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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA O DECLÍNIO DO TAMANHO CORPORAL DE ABELHAS DE GRANDE PORTE: INICIATIVAS DE CRIATÓRIO RACIONAL PARA A CONSERVAÇÃO DA ESPÉCIE NATIVA Bombus (Thoracobombus) brevivillus MIKAIL OLINDA DE OLIVEIRA FORTALEZA - CE MARÇO - 2015 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA O DECLÍNIO DO TAMANHO CORPORAL DE ABELHAS DE GRANDE PORTE: INICIATIVAS DE CRIATÓRIO RACIONAL PARA A CONSERVAÇÃO DA ESPÉCIE NATIVA Bombus (Thoracobombus) brevivillus MIKAIL OLINDA DE OLIVEIRA Zootecnista FORTALEZA - CE MARÇO - 2015 3 MIKAIL OLINDA DE OLIVEIRA O DECLÍNIO DO TAMANHO CORPORAL DE ABELHAS DE GRANDE PORTE: INICIATIVAS DE CRIATÓRIO RACIONAL PARA A CONSERVAÇÃO DA ESPÉCIE NATIVA Bombus (Thoracobombus) brevivillus Tese apresentada ao Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia da Universidade Federal do Ceará, Universidade Federal da Paraíba e Universidade Federal Rural de Pernambuco como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em Zootecnia. Orientador: Prof. PhD. Breno Magalhães Freitas Co-orientador: Prof. PhD. David Kleijn FORTALEZA - CE MARÇO – 2015 4 5 6 “Se choras por não ter visto o pôr do sol, as lágrimas não te deixarão ver as estrelas” Bob Marley 7 AGRADECIMENTOS Aos meus Pais, à minha irmã e todos meus familiares pelo o apoio e carinho e por me proporcionarem tudo o que eu sempre precisei durante minha vida. À minha esposa Isabela Maia da Costa pelo amor e por estar sempre ao meu lado. À Universidade Federal do Ceará (UFC) e ao Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia (PDIZ). À CAPES, pela bolsa concedida durante a realização do curso de doutorado e ao programa Ciências Sem Fronteiras pelo investimento durante o meu estágio no exterior. Ao professor orientador Dr. Breno Magalhães Freitas pela participação durante minha formação acadêmica e pelo valioso apoio desde a graduação. Ao amigo doutor Marcelo Casimiro Cavalcante pela participação e ajuda nas atividades de campo e nas aventuras com as abelhas Bombus. Ao Grupo de Pesquisa com Abelhas da UFC, especialmente Hiara Marques Menezes, David Silva Nogueira e Ângela Maria da Silva Gomes pela essencial e valiosa ajuda e por dividir as ferroadas comigo. Ao Dr. Francisco Deoclécio Guerra Paulino por sugestões essenciais para a realização deste trabalho e pela disponibilização das áreas para realização dos experimentos no Setor de Abelhas da UFC. À Dra. Favízia Freitas de Oliveira pela identificação taxonômica da espécie Bombus brevivillus. Ao professor David Kleijn, da Universidade de Wageningen, pela ajuda durante o desenvolvimento da minha pesquisa no exterior. Ao instituto Alterra e à Universidade de Wageningen, na Holanda, por permitirem a coleta de dados e por disponibilizarem todos os equipamentos necessários para a realização desta pesquisa desenvolvida no exterior. À secretária do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Francisca das Chagas Prudêncio Bezerra. A todos os professores e funcionários do Departamento de Zootecnia da UFC e do Grupo de Pesquisas em Ecologia da Universidade de Wageningen. 8 SUMÁRIO Página CONSIDERAÇÕES INICIAIS ......................................................................................21 CAPÍTULO I Referencial teórico 1.1. A IMPORTÂNCIA DAS ABELHAS NA POLINIZAÇÃO ...................................24 1.2. AS ABELHAS DO GÊNERO Bombus E SUA UTILIZAÇÃO NA POLINIZAÇÃO DE CULTURAS AGRÍCOLAS .........................................................27 1.3. DECLÍNIO DAS POPULAÇÕES DE ABELHAS .................................................29 1.4. O DECLÍNIO DAS ABELHAS DO GÊNERO Bombus.........................................31 1.5. PERSPECTIVAS FUTURAS PARA O USO DE ABELHAS NATIVAS DO GÊNERO Bombus EM PROGRAMAS DE POLINIZAÇÃO AGRÍCOLA ..................32 1.6. COMPORTAMENTO DAS ABELHAS DO GÊNERO Bombus NA FORMAÇÃO E NO DESENVOLVIMENTO DA COLÔNIA .............................................................33 1.7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................35 CAPÍTULO II A diminuição no tamanho corporal como indicativo do declínio populacional das abelhas RESUMO ........................................................................................................................49 ABSTRACT ....................................................................................................................50 2.1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................51 2.2. MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................................................53 2.2.1. Amostragem das abelhas e coleções entomológicas .............................................53 2.2.2. Análises estatísticas ..............................................................................................56 2.2.2.1. Análise do declínio no tamanho corporal de abelhas do gênero Bombus ..........57 2.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................57 9 2.3.1. Declínio no tamanho corporal de abelhas do gênero Bombus ............................. 62 2.4. CONCLUSÕES .......................................................................................................66 2.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................67 CAPÍTULO III Biologia de nidificação e criatório racional de Bombus (Thoracobombus) brevivillus no Nordeste brasileiro RESUMO ........................................................................................................................74 ABSTRACT ....................................................................................................................75 3.1.INTRODUÇÃO ........................................................................................................76 3.2. MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................................................78 3.2.1. Áreas de estudo .....................................................................................................78 3.2.2. Comportamento de nidificação de Bombus brevivillus.........................................78 3.2.3. Captura das colônias de Bombus brevivillus .........................................................79 3.2.4. Descrição da colônia de Bombus brevivillus.........................................................81 3.2.5. Padrão de forrageamento, coleta de recursos de Bombus brevivillus e influência das variações climáticas nas atividades externas de operárias mantidas em condições de criatório racional .............................................................................................................81 3.2.6. Tipos polínicos utilizados pela abelha nativa Bombus brevivillus........................82 3.2.7. Desenvolvimento e estabelecimento das colônias e atividade das rainhas de Bombus brevivillus em condições de criatório racional ..................................................83 3.2.8. Análises estatísticas ..............................................................................................83 3.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................83 3.3.1. Comportamento de nidificação de Bombus brevivillus.........................................83 3.3.2. Descrição da colônia de Bombus brevivillus.........................................................86 3.3.3. Padrão de forrageamento, coleta de recursos de Bombus brevivillus e influência das variações climáticas nas atividades externas de operárias mantidas em condições de criatório racional .............................................................................................................88 3.3.4. Tipos polínicos utilizados pela abelha nativa Bombus brevivillus em condições naturais ............................................................................................................................93 10 3.3.5. Tipos polínicos utilizados por Bombus brevivillus em condições de criatório racional ............................................................................................................................95 3.3.6. Desenvolvimento e estabelecimento das colônias e atividade das rainhas de Bombus brevivillus em condições de criatório racional ..................................................96 3.4. CONCLUSÕES .....................................................................................................103 3.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................104 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................111 11 LISTA DE TABELAS CAPÍTULO II Página Tabela 1. Espécies utilizadas na pesquisa, número de indivíduos amostrados para cada espécie e sexo, faixa em anos e tamanho médio (mm) das abelhas, coletadas na Holanda a partir de 1866 e presentes nas coleções entomológicas do Museu de História Natural (Naturalis Biodiversity Center) em Leiden..................... ................................................54 Tabela 2. Resultados do Modelo Linear Misto (LMMs) testando a relação entre o Tamanho Inicial, Ano e Sexo e todas as interações com o Tamanho Corporal (DIT) das espécies de abelhas utilizadas na pesquisa. Espécie e gênero foram incluídos como um termo aleatório no modelo. n.g.l numerador graus de liberdade, d.g.l denominador graus de liberdade ....................................................................................................58 Tabela 3. Resultados do Modelo Linear Misto (LMMs) testando a relação entre o Tamanho Inicial, Ano e suas interações com o tamanho corporal de fêmeas e machos separadamente. Espécie e gênero foram incluídos como um termo aleatório no modelo. n.g.l liberdade, d.g.l denominador numerador graus de graus de liberdade................................................................................................. ........59 Tabela 4. Resultados do Modelo Linear Misto (LMMs) testando a relação entre o Tamanho Inicial, Ano e Temperatura e todas as interações com o Tamanho Corporal das abelhas. Espécie e gênero foram incluídos como um termo aleatório no modelo. n.g.l numerador graus de liberdade, d.g.l denominador graus de liberdade ............................................62 12 CAPÍTULO III Tabela 5. Características do ninho de Bombus (Thoracobombus) brevivillus amostradas no estado do Ceará, Brasil. Apenas quatro colônias foram capturadas e possuem todas as informações (N1 a N4). Dados das colônias (N5 a N7) foram limitados a localização, altitude e local do ninho......................................... ......................................................................87 Tabela 6. Número de abelhas operárias (médias e erros padrões) da espécie nativa Bombus brevivillus forrageando, coletando pólen, néctar/água e ventilando na entrada do ninho, em condições de criatório racional. Setor de Abelhas da Universidade Federal do Ceará, Zona urbana de Fortaleza, Brasil ..............................................................................................89 Tabela 7. Relação entre os turnos do dia na coleta de recursos e o controle da temperatura através da ventilação de operárias de Bombus brevivillus mantidas em condições de criatório racional em área urbana, no município de Fortaleza, Ceará, Brasil. ...........................................................89 Tabela 8. Relação entre o fluxo de abelhas e coleta de pólen de acordo com a hora do dia de operárias de Bombus brevivillus mantidas em condições de criatório racional em área urbana, no município de Fortaleza, Ceará, Brasil ..................................................................................89 Tabela 9. Tipos polínicos presentes na dieta proteica de colônias da abelha nativa Bombus brevivillus, em condições naturais de ocorrência, no município de Itatira, Ceará, Brasil ..................................................................95 13 Tabela 10. Tipos polínicos presentes na dieta proteica de colônias da abelha nativa Bombus brevivillus, mantidas em condições de criatório racional em área urbana, no município de Fortaleza, Ceará, Brasil ...............96 Tabela 11. Quantidade de indivíduos reprodutivos e a proporção de machos para cada rainha de duas colônias da espécie nativa Bombus brevivillus mantidas em condiçõoes de criatório racional, em área urbana, no município de Fortaleza, Ceará, Brasil ..........................................98 14 LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO II Página Figura 1. Coleção entomológica do Museu de História Natural (Naturalis Biodiversity Center) na província de Leiden, Holanda ................................ 53 Figura 2. Distância intertegular (DIT) que serviu para avaliar o tamanho corporal das abelhas e laboratório de coleta de dados do instituto Alterra na Universidade de Wageningen, Holanda.. .................................... 55 Figura 3. Predições da primeira análise (transformadas em valores originais) do tamanho corporal de todas as 18 espécies de abelhas (Distância Intertegular), coletadas na Holanda durante o período entre 1866 a 2013.. .......................................................................................................... 58 Figura 4. Predições da segunda análise (transformadas em valores originais) do tamanho corporal (Distância Intertegular), de fêmeas de grande e pequeno porte e machos de grande e pequeno porte separadamente, na Holanda durante o período entre 1866 a 2013. ........................................ 59 Figura 5. Temperatura média (Celsius) durante o período de voo das 18 espécies de abelhas de pequeno e grande porte utilizadas na pesquisa e coletadas na Holand,a durante o período entre 1866 a 2013 ........................ 61 Figura 6. Valores originais do Tamanho Corporal (DIT em mm) de operárias, fêmeas (novas rainhas) e machos da espécie B. pascuorum coletados na Holanda entre os anos de 1867 a 2007. ..................................63 15 Figura 7. Valores originais do Tamanho Corporal (DIT em mm) de operárias, fêmeas (novas rainhas) e machos da espécie B. terrestris coletados na Holanda entre os anos de 1867 a 2007. ..................................................65 CAPÍTULO III Figura 8. Localização geográfica das áreas de estudo, mostrando o estado do Ceará no Nordeste brasileiro e a localização do município de Itatira. ........78 Figura 9. (a) Modelo de caixa utilizada no criatório racional da espécie nativa Bombus brevivillus; (b) utilização de equipamentos e indumentária apícola na captura das colônias; (c) detalhe dos casulos após a remoção das folhas no momento da captura; (d) transferência de toda a colônia, incluindo a rainha, para a caixa racional; (e) caixa deixada no mesmo local do ninho até à noite, permitindo que todas as operárias retornassem; (f) já instalada no Setor de Abelhas da Universidade Federal do Ceará; (g) alimentadores artificiais e uma lâmina de vidro sobre a caixa, que permitia as observações e o acompanhamento das colônias; (h) uma das colônias vista por cima, no momento das revisões noturnas ..............................................................80 16 Figura 10. Descrição do ninho de Bombus brevivillus no seu ambiente natural no estado do Ceará, Brasil. (a) vista aproximada do ninho N2 mostrando operárias de B. brevivillus andando do lado de fora do ninho antes de sair para forragear; (b) vista geral do ninho N2 construído no solo e coberto por folhas de bananeira cortadas em pequenos pedaços; (c) área de cria do ninho N2 após remoção parcial das folhas de bananeira; (d) vista aproximada do ninho N1 mostrando operárias, crias (casulos) e potes de alimento; (e) um ninho N4 construído no chão, debaixo de uma densa cobertura de capim; (f) ninho N4 após remoção do capim e o envelope de crias; (g) ninho N3 após escavação ter sido iniciada; (h) detalhe da rainha do ninho N3 no momento da escavação. * A letra N seguida pelo número faz referência ao número do ninho de acordo com a tabela 4 ........85 Figura 11. Ninho N2, da espécie Neotropical Bombus (Thoracobombus) brevivillus, mantida em condições de criatório racional em zona urbana de Fortaleza, instaladas no Setor de Abelhas da Universidade Federal do Ceará, Brasil ........................................................87 Figura 12. Variações de temperatura (oC) e umidade relativa do ar (%), o fluxo de abelhas e termorregulação de operárias da espécie nativa Bombus brevivillus mantida sob condições de criatório racional em área urbana, no município de Fortaleza, Ceará, Brasil........................................90 Figura 13. Coleta de pólen, coleta de néctar/água e o controle da temperatura através da ventilação (termorregulação) de operárias de Bombus brevivillus mantidas em condições de criatório racional em área urbana, no município de Fortaleza, Ceará, Brasil........................................92 17 Figura 