Língua Portuguesa – 3ª série do Ensino Médio

Transcrição

Língua Portuguesa – 3ª série do Ensino Médio
ISSN 2238-0086
SAEGO
2015
SISTEMA DE AVALIAÇÃO EDUCACIONAL DO
ESTADO DE GOIÁS
REVISTA PEDAGÓGICA
LÍNGUA PORTUGUESA
3ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO
Governo do Estado de Goiás
Marconi Perillo
Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esporte
Raquel Figueiredo Alessandri Teixeira
Superintendência Executiva de Educação
Marcos das Neves
Superintendência de Acompanhamento dos Programas Institucionais
Ralph Waldo Rangel
Núcleo de Organização e Atendimento Educacional
João Batista Peres Júnior
Gerência de Avaliação da Rede de Ensino
Weyne Maria Magalhães Carneiro
Apresentação
Prezados gestores e professores,
Apresentamos a revista do Sistema de Avaliação Educacional do Estado de Goiás
(SAEGO), edição 2015. A publicação, feita anualmente, busca difundir a metodologia e
os resultados dessa importante avaliação, que fortalece o processo de diagnóstico do
ensino e do aprendizado.
Criado em 2011, o SAEGO avalia a proficiência dos alunos no 2º ano do Ensino Fundamental, em Língua Portuguesa (Leitura), e no 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e na 3ª
série do Ensino Médio, em Língua Portuguesa e Matemática. É uma importante ferramenta
de monitoramento das ações pedagógicas nas escolas, reunindo subsídios para intervenções e ajustes necessários, com foco na melhoria da qualidade da nossa educação.
O trabalho executado pela equipe pedagógica, professores e servidores da Secretaria de Educação, Cultura e Esporte, que a cada ano se torna mais eficiente, apresentou avanços no ensino de Língua Portuguesa e de Matemática na última avaliação,
com ênfase no 5° ano do Ensino Fundamental, que, nas duas disciplinas, apresentou um
salto de quase 10 pontos de 2014 para 2015. Essa mesma série também registrou 93,9%
de participação, o maior índice em todas as edições.
Esse processo de avaliação contribui para aperfeiçoar o planejamento e execução
de práticas pedagógicas no desenvolvimento da aprendizagem, sendo fundamental para
conhecer nossos alunos e reconhecer os resultados que alcançamos, cientes da responsabilidade de influenciarmos políticas públicas e os caminhos para as conquistas sociais.
Aferir com precisão a capacidade e habilidade de nossos alunos em sala de aula
permite-nos fomentar mudanças na educação, sustentadas pela excelência e equidade,
linhas norteadoras da educação na rede estadual. Somos agentes transformadores de
vidas e é nossa responsabilidade o exercício de pensar o futuro e se antecipar a ele.
Raquel Teixeira
Secretária de Estado de Educação, Cultura e Esporte
SUMÁRIO
11
16
51
1. POR QUE AVALIAR A
EDUCAÇÃO EM GOIÁS??
3. COMO É A
AVALIAÇÃO NO
SAEGO?
5. COMO A ESCOLA
PODE SE APROPRIAR
DOS RESULTADOS DA
AVALIAÇÃO?
13
49
57
2. O QUE É AVALIADO
NO SAEGO?
4. COMO SÃO
APRESENTADOS OS
RESULTADOS DO
SAEGO?
6. QUE ESTRATÉGIAS
PEDAGÓGICAS PODEM
SER UTILIZADAS
PARA DESENVOLVER
DETERMINADAS
HABILIDADES?
Prezado(a) educador(a),
Apresentamos a Revista Pedagógica do SAEGO 2015.
Esta publicação faz parte da coleção de divulgação dos resultados da avaliação realizada
no final do ano de 2015.
Para compreender os resultados dessa avaliação, é preciso responder aos seguintes questionamentos:
POR QUE AVALIAR A EDUCAÇÃO EM GOIÁS?
O QUE É AVALIADO NO SAEGO?
COMO É A AVALIAÇÃO NO SAEGO?
COMO SÃO APRESENTADOS OS RESULTADOS DO SAEGO?
COMO A ESCOLA PODE SE APROPRIAR DOS RESULTADOS DA
AVALIAÇÃO?
QUE ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS PODEM SER UTILIZADAS PARA
DESENVOLVER DETERMINADAS HABILIDADES?
1
POR QUE AVALIAR A EDUCAÇÃO EM
GOIÁS?
Uma das dúvidas mais frequentes, quando se fala em avaliação
externa em larga escala, é: por que avaliar um sistema de ensino, se já existem as avaliações internas, nas escolas?
SAEGO 2015 Revista Pedagógica
Para responder a essa pergunta, é
dem envidar esforços no sentido de
dos estudantes, e concentrem seus es-
preciso, em primeiro lugar, diferenciar
estabelecer políticas que contribuam
forços em levá-los a vencer as dificul-
avaliação externa de avaliação interna.
para a melhoria do desempenho dos
dades apontadas por esses resultados.
Avaliação interna é aquela que
estudantes de toda a rede, e também
Essas estratégias passam por um
ocorre no âmbito da escola. O edu-
têm a possibilidade de atuar em casos
estudo acurado dos materiais dispo-
cador que elabora, aplica e corrige o
pontuais, como escolas ou regiões es-
nibilizados para as escolas: os conteú-
teste para, em seguida, analisar seus
pecíficas que apresentem o mesmo
dos do site do programa, as revistas de
resultados faz parte da unidade esco-
tipo de dificuldade.
divulgação de resultados, os encartes
lar em que o processo educacional é
levado a efeito.
Além da dimensão da rede de
contendo os resultados da escola, em
ensino, as escolas, individualmente,
cada disciplina e etapa avaliada for-
A avaliação externa em larga es-
podem e devem utilizar os resultados
mam um conjunto robusto de informa-
cala, por sua vez, constitui um procedi-
da avaliação para verificar o desen-
ções que merece atenção e análise.
mento avaliativo baseado na aplicação
volvimento, pelos estudantes, das ha-
Esse conjunto foi pensado com a
de testes e questionários padroniza-
bilidades esperadas para a etapa de
intenção de fornecer, aos gestores e
dos, para um grande número de estu-
escolaridade em que estão inseridos.
professores, o máximo de elementos
dantes. Esses testes são elaborados
É relevante lembrar que esses resulta-
para que possam avaliar, por meio de
com tecnologias e metodologias bem
dos precisam ser pensados à luz dos
dados obtidos externamente à escola,
definidas e específicas, por agentes
conteúdos
trabalhados
como está o desempenho de seus es-
externos à escola. A avaliação exter-
pela escola: as Matrizes de Referên-
tudantes, em comparação com as de-
na possibilita verificar a qualidade e a
cia, base para a elaboração dos testes,
mais escolas da rede, e quais são os
efetividade do ensino ofertado a uma
devem estar relacionadas a esses con-
pontos que demandam uma atenção
determinada população (estado ou mu-
teúdos, sem, no entanto, substituí-los.
maior, no trabalho desenvolvido no in-
nicípio, por exemplo).
As unidades escolares têm a possibili-
terior da escola.
curriculares
Mas como os dados obtidos por
dade de observar se o currículo adota-
Desse modo, fica evidente que as
esse tipo de avaliação podem con-
do contempla as habilidades conside-
informações obtidas a partir dos testes
tribuir para melhorar os processos
radas mínimas para que os estudantes
da avaliação externa em larga escala,
educativos, no interior das escolas, e,
consigam caminhar, a cada etapa ven-
isoladamente, não solucionam os pro-
consequentemente, os resultados das
cida, rumo à aquisição dos conheci-
blemas da educação brasileira, nem
redes de ensino? Esse é um questio-
mentos necessários para se tornarem
têm essa pretensão. A trilha que pode-
namento muito observado entre as
cidadãos críticos e conscientes de seu
rá levar a essa solução é a forma como
equipes gestoras e pedagógicas das
papel na sociedade.
os dados serão utilizados. E, nesse
escolas que recebem os resultados da
Verificada a correlação Currículo X
aspecto, somente os educadores en-
Matriz de Referência, gestores e pro-
volvidos com o processo educacional
É necessário ter em mente que
fessores podem atuar de diversas ma-
poderão estabelecer o melhor cami-
a avaliação externa em larga escala
neiras. Algumas estão indicadas nesta
nho a seguir.
tem como objetivo oferecer, por meio
publicação, nas seções 5 - Como a
As próximas seções têm o objeti-
de seus resultados, um importante
escola pode se apropriar dos resulta-
vo de auxiliá-los nessa trajetória, ofe-
subsídio para as tomadas de decisão,
dos da avaliação? e 6 - Que estraté-
recendo informações relevantes para
inicialmente na esfera das redes de
gias pedagógicas podem ser utiliza-
que a apropriação e a análise dos re-
ensino. Os dados oriundos dos testes
das para desenvolver determinadas
sultados da avaliação externa em larga
respondidos pelos estudantes formam
habilidades? O importante é descobrir
escala sejam produtivas para sua esco-
um painel que ilustra o que está sen-
as estratégias mais adequadas para
la e para sua prática profissional.
do ensinado e o que os estudantes
que todos os membros da comunidade
estão aprendendo, em cada discipli-
escolar se apropriem dos resultados
na e etapa avaliada. De posse dessas
da avaliação, compreendendo sua im-
informações, os gestores de rede po-
portância e seu significado para a vida
avaliação externa.
12
2
O QUE É AVALIADO NO SAEGO?
Antes de iniciar a elaboração dos testes para a avaliação, é imprescindível determinar, com clareza, o que se deseja avaliar.
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Matriz de Referência
MATRIZ DE REFERÊNCIA DE LÍNGUA PORTUGUESA - SAEGO
3ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO
I. PROCEDIMENTOS DE LEITURA
O QUE É UMA MATRIZ DE REFERÊNCIA?
D1
Localizar informações explícitas em um texto.
D3
Inferir o sentido de uma palavra ou expressão.
D4
Inferir uma informação implícita em um texto.
As Matrizes de Referência indicam as habilidades que
No que diz respeito ao SAEGO, o que será avaliado
se deseja avaliar nos testes do SAEGO. Importa registrar
está indicado nas Matrizes de Referência desse programa.
que as Matrizes de Referência são uma parte do Currículo,
As Matrizes de Referência relacionam os conhecimentos e
D6
Identificar o tema de um texto.
ou Matriz Curricular: as avaliações em larga escala não pre-
as habilidades para cada etapa de escolaridade avaliada,
D14
Distinguir fato da opinião relativa a esse fato.
tendem avaliar o desempenho dos estudantes em todos os
ou seja, elas detalham o que será avaliado, tendo em vista
conteúdos presentes no Currículo, mas, sim, nas habilidades
as operações mentais desenvolvidas pelos estudantes em
consideradas fundamentais para que os estudantes progri-
relação aos conteúdos escolares que podem ser aferidos
dam em sua trajetória escolar.
pelos testes de proficiência.
II. IMPLICAÇÕES DO SUPORTE, DO GÊNERO E/OU DO ENUNCIADOR NA COMPREENSÃO DE TEXTOS
D5
Interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propagandas, quadrinhos, foto, etc.).
D12
Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros.
III. RELAÇÃO ENTRE TEXTOS
D20
Reconhecer diferentes formas de tratar uma informação na comparação de textos que tratam do mesmo tema, em função das
condições em que ele foi produzido e daquelas em que será recebido.
D21
Reconhecer posições distintas entre duas ou mais opiniões relativas ao mesmo fato ou ao mesmo tema.
IV. COERÊNCIA E COESÃO NO PROCESSAMENTO DE TEXTOS
O Tópico agrupa um conjunto de habilidades, indicadas pelos descritores,
D2
Estabelecer relações entre partes de um texto, identificando repetições ou substituições que contribuem para a continuidade de um
texto.
D7
Identificar a tese de um texto.
D8
Estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la.
D9
Diferenciar as partes principais das secundárias em um texto.
D10
Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa.
D11
Estabelecer relação causa/consequência entre partes e elementos do texto.
D15
Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, advérbios, etc.
que possuem afinidade entre si.
Os Descritores descrevem as habilidades que serão avaliadas por meio
V. RELAÇÕES ENTRE RECURSOS EXPRESSIVOS E EFEITOS DE SENTIDO
dos itens que compõem os testes de
D16
Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados.
D17
Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações.
D18
Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra ou expressão.
D19
Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos ortográficos e/ou morfossintáticos.
uma avaliação em larga escala.
VI. VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
D13
14
Identificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto.
15
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3
1ª ETAPA – ELABORAÇÃO DOS ITENS QUE COMPORÃO OS TESTES.
Item
1. Enunciado – estímulo para que o estudante mobilize
recursos cognitivos, visando solucionar o problema apresentado.
O que é um item?
2. Suporte – texto, imagem e/ou outros recursos que servem de base para a resolução do item. Os itens de Mate-
O item é uma questão utilizada nos testes das
mática e de Alfabetização podem não apresentar suporte.
avaliações em larga escala
3. Comando –
Como é elaborado um item?
texto necessariamente relacionado à ha-
bilidade que se deseja avaliar, delimitando com clareza a
O item se caracteriza por avaliar uma única habilidade, indicada por um descritor da Matriz de Referência
tarefa a ser realizada.
4. Distratores – alternativas incorretas, mas plausíveis – os
distratores devem referir-se a raciocínios possíveis.
do teste. O item, portanto, é unidimensional.
