Janeiro 2006 - Instituto Politécnico de Tomar
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Janeiro 2006 - Instituto Politécnico de Tomar
Esta Desporto JORNAL LABORATÓRIO DO 5º ANO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL Gilles Picard e Luc Alphand vencedores do Dakar Director: José Peixe - Ano 2 - nº5 - 31Jan2006 Portugal passou com nota positiva no papel de anfitrião do Lisboa - Dakar e agarra a oportunidade de organizar esta prova, pelo menos até 2008. Basta que surjam apoios para tal. A presença portuguesa deste ano foi fantástica. Carlos Sousa (Automóveis) e Hélder Rodrigues (Motos) deram espectáculo. p. 3 e Última PORTUGAL a caminho do mundial Angola, Irão e México vão ser as equipas que a Selecção Nacional vai ter que defrontar na primeira fase do Mundial 2006. O gaúcho Luiz Felipe Scolari não embarca em facilidades, prometendo apenas dedicação e empenho. Portugal tem todas as hipótese de se sagrar campeão do Mundo. p. 10 e 11 ESTA DESPORTO | 31 JANEIRO 2006 ESTATUTO EDITORIAL E D ITO R IA L ESTA DESPORTO é um jornal laboratório da exclusiva responsabilidade dos/as alunos/as da turma do 5.º ano, da licenciatura de Comunicação Social, da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes (ESTA), do Instituto Politécnico de Tomar (IPT), que optaram pela disciplina de “Jornalismo Desportivo”. No entanto, todos os professores e alunos que queiram participar na feitura do jornal poderão fazê-lo. Um Ano de Esperança José Peixe ESTA DESPORTO procurará afirmar-se como uma oportunidade prática para todos/ as os/as alunos/as que tencionam enveredar pelo jornalismo desportivo. ESTA DESPORTO relatará os factos jornalísti- cos com rigor e exactidão e a distinção entre notícia e opinião ficará sempre clara aos olhos de quem ler o jornal laboratório. ESTA DESPORTO, apesar de ser um jornal laboratório combaterá a censura, o sensacionalismo, as acusações sem provas e o plágio. ESTA DESPORTO utilizará sempre os meios leais para obter informações, imagens ou documentos e jamais abusará da boa fé de quem quer que seja. ESTA DESPORTO, será publicado duas vezes no segundo semestre académico e será distribuído gratuitamente na Escola Superior de Tecnologia de Abrantes (ESTA) e na própria cidade. ESTA DESPORTO poderá afirmar-se, no futuro, como um jornal desportivo na região norte do distrito de Santarém, nomeadamente no concelho de Abrantes, apesar de ser feito e produzido pelos/as alunos/as do 5. ano da licenciatura de Comunicação Social, da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes (ESTA). Ficha Técnica DIREC TOR: JOSÉ PEIXE REDACÇ ÃO: ANA LÚCIA, ANA LOBINHO, BRUNO RIBEIRO, DANIELA COSTA, ELISABE TE SANTOS FABIANA SOCORRO, FÁTIMA RODRIGUES, FRANCISCO MENDES, GABRIEL MENDES, JOÃO VIEIRA, LILIANA ROCHA, MARINA GUERRA, NEUZA PAULO, PATRÍCIA LAVADINHO, PAULA GONÇALVES, VERA AGOSTINHO PAGINAÇ ÃO: JOÃO PEREIRA O ano de 2006 pode trazer algumas alegrias desportivas para os portugueses. A Selecção Portuguesa de Futebol vai estar no Campeonato do Mundo da Alemanha, sob os comandos do gaúcho Luiz Felipe Scolari e reúne todas as condições para conseguir um excelente resultado. Aliás, a Selecção Portuguesa é considerada pelos especialistas em futebol, como uma das mais fortes para conquistar o Mundial da Alemanha. Já em 2004, aquando do Campeonato da Europa que se disputou no nosso país, a Selecção das Quinas, conseguiu marcar presença na final no Estádio da Luz, em Lisboa, frente à Grécia. Infelizmente a sorte não esteve do nosso lado e os gregos sagraram-se campeões europeus. Em termos de organização, o Comité Executivo da UEFA decidiu presentear Portugal, atribuindo-nos a responsabilidade de organizar o Campeonato da Europa de Futebol Sub21. Os jogos vão ter lugar no Norte do país e disputam-se entre 21 de Maio e 4 de Junho de 2006. Ou seja, Portugal tem todas as possibilidades de se sagrar Campeão Europeu em Sub-21, antes da saída da Selecção A para o Mundial da Alemanha, que começa no dia 9 de Junho. É verdade que a crise está a minar o nosso país. É verdade que os portugueses estão desanimados, descontentes com a política e cépticos quanto ao futuro de Portugal. Se os nossos jogadores se aplicarem dentro das quatro linhas, pode ser que voltemos a ver o país vestido de verde e encarnado, como aconteceu em 2004. A nível de organização desportiva, Portugal terminou em beleza o ano de 2005, transformando Lisboa no epicentro 2 do mundo motorizado, com a saída do Lisboa -Dakar. No que diz respeito à participação dos pilotos portugueses, Carlos Sousa terminou em sétimo nos automóveis, enquanto o jovem Hélder Rodrigues, deu espectáculo nas motos, chegando a Dakar na nona posição da geral. No Campeonato do Mundo de Fórmula 1, o piloto português Tiago Monteiro também deu que falar a nível internacional em 2005 e promete ser mais competitivo em 2006, desde que consiga reunir os apoios necessários. Por aqui, a equipa de futebol do A.F.C Abrantes continua a dar nas vistas no Campeonato Nacional da II Divisão B e ocupa o terceiro lugar da tabela classificativa da Série C. Nas eliminatórias da Taça de Portugal, a equipa do Abrantes foi até ao Estádio do Bessa (Porto), onde perdeu com o Boavista por 3-0. Mesmo eliminados, os abrantinos (jogadores, dirigentes e adeptos) fizeram a festa na cidade Invicta. Em poucos anos, o A.F.C de Abrantes conseguiu fazer um percurso notável até à II Divisão B, demonstrando grande profissionalismo dentro e fora do campo. Os jogadores são jovens e ambiciosos. A equipa técnica é exigente e teima em apresentar bons resultados. A direcção do clube procura honrar os seus compromissos financeiros e não só, de modo a poder cativar a empatia dos jogadores e adeptos. É caso para dizer, que no futebol português também existem bons exemplos. E a equipa do A.F.C de Abrantes é um deles. Fica o registo. Feitas as contas e analisando os exemplos que demos, 2006 pode ser encarado como o ano da esperança e revitalização do desporto português. Só é preciso ter fé e acreditar. Que assim seja. ESTA DESPORTO | 31 JANEIRO 2006 LUIS FORRA/EPA Dakar Em busca do Lago Rosa FOTOGRAFO O português Carlos Sousa mais uma vez deu espectáculo até Dakar Francisco Mendes Foi a visão de um apaixonado piloto francês pelo deserto que deu vida à mais mítica prova de todoo-terreno. E foi também o deserto que quase tirou a vida ao aficionado Thierry Sabine, que então participava no Rali Abidjan-Nice, ao perder-se, ficando entregue a si próprio cerca de 3 dias. Quando poucos ainda acreditavam que estaria vivo, um pequeno avião avistou-o nas dunas, salvando-o de uma morte quase certa. E foi dessa experiência sofrida que surgiu a paixão. Sabine quis transmitir as emoções fortes de uma travessia do Sahara aos pilotos de todo o mundo. Contudo, poucos anos depois, em 1986, a fatalidade concretizou-se ao pai do Paris-Dakar, num acidente de helicóptero, enquanto assistia ao desenrolar da prova que idealizara. Diz a história que, na hora do acidente, aconteceu uma tempestade de areia. Gilbert Sabine, pai de Thierry, assumiu o comando do rali. As cinzas de Thierry Sabine foram espalhadas no deserto. A partida da primeira prova foi a 26 de Dezembro de 1978. Os 170 participantes partiram da Place du Trocadero, frente à Torre Eiffel, com o objectivo de chegar ao Lago Rosa, em Dakar, num percurso de 10 mil quilómetros. E foi nesta data que se imortalizou a prova, “Paris-Dakar”, como é conhecida, por serem os nomes das cidades de partida e de chegada. Em competição de categoria única, foi o piloto Cyril Neveu o primeiro campeão da história do Dakar, aos comandos de uma moto Yamaha XT500, quando apenas um terço concluiu a prova. Desde então, o Paris Dakar foi um sucesso, aumentando a lista de participantes a cada ano, e atraindo multidões. Esta aventura teve o mesmo traçado durante 10 anos. Em 1989, o Dakar visitou um novo país: a Líbia. Foi o Paris-TunisDakar, onde despontou uma nova estrela: Stéphane Peterhansel, hoje recordista de vitórias nas duas rodas, com seis triunfos. Em 1992, assistiu-se à primeira mudança de direcção do rali. A largada foi no Château de Vincennes, e Gilbert Sabine, que queria dar uma nova vida à competição, decidiu mudar a chegada. O Paris-Dakar tornou-se o “Paris-Cidade do Cabo” e forneceu aos participantes um cenário de tirar o fôlego. Apesar da mudança de direcção, muita coisa não saiu como previsto: uma tempestade de areia, Chade em guerra, um rio inundado na Namíbia: os elementos naturais impuseram-se. Assim, no ano seguinte, o rali voltou ao traçado original. O grupo Amaury Sport Organisation (ASO) passa então para a direcção do Paris-Dakar, decorria o ano de 1994. O percurso marca a primeira inovação do grupo: um A partida da primeira prova foi a 26 de Dezembro de 1978 Paris-Dakar-Paris, numa difícil prova com quase 14 mil quilómetros de extensão. Em 1998, o Dakar completou 20 anos de sucesso. A prova saiu de Versailles e cruzou a Espanha, terminando em Dakar. O percurso passava por muitas dunas e reencontrou nessa edição o espírito da prova: dificuldades e maratona. Foi também nesse ano que Stephane Peterhansel se consagrou o piloto com