14. (a) Movimentação externa das operárias de B. brevivillus na caixa racional instalada no Setor de Abelhas da Universidade Federal do Ceará; (b) operárias batendo as asas e realizando o processo de termorregulação na entrada da caixa; (c) abelha forrageando e coletando recursos florais da espécie vegetal Tecoma stans (Bignoniaceae); (d) detalhe dos grãos de pólen nas corbículas de uma operária ao retornar do campo .............................................................93 Figura 15. Distribuição temporal do número de operárias de colônias de Bombus brevivillus mantidas em condições de criatório racional, em área urbana, no município de Fortaleza, Ceará, Brasil........................................97 Figura 16. Colônia (N2) de B. brevivillus mantida em condições de criatório racional, em área urbana, no município de Fortaleza, Ceará, Brasil. (a) Grande quantidade de operárias e detalhe para presença da rainha sobre os casulos, no momento da captura as colônias já tinham começado a postura de imaturos; (b) colônia bem estabelecida à caixa racional, operárias forrageando normalmente, postura normal da rainha, detalhe para os casulos de indivíduos reprodutivos ficando mais claros prestes a eclodir; (c) surgimento das princesas; (d) rainha tentando manter a dominância aumentando a taxa de postura; (e) detalhe aproximado das novas posturas da rainha; (f) redução drástica no número de abelhas; (g) todos os machos e princesas deixaram a colônia restando apenas a rainha e algumas operárias mais novas (h) momento antes da extinção total da colônia, restando apenas a rainha e cinco operárias .............................100 18 Figura 17. Colônia (N1) de B. brevivillus mantida em condições de criatório racional, em área urbana, no município de Fortaleza, Ceará, Brasil. (a) Produção de machos e princesas; (b) detalhe aproximado da grande quantidade de indivíduos reprodutivos (c) redução drástica no número de abelhas; (d) antes da reativação da colônia, ainda com algumas princesas, operárias e a presença de inimigos naturais; (e) princesa começando a trabalhar na formação da nova colônia, rainha não estava mais presente; (f) início da postura, detalhe para uma princesa de outra colônia; (g) nova rainha e posturas recentes, com a presença de novas operárias recém eclodidas e ajudando na formação e na reativação da nova colônia; (h) detalhe aproximado do novo ninho de B. brevivillus .................................................................102 19 O DECLÍNIO DO TAMANHO CORPORAL DE ABELHAS DE GRANDE PORTE: INICIATIVAS DE CRIATÓRIO RACIONAL PARA A CONSERVAÇÃO DA ESPÉCIE NATIVA Bombus (Thoracobombus) brevivillus Resumo Geral – A população de abelhas vem declinando em todo mundo, e abelhas de grande porte, por necessitarem de maiores provimentos de alimento estão sendo mais afetadas pelas alterações ambientais. Isso cria a necessidade de desenvolvermos alternativas e programas de conservação para essas abelhas. Alterações no tamanho corporal servem como indicativo desse declínio populacional. Dessa forma essa pesquisa teve como objetivo verificar mudanças no tamanho corporal das abelhas, principalmente nas abelhas de grande porte, como é o caso do gênero Bombus e desenvolver iniciativas de criatório racional para conservação da espécie nativa Bombus brevivillus gerando novas informações à respeito dessa espécie que tem sido pouco estudada no Nordeste brasileiro. Dentre as milhares de espécimes presentes no Naturalis Museu, na Holanda, nós mensurados 4510, divididos em 18 espécies diferentes, aproximadamente 250 indivíduos por espécie, entre machos e fêmeas e distribuídos entre os anos de 1866 e 2013. Nós também descrevemos o comportamento de nidificação e as características da colônia de B. brevivillus no estado do Ceará, Brasil, e transferimos quatro colônias para caixas de madeira que permitiam o seu criatório racional. Nós obtemos informações sobre os tipos polínicos utilizados, o padrão de forrageamento, a coleta de recursos, a influência das variações climáticas nas atividades externas das operárias e sobre o desenvolvimento e estabelecimento das colônias em caixas racionais. Os resultados sugerem que 18 espécies de abelhas estudadas estão se tornando menores ao longo do tempo, sendo essa redução no tamanho maior em fêmeas de grande porte. Com relação à abelha nativa B. brevivillus, as observações mostraram que esta espécie parece ser oportunista em ralação aos locais de nidificação e proteção das crias e não investe muito na construção do ninho e na proteção da prole. As colônias produziram um excelente número de operárias, que apresentaram, até mesmo em caixas racionais, um intenso forrageamento e completaram seu ciclo normalmente, características que podem ser úteis para fins de polinização comercial. Palavras-chave: Declínio de polinizadores, tamanho da colônia, criatório de Bombus, abelhas de grande porte. 20 DECLINE IN BODY SIZE OF BIG BODIED BEES: INITIATIVES OF RATIONAL BREEDING FOR CONSERVATION OF NATIVE SPECIE Bombus (Thoracobombus) brevivillus General Abstract – The bee population is declining around the world, and the big bodies bees, that require larger food provisions are particularly more affected by environmental changes. This creates the need to develop alternatives and conservation programs for these bees. Changes in body size are indicative of population decline. Thus, the objective of study was to verify the changes in body size of the bees, especially big bodied bees like the Bombus genus and develop rational breeding initiatives for conservation of native species Bombus (Thoracobombus) brevivillus generating new information about this species that is little studied in the Brazilian Northeast. We measured a total of 4510 specimens, of 18 different species, approximately 250 specimens per specie, equally divided over males and females and more or less regularly distributed over the entire study period (1866-2013). We also describe for the first time the nesting behavior and the colony of Bombus (Thoracobombus) brevivillus, and transferred four colonies to rational breeding boxes, to obtain information about pollen types used, foraging behavior, the resources collect, about the colonies development in rational breeding and the influence of climatic variations to the external activities of workers. Our results suggest that bees are becoming smaller over time, and larger species are more being more affected. About our native bumble bee B. brevivillus the observations showed that this specie seems to be opportunistic in relation to nesting sites and brood protection and does not invest much in nest building and offspring protection. Bombus brevivillus invest heavily in brood production and colony development, before producing reproductive individuals. Therefore, the colonies produce a great number of workers, a trait that could be useful for commercial pollination purposes. Key-words: Intertegular distance, colony size, climatic changes, big bodied bees. 21 CONSIDERAÇÕES INICIAIS As abelhas são os principais polinizadores das plantas silvestres e cultivadas de todo mundo e são responsáveis pela manutenção da biodiversidade vegetal e pela produção de boa parte dos alimentos que nós humanos consumimos. Entretanto, principalmente a partir da segunda metade do século XX, a maioria das espécies de abelhas vem sofrendo um enorme declínio populacional, e entre as principais causas desse declínio destacam-se as mudanças no uso da terra, a intensificação da agropecuária, desmatamentos, queimadas, o uso intenso de agrotóxicos e as mudanças climáticas. Entre todas as espécies, as de maior tamanho corporal podem ser mais afetadas e sofrerem mais com o declínio do que as abelhas menores, isso acontece devido ao fato de que essas abelhas necessitam de maiores provimentos de alimento do que abelhas de menor porte. Diversos estudos ao redor do mundo sugerem isso e apontam as espécies do gênero Bombus, conhecidas pelo seu grande porte, como umas das que mais sofrem com todas essas alterações ambientais. As abelhas Bombus são amplamente utilizadas em programas de polinização de culturas agrícolas, principalmente em ambiente fechado (casas de vegetação) e algumas empresas, a maioria delas europeias, produzem colônias em laboratório e lucram milhões todos os anos com a venda e exportação das mesmas para agricultores de diversos países do mundo, mas não para o Brasil que proíbe esse tipo de importação. Dessa forma, seria interessante saber se as abelhas de grande porte estão realmente sendo mais impactadas do que as de menor porte, e se isso for verdade, aprender o mais rápido possível a trabalhar com as espécies de Bombus nativas do território brasileiro. No Brasil existem seis espécies identificadas e entre elas, a espécie Bombus brevivillus nunca foi estudada, existindo pouquíssimas informações ao seu respeito na literatura. Então esse trabalho se propõe: primeiro, investigar se as abelhas de grande porte de fato sofrem um maior impacto e segundo, se há a possibilidade de gerar informações sobre a espécie nativa B. brevivillus com o intuito de cria-la racionalmente como forma de contribuir para a sua exploração zootécinica, e consequente conservação da espécie. 22 Como no Brasil não temos uma série histórica de coleta de abelhas (grande coleções entomológicas) buscamos dados na Europa sobre as influências das alterações ambientais e climáticas sobre as abelhas de grande porte, e baseado nessas informações nós trabalhamos com a espécie nativa brasileira Bombus brevivillus. 23 CAPÍTULO I Referencial Teórico O DECLÍNIO DO TAMANHO CORPORAL DE ABELHAS DE GRANDE PORTE: INICIATIVAS DE CRIATÓRIO RACIONAL PARA A CONSERVAÇÃO DA ESPÉCIE NATIVA Bombus (Thoracobombus) brevivillus 24 1.1. A IMPORTÂNCIA DAS ABELHAS NA POLINIZAÇÃO A polinização é um dos mais importantes processos na manutenção da diversidade e a abundância da maioria das espécies vegetais com flores (Kevan & Viana, 2003; Klein et al., 2007), sendo um fator de fundamental importância na condução de muitas culturas agrícolas ao redor do mundo. Uma polinização bem realizada promove várias melhorias na cadeia produtiva da agricultura, como o aumento no número de vagens ou frutos vingados, aumento no número de grãos por vagem, produção de frutos mais bem conformados e de qualidade superior (Williams et al., 1991), aumentando, consequentemente, a rentabilidade e a lucratividade do produtor. Os vegetais necessitam de agentes polinizadores para se reproduzirem (Klein et al., 2007). A polinização que é realizada por animais (polinização biótica) é a mais importante (Kearns et al., 1998) e contribui para a melhoria da qualidade e/ou a quantidade de frutos e sementes (Roubik, 1995). As abelhas são os animais polinizadores mais importantes, e participam da reprodução da maioria das plantas cultivadas (Couto e Couto, 2002). De acordo com dados da FAO (Food and Agriculture Organization), estima-se que aproximadamente 73% das espécies vegetais cultivadas no mundo sejam polinizadas por alguma espécie de abelha (FAO, 2004) e que 33% da alimentação humana depende das abelhas (Klein et al., 2007). A espécie Apis mellifera por possuir características como hábito alimentar generalista, um grande número de indivíduos na mesma colônia, grande habilidade de recrutar várias campeiras para o forrageamento, perfeita possibilidade de manejo devido a utilização de colmeias padronizadas, biologia conhecida e grande intensidade na coleta de recursos (Hogendoorn, 2004; Morais et al., 2012; Winston, 2003), é bastante utilizada na polinização agrícola. A presença dessas abelhas provoca ganhos na produção e pode interferir nas características produtivas de interesse econômico, de frutos e sementes, como na sua massa, formato e tamanho (Free, 1993). As abelhas A. mellifera são potenciais polinizadores de diversas culturas agrícolas, porém nem sempre elas são as mais indicadas para algumas culturas em particular (Banda & Paxton, 1991). Além disso, as operárias de Apis mellifera não se adaptam muito bem no interior das casas de vegetação, devido ao estresse do próprio confinamento e às flutuações de temperatura (Free, 1993; Guerra Sanz, 2008). Além do 25 mais, o seu comportamento extremamente defensivo, a presença de ferrão e sua organização no ataque de possíveis inimigos próximos à colmeia, dificulta a realização dos tratos culturais e os trabalhos no interior da casa de vegetação, causando transtornos aos produtores e aos trabalhadores (Amano, 2004; Cruz & Campos, 2009). Uma alternativa na polinização agrícola é a utilização de abelhas nativas sem ferrão, das tribos Meliponini e Trigonini. Algumas espécies podem ser mantidas em caixas racionais (Fabichak, 1989), que facilita o manejo direcionado para polinização em ambiente protegido e em campo aberto, além disso, essas abelhas não apresentam ferrão funcional, possuem um nível de organização social comparável ao das abelhas melíferas, apresentam uma baixa defensibilidade, uma menor amplitude do voo de forrageamento, as colônias são perenes e se adaptam muito bem às condições de confinamento (Malagodi-braga et al., 2004; Cruz et al., 2005). Outra opção para a polinização agrícola é o uso das abelhas solitárias, aproximadamente 85% das mais de 20.400 espécies de abelhas conhecidas no mundo (Catalogue of life, 2015) são solitárias, sendo estas as principais responsáveis pela polinização natural que ocorre em cultivos selvagens e agrícolas (Imperatriz-Fonseca et al., 2012). O Brasil apresenta uma grande diversidade de espécies de abelhas solitárias e para-sociais de diferentes gêneros, tais como Xylocopa, Centris, Megachili e Halictidi e seis espécies do gênero Bombus (Moure & Melo, 2012). presentes com certeza possuem importância Todas as espécies aqui potencial como polinizadores especializados (Imperatriz-Fonseca & Dias, 2004) porém, principalmente para o gênero Bombus, ainda são necessárias mais pesquisas, pois existem poucas informações sobre o papel dessas abelhas na polinização de culturas agrícolas. Na Europa e na América do Norte, há mais de 40 anos, as abelhas solitárias e as abelhas Bombus têm o seu papel reconhecido na agricultura, promovendo significativos incrementos na produtividade final de várias culturas agrícolas (Alves-dos-Santos, 2004; Velthuis & Doorn, 2006). Como exemplos ao redor do mundo merece destaque a utilização da espécie Megachile rotundata na polinização da alfafa (Medicago sativa), por ser um dos modelos mais bem-sucedidos da utilização em grande escala de abelhas silvestres para a polinização (Richards, 2001; Pitts-Singer & Cane, 2011). Na Europa, espécies do gênero Osmia são utilizadas na polinização de amêndoas (Prunus dulcis), maçãs (Malus domestica), peras (Pyrus communis), framboesa (Rubus sp.), morango 26 (Fragaria x ananassa) e damasco (Prunus armenica) (Felicioli et al., 2004; Bosch & Kemp, 2002). Essas abelhas também são utilizadas, em larga escala, na polinização de diversas culturas agrícolas nos EUA, Canadá e Japão (Sekita, 2001; Bosch et al., 2000; Torchio, 1985). No Brasil, a importância da polinização por abelhas tem sido reconhecida a alguns anos (Couto & Couto, 2007; Imperatriz-Fonseca et al., 2012). Vários estudos já reportam a importância das abelhas solitárias na polinização de culturas agrícolas, entretanto ainda são escassos estudos avaliando os efeitos produtivos a partir da introdução e manejo de criatórios racionais, os quais são de extrema importância para a sua conservação. Magalhães & Freitas (2013), a partir da introdução de ninhos artificiais para as abelhas do gênero Centris em áreas de cultivo de acerola (Malpighia emarginata), verificaram incrementos na produção de frutos dessa cultura, Freitas & Oliveira-Filho (2001) através da introdução de ninhos artificiais de Xylocopa frontalis, que é uma espécie de grande porte, conhecida popularmente como mamangava, observaram um acréscimo de 92% na produção do maracujá amarelo (Passifora edulis). Já com relação às abelhas nativas sem ferrão das tribos Meliponini e Trigonini, várias pesquisas têm mostrado que abelhas sem ferrão são polinizadores efetivos (Malagodi-Braga & Kleinert, 2004; Cruz et al., 2005; Del Sarto et al., 2005). Abelhas da espécie Melipona quadrifasciata foram consideradas como eficientes polinizadores do tomateiro em ambiente protegido, ocasionando um aumento na qualidade dos frutos, levando a diminuição das injúrias mecânicas quando comparadas à polinização manual tradicional (Del Sarto et al., 2005). A abelha jandaíra (Melipona subnitida) poliniza de modo eficiente as flores de pimentão (Capsicum annuum), com a cultura apresentando frutos mais pesados, mais largos, com um maior número de sementes e menor proporção de deformações. Além disso, a abelha jandaíra adaptou-se bem ao uso em casa de vegetação, tendo rapidamente iniciado a visitação as flores (Cruz et al., 2005). Outras abelhas bastante utilizadas na polinização de culturas agrícolas são as abelhas solitárias primitivas do gênero Bombus, onde algumas espécies são produzidas em laboratório, por empresas especializadas, e vendidas para agricultores de vários países que utilizam as colônias principalmente no interior de casas de vegetação (Velthuis & Doorn, 2006). 