Revista Rua nº 6
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Revista Rua nº 6
Nº6 Agosto 2016 | Mensal www.revistarua.pt Distribuição Comercial ENTREVISTA “NÃO NOS DEVÍAMOS INSCREVER NA LIGA DOS CAMPEÕES” JOÃO LUÍS NOGUEIRA, PRESIDENTE DO ABC JOGOS OLÍMPICOS O VIRA MINHOTO NO SAMBA DO RIO VERÃO NA SERRA D’ARGA UM PARAÍSO DA NATUREZA A DESCOBRIR 50ANOS VILAR DE MOUROS LOUCURA CONTROLADA ORIENTA-TE OBSERVAR 04| EDITORIAL 08| RADAR 12| CÓDIGO POSTAL Igreja Nossa Senhora das Neves 14| PASSEIO PÚBLICO 20 minutos com Eduardo Morais - Realizador do documentário Tecla Tónica 16| TALENTO Pedro Oliveira COMPREENDER 21| JOGOS OLÍMPICOS Quem são os treze atletas que partem do Minho para o Rio de Janeiro? Jesuítas ou misticismo judaico de fusão 38| IMPRESCINDÍVEL Breves Culturais 42| VILAR DE MOUROS ENTREVISTA João Luís Nogueira presidente do ABC/UMinho “Ir à Liga dos Campeões Europeus é um orgulho e um aumento da credibilidade mas é tudo para acumular prejuízo.” Prazer da Natureza, Vilar de Mouros 64| PETISCAR Quintinha D'Arga 66| EXPLORAR Roteiro pela Serra d'Arga 72| BRACARA IMÓVEIS Modelo chave na mão 74| MIMAR Must-haves 76| INSTAGRAM Rita Almeida está na rua 78| AGENDA Agosto 2016 OPINIÃO 26| HISTÓRIA E RELIGIÃO 06| BRAGA CICLÁVEL CONHECER 28 62| ESPAIRECER Nasceu. Arrasou. Fracassou. Renasceu. Celebramos os 50 anos com a recolha de três histórias ímpares. 48| ENTREVISTA A BED LEGS A “vida de caixeiros viajantes” leva-os ao palco do Paredes de Coura. 54| MADE IN Famalicão puxa pelos negócios. 57| MINHOTOS PELO MUNDO Irina Botica, Londres DESFRUTAR 60| VISITAR Viana do Castelo 18| HISTÓRIAS DA RUA por Liliana Trigueiros 34| AVENIDA DA LIBERDADE "Preciso de uma academia, dá-me licença?" Luís Tarroso Gomes Rui Marado Moreira 40| CULTURA por Filipe Miranda 52| MÚSICA por José Manuel Gomes 70| DE LUA EM LUA, DE MAR EM MAR A cura para o sono nas minhas palvras 80| HUMOR por Rui Leite Gonçalves Diretor/Editor Luís Leite Rua Dom Frei Caetano Brandão Nº154 4700-031 Braga Colaboradores Leonor Pereira Andreia Ferreira Nuno Simões Nuno Sampaio Rita Macedo Adriana Castro Sofia Moleiro Sofia Peres Claúdia Sil Joana Carneiro Sara Lopes Margarida Pereira Opinião Luís Tarroso Gomes Rui Moreira Liliana Trigueiros Rui Leite Gonçalves José Manuel Gomes Filipe Miranda Eliana Freitas Miguel Dejavú EDITORIAL Direção de Arte Carolina Campos Natureza, música, desporto e muita história. A RUA é uma certeza. Talvez por obra do destino, chegamos à sexta edição e alcançamos os 6.000 seguidores no Facebook. Endereçamos um agradecimento especial a todos os nossos leitores e convidamos toda a gente a juntar-se a nós. O que nos dá alento e prazer são as mensagens que nos chegam. Dá realmente prazer que vocês, leitores, possam acompanhar o nosso crescimento em tempo real. Nesta edição fomos em busca de histórias sobre o festival de Vilar de Mouros. Durante a minha infância, pelo domingo de manhã, era habitual ouvir o gira discos a tocar Doors, Deep Purple, Pink Floyd, Manfred Mann, Janis Joplin, entre outros. A banda sonora costumeira de fim-de-semana sobrepunha-se ao crescendo furioso da panóplia de gente que produzia um som de fundo vindo do Mercado Municipal. Entre os pregões: “À dúzia é mais barato” ouvia-se “Everybody loves my baby”. Muitas vezes saltamos em cima da cama a dançar, eu e a minha irmã, numa “loucura controlada”. A calma da tarde vinha acompanhada pelos acordes do violino da minha mãe. A música sempre foi uma constante na minha vida. Em 1971, ainda não era nascido mas as histórias que ouvi ficaram gravadas para sempre. Em 2016, Vilar de Mouros aproveita o regresso deste evento para celebrar os 50 anos do mais antigo, mais icónico festival de verão do país. A aventura da liberdade que preencheu a aldeia minhota pode parecer um oásis à luz da história que aprendemos nas enciclopédias mas aconteceu. Fomos em busca de histórias desses tempos. Vivemos uma época promissora no desporto nacional. Campeões em várias modalidades e com os Jogos Olímpicos à porta, conversamos com a grande promessa da natação Tamila Holub, campeã europeia júnior dos 1.500 metros livres. Aos 17 anos está feliz com a Arte Joana Ribeiro sua presença no maior evento mundial multidesportivo e promete que se houver samba na cerimónia de abertura, vai dançar. Nós também! Força Tamila! #aruaestacontigo. João Nogueira, presidente do ABC/UMinho desde 2014, diz que o mérito dos feitos desportivos é todo dos atletas. A dúvida persiste. Terá o clube infra-estruturas com condições para estar presente na Liga dos Campeões? Uma cidade, um clube, e uma “escola de campeões” em entrevista. Há também uma Avenida que preenche as páginas da RUA com toda a liberdade. Um ponto de vista sobre o negócio da Academia do Sporting Clube de Braga, uma obra com estatuto de interesse público. A genética empreendedora de Vila Nova de Famalicão tem-nos chamado a atenção, aqui deixamos uma reportagem esclarecedora. Há mais uma associação que se junta a nós. A rubrica Código Postal ficou a cargo de Margarida Pereira, Coordenadora Geral da JovemCoop. A RUA abre espaço à divulgação do património e procura fazer parte da preservação da memória. As sombras da serra e a sua frescura em águas ímpias dão-nos alento para descontrair, refrescar e desfrutar. O turismo de natureza é uma tendência que veio para ficar e temos mesmo aqui ao lado uma região de referência. Porquê ir para longe quando temos o paraíso tão perto? Com o pé no chão e a mochila às costas, partimos à descoberta e pelo caminho deixamo-nos encantar pela Serra d’Arga. Revista Rua, um passo à frente! No próximo mês estou na banca à tua espera e com muitas novidades. Tudo porque me tens pedido para me poderes levar para casa. Luís Leite Diretor Capa Shutterstock Redação redaçã[email protected] Rua dos Capelistas, nº30 4º Andar Sala S 4700-307 Braga Departamento Comercial Para questões relacionadas com marketing e publicidade: [email protected] 911 928 181 Comercial Rosa Sampaio Inês Chaves Angélica Noversa Departamento Jurídico Luís Sepúlveda Cantanhede, Rui Marado Moreira - Advogados [email protected] Protocolos Universidade Católica - Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais de Braga; JovemCoop; Braga Ciclável. Impressão LIDERGRAF ARTES GRÁFICAS, S.A. Rua do Galhano, n.º 15 4480-089 Vila do Conde Tiragem 5000 Periodicidade Mensal Propriedade Brito&Roby, Lda Rua Dom Frei Caetano Brandão Nº154 4700-031 Braga Contribuinte 513 669 868 N. DL 405636/16 N. ERC 126 818 O estatuto editorial pode ser consultado em www.revistarua.pt/Info/Estatuto-Editorial Os artigos de opinião são de exclusiva responsabilidade dos seus autores. A utilização do acordo ortográfico é da exclusiva responsabilidade dos autores. BRAGA CICLÁVEL W A Bicicleta na educação da criança G RA EB A A creditamos que os mais pequenos são os alicerces da nossa sociedade e, por isso, pensamos ser fundamental educar desde o berço para a bicicleta, para o uso deste meio de transporte de forma responsável e consciente. Educar para a familiarização desta no dia-a-dia, para que amanhã o uso da mesma seja feito de forma natural. Contudo, é essencial que exista respeito entre o peão, o carro e a bicicleta, cumprimento das regras e sinais de trânsito e, acima de tudo, consciência cívica. Há um longo caminho a percorrer no que se refere à convivência segura e responsável entre todos os que utilizam a via pública. Esta sensibilização estende-se não só àqueles que utilizam a bicicleta, mas também às autarquias, polícia, automobilistas e até mesmo aos próprios peões. É, portanto, obrigação das entidades de direito proporcionar as condições necessárias à utilização diária da bicicleta, promover locais seguros para que as crianças possam pedalar. Mas é, também, obrigação do educador incutir a bicicleta no quotidiano das crianças. Quem de nós não tinha uma bicicleta em pequeno? Quem não adorava pedalar? Quem não recorda com euforia a primeira bicicleta que recebeu como presente? Junto das escolas, em conjunto com os professores, é possível implementar programas para a consolidação da cultura da bicicleta. Só é preciso vontade, não apenas política, mas a partir de casa, pois é no nosso quintal que cultivamos os frutos do amanhã. Seja com campanhas de sensibilização e formação, com a criação de circuitos seguros, ou actividades de orientação sobre trânsito seguro. A promoção de um estilo de vida saudável é também uma das motivações dos defensores deste meio de transporte, sendo indiscutíveis os benefícios que a sua utilização significa para a saúde. Numa sociedade cada vez mais sedentária, e com uma taxa de obesidade e doenças respiratórias nas crianças demasiado elevada, as vantagens são óbvias e, por isso, devíamos tirar sério partido delas. Há um caminho longo a percorrer. Mas o caminho faz-se… Pedalando, acreditamos nós! Eliana Freitas OBSERVAR + IGREJA NOSSA SENHORA DAS NEVES CÓDIGO POSTAL EDUARDO MORAIS PASSEIO PÚBLICO PEDRO OLIVEIRA TALENTO LILIANA TRIGUEIROS HISTÓRIAS DA RUA Vitória da Selecção Nacional de Futebol, Guimarães FOTOGRAFIA Nuno Sampaio OBSERVAR RADAR BREVES PEGADAS distinguido internacionalmente O programa vimaranese - ‘Programa Ecológico de Guimarães para a Aprendizagem do Desenvolvimento Ambiental Sustentável’ - foi reconhecido como amigo do Ano Internacional para o Entendimento Global (IYGU), uma iniciativa da ‘União Geográfica Internacional’ (IGU) que aborda a forma como o ser humano transforma e molda a natureza, percebendo as consequências globais do seu comportamento quotidiano. Cidade Desportiva do SC Braga Ricardo Rio, presidente da Câmara Municipal de Braga, visitou as obras da futura Cidade Desportiva do Sporting Clube de Braga. Antes da visita, foi formalizada a doação, por parte do Município, dos terrenos onde está a ser implantada a Academia, bem como constituído um direito de superfície de longa duração sobre o edifício das Piscinas Olímpicas. Novo espaço de lazer no rio Guisande A União de Freguesias de Guisande e Oliveira S. Pedro tem um novo espaço de lazer que com cerca de 8.000 m2 e que se estende por 120 metros ao longo do rio Guisande, um pequeno afluente do rio Este. O projecto foi um dos vencedores do Orçamento Participativo 2014. Startup Braga lança primeira comunidade "Beta Tester" em Portugal As candidaturas para aderir à comunidade podem ser efectuadas online e estão abertas para todos os que tenham interesse em ser parte activa no apoio às startups. Saber mais em: startupbraga.com/betacommunity 10 Guimarães reuniu em Bruxelas Delegação da candidatura vimaranense participou em reunião preparatória para antever a candidatura a Capital Verde Europeia 2020. Para além de Guimarães, também o Funchal esteve presente neste encontro, bem como outras cidades europeias da Bélgica, Eslovénia, Espanha, Estónia, França, Finlândia, Holanda, Hungria, Itália, Polónia, Reino Unido e Suécia. Famalicão avança com a requalificação das escolas de Requião, Telhado e Louredo Oito praias de Viana do Castelo galardoadas com Bandeira Azul Galardão foi atribuído às praias de Afife, Arda (Mariana), Paçô, Carreço, Norte, Cabedelo, Amorosa e Castelo de Neiva. O Galardão Bandeira Azul é uma distinção atribuída anualmente pela Fundação para a Educação Ambiental (FEE) a praias (marítimas e fluviais) e marinas que cumpram um conjunto de requisitos de qualidade ambiental, segurança, bem-estar, infraestruturas de apoio, informação aos utentes e sensibilização ambiental. O Centro de Mar, que funciona num espaço do navio Gil Eannes, foi também distinguido. Orçamento "Tu Decides!" fomenta a participação cívica dos Jovens O Município de Braga promove o Orçamento ‘Tu Decides!’, que contempla uma verba de 75 mil euros para o ano de 2017. A entrega de propostas decorre de 1 de Julho a 30 de Agosto. Os projectos vencedores serão conhecidos após o período de exposição e votação, que irá decorrer entre 3 e 21 de Outubro. As propostas deverão ser entregues em formato digital, através do endereço electrónico: [email protected] ou, presencialmente, no Balcão Único da Câmara Municipal de Braga. O Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, Paulo Cunha, lançou mais um conjunto de obras de requalificação do parque escolar municipal. Com um investimento total superior a 700 mil euros, as obras abrangem também os espaços exteriores e, no caso de Requião e Louredo, os edifícios dos respectivos jardins de infância. Braga possui uma das maiores estruturas de conservação vegetal do mundo É uma das maiores estruturas de conservação vegetal do mundo e está situada na freguesia de Merelim S. Pedro, em Braga. Prestes a celebrar 40 anos de existência, o Banco Português de Germoplasma Vegetal possui uma preciosa colecção de recursos genéticos vegetais com grande importância estratégica para a segurança alimentar a nível nacional e global. O Banco Português de Germoplasma Vegetal possui cerca de 50 mil amostras de mais de 100 espécies de cereais, plantas aromáticas e medicinais, fibras, forragens e pastagens, cultura hortícolas e outras espécies. 11 OBSERVAR RADAR Vozes da Rua NÚMEROS Parabéns a todos pela força, pela criatividade, pela persistência com a mídia impressa num mundo em que o virtual tem ocupado tantos espaços. Cristiane Parente 30 milhões A central térmica a biomassa florestal que está a nascer em Famalicão resulta de um investimento de 30 milhões de euros e terá capacidade para produzir 14,75 megawatts de energia que será debitada para a rede pública. 125 mil euros Com um investimento superior a 125 mil euros, a piscina da Ponte, em Braga, está agora preparada para receber pessoas com mobilidade reduzida, para além de possuir novas áreas, nomeadamente, instalações sanitárias no interior dos balneários. 6 1 1.100 mil euros Freguesia de Ribeirão, Famalicão, vai ganhar em breve uma nova centralidade, com a revitalização de uma das suas artérias mais emblemáticas, a Avenida Rio Veirão. Terá o custo de um milhão e cem mil euros. Número de medalhas para Portugal no Europeu de Atletismo. A seleção nacional conquistou 2 medalhas de Ouro, 1 Prata, 2 Bronze e uma medalha de ouro por equipas. A praia fluvial de Adaúfe, em Braga, conquistou a Bandeira Azul. É a única estância balnear da região minhota a exibir esta bandeira. Acabei de me cruzar com um exemplar destes. Não a vi na RUA, mas num hotel na zona de Viana do Castelo. Parabéns ao Luís Leite e ao Nuno Sampaio. Ricardo Lemos oops... 50 milhões O grupo alemão Continental escolheu Famalicão para investir numa nova unidade de produção de pneus radiais agrícolas que irá gerar mais de uma centena de empregos. 'TOU BARADO "Surreal é tudo isto" "(...) as conversas que tive com os treinadores... os telefonemas para aqui e para acolá... Abordámos 57 jogadores para um grupo de 18, mais quatro suplentes" Rui Jorge, Seleccionador Nacional de Futebol, a 21 de julho ao DN sobre a dificuldade em ter atletas disponíveis para o Jogos Olímpicos. 