mais vitórias. Desde então, o ponto de partida 3 da competição tem mudado sucessivamente de lugar: Granada e Barcelona em Espanha; ou Arras, Marselha e Clermont-Ferrand, cidades francesas foram algumas das cidades anfitriãs. Ao fim de 27 edições, o Dakar continua a ser o maior espectáculo de “off-road” do globo. Mas muitos episódios têm marcado as várias edições. Entre outras, encontram-se ameaças terroristas, ataques de grupos armados aos acampamentos, guerras, o desaparecimento de vários pilotos e assistentes por vias de acidente ou perdidos no extenso deserto africano, as armadilhas da natureza, as terríveis tempestades de areia, temperaturas extremas, inundações. É toda esta adrenalina que torna o Dakar numa aventura mítica, num espectáculo mediático, e numa paixão para muitos. O Dakar é mais uma grande competição desportiva que Portugal recebe, depois de ter perdido outras no desporto motorizado, tais como o Rali de Portugal, que contava para o Mundial de Ralis, ou a Fórmula 1, a ver vamos se Portugal passa com nota positiva no papel de anfitrião e é capaz de agarrar esta oportunidade que, pelo menos até 2008, parece estar garantida. ESTA DESPORTO | 31 JANEIRO 2006 Radical “Skate não é crime” João Vieira e Gabriel Mendes O dia ameaçava ser frio, gelado e com chuva à mistura. O campeão nacional de street skate – Nokia Etnies Open 2005 – já estava encontrado, faltava saber quem vencia a última etapa. No entanto, em Vila Franca de Xira, no Pavilhão do Cevadeiro, após o aquecimento, o frio que tolhia os movimentos dos skaters rapidamente desapareceu para dar lugar a uma autêntica demonstração de talento, juventude, irreverência. Enganam-se também os que julgam o skate um desporto praticado exclusivamente por homens. Embora não tenham competido, foi possível vislumbrar duas jovens raparigas a ensaiar corajosamente algumas manobras no recinto da prova. O público, sobretudo jovens, animava-se com as manobras, os voos e as quedas, muitas quedas, dos skaters. A determinada altura da prova, o apresentador deste último circuito dirigiu-se a um jovem participante (ainda iniciado), acabado de cair, consolando-o: “Descansa, porque só se é um verdadeiro skater quando se cai a primeira vez”. Para executar a manobra perfeita as quedas são, por vezes, muito frequentes. Como também são necessárias muitas horas de treino diário, esforço e uma inevitável dose de loucura. Que o diga o actual campeão nacional da modalidade, Ruben Rodrigues, que dedica diariamente seis horas de treino a praticar skate. Ruben dedica diariamente seis horas de treino a praticar skate A dedicação é tal que, aos 20 anos de idade, vai acumulando os estudos com o trabalho que não é mais nem menos do que vigiar um Skate Park. Toda esta dedicação foi recompensada no final da etapa quando deu um show de manobras que lhe valeram a vitória no último circuito e os aplausos do público. Algumas Manobras 180 1/2 rotação para a direita ou esquerda. 360 Uma rotação inteira. 540 Uma rotação de 540 graus, ou seja, um 360 e mais um 180. 720 Dois 360, ou seja, uma rotação de 720º. 900 Duas rotações e meia. O primeiro foi realizado por Tony Hawk, em 27 de Junho de 1999, nos X Games 50/50 - Grind em que ambos os trucks estão a grindar. Frontside Alley Oop Quando uma manobra é feita na direcção inversa daquela em que o atleta está a andar. Quando a volta ou a manobra está a ser executada de forma a que a frente do atleta está virada para o exterior do arco da manobra. Backside Goofy Quando a volta ou a manobra está a ser executada de forma a que as costas do atleta estão viradas para o arco da manobra. Dropar Entrar numa rampa ou obstáculo a partir do topo. Fakie Andar para trás. Quando o skater anda com o pé direito à frente. Grab Agarrar a prancha, com uma ou as duas mãos, em backside ou frontside. Grind Andar em cima de um objecto como um corrimão ou a aresta de um objecto 4 apenas com os trucks em contacto. Nose slide Half Pipe Rampa com a forma de U usada para vert Fazer a parte de baixo do nose escorregar num obstáculo com um corrimão, aresta ou lip de uma rampa. Kickflip Ollie O mesmo que um Heelflip só que são os dedos que empurram a prancha para baixo fazendo-a rodar. Nollie O mesmo que um ollie só que se bate o nose em vez do tail, na mesma a andar para a frente. Nose A frente do skate. Um salto dado com o skate batendo com o tail da prancha no chão ou na superfície da rampa, fazendo-o elevar-se. Origem do nome: Alan Gelfend. Quarter pipe Metade de um half pipe. Tail Parte de trás do skate. ESTA DESPORTO | 31 JANEIRO 2006 Origem: Castelo Branco PERFIL Palmarés: Vice-campeão em 1995 e 1997 Já participou em provas na Espanha e na Alemanha. Concilia o skate com os estudos. Aliás, em Portugal são poucos os profissionais de skate. Para ser praticante de skate é necessário ter algum dinheiro. Uma prancha de skate ronda os 150 euros. Refere que a mentalidade portuguesa é diferente da do estrangeiro. Em Portugal os skaters ainda não são vistos como praticantes de um desporto, mas, por vezes, como marginais. Os skate parks de Portugal têm evoluído e já quase todas as cidades os têm. Apesar disso em Castelo Branco, onde reside, não existe um espaço próprio e é ele que tem de criar as suas próprias estruturas para treinar. O Ruben pertence, no entanto, a uma geração privilegiada. Os skaters veteranos não tiveram a mesma sorte. À entrada do pavilhão, uma tshirt reclamava atenção: “Skate não é crime”. Para Marco Roque, skater há mais de uma década, não é apenas uma frase... É uma mensagem que ilustra o ressentimento que os antigos skaters carregam consigo. Praticar skate foi erradamente conotado com vandalismo, marginalidade. Nunca houve muita tolerância das pessoas para com este desporto. “Se estivesse a fumar droga as pessoas baixavam a cabeça, mas como estava a praticar uma manobra de skate vinha logo alguém dizer que não o podia fazer. É estranho mas é verdade”, diz Marco Roque sem encontrar explicação. “Talvez seja a mentalidade portuguesa”, desabafa. Para treinar era obrigado a deslocar-se frequentemente para fora da sua cidade natal, Castelo Branco, que ainda hoje não possui nenhum recinto adequado para a prática da modalidade. Quando tentava praticar na rua era sempre impedido, o que lhe dificultava a vida. Nesta matéria, as autarquias têm alguma responsabilidade porque através da sua iniciativa é possível criar espaços próprios com condições adequadas para a prática de uma modalidade, que afinal de contas também é um desporto. Com mais espaços desta natureza, talvez estes jovens deixassem de procurar alternativas na rua. Abrantes é um bom exemplo pois possibilitou aos jovens que gostam Idade: 20 aderirem à modalidade. Origem: S. João da Talha Concilia os estudos e o skate com algum esforço. Estuda á noite e anda de skate durante o dia. Palmarés: Campeão da categoria amadora em 2004 Campeão nacional da categoria profissional em 2005 Treina, em média, 6 horas por dia. Garante que a categoria amadora está em grande, com cada vez mais jovens a de skate um espaço adequado para a prática da modalidade - junto ao Castelo. A etapa, que o ESTA DESPORTO observou em Vila Franca de Xira, Para treinar era obrigado a deslocar-se para fora da sua cidade natal mostrou que o futuro do skate em Portugal é risonho. Apesar do skate ser, em Portugal, uma modalidade, que em termos competitivos ainda está a anos-luz dos níveis de países como os Estados Unidos da América, Brasil, e até a nossa vizinha Es- 5 Defende que hoje em dia os skaters já não são vistos como uns vândalos que andam na rua. A mentalidade está a mudar, sobretudo através dos campeonatos, que dão uma imagem mais desportiva ao skate. PERFIL Ruben Rodrigues Defende que as pessoas dão demasiada importância ao futebol, deviam olhar mais para outros desportos, como o skate. Marco Roque Idade: 28 panha, onde este desporto radical já está profundamente desenvolvido, as competições nacionais já estão longe do amadorismo. Os melhores skaters portugueses já conseguem ser parcialmente patrocinados por marcas oficiais, embora raros são os casos em que esse patrocínio lhes permita viver exclusivamente do skate. A avaliar pela quantidade e qualidade dos praticantes, pelo contributo das autarquias e o acompanhamento dos meios de comunicação especializados em Portugal – a revista “DIFERE”, o sítio na Internet www.skatebyte.com e a representante portuguesa do canal de televisão “EXTREME” –, este desporto deverá ter nos próximos anos patamares cada vez mais elevados de competitividade. ESTA DESPORTO | 31 JANEIRO 2006 Judo Campeão no tapete e na vida Patrícia Lavadinho “O tempo passa mas eu não quero parar. Pararei quando morrer.” Esta é a frase que melhor caracteriza Fernando Correia que apesar de todas as adversidades sempre lutou por uma “vida mais simpática”. Foi o sarampo que aos 6 anos de idade o deixara com problemas de audição. Desde então foi perdendo gradualmente o sentido auditivo até deixar de ouvir por completo aos 19 anos. Fernando Correia então um jovem revoltado encontra no judo uma forma de ganhar auto-confiança e superar os seus problemas. “A falta de confiança que os jovens por vezes sentem tentam superá-la através do tabaco, da bebida e comportamentos menos próprios, eu refugiei-me no desporto”, afirmou. Dedicou-se de tal forma ao desporto que “todo o tempo livre era para estar no judo” o que lhe valeu vários títulos entre os quais o 2.