27 1.2. AS ABELHAS DO GÊNERO Bombus E SUA UTILIZAÇÃO NA POLINIZAÇÃO DE CULTURAS AGRÍCOLAS Atualmente, poucas espécies de abelhas são criadas com sucesso, para uso na polinização de culturas agrícolas, dentre as quais podemos destacar as abelhas Bombus. Abelhas desse gênero são muito utilizadas na polinização de culturas em ambiente protegido e apresentam grande demanda pela sua criação em larga escala comercial para esse fim (Velthuis & Doorn, 2006), em especial das espécies Bombus terrestris e Bombus impatiens. Uma grande quantidade de pesquisas sobre as abelhas Bombus mostra a sua eficiência na polinização em ambiente protegido e o incremento nas características de interesse agrícola que é provocado em frutos e sementes em decorrência do uso racional dessas abelhas (Shipp et al., 1994; Meisels & Chiasson, 1997; Daşgan & Ozdogan, 2004; Vergara & Fonseca-Buendía, 2012). A criação racional das abelhas Bombus começou por meio de estudos realizados por Sladen (1912), que desenvolveu tecnologias para a iniciação de colônias através de rainhas fecundadas coletadas no campo. Em 1987, uma empresa de biotecnologia holandesa, já tinha conhecimentos e tecnologias necessárias para a produção de colônias em larga escala para uso comercial. Foi a partir daí que o uso de colônias de Bombus, principalmente B. terrestris, passou a ser mais difundido entre produtores de todo mundo (Velthuis & Doorn, 2006). Após alguns anos, grandes empresas multinacionais de biotecnologia foram e ainda são responsáveis pela comercialização de milhares de colônias todos os anos (Velthuis & Doorn, 2006). O uso de colônias de abelhas do gênero Bombus, gera uma melhoria na produtividade agrícola e na qualidade do produto, promovendo uma maior segurança alimentar e entre outros benefícios para consumidor final, uma vez que os agricultores que utilizam as abelhas na polinização de suas culturas agrícolas diminuíram os agrotóxicos e começaram a usar métodos de controle biológico no combate a pragas e doenças (Sande, 1990; Banda & Paxton, 1991; Presman et al., 1999) Atualmente abelhas Bombus são muito valorizadas pelos serviços de polinização prestado por elas (Potts et al., 2015) sendo comercializadas em todo mundo, cinco espécies diferentes (B.terrestris, B. lucorum, B. occidentalis, B. ignitus e B. impatiens) e cada colônia é vendida, em média, por de 60 dólares americanos e usadas em países da 28 Europa, do norte da África, da Ásia, da América do Sul (Velthuis & Doorn, 2006). São muitas as pesquisas que comprovam a eficiência polinizadora de diferentes espécies de Bombus e os incrementos na produção causados pelo uso dessas abelhas. No México, com a cultura do tomate, os frutos produzidos, oriundo de flores polinizadas por abelhas Bombus ephippiatus, apresentaram no final do ciclo de produção, uma maior quantidade de sementes, maiores conteúdos de açucares totais e maior peso do fruto fresco (Vergara & Fonseca-Buendía, 2012). Com a mesma cultura, mas agora nos EUA, a espécie B. vosnesenskii causou um grande incremento na produtividade e flores polinizadas pelas abelhas apresentaram um fruto de maior tamanho quando comparadas com as que não receberam visita, os autores também mencionam a grande eficiência dessa espécie em ambiente protegido (Dogterom et al., 1998). Outro estudo utilizando abelhas da espécie B. impatiens, verificou que para a cultura do pimentão (Capscicum annuum), certas características produtivas como o peso, largura e volume do fruto e o peso da semente foram significativamente maiores no tratamento utilizando a polinização por essas abelhas. Os frutos produzidos apresentaram melhor qualidade e o tempo necessário para a colheita foi menor (Shipp et al., 1994). Meisels & Chiasson (1997), verificaram que apenas três operárias dessa espécie de abelha são suficientes para polinizar efetivamente cerca de 425 plantas e que aproximadamente 176 abelhas seriam capazes de polinizar, com eficiência, um hectare contendo 25.000 plantas de pimentão (Capscicum annuum). A espécie mais utilizada na polinização agrícola, Bombus terrestris, foi positivamente associada com o peso mínimo exportável do melão, em torno de 90% das flores que receberam visitas das abelhas, produziram frutos que atingiam o peso mínimo de exportação mais rapidamente (Fisher & Pomeroy, 1989). Dasgan & Ozdogan (2004), na Nova Zelândia, encontraram que o comportamento vibratório (“Buzz pollination”) dessas abelhas nas flores do tomate em casa de vegetação, causou um incremento de cerca de 90% na produção final, quando comparado com a vibração manual. Não é de hoje que abelhas do gênero Bombus são utilizadas na polinização de culturas agrícolas. Essas abelhas contribuem no incremento da produtividade em áreas em áreas agrícolas entretanto, a sua importância na agricultura atual é muito maior quando se trata de cultivo protegido (Velthuis & Doorn, 2006). 29 As abelhas Bombus se adaptam melhor em casas de vegetação do que outras espécies (Free, 1993), e devido ao seu maior porte podem carregar cargas maiores de pólen e visitar várias flores antes de retornar a colônia. Estas são abelhas muito rápidas, visitam o dobro de flores por minuto do que a maioria das outras espécies e são muito mais eficientes polinizadores, em comparação com abelhas de menor tamanho (Heinrich, 2000). Cerca de 95% do seu uso estão em estufas (Velthuis & Doorn, 2006), com aumentos de rendimento no tomate (Solanum lycopersicum) por exemplo, podendo superar 28%, além da obtenção de frutos com qualidade superior (Sande, 1990; Fiume & Parisi, 1994), entretanto a utilização de Bombus na polinização só se tornou uma realidade a partir do momento que colônias começaram a ser produzidas em escala comercial. No início da década de 90, o uso do cultivo protegido no Brasil passou a ser bastante utilizado (Grande et al., 2003), com essa nova forma de cultivo a utilização das abelhas Bombus seria muito interessante para uma melhoria na produtividade de nossas culturas implantadas, como acontece em boa parte da Europa. Porém, a importação de espécies exóticas de abelhas exóticas, pode trazer severos efeitos negativos, como competição com polinizadores nativos pelos recursos florais, competição por locais de nidificação, introdução de doenças e patógenos que podem infectar organismos nativos (Goulson, 2003) sendo, portanto, proibida pela legislação brasileira (Saraiva et al., 2012). 1.3. DECLÍNIO DAS POPULAÇÕES DE ABELHAS Apesar de toda importância mencionada, as abelhas encontram-se em processo de desaparecimento em algumas partes do mundo, principalmente na Europa e em alguns países da América do Norte (Potts et al., 2015). Pesquisas recentes estão mostrando um grande declínio das abelhas nativas e abelhas melíferas (Apis mellifera), em vários países do mundo (Kleijn & Raemakers, 2008; Freitas et al., 2009; Biesmeijer et al., 2006). As alterações ambientais, especialmente como consequência da intensificação da agropecuária, estão provocando severos efeitos negativos na disponibilidade de alimentos, tornando-os menos abundantes, menos previsíveis e presente durante períodos mais curtos de tempo, impactando diretamente as abelhas que 30 dependem dos recursos florais. Une-se a isso a introdução de espécies exóticas, desmatamentos, queimadas, fragmentação do ecossistema, ação de meleiros (extrativismo), aplicação pesada de agrotóxicos e uso indevido da terra (Lopes et al. 2005; Kerr, et al., 2005). A espécie produtora de mel e muito utilizada na polinização agrícola, Apis mellifera vem sofrendo com o declínio de populações. A CCD (Desordem do Colapso da Colônia) vem atingindo colônias do mundo todo e possivelmente até em certas áreas do Brasil, provocando muitos prejuízos na agricultura, inclusive com uma redução significativa na produção de alimentos. Essa desordem já vem causando sérias baixas no número de colônias de A. mellifera em alguns países (Aizen & Harder, 2009; Engelsdorp et al., 2008) e particularmente nos Estados Unidos, onde de acordo com a National Agriculture Statistics Service (2008) está ocorrendo uma perda sistemática de cerca de 30 % das colônias por ano. A preocupação com os déficits de polinização e o risco de depender quase que exclusivamente de uma única espécie como polinizadora, especialmente na Europa e América do Norte, conduziu a iniciativas que visam a conservação dos polinizadores favorecendo muitos estudos de investigação de espécies nativas (Dias et al., 1999; Imperatriz-Fonseca et al., 2006). No Reino Unido, a abundância de abelhas solitárias diminuiu cerca de 52% em anos anteriores (Biesmeijer et al., 2006). Na região CentroOeste do Brasil, apenas a ação de extrativistas em busca do mel de abelhas nativas sem ferrão foi capaz de reduzir drasticamente a abundância quatro espécies diferentes dessas abelhas, Melipona rufiventris, Melipona bicolor, Melipona marginata e a Cephalotrigona femorata (Kerr, et al., 2005). A discussão sobre a perda de polinizadores e dos seus serviços de polinização são baseadas nas evidências recentes de seu declínio em escala local e regional (Biesmeijer et al., 2006) e da alta taxa de extinção em vários grupos (Millenium Ecosystem Assesment, 2005), além do registro de perdas significativas verificadas na população de polinizadores manejados (Allen-Wardell et al., 1998). Para auxiliar na conscientização e na tomada de decisões das políticas ambientais e sociais, valores econômicos foram estimados para os serviços de polinização, verificando quantias bilionárias (Gallai et al., 2009). Portanto, reduções nas populações das abelhas 31 polinizadoras de culturas agrícolas podem provocar sérios prejuízos econômicos, podendo significar a inviabilidade da atividade. 1.4. O DECLÍNIO DAS ABELHAS DO GÊNERO Bombus É amplamente aceito pela comunidade científica o desaparecimento de várias espécies de abelhas do gênero Bombus e que outras estão claramente em risco. A abundância e a diversidade dessas abelhas estão agora declinando (Biesmeijer et al., 2006; Olroyd, 2007, Potts et al, 2015). As mudanças no uso da terra, principalmente após a segunda metade do século 20, causaram uma severa perda de habitat e criaram importantes fatores limitantes para as populações de abelhas, especialmente para as abelhas do gênero Bombus, que são abelhas de grande porte e necessitam de mais recursos florais durante toda sua vida (Goulson, 2003; FAO, 2006). As abelhas Bombus são conhecidas popularmente como mamangavas de chão, apresentam importância vital para a polinização natural das plantas silvestres, sendo também amplamente utilizadas na polinização agrícola (Velthuis & Doorn, 2006). Entretanto essas abelhas estão desaparecendo muito rapidamente, existindo um consenso de que o declínio no número e diversidade de abelhas Bombus está ligado com a intensificação da pecuária e de práticas agrícolas (Williams, 1986; Osborne & Corbet, 1994; Goulson, 2003). Em boa parte da Europa algumas espécies de Bombus foram extintas e muitas outras estão declinando dramaticamente (Biesmeijer et al. 2006), principalmente após 1950. Durante a segunda metade do século XX (1951 - 2000), quatro espécies desse gênero se tornaram extintas em onze países europeus (B. armeniacus, B. cullumanus, B. serrisquama e B. sidemii) (Kosior et al, 2007), no Reino Unido três de vinte e cinco espécies de Bombus foram extintas, e oito já apresentam um grande declínio em abundância (UK Biodiversity Group, 1998; Goulson, 2003). Na Holanda, Kosior et al. (2007) encontrou que o tamanho populacional de seis espécies não apresenta muita preocupação (Bombus hortorum, B. hypnorum, B. lapidarius, B. pascuorum, B. pratorum e B. terrestris), mas a mesma pesquisa descreveu a extinção de quarto espécies (Bombus confusus, B. pomorum, B. cullumanus e B. sylvarum), e alertou sobre três espécies que estão criticamente em perigo (Bombus 32 distinguendus, B. ruderatus e B. subterraneus) e seis espécies que estão correndo risco de extinção (Bombus soroeensis, B. veteranus, Bombus humilis, B. jonellus, B. muscorum e B. ruderarius). As consequências do uso intensivo da terra não é um tópico novo porém, muito importante. Ele afeta a disponibilidade de alimento, néctar e pólen, e a preferência por determinada espécie vegetal, que têm sido sugeridas como fatores chaves associados com o declínio das abelhas Bombus (Rasmont, 1988, Goulson & Darvill 2004, Goulson et al., 2005, Kleijn & Raemakers, 2008). Provavelmente as abelhas desse gênero no Brasil estão sofrendo esses mesmos impactos, entretanto estudos com as espécies de Bombus que ocorrem no território brasileiro ainda são muito escassos, existindo muito pouco a respeito da espécie Bombus brevivillus, por exemplo. Une-se a tudo isso o fato das abelhas mamangava de chão que ocorrem no Brasil, apresentam um comportamento e os ninhos dessas espécies nativas são constantemente destruídos pela população (Garófalo, 1980). A importância mundial dessas abelhas na polinização de culturas agrícolas é inegável e, para evitar a importação de espécies exóticas, ideia essa que certamente possui vários adeptos, é preciso estudar as espécies que aqui existem, pois seguramente, entre elas, serão encontrados polinizadores competentes para muitas de nossas culturas. 1.5 PERSPECTIVAS PARA O USO DE ABELHAS NATIVAS DO GÊNERO Bombus EM PROGRAMAS DE POLINIZAÇÃO AGRÍCOLA Com o crescimento dessa forma de agricultura em ambientes fechados e a ascensão desse tipo de cultivo no Brasil, o uso das abelhas Bombus na polinização de hortaliças no interior das casas de vegetação seria uma ótima ferramenta para um incremento na produtividade. Porém, a importação de colônias para essa finalidade, só é vista com bons olhos pelos agricultores que tanto buscam a possibilidade do uso dessas abelhas exóticas nos seus cultivos, mas a introdução de espécies exóticas pode causar severos impactos ambientais e o governo brasileiro proíbe esta prática comercial (Goulson, 2003; Saraiva et al., 2012). Existe no Brasil seis espécie desse gênero, todas pertencentes ao subgênero Thoracobombus: Bombus atratus Franklin, 1913, B. bellicosus Smith, 1879, B. 33 brasiliensis Lepeletier, 1836, B. brevivillus Franklin, 1913, B. morio Swederus, 1787 e B. transversalis Olivier, 1789 (Moure & Sakagami, 1962), e sem dúvida, entre elas, poderão ser achados polinizadores eficientes para muitas de nossas culturas agrícolas brasileiras. O fato de seus ninhos serem constantemente destruídos (Garófalo, 1980) torna cada vez mais difícil encontrá-los na mata e, juntamente com um comportamento bastante agressivo dessas abelhas, torna-se muito difícil o desenvolvimento de pesquisas que contribuam para a utilização dessas abelhas nativas na polinização de culturas agrícolas. Benavides (2008) estudou o estabelecimento de colônias de Bombus morio em condições de cativeiro e através de cruzamentos em laboratório, foi possível induzir a ovoposição das rainhas entretanto, a continuação e o pleno desenvolvimento dessas colônias não foram alcançados. As pesquisas com abelhas nativas do gênero Bombus ainda são muitos escassas, as espécies B. atratus e B. morio foram as mais estudadas até o momento, pesquisas a respeito de B. transversalis e B. brasiliensis são ainda em pequeno número, enquanto que para B. bellicosus e B. brevivillus, praticamente nada é conhecido. Dessa forma, é de extrema importância o desenvolvimento de pesquisas que possam contribuir para obter informações complementares sobre essas abelhas para, posteriormente, desenvolver técnicas de manejo que permitam a criação e a utilização dessas abelhas nativas na polinização de culturas agrícolas, principalmente em ambiente protegido e na sua introdução em ambientes onde as mesmas vem sofrendo uma diminuição na sua população. Com os avanços de pesquisas nessa área, num futuro bem próximo, a comprovação da eficiência das abelhas nativas irá, além de contribuir para uma agricultura mais sustentável e mais produtiva, favorecer a preservação das espécies de Bombus nativas do território brasileiro. 