5. Gabarito – alternativa correta.
Um item é composto pelas seguintes partes:
Leia o texto abaixo.
COMO É A AVALIAÇÃO NO SAEGO?
Curaçao, um simpático e colorido paraíso
5
10
Para elaborar os testes do SAEGO, é necessário estabelecer como se dará esse processo, a partir das habilida-
15
des elencadas nas Matrizes de Referência, e como será o
processamento dos resultados desses testes.
Há uma lenda que explica a razão de Curaçao ser uma ilha tão colorida. Consta que
um governador, há muitos anos, sentia dores de cabeça terríveis por todas as construções
serem pintadas de branco e refletirem muito a luz do sol. Ele teria então sugerido algo a
seus conterrâneos: colocar outras cores nas fachadas de suas residências e comércios;
ele mesmo passaria a usar o amarelo em todas as construções que tivessem a ver com o
governo. E assim nasceu o colorido dessa simpática e pequena ilha do Caribe.
E quem se importa se a história é mesmo real? Todo o colorido de Punda e Otrobanda
combina perfeitamente com os muitos tons de azul que você vai aprender a reconhecer no
mar que banha Curaçao, nos de branco, presentes na areia de cada uma das praias de
cartão-postal, ou nos verdes do corpo das iguanas, o animal símbolo da ilha.
Acostume-se, aliás, a encontrar bichinhos pela ilha. Sejam grandes como os golfinhos e
focas do Seaquarium, os lagartos que vivem livres perto das cavernas Hato, ou os muitos
peixes que vão cercar você assim que entrar nas águas da lindíssima praia de Porto Mari.
Tudo em Curaçao parece querer dar um “oi” para o visitante assim que o avista.
A ilha, porém, tem mais do que belezas naturais. Descoberta apenas um ano antes do
Brasil, Curaçao também teve um histórico [...] que rendeu ao destino uma série de atrações
[...], como o museu Kura Hulanda, ou as Cavernas Hato. [...]
Disponível em: <http://zip.net/bhq1CS>. Acesso em: 11 out. 2013. Fragmento. (P070104F5_SUP)
(P070105F5)
De acordo com esse texto, qual é o animal símbolo da ilha?
A) A foca.
B) A iguana.
C) O golfinho.
D) O lagarto.
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2ª ETAPA – ORGANIZAÇÃO DOS CADERNOS DE TESTE.
Cadernos de Teste
CADERNO DE TESTE
VERIFIQUE A COMPOSIÇÃO DOS CADERNOS DE TESTE
DA 3ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO:
Língua Portuguesa
Matemática
Como é organizado um caderno de teste?
A definição sobre o número de itens é crucial para a composição dos
91 x
cadernos de teste. Por um lado, o teste deve conter muitos itens, pois um
91 x
dos objetivos da avaliação em larga escala é medir de forma abrangente as
habilidades essenciais à etapa de escolaridade que será avaliada, de forma a
garantir a cobertura de toda a Matriz de Referência adotada. Por outro lado, o
91 itens divididos em: 7 blocos de Língua
Portuguesa com 13 itens cada
teste não pode ser longo, pois isso inviabiliza sua resolução pelo estudante.
91 itens divididos em: 7 blocos de
Matemática com 13 itens cada
Para solucionar essa dificuldade, é utilizado um tipo de planejamento de testes denominado Blocos Incompletos Balanceados – BIB .
O que é um BIB – Bloco Incompleto Balanceado?
7x
No BIB, os itens são organizados em blocos. Alguns desses blocos for-
7x
mam um caderno de teste. Com o uso do BIB, é possível elaborar muitos
cadernos de teste diferentes para serem aplicados a estudantes de uma
mesma série. Podemos destacar duas vantagens na utilização desse modelo
de montagem de teste: a disponibilização de um maior número de itens em
2 blocos (26 itens) de Língua Portuguesa
circulação no teste, avaliando, assim, uma maior variedade de habilidades; e
2 blocos (26 itens) de Matemática
o equilíbrio em relação à dificuldade dos cadernos de teste, uma vez que os
blocos são inseridos em diferentes posições nos cadernos, evitando, dessa
forma, que um caderno seja mais difícil que outro.
Itens
são organizados em blocos
que são distribuídos
em cadernos.
formam um caderno com 4 blocos (52 itens)
CADERNO DE TESTE
CADERNO DE TESTE
21x
Ao todo, são 21 modelos
diferentes de cadernos.
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3ª ETAPA – PROCESSAMENTO DOS RESULTADOS.
Teoria de Resposta ao Item (TRI) e Teoria
Clássica dos Testes (TCT)
Existem, principalmente, duas formas de produzir a medida de desempenho dos alunos submetidos a uma avaliação externa em larga escala:
(a) a Teoria Clássica dos Testes (TCT) e (b) a Teoria de Resposta ao Item
(TRI).
Ao desempenho do aluno nos testes paOs resultados analisados a partir da Teoria Clássica dos Testes (TCT) são
dronizados é atribuída uma proficiência,
calculados de uma forma muito próxima às avaliações realizadas pelo
não uma nota.
A proficiência relaciona o conhecimento do aluno com a probabilidade de acerto nos itens dos
testes.
professor em sala de aula. Consistem, basicamente, no percentual de
acertos em relação ao total de itens do teste, apresentando, também, o
percentual de acerto para cada descritor avaliado.
Cada item possui um grau de difi-
Teoria de Resposta ao Item (TRI)
culdade próprio e parâmetros di-
A Teoria de Resposta ao Item (TRI), por sua vez, permite a produção de uma
ferenciados, atribuídos através do
medida mais robusta do desempenho dos alunos, porque leva em considera-
processo de calibração dos itens.
ção um conjunto de modelos estatísticos capazes de determinar um valor/peso
diferenciado para cada item que o aluno respondeu no teste de proficiência e,
com isso, estimar o que o aluno é capaz de fazer, tendo em vista os itens respondidos corretamente.
A proficiência é estimada considerando o padrão de respostas dos alunos, de
acordo com o grau de dificuldade e com os demais parâmetros dos itens.
Que parâmetros são esses?
Parâmetro A
Não podemos medir diretamente o conhecimento
Parâmetro B
Parâmetro C
ou a aptidão de um aluno. Os modelos matemáticos
Discriminação
Dificuldade
Acerto ao acaso
Capacidade de um item de dis-
Mensura o grau de dificuldade dos
Análise das respostas do aluno
criminar os alunos que desenvol-
itens: fáceis, médios ou difíceis.
para verificar o acerto ao acaso nas
usados pela TRI permitem estimar esses traços não
observáveis.
veram as habilidades avaliadas e
A TRI nos permite:
Comparar resultados de diferentes avaliações, como o
Saeb.
aqueles que não as desenvolve-
Os itens são distribuídos de forma
respostas.
equânime entre os diferentes ca-
Ex.: O aluno errou muitos itens de
dernos de testes, o que possibilita a
baixo grau de dificuldade e acertou
tre diferentes séries, como
criação de diversos cadernos com
outros de grau elevado (situação
alunos em amplas áreas de
o início e fim do Ensino Mé-
o mesmo grau de dificuldade.
estatisticamente improvável).
conhecimento sem subme-
dio.
Avaliar com alto grau de
precisão a proficiência de
Comparar os resultados en-
ram.
O modelo deduz que ele respondeu aleatoriamente às questões e
tê-los a longos testes.
reestima a proficiência para um nível mais baixo.
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Língua Portuguesa - 3ª Série do Ensino Médio SAEGO 2015
Escala de Proficiência - Língua Portuguesa
O QUE É UMA ESCALA DE PROFICIÊNCIA?
A Escala de Proficiência tem o objetivo de traduzir me-
Os resultados dos estudantes nas avaliações em larga
didas de proficiência em diagnósticos qualitativos do de-
escala da Educação Básica realizadas no Brasil usualmente
sempenho escolar. Ela orienta, por exemplo, o trabalho do
são inseridos em uma mesma Escala de Proficiência, esta-
professor com relação às competências que seus estudan-
belecida pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação
tes desenvolveram, apresentando os resultados em uma es-
Básica (Saeb). Como permitem ordenar os resultados de
pécie de régua em que os valores de proficiência obtidos
desempenho, as Escalas são ferramentas muito importantes
são ordenados e categorizados em intervalos, que indicam
para a interpretação desses resultados.
o grau de desenvolvimento das habilidades para os estu-
A gradação das cores indica a
complexidade da tarefa.
Os professores e toda a equipe pedagógica da escola
podem verificar as habilidades já desenvolvidas pelos estu-

dantes, bem como aquelas que ainda precisam ser trabalhadas, em cada etapa de escolaridade avaliada, por meio
da interpretação dos intervalos da Escala. Desse modo, os
Abaixo do Básico
educadores podem focalizar as dificuldades dos estudantes, planejando e executando novas estratégias para apri-
Básico
morar o processo de ensino e aprendizagem.
Proficiente
dantes que alcançaram determinado nível de desempenho.
Avançado
COMPETÊNCIAS
DOMÍNIOS
DESCRITORES
Identifica letras
APROPRIAÇÃO DO
SISTEMA DA ESCRITA
Reconhece convenções gráficas
*
Manifesta consciência fonológica
Lê palavras
ESTRATÉGIAS
DE LEITURA
PROCESSAMENTO
DO TEXTO
Localiza informação
D01
Identifica tema
D06
Realiza inferência
D04, D03, D05, D16, D17, D18 e D19
Identifica gênero, função e destinatário de um texto
D12
Estabelece relações lógico-discursivas
D11, D15, D02 e D09
Identifica elementos de um texto narrativo
D10
Estabelece relações entre textos
D20
Distingue posicionamentos
D14, D07, D08 e D21
Identifica marcas linguísticas
D13
0
25
50
75
100
125
150
175
200
225
275
300
325
350
375
400
425
450
475
500


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
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
PADRÕES DE DESEMPENHO - 3ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO
* As habilidades relativas a essas competências não são avaliadas nessa etapa de escolaridade.
22
250
23
SAEGO 2015 Revista Pedagógica
Língua Portuguesa - 3ª Série do Ensino Médio SAEGO 2015
COMO É A ESTRUTURA DA ESCALA DE PROFICIÊNCIA?
Na primeira coluna da Escala, são apresentados
As competências estão dispostas nas várias linhas
Na primeira linha da Escala de Proficiência, podem ser observados, numa
os grandes Domínios do conhecimento em Língua
da Escala. Para cada competência, há diferentes graus
escala numérica de 0 a 500, intervalos divididos em faixas de 25 pontos. Cada
Portuguesa, para toda a Educação Básica. Esses Do-
de complexidade, representados por uma gradação de
intervalo corresponde a um nível e um conjunto de níveis forma um Padrão de
mínios são agrupamentos de competências que, por
cores, que vai do amarelo-claro ao vermelho. Assim, a
Desempenho. Esses Padrões são definidos pela Secretaria de Educação, Cultura
sua vez, agregam as habilidades presentes na Matriz
cor mais clara indica o primeiro nível de complexidade da
e Esportes (SEDUCE) e representados em tons de verde. Eles trazem, de forma
de Referência. Nas colunas seguintes são apresenta-
competência, passando pelas cores/níveis intermediá-
sucinta, um quadro geral das tarefas que os estudantes são capazes de fazer, a
das, respectivamente, as competências presentes na
rios e chegando ao nível mais complexo, representado
partir do conjunto de habilidades que desenvolveram.
Escala de Proficiência e os descritores da Matriz de
pela cor mais escura.
Referência a elas relacionados.
COMPETÊNCIAS
DOMÍNIOS
ESTRATÉGIAS
DE LEITURA
DESCRITORES
Localiza informação
D01
Identifica tema
D06
Realiza inferência
D04, D03, D05, D16, D17, D18 e D19
Identifica gênero, função e destinatário de um texto
D12
0
25
50
75
100
125
150
175
200
225
250
275
300
325
350
375
400
425
450
475
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
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PADRÕES DE DESEMPENHO - 3ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO
AS INFORMAÇÕES PRESENTES NA ESCALA DE PROFICIÊNCIA
PODEM SER INTERPRETADAS DE TRÊS FORMAS:
Primeira
Segunda
Terceira
Perceber, a partir de um determinado Domínio, o grau de complexidade
Ler a Escala por meio dos Padrões
Interpretar a Escala de Proficiência
das competências a ele associadas, através da gradação de cores ao longo da
e Níveis de Desempenho, que apresen-
a partir do desempenho de cada ins-
Escala. Desse modo, é possível analisar como os estudantes desenvolvem as
tam um panorama do desenvolvimento
tância avaliada: estado, Subsecretaria
habilidades relacionadas a cada competência e realizar uma interpretação que
dos estudantes em determinados inter-
Regional de Educação (SRE) e escola.
oriente o planejamento do professor, bem como as práticas pedagógicas em
valos. Assim, é possível relacionar as
Desse modo, é possível relacionar o in-
sala de aula.
habilidades desenvolvidas com o per-
tervalo em que a escola se encontra ao
centual de estudantes situado em cada
das demais instâncias.
Padrão.
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500
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SAEGO 2015 Revista Pedagógica
Língua Portuguesa - 3ª Série do Ensino Médio SAEGO 2015
Padrões de Desempenho Estudantil
O QUE SÃO PADRÕES DE DESEMPENHO?
Os Padrões de Desempenho constituem uma caracterização das competências e
habilidades desenvolvidas pelos estudantes de determinada etapa de escolaridade, em uma disciplina / área de conhecimento específica.
