Pré-natal: um desafio para as gestantes acompanhadas nas
Transcrição
Pré-natal: um desafio para as gestantes acompanhadas nas
74 Saúde Coletiva em Debate, 2(1), 31-40, dez. 2012 Pré-natal: um desafio para as gestantes acompanhadas nas unidades de saúde da família no município de Serra Talhada – PE Prenatal: a challenge for pregnant women assisted in family healthcare units in the city of Serra Talhada – PE Andressa Feitoza de Lima¹; Ana Maína Andrada Alves Melo¹; Micherllaynne Alves Ferreira¹*. ¹Faculdade de Integração do Sertão, Serra Talhada – PE Resumo: Este estudo teve como objetivo analisar os desafios enfrentados pelas gestantes quanto ao comparecimento às consultas pré-natais nas Unidades de Saúde da Família no Município de Serra Talhada - PE, assim como traçar o perfil e situação gestacional. Trata-se de um estudo quantitativo no qual participaram 45 gestantes, com idade maior de 18 anos do qual realizava consulta pré-natal nas USF´s. Foram abordados referências acerca do perfil socioeconômico e demográficos, constando as seguintes variáveis: idade, escolaridade, renda e histórico de consultas, apresentando as dificuldades para o correto acompanhamento. Os resultados revelaram que as gestantes com idade de 20 a 30 anos, 38% concluíram o ensino médio, 49% são do lar, 40% vivem com um salário mínimo, 47% situação conjugal estável, 87% planejaram a gravidez, quanto à assiduidade 14 gestante já realizavam a terceira consulta de pré-natal no 1º trimestre. Os companheiros não participavam da consulta (47%), mora com o companheiro (87%), apoio familiar (91,1%), atendidas por enfermeiro 38%, e 36% por médico e enfermeiro, 60% referiu não ter dificuldades de comparecer as consultas. Concluise, que através deste estudo foi possível obter um resultado positivo sobre atenção pré-natal, assim estabelecendo um vínculo de confiança entre as gestantes e os profissionais que estão envolvidos na assistência. Palavra-chave: Assistência pré-natal. Estratégia Saúde da Família. Gestantes Abstract: This study aimed to analyze the challenges faced by pregnant women about the attendance at antenatal clinics in the Family Health Units in the City of Serra Talhada in Pernambuco, as well as profiling and pregnancy status. This is a quantitative study in which 45 women participated, aged over 18 years of which performed in the antenatal USF's. Where references were approached about the socioeconomic and demographic profile, consisting of the following variables: age, education, income and query history, presenting difficulties for proper monitoring. The results showed that pregnant women aged 20-30 years, 38% completed high school, 49% are housewives, 40% live on minimum wage, 47% stable marital status, 87% planned their pregnancy, 14 pregnant women about the attendance has held the third visit of prenatal care in first quarter. The companions did not participate in the consultation (47%), living with a partner (87%), family support (91.1%), attended by nurses 38% and 36% for doctors and nurses, 60% reported no difficulties attend the consultations. It is concluded that through this study it was possible to obtain a positive result on prenatal care, thus establishing a bond of trust between the women and professionals involved in care. Keywords: Prenatal care. Family Health Strategy. Pregnant Autor para correspondência: Micherllaynne Alves Ferreira. Rua João Luiz de Melo, 2110 – Tancredo Neves. Faculdade de Integração do Sertão, 56903-490, Serra Talhada, PE, Brasil. Email: [email protected] 75 Saúde Coletiva em Debate, 2(1), 31-40, dez. 2012 INTRODUÇÃO A assistência pré-natal é um dos programas criados para grupos específicos na tentativa de se elevar a qualidade dos serviços prestados, visto