Autorreguladas - 7º ano

Transcrição

Autorreguladas - 7º ano
História
Aluno
Caderno de Atividades
Pedagógicas de
Aprendizagem
Autorregulada - 03
7º Ano | 3° Bimestre
Disciplina
Curso
Bimestre
Ano
História
Ensino Fundamental II
3°
7º
Habilidades Associadas
1. Correlacionar a Expansão Marítima à conquista de diversos povos e à apropriação de novos
territórios.
2.
Desenvolver atitudes de respeito e tolerância às diversidades culturais.
3. Identificar as diferentes relações de trabalho na América.
1
Apresentação
A Secretaria de Estado de Educação elaborou o presente material com o intuito de estimular o
envolvimento do estudante com situações concretas e contextualizadas de pesquisa, aprendizagem
colaborativa e construções coletivas entre os próprios estudantes e respectivos tutores – docentes
preparados para incentivar o desenvolvimento da autonomia do alunado.
A proposta de desenvolver atividades pedagógicas de aprendizagem autorregulada é mais uma
estratégia pedagógica para se contribuir para a formação de cidadãos do século XXI, capazes de explorar
suas competências cognitivas e não cognitivas. Assim, estimula-se a busca do conhecimento de forma
autônoma, por meio dos diversos recursos bibliográficos e tecnológicos, de modo a encontrar soluções
para desafios da contemporaneidade, na vida pessoal e profissional.
Estas atividades pedagógicas autorreguladas propiciam aos alunos o desenvolvimento das
habilidades e competências nucleares previstas no currículo mínimo, por meio de atividades
roteirizadas. Nesse contexto, o tutor será visto enquanto um mediador, um auxiliar. A aprendizagem é
efetivada na medida em que cada aluno autorregula sua aprendizagem.
Destarte, as atividades pedagógicas pautadas no princípio da autorregulação objetivam,
também, equipar os alunos, ajudá-los a desenvolver o seu conjunto de ferramentas mentais, ajudando-o
a tomar consciência dos processos e procedimentos de aprendizagem que ele pode colocar em prática.
Ao desenvolver as suas capacidades de auto-observação e autoanálise, ele passa ater maior
domínio daquilo que faz. Desse modo, partindo do que o aluno já domina, será possível contribuir para
o desenvolvimento de suas potencialidades originais e, assim, dominar plenamente todas as
ferramentas da autorregulação.
Por meio desse processo de aprendizagem pautada no princípio da autorregulação, contribui-se
para o desenvolvimento de habilidades e competências fundamentais para o aprender-a-aprender, o
aprender-a-conhecer, o aprender-a-fazer, o aprender-a-conviver e o aprender-a-ser.
A elaboração destas atividades foi conduzida pela Diretoria de Articulação Curricular, da
Superintendência Pedagógica desta SEEDUC, em conjunto com uma equipe de professores da rede
estadual. Este documento encontra-se disponível em nosso site www.conexaoprofessor.rj.gov.br, a fim
de que os professores de nossa rede também possam utilizá-lo como contribuição e complementação às
suas aulas.
Estamos à disposição através do e-mail [email protected] para quaisquer
esclarecimentos necessários e críticas construtivas que contribuam com a elaboração deste material.
Secretaria de Estado de Educação
2
Caro aluno,
Neste caderno, você encontrará atividades diretamente relacionadas a algumas
habilidades e competências do 3° Bimestre do Currículo Mínimo de História da 7º Ano
do Ensino Fundamental. Estas atividades correspondem aos estudos durante o período
de um mês.
A nossa proposta é que você, Aluno, desenvolva estas Atividades de forma
autônoma, com o suporte pedagógico eventual de um professor, que mediará as trocas
de conhecimentos, reflexões, dúvidas e questionamentos que venham a surgir no
percurso. Esta é uma ótima oportunidade para você desenvolver a disciplina e
independência indispensáveis ao sucesso na vida pessoal e profissional no mundo do
conhecimento do século XXI.
Neste Caderno de Atividades, os alunos conhecerão melhor a abordagem do
Encontro das culturas: África e América e a Colonização Europeia na América. Os temas
estão relacionados ao processo de transformação do mundo em virtude das crises
vivenciadas no Ocidente no século XIV, bem como em decorrência da Expansão
Marítima dos séculos XIV e XV. Assim, esses conteúdos estão conectados pela abertura
das fronteiras e o maior conhecimento em relação à África e à América, bem como pela
investigação sobre outras formas sociopolíticas e, também, pelo interesse do homem
ocidental em repensar a religiosidade cristã.