12 Desde já os meus parabéns e votos de sucesso no vosso projecto editorial bastante interessante e importante para a nossa região. Daniel Bastos Na edição nº5 de julho de 2016, na fotorreportagem, onde se lê "após a chegado" deve ler-se “após a chegada”. Em "História e Religião" onde se lê "para a, a milenar" deve ler-se "para a milenar". Ainda no mesmo artigo onde lemos "em voz alto" deveria ler-se "em voz alta". Viste um erro? Nós assumimos o engano. [email protected] www.lrb.pt 13 OBSERVAR 14 NUNO SAMPAIO CÓDIGO POSTAL 4710-443 SENHORA-A-BRANCA Igreja da Senhora das Neves TEXTO Margarida Pereira, Coordenadora Geral Ass. Jovem Cooperante Natureza/Cultura Ao longo destes 500 anos muitas formas desenharam esta Igreja, pois só no século XVIII, por ordem do arcebispo D. Diogo de Sousa, a Igreja toma as suas formas mais atuais. Com um sacrário desenhado por André Soares, todos os recantos deste santuário nos contam uma história. Com um valor ímpar na cidade, a Igreja da Senhora a Branca apresenta-se este ano em festa, e por esse motivo, convidamos todos aqueles que nunca entraram neste espaço a virem partilhar um pouco da beleza e da história que este local tanto tem para oferecer. R. de Santa Margarida V amos imaginar que estamos em Roma, mais propriamente no Monte Esquilino. Imaginemos agora a temperatura desse local em pleno mês de Agosto será quente, muito quente até. Se disséssemos agora que no Monte Esquilino há muito tempo atrás caiu um forte nevão, seguramente pensaríamos que era impossível, ou então milagre. É exatamente disso que vimos falar na nossa primeira rubrica no espaço Código Postal da Revista Rua, de um milagre. Este não é um qualquer milagre, este milagre deu origem a uma das principais igrejas do Centro histórico de Braga. Se lhe falarmos da Igreja da Senhora das Neves, certamente esse nome não lhe será muito familiar, já o nome Igreja da Senhora a Branca, não lhe passará despercebido, mas será que sabe ao que se deve a existência desta igreja? O culto da Nossa Senhora a Branca das Neves deve-se precisamente a um forte nevão que ocorreu na região de Roma, no mês de Agosto, daí as comemorações ocorrerem no dia 5 de Agosto. Este ano, um dia particularmente especial pois também a irmandade da Senhora a Branca comemora o seu 500º aniversário. Av. Central 31 Av. Jardim da Senhora a Branca de o eir Jan CM BRAGA 15 PASSEIO PÚBLICO 16 20 minutos com… TECLA TÓNICA: UMA VISÃO DA MÚSICA ELECTRÓNICA EM PORTUGAL TEXTO Luís Leite M ovido pela curiosidade de saber mais acerca do universo musical, Eduardo Morais já realizou Meio Metro de Pedra, sobre a história do rock and roll em Portugal; Música em Pó, sobre coleccionadores de discos de vinil; Uivo, documentário acerca do radialista António Sérgio; e agora Tecla Tónica onde procura sistematizar a história da música electrónica na realidade portuguesa, contando com entrevistados como DJ Vibe, Vítor Rua e José Cid. A digressão da vídeoteca-ambulante terminará no Pátio Exterior do gnration, em Braga, no dia 13 de Agosto, pelas 22h00, com entrada livre. Eduardo Morais estará presente na exibição para uma conversa com os espectadores. Trabalhaste numa loja de discos nas Caldas da Rainha. Foi aí que descobriste esta paixão pela preservação da memória e esse fascínio por encontrar o lado raro da história da música moderna portuguesa? Quando voltei para as Caldas em 2009, estava meio perdido profissionalmente e a loja My Generation, do Pedro Rias, era o meu novo ex-líbris para a cidade. Um local onde podia passar a tarde toda a falar de música, conhecer bandas velhas e ouvir discos raros que poucas pessoas podiam ouvir. Documentar a história da música portuguesa é um acto de resistência? Do ponto de vista pessoal, é um prazer enorme. Do ponto de vista financeiro, é sempre um acto de resistência, sim. E atenção que eu não vejo de todo o que faço com um patriotismo bacoco, ou com um orgulho imenso por “ser português”. Simplesmente é o meio que me rodeia e que eu quero conhecer melhor, para me conhecer a mim mesmo melhor, só. No fundo, é mesmo só curiosidade em saber mais. Nada mais. Não há qualquer intenção nos meus documentários e na minha pessoa em escrever a história da música por cá. Eu podia fazer o mesmo sem mostrar a ninguém, mas seria um acto bastante egoísta e isso não me interessa. A intenção é partilhar com outros o que eu aprendi ao longo de toda a produção e que os meus documentários sejam vistos como um livro aberto, que começa na minha pesquisa e termina na pesquisa de um eventual espectador em conhecer algo novo após ter visto algo no filme. Nos teus filmes procuras sempre seleccionar e explorar personagens que quebraram barreiras. Porquê? A história da cultura moderna do Séc.XX já está praticamente escrita e eu acredito que muito dificilmente será alterada. O Rui Veloso será sempre “o Pai do Rock”, o Elvis será sempre o “Rei do Rock’n’roll“, os Kraftwerk serão para sempre os “pioneiros da música electrónica”. Não transformando isto no jogo do “ovo e da galinha”, e sem tirar qualquer mérito aos mesmos, mas é um facto que antes deles já existiam músicos e compositores que compunham da mesma forma e que nunca ficaram para a história, pois na história da música têm-se vindo a escrever sobre os que levam um certo estilo ou género às massas (ou às franjas, conforme o que se fala), mas para mim interessa-me muito mais saber quem é que cometeu a loucura de começar algo sozinho. Depois da estreia do documentário no IndieLisboa viajaste com o filme de norte a sul do país. Porque tens apostado neste formato de distribuição? Sinceramente, não sei como o fazer de outra forma, mas por outro lado, chateia-me um pouco o momento competitivo que o cinema (e a sociedade em geral) está a viver. Parece que só se dá valor a vencedores de competições. Então, a intenção desta vídeoteca-ambulante é a mesma de uma banda que se quer mostrar e tocar o mais possível para evoluir profissional e pessoalmente. Tenho a felicidade de ter feito amizades em todas as localidades onde levo os documentários, e se posso aliar essa “visita boémia” a uma mostra de um trabalho meu e ainda poder conversar com os espectadores no fim das exibições e trocar ideias novas, para quê “andar à bulha” com outros filmes? Em Tecla Tónica documentas a história da música electrónica com uma cronologia bastante linear. Como chegaste aos primórdios e como decides o fim da história? Eu não vejo o Tecla Tónica como a “história da música electrónica”, é uma visão pessoal da electrónica na música feita em Portugal. O termo “música electrónica” é um dúbio por si só, e é difícil engavetá-lo numa única prateleira, daí a minha abordagem ao tema ter sido feita principalmente pelo lado maquinal. Infelizmente, muitos dos principais compositores de música electrónica em Portugal já não estão entre nós, mas foi ao descobrir a sua música que decidi criar este documentário. A cronologia do documentário é definida sempre com uma base lógica de acontecimentos que me apetece mostrar. Se a ramificação X ou Y está de fora do meu trabalho, é porque no caminho que o documentário segue, eu achei que não fazia sentido incluir. Também por uma questão de prazos, não consegui incluir toda a gente que queria. Ao fazer um documentário cronológico, a minha maior dificuldade é sempre decidir o fim. Parece que qualquer interveniente que termine o documentário, é a escolha do realizador/ editor como o derradeiro descendente desta história, quando não é verdade. No caso do Tecla Tónica não vou dizer como termina senão, não tem piada. no gnration a filmar uma residência artística de um músico que eu admiro imenso, o Peter Kember, exactamente numa espécie de estágio pessoal para começar a produzir o Tecla Tónica. Para além de admirar muito a programação que o espaço tem, esta primeira volta de exibições terminará exactamente num local que tão bem me acolheu quando estava de mãos vazias. É inevitável perguntar: com o fim da digressão de Tecla Tónica abre-se um caminho para novos projectos? O caminho para os novos projectos já está aberto desde o início do ano, e felizmente tem vários destinos. Tenho entre-mãos neste momento duas séries documentais: vou voltar a trabalhar com a Hey, Pachuco! do Barreiro e a sua Câmara Municipal, num projecto que ainda não se pode desvendar; já para a Antena 3, para além da já lançada “Casas das Máquinas” sobre estúdios de gravação, estou a começar o projecto “Fios Bem Ligados”, sobre os desafios de se fazer música independente em Portugal, focando-me nas editoras, direitos de autor, descentralização, produção de concertos, etc. Moullinex Pedro Coquenao Roland System Vais finalizar a digressão do Tecla Tónica no gnration, em Braga. Um espaço que tem na sua programação uma aposta grande na música electrónica. É por isso um fecho especial? É curioso que em Janeiro do ano passado, passei uma semana 17 TALENTO PEDRO OLIVEIRA: UM MUNDO COM CENTRO NA MÚSICA TEXTO Nuno Sampaio FOTOGRAFIA Luís Macedo P Perfil Pedro Oliveira começa a tocar bateria em 1995. Integra, em 1997, a banda Kafka com a qual percorre o país em concertos, sendo um dos mais emblemáticos o do festival “Sudoeste”, em 2001. Em 2004 integra por duas tours os Submarine, e em 2005 entra como membro efectivo na banda Green Machine onde faz várias incursões internacionais. No mesmo ano começa a actividade de músico de suporte com os artistas Old Jerusalem e The Partisan Seed. Em 2007 forma os peixe:avião, uma das mais emblemáticas bandas do novo rock cantado em português. Alcança os tops nacionais de vendas com os discos “Madrugada” e o homónimo “peixe:avião”, atingindo assim o reconhecimento da crítica especializada. Executa, ao longo do tempo, vários trabalhos para cinema e televisão, sendo de destacar a banda sonora do filme “O que há de novo no amor”; e o filme musicado “Ménilmontant” para o festival Curtas de Vila do Conde, ambos realizados pela banda peixe:avião. Em 2010 funda a editora e colectivo de artistas Pad/Easy Pieces e, juntamente com André Simão e Graciela Coelho, criam os Dear Telephone. Actualmente, com os duos Ozo (juntamente com o pianista Paulo Mesquita), PO+AL (juntamente com Alexandre Soares) e com o seu projecto a solo Krake, utiliza uma linguagem mais exploratória baseada na electrónica e processamento de sinal, sempre como fonte a bateria preparada. 18 edro teve o prazer, durante a sua carreira, de partilhar gravações e concertos com músicos tão emblemáticos como Ana Deus, Manuela Azevedo, Bernardo Sassetti, Alexandre Soares, Sérgio Nascimento, Jorge Coelho, Sensible Soccers, Madame Godard, Nobody´s Bizness, Rose Blanket, entre muitos outros. Partilhou palcos e abriu concertos para bandas como Massive Attack, AIR, Tame Impala, Morcheeba, Guano Apes, Einstürzende Neubauten, Swans, Mike Patton, Black Lips, No Age, Kurt Vile, entre muitos outros nacionais e internacionais. Pedro Oliveira é também criador do Colectivo Ensemble Insano que reúne 19 músicos da cidade de Barcelos, assim como do “Barcelos Music Market" (feira de troca e venda de material de música usado) e do Festival “Prata da Casa”, que junta todos os profissionais da área da música na cidade de Barcelos oferecendo à população vários concertos gratuitos. Em 2016 estará também em cooperação com a Câmara Municipal de Barcelos e a Associação “O Burgo Divertido” na criação do “Jazz ao largo”, um festival de jazz que ocorrerá em Barcelos durante o mês de Setembro. 19 OPINIÃO HISTÓRIAS DA RUA A FAMÍLIA É A MELHOR MEDICINA TEXTO Liliana Trigueiros - Psicóloga Q uando entro num gabinete e uma família me conta a sua história há sempre uma palavra, uma página, um pedaço do modelo de terapia familiar de Andolfi que paira sobre o meu olhar, a minha forma de agir e de compreender o que me trazem. Por estes dias tive a oportunidade de reinventar, de transformar aquilo que sou enquanto psicóloga, a partir de uma experiência formativa com Maurizio Andolfi. Muitas famílias que nos pedem ajuda vêm com um pedido expresso relativamente a um dos filhos. As motivações podem ser várias como insucesso escolar, mau comportamento, problemas alimentares, delinquência, consumos de drogas e tantos outros descritos na bíblia dos psicólogos e psiquiatras - o DSM. Perante esta queixa aparentemente individual, temos dois caminhos interventivos possíveis: o primeiro e mais habitual centrado no problema que o adolescente apresenta, com vista à alteração comportamental e eliminação do sintoma. Se o problema se manifesta no filho porque é que devemos envolver toda a família? Numa abordagem Andolfiana, é necessário compreender aquilo que aquele sintoma nos quer mostrar, em que contexto e família aquele sintoma tem lugar e quais os significados que poderá adquirir, não apenas para o filho portador da doença mas para todos os envolvidos. Torna-se fundamental conhecer a história da família, os problemas que tendem a perpetuar-se em várias gerações, a estratégia que a família adotou durante anos (talvez décadas) para ultrapassar os momentos de crise e, sobretudo, aquilo que entendem sobre quem cuida, como se dão os afetos ou como se pertence àquela família. Este é um trabalho mais longo, mais duro seja para o psicólogo seja, sobretudo, para a família - não será fácil reintegrar e recriar aquilo que entendemos como certo, as nossas obrigações, as relações e afetos. No entanto, a partir desta perspetiva, conseguimos renovar a função que cada elemento tem, alterando por conseguinte o papel que o sintoma adquiriu naquela casa. Mas o que é isto de pertencer à família ou os papéis que cada um tem? Se por um lado e objetivamente pertencemos à família na qual crescemos, por outro nem sempre é verdadeiramente vivido esse sentido de pertença. Andolfi, sobre esta temática, fala-nos de dependências sanas e insanas. A primeira respeita precisamente a este sentimento inquestionável sobre de onde vimos e somos. A segunda aparece, muitas vezes, na adolescência por exemplo sob a forma de um consumo de drogas ou de um distúrbio alimentar. No fundo, esta dependência à comida ou drogas mostra-nos a substituição de uma dependência sana nunca vivida por uma insana que satisfaz o vazio da não pertença. Sobre os papéis que os adolescentes desempenham, ouvi Andolfi ao longo dos seus atendimentos, a perguntar aos jovens: Olha lá, tu fazes esse trabalho todo voluntariamente para a tua família há quantos anos? Olho para ti e vejo uma rapariga com quinze anos contudo com uma cabeça e responsabilidades de sessenta. É interessante que quando fazemos estas perguntas a um adolescente logo se percebe que o problema 20 que nos traz traduz a estratégia, ainda que disfuncional, de equilibrar a sua idade cronológica, o seu papel de filho, com as funções que lhe deram por ventura demasiado cedo. Há ainda um outro elemento a considerar: o sintoma encerra também o medo de perda, a urgência de uma mudança, de uma reflexão. Nesta linha ouvi também Andolfi a perguntar: o que mais terás tu de fazer para que te vejam? Olhando para estes exemplos, teremos então que nos debruçar sobre a alimentação/consumos de substâncias, insucesso escolar - o problema ou sobre as razões que levam aquele adolescente a sentir que não é cuidado, amado e, sobretudo, a reverter este processo? O problema que o adolescente nos traz é uma oportunidade para que a família reflita sobre si própria, sobre o significado desta dependência insana, sobre uma estratégia que transgrida com as gerações anteriores e acarrete uma evolução familiar. Ora, de acordo com Andolfi, se o problema reside na família e não somente naquele que o manifesta, é também com ela que encontramos a solução, sendo a família a melhor medicina. As férias são, para muitas famílias, o ajuste de contas. O tempo passado em conjunto desmascara os problemas latentes ao longo de todo o ano. O verão é como um espelho: mostra-nos o que temos, as nossas fragilidades, mas também as inúmeras possibilidades de transformação e redefinição do lugar, do papel de cada um. É exatamente aqui que reside aquilo que mais aprendi com Andolfi e que talvez seja a grande mais valia da terapia familiar - se a crise é entendida como uma oportunidade para crescermos, se o que temos de mais frágil pode ser revertido num recurso então todas as famílias poderão ter a oportunidade de viver este verão, este confronto com aquilo que são como um momento de reflexão e alteração daquilo que as faz estagnar num tempo e sofrimento que se traduz no sintoma do adolescente, no abandono do mais velho ou na separação do casal. [email protected] 21 22 COMPREENDER REPORTAGEM É O VIRA MINHOTO NO SAMBA DO RIO 2016 TEXTO Luís Leite São 10 mil atletas de 206 diferentes nações. São 306 provas, em 42 modalidades desportivas. A equipa olímpica portuguesa, composta por 93 atletas, representará o país em 16 modalidades desportivas. A mais jovem atleta portuguesa é bracarense e tem apenas 17 anos. O Jogos Olímpicos decorrem de 5 a 21 de agosto de 2016. D ia 5 de agosto, o mítico estádio do Maracaná recebe a cerimónia do início dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro 2016. São os jogos mais tensos das décadas mais recentes, entre conflitos políticos, sociais, segurança e escândalos de doping. Mas é com o ritmo português que o samba vai ecoar no Rio 2016. O tom foi dado no dia 10 de julho; campeões Europeus de Futebol e várias medalhas conquistadas em diversas disciplinas no Campeonato Europeu de Atletismo. Pode ser o ponto de partida para o início de um período auspicioso do desporto português. A alma lusa está aí para fazer furor no país dos nossos irmãos e por isso avançamos com o ritmo do vira minhoto. 23 Tamila Holub BRAÇADAS PARA O SUCESSO Tens 17 anos, o que esperas do futuro? Espero que seja tão feliz como está a ser agora. Espero que realmente não mude de atitude que me mantenha igual, que continue a ser a pessoa que sou, que o sucesso não me mude e que continue a melhorar as marcas, que continue a treinar e que continue a ver que o resultado aparece. O que representa para ti estar nos Jogos Olímpicos? Representa que se calhar o tempo todo que estive a treinar, o esforço, o sacrificio, tudo, tudo, valeu a pena e que vale a pena continuar, até porque gosto daquilo que faço. Realmente sou uma pessoa muito surtuda, porque conheço muitas pessoas que também treinam muito, mas se calhar...não sei, se calhar não tiveram tanta sorte ou são muitos factores. Eu realmente estou muito feliz porque consegui aquilo que realmente sonhei, que ambicionei. Esperavas alcançar esta meta tão cedo? Sinceramente esperava mas ao mesmo tempo não acreditava muito. Acreditava mais o meu treinador, a minha família, acreditava toda a gente menos eu. Acreditava no fundo, mas era sempre aquela coisa, não consegui bem imaginar-me a mim nos Jogos Olímpicos. Porque os Jogos são aquela coisa enorme, fantástica e eu… Nunca me achei nada assim de sobrenatural, basicamente eu treino e depois vejo os resultados e é muito bom perceber que pelos visto treino muito e que o resultado aparece. É muito bom. Como é ser a campeã europeia de 1.500 metros livres? É um orgulho enorme, é um orgulho enorme mesmo. Porque lá está. Sentes… Quando estava no pódio e estava a ser a vice-campeã [em 800M livres] e ouvi o hino de outro país e vi a bandeira, pensei: “também quero uma coisa assim para mim”. Realmente estou muito feliz por também ter conseguido, ter feito a mesma coisa, porque é uma sensação fantástica. Realmente não és só tu, sentes a responsabilidade nas costas, porque as pessoas já começam a contar contigo para representares e continuares a evoluir o desporto e Portugal. Quais são os teus objectivos para os Jogos Olímpicos? Basicamente aproveitar ao máximo a competitividade porque vai ser difícil, vou tentar lutar por uma final mas é extremamente difícil. Se entrasse no top vinte ficava bastante satisfeita. Vou mesmo aproveitar, primeiro para bater o meu tempo, o recorde absoluto, se conseguir isso vou ser muito, muito feliz. Bater recordes é uma missão pessoal? Basicamente é, porque os meus recordes pessoais calham de também serem recordes nacionais por isso, basicamente quando tenho de bater um recorde pessoal, bato um recorde nacional absoluto ou assim e já tento nem pensar que é assim tão especial, tento pensar que é uma coisa básica. Tento não dar tanto valor porque é uma coisa que temos de estar sempre a melhorar o nosso tempo, a evoluir. MODALIDADE NATAÇÃO PROVA 800M LIVRES NATURALIDADE Cherkasy | Ucrânia CLUBE Sporting Clube de Braga PRESENÇAS EM JOGOS 0 Campeã europeia júnior dos 1500 livres, Tamila Holub é a mais jovem atleta da Equipa Olímpica para os Jogos Olímpicos Rio 2016. A bandeira da natação do Sporting Clube de Braga nasceu a 15 de maio de 1999, filha de imigrantes ucranianos, e chegou a Portugal com cerca de 2 anos. Holub tem vindo a realizar uma carreira consolidada. Soma já 27 recordes de Portugal e é o mais promissor talento da Natação portuguesa. 