INCAS, ASTECAS E MAIAS Os europeus só conheceram a América

Transcrição

INCAS, ASTECAS E MAIAS Os europeus só conheceram a América
INCAS, ASTECAS E MAIAS
Os europeus só conheceram a América em fins do século XV. Porém, muito antes disso, as terras desse continente já eram habitadas
por pessoas que constituíam grupos sociais com modos de vida diferentes entre si.
A chegada dos europeus provocou uma série de mudanças na vida dos povos da América, muitos dos quais foram explorados, escravizados ou simplesmente dizimados. Apesar de todas as mudanças, podemos observar a presença, ainda nos dias de hoje, de sinais da
cultura dos povos nativos entre as populações da América.
Encontro de culturas
A história dos povos americanos não começou com a chegada dos europeus. Quando estes aqui chegaram, encontraram várias sociedades plenamente organizadas. Ao longo dos séculos, entretanto, a ação dos colonizadores acabou por eliminar em grande parte a
história desses povos. Aos olhos dos europeus, os nativos americanos precisavam ser conduzidos ao mesmo padrão de cultura deles,
ou seja, ser convertidos ao catolicismo, responder a um rei e ter os mesmos costumes. Assim, os habitantes da América passaram a ser
vistos de forma preconceituosa, o que colaborou para a dominação europeia no continente.
É importante, ainda, voltar a destacar que esse movimento de expansão dos europeus era motivado, em grande parte, pela busca de
riquezas: mercadorias que pudessem ser comercializadas na Europa, sobretudo metais preciosos. Essa é uma das principais características da colonização europeia na América, ou seja, o caráter espoliatório.
As diferenças
Quando Cristóvão Colombo chegou à América, em 1492, ele acreditava ter desembarcado em terras das Índias. Por isso, chamou de
índios àquelas pessoas de línguas e costumes tão diferentes dos europeus.
Por causa das diferenças, muitos europeus não acreditavam que os índios fossem seres humanos como eles. Muitos nativos tiveram a
mesma reação: não podiam crer que aqueles homens de barbas e armaduras fossem semelhantes a eles.
Assim, o encontro entre os habitantes da América e os europeus representou o confronto entre modos de vida totalmente diferentes.
Povos nativos da América espanhola
Iremos conhecer a seguir alguns dos povos nativos da América. Eles são chamados por alguns estudiosos de pré-colombianos. Muito
diferentes entre si, esses povos estavam espalhados por todo o continente. Em algumas regiões, a organização da sociedade era mais
complexa, com a presença de cidades, comércio, construções religiosas, etc. Em outras, habitavam povos nativos nômades, que viviam
da coleta e da caça. Dentre os povos nativos americanos, merecem destaque os incas, os maias e os astecas.
Os incas
O território inca estendia-se ao longo da cordilheira dos Andes e incluía terras hoje pertencentes a Colômbia, Equador, Peru, Bolívia,
Argentina e Chile. No Império Inca, constituído por algumas cidades e muitas aldeias, concentravam-se cerca de 15 milhões de pessoas
que falavam a mesma língua, seguiam a mesma religião e viviam sob um governo centralizado.
A terra e a água pertenciam ao governo. Ele concedia a cada comunidade o direito de permanecer em determinada área, plantando e
criando animais. Qualquer revolta significava a perda desse direito. E sem terra e água ninguém podia sobreviver.
Apesar de as terras serem trabalhadas pela comunidade, elas serviam para atender as prioridades do governo, cujo líder absoluto era
uma espécie de imperador, chamado Sapa Inca. Periodicamente, esse imperador contava com a força de trabalho de todas as pessoas
e, de forma permanente, com a mão-de-obra de uma parte da população.
Os principais produtos cultivados pelas comunidades eram o milho, o feijão, a batata, o tomate, a goiaba, a anoma (fruto parecido com
a maçã), o abacate e o amendoim. Qualquer pedaço de terra era cultivado. Nos declives, para conter a terra e poder plantar, eram