Este documento apresenta 3 (três) aulas. As aulas podem ser compostas por uma
explicação base, para que você seja capaz de compreender as principais ideias
relacionadas às habilidades e competências principais do bimestre em questão, e as
atividades respectivas. Leia o texto e, em seguida, resolva as Atividades propostas. As
Atividades são referentes a dois tempos de aulas. Para reforçar a aprendizagem,
propõe-se, ainda, uma pesquisa e uma avaliação sobre o assunto.
Um abraço e bom trabalho!
Equipe de Elaboração
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Sumário
Introdução ..............................................................................................
03
Aula 01: O modelo europeu moderno de expansão marítima ......................
05
Aula 02: Diversidades culturais...................................................................
09
Aula 03: As diferentes relações de trabalho na América ...............................
16
Avaliação .................................................................................................
20
Pesquisa ...................................................................................................
23
Referências .............................................................................................
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.
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Aula 1: O modelo europeu moderno de expansão marítima
Alô, galera, que pensa a nossa história. Nessa aula vamos descobrir juntos se o
que ainda encontramos com facilidade nos livros didáticos de história corresponde aos
estudos mais recentes da historiografia, teses e dissertações que sintetizam as
pesquisas históricas. Ao estudarmos a história do nosso continente americano, e
especialmente, a história do Brasil pode ficar a impressão de que nossa história só se
inicia quando os europeus chegaram, e essa informação é falsa. Para o ponto de vista
europeu quando Colombo chegou na América, passaram a colonizar essas terras e,
portanto, divulgou-se a ideia de “descobrimento”. Porém, o consenso da maioria dos
historiadores defende a existência de variadas culturas e povos que habitavam a
América antes da chegada de Colombo, desde povos menos complexos nas suas
estruturas sociais e políticas até as civilizações como os Astecas que faziam a cobrança
de impostos.
Exemplo de pirâmides das chamadas civilizações “pré-colombianas” como Astecas
Fonte: http://cultura.culturamix.com/blog/wp-content/gallery/maias-incas-astecas/maias-incas-astecas-7.jpg
Para compreender esse episódio importante da nossa história, necessário
recuperar os estudos já realizados sobre o século XIV. Ainda hoje prevalece a lógica de
estudar a América a partir da chegada dos europeus, embora muitas pesquisas, como
já
ressaltamos,
descrevem
importantes
informações
sobre
conhecimentos
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desenvolvidos na América pelos nativos que eram desconhecidos do europeus, por
exemplo, a compreensão de calendários para melhor aproveitar o plantio e a colheita
que já era de conhecimento e domínio dos egípcios muito antes da formação dos
Estados Nacionais Modernos europeus.
A violência foi a regra na relação estabelecida entre os europeus e os povos
americanos, a ocupação e a exploração foram uma das principais tentativas de saída
da crise vivenciada na Europa desde o século XIV. Encontrar alternativas para além do
velho continente, assim como se lançar a novos destinos além-mar passou a ser
constante busca dos Estados Nacionais europeus. A expansão marítima foi uma das
mais marcantes características do mercantilismo (intervenção do Estado Absolutista,
do Rei na economia) desse período e a finalidade principal era encontrar metais
preciosos e tudo mais que fosse do interesse dos europeus. Dessa forma,
interpretamos a ocupação dos colonizadores segundo o que a colônia tinha a oferecer
e não em função do colonizador, ou seja, se encontrassem metais preciosos ou
gêneros agrícolas comercialmente interessantes para o mercado europeu, tal região
passava a ser uma colônia de exploração em que suas principiais características eram
a monocultura, mão de obra escrava, latifúndios e produção para a metrópole.
Destacando não o colonizador ou a sua origem, mas o que existia na colônia para ser
explorada, os ingleses, por exemplo, colonizaram explorando onde hoje é a Jamaica e
povoaram o que atualmente é parte do norte dos Estados Unidos e o Canadá, mas o
objetivo da colonização sendo de povoamento ou de exploração não significava que
nada era explorado onde era povoado e vice-versa. As relações eram sempre de quem
mandava: metrópole europeia e quem deveria obedecer: colônia americana, onde os
colonos tinham pouco ou nenhum direito. Nada era tão simples como pode parecer no
processo de expansão marítima, a visão sobre o mundo e sobre como as coisas no
mundo funcionavam eram ditadas pela igreja católica, até o processo das Reformas.