º lugar nos Campeonatos Mundiais PATRÍCIA LAVADINHO Fernando Correia encontrou no Judo a sua felicidade de Karaté e Judo silencioso (para deficientes auditivos) em 1982 em Dunquerque, França, assim como o 3.º lugar, em 1989, no Japão. Actualmente, o também Osteopata, Fernando Correia é Instrutor Civil de Judo e Defesa Pessoal na Escola de Tropas Aerotransportadas em Tancos, Praia do Ribatejo. O nosso entrevistado quer manter-se no judo e na instrução militar para sempre e afirma que apesar dos seus 60 anos, ainda se encontra em boa forma física. “Viver não é algo difícil ou impossível, o problema é que há pessoas que se perturbam muito com os seus próprios pensamentos”, esclarece. Se não pensasse assim não te- ria voltado aos campeonatos do mundo de Karaté e Judo Silencioso em 1989 no Japão, 5 anos depois de ter estado à beira da morte em consequência de uma acidente na véspera da sua participação nos Campeonatos do Mundo em 1984 na Cidade do México. “Eu não vou para o mundial mas se não morrer eu volto”, diz. É com os olhos rasos de lágrimas num misto de frustração e orgulho que fala no azar que teve ao bater no fundo da piscina de um amigo na véspera da sua ida aos campeonatos do mundo de 1984, no México. Mas simultaneamente se orgulha de ser um “Homem que honra os seus compromissos” e que mesmo com múltiplas fracturas atendeu um “homenzinho pobre” que vinha do norte para uma consulta de osteopatia. “O surdo normalmente é uma pessoa complexada e retraída, mas eu não tenho esses problemas”, clarifica. A palavra deficiente é naturalmente depreciativa e uma pessoa com uma deficiência, por vezes, é vista pela sociedade com pena e até desdém. Força e vontade de viver são as palavras adequadas para falar de Fernando Correia. Deficiente auditivo que vive, trabalha e tem um papel importante na sociedade. Hidroginástica “Para todas as idades” As piscinas municipais de Abrantes, localizadas na zona da Cidade Desportiva, estão em funcionamento desde Setembro de 2003. A hidroginástica é uma das diversas actividades que ali se podem praticar. Elisabete Santos Tal como o nome indica, hidroginástica consiste em fazer ginástica dentro de água. “É uma actividade muito parecida com a aeróbica. Fazemos exercícios com coreografias, sempre acompanhados por música. Tudo isto dentro de água, claro!”, explica Teresa Costa, professora de hidroginástica. Para realizar este desporto são utilizados vários materiais: halteres, flutuadores, step, luvas, caneleiras e bastões. “Estes instrumentos são fundamentais para intensificar e motivar a actividade”, acrescenta Teresa Costa. Ao aderir a esta actividade, pode optar por hidroginástica I ou hidroginástica II. A única diferença entre elas é que enquanto que a primeira é praticada numa piscina em que os alunos têm pé, e a segunda é praticada numa zona profunda. A hidroginástica pode ser praticada por homens, mulheres, jovens e idosos, basta quererem exercitarse. “É para todas as idades, qualquer pessoa pode fazer hidroginástica. Só têm de trazer uma declaração médica e inscreverem-se”, diz Teresa Costa. Actualmente, esta actividade conta com oito turmas, sendo que a média é de 18 / 20 alunos por turma, o que faz um total de 150 / 160 alunos. Através desta modalidade é possível melhorar o sistema respiratório, cardio-respiratório e cardiovascular; a resistência e força muscular; a flexibilidade das articulações e diminuir o stress. A hidroginástica é uma activida- 6 de divertida. Existe uma grande interacção entre professores e alunos e mesmo os mais envergonhados acabam por perder a timidez. “A relação entre professores e alunos é óptima. O convívio é saudável e eles interagem muito”, afirma Teresa Costa, professora de hidroginástica. Esta actividade pode ser praticada todas as tardes de segunda a sexta-feira e ao sábado de manhã. Cabe ao aluno definir o seu horário. O preço varia consoante a idade e o número de aulas semanais. Uma aula por semana custa 21.18€, mas para maiores de 56 anos custa 15.89€. Se optarem por mais aulas fica a 26.48€ e a maiores de 56 anos pagam apenas 21.18€. Localizadas numa zona de expansão da cidade, com boas acessibilidades e óptimas infra-estruturas, as piscinas municipais de Abrantes convidam a uma visita e, claro está, a experimentar uma contagiante aula de hidroginástica. ESTA DESPORTO | 31 JANEIRO 2006 Mundial 2006 Portugal no Mundial 2006 Angola, Irão e México vão ser as equipas que a Selecção Nacional vai defrontar na primeira fase do Mundial de 2006. Luiz Felipe Scolari rejeita ondas de euforia e promete empenho e dedicação. LUSA Liliana Rocha de saída será dado num jogo que vai por frente a Alemanha – os anfitriões da prova – e a selecção da Costa Rica.A Selecção Nacional estreia-se no dia 11 de Junho contra a selecção angolana, na cidade de Colónia. Esperam-se 30 dias de competição ao mais alto nível, em que as melhores selecções do mundo vão poder mostrar o que valem e o que de melhor tem o futebol. Foi em Dezembro, em Leipzig, que decorreu a cerimónia do sorteio para o Mundial 2006. A Selecção das Quinas viu, assim, ficar definido o grupo com as selecções que terá de defrontar no Mundial da Alemanha. O adversário mais difícil parece ser o México – cabeça de série – mas, para que a selecção passe aos oitavos de final, terá que medir forças ainda com a Angola e o Irão. No final do sorteio, em declarações ao jornal Record, o seleccionador nacional Luiz Felipe Scolari afirmou que o grupo não é o mais difícil, mas precaveu: “Se alguém pensar que já passamos antes de vencermos os jogos vai dar-se mal”. Apesar de ser considerado um grupo equilibrado, em que a selecção portuguesa tem boas perspectivas de seguir em frente na competição, Scolari deixou o aviso aos mais eufóricos de que facilidades é coisa que nunca vai esperar, muito menos quando se está num mundial. O seleccionador nacional lembrou a ilusão que se criou no Mundial 2002, com um grupo considerado “fácil” (EUA, Coreia do Sul e Polónia), no qual, segundo ele, “se tornou no maior pesadelo para os portugueses”. O Mundial de 2006 arranca a 9 de Junho na Alemanha, abrindo assim a 18ª edição do campeonato. O pontapé Balanço positivo da selecção portuguesa no campeonato do mundo O Mundial de Futebol satisfaz os amantes do futebol desde o ano de 1930. A primeira vez que Portugal entrou na prova foi em 1934, tendo falhado os mundiais de 1930, 1942 e 1946. Desde então que a Selecção Nacional tem mostrado a sua qualidade e esforço nos mundiais de futebol. O que é certo é que só a partir só a partir de 1962 é que começou a alcançar os melhores resultados. O balanço que se faz da participação da selecção das quinas, em campeonatos do mundo, é naturalmente positivo. Em 114 jogos disputados, a selecção lusa conseguiu reunir 58 vitórias, 24 empates e 32 derrotas. Não é por acaso que a Selecção Nacional foi cotada, no ranking da FIFA, no mês de Novembro, como a 10ª melhor selecção do mundo. No apuramento para o Mundial, a Selecção Portuguesa conseguiu em 12 jogos, nove vitórias e três empates. GRUPOS DO MUNDIAL Reacções de Luiz Felipe Scolari SELECÇÃO DE ANGOLA ”Será o jogo de estreia de Angola no Mundial (…) Mas apesar da amizade teremos de estar concentrados para fazer o nosso trabalho e tentar ganhar o jogo. É que Angola vai tentar certamente aproveitar a oportunidade para se mostrar, tentar uma surpresa e se nós não encararmos esse jogo de forma séria e profissional, corremos o risco de ter um amargo na boca.” Jornal Record, 10 Dez 2005 SELECÇÃO DO MÉXICO “O México tem um passado no Mundial muito importante e nos últimos anos está sempre entre os oito primeiros do ’ranking’ da FIFA (…) teremos de ter todos os cuidados quando jogarmos com o México, apesar de acreditar que Portugal poderá já ter a passagem garantida quando tiver de defrontar os mexicanos.” Jornal Record, 10 Dez. 2005 SELECÇÃO DO IRÃO “Trata-se de uma boa selecção, com jogadores experientes, muitos deles a jogar na Alemanha. Tem um estilo de jogo seguro, com boa técnica individual e um treinador que sabe o que faz. Como será o nosso segundo jogo, as atenções terão de ser redobradas da nossa parte, pois não podemos dar-lhes possibilidades de aproveitarem qualquer deslize nosso.” Jornal Record, 10 Dez. 2005 JOGOS (grupo D) LOCAL DATA HORA México – Irão Nuremberga 11 de Junho/17h00 17h00 Angola - Portugal Colónia 11 de Junho/20h00 20h00 México - Angola Hanover 15 de Junho/20h00 20h00 Portugal - Irão Frankfurt 17 de Junho/14h00 14h00 Portugal - México Gelsenkirchen 21 de Junho/20h00 20h00 Irão - Angola Leipzig 21 de Junho/20h00 20h00 QUADRO DE JOGOS DA SELECÇÃO NACIONAL GRUPO A 1 – Alemanha 2 - Costa Rica 4 – Equador GRUPO B 1 – Inglaterra 2 – Paraguai 3 - Trinidad e Tobago 4 - Suécia GRUPO C 1 - Argentina 2 - Costa do Marfim 3 - Sérvia e Montenegro 4 - Holanda GRUPO E 1 – Itália 2 – Gana 3 – EUA 4 - República