 74 3.3.6. Proporção Sexual.................................................................................... 75 3.3.7. Fauna acompanhante............................................................................... 75 3.4. Resultados e Discussão ..................................................................................... 78 3.4.1. Biometria................................................................................................ 78 3.4.2. Tamanho dos indivíduos na população.................................................... 79 3.4.2.1.Comprimento total ............................................................................ 79 3.4.2.2.Comprimento do cefalotórax ............................................................. 80 3.4.2.3.Peso total .......................................................................................... 82 3.4.3. Distribuição das Freqüências dos Tamanhos na População...................... 84 3.4.4. Relação Peso X Comprimento ................................................................ 89 3.4.5. Fator de Condição................................................................................... 91 3.4.6. Proporção Sexual.................................................................................... 92 3.4.7. Fauna acompanhante............................................................................... 94 3.5. Conclusões........................................................................................................ 98 3.6. Recomendações................................................................................................. 98 3.7. Referências Bibliográficas................................................................................. 99 3.8. Apêndices ......................................................................................................... 108 1 1. APRESENTAÇÃO Em virtude da grande redução da captura de recursos marinhos de alto valor comercial e em especial dos estoques de lagosta, acarretando a queda da qualidade de vida dos pescadores e suas famílias, este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de realizar um diagnóstico da pesca da lagosta no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha que subsidie a estimativa da capacidade suporte do ecossistema, visando a gestão deste recurso extrativista, através da consecução dos seguintes objetivos específicos: Descrever as artes de pescas e embarcações usadas nas praias do Seixas e Penha; Analisar as variáveis biométricas da população de lagostas em períodos sazonais; Traçar um perfil socioeconômico dos pescadores de lagosta; Avaliar a relação mensal entre peso e comprimento dos indivíduos e a distribuição temporal do fator de condição médio na população; Estimar a distribuição de tamanho dos indivíduos ao longo do tempo; Registrar a fauna acompanhante da lagosta na região. A presente dissertação encontra-se estruturalmente dividida em dois capítulos, que por sua vez, foram subdivididos em sub-itens, permitindo compor dois artigos científicos. O primeiro capítulo: DIAGNÓSTICO DA PESCA DA LAGOSTA NO AMBIENTE RECIFAL DA PRAIA DO SEIXAS E DA PENHA-PB consiste em um perfil da pesca da lagosta partindo da realidade mundial à local, apresentando uma cronologia histórica da pesca e comercialização desse crustáceo, como forma de subsidiar as discussões que tratam da pesca nas praias do Seixas e da Penha-PB. O segundo capítulo: CARACTERIZAÇÃO POPULACIONAL DAS LAGOSTAS DO GÊNERO Panulirus NOS AMBIENTES RECIFAIS DA PRAIA DO SEIXAS E DA PENHA-PB, apresenta, um suporte teórico-conceitual sobre o gênero estudado, ao tempo em que apresenta os resultados dos aspectos quantitativos da biologia populacional de lagosta no local, bem como a composição da sua fauna acompanhante. Nas considerações finais foram relacionados os resultados e discussões dos dois capítulos da dissertação, ressaltando a interdisciplinaridade deste trabalho. 2 Capítulo I: DIAGNÓSTICO DA PESCA DA LAGOSTA NO AMBIENTE RECIFAL DA PRAIA DO SEIXAS E DA PENHA-PB 3 1. INTRODUÇÃO A pesca da lagosta das famílias Neophropidae (clawfish lobster) e Palinuridae (spiny lobster) encontra-se entre as pescarias mais disputadas e valorizadas do mundo (FORD, 1980). Os representantes da família Palinuridae ocorrem nas áreas tropicais, subtropicais e temperadas. Na região tropical, a distribuição é caracterizada por um grande número de espécies, com pequena densidade populacional. Isto é comprovado pelo fato de que das doze espécies de ocorrência conhecida, somente três (Panulirus argus. P. polyphagus e P. laevicauda) suportam uma exploração comercial (MORGAN, 1980). Entre os Palinurídeos mais capturados e comercializados encontram-se a lagosta vermelha, Panulirus argus (Latreille, 1804), a lagosta verde, Panulirus laevicauda (Latreille, 1817) e a lagosta pintada, Panulirus echinatus (Smith, 1869). As duas primeiras espécies habitam fundos de águas claras, quentes e bem oxigenadas, com formações de algas calcárias, conhecidos como cascalho, ocorrendo desde 20 m de profundidade até a borda da plataforma continental. A terceira espécie prefere fundos rochosos e áreas insulares próximas da costa (PAIVA, 1997). A pesca da lagosta tem proporcionado o desenvolvimento da atividade pesqueira na Região Nordeste, em virtude da considerável receita auferida com a exportação do produto para o mercado internacional, destacando-se os Estados Unidos, Japão e alguns países da Europa como principais compradores. A pesca da lagosta tornou-se o maior gerador de divisas no setor pesqueiro no Ceará, em função da razoável abundância das espécies de lagostas exploradas comercialmente no País (GALDINO, 1995). Avaliações pretéritas do potencial de produção de lagostas realizadas por Paiva (1997), ao longo da costa nordeste do Brasil, possibilitam os seguintes destaques, com inclusão do estado do Maranhão: Lagosta-vermelha - máximos de 6.900 t/ano para toda a região, com 5.300 t/ano para o nordeste setentrional e 1.800 t/ano para o nordeste oriental; Lagosta-verde - máximos de 1.800 t/ano para toda a região com 1.500 t/ano para o nordeste setentrional e 450 t/ano para o nordeste oriental; Apesar da proposta de capacidade suporte para as populações de lagostas, não há um controle de tudo o que é pescado, e fica difícil de se respeitar a capacidade de produção dessas espécies. A pesca da lagosta nas praias do Seixas e Penha envolve uma problemática sócio- ambiental fortemente ligada ao sustento de várias famílias da região. A pressão exercida pelo 4 mercado consumidor, relacionada com o crescente turismo regional, contribui para a necessidade de ações que favoreçam o desenvolvimento sustentável deste recurso natural na região. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 A PESCA DA LAGOSTA NO MUNDO A Organização das Nações Unidas para Alimentação (FAO) em seu relatório sobre o Estado das Pescarias Mundiais de 1995, evidencia que já no início dessa década, 69% das principais espécies capturadas se encontravam “plenamente explotadas ou sob excesso de explotação ou até esgotadas ou se recuperando de tal nível de utilização” (FAO, 2007). Historicamente, a utilização dos recursos pesqueiros mundiais apresenta uma tendência inevitável de atingir um estágio de sobreexplotação biológica e econômica das populações (GUIMARÃES, 1999). Nessa perspectiva, observa-se atualmente um declínio do pescado de origem marinha. Segue que tal fato foi corroborado pelo desenvolvimento tecnológico, o qual favoreceu o aumento da captura e a expansão do comércio do pescado num ritmo superior à reprodução das espécies, gerando como resultado o colapso dos principais recursos pesqueiros dos oceanos (FONTELES-FILHO, 1997ª). O Quadro 1 lista as principais espécies comercialmente exploradas da Família Palinuridae que ocorrem no mundo e suas respectivas áreas de pesca (BEZERRA, 1998). Bowen (1980) cita o Brasil entre os maiores produtores de lagosta do mundo, o mesmo ocorre em Lins-Oliveira et al. (1993), que destacam o País como o quinto maior produtor mundial de lagosta e o segundo na América Latina. A Tabela 1 apresenta a produção por espécie dos maiores produtores mundiais de lagostas, entre 2002 e 2005, em que o Brasil se encontra na sétima posição (FAO, 2007). Nesse contexto, o recurso lagosta faz parte dessa atividade extrativa com fins comerciais, sendo as espécies de águas tropicais e subtropicais representadas, principalmente, pelo gênero Panulirus, que apresentam maior significância do ponto de vista econômico. Entre elas destacamos, P. argus (capturada no Brasil, Caribe e Flórida), P. homarus (capturada no leste da África e Indonésia) e P. laevicauda (capturada no Brasil). As espécies P. inflatus, P. cygnus e P. japonicus são de mares subtropicais e capturadas no México, Austrália e Japão, respectivamente (LIPCIUS & COBB, 1994). 5 Quadro 1 - Principais espécies comercialmente exploradas da família Palinuridae e respectivas áreas de pesca. Espécies Áreas de pesca Tropical Panulirus guttatus Caribe, México Panulirus longipes -Panulirus polyphagus Tailândia, Índia, Paquistão, Sudeste da Ásia Panulirus versicolor -Panulirus ornatus Nova Guiné Panulirus penisullatus Reunião, Ilhas do Pacífico, Galápagos Panulirus homarus Leste da África, Indonésia Panulirus argus Caribe, Brasil Panulirus laevicauda Brasil Panulirus regius Nordeste da África, Portugal Panulirus gracilis Equador, Panamá Panulirus echinatus Cabo Verde, Brasil Subtropical Panulirus marginatus Hawaii Panulirus stimpsoni Hong Kong Panulirus japonicus Japão, Mar do Sul da China Panulirus cygnus Oeste da Austrália Panulirus inflatus Costa Oeste do México, Guatemala Panulirus pascuensis Ilhas Oeste Panulirus delagoae Sudoeste da África Jasus verroauxi Oeste da Austrália, Nova Zelândia Panulirus mauritanicus Mauritânia, Oeste da África Panulirus interruptus Califórnia Panulirus charlestoni Ilhas Cabo Verde Temperadas Panulirus elephas França, Espanha, Reino Unido, Itália Panulirus gilchristi Costa Sul da África Jasus lalandii Sudoeste da África Jasus novaehollandiae Sul e Sudeste da Austrália Jasus paulensis Ilhas St. Paul e New Amsterdam Jasus edwardsii Austrália, Nova Zelândia Jasus tristani Tristan da Cunha Jasus frontalis Juan Fernandez Fonte: BEZERRA, 1998. 6 Tabela 1 - Produção por espécie dos maiores produtores mundiais de lagostas, entre 2002 e 2005, em toneladas métricas. PAÍSES 2002 2003 2004 2005 Austrália 13.783 16.959 19.589 18.002 Jasus edwardail 4.403 4.271 4.500 4.412 Panulirus spp. 330 1.211 1.344 1.286 Panulirus cygnus 9.050 11.477 13.745 12.304 Bahamas 10.012 10.378 9.317 9.317 Panulirus argus 10.012 10.378 9.317 9.317 Brasil 6.807 6.320 8.689 6.927 Panulirus argus 6.807 6.320 8.689 6.927 Canadá 45.111 48.772 47.446 43.819 Homarus americanus 45.111 48.772 47.446 43.819 Chile 2.499 1.254 809 1.085 Pleuroncodes monodon 2.499 1.254 809 1.085 Cuba 7.972 5.265 7.601 5.834 Panulirus argus 7.972 5.265 7.601 5.834 Dinamarca 5.439 4.893 5.209 5.303 Nephrops novegieus 5.439 4.893 5.209 5.303 França 7.588 7.598 6.314 6.764 Nephrops novegieus 7.588 7.598 6.314 6.764 Indonésia 4.758 5.348 5.439 4.950 Panulirus spp. 4.758 5.348 5.439 4.950 Irlanda 6.983 6.808 6.791 7.097 Nephrops novegieus 6.983 6.808 6.791 7.097 Itália 2.051 2.550 2.355 4.493 Nephrops novegieus 2.051 2.550 2.355 4.493 Malásia 2.039 2.087 1.566 1.812 Panulirus spp. 2.039 2.087 1.566 1.812 México 2.993 2.970 2.552 2.535 Panulirus argus 1.070 926 795 790 Panulirus ssp. 1.923 2.044 1.757 1.745 Nicarágua 4.326 3.851 4.257 3.787 Panulirus argus 4.326 3.851 4.257 3.787 Tailândia 2.035 2.474 2.179 1.750 Thenus orientalis 2.035 2.474 2.179 1.750 Reino Unido 29.690 29.092 31.473 28.291 Homarus gammarus 1.188 1.325 1.278 1.212 Nephrops norvegicus 28.502 27.767 30.195 27.079 Estados Unidos 39.662 34.732 36.813 41.538 Homarus americanus 37.309 32.539 34.169 39.663 Panulirus argus 2.047 1.887 2.266 1.532 Panulirus ssp. 306 306 378 343 Fonte: FAO, 2007. 7 2.2 A PESCA DA LAGOSTA NO BRASIL Dentre as pescarias brasileiras, a da lagosta apresenta-se como uma das mais importantes, com uma produção média anual acima de 8 mil toneladas de lagostas inteiras. Este comércio é responsável por cerca de 100.000 empregos diretos e indiretos e, através da exportação, gera cerca de 2,5 mil toneladas anuais, que representam divisas entre 50 milhões e 70 milhões de dólares/ano (IVO & PEREIRA, 1996). O Brasil é um dos maiores fornecedores de lagosta no mercado internacional (Tabela 2), ainda assim o preço do nosso produto é bastante inferior aos outros em virtude de sua baixa qualidade e pela deficiência tecnológica encontrada no transporte e estocagem. A nítida caracterização do estágio de sobrepesca da pesca de lagosta no Brasil e a acentuada crise financeira dos diversos segmentos do setor produtivo levou o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e de Recursos Renováveis - IBAMA a promover uma ampla discussão com estes setores com vistas à elaboração e implementação, de forma participativa, de um novo Plano de Ordenamento da Pesca de Lagosta no Brasil. O recurso lagosteiro do Brasil é constituído por três espécies do gênero Panulirus (P. argus, P. laevicauda e P. echinatus) e duas espécies representadas pelos gêneros Scyllarides e Parribacus (S. brasiliensis e P. antarticus), sendo que as duas primeiras espécies do gênero Panulirus são as mais capturadas na costa brasileira e P. echinatus é capturada ocasionalmente. As espécies dos gêneros Scyllarides e Parribacus vêm obtendo, a cada ano, maior representação nas capturas, fato atribuído à depleção dos estoques naturais das lagostas mais visadas pela frota pesqueira (FONTELES-FILHO & GUIMARÃES, 1999). Nos últimos anos, a prática das atividades pesqueiras vem sendo efetuada de forma desordenada. A pesca predatória vem contribuindo cada vez mais para a redução e possível esgotamento dos estoques naturais (SANTOS, 2000), assim, como a poluição e a destruição dos ecossistemas costeiros. Segundo dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura – FAO (2007), a produção mundial de lagostas foi de 232.922 t no ano de 2004, obtendo um aumento de 3,3% em relação ao ano anterior, onde registrou-se 225.132 t capturadas. Este crustáceo representou em 2003, cerca de 4% da produção total brasileira de pescado e está entre os produtos que geram as maiores receitas de exportações, aproximadamente U$ 50.000.000/ano. Ainda de acordo com o citado órgão, a produção mundial da lagosta espinhosa P. argus teve um incremento de 12,1% no período 2003/2004, onde foi registrado um total de 39.314 t no ano de 2004 contra 34.552 t em 2003. 8 Existe uma grande flutuação no saldo comercial brasileiro do setor de lagostas, entre 1996 e 2006, com tendência de crescimento, a partir de 2000, relacionado à inexistência de importações (Tabela 2). Tabela 2 - Balança Comercial Brasileira: Setor de Lagostas. Período: 1996 a 2006a. Valores em US$ FOB1. Ano Valor exportado Valor importado Saldo comercial Var. (%) 1996 55.263.327 23.147 55.240.180 * 1997 47.040.957 321.189 46.719.768 -14,9 1998 41.701.083 51.194 41.649.889 -11,4 1999 40.114.646 8.469 40.106.177 -3,8 2000 50.690.667 50.690.667 26,4 2001 58.571.987 58.571.987 15,5 2002 70.981.554 70.981.554 21,2 2003 65.324.489 65.324.489 -8,0 2004 81.370.968 11 81.370.957 24,6 2005 77.760.510 77.760.510 -4,4 20061 83.674.766 83.674.766 7,6 Fonte: Secex/MDIC. Elaboração: Centro Internacional de Negócios/FIEC. FEDERAÇÃO, 2006. Observações: a Dados disponíveis até dezembro de 2006. (-) Não houve registro de importações. (*) não se aplica. Dentre os 10 principais estados brasileiros exportadores de lagosta, a Paraíba ocupava o quinto lugar em 2005, passando a sexta posição atualmente (Tabela 3). Tabela 3 - Estados brasileiros exportadores. Período: Janeiro a dezembro 2006/2005. Valores em US$ FOB. ESTADOS EXPORTAÇÕES 2005 44.222.003 PARTICIPAÇÃO 2005 (%) 56,9 EXPORTAÇÕES 2006 37.620.672 PARTICIPAÇÃO 2006 (%) 45,0 1 Ceará 2 Pernambuco 17.631.346 22,7 28.802.591 34,4 3 1.148.664 1,5 7.098.903 8,5 6.871.054 8,8 5.748.056 6,9 5 Pará Rio Grande do Norte Bahia 3.895.429 5,0 2.817.874 3,4 6 Paraíba 1.778.714 2.3 938.791 1.4 7 Maranhão 1614555 2,1 555311 0,7 156.220 0,2 52.308 0,1 141.931 0,2 12.111 0,0 91.449 0,1 - * 4 8 9 Espírito Santo São Paulo 10 Piauí Demais estados 209.145 0,3 28.149 0,0 Valor Exportado 77.760.510 100,0 83.674.766 100,0 pelo Brasil Fonte: Secex/MDIC. Elaboração: Centro Internacional de Negócios/FIEC. FEDERAÇÃO, 2006. (*) não se aplica. Iniciais da expressão inglesa Free On Board, que atribui ao exportador a responsabilidade pela mercadoria até que a mesma esteja dentro do navio, para transporte, no porto indicado pelo comprador. 1 9 De acordo com o relatório do Grupo Permanente de Estudos (GPE) da lagosta (IBAMA, 1994), a pesca estava inicialmente, quase que exclusivamente restrita a P. argus e P. laevicauda, sendo que a área de exploração tradicional destas espécies compreendia o litoral, desde o Ceará até Pernambuco. Como conseqüência dos baixos rendimentos, houve uma considerável expansão de sua área de pesca, que passou a abranger a costa dos estados do Pará, Maranhão, Alagoas, Bahia e Espírito Santo. Novas espécies passaram a ser exploradas, como a lagosta pintada (P. echinatus) e as lagostas sapateiras (Scyllarides brasiliensis Rathbun, 1906 e Scyllarides delfosi Holthuis 1960), recursos pesqueiros que ainda têm pouca participação na pauta de exportações (IBAMA, 1994). Nomura (1977) relata, que em 1935 realizava-se com grande facilidade a pesca de lagostas no Atol das Rocas. Bastava dirigir-se ao local à noite, munir-se de fachos de madeira embebidos em óleo e acendê-los ao repontar da maré. Em apenas quatro horas, eram capturados 1.000 exemplares, alguns com 36cm de comprimento. Em 1955, a exportação atingiu 40 toneladas de caudas congeladas, subindo para 155 t em 1956, para atingir 2070 t em 1962, diminuindo para 1578 t em 1964. Esta diminuição teria como causa a sobrepesca, sendo que, já em 1968 parece que o estoque se refez, uma vez que a exportação foi da ordem de 1683 toneladas. A área total da explotação lagosteira ao longo da costa do Brasil (1974-1993) corresponde a 74.607 km2, que pode ser dividida em três sub-regiões: Norte, Nordeste Setentrional e Nordeste Oriental. Em virtude da heterogeneidade do substrato nos diversos blocos geográficos, a área total ocupada pelas formações de algas calcárias é bem menor do que a área total indicada. Por outro lado, observa-se uma gradativa redução da ocorrência do cascalho e da abundância de lagostas, à medida que aumenta a profundidade (MENEZES, 1992; FONTELES-FILHO, 1997b). Segundo Paiva (1997), a distribuição espacial das capturas de lagostas reflete tanto a relação bioecológica dos indivíduos com o substrato, como a variabilidade interespecífica: a lagosta-vermelha, de maior porte, tem distribuição mais ampla, vivendo em fundos de maior profundidade; a lagosta-verde, de menor porte, vive em áreas mais costeiras e menos profundas. O autor propôs a divisão da captura em sub-regiões: Sub-região Norte - está localizada entre as latitudes 42°-48°W, formada por 42 blocos geográficos de 30 milhas de lado, com a área total de 25.341 km2. Seu substrato é caracterizado pela predominância da fácies sedimentar arenosa (COUTINHO & MORAIS, 1970), onde se destaca a presença de areia, juntamente com material organogênico, que favorece a presença de camarões e moluscos bentônicos. A fácies sedimentar de algas calcárias está em faixa de largura 10 reduzida e mais afastada da costa, onde a influência dos estuários dos grandes rios já se encontra bastante reduzida ou mesmo nula. Portanto, a produção de lagostas, de certo modo, é proporcional à área coberta pelas algas calcárias, mas também depende da capacidade da frota pesqueira ter acesso aos indivíduos, distribuídos com baixa densidade e em pesqueiros mais profundos. Sub-região Nordeste Setentrional - está localizada entre as longitudes 35°-42°W, sendo formada por 44 blocos geográficos, com 30 milhas de lado, com área total de 26.745 km2. A plataforma continental é predominantemente coberta por fáceis de algas calcárias, em conseqüência da escassez de grandes rios, o que explica a sua importância como maior produtora de lagostas. Sub-região Nordeste Oriental - está localizada entre as latitudes 5o-18°S, compreendendo 25 blocos geográficos de 30 milhas de lado, com área total de 22.521 km2. Aqui predomina o substrato rochoso, com recifes de arenito que se estendem ao longo de todo o litoral e formações coralinas na sua parte sul, onde se encontra o arquipélago de Abrolhos. A abundância de lagostas parece ser a menor dentre as três sub-regiões, devido à baixa densidade e tamanho da área habitada. Segundo Fonteles-Filho (1997b), as lagostas apresentam os seguintes coeficientes de capturabilidade2, na ordem apresentada das sub-regiões: 16%, 90% e 34%, com valor médio geral de 53%. Tais dados revelam que as sub-regiões norte e nordeste oriental apresentam maiores potenciais para o crescimento da produção de lagostas, na hipótese de um remanejamento do esforço de pesca da sub-região nordeste setentrional, onde os estoques já estão sobrexplotados e a produtividade no período 1989-1994 representou apenas 49,3% da CPUE (= 0,353 kg/covo-dia). Paiva (1997) relata que ainda existe potencial para o aumento da produção de lagostas no Brasil, embora o nível sustentável já tenha sido atingido na maior parte das regiões norte e nordeste, desde que haja um adequado manejo do esforço de pesca, evitando-se o agravamento da sobrepesca. Devem ser evitadas práticas que comprometam as condições ambientais dos pesqueiros, tais como: o abandono de covos, a pesca com redes de emalhar (caçoeiras) e o abandono das mesmas quando imprestáveis, bem como o lançamento ao mar das cabeças das lagostas capturadas. Tais práticas poluem os pesqueiros, destroem o substrato de algas calcárias e atraem predadores. 