ciclo investigações coreográficas

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ciclo investigações coreográficas
CICLO INVESTIGAÇÕES COREOGRÁFICAS
conferencia_performance by Ana Vidigal
Ana Mira: 6 e 7 de Junho 2015
Este ciclo tem como objectivo desenvolver os encontros entre práticas coreográficas e práticas
teóricas. Afirmando uma compreensão performativa, relacional e cinestésica da teoria e do
discurso, a proposta pretende ao mesmo tempo explorar as diversas maneiras de lidar com a
teoria e com formas de articulação discursiva nos processos de criação coreográfica. (PC)
O Forum Dança convidou quatro mulheres a partilhar aquilo que as tem ocupado nos últimos anos. Entre a
teoria e a performance, todas experimentam e investigam territórios não definidos, confrontando
familiaridades de um e de outro, estabelecendo uma conversa que se faz de várias maneiras.
Horário
sábados, 16h00 – 20h00; domingos, 11h00 – 18h00 (inclui pausa para almoço)
Preços
1 workshop: 45€ (até 5 dias antes da data); 50€ (nos últimos 5 dias antes da data)
2 ou mais workshops: 10% de desconto sobre o valor total
Dueto, 2006
ANA MIRA
6, 7 Junho 2015
Laboratório de dança e filosofia: documento sensível
Como é que a escrita traduz as sensações, as pequenas percepções e as imagens da dança em
linguagem verbal e pensamento conceptual? Como é que a reflexão filosófica sobre a continuidade
profunda dos movimentos que fazem a dança, pode intensificar a nossa experiência desse continuum
do movimento? Existe, ou não, uma transformação perceptiva quando experimentamos o corpo na
dança em ressonância com a linguagem verbal e o pensamento conceptual? E, se não existe, como
podemos inventar modos para que essa transformação perceptiva possa acontecer na nossa prática
em dança e filosofia?
Este laboratório consiste numa experimentação do corpo na dança, sua documentação e reflexão
filosófica.
Pela experimentação do corpo na dança, convocamos a escuta e a consciência-desperta (awareness)
das sensações, trazendo a quietude (stillness) ao movimento e à presença do corpo. A quietude
convoca a imersão do movimento na atmosfera destilada (distillness) das sensações, e não a
suspensão do movimento: a quietude desperta no corpo que dança uma “microscopia vibrátil”
(Lepecki, 2000).
O método experimental consiste na “mudança de escala”, isto é, na passagem da macroscopia para
a microscopia dos fenómenos corpóreos (Gil, 2010). Na prática de dança, operamos essa mudança
de escala pela escuta e imersão do corpo nas sensações de peso, leveza, sombra, luz, densidade,
volatilidade, vibração, calor e pó. Este método compreende os “dois planos de movimento” que
definem o “gesto dançado” – o “primeiro plano de movimento” à superfície do movimento visível do
corpo e o “segundo plano de movimento” na subterraneidade de um continuum que sustenta o gesto
dançado (Gil, 2001).
Numa relação de ressonância entre a dança e a filosofia, abordamos os textos selecionados para
este laboratório pela leitura e reflexão colectiva: lendo, reflectindo, mapeando conceitos e problemas
sobre um plano continuum e subterrâneo que sustenta o gesto dançado e preenche o corpo que
dança de presença mais intensa.
No limite da sensação, na passagem entre a experimentação do corpo na dança e sua reflexão
filosófica, desenvolvemos a prática do documento sensível como um mapeamento das sensações do
corpo que dança. Através da escrita, do desenho e da fotografia, o documento sensível cria uma
relação de ressonância entre as duas instâncias – dança e filosofia –, preservando a sua autonomia
e, ao mesmo tempo, fazendo vibrar os seus fenómenos, imagens e durações.
Os materiais filosóficos para este laboratórios são os seguintes:
Gil, J. (2001) 4. O Gesto e o Sentido In: Movimento total: O corpo e a dança (pp.104-130). Lisboa:
Relógio d’Água.
Gil, J. (2002) “The Dancer”s Body” In: Massumi, B. (ed.) A Schock to Thought – Expression after
Deleuze and Guattari (pp.117-127). London: Routledge.
Gil, J. (2010). 2. Questões de Método In: A arte como linguagem (48-58). Lisboa: Relógio d’Água.
Langer, S. (1976) “The Dynamic Image: Some Philosophical Reflections on Dance” Salmagundi.