Essa caracterização corresponde a intervalos numéricos estabelecidos na Escala
de Proficiência (vide p. 22). Esses intervalos são denominados Níveis de Desempenho, e um agrupamento de níveis consiste em um Padrão de Desempenho.
Padrão de Desempenho muito abaixo do mínimo esperado para a eta-
ABAIXO DO BÁSICO
Até 225 pontos
pa de escolaridade e área do conhecimento avaliadas. Para os estudantes que se encontram nesse padrão de desempenho, deve ser
dada atenção especial, exigindo uma ação pedagógica intensiva por
parte da instituição escolar.
ABAIXO DO BÁSICO
Padrão de Desempenho básico para a etapa e área do conhecimento
BÁSICO
De 225 até 275 pontos
avaliadas. Os alunos que se encontram nesse padrão apresentam um processo inicial de desenvolvimento das competências e habilidades correspondentes a essa etapa.
COMPETÊNCIAS
DOMÍNIOS
25
PROFICIENTE
De 275 até 325 pontos
cimento avaliadas. Os estudantes que se encontram nesse padrão
APROPRIAÇÃO DO
SISTEMA DA ESCRITA
demonstram ter desenvolvido as habilidades essenciais referentes à
Padrão de Desempenho desejável para a etapa e área de conheci-
Acima de 325 pontos
Identifica tema
Realiza inferência
Identifica gênero, função e destinatário de um texto
mento avaliadas. Os estudantes que se encontram nesse padrão de-
Estabelece relações lógico-discursivas
monstram desempenho além do esperado para a etapa de escolaridade em que se encontram.
Manifesta consciência fonológica
Localiza informação
ESTRATÉGIAS
DE LEITURA
AVANÇADO
Reconhece convenções gráficas
Lê palavras
etapa de escolaridade em que se encontram.
Identifica elementos de um texto narrativo
PROCESSAMENTO
DO TEXTO
Estabelece relações entre textos
Distingue posicionamentos
Identifica marcas linguísticas
Apresentaremos, a seguir, as descrições das habilidades relativas aos Níveis de
Desempenho da 3ª série do Ensino Médio, em Língua Portuguesa, de acordo com
100
125
150
175
PADRÕES DE DESEMPENHO - 3ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO
a descrição pedagógica apresentada pelo Inep, nas Devolutivas Pedagógicas da
Até 225 pontos
Prova Brasil, e pelo CAEd, na análise dos resultados do SAEGO 2015.
Esses Níveis estão agrupados por Padrão de Desempenho e vêm acompanhados
por exemplos de itens. Assim, é possível observar em que Padrão a escola, a turma
e o estudante estão situados e, de posse dessa informação, verificar quais são as
habilidades já desenvolvidas e as que ainda precisam de atenção.
26
75
200
225

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


Identifica letras
Padrão de Desempenho adequado para a etapa e área do conhe-
50
27
SAEGO 2015 Revista Pedagógica
Língua Portuguesa - 3ª Série do Ensino Médio SAEGO 2015
Níveis de desempenho
Nível 1 – Até 225 pontos
Leia o texto abaixo.
»» Localizar informação explícita a respeito da ação de personagem em
crônica e em fragmento de romance.
Lugar ao sol
»» Reconhecer a causa de ação de personagem em fragmento de um romance.
Que bom viver, como é bom sonhar
E o que ficou pra trás passou e eu não me importei
Foi até melhor, tive que pensar em algo novo que
fizesse sentido
»» Inferir características de personagem em fábulas.
»» Inferir informação a respeito do eu lírico em letra de música.
»» Inferir o sentido de palavra, o sentido de expressão em letra de música.
»» Identificar o assunto principal em reportagens.
»» Reconhecer expressões características da linguagem (científica, jorna-
Ainda vejo o mundo com os olhos de criança
Que só quer brincar e não tanta “responsa”
Mas a vida cobra sério e realmente não dá pra fugir
Livre pra poder sorrir, sim
Livre pra poder buscar o meu lugar ao sol [...]
lística, etc.) e a relação entre expressão e seu referente em reportagens
e artigos de opinião.
»» Inferir o efeito de sentido de expressão e opinião em crônicas e reportagens.
»» Inferir o efeito do uso de notação na fala de personagem em tirinha.
CHORÃO. Disponível em: <http://www.vagalume.com.br/charlie-brown-jr/lugar-ao-sol.html>. Acesso em: 20 mar. 2014. Fragmento. (P090399F5_SUP)
(P090400F5)
Nesse texto, a expressão “lugar ao sol” significa que o eu lírico
A) acorda cedo.
B) busca uma vida melhor.
C) mora em um lugar quente.
D) sente calor.
Esse item avalia a habilidade de inferir o significado de uma expressão a partir
do contexto. Para avaliar essa tarefa, o suporte utilizado é um fragmento, composto
por duas estrofes, de uma letra de música, que apresenta traços da linguagem
informal, possivelmente acessível aos estudantes desta etapa de escolarização.
Nesse caso, não se trata de verificar se o estudante conhece o sentido dicionarizado das palavras que compõem a expressão, mas se ele é capaz de
reconhecer o significado da expressão no contexto em análise.
Para realizar essa tarefa, os estudantes precisam compreender, pelo sentido global
do texto, que o eu lírico passa por um momento de renovação e exalta o sentimento de
positividade. Dessa forma, eles poderiam relacionar a expressão “lugar ao sol” a essa
busca por uma vida melhor, informação presente na alternativa B, o gabarito.
28
29
SAEGO 2015 Revista Pedagógica
Língua Portuguesa - 3ª Série do Ensino Médio SAEGO 2015
Nível 2 – 225 a 250 pontos
»» Localizar informações explícitas em fragmentos de romances, crônicas
e texto didático.
»» Identificar tema e assunto em poemas e charges, relacionando elementos verbais e não verbais.
»» Identificar elementos da narrativa em história em quadrinhos.
»» Reconhecer a finalidade de recurso gráfico em artigos.
»» Reconhecer o sentido estabelecido pelo uso de expressões, de pontuação, de conjunções em poemas, charges, fragmentos de romances
e em anedota.
»» Inferir o sentido de palavra em letras de música e reportagens.
»» Reconhecer relações de causa e consequência e características de
personagens em lendas e fábulas.
»» Reconhecer recurso argumentativo em artigos de opinião.
»» Inferir efeito de sentido da repetição de expressões em crônicas.
»» Inferir causa da ação de um personagem em tirinha.
»» Reconhecer o objetivo comunicativo de reportagem.
BÁSICO
COMPETÊNCIAS
DOMÍNIOS
225
Reconhece convenções gráficas
Manifesta consciência fonológica
Lê palavras
Localiza informação
ESTRATÉGIAS
DE LEITURA
Identifica tema
Realiza inferência
Identifica gênero, função e destinatário de um texto
Estabelece relações lógico-discursivas
Identifica elementos de um texto narrativo
PROCESSAMENTO
DO TEXTO
275











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
Identifica letras
APROPRIAÇÃO DO
SISTEMA DA ESCRITA
250
Estabelece relações entre textos
Distingue posicionamentos
Identifica marcas linguísticas
PADRÕES DE DESEMPENHO - 3ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO
De 225 a 275 pontos
30
31
SAEGO 2015 Revista Pedagógica
Língua Portuguesa - 3ª Série do Ensino Médio SAEGO 2015
Leia o texto abaixo.
Piada
A menina foi visitar a avó no campo. A avó tinha uma criação enorme de aves, e a menina, que
morava na cidade, ficou encantada. E de repente, passeando pela fazenda da avó, ela viu um
pavão. Voltou correndo para casa e, toda alegre, avisou à vovó:
– Vovó! Vovó! Uma de suas galinhas está dando flor!
Para você morrer de rir. Belo Horizonte: Leitura, 2001, p. 13. (P120784ES_SUP)
Nível 3 – 250 a 275 pontos
»» Localizar informações explícitas em crônicas, fábulas e em reportagem.
»» Identificar os elementos da narrativa em letras de música e fábulas e o
narrado em primeira pessoa em fragmento de romance.
»» Reconhecer a finalidade de abaixo-assinado e verbetes.
»» Reconhecer relação entre pronomes e seus referentes e relações de
causa e consequência em fragmentos de romances, diários, crônicas,
(P120785ES)
No trecho “Uma de suas galinhas está dando flor!”, o ponto de exclamação reforça a ideia de
A) crítica.
B) espanto.
C) impaciência.
D) indignação.
E) medo.
reportagens e máximas (provérbios).
»» Inferir tema e ideia principal em notícias, crônicas e poemas.
»» Inferir o sentido de palavra ou expressão em história em quadrinhos,
poemas e fragmentos de romances.
»» Comparar textos de gêneros diferentes que abordem o mesmo tema.
»» Reconhecer a ideia comum entre textos de gêneros diferentes e a ironia
em tirinhas.
»» Interpretar o sentido de conjunções, de advérbios e as relações entre
elementos verbais e não verbais em tirinhas, fragmentos de romances,
reportagens e crônicas.
Esse item avalia a habilidade de os estudantes reconhecerem o efeito do uso de
determinado tipo de pontuação. A compreensão do texto é importante para a resposta
»» Reconhecer relações de sentido estabelecidas por conjunções ou locuções conjuntivas em letras de música e crônicas.
correta desse item, visto que os sinais de pontuação manifestam efeitos particulares,
»» Reconhecer o uso de expressões características da linguagem (cientí-
mas que dependerão dos objetivos comunicativos da escrita na qual eles estejam inse-
fica, profissional etc.), marcas linguísticas que evidenciam o locutor em
ridos. O texto eleito como suporte é uma anedota, na qual é descrito o encantamento
reportagem e a relação entre pronome e seu referente em artigos e
de uma menina da cidade ao visitar avó no campo. No comando, recorta-se a fala da
reportagens.
menina, que é finalizada pelo ponto de exclamação, ao admirar um pavão, animal que
ela desconhecia, já que a mesma inferiu tratar-se de uma galinha com uma flor. A partir
»» Inferir o efeito de sentido da linguagem verbal e não verbal em notícias
e charges.
desse contexto, pretende-se avaliar que os estudantes saibam qual ideia seria reforça-
»» Reconhecer o trecho que caracteriza uma opinião em entrevista.
da pelo uso de tal sinal de pontuação.
»» Inferir efeito de humor em tirinha.
Os estudantes que escolheram a alternativa B responderam satisfatoriamente à
expectativa avaliativa do item em questão, compreendendo a sugestão implícita, promovida pela fala da menina e reforçada pelo ponto de exclamação.
32
33
SAEGO 2015 Revista Pedagógica
Língua Portuguesa - 3ª Série do Ensino Médio SAEGO 2015
Leia o texto abaixo.
A hora do planeta
5
10
Apagar a luz de casa pode ser um ato corriqueiro, mas, no dia 26 de março passado, a
iniciativa tinha um significado maior. Ao todo, 123 cidades brasileiras ficaram às escuras por
uma hora, solidárias à campanha A hora do planeta. Criada pela WWF-Austrália em 2007, a
iniciativa foi uma maneira simbólica que a organização não governamental – comprometida
com a conservação da natureza – encontrou para mobilizar a sociedade e seus governantes
quanto ao aquecimento global. É um exemplo de que é possível trazer para a prática uma
ideia que começou na internet, defende a superintendente do WWF-Brasil, Regina Cavini,
coordenadora nacional da campanha. “As redes sociais hoje abrem espaço para as pessoas
se mostrarem proativas e exercerem o ativismo nas redes. No entanto, a internet ainda é
uma ferramenta nova e não aprendemos a usá-la em todo seu potencial”, diz Regina [...].
Apesar de investir nesse enfoque, a ativista não acredita que a internet seja o futuro do
ativismo ambiental. “A ferramenta não vai substituir [...] a prática, mas fazer parte do dia a
dia, como um importante aliado [...]”. No próximo ano, A hora do planeta está prevista para
o dia 28 de março, das 20h às 21h. Fique ligado! Ou melhor, desligado.
LEDÓ, Maria Júlia. Revista do Correio, 27 nov. 2011. (P100155E4_SUP)
(P100158E4) Nesse texto, o trecho em que o autor estabelece contato direto com o leitor é:
A) “Apagar a luz de casa pode ser um ato corriqueiro,...”. (ℓ. 1)
B) “... a iniciativa tinha um significado maior.”. (ℓ. 1-2)
C) “... 123 cidades brasileiras ficaram às escuras...”. (ℓ. 2)
D) “‘A ferramenta não vai substituir [...] a prática,...’”. (ℓ. 12)
E) “Fique ligado! Ou melhor, desligado.”. (ℓ. 14)
PROFICIENTE
COMPETÊNCIAS
DOMÍNIOS
275
Esse item avalia a habilidade de identificar, em um texto, as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor. Para avaliar essa habilidade, o
Identifica letras
suporte traz uma reportagem, na qual o autor discorre sobre uma ação de cons-
Reconhece convenções gráficas
cientização sobre o aquecimento global.
APROPRIAÇÃO DO
SISTEMA DA ESCRITA
Para identificar, através das marcas linguísticas, em qual trecho do texto o au-
hora do planeta”. Porém, no final do último parágrafo, o autor emprega o modo
Manifesta consciência fonológica
Localiza informação
reconhecendo o caráter expositivo predominante na descrição da campanha “A
ESTRATÉGIAS
DE LEITURA
verbal imperativo no trecho “Fique ligado!”, direcionando sua fala ao interlocutor.