Checa GRUPO F 1 - Brasil 2 - Croácia 3 - Austrália 4 - Japão GRUPO G 1 - França 2 - Suiça 3 - Coreia do Sul 4 - Togo 3 – Polónia 7 GRUPO D 1 – México 2 – Irão 3 – Portugal 4 – Angola GRUPO H 1 - Espanha 2 - Ucrânia 3 - Tunísia 4 - Arábia Saudita ESTA DESPORTO | 31 JANEIRO 2006 Futebol CÉSAR SANTOS/JN Força! Força! Olé... Olé... Olé... Reportagem Ana Lobinho e Fabiana Socorro A s bandeiras, os cartazes, o fumo e as vozes enchem o palco daquele que vai ser mais um jogo. A bola rola, a equipa está a jogar, e o que importa é apoiá-la. Por isso, começam-se a ouvir os cânticos... o importante é puxar pela equipa. Não passa indiferente a ninguém... Todos olhamos para as claques e, por vezes, até cantamos em uníssono. Atribuímos definições e acreditamos nelas, mas o factor mais relevante é perceber o que move uma claque. Rúben Gil, membro da claque Diabos Vermelhos, explica que “a paixão pelo clube” é a base da existência das claques. Já para Kiko, membro da Juventude Leonina, estar com a claque demonstra que “tens orgulho naquilo que fazes, aquilo a que pertences”. A posição dos clubes em relação a estes grupos é sempre controversa. O apoio existe, mas vai sendo alterado com o tempo. Rúben Gil e Kiko estão de acordo no que refere a este assunto. Actualmente, ambos sentem que as respectivas cla- ques são apoiadas principalmente no que diz respeito à facilidade na compra de bilhetes. Ainda assim, é complicado fazer uma vida como muita gente faz lá dentro: “Não tens posses para conseguir acompanhar a claque para todo o lado”, aponta Kiko. Continuamos a vaguear neste mundo que julgamos conhecer tão bem e encontramos mais uma palavra que nos faz confusão: ULTRAS. É aqui que se marca a diferença. Rúben Gil ajudou-nos a perceber a força deste termo: “É um elemento da claque que vai sempre à bola, tem o objectivo de apoiar o clube, quer este ganhe ou perca”. O mundo dos ULTRAS é associado à violência. Por isso, a cada jogo, são estrategicamente colocadas nas bancadas. Parece unânime afirmar que as claques são responsáveis por todos os distúrbios. No entanto, percebemos que o fenómeno não é tão geral. “É normal que existam pequenos grupos e que surja essa violência”, explica o jovem benfiquista. Kiko 8 A primeira claque organizada portuguesa nasce no ano de 1976. A Juventude leonina é fundada por João e Gonçalo Rocha – filhos de João Rocha, então presidente do Sporting. A claque tem o orgulho de ser a única a contar com quatro troféus Gandula no seu palmarés. As transfertas sempre foram um dos trunfos da Juve Leo, a claque pioneira na tradição dos cortejos. As bandeiras gigantes, as grandes fumaradas, os potes de fumo, as tochas e o apoio incondicional à equipa foram desde sempre a imagem de marca da Juventude Leonina. A partir dos anos 90 a claque viu-se obrigada a alterar as suas políticas coreográficas, devido à proibição do uso de material pirotécnico. Fernando Mendes é o actual líder da claque, que está no activo acerca de 10 anos, e preside uma direcção constituída por 40 elementos. Este grupo prepara-se para a etapa da legalização que considera fundamental no seu percurso. A Juve Leo chegou a ter 8000 membros repartidos por centenas de núcleos. Actualmente conta com 60 núcleos distribuídos por todo o país. A Juventude Leonina estabeleceu ao longo da sua história amizades oficiais com o grupo Grobari – do Partizan Belgrado – o grupo B-Side – dos holandeses Go Ahead Eagles – e os Settebello – da Fiorentina. A claque sportinguista chegou a ter boas relações com os Super Dragões mas estas têm vindo a deteriorar-se. Hoje em dia, a nível nacional, estão mais próximos da Mancha Negra. A claque sobreviveu nestas quase quatro décadas ultrapassando alguns momentos infelizes. A 31 de Outubro vêem a sua sede destruída pelas cinzas. Em Maio de 1995 a queda de um varandim rouba-lhes dois dos seus ultras. É, no entanto, com esforço, dedicação, devoção e glória que os primeiros na “curva” enfrentam o futuro. Dos fracos não reza a história! Primeiros a nascer, últimos a morrer! Um dia Juve Leo, Juve Leo até morrrer! A lenda continua! ESTA DESPORTO | 31 JANEIRO 2006 acrescenta ainda que quando há muita emoção, “eles são a gota de água para iniciar uma guerra lá dentro”. Alguns núcleos têm ligações estreitas a ideologias de extrema-direita. É o caso do Movimento 1143, apoiante do Sporting Clube de Portugal.“O que eles estão a conseguir é apoderar-se do espírito das pessoas mais fracas lá dentro”, critica Kiko. A visão de Rúben Gil mostra que afinal não podemos ver as claques como as culpadas deste tipo de atitudes: “Não podemos deixar de tentar perceber este fenómeno que acontece devido às diferentes personalidades existentes numa claque.” O Sport Lisboa e Benfica chegou mesmo a cortar relações com os Diabos Vermelhos devido à claque ter utilizado bandeiras com cruzes suásticas. Muitos dos seus membros são skinheads. Fernando Mendes, líder da Juve Leo há 10 anos, já foi conotado com rituais nazis. No entanto, Kiko considera-o um bom líder: “É uma pessoa que tem minimamente consciência, que sabe impor algum respeito e ordem”. “A política está de uma maneira geral presente nas claques que, se estivermos atentos a um jogo de futebol, podemos ver claques com imagens de Che Guevara e com algum simbolismo se calhar não tão óbvio numa facção mais à direita. Mas são pequenos focos porque, acima de tudo, um elemento de uma claque deve ter em atenção não a uma ideologia política, mas sim a paixão pelo clube”, enalteceu Rúben Gil. Segundo Kiko existem membros capazes de se aproveitar um bocado da claque, considerando ainda que “são muitos os elementos que pretendem conquistar alguma coisa para eles, mas as pessoas também se apercebem disso”. Não são só os confrontos de ordem política que põem em causa a segurança dos adeptos. A própria utilização inadequada de material pirotécnico já manchou de sangue as bancadas dos estádios portugueses. O cenário que encontramos hoje já não é o mesmo de há algum tempo atrás. Agora as claques são controladas, ganha-se segurança, mas perde-se em espectáculo. O controle na entrada dos adeptos permite, agora, evitar a introdução de objectos contundentes no recinto. O jovem sportinguista explica que “hoje em dia são controladas com materiais metálicos. Anteriormente introduziam armas que serviam para grandes desacatos”. A relação entre as claques sempre foi um tema controverso. “Há sempre a rivalidade de peito”, admite Kiko, acrescentando que não gostam de ser visitados quando lhes partem quase tudo o que temos. Todos querem ter a última palavra: “Primeiros a nascer, últimos a morrer! Um dia Juve Leo, Juve Leo até morrer”; “Demasiado fiéis para desistir”, respondem os Diabos Vermelhos. Cada um com as suas convicções e paixões, a questão que se coloca, para muitos, é a de saber se será difícil pôr um ponto final nesta história das claques. CÉSAR SANTOS/JN 9 Os Diabos Vermelhos, claque que apoia o Sport Lisboa e Benfica (SLB), nasceram em 1982. A sua formação surgiu da união de um grupo de sócios do SLB que habitualmente se reuniam na bancada central do 2º anel do Estádio da Luz. Foi em Novembro de 1982 que apareceu a primeira faixa dos Diabos Vermelhos e também algumas bandeiras. Incentivada pela boa prestação da equipa na Taça U.E.F.A., a claque começa a formar-se. As características iniciais eram as caras pintadas (às vezes também o cabelo), a utilização de muitas bandeiras de cores predominantemente vermelha e branca. Com o decorrer do tempo foram criados os Diabos Vermelhos Norte que permitia assegurar a presença de membros da claque nos estádios nortenhos. No final da década de 80, os Diabos Vermelhos já se situavam no 1º anel da central do Estádio da Luz e utilizavam novas cores nas bandeiras, cores derivadas e ou conjugadas com as originais do clube. A passar por uma boa fase de relações com a direcção do clube, existe uma tentativa de renovar a direcção da claque que acaba por falhar. Desta forma, cria-se uma ruptura no seio do grupo que se reflecte na existência de dois grupos, em sítios diferentes do estádio, com o nome Diabos Vermelhos. Esta ruptura mostra resultados desastrosos com apenas 10 elementos na bancada em 1992/93. São os núcleos de Almada e Olivais que impulsionaram a claque a renascer. Surgem também problemas com a direcção do clube que retira o seu apoio à claque por terem utilizado bandeiras com cruzes suásticas e por muitos dos seus membros serem skinheads e se conectarem com a extrema-direita. Com o tempo esta politização do grupo acalmou. É nesta altura que surge o lema “Connosco Quem Quiser, Contra Nós Quem Puder”. As coreografias começam a aparecer na época de 93/94, e os núcleos também. Na época de 94/95 o número de elementos nos jogos em casa aumentou tal como as coreografias começam a ter o apoio dos restantes sócios do clube. A inovação surge na é poça 95/96 quando criam uma linha de artigos “On Tour” para os filiados nos jogos fora. E já em 96, depois das obras na nova sede da claque, aproveitam o jogo de apresentação frente à Fiorentina para oferecer aos jogadores alguma material da claque e assim relembrar o seu