influencia da manipulação osteopatica sacroiliaca sobre a pressao

Transcrição

influencia da manipulação osteopatica sacroiliaca sobre a pressao
Universidade do Vale do Paraíba
Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento
JOÃO PAULO FREITAS
INFLUÊNCIA DA MANIPULAÇÃO OSTEOPÁTICA SACROILÍACA SOBRE A
PRESSÃO PLANTAR E OSCILAÇÃO CORPORAL ATRAVÉS DO SISTEMA DE
BAROPODOMETRIA E ESTABILOMETRIA
São José dos Campos, SP
2010
João Paulo Freitas
INFLUÊNCIA DA MANIPULAÇÃO OSTEOPÁTICA SACROILÍACA SOBRE A
PRESSÃO PLANTAR E OSCILAÇÃO CORPORAL ATRAVÉS DO SISTEMA
DE BAROPODOMETRIA E ESTABILOMETRIA
Dissertação de Mestrado apresentada
ao Programa de Pós-graduação em
Bioengenharia, como complementação
dos
créditos
necessários
para
obtenção do título de Mestre em
Engenharia Biomédica.
Orientadora: Profª Dra. Ana Maria do
Espírito Santo.
São José dos Campos, SP
2010
F936i
Freitas, João Paulo
Influência da manipulação osteopática sacroilíaca sobre a pressão plantar e
oscilação corporal através do sistema de baropodometria e estabilometria / João
Paulo Freitas; Orientadora: Profa Dra. Ana Maria do Espírito Santo.
74 f., 1 disco laser: color
Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação em Bioengenharia do
Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Universidade do Vale do Paraíba,
2010.
1. Medicina osteopática 2. Articulações 3. Distúrbios da postura
humana I. Santo, Ana Maria do Espirito, orient. II. Título.
4. Postura
CDU: 615.8
DEDICATÓRIA
À minha querida esposa, e colega de profissão, Karine, pelo incentivo,
colaboração e compreensão.
Aos meus pais Riolando e Neuza, meus primeiros professores, mesmo com
sacrifícios sempre proporcionaram a melhor educação possível para mim e
minhas irmãs.
Aos meus avós Carmelina e Moisés, que foram grandes colaboradores em minha
educação.
A todos os meus professores, sem os quais não teria chegado até aqui.
AGRADECIMENTOS
À minha orientadora, Profa. Dra. Ana Maria do Espírito Santo, por ter aceitado
orientar este trabalho, e por toda dedicação.
A todos os professores e funcionários do IP&D, que direta ou indiretamente
colaboraram com a minha conclusão do mestrado em Bioengenharia.
Aos meus colegas de profissão, de mestrado e de longas viagens de Guarapuava
PR a São José dos Campos SP, Cássio, Vanessa e Aline.
À professora Ms. Rina Márcia Magnanni pela colaboração neste trabalho.
Aos meus alunos, que sempre me impulsionam a aprender mais, e colaboraram
com este trabalho.
À Universidade Estadual do Centro-Oeste, UNICENTRO, em especial ao
Departamento de Fisioterapia – DEFISIO.
A todos os meus colegas da Secretaria Municipal de Saúde de Candói PR.
INFLUENCIA DA MANIPULAÇÃO OSTEOPÁTICA SACROILÍACA SOBRE A
PRESSÃO PLANTAR E OSCILAÇÃO CORPORAL ATRAVÉS DO SISTEMA
DE BAROPODOMETRIA E ESTABILOMETRIA
Resumo
Alterações no posicionamento da articulação sacroilíaca (ASI), podem
alterar a forma como distribuímos a pressão em nossos pés, bem como nosso
equilíbrio postural. As técnicas de manipulação osteopática vem sendo cada vez
mais utilizadas com o intuito de reajustar as articulações favorecendo a
biomecânica normal. A baropodometria é um exame que analisa a pressão
plantar sobre uma plataforma composta por sensores que visa mensurar e
comparar as pressões desenvolvidas nos diferentes pontos da região plantar.
Esta plataforma permite também a avaliação estabilométrica, que verifica o
comportamento do equilíbrio corporal na postura estática. O objetivo deste
estudo foi verificar a influência da manipulação osteopática da ASI sobre a
distribuição da pressão plantar e oscilação corporal através da baropodometria e
estabilometria. Foram avaliados 120 adultos jovens, destes 16 indivíduos que
apresentaram disfunção osteopática em posterioridade esquerda foram incluídos
na análise estatística dos dados. Para a análise baropodométrica e
estabilométrica foi utilizada uma plataforma de força do Sistema de Análise
Footwork. A coleta de dados baropodométricos e estabilométricos foi realizada
antes e após a manipulação osteopática da ASI. A estatística descritiva foi
realizada através do Software Excel 7.0. O Software Instat foi utilizado na
estatística inferencial, para realizar a análise comparativa através do Teste T
student Pareado, com índice de significância de 95% (p< 0,05.) Houve mudanças
estatisticamente significativas (p<0,05), após a manipulação da ASI nas
seguintes variáveis: pressão média plantar em pé direito, diferença da pressão
média plantar entre os pés, pressão máxima plantar em pé direito, superfície
plantar de contato do pé direito. Nas variáveis estabilométricas e
baropodométricas de pressão média em antepé, médio pé e retro pé os dados
não foram estatisticamente significativos (p>0,05). Os resultados deste estudo
demonstraram que a manipulação osteopática da ASI foi capaz de levar a
alterações significativas na distribuição da pressão plantar, porém não influenciou
significativamente o equilíbrio corporal.
Palavras-chave: Osteopatia, manipulação osteopática, articulação sacroilíaca,
baropodometria, estabilometria, oscilação postural.
INFLUENCE OF THE OSTEOPATHIC SACROILIAC MANIPULATION IN FOOT
PRESSURE AND BODILY OSCILLATION THROUGH BAROPODOMETRIC
AND ESTABILOMETRIC SYSTEM
Abstract
Alterations in sacroiliac articulation (ASI) could change the distributed
pressure on feet and the equilibrium of the posture. The baropodometric analysis
is an exam where it is possible to analyze the foot pressure on a platform
composed by many sensors responsible for measurement and comparison of the
pressures on different points in the region of the feet that is in contact with the
ground. It is also possible to have a stabilometric measurement using the same
platform and to know how the bodily equilibrium in still posture is. The objective of
this study was to study about influence of the osteopathic manipulation of the ASI
on distribution of the foot pressure and bodily oscillation through baropodometric
and stabilometric system.120 young adults took part of the research and 21
participants with posterior left dysfunction have gone on, of these 16 were
included in the statistical analysis of the data. One platform of force of the
Footwork Analysis System was utilized for baropodometric and stabilometric
analysis. The baropodometric and stabilometric data were collected before and
after the osteopathic manipulation of the ASI. The descriptive statistic was done
through Excel 7.0 Software. The Instat Software was utilized in inferential statistic
to do the comparative analyze using the Test T Student Paired having the
signification indicator p<0,05. There were meaning statistically changes (p<0,05)
after the manipulation of the ASI in variants as foot medium pressure in right foot,
difference between the medium pressure in both feet, foot maximum pressure in
right foot, foot surface of contact of the right foot. The data were not significant
about other variants. It was possible to know through the results of this study that
the osteopathic manipulation of the ASI was able to change the distribution of the
foot pressure where only some variants were statically significant.
Key-words: osteopathy, osteopathic manipulation, sacroiliac
baropodometric analysis, stabilometric analysis, postural oscillation.
articulation,
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Ossos da cintura pélvica......................................................................18
Figura 2 - Articulação sacroilíaca e ligamentos....................................................20
Figura 3 - Músculos que influenciam a cintura pélvica.........................................21
Figura 4 - Irrigação da região ilíaca......................................................................22
Figura 5 - Inervação da articulação sacroilíaca....................................................23
Figura 6 - Nutação e contra-nutação do sacro.....................................................25
Figura 7 - Rotação anterior e posterior do inonimado..........................................25
Figura 8 - Teste de flexão em pé..........................................................................29
Figura 9 - Teste de Gillet – posição inicial............................................................30
Figura 10 - Teste de Gillet – flexão de quadril......................................................31
Figura 11 - Teste de Gillet – extensão de quadril.................................................31
Figura 12 - Teste de Downing – posição inicial....................................................32
Figura 13 - Teste de Downing – rotação interna..................................................33
Figura 14 - Teste de Downing – rotação externa.................................................33
Figura 15 - Manipulação osteopática da ASI para correção de disfunção em
posterioridade........................................................................................................35
Figura 16 - Ossos do Pé – Vista lateral e medial.................................................37
Figura 17 - Pêndulo Invertido...............................................................................42
Figura 18 - Imagem gerada pelo sistema de baropodometria..............................45
Figura 19 - Dados gerados pela estabilometria....................................................48
Figura 20 - Plataforma de baropodometria...........................................................51
Figura 21 - Avaliação baropodométriaca..............................................................52
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Perfil da Amostra.................................................................................54
Tabela 2 - Pressão Média Plantar........................................................................55
Tabela 3 - Pressão Máxima Plantar.....................................................................56
Tabela 4 - Superfície Plantar de Contato.............................................................57
Tabela 5 - Centro de Gravidade do Corpo...........................................................59
Tabela 6 - Centro de Gravidade dos Pés.............................................................60
Tabela 7 - Baropodometria AP, MP, RP...............................................................61
Tabela 8 - Estabilometria......................................................................................62
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Pressão Média Plantar.......................................................................55
Gráfico 2 - Pressão Máxima Plantar....................................................................57
Gráfico 3 - Superfície Plantar de Contato............................................................58
Gráfico 4 - Superfície de Oscilação do Centro de Gravidade do Corpo .............59
Gráfico 5 - Superfície de Oscilação do Centro de Gravidade dos pés ...............60
LISTA DE ABREVIATURAS
ASI – articulação sacroilíaca
EIAS – espinha ilíaca ântero-superior
EIPS – espinha ilíaca póstero-superior
mm – milímetros
MMII – membros inferiores
a.C. – antes de cristo
S2 – segunda vértebra sacral
% - por cento
SNC – sistema nervoso central
SNP – sistema nervoso periférico
CP – centro de pressão
CG – centro de Gravidade
mm/s – milímetro por segundo
P – velocidade de oscilação em mm/s
F – freqüência de amostragem
T – tempo de coleta
N – número de pontos registrados
X i - eixo x
Y i - eixo y
COP – posição do centro de pressão
i – índice de amostra
Rd – deslocamento radial em mm
CV – coeficiente de variação
P corpo – velocidade de oscilação do corpo.