que os principais fatores de risco tanto para a saúde materna quanto do concepto, são identificados durante as consultas de pré-natal através do acompanhamento sistematizado no período gestacional (FORTE et al., 2004). No final do século passado e na primeira metade deste ano, assistência prénatal tinha como fundamental finalidade gerar um recém-nascido saudável e reduzir as elevadas taxas de mortalidade infantil. Ou seja, a assistência pré-natal surgiu como um processo de “puericultura intrauterina, como uma preocupação social com a demografia e com a qualidade das crianças nascidas, e não como proteção à mulher” (BRASIL, 2001). Atualmente, há o encorajamento do conceito de atenção humanizada à mulher, onde este se estende desde o pré-natal até o nascimento e puerpério, ressaltando-se a promoção da saúde. Garantir uma assistência de qualidade significa prevenir, diagnosticar e tratar os eventos indesejáveis na gestação, visando ao bemestar da gestante e seu concepto, além de orientar para evitar problemas específicos do parto, ou mesmo, determinar cuidados imediatos ao recém-nascido. Neste aspecto, o objetivo do pré-natal é acolher a mulher desde o início de sua gravidez até o puerpério (SCHIRMER et al., 2000). Segundo o autor, o pré-natal deve ser iniciado o mais precocemente possível e as consultas devem ser mensais até a 30ª semana, quinzenais ou semanais até a 37ª semana, e semanais até o parto. O aumento do número de consultas nas últimas semanas de gestação é importante para melhorar a avaliação obstétrica e propiciar apoio emocional ao parto. Durante as práticas de estágio foram observado fatores que contribuíam para o não comparecimento da gestante às consultas de pré-natal na Unidade de Saúde da Família, uma prática clínica que deve ser realizada e acompanhada de forma assídua pelos os profissionais de saúde, esta, pois, é a melhor maneira para evitar riscos para mãe e feto. Essa realidade nos motivou a pesquisar ainda mais essa problemática. Portanto, concentrou-se uma maior preocupação no aumento da frequência e acompanhamento pré-natal, o que proporcionará uma diminuição nos riscos obstétricos. O objetivo desse estudo foi analisar os desafios enfrentados pelas gestantes quanto ao comparecimento às consultas pré-natais nas Unidades de Saúde da Família (USF´s) no Município de Serra Talhada, como traçar o perfil das gestantes. Assim, acredita-se que esse estudo venha a contribuir para a melhoria da qualidade na atenção pré-natal, como despertar o interesse dos profissionais para uma assistência adequada a gestante nas USF´s, possibilitando a indicação de áreas que necessitem de incrementos quanto ao padrão de qualidade, sejam elas relacionais e de organização do processo de trabalho, como também, incentivar a gestante a comparecer as consultas e ajudá-la a enfrentar as dificuldades durante todo o seu ciclo gravídico, pois é um momento importante e de segurança a saúde da mãe e do feto. METODOLOGIA Trata-se de um estudo de caráter descritivo, com abordagem quantitativa. O local da pesquisa foi Município de Serra Talhada-PE, localizado na mesorregião do Pajeú, há 415 km da capital. O município possui 15 Unidades de Saúde da Família, do qual foram incluídas na pesquisa 9 unidades de saúde da família, estas escolhidas pela quantidade de gestante em maior evidência e que realizavam o acompanhamento de pré-natal. Todas as Unidades trabalham seguindo o protocolo de Sistema de Acompanhamento do Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (SIS pré-natal), um programa 76 Saúde Coletiva em Debate, 2(1), 31-40, dez. 2012 do Ministério da Saúde (MS) para acompanhamento das gestantes em atendimento pela Estratégia de Saúde da Família. Os sujeitos do estudo foram 45 