2 Fração da biomassa que é capturada por unidade de esforço de pesca (CPUE). 11 A frota lagosteira opera na costa brasileira entre os Estados do Pará (48º00’W) e do Espírito Santo (20º00’S) (IVO, 2000). A pesca lagosteira ocorre com maior intensidade no Nordeste Setentrional, região que compreende o delta do Rio Parnaíba até o Cabo de São Roque (PAIVA, 1997). As pescarias da lagosta no Brasil apresentam algumas peculiaridades que as diferenciam do sistema de exploração adotado em outros países, tais como: (a) emprego simultâneo de vários aparelhos e métodos de pesca, com destaque para a coleta manual por mergulho, uma prática restrita à pesca armadora em todo mundo (FONTELES-FILHO, 1994); (b) utilização de barcos de grande porte, com autonomia de mar e geração de custos operacionais proporcionalmente elevados; (IBAMA, 1993) (c) permissão para descabeçar a lagosta a bordo dos barcos de pesca (BEZERRA, 1998); e (d) ausência de tanques com água salgada nos barcos, o que inviabiliza a estocagem de lagostas vivas em quantidade suficiente para seu aproveitamento sob diversas formas (CASTRO E SILVA & ROCHA, 1999). No entanto, existe um declínio da produção de pescado de origem marinha e de lagostas, inseridas neste contexto geral, embora as causas de tal declínio possam ter origens diversas, quando são considerados os sistemas de exploração industrial ou artesanal (FONTELES-FILHO & GUIMARÃES, 1999). O desembarque da lagosta no Brasil já foi considerado o maior do mundo em espécies de água quente. Os desembarques mostraram uma tendência ascendente de 1965 a 1979. No entanto, até os dias atuais tem havido um declínio gradual da atividade indicando que a atividade pesqueira da lagosta encontra-se ameaçada. Este fato pode estar associado às mudanças nos regimes oceanográficos e biológicos sobre os quais se percebe um completo descaso dos responsáveis pelo gerenciamento da pesca, para mudar o seu ordenamento e deter o declínio. Esta atividade é exercida em um ambiente complexo e sujeito a uma série de efeitos internos e externos, cuja correlação ainda hoje não é conhecida. Assim, o ambiente aquático e, conseqüentemente, os seres vivos que o habitam sofrem influências de oscilações climáticas e oceanográficas naturais, tornando difíceis as previsões em termos de atividade pesqueira (COIMBRA, 2004). 2.3 PESCA DA LAGOSTA NO NORDESTE Segundo dados do Projeto de Estatística Pesqueira – ESTATPESCA (CEPENE, 2004), desenvolvido pela Gerência Executiva do IBAMA/CE, a queda da produção da lagosta é 12 incontestável. A estimativa é que de 1991 até o ano de 2003, ela tenha decrescido em torno de 70%. Nessa mesma linha, o Sistema Alice, organizado pelo Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior (MDIC) informou que o volume de exportação de lagosta do Estado do Ceará (principal exportador do Brasil) decresceu de 279.220 toneladas, em maio de 2005, para 124.687 toneladas no mesmo mês no ano de 2006, representando uma redução de 55,3%. Somente no período 2004/2005, o valor das exportações cearenses diminuiu cerca de 10 milhões de dólares (MDIC – ALICEWEB, 2006). Levando-se em conta toda a área de pesca de lagostas, compreendendo as regiões norte e nordeste do Brasil, bem como ambas as espécies explotadas, a produção máxima sustentável corresponde a 9.468 t/ano; desta produção máxima sustentável, a lagosta-vermelha participa com 6.706 t/ano (± 71%) e a lagosta-verde com 2.744 t/ano (± 29%) (PAIVA, 1997). Segundo Teixeira (1992 apud GALDINO, 1995), o parque industrial lagosteiro cearense modificou-se ao longo do tempo, saindo de uma condição de principal executor de todas as fases do processo produtivo, desde a captura até a exportação, para tornar-se uma indústria de beneficiamento e exportação, dependendo dos armadores autônomos e intermediários para conseguir o recurso, oriunda principalmente do setor artesanal. No entanto, com um mercado insatisfeito com a oferta do produto, a exploração da lagosta passou a ser praticada de forma mais intensa. Isso veio a acarretar numa série de efeitos negativos em sua captura, trazendo-lhes alguns problemas suficientemente graves que provocaram crises com repercussões multilaterais no setor (GALDINO, 1995). Diante disto, o IBAMA estabeleceu um período de defeso para os estoques lagosteiros da Região Nordeste do Brasil, baseado no período pré-estabelecido de maior ocorrência de indivíduos em processo de reprodução. Dessa forma, o defeso da lagosta vai de 1° de janeiro a 31 de abril de cada ano, porém, deve-se atentar que na costa brasileira ocorrem duas espécies distintas (P. argus e P. laevicauda) que merecem destaque em relação à sua participação nas capturas. O período de defeso é estipulado para a mesma época do ano para as duas espécies, o que pode resultar num erro, já que ambas as espécies ocorrem na mesma área de abrangência, mas em profundidades diferentes. Além disso, por serem duas espécies diferentes, pode ocorrer que seus períodos reprodutivos sejam em épocas distintas. A exploração do recurso lagosteiro do Nordeste brasileiro até o ano de 1962 foi exercida praticamente por embarcações artesanais, tais como paquetes, jangadas e botes a vela, com realização de viagens diárias e com desembarque de lagostas ainda vivas (FREDERICK & WEIDNER, 1978 apud CASTRO E SILVA & ROCHA, 1999). No entanto, estes tipos de 13 embarcações dificultavam o controle das operações da pesca da lagosta, já que as mesmas desembarcavam em locais distantes das instalações industriais. A partir de 1963, deu-se início o processo de substituição da frota lagosteira artesanal por embarcações motorizadas mais eficientes e de maior autonomia de pesca. Com a introdução dessas unidades e o distanciamento das áreas de captura, a pesca passou a obter os melhores rendimentos e a apresentar características industriais. Com o passar dos anos, a pesca da lagosta realizada por embarcações industriais tornou-se economicamente inviável, o retorno financeiro era menor que o investido na manutenção, motivo pelo qual a frota artesanal envolvida com a atividade lagosteira cearense tem aumentado a cada ano, tratam-se de embarcações cujos custos operacionais são muito reduzidos (CASTRO E SILVA & ROCHA, 1999). A pesca no Nordeste do Brasil caracteriza-se pela grande diversidade de espécies e baixa produtividade, características relacionadas com a região Tropical. Estas circunstâncias geram uma desagregação das unidades de produção, delineando a pesca artesanal. No caso da lagosta, a pesca artesanal é realizada por barcos geleiros e jangadas, que participam com mais de 60% da produção total. Estes barcos não dispõem de recursos tecnológicos de auxílio à produção, navegação e à conservação do produto, portanto são barcos de pouca autonomia, praticam a pesca de “ir e vir” todos os dias ou, como no caso dos geleiros maiores que ficam no máximo 15 dias no mar e enfrentam, com freqüência, problemas de deterioração e “barriga preta” (OGAWA et al.,1970 e PERDIGÃO et al., 1984). Segundo Ogawa et al. (1970), as lagostas conservadas em gelo por um período de 13 dias tornam-se impróprias para o consumo, sem considerar a má manipulação do pescado a bordo neste período, e todo o circuito do produto, em gelo, nos canais de intermediação. A pesca da lagosta é realizada por uma grande diversidade de embarcações, sendo que sua classificação neste trabalho ficará restrita ao tipo de propulsão das embarcações que operam na costa paraibana, sendo as abordagens mencionadas referentes àquelas que atuam nas praias do Seixas e da Penha. Diferente da pesca industrial, as lagostas capturadas artesanalmente são menores e podem ser transportadas vivas sem necessidade de outras instalações para este fim. Desta maneira, pode-se atingir as exigências do mercado importador, como o Japão, no caso da lagosta inteira cozida, e Europa, no caso da lagosta viva (CASTRO E SILVA & ROCHA, 1999). 14 2.4 PESCA DA LAGOSTA NA PARAÍBA O estado da Paraíba possui um litoral com aproximadamente 130 km de extensão, onde estão localizados 12 municípios costeiros e 36 comunidades pesqueiras (CEPENE, 2005). De acordo com Ivo & Pereira (1996) a exploração lagosteira na plataforma continental do Estado da Paraíba normalmente é realizada em substrato vulgarmente conhecido como cascalho, sendo considerados bancos lagosteiros, estes substratos são formados por conglomerados de algas calcáreas da Família Rhodophyceae de variados tamanhos, sendo crustosos e quase sempre compostos por uma mistura de areia quartzosa, com fragmentos de algas Clorophyceae do gênero Halimeda Lamouroux. Fonteles-Filho & Guimarães (1999) citam que a captura da lagosta ocorre em profundidades que variam de 20-90 m, chegando até à borda do talude continental. Em relação à sua posição geográfica, a Paraíba possui uma plataforma continental mais estreita que a dos demais estados. Isto representa maior proximidade com as áreas de ocorrência de espécies de hábitos oceânicos e é considerado um dos centros de pesca oceânica do Brasil (CEPENE, 2005). A tabela 4 mostra dados obtidos do Projeto de Estatística Pesqueira & ESTATPESCA, desenvolvido pelo IBAMA. Tabela 4: Resumo dos Boletins Estatísticos de Pesca do CEPENE de1999 a 2005. Variável Tonelada de lagosta capturada % de lagosta* Frota (barcos) Preço (R$)/Kg % do preço** 1999 321,1 9,8 1612 13,00 38,8 2000 217,9 8,3 1485 12,30 29,4 2001 219,0 10,6 1639 19,57 41,3 2002 241,5 7 1558 25,2 37,0 2003 375,7 11,1 1470 26,43 50,5 2004 669,8 25,7 1425 35,00 78,7 2005 260,2 10,2 1842 21,40 37,3 Boletim * Relativo ao total de pescado capturado. ** Relativo ao total de pescado vendido. Meses de maior produção Maio – 51,0t Jul – 45,2t Jun – 41,9t Maio – 36,2t Out – 37,0t Nov – 36,2t Maio – 64,9t Jun – 33,6t Maio – 61,8t Dez – 42,7t Ago – 117,8t Jun – 101,0t Ago – 41,4t Set – 37,7t Principal local de desembarque Baía da Traição 79,0t Pitimbu 107,1t Baía da Traição 96,5t Pitimbu 115,2t Pitimbu 164,4t Pitimbu 277,5t Cabedelo 89,8t 15 2.5 ASPECTOS LEGAIS As primeiras medidas legais de regulamentação da pesca de lagostas emanaram da antiga Divisão de Caça e Pesca do Ministério da Agricultura, através da Portaria n°. 70, de 12 de abril de 1961, que proibia a pesca na plataforma continental, entre os estados do Ceará e Alagoas, entre 15 de fevereiro e 15 de maio de 1962 e anos subseqüentes, bem como estabelecia em 19 cm o comprimento total mínimo de captura. Na Portaria n°. 114, de 29 de agosto de 1961, foi proibido o uso de embarcações que não possuíssem instalações adequadas ao descabeçamento e armazenamento das cabeças de lagostas, bem como o lançamento das mesmas nos locais de pesca (PAIVA, 1997). 2.5.1 ORDENAMENTO DA PESCA O Código de Pesca, em seu artigo 1o, define pesca como sendo o “ato tendente a capturar ou extrair elementos, animais ou vegetais, que tenham na água seu normal ou mais freqüente meio de vida” (JESUS, 1995). O Decreto – Lei 221 de 28 de fevereiro de 1967 (MILARÉ, 1991) que regulamenta a pesca, no seu capítulo IV, concernente a permissões, proibições e concessões, no art. 35o, diz, in verbis: “É proibido pescar: a) nos lugares e épocas interditados pelo órgão competente; ” No art. 56o do capítulo VI, concernente a infração e penas, consta que: “As infrações aos artigos 29. parágrafos 1 e 2. 30. 33. parágrafos 1 e 2. 34. 35. alíneas "a" e "b". 39 e 52. serão punidas com a multa de um décimo até um salário mínimo vigente na Capital da República. independentemente da apreensão dos apetrechos e do produto da pescaria. dobrando-se a multa na reincidência.” Portanto, a pesca em épocas de defeso é proibida por lei, sendo considerada crime ecológico, de âmbito federal, e a sua fiscalização e repressão são de competência do Governo Federal. Segundo o art. 225 da Constituição Federal, é dever do Poder Público e da coletividade defender e preservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado, essencial à sadia qualidade de vida para as presentes e futuras gerações. A Portaria do IBAMA no 137, de 12 de dezembro de 1994, que regulamenta a pesca da lagosta, no seu art. 1o diz, in verbis: 16 “Proibir o exercício da pesca da lagosta vermelha (Panulirus argus) e lagosta cabo verde (Panulirus laevicauda), anualmente, no período de 1o de janeiro a 30 de abril, no mar territorial brasileiro (faixa de doze milhas marítimas) e na zona econômica exclusiva brasileira (faixa que se estende das doze às duzentas milhas marítimas)”. Verifica-se, então, a inexistência de uma legislação específica sobre o controle da pesca da lagosta Panulirus echinatus. Oliveira (2001) trabalhando no arquipélago de Tinharé-BA propôs uma época de defeso para as lagostas daquela região, para os meses de setembro, outubro e novembro, onde houve maior ocorrência de fêmeas ovadas, o Projeto de Lei sugerido ainda não foi sancionado. É importante fixar os tamanhos das capturas com base nas estimativas de biomassas dos estoques explorados, objetivando delimitar, para cada um, o volume de captura, o qual jamais deve ser superior àquele calculado como o máximo sustentável, num dado momento da pescaria. Segundo Aragão & Dias-Neto (1998), no Brasil, atualmente utilizam-se as seguintes medidas pertencentes a este grupo: a) Limitação da eficiência dos aparelhos de pesca Esta medida é sempre muito vulnerável por ser contrária ao aperfeiçoamento dos aparelhos e/ou métodos de pesca (passa a ser um obstáculo à evolução tecnológica), visando manter as pescarias em níveis compatíveis com a sustentabilidade dos estoques. b) Controle do acesso à pesca (limitação do esforço de pesca) A fixação do esforço de pesca ótimo ou máximo a ser empregado numa determinada pescaria acontece após um prévio conhecimento técnico-científico da captura máxima sustentável ou do volume que se deseja capturar de um determinado estoque. Neste caso, controla-se de forma quali-quantitativa o esforço, limitando-se o número de barcos, e o número de aparelhos de pesca. a) Fechamento de estações de pesca (defeso) Visa coibir a pesca em épocas de reprodução ou recrutamento dos recursos explotados, de forma a assegurar a reposição dos estoques ou o ganho em peso dos indivíduos que os compõem. Trata-se de uma das medidas mais drásticas, uma vez que paralisa, por um determinado tempo, a atividade econômica de todos os envolvidos, porém, necessária à preservação dos estoques. b) Proteção de reprodutores Neste caso, proibe-se a captura de animais em fase de reprodução, objetivando também 17 assegurar a reposição dos estoques. Tal medida só se justifica se os indivíduos em reprodução, após capturados, apresentarem boas chances de sobrevivência, quando devolvidos ao ambiente aquático. c) Limite de comprimento e peso (tamanho mínimo de captura) A fixação de limites mínimos de comprimento e peso dos indivíduos a serem capturados fundamenta-se em dois aspectos distintos: possibilitar que os indivíduos jovens atinjam a maturação e se reproduzam pelo menos uma vez, contribuindo, assim, para a renovação dos estoques, e tirar proveito do rápido incremento do tamanho e peso dos animais nesta fase da vida. Estes limites, via de regra, correspondem ao comprimento e peso de primeira maturação sexual da espécie a ser protegida. Como no caso anterior, esta medida só tem sentido prático se os indivíduos menores, depois de capturados, puderem ser devolvidos ao seu ambiente com boa expectativa de vida ou se os aparelhos de captura apresentarem seletividade de modo que se possa restringir seus usos, mediante a definição de suas características básicas. d) Restrição sobre aparelhos de pesca Esta medida é adotada quando a pesca é exercida com aparelhos seletivos, o que implica a existência de relação entre seus parâmetros e os tamanhos dos indivíduos capturados. Assim, conhecendo-se o fator de seleção do aparelho de pesca empregado e sabendo-se o tamanho mínimo com que se deseja capturar determinada espécie, regulamentam-se as suas características principais. 2.6 PERSPECTIVAS DE CULTIVO As lagostas são recursos marinhos de grande importância em muitos países. Neste sentido, empresários e pesquisadores estão preocupados com as baixas produtividades decorrentes da sobrepesca a que este recurso tem sido submetido nos últimos anos. Uma das soluções para este problema, seria o cultivo da lagosta em cativeiro, porém, mais pesquisas neste sentido são necessárias, até que se estabeleça o cultivo em escala comercial. Ainda que, durante muitos anos, as lagostas tenham sido consideradas impróprias para o cultivo, em conseqüência do seu longo e complexo período larval, os pesquisadores continuaram investigando o potencial de várias espécies para a aqüicultura, tendo sido gradualmente elucidados detalhes pertinentes ao ciclo vital, comportamento, dinâmica populacional, ecologia e fisiologia de várias espécies. O acasalamento e a desova de lagostas 18 têm sido obtidos em cativeiro e várias pesquisas têm sido realizadas para estabelecer uma metodologia de cultivo de filosomas (fases larvais) (Figura 1), investigando também a microflora e a qualidade da água (IGARASHI et al., 1990, SHIODA et al., 1997; IGARASHI & KITTAKA, 2000) e têm demonstrado que a engorda da lagosta necessita de uma tecnologia mais simples (IGARASHI, 1996), quando comparada com as técnicas de cultivo de filosomas. A B Figura 1 – Filosoma de lagosta em estágio inicial. Fonte (a): KITTAKA et al., 1997 adaptado por SANTIAGO, 2001. (b) Foto de filosomas ao microscópio. Fonte: National Geographic apud BIOLOGY, 2008. Segundo Lellis (1991), o trabalho com lagostas vivas pode seguir três linhas principais de desenvolvimento: 1. O controle total do ciclo de vida da lagosta, desde a reprodução em cativeiro até a eclosão e desenvolvimento das larvas, com posterior crescimento até atingir a maturidade sexual; 2. A utilização de viveiros marinhos para a manutenção e engorda e 3. A coleta de indivíduos imaturos do ambiental natural para engorda e crescimento sob condições de controle em cativeiro. Com a super-explotação deste recurso, verificou-se de forma crescente o aumento do desemprego no setor lagosteiro (IGARASHI & MAGALHÃES NETO, 2001). De acordo com Conceição (1993), ficou clara a necessidade de se incrementar a produção deste crustáceo através de cultivo e engorda em cativeiro, com o objetivo de abastecer a demanda deste recurso 19 nos mercados externos e internos, considerando que as populações naturais não poderão suportar o aumento dos níveis de exploração ao longo dos anos. Portanto, uma das formas encontradas para reverter esse quadro seria expandir a produção através da aqüicultura (KITTAKA & BOOTH, 1994; 2000). Segundo estes autores, deve-se atentar ao entrave no cultivo comercial da lagosta relacionado com a grande dificuldade de seu crescimento e do complexo e prolongado período larval, principalmente, das espécies de interesse para a aqüicultura. Mesmo com estas dificuldades, muitos pesquisadores continuam investigando e explorando o potencial de várias espécies, e no ano de 1988 no Japão Jiro Kittaka e sua equipe, conseguiram fechar o ciclo larval da espécie Jasus lalandii e anos seguintes completaram o ciclo larval de mais cinco espécies, estando entre elas J. edwardsii, J. verreauxi, Palinurus elephas, P. japonicus e o híbrido de J. edwardsii x J. novaehollandiae (KITTAKA, 1994). Enquanto a etapa de larvicultura da lagosta não for amplamente conhecida e viável comercialmente, os trabalhos serão destinados à coleta de puerulus (primeira fase após o período larval da lagosta, (Figura 2) e juvenis provenientes da natureza, sendo cultivadas até o tamanho comercial (BOOTH & KITTAKA, 1994; 2000 e KITTAKA & BOOTH, 1994; 2000). Infelizmente, o cultivo comercial de lagostas ainda não se viabilizou economicamente. Figura 2 – Puerulus, pós-larva de lagosta do gênero Panulirus. Fonte: National Geographic apud BIOLOGY, 2008 No Centro de Tecnologia em Aqüicultura da Universidade Federal do Ceará foram desenvolvidas várias pesquisas com engorda de lagostas, demonstrando a viabilidade técnica dessa atividade. A P. argus foi cultivada em condições de laboratório, de puerulus ao tamanho comercial (13 cm de comprimento de cauda e 365 g de peso total), em aproximadamente dois anos (IGARASHI & KOBAYASHI, 1997) e o juvenil recente de P. laevicauda de 1,0 g até o tamanho comercial (11 cm de comprimento de cauda e 253 g de peso total), em aproximadamente 1,5 ano (IGARASHI, 2000). 