33/34, Dance (Spring-Summer) pp.76-82 http://www.jstor.org/stable/40546920 [accessed 21
October 2013].
Lepecki, A. (2000) “Still: On the Vibratile Microscopy of Dance” In: Branstetter, G. & Völckers, H.
(eds.) Remembering the Body (pp. 334-366). Ostfildern-Ruit: Hatje Cantz Publishers.
Estes materiais destinam-se apenas à investigação e estão disponíveis no seguinte link e na secção
“teaching documents”: https://unl-pt.academia.edu/AnaMira
ANA MIRA
Performer, coreógrafa, investigadora e docente em dança e filosofia.
Concluiu doutoramento em filosofia/estética na Universidade Nova de Lisboa em 2014, com a
investigação Silêncio, potência e gesto: um corpo na dança. Em 2008 terminou o mestrado em
filosofia/estética, na mesma universidade, com a investigação ABCDEFG: the feet understand;
ambos sob orientação do filósofo José Gil. Fez formação em dança contemporânea no C.E.M., Fórum
Dança e em cursos independentes na Europa e Estados Unidos, destacando a influência de Sofia
Neuparth, Peter Michael Dietz, Howard Sonenklar, Steve Paxton, Lisa Nelson, Eva Karczag, Daniel
Lepckoff, Kirstie Simson, entre outros.
Desde 2011 colabora com a coreógrafa Rosemary Butcher (UK) como performer da sua peça After
Kaprow: The Silent Room + Book of Journeys (2012), estreada no The Place Theater, e Memory in
the Present Tense (2015), com estreia no Nottdance Festival. O seu trabalho coreográfico foi
desenvolvido em colaboração com vários artistas de artes plásticas, performativas e apresentado em
teatros, galerias e outros espaços públicos (entre os quais, Dueto (2006, Casa Fernando
Pessoa/Festival Alkantara) e 3 Estudos para Shihtao (2007, Teatro Camões).
Em 2010 estreia a adaptação do solo At Once, coreografia de Deborah Hay (Solo Performance
Commissioning Project/2009), no Teatro Maria Matos [este projecto foi financiado pela DGArtes,
Teatro Maria Matos e FIAR]. Ainda como performer colaborou com os coreógrafos Pauline de Groot
(NL) e Russell Dumas (AUS).
Foi investigadora no Center for Research in Modern European Philosophy/Kingston University (UK)
com bolsa de doutoramento da Fundação para a Ciência e Tecnologia (2009); no departamento de
Performance Studies na Tisch School of the Arts/New York University, Trisha Brown Studio,
Movement Research, New York Public Library for the Performing Arts e Fales Library /Bobst Library
/NYU (USA) como bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian /Programa de apoio à dança (2007); no
Dans Studio Pauline de Groot (NL) e Dance Exchange/Russell Dumas (AUS/FR) com bolsa do
Departamento de Relações Culturais e Internacionais /Ministério da Cultural (2002). Actualmente,
colabora com IFILNOVA - Instituto de Filosofia da Nova e Baldio: Estudos de Performance.
A sua abordagem experimental ao corpo, movimento e dança, em ressonância com a filosofia, é
influenciada pela corrente da avant-garde americana, suas práticas de release, estudos experienciais
de anatomia, fisiologia e embriologia, body-mind centering (Bonnie Bainbridge Cohen), material for
the spine (Steve Paxton), fasciaterapia (Danis Bois), zhan zhuang chi kung (Master Lam Kam
Chuen), improvisação e composição coreográfica (Lisa Nelson, Deborah Hay). Numa prática
incorporada, recorre, também, à documentação, reflexão filosófica e escrita, pela perspectiva do
corpo que dança e sob a sua própria condição de dançar.
Tem leccionado no ensino académico e artístico: Faculdade de Motricidade Humana, Esc. Sup. de
Artes e Tecnologias de Lisboa, Escola de Dança do Conservatório Nacional, Fórum Dança, CEM, Evoé
– Escola de Actores, Balleteatro, (PT), Independent Dance (UK), Experiencia Danza (ES), Dans
Studio Pauline de Groot (NL).
Escreveu os seguintes ensaios de filosofia estética da dança: The feet understand: o filme ABCDEFG
(Sment, 2015); Corpos escutando, na dança (Relógio d’Água, 2015) e Asas e voo: um documento
sensível (Universidade Lusíada, 2015) .