gestantes no primeiro, segundo e terceiro trimestre de gestação, maiores de idade e que aceitaram participar da pesquisa mediante o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE, sendo informadas antecipadamente sobre os objetivos e finalidade da pesquisa, obedecendo aos preceitos éticos e legais enunciados na Resolução 196/1996 da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa/ Conselho Nacional de Saúde. A pesquisa foi realizada nos meses de março e abril de 2012. Os dados foram coletados por meio de um questionário com 15 perguntas objetivas, sendo aplicado durante as consultas de pré-natal dentro da Unidade da Saúde da Família, assim autorizada pela Carta de Anuência, junto à enfermeira responsável, em que foram abordados referências acerca do perfil socioeconômicos e demográficas, constando as seguintes variáveis: idade, escolaridade, renda e histórico de consultas, apresentando as dificuldades para o correto acompanhamento. A amostra do estudo foi constituída por 45 gestantes, equivalendo a 55% do total de 81 da população em período gestacional de acordo com a secretaria municipal de saúde, que acompanham o critério de inclusão, ou seja, gestantes maiores de 18 anos, acompanhadas pela Unidade de Saúde da Família e cadastradas devidamente no SIS pré-natal; de acordo com o critério de exclusão as gestantes menores de 18 anos não participaram da pesquisa por questões éticas e pela dificuldade que se tem pela responsabilização do familiar, e também aquelas que não foram cadastradas no SIS pré-natal e estavam sendo atendidas pela primeira vez no serviço. A exclusão também se referiu as mulheres acima de 40 anos por estarem em uma fase tardia do ciclo gravídico e constituírem uma quantidade menor de todas referenciadas, não sendo base para cálculo estatístico desse trabalho. Com as informações obtidas, elaborou-se através do programa de informática Microsoft Excel e Microsoft Word, um banco de dados demonstrando através de gráficos e tabelas com frequência absoluta e percentual por meio de estatística descritiva, permitindo a discussão dos resultados e confronto com a literatura pertinente. Este trabalho teve a aprovação do Comitê de ética em Pesquisa das Faculdades Integradas de Patos-PB, com o protocolo número: 004/2012. RESULTADO E DISCUSSÃO A pesquisa foi realizada com 45 gestantes através de entrevista, com a finalidade de delinear seu perfil. Tabela 1 – Gestantes segundo características socioeconômicas e demográficas nas unidades Família. Características Escolaridade Analfabeta Fundamental Completo Fundamental Incompleto Médio Completo Médio Incompleto Ensino Superior Completo Ensino Superior Incompleto Total Continua de Saúde da Idade 20 a 30 Anos 02 06 11 15 03 02 00 39 31 a 39 Anos 00 01 03 02 00 00 00 06 n= 45 77 Saúde Coletiva em Debate, 2(1), 31-40, dez. 2012 Características Idade Ocupação 20 a 30 Anos Do lar 22 Agricultora 02 Outros 15 39 Total Renda Familiar 20 a 30 Anos Menor que 1 salário mínimo 13 Igual a 1 salário mínimo 18 Maior que 1 salário mínimo 08 39 Total Situação Conjugal 20 a 30 Anos Solteira 04 Casada 14 Estável 21 39 Total Fonte: Pesquisa de campo nas USF´S em Serra Talhada-PE, 2012. Na Tabela 1 avalia a quantidade de gestantes em relação ao nível de escolaridade, onde o maior indicador está presente em mulheres jovens com os estudos concluídos, 38% das entrevistadas possui o ensino médio completo. Somente um pouco mais da metade (50,2%) dos jovens brasileiros concluem o ensino médio até os 19 anos, idade considerada "esperada" apesar de levar em conta um ano de atraso. Entre as pessoas de 25 anos ou mais de idade, 37,1% têm 11 ou mais anos de estudo, segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse é o tempo mínimo investido