Identifica tema
Realiza inferência
Observando todos esses aspectos, o respondente deveria concluir que o gaba-
Identifica gênero, função e destinatário de um texto
rito é a alternativa E
Estabelece relações lógico-discursivas
Identifica elementos de um texto narrativo
PROCESSAMENTO
DO TEXTO
325

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
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Lê palavras
tor se dirige diretamente ao leitor, o estudante deveria proceder à leitura do texto,
300
Estabelece relações entre textos
Distingue posicionamentos
Identifica marcas linguísticas
PADRÕES DE DESEMPENHO - 3ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO
De 275 a 325 pontos
34
35
SAEGO 2015 Revista Pedagógica
Língua Portuguesa - 3ª Série do Ensino Médio SAEGO 2015
Leia o texto abaixo.
Nível 4 – 275 a 300 pontos
Helena – Capítulo XIII
»» Localizar informações explícitas em artigos de opinião e crônicas.
»» Identificar finalidade e elementos da narrativa em fábulas e contos.
»» Identificar a finalidade de relatórios científicos.
»» Determinar informação comum entre um artigo de opinião e uma tirinha.
»» Reconhecer opiniões distintas sobre o mesmo assunto em reportagens,
5
contos e enquetes.
»» Reconhecer opiniões divergentes sobre o mesmo tema em diferentes
textos.
»» Reconhecer relações de sentido marcadas por conjunções, a relação
de causa e consequência e entre pronomes e seus referentes em fragmentos de romances, fábulas, crônicas, artigos de opinião e reportagens.
10
Dissolvida a reunião, Helena recolheu-se à pressa com o pretexto de que estava a
cair de sono, mas realmente para dar à natureza o tributo de suas lágrimas. O desespero
comprimido tumultuava no coração, prestes a irromper. Helena entrou no quarto, fechou a
porta, soltou um grito e lançou-se de golpe à cama, a chorar e a soluçar.
A beleza dolorida é dos mais patéticos espetáculos que a natureza e a fortuna podem
oferecer à contemplação do homem. Helena torcia-se no leito como se todos os ventos
do infortúnio se houvessem desencadeado sobre ela. Em vão tentava abafar os soluços,
cravando os dentes no travesseiro. Gemia, entrecortava o pranto com exclamações soltas,
enrolava no pescoço os cabelos deslaçados pela violência da aflição, buscando na morte
o mais pronto dos remédios. Colérica, rompeu com as mãos o corpinho do vestido; e pôde
à larga desafogar-se dos suspiros que o enchiam. Chorou muito; chorou todas as lágrimas
poupadas durante aqueles meses plácidos e felizes, leite da alma com que fez calar a
pouco e pouco os vagidos de sua dor.
ASSIS, Machado. Helena. São Paulo: Ática, 1997. Fragmento. (P100159E4_SUP)
»» Reconhecer o sentido de expressão e de variantes linguísticas em letras
de música, tirinhas, poemas e fragmentos de romances.
»» Inferir tema, tese e ideia principal em contos, letras de música, editoriais,
reportagens, crônicas, artigos, em resenha e em entrevista.
»» Reconhecer o tema de uma crônica e assunto em reportagem.
»» Inferir o efeito de sentido de linguagem verbal e não verbal em charges
e história em quadrinhos.
(P100160E4) Nesse texto, no trecho “Helena entrou no quarto, fechou a porta, soltou um grito e lançou-se
de golpe à cama,...” (ℓ. 3-4), as formas verbais destacadas indicam que as ações
A) estão acontecendo.
B) foram concluídas.
C) podem acontecer.
D) são contínuas.
E) serão realizadas.
»» Inferir informações em fragmentos de romance e ação de personagem
em história em quadrinhos e em tirinha.
»» Inferir o efeito de sentido da pontuação e da polissemia como recurso
para estabelecer humor ou ironia em tirinhas, anedotas e contos.
»» Reconhecer o efeito de sentido produzido pelo uso de recursos morfossintáticos em contos, artigos, crônicas e em romance.
»» Inferir informação e o efeito de sentido produzido por expressão em
reportagens e tirinhas.
»» Reconhecer variantes linguísticas em artigos.
Esse item avalia a habilidade de os estudantes reconhecerem o efeito de
sentido decorrente do uso de recursos ortográficos ou morfossintáticos. Essa habilidade consiste em perceber as intenções pretendidas com o uso de determinado recurso linguístico.
No item em questão, o texto utilizado como suporte é o fragmento do romance Helena, de Machado de Assis, no qual o narrador descreve minuciosamente
um momento de sofrimento da personagem título da obra.
Para resolução do item, é necessário que os estudantes identifiquem as mudanças de sentido decorrentes das variações nos padrões gramaticais da língua.
No contexto, especificamente, eles deveriam perceber a escolha das formas verbais no pretérito perfeito como recurso expressivo do autor para indicar um fato
passado não habitual, com início e término no passado.
Os estudantes que marcaram a alternativa B identificaram corretamente a
intencionalidade do autor em empregar as formas verbais em destaque no comando para resposta: sugerir que as ações foram concluídas.
36
37
SAEGO 2015 Revista Pedagógica
Língua Portuguesa - 3ª Série do Ensino Médio SAEGO 2015
Leia o texto abaixo.
Nível 5 – 300 a 325 pontos
A herança
»» Localizar informações explícitas em infográficos, reportagens, crônicas
e artigos.
»» Localizar a informação principal em reportagens.
»» Identificar ideia principal e finalidade em notícias, reportagens e resenhas.
»» Identificar a finalidade e a informação principal em notícias.
»» Reconhecer características da linguagem (científica, jornalística, etc.) em
reportagens e marcas da oralidade em entrevista.
»» Reconhecer variantes linguísticas em contos, notícias e reportagens.
Tenho muito carinho pelo meu telefone fixo. E isso desde os tempos em que ele não era
chamado de telefone fixo, mas apenas de telefone. Embora eu perceba que ele não seja lá tão
fixo assim, já que circula com desenvoltura pela casa toda.
Meu pai não foi homem de muitas posses [...] nunca comprou nada, com raras exceções, nada
que pudesse ficar, por exemplo, como herança. Entre as exceções, havia um telefone. [...] Era
isso que eu queria dizer. Ganhei de herança do meu pai um telefone. [...]
E é essa linha que eu vejo agora vivendo seus últimos dias. De pouco me serve aquele telefone
fixo. Amigos, colegas, parentes, propostas de trabalho, chateações de telemarketing – tudo chega
a mim pelo telefone celular.
XEXEO, Artur. Revista O Globo. n. 316, 15 ago. 2010. (P120356ES_SUP)
»» Reconhecer elementos da narrativa em crônicas.
»» Reconhecer argumentos e opiniões em notícias, artigos de opinião e
fragmentos de romances.
»» Identificar o argumento em contos.
»» Diferenciar abordagem do mesmo tema em textos de gêneros distintos.
»» Inferir informação em contos, crônicas, notícias e charges.
(P120356ES) Nesse
texto, sobre a mobilidade do telefone, há uma opinião do narrador em:
A) “... ele não era chamado de telefone fixo,...”.
B) “Embora eu perceba que ele não seja lá tão fixo assim,...”.
C) “... nunca comprou nada, com raras exceções,...”.
D) “Entre as exceções, havia um telefone.”.
E) “De pouco me serve aquele telefone fixo.”.
»» Inferir sentido de palavras, da repetição de palavras, de expressões,
de linguagem verbal e não verbal e de pontuação em charges, tirinhas,
contos, crônicas, fragmentos de romances e em artigo de opinião.
»» Inferir informação, sentido de expressão e o efeito de sentido decorrente do uso de recursos morfossintáticos em crônicas.
»» Inferir o sentido decorrente do uso de recursos gráficos em poemas.
»» Inferir o efeito de sentido da linguagem verbal e não verbal e o efeito
de humor em tirinhas.
Esse item avalia a habilidade de distinguir um fato de uma opinião. Essa habilidade requer dos estudantes a identificação de marcas opinativas, de subjeti-
»» Reconhecer a relação entre os pronomes e seus referentes em contos.
vidade que revelam a presença, a “voz” do autor/locutor do texto, diferenciando
»» Reconhecer elementos da narrativa em contos.
essa opinião do que é uma ação objetiva. Para avaliar essa habilidade, foi utiliza-
»» Reconhecer o efeito de sentido produzido pelo uso de recursos mor-
do como suporte para o item o fragmento de uma crônica, narrada em primeira
fossintáticos e pelo uso de recurso estilístico da antítese em poemas.
pessoa, na qual o narrador relata sua relação com o telefone fixo herdado do pai.
»» Reconhecer ideia comum e opiniões divergentes sobre o mesmo tema
na comparação entre diferentes textos.
Nesse item, o estudante deveria, após realizar uma leitura global do texto,
reconhecer a presença de um narrador-personagem, que, além de descrever
»» Reconhecer ironia e efeito de humor em crônicas e entrevistas.
as ações, também revela seus julgamentos e impressões pessoais acerca da
»» Reconhecer a relação de causa e consequência em piadas e fragmen-
história. Nesse sentido, o item destaca passagens do texto, dentre as quais, o
tos de romance.
estudante deveria reconhecer aquela que expressa uma opinião do narrador.
»» Comparar poemas que abordem o mesmo tema.
Portanto, os estudantes que assinalaram a alternativa B – o gabarito – de-
»» Diferenciar fato de opinião em contos, artigos, reportagens e em crônica.
monstraram ter reconhecido o trecho em que o narrador aponta sua percepção
»» Diferenciar tese de argumentos em artigos, entrevistas e crônicas e re-
a respeito do telefone.
conhecer um argumento utilizado para defender uma ideia em entrevista.
38
39
SAEGO 2015 Revista Pedagógica
Língua Portuguesa - 3ª Série do Ensino Médio SAEGO 2015
Nível 6 – 325 a 350 pontos
»» Localizar informação explícita em resenhas.
»» Identificar ideia principal e elementos da narrativa em reportagens e crônicas.
»» Identificar a informação principal em reportagens.
»» Identificar argumento em reportagens e crônicas e o trecho que comprova a tese defendida em artigo de opinião.
»» Reconhecer o efeito de sentido da repetição de expressões e palavras,
do uso de pontuação, de variantes linguísticas e de figuras de linguagem em poemas, contos e fragmentos de romances.
»» Reconhecer variantes linguísticas e o efeito de sentido de recursos gráficos em crônicas e artigos.
»» Reconhecer a relação de causa e consequência em contos.
»» Reconhecer a relação de causa e consequência e relações de sentido
marcadas por conjunções em reportagens, artigos, ensaios, crônicas,
contos, cordéis e em poema.
»» Reconhecer diferentes opiniões entre cartas de leitor que abordam o
mesmo tema.
AVANÇADO
»» Reconhecer o tema comum entre textos de gêneros distintos.
»» Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso de figuras de linguagem e de recursos gráficos em poemas e fragmentos de romances.
COMPETÊNCIAS
DOMÍNIOS
325
Reconhece convenções gráficas
Manifesta consciência fonológica
Localiza informação
Identifica tema
Realiza inferência
Identifica gênero, função e destinatário de um texto
Estabelece relações lógico-discursivas
Identifica elementos de um texto narrativo
PROCESSAMENTO
DO TEXTO
400
425
450
475
500




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




Lê palavras
ESTRATÉGIAS
DE LEITURA
375
»» Diferenciar fato de opinião em artigos, reportagens e resenhas.
»» Inferir o efeito de sentido de linguagem verbal e não verbal em tirinhas.
Identifica letras
APROPRIAÇÃO DO
SISTEMA DA ESCRITA
350
Estabelece relações entre textos
Distingue posicionamentos
Identifica marcas linguísticas
»» Identificar elementos da narrativa e a relação entre argumento e ideia
central em crônicas.
»» Reconhecer o gênero reportagem e a finalidade de propagandas e de
entrevista.
»» Reconhecer o tema em poemas.
»» Inferir o sentido de palavras e expressões em piadas e letras de música.
»» Inferir informação em artigos.
»» Inferir o sentido de expressão em fragmentos de romances.
»» Recuperar o referente do pronome demonstrativo “lá” em reportagem.
PADRÕES DE DESEMPENHO - 3ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO
Acima de 325 pontos
40
41
SAEGO 2015 Revista Pedagógica
Língua Portuguesa - 3ª Série do Ensino Médio SAEGO 2015
Leia o texto abaixo.
O segredo dos inovadores
5
10
15
Não é dinheiro, nem status, nem reconhecimento o que motiva, em primeiro lugar, os
inovadores. Muito menos pressão. Mas o prazer da descoberta: a sensação de aprender e
vencer desafios.
Está aí a condição essencial para as empresas conseguirem atrair e reter talentos para
gerar inovação dos negócios, segundo um estudo intitulado “O Princípio do Progresso”, que
acaba de ser lançado pela editora da escola de negócios de Harvard.
A forma como se chegou a essa conclusão foi “inusual”. Os pesquisadores conseguiram que
centenas de empregados, todos envolvidos em processos de inovação em suas empresas,
escrevessem diários sobre seus sentimentos no trabalho. Daí saíram 64 mil comentários.
Com base nesse material, viu-se que quanto mais as empresas geravam em seus
funcionários a sensação de progresso individual, mesmo em pequenas coisas, mais fácil
era ter equipes engajadas para inovar e não cair na aposentadoria mental.
