151 PROPOSTA DE EMBALAGEM NATURAL Priscila Guimarães
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151 PROPOSTA DE EMBALAGEM NATURAL Priscila Guimarães
PROPOSTA DE EMBALAGEM NATURAL Priscila Guimarães, Andréa Souza, Marília Bitencourt e Jocilene Oliveira Instituto de Estudos Superiores da Amazônia – IESAM Av. Gov. José Malcher, 1148 – Belém-Pa [email protected] Resumo: O objetivo deste trabalho é elaborar novas embalagens naturais e um logotipo para os bombons do Pará. As embalagens serão biodegradáveis e recicláveis. Será adicionado valor à cultura regional, através do uso de materiais como o miriti, o cupuaçu, entre outros. Com isso, as embalagens se tornarão mais atrativas, agregando valor aos produtos da Região Amazônica. Palavras-chave: embalagem, regional Abstract: The objective of this work is to elaborate a new natural packaging and a logo for the Para´s candies. The natural packaging is biodegradable and recyclable. Value will be added to the regional culture, by the use of materials like miriti, cupuacu, etc .The packaging will become more attractive, aggregating values to the products of the Amazon region. Keywords: packaging, regional 1. INTRODUÇÃO A embalagem é uma ferramenta de marketing e nos produtos de consumo é também um instrumento de comunicação e venda. Na maioria dos casos, ela é a única forma de comunicação de que o produto dispõe. Desenhar embalagens que realmente contribuam para o sucesso do produto na competição de mercado não é uma tarefa fácil. A embalagem é hoje um importante componente da atividade econômica dos países industrializados, em que o consumo deste item é utilizado como um dos parâmetros para aferir o nível de atividade da economia. Foram usados os conhecimentos básicos de ergonomia, marketing, desenho gráfico e processos de fabricação para elaborar novas embalagens para os bombons do Pará. Foram usados apenas produtos naturais recicláveis, para evitar danos ao meio ambiente e agregar valor à cultura regional através do produto. A tabela 1 mostra alguns aspectos importantes das embalagens. Tabela 1 – Alguns aspectos das embalagens Conter/ Proteger / Transportar Componente do valor de do custo de produção matérias – primas. Tecnologia Sistemas de acondicionamento/ novos materiais/ conservação de produtos. Mercado Chamar a atenção/ Transmitir informações/ Despertar desejo de compra/ Vencer a barreira do preço. Conceitos Construir a marca do produto/ Formar conceito sobre o fabricante/ Agregar valor significativo ao produto. Comunicação e marketing Principal oportunidade de comunicação do produto/ Suporte de ações promocionais. Sociocultural Expressão da cultura e do estágio de desenvolvimento de empresas e países. Meio ambiente Importante componente do lixo urbano/ Reciclagem/ Tendência mundial. IESAM - Revista InterDesign – Janeiro 2008 – Nº 2 151 Funções primárias Economia 2. A LINGUAGEM VISUAL DA EMBALAGEM Desde seus primórdios, a humanidade necessitou conter, proteger e transportar seus produtos. Para fazer isso, lançou mão de embalagens. Com o desenvolvimento da sociedade e de sua atividade econômica, a embalagem foi se tornando cada vez mais importante e incorporando novas funções. Assim, os comerciantes antigos precisaram identificar o conteúdo das embalagens para facilitar seus negócios. Com o aparecimento das empresas, os produtos precisaram conter também a identificação dos seus fabricantes, e assim por diante. A evolução do mercado e a maior competição entre os produtos fizeram com que a embalagem se tornasse um fator de influência na decisão de compra dos consumidores e começasse a se “vestir” para agradá-los. Nos anos pós-segunda guerra mundial, surgiram os supermercados. A venda em sistema de auto-serviço estimulou os produtos a conterem a informação necessária para concretizar a venda sem o auxílio de vendedores. Durante todo esse processo, a embalagem foi construindo uma linguagem visual própria e características para cada categoria de produto. No início foram faixas, as bordas rebuscadas e ornamentais, os logotipos em letras elaboradas. Os selos, chancelas, brasões e medalhas conquistadas nas exposições comerciais da época constituíram os elementos básicos das embalagens do século passado. Nesse período, a embalagem lançava mão dos recursos gráficos disponíveis. A tipografia e a litografia eram tipos de impressão utilizados. Com a evolução da indústria gráfica e da indústria em geral, as embalagens foram incorporando cada vez mais recursos e efeitos visuais. A impressão em cores e a introdução da fotografia permitiram a utilização de imagens cada vez mais elaboradas. Os elementos visuais básicos que constituíram as embalagens do século passado continuam presentes ainda que de forma modificada nas embalagens atuais. Faixas, bordas, filetes, selos, logotipos desenhados, splashes e imagens sugestivas do uso do produto continuam compondo o visual das embalagens que encontramos no mercado. A grande modificação ocorrida com o avanço da fotografia foi a utilização de imagens produzidas de forma elaborada para despertar o apetite e o desejo de compra do consumidor. As embalagens de alimentos exploram cada vez mais e de forma mais sofisticada a imagem do produto servido, pronto para ser degustado. No mais, os elementos antigos podem ainda ser reconhecidos em releituras modernas nas embalagens de hoje em dia, pois constituem os fundamentos da linguagem visual da embalagem. 