para que o estudante conclua o ensino médio e o fundamental de oito anos (ALMEIDA, 2005). Pode-se observar que na no tipo de ocupação as mulheres por mais que tenham um nível mais alto de escolaridade, não estão inseridas no mercado de trabalho, ainda são mulheres dona de casa que se dedicam ao lar. De acordo com Milanez e Lajo (2007) atualmente a maternidade e trabalho profissional são expressões que ainda costumam colidir. É um dos grandes dilemas de nosso tempo, a dura opção entre a maternidade e a carreira, no qual, as mulheres são afastadas compulsoriamente de seu trabalho, por imposição da maternidade. 31 a 39 Anos 04 00 02 06 n= 45 31 a 39 Anos 00 01 05 06 n= 45 31 a 39 Anos 00 02 04 06 n= 45 A renda familiar gira em torno de um salário mínimo, evidenciando que a família brasileira modifica estatisticamente em relação ao nível econômico. Segundo a Síntese dos Indicadores Sociais do IBGE para o ano de 2010, mostra que metade dos brasileiros vive com até um salário mínimo. Apesar da grande distância que separa os ricos dos pobres, o IBGE vê uma boa notícia: as desigualdades caíram entre 1999 e 2009, em decorrência da melhora no mercado de trabalho de lá para cá e da expansão dos programas de distribuição de renda. Quanto à situação conjugal observa-se que à maioria das gestantes não casou o cartório, ou seja, 47% dispensou o cartório. Corroborando com a Síntese dos Indicadores Sociais do IBG para o ano 2008, observamos resultados similares com maior proporção de mulheres auto declaradas casadas (40,4%) e em união estável (46,46%). A família é uma tendência natural dos seres humanos, no qual estão inseridos os homens e as mulheres, unidos pela atração física e por laços de afetividade, frutificando-se o amor no nascimento dos filhos. Apesar das mudanças na sociedade, a família continua sendo o acolhimento certo para as pessoas na busca da segurança, proteção, realização pessoal e integração ao meio social (OLIVEIRA, 2003). Entretanto, a união estável é uma relação de convivência entre o homem e a 78 Saúde Coletiva em Debate, 2(1), 31-40, dez. 2012 mulher que tem por objetivo a constituição familiar duradoura, pública e contínua. Tabela 2 – Consultas realizadas de acordo com a Idade Gestacional (IG) nas Unidades de Saúde. Idade Gestacional 1 Consulta 2 Consultas 3 Consultas 4 Consultas 5 Consultas 6 Consultas 1º Trimestre 06 08 14 04 01 00 2º Trimestre 02 03 00 03 02 01 3º Trimestre 00 00 00 00 00 01 Total 08 11 14 07 03 02 n=45 Fonte: Pesquisa de campo nas USF´S em Serra Talhada-PE, 2012. Observa-se na Tabela 2 a assiduidade das gestantes quanto à realização de consultas, podemos destacar que 14 mulheres no 1º trimestre já possuem três consultas de pré-natal. O indicado pelo Ministério da Saúde (MS) são seis consultas, portanto, mostra-se em adiantamento que o provável é que a gestante até o 3º trimestre tenha atingido seis consultas. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) de 1996, é recomendo que as gestantes a realizem de pelo menos seis consultas de pré-natal durante a gestação; este acompanhamento permite identificar possíveis riscos à saúde da mulher - como diabetes e hipertensão arterial e repercussão de doenças no bebê. Tabela 3 – Gestantes quanto ao número de gestações e planejamento da gravidez. Número de gestações Uma gestação Duas gestações Três ou mais gestações 20 a 30 Anos 19 08 12 31 a 39 Anos 01 01 04 Gravidez planejada Sim Não 20 a 30 Anos 34 05 31 a 39 Anos 05 01 Fonte: Pesquisa de Campo nas USF´s em Serra Talhada-PE, 2012. Na Tabela 3 se observa que o quão importante está o planejamento familiar nas Unidades de Saúde, pois a tabela apresenta que 87% das gestantes planejaram a gravidez e muitas delas 42,2% em idade jovem estão na 1ª