construídas espécies de terraços sustentados por paredes de pedra. Assim, as montanhas assemelhavam-se a gigantescas escadas que
se tornavam verdes sempre que as plantas germinavam. Além de cultivar a terra, os incas dedicavam-se à criação de lhamas, guanacos,
vicunhas e alpacas. Os lhamas eram usados como animais de carga, embora ocasionalmente os incas se alimentassem de sua carne. As
alpacas forneciam lã, utilizada para confeccionar roupas para a maioria da população. Da vicunha retiravam uma lã mais sedosa e de
excelente qualidade, reservada para o vestuário dos chefes incas.
As cidades eram pequenas, pois a maioria da população vivia nas aldeias. Em cada cidade, em geral, havia: um templo dedicado ao
deus Sol, a principal divindade; armazéns onde eram guardados a comida e o vestuário, provenientes do pagamento de tributos; e os
alojamentos para os soldados e para os artesãos; edifícios administrativos.
Nas aldeias, as casas eram construídas com blocos de pedra bruta e as fendas eram tapadas com barro. No lugar da porta, havia apenas um pedaço de couro cru, para proteger contra o vento. Os incas dormiam em esteiras e sentavam-se no chão.
Os principais alimentos eram batata, milho, feijão e diversos vegetais, tudo temperado com fortes condimentos.
Os astecas e os maias
Os astecas e os maias desenvolveram-se na região conhecida como Mesoamérica. Os astecas habitavam as terras do atual México; os
maias ocupavam a região onde hoje estão a Guatemala, parte de Honduras, El Salvador, Belize e a península de Iucatã, no México.
Na época em que os espanhóis desembarcaram na América, a sociedade maia encontrava-se em crise; a asteca, ao contrário, era a
principal sociedade da Mesoamérica, dominando diversos povos da região.
Apesar das inúmeras diferenças, é possível estabelecer algumas semelhanças entre astecas e maias. Os dois povos tinham uma economia agrícola, com aperfeiçoadas técnicas de produção, incluindo o uso de adubos e a construção de barragens e canais de irrigação.
Entre eles havia também desigualdades sociais.
No planalto mexicano, a ausência de chuvas combinada com clima quente e seco provocava o ressecamento do solo. Por isso, eram
utilizados diversos processos de irrigação, feitos a partir do trabalho coletivo, em regime de servidão.
As autoridades militares e religiosas dominavam os trabalhadores com o uso da força. O poder militar era utilizado ainda para conseguir o pagamento de tributos, conquistar novos territórios e submeter as comunidades conquistadas.
Esses povos acreditavam que os governantes eram representantes dos deuses, que não recompensariam as comunidades com boas
colheitas se elas não pagassem tributos ao Estado.
Os tributos eram pagos, principalmente, com parte daquilo que era produzido ou com serviços prestados na construção de obras
públicas (canais, represas e estradas). O principal produto agrícola era o milho. Cultivavam também o feijão, a mandioca, a abóbora, a
batata-doce, o tomate, o cacau, a batata, além de frutas como o abacaxi, o maracujá, a banana e o caju.
Apesar de a economia ser inteiramente voltada para a agricultura, esses povos construíram cidades com extensas e largas passagens,
palácios e templos de pedra, terraços e jardins com fontes.
A principal diferença entre os astecas e os maias diz respeito à organização política. Enquanto os astecas viviam submetidos a chefes
guerreiros, os maias não tinham uma forma de governo unificada.
Os maias eram povos que falavam línguas aparentadas e viviam em cidades independentes umas das outras que frequentemente
lutavam entre si. Destacaram-se na área da matemática e da astronomia. Utilizavam o conceito de zero, o que lhes permitia executar
operações complexas. Na astronomia, calculavam a duração do ano com alguns segundos de diferença em relação aos cálculos da
ciência de hoje.