P D – velocidade de oscilação do pé direito
P E – velocidade de oscilação do pé esquerdo
Rd E – deslocamento radial do pé esquerdo
Rd D – deslocamento radial do pé direito
Rd Corpo – deslocamento radial do corpo
AP – antepé
MP – mediopé
RP – retropé
D – direito
E – esquerdo
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................15
1.1 Objetivo Geral..................................................................................................16
1.2 Objetivos Específicos.......................................................................................16
2 REVISÃO DA LITERATURA ..................................................................................17
2.1 A cintura pélvica ..............................................................................................17
2.1.1 Ossos da cintura pélvica ...........................................................................17
2.1.2 A Articulação Sacroilíaca ..........................................................................18
2.1.3 Ligamentos................................................................................................19
2.1.4 Músculos ...................................................................................................20
2.1.5 Irrigação ....................................................................................................21
2.1.6 Inervação ..................................................................................................22
2.1.7 Biomecânica da Articulação Sacroilíaca ...................................................23
2.1.8 A mobilidade da articulação sacro-ilíaca ...................................................26
2.2 Osteopatia .......................................................................................................26
2.2.1 Disfunções da articulação sacroilíaca. ......................................................27
2.2.2 Avaliaçâo da articulação sacroilíaca .........................................................28
2.2.3 Conseqüência das lesões osteopáticas ilíacas .........................................33
2.2.4 Tratamento das disfunções sacroilíacas ...................................................33
2.3 O Pé.................................................................................................................34
2.3.1 Anatomia do pé .........................................................................................35
2.3.2 Os arcos do pé ..........................................................................................37
2.3.3 Os pés como base de sustentação ...........................................................38
2.4 Influências do posicionamento ilíaco sobre a postura. ....................................39
2.5 A postura e o equilíbrio corporal ......................................................................40
2.6 Sistemas de baropodometria ...........................................................................43
2.7 Estabilometria ..................................................................................................46
3 METODOLOGIA.....................................................................................................48
3.1 Aspectos Éticos ...............................................................................................48
3.2 Tipo de Estudo.................................................................................................48
3.3 Local ................................................................................................................48
3.4 População e Amostra.......................................................................................48
3.5 Critérios de Inclusão e exclusão ......................................................................49
3.6 Equipamentos..................................................................................................49
3.7 Procedimento Experimental.............................................................................50
3.8 Análise estatística............................................................................................52
4 RESULTADOS .......................................................................................................53
5 DISCUSSÃO ..........................................................................................................61
6 CONCLUSÃO.........................................................................................................64
REFERÊNCIAS.........................................................................................................65
APÊNDICE A: Termo de Consentimento ..................................................................73
ANEXO A: Comitê de Ética em Pesquisa .................................................................74
15
1 INTRODUÇÃO
A cintura pélvica é considerada um conjunto que transmite forças para a
coluna vertebral e membros inferiores (MMII). O conjunto formado pela coluna
vertebral, pelo sacro, ilíaco e MMII constitui um sistema articulado: por um lado a
articulação coxofemoral e por outro a articulação sacroilíca (ASI). Estas
interações entre as articulações da cintura pélvica e as suas influências sobre as
estruturas à distância, sejam ascendentes ou descendentes caracterizam a
biomecânica corporal estática (KAPANDJI, 2000).
Uma deformação ou assimetria dos pés refletirá em regiões do tronco
e/ou cabeça, necessitando de uma adequação do sistema postural, o que faz
lembrar que bons apoios dos pés no chão direcionam o corpo a uma postura
adequada (CECCHINI, 2004). Da mesma forma, a desarmonia postural implicaria
em alterações na forma de distribuição da pressão na planta dos pés. Portanto, a
harmonia neuromusculoesquelética é importante para o funcionamento ideal do
complexo lombar, pélvico e do quadril (LEE, 2001).
Busquet (2003) descreve a importância dos deslocamentos da pelve
devido à anterioridade-posterioridade, afirmando que na maioria das torções da
pelve existe uma torção postural que resulta em uma compensação global.
Assim, pode ocorrer uma alteração na forma como o indivíduo distribui o seu
peso sobre os pés.
Estudos sugerem que o controle da postura não está simplesmente
baseado em um conjunto de respostas reflexas, nem é uma resposta préprogramada acionada por um desequilíbrio. O controle da postura é uma
característica adaptável ao sistema motor, que se baseia na interação entre o
estímulo aferente e a resposta eferente (ENOKA, 2000).
Alterações estruturais nos pés podem levar as alterações posturais
ascendentes, bem como alterações e adaptações posturais, inclusive por lesões
osteopáticas das articulações da pelve, principalmente da sacroiliíaca podem
proporcionar alterações na distribuição da pressão sobre a planta dos pés e no
equilíbrio corporal.
O exame dos pés na postura ereta, em apoio, pode ser realizado pela
baropodometria eletrônica. É um exame objetivo e quantitativo que analisa a
16
pressão plantar sobre uma plataforma composta por sensores que visa mensurar
e comparar as pressões desenvolvidas nos diferentes pontos da região plantar.
Esta plataforma permite também a avaliação estabilométrica, que verifica o
comportamento do equilíbrio corporal. Este tipo de avaliação constitui o
fundamento científico da eficácia de muitos procedimentos conservadores e
cirúrgicos das afecções dos pés e possibilita quantificar as pressões do pé direito,
esquerdo, pressões na parte anterior, posterior e no mediopé, até repartição,
modificação, hiperpressão, e distribuição das pressões plantares e as oscilações
corporais (VAN DER WURFF; MEYNE; HAGMEIJER, 2000).
A utilização da baropodometria para analisar o equilíbrio postural corporal
é uma tecnologia bastante recente, existindo ainda poucas pesquisas relatando o
seu uso. As técnicas de manipulação osteopática vêm sendo cada vez mais
utilizadas como forma de tratamento das disfunções musculoesqueléticas e
posturais, com resultados clínicos positivos, porém há escassez de pesquisas
científicas que comprovem os reais efeitos deste tipo de tratamento.
1.1 Objetivo Geral
O objetivo deste estudo foi verificar, através da baropodometria e
estabilometria, as alterações na distribuição da pressão plantar e oscilação
corporal, após a manipulação osteopática da ASI.
1.2 Objetivos Específicos

Verificar a eficácia da técnica de manipulação osteopática sacroilíaca.

Analisar a influência da manipulação osteopática sacroilíaca sobre a
distribuição da pressão plantar.

Analisar a influência da manipulação osteopática socroilíaca sobre o equilíbrio
corporal.
17
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 A cintura pélvica
A cintura pélvica é considerada um conjunto de estruturas que transmitem
forças para a coluna vertebral e MMII. O conjunto formado pela coluna vertebral,
pelo sacro, ilíaco e MMII constitui um sistema articulado: por um lado na
articulação coxofemoral e por outro na ASI (KAPANDJI, 2000). Esta, um anel
formado pelos dois ossos coxais, o sacro e o cóccix, formando uma cavidade em
forma de funil. É envolvida por paredes musculares, ligamentosas e ósseas
(MOORE; DALLEY, 2001).
2.1.1 Ossos da cintura pélvica
O ílio é a maior e mais superior porção do osso do quadril. Sua crista
projeta-se na espinha ilíaca ântero-inferior (EIAI) acima da qual está a espinha
ilíaca ântero-superior (EIAS), em ambas se inserem os músculos da parede
abdominal. O corpo do ílio forma o acetábulo, onde se articula a cabeça do
fêmur, e a parte côncava anterior forma a fossa ilíaca (JACOB; FRANCONE;
LOSSOW, 1990).
O ísquio é a porção mais forte do osso do quadril. Vista de frente, sua
borda curvada é a margem mais inferior da pelve. É composto por um corpo e um
ramo. O corpo contém a tuberosidade isquiática que, na posição sentada, recebe
o peso do corpo. O ramo se estende medial e anteriormente, da tuberosidade
isquiática até o ramo inferior do púbis (MOORE; DALLEY, 2001).
O púbis é superior e levemente anterior ao ísquio. O maior forame do
corpo está entre o púbis e o ísquio, é preenchido com tecido fibroso, vasos
sangüíneos e nervos e é funcional para aliviar o peso do “osso do quadril”. Os
dois ossos púbicos formam uma articulação chamada sínfise púbica (JACOB;
FRANCONE; LOSSOW, 1990).
18
Figura 1: Ossos da cintura pélvica (NETTER, 1999).
2.1.2 A Articulação Sacroilíaca
A ASI (Figura 2) é uma articulação diartrodial, com movimentos pequenos
e difíceis de medir, apesar de ser considerada imóvel pelos antigos clínicos, no
século XX foi estabelecido que pequenos movimentos ocorrem nesta articulação
em homens e mulheres (SMITH; WEISS; LEHMKUHL, 1997).
A anatomia dessa articulação é complexa e exclusiva, com um
compartimento superior sindesmótico e um compartimento inferior sinovial.
Localizada no centro da cintura pélvica, os elementos ósseos da ASI incluem a
região póstero-lateral da asa do sacro (ao nível do primeiro e segundo segmentos
sacrais) e a superfície ântero-medial do ilíaco adjacente à espinha ilíaca pósteroinferior. Posteriormente, a articulação pode ser dividida em porção sinovial que é
anterior e consiste nas superfícies auriculares do sacro e do ilíaco, e porção
sindesmótica que é mais posterior e consiste na área rugosa das tuberosidades
do sacro e do ilíaco que aderem aos ligamentos sacroilíacos interósseos (COX,
2002).
As superfícies articulares correspondem na face auricular ao sacro e ao
osso do quadril e ao encaixe das duas faces articulares que é a linha
19
interarticular. A projeção do osso do quadril forma inferiormente um suporte para
a parte correspondente do sacro, que em forma de cunha apresenta obliqüidade
no sentido súpero-inferior e póstero-anterior, permitindo resistir às pressões
transmitidas pela coluna lombar (LATARJET; LIARD, 1996).
A crista ilíaca pode ser descrita como uma margem rugosa que se estende
desde a EIAS ate EIPS, de forma convexa em sua parte superior, descrevendo
um “S” itálico de anterior para posterior, dois terços anteriores convexos
externamente e um terço posterior côncavo internamente. Os dois terços
anteriores se relacionam com a convexidade abdominal, proporcionando inserção
às três camadas musculares do cíngulo dos membros inferiores (músculos
transverso do abdome, oblíquos interno e externo e fáscia lata). O terço posterior
corresponde à constrição paravertebral, proporcionando inserção aos elementos
posteriores (massa muscular lombossacral, ligamentos iliolombares, músculos
quadrado lombar, latíssimo do dorso e glúteo máximo) (DUFOUR, 2003).
As superfícies articulares da ASI são únicas em relação ao tipo de
cartilagem que as demarcam. No sacro, a superfície articular é demarcada por
uma camada de três milímetros de cartilagem hialina, sendo aproximadamente
três vezes mais espessa do que a do lado do ilíaco. Já no ilíaco, a superfície
articular é demarcada por uma camada fina, um milímetro, de fibrocartilagem
(COX, 2002).
2.1.3 Ligamentos
Os ligamentos interósseos, posteriormente, compõem o espaço entre a
crista sacra lateral e o lado interno da tuberosidade ilíaca. Possuindo fibras
multidirecionais, estes ligamentos cobrem cerca de 50% da extensão da
articulação. Várias camadas de ligamentos sacroilíacos posteriores curtos e
longos cobrem os ligamentos interósseos e a face posterior do sacro, fixando-se
na tuberosidade dos ílios e dirigindo-se medial e distalmente para fixar-se no
sacro (Figura 2) (SMITH; WEISS; LEHMKUHL, 1997).
Na face anterior, estão os ligamentos sacroilíacos anteriores, mais finos e
menos extensos que os posteriores. Estes ligamentos estendem-se da face
anterior da base do sacro e dos dois primeiros forames sacrais à parte
20
correspondente ao osso do quadril. Os ligamentos iliolombar, sacrotuberoso e
sacroespinhoso, apesar de serem extrínsecos à cápsula fibrosa da ASI, auxiliam
os ligamentos sacroilíacos anteriores e posteriores a estabilizar a articulação
(LATARJET; LIARD, 1996).