gestação. Segundo os resultados preliminares do projeto Nascer no Brasil: Inquérito sobre Parto e Nascimento revelam que apenas 45% das mulheres que dão à luz no país planejam de fato a gravidez. De acordo com a coordenadora do estudo e pesquisadora do Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) Maria do Carmo Leal, “o número aponta para uma situação preocupante, pois mostra que uma expressiva parte da nossa população não está planejando sua reprodução. Ela vem acontecendo por acidente, e o Ministério da Saúde precisa ficar alerta e trabalhar 79 Saúde Coletiva em Debate, 2(1), 31-40, dez. 2012 melhor a questão (BRASIL, 2012). da contracepção” Gráfico 1 – Gestantes quanto à participação do companheiro nas consultas. Serra Talhada, 2012 De acordo com a participação do companheiro às consultas pré-natais as gestantes responderam que os companheiros não participavam da consulta na USF 47%, dessa forma reforça a ideia de que ainda a mulher tem papel exclusivo de acompanhar e cuidar de seu período gestacional. Ressalva Siqueira, Mendes, Finkler (2002) apud Oliveira et al. (2009) que o trabalho é um fator que dificulta a participação dos pais nas consultas prénatais, pois os horários das mesmas acontecem no período comercial, tornandose pouco favoráveis à sua inclusão. As relações de trabalho dificultam a participação nas consultas pré-natais, pois não se aceita que o homem falte ao trabalho para dar assistência à sua mulher e filho (SILVEIRA; LAMOUNIER, 2006 apud OLIVEIRA, 2009). Contudo, o fato do homem não estar presente nas consultas não significa que ele não esteja oferecendo o suporte à sua parceira, pois, o apoio pode acontecer de diferentes modos e atitudes. Mas, sugere que o fato de compartilhar a vida a dois e comparecer as consultas, pode ser mais favorável aos cuidados da saúde da mulher (CAVALCANTE, 2007 apud OLIVEIRA, 2009). As gestantes referenciaram que mora com o companheiro 87%, isso é um bom indicador, pois, a base familiar e o apoio da família para gravidez é de suma importância na assistência pré-natal. Quanto ao apoio familiar 91,1% das gestantes falaram que a família apoia a gravidez, desde o inicio até o final. Segundo Piccinini et al. (2008) diz que os pais, em especial, têm estado mais envolvidos com a criação dos filhos desde a gestação, além de mais próximos afetivamente de sua companheira e do bebê. 80 Saúde Coletiva em Debate, 2(1), 31-40, dez. 2012 Gráfico 2 – Com quem as gestantes estão residindo. Serra Talhada, 2012. Com quem estão residindo 4% 9% Pais Companheiro Outros 87% Tabela 4 – Atendimento pelos profissionais na Unidade de Saúde. Profissionais da saúde Fisioterapeuta Dentista, Enfermeiro e Médico Médico e Enfermeiro Dentista Enfermeiro Médico Total Quantidade de gestantes 00 11 16 01 17 00 45 Fonte: Pesquisa de Campo nas USF´s em Serra Talhada-PE, 2012. Quanto ao atendimento dos profissionais de saúde, foram observados resultados similares com maior proporção gestantes 38% atendidas por enfermeiro, e 36% atendidas por médico e enfermeiro. Dessa forma, pode-se analisar que os profissionais da área da saúde são responsáveis por uma grande parcela dos aspectos necessários para garantir à população uma melhor qualidade de vida, tanto quão para melhor assistência as gestantes. E em relação ao atendimento por dentista, ainda é grande a falta de informação das gestantes sobre a atenção odontológica, o que demonstra a necessidade de essas pacientes serem priorizadas nos programas de assistência odontológica, fundamentalmente, no que se refere à educação em saúde e introdução de cuidados essenciais para a manutenção da higiene e para uma qualidade de saúde oral do seu bebê (SILVA; SILVEIRA; LIRA, 2011). Dentre as categorias profissionais atuantes na atenção ao pré-natal, o enfermeiro ocupa uma posição de destaque na equipe, pois é um profissional qualificado para o atendimento à mulher, possuindo um papel muito importante na área educativa, de prevenção e promoção da saúde, além de ser agente da humanização (MOURA, 2003 apud RODRIGUES, 2011). 