Celebridades - Néstor García Canclini

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Celebridades - Néstor García Canclini
COM U NICACÄO&CU LTURA
COMUNICAÇAO & CULTURA
número t M outono-inverno 2011
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Isabel Capeloa G i l
Editor
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B r o n f e n (Universität Z ü r i c h ) , A n d r e a s H u y s s e n ( C o l u m b i a U n i v e r s i t y ) , M a r c i a l M u r c i a n o (Universität
A u t ó n o m a de Barcelona), A n s g a r N ü n n i n g ( J u s t u s - L i e b i g - U n i v e r s i t ä t Giessen), C h r i s t i a n e S c h ö n f e l d
( M a r y I m m a c u l a t e College, U n i v e r s i t y o f L i m e r i c k ) , M i c h a e l S c h u d s o n ( J o u r n a l i s m S c h o o l , C o l u m b i a
U n i v e r s i t y ) , Slavko S p l i c h a l ( U n i v e r z a v L j u b l j a n i ) , M i c h e l W a l r a v e ( U n i v e r s i t e i t A n t w e r p e n ) , B a r b i e
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1
Sardica, J o s é Paquete de O l i v e i r a , M a n u e l P i n t o , M a r i a A u g u s t a Babo, M a r i a L u i s a L e a l de Faria, M a r i o
Jorge T o r r e s , M a r i o M e s q u i t a , R i t a Figueiras, R o b e r t o C a r n e i r o , R o g é r i o Santos
C o n s e l h o de R e d a c c ä o
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Policarpo
Arbitragem
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de O l i v e i r a , J o s é M i g u e l Sardica, M a n u e l P i n t o , M a r i a A u g u s t a Babo, M a r i a L u i s a L e a l de Faria, M a r i o
Jorge T o r r e s , R i t a Figueiras, R o b e r t o C a r n e i r o , R o g é r i o Santos
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Celebridades
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Comunicaçâo
& Cultura, n.° 12, 2011, pp. 23-28
Frida e a industrializaçâo da cultura
1
NÉSTOR GARCIA CANCLINI *
O que se perde e o que se ganha quando um romance ou uma série de quadros famosos se transformam num programa de televisào? O debate sobre a
industrializaçâo da cultura nâo se reduz às industrias culturáis. Há alguns anos
discutia-se se a televisào degradava o gosto ao estandardizar a produçâo e ao
massificar o consumo. Agora, a reproduçâo tecnológica e a comercializaçâo com
criterios de escala industrial alteram os modos de fazer literatura, teatro e artes
visuais. Editoras, museus e produtoras discográficas procuram circuitos massivos e o rápido retorno dos investimentos.
No México, este é u m debate que se intensifica com as comemoraçôes do centenario do nascimento de Frida Kahlo, que incluem varias exposiçôes: a exposiçâo
principal, patente no Museu do Palacio das Belas-Artes, com 354 pecas (quadros,
fotografías, cartas e documentos), irá depois para o Museu de Filadélfia, para o
Museu de Arte Moderna de Sao Francisco, e para o Japâo e Espanha. Simultaneamente às mostras mexicanas, haverá outras no Bucerius Kunst Forum de Hamburgo e no Centro Cultural Borges de Buenos Aires (com obras de Diego Rivera).
Poucos artistas contemporáneos levantam tantas dificuldades para decidir o
que incluir ou nâo numa exposiçâo. É possível fazer uma exposiçâo apenas com as
obras de Frida Kahlo, ou para a compreensâo dessas obras sao necessárias as suas
cartas e as suas performances
públicas, os documentos em que surgem aman-
tes, amigos, personagens dos seus quadros ou que promoveram as suas exposiçôes: Diego Rivera, Trotsky, Henry Ford, Nelson Rockefeller e André Breton?
Professor da Universidad A u t ó n o m a Metropolitana, U n i d a d Iztapalapa.