Figura 2: Articulação sacroilíaca e ligamentos (MOORE; DALLEY, 2001).
2.1.4 Músculos
Não existe um músculo intrínseco para a ASI, porém cerca de quarenta
músculos podem influenciar seu movimento (Figura 3). Alguns deles se aderem
em três pontos, incluindo uma pequena porção ligando o sacro e o ilíaco, são
eles o eretor da coluna, o multifídio, o iliopsoas, o glúteo máximo e os músculos
piriformes (COX, 2002).
A ASI também é influenciada pelos músculos capazes de inclinar a cintura
pélvica, sendo seus movimentos criados pelos músculos que flexionam,
estendem ou giram a coluna vertebral, movendo o sacro; pelos músculos que
flexionam, estendem, abduzem, aduzem, supinam e pronam a coxa, movendo o
21
ilíaco; e pelos músculos que inclinam a pelve anteriormente, fazendo com que o
sacro se mova posteriormente e o ilíaco se incline lateralmente para a direita e
para a esquerda. A cintura pélvica é inclinada posteriormente pelos músculos
retos abdominais e anteriormente pelos músculos eretores da coluna, movendo o
sacro (COX, 2002).
Figura 3 – Músculos que influenciam a Cintura pélvica, (SOBOTTA, 2000).
2.1.5 Irrigação
Ramos da divisão posterior da artéria ilíaca interna suprem o aspecto
anterior da ASI. Cada artéria ilíaca interna, medindo aproximadamente 4
centímetros de comprimento, inicia anterior à ASI na bifurcação da artéria ilíaca
comum e desce posteriormente para o forame isquiático maior (Figura 4). O seu
principal ramo para a articulação é a artéria lateral do sacro. Posteriormente, a
ASI é suprida por ramos que penetram na artéria glútea superior, este grande
vaso passa posteriormente e corre entre o tronco lombossacral e o ramo anterior
22
do nervo S1, deixando a pelve através da parte superior do forame isquiático
maior para suprir os músculos glúteos (MOORE; DALLEY, 2001).
Figura 4: Irrigação da região ilíaca (NETTER, 1999)
2.1.6 Inervação
A inervação da ASI possui grande variação (Figura 5). Todos os nervos de
L2 a S4 podem ser encontrados nesta articulação. Posteriormente, os nervos
correm entre a camada superficial dos ligamentos interósseos sacroilíacos e os
sacroilíacos dorsais. Anteriormente, é mais freqüente que seja inervada pelos
ramos primários de S1 e S2. Além disso, a ASI é altamente favorecida por
nociceptores e proprioceptores, podendo isso se dar pelo fato da monitorização
23
do movimento e da posição da cintura pélvica, contribuindo, assim, para manter o
corpo ereto e em equilíbrio (COX, 2002).
Figura 5: Inervação da Articulação Sacroilíaca, (MOORE; DALLEY, 2001).
2.1.7 Biomecânica da Articulação Sacroilíaca
O quadrante inferior do corpo tem como função promover a locomoção e
ao mesmo tempo proporcionar uma base estável a partir da qual os membros
superiores possam atuar. Juntos, o tronco e os membros inferiores têm potencial
para realizar movimentos multidimensionais com gasto mínimo de energia (LEE,
2001).
A biomecânica da ASI é de difícil estudo, suas partes sinoviais e
sindesmóticas e suas superfícies irregulares contribuem para criar padrões
variáveis de movimento, que não somente são influenciados pela ação muscular,
como também por diversas forças externas. Além disto, diversos músculos
potentes do corpo cercam a ASI, criando uma estrutura com funções únicas, com
padrões visualizados na pelve, sugerindo que a ASI e a sínfise púbica são
unidades
funcionais
interdependentes
(COX,
2002).
A
harmonia
24
neuromusculoesquelética é importante para o funcionamento ideal do complexo
lombar, pélvico e do quadril (LEE, 2001).
As ASI são articulações de amortecimento e micromovimentos. Nestes
micromovimentos de amortecimento o ilíaco realiza rotações anteriores e
posteriores (BIENFAIT, 1997). Segundo Edmond (2000), nas mulheres, o
movimento nas articulações sacroilíacas é maior e ele diminui com a idade em
ambos os sexos devido às superfícies articulares ilíacas se tornarem
progressivamente mais ásperas.
O movimento na articulação sacroilíaca ocorre durante os movimentos do
tronco e das extremidades inferiores. A nutação do sacro consiste no movimento
para frente do promontório sacral em direção ao interior da pelve sobre um eixo
coronal dentro do ligamento interósseo (Figura 6). Esse movimento é bilateral
quando o indivíduo passa da posição de decúbito dorsal para a posição
ortostática. A nutação unilateral ocorre durante a flexão dos membros inferiores.
A contranutação do sacro consiste no movimento para trás do promontório sacral
sobre o eixo coronal dentro do ligamento interósseo (Figura 6) e ocorre
bilateralmente na posição de decúbito dorsal e, em algumas pessoas no estágio
final da flexão do tronco para frente (LEE, 2001).
Figura 6: Nutação e contra-nutação do sacro (LEE, 2001).
Para
Edmond
(2000),
a
anteversão
ilíaca
é
acompanhada
por
contranutação do sacro e a retroversão por nutação. Esses movimentos são
acompanhados por algum tipo de translação, geralmente no plano transverso ou
frontal, ou em ambos. Quando o inonimado gira anteriormente sua superfície
25
articular gira no sentido ínfero-posterior em relação ao sacro, e quando o
inonimado gira posteriormente sua face articular gira no sentido antero-posterior
em relação ao sacro (Figura 7) (LEE, 2001).
Figura 7: Rotação anterior e posterior do inonimado (LEE, 2001)
O sacro está sujeito a forças que se originam na coluna lombar e acima
desta, conhecidas como forças do tronco. Os ilíacos ficam sujeitos a forças
transmitidas a partir dos MMII, conhecidas como forças do solo. As forças do
tronco e do solo convergem para a ASI e são atenuadas, em parte pela
compressão
das
cartilagens
que
revestem
as
superfícies
articulares.
Geralmente, o movimento na articulação sacroilíaca é identificado pelo
movimento nas articulações adjacentes responsáveis pela produção do
movimento na ASI (KONIN, 2006).
Durante a flexão lombar o sacro entra em nutação, provocando uma
báscula para frente dos ossos ilíacos elevando as EIPS, ocorrendo aproximação
das EIAS e o afastamento dos ísquios. Na extensão lombar ocorre o inverso. Na
látero-flexão lombar, após o deslocamento do centro de gravidade e da posição
dos membros inferiores, o osso ilíaco roda posteriormente do lado da láteroflexão e rotação anterior do osso ilíaco oposto. Na deambulação, a coexistência
da flexão em um membro e extensão em outro, alterando o apoio monopodal, faz
26
com que a asa ilíaca do lado da extensão realize movimento de báscula para
trás, gerando movimento inverso da asa sacral (nutação) e durante a flexão
ocorre o contrário (contra-nutação) (LE CORRE; RAGEOT, 2004).
Acredita-se que a respiração também influencia o movimento da ASI,
sendo que durante a inspiração ocorre o relaxamento do músculo reto abdominal
e do diafragma pélvico, levando a cintura pélvica a uma inclinação para frente,
sendo contraposto pela contração das inserções do músculo eretor da coluna
para o sacro. Já na expiração, ocorre o relaxamento do músculo eretor da coluna
enquanto o reto abdominal puxa o osso púbico, inclinando a pelve posteriormente
(COX, 2002).
2.1.8 A mobilidade da articulação sacro-ilíaca
O debate a respeito da mobilidade da ASI remonta à época de Hipócrates.
Hoje, é consenso quase geral que existe uma mobilidade, porém de pequena
amplitude. Falando em favor da mobilidade, nós temos a natureza sinovial do
compartimento inferior aliada às alterações degenerativas que aparecem na
articulação. Este movimento é mais significativo nas mulheres durante a gravidez
e a menstruação, devido aos efeitos da relaxina na resistência e na rigidez do
colágeno. As variações relacionadas com a idade, tais como a ancilose
periarticular e as alterações nas superfícies articulares, fazem a mobilidade da
articulação diminuir com o tempo (RIBEIRO, SCHMIDT, VAN DER WURFF,
2003).
2.2 Osteopatia
Desde os primeiros relatos médicos da história, a manipulação articular se
fez presente. Ainda antes de Hipócrates, que se utilizava da tração nos seus
tratamentos para coluna vertebral, há evidências que em 2000 a.C. na Tailândia,
assim como no Egito Antigo, as técnicas manuais já eram utilizadas (EDMOND,
2000).
27
A osteopatia foi desenvolvida por volta de 1874, pelo médico Andrew
Taylor Still. Vinte anos depois, fundou a primeira escola de osteopatia em
Kirksville e muitas outras foram fundadas por alunos que aumentaram a
divulgação da Osteopatia (LE CORRE; RAGEOT, 2004).
Para a Associação Americana de Osteopatia, o método é um sistema de
cura que enfatiza principalmente a integridade da estrutura do corpo. Esta
integridade estrutural é o fator mais importante a ser mantido. Rege a boa saúde
do organismo e evita a doença. (RICARD; SALLÉ, 2002).
2.2.1 Disfunções da articulação sacroilíaca.
Para Ribeiro, Schimidt e Van der Wurff (2003) o fato de o osso ilíaco
apresentar uma fibrocartilagem delgada ao contrário do osso sacro, que é
coberto por uma cartilagem hialina mais grossa, deixa o lado do ilíaco mais
vulnerável a qualquer patologia capaz de afetar a articulação.
A
ASI
pode
ser
afetada
por
diversas
patologias.
As
espondiloartropatias soronegativas, são exemplos clássicos destes distúrbios.
Sendo que, aparentemente, a disfunção biomecânica da sacroilíaca poderia ser
uma causa de lombalgia (RIBEIRO; SCHIMIDT; VAN DER WURFF, 2003).
Disfunção da sacroilíaca, síndrome da articulação sacroilíaca ou
articulação sacroilíaca mecânica, são termos utilizados para caracterizar uma
anormalidade da ASI em que haveria um distúrbio biomecânico, sem nenhuma
lesão aparente. No entanto, às vezes existe um exame de cintilografia óssea
positivo para estas disfunções, o que levanta a possibilidade da presença de
alterações inflamatórias. A prevalência varia conforme a literatura consultada,
sendo maior nas fontes quiropráticas e osteopáticas (WALKER, 1992; DON
TIGNY, 1993; PEH, 2001, MAIGNE, BOULAHDOUR , CHATELLIER, 1998;
SLIPMAN et al., 1996).
Para
Edmond
(2000),
as
disfunções
sacroilíacas
devem-se
à
hipermobilidade que é resultado de um posicionamento errado. A alteração mais
freqüente de posicionamento ocorre quando um ílio gira para frente ou para trás
28
sobre o sacro. Muitas vezes, ao corrigir o posicionamento do ílio, serão corrigidas
falhas de posicionamento que possam existir no sacro e na pelve.