24 Fora do tema desportivo, o que é que esperas dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro? Espero que façam samba na cerimónia de abertura (risos). Quero mesmo ver. Apesar de todos os comentários, eu até acredito que vai ser tudo bem organizado e a segurança também, vai ser fantástico, porque é aquele sítio onde se une tudo, não há aquela diferença. As pessoas são todas iguais, cada um tem as probabilidades iguais de vencer e é isso que os torna tão especiais. É por isso que toda a gente diz: "Jogos Olímpicos, somos todos iguais", e eu quero realmente fazer parte disso. E vais dançar samba? (risos) Se houver, ai não! Dulce Félix MODALIDADE Atletismo PROVA Maratona Fem. NATURALIDADE Guimarães CLUBE SL Benfica PRESENÇAS EM JOGOS 1 Estreou-se nos Jogos Olímpicos em Londres 2012, na Maratona. Em 2012 foi campeã europeia de 10.000 metros. Este ano conquistou a Prata na mesma prova nos Europeus em Amesterdão com um novo recorde pessoal. Maratona, é a prova que vai disputar no Rio de Janeiro. José Costa Mendes Prescindiu da participação nos Europeus de Moscovo em prol do melhor resultado nos Jogos Olímpicos. Concilia o desporto com a sua atividade profissional; militar da GNR. Estreia-se nos Jogos Olímpicos, na disciplina de C1 200M. Teresa Portela Hélder Silva MODALIDADE Canoagem PROVA C1 200M NATURALIDADE Braga CLUBE Clube Náutico do Prado PRESENÇAS NOS JOGOS 0 MODALIDADE Ciclismo PROVA Estrada NATURALIDADE Guimarães CLUBE Bora-Argon 18 PRESENÇAS EM JOGOS 0 É o mais recente campeão nacional de Estrada. Faz parte da restrita lista de quatro ciclistas convocados pelo Seleccionador Nacional, José Poeira, para a corrida de estrada, marcada para o dia 6 de Agosto. É o único dos quatro ciclistas que se vai estrear nos jogos. MODALIDADE Canoagem PROVA K1 200M Fem., K4 500M Fem. NATURALIDADE Esposende CLUBE SL Benfica PRESENÇAS EM JOGOS 2 Foi a única canoísta portuguesa a competir em três provas nos Jogos Olímpicos de Londres 2012: K1 200m, K1 500m e K4 500m. Em 2012 conquistou a Medalha de Ouro em K1 200M conquistada na Taça do Mundo, na República Checa. 25 26 MODALIDADE Canoagem PROVA K2 1000M Masc., K4, 1000 M Masc. NATURALIDADE Ponte de Lima CLUBE Clube Naútico de Ponte de Lima PRESENÇAS EM JOGOS 1 Fernando Pimenta é Vice-Campeão Europeu, Vice-Campeão Mundial e desde Londres, Vice-campeão Olímpico juntamente com Emanuel Silva em K2 1000M. Conquistou a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Londres, sagrou-se campeão da Europa de canoagem, em K1 1000, a dois meses dos Jogos do Rio de Janeiro. João Ribeiro Jéssica Augusto Prestes a tornar-se no mais olímpico de sempre da canoagem portuguesa, Emanuel Silva tem colecionado medalhas na sua carreira. Nos Jogos Olímpicos de Londres 2012, juntamente com Fernando Pimenta, conquistou a única medalha olímpica portuguesa na canoagem. Fernando Pimenta Emanuel Silva MODALIDADE Canoagem PROVA K2 1000M Masc., K4 1000 M Masc. NATURALIDADE Braga CLUBE Sporting CP PRESENÇAS EM JOGOS 3 MODALIDADE Atletismo PROVA Maratona Feminina NATURALIDADE Paris - França CLUBE Individual PRESENÇAS EM JOGOS 3 MODALIDADE Canoagem PROVA K2 1000M Masc., K4 1000 M Mas. NATURALIDADE Esposende CLUBE SL Benfica PRESENÇAS EM JOGOS 0 Conquistou a Medalha de Bronze na Maratona do Campeonato da Europa, disputado em Zurique, na Suíça, em 2014. Após ter sido mãe, regressou a tempo da participação nos Jogos Olímpicos Rio 2016 e de conquistar a Medalha de Bronze nos Europeus de Atletismo na prova da Meia-Maratona Feminina. Iniciou a prática desportiva em 2005, no Grupo Cultural Desportivo e Recreativo de Gemeses, no concelho de Esposende. É Campeão da Europa e do Mundo em Canoagem. Acredita que a sua dedicação à Canoagem é a principal razão por já ter chegado tão longe. Vai estrear-se no Rio 2016 e ambiciona medalhas. Vânia Neves João Sousa Foi o primeiro tenista português a vencer uma prova do ATP World Tour, o ATP250 de Kuala Lumpur em outubro de 2013 e o ATP250 de Valência em novembro de 2015. Foi também o primeiro tenista português a entrar no Top-40 (2014) do ATP World Tour. Mais um jovem valor da natação portuguesa que conseguiu o apuramento para os Jogos Olímpicos, sendo a única atleta portuguesa a assegurar a presença na prova de Águas Abertas no Rio de Janeiro. MODALIDADE Taekwondo PROVA 58 Kg NATURALIDADE Creixomil, Guimarães CLUBE Vitória Sport Clube PRESENÇAS EM JOGOS 0 É o atual campeão da Europa de Taekwondo e atual Campeonato da Europa de Taekwondo de Categorias Olímpicas, na categoria de -58 kg, títulos conquistados em 2014, em Baku, e em 2015 na Rússia. Em 2016 já conquistou várias medalhas, Ouro e Prata, em competições internacionais, incluindo o Test Event do Rio de Janeiro. Salomé Rocha MODALIDADE Natação PROVA Águas Abertas NATURALIDADE Viana do Castelo CLUBE Fluvial Portuense PRESENÇAS EM JOGOS 0 Rui Bragança MODALIDADE Ténis PROVA Singulares Masculinos NATURALIDADE Guimarães CLUBE Individual PRESENÇAS EM JOGOS 0 MODALIDADE Atletismo PROVA 10.000M NATURALIDADE Vizela CLUBE SL Benfica PRESENÇAS EM JOGOS 0 Já passou pelos dois grandes de Lisboa, competindo agora pelo SL Benfica. No Rio de Janeiro irá fazer a sua estreia nos Jogos Olímpicos. A atleta vizelense obteve em Londres os mínimos para participar na prova de 10.000 metros nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. 27 COMPREENDER HISTÓRIA E RELIGIÃO JESUÍTAS OU O MISTICISMO JUDAICO DE FUSÃO TEXTO Cláudia Sil M esmo que não quisesse falar de misticismo judaico não o conseguiria quando o tema é a sigla IHS. Descendo a Rua D. Frei Caetano Brandão, agora em voga na noite bracarense onde se pode degustar cozinha de fusão ou beber gin (con) fusão ou qualquer uma das outras paradigmáticas bebidas como a caipiroska, evidência líquida de que o mundo se globalizou, avistase ao nº 154 uma padieira de janela onde se lê, entre dois ornatos, IHS. É realmente surpreendente a percepção de que os transeuntes entendem que aquelas letras dizem algo: “O que querem dizer?”. Ninguém tem uma resposta imediata, clara, concisa. A esgaravatação documental não trouxe nenhuma informação relevante sobre o assunto. Nem Albano Bellino, na sua magnífica obra “Inscrições e lettreiros da cidade de Braga e algumas freguezias ruraes”, 1895, fala na dita inscrição ao longo das 180 páginas desta preciosidade. O único IHS bem conhecido é a sigla da Companhia de Jesus e toda a história da sua existência está envolta em enorme mistério, imprecisões e perseguições. E quando se pensava que já tudo se tinha conjecturado sobre isto aparece agora, pela primeira vez na história, a ilustre sigla no escudo do Papa Francisco. A Companhia, ou Sociedade em tradução literal do latim, de Jesus, foi fundada em 1534 por Inácio de Loyola que vai estudar para Paris e se junta a cinco outros companheiros, entre os quais Francisco Xavier e o português Simão Rodrigues de Azevedo. Inácio esteve, antes disso, em Jerusalém durante um ano e depois, de regresso à Europa, é perseguido pela inquisição. Primeiro sob a suspeita de pertencer ao movimento dos alumbrados, que se pode considerar como um dos ramos do, naquela época emergente, misticismo Europeu designado por iluminismo, cujos membros eram na sua maioria judeus convertidos ao cristianismo. Depois é preso por ter dado muito nas vistas com as suas pregações baseadas no livrinho por ele escrito de “Exercícios espirituais”. Apesar disso a ascensão desta organização de estudantes foi apaixonante e meteórica e 25 anos depois já D. Frei Bartolomeu dos Mártires lhes oferecia a igreja e edifício do Colégio de S. Paulo em Braga. Estudar sempre foi o seu mote, como faziam todos os místicos, os cabalistas, como foi Jesus, que por cá tanto haviam e “desapareceram”. Sobre o significado das letras IHS no logotipo da Companhia existem diversas versões, algumas que são divergentes dentro da própria igreja católica, outras mais extravagantes ou menos esclarecidas: - monograma de Jesus em caracteres gregos ΙΗΣ (iota, eta, sigma; Iesous); - In Hoc Signo (versão de Constantino que significa por este sinal); - Iesus Hominem Salvator, em latim, quer dizer Jesus Salvador dos Homens; - Isis, Horus e Set, trindade de deuses egípcios adoradores do Deus Sol. 28 Rodando o escudo pode ler-se a palavra SHI. Remeterá para a letra hebraica shin conectada com o nome de Deus Shadai? E aquilo que se vê agora como três pregos foi inicialmente, em documento de 1548, uma flor-de-lis talvez referindo-se à coroa do shin que significa o novo estado das coisas, o mundo que está para vir, o mesmo significado do sol flamejante. O escudo tem ainda representada uma espada, não uma cruz como pode parecer à primeira vista. Quando se vira ao contrário sugere a morte de S. Pedro sendo que a cruz invertida está também associada à negação do cristianismo. Isto há Segredos… 29 ENTREVISTA UMA CIDADE, UM CLUBE, UMA “ESCOLA DE CAMPEÕES” É uma espécie de presidente “amuleto”. João Luís Nogueira dirige o ABC/UMinho desde 2014 e desde então o clube “ganhou quase tudo o que havia para ganhar”. Não assume o mérito, esse, diz, “é todo dos atletas”, a quem chama “heróis”. TEXTO Joana Carneiro FOTOGRAFIA Nuno Sampaio D 32 efine o clube como uma “escola de campeões” mas quanto a jogar na Liga dos Campeões Europeus na época 2016/2017, “privilégio” a que o ABC/UMinho tem direito depois de ter sido (mais uma vez) campeão nacional, o presidente minhoto tem as suas dúvidas: “Se fosse uma decisão puramente racional não nos inscrevia na Liga dos Campeões”, assegura. No entanto, como a razão não interfere com o sonho, João Nogueira quer passar a fase de grupos da liga “dos grandes” e, “se for só pedir”, receber o Paris Saint Germain. Porque é que põe em causa a participação na Liga dos Campeões Europeus? A participação do ABC só tem lógica se pudermos jogar em casa, em Braga. É uma das coisas que nos torna fortes, jogamos para a nossa cidade. A questão é que Braga ficou mais pequena nas infraestruturas do que as próprias competências dos seus clubes, particularmente o ABC/UMinho, que atingiu um nível de competição que a cidade não acompanhou. Não tem um pavilhão que possa ser homologado na Liga dos Campeões Europeus, o que é altamente lamentável. O acesso à competição grande da Europa está a ter um sabor agridoce? Ir à Liga dos Campeões Europeus é um orgulho e um aumento da credibilidade mas é tudo para acumular prejuízo. É para aumentar a fatura da despesa porque as exigências são enormes. A Federação Europeia de Andebol (EHF), que organiza a competição, está a criar dificuldades? Apontam o piso e os marcadores e até se entende. Mas isto é tudo uma pescadinha de rabo na boca. A própria EHF comercializa o piso, vai tudo ter ao mesmo sítio, quem organiza é quem vende, decide e manda. Estamos sempre presos. E as instâncias nacionais? Têm pouco poder. Não têm intervenção nenhuma porque, de uma forma geral, estão lá para se servir e não para servir a modalidade, ou seja, obviamente aceitam aquilo que a Europa mandar, de bom grado. E os clubes que se amolem. Que paguem, que invistam. Começa a ser uma competição para ricos, porque é muito cara. É sempre a pagar. Até as pessoas que eles [EHF e Federação Portuguesa de Andebol] convidam para ver os jogos é o clube que paga. Há aqui uma inversão de tudo, é preciso dar mais importância aos clubes para eles poderem sobreviver. Sem clubes não há associações, sem associações não há federação e está-se a espoliar os clubes até à medula. Mas já é certo que não vão jogar em Braga? Somos resilientes. Não faz sentido jogarmos noutra cidade, seja ela qual for. Acho que vamos conseguir jogar no Parque de Exposições de Braga (PEB), a Câmara [Municipal de Braga] dispôs-se a apoiar-nos no que diz respeito ao piso e aos marcadores para aquele espaço. Vamos ver. E se não conseguirem avançar com a solução do PEB, o que significa não jogarem em Braga? Um grande problema, um grande contratempo. Perde-se o espírito. A nossa cultura é bracarense, regional. Não somos um clube nacional que joga em qualquer sítio, sítio que tem sempre massa adepta. Nós jogamos para a nossa cidade. Somos um clube comprometido exclusivamente com a cidade. A “casa” do ABC é o Pavilhão Flávio Sá Leite, que já tem traçado um projeto de reabilitação mas que ainda não avançou. Porquê? Andamos há dois anos a falar nela. Mas essas são perguntas para outro presidente (risos). Eu confio que ele [Ricardo Rio, presidente da Câmara Municipal de Braga] vai inaugurar a obra neste seu mandato. Diz muitas vezes que é na ligação com a cidade de Braga que o ABC/UMinho tem a sua força e que é em Braga que está a missão do [O ABC/UMinho] Não tem um pavilhão que possa ser homologado na Liga dos Campeões Europeus, o que é altamente lamentável clube, formar cidadãos. A formação é o pilar do clube? É uma vertente muito importante, temos cerca de 300 miúdos, agora também meninas, para ali fazerem Desporto, mas acima de tudo terem uma vida sadia. Porque o Desporto é solidariedade, amizade, ter regras, é ter disciplina, é ter compleição física. Tudo isto junto dá uma mulher ou um homem perfeitos. Dá um cidadão. É a tal “escola de campeões”? É. Não é propriamente pelos títulos, pese embora o ABC possa sublinhar esse aspeto. Nos últimos 30 anos ganhamos 29 títulos na formação, mais outros tantos títulos nacionais nos escalões séniores. Em 2016, em 4 títulos possíveis, o ABC ganhou três e tem o sexto orçamento do campeonato e fê-lo só com jogadores nacionais. O que quer dizer que o dinheiro não é tudo. Porque é que salienta o facto do ABC/UMinho só ter jogadores nacionais? Não temos um estrangeiro e isto não é xenofobia, a verdade é que também não temos poder económico para os ir buscar. Isto tem a ver com racionalidade e rentabilidade de quem recebe dinheiros públicos, os aplica e aposta nos nossos jovens, da nossa cidade. Novamente o compromisso com a cidade. É uma vertente muito importante do clube. O ABC/UMinho deve muito à cidade. A economia de Braga tem ajudado muito. Muitos dos nossos amigos são empresas locais. Não nos podemos esquecer de que somos um clube regional e isso não é propriamente uma fraqueza. É a aposta na formação que liga tanto o clube à cidade? Acredito que ajude. Temos 17 treinadores de formação. Temos miúdos com 3 anos na formação. Estamos em todos os escalões, quase desde as fraldas. Às vezes até parece uma creche. Por regra, o Pavilhão Sá Leite está sempre cheio quando o ABC joga. Houve jogos com gente até no telhado. No entanto, só têm 900 sócios. Uma coisa é o nosso sentimento, outra é a nossa carteira e as pessoas têm pouco dinheiro. Temos jogos com duas mil, duas mil e trezentas pessoas. A lotação do Sá Leite é de 1500. É uma das coisas que pedimos para ter em conta na requalificação do edifício. Mas a afluência aos jogos mostra bem o nosso papel na cidade. E depois temos o melhor parceiro do mundo. A Universidade do Minho (UMinho). Em que medida contribui para o sucesso do ABC a parceria com a academia minhota? Ganham todos. Permitiu que a UMinho fosse campeã na modalidade, que a seleção nacional universitária fosse campeã do mundo. Deve-se a sete, oito atletas do ABC que são estudantes da 33 atletas perfeitos nem autossuficientes. Queremos atletas que precisem do colega para jogar bem. São uma verdadeira equipa. Sim, isso é o que acontece no ABC e torna este clube um “grande”. Ganhar títulos também. Ajuda, isso ajuda. Nós partimos para a competição na qualidade de competidores. Mas competimos assentes em três pilares, dos quais não abdicamos: disciplina, humildade e organização. Estes são os valores fundamentais que temos que pôr em campo. Depois vem a oportunidade de ganhar o jogo. Temos tido essa felicidade e competência. UMinho. Ou seja, permitiu que uma universidade sem licenciatura em Desporto fosse campeã da Europa e desse uma fornada de jogadores de andebol (risos). Já o ABC ganha prestígio com um parceiro destes. Ganha benesses no pagamento de propinas, os nossos atletas não pagam propina. E voltamos à importância da formação. Exatamente. Nós apostamos no conhecimento, nas qualificações e, obviamente, que assim sendo a UMinho só podia ser o nosso primeiro parceiro. Uma grande parte dos jogadores do ABC, da equipa sénior, são universitários. Em 16, temos 12 universitários, isto embaratece o custo por causa da parceria com a UMinho. Somos um bocado aquilo que era a Académica no futebol. São todos muito jovens. E depois temos o Humberto com 36. Disse há pouco que o dinheiro não é tudo. Qual é o orçamento do ABC/UMinho? (risos) Digamos que é um quarto ou talvez 15 ou 20% do Benfica, Sporting ou Porto. O nosso orçamento não chega a meio milhão de euros. Como disse, o dinheiro não é tudo e essa é uma boa escola de vida. O desporto não é dinheiro, passa pela humildade, trabalho, solidariedade. Esse é o segredo do ABC. É evidente que tivemos a sorte de ter o melhor treinador português, que é o Carlos Resende. É um mestre em coaching, na liderança, e isso ajuda os nossos atletas a se superarem. 