apoio. Percorrendo todos os pontos do país e até no estrangeiro, os Diabos Vermelhos continuam a apoiar o seu clube, à procura das vitórias tão desejadas. O seu pensamento: “Futuro? Não tememos o futuro…o futuro somos nós!” ESTA DESPORTO | 31 JANEIRO 2006 Futebol Leis do futebol com novidades para a presente época A Comissão de Arbitragem da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) já anunciou as principais alterações às leis do jogo. A proibição do uso de adornos, mesmo tapados com adesivos, é uma das novidades para a época 2005/2006 Bruno Sousa Ribeiro A interpretação da aplicação do fora de jogo, o lançamento lateral, a violação da área de grande penalidade, durante a marcação de um penalty, e o aquecimento dos jogadores foram algumas das leis abrangidas pelas alterações adiantadas pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e outras a implementar por imposição da FIFA. Algumas das alterações anunciadas prometem gerar alguma polémica até ao seu total enraizamento. E é no caso específico da aplicação do fora de jogo que essa polémica poderá vir ao de cima. Por aquilo que a lei confere, onde agora o árbitro passa a ter que esperar que o jogador atacante toque na bola para considerar a sua posição de fora de jogo ou se este interfere no lance, “poderá levar a algum aproveitamento táctico por parte dos treinadores”, como preocupadamente referiu Hugo Maia, treinador de camadas jovens, advertindo que “esta situação vai obrigar, ainda, a uma atenção redobrada por parte do árbitro assistente, a um trabalho suplementar aos defesas mais lentos e duros de rins e potenciar um aproveitamento estratégico dos treinadores”. A substituição ao intervalo é outra das novidades implementadas. Se antes a substituição ao intervalo se considerava como consumada a partir do momento em que o árbitro apitava para o início da segunda parte, agora o jogador terá que ir junto do árbitro assistente e do delegado da sua equipa, na linha de meio campo, e esperar pela autorização do árbitro. Quanto às marcações de grandes penalidades, a partir de agora, a violação da área por parte de um colega do executante será punida com a repetição do castigo máximo se a bola entrar. Se não entrar, será concedido um pontapé livre a favor da equipa defensora. Também a comemoração dos golos em tronco nu ou parcialmente despido – excepção feita ao levantar a camisola até ao pescoço sem a retirar pela cabeça – será punida com a exibição do respectivo cartão amarelo. Os gestos que impliquem cotoveladas, mãos (agarrar), braços, puxões e socos mereceram também por parte dos responsáveis da arbitragem uma chamada especial de atenção aos árbitros e árbitros assistentes que agora terão que estar mais atentos. Brincos, pulseiras e fios proibidos Algumas das principais preocupações manifestadas pelos árbitros à LPFP, até pela experiência das últimas épocas, dizem respeito às agressões “camufladas”, às entradas de pés juntos, à simulação por parte dos jogadores e ao tempo útil de jogo. Por esse motivo e por questões de segurança pessoal e a dos adversários, os jogadores estão proibidos de usar qualquer jóia de adorno, quer sejam brincos, pulseiras ou fios, mesmo protegidos por adesivo, como até agora acontecia. No que toca ao lançamento da linha lateral, deve ser respeitada uma distância mínima de dois metros ao elemento que está a repor a bola em jogo, contrariando a actual medida em que os jogadores podiam estar “cara a cara”. O processo de aquecimento dos jogadores, durante os jogos, mereceu também uma ligeira correcção. Só poderão aquecer no máximo três jogadores e terão que fazê-lo, de preferência se houver condições para tal, atrás do primeiro árbitro assistente. Não sendo possível, o aquecimento terá de ser feito atrás da linha de baliza da própria equipa dos respectivos jogadores. O Rei de África Depois de José Mourinho conquistar a Europa e Inglaterra, é agora a vez de outro treinador português, Manuel José, exibir os seus talentos pelos territórios Africanos. Por razões óbvias - como os níveis de exigência competitivos -, a conquista da Liga dos Campeões Africanos não tem o mesmo impacto mediático que a Liga Europeia. No entanto, não se pode tirar o mérito ao treinador porque o título Africano nunca tinha sido conquistado por um português. A primeira Liga dos Campeões Africanos que o técnico luso conquistou pelo Al-Ahly, do Egipto, foi em 2001. A segunda foi em Novembro do ano transacto sobre o Étoile du Sahel, da Tunísia, no Estádio Militar, em plena cidade do Cairo. Manuel José percorreu um lon- O percurso do treinador A sua carreira é composta por momentos altos e baixos. Teve uma passagem infeliz pelo Benfica que resultou numa demissão litigiosa, mas revelou o seu talento ao serviço do Boavista. Durante estes momentos atribulados foi acrescentando experiência à sua carreira profissional. É Algarvio, nasceu em Vila Real de Santo António a 9 de Abril de 1946. Quando era jogador representou clubes como o Benfica (foi campeão nacional pelas águias, embora só tenha feito um jogo), Sporting da Covilhã, o Belenenses, o Beira-Mar, a União de Tomar, Farense e o Sporting de Espinho. Foi neste último que iniciou a sua carreira de treinador, funções que acumulava com as de jogador. Treinou depois o Vitória de Guimarães, Portimonense, Sporting, Sporting de Braga, Boavista, Marítimo, Benfica, União de Leiria e Belenenses. Apesar de representar todos estes clubes foi como técnico do Boavista que se notabilizou. Ao serviço do clube do Bessa conquistou, durante os cinco anos que treinou a equipa, a Taça de Portugal em 1991/92 e a Supertaça Cândido de Oliveira 1992/1993. Foi com o trabalho de Manuel José que o Boavista criou as suas bases, transformando um clube simpático e modesto num clube que agora afronta os grandes de Portugal. 10 go caminho com a equipa Egípcia sem perder um único jogo ao mais alto nível. O Al-Ahly foi mesmo votado pela FIFA como a equipa africana do século XX, coleccionando uma série impressionante de vitórias – 55 partidas sem conhecer o sabor da derrota em 16 meses de competição. Não é de estranhar que, deste modo, a equipa egípcia seja conhecida como o Chelsea de África. Foi com esta performance que os Egípcios se apresentaram no Campeonato do Mundo de Clubes, competição que definitivamente vem substituir a Taça Intercontinental (O Futebol Clube do Porto foi a última equipa a vencer esta Taça). No entanto acabaram por ser eliminados pelo Al Ittihad, da Arábia Saudita. J.V. ESTA DESPORTO | 31 JANEIRO 2006 “É o ponto mais alto da história do AFC” A vontade de jogar futebol e o espírito de equipa levou o Abrantes Futebol Clube a atingir um momento histórico. Resta saber até onde pode chegar o clube abrantino. ANTÓNIO SIMÕES / LUSA Ana Lúcia O AFC, uma equipa da segunda divisão B, jogou no dia 11 de Janeiro para a Taça de Portugal com o Boavista, campeão nacional há quatro anos atrás. A equipa abrantina tem sete anos de existência e conta já com muitas vitórias. Marcar golos não é novidade… é fruto de um trabalho de equipa e do gosto da direcção, em conjunto com a Sede de Futebol, de “fazer as coisas bem feitas”, como explicou Alberto Lopes presidente do clube. Para o Presidente do AFC, Alberto Lopes, o sorteio da Taça de Portugal foi uma questão de sorte: “Tivemos a felicidade de apanhar clubes do nosso escalão, sem os menosprezar”. Mas a intenção do clube é continuar a sua caminhada. “As nossas aspirações não acabam por aqui”, referiu o dirigente, salientando ainda a vontade de chegar o mais longe possível, dentro das limitações do clube. Defrontar o Boavista, na Taça de Portugal, foi sem dúvida o ponto mais alto do AFC. Nunca em jogos oficiais defrontaram uma equipa da Superliga. Esta novidade foi um factor de motivação para o clube, ainda mais quando se trata de um jogo para a Taça de Portugal disputado no Estádio do Bessa, que foi palco do EURO 2004. “Tinha esperança de jogar contra o Benfica, o Porto ou o Sporting, e em casa”, desabafou o avançado Nuno Curto. No entanto, o jogador adianta que “mesmo assim contra o Boavista foi um jogo especial para todos”, ficando também a garantia de que fizeram o máximo para surpreender o adversário. Expectativas para o jogo do Bessa pareciam elevadas. Mas a derrota não esmoreceu ninguém. “Eles são do escalão máximo e nós da Segunda Divisão B, por isso, foi um jogo difícil para nós. Fomos eleiminados da Taça de Portugal, mas continuamos em força”. A equipa esteve sempre tranquila. Notou-se uma certa ansiedade antes do jogo, mas ficou tudo bem. Para o presidente do AFC, Alberto Lopes, o importante foi organizar a ida ao Bessa e fazer uma grande festa na cidade do Porto. Os preparativos começaram no sentido de tentar levar o maior número de pessoas para o Estádio do Bessa, para que a equipa se sentisse apoiada. Mas quando se fala dos adeptos, o presidente afirma: “Não se pode exigir mais deles. Em qualquer campo fora de casa, a maioria dos apoiantes é do AFC. Eles têm dado todo o apoio”. Talvez por isso o clube tenha tanta dinâmica. Carlos Fernandes do Boavista disputa o esférico com Luís Carlos (AFC), no Estádio do Bessa Alberto