Publicitário: web tem lixo como livrarias têm livros de J. Bieber

Transcrição

Publicitário: web tem lixo como livrarias têm livros de J. Bieber
Nome: Terra
Data: 12/04/2011
Endereço: www.terra.com.br
Mídia: Portal/Site
Publicitário: web tem lixo como livrarias têm livros de J. Bieber
O publicitário Rony Rodrigues participou do painel durante o Fórum da Liberdade que ocorre em
Porto Alegre
No segundo e último dia do 24º Fórum da Liberdade, o painel com o advogado
Carlos Affonso Pereira de Souza e o publicitário Rony Rodrigues, mediados pelo
jornalista Carlos Alberto Sardenberg, debateu questões que foram dos direitos
autorais digitais à relevância do conteúdo disponível na internet, acusado de "lixo"
em alguns momentos. Rony, fundador da Box 1824, empresa especializada em
pesquisas de comportamento e em tendências, disse que a internet tem sim muito
lixo, como exaltaram os demais participantes do painel Inovação e Tendências:
Olhando o Futuro, mas que o lixo existe na internet da mesma forma que em
outros meios de comunicação e espaços: "Uma livraria, uma banca de revistas,
também está cheia de lixo, de livros de autoajuda e biografias do Justin Bieber. Na
internet não é diferente, mas se soubermos navegar com sabedoria, podemos
abrir as portas para um mundo extraordinário". Na mesma direção, Carlos Affonso
afirmou que a internet tem muita alienação, mas que também tem muita inclusão.
Em sua fala, Rony fez um paralelo entre as últimas gerações e "a chave" que cada
uma delas conquistou. A chave, segundo ele, é um símbolo de liberdade, pois
quem não tem a chave em seu poder não tem liberdade. "A Geração do Baby
Boom, que cresceu nos anos 60, ganhou a chave de casa, a possibilidade de ir e
vir quando bem entendesse. E eles foram: saíram da casa dos pais, foram aos
festivais de música, para as universidades e as mulheres, em especial, foram em
massa para o mercado de trabalho", explicou Rony. Já a geração seguinte, a
Geração X, que cresceu na década de 80, ganhou a chave do quarto, a chave
para o individualismo.
Por fim, a Geração Y, que é composta por pessoas que cresceram nos anos 90 e
2000 e que acompanha a digitalização do mundo, recebeu a chave do mundo.
"Eles entram e saem de casa a hora em que bem querer, se fecham em seus
quartos, no seu espaço, na sua zona de conforto, e se conectam ao mundo", disse
Rony. Rony acredita que essa nova geração pode até não saber bem o que, mas
sabe que quer algo mais: "Liberdade é pouco, o que eu quero não tem nome",
disse ele citando Clarice Lispector.
Ainda de acordo com Rony, essa geração que cresceu com a digitalização por
vezes se vê mais próxima de alguém que está do outro lado do mundo, no Japão,
do que de seu vizinho. "Eles partilham dos mesmos códigos, códigos esses que
são globais, que encontram lugar na internet, mas que reverberam para fora e
chegam àqueles que não têm acesso a rede. Basta um cara conectado em uma
lan house para que uma dança chegue a um povo", afirmou Rony. Ele
acrescentou que essa geração de digital natives, ou seja, que cresceram na
chamada era digital, não distingue o off-line do online, e que não está preocupada
com os direitos autorais das músicas que baixam. "As leis para a internet não
podem ser as mesmas leis que já conhecemos porque a internet é algo totalmente
novo, revolucionário", concluiu Rony.
Carlos Affonso Pereira de Souza, que abriu sua participação no painel falando de
direitos autorais trouxe para o debate o caso do Napster, site de compartilhamento
de música que protagonizou o primeiro grande caso jurídico e saiu do ar no início
dos anos 2000. Ele lembrou que o site foi vencido nos tribunais americanos, mas
que seu serviço nunca parou de ser oferecido em outros sites, e que o download
ilegal de músicas continuou e continua existindo mesmo sem o Napster.
De acordo com ele, é preciso pensar as leis de direitos autorais digitais levando
em conta questões de acesso, interatividade e colaboração, e que muitos países
ainda se preocupam em culpar os provedores ou mesmo os usuários pelo
download ilegal. "O Brasil faz parte do eixo do mal da pirataria", disse Carlos
Affonso. Ele ainda afirmou que um caminho para repensar os direitos autorais
digitais é a licença Cretive Comms, bastante utilizada no Flickr.
Defendendo o bom uso da internet, Carlos Affonso disse que a internet aproxima o
usuário de quem decide, do poder, e que já está sendo usada de maneira muito
séria em consultas públicas, no formato de fóruns.
Outra tendência apontada por Rony Rodrigues é da educação tangencial, como
por exemplo jogos que estão sendo desenvolvidos para ajudar no aprendizado
escolar dos jovens. De acordo com ele, testes e pesquisas estão sendo feitas para
verificar quanto e como os games podem ajudar as crianças a aprender os
conteúdos básicos ensinados na escolas sem precisar ficar cinco horas sentados
na frente de uma professora. "Se no meu tempo já era difícil passar cinco horas
sentados, se minha mãe já achava estranho os jovens cheios de hormônios
fechados em uma sala de aula, imagina agora que o jovens passam dez horas na
frente de um computador e que aprender a abrir janelas da internet antes de ir
para escola", provocou Rony.

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