GRIEVE (1994) classifica as disfunções ilíacas em três classes:
subluxação, rotações e exacerbações. A subluxação pode ser definida como uma
luxação posterior do ilíaco sobre o sacro. As rotações acontecem por um
desequilíbrio muscular axial e apendicular, ocorrendo quando o mecanismo
lombopélvico excede o seu potencial de adaptação. A exacerbação é uma
disfunção de provável conseqüência da assimetria articular, quando o plano da
articulação está excessivamente ântero-medial ou póstero-lateral. As articulações
sacroilíacas estão completamente livres, sendo que o sacro “flutua” entre os dois
ilíacos. Os movimentos destes seguem as direções das solicitações, portanto
uma tensão pode levar o ilíaco a uma rotação anormal (BIENFAIT, 1997).
Para Ricard e Sallé (2002), as lesões ilíacas estão relacionadas com o
exagero dos movimentos fisiológicos do ílio em relação ao sacro. A força lesional
é induzida pelos membros inferiores. A lesão posterior é acompanhada dos
espasmos dos músculos espinhais lombares, iliopsoas, glúteo máximo e
piriforme. Os sinais clínicos desta lesão são: perna curta homolateral; espinha
ilíaca póstero-superior baixa e mais posterior, espinha ilíaca ântero-superior mais
alta e posterior, sulco profundo e sínfise púbica alta.
2.2.2 Avaliaçâo da articulação sacroilíaca
Makofsky (2006) relata que o teste de flexão de quadril ou Gillet é
extremamente útil para se fazer um diagnóstico de uma deficiência biomecânica
da ASI. Ricard e Sallé (2002) ainda citam o teste de Dowing como um teste
complementar para avaliar a disfunção osteopática da ASI.
O teste de Gillet inicia-se com o teste de flexão em pé (Figura 8). A partir
da posição ereta com o avaliador monitorando a movimentação bilateral na parte
inferior das EIPS, pede-se ao paciente que execute uma flexão de tronco. O teste
é considerado positivo no lado em que a EIPS se movimenta primeiro, ocupando
uma posição mais superior, representando uma fixação do ilíaco no sacro. O
29
resultado positivo deste teste não é específico quanto à natureza da lesão, mas
indica que há alguma alteração (MAKOFSKY, 2006).
Figura 8: Teste de Flexão em pé (LEE, 2001).
No teste de Gillet o paciente permanece em pé. O examinador fica atrás
do paciente e coloca o polegar na EIPS (no lado que está sendo examinado). O
outro polegar fica apoiado na linha média do sacro, no nível do forame S2 (Figura
9). O paciente é solicitado a flexionar joelho e quadril, aproximando o joelho do
corpo. Normalmente, o polegar que está na EIPS deve se deslocar inferiormente,
em comparação com o polegar oposto (Figura 10) e posteriormente o paciente
realiza a extensão de quadril, sendo que o polegar do avaliador deve deslocar-se
superiormente em comparação com o polegar oposto (Figura 11) (RICARD;
SALLÉ, 2002).
30
Figura 9: Teste de Gillet – Posição inicial.
Figura 10: Teste de Gillet – Flexão do quadril.
31
Figura 11: Teste de Gillet – Extensão do quadril.
O Teste de Downing consiste em deitar o paciente na posição supina, com
os maléolos mediais se tocando mutuamente. A posição dos maléolos mediais do
lado a ser testado é determinada em relação ao maléolo medial oposto (Figura
12). A perna do lado testado é abduzida e girada externamente até o seu
máximo. Em seguida, a perna é devolvida à posição neutra. Normalmente, o que
se espera é um alongamento aparente da perna do lado testado (Figura 13).
Este fenômeno é explicado pela movimentação da EIAS, que se desloca para
baixo à medida que o quadril é girado externamente. Quando há disfunção da
sacroilíaca, a defesa de proteção da musculatura que há sobre a articulação
impede o deslocamento caudal do ílio e não ocorre este alongamento aparente.
No segundo momento, a perna testada é aduzida e girada internamente até o seu
máximo, e então, devolvida à posição neutra (Figura 14). Normalmente, o que se
espera é um encurtamento aparente da perna do lado testado. Este fenômeno é
explicado pela movimentação da EIAS, que se desloca para cima à medida que o
quadril é girado internamente. Quando há disfunção da sacroilíaca, a defesa de
proteção da musculatura que há sobre a articulação impede o deslocamento
cefálico do ílio e não ocorre este encurtamento aparente (RICARD; SALLÉ,
2002).
32
Figura 12: Teste de Downing – Posição inicial.
Figura 13: Teste de Downing – Rotação externa.
Figura 14: Teste de Downing – Rotação interna.
33
2.2.3 Conseqüência das lesões osteopáticas ilíacas
As lesões osteopáticas ilíacas podem causar repercussões em outras
estruturas, como por exemplo, podem levar a fixação da ASI em qualquer grau
diminuindo a capacidade de compensação em torção da coluna vertebral,
restrição das articulações lombossacras e degeneração discal lombar baixa, bem
como essas fixações podem ser responsáveis por uma hipermobilidade
lombossacra, fonte de protrusão discal e ciática (RICARD; SALLÉ, 2002).
Portanto, as possíveis lesões no ilíaco podem levar a alterações posturais
adaptativas em todo o corpo, modificando a sua organização estrutural e
funcional. Estas alterações podem ser observadas através de testes osteopáticos
de movimento (BUSQUET, 2001).
2.2.4 Tratamento das disfunções sacroilíacas
As opções preferenciais de praticamente todos os médicos são a
correções da discrepância verdadeira do membro inferior (se houver),
antiinflamatórios não-esteróides, e fisioterapia (WALKER, 1992; MOONEY, et. al.,
2001). Os osteopatas, os quiropráticos e os terapeutas manuais advogam o uso
da manipulação, que pode ser associada com medicação (quando há dor) e
fisioterapia (McMORLAND; SUTER, 2000).
A fisioterapia está focalizada em um programa de exercícios para corrigir o
desequilíbrio muscular. O glúteo máximo e o médio, e os rotadores externos do
quadril devem ser fortalecidos. Os iliopsoas, reto femoral, isquiotibiais e bíceps
femoral (cabeça longa) devem ser alongados. Usa-se a manipulação articular na
tentativa de restaurar a mecânica da articulação. Alguns dos defensores desta
modalidade alegam que ela corrige a subluxação. Para diminuir a instabilidade
podem também ser usados cintos pélvicos, principalmente em gestantes
(RIBEIRO, SCHIMIDT VAN DER WURFF, 2003).
No tratamento osteopático da pelve as técnicas mais indicadas são as
manobras com thrust, aonde os limites articulares fisiológicos são sempre
34
respeitados. O thrust é aplicado em paralelo ou perpendicular ao plano articular,
contra a barreira da articulação lesada, uma manobra em alta velocidade e baixa
amplitude de movimento (BUSQUET, 2001).
A manobra utilizada para correção do ilíaco posterior é efetuada com o
paciente em decúbito lateral sobre o lado sem disfunção, com a coluna lombar
em leve flexão e sem rotação vertebral. Com os quadris do paciente ligeiramente
flexionados, o terapeuta toma um apoio manual com a região do pisiforme sobre
a EIPS, o terapeuta faz um “bocejo” posteriormente a ASI, e simultaneamente
executa o thrust na direção de rotação anterior do ilíaco (Figura 15) (RICARD;
SALLÉ, 2002).
Figura 15: Manipulação Osteopática da ASI para correção de disfunção em posterioridade.
2.3 O Pé
O tornozelo, o pé e os dedos do pé consistem em um complexo de 34
articulações que, pela estrutura óssea, fixações ligamentares e contração
muscular são capazes de mudar, em um único passo, de uma estrutura flexível
35
que se molda às irregularidades do solo para uma estrutura rígida de sustentação
de peso. Assim, as características flexíveis-rígidas do complexo tornozelo-pé
proporcionam múltiplas funções, incluindo: suporte do peso superposto; controle
e estabilização da perna sobre o pé plantado; ajustamento a superfícies
irregulares; elevação do corpo; amortecimento de choques ao andar, correr ou
aterrissar de um salto (SMITH; WEISS; LEHMKUHL, 1997).
As articulações, os ligamentos e os músculos do tornozelo e do pé são
projetados para prover estabilidade bem como mobilidade às estruturas distais do
membro inferior. O pé precisa suportar o peso corporal durante a bipesdetação,
com um mínimo de gasto de energia muscular. Ele deve ser capaz de adaptar-se
para absorver forças e acomodar-se a superfícies irregulares e, também, deve
ser capaz de tornar-se uma alavanca estrutural rígida para fazer a propulsão do
corpo à frente durante a caminhada e a corrida (KISNER; COLBY, 2005).
2.3.1 Anatomia do pé
O pé é dividido em três segmentos: retropé (o tálus e o calcâneo
formam o segmento posterior); mediopé (o navicular, o cubóide e os três
cuneiformes formam o segmento mediano); e antepé (cinco metatársicos e
quatorze falanges constituem o segmento anterior) (Figura 16) (KISNER; COLBY,
2005).
Andrews, Harrelson e Wilk (2005) afirmam que a perna, o tornozelo e o
pé possuem 26 ossos que trabalham em conjunto para propelir o corpo. A região
posterior e intermediária é formada pelos ossos do tarso. No retropé encontramos
a articulação subtalar, onde o tálus repousa sobre o calcâneo. O mediopé é
formado pelos ossos navicular e cubóide e sua articulação com o tálus e o
calcâneo forma a articulação transversa do tarso. Os três ossos cuneiformes
também estão localizados no mediopé. O antepé é constituído pelos cinco
metatarsos e as quatorze falanges. O formato da articulação, a orientação de seu
eixo, os ligamentos de contenção e os movimentos acessórios sutis na superfície
articular são determinantes importantes do comportamento biomecânico normal.
36
Figura 16: Ossos do Pé – Vista lateral e medial (NETTER, 1999)
Moore e Dalley (2001) dividem ossos do pé em tarso, metatarso e
falanges. O tarso consiste em sete ossos: tálus, calcâneo, cubóide, navicular e
três cuneiformes, de diferentes tamanhos. O tálus é o único osso do tarso que
não possui fixações musculares ou tendíneas. O tálus articula-se com o
calcâneo, a tíbia, a fíbula e o navicular. O calcâneo é o maior e mais forte osso
do pé. Articula-se com o tálus acima e o cubóide à frente. O osso navicular é
achatado, oval, em forma de barco, que se articula com o tálus, o cubóide e os
três cuneiformes. O cubóide é o osso mais lateral na fileira distal do tarso e tem
facetas articulares para o calcâneo, quarto e quinto metatársicos, cuneiforme
lateral e navicular. Os três ossos cuneiformes são denominados medial,
intermédio e lateral. Articulam-se com o navicular e com a base do metatársico
correspondente. Além disso, o cuneiforme lateral articula-se com o cubóide.
O metatarso é formado por cinco ossos longos, enumerados de I a V, do
lado tibial para o fibular. Cada um deles apresenta uma base, proximal, um corpo
e uma cabeça, distal. As falanges constituem o esqueleto dos dedos. O primeiro
37
dedo apresenta apenas duas falanges (proximal e distal) enquanto os demais
dedos apresentam três (proximal, media e distal) (MOORE; DALLEY, 2001).