3. REQUISITOS DO PROJETO Os requisitos do projeto estão listados a seguir: - Serão utilizados materiais naturais (miriti, folhas, casca de cupuaçu) e material biodegradável (polietileno); - Visual atraente, valorizando a identidade regional aplicada às embalagens; - Aplicação de considerações de ergonomia cognitiva; - Facilidade na identificação da logomarca. - Dimensionamento da caixa de bombom (manejo). 4. ESTRATÉGIA DE DESIGN A embalagem é expressão e atributo do produto. Não podemos desenhá-la sem conhecer profundamente o produto. Assim, as características, a composição do produto, seus diferenciais de qualidade e principais atributos, incluindo seu processo de fabricação, precisam ser compreendidos. IESAM - Revista InterDesign – Janeiro 2008 – Nº 2 152 Optamos pelas embalagens naturais em função da riqueza de matéria prima que tem nossa região, e pela pobre divulgação dos produtos. Duas estratégias foram usadas neste projeto: a) Tornar o produto mais competitivo, através das seguintes ações: - Obtendo vantagem no ponto-de-venda com um visual mais chamativo; - Destacando algum atributo do produto que o coloque em vantagem; - Aumentando o valor percebido do produto; - Agregando significado ao produto que o torne mais simpático e desejável de forma que ofereça algo que o concorrente não esteja oferecendo. b) Ser um eficiente meio de comunicação, através das seguintes ações: - Comunicando promoções, descontos, lançamentos etc.; - Fazendo propaganda do próprio produto, de sua linha e até da própria empresa; - Oferecendo kits de produtos combinados (compre 2 e leve 3 ou compra dois A e leve um B); - Servindo de veículo de marketing direito, incluindo folhetos, cupons, brindes e outras informações dentro da embalagem. Além de muitas outras formas de comunicação. Três tipos de embalagens foram desenvolvidas: a) Fibra de côco como base, fibra da costa como o corpo da embalagem amarrando em volta de toda a embalagem, figura 1a; b) Casca do cupuaçu, utilizando a própria fruta como embalagem, figura 1b; c) Caixinha de miriti com formas curvas e um detalhe na tampa, figura 1c. (a) (b) (c) Figura 1 – Embalagens desenvolvidas IESAM - Revista InterDesign – Janeiro 2008 – Nº 2 153 Os materiais são: casca de cupuaçu, utilizando verniz para mantê-la, fibra de côco, aplicado verniz também, e um tipo de fio parecido com uma palha conhecido como fibra da costa. Para a embalagem da figura 1a, foi comprada a fibra de côco e aplicada ao verniz para o melhoramento. Em seguida, ela foi perfurada ao longo da curva, para que a fibra da costa (fio) passasse para amarrar junto com o plástico que envolve os bombons. Para a embalagem da figura 1c, foi utilizado talas de miriti, cortadas do tamanho adequado, conforme as dimensões determinadas, e plástico PET, para dar um detalhe transparente onde os bombons pudessem ser vistos. A casca do cupuaçu passou por um processo de melhoramento e conservação, mas não foi possível executar o protótipo da figura 1b. 5. CONSIDERAÇÕES MERCADOLÓGICAS Sempre que possível em projetos importantes é recomendável que façamos pesquisas de nossos produtos e embalagens. Isso porque a pesquisa, além de orientar com maior segurança a tomada de decisões, oferece uma oportunidade para se saber mais sobre o produto, a embalagem, o mercado e o consumidor. Com base na afirmação acima realizou-se uma pesquisa de mercado através de questionários, a fim de adquirirmos as opiniões dos consumidores dos bombons do Pará quanto à sua embalagem atual e o que achavam da idéia de aplicar apenas materiais naturais com novas formas, utilizando até a própria casca do cupuaçu como embalagem. Alguns dos resultados desta pesquisa estão mostrados nas figuras de 2 a 4 e mostram que existe uma oportunidade para o mercado de embalagens naturais. Fatores Importantes 100,0% 90,0% 80,0% 70,0% 60,0% 50,0% 40,0% 30,0% 20,0% 10,0% 0,0% 56,7% 43,3% Facilidade de abrir 21,7% 23,3% Caracteristicas regionais O material utilizado Estética da embalagem Figura 2 – Resultados da pesquisa IESAM - Revista InterDesign – Janeiro 2008 – Nº 2 154 Produtos regionais embalados com plástico 1,7% 18,3% 10,0% 23,3% 46,7% Concordo totalmente Concordo totalmente Discordo Discorto totalmente Não sei Figura 3 – Resultados da pesquisa (continuação) Embalagem do cupuaçu 1,7% 3,3% 10,0% 40,0% 45,0% Excelente Bom Regular Ruim Não respondeu Figura 4 – Resultados da pesquisa (continuação) 6. CONCLUSÕES Com o uso das embalagens naturais, foi agregado mais valor regional e cultural aos tradicionais bom-bons regionais. As ferramentas gráficas do Corel Draw foram utilizadas para elaborarmos as embalagens. Isto permitiu bastante flexibilidade na definição das formas finais das mesmas. Foi realizado o estudo para o dimensionamento ideal das embalagens e houve o planejamento financeiro dos custos de produção. Dois protótipos para demonstrar a proposta do nosso projeto foram realizados. 7. BIBLIOGRAFIA GURGEL, Floriano do Amaral. . Administração do produto. 2.ed. São Paulo, SP: Atlas, 2001. INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE-IBAMA. Laboratório de Produtos FlorestaisLPF. . A tecnologia que respeita a natureza. Brasília, DF, 2004. IESAM - Revista InterDesign – Janeiro 2008 – Nº 2 155