Costumes e Moda ao longo da História

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Costumes e Moda ao longo da História
Costumes e Moda ao longo da História
Escrito por Lysa Polimeni
01/05/2004 - Última atualização 04/07/2011
Moda – e costume - existem desde o tempo das cavernas, quando os grupamentos humanos
eram diferenciados não só pela aparência física mas também pelo que recobria seus corpos.
Moda – e costume - existem desde o tempo das cavernas, quando os grupamentos humanos
eram diferenciados não só pela aparência física mas também pelo que recobria seus corpos.
Com a civilização, homens e mulheres passaram a decidir sobre o que lhes era mais
adequado vestir; de acordo com sua "tribo" e condição social, cabia determinada vestimenta,
requintada ou simplória.
A evolução dos costumes – e da moda – sofreu com a circularidade que as caracteriza no
movimento histórico do ocidente: do "libertinismo" pagão da cultura clássica, passando pelas
crises de pudor do cristianismo recente, pelas crises de pudor do cristianismo tardio e
chegando ao século XIX no auge da repressão: a palavra de ordem é esconder o corpo,
principalmente o feminino (razão do pecado e da perdição da humanidade, com ainda pensa o
catolicismo).
A civilização puritana escondeu tudo, menos a natureza humana: e as primeiras crises
histéricas, femininas, tornaram-se fonte de inspiração para uma nova forma de ver (e ler) o
mundo: a psicanálise.
De mãos dadas com ela (a psicanálise) surgiu a interpretação materialista-dialética da história,
sem dúvida atrelada ao componente infra-estrutural – o econômico - dando passagem ao
capitalismo, a Karl Marx e ao marxismo.
A industrialização, por sua vez, trespassou o século XX e mudou novamente a maneira de
pensar das pessoas; as picuinhas e entreveros regionais do fim do século XIX desembocaram
num grande conflito: a Primeira Guerra Mundial. Depois dela e em relação aos hábitos antigos,
a moda enlouqueceu: os cabelos foram tosados "à la garçonne", as saias subiram, as cinturas
desceram, surgiu o mundo das "melindrosas", característica dos anos vinte.
A segunda guerra mundial obrigou as mulheres a saírem de casa e trabalhar em fábricas, tudo
pelo esforço de guerra: os homens na frente de batalha e as mulheres na produção de
armamentos, munições, roupas e alimentos.
Cortaram os cabelos (o que tornou o cuidado mais prático), ganharam em agilidade e
competência.
Terminada a guerra, as mulheres não voltaram para casa: tomaram gosto pela empresa e pelo
trabalho fora do lar. Mudou radicalmente o comportamento da mulher: ao invés de "avanços"
ocasionais, como cabelos curtíssimos, saias curtas e piteiras, ela se distanciou da feminilidade:
aderiu aos tailleurs (conjunto de paletó e saia, com blusa por baixo, às vezes gravata) com
ombreiras, fortalecendo o porte e "virilizando" a figura. Sapatos tipo Anabela, práticos e
confortáveis substituíram os saltos finos de bibelô (bonitos de se ver, perigosos para andar),
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ampliando a autonomia feminina (podiam correr, pisar duro, tudo o que é impossível fazer de
salto alto).
O ícone de beleza feminina dos anos 30/40 – Marlene Dietrich, o "anjo azul" – começou a
perder terreno, trocada por um modelo mais simples...e eficiente: a "mulher moderna".
Mas os milhões de amantes platônicos de belezas "à la Gilda" – Rita Hayworth – trouxeram de
volta ao trono, nos anos 50, (a moda é efêmera e circular) a mulher "violão" (curvas, curvas...),
tendo a italiana Gina Lolobrigida como expoente.
Ressurgiu o modelo "homem machão casado com mulher feminina e submissa", esperando o
marido em casa, no final do expediente, vestida com robe de nylon semi-transparente e um dry
Martini (extra-seco, claro!!); algo assim como uma Doris Day...
Os vestidos "tomara-que-caia" de barbatanas realçando o busto com cinta para diminuir a
cintura (de vespa), escancaravam uma sensualidade de mulheres que sonhavam com o
casamento perfeito.
Já nos anos 60, cansadas de sorrir, fazer dry martinis, anunciar geladeiras na televisão - e
sofrendo a concorrência (desleal) das secretárias simpáticas , solteiras e cocotas que quase
sempre se tornaram amantes de seus maridos - as mulheres queimaram soutiens em praça
pública e meteram – literalmente - os peitos na luta por seus direitos, fazendo desabrochar o
movimento feminista: direitos pela igualdade nos postos de trabalho, nos salários, nas atitudes,
divisão de tarefas e despesas da casa.
As saias ficaram minis, as roupas heterogêneas como camisetas, batas e calças jeans que
trouxeram a liberdade sexual e a popularização de pílulas anticoncepcionais.
Homens de cabelos compridos ornamentados por flores "à la Hair" passeavam pelos anos 70 hippies - de comportamento peculiar, reverenciando Geia, a mãe-natureza, defendendo um
estilo de vida despojado e simples.
Daí para o surgimento dos movimentos ecológicos foi um passo.