Existem inúmeras articulações entre os ossos do pé. São articulações
entre os ossos do tarso, entre os ossos do tarso e os metatársicos, articulações
entre os metatársicos e as falanges, e articulações entre as falanges (SOUZA,
2001). As articulações do tornozelo e do pé são as seguintes: talocrural, subtalar,
transversa do tarso, tarsometatarsais, intermetatarsais, metatarsofalangeanas,
interfalangeanas proximais e distais (MOORE; DALLEY, 2001).
Souza (2001) considera os seguintes grupos de músculos próprios do pé:
músculos do dorso do pé e músculos da planta do pé. Os músculos da planta do
pé dispõem-se em três camadas, uma superficial, uma camada intermediaria e
outra profunda. Do grupo de músculos do dorso do pé fazem parte o extensor
curto dos dedos e extensor curto do hálux. Entre os músculos da camada
superficial da planta do pé estão o abdutor do hálux, abdutor do dedo mínimo e
flexor curto dos dedos. Na camada intermediária da planta do pé encontra-se o
quadrado da planta e os lumbricais. Na camada profunda da planta do pé estão o
flexor curto do hálux, flexor curto do dedo mínimo e interósseos.
2.3.2 Os arcos do pé
Os ossos tarsais e metatarsais, dispostos em arcos longitudinais e
transversos, contribuem para as capacidades de sustentação de peso e
resiliência do pé. Eles atuam como absorventes de choque, para sustentar o
peso do corpo e impulsioná-lo durante o movimento. Os arcos resilientes do pé o
tornam adaptável às mudanças de superfície e peso (MOORE; DALLEY, 2001).
Os arcos existem devido à disposição dos ossos do pé. Mas o que
mantém estes arcos são os ligamentos e músculos intrínsecos do pé e inversores
e eversores (SOUZA, 2001).
A face plantar do pé apresenta curvaturas denominadas arcos do pé. Os
arcos do pé são três: dois longitudinais, o medial e o lateral, e um transversal. O
arco longitudinal medial é mais alto que o lateral. É formado pelo calcâneo, tálus,
navicular, cuneiformes, cubóide e metatarsais. O arco longitudinal lateral é
38
formado pelo calcâneo, cubóide e metatarsais. O arco transversal tem direção
transversal ao maior eixo do pé, e é formado pelo cubóide, navicular, cuneiformes
e metatarsais (SOUZA, 2001).
Em movimento de cadeia cinética fechada, como em pé, o peso corporal
superposto é distribuído através do tálus posteriormente à tuberosidade do
calcâneo e anteriormente às cabeças dos ossos metatársicos e dedos. O peso
corporal é distribuído a estes pontos através dos três arcos: o arco longitudinal
medial, mais alto e mais longo; arco longitudinal lateral, mais baixo; e arco
transverso, que é côncavo de medial a lateral (SMITH; LEHMKUHL; WEISS,
1997).
2.3.3 Os pés como base de sustentação
Os membros inferiores estão apoiados no chão. É a posição deles que
condiciona a forma, a dimensão e a orientação da base de sustentação. As
variações dessa base de sustentação e, sobretudo, sua estabilidade são
elementos capitais em nossa estática. Os apoios do pé no chão condicionam
toda a estática. Sem bons apoios dos pés no chão, não há boa estática. Estes
bons apoios dependem do equilíbrio do pé, mas podem ser perturbados por
desequilíbrios suprajacentes. Os apoios do pé devem ser a primeira preocupação
do terapeuta nos tratamentos de reeducação estática (BIENFAIT, 1995).
Convencionalmente, a distribuição de peso em pé é descrita como sendo
de 50% sobre o calcâneo e 50% sobre as cabeças metatarsais, com a cabeça do
primeiro metatarsiano absorvendo o dobro do peso que cada uma das quatro
cabeças metatarsianas laterais suporta, na proporção de 2:1:1:1:1. Há, no
entanto, considerável variação na distribuição de pressão sobre as estruturas do
pé. Variações na distribuição de peso no antepé e calcanhar durante a posição
em pé pode ser sentida (e medida) com a oscilação postural, bem como com
diferentes alturas de saltos nos calçados (SMITH; LEHMKUHL; WEISS, 1997).
39
2.4 Influências do posicionamento ilíaco sobre a postura.
O sistema postural deve ser visualizado como um “todo estruturado”, com
múltiplas entradas e muitas funções complementares: vencer a gravidade e
manter a postura ereta; oposicionar-se a forças externas; noção espaço-tempo;
dar direção e força ao movimento; equilíbrio, entre outras.
A postura correta consiste no alinhamento do corpo com eficiências
fisiológicas e biomecânicas máximas, o que minimiza os estresses e as
sobrecargas infligidas ao sistema de apoio pelos efeitos da gravidade. Sendo
que, a linha de gravidade, deve passar através dos eixos de todas as articulações
com os segmentos corporais alinhados verticalmente (PALMER; EPLER, 2001).
BRICOT (1999) afirma que somente menos de 10% da população
parecem responder aos critérios que definem a estática normal, sendo que mais
de 90% dos indivíduos apresentam algum desequilíbrio postural, que são
estudados no plano sagital, frontal e horizontal. Os defeitos posturais podem
indicar desequilíbrios musculares e ligamentares. Pequenas alterações de
alinhamento postural limitam movimentos e resultam em tensão muscular e de
outros tecidos moles (PALMER; EPLER, 2001).
De acordo com Bienfait (1997), a consciência da globalidade induz a um
exame geral. A cintura pélvica é primordial por ser ponto de encontro de uma
força ascendente com uma força descendente. Sendo que a força ascendente
tem influência na posição dos ilíacos, levando a alterações dos membros
inferiores, e a força descendente tem responsabilidade sobre a movimentação do
sacro,
podendo
levar
a
alterações
da
coluna.
LEE
(2001)
relata
a
interdependência das curvaturas da coluna vertebral, sendo que qualquer fator
que altere uma delas resultará em alterações compensatórias de todas as outras.
Busquet (2003) descreve a importância dos deslocamentos da pelve devido à
anterioridade-posterioridade, afirmando que na maioria das torções da pelve
existe uma torção postural que resulta em uma compensação global.
Ricard e Sallé (2002), afirmam que há sempre um grau de torção lombar
nos movimentos de anteflexão do tronco. Quando existe uma fixação sacroilíaca
esta torção fisiológica diminui e produz então uma torção das raízes nervosas. As
40
fixações sacroilíacas são um dos fatores causais da restrição da articulação
lombossacra e de degeneração lombar baixa.
Devido a interdependência entre a região lombopélvica e o membro
inferior, durante toda a avaliação postural, deve dar-se muita importância à
cintura pélvica. Na vista lateral deve-se observar o ângulo da pelve, as relações
biomecânicas e estruturais, como diferença dos membros inferiores, alinhamento
da articulação do quadril, joelho varo, valgo e hiperestendido, ângulo
quadriceptal, varismo e torção tibial, retropé/antepé em varo e em valgo, posição
do primeiro raio, hálux rígido, amplitude funcional do hálux, etc. Na vista posterior
o desvio lateral de tronco, sinais de obliqüidade e rotação pélvica, linha glútea e
posição dos membros inferiores. A vista anterior, além das assimetrias, permite a
ideal observação da postura articular do quadril (MAKOFSKY, 2006).
De acordo com LEE (2001), o controle muscular na postura e na
locomoção depende diretamente do sistema nervoso central (SNC) e periférico
(SNP), sendo, portanto essencial a compreensão da neurologia da região lombar,
pélvica e do quadril já que a reabilitação envolve a recuperação da função
neurológica. LEE (2001), também descreve a demonstração que a neurologia
articular exerce influência direta e reflexa sobre o tônus muscular, tanto local
quanto globalmente.
2.5 A postura e o equilíbrio corporal
A postura está ligada à atitude corporal, sendo determinada pelas
posições dos segmentos corporais entre si (OLIVEIRA; SIMPSON; NADAL,
1996). O equilíbrio está relacionado à capacidade de se manter a linha
perpendicular ao solo, que passa pelo centro de gravidade, dentro do polígono de
sustentação (DUARTE, 2000; GAGEY; WEBER, 2000; MATTOS; PRZYSIEZNY,
2004).
Estas
duas
tarefas
motoras
são
fenômenos
distintos,
porém,
interdependentes (BARCELLOS; IMBIRIBA, 2002).
O centro de gravidade do corpo humano depende da posição relativa dos
diferentes segmentos e varia a cada instante (DUARTE, 2000). Gagey e Weber
(2000) descrevem o corpo humano como sendo um pêndulo invertido suspenso
sobre uma base que oscila constantemente devido ao controle do equilíbrio e da
41
postura (Figura 17). A postura ereta não é um evento estático, sendo
caracterizada por oscilações, mantendo o corpo em contínuo movimento. Estas
oscilações
são
de
ordem
involuntária
e
dependem
de
mecanismos
neuromusculares, visando preservar o equilíbrio postural (BARCELLOS;
IMBIRIBA, 2002).
Figura 17: Pêndulo Invertido (Duarte, 2000).
As oscilações são decorrentes da dificuldade em manter os muitos
segmentos corporais alinhados entre si sobre uma base de suporte restrita
utilizando um sistema muscular esquelético que produz forças que variam ao
longo do tempo (MATTOS; PRZYSIEZNY, 2004). Fatores como peso corporal,
base de sustentação, organização do esqueleto ósseo, resistência viscoelástica
dos elementos musculares ligamentares, e reflexos posturais estão envolvidos na
manutenção do equilíbrio postural (BARCELLOS; IMBIRIBA, 2002).
Informações de origem somatossensorial, através de proprioceptores
musculares, cutâneos e articulares, conjuntamente com informações do sistema
visual e do sistema vestibular, oferecem conhecimento da estruturação do corpo
no espaço ao Sistema Nervoso Central, proporcionando ações motoras para a
manutenção
do
equilíbrio
postural,
pela
contração
dos
músculos
antigravitacionais (RODRIGUES et al., 2003).
O sistema vestibular é constituído por uma estrutura óssea, o labirinto,
localizado no osso temporal e tendo interiormente as estruturas membranosas.
Este sistema é um dos responsáveis pela orientação espacial do corpo em
42
situações
estáticas
e
dinâmicas,
tornando-se
um
dos
componentes
determinantes no equilíbrio corporal (ENOKA, 2000).
Outro sistema importante no controle postural é o sistema proprioceptivo,
formado pelos proprioceptores que são os fusos musculares, órgãos tendíneos e
receptores articulares, em que o corpo humano é um sistema composto por elos
e que movimentos de um segmento do corpo interfere em todo sistema (ENOKA,
2000).
O sistema visual possui relações significativas com o controle postural. No
sistema visual, a retina é sensibilizada por ondas eletromagnéticas visíveis, que
por sua vez são transmitidas ao córtex visual localizado na região occipital,
determinando modificações no tônus da postura (DOUGLAS, 2002).
A manutenção do equilíbrio corporal no meio ambiente é determinada por
sistemas centrais e estruturas periféricas responsáveis pela execução motora,
cujo funcionamento depende da integração das informações provenientes das
estruturas sensoriais dos sistemas proprioceptivo, vestibular e visual. Estes
receptores atuam de forma complexa, integrada, redundante e de maneira
diferenciada para cada perturbação sobre o corpo processada nos núcleos
vestibulares do tronco encefálico, sob a coordenação do cerebelo. Impulsos
originados em receptores das articulações, tendões, músculos, pele e também de
órgãos terminais do sistema visual, auditivo e vestibular interagem com o
cerebelo para que ocorra a influência do mesmo sobre a atividade muscular
concretizando sua importância no controle do movimento. (ENOKA 2000;
ROTHWELL, 1994).