Entretanto, como estudamos nas aulas anteriores, essa hegemonia católica foi
quebrada por Lutero e demais reformadores ou protestantes. As perseguições
religiosas de ambos os lados eram constantes e muitos europeus fugiram do velho
continente buscando fazer na América um novo mundo, por isso encontramos
também regiões que foram ocupadas pelos europeus com a finalidade de povoamento
ou colonização de povoamento em que as principais características eram a mão de
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obra familiar ou assalariada, minifúndios, policultura e desenvolvimento do mercado
interno, mesmo não exercendo direitos políticos as diferenças entre um tipo de
colonização e outro eram contundentes.
Fonte:http://image.slidesharecdn.com/1ano-expansomartimaeuropiaeabsolutismo-121025211657-phpapp01/95/slide-1638.jpg?1351218008
Um dos aspectos mais relevantes do período moderno foi o encontro de
diversos povos como europeus, americanos, africanos e asiáticos. A expansão
marítima oportunizou conhecimentos que só foram possíveis nos encontros, ainda que
realizados com muitos conflitos. Ainda hoje é muito desafiador saber conviver com as
diferenças, respeitar o outro, sua religião, time de futebol, bairro, território... mesmo o
gosto ou desprezo por determinado estilo musical pode representar atitudes
indesejadas de preconceito. Vamos mergulhar nesse assunto na aula a seguir.
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Atividade 1
1) As caravelas foram muito importantes na época das Grandes Navegações para
o transporte de especiarias asiáticas (pimenta, gengibre, noz moscada, açafrão, cravo,
canela e seda). Nos porões das caravelas, comerciantes portugueses, genoveses e
venezianos transportaram toneladas de mercadorias das Índias para a Europa,
obtendo fabulosos lucros. Os espanhóis usaram as caravelas para transportar o ouro e
a prata que retiraram do continente americano no século XVI.
A Internet é, de uma vez e ao mesmo tempo, um mecanismo de disseminação da
informação e divulgação mundial e um meio para colaboração e interação entre
indivíduos e seus computadores, independentemente, de suas localizações
geográficas.
Tanto as caravelas, quanto a internet:
A) acentuaram os conflitos religiosos os tornando internacionais.
B) são exemplos de avanços tecnológicos que marcaram e mudaram o mundo
ampliando as fronteiras.
C) são responsáveis pela diminuição na variedade de produtos nos mercados locais e
nos globais.
D) interferiram na vida das pessoas tornando-as escravas da tecnologia.
2) “A viagem de ________ protagonizou a primeira circunavegação de África e o
primeiro encontro direto entre o Atlântico e o Índico, revestindo-se, portanto, de
importância planetária”. Na prática, no terreno, protagonizou antes do mais o primeiro
passo na implementação da rede comercial-marítima portuguesa, a que alguns
chamam Império, nos mares da Ásia”.
O documento REFERE-se à viagem de:
A) Bartolomeu Dias.
B) Pedro Álvares Cabral.
C) Vasco da Gama.
D) Martim Afonso de Souza.
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Aula 2: Diversidades culturais
Diversidade Cultural Brasileira
http://www.brasilescola.com/upload/e/diversidade%20cultral.jpg
Anacronismo pode ser definido como “coisa a que se atribui uma época em
que ela não tinha razão de ser”, segundo o dicionário ou por exemplo, ao
identificarmos na extração de pau-brasil logo no início da colonização lusitana no Brasil
como uma ação não ecológica, estamos sendo anacrônicos porque à época de Cabral,
o navegador português, não existia esse valor, essa preocupação com o meio
ambiente. Quando estamos, moçada historiadora, estudando história, especialmente
aspectos relacionados à cultura, precisamos ter o cuidado para analisarmos os fatos
históricos sem anacronismos. Outro conceito importante para os estudos sobre a
diversidade cultural é o etnocentrismo. Cultura, exemplificando, pode ser entendido
como lentes de óculos para alguém míope segundo o antropólogo Roque Laraia
(1988). Sem os óculos o indivíduo não lê corretamente as palavras, frases e
dificilmente entenderá o contexto. Pois bem, todos os homens e mulheres são
produtores e produtos (resultado) de culturas. Quando nascemos já existe um país,
diversas manifestações de festa, ritos, roupas, comidas entre outros, que foram
produzidos pelo povo ao qual vamos pertencer. Aprendemos a falar uma língua já