34 Quanto ganha um jogador do ABC/UMinho? Se quisermos fazer a média, menos de 1000 euros. Temos estudantes que não ganham 500 euros, embora tenham a propina paga. Estes miúdos ganham muito pouco. O atleta mais promissor do campeonato é nosso, é o André Gomes (17 anos) e que seguramente vai ser o melhor atleta nacional, vai ser difícil de o segurar. Para a idade ganha muito, pese embora ganhe menos de 500 euros. Mas estuda de forma gratuita. Fala com orgulho dos seus atletas. Imenso. São verdadeiros heróis. Nós temos a consciência que não temos os melhores jogadores mas temos a melhor equipa, disso não há dúvida nenhuma. Completam-se. Não queremos Voltando à Lida dos Campeões Europeus. Além de jogar em Braga, qual é o objetivo real e qual é o sonho? O real é chegar aos oitavos de final. Acho que é possível. Até porque os potes estão organizados por níveis e os “grandes” estão todos juntos. O nosso grupo está ao nosso alcance. O sonho… bem… se for só pedir, queria receber, em Braga, o Paris Saint Germain. Era sinal que tínhamos passado a fase de grupos. Em 2016, o ABC/UMinho foi campeão nacional, tendo ganho ainda a Taça Challenge, pelo que conseguiu um lugar na fase de qualificação da Liga dos Campeões Europeus. Pela frente, o clube minhoto tem os austríacos do Bregenz, o campeão belga Achilles Bocholt, e o Maccabi Tel Aviv, de Israel. O clube minhoto espera poder jogar a fase de grupos da Liga dos Campeões em Braga, no PEB, que irá sofrer uma intervenção de requalificação no piso, bancadas, marcadores e balneários para o efeito, caso a EHF aceite a candidatura à homologação daquela infraestrutura. Não temos os melhores jogadores mas temos a melhor equipa, disso não há dúvida nenhuma 35 OPINIÃO EDADREBIL AD ADINEVA ,AIMEDACA AMU ED OSICERP ?AÇNECIL EM-ÁD Futebol e Autarquia de mão dada, como nos bons velhos tempos! TEXTO Luís Tarroso Gomes O Sporting de Braga (SCB) está a construir uma cidade desportiva que segundo o seu dirigente valorizará o património do clube em 50 a 60 milhões de euros. Mas, para isso, mais uma vez, foi preciso um empurrão milionário dos contribuintes: a cidade desportiva está a nascer em 100 ou 150 mil metros quadrados de terrenos oferecidos pela Câmara (que os tinha expropriado por 5 milhões de euros para a criação do Parque Norte). É certo que a atual Câmara, ao contrário dos executivos anteriores, rodeou-se de algumas cautelas para o eventual incumprimento do SCB. Mas são, na verdade, soluções juridicamente frágeis no caso de correr mal. A decisão desta generosa doação foi tomada sem prévia discussão pública e sem qualquer participação dos cidadãos. É assim e pronto. Infelizmente mantém-se a política de “cozinhar” soluções para as “vender” ao povo depois como o único desfecho possível. Envolver os cidadãos na discussão, além de não ser compatível com tanta pressa, levantaria certamente questões aborrecidas: Quanto valem os terrenos hoje? O que vai acontecer ao Parque Norte? Que alternativas havia para os terrenos e para o esqueleto da piscina olímpica? Por que razão foram doados e não vendidos? Qual o retorno para a cidade da opção da doação? (e é para isso que nas cidades a sério se fazem análises custo-benefício). Enuncia-se um princípio geral de envolver os cidadãos mas, na prática, restringe-se o papel destes ao orçamento participativo e aos momentos obrigatórios por lei. É muito pouco. Se se quer mudar o paradigma anterior, então a participação dos cidadãos deve passar a ser um procedimento enraizado na tomada de decisões públicas. A pressa significou também graves atropelos à Lei. O Presidente da Câmara afirmou, em finais de Abril, que o parecer do Tribunal de Contas era “um sinal de luz verde para o arranque das obras”. E - coincidência! - o SCB avançou em força. Desde Maio que há grandes obras! Porém, somente no dia 1 de Julho, a Câmara emitiu o alvará autorizando os "trabalhos de movimentação dos terrenos" relativos à construção da Academia (em Julho o projeto não estava ainda licenciado). Ou seja, à vista de todos e durante 2 meses foram feitas obras sem qualquer licença conhecida, procedendo-se a enormes aterros e derrubando-se todas as árvores, incluindo 63 sobreiros. 36 Durante estes dois meses ninguém da Câmara deu pelas movimentações, apesar dos terrenos serem então da própria Câmara! E, claro, a obra não foi embargada, nem os seus responsáveis chamados à atenção. Na inauguração do quartel dos Bombeiros, no início de Junho, mais uma vez os responsáveis da Câmara não repararam nas obras mesmo ali ao lado. E em Julho, na visita às obras da Academia, de novo os responsáveis não repararam que os trabalhos afinal não começaram apenas após o alvará do dia 1 de Julho. É difícil acreditar que em 2016 uma obra desta envergadura esteja em curso sem as necessárias licenças impostas pela lei a qualquer cidadão. Se se tratasse duma marquise antiga de um particular ou do anúncio de um comerciante, seguia logo notificação dos serviços municipais para responder em processo de contraordenação. No tempo de Mesquita Machado, às doações, isenções, facilidades e ao estado de exceção para os grandes promotores chamava-se, e bem, "uma negociata". E agora? Será apoio ao empreendedorismo? OPINIÃO AVENIDA DA LIBERDADE PRECISO DE UMA ACADEMIA, DÁ-ME LICENÇA? “Mesquita, és tu?” TEXTO Rui Marado Moreira N ão é, mas podia ser. Já dei por mim a pensar se serei o único bracarense de direita que fica doido quando vê a actual gestão autárquica, eleita após 37 anos de mesquitismo em nome da mudança que se impunha, a copiar o pior de certos procedimentos da escola antiga. Tentemos arrumar rapidamente com a discussão sobre se a SAD do S.C. Braga precisava ou não que a Câmara oferecesse terrenos para a construção da Academia. Não precisava, nem precisa, porque gasta em qualquer craque sul-americano, desde que bem impingido por um empresário influente, o equivalente ao que poderia investir nos terrenos para o seu centro de estágios. Mas a Câmara deu porque sim, porque é o clube da terra, porque é usual desbaratar recursos em futebol, porque os outros também dão, porque havia o buraco da piscina municipal, porque estavam os terrenos parados e “aqui d'el rei” se uma cidade com dois mil anos ficar dez anos ou vinte sem mexer nuns terrenos. Enfim, é um património que “só” vale alguns milhões de euros, para quê perder muito tempo a pensar nisso? Tudo como dantes, siga para bingo. Aliás, parece haver entidades que em Braga têm o exclusivo do acesso aos grandes negócios. Há meses defendi aqui na Revista RUA que a Igreja tinha todo o direito de levar avante o seu plano para o São Geraldo. E tem. Mas que a Câmara co-financie o projecto em quase dois milhões de euros a dez anos através do arrendamento do que vier a ser o actual Pé-Alado para a Junta de Freguesia de S. Lázaro, isso é um crime urbanístico pago a preço de ouro, sobretudo numa zona da cidade com tantos espaços onde é – aí sim – urgente uma intervenção pública. Nestes casos, como noutros, o mote parece ser idêntico: dar benesses a quem se propuser alimentar a ilusão do obreirismo municipal. Mudam-se os tempos, as lideranças e as finanças, mas não muda o paradigma: três anos após Mesquita, a autarquia bracarense, talvez picada pela percepção popular das “festas e festinhas” (de que a comunicação da Câmara é única culpada) decidiu que era altura de atropelar o que fosse preciso para, ainda em 2017, apresentar o seu Presidente como um “homem de obra” (como o outro). A doença começa agora a apresentar sintomas ridículos: apesar de só este mês ter sido emitido o competente alvará para movimentação de terrenos (o projecto ainda não está licenciado), desde Maio que há obras nos terrenos da Academia. Terrenos esses que ainda eram da Câmara quando as obras começaram “à socapa”. A Câmara viu, mas não quis ver. Ai se fosse com um de nós... Continuamos a ter dois tipos de bracarenses: os normais, que querem fazer pequenas obras no que é seu e logo têm os fiscais à perna; e os especiais, que fazem o que querem no que lhes damos e sobra-lhes tempo. Começamos a ter também a sensação de que mudar era diferente disto. O mal não acaba aqui. A fúria obreirista já faz danos colaterais. As inaugurações do novo quartel dos bombeiros estão a ter pompas e circunstâncias a mais: primeiro inaugurou-se o quartel, depois a data em que os bombeiros se podiam mudar, depois o dia em que podem usar os balneários, depois aquele em que poderão cozinhar, etc. Um dia destes comemorar-se-á finalmente o facto de aquilo estar pronto. Chegou-me também aos ouvidos que, para lá de problemas sérios no concurso público, a pressa na conclusão das obras do PEB poderá colocar em causa nada mais, nada menos, do que a 50.ª edição da AGRO. Uma feira que irá comemorar meio século e que é uma imagem de marca da cidade estará em risco por causa da necessidade de ter obras para inaugurar antes das eleições. A confirmar-se, é um escândalo. Isto estende-se a outros domínios: já sabemos tudo sobre a Noite Branca deste ano, menos quem faz, como foi escolhido e quanto custa. Devem estar à espera que o povo vá de férias em Agosto. No tempo do Mesquita, havia um nome para isto: era a “mesquitada”. Ao Ricardo Rio, em quem votei convictamente, só peço uma coisa: acabe lá com as “mesquitadas”, se faz favor... 37 CONHECER + VILAR DE MOUROS FESTIVAIS DE VERÃO BED LEGS ENTREVISTA FAMALICÃO MADE IN MADE IN IRINA BOTICA, LONDRES MINHOTOS PELO MUNDO Festival Vilar de Mouros, 1971 FOTOGRAFIA Sombras de Alguém IMPRESCINDÍVEL Alojamento portátil pioneiro em Portugal Snoozy Dreams Os festivais de Paredes de Coura, Vilar de Mouros e Meo Sudoeste vão este ano estrear um modelo de alojamento móvel, uma espécie de “hotel” portátil, pioneiro em Portugal. Este ano ainda só será disponibilizado alojamento móvel que albergue duas pessoas e os preços variam, conforme os dias dos festivais, entre os 280 e os 420€. MÚSICA Noites de Verão com cinema ao ar livre Autarquia de Famalicão; Cineclube de Joane; Casa das Artes A iniciativa denomina-se “Cinema Paraíso”. As projecções terão lugar no anfiteatro do Parque da Devesa. Programação: 03/08 - “Joy”; 10/08 “Todos Querem o Mesmo”; 17/08 “The Walk – O Desafio”; 24/08 “As Férias do Sr. Hulot”. Todas as sessões são gratuitas e têm início às 22h00. Braga Até 11 de setembro de 2016, a Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva tem um novo horário de funcionamento estando aberta das 9h30 às 18h00, de 2ª a 6ª feira. Sábados, domingos e feriados encontra-se encerrada. INSTITUCIONAL 40 Teresa Veiga vence prémio famalicense Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco A autora vence pela terceira vez o prémio, na sua 24.ª edição, com a obra “Gente Melancolicamente Louca”. "É com mestria que a autora trata o género, de forma a envolver o leitor nas diferentes atmosferas narrativas que constrói”, justificou assim o júri. LITERATURA 24º Curtas Vila do Conde “From The Diary of a Wedding Photographer” foi o vencedor da Competição Internacional do 24º Curtas Vila do Conde, distinguido com o Grande Prémio DCN Beers. A ficção segue um antigo estudante de arte aspirante a cineasta que foi-se ocupando e ganhando algum dinheiro a trabalhar como fotógrafo de casamentos. CINEMA Concurso de Curtasmetragens para países ibero-americanos Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva com horário de verão Israelita Nadav Lapid venceu o Grande Prémio DCN Beers Município de Braga 'Mirrors' valoriza a criação cinematográfica. O concurso é destinado a jovens realizadores com idade igual ou inferior a 30 anos oriundos dos 21 países da OIJ - Organização Iberoamericana de Juventude. As inscrições são até dia 2 de Novembro e a sessão de exibição de filmes finalistas e entrega de prémios irá realizar-se no edifício gnration a 10 de Dezembro. São admitidos a concurso animações, documentários, ficções e filmes experimentais produzidos em 2015 ou 2016. site: www.mirrors.cm-braga.pt email: [email protected] CINEMA Museu Soledade Malvar com nova exposição Ana Sofia Costa Black and Colours é uma exposição de pintura e grafite que no próximo dia 7 de Agosto vai ser inaugurada na Casa Museu Soledade Malvar, em Vila Nova de Famalicão. Entrada livre, de terça a sextafeira, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 17h30. Até dia 8 de Setembro. EXPOSIÇÕES 41 OPINIÃO D e tempos a tempos, vou tentando perceber o que é que significa realmente e qual a importância da música para mim. Ou melhor, para que serve ou o que vale um tema musical, seja instrumental, uma faixa ou banda-sonora para teatro, cinema ou performance, um soundscape ou... uma canção. E especialmente uma canção, talvez aquilo que mais exige da mão que segura a caneta, dos dedos que tocam as teclas ou as cordas. Na canção estará, talvez, aquilo que é de mais sensível. Para começar, uma canção a sério não mente e exige honestidade. Dentro de uma canção a sério temos de estar nós; só assim ela se prolonga pelos outros e se torna realmente algo vivo e com razão de existir. É instrumento de catarse, é expiação, é um retrato, é um lamento, é uma carta... cada canção é um sopro da nossa passagem por cá. E nós somos complexidade. Será mesmo isso tudo? E de que falamos afinal? Pensemos num mestre (e o que me motivou a escrever este textinho rápido). Recentemente, pelo facto de ter a sua biografia em leitura, estava a revisitar os discos do Leonard Cohen - criador de toda uma escola, uma linhagem. Quando dei por mim a pensar numa canção específica: "Famous Blue Raincoat". Esta deve ser a canção em que o Cohen, conhecido pela sua abertura e desarmante sinceridade em relação à sua própria vida e acontecimentos, guarda reservas formais e diz não dizendo. Nem todo o Zen do mundo o protege daquilo em que a vida o mergulhou. Há uma depressão crónica carregada de trauma que tem algo que a combate: a escrita e a canção. Está tudo aqui nestas poucas linhas e melodias, tudo partido em pedaços de dor. Temos o viver, a Cientologia, os triângulos amorosos, os engramas, dois homens que são o mesmo, uma mulher que são todas, um poema magistralmente escrito e posto em canção. Há demasiado de tudo por aqui... descaradamente escondido, expõe-se o código que roda entre estes velhos e novos "gypsy thieves", código esse intraduzível para palavras. É algo de enorme, é corpo de uma dimensão esmagadora. Na canção, não é possível a um músico que seja apenas competente emular a vida, apesar de se poder safar com sucesso criando meras sensações que oscilem entre a luz e a escuridão. Isso é apenas entretenimento. Isto da canção é outra coisa. Uma coisa muito maior. Não é a indústria ou a encomenda, é mexer simultaneamente nos sonhos e no sistema nervoso central. É habitar em nós. É o quanto vale uma canção. Ainda que a gente não pense nisso. Mesmo a mais corriqueira, quanto vale a canção que leva a noiva ao altar, a que dedicamos a alguém, a que aprendemos a dedilhar, a que ensinamos a um filho, a que ouvimos no primeiro beijo? Seguramente, bastante mais do que os trocos que evitamos sempre dar em troca ("success is survival", L.C.). Este artigo não foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico 42 CULTURA QUANTO VALE UMA CANÇÃO? TEXTO Filipe Miranda journal O ROSTO DA SEGURANÇA DA SUA EMPRESA As mais inovadoras tecnologias, aliadas à segurança permitem que a sua empresa tenha um rosto. Sim. Hoje, pode saber, na hora, quem entra e sai das suas instalações esteja onde estiver. As exigências de segurança nas empresas são cada vez mais elevadas, de forma a garantir o bom estado dos equipamentos, a segurança dos seus trabalhadores e o conforto dos gestores. Garantir estas necessidades aliadas à inovação e à melhor tecnologia é o desafio constante da WFR - WiseFrontier, que preconiza soluções de segurança à medida das necessidades dos seus clientes. “Somos procurados essencialmente por médias e grandes empresas que, diariamente, se deparam com a necessidade de implementar níveis de segurança mais elevados para garantirem o bom funcionamento do seu negocio” referiu Manuel Branco, Diretor Geral da WFR WiseFrontier. Recentemente a WFR implementou mais um sistema de registo facial de assiduidade, desta vez na Latino Group. “Sentimos a necessidade de alterar o layout do edifício, fruto da alteração, com vista ao aumento da capacidade produtiva”, explicou Manuel Cruz, Diretor Financeiro da Latino Group. “A solução implementada cumpre os requisitos relativos ao controlo de ponto, sendo uma solução completa e de simples utilização e configuração. Conseguimos agora, a qualquer momento do dia, saber quem está dentro da empresa e em que sector”. O controlo de acessos, no seu sentido mais lato, permite controlar pessoas, assim como viaturas, que estão ou não autorizadas a entrar num determinado espaço ou local. Este sistema garante a proteção de pessoas e bens móveis e imóveis. Os equipamentos instalados e software especializado e de fácil utilização e configuração garantem o controlo de presenças, acessos e permissões de todas as pessoas autorizadas, de uma forma integrada e de acordo com os protocolos de segurança pré-estabelecidos. O objetivo é o de garantir não só a segurança, como auxiliar estes processos que podem ser realizados remotamente, garantindo uma melhor experiência aos seus utilizadores a um baixo custo. A variedade musical também levou famílias ao festival. 