Bankoff (1990) enfatiza a individualidade de cada pessoa, frente aos
diversos acontecimentos existentes, que desenvolve uma determinada postura
corporal envolvendo conceitos de equilíbrio, de coordenação neuromuscular e
adaptação representando um determinado movimento corporal.
Para Comelli e Miranda (2007) O sistema postural é regulado pelo sistema
vestibular, visual, oclusão dental, receptores musculares, tendinosos e cutâneos.
Os pés têm um importante papel nas vias ascendentes posturais. Se a postura
bípede do homem for correta, ocorrerá um mínimo de estresse nas articulações e
mínima atividade muscular será necessária para manter esta posição.
O SNC necessita de um conjunto de informações precisas e harmoniosas
para organizar e processar com rapidez as informações sensoriais visuais,
43
vestibulares, e proprioceptivas em centros específicos localizados no tronco
encefálico e cerebelo. Estes centros comandam os movimentos da cabeça,
pescoço, coluna vertebral, pernas, braços, olhos, pés e todos os músculos do
corpo, necessários para orientá-lo e mantê-lo em equilíbrio. Caso ocorra um
conflito entre as informações recebidas pelo SNC, a perturbação do estado de
equilíbrio passa a ser consciente, originando desequilíbrio corporal (GANANÇA;
CAOVILLA, 1998).
2.6 Sistemas de baropodometria
Sistemas de baropodometria oferecem informações sobre como a força
que exercemos ao caminhar ou permanecer em pé é distribuída na área de apoio
dos pés. Com o uso desses equipamentos podem ser observados os valores de
distribuição da pressão plantar, os picos de pressão plantar, bem como a
trajetória dos centros de pressão.
Tal avaliação pode ser importante no setor calçadista para observar a
qualidade das palmilhas, podendo também ser utilizada na identificação de
assimetrias na marcha e avaliações posturais. Na área da saúde é altamente útil
para identificação de pés neuropáticos, acompanhamento de pés diabéticos ou
com artrite, determinar a eficácia de órteses funcionais, executar avaliações pré e
pós-operatórias, entre outros (SANTOS; ZARO, 2006).
A baropodometria pode ser considerada uma técnica posturográfica de
registro utilizada no diagnóstico e avaliação da pressão plantar, da distribuição da
carga na planta dos pés, tanto em posição estática, como dinâmica, ou
deambulação, que registra os pontos de pressão exercidos pelos pés no solo. Tal
exame permite ainda quantificar as pressões do pé direito, esquerdo, pressões
na parte anterior, posterior ou ainda no mediopé, permitindo portando que seja
classificado o tipo de pé do indivíduo (MARCZAK, 2004; SCHMIDT et al., 2003;
MOREIRA; MOREIRA, 2004).
A plataforma de baropodometria é formada por uma bandeja rígida de
platina que repousa sobre vários transdutores que transformam a força aplicada
em um sinal elétrico, e uma placa barosensível, conectada a um computador que,
44
com um software próprio, possibilita a visualização da imagem dos pontos de
pressão (Figura 18), (MOREIRA; MOREIRA, 2004). Este exame é objetivo e
quantitativo, analisa a pressão plantar sobre uma plataforma composta por
sensores que visam mensurar e comparar as pressões desenvolvidas nos
diferentes pontos da região. Este meio de avaliação possui dados fidedignos e
mensurados objetivamente (PRZYSIEZNY; FORMONTE; PRZYSIEZNY, 2003;
MOREIRA; MOREIRA, 2004; SCHMIDT et al., 2003; CECCHINI, 2004;
MARCZAK, 2004).
Figura 18: Imagem gerada pelo sistema de baropodometria.
A baropodometria tem diversas utilidades, podendo ser utilizada como um
meio de avaliação, sendo esta sua principal função atualmente (MOREIRA;
MOREIRA, 2004; PRZYSIEZNY; FORMONTE; PRZYSIEZNY, 2003). Permite a
mensuração das pressões exercidas em vários pontos anatômicos da superfície
plantar com medidas precisas, capaz de realizar uma avaliação objetiva por meio
de sensores pressóricos. Este sistema fornece dados quantitativos, como as
45
pressões localizadas nas superfícies plantares; e qualitativos, como as linhas que
mostram passo a passo a trajetória do centro de gravidade pelas superfícies
plantares durante a marcha.
O sistema de baropodometria computadorizada detecta e grava as forças
plantares sem interferir na marcha do paciente, e pode ser usado para
observação de anormalidades na marcha, controle da sustentação de peso,
monitoração das desordens degenerativas dos pés e reeducação do paciente
(SCHUSTER et.al., 2008) Mensurações da distribuição de pressão plantar são
utilizadas clinicamente, pois podem identificar deformidades anatômicas, auxiliar
no diagnóstico e tratamento de desordens na marcha (HESSERT et al., 2005).
A plataforma de pressão pode ser descrita como um tapete constituído por
uma superfície de sensores que registram, no momento da passagem do pé, uma
força, uma superfície e um tempo de apoio. Estes fatores permitem analisar
conjuntamente os movimentos das articulações inferiores e entender a eventual
origem mecânica dos sintomas descritos pelo paciente, através de uma
segmentação das diversas partes do pé e da comparação entre o pé direito e o
pé esquerdo (AVAGNINA, BENGUERBI, SCHMIDT, 2003).
Quando o pé efetua uma passagem sobre a plataforma de força, o
computador registra a força gerada pelo achatamento do pé sobre a plataforma,
assim como a quantidade de superfície dos sensores estimulados e os tempos de
passagem sobre a plataforma. A relação entre a força e a superfície de apoio
permite calcular a pressão do pé (P=F/S). Sendo a força a resultante do peso do
corpo sobre o pé, podemos considerar tal força como constante (AVAGNINA,
BENGUERBI, SCHMIDT, 2003).
Esse sistema de baropodometria fornece uma análise quantitativa
confiável, permite uma maior compreensão das respostas proprioceptivas e
avalia a distribuição da pressão plantar nos diferentes apoios, diferentes cargas e
durante a marcha. Esse equipamento fornece informações sobre o pico de
pressão de contato no pé, a área de contato da superfície plantar, a localização
do centro de força (projeção do centro de massa) e a força aplicada (Peso)
(GAMA, et. Al.; 2008).
46
2.7 Estabilometria
A Estabilometria é uma das técnicas de avaliação do equilíbrio na postura
ereta, que verifica as oscilações ântero-posteriores e laterais com o indivíduo
sobre uma plataforma de força. A plataforma de força mede a força de reação do
solo em relação à resultante das forças aplicadas; sendo a localização desta
resultante correspondente ao centro de pressão (CP). O princípio físico envolvido
consiste em considerar o deslocamento do CP sobre a plataforma de força,
refletindo a atuação dos mecanismos de controle postural (IMBIRIBA, 1997;
OLIVEIRA; SIMPSON; NADAL, 1996).
À variação dos deslocamentos laterais e ântero-posteriores do CP,
separadamente, em relação ao tempo dá-se o nome de estabilograma, ao
deslocamento do CP no espaço dá-se o nome de estatocinesiograma, tendo
como padrão a abscissa (eixo x), representando as oscilações laterais e a
ordenada (eixo y), as oscilações ântero-posteriores (OLIVEIRA; SIMPSON;
NADAL, 1996; TURVEY, 2000).
A avaliação pode mensurar a posição média do centro de gravidade de um
indivíduo e sua dispersão, isso significa mensurar sua estabilidade que é definida
como a propriedade de um corpo desequilibrado retornar ao seu estado
equilibrado (GAGEY; WEBER, 2000). Possibilitando decidir se o controle das
oscilações posturais é normal ou não durante condições fisiológicas, patológicas
e de treinamento, através de mensurações dadas pelo estabilômetro e não de
forma clínica e subjetiva (GAGEY; WEBER, 2000; NAKAMURA; TSUCHIDA;
MANO, 2001).
O deslocamento do CG é causado pelo movimento dos segmentos
corporais e o deslocamento do CP é provocado pela variação da força de reação
do solo, pela aceleração do CG, pelo momento de inércia do corpo e pelas forças
musculares aplicadas no tornozelo (WINTER; PATLA; FRANK, 1990).
As mensurações fornecidas pela estabilometria (Figura 19) permitem
comparações e promovem o conhecimento nas populações normais. É possível
descrever se o comportamento de um indivíduo se encontra ou não inscrito nos
limites da normalidade desses parâmetros, permitindo definir objetivamente a
posição média do centro de gravidade do corpo e mensurar os pequenos
47
movimentos que o corpo realiza em torno dessa posição (GAGEY; WEBER,
2000; MARIM, 2004).
Figura 19: Dados gerados durante a estabilometria.
48
3 METODOLOGIA
3.1 Aspectos Éticos
O estudo foi iniciado após a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa
da Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná – COMEP/UNICENTRO
através do ofício nº 225/2009 (ANEXO A), sendo que todos os participantes
assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (APÊNDICE A).
3.2 Tipo de Estudo
Trata-se de um estudo descritivo, prospectivo, de análise quanti-qualitativa.
3.3 Local
Esta Pesquisa foi realizada no Laboratório de Análise do Movimento
Humano, na Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO, campus
CEDETEG na cidade de Guarapuava – PR.
3.4 População e Amostra
Foram avaliados 120 adultos jovens de ambos os sexos, 98 (81,6%)
mulheres e 22 homens (18,3%), estudantes de fisioterapia da Universidade
Estadual do Centro-Oeste, com idade entre 18 e 28 anos, com a finalidade de
encontrar
nesta
população
indivíduos
que
apresentassem
disfunções
osteopáticas da articulação sacro-ilíaca em posterioridade esquerda. Para tal, foi
49
realizada uma avaliação osteopática da articulação sacroilíca em todos os
indivíduos através de testes, o teste de Gillet e o teste de Downing, conforme
descrito anteriormente. Somente os 21 indivíduos que apresentaram estes testes
positivos continuaram na pesquisa, os demais foram dispensados. Destes 21
indivíduos
5
foram
excluídos
da
análise
estatística
por
desviarem-se
excessivamente da média.
3.5 Critérios de Inclusão e exclusão
A seleção da amostra foi por conveniência. Foram incluídos na pesquisa
estudantes de fisioterapia da Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná,
que apresentaram disfunção osteopática da sacroilíaca em posterioridade à
esquerda, com idade entre 18 e 28 anos, destros, e que estavam aptos a receber
uma manipulação osteopática na região. Foram excluídos os indivíduos que
apresentaram queixa de dor recente ou no momento da coleta, trauma recente
em coluna ou pelve, deformidades ortopédicas ou não apresentaram a disfunção
sacroilíaca posterior à esquerda.
3.6 Equipamentos
O equipamento utilizado foi uma plataforma de força do Sistema de
Análise Footwork, com 1752 captadores capacitivos e uma freqüência de
amostragem de 50 Hz, a qual permite uma análise estabilométrica da descarga
de pressão e tempo de contato do pé com o solo na posição ereta estática e uma
análise baropodométrica que mensura e compara as pressões desenvolvidas nos
diferentes pontos da região plantar em ortostatismo (Figura 20).