Seminários anteriores:
SÓNIA BAPTISTA
21, 22 Março 2015
Milking the Conceptual Cow
(A Idade de Ouro da Conferência/Performance, o que é, onde se encontra e como se faz?)
Eu não tenho a presunção de saber os truques todos ou sequer alguns, ainda pergunto a mim
própria, o que é isto da conferência performance? E como fazê-la? Deve puxar mais pelos galões da
investigação filosófica ou conceptual? Ou atirar para o ar a ver se apanha uns fantasmas vagamente
coreográficos ou meta-performáticos? Com toda a honestidade confesso que a minha espingarda é a
da palavra, é a natureza da palavra e as suas possibilidades poéticas e filosóficas que constroem
uma dramaturgia performativa que é também momento de transmissão de informação, de exposição
do ser, sendo e de admissão de uma eterna dúvida e, oxalá, de aprendizagem. Perceber porque se
faz o que se faz e será que não se pode fazer outra coisa ou o mesmo mas de outra maneira?
Começo eu.
Eu prefiro dançar sentada porque tenho costas de tábua de passar a ferro, dessa vicissitude arranjei
sustentações filosófico-conceptuais e fiz de um handicap discurso poético e performativo. Parece-me
que ajuda misturar a experiência e história pessoais com um discurso de investigação mais ou
menos académico, trata-se de transcender a pulsão egóica e humildemente parasitar o que foi
pensado e/ou feito antes de nós, digo parasitar mas com respeito e homenagem devido ao
hospedeiro original porque, para além do essencial que é almejar ser um artista melhor é importante
ser uma pessoa melhor, .
(Nesta senda criativa convém ter conhecimento de línguas estrangeiras para propósitos de reforço
conceptual e/ou dramático. Ter um filósofo fetiche também ajuda. Adivinham o meu?).
Sónia Baptista
SÓNIA BAPTISTA
Nasceu em Lisboa em 1973.
Completou o Curso de Intérpretes de Dança Contemporânea do Fórum Dança em 2000.
Obteve, com distinção, o grau de Master Researcher in Choreography and Performance da
Universidade de Roehampton em Londres, Reino Unido.
A sua formação foi complementada em workshops de dança, música e teatro e vídeo.
No seu trabalho explora e experimenta com as linguagens da Dança, Música, Literatura, Teatro e
Vídeo. Como intérprete e co-criadora colaborou com vários artistas e companhias, entre eles,
Laurent Goldring, Patrícia Portela, Aldara Bizarro, Vera Mantero, Thomas Lehmann, Arco Renz,
Teatro Cão Solteiro, AADK. Em 2001, foi-lhe atribuído o Prémio Ribeiro da Fonte de Revelação na
área da Dança pelo Ministério da Cultura por Haikus(o seu primeiro trabalho), uma série de
pequenos solos que tiveram estreia oficial no festival Danças da Cidade em 2002. Nesse mesmo ano
foi bolseira do Centro Nacional de Cultura. Em 2003 cria um díptico a solo, Icebox Fly. Winter Kick
(Festival A8). Em 2006 cria Subwoofer, uma extravagante performance vídeo-musical, com estreia
no Festival Alkantara. Vice-Royale.Vain-Royale.Vile-Royale estreou em Fevereiro 2009 na Culturgest
em Lisboa. Em Outubro desse mesmo ano cria a sua primeira peça infantil, Um Capucho, Dois Lobos
e Um Porco vezes Três com estreia no Teatro do Campo Alegre no Porto.
Em Abril de 2011 apresenta Haikai Zoo Kino no Theatro Circo em Braga e em Novembro estreia
Peaufine no Festival Temps d’Images em Lisboa, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian.
A sua segunda peça infantil, Alva 7.0, estreou em Dezembro de 2011 no teatro Turim em Lisboa.
Tempus Fugit, estreou em 2012, no Teatro S. Luiz, no âmbito do Festival Temps d’Images.
Em 2013 participa na exposição colectiva “Ilha” na Livraria Sá da Costa com a obra escultórica coisa
frágil Apresenta Today is it a squirrel? No Michaelis Theatre em Londres. A versão portuguesa, E
hoje, é um Esquilo? estreou no Festival Triciclo em Lisboa em 2014. Apresentou uma performance
de homenagem à pintora Vieira da Silva e um dueto a capella com Tanja Simic Queiroz, em que
cantou obras de sua autoria, na Fundação Arpad Szenes- Vieira da Silva. Participa na exposição
colectiva, Light&Sound no espaço Attic em Lisboa com a obra, O Processo dos Peregrinos Deslizando
pela Água.