44 VILAR DE MOUROS O rock ainda se ouve na aldeia da “loucura controlada”. Conhecido como "Woodstock português", Vilar de Mouros é o festival com raízes mais antigas do país. A edição de 2016 decorre entre os dias 25 e 27 de Agosto. TEXTO Luís Leite 45 1971 A estratosfera na aldeia e um jovem entusiasmado A ssim como o país, a maior parte dos espectadores eram estreantes: “Nunca tínhamos ido a nenhum festival, não levámos comida, não levámos nada, pensávamos que íamos encontrar sítios para comer, mas não havia”. João Pereira pisou o recinto de Vilar de Mouros em 1971. O caminho não foi longo. Veio de Paredes de Coura com um grupo de amigos. Aos 64 anos recorda a época em que “comunicavam com outros meios”. Surgia então o movimento hippie, que trouxe à pacata aldeia festivaleiros de todo o país. Não é fácil imaginar a aventura que foi ver um festival desta envergadura pela primeira vez, ainda antes do 25 de Abril, onde tudo que se via era virgem. “Havia raparigas nuas a tomar banho num rio de fraco caudal, havia cabeludos e isso espantou-os [a PIDE]”, diz João Pereira. O grupo de jovens, motivado pela música e “porque os bilhetes eram baratos” chegou à aldeia durante a tarde. “Deixámos o carro na estrada nacional 13, na subida para Vilar de Mouros e fomos a pé. Quando chegámos já estava tudo cheio”, relembra João. Vinham com a ânsia de ver Manfred Mann. A falta de comida é um assunto retratado em revistas musicais da época. “Às 02h00 da manhã já não havia comida, já não havia bebida, já não havia nada”, revela. Mas o ambiente que se vivia entusiasmava-os. Imbuídos no espírito festivaleiro decidiram ficar para assistir ao concerto “extraordinário” que Elton John proporcionou: “Já tínhamos o cabelo comprido mas nunca tínhamos visto um espectáculo daquela qualidade”, conclui. DE VILAR DE MOUROS A PAREDES DE COURA: UM CAMINHO SEM RETORNO De Vilar de Mouros 1971 partimos para Paredes de Coura 1977. A história do festival Paredes de Coura remonta a 1977 quando um grupo de seis jovens, entusiasmados pelo que viram em Vilar de Mouros, quis replicar o espírito da corrente hippie que aí se viveu. Entre os organizadores do então “Rock Music Paredes de Coura” encontrava-se João Pereira. Conversaram com António Augusto Barge, fundador do festival Vilar de Mouros, para terem acesso ao material de palco necessário para organização de um evento desta envergadura. A ideia era criar um festival como o de Woodstock: “Falámos com o Doutor Barge que nos veio apoiar. Fizemos esse festival e o segundo, depois acabámos porque um conjunto muito grande português daquela altura não pode vir”. A música vivia uma época de mudança e expansão. Os hábitos alteravam-se. Começava a surgir a música inglesa em detrimento da francesa e espanhola que estavam mais habituados a ouvir. “Naquela altura eramos completamente amadores e loucos! Não se pagava aos músicos. O que era mais caro era a publicidade, não havia meios, na televisão não havia mais que o primeiro canal”, explica. O que significa ter vivido o primeiro festival de música do país? As palavras de João Pereira resumem tudo: “Para quem gosta de rock, um gajo está feito para aquilo”. 46 Festivaleiros assistem aos concertos em Vilar de Mouros, em 1971 No ano de 1971, decorreu o 1º Festival de Rock de Música de Portugal Elton John e Manfred Mann foram os cabeçasde-cartaz A banda de Barcelos que actuou em 1971 E ntre a música moderna para juventude como anunciava o cartaz de 1971 estava uma banda de Barcelos, os Celos. Francisco Pimenta do Vale era o baixista deste conjunto de música de baile. A banda Celos existia desde 1960 mas foi na sua segunda fase que surgiu a oportunidade de se apresentar no festival Vilar de Mouros de 1971, meio ano após a reformulação do grupo. A oportunidade de fazerem parte deste marco histórico deveu-se ao filho do Doutor Barge que os ouviu tocar, gostou e achou que estavam à altura do desafio. Vilar de Mouros foi “único e irrepetível”, afirma Francisco Pimenta do Vale. Nunca tinha ido à aldeia de Vilar de Mouros e “chegar lá foi uma surpresa”. Na época falava-se do lugar como uma zona de lazer. Nunca teria imaginado aquilo que viu, como viu, com “tanta gente, milhares de pessoas, foi uma coisa espectacular”. Vilar de Mouros foi “inédito e irrepetível”, afirma. As surpresas não se ficavam pelo ambiente vivido. Quando chegaram não havia alojamento apesar da promessa feita pela organização. Acabaram por ficar na casa do Doutor Barge, junto ao rio: “Ficámos todos para lá a dormir de qualquer maneira mas o que nós queríamos era estar em Vilar de Mouros, isso pouco importava”, refere. Respirar aquele ambiente era algo que os transcendia: “Tínhamos de dar o nosso melhor”. Francisco ainda guarda todos os cartazes de Vilar de Mouros. Aquilo “foi um lançamento ainda mais rápido do que pensávamos porque só tínhamos meio ano da renovação do conjunto”, conclui. Além da actuação também foram festivaleiros. “Foi óptimo, foi espectacular, foi ímpar e irrepetível, juntar tanta qualidade é difícil. Era o melhor que havia na época”. Francisco já não toca. Por vezes ainda fazia umas brincadeiras mas não tem curiosidade em voltar ao Festival Vilar de Mouros porque “gosta muito de música” e a música de hoje em dia “é uma baralhada, não se percebe o que o vocalista está a cantar e não se ouvem todos os instrumentos”. Com 68 anos diz que já não pode ir por aí acima e ficar numa tenda mas grava os festivais todos e ainda vai ao Rock In Rio. CELOS ARMADOS COM FENDER, HAMMOND, LUDWIG E SOUND CITY Os Celos eram um conjunto de baile e tocavam temas de Shadows, Beatles, Rolling Stones, Jethro Tull ou Deep Purle, entre outros. “Tínhamos duas ou três músicas feitas por nós, o resto eram covers, fazíamos tal e qual ou o mais próximo possível do original”, diz. Após o regresso de José Manuel do Vale, do Ultramar, em 1970, os Celos fizeram uma renovação com direito a um grande investimento em material de primeira. “Decidimos que íamos fazer uma coisa a sério mas não havia dinheiro. Arranjámos investimento e comprámos guitarras e baixos Fender, órgão Hammond, bateria Ludwig e amplificadores Sound City”, diz Francisco do Vale. A instalação que compraram tinha vindo para o Cat Stevens que atuou no Porto: “O Cat Stevens tocou com aquilo. O Govina vendeu-nos a instalação que só tinha sido utilizada daquela vez!” Esta segunda fase da banda também contou com uma restruturação dos elementos, mantendo quatro elementos originais, Joaquim Matos, Domingos Ferreira, Francisco e José Manuel Pimenta do Vale. A estes juntaram-se Mário Cerqueira (teclado) e Domingos Alves (saxofone e flauta). O 25 de Abril determinou o encerramento da banda, com “medo que aquilo não desse”. Todos tinham empregos públicos e com o 25 de Abril temeram que aquele tipo de música desaparecesse, “havia muito a voga da música de intervenção”. Podemos julgar que teria sido a altura certa para continuar. No entanto, cada elemento, pelas suas razões e pelas razões da vida, seguiu o seu caminho. Em 1974, no Pavilhão Municipal de Barcelos, a banda Celos deu o seu último concerto. Neste concerto de despedida tocaram com Pedro Osório que trouxe um contrabaixista estreante, Herman José. O humorista tocou, pela primeira vez, com um baixo, que curiosamente pertencia a Francisco Pimenta do Vale. 47 “Loucura controlada” e outras histórias da nova geração L oucura controlada... sem medicamentos... sem espartilhos! Loucura controlada pela vossa magia e amor!”. Em 1996, o Doutor Barge surgia assim no palco para dar início ao grande Vilar de Mouros. Entre os festivaleiros, os irmãos Coutinho sentiam em todos os poros o amor e a magia: “só quem cá esteve é que sabe o que entranha”, afirma Carlos. Da saudade surge a sensação de liberdade que hoje já “não é a mesma coisa”. “O VERDADEIRO ESPÍRITO FESTIVALEIRO É AQUI! OLHA SÓ A ENVOLVÊNCIA, FAZ SENTIR QUALQUER COISA!” Em 1996, Carlos Coutinho tinha 18 anos. Poderemos dizer que colecciona festivais. As provas estão religiosamente arquivadas numa caixa que traz consigo. Encontramo-nos com ele em Vilar de Mouros, vinte anos após o seu primeiro festival, no local exacto onde há 50 anos começou a génese do que é hoje Vilar de Mouros. Traz consigo uma caixinha onde estão guardadas todas as histórias: “É a minha vida que está aqui”, garante. Tem todos os bilhetes e pulseiras. Em cada bilhete há uma memória: “Quando olho para ela [a caixa] sei que nunca mais verei algumas coisas”. A primeira curiosidade que nos decifra é o local onde acampou: “Foi aqui que aterrei”, confessa. As recordações estão um pouco nubladas mas é com clareza que afirma não haver festival 48 igual. O local do “aterranço” pode não ser exacto mas a magia que percorre a sua alma é uma certeza. Desses tempos ficou a alcunha Nuanda, a vontade de ser livre, “nem que seja por um fim-de-semana” no meio da natureza, no sopé da Serra d’Arga. “O verdadeiro espírito festivaleiro é aqui! Olha só a envolvência, faz sentir qualquer coisa!”. “HOJE HÁ DEMASIADOS FESTIVAIS, PRESCINDO DESSES TODOS, MAS DESTE NÃO” É do Chile que nos chega a voz de António Coutinho, ecoando com entusiasmo para falar dos festivais de verão. Marcando presença em quase todas as edições, desde a temporada de 1996. Tinha 24 anos quando o bilhete ainda marcava o preço em escudos, quando entrou para o recinto do Festival Paredes de Coura. Na época teve de fazer uma escolha, ou gastava o dinheiro para compor os óculos partidos ou usava-o para as férias; escolheu ir ao festival, passando o verão sem óculos. Mas é de Vilar de Mouros que guarda “muitas histórias”. A paixão pelos festivais deve-se muito ao gosto pela música, mas também à liberdade e ao descompromisso, “não há relógio, é a camaradagem”. Desde o roubo dos tachos a ter de levar um amigo ao hospital e regressar à boleia, as histórias são imensas. Para ele, em Vilar de Mouros não há só música: “Gostamos muito de música, mas a envolvente no festival é que é muito boa”. Os irmãos Coutinho, da terra do mata e queima, Soalhães, são fãs de festivais. Até poderemos dizer que é tradição de família porque - descoberta mais recente-, as tias também estiveram em 1971 no mítico, no verdadeiro, o Festival de Vilar de Mouros. Sombras de Alguém HTTPS://WWW.FACEBOOK.COM/SOMBRASDEALGUEM As fotos que vemos a acompanhar esta reportagem mostram o mítico Vilar de Mouros. São fotografias de 1971, da primeira edição do festival como o conhecemos, ano em que actuou Elton John, Quarteto 1111, Manfred Mann, Pop Five Music Incorporated. As fotografias que vemos são memórias que conhecem a luz do dia pela mão de Filipe Bonito. No seu projecto, Sombras de Alguém, recupera rolos antigos e revela-os. Desconhecemos a autoria e as pessoas que aparecem. Amavelmente, Filipe cedeu-nos as imagens para compormos esta reportagem sobre a celebração dos 50 anos do festival de Vilar de Mouros. Esperemos que possamos ajudar a desbobinar a história por traz das imagens. 49 CONHECER ENTREVISTA “É UMA VIDA DE CAIXEIROS VIAJANTES” Os Bed Legs nasceram em 2011. Começaram num sótão e são agora um dos nomes confirmados para o Festival Vodafone Paredes de Coura. TEXTO Rita Macedo e Sara Lopes FOTOGRAFIA Nuno Sampaio 50 F ernando Fernandes (F.F.), na voz, Tiago Calçada (T.C.), na guitarra, Hélder Azevedo (H.A.), no baixo, e David Costa (D.C.), na bateria. Estes são os nomes das personagens principais desta trama. Estrearam-se com o EP “Not Bad”, em 2014, e, em janeiro deste ano, lançaram o primeiro álbum: “Black Bottle”. O que começou como uma entrevista um pouco tímida, depressa passou a uma conversa animada, com muito riso e alguns cigarros. Eles atropelavam-se a falar. O Fernando chegou mesmo a pôr-se de pé e exemplificou uma das maiores peripécias da banda. Baixou-se, saltou para o lado, sorrateiramente, como se estivesse, outra vez, na Arménia, por entre os jatos de água com que lhe queriam acertar. Quais as expectativas que têm para o festival Paredes de Coura? F.F - O Paredes de Coura sempre foi um festival de eleição para todos nós, talvez mesmo O Festival de eleição! Ir ao Paredes de Coura ainda miúdos ver Queens of the Stone Age ou Pj Harvey e, agora, termos a oportunidade de lá ir tocar e mostrar o nosso som é algo indescritível. Há um sentimento de realização com este convite. Faznos sentir que estamos a trabalhar bem. Agora é chegar lá, deixar tudo em palco e desfrutar do momento. Qual foi a sensação de terem conquistado um lugar na editor’s pick na Balcony TV de Nova York? H.A. - Foi uma sensação do caraças. (risos). F.F. - É altamente porque estamos a chegar a mais público e internacional. É sempre muito bom chegar aos Estados Unidos, nem que seja só a 10 pessoas pela internet. T.C. – Foi muito engraçado porque eu pensei que tínhamos sido escolhidos só em Lisboa. gados. Ninguém anda positivamente positivo, em Portugal. Ninguém anda positivo com 500 euros por mês. A garrafa negra é este país. T.C. - Na altura em que estávamos a gravar, não foi fácil o processo todo e isso também acabou por se refletir. Lá está, uma pessoa escreve e toca segundo o que vive. Não é nada pensado. Acaba por acontecer. Como surgiu a ideia de usar o crowdfunding para financiar o Black Bottle? H.A. - A pior ideia do mundo! F.F. - Não sei se foi a pior ideia… Não nos preparámos, nem levámos aquilo a sério. Foi a primeira vez que fizemos. E só no fim é que nos apercebemos que é uma coisa que tem de ser muito intensa desde o início, a nível de pré-produção. É um trabalho full-time. Mas surgiu porque nós precisávamos de ajuda. Desde o início que somos nós que alimentamos isto e há alturas em que é muito difícil. Então, numa altura de desespero nós tentámos arranjar portas. O crowdfunding foi uma das portas que se abriu, mas não resultou bem porque nós não nos preparámos. T.C. - Escolhemos mal a altura do ano e também não sabíamos bem o que estávamos a fazer. Quando demos conta, já não tinha resultado. É como o Fernando diz, é preciso massacrar e nós não temos essa personalidade de estar: “olha, pessoal, está aqui!!!”. Gostamos de fazer música e claro que também há a componente de a vender, mas, se calhar, nós não somos bons na parte do: “olha, dás-me 5€ e depois dou-te aquilo…”. Não somos vendedores. Qual é a vossa ligação ao projétil? F.F. - O projétil é uma associação da qual eu faço parte, era uma associação e é agora um coletivo artístico. Mas antes de eu fazer parte desse coletivo, o projétil acolheu-nos. Cederam-nos lugar para ensaiar porque nós estávamos a precisar. E começamos aí. Depois comecei a envolver-me e estou agora a tomar conta do projétil, faz já três anos. E tem sido o nosso atelier também. H.A - E a parte gráfica é toda de lá, também. F.F. - O projétil é um dos nossos braços direitos. Tanto dos Bed Legs, como de muitas bandas cá de Braga. Lá também ensaiam muitas bandas do underground, de vários estilos musicais. E também pintores, designers, ilustradores… Fernando, muita gente diz que tu dás outra vida aos concertos, que mostras várias personalidades. É a música que te transforma? F.F. - Tem tudo a ver com a ligação com o público. Antes de ser artista, sou espectador e gosto muito de ver concertos e fazer moche, saltar, cantar, fazer crowdsurfing - Ia dizer crowdfunding. (risos) Saltava lá para o meio e perguntava “queres comprar?”