50
Figura 20 – Plataforma de Baropodometria
3.7 Procedimento Experimental
Após a avaliação osteopática foi realizada a avaliação baropodométrica.
Todos os voluntários passaram por um período de adaptação aos equipamentos
antes da coleta de dados. A plataforma foi colocada a um metro de distância da
parede e os indivíduos, descalços e vestidos de roupas leves, foram orientados a
permanecer na plataforma, olhando para um ponto fixado na parede na altura dos
seus olhos, mantendo a boca semi-aberta, sem contato oclusal, para
minimizarmos a influencia da oclusão (Figura 21).
A base selecionada foi irrestrita, para evitarmos qualquer compensação
na distribuição plantar e na ASI do paciente. Em trinta segundos de coleta foram
registrados os pontos de pressão do pé todo. A partir do total de registros nos
trinta segundos foi calculada a média dos picos de maior pressão plantar, a
superfície de contato plantar, a pressão média plantar e a oscilação dos centros
de gravidade do corpo, dos pés direito e esquerdo, bem como os parâmetros
estabilométricos.
51
Figura 21: Avaliação Baropodométrica
Após a avaliação, os indivíduos passaram por uma manipulação
osteopática corretiva do ilíaco em posterioridade conforme descrito anteriormente
(figura 15). Logo após a manipulação osteopática a avaliação baropodométrica e
estabilométrica foi repetida utilizando-se os mesmo parâmetros da primeira
avaliação.
Os dados de oscilação postural nas direções ântero-posterior (x) e médiolateral (y), foram extraídos através do software FootExp, segundo Leite et al.
(2008), para obtenção das seguintes variáveis:
Velocidade de Oscilação em mm/s (P)
É distância média percorrida por segundo durante o tempo da coleta de
dados, no qual f é a freqüência de amostragem (N/T), sendo T o tempo de coleta
e N o número de pontos registrados, x i e y i as referentes às coordenadas do
COP
a
cada
instante
nas
direções
médio-lateral
e
ântero-posterior,
respectivamente, no índice de amostra i. Com estes parâmetros a velocidade de
oscilação foi calculada usando a seguinte equação:
52
  x
N 1
f
P
N  1 i 1
i 1
 x i 2   y i 1  y i 2

Equação 1: Velocidade de Oscilação
Deslocamento radial em mm (Rd)
A equação abaixo demonstra o cálculo do deslocamento radial do COP
(posição do centro de pressão na direção ântero-posterior).
 x  x 2   y
N
1
Rd 
N i 1
i
c
i
 yc 2

Equação 2: Deslocamento Radial de Oscilação
Assim, pode-se considera x c e y c como as coordenadas centróide e x i e y i
como os deslocamentos em torno deste ponto:
N

1
x i 
xc 
N i 1
N

1
 yi 
yc 
N i 1
3.8 Análise estatística
Para a análise estatística foram excluídos os resultados que desviaram-se
25% para mais ou para menos da média (outliers), sendo então o N analisado
igual a 16 indivíduos do sexo feminino. A estatística descritiva foi realizada
através do Software Excel 7.0, sendo calculadas as médias, desvio padrão e
coeficiente de variação (CV), das variáveis e dos dados antropométricos do grupo
participante da pesquisa. O Software Instat foi utilizado na estatística inferencial,
para realizar a análise comparativa através do Teste T - Pareado, com índice de
significância de 95% (p<0,05) para os dados normalizados, já que as variáveis
passaram pelo teste de normalidade.
53
4 RESULTADOS
A tabela 1 demonstra o perfil dos indivíduos do sexo feminino que
apresentaram a disfunção osteopática da ASI em posterioridade à esquerda,
após remoção dos outliers (n=16).
Tabela 1 – Perfil da amostra
Média
Coeficiente de
Variação (%)
Idade*
(anos)
Massa*
(Kg)
Altura*
(cm)
IMC*
(kg/m2)
20 ± 3
59 ± 9
165 ± 7
22 ± 3
14
15
4
15
*Valores médios
Os resultados médios obtidos, desvio padrão e coeficiente de variação, da
pressão média plantar, pressão máxima plantar, superfície de contato, oscilação
do centro de gravidade do corpo, oscilação do centro de gravidade dos pés,
pressão média plantar em antepé, mediopé e retropé, bem como as variáveis
estabilométricas de velocidade de oscilação do corpo (P corpo), velocidade de
oscilação do pé D (P D), velocidade de oscilação do pé E (P E), deslocamento
radial do corpo (Rd corpo) deslocamento radial do pé esquerdo (Rd E) e
deslocamento radial do pé direito (Rd D), estão apresentados em forma de
tabelas e gráficos.
Observamos que a pressão média plantar no pé esquerdo não se alterou
após a manipulação (Tabela 2) sendo a média anterior e posterior a manipulação
0,44 kgf/cm2, enquanto no pé direito houve mudança estatisticamente
significativa,
sendo
que
a
pressão
média
no
pé
direito
aumentou
significativamente (p<0,05) após a manipulação passando de 0,33 kgf/cm2 para
0,38 kgf/cm2, enquanto a diferença da pressão média entre o pé esquerdo e o pé
direito diminuiu significativamente (p<0,05) de 0,11 kgf/cm2 para 0,07 kgf/cm2 o
54
que caracteriza um maior equilíbrio na distribuição da carga entre os dois pés
(Gráfico 1).
Tabela 2 – Pressão Média Plantar (Kgf/cm2)
Pré Manipulação
Pós Manipulação
Pé
esquerdo
Pé direito
Diferença
entre os
pés
Pé
esquerdo
Pé direito
Média
0.44
±
0.1
0.33
± 0.07
0.11
± 0.06
0.44ns
± .07
0.38***
± 0.09
0.07*
0.05
Coeficiente de
Variação (%)
22.17
22.64
56.81
15.52
22.86
63.06
Diferença
entre os pés
ns – estatisticamente não-significativo (p>0,05)
*** extremamente significativo (p<0,001)
significativo (p<0,05)
A) Pé esquerdo antes da manipulação
B) Pé esquerdo depois da manipulação
C) Pé direito antes da manipulação
1,2
D) Pé direito depois da manipulação
E) Diferença entre os pés antes da maniipulaçao
1,0
F) Diferença entre os pés depois da manipulação
ns
Kgf/cm
2
0,8
***
0,6
*
0,4
0,2
0,0
-0,2
A
B
C
D
E
F
Grafico 1 - Pressão Média Plantar (Média e Desvio Padrão)
ns - não significativo (p>0,05) *** extremamente significativo(p<0,001) *significativo(p<0,05)
±
*
55
Na Tabela 3, observamos que a pressão máxima plantar no pé esquerdo
que era em média 3,33 kgf/cm2 antes da manipulação passou para 3,29 kgf/cm2
após a manipulação, porém esta diminuição não foi estatisticamente significativa
(p>0,05). Já no pé direito a pressão máxima que era em média 2,50 kgf/cm2
antes da manipulação teve um aumento para 2,70 kgf/cm2, sendo que este
aumento foi estatisticamente significativo (p<0,05). A diferença da pressão
máxima entre o pé esquerdo e direito teve a média diminuída de 0,84 kgf/cm2
para 0,61 kgf/cm2, porém sem significância estatística (p>0,05) (Gráfico 2).
Tabela 3 – Pressão Máxima Plantar (Kgf/cm2)
Pré Manipulação
Pé
esquerdo
Pé
direito
Diferença
entre os
pés
Pós Manipulação
Pé
esquerdo
Pé
direito
Diferença
entre os
pés
Média
3.33
± 0.93
2.50
± 0.80
0.84
± 0.069
3.29ns
± 1.17
2.79*
± 1.11
0.61 ns
± 0.62
Coeficiente de Variação (%)
28.06
32.08
81.45
35.52
39.79
102.82
ns – estatisticamente não-significativo (p>0,05)
* significativo (p<0,05)
56
A) Pé esquerdo antes da manipulação
B) Pé esquerdo após a manipulação
C) Pé direito antes da manipulação
1,2
D) Pé direito após a manipulação
E) Diferença entre os pés antes da manipulação
1,0
F) Diferença entre os pés após a manipulação
ns
*
0,6
Kgf/cm
2
0,8
ns
0,4
0,2
0,0
-0,2
A
B
C
D
E
F
Grafico 2 - Pressão Máxima Plantar (média e desvio padrão)
ns - não significativo (p>0,05) *significativo (p<0,05)
Tabela 4 – Superfície Plantar de Contato (cm2)
Pré Manipulação
Pé
esquerdo
Média
Coeficiente
(%)
de
Pós Manipulação
Pé
direito
Diferença
entre os
pés
Pé
esquerdo
Pé direito
186.61
± 26.29
215.51
± 29.35
29.09
± 21.42
180.70ns
± 30.16
192.94’**
± 28.36
14.09
13.62
73.63
16.69
14.70
Diferença
entre os
pés
23.73 ns
± 13.93
Variação
ns – estatisticamente não-significativo (p>0,05)
*** extremamente significativo (p<0,001)
58.69
57
A) Pé esquerdo antes da manipulação
B) Pé esquerdo depois da manipulação
500
C) Pé direito antes da manipulação
D) Pé direito depois da manipualação
E) Diferença entre os pés antes da manipulação
400
F) Direrença entre os pés depois da manipulação
ns
***
300
cm2
200
ns
100
0
-100
A
B
C
D
E
F
Grafico 3 - Superfície Plantar de Contato
ns- nao significativo (p>0,05) ***extremamente significativo (p<0,001)
Na tabela 4, verificamos que a média da superfície plantar de contato do
pé esquerdo diminuiu, porém não significativamente (p>0,05) após a manipulação
enquanto que esta diminuição foi estatisticamente significativa no pé direito
(p<0,05). A diferença da superfície plantar de contado entre os pés diminuiu,
porém esta diminuição não foi estatisticamente significativa (Gráfico 3).
A média da superfície da elipse formada pela oscilação do centro de
gravidade do corpo diminuiu de 43,69 cm2, para 37,20 cm2 (Tabela 5), o que
significa que em média os indivíduos oscilaram menos, porém esta alteração não
foi estatisticamente significativa (p>0,05) (Gráfico 4).
Tabela 5 - Superfície de oscilação do Centro de Gravidade do Corpo (cm2)
Pré Manipulação
Média
Coeficiente de Variação (%)
Pós Manipulação
43.69 ± 19.72
37.20 ns ± 12.47
45.14
33.53
ns- estatisticamente não significativo
58
A) Antes da manipulação
B) Depois da manipulação
160
140
ns
120
100
cm
2
80
60
40
20
0
-20
A
B
Grafico 4 - Superfície de oscilação do centro de gravidade do corpo
ns- não significativo (p<0,05)
Em relação à superfície do centro de gravidade dos pés (Tabela 6) as
médias diminuíram após a manipulação sendo que, em relação ao pé esquerdo
houve uma tendência de diferença significativa com diminuição da superfície de
oscilação (p=0,08) (Gráfico 5).