Frida e a industrializacào da cultura | 25
24 1 Néstor García Candirli
É possível aceitar apenas estas referencias ilustres e ignorar os vestidos indígenas
vinham os visitantes, encontramos novamente a escola como ponto de partida:
e a adopcáo que deles fizeram costureiros de primeira ordem, esquecer que no
alunos a quem foi dada a tarefa de descrever os muráis, adultos motivados pela
leiláo da Sotheby's em Nova Iorque, em Maio de 2006, a obra Raíces foi comprada
lembranca dos textos escolares a partir dos quais tinham sabido destes artistas:
por telefone por 5,6 milhóes de dólares, o valor mais alto obtido por urna peca
«Esta mulher vem nos livros de historia», comentou um pai ao filho referindo-se á
latino-americana? Como separar as reinterpretacoes do seu trabalho propostas
Nueva democracia, a pintura de Siqueiros. O martirio de Cuauhtémoc, as revolu-
ñas galerías da Tate Modern das que sao mostradas ñas montras de lojas londri-
cóes mexicana e russa, o fascismo e as lutas pela independencia ou os confrontos
nas, ou separar os livros de investigacáo sobre Frida do filme com o qual Salma
com os Estados Unidos sao factos aprendidos desde o ensino básico. Parte do
Hayek ganhou o Oscar em 2002?
encanto do museu provém desta cumplicidade entre o que se considera «grande
Favorece ou prejudica a obra de Frida Kahlo recordar a militáncia comunista,
a inquietante relacáo entre dor e prazer, a multiplicacáo da sua imagem em núme-
arte» e o que se estudou na escola.
No entanto, u m bom número de entrevistados falou do carácter «intimi-
ros especiáis da Elle, da Harper's e de outras revistas para criar o «look Frida»,
dante» do Palacio das Belas-Artes. U m guia disse que, embora o Palacio «seduza
o seu feminismo adoptado por mexicanas, chicarías
e europeias em diversas ver-
visualmente», a magnificiéncia do edificio, os guardas e os detectores de metáis á
sees? Como distinguir as tequilas, os óculos e perfumes, os tenis Converse e os
entrada sao obstáculos para que se entre com mais confianca. Outro guia afirmou
espartilhos italianos que tém o nome de Frida, do Corsé que ela pintou estam-
que a maioria dos visitantes tem poucos anos de escolaridade e vé o Palacio como
pando a foice e o martelo?
«elitista»; ou pensam que é um edificio religioso e «benzem-se quando entram».
2
De cada vez que se faz urna megaexposicáo, surgem críticos empenhados em
Ñas visitas guiadas, para aliviar a carga solene da relacáo com o edificio e
separar a obra das mercadorias derivadas, a admiracáo artística da fridomania.
com os muráis, perguntou-se a um grupo escolar que tipo de pessoas costuma
Tenta-se esconjurar o culto em massa com mesas-redondas e licóes magistrais.
viver dentro de u m palacio, esperando-se que as criancas falassem de reis e de
Mas, ao considerar a recepcáo da sua obra, como em muitos artistas contempo-
príncipes. «Aquí vive María Félix», respondeu urna crianca, de certeza por ter
ráneos, as industrias culturáis continuam amiúde a desempenhar o papel de guia.
visto na televisáo o seu velorio, que se realizara naquele lugar pouco antes.
Os visitantes dos muráis relacionaram «o Palacio» com o cinema, nao só
por causa de María Félix. E por lá apareceu Frida Kahlo, neste edificio onde fal-
Como é que os públicos chegam as exposicóes
tavam tres anos para a magna exposicáo que agora a expóe. Criancas e adultos
encontraram apoio para 1er os muráis em relatos fílmicos que contam as biogra-
No primeiro estudo de visitantes a urna exposicáo de Frida Kahlo no México
fías dos muralistas, das suas mulheres e dos seus amigos. Observando El hombre
(em conjunto com fotografias de Tina Modotti), realizado em 1983 no Museu
controlador del universo, de Diego Rivera, procuraram as personagens históricas
Nacional de Arte, registaram-se 64 240 visitas. Mais de metade dos entrevistados
e culturáis, evocaram a morte de Trotsky, os seus amores com Frida Kahlo, as via-
(56%) disseram que era a primeira vez que iam ao museu, motivados pela publi-
gens do autor a Paris. Recordaram o filme Frida e procuraram nessa lembranca a
cidade na radio, televisáo, jornais e revistas. Em funcáo da sua formacáo escolar
chave para o que estavam a ver.
ou da tradicáo oral, valorizavam a relacáo da pintora com «a historia do México»,
«Sabem quem foi Diego Rivera?», a guia pergunta a um grupo escolar.