81 Saúde Coletiva em Debate, 2(1), 31-40, dez. 2012 Gráfico 3 – Dificuldades das gestantes em comparecer a Unidade de Saúde. Serra Talhada, 2012. Dificuldade de comparecer a USF 2% 2% 4% Não tem 7% Trabalho Filhos 7% Distância Atividade do lar 18% 60% Trabalho e distância Filhos e atividade do lar De acordo com o Gráfico 3, as dificuldades das gestantes ainda é significativa, pois são 40%. Enquanto 60% referiu não ter dificuldades de comparecer as consultas de pré-natal. Segundo Vetore et al., (2010), ressalva que obstáculos sempre vão estar presentes no âmbito da saúde, e no que diz respeito às gestantes como: as dificuldades de ir a todas as consultas devido aos filhos, trabalhos e varias outras limitações. Quanto ao atendimento, as gestantes afirmaram 97,7% que o atendimento na Unidade de Saúde era satisfatório e que preferiam realizar o prénatal na rede pública 64,4% do que na rede particular. Corroborando com MendozaSassi et al. (2011) a cobertura à atenção pré-natal tem aumentado no Brasil, e segundo dados do Ministério da Saúde o atendimento pré-natal realizado na atenção básica aumentou em mais de 350% nos últimos 10 anos. A qualidade do pré-natal também tem sido avaliada utilizando-se o conceito de qualidade da atenção e considerando a tríade estrutura, processo e resultado, com maior ênfase no processo (DONABEDIAN, 1988 apud MENDOZASASSI et al., 2011). CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente estudo identificou a existência de um processo de atenção ao pré-natal bastante positivo, assim estabelecendo um vínculo de confiança entre as gestantes e os profissionais que estão envolvidos na assistência. Assim, possibilitou traçar o perfil e situação gestacional, com o objetivo de conscientizar as gestantes sobre a importância do acompanhamento pré-natal. Os resultados obtidos caracteriza que as mulheres jovens estão estudando mais, e planejando a gravidez. Mas, segundo os resultados preliminares do projeto Nascer no Brasil, revela um número preocupante, pois mostra que uma expressiva parte da população não esta planejando sua reprodução, ela vem acontecendo por acidente. Dessa forma, observa-se na questão da contracepção, no planejamento familiar, vem sendo satisfatório no município de Serra Talhada-PE, ao contrário do que relatam autores já citados. Foi também referenciado pelas gestantes o apoio do companheiro e da família durante todo o período gestacional, pois isso significa que os pais estão mais envolvidos na criação de seus filhos. Temse observado que uma expressiva parte das 82 Saúde Coletiva em Debate, 2(1), 31-40, dez. 2012 gestantes não apresenta dificuldades de comparecer as consultas de pré-natal, fato este evidenciado durante toda a pesquisa, apesar de que no âmbito da saúde obstáculos sempre vão existir, seja por causa de filhos, trabalho e entre outras restrições, mas elas tem se esforçado bastante para estarem presente em todas as consultas. Quanto ao atendimento, tem sido maior a satisfação na rede pública, isso revela que a cobertura à atenção prénatal tem aumentado no Brasil. O profissional da saúde deve ser um instrumento de acentuada importância para a qualidade da assistência pré-natal, principalmente a enfermagem que deve atuar de acordo com as necessidades das gestantes, e estabelecer as intervenções e orientações necessárias para que melhor sejam assistidas. E promover a interdisciplinaridade das ações, junto com as