20 Pesquisas realizadas no Japão, com a larvicultura de algumas espécies, demonstraram resultados promissores, considerando que os trabalhos com a larvicultura de lagosta estão no mesmo patamar da larvicultura de peneídeos na década de 30 (SANTOS, 2006). Dessa forma, existe um grande interesse da coleta de puerulus e juvenis da natureza, para serem cultivados em cativeiro até o tamanho comercial. Porém, alguns fatores devem ser levados em consideração quando se procura retirar indivíduos do seu ambiente natural e levá-los ao cativeiro. O ideal seria que o ciclo de produção estivesse tecnologicamente evoluído como a carcinicultura marinha, mas isto requer ainda muita pesquisa no que se refere à maturação de indivíduos em cativeiro, larvicultura e engorda de juvenis até o tamanho comercial. Devem ser levandos em consideração fatores como, a alimentação e a qualidade da água, para o desenvolvimento de uma tecnologia de cultivo. O elevado interesse comercial sobre as lagostas reflete-se na intensa predação humana, apesar disso, estudos sobre a ecologia populacional destas espécies no Brasil, são ainda escassos, fato que favorece o desconhecimento sobre o real impacto extrativista e o diagnóstico de sobrepesca sobre tais populações. Estudos desenvolvidos na Flórida estimaram que 90% da mortalidade de adultos seria causada pela pesca (HARPER, 1991). Fatores ecológicos responsáveis pelo fornecimento adequado de alimento e abrigo desempenham papel fundamental para que a capacidade de carga seja mantida a um nível compatível com a produção instantânea. Por outro lado, estes podem estar sujeitos a um processo de desestabilização causado pelo emprego intensivo de aparelhos colocados em contato direto com o substrato, como rede-de-espera, covos, cangalhas e mangotes (CASTRO E SILVA, 1998), com reflexos diretos sobre a estrutura etária e o volume de captura. Alguns trabalhos de criação de lagosta em cativeiro têm obtido sucesso parcial, Igarashi e Kobayashi (1997) realizaram o primeiro acasalamento e o primeiro cultivo da pós-larva puerulus até o comprimento comercial no Brasil, mas não obtiveram resultados positivos para o ciclo completo, não sendo conseguidas as metamorfoses de filosomas para puerulus. Por ora, as dificuldades no cultivo de Panulirus spp. são muitas, dentre as quais, o ciclo de vida extremamente complexo; o desconhecimento de alguns aspectos biológicos, como por exemplo, a alimentação das larvas; uma taxa de incremento muito baixa; alta vulnerabilidade no período de mudas, a dificuldade de reprodução em cativeiro; alta sensibilidade a dejetos orgânicos, como as principais causas para o insucesso do cultivo da lagosta em cativeiro. De acordo com Rahman & Srikrishnadhas (1994), o cultivo de lagostas espinhosas apresenta um grande potencial, principalmente pelo alto valor de mercado, rusticidade e aceitação ao alimento natural, além de praticamente não haver canibalismo quando comparadas 21 com as lagostas com pinças (Homarus sp.). Lellis (1991), estudando o crescimento de lagostas P. argus, verificou um período de 16 meses para que indivíduos capturados como puerulus atingissem 450g em média. Rahman & Srikrishnadhas (1994) observaram que um sistema de cultivo de lagostas deve passar pelas seguintes fases a serem analisadas: custos de capital, mão-de-obra e energia, aquisição de juvenis, disponibilidade de alimento, tamanho de comercialização e controle do material biodegradável na água (Figura 3). Juvenis Custos de capital Mão-de-obra Comercialização Sistema de cultivo de lagostas Resíduos biodegradáveis Energia Alimentação Figura 3 - Etapas a serem analisadas em um sistema de cultivo de lagostas espinhosas (RAHMAN & SRIKRISHNADHAS, 1994). 22 3. A PESCA DA LAGOSTA NA PRAIA DO SEIXAS E DA PENHA 3.1 INTRODUÇÃO Os pescadores que trabalham com a pesca da lagosta nas praias do Seixas e Penha são considerados artesanais. A pesca artesanal é desenvolvida, de modo geral, por pessoas que têm como objetivo principal consumir o pescado capturado, o que pode ser observado em todas as regiões do país e é feita principalmente por consumidores representados pelas comunidades ribeirinhas, em que problemas sociais, como o desemprego e a baixa escolaridade são evidentes, tendo desta forma na pescaria a única maneira de se adquirir alimento e alguma remuneração para a sustentação familiar (RESENDE, 2006). Para Montenegro et al. (2001), os pescadores fazem parte de uma rede ecossistêmica e suas interações não devem ser observadas apenas do ponto de vista do uso e apropriação dos recursos, mas no contexto das relações sociais. No que se refere à tomada de decisões, eles estão diariamente agindo não só como “forrageadores” que procuram fazer escolhas ótimas, mas também, comportando-se como fiscalizadores do ambiente. Através da investigação e descrição dos elementos sociais e ambientais referentes aos pescadores de lagosta das praias do Seixas e Penha, traçou-se o seu perfil socioeconômico pelo enfoque de descritores como idade, nível de instrução, relação de trabalho, renda, além dos aparelhos e locais de pesca, ordenamento e fiscalização da pesca da lagosta. Desta forma, este estudo objetiva subsidiar informações sobre os pescadores artesanais que permitam aos órgãos governamentais traçar futuras políticas de incentivo, baseado no conceito de desenvolvimento sustentável. 3.2 ÁREA DE ESTUDO A comunidade do Seixas e Penha está localizada no litoral sul de João Pessoa (Figura 4), limita-se ao norte com o bairro Cabo Branco, ao sul com o Pólo Turístico Cabo Branco, através do riacho do Aratú, a leste o Oceano Atlântico e a oeste o Planalto Cabo Branco através da PB 008. O bairro do Seixas caracteriza-se por uma ocupação desordenada da orla marítima, com predomínio de barracas na beira-mar, residentes permanentes e temporários, bares e restaurantes. O bairro da Penha, mais conhecido como Praia da Penha, distingue-se da Praia do Seixas pelo fato de que os principais residentes são pescadores e moradores de baixa renda. Este bairro subdivide-se em três núcleos principais: Vila dos Pescadores, Beira-Mar e Praça Oswaldo 23 Pessoa. A população total da Penha é de 773 habitantes (IBGE, 2000), distribuídos em 150 domicílios, com uma área de 41,5 hectares, a densidade demográfica de 19,67 hab./ha. Figura 4: Localização dos bairros do Seixas e Penha no litoral de João Pessoa, PB. 3.3 MATERIAIS E MÉTODOS A organização do trabalho de campo foi realizada em etapas e, no primeiro momento, foram realizadas reuniões na cooperativa e conversas informais com os pescadores, a fim de apresentar-lhes os objetivos do estudo. Durante esse contato inicial a observação participativa foi efetivamente privilegiada, possibilitando a inserção gradual na rotina da comunidade. A pesquisa de campo realizou-se nas praias do Seixas e da Penha. Seguiu-se a observação participativa de onde foram obtidas informações complementares, adquiridas ao longo das entrevistas, para complementar os dados obtidos a partir da aplicação de questionários. Para todo o trabalho de campo, a observação participativa consiste numa técnica que possibilita não somente a aproximação com aquilo que se pretende conhecer e estudar, como também permite construir um conhecimento partindo da realidade do campo (LOPES, 2000). A elaboração dos questionários seguiu o proposto por Thompson (1992), e os roteiros foram sendo elaborados tendo como base o perfil do pescador e as peculiaridades da pesca da lagosta na Praia do Seixas e da Penha. Os questionários abordaram questões referentes aos aspectos econômicos e sociais dos entrevistados, bem como questões referentes àquele ambiente. 24 A técnica determinada para a coleta destas informações sociais foi a “entrevista estruturada” (GIL, 1999), composta por 37 questões (15 questões sobre o perfil do pescador e 22 questões sobre a pesca da lagosta) (Apêndice A). Anterior à aplicação destas entrevistas, foi realizada uma abordagem-piloto com dez pescadores, para permitir a inserção de possíveis ajustes nos questionários, sendo cinco aplicados no Seixas e cinco na Penha. As entrevistas foram realizadas entre julho/07 e outubro/07. Após o primeiro momento de aproximação informal com a comunidade, iniciou-se a aplicação dos questionários para compor o perfil socioeconômico dos pescadores. Foi realizado um levantamento da quantidade de pescadores de lagosta (37), 100% dos quais foram entrevistados. Primeiramente, aplicou-se os questionários aos pescadores do Seixas (Figura 5a), em seguida da Penha (Figura 5b), visando o levantamento socioeconômico da comunidade pesqueira e investigação do interesse dessa população em participar de atividades produtivas que complementassem sua renda familiar. Foram descritas as artes de pesca usadas pelos pescadores de lagosta das comunidades do Seixas e Penha, bem como as embarcações por eles utilizadas durante a pesca. A B Figura 5 - Entrevista com pecadores do Seixas (a) e Penha (b) (Foto: Emanuel Luiz Silva). 25 3.4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.4.1 ARTES-DE-PESCA UTILIZADAS NAS CAPTURAS DE LAGOSTA Uma característica marcante na pesca da lagosta relaciona-se aos apetrechos de pesca utilizados na captura, os quais com o passar dos anos foram sendo modificados e/ou reintroduzidos de acordo com a evolução e a importância da pesca, assim como adequação às novas leis. As primeiras capturas de lagosta no Nordeste brasileiro ocorreram no Estado do Ceará com o emprego do jereré3. Galdino (1995) relatou que no período compreendido entre as décadas de 50 e 60, utilizava-se na pesca da lagosta o jereré, bem como covos de bambu. As artes de pesca realizadas na praia do Seixas e da Penha foram descritas de acordo com observações feitas em campo e entrevistas com os pescadores. Pesca com covo ou manzuá – (Figura 6) é uma armadilha semi-fixa, de madeira (mameleiro), com formato quadrangular, telada com arame galvanizado e com uma abertura na parte frontal chamada sanga. Ao longo dos anos vinha sendo substituído pela caçoeira passando a ser utilizado somente por embarcações de maior porte e por um reduzido número de embarcações artesanais. É uma armadilha pesada e de custo operacional elevado, sendo que a partir desse ano, com a proibição da caçoeira, será muito utilizado pela frota lagosteira paraibana. A profundidade de operação desta arte varia em função do tipo da embarcação e da pescaria. Existem relatos de barcos operando com covos em profundidades de até 80 m. Sua utilização teve início na década de 50 quando a atividade lagosteira começou a ganhar importância devido às primeiras exportações para os Estados Unidos. Figura 6 - Manzuá usado pelos pescadores da praia do Seixas e da Penha (Foto: Patricia Oliveira, 2007). Aparelho constituído de um aro de madeira com cerca de 88 cm de diâmetro, ao qual se prendia uma rede de fibra de algodão em forma de sacola, com 72 cm de profundidade e um cabo de fibra e agave. 3 26 Pesca com caçoeira ou rede de espera (Figura 7) – trata-se de uma rede que é colocada sobre o ambiente recifal durante aproximadamente um ciclo de maré. Existem dois tipos básicos: de nylon azul (nylon mole) são mais usadas por barcos motorizados e de nylon branco (nylon duro), mais utilizadas por barcos à vela e a remo. Segundo Galdino (1995), a introdução da caçoeira deu-se a partir da década de 70, em razão do decréscimo da produtividade dos covos. De acordo com o IBAMA (1994), a caçoeira apresenta-se como uma modalidade de pesca que causa danos ao meio ambiente, quando em operação na captura da lagosta. Foi proibida pela primeira vez em 1971, liberado seu uso em 1992, e novamente proibida em 2007. Figura 7 - Pescador recolhendo a caçoeira (Foto: Patricia Oliveira, 2007). Pesca de mergulho – existem dois tipos: Mergulho livre (Figura 8) onde o pescador mergulha equipado com máscara, snorkel, nadadeiras, cinturão com pesos de chumbo (geralmente de fabricação artesanal), uma “sacola” inserida em um isopor usada para armazenar as lagosta durante o mergulho, e bicheiro (Figura 9), cuja função é auxiliar na retirada das lagostas dos abrigos. Figura 8 - Mergulhador caçando lagosta na praia do Seixas, João Pessoa-PB (Foto: Karen Viana, 2007). 27 Figura 9 - Bicheiro usado na pesca da lagosta na praia do Seixas, João Pessoa-PB (Foto: Patricia Oliveira, 2007). Pesca com compressor (Figura 10), pesca realizada com o auxílio de um compressor conectado ao motor da embarcação, que fornece o ar necessário, através de mangueiras, ao pescador que desce à procura de lagostas. Em alguns casos, o óleo lubrificante do compressor mistura-se com o ar que é conduzido para o mergulhador. Verifica-se que os pescadores que empregam este método não possuem nenhum treinamento para o exercício da atividade, sendo desconhecidas as regras básicas de mergulho, como a descompressão, bem como o tempo máximo de permanência submerso. Devido à limitação do pescador, a pesca por compressor não pode ser realizada a profundidades superiores a 33 metros. Nos meses de ventos fortes, a prática dessa atividade fica inviável devido à baixa visibilidade na água. Figura 10 - Mergulhador capturando lagostas com uso de compressor. (Foto: Ricardo STANGORLINI, 2007). Pesca de facho: é uma técnica de pescar lagosta, realizada nas noites em que a lua se encontra na fase nova ou minguante e com a maré vazia. Para fachear é utilizada uma lata de alumínio, cheia de óleo diesel, com a tampa perfurada por onde sai um pedaço de pano enrolado que exerce a função de pavio (semelhante a um candeeiro), com um aparador, para proteção, e um cabo de madeira (Figura 11). É realizada sobre o ambiente recifal, onde a lagosta é atraída 28 pela luz ficando imóvel, possibilitando ao pescador localizá-las, através da visualização de seus olhos e pegá-las, utilizando uma luva de pano ou couro. Figura 11 - Pescador acendendo um facho sobre o ambiente recifal (Foto: Patricia Oliveira, 2001) 3.4.2 FROTA LAGOSTEIRA DAS PRAIAS DO SEIXAS E PENHA A frota motorizada é composta por barcos de pequeno, médio e grande porte, que operam em uma área de aproximadamente 8.505 km², limitada ao Norte, pelo município de Baía Formosa/RN, ao Sul, por Ponta de Pedra/PE e a Leste pelo talude continental (CEPENE, 2004). Essas embarcações são construídas em madeira, com comprimento variando entre 7 e 17 metros, propulsionadas por motores, com potência variando entre 30 e 220 HP. A grande maioria opera sem qualquer instrumento de navegação, identificação e marcação de áreas, o que se traduz em pescarias com pouco tempo real de captura e baixa produtividade, operando com tripulações de 3 a 5 pescadores, utilizando como aparelhos de pesca a rede de emalhar, covos e compressor, em viagens com duração de até 15 dias de mar. Vale salientar que em 1993, estes pescadores foram equipados com barcos e todos os aparelhos de localização como rádios e GPSs, mas que atualmente já não os possuem. A frota pesqueira artesanal é composta por jangada, bote e canoa construídos em madeira, movidos à vela e a remo, desenvolvendo pescarias em águas rasas dos estuários e próximo à costa, com duração de até 24 horas. O processo envolve 2 a 3 pescadores por embarcação, que utilizam como apetrechos de pesca as redes de emalhar. Bote a remo (Figura 12) - embarcação de propulsão a remo, com casco de madeira de forma achatada, sem quilha, forrado internamente com isopor, medindo 2,5 m a 3 m de comprimento. Com raio de ação limitado, realiza viagens de ida e vinda diárias. A tripulação é 29 constituída de apenas um pescador, que atua na pesca da lagosta, quase que exclusivamente com caçoeira. Este tipo de embarcação também é conhecido como catraia, bateira, paquete a remo. Figura 12 - Bote a remo na praia da Penha, João Pessoa-PB (Foto: Patricia Oliveira, 2007). Canoa (Figura 13) - embarcação propulsionada a remo ou à vela, com casco de madeira (jaqueira ou marmeleiro) de fundo chato ou não, com quilha. Há dois tipos de canoas que diferem pelas seguintes características: tamanho (variando entre 3 e 9 m), velocidade, tipos de convés (semi-aberto e totalmente fechado), tipos de leme (estreito/pequeno e largo/grande) e tipos de popa (reta e bicuda). Ambos realizam viagens de ida e volta diárias, porém, dependendo da época do ano, permanecem no mar por até 5 dias. A tripulação das canoas é constituída por 2 a 4 pescadores (TAHIM et al., 1996 apud CASTRO & SILVA; ROCHA, 1999). As canoas também podem ser conhecidas como bateira, caíco, curicaca, igaraté, biana, patacho, canoa de casco, batelão, iole. Figura 13 - Canoa na praia da Penha, João Pessoa-PB (Foto: Patricia Oliveira, 2007). Jangada/paquete (Figura 14) - a jangada é uma embarcação propulsionada a remo, a vara ou à vela, com casco de madeira em forma achatada, forrada internamente com isopor, sem quilha, com convés e um pequeno porão acessado por uma escotilha, possui uma urna para acondicionar o material da pesca. (CASTRO-SILVA & ROCHA, 1999). 30 Figura 14 - Jangada na praia do Seixas, João Pessoa-PB (Foto: Patricia Oliveira, 2007). Bote à vela - embarcação propulsionada à vela, com casco de madeira, com quilha, convés fechado com uma ou duas escotilhas que dão acesso ao porão, onde são armazenadas as lagostas capturadas, as iscas, o gelo, os materiais de pesca (cabos e bóias) e o alimento para consumo. O porão serve também de alojamento para os pescadores, que em geral são 2 ou 3. Esta embarcação mede de 6 a 8 m de comprimento e realiza viagens geralmente de ida e volta diárias. Bote motorizado (Figura 15) - é a mais simples das embarcações motorizadas empregadas na pesca da lagosta. Tem casco de madeira ou fibra, com quilha, uma pequena estrutura localizada próximo à proa ou popa que, em geral, serve somente de abrigo para o motor. O motor é de baixa potência, em torno de 50 HP. Sob o convés, existem pequenas câmaras, sendo aí acondicionados gelo, lagostas e iscas, além do espaço onde são guardados os materiais de pesca, mantimentos, óleo combustível e água potável. O convés também pode ser usado pela tripulação para repouso. Raramente existem nessas embarcações aparelhos de comunicação ou eletrônicos. Figura 15 - Bote motorizado na praia do Seixas, João Pessoa-PB (Foto: Patricia Oliveira, 2007). 31 Lancha (Figura 16) - embarcação motorizada, com casco de madeira, comprimento abaixo de 15 m, com casaria (cabine) no convés, podendo ser na popa ou na proa conhecida vulgarmente como barco a motor, saveiro de convés, jangada, barco motorizado. Podem ser classificadas como pequeno, médio e grande porte. Figura 16 - Lancha na praia da Penha, João Pessoa-PB (Foto: Patricia Oliveira). 3.4.3 PERFIL SOCIOECONÔMICO DOS PESCADORES DE LAGOSTA Os 100% dos pescadores entrevistados refletiram a grande disposição dos mesmos em contribuir com o estudo. Não foram registradas mulheres que trabalhem com a pesca da lagosta nas praias do Seixas e da Penha. Mas em pesquisa na mesma comunidade, Lima-Silva (2007) registrou atividade feminina como marisqueiras e pescadoras. A partir dos dados obtidos através do perfil socioeconômico dos pescadores das praias do Seixas e da Penha, 35% dos entrevistados pertenciam à faixa etária entre 21 e 30 anos (Figura 17). Esta também foi a faixa etária predominante para comunidade de pescadores do Município de Aquiraz-CE (RODRIGUES & MAIA, 2007). Destaca-se a incidência de cerca de 20% de menores trabalhando de forma ilegal na pesca da lagosta, em que todos os menores praticam mergulho livre. Não houve registro de lagosteiros com idade superior a 60 anos. Quanto ao nível de escolaridade predominou o ensino fundamental (43%), 27% cursaram até o ensino médio, 22% só concluíram o primário e 8% não freqüentaram a escola. Diferente dos resultados encontrados por SILVA, et al. (2007), em Conceição do Araguaia-PA, onde 57% dos pescadores têm ensino fundamental incompleto e 27% são analfabetos. Os principais motivos apontados pelos entrevistados para a baixa escolaridade foi a impossibilidade em conciliar estudo e pesca, pois eles começam a trabalhar muito cedo, para prover o próprio 32 sustento e o de sua família; por se tratar de uma atividade exaustiva, além da longa permanência embarcados, o que os impede de se dedicarem aos estudos. 40 35 Porcentagem (%) 30 25 20 15 10 5 0 <18 18-20 21-30 31-40 41-50 51-60 Idade Figura 17 - Freqüência de idade dos pescadores das praias do Seixas e da Penha, entrevistados entre julho/07 e outubro/07. Foi registrado o predomínio de homens solteiros (57%) em detrimento dos casados (19%). Em pesquisas anteriores Melo (2006), Quinamo (2006) e Lima-Silva (2007) observaram que essas duas categorias não expressavam a real situação da maioria dos moradores da praia da Penha. Tais autores registraram, durante as conversas informais, que a maioria das uniões se caracterizava pela informalidade, ou seja, não são casados legalmente, mas compartilham casa, responsabilidade e possuem filhos destas uniões. Devido a esta constatação, desde o princípio das entrevistas, foi incluído neste questionário o item “Mora junto” que obteve o importante valor de 24%. Tal categoria não foi incluída na pesquisa dos pescadores de Aquiraz-CE, onde o predomínio (52,31%) foi de homens casados e 43,71% de solteiros, com viúvos e separados ocorrendo em menor participação, com 0,66% e 3,71% respectivamente (RODRIGUES & MAIA, 2007). Com relação ao tempo que trabalha com a pesca, a maioria atua há menos de 10 anos (Figura 18), com predomínio de menores de idade que freqüentam a escola e têm nesta atividade a sua única fonte de renda. Não foi registrado nenhum lagosteiro em atividade há mais de 41 anos. A Tabela 5 mostra uma relação significativa (Qui-quadrado: 50,3190, gl=15, p<0,05) entre as variáveis idade e tempo de pesca. A maior parte deles, 76% aprendeu a pescar com parentes e 24% com pescadores mais experientes. Em Conceição do Araguaia-PA 55% dos pescadores exercem a profissão há mais de 16 anos, 26% entre 06 e 15 anos e 19% há menos de 33 05 anos. Os dados indicam que a atividade é desenvolvida por diferentes gerações e o conhecimento da pesca é transmitido aos mais jovens, de maneira a proporcionar condições para a prática da pesca, em função da falta de empregos no mercado formal (SILVA et al., 2007). 