1.6. COMPORTAMENTO DAS ABELHAS DO GÊNERO Bombus NA FORMAÇÃO E NO DESENVOLVIMENTO DA COLÔNIA Abelhas do gênero Bombus é um grupo eusocial primitivo, que apresenta cuidado com a prole e divisão do trabalho no interior da colônia (Michener, 1974). Inicialmente a colônia é formada a partir da rainha (fase de vida solitária), durante essa 34 fase a rainha faz todo o trabalho, tanto de coleta de alimento, construção dos potes e casulos e cuidado com as crias (Goulson, 2003). Quando as primeiras operárias filhas dessa rainha começam a emergir, a rainha cessa os trabalhos externos e passa a assumir apenas a função reprodutiva no interior da colônia, enquanto que as operárias assumem todos os trabalhos internos e externos de forrageamento inerentes à manutenção da colônia (Heinrich, 2000). Os machos possuem apenas a função reprodutiva e as operárias, assim como na maioria das espécies de abelhas eussociais, podem realizar postura a partir do desenvolvimento ovariano, originando apenas machos, as operárias e as potenciais rainhas só podem ser produzidas a partir da postura da rainha. No momento que os primeiros machos e as novas rainhas começam a emergir, se inicia um conflito dentro da colônia, este momento é conhecido como a seleção de parentesco ou ‘kin-selected conflict’ (Hamilton, 1964). Valores individuais entre um indivíduo e outro dentro da colônia, varia de acordo com a suas relações genéticas. Assim, de acordo com essas diferenças nas relações genéticas, começa o conflito entre grupos, onde diferentes partes são desigualmente relacionadas com as crias (Trivers & Hare, 1976; Ratnieks & Reeve, 1992). Em insetos sociais que são iniciados por uma rainha fundadora, como acontece no gênero Bombus, as rainhas são mais proximamente relacionadas com seus próprios filhos do que com os filhos das operárias, em contrapartida, operárias são mais próximas dos seus filhos e filhos de outras operárias do que com os filhos da rainha. A teoria da seleção de parentesco prevê conflitos entre a porcentagem de machos, com as rainhas favorecendo os machos produzidos por ela e as operárias favorecendo o aparecimento dos machos produzidos pelas próprias operárias (Hamilton, 1964; Trivers & Hare, 1976). Em Bombus terrestris operárias com ovários ativados em colônias maduras tentam trocar os ovos das rainhas e de outras operárias pelos seus próprios ovos e iniciam os ataques contra a rainha (Van Honk et al., 1981; Van der Blom, 1986), estudos sugerem que esse comportamento é uma expressão do conflito na seleção do parentesco (Bourke & Ratnieks, 2001). Esse momento de postura de ovos haploides pelas operárias é conhecido como ‘competition point’ (Duchateau & Velthuis 1988). Existe a hipótese de que isso acontece por causa da redução do feromônio da rainha que é detectado pelas operárias. 35 A partir desse sinal as operárias reconhecem que aquela rainha não representa mais um recurso reprodutivo futuro de irmãs completas, daí que a postura de ovos de machos é agora a sua seleção de parentesco que interessa (Cnaani, et al., 2000; Bourke & Ratnieks, 2001). A partir desse ponto e após os indivíduos reprodutivos (machos e novas rainhas) começarem a emergir, a colônia apresenta alta taxa de mortalidade das operárias, dando início a parte final do ciclo reprodutivo de abelhas desse gênero. Com a redução no número de operárias, o alimento começa a ficar escasso e, consequentemente, a rainha fundadora morre, nesse momento, que em clima temperado coincide com o início da época invernosa, os sexuados já abandonaram a colônia, que enfraquece bastante, ficando mais susceptível a ataques de inimigos e parasitas, ocasionando a extinção total da colônia ao final do ciclo reprodutivo (Alford, 1975). Entretanto, em climas tropicais, de acordo com Sakagami et al. (1967) e Garófalo et al. (1986) após a morte da rainha fundadora, novas rainhas permanecem no ninho, e após a cópula, reativam o ninho mãe, como foi descrito para a espécie Neotropical Bombus atratus. 1.7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AIZEN, M. A. & HARDER, L. D. The global stock of domesticated honey bees is growing slower than agricultural demand for pollination. Current Biology, London, v. 19, p. 915-918, 2009. ALFORD, D.V. Bublebees. London: Davis – Poynter, 1975. 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Dessa forma eu apresento a hipótese de que espécies de abelhas de grande porte se tornaram menores ao longo do século passado, mas as espécies de abelhas de menor porte não. Nós testamos essa hipótese através da mensuração do tamanho corporal (distância inter-tegular – DIT) de 4.510 espécimes de abelhas divididos em 18 espécies diferentes e coletadas na Holanda ao longo de um período de tempo de 149 anos. Nós usamos um Modelo Linear Misto (LMMs) para examinar se o tamanho corporal reduziu mais fortemente em abelhas de grande porte do que em espécies de abelhas de pequeno porte. Nós também analisamos se essas possíveis tendências no tamanho corporal das abelhas foram influenciadas pelas mudanças de temperatura ao logo de todos esses anos. Os resultados mostraram que, desde 1866 as 18 espécies de abelhas investigadas apresentaram um declínio no seu tamanho corporal de 4,9% para ambos os sexos. O tamanho corporal de fêmeas declinou significativamente durante os aproximadamente 150 anos do período de estudo, e fêmeas de grande porte mostraram um declínio corporal mais pronunciado do que fêmeas de pequeno porte. Entre 1866 e 2013, o declínio predito no DIT foi 2.3% e 7,8% para fêmeas com Tamanho Corporal Inicial de 1,7 e 6,0 mm respectivamente. Machos similarmente mostraram um declínio no tamanho corporal de 2,7% desde 1866, com tendências semelhantes no tamanho corporal para machos de grande e pequeno porte. A temperatura não teve nenhuma relação mensurável com o tamanho corporal das abelhas. Palavras-chave: Tamanho corporal das abelhas, mudanças climáticas, abelhas de grande porte, Bombus. 50 The decrease in body size as indicative of bee population decline Abstract - Many wild bees are declining in Europe. Land use changes over the past century have drastically reduced natural food sources for bees which has particularly affected large-bodied bees that require more pollen and nectar for maintenance and reproduction than small-bodied bee species. As environmental pressures such as reduced food availability may lead to morphological adaptations in bees, notably body size, we hypothesized that large-bodied bee species have become smaller over the past century but small-bodied bee species have not. We test this hypothesis by measuring body sizes of 4,510 bee specimens from 18 bee species collected in the Netherlands over a time period of 149 years. We used Linear Mixed Models (LMMs) to examine whether body size decreased more strongly in large-bodied bees than in small-bodied bees, and analyzed whether possible trends in bee body size were influenced by changes in temperature over the time. Our results showed that, since 1866 the 18 investigated bee species showed overall decline in body size of 4.9 per cent for both sexes. Female body size declined significantly during the approximately 150-year study period and large-bodied females showed a more pronounced decline in body size than small-bodied females. Between 1866 and 2013, the predicted decline in ITD was 2.3% and 7.8% for females with an Initial Body Size of 1.7 and 6 mm respectively. Male bees similarly showed an overall 2.7% decline in body size since 1866, with similar trends in body size of large and small-bodied bees. Temperature did not have any measurable relationship with bee body size. Key-words: Bee body size, climatic changes, big bodies bees, Bombus. 51 2.1 INTRODUÇÃO As abelhas são funcionalmente importantes em ecossistemas naturais e em áreas agrícolas. Esse tão importante grupo de animais é responsável pela biodiversidade vegetal e pela produção de alimentos através de seus serviços de polinização (Kevan & Philips, 2001; Klein et al., 2007; Ollerton et al., 2011), porém tanto abelhas nativas como abelhas melíferas (Apis mellifera) estão agora declinando. Algumas espécies estão se tornando extintas e muitas outras estão sofrendo um grande risco de extinção (Biesmeijer et al., 2006; Olroyd, 2007), e isso está inspirando várias pesquisas ao redor do mundo para examinar tanto as causas, como as consequências desse declínio. Como resultado, evidências foram se acumulando de que a redução na população de abelhas está diretamente ligada a vários fatores, como a destruição do seu habitat natural, a intensificação da agropecuária, o uso indiscriminado de agrotóxicos, a ação de patógenos e também devido às mudanças climáticas ao longo dos anos (Potts et al., 2010). Está também se tornando significantemente claro que o declínio local e regional desse importante grupo de polinizadores tem consequências negativas para os serviços de polinização que ele realiza (Kremen et al., 2002; Bommarco et al., 2012; Deguines et al., 2014). Pouco se sabe sobre como as abelhas se adaptam fenotipicamente ou evolutivamente a essas mudanças no seu ambiente natural. Alguns indivíduos, através de modificações em seu comportamento, morfologia ou fisiologia, conseguem se adaptar às consequências negativas das alterações das condições ambientais (Hughes, 2000), além disso, estudos recentes mostram que, mudanças nas condições ambientais podem levar a alterações genéticas hereditárias em populações de animais em um curto espaço de tempo (Bradshaw & Holzapfel 2006; Agrawal et al., 2012). Nas abelhas, o tamanho corporal pode ser uma das primeiras características a ser afetada por essas mudanças ambientais. O tamanho do corpo das abelhas está intimamente ligado com a sua amplitude de voo e com sua mobilidade durante o forrageamento (Greenleaf et al., 2007) e, consequentemente, ao acesso aos recursos florais que cada abelha necessita para si e para os seus descendentes. Dessa forma, o tamanho corporal da progênie depende da quantidade de pólen e néctar que cada abelha 52 mãe provisiona, onde um melhor provisionamento resultará em descendentes maiores (Klostermeyer et al., 1973; Bosch & Vicens, 2002). Entretanto, abelhas maiores também necessitam de maiores quantidades de pólen e néctar para sua manutenção e para reprodução (Muller et al., 2006). Quando o recurso floral viável se torna progressivamente escasso em espaço e tempo, que é o que está acontecendo atualmente, abelhas menores, de menor porte podem apresentar uma maior habilidade de completar seu ciclo de vida do que abelhas de grande porte. Estudos recentes em diferentes continentes mostram que durante o século passado, espécies de grande porte estão declinando mais rapidamente do que espécies de menor porte (Bartomeus et al., 2013; Scheper et al., 2014). Isso sugere que, sob as condições atuais, uma maior mobilidade e/ou amplitude no forrageamento, já não está compensando maiores demandas de recursos e que, para abelhas de grande porte, mas não para as de pequeno porte, existe uma pressão seletiva para que essas se tornem menores. Assim foi criada a hipótese de que durante o século passado, espécies de abelhas com maior tamanho corporal estavam se tornando menores ao longo do tempo, mas espécies de abelhas de menor tamanho corporal não. Essa hipótese foi testada mensurando em coleções entomológicas o tamanho corporal de mais de 4.500 espécimes de 18 espécies diferentes, todos os indivíduos foram coletados na Holanda durante um período de tempo de 149 anos. A Holanda é particularmente apropriada para esse tipo de pesquisa, pois possui extensas áreas destinadas à agropecuária que servem com habitat para a maioria das espécies de abelhas, e porque, ao longo do período de estudo, essas áreas vem gradualmente mudando e se tornando cada vez menos adequada para as abelhas (Kosior et al., 2007; Scheper et al., 2014). Durante esse período as abelhas têm sido coletadas por entomologistas, o que torna possível traçar mudanças no seu tamanho corporal. Por conta das abelhas apresentarem geralmente um visível dimorfismo sexual no tamanho, com as fêmeas sendo significativamente maiores do que os machos, nós investigamos se essa hipotética relação é a mesma em abelhas macho e fêmea. 53 Finalmente, devido às mudanças climáticas afetarem tanto as oportunidades de forrageamento (número dos dias que são quentes e secos e assim, mais apropriados para a coleta de pólen e néctar) quanto o desenvolvimento larval (Radmachar & Strohm, 2009) também avaliou-se se as possíveis tendências e alterações no tamanho corporal das abelhas foram influenciadas pelas mudanças de temperatura ao longo do tempo. 2.2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.2.1. Amostragem das abelhas e coleções entomológicas Usou-se nesta pesquisa a distância intertegular (DIT) para avaliar o tamanho corporal das abelhas. A DIT representa a distância entre as duas inserções das asas e se apresenta como uma excelente estimativa para avaliar essa característica (Cane, 1987). Assim, mensurou-se o DIT (mm) de espécimes de abelhas das coleções entomológicas do Museu de História Natural (Naturalis Biodiversity Center) em Leiden, na Holanda (Figura 1). Lá as abelhas são muito bem representadas, e para algumas espécies, as mensurações do tamanho corporal foram possíveis usando antigos exemplares na extensa coleção desse museu, alguns espécimes datam a partir de 1866. Figura 1. Coleção entomológica do Museu de História Natural (Naturalis Biodiversity Center) na província de Leiden, Holanda. As mensurações foram realizadas em abelhas de grande e pequeno porte, utilizando um total de 18 espécies, divididas em 7 diferentes gêneros: Andrena (A. barbilabris, A. bicolor, A. nitida), Anthophora (A. plumipes, A. retusa), Bombus (B. pascuorum, B. pratorum, B. terrestris), Halictus (H. rubicundus, H. tumulorum), Lasioglossum (L. leucozonium, L. calceatum, L. villosulum), Megachile (M. 54 centuncularis, M. leachella, M. maritima) e Osmia (O. caerulescens, O. rufa), que são as espécies mais bem representadas na coleção. Para as espécies do gênero Bombus, usou-se apenas rainhas e machos. Para os gêneros com duas espécies amostradas nós selecionamos uma de grande porte e outra de pequeno porte e dentro dos gêneros com três espécies amostradas foi selecionada uma espécie pequena, uma espécie com tamanho intermediário e outra de grande porte (Figura 2). Foram mensurados 4.510 espécimes, em média 131 fêmeas e 120 machos por espécie (Tabela 1). E para garantir igual distribuição entre as amostras ao longo de todo período do estudo, foram definidos os seguintes intervalos: antes de 1900, 1900-1919, 1920-1939, 1940-1959, 1960-1979, 1980-1999, após 2000. Buscou-se a amostragem de 20 indivíduos para cada sexo e espécie em cada intervalo de tempo. Tabela 1: Espécies utilizadas na pesquisa, número de indivíduos amostrados para cada espécie e sexo, faixa em anos e tamanho médio (mm) das abelhas, coletadas na Holanda a partir de 1866 e presentes nas coleções entomológicas do Museu de História Natural (Naturalis Biodiversity Center) em Leiden. Indivíduos Tamanho médio Faixa em anos amostrados (mm) Porte Espécies Fêmea Macho Fêmea Macho Fêmea Macho Int Andrena barbilabris 140 140 1877 - 2010 1884 - 2007 2,28 1,71 Peq Andrena bicolor 140 110 1876 - 2007 1873 - 2002 1,65 1,25 Grd Andrena nitida 135 134 1900 - 2009 1870 - 2009 2,96 2,19 Grd Anthophora plumipes 115 94 1879 - 2009 1879 - 2003 4,55 4,34 Peq Anthophora retusa 117 136 1875 - 2001 1874 - 2001 3,79 3,61 Int Bombus pascuorum 151 164 1878 - 2006 1880 - 2000 4,84 3,89 Peq Bombus pratorum 136 165 1868 - 2005 1868 - 2005 4,73 3,51 Grd Bombus terrestris 126 111 1867 - 2007 1879 - 2003 5,48 3,85 Grd Halictus rubicundus 142 113 1872 - 2002 1866 - 2001 2,05 1,72 Peq Halictus tumulorum 119 110 1874 - 2012 1874 - 2001 1,10 1,00 Grd Lasioglossum calceatum 139 120 1866 - 2012 1866 - 2002 1,77 1,65 Int Lasioglossum leucozonium 128 113 1866 - 2008 1867 - 2013 1,92 1,56 Peq Lasioglossum villosulum 116 74 1868 - 2002 1878 - 2000 1,38 1,17 Int Megachile centuncularis 127 116 1868 - 2004 1879 - 2000 2,96 2,69 Peq Megachile leachella 122 95 1869 - 2013 1869 - 2006 2,84 2,49 Grd Megachile maritima 122 108 1871 - 2002 1871 - 2006 3,35 3,29 Peq Osmia caerulescens 138 118 1871 - 2002 1869 - 2002 1,98 1,67 Grd Osmia rufa 138 138 1869 - 2002 1866 - 2008 2,70 2,23 * Porte: Int: porte intermediário; Peq: pequeno porte; Gdr: grande porte. 55 Para quantificar as mudanças na temperatura durante todo o período de estudo, nós calculamos, para cada ano, a temperatura média diária durante os períodos de voo de cada espécie, para machos e fêmeas separadamente. Foi usada a base de dados da distribuição nacional das abelhas da Holanda (Reemer et al., 2012) e baseado nas gravações dessa base de dados, calculou-se o período de voo de cada espécie (Scheper et al., 2014). A temperatura média diária durante o período de voo das abelhas foi calculado usando a extensa coleção de dados meteorológicos (1901 – 2012) obtidos da estação climática De Bilt (Royal Netherlands Meteorological Institute) localizada na região central da Holanda. Não existem dados meteorológicos para o período anterior a 1901. Figura 2. Distância intertegular (DIT) que serviu para avaliar o tamanho corporal das abelhas e laboratório de coleta de dados do instituto Alterra na Universidade de Wageningen, Holanda. 