definida, ainda que esteja sempre em mudança, somos brasileiros e falamos o
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português, por exemplo. E afinal, o que seria etnocentrismo? Já estudamos
anteriormente esse conceito, mas vamos aproveitar esse interessante tema para
recuperá-lo que nos será útil para os estudos sobre diversidades culturais. Etnia,
segundo o dicionário, define-se “agrupamento de famílias numa área geográfica cuja
unidade assenta numa estrutura familiar, econômica e social comum e numa cultura
comum”. E o etnocentrismo seria também segundo o dicionário: “visão ou forma de
pensamento de quem crê na supremacia do seu grupo étnico ou da sua
nacionalidade”. Segundo os antropólogos, cientistas sociais que estudam o ser
humano e as suas manifestações, todos nós somos em algum nível etnocêntricos em
função da nossa identidade cultural. Vamos pensar assim, digamos que você querido
estudante de história do 7º ano, nessa fase da sua vida já descobriu que na sua família
como em qualquer família nem tudo são flores, ou seja, há problemas que podem ser
de variada natureza, entretanto, mesmo você encontrando motivos para fazer críticas
negativas sobre a sua família são poucos os que aceitam que alguém além de você as
faça, portanto você pode falar mal e mais ninguém. Lembra de uma propaganda de
sandálias onde o ator Lázaro Ramos conversava informalmente com um vendedor de
água de coco sobre os problemas do Brasil, tão bonito e rico com problemas... até que
um suposto argentino com muito sotaque na fala aparece na cena da propaganda e
passa a concordar com o diálogo dos dois brasileiros, sendo logo advertido pelo Lázaro
Ramos indignado, defendendo o Brasil, de que “problema você está falando, nosso
país é perfeito” deixando o estrangeiro sem jeito. Embora cômico, revela o
etnocentrismo que todos nós estamos expostos em face da nossa identidade cultural.
Só o brasileiro, por exemplo da propaganda citada, poderia falar mal do Brasil, e não
aceitaria mais ninguém, muito menos um argentino.
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Tu = eu? A alteridade e o respeito as diferenças
http://www.patiodosgentios.com/wp-content/uploads/2011/01/Alteridade.jpg
Compreendendo o etnocentrismo, podemos pensar na questão importante
desse capítulo de estudos, a alteridade, no dicionário encontramos a seguinte
definição: “Qualidade do que é outro ou do que é diferente”. Ao contrário da
identidade do que é nosso, próprio, quem eu sou, pertenço, a alteridade é o outro (o
não eu).
Geografia étnica africana
http://zoomafrica.files.wordpress.com/2011/06/cultura4.jpg
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No mundo da Idade Moderna, em função da expansão marítima, vários povos
se encontraram e consequentemente uma cultura estava em confronto com outras.
Fundamental, moçada fera nos estudos de história, levar em consideração que tanto
na África quanto na América, por exemplo, residiam variados povos e grupos étnicos
com uma enorme diversidade cultural. Foi no encontro com o outro que foram
criados novos nomes, representações sobre o outro que não era de conhecimento até
o momento histórico. Reduzir um “Hauçá” ou “Banto” a africano é desconsiderar as
diferenças que existiam e existem no continente Africano. Assim como um “Ianomâmi”
ou “Inca” são nativos americanos, mas que são diferentes em função de suas
expressões culturais e históricas. Diferentes, nas ciências sociais, não significa melhor
ou pior, apenas diferentes como retrata a letra de funk do Mc Marcinho:
“(...) Nem melhor, nem pior: apenas diferente
Bonde de Cabo Frio, demorou fechar com a gente
Se quiser conhecer, só tem uma solução
Demorou fechar o bonde dos irmãos
Se quiser puxar o bonde, tem que ter sabedoria
Sou 100% humilde, da favela eu sou cria
Porque na favela tu tem que saber viver
Porque se tu tirar, os manos cobram de você
http://letras.mus.br/mc-marcinho/126178/
Portanto, o preconceito e o racismo, por exemplo, são fundamentados pela
ignorância desses conceitos que acabamos de conhecer. Há ainda quem acredite e
defenda que o europeu é superior ao brasileiro, ou que o brasileiro é superior ao
paraguaio, ou ainda, se a origem é da periferia ou de uma favela, necessariamente,
apresenta-se como inferior aos do “asfalto”. Se estamos considerando cultura não há
superior ou inferior, apenas expressões diferentes de cultura humana que necessita
ser respeitada.