Mortes, saques, doenças
As consequências da presença europeia na América foram desastrosas. Entre 1500 e 1600, o número de nativos na América passou de
cerca de 40 milhões para pouco mais de 10 milhões. Muitas das sociedades americanas foram destruídas e milhões de índios, mortos.
Com isso, os europeus puderam promover uma verdadeira pilhagem nas novas terras.
Na região da América dominada pelos espanhóis, os conquistadores construíram um império à custa da submissão dos povos nativos,
apoiados pela Igreja e estimulados pelos reis e pela burguesia.
As riquezas saqueadas no Novo Mundo transformaram a Espanha na maior potência da Europa naquele período. Entre 1503 e 1660,
chegaram à Espanha 185 toneladas de ouro e 25 mil toneladas de prata, entre muitas outras riquezas.
Vejamos, a seguir, como ocorreu a conquista dos astecas e dos incas, as sociedades americanas de maior poder naquela época.
A conquista dos astecas
Os astecas foram conquistados por tropas espanholas comandadas por Fernão Cortez. Ele desembarcou na região do atual México em
1519, com quinhentos homens, e foram pacificamente recebidos pelos povos nativos. Em breve, porém, surgiu a discórdia entre eles.
Cortez então aprisionou Montezuma, o imperador dos astecas, mantendo-o como refém. Revoltados com as crueldades, os astecas
atacaram os espanhóis. Nesse ataque, mataram Montezuma, que tentava acalmá-los. Cortez e seus homens conseguiram fugir. Em
maio de 1521, regressaram com reforços e cercaram a capital asteca, Tenochtitlán. Após 75 dias de cerco, Cortez lançou o assalto final e
conquistou a cidade. Nessa ocasião, milhares de nativos foram mortos, inclusive o novo imperador Guatimozin, executado após tortura. Acabava assim o Império Asteca.
A conquista dos Incas
Os incas foram conquistados por tropas espanholas comandadas por Francisco Pizarro, que chegaram à região do atual Peru em 1532.
Seus métodos de conquista foram tão brutais quanto os de Cortez. Com uma manobra traiçoeira, as tropas de Pizarro mataram 2 mil
incas e prenderam seu chefe, Atahualpa. Para libertá-lo, exigiram enorme resgate. Os súditos de Atahualpa entregaram aos espanhóis
grandes quantidades de ouro e prata: o equivalente a um aposento de 6 metros de comprimento por 3,5 metros de largura, cheio de
ouro até onde a mão do conquistador pudesse alcançar; e mais dois aposentos iguais cheios de prata. Pizarro recebeu o resgate e
ordenou que Atahualpa fosse morto. A partir de então, o caminho estava aberto para a vitória sobre os incas. Em 1533, veio o golpe
final, com a conquista de Cuzco, a capital inca.
O testemunho de Bartolomeu de las Casas
Hoje, temos conhecimento das atrocidades cometidas pelos espanhóis contra os povos pré-colombianos graças aos diversos relatos
tanto de europeus quanto de nativos que estiveram envolvidos nas conquistas.
Dentre esses relatos, destaca-se o de frei Bartolomeu de las Casas (1474-1566), que se autointitulada procurador e protetor universal de
todos os povos indígenas. Bartolomeu de las Casas foi autor de vários livros, que procuravam narrar com detalhes o processo de conquista dos territórios americanos.
Seu livro mais famoso é Brevíssima relação da destruição das índias: O paraíso destruído. Lançado em 1552, a obra alcançou sucesso
imediato na Holanda, na Inglaterra e no Sacro-Império, propagando por todo o mundo europeu a imagem dos conquistadores espanhóis sanguinários, cruéis e corruptos.
Frei Bartolomeu chamou os conquistadores — que, na época, gozavam de prestígio e fama — de "sujos ladrões", "tiranos cruéis",
"sangrentos destruidores".

Documentos relacionados

Civilizações Pré-Colombianas Os Astecas

Civilizações Pré-Colombianas Os Astecas Incas • Trabalhadores dos Ayllus: agricultura de subsistência – Trabalhavam gratuitamente nas terras do Sol (Deus), nas do Inca (Imperador) e nas dos Curacas – MITA: serviço obrigatório para a con...

Leia mais