70 60 Porcentagem (%) 50 40 30 20 10 0 1-10 11-20 21-30 31-40 41-50 Anos Figura 18 - Tempo de pesca dos lagosteiros das praias do Seixas e da Penha, entrevistados entre julho/07 e outubro/07. Tabela 5 - Tabela de freqüência da relação entre as variáveis Tempo de pesca e Idade dos pescadores das praias do Seixas e da Penha, entrevistados entre julho/07 e outubro/07. Tempo de pesca 1-10 anos 11-20 anos 21-30 anos 31-40 anos Total Idade 7 0 0 0 7 <18 100,00% 0,00% 0,00% 0,00% 6 1 0 0 7 18-20 85,71% 14,29% 0,00% 0,00% 7 6 0 0 13 21-30 53,85% 46,15% 0,00% 0,00% 1 1 3 0 5 31-40 20,00% 20,00% 60,00% 0,00% 1 0 0 2 3 41-50 33,33% 0,00% 0,00% 66,67% 0 1 0 1 2 >60 0,00% 50,00% 0,00% 50,00% 22 9 3 3 37 Total Em geral, os lagosteiros trabalham de 3 a 4 dias por semana, dependendo das condições climáticas. No verão, passam mais tempo no mar, mas 100% deles afirmam que a quantidade de lagosta está diminuindo a cada ano. Eles atribuem essa diminuição dos estoques à pesca predatória (100%), pesca industrial (5%) e captura de indivíduos jovens e/ou em período de 34 desova (32%), em desrespeito ao defeso, demonstrando conhecimento empírico acerca da conservação da lagosta. De forma semelhante, Melo (2006) relatou que 80% dos pescadores na Penha apontaram os fatores antrópicos como responsáveis pelo declínio dos estoques pesqueiros naturais. Valor que aumenta em 2007, quando Lima-Silva (2007) descreve que 90% dos pescadores no mesmo local, desde os mais experientes até aos mais novos na atividade, afirmam o mesmo. Tais estudos revelam o crescente grau de conscientização, referente aos fatores que conduzem à diminuição da pesca nesta comunidade. Os pescadores das praias do Seixas e da Penha reclamam da presença de navios de outros estados na costa paraibana. Conforme relatado por um pescador, tal navio leva 25 mil litros de óleo a bordo, 18 mil quilos de isca, têm autonomia de 10 meses no mar e utilizam equipamentos modernos para a localização dos estoques de lagosta. Outro relato descreve barcos com mais de 1500 covos, atuando na região. Com relação às queixas realizadas sobre a presença da pesca industrial, verificou-se que não se trata de uma insatisfação recente, como mencionado por Melo (2006). Diferente da pesca industrial, a prática da pesca artesanal é uma atividade menos impactante ao meio ambiente, já que a mesma está fundamentada em técnicas rudimentares de captura, de maior seletividade e com um índice menor de predação (CARDOSO, 2000). A escassez de recursos marinhos, provocados pela sobre-exploração, faz crescer conflitos. A pesca da lagosta está se dirigindo para uma situação impraticável e ameaçada pela pesca predatória e industrial. A fiscalização existente é insuficiente para coibir a ilegalidade, embora os locais de pesca, produção e comercialização dos artefatos ilegais, sejam conhecidos. Quando indagados sobre as vantagens em ser pescador, a maioria relata a ausência de patrão e garantia de alimentação, destaca-se ainda a categoria referente à liberdade de horários na atividade. Com relação às desvantagens, eles relatam a falta de instrumentos de trabalho (62%), dificuldades de crédito e financiamento (43%), que o trabalho é pesado e cansativo (41%), mal remunerado (35%), que o mercado é fraco (16%) e que existe discriminação da atividade (8%). Destaca-se que muitos dos entrevistados reportam-se a mais de uma categoria em suas respostas. Ainda assim, 14% dos entrevistados afirmam não ter desvantagens. Apesar das desvantagens, 70% dos pescadores afirmam que nunca pensaram em desistir da profissão e 51% asseguram que é possível sustentar-se apenas com a pesca de lagosta. Lima-Silva (2007) aponta que o comportamento apresentado pelos entrevistados é adotado porque eles sabem, ou pensam saber, que é aquilo que o pesquisador quer ouvir, seja para se apresentarem informados e politicamente corretos ou apenas supõem que o pesquisador 35 possa providenciar melhorias, por isso, essa conduta é observada com freqüência em pesquisas de cunho social. Comportamento similar foi observado durante este trabalho. A renda mensal média alcançada pelos lagosteiros varia entre R$ 200,00 e R$ 400,00 (Figura 19). Aproximadamente ¼ dos entrevistados tem renda inferior a R$ 200,00 sendo a mesma complementada por atividades paralelas como construção civil (pintor, ajudante de pedreiro), atividades de caráter informal (biscates) e comércio. No outro extremo, a maioria dos lagosteiros com renda superior a R$ 600,00 tem barco próprio. A Tabela 6 mostra que não há uma relação significativa entre as variáveis Idade e Ganho mensal (Qui-quadrado: 20,3256, gl=15, p>0,05). Quando questionados se sempre trabalharam unicamente com a pesca, 51% revelaram que praticam, em paralelo com a pescaria, outras atividades remuneradas. Os demais 49% afirmaram que se trata de sua única atividade e que desta advém o sustento de suas famílias. Este segundo grupo afirma que nas horas livres, eles assistem televisão, conversam com os amigos, jogam bola, fazem trabalhos em casa, cuidam dos filhos e descansam. Resultados semelhantes constataram Vasconcelos, et al. (2003) entre os pescadores artesanais no Rio Grande do Norte onde 60,9% possuem renda familiar até um salário mínimo e 32,6% ganham de 2 a 3 salários, e 29,9% acumulam outra atividade além da pesca como: construção civil, comerciantes e agricultores. 50 Porcentagem % 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 até R$ 200,00 R$201,00 a 400,00 R$ 401,00 a 600,00 M ais de R$ 600,00 R$ Figura 19 - Renda obtida com a captura de lagosta dos pescadores das praias do Seixas e da Penha, entrevistados entre julho/07 e outubro/07. 36 Tabela 6 - Tabela de freqüência da relação entre as variáveis Ganho mensal e Idade dos pescadores das praias do Seixas e da Penha, entrevistados entre julho/07 e outubro/07. Ganho R$ 201,00 - R$ 401,00 < R$ 200,00 > R$ 600,00 Total Idade R$ 400,00 R$ 600,00 3 3 0 1 7 <18 42,86% 42,86% 0,00% 14,29% 3 4 0 0 7 18-20 42,86% 57,14% 0,00% 0,00% 2 7 2 2 13 21-30 15,38% 53,85% 15,38% 15,38% 0 3 0 2 5 31-40 0,00% 60,00% 0,00% 40,00% 1 0 0 2 3 41-50 33,33% 0,00% 0,00% 66,67% 0 0 1 1 2 >60 0,00% 0,00% 50,00% 50,00% 9 17 3 8 37 Total Com relação ao local de pesca, 73% informaram que pescam nos recifes, 62% após os recifes, 46% entre os recifes e a praia e 24% em alto mar (Figura 20). O ambiente recifal é o local de pesca preferido dos pescadores devido ao fácil acesso, via barco a remo, à vela ou mesmo a nado, em oposição ao acesso ao alto mar, exclusivo aos pescadores que possuem barco a motor. Figura 20 - Local de pesca dos lagosteiros das praias do Seixas e da Penha, entrevistados entre julho/07 e outubro/07. 37 Os lagosteiros fazem uso de mais de uma arte de pesca de lagosta. A maioria pratica mergulho livre (89%), seguido pelo uso da rede de espera (49%), manzuá ou covo (32%) (Figura 21). Todos os pescadores afirmam saber da existência de instrumentos de pesca proibidos por lei para captura da lagosta, dentre eles o compressor, e mesmo assim, 24% dos pescadores afirmam praticar mergulho com compressor. Além destes, 76% reconhecem que a rede de espera (caçoeira) também é proibida (Instrução normativa n°138 de 6 de dezembro de 2006), mas 49% insistem no uso desta arte. Por outro lado, eles desconhecem que o mergulho livre é proibido pela mesma legislação em seu Artigo 9°, e relatam ainda que devido a essas proibições, previstas na nova lei, muito pescadores passaram a dedicar-se à exploração de outros recursos. Observou-se ainda que os lagosteiros que permanecem nesta atividade têm adequado as suas artes de pesca, segundo as modificações impostas pela lei. Torna-se difícil confirmar que tal atitude se relaciona ao desenvolvimento de uma consciência ecológica, mas acredita-se que não se deve simplesmente à sansão imposta pela legislação, que por enquanto, não tem sido Porcentagem % acompanhada de uma fiscalização eficiente. 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Compressor Facho Manzua Mergulho Rede de espera Arte de pesca Figura 21 - Artes de pesca dos lagosteiros das praias do Seixas e da Penha, entrevistados entre julho/07 e outubro/07. O barco a motor é utilizado por 57% dos pescadores, 41% pescam a nado, 35% usam barcos à vela e 16% barco a remo. Vários lagosteiros utilizam mais de uma forma de acesso aos locais de pesca, ou seja, alguns mesmo tendo motor nos barcos, usam vela para economizar combustível e praticam mergulho livre. A maioria trabalha em barcos de parceria (47%) e de terceiros (12%), alegando a dificuldade de financiamento para aquisição de barco próprio, mesmo assim 41% possuem seus próprios barcos, os quais obtêm maior lucro. 38 Entre os apetrechos de pesca fabricados pelos lagosteiros, os principais foram bicheiros, redes (Figura 22) e covos (Figura 23 a e b). Com relação à aquisição destes instrumentos, 70% dos pescadores os fabricam para uso próprio, enquanto 30% adquirem de terceiros. No entanto, a manutenção é de responsabilidade de cada pescador, seja ele dono, parceiro ou apenas empregado do barco. Figura 22 - Pescador confeccionando rede (Foto: Patricia Oliveira, 2007). Figura 23 - Filho de pescador (a) e pescador (b) fabricando covo (Foto:Patricia Oliveira, 2007). Em se tratando de legislação, a maioria dos pescadores (76%) afirma que o defeso não funciona, e unanimemente atribuem a falta de fiscalização por parte do poder público e uma 39 pequena parte deles cita o desrespeito por parte dos próprios pescadores como responsáveis pela ineficácia do defeso. Com relação ao destino da lagosta, 97% pescam para consumo e 62% também a comercializam, destes 91% vendem a intermediários, localmente conhecidos por pombeiros (Figura 24). das infra-estruturas A ineficácia de armazenagem, processamento e comercialização da lagosta na região colocam o pescador diante de um sistema de intermediação, obrigando-os a repassar o produto o mais rápido possível, submetendo-se aos preços estabelecidos pelos pombeiros. De modo semelhante em Aquiraz-CE, a maioria dos pescadores, cerca de 73,5%, repassam sua produção ao atravessador, 25,2% são vendidos para o consumidor diretamente na praia ou nas barracas, e o restante para o consumo próprio (RODRIGUES & MAIA, 2007). 100 90 Porcentagem % 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Ao dono do barco ou empresário A intermediários A comerciantes Diretamente ao ou pombeiros ou feirantes consumidor A bares e restaurantes Figura 24 - Destino das lagostas capturadas pelos pescadores das praias do Seixas e da Penha, entrevistados entre julho/07 e outubro/07. Não existe diferença com relação à escolha da espécie pescada. P. laevicauda (100%), P. argus (95%) e P. echinatus (92%) são capturadas em proporções semelhantes pelos pescadores que praticam o mergulho livre, nas praias do Seixas e da Penha. A maioria dos pescadores relata que na lua nova aumenta a quantidade de indivíduos capturados, alegam que “na lua cheia a lagosta vê a rede e não emalha, na noite de escuro ela vai mariscar e fica presa na rede”. Eles afirmam que o verão é o período de maior captura de lagostas, atribuem tal fato à transparência da água e menor influência de ventos. 40 Quando questionados sobre o interesse em participar do cultivo de lagostas, todos os entrevistados foram favoráveis alegando a necessidade de aumentar a renda familiar, pois com o cultivo aumentaria o lucro sem a dependência das condições climáticas. Cerca de 30% relataram que seria mais fácil cultivar do que pescar e 8% têm consciência que, desta forma, o ambiente seria melhor preservado. Diante desta situação nota-se a importância da implantação de projetos que possam beneficiar os pescadores desta área, tendo como principal objetivo a criação de lagosta em cativeiro. 3.5 CONCLUSÕES Na comunidade de pescadores artesanais que atuam na captura da lagosta nas praias do Seixas e da Penha ocorre predomínio de pescadores jovens, solteiros, que pescam há menos de 10 anos, trabalham de 3 a 4 dias por semana dependendo das condições climáticas, têm renda mensal média de um salário mínimo que é complementada com atividades paralelas como construção civil e comércio informal. Estes lagosteiros praticam mais de uma arte de captura, como o mergulho livre, a rede de espera e o covo e a maioria fabrica seus próprios instrumentos de pesca. Eles possuem consciência de que a atual metodologia empregada para a captura da lagosta contribui de forma direta para a sua crescente escassez, assim como eles reconhecem a ineficácia do defeso e a atribuem à falta de fiscalização por parte do poder público e ao desrespeito por parte dos próprios pescadores. Eles afirmam que o preço da lagosta é estabelecido pelos intermediários, que têm maior lucro devido à ineficácia da infra-estrutura na região. A comunidade de lagosteiros estudada caracteriza-se pela atual diminuição no número de indivíduos que fazem uso do recurso, tanto devido à modificação na arte de pesca exigida pela legislação, quanto à ausência de políticas públicas relativas à sustentabilidade da atividade lagosteira no local. 41 3.6 RECOMENDAÇÕES É importante identificar os detentores de conhecimento ecológico local na comunidade para estabelecer regimes de manejo, pois grande parte dos pescadores demonstra uma forma de controle sobre os recursos naturais baseada no conhecimento acumulado e, sobretudo, vinculadas às dificuldades do dia-a-dia e à pressão direta e imediata pela subsistência. A educação formal precisa ser o elemento emergente no processo de transformação para uma organização social entre esses pescadores, pois sua ausência na atual conjuntura política e econômica faz-se sentir quando na avaliação dos custos de produção e nos níveis de qualidade de vida dessas comunidades. Torna-se imprescindível o desenvolvimento de projetos ou programas que mobilizem a comunidade na questão “organização e gestão do conhecimento sobre a atividade pesqueira”, por parte das associações ou cooperativas de pescadores, visando o desenvolvimento socioeconômico e cultural, baseado no conceito de desenvolvimento sustentável. Em razão do baixo nível de renda da categoria, há necessidade de se oferecer financiamentos mais adequados, tanto em relação ao volume e acesso aos recursos, quanto a melhores condições de pagamento. Tal apoio permitiria um sensível incremento da produção e melhoria nas condições de trabalho, pois o financiamento poderia possibilitar-lhes a compra de motores eficientes, tornando a captura mais eficaz, evitando a distribuição da renda por não pescadores, refletindo-se na aumento da renda. Promover políticas adequadas de melhoria de renda, que privilegiem alternativas de Verifica-se ainda a necessidade de intensificar trabalhos de educação ambiental nas trabalho, principalmente no período do defeso, quando a pesca é proibida. comunidades pesqueiras voltados para o pescador artesanal, capazes de conscientizar e instrumentalizar os mesmos, visando à utilização dos recursos naturais de forma responsável, garantindo-lhes a sustentabilidade e promovendo a melhoria da qualidade de vida das comunidades pesqueiras. 42 3.7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ARAGÃO, J. A. N.; DIAS-NETO, J. - Considerações sobre ordenamento pesqueiro e sua aplicação no Brasil. Congresso Brasileiro de Engenharia de Pesca. Anais. Fortaleza: AEP/CE, p. 396-418, 1988. 2. BEZERRA, S. N. Manutenção e transporte de Lagostas. (Série Meio Ambiente em Debate), v. 26, Brasília, 1998, 68p. 3. BIOLOGY, Department of. The University of North Carolina at Chapel Hill. The Life History of the Spiny Lobster. 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INTRODUÇÃO 1.1 A LAGOSTA DO GÊNERO Panulirus As lagostas espinhosas (spiny lobster) são crustáceos que pertencem à Família Palinuridae, Ordem Decapoda, de alto valor comercial, que vêm sofrendo intensa pressão pela frota lagosteira. A Família Palinuridae engloba 47 espécies (HOLTHUIS, 1991), das quais aproximadamente 33 sustentam a pesca comercial (WILLIAMS, 1988). A lagosta do gênero Panulirus possui uma ampla distribuição, sendo encontrada no México, Caribe, Fernando de Noronha e costa brasileira. As espécies P. argus, P. laevicauda e P. echinatus ocorrem na costa brasileira (CARVALHO et al., 1999), sendo P. argus (lagosta de cabo-verde) e P. laevicauda (lagosta vermelha) as mais comercializadas, na região nordeste. Estes animais possuem um ciclo de vida longo, com extensas fases larvais, dependendo da espécie pode ser de aproximadamente um ano, período em que estão sujeitas a altas taxas de predação. Apesar das fêmeas do gênero Panulirus produzirem milhares de ovos, a quantidade de indivíduos que atinge a fase adulta é muita baixa. As fases larvais (filosomas) são predadas por peixes pelágicos (BAISRE & RUIZ DE QUEVEDO, 1964), as pós-larvas também servem de alimento a peixes pelágicos, principalmente espécies noturnas (OLSEN & KOBLICK, 1975; HERRNKIND et al., 1994), enquanto as fases bentônicas juvenis sofrem predação por tubarões, raias, peixes ósseos, polvos e caranguejos (SMITH & HERRNKIND, 1992; MINTZ et al., 1994) e os juvenis maiores pelo homem. Após adultos, ainda sofrem predação por tubarões, raias, peixes, golfinhos e tartarugas, além do homem. Dentre os milhares de indivíduos que eclodem, a maioria é retirada das cadeia alimentar marinha, não atingindo a fase adulta. Durante o dia, as lagostas permanecem em seu abrigo (cavidade de rochas, corais ou emaranhados de algas) com o corpo oculto e as antenas estendidas. À noite, saem em busca de alimento, retornando ao abrigo pela manhã. Quando ameaçadas, as lagostas dobram o abdômen com a nadadeira caudal aberta em leque, ao mesmo tempo em que mantêm as patas e antenas orientadas para a frente, facilitando, assim, um rápido deslocamento (OLIVEIRA, 2001). Segundo Brusca (2007) a lagosta possui um abdômen achatado, chamado de pléon, formado por segmentos, os pleonitos, e é seguido por uma placa ou lobo pós-segmentar denominada somito anal ou telson, em forma de leque caudal, onde se localiza o ânus; carapaça cilíndrica bem desenvolvida que recobre a câmara branquial. As brânquias são do tipo tricobrânquias (possui uma série de filamentos branquiais não ramificados que irradiam a partir do eixo central). Possuem três pares de maxilípodes, e cinco pares de pereópodes. São marinhas e 50 encontradas em uma variedade de habitats em toda a região tropical. Produzem som mediante atrito de um processo (o plectro) na base da antena contra uma superfície áspera na cabeça. Os embriões são incubados nos pleópodes das fêmeas. O ciclo de vida das lagostas é bastante longo. Os filosomas sofrem 11 mudas que se prolongam de 9 a 12 meses, aumentando de aproximadamente de 0,5 para 12 mm o comprimento de carapaça (LEWIS, 1951; KITTAKA, 1994), as pós-larvas passam por um período de 7 a 21 dias (FIELD & BUTLER IV 1994; HERRNKIND et al., 1994), e a fase juvenil, alguns anos. Indivíduos deste gênero efetuam dois tipos de migração: a trófica, quando procuram áreas com maiores concentrações de alimento, realizando movimentos aleatórios, paralelos à costa, e a genética, na busca por áreas favoráveis à reprodução, realizando movimentos direcionais, à procura de locais mais profundos e afastados da costa (FONTELES-FILHO & IVO, 1980). A reprodução das lagostas ocorre por acasalamento emparelhado do macho com a fêmea, numa posição frontal, com a deposição da massa espermatofórica sobre o esterno da fêmea. Os óvulos fecundados ficam aderidos à parte ventral do abdômen da fêmea, através dos pleópodos, característica responsável pela alta taxa de fertilização e que, em parte, explica a grande capacidade de resistência das populações de lagostas à predação e à pesca. As pós-larvas planctônicas, com cerca de 12 meses de idade, são levadas para a zona costeira por correntes marinhas, onde assumem um habitat bentônico e se desenvolvem até atingir o estágio juvenil. Num processo de recrutamento, que tem a sua maior intensidade durante os meses de abril a agosto, os jovens se dispersam gradualmente, desde as áreas costeiras em direção às áreas de pesca propriamente ditas, mais afastadas da costa e mais profundas, onde se tornam adultos e desenvolvem capacidade reprodutiva. (LOURENÇO, 2006) As lagostas do gênero Panulirus têm desova parcelada, deste modo, são encontrados indivíduos em reprodução durante todos os meses do ano, devido a essa característica reprodutiva e à grande extensão da área de distribuição. No entanto, existe uma época de maior intensidade reprodutiva: em janeiro-abril e setembro-outubro (P. argus), em fevereiro-maio (P. laevicauda) (SOARES & CAVALCANTE, 1985). O período de tempo necessário para que a totalidade das fêmeas de uma coorte desove equivale a 3,3 meses (FONTELES-FILHO, 1979). Estas espécies apresentam grande fecundidade, na lagosta P. argus se manifesta o maior valor da fecundidade relativa (630 ovos/grama) em relação ao da espécie P. laevicauda (597 ovos/grama) (FONTLES-FILHO, 1992). O tamanho das fêmeas na primeira maturidade sexual foi estimado em 20,1 cm (P. argus) e 17,0 cm (P. laevicauda) de comprimento total. As lagostas apresentam um dimorfismo sexual, determinada, basicamente pela condição reprodutiva, assim, os machos têm um maior comprimento do terceiro par de pereópodes (utilizado 51 no acasalamento) e um maior cefalotórax. As fêmeas apresentam abdômen maior, com a função de carregar externamente a massa de ovos aderida aos endopoditos dos pleiópodos, característica que as torna economicamente mais importantes, pois sua cauda tem 2,6% de peso a mais que a dos machos. Estes têm menor comprimento total, mas maior peso (biomassa) devido ao maior comprimento do cefalotórax, que corresponde a 2/3 do peso individual (PAIVA, 1960; SILVA et al., 1994). Segundo pesquisa bibliográfica de Soares & Peret (1998), diversos autores que estudaram a relação fecundidade/comprimento