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ALTERIDADE - Frei Betto
O que é alteridade? É ser capaz de apreender o outro na plenitude da sua dignidade, dos
seus direitos e, sobretudo, da sua diferença. Quanto menos alteridade existe nas relações
pessoais e sociais, mais conflitos ocorrem.
A nossa tendência é colonizar o outro, ou partir do princípio de que eu sei e ensino para
ele. Ele não sabe. Eu sei melhor e sei mais do que ele. Toda a estrutura do ensino no
Brasil, criticada pelo professor Paulo Freire, é fundada nessa concepção. O professor
ensina e o aluno aprende. É evidente que nós sabemos algumas coisas e, aqueles que
não foram à escola, sabem outras tantas, e graças a essa complementação vivemos em
sociedade. Como disse um operário num curso de educação popular: "Sei que, como todo
mundo, não sei muitas coisas".
Numa sociedade como a brasileira em que o apartheid é tão arraigado, predomina a
concepção de que aqueles que fazem serviço braçal não sabem. No entanto, nós que
fomos formados como anjos barrocos da Bahia e de Minas, que só têm cabeça e não têm
corpo, não sabemos o que fazer das mãos. Passamos anos na escola, saímos com Ph.D.,
porém não sabemos cozinhar, costurar, trocar uma tomada ou um interruptor, identificar o
defeito do automóvel... e nos consideramos eruditos. E o que é pior, não temos equilíbrio
emocional para lidar com as relações de alteridade.
Daí por que, agora, substituíram o Q.I. para o Q.E., o Quociente Intelectual para o
Quociente Emocional. Por quê? Porque as empresas estão constatando que há, entre
seus altos funcionários, uns meninões infantilizados, que não conseguem lidar com o
conflito, discutir com o colega de trabalho, receber uma advertência do chefe e, muito
menos, fazer uma crítica ao chefe.
Bem, nem precisamos falar de empresa. Basta conferir na relação entre casais. Haja
reações infantis...
Quem dera fosse levada à prática a ideia de, pelo menos a cada três meses, um setor da
empresa fazer uma avaliação, dentro da metodologia de crítica e autocrítica. E que
ninguém ficasse isento dessa avaliação. Como Jesus um dia fez, ao reunir um grupo dos
doze e perguntar: "O que o povo pensa de mim?" E depois acrescentou: "E o que vocês
pensam de mim?"
Quem, na cultura ocidental, melhor enfatizou a radical dignidade de cada ser humano,
inclusive a sacralidade, foi Jesus. O sujeito pode ser paralítico, cego, imbecil, inútil,
pecador, mas ele é templo vivo de Deus, é imagem e semelhança de Deus. Isso é uma
herança da tradição hebraica. Todo ser humano, dentro da perspectiva judaica ou cristã, é
dotado de dignidade pelo simples fato de ser vivo. Não só o ser humano, todo o Universo.
Paulo, na Epístola aos Romanos, assinala: "Toda a Criação geme em dores de parto por
sua redenção".
Dentro desse quadro, o desafio que se coloca para nós é como transformar essas cinco
instituições pilares da sociedade em que vivemos: família, escola, Estado (o espaço do
poder público, da administração pública), Igreja (os espaços religiosos) e trabalho. Como
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torná-los comunidades de resgate da cidadania e de exercício da alteridade democrática?
O desafio é transformar essas instituições naquilo que elas deveriam ser sempre:
comunidades. E comunidades de alteridade.
Aqui entra a perspectiva da generosidade. Só existe generosidade na medida em que
percebo o outro como outro e a diferença do outro em relação a mim. Então sou capaz de
entrar em relação com ele pela única via possível – porque, se tirar essa via, caio no
colonialismo, vou querer ser como ele ou que ele seja como sou - a via do amor, se
quisermos usar uma expressão evangélica; a via do respeito, se quisermos usar uma
expressão ética; a via do reconhecimento dos seus direitos, se quisermos usar uma
expressão jurídica; a via do resgate do realce da sua dignidade como ser humano, se
quisermos usar uma expressão moral. Ou seja, isso supõe a via mais curta da
comunicação humana, que é o diálogo e a capacidade de entender o outro a partir da sua
experiência de vida e da sua interioridade.
Frei Betto é escritor, autor de "Alfabetto - autobiografia escolar" (Ática), entre outros livros.
No entanto, sabemos que a ocupação e exploração europeia de colonização na
América foi resultado de muita violência e desrespeito às culturas locais, o que vamos
verificar na aula a seguir.