56 2.2.2. Análises estatísticas Usou-se neste estudo o Modelo Linear Misto (LMMs) para examinar se o tamanho corporal diminuiu mais rapidamente em abelhas de grande porte do que em abelhas de pequeno porte. O ‘DIT’, a nossa variável usada para o tamanho corporal foi transformada em logaritmo (Log10) para reduzir a heterogeneidade do erro. Além disso, incluiu-se a espécie como fator aleatório, que representa potencial dependência das tendências e características entre espécies de abelhas tão estreitamente relacionadas (Bartomeus et al., 2013). Não foi usada a regressão filogenética, pois dados sobre análises filogenéticas ainda são controversos (Westoby et al., 1995; Hedtke et al., 2013). Uma análise inicial foi feita incluindo os fatores fixos ‘Tamanho Inicial’, ‘Ano’, ‘Sexo’, bem como todas as duplas e triplas interações. O Tamanho Inicial foi definido como o DIT médio (Distância Intertegular) de abelhas coletadas antes de 1900 (18661899). Embora nós geralmente possuirmos a exata informação do dia de captura da maior parte dos espécimes, usou-se apenas o ano da captura nas análises. Essa análise inicial mostrou que abelhas fêmeas e machos apresentam a mesma tendência no tamanho corporal ao longo dos anos, existindo evidências de que a relação entre o Tamanho Corporal mensurado e o Tamanho Inicial diferiram entre os sexos (interação Tamanho Inicial*Sexo, F1,4418.9 = 267,77, P<0,001). Diante desta diferença optou-se por realizar análises separadas para machos e fêmeas. Esses LMMs incluíram Tamanho Inicial, Ano e suas interações como termos fixos. Nessas análises a significância estatística das interações negativas entre o Tamanho Inicial e o Ano foi interpretada como suporte para as hipóteses levantadas. Por causa dos dados de temperatura estarem disponíveis apenas a partir de 1901 escolheu-se fazer uma segunda análise que incluiu a temperatura média durante o período de voo do ano anterior ao da captura de cada indivíduo. O motivo de se usar a temperatura média durante o período de voo do ano anterior, é que espécies de abelhas de clima temperado hibernam como pré-pupa ou adultos e emergem de suas células de crias no ano seguinte ao da ovoposição. Novamente, análises separadas foram feitas para machos e fêmeas e LMMs foram usados para relacionar o tamanho corporal das abelhas com Tamanho Inicial, Ano, Temperatura no ano anterior às mensurações e todas as interações. Aqui, a 57 significância estatística da interação entre Tamanho Corporal e Temperatura foi usada como um indicador de que a temperatura afeta tendências no tamanho corporal das abelhas (DIT). Todos os modelos foram examinados utilizando ferramentas do programa estatístico GenStat (Payne et al., 2002). 2.2.2.1. Análise do declínio no tamanho corporal de abelhas do gênero Bombus Para analisar o declínio no tamanho corporal das espécies do gênero Bombus separadamente, procedeu-se uma Análise de Variância (ANOVA) utilizando o programa estatístico PAST versão 2.02, com os dados comparados à posteriori pelo teste de múltipla comparação de Tukey-Kramer. Nessa análise também utilizou-se dados sobre o tamanho corporal de operárias. Sendo assim, para mensurações do tamanho corporal de abelhas do gênero Bombus, nosso objeto principal dessa tese, coletamos dados da Distância Intertegular (DIT) de 1,293 espécimes, entre operárias, fêmeas (novas rainhas) e machos, e divididos em três espécies diferentes Bombus pascuorum, Bombus pratorum e Bombus terrestris, entre o período de tempo de 1867 a 2007. 2.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Existe uma forte relação entre o tamanho corporal das abelhas e o processo de polinização natural e agrícola, e muitos estudos sugerem vantagens para abelhas de grande porte na eficiência do forrageamento (Klostermeyer et al., 1973; Pyke, 1978; Torchio & Tepedino, 1980). Entretanto, de acordo com os resultados, desde 1866 as 18 espécies de abelhas estudadas mostraram um declínio no tamanho corporal para ambus os sexos (Figura 3), essa redução média de tamanho foi de 4,9%. 58 Figura 3. Predições da primeira análise (transformadas em valores originais) do tamanho corporal de todas as 18 espécies de abelhas (Distância Intertegular), coletadas na Holanda durante o período entre 1866 a 2013. Tamanho corporal (DIT em mm) 4.6 4.5 4.4 4.3 4.2 Tamanho corporal das abelhas 4.1 4 3.9 3.8 3.7 1860 1880 1900 1920 1940 1960 1980 2000 2020 Ano Tabela 2. Resultados do Modelo Linear Misto (LMMs) testando a relação entre o Tamanho Inicial, Ano e Sexo e todas as interações com o Tamanho Corporal (DIT) das espécies de abelhas utilizadas na pesquisa. Espécie e gênero foram incluídos como um termo aleatório no modelo. n.g.l. numerador graus de liberdade, d.g.l denominador graus de liberdade. Termos Fixos Tamanho Inicial Ano Sexo Tamanho Inicial*Sexo Tamanho inicial*Ano Ano*Sexo Tamanho Inicial*Ano*Sexo n.d.f 1 1 1 1 1 1 1 d.d.f. 3853,5 4485,1 4287,1 4418,9 4485,2 4484,9 4485,3 F estatístico 4943,46 57,54 456,23 267,77 5,28 0,00 0,07 P <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 0,022 0,987 0,78 Fêmeas foram em média 19,7% (s.e. = 2,85%, n = 18) maiores do que os machos (F1,4287,1 = 456.23, P<0.001) e a análise sexo-específica mostrou que o tamanho corporal de fêmeas declinou significativamente durante aproximadamente 150 anos do período do estudo (F1, 2332.2 = 40,30, P<0,001, Tabela 3). Porém as fêmeas de grande porte tiveram um declínio mais pronunciado no seu tamanho corporal do que fêmeas de pequeno porte (Figura 4). Entre 1866 e 2012, em média para todas as espécies, o declínio predito na “DIT” foi de 2,3% e 7,8% para fêmeas com um Tamanho Inicial de 1,7 e 6,0 mm respectivamente. 59 Machos similarmente mostraram um declínio total de 2,7% no seu tamanho corporal desde 1866 (F1,2138.7 = 12,20, P<0,001), entretanto, diferentemente das fêmeas, machos com grande e pequeno porte não tiveram diferença significativa e apresentaram tendência semelhante no declínio do tamanho corporal (interação Tamanho Inicial*Ano: F1, 2339,3 = 0,00, P = 0,986, Figura 4). Figura 4. Predições da segunda análise (transformadas em valores originais) do tamanho corporal (Distância Intertegular), de fêmeas de grande e pequeno porte e machos de grande e pequeno porte separadamente, na Holanda durante o período entre 1866 a 2013. Tamanho corporal (ITD em mm) 9 8 7 6 Fêmea pequena Fêmea grande Macho pequeno Macho grande 5 4 3 2 1 0 1860 1880 1900 1920 1940 1960 1980 2000 2020 Ano Tabela 3. Resultados do Modelo Linear Misto (LMMs) testando a relação entre o Tamanho Inicial, Ano e suas interações com o tamanho corporal de fêmeas e machos separadamente. Espécie e gênero foram incluídos como um termo aleatório no modelo. n.g.l. numerador graus de liberdade, d.g.l denominador graus de liberdade. Termos fixos Fêmeas Tamanho Inicial Ano Tamanho Inicial*Ano Machos Tamanho Inicial Ano Tamanho Inicial*Ano n.d.f. d.d.f. F estatístico P 1 1 1 6,2 2332,2 2332,2 233,75 40,30 7,51 <0,001 <0,001 0,006 1 1 1 4,2 2138,7 2139,3 479,51 12,20 0,00 <0,001 <0,001 0,986 Mudanças no tamanho corporal das abelhas, principalmente em espécies maiores, como mostram os resultados, podem interferir na relação das abelhas com as 60 flores. Espécies maiores de abelhas que possuem grande porte e um grande tamanho corporal, em especial para as fêmeas, que são maiores e coletam mais recursos (néctar e pólen) apresentam um maior requerimento de alimento do que espécies menores, mas com o passar das últimas décadas o homem vem interferindo bastante no meio ambiente, e áreas que antes serviam como habitat natural para as abelhas agora estão sendo destruídas. Mudanças no uso da terra, extensas áreas destinadas à pecuária e a intensificação agrícola são consideradas as principais causas da perda da diversidade de abelhas selvagens. Essas mudanças ambientais causaram e ainda estão causando uma drástica redução dos recursos florais disponíveis, interferindo na amplitude da dieta, na coleta de pólen e na preferência floral das espécies de abelhas e provocando mudanças em tendências e traços populacionais como o tamanho corporal, por exemplo (Foley et al., 2005; Green et al., 2005; FAO, 2006; Potts et al., 2010; Winfree et al., 2011). Muitas pesquisas atribuem uma alta eficiência de forrageamento para fêmeas de grande porte. Essas fêmeas podem coletar uma maior quantidade de pólen e néctar, visitar mais flores por unidade de tempo e podem voar longas distâncias em busca de alimento (Pyke, 1978; Gathmann et al., 1994; Strohm & Linsenmair, 1997; Tomkins et al., 2001; Pereboom & Biesmeijer, 2003). Essas abelhas estão diretamente relacionadas com a reprodução vegetal e com a produção agrícola, porém por causa de todas essas mudanças ambientais as abelhas maiores provavelmente estão sofrendo uma pressão seletiva para que se tornem menores. De acordo com nossas predições, as fêmeas maiores estão se tornando menores, mais do que as fêmeas menores, reforçando um recente estudo na Holanda, que demonstrou que espécies de abelhas de grande porte estão sofrendo um forte declínio, maior do que abelhas menores, durante o século passado (Scheper & Kleijn, 2014), o mesmo padrão foi encontrado nos EUA (Bartomeus et al., 2013). Fêmeas necessitam de maiores provisionamentos de alimento do que os machos (Maddocks & Paulus, 1987; Strohm, 2000; Strohm et al., 2002), e por causa do seu grande requerimento de pólen, espécies maiores são mais susceptíveis às mudanças no uso da terra e às mudanças climáticas (Bartomeus, et al., 2013; Larsen et al., 2005; Müller et al., 2006). 61 Em abelhas solitárias o tamanho corporal pode ser influenciado pela quantidade da provisão larval, a qualidade das provisões e temperatura durante o desenvolvimento (Klostermeyer et al., 1973; Bosch & Vicens, 2002), mas a temperatura durante o desenvolvimento é provavelmente o mais importante fator para determinar o tamanho corporal (Radmacher & Strohm, 2009; Atkinson, 1994). Devido às mudanças climáticas, a temperatura média durante o período do ano em que as abelhas estão ativas e voando (primavera e verão) tem aumentado significativamente ao longo do século passado na Holanda (Scheper et al., 2014) (Figura 5). Existem duas possíveis explicações para o efeito da temperatura sobre as abelhas. Primeiro, é um indicador para o número de dias quentes e ensolarados em regiões de clima temperado, os quais exercem grande influência no forrageamento das abelhas e no aprovisionamento de alimento para suas crias ou colônias. Melhores aprovisionamentos geralmente resultam em crias maiores (Klostermeyer et al., 1973, Bosch & Vicens, 2002). Uma segunda explicação é que, altas temperaturas durante o desenvolvimento larval têm sido relatadas negativamente com relação ao tamanho corporal das abelhas (Radmacher & Strohm 2009). Figura 5. Temperatura média (Celsius) durante o período de voo das 18 espécies de abelhas de pequeno e grande porte utilizadas na pesquisa e coletadas na Holanda, durante o período entre 1866 a 2013. 20 Temperatura (Celsius) 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 1900 1920 1940 1960 Ano 1980 2000 62 De acordo com Atkinson (1994) e Radmacher & Strohm (2009) baixas temperaturas durante o desenvolvimento resultam em maiores abelhas adultas e o peso do casulo contendo a cria diminui significativamente com o acréscimo na temperatura. Nesta pesquisa a temperatura média durante o período de voo das abelhas aumentou ao longo do tempo (Figura 5). Entretanto, incorporar a temperatura média durante o período de voo do ano anterior de cada mensuração não alterou os resultados (Tabela 4). A temperatura não teve nenhuma relação mensurável com o tamanho corporal das abelhas estudadas. Em fêmeas, com a incorporação da Temperatura nas análises, a diferença na resposta entre abelhas de pequeno e grande porte manteve-se como indicado pela alta significância da interação Ano*Tamanho Inicial (Tabela 3). Em machos essa interação se manteve não significante indicando similar tendência no tamanho corporal de abelhas de pequeno e grande porte. Tabela 4. Resultados do Modelo Linear Misto (LMMs) testando a relação entre o Tamanho Inicial, Ano e Temperatura e todas as interações com o tamanho corporal das abelhas. Espécie e gênero foram incluídos como um termo aleatório no modelo. n.g.l. numerador graus de liberdade, d.g.l denominador graus de liberdade. Termos fixos n.d.f Fêmeas Tamanho Inicial 1 Ano 1 Temperatura 1 Ano*Temperatura 1 Tamanho Inicial *Ano 1 Tamanho Inicial*Temperatura 1 Tamanho Inicial*Ano*Temperatura 1 Machos Tamanho Inicial 1 Ano 1 Temperatura 1 Ano*Temperatura 1 Tamanho Inicial*Ano 1 Tamanho Inicial*Temperatura 1 Tamanho Inicial*Ano*Temperatura 1 d.d.f. F estatístico P 6,0 2050,4 1885,5 2045,4 2051,1 2023,3 2044,2 230,46 27,05 0,6 2,1 11,82 0,7 0,72 <0,001 <0,001 0,437 0,147 <0,001 0,404 0,396 3,7 1843,4 640,1 1899,2 1874,5 935,1 1899,6 448,06 5,85 0,31 5,7 1,61 1,9 2,52 <0,001 0,016 0,58 0,017 0,204 0,169 0,113 2.3.1. Declínio no tamanho corporal de abelhas do gênero Bombus Das três espécies de Bombus analisadas, B. pratorum não apresentou reduções significativas no tamanho corporal porém, a outras duas espécies, B. pascuorum e B. 63 terrestris apresentaram reduções significativas no tamanho corporal. Abelhas da espécie B. pascuorum tiveram um declínio corporal ao longo do tempo extremamente significativo (p<0,0001) para todas as castas (Figura 6). Tamanho corporal (mm) Figura 6. Valores originais do Tamanho Corporal (DIT em mm) de operárias, fêmeas (novas rainhas) e machos da espécie B. pascuorum coletados na Holanda entre os anos de 1867 a 2007. 4.5 4 3.5 Operárias 3 2.5 2 Tamanho corporal (mm) 1880 1920 1940 1960 1980 2000 2013 Ano 5.6 5.4 5.2 5 4.8 4.6 4.4 4.2 4 Fêmeas Tamanho corporal (mm) 1880 1920 1940 1960 1980 2000 2013 Ano 4.4 4.3 4.2 4.1 4 3.9 3.8 3.7 3.6 3.5 3.4 Machos 1880 1920 1940 1960 1980 2000 2013 Ano 64 A redução corporal da espécie B. pratorum não foi significante, porém o mesmo não aconteceu com a espécie B. terrestris, que apresentou um declínio no tamanho corporal semelhante ao da espécie B. pascuorum (Figura 7). Abelhas desse gênero são extremamente importantes, tanto na manutenção da biodiversidade, como na polinização natural que ocorre em áreas agrícolas (Velthuis & Doorn, 2006). Elas são consideradas polinizadores bastante efetivos, justamente devido ao seu grande tamanho corporal são também polinizadores específicos de diversas culturas como o tomate (Solanum lycopersicum) e o pimentão (Capscum annuum), por exemplo, que possuem anteras poricidas e são beneficiadas pelo comportamento vibratório (Buzz pollination) apresentado por esse tipo de abelhas. Todas as alterações ambientais causadas pelo homem estão causando severos efeitos negativos às populações de abelhas e estão interferindo em características e tendências importantes para a polinização como o tamanho corporal, por exemplo. 65 Tamanho corporal (mm) Figura 7. Valores originais do Tamanho Corporal (DIT em mm) de operárias, fêmeas (novas rainhas) e machos da espécie B. terrestris coletados na Holanda entre os anos de 1867 a 2007. 3.7 3.6 3.5 3.4 Operárias 3.3 3.2 3.1 Tamanho corporal (mm) 1880 1940 1960 Ano 1980 2000 2013 5.65 5.6 5.55 5.5 5.45 5.4 5.35 5.3 5.25 5.2 5.15 5.1 Fêmeas 1880 Tamanho corporal (mm) 1920 1920 1940 1960 Ano 1980 2000 2013 4.1 4.05 4 3.95 3.9 3.85 3.8 3.75 3.7 3.65 3.6 3.55 Machos 1880 1920 1940 1960 Ano 1980 2000 2013 66 Muitas pesquisas apontam o gênero Bombus como um dos mais afetados atualmente (Goulson, 2003; Biesmeijer et al., 2006; Kosior et al., 2007) e alterações em certas características específicas nessas abelhas de grande porte, como mostram os resultados desta pesquisa, servem como indicativo do declínio dessas abelhas e apontam para a urgente necessidade de buscarmos soluções para esses problemas que contribuam para a conservação das espécies de abelhas, bem como das espécies de polinizadores com um todo. 2.4. CONCLUSÕES De acordo com os resultados, conclui-se que, durante aproximadamente 150 anos do período de estudo as 18 espécies investigadas mostraram um declínio no tamanho corporal, e alterações nessa característica podem gerar severas implicações na relação abelha flor. A redução do tamanho corporal encontrada pode interferir na polinização natural que ocorre em áreas agrícolas, bem como na biodiversidade vegetal, uma vez que a relação entre abelhas e flores é altamente dependente e influenciado pelo tamanho corporal do polinizador. O acentuado declínio no tamanho corporal das fêmeas de grande porte pode ser passado para as próximas gerações e serve como indício da pressão seletiva sofrida pelas abelhas de maior porte. O gênero Bombus, devido ao grande porte das suas espécies, está sendo particularmente afetado pelas alterações ambientais, aumentando a necessidade e a importância de mais pesquisas sobre essas abelhas com o intuito de gerar novas informações individuais de cada espécie e, quem sabe, desenvolver um modelo de criatório racional para essas abelhas que permitam o seu manejo, sua utilização na polinização e na introdução das colônias em locais antes povoados por elas. 67 2.5. REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS AGRAWAL, ANURAG A.; HASTINGS, AMY P.; JOHNSON, MARC T. J.; MARON, J. L. & JUHA-PEKKA SALMINEN J. P. Insect Herbivores Drive Real-Time Ecological and Evolutionary Change in Plant Populations. Science, v. 338, n. 6103, p. 113-116, 2012. ATKINSON, D. Temperature and organism size - a biological law for ectotherms? Advances in Ecological Research, v. 25, p. 1–58, 1994. BARTOMEUS, I.; ASCHER, J.S.; GIBBS, J.; DANFORTH, B.; WAGNER, D.; HEDKE, S.H. & WINFREE, R. 