Hoje, a diversificação tomou conta do mundo, das pessoas e da moda. Praticamente vale
tudo; saias, calças, bermudas, calcinhas e calçolas; em qualquer horário, em qualquer
comprimento, tecido, cor e padrão.
As pessoas estão mais livres, não respiram o ar pesado da moda escrava, restou a tendência,
maneira com a qual os "antenados" gostam de se vestir antes que a moda se dissipe com
pequenas adaptações para que todos possam compreende-la.
O mundo descobriu o holismo (a re-integração), a física quântica e é ultra "chic" falar em
"mudança de paradigma"; o Feng Shui dita a decoração das casas - sempre em busca da
harmonia e serenidade.
A arte, mais do que nunca, faz parte dessas mudanças: o cinema, a pintura, as artes plásticas,
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literatura, cada expressão com sua maneira singular de enxergar o cotidiano, o glamuroso, as
diferenças, o exato momento da estória que estamos vivendo, com toda liberdade que os
tempos de hoje nos permite.
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Pequeno glossário para entender os preciosismos do texto:
- marxismo, Marx – doutrina político-filosófica baseada no materialismo dialético e que
denuncia a exploração do trabalhador pelo capitalismo, propondo uma nova estrutura social,
baseada na ditadura do proletariado. Seu autor, Karl Marx, é uma das maiores personalidades
do mundo ocidental de todos os tempos.
-
"à la garçonne" – corte de cabelo curtíssimo – do tipo "Joãozinho".
- melindrosa – nome pelo qual eram chamadas, nos anos 20, as moças que aderiram à moda
de cabelos curtíssimos e saias idem.
- "tailleur" – costume feminino, correspondente ao terno masculino; era composto de saia
justa, paletó curto e blusa; sendo simples e geralmente de cor escura, era a roupa ideal para o
dia-a-dia da mulher que trabalha.
- salto "Anabela" – saldo baixo, inteiriço, deixando a parte posterior do pé um pouco mais alta
que a parte dianteira; comum hoje em dias, em tênis.
- Marlene Dietrich – corista, cantora e artista de cinema dos anos 20 em diante; figura
marcante, foi o musa dos jovens soldados alemães durante a Segunda Guerra Mundial
(cantava a música Lilly Marlene) e inspiradora da moda dos anos 30/40. Seu filme mais famoso
– o Anjo Azul, tornou-se sua marca registrada.
- "Lilly Marlene" – música alemã cantada por Marlene Dietrich e que se transformou no
símbolo da Segunda Guerra Mundial para os soldados alemães – ao evocar, tristemente, a
saudade de casa.
- "Gilda" – a mulher fatal do cinema americano dos anos quarenta; o papel foi feito por Rita
Hayworth, loira de cabelos compridos e selvagemente cacheados.
Rita Hayworth – uma das mulheres mais lindas do cinema norte-americano, estrela dos
anos 40/50.
- Gina Lolobrigida – artista italiana de muito sucesso nos anos 50/60, marcada por uma
silhueta do tipo "violão", com seios fartos e traseiro mais farto ainda. Povoou os sonhos
masturbatórios de grande parte dos jovens e adolescentes dos anos 50/60. É, hoje, uma
septuagerária rica e bem-humorada que mora na França, sua pátria de adoção.
- "dry-martini" – drinque muito apreciado entre os norte-americanos e feito com vermute
branco seco, gim, gelo e azeitona verde espetada num palito;
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deve ser servido em taça aberta (parecida com as antigas taças de champanhe); quanto mais
gim na receita, mais seco é o dry Martini.
robe – (ou "peignoir", para as cinquentonas) um roupão metido a besta (do francês,
"robe de chambre").
- "Feng Shui" – estilo de proceder que promove a harmonização dos ambientes através do
arranjo de mobiliário e utensílios domésticos com suas corres determinadas em posições
previamente estudadas.
- Doris Day – atriz do cinema americano (também cantava) famosa nos anos 50/70, sucesso
de comédias "água-com-açucar". Sempre foia certinha em tudo: no sexo, nas amizades, na
família, etc.
-
cocotas – um tipo de melindrosa (da gíria francesa "cocotte").
-
"soutien" – quem não sabe o que é um sutiã? Do primeiro, a gente nunca esquece....
- "Hair" – peça norte-americana do final dos anos 60, onde todos os atores (muitos)
permaneciam nus na platéia durante quase todo o tempo. Sucesso na época, em que a
liberação sexual ainda engatinhava.
-
calçola – o mesmo que calcinha, só que maiores e mais engraçadas.
- holismo – forma de olhar o mundo – e as coisas – de modo integrado, em contraposição ao
modelo cartesiano clássico, caracterizado pela fragmentação e divisão da realidade.
-
"chic" – "chic", é chique (elegante, "da hora").
- "mudança de paradigma" – mudança do modelo civilizatório, termo muito em moda, hoje,
para caracterizar qualquer mudança, inclusive a preconizada por Thomas Kuhn, filósofo da
ciência e introdutor do termo.
-
glamuroso – sedutor; o que tem "glamour" (em francês, sedução).
-
antenados - pessoas ligadas nas tendências e costumes do momento.
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