Atividade 2
1)
“(...) cabe lembrar que é quase impossível falar da África no singular, de ‘uma’ só África no
Brasil: são muitas as origens, as trajetórias, as culturas. A própria noção de ‘africano’ não
existia entre os escravos até o século XIX. A identidade de cada povo, que o mundo
escravocrata dissolvia, ainda assim prevalecia sobre a ideia da identidade africana, da
África como terra de todos. Esta só se desenvolveria na própria África nos séculos XIX e XX,
a parti r das lutas de independência *no século XX+.”
LIMA, Mônica. A África na sala de aula. In: Nossa história. Ano 1, nº 4, fev. 2004. p. 85.
Segundo a autora,
A) a África é uma região marcada pela miséria, doenças e conflitos.
B) a África é um continente marcado pela diversidade histórica e étnica.
C) os africanos têm o mesmo passado e a mesma etnia.
D) os africanos, desde a antiguidade, reconheciam-se como africanos.
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2) A violência marcou a dominação dos europeus sobre os povos pré-colombianos.
http://www.alunosonline.com.br/historia/dominacaoespanhola/
Explique quais foram os efeitos da conquista europeia na América entre os nativos, além
do sofrimento causado pelo uso da violência.
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Aula 3: Identificar as diferentes relações de trabalho na América
Os nativos “brasileiros” pré-cabral.
http://pt.org/wiki/Ficheiro:Slide27.JPG
Quando os europeus chegaram na América a ocupando no processo de
colonização encontraram civilizações fascinantes e admiráveis. Os europeus,
gradativamente, submeteram as diversas etnias e civilizações americanas ao seus
interesses mercantis de exploração, foram aproveitando e usando formas de trabalho
compulsório (obrigatório) já existentes no modelo cultural local e adaptaram às
necessidades da metrópole europeia. O principal objetivo era a exploração e para isso a
necessidade de conquista. Moçada ligada na história, claro que uma ocupação do
tamanho de um continente não foi realizada sem a ajuda de grupos locais que também
se aproveitavam da chegada dos europeus para estabelecer alianças políticas que
supostamente favoreceriam o seu próprio povo. Mas, como os europeus puderam
ajudar alguns grupos locais? Vejamos o caso da ocupação portuguesa no Brasil, mais
precisamente em torno da baía de Guanabara no Rio de Janeiro. Para os “Temiminós”
de origem Tupi, liderados por Arariboia foi muito interessante a aliança com os
lusitanos, pois com essa “ajuda” foram capazes de expulsar os seus inimigos
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“Tupinambás” para mais distante das suas terras. Assim como foi fundamental a
participação dos Temiminós para os portugueses para expulsarem do Rio de Janeiro os
franceses que tentavam também ocupar essa região. Dessa forma, quem estava
trabalhando para quem? Os “índios” para os europeus ou estes para os “índios”?
Estátua de Arariboia, chefe Temininó fundador da cidade de Niterói em 1573
http://pt.org/wiki/Ficheiro:Slide27.JPG
Sabemos que foi a força da ocupação militar europeia que submeteu pouco a
pouco os diversos povos americanos a sua forma de pensar, agir, rezar... E uma eficiente
estratégia de ocupação e exploração europeia foi o pretexto de evangelizar os povos
desconhecedores de Cristo, ou cristianização. Não por acaso o símbolo das caravelas,
naus e embarcações à época era a cruz.
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A colonização espanhola na América, Theodore de Bry em 1576.
http://www.algosobre.com.br/images/stories/historia/violencia-espanhois-indios_theodore-de-bry.jpg
Os jesuítas, ordem criada pela Igreja católica no processo que já estudamos de
contrarreforma ou Reforma Católica passaram a catequizar os índios, conhecendo suas
línguas, sua cultura, seus valores, porém, com a finalidade de submetê-los aos conceitos
doutrinários católicos e europeus. No contato entre os europeus e americanos, formas
de trabalho foram aproveitadas pelos europeus para a ocupação e exploração dos
territórios. A “Mita” (assim denominado onde hoje fica o Peru) ou “Repartimiento”
(denominação usada no México) foi a adaptação de rituais Incas já realizados antes da
chegada dos espanhóis, por revezamento onde agrupamentos eram deslocados e
recrutados para trabalhar de forma compulsória em minas, por exemplo, por alguns
meses. Evidentemente que as condições de trabalho eram as piores possíveis, expondo
vários grupos étnicos nativos as mais devastadoras doenças. A “Encomienda" era a
troca de trabalho compulsório dos Índios em fazendas ou também em minas em troca
de evangelização, ou aprendizados religiosos. Para receberem a proteção dos padres
jesuítas, por exemplo, os nativos trabalhavam nas terras da igreja ou missões.