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Quatro das sete colônias foram capturadas e transferidas para caixas de madeira que permitiam o seu criatório racional, com o objetivo de obter informações sobre os tipos polínicos utilizados, o padrão de forrageamento, coleta de recursos, a influência das variações climáticas nas atividades externas das operárias e sobre o desenvolvimento e estabelecimento das colônias em caixass racionais. Observações mostraram que B. brevivillus parece ser oportunista em relação aos locais de nidificação e proteção das crias e não investe muito na construção do ninho e na proteção da prole. Percebe-se que Bombus brevivillus investe bastante esforço na produção de novas crias e no desenvolvimento das colônias, antes da produção de indivíduos reprodutivos. Portanto, as colônias produzem um grande número de operárias, característica que pode ser útil para fins de polinização comercial. Dentre as plantas visitadas pelas operárias, as espécies Chamaecrista duckeana (Fabaceae Caesalpinioideae) e Tabebuia impetiginosa (Bignoniaceae) foram as mais representativas na dieta proteica das abelhas em condições naturais e sob criatório racional, respectivamente. Tanto o fluxo de abelhas quanto a coleta de pólen e néctar/água foram maiores nas primeiras horas do dia. As variações climáticas influenciaram as atividades externas das operárias, nas horas mais quentes elas diminuiram as atividades de forrageamento e a coleta de pólen e iniciavam o processo de termorregulação. Ao final do ciclo biológico uma das colônias foi reativada por uma rainha do mesmo ninho, mostrando que, ao contrário das espécies de clima temperado, B. brevivillus pode apresentar colônias perenes. Palavras-chave: Tamanho da colônia, características do ninho, padrão de forrageamento, coleta de recursos. 75 NESTING BIOLOGY AND RATIONAL BREEDING OF NATIVE SPECIE Bombus (Thoracobombus) brevivillus Abstract - Here we describe for the first time the nesting behavior and the colony of Bombus (Thoracobombus) brevivillus, and informatios about of the rational breeding of this Neotropical specie living just south of the Equator. We found and observed seven B. brevivillus colonies between August and September 2012 in the state of Ceará, NE Brazil. Four of seven colonies were cough and transferred to rational breeding boxes, the objective was to obtain information about pollen types used, foraging behavior, the resources collect, about the colonies development in rational breeding and the influence of climatic variations to the external activities of workers. Observations showed that B. brevivillus seems to be opportunistic in relation to nesting sites and brood protection and does not invest much in nest building and offspring protection. Bombus brevivillus invest heavily in brood production and colony development, before producing reproductive individuals. Therefore, the colonies produce a great number of workers, a trait that could be useful for commercial pollination purposes. The species Chamaecrista duckeana (Fabaceae Caesalpinioideae) and Tabebuia cf. impetiginosa (Bignoniaceae) were more important in diet of the bees and both the flow of bees and pollen and nectar/water collection were higher in the early hours of the day. The climatic variations influenced external activities of workers. With the temperature increased, workers reduced foraging activities and pollen collection and begin the process of thermoregulation. In the end of biological cicle one of colonies was reactived by one new queen, showing that, opposite of temperate bumblebee species, B. brevivillus could have perene colonies. Key-words: Colony size, nest traits, foraging behavior, resources collect. 76 3.1. INTRODUÇÃO Bombus é um gênero primitivo de abelhas eusociais, com aproximadamente 250 espécies descritas em todo mundo. Na América do sul existem apenas 22 espécies conhecidas divididas em três subgêneros (Hines et al., 2007; Williams et al., 2008). Espécies tropicais, principalmente Neotropicais, são menos abundantes (Moure & Melo, 2012). No Brasil, o gênero é representado por apenas seis espécies, todas pertencentes ao subgênero Thoracobombus: B. bellicosus, B. brasiliensis, B. brevivillus, B. morio, B. atratus e B. transversalis (Moure & Melo, 2012). Destas, a espécie B. brevivillus possui pouquíssimas informações na literatura. A espécie Bombus brevivillus é amplamente distribuída no Brasil, Guiana e Venezuela (Moure & Melo, 2012), mas pouco estudada. Como muitas outras espécies Neotropicais, essa espécie está se tornando escassa em algumas áreas devido ao acelerado desflorestamento e intensificação da agricultura (Kleijn & Raemakers, 2008; Freitas et al., 2009), mas também por que os fazendeiros constantemente destroem os ninhos para prevenir ataques por parte das operárias (Garófalo, 2005). Como resultado, ninhos selvagens são difíceis de se encontrar e de se ter acesso ao interior das colônias, em virtude disso, a biologia de B. brevivillus é muito pouco conhecida. As abelhas desse gênero são muito utilizadas na polinização em cultivo protegido e apresentam grande demanda pela sua criação em larga escala para esse fim. Produtores de todo mundo, que utilizam abelhas Bombus na polinização em cultivo protegido (Velthuis & Doorn, 2006). Os aumentos na produção relatados ao seu uso em estufas de tomates, por exemplo, podem superar 28% e os frutos obtidos são todos de qualidade superior (Sande, 1990; Fiume & Parisi, 1994). O uso do cultivo protegido no Brasil passou a ser bastante ampliado, principalmente a partir do início da década de 90 (Grande et al., 2003). Segundo dados obtidos em 2011 pelo Comitê Brasileiro de Desenvolvimento e Aplicação de Plásticos na Agricultura (Coblapa), estima-se que a produção em ambiente protegido no Brasil ocupa cerca de 26 mil hectares. Com essa forma de cultivo em ascensão a utilização dessas abelhas seria muito importante para uma melhoria na produtividade de nossas culturas, como acontece em boa parte da Europa. Porém a introdução de espécies 77 exóticas pode trazer severos efeitos negativos e é proibida pela legislação brasileira (Saraiva et al., 2012). No Brasil, estudos com as abelhas Bombus são muito escassos, não existindo muitas informações a respeito da espécie B. brevivillus. Dessa forma é preciso estudar as espécies que aqui existem, com o intuito de obter um melhor conhecimento sobre suas características, e desenvolver técnicas de manejo que permitam o seu criatório racional, pois seguramente, entre elas, encontraremos polinizadores eficientes para muitas das nossas culturas, como a abelha Bombus brevivillus, por exemplo. Portanto, o presente trabalho tem como objetivo descrever o comportamento de nidificação e a colônia de Bombus (Thoracobombus) brevivillus, e investigar hábitos desta espécie tais como, os tipos polínicos utilizados por essa abelha, avaliar o padrão de forrageamento, a coleta de recursos, o seu ciclo biológico e a influência das variações climáticas sobre as atividades externas das operárias mantidas em condições de criatório racional. 78 3.2. MATERIAIS E MÉTODOS 3.2.1. Áreas de estudo O estudo foi realizado em dois locais diferentes, primeiro no município de Itatira, estado do Ceará, Brasil (04°37’32.83’’S 39° 34’12.11’’W) onde a estação chuvosa ocorre de janeiro até o final de abril, com um pouco ou não de chuva nos outros meses. O total de precipitação média anual é 807.8 mm e a temperatura média anual é de 25°C (Ipece, 2012). A segunda área de estudo foi em zona urbana, no Setor de Abelhas da Universidade Federal do Ceará, localizado no município de Fortaleza (03°44’45.28’’S 38° 34’30.13’’O). Essa região é apresenta clima tropical e quente, semelhante ao que ocorre em todo litoral do Brasil. A temperatura média anual é de 26°C, com as máximas ocorrendo entre os meses de dezembro a janeiro (Ipece, 2012). Figura 8. Localização geográfica das áreas de estudo, mostrando o estado do Ceará no Nordeste brasileiro e a localização do município de Itatira. 3.2.2. Comportamento de nidificação de Bombus brevivillus As observações foram realizadas no município de Itatira (04°37’32.83’’S 39° 34’12.11’’O), foram realizadas várias buscas ativas por todo o município e encontrou-se sete colônias de B. brevivillus dentro e ao redor de uma plantação de banana (Musa paradisiaca). A uma altitude variando de 323 a 849 m. Aqui foram realizadas observações a respeito do local do ninho, tipo de proteção para os casulos, número de entradas e a posição global (GPS) de cada ninho encontrado. 79 3.2.3. Captura das colônias de Bombus brevivillus Foram abertos quatro dos sete ninhos encontrados, usando-se indumentária apícola reforçada, para minimizar as ferroadas. Cuidadosamente removeu-se com as mãos a cobertura de folhas ou escavou-se o ninho em uma cavidade para termos acesso ao envelope de crias e aos casulos. Todas as quatro colônias apresentavam grandes quantidades de operárias e já haviam iniciado a postura de indivíduos reprodutivos. Essas colônias foram capturadas e transferidas para caixas de criação racional de madeira (50 cm comprimento x 30 cm largura x 40 cm altura) com uma lâmina de vidro por baixo da cobertura de madeira para permitir as observações. Todos os indivíduos, incluindo as operárias que retornavam do forrageamento, foram capturadas e transferidas para as caixas de criação racional que foram deixadas abertas no mesmo local original do ninho. Apenas à noite, quando não existiam mais abelhas voando ou à vista, as caixas foram fechadas definitivamente e transferidas de carro, na mesma noite, para o Stor de Abelhas do Departamento de Zootecnia na Universidade Federal do Ceará, em Fortaleza, Brasil (03°44’45.28’’S 38° 34’30.13’’O). Nós não checamos os locais dos ninhos na manhã seguinte para verificar se alguma abelha foi deixada para trás. Uma vez na Universidade, as caixas racionais foram colocadas no chão, protegidas por plantas de mutre (Aloysia virgataI), e deixadas abertas para permitir o natural forrageamento das abelhas da manhã seguinte em diante. 80 Figura 9. (a) Modelo de caixa utilizada no criatório racional da espécie nativa Bombus brevivillus; (b) utilização de equipamentos e indumentária apícola na captura das colônias; (c) detalhe dos casulos após a remoção das folhas no momento da captura; (d) transferência de toda a colônia, incluindo a rainha, para a caixa racional; (e) caixa deixada no mesmo local do ninho até à noite, permitindo que todas as operárias retornassem; (f) já instalada no Setor de Abelhas da Universidade Federal do Ceará; (g) alimentadores artificiais e uma lâmina de vidro sobre a caixa, que permitia as observações e o acompanhamento das colônias; (h) uma das colônias vista por cima, no momento das revisões noturnas. a b c d c e f g h 81 3.2.4. Descrição da colônia de Bombus brevivillus Foram coletadas informações sobre o local do ninho, tipo de proteção para os casulos, número de entradas e as coordenadas geográficas (GPS) de cada ninho encontrado. As atividades externas de cada ninho foram observadas durante um dia inteiro antes de realizar qualquer intervenção nos ninhos. Fotografias e anotações foram feitas antes da remoção do envelope e da exposição de todas as crias e potes. Procedeuse então a contagem e o registro do número potes de mel/pólen, número de abelhas adultas, número de células de cria (não foi feita distinção entres células contento larvas ou pupas). Foi também calculada a relação crias/abelhas adultas existentes em cada ninho. 3.2.5. Padrão de forrageamento, coleta de recursos e a influência das variações climáticas nas atividades externas das operárias mantidas em condições de criatório racional. Para determinar as atividades de forrageamento das abelhas operárias foram utilizadas duas, das quatro colônias capturadas. Foram realizadas observações semanais, a intervalos de dois dias, nos primeiros dez minutos de cada hora, começando às 05h00 da manhã e finalizando às 18h00, a fim de indicar os horários de maior fluxo de abelhas (horário de preferência para coleta de recursos florais), a quantidade de abelhas coletando pólen e néctar ou água e a influência das variações climáticas sobre as atividades externas das abelhas. Para isso foi contabilizado o número de abelhas que saiam para forragear, que chegavam do campo, se carregavam cargas de pólen nas corbículas ou não e o número de abelhas ventilando na entrada da caixa racional. A identificação do pólen presente na corbícula (prolongamento da tíbia do terceiro par de pernas presente nas operárias, utilizada para transporte do pólen até a caixa) de operárias que retornaram do campo foi obtida por observação direta considerando características próprias do mesmo (granular e geralmente colorido) enquanto que as cargas de néctar ou água foram consideradas quando as abelhas retornavam do campo sem nenhum material na corbícula, conforme a metodologia descrita por Carvalho-Zilze et al. (2007). Para avaliar da influência das variações climáticas e dos fatores meteorológicos na atividade de voo das operárias foram feitos registros de temperatura e umidade 82 relativa do ar, obtidos em intervalos de uma hora, por meio de estação meteorológica automática da Universidade Federal do Ceará, situada a aproximadamente 500 metros do local onde as colônias foram instaladas. 3.2.6. Tipos polínicos utilizados pela abelha nativa Bombus brevivillus As preferências alimentares da espécie Bombus brevivillus foram avaliadas durante os meses de setembro, outubro e novembro, e de duas formas diferentes: a) em condições naturais - amostras de pólen foram coletadas diretamente dos potes de armazenamento das colônias capturadas no município de Itatira, onde, através de análises palinológicas, os tipos polínicos encontrados foram comparados com amostras das espécies vegetais que estavam em florescimento naquele momento. Foram contabilizados um total 4,096 grãos de pólen em 13 lâminas para microscopia, uma contagem de 300 grãos de pólen/lâmina. b) em condições de criatório racional - em intervalos de sete dias, das 06h00 às 11h00 da manhã, nos dez primeiros minutos de cada hora, todas as operárias com cargas de pólen visíveis nas corbículas, que retornavam do campo para as caixas instaladas no Setor de Abelhas da UFC foram coletadas e os grãos de pólen foram retirados diretamente das corbículas. Foi realizada a contagem de 2088 grãos de pólen no total em sete lâminas, média de 300 grãos de pólen/lâmina. As amostras foram montadas a fresco em lâminas de microscopia óptica através do método de Wodehouse (1935), em gelatina glicerinada. A origem botânica do pólen coletado pelas operárias foi caracterizada por análise microscópica, onde foi realizada a identificação dos grãos de pólen comparando-os aos tipos polínicos descritos na literatura (Moore & Webb, 1978), com o laminário de referência das espécies vegetais coletadas no município de Itatira, Ceará, que estavam em florescimento no período da pesquisa e com o laminário de referência do Setor de Abelhas da UFC. As análises das amostras foram realizadas por dois métodos diferentes: a) Método Qualitativo – os tipos polínicos presentes foram determinados por comparação com o laminário referência e as descrições obtidas em literatura especializada (Barth, 1990) e b) Método Quantitativo – com a realização da contagem consecutiva de 300 grãos de pólen/repetição/amostra, onde, ao todo, foram contados 6184 grãos de pólen para determinação das classes de ocorrências, que segundo Louveaux et al. (1978), são: 83 PD (Pólen Dominante) - > 45% do total de grãos; PA (Pólen Acessório) - 16 a 45% do número total de grãos de pólen contabilizados; PII (Pólen Isolado Importante) - de 3 a 15% e PIO (Pólen Isolado Ocasional) - > 3%. 3.2.7. Desenvolvimento e estabelecimento das colônias e atividade das rainhas de Bombus brevivillus em condições de criatório racional As quatro colônias capturadas no município de Itatira-CE e instaladas no Setor de Abelhas da Universidade Federal do Ceará, foram acompanhadas durante aproximadamente quatro meses, e durante as revisões semanais foram obtidas informações sobre o desenvolvimento e o estabelecimento dessas colônias em condições de cativeiro, número de operárias em atividade durante todo período e acompanhamos a atividade das rainhas de B. brevivillus. 