Tabela 6 - Superfície de oscilação do centro de gravidade dos pés (cm2)
Pré Manipulação
Média
Coeficiente
(%)
de
Pós Manipulação
Pé
esquerdo
Pé
direito
Diferença
entre os
pés
Pé
esquerdo
Pé
direito
Diferença
entre os
pés
10.29
± 5.19
10.77
± 6.87
2.31
± 2.41
8.36 ts
±3
9.75 ns
± 4.84
2.22 ns
± 2.31
50.41
63.82
104.43
35.87
49.67
103.87
Variação
ts – tendência de diferença significativa (p próximo de 0,05)
ns – estatisticamente não significativo
59
A) Pé esquerdo antes da manipulação
B) Pé esquerdo depois da manipulação
C) Pé direito antes da manipulação
50
D) Pé direito depois da manipulação
E) Diferença entre os pés antes da manipulação
ns
40
F) Diferença entre os pés depois da manipulação
ts
30
ns
cm
2
20
10
0
-10
A
B
C
D
E
F
Grafico 5 - Superfície de oscilação do centro de gravidade dos pés
ns - nao significativo (p>0,05) ts - tendencia à diferença significativa (p=0,08)
Os valores médios de pressão plantar em AP, MP e RP (Tabela 7) não
apresentaram resultados estatisticamente significativos após a manipulação
osteopática. Demonstrando que na amostra estudada não houve influência da
manipulação na distribuição da pressão plantar comparando-se as três regiões
anatômicas de descarga de peso nos pés (AP, MP e RP).
Tabela 7 – Baropodometria Ante Pé (AP), Médio Pé (MP), e Retro Pé (RP) direito (D) e esquerdo (E)
Baropodometria Pré (kgf)
Baropodometria Pós (kgf)
AP E
MP E
RP E
AP D
MP D
RP D
AP E
MP E
RP E
AP D
MP D
RP D
242
68
275
184
62
225
234
76
34
114
43
19
92
65
24
136
44
23
125
31
50
41
23
30
41
28
37
50
24
36
51
Média
Desvio
Padrão
Coeficiente
de Variação
(%)
ns
ns – estatisticamente não significativo
64
ns
276
ns
184
ns
64
ns
246
ns
60
Nas variáveis estabilométricas de velocidade de oscilação do corpo (P
corpo), velocidade de oscilação do pé direito (P D), velocidade de oscilação do pé
esquerdo (P E), deslocamento radial do corpo (Rd corpo) deslocamento radial do
pé esquerdo (Rd, E) e deslocamento radial do pé direito (Rd D) não houve
mudanças estatisticamente significativas (Tabela 8).
Tabela 8 - Estabilometria
Estabilometria Pré
Estabilometria Pós
P
Corpo
ns
Rd
Corpo
(mm/s)
PD
(mm/s)
PE
(mm/s)
Rd Corpo
(mm)
Rd D
(mm)
Rd E
(mm/s)
Média
16.7
11
11.3
1.7
0.9
1.0
Desvio
Padrão
3.2
2.0
2.5
0.4
0.2
Coeficiente
de Variação
(%)
18.9
17.9
22.4
20.9
17.0
P Corpo
(mm/s))
PD
(mm/s)
PE
(mm/s)
16.0
10.6
11.1
1.7
1.0
1.0
0.2
3.0
2.3
2.3
0.3
0.2
0.2
24.8
18.7
22.1
21.1
15.0
17.5
18.3
ns – não significativo
(mm)
Rd D
(mm)
Rd E
(mm)
61
5 DISCUSSÃO
As manipulações osteopáticas são amplamente utilizadas para o
tratamento de uma série de disfunções que podem levar a dor e desequilíbrios
posturais, porém ainda existem poucas pesquisas sobre os reais efeitos destas
técnicas sobre o corpo, em especial sobre o sistema postural.
Bienfait (1995) afirma que um movimento pélvico ou uma má posição
pélvica acarretará uma adaptação do pé. Essa adaptação do pé ao membro
inferior e à cintura pélvica é uma fisiologia fundamental para a compreensão dos
problemas estáticos, tanto no sistema ascendente quanto no descendente. Esta
visão de globalidade do sistema postural é também um achado freqüente na
literatura osteopática e quiroprática (MORNINGSTAR et al., 2005; BRONFORT
et. al. 2010).
De acordo com pesquisa realizada por Otowicz (2004), que verificou a
existência da relação biomecânica entre o apoio dos pés no chão e a ASI, foi
possível observar após a correção do ilíaco, através de manipulação osteopática,
alterações visíveis no apoio plantar através da plantigrafia. Pesquisa semelhante
foi desenvolvida por Lourenço e Bührnhein (2006), onde foi encontrado um
percentual significativo da amostra estudada apresentando alteração ilíaca e nos
arcos plantares simultaneamente, demonstrando que o posicionamento da pelve
pode influenciar a forma como o indivíduo pisa.
Os resultados deste estudo apontam para o fato de que existe uma
influência do posicionamento da ASI sobre a distribuição da pressão plantar,
sendo coerente com a literatura que relata alterações na pressão plantar após a
correção das disfunções osteopáticas na região pélvica, verificadas através da
baropodometria, como o estudo de Santos Junior (2007), que observou
diminuição significativa das diferenças na distribuição da pressão plantar, entre
os pés, em mulheres jovens após manipulação osteopática da ASI.
Observamos
neste
estudo,
que
as
alterações
baropodométricas
significativas se deram no membro contralateral à articulação manipulada,
podemos entender este fato através da visão da globalidade de como o corpo
organiza a postura estática (BRONFORT et. al., 2010), e pelo fato das ASI
fazerem parte de uma estrutura biomecânica (cintura pélvica) que as liga através
62
do sacro e da sínfise púbica (LEE, 2001). Cox (2002), afirma que as ASI e a
sínfise púbica são unidades funcionais interdependentes. E ainda pelo fato do
membro inferior ipsilateral a lesão osteopática sacroilíaca, segundo Busquet
(2003) encontrar-se milimetricamente mais curto que o membro inferior
contralateral, devido à rotação posterior do ilíaco, o que poderia levar o individuo
a realizar uma descarga de peso maior no lado da lesão, por causa das
compensações posturais com leve inclinação do tronco, e conseqüentemente
aumentar a descarga de peso contralateralmente após a correção da disfunção
osteopática.
Outro fator a ser considerado é a lateralidade, Ribela et. al. (2009), não
encontraram relação entre a disfunção sacroilíaca e o membro inferior dominante
em jogadores de futebol amador. No presente estudo, todos os indivíduos
analisados com lesão osteopática da ASI à esquerda apresentavam o lado direito
do corpo como o lado dominante.
A utilização da baropodometria para analisar o equilíbrio postural corporal
é uma tecnologia bastante recente, existindo ainda poucas pesquisas relatando
seu uso. Normalmente, ela é utilizada para fins clínicos, sendo ainda escasso o
número de artigos científicos sobre o assunto (SANTOS JUNIOR, 2007).
Em relação às variáveis estabilométricas, as mudanças não foram
estatisticamente significativas, demonstrando que na amostra estudada a
manipulação osteopática da articulação sacroilíaca não influenciou o equilíbrio
corporal, mesmo tendo alterado a distribuição da pressão plantar. Bankoff et. al.,
(2007) estudou a relação entre a postura corporal e o equilíbrio corporal em
homens, adultos, sedentários através da avaliação postural computadorizada e
baropodometria concluindo que apesar da postura corporal estar intimamente
ligada ao equilíbrio corporal, a postura não é determinante para proporcionar
alterações no equilíbrio. Pois, fatores como peso corporal, base de sustentação,
organização do esqueleto ósseo, resistência viscoelástica dos elementos
musculares ligamentares, e reflexos posturais estão envolvidos na manutenção
do equilíbrio postural (BARCELLOS; IMBIRIBA, 2002).
Embora busquemos
neste trabalho uma amostra homogênea, a
variabilidade das amostras foi grande, devido aos diversos fatores individuais que
63
podem influenciar a distribuição da pressão plantar e o equilíbrio corporal, por
isso, muitas variáveis analisadas não apresentaram diferenças estatisticamente
significativas, fato que acreditamos poder ser minimizado em estudos futuros
analisando-se uma amostra maior e mais homogênea.
64
6 CONCLUSÃO
Pôde-se concluir que a manipulação osteopática da ASI foi capaz de
influenciar a distribuição da pressão plantar na população estudada, e
conseqüentemente o sistema postural. Esta técnica pode então ser utilizada
como coadjuvante nos tratamentos posturais, já que proporciona uma melhor
distribuição de carga entre os pés.
A tratamento da rotação posterior do ilíaco influenciou de forma significativa
a distribuição da pressão plantar no membro contralateral ao manipulado,
evidenciando a globalidade do sistema postural.
Quanto às variáveis estabilométricas não podemos afirmar que a
manipulação foi eficaz, já que as alterações não foram estatisticamente
significativas.
Sugere-se novos estudos, com uma amostra maior e mais homogênea, já
que são vários os fatores que podem influenciar a distribuição da pressão plantar
e o equilíbrio corporal.
65
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73
APÊNDICE A: Termo de Consentimento
Termo de Consentimento para Participação em Pesquisa Científica
Eu ____________________________________, portador (a) do RG _____________,
consinto a minha participação em um estudo científico nos termos do projeto na Clínica Escola de
Fisioterapia da UNICENTRO, intitulada “Estudo da Influência da Manipulação Osteopática da
Articulação Sacroilíaca Sobre a Pressão Plantar Através do Sistema de Baropodemetria”.
Fui informado que esta pesquisa tem por finalidade investigar se a manipulação da
articulação sacroilíaca exerce influencia sobre a pressão plantar. Minha participação se dará por
meio da manutenção da postura em pé sobre uma plataforma durante no máximo 1 minuto e
trinta segundos intervalados, antes a após a manipulação sacroilíaca, e realização dos testes
ortopédicos de Gillet e Dowining.
Também fui informado que caso presente alguma disfunção sacro-ilíaca ou outra alteração
relevante serei encaminhados à clínica escola de fisioterapia ou ao tratamento médico
necessário, quando for o caso.
As informações obtidas serão mantidas em sigilo e não poderão ser consultadas por outros
sem a minha expressa autorização por escrito. Estes dados serão usados para fins estatísticos ou
científicos, sempre resguardando a minha privacidade. Esta pesquisa não oferece riscos, já que
se trata de uma análise de curto período. Estou suficientemente esclarecido a respeito das
informações que li e dos propósitos do estudo, discutidos com os pesquisadores.
Em caso de necessidade, notificação de intercorrências e recebimento de orientações e/ou
atendimento, entrarei em contato com o coordenador/pesquisador JOÃO PAULO FREITAS pelo
telefone (42) 99194653 ou 3638-8400, ou ainda no Comitê de Ética e Pesquisa da UNICENTRO.
Declaro que obtive de forma apropriada, livre e voluntária as informações e, poderei retirar
meu consentimento a qualquer momento sem qualquer prejuízo e deixar de participar da
pesquisa. Estou ciente também que minha participação é isenta de despesas, pois qualquer gasto
ocasionado será custeado pelo coordenador/pesquisadora e que não receberei nenhum valor
financeiro. Assino o presente Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para a participação
neste estudo.
Confirmo que recebi cópia deste termo de consentimento e autorizo a execução do trabalho
de pesquisa e a divulgação dos dados obtidos no meio científico.
___________________________
Assinatura do voluntário
___________________________________
Pesquisador: João Paulo Freitas
Guarapuava, ___ de _______ de 20__.
74
ANEXO A: Comitê de Ética em Pesquisa