Interpretação e co-criação com Patrícia Portela e Cláudia Jardim da peça infantil “Fábulas
Elementares” Teatro Maria Matos. Ainda em 2014 estreia in the fall the fox, e na queda raposar no
Festival Temps d’Images em Lisboa.
Lança o seu primeiro livro pelas (não) Edições, de água por todos os lados,
e, já em 2015, publica o texto da peça , E hoje, é um Esquilo? pela Douda Correria e participa na
colectânea de poesia Voo Rasante da Mariposa Azual. Prepara um texto dramatúrgico sobre a obra
de Pedro Tudela para o Festival END em Coimbra e a estreia da sua nova criação, a falha de onde a
luz, no âmbito do Festival Cumplicidades.
Tem continuado paralelamente a escrever, a criar peças curtas e a desenvolver inúmeros e variados
projectos dentro do domínio das artes performativas. Colabora com a CNB nos Programa de
Aproximação à Dança.
Ao longo do seu percurso artístico o seu trabalho foi apoiado pelo Ministério da Cultura-DGartes,
Fundação Calouste Gulbenkian e Centro Nacional de Cultura. O seu trabalho tem sido apresentado
em vários Festivais e Teatros em Portugal, França, Dinamarca, Alemanha, Suíça, Bélgica, Croácia,
Áustria, Brasil, Espanha, Itália e Reino Unido, Rússia, Tunísia e Brasil. Os seus textos foram
publicados no livro “Ideias Perigosas para Portugal”, Ed. Tinta da China e “Revista Inútil” nº 3, e n
º4, Lisboa, Portugal (2010 e 2012).
Artista Associada da AADK Portugal.
PAULA CASPÃO
11, 12 Abril 2015
Coreografias da Investigação / Investigações coreográficas
Tratar-se-á de considerar o fazer artístico e a performance como investigação, ao mesmo tempo que
afirmamos a investigação teórica como fazendo parte das práticas do corpo, nomeadamente
cartografando as suas ecologias e dispositivos, as suas formas de vida, a sua gestualidade e as suas
economias afectivas.
Partindo assim de uma compreensão situada e relacional da investigação e da produção de
conhecimento, vamos explorar, por um lado, diversas maneiras de re-ler, re-entender e re-praticar o
fazer teórico; serão por outro lado observados casos particulares de investigação artística e de
“performance como investigação” no âmbito da criação coreográfica contemporânea.
Facto é que na paisagem actualmente multidimensional das artes coreográficas, as práticas de
criação/produção artística não podem considerar-se independentemente da produção de
conhecimento. Tendo em conta um muito activo espaço de toque crítico entre a performance, a
investigação, a teoria e a documentação, tentaremos perceber que desafios metodológicos,
epistemológicos e estéticos – para os espaços e instituições de criação artística como para as
instituições universitárias que desenvolvem programas de investigação artística – estão implícitos na
desejável ideia de intermediação entre os processos de criação, a investigação artística e/ou teórica,
a reflexão, a documentação e a produção de conhecimento (situado!).
PAULA CASPÃO
Investigadora, docente, dramaturgista e artista interdisciplinar, trabalha no cruzamento das artes
coreográficas com outras áreas do conhecimento. Concluiu doutoramento em filosofia/epistemologia
na Universidade de Paris-10 em 2010, e é investigadora de pós-doutoramento em estudos de
performance no Centro de Estudos de Teatro da Universidade de Lisboa, como bolseira da FCT; é
investigadora integrada no Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa.
Intervém frequentemente como professora convidada na Danish National School of Performing Arts,
em Copenhaga, bem como no Master de Coreografia do Centre National Chorégraphique de
Montpellier. Facilita workshops de dramaturgia e de práticas discursivas, coeográficas e
performativas através da Europa e Austrália. Juntamente com Bojana Bauer, Ivana Müller e Joachim
Hamou desenvolve actualmente INSTITUT, um grupo experimental de actividades críticas e artes
performativas com base em Paris.