Lopes acredita que se o jogo com o Boavista fosse no Estádio do Abrantes haveria mais adeptos. Por isso, era mais favorável psicológica e financeiramente. No entanto, mesmo assim, o jogo do Bessa foi uma grande festa para o futebol. Financeiramente, o clube tem várias dificuldades. Devido à crise económica as empresas que exploram a publicidade têm vindo a reduzir o apoio. O clube criou agora um cartão de sócio, no valor de 36 euros, que dá descontos em combustível, supermercados, dentistas... Sabendo as limitações financeiras do clube, 11 o dirigente afirma que “a subida de divisão não está nos horizontes. Era o pior cenário com que o AFC se poderia deparar. Tornar-se-ia insuportável economicamente para o concelho ter uma equipa na Segunda Liga”, desabafa. Com uma postura firme, mas sorridente, o presidente afirma que não vai chutar a bola para fora, mas não passa pela ideia do clube, nos próximos anos, subir de divisão. Se a equipa for para a Segunda Liga, já que se encontra em primeiro lugar, é um facto a ponderar. E se essa for a vontade dos sócios “estamos de peito aberto para encarar essa subida”, rematou. ESTA DESPORTO | 31 JANEIRO 2006 “Patos” apostam na continuidade e renovação O Futsal é cada vez mais um desporto da região. Hélder Rodrigues, presidente e treinador de futsal do Clube Desportivo d’ “Os Patos” (CDP), explica o desenvolvimento de uma modalidade que foi desde início uma aposta do clube. Vera Agostinho Como está a situação do C.D. Patos? Não está em grande crescimento, mas também não está em regressão. Estamos a apostar mais na vertente da competição e menos na parte lúdica, sobretudo nas três modalidades principais: o judo a canoagem e o futsal. São estes os eixos fundamentais do clube, neste momento. Tínhamos outras modalidades, mas por uma questão de recursos humanos optámos por fazer uma selecção. Esta questão também está relacionada com a mudança de critérios de atribuição de apoios da câmara e das entidades oficiais. E que tipos de apoios recebem? Apoios que a Câmara Municipal dispõe para as actividades desportivas, como o FINDESP. Recebemos ainda um grande apoio da junta de freguesia do Rossio ao Sul do Tejo e de patrocinadores, sendo o futsal e a canoagem as actividades mais rentáveis a este nível. Como surgiu a ideia de criar uma equipa de futsal? Surgiu com o próprio nascimento do clube. Os fundadores dos Patos já jogavam futsal nos torneios de Verão e entenderam que era importante criar e participar em campeonatos organizados. No fundo, é uma modalidade que está no clube quase desde o início, porque desde que começaram os campeonatos oficiais o clube começou a participar. Que balanço é que faz destes últimos anos? O balanço é extremamente positivo. A direcção actual entrou em 1999 e estava tudo parado, mesmo a nível de quadros competitivos. Na Associação de Futebol de Santarém não havia nenhuma competição de futsal, mas logo no primeiro ano conseguimos organizar um campeonato oficial com o número míni- O futsal, frequentemente referido como futebol de 5, teve origem nos anos 30, em Montevideu, no Uruguai. Juan Carlos Ceriani desenvolveu uma modalidade que tem vindo a crescer nos últimos anos. O Clube Desportivo “Os Patos” recolhe, desde 1987, os prémios de uma aposta ganha: 3 títulos de seniores 2 Taças do Ribatejo 1 Supertaça 2 títulos de juniores 1 título de juvenis 1 Taça de Portugal de Futebol de Salão de Juvenis mo de equipas exigido. No segundo apareceram outras equipas. Depois com o aparecimento dos escalões de formação, há cerca de três anos, iniciámos um novo projecto com gente nova e com a equipa de juniores. As coisas têm corrido muito bem. Temos conseguido boas classificações, fomos duas vezes vice-campeões e ganhámos, também, duas vezes a Taça do Ribatejo. Este ano estamos novamente na disputa do primeiro lugar. Pode ser que à terceira seja de vez e este ano consigamos ser campeões e subir de escalão para a 3ª divisão nacional. Como se encontra o futsal no distrito? O futsal tem crescido, tem melhorado qualitativa e quantitativamente. Há três anos havia seis equipas, agora já há 26. Tem crescido bastante. Todos os anos tem havido um aumento do número de equipas e as coisas têm progredido bastante. O que ainda não está muito bem é o nível da formação. Ainda existem poucas equipas de juniores. Por exemplo, este ano realizase pela primeira vez o campeonato de juvenis mas, com apenas quatro equipas e duas delas nem são do distrito de Santarém, são de Évora. E o mesmo problema verifica-se também no escalão de juniores. A esse nível acho que ainda está tudo no início. A formação é, portanto, uma das vossas apostas? Sim. Somos o único clube que tem uma equipa em todos os escalões. Essa é a base de sustentação de toda a actividade, porque não havendo formação torna-se difícil haver continuidade e renovação. E nós apostamos nisso. Hóquei em Patins Juvenis vencem campeonato da Europa Neuza Paulo Numa final muito disputada com a Espanha (2-2), Portugal sagrouse campeão europeu de juvenis. O campeonato teve lugar em Quimper, França, e a selecção das quinas saiu vitoriosa de todos os jogos que realizou. Portugal reconquistou um título que ambicionava desde 2000, interrompendo um ciclo de 4 anos de vitórias espanholas. Gonçalo Pestana e Diogo Oliveira foram os marcadores da equipa lusa, enquanto que do lado espanhol a sorte calhou a Oriol Vives e Gerard Teixidó. A audiência média portuguesa dos jogos do europeu foi de “200 pessoas por jogo, sendo o grosso desses adeptos imigrantes”, referiu o director técnico nacional, Luís Sénica. “Vivemos o “lobby” do desporto negócio”, afirmou o director técnico nacional, acerca da fraca visibilidade INACIO ROSA / LUSA Resultados do Campenato Europeu O Hóquei em Patinsé um desporto com muitos adeptos em Portugal que este desporto assume no nosso país, e que leva a que existam graves dificuldades para a prática desta modalidade. “A não existência de uma cultura desportiva e de um programa desportivo nacional por parte de que tem competências de gestão nesta área em Portugal, reflecte-se em várias áreas de intervenção, que 12 passam desde os factores económicos até aos recursos físicos para a prática da modalidade, e muito em particular a ausência desses recursos nas Escolas Públicas”, declara Luís Sénica. Contudo, o hóquei em patins, é um dos desportos que mais vitórias internacionais tem dado a Portugal. A selecção feminina, criada em 1991, Portugal (4) Suíça (1) Portugal (6) Alemanha (0) Portugal (12) Inglaterra (0) Portugal (4) França (0) Portugal (2) Itália (1) Portugal (2) Espanha (2) foi campeã da Europa em 1997, 1999, 2001, e sagraram-se vice-campeãs do Mundo em 1998 e 2000. Recentemente no campeonato europeu de sub-19, que se realizou em Gijón (Espanha), a selecção feminina conseguiu um honroso 2º lugar perdendo com a Espanha por 2-2, na final. As marcadoras da equipa espanhola foram Mompart, aos 8 minutos, e Toner aos 29 minutos. No campeonato europeu de sub-19 feminino participaram 6 selecções, Portugal, Espanha, Itália, França, Inglaterra e Alemanha. ESTA DESPORTO | 31 JANEIRO 2006 Pesca Desportiva APA: Cinquenta anos de história e de convívio “O Amador Pesca de Abrantes é um espaço para as pessoas poderem conviver, jogar e se entreterem”, afirma Fernando Alpalhão. Paula Gonçalves O APA (Amador Pesca de Abrantes), situado na velha escadaria da Igreja de S.Vicente, completa este ano meio século de existência. Segundo Fernando Alpalhão, um dos membros da Direcção do Clube, o “O Amador Pesca de Abrantes é um espaço de convívio, jogo e entertenimento” Para Fernando Alpalhão, membro da direcção e sócio deste Clube desde há oito anos, o clube oferece uma variada gama de actividades para os seus sócios: “No APA temos bar, xadrez, uma sala só para se jo- gar às cartas. Tivemos snooker, mas depois tiramos para se jogar matraquilhos”. Contudo, os jogos tradicionais também não foram esquecidos. Neste clube ainda se pratica “um jogo muito antigo: o jogo do burro”. Fernando Alpalhão explica que o jogo se faz com uma série de fichas que são lançadas sobre um tabuleiro. Salienta ainda que o jogo do burro se “vê nas aldeias muito antigas.” Na verdade, e tendo em consideração o valor histórico e social do Clube, está a ser feito um livro que conta com os testemunhos dos sócios, visto que o APA “é o clube mais antigo de Portugal”, esclareceu Fernando Alpalhão, considerando ainda que o clube foi o pioneiro, no que diz respeito à pesca, a ser constituído num cartão notarial. Nesse sentido, a direcção do clube está “a fazer um grande esforço para ir buscar os sócios mais antigos”. A ideia é “proteger as pessoas ligadas à história do clube”. O livro vai ter testemunhos escritos “de pessoas com mais de 86 anos, assim como dos sócios mais novos”. Há, ainda, quem se impressione não só com a diversidade de actividades do clube como também com o número e a beleza das taças ganhas. Para José Peixe, professor da ESTA, o APA tem uma sala de troféus que “nem clubes da segunda divisão têm.” Assim, quem quiser ser sócio do APA, para apreciar centenas de taças e poder passar um bom momento com os amigos a