«o seu interesse pelas culturas pré-hispánicas» e o «surpreendente» dos seus aci-
«Sim», responde u m aluno, «o namorado de Frida Kahlo».
dentes, as operacoes e a relacáo tortuosa com Diego Rivera. A importancia do
A inclusáo das artes plásticas na divulgacáo mediática mudou a hierarquia
acesso biográfico á obra manifestou-se pela atencáo maioritária prestada as car-
oficial entre Diego e Frida, e também os modelos estéticos. Quando os especia-
tas e ás fotografias que, segundo disseram, «completam» a mostra.
listas já tinham posto de parte as nocóes de criacáo excepcional e de artistas
Onde está Frida: ñas artes ou no contexto? Ás vezes surge ainda onde nao
geniais, nos meios de comunicacáo surgem relatos que exaltam as personagens,
esperamos encontrá-la, como aconteceu numa investigacáo que levamos a cabo
devido ás suas biografías, como sofredoras ou malditas. Através de entrevistas a
no Palacio das Belas-Artes em 2004, quando entrevistamos as pessoas que iam
artistas, invencóes sobre a sua vida pessoal ou sobre o «angustiante» trabalho de
ver os gigantescos muráis de Rivera, Siqueiros e Orozco. Ao indagar de onde
preparacáo de urna obra pictórica, mantém vigentes os argumentos románticos
26 I Néstor García Candirli
Frida e a industrializacào da cultura i 27
do criador solitario e incompreendido, da obra que exalta os valores do espirito
Nao é inútil conhecer o contexto de urna obra e de que modos um artista
por oposicáo ao materialismo generalizado. O discurso estético idealista deixou
construiu socialmente o seu lugar. Mas fica a pergunta de porque é que foi Frida
de ser urna representacáo do processo criador para se tornar u m recurso acessó-
que pintou Mi mamá y yo, La venadita ou Raíces. As respostas centradas nos
rio com o propósito de «garantir» a verosimilhanca da experiencia artística no
acidentes e ñas doencas, no narcisismo dos insistentes auto-retratos, nos amo-
momento do consumo.
res e na militáncia sao insuficientes. Este é o momento em que as explicacòes
devido aos condicionamentos históricos e à industrializacào cultural das imagens
se detém: para avancar temos de nos confrontar com o trabalho enigmático a que
A autoconstrucáo mediática
por enquanto continuamos a chamar arte. Por isso, os trabalhos plásticos em que
Diego Rivera, Nahum Zenil, Maris Bustamante e Adolfo Patino indagaram o que
Frida nao foi alheia á invencáo biográfica e político-cultural que hoje a pro-
Frida significava para eles, juntamente com a biografia de Hayden Ferrera, nao
move. Filha de Guillermo Kahlo, fotógrafo a quem o governo de Porfirio Díaz
sao caminhos mais verdadeiros do que as jóias ou os tenis da Frida Kahlo Corpo-
encarregou de registar o patrimonio arquitectónico da nacáo, aprendeu com o pai
ration, mas sim mais significativos para apreciar as muitas Fridas posrfveis.
a usar a máquina fotográfica, a retocar e a colorir as fotografias. Acompanhou
Quando estava a escrever este artigo fui ao Palacio das Belas-Artes assistir a
Diego Rivera na sua ascensáo como pintor e conferencista nos Estados Unidos, e
urna mesa-redonda em que as artistas (Magali Lara e Monica Mayerje urna his-
no seu fascínio pelo «desenvolvimento industrial e mecánico» desse país. Cultivou
toriadora de arte (Karen Cordero), em vez de urna análise biográfica da pintura
contactos com mecenas e patronos, vendeu as suas obras a coleccionadores como
de Frida, fizeram a proposta de pensar de que modo os seus auto-retratos tinham
Edward G. Robinson, A. Conger Goodyear e Jacques Gelman, procurou a aceita-
manifestado, na primeira metade do século x x , o direito de auto-representacào
cáo dos surrealistas, mostrava com orgulho os presentes que Picasso lhe deu, e
da mulher e o de se representar de muitas maneiras, vestida corno tehuana,
como Duchamp e Bretón tinham organizado a sua exposicáo em Paris (embora
outras vezes corno homem, mostrando tanto o seu corpo sofredor como o seu
tenha acabado por detestar Bretón e tenha escrito que Duchamp era «o único dos
corpo sexual, a «vida interior» e a sua vida pública. Pintores e pintoras tinham
pintores e artistas daqui que tem os pés na térra e que é sensato»). Urna grande
sentido que a sua obra proporcionava «novos formatos de identidace» e ampa-
parte das suas obras sao auto-retratos, e intitulou um deles (de 1932)
Auto-retrato
na fronteira entre o México e os Estados Unidos. Para sugerir que tinha aparecido
com a revolucáo mexicana, dizia que tinha nascido a 7 de Julho de 1910, embora o
seu assento de nascimento registe o dia 7 de Julho de 1907. Carlos Monsiváis disse
num artigo sobre Frida: «Nenhum mito é inventado sem o seu consentimento.»
rava os estudantes de artes que se atreviam a mexer em «temas de mau gosto»,
segundo as regras escolares.