3.2.8. Análises estatísticas Foi utilizado para as análises estatísticas o programa INSTAT 3, os dados relativos ao padrão de forrageamento (dados paramétricos) foram analisados por análise de variância e comparados à posteriori pelo teste de Tukey. Já para relacionar estatisticamente as atividades de forrageamento com as condições climáticas, foram realizadas correlações lineares (r) utilizando o programa estatístico PAST versão 2.02. 3.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.3.1. Comportamento de nidificação de Bombus brevivillus As observações dos ninhos de B. brevivillus mostraram que esta espécie faz o seu ninho tanto na superfície do solo como no interior de cavidades, entretanto, a localização e o tipo de proteção usada para o próprio ninho pode variar de colônia para colônia. Quatro das colônias foram localizadas entre 323 e 866 m a cima do nível do mar, próximo a bananeiras (Musa paradisiaca) em uma plantação comercial (Fig. 10a10b). Os ninhos estavam localizados no chão, cobertos por uma camada de 5cm de folhas de bananeira que serviam para proteger as crias. (Fig. 10c-10d). As folhas que cobriam as crias foram cortadas em pequenos tamanhos (<2cm), possivelmente pelas abelhas. Taylor & Cameron (2003) e González et al. (2004) tinham observado esse 84 comportamento em operárias de Bombus transversalis e B. atratus com folhas de outras espécies de plantas (Poaceae, Eucalyptus sp. e Pinus sp.). Outras duas colônias estavam situadas a mais de 800 m a cima do nível do mar, nidificada também na superfície do solo, mas debaixo de uma cobertura de capim densa e não apresentavam qualquer tipo de proteção física além do próprio capim ao redor dos casulos (Fig. 10e-10f). Uma sétima colônia nidificou no interior do solo, dentro de uma cavidade pré-existente com 40 cm de profundidade (Fig. 10g-10h). Apenas este ninho construído no interior da cavidade tinha uma entrada definida para o interior da colônia (5 cm largura e 15 cm comprimento), enquanto nas outras colônias as operárias entravam e saíam dos seus ninhos usando vários diferentes caminhos. Algumas espécies de Bombus, como B. lucorum, B. subterraneus e B. terrestris, sempre nidificam sob a superfície do solo usando cavidades pré-existentes, enquanto B. hypnorum prefere nidificar em ocos de árvores (Donovan & Weir, 1978; Goulson, 2003). As espécies Neotropicais, B. atratus, B. morio e B. transversalis fazem seus ninhos primariamente na superfície do solo (Dias, 1960; Milliron, 1961; Sakagami et al,. 1967; Olesen, 1989; Lievano et al., 1991; Cameron et al., 1999; González et al., 2004). Entretanto B. atratus também é encontrada em fendas de rochas (Cameron & Jost, 1998) enquanto B. brasiliensis prefere ninhos subterrâneos (Moure & Sakagami, 1962), mas B. pullatus foi reportada nidificando em folhas de banana, e também em áreas de gramados, coberta pela própria grama (Hines et al., 2007). Portanto, como outras espécies de Bombus, B. brevivillus parece ser oportunista em relação aos locais de nidificação e ao tipo de proteção usado para as crias. As abelhas adultas foram extremamente agressivas, similar a todas as espécies Neotropicais de Bombus (Sakagami et al., 1967; Laroca, 1972; Janzen, 1971; Garófalo, 1980; Olesen, 1989; Chavarria, 1996; Cameron & Jost, 1998; Cameron et al., 1999; Garófalo, 2005), e defenderam os ninhos ferozmente, ferroando repetidamente e secretando uma substância não identificada nos olhos e na pele através das máscaras. Entretanto essa substância não causou nenhum tipo de irritação, a agressividade, principalmente através das ferroadas, foi extremamente eficiente para prevenir um longo período de observações. 85 Figura 10. Descrição do ninho de Bombus brevivillus no seu ambiente natural no estado do Ceará, Brasil. (a) vista aproximada do ninho N2 mostrando operárias de B. brevivillus andando do lado de fora do ninho antes de sair para forragear; (b) vista geral do ninho N2 construído no solo e coberto por folhas de bananeira cortadas em pequenos pedaços; (c) área de cria do ninho N2 após remoção parcial das folhas de bananeira; (d) vista aproximada do ninho N1 mostrando operárias, crias (casulos) e potes de alimento; (e) um ninho N4 construído no chão, debaixo de uma densa cobertura de capim; (f) ninho N4 após remoção do capim e o envelope de crias; (g) ninho N3 após escavação ter sido iniciada; (h) detalhe da rainha do ninho N3 no momento da escavação. * A letra N seguida pelo número faz referência ao número do ninho de acordo com a tabela 5 a b a c a d a e f e a a a a g e h e a a a a 86 3.3.2. Descrição da colônia de Bombus brevivillus A arquitetura do ninho é similar a outras espécies de Bombus (Olesen, 1989). A área de cria contendo as larvas de operárias, rainhas e machos ficava localizada no centro do ninho protegida por um delicado envelope de cera. Todos os potes são construídos exclusivamente de cera, e os potes de mel foram construídos todos ao longo da área de cria enquanto que os potes contendo pólen foram encontrados somente na periferia do ninho. Os ninhos ocuparam uma área de 221 a 870 cm2 e as colônias mostraram ser populosas, variando de 150 a 502 operárias adultas e 73 a 149 casulos (Tabela 5). O número médio de indivíduos em comparação com outras espécies Neotropicais foi similar a B. atratus (Moure & Sakagami, 1962; Benavides, 2008), B. pullatus (Janzen, 1971), B. transversalis (Cameron & Whitfield, 1996), B. morio (Benavides, 2008) e maior do que B. melaleucus (Hoffmann et al., 2004) e B. brasiliensis (Laroca, 1972). A grande proporção de crias em relação às abelhas adultas em colônias menores e uma redução nesta proporção em colônias maiores mostra que jovens colônias de B. brevivillus investem muito na produção de novas crias e no desenvolvimento da colônia atingindo números superiores a 500 operárias, antes da produção de indivíduos reprodutivos (Tabela 5). Colônias muito populosas são comuns apenas em espécies de Bombus Neotropicais e essa característica de B. brevivillus pode ser útil para polinização em amplas casas de vegetação ou até mesmo em campos abertos. 87 Tabela 5. Características do ninho de Bombus (Thoracobombus) brevivillus amostradas no estado do Ceará, Brasil. Apenas quatro colônias foram capturadas e possuem todas as informações (N1 a N4). Dados das colônias (N5 a N7) foram limitados a localização, altitude e local do ninho Área Número Proporção Potes de Local do Abelhas Ninho/Coordenadas ninho de crias/abelhas mel/pólen ninho adultas 2 (cm ) casulos adultas N1/ S04°29’38.2’’ W039° 35’42.9’’ N2/ S04°29’09.0’’ W039° 35’40.4’’ N3/ S04° 28’44.6’’ W039° 34’39.4’’ N4/ S04° 28’45.8’’ W039° 34’ 39.7’’ N5/ S04° 30’53.3’’ W039° 34’09.7’’ N6/ S04° 30’53.0’’ W039° 34’15.8’’ N7/ S04° 30’52.3’’ W039° 34’13.8’’ Debaixo de 26 folhas de 864 445 119 0,27 870 502 149 0,30 221 218 78 0,36 540 150 73 0,48 - - - - - - - - - - - - bananeira Debaixo de 42 folhas de bananeira 22 Buraco no chão Debaixo de 12 cobertura de capim Debaixo de - cobertura de capim Debaixo de - folhas de bananeira Debaixo de - folhas de bananeira Figura 11. Ninho N2, da espécie Neotropical Bombus (Thoracobombus) brevivillus, mantida em condições de criatório racional em zona urbana de Fortaleza, instaladas no Setor de Abelhas da Universidade Federal do Ceará, Brasil. 88 3.3.3. Padrão de forrageamento, coleta de recursos e a influência das variações climáticas nas atividades externas das operárias mantidas em condições de criatório racional. Os resultados mostram que houve diferenças significativas (P<0,001) no fluxo de abelhas nos diversos horários do dia (Tabela 6). A maior atividade foi registrada entre 06h00 e 08h00, tendo estes horários diferidos significativamente (P<0,001) dos demais, embora eles não tenham diferido entre si. A partir das 11h00 o fluxo de abelhas e a coleta de pólen não diferem significativamente (P<0,001) dos demais horários do período da tarde. Também não foi observada coleta de recursos a partir das 18h00, quando as abelhas cessavam as atividades de forrageamento. Com relação ao padrão de forrageamento, mesmo com as colônias instaladas em caixas racionais, as operárias apresentaram uma atividade de coleta de recursos bastante intensa, mostrando a possibilidade de manutenção de colônias B. brevivilus, em condições de criatório racional. O forrageamento se concentrou no período da manhã, e mesmo com um comportamento bastante agressivo, característico das espécies de Bombus de clima tropical (Garófalo, 1980), as abelhas permitiam a aproximação do seu ninho, mostrando a possibilidade da utilização dessa espécie em casas de vegetação, como ocorre com a espécie Bombus terrestris em vários países do mundo, principalmente na Europa (Velthuis & Doorn, 2006). 89 Tabela 6. Número de abelhas operárias (médias e erros padrões) da espécie nativa Bombus brevivillus forrageando, coletando pólen, néctar/água e ventilando na entrada do ninho, em condições de criatório racional. Setor de Abelhas da Universidade Federal do Ceará, Zona urbana de Fortaleza, Brasil. Horário Fluxo de abelhas Pólen Néctar/água Ventilando 05h00 34,03 ± 2,78de 4,12 ± 0,61c 29,86 ± 2,59de 0 ± 0,00e 06h00 75,88 ± 7,73a 14,71 ± 0,98a 61,02 ± 4,08a 0 ± 0,00e 07h00 69,76 ± 4,40a 13,98 ± 1,08a 55,79 ± 3,71a 0 ± 0,00e 08h00 58,64 ± 4,65ab 9,2 ± 0,75b 49,51 ± 4,13ab 0,11 ± 0,05e 09h00 48,62 ± 4,04bc 5,34 ± 0,54c 43,48 ± 4,73bc 0,29 ± 0,09de 10h00 36,82 ± 3,34cd 1,3 ± 0,18d 35,7 ± 3,30cd 3,58 ± 0,41d 11h00 22,79 ± 1,84ef 0,42 ± 0,09d 22,44 ± 1,82e 9,69 ± 1,09bc 12h00 21,62 ± 1,87ef 0,25 ± 0,06d 21,5 ± 1,86def 9,92 ± 1,06b 13h00 18,52 ± 1,60f 0,47 ± 0,10d 18,29 ± 1,61efg 14,72 ± 1,41a 14h00 16,2 ± 1,36f 0,11 ± 0,03d 16,23 ± 1,35efg 11,17 ± 0,94b 15h00 9,8 ± 0,88f 0,21 ± 0,07d 9,61 ± 0,87fgh 10,8 ± 0,75b 16h00 7,07 ± 0,51f 0,15 ± 0,57d 6,85 ± 0,51gh 7,29 ± 0,86c 17h00 6,78 ± 0,68f 0,05 ± 0,02d 6,79 ± 0,67gh 0,83 ± 0,11de 18h00 5,68 ± 0,00f 0,91 ± 0,00d 0 ± 0,00h 0 ± 0,00e Valores por horário seguidos por letras diferentes diferem significativamente entre si (p<0,001) Tabela 7. Relação entre os turnos do dia na coleta de recursos e o controle da temperatura através da ventilação de operárias de Bombus brevivillus mantidas em condições de criatório racional em área urbana, no município de Fortaleza, Ceará, Brasil. Período do dia Pólen Néctar/água Ventilando Manhã 96,23% 84,58% 34,50% Tarde 3,77% 15,42% 65,50% Tabela 8. Relação entre o fluxo de abelhas e coleta de pólen de acordo com a hora do dia de operárias de Bombus brevivillus mantidas em condições de criatório racional em área urbana, no município de Fortaleza, Ceará, Brasil. Hora do dia Fluxo de abelhas Abelhas coletando pólen % 5–9h 3030 692 22,83% 10 – 18 h 2015 57 2,82% 90 A coleta de recursos alimentares (pólen e néctar/água) se concentrou no período da manhã (Tabela 7), em especial de pólen, onde praticamente toda a coleta foi realizada nesse período, com o pico ocorrendo nos horários de 06h00 e 07h00 (Tabela 6). A coleta de água/néctar foi maior entre 06h00 e 08h00, diminuindo à medida que o fluxo de operárias diminuía, entretanto, ao contrário da coleta de pólen, no período da tarde, a partir das 11h00, foi observado um grande número de abelhas saindo para forragear, mesmo nas horas mais quentes do dia (Figura 12). A partir da 11h00, o fluxo de abelhas, a coleta de pólen e a coleta de néctar/água diminuiram drasticamente (Figura 12), ao contrário do que acontece com a ventilação na entrada do ninho. Até às 07h00 não foi observada nenhuma abelha realizando a termorregulação do ninho, só foi observada alguma abelha ventilando (batendo as asas na entrada da colônia) a partir das 08h00, tendo o seu pico no horário de 13h00. Figura 12. Variações de temperatura (oC) e umidade relativa do ar (%), o fluxo de abelhas e termorregulação de operárias da espécie nativa Bombus brevivillus mantida sob condições de criatório racional em área urbana, no município de Fortaleza, Ceará, Brasil 80.00 Número de abelhas 70.00 60.00 50.00 Fluxo de abelhas 40.00 Temperatura °C 30.00 Umidade (%) 20.00 Ventilando 10.00 0.00 Hora do dia 91 As análises mostraram uma Correlação Linear (r) negativa entre a temperatura e o fluxo das abelhas (r = - 0,58399), coleta de pólen (r = - 0,56221) e a coleta de nécta/água (r = - 0,34593), onde com aumento da temperatura as atividades externas das operárias diminuíram significativamente. O mesmo não ocorreu com a atividade de termorregulação, os resultados mostraram uma correlação positiva (r = 0,6901) entre a temperatura e a quantidade de abelhas ventilando na entrada da caixa (Figura 13 e 14a,b). Também foi realizada uma Correlação Linear (r) entre a radiação solar e as atividades externas das operárias, e os resultados mostraram o mesmo padrão observado para a temperatura (fluxo das abelhas (r = - 0,17574); coleta de pólen (r = - 0,29898); coleta de nécta/água (r = - 0,07593; abelhas ventilando (r = - 0,61456), isto é lógico, uma vez que o aumento da temperatura está diretamente relacionado com a incidência de raios solares sobre a terra, que é muito alta no Nordeste brasileiro Já com umidade relativa do ar as correlações com o fluxo de abelhas (r = 0,34118) e coleta de pólen (r = 0,32408) foram exatamente o contrário do que aconteceu com a temperatura, ou seja, correlações positivas, mas entre a umidade e coleta de néctar/água houve uma correlação negativa (r = - 0,037495), o mesmo acontecendo com a quantidade de abelhas ventilando (r = - 0,48018). Além da oferta de recursos florais, as variações de temperatura e umidade relativa do ar exerceram forte influência sobre o padrão de forrageamento, a coleta de recursos e as atividades de termorregulação em colônias de Bombus brevivillus mantidas em condições de criatório racional em área urbana, no município de Fortaleza, como podemos observar na figura 9, a partir de 11h00, horário em que a elevação da temperatura se acentua, ocorre uma redução na coleta de recursos e um aumento no número de abelhas realizando a termorregulação (Figura 13). 92 Figura 13. Coleta de pólen, coleta de néctar/água e o controle da temperatura através da ventilação (termorregulação) de operárias de Bombus brevivillus mantidas em condições de criatório racional em área urbana, no município de Fortaleza, Ceará, Brasil. 70.00 Número de abelhas 60.00 50.00 40.00 Pólen 30.00 Néctar /água 20.00 Ventilando 10.00 0.00 Hora do dia A elevada temperatura, principalmente no período da tarde, que ocorre na região Nordeste foi um importante fator que influenciou as atividades externas das operárias e na coleta de recursos. A necessidade de termorregulação causou um efeito negativo no forrageamento das abelhas, que coletavam menos recursos e ficavam mais agitadas e agressivas na entrada das caixas racionais. A análise estatística também mostrou correlações negativas entre o número de abelhas ventilando na entrada da caixa (termorregulação) com o fluxo de abelhas (r = - 0,365), a coleta de pólen (r = - 0,31474) e a coleta de néctar/água (r = - 0,097337). Nos horários em que a umidade relativa do ar estava mais alta e a temperatura mais baixa foi onde observou-se um maior fluxo de operárias (Figura 12), entrando e saindo do ninho para forragear (fluxo de abelhas). A coleta dos recursos, pólen e néctar/água, também foi maior nessas condições em que a temperatura era mais baixa e a umidade mais alta. À medida que a temperatura aumentava e a umidade diminuía, ocorria uma queda no número de abelhas coletando os recursos necessários para manutenção da colônia. Porém, o número de abelhas ventilando na entrada do ninho aumentou simultaneamente com a elevação da temperatura e com a diminuição da umidade 93 relativa do ar. Às 13h00 foi o horário do dia em que se observou uma maior temperatura e uma menor umidade do ar, coincidindo com o momento em um maior número de abelhas encontravam-se ventilando na entrada do ninho. Figura 14. (a) Movimentação externa das operárias de B. brevivillus na caixa racional instalada no Setor de Abelhas da Universidade Federal do Ceará; (b) operárias batendo as asas e realizando o processo de termorregulação na entrada da caixa; (c) abelha forrageando e coletando recursos florais da espécie vegetal Tecoma stans (Bignoniaceae); (d) detalhe dos grãos de pólen nas corbículas de uma operária ao retornar do campo. a b e e e a a a a c e d e a a a a 3.3.4. Tipos polínicos utilizados pela abelha nativa Bombus brevivillus em condições naturais Para determinar as classes de ocorrência e os tipos polínicos utilizados pela abelha B. brevivillus em condições naturais, em Itatira – CE foi contabilizado um total de 4,096 grãos de pólen. Os resultados mostraram que a espécie Chamaecrista duckeana (Fabaceae Caesalpinioideae) foi predominante na dieta das abelhas com 3,160 grãos de pólen (77,14%), o tipo polínico isolado importante foi Senna splendida (Fabaceae Caesalpinioideae) com 659 grãos e as espécies vegetais caracterizadas como isolado ocasional, de acordo com a metodologia descrita por Louveaux et al. (1978), 94 foram Moringa oleifera (Moringaceae) com 197 grãos de pólen e Momordica charantia (Curcubitaceae) com 80 grãos encontrados nas amostras (Tabela 9). O município de Itatira, no estado Ceará, é uma região serrana, caracterizada por uma grande diversidade de espécies vegetais. Porém, mesmo com essa diversidade os resultados mostraram que durante uma parte do ano, a família Fabaceae, subfamília Caesalpinioideae, foi responsável por 93,22% da alimentação proteica das colônias estudadas no seu local de ocorrência natural, sendo esta família, representada por duas espécies diferentes. A espécie Chamaecrista duckeana, foi a mais representativa (Tabela 9) e é caracterizada por ser uma espécie subarbustiva, com flores de tamanho médio e anteras poricidas. O pólen é o único recurso disponível para os visitantes florais, mas somente algumas espécies de abelhas adaptadas à realização de vibração coletam pólen das suas anteras poricidas, como as abelhas do gênero Bombus, por exemplo (Kiill et al., 2000; Queiroz, 2009). Esses resultados, como já era provado para o gênero Bombus, mostram que a espécie Bombus brevivillus, também possui o comportamento vibratório sendo, portanto, capaz de realizar a polinização por vibração (“Buzz pollination”). Algumas culturas agrícolas, como por exemplo, o tomate (Lycopersicon esculentum), o pimentão (Capsicum annuum L.) e a berinjela (Solanum malongena), que apresentam anteras poricidas, têm como principal polinizador abelhas do gênero Bombus, onde essas abelhas proporcionam uma melhoria na produtividade e na qualidade dos frutos dessas culturas (Velthuis & Doorn, 2006). Esses dados proporcionam um cenário bastante animador para a utilização da abelha nativa Bombus brevivillus no processo de polinização de culturas agrícolas que possuem anteras poricidas, mas para isso, são necessários mais estudos que permitam a domesticação completa dessa espécie de abelha e o desenvolvimento de técnicas de manejo apropriadas para essa finalidade. 