. (risos) Usar crowdfunding durante o crowdsurf. Cd’s numa mão e recebia dinheiro noutra (risos) - e tem tudo a ver com essa relação espectador/artista. Muitos críticos consideram-vos uma lufada de rock’n’roll há muito esperada em Portugal. Vocês concordam? H.A. - Claro. É evidente que concordamos com tudo o que seja a dizer bem de nós (risos). Se disserem bem, estão corretos…se disserem mal… (risos). T.A. - O que acontece é que há muitas bandas fixes. Mas há uma tendência de se colarem a alguma coisa. Quando aparece uma banda lá fora como os Tame Impala, há 100 bandas a fazer o mesmo som. Nós fazemos parte das bandas que A garrafa existe? F.F. - Já levamos uma ou duas vezes uma garrafa para concertos, mas depois esquecemo-nos. Mas usámos nos vídeo-clips. E é uma metáfora. É uma coisa que não é bem palpável, mas paira sempre sobre nós, e nos acompanha para todo o lado. É uma garrafa que nos dá de beber e dá energia. Porque é que vocês consideram o álbum Black Bottle como um lamento? F.F. - Tem a ver com o imaginário e com o conteúdo do álbum. Se ouvirem as letras, notam que não são letras de celebração. São mais reflexões de alguns momentos que foram difíceis na nossa vida. Basicamente, é um sentimento negro, senão tínhamos a capa do álbum a cores. H.A. - E não é um sentimento só nosso, é a situação do país. O país lamentava-se. A troika estava aí. As pessoas andavam todas a mandar vir. Nós estávamos os quatro desempre- 51 Fizemos uma viagem de seis horas em que estivemos para morrer. Agora, tem piada. Na altura, não teve piada nenhuma. O que são os Bed Legs, numa palavra? T.C. - Família. H.A. - Compromisso. F.F. - Garra ou atitude. De todas as músicas que vocês têm, há alguma preferida? H.A. - Para mim, é a “New World”. É a que ouço menos e a que menos temos ensaiado. F.F. - Nós gostamos de todas. Depende do dia. Se estivermos a andar de carro, assim num dia mais solarengo, há músicas que talvez não iremos ouvir. não se colam a nada, fazemos o que gostamos. H.A. - Os concertos também correm bem porque o Fernando é o que é. Fazemos o que fazemos e não estamos colados a nada, nem com rodeios. Fazemos o que somos e não temos vergonha. F.F. - Acima de tudo, nós somos apaixonados pelo que fazemos. Depois, as pessoas têm várias opiniões. É bom que tenham uma opinião positiva sobre nós e ainda bem que há pessoas que acham que estamos a contribuir para a cultura musical Portuguesa. H.A. - Nem é tanto o nosso conteúdo musical. É mais a nossa energia… Não é nada pensado. T.A. - A lufada de ar fresco vem daí… fazemos o que sai. É rock porque gostamos e ouvimos rock. Como é tocar numa queima? F.F. - É espetacular. Normalmente, ensaiamos numa sala pequena e estamos habituados a pouco espaço e, de repente, temos um espaço enorme que podemos utilizar à vontade. Tens duas ou três colunas só para ouvir a tua voz. Tens tanta gente, mais do que o costume, e, em vez de tocares num bar para 50 ou 100 pessoas, tocas para 400 ou 500. No final do nosso concerto, no dia de Buraka, já estava muita gente, acho que nunca tinha visto tanta gente num concerto nosso. Já tocamos em duas recepções, um enterro, uma latada e um arraial. E ocupaste o palco? F.F. - Acho que sim, por acaso divertir-me muito nesse dia. Como foi fazer parte da programação das festas de S. João? F.F. - Foi muito bom. Mal recebemos o convite, 52 aceitamos logo. Dá sempre uma "pica" especial tocar em Braga. Ora tocar em Braga, com os SMIX SMOX SMUX, banda da qual somos amigos e adoramos o som, no Palco RUM e nas Festas de S. João, foi algo de brutal. Sentimos logo que ia ser especial. Tocar numa festa popular foi algo que também achamos engraçado e deu para chegar a pessoas que normalmente não estariam num concerto nosso ou nem conheceriam a banda! Resumindo, para nós, enquanto banda, foi demais e acho que para a malta que foi assistir também. Pelo menos, ficámos com essa sensação! E agora, o que tem planeado? Depois deste CD o que vem aí? T.C. - Para já, a ideia é tocar e curtir o CD. De imediato é isso, curtir o CD e curtir o CD é dar espetáculos. F.F. - Ainda estamos tão dentro disto que ainda não pensámos muito no que vem a seguir, claro que já temos algumas ideias. Mas ainda estamos no processo. Ainda queremos gravar mais um videoclip e talvez ainda vamos usar mais art work. Estamos no processo de gozar, mas ainda temos muita laranja para espremer, muito sumo para sacar. Porque também fora da música, pelo menos eu e o Hélder, gostamos de pintar, desenhar, escrever, de realizar. E com essas áreas podemos puxar muita coisa para os Bed Legs. Há assim alguma história engraçada? T.C. - Apanhamos um condutor, na Arménia, um bocado passado. O homem não falava nem uma palavra de inglês. Só sabia dizer “merci”. Ele era maluco a conduzir, fazia cada ultrapassagem! Como banda, qual foi o momento mais marcante? F.F. - Não há um mais marcante, mas talvez a apresentação do EP na TOCA. Teve casa cheia. Vendemos muitos cd’s. Foi muito bom. Tivemos um público muito diversificado. Isso é brutal. E pessoas com faixas etárias diferentes e com gostos completamente diferentes a convergir num evento e a vibrar todos ao mesmo tempo. Foi demais. H.A. - Acho que foi mesmo o nosso melhor concerto. Como surgiu o convite para ir à Arménia? F.F. - Teve a ver com a associação, a TOCA. A Arménia estava a recrutar bandas da Europa toda para representar cada país. Nós representámos Braga e Portugal. Era um festival pela paz porque a Arménia tinha muita tensão militar com o Azerbaijão. Foi altamente. Tocámos no parque do amor, na capital, em Erevan. E um momento muito marcante foi a luta de água, em Erevan. Eles têm um evento, uma vez por ano, em que não podes sair à rua. Se saíres, vais molhar-te todo, porque as pessoas atiram-te com água. Não querem saber se és uma criança ou um idoso. Molham toda a gente. Então, tens de pôr o teu telemóvel, carteira e assim tudo em sacos plásticos para não se molhar. Aquilo é mesmo uma tensão. Tu andas na rua a fugir. E quando vês uma garrafa, pegas nela logo e pedes a alguém para encher. É uma guerra autêntica. (risos) Há aquela sensação que temos de nos proteger uns aos outros. É muito fixe. O que dá mais gozo nisto de tocar ao vivo é mesmo viajar e poder ter estas experiências. É uma vida de caixeiros viajantes. OPINIÃO FESTIVAIS VER RADIOHEAD OU “DAR PÉROLAS A PORCOS” TEXTO José Manuel Gomes D epois do NOS Primavera Sound – sobre o qual já tive oportunidade de escrever – seguiu-se agora uma romaria ao outro NOS, o Alive. No cartaz havia Radiohead, Foals, Tame Impala, Two Door Cinema Club, entre outros (para não falar dos outros dois dias). Antes de lerem isto, digo já que sou um acérrimo admirador de Radiohead; mudaram paradigmas na música, conceitos, criaram verdadeiros hinos. Tudo isto dentro dum mundo próprio que só a eles pertence. Ao contrário de grande parte das bandas, onde o percurso das mesmas vai do genuíno para o pop vendável, com o decorrer dos sucessivos lançamentos, porém, com estes cinco foi precisamente diferente: apareceram com “Creep”, música que tinha tudo para os criar e arruinar num ápice, como uns quaisquer “one hit wonders”. Mas não: os Radiohead foram, paulatinamente, disco-após-disco tornando-se mais densos, frios, gélidos, geniais, únicos. Ninguém é como eles, nem que o queiram. Aqui, com eles, o processo criativo, a marca artística será sempre um interesse superior ao número de cópias que se vendam. Quem mais é assim? Contudo, não fui daqueles que mal se anunciou o nome dos Radiohead se despachou a comprar bilhete. Não está em causa o ser mais ou menos fã deles do que os outros, mas sim o facto de já ter visto este quinteto inglês um par de vezes, exactamente no mesmo contexto - de festival – nos últimos 4 anos. O que me levava a querer vê-los era o facto de estarem a promover o mais recente trabalho, intitulado “A Moon Shaped Pool”, que para mim está entre os três melhores trabalhos da já longa e incrível colectânea que possuem. Era este aditivo que me levava a querer ir a Lisboa, ao NOS Alive, no dia 08 de Julho, quase que por exclusivo. Sim, sou grande admirador de Foals e Tame Impala, ainda para mais no mesmo dia e no mesmo palco. Porém, nem tudo é perfeito: O NOS Alive consegue juntar e criar, na minha opinião pessoal, o melhor cartaz alguma vez feito num festival português, mas o recinto, o local onde todos aqueles autênticos All-Star da música global actuam, não poderia ser mais ingrato. Confesso que o ambiente de festival já é algo que me começa a cansar, sobretudo porque já não o sinto presente na maior parte dos ditos festivais. Este contra-senso explica-se em casos como o NOS Alive, onde o recinto não nos faz sentir num ambiente de música e descontraído; antes há um afunilar de pessoas sem qualquer preocupação de como elas possam sair de lá. Basta dizer que não há qualquer inclinação no palco para que entre as 60.000 pessoas que lá vão diariamente consigam ver minimamente quem toca. Resta, a quem fica mais para trás, acompanhar o concerto através de ecrãs gigantes. É como ver em casa, mas a ouvir os ecos do palco. Sim, nem o som de palco safa. 54 Seja como for, lá estava novamente com a missão de ver aquela que é, para mim, a melhor banda do mundo, mas sem o mesmo entusiasmo de outrora. Para alguns conhecidos, ver Radiohead é um dos objectivos de vida; como eu os compreendo, mas gostava de os ver num contexto de nome próprio, numa sala, com o som próprio para eles, com tudo feito à medida e preparado convenientemente. Mas mais do que isso: em que só lá estivesse quem realmente os quisesse ver. Não deixa de ser curioso ver um dia que supostamente esgotou em poucos dias a bilheteira, ter tanta gente desatenta ao concerto ou a reagir apenas aos “hits”, ou a dizer que não conheciam mais de metade das músicas. É como diz aquela expressão: “é dar pérolas a porcos”. O auge da noite – até para mim – foi quando tocaram o malogrado tema “Creep” antes de encerrar com “Karma Police”. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, certo? Passaram mais de 10 anos sem tocar a música que os trouxe ao estrelato, mas um mudado – divorciado de fresco, antes – Thom York pode ter ajudado ao regresso da música que lhes trouxe nome. A julgar pela reacção do público e pela perfeição em palco que ali se formou, ainda bem! Foi de arrepiar. Irrepetível, diria. Em suma, o concerto foi muito competente, com um Thom York extremamente comunicativo, e com um alinhamento a roçar a perfeição. O que falhou? As condições de som terríveis e o recinto desapropriado. Terminado mais este dia, segue-se agora, em Agosto, o meu regresso ao “Couraíso”, o paraíso da música para todos nós. Famalicão Made INcubar – Polo Riopele. CONHECER MADE IN O PULSAR DAS IDEIAS NOVAS Reconhecida como a segunda maior economia do Minho e o terceiro município mais exportador do país, representando 3,7% das exportações nacionais, Vila Nova de Famalicão está a ver crescer uma geração Made IN, marcada por ideias de negócio inovadoras e alavancadas pelos grandes impérios industriais da região. TEXTO Andreia Ferreira C om uma força têxtil irrevogável, Vila Nova de Famalicão ergue-se como um dos municípios mais exportadores do país. Sozinho, o concelho minhoto garante 10% das exportações portuguesas do sector têxtil, graças às 850 empresas da indústria transformadora têxtil e do vestuário, desde a Salsa à icónica Inovafil, que proliferam pelas áreas limítrofes da cidade. Não é à toa que os melhores laboratórios do mundo na análise, investigação e certificação de têxteis – o CeNTI e o Citeve – possam ser encontrados aqui, dado o tamanho know-how e experiência do concelho nestas matérias. Mas, com o passar dos anos, Vila Nova de Famalicão afirmou que nem só de têxteis se faz o seu fervor. Numa tentativa de criar um ADN multissectorial, captando o interesse de empresas das áreas da metalurgia e do sector agroalimentar, por exemplo, a cidade tem-se mostrado um autêntico paraíso industrial, garantindo emprego e muita vontade de investimento. Ciente da capacidade da geração mais jovem, que fervilha de ideias e procura por um lugar no mundo dos negócios, Vila Nova de Famalicão vê hoje no empreendedorismo uma forma de enriquecimento do prestígio municipal. Com a promoção do desenvolvimento económico em mente e numa procura por valorizar a genética empreendedora interna, captando novos investimentos que permitam auxiliar os empresários famalicenses a levar avante os seus projetos, o município apadrinhou uma iniciativa nobre e estimulante: o Famalicão Made IN. rial, direcionada para a exploração do potencial económico do concelho – Famalicão Made IN. Reforçando a ideia de que o município era um bom destino para viver e investir, esta campanha visava estimular a atratividade de Vila Nova de Famalicão em termos de captação de investimentos nacionais e internacionais, sem esquecer o incentivo ao empreendedorismo empresarial que já existia. Na altura, a ideia parecia ambiciosa, mas os resultados foram aparecendo à medida que a cidade contava os dias. Foram então apontados três pilares de ação: Famalicão Made INcubar, onde se enquadram dois polos de incubação, Famalicão Made INvestir e Famalicão Made INcentivar. Articulados entre si, estes eixos de intervenção vão dando aso a programas e ações que materializam a estratégia da inicia- tiva Famalicão Made IN, fortalecendo a genética empreendedora e a vocação exportadora natural do concelho. “O Famalicão Made IN procura valorizar as empresas, facilitar a sua atividade e o seu crescimento, atrair novos investidores para o território e estabelecer uma interligação estreita, permanente e construtiva entre as empresas, a autarquia e as instituições, particularmente as que estão ligadas ao ensino e à investigação”, refere a Câmara Municipal. Abrangendo projetos empresariais de natureza, alcance e dimensão diversa, o Famalicão Made IN tem garantido o contacto permanente entre startups e empresas já maduras, muito graças ao Gabinete de Apoio ao Empreendedor, ou Espaço Famalicão Made IN, que se encontra na Rua Camilo Castelo Branco, número 108, junto ao edifício da Câmara Mu- Presidente da Câmara de Vila Nova de Famalicão no roteiro Made In, com Alma de Luce. GENÉTICA EMPREENDEDORA Em novembro de 2013, a Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, com Paulo Cunha à frente das hostes, assinalava o início de uma campanha de valorização e afirmação territo- 57 nicipal; ao programa de aceleração de startups intitulado Elevador; e a uma rede de mentores composta por empresários de renome da cidade, que orientam os empreendedores. UMA REDE DE MENTORES DE EXCELÊNCIA Com vista a troca de ideias e experiências entre os rostos dos grandes impérios da indústria famalicense e os novos cérebros empreendedores da cidade, a iniciativa Famalicão Made IN delineou um programa de aceleração de startups – o Elevador. A ideia é simples: numa tentativa de fazer progredir as pequenas empresas e fixar no concelho negócios de crescimento rápido, o programa Elevador reúne os principais empresários locais para apoiar, durante seis meses, as startups instaladas nas incubadoras Famalicão Made IN e as empresas que estejam a desenvolver os seus planos de negócio no Gabinete de Apoio ao Empreendedor. Vestindo a pele de mentores, Filipe Vila Nova (Salsa), José Alexandre Oliveira (Riopele), Renato Cunha (restaurante Ferrugem), Raquel Vieira de Castro (Vieira de Castro), Tiago Freitas (Porminho) ou Jorge Ferreira (Meia Dúzia) são alguns dos nomes que compõem esta rede de excelência, representando os vários sectores industriais. nhar cerca de cem novos projetos empreendedores, tendo 60 deles já resultado na criação de empresas e na geração de cerca de uma centena de postos de trabalho”. Na verdade, ao longo do período de duração desta iniciativa, foram muitas as ideias que encontraram bom porto. A Camionete (projeto de street food que se dedica à comercialização de sandes de cachaço de porco num veículo ambulante), Ritual (medicina preventiva, reabilitativa e bem-estar), Another Life (venda de roupa e acessórios em segunda mão), OldCare (serviços gerontológicos), LikTuga (confeção de vestuário com incorporação de cortiça), Miss Pig (comida gourmet), Go Gal – Access Portugal (agência de viagens incoming) ou Pluma Barber Shop (barbearia tradicional para homens) são apenas alguns dos exemplos de sucesso do Famalicão Made IN. Juliana Brito, Another Life a sua empresa dá uma nova vida a peças de roupa e acessórios em segunda mão e vintage. AS INCUBADORAS Há um ano, as portas da mítica Riopele, uma das mais distintas empresas do sector têxtil da cidade, abriam-se para a primeira incubadora de projetos, no âmbito do Famalicão Made IN. Resultado de um protocolo entre o município e a Riopele, esta incubadora foi o berço de várias ideias de negócio inovadoras. No momento, são oito os projetos empresariais famalicenses albergados nas instalações fabris desta empresa de referência nacional e internacional. Todavia, fruto das ideias que brotam na cidade, um segundo polo receberá mais dez empresas dentro de três meses. Localizado no Edifício Globus, na zona industrial de Vilarinho das Cambas, este mais recente polo de incubação e coworking dará acesso a condições especiais para o desenvolvimento de negócios, durante três anos. De acordo com o Presidente da Câmara, Paulo Cunha, que tem colocado as visitas aos ícones empresariais do município – Roteiro Made IN – na sua agenda, esta abertura é “mais uma resposta à inquietude, à ambição, à necessidade e à motivação” existente em Vila Nova de Famalicão. UMA GERAÇÃO MADE IN Acompanhando todos os projetos em curso, Augusto Lima é o coordenador do projeto Famalicão Made IN. Nas suas palavras, o Gabinete de Apoio ao Empreendedor encontra-se “a acompa- 58 Diego El Pluma, na Pluma Barber Shop, empresa apoiada pelo Famalicão Made IN. CONHECER MI el do p S O O NH T o M un “NÃO ERA ALGO QUE ESTIVESSE NOS MEUS PLANOS” Irina Botica, educadora de infância, partiu para Londres após seis anos consecutivos a tentar colocação no concurso público de professores. “Todos estes anos concorri e nunca fiquei colocada”. A vitória do Brexit deixou-a desiludida e com a sensação de que existem outras pessoas a interferir no seu futuro. TEXTO Sofia Peres D epois de Renato, o atual marido, ter emigrado, Irina começou a refletir sobre as suas oportunidades profissionais. “Vi-me confrontada com a possibilidade de emigrar”, confessa. Todavia, só tentou a sua sorte quando o marido conseguiu um contrato permanente. A fevereiro de 2012, a educadora chegou à capital inglesa e arranjar emprego “foi extremamente fácil”, afirma. “Tive três entrevistas numa semana! Ofereceram-me o lugar nas três. Eu escolhi a que mais me agradou. Em Portugal perdi a conta aos currículos que enviei”. A adaptação decorreu sem grandes complicações. A maior dificuldade foram mesmo as saudades de casa. “Não estar presente fisicamente nos aniversários, não ver os mais pequenos a crescer e não ter os mimos da avó foram os maiores obstáculos que encontrei cá fora”, revela. Porém, as visitas a Portugal são assíduas: “Tentamos ir mais ao menos de quatro em quatro meses e o Natal tem que ser sempre em Portugal”. O sim à saída de Inglaterra da União Europeia deixou-a desiludida. “No trabalho, os proprietários da escola tiveram o cuidado de perguntar como me sentia e de reforçar que não concordam com o resultado do referendo”, contou. Como vive no centro de Londres, e as pessoas de Londres eram contra este referendo, ainda não sentiu qualquer tipo de consequência. Porém, afirma que “a situação fora de Londres é mais complicada, porque é onde se tem que lidar com as pessoas que votaram para sair”. Irina não acha que o referendo vá alterar a sua vida de forma imediata. Contudo, irá certamente afetar o seu futuro. “Já tínhamos falado na possibilidade de no futuro irmos viver para o countryside, mas já não estamos bem certos de que será uma boa escolha. Para além disso, vamos iniciar o processo de obtenção de passaporte inglês”. A vontade de regressar a Portugal definitivamente existe, mas considera que este é um plano a muito longo prazo. Por enquanto, limita-se a aproveitar as oportunidades e a qualidade de vida que Inglaterra lhe pode proporcionar. 