Em poucas palavras, a empresa que inova é um misto de escola com laboratório, onde
se mantém sempre o prazer de aprender.
O que os pesquisadores de Harvard alertam é o seguinte: num mundo cada vez mais
competitivo e veloz, quem não tiver um ambiente inovador – e, portanto, empregados
engajados – está condenado.
Não é à toa que as grandes empresas têm cada vez mais dificuldades de atrair talentos
inovadores que, muitas vezes, preferem correr riscos e abrir seus próprios negócios.
DIMENSTEIN, Gilberto. Disponível em: <http://portal.aprendiz.uol.com.br/2011/09/14/o-segredo-dos-inovadores/>. Acesso em: 22 nov. 2011.
Fragmento. (P100110E4_SUP)
O argumento que comprova a tese de que a motivação do profissional está na sensação de
aprender e vencer desafios é:
A) “Os pesquisadores conseguiram que centenas de empregados [...] escrevessem diários sobre seus
sentimentos no trabalho.”. (ℓ. 7-9)
B) “... quanto mais as empresas geravam em seus funcionários a sensação de progresso individual [...]
mais fácil era ter equipes engajadas...”. (ℓ. 10-12)
C) “... a empresa que inova é um misto de escola com laboratório, onde se mantém sempre o prazer de
aprender.”. (ℓ. 13-14)
D) “... num mundo cada vez mais competitivo e veloz, quem não tiver um ambiente inovador [...] está
condenado.”. (ℓ. 15-17)
E) “Não é à toa que as grandes empresas têm cada vez mais dificuldades de atrair talentos inovadores...”.
(ℓ. 18-19)
(P100111E4)
Nível 7 – 350 a 375 pontos
»» Localizar informações explícitas, ideia principal e expressão que causa
humor em contos, crônicas e artigos de opinião.
»» Identificar variantes linguísticas em letras de música.
»» Reconhecer efeitos estilísticos em poemas.
»» Reconhecer ironia e efeitos de sentido decorrentes da repetição de
palavras em sinopses.
»» Reconhecer opiniões distintas sobre o mesmo tema, na comparação
entre diferentes textos.
»» Reconhecer a finalidade e a relação de sentido estabelecida por conjunções em lendas e crônicas.
»» Reconhecer finalidade e traços de humor em reportagens.
»» Reconhecer o efeito de sentido do humor em tirinhas.
»» Reconhecer o tema em contos e fragmentos de romances.
»» Reconhecer relação de sentido marcada por conjunção em crônicas e
circunstância de lugar marcada por adjunto adverbial de lugar em resenha.
»» Inferir informação e tema em reportagens, poemas, histórias em quadrinhos e tirinhas.
»» Inferir o sentido e o efeito de sentido de palavras ou de expressão em
poemas, crônicas e fragmentos de romances.
»» Reconhecer a ideia defendida em artigo de opinião.
»» Inferir característica do eu lírico em letra de música.
Estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la é a habilidade aferida por meio desse item. Essa habilidade requer o reconhecimento, pelos estudantes, do embasamento apresentado no texto para apoiar a
ideia defendida pelo autor.
O suporte desse item apresenta um artigo de opinião veiculado em um portal eletrônico direcionado à discussão educacional, que apresenta a tese defendida resumidamente no primeiro parágrafo.
Para resolver esse item, é essencial que os estudantes sejam hábeis na identificação da tese e na distinção do que são e para que servem os argumentos na
dissertação. O texto “O segredo dos inovadores” tem como tese a ideia de que
a sensação de aprender e vencer desafios é a principal motivação para os profissionais. E, para sustentar tal tese, um dos argumentos usados foi o resultado da
pesquisa “O Princípio do Progresso”, na qual foi constatado que os colaboradores
mais engajados eram aqueles mais envolvidos em processos de inovação em suas
empresas. Essa informação está presente no trecho da alternativa B, a escolha
dessa opção indica que os estudantes já desenvolveram a habilidade avaliada.
42
43
SAEGO 2015 Revista Pedagógica
Língua Portuguesa - 3ª Série do Ensino Médio SAEGO 2015
Leia o texto abaixo.
Amor Maior
5
10
15
20
25
Eu quero ficar só
Mas comigo só
Eu não consigo
Eu quero ficar junto
Mas sozinho só
Não é possível...
É preciso amar direito
Um amor de qualquer jeito
Ser amor a qualquer hora
Ser amor de corpo inteiro
Amor de dentro prá fora
Amor que eu desconheço...
Quero um amor maior
Um amor maior que eu
Quero um amor maior, yeah!
Um amor maior que eu... [...]
Então seguirei
Meu coração até o fim
Prá saber se é amor
Magoarei mesmo assim
Mesmo sem querer
Prá saber se é amor
Eu estarei mais feliz
Mesmo morrendo de dor, yeah!
Prá saber se é amor
Se é amor [...].
Nível 8 – 375 a 400 pontos
»» Diferenciar fatos de opiniões e opiniões diferentes em artigos e notícias.
»» Inferir o sentido de palavras em poemas.
»» Localizar ideia principal em manuais, reportagens, artigos e teses.
»» Identificar a ideia central e o argumento em apresentações de livros,
reportagens, editoriais, crônicas e artigo de opinião.
»» Identificar elementos da narrativa em crônicas, contos e fragmentos de
romances.
»» Identificar ironia e tema em poemas e artigos.
»» Inferir efeito de humor e ironia em tirinhas e charges.
»» Reconhecer relações de sentido marcadas por conjunção em artigos,
reportagens e fragmentos de romances.
»» Reconhecer a relação de causa e consequência em reportagens e fragmentos de romances.
»» Reconhecer o efeito de sentido de recursos gráficos em artigos e do
uso de expressão metafórica caracterizadora de personagem em fragmento de romance.
»» Reconhecer variantes linguísticas em letras de música e piadas.
»» Reconhecer a finalidade de reportagens, resenhas e artigos.
FLAUSINO, Rogério. Disponível em: <http://letras.terra.com.br/jota-quest/68366>. Acesso em: 26 mar. 2010. Fragmento. (P120139ES_SUP)
(P120139ES)
Nesse texto, em relação à procura por um amor intenso, o eu lírico se caracteriza como
A) leviano.
B) maravilhado.
C) persistente.
D) saudosista.
E) solitário.
Esse item avalia a habilidade de os estudantes inferirem informações que
não se encontram na superfície textual, a partir do entendimento dos elementos
dispostos na escrita do texto. O texto utilizado como suporte é uma letra de música de um grupo musical bastante popular no país, com um vocabulário acessível
aos estudantes dessa etapa de escolarização. O texto aborda a busca obstada
do eu lírico pelo amor romântico.
Esse item requer que o respondente construa significados para o que lê, por
meio de pistas oferecidas pelo corpo textual e da associação com seus conhecimentos prévios. Dessa forma, os estudantes que escolheram a alternativa C
como resposta perceberam pelas passagens do texto que a voz que fala no texto
confessa o desejo de viver uma relação amorosa intensa, já apontando essa ambição desde o título “Amor maior”.
44
45
SAEGO 2015 Revista Pedagógica
Língua Portuguesa - 3ª Série do Ensino Médio SAEGO 2015
Leia o texto abaixo.
Nível 9 – Acima de 400 pontos
»» Reconhecer o efeito de sentido resultante do uso de recursos morfossintáticos e ortográficos em artigos e letras de música.
»» Inferir efeito de ironia na fala do narrador em fragmento de romance.
»» Inferir informação sobre o entrevistado em entrevista.
»» Reconhecer o conflito gerador do enredo em fábula.
»» Reconhecer a finalidade de cartas de leitor.
Disponível em: <http://aescritanasentrelinhas.d3estudio.com.br/wp-content/uploads/2011/02/calvin0001.jpg>. Acesso em: 8 nov. 2011. (P120290C2_SUP)
O humor desse texto está
A) na confiança do menino em relação às suas habilidades.
B) na expressão facial do menino no segundo quadrinho.
C) na lembrança do menino do período em que era bebê.
D) no alto valor cobrado pelo desenho de giz de cera.
E) no desenvolvimento das habilidades motoras do menino.
(P120290C2)
A habilidade avaliada por esse item é a de reconhecer efeitos de humor em
um texto. Essa competência está associada à quebra da expectativa criada pelo
leitor, a qual está geralmente presente no final do texto.
O suporte utilizado apresenta uma história em quadrinhos, gênero frequente
no ambiente escolar, porém, nesse caso, o texto apresenta quatro quadrinhos e
falas mais longas dos personagens, o que poderia contribuir para a dificuldade
do item.
Para chegar ao gabarito, os estudantes devem perceber que o menino de
seis anos é persuasivo propondo ao pai que compre um desenho feito por ele,
pois, em sua concepção, o trabalho é resultado de muito esforço.
Nos três primeiros quadrinhos, o menino faz uma contextualização da forma
como ele desenvolveu as habilidades necessárias para compor sua obra de arte.
No último quadrinho, ao apresentar o desenho, o pai revela ao menino que não
pagará o alto valor cobrado pelo seu desenho (500,00 dólares). Os estudantes
que escolheram a alternativa D conseguiram inferir que o humor do texto é o fato
de o menino demonstrar convicção de que seu desenho infantil feito com giz de
cera tem alto valor.
46
47
SAEGO 2015 Revista Pedagógica
Leia os textos abaixo.
Antena de celular faz mal à saúde?
Texto 1
Texto 2
A exposição permanente às radiações
eletromagnéticas pode causar cefaleia, insônia e
até alterações cardiovasculares. A Organização
Mundial da Saúde ainda não declarou qual a
distância prudente entre uma casa e uma torre
de telefonia celular, mas órgãos ambientalistas
adotam 300 m como uma medida segura.
Não há comprovação de que a radiação
das antenas de telefonia celular cause dano à
saúde. A única evidência se refere à tolerância
humana aos níveis de radiação eletromagnética.
O problema é que não há uma fiscalização
dos órgãos competentes sobre esses níveis,
produzidos também por outras fontes, como
antenas de rádio e TV.
José Carlos Virtuoso, professor de engenharia
ambiental
4
Adroaldo Raizer, professor de eletromagnetismo
Casa Claudia, mar. 2004, ano 28, n. 3. *Adaptado: Reforma Ortográfica. (P120102ES_SUP)
(P120112ES) Esse
dois textos têm por finalidade
A) descrever uma pesquisa.
B) ensinar um procedimento.
C) expor uma opinião.
D) relatar um fato.
E) vender um produto.
Esse item avalia a habilidade de os estudantes identificarem a finalidade de
COMO SÃO APRESENTADOS
OS RESULTADOS DO SAEGO?
textos de diferentes gêneros. Identificar a finalidade de um texto é uma habilidade
fundamental, pois possibilita aos estudantes dominar os diferentes propósitos comunicativos dos diversos gêneros textuais presentes nas esferas sociais de interação.
Nesse caso, especificamente, busca-se avaliar se os estudantes conseguem
perceber qual é o objetivo enunciativo de cartas de leitores de curta extensão,
gênero que circula na comunidade escolar e que tem uma função específica:
expor uma críticas e/ou comentários a respeito das matérias apresentadas em
jornais ou revistas.
Para realizar essa tarefa, os estudantes precisam analisar a estrutura dos textos, conjugando o seu conteúdo, e perceber o posicionamento dos autores dos
Textos 1 e 2. Pautados nessas informações, podem concluir qual é o objetivo dos
textos e chegar ao gabarito.
Os estudantes que assinalaram a alternativa C conseguiram conjugar todos
os elementos constitutivos dos textos (estrutura, linguagem, tipologia textual, referência bibliográfica), reconhecendo, dessa forma, que o objetivo comunicativo
pretendido é expor uma opinião.
48
Realizado o processamento dos testes, ocorre a divulgação dos
resultados obtidos pelos alunos.
SAEGO 2015 Revista Pedagógica
5
Encarte Escola à Vista!
O processo de avaliação em larga escala não acaba quando os resultados chegam à escola. Ao contrário, a partir desse
momento toda a escola deve analisar as informações recebidas, para compreender o diagnóstico produzido sobre a aprendizagem dos estudantes. Em continuidade, é preciso elaborar
estratégias que visem à garantia da melhoria da qualidade da
educação ofertada pela escola, expressa na aprendizagem de
todos os estudantes.
Para tanto, todos os agentes envolvidos – gestores, professores, famílias – devem se apropriar dos resultados produzidos
pelas avaliações, incorporando-os à discussão sobre as práticas
desenvolvidas pela escola.
O encarte de divulgação dos resultados da escola traz uma
sugestão de roteiro para a leitura dos resultados obtidos pelas
COMO A ESCOLA PODE SE
APROPRIAR DOS RESULTADOS DA
AVALIAÇÃO?
avaliações do SAEGO. Esse roteiro pode ser usado para interpretar os resultados divulgados no Portal da Avaliação http://
www.saego.caedufjf.net/ e no encarte Escola à vista!
Apresentamos, a seguir, um Estudo de Caso de apropriação
dos resultados da avaliação externa. Este estudo representa
uma das diversas possibilidades de trabalho com os resultados,
de acordo com a realidade vivida pela comunidade escolar.