Movendo-se entre actividades diversas, investiga as modalidades de conhecimento geradas pela
ficção, bem como as dimensões ficcionais implicadas na produção de conhecimento. Interessam-lhe
as políticas e as economias afectivas da percepção, do pensamento, do movimento e do discurso,
bem como uma abordagem crítica das modalidades de investigação artística actualmente em
expansão. No âmbito do seu trabalho artístico tem vindo a relacionar materiais, metodologias e
práticas díspares: conversas ouvidas em espaços públicos, previsões meteorológicas, teorias do
afecto, filosofia da linguagem, política, gastronomia, histórias de animais, objectos, taxonomias
botânicas, paisagens transformadas em arquivos, sons e ruídos, práticas somáticas apropriadas de
forma selvagem, documentos de vários tipos e, claro, fantasmas. Colaborou com os coreógrafos
João Fiadeiro (PT), Petra Sabisch (D), Alix Eynaudi (F/A), Anne Juren (F/A), Agata Maszkiewicz
(PL/F), Valentina Desideri (I/F), Zoë Poluch (CA/SE), Linda Luke (AU), Hellen Sky (AU). Os seus
trabalhos encontram-se publicados em revistas e antologias de artes coreográficas, filosofia e
performance (Austrália, Áustria, Bélgica, Eslovénia, EUA, França, Portugal, Espanha, Suécia,
Turquia); é autora do livro Relations on paper (Ghost, 2013), e co-autora/editora de The Page As a
Dancing Site (Ghost, 2014).
SÍLVIA PINTO COELHO
16, 17 Maio 2015
Na Casa-Espelho, práticas de pensamento coreográfico
Chamo aos estúdios de dança e às relações neles praticadas: «máquinas de pensamento
coreográfico». Proponho considerar a ética de trabalho desenvolvida nalguns processos de pesquisa
coreográfica, uma ginástica do pensamento crítico e um reconhecimento do político, posto em
prática dentro dos estúdios e levado para fora deles, enquanto mestria da atenção. Depois, a partir
do estúdio de dança do Forum Dança convido os participantes de uma oficina a jogar vários jogos de
atenção e de construção de relações como potenciais constituintes de um pensamento coreográfico
contemporâneo. Interessa-me a tensão entre momentos de dissolução numa dança e momentos
mais reflexivos. Tomo como referência determinados pensamentos coreográficos que tenho vindo a
acompanhar, e imagino-nos a vaguear entre ideias de improvisação, de composição, de composição
em tempo real, simplesmente lendo, ou actualizando no corpo, no espaço e no tempo estas noções.
SÍLVIA PINTO COELHO
Coreógrafa, bailarina e investigadora. Finaliza a tese de doutoramento : Corpo, Imagem e
Pensamento. Da Pesquisa Coreográfica Contemporânea, ou da Produção de Imagens de Corpo
enquanto Discurso de Dança: Os Exemplos da Prática e do Pensamento de Lisa Nelson, Mark
Tompkins, João Fiadeiro e Olga Mesa, com bolsa da F.C.T. na área de Comunicação e Artes. Lecciona
a cadeira «Dança em Contexto» comum ao mestrado de Artes Cénicas e Comunicação e Artes, do
departamento de Ciências da Comunicação FCSH. É mestre em Ciências da Comunicação, licenciada
em Antropologia, bacharel em Dança, tendo feito também o curso de Intérpretes de Dança
Contemporânea do Forum Dança (1997/1999). Iniciou a sua formação em dança na Academia de
Bailado Clássico Pirmin Treku, no Porto, em 1981. Desde 1994 que vive em Lisboa integrando no seu
percurso o estudo da dança contemporânea europeia, em especial, a portuguesa. Apresentou peças
suas em Portugal, na Alemanha, onde viveu três anos, e em Espanha. Colaborou com vários artistas
em processos de pesquisa coreográfica, de pedagogia, e em filmes. No seu trabalho destaca as
peças «Einzimmerwohnung» (2004), «Süss» (2007) e «Un Femme» (2009). E os seguintes artigos:
2015 «Na Casa-Espelho: Propostas Ético-Estéticas de Pensamento Coreográfico» (a ser publicado na
revista online Inflexions)
2015 «Dançar-Pensar Enquanto Investigação e Poética: Corpo #1» in Sinais de Cena nº22, APCT e
CET, UL, Lisboa.
2013 «Dançar-Pensar Enquanto Investigação e Poética: Movimento #1» in Actas do Colóquio
Movimento e Mobilização Técnica, CECL, FCSH, Lisboa (no prelo).
2012 «Os Tuning Scores de Lisa Nelson», «Go de Lisa Nelson e Scott Smith» in Ciclo
Improvisações/Colaborações. Auditório da Fundação de Serralves, Porto.

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