95 Tabela 9. Tipos polínicos presentes na dieta proteica de colônias da abelha nativa Bombus brevivillus, em condições naturais de ocorrência, no município de Itatira, Ceará, Brasil. Tipos polínicos Família No de grãos de pólen % Chamaecrista duckeana Fabaceae 3160 77,14 Senna splendida Fabaceae 659 16,08 Moringa oleifera Moringaceae 197 4,80 Momordica charantia Curcubitaceae 80 1,99 TOTAL - 4,096 100,00 3.3.5. Tipos polínicos utilizados pela abelha nativa Bombus brevivillus em condições de criatório racional A identificação dos tipos polínicos coletados pelas operárias de Bombus brevivillus criadas de forma racional, foi realizada através da contagem de 2088 grãos de pólen. Os resultados mostraram que a espécie vegetal predominante (pólen dominante) na dieta proteica das colônias em área urbana foi a Tabebuia cf. impetiginosa (Bignoniaceae). Como pólen acessório foi observada a espécie Senna rugosa (Fabaceae Caesalpinioideae), isolado importante Aniseia martinicensis (Convolvulaceae) e isolado ocasional Tecoma stans (Bignoniaceae) (Tabela 10). Em condições de criatório racional, em zona urbana, do município de Fortaleza, a família Bignoniaceae constituiu uma importante fonte de pólen na dieta de B. brevivilus, sendo representada por duas espécies e participando de mais de 50% do pólen coletado. A espécie vegetal Senna rugosa também mostrou ser uma importante fonte proteica, confirmando a importância de Fabaceae Caesalpinioideae na dieta proteica dessa espécie de abelha. 96 Tabela 10. Tipos polínicos presentes na dieta proteica de colônias da abelha nativa Bombus brevivillus, mantidas em condições de criatório racional em área urbana, no município de Fortaleza, Ceará, Brasil. Tipos polínicos Família No de grãos de pólen % Tabebuia impetiginosa Bignoniaceae 1126 53,9 Senna rugosa Fabaceae 665 31,8 Aniseia martinicensis Convolvulaceae 207 9,9 Tecoma stans Bignoniaceae 90 4,4 2088 100,00 TOTAL - 3.3.6. Desenvolvimento e estabelecimento das colônias e atividade das rainhas de Bombus brevivillus em condições de criatório racional Das quatro colônias capturadas e transferidas para caixas racionais, duas não se adaptaram bem às condições de cativeiro, devido ao ataque de predadores (lagartixas, formigas e traças) ou devido a problemas relacionados à transferência do ninho. As outras duas colônias restantes se adaptaram perfeitamente as essas condições, apresentando postura normal das rainhas, produção de imaturos (machos e fêmeas) e um forrageamento intenso por parte das operárias. Em Bombus a colônia é formada apenas pela rainha fundadora, durante essa fase a rainha faz todo o trabalho, tanto de coleta de alimento, construção dos potes e casulos e cuidado com as crias (Prys-Jones & Corbet, 1991; Delaplane, 1995; Goulson, 2003). Quando as primeiras operárias filhas dessa rainha começam a emergir, a rainha cessa os trabalhos externos e passa a assumir apenas a função reprodutiva no interior da colônia, enquanto que as operárias assumem todos os trabalhos (Heinrich, 2000). Com o aumento no número de operárias e a redução da taxa de postura da rainha, se inicia a postura de ovos haploides pelas operárias, esse momento é conhecido como ‘competition point’ (Duchateau & Velthuis 1988). Existe a hipótese de que isso acontece por causa da redução do feromônio da rainha que é detectado pelas operárias (Cnaani, et al., 2000; Bourke & Ratnieks, 2001). 97 A partir desse ponto e após os indivíduos reprodutivos (machos e novas rainhas) começarem a emergir, a colônia apresenta alta taxa de mortalidade das operárias, dando início a parte final do ciclo reprodutivo de abelhas desse gênero. Com a redução no número de operárias, o alimento começa a ficar escasso e, consequentemente, a rainha fundadora morre, nesse momento, que em clima temperado coincide com o início da época invernosa, os sexuados já abandonaram a colônia, que enfraquece bastante, ficando mais susceptível a ataques de inimigos e parasitas, ocasionando a extinção total da colônia ao final do ciclo reprodutivo (Alford, 1975). Entretanto, em climas tropicais, de acordo com Sakagami et al. (1967) e Garófalo et al. (1986) após a morte da rainha fundadora, novas rainhas permanecem no ninho, e após a cópula, reativam o ninho mãe, como foi descrito para a espécie Neotropical Bombus atratus. As duas colônias tinham um grande número de operárias que reduziu bastante ao final do ciclo (Figura 15). Entretanto, essa grande quantidade de operárias por colônia é uma caracterísca bastante positiva, tornando viável a utilização da espécie Bombus brevivilus em programas de polinização de culturas agrícolas. Figura 15. Distribuição temporal do número de operárias de colônias de Bombus brevivillus mantidas em condições de criatório racional, em área urbana, no município de Fortaleza, Ceará, Brasil. Número de operárias 600 500 400 300 N1 N2 200 100 0 98 Com a redução no número de operárias, o alimento começa a ficar escasso e, consequentemente, a rainha fundadora morre, nesse momento, que em clima temperado coincide com o início da época invernosa, os sexuados já abandonaram a colônia, que enfraquece bastante, ficando mais susceptível a ataques de inimigos e parasitas, ocasionando a extinção total da colônia ao final do ciclo reprodutivo (Alford, 1975). As rainhas das duas colônias realizaram posturas normalmente após a transferência para as caixas racionais e ficavam constantemente andando sobre os casulos (Figura 16a) mostrando bastante atividade. No momento das transferências, os dois ninhos (N1 e N2) já havia uma grande quantidade de casulos de machos e rainhas. Esta identificação foi possível porque, os casulos dos indivíduos reprodutivos são bem maiores do que os das operárias. Poucos dias após a instalação das colônias no Setor de Abelhas, os primeiros machos e as primeiras rainhas começaram a emergir. Eles permaneciam dentro da caixa de quatro a seis dias antes de abandonarem a colônia. Esses indivíduos não foram acompanhados após deixarem o ninho. O número de machos produzidos foi bem maior do que o de rainhas (Tabela 11) e na colônia N2, durante o surgimento dos sexuados, a rainha velha tentou manter a dominância do ninho realizando novas posturas (Figura 16d), comportamento não observado na colônia N2. Tabela 11. Quantidade de indivíduos reprodutivos e a proporção de machos para cada rainha de duas colônias da espécie nativa Bombus brevivillus mantidas em condições de criatório racional, em área urbana, no município de Fortaleza, Ceará, Brasil. Ninho Machos Rainhas machos : rainha N1 80 17 4,7 : 1 N2 98 15 6,5 : 1 TOTAL 178 32 - 99 Ao todo foram produzidos 210 indivíduos, entre machos e rainhas, em apenas duas colônias. Esta característica abre um vasto campo para pesquisas futuras sobre a produção de colônias da espécie nativa Bombus brevivillus em laboratório, como já é realizado na Europa com outras espécies de Bombus a bastante tempo. Isto seria um grande avanço para os programas de polinização agrícola comercial, bem como iria contribuir para a preservação da espécie com a multiplicação de novos ninhos e a introdução dos mesmos em regiões onde sua presença foi reduzida devido a ação do homem. Dessa forma, é de extrema importância o domínio e o desenvolvimento de técnicas de acasalamentos artificiais que permitam a produção de várias colônias. Este modelo já existe na Europa e serve como referência, onde diversas empresas especializadas produzem milhares de colônias anualmente. Segundo Garófalo (1980), colônias de Bombus Neotropicais, ao contrário do que acontece com espécies de clima temperado, podem ser perenes, ou seja, o ninho não se extinguiria ao final do ciclo biológico. Uma rainha filha acasala e fica no lugar na rainha mãe, reativando a colônia no mesmo local da geração anterior. Uma das colônias (N2), após a redução no número de operárias e a produção dos sexuados, se extinguiu completamente, restando apenas a rainha e algumas operárias antes da extinção total da colônia (Figura 16h). Portanto, esta apresentou um ciclo biológico bastante característico ao gênero, e semelhante às espécies de clima temperado. 100 Figura 16. Colônia (N2) de B. brevivillus mantida em condições de criatório racional, em área urbana, no município de Fortaleza, Ceará, Brasil. (a) Grande quantidade de operárias e detalhe para presença da rainha sobre os casulos, no momento da captura as colônias já tinham começado a postura de imaturos; (b) colônia bem estabelecida à caixa racional, operárias forrageando normalmente, postura normal da rainha, detalhe para os casulos de indivíduos reprodutivos ficando mais claros prestes a eclodir; (c) surgimento das princesas; (d) rainha tentando manter a dominância aumentando a taxa de postura; (e) detalhe aproximado das novas posturas da rainha; (f) redução drástica no número de abelhas; (g) todos os machos e princesas deixaram a colônia restando apenas a rainha e algumas operárias mais novas (h) momento antes da extinção total da colônia, restando apenas a rainha e cinco operárias. b a a c d a e f g h 101 As espécies de clima temperado, com temperaturas extremas nos invernos rigorosos, apresentam o comportamento de hibernação. Assim em espécies de Bombus de clima temperado o ciclo biológico é bem definido, com a colônia se extinguindo após a produção de indivíduos reprodutivos, que abandonam a colônia para fundarem novos ninhos em outros locais. Entretanto, esse mesmo padrão não ocorreu com uma das colônias da espécie nativa Bombus brevivillus estudada, colônia (N1). Durante o período de enfraquecimento da colônia e redução na quantidade de indivíduos, mas antes da colônia se extinguir, uma rainha filha assumiu a postura e reativou a colônia como podemos observar na figura 17g e 17h. Devido a um ataque de traças as novas abelhas produzidas por essa nova rainha abandonaram a caixa racional não sendo possível obter novas informações sobre esta colônia. Contudo, apesar do número baixo de repetições (apenas duas colônias), observou-se a rainha filha assumir a postura e iniciar um novo ninho no mesmo local da colônia mãe, mostrando existir a possibilidade de reativação do ninho na espécie nativa Neotropical Bombus brevivillus. Esse comportamento jamais foi descrito tão diretamente em pesquisas anteriores e serve como um incentivo para mais pesquisas de conservação dessa espécie nativa. 102 Figura 17. Colônia (N1) de B. brevivillus mantida em condições de criatório racional, em área urbana, no município de Fortaleza, Ceará, Brasil. (a) Produção de machos e princesas; (b) detalhe aproximado da grande quantidade de indivíduos reprodutivos (c) redução drástica no número de abelhas; (d) antes da reativação da colônia, ainda com algumas princesas, operárias e a presença de inimigos naturais; (e) princesa começando a trabalhar na formação da nova colônia, rainha não estava mais presente; (f) início da postura, detalhe para uma princesa de outra colônia; (g) nova rainha e posturas recentes, com a presença de novas operárias recém eclodidas e ajudando na formação e na reativação da nova colônia; (h) detalhe aproximado do novo ninho de B. brevivillus. a b a c a d c a e d c a f e d c a b b b e b g f e d c a e b h f e d c a e b 103 3.4. CONCLUSÕES Conclui-se que, Bombus brevivillus parece ser oportunista em relação aos locais de nidificação e ao tipo de proteção usado para as crias, não investindo muito esforço na construção do ninho. A arquitetura do ninho é similar a outras espécies de Bombus. Colônias de B. brevivillus podem ser úteis para polinização em amplas casas de vegetação ou até mesmo em campos abertos, por investirem muito na produção de novas crias e no desenvolvimento da colônia e essa característica. As famlías Fabaceae e Bignoniaceae possuem espécies importantes para a dieta de B. brevivillus, servindo como fontes alimentares para as colônias, tanto em condições naturais de ocorrência, como em condições de criatório racional. Mesmo em condições de cativeiro, operárias de B. brevivilus forragearam normalmente e produziram machos e rainhas, abrindo um leque de oportunidades para o seu criatório racional e para produção de colônias em laboratório, para fins de conservação e programas de polinização comercial. Diferentemente de abelhas de clima temperado, as operárias de Bombus brevivillus foragearam intensamente no início da manhã, quando a temperatura é mais baixa e a humidade relativa do ar mais alta, especialmente para coletarem pólen. A coleta de água e/ou néctar se distribuiu durante todo o dia, e a necessidade de termorregulação nas horas mais quentes, promoveu uma influência negativa sobre coleta dos recursos alimentares no campo. Existe a possibilidade da manutenção de colônias de B. brevivilus em condições de criatório racional e, com o desenvolvimento de técnicas de manejo. Os machos e as rainhas obtidos através desse sistema, poderão ser usados na produção de novas colônias em laboratório. 104 3.5. REFRÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARTH, O.M. Pollen in monofloral honeys from Brazil. Jornal of Apicultural Research, v. 29, p. 89-94, 1990. BENAVIDES, M.L.A. Aspectos da biologia reprodutiva de Bombus morio (SWEDERUS) e Bombus atratus FRANKLIN (HYMENOPTERA, APIDAE). Dissertação de mestrado. Mestrado em entomologia. Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais. 2008. CAMERON, S.A. & JOST, M.C. Correlates of dominance status among queens in a cyclically polygynous Neotropical bumble bee. 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Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, 1973. 111 CONSIDERAÇÕES FINAIS Pesquisas ao redor do mundo alertam, há bastante tempo, sobre declínio de populações de polinizadores, bem como reduções drásticas na abundância e na diversidade de espécies vegetais e animais principalmente a partir da segunda metade do século passado. A constante e crescente destruição do meio ambiente reduz a disponibilidade de alimento na natureza e as abelhas, por dependerem única e exclusivamente dos recursos florais, é um dos grupos de animais particularmente mais afetado. Dessa forma, é de extrema importância o desenvolvimento de mais pesquisas sobre as abelhas, que contribuam para o avanço no conhecimento específico de cada espécie e na criação de programas de conservação. É necessária, também, uma mudança de mentalidade de todo mundo, antes que seja tarde demais, deverão haver mais iniciativas para a preservação do meio ambiente no intuito de reverter esse degradante e avançado quadro de destruição ambiental total.