50
SAEGO 2015 Revista Pedagógica
Língua Portuguesa - 3ª Série do Ensino Médio SAEGO 2015
Mudanças a partir da apropriação dos resultados da avaliação externa
de seus colegas de trabalho, algu-
sempenho dos professores? Além
estava envolvida com o programa.
mas um pouco desanimadoras, mas
de seus próprios questionamentos,
E foi abordando essa situação que
outras bem estimulantes.
Juliana começou a ouvir o questio-
Rita iniciou a sua fala, demonstrando
Juliana era professora das sé-
orientá-la sobre como proceder em
liar e que os responsáveis quase
ries iniciais do Ensino Fundamental
relação ao planejamento. Nesse pri-
não apareciam na escola para saber
Juliana era professora da turma
namento de seus colegas que já es-
preocupação com o pouco enga-
na escola Silmara Rosa. Quando se
meiro contato que a professora co-
da vida escolar de seus filhos. Na
do 3º ano do Ensino Fundamental e,
tavam na rede desde o surgimento
jamento de sua equipe com a ava-
do programa de avaliação estadual,
liação e, também, com a mudança
formou em Pedagogia, Juliana esta-
meçou a perceber que pertenceria
verdade, por conta da pouca ade-
apesar de todas as dificuldades en-
va ciente do seu papel de alfabeti-
a um universo bem diferente daque-
são, a direção já não realizava mais
contradas, julgou que o seu trabalho
e a cada fala ficava mais apreensiva
negativa nos resultados de um ano
zadora e sabia que haveria muitos
le que imaginava encontrar.
reuniões de pais. Sem diálogo com
estava sendo desenvolvido com
com o objetivo daquela avaliação.
para o outro.
a família, a responsabilidade pela
êxito, uma vez que estava cumprin-
A preocupação de Juliana justifica-
A coordenadora pedagógica
va-se pelo fato de ela mesma saber
sabia de todas as dificuldades en-
desafios a serem enfrentados para
Suas preocupações, enquanto
garantir a aprendizagem de seus
graduanda em Pedagogia, sempre
educação dos alunos ficava exclusi-
do o seu papel, independente das
alunos. No entanto, a professora,
foram voltadas para o saber ensinar
vamente com a escola e, principal-
barreiras no caminho. Mas ela tinha
que seus alunos apresentavam difi-
frentadas pela escola e pelos seus
recém-formada, não imaginava que
e para o saber alfabetizar. Durante
mente, com os professores. Isso era
consciência de que, mesmo com
culdades e, portanto, não teriam, de-
professores, principalmente as re-
diversos fatores iriam influenciar em
os momentos de formação, sua tur-
uma queixa recorrente entre seus
toda a sua dedicação e empenho,
pendendo do teste, um rendimento
lacionadas ao pouco envolvimento
ma esteve em contato constante
colegas de trabalho, que alegavam
seus alunos ainda apresentavam
satisfatório. Ela seria punida por
familiar e às condições socioeconô-
Ao ser efetivada em sua atual
com aspectos relacionados à impor-
não conseguir grandes avanços na
muitas dificuldades, e estavam mui-
isso? Seria vista pelos seus colegas
micas da comunidade. Além disso,
escola, a primeira ação de Julia-
tância da utilização das orientações
aprendizagem dos seus alunos por
to aquém daquilo que era esperado
como uma má profissional?
existiam algumas dificuldades em
na foi conhecer o Projeto Político
curriculares e da construção de pla-
conta dos fatores extraescolares e
deles no 3º ano do Ensino Funda-
pela falta de apoio familiar.
mental.
seu trabalho.
Pedagógico, o PPP, como se refe-
nos de aula, com foco no uso de
riam seus professores formadores.
diferentes metodologias e práticas
Além disso, buscou com os novos
pedagógicas.
colegas, orientações sobre o plane-
Além disso, algumas disciplinas
Desde o início da faculdade,
relação ao planejamento escolar.
Juliana sempre se preocupou em
O PPP, importante documento de
Apesar de se sentir preparada
Em abril, Juliana foi convidada
informar-se sobre os assuntos rela-
gestão dos resultados de apren-
para enfrentar a vida docente, Ju-
para participar de uma reunião so-
cionados à educação, mas o tema
dizagem, por meio da projeção e
liana descobriu que, na prática, era
bre o programa de avaliação esta-
avaliação externa não havia sido dis-
da organização, e do acompanha-
cutido durante o curso, e ela pouco
mento de todo o universo escolar,
jamento e a proposta curricular da
faziam referência constante ao PPP
preciso saber ensinar, saber alfabe-
dual que já existia há três anos na
rede. Entretanto, ao chegar à escola
e Juliana sabia que ele deveria ser
tizar, saber planejar aulas, mas era
rede. Ela conhecia pouco sobre
tinha ouvido falar sobre esse assun-
encontrava-se desatualizado. Os
e solicitar o PPP, o acesso ao docu-
consultado e atualizado periodica-
preciso, também, saber lidar com as
avaliação externa, sabia de algu-
to. Por isso, apesar de não acreditar
professores não tinham o costume
mento não foi simples e fácil, pois
mente pelos gestores e pela equipe
diferenças encontradas em sua sala
mas avaliações nacionais, como a
que a reunião seria produtiva, pois,
de consultar a proposta curricular
na maior parte das vezes, as reu-
da rede. Rita sabia que um trabalho
grande ainda haveria de ser feito.
estava desatualizado. Ao consultar
pedagógica. Esse documento de-
de aula, com as histórias que seus
Avaliação Nacional da Alfabetização
os colegas, poucos conseguiram
veria apresentar detalhes da esco-
alunos traziam e com a realidade
(ANA), a Prova Brasil e a Provinha
niões viravam grandes discussões,
la, com os objetivos educacionais e
que envolvia a comunidade em que
Brasil, mas não conhecia qual era o
Juliana resolveu participar, com a in-
A coordenadora pedagógica
os meios que seriam utilizados para
sua escola estava inserida. E isso,
objetivo dessas avaliações, nem a
tenção de esclarecer suas dúvidas
conhecia detalhadamente os resul-
um rendimento adequado pelos es-
inicialmente, foi um choque para a
metodologia utilizada. Sua reação,
iniciais, também, para conhecer me-
tados de sua escola, que, nos dois
tudantes. Assim, ao longo de sua
professora novata, cheia de planos
a princípio, foi questionar o porquê
lhor o programa de avaliação.
últimos anos mostravam uma defi-
formação, considerando tantos ele-
e idealizações.
de mais uma prova, sendo que já
Na reunião, conduzida pela
ciência enorme na aprendizagem:
Juliana sabia que não apenas
existiam outras. Como essa avalia-
coordenadora pedagógica Rita, foi
os resultados do primeiro ano da
sempre buscou aproveitar todas as
a sua turma enfrentava essas difi-
ção poderia ajudar, sendo que ela
possível perceber que grande par-
avaliação foram ruins, muito abaixo
oportunidades para se aperfeiçoar,
culdades, sendo essa uma situação
já sabia a situação de seus alunos?
te dos professores, apesar de estar
do que ela e a equipe pedagógica
fazendo com dedicação vários cur-
vivenciada por toda a escola. Por
Será que a intenção era avaliar o de-
na escola havia bastante tempo, não
esperavam, e os do segundo ano
sos e estágios que julgava interes-
isso, seu primeiro passo foi conver-
santes para auxiliá-la nessas tarefas.
sar com os outros professores mais
“
[...] na prática, era
preciso saber ensinar,
saber alfabetizar,
saber planejar aulas,
mas era preciso,
também, saber lidar
com as diferenças
encontradas em sala
de aula [...]
mentos do contexto escolar, Juliana
A escola em que Juliana foi lo-
experientes e com mais tempo na
tada era mediana, possuía, em seus
escola, para saber como lidavam
três turnos, apenas 29 turmas. Na
com esses fatores, sem que eles
sala dos professores, Juliana sem-
os desanimassem e atrapalhassem
pre escutava que a maior parte dos
seus trabalhos. Nesse percurso, ela
alunos não possuía incentivo fami-
ouviu diferentes histórias e opiniões
52
“
[...] sempre se preocupou em informar-se sobre os
assuntos relacionados à educação, mas o tema avaliação
externa não havia sido discutido [...]
53
SAEGO 2015 Revista Pedagógica
Língua Portuguesa - 3ª Série do Ensino Médio SAEGO 2015
“
[...] a avaliação
externa poderia ser
mais um importante
instrumento para
o planejamento
pedagógico e,
por meio dela,
era possível
acompanhar em
quais habilidades
os alunos
apresentavam
dificuldade, em
cada etapa de
escolarização [...]
de quebrar os tabus referentes à
nadora capacitaria os professores,
avaliação, e nem de fazer com que
para que eles pudessem analisar os
a equipe da escola a enxergasse
resultados das avaliações e relacio-
como um instrumento a favor do tra-
ná-los ao trabalho realizado por to-
balho docente. Então, como segun-
dos.
da estratégia, pensaram que seria
Juliana saiu da reunião mais ali-
importante organizar uma reunião
viada e com mais interesse sobre o
com os professores, mas seguindo
tema. De acordo com os exemplos
uma proposta diferenciada: antes de
apresentados, a avaliação externa
falar da importância da aplicação do
poderia ser mais um importante ins-
teste, que seria em outubro, e co-
trumento para o planejamento peda-
mentar o resultado do ano anterior,
gógico e, por meio dela, era possível
Rita começou a apresentar alguns
acompanhar em quais habilidades
exemplos de ações em diferentes
os alunos apresentavam dificuldade,
contextos escolares, mesmo que de
em cada etapa de escolarização, e,
outras redes de ensino, que tinham
também, saber em quais habilidades
conseguido aumentar a participação
os alunos possuíam mais facilidade.
dos alunos na avaliação e melhorar
Juliana não estava mais preocupada
os resultados obtidos a partir do
com o julgamento que receberia por
trabalho feito com base nos resulta-
conta do resultado de seus alunos,
dos e na consulta aos documentos
mas ansiosa para poder diagnosti-
oficiais da rede, como as propos-
car as dificuldades e avanços e re-
tas curriculares e o PPP. Para poder
lacioná-los aos conteúdos apresen-
foram ainda piores. Ela precisava re-
apresentar tais exemplos, Rita fez
tados nas orientações curriculares,
verter essa situação, mas não conse-
várias pesquisas e pediu apoio a sua
apresentando, assim, um norte para
guia pensar sozinha em estratégias
Gerência Regional. Aquela reunião
planejar seu trabalho. Ela sabia que,
e projetos: seria necessário ter o
já estava sendo preparada por Rita e
provavelmente, as dificuldades apre-
apoio dos professores e dividir com
sua equipe havia muito tempo.
sentadas por seus alunos seriam as
Após a apresentação, Rita per-
mesmas que eles já apresentavam
cebeu que os professores come-
em suas próprias avaliações inter-
A primeira estratégia seria, en-
çaram a conversar entre si e a fazer
nas, mas seria possível ter essa con-
tão, dado o relato de Juliana ao ini-
perguntas sobre cada escola citada
firmação e saber se essa era a rea-
ciar o trabalho na escola, era atuali-
como exemplo. Foi a primeira reu-
lidade dos alunos de toda a escola
zar o PPP da escola. Como estavam
nião em que a coordenadora peda-
ou, especificamente, de sua turma.
trabalhando, naquele momento, com
gógica enxergava algum interesse
Seria possível, também, saber se
as informações sobre o rendimento
por parte de seus professores. De-
seus alunos conseguiriam, em uma
dos estudantes nas avaliações ex-
pois de responder aos questiona-
avaliação externa demonstrar as ha-
ternas, foi esse o primeiro esforço
mentos, Rita apresentou novamente,
bilidades que ela julgava que eles já
de atualização do documento.
pois já o tinha feito em outra data,
tinham consolidado.
eles as angústias e as responsabilidades.
Rita e sua equipe estavam en-
os resultados de participação e
Como combinado, na segun-
volvidas com o programa de ava-
proficiência dos anos anteriores, e
da reunião sobre o programa de
liação desde o início, mas ainda
marcou uma reunião para a semana
avaliação, Rita apresentou como a
não tinham conseguido uma forma
seguinte. Nessa reunião, a coorde-
avaliação externa era pensada, sua
54
“
[...]ela solicitou que os professores analisassem os resultados obtidos
nos anos anteriores e propusessem ações e projetos para melhorar o
desempenho de seus estudantes.
metodologia e seus instrumentos. A
dades concentravam-se, também,
ponibilizá-los em sua sala. Por isso,
coordenadora não era especialista
em questões ligadas à leitura e à
resolveu conversar com Rita para
no assunto, mas já o estava estudan-
escrita.
ver o que poderia ser feito.
do havia um bom tempo, e sentiu-se
Foi bem desanimador para Ju-
Para Rita, a ideia de Juliana era
segura para dividir com sua equipe
liana conhecer a realidade da sua
fácil de ser efetivada e muito inte-
o que ela havia aprendido. Com o
escola na avaliação, ver oficializado
ressante, por isso resolveu compar-
fim da segunda reunião, ela solicitou
aquilo que ela presenciava todos os
tilhá-la com os demais professores
que os professores analisassem os
dias. Mas o que mais a incomodava
dos anos iniciais. Seria importante
resultados obtidos nos anos ante-
era o fato de alguns professores en-
que todas as salas tivessem o seu
riores e propusessem ações e pro-
cararem aquela situação como nor-
“Cantinho de Leitura” e, também,
jetos para melhorar o desempenho
mal, pois já haviam se acostumado
que fosse criada uma agenda regu-
de seus alunos. Rita passou o ende-
e não acreditavam que era possível
lar para a visita à biblioteca. Incenti-
reço do site para que eles conhe-
reverter o quadro e conseguir me-
var e estimular a leitura com certeza
cessem as revistas pedagógicas e
lhorar o desempenho dos estudan-
traria benefício para a aprendiza-
a senha para que todos pudessem
tes. Para ela, era impossível aceitar
gem dos alunos, e a escola possuía
acessar os resultados.
trabalhar sem perspectiva de me-
recursos (livros) para implementar tal
Então, com o que havia apren-
lhora, sem acreditar no seu trabalho
projeto.
dido na reunião pedagógica e de
e no potencial de sua turma. Era
posse das revistas e dos resultados,
preciso ao menos tentar!