da lagosta no Nordeste do Brasil são unânimes em afirmar a existência de uma correlação positiva entre essas variáveis, indicando que as fêmeas maiores produzem maior número de óvulos e, também, incubam maior número de ovos do que fêmeas menores. Assim, fêmeas de maior porte são capazes de contribuir mais efetivamente para a recuperação dos estoques. O caráter do ciclo longo de vida funciona como importante mecanismo de auto- regulação, pela capacidade que têm as diversas coortes de recompor a população através do elevado potencial reprodutivo. Em termos anuais, a taxa de mortalidade total e a taxa de explotação apresentam valores de 70,1% e 61,2% (lagosta-vermelha) e 73,6% e 64,7% (lagostaverde). Isto significa que, uma vez que o indivíduo tenha entrado para o estoque capturável, independente da espécie, tem uma chance média de 28,2% de sobreviver para o ano seguinte e de 63% de ser capturado por um aparelho de pesca que esteja atuando na área onde se encontra (PAIVA, 1997). Na Tabela 7 é apresentada uma súmula das principais características biológicas e parâmetros vitais das lagostas, nas águas costeiras das regiões norte e nordeste do Brasil. Em se tratando de um recurso pesqueiro economicamente importante, o grande objetivo de se conhecer a estrutura populacional da lagosta espinhosa é estabelecer regras para sua explotação racional. Desta forma, estudos como este, que viabilizam maior conhecimento sobre os aspectos populacionais da lagosta, são de fundamental importância tanto como indicadores do estado atual do recurso, quanto como parâmetros para avaliações nas tendências futuras das populações, no intuito final de direcionar o uso do recurso e, principalmente, uma regulamentação pesqueira adequada e aplicável. Da mesma forma, o conhecimento da fauna acompanhante nas redes de espera de lagosta é importante, para ter-se um conhecimento do real impacto da pesca da lagosta sobre o ambiente, visto que a maioria dos organismos que fazem parte desta fauna acompanhante são devolvidas ao ambiente sem vida. 52 Tabela 7 - Súmula das características biológicas e parâmetros biométricos da lagosta-vermelha, Panulirus argus, e da lagosta-verde, Panulirus laevicauda, ao longo das costas norte e nordeste do Brasil. Habitat(l) bentônico: plataforma continental Substrato (3) cascalho - formações de algas calcárias plataforma continental do norte e nordeste do Brasil, chegando ao Espírito Áreas de Santo pesca (12) Distribuição vertical (1): 1 - 60 m Distância da costa (2): 1 - 50 km Sistemas de embarcações: jangada, bote a vela e barcos motorizado de 10 - 22 m de pesca (13) comprimento aparelhos de pesca: covo, rede de emalhar (caçoeira), cangalha e coleta manual Período de safra (8): março - maio Período de entressafra (8): julho - setembro Crescimento parâmetros vermelha verde 11,4-39,3 10,1-33,5 amplitude(cm) na pesca (4el3) 21,8 18,3 comp. médio (cm) 43,8 38,0 L∞ (cm) (comprimento) 3.018 2.006 W∞ (g) (peso) 2,6 2,4 taxa (cm/ano) 24,4 25,7 taxa (%/ano) Parcelada Desova tipo: parcelada janeiro – abril época(s) fevereiro - maio (5e 14) setembro – outubro lm (1a. maturidade) (cm) (5) 20.1 17,0 Fecundidade (óvulos) (7) 294.175 166.036 Proporção sexual (%) (8) 51,9 M: 48,1 F 53,7 M : 46,3 F 18,8 15,8 Recrutamento comprimento médio (cm) época abril - julho junho - agosto (6) Mortalidade taxa(%) 70,1 73,6 total (ano) (10) Taxa de explotação (%) 61.2 64,7 Longevidade 37,3 34,7 total (ano) 13,9 12,5 na pescaria 2,90 Relações peso/comprimento WT = 0,000066 LT WT = 0,000084 LT 2,86 biométricas(11) cauda/total CA = 5,62 +0,612 CT CA = -1,46 +0,641 CT cefalotórax/total CC = 4,99 + 0.379 CT CC =-1,27 +0,366 CT Dieta alimentar moluscos (gastrópodos e pelecípodos), crustáceos decápodos, equinodermos (ofiuróides e equínóides), algas, cnidários (antozoários e hidrozoários) e (9) briozoários Parâmetros do CPUEms (kg/covo-dia) 0,373 rendimento Fontes: (1) PAIVA, 1958; (2) PAIVA, 1970; (3) COUTINHO & MORAIS, 1970; (4) IVO. 1975; (5) SOARES & CAVALCANTE, 1985; (6): FONTELES-FILHO, 1986; (7) IVO & GESTEIRA, 1986; (8) FONTELES-FILHO, XIMENES & MQNTEIRO, 1988 (9) MENEZES, 1989; (10) FONTELES-FELHO, 1992; (11) RIOS, 1992; (12) FERREIRA, 1994; (13) FONTELES-FILHO, 1994; (14) SOARES, 1994. 53 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Panulirus echinatus A lagosta P. echinatus (Figuras 25 e 26) foi descrita por Smith em 1869. É conhecida vulgarmente no Brasil como lagosta espinhosa ou pintada e no Seixas e Penha, como lagosta aranha. Vive em cavidades profundas nas rochas, entre seixos e outros ambientes protegidos. São espécimes de hábito noturno, que vivem em profundidades de 0 a 35 metros, preferencialmente a menos de 25 metros. Esta espécie ocorre no Atlântico Ocidental – Brasil (Rochedos São Pedro - São Paulo, Rocas, Fernando de Noronha e Trindade, e do Ceará ao Rio de Janeiro). Há ainda registros de ocorrência no Atlântico Central – Ilhas de Ascensão e Santa Helena e no Atlântico Oriental – Ilhas Canárias e de Cabo Verde (MELO, 1999). É a única espécie capturada comercialmente que não possui regulamentação específica devido à falta de informações sobre a sua biologia e dinâmica populacional. Há poucos estudos a respeito desta espécie. Oliveira (2001) trabalhou com base na amostragem mensal de indivíduos capturados no ambiente recifal do Arquipélago de Tinharé-BA e verificou a ocorrência de fêmeas ovadas durante todo o ano, embora os meses de maior intensidade reprodutiva tenham ocorrido em outubro e novembro. Barreto et al. (2003) determinaram o comprimento médio na primeira maturidade gonadal de machos de P. echinatus em 37 mm de comprimento de cefalotórax em indivíduos capturados em recifes costeiro de Tamandaré-PE. Segundo a descrição de Melo (1999), a lagosta Panulirus echinatus possui carapaça espinhosa, com 2 espinhos supra-oculares grandes, voltados para cima e para a frente, anel antenular com 2 espinhos distais e o primeiro e segundo maxilípodo apresenta um palpo bem desenvolvido. O terceiro maxilípodo com palpo pequeno e desprovido de flagelo. O primeiro par de pereiópodos é mais curto e robusto do que os demais e o terceiro par, o mais longo de todos. O terceiro, quarto e quinto somitos abdominais possuem sulcos interrompidos. Os sulcos anteriores das pleuras não se unem com os sulcos abdominais. O abdômen apresenta inúmeras manchas claras oceladas, sendo as centrais ligeiramente menores do que as laterais. São encontradas duas formas de coloração: indivíduos com manchas pequenas (“small-spotted form”) e indivíduos com manchas grandes no abdômen (“large-spotted form”). 54 Figura 25 - Panulirus echinatus: Morfologia externa dorsal (MELO, 1999). Figura 26 - Panulirus echinatus: Morfologia externa dorsal. (Foto: Patricia Oliveira, 2007). 55 2.2 Panulirus argus A espécie P. argus (Figuras 27 e 28) foi descrita por Latreille em 1804, conhecida vulgarmente no Brasil como lagosta comum e recebendo em outros países o nome de “spiny lobster” e no Seixas e na Penha de cabo rosa ou branca. Ocorre ao longo da costa leste das Américas desde Beaufort (Carolina do Norte, U.S.A.) até o Rio de Janeiro (Brasil) – (CRAWFORT & SMIDT, 1922; CHACE & DUMONT, 1949; SMITH, 1958; BUESA-MÁS et al., 1968). Ocorre ainda na África (Costa do Marfim) (MELO, 1999). O número de ovos na espécie P. argus varia de 220.000 na classe de 22 cm a 736.000 na classe de 30 cm. Assim, sua fecundidade é bem elevada. No segundo ano de vida, ela atinge 18 cm, chegando a 30 cm no sexto ano (NOMURA, 1977). As populações de P. argus habitam nos recifes, entre rochas, entre esponjas em crescimento ou entre outros substratos que lhes ofereçam proteção e da região entre-marés até 90 metros. Trata-se de uma espécie de hábito gregário (MELO, 1999). Paiva & Fonteles-Filho (1968) marcaram 3.867 exemplares de P. argus, de março de 1964 a março 1965, com uma marca plástica. De março a maio a migração se fez para locais mais profundos do litoral cearense, correspondendo à época de reprodução. Em junho as migrações foram ao longo do litoral, procurando áreas de alimentos. Já em julho novamente procuraram locais mais profundos, para um segundo ciclo de reprodução em agosto, regressando aos locais de alimento, onde permaneceram até o outro ciclo, já referido. Caracteres diagnósticos da espécie consistem em carapaça com fortes espinhos em linhas longitudinais mais ou menos regulares, espinhos supra-orbitais grandes, comprimidos e curvados para cima e para frente. Olhos grandes e proeminentes. Antênulas quase 2/3 do comprimento do corpo, com flagelo externo mais curto e grosso do que o interno, ciliado distalmente. Segmento antenal com par de espinhos na frente. Antenas grandes e pesadas, pedúnculo com vários espinhos fortes e com flagelo ciliado internamente. Patas ambulatórias com extremidades agudas; as fêmeas com pequena sub-quela na quinta pata. Abdômen liso, com somitos cruzados por sulcos interrompidos no meio. Pleópodos ausentes do primeiro somito abdominal. Divisão proximal do télson com alguns fortes espinhos. Abdômen com manchas ocelares amareladas. (MELO, 1999). 56 Figura 27 - Panulirus argus: morfologia externa dorsal (MELO, 1999). Figura 28 - Panulirus argus: morfologia externa dorsal (Foto: Patricia Oliveira, 2007). 57 2.3 Panulirus laevicauda A lagosta P. laevicauda, (Figuras 29 e 30) conhecida no Brasil como lagosta-cabo- verde ou lagosta verde, tem sua área de ocorrência no Atlântico Ocidental - Bermudas, Flórida, Golfo do México, Antilhas, norte da América do Sul, Guianas e Brasil - Fernando de Noronha e da Paraíba até o Rio de Janeiro (MELO, 1999). As populações de P. laevicauda concentram-se em águas rasas, distribuindo-se desde a zona de marés, abrigadas em formações rochosas, até cerca de 50 metros de profundidade. Vivem em arrecifes e rochas e em fundos de algas calcárias. Próximo à costa, os indivíduos são pequenos, mas alcançam comprimentos de até 30,0 cm, em zonas profundas (PAIVA et al.,1971). As informações existentes sobre a biologia reprodutiva da lagosta P. laevicauda são bastante escassas e referem-se apenas a regiões de pesca na costa Nordeste do Brasil. Apesar de reprodução consistir num dos aspectos mais importantes na dinâmica de populações, os trabalhos quantitativos desenvolvidos em campo têm sido escassos e baseados fundamentalmente no exame das capturas comerciais (SOARES & PERET, 1998). Como caracteres diagnósticos apresentam carapaça com fortes espinhos em linhas transversais na frente da região cardíaca. Espinhos supra-orbitais grandes, curvados para a frente. Olhos grandes e proeminentes. Anel antenular com 2 espinhos distais. Antênulas quase 2/3 do comprimento do corpo e com 2 flagelos. Primeiro segmento antenal com par de espinhos na frente. Antenas grandes e fortes, com segmentos espinhosos e flagelo com numerosos pequenos espínulos. Primeiros e segundos maxilípodos com palpos bem desenvolvidos, terceiro maxilípodo desprovido de palpo. Pereiópodos delgados, o primeiro menor do que o segundo e este menor do que o terceiro; quarto e quinto pereiópodos menores do que os demais. Somitos abdominais lisos, desprovidos de sulcos transversais. Um par de manchas ocelares em cada somito abdominal (MELO, 1999). 58 Figura 29 - Panulirus laevicauda: Morfologia externa dorsal (MELO, 1999). Figura 30 - Panulirus laevicauda: Morfologia externa dorsal (Foto: Patricia Oliveira, 2007). 59 2.4 FISIOLOGIA NUTRICIONAL 2.4.1 DIGESTÃO E EXCREÇÃO O trato digestivo das lagostas consiste em uma porção anterior elaborada e revestida por uma cutícula, de uma porção mediana de origem endodérmica com cecos digestivos bem desenvolvidos, e de uma porção posterior também revestida por uma cutícula. O papel da porção anterior é a trituração, hidrólise e separação de partículas pequenas digeríveis das grandes não digeríveis. As partículas pequenas e os solutos são encaminhados para os cecos digestivos, enquanto materiais não aproveitáveis são ou regurgitados pela boca, ou enviados para a porção mediana do trato digestivo, incorporados em bolotas fecais e eliminados através do ânus. (RUPPERT et al., 2005) Os principais compostos nitrogenados são excretados pelas brânquias, intestinos, e em menor quantidade, pelas glândulas verdes. O composto excretado em maior quantidade pelas lagostas é a amônia, perfazendo valores acima de 72% do nitrogênio total excretado. Os compostos nitrogenados encontrados na urina de lagostas são ainda desconhecidos, mas sabe-se que 21% do total de nitrogênio é formado por uréia, amônia e compostos amínicos (COBB et al., 1980). 2.4.2 ALIMENTAÇÃO A alimentação destes crustáceos se altera ao longo do seu ciclo de vida, passando de planctófagos, enquanto larvas (MOE, 1991; KITTAKA, 1994) a bentófagos, alimentando-se de invertebrados, preferencialmente moluscos e crustáceos, quando juvenis, (SWEAT, 1969; WOLFE & FELGENHAUR, 1991) e principalmente de moluscos e crustáceos, quando adultos (HERRNKIND et al., 1975). Panulirus interruptus e P. argus alimentam-se de moluscos (principalmente gastrópodes), crustáceos, equinodermas e algas coralíneas (LINDBERG, 1955; FERNANDES, 1969). Gray (1992) relata que, para P. cygnus. estudos detalhados demonstraram uma dieta alimentar variando consideravelmente com o ambiente, época do ano e tamanho dos indivíduos. 60 2.5 MUDA E CRESCIMENTO O conhecimento dos parâmetros do crescimento das populações naturais, principalmente aquelas pertencentes aos grupos economicamente mais importantes, é fundamental quando se pretende avaliar os efeitos causados por um fator exógeno de mortalidade sobre o estoque como, por exemplo, a pesca. 2.5.1 CICLO DE MUDA A lagosta é coberta pelo exoesqueleto e para crescer, como todos os crustáceos, desprende o exoesqueleto sendo revestida com um novo, maior e mais flexível que o precedente. Esse fenômeno é denominado muda ou ecdise (Figura 31). Na muda, o exoesqueleto velho se rompe ao longo de linhas bem definidas e a lagosta libera o exoesqueleto antigo dorsalmente, entre o cefalotórax e o abdome. A formação do novo exoesqueleto inicia-se sob o velho antes da muda, mas ele só enrijece completamente após alguns dias da ecdise. Após livrar-se do exoesqueleto, a lagosta ingere água, aumentando rapidamente seu tamanho antes do endurecimento do novo exoesqueleto (IGARASHI, 2007). Figura 31 - Seqüência do processo de ecdise na lagosta do gênero Panulirus (Fotos: DEBELIUS, 1999). 61 A palavra "muda" inclui todas as modificações fisiológicas e morfológicas envolvidas na preparação da ecdise. A maioria dos crustáceos decápodes passa a vida inteira realizando um ciclo contínuo de eventos de muda. Drach (1939) apud Cobb (1980), foi quem reconheceu as mudanças morfológicas, fisiológicas e cuticulares associadas à muda em crustáceos decápodes, dividindo o ciclo em quatro períodos básicos (Pós-muda, intermuda, pré-muda e muda), cinco estágios (A-E) e vários sub-estágios. A ecdise é considerada apenas o estado "E", onde o indivíduo realiza a mudança de carapaça. A seguir estão relatados todos os estágios de muda para a lagosta americana, Homarus americanus, podendo ser aplicados para as outras espécies de lagostas (FIGUEIREDO & THOMAS, 1967). ESTÁGIO A1: O corpo se apresenta flácido; há uma absorção contínua de água; as novas dimensões são alcançadas 4 a 8 horas após a ecdise. ESTÁGIO A2: O tegumento ainda está frágil, mas as partes da boca e mandíbula já estão endurecidas, quando o indivíduo está apto a ingerir a carapaça. Nesta fase inicia-se a mineralização da exocutícula. Tegumento flexível; exocutícula formada; formação da nova endocutícula. ESTÁGIO C1: Tegumento continua flexível; início da atividade alimentar. ESTÁGIO C2: Carapaça rígida da região postero-dorsal até o rostro, mas flexível no restante do corpo; endurecimento da carapaça antero-dorsal. ESTÁGIO C3: A carapaça branquial ainda sofre depressão quando comprimida, mas a carapaça já está totalmente rígida no restante do corpo. ESTÁGIO C4: A membrana endocuticular está formada; todas as partes da carapaça estão rígidas; acúmulo de reservas orgânicas. ESTÁGIO D0: Pré-muda passiva; este estágio pode se estender por um longo período (anecdise); a epiderme se retrai da cutícula; início da calcificação gastrolítica. ESTÁGIO P1: Pré-muda ativa; formação da nova epicutícula e imaginação máxima. ESTÁGIO D2: Formação da nova exocutícula. ESTÁGIO D3: Reabsorção extensiva de minerais do exoesqueleto; descalcificação da superfície dorsal. ESTÁGIO E: Fase passiva da ecdise; incremento na absorção de água; suturas ecdisiais abertas, mas a membrana toraco-abdominal permanece intacta. Fase ativa; ruptura da membrana toraco-abdominal; a carapaça é lançada em movimentos para frente; menos de 10 minutos para se completar a ecdise em lagostas da espécie P. argus. 62 2.5.2 CRESCIMENTO O crescimento das espécies da família Palinuridae tem sido bastante estudado, mas muito raramente se tem conseguido uma descrição completa do ciclo de desenvolvimento das lagostas espinhosas do gênero Panulirus devido à dificuldade em se separar corretamente os dois componentes do processo: o crescimento individual entre mudas consecutivas e a freqüência com que estas ocorrem (MORGAN, 1980). O incremento de tamanho na ecdise tem sido bem estudado em crustáceos, sabe-se que há maior crescimento relativo para indivíduos jovens (MAUCHLINE, 1976). No início dos experimentos sobre crescimento de lagostas, Kurata (1962) encontrou uma relação linear para incrementos em peso, expressando esta relação como: Ln+1 = a + b.Ln Onde Ln e Ln+1 são os comprimentos pré e pós-muda, e "a" e "b" são constantes que denotam as taxas de incremento de tamanho nas sucessivas mudas. Este autor observou a existência de pontos de inflexão existentes nessa relação linear ao longo da vida dos animais, relacionando-os com as fases de transição do estágio larval para juvenil, e de juvenil para adulto. Mauchline (1976) sugeriu que em vez de se trabalhar com os comprimentos de pósmuda para pré-muda, como proposto por Kurata (1962), fosse utilizado o relacionamento linear obtido ao se plotar, em escala logarítmica, o incremento de comprimento contra o comprimento do indivíduo ou número de mudas. Esse incremento linear foi utilizado para se gerar urna constante chamada “Fator de Inclinação da Muda”, a qual determina a porcentagem de decréscimo no incremento do tamanho dos indivíduos em sucessivas mudas. Uma relação similar também existe quando se relaciona o logaritmo do período intermuda com o comprimento ou n° de mudas, sendo a constante chamada “Fator de Inclinação para o Período Intermuda”, a qual define o incremento de tempo intermuda para as sucessivas mudas. Esse tipo de relação, também pode ser calculada usando-se o logaritmo do fator de crescimento (incremento percentual de tamanho a cada muda) versus o comprimento do indivíduo. O crescimento de juvenis de P. tygmis foi estudado por Gray (1992). Este autor descreve que as lagostas crescem de maneira abrupta, ao relacionar isso à diminuição da alimentação à medida em que se aproxima a ecdise, quando o indivíduo muda de carapaça e absorve água rapidamente, ocasionando uma expansão do corpo. A partir desse momento, o indivíduo passa a se alimentar normalmente, iniciando-se outro ciclo do muda. 63 Apesar do crescimento descontínuo, é possível a aplicação dos modelos de crescimento, em função do artifício de se considerar que os indivíduos apresentam um intervalo constante de crescimento entre períodos de intermuda sucessivos, que correspondem aos meses de fevereiro-junho e setembro-janeiro. Deste modo, pode-se apresentar as seguintes equações de crescimento em comprimento (cm) e peso (g), para sexos em conjunto, pois, segundo Ivo (1996), não há diferença significante entre as respectivas taxas de crescimento: lagosta-vermelha: Lt = 43,8 (1 – e -0,163t) Wt=3.018 (1 – e -0,163t)2,90 lagosta-verde: Lt = 38,0 (1 – e -0,171t) Wt = 2.006 (1 – e -0,171t)2.86 A lagosta-vermelha cresce mais lentamente, mas atinge maior comprimento máximo que a lagosta-verde. Elas apresentam as seguintes taxas de crescimento anual, em termos absoluto e relativo: 2,6 cm/ano e 24,4% / ano (vermelha), e 2,4 cm/ano e 25,7% / ano (verde). Em geral, os palinurídeos encontram-se no quarto nível trófico da cadeia alimentar, tendo como característica uma taxa de crescimento apenas mediana, atingindo cerca de 90% do comprimento assintótico (L) num espaço de tempo máximo de 15 anos, que corresponde à expectativa de vida na pescaria (PAIVA, 1997). A redução na freqüência de muda com a idade deve ser o principal fator na determinação da taxa de crescimento decrescente e do comprimento assintótico, como decorrência do aumento na duração do período intermudas, onde indivíduos jovens crescem mais rápido em função da maior freqüência de muda (FONTELES-FILHO, 1989). 