O facto de haver oitenta pessoas a assistir à mesa-redonda, peguntando
e discutindo, numa terca-feira às onze da manhà, despertou a minta atencào.
Depois, f u i ver as salas (alguns de nós chegamos à exposicào a partir dos livros
Se, para o público, a sua figura de artista está imbricada no discurso pós-
e das mesas-redondas), e deparei com longas filas para entrar, que seestendiam
-revolucionário, no do feminismo e no sentido sacrificial de urna parte das van-
para fora do Palacio. Havia homens e mulheres, estudantes, jovens de todos os
guardas, se ela própria construiu a sua personagem para ser a interseccáo entre
tipos, e algumas pessoas com mais de setenta anos, que obrigavam asupor mais
esses relatos do século xx, nao parece razoável prescindir dos contextos para
do que u m interesse mediático para permanecerem de pé duas horas áespera para
compreender o significado cultural do seu trabalho e as possibilidades de se ace-
poderem entrar. Lá dentro, quando vinte ou trinta se aglomeravam díante de um
der a ele.
quadro que finalmente conseguiam ver, sem ser numa reproducáo, admiravam-se
Mas a narrativa biográfica e as condicóes de producáo e insercáo sociocultu-
com o seu tamanho ou com pormenores inesperados, e assinalavam asdiferencas
ral nao sao suficientes para explicar porque pintou assim e que leituras podemos
com o que tinham sentido ou escutado ao ver esse quadro pela primeira vez numa
fazer da sua obra. Outras mulheres houve que foram próximas de Diego (Lupe
revista, no cinema ou na televisáo. Os meios de comunicacáo costumam embru-
Marín), que foram artistas e belas (Nahui Ollin), que pintaram trágicamente o
lhar em serie as experiencias, e também convocam para o inesperado
próprio corpo e que foram amantes de artistas famosos (María Izquierdo na relacáo com Tamayo), mas nao fizeram a obra de Frida.
[ t r a d u c á o de Inés ispada V í e i r a ]
Comunicaçâo & Cultura, n.° 12, 2011, pp. 29-45
28 ¡ Néstor García Canclini
O reconhecimento amoroso dos fas:
NOTAS
1
Este a r t i g o f o i p u b l i c a d o e n El Ángel,
s u p l e m e n t o c u l t u r a l d o j o r n a l Reforma,
A g o s t o de 2 0 0 7 .
2
Chicano:
d i z - s e d o c i d a d á o n o r t e - a m e r i c a n o de o r i g e m m e x i c a n a . [ N . d a T.]
M é x i c o D.F., 19 de
compreendendo as relaeóes entre
personagens da mídia e i n d i v i d u o s comuns
LÍGIA LANA *
De maneira cada vez mais preponderante, diferentes tipos de personagens
famosos participam da experiencia dos individuos comuns. A presenca crescente
dos meios de comunicacáo na vida cotidiana, processo que vem sendo denominado «midiatizacáo da experiencia», indica que esses personagens sao atualmente
os protagonistas do espaco público. Em períodos anteriores aos meios técnicos
1
de comunicacáo, a distincáo pública era atributo apenas de líderes políticos e
religiosos. Durante o século xx, ampliaram-se os tipos de pessoas reconhecidas.
As estrelas de cinema pioneiramente dividiram as atencóes com as figuras públicas tradicionais. Buscando a identificacáo por meio de temáticas próximas do
público, atores e atrizes ganharam estatuto de personagens reconhecidos, de pessoas para todos. Com o desenvolvimento dos meios de comunicacáo, outros tipos
de personagens surgiram: apresentadores de televisáo, desportistas, manequins,
chefs de cozinha, participantes de reality shows. Na vida contemporánea, o cenário da mídia comporta urna grande variedade de personagens, que, por meio do
reconhecimento, alcancam a notoriedade e a admiracáo.
Diante de tipos táo variados de figuras famosas, os individuos algumas vezes
elegem personagens específicos para um engajamento especial e para urna ligacáo
*
D o u t o r a n d a e m C o m u n i c a c á o Social n a U n i v e r s i d a d e Federal de M i n a s G é r a i s ( U F M G ) .

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