Para apresentar a proposta do
“Cantinho de Leitura” para os outros
Juliana analisou os dados de anos
Desde os seus primeiros dias
professores, Rita convocou uma re-
anteriores e tentou interpretá-los
na escola, Juliana pensava em fazer
união com os responsáveis pelos
com o apoio da Matriz de Referên-
algum trabalho com seus alunos uti-
anos iniciais. Na reunião, ela pediu
cia e da Escala de Proficiência. Ao
lizando a biblioteca, que possuía um
que Juliana falasse sobre a interpre-
pesquisar em quais habilidades os
bom número de livros infantis e era
tação que tinha feito dos resultados,
alunos do 3° ano apresentavam
pouco frequentada. Como apresen-
das conclusões a que chegou e so-
mais dificuldade, nas duas últimas
tado nas orientações curriculares,
bre o “Cantinho de Leitura”. A fala
edições da avaliação, percebeu
ela sabia que trabalhar a leitura de
de Juliana foi bem aceita pelos seus
que elas giravam em torno dos gê-
vários gêneros textuais iria melhorar
colegas e, com o decorrer da reu-
neros textuais e da produção escri-
a interpretação textual e a escrita de
nião, outras ideias complementares
ta. Aqueles resultados não eram re-
sua turma. Sua ideia inicial era mon-
ao seu projeto foram surgindo.
ferentes aos alunos de Juliana, mas
tar um “Cantinho de Leitura” na sua
Todos concordaram que incen-
ela, através das suas avaliações
sala de aula, para estimular o gosto
tivar a leitura era um caminho essen-
internas, sabia que aquelas eram
pela leitura, e fazer visitas regulares
cial para melhorar a aprendizagem
as mesmas dificuldades que seus
à biblioteca escolar, monitorando a
dos alunos e que seria interessante
alunos apresentavam. Por curiosi-
escolha dos livros e a leitura dos
conseguir o apoio das famílias nes-
dade, Juliana resolveu conhecer os
mesmos pelos alunos. Para a im-
se trabalho. Sendo assim, tiveram,
resultados das outras etapas (anos
plementação da sua ideia, Juliana
em conjunto, a ideia de fazer “O Dia
iniciais), e descobriu que as dificul-
precisaria de alguns livros, para dis-
do Livro na Escola” para inaugurar o
55
SAEGO 2015 Revista Pedagógica
“Cantinho de Leitura”: esse evento
dos profissionais da escola e seu
pedagógica tinha da avaliação ex-
teria como principal foco sensibilizar
enriquecimento profissional. A insis-
terna.
os responsáveis sobre a importân-
tência da escola em buscar o incen-
Quando apresentou o novo re-
cia de incentivar a leitura dos estu-
tivo dos responsáveis conseguiu o
sultado, Rita parabenizou os profes-
dantes e mostrar-lhes como pode-
apoio de alguns, antes pouco en-
sores por todo o empenho e pelo
riam fazer isso.
volvidos com a educação de seus
aumento da proficiência. Como con-
filhos.
sequência do trabalho realizado ao
Nas duas semanas seguintes,
Juliana e os outros professores tra-
Com todo o trabalho desenvol-
longo do ano anterior, a escola teve
balharam na elaboração do evento:
vido, Juliana e os demais professo-
um resultado satisfatório. A coor-
ensaiaram um grupo de alunos para
res perceberam melhora no desem-
denadora pedagógica, nessa mes-
uma apresentação teatral, elabora-
penho de seus alunos, e estavam
ma reunião, conversou com toda a
ram os convites para os pais, organi-
curiosos para conhecer o resultado
equipe sobre as possibilidades de
zaram um “Cantinho de Leitura” em
da avaliação externa aplicada na-
continuidade e adaptação do proje-
cada sala e conseguiram doações
quele ano. Foi a primeira vez que
to para os próximos anos. Ela sabia
de livros. No evento “O Dia do Livro
a escola desenvolveu um trabalho
que ainda havia um longo caminho
na Escola”, cada aluno ganharia um
pautado nos resultados da avalia-
pela frente, mas o primeiro passo já
livro de presente para ler em casa
ção externa da rede estadual, por
havia sido dado, quando os profes-
e os responsáveis seriam incentiva-
isso eles estavam ansiosos para ver
sores entenderam que os resulta-
dos a acompanhá-los na leitura.
como esse trabalho havia impacta-
dos poderiam ser utilizados para a
do os resultados e para quais cami-
melhoria do ensino da escola. Com
nhos eles iriam apontar.
o apoio de todos, Rita tratou de ofi-
Apesar de muitos pais não terem participado do evento, o grupo
6
de professores à frente do projeto
No começo do ano seguinte,
cializá-lo no PPP, buscando conti-
ficou satisfeito com a participação e
Rita marcou uma reunião com os
nuar a atualização dele para consul-
com o envolvimento dos que esta-
professores dos anos iniciais para
ta dos profissionais da escola.
vam presentes. A partir desse dia,
apresentar os resultados do ano
Juliana que, inicialmente, havia
cada professor começaria a utilizar
anterior e conversar sobre eles. Rita
se assustado com a ideia da avalia-
o “Cantinho de Leitura” de sua sala
acompanhou o trabalho realizado
ção externa, viu nela a possibilidade
e a levar seus alunos à biblioteca.
por Juliana e seus colegas, ela sabia
de obter informações para trans-
Foi combinado, também, que os
que aquele resultado estava sendo
formar a sua prática, melhorando a
pais seriam sempre lembrados da
esperado por todos e sentiu-se rea-
aprendizagem de seus alunos. Para
importância da leitura, através de
lizada por ter conseguido que o re-
o novo ano, a equipe pedagógica,
bilhetes e de reuniões na escola.
sultado das avaliações auxiliasse a
que agora estava ciente do papel
Além disso, os professores iriam se
prática de seus professores e, con-
dessa avaliação, planejou novas ca-
reunir de 15 em 15 dias para com-
sequentemente, a aprendizagem
pacitações, para que todos pudes-
partilhar seus trabalhos e trocar ex-
dos alunos. O projeto “Cantinho de
sem conhecer mais esse instrumen-
O texto apresentado nesta seção oferece propostas para a
periências.
Leitura”, proposto por Juliana, surgiu
to e implementar novas ações.
abordagem, em sala de aula, de algumas habilidades verifica-
Durante todo o ano, o projeto
a partir da interpretação dos resul-
foi levado a sério pela escola. O tra-
tados da avaliação externa, e con-
balho compartilhado contribuiu não
seguiu mudar a relação dos alunos
só para a aprendizagem dos alunos,
com a leitura e a visão que a equipe
mas também para o entrosamento
56
QUE ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS
PODEM SER UTILIZADAS PARA
DESENVOLVER DETERMINADAS
HABILIDADES?
das pelas avaliações externas em larga escala.
SAEGO 2015 Revista Pedagógica
Língua Portuguesa - 3ª Série do Ensino Médio SAEGO 2015
O TRABALHO COM TEMA, TESE E ARGUMENTAÇÃO NO
ENSINO MÉDIO
Para ajudar os alunos a identificarem o tema, sobretudo
Avaliando-se que os alunos apreenderam bem o con-
os que tiverem mais dificuldade, pode-se orientá-los a ob-
teúdo desse exercício, pode-se passar para uma atividade
servar no texto palavras e expressões que tenham sentidos
semelhante, mas trabalhando agora com um texto disser-
próximos, tais como: terra ardendo, fogueira, braseiro, fornaia,
tativo-argumentativo, que é o foco desta nossa reflexão.
Em 2014, o principal motivo para a obtenção de nota zero
didáticos e debates com educadores em atividade nas redes
farta d’água, “Espero a chuva cair de novo”. Observa-se que,
Apresentando aos alunos um texto como o que segue abai-
na prova de redação do Enem foi fuga ao tema. Mais de 217
de ensino e especialistas em educação. Essas matrizes são
na ordem em que tais termos vão aparecendo no texto, o
xo, é produtivo solicitar-lhes, a princípio, a identificação do
mil candidatos cometeram esse erro, demonstrando ter difi-
formadas por um conjunto de habilidades que são esperadas
sentido vai sendo formado da consequência para a causa: a
tema, para reforçar essa habilidade.
culdades de interpretação de texto. O tema da redação era
dos alunos em diferentes etapas de escolarização e passíveis
consequência é o calor extremo, sugerido pelas palavras ar-
Leia o texto abaixo:
“Publicidade infantil em questão no Brasil”, ou seja, esperava-
de serem aferidas em testes padronizados de desempenho.
dendo, braseiro, fornaia, e a causa, a seca, a farta d’água, falta
Unesco quer que escola ensine a mediar conflitos
de chuva.
Adotado em países como Argentina, Espanha, França
-se que os candidatos dissertassem sobre a manipulação que
Os alunos que chegam ao 3º Ano do Ensino Médio sem
a publicidade exerce sobre um público ainda inabilitado para
ter desenvolvido bem as habilidades de identificar tema e
ser exposto a ela, sem um pensamento crítico desenvolvido.
gênero textuais terão mais dificuldades para identificar a tese
No entanto, muitos comentaram a questão da participação de
de um texto, estabelecer relações entre a tese e os argu-
crianças em propagandas publicitárias, o que não era o caso.
mentos que a sustentem e reconhecer diferentes estraté-
A abrangência do tema pode ter feito com que muitos alunos
gias de argumentação – habilidades esperadas para esse
discutissem apenas a publicidade ou só a questão infantil, sen-
estágio de aprendizagem. Desse modo, o professor precisa
do que alguns apenas tangenciaram esses assuntos.
reforçar o conhecimento de suas turmas sobre o que é tema:
Demonstrado isso, os alunos podem fazer a seguinte
atividade:
curricular das escolas como uma forma de reduzir a violência. A Unesco tem dialogado com o Ministério da Educação
Qual é o tema do texto?
públicas adotaram a ideia e mantêm projetos que ajudam
as crianças a mediar conflitos por meio de conversa. O ob-
b. A fauna sertaneja.
jetivo é atacar a cultura da hipermasculinidade que reforça
o assunto, a matéria tratada no texto. Isso pode ser feito por
mente leva à nota zero é não seguir o tipo de texto exigido: o
meio de questões objetivas, acompanhadas de debate, so-
c. A seca do sertão.
dissertativo-argumentativo. Isso é sinal de que muitos candida-
bre o que determinados textos abordam. Um exemplo de
d. A vegetação do sertão.
tos não dominam as características desse tipo de texto, o que
atividade pode consistir em expor uma letra de música aos
implica um grave problema: há um número considerável de alu-
alunos, como “Asa branca”, de Luiz Gonzaga:
Asa Branca
temente algumas habilidades referentes à Língua Portuguesa,
(Luiz Gonzaga, Humberto Teixeira)
que já são esperadas desde etapas anteriores, quais sejam:
Quando oiei a terra ardendo
identificar o tema ou o sentido global e o gênero dos textos.
Qua fogueira de São João
Tais habilidades integram Matrizes de Referência elabo-
Eu perguntei a Deus do céu, uai
radas a partir de estudos de diversas propostas curriculares
Por que tamanha judiação?
de ensino vigentes no país, além de pesquisas sobre livros
Que braseiro, que fornaia
Nem um pé de prantação
Por farta d’água perdi meu gado
“
Morreu de sede meu alazão
Até mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
nesse sentido. No Rio de Janeiro, pelo menos 20 escolas
a. A solidão dos sertanejos.
Outro erro comumente cometido pelos alunos que igual-
nos concluindo o Ensino Médio sem ter desenvolvido suficien-
a ideia de que a solução para os conflitos é feita por meio
da força. [...]
[...] “É preciso conscientizar os alunos de que existem
formas não-violentas de resolução de conflitos”, afirma o
e. A festa de São João.
sociólogo Jorge Werthein, da Unesco. Para ele, a cultura
de mediação propicia a prática do diálogo, a resolução de
“
conflitos, diminui o sentimento de insegurança dos alunos,
interfere nos níveis de violência e pode contribuir para a
melhoria na qualidade do ensino e da aprendizagem [...].”
(COLLUCCI, Cláudia. Folha de S. Paulo, 25 jul, 2005.
p. C 4. Fragmento.)