2.6 BARRIGA PRETA “BLACK SPOT” A preocupação em se obter alimentos de qualidade e que não cause danos à saúde do consumidor sempre foi motivo de pesquisa. O início do desenvolvimento do Sistema APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle) deu-se nos anos 60 (ALBUQUERQUE, 2005). O Sistema APPCC é compatível com o sistema de controle de qualidade total (ISO), que significa que a inocuidade, qualidade, integridade econômica e produtividade podem ser manejadas juntas (OGAWA & MAIA, 1999). Nos processos de beneficiamento, com o objetivo de manter a qualidade e a sanidade do produto faz-se necessário o uso de algumas substâncias químicas denominadas de aditivos. Segundo a Portaria nº 540 (BRASIL, 1997), definem aditivo alimentar como qualquer 64 ingrediente adicionado intencionalmente aos alimentos, sem propósito de nutrir, com o objetivo de modificar as características físicas, químicas, biológicas ou sensoriais. Além disso, o aditivo deve ser comprovadamente não tóxico aos níveis consumidos e não ter efeito cumulativo. De acordo com a classificação de aditivos intencionais o metabissulfito de sódio é compreendido como conservador e antioxidante, impedindo ou retardando a alteração dos alimentos por microorganismos ou enzimas (BRASIL, 1969). Devido à sua ação antioxidante, o metabissulfito de sódio seqüestra o oxigênio (O2) tanto da água quanto do alimento, gerando assim um ambiente anaeróbio, o que consequentemente interfere sobre os microorganismos aeróbios presentes (GÓES et al., 2006). A primeira prática comum adotada no Brasil, foi a adição de metabissulfito de sódio em pó em crustáceos a bordo dos barcos para evitar o escurecimento enzimático ou "black spot". Hoje são utilizadas soluções de metabissulfito (NaHSO3) onde se mergulha a lagosta, o que evita problemas antigos de excesso de sulfito e a perda em certos lotes (OETTERER, 2008). O escurecimento da carne de crustáceos é causado pela ação de polifenoloxidase, tirosinase, polifenolase, fenolase, catecol oxidase, cresolase e catecolase (CHEN et al., 1992). A formação de “black spot” em caudas de lagostas brasileiras, P. argus e P. laevicauda, provavelmente se deve à especificidade dessas espécies à atividade da enzima fenoloxidase e ao metabolismo do ciclo de muda (OGAWA et al., 1984). Ogawa et al. (1983) sugerem que um bom manuseio das lagostas, evitando injúrias fisiológicas, tais como traumatismos, sangramentos ou estresse após a captura é importante na prevenção do desenvolvimento de “black spot”. 65 3. CARACTERIZAÇÃO POPULACIONAL 3.1. INTRODUÇÃO O dimensionamento da capacidade de sustentação e recarga dos recifes do Seixas e Penha, relacionado com o extrativismo de lagostas, necessita ser conhecido, tendo em vista tratar-se de um ecossistema ainda não estudado, cuja produção é obtida aleatoriamente, visando, deste modo, garantir o seu uso sustentado. A escolha das praias do Seixas e Penha como local de estudo deve-se á grande atividade extrativista de lagostas na região, mesmo não sendo catalogadas como portos de desembarque. A pressão exercida pelo mercado consumidor, relacionada com o turismo regional vem induzindo à necessidade de um gerenciamento da pesca e à identificação do tamanho mínimo médio da primeira maturação sexual, a fim de sustentar a elaboração do defeso da população deste crustáceo, que se adapte melhor à realidade local. 3.2 ÁREA DE ESTUDO A faixa continental da Paraíba é caracterizada por apresentar extensas planícies costeiras, de natureza sedimentar, com uma extensão de linha de costa que alcança aproximadamente 138 km (COSTA, 2001). Os ambientes recifais do estado são de dois tipos: recifes de arenito e recifes de corais. Suas feições morfológicas tiveram origem no período Quaternário, apesar de incertezas quanto à sua idade (CARVALHO, 1982). Segundo Fernandes de Carvalho (1983), os recifes costeiros da Paraíba sofrem influência de pequenos sistemas de correntes costeiras de deriva orientadas pelos cordões recifais, de velocidade moderada, principalmente durante as preamares. No que se refere à plataforma continental, a Paraíba possui substrato de natureza predominantemente calcária, que ocupa uma faixa de 20 milhas náuticas, tendo uma profundidade máxima na margem do talude em torno de 200 m (FERNANDES DE CARVALHO, 1983). Laborel (1970) afirma que os corais no Brasil enquadram-se em três subordens (Astrocoeniina, Fungiina e Faviina) e em nove Famílias (Astrocoeniidae, Seriatoporidae, Agariciidae, Siderastreidae, Poritidae, Faviidae, Astrangiidae, Meandriniidae e Mussidae). Na 66 Praia do Seixas, Areia Vermelha e Picãozinho podem ser encontradas duas Subordens: Fungiina (Siderastrea stellata) e Faviina (Montastrea cavernosa. Mussismilia hartti e Mussismilia hispida). As referidas espécies destacam-se pela ocorrência na área de estudo (COSTA, 2001). No litoral sul da cidade de João Pessoa as praias possuem uma configuração espacial similar: são estreitas e arenosas, formam pequenas enseadas, e em determinados trechos são interrompidas pelo avanço dos tabuleiros costeiros e pelos vales dos rios que desembocam no Oceano Atlântico (CARVALHO, 1982). O ambiente recifal do Seixas e da Penha (Figura 32) faz parte da formação recifal do estado da Paraíba, localizando-se a aproximadamente 700 m da costa litorânea entre as Praias do Seixas e da Penha, na zona sul do município de João Pessoa, com uma área aproximada de 1,18 km2. Esta formação é caracterizada como recife de franja (Figuras 33 e 34), cuja base geológica ainda não foi registrada e pesquisada. Porém, acredita-se que, assim como em outras formações recifais do nordeste, elas estejam sobre uma estrutura de recifes de arenito, não caracterizando assim um recife de coral verdadeiro (MAIDA & FERREIRA, 2004). Os recifes desta localidade possuem um fluxo turístico-recreativo diferente daqueles de Picãozinho e Areia Vermelha (OLIVEIRA, 2007). O uso é concentrado nos meses de verão e é especialmente direcionado aos residentes e moradores de outros bairros, sendo a presença de turistas esporádica, no entanto, os recifes da Penha já estão sendo explorados turisticamente (MELO, 2006). 67 Figura 32 - Mapa de localização dos ambientes recifais do Seixas (Adaptado de MELO, 2006). Figura 33 - Vista aérea dos ambientes recifais da praia do Seixas (Foto: Eduardo Viana, 2006). 68 Figura 34 - Vista aérea dos ambientes recifais da praia da Penha (Foto: Eduardo Viana, 2006). Ao longo da formação a profundidade da coluna da água varia bastante: nos locais mais rasos entre 50 cm a 1,50 cm na baixamar, em determinadas marés parte dela fica exposta, já nos locais mais profundos ela pode variar de 3 m a 6 m. O sedimento é caracterizado pela presença de material biogênico entre as formações recifais, notadamente por partes desintegradas de algas calcárias do gênero Halimeda. (Figura 35). Figura 35 - Ambiente recifal do Seixas, partes desintegradas de algas calcárias do gênero Halimeda (Foto: Rodrigo Melo, 2005). 69 3.3. MATERIAIS E MÉTODOS O presente estudo foi realizado com três espécies de lagostas espinhosas ocorrentes no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha, João Pessoa, PB, entre abril 2006 e setembro 2007. 3.3.1 AMOSTRAGEM O estudo das relações biométricas foi bastante utilizado ao longo de muitos anos na caracterização das espécies e grupos populacionais, mas sua importância tem sido minimizada devido à evolução dos métodos de identificação de caracteres genéticos, determinantes diretos das características fisiológicas e morfológicas dos indivíduos de uma população. No entanto, tais relações estão sendo utilizadas atualmente no sentido de como os indivíduos de uma população reagem às modificações no meio ambiente e a fatores externos que modificam a estrutura populacional, sendo os mesmos também utilizados na caracterização das modificações nas proporções corporais entre machos e fêmeas (IVO, 1996). 3.3.1.1 COLETA DE ORGANISMOS As amostragens foram realizadas mensalmente durante três dias, através de sete redes de espera com 50 m cada, colocadas em uma profundidade de 1 a 2 m ao longo do recife, durante 20h, seguida por mergulho livre, com duas horas de duração. A identificação das espécies foi realizada por meio de bibliografia especializada sobre espécies da Ordem Decapoda ocorrentes no litoral brasileiro (MELO, 1999). Para a identificação dos sexos foram levados em consideração somente os caracteres anatômicos externos da lagosta, que exibem um evidente dimorfismo sexual. 3.3.1.2 BIOMETRIA POPULACIONAL A medição do comprimento total (Ct), em milímetros, foi feita utilizando um ictiômetro, com precisão de 1,0 mm. O Ct refere-se à distância entre o entalhe formado pelos 70 espinhos rostrais até atingir a extremidade posterior do télson, sempre considerando o plano de simetria do animal e sobre seu dorso (Figura 36 e Figura 37). Figura 36 - Esquema do comprimento total (Ct) e do comprimento do cefalotórax (Cc). Figura 37 - Realização da medida do comprimento total (mm) (Foto: Claudia Valle). 71 A medição do comprimento do cefalotórax (Cc) em milímetros (mm) foi realizada utilizando paquímetro SOMET, com precisão de 1,0 mm. O Cc corresponde à distância entre o entalhe formado pelos dois espinhos rostrais até a margem posterior do cefalotórax (Figura 38). Figura 38 - Realização da medida do comprimento do cefalotórax (mm) (Foto: Claudia Valle). Peso total (Pt), em gramas (g), foi aferido através de balança analítica Marte, de prato exposto, com precisão de 0,01 g (Figura 39). Figura 39 - Medição do peso total (g) (Fotos: Patricia Oliveira). 72 Para a identificação do sexo, foram observados os caracteres anatômicos externos da lagosta, relativos ao seu dimorfismo sexual (Figura 40). Figura 40 - Dimorfismo sexual. A seta mostra o endopodito do pleiópodo da lagosta fêmea (Foto: Patricia Oliveira, 2007). Após a biometria, todas as lagostas foram devolvidas ao seu local de captura. 3.3.2 TRATAMENTO ESTATÍSTICO Considerando-se que na área estudada não foram registradas variações climáticas suficientemente fortes que possam provocar modificações periódicas na estrutura da comunidade, os dados foram agrupados em dois períodos anuais, determinados pela pluviosidade, de acordo com as informações obtidas no site da Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (AESA-PB, 2007), com referência à Estação Meteorológica de Mangabeira, para o período de abril de 2006 a setembro de 2007: Período 1 (chuvoso 06): abril de 2006 a agosto de 2006. Período 2 (seco 06/07): setembro de 2006 a fevereiro de 2007. Período 3 (chuvoso 07): março de 2007 a setembro de 2007. Gráfico dos índices pluviométricos do período de coleta (Apêndice C) 73 3.3.2.1 ESTATÍSTICA DESCRITIVA As estatísticas descritivas estimadas para as variáveis biométricas foram: - Média aritmética: - Desvio padrão: X X n s s2 3.3.3 DISTRIBUIÇÃO DAS FREQÜÊNCIAS DE TAMANHOS NA POPULAÇÃO A partir da biometria realizada obteve-se a distribuição da composição percentual dos tamanhos dos indivíduos amostrados, através da distribuição das freqüências de Ct, em mm, por classes de comprimento. A distribuição das freqüências foi realizada por período, com base na definição de intervalos de classes, considerando a amplitude observada entre os valores máximos e mínimos da amostra total. O número de classes foi determinado através da fórmula de (Sturges, 1926 apud Peso-Aguiar, 1995) como se segue: Vi A K Onde: Vi= Intervalo de classe A= Amplitude de variável (Máx.-Mín.) K= (*) + 3,32 x log n Onde: K= número de classes (*)= valor relativo ao número de observações presentes na amostra quando: n < 100=1 100 < n < 200=2 200 < n < 300=3 300 < n < 400=4 400 < n < 500=5 500 < n < 600=6 74 600 < n < 700=7 700 < n < 800=8 800 < n < 900=9 n > 900=10 A distribuição gráfica das freqüências por classe de comprimento levou à identificação das ocorrências de modas, através do tempo, e dos períodos de recrutamento de jovens à população susceptível de ser pescada na região. 3.3.4 RELAÇÃO PESO X COMPRIMENTO As estimativas dos parâmetros das relações entre as variáveis do peso e o comprimento foram obtidas através do método dos mínimos quadrados, nas transformações logarítmicas dos valores empíricos para o cálculo da expressão matemática, segundo Santos (1978): Pt Fc.Ct Onde Pt=Peso total; Fc= Fator de condição e Ct=Comprimento total Foram estimados os parâmetros da expressão matemática para as variáveis biométricas, Pt e Ct. A transformação logarítmica: InPt = InFc + . InCt demonstrou a ocorrência de uma relação linear entre as duas variáveis logaritmizadas, evidenciada pelo coeficiente de correlação linear de Pearson (r). 3.3.5 FATOR DE CONDIÇÃO Foi estimado o fator de condição médio por período, o qual traduz o grau de engorda ou desempenho nutricional da população. Para tal, foram tomados por base os parâmetros da equação matemática da relação entre o peso total e o comprimento total de toda a população, obtendo-se, assim, os parâmetros Fc e comuns para todos os indivíduos coletados. A estimativa do fator de condição ajustado individual foi obtida através da fórmula: Fc Pt Ct Onde: Fc= fator de condição è= variável relacionada com o crescimento dos indivíduos 75 Estimou-se então o fator de condição (Fc) médio por período obtido da relação. Fc Fc n Onde: Fc = fator de condição médio por período, ajustado n = número de indivíduos por período amostrado Calculado o “fator de condição” (Fc) médio, para cada período, os resultados foram lançados em gráficos e analisada a sua flutuação em função do tempo. 3.3.6 PROPORÇÃO SEXUAL A estimativa de diferenças estatísticas significativas na proporção entre os sexos foi realizada através do teste 2 (qui-quadrado) após o estabelecimento das seguintes hipóteses: H0= hipótese de nulidade onde N♂ = N♀ e Ha= hipótese alternativa onde N♂ ≠ N♀. Utilizando a seguinte fórmula: 2 N ♂ N ♀ 2 N♂ N ♀ Onde: 2 = qui-quadrado N♂= número total de machos da amostra N♀= número total de fêmeas da amostra O 2 calculado foi comparado como 2 (n-1) á=0,05 tabelado. 3.3.7 FAUNA ACOMPANHANTE Segundo Rocha et al. (1997) os fundos lagosteiros são formados por bancos de algas calcárias bastante extensos, não contínuos e de vários tamanhos; esses conglomerados são crostosos, encontrando-se soltos ou parcialmente enterrados no substrato. Quando as condições 76 ambientais favorecem o desenvolvimento de algas vermelhas, seus conglomerados se fundem, formando bancos não espessos de cascalho. Frequentemente, “ilhas” de algas vermelhas são encontradas dentro de extensas formações de algas verdes do gênero Halimeda (ROUND, 1983). Esse tipo de substrato propicia a existência de uma grande variedade de organismos bentônicos, os quais o utilizam como ponto de fixação (organismos sésseis), refúgio (organismos perfurantes e/ou crípticos), alimentação (cadeia trófica complexa) e reprodução (proteção de desovas) (ROCHA et al., 1997). Ivo et al. (1996) afirmam que os peixes e crustáceos que compõem a fauna acompanhante da pesca de lagosta desempenham papel importante na transformação de energia, pelo consumo direto de produtores primários, detritos e outros materiais, ou através da predação. A lagosta, por exemplo, é ao mesmo tempo predador de pequenos organismos e presa de outros maiores e representa um importante elemento da cadeia alimentar. A coleta foi realizada juntamente com a da lagosta, feita com caçoeira, de baixo custo e alta produtividade, é considerada não seletiva e causadora de danos ao substrato (MOURA, 1963; MOURA & COSTA, 1966; PAIVA et al., 1973). Por esse motivo, sua utilização foi proibida no período de 1974 a 1995, muito embora, mesmo nesta, época tenha sido largamente empregada, desconsiderando-se a legislação. O uso de tal apetrecho foi novamente proibido segundo Instrução Normativa N° 138 de 6 de dezembro de 2006 em seu Artigo 6°. Todos os animais capturados durante as coletas experimentais foram identificados ao nível de espécie, quando possível, registrando-se o número de indivíduos por espécie. Animais cuja identificação em campo não foi possível foram acondicionados em sacos, etiquetados e levados ao laboratório, procedendo-se então a estudos complementares, necessários à sua identificação com auxílio de manuais como Melo (1999), Amaral (2006) e Figueiredo (1977). Segundo Ivo et al. (1996) entre as várias formas possíveis de caracterização de uma comunidade, a abundância relativa (pi) é a mais simples, estando representada pela relação entre o número de indivíduos de todas as espécies presentes (n) em um determinado período e uma determinada área, em termos percentuais, segundo a fórmula: Pi = (ni/n) x 100 Para dados onde se determina a ocorrência das diferentes categorias (espécie) que compõem um conjunto considerado (comunidade), portanto quando se dispõe apenas de registros das freqüências de ocorrências das várias espécies de uma comunidade, não faz sentido o uso da média ou mediana como referência para discutir a dispersão das várias categorias que compõem o conjunto considerado (IVO et al., 1996). Neste caso, aplica-se o conceito de Shannon e Wiener da diversidade de espécies (H’), que analisa a distribuição das espécies na 77 comunidade (ZAR, 1998), definida por Margalef (1958, in PESO-AGUIAR, 1980), como “uma função do número de espécies presentes (ou abundância) e da uniformidade (ou da igualdade) com as quais os indivíduos estão distribuídos entre as espécies”, representada pela equação (SHANNON & WIENER, 1949 in PIELOU, 1976): H ' pi ln pi k i 1 onde k = número de células (espécies) e pi = proporção das observações encontradas na célula i. Se n = tamanho da amostra, ni = número de observações na célula i, tem-se pi = ni/n. O valor de H’ não é afetado apenas pela distribuição dos dados, mas também pelo número de categorias. Assim, teoricamente, o máximo valor possível da diversidade para um conjunto de dados, com k células, é dado por (ZAR, 1998): Hmáx = ln k Para testar a igualdade entre as diversidades obtidas para duas amostras, utiliza-se o teste t conforme indicado em Zar (1998). A comparação dos valores máximo e mínimo da diversidade, feita através do teste t, pode ser sumarizada nas seguintes hipóteses, para á = 0,05: Ho: A diversidade da fauna acompanhante na pesca da lagosta é a mesma nos períodos analisados. Ha: A diversidade da fauna acompanhante na pesca da lagosta não é a mesma nos períodos analisados. O estudo da equitabilidade define a representatividade da abundância de cada espécie em relação ao total de indivíduos na comunidade e foi conduzido utilizando-se o índice apresentado por Simpson (1949, apud PIELOU, 1976) e Brower & Zar (1979), onde a dominância (ë) é definida como a probabilidade de dois indivíduos retirados ao acaso de uma comunidade serem da mesma espécie, segundo a fórmula: ë = Óni (ni -1)/n(n-1) = Óp2 Um conjunto de espécies com alta diversidade, terá baixa dominância e vice-versa. Para calcular os índices da fauna acompanhante foi usado o programa DivEs - Diversidade de espécies. Versão 2.0. (RODRIGUES W.C., 2005). 78 3.4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 3.4.1 Biometria Foram amostradas 512 lagostas em 18 coletas realizadas entre abril de 2006 e setembro de 2007, no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha, João Pessoa-PB. A Tabela 8 apresenta os valores calculados para as variáveis: comprimento total, comprimento do cefalotórax e peso total das três espécies estudadas. No período seco 06/07 foram obtidas maiores médias de comprimento total, comprimento de cefalotórax e peso para todas as espécies. Destaca-se que no período chuvoso 06, as fêmeas das três espécies apresentaram comprimentos maiores que os machos, mas somente fêmeas de P. echinatus atingiram peso superior. Para P. echinatus Vasconcelos et al., (1994) observaram a mesma tendência de fêmeas maiores que machos, embora estes autores reconhecessem que os machos da maioria das espécies de palinurídeos atingem comprimento total consideravelmente maior do que as fêmeas. Tabela 8 - Média±Desvio Padrão do Comprimento total (Ct), Comprimento do cefalotórax (Cc) e Peso total (Pt) das lagostas Panulirus echinatus, P. argus e P. laevicauda capturadas no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07. Período Espécie P. echinatus Chuvoso P. argus 06 P. laevicauda P. echinatus Seco 06/07 P. argus P. laevicauda P. echinatus Chuvoso P. argus 07 P. laevicauda Sexo M F M F M F M F M F M F M F M F M F n 61 39 39 26 43 55 21 10 19 27 15 15 41 9 17 17 34 24 Ct (mm) 141,57±17,295 150,85±13,772 140,02±13,309 140,31±18,534 146,35±17,289 146,64±12,383 151,24±21,104 153,00±22,445 158,63±27,659 152,37±18,062 153,40±24,456 145,60±19,581 160,44±18,904 138,67±19,261 144,47±29,509 147,12±14,194 120,44±21,084 124,04±25,084 Cc (mm) 61,03±8,060 62,13±5,836 60,23±6,301 57,88±7,870 64,02±8,236 59,64±5,186 66,57±10,747 64,00±11,935 69,36±12,490 64,26±08,401 67,13±11,300 60,80±08,562 69,19±08,933 57,89±07,801 62,23±13,406 62,00±06,809 51,18±10,068 52,46±11,037 Pt (g) 95,87±39,728 106,93±27,055 89,75±25,362 87,77±29,399 106,44±43,593 93,74±21,452 120,25±50,590 117,81±70,600 144,44±67,025 117,89±41,304 125,94±54,245 102,72±42,060 140,51±43,554 84,08±38,864 109,77±58,004 105,69±27,106 63,12±55,111 68,83±42,245 79 3.4.2 Tamanho dos indivíduos na população 3.4.2.1 Comprimento total A Tabela 9 apresenta a descrição das médias e desvios padrão dos comprimentos totais obtidos para cada espécie de lagosta, por sexo, para todo período estudado, mostra também a amplitude dos valores encontrados para as três espécies estudadas no ambiente recifal. Tabela 9 - Médias () e Desvio padrão (DP) dos comprimentos totais (mm) das lagostas Panulirus echinatus, P. argus e P. laevicauda no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07. Espécie P. echinatus P. argus P. laevicauda Sexo n DP M F M F M F 123 58 75 70 82 94 149,51 149,33 145,75 146,61 137,92 140,70 20,234 16,731 22,925 17,948 24,281 20,193 Amplitude Mínimo Máximo 90 200 110 200 71 210 105 191 91 200 88 190 Panulirus echinatus Nos machos a amplitude de tamanho variou de 90 a 200mm, enquanto o comprimento médio da população foi 149,51mm. Nas fêmeas, a amplitude de tamanho variou de 110 a 200mm, enquanto o comprimento médio da população resultou em 149,33mm. Estudos realizados com a mesma espécie na Reserva Biológica do Atol das Rocas-RN, descreveram amplitude para machos de 58 a 257mm e para fêmeas de 81 a 228mm, valores que não diferem significativamente entre os sexos (SILVA et al., 2001). O mesmo ocorreu neste estudo, onde de acordo com o teste t, não há diferença significativa no Ct entre os sexos para P. echinatus (t181=0,060; p>0,05). Para os machos o menor comprimento médio (141,57mm) foi obtido no período chuvoso 06 e o maior (160,44mm) no período chuvoso 07. Para as fêmeas o menor comprimento médio (138,66mm) foi obtido no período chuvoso 07 e o maior (153,00mm) no período seco 06/07. Em estudo no ambiente recifal da baía de Guarapuá-BA, Oliveira (2001) obteve também comprimento médio maior para P. echinatus associado à menor intensidade de chuvas. 