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Atividade 3
1. Os astecas e o incas não foram eliminados nem expulsos pelos conquistadores
espanhóis devido:
a) ao respeito que os colonizadores tinham pela cultura desses povos.
b) a eles terem-se associado aos colonizadores, na exploração dos povos mais fracos.
c) à existência de ouro e prata nas regiões que eles ocupavam e ao interesse dos
colonizadores em explorá-los enquanto mão de obra.
d) à existência de excedente de produção agrícola e de força de trabalho organizada
nessas civilizações.
2. "(...) desde o começo até hoje a hora presente os espanhóis nunca tiveram o
mínimo cuidado em procurar fazer com que a essas gentes fosse pregada a fé
de Jesus Cristo, como se os índios fossem cães ou outros animais: e o que é pior
ainda é que o proibiram expressamente aos religiosos, causando-lhes
inumeráveis aflições e perseguições, a fim de que não pregassem, porque
acreditavam que isso os impediria de adquirir o ouro e riquezas que a avareza
lhes prometia." (Frei Bartolomeu de Las Casas. "Brevíssima relação da
destruição das Índias", 1552.)
No contexto da colonização espanhola na América, é possível afirmar que:
a) existia concordância entre colonizadores e missionários sobre a legitimidade de
sujeitar os povos indígenas pela força.
b) os missionários influenciaram o processo de conquista para salvar os índios da
cobiça espanhola.
c) colonizadores, soldados e missionários respeitavam os costumes, o modo de vida e a
religião dos povos nativos.
d) os padres condenavam as atitudes dos soldados porque pretendiam ficar com as
riquezas das terras descobertas.
e) os missionários condenavam o uso da força e propunham a conversão religiosa dos
povos indígenas.
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Avaliação
1. Cite as características encontradas na colonização de exploração.
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2. O objetivo destas colônias é o de praticar o comércio em melhores condições do que
aquelas em que é praticado com os povos vizinhos, com os quais as vantagens são
recíprocas. Estabeleceu que somente a metrópole poderia comercializar com a
colônia; e isto com grande razão, porque o objetivo do estabelecimento havia sido a
constituição do comércio e não a fundação de uma cidade ou de um império... A
desvantagem das colônias, que perdem a liberdade de comércio, é compensada pela
proteção da metrópole, que a defende com suas armas.
SÉCONDAT, Charles de – Barão de Montesquieu. Do Espírito das leis. Rio de Janeiro,
Tecnoprint, 1966.
A colonização estava diretamente relacionada ao projeto mercantilista europeu
porque:
a) a colônia estava livre para comercializar com os países europeus.
b) promoveria o desenvolvimento da área situada fora da Europa.
c) a colônia tinha como função a manutenção e o enriquecimento da metrópole.
d) contribuiria para aumentar o comércio entre os países europeus.
3. O processo de colonização europeia da América, durante os séculos XVI, XVII e XVIII
está ligado à:
a) expansão comercial e marítima, ao fortalecimento das monarquias nacionais
absolutas e à política mercantilista.
b) disseminação do movimento cruzadista, ao crescimento do comércio com os povos
orientais e à política livre-cambista.
c) política imperialista, ao fracasso da ocupação agrícola das terras e ao crescimento
do comércio bilateral.
20
d) criação das companhias de comércio, ao desenvolvimento do modo feudal de
produção e à política liberal.
4. Na América, desenvolveram-se sociedades que deram origem a grandes civilizações;
é o caso da civilização Inca. Sobre ela podemos afirmar que:
a) os incas eram governados por um rei, que tinha como função principal comandar o
exército; daí receber o título de "senhor dos guerreiros", comprometendo-se a ser
responsável com os deuses e seu povo.
b) entre os incas, qualquer indivíduo, por mais humilde que fosse, poderia chegar a
pertencer às classes mais altas, desde que tivesse mostrado bravura e valentia numa
batalha.
c) Tenochtitlãn, sua principal cidade, foi construída numa pequena ilha, do lago
Texcoco, na qual ao invés de estradas usavam-se canais como via de comunicação.
d) o predomínio social nessa civilização cabia a uma elite militar e sacerdotal de
caráter hereditário, comandada pelo Halach Uinic, responsável pela administração e
cobrança de impostos.
e) os incas criaram um sistema de produção agrícola que garantia a sobrevivência da
população, graças a um sistema de divisão das terras cultiváveis em três tipos: terra do
Deus Sol, terra do Inca e a terra dos camponeses.