ver Sport Tv ou quaisquer outros canais desportivos, basta pagar seis euros por ano, ou 50 cêntimos por mês. Yôga Trabalhar o corpo e a mente Daniela Costa Quem já não ouviu falar de Ióga, Yôga ou Pilates? Ou até de Tai Chi Chuan! Estas actividades físicas, que são fundamentalmente treinos de equilíbrio, estão a tornar-se cada vez mais populares. É um fenómeno promovido sobretudo por ginásios e health clubs, que procuram seguir aquelas que são consideradas as novas tendências do fitness do século XXI. Estas são actividades que apresentam soluções para problemas como a tensão, stress e músculos destonificados, assim como têm efeitos na correcção da postura corporal, respiração e conhecimento do corpo. Provavelmente, muitas pessoas que se sentem atraídas para este tipo de exercícios não sabem, por exemplo que o Yôga, diferentemente de Ióga, é uma filosofia que visa o auto-conhecimento, resultante de um conjunto de tradições, ensinamentos e filosofias ancestrais desenvolvidas na Índia. Mas porque têm este tipo de alternativas cada vez mais sucesso? Rita Gonçalves está há 14 anos envolvida na área do Swásthya Yôga (um dos ramos do Yôga), sete dos quais, até agora, como professora. No seu relato sincero e pessoal deixou transparecer que esta filosofia tem um poder mágico para mudar as nossas vidas. Rita desistiu de uma carreira de 20 anos como cabeleireira e dedicou-se completamente ao Yôga. OS OITO FEIXES DO SWÁSTHYA YÔGA Mudrá: primeira técnica; gestos feitos com as mãos; é coreografado, mas serve ao mesmo tempo para o praticante se recolher na busca de si mesmo para atingir o auto-conhecimento. Pujá: é uma retribuição ética de energia, é muito mental, é emocional, mas é muito forte também. Mantra: terceira técnica da parte ortodoxa: vocalização de sons e ultra-sons; visa descruzar as nadis que são as correntes energéticas que passam no corpo. Então numa prática ortodoxa, o mantra é importantíssimo, porque ele vai desobstruir os canais para vivenciar as técnicas respiratórias que no yoga se chama e preparar o corpo para a energia fluir mais à vontade e mais rápida. Pránáyáma: são exercícios respiratórios Kirtan: limpezas orgânicas que ajudam a purificar o corpo (até mesmo relativamente à alimentação). Depois tem a parte física que é o Ásana (parte física): movimento; é a técnica mais evidente que se pode mostrar, por exemplo em show de coreografia Yôganydra: técnicas de descontracção Samyáma: técnicas de concentração, meditação e da consciência. Porquê o Swásthya Yôga e não outras modalidades? Eu não gosto de outras modalidades de ginásio, porque não gosto de me cansar (risos). Há 108 ramos de yôga reconhecidos. Eu trabalho com o próprio tronco do yôga, o primeiro que surgiu no mundo há mais de cinco mil anos e surgiu na Índia. O Swásthya é uma filosofia, com técnicas que vão sendo incorporadas. Vamos assimilando-as e usa-las no dia-a-dia, como por exemplo respirar correctamente. Há uma reeducação e se é filosofia vamos adoptá-la 24 horas por dia. Como são os primeiros contactos com o Yôga para quem inicia? As pessoas sentem resultados? Sem dúvida! Claro que na primei- 13 ra fase tem que existir identificação. A primeira identificação é realmente com o professor, porque se isso não existir dificilmente a pessoa vai ficar. Se a pessoa tem muita predisposição a receptividade é de tal forma intensa que logo na primeira aula sente diferença só pelo simples acto de mudar tudo na forma de respirar. Depois têm exercícios orgânicos, todo o trabalho físico é um trabalho forte, mas ao mesmo tempo descontraído e trabalha o movimento através do qual nós conseguimos realmente descontrair as articulações, a musculatura e numa primeira aula podem-se sentir efeitos. Quem adere mais a esta filosofia? O Swásthya Yôga é direccionado para malta jovem. Quando nós falamos de malta jovem, é jovem de cabeça, não é no B.I. Tenho turmas fantásticas de pessoas com setenta e tal anos e que fazem coisas fabulosas. Curiosamente no Ocidente são mais mulheres que praticam. No Oriente são pouquíssimas. A razão é cultural, mas eu tenho bastantes homens a praticar yôga nas minhas aulas. ESTA DESPORTO | 31 JANEIRO 2006 Orientação Florestas de mil caminhos A andar ou a correr, a competir ou a passear, sozinho ou em grupo, a orientação guia-nos num encontro com a natureza. Esta modalidade conta já com vários praticantes que, durante algumas horas, com apenas um mapa e uma bússola, procuram “balizas” espalhadas pela floresta. Ana Santos Foi nos países nórdicos, onde ainda hoje tem um lugar de destaque, que tudo começou. A orientação, enquanto desporto organizado, é já uma modalidade centenária. Chegou a Portugal, nos finais da década de 70, por intermédio dos militares. No entanto só em 1990 se conseguiu desvincular efectivamente dos quartéis, com a criação da Federação Portuguesa de Orientação. Desde essa altura a modalidade ultrapassou alguns obstáculos e atingiu várias metas. A maior de todas foi alcançar o estatuto de alta-competição. O próximo objectivo é a inserção deste desporto nos Jogos Olímpicos. A orientação é praticada em quatro disciplinas diferentes: orientação pedestre, orientação em BTT, orientação em ski e trail orienteering (orientação para deficientes motores). Destas quatro, é a orientação pedestre a que reúne mais adeptos em Portugal, devido não só às condições do clima e do terreno, mas também pela liberdade que esta oferece. “Somos completamente livres, é extraordinário. Vamos da forma que quisermos. Não há traçados como em BTT e os pontos podem estar por todo o lado. Existe uma verdadeira comunhão com a natureza”, revela com entusiasmo Tiago Aires, praticante das vertentes pedestre e BTT. Corpo e mente Segundo António Aires, atleta do Clube Português de Orientação e Corrida (CPOC), o segredo do sucesso da orientação relaciona-se com o facto desta ser a única modalidade que conjuga a corrida e a capacidade de raciocínio com o contacto com a natureza. São estas as características que têm contribuído para uma ascensão deste desporto. Neste momento, existem já 2000 praticantes federados e cerca de 80 clubes em Portugal, sendo o Ori-Estarreja, o Clube de Orientação do Centro (COC), o Grupo Desportivo Quatro Caminhos (GD4C) e o CPOC os mais representativos. Para este desportista a orientação está a atrair cada vez mais praticantes pois nenhuma outra actividade desportiva consegue oferecer os mesmos ingredientes. MARIA AMADOR Devido à riqueza da modalidade, que alia a competição ao lazer, pode-se dizer que a orientação é um desporto para todos. Apenas a distância e a dificuldade dos percursos variam em função da idade e do nível técnico dos praticantes. “Qualquer um pode participar na mesma prova, no mesmo terreno, no mesmo dia, desde o principiante a um atleta de competição. Apenas os percursos são diferentes. Desde os dois anos aos noventa e cinco, todos podem participar.” - Sublinha Tiago. Este jovem atleta, praticante fiel da modalidade acrescenta ainda: “Não me imagino sem a orientação. Quero fazer isto até ao fim da vida.” A sintonia perfeita entre o esforço físico e intelectual, o contacto com a natureza, a solidão da prova e ao mesmo tempo o convívio, são para muitos, motivações mais do que suficientes para se fazerem ao caminho, percorrendo as florestas do país de norte a sul. Em orientação, cada ponto transforma-se numa meta e em simultâneo, a partida para um novo desafio. Desafio esse, traçado pelo praticante, que tem a oportunidade de criar o seu itinerário consoante os objectivos que delineou para si mesmo. Cruzando prados, ribeiros e 14 PORTUGAL O’MEETING EM ABRANTES Abrantes vai receber, nos dias 25 a 28 de Fevereiro, o Portugal O’Meeting. Uma das provas de orientação mais importantes disputadas em Portugal, que conta, não só para o ranking da Taça de Portugal, mas também para o ranking internacional. Desta forma, nomes sonantes da modalidade, não só nacionais como estrangeiros, vêm até à cidade florida. “É uma oportunidade única para competir e aprender com os nórdicos”, refere Augusto Almeida, presidente da federação. Três dos percursos vão realizar-se na floresta do Pego, enquanto que o último dia vai ser em pleno coração de Abrantes, numa prova de cidade. O certame conta ainda com um jantar oficial, no Regimento de Infantaria Nº2, onde actua a tuna da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes, a Estatuna. florestas, o praticante é obrigado a pensar com rapidez, para poder tomar as atitudes certas sem perder tempo. “Se me desconcentro e passo um carreiro ou uma outra referência do terreno, posso perder minutos preciosos”, confessa Tiago. Concentração, raciocínio e orientação no espaço são algumas das características intelectuais necessárias para que estes atletas venham a ser campeões. Embora no início seja necessário começar devagar. “O mais importante é começar por aprender a ler o mapa, utilizar a bússola e desenvolver um conjunto de outras técnicas. Não há que ter pressa de bons resultados”, aconselha o Tiago. Como outras modalidades, também a orientação tem o seu calcanhar de Aquiles: o facto da orientação ser ainda um desporto amador. Isto