59 DESFRUTAR + VIANA DO CASTELO VISITAR PRAZER DA NATUREZA ESPAIRECER ROTEIRO PELA SERRA D’ARGA EXPLORAR MODELO CHAVE NA MÃO BRACARA IMÓVEIS RITA ALMEIDA ESTÁ NA RUA INSTAGRAM RUI LEITE GONÇALVES HUMOR FOTOGRAFIA Luís Leite VISITAR O QUE VISITAR EM VIANA DO CASTELO Com um design com influências manuelinas e renascentistas, a arquitetura contemporânea de Viana do Castelo veste-se pela história dos descobrimentos e desfila pela foz do rio Lima, sob a colina de Santa Luzia. TEXTO Liliana Fonte Gonçalves Estação de Comboios de Viana do Castelo Numa construção que mescla madeira, granito, azulejo e materiais como o ferro, a estação de Viana está próxima do centro de cidade e cumpriu este ano 138 anos de existência. L O nel lum reh uf n oãç Santuário de Santa Luzia Caracterizado como a “Princesa do Lima”, o santuário ergue-se no monte de Santa Luzia e oferece uma panorâmica sobre a cidade. É um dos ex-líbris da cidade que concilia o mar e o rio. E mar mat man ro a d o rutla ed a hnil sac c o fi o m d om dile v eda e d e q sosr eu e ed d s e lc dut o s t otro cipí fiárg .soc D iope a ed s rob e odam d a up ,od ofnoc cilb i in ema emr 62 Trabalho em Filigrana Arte da joalharia portuguesa, exclusivamente manual, exige aos artesãos um trabalho minucioso com fios pequenos de metais como ouro ou prata. São exemplo os corações de Viana. Navio-hospital Gil Eanes Construído em Viana do Castelo em 1955, foi durante décadas navio de apoio hospitalar à frota bacalhoeira. Desativada essa frota, foi restaurando e funciona hoje como museu. Estátua de Caramuru Estátua inaugurada na passagem de ano de 2009, tem cinco metros de altura e três de largura, dedicada a Caramuru, navegador vianense que viveu entre os índios do Brasil. Museu do Traje Dedicado aos trajes rurais do concelho, o museu tem o objetivo de mostrar a identidade e o património etnográfico vianense. O traje à vianesa é feito de linho e várias cores. Funicular de Santa Luzia É a mais longa viagem de funicular, ou elevador, de todo o país, com duração de sete minutos num desnível de 160 metros e com um percurso de 650 metros. Um símbolo da cidade. Louça de Viana Autênticas peças de colecionador, a louça de Viana é pintada à mão em tons de azul e branco ou cor-de-vinho. Nas lojas da cidade podem encontrar-se peças originais e únicas. OS s ela op ad mo i r O c te a co h en AM lm e tin N a n I S i VII g i O de da or I - X ino. D ta I oi uis vam O o f . XV emin q d e a Ç n a séc e f N co xim s d os à or j am o no o tra a a apro rado ciad e LE r n a lta d v s d d o os à fa is p s se ua ass do po ão ço s do oraç nta riga os q ais nhad vido rros n e n e c e le m pa am cio SápadedeMiranda O lher a de Teatro i da Municipal tes ra av m e, fun o as ord trad aco qu stan mu ção e ba mà nitaliana, e 131 b nescom o d r r n é s Teatro anos, projetado tiv b ua fu o m ta mp mo pe tam o q r. Es s e íc , se u a inha res com a t e a o m d s s n o ã o a por José Geraldo da Silva Sardinha ra ca ç a o l ar tiv Er co mo e mo dica vam ra, ue tiliz síve s u na ra dem regtrês m forma de ra dealtferradura o u ordens plateia de u po nte o e alt o co de e ecla da m m h d ica era mes ão u lin elida ue Tem o t p camarotes. capacidade de 400 lugares. ç do tí q en en fid sos dos . o l ão -se r o, opç idia ve estu ficos d c a á a de d de ogr or me , t or e b for não is d con ou o p o e nte o. e D ad me çã a am blica a rel pu io d c i in D RA Castelo São Tiago da Barra Também conhecido como Forte de Santiago da Barra, o castelo está na freguesia de Monserrate. De arquitetura militar, destaca-se numa das portas um escudo real, estilo rococó. Chafariz da Praça da República Concluído em 1559 é obra do mestre canteiro João Lopes "o velho”. Durante séculos foi ponto de abastecimento de água potável da população vianense e referência urbana do burgo. 63 DESFRUTAR ESPAIRECER NATUREZA QUE NOS ENVOLVE Onde antes encontraríamos um parque de campismo na Estrada do Funchal em Vilar de Mouros, hoje encontramos um aldeamento turístico com mais de trinta quartos. Entre o mar e o rio, Vilar de Mouros afirma-se como um local inigualável de fuga à cidade. TEXTO Sofia Moleiro P razer da Natureza - Resort SPA é um aldeamento turístico de quatro estrelas que apresenta um conceito alternativo. Inserido na natureza, transmite calma e pureza. Ideal para quem procura um local sossegado para descansar e deseja abraçar o sossego que o campo transmite. Aqui podemos respirar o ar puro, sentir a água fresca do mar e dos rios, descansar no silêncio da serra. Vilar de Mouros ficou maioritariamente conhecido pelo seu festival eclético que trazia multidões até à pequena aldeia. No entanto, há muito para descobrir em toda esta zona. DE PARQUE DE CAMPISMO A RESORT Em tempos, estas terras albergaram sulcos para tendas. Era aqui que muitas famílias e amigos passavam dias de campismo. O parque fechou e a família de Barcelos que idealizou o atual espaço viu o parque degradar-se. O objectivo seria reabilitá-lo, baseando-o num novo conceito de parque de campismo com mais conforto e qualidade. 64 As villas habitam os antigos espaços das tendas, a piscina exterior encontra-se na mesma zona, a recepção do Prazer da Natureza fica exactamente no mesmo local da anterior. Nuno Santos, director do resort conta-nos que há alguns hóspedes curiosos que entusiasmados com o recente empreendimento percorrem o resort apontando: “a minha tenda era ali”. VILLAS E APARTAMENTOS Entre os jardins floridos erguem-se villas e apartamentos. Cada villa tem entre um a dois quartos, casa de banho privativa, área de estar com televisão e uma kitchenette equipada. A decoração foi inspirada no homónimo festival da freguesia. Os apartamentos são semelhantes às villas tendo ainda vista sobre o resort proporcionada pela varanda. Os tons terra das villas fundem-se com a paisagem. Os materiais utilizados em todo o equipamento são modernos. Absorvem o calor durante o dia e mantêm a temperatura à noite, mesmo assim, cada villa e apartamento está equipada com ar condicionado. As pequenas casas estão viradas a poente para aproveitarem ao máximo a luz solar. Ao passear pelo resort sente-se o aroma das plantas aromáticas e das árvores de fruto. A caminho da piscina, é possível retirar um maracujá das árvores que crescem junto às villas. SERVIÇOS E ACTIVIDADES A paixão por plantas manifestada pelos proprietários inspirou o logótipo e o ambiente do resort, “a família gosta muito de plantas”, refere Nuno Santos. A tulipa, símbolo do empreendimento antevê os jardins que percorrem o espaço. Em breve será possível ver tulipas que já foram plantadas. No Prazer da Natureza podemos encontrar restaurante, bar, serviço de take-away, spa, piscina interior, ginásio, campos de squash e ténis. Existem também muitos locais para visitar em Viana do Castelo e na Serra d’Arga. Conforto e modernidade aliam-se com o ambiente para proporcionar um Prazer da Natureza. PRAZER DA NATUREZA RESORT & SPA QUARTOS Ideal para famílias [email protected] [email protected] WI-FI GRATUITO (+351) 258 724 414 (+351) 965 492 966 KITCHENET (necessário requisitar Kit de cozinha) · Serviço de take-away · Restaurante e Bar Estrada do Funchal, 989 4910-584 Vilar de Mouros Caminha | Portugal ESTACIONAMENTO 65 PETISCAR SERRA D'ARGA: UM MUNDO DE SABORES Na Serra d’Arga, na aldeia de Dem, é possível encontrar uma Quintinha com saborosos pratos. A Tasca da Quintinha é um espaço carinhosamente pensado pela família Pires. TEXTO Sofia Moleiro FOTOGRAFIA Luís Leite O chão tinto escuro, as cadeiras desenhadas em diferentes trejeitos e os móveis de madeira desvendam uma casa rural que nos acolhe em saborosos pratos. Os sabores são regionais, confeccionados com produtos locais, “é tudo aqui da zona”, refere com orgulho Flor Maia, proprietária. Peixe ou carne, tudo nos deleita na Tasca da Quintinha. A Tasca da Quintinha é o restaurante da Quintinha d’Agra, um projecto de Agroturimo, situado em Dem, aldeia do concelho de Caminha. Queijos, presunto, azeitonas e pão povoam a mesa dando a anteceder os pratos principais. Carne barrosã, arroz de pato, bacalhau com broa, polvo ou o famoso cabrito no forno, fazem parte da ementa. Os pratos acompanham os produtos da época e apesar de estarmos em plena Serra d’Arga há peixe à escolha: “Há tradição de peixe aqui, porque as peixeiras de Vila Praia de Âncora traziam para trocar por carne”, explica-nos Flor Maia. O aroma enebriante das carnes chega-nos e entranha-se. O prato tipicamente recheado servido em prato de barro é delicioso de saborear. A acompanhar o vinho da casa, também da região. As sobremesas são variadas mas a destacar o cacau de vinho, uma sobremesa preparada com vinho verde e cacau. Após degustar todas as iguarias com que se possa deleitar, sobra apenas espaço para o Xiripiti. O bagaço com mel, receita caseira, capaz de curar qualquer constipação. Em Agosto, nos dias 28 e 29 há uma grande romaria até ao Mosteiro de S. João d’Agra, em Agra de Baixo onde se pode encontrar Xiripiti, bandas ao despique e muita animação. Flor, faz questão de recomendar esta festa tradicional. NÃO SÓ DE SABORES SE FAZ A QUINTINHA D’ARGA A Quintinha d’Arga possui seis quartos, todos temáticos. Cada peça foi escolhida a dedo por Flor que as procurou incansavelmente por antigos armazéns e velharias. Nas escadas que nos guiam para os quartos podemos ver antigas fotografias da zona e dos seus costumes. No corredor, uma arca de feijões restaurada antecede o Quarto Serra d’Arga, assim denominado devido à varanda sobre a serra. O quarto foi pensado para casais em lua-de-mel e está decorado com peluches em forma de coração com mensagens românticas: “o meu marido ofereceu-me estes peluches no dia dos namorados”, diz-nos enternecida. No Quarto das Artes encontramos peças de autor que podem ser adquiridas pelos hóspedes. Desta forma, a família Pires procura também impulsionar as artes. PROJECTO FAMILIAR “Fui a grande impulsionadora deste espaço”, confessa Flor sorridente. Durante quinze anos, Flor e José Carlos tiveram um restaurante em Vila Praia de Âncora. Hoje desenvolvem um projecto familiar em Dem. Os filhos ajudam em tudo e fazem parte da equipa. A dedicação e o empenho transformam o espaço. A sala de refeições do restaurante também alberga exposições. Actualmente é possível ver uma exposição de fotografia de Luís Miguel Rodrigues. As artes, a aposta nos paladares regionais e o acolhimento familiar são a imagem da Quintinha d’Agra, um local de descanso, calma e sossego. 67 68 EXPLORAR SERRA D’ARGA: UM PARAÍSO A DESCOBRIR A Serra d’Arga situa-se no distrito de Viana do Castelo. Integra a Rede Natura 2000, uma rede ecológica para o espaço comunitário da União Europeia. Insere-se na primeira região (na totalidade) a fazer parte da carta de turismo sustentável europeia. É um local de grande valor ecológico, rico em tradições e costumes. Ao percorrer a Serra é possível desfrutar de uma paisagem natural única, deixamos aqui algumas sugestões. TEXTO Sofia Moleiro FOTOGRAFIA Luís Leite Vista do miradouro, é possível observar Caminha, Galiza, Rio Minho e o Oceano Atlântico. Miradouro Nossa Senhora das Neves Este espectacular miradouro permite uma visão única sobre Caminha, Galiza e o Rio Minho. É de inspirar ar puro e saborear a paisagem, sendo possível também visitar a Capela da Senhora das Neves e fazer piqueniques na zona adjacente. 41°50'31.5"N 8°47'26.6"W Mosteiro de São João d’Arga. Capela de São João d’Arga. Mosteiro de São João d’Arga Mosteiro dedicado a São João Baptista, de origem românica, ainda contém vestígios que reportam ao século XII. A 28 e 29 de Agosto tem lugar uma romaria espetacular a este mosteiro. Desconhece-se a sua origem mas actualmente reúne uma multidão que dorme na zona envolvente e assiste a cantigas ao desafio, numa festa animada pelo som das concertinas. Arga de Baixo, Caminha, Viana do Castelo 70 Salto para uma das lagoas. Cascata do Pincho Pincho O Pincho é um óptimo lugar para desfrutar do Rio Âncora. As águas cristalinas da cascata e lagoas convidam ao mergulho e ao convívio. De fácil acesso, sendo possível levar o carro até às imediações. 41°47'51"N 8°45'7"W Banhistas a desfrutar do Rio. Azenha de Vilar de Mouros Azenha Miradouro Arga de Baixo Em Vilar de Mouros, existe uma zona sossegada onde poderá aproveitar o rio Coura. A Azenha permite não só estender a toalha e apanhar banhos solares mas também fazer um pequeno piquenique. De fácil acesso e com estacionamento. 41º53'20.76"N 8º47'1.788"W Pincho Centro de Interpretação da Serra d'Arga Arga de Baixo 4910-035 258 721 708 [email protected] De terça-feira a sábado 9h00 às 12h30 14h00 às 17h30 71 OPINIÃO CRÓNICA LITERÁRIA DE LUA EM LUA, DE MAR EM MAR TEXTO Miguel Dejavú O relógio olha-me desapontado. Derreto o meu corpo pelo lençol, arrastando os meus enormes braços para congelar os ponteiros. Levanto-me. Enquanto caminho, deixo um rasto de pegadas soltas, isoladas, cansadas, mastigadas nesta sonolência. O cansaço respira lentamente enquanto a porta aberta espera por alguém. Vejo no espelho o reflexo de um homem enrugado. Queria despir esta pele e cobrir-me com a sombra que deixei partir, uma sombra que se perde em todos os cantos do apartamento. Os lençóis onde mergulho as minha mágoas ainda têm o teu perfume alegre. Um aroma que aquece a alma deste sono preso no fio instável do meu vazio. Nem o sol que espreita pela janela faz secar a saudade do teu corpo. Percorro as tuas ruas e ouço os ecos de palavras secretas. Na mesa ainda estão as tuas piadas, repousadas no lugar onde deixavas sempre uma flor. Saboreio lentamente a memória da tua voz. E este chuveiro que já não canta? E esta água que caí triste? E a escova de dentes que já não tem par para dançar? O sabor das tuas mãos ficou espalhado pelo meu corpo. Ainda sinto a tua presença no limiar das palavras que escorregam pelos meus dedos. Quando abro a porta desta casa vazia sinto o cheiro do silêncio, o som do tempo estático e o paladar da solidão; ou talvez apenas um rasto disto tudo, não importa. Vejo-te em toda e qualquer parte, e em toda a parte sigo-te, sem saber se te procuro a ti ou se me descubro. Este artigo não foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico 72 73 BRACARA IMÓVEIS A SOLUÇÃO PARA VENDER OU ARRENDAR A SUA PROPRIEDADE Com uma equipa jovem e dinâmica, a Bracara Imóveis aposta acima de tudo numa maior rentabilidade para o cliente, procurando tornar o processo o mais simples possível, respondendo às novas necessidades turísticas de Braga. F ocados na exigência do cliente, mas também nos novos desafios do mercado imobiliário atual – nomeadamente da cidade de Braga, onde estão sediados –, a Bracara Imóveis assume-se com um conceito três em um: “A ideia é que o cliente não precise de se preocupar com nada: achamos o imóvel, fazemos a obra e rentabilizamos o negócio” diz Ronaldo Oliveira, consultor imobiliário e um dos sócios da empresa. Todos os imóveis são entregues prontos a habitar, com eletrodomésticos, móveis de cozinha e roupeiros. Um investimento pouco avultado com rentabilidade alta, eis o segredo do sucesso da Bracara Imóveis. Começando apenas pela venda de imóveis, rapidamente a equipa percebeu que o mercado evoluía num outro sentido, o que os levou a dedicarem-se também à reabilitação de propriedades, para posterior rentabilização das mesmas. Se numa imobiliária tradicional nos apresentam um número infindável de imóveis por onde escolher, na Bracara Imóveis o processo é o contrário: a empresa é que parte à procura do local/propriedade ideal para cada cliente, tendo em conta as suas expetativas. O imóvel é entregue ao cliente pronto a ser utilizado e/ ou arrendado, incluindo obras de reabilitação, equipamentos de cozinha e lavandaria, mobiliário e decoração, ou seja, um verdadeiro “chave na mão”, sendo que poderá mesmo já ser entregue arrendado, sendo que a equipa pode tratar também de todas as responsabilidades associadas a um proprietário – desde a venda ou arrendamento do imóvel até à manutenção e gestão do mesmo – para que o seu cliente não tenha de se preocupar com essas questões. POR QUÊ A REABILITAÇÃO DE IMÓVEIS? Após vários estudos de mercado, foi possível perceber que a rentabilização dos imóveis era bastante superior no caso de imóveis reabilitados que, depois de remodelados e modernizados, podem ser aproveitados para alojamento local, beneficiando geralmente de uma localização central e com um custo mais baixo do que outro tipo de propriedades. Assim surgiu a vertente Bracara Guest House, que pretende exatamente funcionar como um facilitador da inserção da sua propriedade na rede de alojamentos locais. “Uma grande parte dos compradores são investidores que querem comprar para rentabilizar. O alojamento local dá uma rentabilidade muito maior que o arrendamento clássico, chegando aos 8, 10 e às vezes ultrapassando os 14% de rentabilidade”, refere Ricardo Vilela, sócio gerente da Bracara Imóveis. 