5.
A abordagem apresentada no texto foi desenvolvida a partir do início do século
XX e originou uma nova perspectiva das ciências sociais em relação ao estudo das
culturas. O Relativismo. Quando acreditamos que a nossa cultura é superior às demais
estamos com um pensamento:
21
(A) civilizado
(B) materialista
(C) evolucionista
(D) etnocêntrico
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Pesquisa
Caro aluno, agora que já estudamos alguns dos principais assuntos relativos ao
3° bimestre, é hora de discutir um pouco sobre a importância deles na nossa vida.
JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO
CADERNO COTIDIANO
24/04/2013
Projeto que proíbe baile funk na rua é aprovado
Proposta passa em 1ª votação na Câmara
FERNANDA PEREIRA NEVESDE SÃO PAULO
A Câmara de Vereadores de São Paulo aprovou ontem projeto de lei
que proíbe a realização de bailes funk em ruas, praças, parques e demais espaços
públicos. A proposta foi aprovada em primeira discussão, e só vai à apreciação do
prefeito se passar em segunda votação. De autoria de Conte Lopes (PTB) e Coronel
Camilo (PSD), o projeto estende a proibição aos bailes funk a espaços privados de livre
acesso ao público, como os postos de gasolina e estacionamentos. Os vereadores
justificam a proposta dizendo que esses bailes incentivam o consumo de bebidas
alcoólicas e outras drogas, reunindo grande número de menores de idade.
A Polícia Militar iniciou em março uma operação contra os bailes funk
na cidade, o que provocou protesto na região de Itaquera (zona leste). Um ônibus foi
incendiado.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/105549-projeto-que-proibe-baile-funk-na-rua-e-aprovado.shtml
Compare a reportagem e as razões apresentadas nas aulas anteriores sobre as
atitudes de ignorância e o preconceito cultural e explique as possíveis causas para a lei
da cidade de São Paulo, redija um texto após a pesquisa sobre esses assuntos com o
seguinte título: “Nem melhor, nem pior: apenas diferente”
Então, vamos lá? Mãos à obra!
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Referências
[1] ACKER, Maria Teresa Van. Renascimento e Humanismo. São Paulo: Atual, 1992.
[2] BAKHTIN, Mikhail. Cultura Popular na Idade Média e no Renascimento. 7 ed. São
Paulo: Hucitec, 2011.
[3] BARROS, José D’Assunção. A expansão documental e a conquista das fontes
dialógicas. Revista Albuquerque. V. 3, n. 1, 2010.
[4] BEZERRA, Holien Gonçalves. Ensino de História: conteúdos e conceitos básicos. In:
KARNAL, Leandro (org.). História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. 5 ed.
São Paulo: Contexto, 2008
[5] BOULOS JUNIOR, Alfredo. História: Sociedade e Cidadania. São Paulo: FTD, 2009. p.
8-37; 90-113. 7° ano. Capítulos: 1, 2 e 6.
[6] CARDOSO, Ciro Flamarion & VAIFAS, Ronaldo (org.). Novos domínios da história. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2012.
[7] LE GOFF, Jacques. História e memória. Campinas: Editora da Unicamp, 1996.
[8] MACEDO, José Rivair. A Mulher na Idade Média. São Paulo: Contexto, 1999.
[9] OLIVIERI, Antônio Carlos. Renascimento. 10 ed. São Paulo: Áti ca, 2004.
[10] SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. Dicionário de conceitos históricos.
São Paulo: Contexto, 2005.
[11] THOMPSON, Edward. Tempo, disciplina do trabalho e capitalismo industrial. In:
Costumes em Comum: estudos sobre a cultura popular tradicional. São Paulo:
Companhia das Letras, 1998. p.267-304.
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Equipe de Elaboração
COORDENADORES DO PROJETO
Diretoria de Articulação Curricular
Adriana Tavares Maurício Lessa
Coordenação de Áreas do Conhecimento
Bianca Neuberger Leda
Raquel Costa da Silva Nascimento
Fabiano Farias de Souza
Peterson Soares da Silva
Ivete Silva de Oliveira
Marília Silva
PROFESSORES ELABORADORES
Daniel de Oliveira Gomes
Danielle Cristina Barreto
Erica Patricia Di Carlantonio Teixeira
Renata Figueiredo Moraes
Sabrina Machado Campos
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