80 Panulirus argus Para os machos foi observada a amplitude de comprimentos que variou de 71 a 210mm, enquanto o comprimento médio foi 145,75mm. Para as fêmeas foi observada a amplitude de tamanhos que variou de 105 a 191mm, enquanto o comprimento médio resultou em 146,61mm. Comparado com indivíduos capturados por Ivo & Pereira (1996) no RN e BA/SE que obtiveram respectivamente, as médias para machos, de 159,9mm e 155,9mm e para fêmeas de 125,3mm e 157,9mm, as lagostas do ambiente recifal da praia do Seixas e da Penha são menores. Porém não houve diferença significativa no Ct entre os sexos, de acordo com o teste t (t145=0,252; p>0,05). Para os machos o menor comprimento médio (140,03mm) foi obtido no período chuvoso 06 e o maior (158,63mm) no período seco 06/07. Para as fêmeas o menor comprimento médio (140,31mm) foi também obtido no período chuvoso 06 e o maior (152,37mm) no período seco 06/07. Panulirus laevicauda Para os machos foi observada a amplitude de comprimentos que variou de 91 a 200mm, enquanto o comprimento médio da população foi de 137,92mm. Para as fêmeas foi observada a amplitude de comprimentos que variou de 88 a 190mm, enquanto o comprimento médio da população resultou em 140,70mm. No estado do Ceará, P. laevicauda apresentou uma amplitude de comprimento que variou de 118 a 222mm, com um comprimento médio de 158,1mm (IVO, 2000), sendo portanto, maiores que as encontradas neste estudo. Os dados mostram que não houve diferença de Ct entre os sexos, segundo o teste (t186=0,849; p>0,05). Nos machos, o menor comprimento médio (120,44mm) foi mensurado no período chuvoso 07 e o maior (153,40mm) no período seco 06/07. Entre as fêmeas o menor comprimento médio (124,04mm) foi obtido no período chuvoso 07 e o maior (146,64mm) no período chuvoso 06. 3.4.2.2 Comprimento do cefalotórax A Tabela 10 apresenta a descrição dos valores das médias e desvios padrão dos comprimentos dos cefalotórax obtidos para cada espécie de lagosta, por sexo, para todo o período estudado, mostra também a amplitude dos valores encontrados nas três espécies estudadas no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha. 81 Tabela 10 - Médias () e Desvio padrão (DP) dos comprimentos dos cefalotórax das Panulirus echinatus, P. argus e P. laevicauda no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07. Amplitude Espécie Sexo n DP Mínimo Máximo M 123 64,70 9,550 37 91 P. echinatus F 58 61,79 7,555 46 90 M 75 63,00 10,574 30 94 P. argus F 70 61,34 8,230 43 82 M 82 59,78 11,545 36 90 P. laevicauda F 94 57,99 8,219 36 81 Panulirus echinatus Entre os machos foi observada a amplitude de comprimentos de 37 a 91mm, enquanto o comprimento de cefalotórax médio foi de 64,70mm. Para as fêmeas foi observada a amplitude entre 46 e 90mm, enquanto o comprimento médio resultou em 61,80mm. Foi observada uma diferença significativa no Cc entre os sexos, conforme o teste t (t181=2,035; p<0,05). Em Guarapuá-BA a amplitude de comprimentos obtidos para P. echinatus variou de 41 a 94mm, com um comprimento médio de cefalotórax de 60,63mm (Oliveira, 2001). SILVA et al., (2001), na Reserva Biológica do Atol das Rocas-RN, obtiveram 67mm de valor médio do comprimento do cefalotórax. Em machos o menor comprimento de cefalotórax médio (61,03mm) foi obtido no período chuvoso 06 e o maior (69,19mm) no período chuvoso 07. Em fêmeas o menor comprimento médio (57,89mm) foi obtido no período chuvoso 07 e o maior (64,00mm) no período chuvoso 06. Contudo, Oliveira (2001), na Bahia, registrou uma média maior de comprimento de cefalotórax no período seco. Panulirus argus Nos machos foi observada uma amplitude de comprimentos que variou de 30 a 94mm, enquanto o comprimento de cefalotórax médio foi de 63,00mm. Nas fêmeas foi observada uma amplitude de comprimentos que variou de 43 a 82mm, enquanto o comprimento médio resultou em 61,34mm. Não houve diferença significativa no Cc entre os sexos, de acordo com o teste t (t145=1,048; p>0,05). No RN e BA/SE os machos apresentaram um comprimento de cefalotórax médio de respectivamente, 78,9 e 88,5mm e as fêmeas 81,6 e 46,1mm (IVO & PEREIRA, 1996). 82 Entre os machos, o menor comprimento de cefalotórax médio (60,23mm) foi obtido no período chuvoso 06 e o maior (69,36mm) no período seco 06/07. Entre as fêmeas, o menor comprimento médio (57,89mm) foi também obtido no período chuvoso 06 e o maior (64,26mm) no período seco 06/07. Panulirus laevicauda Nos machos foi observada uma amplitude de comprimentos que variou de 36 a 90mm, enquanto o comprimento de cefalotórax médio foi de 59,78mm. Nas fêmeas foi observada uma amplitude de comprimentos que variou de 36 a 81mm, enquanto o comprimento médio da população resultou em 57,99mm. Uma amplitude variando de 39 a 82mm foi encontrada em lagostas no CE, com um comprimento médio de cefalotórax de 56,5mm (IVO, 2000). Segundo o teste t (t186=0,252; p>0,05), para este estudo, não foram observadas diferença de Cc entre os sexos. Para os machos o menor comprimento de cefalotórax médio (51,18mm) foi obtido no período chuvoso 07 e o maior (67,13mm) no período seco 06/07. Para as fêmeas o menor comprimento médio (52,45mm) foi também obtido no período chuvoso 07 e o maior (60,80mm) no período seco 06/07. 3.4.2.3 Peso total A Tabela 11 apresenta a descrição dos valores das médias e desvios padrão dos pesos obtidos para cada espécie de lagosta, por sexo, para todo o período estudado, mostra também a amplitude dos valores encontrados nas três espécies estudadas no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha. Tabela 11 - Médias () e Desvio padrão (DP) dos pesos (g) de Panulirus echinatus, P. argus e P. laevicauda no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07. Espécie P. echinatus P. argus P. laevicauda Sexo n DP M F M F M F 123 58 75 70 82 94 114,91 105,37 108,28 103,74 93,61 88,81 47,162 39,782 51,401 36,080 48,727 33,517 Amplitude Mínimo Máximo 23,96 289,70 44,62 289,70 18,65 314,64 34,93 232,51 19,67 289,70 21,32 221,70 83 Panulirus echinatus Nos machos foi observada uma amplitude de peso que variou de 23,96 a 289,70g, enquanto o peso médio foi de 114,91g. Nas fêmeas foi observada uma amplitude de pesos que variou de 44,62 a 289,70g, enquanto o peso médio da população resultou em 105,37g. Estatisticamente não foram registradas diferenças em Pt entre os sexos, conforme o teste t (t181=1,3328; p>0,05). Oliveira (2001) obteve uma amplitude que variou de 29,63 a 314,64g e um peso médio de 96,05g. Nos machos, o menor peso (95,87g) foi obtido no período chuvoso 06 e o maior (140,51g) no chuvoso 07. Nas fêmeas o menor peso médio (84,80g) foi obtido no período chuvoso 07 e o maior (117,80g) no período seco 06/07. Para P. echinatus em Guarapuá-BA, o maior peso médio foi obtido no período seco (OLIVEIRA, 2001). Panulirus argus Nos machos foi observada uma amplitude de peso que variou de 18,65 a 314,64g, enquanto o peso médio foi de 108,28g. Nas fêmeas foi observada uma amplitude de peso que variou de 34,93 a 232,51g, enquanto o peso médio resultou em 103,74g. Dados obtidos em capturas no CE mostram uma maior amplitude tanto nos machos (88,5 a 467,5g) como nas fêmeas (67,0 a 560,5g), assim como maiores valores médios 227,9 e 221,1g respectivamente (IVO, 2000). Não houve diferença para Pt entre os sexos, segundo o teste t (t145=0,6113; p>0,05). Nos machos o menor peso médio (89,75g) foi obtido no período chuvoso 06 e o maior (144,44g) no período seco 06/07. Nas fêmeas o menor peso médio (87,77g) foi obtido no período chuvoso 06 e o maior (117,89g) no período seco 06/07. Panulirus laevicauda Nos machos foi observada uma amplitude de peso que variou de 19,67 a 289,70g, enquanto o peso médio foi de 93,61g. Nas fêmeas foi observada uma amplitude de pesos que variou de 21,32 a 221,70g, enquanto o peso médio resultou em 88,81g. O teste t (t186=0,7838; p>0,05), demonstrou não haver diferença para Pt entre os sexos. Em estudo similar no RN, Ivo (2000) obteve uma amplitude de 63 a 610g e um peso médio de 183,7g, para lagostas da mesma espécie, o que revela que as lagostas desta espécie são menores nos recifes das Praias do Seixas e Penha. 84 Nos machos o menor peso médio (63,83g) foi obtido no período chuvoso 06 e o maior (125,93g) no período seco 06/07. Nas fêmeas o menor peso médio (68,83g) foi também obtido no período chuvoso 06 e o maior (102,72g) no período seco 06/07. 3.4.3 Distribuição da freqüência dos tamanhos na população O cálculo das freqüências relativas da distribuição dos tamanhos por classes de comprimento dos indivíduos (Tabela 12) resultou no gráfico da distribuição das freqüências em todo o período, por espécies, apresentado na Figura 40, revelou a existência de três grupos etários, representados em três grupos modais distintos, arbitrariamente identificados pelo ponto médio como: 1- de 76 a 116 mm de Ct (recrutas); 2- de 126 a 156 mm de Ct (jovens) e 3- de 166 a 206 mm Ct (adultos), sendo a classe de 146 mm, a mais freqüente na população durante todo o período. Tabela 12 - Distribuição de freqüências relativas por classes de comprimento total na população das lagostas Panulirus echinatus, P. argus e P. laevicauda no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07. Classes 71 ---| 81 81 ---| 91 91 ---| 101 101 ---| 111 111 ---| 121 121 ---| 131 131 ---| 141 141 ---| 151 151 ---| 161 161 ---| 171 171 ---| 181 181 ---| 191 191 ---| 201 201 ---| 211 Total Ponto Fr ab 76 0 86 1 96 0 106 2 116 5 126 25 136 30 146 38 156 36 166 17 176 18 186 7 196 2 206 0 181 P. echinatus Fr ac Fr % 0 0,00 1 0,55 0 0,00 3 1,10 8 2,76 33 13,80 63 16,56 101 20,98 137 19,87 154 9,38 172 9,94 179 3,96 181 1,10 181 0,00 0 100,00 Fr ac Fr % ab 0,00 1 0,55 0 0,55 1 1,65 8 4,41 5 18,21 13 34,77 34 55,75 25 75,62 27 85,00 17 94,94 10 98,90 2 100,00 1 100,00 1 100,00 145 P. argus Fr Fr ac ac Fr % % 1 0,69 0,69 1 0,00 0,69 2 0,69 1,38 10 5,52 6,90 15 3,45 10,35 28 8,97 19,32 62 23,45 42,77 87 17,23 60,00 114 18,62 78,62 131 11,72 90,34 141 6,90 97,24 143 1,38 98,62 144 0,69 99,31 145 0,69 100,00 0 100,00 100,00 Fr ab 0 2 8 16 12 19 35 41 25 17 5 5 1 0 186 P. laevicauda Fr ac Fr % 0 0,00 2 1,08 10 4,30 26 8,60 38 6,45 57 10,21 92 18,82 133 22,04 158 13,44 175 9,14 180 2,69 185 2,69 186 0,54 186 0,00 0 100,00 Fr ac % 0,00 1,08 5,38 13,98 20,43 30,64 49,46 71,50 84,94 94,08 96,77 99,46 100,00 100,00 100,00 A freqüência observada na distribuição de classes de tamanho dos indivíduos mostrou- se semelhante para as três populações estudadas. O ponto médio da classe onde se observou maior ocorrência de indivíduos foi 146mm, principalmente para P. echinatus e P. laevicauda (Figura 41). A malha da rede-de-espera usada pode ter desfavorecido a captura de jovens, fato observado na baixa freqüência dos mesmos nas populações estudadas. No Atol das Rocas, Silva 85 et al. (2001), capturando indivíduos manualmente nas piscinas localizadas no platô recifal, obteve um comprimento total para P. echinatus com amplitude variando de 58 a 257mm. Capturando, portanto, indivíduos menores e maiores do que os contemplados neste estudo capturados por rede de espera. P. echinatus P. argus P. laevicauda 45 40 Freqüência observada 35 30 25 20 15 10 5 0 76 86 96 106 116 126 136 146 156 166 176 186 196 206 Ponto médio das classes (mm) Figura 41 - Distribuição de freqüências relativas por classes de comprimento total na população das lagostas Panulirus echinatus, P. argus e P. laevicauda no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07. O tamanho total variou significativamente entre as espécies (F= 11,43;g.l.= 2; p<0,05), sendo a P. laevicauda a que apresenta tamanho menor (Figura 42). 154 152 150 148 Ct mm 146 144 142 140 138 136 134 P. echinatus P. argus P. laevicauda Média ±SE ±1,96*SE Espécie Figura 42 - Variação do comprimento total das lagostas Panulirus echinatus, P. argus e P. laevicauda no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07. 86 As distribuições das freqüências das classes de Ct, por períodos (Tabelas 13, 14 e 15; Figuras 43, 44 e 45) mostram deslocamento das classes através do tempo, correspondendo, provavelmente, à evolução das classes etárias ou coortes de períodos de recrutamento. Essa distribuição gráfica mostra períodos de recrutamento mais intensos na população no período chuvoso 07 para as três espécies. Tabela 13 - Distribuição das freqüências do comprimento total (mm), ponto médio das classes (Ponto ), freqüência absoluta (Fr ab) e freqüência relativa (Fr %), por período da população de Panulirus echinatus no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07. Ponto Chuvoso 06 Seco 06/07 Chuvoso 07 Classes Fr ab Fr ab Fr ab 71 ---| 81 76 0 0 0 81 ---| 91 86 0 0 1 91 ---| 101 96 0 0 0 101 ---| 111 106 2 0 0 111 ---| 121 116 3 2 0 121 ---| 131 126 17 3 5 131 ---| 141 136 17 7 6 141 ---| 151 146 27 4 7 151 ---| 161 156 21 6 9 161 ---| 171 166 8 2 7 171 ---| 181 176 3 4 11 181 ---| 191 186 1 2 4 191 ---| 201 196 1 1 0 201 ---| 211 206 0 0 0 Total 100 31 50 Chuvoso 06 Seco 06/07 Chuvoso 07 Frequência Relativa 30 25 20 15 10 5 0 76 86 96 106 116 126 136 146 156 166 176 186 196 206 Pontos M édios das Classes (mm) Figura 43 - Distribuição de freqüências relativas (%) por classes de comprimento total (mm), por período da população de Panulirus echinatus no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07. 87 Tabela 14 - Distribuição das freqüências do comprimento total (mm), ponto médio das classes (Ponto ), freqüência absoluta (Fr ab) e freqüência relativa (Fr %), por período da população de Panulirus argus no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07. Classes 71 ---| 81 81 ---| 91 91 ---| 101 101 ---| 111 111 ---| 121 121 ---| 131 131 ---| 141 141 ---| 151 151 ---| 161 161 ---| 171 171 ---| 181 181 ---| 191 191 ---| 201 201 ---| 211 Total Ponto Chuvoso 06 Fr ab 76 0 86 0 96 0 106 5 116 3 126 9 136 19 146 13 156 13 166 2 176 1 186 0 196 0 206 0 65 Chuvoso 06 Seco 06/07 Fr ab 0 0 1 1 1 3 5 6 8 11 7 1 1 1 46 Seco 06/07 Chuvoso 07 Fr ab 1 0 0 2 1 1 10 6 6 4 1 1 0 0 33 Chuvoso 07 35 Frequência relativa 30 25 20 15 10 5 0 76 86 96 106 116 126 136 146 156 166 176 Pontos Médios das Classes (mm) 186 196 206 Figura 44 - Distribuição de freqüências relativas (%) por classes de comprimento total (mm), por período da população de Panulirus argus no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07. 88 Tabela 15 - Distribuição das freqüências do comprimento total (mm), ponto médio das classes (Ponto ), freqüência absoluta (Fr ab) e freqüência relativa (Fr %), por período da população de Panulirus laevicauda no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07. Ponto Chuvoso 06 Fr ab 76 0 86 0 96 0 106 1 116 1 126 10 136 28 146 24 156 20 166 9 176 3 186 1 196 1 206 0 98 Classes 71 ---| 81 81 ---| 91 91 ---| 101 101 ---| 111 111 ---| 121 121 ---| 131 131 ---| 141 141 ---| 151 151 ---| 161 161 ---| 171 171 ---| 181 181 ---| 191 191 ---| 201 201 ---| 211 Total Chuvoso 06 Seco 06/07 Fr ab 0 0 0 1 2 3 3 11 1 4 1 4 0 0 30 Seco 06/07 Chuvoso 07 Fr ab 0 2 8 14 9 6 4 6 4 4 1 0 0 0 58 Chuvoso 07 40 Frequência relativa 35 30 25 20 15 10 5 0 76 86 96 106 116 126 136 146 156 166 176 186 196 206 Ponto Médio das Classes (mm) Figura 45 - Distribuição de freqüências relativas (%) por classes de comprimento total (mm), por período da população de Panulirus laevicauda no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07. 89 3.4.4 Relação Peso X Comprimento Vários autores têm utilizado a expressão matemática da relação entre o peso e o comprimento em análise de biologia quantitativa de populações naturais e especialmente na Aqüicultura com o interesse prático da estimativa de peso de um indivíduo através do conhecimento do seu comprimento e vice-versa (VAZOLLER, 1982; SANTOS, 1973; PERET, 1980). Este recurso é muito útil em se tratando de espécies de interesse comercial, já que dados estatísticos de captura em peso podem ser transformados em dados sobre o tamanho médio dos indivíduos capturados da população em estudo (PESO, 1980). De acordo com a dispersão entre peso e comprimento foi validada a equação Pt Fc.Ct para as três populações de lagostas estudadas. As expressões matemáticas estimadas, para todo o período, estão disponíveis nas Figuras 46, 47 e 48. O coeficiente de determinação (r2) indica o nível percentual em que as mudanças no peso podem ser explicadas em relação às mudanças no comprimento dos indivíduos. Assim, os valores de r2 obtidos na equação indicam uma relação em torno de 95% entre a variação do peso e o tamanho obtido pelos indivíduos. O mesmo foi obtido após a linearização dos dados através da transformação logarítmica das variáveis peso e comprimento para cada espécie (PESOAGUIAR, 1995). 350 300 2,9907 y = 3E-05x 2 r = 0,9528 Pt (g) 250 200 150 100 50 0 0 50 100 150 200 250 Ct (mm) Figura 46 - Dispersão dos pontos da relação entre o peso total (Pt) e o comprimento total (Ct) das lagostas Panulirus echinatus no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07. 90 350 300 y = 6E-05x2,8819 R2 = 0,9405 Pt (g) 250 200 150 100 50 0 0 50 100 150 200 250 Ct (mm) Figura 47 - Dispersão dos pontos da relação entre o peso total (Pt) e o comprimento total (Ct) das lagostas Panulirus argus no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07. 350 300 y = 5E-05x2,916 R2 = 0,9563 Pt (g) 250 200 150 100 50 0 0 50 100 150 200 250 Ct (mm) Figura 48 - Dispersão dos pontos da relação entre o peso total (Pt) e o comprimento total (Ct) das lagostas Panulirus laevicauda no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07. 91 3.4.5 Fator de Condição O fator de condição médio mensal (Fc) da equação matemática da relação entre peso e comprimento revela a influência de fatores intrínsecos e extrínsecos nas populações. Eles refletem a ocorrência de eventos biológicos importantes, devido às variações fisiológicas em função do ambiente, para os indivíduos ou para diferentes grupos da população ao longo do tempo (PESO-AGUIAR, 1995). O Fc médio obtido através do parâmetro da relação peso/comprimento por espécie por período (Figuras 46, 47 e 48) estão apresentados na Tabela 16. A Figura 49 mostra que a variação temporal do fator de condição (Fc) foi semelhante entre as três espécies estudadas, mas mostrou-se diferente entre os períodos, evidenciando uma melhor condição das lagostas nos dois períodos chuvosos. Esta variável pode estar ligada tanto a índices de pluviosidade (FONTELES-FILHO, 1986) onde a redução das chuvas é um fator preponderante para a queda da produção de lagosta, quanto à reprodução (PAIVA & FONTELES-FILHO, 1968) já que de março a agosto temos a ocorrência dos ciclos de reprodução. Tabela 16 - Fator de condição mensal (Fc) da população de lagostas Panulirus echinatus, P. argus e P. laevicauda no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07. Período Espécie P. echinatus Chuvoso P. argus 06 P. laevicauda P. echinatus Seco P. argus 06/07 P. laevicauda P. echinatus Chuvoso P. argus 07 P. laevicauda n 100 65 98 31 46 30 50 34 58 Fc 0,000033 0,000033 0,000034 0,000024 0,000025 0,000026 0,000047 0,000049 0,000049 92 P. echinatus 0,000055 P. argus P. laevicauda 0,000050 Fc 0,000045 0,000040 0,000035 0,000030 0,000025 0,000020 Chuvoso 06 Seco 06/07 Chuvoso 07 Período Figura 49 - Dispersão temporal das médias mensais do Fator de Condição amostrado na população das lagostas Panulirus echinatus, P. argus e P. laevicauda no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07. 3.4.6 Proporção sexual A distribuição dos sexos e a possibilidade de encontro entre machos e fêmeas influem sobre a taxa de aumento potencial de uma população. Em animais dióicos, cujos encontros, ocorrem ao acaso, a proporção sexual mais favorável é de 1:1. Entretanto, a ocorrência de desequilíbrio entre o número de machos e o número de fêmeas de uma determinada espécie, pode ser induzida por vários fatores. A pesquisa das características da proporção sexual contribui para o gerenciamento do extrativismo desses recursos naturais de modo eficiente e preservacionista. A estimativa das freqüências relatadas entre machos e fêmeas (Tabela 17) indica que houve uma diferença significativa na proporção sexual de P. echinatus nas praias do Seixas e da Penha, para todo o período estudado (Figura 50). Acredita-se que estas diferenças estejam associadas com a migração genética realizada pela espécie onde a mesma deixa as águas costeiras migrando em direção ao fundo em busca de áreas para reprodução, mas devido à falta de outros trabalhos anteriores nesta região, não podemos dizer se isso é um fato comum, ou se é o resultado de algum fator ambiental estressante, que esteja afetando mais esta espécie que as outras. Durante o ciclo de vida, esquematizado na Figura 51, as lagostas espinhosas habitam biótopos geograficamente estratificados em função da profundidade e, por analogia, da distância dos mesmos em relação à costa. A desova ocorre distante da costa, nas profundidades de 40-50 93 metros, em um processo que envolve migração (Figura 52) com elevado componente direcional, à velocidade média de 133 m/dia (FONTELES-FILHO & IVO, 1980). Tabela 17 - Valores estimados para avaliação da proporção sexual da população amostral das lagostas Panulirus echinatus, P. argus e P. laevicauda no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07. Período Chuvoso 06 Seco 06/07 Chuvoso 07 P. echinatus Macho Fêmea Fr Fr 0,61 0,68 0,82 0,39 0,32 0,18 X² P. argus p=0,05 Macho Fêmea Fr Fr 4,84 p<0,05 3,90 p<0,05 20,48 p<0,05 0,60 0,41 0,50 0,40 0,59 0,50 X² P. laevicauda p=0,05 Macho Fêmea Fr Fr 2,60 p>0,05 1,39 p>0,05 0,00 p>0,05 0,44 0,5 0,59 X² p=0,05 0,56 1,47 p>0,05 0,5 0,00 p>0,05 0,41 1,72 p>0,05 1,00 0,90 0,80 Fr 0,70 0,60 P. echinatus Macho 0,50 P. echinatus Fêmea 0,40 P. argus Macho 0,30 P. argus Fêmea 0,20 P. laevicauda Macho 0,10 P. laevicauda Fêmea 0,00 Chuvoso 06 Seco 06/07 Chuvoso 07 Período de Coleta Figura 50 - Distribuição mensal das freqüências de machos amostrados na população das lagostas Panulirus echinatus, P. argus e P. laevicauda no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07. Figura 51 - Ciclo de vida da lagosta Panulirus argus (adaptado de IZQUIERDO et al., 1990). 