74 POR QUÊ INVESTIR EM BRAGA? Com a saturação do mercado nas grandes metrópoles portuguesas, os investidores olham para Braga como uma nova oportunidade de investimento. Nos últimos anos Braga tem-se tornado um ponto turístico cada vez mais importante e se antes a maior parte do turismo provinha das festas religiosas, ao dia de hoje a cidade assume-se também como um polo de cultura – aliando a sua antiguidade e História com a imagem jovem e dinâmica que atualmente transmite – sendo que tem sido palco de grandes eventos culturais a nível nacional e internacional. Segundo Hugo Paiva, “Braga reúne todas as condições para o sucesso do nosso negócio. O turismo está a crescer, o alojamento local está a dar os primeiros passos e o valor do metro quadrado é muito mais baixo”, estando reunidas, portanto, todas as condições para a expansão e sucesso deste tipo de investimento. Localizados em zonas privilegiadas da cidade e rodeados de várias atrações turísticas, cada imóvel tem a sua decoração própria, fazendo muitas vezes alusão aos principais pontos turísticos da cidade, o que lhes confere personalidade e distinção em relação aos demais. Contudo, a maior diferença entre este tipo de alojamento e os usuais hotéis está essencialmente no tratamento dado ao hóspede, sendo que a equipa Bracara Guest House prima pela proximidade e atenção dada a cada um dos seus clientes, tratando-os como verdadeiros convidados e fazendo-os sentirem-se em casa. “Muitas pessoas que vieram no início do ano reservaram logo para passar cá o fim desse ano. O feedback tem sido muito positivo”, remata Adriana, responsável pela gestão da Bracara Guest House. 253 464 434 www.bracaraimoveis.pt. Conteúdo Patrocinado DESFRUTAR MIMAR MUST-HAVES POR Leonor Pereira VESTIDO PASTORIL Os vestidos de inspiração pastoril são uma das principais tendências da estação. A cor branca é um must-have mas, para maior interesse visual, procure peças com textura ou aplicações de rendas ou bordados. Para um look mais jovial e casual, experimente combiná-lo com um blusão de ganga e sapatilhas. Coordenado com umas sandálias de tacão alto e uma clutch, fica perfeito para uma noite de verão. CHAPÉU BOATER O chapéu boater ou gondoleiro ressurge nesta estação, impulsionado pelo tema pastoril. Feito em palha, este modelo é caracterizado pelas abas retas e copa média. Para um look mais moderno, opte por fitas largas de cor de cor escura.Este acessório deve ser combinado com estilos mais casuais, sendo o complemento perfeito para os dias de praia. ÓCULOS DE SOL COMPÓSITOS Para um look mais divertido e irreverente, os óculos de sol compósitos são o acessório must-have. Este tipo de modelo é caracterizado pela mistura de estilos diferentes numa única peça, criando assim o efeito dois em um. Para o dia-a-dia, opte por combiná-los com peças mais simples, dando destaque a este acessório. Para um visual mais arrojado, pode coordená-lo com peças estampadas ou cores fortes. Mango 49,99€ SANDÁLIAS ROMANAS As sandálias romanas ou gladiadoras ressurgem nesta estação como o artigo mais desejável para um look de verão e festivaleiro. Este tipo de calçado é facilmente reconhecido pelas múltiplas tiras que envolvem o pé e a perna. Rasas ou de tacão alto, este tipo de calçado pode ter várias alturas, desde de canos mais curtos até acima do joelho. Para um maior destaque, combine esta peça com calções, saias ou vestidos de linhas mais simples. 76 DESLAVADOS Neste verão, os tecidos e padrões de aparência deslavada estão em destaque em todas as categorias de produto masculino. Privilegie as texturas naturais do algodão e do linho para criar um estilo descontraído e informal. TROPICAL SOMBRIO O tema tropical, tão comum nos meses do verão, ressurge nesta estação com tonalidades mais sombrias. Folhas e flores são atualizadas com cores mais escuras, dando uma aparência mais moderna e jovial. Combine com peças casuais para um look perfeito nas férias e festivais de verão. ÓCULOS DE SOL REDONDOS Os óculos de sol com armações redondas são os must-have da estação! Os modelos clássicos em cores escuras ou padrão tartaruga, possuem um cariz vintage e adequam-se a qualquer estilo e idade. As lentes coloridas conferem modernidade e oferecem uma alternativa mais jovem e divertida. ACESSÓRIOS EM GANGA Neste verão, os acessórios masculinos são atualizados com materiais como a ganga e a cambraia. Este tipo de peça destaca-se pelo seu espírito casual e descontraído mas adequa-se a vários estilos e idades. RITA ALMEIDA ESTÁ NA RUA NO INTERIOR DA AUSÊNCIA TEXTO Nuno Sampaio FOTOGRAFIA @ana.rita.almeida “O branco, o neutro, o ameno são elementos que habitualmente fazem parte da história da minha fotografia, talvez por transmitirem a calma e serenidade que sinto enquanto fotografo“ É impossível olhar para o teu instagram e não nos sentirmos isolados no espaço e no tempo. Como que se ao mundo apenas pertencessem alguns bocados de outras coisas. De que é que são feitas as tuas fotografias? As minhas fotografias são feitas das histórias que me encantam, da luz que me seduz, do céu que me inspira, do mar que me ouve, das paredes que 78 falam, das pessoas que me cativam, das janelas que me despertam, das cores que me acalmam, dos balanços que me embalam, das linhas que me atraem, dos sons que me levam e dos sítios que me abrigam. No meio dos meus dias surgem pedaços de tempo e de espaço que me fazem parar, pensar e muitas vezes sorrir. São esses "quadradinhos" que eu recorto. Guardam em si uma história e uma emoção que eu tento registar de forma simples e verdadeira. São fotografias espontâneas, orientadas pelo meu instinto, sem estudo prévio. Acontecem. mitirem a calma e serenidade que sinto enquanto fotografo. Consideras os teus “recortes” fotográficos uma forma de deixar o recetor à espera de uma continuação? A acontecer será de uma forma natural e não pensada, já que as minhas fotografias não têm uma ordem, nem uma sequência definida. Penso que existe apenas uma continuidade no meu registo, uma linha de cor que atravessa a minha galeria e o minimalismo constante das minhas composições. Preocupo-me apenas em sentir que existe harmonia entre as fotografias e o público. A luz das tuas fotos é calma, queimada mas sem a cor do fogo. Procuras sempre o dia em detrimento da noite? Sim, é a luz do dia que me atrai. A forma como interage com os elementos no espaço, as diferenças de intensidade das cores e dos contornos, as sombras e os reflexos criados. Aprecio os tons suaves e procuro os fundos neutros para realçar o que prendeu o meu olhar ainda que por vezes seja o cenário o protagonista do recorte. O branco, o neutro, o ameno são elementos que habitualmente fazem parte da história da minha fotografia, talvez por trans- O branco é a soma de todas as cores; também pode ser entendido como ausência. A tua página do instragram está cheia de branco, de brancos. Como é que interpretas este espaço negativo na tua obra? O branco, os brancos transmitem-me paz. O espaço confere maior dimensão àquilo que me inspira e maior realce ao que me cativou. Os elementos, ainda que quase sempre minimais e pequenos, respiram e ganham força. A ausência de ruído visual orienta o olhar do recetor para o "protagonista" do recorte e o seu foco para aquilo que realmente me fez parar e "disparar". Neste es- paço negativo cabe também a imaginação daqueles que veem para além da história que eu registei. Quando sais à rua o que é que gostas mais de fotografar? Quando saio à rua ando sempre com a "cabeça no ar” - não fosse o céu sempre parte importante do enquadramento da fotografia. Gosto de fotografar aquilo que me faz pensar. Uma frase numa parede que me fez parar e pensar no que sentiu a pessoa que a escreveu ou no que faz sentir a quem por ali passa e a lê. Gosto de fotografar o que se distingue no meio da confusão. Lembro-me de uma fotografia que fiz em Lisboa, na Gare do Oriente: havia uma praça cheia de gente a correr de um lado para o outro, a olhar para o telemóvel e de phones nos ouvidos, muitos carros em fila a contornar o passeio, sons de buzinas de quem anda sempre atrasado e impaciente. No meio daquela agitação toda apareceu um senhor bem-posto, de fato cinza, a atravessar a praça num passo calmo que se foi sentar num banco. Ficou ali a olhar. Sereno. Eu fiquei a observá-lo da varanda. Foi o contraste que me cativou, que me fez parar, pensar e fotografar. Gosto de fotografar ligações entre as pessoas e entre as pessoas e o espaço. Sinto-me atraída pela simplicidade das linhas, simetrias e geometrias. Um fotógrafo com quem gostasses de te sentar num banco de jardim a conversar? Porquê? Gostava um dia de sentar-me num banco de jardim com o David Lopez ao lado e, sem olhar para o relógio, contar e ouvir as histórias que fazem as nossas fotografias. O David é um fotógrafo de coração. Sigo o trabalho dele com muita atenção desde que me tornei utilizadora do instagram. Admiro a forma inteligente como capta aquilo que o rodeia, o contraste entre o frágil e o forte, entre o delicado e o robusto, entre as linhas vincadas e a subtileza dos contornos que imprime nas suas fotografias. É admirável a luz, a energia e a emoção que transmite nas suas fotografias a preto e branco. Tens um sítio especial onde gostasses de voltar para fotografar? Capadócia, a terra dos sonhos como eu lhe chamo. É um lugar mágico. O"sussurrar" dos balões, a imensidão do céu, a acalmia do balanço, a intensidade da luz, a aridez das paredes, os "casulos" escavados nas pedras. É arrepiante! Um país, uma cidade, uma rua? Todos os lugares perto do mar. És uma observadora paciente? Esperas pelo tempo certo, pelo momento certo? Sim, sou. Quando saio sem relógio e de mochila às costas gosto de parar para ficar só a olhar as linhas, os contornos, o que permanece estático e o que tem movimento. Só depois de ter olhado algum tempo e de ter sentido o que me envolve pego na máquina e começo a ver pela minha janela. Quando fora da minha janela se movimentam elementos que quero como protagonistas do espaço e do tempo que vou recortar, espero. É nesse tempo de espera que muitas vezes surge mais uma história para contar, uma luz que quero registar ou uma troca de palavras com alguém que se mostra curioso. Qual é a hora do dia que preferes “recortar”? Aprecio a quietude e o silêncio do despertar. Gosto da luz calma, pura e sem filtros da manhã, da claridade que vai crescendo com o passar do tempo e da luz intensa do meio-dia. Encantam-me as sombras que vão aparecendo com o baixar do sol e os tons alaranjados. A contra luz tem o seu charme e as luzes a brilhar no escuro magia. A hora que gosto mais é aquela em que consigo um registo que transmite sintonia entre os elementos da composição. Essa hora não é constante, muda e transforma os sítios, altera os pontos de interesse e faz da fotografia algo dinâmico e fascinante. Às quartas mostramos as melhores fotos da semana. No final do mês selecionamos o top 3 e o vencedor será entrevistado pela RUA. #ruatop #aminharua @revistarua 2 3 @sarajvieira @alexandra__oliveira_ 4 @o__belinho_ 79 AGENDA CULTURAL AGOSTO‘16 5 4-6 VIAGEM LITERÁRIA LITERATURA A Porto Editora cumpre uma Viagem Literária a Portugal. A cada sessão, o jornalista João Paulo Sacadura conversa com dois reconhecidos escritores. Em Braga, os protagonistas são Alberto S. Santos e José Tolentino Mendonça. A entrada é gratuita. NEOPOP MÚSICA Após o sucesso da décima edição e com o agora revelado line-up, apenas nos falta contar os dias até Agosto. O maior evento de música electrónica do país está de regresso e realiza-se de 4 a 6 de Agosto junto ao Forte de Santiago da Barra de Viana do Castelo. Três dias imparáveis cheios de ritmo, boas energias e muita música. DIÁRIO 45€ GERAL 85€/ 95€ Viana do Castelo ENTRADA LIVRE Theatro Circo - Braga 21h30 12 BOMBINO MÚSICA Neste novo álbum, “Azel”, Bombino apresenta um novo estilo, do qual é pioneiro, e que pode ser chamado de “Tuareggae” – uma mistura luminosa de rock/blues Tuareg com uma gota de reggae. 20€ Theatro Circo - Braga 22h 17-19 ESPOSENDE VERÃO MÚSICA Dengaz, The Gift e Ana Moura são os três nomes escolhidos pelo Município de Esposende para animar o verão de 2016. Dengaz atua a 17, The Gift a 18 e Ana Moura fecha a 19 de agosto. Não esquecer ainda mais alguns espetáculos, com referência para os Red (9), Àtoa (11), Fernando Pereira (13) e Carolina Deslandes (11 de setembro). ENTRADA LIVRE Bombeiros Voluntários de Esposende 27 CINEMA NO PÁTIO: BEST OF CURTAS VILA DO CONDE + DOCUMENTÁRIO "OUTROS CANTOS" CINEMA / MÚSICA Na noite de 27 de agosto, o gnration exibe as melhores curtas da edição de 2016 do Curtas Vila do Conde e ainda o documentário que retrata o espetáculo de comunidade Outros Cantos. ENTRADA LIVRE gnration - Braga 22h 19 TERESA SALGUEIRO MÚSICA Nesta nova Tour Teresa Salgueiro assume-se como criadora de ambientes mágicos de uma beleza indiscutível e revela a singular multiplicidade das suas facetas artísticas, ao interpretar os seus arranjos originais para canções portuguesas, temas do seu repertório de autora, sem esquecer a homenagem ao seu antigo grupo, em canções que todos sentimos de forma muito próxima. 20€ Theatro Circo - Braga 22h 17-20 PAREDES DE COURA MÚSICA Com mais de 20 anos de história, o festival Vodafone Paredes de Coura é um dos mais antigos festivais de Verão e continua a proporcionar aos amantes de música uma experiência única num cenário idílico. De 17 a 20 de Agosto de 2016, o Vodafone Paredes de Coura está de regresso à praia fluvial do Taboão. DIÁRIO 45€ GERAL 90€ Paredes de Coura OPINIÃO CRÓNICA DE HUMOR NUNCA DEFINAS OBJECTIVOS PARA AS FÉRIAS TEXTO Rui Leite Gonçalves A travessei o país com destino a Albufeira e com três objectivos traçados: relaxar, apanhar uns banhos de sol e aquecer os problemas. O plano era simples e humilde, mas assim como em qualquer empresa pública, foi mal traçado pelos gestores. Desde já, faço o mea culpa.Descobri que agora há três tipologias de moda no mundo dos bikinis: temos o bikini ousado que assume os desenhos de um soutien, temos o bikini que não quer tapar nada mas ainda é vendido como bikini e que favorece bastante o bronze em zonas antes consideradas pudicas e temos o bikini “modo pelada”. Este último, além do bronze, traz com ele a possibilidade de secar o corpo em menos de cinco minutos. Além das vestimentas, as modelos assumiram também a forma de andar da série “Marés Vivas”. Posto isto, vejo o objectivo número um radicalmente eliminado sem que eu possa fazer nada contra isso. Lá se vai a ideia de relaxar. Fui tentar concentrar-me nos banhos de sol e abstrair-me de qualquer outra distração alheia, mas tendo em conta o número de bolas de Berlim que saltitavam de um lado para o outro pela praia fora (cuidado com as mentes perversas), temi que qualquer desatenção fosse fatal e pudesse acordar com creme de alfarroba no olho ou no canto do nariz. Sim senhor leitor, há bolas de Berlim com creme de alfarroba. Os bikinis não são os únicos a sofrer com este fenómeno de evolução que nos rodeia. A ideia dos banhos de sol é assim vandalizada pela quantidade astronómia de bolas de berlim que circulam. Até aqui, não tinha a sensação de plano falhado. Sobrava-me ainda a possibilidade de concretizar o terceiro objectivo: esquecer os problemas. Contudo, não há problema maior do que estar no Algarve com um misto de diferentes culturas. Não me quero alongar muito neste parágrafo, tenho visto coisas que podem tirar o sono aos menos susceptíveis. Vou limitar-me ao exemplo de hoje, ao voltar da praia para casa. Na fila para o chuveiro, um casal de estrangeiros está à minha frente. Avançam assim que têm oportunidade para tal, ele queixa-se - numa língua que não me é familiar - que tem areia dentro dos calções. Ela, por sua vez, sorri e coloca a mão dentro dos mesmos calções, usando como entrada a zona traseira. Limpa com a voracidade de quem sabe o que faz. Depois deste incidente, não consegui mais do que lavar os pés quando chegou a minha vez. Ao chegar a casa, mas tão perto de casa, uma rapariga sai do supermercado apressada com um desodorizante na mão. Olha em volta, abre o desodorizante, afasta os curtos calções de ganga e coloca-o nas virilhas. Cheguei a casa e a vontade para começar a cozinhar tinha sido claramente reduzida por acontecimentos alheios. Amigos, o Algarve acrescenta problemas à nossa lista. Quanto a mim, num local onde a afluência de pessoal estrangeiro é elevadíssima, resta-me o contentamento de poder gritar bem alto: “campeões europeus ca*****”! Este artigo não foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico 80 ILUSTRAÇÃO Nuno Simões [email protected]