faz com que não hajam prémios monetários, o que se torna complicado pois as deslocações e o alojamento são sempre um encargo pesado para os que continuam a ser fiéis à modalidade. Os clubes e os próprios praticantes desempenham um papel activo na divulgação e promoção deste desporto: trazer novas pessoas e dar a conhecer esta actividade desportiva. ESTA DESPORTO | 31 JANEIRO 2006 Mérito Desportivo Prémio “Personalidade do Ano” entregue a Abrantes Pelouro do Desporto da Câmara Municipal de Abrantes recebe o Prémio de Mérito desportivo “Personalidade e Entidade do Ano” 2005. Abrantes vê desta forma reconhecida a sua cooperação para o desenvolvimento e crescimento do desporto português. Fátima Rodrigues O Município de Abrantes recebeu no passado dia 10 de Novembro de 2005, numa cerimónia realizada no Casino do Estoril em Lisboa, o Prémio de Mérito desportivo “Personalidade e Entidade do ano 2005”, na 10ª gala do Desporto organizada pela confederação Nacional de desportos, que prestigiou a expansão e iniciativa da Câmara em apostar no desporto e na sua diversidade. Este prémio colocou lado a lado o município com entidades desportivas de alto relevo. Manuel Valamatos, vereador do pelouro do desporto, sente-se muito orgulhoso pelo destaque atribuído a Abrantes, no prémio que lhe foi entregue pela confederação, “ um Prémio que coloca a cidade de Abrantes em destaque pelos trabalhos desenvolvidos no plano desportivo”. Este Prémio que a cidade recebeu deve-se ao facto de ser a pioneira na Europa da construção do primeiro campo oficial de basebol. Esta iniciativa traz à cidade de Abrantes um novo futuro tanto a nível do turismo como do comércio, uma vez que a diversidade de actividades desportivas aumenta o número de eventos disputados em Abrantes, quer de carácter nacional como internacional, que serão cada vez mais no futuro. A cidade desportiva segundo Manuel Valamatos movimenta o concelho pois os diversos campeonatos que se tem realizado no município, como o campeonato ibérico de basebol, são um contributo para o reconhecimento da cidade e dos seus valores a nível desportivo, segundo o vereador “o basebol tem atraído muita gente, o que tem um propósito extremamente positivo”. FÁTIMA RODRIGUES ganhar”, aliciando assim um conjunto imenso de atractivos. Este desenvolvimento é para os jovens, do município o nascimento de mais uma actividade desportiva, que para é bastante aliciante, e futuramente com a ampliação do novo campo de basebol ao Rugby, com a construção de duas tabelas e um campo para treinos, tal como construção de uma pista de atletismo. Um novo espaço que permite aos jovens ocupar os seus tempos livres, promovendo desta forma o seu bem-estar e qualidade de vida. Para o município de Abrantes este prémio vem mostrar que os objectivos foram cumpridos sendo considerados “uma aposta “O basebol tem atraído muita gente, o que tem um propósito extremamente positivo” O novo campo da cidade desportiva no futuro será um local de passagem de equipas nacionais e internacionais. Neste momento segundo o vereador “temos em mãos a candidatura do campeonato europeu, o qual temos esperança de vir a 15 ganha”, mas em que a obra “vai a meio dos objectivos que o município tem”, salientou Manuel Valamatos. Esta Desporto ÙLTIMA PÁGINA | 31 JANEIRO 2006 Opinião Ninguém escapa à tempestade! Marina Guerra A notícia de mais uma fábrica que fechou as portas e colocou dezenas ou mesmo centenas de pessoas no desemprego, ou de mais uma loja que não conseguiu suportar as despesas no final do mês e teve que encerrar são cada vez mais frequentes nos últimos meses em Portugal. A verdade é que a “tempestade”, a tão falada crise, também já começou a atingir o desporto, nomeadamente alguns clubes de futebol, outrora ao nível dos “três grandes” e vencedores de taças e títulos, que põem fim ao futebol profissional. A situação atinge casos preocupantes: clubes à beira da falência, jogadores a reclamar salários em atraso e as dívidas tendem a acumular-se em cima da mesa. O futebol nunca esteve tão perto de bater no fundo. O Farense foi o caso mais recente entre os clubes que já passaram pela primeira divisão. Dívidas superiores a 500 mil euros levaram o clube a acabar com o futebol profissional. Mas o caso não é único! Os dedos de uma mão não chegam para contar todos os clubes que nos últimos dois anos passaram por dificuldades: Salgueiros, Campomaiorense, Alverca, Académico de Viseu e Felgueiras. Existem ainda os que estão agora na Liga de Honra, depois de períodos complicados: Portimonense, Desportivo de Chaves, Estoril-Praia, Sporting da Covilhã, Leixões e Ovarense. Outros com algum currículo disputam agora campeonatos amadores, como é o caso do Elvas, Leça e Tirsense. As explicações são diversas: má gestão, sucessivas trocas de treinador, demasiado dinheiro gasto em aquisições, bilheteira escassa e ausência de receitas proveniente da venda de jogadores. Nos últimos 20 anos o panorama no futebol português alterou-se radicalmente. O Estado apertou, ano após ano, a vigilância e muitos clubes foram vítimas da sua própria ousadia. A verdade é que existe uma grande diferença entre as receitas da primeira e segunda divisões, onde a televisão tem um papel crucial. As receitas televisivas são responsáveis, nos clubes de menor dimensão que estão na primeira divisão, por cerca de 85 por cento do orçamento. Quem não se lembra do jogo entre o Estoril-Praia e o Benfica no Estádio do Algarve, na temporada passada, com o objectivo de conseguir uma maior receita de bilheteira, para além da transmissão televisiva. Um plantel demasiado caro, com jogadores com elevados salários e com contratos de longa duração pode tornar-se um pesadelo se a despromoção acontecer. De resto, a situação só não foi mais grave, mais cedo, porque durante anos a Liga Portuguesa de Futebol emprestou dinheiro aos clubes para que pudessem inscrever-se. Mais mediática foi a situação do V. Setúbal, vencedor da Taça de Portugal, que chegou a participar na Taça UEFA, onde a sorte não esteve do lado dos sadinos. O clube esteve quase a por termo a um plantel rico em história, não fosse a boa vontade dos sócios e empresários da região, que mantiveram o Vitória de Setúbal de pé. Perante um cenário que começou a ficar cada vez mais cinzento, os jogadores ameaçaram com rescisões colectivas e o caso só não ganhou proporções mais alarmantes porque os responsáveis do V. Setúbal acalmaram os ânimos com cheques pré datados. Curiosamente, os resultados desportivos até têm sido bastante interessantes para quem era apontado como um candidato à descida face aos problemas internos. O Vitória de Setúbal parece ser o único que consegue lutar contra a maré, termo tão conhecido na cidade piscatória, e lá continua a vencer os jogos do campeonato nacional, encontrando-se nos primeiros oito lugares da tabela classificativa. Situações como estas devem de ser revistas o mais rapidamente possível em nome do bom desempenho profissional e desportivo, dos jogadores, dos adeptos e dos clubes de menor dimensão que continuam a construir estrelas no mundo do futebol. Lisboa - Dakar Portugal ganhou a aposta NUNO VEIGA/EPA No final do Rali que durante três semanas ocupou destaque nos Media de todo o mundo, o ministro adjunto, Pedro Silva Pereira, fez questão de sublinhar, em declarações aos jornalistas que «o apoio financeiro de três milhões de euros concedido pelo Governo à Lagos Sport, ajudando à viabilização do projecto Lisboa – Dakar, foi uma aposta ganha». O governante justificou as suas afirmações com as taxas de ocupação hoteleiras que se registaram em Lisboa e no Algarve, em finais de Dezembro, que «foram as maiores de sempre» e com «a fantástica projecção de Portugal além fronteiras». É evidente que não temos nada contra a organização do Lisboa – Dakar e muito menos contra os apoios que foram concedidos pelo Governo português a este evento mediático. Gostávamos é que todos os eventos desportivos em Portugal pudessem contar com os apoios governamentais e não só apenas aqueles que garantem uma projecção mediática internacional. Já alguma vez o Governo se preocupou em dar mais apoios aos atletas deficientes que Hélder Rodrigues terminou em beleza o Dakar representam o nosso país nos Jogos Olímpicos e que por norma têm conseguido conquistar excelentes resultados desportivos? Já alguma vez o Governo se lembrou de canalizar mais verbas para o desporto escolar e universitário? É bom saber que o Governo disponibilizou três milhões de euros para a organização do Lisboa – Dakar, mas gostávamos que apoios semelhantes fossem atribuídos a outros eventos desportivos. Neste Dakar que agora chegou ao fim ficou assente que os portugueses reúnem todas as condições para continuar a organizar a prova. Pelo menos, as críticas foram favoráveis à organização. Em relação à competição, também ficou provado que Carlos Sousa (automóveis) e os jovens Hélder Rodrigues, Paulo Gonçalves e Ruben Faria (motos) podem conseguir melhores resultados nos próximos ralis. Para que isso aconteça é necessário que tenham mais patrocínios. Caso contrário, os pilotos estrangeiros vão continuar a vencer.