equipes odontológica, médica, nutricional, psicológica e fisioterapeuta. Assim, pode-se afirmar com o presente estudo, que o enfermeiro vem ocupando uma posição de destaque na equipe em relação a outras categorias profissionais na atenção ao pré-natal, pois é um profissional preparado e qualificado para o atendimento à mulher. E ficam algumas sugestões para a melhoria do pré-natal: como promover melhor qualidade nas ações assistenciais do pré-natal, melhorar o atendimento a mulher, qualificar profissionais com diferencial de atendimento voltada a gestante e incentivar a gestante a comparecer as consultas. mulher. Brasília: Ministério da Saúde, 2001. 199 p.: il. REFERÊNCIAS MILANEZ, H.; LAJO, G. Gestação e atendimento pré-natal, ao parto e ao puerpério do ponto de vista do obstetra. Revista Racine. São Paulo, 2007. ALMEIDA, S. D.; BARROS, M. B. A. Equidade e atenção a gestante em campinas. Revista pan-americana de saúde publica. v. 17, p. 15-25, São Paulo, 2005. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas da Saúde. Área Técnica da Saúde da mulher. Parto, aborto e puerpério: assistência humanizada à _______. ______. Pesquisa revela dados sobre parto e nascimento no Brasil. Março 2012 Disponível em: <http://www.blog.saude.gov.br/pesquisarevela-dados-sobre-parto-e-nascimento-nobrasil/>. Acesso em: 22 Maio 2012. FORTE, E. G. S et al. Satisfação quanto à consulta pré-natal após a implantação do programa de interiorização do trabalho em saúde. Revista da UFG, v. 6, No. Especial, dez 2004. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA.[Internet] Indicadores Sociais Municipais. 2010. Disponível em: http:<//www.ibge.gov.br/home>. Acesso em: 21 maio 2012. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA.[Internet] Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. 2007. Disponível em:< http://www.ibge.gov.br/home>. Acesso em: 21 maio 2012. MENDOZA-SASSI, R. A et al. Diferenças no processo de atenção ao pré-natal entre unidades da Estratégia Saúde da Família e unidades tradicionais em um município da Região Sul do Brasil. Cad. Saúde Pública [online]. 2011, v.27, n.4, p. 787796. OLIVEIRA, C. S et al. A participação do homem/pai no acompanhamento da assistência pré – natal. Cogitare Enferm. v. 14, n. 1, p. 73-8, 2009. OLIVEIRA, E. B. União estável: do concubinato ao casamento: antes e 83 Saúde Coletiva em Debate, 2(1), 31-40, dez. 2012 depois do novo código civil. 6 ed. São Paulo: Método, 2003. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Assistência ao parto normal: um guia prático. Maternidade segura. Genebra, 1996. PICCININI, C. A.; GOMES, A. G., NARDI, T. D.; LOPES, R. S. Gestação e a constituição da maternidade. Psicologia em Estudo, v. 13, n. 1, p. 63-71, 2008. RODRIGUES, E. M.; NASCIMENTO, R. G. do e ARAUJO, A. Protocolo na assistência pré-natal: ações, facilidades e dificuldades dos enfermeiros da Estratégia de Saúde da Família. Rev. esc. enferm. USP [online], v.45, n.5, p. 1041-1047, 2011. SCHIRMER, J. et al. Assistência prénatal: manual técnico. 3. ed. Brasília: Secretaria de Políticas de Saúde – SPS/ Ministério da Saúde, 2000. 66 p. SILVA, L. M. Y. A.; SILVEIRA, L. L. S. E LIRA, R. M. Atuação do enfermeiro e do cirurgião dentista no pré-natal: uma revisão de literatura. Em Revista Florence. n. 1, 2011. VETTORE, M. V et al. Housing conditions as a social determinant of low birthweight and preterm low birthweight. Rev Saúde Pública. v. 44, n. 6, p. 1021-31, 2010
Documentos relacionados
Percepção de gestantes sobre a atuação da enfermeira na
De um total de 20 gestantes cadastradas no serviço de pré-natal, cinco satisfaziam os critérios de inclusão e compuseram a amostra final. Ressalta-se que a aproximação das gestantes do estudo, só o...
Leia mais