94 Figura 52 - Migração da lagosta espinhosa (Foto: DEBELIUS, 1999). Neste contexto, fica evidente a necessidade da continuidade dos estudos através da implementação de um esforço de captura mais intenso e que envolva marcação, de modo a contemplar uma maior amplitude dos tamanhos dos indivíduos presentes na população, que inclua jovens e imaturos nas amostragens. 3.4.7 Fauna Acompanhante Durante o período de amostragem, foram identificadas 30 espécies (15 de teleósteos, 4 de crustáceos, 2 de testudines, 3 de elasmobrânquios, 5 de moluscos e 1 de equinodermes) como mostra a Tabela 18. O número total de espécies de peixes e crustáceos (19) capturados na pesca da lagosta é mais elevado que os outros taxa, fato esperado para regiões da Zona Tropical. Um total de 215 indivíduos foi capturado, sendo a menor ocorrência (59 indivíduos) registrada na estação chuvosa 06, seguida pelo período seco 06/07 (74 indivíduos) e chuvoso 07 (82 indivíduos). Da mesma maneira, observou-se que o número de espécies aumentou para 23, 27 e 28 espécies, nos respectivos períodos. O nível de esforço de pesca aplicado nos diferentes períodos foi o mesmo. Quanto à abundância relativa, observa-se que a espécie de crustáceo: Carpilius corallinus e peixes: Scomberomorus brasilliensis, Haemulon aurolineatum, Lutjanus synarigris e H. plumieri foram as mais freqüentes durante o período estudado. A freqüência máxima (15,85%) foi obtida para o guajá (Carpilius corallinus) no período chuvoso 07. 95 Tabela 18 - Participação relativa (%) de indivíduos da fauna acompanhante na pesca de lagosta, nas praias do Seixas e da Penha de abr/06 a set/07, capturados com rede-de-espera. Chuvoso 06 Período Espécie Nome comum Teleósteos Ariaco Cioba Pirambu Mercador Bagre Serra Garajuba Cambuba Biquara Xiira Canguito Pampu Bicuda Remora Agulha Crustáceos Guaja Carangueijo Dorminhoco Sapateira Testudines Tartaruga de pente Tartaruga verde Elasmobrânquios Raia-borboleta Cação lixa Tubarão-frango Moluscos Polvo Búzio Búzio Búzio Búzio Equinodermes Estrela do mar Total Taxa Lutjanus synagris L. analis Anisotremus surinamensis A. virginicus Ariidae Scomberomorus brasilliensis Caranx crysos Haemulon parrai H. plumieri H. aurolineatum Diplectrum formosum Trachinotus sp. Sphyraena barracuda Echeneis naucrates Hyporhamphus unifasciatus Carpilius corallinus Persephona punctata Calappa ocelata Parribacus antarticus Eretmochelys imbricata Chelonia mydas Gymnura micrura Gimglimostoma cirratum Rhizoprionodon porosus Octopus vulgaris Turbinella laevigata Murex pomum Cassis tuberosa Tonna maculosa Echinaster brasiliensis Diversidade de Shannon-Weaver (H’) Diversidade Máxima (Hmax) Dominância de Simposn (ë) n % Seco 06/07 Pi n % Chuvoso 07 Pi n % Total Geral Pi n % Pi 39 66,10 0,66 49 66,22 0,66 49 59,76 0,60 137 63,72 0,64 6 4 0 2 1 1 3 4 4 2 2 1 4 0 5 10,17 6,78 0,00 3,39 1,69 1,69 5,08 6,78 6,78 3,39 3,39 1,69 6,78 0,00 8,47 0,10 0,07 0,00 0,03 0,02 0,02 0,05 0,07 0,07 0,03 0,03 0,02 0,07 0,00 0,08 0,22 3 1 5 7 2 5 2 2 3 6 2 5 1 3 2 15 4,05 1,35 6,76 9,46 2,70 6,76 2,70 2,70 4,05 8,11 2,70 6,76 1,35 4,05 2,70 20,27 0,04 0,01 0,07 0,09 0,03 0,07 0,03 0,03 0,04 0,08 0,03 0,07 0,01 0,04 0,03 4 1 1 1 4 11 1 3 5 7 2 3 3 1 2 4,88 1,22 1,22 1,22 4,88 13,41 1,22 3,66 6,10 8,54 2,44 3,66 3,66 1,22 2,44 0,05 0,01 0,01 0,01 0,05 0,13 0,01 0,04 0,06 0,09 0,02 0,04 0,04 0,01 0,02 13 6 6 10 7 17 6 9 12 15 6 9 8 4 9 47 6,05 2,79 2,79 4,65 3,26 7,91 2,79 4,19 5,58 6,98 2,79 4,19 3,72 1,86 4,19 21,86 0,06 0,03 0,03 0,05 0,03 0,08 0,03 0,04 0,06 0,07 0,03 0,04 0,04 0,02 0,04 6 1 2 4 10,17 1,69 3,39 6,78 0,10 0,02 0,03 0,07 8 1 1 3 10,81 1,35 1,35 4,05 0,11 0,01 0,01 0,04 13 1 1 3 15,85 1,22 1,22 3,66 0,16 0,01 0,01 0,04 27 3 4 10 12,56 1,40 1,86 4,65 0,13 0,01 0,02 0,05 0 0,00 0,00 2 2,70 0,03 1 1,22 0,01 3 1,40 0,01 0 0 0,00 0,00 0,00 0,00 1 1 1,35 1,35 0,01 0,01 0 1 0,00 1,22 0,00 0,01 1 2 0,47 0,93 0,00 0,01 1 1,69 0,02 1 1,35 0,01 4 4,88 0,05 6 2,79 0,03 0 1 0 0,00 1,69 0,00 0,00 0,02 0,00 0 1 0 0,00 1,35 0,00 0,00 0,01 0,00 1 2 1 1,22 2,44 1,22 0,01 0,02 0,01 1 4 1 0,47 1,86 0,47 0,00 0,02 0,00 5 8,47 0,08 7 9,46 0,09 7 8,54 0,09 19 8,84 0,09 1 1 0 2 1 1,69 1,69 0,00 3,39 1,69 0,02 0,02 0,00 0,03 0,02 2 2 2 0 1 2,70 2,70 2,70 0,00 1,35 0,03 0,03 0,03 0,00 0,01 1 2 2 0 2 1,22 2,44 2,44 0,00 2,44 0,01 0,02 0,02 0,00 0,02 4 5 4 2 4 1,86 2,33 1,86 0,93 1,86 0,02 0,02 0,02 0,01 0,02 1 1,69 0,02 2 2,70 0,03 3 3,66 0,04 6 2,79 0,03 1 1,69 0,02 2 2,70 0,03 3 3,66 0,04 6 2,79 0,03 59 100,00 1,00 74 100,00 1,00 82 100,00 1,00 215 100,00 1,00 13 22,03 1,2740 1,3617 0,0456 1,3363 1,4314 0,0426 0,20 19 23,17 0,23 0,22 1,2927 1,4472 0,0593 Os índices de diversidade, dominância e equitabilidade foram semelhantes em todos os períodos, isto revela que nenhuma espécie domina claramente como fauna acompanhante da pesca de lagosta. Dos elasmobrânquios, tidos como principais predadores das lagostas, foram encontrados apenas quatro exemplares: dois de cações (Gimglimostoma cirratum) no período chuvoso 07, um de raia-borboleta (Gymnura micrura) e um de tubarão-frango (Rhizoprionodon 96 porosus). A Tabela 19 mostra a comparação das espécies encontradas neste estudo com outros trabalhos sobre fauna acompanhante na pesca de lagosta. Tabela 19 – Relação das espécies de teleósteos, crustáceos, testudines, elasmobrânquios, moluscos, equinodermes capturados nas pescarias de lagostas, para diferentes autores, locais e períodos. 1- Dados analisados neste trabalho; 2- Rocha et al. (1997); 3- Ivo et al. (1996); 4- Fausto-Filho et al. (1966); 5- Paiva et al. (1973). Taxa 1 2 3 4 5 Teleósteos Lutjanus synagris + + + + Anisotremus surinamensis + Ariidae + Lutjanus analis + + + + Scomberomorus brasilliensis + Caranx crysos + + Anisotremus virginicus + + Haemulon parrai + + Diplectrum formosum + Trachinotus sp. + Sphyraena barracuda + + Echeneis naucrates + Hyporhamphus unifasciatus + Haemulon plumieri + + + + + H. aurolineatum + + + Crustáceos Carpilius corallinus + + + + + Persephona punctata + Calappa ocelata + + + + + Parribacus antarticus + + + + + Testudines Eretmochelys imbricata + Chelonia mydas + Elasmobrânquios Gymnura micrura + Gimglimostoma cirratum + + Rhizoprionodon porosus + Moluscos Octopus vulgaris + + + Turbinella laevigata + + Murex pomum + + + Cassis tuberosa + + + + Tonna maculosa + + + Equinodermos Echinaster brasiliensis + 97 Testudines, estrela-do-mar e a maioria dos elasmobrânquios não foram listados pelos demais autores. Contudo a testudine (Eretmochelys imbricata) e a rêmora (Echeneis naucrates) foram recentemente registradas em associação simbiótica na mesma área estudada (SAZIMA & GROSSMAN, 2006). Paiva et al. (1973) e Fausto-Filho et al. (1966) fizeram um levantamento da fauna habitante dos bancos de algas calcárias capturada juntamente com a lagosta, registrando peixes, crustáceos e moluscos que acompanhavam a captura. Estes autores destacam os prejuízos causados pelo aparelho de pesca ao substrato de algas calcárias. Utilizando covos e rede-de-espera, Ivo et al. (1996) coletou dados em três estratos de profundidade, no período de um ano, obtendo 6.647 indivíduos pertencentes a 54 espécies. Os valores encontrados foram superiores àqueles registrados por Fausto-Filho et al. (1966), Paiva et al. (1973), Rocha et al. (1997) e pelo presente estudo, pois o autor registrou a ocorrência mensal das espécies na pesca da lagosta em três níveis diferentes de profundidade, confirmando que a abundância e diversidade aumentam com a profundidade. 98 3.5 CONCLUSÕES Das três espécies estudadas no ambiente recifal das praias do Seixas e da Penha, houve predomínio de Panulirus laevicauda com 186 (36,33%) dos 512 indivíduos capturados. De acordo com a distribuição das classes de tamanho, foram definidos três grupos etários na população (recrutas, jovens e adultos). A época de recrutamento mais intensa foi o período chuvoso 07, para as três espécies. O fator de condição foi semelhante entre as três espécies estudadas, mas variou entre os períodos, evidenciando uma melhor condição das lagostas nos dois períodos chuvosos. A proporção entre os sexos revela uma predominância de machos em relação às fêmeas para Panulirus echinatus. Não foram encontradas diferenças significativas para Panulirus argus e Panulirus laevicauda. Os valores dos índices de diversidade, dominância e equitabilidade da fauna acompanhante foram semelhantes em todos os períodos, revelando a distribuição homogênea das espécies capturadas em conjunto com a pesca de lagosta. 3.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Recomenda-se que nos próximos estudos sejam usadas redes de pesca de menor Estudos mais completos contemplando as fases larvais também deverão ser realizados malhagem para que indivíduos menores possam ser capturados. para se obter uma noção do ciclo completo de vida dos organismos. Além de estudos sobre a composição das comunidades bentônicas que servem de alimento às lagostas para relacionar o crescimento das mesmas com o alimento disponível. É importante que trabalhos de pesquisa em relação ao desenvolvimento da aqüicultura com estas comunidades seja implementado, de forma a que outras fontes de renda, independentes da extração dos estoques naturais, sejam implementadas. Fatores abióticos que interferem na pesca da lagosta como: temperatura, pluviosidade, velocidade dos ventos, salinidade, correntes marítimas e visibilidade da água deverão ser mensurados para que haja melhor embasamento na discussão dos dados obtidos. 99 3.7 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. AESA - PB Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba http://site2.aesa.pb.gov.br/aesa/monitoramentoPluviometria.do?metodo=listarChuv asDiarias Acesso em 21 set 2007 2. ALBUQUERQUE, M.E.P. Processamento do atum fresco para exportação. Relatório de Estagio Supervisionado Obrigatório – ESO de Graduação, Curso de Graduação em Engenharia de Pesca, UFRPE, Recife. 2005, 24p. 3. AMARAL, A. C. Z; RIZZO, A.E.; ARRUDA, E.P. 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( )Com parentes ( )Com pescadores mais experientes ( ) Outros______ 8. Quantos dias por semana o Sr. sai para pescar?( )1-2dias ( )3-4dias ( )5-6dias ( )Todos os dias 9. Quanto o Sr. ganha por mês com a pesca? ( )Até R$200,00 ( ) R$ 201,00-R$ 400,00 ( )R$ 401,00-R$600,00 ( ) Acima de R$ 600,00 10. O Sr. sempre trabalhou na pesca? ( )Sim ( )Não 11. Em caso de resposta negativa, qual(is) atividade(s) exercia antes? ( ) Agricultura ( )Indústria ( )Comércio ( )Construção civil ( )Funcionário público ( )Emprego doméstico ( )Artesanato ( )Biscate ( )Outras:________ 12. O que o Sr. faz nas horas em que não está pescando? ( )Jogo bola ( )Converso com os amigos ( )Assisto televisão ( )Faz trabalho de casa ( )Cuida dos filhos ( )Faz biscate ( )Descansa ( )Outros:________ 13. Na sua opinião, quais as vantagens em ser pescador? ( )Não ter horário ( )Não ter patrão ( )Liberdade ( )Trabalha quando e quanto quer ( )Ganha bem ( )Garantia de alimentação ( )Não tem vantagem ( )Outros:_____________________________________________________ 14. E quais as desvantagens? ( )Falta de instrumentos de trabalho ( )Dificuldade de crédito/financiamento ( )Mercado fraco ( )O ganho é pouco ( )Trabalho pesado e cansativo ( )Não tem desvantagens ( )Outros:____ 15. O Sr. já pensou em desistir de ser pescador? ( )Sim ( )Não PERFIL DA PESCA DA LAGOSTA 16. Local da pesca: ( )Nos recifes ( )Entre os recifes e a praia ( )Após os recifes ( )Em alto mar 17. Tipo de pesca: ( )Compressor ( )Facho ( )Manzua ( )Diurna-mergulho ( )Noturna-mergulho ( )Rede de espera ( )Outros:______________________ 18. Tipo da embarcação: ( )Motor ( )Vela ( )Remo ( )a nado ( )a pé 19. O barco é do Sr. mesmo? ( )Próprio ( )Parceria ( )De terceiros Horário: Entrada:________ Saída:________ 20. O Sr. constrói seus próprios instrumentos? ( )Sim ( )Não Qual(is) ?_______________________________ 21. O Sr. sabe quais são os instrumentos de pesca proibidos por lei? ( )Sim ( )Não Qual(is):______________ 22. O defeso funciona aqui? ( ) Sim ( ) Não 23. Se não, porque o Sr. acha que isto está ocorrendo:_____________________________________________ 24. O Sr. pesca muita lagosta? ( ) Sim ( ) Não 25. O que o Sr. faz com a lagosta? ( )Consome ( )Vende ( )Outros:__________ 26. A quem vende a sua lagosta? ( ) Ao dono do barco ou empresário ( ) A intermediários ou pombeiros ( ) A comerciantes ou feirantes ( ) A bares e restaurantes ( ) Diretamente ao consumidor 27. Quais as principais espécies que o Sr. pesca?_________________________________________________ 28. Qual a lua em que o Sr. pesca mais lagostas? ___________________________________________ 29. Qual a época do ano que o Sr. pesca mais lagosta?_________________________________________ 30. O Sr. tem notado mudanças quanto a quantidade de lagostas nas pescarias: Sim( ) Não( ) 31. Se sim, porque o Sr. acha que isto está ocorrendo:_____________________________________________ 32. A lagosta é fácil de vender? ( ) Sim ( ) Não 33. Da pra viver só da pesca da lagosta? ( )Sim ( )Não 34. Se houvesse forma de fazer criação de lagosta, você gostaria de fazer? ( )Sim ( )Não 35. Porquê? ( ) Porque aumentaria a renda ( ) Produziria mais que pescando ( ) Ficaria mais fácil que pescar ( ) Não dependeria das condições do tempo 36. Se for desenvolvida essa técnica de cultivo gostaria de ser informado? ( ) Sim ( ) Não 37. Haveria da sua parte interesse em participar deste cultivo experimental? ( ) Sim ( ) Não 109 APÊNDICE B N° 234, quinta-feira, 7 de dezembro de 2006. INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS INSTRUÇÃO NORMATIVA N°- 138. DE 6 DE DEZEMBRO DE 2006 O PRESIDENTE DO INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA, no uso das atribuições previstas no art. 26, inciso V, Anexo I da Estrutura Regimental aprovada pelo Decreto n°. 5.718, de 13 de março de 2006, e no art. 95, item VI do Regimento Interno aprovado pela Portaria GM/MMA n°. 230, de 14 de maio de 2002, Considerando o disposto no Decreto n.° 5.583, de 16 de novembro de 2005, que autoriza o IBAMA a estabelecer normas para a gestão do uso sustentável dos recursos pesqueiros de que trata o § 6o do art. 27 da Lei n.° 10.683, de 28 de maio de 2003; Considerando o Decreto-lei n° 221, de 28 de fevereiro de 1967, que dispõe sobre a proteção e estímulos à pesca e a Lei 7.679, de 23 de novembro de 1998, que dispõe sobre a proibição da pesca de espécies em períodos de reprodução e dá outras providências; Considerando as propostas contidas no Plano Nacional de Gestão de Uso Sustentável de Lagostas, aprovadas na 5a Reunião do Comitê de Gestão de Uso Sustentável de Lagostas - CGSL, ocorrida nos dias 9 e 10 de novembro de 2006, em Brasília/DF; e, Considerando as proposições apresentadas pela Diretoria de Fauna e Recursos Pesqueiros - DIFAP no Processo IBAMA n.° 02007.005286/2001-11, resolve: Art. 1o Proibir, nas águas jurisdicionais brasileiras, a captura, o desembarque, a conservação, o beneficiamento, o transporte, a industrialização, a comercialização e a exportação sob qualquer forma, e em qualquer local de lagostas das espécies Panulirus argus (lagosta vermelha) e Panulirus laevicauda (lagosta cabo verde), de comprimentos inferiores aos estabelecidos a seguir: Espécie Comprimento de cauda (cm) Comprimento cefalotórax (cm) Lagosta Vermelha 13 7,5 Lagosta Cabo Verde 11 6,5 § 1o Para os efeitos deste artigo fica estabelecido o seguinte: I - comprimento de cauda é a distância entre o bordo anterior do primeiro segmento abdominal e a extremidade do telson fechado; II - comprimento do cefalotórax é a distância entre o entalhe formado pelos espinhos rostrais e a margem posterior do cefalotórax; III - as medidas acima referidas são tomadas com base na linha mediana dorsal do indivíduo ou da cauda, sobre superfície plana com telson fechado; e, IV - no caso de lagostas inteiras será adotado o comprimento do cefalotórax. § 2° Para efeito de fiscalização será permitida uma tolerância de até 2% de lagosta, em relação ao peso total, com tamanho mínimo inferior ao permitido, desde que a diferença a menor não ultrapasse a 2 mm (dois milímetros). § 3o No ato da fiscalização, será permitido o descabeçamento da lagosta para fins de medição da cauda, quando solicitado pelo interessado. 110 Art. 2o Proibir o desembarque, a conservação, o beneficiamento, o transporte, o armazenamento, a comercialização e a exportação de lagostas das espécies P.argus (lagosta vermelha) e P.laevicauda (lagosta cabo verde), sob qualquer forma que venha a descaracterizar a cauda do indivíduo, impedindo a sua identificação e medição. Art. 3o Proibir a pesca de lagostas com qualquer método de pesca, nos seguintes criadouros naturais: I - até a distância de 04 (quatro) milhas marítimas da costa nos limites: a) da Foz do Rio Megaó à Ponta do Ramalho, no Estado de Pernambuco (07° 33' 30" S e 07° 50' 00" S); b) do Farol de Mundaú a Foz do Rio Anil no Estado do ( cara (39° 07' 00" W c 38" 48 99" W): II - na região de Galinhos, no Estado do Rio Grande do Norte, entre as latitudes de 05°05'00"S e 05°07'00"S e as longitudes de 36° 12' 00" W a 36° 20' 00" W. Art. 4° Proibir, a partir de 1° de janeiro de 2007, a pesca de lagostas das espécies P.argus (lagosta vermelha) e P.laevicauda (lagosta cabo verde), na área compreendida entre o meridiano 51°38'N (fronteira da Guiana Francesa e o Brasil) e o paralelo 21°18'S (divisa dos estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro) área de ocorrência das espécies, a menos de 4 milhas marítimas da costa, a partir das Linhas de Base Retas conforme definido no Decreto N. 4.983, de 10 de fevereiro de 2004. Art. 5° Permitir, a partir de 1° de janeiro de 2007, a captura de lagosta das espécies P.argus (lagosta vermelha) e P.laevicauda (lagosta cabo verde), somente com emprego de armadilhas do tipo covo ou manzuá e cangalha. Parágrafo único. A malha do covo ou manzuá e da cangalha, deverá ser quadrada e ter no mínimo 5,0 cm (cinco centímetros) entre nós consecutivos, com uma tolerância de 0,25 cm (vinte e cinco centésimos de centímetros). Art. 6o Proibir, a partir de 1o de janeiro de 2007, a captura de lagostas das espécies P.argus (lagosta vermelha) e P.laevicauda (lagosta cabo verde), com o emprego de redes de espera do tipo caçoeira. Art. 7o Proibir, a partir de 1o de janeiro de 2007, a utilização de marambaias, feitas de material de qualquer natureza, como instrumento auxiliar de agregação de organismos aquáticos vivos, na captura de lagostas das espécies P.argus (lagosta vermelha) e P.laevicauda (lagosta cabo verde). Parágrafo único. Para efeito desta Instrução Normativa entende-se por marambaia, todo e qualquer conjunto de estrutura artificial utilizado para concentrar organismos aquáticos vivos Art. 8o Permitir, a partir de 1o de janeiro de 2007, na pesca de lagostas das espécies P.argus (lagosta vermelha) e P.laevicauda (lagosta cabo verde), a operação somente de embarcações cujo comprimento total seja superior a 4 m (quatro metros), respeitada a legislação específica. Art. 9o Proibir a captura de lagostas por meio de mergulho de qualquer natureza. Parágrafo único As embarcações que operam na pesca de lagostas não poderão portar qualquer tipo de aparelho de ar comprimido e instrumentos adaptados à captura de lagostas por meio de mergulho. Art. 10. Aos infratores desta Instrução Normativa serão aplicadas as sanções previstas na Lei n.° 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 e no Decreto n.° 3.179, de 21 de setembro de 1999. Art. 11. Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação. MARCUS LUIZ BARROSO BARROS 27/4/2006 28/4/2006 29/4/2006 27/5/2006 28/5/2006 29/5/2006 25062006 26/6/2006 27/6/2006 25/7/2006 26/7/2006 27/7/2006 23/8/2006 24/8/2006 25/8/2006 23/9/2006 24/9/2006 25/9/2006 22/10/2006 23/10/2006 24/10/2006 20/11/2006 21/11/2006 22/11/2006 21/12/2006 22/12/2006 23/12/2006 20/1/2007 21/1/2007 22/1/2007 17/2/2007 18/2/2007 19/2/2007 21/3/2007 22/3/2007 23/3/2007 17/4/2007 18/4/2007 19/4/2007 16/5/2007 17/5/2007 18/5/2007 15/6/2007 16/6/2007 17/6/2007 15/7/2007 16/7/2007 17/7/2007 13/8/2007 14/8/2007 15/8/2007 11/9/2007 12/9/2007 13/9/2007 111 APÊNDICE C 36 34 32 30 28 26 24 22 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Data Gráfico da precipitação em (mm) dos dias de coleta entre abril/06 a setembro/07. Fonte: http://www.cptec.inpe.br/proclima2/balanco_hidrico/balancohidrico.shtml