Para ajudar os alunos a identificar
o tema, sobretudo os que tiverem
mais dificuldade, pode-se orientálos a observar no texto palavras e
expressões que tenham sentidos
próximos
Os alunos que tiverem dificuldade devem ser auxiliados pelo professor ou por colegas. Após a classe ter compreendido que o tema é o ensino da mediação de conflitos
na escola, o professor pode questionar como esse tema é
tratado: de modo descritivo, narrativo ou dissertativo? Após
ouvir algumas respostas, explicar o conceito de texto dis-
Então eu disse a deus Rosinha
Os alunos que chegam ao 3º Ano do
Ensino Médio sem ter desenvolvido
bem as habilidades de identificar
tema e gênero textuais terão mais
dificuldades para identificar a tese
de um texto, estabelecer relações
entre a tese e os argumentos que a
sustentem e reconhecer diferentes
estratégias de argumentação
sertativo-argumentativo, cuja finalidade é defender um pon-
Guarda contigo meu coração
to de vista sobre determinado assunto, por meio de uma
Hoje longe muitas léguas
argumentação sólida e coerente. Trata-se, portanto, de um
Numa triste solidão
gênero textual que visa ao convencimento do leitor/inter-
Espero a chuva cair de novo
locutor. Por isso, ele sempre se baseia em uma tese: uma
Para eu voltar pro meu sertão
proposição teórica, isto é, uma sentença declarativa, de in-
Quando o verde dos teus oio
tenção persuasiva, apoiada em argumentos convincentes
Se espalhar na prantação
sobre o tema tratado. A tese é o elemento fundamental do
Eu te asseguro não chore não, viu
texto dissertativo-argumentativo.
Que eu voltarei, viu
Meu coração
58
e Austrália, a mediação dos conflitos pode entrar na grade
59
SAEGO 2015 Revista Pedagógica
“
A tese defendida pelo autor do texto acima é a de que
a mediação de conflitos propicia a prática do diálogo e diminui a violência. É produtivo induzir os alunos a chegar
Para reforçar a habilidade de
identificar a tese de um texto, o
professor pode também apresentar
aos alunos pequenos textos
dissertativos, pedindo-lhes para
identificar suas respectivas teses e
argumentos
a esse entendimento por meio de uma questão objetiva,
como a seguinte:
A tese defendida pelo autor desse texto é a
de que a mediação de conflitos
a. deve ser uma disciplina escolar das escolas públicas
do Rio de Janeiro.
b. melhora a aprendizagem nas escolas públicas.
c. propicia a prática do diálogo e diminui a violência.
d. reforça a ideia de que a resolução de desentendi-
Língua Portuguesa - 3ª Série do Ensino Médio SAEGO 2015
(argumento 2)./ Sem contar que nosso parque industrial é
enquanto a argumentação por exemplos se desenvolve por
um dos mais modernos do mundo (argumento 3)./ Definiti-
meio de casos isolados em direção à regra (tese).
vamente, somos o país do futuro (TESE).
Para esclarecer melhor esses conceitos, vamos a um
A letra (C) retoma a mesma estrutura de (A): Embora a
exemplo prático de um conjunto de atividades que contemplam
gente se ame muito, nosso namoro tem tudo para dar erra-
as seguintes habilidades exigidas pelas matrizes de referência:
do (TESE):/ nossa diferença de idade é grande (argumento
1. Identificar a tese de um texto.
1) e nossos gostos são quase que opostos (argumento 2).
2. Estabelecer relação entre a tese e os argumentos ofere-
Além disso, a família dela é terrível (argumento 3).
cidos para sustentá-la.
E assim como (B), (D) parte de uma causa que funciona
como justificativa a uma enunciação, que, por sua vez, é a
consequência constatada: Como o Brasil é um país muito
injusto (argumento),/ toda política social por aqui implemen-
Identifique o sentido argumentativo dos
seguintes textos, e separe, por meio de
barras, a tese e o(s) argumento(s).
mentos ocorre pela força.
a. “Meu carro não é grande coisa, mas é o bastante para
Avalia-se assim a habilidade de os estudantes reconhe-
o que preciso. É econômico, nunca dá defeito e tem
cerem a tese de um texto – tarefa que pode ser mais ou
espaço suficiente para transportar toda a minha famí-
menos complexa em função do nível de explicitude da tese.
lia.”
tada é vista como demagogia, paternalismo (TESE).
Com esse exercício, o professor auxilia o desenvolvimento das habilidades de identificar a tese de um texto e a
de estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la.
Por fim, cabe pontuar algumas estratégias de argumentação, que são os recursos utilizados para convencer o leitor/
interlocutor, para persuadi-lo, transmitindo credibilidade. Uma
das estratégias mais eficientes é o argumento de autoridade,
Como vimos, nesse caso, a alternativa correta é a letra C,
b. “Veja bem, o Brasil a cada ano exporta mais e mais;
pois utiliza a citação para fortalecer a tese do argumentador.
que apresenta a tese explicitada logo no primeiro parágrafo
além disso, todo ano batemos recordes de produção
Para reconhecer um argumento de autoridade, o aluno deve
– como convém a textos dissertativo-argumentativos.
agrícola. Sem contar que nosso parque industrial é
identificar, no texto, alguma citação, direta ou indireta, de
um dos mais modernos do mundo. Definitivamente,
pessoa especializada no assunto tratado. No caso do texto
somos o país do futuro.”
sobre a mediação de conflitos, o segundo parágrafo do frag-
Ao discutir a atividade, é produtivo o professor explicar,
sobretudo aos alunos que assinalarem a alternativa A, que a
informação de que 20 escolas do Rio de Janeiro já adotaram
c. “Embora a gente se ame muito, nosso namoro tem
a proposta da Unesco é um fato que compõe a argumenta-
tudo para dar errado: nossa diferença de idade é
ção que defende a tese, mas não a tese em si. Com isso, já
grande e nossos gostos são quase que opostos.
se delineia antecipadamente dois tópicos a serem tratados
Além disso, a família dela é terrível.”
em seguida: como estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la e reconhecer diferentes estratégias de argumentação.
Antes disso, porém, importa ainda esclarecer que a escolha da alternativa B sugere uma leitura pouco acurada, que
leva a uma inferência equivocada, e que a alternativa D apresenta uma informação que se contrapõe à tese, consistindo
em uma contradição.
Para reforçar a habilidade de identificar a tese de um
texto, o professor pode também apresentar aos alunos pequenos textos dissertativos, pedindo-lhes para identificar
seguir:
Unesco, sobre o assunto. Além de apresentar formação acadêmica pertinente ao tema abordado, o referido profissional
ainda trabalha na Unesco, instituição de reputação reconhecida internacionalmente. Caso o texto tratasse da epidemia
d. “Como o Brasil é um país muito injusto, toda política
de dengue no verão, um argumento de autoridade seria a
social por aqui implementada é vista como demago-
opinião de um médico, vinculado a alguma instituição de
gia, paternalismo.”
prestígio, como as universidades federais, hospitais-escola,
Ao debater sobre esse exercício, o professor pode explicitar como os argumentos se relacionam com as teses
que defendem: em (A), temos uma constatação (tese) seguida das motivações (argumentos) que a fundamentam:
Meu carro não é grande coisa, mas é o bastante para o
que preciso (TESE)./ É econômico (argumento 1), /nunca dá
defeito (argumento 2)/ e tem espaço suficiente para transportar toda a minha família (argumento 3).
suas respectivas teses e argumentos, conforme o modelo a
mento apresenta a opinião do sociólogo Jorge Werthein, da
Já em (B), o texto parte de exemplificações para, en-
santas casas etc.
Há também o argumento pelo exemplo e pela ilustração,
que podem tornar o texto mais claro, auxiliando sua compreensão. Na letra B da atividade anterior, vimos a tese de
que o Brasil é o país do futuro defendida por meio de exemplos, que são fatos citados para apoiar uma definição (a de
que o Brasil é o país do futuro). É um tipo de argumento que
fundamenta a tese. Já o argumento pela ilustração visa reforçar a adesão a uma regra reconhecida e aceita, fornecendo
casos particulares que esclarecem o enunciado geral. Neste
tão, enunciar uma proposição (tese): Veja bem (vocativo), o
caso, a argumentação se desenvolve em sentido contrário:
Brasil a cada ano exporta mais e mais (argumento 1);/ além
da tese (regra geral) para os argumentos (casos isolados),
disso, todo ano batemos recordes de produção agrícola
60
61
3. Reconhecer diferentes estratégias de argumentação.
Leia o texto abaixo e responda as questões seguintes:
A ciência que explica porque se deve gastar o dinheiro em experiências, e não em coisas
A maioria das pessoas busca a felicidade. Há economistas que pensam que a felicidade é o melhor indicador para a
saúde de uma sociedade. Sabemos que o dinheiro pode nos
deixar mais felizes, ainda que depois das necessidades básicas serem atendidas, ele não incremente tanto assim nossa
felicidade. Mas uma das grandes questões é como usar o
dinheiro, que (para a maioria de nós) é um recurso limitado.
Há uma pressuposição lógica que a maioria das pessoas faz quando gasta dinheiro: que já que um objeto físico
dura mais, ele nos deixará felizes por mais tempo do que
uma experiência temporária como ir a um show ou um pacote de viagem. Uma pesquisa recente revelou que essa
pressuposição está completamente equivocada.
“Um dos inimigos da felicidade é a adaptação”, disse o
Dr. Thomas Gilovich, um professor de psicologia na Universidade de Cornell que tem estudado a questão do dinheiro e da felicidade por mais de duas décadas. “Compramos
coisas para ficarmos felizes, e isso funciona. Mas só por um
tempo. As coisas novas são excitantes no início, mas então
nos adaptamos a elas.”
Em vez de comprar o último iPhone ou um BMW novo,
Gilovich sugere que obteremos mais felicidade gastando dinheiro em experiências tais como visitar exposições de arte,
fazer atividades na natureza, aprender coisas novas ou viajar.
Os resultados obtidos por Gilovich são a síntese de estudos psicológicos conduzidos por ele e outros cientistas
quanto ao paradoxo de Easterlin, que descobriu que o dinheiro é capaz de comprar a felicidade, mas só até certo
ponto.
(ANDOLINI, Luciano. Papo de homem, 11 abr. 2015. Disponível em:<http://bit.ly/1PgjQSg>. Acesso em: 25 jan. 2016)
SAEGO 2015 Revista Pedagógica
1. Assinale a alternativa que apresenta a tese
defendida no texto:
Gabarito: B. Neste caso, é importante que o professor
explicite aos alunos que os argumentos contidos nas alternativas A e C, embora sejam embasados nos estudos do
a. Dinheiro traz felicidade.
professor Gilovich, não são estruturados como argumentos
b. A felicidade é o melhor indicador da saúde de uma so-
de autoridade, pois não apresentam – isolados do contexto
ciedade.
c. O inimigo da felicidade é a adaptação.
d. Gastar o dinheiro em experiências, e não em coisas, é o
– nenhum especialista no assunto tratado. Já a alternativa
D apresenta um argumento fundamentado no senso comum
e a E não apresenta um argumento, mas uma questão em
aberto.
que traz felicidade.
e. O dinheiro é um recurso limitado para a maioria das pessoas.
3. Assinale a alternativa que apresenta um
argumento ilustrativo:
Gabarito: D. As demais alternativas apresentam argu-
a. Dinheiro não traz felicidade.
mentos contidos no texto, inclusive a alternativa A, que
b. O dinheiro é ilimitado para algumas pessoas.
apresenta apenas uma parte do argumento “o dinheiro é
c. Teremos mais felicidade gastando dinheiro em expe-
capaz de comprar a felicidade, mas só até certo ponto”. A
riências.
tese é sugerida logo no título, mas se torna explícita somente no quarto parágrafo.
d. As pessoas ricas são mais felizes.
e. “Uma viagem me deixa mais feliz do que um celular novo”,
2. Assinale a alternativa que apresenta um
argumento de autoridade:
disse uma pessoa entrevistada na pesquisa.
Gabarito: E. Esta é a única alternativa que apresenta um
a. Teremos mais felicidade gastando dinheiro em experiên-
caso particular que reforça a tese defendida no texto.
cias.
b. Gilovich, um professor de psicologia na Universidade
de Cornell que tem estudado a questão do dinheiro e da felicidade por mais de duas décadas, sugere
que obteremos mais felicidade gastando dinheiro em
experiências, tais como visitar exposições de arte,
fazer atividades na natureza, aprender coisas novas
ou viajar.
c. O dinheiro é capaz de comprar a felicidade, mas só até
certo ponto.
d. A maioria das pessoas busca a felicidade.
e. Uma das grandes questões é como usar o dinheiro.
62
Reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora
Marcus Vinicius David
Coordenação Geral do CAEd
Lina Kátia Mesquita de Oliveira
Coordenação da Unidade de Pesquisa
Tufi Machado Soares
Coordenação de Análises e Publicações
Wagner Silveira Rezende
Coordenação de Design da Comunicação
Rômulo Oliveira de Farias
Coordenação de Gestão da Informação
Roberta Palácios Carvalho da Cunha e Melo
Coordenação de Instrumentos de Avaliação
Renato Carnaúba Macedo
Coordenação de Medidas Educacionais
Wellington Silva
Coordenação de Monitoramento e Indicadores
Leonardo Augusto Campos
Coordenação de Operações de Avaliação
Rafael de Oliveira
Coordenação de Processamento de Documentos
Benito Delage
Ficha catalográfica
Goiás. Secretaria de Educação, Cultura e Esporte.
SAEGO – 2015/ Universidade Federal de Juiz de Fora, Faculdade de Educação, CAEd.
v. 1 ( jan./dez. 2015), Juiz de Fora, 2015 – Anual.
Conteúdo: Revista Pedagógica - Língua Portuguesa - 3ª série do Ensino Médio.
ISSN 2238-0086
CDU 373.3+373.5:371.26(05)